i&Tv; r- .«if.-'í.'.V.'"Vi** *.!í.-í-».?_V».'í^i.' ir".'*v' vf v ■ r*W„.. ....... >'*,j ^^ÇI»7: NLPI DG1D35Ô1 1 73---. 1NI3IQ1W dO AIVIII1 TVNOUVN 1NDIQ1W dO *«»< i ^ í NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL IIBRARY ^\m\ 1NI3IQ1W dO A.V.9I1 TVNOUVN 1NI5I03W dO A.V.1.1 TVNOUVN 1NIDIQ1W dO * . V R NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL IIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY •i iNinaiw io u VRBIl TVNOUVN 1NOIQ1W dO AaVIlll IVNOliVN 9NI3I03W dO A « V NLM001035819 y vw í '^my w % 1/1 \? TIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF M ,TIONAl IIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF M y f vw i w/ i \W : ■èáF >? 13101 W dO AVVRIIT TV NOUVN IN 1310 1W dO AaVRBIT TVNOUVN 9NI3I01WÍO UYHI1 V IA/ : TIONAL IIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF M DICCIONARIO DE MEDICINA E THERAPEÜTICA HOMOEOPATHICA. i1 i- 5 V DICCIONARIO br MEDICINA E THERAPEÜTICA HOMCEOPATHICA, 01' A IIOMOIWTIIIA POSTA AO ALCANCE DE TODOS, BASEADO NAS DOUTRINAS DK HAM1EMMAN, RERNMNGHAIJSEV, JAIIH, F. IUOFF; IiESCUIIET E OITUOS, PRECEDIDO De nina pliarmacia homceopalhica, regimen c modo de administrar os medicamentos; c do longos e minuciosos artigos sobre as licmorrhoidas (moléstia muito vulgar no Brasil); sobre a influencia allmiosplicrica, e dos corpos celestes, na organização humana ; sobre os males que produzem a libertinagem, a prostituição, e o onanismo; sobre a sympathia, o amor c o casamento , e sobre as paixões, em relação á saúde c ás enfermidades dos homens, e bem assim um artigo sobre o parto, e modo de eflectuar-sc, PEI o Dr. Mello Moraes (A. J. de) NATURAL DA CIDADE DAS ALAGOAS Deputado a assembléa geral legislativa do Império do Brasil pela mesma província, presidente perpetuo e elI'ci;tivo do Instituto HomoRopatln^o do lirusil, e autor de muitas obras litterarias o srieiitificas. RIO DE JANEIRO. TYPOOK.VPUI.V NACIONAL. WBK M527d I87Z c. i zr/A*. a/#* . 7 > / i m> . ^ - 387270 '29 NATIONAL LIBRARY OF rO.31.iC ^ WASHINGTON, D. C. 'i Á MEMÓRIA DO CONSELHEIRO DR. JONATHAS ABBOTT E DE JOÃO VICENTE MARTINS llOMENAdEM DE SAUDADE Iflcüo ííloroí-., IÍLI4 DO PH4RM4GRIITICO HON(EOPATHI€0 ou MODO DE PREPARAR OS MEDICAMENTOS. Remédios.—Os remédios de que se compõe o laborató- rio do medico homoeopatha, são idênticos aos do medico allopatha ; somente são colhidos em toda sua pureza e empregados em sua maior simplicidade, sem mistura alguma; assim, as plantas indígenas devem ser colhidas frescas, e espremer-se-lhe o sueco; e as exóticas e seus produetos, que o commercio nos traz, em estado secco, preparam-se sob a fôrma de tintura espirituosa; as substancias animaes seccas e os mineraes, são triturados e conservados em pó, ou dissolvidos em alcohol. Um numero considerável de experiências tem feito conhecer, que, os medicamentos infinitamente attenua- dos perdem uma parte ou a totalidade de sua acção pela mistura das outras substancias contidas, ou pela appro- ximação de emanações aromaticas ou subtis, se não se tem toda a precaução na escolha e uso das localidades e nos utensílios em que se preparam os medicamentos usuaes. Portanto deve ter-se para isso um quarto es- pecial, de uma temperatura igual e não muito elevada, quer no estio, quer no inverno, onde as preparações jamais recebam os raios do sol e onde não penetre cheiro algum forte, nenhum perfume e nenhum gaz. Os me- dicamentos preparados serão do mesmo modo conser- vados em lugares que estejam ao abrigo da luz, do calor e dos aromas. 8 DKXIONAIUO Vasilhas.—ks vasilhas destinadas á preparação serão apropriadas ao fim, e mui bem lavadas em muitas águas. esfregadas, e enxutas em uma toalha bom limpa e só própria para isso. Se fará o mesmo com as va- silhas de conservação; devem ser novas, o mais que fôr possível, e se 'certas conveniências exigirem, que sirvam duas ou mais vezes, para substancias diffe- rerttes, ter-se-ha o cuidado de laval-as anteceden- temente, ou com água de diversas temperaturas ou com espirito de vinho.', para se não expor a dar a um remédio as propriedades de outro; a espantosa subtilidade que a preparação homceopathica desenvol- ve ou demonstra nas substancias naturaes, torna mais que provável a suspeita da mistura das propriedades, com a presença da menor parcella de uma substan- cia medica com outra; a lavagem pôde, em rigor , purificar um vaso de vidro; o mesmo não succede com uma rolha de cortiça; portanto] uma rolha de cortiça só servirá para um frasco, contendo uma úni- ca e mesma preparação; será posta fora se o frasco mudar de destino. Almofarizes e pilões.—Os almofarizes e pilões desti- nados á trituração serão, quanto fôr possível, de porcel- lana dura; é essa a matéria que corre menos risco de se descascar, de se gretar e de guardar nas gretas par- cellas medicamentosas, e de fornecer moléculas que, trituradas, se tornariam remédios, tendo propriedades mui differentes das que a preparação exige. Toalhas.—As toalhas destinadas a espremer os vege- taes, devem ser próprias, e novas, todas as vezes que fôr possível; seria mesmo de desejar que se não contentem só em laval-as, mas que sejam repostas todas as vezes que se mudar de substancia; não deve amedrontar a quantidade de toalhas que esta precaução parece exigir e requerer; as preparações homoeopathicas não se fazem sempre; feitase bem feitas, duram muito tempo; fácil seria, no correr de um anno, estabelecer uma pliarmacia que durasse a vida toda de um pharmaceutico. Quantidades.— As quantidades empo ou em gottas, devem ser minuciosamente exactas, para não se expor a graves erros; um grão de mais ou de menos no co- meço de uma preparação, produz uma differença enorme se a preparação é, por exemplo, levada â decillionesima. O trabalho da preparação não deve ser interrompido ; e se, por um caso urgente e fortuito, é-se forçado a suspender o trabalho, a substancia em trituração deve ser cuidadosamente, coberta, e fechada, para não ser ai- nn MEDICINA. 9 terada, nem polo ar o nem pelas maiorias estranhas que volteiam no lugar cm que so trabalha. As diluçõos ou attenuações no espirito de vinho, devem do mesmo modo ser feitas com escrupulosa exactidão; a preparação não deve correr o risco de não ser genuína, na incerteza de ter-se ou não lançado uma gotta de remédio n'um frasco de alcohol; se ha incerteza deve lançar-se fora o alcohol, e recomeçar a operação. Dissoluções.—Ás dissoluções aquosas serão feitas sempre em água distillada, a fim de que não contenha em si nenhum metal e nenhum sal capaz de decompor o remédio ou mudar-lhe as propriedades. Mesmo esta água deve ser distillada em um vaso novo, e para isso destinado, a fim de que não conserve molécula alguma de óleo ou de água aromatica, antecedentemente nelle contido. O alcohol lambem será o mais puro possível, e enfraquecido, se é necessário, com água distillada. Para evitar que a distillação de água ou de alcohol não introduza ahi parcellas meíallicas, desligadas do alam- bique, é bom que se empreguem nessa operação vasos de vidro, unicamente conservados para esse uso. Alcohol.—O alcohol deverá estar sempre no mesmo gráo de concentração e de rectificação, e se é possível em mais alto gráo, a fim de obter'resultados uniformes e idênticos. Vehiculo.— O vehiculo de trituração e de conservação das substancias seccas, deve ser puro c sem acção medi- camentosa. Para isso se usará de assucar de leite, reco- nhecido por puro, deseccado c sobretudo pulverisado; esta pulverisação deve ser recente, porque a pulveru- lencia dá a esse sal a aptidão de se impregnar dos odores que podem rodear o bocal que o contém. Espátulas. — As espátulas que servem para a mistura da substancia em trituração, devem ser de chifre ou de osso ; todas as de metal serão severamente proscriplas. Attenuações ou diluções.—As attenuações, quer seccas, quer humidas, serão feitas gradual e progressivamente, de um modo uniforme e constante, de sorte que em todo o tempo, em todo o lugar, em todo o paiz ellas sejam exactamente as mesmas. Por isso cscolheu-se por cons- tante denominador o numero cem; assim a primeira attenuaçâo de um pó d de um grão com cem grãos de assucar de leite; a segunda, de um grão desta mistura com cem grãos de assucar de leite, etc; do mesmo modo a primeira dilução é de uma gotta de sueco preparada cora cem gottas de alcohol: a segunda de uma gotta desta mistura com cem qottas de alcohol, etc. d. m. 2. 10 diccicnario A operação de contar cem gottas é longa, minuciosa e incerta, visto a desigualdade das gottas ; não poderia ser repetida uma multidão de vezes sem occasionar erros mais ou menos graves; a fim, pois, de evital-os se contará exactamente e com cuidado cem gottas de alcohol em um tubo graduado ou em um frasco, mar- car-se-ha de um modo indelével a linha dô superfície das cem gottas, e assim se terá uma medida positiva e cons- tante. O mesmo se fará com outro tubo para água dis- tillada , de maneira que se conserve para cada um desses líquidos uma medida idêntica. Logo que se quizer fazer as diluções competentes de uma substancia, se preparará, ou se porá em ordem successiva o numero necessário de frascos, para não se expor a commetter erros ; cada frasco terá com antece- dência o nome da substancia e o numero da dilução. Plantas.—As plantas indígenas devem ser colhidas logo que estão em flor; as herbaceas serão apanhadas, lavadas, pisadas e espremidas frescas ; a Matéria Medica, indica a excepção dessa regra. 0 sueco obtido por meio de uma prensa de madeira bem lavada, será immedia- lamente misturado á parte exactamente igual de alcohol puro e encerrado em um frasco arrolhado. No fim de 24 horas destampa-se-o, e só a porção liquida conser- va-se para o uso ; a presença do alcohol impede qualquer alteração subsequente, c a conservação pôde ser de mui longa duração, se os frascos ficarem ao abrigo do sol. Quando o sueco é, por sua natureza, muito mucilaginoso, ou albuminoso, mistura-se-lhe dobrada quantidade de alcohol..Se o vegetal contém mui pouco sueco, depois de rachado e pisado, humedece-se a pasta com o duplo de alcohol, deixa-se-os um pouco de tempo em contacto e depois mette-se a pasta humedecida na prensa. Vtgctaes seccos.— As matérias vegetaes seccas, que o comínercio nos importa, serão tomadas inteiras pulve- risadas no momento da preparação e immediatamente lançadas na quantidade prescripta de alcohol, onde devem ficar em digestão durante também um numero prescripto de dias. Um mui pequeno numero de substancias só se dissol- vem no ctlicr. A dissolução dos metaes não exige preparação par- ticular. Quanto á trituração das substancias mineraes ou simplesmente seccas, eis como se deve fazer. Tomai um grão de pó ecem grãos de assucar de leite, pisai e misturai em um almofariz de porcellana e com DE MEDICINA. ii certa força, primeiramente com um terço de assucar, pouco mais ou menos, durante quinze minutos, reme- chendo-se de tempos á tempos a mistura com a espátula, ajuntando-a e apertando-a no meio do almofariz, com o pilão; ajuntai o segundo terço de assucar, pisai, mis- turai, machucai, pelo menos durante vinte e cinco mi- nutos. O pó obtido desse modo é posto n'um frasco arrolhado, tendo um rotulo em que _e_stá escripto o nome da substancia com esta indicação u», que designa que o remédio está no centésimo poder. Toma-se então um grão desse pó e um grão de assucar de leite, repete- se exactamente a mesma operação, durante uma hora, pelo menos; essa nova mistura- será immediatamente posta em um vaso arrolhado, tendo por indicação o nome do remédio, seguido deste outro siírnal, uTiüõ, que significa que elle foi levado á dez-millesima po- tência, ou á dez-millesima attenuação. Repetindo terceira vez a mesma operação, leva-se a substancia á millionesima potência, que é assim indi- cada i, isto é, um milhão. Todasassubstanciasdsvem, pois, ser trituradas quatro horas ; o millionesimo é o primeiro gráo de preparação para o emprego therapeutico; é também o ultimo da operação manual, porque para obter attenuações mais elevadas, todas as substancias, sem excepção, são depois preparadas com alcohol; e deve notar-se que todas, a partir da trituração attenuanteá millionesima, são des- envolvidas em água ou alcohol. Para obter a primeira diluição alcoholica, mistura-se em um frasco, que deve ser um terço maior que a capa- cidade de duzentas gottas, depois dá-sq-lhe dez sacodi- dellas, pondo a palma da mão no bocal e o dedo médio no fundo do frasco. Isto feito, põe-se um grão só a diluir em um frasco secco e verte-se cem gottas do alcohol aquoso em cima ; passado pouco tempo, a água dissolve o assucar de leite, e a substancia medicamen- tosa dissolve-se no alcohol; quando o liquido fica claro, dá-se duas sacodidellas no frasco, então tem clle o nome do remédio com esta cifra 001, que significa centésimo de milhão; deste frasco verte-se uma gotta em cem gottas de alcohol puro ; sacode-se duas vezes o frasco, que traz este signal 0,0001, que quer dizer dez-millesimo de milhão. Uma gotta deste frasco misturada com cem gottas de alcohol, faz dar ao terceiro frasco o signal h, que significa bil- lião. Continua-se assim a dilução tão longe quanto se quer ; e sempre se obtém três diluções successivas e ires frascos, per cada milhão, Uuhi vêm as seguintes 12 DICC10NAR10 expressões. Tal substancia levada á trigesima dilução, por exemplo, ou ao trigesimo frasco ou a decillionesima ; são synonymos e os homceopathas dellas se servem indis- tinctamente. Tinturas.— As tinturas espirituosas das substancias vcgetaes, exocticas seccas, se atlenuam do mesmo modo exactamente; e póde-se também triturar os pós de china, de ipecacuanha, etc, até ao millionesimo, e fazer depois as diluções alcoholicas, estas gozam de tanta acção como as diluções das tinturas. Vê-se agora que uma vez feitas as preparações pri- mordiaes de uma certa quantidade de remédios, com todo o cuidado preciso,- tem-se uma provisão difíicil de esgotar, pois que se terá necessidade de repetir cem vezes o ultimo frasco antes que o penúltimo se tenha acabado; que este poderá ser esvasiado cem vezes antes que o antecedente o esteja ; e assim por diante. E' pre- ciso suppôr um medico singularmente oecupado, em uma pharmacia espantosamente afreguezada, para esperar a possibilidade da preparação ricterada da attenuação primaria de qualquer matéria. Abi só ha a larga du- ração e o temor da alteração que disso resulta, que poderá então fazer recorrer á este meio. Denominação das preparações. Para não confundir entre si as diversas preparações homoeopathicas, é preciso convir em denominações que representam exactamente o gráo de attenuação ou de di- lução á que se as eleva, ou á que o medico deseja que ellas tenham sido levadas, se elle mcsmo~"não ê quem pre- para ; pelo que se observa em uma grande cidade, será sempre impossível aos médicos prepararem mesmo os medicamentos, portanto devem escolher pharmaceu- ticos instruídos, conscienciosos, que comprehendam bem a importância da exactidão de suas preparações. Nas cidades pequenas, ao contrario, e nos campos, nada será mais e mais commodo para os médicos do que entre- gar-se á formação de uma pharmacia completa, da qual poderão trazer sempre na algibeira a porção usual da sua pratica. Pôde dar-se ás preparações primordiaes de todos os vegetaes indígenas o nome de 'tinturas; eu prefiro de- signal-as pelo de suecos, bem que este seja misturado com al'.'oliol; mas como está reconhecido na pharmacia DE MEDICINA. 13 homoeopathica que nem um sueco se prepara sem esta mistura, é risco cahir em algum erro ou desprezar este assumpto. Eu reservo o nome de tinturas para o pro- dueto das digestões alcoholicas das substancias seccas não diluídas. Assim digo, sueco de belladona, tintura de china. Dou o nome de soluções ou diluções á esses suecos ou tin- turas indistinetamente, logo que sobem á qualquer gráo de attenuação. Quanto às substancias seccas, como terras, metaes, saes, alcalóides, etc ; conservo-lhes seu nome próprio, ajunto-lhes só o epitheto de preparado, emquanto elles são só triturados e não dissolvidos; portanto digo, mercúrio preparado, hydragirum prwparatum ou hydrag. pp\ sucein pp. Logo que estas mesmas substancias são dissolvidas em espirito de vinho, dou-lhes o nome de soluções ; assim, solução de mercúrio, sol. hydrag. O gráo de attenuação é indicado com os signaes que já se viram acima*: sol. bellad . oor o.oao, i significa, sueco alcoholisado de belladona no centésimo, no dez- milesimo, no millionesimo gráo; são o primeiro, o se- gundo e o terceiro frasco; depois as designações para os frascos subsequentes serão ooi, 0,0001;; II, e indefini- damente do mesmo modo, representando sempre a cifra romana, I milhão, II billiões, III trilliões, etc. A mesma designação é applicavcl ás substancias seccas. Conservação dos medicamentos. Todas as substancias homoeopathicas sem excepção devem ser guardadas em frascos de vidro, fechados com rolhas de cortiça; as soluções ácidas, mctallicas, e ca- pazes de alterar a rolha exigem que esta seja mudada todas as vezes que mostra o traço da alteração ; não se deve permittir negligencia alguma sobre isso. Esses frascos estarão sempre collocados em lugar fechado e ao abrigo do calor e da luz. Jamais esta- rão abertos; e quando fôr preciso usar delles, se os tapará logo depois que se tirar a substancia neces- sária. Todas as substancias seccas que attrahem o ar e são alteradas por elle, devem ser postas em frascos em tempo secco, ou se o tempo é humido ter-se-ha o cui- dado de deseccar primeiramente o interior do frasco, pelo calor ; para ellas se escolherá frascos mais pe- quenos a fim de se não os abrir com mais freqüência; 14 DICCIONARIO finalmente se preparará novas substancias, logo que se perceber os penetrou. Os ácidos que destroem a rolha deverão ser fechados com rolhas de vidro, e depois os bocaes untados de cera molle. Distribuição dos remédios. Os remédios homoeopalhicos são ordinariamente dados aos doentes em íórnia de glóbulos de mui pequeno vo- lume, resultante da mistura de assucar de leite coma quantidade prescripta do medicamento; o todo junto não deve pesar mais de um grão por dose. Si se trata de um doente que não consente tomar um glóbulo, póde- se misturar a solução com mui pequena quantidade deagua, por exemplo, dezgottas desta para uma gotta da primeira. O medico deve designar com clareza ao pharma- ceutico o gráo de dilução que deseja ; é assaz inútil para as dissoluções de um gráo muito elevado, recorrer aos intermediários entre um milhão, um billião, um trillião, etc A prescripção escripta toma um gráo de precisão indispensável para a pratica, usando-se tão somente da cifra romana que representa um dos nú- meros acima. A mistura deve ser feita rapidamente e o mais perto possível do momento em que o doente deve tomal-a. E' muito difficil na pratica dividir uma gotta em fracções; è impossível obter exactamente um 20°, um50°, um 100°, de gotta ; portanto, existem medica- mentos dotados de tal actividade, que em certos casos de doenças em que elles convém não se pôde e nem mesmo se deve administrar senão em uma fracção mui elevada de gotta. Para obter essa fracção emprega-se este meio: Verte-se uma gotta do medicamento em pe- quenos confeitos de assucar, dos quaes uma centena pouco mais ou menos pôde ser humedecida por ella ; deixa-se-os seccar, o que se opera mui promptamente, e guarda-se-os em um frasco bem arrolhado. Este modo de conservação éde um emprego muito commodo para o transporte. 0 medico pôde então dar ou pres- crever um ou muitos desses glóbulos para o doente, querem natureza, quer misturados e machucados em uma pequena quantidade de assucar de leite. Exprime- se por uma só cifra a quantidade de glóbulos que o DE MEDICINA. U> doente deve tomar e o gráo de dilução á que deve ser levado o medicamento de que elles estão embcbidos. Exemplo : Recepc. Glob. camph. ^ Significa, dai dous glóbulos da solução de camphora na deeillionesima , isto é, do trigesimo frasco. Este signal é empregado nos livros homceopathicos; e quando a"quantidade de glóbulos pôde variar, é indi- cado por uma vírgula entre os pontos; assim-1^",—" significa um, ou dous, ou três glóbulos no decillionesimo. Os precedentes dados bastarão para todo o leitor ou pratico Íntelligente; quaesquer outros processos de detalhes acham-se nos artigos das substancias ou dos remédios á que elles se referem ; em uma scicncia pra- tica, onde a exactidão é de rigor, nada deve ser aban- donado ao acaso ou á negligencia. ^!flj\pif\j\r^ t ixT DICCI0NARI0 O que é a Iiomceopatliia ? A homceopathia é a sciencia e a arte de curar as doenças de uma maneira suave, prompta, certa e du- rável, por meio de especifieos determinados à priori em qualquer caso de doença. i. A vida é o resultado da acção incessante de um principio invisível, material, dynamico, ou virtual, chamado força vital, cujas funcções regulares consti- tuem o estado de saúde, e o desaccôrdo o estado de doença. 2. A força vital, como conservadora da harmonia orgâ- nica, reage constantemente, e em um sentido directa- mente contrario, contra toda modificação, de qualquer natureza que seja, tendente á alterar seu rithmo re- gular.—Esta reacção, especial somente aos seres vivos, chama-se reacção vital. 3. E', segundo esta lei das reacções vitaes, que uma mão mergulhada n'agua fria, torna-se mais quente de- pois que se a tira da água, tornando-se tanto mais quente quanto a água fôr mais fria, e que calafrios suecedem ao calor, que provém de um exercício violento; que o vinho, que ao principio fortifica, ao depois enfraquece; que o café, que por seu effeito primitivo nos estimula, c tira o nosso somno, por seu effeito secundário ou reactivo, nos deixa pesado ao depois, e com uma tendência ao somno. 4. As doenças resultam da alteração dynamica do prin- cipio, que reage e tem em harmonia a reunião das funcções vitaés, porque ellas não são mais do que mo- dificações dynamicas, e de alguma sorte espirituaes deste principio, e das mudanças na maneira de sentir, e de obrar do organismo. DE MEDICINA. 17 5. Mas, se as doenças não são, senão modificações de nossa maneira de sentir e de obrar, não se podem ellas manifestar senão por uma aggregação de sympto- mas apreciáveis: é sob esta única fôrma que podem ellas chegar ao nosso conhecimento. Não ha, e nem pôde haver outro diagnostico possível e racional das doenças, que aquelle que repousa sobre a observação, e annotação da totalidade dos phenomenos mórbidos. 6. A homceopathia não investiga as causas próximas, nem a essência intima das doenças, só a Deus acces- siveis, mas presta uma attenção especial ás causas predisponentes e occasionaes, que devem fazer parte integrante de um bom diagnostico. A causa predisponente é esta disposição, particular a certos organismos, de contrahir uma doença por uma causa occasional, que teria acção sobre outros organismos. 8. As causas occasionaes são aquellas, cuja acção imme- diata sobre a economia, determina o desenvolvimento da doença. Ellas são externas, taes como o quente, o frio, a humidade, a fadiga, os virus contagiosos, etc.; ou internas, como as affecções moraes, os embaraços na circulação dos fluidos (congestões), os virus here- ditários, etc. 9. Quando o medico conhece as causas occasionaes e predisponentes, e que faz um apanhamento exacto da totalidade dos symptomas externos e internos, sabe o que é possível saber-se humanamente de uma doen- ça ; tem um quadro completo, uma imagem fiel; por- que, ainda uma vez, as doenças existem inteiramente em suas causas e em seus symptomas. D. M. 3. 1b DICCIONARIU 10. Segue-se daqui, que em cada caso de doença não ha mais symptomas que possam guiar o medico no curativo, e, se pelos meios convenientes, depois de haver afastado as causas, elle pôde fazer desapparecer a totalidade dos phenomenos mórbidos, tem debelado a doença. Comtudo, não é de total evidencia, -que, se os symptomas mórbidos são os signaes necessario> da alteração do principio vital, esta alteração desappa- rece necessariamente com elles. 11. 0 principio da vida, sendo essencialmente um, e ani- mando o organismo em totalidade, não pôde ser alte- ração parcial da força vital, nem por conseguinte d» doença local. Assim uma doença qualquer affecta sem- pre á todo o organismo : o que na allopathia se entende por affecção local, não é na homceopathia mais que um symptoma de affecção geral. 12. Certas epidemias de per si, e algumas doenças con- tagiosas, sempre em tudo semelhantes, que se tratam por específicos geraes e invariáveis, como a escarlatina, a tosse convulsa (coqueluche), a sarna, a syphilis, etc, são individuaes (de tal fôrma individuaes, que o mesmo' caso mórbido, não se apresenta da mesma fôrma em todos), e por isso exigem um tratamento especifico particular, individual. 13. As doenças são agudas ou chronicas : agudas quando entregues á si mesmas, qualquer que seja a sua du- ração, podem em alguns casos ser curadas pelas únicas forças da natureza; chronicas, quando igualmente abandonadas a si próprias, ellas tendem incessantemen- te aseaggravar. e acabam por trazer a morte. ■A^tPvfWA^ !»!•; MEDICINA. III Modo de obrar dos medicamentos, As evperiencias constantes e mui circumstanciadas sobre o homem em estado perfeito de saúde, têm mos- trado que os medicamentos applicados no organismo, produzem effeitos certos sobre determinadas partes. Querem alguns que este phenomeno dependa de uma irritabilidade especifica que possuem os órgãos de serem affectados de um modo particular que lhes é próprio. Ha funcções orgânicas difficilimas de explicar, e por- tanto em algumas, veem-se phenomenos que á própria razão não sabe interpretar senão por meio de conjecturas. Os resultados apparecem, e com tudo se ignora o como foram elles desenvolvidos : por exemplo, a experiência mostra, que a camphora tem uma acção sobre o cérebro, que lhe é própria ; a nux vomica sobre o systema gan- glionar, a ipecacuanha sobre o estômago, a jalapa sobre o tubo intestinal, o mercúrio sobre as glândulas, a di- gitalis purpurea sobre o coração, e o apparelho ouri- nario: conhece-se que tal e tal substancia não obrando de preferéhcia sobre um órgão, que compõe um appare- lho , tem o poder de obrar sobre todo o systema. Acontece, com o que levo dito, e com o que a pratica mostra, que o espirito de vinho augmentando a activi- dade do systema arterial, quando chega a desenvolver uma hemorrhagia, é ella dependente do estado acci- dental do órgão onde foi desenvolvida. Isto que acon- tece como espirito de vinbo, não acontece coma sabina, que tem sua acção especifica sobre o utero. Portanto para que se consiga o curativo das moléstias, é neces- sário que se conheçam bem as partes de que se compõe o organismo, e o modo directo de obrar, sobre ellas das substancias de que se lança mão para o restabele- cimento da saúde do homem. yVV^PcfVV^ REGIMEN DIETETICO. 0 modo ordinário de tomar o doente o medicamento homceopatico, é á noite, conservando o espirito tran- quillo, enão tendo ceado. Em outras circumstancias o medico indicará o modo da administração medicamentosa. IVas moléstias agudas. Como é de observação geral que, nas moléstias agudas, quasi sempre ha perversão de appetite, não se deve negar ao enfermo água mui pura, simples ou com assucar, água de cevada ou de arroz, mingáos, mui ralos, de ara- ruta, tapioca,sagú, ligeiramente adocicados, e caldos de gallinha ou frangão. Moléstias chronicas. Nas moléstias chronicas a dieta deve ser de alimenta- ção simples, porém reparadora, evitando-se, quanto fôr possível, os picantes e os ácidos fortes. Condimentos ou adubos. Os adubos que convém ao enfermo usar nas moléstias chronicas, são: o sal, a manteiga de boa qualidade, o vi- nagre de Lisboa, e com preferencia o branco, a cebola e o azeite doce. Bebidas. Água assucarada, vinho de Lisboa e cerveja. Usos sociaes. O uso do tabaco é permittido áquelles que estão mui habituados a elle, bem como ode fumar, com tanto que não engulam a fumaça. Usos hygienicos. Asseio no corpo, na roupa e na habitação, permittin- do-se os banhos mornos, os passeios a pé ou a cavallo evitando os excessos de qualquer natureza, sem todavia irem de encontro ao livre exercício de suas funcções se suas forças o permittirem. "' VJt. dWoetitf cilsoiiuí. NIETHODO DE SE ADMINISTRAR OS MEDICAMENTOS HOMÜWATHICOS AOS ENFERMOS. Uso dos medicamentos em glóbulos. Nas moléstias agudas, havendo muita febre, com ou sem dores em todo o corpo, ou internamente, o me- lhor modo de administrar o medicamento homoeopa- thico é fazer dissolver 10 ou 12 glóbulos em quatro ou seis onças deagua, mui pura, e dar ao enfermo em pequenos intervallos (5, 10, 15 minutos) meio calix de cada vez. Nas moléstias chronicas se dissolverá três glóbulos do medicamento, em uma onça de água, e se dará ao enfermo do mesmo modo. Uso das tinturas. No caso de se preferir tinturas, se empregará uma ou duas gottas para cada onça de água, que bem vascole- jada se dará ao enfermo. Os medicamentos assim preparados podem ser tanto para uso dos adultos, como para as crianças. Dynamisações. Nas moléstias agudas convém as 5.as dynamisações, em quanto que nas chronicas aproveitam as altas. (Jji, çJíkjcvío cilbotaed. niCCIONAMO DE HEU1CIXA E Tllt-RAPEUTICA II03KE0PATHIGA. A.. ABATIMENTO. — E' o sentimento de fraqueza que se experimenta na organização e se combate com chin. , phosph., ac—Sendo o abatimento moral, os melhores medicamentos são: staph., bell. e ignac. ABORTO. —E' a expulsão do feto para fora da cavi- dade uterina antes da época ordinária marcada pela natu- reza.— Verifica-se o aborto mais facilmente aos três mezes. E' precedido de dores no utero, no sacro e baixo ventre, relaxação dos peitos, horripilações, frio nas costas, sentimento de pressão no utero, vontade de ourinar, fluxo mucoso pela vagina, e afinal corrimento sangüíneo pela madre; este ultimo symptoma indica a proxinlidade do aborto, que já se não pôde evitar senão em rarissimos casos.— Quando a criança tem che- gado já a mais do seu meio termo, a cessação de seus movimentos é também um dos symptomas indicativos do aborto.— As causas mais ordinárias são: grande com- moção moral ou physica (susto, desgosto, queda, pan- cada) calor, frio, exercício mui violento, coito mui freqüente ou violento, febre: as causas predisponentes ±k DICCI0NARI0 são: grande irritabilidade nervosa na mãi, grande fra- queza, estado plethorico, má conformação, etc. São muitas vezes conseqüências do aborto, além da perda da criança, metrorrhagias, e as vezes affecções inflam- matorias*; mas o symptoma mais penoso que fica, é a fraqueza do utero e a disposição para o aborto na pró- xima prenhez e na mesma época. Nethodo curativo ou indicação therupeutica. Os principaes medicamentos para prevenir o aborto são: Chamomilla. Quando ha grande inquietação; palpi- tação convulsiva dos membros; dores violentas, seme- lhantes ás do parto ; leve perda sangüínea pelas partes genitaes; — e n'outros casos, só a febre e frio do corpo são symptomas predominantes. Ipecacuanha, auxiliada por sabina. Convém quando ha calafrios, calor, pressão na madre, com perda de sangue. Nuxvomica. Se ha ameaços de aborto ao terceiro mez ; com fortes dores no baixo ventre e no sacro, semelhan- tes ás do parto. Sabina. Convém se ha ameaços de aborto ao sexto mez de gravidez. Secale cornutum. Convém na metrorrhagia, com dores semelhantes ás do parto; — e n'outros casos, perda con- tinua de sangue, acompanhada de eólicas. Belladona. Convém principalmente contra as perigo- sas conseqüências do aborto: febre com calor na cabeça, violentas palpitações do coração, e oppressão do peito. China. Tem sempre obrado efücazmente contra a grande fraqueza, conseqüência do aborto. Ferrum e hepar sulphuris, foram as vezes empregados com feliz êxito contra o aborto e suas conseqüências. Para prevenir o aborto: bell., cham., croc, ipec, secai, com., sep. Para abrandar as dores mui violentas do parto : cham., sep. Para as dores mui fracas (parodinia) convém: bell., kali., op., puls., secai., com. Para o desapparecimento súbito das dores do parto (anodinia) convém: bell., kali.,op.,puls.,secai., com. Para as dores espasmodicas convulsivas durante o parto (adinospasmo) convém: cham., hyos., puls. Para as dores que acompanham a expulsão das secun- dinas (vulgo pareas) convém: arn.,cham.,puls., rhus., >abin. DE MEDICINA, 25 ABSCESSO.— Tumor com pus. Dá-se o nome de abscesso a todo ajuntamento de pus em qualquer cavidade natural ou accidental. lem os abscessos seu assento em órgão, em cavidade sorosa ou em seio forrado por alguma membrana mucosa ; as mais das vezes no tecido cellular interposto entre os or*ãos, e então, ora debaixo da pelle, ora em alguma aponevrosc ora no tecido cellular das cavidades splan- chnicas Elles também permanecem no mesmo assento ou mudam pouco depois do principio ate o fam ; ou pelo contrario se dilatam muito. Em geral não têm os abscessos symptomas communs a todos. A inflammação que os precede, dura ate o tempo da resolução; a dôr é pulsativa, passa a gra- vitiva, e de ordinário com horripilamenlos irregulares: auando o tumor está accessivel ao tacto, apresenta íluc- tuação. Os principaes medicamentos para combater o abscesso são : Silicea. hepar. s. (Veja-se fistula.) ABSCESSO DO PEITO. Os siimptomas são: tosse forte; expectoraçao esvcr- deada e pútrida; febre hectica; espécie de estertor causado pela superabundancia de mucosidades nas vias aereas —Uma tosse secca vinda depois do desapare- cimento dos principaes symptomas, foi curada com amonium carbonicam. Silicea convém no abscesso que se estende desde o meio do sterno até ao sovaco, complicado de tosse e SUABSCESSO DAREGIÃO EPIGASTRIGA. -Os medica- mentos que mais convém neste caso sao: Lycopod e calcarea carb * vnv. ABSCESSO DOS GRANDES LÁBIOS DA MjIAA. - Os sumptomassão: ora os do abscesso em geral, mas muito mais fracos e lentos; ora se desenvolve, no prin- cipio um tumor duro, sem vermelhidão, nem calor, nem dôr Este tumor augmenta, amollecc e se faz surda- mente doloroso; manifesta-se fluctuação; a pelle aver- melha-se e se inílamma levemente. IHethodo curativo ou indicação tberapoutiea. Nux vomica, sabina, sepia, zincum e acidnm phospho- ricum, têm sido empregados com proveito e fizeram desapparecer a disposição para o aborto em pessoas atrectas anteriormente á esta moléstia ; também apro- veita mercur. e belladona. d. m. 4 . 2f» DICCIONARIO Pará resolver o abscesso, sendo inflammatorio, os melhores medicamentos são: ars., bry., puls., phosph., rhus., hepar. Estando endurecidos convém: bary., cale, carb. an.. iod., lach. Para os abscessos ou tumores enchistados os pre- feríveis medicamentos são : cale, graph., hepar., silic. ACCESSO. E' a reunião de symptomas que apparecem e desapparecem para de novo voltar, como, por exemplo, nas febres intermittentes, cujos accessos têm períodos que separam uns dos outros. AconHo. — Aconitum napellus. Caracter physiologico. O aconito c o antiphlogistico homceopathi^o por ex- cellencia, e o suecedaneo da sangria. Nas febres agudas, é o principal medicamento, sendo administrado com pequenos intervallos. Elle representa o temperamento sangüíneo nerVoso o o sanguinio bilioso (*). Tempo da acção. Sua acção estende-se de 8, a 2i e a 48 horas, nas mo- léstias agudas. Medicamentos a seguir-se. Depois do aconito, conforme os symptomas que a moléstia fôr desenvolvendo, convém arn., ars., bell., bry., ipec, con., sulphur. Antídotos. Para combiter oseffeitos do aconito, convém: cham., coff. veratr., vinho, vinagre. Aggravações. Combate-se a aggravação com bry., n. vom., cale rhus. Concordância com outros medicamentos. O aconito concorda em seus effeitos com a bell., bry merc.,n. vom., phosph., puls., rhus, sulph. *' P) Vid. o l.o vol. da minha pathogenesia, e o meu Medico do Povo. Os symptomas do aconito sobre os differentes anoarelho* orgânicos. r1^ I)K MEDICINA. 27 Modo da administrarão, E' pratica seguida empregar-se 3 gl. em uma onça d'agua filtrada, com 4 ou 6 gottas de espirito de vinho de 36 gráos, ou duas gottas de tintura, que vascolejado mui bem se dará ao enfermo. • ludieaçào tlierapeutica. 0 aconitum napellus convém na alienação mental — angina — apoplexia —arthrite aguda—asthma—blepha- rophtalmia— bexigas —cardiogma—cardite-catalepsia — catarrho epidêmico — cephalalgia — congestões — croup (angina membranosa) — crostas de leite — cys- tite— diaphragmite— encephalite — enterile — estran- gulamento inflammatorio de uma hérnia — ferimentos —febre artritica — febre intermittente — febre de leite —febre mesaraica—febre rheumatica—febre verminosa — febre puerperal—gastrite — gonite rheumatica— hematemese — hemoptia — hemopt yses — hemorrhagia pulmonar — hepatitis — hydrocephalo — hydrocephalo agudo— inflammação rheumatica— ieucophlegmasia do- lorosa— leucorrhéa — melanosa — miliaria — miliaria purpurca — odontalgia — ophtalgia — orchite — para- lysia—parotite— peripncumonia — peritonite puer- peral — phthysica — pletora — pleurodynia — psoite— queimadura — rheumatismo—dôr aguda—rogeola (sa- rampão) —rubeola —scarlatina miliar — spasmo em conseqüência de sustos — suppressào das regras— tosse convulsa—tracheite — tumefacçãn do pé.— urticaria b-bril — varíola (bexigas; — vertigem — vomito — vo- mito de vermes. Symptomas gcracs que desenrolee o aconito no Iwmem são. Dôrcs lancionantesou rheumatismaes. que se renovam pelo vinho ou outros diffusivus. — Solírimentos que, principalmente de noite, parecem misupporlaveis e que, pela maior parte, desapparecém n;i posição de sentado. —Accessos de dóresv com rubor das laces. —Sensibili- dade dolorosa do corpo e sobretudo das partss doentes, por todo o movimento e ao menor contacto. — Dôr de pisadura e sensação dedormencia em todos os membros. — Repuxamentó com fraqueza paralytica nos braços e nas pernas. — Falta de força e de firmeza, dores e estalos nas articulações, principalmente das pernas. — Perda rápida e geral de forças. — Accessos de c&vainiento, 28 DICCIONARÍO principalmente levantando-se da posição de deitado, e algumas vezes, com affluencia de sangue para a cabeça, zoeira nos ouvidos, pallidez mortal do rosto e calafrios. — Indisposição, como em conseqüência de uma trans- piração supprimtda, oude um resfriamento, com dores de cabeça, zoeira nos ouvidos, colieas e deíluxo. — Sen- sação de frio e de estagnação de sangue em üodos os vasos. — Sobresaltos nos membros.— Accesso cataleptico, com gritos, ranger dos dentes e soluços. — Inchação e côr anegrada de todo o corpo. ADYNAMIA. E' o enfraquecimento extremo das forças vitaes a ponto de impossibilitar o indivíduo dos movi- mentos ordinários. Indicação tlterapeulica. O estado adynamicodo enfermo combate-se com ehin., ars., ferr., sulphur. AÒENITE.—(Inflammação das glândulas.) ■ Belladvna, acidum sulphuricum e baryta carb. são os medicamentos de grande importância, para combater a inflammação das glândulas. jEDOITE LABIAL.—(Inflammação dos lábios, da vulva.) Os symptomas são: febre, dores ardentes e pulsativas nas partes. Em geral, convém: ambr., kreo$.,nux vom., puls., secai, com., sep., sulph., thuia. Para a inflammação dos lábios da vulva, edoelitoris (episionose) convém de preferencia: merc. viv.,sep., thuia. AFFECÇÕES MORAES.-Se ha alienação mental, com- bate-se com bell., hyosc, stram e lach. Se ha perda de conhecimento coff. op., murungü.— Se ha delírio, bell., stram.—Se ha excitação, coff., lach. Se ha alluciuação, bell., ign., coce. Se ha idiotismo, bell., hyosc, phosph. AGALACTIA —(Falta deleite nos peitos da» mullieres paridas edas amas de leite.) ületuodo curativo ou indicação therapeutica. Agtms castas. Três doses restabeleceram a secreção na- tural do leite em uma mulher de constituição forte, que não podia amamentar seu filho. Para a inflammação das glândulas mamarias (Masto- nosia) os medicamentos preferíveis são; bry., carb. mi., cham., con., phosph., sil. DE MEDICINA. 29 Para a inflammação dos mamillos (thelosia) é prefe- rível: graph., lyc.puls., sulph. Para a secreção abundante do leite (galado plerosia) convém : bell., bry., puls. Para a diminuição da secreção do leite (galactochesia) convém: dulc. Para a alteração do leite (galactocrasia) convém: cfiam. AGITAÇÃO PHYSICA. Este estado mórbido do homem combate-se com bell., hyosc, merc, sutyhr., staphys. AGONIA é o ultimo combate ou luta entre a vida e a morte, a qual se manifesta por um stertor nas vias respiratórias. As moléstias, quenãoacommettem imme- diatamente aos três principaes órgãos da vida, isto é, o cérebro, o coração e os pulmões, obram indirectamente, porque miuam os fundamentos da vida c vão pouco a pouco consumindo as forças, até paralysar de todo as funcções orgânicas. Os phenomenos que sobrevêm á agonia são o embaraço da respiração causado pela im- perfeição da hematose, que obriga as artérias a levarem sangue negro ou venoso aos órgãos enfraquecidos, e como não lhes pôde restabelecer a acção que gozavam, a morte sobrevêm, como conseqüência de prostração vital. Xa morte repentina, e na dos velhos decrépitos, não ha agonia, e por isso nem sempre esta precede á morte. Indicação therapeutica. Na agonia não ha medicação possível, e quando ella é mui prolongada convém administrar-se aoagonisante aconito ou bell. para acalmar o systema nervoso eacce- lerar o transito. AGUDAS (moléstias). As moléstias agudas são as que, se manifestam com mais ou meno^ gravidade e percorrem em pouco tempo os seus períodos. Se ellas se prolongam, chamam-se chronicas. Não se podendo com precisão determinar o tempo em que uma moléstia aguda pôde passar á chro- nicidade, são os nosalogistas concordes em dizer que são moléstias chronicas as que excedem de 30 dias. ALBUMINARIAéa excreção de ourinas contendo albu- mina, em dissolução, isto é, a excreção da ourina côr de leite ou albuminosa. Embora os escriptores lhe assig- nalem causas, todavia eu as não aceito, porquea albumi- nuria apparecede repente sem motivos conhecidos, como me aconteceu em 1869, que, gosando de boa saúde, repen- tinamente , me appareccram as ourinas semelhantes, 30 DICCIONARIO a leite. Empregando alguns dos meios conhecidos para combater esse mal, foram elles baldados. Combinando a acção chimica dos differenles agentes sobre a organização, dissolvi um grão de acetato de potassa em meio copo de água assucarada, c o empre- gando internamente, com o intervallo de 12 horas, em três dias fiquei completamente restabelecido. ALBUGO é a mancha branca, ou amarella que se fôrma na cornea transparente dos olhos e cura-se com mer., cale, thuy., ars., sulph. AMAUROSIS.—Gola serena, catarata negra. Diminuição completa ou perda da vista, sem notável alteração na organização do olho. Em alguns casos chega a ponto do doente não differençar a luz das trevas: então se diz amaurose completa. N'outros ainda elle divisa os objectos atravez de uma espécie de nuvem: amaurose incompleta. Dôr surda acompanha ás vezes no fundo da orbita a perda da vista : a pupílla conserva-se dilatada c de linda côr negra; o íris commummenleimmovel, qualquer que seja o gráo de luz que dê no olho enfermo ; a pupilla de ordinário está na sua fôrma circular; em alguns casos passa a triangular ou oval; pôde também perder a côr preta e mostrar uma rede parda, mas ha então alteração na estruetura da relina. A physionomia apresenta alguma distracção e desvio, que faz suspeitar a perda da vista antes de se verificar. As outras funcções não offerecem notável perturbação. A amblyopia é o pri- meiro gráo da amaurose: a pupilla então torna-se larga e pouco movei: vê-se de foguinhos, moscas volantes, relâmpagos, vista enevoada. Indicação therapentica. Canabis, valeriam, belladona, euphrasia, sulphur, são muitas vezes medicamentos efficazes, empregando-se repetidas vezes. Gota serena com catarata, em conse- qüência de sarna repercutida. Sulphur. Convém se ha sensação como de plumazi- nhas pegadas á palpebra superior. Para o que vê moscas-voando (ínyodosopsia) convém : merc, cale, phosph., rhus. Para o que vê os objectos como manchados, convém : amon. mur.. kali.. phosph. AMBLYOPIA AMAUROTICA.- Enfraquecimento da vista, precursor da amaurose. Belladona, pulsatilla. Convém na vista nebulosa, diplo- pia, myodysopia, hcmcralopia, e dilataçâo das pupillas. nr. mi: moina. 31 Belladona. Convém no enfraquecimento da vista em conseqüência de resfriamento de tópico nos olhos. Belladona. Convém na vista nebulosa complicada de cardialgia. — Noutro caso sensação pressiva nos olhos c photophobia. Mercur. solub. ceuphrasia. Convém na vista enevoada, moscas volantes: os olhos lagrimejam e não podem to- lerar a luz. Pulsatilla e Euphrasia. Convém na grande fraqueza de vista, lagrimação freqüente, pupilla parda, csbranque- cida. Rata. Convém no grande enfraquecimento da vista e esta nebulosa. Outros remédios também apropriados são : phosphorus, stramonium. China. Convém se ha dilatação da pupilla, fraqueza, tremor das mãos, fraqueza do apparelho digestivo. Calcarea carb., silicea, acidum nitricum, plwsph., petro- lium, causticum, silicea, se o olho esquerdo não vê quasi nada, o direito vê tudo enevoado, as palpebras verme- lhas e inchadas, e purgando mucosidade purulenta, convém causticum. Para -a amaurose (paralysia do nervo óptico): bell., con., hyosc., phosph., puls., secale com., silic, siram., sulph. Para o que conserva a vista fixa convém de prefe- rencia : bell., cie, stram. Para o que soffre turvação ou deslumbramento da vista os melhores medicamentos são : kali, silic. Para o que soffre de fraqueza da vista convém: anac. Para o que tem a vista obscurecida (scotomia) convém administrar-lhe cale. cann., caust., con., euphr., hepar s.. phosph., puls., silic. , sulph. Para o que soffreu momentaneamente a perda da vista convém: bell., hyosc, merc, natr. m., oleand., phosph., puls. Para a ambliopia ou obscurecimento da vista (pre- cursor da amaurose) convém de preferencia: con. , hyosc., puls., silic., stram. Para a photophobia ou o horror que se tem á luz, convém: ars., bell., euphr., nux vom., rhus., sulphr. Para a myopia convém : phosph., puls. Para a presbiopia convém : sep., sile Para o que soffre confusão das letras quando lê, convém: natr. mur. Para o que sente duplo o objecto que vê (dipíopia) convém: hyosc, 32 DICCIONARI0 Para o que vê os objectos mui aclarados (galeropia) convém : hyosc. Para o que vê os objectos enfumaçados ou enevoados convém : cale., caust., croc, phosph. Para o que vê um circulo ao redor da chamma de uma vela ou candêa ( chrupsia ) convém de preferencia: phosph., sulphur. Para o que vê os objectos como ílammas de fogo (pho- topsia) convém : bell., kali carb., spig. Para o que vê os objectos parecendo-lhe fazer caran- tonhas convém : bell, hyosc, stram. AMENORRHEA.—Suppressão demenstruos ou regras. As causas principaes da suspensão das regras nas mulheres são : o temperamento lymphatico, as affecções moraes, os desmanchos na alimentação, a debilidade ou fraqueza orgânica, os aromas, as moléstias chronicas. Indicação therapeutica. Graphites, sepia, pulsatilla. Convém na amenorrhéa com perda branca e frio do corpo. Aconito e coceulos ajudados de sepia. Gonvém na sup- pressão de menstruos de quatro annos: dores de cabeça, tosse freqüente, palpitação do coração, dores de estô- mago, flores brancas e congestões sangüíneas. Kali carbonicam. Convém na suppressão de menstruos de três annos, em conseqüência de susto; freqüentes e violentas dores no baixo ventre; appetite desregrado ; para a noite aggravam-se as dores e a respiração se torna constrangida e difíicil. Sulphur. Convém na cessação de menstruos, com dores de cabeça, vermelhidão na face, violentas dores na re- gião uterina (da madre), estremecimento violentíssimo ao dormir, erupção de botõesinhos com coceira no peito. Aconito e pulsatilla. Convém se ha congestões da ca- beça, dores de dentes, e movimentos convulsos. Pulsatilla. Gonvém se ha pallidez da face, tensão es- pasmodica no peito e continuo arripiamento. Outros remédios apropriados são: calcarea carbon. , graphites, nux moscata, nux vomica, opium, phosph., sepia, stramonium, e mais que tudo sulphur. Ainda mais : Para a suppressão das regras (menostasia) convém : con., graph., kali., lyc.,puls., sulph. Para o retardamento das regras nas raparigas, se pre- ferirá : caust., graph., kali., puls.. sulph. DF MEDICINA. 33 Para as regras mui prematuras: ambr... carbo vg., cham., ipec, nux vom., phosph., rhus., sabin. Para as regras mui retardadas convém ; caust., con., cupr., dule, graph., kali., lyc, mag.t natr., mur., puls., sep., silc., sulph. Para as regras que são de mui curta duração convém: amm.,puls., sulphur. Para as regras de longa duração convém : cupr. , lycop., natr. mur.. nux vom., plat., secai, c, silic. Para as reuras mui abundantes (menorrhéa) convém: bell., cale, ferr., ipec, nux vom., plat., sab., secai com., stram. Para as regras que apparecem de côr muito escura convém : cham.. croc. nux vom. Para as que são de um sangue como de lavagem de car- ne (pallido) convém: bell., dule,hyos., sabin,, bryon. Para as regras que vêm em fôrma de coalho convém: cham., plat., rhus. Para a menstruação que se manifesta com o sangue de consistência viscosa convém : croc. Para o que é de qualidade acre convém: kalicarb., silic. Para as regras que se manifestam com um cheiro mui fétido convém : bell., bry. Para as dores que se manifestam antes das regras convém : cale, cupr.. lyc , puls.. sep., sulph., veratr. Para as dores e outros phenomenos que se desen- volvem na occasião de appareccrem as regras convém : hyosc, op. Para as dores e outros phenomenos que se desen- volvem durante o tempo da menstruação convém : amm., cham., graph., hyosc., kali., puls. Para as dores e outros phenomenos que apparecem depois das regras convém: borax., crcos., graph., nux vom. Para as hemorrhagias uterinas convém: bell., cale, chin., ferr., ipec, nux vom.. sabin. Para as perdas de sangue fora do tempo das regras con- vém: cale, cham., ipec, phosph., rhus., sabin., silic. AMYGDALITE é a inflammação das amygdalas ou favos, a que vulgarmente chamam esquinencia: cura-se com bell., merc, bary. ANCIEDADE MORAL é um estado afflictivo da alma que se combate com acon.. bell., ars., puls. ANASARGA.—(Veja-se HYDROPESIA ANASARCA.) ANEURISMA. O aneurisma é um tumor produzido por dilatação da 34 DICC10NAR10 artéria. Muitas vezes o aneurisma apparece sem causa conhecida. O aneurisma tem dous períodos. Primeiro período.—Um tumor mais ou menos arre- dondado, pouco volumoso, sem calor, sem mudança de côr na pelle, desenvolve-se no trajecto de qualquer artéria. Apresenta movimentos de pulsação izochronos aos do pulso, e desapparccc quando o comprimem. A compressão feita entre o lado do coração e o tumor diminue a força das pulsações ou as supprime inteira- mente. Si se comprime abaixo do tumor, as pulsações augincntam em extensão, o tumor desenvolve-se lenta ou rapidamente, e quando seu volume passa a mais con- siderável, constrange os movimentos, causa entorpeci- mento c infiltração nas membranas, dilatação varicosa das veias, diminuição do calor, etc. Segundo período.—Desenvolve-se o tumor com maior ou menor rapidez pela rotura das túnicas internas da artéria; elle se torna desigual, irregular e doloroso, offerccendo pontos molles cm que se sente fluetuacão; outros duros como callosos c resistentes. Abi as pul- sações são imperceptíveis ou cessam totalmente; já então não desapparece pela pressão, mas só diminue algum tanto; continua finalmente o tumor a crescer; a pelle muda de côr; passa a roxa ; adelgaca c inflamma-se e abre por absorção ulcerosa; corre o sangue em abun- dância e não tarda o doente a morrer. As vezes não se rompe o tumor, mas vem sobre elle a gangrena das partes vizinhas ou da totalidade dos membros. O aneurisma do coração tem por causa os grandes es- forços, as paixões violentas que fazem que as paredes do coração augmentem de espessura (hypertrophia) ou se adelgassem e diminuam (atrophia). Indicação therapeutica. São os medicamentos que se tem conhecido mais efficazes, principalmente o lycop. applicado interna e externamente ; o acon., muitas vezes repetido. Para os batimentos fortes do coração convém: acon. cale , chin. , merc, iod. , lyc. , natr., mur., phosph. ' puls. , sep. , spig. . sulphur. ' ' Para os batimentos fortes do coração com anciedade convém: acon., cale, lyc. , phosph., puls., spig. Para os batimentos fortes do coração intermittentes convém: chin. , dig., natr. mur. , phosph., acon. Para os batimentos do coração como estremecendo convém: cale DE MEDICINA. 33 ANGINA.—Esquinencia.—Inflammação da garganta. Em geral, é a inflammação das membranas mucosas que se distendem do interior da boca até ao estômago e pulmões exclusivamente. Indicação thcrapeutiea. Aconito. Convém na violenta angina com engorgila- mento da lingua, das glândulas sob-maxillares direitas, c das amygdalas; de sorte que não pôde o enfermo fallar nem engulir. Argentum. Se ha aspereza da garganta, e dôr de ex- coriação ao tossir. A garganta parece fechada pelo en- gorgitamento que não dá passagem aos alimentos. Baryta carbônica e muriatica, são indicadas quando ha disposição para suppurar. Belladona. Se ha tosse secca, deglutição mui dolorosa e engorgitamento da campainha. Cicuta. Se ha engorgitamento da garganta, que ameaça suffocação, e tem por causa lesão do esóphago por alguma esqui rola. lodium. Se ha considerável engorgitamento do lado esquerdo do pescoço e da nuca com rijeza destas partes ; suppuração das amygdalas e do pharynge. Ignatia. Se ha picadas e dores pressivas nas partes doentes. • Mcrcurius. Se ha febre, dor na garganta, vermelhidão da glândula parotida c das partes musculares lateraes do pescoço, arranhadura por detraz do paladar, freqüente expectoração de matéria pituitosa, lingua carregada de mucosidades. Pulsatilla. S11 ha forte imflammação de garganta e partes ambientes, com suppuração c sensação de aspe- reza c de escoriação. Outros remédios apropriados são: hepar sulphuris, cale, aconit., dulcamara, bryonia, cocculus, nux vo- mica. acidum nitricum. ANGINA CHRONICA.—Conhece-se pelos symptomas seguintes : O pharynge levemente avermelhado, parece coberto de um muco viscoso ; sensação de engorgitamento com dôr de aspereza c excoriação cm toda essa parte. Indicação therapeutica. Pulsatilla, curou estes symptomas palliativamcnto ; mas renovaram-se acompanhados de picadas surdas nos 36 DICC1UNAR10 dous lados da garganta, e de freqüente desejo de engu- lir. Manganmn aceticum curou radicalmente a moléstia. Ignaiia. Se ha sensibilidade dolorosa da garganta, dôr pungente ao engulir, frequcpte desejo de engulir, com sensação de uma cavilha na goela. Outros remédios apropriados são : acidum phospho- ricum, sabadilla, e nux vomica; e contra a disposição para a angina—sepia o baryta carbônica. ANGINA CATARRHAL.— Quando a irritação ataca toda a membrana mucosa dos bronchios ou mesmo do larynge. Indicação thcrapeutiea. Mercurius solub. Convém se a membrana mucosa é a que mais padece, com salivação. Pulsatilla. Convém se ha 'sensação de excoriação c aspereza na guela, augmento de secroção na membrana mucosa, engorgitamento das amygdalas ou favos. Belladona, e n'outros casos mercurius solubilis seguido de belladona c de dulcamara administrados alternada- mente são os mais proveitosos medicamentos na flegmo* noide da garganta, ANGINA MEMBRANOSA.— (Croup.) Este soffrimonto conhece-se pela voz rouca, respiração curta e penosa, com sibilo ou estertor ; tosse rouca, sibilante, chiante e cantante . Quando se aggrava o constrangimento da respiração, o doente faz esforços por estender o pescoço para cima o para traz (symptoma contrario ao que se passa na peripneumonia, o que con- siste nos esforços do padecente para encurtar o pescoço, inclinando-se para diante"»; violenta febre e sonino- lencia, quando a moléstia tom tocado a maior gráo. Indicação thcrapeutiea. Aconit. bastou algumas vezes para completa cura ; n'outros casos aconit. seguido de spongia e de hepar sulphur. , calcar. ; em outros casos aconit. seguido de spongia. líeparsulphur., calcar. Se ha inquietação, o enfermo dá voltas na cama ; respiração sibilante, ciciante; tosse rouca e secca ; o doente leva a mão ao larynge ; face en- carnada ; o doente vive em agonia. Hepar sulphuris convém, e dahi a dezaseis horas 10 gotas de spongia tosta. Symptomas : havendo respiração alta, sibilante; falia rouca, incompreheiisivcl ; grande DE MEDICINA. 37 afllieção; violentos accessos de tosse rouca, resoante e sibilante; synoca (febre inflammatoria). Aconit., spo>igia tosta. Havendo violenta tosse rouca e surda; voz rouca ; respiração rápida e cstrepitosa ; grande febre, hepar sulphur. calcar, fez desapparecer a rouquidão, que resistira aos outros dous remédios. Aconit., depois alternados phosphor., hepar sulph. calcar, e spongia, de meia em meia hora, são os me- dicamentos preferíveis. Euphorbium também se tem empregado com proveito. ANGINA POR ABUSO DO MERCÚRIO. Combatte-se esta espécie de angina com os antídotos do mercúrio. ANGINA maligna, gangrenosa ou gorrotilho. Ma- nifesta-se por hòrripilações, náuseas e vômitos, em se- guida rigeza do pescoço, dôr e rouquidão. Antes de 2'i horas apparecem manchas brancas ou cinzentas e a gangrena, epor fim a morte no 3.° ou 4.° dia.—Bellad., baryta carb.,amon. carb. Belladona, arsênico, chamomilla, china. São preferíveis havendo hálito pútrido, dentes abalados, voz fanhosa, deglutição impossível de comidas sólidas, as bebidas regurgitam pelo nariz, picada forte na guela. ANGINA PALATÍNA.—Angina do paladar. Nux vomica. Convém se ha engorgitamento da mem- brana palatina, com dysphagia (dífficuldade de engulir) e constipação. Phosphor. Convém se a membrana palatina está en- gorgitada, de vermelho azul, gretada ; grande dyspha- gia ; indolência das partes affectadas; a campainha pa- rece rascrada, e pende profundamente para a cesophago. ANGINA DO PEITO. Accesso de estreitamento espasmodicodo peito acom- panhado de dores atrozes que voltam por intervallos mais ou menos longos. Combate-se com aconit., ve- ratrum. lactuca virosa, asa fwtida. ANGINA PIIARYNGEA. Pctrolium. Convém se ha violentas dores pungen- tes e picantes no pharynge por detrás e por baixo do laringe, principalmente no momento da deglutição; os alimentos e bebidas provocam dores fortíssimas. ANGINA PETUITOSA, ou deíluxionaria. Arum maculatum é o medicamento nesta enfermi- dade preferível. ANGINA SCIRROSA. As amygdalas tornam-se engorgitadas, endurecidas; fluxo de muco fétido pelo nariz: belladona, sulphur, arpia. c aurum são os medicamentos preferíveis. 38 DICC10NAR10 ANGINA SOROSA HABITUAL. Sulphur, sepia, baryta carbônica são os medicamen- tos mais convenientes para combater esta espécie de angina. ANGINA TONSILAR. Amygdalitis: apparecc ás vezes de repente, com sensação de aperto que parece apro- ximar-se ao peito, com ameaço de suffocação, medo da morte, impossibilidade de andar. Combate-se a amygdalitis com vários medicamentos que são: Belladona. Convém no engorgitamento das amygda- las ; deglutição da saliva mui diflicultosa e dolorosa, o véo do paladar muito vermelho, pescoço e nuca en- gorgitados e rijos.—A disposição para a recahida cede ao uso de dulcamara. Belladona. Se ha febre, congestão na cabeça, dores lanciantes e pressivas nas partes affectadas, que se ag- gravam com o fallar e engulir. Belladona. Convém se a deglutição é quasi impossível, a lingua sabe fora da boca, o enfermo não pôde fallar. Belladona.Se ha grande inflammação; amygdalas mui engorgitadas ; deglutição dillicilima e dolorosa ; lingua carregada de uma matéria amarellada ; fastio ; grande calor ; sede ; insomnia ; delírio ; vertigens. Aconit. Uma gota de duas em duas horas 6 indica- ção mui proveitosa. Ignatia. Convém nas amygdalas bem inflammadas e engorgitadas ; garganta e interior da boca vermelhos ; lingua revertida de pigmento branco e viscoso; dores lancinantes nas goelas fora e durante a deglutição, que provoca picadas até nas orelhas ; predominando arripia- mentos de frio. Mercurius solubilis. Convém se ha febre ; dores pres- sivas lancinantes nas amygdalas ; muco viscoso de gosto muito desagradável se junta na garganta e boca. Lachesis. Convém nas amygdalas engorgitadas, ru- bras e dolorosas ; sensação dolorosa de aperto na gar- ganta ; deglutição diílicil e dolorosissima; febre com calor ardente. Outros remédios de grande proveito também são : baryta carb. e spongia. ANGINA UVULÁR.—(cuja sede principal éa in- flammação da campainha.) Que se manifesta por engorgi- tamento considerável da campainha, violentas dores apenas o doente faz esforço para engulir; deglutição de líquidos impossível. Belladona, éo principal medica- mento. ANGIEDAÜE NOÇTURNA.-Aíllicçlo nocturna.— DE MEDICINA. 30 Indicação therapeutica. Arsenicum é de grande proveito na afflicção nocturna. Para a anciedade moral convém: ars., puls. ANOSMIA. Perda do olphato. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica, quatro doses tem restabelecido a funcção do olphato. Para a diminuição, fraqueza e perda do olphato con- vém : bell., cale, plumb., puls., sep., silic. Para o que tem o olphato mui sensível convém: aur., bell., lyc, nux vom., phosph., sep. Para o que soffre perversão do olphato convém : bell.y cale, ars., sulph. Para o que conserva a sensação de cheiro de cousa podre convém : bell., phosph. ANOREXIA.—E'a falta de appetite causado pela fraque- za do estômago, ou pelo estado saburoso ou bilioso do apparelho gastro intestinal. A falta do appetite tam- bém pôde sobrevir motivada por alfeccões moraes, ou pelo abuso dos licores alcoholicos ou mesmo pelo ex- cessivo calor da atmosphera. Indicação therapeutica. Bry., nux vomica., cham são de grande vantagem para este incommodo. Autinioiiio crú. Maneira de obrar segundo a época do dia. Obra dò manhã, depois do meio dia, á tarde, á noite, porém a maior aggravação é depois do meio dia. Caracter physiologko. Representa o temperamento sangüíneo bilioso, ner- voso e lymphatico. Tempo da acção. A sua acção se estende até 30 dias em alguns casos de moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do antimonio convém empregar puls. e merc, 40 DICC10NARI0 Antídotos. Para destruir os effeitos do antimonio convém hepar^ merc. Concordância em symptomas. O antimonio concorda com a bell., phosph., rhus., sulphur, e particularmente com a puls. Exacerbações. As exacerbações causadas pelo antimonio combatem-se com cale, puls., sulphur, rhus, sep. Modo da administração. O mesmo que com os demais medicamentos. Indicação therapeutica. O antimonio convém no abscesso—asthma—dartro— — indigestão — gastrite chronica — phthysica — scar- latina —varice hemorrhoidal. Symptomas graves que desenvolve o antimonio. Dores rheumaticas, e inflammação dos tendões, com vermelhidão e contracção na parte affectada.— Repu- xamentos ou latejamentos e tensão, principalmente nos membros. — Os symptomas se aggravam com o calor do.sol depois de ter bebido vinho, depois de jantar, de noite e de manhã, alliviam durante o repouso e com o ar fresco. — Grande sensibilidade ao frio. — Peso em todos os membros. — Fraqueza geral, principal- mente de noite e ^o levantar-se. Emmagrecimento, ou grande obesidade. — Inchação hydropica em todo o corpo. ANTÍDOTO OU CONTRA VENENO.—E'a substancia que tem a virtude de neutralisar ou destruir os effeitos dos venenos ingeridos no estômago. O leite e o azeite, embora não sejam antídotos, são os primeiros recursos que se empregam para suspender os corpos irritantes ingeridos, a fim de que não inflammem ou corroam as tú- nicas do estômago. (Vid. veneno e seus antídotos.i ANTIPHLOGISTICOS.—São os medicamentos que de- primem o systema circulatório e que produzem o mesmo DE MEDICINA, íl resultado que a sangria. Os antiphlogisticos homceopa- thicos são : aconito, arnica, belladona, a digitalis e prin- cipalmente o timbó. ANTRAX. (Antraz, carbúnculo, pústula maligna.) Dá-se este nome a uma inflammação essencialmente gangrenosa que ataca o tecido cellular subcutaneo, devido ora a uma causa externa {pústula maligna) e ora a causa interna (antraz, ou carbúnculo pro.- priamentcdito), o qual annuncia-se por um engorgi- tamento acompanhado de dureza e sentimento de tensão e de ardor queimante. Este engorgitamento faz pro- gressos rápidos; propaga-se a inflammação á pelle, que se faz de vermelho livido e carregado; uma phlyctena apparece no centro do tumor e cobre uma escara gan* grenosa;a mortificacão se dilata e acaba invadindo a profundidade dos órgãos, si se lhe não açode promp- tamente: então exhala o enfermo um cheiro intolerável e breve morre.—Meios curativos. Arsenicum tem muitas vezes produzido bom successo no tratamento da pústula maligna. O antraz na nuca, com consumpção do tecido cel- lular. la^cidão e febre foi curado com silicea, hepar sulph. ANTS.—E' o oriticio e\terno do intestino recto. Esta parte do corpo é ordinariamente acommcttida de varias enfermidades, como: Abscesso que se combate com caust. Aperto spasmodico combate-se com Nux vom.—La- fheses. „ n . Ardor continuo. Convém—Arsênico.— Merc—Fuls. —Lach.—Sulphur. Ardor durante as dijecções. — Merc— Puls.— Lach. Botões ou borbulhas ao redor do ânus. Convém caust. Botões hemorroidaes. Combatem-se com —Ars.— Barvt. c — Graph.— Sulph.—Merc. ANURIA é a suppressão das ourinas, que se manitesta em algumas enfermidades e quasi sempre é um symp- toma fatal. APHTHAS ou sapinhos, são pequenas ulceraçoes cober- tas de uma crosta branca ques apparecem na bocca das crianças. Curam-se com Merc—Allum.—Rhat.—Cale APPETITE MORBOSO ou falta de appetite ou appe- tite extravagante combate-se com : Veratrum, chin., nux vom., rhus., sep., silic. APHONIA.—Privação'da voz, ou a voz que mal se per- cebe em conseqüência da inflammação da glotis. Belladona uma gotta convém na aphonia em con- D. M. 54 DÍCCI0NAR10 Nux vomica. Convém na asthma, havendo cerração de peito, com falta de respiração durante o movimento, oppressão suffocante no leito, que obriga o doente a estar sentado, os accessos de suffocação tornam-se mais violentos para a meia noite, violentos apertos do peito, tosse secca, abalante, flatulencia, pyrosis, ourina clara aquosa, humor colérico, fogoso, não disposto a trabalhos de espirito. Phosphorus. Convém nos accessos asthmalicos, com tosse rouca, expectoração freqüente de muco misturado com estrias de sangue. Phosphorus, ajudado de pulsatilla e nux vomica. Convém na asthma, com tossimento curto e secco; picadas na cavidade peitoral; arripiamento continuo com lassidão e falta de força; apparencias de phthysico do corpo (symptomas exteriores que denotam grande disposição para a phthysicaj. Phosphorus. Convém na asthma secca. Pulsatilla. Convém na oppressão do peito á noite, em seu auge: o doente não pôde deitar-se; cerração da garganta ; sobresaltos no somno causados por accessos de anciã; tosse com copiosa expectoração de muco ; falta de sede; menstruos pouco copiosos "acompanhados de symptomas espasmodicos. Spongia e calcarea carbon. Convém na tosse secca ; respiração constrangida, difficultosa, cerrada, esterto- rosa, arquejante; cada movimento suspende a respi- ração. Papeira. Sulphur. Convém na asthma com otorrhéa (corri- mento pelo ouvido). (1) No começo do accesso convém aconito de 5 em 5 mi- nutos. Se se exasperar o ataque então se dará bellado- na. Depois o arsênico, sponq., sulphur. ASTHMA AGUDA DE MILLAR. Os symptomas são: accesso súbito de dyspnéa, ordi- nariamente de noite; respiração arquejante, sibilante anciada e entrecortada; perigo de suffocação; tosse rouca, semelhante aos latidos de um grande cão'; total ausência de febre. Finda o accesso por espirros, arrotos e vômitos. Dorme o menino então tranquillo, eás vezes passa o dia seguinte sem incommodo, excepto a fra- queza. Volta na seguinte noite o accesso com forca maior, e assim por diante; mas ordinariamente o se- gundo e terceiro accessos levam o doente; até em alguns é remédio iufallivel nara idor. l DE MEDICINA. .)•) casos, tem sido mortal o primeiro ataque.— Imporia não confundir esta affecção puramente espasmodica, com a angina membranosa (croup), com a qual muito se pa- rece. Os symptomas essenciaes, que distinguem as duas enfermidades são: na asthma de Millar manifesta-sesu- nilamente, ao mesmo tempo que o croup, é sempre pre- cedido de symptomas catarrbaes; a asthma de Millar é uma affecção inteiramente apyretica, o croup é acom- panhado de violenta febre inflammatoria; os symp- tomas do croup estão sempre presentes e têm constan- temente a mesma intensidade, ao mesmo tempo que a asthma de Millar faz remissões e até intermissões; a ourina é vermelha, inflammatoria no croup, e clara na asthma de Millar. Indicação thcrapeutiea. Sambucus nigra, duas doses. Gonvém se o menino apenas adormecido acorda com falta de respiração e fica muitos minutos neste estado. Outros remédios apropriados são : arsenicum, asa foe- tida, moschus. ASTHMA DE MILLAR SIMULADA (ou de Wigand ). Espécie de asthma descripta por Wigand, que offerece grande semelhança com a precedente. Indicação therapeutica. Ipecacuanha, opium. ASTHMA THYM1GA DE KOPP. Asthma descripta por Kopp e produzida por uma affecção do thymus, órgão glanduloso no afastamento superior do mediastino anterior. Os principaes symptomas são : accessos de dyspnéa acompanhados de inspirações curtas, sibilantes, in- completas ; ás vezes a respiração pára completamente, o o menino doente é ameaçado de suffocação, tosse rouca, violenta e secca, movimentos espasmodicos dos membros, extremidades frias, faces vermelhas. Duram estes symptomas, alguns minutos, volta depois pouco á pouco a respiração, e a criança recobra toda a sua boa disposição. Esta affecção só ataca meninos de tenra idade (desde algumas semanas até dous annos). Os accessos vêm as mais das vezes de manhã, logo depois de acordar. As emoções e excitação vivas, como gritos, despeito, etc, podem também provocal-os. Podo n'alguns oli D1CCI0NARI0 casos ser mortal a moléstia por suffocação; e porem as mais das vezes sem resultados graves nem peri- gosos ; os accessos tornam-se então mais fracos e cessam A verdadeira causa desta enfermidade, e que lhe deu o nome, parece ser a grandeza e solidez extraordinárias do thymus, c a diminuição mui lenta deste órgão. A estas causas se ajuntam irritabilidade e sensibilidade demasiadas dos nervos peitoraes. Indicação therapeutica. Acon., hepar sulphuris, spongia, ipecacuanha, senega, tartarus stibiatus, são os remédios que se dão no mo- mento dos primeiros symptomas da moléstia ; e contra a tosse que a acompanha é de muito proveito veratrum e belladona alternativamente com hepar sulphuris, mer- curius solubis e conium, zincum, phosphorus, amonium carbonicum, laclwsis: cm alguns casos belladona em repetidas doses. ASTHMA HUMIDA (isto é, complicada com catarrho pulmonar chronico). Indicação therapeutica. Zincum, phosphorus, lachesis, ammonium carbon., igna- tia, mercurius, pulsatilla e scilla, são os medicamentos mais apropriados. AT0N1A DO ESTÔMAGO. E' a fraqueza com flatu- lencia, sensação de calor e de seceura na região gástrica, sede quasi inextinguivel ou sem estes incommodos. Indicação therapeutica. Ignatia. Convém se ha flatulencia, dures vivissimas na região gástrica. Para a atonia physica convém: con.,laur., oleander, op., phosph. ae ATROPHIA. E' a diminuição progressiva do corpo ou de suas partes. Indicação therapeutica. Os melhores medicamentos para suspender atrophia do corpo são nux, belladona, sulphur, calcarea carbônica. Gom ventre duro arredondado, extremidades emmagre- DE MEDICINA. 57 cidas no mais alto gráo, músculos mui frouxos, diar- rhéa continua, inchação das glândulas do pescoço. ATROPHIA OU MARASMO DOS MENINOS. Indicação thcrapeutiea. Arsenicum. Convém se o menino parece um esqueleto, a pelle como pergaminho, o somno nocturno é inquieto, curto e interrompido com estremecimentos e sobre- saltos ; vômitos de alimentos. Belladona seguida de arsenicum. Convém na atrophia mesenterica dos meninos (causada por degenerecencia tuberculosa das glândulas do mesenterio) : grande ma- greza, pelle secca, inchação das glândulas do pescoço e da nuca, inchação do ventre, dejecções diarrhaicas, ver- des, em picado ; catarrho continuo, tosse nocturna, fre- qüente, secca : somnolencia lethargica ; vomito de ali- mentos ingeridos, grande sede, frio continuo nas mãos. China. Convém na atrophia dos meninos, com vora- cidade e engorgitamento de massa no baixo ventre. China auxiliada por nux vomica e arsenie Convém na atrophia, com constipaçâo pertinaz e gritos fre- qüentes. Nux vomica. Convém se ha aspecto descorado e balofo, magreza, desgosto de andar, freqüente vomito dos ali- mentos ingeridos, dureza no baixo ventre, ora soltura, ora constipaçâo. Rhus. ajudado de calcarea carbon. Convém se ha aspecto paílido, ventre duro, grande sede, magreza, soltura de ventre com amiudadas dijecções mucosas, e ás vezes com raios de sangue. Também se pôde empregar sulphur, ou alternado com calcarea carb. ATHEROMA, é a inchação ou tumor contendo uma matéria em fôrma de papa ou pus crasso e grumoso. Combate-se com ars., hepar. s., cole, merc, lycop.,sulph., lach. ATROPHIA DA MAO. indicação therapeutica. Silicea. Convém na atrophia, com fraqueza e sen- sação de estupor nos dedos da mão esquerda.—Cura radical. Póde-se repetir duas, três e mais doses. Outros prinóipaes medicamentos para o emmagreci- mento geral são : ars, chin., graph., iod., lyc, natr. mur., nux. vom., stann., sulph. D. m. 8. 58 DICCIONAKIO Para a atrophia parcial dos differentes órgãos, convém os mesmos medicamentos. ATRESIA é a occlusão ou fechamento da pupilla pra- ticado pela união dos bordos coniluentes do íris a nao permittir que os raios da luz penetrem dentro do oliio a privar completamente a vista. Indicação therapeutica. No começo da enfermidade, o único meio é a ope- ração. Havendo receios da operação convém: cale, bell., silic sulvhr ASTHENI é a falta de forças que produz debilidade geral na organização humana, causada pelas moléstias agudas ou chronicas, ou por vicios que podem influir até na moral do indivíduo. A asthenia pôde proceder da constituição nativa do indivíduo, ou da educação e gênero de vida, ou de accidentes que causa perturbação nas funcções orgânicas. Qualquer destes três estados é susceptível de cura, empregando-se os meios conve- nientes a formar uma nova natureza. AUSCULTAÇÃO ê a exploração que se faz no peito por meio do ouvido para se reconhecer pelos ruidos o es- tado dos órgãos contidos na caixa thoraxica. Aurutti. —Foliatum. —(oiro.) Caracter physiologico. O aurum foliatum representa o temperamento san- güíneo lymphatieo. Tempo da acção. Sua acção é de 3G a 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois de b?ll., china e puls. é que convém dar-se o aurum, e estes mesmos medicamentos podem seguir-se á?ua applicação. Antídotos. Bell., camph., chin., coff., oupr., merc, puls., spig. Concordância em symptomas. Com bell., lyc, puls., sep., sulphur. DE MEDICINA. m Exacerbações. Moderam-se com puls., rhus. Symptomas geraes que o aurum desenvolve. Dôr do contusão, com repuxamentos agudos e fra- queza paralytiea nos membros em geral, e principal- mente nas articulações, descobrindo a parte affectada, de manhã ao levantar-se, e durante o repouso desap- parecem quando se ergue. — Dores lancinantes nos membros, com grande abatimento.—Inflammação dos ossos, com dores nocturnas. —Exostoses na cabeça, no braço e nas pernas. — Grande agudeza e finura de sen- sações, com sensibilidade extrema á menor dôr.—Spas- mos hestericos, acompanhados algumas vezes de choro, e risos alternativos. — Grande sensibilidade ao frio, ou grande vontade de respirar ao ar livre, ainda mesmo que haja máo tempo, porque assim allivia. indicação therapeutica. O aurum convém no abscesso —arthrite — aphtas — cachexia mercurial — caria — cephalalgia — cancro do nariz — cahida do utero — convulsões — dartro —dito do nariz—depilação — escamaçãoda epiderme — hérnia inguinal —hypocondria—ictericia—impingem — indu- ração dos testiculos —moléstia escrophulosa — dita do nariz — melancolia — metastase do leite — ozena — pal- pitação do coração — prosopalgia — syphilis — terçol — tumefacção do nariz — ulcera da lingua — ulcera escro- phulosa. AZIA. (Vide pyrose.) B. BALANITE.—Inflammação da glande ou cabeça do mentulo, causada pelo virus syphilitico. Indicação therapeutica. Aconit., arnica, mercurius, rhus. são os medica- mentos apropriados. Também são principaes medicamentos: jacarandd, nitr. fle, thuyt ' 60 DICCI0NA1U0 BALANORRHEA. Corrimento da glande, isto é, da membrana mucosa da glande e do prepucio. Indicação therapeutica. Mercurius, cinnaburis ajudado de nux vomica são os mais apropriados medicamentos. BALBUGIAMENTO. Espécie de gaguejamento, em que as letras b, l e r especialmente são mal pronunciadas. Indicação therapeutica. Platina e mercurius são os remédios que convém. BEBIDAS (effeitos ou resultados das). Se é da aguarden- te, lach., ars. nux vom., op. Se é do vinho ars., lycop., nux vom., op., silic, zine Baryta carbônica. (Carbonato de baryta.) Caracter physiologico. A baryta carbônica exprime o temperamento san- güíneo nervoso, e também o lymphatico. E' um ex- cellente medicamento para o endurecimento scirrhoso da glândula mammaria. Tempo de acção. De 15 a 20 dias, em casos de moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois da baryta carbônica convém tartaro, cale, dulc, chin., sulphur. Antídotos. Ant., tort., bell., camph., dulc. Concordância. Com puls., phosph., sulphur. Exacerbações. Moderam-se com sep., silic, hepar, kali, lyc!, puls, DE MEDICINA . f-1 Symptomas geraes que a baryta desenvolve Dores nas articulações e nos ossos concavos.—Pressão crampoide, ou repuxamento com fraqueza paralylica, ou mesmo tensão, como em conseqüência de cncurta- mento dos tendões, em dilícrentcs partes.—Dures trac- tivas, agudas nos membros, com horripilação.— De noite, tremura de músculos.—Abalos e tremuras de alguns membros c de todo o corpo, de dia.—0.5 symp- tomas se manifestam particularmente do lado esquerdo, e quando se está assentado dissipam-se com o movimento ou ao ar livre.—Inchação e endurecimento das glândulas. —Todo corpo pesado/—Grande incommodo e sobr'cx- citabilidade de todos os sentidos.—Fraqueza, que não permitte conservar-se de pé.—Necessidade de estar deitado, ou assentado.—Fraqueza intellectual, nervosa ephysica.—Emmagrecimento ou inchação do corpo e da face, com elevação do ventre.—Grande disposição a sentir resfriamentos, queoccasionam principalmente inflammações de garganta. Indicação therapeutica. A baryta convém na alienação mehtal — angina ton- si liar—ápoplexia—asthma—atrophia—cache via—crosta de leite—dartro — desorganização da válvula cardíaca —gastralgia — lobinho — moléstia escrophulosa —ma- rasmo sénil—menstruação supprimida — odontalgia — pannus—prosopalgia (dor na face)—steatoma—tinha da cabeça—ulcera. Bclüadoiia. Caracter physiologico. A belladona é um medicamento anti-phlogístico. Representa o temperamento sangüíneo nervoso e san- güíneo bilioso. Tempo de acção. Obra de 2 a 4 dias nas moléstias agudas e 8 semanas nas moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se Depois da belladona convém muitas vezes acon., chin., can., dulc, hep., lach., rhus, stram, f\i DICC10NAIU0 Antídotos. Coff., hepar, hyosc, op.,pu!s., vinum. Concordância em symptomas. Com puls., bry., cale, hyosc, lyc, merc, phosph., rhus, sec, corn., sep., sulphur. Exacerbações. Moderam-se os effeitos da belladona com bry., puls., sep. Symptomas geraes que a belladona desenvolve, (i) Dores lancinantes, ou dilacerantes, pressivas nos membros.—Dores de pisadura nas articulações e nos ossos.—As dores se aggravam principalmente á noite, e de tarde pelas 3 ou 4 horas. —O menor contacto, e ás vezes também o movimento, aggravam os soffrimen- tos.—Alguns dos soffrimentos se aggravam ou appa- recem também depois de ter dormido.—Estremecimentos nos membros. —Palpitações musculares e sobresaltos de tendões.—Sensação nos músculos, como se um ra- tinho os percorresse.—Caimbras, spasmos e movimentos convulsivos e contorsão violenta dos membros ; accessos de convulsões com gritos e perda dos sentidos ; con- vulsões epilépticas, retracção dos pollegares.—Accesso de immobilidade e de rigeza espasmodica do corpo, ou de alguns membros, algumas vezes com insensibilidade, inchação das veias, face opada e rubra, pulso cheio e accelerado, com suor abundante—Accesso, de tetanos, mesmo com reviramento da cabeça.—Accesso de spasmos, com risos involuntários.—Antes do accesso, convulsões, formigamento, com sensação de inchação e de torpoT nos membros ; ou eólicas e pressão no ventre, esten- dendo-se até a cabeça; depois dos accessos, oppressão no peito, como por um grande peso.—Os accessos se renovam ao menor contacto, assim como pela menor contrariedade.—Grande inquietação na cabeça e nos membros, principalmente nas mãos.—Tremor dos membros, com fadiga e alquebramento.—Dormencia nos membros, com alquebramento, grande preguiça, e (1) Vide na minha Pathogenesia a symptomatologia particular sobre os apparelhos orgânicos. DE MEDICINA . (13 horror a todo o movimento e a todo o trabalho.— Quebra de forças, fraqueza paralytica o paralysia dos membros.—Paralysia e insensibilidade de todo um lado do corpo.—Accesso de desmaio e de syncope, com perda de todo o sentimento e de todo o movimento, como na morte.—Effervescencia de sangue, com congestão para a cabeça e fadiga até ao desmaio.—Super-excitação e mui grande impressionabilidade de todos os órgãos-— Disposição a resfriar-se facilmente, com grande sensi- bilidade ao ar frio.—Formigamento nos membros. Indicação therapeutica. A belladona convém na affecção abdominal inflamma- toria de mulher de parto—alienação mental—amaurosis —ambliopia — angina —anthraz — aphonia — aphtas — ápoplexia—arthrite—asthma thymica—atrophia—abor- to—balbuciamento—blepharophtalmia — blepharospas- mo—cachexia mercurial—cachexia por abuso do ópio— cachexia por abuso da valeriana—cardealgia—catalepsia —catarrho agudo—cephalalgia — cancro nos lábios— cancro no utero—eólica hemorhoidal—eólica ventosa— congestões — choréa — cahida do utero — contracções espasmodicas do utero no parto—convulsões—convulsões das crianças—convulsões epilépticas—coxalgia—croup (angina membranosa)—delírio tremulo—dentição dif- ficií—diarrbéa dysenterica — diarrhéa com vomito — diplopia—dores abdominaes em mulher pejada— dysecéa — dysphagia espasmodica — dysenteria — encephalile— epilepsia—erysipela—erysipela habitual—erysipela dos recemnascidos—erysipela dos peitos—febre durante a dentição—febre inflammatoria—febre intermittente— febrelenta—febre nervosa versátil—febre puerperal— febre rheumatica—fistulas—frieira—fungo medular— furunculo—galactirrhea—gastrite —grippa—hemera- lopia — hemopthysia — hemorrhagia dos olhos — he- morrhoidas fluentes—hepatite—hérnia estrangulada— hydrocephalo agudo—hydrocephalo chronico—hydro- phobia—hydropesia em conseqüência de purpura mcliar —hysteria — ictericia — imbecilidade — impigem— im- pigem na face—incontinencia de ourina—induração do lábio superior—inflammação dos vasos lymphaticos— ischuria — leucophiegmasia dolorosa—lordose — luxa- ção espontânea—moléstia escrophulosa—mania—mania puerperal—mastite—melancolia—melonco—meningi te aguda—menstruação irregular—metrite—metrorrhagia — miliaria maculosa de Werlhoff — nephrite — nos- VÁ DICCIONARIO talgia — odontalgia — (Edema dos pés — ophtalmia — otite—ozena—pannos scrophulosos—paralysia — paro- lite—pemphigo— photophobia — phthysica laringea — pleuropneumonia—pneumonia nervosa—presbiopia — prosopalgia — psoite — rachas nos beiços—rachite—ra- phonia —rhinorrhagia—rheumatismo — rogeola — rou- quidão — rubeola — scarlatina — scarlalina miliar — sciatica—soluços—spasmos abdominaes—spasmos du- rante o parto — spasmos das crianças — spasmos dos músculos da face—spasmos do pharynge e do esophago —syphilis—manchas na cornea—tinha da cabeça — tétano—typho—tosse—tosse ferina—tremor da cabeça —trismo—tremor na bocca—tumor lymphatico—tym- panite—ulcera na cornea—ulcera na face—ulcera no nariz—ulcera nos pés—ulcera escrophulosa — varíola (bexiga)—vertigem—vomito—vista nevoada. BILIS ou CÓLERA na opinião de um nosologista chi- mico é a bilisas fezes do sangue, que o fígado recolhe e as reproduz em fôrma de liquido espesso de côr amarei- la esverdinhada, e de um amargo insupportavel. O seu uso não é, como dizem, para favorecer a di- gestão , e sim pela sua acrimonia serve para desenvol- ver as contracções intcstinaes a permittir a passagem das substancias alimentícias pelo tubo digestivo até a expulsão para fura pelo orifício do ânus. Disse, que a bilis não serve para favorecer a digestão, porque a sua presença na cavidade do estômago produz náuseas, vômitos amargos de boca e emquanto o es- tômago a não expelle não se tranquillisa. BELIDA ou albugo ou nephelion e leucoma são manchas que apparecem nos olhos. As causas destas manchas são as inflammações violentas dos olhos, que se con- centram na cornea e formam uma nodoa branca opaca, collocada entre as túnicas desta membrana e pelo der- ramamento dos fluidos brancos á nodoa chamam al- bugo. A neve ou nephelion differe do albugo em ser menos opaca e mais superficial e por isso é antes uma opacidade da cornea do que um derramamento de licor albuminoso, como no albugo. O leucoma ou cicatriz da cornea, conhece-se por offerecer ao obser- vador uma depressão ou cicatriz vizivel. (V. estas palavras.) Indicação therapeutica. Merc. cale, sulphur são os medicamentos que se em- pregam com proveito. DE MIÍDICIVA. DÓ' ULEXNEMESIS.— Vomito de muco. (Vide vomito.) laílií-a .'wo tlierapRiiticn. Ipecacaanha, uuv vomica. pulsatilla, hryouis o cansa pequenas cfflorenencias rubras. !ndicai;ào therapeutica. Calcarea carbônica o ars. são os remédios aoropriados. BLEPHAROPHÍHALMIA. — Inflammação' das palpe- bras. indicação thei'a>ieutica. Aconit., arsenie, calcarea carbon., caustie, coceulus, rhus. sepia, spigelia, sulphue thuya são remédios apro- priados. Arsenicum. Convém se ha inílammação considerável da face interna das palpebras. Mercurius e pulsatilla. Convém se ha ulceração das palpebras. com inchação e vermelhidão da face in- terna. Para a iuflammação das palpebras em .geral os prin- cipaes-medicamentos são: bell., cale, caust., rhus., sep., spig.. sulphur. Para a inílammação da palpebra superior os medi- camentos especiaes são: caust., sep., spig. Para a inflammação da palpebra inferior são: cale, phosph. ae, ruta. Para a inflammação dos bardos livres das palpebras são: bara.r., puls., merc, sulphur, raleriaua. Para a inílammação da face interna das palpebras convém : ars., rhus. Para a inílammação dos ângulos palpcbraes: agaricus, cale, carb. veg., natr. mur., nux vom., phosph., puls., sil., staph., sulph. Para a inílammação do angulo interno da palpebra: bell., staph. Para a inflammação do angulo externo convém: cale, sulphur. BLEPHAROPHTHALMIA ERYPELATOSA. d. m. y. 00 DICCIONARIO Indicação thcrapeutiea. Hepar sulphuris, calcar., são os medicamentos apro- priados e que não falham. BLEPHAROPLEGIA. —Paralysia das palpebras. Indicação therapeutica. • Plumbum, sepia, veratrum, zincam, são os remédios mais indicados. Havendo um olho inteiramente fechado, o globo do olho vermelho, photophobia, convém veratrum; se- guido de duas doses de spigelia, de duas doses de sepia, e de outra dose de zincum. BLEPHAROPTOSE.—Queda da palpebra superior Indicação therapeutica. Chamomilla, veratrum, stramonium, causticum são os medicamentos mais apropriados. BLEPHAROPASMUS.—Espasmo das palpebras. Indicação therapeutica. Chamomilla, crocus, hepar sulphuris. ruiu, hyoscqamus são os medicamentos mais próprios. BOBAS.—São feridas lardoceas ou seccas e desen- volvidas por um vírus especial, que não sendo combatido convenientemente estraga a organização. Cura-se com carob., jacarandd, merc, thuy., nitr. ac, sulphur. BOMBUS AURIUM ou zunido dos ouvidos. Curam-se com bell. caust. graph., nux vom., puls. Elryonia alba. (Norsa branca.) Caracter physiologico. A bryonia é também um medicamento anti-phlogistico e representa todos os temperamentos. Tempo de acção. De 4 a 5 dias, nas moléstias agudas : e até 30 dias nas chronicas. Medicamento a seguir-se. Depois da bryonia, convém alum., rhus. n. vom.. on UE MEDICINA. Íi7 Antídotos. Acon., alum., camph.. cham., chin., coff., ignat., mur. ac.,n. vom., puls., rhus. Concordância em symptomas. Com puls., sulph., bell., cale, con., lyc, merc, n. vom., phosph., rhus., sep. Exacerbações. Moderam-se com puls., bell., cale, lyc, n. vom., rhus., sep. Indicação therapeutica. A bryonia convém na affecção abdominal chronica— anasarca —ápoplexia — arthrite — asthma—atrophia— aborto — bronchite — cai dcalgia — catarrho agudo — cephalaigia — eólica — congestões na cabeça e no peito — constipaçâo — calos nos pés — contracções espasmodi- cas do utero, para o parlo—crostas de leite —dartro — dartro nas palpebras —diarrhéa —dores abdominaes em mulher grávida — dores rheumaticas— dysecéa—dis- pepsia — cncephalite — epistaxes"— friciras — febre bi- liosa—febre*gastrica— febre inflammatoria—febre in- termittente—febre de leite—febre nervosa—febre puer- perd —febre rheumatica—ferimento galactirrhea— gastrecismo — gastrite — grippa (catarrho epidêmico)— hemicrania — hemoptysia — hepatalgia—hepatite—hy- drocephalo— hemorrhoidas—hysteria — impingem—in- ílammação do coração— inflammação do diaphragma — luxacãoesponlanea—moléstia maculosa—moléstia escro- phulosa — mastite — menstruação irregular — metror- rjlagia—miliaria—noctambolismo—odontalgia—cedema dos pés - otite-ozena—paralysia— peripneumonia— pe- ripneumonia nervosa — phthysica — phthysica gástrica — pleurodynea — prosopalgia — psoite — rhenorrhagia — rheumatismo agudo —dito arsicular —dito chronica — dito na espinha dorsal — rogeola (sarampão) —scarla- tina miliar — sciatica — soluços — spasmos — tétano hysterico — tosse — tosse convulsa — tumefacção do seio — tumor cystico —lypho, em conseqüência de exatema recolhido —varice hemorrhoidal — varíola (bexiga) — vertigem —vomito de bebedeira. 6S D1CC10NAR10 Symptomas geraes que a bryonia desenvolve Tensão, dores tractivas, repuxamentos agudos, o fis- gadas, sobretudo nos membros e principalmente du- rante o movimento, comdôres insupportaveis ao tocar, suor na parte affectada c tremor da mesma, quando as dores diminuem. — Rigeza e fisgadas nas articulações, ao tocar, c durante o movimento.—De noite, cansaço de membros, com fraqueza paralytica.—Torpor e adorme- cimento dos membros, com rijeza c cansaço.— Inchação pallida, tensa, quente.—Inchação vermelha, luzen.le, de algumas partes do corpo, com fisgadas durante o movimento.-—Dores de pisadura, ou de ulceração cutâ- nea, ou como se a carne se tivesse desprendido dos ossos. — Prisão tractiva no periostio. — Inchação e induração das glândulas.—Nouosid.uhs duras, cm muitas partes da pelle, como pequenas glândulas endurecidas. —Dor. com arripiamentos e frio no corpo. — Estremecimentos de músculos e membros.—Convulsões. —Aggravação de dores e de soffrimentos de noiíe, pelas í) horas, assim como depois*de ter comido, e pelo movimento, melhorando durante o repouso. —indisposição geral, sensação de aperto, com arripiamentos causados pela pressão dos vestidos.—.Repuxamento por todo o corpo. — Tremor dos membros, endirei'.ando-se depois de ter estado deitado. — Falta de solidez nos membros, andando depois de estar assentado. — Grande cansaço efraqueza, sobretudo de marthã, ou passeando ao ar. —Necessidade de ficar deitado.—Accesso de esvaimenío.—Sensação de fraqueza, principalmente passeando ao ar. BOLHAS OU PHLYCTENS. —São pequenas empoias que se manifestam na pelle. Curam-se com bell., merc, phosph., rhus, sulph. BOTÕES NA PELLE. —São caroços duros que se en- contram pela superlicie do corpo —Combatem-se com caust., sep..puls., merc, lach., BUBONOGÈELE—E' um tumor herneario que sobre- vêm ás virilhas (hérnia inguinal) proveniente do i:i- carceramento dos intestinos: combate-se com nux. vom. acon., bell., cham. BRONCHITE.—Inflammação dos bronchios com ca- tarrho üulmonar. Os symptomas principaes são : excessiva agonia, in- quietação, dôr na testa, dejecçOes preguiçosos, dôr fixa que" aperta, lancinante, pressiva, debaixo da parte su- perior do sternum ; sensação dolorosa de pressão <> aper to que abrange todo o peito, violenta oppressão, respira- DE MEDICINA. 60 cão dillicultosissima, rápida, anciada, irregular, leve- mente estrepitosa e fervente, suspendondo-se muitas vozes cabalmente ; voz rouca, orthopnéa (impossibili- dade de respirar em postura horisontal, ou forçado a estar direito para respirar). indicação thcrapeutiea. Aconituin muitas doses seguido de spongia tambe-m administrada em muitas doses. Arsenicum. Convém no derradeiro período. Carbo vegetabilis contra a inflammação chronica dos bronchios." !"' de grande provei to, além dos medicamentos recom- mendados : phosph., cale, bry., puls. BLCÀO sypliililico das virilhas. E' aqui tomado no sentido de inflammação svphililica das glândulas inguiríaes. Indicação therapeutica. Aciãum nitricum, hep., iodium, mercurius, thuya, são os remédios apropriados. Para o tratamento dos bubões os medicamentos pre- feríveis são: merc. hepar sulphur., pilie o. CACHEXIA.—Magreza em conseqüência de abuso do mercúrio (azougue). A cachexia por abuso do mercúrio e da quina é o estado da magreza manifesta e languidez physica e moral que sobrevêm depois de doses allopathicas for- tíssimas e mui repetidas de uma e de outra destas sub- stancias. Apresentam sempre estas cachexias os symp- tomas característicos do remédio que as produziu, misturados muitas vezes com alguns symptomas prin- cipaes da moléstia originaria contra a qual fora ap- pl içado. indicação thcrapeutiea. Cachor.ia mercurial e syphilitica. Convém se ha nariz cavado e agudo, conciccoes tophaccas (de tumores) do 70 D1CC1ONAR10 osso frontal, ulceras syphiliticas na boca, carie dos ossos do paladar: aurum, silicea, mercur. Cachexia mercurial e sijphilitica , íycopodiwn e acidum nitricum são os medicamentos mais apropriados. Spigelia. Convém na cachexia mercurial: boca fé- tida, dores nas gengivas, ulceração cia cavidade da boca, engorgitamento do orifício do conduclo das glândulas salivares. Outros remédios próprios são: belladona, calcar, sul- phurata, carbo vegetabilis, acidum nitricum e aurum. CACHEXIA POR ABUSO DA QUINA. Indicação therapeutica. Arnica, ferrum, ipecacuanha , mercurius solubilis são os remédios mais apropriados. CACHOCHYMIA é a perversão geral dos humores do corpo provenientes do mão estado do sangue, e para melhorar o sangue convém: nux vom., ars., lycop., stann., veratr. CAIMBRA é a contracção permanente ou passageira ilos músculos a maior parte das vezes das extremidades inferiores com dôr mais ou menos viva. indicação therapeutica■. Cedem as caimbras com fricções seccas ou com fricções de tintura de arnica. Calcarea carbouiea. (Sub-carbonato de cal.) Caracter physiologico. A calcarea representa todos os temperamentos. Tempo de acção. Administrado nas moléstias chronicas, obra pelo es- paço de 5 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da calcarea convém lyc, nitro ac, phosph silic. Antídotos. Bry., caiuph., chin., nilr.,ac,n. vom.,sulph. DE MEDICINA. 71 Concordância em symptomas. Com puls., sep., sulph., bell.. lyc. merc, n. vom., phosph., rhus. Exacerbações. São moderadas com sep., lyc, puls., sulph. Indicação therapeutica. A calcarea convém nas affecções lymphaticas.—Alie- nação mental— alopecia — anasarca — anosmia — ar- t brite — ascarides—asthma — atrophia — aborto — ca- chexia— cardialgia —caria— cephalalgia — cancro no nariz —chlorose — cólera — chorea —convulsões — co- xalgia — crosta de leite — dartros—dartros syphiliticos — delírio tremulo — dentição diílicil — diarrhéa—dôr no testículo—epilepsia — escamação da epiderma—es- terilidade —exulceracão da mama— febre intermittente — fungo na cornea —galactorrhea—hemicranea — he- mopthysia — ictericia—incontinencia de urina — lepra — leucoma da cornea — leucorrhea — lithiase —molés- tias escrophulosas — manchas na cornea—odontalgia — ophtalmia —papeira —phthysica—polypo no nariz — dito nas orelhas — dito na bexiga — prosopalgia — pyrose — rachil e — rheumatismo — rouquidão — scro- phulas mesenfericas—spasmos — suppressão das he- morrhoidas — dita das regras — syphilis — tinha da ca- beça — tenia (solitária)— tophus — tosse — tumor sys- tico — tumor nos joelhos. Symptomas geraes que desenvolve a calcarea. Caimbrase contrac;ões dos membros, principalmente dos dedos pollegares. —Dores de deslocação. — Dores pulsativas. —Lancinações e dores tractivas dos mem- bros, principalmente de noite, ou no tempo secco e na mudança do tempo. — Accessos de entorpecimento e pallidez de algumas partes do corpo, que parecem como mortas. — Grande facilidade para descadeirar-se, que muitas vezes é seguida de dores de garganta, ou de ri- geza da nuca, com dôr na cabeça. — Adormecimento fácil nos membros. — Effervescencia de sangue, princi- palmente entre os indivíduos plethoricos, e muitas ve- zes com congestão na cabeça e no peito.—Estreme- cimentos em differentes membros. — Convulsões epi- n DlC.CJON.VRiu lcpticas, ás vezes de noite com gritos. —Os sympto- mas se aggravam ou se renovam pelo trabalho n'agua, do mesmo modo aue.de tarde, de noite, de manhã, de- pois da comida e com intervallo de dous dias.— Sol- frimentos periódicos o intermittentes —Grande agita- ção, que forca a mover-se constantemente e andar muito. — Tremor' freqüente de todo o corpo, augmentando ao ar ]ivre. —Dôr de pisadura nos braços e nas pernas, do mesmo modo que nos rins, principalmente movcndo-se e subindo-sc uma escada.—Indisposição geral de tarde como precursor de um accesso de febre intermittente. — Falta de forca, abatimento principalmente de manhã cedo.—Cansaço e fraqueza nervosa,muitas vezes com pal- lidez do rosú), palpite de coração, vertigem, arripia- mento, dores cie rins. etc— Esvaimentos principalmen- te de noite, com obscurecimento da vista, suor no rosto. e frio no corpo. —Grande fadiga, depois de ter fallado. ou depois de um excesso moderado ao ar livre, assim como depois de menor esforço, e muitas vezes com trans- pirarão fácil e abundante. —Desejo ardente de se fazer magnetisar. —Abatimento excessivo, ás vezes cohlvío- lentos accessos de riso espasmodico.—Inchação do corpo e do rosto, com ventre grosso nas crianças. —Magreza, ainda que soffrivelmente se coma. —Grande nutrição e muita obesidade.—Disposição para resfriar-se. e gran- de sensibilidade para o ar "frio e humido.—Em pas- seando ao ar, tristeza com choros, dôr na cabeça, enla- boamento do ventre, palpites de coração, suor, grande fadiga e muitos outros soffrimentos. CamnsfilMSi saíSva. (Linho canhamo.) Caracter physiologico. E' um medicamento anli-syphilitico e anti-phlo- gistico. Representa o temperamento sangüíneo ner- voso e lambem o lymphatico. Sua acção parece ser toda sobre o apparelho goniío-ourinario e glanduloso. Tempo de acção. Dura de dous a três dias nas moléstias agudas: de duas a três semanas nas chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do cannabis convém merc, cale, cant. DE MEDICINA. 73 Antídotos. Gamph. Concordância cm symptomas. Puls., bell., bry., lyc, merc, n. vom., phosph. rhus., sep., silic, sulph., veratr. Exacerbações. Moderam-se com puls., rhus., natr. m., bry., sul- phur. Modo da administração. O mesmo que os precedentes, porém nas gonor- rhéas agudas é bom tomal-os ás colheres com in- tervallos de quatro a seis horas. Symptomas geraes que desenvolve o cannabis. Dores tractivas, agudas e contractivas e pressivas, qom sensação de paralysia, ou golpes e dores pro- fundas cm diversas partes, ou então, sensação como quem aperta com os dedos. — Repuxamento rheuma- tismal durante o movimento, como se fosse no pe- riostio.—Abatimento geral com vacillamento, e en- dolorisimento dos joelhos.—Grande cansaço por ter escripto ou fallado.—Tetanos, principalmente dos mem- bros superiores e do tronco.—Muitos symptomas se aggravam pelo tocar, pelo ar livre e pelo calor, bem :omo de noite e depois de meia noite. Indicação therapeutica. O cannabis convém na amaurose—asthma—catarrho da bexiga—catarata—eólica nephritica—constipaçâo do ventre— cystite— gonorrhéa— hematuria —impotência —ischuria—nepbrites—nodoas na pelle—nocloas na cornea —ophtalmia —peripneumonia — retenção; de ourinas—spasmo e tensão do lendão d'Achilles—steri- lidade—tétano. Caiithai*itlatt. (Cantharix.) Caracter phisiologcoj •■ As Cantharidas têm uma ncç~o especial sobre o, apparelho ^enito-ourinario, e representam o tempera- mento sangüíneo bilioso. u m. 10. 74 DICCIONARI0 Tempo de acção. Sua acção mais prolongada é até 20 dias, nas mo- léstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Os medicamentos que se devem seguir depois das eantharidas, são: n. vom., cannabis, puls., sulphur. Antídotos. Acon., camph., laurus, puls. Concordância em symptomas. Bell., phosph., sulphur. Exacerbações. Moderam-se com merc, bell., bry., phosph., puls., rhus. Symptomas geraes que desenvolvem as eantharidas. Dores ardentes como por escoriação em todas as cavidades do corpo.—Dores agudas no interior, em diversas partes.—Dores tractivas, arthritieas nos mem- bros, cora affecção das vias ourinarias, e melhoradas- pelo roçar.—Dores violentas, com gemidos e lamen • taçães.—Sensação de seccura nas articulações.—Falta de flexibilidade em todo o corpo.—Abatimento e fra- queza, com sensibilidade excessiva em todas as partes do corpo, tremuras e vontade de se deitar.—Prostra- ção das forças, chegando até á paralysia.—Convulsões, tetanos.—Os soffrimentos se manifestam principalmente do lado direito, e diminuem na posição deitada.—Os symptomas se renovam em todos os sete dias. Indicação therapeutica. As eantharidas convém na cólera asiática—eólica nephritica — coxalgia—cystite— diarrhéa chronica — dysphagia— dysuria— febre intermittente—gonorrhéa — hematuria—hydropia—prurido na vulva—renite— -carlatina miliar—sciatica. DE MEDICINA. '° 1'nrbo vegetabilis. (Carvão vegetal.) Caracter physiologico. 0 carvão vegetal obra como um deprimente do sys- tema sangüíneo: representa todos os temperamentos. Tempo de acção. 0 máximo de sua acção é até 40 dias, nas mo- léstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do carvão vegetal convém, segundo os symp- tomas, seguir-se ars., merc Antídotos. Ars., camph., coff., lach., spir. nitr., dulc. Concordância em symptomas. Lyc, puls., sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se com puls., sep., sulph., bell., cale, merc Symptomas geraes que desenvolve o carbo vegetabilis. Dores com anxiedade, calor e desanimo completo, ou com oppressão depois do accesso.—Repuxamentos agudos e dores tractivas, arthriticas, com fraqueza paralylica, principalmente nos membros, e soffrimentos por flatulencias ou com oppressão da respiração, logo que o peito é atacado.—Dôr de deslocação nos membros ou sensação como se houvesse um derreamento.— Dores ardentes nos membros e nos ossos.—Pulsações em diíferentes partes do corpo.—Soffrimentos pro- duzidos por qualquer geito nas cadeiras, ou por ter andado em carruagem.—Tremor e sacudimentos nos membros, de dia.—Adormecimento fácil dos membros. —Muitos dos svmptomas apparecem andando ao ar livre.—Magreza "sobretudo do rosto.™Moedeira de todos rv membros, sobretudo de manhã ao levantar.-—Grande 76 niocioNARio fraqueza dos músculos ílcxores.—Prostração excessiva, muitas vezes até desfallecer, mesmo de manhã na cama, ou principiando a andar.—Queda rápida de loiras.— Prostração geral pela volta do meio dia com necessidade de apoiar a cabeça e de descansar.—Paralysia e lalta total do pulso.—Facilidade para resfriar-se. Indicação therapeutica. O carvão vegetal convém no aneurisma—angina— asthma—cachexia mercurial—cardialgia—catarrho pul- monar — cephalalgia — cholera —eólica —congestão— dores abdominaes chronicas—epistaxis—epulida—febre intermittente—flatulencia—hemorrhagias de ulceras— ditas dos olhos—hemorrhoidas—hydrothorax—ictericia —menstruação difficultosa—pneumonia nervosa—ph- thysica— queimaduras— rouquidão —sarna—scarlatina miliar—sciatica nervosa — ulcera—ulcera pútrida — urticaria—vermes. Chauioiuilla. (Chamomilla—Macella.) Caracter physiologieo. A chamomilla é o principal medicamento para os , meninos. Representa o temperamento nervoso e lym- phatico por excellencia. E' o grande remédio das con- vulsões e ataques nervosos. Tempo de acção. Sua acção é certa, e por isso convém que seja repe- tido. Medicamentos a seguir-se. Depois da chamomilla, convém bell. e ign. Antídotos. Acon., alum., bor., camph., coce., coff. , coloc , ignat., n. vom., puls. Concordância em symptomas. Bell., n. vom., puls., sulphur. F)E MEDICINA. i I Exacerbações. Moderam-se com bry., n. vom., puls. Symptomas geraes que desenvolve a chamomilla. Dores rheumaticas, tractivas, principalmente de noite, na cama, com estado paralytico e sensação de entorpe- cimento nas partes affectadas, e necessidade de as mover constantemente; alliviadas pelo calor exterior. — Dôr, com sede, calor e vermelhidão (de uma) das faces, e suor quente da cabeça, mesmo no couro cabelludo.— Dores pulsativas, como n'um abscesso.—Sobre-excitação e sobre-impressionabilidade de todo o systema nervoso, com sensibilidade excessiva a toda a dôr, que parece insupporlavél e leva ao desespero.—Grande sensibilidade ao ar livre, e principalmente ao vento.—Membros como rijos e paralysados.—Grande fraqueza e caduquez; logo que a dôr começa, ha perda de forças até cahir em des- fallecimento.— Accessos de esvaimento, com sensação de molleza e de desconsolo na região precordial.—Accessos de catalepsia: com physionomia hippocratica, extremi- dades frias, olhos meio fechados, pupillas dilatadas e ternas.—Accessos de spasmos de convulsões, com face vermelha, inchada, e movimentos convulsivos dos olhos, das palpebras, dos beiços, dos músculos, da cara e da lingua.—Convulsões epilépticas, com retracção dos pol- legarcs, espuma na boca, precedidas de eólicas, ou se- guidas de um estado soporoso. — Nas crianças grande vontade de conservar-se deitado: a criança não quer andar, nem ser carregada.—Estalo e dôr de quebramento nas articulações. Indicação therapeutica. A chamomilla convém na angina—arthrite—asphyxia — asthma — aborto—blepharospasmo— cachexia — car- dialgia—catalepsia—catarrho das crianças — cancro — cholera—eólica ventosa—contracção dolorosissima para o parto — convulsões — croup (angina membranosa) — crostas no leite — dentição difficil — díarrhéa — dores abdominaes durante o parto— dores violentíssimas de- pois do parto — dysenteria — enccphalite — epilepsia — epistaxis—erysipe"la—febre biliosa—febre catharral — febre de dentição—febre gástrica—febre intermittente —febre nervosa—febre puerperal—febre rheumatica— hemorrhagia dos olhos—hepatite —ictericia —inflam- 78 DICC10NARI0 mação das glândulas submaxijlares e axillares—índu- racão dos peitos —lypothimia —menstruação irregular — methorragia — odontalgia — ophthalmia catarrhal — phthysica—rheumatismo—scarlatina miliar—sciatica— spasmos—tinido dos ouvidos—tosse ferina—tympanite —ulceras na boca e na lingua—vomito. CALCULO DOS RINS EDA BEXIGA. (Veja Lithiasis.) GANGRO é a degenerencia dos tecidos orgânicos. Os symptomas geraes do cancro são quasi os mesmos a respeito de todas as espécies de cancro; mas or- dinariamente não apparecem senão no terceiro gráo da moléstia, elles constituem o que se chama cachexia cancerosa; três gráos se distinguem nesta affecção: 1.°, cancro principiante: os symptomas são ainda obs- curos, e ás vezes até pouco visíveis; 2.°, cancro con- firmado : os signaes são manifestos, mas o mal é ainda local; 3.°, cachexia cancerosa: toda a economia par- ticipa da moléstia. A pelle perde a côr natural, torna-se amarellada, ao depois amarella apagada; a gordura e forças diminuem, o somno é perturbado, perde-se o appetite, digestões laboriosas, sobrevêm flactulencias, eólicas, solturas de ventre, tosse, pulso accelerado, as matérias excretadas, a ourina, matérias fecaes e os suores exhalam cheiro fétido. As diversas affecções á que se tem dado o nome de cancro, differem muito pela intima alteração dos tecidos em que elle tem a sede: porque ora lia simples destruição ou erosão dos órgãos (ulceras cancerosas); ora transformação ou em uma substancia pouco resistente, quasi homogênea, opaca, branca ou avermelhada, lobulada, atravessada em todos os sentidos por vasos sangüíneos, assemelhan- do-se ao parenchyma do cérebro (encephaloide); ou seja em matéria dura, de branco pardo ou azulado, luzente, meio transparente. São estas substancias ca- pazes de amollecerem e de se ulcerarem. Os symptomas locaes offerecem ainda muito mais variedade; de sorte que nos vemos na necessidade de tomar por caracteres geraes destas moléstias seu augmento indefinido, as dores lancinantes que ellas produzem, e a côr amarella chumbada que imprimem nos tegumentos. A' estes symptomas geraes se deve ajuntar um dos três modos de alteração orgânica acima apontados. Indicação therapeutica. Arsênico, belladona, carbo animalis, carbo vegelabilis, mercúrio, nitri acidum, são os remédios mais próprios. DE MEDICINA. 7ÍÍ CANCRO DO LÁBIO INFERIOR. Indicação therapeutica. E' causado pela pressão do cachimbo ou da compressão constante dos dentes. Uma gotta da primeira diluição de conicum maculatum basta para curar. Silicea. Havendo endurecimento cartilaginoso e ul- cera do lábio superior, com fundo rego coberto de crosta cartilaginosa. Outros remédios convenientes são • conium seguida de silicea e de sepia. CANCRO DO NARIZ. Indicação therapeutica. Sulphur, sepia, calcarea carbônica, aurum foliatum, são os remédios mais próprios. Para os soffrimentos geraes do exterior do nariz, combattem-se com: aur., caust., kali., merc , natr., puls., rhus., spig. Para os soffrimentos geraes do interior do nariz os melhores medicamentos são: ant. cru., aur., cale, graph., silic, spig. Para os soffrimentos dos ossos nazaes convém: aur., merc. Para as moléstias que apparecem na parte superior do nariz convém : hyos. Para as moléstias do dorso do nariz convém : phosphr., ac. Para os soffrimentos dos lobulos do nariz convém: carb. an., carb. veg., caust., sep. Para os soffrimentos das alas do nariz convém : thuy. Para os soffrimentos do tabique, os medicamentos mais apropriados são: aur., iod„ merc CANCRO DA MADRE. Esta terrível moléstia conhece-se pela grande fra- queza e prostração de forças, violenta picada nas partes genitaes, corrimento pútrido, fetidissimo, negro-par- dento, semelhante ás vezes ao soro do sangue ; o orilicio da madre está posto obliquameute na bacia, toda a porção vaginal e a face posterior da madre acham-se duros e cobertos de verrugas. Indicação therapeutica. China, thuya, arsenicum, hepar sulphur. cale, bella- dona, platina, arnica, pulsatilla, staphysagria, são os medicamentos mais apropriados. 30 DICC10NAR10 Squirrho do collo da madre, com aspecto cadaveroso, extrema magreza, olhos encovados em suas orbitas, dilatacão das pupillas, sxande fraqueza, humor triste e rabujento, arrotos, digestão diíficil, eólica ventosa, dores lancinantes nas regiões lombar e sciatica, dores terríveis na região inguinal, dores pungentes na ma- dre, perda branca com corrimento de matéria aver- melhada, acre e fétida, que põe nodoas pardas na roupa ; sabe a miúdo sangue coalhado pelas partes, suspensão de menstruos desde longo tempo, o collo da madre duro, inchado, insensível, ulceração do lábio superior da ma- dre que se sangra ao tocar-se-lhe: belladona, arsenicum, p Ia tina, chamomilla. Arsenicum e belladona deram em muitos casos algum allivio ás enfermas. CANCRO DO ESTÔMAGO. Lycopodium é o remédio mais próprio.' CARBUNGULUS.—(Veja-se antraz.) Indicação therapeutica. O braço esquerdo inchado, diminuição progressiva de forças : ars. Rhus. Convém no carbúnculo na nuca, dolorosissimo, de aspecto vermelho pardo , alguns buraquínhos no meio, que lançam fétido pus. CARDIALGIA, GASTRALGIA, GASTRODYNIA. E' a dôr continua ou intermittente, as mais das vezes exa- cerbante, mais ou menos forte, que oecupa a parte mé- dia do epigastrio ou a mesma região do cardia. Indicação therapeutica. Constipaçâo, gosto amargo, pyrosis (acrimonia do es- tômago), o café exaspera os symptomas, pressão, cerra- mento, tensão na região gástrica, a sensação de cerra- mento dilata-se até ao peito, nuca, e acaba com flatulen- cia e palpitação do coração. Nux vomica, coffea, coceulus, sulphur., são medicamentos preferíveis. Cardialgia chronica com dôr de cabeça e affecções morbosas do baixo ventre. Nux vomica, belladona, eu- phorb., são os medicamentos preferíveis. Cardialgia com constipaçâo, vomito de alimentos, e affluencia de água na boca. Nux, calcarea carbônica, são os preferíveis. Cardialgia com beliscadura, picada e sensação na cavi- dade do estômago orno se agarrassem aquella parte com DE MEDICINA. .81 a mão, e a segurassem com as unhas; estende-se a dôr da fosseta do coração até ao umbigo. O doente sente-se alliviado curvando-se ou apertando as partes doridas. Belladona e sepia, são os medicamentos preferíveis. Cardialgia, sensação dolorosa de formigueiro, picada e pressão no estômago, dores quasi continuas, constipa- çâo. Nux vomica, stannum, sulphur., são os medica- mentos que convém. Lycopodium, acidum nitricum. Convém havendo dôr surda na região gástrica, com sensação de frio no estô- mago, face pallida, amarellada, dôr de cabeça, o andar excita dores no sacro e grande cansaço. Belladona ajudada de pulsatilla* Gonvém se ha violen- tíssima cardialgia em uma moça loura antes das épocas lunares, dores contractivas forçam a enferma a cur- var-se. A cardialgia é acompanhada de vomito ácido e dejecções diarrhaicas de água amarellada. Coceulus, bryonia,pulsatilla. Convém se ha contracções espasmodicasdepois do mais leve resfriamento, pressão, picadas e abalos na região gástrica, o baixo ventre in- chado como um balão, arrotos de liquido ácido. Nux vomica. Havendo violenta cardialgia quotidiana, entumescencia do ventre a cada refeição, com dores atanazantes,caimbras pressivas c de aperto na região gástrica, arrotos de liquido ácido, vomito. Nux vomica, ajudada de arsenicum. Convém" se ha dores de caimbras e sensação de fraqueza na parte su- perior do abdômen, vomito dos alimentos c bebidas immediatamente depois de ingeridas. Nux vomica, coceul. auxiliadas por carbo regetabihs. Convém na cardialgia com violento aperto do peito, accumulação de água na boca. Aciduni nitricum. Foi de grande proveito em uma cardialgia chronica de 20 annos, Arsenicum ajudado de bnjonia. Convém na cardialgia complicada de vômitos amiudados, vômitos de alimentos ingeridos, vômitos de lombrigas. Baryta acetica auxiliada de nux vomica, comum e sulphur. Convém na cardialgia por suppressão de algum dartro. O uso destes remédios fez apparecer de novo o dartro e desapparecer a cardialgia. Belladona. Convém na cardialgia de mulher pejada. violenta dôr de caimbra na fosseta do coração e no hypocondrio esquerdo, acompanhada de esforços para vomitar, seguidos de vomito, pressão na bacia, face rubra, balofa, perda parcial de conhecimento. Belladona e nux vomica. Cnvém na cardialgia com d, m. 11. 82 niCClONARIO dores no coração e vomito, picadas no peito, e ás vezes com violento aperto do mesmo. Bismuthum. Convém na cardialgia com sensação de pressão, de peso no estômago, e incommodo indizivel. Bysmuthum. Na cardialgia hysterica é poderoso me- dicamento. Bryonia. Convém se ha ardor no estômago; o menor movimento excita uma metrorrhagia. Bryonia. Convém na cardialgia em conseqüência de moléstia no baço. Calcarea carbônica. Convém se ha dores no coração, arrotos azedos, vomito, hemorrhoidas cegas. Carbo animalis. Se ha pressão, ardor no estômago, vomito agro de lombrigas e constipaçâo. Carbo vegetabilis. Se ha violentíssima cardialgia com flatulencia. Carbo vegetabilis. Convém na cardialgia, sobretudo depois das comidas, violentas picadas e pressão na região gástrica, acha-se esta como um balão e dolorosa. Carbo veget. e graphites. Carbo vegetabilis. Se ha dôr intolerável, picante com aperto no estômago, pressão, e ardente desejo de beber água gelada; vomito de bebidas, rouquidão. Carbo ve- getabilis e sulphur, são os medicamentos preferíveis. Chamomilla. Convém se ha pressão no estômago como por uma pedra depois das refeições. China. Convém na cardialgia em conseqüência de parto, com pyrosis, vontade de vomitar. Guajac. Convém na cardialgia violentíssima, que se aggrava muitas vezes até vomitar sangue. Ignatia. Se ha picada no estômago, leve mordicação com sensação de fraqueza e vasio na fosseta do coração. Ignatia ajudada de nux vomica e cha7nomilla. Gonvém na cardialgia havendo dôr de caimbra, pressiva, na fosseta do coração, que vai ter à espinha dorsal, e priva o enfermo da respiração; nenhuma posição lhe pôde melhorar o estado; arripiamentos, ranger de dentes, sêdc abrasadora, grande cansaço ao menor mo- vimento. Lachesis. Se ha dores e eaimbras atrozes no estômago, com violentas eructações, desejo de vomitar e vomito. Lycopodium. Se ha dôr periódica de 8 a 14 dias de duração, que cessa á noite no leito, para voltar de manhã ; sensação como se lhe apertassem com força o estômago dos dous lados, menstruos mui abundantes. Nitrum. Havendo dores contractivas e errantes do estômago. DE MEDICINA. 83 Nux vomica. Convém se ha dores puxantes no sacro depois de cada refeição, que sobem até entre os hombros. Nux vomica. Convém na cardialgia por accesso, in- chação da região epigastrica, com dôr ao tocar-se-lhe, violentas biliscadas no estômago, que se dilatam para o quadril esquerdo. A ingestão dos alimentos provoca estas dores, que augmentam durante a noite, e prin- cipalmente de manhã. Nux vomica. Convém na cardialgia complicada de affecção hemorrhoídal, violenta dôr com aperto no estômago e região do ligado, entumescencia de balão na parte superior do ventre: não pôde o enfermo to- lerar (a menor pressão na fosseta do coração, baixo ventre inchado. Ao declinar da moléstia dores sacras e inchação dos nós hemorrhoidaes. Nux vomica. Se ha violenta pressão no estômago depois de comer, que diminue algum tanto quando o doente está sentado e quando se curva para diante ; ao mesmo tempo arrotos sem nada no estômago. Nux vomica e calcarea carbônica. Havendo cardialgia violentíssima. Petrolium ajudado de graphit. Convém na cardialgia complicada de hemorrhoidas. Phosphorus. Havendo dores voltejantes com aperto na fosseta do coração, com arrotos azedos e vomito de um liquido claro e acidulado. Phosphor. Havendo pressão contractiva na região gás- trica, acrimonia de estômago e freqüente soltura de ventre. Pfiosphor. Havendo grave affecção de estômago com caimbras, emmaírrecimento, vomito. Pulsatilla. Gonvém na cardialgia com vomito, horri- pilação, calor na cabeça e emmagrecimento. Pulsatilla. Convém na cardialgia com puxamento e formigamento. Pulsatilla. Havendo violentas dores de estômago, dôr de cabeça quasi continua, emmagrecimento, digestão difficultosa, humor triste e anciado, o doente não pôde soifrer a menor pressão no estômago. Silicea. Convém na cardialgia com dôr de atormentar, às vezes picante; sensação de calor e de frio que corre o dorso e a nuca, dores no coração pela manha. Stannum. Havendo sensação de um obstáculo na los- seta do coração, formigamonto e caimbras no estômago e em volta do umbigo, com dores no coração, vento- sidades e freqüente desejo inútil de fazer dejecções. Stannum. Convém na cardialgia pertmaz. 8Í DICCIONAMO Veratrum. Havendo constricção mui dolorosa do es- tômago, que se estende até á região epigastrica e ao diaphragma, acompanhada de díarrhéa. Outros remédios de muita importância são : pulsatilla, nux vomica, coceulus, bryonia, ipecacuanha, sepia. CARDITE.—Inflammação do coração. Conhece-se este soffrimento pela grande anciedade, febre violentíssima, pulso mui accelerado, molle, pe- queno, desigual, intermittente , desfallecimentos, ex- tremidades frias, ordinariamente também pressão do- lorosa na região do coração, no lado esquerdo do sternum. Os symptomas são mui parecidos com os da peripneumonia (chegada ao ultimo gráo), porque de- pendem da estagnação da circulação no coração e pul- mões. Mas a ausência da tosse pulmonar, a respiração antes apertada e constrangida do que curta, o desfaíle- cimento ea situação horisontal do enfermo (que é abso- lutamente impossível na peripneumonia) distinguem a cardite da peripneumonia. Indicação therapeutica. Bryonia, aconit., pulsatilla, cannabis, são os medica- mentos mais proveitosos na inflammação do coração. CARDIOGMA.—Palpitação forte do coração. (Veja-se também palpitação do coração.) Indicação thcrapeutiea. Os principaes medicamentos são spigelia. Se ha vio- lentas palpitações do coração com sensação como *© apertassem o coração, as pulsações do coração são confusas , accessos de suffocação*, spasmos do peito, teme o doente morrer suffocado ao menor movimento.' Phosphor. Havendo picadas, pressão, agonia, aperto com sensação de adhcrència do coração, violento bater do coração com abalos até ao pescoço e cabeça. Aurum. Havendo violento bater do coração acom- panhado de agonia e aperto do peito. Pulsatilla ajudada de aconito. Se lia violento pulsar do coração, perda de sentidos, mão humor, grande facilidade em assustar-se. Spigelia. Convém se a auscultação faz ouvir um rumor semelhante ao miar de um gato, os esforços que faz para evacuar e a morada em camarinha aquecida causam desfallecimcnto no enfermo, ancias, respiração curta, convém mais ao doente a postura alta dacabe^a DE MEDICINA. 85 Para o batimento do coração convém : acon., cale, chin., lycop., merc, natr. m.,puls., phosph., sepia., spig., sulphur. Para os batimentos com anciedade convém : canab., cale, lie, phosph., puls. Para os batimentos com intermittencia convém: chin., dig.. natr. mur., phosph. ae Para o tremor do coração convém: cale, spig. CARDIOPALMUS. E' o bater do coração violentíssimo e quasi con- vulsivo, semelhante aos abalos convulsos que se sente na região do estômago, a que chamamos sobresalto epigastrico. Cura-se com rhus. havendo dôr paralytica e formigamento (myrmecismo) no braço esquerdo. CARIES. E' a ulceração dos ossos. Ordinariamente precedida de dôr local mais ou menos forte e profunda. O osso incha, ulcera-se e dá lugar a suppuração mais ou menos abundante. Tem esta sua sede nas partes organizadas do osso; a membrana que forra as cellulas de sua substancia esponjosa, secreta um liquido puriforme, que se a junta facilmente em um foco, em razão da communicação estabelecida entre todas aquellas cel- lulas ; o periosteo externo participa da inflammação, as partes molles que cobrem o osso doente engor- gitam-se, uma fistula apparece de dentro para fora; delia decorre sorosidade negra, a principio moderada, mas que em breve, depravada pelo contacto do ar, exhala cheiro infeccionado. Indicação therapeutica. A carie do antebraço direito e perna direita, com engorgitamento considerável, corrimento de ichor (sangue alterado, acre, fétido, e misturado com pus), e febre lenta. Convém china, asafoetida, phosphor., sul- phur, silicea, acidum nitricum, carbo animalis. Carie do antebraço depois de alguma queda. Con- vém arnica, silicea', calcarea carbon., sulphur, e colocyn- thidas. Carie da perna. Convém sulphur, silicea. Carie da articulação do cotovelo, com ulcera fis- tulosa do osso. Convém calcarea carbônica (rhus.), silicea, lycopodium o sulphur. Carie do femur (osso da coxa) de um rapaz escro- fuloso. Convém sepia o, acidum nitricum. Carie funcr.^a da mão. Convém rhus., e arsenicum. m DICCI0NARI0 Carie da maxilla inferior com fistulas da glândula parotida. Convém silicea. Carie dos ossos da face. Convém calcarea carbônica, silicea. Carie da terceira phalange do dedo médio. Convém silicea. Carie do pé com febre hectica. Convém arnica, lycopodium, silicea. Carie do antebraço com inchação vermelho-azulada e febre hectica. Convém pulsatilla, mezereum, sabina, silicea, calcarea carbônica e lycopodium. Carie syphilitica dos ossos do paladar e do nariz. Convém aurum. Carie syphilitica do processo alveolar complicada de ozena. Convém aurum muriaticum. Carie da tibia, com inflammação da perna toda: a ferida lança um cheiro fétido, não podem as partes affectadas soffrer o menor tacto. Convém silicea, asa foetida, calcarea carbônica, mezereum, silicea, sulphur, e acidum nitricum. Carie recente da tibia. Convém silicea. Carie da tibia : ulcera azulada, muito sensível, com bordos duros na face interna da perna esquerda, lan- çando pus fluido e fétido, tumor frio no malleolo interno do pé esquerdo. Convém asa fwtida uma gotta. Carie das duas tibias e do antebraço esquerdo, com muitas fistulas, progressiva diminuição de forças, e díarrhéa debilitante. Convém sulphur, asa fwtida, acidum nitricum, e acidum phosphoricum. Também se pôde empregar angustura, veratr. contra a carie. Para as caries dos ossos convém asaf.,lyc, merc, silic Para as caries dos dentes convém: bell., borax., mezer., natr. mur., plumb., sep., staph., tart. CATALEPSIA. E' a completa suspensão das sensações e movimentos voluntários, com aptidão nos músculos para continuar no mesmo estado, ou para tomarem e -conservarem o que se lhes dá. Indicação thcrapeutiea. Stramonium. Convém no começo da enfermidade por dores pungentes na cabeça, vertigem e peso da ca- beça, depois perda de forças, olhos fixos, boca aberta per Ia de sentidos, podem mover-se todos os membro^ DE MEDICINA. 87 do enfermo á vontade, e conserva cada um a pos- tura que se lhe dá. Aconitum e belladona foram muitas vezes empregados felizmente contra a catalepsia. CATARATA. Consiste a catarata na opacidade do crystalino ou de sua membrana, opacidade que se oppõe á passagem dos raios luminosos e tolhe a visão. Era começo da moléstia vêem os doentes os objectos como atravez de um nevoeiro e de uma leve e sublil gaza, que vai avultando em densidade ; avistam corpusculos, flocos enegrecidos que lhes parecem suspensos no ar; a final já não podem distinguir a forma dos objectos, e acabam completamente cegos. A pupilla então pa- rece tapada por um corpo opaco de côr variável, as mais das vezes esbranquiçada ; ella se dilata e aperta pela impressão da luz sobre o olho são ou sobre o doente, se a opacidade do crystalino não é com- pleta ; algumas vezes fica immovel, o que pôde de- pender da amaurose, da adherencia do crystalino ao iris, etc, etc. Indicação therapeutica. Catarata de um rapaz escrophuloso: sulphur muitas doses até a cura, intercalando duas vezes pulsatilla. Catarata de uma mulher de 61 annos : cura completa em seis semanas com sulphur. e causticum. Catarata principiante em conseqüência de suppressão de sarna, três doses de pulsatilla e duas de cannabis. Catarata traumática iem conseqüência de lesão phy- sica). Cannabis. Catarata crystalina simples (isto é,'que tem a sede no crystalino) com lagrimação, rubor da conjunctiva, pres- são no olho como de grãos de arca. Pulsatilla, cannabis , e opium. Catarata crystalina membranosa (isto é, que tem seu assento no crystalino e na cápsula deste). Magnesiacar- bônica, e tintura cannabis. Euphrasia, foi applicada algumas vezes utilmente. Fora destes meios empregar-se-ha a operação cirúrgica. São medicamentos mui apropriados para a cura da ca- tarata : euphr., puls. , sulph. Para a catarata reticular convém: caust., plumb. CATARRHO. E' a secreção anormal da membrana mu- cosa das vias da respiração. No sentido de catarrho pulmonar aqui é affecção rheu- 88 DICC10NAIU0 matismal da tracbéa e bronchios. Symptomas : tosse secca ou acompanhada de expectoração mucosa ou de sorosidade acre, rouquidão, sensação dolorosa na tracbéa e pulmão, quando a doença tem chegado a subido gráo. Indicação therapeutica. São principaes remédios contra o catarrho: nux vo- mica, pulsatilla, chamomilla, phosphor.. ipecacuanha, ignatia, bryonia, mercurius, dulcamara, sulphur, drosera, hepar sulphuris, verbascum. No catarrho agudo convém: aconitum, ipecacuanha, squilla, senega. Squilla convém no catarrho chronico com secreção abundante de muco branco e viscoso que o dpente não pôde expectorar senão por uma tosse forçada e fatigante. Stannum convém no catarrho chronico com copiosa expectoração mucosa, voz rouca, sensação de fraqueza no peito, "asthma andando, c subindo escadas. Pulsatilla convém contra catarrho chronico c pul- monar com freqüente expectoração mucosa. Tartarus stibiatus convém no catarrho suíTocante com suffocação de um rapaz de 4 annos, respiração custosa, estertosa e roncante. (Veja-se corysa, tosse.) CALLOS NOS PÉS. E' o indurecimento do tecido da pelle em conseqüência de compressão na parte. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica, petrolium, phosphor., acidum phos- phor icum, sulphur, nux vomica. Para os callos dos pés em geral convém: ant., erud., sep., silic, lycop. Para os callos inflammados convém: silic, lycop. Para os callos que dão fisgadas convém: bry., calcarea, rhus, sulph. Para os que doem como se estivessem escoriados convém: ignat., sepia. CEPHALAGRA.—Dores arthriticas na cabeça, gota mal collocada na cavidade cerebral. Indicação therapeutica. Rhus. Havendo a cabeça tomada, dores cruéis, pun- gentes. Belladona e zincum foram empregados com bom suc- cesso. DF MEDICINA. 89 CEPHALALGIA. — Dores de cabeça que podem ser dilluxionarias ou rheumaticas. Indicação therapeutica. Os principaes medicamentos para curar as dores de cabeça são: nux vomica,pulsatilla, ignatia, belladona e bryonia. Em differentes lugares da cabeça, dores cruéis com direcção ao interior depois de se íiaverem trans- formado em dores furantes e pressivas, dôr de fractura nos olhos ; os tegumentos da cabeça dolorosos ao tacto, a menor fadiga de espirito excita violentas dores, o doente teme bulha, grande fraqueza de memória, zu- nido nos ouvidos, magreza, face livida. O resfriamento provoca pressão no estômago e espasmos da garganta. Cephalalgia chronica. Convém carbo vegetabilis, sepia, phosphor., acidum nitricum, aconitum. Violentíssima cephalalgia em conseqüência de resfriamento; humor mui irritavel; o doente desabafa facilmente em queixas e censuras. Aconit. curou-a em quatro horas. Aconitum. Se ha dôr em uma parte do osso parie- tal esquerdo, que se manifesta ao menor contacto e pelo do ar. Arnica. Convém na cephalalgia chronica com von- tade de lançar. Arnica. Convém na cephalalgia em seguimento de pancada na cabeça. Arsenicum. Se ha dores atrozes que se fixam principal- mente nas gengivas, acima dos dentes incisivos superio- res, e que privam o doente de todo o socego. Áurum. Se ha barulho e susurro na cabeça. Belladona. Cephalalgia em conseqüência de resfria- mento e de cortar o cabello. Belladona. Violentíssima cephalalgia aggravada pelo andar, fallar e,porluz forte e mais pequeno movimento. Belladona. Convém na cephalalgia nervosa se appareca a dôr de manhã edura até á noite, acompanhada ordi- nariamente de vomito amargo, violenta pressão no alto da cabeça e fontes, vertigem ao mover e levantar a ca- beça, mas sobretudo ao abaixar-se congestões na cabeça, e esta embaraçada ; insomnia. Belladona. Convém na cephalalgia periódica chronica, especialmente na occasião dos menstruos. Belladona. Convém na cephalalgia periódica desde as quatro horas da tarde até ás três da madrugada; dôr girante, furante e cruel na orelha direita, no occiput e fontes com o susurro. D. M. i2.. DO DICCIONARIO Belladona. Convém na cephalalgia chronica com pressão, cerramento e laceramento em toda a cabeça es- pecialmente na testa ; renovam-se estes symptomas pelo movimento e contacto do ar. Bryonia. Convém na cephalalgia causada por conges- tões na cabeça, dôr gravativa e pressão de dentro para fora no sincipital, testa e fontes, aggravadas pelo movi- mento da cabeça, tosse, espirros e abaixando-se. Bryonia. Convém na cephalalgia hysteriea se começa a dôr de manhã, por uma pressão puxante e cavante na testa que se muda depois em picadas e laceração da ca- beça toda, e finda, depois de muitas horas de duração, por um vomito. Nux vomica havia melhorado a prin- cipio este estado, e bryonia completou a cura. Bryonia. Convém na cephalalgia chronica havendo dôr pulsativa, gravativa cruel com aggravação de manhã; bryonia ajudada de rhus., é o medicamento mais próprio. Bryonia. Se ha violenta cephalalgia que começa de manhã no leito ese aggrava cada vez mais até á noite, em que passa á excessivas violências. A dôr ó cerrante; não pôde o doente soffrer bulha nem luz, pulsação do coração, oppressão do peito, desejo de vomitar, humor rabujento e moroso. Calcarea carbônica auxiliada por aconit. e nux vomica. Convém na cephalalgia chronica havendo dôr tensiva que começa nas fontes, e passando depois ao vertex, onde se faz maior e pulsativa ; os trabalhos de espíritos e bebidas espirituosas aggravam-n'a consideravelmente, picada nos olhos, otorrhéa (purgação das orelhas), dysecia (dureza de ouvido), nariz entupido por um pus fétido, a respiração ás vezes se demora, falta de forças. Calcarea carbônica. Convém na cephalalgia chronica de pessoas escrophulosas havendo furacão na testa como se a cabeça estivesse para estalar ; symptoma que se ma- nifesta sobretudo ao ar livre, dôr martelante na cabeça que força o doente a deitar-se, ás vezes susurro ria cabeça e picadas no baixo ventre nas épocas da mens- truação. Calcarea carbônica e phosphorus. Convém se começa a dôr na testa por violenta pulsação, corre mudada em la- ceração á fonte direita, e vai ao occipital; cabeça pesada, o doente vê-se obrigado a deitar^se, e então melhora de estado com esta postura. Calcarea carbônica. Convém havendo violenta cepha- lalgia furante durante os menstruos e outras épocas na occasião de mudanças de temperatura e quando a 'en- ferma soffre menores emoções; occupam as dores prin- DE MEDICINA. 91 cipalmente o lado direito da cabeça, e estendem-se de seu centro á maneira de raios para as partes vizinhas ; menstruos abundantes. China. Convém na cessação dos menstruos se é seguida das mais violentas dores de cabeça, dores no coração, desejo de vomitar, arripiamentos, frio nos pés, grande fraqueza. China. Se ha dores de exulceracão dos tegumentos da cabeça, sensibilidade da raiz docabello. China. Na dôr gravativa, furantcno vértice, sensação de quebramento em toda a cabeça, a forçada attenção aggrava muito esta dôr de quebramento sendo em mulher. A enferma amamentou por longo prazo, e agora se vê em grande fraqueza, face descarnada, anorexia (completo fastio), ardente sede. China. Havendo dolorosa vacillação do cérebro, e sensação como se o cérebro batesse no craneo, o movi- mento exacerba estes symptomas. China. Havendo dôr periódica acima dos olhos. Colocynthedes. Na cephalalgia violenta, intermit- tente. Colocyntliedes. Na cephalalgia cruel. Dulcamara. Havendo picada violenta, furante na testa e vértice ; dôr cavante no cérebro, de dentro para fora, com sensação de uma taboa que a comprime; sede. Helleborus niger. Na cephalalgia chronica pressiva, e confusão de idéas, em conseqüência de grande applicação ao estudo. Ignatia. No chamado prego hysterico, que é quando ha dôr forte limitada a um ponto mui pouco extenso da cabeça, e semelhante á que é causada por um prego en- tranhado na parte enferma. Nota-se este symptoma par- ticularmente nas mulheres hystericas. Ipecacuanha. Havendo dôr pressiva na cabeça, com desejo de vomitar e freqüentes vômitos sem diminuição de appetite; grande sede, menstruos amiudados, e acom- panhados de cephalalgia frontal. Magnesia carbônica e lycopodium. Havendo picadas nas fontes, lace. Rhus. Convém na cephalalgia occipital violentíssima em mulher hysterica. A enferma é obrigada a dei- tar-se, fica 24 horas sem fallar, o menor despeito e todo o movimento ao ar livre provocam accessos da doença. Rhus. Se ha puxamento na fonte esquerda á tarde e à noite, barulho e susurro na cabeça. Sepia. Havendo picadas fortíssimas na região frontal 92 DICCI0NAKI0 esquerda, aponto que a criança torce a cara c grita. Volta este symptoma todos os 23 minutos por accessos, os tegumentos da cabeça estão dolorosos. Sepia. Convém na cephalalgia de cinco annos com pressão na região sub-orpitaria esquerda, dôr na cabeça toda, de mistura com leves picadas; a moléstia tem todas as semanas um accesso, ella seaggrava no tempo dos menstruos e depois de emoções, vontade de vomitar, vertigem, sensação de desfallecimento, calor na cabeça, oppressão de peito, perdas brancas. Sepia. Convém na cephalalgia hysterica. Silicea. Convém na cephalalgia chronica periódica, havendo dôr lancinante e cruel, que começa nas fontes c vai aos ossos da face até amaxilta inferior, onde se torna ordinariamente violentíssima. Pelo curso do ar aggra- va-se. Foi applicada belladona sem melhora sensível. Sulphur. Convém na cephalalgia chronica, havendo dôr pressiva na testa e em todo o oceipi tal, começando de manhã ao acordar e durando todo o dia sem descon- tinuar, andar longe cansa facilmente o doente. Sulphur Se ha pressão, lacerameoto, atordoamento com deres no coração. Voltam estes symptomas todos os^ oito dias. Taraxacum. Convém havendo cephalalgia violentís- sima de dous annos, que o doente não soffre senão quando está de pé ou anda. Outros remédios mui bem indicados são: valeriam e zincum. (Veja-se também hemicrania.) Para o embaraço da cabeça convém: cale, merc, pe- trol., rhus., sep., silic, sulph. Para o aturdimento da cabeça convém: bell., rhus., hyosc, stram., veratr. Para o obnubilamento convém : bell, bry., laur., op. Para a vertigem convém: bell., cale, phosph,, rhus. Para as differentesmudanças que se experimentam nas dores de cabeça convém: acon., cale, nux vom., phosph., puls., stram. Para a dôr que se sente em todo o interior da cabeça convém: ignae, merc, natr. mur., nux vom., petr., phosph., sabad., sabin.,silicí, verb. Se a dôr de cabeça fôr na região frontal convém: acon., amm., amm. mur., ars., bell., caps., bism., coce, dros., hep. s., natr., natr. mur., nux vomica, phosph., cilic, spig., stann. Para as dores na região temporal convém: anac, ar- gent., chin., creos., cycl.,kali., nux mosc, plat., puls., sabin., thuy., verb. DE MEDICINA. 93 Para as dores de cabeça na região parielal convém : phosph. ac, zine Para as dores do alto da cabeça, convém veratr. Para as dores na região occipital convém : carbo veg., petrol. Para as dores de cab°çn só de um lado (hemieranea) convém : alum., anac , assaf., phosph. ae,plat., salsapar., sulph., ac Para as dores na superfície externa do craneo em geral convém : arn.,bell. Sendo na região frontal externa convém: hepar., iod., phosph. ac, sep., sulph. Sendo na região parietal externa convém : zine Sendo na parte superior externa da cabeça convém: graph. Sendo na região temporal externa convém: natr. mur. Sendo na região mastoideana posterior (atrás da ore- lha) convém : baryt., caust., graph., petrol., staph. Sendo na região occipital externa convém : carb. veg-, petrol., silic Para as moléstias dos ossos do craneo convém: aur., merc, nitr. ac, ruta. Para os soffrimentos do couro cabelludo em geral con- vém : ars., cale, merc, oleand., rhus., sil., staph. Se é na parte frontal cunvém de preferencia: ars., merc Se é nas outras partes do couro cabelludo convém: cale, natr.,mur., sep. Mercurius. Convém na cephalalgia cruel, ardente es- pecialmente nas fontes. Mercurius e bryonia. Cfrivém na cephalalgia e odon- talgia cruéis, excitadas indistinctamenle por frio e pelo calor. Nux vomica. Convém na cephalalgia catarrhal, ha- vendo dôr pressiva, pulsativa na testa, por cima dos olhos, fontes e vértice, como se a cabeça estivera para estalar; a dôr augmenta quando o doente tosse ou se abaixa. Nux vomica. Convém na cephalalgia hystenca que se manifesta em accessos todos os dez ou quinze dias ; co- meça por uma dôr surda, pressiva, vertigens, sensação de vasio na cabeça, pressão forte por cima dos olhos, sensibilidade dos olhos á luz, symptomas gástricos e espasmodicos, cerramento asthmatico do peito, passa a dôr a excessiva surdez. As emoções provocam accessos. Nux vomica. Convém na cephalalgia periódica quando começa a dôr todas as manhãs depois de erguer-se, c 9i DICCICNARIO vai-se exasperando até ao meio dia: é pressiva e cruel, cabeça embaraçada, symptomas gástricos. Nilx vomica. Convém na cephalalgia periódica desde a mociclade. Nux vomica. Muitas doses, seguidas de uma de sepia na cephalalgia periódica. Nux vomica. Na cephalalgia periódica havendo dôr de exulceracão, pressão de dentro para fora todos os dias, das sete horas da manhã até ao meio dia. Nux vomica. Convém na cephalalgia sangüínea ha- vendo congestão na cabeça, vertigem ao andar e em particular ao abaixar, sensação de vasio na cabeça, dôr pressiva, tensiva no occipital, vomito. Nux vomica. De tempos à tempos havendo sensação vacillante no cérebro, de vasio e ôco na cabeça, cepha- lalgia pressiva e pulsativa de manhã; constipaçâo. 0 vinho e o café aggravam os symptomas. Nux vomica. Convém na cephalalgia quotidiana desde meio dia, depois da comida, até ás três horas, com calor geral e rubor na face. Nux vomica ajudada de belladona. Convém na cepha- lalgia surda, pressiva, nas regiões frontal e vertical, com sensação de excoriação e de molleza ; dejecções raras. Nux vomica. Convém na cephalalgia rheumatica ha- vendo dores violentíssimas no lado direito da cabeça, todas as noites, desde as 11 horas até de manhã. Nux vomica. Na violenta cephalalgia havendo face rubra, inflammada, olhos chammejantes, somno agi- tado. Belladona havia curado momentaneamente. Nux vomica. Convém na cephalalgia qiie muda de na- tureza todos os quartos de hora, em geral puxante, cruel, superficial ou penetrante, pulsativa, compri- mento nas fontes, muitas vezes também apartante, e que occupa muitos lugares; grande calor na cabeça, de- jecções difficultosas, humor mui irritavel e irascivel. Duas doses de nux vomica, bastaram para cura radical deste incommodo que durara mais de vinte annos. Nux vomica e sepia. Convém na cephalalgia chronica havendo dôr lancinante, que se manifesta uma vez por semana, occupa ás vezes a cabeça toda e atura 24 horas, acompanhada de vomito violentíssimo de pituita e bilis^ anorexia (completa inappetencia). Nux vomica. Convém na dôr de cabeça constrictiva e premente até ao dorso, vomito de liquido ácido, cons- tipaçâo, flatulencia, apparecem os svmptomas princi- palmente de manhã. DE MEDICINA. 95 Nux vomica ajudada de belladona. Convém na cepha- lalgia lancinante, que começa á noite, mais ou menos forte, e no primeiro caso acompanhada de náuseas, vo- mito, vertigem e cansaço universal; erutação, exone- ração difficultosa (ventre apertado). Petrolium auxiliado de phosphor. e calcarea carbônica. Convém na cephalalgia chronica em conseqüência de alguma queda. Phosphor. E' poderoso medicamento da cephalalgia periódica violenta, com congestões na cabeça e ator- doamento, ás vezes escurecimento da vista, arrotos ácidos, continua secreção de muco na garganta. Platina. Se ha dôr primente no occipital, particular- mente por cima da raiz do nariz, com calor e rubor da face; os menstruos adiantam-se e vêm com abundância mais que ordinária. Pulsatilla. Se a dôr parece subir da nuca e se fixa nos ossos parietaes, e aggrava-se á noite no ponto em que o doenteéforçado a deitar-se; zunido nos ouvidos, ver- tigem, o enfermo vê tudo como atravez de um crepe negro. Todos os dias para a noite, arripiamento com dôr lancinante nos membros, seguido de calor sem sede. Pulsatilla. Convém na cephalalgia aguda, que vem todas as 21 horas em accessos súbitos, dôr violentís- sima com picadas no alto da cabeça e nos olhos, seguida de dores no coração; a face faz-se vermelha, inflammada, o doente é obrigado a deitar-se, o menor movimento lhe excita dolorosissima sensação, como se o cérebro lhe cahisse para diante. A pressão diminue as dores. Pulsatilla. Havendo dôr frontal cruel que se aggrava para a tarde e para a noite, a ponto que o doente dá gritos, paracusia illusoria (perversão do ouvido em que o doente julga ouvir sons que não existem senão na sua imaginação), photophobia, dôr de quebramento nos membros. Causíicuui. Caracter physiologico. O cáustico, representa no homem o temperamento nervoso sangüíneo. Tempo de acção.' Nas moléstias chronicas o cáustico obra por espaço de 50 dias. 9Q mc.c.ioNARio Medicamentos a seguir-se. Depois do cáustico convém as mais das vezes sep., stan. Antídotos. Assaf., coff., coloc., n. vom., spir. nitr., dulc. Concordância em symptomas. Puls., rhus, sep., sulphur. Exacerbações. Moderam-se com hep., n. vom., puls., sep. Modo da administração. O mesmo que os precedentes. Symptomas geraes que desenvolve o cáustico. Dores arthriticas e rheutnaticas, tractivas e arrebata- doras, sobretudo nos membros.—Repuxamentos agudos e violentos nas articulações e nos ossos, alliviando com o calor, na cama.—Encurtamento dos tendões, e enrija- mento nos músculos ílexores dos membros. —Torpor e paralysia de alguma parte ou de toda a metade esquerda do corpo. — Paralysia. — Abalos e movimentos convul- sivos.— Accesso de convulsão, com gritos, movimentos violentos dos membros, rangimento de dentes, risos ou choros, olhos meio fechados, olhar fixo e emissão invo- luntária de urinas; os accessos se renovam pela água fria, e são precedidos de dôr de barriga e de cabeça, emissão freqüente de urinas, irascibilidade e choros; depois do accesso, os olhos fecham-se.—Convulsões epi- lépticas. — Aggravação dos symptomas, geralmente de noite e ao ar livre, emquanto os que appareceram ao ar se dissipam no aposento.—Parece que o café aggrava todos os symptomas.—Os symptomas primitivos custam mais a manifestar-se que nos outros medicamentos de longa acção.—Soffrimentos semi-lateraes.—Inquietação insupportavel em todo o corpo, de noite, e estando as- DE MEDICINA. 97 sentado, comanxiedade no coração.—De noite, grande pulsação e abatimento de todo o corpo. — Fraqueza pa- ralytica, com tremura e vacillamento dos membros.— Grande susceptibilidade á corrente de ar e ao frio. Indicação therapeutica. O cáustico convém na agalaccia— aphonia—arthrite— dita aguda—atherama—blepharoptalmia — cardialgia— catarata—choréa—coxalgia—díarrhéa—epilepsia—epis- taxis—exulceracão dos peitos — grippa (catarrho epi- dêmico)— hemicranea —hemiplegia — incontinencia da urina—odontalgia—ophtalmia—paralysia — prosopalgia —sarna—sciatica—spasmo—tétano—vertigem. CÉREBRO.—E'o cérebro, uma grande massa molle polposa que está contida na cavidade do craneo, en- chendo as fossas occipitaes inferiores e continua a formar a medula espinhal. O cérebro, na phrase de um physiologista, é a sede das sensações e volição, e toma parte na producção do calor animal. O cérebro produz um fluido subtil que é conduzi- do á todas as partes do corpo pelos nervos que delle nascem. Os nervos seguem o caminho das artérias. Pela união que existe entre o fluido nervoso e o oxygenio do sangue, que passa nas artérias apparece uma espécie de combustão animal, porque os nervos como partem imme- diatamente do cérebro, são positivamente electrisados. ao mesmo passo que o sangue arterial em conseqüência do oxygenio que contém o é também negativamente electrisado. O fluido nervoso ou galvanico e o exygenio aproxi- mando-se, desenvolvem o calor animal e levam o prin- cipio da vitalidade a todas as partes do corpo. Supponho ser por causas do fluido subtil ou electrico que se desprende do cérebro, que as mudanças atmos- phericas perturbam o systema nervoso. Os relâmpagos, estimulando demasiadamente o cérebro e destruindo o seu poder electrico, produzem algumas vezes mortes repentinas. A vitalidade dos vegetaes é subordinada á acção da electricidade, por isso, como bem observa um escriptor, as plantas nas cidades não florescem como nos campos, porque a matéria electrica da terra sendo absorvida pelos habitantes delia, não lhes pôde dar o vigor neces- sário para a producção. Diz mais que a deficiência do fluido electrico terrestre em differentes partes do mundo, d. m. 13. ità D ICC lüNA RIO é a causa de algumas enfermidades que se altribuem a contagio. Além da força elccti ica do cérebro, este complicado órgão possuo as funcções sensitivas e intcllcctuacs; (1) e é por meio dos nervos que emanam as funcções^ mo- toras e sensitivas. Uns presidem á visão, outros á au- dição, outros aopaladar, as olfacção e outros ao tacto. Para as partes internas se distribuem nervos, que mantém a sympathia entre o cérebro e os órgãos do corpo e por isso se observa a grande sympathia entre o estômago e o cérebro, porque desordena um, enfra- quece o outro. (2) A compressão do cérebro por alguma causa excita náuseas e vômitos, e vice-versa o máo estado do estô- mago geralmente produz dores de cabeça ou mesmo congestão cerebral. Se sentimos paixões vehementes a dar lugar a que o espirito ou a alma actue sobre o cérebro, este se per- turba e sobrevêm hypocondria, doudice e o suicídio. Se o utero deixa de funecionar pelo estado de gra- videz, resentindo-se o cérebro por esta causa, actua sua acção sobre o estômago e daqui vemos vômitos e os de-" sejos extravagantes que experimenta a mulher pejada. E' pela sympathia que ha entre o cérebro e toda a organização, que o estimulo applicado ao estômago faz reviver a energia de todo o systema orgânico ; e a dôr produzida nas mais remotas partes do corpo conservará a irritação no cérebro, mesmo ao ponto de suspender o curso natural do somno. Pelo mesmo principio os medicamentos que diminuem a energia nervosa applicados ao estômago produzem o somno, e alliviam as dores nas partes remotas do corpo, porque abate a acção do cérebro. E' por esta fôrma que se suppõem opera o ópio, ingeridos no estômago, dimi- nuindo a sympathia entre o estômago e o cérebro, enfraquecem a energia deste, e que se communicando ás outras partes fazem minorar os soffrimentos. Sendo o cérebro a sede de todas as operações intel- lectuaes, a alma (principio immaterial) e o corpo operam reciprocamente um sobre o outro, porque aquella ini- ciada por .seus aííectos, intimamente obrando sobre o (1) Vkl. o 3.° Tomo da minha Physiologia das Paixões a des- cripção do cérebro e as suas funcções physiologicas, etc. DE MEDICINA. M cérebro, deixa-se manifestar por seus actos e por suas faculdades na dirccçãoquc faz tomar o corpo. Assim este principio immortal e incorporeo, dotado desse grande poder, com os nomes de intclligcncia e razão, foi-nos dado pelo Omnipotente Greador, para guiar os nossos movimentos e condueta. Se os affectos da alma são desordenados prejudicam ao corpo. A cólera sendo excessiva (doudice temporária) causa grandes estragos nos fundajnentos da vida e o medo tor- na-nos incapazes de obrar. A tristeza abate ea alegria excessiva tem causado a morte. A razão e o juizo modificam as paixões, que tendo es- timulado o cérebro, despertam-lhe as faculdades elec- tricas, augmentando-lhes o calor, e por isso se elles não açodem ao homem de prompto, a morte o acommette. O contrario acontece com as impressões alegres, que calmando as forças do cérebro suavisam a existência do homem. Diz um physiologista que—a irritação mórbida do cé- rebro e a acção irregular ou parcialmente suspendida das forças intellectuaes, não só fazem nascer os sonhos, mas são também muitas vezes produetoras de delírio c de illusões no tempo de vigília ; affectado então o cé- rebro parcialmente pódc a pessoa não sentir que está sob a influencia da doença a este tempo. CHEILOCACE.—E' a inchação, endurecimento e leve rubefação dos beiços, sem calor e sem patentes signaes de inílammação. Indicação thcrapeutiea. Bryonia. Havendo inchação dos beiços, com rachas c crostas. Belladona. Havendo inchação do lábio inferior com mucosidade. Bovista. Havendo inchação do lábio superior. CHURITES.—Inflammação das.mãos. Indicação thcrapeutiea. Arnica e rhus. Convém na churites maligna em conseqüência de uma inflammação, que passa já ao es- tado de suppuração ichoroidica. CHLOROSE.—Cores pállidas.—Também chamada ictc- ricia branca. Face pallida, alva, tirando para verde, particular- mente nos beiços, palpebras pisadas, olhos amortecidos 100 DICCIONAR10 elanguidos. de manhã nota-se a face balofa, especial- mente as palpebras, a pelle do resto do corpo descorada, todo o habito externo apresenta expressão de languidez, carnes mollcs, movimento custoso, membros como ador- mecidos, a fraqueza avulta de dia em dia, á inércia physica se junta ora uma espécie de torpor moral, ora grande irascibilidade, o appetite ou se diminue ou se "deprava, o ventre dilatado emeteorisado, com soltura ou constipaçâo, respiração curta e algumas vezes cons- trangidas, desassocego, palpitações, pulso fraco, ás vezes constrangimentos, desassocego, ás vezes um pouco freqüente, o calor diminue, transpiração cutânea quasi nulla, ourina clara e pouco abundante, os menstruos não correm c são substituídos por um corrimento de matéria mucosa. O sangue que por qualquer modo sahe do corpo ó descorado e difficuttosamente coalha. Se a moléstia chega ao ultimo gráo, a magreza, a febre hectica podem causar a morte. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica. Convém na chlorose seguida e acompanhada de hydropesia. Sulphur., carbo vegetabilis e hepar sulphur. Convém na chlorose com amenorrhea, magreza e tosse, em uma rapariga anteriormente atacada de sarna. Phosphor., seguido de zincum e de ferram. Outros remédios apropriados são : pulsatilla. nux vomica, china, coceulus, sulphur., sepia, phosphor. Os medicameutos preferiveis na chlore são: ars. china., puls., silic, staph. CHOLERA RENIGNA.—CHOLERA AZIATICA.— CHO- LERA MORRUS.—Apresenta-se sobre 3 estados. Ora o cholera se manifesta de súbito, ora precedido dos seguintes symptomas : incommodo geral, peso e preguiça do corpo, côr do rosto amarella, lingua reves- tida de muco amarellado, mais carregada para a raiz; gosto amargo, mucoso, arrotos amargosos, pressão, puxamento espasmodico, e sensação de plenitude na fosseta do coração (vulgarmente bocca dó estômago) e na região gástrica ; ancias, náuseas, inchação do baixo ventre, borborygmos, eólicas, ourina fétida, picada na uretra quando se ourina, depõe esta um sedimento aver- melhado. Moléstia desenvolvida. A principio vomita o doente por muitas vezes os alimentos ingeridos, ao depois um liquido aquoso, mucoso, e emfim bilioso, amarcllo, DE MEDICINA. 101 verde, pardo ás vezes denegrido, muitas vezes fétido, e que sempre causa novas náuseas. Ao mesmo tempo que sempre causa novas náuseas. Ao mesmo tempo que o vomito, desecções diarrhaicas freqüentíssimas, a prin- cipio de matérias fecaes, ao depois de liquido aquoso c bilioso fermentante, as mais das vezes acompanhados de dores violentas e picantes, sobretudo na região do embigo. Symptomas secundários se ajuntam a estes, plenitude na fosseta do coração, respiração accelerada e anciosa, cardialgia forte, pulso de caimbras, e muitas vezes apenas palpável. No mais alto gráo da enfermi- dade adquirem todos estes symptomas maior vigor : diminuição rápida do pulso e das forças, muitas1 vezes symptomas espasmodicosna bexiga e nas extremidades, suores frios, desfallecimento, face hyppocratica.—Esta moléstia que nos appareceu em 1850 já era conhecida no Rio Negro em fins do século passado: O 1.° cuidado é fazer transpirar copiosamcnte o onfermo logo que se sentir affectado domai. Indicação therapeutica. Aconitum. Convém se ha dores no coração, vomito de mucosidades ácidas, espasmos, díarrhéa aquosa, suor frio, frio em todos os membros com movimentos con- vulsivos. Antimonium crudum. Convém no cholera em uma criança ; freqüentíssimos vômitos das bebidas tomadas e de miico, ao mesmo tempo díarrhéa, grande vontade de beber água fria. Arsenicum. Convém no cholera esporádico de uma criança, díarrhéa violenta e vomito de matéria aquosa, com grande fraqueza, face descarnada, cadaverica, suor frio na testa, olhos encovados e amortecidos, rodeados de círculos azues, ventre inchado, frio do corpo, ex- cessiva magreza, gemido lamentável. Arsenicum. Convém na pelle ardente, grande sede, somno agitado, com sobresaltos e convulsões, o doente dá voltas de um lado para outro. Arsenicum. Convém no cholera acompanhado de fortes ancias. Arsenicum. Convém no vomito aquoso e diarhéa com picadas periódicas. Belladona. Sc ha vomilo e díarrhéa mucosa , com calor secco. Calcarea acetica. Se ha vomito e díarrhéa ácidos das crianças. 102 D1CC10NAR10 Chamomilla. Se ha diarrhéa moderada, sem dôr, com freqüente vomito de muço de cheiro ácido. China. Convém na cólera principalmente á noite. Colocynthidas. Havendo vomito continuo, acompa- nhado de dejecções diarrhaicas que sesuccedem rapida- mente, dores lancinantes, cortantes no ventre, com caimbras violentas nas barrigas das pernas. Veratrum álbum. Se ha anorexia, região gástrica dolorosa, dores no coração, vomito de alimentos inge- ridos, puxos no ventre, dores de barriga, dejecções diarrhaicas freqüentes, vontade de dormir. Secale cornutum. Havendo diarrhéa colérica. Veratrum. Convém na cholerica sporadica, com diar- rhéa aquosa, inappetcncia, inquietação, grande sêdc, vômitos mucosos, aquosos, que se suecedem rápidos, grande abatimento, face pallida tirando para azul, ventre quente e inchado. Em alguns casos se empregou veratrum com chamomilla. Veratrum. Convém no cholera sporadico, puxos exces- sivos no ventre, com vomito verde, amargoso, e dejecções diarrhaicas. Rhus. fez dcsapparcccr a diarrhéa das matérias amarellas esverdeadas e a grande sede que haviam resistido á veratrum. Veratrum. Sc ha vômitos c diarrhéa contínuos, pressão na cavidade do estômago, sêdc, desalento, extremidades frias, suor frio o viscoso, face hypo- cratica. Veratrum. Sc ha frio do corpo, extrema fraqueza, caimbras nas barrigas das pernas, retenção de ourina, suores frios. Ipecacuanha foi muitas vezes empregada com bom exito. Cuprum. Havendo dôr pressiva na fosseta do co- ração aggravada pelo tacto, gargarejo das bebidas quan- do desune pelo esophago, vomito acompanhado de pressão dura no estômago, e precedida de sensação conlractiva, anciosa c asthmatica no peito; c final- mente espasmos chronicos nos dedos c artelhos. Arsenicum. Convém havendo vomito seguido de do- res na parte superior do ventre, espasmos tônicos nos dedos o artelhos; prostração de forças súbita c notável, o doente está agitado, inquieto, dá voltas no leito, c é atormentado de mortal agonia. Op- pressão dolorosa do peito, sêdc ardente, cvacuacõc- atrazaclas com violentas eólicas. Prunus laurocerasus foi mui bem usada nos seguin- tes symptomas: laceraoõcs nas extremidades superiores DE MEDICINA. 103 e inferiores, dureza de ouvido, embriaguez, di.stor- são espasmodica dos músculos da face e sensação con- tractiva na guéla ao engulir as bebidas. E n'outros casos: pulso pequeno e lento, vertigem, atordoamen- íos, convulsões dos músculos da face. O Dr. Rummel, em Magdeburgo (na Prússia,) que também alcançou bons effeitos, "deu, para o verda- deiro cholera, veratrum como principal remédio; cu- prum (espasmos musculares ou espasmos no baixo ven- tre), camphora, arsenicum, secale cornutum, se o vo- mito cessou inteiramente ou quasi, e entretanto permanece a mesma côr das dejecções, e se todos os symptomas indicam que ainda não ha desengor- gitamento de bilis no canal intestinal: carbo vege- tabilis, se os symptomas específicos do cholera têm ces- sado, se as congestões na cabeça e no peito se ma- nifestam, se predomina a oppressão do peito e se leve sopor se apossa do doente, se as faces estão rubras e se cobrem de suor viscoso. Cicuta virosa. Convém no estado soporoso: tem o doente os olhos arregalados para cima, respiração mui constrangida e difficultosa, fortes espasmos dos mús- culos peitoraes, vomito, alguma diarrhéa: cicuta vi- rosa, ajudada de ipecacuanha e aconito, nos casos em que continua o vomito. Mercurius. Convém na dysenteria cholerica. Secale cornutum é cxcellente remédio contra a diar- rhéa cholerica aguda;—mercurius, china, dulcamara, aci- dum nitricum e as vezes tarturus emeticus e digitales convém á diarrMa cholerica chronica;—camphora, nux vomica, aconitum, secale cornutum, lycopodium, cuprum, ipecacuanha, nas congestões cholericas. Theridium, camphora vemtrum álbum. Convém no cholera asphyxiaco ou secco (asphyxica velsiccaj súbita prostração de forças, frio de mármore, aphonia, coma. E carbo vegetabilis ou ácido hydrocyanicum nos casos de completa asphyxia. Veratrum, ipecacuanha, cuprum. Convém no cho- lera inílammatorio: vomito continuo, diarrhéa de matérias esbranquiçadas, mas menos freqüentes do que o vomito. Logo que esta cessa pôde dar-se aconitum. Camphora não será conveniente senão no primeiro período da moléstia, quando cila apresenta os symptomas seguintes: cansaço, feições alteradas, vista espantada, olhos encovados "nas orbitas, face azuladas frio da face, mãos e pés, desalento, angustia com sensação de suffo- cação, atordoamento, voz rouca, ardor no estômago e IOÍ DlCCIONARli' na guéla, dôr de aperto nas barrigas das pernas , e músculos em geral; dôr na fosseta do coração, ausência de sede, sem vomito nem diarrhéa. Segundo outras observações, também camphora seria vantajosa ainda que já houvesse diarrhéa e vomito, com tanto que houvesse completa ausência de convulsões. Camphora pôde também ser empregada quando ha enfraquecimento geral da actividade vital, pulso apenas palpável, e ausência quasi completa de calor na pelle; não se deve porém lançar mão deste remédio quando já houveram abundantes evacuações. A dose da camphora é, segundo Hahnemann, de uma colher de café todos os 4 e 5 minutos. O Dr. Rakody, emRaab (Hungria), tratou cm 1831 a muitos enfermos com felicidade incontestável. Elle dá no primeiro periodo ipecacuanha de meia em meia hora oude hora em hora; se a lingua está carregada de niucosidades amarellas, se ha pressão no estômago, eólicas e agonias, chamomilla ; se a desejada melhora não vem, veratrum. Symptomas: diarrhéa com evacuação de liquido aquoso, pardo alvacento, ardor doloroso na região gástrica, sede inextinguivel, com desejos de beber água fria. Vomito de tudo quanto o doente toma Seyundo periodo. Symptomas espasmos tônicos, e clonicos, sobretudo nos dedos, artelhos e barrigas das pernas, ás vezes também espasmos do peito; e n'alguns casos ausência total de espasmos. Face descarnada, lábios azues, diminuição de calor da pelle, olhos encovados nas suas orbitas e rodeados de círculos azues. Ipecacuanha, veratrum.—Cicuta virosa foi appli- cada algumas vezes utilmente nos segundos symptomas : vomito alterando com violentos espasmos tônicos, nos músculos peitoraes, e divagarão dos olhos, diarrhéa rarissima e pouco copiosa (Vide o art. Cholera-Morbus no 2.° vol. da nossa Matéria Medica.) Terceiro periodo. O mais subido gráo de abati- mento, apathia geral, frio de mármore, suor viscoso geral, côr azul de todo o corpo, face hyppo- cratica Prodromus (precursores). Belladona convém havendo face rubra, olhos brilhantes, vertigem, cephalalgia, congestões na cabeça. Nux vomica, se as dejecções diar- rhaicas ainda não forem amiudadas,e se houverem an- tes fortes dores de tripas; com evacuações pouco abun- dantes, phosphor., pôde também ser usado neste caso. Carbo vegetabilis. Tem muitas vezes suspendido o cur- so rápido da moléstia. DE MEDICINA. 10o Phosphor. Convém havendo borborygmos violentos; diarrhéa indolente sorosa, abundante, sem vomito. Bryonia, rhús, acidum phosphoricum, e alguma vez também stramonium, hyoseyamos, belladona, carbo ani- malis, e vegetabilis, opium, contra a febre nervosa quan- do esta é conseqüência do cholera. Veratrum. Convém havendo vomito de liquido par- do; todos os quartos de hora uma dejecção ora ama- rellada, ora parda; ventre quente e deprimido para a espinha dorsal; o resto do corpo torna-se de frio glaeial; face hypocratica; aphonia, espasmos dolo- rosos nos artelhos e barriga das pernas ; pulso im- palpavel. Camphora, cuprum, veratrum, ipecacuanha, e arseni- cum, têm algumas vezes produzido bons effeitos como preservativos contra o cholera. CHOLERINA. —E' uma variedade do cholera morbus, sendo o seu tratamento o mesmo que o empregado no cholera-morbus.— Sulph., ipec,ars., cham. Ainda mais: Indicação therapeutica. Acidum phosphoricum. Gonvém havendo borborig- mos; diarrhéa freqüente que breve se faz aquosa e es- verdeada; grande cansaço, lingua carregada de matérias viscosas e pegajosas; sede, côr enferma da face, ca- beça embaraçada, diminuição da secreção da ourina. Phosphor. Havendo borborygmos ; diarrhéa aquosa, mucosa, esbranquiçada, com geral calor da pelle. Outros remédios que convém são: ferrum metal- licum, calcarea carbônica, helleborus, niger, arsenicum, secale cornutum, chamomilla. CHOREA SANCTI VITI (Vulgo treme treme). —Dansa de S. Vito ou Guido. Moléstia nervosa caracterisada por movimentos desordenados e convulsos que se sucçedem mais ou menos rápidos, quer o doente esteja repou- sado ou quer execute alguns movimentos voluntários. Pôde a choréa atacar ao mesmo tempo todos os mús- culos ; pôde ser limitada aos de uma parte do lado esquerdo ou direito, por exemplo, de um braço, de uma perna, etc. Não determinam estes movimentos dureza nos músculos; as carnes permanecem mol- les.—Quando a choréa é geral, os músculos da lin- gua também participam delia e a articulação dos sons se torna difficultosa. Não perde o enfermo o conhe- cimento e nisto consiste a differença da choréa da epilepsia. D. m. 14. 10G DICCIONARIO Indicação thcrapeutiea. Belladona, nux vomica, calcaria carbônica, lycopodium, silicea, phosphorus, causticum, e sulphur, havendo cho- réa eom vertigem, rojamento e torcedeira nos in- testinos ; fazendo o doente muitos movimentos curiosos ; palpitações convulsas em differentes partes do corpo. Stramonium, ignatia, nux vomica, hyoscyamus, bella- dona, aconitum, pulsatilla, sulphur, phosphor., sepia, carbo vegetabilis, calcarea carbônica. Choréa em conse- qüência de susto: a cabeça inclinada para trás, ranger de dentes ; violenta palpitação do corpo todo ; o doente dansa e dá grandes saltos, olhos fechados ; movimentos cenvulsos dos membros. Ignatia, belladona, assafoetida. Assa fétida, ajudada por ignatia, pulsatilla, cuprum e aurum. Calcarea carbônica e sulphur. Convém na choréa em conseqüência de rojéola; palavras indistinetas e con- fusas; continuo movimento de todo o systema mus- cular; emmagrecimento; o doente cruza as pernas quando caminha. Calcarea carbônica cinco doses seguidas. Curou um en- fermo de choréa. Causticum. Convém na choréa em conseqüência de suppressão de alguma erupção cutânea: diversos movi- mentos nervosos da boca, olhos, cabeça, mãos e pés, com insomnia e agitação: ignatia e causticum. Novo ataque em conseqüência de quebra do resguardo: cura radical. China auxiliada por ignatia e cuprum aceticum. Nas convulsões de todos os músculos1 em um menino de seis annos; sede, seguida de febre e suor. Coceulus e belladona. Convém na choréa semilateral. Crocculus. Havendo espasmos com cessação de mens- truos. Euprum. Convém quando todas as partes do corp3 estão em movimento dos mais curiosos ; não pôde o en- fermo fazer cessar o movimento dos membros, até a lingua é acommettida deste involuntário movimento. Cuprum aceticum. Havendo convulsões com inquie- tação dos olhos, distorsão dos músculos da face e da boca, o doente entra com a perna e braço esquerdo de um lado para o outro ; anciedade ; choréa—Cuprum ace- ticum, ajudado por ignatia. Ignatia. Convém na choréa em conseqüência de al- gum susto. DE MEDICINA. 107 Ignatia. Convém na choréa em uma menina de onze annos. Stramonium. Havendo andar vacillante, cambiante; tremor das extremidades; os músculos voluntários já não obedecem a vontade ; insensibilidade a respeito-de impressões sensuacs; perda de memória, gaguejamento, distorsão dos músculos da face. China faz cessar o tremor, os symptomas gástricos com sede ardente, que resistira ao stramonium. Stramonium. Na choréa em geral. Belladona curou a gagueira, que havia resistido ao stramonium. Zincum e stramonium. Havendo cephalalgia pressiva quasi continua , ausência de sede ; dôr pressiva de es- tômago ; lagrimação involuntária; movimento irre- gular econvulso dos membros; passo cambaleante.— Derradeiros symptomas da moléstia : grande apathia, incapacidade para trabalhos intellectuaes, e alguns mo- vimentos convulsos. Foram curados com stramonium. Stramonium e nux vomica. Stramonium e sulphur. Sulphur, conium, calcarea carbônica. Calcarea carbônica, seguida de belladona.(Vid. espasmo.) CHYLURIA. —Ourina leitosa.—(Vid. ourina.) Indicação therapeutica. Acidum phosphoricum. CLAUDICA.ÇAO ESPONTÂNEA. A claudicaçáo espontânea (coxalgia das erianças) ma- nifesta-se ás vezes rapidamente, outras pouco a pouco sem causa exterior. Ataca de ordinário os meninos de três á sete annos. Apparece depois de um espaço mais ou menos longo, ás vezes poucos dias depois dos pri- meiros indícios, um alongamento da extremidade en- ferma ; o trochanter sahe fora da cavidade cotyloide. A extremidade enferma fica indolente ao tempo do des- canso, e somente dóe quando se caminha ou quando ha o movimento da perna c pressão na articulação-coxal. (Veja-se também coxalgia.) Indicação thcrapeutiea. Calcarea carbônica, rhus. China oflf. (Quina.) Caracter physiologico. A china é seguramente um anti-phlogislico, e repre- senta o temperamento sangüíneo. 108 DICCIONARIO Tempo de acção. Obra por 40 dias nas moléstias chronicas Medicamentos a seguir-se. Depois da china convém ars., bell., puls., veratr. Antídotos. Arn., ars., bell., cale., carb. veg., ferr., rpec., merc., natr. mur., puls., sep., sulph., veratr. Coneordancia em symptomas. Puls., sulph. Exacerbações. Moderam-se com puls., sulph., bell., bry» Symptomas geraes que desenvolve a china. Repuxamento tensivo ou rasgamentos estremecentes e latejantes, principalmente nos ossos compridos dos membros, com dores paralyticas e fraqueza das partes affectadas.—Dores decepantes rheumatismaes nos mem- bros em principiando a andar —Dores e soffrimentos provocados, ou aggravados pelo tocar, de noite ou de- pois da comida.—Inquietação nas partes affectadas, que força a movel-as.—Sensação de entorpecimento em di- versas partes.— Adormecimento das partes so&re as quaes se está deitado.—Inchação arthritica, dura, ver- melha, de algumas partes.—Inchação hydropica de al- gumas partes, ou de todo o corpo.—Inchação erysipe- latosa de todo o corpo.—Grande fraqueza geral com tremor, andar difficil e grande disposição para a trans- piração durante o movimento e o somno.—Vivacidade mais que de ordinário, com olhos fixos.—Movimentos convulsivos dos membros. — Sobre-excitabilidade de todo o systema nervoso. —Aversão para o trabalho do corpo e do espirito. — Esvaimentos.— Accessos de as- phyxia. —Atrophia e magreira, principalmente dos braços e das pernas.—Grande susceptibilidade na cor- rente de ar e outros soffrimentos expondo-se a elle por pouco que seja.—Dormencia de todo o corpo. "' DE MEDICINA. 109 Indicação therapeutica. A china off. convém na affecção abdominal—amau- rose principiando —arthrite — atrophia — cachexia — cachexia mercurial — cardialgia —catarrho da trachea artéria —cephalalgia—cholera — choréa—debilidade— delirio tremulo—diarrhéa—epistaxis—erysipela no pé —febre biliosa—-febre gástrica—febre intermittente— febre lenta—febre nervosa—febre verminosa—hérnia— hydropisia abdominal— hypoeondria—ictericia—impo- tência—incontineneia de urina—leucorrhéa—lienteria —marasmo — melanosa — menstruação suspensa — me- trorrhagia—nevralgia lingual—odontalgia—pannos es- crophulosos—paralysia — peripneumonia—phthysica — phthysica laringea — polluções — rheumatismo—salaci- dade—espasmo do utero—splenalgía—stomacacea—suor nocturno—tosse—tumor no joelho—ulceras na boca & na lingua—ulceras no pé—varíola (bexiga). Cicuta virosa. (Cicuta venenosa.) Caracter physiologico. A cicuta representa o temperamento sangüíneo ner- voso. Tempo de acção. A sua maior acção é de 30 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da cicuta convém puls., veratr., laeh. Antídotos. Arn., op., tabacum. Concordância em symptomas. Bell., ign., puls., rhus, sep., silic., sulph, Exacerbações. Moderam-se com hepar, rhus, 110 DICC10NA1UO Symptomas geraes que desenvolve a cicuta. Dores de excoriação, ou como de pancadas, em di- versas partes.—Tremura dos membros.—Abalos, como por faíscas electricas, na cabeça, nos braços e nas pernas. —Gontorsões crampoidas e repuxamento dos membros. —Convulsões geraes e ataques de epilepsia, algumas vezes com gritos, pallidez ou côr amarella do rosto, cerramento de queixos, vertigem e distorsão dos mem- bros, suspensão da respiração, e escuma na boca; depeis do accesso, o corpo torna-se insensível e como morto. —Estado de insensibilidade e de immobilidade, com perda dos sentidos e de forças.—Accesso de catalepsia, com relaxamento de todos os músculos, e ausência da respiração. — Tetanos. — Dores tractivas nos membros. Indicação therapeutica. A cicuta convém na ápoplexia—arthrite—cachexia— cardialgia — cephalalgia — choréa — eólica menstrual— convulsões—debilidade—febre gástrica—febre intermit- tente—febre nervosa — hérnia estrangulada — hérnia inguinal—induração do testículo—inflammação do ab- dômen — leucorrhéa —menstruação irregular — ophtal- mia arthritica —paralysia — rheumatismo chronico — suor—vertigem—vomito. Cocculos. (Coco do Levante.) Caracter pkysiologico. Representa o temperamento sangüíneo nervoso. Tempo de acção. Obra por 20 a 30 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois do cocculos convém coff., ars., ipec, puls,, ign., nux vom. Antídotos. Camph., cham., cupr., ignat., nux vom. Concordância em symptomas. Puls., ignat., rhus, phosplr DE MEDICINA. 111 Exacerbações. Moderam-se com hepar, nux vom., silic, bry., cham. Simptomas geraes que desenvolve o cocculos. Repuxamentos e dores por accessos ou contínuos, nos membros e nos ossos. — Movimento convulsivo dos músculos em diversas partes. — Dores osteocopas, penetrantes nos membros. — Dores como de tumor, mesmo nos órgãos internos—Sensaçãode vacuidade ou de constricção nos órgãos internos.—Sensibilidade dolorosa dos membros ao menor contacto. —Tensão dolorosa com estalos das articulações. — Soffrimentos semilateraes.— Dores rheumaticas, com inchação inflammatoria nas par- tes affectadas.—Dores lancinantes nos tumores frios.— Obstrucção e endurecimento das glândulas.—Hemorrha- gias.— Caimbras e convulsões dos membros e de todo o cerpo, algumas vezes provocadas por ulceras, ou feridas, extremamente dolorosas ao contacto ou ao menor movi- mento das partes affectadas.—Movimento convulsivo dos membros e dos músculos.—Durante o accesso de convul- são, face rubra, intumecida e quente. — Tremura dos membros.— Ataques de epilepsia.—Paralysia, princi- palmente semi-lateraes, com insensibilidade das partes affectadas.—Aggravam-se os soffrimentos com o somno, a palavra, o beber e comer, mas sobretudo tomando café ou fumando, assim como com o frio.—Fraqueza e perda de força, depois da menor fadiga corporal, do movimento e da interrupção do somno.— Falta de energia vital. — Sincopes.—Dormeneia, ora nos pés, ora nas mãos, por accessos passageiros.—O ar torna-se insupportavel, quer seja frio quer quente —Magreza. Indicação therapeutica. O cocculos convém na ápoplexia—arthrite-cachexia — cardialgia — cephalalgia —choréa — eólica menstruai — convulsões — debilidade — febre gástrica — febre in- termittente —febre nervosa — hérnia estrangulada — dita inguinal —enduração do testículo — inflammação do abdômen —leucorrhéa—menstruação irregular —oph- talmia arthritica — paralysia — rheumati^mo chronico — espasmo —suor — vertigem. 112 DICCIONARIO COCHIALGIA ESPASMODICA.—Espasmos abdominaes. Indicação therapeutica. Pulsatilla. Convém na cochialgia espasmodica hysterica. Pulsatilla ajudada de ferrum metallicum. Havendo forte pressão para o recto, que volta todas as quatro semanas no tempo das regras, e aggravando-se ás vezes até vomitar. A enferma sente leve melhora dei- tando-se e conservando-se em completo socego. Muitas vezes pressão no estômago, e eruetação depois das eo- midas. Pulsatilla. Havendo espasmos abdominaes com symp- tomas asthmaticos e oppressão do peito, causados pela suppressão das regras. Cuprum. Havendo espasmos abdominaes violenfos em um menino de nove annos. Belladona. Havendo dôr fortíssima no lado direito do abdômen ena parte inferior do baixo ventre, costas e nádegas: o enfermo é obrigado a deitar-se; gran- de inquietação. Sulphur. Havendo dôr mordente, cortante e sensa- ção como de um punho que gyra pelo ventre. Al- terna-se esta dôr com sensação na fosseta do coração, como se nella se roçassem dous calháos um no outro. Diminuem as dores um pouco quando o enfermo está sentado com o corpo inclinado para diante. Outros remédios aconselhados são coceulus, cuprum hyoscyamos, ignatia, ipecacuanha, magnesia muriatica, moschus, nux vomica, rhus, sepia, stannum, stramo- nium, valeriana, e veratrum. Coffea Cruda. (Café crú.) Caracter physiologico. E' o temperamento sangüíneo nervoso o caracter phy- siologico que o café representa. Tempo de acção. Sua acção dura 10 dias. E' um medicamento de subida importância. Medicamentos a seguir-se. Depois do coffea convém bell., cham., igu., nux vom., sulph. DE MEDICINA. 113 Antídotos. Acon., cham., ign., nux vom., puls. Concordância em symptomas. D*II., nux vom. Exacerbações. Moderam-se com nux vom., bell., bry., cham., selen. Symptomas geraes que desenvolve o coffea. Impressionabilidade excessiva e dolorosa das partes affectadas.—Grande mobilidade dos músculos e agilidade de i^do o corpo.—Superexcitabilidade moral ephysica. — Aversão ao ar fresco com incommodo e exacerbação dos symptomas durante o passeio ao ar fresco. — Con- vulsões com rangimento de dentes e frio nos membros. — tnsomnia por exaltação da imaginação, affluencia de idéas e visões phantasticas. — Necessidade de se deitar e de fechar os olhos, posto que não se possa dormir.— Arripios, com augmento febril de calor do corpo.—Febre com afflicção. — Horripilação com eólicas e agitação violenta.—^Choros, gemidos, gritos, jactação e desanimo, sobretudo durante o accesso da dôr. — Gritos de criança. —Anxiedade de coração e de consciência, comapprehen- são. — Vivacidade e exaltação da imaginação, com acui- dade das faculdades intcllectuaes. Indicação therapeutica. O coffea convém na agrypnéa— ápoplexia—contracções excessivas do utero para o parto —dysecéa — febre in- termitlente—febre puerperal — melanosia — odontalgia — varíola. COLICA. A eólica é a dôr aguda em uma parte qualquer do abdômen, mas sobretudo ao redor do umbigo, e nas regiões inferiores desta cavidade. Indicação therapeutica. Arsenicum. Convém na eólica violenta, com arri- piaraento, sede, grande anciã, inquietação, vomito de- D. M. 15. ■Mi DICCIONARIO pois de beber, fraqueza, frio glacial, suppressão de ourina, tenesmo. Belladona. Convém na eólica violenta com inchação parcial dos intestinos, semelhantes a rolêtes. Cantharidas. Convém na eólica violenta em excesso com ischuria. (Retenção de ourina completa.) Carbo vegetabilis. Convém na eólica com sensação pa- ralytica na coxa direita. Chamomilla. Havendo dores violentíssimas, contrac- tivas, cruéis, no ventre e no sacro, que abalam o corpo todo. Ventre dolorosissimo no tocar-lhe; sensa- ção como se toda aquella parte estivesse ulcerada ; diarrhéa com symptomas biliosos durante as regras. Colocynthis. Havendo dores fortes é picantes no ven- tre ; nenhuma postura do corpo produz o menor al- livio; o enfermo desespera: violentas picadas na re- gião do ovario direito sendo mulher ; são as dores acompanhadas de arripiamentos.—Pulsatilla para os últimos symptomas da moléstia: pressão na fosseta do coração e na profundeza do baixo ventre, e eru- ctação. Colocynthis. Havendo grandes dores no ventre em conseqüência de resfriamento. O padecente curva-se e dá gritos horríveis; vontade de lançar; diarrhéa. Colocynthis. Havendo dores fortes, picantes no ventre em paroxismos. Colocynthis. Havendo eólica lancinante e ardente na região lombar esquerda, que cessa e volta. Colocynthis. Havendo violentíssimas dores no ventre, como se se cortassem todos os intestinos; face de- composta pela força das dores; suor universal; in- appetencia ; sem sede ; constipaçâo. Ventre sensível du- rante as dores e ao tocar-se-lhe. Colocynthis. Havendo eólica violenta de dia e de noite ; o enfermo torce-se e rola na cama. Colocynthis. Havendo violenta eólica, mordente, em um rapaz de 13 annos, que dura alguns minutos, ces- sa e volta depois, o doente dá altos gritos no tempo do ataque. Mercúrio e sulphur. Havendo violenta eólica no lado esquerdo do ventre, com constipaçâo. Nux vomica. Convém na eólica periódica depois do almoço. Pulsatilla. Convém na eólica em uma mulher grá- vida, com dores semelhantes ás do parto. Veratrum. Convém na eólica periódica todas as noites depois da ceia. DE MEDICINA. * IIO COLICA FLAUTULENTA.—Colica ventosa. (Produzida por accumulação de gazes nos intestinos. Videflautulen- cia.) Indicação therapeutica. Chamomilla. Convém na colica ventosa de lima crian- ça de peito com dijecções diarrhaicas verdes. Colocynthis. Havendo violentíssima colica como se se apertassem os intestinos entre dous seixos; junta- mente considerável tympanites. Belladona. Convém na colica ventosa ; com desfalleci- mento e con.írestão. Phosphor. Havendo dores no baixo ventre. Outros remédios aconselhados são: arsenicum, coc- eulus. Claudicação espontânea é o coxeamento das crianças que as vezes manifesta-se sem causa conhecida, ou ap- parece pouco a pouco. Cura-se com cale, rhus. COLICA HEMORRHOÍDAL. (Causada por hemorrhoidas ou por sua suppressão. Vid. hemorrhoidas.) Indicação therapeutica. Sulphur e aconitum. Convém na colica depois de comer, compressão da região hepatica; dôr sacral e lombar, hemorrhoidas. Sulphur. Havendo violenta colica, que sobe da re- gião inguinal esquerda para o diaphragma, e pro- voca sensação de violento aperto; grande excitação nervosa. COLICA HEPATICA. (Com a sédc na região do li- gado.) Indicação therapeutica. Oleum tercbenthime. Nux vomica epulsatilla. Convém na colica hepatica, com ictericia. COLICA MENSTRUAL. (Vide mitriiis.) Indicação therapeutica. Pulsatilla. Convém nas épocas lunares com picadas mui dolorosas na verilha esquerda; dôr pungente na região uterina ; a doente dálamentosos gemidos. Correm Ü6 DICCIONARIO as regras oito dias. A postura curvada allivia um Secale cornutum. Convém na colica menstrual com pallidez da face, frio de extremidades; suor frio, pulso pequeno e supprimido; dores no ventre, ora lacerantes ora cortantes. . COLICA NEPHRITICA.—Colica nos rins. (Vide ne- phrite.) , , .. Grandes dores nos rins, que acompanham a nephrite, e particularmente a calculosa, ou trajectode um calculo para os ureteres. Indicação therapeutica. Nux vomica, cannabis, lycopodium, belladona, salsapar- rilha. COLICA SATURNINA.—Colica dos pintores. Moléstia gravíssima causada pela acção das emanações do chumbo, e que ataca principalmente aos que traba- lham em chumbo ou em suas diversas preparações. São seus principaes symptomas: dores abdominaes desespe- radas, que a pressão não augmenta; vomito de maté- rias verdes ou amarellas; constipaçâo porfiada ; retrac- ção das paredes abdominaes;pulso vagaroso; caimbras; movimentos convulsos, è no fim de certo tempo para- lysia dos membros. Indicação therapeutica. Nux vomica, seneeopium. Havendo violenta dôr no baixo ventre; retracção das paredes abdominaes; o en- fermo é obrigado a torcer-se, dores do coração ; consti- paçâo de oito dias; grande fraqueza nos membros. Opiurn. Convém nas dores fortíssimas-, contractivas; constipaçâo; grande canceira. Colocyntliis. (Coloquintidas.) Caracter physiologico. A colocynthis representa o temperamento sangüíneo bilioso. Tempo de acção. Obra por espaço de 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da colocynthis, convém bell., cham., staphi- sjeria. DE MEDICINA. ili Antídotos. Camph., caust., cham., coff., staph. Concordância em symptomas. Com puls., lycop., nux vom. Exacerbações. Moderam-se com nux vom., bell., puh. Symptomas geraes que desenvolve a colocynthis. Soffrimentos semi-lateraes. — Caimbras dolorosas ou contracções crampoidas, nas partes internas ou externas. — Encolhimento dos tendões, em algumas partes somente, ou em todo o corpo com contracções de todos os membros.—Duriinento de todas as articulações. — Dores vivas, que correm por lodo o corpo.—Abatimento pbysico emquanto se passeia ao ar fresco.— Vagados, coín frio das partes exteriores. Indicação therapeutica. A colocynthis convém na cephalalgia—cholera—colica — coxalgia—coxarlhrocace—dôr schiatica—dores abdo- minaes—dvsen teria— febre puerperal —gastrite—in- flammação parcial do abdômen—lombago—ophtalmia— paralysia—peritonite — prosopalgia — tympanite. COMA é o adormecimento no qual o enfermo é sus- ceptível de acordar, porém recahindo no mesmo estado, como se observa na congestão e na commoção cerebral. Indicação therapeutica. Arsen., nux vom., acon.,op. COMMISSURA DOS LÁBIOS ou cantos da boca (mo- léstia da) a que vulgarmente chamam sabiá.—Cura-se com ant. crud., bell., merc, sulphur, phosph. COMBUSTÕES, OU QUEIMADURAS. Indicação therapeutica. Internamente: arsenicum, carbo animalis, e vegetabilis. Logo que este accidenle acontece, deve-se immedia- lamente aquecer um ,pouco de espirito de vinho ou 118 DICC1ONAHI0 aguardente forte ou mesmo agua-raze appücar em pari- nos sobre os lugares queimados, confoimie Hanhemann. COMMOÇÃO OU ABALO DA MEDULA DA ESPINHA. Que resulta da pancada ou queda. Indicação therapeutica. Arnica. Havendo surdez, sensação paralytica nas ex- tremidades superiores, vertigem, dores do coração, vô- mitos, oppressão do peito, anciã e grande inquietação. Para a commoção em geral o principal medicamento é arnica interna, e externamente. O girasol é o su- cedâneo da arnica, e ha quem diga, que esta planta é preferível. Muitos outros medicamentos podem apro- veitar, e entre elles é o girasol e bell., led., natr. mur., nux vomica, rhus. Concepção difficil ou difficuldade de comprehender as canças por entorpecimento nervoso. Combate-se este estado" com lycop., natr.. phosph., ac. sep. CONGESTÕES NA CABEÇA OU CEREBRES (o fluxo de sangue nos vasos com ou sem derramamento na ca- vidade craneana.) Indicação thcrapeutiea. Aconitum, belladona, nux vomica, mercurius. Como ordinariamente as congestões para a cabeça são dependentes do estômago, o principal medicamento é nux vomica (uma colher de sopa ) dissolvida em 6 onças de água, para ser tomada de 10 em 10 minutos. Para as congestões geraes (orgasmo) convém: aco- nito, aur., cale, creos., lycop. Para as congestões parciaes convém: acon., bell., chin., ferr., n.vom., puls., sulph. Couium macula tu m. (Cicuta maior.) Caracter physiologico. 0 conium mac. representa todos os temperamentos. Tempo de acção. Obra por 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois do conium convém dig., lycop., nitr.,puls. DE MEDICINA. 110 Antídotos. Coff., nitr. ac.,spir., nitr.,dulc. Concordância em symptomas. Puls., sulph. Exacerbações. Moderam-se com lycop., puls., rhus, cale, ferr., nux vom. Symptomas geraes que desenvolve o conium. Caimbras e dores crampoidas em diversas partes. — Curvatura dos membros e das articulações no repouso. — Dores nocturnas e padecimentos que perturbam o somno. —Os symptomas apparecem durante o repouso, e aggra- vam-se no começo do movimento. — Facilidade de dar voltas sobre os rins. —Accessos de padecimentos hyste- ricos e hypocondriacos.—Sobresalto de tendões, tre- mura e abalos convulsivos nos membros. — Fermentação do sangue.—Inchação hydropica.—Inchação e induração nas glândulas, com dores formicantes e lancinantes. — Accessos de syncope. — Grande abatimento geral com risos involuntários.— Sensação de fadiga, sobretudo de manhã cedo, na cama.— Inquietação no corpo, sobretudo nas pernas.—Falta de energia e fraqueza nervosa.— Consumpção.—Grande di.sposição a resfriar-se.—Grande fadiga e outros soffrimentos, causados pelo passeio ao ar livre. — Falta de calor vital natural. Indicação therapeutica. O conium convém na alienação mental — cachexia — catarata—cancro nos lábios—chlorose—choréa—consti- paçâo—convulsões—dartro— disposições escrophulosas. —epilepsia — impotência — induração parcial da lingua —intumescencia do seio—ischuria—marasmo—pareôs — photophobia escrophulosa — phthysica — polluções— tosse ferina—tosse spasmodica—ulcera—ulceras na boca e na lingua — vertigem — vomito durante a prenhez. COCGYX (moléstia do coccyz) é o osso terminal da columna vertebral, que muitas vezes é atacado pelo rheumatismo, e então convém combatel-o com merc, graph., hepar, rhus. 120 DICCIONARIO CONTRACÇÃO DO UTERO NO MOMENTO DO PARTO. Belladona. Convém na falta de dores do parto, cau- sada por uma diathese inílammatoria. Pulsatilla, e secale cornutum. Convém na falta de con- tracções uterinas no momento do parto, causada por fraqueza e inércia dos órgãos. Constipaçâo ou suppressão da transpirarão manifesta-«e por moleza em todo o corpo, dores nas juntas, pelle secca, dores de cabeça e febre mais ou menos arden- te. Combate-se com acon., bell. até provocar copioso suor. CONTAGIO é a transmissão de uma enfermidade em outra pessoa por intermédio do immediato contacto ou por via do ar atmospherico. Indicação therapeutica. Previne-se a transmissão das enfermidades tomando internamente ars., sulphur., chin., veratr., cupr. CONSTIPAÇÂO DO VENTRE é a difficuldade de eva- cuar facilmente as matérias fecaes, contidas no intes- tino recto, e pelo que sendo habitual a rescecação produz a perda do appetite, dores de cabeça, vertigens, eólicas, insomnias, e mesmo ataques hemorrhoidaes. O povo chama também constipaçâo a supressão da transpira- ção. (Vid. esta palavra.) Indicação therapeutica. E' sempre nocivo os purgantes para combater este estado intestinal, porque quanto maior numero de la- xantes toma mais prisão de ventre experimenta. A homoeopathia para melhorar a condição intestinal emprega a nux vom., ópio, bry., rhus. Opium. Falta de contracções uterinas, com tremor; fortes abalos ou antes commoções do corpo; somno ensurdecido, com roncos e boca aberta. CONTRACÇÕES ESPASMODICAS DO TENDÃO DE ACHILLES. * Indicação therapeutica. Cannabis. Convém havendo impossibilidade de pôr o pé no chão. Para as contracções das partes externas convém : graph., n. vomica, rhus. DE MEDICINA. 121 CONTUSÕES. (Pisaduras, pancadas, machucadellas.) ludicação therapeutica. Arnica. Convém interna e externamente.— Conium, acidum sulphuncum. Interior e exteriormente. Con- tusões malignas que vão para gangrenosas, com pús- tulas gangrenosas e dores surdas. Arntca externa e internamente: contusões dos dedos. —Dedos azues carregado, mui engorgitados, sem po- derem mover-se. CONVULSÕES. (Spasmos.) Indicação therapeutica. Arsenicum. Convulsões indolentes no momento de adormecer. Belladona. Havendo convulsões violentíssimas do corpo todo, que fazem voltar o doente ; tira os ves- tidos. Belladona. Havendo perda de conhecimento; face balofa, rubra, movimento convulso do corpo todo, em especial dos olhos e braços; escuma pela boca ; de- lírio. Aconitum. Havendo grande calor alternando com ca- lafrio: pulso pequeno, accelerado; convulsões dos membros; sobresaltos durante o somno; respiração mui curta, com tossesinha secca. Belladona e cuprum. Havendo convulsões em um ho- mem semelhantes á dança deS. Guido. Belladona. Havendo convulsões epilépticas: movi^ mentos convulsos e violentos, no braço e antebraço; vertigem rodante ; perda de conhecimento ; movimentos convulsos dos olhos e boca; escuma avermelhada sa- hindo da boca ; a cabeça e parte superior do corpo derreados para traz ; regidezdo corpo todo; pollegares cerrados. Belladona. Havendo convulsões e oscillações cir- culares dos braços, contorsões do braço esquerdo. Belladona. Havendo tremor convulso da cabeça. Belladona. Havendo convulsões de uma criança : que ora chora, ora estende as pernas; ora se vira para traz, estrebucha com os pés, grita e aperta os dedos. Bryonia. Havendo convulsões indolentes nos dous braços, em uma mulher pejada. Chamomilla. Havendo convulsões dos braços e da face com rodar dos olhos em uma criança de 4 annos, D. M. 16. 122 DICCIONARIO em conseqüência de uma cólera ; forte calor febril; oabeça quente; grande sede ; dores de ventre. Chamomilla. Convém na palpitação convulsa das pal- pebras e dedos; pollegares fechados ; ranger de dentes, face pallida, todas as partes do corpo flacidas e pen- dentes. Chamomilla. Convém nas convulsões de um menino com diarrhéa de matérias feitas em picado. Coceulus. Havendo contínuos movimentos convulsos nos braços e coxas; ao mesmo tempo alguns abalos por todo o corpo, semelhantes a commoções electricas ; fazem estas cessar os spasmos; perda de conheci- mento ; face rubra e balofa ; respiração anciada e oppri- mida; violentas dores no index e no braço, que chegam até o peito. Conium maculatum. Havendo palpitações convulsas dos membros. Hyoseyamus. Convém em uma mulher grávida, vio- lenta cephalalgia , face rubra e balofa, freqüente palpitação nas faces; dores na fosseta do coração e baixo ventre, palpitações convulsas das extremidades superiores e inferiores, palpitação na face, e perda de conhecimento. Hyoseyamus. Havendo convulsões epilépticas de um rapaz de 11 annos: fodasas noites spasmos com gritos, contorsões dos músculos da face ; violentas convulsões, o menino rola na cama. Ignatia. Convém nas convulsões que atiram com o doente de um para outro lado de modo horrível; ás vezes oppressão do peito, o thorax eleva-se muito; face rubra e ardente. Ignatia. Havendo tremor e contorsões de membros em conseqüência de um susto; a vermelhidão da face o alterna com pallidez, muita saliva correndo da boca ; perda de conhecimento ; respiração opprimida. Ignatia. Convém nas convulsões dos meninos, com affecções cerebraes inflammatorias. Ignatia. Convém nas convulsões em conseqüência do susto. Ipecacuanha. O doente está deitado de costas, sem conhecimento ; face pallida, balofa ; convulsões espan- tosas dos músculos da face e das extremidades, que ao mesmo tempo são elevadas pelos movimentos convul- sivos; ás vezes até a parte superior do tronco se le- vanta a uma certa altura; grande enfraquecimento e vontade de lançar depois de terminado o ataque. Moschus. Convém nas convulsões da face, do peito, DE MEDICINA. 123 ventre e extremidades, perda de conhecimento ; insen- sibilidade ; e cessação dos menstruos. Pulsatilla. Havendo tremor convulso da perna, e braço direitos, por accessos. Pulsatilla e chamomilla. Havendo violento ranger de dentes em um menino de 6 annos; olhos mui arre- galados, fixos e voltados para cima; estando rijo e sem conhecimento ; frio em todo o corpo ; face pallida ; feições desfiguradas; respiração accelerada e baixa ; o baixo ventre e região gástrica mui inchados. Stannum. Havendo contracção espasmodica dos mús- culos da face, dos olhos e do pescoço; quando o accesso é violento, atira-se ao leito com a cabeça para baixo ; vertigem ; cephalalgia; inappetencia ; ardente calor em toda peripheria do corpo; as evocações ourinarias e alvinas se fazem no meio de spasmos geraes. Para as convulsões convém: ambr., caust., cliam., natr. mur., plumb. Para as contorsões, distorsõese curvação dos membros convém: bell., plat., stram. Para as caimbras dos músculos em geral convém : anac, angast., bell., cale, clúna, lyc, merc, plat., sep. Para os estalos das articulações convém : caps., led., nitr. ac, petr. (Veja-se também spasmos.) COPHOSE.—(Veja-se surdez.) CORYZA. (Defluxo pelo nariz.) Inflammação da membrana mucosa das fossas nasaes e dos seios ósseos que nellas se abrem. Indicação therapeutica. Arsenicum. Convém na coryza fluente, com excreção acre que se alterna com coryza secca e picada no nariz. Arsenicum. Havendo violento puxamento na cabeça ; coryza com excreção 'acre. Digitalis. Convém na coryza chronica com tosse. Nux vomica. Convém antes que a excreção seja abun- dante. Pulsatilla. Havendo abundante excreção. Pulsatilla. Convém na coryza chronica, com corri- mento de matéria fétida, amarellada, esverdeada; nariz inchado; forte comichão no nariz, calafrios. Pulsatilla. Convém na coryza secca, que se manifesta principalmente á noite e em quarto quente, mas mui poueo ao ar livre. 12't DICCIONARIO Ignatia. Convém na coryza em pessoas hystericas. China e âmbar. Convém na coryza repercutida. Nux vomica , antimonium crndum, pulsatilla, ipeca- cuanha. Convém havendo symptomas gástricos em con- seqüência de uma coryza repercutida, por resfriamento. Silicea, sulphur, calcarea carbônica. Convém na coryza habitual. Para a coryza fluente convém : ars., puls., rhus..selen. Para a coryza secca convém: bry., n. vom., sitie Para a coryza que se manifesta com côr pardacenta convém: ambe, lyc. Para a coryza de côr amarella convém: puls., sep. Para a coryza de côr verde convém: puls. Para a coryza de cheiro fétido convém: cale, natr. mur. Para a que se manifesta em fónya de aguadilha con- vém: cham., graph. Para a que se apresenta em fôrma de matéria es- pessa convém: puls. Para a coryza mucosa convém : ammon. mur. , ars., bor., chin., phosph., silic, sep., zine Para a coryza purulenta convém: cole, con. Para a coryza sanguinolenta convém : chin. Para a coryza sorosa convém : sulph. Para a coryza viscosa convém : bov., cham., stann. Para a coryza que arde convém: puls. Para a que se manifesta com um liquido acre e cor^ rosivo convém: alum., ars., merc. Para a coryza com desejo de espirrar, porém sem resultado, convém: carb. veg., silic. Para a coryza que se manifesta com espirros mui freqüentes convém: carbo veg., china, rhus., sabad. Para a coryza em geral convém: ars., cham., merc , n. vom., puls. Cordão spermatico ou testicular ( moléstias do ). Curam-se com puls., graph., rhus., bell., merc. Couro cabelludo da cabeça em geral (moléstias do). Combatem-se com ars., cale, merc, rhus., staphis. COXALGIA, LUCHAÇÃQ ESPONTÂNEA DO FEMUR, COXARTHRO-CHACE.—Luxação espontânea do femur. E' dôr de cadeiras que depende, ou de rheuma- tismo, ou de inflammação, ou de lesão orgânica desta articulação. — Luxação espontânea do femur, ê quando a cabeça do femur perdeu em todo ou em parte suas naturaes relações com a fossa cotiloyde, em conse-r quencia de alteração das partes que constituem a ar-: ticulação coxal, o que força o enfermo a arrastar a DE MEDICINA» 12') extremidade affectada, e a coxear por conseguinte. — Coxarthrocace, é a moléstia da articulação coxal, e especialmente havendo carie das superlicies arti- culares. Belladona, arnica, rhus, hepar sulphuris, calcar. Ha- vendo dôr atrás do trochanter tocando-se na articu- lação coxal; dôr no lado interno do joelho ; alonga- mento pouco natural da extremidade enferma, com incapacidade de a encostar no chão; calafrios alter- nados com calor. Calcarea carbônica. Convém na coxalgia de uma me- nina de três mezes. Aconitum, bryonia, belladona, arnica. Aproveitaram na clandicação espontânea. Calcarea carb*onica, Itjoopodium, causticum, silicea. Aproveitaram na claudicação espontânea. Calcarea carbônica. Convém na claudicação espontânea em um menino escrophuloso de idade de três annos; o menino arrasta o pé esquerdo quando caminha; a ponta dos pés voltada para fora; alongamento da ex- tremidade enferma. Hepar sulphuris, calcar. Convém na coxalthrocace. Hepar sulphuris, calcar. Convém no alongamento da extremidade inferior direita quatro dedos de travez; a nádega direita chata; o doente arrasta a perna doente descrevendo um circulo; dores violentas cruéis e ardentes nas articulações do quadril e do joelho, engorgitamento das glândulas do pescoço, papeira con- siderável, cura depois de cinco semanas de trata- mento. Mercurius ajudado por arnica. Havendo a extremi- dade inferior direita alongada, dores fortes, pungentes na articulação coxal direita, aggravada pelo movimento, febre. Mercurius solubilis, spongia, hepar sulphuris, calcar., arsenicum e china. Convém na coxalthrocace com abs- cesso, pelo qual mana grande porção de ichor. Colocynthidas foram applicadas com successo em uma coxalgia complicada. Sulphur. Convém na coxalthrocace em um rapaz de 14 annos, em conseqüência de um resfriamento. Rhus. Foi ntilmente appticado contra a claudicação espontânea. Arnica, bryonia, lycopodium, acidum nitricum, sulphur., calcarea carbônica, silicea, petrolium, phosphor. Convém na coxalttiroòace em um menino escrophnloso de 6 annos 4e idade. Abscesso ischiaco, corrimento de pus, 126 D1CC10NAR10 dores lancinantes no quadril, coxa e joelho direitos, luxação espontânea para dentro e para diante; im- possibilidade de estender o joelho, febre lenta. Outros remédios convenientes são: bryonia ajudada por mercurius solubilis, phosphor., sulphur., calcarea carbônica e silicea. CROSTAS DE LEITE. Erupção que sobrevêm ao rosto e particularmente aos beiços, principalmente nas crianças, e que con- siste em botões avizinhados de que emana uma ma- téria espessa que fôrma uma codea alvacenta, cahe, renova-se certo numero de vezes, e muda freqüen- temente de sitio. Indicação therapeutica. Arsenicum, bryonia, barijta acetica, dulcamara, ly- copodium, mezerium, rhus., salsaparrilha, sepia, sulphur. CROSTA SERPIGINOSA. Ulcera crostosa superficial, que, á proporção que se cicatriza de um lado, dilata-se do outro, e corre serpenteando uma certa extensão de tegumentos. Indicação therapeutica. Sulphur. Convém havendo codea serpiginosa em uma criança de seis semanas, com diarrhéa e eclampsia (convulsões e palpitações dos meninos). Outros remédios apropriados são : arsenicum, rhus., calcarea sulphurata, calcarea carbônica, clematis evecta, dulcamara, graphites, mercurius. CYANOSÉ.—Coloração da pelle em azul. Indicação therapeutica. Digitalis. Côr azul dos lábios, palpebras e lingua, frio das extremidades, ancias, oppressão do peito, tosse com hemoptysia (escarros de sangue). CYPHOSE.—Gibosidade (corcova). Indicação therapeutica. Pulsatilla. Cyphose de um rapaz rachitico. Sulphur. Ajudado de cicuta virosa e staphysagrea.— Cyphose em um rapaz escrophuloso de 10 annos' de idade, em conseqüência de uma queda de costas Ao DE MEDICINA. 127 mesmo tempo spasmos tenicos e clonicos, e estran- guria. O mercurius também é conveniente. CYSTITE.—Inílammação da bexiga. Indicação therapeutica. Merc, salsaparrilha, nux vom., sulphur. Cantharidas. Havendo dôr na região vesical, bexiga dolorosa ao tacto, picada na bexiga, principalmente antes e depois de ourinar, vontade de ourinar. D. DACRYADINITEé a inflammação da glândula lacrymai, e este estado combate-se com bell., merc, rhus. DACRYOSYRINX OU FISTULA LAGRIMAL. E' um canal anormal ou cavernoso que dá passagem as lagrimas. Indicação therapeutica. Cura-se com acidum nitricum, silicea, lachesis, calcarea carbônica, petrolium. DESFALLECIMENTO. —Deliquium animi. Indicação therapeutica. Chamomilla. Havendo perda de conhecimento, frio do corpo, hemorrhagias nocturnas do nariz, pulmões e do estômago. Hyoseyamus. Havendo face inchada, roxa, acanha- mento das pupillas, respiração mui constrangida e des- igual, e tremor do corpo. Stramonium. Havendo súbito obscurecimentoda vista, perda de conhecimento, bate o doente com mãos e pés, fallatorio confuso, não conhece a ninguém; re- tenção de ourina. Muda este estado em sopor com estrondosos roncos.—Coceulus curou as illusões ópticas. Outros remédios apropriados são aconitum, arsenicum, nux vomica, oleander plumbum, sulphur, veratrum. DEFORMIDADE.— E' todo aquelle vicio que provém de má conformação, estructura de alguma parte ou tão somente lhe faz perder a sua natural belleza e elegância, ou embaraça juntamente o livre exercício de alguma 128 DICCIONARIO Funcção As deformidades podem ser somente viciosas, ou iuntamente morbosas. As viciosas são as quenao causam algum detrimento á saúde, e as morbosas sao as que viciam a natural belleza ; e sao í 1.° Imperfurações. 2.° Excessos ou demasias. 3.° Minguas ou diminuições. 4.° Depravações. 5.° Signaes naturaes. 6.° Erro de lugar. As imperfurações podem ser: . . Asynezeze (das partes pudendas^ activa, adventicia. Phymose natural. A imperfuração da bocca. — das ventas e do nariz. — dos ouvidos. A atresia da uretra, da vagina, do ânus. Excesso, comprehende: A mydriase. A trichoma ou plica. A distichiase, distichia ou districhiase. A triorchis. O maior numero de dedos, e ás vezes duplicado membro viril. O incrassamento das unhas. Mingua ou diminuições comprehende: A caloboma (raxadura) das palpebras, das azas do nariz, do beiço, das orelhas. A rhytidose. A miose ou phtise da pupilla. O logopbtalmo ou olho de lebre; natural, sympto- matico. A alopecia: A calva, phalaerose ou madarose. Ophiase. Milphose ou milpha. A rhyas ou roeas. A crypsorchis ou monorchcs. A falta de algum olho. — do nariz. — de orelha. — do paladar. — dos dentes. — de algum membro. Depravações comprehendem: O torcicollo ou obliqüidade da cabeça, O estrabismo ou olhar vesgo. DE JÍED1C.1NA. 129 A lnscicie ou vista oblíqua. A gibosidade ou corcova, cyrtoma ou cyrtose. A gibosidade vertebral ou cyphose. — do sternon. — do omoplata. — das costellas ou scoliose. A lordose ou curvatura dos ossos: dos cambaios (varus), dos zambros [valgus), dos compernes (com- pernes). A galiancone ou curteza de braço. O coxeamento ou cyllose. O ectropio ou palpebra inversa. A myopia ou myapiase. A presbyopia ou presbycia. A tortura da boca (tortura oris). A depravação da pupilla que pôde ser : de flexão e de rotação. Signaes naturaes comprehendem : Os maculosos. Excrescencias. Erro do lugar: . . Quando a abertura7 natural se acha fora do sitio natural, como tem acontecido a vulva se achar logo abaixo do umbigo ; o orificio do ânus dentro da va- gina,etc.,etc. ^ DELÍRIO TREMULO DOS BÊBADOS. Este estado ner- voso é devido ao excesso das bebidas. Para curar-se convém, segundo os phenomenos que apresenta. Indicação therapeutica. Belladona. Havendo violento tremor. Belladona, nux vomica. Convém havendo falta de me- mória, visões, insomnia, palavras gaguejadas, e confusas, dôr no pescoço, palpitações dos membros e estremeci- mento, tremor. Nux vomica curou o tremor, a fraqueza e violentos abalos. Calcarea carbônica. No delirio tremulo com ideas de fo9 Indicação thcrapeutiea. Aconitum e pulsatilla. Havendo vertigem ; gosto amargo; vomito de bilis e de pituita ; dejecções lí- quidas pituitosa;.. O vomito é precedido do arripia- mentos e dores abdominaes. Belladona e nux vomica. Havendo cephalalgia frontal; vertigem ; olhos amarellados ; lingua amarellada carre- gada ; freqüentes arrotos amargosos; repugnância a todos os alimentos; grande sede, pressão nas regiões gástrica e hepatica ; inúteis esforços para obrar. Coceulus. Convém depois de grande raiva e do uso de algumas chicaras de chamomilla para prevenir suas conseqüências ; náuseas ; plenitude na região epigastrica; picadas no fígado; repetidas dejecções amarellas com sensação de picada no ânus; ancias; temor de morrer. E china para a pressão na região ga>trica, arrotos e constipaçâo, e cansaço com cruéis dores nas pernas. Bryonia, ajudada de chamomilla. Havendo face rubra ; sede ardente; olhar ardente; olhar selvagem; lingua suja ; gosto amargo; vomito de bilis, de sangue, d'agua amarga e fétida ; constipaçâo. Chamomilla auxiliada de pulsatilla. Havendo febre inflammatoria biliosa; lingua rubra, fendida ; ardor na cavidade da bocca ; gosto amargo, dores no coração excessivas e vontade de lançar ; cruéis dores no baixo ventre; grande desaso:ego; ancias; tosse com ex- pectoração viscosa e amarga. Chamomilla. Havendo côr amarella da conjunctiva, da pelle em roda dos olhos e das azas do nariz, rosto vermelho ; cephalalgia ; anorexía ; língua secca amarella, gostoe arrotos amargosos; muita sede; car- dialgia ; ourina c matérias fecaes biliosas. Chamomilla. Convém na cephalalgia; pulso forte, duro e freqüente; calor mordente; dorna região epi- gastrica; bocca amargosa; constipaçâo; olhos e face com aspecto bilioso ; sede e cansaço. FEBRE CATARRHAL.—Catarrho pulmonar, com mo- vimento febril. Indicação therapeutica. Nox vomica. Arranhadura na guela; voz e tosse rouca • calafrio alternado com calor, depois do meio dia. FEBRE AMARELLA. Moleza, dòr em todoo corpo, calor ardente, vontade 100 D1CC10NAR10 de lançar, pulso pouco alterado. (Vide o 2.° volume da minha "matéria medica, ou Pathogenesia artigo febre amarella.) A cor amarella é ordinariamente mui mani- festa ; em alguns sujeitos offerece variações de rubra, verde, negra e côr de chumbo. O vomito começa em geral com a moléstia. As ma- térias lançadas sãô a principio viscosas e ácidas, depois amarellas, verdes, enferrujadas ; passam a sangüíneas, pardas, negras, nos dias que precedem a morte. Os symptomas geraes, que acompanham a coloração amarella da pelle, são quasi os mesmos que os da febre pútrida (veja-se febre pútrida) ; mas na febre amarella as hemorrhagias por diversas vias são muito mais fre- qüentes : ellas têm lugar pelas fossas nasaes, bocca, bronchios, estômago, intestinos, bexiga, partes genitaes, conjunctiva, conducto auditivo externo, tecido cellular subeutaneo. Indicação therapeutica. Os principaes medicamentos são: acon., bry., cham., ars., nux vom., chin., veratr., camphora, merc,phosph., sulphur. FEBRE GÁSTRICA.—Tem quasi os mesmos symp- tomas que a febre biliosa. Indicação therapeutica. Aconito, repetidamente. Bryonia. Se ha violenta dôr pungente no estômago; vertigem ao erguer-se; lingua carregada, suja, sede forte ; vomito de bilis ; constipaçâo pertinaz : pulsação do coração. Bryonia. Havendo febre com sede moderada ; picadas na fosseta do coração ; amargor de bocca; pressão no estômago; repugnância e até horror aos alimentos: cheiro pútrido da bocca; vomitosinhos ; constipaçâo. Chamomilla. Havendo cephalalgia; dôr no pescoço e garganta, gosto amargo e cheiro pútrido da bocca ; dores no coração e vontade de lançar; eólica ventosa com ventre cheio de ar; dejecções dolorosas, diarrhaicas verdes; sobresaltos durante o somno. Ipecacuanha. Havendo tremor dos lábios ; lingua carre- gada de espessas mucosidades, arrotos, dores no co- ração; vômitos de alimentos, gosto amargo, fastio. Nux vomica. Havendo calafrio geral, rubor da face, lingua carregada, amarellada, bocca amarga, dejecções DE MEDICINA. "161 freqüentes, pouco abundantes com dôr de excoriação no recto, cabeça tomada quaesquer esforços, ainda mo- derados, provocam desfallecimento. Nux vomica. Havendo freqüente horripilação seguida de calor geral, fastio, lingua branca, dores continuas do coração, regurgitação do que se comeu, e dejecções aquosas e pouco abundantes, vertigem, cabeça tomada, insomnia, abatimento geral. Nux vomica. Havendo calafrio, sede com repugnân- cia para alimentos e bebidas, lingua amarella, tiocca amarga, dores no coração, vomito do que só comeu, desejo de obrar, mas sem effeito, face côr de terra. Pulsatilla. Havendo erutação, vomito, gargarejos no ventre, febre, desenvolveu-se a moléstia em conse- qüência de comidas de carne de porco. Veratrum álbum. Havendo grande fraqueza, lingua secca, carregada, amarella, grande sede, ventre duro e inchado, arrotos amargos, constipaçâo. O Dr. Schweibert recommenda contra as febres gás- tricas e biliosas: pulsatilla, chamomilla, antimonium crudum, nux vomica, bryonia, ignatia, rhus, cocculos, ta- raxacnm, trifolium. FEBRE HECTICA, ou dos phtisicos. E' de longa e in- determinada duração. Pulso accelerado e pequeno ; ourina variável; os ca- lafrios predominam sobre o calor; transpiração noc- turna, matinal; affecções da cabeça; desalento; mo- rosidade; humor variável; febre augmentada depois de comer, vermelhidão circumscripta das faces; calor ardente das faces e palma das mãos; emagrecimento ; colliquação. Indicação thcrapeutiea. China e silicea. Havendo tosse violenta cora abundante expectoração de matérias verdes e purulentas; febre quotidiana, com exacerbação de manhã e remissão depois do meio dia. Ao mesmo tempo magreza e fra- queza. Ferrum metallicum, arnica, ipecacuanha. Havendo febre hectica e cachexia causada por abuso da china: de- bilidade extrema; anorexía; grande disposição para transpirar; a transpiração é mui debilitante; dejec- ções diawhaicas; muitas vezes até evacuação de ali- mentos por digerir; o menor rumor e todo o cheiro algum tanto forte causam agonias; perda completa de memória ; face hyppocratica. D. M. 21. Htt DlCi.IONARIO Ipecacuanha. Havendo febre á noite ; aggravaçao com grande inquietação e incommodo geral; pelle como pergaminho; o doente parece um esqueleto; anorexía; o mesmo movimenlo tira a respiração. Stannum c ammonium carbonicum. Havendo febre lenta com abscesso pulmonar. FEBRE INFLAMMATORIA. O sangue super oxigenado, èxaltamento das forças electricas ou galvanias do cérebro também exaltados produz o excesso do calor, e por isso, sendo a acção do coração mais apressada, o sangue é impellido pelos vasos sangüíneos para o cérebro com mais força, tendendo a conservar o es- tado desordenado deste órgão. Tornando-se a pelle re- sequida, continua o calor a accumular-se, por falta de superfície conductora da prespiração que expelle o calor acumulado. Pelo excesso do calor se perturbam as funcções de todos os órgãos e por isso, as excreções são mais ou menos alteradas ;e daqui vem sobretudo a cephalalgia, vertigens, somnolencia, que precedem muitas vezesâ fe- bre inflammatoria ; n'outros casos vem com súbita inva- são. Commummente apparece sem frio inicial. A febre- ijtfiammatoria declarada mostra os seguintes symp- tomas : vermelhidão da face, conjunctivas, das membra- nas mucosas do nariz, lábios e boca ; côr rosada da pelle era todo o corpo ; intumescencia geral, mais sensível na face e palpebras ; augmento na freqüência e força das pulsações do coração e artérias, no volume das veias sub- cutaneas; hemorragias por diversas vias; apparição de grandes manchas vermelhas, em muitos pontos da pelle. A physionomia e attitude do enfermo, denotam op- pressão ; carnes firmes, movimentos difficultosos, sen- timento de peso geral, dores gravativas nas diversas partes, fadiga prompta no moral e physieo, somno- lencia ou insomnia, fastio, ardente sede, sensação de secura na bocca e garganta, constipaçâo, respiração accelerada, oppressão, calor halitoso, ourina vermelha. Indicação therapeutica. Belladona. Febre continua com dysphagia e tosse violenta e secca. Belladona. FebFe continua, com sonhos, photophobia, e vivo rubor da face. Aconitum, foi muitas vezes applicado com bom êxito nesta moléstia. FEBRE INTERMITTENTE. Tem por causa a suppres- DE MEDICINA. 163 são da transpiração (constipaçâo) da pelle ou a absorção de miasmas desprendidos dos lugares paludosos. 0> ef- feitos destes effluvios são occasionar a reducção das forças vitaes do corpo humano : daqui o resfriamento das ex- tremidades^ pulso pequeno e fraco, pallidez de sem- blante. Depois sobrevêm calor excessivo, o pulso cheio e vigoroso, e os vasos sangüíneos da cabeça mui carregados; e isto dura algumas horas até que apparece copioso suor que conduz o excesso do calor, deixando o corpo em estado de languidez. Os miasmas deprimindo-, o principio vital, a acção exaltada dos systemas ner- voso e sangüíneo fazem um esforço para adquirir a sua energia, e a febre é uma salutar tentativa da na- tureza para preservar e resistir á causa mórbida; porém sendo os seus esforços proporcionados ao gráo de debilidade ou deficiência do calor vital, a tem- peratura do corpo é consideravelmente augmentada a cima do seu estado normal; daqui vem os incom- modos do fígado que tende a conservar os effeitos dos miasmas paludosos. Este damno local é a causa e não o effeito da doença. As forças do cérebro se alteram pelo excessivo calor, as funcções inteflectuaes são per- turbadas e produzem o delirio. Succedem symptomas de extrema debilidade, e esta irritação mórbida do systema nervoso continuará muitas vezes, depois de ter aquietado o excessivo calor'. Ha neste estado uma disposição do organismo para a decomposição, a qual muitas vezes apparece parcialmente produzindo o que se chama mortiíicação ou gangrena. Esta fôrma de febre tem se chamado febre pútrida ou typho. Estas febres são muitas vezes epidêmicas, não por prin- cipio de infecção, mas por estado ou condições das localidades onde apparecem. Tem-se reconhecido a pre- sença de febre de natureza contagiosa, por causa de uma particular matéria que entra no corpo, pela via da res- piração, porque se tem encontrado nas ourinas dos en- fermos um cheiro forte, como o da terebinthina, pouco tempo depois de terem os miasmas invadido a cir- culação do sangue. Indicação therapeutica. Aconitum. Febre diária, calor universal, cephalalgia violenta com sede, seguida de transpiração. Aconitum. Accessos febris irregulares em um menino^ de dous annos, calafrio quasi imperceptível, seguido de calor universal, cephalalgia, anorexía. » 164 DICCIONARIO Aconit. Febre quarta, calafrio á noite, seguido de calor, que dura dez horas consecutivas. Antimonium crudum. Febre com symptomas gástricos, dôr de peito, tensão e dôr na fosseta do coração. Antimonium crudum. Febre com vomito e inchação da região precordial. Antimonium crudum. Febre terça. Durante a apy- rexia: náuseas, dores no coração, muitas vezes até vomito, lingua suja e carregada, fastio, e oppressão no estômago. Antimonium crudum. Pouca sede ; muitos symptomas gástricos. Arnica. Febre terça: face amarellada, balofa; res- piração difíicilima, ventre duro como balão, gosto e arrotos pútridos, tossesinha secca, laceração nas ar- ticulações do pé; havendo abuso da china, duas doses de, arnica. Arnica. Febre intermittente ; sede intensa, que pre- cede os arripiamentos, seguida de calor e suor. Arnica. Havendo febre quotidiana: grandes cala- frios de manhã, seguidos de forte calor e de trans- piração abundante; sede durante os frios que aug- mentam no periodo do calor; dores na região gástrica, fastio, repugnância á carne. Arnica duas doses. Arnica. Febre com dores repuxantes nos membros, calafrio á noite, seguido de calor secco, de congestões na cabeça e de sede intensa. Arsenicum. Febre terça, dôr sacral, seguida de hor- ripilação, mãos e pés frios e azues, tosse curta e secca, e inchação da fosseta do coração, depois calor com cephalalgia pungente e sede, seguida de transpiração, sensibilidade dolorosa do couro cabelludo ao tocar- se-lhe. Arsenicum. Febre diária, cujos accessos têm lugar de manhã, tosse curta e secca, oppressão do peito antes e ao tempo do arripiamento; cede a mesma em todos os períodos. Arsenicum, três doses. Febre terça: frio intenso que dura muitas horas alternado com ardente calor, grande fraqueza e caducidade, peso das pernas, humor triste e abatido, cephalalgia violenta com dôr pressiva de dentro para fora, e picadas na região temporal es- querda, dores no coração, gosto desagradável e re- pugnância a todos os alimentos durante o accesso, constipaçâo, lábios inchados cobertos de crostas. Arsenicum. Febre terça: de manhã fortes frios, se- guida de violento calor com grande sede, agonias, DE MEDICINA. IG5 jactação, cephalalgia violenta ; o enfermo extravaga, respiração cerrada, accelerada, falta de appetite, lingua rubra e secca ; extremo abatimento, tremor de mem- bros, dores vagas em algumas partes do corpo, a trans- piração vem a final para a noite e traz diminuição de todos os symptomas. Arsenicum, duas doses, ajudado por aconito. Arsenicum, três doses, uma todas as noites. Febre quotidiana : desenvolvem-se os accessos depois do meio dia, o frio alterna-se muitas vezes com o ardente calor que se lhe segue. Ao mesmo tempo tosse, cuja vio- lência chega a excitar vômitos, gosto amargo, ex- cessiva sede durante o calor, grande dôr nas costas; é o accesso seguido de quebrantamento geral e de ce- phalalgia. Arsenicum três doses. Febre quarta havia três mezes: vêm os accessos com pandiculação e puxamentos no corpo, extrema fraqueza, e sensação como se derra- masse água fria pelo corpo, depois calor violento, ardente, que dura quasi duas horas e occupa princi- palmente a cabeça, cora sede insupportavel, transpi- ração pouco abundante segue-se no calor, face ter- rosa, lábios seccos e tendidos. Arsenicum três doses. Febre quarta, que, depois de cura apparente obtida pelo sulphato de quinino, havia voltado com prostração de forças, frio fatigante, calor violento, ardente e de longa duração, com sede e ce- phalalgia . Arsenicum. Havendo febre quarta ; cephalalgia cruel; completa caducidade; bocejos ; pandiculação ; violento frio com tremor, seguido de calor com sôde, e depois transpiração; face descarnada, terrosa ; olhos com olheiras; cheiro pútrido da bocca, edema dos pés. Arsenicum ajudado por ipecacuanha uma gotta. Ha- vendo febre intermittente com cachexia causada por abuso de china. Arsenicum. Havendo febre terça; vertigem, frio com tremor, ausência de sede, vomito de bilis e depois de sangue, calor a principio secco, depois de trans- piração e de sôde, grande caducidade. Arsenicum. Havendo calafrio com tremor, dores na cabeça e membros, pressão no sacro e na fosseta do coração, com difíiculdade de respirar, seguida ás vezes de dores no coração e vomito, depois ardente calor externo e interno com seccura de língua e sede, ra- ramente seguida de transpiração. Arsenicum. Havendo calafrio com affecções violentas 166 D1CC10NAR10 do peito e dores nos membros, seguido logo de calor e de cephalalgia, o suor só vem muito mais tarde ; o doente bebe pouco, posto que sinta ardente sede du- rante os três períodos. Arsenicum. Havendo febre quarta; freqüentes bo- cejos, pandiculação, calafrio com tremor, cephalalgia, oppressão de peito, ausência de sôde, depois calor ar- dente até a noite com rubor da pelle e sem sede; o enfermo acorda á meia noite, e copiosa transpiração, seguidos de lassidão e incommodo. Arsênico. Convém na febre quarta, calafrio violento, calor moderado ; o suor dura muito tempo, com fra- queza extrema nos membros e frouxidão geral. Na apy- rexia, sensação de vasio na cabeça erguendo-se; o doente é forçado a estar de cama; inappetencia, aug- mento de sede, suor frio e suor glutinoso, e rosto pal- lido; o doente inquieta-se a respeito de seu estado. Arsênico. Convém nos calafrios seguidos de calor, falta de sede nos dous períodos ; o accessp ê seguido de cephalalgia frontal violenta e pressiva. Arsênico. Convém na febre terça, com grande fraqueza e edema dos pés. Arsênico. Convém na febre quotidiana, vontade vio- lenta de ir á bacia e de ourinar, grande inquietação e ar- dente desejo de beber água fria. Arsênico. Convém na febre quarta, calafrio brando seguido de calor abrazador com cephalalgia violenta e sede inextinguivel; o suor só se manifesta muito tempo depois do calor, ardor doloroso na região gástrica. Arsênico duas doses. Convém na febre quarta, calafrio brando seguido de grande calor com delirio e cephalalgia violenta ; em seguida transpiração moderada, sede antes e durante os frios, pressão pela região gástrica e volta á vida antes dos frios. Arsênico. Convém na febre terça, vertigem, cepha- lalgia frontal pulsativa ; frio com suor durante três ou quatro horas, resistindo a um calor exterior, acompa- nhado de um vomito de bilis e de sangue, com ausência de sede, seguido de um calor secco, ardente, com sede, e finalmente transpiração. Arsênico. Havendo calor secco e curto, cephalalgia frontal violenta e pressiva de dentro para fora, sede, ineommodos de coração, gosto pútrido, dôr na cavidade do coração, ventre inchado e estendido. Arsênico. Havendo febre terça, frio, rangido dos dentes e sede; depois calor violento com delirio e perda de conhecimento, cephalalgia despedaçadora e sôde, íi- DE MEDICINA. 167 nalmente suor exhatando um cheiro ácido, inappetencia, náuseas, ineommodos do coração, gosto amargo, lingua muito carregada e branca, erupção crustosa em roda da bocca. Arsênico. Havendo febre terça, vertigem girante, frio violento, depois calor que se torna, pouco a pouco, de- mais a mais ardente ; o accesso acaba por uma transpi- ração de longa duração; pouco appetite, grande sôde durante o periodo do calor. Arsênico. Havendo febre quotidiana, os accessos appa- recem durante ou depois do meio dia ; bocejo, depois frios com tremor seguidos de calor com sôde moderada e dôr muito aguda e pulsativa na fronte; tosse secca, oppressão do peito, respiração acompanhada de dores cortantes; o accesso termina por uma transpiração branda. Arsênico. Convém na febre intermittente anômala; os accessos têm lugar depois do meio dia, frio intenso sem sede, dores ardentes no peito, tremores frios per- correm as costas desde baixo até ás espaduas, algumas flatuosidades sobem para o peito; esses symptomas se repetem á noite. Abatimento de forças na apyrexia.— Os accessos têm desapparecido depois do emprego do arsênico; a sensação de fraqueza, a moleza, a vontade de vomitar, symptomas que se manifestam todas as manhãs depois da cura da moléstia principal, têm sido curados com pulsatilla. Arsênico. Havendo febre quarta, ao meio dia, frio com tremor, depois calor moderado alternado de tempos em tempos com calafrios; algumas vezes sôde moderada ; nenhuma transpiração ; pressão pungentiva e batidelas na fronte, até nos olhos para o fim dos frios; o movi- mento augmenta esta dôr; somno agitado e inquieto, edema dos pés. Arsênico. Havendo febre terça: o accesso começa por pandiculações e bocejos, dores agudas pouco antes e du- rante os frios; o principio do calor ainda é misturado de calafrios; o calor é seguido de suores; quasi total ausência de sôde; ao mesmo tempo spasmo de pulso e viva anciedade. Arsênico. Havendo febre quotidiana, frios com tre- mor, ineommodos de coração, excessiva diminuição de forças ; o frio é seguido de extraordinária sôde, depois calor excessivo e transpiração.—Nux vomica, que já tem sido dada antes do arsênico, só faz suspender o accesso momentaneamente. Belladona é sobretudo indicada quando ha calor com 168 DICCIONARIO violentas congestões para a cabeça e tresvarios, e quando 3 moléstia se approxima de uma febre nervosa ou de uma encephalite. Belladona. Convém na febre terça, com grande sede e odontalgia. Belladona. Convém na febre principiante com exces- siva sede e cephalalgia, frios acompanhados de tremor ; o doente comtudo pôde estar fora da cama, grande sede, calor acompanhado de delirio e de transpiração. Belladona. Convém na falta de sôde nos períodos do frio e do calor. Belladona. Convém na febre terça: os accessos têm lugar depois de meio dia, calafrios desde os pés até aos joelhos, depois calor, bocca secca, sede e transpiração pouco consideráveis. Belladona. Convém na febre quotidiana*, frio prece- dido de sede e seguido de calor sem transpiração e sem sôde. Bryonia. Convém na febre com symptomas gástricos e aggravação pelo movimento. Bryonia. Convém na febre quotidiana : os accessos ' são depois de meio dia, frio considerável com tremor du- rante muitas horas, cephalalgia insupportavel, pressiva de dentro para fora, sobre tudo na fronte, aggravada pelo menor movimento e acompanhada de ardente sôde; os frios não são seguidos de calor. Somno nocturno muito inquieto e não reparador. Brijonia. Convém na febre terça: grande frio durante meia hora, depois augmento de calor da pelle, pulso freqüente, grande sede, transpiração pouco abundante. Na apyrexia affecção de pus corâ tosse secca, aspecto pallido. Aconito duas doses antes do accesso; e bryonia uma dose. Convém na febre terça. Vertigem com cephalalgia pontada do lado e no peito ao respirar, frio brando, se- guido de forte calor, delirio, sede ardente com tosse secca, suor. Brijonia três doses. Havendo frio com tremor, rangido de dentes, grande sôde, tosse secca e muito fatigante com violentas pontadas para o peito, calor alternando a princípios com frios, depois só e muito 'violento, acom- panhado de ardente sede e seguido de transpiração mui abundante que faz cessar a tosse e as pontadas para o peito. Bryonia. Convém na febre com dôr do cérebro, symp- tomas gástricos, dores rheumaticas, aggravadas pelo movimento, disposição á constipaçâo. DE MEDICINA. 169 Cantharidas. Convém na febre terça com catarrho da bexiga e da uretra. Calcaria carbônica. Convém na febre quarta : pouco frio, calor violento com sôde, insomnia, ineommodos de coração e vômitos de manhã. Capsicum. Havendo tirando frio e pouco calor. Carbo vegetabilis. Havendo sôde no periodo do frio, falta desta no do calor. Carbo vegetabilis. Convém na febre terça : os accessos são á tarde, frio com sede seguido de calor e cephalalgia, a sede torna-se mais incessante no periodo do calor, obstrucção. Carbo vegetabilis duas doses. Convém na febre quarta : frio nioderado,seguidode calor com cephalalgia violenta, finalmente suor, sede no periodo frio, entretanto o doente pouco bebe de cada vez. Chamomilla. Convém na febre terça : o accesso é se- guido de excessiva pressão no coração, com suor ardente na fronte e jactação excessivamente anciosa. Chamomilla. Convém na febre quotidiana: frio sem sede, depois calor com pouca sede, seguido de abundante suor, grande fraqueza, inappetencia, somno agitado por sonhos afflictos, inquietação. Chamomilla depois do emprego da china, sem outro resultado mais que a diminuição na força dos accessos. Calor abrasador no somno, na face ena testa, mãos antes frias que quentes, pés frios, repugnância aos elementos, constipaçâo, sensibilidade dolorosa dos membro são tacto, o accesso* é precedido de ardente sede e acompanhado de sôde mais moderada, vomituração, vomito de mucosi- dades, tosse. China. Gonvém na febre quotidiana, frio, vertigem, rosto pallido, frio e pallidez das mãos e dos pés, vomitu- ração que traz mucosidades do estômago á bocca, o calor é violento de longa duração, cephalalgia, vivo rubor do rosto, pulso cheio eaccelerado, tosse secca, spasmodica, abalante com sensação dolorosa na região dos hypocon- dfios e principalmente na cavidade do coração, somno- lencia, transpirarão nocturna. A.sède é moderada du- rante os períodos do frio e do calor. Na apyrexia, tosse secca e espasmodica, China. Gonvém na febre quarta: frio, calor, sôde e transpirarão consideráveis. Durante a febre e a apyrexia, gosto, golfada e vomi to amargo, lingua carregada de uma crosta grossa, de um escuro amarcllado ; pressão, picadas e inchação na região do baço, rosto pallido e amarellado. China. Convém na febre quarta : frio moderado e de D, M. *2. 170 DICCIONARIO curta duração, seguido de dôr violenta e pressiva no occipital, congestão para a cabeça e face, dôr cortante ao lado direito e ao redor do olho do mesmo lado, esse olho é rubro e ardente, não pôde supportar a luz e é delia affectado dolorosamente, olhos lacrimosos, calor geral, mas pouco intenso ; grande sede ; o accesso dura desde manhã até á tarde e seguido de abundante transpiração nocturna. Na apyrexia: anciedade, desanimo, tristeza, abatimento e fadiga. China. Convém na febre quotidiana: grande frio, sôde ardente, oppressão no peito, depois calor acompa- nhado de anciedade, de tormentos, de sôde e seguida de transpiração geral durante a noite. Na apyrexia, cabeça presa, odontalgia, pouco appetite, evacuações raras e duras, aspecto palllido, freqüente de côr do rosto. Ma- gresa considerável, lassidão, dores nocturnas nas mem- branas, tristeza. China uma gotta, de três em três horas, durante muitos dias. China, duas doses; grande frio interior e exterior com transpiração, ao mesmo tempo rubore calor da ca- beça, o accesso termina por um calafrio misturado de calor e seguido de uma ligeira transpiração ; sêdeem- quanto dura o accesso. China, uma meia gotta. Convém na febre quotidiana ; aspecto térreo, amarello-denegrido, grande sensibili- dade dos tegumentos da cabeça, fraqueza cora tremor, somnolencia e plenitude depois da comida, grande sen- sibilidade á correnteza do ar. O frio é precedido de sede e seguido de calor e de transpiração debilitante. China. Convém na febre intermittente sem sede. China, duas doses. Convém na febre quarta: frio durante uma hora, seguido de calor com cephalal- gia e delirio, depois suor. A sede só apparece antes do frio. O frio é precedido de náuseas e ás vezes de vomito. Fome logo depois da febre. Na apyrexia, pouco appetite com dôr e inchação pela região gás- trica. China. Havendo vomito depois do paroxysmo. China. Convém na febre terça, sem ser precedida de frio, tosse spasmodica com abalo doloroso esem expec- toração. China. Convém na febre quotidiana. Na apyrexia, frio glacial do corpo com suor frio. Fome continua, grande magreza, aspecto pallido, somno inquieto e com la- mentos. China. Havendo frio violento com vomito de bilis, rosto pallido, mesmo no periodo do calor. DE MEDICINA. 171 China. Havendo grande sôde durante o periodo do frio e embaraço na cabeça. China. Convém nos ineommodos de coração, prece- dido de gosto amargo, muitas vezes vômitos mueosos, depois suor com bulinia. Chininum sulphuricum, Convém na febre terça : accesso irregular, frioe dores agudas nas costas: dôr pela região gástrica, depois c dor com cephalalgia e sôde ; finalmente suor frio e fétido. Na apyrexia: dôr pela região gástrica, repugnância aos alimentos cosidos, constipaçâo, tosse nocturna com expectoração. Coceulus. Convém nas febres intermittentes, que con- siste puramente em frios com tremor á tarde e evacua- ções cuja apyrexia é acompanhada de vertigem, de dôr surda pela cabeça, de desanimo e de fraqueza geral. Drosera. Convém na febre intermittente com vomi- turação. Drosera, em repetidas doses. Quando a coquluche reina ao mesmo tempo epidemicamente, grande calafrio, com face fria, frio glacial dos membros e dos pés, acompanhado de vomito bilioso, o calor é seguido de ce- phalalgia violenta, pressiva, pulsativa e de tosse spas- modica e abalante. Symptomas gástricos na apyrexia. Ferrum aceticum. Convém na cephalalgia violenta e pressiva na fronte, depois frio violento durante três quartos de hora, com aggravação das dores pela cabeça e grande sêdc, o cator que segue o frio é moderado, bem como o suor, gosto amargo, inappetencia, constipaçâo, face amarellada, grande lassidão depois do accesso. Na apyrexia, cephalalgia moderada. Helleborus. Convém na febre intermittente com edema dos pés, endurecimento do fígado e affecções abdominaes. Hyoseyamus. Convém na febre'quarta chronica com tosse secca nocturna que suspende o somno. Hyoseyamus. Convém na febre intermittente quoti- diana, epiléptica, em conseqüência de disputa ou de cólera. Ignatia. Havendo sede ardente no periodo do frio. Ignatia, quatro doses. Convém na febre quotidiana: sôde violenta ao começar o frio, que é intenso e de longa duração, humor calmo c concentrado. Ignatia, duas doses. Convém na febre quotidiana : frio violento com tremor, ao mesmo tempo dores pela ca- beça e nos membros, com grande sede, depois calor e cephalalgia, finalmente suor. Ignatia, uma gotta. Convém na febre terça: bocejo e pandiculação de membros: frio violento com tremor, 172 DICCI0NAR10 principalmente nas costas e nos braços, com desejo de beber água fria, depois calor exterior com horripilaçao intima, finalmente suor seguido de lassidão geral. Falta de sôde nos períodos de sôde e suor. Laconismo, completa inadvertencia, o doente olha fixamente para diante, disposição a zangar-se. Ignatia. Havendo sôde somente no periodo do frio ou aoinenos principalmente neste periodo. Ignatia. Convém na febre intermittente epidêmica, frio com sôde que diminue durante o calor, o calafrio ordinariamente é acompanhado de matérias biliosas e mucosas ou mesmo de alimentos. Ignatia. Convém na febre quotidiana: es accessos são á noite, calafrio, depois seguido de suor, sôde nestes dous últimos períodos, zumbido nos ouvidos, consti- paçâo depois de muitos dias-. Ignatia, duas doses. Convém na febre quarta : frio se- guido de ligeiro calor com transpiração pouco abun- dante. Sede antes e durante o frio. Inappetencia. Ignatia, duas doses. Convém na febre quotidiana : frio nos pés, depois no sacro, seguido de calor com cepha- lalgia, depois suor universal, sôde somente antes e du- rante o frio, anorexía ; repugnância para o pão. Dores pela região gástrica. Ipecacuanha, duas doses todas as manhãs. Convém na febre intermittente com frio pouco intenso, symp- tomas gástricos e cerramento contractivo do peilo. Ipecacuanha. Havendo frio com arripios, depois calor fugitivo, pouco appetite, lingua carregada e esbran- quiçada ; nada de sôde ; evacuações duras e compactas , vomituração desde o estômago até á garganta. Ipecacuanha. Convém na febre intermittente com vo- mito violento e mais forte no periodo do frio do que no, do calor. Ipecacuanha. Havendo febre quarta: frio, calor com cephalalgia; depois suor; o mesmo gráo de sôde nos períodos do calor e da transpiração. Ipecacuanha. O accesáo tem lugar depois do meio dia ; frio e sôde intensa, seguido de calor e sede moderada,' que duram á tarde e se complicam durante a noite com cephalalgia; um suor nocturno ácido termina o accesso. Uma ligeira recahida tem sido curada com nux vomica. Ipecacuanha e nux vomica. Frio com tremor , seguido de calor e de suor, sôde nos três períodos. Lachesis. Frio com ardor no rosto, horripilaçao con- tinua em todo o corpo, para a tarde cephalalgia violenta e grande calor , transpiração abundante de manhã. DE MEDICINA. 173 I Lechesis. Havendo febre terça , dores violentas nos membros, agitação e oppressão do peito, dores de cabeça excessiva, e delirio com os olhos abertos. Üachesis. Gonvém nas febres intermittentes rebeldes cem magreza e côr pallida e de um pardo amarellado. ttesereum. Havendo febre quarta, calafrio e corpo frio drfante muitas horas, frio glacial das mãos e dos pôs, sfi.ve na apyrexia, rosto mui.pallido, cephalalgia surda e p %siva, inappetencia, inchação e dureza da região do ] *'" o, dòr pressiva no baço que é inchado , sensibilidade ir frio, fraqueza geral. Hairum muriaticum. Gonvém na febre terça, frio, *n- e suor predominantes , grande sôde durante o Íir, tosse.curta e secca, e fisgadas do lado esquerdo do omen, erupção vesicular no lábio superior , gosto ■âariu cephalalgia e tosse; transpiração pouco abundante c / - mente na cabeça, sôde durante e depois do caloi f/'< dôr que se manifesta depois da cessação da febre, i- sido curada com camphora, em doses. \ Natrum muriaticum. Na febre quotidiana: frio db •.. hora e meia, sem sôde, suor nocturno sem sêoe .... doente não acha gosto nos alimentos. i Nux vomica, secundada por ipecacuanha. Hivendb sidão pela manhã, pandiculações, bocejos; depois violento com sôde, seguido logo de calor sem sôde.* apyrexia : cephalalgia frontal, constipaçâo. £*« Nux vomica. Na febre terça : cephalalgia frontal n£ forte de manhã e diminuindo pelo dia adiante, repugnf cia para todos os alimentos, sôde, vomito de mu; biliosos e de tudo que se tem comido; depois da mida pressão na cavidade do coração, seguida de raitoe de inchação ventosa; grande fraqueza do co*, anciosa vontade de ir á banca. Humor irascivel. Nux vomica. Quando a sede acompanha o frio »- quando o doente experimenta alternativamente e duas alterações. Nux vomica. Na febre quotidiana: frio intenso cò> tremor, rangimento de dentes e sôde; o frio augn. ta-se depois que se bebe; o frio é seguido de calor, o accesso acaba por suor ; falta de appetite, arrotos azedos, constipaçâo- Nux vomica. Na febre quotidiana : frio violento se- guido de calor com sôde, lingua carregada e branca. Nux vomica. Se o paroxismo é precedido de aneravia, de ineommodos do coração e de vomituração, lingua carregada de mucosidades. Nux vomica três doses. Havendo frio e calor com prostração de forças, dôr violenta no occipital, gosto amargo, arrotos, falta de appetite, constipaçâo, grande sôde durante e depois do periodo febril, face amarellada, lingua carregada e branca. Nux vomica duas doses. Havendo febre quarta opi- niosa, com frio geral predominante. Nux vomica. Convém na febre quarta: frio nos ossos ; depois grande calor com cephalalgia, seguida de abun- dante suor. A sede só tem lugar no periodo do calor, ao mesmo tempo vontade de vomitar e dôr aguda nas extremidades, dôr pela região gástrica. Nux vomica, uma doso. Convém na febre: frio em algumas parles do corpo seguido de grande calor uni- DE MEDICINA. 175 versai, com atordoamento e grande sôde: o accesso ter- iam por abundante suor. Bom appetite na apyrexia. jYtfec vomica, duas doses. Convém na febre quarta: fi»ojDoderado, depoiscalor, seguidos de ligeira transpi- r^jt)"; sôde antes do frio e alguma transpiração no por" ío do calor, ventre duro e balofo, inappetencia, üf} ■. carregada e branca. 0 ~,.j^ vomica, duas doses. Convém na febre quarta: f11 v ;e curta duração com violenta cephalalgia ; depois c. t/f~".} diminuição deste; o suor é pouco abundante. P, v^a sôde no periodo do calor, pouco appetite, bocca ;" rga. % ,.rix vomica. Convém na febre terça com typo poste- ,*, mente (isto é, volta dos accessos depois das horas 1 r -postume): frio geral e dores nas regiões gástricas ê;; ypocondriacas ; depois calor cora cephalalgia, seguida eS uor. Sede ardente antes do frio e no calor ; no frio ]■< *;a somente secca. Anorexia na apyrexia; os ali- tos frios sabem mais ao doente. Ix vomica. Convém na febre terça: o accesso é új jís do meio dia; frio pouco intenso durante três b; as, seguido de vomito; depois grande calor geral, iÀ uso, com cephalalgia ; o accesso acaba por um suor geral abundante, com augmento das dores de cabeça ; \e no calor e ainda no suor. Na apyrexia, gosto i^margo, lingua carregada e branca, pouco appetite, dôr peía parte inferior do baixo ventre ; o branco dos olhos éamarellado, evacuações duras, ourina côr de café. Nuxvomica. Convém na febre terça: frio moderado seguido de muito calor com cephalalgia violenta, sem transpiração; vomituração no periodo do frio e sede no do calor ; bocca amarga e anorexia. Nux vomica. Convém na febre quotidiana ; frio mode- rado, grande calor e suor abundante; a sôde mani- festa-se depois do frio ; cephalalgia e vomituração du- rante o calor, ao mesmo tempo inappetencia e pressão na cabeça. Nux vomica. Havendo lancinação para o peito, costas e coxas; respiração curta, grande sede no periodo do frio; o calafrio é seguido de violenta cephalal- gia ; a sede diminue no periodo do calor, transpira- ção nulla. Nux vomica. Convém na febre quarta : frio periódico de todo o corpo e moleza geral. Opium. Convém na affecção cerebral e lethargia no periodo do calor. . . • , Opium. Convém na febre quotidiana: frio violento 176 DICCIONARIO com suor, seguido de somno pesado com calor e transpi- ração, cephalalgia e lassidão depois do despertar. ,,, Pulsatilla, uma única dose. Convém na febre quoti- diana : á tarde para as seis horas, frio violento que dura uma hora e é seguido de grande cephalalgia, depois suor durante a metade da noite. Na apyrexia, cepha- lalgia violenta e continua, dôr de peito, tosse forte com expectoração e gosto amargo. Pulsatilla Convém na febre terça. Na apyrexia^peso excessivo em todo o corpo, somnolencia diurna egfande lassidão, principalmente á tarde ; o doente é friorente, somno nocturno muito agitado, evacuações aquosas. Pulsatilla. Convém na febre terça: frio intenso, acomDa-^ nhado de abatimento geral, precedido de eruetaçõese seguido de grande calor com cephalalgia e abatimento ; depois transpiração abundante sem sede, dôr violenta nos membros antes e depois dos frios. Pulsatilla, duas doses. Convém na febre quotidiana: frio durante uma hora, depois calor com cephalalgia e alguma sôde seguida de suor, evacuações moles. •> Pulsatilla. Convém na febre terça: frio com cepha- lalgia ; o calor dura pouco e é acompanhado de respi- ração curta ; a transpiração e a sôde suecedem ao calc>-; repugnância para todos os alimentos, principalmente á manteiga ; rosto altivo, humor embuxado e caprichoso. Pulsatilla Convém no engurgitamento dos dedos antes do accesso, depois frio seguido de calor com sôde, suor frio, congestões para a cabeça com pulsações das artérias temporaes, tosse com vontade de vomitar. Rhus. Convém na febre dupla-terçã: frio com sôde e dores nos membros, depois calor geral, comtudo o movimento ainda excita calafrios. O accesso termina por um suor ainda abundante, ao mesmo tempo zumbido e dureza de ouvido, insomnia e entupimento. Rhus. Convém na febre quarta com accesso á noite, frio predominante, sede nos períodos do frio e de calor, cephalalgia frontal pulsativa antes e durante o frio e também durante o calor, erupção miliar chronica nas costas e na mão esquerda. Rhus, só uma dose. Convém na febre quotidiana: accessos noeturnos, de dia, serramento, pressão e dôr de exulceracão interna pela cavidade do coração e ao mesmo tempo um abatimento nessa parte que causa vivas agonias ao doente, e menor pressão sobre a parte affectada e insupportavel, agonia mortal. Rhus. Convém na febre terça complicada de erupção nrticaria. DE MEDICINA, 177 Sabadilla. Convém na tosse spasmodica durante o frio, depois calor alternando com frios, symptomas gástricos. Sabadilla. Convém na febre intermittente que pura- mente consiste em frios com lassidão e anorexia. Sabadilla. Havendo accesso depois do meio dia: frio durante duas horas, principalmente nas costas e nas mãos, depois ligeiro calor seguido de transpiração mui pouco abundante, ausência de sôde, geral lassidão, tez e olhos amarellados, evacuações antes mollesdoque duras. Abuso anterior de quinina. Nux vomica mo- dera a violência dos accessos, porém sabadilla tem ope- rado uma cura radical. Sambucas. Convém durante a apyrexia: suores abun- dantes e debilitantes, Sambucas. Convém durante a apyrexia : rosto pallido, dôr aguda na cabeça, nos ante-braços e nas articula- ções dos joelhos, e tosse. O calor é predominante no paroxysmo, a sede atormenta durante o periodo do frio. Sepia. Convém na febre quotidiana com accesso de- pois do meio dia : calor na cabeça, rubore lancinação dos lados desta, pressão occipital, depois horripilações nas costas, com sôde, tosse secca com lancinação nos hypocondrios. Sepia. Convém na febre terça: horripilações, depois calor, seguido de suor, principalmente no rosto, sedo nos três períodos, vertigem a ponto de cahir, anorexia, gosto amargo, sangue pelo nariz. Staphysagria. Convém na febre terça complicada de affecção escorbutiea. Staphijsagria. Havendo frio á tarde sem ser seguido de calor. Sulphur. Convém na febre quotidiana em um indi- víduo que tinha tido anteriormente sarua ; Sôde antes do frio e durante o calor, cephalalgia, gosto amargo, lassidão, suor nocturno, erupção acompanhada de grande coceira.—Arnica, pulsatilla, natrum mar. administrados anteriormente só causavam ligeira melhora. Taraxacum. Convém na febre quotidiana : á tarde, mãos e nariz, frios, depois transpiração abundante. Na apyrexia, lassidão, vertigem andando. Tartarus stibiatus. Convém na febre intermittente soporosa. Thuya. Havendo calafrio com tremor e frio exter- no e interno, seguido de transpiração geral. Valerianna. Convém nas febres intermittentes que o. m, 23. 178 DICC10NARI0 só consistem em ardente calor com sede e embaraço de cabeça. Veratrum. Convém na febre quotidiana, calafrio vio- lento com grande sôde e alternando com calor, verti- gem, ineommodos de coração. A este estado suecede ürn calor intenso com sede inextinguivel; delírios; face rubra, o doente procura desembaraçar-se das cober- turas, transpiração de manhã, tez pallida, ausência de sôde. Veratrum. Convém na febre terça : frio seguido de suor a principio quente e depois frio. Veratrum, uma dose. Convém na febre quotidiana : frio seguido de ligeiro calor sem transpiração e sem sôde, anorexia ao mesmo tempo. Veratrum. Convém na febre terça : calafrio com sôde, depois ligeiro calor sem suor. Veratrum, secundado por nux vomica. Havendo frio com tremor durante muitas horas, seguido de calor pouco intenso e secco, porém acompanhado de grande sôde, á este estado suecede um suor que dura muitas horas, sem sôde, ao mesmo tempo cephalalgia surda e pressiva, vertigem, gosto amargo e dores sacraes. Ferre maligna ou ataxica. (Vide febre billiosa.) Reconhece-se pela irregularidade das sensações e dos sentidos e da voz e pelos accessos, com o pulso ora cheio e ora pequeno; forte ou fraco, syncopes, c com apparencias falsas de congestões, alternada pallidez, respiração alternada mais ou menos diflicultosa, al- gumas vezes tosse, soluços, espirros, risos involun- tários, ora com calor e ora com horripilações, mudan- ças nas secreções, transpiração supprimida ou aug- mentada, vertigens, estado comatoso, altivio, inquie- tação continua, dôr na parte posterior da cabeça, no dorso e membros, ou insensibilidade total, sobresaltos musculares mais ou menos pronunciados. As vezes o enfermo tem vômitos espontâneos, diarrhéa ou pressão rebelde do ventre. Indicação therapeutica. Acon. belL.rhuz, veratr., ars., phosph., puls., hyosc. FEBRE PUERPERAL J ' Doença febril que apparece depois do parto. E' mais commummente uma inflammação do peritoneo (perito- nite puerperal )ou do utero (metritc puerperal) ou dos intestinos ou de todas as partes juntamente. Desde o principio, sente-se dôr violenta no baixo- DE MEDICINA. 179 ventre, cora inchamento considerável dessa parte. A inchação toma logo uma tensão tympanica, e a sus- ceptibilidade da parte affectada augmenta a ponto da doente não poder supportar a menor pressão, nem mesmo a das coberturas. Pulso excessivamente acce- lerado; grande lassidão; acabrunhamento e desmaio; suppressão dos lochios e do leite; sôde violenta, or- dinariamente diarrhéa, com pequenos puxos ; na maior parte das vezes, vômitos. Indicação therapeutica. Aconito e bryonia. Havendo febre violenta ; pelle secca e ardente; ventre muito inchado e muito do- lorido ao tocal-o, Aconito e bryonia. Na metrite puerperal Aconito, belladona e coceulus. Na peritonite puerperal. Belladona. Peritonite puerperal: violento calafrio com tremor ; calor ; rubor na face; dores violentas, pene- trantes em todo o baixo-ventre, que é um pouco in- chado ; dores semelhantes ás do parto; cephalalgia frontal aggravada pelo movimento de levantar os olhos, como quando se falia alto, a ponto depor a doente em desesperação e de lhe fazer perder toda a razão; grande inquietação; anciedade. Belladona. Havendo delírios violentos ; as perguntas que a doente faz são pronunciadas com precipitação ; in- somnia ; suppressão do leite, dos lochios ; e bryonia pelo calor secco, sede ardente, anorexia e dores arden- tes no utero. Rhus., arnica e pulsatilla têm completado a cura. Belladona. Convém na cephalalgia violenta com sen- sação de pressão no cérebro, como se este ultimo fosse sahir de sua caixa; dilatacão das pupillas ; dores violen- tas no ventre aggravadas pela pressão exterior ; insom- nia ; muita sede. Belladona e bryonia. Havendo face rubra ; lingua car- regada e branca ; seios flacidos e vasios de leite ; dôr peTa região da bexiga ourinaria ; diarrhéa ; pulso fre- qüente. . Belladona. Convém na peritonite puerperal; havendo ventre balofo e doloroso ; face côr de papoula ; bocca secca; falta de sede. Belladona. Na metrite puerperal : face côr de pa- poula ; grande anciedade ; pelle secca ; pulso cheio e freqüente (120 pulsações por minuto) ; respiração curta.; gemidos, Cura em seis dias, 180 D1CC10NVRIO Belladona c nux vomica. Na metrite puerperal : dores continuas pelo utero e ânus ; diminuição e máo cheiro dos lochios ; freqüente vomituração, com inchação do ventre ; ventre doloroso á pressão ; muitos sonhos. Bryonia e aconito. Na peritonite puerperal ; face ru- bra e inflammada ; respiração curta e mui freqüente ; cephalalgia frontal ; pungentiva ; dores continuas, des- pedaçadoras pela região hypogastrica, aggravadas pela pressão exterior ; constipaçâo, ventre inchado, suspen- são dos lochios, ás vezes dores violentas e cortantes nas eôxas. Primeiramente aconitoe depois bryonia. Chamomilla e rhus. Na febre puerperal principiante. Nux vomica. Na peritonite principiante ; dôr violenta e ardente no ventre, suppressão dos lochios, consti- paçâo ou antes suppressão das evacuações, pelle secca e pergaminosa, grande anciedade e viva inquietação. Nux vomica. Febre puerperal chegada a um alto gráo com os symptomas seguintes : grande fraqueza, cepha- lalgia, eruetação, constipaçâo, lochios mueosos e pouco abundantes, pouco leite, grande calor, delirio esêde. E sulphur contra os forunculos, belladona contra os gru- mos de leite. Nux vomica. Na metrite puerperal : febre violenta com tendência a tornar-se nervosa, face rubra e arden- te accesso de desfallecimento, zumbido nos ouvidos, grande sôde, utero duro, doloroso e muito sensível; ventre inchado, entesado e doloroso, lochios sangüíneos • e abundantes, constipaçâo ; completa cura depois de quatrodiasde tratamento. FEBRE PÚTRIDA OUADYNAMICA. A invasão da febre pútrida ordinariamente apparece com calafrios, horripilações, que alteram cem o calor durante um ou mais dias, com prompta mudança da physionomia, c enfraquecimento considerável, que obriga a estar de cama. No primeiro periodo, que ordi- nariamente dura sete a oito dias, a face está muitas vezes animada, o rubor que apresenta-é ás vezes vivo, porém a maior parte das vezes avioletado ; olhos injec- tados e lacrimosos ; a physionomia apresenta uma es- pécie de estupor, movimentos curtos e difficeis ; a falta de energia moral augmenta a fraqueza physica. Du- rante o dia o doente está em uma espécie de somnolen- cia habitual, eà noite em um semi-delirio ; a sêdeaug- menta-se, a lingua é secca, a respiração freqüente, o pulso accelerado, raramente desenvolvido, quasi sempre tremulo, augmento de calor, pelle ordinariamente secca as vezes coberta de um suorglutinoso. No segundo pe- DK MEDICINA. 181 riodo, que começa para o sétimo ou oitavo dia, o rosto toma por gráos uma côr amarellada e térrea ; o estupor é muito pronunciado ; o decubitus tem constantemente lugar nas costas ; o doente escorrega para os pés da cama, não pôde nem mesmo mover o braço, que cahe como um corpo inerte quando se larga. Os órgãos do sentido, só fracamente percebem a acção dos agentes ex- teriores : o doente é estranho a tudo que o rodeia, as ventas, os lábios cobrem-se de uma crosta ennegrecida ; a deglutição torna-se difficil ; o ventre se distende ; as excressões são involuntárias, e as matérias excretadas tornam-se cada vêz mais fétidas ; o pulso enfraque- ce-se ; o calor diminue ; apparecem manchas lividasem diversas partes da pelle, hemorrhagias pelas membranas mucosas ; escaras nos seguimentos do sacrum, ás vezes nas extremidades dos membros, no nariz, nos órgãos genitaes, e morre-se do nono ao décimo quarto dia. Em outros casos menos graves, porém,algumas vezes lam- bem nos casos mais graves, uma melhora graduada se manifesta para essa mesma época : a figura toma então uma nova expressão, a pelle se amacia, a lingua se hu- medece, as crostas que a cobrem se dislendem, e depois se destacam; o meteorismo diminue, o pulso se desper- ta, o calor restabelece-se ; cessa o delirio e o indivíduo reconhece que escapou de uma moléstia mui grave. Indicação thcrapeutiea. Arsênico. Convém na gangrenecencia do lado esquerdo da lingua e dos músculos mastigadores esquerdos, con- vulsões, symptomas typhoides. Arsênico. Convém nas dores ardentes do estômago e do canal intestinal; lingua negra, meliar branca, pété- chias, hemorrhagias. Outros medicamentos são :phosp., bell., ipe, coe, rhus. acon, nuz vom. FEBRE RHEUMATISMAL. Calafrio e calor alternativo, tremor doloroso nos mem- bros, dores nos membros, nas aponevroses, nos perios- tos, acompanhadas ou não de inchação, ora fixas, ora vagas, passando ás vezes subitamente de uma parte á outra distante (e outras vezes é isso o que pôde de peior chegar) de uma parte exterior a uma interior. Indicação therapeutica. Aconito. E' um remédio mui vantajoso contra essa affecção. 182 DICC10NAR10 Bryonia. Convém na cephalalgia violenta, dores des- pedaçadoras ao longo das costas e nas extremidades, en- gorgitamento, por accesso, dos dedos das mãos e dos pés ; inquietação, calor do corpo ; o movimento aggrava as dores. Brijonia, Convém na febre gástrica rheumatismal, dores cruéis na cabeça, mas sobretudo nas articulações dos punhos, dos cotovellos e dos pés, tendões artieulaies inchados, rubros e ardentes. Dulcamara. Febre rheumatismal depois de um res- friamento ; cephalalgia atordoante, tremor rheumatis- mal violento e pungentivo no sacrum, nas espadoas c nos braços. (V. também rheumatismo agudo.) FEBRE SUDATORIA. (Suores excessivamente abundan- tes, precedidos de movimentos febris.) Indicação therapheutica. China e sambucus. Havendo calor interrompido de tempos em tempos por frios crestadores com tremor, inchação ; esses symptomas são carregados de excessivo suor. FEBRE VERMINOSA. Movimento febril produzido pela presença de vermes nos órgãos digestivos, ou acompanhado de sua expulsão. Indicação therapeutica. Cicuta virosa. Nos meninos com dôr de barriga e convulsões. Nux vomica, secundada por pulsatilla. Em uma mu- lher com inchação e sensibilidade do ventre, calor e vontade de vomitar. Outros remédios: aconito, cina. FEBRES EM GERAL. Para o curativo das febres em geral convém, conforme o typo : acon., ars., bell., bry., ignae, nux vom., rhus e sulph. Para a febre composta de frio e ao depois calor, con- vém : acon. e puls. Para a febre composta de frio, ao depois calor e em se- guida suores, convém: caust., natr. mur., rhus., veratr. Para a febre composta de frio, calor, eao depois frio, convém : sulphr. Para a febre composta de frio, calor, e depois suores, convém : ars., bry,3 graph., ign., ipec, rhus., sabab.y spong. e veratr. DE MEDICINA. 183 Para a febre com frio e ao mesmo tempo calor, con- vém : acon., ars., cale, carb. veg.,cham., ignacia epuls. Para a febre composta de frio no exterior e calor in- ternamente, convém : mosch., am.,rhus. e veratr. Para a febre composta de frio interno, e calor exte- riormente, convém: cale, laur., n. vom., sep., anac, ars., ign., lach., sil. e sulph. Para a febre composta de frio com calor ao mesmo tempo, e depois suor, convém : n. vom. Para a febre composta de frio com suor ao mesmo tempo, convém : ars. epuls. Para a febre composta de frio e depois calor, com suor, convém : cham.,ópio, bell., hepar: s., e rhus. Para a febre composta de frio alternado com calor, convém : merc, ars., bry., cale, n. vom.,phosph. ac. Para a febre composta de calor e depois frio, convém: cale, bry., n. vom., sep. e sulph. Para a febre composta de calor, depois frio, e depois calor, convém : stram. Para a febre composta de calor, depois frio, e depois calor e suor, convém : rhus. Para a febre composta de calor, e depois horripilações, convém : bell., sulph., caps., coce, helleb., natr. mur., puls. e rhus. Para a febre composta de calor, e depois suor, con- vém : ars., carb. veg., op. c coff. EFcrriitu. (Ferro). Caracter physiologico. O ferro foi sempre olhado como o primeiro tônico por cvcellencia e representante do temperamento san- güíneo. Tempo de acção. Sua acção não se prolonga a mais de G a 7 semanas. Medicamentos a seguir-se Depois do ferro pôde .seguir-se chin., puls., ars., graph. Antídotos. Ars.. chin., ipec., puls., veratr., cha. *84 DICCIOiNARIO Concordância em symptomas. Chin., lyc, sulph. Exacerbações. Moderam-se com con., euphorb., puls., rhus. Symptomas geraes que desenvolve o ferro. Dores violentas e agudas, sobretudo de noite, com vontade de mover as partes affectadas.—Varizes.— Caimbras c contracções spasmodicas dos membros.— Inchação hydropica, com dores lancinantes. -Efferves- cencia de sangue e hemorrhagias. —A maior parle dos symptomas se manifestam de noite, aggravam-se cstando-se assentado, e melhoram por um leve mo- vimento.—Grande cansaço e fragueza geral, excitadas mesmo faltando, alternando muitas vezes com tremor ancioso de todo o corpo.—Emmagrecimento.—Depois de ter passeado ao ar livre, fadiga doentia, a ponto de perder os sentidos, com turbamento da vista, e zoada na cabeça.—Grande necessidade de se deitar. Indicação therapeutica. O ferro convém na arthrite — ascaridas — aborto — cachexia proveniente de abuso de quinina — chlorose — diarrhéa — febre intermittente — helmintiase— me- trorrhagia—paralysia—phthysica—sterilidade—tosse— vômitos chronicos—vômitos durante a gravidez. FERIDA é uma solução decontinuidade, feita de fresco por instrumento mecânico pontudo ou cortante, acom- panhada de derramamento de sangue ou de extravasação de humor pelo maior parte cruento. As feridas podem ser simples, compostas, complicadas. Em qualquer das circumstancias os meios curativos são : arnica interna cexternamente,depois cale,merc, chin., silic. FIGO é um grande caudyloma pediculado, um pouco molle, ou é uma cvcrescencia cujo corpo, sendo mui largo e sustentado por um pediculo, é mui doloroso. Este caudyloma ordinariamente apparece no ânus c se chama marisco. indicação thcrapeutiea. Combate-se com merc, ars., silicia, cale, sulph. DE MEDICINA. 185 FIMOSE é a inflammação do prepucio emquanto este fica cobrindo a glande, e não pôde por causa da inchação retrahir-se para trás afim de se poder ver a coroa do men- tulo ou membro viril. Indicação therapeutica Combate-se com merc,bell., acon., thuy. FLEGMAO é uma inflammação que pela maior parte occupa o tecido gorduroso com alguma inchação, dure- za, calor intenso, vermelhidão e dôr. Indicação therapeutica. Combate-se com acon.. bell., merc, hepar s., silic, hyosc. FOGO SELVAGEM, CORRELO, FOGO DE S. JOÃO. (Vid. Zona.) FLOR DE TAMILHO é um caudyloma com base larga acabando em ponta estreita e áspera. Indicação therapeutica. Combate-se esta enfermidade com sep., cale, silic., sulph., ars. FRACTURA(quebramento do osso) é a solução de conti- nuidade de um osso por effeito de uma violenta pancada ou forte encontro de um corpo duro ou resistente. De- pois da reducção e manutenção da parte fracturada por meio de apropriado apparelho emprega-se externamente tintura de arnica ou de girasol. Internamente adminis- tra-se arnica ou mastruço. FRIEIRA é a imflammaçãoque o frio produz nas ex- tremidades do corpo, a qual com uma moderada dôr , excita grande comichão e ardor. Indicação therapeutica. Combate-se com puls., ars., chin.,nitr., ac, lycop. FOGAGEM são pequenas pintas ou botões vermeihos que apparecem nas crianças de peito, principalmente nas que .se alimentam de leite velho, com comichão incommoda. Esta erupção também apparece nas pessoas grandes, mor- mente em tempo de calor. Indicação therapeutica. Gombate-se com refrigerantes e com acon. e bell. o. M. Z'i, 186 DICC10NAR10 FISTULAS. Chamam-se fistulas as soluções ou canaes de supporações continuas mais ou menos estreitas e que se communicam com uma cavidade natural ou com um conducto excre- tor, ou por outra, são canaes anormaes que se commu- nicam cora uma cavidade natural ou com um conducto excretor. Indicação therapeutica. Aeido nitrico e silicea. Ulcera fistulosa na região in- guinal, em conseqüência de funchos suppurantes. Calcarea carbônica, seis doses : três ulceras listulosas na parte posterior da coxa. Silicea. Curou em três semanas fistulas nos seios, que se estendiam até ao externo; a parte inferior do ex- terno engorgitada, suppressão dos menstruos com febre lenta. Silicea, calcarea carbônica, nux, sulph., carbo vegetal e conium. Fistulas do lado direito do pescoço e debaixo do sovaco, com enlaçamentos sobre o externo e expecto- ração de mucuosidades espessas. FISTULA LAGR1MAL.—E' a fistula no angulo do olho com corrimento de lagrimas. Convém sil., merc, cale FISTULA SALIVAR. Indicação therapeutica. Ácido nitrico, silic, cale FISTULA ESTERCORAL.—Abertura que se comrau- nica com a cavidade do intestino recto, que deixa passagem ás matérias fecaes. Indicação therapeutica. Esta enfermidade cura-se radicalmente pelos meios cirúrgicos. FISTULA URINARIA.— A fistula urinaria tem por causa os estreitamentos do canal urínario que embaraça a sahida da urina, e esta o dilatando, a membrana mu- cosa se espalha formando um ou mais tumores que,. rotos, convertem-se em fistulas. Indicação therapeutica. Curam-se as fistulas pelos meios cirúrgicos, DE MEDICINA. 187 Os principaes medicamentos para destruir estes canaes anormaes são: cale, con., lyc, silic, sulphur., merc, nitr ac, carbo veg. FLATO, ou emissão sonora de ar pelas partes genítaes da mulher, combate-se com puls., sep., nux, mosc. FLATULENCIA. Accumulação de ar ou gazes no conducto digestivo ou também emissão de ventos pela bocca ou ânus. Indicação therapeutica. Carbo veg. Havendo flatulencia com abstrucção de ventre. Lycopodium. Quando uma ligeira comida produz pressão pelo estômago, plenitude esensão da região epigastrica ; sensibilidade excessiva e dolorosa na fosseta do coração ao contacto ; evacuações raras e duras. Zinco. Havendo flatulencia com rugido egargarejono baixo ventre. (Veja tamrem colica flatulenta.) FOME CANINA. E' o demasiado desejo de comer, ese combate com cale, chim., puls.,ars., veratr., sulphur. FUNGOS HEMATOIDES. Espécie de fungos cancerosos, de côr sangüínea. (Por fungos entende-se excrescencias molles e esponjosas, dispostas em fôrma de cogumellos, que se levantem na pelle ou sobre outra qualquer membrana.) Indicação therapeutica. Phosphoro. Havendo fungos hematoide na coxa do tamanho de um punho, um tanto doloroso, com corri- mento continuo de sangue venoso. Phosphoro. Uma dose curou pequenos fungos no dedo. Fungos hematoides da cornea complicado com ophtal- mia, ulceras e manchas na cornea ; photophobia ; dores ardentes, pungentivas e roedoras pelo interior do olho, suspensão quasi completa da faculdade visual: calcarea carbônica como remédio principal, seguido de lycopodium, sepia e silicea, curaram com proveito esta moléstia. FUNGOS MEDULLAR DA RETINA. A retina é uma membrana molle, polposa, de um branco pardacento meio transparente, muito fina, que se estende desde o nervo óptico até a® crystallíno, abra- çando o corpo vitríosemcontrahir adherencia com essas duas partes, Está membrana é que é o órgão essencial da visão. 188 DICCIONARIO Indicação therapeutica. Belladona. Convém depois de violentas dores no olho ; fórma-se na profundeza de sua substancia em ponto vermelho e exteriormente uma dureza ; grande dilatacão das pupillas, perda completa da faculdade visual do olho affectado. (Videulceras.) FUROR UTERINO OU NYMPHOMANIA. E' a inclinação irresistível e insaciável ao acto venereo nas mulheres. Indicação therapeutica. Platina e veratrum álbum, vitriolo. Além dos medicamentos lembrados outros se recom- mendam como mui efficazes para combater este estado critico do apparelho gerador : canth., hyosc, lach. e phosph. FURUNCULO. Tumor chronico, duro, circumscripto, de uma côr avioletada, cuja base parece estar separada profun- damente, e cujo volume varia desde o tamanho de uma ervilha até ao de um ovo de gallinha. E' acompanhado de dôr sucessiva e pulsativa. Sua marcha é lenta. No fim de alguns dias vé-se seu cume alongar-se, esbranquecer-se ou tornar-se livido: abre-se ao nivel, por furos que correspondem as areolas do derma, dando passagem a um pus sanguinolento. Atravez desses furos vê-se uma matéria branca, filamentosa, tenaz, gangrenada, que se chama carnição. 0 furunculo, a que ordinariamente se dá o nome de cravo, ou cabeça de prego, desenvolve-se a maior parte das vezes na pelle das costas, das nádegas, do ventre, dos membros, nos sovacos e nas palpebras. Indicação therapeutica. Aconito e hepar sulph. Convém no furunculo do tamanho de um ovo de gallinha, muito vermelho e luzente, apre- sentando um ligeiro ponto branco no cume, complicado de febre violenta e grande inquietação. Outros remédios: arnica, belladona, nux vomica, lyco- podium, sulphur. Para combater os furunculos os principaes medica- mentos são: arn., bell., loch., lycop., ant., crud., cale, euphorb., hep., hyosc, led.,merc, mur. ac, natr. mur., nür, acn petr,, phosph., phosph, secn com,, sep.silic. DE MEDICINA. 1H9 G, GALACTORRIIEA. — (fluxo de leite.) E' o fluxo immoderado do leite dos peitos das mulheres. Indicação therapeutica. Combate-se com pulsatilla e phosphoro. GALAGTOCHESIA.— E' a diminuição da secreção do leite, que as vezes suecede á mulher que araaraenta. Indicação therapeutica. Diversos meios empregam-se para o apparecimento da secreção lacthia, e os mais efficazes são : puls.,dulc, cale, zine GALaGTOCRALESIA.-E' a alteração, que experi- menta o leite, devido á qualidade da alimentação da mulher ou por algum virus embebido no sangue. Indicação therapeutica. Combate-se este estado com cham., borax., nux vom. GÂNGLIO (inflammação ou infarte dos gânglios).—E' um tumor foliculoso espherico, renitente, desigual, immovel sendo comprimido latteralmente, formado pelo lympha synavial que se embebe na espessura do tecido cellular da bainha dos tendões dos músculos. Indicação therapeutica. Cura-se com"merc., bell., silic, sulphr. GANGRENA.—E' o resultado da inflammação exces- siva que mortiíicou a parte reduzindo-a á insensibili- dade ou á morte, manifestando-se por uma côr roxa ou denegrida. Indicação therapeutica. Atalha-se a gangrena com ar sen., plumb., secale com., assafet., silic. e chin. GANGRENA DO BRAÇO.—Na gangrena do braço o toque produz no meio do braço uma sensação de ardencia e comichão. A parte inferior do braço e 190 DICCIONARIO íina, immovel e insensível; está coberta, em parte por uma matéria compacta e de um pardo cinzento e em parte empolas sangüíneas até á ponta dos dedos ;_ao mesmo tempo ineontinencia de ourinas e de evacuações, sede muito grande e anxiedade. Indicação therapeutica Combate-se este mal com arsênico, hep.,cale 0 opium, china, silicea curou uma ulcera que ficou, depois do emprego dos outros remédios. GANGRENA DO SAGRO. —E' devida á compressão constante na região do sacro. Indicação therapeutica. Combate-se com china, em doses repetidas. Para a gangrena humida sanioza convém china e belladona. Para a gangrena inflammatoria convém: sabina, sec, con., ars. e bell. Para o sphacello convém: ars.,plumb., secc. com., asaf., euphorb., lach. e silic. GASTRALGIA.— (Vide Cardialgia. ) GASTRITE.—(inflammação de estômago) Manifesta-se por dôr continua, violenta , ardente e pungentiva na região gástrica, que se augmenta com a inspiração, pressão exterior e também quando o doente come ou bebe: inchação, tensão, balanços, calor esusceptibilidade dolorosa na região gástrica, acompanhada muitas vezes de pulsação. O doente lança tudo o que come, mesmo água pura; soluços, viva anciedade; pulso mais pe- queno e filiforme; extremidades frias, violentos accessos nervosos e spasmos consecutivos, sensação de extrema fraqueza, desfallecimentos, convulsões que chegara ao tétano e ao episthotono, e mesmo algumas vezes a hydrophobia. Indicação therapeutica. Arsênico e 12 horas depois colocynthidas. Dores mui violentas e acerbas na bocca do estômago, vômitos de tudo que se come, pulso pequeno e accelerado, jactação no leito. Aconito e belladona. Havendo gastrite chronica, pressão mui dolorosa pelo epigastro depois da comida, a com- DE MEDICINA, 191 pressão sobe ao peito, regurgitação dos alimentos, constipaçâo. Os outros medicamentos convenientes a este soffri- mento são : bry., cale, ign., nux vom., phosph., puls., sulph., veratr. Sendo inflammação da túnica interna (mucosa) do estômago convém: bry.,cale, helleb. epuls. GASTRO ENTE RITE é a inflammação da membrana mucosa do estômago e intestinos delgados, suas causas e symptomas são quasi os mesmos da gastrite, e o tratamento deve seguir a mesma ordem. GASTRO ATAXIA. Irregularidade nas funcções do estômago e do appa- relho digestivo em. geral. Indicação therapeutica. Bryonia. Havendo lingua carregada e branca, gosto pútrido na bocca, vontade de vomitar em se abaixando, ventre inchado, dôr na cavidade do estômago, vertigem, constipaçâo teimosa. Bryonia. Convém havendo pressão no estômago, eruetação e regurgitação. Bryonia, calcarea carbônica. Havendo tremor desde o hypocondrio direito até ao estômago, seguido de vo- mito. Coceulus. Havendo freqüente cephalalgia frontal, seguida de vômitos biliosos; sensação no estômago como se o apertassem de encontro a uma pedra; dôr no hypocondrio direito; evacuações raras e duras; menstruações dolorosas que duram oito a dez dias. Chamomilla. Havendo symptomas gástricos; dôr aguda no ventre e nos membros; inquietação nocturna. Digitalis. Convém nos ineommodos do coração; sen- sação de grande fraqueza e symptomas gástricos. Digitalis. Convém nos ineommodos do coração, vô- mitos, bocca amarga, anorexia, sôde, vertigem, diarrhéa, dôr frontal. Ipecacuanha. Convém na cephalalgia frontal, náuseas, vontade de vomitar, gosto amargo, completa inappe- tencia. Nux vomica. Convém na pressão violenta e dolorosa pela cabeça, affecções mórbidas do estômago e dos in- testinos, íingua carregada, anorexia, constipaçâo. Nux vomica. Convém nos ineommodos do coração e vômitos chronicos estando em jejum. Pulsatilla, secundada de bryonia. Havendo lingua oar- 192 DICCIONARI0 regada e de um amarello esbranquiçado, máo gosto, disposição ao vomito, máo hálito, pressão pelo estô- mago e dôr aguda na cabeça depois da comida, muco- sidades na guela. Sepia. Havendo gosto pútrido com eruetação. pouco appetite, as vezes ineommodos de coração c mesmo vômitos, pressão, peso e sensação de inchamento no baixo-ventre. Sulphur. Havendo pressão pelo estômago, pyrosis, diarrhéa, borborigmos no ventre, caducidade. GASTRODYNIA.—Éa dôr mais ou menos aguda do es- tômago.—Combate-se com ars., nux vom., puls.,cham. GASTROMALACIA.—( Fraqueza de estômago, molleza ou preguiça de estômago.) Indicação therapeutica. Combate-se este estado do estômago com calcarea acetica. Se ha diarrhéa aguda, perigosa e de um cheiro cadaverico, mãos e pés ardentes, febre, sede intensa, falta de appetite, magreza geral, inquietação continua, jactação, gemidos e gritos, algumas vezes vômitos, convém nux vom., bry., sulphr. Outros remédios: veratrum, arsenicum, kreosotum. GLOSSITE.—(inflammação da lingua) É a inflammação da lingua seguida de dôr, inchação, difficuldade de en- gulir, fallar, mastigar, com horripilações e febre. Indicação therapeutica. Belladona tem as vezes approvado no tratamento da glossite. Mercurius solubilis. Gonvém na inchação da lingua salivação, febre violenta e sede. Para combater a inflammação da lingua os medica- mentos preferíveis são: ars., bell., merc, phosph puls sulph.,bry., natr.,pm.,se, tart., veratr. Para combater o piguimento, ou sujo da lingua convém: bell., bry., merc, puls., arn., ars chin sulph., e verbase GLAUCOMA.—E' a catarata secca ou a concrecão e ona- cidade do humor vitrio do olho, cuja côr natural se transforma em azul claro. Indicação therapeutica. Combate-se com phosph., puls., bell. DE MEDICINA. 193 GLOSSAGRA.—E' a dôr mais ou menos aguda que apparece na lingua. Indicação therapeutica. Combate-se com bell., acon., hyosc, cole GOMMA OU EXOSTOSE.-E' um tumor duro, e as vezes mole, doloroso que se fôrma no tecido cellular doperios- teo, ou entre este e o osso por um humor gelatinoso e viciado. Indicação therapeutica. Combate-se a gomma com merc, bell., rhus., cale, phosph., sulphur., puls. GÓNFIAS1S.—São os dentes abalados por fraqueza, ou por effeito de mercúrio. Indicação therapeutica. Gombale-se o estado da frouxidão das gengivas com china, aur., ars., bell. GLOSSOPLEGIA.—(Paralysia da lingua.) Indicação therapeutica. Cura-se com baryta carbônica, bell., nux vom., sulphr. GONAGRE AGUDA.—(Variedade da gotta, que ataca especialmente os joelhos.) Indicação therapeutica. Belladona. Convém nas dores insupportaveis durante o descanso, como durante o movimento. China secundada de aconito e de arnica. Convém na inchação considerável e inflammatoria do joelho. (Vide também arthrite.) GONITE.—(Inflammação do joelho.) Diagnostico em geral. Havendo rubor, tumefacção, calor e dôr no joelho. Indicação therapeutica. Aconito e belladona. Havendo gonite erysipelatosa, com dôr e febre violenta. Rhus. Havendo gonite em conseqüência de um res- friamento ; a exulceracão começa a succeder á inflam- mação e produz uma atrophia geral. d. m. 25. 194 DICCI0NARIO Silicea. Convém na inchação de um azul arroxeado considerável no joelho, com dores violentas, despeda- çadoras e pungentivas. (Vide rheumatismo.) GONOCELE.—(Tumor no joelho.) Indicação therapeutica. Calcarea carbônica. Havendo tumor inflammatorio do joelho, acompanhado de violentas dores. GONORRHÉA, ESQUENTAMENTO,RLENORRHAGIA. Diagnostico em geral. Havendo corrimento de mucus continuo ou periódico, doloroso ou indolente, pela membrana do canal da uretra, nos dous sexos, e demais pela do prepucio no homem, ou da vagina na mulher. Symptomas da gonorrMa. Começa por um sentimento de titulação no canal da uretra; o orifício da uretra apresenta rubor e in- chação, que se estende pouco a pouco á glande, as vezes ao prepucio, e mesmo ao corpo do penis; sobrevêm erepções freqüentes e dolorosas ;a excrecção da ourina é difficile acompanhada de inchação. (O corrimento só se torna indolente quando o periodo da frouxidão sue- cede ao da inflammação.) Esses symptomas aügmentam de intensidade durante alguns dias e para o terceiro ou quarto sahe da uretra uma matéria a principio límpida oti amarella clara, que torna-se por gráos mais grossa e abundante; depois sua quantidade diminue de uma maneira progressiva com os outros symptomas inflammatorios. A diminuição do appetite e das forças e estado de molleza e as vezes em ligeiro movimento febril ordinariamente o acompanham. Na mulher os symptomas são análogos: dôr e calor no meato ouri- narioe na vagina, vermelhidão na membrana mucosa, dysuria, corrimento de mucus, etc. GONORRHÉA BENIGNA. Gonorrhéa que é conseqüência de um ajuntamento impuro, e que pôde determinar pela gonorrhéa sy- philitica. Indicação therapeutica. Cannabis. Havendo comichões na occasião de ourinar fisgadas no canal da uretra, mesmo fora da emissão dà ourina, freqüente emissão, porém pouco abundante de ourina, erecções freqüentes e dolorosas, corrimento de mucosidades fluidas pela uretra, inflammação ligeira da glande. DE medicina. 19h" Cannabis. Corrimento de um mucus grosso c aina- rellado , picadellas e comichão durante e depois da emissão da ourina. Cannabis. Convém no corrimento branco, pouco con- siderável e indolente, avermelhado do orifício da uretra, freqüente vontade de ourinar. Cantharidas. Convém na gonorrhéa cordea, isto é, com sensão dolorosa do penis, gonorrhéa na qual o freio, destendido, fôrma uma espécie de corda que em- purra a glande para baixo, em quanto elle está levan- tado quasi em continua erecção. Mercurius solubilis. Havendo*corrimento mucoso, co- pioso, espesso eamarello, principalmente á noite, acom- panhado de comichão e picadellas no canal da uretra e de erecções dolorosas. Cannabis epulsatilla, não fazem mais que diminuir as dores que acompanham a emissão da ourina. Mercurius solubilis, alternado com petroselinum, tem sido administrado com suecesso em alguns casos. Petroselinum. Havendo corrimento mucoso, fluido, e de um branco pardacento, dores pouco sensíveis depois da emissão da ourina, o corrimento torna-se mais copioso, as dores mais violentas durante a noite. O corrimento mucoso nocturno, que resta ainda um pouco depois da desapparição dos outros symptomas, tem sido curado pelo mercurius solubilis. Petroselinum. Convém na gonorrhéa depois de oito dias; desejo vivo e freqüente de ourinar, dores pun- gentivas quando se começa a ourinar. Petroselinum. Convém na gonorrhéa depois de oito dias, corrimento pouco abundante, comichão do canal da uretra na occasião de ourinar. Acidum nitricum e sepia têm curado muitas gonor- rhéas secundarias que duravam ha um numero de annos. GONORRHÉA SECUNDARIA OU CHRONICA. Indicação therapeutica. Capsium e thuya. Gonvém no corrimento copioso, ante* amarello que branco, a secreção da ourina é natural, titulação do penis ourinando. Cubeba. Convém no corrimento indolente de uma matéria grossa, esverdeada e purulenta, vermelhidão e inchamento no orificio da uretra. Petroselinum. Convém na gonorrhéa de seis annos: corrimento mui copioso, ora amarello, albuminoso, priapismo freqüente e violento, mas sem curvatura do 196 diccionario penis, ourina indolente, somente a primeira ourina da manhã excita um formigamento no canal da uretra. Petroselinum. Havendo vontade continua de ourinar. Thuya e sulphur. Convém na gonorrhéa secundaria complicada com condylomas. Outros remédios: acidum nitricum, cannabis, mercurius, sulphur, lycopodium, sepia, silicea, cale, natr. muriatico. GONORRHÉA INVETERADA ou muito chronica. Indicação therapeutica. Cantharidas, dulcamara, acid. nitr., petrolium., ly- copodium, têm curado Ronorrhéas de vinte annos. GONORRHÉA PROSTATIGA. —(Isto é, corrimento do licor prostatico.) Indicação therapeutica. Combate-se com belladona. GONORRHA1CA METASTATICA. A gonorrhéa mal tratada ou supprimida por injecções adstringentes muda de sede ou de fôrma. Indicação therapeutica. Para esta mudança convém pulsatilla. GOTTA ROSADA. E'uma vermelhidão chronica da face que occupa as maçãs do rosto e o nariz, carregando mais para a ponta em modo a desfeiar a physionomia da pessoa que padece esta enfermidade. Umas vezes apresenta-se a gotta rosada em fôrma de manchas cir- curascriptas, e outras agglomeradas e formam pequenos tuberculos vermelhos semelhantes a espinhas carnaes miúdas e contíguas. Indicação therapeutica. Cura-se com ars., lycop., merc, cale, bell., sulph., rhus GOTTA SERENA ou amaurose.—E' o resultado da compressão do nervo óptico, causada por congestões sangüíneas que embaraçam a livre communicação do fluido nervoso, ás câmaras do cérebro. Indicação therapeutica. Para este mal convém arsênico, acon,, aur.} nux vom., sulphur, DE MEDICINA. 197 GRANISUS.—São tuberculos duros, indolentes, que se formam debaixo da pelle das palpebras. Indicação therapeutica. Resolve-se com hep. s., lach., silic GRIPPA.—(V. INFLUINZA.) (■ raphi ícs. ('Plombagiua-Lápis.) Caracter physiologico. O graphites exprime no homem o temperamento lymphatico. Tempo de acção. Sua acção chega a 50 dias nas moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do graphites convém ars., carb. veg., lyc, sulph. Antídotos. Ars., nux vom., vinum. Concordância em sijmptomas. Bell., bry., cale, lyc, merc, nux vom., phosph., puls., rhus, sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se com bry., cale, nux vom., phosph. Indicação therapeutica. O graphites convém na alopecia—asthma—cephalalgia — dartro corrosivo —dartro farinaceo—dysenteria— erysipela—erysipela bolhosa-erythema symptomatico -exulceracão do seio —hemorrhoidas—hydrocele-hys- teria — inílammação erysipelatoza — lepra orientai — lobinho ^-luxação espontanea-menstruaçao irregular 193 DHXIONÀRIO —odontalgia —ophthalmia escrophulosa —pannos es- crophulosos—prosopalgia—tinha na cabeça—tinha na face — tenia — tumefacção dos pés—ulcera dartrosa— ulcera nos pés — vomito chronico—zona—zoada nos ouvidos. Symptomas geraes que desenvolve o graphites. Dores crampoides, caimbras e contracções de diversas partes.—Tensão em algumas partes e distorsão dos membros.— Repuxamentos arthriticos e dores nos membros e articulações, principalmente nas partes ulceradas.—Nodosidades arthriticas.—Disposição a vol- ver-se sobre os rins.—Dormeneia fácil dos membros. —Dureza e inflexibilidade completa das articulações. —Inchação dura com dôr Ia ncinante. —Dores nocturnas, que se sente mesmo durante o somno.—Dissipam-se os symptomas depois de se passear ao ar.—Varizes com dores, tensão e prurido.—Inchação e dureza das glân- dulas.— Dores durante a mudança do tempo.—In- commodo geral que obriga a gemer, sem sensação de dôr distincta.—Forte pulsação em todo o corpo, parti- cularmente no coração, augmentando-se ao menor movimento.—Dores em todo o corpo, com vontade de estender os membros.—Sensação de tremura em todo o corpo, com dores nos membros.—Grande magreza.— Grande disposição a constipar-se, e medo do ar livre e da corrente do ar.—Cansaço geral.—Queda rápida das forças. H. HELCOMA.—E' uma chaga supercial que apenas deita de si uma ligeira sorosidade fichorosa. Indicação therapeutica. Combate-se este incommodo com merc, cale e ars. HELCYDRIA.—E' uma pequena chaga crostoza que ap- parece nas glândulas ou faliculos sebacios da pelle e deita de si um humor crasso que seccando se converte em crostas unetuosas, as mais das vezes seccas. Indicação therapeutica. Cura-se com ca/c, lycop., hepar,, merç,, siliç,, sulphur. DE MEDICINA. 199 HEMALOPS.—E' a contusão da palbebra com echy- mose do glóbulo do olho. Indicação therapeutica. Combate-se esse estado cora arnica interna e externa- mente. Depois emprega-se ars., merc, cale HEMATEMESE AGUDA.—(Vomito de sangue.j Diagnostico em geral. Havendo vomito de sangue puro ou misturado de alimento, de bilis, etc; o sangue é de côr escura, mas a maior parte das vezes carre- gado, denegrido: sua quantidade é ás vezes conside- rável, outras vezes de uma libra e mesmo mais. O vomito repete-se duas ou três vezes durante o dia, e dura alguns dias consecutivos, ou só se renovam alguns dias depois ; ás vezes também é periódico. Os ataques são seguidos de evacuações consistentes de sangue negro e coagulado. Symptomas accessorios: Viva anciedade, náuseas, inchação da região precordial,jaIgumas vezes acompanha- da de dór na região precordial; ás vezes febre, grande abatimento, suor frio, desfallecimento, rosto pallido e decomposto, cabeça livre, até que a fraqueza se aposse do sensorium; então delirio somnolento, spasmos, pulso pequeno e intermittente, freqüentes desfalleci- mentos. Indicação therapeutica. Aconito e nux vomica. Havendo atordoamento de ou- vidos, pressão pelo estômago, anorexia, grande lassidão e fraqueza ; o corpo cobre-se de um suor frio, pulso duro, cheio e muito forte, vômitos de sangue negro, vermelho e coagulado; em seguida evacuações sangüí- neas e bituminosas. Arsenicum. Havendo hematemese violenta, o corpo pallidoe frio, ausência de pulso. Aconitum e arnica. Havendo hematemese com fra- queza geral.—Aconitum e belladona tem impedido nesse casos a volta da disposição ao vomito; sede; cephallal- gia e odantalgia, e grande inquietação. Hyosciamus. Convém nas hematemeses n'uma mulher de 64 annos. Ipecacuanha e china. Convém na hematemese acom- panhada de freqüentes desfallecimentos. Ipecacuanha e drosera. Convém na hematemese com* plicada dehemmoptysia. áuu DICCIONARIO Pulsatilla e belladona, alternativamente. Stannum tem sido empregado com successo em casos de hematemese. (Vide vomito) HEMATEMESE CHRONICA.—(Doença negra de hyppo- craie). Indicação therapeutica. Combate-se com arn., ars., phosph., sulph., china. HEMATURIA.—(Evacuação de sangue pelo urethra). E^halação de sangue pelas vias urinarias e excreção desse liquido com a ourina pela contracção da bexiga em casos mui raros. Ahematuria temsua sede no canal da urethra, e então o sangue pôde correr mesmo fora da emissão da ourina. Indicação therapeutica. Cantharides. Convém na hematuria acompanhada de pressão continua e de violentas dores cortantes e ar- dentes. Corrimento de algumas gottas de sangue. Nux vomica. Convém na hematuria em Gonsequencia de abusos das bebidas espirituosas. Pulsatilla e mercurius solubilis. Convém na hematuria com dôr abaixo do umbigo e titilação no sacrum. Outros remédios: ipecacuanha, uma gotta, e lycopodium. (Vide URINA.) HEMOPTYSIA.—(Escarros de sangue com tosse.) Diagnostico em geral. Havendo expectoração san- güínea com tosse ou tossimento, porque só assim é que podemos reconhecer que o sangue provém dos pulmões e da parte superior da tranchea-arterial. E' necessário distinguir bem desta affecção, ás vezes bem grave por suas conseqüências, o simples catarrho de sangue, em que o sangue provém da bocca, gengivas, do paladar e mesmo do nariz: nesse caso, que não tem perigo nem gravidade, o escarro sangüíneo vem sem tosse ou tos- simento, e o sangue ordinariamente é misturado de sa- liva ou mucosidade. Indicação therapeutica. Aconitum, bryonia, conium, pulsatilla, carbo vegetal, phosphoro. Havendo considerável magreza, respiração curta, violento accesso de tosse., a palavra tira a res- piração. Aconitum e pulsatilla. Havendo expectoração san- ÜE MEDICINA. 201 guinea continua, face muito rubra, olhos sahindo das orbitas, picadas violentas e febre. Aconitum. Convém na hemoptysia rubra, tosse san- guinolenta sem dôr, anciedade e inquietação nocturnas ; melhora quando deitado; queixas e gemidos; facili- dade em se amedrontar. Arnica. Convém na tosse pouco forte acompanhada de uma expectoração abundante de sangue, grande op- pressão. Ariiica. Convém na hemoptysia por uma causa exte- rior. (Pancada, choque, etc.) Arnica, secundada por nux vomica e china. Convém no abatimento c ardor na foceta do coração, expecto- ração de grumos sangüíneos compactos, coagulados c denegridos, mas sem tosse. A concavidade do coração é dolorosa e o doenle sem forca. Esses symptomas ma- nifestam-se depois de um máo tratamento corporal, (Pancadas, etc; Arnica. Havendo sangue claro escumoso, misturado de grumos coagulados e de mucus, lançado em gran- de quantidade por uma espécie de vomito, bem en- tendido, que não provém do estômago, porém dos pul- mões ou da trachea-arteria ; calor, orgasmo no peito, batimentos de coração, accessos de desfallecimento de tempos a tempos. Arnica secundada por stramonium e sulphur. He- moptysia muito violenta. Bismuthum e sulphur. Gonvém na hemoptysia acom- panhada de dôr pressiva. Bryonia, arnica, china, nux vomica, c aconito. Con- ' ém na tosse com expectoração sangüínea, escarra- mento do peito, fisgadas respirando profundamente, sede. Digitalis c sepia. Convém na hemoptysia de um me- nino em conseqüência de uma eseandescencia. Ledum. Duas doses têm curada a hemoptysia em que soffriam ha dous annos phtysica pulmonar. Ledum e aconito. Convém na hemoptysia pot causa de uma viva emoção na época da menstruação. Millefolium. Havendo às noites orgasmos no peito, sobe o sangue á bocca, depois tosse com expectoração mais abundante de sangue de urn vermelho —claro—. China contra a fraqueza. Millefolium. Convém na hemoptysia com espectora- ção sangüínea assaz freqüente, oppressão continua do peito e forte pulsação do coração. puhalilla. seecuudada \»}v slauuwn. Convém na he- 202 D1GCI0NAR10 ' nioptysia de manhã com expectoração esverdeada, san- güínea e falta de respiração. Pulsatilla e sepia. Alternativamente, precedidas de aconito. Rhus e ledum. Convém ao doente logo que tem tosse com um calor que lhe sobe do peito, seguido de expec- toração de uma grande quantidade de sangue vermelho claro. Esta expectoração é acompanhada de uma sen- sação mui dolorosa na parte inferior do peito, acima da bocca do estômago, oppressão anciosa do peito; o doente está fraco e magro. A cura completa-se com uma dose de china. Silicea secundada por sulphur, calcarea carbônica. Ha- vendo voz fraca e cansada, dôr pungeutiva do lado di- reito, sensação de plenitude e de ardor no peito, he- moptysia periódica, o sangue expectoradó é negro e misturado de pus, expectoração purulenta, fétida, de um verde esbranquiçado ou côr de cinza. Sulphur, ácido, phosphoro, bryonia, nux vomica. Con- vém na tosse secca, freqüente escarrbo de sangue, do- res pungentivas e ardentes do lado direito do peito na occasião de tomar respiração ou da tosse, oppressão do peito, movimento febril, magreza. Outros remédios são : crocus, lachesis e lycopodium. Para a hemoptysia em geral convém : ferr., ign., nitr., ac, phosph., puls., sulphr., arn., ars., bell.. bry., cale, chin., croc, dros., led.,sab., sec, cone, sep., zine Se o sangue que se deita pela bocca é muito vivo, convém : bell., dulc, hyosc, sab., ars., led., phosph. e rhus. Se é de côr escura, convém : bry., carb. veg. Se o sangue é negro, convém : cham., croc, nux com. Se o sangue vem em fôrma de sírias, convém : bry., chin., ferr. Se vem em fôrma de coalhos, convém : cham., rhus., puls. m Seéum sangue de natureza, comem : secale, silic Se éum sangue viscoso, convém : croc. cupr., secale com. HEMORRHAGIA DO ÂNUS.—iV. hemorrhoidas.) HEMORRHAGIA DO NARIZ. — (Veja-se Ruinor- RI1AGIA.) HEMORRHAGIA DA MADRE.-(Veja-se Methor- RHAGIA.) HEMORRHAGIA DOS OLHOS.— Corrimento de san- gue pelos olhos. I>K MEDICINA. 20U Indicação therapeutica. Belladona. Convém, na inchação dos olhos, e sendo das crianças convém, chamomilla. .■V/u* cômica. Tendo olhos salientes, inchação das pal- pebras, colica ventosa, constipaçâo : uso de café. Os medicamentos conhecidos para suspender as he- morrhagias, são : bell., cale, canth., ferr., ipec,merc, nUr., ac, nnv vom., phosph., puls., sabia., sep. e sulphr. HEMERALOPIA.— E' enfraquecimento da vista du- rante o dia. Indicação therapeutica. Belladona. A luz não deixa ver senão círculos seme- lhantes ao circo íris. Belladona o hyoseyamus. Belladona e mercurius. Belladona, mercurius, digitalis, hyoseyamus o stra- monium. Belladona, hyoseyamus c stramonium. líyoscyamus. Veratrum. HEMICRANIA, ou enxaqueca é a dôr parcial, lateral, ou na frente da cabeça que se manifesta com inter- mittencia. Como padecimcnlo nervoso, se é dependente do estômago, provoca vômitos e então apresenta allivio. Indicação therapeutica. Atira spicala. Havendo laceração pungente no alto da cabeça, cuja violência faz desesperar o enfermo ; dôr cavante e cortante no interior, perda passageira de co- nhecimento. Belladona. Havendo hemicrania semelhante a proso- palgia, que volta todas as sextas feiras. China. Hivendo enxaqueca com exaltação conside- rável de espirito, e grande sensibilidade e pressão na parte molesta. Coceulus. Havendo hemicrania constante, 1'urante depois das comidas oil depois dcmovimenfo, acompa- nhado de vomito ou de grande desasocego e anciã. Colocynthis, depois do uso de asaram, sem melhora sensível. Hemicrania chronica, periódica, que volta lodo; os dias pelas 5 horas da tarde. 20'i mcmoNARio Nux vomica. Havendo violenta dôr de cabeça pouco depois de acordar, seguida immediatamente de pun- gente dôr por cima da orbita do olho esquerdo, aggra- vada pela pressão. Vai a dôr augmentando até o meio dia, em que chega até o mais alto ponto. Nux vomica. Havendo violenta enxaqueca da raiz do nariz até á fonte direita ; aagrava-se de manhã, muitas vezes a ponto de fazer que o doente perca o conhecimento. e de leval-o a furiosa jactação : face pallida e coberta de suor. Nux vomica. Havendo violenta enxaqueca no lado di- reito da testa como por uma ulcera, ou por introducção de alguns instrumentos todos os dias, desde as 7 horas da manhã, até á 1 da tarde; com tempo secco melhora o enfermo. Pulsatilla. Havendo enxaqueca pulsantc e pungente no lado esquerdo da testa, de manhã depois de despertar, e á noite depois de deitado; a dôr diminuo com a pressão externa e ar livre ; a dôr ás vezes cresce a ponto de ser intolerável, alterna-se com violentas dores de estômago e eólicas. Pulsatilla, nux vomica e sepia curaram uma enxa- queca em quatro semanas. Pulsatilla. Havendo picadas na lesta, na fonte e orelha direita, até aos dentes, pulsação geral na cabeça, forle, principalmente á tarde e á noite no leito; estremeci- mento. Sepia. Havendo enxaqueca chronica violentíssima. laceração e furamentos dolorosissimos, com picadas mui sensíveis: quando a dôr sobe ao maior auge, odoenle vê-se obrigado a estar immovel, fechar os olhos c apertar com as mãos a parte molestada. Sepia, em repetidas doses, curou radicalmente esta moléstia. Sepia. Havendo muitos casos em que a dôr se fixou em cima de um olho, começando de manhã com desejo de lançar ou sem elle, ás vezes até com vomito, impos- sibilidade de encarar a luz e de soffrer hulha. A doente padece muitas vezes de flores brancas; os menstruos são muitas vezes difticultosos. Sepia. Convém na enxaqueca desde amocidade : co- meça pela manhã na testa, olhos, c raiz do nariz, e dura ainda meia hora depois de deitado ; acaba por atordoa- mento. É complicada de vomito. Fora dos accessos, embaraço na cabeça, pressão em cima dos olhos. Outros remédios: causticum, veratrum. HEMIPLEGIA.—Paralysia de um ladodocorpo. (Vide PARVI.YS1A.) DE MEDICINA. 2o:í Indicação therapeutica. Causticum e nux vomim. Convém na hemiplegia em conseqüência de suppressão de sarnas : o doente arrasta o pé direito, não pôde andar sem moletas ; mãos sem sentimento e sem força, dejecções e ourinas custosas, violentíssimas caimbras no pé direito. Coceulus e rhus. Hemiplegia: grande enfraquecimento das faculdades intellectuaes, constipaçâo, incontinencia de ourinas, ascites. Coceulus. Adormecimento do braço e pé direito, não pôde o enfermo mover os braços á vontade. Coceulus. Convém na hemiplegia em resultado de ápo- plexia.—E nux vomica contra as contorsões espamodicas e contracções das partes affectadas, que constituem neste caso um dos principaes symptomas. Coceulus, auxiliado de nux vomica. Coceulus, ajudado de rhus., nux vomica e pulsatilha. Hyoseyamus, coceulus e rhus. Convém na paralysia das extremidades esquerdas ; falia gaguejada ; dureza de ou- vido ; lingua tremula ; olhar estúpido e fixo ; cephalalgia. Nux vomica, belladona e coceulus. Convém na hemiplegia em conseqüência de grave desgosto. Stannum, ajudado de belladona e stramonium. HEMIPLEGIA FACIAL, ou paralysia dos músculos da face. Indicação therapeutica. Convém na paralysia de um só lado da face. Causticum, graphites e rhus. HEMORRHOIDAS.— São as homorrhoidas uma en- fermidade, assaz incommoclaeque afílige a humanidade sem excepeão de sexo e de idade ; e consiste, na opinião do Sr. Deíarroque, em um íluxo de sangue fornecido pelos vasos sangüíneos que se distribuem no intestino recto, as mais das vezes precedido ou acompanhado da formação de pequenos tumores na circumferencía do ânus. Em conseqüência da encarceração do sangue nos vasos sangüíneos do recto, e congestão, elles e o fluxo hemorrhoidal se manifesta por exhalação, como acontece em todas as hemorrhagias espontâneas; e daqui vem o lluxo hemorrhoidal ser activo ou passivo ou não se ma- nifestar. Quer em um e quer em outro caso, ha symptomas pre- cursores que precedem as exhalações sangüíneas como sejam prurido, calor e dôr na extremidade inferior do 20T> DICCloNAKICi recto, e muitas vezes tão intenso que se propagamos outras partes. A estes phenomenos as \czes sobrevêm dores lombares, eólicas do estômago ou dos intestinos, calafrios, palpitações do coração, atordoamento da cabeça e mesmo vacillações, com susto o medo da morte que parece próxima. O fluxo hemorrhoidal aclivo, sendo abundante, porém não excessivo, serve de allivio ao enfermo, ou ás pessoas robustas sangüíneas q.ie sobrem de hemorrhoidas. No lluxo hemorrhoidal passivo a effusão do sangue se manifesta sem perturbação alguma local, e em geral, sem que com isto o doente sinta allivio, porque lho augmenta a debilidade. A' medida que o sangue se der- rama a relaxação dos vasos augmenta, e o doente perde em forças. No lluxo hemorrhoidal activo o sangue é \ermelho e grosso e no passivo é mais descorado, mais soroso e menos coagulavel, por isso os vasos exhalantes dão-lhe passagem fácil. Ha ainda uma variedade de hemorrhoidas a que o vulgo chama sega, ou secca que não se manifestando por exhalação sangüínea ou mucosa, o sangue refine para os principaes órgãos internos, as congestões, e per- turba-lhe as funcções, ou para a cabeção a perturba. O Sr. Delarroque, fallando das causas que produzem as hemorrhoidas, as enumera e mostra que a idade adulta parece ser a mais disposta ás hemorrhoidas: e é com effeito nesta época que ordinariamente se co- meçam a sentir mais os seus effeitos. Dehaen, pensa que muitas vezes se tem tomado por tumores hemorrhoidaes, nos meninos, uma relaxação da extremidade inferior do recto, o que fôrma pregas, que, sendo fortemente apertadas pelo csphinter, offere- cem a apparencia de pequenos corpos de côr vermelha livida. Comtudo este autor não nega que os meninos possam ser atacados de hemorrhoidas; porém este acon- tecimento lhe parece tão extraordinário, como sobre- vir a evacuação menstrual a uma menina recém-nas- cida. Stahl, pondo de parte todas as explicações hypotheti- cas, observa que, se as crianças não são ordinariameníe atacadas desta affecção, é porque, nelles, as forcas vilães são antes dirigidas para a cabeça do que para o abdômen : que pelo contrario os adultos asoffrem freqüentemente, porque estas mesmas forças se dirigem, nesta idade, so- bro o systema abdominal. Depois de Stahl, todos os physiologislas perceberam DL MEDICImV 207 que existe, com effeito, uma espécie de liga, e de urnio- nia entre as differentcs idades, e a direcção dos movi- mentos vitaes para certos órgãos da economia. Observa- ram que a natureza é oecupado nas diversas épocas da vida, em o desenvolvimento de tal ou tal órgão, de tal ou tal systema ; c que, durante este trabalho, as forças vitaes parece que abandonam em certo modo o resto do corpo, para se concentrarem sobre certas partes. Daqui a sua predominância para a cabeça na infância ; para o peito, e órgãos da geração na puberdade; e para o abdô- men na idade adulta. lTonde provém a differença da lo- calidade das moléstias, que affectam os meninos, os man- cebos, etc. Sem dar maior extensão ás considerações da influencia tias dilVerentes idades sobre a economia animal, creio >e pôde inferir do que íica dito que a idade adulta deve ser olhada como uma causa predisponente das hemorrhoi- das. Os órgãos abdominaes, gozando então de uma ener- gia vital, mais considerável do que as outras parles do corpo, devem ser necessariamente dotadas de maior sus- ceptibilidadc: d'ondc resulta a facilidade de receberem as impressões das diversas causas excitantes, e a freqüên- cia das congestões sangüíneas no apparelho digestivo, e particularmente no recto. Alguns médicos, e principalmente os italianos, pensam que as hemorrhoidas são mais familiares aos homens do que ás mulheres; o que depende, dizem, de que nestas ultimas existe um fluxo sangüíneo periódico, mediante o qual a economia se desembaraça da parte supérflua dos humores, ou da matéria própria a originar esta en- fermidade. _ , Outros, pelo contrario, pretendem que a allecçao ele que se trata sobrevenha mais freqüentemente as mu- lheres, Cullen manifesta este sentimento; «Os italia- nos diz elle, asseguram coinmuiuente que os homens sao com mais freqüência affectados ; porém lenho constan- temente observado o contrario. » Esta diversidade nos sentimentos dos autores, pro- vém certamente de se ter applicado a denominação de hemorrhoidas, ora ao lluxo sangüíneo, ora aos tumores beniorrboidaes. Ilildebrand presume que Cullen so oreíendéra fallar das hemorrhoidas cegas : o que lambem julgo, porque elíectivamente atacam mais vezes as mu- lheres do que o lluxo hemorrhoidal. Ainda que a affecção hemorrhoidal seja muitas vezes o resultado de muitas causas aecidentaes, pode. com tu- ,!m (Imvnder de uma disposiçã" hcinlilana. C pro\a- Ü08 DÍCCIONAIUO vel, por exemplo, que esta disposição haja sido traus- mittida a um indivíduo, quando é atacado desta enler- midade na infância, e seus pais e avós igualmente a padeceram. Não ha doença sobre que se tenham imaginado mais hypotheses do que as hemorrhoidas ; umas vezes se tem attribuido á acrimonia do sangue, e outras á natureza melancólica desteliquido. Porém o lluxo hemorrhoidal. e outras hemorrhagias espontâneas, especialmente se tem julgado dependentes de matérias acrimoniosas do sangue e dos humores, que atacam os vasos do reclo, do utero. da bexiga, do estômago, etc. conforme têm lugar nes- tes diversos órgãos. Não me atrevo a negar que os humores possam ad- quirir um gráo considerável de acrimonia ; porém obser- varei que a alteração supposta no sangue durante a exis- tência de um fluxo hemorrhoidal, ou de qualquer outra hemorrhagia espontânea, é puramente imaginaria, por isso que ainda não houve prova que o confirmasse. Mas suppondo que tenha realmente lugar, convém por ven- tura, no estado actual de nossos conhecimentos, fallar de rompimento de vasos para explicar a apparição das hemorrhagias em geral, e do fluxo hemorrhoidal particu- larmente ? Não possuímos nós factos para provar que quasi todas as effusões sangüíneas espontâneas se operam por uma espécie de exhalação? Passemos a examinar se é fundada em razões bem só- lidas a pretenção de que o sangue hemorrhoidal conte- nha certa matéria melancólica Os antigos médicos, e principalmente Galleno, foram desta opinião : elles es- tabeleceram as hemorrhoidas dependentes desta espécie de matéria, que a natureza providente expelle permeio do fluxo hemorrhoidal. Mas por maior que seja a auto- ridade de Galleno, não podemos admittir que as hemor- rhoidas provenham deste principio, que até aqui nos é incógnito, e o será sem duvida eternamente. Galleno também pensava que a mania provinha do transporte do sangue melancólico á cabeça ou cérebro. Sua opinião fundava-se nas vantagens que, nesta enfermidade, pro- porciona algumas vezes o fluxo hemorrhoidal; porém Adriano Spigel objectou judiciosamente que esta affec- ção pôde depender de outras causas. Todos com effeito sabem que muitas pessoas enlouquecem pelo extremo de uma paixão amorosa, em conseqüência de um violento accesso de cólera, e de outras affecções moraes : parece pois que, nestes casos não seria razoável suppôr a exis- tência de um sueco melancólico como causa material da DE MEDICINA. 209 mania. Também seria fora de propósito admittil-a no sangue hemorrhoidal, pois que muitas vezes as hemor- rhoidas resultam da acção de uma causa local, e se ma- nifestam em pessoas não melancólicas. O sangue que contém esta matéria tem-se dito ser crasso, espesso, e negro ; por conseqüência se o das hemorrhoidas é desta natureza , deve constantemente ter os mesmos caracteres, porém a observação mostra o contrario, porque não é raro, como acima disse, vêr-se esse liquido vermelho, etc. A grande sensibilidade do canal intestinal, ou ella dependa da constituição individual, ou resulte da acção de alguma causa accidental, deve ser considerada como uma predisposição ás hemorrhoidas ; porque, re- ílectindo que, tanto maior é a sensibilidade de qualquer, órgão, quanto é mais susceptível de receber as im- pressões das diversas causas existentes, e por conse- qüência de se engorgitar de sangue : inferir-se-ha fa- cilmente a necessidade de :ontar esta causa em o nu- mero das que favorecem o desenvolvimento da affecção que nos occupa. Quem ignora que, em certos indiví- duos, os intestinos são de tal modo irritaveis, que os mais ligeiros purgantes produzem effeitos extraor- dinários, como são eólicas violentas, evacuações consi- deráveis, espasmos locaes ou geraes, etc. ? Também se acham pessoas, que não podem experimentar o menor frio na pelle, sem que, sejam consecutivamente acom- mettidas de uma relaxação de ventre mais ou menos abundante. As paixões d'alma não só influem na apparição das hemorrhoidas, mas também as constituem mais violen- tas, anômalas ou irregulares. Principalmente a cólera, o terror, e uma tristeza profunda ou habitual, produzem estes differentes effeitos, Jrnka, Hoffinann, Ferdinand, Storck, referem observações que o provam cabalmente. Conskierando ás affecções moraes como causas pro- catharticas das hemorrhoidas, não julgo, a exemplo de alguns autores, dever mencionar o modo de altera- ção que cada uma dellas imprime a tal ou tal sysiema da economia animal ; porque muitas vezes todos os svstemassão affectados a um tempo. Suecede comtudo algumas vezes que tal paixão d'alma ataca mais parti- cularmente um apparelho do que outros ; mas também se observa que a mesma paixão produz effeitos diver- sos conforme a differença de pessoas, e as circunstan- cias em que se acham. Para dar a razão deste pheno- meno, bastará recordar-nos que temos partes mais de- D. ¥• 27. 210 DICCIONARIO heis, ou mais susceptíveis do que outras, e que sobre estas reflectem quasi sempre as impressões algum tanto fortes que recebe nosso corpo. E', portanto, que um accesso de cólera em um indivíduo nervoso será segui- do de spasmos, de convulsões, de syncope, e mesmo de epilepsia; ao mesmo tempo que, em um indivíduo ple- ctoriço, oCcasionará uma febre inflammatoria, uma hemnpthysis, ou um ataque de ápoplexia. Á affecção hemorrhoidal é muitas vezes conseqüência do repouso prolongado, durante o qual os sólidos e os fluidos não são sufficientemente agitados para impedir o desenvolvimento de um estado plectorico local ou geral: a perspiração pulmonar, e a transpiração cutâ- nea são então pouco abundantes ; as excreções são re- tardadas, porque os órgãos excretores se acham por assim dizer em um estado de entumecimento ; sua sen- sibilidade é mais obtusa, a contractibilidade menos enérgica, do que quando ha um exercício conveniente. Deve-se também notar que as pessoas abandonadas a ura descanso absoluto permanecem muitas vezes sen- tadas, ou sobre assentos brandos que, como se sabe, ex- citam o calor na extremidade inferior do recto e partes de geração; ou sobre cadeiras duras que deter- minara uma certa irritação sobre as mesmas partes. Hoffmann observa que as hemorrhoidas dependem freqüentemente da mudança de uma vida activa para uma vida sedentária Pretende que, nos primeiros tem- pos da sua plratica, o paiz frio que habitou quasi não lhe offerecêra exemplo de hemorrhoidarios, ao mesmo tempo que quarenta annos depois observara grande nu- mero delles. « Se indagarmos, diz este sábio, a causa desta differença, creio se achará na mudança de uma vida activa e laboriosa, em ociosa e sedentária ; mu- dança que nãoé mais do que uma conseqüência da cor- rupção dos costumes. O ócio, continua este autor, não só gera maior quantidade de sangue, mas também torna languidas as forças vitaes, de maneira que não é para admirar que as pessoas affeminadas sejam sujeitas a fluxos sangüíneos, como as mulheres. » O exercício a pé, quando é levado ao extremo, pôde também originar as hemorrhoidas. Com effeito, se re- flectimos no que suecede quando se corre com muita ve- locidade, ou quando se caminha com demasiada preci- pitação, e por longo tempo, observamos que a circula- ção geral è muito mais activa do que em uma progres- são lenta; e que todo o nosso corpo se acha em um es- tado de exaltação, de calor, e de suor; que por conse- DE MEDICINA. 211 quencia, não ha órgão que, em um tempo limitado, não receba quantidade maior de sangue do que no es- tado natural. Suppondo pois que, durante a marcha apressada, al- guma de nossas partes seja mais fortemente irritada do que as outras, conceberemos facilmente que o sangue affluiráa ella com maior abundância. Por isso que a ir- ritação é então mais viva em o ânus, porque a fricção que as nádegas exercem uma com outra é muito con- siderável. A estas condições pôde accrescer a disposi- ção individual às hemorrhoidas, e a grande instabili- dade da extremidade inferior do recto. A equitação muito freqüente ou prolongada, e espe- cialmente quando o trote do cavallo é áspero, constituo às vezes a causa da affecção hemorrhoidal, porque, du- rante este exercício, a circumferencía do ânus se acha constantemente comprimida, magoada e irritada. Pela mesma razão, às jornadas em carruagens mal suspendi- das podem ter por effeito o desenvolvimento desta enfermidade. As hemorrhoidas podem sobrevir depois do coito fre- qüente, ou executado com muito ardor ; as partes de geração, achando-se então irritadas e em um estado de orgasmo, o sangue afflue a ellas com violência ; as par- tes ambientes o recebem em maior quantidade do qus no estado natural ; d'onde algumas vezes se derivam o augmento de sensibilidade do recto, da bexiga, do utero, e as effusões sangüíneas que se manifestam nesses órgãos. A applicação muito continuada das faculdades intel- lectuaes é uma das causas que mais contribue ao desen- volvimento das hemorrhoidas, principalmente quando coincide com a vida sedentária, porque em taes casos é mui freqüente o endurecimento das matérias fecaes, e as nádegas se acham quasi constantemente comprimi- das e irritadas pela superfície em que repousam. As substancias indigestas que offerecem grande re- sistência para soffrer uma elaboração conveniente no estômago ; taes como os caroços de ginjas, de ameixas, de damascos, etc, que se engolem voluntariamente, ou por inadvertencia, podem dar lugar ás hemorrhoi- das. Estes corpos atravessam em geral o conducto intestinal sem terem experimentado a menor altera- ção ; muitas vezes se accumulam com as matérias fe- caes na parte mais larga do recto, e do colon, aonde formam massa considerável e dura, que não pode ser expellida sem violentos esforços : o intestino recto se 212 OICCIO.NARIO acha então fortemente irritado, c vem a ser o local de uma fluxão mais ou menos considerável. Os mesmos effeitos se obervam quando, nos últimos tempos da prenhez, o utero, preenchido pelo producto da concepção, exerce uma pressão mecânica sobre o in- testino recto; quando o parto é muito laborioso, de sorte que a cabeça do fecto magoa todos os órgãos que a rodeiam e rompe lentamente pelas partes externas da geração ; finalmente, quando, pela frouxidão do intestino rectô, este canal se acha distendido e engorgitado por enorme quantidade de matérias estercoraes endurecidas. « A constipaçâo, diz Petit, é causa das hemorrhoidas, não só porque ás matérias fecaes, retidas no recto por cima do esphinter, pesam sobre as veias hemorrhoidaes, e se oppõem á circulação do sangue, mas também porque os esforços violentos que fazem os enfermos para as ex- pellir augmentam esta compressão a ponto que o san- gue, comprimido e demorado, por assim dizer, nas he- morrhoidas, as dilata excessivamente e as rompe algu- mas vezes. » J. Petit considera os tumores hemorrhoidaes como formados pelas dilatações das veias; em conseqüên- cia do que, examinando a maneira de obrar das matérias fecaes endurecidas, fixa mais particularmente sua at- tenção na pressão que estas ultimas exercem sobre as veias, a qual favorece evidentemente o desenvolvimento das varices. Porém será útil observar que as matérias estercoraes duras têm dous modos de acção incontes- táveis : em primeiro lugar, irritam os intestinos, e es- pecialmente o recto de uma maneira mecânica ; em segundo lugar ellas o excitam de uma maneira chimica. Este segundo modo de acção é tanto mais pronunciado, quanto o primeiro tem sido mais forte e as matérias são rectidas por maior espaço de tempo. Todos os autores relatam como causa das hemorrhoi- das o engorgitamento, ou as obstrucções das vísceras abdominaes, e principalmente do fígado ; porém eu farei observar que os embaraços deste ultimo órgão não occasionam esta enfermidade, tanto porque elles impedem a livre circulação das veias, como por causa da constipaçâo que ordinariamente os acompanha. Escute- mos ainda por um momento as explicações engenhosas do distincto cirurgião que acabo de citar, e veremos que servem de apoio á nossa asserção : « A constipaçâo, diz elle, é quasi sempre conseqüên- cia necessária do embaraço do ligado. Sabemos que para a livre evacuação duas causas são absolutamente neces- DE MEDICINA. 213 sarias, uma consiste em que os excrementos não sejam demasiadamente duros, e a outra que sejam capazes de provocar a acção dos intestinos : ora, achando-se o fí- gado obstruído de maneira que a bilis se não filtre, e que não possa passar atra vez dos tubos que a conduzem até ao intestino duodenum, ella não se misturará com os alimentos digeridos, estes não serão liquificados e os excrementos serão duros ; e não sendo os intestinos provocados pela bilis. o ventre será preguiçoso. » Isto posto, se as matérias fecaes permanecem longo tempo no canal intestinal, e se principalmente são muito duras. é claro que poderão dar origem ás hemorrhoidas e va- rices; por isso que ellas não somente comprimem as veias do recto, mas também irritam a membrana mu- cosa que reveste o interior desse intestino. O que parece comprovar que as hemorrhoidas são devidas mais á constipaçâo que acompanha as obstruc- çoes do ligado, do que a estas obstrucçõe^ em si mesmas, e que nos cadáveres, aonde se acham veias hemorrhoi- daes varicosas, eo fígado muito engorgitado, não se ob- servam também varicosos os outros ramos da veia-por- ta : comtudo o obstáculo existe igualmente para todas, vão atar-se em um tronco commum antes de chegar ao órgão hepatico. Também observarei que se tem aberto infinidades de cadáveres, em os quaes o fígado se achou enor- memente inchado, e de uma dureza quasi cartilaginosa, sem que por is?o existissem tumores hemorrhoidaes. As hemorrhoidas podem ser o resultado da ílagel- lação, inventada por homens perversos e estragados pelos prazeres amorosos. As emanações pútridas das cloacas, quando por uni máo costume se lhes permanece por muito tempo exposto, originam algumas vezes a affecção hemor- rhoidal. Dahem julga que tem lugar este effeito, porque achando-se a extremidade do recto relaxada pelo con- tacto das emanações pútridas, resulta uma , entumes- cencia deste intestino. Esta explicação sobre a maneira de obrar da causa não me parece* muito bem fundada; julgo que seria mais razoável acreditar que os gazes das cloacas, longe de relaxar directamente o intestino, pelo contrario o irritam; e que este effeito, determinando maior aflluencia de humores, occasiona a entumescencia do ânus. A observação de ophthalmias, e mesmo de an- ginas, produzidas pelas emanações das cloacas, com- prova o que fica dito. 214 DICCIONAR10 Ha certo numero de medicamentos que possuem, por assim dizer, a propriedade especifica de promover o desenvolvimento das hemorrhoidas: particularmente o aloes e suas preparações. Este medicamento é um dos drásticos mais violentos, que parece ter uma acção electiva sobre a extremidade do recto. Coloquintida, a escamonéa, a gomma gutta, etc, que também operam uma irritação forte no canal intestinal, não tém a mesma efficacia para provocar a apparição das hemor- rhoidas : não obstante, como estas substancias contém um principio muito acre, facilmente podem produzir esta enfermidade. Hildebrand assegura que o rhuibarbo exerce uma acção electiva sobre os vasos hemorrhoidaes, e que sempre é nocivo aos hemorrhoidarios quando se lhes administra em substancia. Recamier também observou que o sulphato de soda é muito próprio a provocar o fluxo hemorrhoilal. 0 uso continuado e abusivo de licores espirituosos e estimulantes, como asdifferentes espécies de aguar- dente, os vinhos muito aleoholisados, o chá, o café, etc. dão igualmente lugar a esta doença, porque não só originam um estado plectorico, mas também irritam mais ou menos directamente o canal alimentar. O abuso do sal e das especiarias favorecem também o desenvolvimento das hemorrhoidas. Esta enfermidade sobrevêm algumas vezes depois do freqüente uso de clisteres purgativos, e principalmente quando se administram quentes. Os banhos de vapor, ossimicupios muito impregnados de calorico, e a pre- sença de um pessario na vagina, contribuem simul- taneamente á sua apparição. A observação também tem demonstrado que as he- morrhoidas sobrevêm, ou se augmentam, em conse- qüência da applicação repetida das sanguexugas. Sa- bemos que a picada destes animaes produz urna irri- tação assaz viva, a que algumas vezes se segue o engor- gitamento, e ainda mesmo a inflammação loGal. De- mais, quando se applicam freqüentemente as sangue- xugas, habitua-se o sangue a encaminhar-se para a extremidade inferior do recto; e por conseqüência este órgão é disposto a constituir a localidade de uma effusão sangüínea, ou de tumores hemorrhoidaes. O prolapsus freqüente do recto, ou o transtorno mais ou menos constante da membrana que reveste o interior deste intestino, são causas muito communs das hemorrhoidas, e tanto mais quanto a dobra que DE MEDICINA. 21o fôrma a membrana mucosa se acha mais freqüente- mente comprimida pelas contracções do músculo es- phinter do ânus. Estas contracções sobrevêm de ordi- nário acabadas as evacuações; e se neste momento uma porção da membrana mucosa se acha de fora, soffre necessariamente uma astricção mais ou menos forte, que, impedindo de se reduzir, obsta ao retorno de sangue venenoso, d'ond^ resultam o entumecimento desta parte e algumas vezes dores vivíssimas. « Este accidente repetido com freqüência, diz Cullen, aug- menta muito o volume e a plenitpde do rolete for- mado pela queda do intestino; então se reduz mais lentamente, e com maior difficuldade; e é que prin- cipalmente con:-titue a incommodidade dos que são atacados de hemorrhoidas. » Esta affecção pôde ser effeito das enfermidades da vagina, do utero, da bexiga, taes como as inflamma- ções, engorgitamentos seirrosos destes órgãos, cálculos da bexiga, etc. Pôde depender da repercussão da sarna, impingens ou qualquer outro exanthema cutâneo. So- brevêm principalmente depois da suppressão ou sus- pensão de alguma hemorrhagia habitual, como são as menstruações, hemoptises, etc. Tem-se observado que o fluxo sangüíneo se manifesta durante a suppressão, suspensão ou diminuição de um fluxo ulceroso útil á economia, do suor, da transpiração, dos loqüios, etc. As hemorrhoidas se desenvolvem algumas vezes no decurso das febres agudas; mas observa-se que appa- recem mais freqüentemente na declinação destas en- fermidades e principalmente nas febres intermittentes dysentericas. O paiz que se habita pôde contribuir, em certo modo, ao desenvolvimento das hemorrhoidas? Symptomas das hemorrhoidas. Entre a numerosa serie de affecções a que o homem é sujeito, diz o Dr. Delarroque, parece não haver al- guma mais simples e fácil de conhecer do que são ao hemorrhoidas; não obstante, rellectindo na mul- tidão de symptomas que pertencera a esta affecção, e ás enfermidades que ella pôde simular, convencer- nos-hemos facilmente daescropulosaattenção que exige algumas vezes o seu estudo. Com quanla freqüência não se tem tomado por affecções puramente locaes, accidentes que se manifestam na cabeça, peito ou abdômen, e que dependem evidentemente das hemor- 216 DICCION ARIO rhoidas? Quantas vezes não se tem cahido em graves erros, por haver desprezado indagar a origem de uma infinidade de phenomenos mórbidos que as hemor- rhoidas fazem nascer? E quanto é importante conhe- cer bem todos os symptomas que podem preceder ou acompanhar o desenvolvimento das hemorrhoidas. Os symptomas precursores desta enfermidade se dis- tinguem em locaes e geraes. Symptomas locaes. Ordinariamente os enfermos ex- perimentam a principio um prurido, incommodo na extremidadade do recto ou em seu interior; depressa este prurido se torna em dôr picante, que algumas vezes se faz insupportavel; o calor é também muito vivo e ainda mesmo ardente; as margens do ânus se entumecem mais ou menos e apparecem vermelhas. Algumas vezes estes symptomas se acompanham de um sentimento de peso, que se estende do recto até ao perineo, e de um aperto espasmodico do esphinter externo. Symptomas geraes. Porém quando os enfermos são dotados de grande sensibilidade e as correspondências symphaticas são nelles muito pronunciadas; quando as hemorrhoidas têm contrahido, com o resto da eco- nomia, uma ligação intima; quando emfim são consti- tueionaes, ou dependem de um estado plectorico geral; então sobrevêm freqüentemente um movimento febril, que precede a apparição do fluxo hemorrhoidal e o engorgitamento dos tumores. Esta febre é algumas vezes muito pouco sensível; apenas se resentem na pelle pequenos calafrios de pouca duração, a que se segue calor mais ou menos activo. De ordinário esta febre somente sobrevêm de- pois do engorgitamento, ou congestão dos tumores hemorrhoidaes e da extremidade do recto; parece então resultante das dores que os doentes experi- mentam nestas partes, pois que só desapparecem quando ellas diminuem ou cessam completamente. Com freqüência os enfermos padecem, nas costas e região lombar dores agudas e um sentimento de pressão- algumas vezes estas dores são circumscriptas; em outras circumstancias seguem toda a columna vertebral alé a nuca. Algumas pessoas se queixam de engorgitamento nas coxa*, de resfriação nos órgãos abdominaes, e prin- cipalmente dos pés, acompanhada de um aperto de pelle e prurido geral ou particular, sobretudo no ânus e órgãos de geração. DE MEDICINA. 217 Algumas vezes os músculos assim como as mem- branas articulares vêm a constituir a localidade de dores rheumaticas vivíssimas, tanto fixas como vagas, passando facilmente de um a outro lu/jar. Freqüen- temente sobrevêm violentas affecções de cabeça, re- petidas vertigens, somnolencia, zunido de ouvidos, falsas visões, accessos de calor ao recto, entumcci- mento e vermelhidão das faces, olhos e orelhas ; as carótidas apresentam grandes pulsações, e as veias do pescoço parecem muito inchadas. Não é raro obser- var diversas-alterações na memória, imaginação e en- tendimento. Algumas vezes se manifesta delirio, ou convulsões, cuja violência e duração são muito va- riáveis. Porém estes accidentes somente se desen- volvem, logo que o fluxo hemorrhoidal custa a appa- recer, e quando o sangue se encaminha abundante- mente ao encephalo. A construcção do ânus, ou cila dependa do engor-* gitamento dos vasos hemorrhoidaes e do tecido cel- lular, ou provenha do spasmo do intestino recto e % dos esphinteres, e algumas vezes tão grande que apenas se pôde introduzir a canula de uma seringa. Stahl diz mesmo que, em certos casos, os clisteres não podem penetrar até ao intestino. Gomo quer que fôr, as dores são então agudissimas, e quasi intole- ráveis ; experimentam-se freqüentes puxos, pouca ex- creção das matérias fecaes, ou quando muito se eva- cuam mucosidades viscosas. A irritação das hemorrhoidas se propaga até â be- xiga e canal da uretra, d'onde resultam as dores na região bypogastrica, os desejos repetidos de ourinar, o prurido da glande, dôr aguda na acção de verter as ourinas, a estranguria e os violentos desejos de gozar os prazeres do amor. Wanswiten observou em um accesso de hemorrhoi- das suppressão completa de ourinas, que só foi dissipada quando o fluxo hemorrhoidal se manifestou. Quando os enfermos têm padecido freqüentes blenorrhagias , en- tão principalmente se resente no canal da uretra a irritabilidadecujo foco reside no recto. Tem-se visto, e eu mesmo observei, gonorrhéas produzidas ou mantidas por esta causa. As hemorrhoidas se annunciam muitas vezes por dores vivas no estômago, que têm de ordinário a sua locali- dade no orifício superior deste órgão, e são freqüente- mente acompanhadas de vômitos espasmodicos repe- tidos, de maneira que os enfermos não podem conser- d. m. 28. 218 DICCIONARIO var a bebida nem os alimentos. Muitas vezes também sobrevêm uma entumescencia, e tensão dolorosa dos hypocondrios, e especialmente do esquerdo, eólicas que Alberti denomina hemorrhoidaes, e que parece algumas vezes resultaremdos gazes que distendem os intestinos, porque cessam ou diminuem no instante em que os enfermos expeüem o ar pelas vias superior ou infe- rior. A constipaçâo é um symptoma muito ordinário da: hemorrhoidas ; as matérias fecaes são quasi sempre duras; sua expulsão ê quasi constantemente acompa- nhada de terrível padecimento ; os esforços necessários para operar, determinam algumas vezes, nas pessoas velhas e cacochymas, um transtorno da membrana mucosa do recto. Ha- também casos em que as maté- rias fecaes são demasiadamente sólidas para se amol- darem á fôrma do ânus ; então, por pouco que sejam desiguaes em sua superfície, dilaceram os vasos do in- testino e dão lugar a uma effusão de sangue tanto mais abundante, quanto o numero dos vasos rompidos é mais considerável e suas operações são maiores. Em algumas circumstancias a affecção hemorrhoidal começa por palpitações, anciedades, grande difficuldade de respirar, tosse secca e freqüente, dores thoraxicas vagas ou fixas, e por hemoptisis. O pulso é em geral duro, desigual, cerrado, e não dispara sob o dedo que o comprime : sente-se a pulsação da artéria por cima e por baixo do lugar comprimido. Algumas vezes a pelle é coberta de suor em toda a sua extensão; em outros casos o suor é simplesmente local, e então se manifesta commummente na parte superior das coxas, entre as nádegas, e em torno do ânus. Mais ordinariamente existe secura de boca, a sede é mais ou menos activa, as ourinas são de côr variada, pouco abundantes, e se ha febre, contém algumas vezes um sedimento. Taes são em geral os symptomas, que podem preceder ou acompanhar a apparição do fluxo hemorrhoidal, ou os tumores do mesmo nome. Julgo inútil observar que uma grande parte destes phenomenos precursores são communs a muitas outras enfermidades; assim, as vertigens, o zunido de ouvidos, o peso de cabeça, per- tencem também ás hemorrhagias nasaes, e ásapople- xias; que as difficuldades de respiração, anciedades pre- cordiaes, palpitações, etc. formam em muitos casos os caracteres essenciaes das affecções orgânicas dos pul- mões e do coração. DE MEDICINA. 219 Variedades. Não é em um só ataque da enfermidade, nem sobre o mesmo indivíduo , que se observa a reunião dos phenomenos precursores que acabo de expor; elles variam segundo uma infinidade de cousas, disposições individuaes, temperamento, constituição e épocas da vida. Em certas pessoas, a localidade dos phenomenos tem lugar unicamente no baixo ventre; em outras o peito é affectado com mais particularidade ; em algumas em fim padece especialmente a cabeça. De ordinário, no decurso em que preludiam os symptomas, cuja duração é variável, se manifestam os tumores hemorrhoidaes, tanto na margem do ânus como em o intestino recto. Em geral se offereoem com apparencia de tuberculos arredondados, lisos, tensos, mais ou menos dolorosos; commummente a sua côr é vermelha-escura e azulada, sobre tudo quando é considerável a congestão sangüí- nea, e o sangue se estagna ; porém se a irritação é muito activa, os tumores são de um vermelho claro, e as dores locaes são ordinariamente agudas e semelhantes ás que produz a picada de uma agulha. Algumas vezes ellas são gravativas, formigantes, pulsativas, etc: destas dores ou são periódicas, ou irregulares. O numero dos tumores hemorrhoidaes é muito va- riável; porém raras vezes chegam a existir só. Seu comprimento chega a ser de uma pollegada. Em alguns casos são molles eflacidos; porém mais freqüentemente têm certa consistência ou dureza. Seu volume ATaria desde o de um pequeno bago de uva até ao de um ovo de gallinha : ha práticos que nos dizem serem de ex- traordinário volume. Em geral, os que são implantados no recto se fazem mais volumosos, porque são mais su- jeitos a sahir, e em conseqüência a serem comprimidos pelo esphinter externo do ânus. Em segundo lugar, a pouca resistência que offerece a membrana mucosa que os cobre, favorece o seu entumecimento extraordiná- rio. A pelle que envolve os tumores situados exter- namente, sendo muito mais consistente que a membrana mucosa, faz que o seu desenvolvimento nunca seja ex- cessivo. Os tumores hemorrhoidaes não constituem sempre a lacalidade de um fluxo sangüíneo; muitas vezes sue- cede que o molimento ou esforço hemorrbagico, sendo muito violento, os tumores incham, fazem-se lividos, 220 D1CC10NAM0 dolorosos e mesmo se inílainmam, sem que por isso tenha lugar a effusão sangüínea (1). A congestão dos tuberculos hemorrhoidaes também é freqüentemente seguida,, no fim de certo tempo, de um fluxo sangüíneo, que de ordinário allivia os enfer- mos (2): os symptomas do prelúdio diminuem então gradualmente; os tumores, em lugar de permanecerem inchados, renitentes e dolorosos, se murcham depressa e se fazem indolentes ; a pelle que envolve os externos passa do estado de tensão ao de flacidez ; é rugosa, c offerece algumas vezes pequenos regos, de varia pro- fundidade. Observemos, com tudo, que os tumores hemorrhoi- daes, ainda que se abatam, quasi nunca desapparecem completamente, o que só pôde algumas vezes ter lugar quando seu desenvolvimento é recente. Porém quando são inveterados, qualquer que seja odesengorgitamento que se opere, íica constantemente um pequeno caroço, que se entumece e augmenta cada vez que o molimento hemorrhoidal se faz sentir. A quantidade de sangue vertido pelas hemorrhoidas é extremamente variável; esta differença provém, as mais das vezes, do estado das forças dos enfermos e de sua maneira de vida. O sangue hemorrhoidal se derrama algumas vezes lentamente; em outros casos so extravasa impetuosa- mente c em grande quantidade. Sua consistência varia segundo as disposições individuaes, e algumas em razão do local da enfermidade. Portanto, é mais freqüente- mente coagulado quando provém do interior do recto tio que quando nasce dos tumores hemorrhoidaes ex- ternos. Sua côr não é constantemente a mesma; em alguns casos é muito vermelha, em outros escura, e ainda mesmo negra. Freqüentemente não tem cheiro; mas em algumas circumstaneias é tão fétido, que os mesmos enfermos o não podem supportar; o que acontece particularmente quando o sangue se estagna no recto. O fluxo hemorrhoidal é muitas vezes precedido, ou seguido da secreção de matéria mucosa, que alguns têm comparado a uma solução de gomma alcatira : este muco (1) A falta de hemorrhagia na superfície dos tumores deu lugar á denominação de hemorrhoidas cegas {hemorrhoides caca), hemorroidas séctas,etc. Talvez seria mais própria a denominação de tumores hemorrhoidaes não fluentes. (2) Este allivio c um dos caracteres, que distingue o fluxo hemorroidal activo do passivo. Além de nunca ser vantajoso, aggrava constantemente o estado dos enfermos. DE MEDICINA. 221 nunca se mistura com o sangue, e sahe como elle antes ou depois da excreção das matérias extercoraes. As hemorrhoidas são regulares quando sobrevêm em épocas fixas, e quando a quantidade do sangue e a duração do fluxo não são variáveis. Pelo contrario, são anômalas ou irregulares, quando se manifestam em diffe- rentes tempos, quando a quantidade do sangue não é sempre constante e a duração do fluxo é variável. Tem-se observado pessoas em que o fluxo hemorrhoi- dal apparece com regularidade todos os mezcs, bem como no sexo feminino sobrevêm a menstruação. A sua du- ração é indeterminada; póde-se manter por espaço de um até quatro dias, e ainda mesmo de mezes. De ordi- nário o fluxo hemorrhoidal suspende-se por si mesmo, e de maneira successiva, e é substituído por um fluido soroso avermelhado ; mas ha casos em que a hemorrhagia sangüínea poderia produzir até a morte dos enfermos, se lhes faltassem os soecorros da arte. O fluxo hemorrhoidal tem sua localidade no interior do recto e nos contornos do ânus fora do intestino : no primeiro caso pôde manifestar-se independentemente dos tumores ; no segundo, pelo contrario, nunca se ma- nifesta sem elles. Este fluxo pôde ser symptomatico ou critico ; do mesmo modo que os tumores hemorrhoidaes. Indicação therapeutica. Acidum nitricum. Gonvém nas hemorrhoidas fluentes e sahida de tumores hemorrhoidaes. Acidum muriaticum. Gonvém nos tumores hemor- rhoidaes inchados e inflammados. Ammoniumcarbon. Gonvém nas hemorrhoidas fluentes. Ammonium muriaticum. Restabelece o fluxo hemor- rhoidal supprimido. v Calcarea carbônica. Em conseqüência da suppressão das hemorrhoidas. Carbo vegetabilis. Gonvém nos tumores hemorrhoidaes dolorosos. Chamomilla. Havendo prurido c ardor no ânus, no pe- rincoe partes genitaes, dores lancinantes no recto, fre- qüente tenesmo, tumorezinhos na margem do anusdo- lorosissimos, de vermelho livido, dejecções com dores. Graphites e nux vomica. Gonvém nas hemorrhoidas cegas com vertigem, fraqueza dos olhos, pyrosis, pressão no estômago e ventosidade. Sulphur. Gonvém contra differentes affecções hemor- rhoidaes, Outros remédios: nux vom., ignatia e sepia. <»3 DICCI0NAR10 Hepar sulphuris. (Figado de enxofre calcareo.) Caracter physiologico. O hepar s. exprime o temperamento lymphatico bilioso. Medicamentos a seguir-se. Depois do hepar s. convém algumas vezes bell., merc, nitr. ac., spong., silic. Antídotos. Vinagre, bell., cham., silic. Concordância em symptomas. Silic, sulph. Exacerbações. Moderam-se com bry., nux vom., rhus, silic. Indicação therapeutica. O hepar convém no abscesso escrophuloso—arthrite aguda—asthma humida—asthma espasmodica dos me- ninos — atrophia — blepharophtalmia —cachexia mer- curial —catarrho inveterado—coxalgia—croup—dysen- teria—eetropion—erysipela na face—erysipela habitual —empigem na face—empigem nas orelhas—fendas nas mãos—enduração das glândulas axilliaes—inflammação rheumatica —panaricio—pannos—phtysica laringea"— dita pulmonar — prosopalgia—syphilis—terçol—tinha humida na cabeça—tracheite—tosse ferina—ulcera na face—urticaria. Symptomas geraes que desenvolve o hepar sulphuris. Rasgamentos ou repuxamentos paralyticos nos mem- bros, principalmente de manhã, levantando-se. —Dôr de excoriação ou de mortificação ao tocar em diversas partes.—Fisgadas nas articulações.—Inchação arthri- DE MEDICINA. 223 tica, com calor ; vermelhidão e dores de deslocação.— Inchação, inflammação e ulceração das glândulas.— Apparição ou aggravação das dores, de noite, principal- mente durante os calafrios.—Magreira, ás vezes com angustia, irripiamento nos hombros, vermelhidão das faces, insomnia, etc—Prostração physica e tremor depois de ter fumado, ou andando ao ar, com calor e anxiedade.— Accessos de esvaimento, principalmente de tarde, por dores pouco violentas. HEPATITE.—Inflammação do fígado. Diagnostico em geral. Dôr do hypocondrio direito e epigastrio, d'onde se estende as vezes á porção vi- zinha do hypocondrio esquerdo ; sentimento de calor, peso ou renitencia obscura na mesma região; a pressão sobre os tegumentos e a tosse augmentama dôr ; affecção do systema biliario; copiosas evacuações de bilis por cima e por baixo, ou ictericia geral; gosto amargo; ourina açafroada ; postura do lado es/juerdo impossível, a do lado direito allivia o doente. A dôr do hypocondrio direito é, ora pungente, ora ardente, ás vezes análoga á do pleuriz, dilata-se até o externo e homoplata direito, até ás vezes toma o pé direito; tosse secca, ás vezes vomito ; postura sobre o lado direito impossível; inspi- ração e pressão sobre as costas são dolorosas ; algumas vezes tumor abaixo do rebordo cartilaginoso das cos- tellas. Não se deve confundir a hepatites, que affecta a face convexa do fígado com a pleurizia, com a qual tem tantos symptomas análogos, que todavia na mór parte dos casos requer differente tratamento (em homceopathia bem entendido.)—Em todos os casos vem a hepatites acompanhada de expressão de dôr na physionomia, de sede de constrangimento na respiração e de symptomas geraes de febre inflammatoria freqüência de pulso, etc, etc Indicação therapeutica. Aconitum e mercurius solubilis. Havendo violenta dôr pungente e abrazadora em toda a parte convexa do fígado, com muita sôde, vomito de bilis e volumosa inchação do fígado. Bryonia e nux vomica. Bryonia, ajudada de mercurius solubilis. Convém na hepatites aguda. Bryonia. Convém na hepatites sob-aguda: aspecto nallido com leve côr amarellada, não sabe o doente como se vire é forçado a deitar-se continuadamente de costas, áá4 DICC10NARI0 forte inspiração augmenta-lhe a dôr, dejecções argilosas, como terra gorda, ourina parda. Chamomilla. Gonvém na hepatites com grande febre, ancias e violentas dores. Nux vomica. Havendo violenta dôr pungente e pres- siva na região hepatica, picadas na região ao respirar, vomito, constipaçâo, calor, pulso accelerado, cheio e duro. Nux vomica. Convém na hepatites rheumatica. Nux vomica, ajudada de mercurius solubilis. Convém na região hepatica muito inchada, com violentas dores tensivas e pungentes, augmentadas a cada inspiração e pela tosse, impossibilidade de soffrer pressão externa na região affectada, pulso accelerado, cheio e algum tanto duro. Psoricum. Convém na hepatites chronica: gosto amargo, fastio, flatulencia, constipaçâo, dores no sacro, dores hepaticas, irascivel e fácil de mover-se. Sulphur e silicea. Convém na cephalalgia, pressão no estômago, dôr de excoriação e exulceracão debaixo das falsas costellas direitas, arripiamentos, suores de manhã, cansaço, pulso pequeno e duro. Os principaes medicamentos para combater a inflam- mação do fígado são : acon., bry., magn. mur., merc, nux vom., sep., chin. HÉRNIA. Por hérnia entende-se um tumor molle, elástico, sem mudança de côr na pelle, situado na circumferencia de uma das cavidades esplamchnicas, e formado pelo des- locamento e sahida total ou parcial de alguma das vís- ceras que dellas se encerram. (Aqui só tratamos das hérnias abdominaes.) A tosse e os esforços fazem sahir mais as hérnias abdominaes reduziveis. (Chamam-se re- duziveis as que se podem fazer recolher á cavidade abdo- minal, irreduziveis as que se não podem recolher ao abdômen, seja qual fôr a postura que se dê ao enfermo, e a pressão que se faça sobre o tumor.) O repouso, a postura horisontal e a pressão as diminuem e até fazem sumir em apparencia. Indicação therapeutica. Nux vomica duas doses, coceulus uma dose, e aurum foliatum uma dose, curaram quatro hérnias em uma mulher de 53 annos. China curou muitas hérnias. HÉRNIA INGUINAL.—Hernica na verilha. DE MEDICINA. 22ü Indicação therapeutica, Coceulus. Gonvém na hérnia inguinal em conseqüên- cia de dilatacão espasmodica do anncl inguinal. Nux vomica. Convém na hérnia inguinal dascrianças em conseqüência de violentos gritos. Psorium. Convém nas hérnias inguinaes dos meninos. Outros remédios: aurum, carbo animalis. Lycopodium e zincum. HÉRNIA INGUINAL CONGÊNITA.—Hérnia inguinal de nascença. Dá-se este nome á hérnia inguinal em que as partes deslocadas estão encerradas na túnica vaginal do tes- tículo. Indicação therapeutica. Nux vomica, sulphur e chamomilla em um menino de cinco semanas. HÉRNIA ENCARCERADA.—Hérnia afogada. Soffrem as vísceras da parte da abertura que lhes dá passagem, ou de outra qualquer causa mecânica, maior ou menor constricção (aperto): então se in- flamraam e sobrevêm accidentes gravíssimos, que de- notam irritação e violenta inflammação das vísceras deslocadas; taes são: pertinaz constipaçâo, soluços, vô- mitos, horríveis dores no abdômen, tensão dolorida do ventre, decomposição das feições do rosto, pequenbez e irregularidade de pulso, frio glacial das extremi- dades. Indicação therapeutica. Nux vomica, duas doses. Convém na hérnia femural estrangulada: completa ausência de dejecções, e de ventos no decurso de três dias; febre ardente, arrotos pútridos, vomito. Aconitum. Convém na hérnia inguinal estrangulada: violentas dores ardentes no abdômen, dores no coração, vomito amargo, grande anciã, pulso pequeno e con- tra hido espasmodieamente. Nux vomica é o principal remédio contra a hérnia estrangulada. Outros remédios: belladona, opium. Havendo dores abaixo da região do umbigo convém: bell., bry., carb. veg., lyc, sep., silic. Se as dores são no annel inguinal, convém: amm. mur., aur., lycop., nux vomica.. sulphr., ae d. m. 29. 220 DICClONARKi Havendo hérnia inguinal, convém : amm. mar., aur., lyc, nux cômica,, sulphr., ac, veratr. HERPES.—Dartros. Diagnostico em geral. Havendo pustulazinhas que ap- parecem em grupos sentadas em fundo vermelho, que occupamas vezes um só ponto, outras vezes muilos lu- gares do corpo, reunidas em placas mais ou menos largas, ordinariamente arredondadas, que se dilatam cada vez mais, chegando muitas vezes até a cobrirem membros inteiros, com comixões mui picantes e do- lorosas, íicando seccas (dartros seceos) com escamação continua e escamosa do epiderme, ou escamação fa- rinhosa (dartros farinhosos): o epiderme mórbido de continuo se reproduz, ou então purgam as pústulas, um humor aquoso, acre ^dartro humido), e formam então muitas vezes crostas e exulcerações que augmentam e roem profundamente, com prurido dolorozissimo, a superfície das partes affectadas (dartro roenle). Dis- tingue-se emfim a ulcera dartrosa por uma suppu- ração ichorosa e imperfeita, exsudação de novo acre e aquosa e espessamente calloso do tecido cellular. A moléstia vem na mór parte dos casos sem febre; não é contagiosa. As pústulas venereas têm alguma semelhança com as dartrosas, em serem mais circum- scriptas e mais altas. Indicação therapeutica. Acidum phosphoricum. Convém na erupção dartrosa humida na parte rubra dos beiços superior e inferior, na face, e para o canto esquerdo da boca. Acon. Gonvém no dartro que forma crostas e calor febril. Arsenicum. No dartro da maior parte do corpo, com febre hectica, delirio, etc. Aurum, ajudado de sulphur. Gonvém nas manchas es- curas dartrosas das costas e do nariz, com grande co- michão. Bovista. Convém no dartro furfuraceo da face, dos sovacos e das coxas em um rapaz escrophuloso ; o remed;o fez também desapparecer ao mesmo tempo e no mesmo caso uma erupção crostosa e humida das orelhas. Bryonia, ajudada de sulphur. Convém no dartro fur- furaceo vermelho, com muita comichão, em um me- nino ; tomava o lado direito da testa, sobrancelhas e raiz do nariz, e bem assim a fonte e par te do couro ca- belludo. DE MEDICINA. 227 Calcaria carbônica. Convém no dartro rubro de grande coceira na excavação poplitea. - Carbo vegetabilis. Convém nos dartros humidos dos dous braços, com grande comichão urtiearia chronica da testa. Conium. Convém no dartro humido do ante-braço. Conium em repetidas doses. Convém nos dartros hu- midos ardentíssimos e picantes, das mãos eante-braços. Conium. Convém no dartro em toda a face interna dos ante-braços: prurido intolerável, principalmente á noite ; grande cansaço, aperto de peito. Os remédios antipsoricos, especialmente alumina, produziram cura radical. Dulcamara, ajudada de graphites e de sulphur. Convém nas manchas vermelhas e azues avermelhadas, princi- palmente nas pernas, com muita coceira e escamaçaa furfuracea. Graphites. Convém nos dartros das costas da mão; botõezinhos vermelhos claros, accumulados, cobrem me- tade das costas da mão ; ardor e pruridos violentos; purgação de humor claro. A moléstia só foi radical- mente curada com bovista, ajudada de calcarea carbônica, sepia, silicea. Graphites. Convém nos dartros dos braços, mãos, barriga das pernas e na face. Hepar sulphuris e lycopodium. Convém no dartro es- camoso, espesso, do ante-braço. Lachesis. Convém no dartro chronico, crostoso, es- pesso, da face, perto das suissas. Ledum. Convém no dartro secco da face que causa sensível picada ao ar livre, ardente e desagradável tensão quando se movem os músculos da face. Lycopodium. Convém na erupção dartrosa das pernas, com varices. Lycopodium. Havendo dartros furfuraceos á roda da bocca, com comichão e dejecções tardias. Lycopodium. Havendo dartros na face, na nuca e bar- rigas das pernas, exactamente circumscriptos, com fundo amarello, algumas placas mais rubras e esca- mação. Sulphur curou a vermelhidão que restava de- pois que se sumiram os dartros. Lycopodium . Convém nos dartros do cotovello que formam placas suppurantes, com forte e ardente dôr, com muitas ephêlides. Lycopodium. Convém nos dartros humidos e suppu- rantes. , , ., Mercurius solubilis. Convém nos dartros humidos,. 228 DICCIONARIO bordados de crostas escamosas que tomam o ante-braço direito, quasi todo com purgação considerável. Petroleum, sulphur e calcarea. Convém nos dartros humidos das costas da mão, com muita coceira e ardor picante. Phosphor e graphites. Convém nos dartros do lábio superior com muita coceira e copiosa secreção de ma- téria ichorosa e acre, que endurece pouco a pouco. Erupção em botões suppurantes em todo o corpo. Phosphor. Convém nos dartros de pardo claro, um tanto ásperos, semelhantes a ephélides. Convém de tempos a tempos. Psoricum e lycopodium. Convém no dartro universal de uma criança. Psoricum. Gonvém nos dartros da palma da mão. Ranunculus bulbosus. Gonvém nos dartros seccos da cabeça. Rhus, ajudado de pulsatilla e dulcamara. Gonvém nos dartros das coxas, braços, peito e baixo ventre, com prurido picante, tosse, copiosa expectoração, dejecções Mus, precedido de staphysagria e clematitis. Convém no grande dartro escamoso da coxa, com destilação de matéria corrosiva e amarellada. Sepia. Gonvém nas manchas dartrosas, semelhantes às ephélidas. Sepia, petroleum e calcarea. Convém nos dartros da face e das costas da mão; forte comichão, fundo e bordas vermelhos. Sulphur, rhus e dulcamara. Convém nos dartros cora picadas e prurido. Sulphur. Convém no dartro humido tomando a face toda, e dilatando-se até as palpebras, que estão ver- melhas e inchadas, grande coceira. Sulphur. Convém no dartro escamoso da testa. Sulphur e graphites. Convém nos dartros humidos. Sulphur. Convém no dartro secco do corpo todo, como tinha secca, Sulphur. Convém nos dartros erostosos dos artelhos, com muita comichão. HERPES CRUSTÁCEO.-Dartrode crosta. Nesta espécie, a desecação do liquido secretado na su- perfície do dartro dá lugar á formação de codeas que gradualmente se vão fazendo mais duras e mais grossas, e se despegam, passado certo tempo, ou seja depois de completamente seccas, ou em conseqüência das de um li- quido puriforme por baixo dellas. DE MEDICINA. 229 Indicação therapeutica. Conium. Convém no dartro com crostas da largura da mão. Graphites. Convém na crosta da espessura de um ca- nudo de penna, tomando toda a face interna do braço direito, com muita comichão, rigidez eimmobilidade da parte affectada. Algumas manchas dartrosas das mãos, que haviam voltado muitos mezes depois da cura da crosta dartrosa, cederam ao uso do zincum. Lycopodium. Gonvém nas crostas espessas, côr de pa- lha, com grande dôr picante de noite. Sulphur. Crostas de tinha, grossas, amarellas, esver- deadas. HEKPES OU DARTRO ROEDOR. Affecta particularmente a cara, e começa por uma dôr surda no sitio em que deve apparecer o dartro, a pelle avermelha-se, endurece e se torna desigual, a epiderme, depois o corpo reticular, e depois o mesmo derme se rasgam, ulcerame fornecem uma matéria ichorosa que ora corre para fora sobre as partes vizinhas, que são por ella excoriadas, e ora seccando forma crostas debaixo das quaes se accumula o ichor. Da pelle se estende o dartro roente por gráos ao tecido cellular, aos músculos, car- tilagens e ossos. Indicação therapeutica. Sulphur, china, graphites são os medicamentos mais appropriados para o dartro roedor. HERPESFURFURAGEUSFACIAL.—Dartro furfura- ceo da face. Indicação therapeutica. Sulphur e lycopodium. HERPES LICHENOIDES. — Dartro escamoso liche- noide. Escamas duras coriaceas, alvacentas., semelhan- tes a lichcns na côr e forma. Indicação therapeutica. Rhus, clematites erecta. Convém no dartro lichenoide que toma o corpo todo. HERPES FURFURACEUSPALPEBRAL.—Dartro fur- furaceo das palpebras. 230 DlCCIONAIWn Indicação therapeutica. Bryonia e sulphur. Havendo grande comichão e photo- phobia. HERPES PHAGEDENICUS.-Dartro phagedenico (in- teiramento análogo ao dartro roedor). Indicação therapeutica. Sulphur, e banhos quentes. Prurido e violenta lace- ração na cama ; emagrecimento, febre á noite. HERPES PHLIGTENOIDES.—Dartro phlictenoide. Tumores dartrosos formados pela accumulação de li- quido soroso debaixo do epiderme. Indicação therapeutica. Sulphur. HERPES SCROTAL.—Dartro do escroto. Indicação therapeutica. Arsenicum. Havendo grande numero de vesiculas lím- pidas que tomam o escroto e a face posterior da fdande, com pruridoe ardor que perturbam o somno nocturno. Mercúrio, foi empregado com successo contra esta moléstia. Petroselinum. Convém no dartro do escroto e do perineo. HERPES SCA.M0S0.—Dartro escamoso. Indicação therapeutica. Sulphur e calcarea, em um rapaz escrophuloso. Se a pelle se manifesta de côr azulada, convém : la- chesis., op., veratr., ars., bell. Se de côr amarella, convém : n. vomica, sepia. Se de côr denegrida, convém : secale cornut Se descorada, convém : bell., cale, coce , ferr luc nitr. ac., plat., puls., sulphr. '' Se vermelha ou rubra, convém: bell., graph., merc, Se de um pardo escuro : ferr., iod. Para a atonia da pelle, convém : anac,con., kali., lyc , phosph. ac. ' y ' Se a pelle se contrahe era conseqüência da moléstia convém : rhus., graph., plat., selen. Se a pelle se descarna, convém : amm., bell., merc. DE MEDICINA. 231 Se ha falta de elasticidade, convém: cupr., rhus., veratr. Se ha flaoidez na pelle, convém : cale, caps., chim., coce, lyc, veratr. Se a pelle é dura, convém : rhus., sep. Se dura como pergaminho, convém : ars., lyc, silic. Se espessa, convém: rhus.,sep. Se é dura e callosa, convém : graph., sep. Se ha inchação na pelle, convém: ars., bry., merc, puls., rhus, sulphr. Se está inflammada, convém: cham., silic Se gordurenta, convém : bry., chin., merc, natr. mur. Se a pelle está edematosa, convém: ant. crud., cale, cabs., cubr., ferro. Se áspera, conxém : cal., sep. Se a pelle é secca, convém : bell., bry., cale, cham., chin., colch., dulc, kali., led., lyc, merc, nux, mosch., phosph., secale com., verb., sulphr. Se a pelle está continuamente transudando, convém: carb. veg., graph., lyc, rhus. Se a pelle é viscosa, convém lyc, phosph. Se ha comichão na pelle, convém: euphorb., led., puls. Se se experimenta fisgadas em differentes pontos da pelle, convém : bry., graph., rhus., puls., spong., viola- tricol. Se se experimenta sensação de roedura da pelle, con- vém : lyc, oleand.,plat., staph. Se se experimenta sensação de seccura na pelle, con- vém : bell. Se de dureza ou tensão, convém: caust. Se de ulceração, convém: amm. mur., graph., puls., rhus. Se de esfoladura , ou escoriação, convém ; hepar, sep. Se de formigaraento, convém: rhodod., secai. com. Se de inchação ou intumecencia, convém: bell., puls., rhus. Se a pelle é sensível em demazia. convém : chin., petr., ph. ac. Se a sensação é de queimadura, convém: acon., ars., bell., bry , lach., lys., phosph., sil. Se de fisgadas ardentes, convém: assafet. , staph., tJmy. Sede frio externo, convém: merc, mosch., plat.,secai, cor., rhus., veratr. Para o calor e sequidão da pelle, convém : acon., ars.t bry.,lach., lyc, nux vom.phosph.,puls. 232 DIC.C.IO.NARIO EXA.NTHEMAS. —ERUPÇÕES. Para os exanthemas em geral, convém: ars., cale, caust., lycop., rhus., sep., sil., sulphr. Para o exanthema buiboso (philclenas), convém: ars., lach., phosph., rhus. Para o confluente, convém: ant. tart,,phosph. ac. Para o duro, convém: rhus. Para o que racha, puls., sulph. Para o exanthema de cura diílicil, cham., graph., petr. Para o exanthema furfuraceo, amm., bell., sep. Para o de fôrma chata, bell., lach. Para o exanthema que morde, cham. Para o doloroso, ars., bell. Para o exanthema indolente, hyosc. Para o que é pruritoso, euphorb.,pul. Para o exanthema com dôr de ulceração, silic Para o exanthema com dôr tensiva, caust. Para o que repuxa, lyc. Para o exanthema humido, carb. veg., graph., lyc., rhus. Para o que se manifesta com pústulas e suppuração, dulc, merc, natr., rhus, sep. Para o exanthema escamoso, china, phosph. Para o que parece queimar ou arder, ars., caust., merc. Para o que se manifesta com coceira, caust., rhus.. sep., staph. Para o que desenvolve dôr de escoriação ou esfoladura, arg., graph., hepar, sep. Para o que causa fisgadas, nitr. ac, puls. Se o exanthema é esbranquiçado, ars. Se se manifesta com pontos brancos, ant. crud. Se amarello, euphorb., merc, natr. Se denegrido, ars. Para os botões que se manifestam na pelle, ant. crud., caust., nitr. ac, sep., zine Para as crostas da pelle, convém: cale, cham., lycop., rhus. Para as crostas de leite, cale, rhus., salsap. Para as frieiras ou rachadura da pelle, convém : agar., puls., petr., cale, sep., puls. Para a sarna de fôrma pustulosa, convém : carb. veq., çamt.,selen., sep., sulphr. Para a sarna grande, merc. - , Para a sarna que se manifesta pelo abuso do enxofre e do mercúrio, caust., sep. DE MEDICINA. 233 Para a rachadura da pelle em conseqüência do traba- lho n'agua, convém : caie, sep., sulphur. Para a pelle inflammada, convém : cham., hep., merey pnls., sil , , Para a erupção miliar, convém : acon., bry., ipec, merc. Para a miliar purpurea, acon. Para a miliar com scarlatina, acon., bell., bry. Para a miliar branca, ars. Para as pústulas, ant. crud., rhus. Para a pústula maligna ou carbúnculo, ars.,rhus. Para o sarampo (rogeola ou morbilli), convém : acon., bry., ars., puls., merc, rhus. Para a scarlatina, amm., bell, merc Para a scarlatina lisa, bell. Para a que se manifesta com inchação da pelle, bell., merc, rhus. . Para as excrescencias sycosica thuya. Para os cravos que nascem no rosto, ou kistos follicu- losos cutâneos, selen. t Para as tuberosidades da pelle, convém : cale, caust., dulc.lach.,mezer., rhus. . Paia a urtiearia (erupção como a que se experimenta quando se è mordido por urtiga), convém : cale, caust., ^^ParaTbexiga', convém : ant. tort., merc, rhus., ars., PMpâraas bexigas doidas comoidas, bell, puls., merc Para o cobrello ou zana, convém : merc., rhus. DARTROS EM GERAL. Para o dartro em geral, convém: ars.,bav., cale, ciem.,cham., dulc, graph.,merc, lycop.,sep.,sil, sulphur. FÔRMA. Para o dartro annullar, convém se». Paraocrostoso, cale,con., graph., lyc, sulphr. Para o furfuraceo, cale, sil. Para o que racha, sep., sulphr. Para o escamoso, ciem., sulphr. Para o secco, sep., silic. Para o humido, ciem., graph., lyc rhus. Para o dartro superante, merc, rhus., sep. Para o roedor,graph., cale,petr.,silic D. M. 30. 234 DICCIONARIO PARA A COCEIRA Em geral convém para a coceira, lyc, merc, puls., rhus., silic, spong., staph., sulphr. Para a coceira ardente, bry., lyc, lach., silic Para a que melhora esfregando-se, asaf., cale, merc, mezer, ac, phosph. Para a que muda de lugar quando se coca, ign., mezer., spong., staph., sulph., ac Para a coceira que augmenta quando se coca, anac, puls. HORDEOLUM OU TERÇOL.—E' um tuberculo inflam- matorio que nasce nas bordas das palpebras. Indicação therapeutica. Pulsatilla, sulphur e hepar s. HYDARTROS.—E' a hydropesia das articulações e par- ticularmente dos joelhos, acompanhada de immobili- dade da pelle Indicação therapeutica. Combate-se com caust., chim., puls., natr. m., merc, ars., sulphr., nux von. HYDRACHESIS.—São bolhas lymphaticas que appa- recem na superfície da pelle, oraconfluentes e ora espa- lhadas. Indicação therapeutica. Combate-se com bell, ars., merc. HYDROA.—São phüctenas passageiras que apparecem de repente sobre a pelle, em fôrma de grãos de milho miúdo e symptomas febris. Indicação therapeutica. Combate-se com ars., sulphr., merc, bell. HYDROCELE. Dá-se este nome a um tumor formado de serosidade infiltrada no tecido cellular do escroto ou derramada em algum dosinvoltorios do testículo e do cordão es- permatico. Indicação therapeutica. Arnica externamente ; conium interiormente, aju- dado de sulphur, nux vomica, pulsatilla e graphite. DE MEDICINA. 23o Graphites e sulphur. Pulsatilla e digitalis. Convém na inchação semilateral do escroto e do cordão espermalico esquerdo. Rhododendron. Convém no hydrocele de um menino. HYDROCEPHALO. E' a hydropesia na cabeça, e se re- conhece pelo volume extraordinário da cabeça, com o apartamento das suturas ósseas, vertigens, enfraque- cimento dos sentidos e paralysia dos membros infe- riores. Se a hydropesia é nos ventriculos do cérebro, sobre um amaurose, ou scintillações na vista, estado coma- toso e paralysia, com pulso pequeno e freqüente, e de- pois lento. Se a hydropesia é na medulla espinhal (hydrorachis spina bifida), então se nota um tumor molle, redondo efluctuante em umdos pontos da columna vertebral e paralysia. Para o curativo, vide os artigos—hydropesia aguda e chronica. HYDROCEPHALO AGUDO. Diagnostico em geral. Ataca esta moléstia especial- mente aos meninos ;no seu desenvolvimento precedem os seguintes symptomas : as fontanellas dos ossos do craneo permanecem mui longo tempo abertas ; é muito grande, principalmente a testa e o occipital, vi- veza extraordinária e anticipadaagudeza, ou ás vezes es- tupor nas funcções intellectuaes , somnolencia fora do ordinário, ou somno quando brinca ; dilatacão da pu- pilla: estrabismo; freqüentes quedas; falta de força e de estabilidade nos pés ; freqüente cephalalgia, o menino deita-se de bruço e encosta a testa no traves- seiro. Symptomas da moléstia desenvolvida. Periodo da irritação. Sopôr com convulsões, ás vezes spasmos epilépticos violentos ; vomito, sobretudo quando endireita a cabeça; obstrucção de ventre; de- sejo de encostar a cabeça; inclina-se esta para diante ou para a banda, olhar singular, fixo e ao mesmo tempo vesgo, com tremor da pupilla, pulso mui desigual, ora freqüente, ora lento- Periodo paralytico. Profundo sopôr: paralysia de alguns membros; morte de ápoplexia.—O diagnostico é as vezes difficultoso no principio: porque pôde con- fundir-se a doença com a febre verminosa e affecções da dentição. Os mais importantes indícios são então o vomito e a constipaçâo, symptomas que fallecem nas outras affecções da cabeça. 236 D1CCI0NAR10 Indicação therapeutica. Aconitum. Belladona. Convém no hydrocephalo agudo em conse- qüência da repulsão da rogeola : divagação dos olhos; o menino entranha a cabeça nos travesseiros; con- vulsões com a cabeça derreada para trás, atordoamento excessivo, dilatacão das pupillas. Belladona. Quando o menino entranha a cabeça nos travesseiros, pupillas acanhadas; atordoamento, sobre- saltos, sôde. Belladona, ajudada de sulphur. Convém no calor ar- dente, photophobia, pupillas acanhadas; o menino entranha a cabeça no travesseiro; pelle secca; grande sede, estremecimentos, gemidos. Bryonia, no ultimo periodo: face côr de papoula ; divagação dos olhos, lingua secca, carregada, amarella parda, inchação e tensão do baixo ventre, respiração accelerada, anciosa e gemente; o menino engole a be- bida com precipitação. Helleborus niger. Convém no estouvamento, impos- sibilidade de sustentar a cabeça direita: tremor e movimentos involuntários das mãos, insensibilidade dos olhos á luz: excessiva-dilatacão das pupillas, o menino engole com precipitação as bebidas que se lhe dão, mas não pede de beber, empurra e toca ás vezes as que lhe chegam, somno profundo, com estreme- cimento, repetidos gritos, pulso pequeno e até inter- mittente. Outros remédios: aconito, acidum phosphoricum, e no derradeiro periodo, arnica^ sulphur. HYDROCEPHALO CHRONICO. Conhece-se que aos lados do freio da lingua apparece uma pústula, e que extrahido o liquido contido o en- fermo se restabelece. Indicação therapeutica. Helleborus niger, sulphur e arsênico. HYDROPHOBIA— Raiva (damnação): manifesta-se por um sentimento de ardor e causticaçã© na garganta e horror aos líquidos, e extrema sensibilidade nos órgãos dos sentidos. Indicação therapeutica. Cantharides, bell, hyosc, phosphor., stram. DE MEDICINA. 237 Li em um jornal, que logo que se manifestam os symptomas da hvdrophobia apparecem aos lados do íreio da língua bolhas cheias do virus robico, e que furadas as bolhas e extrahido completamente o humor desappa- rece o mal. HYDROPESIA. . Tumor genérico que abrange toda a accumulação mor- bosa de sorosidades em cavidades que este liquido deve lubrificar ou em kystos accidentaes; a hydro- pesia é muitas vezes limitada a uma região do tecido cellular, outras vezes é geral, ordinariamente esta então ligada a lesão do órgão central da circulação. São seus principaes symptomas devidos á compressão feita pela sorosidade sobre os órgãos vizinhos. Sao svmptomas geraes a diminuição das outras secreçoes, e o aumento da absorpção, seccura da pelle e da membrana mucosa da bocca, constipaçâo e raridade de ourina, accrescimo de volume do corpo, ainda que se nao tomem alimentos. Indicação therapeutica. Arsenicum, bryonia, camphora. China. Convém depois de copiosa perda de sangue. Dulcamara. Gonvém em conseqüência de febre inter- mittente: face balofa, ventre e extremidades inchadas, inquietação nocturna, emissão pouco copiosa de ourina Helleborus niger. Convém na hydropesia em conse- ciuencia da escarlatina. q Kali carbonicum. Convém nas moléstias hydropicas ^ZT. ^Convém na febre intermittente e consti- paçâo : grande inchação de pés e de ventre. Ledum palustre, bryonia, arsenicum Convém na in- chação geral precedida de asthma e fraqueza acompa- nhada de dores continuas em todos os membros e de seccura da pelle. Lycopodium alternando com bryonia. Lycopodium ajudado de sepia, sulphur, calcarea, silicea. Convém contra uma hydropesia complicada. Mercurius solubilis. Convém na hydropesia em consc- ^^«"•Convéra na hydropesia geral causada por moléstias hepaticas. Sambucus. Convém na hydropesia geral Sulphur, arsenicum, rhmbarbo, c colocynthulcs. Convém 238 DICCI0NARI0 na hydropesia por suppressão de febre intermittente e de sarna: falta de respiração, ancias, tosse abun- dante, impossibilidade de estar deitado. HYDROPESIA AGUDA. Indicação therapeutica. Helleborus niger. Gonvém no calor ; dôr nos membros todos, pressão no peito, olhos turvados, lingua branca, tenesmo, evacuação de mucosidades gelatinosas, von- tade de ourinar, excessiva inchação do corpo. Outros remédios : bryonia e china. HYDROPESIA AN AS ARCA. Anasarca é a hydropesia que occupa o tecido cellular do corpo todo e que mais se mostra no tecido sub- cutaneo. Indicação therapeutica. Antimonium crudum, kali carbonicum e arsenicum. Convém em conseqüência de febre intermittente sup- primida. Arsenicum, ajudado de hellebor-us niger. Arsenicum. Convém em conseqüência de suppressão de febre intermittente. Belladona, ajudada de helleborus niger. Gonvém em conseqüência de miliar côr de purpura. Cainca. Convém, na anasarca e ascites em conseqüên- cia de escarlatina: oppressão penosissima do peito, tossezinha freqüente, com expectoração pouco copiosa, estranguria pertinaz, face balofa. Helleborus. Convém em conseqüência de escarlatina: somnolencia, lethargia, fastio, pouca ourina, aspecto pallido. Helleborus, ajudado de arsenicum. Convém na anasarca e ascites : calafrios quasi contínuos, diarrhéa com vio- lentos puxos, sôde insaciável, respiração mui curta. Pulsatilla, bryonia, sulphur, lycopodium, sepia, calcarea, silicea. Convém no edema do peito, pescoço e pés, cessa- ção de menstruo, respiração constrangida eanciada. Sepia curou muitos casos de anasarca. Solanum nigrum curou uma hydropesia contra a qual não puderam arsenicum e helleborus niger. HYDROPESIA ASCITE.— Ascite. (Barriga d'agua.) Derramamento de sorosidades no abdômen, e em es- pecial na mesma cavidade do peritoneo, devida a com- pressão das veias do íigado ou do baço. DE MEDICINA. 239 Indicação therapeutica. Arsenicum, ajudado de ledum e de bryonia. Convém nas ascites com edema dos pés, dores nos membros, fraqueza, asthma. China curou muitos casos de ascites. Ginchona e digitalis. Colchicum, ferrum, arnica e china. Convém na ascites em conseqüência de febre intermittente. Digitalis. Convém na ascites e anasarca. HYDROPESIA DOS OVARIOS. Indicação therapeutica. Belladona. Aconito muitas vezes repetido. HYDROTHORAX.—Hydropesia do peito. Diagonostico em geral. Dyspnéa, especialmente ao tempo do movimento, e quando se está deitado de costas, grande anciã, tosse breve commummente secca, muitas vezes bem espasmodica. Dores puxantes, espasmodicas, e muitas vezes penosas entre os hom- bros, inchação das mãos, e também ás vezes da face, principalmente em roda dos olhos; também algumas vezes, quando a doença chegou a alto ponto, sensação de fluctuação de água no peito ao voltar-se rapida- mente; é esta fluctuação até perceptível no ouvido; para haver certeza disto, o que muito importa, por- que o diagnostico é difficilimo e incertissimo, pois se pôde facilmente tomar uma inflammação chronica dos pulmões e da peleura, um tumor desenvolvido no peito, às vezes até a distenção do estômago por gazes, como hydrothorax, bom é recorrer á percussão e á auscultação por meio do stethoscopio. Os principaes symptomas são os seguintes: o doente acorda de noite de repente, com sensação da maior afflicção, e com desejo irresistível de saltar fora da cama para tomar ar na janella, afinal não pôde estar deitado e não pôde soffrer senão o estar sentado, e até vê-se forçado a estar ae pé para 'respirar livremente. A secreção da ourina diminue, não é porém a côr desta tão carregada como na ascites, algumas vezes não sente mudança alguma. Indicação therapeutica. Arsenicum. Havendo edema dos pés; oppressão noc- turna violentíssima, erguida postura da cabeça, breve tosse. 240 DICCIONAIUO Arsenicum e carbo vegetabilis. Arsenicum, helleborus e digitalis. Colchicum, auxiliado por opium, bryonia, china e helle- borus. Havendo orthopnéa, violenta oppressão do peito e periódica, tosse breve, secca e abalante, inchação do ventre, freqüentes eructações gazosas, desejo de obrar, ourina turva, que corre gota a gota, edema, grande enfraquecimento. Digitalis. Convém no hydrothorax com febre. Outros remédios: lachesis, pulsatilla ekali carbon. Se a hydropesia é externa (anaiorca), convém : ant. crud., chin., colch., digit.,helleb., oleand.,op., scill. Se a hydropesia é interna (ascites-hydrothorax), convém: ars., bell., chin., colch., digit., helleb., merc, SlllüIlT* HYDARTHROSE DO JOELHO. Moléstia occasionada por accumulação de grande porção de synovia na cápsula articular do joelho. Symp- tomas: inchação da articulação, fluctuação, dores, difíi- culdade ou impossibilidade de mover o joelho, a sahida da rotula desapparece pela inchação e distensão da membrana synovial, que trasborda por cima do osso de "ada lado. Indicação therapeutica. í Iodium, hyoscianium niger. HYPOCHÓNDR1A. Diagnostico em geral. Continua disposição para ataques nervosos de toda a espécie: grande versatilidade e até contradicção em todos os symptomas e na moléstia total, idiosyncrasias e sympathias curiosas, alteração do sys- tema digestivo, que affecta sympathicamente todo o or- ganismo, disposição para flatulencia, superabundancia de ácido nas vias digestivas, constipaçâo, humor dis- posto á novisidade e á solidão, o doente trata continua- mente de si mesmo e de seu estado enfermo, a ponto tal, que isto passa a ser idéa fixa que tudo domina e até a razão, imaginações extravagantes, moléstias imaginá- rias, quer o enfermo tomar e toma remédios de con- tinuo. Anciã, inquietação, desalento, tristeza, excesso de alegria e de prazer sem causa, alterna-se a alegria com a tristeza, disposição para chorar, freqüente desejo de ourinar, com ourinasjpallidas e aquosas, é este ultimo symptoma o mais certo signal da proximidade de ata- ques espasmodicos simular affecções graves, até mortaes, como asphyxia. catalepsia, hydrophobia, epilepsia, som- DE MEDICINA. 2'll nambulismo, mania, delirio, etc, bem que raras vezes possa a moléstia arriscar a vida. E cumpre bem distin- guir, por exemplo, esta epilepsia, esta mania, ele, da verdadeira epilepsia, da verdadeira mania, etc—Os olhos, as partes vizinhas da bocca e do nariz mostram côr amarellada, o ventre anda inchado, duro e disten- dido, algumas vezes até o minucioso exame faz nolar dureza e extensão de volume de algumas vísceras, o apetite é máo e desigual, tensão e pressão no estômago depois das comidas, ineommodos, dejecções preguiçosas e duras, constipaçâo por muitos dias, alternando com diarrhéas hemorrhoidaes ou pelo menos com disposição para ellas. Indicação therapeutica. Aurum, ajudado de nux vomica, veratrum, belladona c pulsatilla. Havendo tensão e plenitude no baixo ventre, constipaçâo, abundante emissão de ventosidades, temor do futuro, disposição para chorar. Baryta acetica e rlius. Gonvém na anorexia ; dispepsia; o doente dorme tarde, sonhos horríveis, sensação an- ciosa que sobe do baixo ventre, humor triste e abatido, temores do futuro. Nux vomica. Havendo congestões na cabeça, vertigem, susurro nas orelhas, dores no coração de manhã, pressão de estômago com excessivas agonias, emissão abun- dante de ventos quando se vai á bacia, respiração curta e constrangida quando se anda, humor ancioso, iras- civel, descontente. Nux vomica, ajudada de conium, sulphur, natrum mu- riaticum e lycopodium. Havendo vertigem voltejante, cabeça embaraçada, gosto ácido, mucoso, nauseante na bocca, anorexia, gosto desagradável de tudo quanto se come, inchação e sensibilidade do epigastrio, consti- paçâo. Nux vomica, ajudada de aconito, arsenicum, colocyn- thides, carbo animalis e vegetabilis. Gonvém nas hemor- rhoidas, obstrucção do fígado, inchação do abdômen, constipaçâo e spasmos do peito. Phosphor. Gonvém na violenta cephalalgia com ator- doamento, congestões na cabeça, e algumas vezes escu- recimento da vista, zunído nas orelhas, entupimento do nariz, arrotos ácidos, flatulencia, excessiva irascibili- dade e descontentamento. Mercurius solubilis. Gonvém na hypocondria em con- seqüência de sarna supprimida, congestões na^cabeça e u. m. 31. i\-i DiCCIONARlO no peito, veitigem, oppressãodc peito, ancias, inchação no baixo ventre, dôr pressiva no hypocondrio es- querdo. . . , Stannum. Convém nas affecções hypocondnacas e hys- tericas, spasmos nos intestinos. Sulphur. Havendo grande cansaço, continua verti- gem, cmbotamento, o leve exercício fatiga o enfermo, propensão para o suicídio, symptomas gástricos. Sulphur c sepia. Convém na hypocondria psorica, ex- cesso de pituita, entupimento do nariz, digestão lenta e difficultosa. ÍIYSTERALGIA ESPASMODICA, COM DORES DE MA- DRE NA OCCASIÃO DO PARTO. Indicação therapeutica. Ignatia. Havendo dôr na região pubiana com di- recção ora para dentro e ora para fora, que tira a res- piração ao doente, humor variável. Pulsatilla. HYSTERIA.—Hypocondria das mulheres, causada pela irritação mórbida dos nervos que se derramam no utero. Esta moléstia, cuja sede se colloca no utero, é carac- terisada principalmente pela extrema irritabilidade do systema nervoso e por ataques mais ou menos violentos e anciados, em que á eminente suffocação se ajuntam convulsões geraes e perda quasi completa de conheci- mento. Os ataques mais leves são somente notados ou pela sensação de uma bola que comprime o conducto aéreo, sem perda de conhecimento, ou por uma dôr for- tíssima que occupa o tronco ou os membros, e que vem acompanhada de parte ou da totalidade dos músculos. mas ordinariamente são os ataques graves; sobrevêm de repente um sentimento de suffocação, produzido ora por uma espécie de bola que se ergue do abdômen para o pescoço, e ora por constricção immediata do conducto aéreo; em breve se lhe ajuntam movimentos convulsos, e cahe a doente sem sentidos. Neste estado a physiono- mia e attitude mudam a cada instante. As convulsões se realizam em geral sobre todos os músculos, mas não de modo igualem todos ao mesmo tempo. São chronicas e produzem continua agitação do tronco e membros. A perda do sentimento é quasi completa, gritos lamen- tosos, deglutição difficultosa e quasi impossível ou mui laboriosa, respiração constrangida, lenta, interrompida; as mãos vão freqüentemente para o pescoço, como que DE MEDICINA. 2-Í3 para afastar um obstáculo que se oppõe á entrada do ar. As palpitações do coração e das artérias são precipitadas e irregulares, o calor diminuo muitas vezes nas extre- midades dos membros, em alguns casos ha excreções involuntárias. — Convém distinguir bem estes ataques dos da epilepsia, com o qual tem muita analogia, e de que até as vezes é conseqüência a hysteria. Indicação thcrapeutiea. Aurum. Convém nos zunidos das orelhas; surda ce- phalalgia, pressão nos olhos, ventre muito inchado, freqüente bater do coração, accesso de grande cansaço, humor muito variável, desejo de morrer. Aurum. Convém nos spasmos; riso e choro alter- nados; a moléstia é complicada de prolapso uterino e exostozes na cavidade da bacia. Belladona. Convém nas dores gástricas e abdomi- naes. Bryonia. Convém nos spasmos hystericos da ca- beça e abdômen, com symptomas gástricos e consti- paçâo. Cicuta virosa. Convém no tétano hysterico. Chamomilla. Convém no tétano hysterico. Ignatia. Convém na dôr pressiva o constringente da testa e do occipital; com face rubra e diminuição da vista, aperto espasmodico das guelas, estreitamento do peito, respiração constrangida e diílicil, tremor da cabeça e convulsões das extremidades, perda parcial de conhecimento. Ipecacuanha. Convém nos spasmos hystericos com retraccão da cabeça, contorção dos músculos da face e respiração gemente. Nux vomica. Convém nas affecções hystericas, bater do coração de dores neste órgão, vontade de vomitar, vomitozinhos, contracção nas guelas, especialmente antes de meio dia, acompanhada de dôr na fosseta do coração. Nux vomica, pulsatilla, veratrum e graphites. Convém nas affecções hystericas gravíssimas. Pulsatilla. Convém na cephalalgia violentíssima de manhã ao despertar; vertigem mui grande e cansaço, a côr da face alterna-se a miúdo, forte anciã, inquie- tação de constricção atravez do peito, freqüente hor- ripilaçao. Pulsatilla, bryonia, nux vomica, opium,sulphur. Havendo violentos puxos no umbigo que vão ter ao b.'U\"'-» ventre, 24 Í DlCUOiNARlO conslriccão espasmodica para o larynge, calor passa- geiro e 'forte na face onde começam ordinariamente os accessos espasmodicos e por grande anciã, grande canceira, somno inquieto, humor mui irascivel, violenta laceração nos braços e hombros, agonias depois de co- mer e.aperto oppressivo interior na fosseta do coração. Silicea. Convém nos menstruos irregulares e difli- cultosos, dores pungentes na guela com dysphagia, humor reservado dentro de si, vertigem, cephalalgia, constipaçâo, desasocego, agonia, repugnância ao tra- balho. Com o crescente da lua se agouravam todos os symptomas. Silicea e sulphur. Convém na hysteria com bolo hys- terico que impede a respiração, pressão na fosseta do coração, roncamento do ventre, menstruos todos os 14 dias, pancadas e martclladas na cabeça, anorexia, vomito, fraqueza, fadiga e cansaço. Aur., cam., natr., nux vom., plat., ign. Para a hysteria espasmodica, convém : coce, con., ijn., mag. mur. Ilyosciaimts niger. (Meimendro negro.) Caracter physiologico. Este medicamento exprime o temperamento san- güíneo nervoso. Tempo de acção. Sua maior acção é de 8 a 15 dias. Medicamentos a seguir-se Os medicamentos que convém seguir-se são : bell.' nux vom., stram., veratr. Antídotos. Bell., camph., chin., stram. Concordância em symptomas. Bell., bry., lyc, puls., stram. Exacerbações. Moderara-se com bell.. cham., ign., lyc, nux vom., puls., rhus, sep. DE MEDICINA. 245 Indicação therapeutica. 0 hyosciamus convém naagripnéa—alienação mental — ápoplexia —blepharospasmo — cardialgia— choréa— colica — delirio tremulo—diarrhéa—encephalite—epi- lepsia—febre intermittente—febre puerperal—helmen- tbiase—hematemese—hemoptysia—hydrophobia—hys- teria — imbecilidade — ischuria—melancolia—metror- rhagia — odontalgia — obstupidade em conseqüência de spasmo— paralysia— phtisica pulmonar— presbyopia — scarlatina miliar—spasmos—spasmo da bexiga—spasmos durante a prenhez—spasmo no parto —strabismo— tétano—tosse—vômitos de alimentos nas crianças. Symptomas geraes que desenvolve o hyosciamus. Rasgamento incisivo e repuxamento surdo nos mem- bros e nas articulações.— Membros frios, trêmulos e adormecentes.—Movimentos convulsivos e sobresaltos de alguns membros ou de todo o corpo, ás vezes, por pouco que se intente engulir líquidos.—Afflicção dos pés e das mãos.—Ataques de epilepsia, algumas vezes com côr azul e opacidade do rosto, emissão involuntária das ourinas, escuma diante da bocca, retraccão dos pol- legares, sensação de fome e de roedura na cavidade do estômago, olhos proeminentes, gritos, rangedura de dentes, etc.—Convulsões epilépticas, alternando com accessos de congestão cerebral.—Convulsões seme- lhantes á dansa de Saint-Guy— Convulsões com gritos, forte angustia, oppressão de peito e perda de sentido. —Depois das convulsões epilépticas, somno profundo com inchação.—Accessos de esvaimento.—Grande fra- queza e debilidade.—Paralysias.—Sobresaltos dos ten- dões.—A maior parte dos symptomas e os principaes se manifestam depois de ter bebido ou comido, assim como também de noite. i. ICTERICIA. E' o derramamento de bilis na circulação devida a compressão e obstrucção do dueto biliario e concreção da bilis. Diagnostico em geral. Côr amarella dos tegumentos, que começa ordinariamente pela, esclerotica, e desta se estende ao rosto e ao resto do corpo, não se pro- ÜlG D1CCI0NAR10 nuncia igualmente nas diversas regiões, c apresenta nos diversos sujeitos variadas mudanças, as mais das vezes é nm amarello côr de limão, ou amarello côr de açafrão, tirando para vermelho, pardo e até negro (ictericia preta). Ourina de vermelho amarellado, que tinge a roupa de amarello, as dejecções paio contrario são brancas ou pardas e duras, quando a moléstia chega a certo gráo, o mesmo suor tinge a roupa branca. Transtorno nas digestões, tensão e inchação do estô- mago, flatulencia, escesso de piluita, oxyregmia, fastio, dores no coração, tensão, pressão, inchação c as vezes também dôr na região hepatica.— O primeiro signal de melhora real consiste na coloração de amarello nas evacuações alvinas. Indicação therapeutica. Arsenicum. Gonvém na ictericia causada por desorga- nização do ligado. Aurum. Havendo grande caducidade e magreza, sabor mui amargo, respiração custosa, dejecções raras e pardas. Belladona, alternada com nux vomica. Havendo somno inquieto, estremecimento c sobresalto, gosto amargo, trismo, muitos symptomas morbosos de comer, dores picantes na região umbilical, especialmente de noite, constipaçâo. Chamomilla, mercurius e sulphur. China, precedida de aconito. Convém havendo ventre inchado e doloroso, anorexia, dejecções pouco coloradas. China, mercurius e sulphur. Convém na ictericia dos recemnascidos. Digitalis. Havendo vomito mucoso, dôr no coração, cansaço, fastio, sede. Digitalis. Convém na ictericia espasmodica : a pelle de côr amarella, náusea, vontade de lançar, vomitozinho freqüente em \ão, gosto amargo, fastio, sensibilidade, pressão na fosseta do coração e na região hepatica, matérias fecaes pardas e argilosas, dejecções preguiçosas, frios, alternados com calor. Mercurius. Convém na ictericia. Nux vomica. Havendo náuseas, dores no coração, pressão na região gástrica, constipaçâo. Pulsatilla e nux vomica. Convém no cansaço geral, relachamento, caducidade, dôr pressiva continua nos bypocondrios, picadas na região hepatica, estendendo-se até ao braço direito. DE MEDICINA» i'Ú Sepia. Convém na ictericia ; picadas na testa, na fosseta do coração e sacro, repuxamentos nas pernas e nas articulações do pé. Ignatia asnava. (Fava de Santo Ignacio.) Caracter physiologico. Exprime o temperamento sangüíneo nervoso. Tempo de acção. Sua maior acção é até nove dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da ignatia convém caust., coff., nux vomica, arn., ipec, puls., sulph. Antídotos. Arn., camph., cham., coce, coff., nux vom., puls. Concordância em symptomas. Nux vom., puls., rhus, sulph. Exacerbações. Nux vom., lyc, puls., sep. Symptomas geraes que desenvolve a ignatia. Dores simples ou violentas, e somente ao tocar cm diversas partes.—Pressão incisiva ou aguda e algumas vezes dura nos membros e outras partes. — Repuxa- mento. — Sensação de afastamento, ou de constricção nos órgãos internos.—Dôr viva arthritica nos membros. —Dôr de luxação ou de pisadura nas articulações.— Peso e esmorecimento dos membros.—Ataques de caim- bras e de convulsão, algumas vezes com anxiedade, accesso de suffocação, abatimento de cabeça, rosto azu- lado ou vermelho, spasmos da garganta, perda dos sen- tidos, etc—Convulsão epiléptica, com escuma na boca, abrimento de boca freqüente, olhos convulsivos, re- traccão dos pollegares, rosto vermelho ou alternativa- mente pallido e vermelho, etc—Movimentos involun- tários dos membros, como na dança de Saint-Guy.— Depois das convulsões, suspiros profundos ou somno 248 DiceioN.vmo soporoso —Forte, suseeptibilidade ao ar.—Convulsões acompanhadas de gritos e risos.—Tetanos.—Fraqueza hysterica e accessos de coma.—Os symptomas se mani- festam sobretudo immediatamente depois do jantar, bem como de noite, depois de estar deitado, ou de manhã, ao levantar-se.— O café, o tabaco, a aguardente e bulha aggravam também as dores. —As dores dissipam-se, quer deitado de costas, quer deitando-se sobre a parte affectada, ou sobre o lado são, porém sempre pela mu- dança de posição.—Dores nocturnas, que perturbam o somno. Indicação therapeutica. A ignatia convém na angina—ápoplexia—arthrite— ascarides— cardialgia—catalepsia—cephalalgia—choréa — cahida do ânus — convulsões — corysa — diarrhéa — epilepsia—febre intermittente—fiatulencia—gastralgia — helrainthiase—hemicrania —histeria—melancolia— photophobia — rheuraatismo chronico — spasmo—ditos epilépticos das crianças—tétano—tosse—typho. ILEUS.—Ileo, Volvo. (Colica de miserere.) Diagnostico em geral.—Dôr permanente, forte, ardente ou pungente em uma parte do abdômen, que também é mui doloroso ao tocar-se-lhe, inchação do ventre com dores ardentes que muitas vezes são tãoforles que fazem insupportavel o menor tacto; pertinaz constipaçâo, vomito de muco e bilis, e ao depois de matérias fecaes, suspiros, ancias, abrazadora sede, a cabeça ordinaria- mente fica livre, pulso pequeno e contrahido, symptomas de febre imflammatoria. Indicação therapeutica. Bryonia. Convém na obstrucção do ventre, sem vo- mito de matérias fecaes, face amarella, olhos encovados nas orbitas, rigidez dos músculos abdominaes. N Bryonia, ajudada de opium e plumbum. Convém no volvo inllammatorio; febre, ventre inchado e disten- dido, dores no colon, ora cortantes, ora fortemente contractivas, face rubra, gosto amargo, sede ardente, pulso freqüente, confuso, grande desasocego, agonia, medo de morrer, falha de dejecções por seis dias, vo- mito de liquido amarellado e fétido. Opium. Convém no volvo de mulher hysterica, com vomito de excremento ou de ourina. Opium. Gonvém na falta de dejecções por cinco dias, DE MEDICINA . ZW violentas dores na região do umbigo, ventre inchado e doloroso ao tacto, sede, anciã continua. Outros remédios: belladona, ipecacuanha. (Vide vô- mitos. ) IMPIGEM. E' um exanthema particular, que tendo esse principio n^imas pequenas papoulas vermelhas seccas, ásperas c muito comiehosas, terminam por íim em miúdos farelos. Indicação therapeutica. Arsenicum. Convém na erupção da face, perto da barba, consistente em nodosidadezinhas vermelhas, em cuja ponta se desenvolvem pústulas suppurantes, a face parece vermelha, inflammada, grande comichão, botõezinhos suppurantes na cabeça sem cabida do cabello. Arsenicum. Gonvém nas pústulas largas, algum tanto elevadas, ardentes, cercadas de uma aureola inflamniada, nas costas da mão direita, a mão inchada, e o doente não se pôde servir delia. Ammonium e sepia. Gonvém na impigem da articu- lação docotovello, pustulazinhassuppurantesquecomem, e que picam violentamente quando se esfolam por arranhadura, formam-se crostas debaixo das quaes se ajunta opus, perda branca, leitosa. Graphites curou radicalmente os botões que >e haviam manifestado de novo algum tempo depois da cura. Causticum, sulphur, mercurius e veratrum álbum. Convém na erupção chronica em um menino de sete annos, engurgitamento das glândulas de Meibomius (nas palpebras), com dores picantes, sulco purulento por trás das duas orelhas, com dôr mordicante, erupção sarnosa, corante, no ventre, coxas, nádegas, e nos torno- zellos, que forçam o enfermo a coçar-se de tarde e de noite. ,, Chamomilla. Gonvém nas ílorcscencias vermelhas com- pactas reunidas em uma placa rubra da pelle , com coceira, especialmento de noite. Cicuta virosa. Convém na impigem da face: emi- nências eruptivas do tamanho de uma lentilha, que durara ha 10 annos, causam ardente dôr no momento em que apparecem, passam depois a confluentes, e to- mam côr vermelha carregada. Cicuta virosa. Convém na tinha da face: todos os annos apparece uma crostazinha no angulo esquerdo da bocca que vai lavrando e destilla uma água ama- d. m. 32. m DICC10NAP.1O rellada. que excita uma dôr de excoriação nas parles contíguas, e quando secca fôrma codeas côr de mel, cora ardente dôr, a que raramente se junta uma sen- sação corrosiva, as glândulas submaxillares estão en- gorgitadas, codeas de pardo amarellado no nariz. Graphites. Convém na tinha da face : exulceracão do nariz e dos lábios com prurido e picadas nessas partes. Helleborus. Gonvém na erupção semelhante á sar..a miúda, com inílammação das palpebras, insomnia por causa da coceira no ventre, emagrecimento, diarrhéa continua. Lachesis. Convém na erupção darthrosa das costas da mão, que vão lavrando cora prurido e queimadura, distillação considerável de matéria ichorosa. Ledum. Convém nas florescencias ou furunculos na lesta ou nodosidades rubras da face, prurido mordente no peito. Mercurius aceticum. Convém nas florescencias coçantes do corpo todo, que arrebentam e queimam como fogo depois de arranhadas. Mercurius solubilis. Convém na impigem do baixo ventre, coxas e partes genitaes, em roda da orelha direita e da venta esquerda, com dysuria e inchação do escroto. Mercurius sublimatus corrosicus. Convém na impigem venerea : erupção com o fundo côr de cobre na virilha direita e na mão, de pústulas suppurantes. ardentes e doloridas. Mercurius solubilis. Convém na erupção dartrosa, pi- cante ao tacto. Mercurius solubilis. Convém na erupção do corpo todo, crosta suja e amarella na face, secrecção de humor fétido, prurido, lagrimação dos olhos, pustulazinhas na conjunctiva. Oleander. Convém na erupção do couro cabelludo mui coçante, que arde arranhando-se, especialmente de noite, ora escamosa, ora humida. Oleander. Convém na erupção das orelhas. Psoricum. Convém na erupção entre os dedos, nas articulações da mão e do cotovello, que pouco e pouco vai cobrindo toda a superfície dos dous antebraços. Psoricumf Convém na tinha da face de um me- nino de anno e meio de idade : toda a face coberta de crostas, com inchação dos lábios e palpebras. Psoricum. Convém na tinha da face: erupção hu- mida, crostosa, que se estende a toda a face e exhala cheiro fortíssimo. DE MEDICINA. 251 Rhus. Convém na tinha da face: todo o occipital, testa e lado direito da face estão cobertos de codea tinhosa, humida, crassa, debaixo da qual está amon- toada uma matéria ichorosa, muitas vezes cora sangue e fedor insupportavel, que distilla de alguns pontos, a pelle debaixo desta codea é áspera, excoriada, des- igual e de côr suja. Prurido roedor intolerável, inchação das palpebras, todo o corpo áspero, esca- moso, especialmente nas extremidades, onde se formam muitas vezes largas placas humidas com codeas es- pessas, as outras partes do corpo seccas. Sepia. Convém na erupção secca geral depois da suppressão da sarna. Stibium tartaricum (tartarus emeticus). Convém na erupção geral de codeas cheias de pus, do tamanho de uma ervilha. Sulphur e sepia. Convém na tinha da face: a face coberta de codeas, florescencias que se somem e voltam com diminuição da força visual, obscurecimento da cornea. Sulphur. Convém na erupção crostosa dos lomnos depois de 14 annos, que suppura em muitos sitios, com coceira, principalmente de noite. Vinca minor. Convém na tinha da face: erupção chronica humida, que exhala cheiro forte, na cabeça, face, e atrás das orelhas. IMPOTÊNCIA.—(Aqui somente se trata do sexo masculino.) Incapacidade de effectuar o coito, em conseqüência da total falta de erecção, ou da ejaculação rapidíssima do sêmen no acto do coito, ou finalmente pela completa falta de emissão do sperme. Indicação therapeutica. Acidum muriaticum, ajudado de camphora e china. Erec- ções nenhumas com lascívia. Acidum phosphoricum. Calcarea sulphurata, lycopodium, graphites, sulphur. Convém na impotência com dureza dos dous testículos. Ianatia, nux vomica, capsium, anacardmm e cannabis. Convém nas polluções nocturnas com copiosa emissão de sêmen; antes de findo o coito cessam as erecçoes; dores vagas. . , , Lvcovodium, auxiliado de conium, sepia, sulphui. Moschus. Gonvém na impotência em conseqüência de resfriamento. 252 DICCIONARIO Combate-se a impotência cora: calad., con., lycop., nux vom., selcn., camph., graph., kali, natr. mur., sulphur. Para o desejo do coito mui fraco: caust., calad., hepar. s , phosph. ac, rhodod. Para combater o excessivo desejo do coito convém : canth., chin., nux vom., phosph., plat., puls., veratr. Para a erecção excessiva convém : canth., merc, natr., nitr. ac, nux vom., phosph., puls., thuya. Para combater as polluções convém: chin., phosph. ac, selen. Para a fraqueza das funcções genitaes convém : calad., con., graph., selen. Para as perdas do licor prostatico convém: hepar. s., natr., selen., sep. Para os soffrimentos em conseqüência do coito : agar., cale, kali, sep. Para os soffrimentos em conseqüência de polluções convém: kali, nux vom. INCONTINENGIA ALVINA.—Evacuação involuntária de matérias fecaes. ( Vide Diarrhéa. ) Indicação therapeutica. Hyoseyamus. Convém nas dejecções involuntárias, originadas de paralysia do músculo sphincter do ânus. INCONTINENGIA DE OURINAS. Involuntário corrimento de ourina : o doente mo- lha-se sem se sentir, ou sente perfeitamente, mas vem a vontade de ourinar tão forte e tão rápida, que não pôde suster a ourina. Indicação therapeutica. Magnesia carbônica, natrum muriaticum. Arnica. Gonvém na emissão involuntária de ourina parda, aquosa, e inodora. Rhus. Não pôde o enfermo conter as ourinas por longo tempo; é forçado, logo que lhe vem a von- tade, a satisfazel-a sem demora para se não molhar. Sulphur e calcarea carbônica. Convém na emissão involuntária e dolorosa de ourina vermelha e san- güínea. Sulphur e causticum. Convém na incontinencia do ourina, especialmente no tempo de movimento. Sulphur e pulsatilla. DE MEDICINA. 253 INDIGESTÃO. E' a indigestão, a perturbação na di- gestão ; ou é a digestão incompleta, difficil, dolorosa, com ou sem arrotos chocos, ou de substancias mal di- geridas. Indicação therapeutica. Os medicamentos próprios para combater a indi- gestão são: puls., nux vom., cham. INDURAÇÃO OU DUREZA DA FACE ESQUERDA. Indicação thcrapeutiea. Silicea rhus. „ , „T INDURAÇÃO OU DUr EZA SCHIRHOSA DAS GLÂN- DULAS INGUINAES DIREITAS. Indicação therapeutica. lod. Convém interna e externamente. INDURAÇÃO OU DUREZA DAS GLÂNDULAS DO ME- SENTERKK Indicação therapeutica. Sulüliur., hep. s., merc. INDURAÇÃO OU DUREZA DO BEIÇO INFERIOR. Indicação therapeutica. Beiço virado ; nodosidade dura e compacta na parte rubra • a borda exterior coberta de crosta parda de- negrida; duas pústulas e uma ulcera chata na face interna do beiço. Dores lacerantes na ulcera e no- dosidade, dilatando-se até á face e orelha. Flores- cencias indolentes: rhus.—k inchação tem quasi des- apparecido; sensação dolorosa de picada e esfoladura no lábio ao tocar-se : sepia, aconito e bryonia, para uma febre intercorrente com a affecção pleuntica.—Flo- rescencias sarnosas, com melhora da moléstia gera : netrolium,phosphor., sulphur: cura completa e radical. Arsenicum. Gonvém havendo uma ulcera livida. INDURAÇÃO OU DUREZA SCIRRHOSA DA MAMMA. Indicação therapeutica. Conium maculatum. Convém externa e internamente, aiudado de chamomilla. Dureza immovel em conseqüência de alguma picada, com comichão de tempos a tempos. 254 DICCI0NAR10 Baryta carb. E' um medicamento mui proveitoso em doses repetidas. INDURAÇÃO OU DUREZA DOS TESTÍCULOS. Indicação therapeutica. Spongia, depois aurum, puls., rhus. Rhododendron, spigelia, acid. nitrie, aurum, nux # vomica, coceulus. Dureza dos testículos com dôr. INDURAÇÃO OU DUREZA SGIRRHOSA DO UTERO. Indicação therapeutica. Belladona. Convém quando ha queda da madre e metrorrhagia. China. Convém no corrimento sangüíneo soroso, que se alterna com perda de postas de sangue denegrido, ou de matéria purulenta mui fétida e rajada de sangue; sensação de peso e plenitude nas partes genitaes ; fra- queza e magreza extremas. Murias magnes foi empregada mui vantajosamente contra esta enfermidade. (Veja-se também Cancro do utero.) INDURAÇÃO OU DUREZA DA VAGINA.— E resul- tado da inflammação proveniente do abuso do coito. Indicação therapeutica. Para as indurações em conseqüência das inflammações do utero convém : bell, chin., ciem., mag. mur., sep., ars. INFLAMMAÇÃO.—E' a intumescencia de qualquer parte, um pouco resistente, acompanhada de dôr e as mais das vezes vermelhidão. Na inflammação o sangue se estagna dentro dos próprios ou alheios vasos e se apresenta sob fôrma diversa. Indicação therapeutica. Em geral combate-se a inflammação com acon., bell, merc., lach., nux vom. INFLAMMAÇÃO ERYSIPELATOSA DO PEITO. A inflammação em geral é caracterisada pelo calor, vermelhidão e inchação das partes affectadas. A in- flammação erysipelatosa é transitória, e a vermelhidão renitente, e desapparece quando se lhe carrega com o dedo, e volta logo que o dedo se retira. DE MEDICINA , Indicação therapeutica. Uryon. bell. e phosphor são mui recommendados. INFLAMMAÇÃO ERYSIPELATOSA DA PERNA. Manifesta-se por uma crosta vermelha um pouco dura ao longo da perna com ardencia, dôr e febre. Indicação therapeutica. Arnica. Gonvém em conseqüência de violento exer- cício. Arnica. Convém em conseqüência de pisar em falso. INFLAMMAÇÃO DA FACE E DOS OLHOS. Face rubra e carregada, coberta de muitas pústulas; olhos fechados; ardente sede. indicação therapeutica. Calcarea sulphurata e euphorbium melhoraram o es- tado do enfermo, sepia cura depois completamente. INFLAMMAÇÃO PURULENTA DAS PALPEBRAS.— Combate-se com cale, merc, caust., arse, rhus., spig., thuy., sulph.. coce INFLAMMAÇÃO ERYSIPELATOSA DO PE. Indicação therapeutica. Arnica Convém em conseqüência de alguma con- tusão ■ inchação ardente e renitente do grande e do spffundo artelho, e de toda a parte anterior do pé. INFLAMMAÇÃO ERYSIPELATOSA DO BRAÇO. Indicação therapeutica. Acon. e bryonia. . _ Antimonium crudum. Havendo inchação dolorosa do ter dão de inserção do músculo biceps na dobra do cotovello do braço direito, com impossibilidade de dobrar o braço ; á inílammação estende-se a uma parte d°INFLAbMMAGÃO DA MEMBRANA MUCOSA DOS IN- TESTINOS. ° . . . \ inflammação dos órgãos internos nao se denota neíos mesmos symptomas que as inflammações externas, porque todos estes symptomas e até a mesma dôr podem faltar, ou pelo menos não se pôde perceber_ex- ternamente O único symptoma então e a suspensão e 2Mi D1CCI0NAR10 perturbação das funcções da parte affectada, acompa- nhadas de febre inflammatoria e de uma mudança particular na natureza do fluido que ella secreta. indicação therapeutica. Antimonium e colocynthidas. Para combater a inílammação do baço convém : asaf., chin., ign. Para as inflammações das partes externas em geral convém : ars., puls., silic, staphys. Para as inflammações internas convém : bell., bry., canth., merc., nux vom., phosph., puls. Os medicamentos convenientes para as inflammações das mucosas são : acon., ars., bell., merc, nux vom., sulph. INFLAMMAÇÃO GERAL DAS PARTES SEXUAES DA MULHER. — Combate-se com creosote, nux vom., secale com., acon., thuy. INSENSIBILIDADE OU PERDA DO TACTO, a que charaam anesthesia.—Cura-se com bell, hepar s.. nux vom-, cham., sep.. sulphr. INFLAMMAÇÃO ARTHRITICA DO ÍRIS. Indicação therapeutica. Coceulus. Gonvém quando a sclerotica, cornea e iris estão inflammadas, photophobia, pupillas contrahidas, dores lancinantes na orbita. Coceulus, staphysagria, nux vomica, bryonia, calcarea, conium e lycopodium. Havendo dores lancinantes e vio- lentíssimas na orbita esquerda e em roda desta orbita. Hepar sulphuris. Iritis em conseqüência de abuso de mercúrio. (Vide Opiithalmia.) INFLUENCIA DO AR ATM0SPHERIC0 EM RELAÇÃO A' SAÚDE DO HOMEM.—E' o ar atraospherico ura fluido gazoso de uma transparência perfeita, insipido, sem cheiro, de uma elasticidade extrema, permanente, espa- lhado mesmo pelos interstícios dos atmos constitutivos da matéria, formando ao redor da terra uma* atmos- phera de 60 kilometros. Compõe-se o ar atmospherico de 21 partes de oxy- genio e de 79 de azoto, formando elle a origem da vida do globo terráqueo, e de quasi todos os phenomenos da natureza vizivel. Ninguém pôde viver sem ar; elle entra no nosso corpo misturado com os alimentos, e se communica pelos pulmões c pela superfície da pelle. Estamos ro- de medicina. 257 deados doar, que nos abraça e comprime como aquelle que estivesse debaixo d'agua: é tão necessário á vida e tem tanta parle nella que o famoso Hypocrates me- dico e philosopho o considerou como o soberano arbitro de tudo tfque experimenta o nosso corpo de salutar ou de nocivo, Foi o ar formado pelo Altíssimo Creador de tudo para que quasi todas as operações da natureza se fizessem com a sua assistência; c é por isto que nenhum vi- vente pôde conservar a vida, senão por alguns instantes, sem ar; nenhum fogo arde, nenhuma planta cresce, nenhum mineral se augmenta, nenhum animal se gera, cresce ou apodrece, nenhum vegetal fermenta sem a presença doar. O Sr. Dr. Gendron, resumindo tudo o que se es- creveu, sobre as qualidades doar e de seus effeitos, na sua importante obra a respeito da saúde publica, se exprime assim : Pelas observações astronômicas se sabe: que a luz desce do sol até a terra pelo tempo de oito minutos com pouca differença ; parece que a luzí é o mesmo que •aquelle fogo elementar espalhado por toda a atmos- phera, e por todo o globo terráqueo, e os corpos que se contêm nelle ; esta luz ou fogo elementar é aquelle que faz mover e dilatar todos os corpos ; esta proprie- dade é tão constante em todos, que jamais se viu va- riável: o espirito de vinho, ou aguardente nos mezes do estio oecupam maior espaço quenoinverno: oferro embraza e todos os me taes na fornalha acesa adquirem maior volume. Pelo contrario, todos os corpos com o frio se encolhem e oecupam menor espaço; o mesmo mercúrio, sendo tão sol ido e pesado, se encolhe com elle, do mesmo modo que os corpos humanos, os vegetaes e os licores espirituosos. Somos dotados de maior calor do que a atmosphera : quanto mais o homem está perto do nascimento mais partículas de fogo têm : um moço de vinte e cinco annos não tem tanto deste calor elementar como um menino. As aves têm mais deste calor que os homens; as plantas, os me taes, e os saes têm o mesmo calor que o da atmos- phera, considerados em si mesmos ; e a atmosphera or- dinariamente nunca é tão quente como o nosso corpo. Os effeitos do grande calor do ar, ou dos lugares tão quentes como o nosso corpo, são causa de enfermidades; dissipam-se os humores mais subtis ; sahem pela trans- piração, pelo suor e pela ourina em abundância : fica o sangue secco, térreo e expesso, geram-se enfermi- dades melancólicas, lepra., vômitos pretos, câmaras de d. m. 33. 2.f),s nic.cnin uno sangue e febres ardentes; se este calor demaziado se ajuntar com suffocação doar, então apodrecem todos os humores epóde causar mesmo a peste. Esta luz, este fogo elementar que .conhecemos por aquella sensação de nos alumiar e aquecer, estava espalhado por Ioda a atmosphera, e todo o globo terráqueo; mas os vegetacs, os saes, es mineraes e os animaes tem differentes gráos de calor : a terra na sua superfície, as pedras, os me taes, e os vegetaes, e os cadáveres têm kriial calor ao da atmosphera : nos ani- maes porém é mui differente : os insectos e os peixes têm alguns gráos mais de calor que o ar. O corpo hu- mano ordinariamente sempre Jcm mais que o da atmos- phera, ainda no tempo do eslio. Os quadrúpedes têm mais calor que os homens, e mais que todas as aves. Conhecidos os effeitos do calor, mais facilmente se conhecem os do frio : com essa qualidade do ar todos os corpos oecupam menor lugar na sua massa ; todos per- dem o movimento; essas mudanças continuas, regradas e suecessivas de calor e frio, dão vigor ao nosso corpo: as súbitas e as grandes mudanças o destroem. O homem exposto aos raios do sol no estio, de pé, ou deitado, ficará offendido até morrer apopletico : posto á sombra não-soffrerá a metade do calor : os dias, entre os trópicos, quentes, se moderam pelo fresco das noites; em alguns lugares perto das altas serras cobertas de neve, de vas- tos e altíssimos arvoredos, perto de lagoas e rios eaudalosos ou catadupas, as noites são mais frias, mais humidas, oorvalho é abundante ; estas súbitas mudanças são perniciosas, se não houver reparo contra ellas. As súbitas mudanças do calor para o frio excessivo, do frio para o calor, causam doenças inflammatorias, esqui- nencias, pleurizes, catarrhos e rheuraatismo?. A maior parte do nosso globo consiste de água, que conhecemos pelo nome de mar. No interior da terra existem cavernas, lagos e rios ; em toda a superfície delia a observamos: nenhum corpo conhecido, o mais duro, o mais seco, tratado cbimicamen te pela distillacão, se isenta desta lei: quem dissera que do tronco* do guaiaco, seco por muitos annos. sahe uma água volátil azeda pela distillação? Thales e Helmontio affirmaram cora muitas provas que a água era o principio universal da geração: é certo que esse elemento cora o fogo elementar, ou a luz são aqueües agentes primários da geração, conservação e corrupção de todos os corpos creados. Nenhum ha conhe- cido, que não vapore; nenhum que não exhale. A chuva DE MEDICINA. 2dí) e o orvalho não são mais que os vapores condensados em maior quantidade, do mesmo modo que o fumo ; os relâmpagos e os raios são as exhalações, que sabem das matérias sulphureas, formadas ordinariamente no centro da terra, ou na sua superfície pela quantidade de maté- rias que apodrecem. Daqui vem, que quanto mais humi- das e baixas são as terras, principalmente cobertas de arvoredos, quanto mais freqüentes são as chuvas ; e mais abundantes, se ficam perto de altas serras. Todos os vapores c exhalações se depositam por ura cer- to tempo no ar, que nos rodêa, cheio desta diversidade de partículas ; então é que lhe chamamos atmosphera. Causa da elevação dos vapores e das exhalações. A luz ou o fogo elementar está espalhada por toda a atmosphera ; e entra na composição de cada corpo, ou seja sensível ou insensível. Este é o agente primário de todos os vapores e exhalações, como também os ventos. Edmundo Halley, para saber a quantidade'de vapores, que se levantam do mar com o calor do estio, fez a experiência seguinte : tomou uma certa quanti- dade de água, por exemplo, 39 litros deagua continuar, desfez nella uma libra de sal; porque sabia que 40 li- bras de água do mar deixam no fundo uma libra delle ; depois de evaporada a pôz era cima do fogo naquelle calor dó mez de Julho, regrado pelo thermometro. Por meia hora de tempo, nem fumo nem vapor se observava levantar-se delia. Mediu depois esta água, e achou que em 24 horas que evaporava uma pollegada cúbica de água, de dez pollegadas quadradas, que tinha a super- fície da água salgada ; e que cada pé quadrado da mesma superfície deveria no mesmo tempo evaporar um quar- tilho, ou uma libra, com pouca differença. Pelo que concluiu, calculando a superfície do mar, das lagoas e dos rios, juntamente o calor do estio com o do inverno, que se levantavam tantos vapores, que bastavam para abundar a terra com fontes, lagos e rios. Que a terra evapore muito mais que as águas, o mos- trara as experiências de M. Btzin: encheu dous vasos de igual abertura de boca, unidelles com água, outro de terra ordinária: cada dia lançava partes iguaes de água pura era ambos ; era poucos dias, o vaso com água não podia conter nenhuma mais ; mas aquelle cora terra oodia receber água nova sem ficar ensopada nem feita em lodo; continuando a experimentar o mesmo, con- cluiu : que a terra evaporava muito mus que a água. 260 D1CCIONAUIO Tantas cavernas subterrâneas, que recebem água da chuva, das neves e os orvalhos, tantos rios subterrâneos dão matéria á terra para evaporar por meio do fogo elementar que nella existe. Estevão Hales, por muitas e varias experiências, con- cluiu : que todas as plantas e arvores transpiravam á proporção do calor da atmosphera ; e que, comparadas com a transpiração do corpo vívente, achara que os ve- getaes transpiravam duas terças parles menos do que os animaes. De Gorter, depois de calcular a transpira- ção insensível nos habitantes de Itália, Inglaterra e Hollanda, achou pelo menos ser de 3ü onças, em vinte e quatro horas. Logo, uma planta ou uma arvore de igual superfície á de um homem, transpirará, sendo o calor da atmosphera igual 10 onças, e alguma cousa mais no mesmo tempo. Não quero insistir na immensidade ckis exhalações, que se levantarão continuamente dos saes, betumes e mineraes ; porque pela sua natureza mais apta para evaporar, devem ser mais consideráveis. Devemos logo considerar o ar como armazém universal do nosso globo, onde se deposita tudo o que se exhala delle. Vimos que os animaes têm mais calor elementar do que os vegetaes, transpirarão logo á proporção do calor que os anima. Transpiração insensível. Se um homem moço e robusto, depois de fazer algum exercício, mas sem suar, se puzer diante de um grande espelho concavo, que augmentará os objectos seis vezes mais: verá sahir de toda a sua superfície um fumo, que sobe em ponta, como a luz de urna vela ; sobe esta, e a chamnia, porque o ar contíguo se rarefaz, e adelgaca ; aquelle que está mais distante é mais frio e pesado, e vem a cahir no lugar daquelle, mais ligeiro e quente ; deste modo é força, que comprima a transpiração pelos lados, e que suba para onde o ar tem menor resistência, que é na parte superior. Um homem suando ponha a sua mão perto de ura pedaço de gelo, verá sahir delia um fumo continuo: este fumo, que sabe por toda a nossa superfície, é o que cha- mamos transpiração insensível O bafo ou transpiração do pulmão é tão considerável como aquella da pelle: de inverno, quando o ar está mais frio que de ordinário, a vemos sahir em fôrma de nuvem a cada expiração. Esta transpiração e bafo são os últimos excrementos do nosso corpo: são tantas partes podres separadas do DE MEDICINA. 261 sangue ; são acres, salinas e rodentcs mais ou menos, conforme a natureza de cada corpo. Deste modo é que estamos sempre cercados de uma nuvem de exhalações podres e fétidas: as quaes, se pelo ar não se sacodissem, e alimpassem, senão se depositassem no ar, em poucos instantes sentiríamos a perda da saúde. Mas os animaes quadrúpedes têm mais calor do que os homens: as aves ainda muito mais: logo é força que transpirem muito mais; mas aquelle fumo, aquelle bafo ■ ha de ser mais acre, mais podre, mais contrario á nossa vida, do que o dos homens. Daqui se poderá conjectu- rar quanto mal fazem aquelles que dormem com gatos, e gosQs, e que conservam no aposento aonde dormem pássaros, bogios e cães. Também todas as matérias apodrecendo, ou podres, como são os excrementos dos animaes, e as suas partes, todas as matérias vegctaes apodrecendo, e podres, expostas ao ar livre, transpiram continuamente, e em maior quantidade do que as substancias incorrruptas. Deste modo vemos que todos os corpos transpiram, mais ou menos, á proporção do calor que tiverem; e que todos estes vapores e exhalações ficara deposita- das na atmosphera, que serve de armazém universal ao nosso globo. Causa das exhalações. , Os ventos, além dos muitos benefícios que causam a todo o globo terráqueo, são os segundos agentes da evaporação dos líquidos e dos sólidos. Pelo vento co- nhecemos um movimento do ar impetuoso, o qual dila- tando-se, passa de um lugar mais apertado para outro, d'onde se estende com mais facilidade. Podem-se contar tantos ventos como ha de gráos no horizonte: em favor dos marinheiros se determinou o seu numero a trinta e dous: mas como neste estudo os consideraremos favoráveis, ou contrários á saúde, seguiremos a divisão dos ventos cardinaes: são o oriente, sul, occidente e norte; isto é, norte, sul, leste, oeste. Se em todo o nosso globo não houvesse montanha al- guma, e que todo fosse coberto de água, não haveria mais que o vento leste, ou do oriente. Mas o nosso globo tem muitas irregularidades naquella medida. Nelle se levantam montes, altas serras, rochedos, arvo- redos dilatados; estes obstáculos ao vento do oriente, junto com os vários terrenos e exhalações, ou da terra ou do mar, produzem a variedade de ventos que obser- -02 DICCI0NAR10 vamos, e que reduzimos a quatro principaes, para me- lhor intelligencia do que trataremos. Quando qualquer vento passa sobre o mar, lago, ou rio, arvoredos, ou outro qualquer corpo, sacode e varre as suas atraospheras particulares: como cada corpo transpira sempre, e está rodeado de partículas humidas ou sulfureas, que o vento levacomsigo, c as depõe no ar por ultimo: deste modo todos os corpos, ou se di- minuem, ousealimpam por este movimento impetuoso doar. Quando queremos enxugar um panno molhado depressa, começamos a sacodil-o diante do fogo, ou ao sol: com o calor se adelgaca e rarefaz a humidade, e com a agitação se dissipa logo. Mas aquella água con- vertida em vapores fica depositada no ar: do mesmo modo vemos se levanta a poeira nos caminhos, a sua causa, e aonde fica por ultimo. O vento agitado leva os vapores e exhalações para lugares mais distantes daquelles, d'onde sahirara; a sua velocidade é de correr o espaço de 24 pés era uni segundo de tempo, quando é já bastantemente forte ; que vem a ser 216 braças em um minuto. Póde-se ver a violência deste liquido, e quantas partículas dos va- pores e exhalações levará comsigo. Da podridão dos corpos e dos seus effeitos. Três gráos conhecemos de podridão. Alteração, podri- dão e corrupção. A alteração é o primeiro gráo da destruição de qualquer corpo; uma pôra, uma maçã alterada, ou tocada, não está podre, mas começa a apo- drecer. à podridão é o segundo; um corpo vivente, ou vegetal podre, perdeu a vitalidade, mas não está cor- rupto ; a corrupção pres*uppõe a destruição da fôrma, e a geração de outra ; dizemos que a água se corrompe, quando nella observamos insectos novamente gerados; a podridão precedeu, continuou cora vigor, e cor- rompeu-se. Pela fermentação c podridão se desfazem c desvanecem todos os corpos : mas a fermentação é uma operação pu- ramente do artificio dos homens: a podridão é o único instrumento da natureza, pelo qual se renovam as obras delia ; quando um corpo apodreceu, a corrupção se segue, que é o mesmo que dizer : outro fica em seu lugar. A podridão é um movimento intestino para o exterior, ou peripheria, pelo qual se dissolve o corpo, e as partes delle mais activas, e voláteis, se desvanecem no ar, gerando-se o máo cheiro, e um sal volátil, alcalino, DE MEDICINA . :><>3 cáustico e rodente: a humidade e o calor são as condi- ções necessárias para se gerar a podridão. Qualquer corpo vegetal ou animal gelado não apo- drece ; mas tanto que se degela, ou fica alterado, ou podre. As carnes seccas, fumadas, ou erabalsamadas nunca apodrecera. Os Tartaros, seccando as carnes postas entre a sella do cavallo, a seccam de tal raodo, que nunca aprodece; o ar de Guzco, no Reyno de Peru, é tão secco e frio, que secca a carne, como se fosse páo, e deste modo preparavam as provisões de guerra, como refere Garcilasso dela Vega. Debaixo de montes de arêa secca, em África, se conservam, como as múmias, os corpos incorruptos das caravanas que nelles pere- ceram. O frio extremo de Spitzberg a setenta e nove e oitenta gráos lat. conserva o pão e os cadáveres in- corruptos. No vácuo da bomba Boyleana nenhum corpo apodrece, nem mettido dentro do mel, da cera, do azeite, ou no fundo da terra, ou arêa sequissima. Ponha-se ao ar um prato de sangue ainda quente, sahindo da vêa do animal, unte-se o branco dos olhos com elle, não se sentirá dôr nem ardor, será no toque se- melhante ao leite; fique exposto ao ar por cinco ou seis dias no mez de Maio, ou em calor semelhante ao deste mez , vem salino, acre, e rodente; se o branco dos olhos se untar com uma gotta deste sangue os inílamma- rá, a dòr será picante e violenta, e o cheiro fétido e ingratíssimo : distille-se este sangue, sahe um espirito ardente, que se inflamma, e um sal volátil alealino. Assome-se um boi, fique exposto ao ar do mez de grandes calores, em vinte e quatro horas, começará a inchar o ventre, era poucos dias rebentará. Pouco a pouco se vai exhalando, toda aquella corpulencia se desvanece no ar, e ficam por ultimo algumas partes sólidas, e uma pouca de terra ; e os ossos por ultimo é tudo o que deixam. Mate-se outro boi, e degole-se, exponha-se do mesmo modo, não apodrecerá tão depressa ; a podridão que contrahir não será tão fétida nem tão acre. Por essa razão, todas as carnes destinadas para as provisões, deviam ser bem sangradas. As carnes nos fumeiros perdem toda a humidade, exhala-se como fogo, e com o fumo das chaminés ; deste modo se conservam por muitos annos emquanto se conservarem assim seccas. * Todas as plantas, arvores, fructos, sementes, en- cerrados em lugar humido, quente e não ventilado, aprodrecem ordinariamente : a mesma madeira mo- lhada muitas vezes, e outras tantas seccando-a, vem 264 DICCIONAIUO a apodrecer mais depressa. O fcno ainda humido posto em rolbeiros, bem acalcado apodrece, e por ultimo arde e pega fogo. As mesmas azedas, limões e la- ranjas bicais, remédios os mais soberanos contra a podridão, so os machucarem e puzerem dentro de um barril tapado, apodrecerão. ' Do referido se vê claramente que para perservaros corpos da podridão, é necessário impedir a humi- dade, e o accesso do ar livre e do calor semelhante ao da primavera; secal-os, endurecel-os, e embalsamal-os éo mais certo remédio, e sobre tudo ventilar o ar temperado continuamente. O mesmo sangue , que vimos acima apodrecer tão depressa, se logo, que sahir da vêa se puzer a seccar no calor da água fervendo, dis- sipa-se toda a humidade, vem duro, conservar-se-ha incorrupto por muitos annos; se o mesmo sangue se desfizer na água, e se expuzer outra vez ao ar livre, apodrecerá facilmente. Assim a humidade é o agente principal da podridão: por essa razão não vemos, que os metaes apodrecem, nem as pedras: dissipam-se, e des- fazem-se pelo calor, e pelo peso do ar, e sua elastici- dade, como veremos em outro lugar. Vimos de que modo apodrecem os viventes, e como desfeitos em exhalações se desvanecem na atmosphera : veremos agora a variedade das substancias podres fé- tidas e malignas, que também acabam do mesmo modo. Nas minas de chumbo , cobre e de carvão existe um vapor tão venenoso, que mata era um instante: os mi- neiros experimentados entram naquelles subterrâneos sempre com uma vela accesa ; tanto que começa a en- curtar-se a ílamma em fôrma de globo, tornam para traz; se temerariamente vão adiante, morrem. Domar se levantam exhalações semelhantes. No anno de 1630, perto da Ilha Santorini, lançou o mar para fora uma immensidade de pedras pomes com ruido medonho e fumo tão insupportavel, que muitos morreram de febres pestilentas , a prata mudou de côr, e os mais metaes. O ar no fundo dos poços sujos, e principalmente perto das latrinas, vem tão pestilento, que mata a quem o respira; milhares de casos confirmaram estas funestas experiências. Em muitos lugares da Natolia, e principalmente da Itália, sahem exhalações de muitas fontes c cavernas, que matam todos os animaes em um instante ; da Grota dcl canc, e de infinidade dellas, se poderá ver Leonardo de Capua, no seu rario livro de Mofete. Todos sabem que os habitantes vizinhos dos campos DE MEDICINA. 26ü aonde se deram batalhas, cabem em febres pestilentas; tanto mais depressa apodrecerão os cadáveres , quanto os calores forem maiores: então infectarão o ar, que poderá causar mesmo a peste. As exhalações, que sahem, quando se abrem as sepulturas, aquellas que se sentem quando se passa pelos lugares immundos, cobertos de animais apodrecendo, são as mais pestilentas. Dos Ventos, e dos seus effeitos. Os ventos são uma das causas da elevação dos vapo- res, e das exhalações que ficam na atmosphera. Três sortes de ventos conhecem os navegantes, res- pectivamente aos differentes tempos do anno ; e destes a primeira são os ventos constantes e uniformes, que ventam sempre do mesmo lado, que chamamos ventos geraes: ventam do Oriente para o Occidente entre os tró- picos. A segunda são periódicos, ventam seis mezes de uma parte e seis mezes da outra ; como se experimenta no mar da Arábia, no golfo de Bengala, nos mares da China, e do Japão, perto das Ilhas Molucas, e da Sonda. A terceira são os ventos variáveis, que ordinaria- mente se observam na terra pelos nomes que disse- mos: vento do Norte, do Sul, de Leste, e de Oeste. A causa dos ventos e da sua irregularidade são a rarefacção do ar, causada pelo calor do sol, e as serras, rochedos e arvoredos, que se levantam sobre a terra. Já dissemos, que se fosse perfeitamente espherica, ou um globo perfeito de água, que só haveria o vento do Oriente. Porque o sol, aquecendo o ar immediato, debaixo delle o estende e o adelgaca : o ar mais frio e mais denso por conseqüência, que fica detrás do sol, vem a cahir e oecupar aquelle lugar mais quente e mais raro ; este movimento rápido é o vento ; e como o sol se move a cada instante rapidissimamente, daqui vem, que no mesmo tempo tanta parte da atmosphera se aquece e se adelgaca ; e que igualmente o ar menos quente vem encher aquelle lugar para fazer o equilí- brio ; porque o ar é um corpo fluido, como a água, mas mais subtil, e ligeiro mil vezes: lançamos uma pedra em um tanque, perdeu-se a igualdade delle pelo golpe. Movem-se as águas para os bordos do tanque, que vemos caminhar em ondas : resistem-lhe os mesmos bordos; e torna a água a cahir naquelle vasio que fez a pedra: desse modo continuam até que fique toda em equilíbrio: arde um forno cora fogo vio- lento ; feche-se a porta, e fique nella um postigo aberto: 260 DICCIONARIO veremos que por alie entra o ar tão violentamente como se fosse vento ; porque o ar dentro do forno adelgaçado e subtilisado, estando contíguo aquelle fora do forno, que é frio, pesado e comprimido, vai com força restabelecer o equilíbrio, perdido pelo calor do forno. Abaixo veremos o uso immenso desta lei da natureza; por agora basta saber que do mesmo modo que entra o ar em fôrma de vento pelo postigo do forno, assim o ar frio da atmosphera vem sempre a buscar e a encher o ar adelgaçado e quente; o que conhecemos pelo nome de vento ou viração. Os ventos entre os trópicos são mais constantes que nas grandes latitudes do Norte ou do Sul. Toda a differença que se observou até agora nos ventos ge- raes é ventarem do Nordeste e do Suduesle. Mas os navios que navegara perto da costa da África, depois do décimo gráo de latitude para o Norte, experimentam ordinariamente calmarias e ventos tão inconstantes, que era um quarto de hora observam toda a sorte de ventos que chamamos tornados ; e que quasi todas as nações mercantes adoptaram este nome. Denois dos trinta e três gráos de latitude do Norte alé oitenta e quatro, os ventos são mui vários, e geralmente mais violentos; porque aquelle vento geral do Oriente para o Occidente, achando obstáculos nas montanhas, serras e arvoredos, reflete para a parte opposta do curso ou cor- rente que levava : como toda a terra está formada com esses obstáculos em todas as dimensões, daqui provém a diversidade dos ventos que experimentamos nella. Veremos agora os effeitos dos ventos, tanto na atmos- phera como nos corpos particulares. Vimos já que na atmosphera se contém todos os vapores e exha- lações que se levantara do nosso globo: e que cada corpo, ou vivente, ou insensível, tem a sua atmos- phera particular : os ventos, e qualquer ar agitado varrera e sacodem aquellas atmospheras particulares' e deste modo, renovando-se o ar, conservam o seu es- tado todos os que transpiram. Todos assentaram até agora que o movimento é o que preserva as águas da podridão: do raesmo modo que a sirculação do sangue no corpo humano é a que lhe conserva a vida. Mas é falso; a água no porão do navio é agitada continuamente, e portanto apo- drece: se um homem tivesse a cabeça dentro de unia talha, mas tão bem ajustada ao pescoço que o ar da- quelle vaso não tivesse communicação alguma com o ar, que o rodeava, é força que morresse em mui pouco DE MEDICINA. 267 tempo sufíocado, e portanto morreria antes de que a circulação acabasse. Estevão Hiles observou que res- pirando com a cabeça dentro de um vaso, que con- tinha setenta e quatro pollegadas cubicasde ar, não lhe bastavam para respirar sem cansaso meio minuto, e por um inteiro sem perigo de suffocar-se. Deste modo se vê claramente que o movimento das águas não serve mais que para adelgaçar as partes gros- seiras, e oleosas para evaporarem e exhalarera; o ar agitado e os ventos varrera e alimpam aquella transpi ração ; e aquelle ar embcbido com ella, outro puro vem em seu lugar, e nesse movimento continuo e mudança da transpiração é que consiste a conservação dos corpos. Do mesmo modo o homem, que se suffoca dentro daquelle vaso, não é porque lhe falte a circulação, que não serve mais que para adelgaçar as partes, que hão de servir á nutrição e lançar pelo pulmão e pela pelle o supérfluo; mas porque o bafo, que sahiu do pulmão, ficou no ar, e este o respira muitas vezes ; as partículas podres, de que consiste o seu bafo, o mataram: o ar respirado muitas vezes fiea incapaz de varrer e limpar as partículas podres, que se se- param no pulmão ; deste modo morre, e não morrera se o vento ou o ar agitado varresse aquellas partículas, e outro fresco e puro viesse no seu lugar para conti- nuar na mesma operação do primeiro. Logo as águas do mar se conservara incorruptas, não só por aquellas regradas marés, mas principal- mente pelos ventos, que dissipam e alimpam da sua superfície immensidade de matérias podres, e de exha- lações: tantos animaes mortos neste elemento, tantas exhalações geradas dos betumes, que nelle se contém, tantos e tão vastíssimos animaes, que transpiram con- tinuamente, sempre mais quentes que a mesma água, é força que apodrecessem, se não se desvanecessem estas exhalações impellidas dos ventos. A atmosphera dos lagos, charcos e paües ou feitos por enxurradas dos caudalosos rios, ou pelas águas sal- dadas do mar, se não fosse sacudida e ventilada pelos ventos causariam a maior podridão. Desto raodo é que a atmosphera vai recebendo toda a sorte de vapores e exhalaeõjs, até que nella se ajuntam em tanta quan- tidade, que se desatam em chuvas, em relâmpagos, trovões e raios. O que determina mais depressa alim- par-se a atmosphera delles, são os montes e os arvo- redos. Estes sempre retém maior calor e maior frio que atmosphera: no estio, as montanhas e os rochedos 268 DICCIONARIÜ de dia tem mais calor que o ar junto de fies ; de imite têm maior frio lambem : chega a atmosphera agitada pelos ventos, carregada de vapores e exhalações, batem contra as montamhas e arvoredos, mais frias de noite do que o ar, condensam-se, formara-se nuvens, for- mam-se fumos e fogos, e todos esses se desfazem cm chuvas, relâmpagos e raios: Mas as chuvas alimpam o ar e o depuram das par- tículas podres; como também os relâmpagos, os tro- vões, movendo e sacudindo o ar, o purificam: deste modo os ventos não só servem para varrer as partí- culas podres de tudo o que se exhala no nosso ^lobo, mas também para formarem as chuvas, os orvalhos, os relâmpagos e trovões, que consomem e dissipam a po- dridão do ar: elles são causa deste circulo admirável, pelo qual se conserva a natureza. Ainda que por sua natureza nenhum vento seja quente ou frio, a cada um dos quatro cardinaes damos algumas destas qualidades. O vento que vem do mar sempre é humido : no tempo do estio o sentimos frio, e no inverno, quente. Todos os ventos da terra são seccos, de verão os sentimos quentes, e de inverno frios; as mesmas1 causas acima referidas mostram a evidencia destes effeitos : da terra coberta de montes, pedras, metaes e outros corpos mais densos que a água, não se levanta tanta quantidade de vapores, como da superfície do mar: os ventos que levarem estes vapores, parecerão seccos. Como a terra é corpo mais denso que a água e o ar, ha de conservar mais calor no tempo quente e mais frio no tempo de inverno. Assim os ventos têm as qualidades dos vapores e dos lugares por onde passara; e, conforme fôr a situação, assim conheceremos a qualidade do vento. Effeitos da temperatura do ar entre os trópicos. No Brasil, e considerável ramo da serra Cordilheira na altura de 22 gráos lat. austral, continua sudoeste até quasi ao Espirito Santo : nascem de uraa e outra parte dilatadissimos rios, dos quaes os mais famosos são o Amazonas, Madeira, Xingu, Tocantins, Tapajós, Paraná, e o de S. Francisco, etc. e infinidade de rios menores com as continuas chuvas depois do mez de Março, todos sahem do seu alveo, inundam muitas terras na distancia muitas vezes de três e quatro léguas : além destas conti- nuadas chuvas até o mez de Agosto, o clima é inconstante, DE MEDICINA. 261) por todo o anno chove, ainda no dia mais sereno; o céo tempestuoso, com trovões, relâmpagos c raios. Mas estas inundações não são simplesmente de água ; como todas levam comsigo infinidade de arvores, ficam nos bordos, juntamente com immensidade de peixes e ani- maes terrestres: quando as águas entram no alveo dos rios, os campos ficam cheios de charcos, que com o calor apodrecem, e morrem nelles os peixe?-, com os corpos dos mais animaes e vegetaes: geram-se então immensidade de insectos, que todos vem a apodrecer ; e como o calor» é quotidiano, mais se subtilizamcada dia, até que tudo convertido em vapores e exhala- ções podres, se desvanece na atmosphera. Desta podridão provém as febres pestilentas, que chamam carneiradas em Mato Grosso, Cuyabá, c Goyaz. Da mesma origem vêm outros males communs a todo o Brasil, comb os insectos que tãoprejudiciaes são á saúde publica. (1) Se a natureza não tirasse delia mesma o remédio, seriam aquelles lugares inhabitaveis, como se persuadiu a antigüidade, suspeitando que, pelos ardores do sol ; mas a podridão, que se gera cada dia, seria a causa da destruição de todos os viventes, se no mesmo tempo não se dissipasse. As grandes e continuadas chuvas, os abundantes orvalbõs, os trovões, relâmpagos e raios: os ventos constantes, e ás vezes furiosos, e a immensidade das exhalações aromaticas, são os remédios, com que a natureza faz aquelles lugares babitaveis esalubres. Vejamos de que modo produz a natureza estas opera- ções, não só para admirar a summa providencia, do greador, mas também para saber imital-os, pois que tanto contribuem para a conservação do universo. Tanto que a atmosphera está carregada de vapores, pelo seu próprio peso os vemos cahir na fôrma de chuva e de orvalho : alimpa-se deste modo o ar da po- dridão, que tinha: além deste primeiro modo, a atmosphera cheia de exhalações, ou procedidas das maté- rias sulfureas ou podres,"pelos ventos são impellidas contra as montanhas c os arvoredos: as noites entre os trópicos, como são tão longas como os dias, são frias e huraidas: logo as montanhas, e os arvoredos o serão muito mais que a atmosphera: tanto que chega perto dellas, se condensa, formam-se nuvens, que se desatam (1) Quando publicar o meu diecionario das plantas vulgares do Brasil em relação a therapeiuiea vulgar, darei publicidade a uma memória sobre as moléstias do fará e Rio Negro. 270 DÍCClONARrO em chuvas, formam-se relâmpagos e trovões, que se desatam em raios. Assim a atmosphera, menos fria que as montanhas de noite, agitada e movida, ou pelo seu próprio movi- mento, ou pelos ventos, chegando a elles a humidade se condensa, e se formam as nuvens, e as exhalações igual- mente, edeste modo se desatam em chuvas, relâmpagos, trovões, raios, e em abundantíssimos orvalhos: quanto maior fora elevação dos vapores edas exhalações, tan to- ma ior será a quantidade das chuvas, dos relâmpagos^ e dos orvalhos. Essa é a razão por que entre os trópicos as chuvas são tão abundantíssimas, e por tantos mezes, e igualmente as trovoadas ; porque naquelles lugares o calor, a humidade, e a podridão é excessiva: vemos de que modo a natureza procura dissipar c a limpar a atmosphera, pelas chuvas e relâmpagos, que não são mais que exhalações feitas cm chammas, como os raios; mas o que emenda o ar mais que tudo são os trovões, saccodera delle as exhalações, restituc-se-lhe por esta agitação violenta a elasticidade, que se perde ás vezes pelas calma rias e grandes calores. Somente entre os trópicos nascem os aromas e toda a sorte de especiarias: é admirável a providencia do Altíssimo, que naquelles lugares, aonde se gera cada dia e cada hora a podridão pelo calor e humidade exorbi- tante, nelles somente se geram os aromas mais fra- grantes, e na maior abundância: daquellas arvores com o calor, que dispõem a apodrecer os viventes, e os vege- taes, com o mesmo faz transpirar as plantas e as arvores aromaticas: sabemos, por experiências certas, que os aromas são um potente correctivo da podridão: tantas exhalações destes arvoredos, que dão a canella, a noz-mos- cada, os bilsamos, a almecega e outros infinitos, cor- rigem ao mesmo tempo a podridão da atmosphera. Dos effeitos da atmosphera alterada, ou podre no corpo humano. O ar nos cerca por todos os lados; entra no estômago com os alimentos, entra no bofe para alimpar as partí- culas podres, que se separam alli do sangue, que vemos sahir em fôrma de bafo, communica-se ao mais intimo do nosso corpo pela superfície delle. Vejamos primeiro os effeitos do ar puro no estômago, e de que modo entra alli com a bebida e a comida. 6 ar entra na composição de todos os corpos, mas existe nelles do mesmo modo que existe na água: está tão DE MEDICINA. 27 i summamente dividido, que não se mostra como ar, e nenhuma propriedade delle tem: se se metera água na bomba Boyleana, faltando-lhe o peso da atmosphera, aquelles elementos do ar, quenãoappareciam, começam a unir-se uns aos outros ; logo que muitos estão unidos, formara borbulhas de ar, e sobem pela água, como se fervesse. O mesmo suecede com uma maçã, com um nabo: sahe destes fruetos immensidade de ar; mas as substancias animaes são aquellas nas quaes entra muito maior quantidade de ar que nas precedentes: deste modo consideramos que em todos os corpos existem os elementos do ar, não como o ar que respiramos, nem com as suas propriedades. Quando mastigamos, o ar exterior que respiramos mistura-se com os alimentos que comemos ; quanto mais mastigamos, maior quantidade de ar se amassará cora elles, e será mais fácil a digestão: entram no estô- mago, mas nelle o calor sempre é uma terça parte (or- dinariamente) maior que na atmosphera. Sabe-se que o ar se pôde dilatar prodigiosamente pelo calor, como vemos se dilata a água, o azeite e o leite : logo, aquelle ar amassado com os alimentos se dilatará no estômago; ao mesmo tempo as partes elementacs do ar, que com- punham os alimentos, se dilatarão também : farão um movimento do centro para a circumferencía, como se faz na fermentação e na podridão; assim aquelles ali- mentos no estômago encerrados se dissolverão tão in- timamente, que se converterão em uma nata, igual, li- quida e espirituosa : esta é a que chamam Chylo, esta é a que nos sustenta, e desta éque se formam todos os lí- quidos do nosso corpo e as partes sólidas. Supponbamos agora que um homem vivesse em uma adega, com portas e janellas fechadas, o pavimento e as paredes humidas, sem luz nem abertura alguma por onde pudesse entrar o ar, é certíssimo que seria humido, fétido e podre ; porque da terra e das paredes, e do corpo do raesmo homem sahiriam exhalações conti- nuas, estas se depositariam no ar : se comer este homem, este mesmo ar entrará no estômago com os alimentos: mas este ar é podre, e a sua digestão o será também, e por conseqüência o Chylo ; mas como deste se formam todos os humores, todos os seus humores por ultimo reterão aquella qualidade: se se tomar uma linha, e se passar por uma gemma de ovo podre, e se puzer em uma panella decaído no calor, não digo do estômago, mas do mez de Dezembro, apodrecerá todo, virá fétido e horrendo ao gosto: tão activa é a minima partícula de qualquer substancia podre! 272 DICCIONARIO Entra o ar no pulmão a cada inspiração, e serve para a conservar e prolongar a vida e a saúde. Estevão Hales observou que a superfície interna dos pulmões é muito maior que toda a externa do mesmo corpo: todo o sangue, que entra nelles, íica exposto ás impressões do ar que respiramos; alli é que o ar faz dous effeitos considerá- veis, pelos quaes unicamente vivemos. O primeiro écom- municar ao sangue aquelle fogo elementar, aquella luz, aquella vitalidade, com que anima as plantas e os ani- maes ; o segundo, absorver c embeber as exhalações que sahem do sangue, do mesmo modo qua elle absorve a transpiração insensível, que sahe pela superfície do nosso corpo. Mostramos que a transpiração são as par- tículas mais subtis, mais acres, como tantos excre- mentos do nosso sangue; poiso bafo é a transpiração do pulmão, e è da mesma natureza. E' necessário, para viver, que se separe do sangue esta transpiração interna do pulmão e da pelle ; e estes são os effeitos do ar des- tinado á respiração: emquanto o ar fôr natural, elástico, cora humidade, a proporção do fogo elementar-, agitado e sacudido pelos ventos, a sua própria elasticidade fará constantemente estes effeitos, e conservar-se-ha a vida do vivente. Mas consideremos o ar encerrado, humido, cheio de partículas podres, como aquelle de uma adega, conforme dissemos acima, ou peior ainda, como é o de uma en- xovia : nelle então não existirá aquelle fogo elementar ou luz; porque estando encerrado, sem ser ventilado, pelas partículas podres ehumidas, que sahem dos corpos viventes ou insensíveis, se consome e apaga : vimos que uma vela accesa se apaga pelas exhalações podres das minas, que destroem a elasticidade do ar, e encerrada era qualquer vaso, logo que lhe faltar a communicação com o ar livre ; do mesmo modo se extinguira no ar en- cerrado a luz, aquelle fogo elementar, que nelle existe naturalmente: se um homem respirar este ar, ficará privado daquella vitalidade que nelle reside: como o mesmo ar está já corrupto, cheio de partículas podres, não absorverá aquellas, que se separam do seu sangue, e ficarão nelle: mas como é obrigado a respirar para viver, tornará a inspirar o mesmo ar já cheio das partí- culas da transpiração insensível e do seu bafo ; a cada inspiração, logo augmentará a corrupção do ar, e ao mesmo passo a sua mesma. Daqui vêm aquellas ancias mortaes, aquelle cansaço, aquelle querer respirar, e não poder, aquellas pungentes dores de cabeça, aquellas náuseas sem poder vomitar : estes são os effeitos da po- DE MEDICINA. 273 dridão do sangue no pulmão, e no coração mesmo: assim Cjomeça a peste, o escorbulo, as febres terças, perni- ciosas, as febres pestilentas, mais ou menos agudas, con- forme fôr a actividade do veneno, que é o mesmo que a corrupção do ar. Não somente serve o ar, que entra pela boca e narizes, para respirar, mas ainda para outras muitas acções da vida. Espirrar, assoar, tussir, escarrar, faílar, rir, chorar, sorver e engulir ; todas estas operações serão vi- ciadas e diminutas. Veremos abaixo que se conhece o bom terreno pela voz clara, sonora e agradável dos seus habitantes: aquelles que vivem nos lugares humidos, charcos, paues e terras alagadas, têm a voz rouca, pesada e baixa. O ar entra também, pela superfície do nosso corpo, não como ar, mas attenuado e desfeito pelas partículas humidas ou podres, de que estiver carregado. Os corpos dos animaes são tantas esponjas viventes, que lançam de si e recebem tudo aquillo que nada na atmos- phera. Quem se persuadirá que o ouro, metal o mais denso, compacto e igual, que conhecemos, tem immen- sidade de poros tão grandes, que pôde por elles sahir água ? Se um vaso cylindrico feito de ouro estiver cheio de água, e se comprimir igualmente com a coberta á força de uma imprensa, não se comprimirá a água, mas sahirá pelos poros do vaso em fôrma de orvalho : quem imaginaria que o mercúrio, mais denso e pesado do que a prata, posto dentro de um vaso deste metal, como de qualquer outro, que o atravessará e que sahirá em fôrma de orvalho por todos os lados ? Todos os dias vemos o mer- cúrio applicado ao corpo humano em unções mover a salivacão, causar febre violenta e inflammações: os emplastros de eantharidas produzem ordinariamente ar- dores de ourina. As folhas de tabaco pisadas com miolo de pão e algumas gottas de vinagre, applicadas na boca do estômago, causam vômitos. Logo o nosso corpo todo é como um ralo, uma esponja, e pôde dar accesso a muitas substancias para o penetrarem até o mais intimo delle. Todos os saes têm a virtude de attrahirem a humi- dade : ponha-se um prato com sal commura bem secco, outro com sal tartaro, dentro de umaadéga fechada, em poucos dias o sal commura virá humido, e o de tartaro desfeito em um licor, que chamam óleo de tartaro. Aquelles homens, que se exerci tara violentamente, como são bs malhadores e segadores, fazem o seu sangue sal- gado e da natureza da ourina : vem mais acre, e mais apto para attrahir a humidade: se dormirem ao sereno, D. M. 35. 274 Die.eioN \ri'"S(>- rins que ani .-!s províncias 276 DICCI0NARI0 do Brasil. Diz Bontius, citado, que aquella ilha é ex- tremamente humida, não só pelas chuvas de seis mezes contínuos cada anno, mas lambem pelos muitos rios com que é regada; que os calores depois das nove horas são insupportaveis, e que ninguém sahe fora de casa senão de tarde: deste modo se gera tal po- dridão e a atmosphera adquire tanta corrosão, que os vestidos fechados apodrecem e os metaes se enferrujam. Que quando ventam da terra certos ventos, alimpam a atmosphera e a fazem saudável, os quaes, se lhe fal- tassem, não seria habitavel: que o terreno da ilha é fértil, a terra negra e forte; que delia se levantam, como de todas semelhantes, exhalações tão acres, que se manifestam pelas doenças que nomearemos logo : todo o anno se divide em duas secções, uma , que contém o inverno, que consiste em chuvas abundantíssimas; o resto são calores excessivos; mas as manhãs e as tardes, depois do sol posto são frias, eomoas noites, os orvalhos abundantissimos e nocivos, o resto do dia ardente. As doenças ordinárias são uma sorte de paralysia, que chamara beribery ou bereberium (1): a causa é, que o corpo esquentado e relaxado ao mesmo tempo pelo calor, foi penetrado subitamente pelo sereno da noite; acommette aquelles principalmente que se descobrem e que dormem com as janellas abertas ou expostos ao sereno: outra enfermidade semelhante reina nos mesmos habitantes, espécie de catalepsis, que é a mesma' que reina em Gôa e em todo aquelle reino, á qual chamamos o ar, e provém da mesma causa : fica o corpo rígido e immovel como o mármore, os dentes fechados, e morrera nesta convulsão universal, ou tetanos dos Gregos, em poucas horas. No tempo dos calores as diarrhéas e as dysenterias apparecem e são mortaes; e quanto mais a secção dos calores estiver avançada, maiores estragos fazem aquellas doenças: porque os ardores do sol têm apo- drecido todas aquellas matérias das enxurradas, e estão já tão subtilisadas e espalhadas pela atmosphera, que ninguém se pôde preservar da sua violência: no mesmo tempo reina aquella terrível e funesta doença cholera morbus, na qual os doentes era poucas horas acabam a vida purgando e vomitando sem cessar até morrer: reinam também febres intermittentes, mas de natu- (1) Esta enfermidade e a febre amarella, o cólera morbus, são também do Valle do Amazonas, como mostrarei quando nubli- ear o meu dicciouario das plantas usnaes do Brasil. DE MEDICINA. 277 reza tão maligna, que se terminam ordinariamente por hydropesias, e estas com a morte; muitas vezes se convertem em febres ardentes com delírios, e morrem pela inílammação das parotidas, pintas e carbúnculos. Na mesma ilha o leite das mulheres brancas é tão acre e amargo, que as mais são obrigadas a dar a criar os seus filhos ás negras, porque só ellas têm o leite oleoso e doce, capaz de nutrir os meninos ao peito. No forte de S. Jorge na índia Oriental, na altura de quatorze gráos de latitude, não longe de Gôa, quando o vento vem dos lados do Occidente, desde o mez de Abril até o fim de Julho, o ar vem tão ardente, tão secco e insupportavel, que se não fora pela viração do Sudoeste, depois do meio dia, os habitantes não poderiam viver naquelle ar: os effeitos destes calores, seccando o sangue e dissipando o mais subtil delle, fazendo-o apodrecer por não poder circular nem ven- tilar-se, são cahirem na cholera morbus, febres com frenezis; na doença da terra, chamada bêribery; desde o meio de Outubro até o principio de Dezembro o vento começa, e continua entre Norte e Este: então começam as chuvas, e nesta secção é que reinam as diarrheas e dysenterias: no resto do anno o ar é tem- perado e as enfermidades seguem aquella temperatura. Tanto em Portugal, em todos os lugares que borda o Tejo, em Angola, aonde inundam tantos rios aquelle reino, como em toda a America, depois das inundações, logo que as matérias das enxurradas começam a apo- drecer, o ar se infecta e produz semelhante podridão nos corpos: manifesta-se por toda a sorte de febres podres e sobretudo por dysenterias; terminara-se em suores frios, em pintas, convulsões, carbúnculos, raras vezes em parotites e bubões, que suppuram benigna- mente, e muito mais raras por suores abundantes e universaes, que escapam com a vida. Dos sitios mais sadios para fundar cidades epovoações. Aristóteles queria que, para fundar uma cidade, duas cousas se devam attender. A primeira, a conservação dos habitantes; e a segunda, a sua utilidade. O sitio mais adequado para satisfazer estas intenções será aquelle virado para o Oriente, aonde as águas sejam vivas e correntes; sitio que tenha muitas entradas, pelas quaes possam entrar embarcações e carros, tanto de verão como de inverno ; que não seja humido por extremo nem árido, corno são os rochedos : que seja 278 DICC10NAIÜO ventilado antes pelos ventos frios, como são os do Oriente e do Norte, que pelos do Sul e Occidente, hu- midos e quentes ordinariamente. Porque os habitantes, pela fabrica das casas, pelos vestidos, exercício e fogo, facilmente se defendem do frio : que estes lugares sempre devem ser preferidos aos quentes e humidos por extremo; porque os naturaes são fortes e robustos, magnânimos e industriosos; ainda que os nascidos em climas suaves são de ordinário ociosos, negligentes e por extremo deliciosos. Mas suecede ás vezes, que pelas razões de estado é ne- cessário fundar uma cidade em lugar menos conveniente à conservação dos habitantes : talvez frio pela vizi- nhança de serras cobertas de neve por todo anno ; outras em lugares tão áridos, que nem produzam alimentos, nem dêm águas para o commum uso da vida : também em valles dominados de serras e mais freqüentemente em! lugares baixos perto de rios e lagos. Então é que a arte deve supprir estes defeitos da na- tureza, fabricando-se as casas de tal modo que os ventos frios não as offendam. Por esta razão as ruas não devera ficar viradas para aquelles lugares cobertos de neve : devera as casas reparar os ventos, que alli assoprarem, como também as igrejas e as praças publicas, na in- tenção que não haja interrupção nas funcções publicas, nem no trabalho dos habitantes. Dissemos que os ventos comraunicara as qualidades dos lugares por onde passam. Se fôr preciso fun- dar uma povoação perto de lagos, ou campos alaga- dos com águas encharcadas, devem as ruas ser viradas com tal precaução, que impidam os ventos que passam por aquelles lugares tão mal sadios. Tanto quanto fôr possível, seja a cidade de tal modo construída, que fi- que a maior parte delia exposta aos raios do sol do meio dia. Nos lugares áridos, ou pelo terreno ser de arêa, de cascalho ou de pedra viva, deve-se plantar nelles tantas arvores quantas permittir o 0sitio : abrir poços, fazer cisternas, cascatas de água, fohtes de repuxo, com regos e canaes pelo meio das ruas. Mas nenhum sitio é menos sadio que o dos valles do- minados por montes e serra? altas :as chuvas os inun- dam ; os nevoeiros não se dissipam que por um, ou outro vento : quando qualquer delles ventar, será violento e tempestuoso; porque leva a força de um liquido, agi- tado, como se fosse por um cano." A humidade será con- tinua : os vestidos fechados se roem pela traça : as se- mentes nas tulhas c eelleiros se perderão pelo urorgu- DE MEDICINA. 279 lho : as carnes e peixes não se conservarão, como lam- bem o pão e mais comidas, ou pelo mofo ou pelo balio ; não havendo naquelles lugares a constante ventilação do ar, todos os vapores o exhalações lhes ficarão por tecto. Além destes inconvenientes, outros maiores são muitas vezes irremediáveis. Raras vezes se vêm valles dilatados, sem que sejam regados e inundados pelos rios, que em certos tempos tudo alagam ; ficam as ter- ras cobertas de águas turvas, podres e que por ultimo vêm a apodrecer, ou nas adêgas ou em todos os luga- res desiguaes que bordam aquellas torrentes. Raras vezes os ventos são puros ; ordinariamente trazem com- sigo, ou as partículas da neve do alto das serras, ou os vapores dos lagos e terras alagadas : accumulam aqui os ventos tantas qualidades contrarias á saúde, como nos lugares levantados se dissipam as nocivas. No inverno estes sitios serão sempre frios, no estio ardentes pelo re- flexo do sol, que vier de uma e de outra parte dos mon- tes que dominarem a povoarão : daqui mesmo nascerá oarsuffocado, os bochornos e todas as doenças mortaes que produz uma tal atmosphera. Se nestes sitios houver bosques espessos, arvoredos altos, a humidade e o frio será maior ; porque os ven- tos trarão comsigo a humidade continua, que evaporam. e o frio que adquirem, maior sempre que o da atmos- phera. Por experiência sei que semelhantes lugares são infestados cada anno com febres intermittentes da peior sorte, com febres ardentes e pestilenciaes. Adiante in- dicaremos os remédios contra o ar humido das campinas e campos rasos ; e os mesmos poderão servir a emendar o ar corrupto dos valles. As povoações plantadas nas vastas campinas, sem vi- zinhança, nem de montes nem de arvoredos, têm tam- bém muitas incommodidades : quanto mais humido fôr o terreno, mais dilficilmente se dissiparão os vapores delle; porque, faltando os montes e os bosques, os ven- tos regulares -ão raros : também as águas serão de má qualidade ; aonde não ha montes nem outeiros, as fon- tes são raras, e se alguma existe, não é de propriedades louváveis : mas as águas das chuvas, não tendo corrente, ficarão encharcadas, apodrecerão, e, não sendo ventiladas pelos ventos, a atmosphera será sempre humida epodre. A corrente das águas e os fogos continuados são os únicos meios que podem remediar o ar humido e os ne- voeiros, tanto das povoações sitas nos valles, como nas campinas. Acorrente das águas se adquire por canaes, ou fazendo taes reparos aos rios, que augraentem a ve- 280 DICCIONARIO locidade da sua corrente: não somente redunda em uti- lidade summa prevenir por elle as inundações, mas também purificar o ar e seccar o terreno. Dissemos acima que o ar se mistura e se amassa com a água: se esta fôr corrente, a columna de ar que lhe tocar le- vará o mesmo curso ; e por este movimento se ventila e se renova, levando comsigo os vapores e a humidade daquelle lugar. Gera-se pelo curso das águas um vento artificial, que é tanto mais sadio, quanto elle fôr mais rápido. Atravessa o rio Sena a populosa cidade de Paris ; está de uma e outra parte bordado de cães fortíssimos; correm as águas forçadas com tanta velocidade, como se fossem por um canal: os fogos de uma tão popu- losa cidade aquecem e agitam a atmosphera delia; e como a columna de ar, que cobre a água do rio, é mais fria, é força que se renove a cada instante, tanto para vir fazer o equilíbrio daquelle da cidade, como por ser levado pela corrente da água : deste modo no meio de uma cidade tão habitada existe continuamente um vento artificial, que ventila e renova a sua atmosphera e é causa era parte da sua salubridade. Se faltarem rios nestes sitios, é necessidade indispen- sável mandar abrir canaes, para dar corrente pelo me- nos às águas da chuva e dos usos domésticos da vida : ainda que o terreno seja secco, quando se abre a terra, á certa altura sempre se encontram olhos de água e muitas vezes fontes, e tão abundantes que podem servir a muitas fabricas. Por este artificio a republica de Hol- landa, Veneza e Batavia e o império da China fizeram ha- bitaveis lugares, pelo seu sitio, perniciosíssimos á saúde. O segundo meio de remediar os males que causa a grande humidade, são os fogos contínuos. Todo o fogo attenua e rarefaz o ar, e aquelle vizinho mais frio e mais pesado vem fazer equilíbrio com elle : deste modo se agita continuamente, e se gera um vento artificial, que dissipa e ventila a humidade, tanto dos vestidos como dos moveis de casa. Está a populosissima cidade de Pekim plantada era uma vastíssima campina : todas as casas são térreas ; o ter- reno é humido : o que preserva esta nação de muitos males é dormirem sempre sobre o fogão ou chaminé, aonde cozinham, seccando-se cada dia os vestidos, dis- sipando-se a transpiração insensível, agitando-se e re- novando-se o ar cada dia, pelo menos uma vez por algumas horas, emendam a má qualidade do terreno. Na Rússia o terreno coberto de neve por oito mezes, 01. MEDICINA. 281 e de dilatadíssimos bosques, é summamente humido (a neve evapora muito mais que a água, ainda na força das geadas); todos os habitantes daquelle dilatado impé- rio vivem em casas térreas ou muito baixas, por serem feitas de traves ; rarissimos são os montes, c contra a humidade exorbitante do terreno defendom-se somente dormindo, de verão e de inverno, sobre as chaminés. São robustos, vigorosos, e raras são entre elles as en- fermidades. Poderia ser útil esta introducção na nossa America, principalmente naquelias povoações situadas junto dos grandes rios e terras baixas, mostrando-lhes já os Ta- puyas o exemplo de dormirem nas hamacas, sempre com fogo debaixo. Sei que na província de Baku em Pérsia, sita ao su- doeste do mar Cáspio, jamais se viu peste, seraerabargo de haver devastado todas as províncias circumvizinhas : todo o seu terreno está cheio de fontes de azeite de be- tume, que chamam naphta ; muitas cavernas ardendo continuamente ; e basta metter um bordão na terra perto dellas para começar a arder, como se se puzesse em uma fornalha. OlcariuscKenfer, que visitaram es- tas maravilhas da natureza, confirmam esta relação. Nestes sitios humidos, aquosos e alagados seria necessário viver em casas altas, antes no segundo e terceiro andar, que no primeiro: evitar a morada de ca^s térreas, nem lageadas cora tijolo ou pedra: se a necessidade obrigar seria melhor assobradada, com o fundamento de ossos queimados, ou carvão feito em pó e arêa grossa, o que embebe fortemente a humidade : as paredes, quanto mais espessas, sempre serão mais huraidas ; se resistem mais aos ardores do sol, mais dificilmente se seccam: as janellas e as varandas deviam íicar viradas para os ventos mais sadios, que seriam alli os seccos e frios. Ha neste ponto uma regra geral: que o sitio, aonde se ha de fundar a povoacão, não tenha qualidade alguma com excesso no calor, no frio, na humidade e na seccura ■ logo que houver excesso em alguma dellas, é força que altera a nossa constituição, gerada com tal harmonia, que não consente, para conservar-se, excessos. Hipocrates quer que as povoações estejam vi- radas para o Oriente antes que para Norte; antes para o Sul que para o Occidente: nestes sítios os ca- lores e os frios serão moderados ; além disto, as águas expostas aos raias do sol, logo que nasce, se depuram c aclaram; são mais lev^s, suaves, sem sabor e trans- D. M- 3Í>. 282 DU.CIONARIO parentes: aqui os habitantes são de boas cores, de bella estatura, a voz é clara e entoada; são mais activos e engenhosos do que aquelles que vivem ex- postos para o' Norte ; a feeundidade das mulheres ó maior e parem com menores perigos. Leão Baptista Alberti pôde ser o mais judicioso au- tor nesta matéria : diz que uma cidade terá toda a dig- nidade e formosura se se fundar em sitio mediocre- mente levantado, que possa ser lavada de todos os ven- tos ; que sirva como de atalaia aos campos férteis vizinhos, aonde haja água e lenha ; e que para se determi- nar o seu assento duas cousas se devera antes investi- gar : a primeira, as qualidades do terreno; e a se- gunda, a bondade das águas. Costumavam os antigos expor os fígados dos animaes ao ar daquelle lugar, não só para fundar alguma povoa- ção, mas ainda para acampar : expunham ao mesmo tempo os fígados dos animaes daquelle sitio ; e quando observavam que os dos nascidos fora delle apodreciam em primeiro lugar, o mudavam, tendo aquelle lugar por suspeito: deve-se considerar também se a quanti- dade de insectos c a sua má qualidade poderão im- pedir o viver com segurança. Já se viu despovoarem-se províncias e ilhas inteiras pela immensidade de ratos, de formigas, de serpentes e , o que é mais de admirar, pela immensidade de coelhos. Deve-se também attender á abundância, ou á falta de fructos e de sementes: a grandeza ebelleza dos homens, como também dos ani- meas e das arvores daquelles contornos. Ha sitios in- fectados com exhalações malignas, queaffectam não só o corpo, mas ainda o animo : é natural a muitas províncias terem a maior parte dos homens as pernas tortas, com chagas, inchadas ou com codeas : em outras, como no Egypto, infinidade de cegos: emCartagena, na America, a lepra ; em muitos lugares do Norte, a sarna ; nos Alpes, papos na garganta : mas o que é mais extraordinário, que haja sitios que induzam os homens a ser cruéis a si e aos seus semelhantes. No Japão, pela mínima affron- ta qualquer se mata. Alli os castigos são os mais horren- dos : houve já uraa epidemia, na qual todas as moças e ra- parigas se matavam sem causa manifesta. Não convém, diz Baptista Alberti citado, fundar tão perto do mar cidade ou villa que possa receber delle o menor damno : pela violência dos ventos ficam as vezes as praias cheias de limos e plantas marinhas, que em breve tempo vêm a apodrecer; augmentar- se-hão os daranos, se o sitio fôr baixo, todo de areai. DE MEDICINA. 283 Além destes inconvenientes, os habitantes serão mo- lestados dos olhos: o reflexo do sol dará nas janellas c praças expostas para a praia, e todos os officiaes soffrcrão este damno : a mesma cautela se deverá ter quando fôr necessário fundar povoações perto dos gran- des rios, lagoas ou tanques dilatados. Suecede muitas vezes que pelas inundações dos cau- dalosos rios ficam muitos campos alagados: seccam-se no verão e ficara então muitos charcos; formam-se atoleiros immensos e paúes, nelles apodrecem c se gera immensidade de insectos; Se desgraçadamente succeder que as águas do mar, por alguma tormenta ou outra qualquer causa, vierem a misturar-se cora aquellas en- charcadas, ainda que doces de antes, então se formará a mais horrenda podridão, que infestará todos os ha- bitantes muitas léguasá roda com febres intermittentes perniciosas e febres ardentes da mesma natureza. O que se deve notar de mais particular nesta mistura das águas doces e salgadas, é que a água das enxurradas, ainda que apodreça, nem é tão depressa, nem a podridão que causa é tão nociva como quando se mistura com a água salgada, e que fica encharcada igualmente com a doce: então é que produzem aquella pestiienta atmos- phera, que causa febres mortaes, que, ou matam logo, ou se terminara por quartas perniciosas, por ictericias, por hydropesias e por cursos de sangue mortaes. A' vista do referido, procure-se quanto fôr possível a praia aonde houver penhascos, aonde o fundo do mar não fôr mui alto, que seja de grêda ou de arêa viva; a praia mais levantada que baixa, sem rochedos ásperos, que impedem desembarcar com facilidade: que na quebrada de encostados montes se levante no meio delles com bastante campo raso, para nelle fundar a cidade ou fortaleza, que não fique dominada pelos cir- cumvizinhos montes: deste raodo nem as vagas do mar poderão lançar na praia hervas, nem matérias que apodreçam; nem os vapores, que se levantarem das águas, offcnderão os habitantes, porque se dissiparão antes de chegar aos edifícios. Funestas experiências mostraram que ainda o mar tem inconstância nos seus limites ; muitas praias e terras vizinhas foram alagadas, como se vô hoje em muitas costas de Bretanha, cm França e era Hollanda; e era outras o mar se re- tirou e ficaram praias novas, o que se vê cada dia no reino de Suécia. Platão conheceu estas mudanças quando aconselhava fundar as cidades perto do mar, sempre na distancia de quatro léguas, 28ff DICC10NARIO Como nos valles tudo são extremes, ou de humidade, ou de calor e de frio, assim as povoações fundadas nos montes têm a violência o a variedade dos ventos: se nelle o ar fôr puro e ventilado, nenhuma enfermidade causada de podridão se deve temer; se não lema mo- léstia das moscas, mosquitos, lesmas, sapos e ralos com excesso, como são infestados os lugares humidos e baixos, têm perigo os trabalhadores, e todos aquelles que vivem sempre expostos ao ar, de cahirem era enfer- midades inflammatorias, como são : esquinencias, plcu- rizes etodos os males do peito. Ajuntar-se-ha a esta intemperança doar frio, secco e ventoso,a insuppor- tavel moléstia do difficil accesso, tanto por água como por embarcações, tanto a cavai Io como em carros. Todas as nações conhecidas buscam sempre as bordas dos rios para fundarem povoações : tiram os homens delles o sustento ; poupam navegando muita fadiga c trabalho; conduzem para a fertilidade das terras-, e é certo que se soubessem aproveitar-se de semelhantes si- tios, que a natureza lhes offeroce tão liberalmente, fariam as suas habitações e a vida deliciosas: mas or- dinariamente, pela negligencia, ignorância de quem os habita, servem os rios, e principalmente os caudalosos, mais para a sua ruina que para a sua conservação. Os inales, que causam as inundações, não consistem só na humidade; o principal é apodrecerem as águas das enxurradas: trazem comsigo os rios, quando sabem fora do seu alveo, toda a sorte de matérias, que por ul- timo apodrecem, ou sejam vegetaes ou animaes; ficam pelos campos, quando o rio entrou no seu costumado curso, e o peior é que fiquem estas águas nas adegas, nospoçose nas cisternas. Ordinariamente na Europa as inundações süccedem ha primavera até o mez de Maio : e suppostoque os calores do mez de Junho sejam grandes, ainda não se sente a podridão; mas conti- nuando pelos mezes de Julho e Agosto, evaporam pouco a pouco, c por ultimo vem a apodrecer todas aquellas águas encharcadas e o que nellas se contém : gerara-se immensidadede insectos, cheiro insupportavel, as águas vêm verdes, turvas, e cada dia augmentarão a maligni- dade, quanto maior fôr a vehemencia do's calores: então aquelles povos cahera em toda a sorte de febres, princi- palmente intermittentes, perniciosas, continuas com delírios cparotites, que raras vezes suppuram ; dy- senterias, coloras, quartas, que se terminam, ou por iclericias ou bydropcsias. DE MEDICINA» Ü8ü Males que causam as águas encharcadas nos lugares aonde se cultiva o arroz c meios para remcdial-os. Temos dado a conhecer bastantemente os effeitos das águas encharcadas e das enxurradas; mas aquellas que ficam nos campos depois da cultura do arroz são as mais perniciosas; é constante que necessita aquella planta, para dar frueto, cobrir-se de água c alagar os campos aonde está semeada; e se os lavradores não tiverem a precaução de dar curso a estas águas, logo que se acabar a sementeira, por canaes, pontes levadiças e diques, então ficam expostas aos ardores de estio;" enfecta-se o ar, c o pagara os habitantes com toda a sorte de febres, que se terminam ou pela morta ou doenças que duram por toda a vida ; c isto mesmo suecede nos Estados de Veneza, era Guilão, era Pérsia, e no reino de Sião na Ásia, aonde se cultiva o arroz com abundância. Nenhuma vil Ia ou cidade poderá jamais ser sadia, se nos arredores houver paues, atoleiros e águas enchar- cadas ; porque não somente a atmosphera daquelles luga- res será sempre perniciosa, mas ainda dos lugares cir- curavizinhos : os ventos trarão comsigo aquellas exha- lações, e as communicarão a todos os lugares por onde passarem : c as villas ou cidades serão tão molestadas por ellas, como se estivessem sitas junto dos paues e charcos. Os remédios certíssimos são fazer as águas correntes, misturando-lhes águas vivas, abrindo canaes e fazendo os reparos necessários para impedir as inundações dos rios. Por exemplo: se se quizesse corrigir um charco, ou paul, devia-se abrir um canal, que começasse em al- gum ribeiro ou fonte abundante, e que atravessasse o lugar destinado, terminando-se em rio ou lago de águas vivas ; e deste modo resultariam dous bens aos habitan- tes, e são os mais consideráveis da vida : o primeiro, a saúde ; e o segundo, a fertilidade daquellas terras novas e bordadas por canaes. Pedro Salio Diversus refere que na Itália havia uma praça de armas com profundos fossos, que cercavam as muralhas, cheios de chuva, que pelos ardores dos mezes de Julho e Agosto, vinham tão fétidas e tão podres que lodosos habitantes delia cahiam em febres pestilentas : felizmente houve quem acudisse pelo bem publico, mandando seccar aquelles fossos; e foi tal o effeito, que jamais naquelle lugar se observaram semelhantes febres. O segundo meio é mandar entupir as covas e lugares desiguaes dos campos sujeitos ás enxurradas, ou infes- 286 DICCIONARIO tadoscom charcos, fazendo transportar dos outeiros vi- zinhos pedra c terra para aplanar os campos, de tal modo que possam dar corrente ás águas. Acham-se campos cobertos com bosques de pinheiros, e outras sortes de arvores, mas o fundo tão cheio de troncos e plantas que fica impenetrável aos raios do sol : gera-se nelles toda a sorte de insectos no tempo do estio, augraentando-se a podridão cada dia, não so pelo ar encerrado mas também pelas águas corruptas, sem ventilação alguma, nem pelos ventos nem pelas chuvas. Agitou-se a questão entre os naturalistas: Se seria mais conveniente, para seccar semelhante terreno, cor- tar ou arrancar todas as arvores, ou deixal-as, atra- vessando canaes por todo elle ? A boa physica fundada na experiência aconselhou a resolução seguinte: Não se de- vem arrancar nem cortar todas as arvores daquelles terrenos : devem-se cortar partes dellas, de tal modo que entre uma e outra arvore fique o terreno tão exposto aos raios do so], que possa sentir a sua força ; deste mo- do evaporará o terreno, c as arvores, que ficarem, ser- virão como de bombas, que levantarão a humidade supérflua : observou Estevão Hales que as plantas e as arvores embebera pelas raizes quarenta vezes mais hu- midade para seu alimento do que os animaes : de tal modo, que uma arvore de igual superfície no tronco, ramos e folhas á superfície do corpo humano, attrahirá quarenta vezes mais humidade, do que o homem to- mar por alimento: a comida e a bebida de um homem ordinariamente é de oito libras em vinte e quatro horas : logo uma arvore de igual superlicie embebera trezentas e vinte libras de humidade pelas raizes no mesmo tempo. Por este meio se seccará o terreno, mas nunca ficará tão enxuto, nem sadio, como quando ficam estes campos atravessados de canaes, com descida bastante para dar corrente ás águas. Dos bosques e dos arvoredos considerados favoráveis ou prejudiciaes á saúde publica. Por bosques entendemos um dilatado campo, aonde toda a sorte de arvores e plantas nasce, mas tão juntas umas das outras, que o sol jamais penetra até o seu tronco ; porque aquelle espaço, que medêa entre uma e outra arvore, está coberto de arbustos e carrascose outras plantas: daqui vem ficar sempre humido aquelle terreno, e o ar tão disposto a apodrecer. Os vapores DE MEDICINA. á87 e exhalações, que se levantarem destes bosques, é certo, serão sempre humidos e podres, e os ventos, que por elles passarem, terão as mesmas qualidades. Por matos entendemos um campo, monte, ou serra, da qual o terreno está coberto de arvores ou de frncto, ou para madeira, mas com tal ordem, que entre uma e outra medèe um certo espaço exposto aos raios do sol; então o terreno é já secco, crescera nelle varias plantas e bervas para pasto de differentes gados. Estes arvoredos, nos climas quentes, não só'são sadios, mais ainda mui úteis aos povos; e a sua plantação e conservação se devia promover por autoridade pu- blica. Do interior das cidades, e como devem ser os seus edifícios para a comervação da saúde de seus habitantes. Só as nações civilisadas fundaram cidades, não só para se utilisarem pela sociedade mas também para se defenderem das injurias do tempo e dos inimigos : mas como todas as artes úteis á vida sempre começam com muitas faltas, causadas, ou pela ignorância, ou precipitação dos que as exercitam, assim as primeiras povoações participaram de muitos defeitos, como ainda hoje vemos os restos nas mais antigas cidades da Europa, e da America aonde as ruas são mui estreitas, sem direc- ção, nem termo nos lugares mais freqüentados delia: so- mente depois de 400 annos começaram a cobrir as ruas de calçadas, sem alguma limpeza, nera aqueducto para se evacuarem as águas, ou da chuva, ou do uso dos habitantes ; as casas eram cobertas de palha, colmo, de ramos, ou de taboas; o que tudo contribuía, antes para infectar o ar que para conservação e vigor dos habitantes: essa era a causa das freqüentes pestes e epidemias, que desolavam a Europa até 1700, e prin- cipalmente nas cidades situadas nos valles, como Marselha, parte de Gênova, e Florencia: além destes defeitos,' as casas eram de taipa ou de argamaça, outras de madeira encruzilhada ; a maior parte dellas eram térreas : aquelles que moravam no primeiro e segundo andar não tinham, nem claridade nem ventilação do ar, por causa da pequenhez das janellas e portas: e desta sorte de edifícios usam ainda hoje os turcos em Gonstantinopla, no Grão Cayro e na raaior parte do domínio mahometano, aonde a peste faz horrorosos estragos tanto a miúdo. Mas depois que nas cidades e villas mais cultas ^88 !)1CCMNA1510 começaram os magistrados a reformar aquelles de- feitos* ordenando "fabricar as ruas largas e direitas, que se terminam a grandes praças; depois que as mandaram cobrir de calçadas consistentes, como lam- bem as casas de pedra e "cal, com telhados tão firmes, que resistem á chuva, e com aljarozes e aqueductOs para dar sabida ás águas, juntamente com a limpeza das ruas; corrigiu-se em muita parte a corrupção do ar das cidades, de tal modo que depois de 200 annos raras vezes se observou o estrago da peste na Eu- ropa. Contribuiu também para purificar o ar das cidades o estrondo dos carros, e principalmente das carroças, introduzidas geralmente de 200 annos a esta parte: tantos sinos, que dobram e repicam; tantos ollicios inventados depois da descoberta do novo mundo, que necessitam de fogo dia e noite, com agitação dos ins- trumentos: além disto, augmentou-se o luxo da mesa, ao raesmo passo o fogo continuo e violento das co- zinhas, como também cm cada quarto, para defender-se do frio: todos estes estrondos agitando o ar o ventilam, c augmentam a sua elasticidade ; os fogos ventilam o ar, causando a cada instante ura vento artificial. Bacon de Verulamio observou que o estrondo dos sinos rompia o ar, c dissipava as trovoadas, e que devia diminuir a peste nas cidades populosas, agi- tando-o e sacudindo-o violentamente. Na historia da academia real das sciencias de Paris se prohibe tocar os sinos quando a trovoada apparecer em cima do mesmo campanário; porque por infaustas experiências se sabia que a nuvem se rompia pelo estrondo, lan- çando de si logo o raio; pelo que somente se deviam tocar os sinos quando apparecesse mui distante do lugar aonde se tocavam. Estes são os defeitos mais notáveis das cidades an- tigas e as vantagens das modernas. Indicaremos agora a melhor fôrma de uma povoação ou cidade, para ser a mais útil e a mais sadia ; e quantas menos quali- dades tiver das que lhe determinarmos, mais nociva será á saúde e conservação dos habitantes. Já indicámos acima, fundados na doutrina de Vitruvio e de Leão Baptista Alberti, que as ruas haviam de servir não só para conservar o ar incorrupto, mas também de reparo contra os ventos que infestassem aquelle sitio. As villas e as cidades situadas nos lugares baixos c humidos, ou pos valles, sempre deveriam ficar viradas para o Norte, se daquella parte DE MEDIU NA . 28fl não ficassem serras cobertas de neve, charcos ou paúes: porém se estiverem plantadas em sitio elevado, deveriam estar viradas para o Sul, no caso queda- quella parle não houvessem águas corruptas ou serras cobertas de neve. Os Romanos faziam as ruas das cidades da mesma largura que tinham as vias militares ou estradas reaes; terminavam-se nas portas dellas ou nas praças: a segunda sorte de ruas era mais estreita, e corres- pondia a sua largura à dos caminhos de travessa, que sabiam das vias militares. E' uma villa ou cidade, diz Leão Baptista, uma grande casa; e uma casa, uma pequena villa ou ci- dade : necessita esta de praças como aquella de dis- pensas, ucbarias, celleiros, adégas e guarda-roupas. As praças devem ser os lugares paro guardar e dis- tribuir as cousas necessárias á conservação dos habi- tantes. Devem estes edifícios ser fabricados, não só com magestade e grandeza proporcionada á povoação mas também com as conveniências necessárias aos cidadãos. t Poderá ser muitas vezes que obrigue a irregulari- dade do terreno a fabricar as ruas eas praças de fôrma differente daquella que referimos : mas todas as diffi- culdades se devem vencer para que as ruas, que atra- vessarem os valles, ou lugares baixos da cidade, sejam mais largas do que aquellas plantadas nos lugares le- vantados : todos os obstáculos devem dissolver-se para que as ruas e as praças sejam cobertas de boas e fir- mes calçadas, coraõ todos os lugares públicos; que as águas da chuva, como as que serviram aos habitantes, tenham curso livre e rápido por canaes e cloacas. Não conheceu Dionisio Halicarnasso a grandeza, e o poder do Império romano4 mais que por três sortes de edifícios, dos quaes todas as nações, ainda cultas, se admiraram. A primeira,da grandeza e da solidezdos caminhos públicos ; a segunda, dos aqueductos ;e a ter- ceira, das cloacas, das quaes diz Plinio que podia na- vegar-se rior baixo da cidade de Roma. Levantam-se continuamente vapores da terra, como vimos acima claramente. Se as ruas eas praças forem cobertas pri- meiramente de cascalho, grêda, carvão em pó, pedras decantaria, e tão grandes que possam resistir por mui- tos annos á agitação dos animaes e ao peso dos carros e carretas, impedirão quasi tod^s as exhalações da terra ; darão êxito ás águas, e se conservarão seccas e podem-se alimpar mais facilmente. Ninguém duvi- D. m. •'!". -im DICCI0NARI0 dará da necessidade que tem ainda a menor villa, de cloacas e de canos, que dêm êxito a toda a sorte de águas. Leão Baptista quer que sejam fabricados de tal modo, que a sua abertura fique sempre mais alta do que os rios, mar ou vallas, aonde se vasarem ; porque de outro raodo refluirão as imraundicias, e causarão nos conductos a maior corrupção, do que refere algumas funestas experiências. Da limpeza necessária nas villas e cidades para conservar o ar puro. Pouco serviria todo o cuidado do magistrado na fa- brica das ruas, praças, aqueduetos e cloacas, se não in- sistisse no quotidiano cuidado de conservar a cidade limpa : já os jurisconsultos concordaram com os médi- cos nesta matéria. Quando avistamos de longe uma grande cidade, co- meçamos a observar uma espessa nuvem que a cobre, e tão constantemente, que fica vizivelno dia mais claro. Seria um admirável objecto para quem observasse nos ares a atmosphera desta povoação. Veria levantar-se im- mensidade de vapores de tantas águas, limpas e immun- das : de tantas exhalações das hortaliças e fruetos que apodrecem'; passamos por um mercado de couves,e des- maiamos com o cheiro dellas. Veria tanta immensi- dade de exhalações dos excrementos de tantos e tão dif- ferentes animaes; outras de não menor podridão, que sahem dos corpos viventes. Mas as mais fétidas seriam as dos cadáveres, das prisões e dos hospitaes : se dei- tasse os olhos para as exhalações, que sahem das casas dos tnpeiros, surradores, tintureirose de outras aonde se fabricam mil sortes de artes mecânicas, se admira- ria como pudessem viver naquelle lugar tantos homens juntos. Queixamo-nos cada dia de tantas doenças chro- nicas, de tantas mortes súbitas, como vemos nas cidades, umas vezes aceusandô o luxo, outras a dissoluta vida o mais commum as paixões violentas, e jamais pensamos a dar por causa destes estragos o ar infectado e corrupto que respiramos nellas a cada instante. Persuado-me que se algum magistrado comprehender estes daranos que decretará leis para se conservarem as cidades limpas por todos os meios possíveis. Devem-se considerar as ruas como os repositórios de todas as immundicias, ou que sahem dos animaes ou que resultam das artes necessárias ávida civil ■ haveria era cada cidade, villa, ou lugar, lei inviolável, que cada DE MEDICINA. 201 morador tivesse limpa cada dia pela manhã a fronteira da sua casa, com tanto rigor que nenhuma sorte de estado ficaria isento desta obrigação. Aquelle cisco, lama ou immundicias varridas se de- viam ajuntar contra a parede da mesma casa, não no meio da rua ou no rego, para que as águas levando-as comsigo não entupissem os canos ou aqueduetos da ci- dade. Na mesma deveria um ofíicial autorizado e per- petuo ter ásua ordem um certo numero de carros fei- tos ao modo de cofres, para nelles as transportarem fora da cidade nas covas ou lugares baixos á roda : o que se- ria mais fácil do que transportarem-se as lamas em cei- rões, no espinhaço de machos e despejal-os na praia, como se fazia em Lisboa. No tempo do estio, quando os calores são insupporta- vel, a poeira vem a ser perniciosa aos olhos e aos pul- mões ; esta é a causa por que no Egypto ha immensida- de de cegos e muitos males do peito, como têm aquelles que lavram as pedras e que fazem a cal. Por evitar estes damnos, que são tanto mais funestos quanto menos nelles se cuida, seria necessário mandar a cada morador, depois de haver limpo a fronteira da sua casa, regal-a ; e se o magistrado achasse impossibilidade na execução, á custado publico teria carros com pipas de agiia, que regassem as ruas naquelle tempo : não só esta precaução impediria o damno da poeira, mas ainda refrescaria a atmosphera, que não é de tão pouca conseqüência. Seria prohibido lançar pelas janellas, de dia ou de noite, água mesmo limpa ou immunda, cisco ou qual- quer outra matéria : todos seriam obrigados a trazer estas immundicias e lançal-as contra a parede da mesma casa : a mesma severidade se devia ter com aquelles que lançassem nas ruas estéreo, cascalho, calcinas, bor- ras de vinho, azeite, bagaços ou outra qualquer cousa fétida e hedionda ou que causasse asco. O queimar palha, trapos, ou que causasse fumo ingrato, seria prohibido com igual rigor : e esta mesma limpeza se devia obser- var com especialidade nos lugares dos mercados e nas praças publicas. Nenhum officioque causasse podridão ou máo cheiro deveria permittir-se na cidade ; devia-se determinar nella lugar alto e elevado para exercital-os : os carnicei- ros que degolam, os tripeiros, curtidores, os que fazem vellas de sebo, os louceiros que vidram louça com chum- bo e outros mineraes pestilentos, os que lavam e tra- balham e fabricam as lãs, os que vendem peixes salga- dos, queijos, etc. todos estes deviam vivemos arrabal- 29 i DICC1UNAIÍ10 des cm lugares determinados, e os raais altos e ventilados da cidade. Nos mercados e praças, aonde se vende todo o comestível, os péssimos cheiros que sabem das carnes do peixe e das hortaliças, é muito mais necessária a limpeza : todos os dias se deviam lavar os bancos com água e vinagre, ou pelo menos com água, aonde ti- vesse fervido cal: este é o maior correctivo da podridão, tanto do peixe como das raais substancias. Era cada casa existem duas origens de continua po- dridão : a primeira, que provém dos excrementos dos animaes; e a segunda , das águas da cozinha e que serviu a outros usos da vida. Tanto os Romanos como os Francezes obrigaram os proprietários de cada casa a fazer latrinas, com tanto rigor, que por autoridade publica se lizeram á custa dos mesmos proprietários: o modo de fazer estes depósitos tão necessários sabem já os archilectos: devem ser com chaminés fabricadas ao lado do suspiro. E'verdade que vem desta fabrica insupportavcl cheiro, quando se alimpam, faltando canos reaes : mas o damno, que resultará de lançar \ nas ruas as immundicias, é muito maior que aquelle de alimpal-as uma vez por anno, podendo-se determinar o tempo do inverno para esta operação, e o da alta noite; circumstancias que diminuíram a infecção que podem causar. As águas corruptas lambem se podem gerar nos poços e cisternas cheias de lodo, e de outras matérias excrementicias, ou por estarem perto das latrinas ou dos cemitérios. Das qualidades das águas saudáveis, e como se devem entreter os poços, os rios c os portos do mar para a conservação do ar sadio. Se não podemos viver sem ar, raais que por alguns momentos, assim mesmo sem água não podemos viver senão por um até o outro dia. Já houve quem viveu somente com água por Ires semanas, e já se viu viver uma mulher setenta e dous dias com água somente, como affirma Gaspar dos Reis Franco. Não é este o lugar de tratar das varias propriedades das águas salo- bras, ou salgadas, etc, conter-me-hei a mostrar so- mente as qualidades que as fazem saudáveis. Todos os autores, tanto médicos como econômicos, como Hippocrates, Platner, Columella e Palladio, pre- terem as água- das fontes ;b v.:uas dos rios dos pecos. I DE MEDICINA. 29J e das cisternas, cora tanto que nasçam junto dos si- tios levantados, em terreno áspero ou de arêa ; que sejam águas vivas, correntes e claras; que, cozidas, não fique nos lados dos vasos, aonde ferveram, por muitos tempos, nem sarro branco, nem de qualquer outra côr; que fervidas não lique pé no fundo ; que não tenham gosto, nem sabor, nem cheiro; sem côr, sem tês na superfície ; que nellas não nasçam insectos, sanguesugas, nem raizes, nem hervas: conhece-se também a bondade das águas pela saúde dos habitantes, se forem de boa côr, com bons dentes, voz clara, sem ventre tumido, sem males dos rins, são indícios de que as águas são boas e por conseqüência o ar lambem. Vimos que o ar se communica e amassa com a água ; se este fôr puro, lhe communicará a mesma bondade. Esta é a principal causa da salubridade das águas; e por isso aquellas que são correntes por muito espaço expostas ao ar, são as melhores: a cada instante se depuram, não só pelo que o ar barre dellas, mas também pelo que recebem do mesmo elemento: já se vê que as águas dos poços e das cisternas, faltando-lhes estes requisitos, são inferiores ás correntes por lugares limpos e desiguaes, como são aquelles cobertos de cascalhos e de seixos. Agitou-se muitas vezes : se os canos de chumbo, fer- ro ou cobre poderiam communicjr as suas qualidades ás águas que correrem por elles? E' certo que as águas puras jamais poderão embeber, nem desfazer partícula alguma daquelles metaes; mas é impossível que estejamos certos da pureza das águas em todo o tempo : poderá em certos tempos adquirir saes -alca- linos, neutros vitriolados, que existem na terra, e, logo que estiverem nella, poderá mui facilmente des- fazer e raspar partículas daquelles metaes : nesta du- vida, os canos de pedra se devera preferir; em segundo lugar, os de páo, como de madeira carvalliQ; em terceiro, de ferro, metal o mais benigno ao nosso corpo, porque tem vigor bastante para desfazel-o: os de- chumbo sempre devem ser suspeitos, e os de cobre muito mais, pelo temor que o verdete, que se gera tão facilmente, se misture com a água. Pela chimica se podem indagar as águas, se contém ou não, saes de qualquer natureza que forem: mas sempre ficaremos na duvida se conterão partículas ar- senicaes , para o conhecimento das quaes não temos ins- trumento certo que as possa indicar. Foi notável o cuidado que tivéramos Romanos na. 29 i DK.C10NAR10 abundância, na pureza e na bondade das águas, fun- dando com gastos e trabalho immenso dos seus exér- citos, daquellas magníficas obras, as quaes, ainda hoje arruinadas, conservam a magestade daquelle Império. As nações, de quem a sua bebida ordinária sao varias sortes de cerveja, água misturada com vinho, cha, café, continuamente bebendo água cozida, não neces- sitam de tão grande cuidado na eleição das águas : mas entre nós bebida ordinária é esse elemento ; que por essa razão devem pôr todo o cuidado em procural-a em abundância, e a mais apurada. Todos sabem os perniciosos cfléitos,que se seguem de beber águas encharcadas : e, não obstante,pouco cuidado temos de mandar limpar freqüentemente as fontes, os poços, ou principalmente as cisternas. O lodo que se ajunta no fundo adquire as mesmas qualidades que produzem os juncos, as cannas e outras plantas aquá- ticas, que nascem nas bordas dos rios, e quepelos mezes de estio apodrecem e infectam a água. Da pureza do ar e da limpeza que se deve guardar nos templos. Nenhum lugar dentro da cidade necessita de tanta ventilação como o ar das igrejas. Se considerarmos que a maior parte do dia natural estão fechadas; se consi- derarmos a immensidade de exhalações,que nellas ficam pela multidão dos que as freqüentam, facilmente con- cederemos que nenhum lugar publico contém maior quantidade de exhalações e de vapores podres. Não creio que se augmentarão jamais pela poeira, cisco, ou humidade das paredes, ou ruínas dos tectos; porque sei quanto cuidado têm os parochos e os pre- lados da limpeza, ordem e ornato destes lugares sa- grados. A religião genlilica toda consistia em actos exterio- res, em festas, jogos e jantares : todo o ministério dos seus ministros se reduzia a regrar estas funcções pu- blicas, inventadas para ligar os povos na sociedade e obedecerem sem repugnância: não se estendia a obri- gação do seu cargo a ensinar os dictames da consciên- cia, nem a regral-a: esta incumbência tinham os pbi- losophos e a exercitavam publicamente. Pelo contrario na religião christã todos os seus actos são firmes re- flexões de amar o Soberano Creador, e, imital-o, con- servando-se a si e a todos os mais da sua espécie : na meditação c exercício destas cxcellcntes máximas, DE MED1CINV . 29:> como na dos seus santos mysterios, consiste toda a sua essência. Como as igrejas são os lugares destinados a estes santos exercicios, já se vê que todos disporão o enten- dimento dos fieis á tranquillidade, a um tal recolhi- mento de animo e compostura de acções, que todas as potências internas da alma ficarão tão activas, como as corporaes inertes e socegadas : este estado éo pri- meiro que induz à melancolia, e nelle é que o corpo ficará mais susceptível ás impressões da atmosphera. Estas considerações induziríamos médicos a aconselhar o ar das igrejas o mais claro e o raais ventilado, man- dando ter abertas sempre as janellas e os altos das abo- badas. Por tanto vemos que os architectos affectam fabricar os templos mais escuros que claros; os mesmos sacerdotes e pregadores têm cuidado, antes de administrarem aquelles santos exercicios, de diminuirem a luz dos templos, mandando fechar as janellas e correr as cortinas: se considerarmos a moléstia que soffrem os que ouvem um sermão no tempo do estio- ás vezes de missão, por algumas horas, é força que seja bem considerável em prejuízo da saúde: a Immensidade de exhalações, que sahem dos seus corpos em lugar encerrado, tão juntos e apertados, juntamente com aquellas que se levan- tarão das sepulturas, e que necessariamente devem respirar aquelle ar por tanto tempo, não nos admi- raremos de ver cahir desmaiadas muitas vezes as pes- soas de constituição delicada: o calor da atmosphera, ex- citado por tantos corpos juntos, por tantas luzes das velas e lâmpadas, que a piedade augmentou, fará exha- lar a terra com maior excesso; e por este circulo de exhalações continuadas e augmentadas ninguém sahiria dalli com vida , se os obstáculos á corrupção do ar, que se acham, não remediassem tanto damno. O pavimento das igrejas de grandes pedras de can- teria, ou de campas das sepulturas, impedem muito as exhalações dos cadáveres: os suaves cheiros que sahem dos thuribulos e caçoletas corrigem a podridão do ar : as cupolas e abobadas altas, ainda que edificadas fora deste intento, servem para refrescar o ar das igrejas, subindo a ellas as exhalações que se levantam do fundo. A agitação do ar continua pelo canto gregoriano, pelo estrondo dos "órgãos, pelo repique dos sinos o purifi- ca e lhe restitue a sua elasticidade ; e sobre tudo pelo continuo fogo com que ardem as velas e os cinos. Não obstante estes remédios,, nascidos da devoção e da 2;iC DICCIONARIO religião mais constante e apurada, é certo que fica bas- tante matéria de exhalações c vapores podres, para me- recer de quem tem a seu cargo a saúde das almas di- minuil-as pelos meios possíveis e praticaveis. Nem os Gregos nem os Romanos enterraram jamais dentro das cidades; a lei das doze taboas o prohibe claramente: Intra urbem mortuum ne sepelito: cuidaram aquellas cultas nações na pureza do ar e na conserva- ção da saúde dos povos. Introduziu-se em Roma queimar os cadáveres, sendo o primeiro o do dictador Scilla, e foi bastante este exemplo autorizado para se introdu- zir universalmente, impedindo-se pela quantidade de aromas, com que ardiam, todo o damno que podia resul- tar das exhalações ingratas. Até o tempo do imperador Gonstantino é certo que nenhum cadáver, exceptuando aquelles dos santos mar- tyres, foi enterrado em sagrado : o mesmo Gonstantino o foi só no vestibulo da igreja deS. Pedro e de S. Paulo, que tinha edificado : correram os tempos, e concedeu-se esta graça somente aos bispos, abbades e a todos aquelles que tinham fundado igrejas, ou que tinham sido pro- tectores dellas: a piedade dos fieis e o ardente zelo de repouzarem as suas cinzas nos lugares onde jaziam as dos martyres, prevaleceu para introduzir um costume, contrario na verdade á saúde dos viventes, mas lou- vável na intenção. No IX e no X século se introduziu sem distincção en- terrarem-se todos os fieis nas igrejas: portanto, per- cebendo-se em Itália e em França, ou do abuso ou dos damnos que causava esse costume, já inveterado, lem- brando-se do que muitos concilios ponderaram e pro- hihiram nesta matéria ; começaram nestas partes da christandade a destruil-os e remedial-os. Em Itália, depois de alguns séculos a esta parte, depositam os ca- dáveres nos lugares subterrâneos das igrejas ; e depois de algum tempo os transportam a certos cemitérios,. que charaam Campo Santo, fora das cidades. Carlos Pringley, medico inglez, refere que jul- gando-se na relação de Londres certos presos que tinham sahido da prisão naquelle instante, os juizes, que estavam assentados diante de muitas velas accesas com uma pequena janella detrás para refrescar o tri- bunal, que quatro delles morreram em poucos dias de febre pestilenta, causada pelo cheiro horrendo que de si exhalavam aquelles presos, detidos de antes em en- xovias, e que o resto dos circumstantes cahiram na mesma febre, da qual com muito trabalho escaparam a DE MEDICINA. Í:)7 vida. Aquelle sagacissimo medico ficou persuadido ser esta a causa da morte daquelles magistrados, por fi- carem junto das velas, e que, como alli estava o ar mais quente, por conseqüência estava mais raro e para alli vinha dar aquelle mais frio e cheio de exhalações hu- raidas e podres, as quaes mostraram a sua violência na- quelles que estavam alli asse n te d os. Se as exhalações que sabem dos corpos viventes são tão venenosas, que effeitos não produzirão aquellas dos ca- dáveres que estão apodrecendo t Pois a estas é que estão sujeitos os ecclesiasticos que administram os santos mysterios do altar: alli o ar está mais quente,. alli é mais ligeiro, para alli ha de correr de todas as partes o que estiver á roda, e este é a de toda a igreja, onde se enterram o? mortos, onde cada dia se abrem as sepulturas, onde entram tantas pessoas que transpi- ram e que podem transpirar exhalações tão venenosas como as daquelles presos. Necessidade de renovar o ar freqüentemente em iodas as commun idades. Emquanto as ordens monasticas não dedicaram-se a administrar os Santos Sacramentos aos fieis, fundavam os conventos nos campos e entre bosques, sempre desviados do povoado. Como oseu exercicio consistia na oração e na meditação, e muita parle do dia no trabalho cor- poral, cultivando a terra, estes eram os lugares que es- colhiam para empregar aquella santa vida. Mas depois que quasi todos vieram a ser sacerdotes, e começaram a administrar os Sacramentos, foram precisados a fun- darem os conventos nas villas e cidades: ordina- riamente poucos se acham fundados favoráveis á conser- vação da saúde: raros os que, peia sua estructura interior, conservam o ar secco e ventilado; destes defeitos resultam muitas enfermidades iiabituaes o agudas: mas muitas mais poderá causar o excessivo numero de religiosos, á proporção do lugar que habi- tarem, se não supprir u arte a purificar o ar cada dia, e a renoval-o. Observam-se nestes conventos muitas queixas Iiabi- tuaes, como são os males hypocondriacos, hystericos, arthriticos e rheumaticos : muitas enfermidades origi- nadas das abstrucções das .cdandulas, como scirros, cancros, febres hectbas, icterieias; todos accusam a clausura, ordinariamente as paixões da alma ; busca mmil causas chimericas, e não vi nem li autor que aceuse D. v. -18. _!),<; iiicoiONAV.ro ü ar encerrado e corrupto desses lugares. Deveriam considerar aquelles que curam nelles com maior inda- n-ãção. como naquelies dos frades, se o ar humido e encerrado, se a multidão das religiosas seria a causa tia infeccão do ar. Ouando observassem que a quarta ou quinta partedas que alli habitavam cabiam na mesma eníerinid:»de, ou que procediam da mesma origem, mos- trando-se por differentes symptomas, deveriam logo ponderar se a infeccão doar ou as suas perniciosas qua- lidades adquiridas seriam a causa. Se o convento ou recolhimento não estiver fundado em sítio alto ; se fôr dominado por outros edifícios, ou por arvoredos, montanhas, lagos ou terras alagadas; se os dormitórios não estiverem edificados de tal modo, que se terminem em janellas rasgadas, e ficarem abertas por al- gumas horas, cada dia, viradas para o Oriente ou para o Norte ; se os rei igiosos ou religiosas viverem nos quartos baixos do convento ; se o refeitório, claustros, cozinhas e adegas forem humidos; que os poços, cisternas e fontes de repuxo sejam causa da humidade, por estarem entre paredes, que impedem a ventilação doar, se as.paredes dos dormitórios, e especialmente das cellas, forem hu- raidas; então poderá o medico persuadir-se que a at- mosphera será a causa daquellas doenças, ou que pelo menos as fará rebeldes. Entramos ás vezes em semelhantes lugares, não es- tando acostumados a habital-os, e sentimos logo como se nos apertassem as fontes da cabeça ; sentimos ura não sei que de anciado na bocca do estômago, custamos res- pirar: aceusamos logo o cheiro de uma rosa, de uma pastilha, de um lenço com água de flor ; mas jamais pensamos nos effeitos-do ar encerrado e suffocado por tantas grades, tantas portas, tantos ralos: estes innu- meraveis impedimentos á ventilação do ar, e guardal-o puro e secco, juntamente coma infeccão delle causada pelas exhalações dos viventes, também encerradas, e o peior de tudo, nas cellas tão pequenas, tão estreitas e baixas; são a causa por que os conventos vêm a ser por fim outros tantos hospitaes. Deve, tanto o medico como qualquer prelado ou abbadessa, ter summo cuidado das águas, assim para beber, como para cozinhar, como também dos vasos aonde se cozinha. A limpeza das fontes e das cis- ternas é uma das circuinstancias que fazem as águas conservar a bondade natural; se lhes faltar, é o mesmo que beber águas encharcadas• não só as cisternas se devem mandar alimpar no tira de cada estio, antes DE MEDICINA • 299 que comerem as chuvas, mas lambem os telhados, o.-. canos e os aljarozes por onde correm c passam . O mesmo se deve entender da origem das águas e do> canos por onde passam. Os funestos succcssos, e bem freqüentes, que expe- rimentaram muitas communidades e casas particu- lares era toda a Europa, ou por cozinhar em panellas de cobre ou outra qualquer sorte de vasos deste metal, tem sido a causa que em Suécia, por autoridade pu- blica, não se cozinha nelles: em França vai-se intro- duzindo cozinhar somente no barro e no ferro: tantos escriptos contra este costume se têm publicado em latim, francez e allemão, que acho supérfluo citar mais que um dos primeiros autores. Apezar de estanharem cada mez os vasos de cobre, apezar de que seja o cobre amarello, como é aquelle das nossas caldeiras, é certo que sempre communicam á comida qualidades mui nocivas ao nosso corpo : mas o que é cie summo pre- juízo é o cozinhar com vinagre, ainda que seja para tempero, nestes vasos, ainda mesmo estanhados; então é que dão qualidades venenosas á comida: as mesmas darão as comidas feitas com azeite, se as deixarem es- friar nelles: gerar-se-ha verdete, veneno horrendo, que causa vômitos até morrer. O fazer doces em tachos de cobre parece não ter mostrado qualidade perniciosa; mas depois de feitos, se por ignorância ou negli- gencia os deixarem esfriar nelles, certamente que o assucar, ainda que fique era ponto alto, attrahirá par- tículas do cobre, que não attrahia era quanto fervia, porque o fogo as dissipava: pelo que seria'mais se- guro desterrar de todas as cozinhas e confeitarias esta sorte de vasos ou não deixar esfriar os doces nelles. Todos usam do eslanho sem temor, como das pa- nellas vidradas, destas para cozinhar e daquelle metal para comer; mas têm estas baixellas seu perigo: o estanho falsiíica-se com o chumbo, e logo que o vi- nagre, ou sumo de limão tocar os pratos deste metal falsificado, causam muitos males; no estanho mesmo, que sahe da mina, se achara muitas partículas ar- senicaes. Quando se cozinhar em panellas vidradas com vinagre, ou sumo di limão, formar-se-ha no fundo um pó, que terá as mesmas qualidades do sal de Sa- turno : vidrara os louceiros com chumbo: o sal delle, o qual se faz com vinagre, é. venenoso: e assim se devia absolutamente desterrar das cozinhas esta sorte de vazos, e nunca usar delles para fazer caldas, ou sal mouras com vinagre sal ou sumo de limão . porqu<- 300 nu.u ONARIO os licores ácidos são os que roem e desfazem estes metaes, e, communieados assim, produzem colica», dores de estômago, asthmas e outros males chronicos, que se mostram por Halos e dores de lodo o ventre e peito : não necessito citar autores para provar a verdade do que digo; toda a utilidade consistiria cm atemorizar os ânimos dos leitores, lendo os funestos effeitos destes metaes nas cozinhas, e destinados a guardarem-se nelles salmouras, escabeches, e hervas a curtir com vinagre, como são: pimentõis, ameixas, azedas e tomates. Ficarão, creio, convencidos os prelados c as abba- dessas da necessidade de ventilar-se o ar cada dia, e renovar-se, tanto nos dormitórios, coro, claustros, ca- pellas e oratórios, como em cadacclla: quando o con- vento fôr edificado em lugares baixos e humidos, e que pelos ventos não se possa renovar o ar, então se deve fazer artificial por meio do fogo: c ao mesmo tempo cada dia mandar abrir as janellas das cellas. e expor nellas as camas, não só para scccal-as do suo.i e transpiração, que sempre fica nos lençocs, mas ainda para renovar o ar dê toda a roupa. O melhor meio para fazer um vento artificial é o fogo : Em sua falta se devia mandar ferver vinagre cm um grande alguidar de barro, sem ser vidrado, posto era cima de um grande fogareiro, defronte das janellas dos dormitórios, coro, ou lugares encerrados, ficando abertas emquanto fervesse o vinagre. Se dentro das sellas se sentir bolor, ou máo cheiro, ou não tiverem sido habi- tados por muito tempo, se deve fazer o mesmo ou mandar queimar pólvora dentro ; porque o seu fumo corrige raais depressa e com maior eflicacia que o vinagre. O mesmo se deve entender nas enfermarias dos conventos. Também conlribue muito para a salubridade do ar mandar varrei', sacudir e esfolinhar cada dia os so- brados, paredes e tectos, tanto dos dormitórios e cellas, como dos mais lugares encerrados, obscuros e sem ventilação do ar, ainda que não pareça necessário ; por estas operações, repetidas cada dia, se sécca o ar, agita-se, adquire a sua elasticidade : e .este cuidado deve ser maior nas cellas e debaixodas camas, por estar alli o ar mais encerrado, humido e infectado, pela transpiração de quem alli habitar, que em outra qual- quer parte. Suecede muitas vezes que as cellas, onde morreram freiras tísicas, ou com cancros, ou outros males con- tagiosos, como são as bexigas, e as febres pestilentas. ficam fechadas para sempre: para o que se inventaram DE MEDICINA. 301 vários defumadouros; como lambem renovar as mura- lhas de cimento, e raandal-as caiar de novo muitas vezes: mas o mais seguro e efíieaz remédio, não só nestes casos mas para purificai" qualquer habitação não ha- bitada por muito tempo, é o seguinte: Se suecedesseque algum religioso ou religiosa mor- resse na sua cella. ou quarto pequeno, aonde o ar sempre ficava suífocado, todos os moveis delle c tudo de que se comjmzesse a cama se devia pendurar em cord.is, atravessadas pelo quarto : as janellas deviam fechar-se de tal modo que por ellas não pudesse sahir nem entrar o ar; logo depois se devia metter dentro uma panella de ferro, ou caldeira forte do mesmo metal, com um arraiei de enxofre leito em pó, e por dentro uma bala de artilharia ou um pedaço de uma barra de ferro, feita em braza, o fechar immediatamente a porta, sahindo fora, por temor de suffocar-se pelo fumo, e tendo antes cuidado de pôr a panella de ferro em tal lugar que não pegue o fogo á roda : este defumadouro sepoderia repelir Ires e quatro vezes, por tantos dias continuados, até que o dito lugar se pudesse habitar e usar dos moveis do defunto sem receio. Devastava a peste a cidade de Gênova pelos annos de iOíiti: queimavam-se os vestidos e as camas dos que morriam delia, e ao mesmo tempo se commettiam mil roubos, o que augmcnlava raais o contagio. Ninguém cuidava era purificar os moveis nem os aposentos cra- peslados, e daqui resullava espalhar-se mais a infeccão. Um frade capucho, chamado Fr. Maurício de Tolon, inventou um defumadouro, com o qual purificava as- sim os moveis, como os vestidos e camas , de tal modo que não era necessário qucimal-os. Ao raesmo tempo se depuravam os aposentos e as enfermarias, e foram tão poderosos aquelles defumadouros que aba- teram aquelle terrível flagello. Não decidimos que as camas, colchões e colchas daquelles, que morreram de mal contagioso, ficariam purificadas com os defumadouros do enxofre, sem pri- meiro mandar lavar a lã e cspalhal-a em fôrma de velo, e pendural-a sobre cordas, então devia ser perfumada com as cobertas e lençóes : todos os vestidos de lã e de algodão são mais aptos para relerem as partículas podres da infeccão, do que as delinho oude seda ;e por essa razão se devia lei1 mais cuidado na sua depuração. Se o ar encerrado e suffocado dentro dos convênios é tão nocivo, igualmente o será aquelle mais humido. se nelles houver ecre^ ou jardins com muitas águas M)2 M0010.NARIO e arvoredos, e de tal modo que-se sintam os eíleito- da humidade : nestes sitios humidos e baixos não convém fontes de repuxo, tanques, arvoredos tão altos e espessos, que sejam mais bosques que pomares: nos lugares altos, seccos, lavados dos ventos, podem ser úteis, e os regatos de águas vivas, e tantas arvores que sirvam derefrigerio, sem ficarem humidos com excesso. Nas queixas chronicas, que os médicos tratam com remédios amargos, roborantes, emollientes e anti- septicos, seria necessário mandar mudar de enfermaria ou de cella a estes enfermos; umas vezes para os lugares mais altos, outras para onde houvesse melhor vista e ventassera os ventos mais frios ou quentes, conforme fossem favoráveis ás enfermidades, na in- tenção de mudar de ar e de adquirir pela sua mu- dança vigor e diversidade de objectos o enfermo : não é deste lugar propor e introduzir nos conventos das religiosas muitos exercicios honestos para curar e preservarem-se de muitas enfermidades. Necessidade de renovar o ar freqüentemente nos hospitaes cda limpeza que nelles se deve conservar. Ainda que os hospitaes geraes de todas as cidades da Europa sejam a fundação mais necessária e a mais pie- dosa para a consolação e conservação dos habitantes pobres, vemos por tanto na sua fundação e regra- raentos muitos defeitos, não tirando delles o Estado o proveito que se podia esperar da caridade e piedade dos seus fundadores e bemfeitores. Estão ordinariamente fundados no meio das cidades, ou pela facilidade de transportarem alli os enfermos, ou porque augmentando-se o numero dos habitantes o edifício, que estava antigamente nos arrabaldes, se acha hoje no meio dellas. todos percebem os daranos destes defeitos. Entra- mos em um hospital, logo o ingrato cheiro nos offende, logo se sente uma leve náusea, uma leve dôr ou peso da cabeça : sei por experiência certa que todos os mé- dicos, cirurgiões e enfermeiros que vivem dentro dos hospitaes, nos primeiros seis mezes cahem era febres, e as vezes mortaes : se escapam, vivem por muitos annos sem moléstia ; porque, acostumado o corpo ao estimulo venenoso, não fica sensível aos seus novos effeitos. Já falíamos na immensidade das exhalações, que sa- hem do nosso corpo, e quão nocivas sejam, se as respi- rarmos muitas veses : ponderemos agora quanto mais DE MEDICINA. :M nocivas serão aquellas que exhalam os enfermos, não só com febres, mas de feridas, de dysenterias, de chagas e outras doenças de infeccão. Desmaiamos muitas vezes ao desatar uma chaga ou gangrena com ossos podres, e nem á força de cheirar vinagre podemos supportar o fétido daquellas exhalações: mas todas estas ficam en- cerradas naquelles espaçosos edifícios; e naquelle ar co- mera, bebem, respiram e dormem os enfermos: é força logo que adquira nos hospitaes a podridão o degráo mais acre, mais activo e o mais pernicioso. Não somente se infecta o ar pelo demaziado numero dos enfermos, mas também pelo numero dos que os servem. E' certíssima observação, que quanto mais enfermos estiverem em um hospital, muitos mais morrerão : e que quanto mais os hospitaes forem pequenos, muito mais, proporção guardada, se curarão nelles. E' dilficil mudar os costumes introduzidos ; porque a maior parte dos homens vivem imitando o que viram de- pois da mais tenra idade, e mui poucos são aquelles do- tados do gênio de reílectir no que vêem introduzido : sem embargo da opposição que encontrará o que vou a propor, persuado-me qúe, á vista dos damnos que pa- tenteio, concorrerá a mesma piedade que fundou os hospitaes a remedial-os. O hospital, já estabelecida na villa ou na cidade, de- via ser como um porto, ao qual haviam de abordar todos os enfermos. Logo que as suas doenças fossem examina- das, á entrada haveria nelle a disposição seguinte : Ou a doença requer immediato soccorro, ou ella pôde curar- se com mais vagar. Uma queda mortal, uma ferida, fractura, deslocação, ápoplexia, febre continua, pleu- riz, queimadura grave e outras doenças, que chamam acudas, deviam ser tratados no hospital da cidade, que suppomos já fundado. Porém se a queixa fosse chronica, como as hydropesias, febres intermittentes, quartas, chagas e todas aquellas que o medico julgasse podiam curar-se sem immediato socorro, deviam os enfermos ser mandados a um segundo hospital fora da cidade. Não só aquelles enfermos, que chegam com queixas chronicas ao hospital da cidade, deviam ser transporta- dos ao segundo hospital dito, mas todos aquelles cura- dos no hospital principal, dos quaes as queixas se con- vertessem em chronicas. Por exemplo : cahe um homem enfermo de um pleuriz, é levado ao hospital da cidade : requer cura immediata a sua queixa : cura-se alli mes- mo ■ mas este pleuriz terminou-se em abscesso do peito, que ameaça morrer phtisico: neste caso, passados os •.iljí. nh.eiuNARiu vinte e um dias da doença aguda, no vinte e dous ou vinte e três da doença devia ser transportado ao segundo hos- pital fora da cidade, com oseu numero e a relação da- doença feita pelo medico; e da mesma fôrma devia fazer o cirurgião nas queixas de cirurgia : chegado o enfermo aquelle segundo hospital, alli devia ser curado até o tempo que determinaremos logo. Escrevo esta matéria no intento de que possa ser entendida e com- prehendida dosbemfeitoresdos hospitaes, e não só para os médicos c cirurgiões. Já considero as diffieuldades, que me opporão, c prin- cipalmente quando vou a propor o terceiro hospital, fora da cidade, differente daquelle segundo, destinado somente para os convalescentes. Neste se deviam rece- ber os enfermos dos dous hospitaes. Por exemplo: curou-se um enfermo de pleuriz, cora que entrou no hospital da cidade : entrou no estado convalescente nos vinte e dous ou vinte e três dias, havia ser logo man- dado para o terceiro hospital dos convalescentes, deter- minado fora da cidade : do mesmo modo aquelle en- fermo curado de queixa chronica no segundo hospi- tal, v. g. uma ictericia ; entrou no estado da conva- lescença, devia ser. transportado ao hospital dos con- valescentes. Deveria haver nestes três hospitaes ura regimento exactamente observado, o que seria fácil: não seria permittido aos dous hospitaes fora da cidade receber enfermo algum sem ser mandado pelo hospital da cida- de ; mas o hospital dos convalescentes havia de recebei- os enfermos, tanto do mesmo hospital da cidade co- mo do segundo, destinados a curar os enfermidades chronicas. INFLUENCIA DA LUA E DOS CORPOS CELESTES SOBRE O GLOBO TERRÁQUEO ESOBRE O HOMEM. A experiência auxiliada pela observação conheceu que a lua eos outros corpos celestes, exercem influencia di- recta sobre a terra e sobre tudo o que ella contém, devi ■ do ao influxo do sol: porque como centro do nosso sys- tema planetário, a sua influencia é tão directa que iião só elle marca as estações do anno, como é a causa dos ventos e das tempestades. E' pelo influxo da luz, do calor e da eleclricidade, que n sol derrama sobre a terra queos vapores subindo para a atmosphera, oceasionam as chuvas, as inundações, e mesmo as epidemias, que asso- lam a humanidade. Subordinando ao seu império os de- mais corpos celestes, exerce o,sol nelles influencia di- recta: e como a lua, é o planeta intermediário entro elle DE Mí.IUCINA. :ii)o e a terra, e a que a perlustra em sentido inverso, no espaço do céo, e recebendo pela proximidade do sol maior influxo de electricidade transmitte á terra ; e como entre estes immensos corpos a força de attracção, obriga, os phenomenos se manifestam, conforme as phases que apresenta a lua. Na lua nova, o sol não reflectindo sobre ella, a elec- tricidade, que lhe devia cahir, se derramando, directa- mente, sobre a terra, perturba os movimentos da atmos- phera, e origina as mudanças que experimentam os corpos. Na lua cheia, o sol lhe embebe quantidade de raios solares, e grande porção de electricidade, e como ella se apresenta face a face com a terra, attrahe a atmosphera, e pelo alongamento a adelgaca e por isso se notão as grandes marés, as ventanias, os furacões, as trovoadas e chuvas, as perturbações na saúde dos corpos, e aggra- vações das enfermidades. O augmento da electricidade da atmosph.ra, actuando sobre a electricidade galvanica do cérebro faz que esta se active era alguns indivíduos, e perturbe a marcha regular das funcções nervosas. Da- qui vem que os que padecem de alienação mental, os gotosos, os rheumaticos e heraorrhoidarios sintam maiores aggravações nos seus ineommodos. Nos quartos de lua, os effeitos, bem que menos sensí- veis, comtudo varião muito. No entanto são as phasss da lua que prefixam as épocas dos menstruos das mu- lheres. E' tão poderosa a influencia da lua sobre as pes- soas nervosas, que á medida que ella perturba a atmos- phera e que esta se condença e se cobre de nuvens, o abafamento da electricidade terrestre comprimindo a electricidade galvanica do cérebro, causa tonteiras, va- cila^ões, dores de cabeça, vertigens, palpitações de coração e outros phenomenos assaz conhecidos. Os ecli- pses, quer do sol e quer da lua, desenvolvera os mesmos phenomenos ms pessoas nervosas. * Além disso, sabe-se, que a lua em suas phases tem grande influxo sobre as sementeiras, sobre os vegetaes. e tanto é assim,que osjardineiros só mudara as plantas, ou enxertam as arvores fruetiferas nos quartos minguantes, porque a seiva do vegetal, pela fraqueza da lua, se acha espalhada por toda a planta. As madeiras que são corta- das entre a lua nova e cheia, apodrecem em pouco tempo, porque a maior parte da seiva do vegetal durante este in- tervallo, pendendo para as raizes, deixa enfraquecida a arvore, e por isso cortada nesse tempo não ten resistência. Os que extrahem os óleos e as resinas dasar= D. M. 39. 306 DICCIONARIO vores, procuram o minguante da lua para dellas extrahir a seiva que desejam. O estudo que acabo de offerecer ao leitor não é admittido pela maior parte dos médicos, por- que dizem não acreditar nessas influencias; porém como reconheço que os segredos da natureza, nem sempre po- dem ser bem estudados, e que mais fácil é negal-os ou não admittil-os, do que buscar investigar a razão de ser, acompanhando eu as crenças do povo, busquei dar a ra- zão desses phenomenos que se vêem e que se sentem. INFLUENCIA DAS PAIXÕES. (1) A palavra—paixão—, derivada do grego—pathos, sof- frimento,—nem sempre tem sido interpretada por todos no mesmo sentido. Uns têm confundido as emoções, os sentimentos , as inclinações com as paixões ; outros têm reunido debaixo do nome de paixões uma multidão de extravagâncias do espirito. (2) E' por tanto necessário precisar bem o sentido que damos á palavra—paixão. O homem, lançado sobre a terra para nella viver um certo tempo, está sujeito as necessidades indispensáveis á sua existência. Essas necessidades são tanto mais numerosas quanto sua organização é complicada. Quando os nossos apparelhos orgânicos estão promptos para funccionar, uma voz interior, uma sensação podero- sa nos adverte; éa necessidade, força motriz do organis- mo. A necessidade chama a attenção, esta odesejo,'e o desejo a vontade. Se a razão guia a vontade, todas as nossas necessida- des são satisfeitas segundo as leis da natureza: Então reina em nós a harmonia ; a alma goza de paz, e o corpo de saúde. Mas quando a razão é subjugada, è que uma das neces- sidades é ouvida e servida de melhor vontade, ha per- turbação na alma e soffrimento no corpo. A necessidade torna-se então paixão. Ella conduz, governa, tyrannisa e estabelece o seu império em detri- mento das outras necessidades. Portanto, podem definir-se as paixões, em relação a physiologia : Necessidades desregradas, que, depois de nos ter seduzido, acabam por nos tyrannizar. (t) Vido 3.° tomo da minha physiologia das paixões. (2) Não querendo reproduzir o que escrevi na minha Physio- logia das paixões sob as vistas moraes e sociaes, encarei as pai- xões aqui em relação a medicina, a therapeutica e a hVKiene seguindo os autores que escreveram sobre este assumpto. ' DE MEDICINA. 307 O homem é inclinado ás paixões por sua natureza. Composto de um corpo e de uma alma, unidos sub- stancialmente, é da reaíção reciproca e harmônica de um sobre outra, que depende o perfeito cumprimen- to dos destinos humanos. No entanto vemos uma luta continua entre a alma e o corpo. Os sentidos arrastam para a terra e para os prazeres materiaese transitórios: a alma tende para uma felicidade mais pura, aspira ao soberano bem, ao gozo da immortalidade. Certamente o homem seria um enigma inexplicá- vel, ura montão de cousas incomprehensiveis, se a re- ligião não nos ensinasse que éum ser decahido, degra- dado « um resto de si mesmo, como diz Bossuet, uma sombra do que era na sua origem, um edifício arrui- nado que, em suas massas destruídas, ainda conserva alguma cousa da belleza e grandeza de sua primeira fôrma.» Não é, pois, como o definiu um philosopho, « uma in- telligencia servida pelos órgãos.» E' antes« uma intel- ligencia decahida lutando contra os,orgãos.» Numerosas causas vêm reunir-se a esta predisposi- ção innata ao mal, para favorecer as paixões do homem. Entre essas causas algumas ha, que são indepen- dentes da vontade, essas só podem procurar modifi- cal-as. Outras são submettidas ao seu império, estas devem ser destruídas. Essas causas diversas nunca operara isoladas; mas con- fundem-se e se combinam , reúnem seus effeitos, para formar e transformar a natureza humana. Tem-se notado em todos os tempos a influencia dos climas e das estações sobre as paixões. Na antigüida- de Hippocrates, Platão, Cícero, Aristóteles. Nos tempos medernos, Montesquieu, Bodin, eHerder e o nosso com- pratriota o bispo Azeredo Goutinho têm reconhecido que o caracter dos povos, seus hábitos, suas paixões dependem da posição geographica que oecupam sobre o globo. • A sociedade também exerce uma influencia, muitas vezes desagradável, sobre os costumes por seus defeitos na educação, pela desigualdade das posições, por sua litleratura immoral, pelos espectaCulos e suas relações perigosas, pelos máos exemplos, pelo desprezo ou in- differença em matéria de religião, e mesmo também pela fôrma dos governos. Finalmente, o homem acha em si mesmo, em sua or- ganização physica, as incitações mais poderosas ás pai- xões, incitações cujos effeitos variam segundo as idades, e sexo, o temperamento e o estado de saúde ou de doença. 308 DICC10NARIO Influencia do organismo sobre as paixões. Examinemos a influencia do organismo sobre as pai- xões, e reciprocamente a influencia das paixões sobre o organismo. Transmiitindo ogcrmen da vida, os pais transraittem a seus filhos sua semelhança physica e moral. Os filhos são membros nossos ; é a nossa carne, o nosso sangue, .1 nossa alma; são os nossos exemplos, nossas lições, nossas paixões que revivem nelies. O poeta disse: (i) Ura filho é outro eu ; no filho existo, No faturo morri; morrendo o filho. O temperamento representa um papel principal na vida physica e moral dos indivíduos. O caracter do homem está ligado á sua constituição. Nas pessoas nervosas as faculdades intellectuaes e affectivas são muito desenvolvidas; a imaginaçãoé viva, a sensibilidade delicada; uma grande irritabilidade faz nascer emoções violentas, paixões violentas que agitam continuamente o coração eo espirito. O homem sangüíneo tem a concepção fácil, a imagi- nação brilhante; mas falta-lhe força e profundeza de espirito. Facilmente impressionado, esquece I070. Jovial, inconstante, affavel, é dado aos prazeres, ardente nos seus amores, impetuoso em suas paixões. Mis as affeições nunca lançam profundas raizes em seu coração. Um temperamento bilioso leva os indivíduos a paixões fortes e tenazes, paixões que o consomem quando não podem ser satisfeitas. Dotados de uma intelligencia notável, perseverantes em seus projectos, cheios de ardor, esses homens naii poupara para attingir ao seu fira. A ambição é sua paixão dominante. São inclinados á cólera, ao ódio eá vingança. Os lymphaticos distinguem-se pela doçura de seu caracter e bondade de seu coração; mas não têm energia : quasi não sabem lutar contra os trabalhos da vi offrimentos, uma viva exaltação cerebral que se traduz algumas vezes por viveza de gênio, porém de um gênio atrabiliário. Certas doenças geram paixões determinadas. O phtisico, cheio de inquietações e de receios no principio da moléstia, torna-se mais tranquillo á me- dida que o mal lhe roe os pulmões. Elle é inconstante em seus gostos, caprichoso em seus desejos, querendo sempre o que não tem, mudando de vestidos, de lugar, de enfermeiros e de médicos. Próximo ao seu fim dei- xa-se embalar por doces sonhos de esperança, e ella o acompanha e lhe sorri ainda ás bordas da sepultura. Alguns são muito dados aos prazeres do amor. Nas doenças do coração ou do pericardio, os indiví- duos estão em um estado de anciedade e de temor con- tinuados, têm sem cessar diante dos olhos a horrível visão da morte que os ameaça. As pessoas affectadas de doenças nas vias digestivas— inflammações, nevroses, engorgitamentos, affecção do fígado—tornam-se tristes, melancólicas, timoratas, dadas á cólera, ao ódio, á vingança e á crueldade. Alguns estão continuamente oecupados de seus soffrimentos, exagerando-os e espreitando o seu viver de minuto em 310 DICCIONARIO minuto para melhor conhecer o seu mal. Não é raro que a désesperação se apodere de sua alma e os conduza ao suicídio. As affecções dos órgãos urinarios—arêas, cálculos, es- treitamentos da uretra, hydrocele—levam as suasvic- timas a uma egoistica misanthropia que lhe faz abor- recer a vida. Os cancrosos quasi sempre estão mergulhados em uma morna tristeza, chamando em seus votos uma morte que vem mui lentamente para os seus desejos. O caracter dos paralyticos é de uma excessiva sensi- bilidade, elles riem e choram quasi ao mesmo tempo. Os que são affectados de comichões, empigens e outras moléstias cutâneas, mostram uma grande irascibilidade. Quando a erupção tem sua sede nas partes genitaes, trazem muitas vezes comsigo a mansturbação ou os ex- cessos de libertinagem, pelas excitações da sensuali- dade. A pellagra induz ao suicídio por immersão. Os gotosos, osrheumaticos, os hydropicos, são os mais irasciveis dos doentes ; a mais pequena contrariedade basta para fazer rebentar accessos de cólera furiosa. As doenças nervosas, exaltando a sensibilidade, sus- citam diversas inclinações desregradas. Em geral o epiléptico é colérico, guloso, cruel, egoísta. O idiota é lascivo, teimoso, orgulhoso, cioso. Certas mulheres hystericas ou chloroticas são muito dispostas aos pra- zeres, do amor, á libertinagem. Muitas doenças orgânicas ou nervosas da madre ou da próstata, os vermes do recto, as hemorhoidas, excitam também violentos desejos eróticos. Algumas doenças mentaes ou cerebraes, produzem desordens moraes das raais graves ; ellas dispõem á pre- guiçados excessosde libertinagem, á crueldade, e podem induzir aos crimes mais odiosos pela perversão dos sentidos ou da razão. Influencia das paixões sobre o organismo. « Se o corpo, diz Fontenelle, por suas doenças tem o « direito de affligir a alma, a alma por sua vez exerce « muito bem oseu direito sobre o corpo. » E' próprio de toda a paixão não conhecer tempera- mento nem medida. Affecção soberanae exclusiva, ob- jecto único das tendências da alma e da intelligencia, fim de nossos esforços, de todos os nossos sacrificios, de todas as nossas acções, ella nos tyrannisa por uma con- tinua successão de desejos e de ambições. DE MEDICINA. 311 O coração assemelha-se a um mar agitado onde ne- nhuma onda se applaca, sem que uma outra mais ameaça- dora lhe succeda. Emquanto um resto de razão nos diz: bastai a paixão insaciável nos grita: mais! mais! Esta luta desigual, violenta, de todos os instantes, lança a perturbação na harmonia das funcções, e produz, cedo ou tarde, as mais graves desordens no organismo. As paixões obram no corpo de duas maneiras diffe- rentes, ou sobrexcitam ou deprimem a vitalidade orgâ- nica. No primeiro caso impellem para a peripheria do corpo as forças vitaes ; no segundo as repellem para as entranhas. As paixões excêntricas determinara as emoções de prazer e sentimentos de alegria. As paixões concentricas ou deprimentes, só produzem dôr sobre dôr, tristeza sobre tristeza. Alegria, tristeza : Eis-ahi o fundo de toda a paixão, deprimente. Digamos pois os effeitos desses sentimentos sobre o organismo. A alegria estimula a alma e o corpo; dá vivacidade ao espirito, ardor á imaginação. A circulação do sangue é activada, o rosto cora-se, as feições espandem-se, os olhos brilham, as secreções são abundantes, as digestões boas, o somno calmo, as doenças leves, as curas fáceis, as convalescenças curtas. Deve-se attribuir a um habito de alegria do espirito a longevidade de muitos homens celebres cuja vida foi uma viagem feliz em uma agradável carreira. « A alegria, diz Mackensie, é o guarda tutelar da « saúde, e o contra-veneno da doença. » Hyppocrates observa que ella é favorável em todas as affecções mórbidas, é um balsamo salutar que acalma e cura os nossos males. Também um grande numero de autores, entre os quaes citaremos Galeno, Sanctorius, A. Pare, Morgagni, Pechlin, Tissot, relatam uma multidão de curas notáveis attribuidas e obtidas só pelas únicas emoções da alegria. O riso, expressão da alegria, precipitando o movi- mento do sangue até ás mais pequenas veias, imprime no peito e em vários músculos abalos successivos que produzem muitas vezes felizes effeitos. Oppressões, dores do estômago, eólicas, engorgitamentos de vísceras, accessos de asthma rebeldes a diversos tratamentos, têm sido curados pelo riso. Ha exemplos de abscessos, 312 DIC.C.ION.VIUO vomicas existentes nos pulmões, abertos e expulsos por seus abalos reiterados. Mas a alegria e o rir nem sempre produzem uma acção favorável: determinam mesmo accidentes rauito graves e rapidamente mortaes quando os movimentos da alma e do corpo são muito impetuosos. As pancadas do coração podem accelerar-se a ponto de se tornarem tumultuosas, irregulares, e produzir violentas palpitações ; os pulmões podem engorgitar-se a ponto de oecasionar oppressão, angustia, o escarro ou o vomito de sangue: as artérias do cérebro podem congestar-se e provocar a ápoplexia. A acção nervosa pôde perturbar-se de um modo que promova uma paralysia geral ou aniquilar subitamente a vida. O pezar é uma dôr moral de estado agudo, dôr viva e repentina, tanto mais forte quanto menos esperada. Quando o pezar continua, passa a estado chronico e se transforma em tristeza. Quando o pezar se apodera de uma alma é seguido de um luírubre cortejo de males. Em breve as facul- dades se deprimem, o espirito se consterna, a imagi- nação se enche de quadros sombrios. O presen te ôpprime, o futuro assusta. Parece que as forças do corpo se aniquilam: a physionomia decahe, a face empailidece, os membros tremem, as secreções demoram-se, a res- piração é irregular, suspirosa, o pulso pequeno, os membros frios. Parece que a sensibilidade, fugindo ao mal que a ameaça no exterior, se refugia no interior, para se sublrahir alli ao soffrimento. « O pezar, diz Salomão, prejudica o coração, e desecca n os ossos. » Hyppocrates considera a tristeza como uraa espinha que, enterrada nas vísceras, as está picando de continuo. Um dos primeiros effeitos da tristeza é a perturbação da circulação. O sangue amontôa-se nos pulmões, engorgita o seu tecido; a oppressão, as lagrimas, os soluços, são as conseqüências desse extasis sangüíneo. Persistindo nelle, essas perturbações funeciunaes favo- recera aS enfermidades dos órgãos thoraxicos—a asthma, palpitações nervosas, hypertrophia do coração, os escarros de sangue, a tosse, a phtisica. QaanJo a tristeza se prolonga, o appetite se perde completamente, as degestões tornam-se laboriosas, e em breve se declaram as dyspepsias intermináveis. gastralgias chronicas. A bilis que difficilmente corre, coalha-se e dá lugar a concrecoes, e a cálculos na bexiga do fel. DF. MEDICINA. 313 Ha a constipaçâo teimosa ou dyarrhéa rebelde. A cir- culação Venosa enfraquece nos vasos abdominaes e "dispõe á hypochondria, ás hemorrhoidas. No meio desta atonia das funcções digestivas, a nutrição se altera, os humores se viciam, o sangue empobrece, e póde-se então observar a chloroanémia ou as diversas nevroses ou nevralgias com todas as suas tristes conseqüências. Finalmente, os sentjdos se embotam, o somno é raro e agitado, o doente supporta com custo a claridade e o ruido; busca a solidão, foge ás consolações e se engolfa em profundas meditações. Um nevoeiro espesso envolve suas idéas, seu espirito torna-se estúpido. E' então que se declaram as hallucinações, a mono- mania, a lypomania, a demência. Em outros casos, o marasmo, a febre lenta ou outros males de languidez vêm terminar essa vida de dores. Uma doença que é sobre tudo o producto especial das affecções tristes da alma, é o cancro. Todas as pathologias estão de accôrdo sobre este ponto; a viciaçao dos humores determinada por longos desgostos, traz comsigo a formação desses tecidos heteromorphos na economia. Um pezar violento, súbito, tem mais de uma vez fulminado suas victimas pelo abalo violento que pro- voca no organismo. Aversback, celebre medico de Leipzig, dizia, depois de 50 annos de uma pratica muito extensa, que o pezar fazia morrer a maior parte dos homens. Todos os médicos têm notado que as affecções geradas pela tristeza têm sempre uma marcha insidiosa e que as conseqüências são quasi sempre funestas. «Em- * quanto a alma está perturbada, diz Baglivi, os « remédios não fazem effeito, a natureza fica un- « passível e não reconhece o seu império. » Vejamos a acção das paixões propriamente ditas, sobre o organismo. Uma longa experiência, junta a profundos estudos sobre as paixões, nos tem feito chegar aos seguintes resultados que estão em perfeito accôrdo com os do doutor Descuret: 1 ° Os effeitos das paixões sobre o organismo variam segundo os temperamentos.—Assim uraa mesma paixão, um accesso de cólera, por exemplo, occasionara no homem sangüíneo uma perturbação na circulação, uma hemorrhagia; no homem nervoso, accidentes espas- n. M, 40. 3li DICC10NAR10 módicos ; no bilioso um desarranjo nas funcções diges- 1 YQS°' Elles variam lambem segundo as pr» disposições mórbidas.—Assim o amor desregrado ou a libertinagem produzirá em um a phtisica pulmonar, em -outro a alienação mental, em um terceiro, as perdas seminaes, secundo a predisposição original ou adquirida. 3.° Quando existe na economia um orgao doente, e sempre sobre elle que a paixão vai echoar. 4.° Cada uma das vísceras pode adoecer sob a in- fluencia das paixões. . _ 5.° Quando existe harmonia nas funcções, as paixões excêntricas atacam de preferencia os órgãos do peito ; as paixões concentricas, as vísceras abdominaes. 6.° Nas mesmas condições, as mesmas paixões geram as mesmas doenças. . Assim estabelecidas, estas leis permittem elucidar muitos problemas de medicina pratica. Assim póde-se dizer que espécie de doença soffrerá um indivíduo bem disposto, de uma constituição co- nhecida se se abandonar a tal paixão;.—ou qual a paixão que produziu tal doença em um homem cujo tempera- mento é conhecido. As doenças geradas por paixões são por si só in- , romparavelmente mais freqüentes que as que provém de todas as outras causas morbi ficas. As affecções tão numerosas e tão communs das vias digestivas, do esloraago, intestinos, fígado, baço, não são as mais das vezes senão conseqüência de vivas emo- ções moraes, accessos de cólera, inveja, ciúmes, ambição frustrada, longos e profundos pezares ? Em outros casos, não é pela gula, intemperança, extravagância ou paixão pelo estudo que se perturba a sensibilidade desses appa- relhos e desarranja suas funcções ? Bem pouco figuram as outras causas no quadro etiologico dessas doenças. A phtisica, esse mal terrível que devora, devora sempre, produz em geral ura quinto das mortandades. Pois bem! no numero das victimas deve contar-se metade que devem sua doença a um amor desregrado, aos excessos da extravagância, a desgostos prolongados, a ciúmes concentrados. Quanto á gota, cálculos vesicaes, não se deve invocar como causa, na maior parte dos casos, a gula, a intem- perança, a ociosidade? Quasi lodosos cancros, scirrhos, são tristes resulta- dos de tristes affecções moraes, de longos e profundos pezares. DE MEDICINA. 315 A epilepsia, a dansa de S. Guydo, as tremuras nervosas, as convulsões, as paralysias, provém muitas vezes de um accesso de terror ou de cólera, de excessos venereos, ou ilo habito da masturbação. E as doenças do coração,—hypertrophia, palpitações ; —as doenças do cérebro,—ápoplexia, meningite, amol- lecimento;—e as febres graves, são ainda resultado de emoções vivas, da cólera, da libertinagem, da ambição illudida, do amor contrariado, do aborrecimento e da inveja. E as doenças da pelle, —erysipelas, coraichões, im- pingens seccas ou ressumbrantes,—são ainda conseqüên- cias de movimentos violentos da alma, sustos, coleras, excessos venereos. E essas febres lentas nervosas, essas phtisicas que ceifam tanta juventude era flor apenas aberta, não são as raais das vezes geradas pelo funesto habito do onanismo ? E essas mortes repentinas não são, em muitos ca- sos, castigo e vingança da moral' ultrajada ? Póde-se dizer sem exageração (os fados ahi estão que o attes- tara) : as três quartas partes são occasionadas pela em- briaguez, pela gula, pela cólera e pela libertinagem. Ha um flagello que, surgindo do seio da corrupção e da desordem social faz numerosas victimas : é o suicí- dio. As paixões desenfreadas, chegando aos paroxismos delirantes da loucura, armara o braço dos desgraçados e lhe fazem lançar vergonhosamente no túmulo ura corpo cheio de força e de vida. Finalmente, as affecções moraes desregradas — que têm a mais tocante analogia coma loucura —desenvol- vem freqüentemente essa terrível doença. Perguntai aos médicos alienistas quaes são as causas mais ordi- nárias da alienação mental ? Elles vos responderão : são —por ordem de freqüência —o abuso de licores al- coholicos, os pezares domésticos, o desgoverno, a liber- tinagem, a perda de fortunas, a ambição, o terror, o amW contrariado. ^ Se vos representassem um quadro dos desejos, ar- dores, esforços, cúbicas, volupluosidades, decepções, penas, pezares, rivalidades, ódios, vinganças, crimes; dessas mil desordens, emfim, que geram as paixões, se- guramente quasi vos não sorprenderieis de seus funestos effeitos sobre a economia. Que agitação febril f Que movimentos desordenados ! Que sobrexcitação da vitalidade ! Debaixo de seu império não está o organis- mo como galvanisado, gastando com rapidez suas forças era acções convulsivas, tetanicas ? 316 DiccioNvmo Porém vamos mais longe. Vejamos a influencia das paixões sobre as raças. Sabe-se que algumas moléstias se transraittem em ge.rmen com a vida. Gomo as paixões alteram a saúde, arruinam a constituição, insinuando as cachexias e os vícios orgânicos , pôde prevêr-se os effeitos desas- trosos que disso devem resultar para a progenitura. Quantos filhos cuja vida foi envenenada em sua ori- gem por pais culpados ! Elles carregam com as penas e vós os vedes affectados de vícios de conformação, mar- cados com manchas originaes, stigmatisados pela ca- chexia syphilitica ou escrophulosa. Seres estiolados, que, ou arrastam uma existência languida, ou seextinguem na adolescência. Se a miséria ea industria concorrem muito para a degeneração nas classes pobres, nenhuma influencia tAm sobre as ricas, que, não obstante, estão bem longe de representar o typo da saúde. O medico remonta á origem do mal ; lê no passado e julga. Muitas vezes elle alli reconhece os productos impuros da embriaguez, de costumes depravados, de hábitos vergonhosos, os restos abortados de uma na- tureza esgotada pelos excessos. Gonvém que se saiba que os estragos do vicio se continuam e estendem de geração em geração. E murmurará o homem contra Deus ! Quando a doença vier abatel-o, quando a enfermidade o opprimir, quando a morte vier procurar uma presa em sua mo- rada, lançará elle á face do céo blasphemias de des- esperação !...... Não é elle muitas vezes, de seu motu próprio, por sua única vontade, o autor de seus males, o algoz de seu corpo, de sua alma ? Não se entre- ga elle por si mesmo aos pezares, ao sofírimento, ao re- morso, trabalhando com um furor incomprehensivel em fazer sua desgraça, em destruir seus órgãos, em devorar sua vida, mesmo em diminuir a de seus fi- lhos ? !... Da vida sóbria e da educação e seus defeitos. 0 homem que quer conservara saúde do corpo e a paz da alma deve ter vida sóbria. A vida sóbria consiste no cumprimento da lei da na- tureza, na justa moderação de todas as cousas, na sa- tisfação harmônica de todas as nossas necessidades, ne- cessidades sensuaes, moraes, intellecluaes. Consiste em evitar os excessos : de comer, beber» de [)E MEDICINA. 317 voluptuosidades carnaes, de trabalho, de sensações, de pezares, de affeições. Não são os excessos que fazem as paixões ? « A sobriedade é amiga da natureza, filhada razão, « irmã da virtude, companheira de uma vida tempe- « rada, modesta, nobre, regular e franca em suas « obras. E'como a raiz da vida, da saúde, da alegria, « da prudência, da sciencia e de todas as acções dignas « de uma alma bem nascida, as leis divinas e humanas a « favorecem ; diante delia fogem como nevoas desfei- « tas pelo sol os desregramentos e os perigos que el- « les arrastam. Sua belleza attrahe todo o coração ele- « vado, sua pratica promette a todos uma agradável e « duradoura conservação ; finalmente, ella sabe ser a « amável e benigna guardada vida, quer seja do rico, « quer seja do pobre ; ao rico ensina a modéstia, ao « pobre a economia ; ao moço a esperanç mais certa « e mais firme de viver, ao velho a defender-se contra a « morte. » Uraa boa educação prepara para a praticada sobrie- dade. Ora, para a educação ser boa, deve tender a formai- os homens robustos, sábios, intelligentes. Deve es- forçar-se em desenvolver igualmente as faculdades physicas, moraes eintellectuaes, evitando com cuidado cultivar cora preferencia umas, em detrimento das outras. « Nas suas obras moraes, Plutarco recorda que Pla- « tão admoestava sabiamente a não agitar o corpo sem i a alma, nera a alma sem o corpo, porém conduzil-os « a ambos igualmente, como a uma parelha de ca- « vallos mettidos ao mesmo carro. » Por certo que os antigos comprehendiam melhor do que nós a educação. Dados com igual ardor aos exerci- cios do corpo e aos trabalhos do pensamento, offerece- ram-nos o que a força physica tem demais admirável, a belleza de mais notável, a coragem de mais viril, o gênio de maissublime. Entre elles o desenvolvimento do corpo não era sacri- ficado ao do espirito, porém um e outro marchavam parallelaraente, alliviando-se e ponderando-se recipro- camente. A educação moderna occupa-se muito da intelligencia, e pouco do coração e do corpo. Ella se apressa a des- envolver a memória, a cultivar o espirito e amontoar sciencia sobre sciencia. E não se nota que, essa instrucção prematura, pre- 318 D1CC10NARI0 cipita, exalta a imaginação, quebranta o juízo, pro- move uraa excessiva irritabilidade do systema nervoso, impede o desenvolvimento da constituição, e por con- seguinte predispõe às paixões e doenças. Um outro defeito da nossa educação pedagógica e a falta de sufficicntc insinuação na vida de família e na vida social. Ella não basta para formar o homem na pratica das virtudes privadas e publicas; parajns- pirar a generosidade, o desinteresse, a dedicação, o amor da ordem; não se emprega bastante era formar na pratica dos deveres para com Deus, para com a so- ciedade, para com a família, para comsigo mesmo. A religião é a base de toda a boa educação; sem ella nera o homem e nem a sociedade podem ser felizes. A educação falta também no seio da família. Ahi quasi não ha bastante amor, não ha bastante intimidade no lar doméstico. O homem fatigado pelas exigências laboriosas da sua posição, vive no turbilhão dos negócios, estranho aos cuidados da família, afas- tado da esposa, com a qual nem mesmo passa as doces horas do ócio e repouso da noite. A mulher assim abondonada e sem auxilio, não tendo o gênio edu- cador bem desenvolvido, faz o que pôde, mas sua von- tade não basta para bem fazer, e seus esforços são muitas vezes impotentes. Tratamento das paixões pela alliança da moral, da hy- giene e dos medicamentos.* Em todo o tempo os philosophos e os verdadeiros ministros da religião se têm occupado dos meios os mais próprios para combater as paixões e chegar ao melhoramento moral do homem. Têm elles procurado domar as inclinações desre- gradas por meios moraes, restabelecendo e fortificando o império da razão sobre os instinctos e sobre os sen- timentos. A alma tem grande poder sobre o corpo. Sei de todos os prodígios que ella tem obrado em todos os séculos: na antigüidade em que oestoicismo fez brilhar milagres de coragem; na era moderna era que o christianismo tem gerado as mais sublimes virtudes. Sei que, quando a alma quer, o corpo obedece, e que o homem pôde dar a si mesmo, uma direcção moral, que seguirá cora perseverança pela força única de sua vontade. Porém sei também que, no meio do tumulto da vida, não ha raais que uma pequena classe de naturezas es- DE MEDICINA. 319 colhida, que seja capaz de operar sobre as inclinações desregradas e subjugal-as pela razão. Para tratar de uraa paixão cora bom êxito, é pre- ciso muitas vezes occupar-se, tanto do corpo como da alma. A medicina deve vir em auxilio da moral. Me- dicamentos especiacs, cuidados hygienicos bem ordena- dos, modificando as disposições mórbidas do organismo, acalmam a excitação dos sentidos, e levam a ordem ao coração perturbado. Esta alliança da medicina e da moral, poucas vezes tem lugar: e forçoso é confessar, está nisso ura dos maiores obstáculos á therapeutica efficaz das paixões. Separaram a alma do corpo; a alma ao moralista, ao medico o corpo: e cada um trabalha separadamente, no aperfeiçoamento da humanidade. E comtudo, ê certo que operando inteiramente, isto é, ao mesmo tempo, sobre o homem, se combaterão melhor as affeições moraes desregradas. O homem é composto de um corpo e de uma alma; a desordem, que sobrevêm a um, echôa na outra. Logo, é preciso estudar e combater as modificações mórbidas occasionadas pelas paixões, ao mesmo tempo que as per- turbações moraes; lo E com tudo elle pôde nascer cm um instante; uma palavra, um olhar, tem por mais de uma vez sido bastante. Quanto mais casto é um coração, mais facilmente o amor se apodera delle, e muitas vezes a paixão torna-se desenfreada. A libertinagem no homem, a galantería na mulher, preservam dos excessos de amor. Da puberaade.—Symptomas do amor; e dos do amor desenfreado. Apuberdade, segundo se tem dito, é a operação mais maravilhosa da natureza : E' destinada a ornar o homem e a mulher com os attributos physicos e moraes que os tornam próprios á reproducção da espécie. O moço toma uma structura mais vigorosa; seus músculos se desenham, sua pelle se cobre com um ligeiro buço, a voz se torna sonora. Sensações até então des- conhecidas, o lançam em vagas inquietações, lango- rosas distracções, que não são sem encantos. Imperiosos desejos de ver e aprender o impellem a sondar mys- terios aindaoccultosá sua joven alma. Conservando sua complexão branda e delicada, a moça se embelleza, e suas fôrmas graciosas tomam voluptuosos contornos. O utero se faz o centro defluxo vital ;é pe- netrado por um sangue estimulante que, distendendo os vasos capillares, se exhala á sua superlicie mucosa em mais ou menos quantidade, volta periodicamente em cada mez, constituindo as regras ou menstruos. Resentindo a reacção sympathica impressa em todo o seu ser, a moça deixa os seus jogos de infância, entrega-se a ternas aspirações, torna-se pensativa, me- lancólica, derrama lagrimas involuntárias, deliciosas, lagrimas que a alliviam. Feliz idade! como o amor se insinua facilmente na alma l Uma centelha basta para atear um incêndio. Quando o amor se tem apoderado do homem logo se conhece. A paixão se assenhorêa pelos sentidos e pela alma. Na alma, ella toca, ella abala todas as faculdades as mais vivas eas mais serias, as mais delicadas eas mais poderosas, a imaginação, o espirito, o coração e a razão raesmo. No corpo, ella echôa até as profundidades da vida orgânica, e ataca as mais importantes funcções. Notáveis mudanças se operam, no caracter, nos hábitos, nas acções e na saúde do homem que ama. DE MEDICINA. 327 A'sua alegria ou descuido habitual, suecede de repente uma doce melancolia e longas meditações: sua physio- nomia, seu olhar sobretudo, estão em harmonia com seus mais sérios pensamentos; elle pronuncia mais ou menos vezes o nome de uma pessoa do outro sexo ; se alguém pronuncia esse nome, logo seu rosto se tinge de um vivo encarnado; suas mãos distrahidas traçam muitas vezes e quasi sem conhecimento do espirito as iniciaes desse no- me sobre o papel ou sobre a arêa. Seus geitos habituaes se modificam e são substituídos pelos da pessoa amada, assim é com as palavras. O amante preoecupa-se mais com seu adorno, usa com preferencia de certas cores, muda de cara, esquece os ani- maes domésticos que á poucooecupavam sua solicitude: abondona alguns amigos e procura outros novos. Ao mesmo tempo abandona o trabalho, seus deve- res são mal cumpridos, as horas de seus negócios, as horas e lugares de seus passeios são mudados. Em uma sociedade está preoecupado, sombrio, absorto em si mesmo ;-em outra é amável, serviçal, fallador. A' vista da pessoa amada, cora, perturba-se, balbucia ; seu coração palpita, sua mão treme. Quando elle se julga só, deixa escapar profundos suspiros, algumas ve- zes derrama lagrimas involuntárias, e de noite uma só imagem apparece sempre em seus sonhos. No amor desenfreado, perde-se o appetite, o somno é curto, o corpo emagrece, o rosto torna-se pallido, os olhos se encovam, o pulso é fraco, pequeno, desigual, du- rante a ausência do objecto amado; porém á sua vista, com a sua lembrança, torna-se forte e tumultuoso, o co- ração bate com violência e predispõe para as hemorrha- gias, ou uma angustia permanente aperta o peito. Umas vezes ha tremores, outras accessos de calor. O moral é também affectado como o physico: caracter diíficil e movei, gosto pronunciado pela solidão, des- cuido e negligencia nos negócios sérios, desprezo das riquezas, da opinião publica, falta de respeito aos pais, perversão do juizo, que se torna surdo aos conselhos da amizade, e obriga a obedecer como escravo ao objecto da paixão e a expôr-sea mil perigos para lhe agradar. Das sympathias no amor. — Differentes caracteres de amor no homem, na mulher, em cada indivíduo, em cada povo.—O casamento e o fim do amor; é a sua emancipação. Para que o amor se estabeleça entre dous seres em- pregou a natureza os meios mais engenhosos e os mais 328 niecioNAiuo admiráveis. Ella deu a cada sexo atlributos differentes que se barmonisam tanto, no pbysico como no moral. O homem é activo e provocador, a mulher passiva e submissa, um é mais ardente, a outra é mais fria ; o primeiro manda e triumpha, a segunda suecumbee supplica. Porém para compensação, o mais fraco reina sobre o raais forte, este vende*sua protecção pelo preço da voluptuosidade, e o mais fraco toraa o poder do forte abandonando-se-lhe.' A mulher escravisa o homem suh- mettendo-se-lhe. E' a opposição harmônica quem estabelece as rela- ções do amor. 0 amor é gerado pelos contrastes, e os contrastes entre os sexos dão por certo a razão dessas sympathias particulares, que ás vezes parecem tão ex- travagantes. Eis o que acontece. Ura homem trigueiro e cabelludo, secco e ardente, impetuoso em andar, encontra uma mu- lher branca c lisa, humida e fria, doce e pudica. Um devedar, ooutro é constituído para receber. Um deve ter um principio de superabundancia, de força de ge- nerosidade que aspire a expandir-se; o outro deve, por sua fraqueza, tender a absorver, a recolher a exube- rante vitalidade do outro, para estabelecer o nível, a igualdade harmônica. Porisso o fim da união do amor, o funda proercação de um novo ser não pôde ser preenchi- do senão por essa unidade physica eraoral, de que faliam Pythagoras e Platão, por meio da qual os dous sexos se igualara e se saturam, por assim dizer, reciprocamente. Cada um, por sua constituição physica c moral, deve encontrar, em um indivíduo de outro sexo, seu modelo interior, sua proporção de affinidade, sua própria attrac- ção. Ao homem secco, magro, vivo, é necessária uma mulher humida, gorda, indolente: ao homem eftémi- nado, moleirão, é precisa uma mulher enérgica, viril. Dous temperamentos semelhantes, dous seres ou muito frios ou muito ardentes se encontram, chocam-se a cada instante; e esta condição de igualdade torna-se uma causa de inimizade e mesmo de esterilidade. Eis a razão dessas consonâncias de sexos, dessas sym- pathias espontâneas que se declaram em amor. Se os homens se deixassem guiar pela natureza e pe- los instinetos secretos da sympathia na união conjugai, tornar-se-hiam mais perfeitos, raais felizes e mais sau- dáveis; os trabalhos divididos são mais leves ; as ale- grias unidas são mais vivas: a feeundidade maior, a siude mais secura. DE MEDICINA . 329 No amor, o homem procura mais a belleza physica, a mulher a belleza moral. O amor do homem é mais sensual, mais cioso, mais passageiro: o da mulher é mais affectuoso, raais confiante, mais fiel. O homem exi- ge o primeiro amor, a mulher o ultimo. O que ama raais, é o que raais dá. Antes da união sexual, é o homem que ama mais vi- vamente, porque mais sacrifica , trabalhos, tentativa, lutas, elle nada poupa. Consummado o acto, é por sua vez a mulher que ama mais, e por mais tempo. Não se vota ella a grandes fa- digas? Ella deve nutrir com seu sangue o ser a quem o homem communicou o sopro da vida, deve dal-o á luz no meio dos mais vivos soffrimentos, e continuar- lhe depois cuidados incessantes. Assim, a mulher passa uma grande parte da vida no amor. Stael disse com razão : « O amor, que não é mais « que um episódio na vida dos homens, é a historia • inteira da vida das mulheres. » Amar muito explica toda a mulher : ama como vive, como respira. Parece que a natureza lhe deu uraa só necessidade, o amor ; um dever, o amor ; uma recompensa, o amor. Quanto ella é fiel a esse instincto poderoso ! t Em geral, diz Reveille-Parise, no seutratado da ve- « Ihice, a vida das mulheres póde-se dividir em três « épocas: Na primeira, sonham com o amor ; na segunda, « o sentem e gozam; na terceira, o choram. « O amor tem tanto lugar na vida de uma mulher t terna, elle absorve oor tal fôrma seu tempo e suas fa- « culdades, o encanto ideal com que a rodeia e tao po- « deroso, que, quando ella chega á idade em que deve « renunciar a elle, ella julga despertar de um longo « sonho, e aperceber-se pela vez primeira dos trabalhos « e misérias desta vida. » O amor toma um caracter differente, segundo os in- divíduos e os temperamentos ; é franco e socegado nos corações simples; heróico e religioso nas almas grandes; inquietoe sombrio nos ciumentos; escravisador e tyran- nico nos egoístas; sentimental e romântico nos poetas ; diminuto e inconstante nos voluptuosos. Cada povo mesmo lhe imprime um typo notável: e ardente e cruel na Hespanha ; lascivo na Itália; melan- cólico na Inglaterra; inconstante na França; terno e moderado na Allemanha ; terno, sentimental e cons- tante, até ao sacrifício no Brasil, frio e brutal na La- ^càsamento é o fim natural do amor. Só quando o n. m. 42. 330 DICCIONAUIU amor é unido pelo laço indissolúvel do casamento, elle fica inteiramente satisfeito. E com effeito, o amor não pôde esperar de si mesmo o ideal que sonha. Que exige elle? a união, a paz, a estabilidade. Que prometle clle? fidelidade eterna, o respeito do ser amado. Só, não dura mais do que o fumo que passa ; só, elle tende de continuo á profanação; só, não gera mais do que perturbações, discórdias e fugi- tivos transportes. 0 casamento lhe dá todos esses bens que elle não pôde possuir de si mesmo ; mudavel, clle o prende ; inquieto, elle o socega ; egoísta, elle o obriga á dedicação; humilhante, elle o torna caslo; oppressor, elle o torna respeitoso. Tem-se dito que o casamento é o túmulo do amor. Po- deria assim ser se se quizesse fallar da violência dos sentidos, e do ardor da necessidade physica: Porém na união intima, o homem quer, sobretudo, a possessão espiritual do bem amado. Então o casamento o liberta da tyrannia dos órgãos : Elle é portanto a emancipação do amor. No casamento, a paixão é menos animada, menos vivaz. Porém, o que o sentimento perde em frescura, ganha em madureza : A flor murcha, mas as raizes se enterram, se aprofundam e multiplicam. Um escriptor célebre, dedicou-se nos seus últimos tempos a descrever os aspectos variados do amor na união conjugai. Mostrou suas numerosas metamor- phoses, seus tempos de calma e monotonia ; seus inex- perados remoçamentos ; seus langores bemfazejos ; seus prazeres incessantemente renovados; em fim vida feliz. Do amor feliz; seus effeitos salutares ou tristes sobre a saúde. —Do amor contrariado e cioso; seus effeitos sobre o organismo; doenças que resultam. Conforme o amor é, feliz ou contrariado*, é a origem de gozos ineffaveis ou das mais terríveis dores. Quando a paixão é desenfreada occasiona graves desordens na economia. Vede o primeiro periodo da união conjugai, estação tão fugitiva durante a qual a vida não é mais do que ternura e embriaguez. Essa nova e súbita situação con- sagrada a se agradarem, a amar-se, a ouvil-o repetir, atordoa, arrasta, transporta a pezar seu. E' um delirio, ê uma exaltação que se assemelha á loucura. Não se per- tence mais a si, està-se identificado com o objecto amado. Não se pensa, não se sente, não se viye, não se respira DE MEDICINA. 331 senão nelle; de dous corações, de duas vidas, não há mais que uma vida, um coração. Prazer continuo, o amor feliz tem todos os seus effeitos : clle anima, facilita todas as funcções vitaes. A respiração é larga, a acção do coração augmenta a ponto de determinar essas doces palpitações tão gabadas pelos poetas. Os olhos brilham, a physionomia expandece, o rosto cora de um vivo encarnado. Os gestos são fre- qüentes, a voz suave, a linguagem fácil e rica. Em seus paroxysmos, não podendo a palavra exprimir os pensa- mentos, é em um silencio cheio de encanto, é em uma espécie de extasis que o amor exhala seus mais deliciosos perfumes. Um amor muito vivo, oecupando sem cessar a imagi- nação, produz um máo effeito sobre a organização. Primeiro resulta a languidez das funcções ; perda do appetite, digestões difficeis, insomnias, anviedade. Mais tarde, se a paixão se demora em ser satisfeita, sobrevêm o enfraquecimento da constituição, a magreza c a febre lenta nervosa. Nos indivíduos sangüíneos, ha as hemor- rhagias nazaes do peito, as palpitações desordenadas do coração. Os nervosos são atormentados por desordens na sensibilidade e na inervação ; cores pallidas, nevral- gias, hysteria, ele. Não é raro ver jovens esposos abandonar-se com demaziado ardor aos gozos voluptuosos. Com o abuso, vem a desordem á saúde; c podem manifestar-se algumas affecções mórbidas agudas. Sau- vage descreveu com o nome de febre ardente dos esfalfados uma doença que sobrevêm de repente aquelles quecom- mettem excessos venereos: a pelle fica secca eardente; o pulso umas vezes cheio, outras pequeno, as urinas ver- melhas: ha congestão e pallidez da face, sêdc viva, náu- seas, vomito .delírio. Esta doença pôde causar uma mor- te rápida. Tehho visto muitas vezes jovens casados fe- ridos desta affecção na primeira semana de seu noivado. Muitas vezes os excessos venereos produzem moléstias chronicas. As pessoas delicadas podem ser atacadas de pontadas, tosse, oppressão, escarros de sangue. Em outros, sendo o systema nervoso muito excitado por freqüentes abalos, resentem mais particularmente perturbaçõespathologicas; d'onde provém, impressiona- bilidade, vapores, spasmos, desmaios, nevralgias. A hypo- chondria,-a melancolia, a chloroanemia c a hysteria, são também conseqüências do abatimento lento e progres- sivo. 332 DICCIONAIUO Tem-se reconhecido nas mulheres graves desarranjos na menstruação ; abortos freqüentes, irritação ou inflam- mação chronica da madre, flores brancas, e sobre tudo a esterelidade. Nos homens, vem a gonorrhéa, as perdas seminaes involuntárias e a impotência. O amor contrariado produz os symptomas da tristeza; a alma se conlrahe sobre si mesma, as funcções do orga- nismo cabem era relachação, o pulso torna-se pequeno, irregular, de tempo em tempo arripios pelos membros, um peso incommodo comprime o peito, a respiração é lenta, entrecortada de suspiros, o rosto paliido, olhos ternos e languidos. Não achando mais encantos na vida, o amante desgra- çado, indiflerente a tudo, compraz-se na inacção e so- lidão. Nelle, a intelligencia perde a sua actividade, os sentidos a utilidade, olha sem ver, ouve sem compre- bender. Sua voz fraca e lastimosa, tem custo em ex- primir os pensamentos: as noites sao medonhas, ou pela insomnia, ou por sonhos fatigantes. Nada ha tão penivel como o receio de ser abandonado pela pessoa amada. Composto das paixões mais fortes, amor, cólera, tristeza, orgulho, o ciúme tem comsigo todas as penas ; elle transtorna a alma por uma continua anciedade, por violentos pezares e cruéis angustias. Alternativamente, tyranno ou escravo , o ciumento ameaça, injuria e maltrata ; depois applaca-se, arre- pende-se e se humilha, para pouco depois voltar tão furioso, tão injusto como antes. Quem poderia dizer as lutas e tormentosque torturam a alma do homem cioso, e as surdas violências, os incessantes supplicios que elle faz soffrer a sua desgra- çada victima lentamente martyrisada ? O ciúme nasce algumas vezes da impotência. E' o ciurae dos velhos que, casando com mulheres moças, estão sempre receiosos de que outro se aproveite dos prazeres que elles não podem gozar. Os nossos autores cômicos nos pintam mais agradavelmente os embaraços, as inquietações, as tributações desses velhos tios namo- rados das sobrinhas, desses tutores decrépitos, que se unem ás suas pupillas. Outras vezes o ciúme é resultado da força viril : E* o ciúme de Orosmano apunhalando Zaira ; é*o de Octavio que não podendo obter a mão dePontia Portumia, antes quer apunhalal-a do que yel-a passar aos braços de outro: é ainda essa paixão, tão impetuosa nas mulheres delicadas e sensíveis, que suscitou a sublime desespe- rado de uraa Hermiona abandonada por Pyrrho ; que DE MEDICINA. 333 inflamou de raiva o coração de uma Me.déa, fazendo-lhe remelter á sua rival um vestido envenenado, i.npel- lindo-a mesmo a degolar seus próprios filhos. O amor contrariado ou cioso, tem por effeito imme- diato occasionar a dyspepsia; o appetite se perde ; e as digestões são trabalhosas, o estômago é a sede de dores violentas, ardentes, caimbraticas; seguem-se náuseas, vômitos e pituitas: A nutrição diminue em conse- qüência da insufliciencia dos alimentos. Deste estado ás mais graves affecções ha um só passo; e se a causa da tristeza continua, nasce a chloro-anemia, a febre hectica, a phtisica pulmonar. Uma moça, sem causa conhecida, sem moléstia physi- ca, ficou triste e pensativa ; seu rosto fez-se pallido, os olhos se encovarara, e as lagrimas correram. Ella soffria cansaços espontâneos, gemia e suspirava ; nada a distra- ída, nada a occupava, tudo lhe aborrecia: Evitava seus pais, suas amigas ; emmagreceu rapidamente, declarou- se unia pequena tosse, aggravou-se, veio a febre, depois o marasmo, por fim a morte. Ella levou comsigo o seu fatal segredo para a sepultura : a pobre moça amava ! Quantos acabam assim ceifados na flor da idade, ruidos no coração por esse mal devorador. A exaltação da imaginação, as excitações dos sentidos, as emoções violentas tão freqüentes no amor desgraçado, abalam muitas vezes o systema nervoso a ponto de produzir ataques de nervos, hysteria, epilepsia, e mesmo a catalepsia. Alguns autores têm attribuido muitas dessas affecções nervosas á continência, á castidade. Platão, Hippocrates, Galiano, Fernel, HoíTmam e muitos outros têm susten- tado esta opinião errônea. E' necessário combater esta crença que não é fundada em cousa alguma séria e que nunca foi submeltida ás provas de uma verdadeira observação. Os escriptores modernos, Triquet entre outros, nos apontam essas nevroses que atacam as moças ou mulheres; cega imagi- nação viva se abandona, pensamentos voluptuosos, em cujo espirito se repetem os romances, os espectacuios perigosos, dos quaes, por conseqüência, os sentidos estão inflammados por ardores eróticos irresistíveis. Seguramente essas excitações desordenadas não podem applacar-se senão nas juneções sexuaes. E, se os desejos 1 ubricos não são satisfeitos, se algum obstáculo contraria a paixão desenfreada, então o systema nervoso sobrexci- tado se abala e occasiona as mais graves e extravagantes desordens, 33 i DICCI0NARI0 Porém a natureza não é responsável pelos males que poderiam prevenir-se por hábitos regularcs e conformes aos preceitos da hygienc c da moral. Em certos casos o amor contrariado pôde originar uma doença aguda que arraste a uraa morte rápida. Nas mulheres, que tanto têm a soffrer dos desgostos de amor, encontram-se dous gêneros de alienação mental que lhes são próprios ; e são a nymphomania e a crotomania. A nymphomamia é uma mania caracterisada por uma inclinação violenta para a união sexual, expriinindo-se por gestos provocantes e palavras obscenas com ou sem excitação physica dos órgãos. No principio, a infeliz sem cessar, oecupada de seus pensamentos voluptuosos, foge da sociedade, e na so- lidão se abandona ao desregramento da sua paixão, onde sacia por meios illicitos as necessidades immoderadas que a dominam. Mais tarde, não conhecendo mais freio, perde todo o pudor, provoca os desejos dos homens com gestos, com vistas e posturas lascivas, com conversações lubricas. E' então que a razão perde todo o seu império : A alienação mental se completa. Vê-se a moça, outr'ora a mais timida, transformada em baechante sem vergo- nha. Em seus accessos de ardor furioso, ella tem a face vermelha, a vista inflammada, lábios seccos, ar- dentes ; boca espumante, hálito fétido. Depois vêm os spasmos da guela com hydrophobia, convulsões nos membros. Em uma época m.iis ou menos afastada os accidentes se complicam e a doença leva á morte. Na crotomania a paixão é mais na imaginação ; é um amor casto, platônico, ideal. Esquirol conta um caso que offereccdelia todos os caracteres. Uma senhora de 32 annos, de estatura elevada, de constituição forte, tendo recebido uma brilhante edu- cação, era casada havia algum tempo, quando viu um moço cuja posição era mais elevada do que a de seu marido. Desde logo ficou violentamente namorada delle ; ella murmura da sua posição, só falia de seu ma- rido com despreso, recusa viver com clle, acaba por ter-lhe aversão, assim como a seus parentes, que dclDaldo se esforçam para a reconduzir de seu desvario. O mal augmenta, 6 preciso scparal-a de seu marido. Ella falia sem cessar do objecto da sua paixão : tor- na-se impertinente, caprichosa, colérica : escapa-se a seus pirente-í para correr atraz daquelle á quem vê por toda aparte, chama-o com seus cânticos apaixonados; OE MEDICINA. 33S é o mais bello, o maior, o mais espirituoso, o mais per- feito dos homens. Assevera que ella é sua mulher, que é elle que vive em seu coração, que lhe dirige todos os movimentos, que regula seus pensamentos, qus governa suas acções. Ella teve delle um filho, que será completo como seu pai. Muitas vezes é sorprendida em uma espécie de ex- tasis, de arrebatamento : então seu olhar é fixo, tem o sorriso nos lábios : escreve muitas cartas ardentes, faz versos que anima com as expressões mais amorosas. Durante o dia ou a noite, falia só, umas vezes em voz alta, outras em voz baixa ; em seus entretenimentos solitários, chora umas vezes, outras ri. Não obstante os raais assíduos cuidados, esse triste estado durou muitos annos, uma doença intercorrente terminou os males da infeliz senhora. Estas affecções encontram-se nas mulheres que, exal- tadas pela devoradora febre do amor, não têm espe- rança alguma de a mitigar nos braços do homem amado. Também se tem observado nas moças as mais castas e mais reservadas, que nunca tinham gozado os prazeres sensuacs. Em geral são mais para temer nas famílias onde ha predisposição hereditária paraa loucura. Tem-se visto muitas vezes casos de monomania sui- cida oceasionados por paixões amorosas. Vantagens do casamento para a sociedade, para o mesmo homem. Inconvenientes do celibato, seus perigos para a saúde. O casamento tem sido louvado era todos os tempos e rin todos os paizes. Tem-se reconhecido que é a pedra angular de toda a sociedade. Pelo casamento se augmenta a população. Todo o es- tado cuja população decresce está em decadência. Ora, o celibato só tende a essa deplorável diminuição. Pelo casamento ha ordem o harmonia na sociedade •« A mulher é estimada como a companheira do homem ; a família fôrma uma associação que une os seus membros differentes cm idade, sexo, forças e tendências, submet- tendo-os a uma mesma autoridade, a autoridade pa- terna. Esse pequeno Estado no Estado é de uma im- mensa utilidade para a ordem social. Ocelíbato profana e avilta a mulher, sujeita-a a um jugo deshonroso, fa- zendo-a o brinco das paixões; elle só gera a desordem, perturbações e desunião. 33(3 DICCIONARlO Quanto ao casamento, ha moralidade na sociedade, o homem cumpre o dever que lhe é imposto pela natureza, conserva, no meio dos gozos de família, o thesouro dos bons costumes e se dedica com coragem aos trabalhos e encargos da educação dos filhos. O celibato, abusando de uma liberdade que o exonera de toda a responsabilidade, dá largasa todas as inclinações desordenadas, profana o lar doméstico, nem mesmo res- peita a fé conjugai, e Montesquieu disse com razão: « Quanto menos casados houverem, menos fidelidade « haverá nos casamentos. » Fica bem entendido que pomos de fora destas conside- rações o glorioso celibato guardado pelas pessoas reli- giosas, ascéticas, que se conservam virgens para attingir a uma raaior perfeição de virtudes. O casamento não é menos útil ao homem do que á so- ciedade. Está provado que, guardada a proporção, morrem mais celibatarios do que casados nos mesmos annos, e que os últimos vivera mais do que os primeiros. Buffon sustentou esta opinião. De Parcieux a demonstrou em seus quadros mortuarios 8, 9, lOell. Iterfeland,Sain- Claire, o doutor Itargarith confirmaram essas idéas fa- zendo-as extensivas ás mulheres, tão expostas comtudo aos perigos dos partos. Póde-se achar a razão desta prerogativa unida ao es- tado do casamento. Não obstante os cuidados, e trabalhos inseparáveis desta condição, os esposos se ajudam, soccorrem-se, con- solara-se e se cuidam mutuamente : são obrigados a entregar-se a maior actividade, e o exercicio e o trabalho são os sustentaculos da saúde e da virtude. Elles estão ao abrigo das doenças que a Venus-vaga quasi sempre traz comsigo. Finalmente quasi nunca abusam dos pra- zeres do amor, porque a liberdade e o habito temperam os desejos ; e é sabido quanto a re-absorpção dos suecos prolíficos é própria a fortificar a acção vital. O celibatario, sempre desencaminhado por objectos novos, appressadoemdesfructar, as mais das vezes, for- çando a natureza, procurando mesmo reter um amor fugitivo por excessos, cansa o systema nervoso, abala as forças musculares pela grande repetição dos prazeres sensuaes; — ou, para melhor dizer, vivendo em uma apparente continência, entrega-se a loucuras solitárias, e contrahe hábitos ainda mais enervantes. Além disto, a observação tem feito conhecer que o homem no isolamento cahe facilmente no desgosto na DE MEDICINA. 337 melancolia, e se aborrece da vida ; é na classe dos celi- batarios que se encontrara mais casos de alienação mental e de suicídios. Perigos do amor e do casamento nas pessoas muito moças, ná* pessoas delicadas e nos velhos.— Dos casamentos desproporcionados pela idade. A idade da puberdade é a época do desenvolvimento dos órgãos da geração, porém antes de os por em acção é preciso esperar que a funcção procreadora possa cum- prir-se sem prejuízo para o organismo. E' essencial que o corpo tenha adquirido seu crescimento, que as funcções mais importantes da vida tenham sofírido sua completa evolução, que, nos homens, o licor seminal tenha sido por algum tempo re-absorvido, para dar aos movimentos o seu vigor, e á intelligenciaoseu poder. Esta maturidade procreadora chama-se nubilidade. Usar prematuramente dos prazeres de amor é sus- pender o crescimento, é fazer-se um complexo de mús- culos emaciados, de órgãos fracos, um sangue pobre, é por conseqüência votar-se a uma existência languida e doentia. Se ha predisposição hereditária para alguma doença constitucional, é déspertal-a, e fazel-a rebentar com violência. Quantas vezes se tem visto a phtisica,—que ameaça tantas existências—, desenvolver-se repentina- mente pouco tempo depois de um casamento contrahido antes da idade da nubilidade ! A época em que convém casar-se, é alem disso subor- dinada á constituição, ao temperamento, ás predispo- sições mórbidas, e ao estado de saúde actual de cada indivíduo. _ ^ , T Os antigos legisladores, Platão, Solon, Lycurgo, que davam tanto apreçoao vigor do corpo, não autorizavam o casamento, quanto ao homem, antes da idade de 30 a 3-; annos; e quanto á mulher, antes de 20 a 2o. As leis modernas na Europa fixam os casamentos mais precoces nos 18annos para os homens, e aos Io para as mulheres.- Elias têm de attender aos casos excepcionaes em que a maturidade procreadora seja completa nessas idades Pôde-se assignar como época normal para a união conjugai, os 20 annos para a mulher, e os 25 para o h SeT homem usa das faculdades geradouras antes da n. m. 43. 33« DlCCIOSAIUn nubilidade, prejudica a saúde : assim como se elle abusa na idade avançada da sua existência, cone ásua ruína. Para os velhos ha perigo nos prazeres do amor. Na época era que as forças declinara, usar e abusar. O homem em uma verde velhice, repugna crer-se tal qual é. Se elle lem algumas reminiscencias pérfidas e tentadoras; se lavas mal cxtinctas conservam um resto desse fogo que oulr'ora consumia seu coração, elle se julga capaz de supportar os desperdícios e os abalos do acto copulador. Que tome cuidado, e que conserve na memória estas sabias palavras do Abbade Maury ao seu amigo Portal: « Tenho como certo que, passados GO annos, um <■ homem de senso deve renunciar aos prazeres de amor, t cada vez que a elles se dér, é uma porção de terra que « lança sobre sua cabeça. » A sciencia possue muitos exemplos de apoplexias, pa- ralysias, ropturas, c aneurismas, acontecidos no meio desses abraços intempestivos. As emoções violentas e desordenadas acceleram repentinamente as contracções do coração c produzem essas catastrophes. Eu sei que se citam homens que têm conservado realmente, ou em apparcncia, faculdades que a idade sempre rouba. Assim o marechal de Estrés casou-se muito seriamente e em terceiras nup»ias na idade de 91 annos. O Duque de Louzim viveu longos annos continuando sempre em seus excessos de todo o gê- nero. E o marechal de Richelieu, na idade de 8't annos, ainda fresco e alegre, casou-se em segundas nupeias com a Sra. de Roth. Porém estes casos citam-se porque são excepcionaes. Ninguém se lisongeie de ser dota- do dessa luxuria erótica que só se extingue com a vida ! Que direi eu dessas deploráveis allianças entre homens que tocam á decrepitude e essas jovens que os pais sacrificam a interesses de posição e de fortuna? E' preciso dizêl-o bem alto: desgraça aos esposos assim ajoujados! desgraça á progenie que delles possa ser o productol Esses amores ridículos e hediondos têm não sei o que revolta a natureza. O resultado é só desgostos, pezares, criminosas relações para a mulher; perigos, doenças e terríveis ciúmes para o cynico marido. Os fructos dessas monstruosas uniões são infezados, cachoxymos, e predlleclamente votados a uma morte prematura: elles serão ceifados pela es- crophula, rachitismo, e phtisica pulmonar. DE MEDICINA. 339 Das doenças e enfermidades que devem desviar do casamento. —Tristes resultados dasallianças entre parentes próximos. Certas enfermidades ou doenças devera afastar as pessoas do casamento. Seria seguramente limitar era extremo o numero das alliançase comprometter a felicidade individual, privar do casamento todos aquelles que têm enfermidades. As doenças nervosas, as affecções escrophulosas, tem-se tornado, por assim dizer, conslitucionaes na maior parte das famílias de nossos dias; é portanto impossível olhal-as como um obstáculoá união conjugai. Todavia, os casamentos deveriam ser combinados de modo a neutralizar, pela opposição das constituições, dos temperamentos e das disposições, os elementos de herança mórbida que se pôde receiarde um dos dous esposos. Dous indivíduos eminentemente lymphaticos, duas pessoas nervosas, duas famílias predispostas a affec- ções de peito não deveriam misturar seu sangue. Procure-se pois contrabalançar a debilidade de um esposo pela forte constituição do outro. Um instin- cto secreto conduz a isso: não se contrarie pois a na- tureza. Afastem-se do casamento e absolutamente as doenças ou enfermidades que não só ameaçam a vida dos que as têm, e infectam gerações inteiras, como podem causar a morte do outro dos esposos por contagio, ou outro modo. Assim, devera evitar-se: as diversas manias, mesmo leves e que apresentam grandes intervallos lúcidos; a epilepsia que tem resistido á cryse da pu- berdade e aos recursos da arte medica; os prazeres do amor exasperam esta enfermidade; ella degenera no raesmo indivíduo e até nas crianças em mania, em demência: demais communica-se pelo terror que ins- pira, ou pela imitação; a phtisica pulmonar, quer seja declarada ou latente ou no estado de predisposição na família, perpetua-se na raça, e muitas vezes é contagio- sa para o outro esposo; a syphilis inveterada, que tem envenenado a origem da vida, traz comsigo o abati- mento, a esterilidade, ou produz uma família cachetica que logo se extingue. Agora uma palavra sobre os casamentos entre con- sanguineos. Deve evitar-se essas uniões que são a causa de grandes desgraças para as famílias, em que quasi sempre produ- zem deterioração de raça. Os homens estão sujeitos ás leis geraes que regulam 340 DICCIONARIU todos os seres vivos: ora, a lei de conservação quer o cru- zamento das raças e a renovação dos agentes vitaes. Desgraçados os que violara essas leis! Desde os mais antiges tempos, os legisladores tinham prohibido os casamentos consanguineos, tinham já ob- servado seus effeitos desastrosos para a duração dasja- milias, esua má aerão sobre os costumes públicos. O Dr. Rilhet (de Genebra), em um trabalho lido na academia de medicina era 1856, forneceu os dados mais positivos sobre esta importante questão. Elle de- monstrou os resultados deploráveis resultantes desses factos, tanto para a saúde como para a vida dos filhos. Essas conseqüências são: I.a Ausência de concepção ; 2.a Demora de concepção ; 3." Concepção imperfeita (movito, aborto); i.a Productos imperfeitos (monstruosidades); 5.a Productos cuja constituição physica e moral é imperfeita ; 6.a Productos mais especialmcnles expostos ás doen- ças do systema nervoso, e por ordem de freqüência : a epilepsia, a imbecilidade ou idiotismo, a surdo-inudêz, paralysia, diversas doenças cerebraes ; 7.a Productos que morrem em tenra idade e em uma proporção maior do que os filhos nascidos em outras condições; 8.a Productos lymphaticos e predispostos ás doenças que nascem da diathese scrophulo-tuberculosa. A estas regras ha algumas excepções ; com tudoé raro que todos os meninos escapem á má influencia. Os affectados não o são do mesmo raodo: um é epi- léptico, outro scrophuloso, etc. Salutares effeitos do amor feliz sobre as doenças, sobre r/s faculdades intcllectuaes e moraes ;e mesmo sobre a pai- xão, (i) Depois de estudadas as conseqüências funestas do amor desregrado e contrariado, resta provar os salutares effei- tos do amor feliz e satisfeito nas doenças. Do mesmo modo que a alegria, o amor feliz, animando a circulação dos fluidos vitaes, excita favoráveis reaccões em certas affecções de languidêz. 0) Vid. o 3.° tomo da minha physiologia das paixões. DE MEDICINA. 341 O amoré sobretudo o remédio da melancolia, da hy- pochondria, da tristeza, do aborrecimento, da nostalgia, do desgosto da vida e da inclinação para o suicídio. Que a paixão de amor se apodere do coração de um des- ses homens fatigados de misérias e decepções da sua exis- tência, c eil-o logo transformado ; tudo muda para elle, os desejos nascem, a esperança brilha, o futuro se illumina. Entregue todo inteiro aos novos gozos que o solicitam, esquece seus males passados e se deixa brandamente arrastar para a felicidade. Também se tem visto o amor produzir mudanças maravilhosas nas faculdades intelleetuaes e moraes. Uraa vontade forte tudo pôde, ecom o amor a vontade é forte. E' esta uma verdade apoiada sobre factos. Tissot falia de um jovenque, na idade de 20 annos, pa- recia ainda tão lerdo, que teria sido o joquete da socie- dade, se sua bondade e doçura não desviassem a zombaria; ignorante quanto se pôde ser, sua conversação era com- nium, c mesmo trivial. Namorou-se de uma moça hespanhola muita bonita que não conhecia a lingua franceza e que nenhum de- sejo tinha de a aprender. Sua paixão tornou-se violenta ; para conversar com sua amada, póz-se a estudar a sua lingua ; no fim de um mez pôde sustentar uma conversa, depois pouco a pouco sua linguagem tornou-se animada, fácil, cheia deidéas e de encantos : finalmente suas fa- culdades adormecidas recobraram sua liberdade ; no fim de quinze mezes, estava um homem perfeitamente inte- ressante e instruído. A historia do pintor Quintino é celebre. Tinha elle exercido a profissão deferrador por espaço de dez annos em Anvers com o nome ueMessins, quan- do se namorou da filha de um pintor que lhe recusou, jurando que a não daria senão a um pintor. Forte por sua paixão, deixou o martello e tomou o pincel. Em breve se fez tão bom pintor que o pai lhe concedeu a filha com o maior prazer. Elle obteve celebridade e os quadros que delle restam são ainda preciosos. Algumas vezes tem-se empregado o amor como anta- gonista de outras paixões : assim a embriaguez , a preguiça, a ambição podem ser curadas por uma al- feição honesta, que se apodere com força da alma do indivíduo. 342 DICCI0NAR10 Tratamento preventivo e curativo da paixão pelos meios moraes e religiosos, pelo antagonismo e diversão de sen- timentos. Haverá meios de prevenir e curar um amor desregrado ou contrariado ? Sim ; e é útil conhecel-os, porque o mal de amor é fre- qüente e seus effeitos bem desastrosos, como temos visto. A therapeutica offerece-nos três ordens de meios, que devem ser postos em acção concurrentemente : os meios moraes, os meios hygienicos e os meios medica- mentosos. Primeiro que tudo deve procurar-se impedir o des- envolvimento do amor antes da idade própria, ou em condições inconvenientes. No estado da nossa civilisação, é impossível afas- tar dos jovens todas as causas predisponentes e de- terminantes da paixão, que precedentemente men- cionamos. Todavia é fácil dar uma educação menos effeminada, menos vã; ,dar menos importância á dansa, á musica sentimental'*,, conceder á raocidade uma liberdade mais judiciosa. E' fácil expulsar do seio da família os ocio- sos, os lisongeiros, as pessoas de uma ordem superior ; moderar esses gostos de vaidade e affectação que atra- íram as vistas. E' fácil evitar, em presença da moci- dade, essas conversações graciosas, levianas, equívocas que fazem trabalhar a imaginação, excitam a curiosidade, ou ferem o pudor. Chegada a idade do amor, que conducta se deve ter ? « Quereria , direi com Bernardino de Saint-Pierre, « que os jovens pudessem cultivar o sentimento do « amor no meio de seus trabalhos. Não impor a « idade , logo que se é capaz de sentir e capaz de « amar. « O amor honesto suspende os desgostos, expelle o « aborrecimento, arreda de todos os perigos; preenche « a vida de mil perspectivas deliciosas, mostrando no « futuro a mais afortunada das uniões ; elle redobra no « coração dos dous amanteso gosto do estudo e doscui- « dados domésticos. Os jovens formam assim seus cos- « lumes, e os doces sonhos do futuro os sustentam no « amor do dever e da virtude. « Quem sabe se essas escolhas livres, essas ligações « ternas e puras não fixariam o espirito inconstante que « se diz natural ás mulheres? DE MKDICINA . 3Y3 « Elias respeitariam melhor os nós formados por ellas « mesmas. Se sendo melhores ellas procurara agradar a « todos, não será talvez porque em quando moças lhe t não foi permittido amar um só ? » Pôde crer-se que jovens, que bem cedo sentissem no coração um amor forte e digno delles, se profanariam, como tantas vezes fazem, nessas relações de um dia, dan- do-se em holocausto á belleza sem alma, ou mesmo ,á licença sem belleza? Um amor casto e puro, ateando-se na alma de duas jovens, pessoas honestas , preservando-as de funestas paixões, excita em uma, a coragem viril, a alta intelli- gencia , para se fazer um lugar no mundo, na outra a nobre ambição de se aperfeiçoar para tornar-se digna companheira e boa conselheira. Para reconhecer o amor, quando os symptomas que temos descripto excitam suspeitas, é algumas vezes ne- cessário recorrer a diversos estratagemas, como o tem feito vários médicos celebres. Foi assim que Hippocrates descobriu o amor de Perdíccas por Phyla, amante de seu pai: que Erasistrato reconheceu a causa da doença de Antiochus, morrendo por Stratonise, sua madrasta ; que Galeno formou um juizo tão seguro sobre Justina, namorada do histrião Pilade. Ha poucos médicos que não tenham tido occasião de patentear um amor oceulto que rôa o coração de um dos seus doentes. O melhor meio a oppôr a um .amor violento ou contrariado é a posse ou a esperança de possuir o ser querido. Porém, se certas circumstancias se oppõera ao casa- mento, é preciso que a paixão se não torne raais ardente e procurar abafal-a o mais cedo possível. A maneira mais segura de o conseguir é fugir promp- tamente ao perigo. (1) Será necessária uma viagem, uma ausência prolongada; poderão mandar-se as moças para uma outra família, onde encontrarão pessoas es- tranhas ás perturbações da alma, e vivendo socegada- mente. Ovidio, o grande mestre em igual matéria, diz que a ausência e as viagens são de um soecorro soberano para remediar o amor desgraçado ou desesperado, raesmo sendo inveterado. Procurar-se-ha para as pessoas, cujo espirito è incons- (I) Vid. o tomo 3.° da minha pylisiologia das paixões no artigo amor, os reunidos que aconselhamos. 3» DICCI0NAR10 tante, suaves divertimentos, as distracções, a frequen- tação de pessoas espirituosas e alegres, as occupações serias do espirito, os trabalhos manuaes que fatigam o corpo e captivam a attenção. O que raais que tudo é necessário a uma alma enferma de amor é uma outra alma que possua sua plena con- fiança. As mais das vezes é esta pessoa escolhida para as confidencias quem fará a cura. Primeiro esforce-se ella por captar a benevolência por meio de uma terna compaixão, uma constante attenção ás dores e ás queixas do infeliz amante. Rodcal-o de cui- dados affectuosos, sendo de uma indulgência sem limi- tes, considerando o amor desenfreado como uma febre que não é possível aplacar pela simples forca da vontade. Procurará combater o amor pela amizade; a ami- zade dos pais, dos parentes, dos amigos pôde operar uma feliz diversão. De tempo em tempo deixará escapar como por acaso uma palavra de prudência, uma observação sabia, um conselho razoável. Se viu que o amante peccou contra uma das leis do amor, mostrando amor próprio, orgu- lho, cubiça, ou manifestando desígnio egoísta, apodere- se desse motivo ; uma revelação feita a tempo produz sempre um grande effeito. Quantas vezes se tem assim curado amores inveterados! Os meios moraes.a empregar contra o ciúme, deverão variar segundo as indicações. Aos velhos, devassos e extravagantes, que se casam com mulheres moças e pretendem encadear seu coração inconstante, aconselhamos para acalmar sua impotente e ridícula dôr que repitam o grito de vingança de Ar- nolpho, de Molière: Ha nos infernos caldeiras feri-entes, Onde são mergulhadas as mulheres mal-viventes. Quando o ciúme tiver seu principio em um capricho da imaginação, haverá recurso aos meios mais capazes de acalmar os temores chimericos do doente ; cuidados assíduos, caricias affectuosas, distracções habilmente escolhidas, tudo será empregado com discernimento. Presumindo-se que o mal do cioso provém do conhe- cimento que elle tem da sua inferioridade, da sua fra- queza, esforçar-se-hão em mostrar-lhe uma preferencia exclusiva, farão valer em toda a occasião as suas meno- res qualidades. DE MEDICINA. 3'l5 O ciurae pôde algumas vezes curar-se pelo ciurae. (1) Uma senhora vivia desde muito tempo atormentada pelas incessantes contendas de seu marido cioso ; eu lhe aconselhei que fingisse pela sua parte um ciúme ainda mais forte. Este meio produziu bom effeito, O grande segredo para tratar a paixão, é oppôr-lhe por antagonismos, hábitos de bem fazer, aos máos há- bitos. Não devemos procurar comprimir, extinguir a actividade humana ; não queremos a apathia, a indiffe- rença, porém é preciso dirigir as faculdades moraes e conduzil-as para o que é bello e bom, quando ellas se têm dividido. Aos arrebatamentos de um amor desre- grado procurem substituir outros sentimentos pode- rosos ; o amor do trabalho, o amor da gloria, o amor de Deus. Espalhando a intelligencia, a vontade e o co- ração sobre diversos exercicios, faremos reinar a har- monia nas inclinações: Divide et impera. As lições de uma moral religiosa devem secundar nossos esforços. A religião obrará poderosamente sobre o coração, ella reprimirá os desvios da imaginação, re- gularisará as acções e fará voltar por suas praticas a sentimentos mais puros e mais doces. Recommendamos a indulgência para as pessoas trans- viadas pelo amor, mesmo tendo cahido em faltas graves. Uma severidade fria e inflexível afasta para sempre do bom caminho, emquanto que uma terna benevolência pôde conduzir a elle. « E' muito natural, diremos nós cora umjudicioso « autor (J. Franck), que o homem desprezado e repellido « pela sociedade se torne cada vez mais a presa de sua des- « ordem e que seu espirito se exaspere. Pelo que de- « sejamos que as senhoras que dão o exemplo nas so- « ciedades não repillam as jovens solteiras ou casadas « que o amor cegou, e que não despedacem sem pie- « dadesua reputação como acontece commummente,mas « que ao contrario as protejam com seus conselhos e pro- « tecção. » Tratamento pelos meios hygienicos. Na therapeutica do amor a hygiene representa um papel importante, ou seja para prevenir o desenvolvi- mento da paixão, ou para auxiliar sua cura. (1) Vid. o Terceiro Tomo da mesma Physiologia das lãixões o artigo ciúme. d . vi. 44. :;\(i DICCIONARln Sabe-se que os temperamentos sangüíneo e nervoso predispõem para a paixão: ha pois necessidade de modi- ficar a predominância funccional por um regimen apro- priado. Restituindo a harmonia ao jogo do organismo se facilitará maravilhosamente a expansão regular das faculdades do coração, do espirito, e a harmonia na vida è a virtude. O regimen alimentar é de grande importância para combater as inclinações eróticas. Na época da puberdade as moças são muitas vezes ata- cadas de fortes excitações nervosas que têm sua in- fluencia perturbadora sobre as funcções digestivas : o ap- petite se perde, dores vivas irritam o estômago depois da comida. Ora a dieta eosdebilitantes não fazem mais do que aggravar as desordens nervosas e predispor á paixão, devem apressar-se em fazer supportar uma alimentação substancial, tônica (carnes assadas, ovos, caldos), que dão os materiaes indispensáveis para a nu- trição. Nos jovens, pelo contrario, é preciso muitas vezes acalmar às forças luxuriantes cia vitalidade, um regimen simples grosseiro, mesmo de digestão difficil será con- veniente. Evite-se para ambos os sexos os manjares muito adu- bados, demasiado suceulentos. O melhor adubo con- siste nos exercícios do corpo. Se os vinhos excitantes, o café, as bebidas fermentadas, não são inteiramente proscriptas não se devem conceder senão excepcional- mente. « A preguiça enfraquece o corpo e a alma, o trabalho « os fortifica, disse Celso. » Os antigos, penetrados desta verdade, faziam da gymnastica a base da educação na- cional. Os moços davam-se a exercicios de que as mulheres não eram excluídas. Imitemos iguaes exemplos e não deixemos languir a mocidade em uma moleza ener- vante, origem de moléstias de nervos, de languidez e de amor. Occupando os moços em exercicios fatigantes não só se exercita o corpo fortificando-o, como se oppõe uma feliz diversão a suas inclinações desregradas. Os passeios, as corridas^ os jogos, as dansas e alguns exercicios gymnasticos são recommendados ás meninas: quanto aos moços, se lhe ajuntará a esgrima, a natação, a equitação, e a gymnastica completa. Muitas vezes tem-se notado que a caça tem o poder de prevenir ou de combater o amor. DE MEDICINA. 347 « Fizeram Diana inimiga de Yenus, diz o autor de « Emile, e a allegoria ê muito justa: os langores do « amor nascem em um doce repouso, e um exercicio « violento abafa os sentimentos ternos. » A musica faz parte da educação; ella tem uma grande influencia sobre os, costumes; porém evite-se com cuidado, para as moças e mais pessoas affectadas do mal de amor, a musica capaz de suscitar emoções muito vivas do coração; as árias alegres cheias de vivacidade devem ser escolhidas com especialidade. O canto é um exercicio que fortifica os órgãos da res- piração, e os da digestão. Quando a fadiga do corpo exige repouso, faça-se de modo que esse repouso não seja absoluto. Aos exer- cicios do corpo devem succeder-se os do espirito. « lia espíritos, diz Montaigne, que se não os occu- « parem em algum objecto que os prenda e cons- « tranja, lançam-se por aqui e por alli em vagas ima- « ginações; não ha loucura nem extravagância que elles i não produzam nessa agitação. » As pessoas moças evitarão sempre as vigílias pro- longadas. « A vigília, diz Hippocrates, dissecca o corpo, e o « somno o humedece. > Sete ou oito horas concedidas ao somno são sufficientes. Pela manhã não ficarão na cama sem dormir; o tempo assim passado seria fu- nesto para as disposições eróticas. A cama deve ser dura, de colxões de lã, é melhor de crina; uma cama molle, onde o corpo se enterra nas penas, enerva-o como á alma. Muitas vezes será útil aconselhar aos doentes de amor uma demora prolongada no campo: o socego e os grandes espectacuios da natureza apaziguarão os ardores desordenados da paixão. Todavia, ê necessário que uma sociedade attrahente seja capaz de distrahir a fixidade das idéas. As viagens fazem nascer distracções que mudam os sentimentos, e exercicios que fortificam a saúde. Cor- rendo de cidade em cidade para admirar as maravilhas da arte; subindo montanhas cobertas de gelos eternos ; approximando-se ás bordas de um abysmo mugidor ; contemplando as vastas e magestosas planícies do mar, a alma se destaca das vãs agitações da terra e penetra nas profundezas da eternidade: ella se despoja das miseráveis ninharias da paixão para se tornar melhor, 348 M('.C,I0N\ni0 Tratamento pelos meios medicamentosos. Fazemos agora conhecer os agentes medicamentosos que temos visto ser efficazes no tratamento das affecções geradas por um amor desregrado. Contra as conseqüências de emoções violentas. Aconitum. Quando ha dôr de cabeça, face vermelha, calor febril, sangue pelo nariz, pulso cheio, oppressão do peito, pancadas violentas do coração; principal- mente nas pessoas sangüíneas. Belladona. Depois do aconitum, quando os symp- tomas não foram de todo dissipados, e que haja além disso notável excitação do systema nervoso. Chamomilla. E' sobretudo indicada nas mulheres para combater os symptomas de agitação nervosa, com tremura, desfallecimento, exaltação de imaginação, grande affluencia de idéas. Perturbações digestivas. Nux vomica. Pouco mais ou menos nas mesmas con- dições, porém nas pessoas de ura caracter vivo, imi- tavel, habitualmente constipadas. Pulsatilla. Fará bem nas mulheres louras, melan- cólicas, pouco menstruadas, que soffrem violentas pal- pitações do coração. Contra a exaltação do appetite venereo. Phosphorus. Nas pessoas de constituição fraca, ph- tisicas, cahidas no abatimento e debilidade, tendo continuados desejos do coito, e um appetite venereo muito exaltado com polluções muito freqüentes. Cantharidas. Contra os symptomas de priapismo, isto é, contra os desejos excitados no mais alto gráo, com erecções dolorosas, incessantes e de longa duração. Perdas serainaes involuntárias. Carbo vegetabilis. Quando ha prostração de forças, petuitas do estômago com calor ardente. Affluencia de pensamentos voluptuosos. Polluções freqüentes. China. Quando, apezar de ura grande enfraquecimento da constituição, existem idéas lascivas cora desejos imperiosos. Polluções seguidas de prostração externa. E' o medicamento mais próprio para restituir as forças esgotadas das pessoas que têm feito excessos venereos. Phosphori acidum. Pódc dar-se em seguida princi- palmente quando ha uma grande fraqueza nervosa nos jovens cuja constituição foi rapidamente arruinada pela perda do licor seminal. Contra as conseqüências de um amor desgraçado: Ignatia amara. Se ha pezares insuperáveis. Amor á solidão. Gemidos, suspiros, queixas. Somno agitado, DE MEDICINA. 349 interrompido. Dores de cabeça, pallidez; falta de ap- petite, digestões trabalhosas, anxiedade no epigastrieo ; chlorose, accessos de hysteria. Phosphori acidum. Muitas vezes depois da fava de Santo Ignacio, sobretudo quando se observa uma grande fraqueza physica e nervosa, com grande disposição para a transpiração. Magreza com côr doentia, somno- lencia de dia, morosidade, taciturnidade. Repugnância para a conversação. Hyoseyamus niger. Quando ha melancolia, angustia. Temor de ser enganado, ciurae imperioso. Divagações, delírios lascivos, manias. Sobre-excitações nervosas, affecções espasmodicas. Lachesis. Será bom depois do meiraendro negro. Aurum. Na melancolia com inquietação e desejo da morte. Amor da solidão. Vontade irresistível de chorar : grande angustia que chega a causar o suicídio. Staphysagria. Quando ha humor hypocondriaco com índifterença por todas as cousas. Tristezas com receio do futuro. Lagrimas e pezares pungentes. Desejo da morte. Irascibilidade e desgosto excessivo. Helleborus. Em alguns casos em que ha melancolia taciturna com suspiros contínuos. Angustia. Preguiça. Desconfiança. Morosidade. Insomnia. Observar-se-ha com muita attenção, se ha vicio dea- thesico ou doença constitucional que entretenha a paixão ; nesses casos é modificando as disposições mór- bidas que se restituirá a ordem, a moral perturbada. Sulphur, calcarea corbomca, mercurius solubilis, io- dium, arsenicum, álbum, silicea, etc, são muitas vezes indicados para corrigir os vicios morbificos originaes ou adquiridos. As águas mineraes sulfurosas, alcalinas, salinas, ar- senicas, iodeas, poderão substituir vantajosamente os medicamentos acima indicados, porém é preciso to- mal-as na sua nascente. As águas artificiaes ou con- servadas não merecem tanta confiança. Das causas physiologicas e sociaes da libertinagem, da prostituição e do onanismo. O homem acha em si mesmo a causa primaria de suas desordens e desgraças. Rei da creação, é de todos os seres o que pôde con- seguir mais prazeres; dotado de uma sensibilidade exquisita no physico,como no moral, resente viva- mente os gozos, e os eleva ao gráo de seus desejos. 350 DICCIONARIO Possuindo uma imaginação ardente, saboreia antici- padamente as voluptuosidades e prolonga as sensações muito além do momento em que ellas se produzem. Usando de um privilegio a elle só concedido, está apto , em todo o tempo, para gozar os prazeres do amor. Sua liberdade lhe permitte o abuso, e seu gênio lhe dá os meios de os corromper com indignos artifícios. Além disto, vivendo em sociedade, o homem encontra uma fonte perenne de solicitações á voluptuosidade, pela continua approximação dos sexos, pelas commu- nicações intimas dos sentimentos , pelos incessantes cuidados de agradar um ao outro. Os climas quentes, a hereditariedade, os tempera- mentos sangüíneo e nervoso, predispõem particular- mente á exaltação dos appetites sensuaes. Se a época da puberdade arrasta com violência para o turbilhão das paixões e prazeres illicilos, é sobre tudo em uma idade mais avançada que sobrevêm esses gostos eróticos, que procuram os requintes da devassidão e provocam os mais tristes desvios. Sabe-se qual a influencia estimulante que sobre os órgãos genitaes produz uma alimentação succulenta, aromaticamente temperada e regada de* vinhos gene- rosos. A mór parte dos libertinos são grandes come- dores ou gastronomos famosos. A sociedade com seus requintes de civilisação, é mister dizel-o, muitas vezes só tende a perverter a natureza humana. A religião, essa salva-guarda da alma, que ordena amorlificação dos sentidos fazendo florescer a castidade, como a mais fecunda das virtudes, não é bastantemente ouvida e respeitada ; e aquelle que a despresa ou a encara com indifferença, mais facilmente se deixa arrastar pela corrente da libertinagem. A nossa educação, tão molle e efferainada, tão vã e descuidosa, está longe de poder oppôr uma muralha assaz resistente á torrente cia corrupção. Exaltando as faculdades do espirito, ener- vando os sentimentos do coração, não dá á raocidade essa enérgica robustez, que sabe resistir, essas vir- tudes fortes, que triumpham das tentações. Eis que chegam oslanguidos commodos da ociosidade, que fazem nascer necessidades fictícias, vagas e incessantes aspirações, frivolaseperigosas pesquizas; eis os bailes, os espectacuios, as intrigas, divertimentos que fazem aspirar a voluptuo- sidade por todos os sentidos; depois vêm os romances, obras dessa litteratura ruim, invelecida e grosseira , cortezã lisongeira, que faz a corte ás más inclinações. DE MEDICINA, 351 Poderá uma virtude frágil, impellida daqui e dalli, deixar de ir de encontro a mil escolhos e fazer um triste naufrágio? Na hora do casamento, o homem se liga á mulher por um laço indissolúvel, com uma leviandade-e um abandono incomprehensiveis. De um lado o dote, do outro a posição, se isto convém, é bastante para que se faça. Pouco importa que haja ou não sympathia de caracteres, de gostos, de tendências. Os esposos não são preparados, iniciados para as difficuldades da vida em commum, e elles quasi nunca têm esse tacto, essa de- licadeza, essas attenções que lhes são necessárias; de modo que, a chamma do amor em breve se extingue nessas uniões e depressa sobrevêm a frieza*, a indif- ferença e a repulsão. A mulher acha-se exposta aos perigos das lisonjas e dos galanteios dos homens; o homem não aprendeu a diílicil sciencia de dominar seus sentidos. O que acontece muitas vezes ? O adultério!... Elle se deprava nesses casaes, como uma flor em face de um ardente calor. Para augmentar a desmoralisação, o luxo desenfreado que consome as rendas e arrasta á desordem para obter novos recursos, desperta-se a concupiscencia pela garri- dice dos adornos. A corrupção dos costumes nasce também do des- potismo dos governos, da grande desproporção das classes e da desigualdade das fortunas. Privados dos direitos políticos pela soberania de um só, os subditos se indem- nizara de sua inacção social precipitando-se no meio dos prazeres; e os déspotas favorecem a sensualidade para mais facilmente reinar sobre um povo amolle- cido. Notar-se-ha também sempre uraa grande des- moralisação nos paizes onde os homens poderosos pos- suem tudo, em que o povo, dado ao trabalho do ter- reno, nada tem para si. O commercio só se torna uma origem de corrupção nas sociedades, por causa das riquezas que accumuia. A opulencia gera a molleza e a ociosidade sobrexcita a cubiça, e prodigaliza thesouros para augmentar o gozo, ainda os mais estravagantes. Foram as immensas riquezas do povo romano que permittiram a Antônio e Cleopatra beberem pérolas dissolvidas em vinagre, do custo de milhões; a Nero, Caligula e Vitelio engulirem os thesouros de muitas províncias em uma só de suas orgias. A prostituição é as mais das vezes o refugio das des- 352 D1CCI0NARI0 graçadas moças operárias, ou domesticas deshonradas por'uma primeira falta. Pais imprudentes as repelliram, amantes infleis as abandonaram, amos devassos as ex- pulsaram. Muitas vezes odiosas manobras vendem, com- pram, exploram como uma mercadoria, a innocencia frágil e sem experiência. O amor dos enfeites, do luxo, a preguiça impellem algumas mulheres para a devas- sidão. Outras são levadas a esse ponto pelo excesso da miséria, a nudez absoluta, perda dos pais, o abandono completo. Duchatelet também notou em seus quadros, como causa determinante em alguns casos excepcionaes, mo- tivos louváveis e bem tristes de confessar : algumas mulheres procuram nesse vil meio, recursos para sus- tentar pais pobres ou enfermos, irmãos ou irmãs orphãos, para alimentar seus filhos, a quem a morte do pai deixou na indigencia. E' sobre tudo nas classes das costureiras, lavadeiras, modistas, etc, que se offerecem mais victimas a esse medonho quadro da devassidão. As officinas são focos de corrupção, de funestos effeitos. A masturbação é algumas vezes devida a uma doença. Por isso, ella pôde ser occasionada por impingens nas partes genitaes, pela phimosis, paraphimosis, accumula- ção de matéria sebacea, existência de vermes no rec- tum, as flores brancas, o priapismo, a nymphomania, a irritação do cérebro, o idiotismo, a phtisica pulmonar. Tem-se notado que certas posições durante a vigí- lia e o somno, as occupações que exigem que se esteja muito tempo sentado (alfaiates, sapateiros, etc.), a ad- ministração de purgativos, principalmente o aloes ; o uso das substancias aphrodisiacas, taes como o peixe, as especiarias, os licores alcoholicos, sobretudo a cer- veja, favorecem o desenvolvimento desse vicio. Todavia a masturbação é as mais das vezes deter- minada pelo prematuro despertar dos órgãos genitaes, por desejos precoces provocados por uma imaginação desregrada. E' principalmente nas casas de educação que o con- tagio do máo exemplo exerce terríveis estragos. Algu- mas vezes é preciso remontar á primeira infância para achar a causa primaria dos actos vergonhosos. Os criados, tão estúpidos como corrompidos, os amos que deviamser guardas da innocencia, não recuam diante da infâmia de servir-se de seres sem razão á sua odiosa lubricidade. DE MEDICINA. 383 A abstinência absoluta não éde ordinário a causa de doenças. Acabamos de ver quanto o homem é levado, por sua natureza e pelas relações sociaes, aos prazeres da sensualidade. Comtudo a moral não perraitte as relações sexuaes senão no casamento, e a religião catholica impõe o celi- bato aos ministros do culto e ás pessoas que professam nas ordens religiosas. Será possível que o homem guarde continência na idade em que os órgãos genitaes têm feito sua inteira evolução ? A continência absoluta constitue ordinaria- mente uma causa de doença ? Estas graves questões têm sido por muitas vezes deba- tidas . Muitas pessoas, e mesmo physiologistas e médicos distinctos, têm a este respeito opiniões errôneas que nós não podemosadmittir. Apoiando-se, por um lado, sobre o que o instincto gerador tem de imperioso, sustentam que o homem não pôde constranger-se pela força única de sua vontade. De outro lado demonstram que Deus fez do complemento regular das funcções orgânicas uma condição de saúde e vida, dizem que o homem continente se prejudica a si mesmo. Dahi concluem, em nome da liberdade humana e dos direitos imprescriptiveis que ella reclama, em nome da natureza e dos deveres sagrados que ella prescreve, que, querer impor a continência á mocidadé, e o celibato religioso a certos indivíduos, é a raais odiosa e a mais immoral das tyrannias. São raciocínios especiosos que é preciso ter coragem para os combater, e combater alta e vigorosamente; porque, se fossem verdadeiros, não teríamos mais do que calar-nos: não nos seria permittido levantar a voz para stigmatizar a corrupção, para condemnar as rela- ções sexuaes fora do casamento. Não deveriam então ser toleradas todas as desordens ? Não seria necessário protestar contra o celibato religioso, essa sublime vo- cação que tanto realça a humanidade aos olhos dos homens sem prevenção ? côm tanto que elle seja voluntário e sincero. As leis da natureza estão sempre de accôrdo com a moral. Quando as investigações scientiíicas chegam a decretar uma lei que contraria a moral e a religião, deve-se desconfiar delia, ha alli um erro occulto. Em tal debate, o que diz a sciencia interprete da d. m. 45. 3oí DICCIONARIO natureza ? Demonstra pela experiência e pela physiologia, que é possível ao homem ser continente durante um certo tempo, mesmo por toda a vida ; que a continência não prejudica em geral a sua saúde. O homem e a mulher são poderosamente inclinados á juncção sexual, isso é verdade ; e o Greador assim o qu iz para assegurar a conservação da nossa espécie : porém quando dizeis que o instincto gerador é irresistível, seguramente sois inspirados pelo que se passa á roda de vós, do que vedes em um horizonte acanhado, do que produzem as educações viciosas, dos costumes relaxados, das vontades enervadas, das incessantes solicitações mundanas. Estendei o campo de vossas investigações. Ide, e observai um centro mais calmo e mais puro, onde a moral é rigida, onde o espirito seja superior á matéria, onde não entrem as agitações do século. Observai nas communidades, nos seminários moralisados, nas famí- lias modelos. Alli vereis que as necessidades venereas são tardias, moderadas, e que cedo se extinguem quando não são satisfeitas nem irritadas. Eis o que ensina a experiência. Interroguemos a physiologia. Ella nos diz que se pôde gozar saúde sem exercer certas juncções. O camponez exercita muito sua intelligencia, e o preso seus órgãos de locomoção ? Ainda nos diz mais que a inacção dos órgãos destroe pouco a pouco o desejo instinctivo de exercer a funcção. Porque não acontecerá o mesmo com os órgãos genitaes ? Quanto aos materiaes da geração, sabemos que a natureza se desembaraça delles facil- mente quando não são utilisados: no homem as pol- luções espontâneas evacuam o licor seminal quando ha accumulação; na mulher os menstruos ou regras, pOf suas evacuações periódicas, eliminam os óvulos que não são fecundados. Estes phenomenos, puramente physiologicos, previnem os occidentes plethorico» de que a privação dos prazeres do amor poderiam ser causa. Comtudo tem-se attribuido certas doenças á conti- nência. Hippocrates, Galeno, Fernel, Rivièrei Hoffmann, e muitos outros, contam algumas observaeões em que a abstinência sexual parece ter produzido' uraa exal- tação mórbida dos órgãos genitaes, e mesmo desordens mtellectuaes muito notáveis. Segundo estes observado- res-, acontinencia absoluta exporia o homem á satyriasis, a impotência; a mulher ao furor uterino ounympho- raania, aohysterismo, á esterilidade; finalmente os dous DE MEDICINA. 3Ò3 ^exns a nevroses variadas, á alienação mental, a uma morte prematura. As modernas observações médicas reduziram ás suas justas dimensões o quadro assaz extenso das affecções mórbidas que podem manifestar-se nestas circum- stancias, desculpando a continência dos prejuízos chime- ricos que lhe attribuem. E' fácil de demonstrar que os fados apontados são raras excepções; que os indiví- duos atacados tinham predisposições para a doença que <>s atormentava. E' isto o que se pôde observar na his- toria tão conhecida do cura Blanchet, contada por Burdack e Buffon. Esse joven ecclesiastico, rigido observador de seus votos, e que as leituras ascéticas tinham começado por perturbar sua intelligencia, cahiu cm melancolia, tomou horror aos homens, e a si mesmo, e mais de uma vez entrou em accessos de furor. Uma vez, logo depois de ter suspendido o effeito de uma pollução nocturna, teve visões de mulheres rodeadas de uma aureola electrica ; depois julgou-se possuído do demô- nio ; depois iraauinou que elle era Achilles, Alexandre, Henrique IV. Finalmente, segundo a relação que fez de sua extravagante doença, só recobrou a saúde de- pois de uraa abundante evacuação de humor seminal. Porém lendo a observação em seus detalhes, se viu claramente que o sujeito esteve sempre sob a in- fluencia de uma exaltação maníaca. A retenção do esperme nada tem com a doença. E' mais ao abuso das voluptuosidades sensuaes do que á sua abstinência virtuosa, que se devem attribuir as doenças que temos mencionado; tal é a opinião seriamente amadurecida dos homens pensadores que temos lido. Quanto á duração da vida, tomando em conta as recentes investigações estatísticas, deve-se concluir era vantagem da castidade religiosa para o prolonga- mento da existência. Mas confessemos que este modo de elucidar a questão dá lugar á contestação, porque muitas causas, tanto physicas como sociaes, fazem variar os casos de longevidade tanto de um como de outro lado. , . Seja como fôr, podemos concluir que a natureza não se oppõe á continência, quer temporária, quer continua. E' um estado excepcional, é verdade ; mas não prejudica, nem á saúde, nera á longevidade da- quelles que disso se comprazem. E' preciso reconhecer essa sabedoria divina do 350 DICCIONAIUO Greador, que não podia punir-nos, por ura soffrimento immediato por não preenchera funcção da reproducção. Uma sensação imperiosa nos adverte para satisfazer a fome, a sêdc, porque essas funcções são necessárias á conservação do indivíduo; mas a da reproducção que pede a junção de dous indivíduos, que impõe sérios deveres, não devia ser irresistível, e o homem devia ser livre, e senhor de si mesmo nessas relações que não o interessam a elle só. O cérebro tem uma influencia poderosa sobre a actividade funccionaria dos órgãos genitaes. A con- cupiscencia provém mais vezes das excitações de uma imaginação depravada do que das solicitações dos sentidos. Aquelle que, mergulhado na moleza e indolência, acaricia seus sentidos, que se occupa de idéas lubricas, procura sociedades e conversações licenciosas, será incessantemente impellido para a libertinagem, por uma secreção mais abundante de fluido seminal. Pelo contrario, o homem cuja intelligencia é absor- vida por graves pensamentos, com o coração occupado de nobres sentimentos e o corpo fatigado com rudes trabalhos, não elaborará mais que uma pequena quanti- dade de esperme e será pouco atormentado por sugges- tões do appetite venereo. Quanto á mulher, a castidade é para ella mais fácil de guardar, porque não tem como o homem secreção particular que venha estimular os órgãos. Porém se na época da puberdade ella se entrega a distracções voluptuosas, se exalta a imaginação com leitura de romances, se se abandona ao turbilhão dos prazeres e das intrigas, por certo sobr'excitará o apparelho genital, resentirá vivamente a necessidade sexual, será constrangida a sacrificar-se-lhe, contratura hábitos funestos; ou, para melhor dizer, desejos violentos não satisfeitos trarão essas perturbações nervosas, que quasi sempre são evitadas por uma vida socegada e de bons costumes moraes. Retrato do dcvassOj da meretriz e do masturbador. Descuret, fallando das causas da libertinagem e do modo por que ella sobram, se aproximam e se combinam para produzirem o desregraraento doscosturaes, diz que um bom numero de mancebos principiam pelas vergo- nhosas manobras da masturbação. Por muito tempo aspiram a liberdade para se lançarem no campo do des- DE MEDICINA. 357 conhecido. Chega a hora; em breve aproveitando-se do descuido do pai e da fraqueza da raãi, sacodem o jugo da autoridade, afastam-se do santuário da família, e eil-os no meio do turbilhão dos prazeres, dando o mais puro de sua alma á primeira meretriz que lhe appa- rece : ou saboreando o primeiro fructo de amor com al- guma pobre moça a quem enganam. Depois, cada vez mais ávidos, correm de uma á outra, enganam e são en- ganados, deshonram e são deshonrados. Nesse commer- cio impuro em breve marcham todas as flores.d'alma, logo se desfolham uma por uma e são lançados ao vento todos os sentimentos do coração. Pouco tempo basta para que esses jovens fiquem saciados de gozos communs. Então buscam outros mais raros e affrontam os maiores escândalos. Finalmente os hábitos inveterados do de- boche não podem mais ser abandonados, e muitos ficam celibatarios para mais livremenle continuarem sua vida dissoluta. Os costumes das moças differem segundo sua condição, ou humilde ou elevada. A operaria é bem cedo abandonada, sem guia, nas fabricas, oíficinas e armazéns, focos de corrupção. Alli a esperam todo o gênero de seducções : seducção do co- ração e dos sentidos; seducção de dinheiro; seducção de vaidade, de ambição; seducção a cada passo, a cada instante. Que quereis que ella faça? Que resista? Ah 1 para isso seriam necessárias virtudes bem sólidas ; seria preciso um trabalho mais lucrativo que pudesse susten- tal-a e entretel-a ; uma posição menos precária que lhe assegurasse um futuro ; seriara precisas leis protectoras de sua honra, que a puzessem ao abrigo de indignas se- ducções. Aqui ou alli, cedo ou tarde, ella succumbe; isto é quasi inevitável para'um certo numero dessas in- felizes. Uma falta conduz á outra; e bem depressa, postas a pregão na sociedade, se mergulham cada vez mais no lodo do vicio ; e por este modo tendes a apren- diz á mulher mundana, á prostituta, segurado suas qua- lidades, seus attractivos physicos, seus talentos de in- triga, ou suas aspirações ambiciosas, em fim, segundo as circumstancias que as favorecem. A moça de uma ordem mais elevada recebe uma instrucção mais completa, brilhante mesmo; porém sua educação é mesquinha, balofa, acanhada, e não a pre- para sufficientemente para uma vida activa e séria. Uma moça, constantemente debaixo da vigilância materna, pouco mundo vê, e o vê de longe através de um pris- ma que sempre a engana: ella se embala pois com 3ü8 DICCION.VRIO illusões, crèa mil idéas chiniericas, e fica na ignorância da seductora realidaie das cousas. Também por isso ella só aspira a uma cousa, a emancipação, a liber- dade, só sonha com uma cousa, com o casamento, que as dá. Para a moça o casamento não é essa vida severa, cuidadosa, cora seus austeros deveres, seus pe- sados encargos; é a liberdade nas acções e prazeres, o luxo dos enfeites, as leituras, as sociedades. Quantos perigos amontoados sobre essa cabeça imprevidente ! Sabe-se como se formam a maior parte dos casamen- tos : é um negocio, negocio de interesse, de conveniên- cia, de ambição. Algumas vezes uma attracção reciproca, muito raras uma syínpathia profunda. Pouco se inquietam com a conformidade das idades, dos gostos, dos caracteres, das condições de tempera- mento, de saúde. Muitas vezes uma alma fresca acha-se em contado com uma alma desseccada; um coração ávido de emoções novas, com um coração gelado pelo abuso dos prazeres ; uma inexperiência cheia de franca candura com uma experiência de velho saciado e abor- recido. Esposos assim era desharmonia, quasi nunca estão preparados por seus hábitos para os costumes da vida domestica : do mesmo modo não estão familiari- sados com esse tacto, essa delicadeza de maneiras tão necessária para acordar vontades, attenuar-se mutua- mente as fraquezas e as enfermidades moraes. No meio de tantos escolhos, em algum se ha de bater. A amizade desapparece, o tédio a substitue ; depois sobrevêm a indifferença, depois a repulsão : logo vida á parte, cada um para seu lado. O marido airita-se no tumulto dos negócios todo o dia ; nas horas de repouso, á noite, não achando attrac- tivos no lar doméstico, vai ao botequim, á palestra. Alli encontra alegre sociedade que conta historias chis- tosas, cabalas de partidas finas exaltam os homens á boa fortuna repetindo todos os ruidos licenciosos dos bastidores. Não sendo mais retido pela união conjugai, quer ser heróe de aventuras, e eis que corre ás con- quistas e á libertinagem. E a joven mulher, que é feito delia no meio desse abandono ? Ella sonhará com o amor, com felicidades in- cessantes, e se acha face a face com a fria realidade das decepções 1 Então lança-se no galanteio, occupa-se de enfeites, corre de visita em visita, dá ouvidos á maledicencia, lê romances que lhe desenrolam existências phantasticas que ella compara com a sua. Depois, torna-se languida, DE MEDICINA. 359 suspira, deseja e acaba por ouvir as homenagens e as adulações dos homens. Enervada por uma atmosphera toda de languidez, no meio das ciladas, sente per- turbar-se-lhe o coração, seus sentidos se despertam e ella succumbe. Porque os ociosos são em grande numero minotauros terríveis que rondara em volta dessas bellas abando- nadas para as devorar. Elles alli estão, com o olho à mira, ventas no ar, para correrem no momento do desfalle- cimento e fascinar mais facilmente a sua presa. Surdos aos gemidos de suas victimas, insensíveis aos males que semeam sob seus passos, os libertinos nada respeitam, nem idade, nem posição, nem promessas solemnes, nem mesmo os laços do sangue. Caracter physionomico do devasso. Reconhecem-se facilmente aquelles que a devassidão tem sob seu império, porque ella lhç imprime o cunho da infâmia. Vedes esse homem secco e magro, com andar auda- cioso e provocante olhar lubrico, côr livida, chumbada ouarrôxada, debocca sardonica, hálito infecto, manei- ras livres e palavras indecentes ? é o libertino. Caracter physionomico do onanista. O joven que se entrega aos hábitos solitários do ona- nismo, tem a cabeça inclinada para o peito, o rosto sera expressão, a côr pallida, lábios descorados, palpebras inchadas e vermelhas: magro sem doença apparente; appetite voraz. Elle soffre uma fraqueza extrema e tem ura andar vaeillante : sua voz é rouca e surda ; gosta do isolamento e da ociosidade; foge dos jogos e dos pra- zeres. Suas faculdades intellectuaes são impotentes, sua imaginação gelada, seu coração fechado aos sentimentos nobres. Caracter physionomico da prostituta. Encontrareis em geral a prostituta caprichosa, tur- bulenta, tagarela por natureza, mentirosa por interesse, bemfazejâ sem discernimento; vendendo-se friamente a todos, mas conservando o coração a um miserável amante por ella escolhido e de que tem ciúmes. Dá-se á gula e á embriaguez para se distrahir de longos aborrecimentos, para abafar os remorsos, para 360 DICCIONARIO excitar suas ignóbeis complacencias. Convencida de sua abjecção, mergulha-se de vicio em vicio, torna-se invejosa, ladra, colérica e vingativa. Apezar das appa- rencias de descuidosa ou satisfeita, essa filha da alegria nem por isso carrega menos com o peso de sua igno- mínia, e muitas vezes a melancolia róe seu coração. A syphilis, producto da libertinagem.—Suas lesões e seus symptomas variados em seus modos de contagio.—Da ca- chexia venerea.—Metamorphoses da syphilis.—Sua in- commoda influencia sobre a raça, conforme a opinião do Dr. Descuret. Aquelles que se entregam ás desordens da concupis- cencia, expõem-se aos mais graves perigos, e é grande o numero de doenças que podem atacal-os. Uma das primeiras a contrahir no commercio das mulheres perdidas, é a syphilis. Debaixo do nome de syphilis ou doença venerea, se com- prehende uma multidão de affecções mórbidas de uma natureza especifica produzidas por um virus par- ticular contagioso; esse virus, sendo applicado sobre uma parte do corpo, pôde reproduzir-se, multiplicar-se e exercer depois de ter sido absorvido sua acção mal- fazeja sobre toda a economia. (1) Os médicos têm discutido muito sobre a origem e an- tigüidade do mal venereo : um grande numero delles dizem ser uma doença de origem moderna, e fixam sua primeira apparição na Europa no anno de 1494 ou 149ò\ Segundo uns, nasceu no cerco de Nápoles; conforme outros, foi importada do Novo Mundo pelos compa- nheiros deChristovão Colombo. Comtudo alguns sábios contemporâneos, B. Bell, Cazenave, Raymund, Lettré, a Dr. Gomes pretendem que o mal venereo já existia entre os antigos. Elles reuniram numerosos documentos desde o Levitico de Moysés até aos autores do XV século, em que se dá uma descripção assazexacta dos symptomas communs á syphilis. Foi só pelo XV século, que esta doença se tornou geral pela Europa. A syphilis é ainda hoje o que era antigamente : se a doença pareceu mais grave nos séculos passados, deve issso attribuir-se menos á grande actividade do virus, do que á maneira de tratar o mal. (i) Vid. a palavra syphilis. DE MEDICINA. 3(il Póde.encarar-soo mal venereo como um dos flagellos das nossas sociedades. Seria muito conveniente que a raocidade pudesse conhecer todos os perigos que a ameaça, quando se profana em commercios impuros. Sabe ella bem o que faz, essa mocidade tão ardente, tão cheia de seiva, que se lança de cabeça baixa e cega- mente, nesses receptaculos de vicios ignóbeis, para alli saborear apressadamente grosseiras sensações da carne ? Sabe ella que abafa em seu germen os generosos ins- tinetos de sua alma, que embrutece as nobres inspi- rações de sua intelligencia, que gasta suas forças, enve- nena seu sangue, abala sua saúde ? Sabe ella, que, mais tarde, quando procurar no ca- samento a calma e o repouso, será devorada pelos re- morsos, vendo sua progenie manchada de stigmas inde- léveis, resultados inevitáveis das passadas desordens ? Jovens, aprendei primeiro o que custam os prazeres equívocos da devassidão; depois arriscai-vos se o ou- sardes. Entrai commigo no hospital que só recebe desgra- çados amantes do vicio impuro; é alli que achareis lições salutares, porque alli estão patentes todos os males com seus—lugubres cortejos !— Ura está affectado de um corrimento continuo de pus esverdeado pela uretra, corrimento que causa vivos soflrimentos; pôde durar muitos mezes e trazer comsigo estreitamento incuráveis do canal. O outro se queixa de cancros que roem os orerãos genitaes, e ganham, la- vrando, as partes vizinhas. Este tem abscessos profundos nas verilhas, abrem-se e derramam cada dia, e durante muito tempo, um pus sanioso, fétido, depois descollam a pelle e não se cicatrizara sem deixar traços indeléveis, aceusadores, inopportunos. Naquelle, o mal se apoderou da garganta, e ulceras rebeldes, são uma causa inces- sante de dores e inquietações. Em outros indivíduos ha as placas mucosas, as excres- cencias carnosas, esses figos, esses condylomas, queaf- fectam as partes genito-anaes, as tinhas asquerosas, os dartros ressumbrantes, esses males de olhos intermináveis, as ulceras roedoras da aza do nariz e dos lábios, as ver- rugas enormes, a calvice prematura, e toda essa serie de erupções cutâneas tão variadas; manchas roseas, pús- tulas, crostas acobreadas, papoulas, producçõescorneas. Nos mais infelizes, trabalhando o veneno na medula dos ossos—exostosis osteite—qiie provocam dores atrozes, essas dores osteocopas despertam todas as noites pri- vando as victimas de ura somno reparador, segue-se de- I). m. íO, 362 mecioNAHio pois uma inexgotavel suppuração dos ossos doentes, que esgota as forças e dissecca o corpo—nec/rosis, caria,—(pie o faz apodrecer mesmo vivo. Eis as tristes cousas que contemplarei» com um hor- rível desgosto, visitando esses hospedes numerosos. Porém o que ainda assim não comprehendereis, são os tormentos de cada instante, esses tormentos do corpo e da alma, essas pungentes angustias, os remorsos violentos, as occultas d^escsperações. O que ainda não vereis são as operações sanguinosas, essas mutilações feitas pelo ferro e pelo fogo, no meio de lamentações, de gemidos e imprecações. Se a mocidade temerária comprehendesse o que si- gnifica a palavra syphilis, isto é, o envenenamento do sangue por um virus malfazejo, que trabalha sem cessar na destruição do corpo, e que, verdadeiro Protêo ,se reveste de todas as fôrmas, escapa-se quando o querem segurar e destruir, mas escapa para voltar debaixo de outra figura, não se precipitaria com tanto ardor sobre elle. E não se creia que tudo acabou quando o medico con- segue purificar o sangue e expellir da economia o subtil veneno. Não, o infeliz ainda não fica em repouso : pa- rece-lhe que seu desapiedado inimigo o não tem largado sem deixar-lhe alguns germens de affecções novas. Cheio de inquietações acerbas, submette-se a novos tratamentos, e algumas vezes fica mesmo verdadeira- mente enfermo, pelos cuidados inopportunos que toma de si e perturbações que provoca em suas funcções. A doença venerea, contrahida a maior parte das vezes no commercio sexual, é comtudo susceptível de outros modos de transmissão. Pela hereditariedade, o principio do mal se propaga dos pais infectos ao filho contido no seio da mãi, outras vezes é pelo aleitamento, quer seja immediatamente por ulcerações do peito, ou por in- termédio do leite, proveniente de uma ama atacada de syphilis constitucional. Finalmente a moléstia adqui- re-se por quaesquer circumstancias, como beijos, con- tado, que permittem que o virus se deposite sobre a pelle despojada da sua epiderme, ou sobre os orifícios das davidades mucosas. Por muito tempo se acreditou que os corrimentos, os cancros e vegetações eram as únicas fontes, em que se tornava o virus venereo; porém as experiências mais modernas têm demonstrado a possibilidade do contagio, por certas erupções da pelle designadas com o nome de symptomas secundários. DE MEDICINA. 363 O tratamento especial de syphilis, e é eonsolador di- zer-se, chega muitas vezes a limitar os progressos do mal ea prevenir os accidentes peiores; porém muitas circumstancias o fazem falhar: umas vezes porque a medicação não é seguida por um tempo conveniente. Era outros casos o doente cahe nas mãos do charlata- nismo, que corta os symptomas sem lhes arrancar as raizes. Muitas vezes a inexperiência, a Índifterença, os excessos, os pezares, a miséria augmentam e aggravam a doença. Então mina-se a constituição, e sobrevêm a cachexia venerea, o mais deplorável dos estados. 31. Gibert, me- dico do hospital de S. Luiz, membro da academia, vai dar-nos uma descripção delia : « As principaes feições da cachexia venerea são : além « dos phenomenos ordinários e característicos (syphili- « licas ulceras, consecutivas da pelle), a magreza geral, « falta de côr, manchas escorbuticas nos membros infe- « riores, uma grande disposição para o edema e hy- « dropesias. « O moral e o physico ficam igualmente languidos e « abatidos; os doentes tornam-se melancólicos e choram « pelo menor motivo, ou, para melhor dizer, ficam em « um estado de descuidosa apathia, algumas vezes mesmo « reduzidos realmente ao estado de idiotismo. « Juntando-se a esses tristes indícios da cachexia, os « estragps hediondos do virus venereo, que produza de- « formidade do nariz, a alteração das feições, desfigu- « radas pelas cicatrizes, a presença de ulceras fétidas no « rosto e sobre outras partes do* corpo___conceber- « se-ha facilmente todo o horror, que um tal quadro pôde « inspirar. » Então, essas victimas infelizes são atacadas de graves doenças, que se juntara a deathese ; assim como asne- vrozes, do cérebro, a do systema nervoso, a epilepsia, a alienação mental, a paralysia, a phtisica, a diarrhéa, etc. que podem causar a morte. Todavia devemos dizer em abono da verdade, que esses casos são bastante raros; mas encontram-se, e todos os médicos especiaes os notam. Um medico distineto, o Dr. Yvarcn, publicou uma obra volumosa sobre as metamorphoses da syphilis. As manifestações mórbidas mais vulgares são a enxa- queca, cephaleas, nevralgias, vacilações cerebraes, rheu- matismos, etc, symptomas que os soffrimentos vio- lentos oceasionam, com uma tenacidade desesperadora. Os extravagantes, não só se infectam a si mesmos, como 364 D1CC10NAR10 transmittem o contagio á sua progenic. Tanto o pai como a mãi communicam o virus syphilitico aos filhos. Esses pobres e pequenos seres, algumas vezes são affec- tados logo á nascença. Quantas vezes o medico, por confissões secretas ins- truído, ou por tratamento dado aos pais, vê confir- mar-se essa verdade acompanhando a triste filiação da syphilis e da escrofula ! Razão por que a libertinagem éprejudicial d saúde:—Das diversas doenças geradas pelos excessos venereos.—Algu- mas observações.—Opiniões de muitos médicos celebres. —Perdas seminaes involuntárias, segundo o Dr. Des- curet. Antes de expor os numerosos males produzidos pela libertinagem, convém examinar quaes as causas que podem tornar tão nocivo o abuso dos prazeres sen- suaes. Devemos reconhecer duas causas principaes : o dis- perdicio exagerado da secreção seminal, e do exces- sivo detrimento nervoso occasionado pelos actos gera- dores. . Oesperma é sem contradicção a secreção mais impor- tante e a mais preciosa da economia ; é o extracto mais puro do sangue, e, segundo a expressão de Fernel, totus homo sêmen est. Não só o fluido prolífico#é desti- nado acommunicara sentelhada vida, mas deve ainda entreter a vida do indivíduo. E' preciso que seja reab- solvido, que torne a entrar na correnie da circulação, para levar um novo vigor ás funcções vitaes, e contri- buir assim á prolongação da existência. O abuso do poder genital impede essa reabsorpção tão salutar, mesmo tão necessária á saúde ; além disso elle provoca uma secreção de sêmen, tão abundante, que ella se faz com detrimento das outras e esgota o corpo. Todas as evacuações de humores se fazem com faci- lidade, no estado de perfeita saúde, sem reacção sobre o organismo ; não acontece o mesmo coma do esperme : é preciso nada menos do que abalos geraes, uma convul- são de todas as partes, uma acceleração dó movimento vital, para dar-lhe sahida. « E'uma acção muito vio- lenta, diz Haller, análoga á convulsão, *e que por isso enfraquece consideravelmente e prejudica todo o systema nervoso. » Não deve pois sorprender-nos, que o acto physiolo- 0E MEDICINA . 365 gico, exigindo um tão gasto de vitalidade, se torne prejudicial no mais alto gráo, quando é abusivamente repetido. Gerar, é dar unia parcella da vida. Não precipita a sua mina aquelle que a prodigalisa? Um dos caracteres próprios ás doenças nascidas dos excessos venereos. é a chronicidade. As affecções têm geralmente uma marcha lenta e progressiva. Ellas têm quasi todas o cunho de uma profunda alteração dos líquidos e dos sólidos. As funcções digestivas enutritivas são as primeiras atacadas-.'depois, conforme as predisposições, appa- recem as perturbações nas funcções dos systemascircu latorio nervoso, do apparelho genite-ourinario, ou o da enervacão. No começo dos excessos genitaes, tendo o corpo ne- cessidade dê reparação, o appetite é invariável, as di- gestões são fáceis e rápidas ; porém esse estado dura pouco tempo : o estômago torna-se a sede de sensações peniveis. a fadiga, crispações, desfallecimentos, soffri- mentos angustiosos : desgosta-se com os alimentos, di- gere-os diílicilmente, e acaba mesmo rejeitando-os por vômitos contínuos ou por diarrheas rebeldes. Quando as funcções digestivas são perturbadas,, ou- tras funcções do organismo em breve se alteram, a nu- trição torna-se languida , os humores empobrecera, a constituição fica ameaçada das mais graves doenças. A magreza é um dos effeitos mais constantes das polluções suecessivas: esse symptoma apparece rapi- damente, e algumas vezes leva o infeliz ao marasmo mais completo. As predisposições individuaes adquiridas ou heredi- tárias, geram para cada um uma serie de males parti- culares. Em uns, o enfraquecimento ataca os orgaos pulmo- nares ; dahi resulta a fosse secca. a rouquidão prolongada, as pontadas no lado, escarros sangüíneos e por fim a phti- sica. Quantos exemplos ha de moços extravagantes que têm sido devorados por esse ma l cruel!... E' de todas as doenças graves aquella, a que os abusos venereos provocam mais freqüentemente. Portal, Bayle, Luiz, bem claramente o dizem em suas obras sobre a phtisica pulmonar. • . Em outros os svmptomas de chloro-anemia (cores pai- lidas) predominam, e, sem comprometter a existência directamente, envenenam seus dias por contínuos soí- írirncníos : a pelledf» um branco macilenfo, a culisde ura 366 DICC1UNAR1Ü escuro, amarello sujo, os lábios descorados, os olhos ro- deados de um circulo azulado, annunciara a falta de san- gue; ha o descahiraento, prostração de forças, esfai- famento, palpitações do coração. Nos casos menos graves, não sendo a sensibilidade do systema nervoso moderada pela riqueza de sangue— sanguin moderator nervorura--se exalta e determina as nevralgias violentas, variadas e intermináveis, que não cessam em um ponto, senão para se apossarem de outro, sempre com grande intensidade. Quando as funcções do sangue são activadas por emo- ções freqüentes ê abalos muitas vezes renovados, so- brevêm as pancadas do coração mais enérgicas e raais precipitadas que determinam, nos indivíduos fortes e sangüíneos, as lesões orgânicas dessa víscera ; a hypertro- phia, a dilatacão das cavidades, a aneurisma. Por outro lado as congestões sangüíneas do cérebro predispõem à ápoplexia, ao amollecimento cerebral, á paralysia dos membros. Todos os autores, entre outros Tissoll, Pinei, Gru- veilhier, Londe, Andral, Serres, têm collocado os ex- cessos da extravagância entre as causas dessas affecções, e a maior parte das mortes súbitas, durante o acto gerador, devidas ao derramamento de sangue no cé- rebro, nos pulmões, ou a roturadeuma aneurisma. Não tem sido raro ter de provar esses fados nas casas de prostituição. Doenças chronicas do cérebro, e sobretudo do cere- bello, têm sido muitas vezes reconhecidas nos libidino- sos. Sabe-se que é no cerebello, que os phrenologicos situara o instincto da reproducção O doutor Serrurier conta a notável observação feita sobre um joven offi- cial, que, esgotado pelos excessos venereos e pela mas- turbação, foi atacado de uma moléstia cerebral com accessos epileptiformes, paralysia dos membros, perda total da vista e embecilidade. Lembrar-rae-hei sempre comum sentimento doloroso, diz esse autor, do quadro medonho que me offerecia aquelle desgraçado, que, mesmo no meio de seus accessos convulsivos, ainda sa- cudia seus órgãos já fanados. Elle estava em completo marasmo, a vista extincta, a intelligencia embrutecida. Em qualquer parte em que se achasse satisfazia as ne- cessidades da natureza. Seu corpo exhalava um cheiro nauseabundo: tinha a pelle côr de terra, a lingua va- cillante, os olhos fundos, todos os dentes abalados, as gengivas ulceradas. Este estado durava havia seis mezes quando esse desgraçado succumbiu. i>c ur.mciVi 367 Das paixões em suas relações com a saúde e as doenças, conforme o Dr. Descuret. As doenças da medula espinhal são tão freqüentes nas pessoas devassas, que se lhe deu o nome de consumpção, phtisica, dorsal, tabes dòrsalis, quando provém de exces- sos venereos. Algumas vezes apparece rapidamente a paralysia dos membros porém quasi sempre ella vera cora lentidão e progressivamente. São numerosas as moléstias cio apparelhogenito-ouri- nario que podem affecíaros extravagantes Observa-se no homem, os corrimentos, e os estreitamentos da ure- tra . o priapismo ou exaltação mórbida do appetite ve- ra d, a impotência, as perdas seminaes involuntárias. Na mulher, a leucorrhea, as hemorrhagias, as ulceras do collo da madre, os polypos, o cancro vAerino, o furor ute- rina, ou nymphosiiania, a esterilidade, os abortos. Nos dous sexos, a inílammação dos rins ou nephrite, da bexiga ou cystita, a incontinencia de ourinas, a nevral- giado collo vesícal, e todas as fôrmas da syphilis. Finalmente nos mais desregrados as fendas anaes, a queda e cancro no re:to, os abscessos e fistulas nas bordas do ânus. Certos homens que abusaram dos prazeres de Venus vêem arrefecer seus órgãos genitaes, e cahirem em uma espécie de inércia e paralysia, que se não pôde vencer, ou se algum resto de forças sobrevive, a semente, tendo perdido seu poder prolífico, não permitte mais que gérc As permanentes excitações cia sensibilidade, os des- perdícios incessantes das forças vitaes, o vicio das func- ções nutritivas, tudo nos luxüriosos concorre para aba- lar profundamente o systema nervoso. A libertinagem produz também as nevroses de todo o gênero : indis- posições sempre renascentes, spasmos, tremura, convul- sões', choréa, epilepsias, desarranjos dê cabeça, hysterismo, aberrações do ouvido, da vista, amaurosis, paralysias parti- culares ou geiaes, contracções dos membros. O doutor Oppenheim, medico do grão-visir, attribue a iufluencia da hypocondria c da hysteria nos Orientaes, ao abuso que fazem dos prazeres. Considerando-se os effeitos physiologicos do acto ve- nereo, vê-se que offerecem uma grande analogia com a epilepsia, a ponto tal que os antigos lhe chamavam epilepsia brevis. Ha indivíduos que têm uma tão grande susceptibilidade nervosa, que sentem um verdadeiro ac- cesso convulsivo, cada vez que se entregara á voluptuo- 368 UICt..l>>!\.W{ln sidade. A epilepsia sobrevêm algumas vezes immediata- mente depois do excesso que a causa. Esquirol conta a observação que fez era ura joveu que, Ires dias depois do seu casamento, ficou epiléptico. Porém as mais das vezes o abuso dos prazeres obra com mais lentidão. Zimmermann conta que viu um homem do 23 annos que ficou epiléptico depois de se ter debilitado por fre- qüentes masturbações. Todas as vezes que elle tinha polluções, quer voluntárias quer provocadas, cahia em um completo accesso : com tudo, reformando seus hábi- tos, as convulsões desappareceram, e mesmo esperou cural-o da epilepsia : tinha elle recobrado suas forças, o appetite, o somno e uma bella côr, depois de se ter parecido com um cadáver : porém voltando ás suas ma- nobras vergonhosas, que eram sempre seguidas de um ataque,teve por fim accessos mesmo na rua, e uma manhã o acharam morto no seu quarto, cabido fora da cama e banhado em seu próprio sangue. O enfraquecimento ou a perda' dos sentidos, particu- larmente do ouvido e da vista, tem sido considerado em todo o tempo como conseqüência dos excessos venereos. Quasi sempre os libertinos têm os olhos vermelhos, la- crymosos, ramelosos, fatigados, dolorosos ; não podem, sobretudo de noite, dar-se a ura trabalho que exija fixar attentamente um objecto. Esse estado predispõe para accidentes mais sérios. Os occulistas mais distinc- tos: Sichel, Sanson, Rognatta, notam os abusos da vo- luptuosidade, como causa poderosa de cegueira pela amau- rose Acrescentam que, a retina c o nervo óptico per- dem gradualmente sua faculdade sensitiva, que acaba extinguindo-se por fraqueza asthenica, como acontece aos velhos. Onde a libertinagem parece produzir mais estragos e mais deploráveis, é na intelligencia eno coração do ho- mem. Os extravagantes perdera a vivacidade dâ imagina- ção, a solidez do juízo, a actividade do espirito, o poder da memória : tendo abusado de todos os prazeres em suas orgias, tendo profanado todos os sentimentos hu- manos em suas eraprezas eróticas, tornam-se frios, egoístas, sombrios, hypocondriacos, e cahem em aborre- cimento e desgosto da vida. Um certo numero tem aca- bado pelo suicídio !.. . Outros perdem completamente a razão, c são atacados de alienação mental. A mania, a melancolia, a imbecilidade, a demência, são as fôrmas que mais ordinariamente se observam. Os dados estatísticos mostram que sobre cem homens alienados, dez perderam a razão pela libertinagem. DE MEDICINA. 3611 « Esta doençaatacaosjovens casados eos líbidinosos. « Elles têm febre, e com quanto comam bem, einma- « grecera e se consomem. Parece-lhes que sentem « formigas descendo da cabeça ao longo da espinha. Todas « as vezes que vão evacuar ou ourinar, perdem abun- « dantemente um licor seminal muito liquido: são « inhabeis para a geração, e seus sonhos são com actos * venereos. Os passeios os estafam eenfraquecem, lhes « causam tonteiras de cabeça e ruído nos ouvidos. « Finalmente, uma febre aguda termina seus dias. » Um pouco mais tarde, Celse escreveu no seu livro sobre a conservação da sãude: « Os prazeres do amor são sempre nocivos ás pes- « soas fracas; seu uso freqüente debilita as forças e « produz uma multidão de males: as apoplexias, epi- « lepsias, convulsões, cegueira, tremura, paralysias e « toda a espécie de gotas as mais dolorosas. » E Aretée, diz: « Os moços tomam o ar eas enfermidades da velhice ; « fazem-se pallidos, effeminados, imbecis; seu corpo « curva-se, as pernas vacillam, os cabellos cahem, os «t olhos encovara-se; seccam-se pelo marasmo, e alguns « são atacados de paralysia. » Em tempos mais recentes é Hoffmara que diz: « Depois de numerosas polluções não só as forças se « perdem, o corpo emmagrece, e o rosto se torna pal- « lido, como de mais a mais a memória se enfraquece, « uma sensação continua de frio se apodera dos membros, « a vista se obscurece, a voz torna-se rouca, todo o corpo « cahe em ruínas.» O grande Boherhaave, falia dessas enfermidades com a força e precisão que caracterisam suas descripções. O veneravel Tissot, em uma notável dissertação sobre o onanismo, apresenta quadros que fazem tremer. Em nossos dias, Lallemand fez sobre as perdas se- minaes involuntárias uma obra de grande alcance que abunda era observações, factos práticos, pensamentos generosos e eminentemente philosophicos. As perdas seminaes involuntárias observara-se muitas vezes nos líbidinosos. Esta doença é a que os médicos celebres acima citados têm tido sempre mais em vista em suas descripções. Sabemos que ha polluções úteis ; são as que se apresen- tara de tempo em tempo durante a noite por sonhos las- civos, nos adolescentes ou adultos que vivem em con- tinência ; então remedeam uma plethora espermatica, e são seguidas de allivio e de bem-estar. D. M. 47. 370 D1CC10NAR10 Porém quando essas polluções são freqüentes, repeti- das quasi todas as noites, sem serem excitadas; se o licor prolífico corre babando, sem causar o menor prazer, então o estado é de doença, e a doença é das mais graves. Os tristes pacientes tornam-se pallidos c emmagreccm rapidamente; perdem as forças, têm freqüentes estreme- cimentos, seus membros tremem, queixam-se de peso na cabeça, vertigens, tonteiras, zumbido nos ouvidos; e são sujeitos a congestões cerebraes. Suas digestões são peniveis, lentas, acompanhadas de azedumes e flalulencias; sua vista é obscura, a voz fraca, rouca ; são faltos de fôlego, asthmaticos e ator- mentados por violentas palpitações. Uma negra melancolia se lhe apodera da alma; tomam aversão aos prazeres, são incapazes de se oecuparem de cousas serias. Sentindo sua degradação, têmo^amargo pezar de ter sido os autores de suas desgraças. Alguns sentem convulsões, freqüentes accessos de epilepsia, outros têm os membros presos, contrahidos, paralysados. A doença tem uma marcha irregular, c offerece in- termitencias; porém longe de ter tendência para se curar estantaneamente, aggrava-se sempre, passa ao estado chronico, e os tabecentos podem languir por muitos annos. A' medida que o mal progride, as evacuações se- minaes se fazem sem que o doente tenha disso con- sciência pelos menores esforços musculares, durante a depuração ou a evacuação das ourinas. Pouco a pouco os doentes cahem era um estado de consumpção : Sustendo-se apenas, esgotados tanto phy- sica como moralmente, parecem cadáveres ambulantes : seus eabellos cahem, os pés se infiltram ; os sentidos, sobre tudo a vista, se embotara, têm fluxo do ventre alternando com a constipaçâo. Finalmente suecumbem sem febre no ultimo gráo do marasmo : algumas vezes uma doença intercorrente os leva mais depressa. Os excessos venereos produzem não só doenças de languidez, mas também algumas vezes affecções de mar- cha rápida e aguda. Hippocrates, em suas historias das doenças epidêmicas, nos deixou a observação de um joven que, depois de uma noite de orgia, foi atacado de uma febre violenta, acompanhada de symptomas malignos que em poucos dias se terminou com a morte. Outros autores têm re- DE MEDICINA. 371 latado factos semelhantes, e Sauvages descreveu mesmo essa doença com o nome de febre ardente dos exhaustos. Tem-se ainda observado a febre cerebral, a ápoplexia, as moléstias inílammatorias—fluxão do peito, pleurisia—,em fim a morte súbita. As doenças accidentaes que so- brevêm aos debochados são muito perigosas ; sua marcha é irregular, os symptomas extravagantes, os períodos sem ordem. Quasi nunca se acham recursos na cons- tituição debilitada, a arte deve pois fazer tudo. Quando a morte não é a conseqüência, o doente fica cm um estado de languidez que não é a convalescença, e que exige cuidados prolongados para que não passe a estado chronico. Dos maiores perigos da devassidão nos moços, nos velhos, nas pessoas delicadas, nos doentes. São muito mais lamentáveis as conseqüências da de- vassidão naquelles, cuja idade e saúde não permitte des- perdiçar as forças vitaes. Nestes tempos em que só procuramos viver depressa, devorar a existência, é deplorável ver a perversidade tão precoce da mocidade. Seguramente, o vicio não attende ao numero de annos. Se os antigos eram mais fortes, mais robustos do que nós, é porque elles não se iniciavam tão moços nos mysterios da libertinagem. Essa bella raça dos Germanos devia sua superioridade, ao dizer de Tácito, á sabia continência da mocidade até á maturidade perfeita. « Os antigos Gaulezes, diz Montaigne, exprobravara « altamente o coito com mulher, antes da idade de 25 « annos. » Jovens, conservai bem isto na memória ; é preciso que o homem possua a plenitude da vida para poder, sem prejuízo, communicar a vida a outros. E' pois preciso que o trabalho da organização do corpo esteja concluído. Ora, interrogai uma grande autoridade nas seiencias physiologicas, M. Flourens. O illustrc professor do Museu de Paris vos demonstrará « que o crescimento do « homem só se termina aos 20 annos, que é só aos 25 que a « economia chegou ao estado da maturidade perfeita, « e que o corpo tem adquirido a mais forte parte de « seu peso. » Porém, o que é que nós vemos? Em primeiro lugar a masturbação se apodera em diffe- 372 DICC10NARI0 rentes idades de quasi todos os individuso. Com seus hábitos tyrannicos, suas excitações convulsivas, suas polluções prematuras, vem ella, no meio do trabalho do crescimento, perturbar, mesmo suspender algumas vezes os esforços benéficos da natureza. Mais tarde, na puberdade, a imaginação desregrada aguça os desejos precoces, e eis que os jovens se lançam inconsiderada- mente no meio dos prazeres, prodigalizando suas forças nascentes, na idade em que essas forças são tão úteis para formar a virilidade, robustuar os órgãos, aper- feiçoar as funcções e desenvolver as faculdades moraes e intellectuaes. Assim como os prazeres, gozados antes da maturidade viril, impedem o desenvolvimento do organismo, assim também, continuados com excesso na idade em que as forças declinam, apressam a ruina e precipitam para o túmulo. E primeiramente, vejamos as modificações que a ve- lhice imprime era um e outro sexo, relativamente ás funcções genitaes e ás paixões que lhe dizem respeito. A faculdade de procrear extingue-se na mulher com a menstruação ; ê na idade dos 45 aos 50 annos, que o fluxo mensal se supprime, que os peitos seccam,e a madre perde a suaadividade orgânica. No homem observa-se a diminuição da faculdade procreadora pelos 50 annos, e essa descencia vai augmentando até aos 70, periodo ultimo do exercicio dos seus génésiacos. Como se tem ainda achado o zoospermes no licor se- minal dos velhos, como o demonstrou ultimamente o Dr. Duphay, não se deve attribuir a infecundidade na idade avançada senão a uma diminuição notável das forças funccionarias. Comtudo o amor sobrevive no homem, ao enfraqueci- mento do sentido genital, mas é o amor calmo, reflec- tido, tenaz; o amor que se deixa immollar sem quei- xume, que não é mais capaz de grandes loucuras, mas sim de grandes fraquezas. Do mesmo modo também o sentido genital pôde sobreviver á faculdade de gerar. Quantos velhos ha que não sabem melhor do que os moços resistir aos perigosos prazeres da voluptuosidade sexual! Elles deveriam reílectir nas fataes conseqüências da sua má condueta, homens cynicos que não deixam de abandonar-se á sua luxuria erótica. Qual D. João caduco, andam sempre em busca de novos objectos mais atra- hentes a fim de melhor solicitar seus impudicos desejos. Para melhor excitar seus sentidos embotados, têm ne- cessidade de estímulos poderosos, c os pedem á moci- DE MEDICINA. 373 dade, a frescura á belleza, as graças á variedade. Para atiçar um fogo quasi extindo, não ha manobras que elles não empreguem, ainda que culpadas sejam. O tempo que branqueou sua cabeça, não pôde desencan- tar seu espirito. O mal está enraizado nos hábitos. Deve-se dizer cora um pensador da nossa época :« O cas- « tigo daquelles que têm amado muito as mulheres é « amal-as sempre. » E com tudo, quanto é aviltante o papel desses fatuos sediços ! Como são ridículos seus successos, desprezíveis seus infortúnios! Além das doenças terríveis, e a marcha precipitada da velhice, elles têm a temer a morfe súbita provocada pela ápoplexia cerebral ou pul- monar,ye\a ruptura de vasos resultados de emoções des- ordenadas e de esforços consideráveis. Em todas as idades ha indivíduos que resentem mais profundamente as perniciosas influencias da liberti- nagem. Do onanismo conjugai ou das relações anormaes entre casados, para evitar a concepção—Immoralidade, perigos para a saúde. (Dr. Dcscuret.) Devemos erguer a voz contra os perigosos abusos que mancham o leito conjugai, contra o onanismo dos espozos. Com pezar tocamos nesta matéria : Porém o vicio esta por tal modo espalhado, que a sciencia deve occupar-se disso. E' útil fazer conhecer os perigos reaes dessas rela- ções anormaes, inventadas por uma malícia culpada, para se oppôrem á fecundação e evitar as conseqüências na- turaes das relações conjugaes. E' penoso confessar quanto na nossa época esse vicio se tem propagado, e quanto se propaga ainda de dia cm dia, em todas as classes da sociedade. A consciência pu- blica está, a esse respeito, por tal modo pervertida, que se deixa ir á desordem sem escrúpulo algum. O fim culpado nem sempre é conseguido. Alguns ca- sados sabem que a natureza desmancha algumas vezes os melhores cálculos de sua industria, e que recon- quista os direitos que queriam usurpar-lhe; nota-se que os filhos, productos inexperados dessas procrea- cões incompletas, se resentem profundamente das per- turbações estranhas de sua concepção. Em geral elles são fracos, cacochvmos, escrofulosos, e mesmo monstruosos. RefledüraVum instante comprchende-se, que as leis da natureza não podem ser transgredidas impunemente; 374 D1CC10NAR10 o homem que, substituindo sua industria ás admiráveis combinações do Greador, perturba a lei que rege a conservação da espécie, não o faz sem o merecido castigo: elle deve soffrer a pena. A observação medica o prova. Ella mostra que o acto génésiaco exercido de outro modo, que não seja pelas inspirações do instineto, é uma causa de doenças para os dous sexos. No homem, o dever conjugai, cumprido normal e completamente, deixa após si um bem estar, que re- sulta sempre da satisfação de uma necessidade im- periosa. Mas quando a funcção foi perturbada por preoecupações culposas, o erethismo nervoso persiste acompanhado de abatimento, de fadiga e sobre tudo de uraa espécie de melancolia análoga a um remorso de consciência. Pela repetição desses actos podem sobrevir desar- ranjos na saúde, doenças semelhantes ás que produz o onanismo solitário; como: nevroses, hypocondria, ma- greza, impotência, perdas seminaes, etc. As mulheres soffrera habitualmente mais do que'os homens dessas manobras contra-natura, que nem sempre são de seu gosto. Frustrados os gozos, aos quaes ellas têm um direito incontestável, sentem dolorosamente a sem-razão que é feita á sua honra, e á sua saúde. Provocando sensações incompletas, os artifícios in- troduzidos no acto do casamento suscitam na mulher um estado de orgasrao de todo o apparelho genital, que não se apazigua pela crise natural. A sobreexcitação persiste e se perverte : então passa-se o que teria lugar se depois de apresentados alimentos a um homem es- faimado, llfos tirassem da boca repentinamente, tendo- lhe excitado o appetite. Essas sobreexcitações não acalmadas determinam graves perturbações na inerva- ção uterina, ponto de partida de nevropathias multi- plicadas e extravagantes, de phenomenos hystericos, que atormentam-cruelmente e sem descanso tantas mulheres casadas. Poderíamos citar um certo numero de obser- vações, que demonstrariam a verdade dessas asserções. Em outros casos essas praticas anormaes, excitando inutilmente a faculdade procreadora sem satisfazer a funcção, provocam congestões da madre, engorgitamentos inflammatorios ou atônicos, depois as ulceraçõès; e final- mente, por pouca predisposição que haja, os polypos, e os cancros, doenças tão coramuns nos nossos dias, que nm eseriptor, leigo em medicina, chamou a este século o século das doenças da madre. DE MEDICINA. 3i5 Pelo que diz respeito ás conseqüências moraes, po- demos acrescentar que, essas manobras culpadas, vio- lando a santidade da alliança conjugai, produzem pouco a pouco tristes mudanças nas relações moraes dos dous esposos: a indifferença, azedumes, despresos, resenti- raentos que, engrossando, fazem rebentar rupturas es- candalosas tão ordinárias nos nossos dias. Sim, diremos nós com o Dr. A. Mayer: « Os costumes públicos de- « vem era grande parte sua degradação, e as famílias « suas desordens, ás scenas escandalosas da alcova trans- « formada em verdadeiro lupanar. A immoralidade do « marido ensina à joven esposa os engenhosos estratage- « mas inventados pela extravagância. Revoltada ao prin- « cipio em seu pudor até então respeitado, secretamente « advertida por sua consciência do ultrage feito á mo- « ral de que ella se constitue a innocente complice ; a « mulher se lembrará, se algum dia sua virtude vier « a suecumbir, das lições que recebeu para enganar a « natureza, e assegurar-se a impunidade violando odio- « samente a fé conjugai, esse palladio das sociedades. « E de quem é a culpa, senão do imprudente que não « soube conservar preciosamente em sua companheira, « a castidade, essa salva-guarda que Deus collocou no « coração da mulher, para a preservar de sua fraqueza « e adverlil-a ao perigo? » Do onanismo solitário.— Suas funestas conseqüências para a alma e para o corpo. O habito criminoso do onanismo solitário, é o mais funesto dos vícios por seus espantosos resultados. « A meu ver, diz o Dr. Revellé, a peste, a guerra, c as bexigas e uma multidão de males semelhantes não « têm resultados mais desastrosos para a humanidade. « E' o elemento destruidor das sociedades civilisadas, « c tanto mais activo, que obra continuamente e ar- « ruina pouco a pouco as populações. » Sobre este ponto, existe um accôrdo unanime entre todos os médicos. E não se creia que os médicos exagerara os perigos attribuidos aos gozos solitários. Eu sei que se encontram indivíduos dados á masturbação desde a infância e que chegam, cheios de saúde e de vigor, a uma idade avan- çada, sem sentir o fardo das enfermidades. Esses fados são excepções. Mas também, por outro lado, antes de observar as doenças graves, resultantes do onanismo, quantas affecções raais leves, sera caracter determinado 376 D1CCI0NARI0 ha, que os práticos deixam passar sera reconhecer sua primeira causa ! De todos os excessos venereos, a masturbação é o que offercce mais perigos. Vejamos porque. Um grande numero de circumstancias afasta ou apro- xima do commercio das mulheres; mas estas impudici- cias nunca têm obstáculos; assim não têm limites. Logo que ella subjuga o coração, toma um odioso im- pério sobre os sentidos. Ella persegue por toda a parte, atormenta sem cessar, provocando idéas e desejos las- civos, mesmo no meio das mais sérias occupações. Dahi resulta a repetição tão freqüente dosados. O espirito e o corpo concorrem para solicitar o mal. A imaginação importunada por pensamentos immundos, excita movimentos desordenados. Os órgãos genitaes aguilhoados pela adividade mórbida da funcção secretam cora mais abundância o licor prolífico, e exigem cada vez mais serem delle desembaraçado. O habito torna-se então tão poderoso que encadeia a sua vidima e reina despoticamente, contendo-a era um jugo de escravidão. E, como a vontade se enerva progressivamente, assim como o corpo, chega um tempo em que o desgraçado, sentindo os apertos cruéis do mal, quer corrigir-se mas não pôde, não tem para isso nem a força nem a coragem sufficientes. Aos soffrimentos que opprimem o corpo, vem jun- tar-se os pezares que atormentam a alma. Nos prazeres do amor, o coração partilha a voluptuosi- dade dos sentidos, e essa satisfação, auxiliando a di- gestão, animando a circulação e favorecendo todas as funcções, contribue, até certo ponto, a reparar as per- das do organismo. Porém, no onanismo, nesse roubo odioso feito á natureza, nessa estranha perturbação do sentido genital, não se encontrara mais do que pezares, tristeza, ver- gonha e remorso. O crime é por tal modo infame mesmo aos olhos daquelle que o commette, que jamais elle ousaria confessar sua desordem e se envolve na sombra do mysterio para se entregar á sua prostituição. Quantos têm morrido por não terem nunca ousado de- clarar a causa de seus males !... Poderia desculpar-se aquelle que, seduzido por uma inclinação que a natureza gravou nos corações, e da qual se serve para a propagação da espécie" só com- mette a falta de abusar delia estragando-se. Mas elle, o desgraçado! elle pecca contra todas as leis, cor- DE MED1CTNA. 377 rompe todos os sentimentos, desarranja todas as vistas as raais admiráveis do Greador. Por isso, também a elle lhe parece que todos têm em seu rosto a causa de sua degradação. Vós o vedes fugir da sociedade, abandonar os prazeres, engolfar-se no mais profundo isolamento. Preza de uma negra melancolia, angustiado pelo remorso de ter sido elle mesmo o autor de sua própria ruína physica e moral, não pôde algumas vezes nem mesmo aspirar á doce consolação do casamento ; elle não o ousaria nem poderia* porque todas as mulheres lhe causam horror. Tratamento do onanismo pelos meios moraes, hygienicos e coercitivos. (Dr. Descuret.) Sendo as famílias e mesmo a sociedade, directa- mente atacadas em seus elementos, pelas devastações da masturbação, é da maior importância prevenir esse terrível flagéllo e reprimir suas desordens. Dever-se-ha ter sempre um respeito sem limites para com a innocencia da infância. Nada de conversações livres, nem maneiras levianas na presença das crianças. Os pais prestarão uma grande attenção á escolha dos criados. Vigiarão sobre seus costumes com a vigilância do pai de família de que falia Phedro, que descobre o que se faz nos lugares mais occultos da sua casa. Esforçar-se-hão por afastar as causas physicas e mo- raes da "corrupção prematura dos costumes. Um estado geral de languidez, falta de côr da face, magreza do corpo com appetite voraz, máo hálito, e circulo azulado em volta dos olhos, fazem presumir que o menino ou o moço se entrega a algum acto secreto; é preciso sorprendel-o e convencer-se da existência do vicio. Reconhecido o mal, devem pôr-se em uso os meios mais próprios para o destruir. Não vos entregueis a vãs deelamações sobre a in- fâmia da condueta do vosso homem, sobre a enormi- dade do crime de que se torna culpado; essas exagera- cões nada podem. * Porém preveni o medico; e, sob-prelexto qualquer, ponde-o na presença do culpado. Elle o examinará, mostrarrlhe-ha que sua saúde se altera, fazer-lhe*ha conhecer a causa de seu padecimento e lhe traçarão quadro dos males que o ameaçam, dando-lhe conselhos convenientes. • . E' indispensável mudar os hábitos aos desgraçados o. M. 48. 378 DICCI0NARI0 que correm à sua ruína. Nada demais salutar que as distracções, as viagens a pé, as excursões longínquas, os" exercicios gymnasticos continuados, forçados, le- vados até á fadiga, sobretudo de tarde, para que o corpo tenha necessidade de repouso, e que a secreção espermatica diminua. O regimen será apropriado ao estado das vias diges- tivas, mais suave e grosseiro do que excitante e succulento. Os acepipes excitantes, especiarias, vinho puro, café e licores alcoholicos devem ser proscriptos. O somno deverá ser de curta duração, de sete até oito horas quando muito, em cama duradecrina ou palha. Dormir de lado, nunca de costas, porque a concentra- ção do calor na região lombar desenvolve excitabilidade nos órgãos sexuaes. Tomar banhos mornos repetidos e prolongados para acalmar a irritação do systema nervoso. Se as praticas vergonhosas são devidas a uma affec- ção mórbida qualquer, bastará curar a doença que é a causa primaria do vicio; assim expulsar os vermes do recto, fazer desapparecer as hemorrhoidas, livrar das impingens comichosas as partes genitaes, etc. Preste-se muita attenção ás pessoas de um tempera- mento fraco, delicado, nervoso; as que são affectadas de uma moléstia constitucional ou diathesica são muito sujeitas á masturbação. Ha em tudo isso uma origem de indicações preciosas para a therapeutica. Fortificando a constituição, destruindo o vicio original ou adquirido, se desenraizará o máo habito contra-natura, e se resta- belecerá a harmonia moral ao mesmo tempo que a harmonia physica. Em todo o caso deve-se afastar o doente das pessoas de outro sexo, das companhias que lhe são funestas. Fazer-se-ha renunciar á leitura dos romances, á poesia, à musica sentimental, desviando dos sentidos e do pensa- mento, tudo quanto puder despertar desejos eróticos. Os estudos sedentários devem ser suspensos, ou de curta duração durante o dia, porque exaltando o es- pirito e deixando ao corpo todas as suas forças, ellas fovorecem os máos hábitos. Não obstante é necessário que tanto o corpo como o espirito estejam continuar mente occupados, sejam quaes forem os exercicios escolhidos, menos os que proscrevemos. Será bom também fazer recorrer os meninos, e mesmo os moços, se fôr possível, aos conselhos de um director esclarecido e ás praticas religiosas. A confissão assídua tem muitas vezes curado radicalmente; ella auxilia sempre muito os outros meios empregados. DE MEDICINA. 379 Fica bem entendido que a vigilância mais assídua, a mais Íntelligente será dirigida de raodo a ter sempre as vistas sobre todas as acções dos jovens, e sorpren- del-os no momento em que menos o esperem. Nos esta- belecimentos de educação é indispensável que os dormitórios sejam alumiados toda a noite, que as camas estejam separadas umas das outras, e que haja. um vigia que alli passeie continuadamente. Finalmente, emquanto os meios moraes e hygienicos empregados ao mesmo tempo que os medicamentos espe- ciaes—que mais adiante indicaremos—, fazem esperar seus effeitos salutares, é preciso, quanto ás crianças, recorrer a apparelhos que os ponham na impossibili- dade de abusar de si mesmos. Tem-se feito uso de cintas, de roupas compridas ligadas aos pés, calças amarradas atraz ; porém esses meios de contenção são por vezes insufficientes. Eu tenho aconselhado, e sempre com vantagem, as luvas de tecido metallico. Os apparelhos coercivos devem ser empregados durante a noite e por muitos mezes. Que se ha de fazer, em ultimo caso, quando regimen, medicamentos, conselhos moraes e religiosos, tudo tem falhado: que se ha de fazer com um adolescente, que, illudindo a vigilância de todos os instantes, se entrega com furor ás suas praticas vergonhosas, e que sua constituição ameaça ruina ? Em tal perigo alguns médicos experimentados, e entre outros Lallemand, o Dr. Deslandes, o professor Grisolle, aconselham adoptar um partido que sem duvida é um mal menor do que aquelle que se quer combater. E' o que J. J. Rousseau exprimiu nas linhas seguintes : « Desconfiai do instincto, seria perigoso que elle en- « sinasse a vosso discípulo a dar troca a seus sentidos e « supprir as occasiões de os satisfazer : se elle chega a í conhecer uma vez esse deplorável supprimento, está <í perdido. Sem duvida ainda seria preciso mais, seria « melhor ainda .... « Se os furores de um temperamento ardente se tor- ce narem invencíveis, meu charo Emilio, eu te lastimo ; « mas não hesitarei um instante, não consentirei que o « fim da natureza seja ílludido. Se é forçoso que um « tyranno te subjugue, entrego-te de preferencia aquelle « de que quero livrar-te; aconteça o que acontecer, eu « te arrancarei com mais facilidade ás mulheres do que « a ti mesmo. » Reconhecendo-se a necessidade de fazer entrar nos ca- minhos da natureza o infeliz que delles se desvia, não 380 D1CCIONARIO admittimos porisso que ura medico deva dar um conselho/ immoral; pelo que nos contentaremos de induzir ao casamento, se isso fôr possiVel : Os prazeres do amor têm feito muitas vezes desapparecer os hábitos solitários. Mas convém observar, com Lallemand, que chega ura momento em que esse poderoso recurso escapa por si mesmo, pela demora que houve em applical-o. A per- versão do instincto genital é levada a um ponto que toda a mulher é vista com desgosto e aversão. Como a educação da família deve favorecer os bons costumes. —Alguns conselhos aos moços, aos jovens casados.—As leis deveriam proteger as mulheres. (Segundo Descurct.) A família aperfeiçoa a educação pedagógica. A educação da família é da mais alta importância para ensinar os bons hábitos, temperar o ardor das paixões e afastar os (perigos que ameaçam a mocidade. O pai e a mãi devera dirigir os primeiros passos de seus filhos no mundo. Nesta tarefa cada um tem seu papel. O pai fôrma o filho por um emprego sabiamente con- duzido e uma mistura discreta da autoridade e da razão. A autoridade impõe e faz obedecer, mas é também a auto- ridade que demonstra o dever e o explica. O pai introduz na alma do filho, para o conduzir na vida, a idéa do dever que o liberta da escravidão de si mesmo, de suas paixões, procurando-lhe a verdadeira liberdade. Elle dá as vir- tudes fortes, viris. E' pela doçura e pelo amor que a mãi fôrma o filho; é encantando, persuadindo por doces caricias, ternos conselhos que ella abranda sua natureza indócil, que favorece a acção paternal, que tempera sua severidade. A mãi inspira as virtudes doces, castas, amáveis. « O pai, disse um excellente philosopho, M. P. Janet, « debuxa energicamente a estatua do homem; a mulher « junta-lhe a perfeição e a belleza. » Apenas entrado no mundo, o moço é obrigado a lutar contra as inclinações que o arrastam para fora do lar doméstico. A necessidade de independência, esse de- sejo, esse desejo de guiar-se por si mesmo, de ser seu, de gozar liberdade, a curiosidade da vida, o amor da novidade, do desconhecido, têm para elle attradivos irresistíveis. E' necessário que o pai saiba temperar essas necessi- dades tão naturaes, não lutando contra ellas com uma severidade desapiedada, não cortando as azas, martyri- DE MEDICINA. 381 zando as inclinações, mas dirigindo-as conveniente- mente para o bello, o bom.! o verdadeiro. O moço deve fazer a aprendizagem da vida e não se ignora quantos perigos tem a liberdade. Que pois elle os conheça para os evitar; que sinta, que veja, que soffra, porque tem necessidade de experiência, para tornar-se um dia chefe de família. Porém que o pai vigie, que sua mão esteja sempre estendida para o soc- correr. Procurar ser guia benevolo, e não severo, amigo in- dulgente e não mentor rigido, e por esse modo tornar-se o confidente escolhido do filho ; tal é o papel verdadei- ramente salutar do pai. As desgraças do nosso tempo provém da falta de família. Esforce-se doís em'Con- serva l-o no lar doméstico: Obrando assim, lhe fará seguir o caminho da honra, preserval-o-ha das amizades fáceis, banaes, perigosas, e afastará as paixões deshon- rosas. O moço que ama sua família, respeita-se, porque teme fazel-a envergonhar ou chorar. « Que filho, diz « Silvio Pellico, adormecerá na embriaguez de seus « prazeres culposos, pensando em sua mãi que tremula « seçue suas pisadas, ora secretamente por elle, e se « afflige? » A direcção da filha não é menos difficil nem menos importante do que a do filho. Deve-se preparal-a para uma vida activa e seria sem comprimir demasiadamente a liberdade de sua imagi- nação ; cultivar seu espirito e inicial-a nas cousas bellas, sem favorecera exaltação pedantesca ; educal-a no meio da família, sem a fazer estranha aos usos e elegância do mundo. Deve-se-lhe inspirar a simplicidade nos adornos; o luxo nunca lhe pôde ir bem; o bom gosto e a vir- tude revelam-se na arte de se adornar. Não é prohibido á moça procurar agradar, porém que evite esse galanteio pérfido que conta suas façanhas pelo numero de suas victimas. E' pelos encantos do espirito e qualidades do coração que conciliará a es- tima, que ganhará a amizade dos que a rodearem. Para conservar-lhe a innocencia, essa graça secreta e intima, apanágio particular da mulher, deve a mãi pouco a pouco esclarecei-a e instruir, evitando deixal-a na néscia ignorância de todas as cousas. Ella lhe dará lições prudentes, serias advertências para a formar de modo a preencher o papel que raais tarde tem a re- presentar em uma nova família. Permittir-lhe-ha o uso discreto do mundo, concedendo-lhe uma liberdade sabia, 382 D1CCIONAR10 esclarecida, que fortifique a virtude. Confiando-se em sua candura natural, a deixará obrar e governar-se por si mesma, mas vigiando-a. Permitta-lhe andar sem apoio, mas preveja tudo e esteja prompta e junto delia ao menor passo falso. Entretanto a confiança da mãi chama a confiança da filha ; se a mãi se descuida de seus direitos, a filha deve em troca não ter reserva alguma, nenhum pensamento occulto, deve abrir-se á ternura natural, deixar-se ver toda inteira. Muitas vezes os jovens entregam-se ao deboche por arrastamento, por leviandade, sem refledir nas conse- qüências desastrosas de suas acções, deve-se portanto lallar-lhes á sua razão. Sem me erigir em censor austero, posso dizer a essas almas transviadas, mas generosas, que comprehendem tão bem os nobres sentimentos: Vós tendes honra e probidade. Pois bem! vede o que fazeis. Vós dais como pasto aos vossos divertimentos o corpo e a alma de pobres moças ; e, depois de lhes ter roubado a innocencia, depois de lhes ter despedaçado sua felicidade, as lançais para longe, porque vossos ca- prichos líbidinosos foram satisfeitos. Será pois que a probidade permitia roubar assim o precioso thesouro com infames falsidades? Será que a honra tolere esses jogos cruéis que arrastam após si, para as vossas victimas, a vergonha, a desesperação e o crime ? Quando profanais a mulher de* uma maneira tão odiosa, quando aviltais seu nobre caracter, acaso pensais bem que sois unidos por laços sagrados á mulher, à vossa mãi, a vossas irmãs ? Seguramente que vós tomais a peito que vossa mãi e vossas irmãs sejam respeitadas. Sabei tambemjovens, que nesses comraercios illicitos e iníquos, destruis para sempre os mais ternos senti- mentos da vossa alma. Não, não vos restará bastante candidez e virtude para mais tarde sentirdes as doces emoções do amor puro, para saborear as ineffaveis alegrias de família. Aquelle que se repletou de gros- seiros prazeres da seducção não pôde mais gozar da poesia da alma; não sabe mais amar. Elles só encontram no fundo de sua natureza esgotada, o desgosto amargo, a fria indifferença. Esta é seguramente uma das causas poderosas de tantos celibatos sem razão, de tantos ca- samentos sem amizade que encobrem o adultério era seu seio. Temei pois esses prazeres enganadores, fugi delles, DE MEDICINA. 383 porque debaixo de seduetoras apparencias se escondem perigos inevitáveis. Penetrai-vos melhor do respeito devido á mulher, mesmo porque é mulher. Elevai vossos pensamentos, purificai vossos sentimentos. Lançai-vos em regiões mais puras: sursum corda. Temos visto como as desordens e os adultérios nascem facilmente das uniões conjugaes pouco conformes ; que os jovens antes de se ligarem um ao outro recorram aos conselhos da amizade e da experiência: sobretudo que se preoecupem das qualidades do espirito e do coração ; que se esforcem por apreciar devidamente o caracter, os costumes, as inclinações e syrapathias. O homem é a pedra angular do casamento, elle pôde fazer muito bem e pôde fazer muito mal. Elle evitará seus modos brutaes de déspota egoísta, que julga tudo lhe é permitido e que quer reinar como soberano absoluto. Moldar-se-ha a esses hábitos de complacência, de amabilidade, de attenções exigidas pela delicada sensibilidade da mulher. Cobrirá sua companheira, não dessa fria protecção prescripta pelo código, mas dessa protecção moral, toda do coração, que arreda os perigos de que ella é ameaçada por sua inexperiência e educação incompleta. Por um commércio intimo elle sahirá pouco a pouco do circulo de idéas frivolas, vulgares e errôneas que oecupam tantas vezes as idéas mais serias, mais fecundas e mais sabias, a fim de que ambos possam partilhar o gozo indiviso dos bens do espirito como dos bens-da fortuna. Em lugar de desperdiçar as bellas horas do descanso em serões ou no café, as concederá ás doces relações da família, e sua assiduidade, sua solicitude, sua* terna familiaridade attestarãoá mulher que ella não tem em seu marido um senhor, mas um amigo affectuoso. Se elle é dedicado attrahirá a con- fiança^, com a confiança, elle terá o império. Quanto á mulher, é preciso que ella encare o casa- mento como um acto muito serio, impondo deveres os mais austeros. Longe de olhar a direcção da casa como uma oecupação triste, aviltante e aborrecida,que se deve abandonar aos criados, é necessário que se en- tregue a isso com todos os cuidados e dedicação inces- santes ; que se lhe affeiçôe com interesse e com amor, que a dirija com ordem e economia nas acções as mais humildes da vida de família, por haver uma arte que agrade ao gosto, á imaginação. Assim, pois, as graças, a elegância, a poezia mesmo devem reinar no lar doméstico, porque tudo se anima , se vivifica e 3 8Í D1CC10NAM0 brilha ao sopro do sentimento. Que a mulher seja também a companheira de espirito do homem, que se eleve ao nivel do marido por uma educação cultivada, que partilhe o interesse de seus pensamentos e de sua carreira, que possa recreiar suas horas de descanso pelos agrados e encontros de um espirito bem ornado. Ese a adversidade vier ura dia escurecer seu horizonte, deve ella encher-se de ternura e consolação, de heroísmo e abnegação, para levantar a coragem abatida, para adoçar a "amargura das dores. O' mulher, se vós aceitais esse papel tão nobre, tão benéfico, de anjo tutelar, nunca vos consumireis nas frivolas futilidades da vaidade, nas extravagâncias do luxo, e do toucador : nunca occupareis toda a vossa alma com vossas sedas e rendas, com vossos enfeites de ouro e diamantes. Nem pensareis em procurar um ideal fantástico, esperanças culpadas, um futuro perturbado nas paixões romanescas. Afastareis de vós os demônios tentadores que não ousarão approximar-se do sanctuario sagrado era que vos encerrais. Mas em recompensa, estareis segura de agradar sempre e a todos pelas graças do espirito, pelos encantos do coração e attradivos da virtude. Reclamemos em altos gritos uma protecção mais real para a mulher. E' vergonhoso para o nosso século de progressos ver a sorte da mulher tão precária, tão triste. Não deveria a sociedade occupar-se com mais solicitude, da moça, procurar-lhe um trabalho mais certo, mais remunerador, crear-lhe recursos para o futuro? E essa infeliz mulher, que foi enganada, deshonrada, aviltada, trahida por um seductor adestrado, ou um so- velacedebochado, não deveria ella obter justiça?Por- que se não ha de admittir, na França, o recurso de in- demnização por interesses, como na Inglaterra e na America, depois de conhecida a haternidade? Oh ! então bem depressa faríamos grandes progressos em morali- dade ! Veríamos os nossos aventureiros mais reservados e a mulher mais respeitada. Meios de combater a libertinagem operando na intelligencia, no coração, nos sentidos. O Sr. Dr. R. P. Debreyne, aproveitando os seus vas- tos conhecimentos médicos, dá os seguintes conselhos para combater os pensamentos deshonestos: DE MEDICINA 385 « Sc esses pensamentos, que se tornam rauito impor- « tunos, são o producto de uma imaginação leviana « e inconstante, oude certas lembranças que se de- « bucham vivamente na memória, procurar-se-ha fazer « diversão forçando o espirito por algum trabalho serio « e applicado, ou por um calculo difficil e complicado « que absorva toda a attenção. « Se os máos pensamentos provém de um tempera- « mento erótico, ou de uma plethora espermatica, os « melhores meios serão os tirados da hygicnc physica « e moral; a pratica da temperança deu uma exacta « sobriedade, o trabalho manual o exercicio corporal, « uma occupação material incessante a fadiga, algumas « vezes a caça, que, em alguns casos tem produzido os « melhores e mais espantosos effeitos. (Diana, é, como « se sabe, a inimiga natural de Venu«.) Um exercicio t violento abafa os sentimentos eróticos, fazendo nascer « sensações mais imperiosas ainda, como uraa fome ex- « cessiva, com uma propensão irresistível para o re- « pouso physico. » Tu, que queres conservar-te casto ou voltar a cos- tumes puros, grava estes sábios conselhos no teu espi- rito, e fica sabendo que o trabalho, a sobriedade c a fuga das oceasiões, são os meios mais próprios para destruir os hábitos da libertinagem. 0 trabalho imprime uma feliz diversão ás inclinações desregradas, elle muda a actividade para o mal em acti- vidade para o bem, occupa o espirito, fortifica a von- tade e fatiga o corpo. Porém é preciso que seja serio, regular, exercido durante as horas mais importantes do dia ; a alma deve-se-lhe dedicar toda inteira. Para longe pois essas longas horas no ócio, essas lan- guidas mollezas, esses indolentes descuidos da vida que trazem comsigo a queda moral do homem. Entrega-te ao trabalho com ardor, com amor, e a paixão desde logo será esmagada. E quantos motivos fortes tens a invocar, para sustentar teus esforços 1 O amor próprio, a emulação, a gloria e a riqueza alli estão para te sol- licitar e conduzir. A intemperança é a mãi do deboche. E' no meio das fumaças dos vinhos excitantes e dos manjares suc- culentos, que se exaltam e entretemosdezejos eróticos; é em conseqüência da embriaguez da orgia que te lanças nos braços da voluptuosidade. Para vencer tua inclinação á concupiscencia, são necessários os hábitos da vida sóbria; nada desses as- saltos gastronômicos; nada dessas libações famozas que d. m. 49. 386 DICCIONÀlllo nodôam a mesa dos convivas, mas sim um regimen se- vero, simples, uraa justa e regular satisfação das ne- cessidades nutritivas. A sobriedade na bebida e comida, a actividade no trabalho, não apasiguarão os appetitcs venereos sem a condição expressa para ti de fugir ás occasiões que provocam ao mal. Evitar reuniões, bailes, especta- cuios, onde as excitações sensuaes devem abalar uma vontade vacillante: abandonar 'a cultura da musica sentimental, da poesia, a leitura de romances immoraes que despertam emoções perigosas para uma alma sen- sível ; romper de repente, e francamente com as más companhias, principalmente com as pessoas objecto de aferro illicito, que, por seus attradivos irresistíveis, são continuas excitações á voluptuosidade; estas são as obrigações de que a experiência tem demonstrado a necessidade. As distracções das viagens, as suaves monotonias do campo, serão também vantajosas para desviar dos máos hábitos. Escotherás os prazeres puros, amigos tranquillos. Depositarás tua confiança em uma pessoa grave, para que ella te sustente nas lutas que te aconselhar nas tuas hesitações, que te levante nas tuas fraquezas. Se tens a felicidade de apreciar as sublimes dou- trinas da religião, se tens a fé christã, faz ura esforço heróico sobre ti mesmo, volta ás praticas que ella pres- creve, e ficarás mais seguro de te vencer, de domar teus sentidos , de formar tua virtude. Nunca a mo- ral e pratica deixarão de produzir mais castidade e pureza de costumes. Medicamentos para combater a masturbação e applacar a exaltação do appetite venereo.— Tratamento da syphilis e das perdas seminaes involuntárias. (Dr. Descuret.) Resta-nos expor os meios medicamentosos que a ex- periência nos tem demonstrado como mais efficazes, para combater a sobreexcitação mórbida dos órgãos genitaes e do appetite venereo. Quando as praticas da masturbação ou os excessos venereos são devidos a uma irritação symptomatica dos órgãos, basta curar a doença que éa causa pri- maria do vicio; assim como expulsar os vermes do recto, fazer desapparecer as hemorrhoidas, tirar uma impingem comichosa das partes genitaes. Fazer-se-ha uso dos medicamentos seguintes, segundo os indicações: DE MEDICINA. 387 Contra os vermes : china, spigelia, mercurius solkibilis, confeitos ou biscoutos de santenina. Sulphur será sobre tudo efficaz para prevenir a volta dos vermes. Todas as noites uma injecção de água fria no recto produ- zirá bons effeitos. Contra as hemorrhoidas: nux vomica, capsicum an- nuum, depois sulphur, devem surtir effeito nos casos mais ordinários. Contra as comichões, asimpingens, arsenicum, mercurius solubilis, sepia, sulphur, carbo vegetabilis. Esperando a cura, as compressas, a fome. Para combater o próprio vicio da masturbação, um dos medicamentos mais poderosos, é sulphur, seguido no fim de seis semanas de calcarea carbônica. Poderiam substituir estes agentes therapeuticos por uma de- mora em uma água mineral sulphurosa, depois em uraa água mineral calcarea; porém é preciso ter menos con- fiança nas águas artificiaes ou conservadas. Nos casos teimosos: mercurius solubilis, carbo vege- tabilis, phosphorus, podem ser empregados com van- tagem. Sepia nas mocinhas é muito poderosa. Voltar-se-ha ao sulphur, seguido de calcarea carb., em caso de falha dos medicamentos precedentes. Cirurgiões dos mais afamados, Dupuytren, Grcefe, Jobert, recorreram a varias operações, á ablação do clitoris, dos pequenos lábios nas mulheres ou mo- cinhas atacadas do furor onaniaco ; e têm conseguido curar casos rebeldes. Contra as tristes conseqüências da masturbação se dará : China. Quando houver esgotamento pelos excessos, enfraquecimento muito prenunciado do organismo, ma- greza, suores facilmente provocados. Ferrum. Será muitas vezes indispensável depois de china. ,. .j Phosphori acidum. Será empregado antes de china ou depois de ferrum, quando se observar grande fraqueza nervosa nas pessoas moças, cuja constituição anterior- mente forte foi rapidamente minada pela perda do licor seminal. Os banhos ou duchas de água fria nos orgaos genitaes, os banhos de rio serão empregados vantajosamente em muitos casos concorrentemente cora os medicamentos. Eis-aqui alguns exemplos de curas : Um moco de 19 annos, temperamento nervoso, com as faculdades intellectuaes muito desenvolvidas,dava-se havia \» mezes á masturbação. repetindo cacto quatm 38S niceioN vaio a cinco vezes por semana. Pouco a pouco enfraqueceu, ficou magro, pallido, esfalfado, tinha palpitações vio- lentas de coração. O appetite no principio vivo, di- minuiu, as digestões tornaram-se laboriosas, e o estô- mago soffria caimbras violentas, a memória e a ima- ginação se enervaram. Com os meios moraes e hygieni- cos, empregaram-se os medicamentos phosphori acidum, depois china, que restabeleceram as forças em três me- zes : sulphur seguido de cale carb. desraizaram os máos hábitos. No fim de dez mezes estava de perfeita saúde. Em um moço de 17 annos, sarnosoc escrophuloso, dado ao onanismo, os cuidados prestados á sua saúde o livraram da sua paixão. Em muitas mocinhas atacadas de flores brancas, prurido, erupção da vulva, determinaram o onanismo. Sepia seguidade sulphur serviram maravilhosamente. Ha uma cousa digna de notí r-se : mais de uma vez me aconteceu, harmonizar a alma harmonizando a saúde. Contra a exaltação do appetite venereo se fará uso cios medicamentos seguintes: Phosphorus. Nas pessoas de constituição fraca, cahidas em abatimento e debilidade, tendo desejos continuos do coito, e muita luxuria com polluções freqüentes. Cantharis. Contra os symptomas de priapismo, isto é, contra os desejos sobr'excitados ao mais alto gráo, comerecção dolorosa, incessante, e de longa duração. — Perdas seminaes involuntárias. Carbo vegetabilis. Quando ha prostração de forças, di- gestões diííiceis com pituitas do estômago c calor ar- dente no epigastro ; affluencia de pensamentos voluptuo- sos, polluções freqüentes. China. Quando, não obstante uma grande fraqueza da constituição, ha idéas lascivas, desejos imperiosos e pol- luções seguidas de prostração extrema. Phosphori acidum. Pode ser applicado depois de china, principalmente quando ha grande fraqueza nervosa nas pessoas cuja constituição foi rapidamente abalada pela perda de licor seminal. Platina. Convém sobre tudo ás mulheres hystericas, abundantemente reguladas, affectados de nymphomania. A acção medicamentosa é manifesta nos seguintes ca- sos : Um moço de 24 annos, namorado havia alguns mezes de uma moça que respeitava, e atormentado de imperiosos desejos venereos, tinha desde seis semanas e todas as noites polluções com sonhos lascivos. Elle se enfraquecia visivelmente, e não podendo dcterminal-o a romper essa ligação, comludo dei-lhe phosphorus. DE MEDICINA. 389 Na primeira semana de tratamento teve apenas duas polluções, na semana seguipe ficou completamente curado. Um religioso de 28 annos, temperamento ardente, sof- fria com extrema difficuldade a exaltação do appetite venereo, que o atormentava violentamente todos os três ou quatro mezes. Dous annos havia que elle se tinha confiado aos meus cuidados, algumas doses de phos- phorus seguidas de cantharis o socegaram rapidamente. Em um caso de furor uterino cm uraa moça de 20 an- nos, hysterica e regulada abundantemente todas as três semanas, platina acalmou em 15 dias a irritação sexual. China, ferrum, ignacia amara, restabeleceram as forças e a inervação. O tratamento da syphilis ou moléstia venerea nunca deve offerecer perigo quando se faz com prudência. O mercúrio é o medicamento principal, porém as doses mais mínimas são sempre sufficientes. Eis-aqui o modo de emprego que eu aconselho : Mercurius corrosivus cinco centigrammos, assucar de leite cinco grammos, tudo triturado por espaço de uma hora, e dividido em 40 papeis; tomar um pela manhã outro á noite, em uma colher de água pura. Muda-se com vantagem a preparação se a cura se não obtém em um mez. Mercurius precipitatus ruber, merc, protoodiatus podem ser empregados utilmente. Depois destes medicamentos são indicados : Thuya, contra as cxcrescencias da carne : nitri acidum, contra as ulceras rebeldes; iodur. polassoe, contra os symptomas mais inveterados. O tratamento da espermatorrhea (perdas serainaes in- voluntárias), é muito longo e offerece muitas difficul- dades. Lallemand provou que as perdas dependentes de uma inflammação chronica da membrana mucosa da uretra, sobretudo da porção prostatica, se curavam modificando essa superfície por cauterisação com o nitrato de prata. Duas ou três cauterisações com um mez de intervallo são muitas vezes suííicientes. As pessoas que ainda não estão enfraquecidas, c cujas perdas são acompanhadas de excitações, evitarão as co- midas irritantes, especiarias e vinhos capitães. Farão uso de saquinhos de arêa quente á. roda do perinêo, dos rins, e das partes genitaes, tomarão banhos mornos e prolongados; quando a doença é antiga, que tem esgotado as forças, é preciso recorrer aos alimentos tônicos, nu- trientes, á fecula, ao leife de jumenta, aos vinhos gene- 390 D1CCIONAR10 rosos. Os banhos, as duchas de água fria sobre os rins e partes genitaes, assim como os banhos do rio serão úteis. A electrisação tem prestado serviços. China. Medicamento gabado por todos os autores e que restabelece as forças abatidas, reanima a vitalidade e restaura os órgãos. Ferrum. Seguirá a quinquina. Phosphori acidum. E' muito útil depois desses primeiros remédios. Cantharis, carbo vegetabilis, phosphorus. Poderão ser empregados com vantagem. Finalmente, nos casos rebeldes: sulphur, calcarea carb. deverão ser ensaiados. Não se deve esquecer nunca que a maior parte das doenças conseqüentes de excessos venereos apresentam um caracter nervoso. Importa não as confundir com as doenças orgânicas ou inflammatorias que têm symp- tomas análogos. Assim a dyspnéa, as palpitações, alor- doamentos, a dyspepsia e a paralysia, têm dado lugar a erros de diagnostico, fazendo acreditar em doenças do estômago, do coração, dos pulmões e do cérebro. Em conseqüência alguns desgraçados doentes têm soffrido tratamentosdebilitantes, longos e dolorosos, que lhe têm sido rauito nocivos. As sangrias e sanguesugas nunca podem ser indicadas nas enfermidades que pro- vém de excessos venereos. INFLUENZA.—Affecção catarrhal epidêmica. Diagnostico em geral.—Catarrhal, affecção da membrana mucosa do nariz, com inchação, grande irritação e corrimento de sorosidade acre; lagrimação dos olhos; tensão; dôr pressiva na cabeça, na testa c por cima dos olhos; verraelhidão das partes internas da bocca, gar- ganta epaladar, campainhas, amygdalas, com deglutição difficil e dolorosa; affecção da trachea e bronchios (catarrho pulmonar); tosse a principio secca, ou acom- panhada de expectoração de sorosidade e de pituila acre ; rouquidão, sensação dolorosa na trachea artéria e nos pulmões. Juntam-se a estes symptomas muitas vezes um estado nervoso, hemorrhagias, etc. Indicação thcrapeutiea. Arnica. Havendo picadas no peito, dores sacras, laceração nos membros; hemorrhagia pelo nariz e bocca, DE MEDICINA . 391 Belladona. Convém no estado nervoso, com sonhos, commoções; carphoogia. Camphora. Havendo diarrhéa, ou dejecções molles; pelle fria. Carbo vegetabilis. Havendo tosse perseverante, com fácil expectoração'de muco. Conium. Havendo má tosse de noite. Ignatia. Havendo convulsões geraes com bocca escu- mosa . lodium. Havendo tosse com escarros de sangue, dores no peito e violenta febre. Ipecacuanha. Havendo violentos esforços para lançar, seguidos de escarro mucoso. Mercurius. Havendo dores nos membros, com grande tosse ou sem ella, catarrhal, súbita prostração de forças, frio violento, cephalalgia, picadas nopeito e hemoptysia. Mercurius vivus. Havendo affecções da cabeça, da garganta e peito, com expectoração forte, ao depois crassa que lhe priva de fallar. Nux vomica. é remédio principal contra o catarrho. Phosphor. Havendo febre catarrhal com calor, corysa acre, espirros e tosse ; depois affecção dolorosissima da trachea artéria. A tosse tolhe a respiração ao enfermo, e a dôr nos bronchios embaraça-lbe o fallar. Phosphor. Affecção inflammatoria da trachea artéria ; a dôr embaraça-lhe a falia. Pulsatilla. Convém, havendo violenta tosse, com expectoração e dôr no peito. Sabadilla. Havendo grande somnolencia ; frieza ; dys- phagia, sabor amargoso na bocca; falta de sede; tosse com vomito e dores na região gástrica e na cabeça; sensação paralytica dolorosissima nos membros ; exacer- bação* ao meio dia e á noite, assim como frio. Calor da face com frio das extremidades. ' Senegar. Havendo titilação e ardor no pharynge e larynge. Stannum. Convém na tosse pegajosa com abundante expectoração. Taraxacum. Começa a tosse por uma cocega nas guelas e nos bronchios. INSOMNIA, OU FALTA DE SOMNO.—Provém da ex- eitação do systema nervoso oceasionada por dores phy- sicas ou por causas moraes, e se combate com bell., cham., coff., merc. Outros remédios são: acon., arsenicum, bryonia, caus- ticum, hyoseyamus, mercurius solubilis. ;)(J2 D1CC10.NARIU INTEHST1G0 uü ASSADURA DA PELLE, ESFOL- LADURA, TRILHADURA. Excoriação dolorosa da pelle, com fendas nas dobras das articulações, nas partes genitaes, nas verilhas, beiços, etc.,* principalmente nas crianças de pouca idade. Indicação thcrapeutiea. Sepia. Havendo assadura com tosse nocturna espas- modica. Pôde com proveito, nas assaduras, empregar-se : arn., chin., graph., petrol, sulphr., Sendo a assadura das crianças convém: cham., lycop., sulphur. INTUMESCENCIA (inchação) INFLAMMATORIA DAS GLÂNDULAS INGUINAES. Indicação thcrapeutiea. Bell., merc, are Dulcamara. Convém em conseqüência de resfriamento: dôr molestante e sensível na verilha, que se estende até á arcada pubiana, especialmente ao tempo do movi- mento, ou quando faz diligencia para caminhar. Ao mesmo tempo, vomito, diarrhéa e ligeira febre. INTUMESCENCIA DAS GLÂNDULAS SUBMAX1L- LARES. Indicação therapeutica. Coniummaculatum. Em uma mulher de 37 annos. Mercurius solubilis. Havendo dôr pungente. INTUMESCENCIA DO NARIZ EM PESSOA ESCROFU- LOSA. Indicação therapeutica. Calcarea. Havendo obstrucção e côr azul avermelhada dos narizes. Merc, bell., arn. INTUMESCENCIA DOS TESTÍCULOS E DO CORDÃO SPERMATICO. Indicação therapeutica. Pulsatilla. Havendo gonorrhéa secca, com dores abdominaes, frio, sede, anorexia e diarrhéa. Merc... bell. DE MEDICINA. -JU3 Intumescencia do utero em conseqüência DE PARTO. Indicação therapeutica. Belladona. Havendo pressão, laceração e dores sa- craes continuas. Aconito, muitas vezes repetido. INTUMESCENCIA DA VAGINA PELO ABUSO DO COITO. Indicação therapeutica. Nux vomica, bell., merc. iotfisim (Iodo.) Caracter physiologico. Representa o temperamento lymphatico bilioso. Tempo de acção. Sua acção é de quatro dias nas moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do iodium convém merc, sulph. Antídotos. Ars., bell., camph., chin., coff., hepar., phosph;, sulph. Concordância em symptomas. Lyc., merc, phosph., puls. Exacerbações. Muderam-se com puls., cale, phosph., sep., staph. Symptomas geraes, que desenvolve o iodium. Dores erráticas nas articulações.—Dores nos mem- bros, e mormente nas articulações, de noite principal- mente.—Sensação de torpor nos membros.—Tremura convulsiva e sobresaltos dos tendões.—Desviação dos ossos.—Este medicamento opera de uma maneira exci- tante, sobre o svstema glandular, o estômago, o ü- srado, etc. e pfoveca nestes órgãos a secreção.— d. m. 50. 39i UICCIONARIO Inchação c dureza das glândulas.—Hemorrhagias cm differentes órgãos.—Superexcitação forte de lodo o sys- tema nervoso. — Effervcscencia de sangue, e pulsação em todo o corpo, augmentada pelo menor esforço.— Tremura dos membros.—Andar vacillante.—Grande fraqueza: o fallar mesmo, provoca o suor.—Atrophia e magreza até ao estado de esqueleto.—Inchação cede- ma tosa, mesmo de todo o corpo. Indicação therapeutica. 0 iodium convém na angina — arthrite inveterada — cachexia mercurial—gonite—induração dos testículos— intumescencia das glândulas inguinaes—leucorrhéa— pannos escrophulosos — papeira—tosse—tosse ferina— tumor branco. IpccnetaatiSfia. (Ipecacuanha, poaia.) Caracter physiotogico. A ipecacuanha exprime o temperamento sangüíneo. Tempo de acção. Sua acção é curta, e na maioridade dos casos chega a cinco dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da ipecacuanha convém algumas vezes arn., ars., china, coce, ign., nux vom. Antídotos. Arn., ars., chin., nux vom., tabacum. Concordância em symptomas. Puls., bell., bry., nux vom., phosph., sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se com bell., bry., nux vom., puls., sep. Symptomas geraes que desenvolve a ipecacuanha. Dôr de pisadura em todos os ossos. — Formi^amento como de adormecimento nas articulações. — Accessos DE MEDICINA. 39o de indisposição , com desgosto de todos os alimentos, e fraqueza excessiva e súbita.—Fluxo de sangue em di- versos órgãos.—Sensibilidade muito grande ao frio e ao calor.—Tetanos, accessos de spasmos e convulsões de differentes naturezas, algumas vezes com queda da cabeça e torcedura do queixo, ou com perda de conhe- cimento, face pallida e opada; olhos meio fechados, movimentos convulsivos dos músculos da cara, dos beiços, das palpebras, e dos membros, ou também com gritos, vontade de vomitar e estertor mucoso no peito. —Magreza excessiva. indicação thcrapeutiea. A ipecacuanha convém na ápoplexia—asthma—dita miliar simulada—atrophia —aborto — cardialgia com vomito—cholera—cholera asiática—corysa chronica— diarrhéa—febre intermittente—grippa—hematemese— hematuria—hepatalgia—hypocondria—hysteria—indi- gestão —meloena—raetrorrhagia—phtisica — scarlatina miliar — spasmo —spasmos dos pulmões e da trachea- arteria—labes—tosse—tosse convulsiva—vomito idio- phaico—vomito durante a gravidez. ISCHIAS NERVOSA. Diagnostico em geral. Dores nas cadeiras, que se es- tendem até ao joelho e ainda até ao pé, e que em muitos casos seguem exactamente o nervo ischiatico; a dôr torna-se muitas vezes penosissima, impede o movi- mento da extremidade enferma, produz, emfim, a ri- gidez e a contractura da parte affectada e pode causar, por sua longa duração e pela violência das dores, que tiram o somno, um marasmo e magreza geral. A co- xagra (coxartrocrace) é affecção inflammatoria das mesmas cadeiras e distingue-se do ischias, porque não causa dores senão durante o movimento do membro affectado, ou quando o doente se firma no chão, e porque essas dores não se sentem no estado de socego. Indicação therapeutica. Acidum nitricum, ajudado por carbo vegetabilis. As dores diminuem andando em sege; o uso do vinho e a flatulencia excitam dores. Chamomilla. Havendo dores nocturnas na coxa direita, com fraqueza da coxa, o que faz o passo penoso e ar- rastado. Fraqueza paralytica súbita e completa da coxa, cora dores violentíssimas, especialmente de noite. 3Uf> niC.CIONAHlO Colocynthidas. Havendo impossibilidade de andar ou de estar cm pé. .,.,.,,, Colocynthidas. Havendo completa impossibilidade de se firmar no pé do lado enfermo. Nux vomica, carbo vegetabilis e sulphur. Convém nas ischias nervosas, na face anterior da coxa, dôr violenta e lacerante, aggravada pelo movimento e pelo tacto. Pulsatilla e sulphur. Havendo dores violentas, pun- gentes e lacerantes: o doente eoxêa; a dôr estende-se para o alto e para o interior'da coxa, e até ao joelho. Rhus. ISCHURIA. —Completa retenção de urina. (Vide Urina.) Indicação thcrapeutiea. Arnica. Havendo vontade de urinar, sensação de plenitude da bexiga, impossibilidade de urinar. Cannabis. Convém na ischuria complicada de cons- tipaçâo. Pulsatilla. Convém no accesso de contracção com- pressiva do baixo ventre : gemidos, gritos, divagação dos olhos, contorsão da bocca, ventre vermelho e quento na região da bexiga. Outros remédios: camphora e ura ursi. !<.. Eaü carboraícuiM. (Sab-carbonato de potassa.) Caracter physiologico. O kali carbonicum exprime o temperamento san- güíneo nervoso, e também o lymphatico. Tempo de acção. E' mui prolongada a sua acção, e algumas vezes chega a 50 dias em casos de moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do kali convém, conforme os symptomas. caibo veg-., phosph., puls., nitr., ac., lie . 01. MEDICIN.» . 397 Antidolos. Cainph., coff., spir., nitr., dulc. Concordância em symptomas. Lyc, puls., rhus, sep., sulph. Exacerbações. Moderara-se cora bry., lyc, sep. Symptomas geraes que desenvolve o kali carb. Sensibilidade dolorosa dos membros, em qualquer posição que se tome.—Dores pressivas nas articulações. —Contracção spasmodica de algumas partes.— Dores tractivas e penetrantes nos membros, principalmente no repouso, com inchação das partes affectadas.—Dores lancinantes nas articulações, nos músculos e órgãos in- ternos.— Inchação e dureza das glândulas. — Soffri- mentos hydropicos dos órgãos internos, ou de toda a pelle do corpo.—Manifestam-se às vezes as dores pelas duas horas da manhã, e são mais fortes que de dia , durante o movimento.—Logo depois das dores, frios. —O ar aggrava muito o padecimento (principalmente os symptomas febris) emquanto outros acham nelle al- livio.— Accessos de spasmos e repuxamento convul- sivo dos membros e dos músculos.—Ataques de epilepsia, por accessos noeturnos.—Facilidade de mover as ca- deiras.—Disposição dos membros a dormentar-se quando se deita sobre elles.—Paralysia.—Sensação geral de vacuidade em todo o corpo, como se estivesse ôco.— Peso e preguiça.—Fraqueza como se se tivesse de perder o conhecimento, e tremura principalmente depois do passeio. — Accesso de fraqueza com náuseas, sensação de calor c de cansaço ia bocca do estômago, vertigens e atordoamento.— Grande effervescencia do sangue, com batimento em todas as artérias.—Repugnância ao are-ás correntes de ar.—Grande disposição a res- friar-se, principalmente depois de uma marcha forçada. Indicação thcrapeutiea. O kali convém na adherencia da placenta—amenor- rhea—hemoptyse — hydropisia — parotite peripneu- monia—phtisica laringea — dita pulmonar—suppressão das regras—tosse—vomica pulmonar. 398 DICClONARtO L. Lachesis. (virus da cabra trignocephalus.) Caracter physiologico. A lachesis exprime o temperamento sangüíneo ner- voso. Tempo de acção. Sua acção se prolonga a 40 dias. Medicamentos a seguir-se Depois da lachesis convém alum., ars., bell., carbo veg., caust., dulc, merc, nux vom., phosph., con- forme os simptomas. Antídotos. Ars., bell., merc, nux vom., phosph. ac. Concordância em symptomas. Lyc, phosph., puls. Exacerbações. Moderam-se com cham., ign., nux vom., puls., rhus. Symptomas geraes que desenvolve a lachesis. Dores voluptuosas, excessivas, ou fortemente pres- sivas em muitas partes do corpo.—Sensação de des- locaçãoede paralysia nas articulações.—Rijeza e tensão nos músculos como se elles fossem mui curtos.— Dores osteoeopas.—Dores rheumatismaes adivase trac- tivas nos membros, ou dores roentes, com sensação de pisadura raovendo-sc— Dores nocturnas, que pa- recem insupportaveis, e não permittera conservar-se na cama.—As dores affedão alternativamente um ou outro lado do corpo, ora os membros, ora o corpo e, muitas vezes se mostram em fôrma de cruz.—Soffri- raentos intermittentes e periódicos, soffrimentos aeom- >í DE MEDICINA. 399 panhados de perigo de suffocação, e soffrimentos cora vontade de deitar-se.—Aggravação c renovação de sof- frimentos depois do somno, ou de noite, e principal- mente antes da meia noite, ou algumas horas depois da comida, ou por um tempo humido c quente, do mesmo modo que pelas mudanças de tempo e de vento ; allivio de muitos soffrimentos expondo-se ao ar. — As emoções moraes, taes como, as contrariedades, o medo, o pavor, etc, muitas vezes renovam todos os soffrimentos.—Paralysia com peso e rijeza dos membros; paralysia semi-lateral.—Grande fraqueza de corpo e de espirito; prostração como depois d'uma perda de sangue; queda rápida de forças, relaxação das forças musculares.—Accessos de desfallecimento, comdyspnéa, náuseas, suor frio, vertigens, pallidez do rosto, vômitos, atordoamentos, escuridão dos olhos, dores e pontadas na região do coração, convulsões e epislaxis.—Accessos de asphyxias e de syncope, com perda dos sentidos e do movimento, insensibilidade como na morte, cer- ramento dos dentes, rijeza e inchação do corpo, pulso tremulo e sem abatimento algum. — Tremor dos membros, palpitações musculares e estremecimentos em muitas partes do corpo.—Accessos de convulsões e de epilepsia, com gritos, movimentos de membros, queda sem sentidos, olhos convulsos, escuma na boca, e punhos fechados; antes do accesso, pés frios, arrotos, pallidez do rosto, vertigens, cabeça pesada e dorida, pal- pitações de coração e tympanismo do ventre; depois accesso, somno.—Accessos de tétano com torcedurade membros.—Hemorrhagias, e derramamento de sangue em differentes órgãos. Indicação therapeutica. A lachesis convém na angina—ápoplexia—asthma— catarrho—dartro — demência — diarrhéa — dyspepsia— epilepsia—erysipela da face—febre intermittente—ic- tericia—impigem—palpitação do coração—panaricio— paralysia—phtisica principiante—spasmos das crianças —syphilis— ulcera — ulcera de máo caracter—ulcera varicosa. Licdann palustre. (Esteva de Lagoa.) Caracter physiologico. Exprime o temperamento sangüíneo, e ás vezes o lymphatico. 400 Dir.eioNARio Tempo de acção. Sua acção se estende de 30 a 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois do ledum convém china e sep. Antídotos. Camph. Concordância cm symptomas. Bell., bry., cale, lyc, merc, puls., rhus, sulph. Exacerbações. Moderam-se com bell., bry., nux vom., puls., rhus, spig. Symptomas geraes que desenvolve o ledum palustre. Dores arlhriticas, pressivas e repuxamentos agudos, ou simplesmente pressivas, nos membros, aggravados de noite ao calor da cama.—Dormeneia e sensação de torpor em alguns membros.—Dores nas articulações, lancinantes, pulsativas e paralyticas, aggravadas pcío movimento.—As dores nas articulações são as únicas que se aggravam pelo movimento; o*mesmo não acon- tece ás outras.— Nodosidades gotosasnas articulações. —Inchação dura, quente, extensa, cora dores mortifi- cantes.—Inchação hydropica de algumas partes, ou de toda a pelle do corpo.—Frio e falta de calor vital. —O calor da cama é insupportavel, e provoca calor. ardencia nos membros. Indicação therapeutica. O ledum pai. convénfjna arthrite—darlho—d vsécea— furunculo— bemoptyse—hemorrhagia pulmonar— hy- drothorax—impingem da face—phtisica pulmonar pu- rulenta-syplulis—tosse convulsiva-turaores brancos —tumefacção do pé. DE MEDICINA. 401 LESÃO DA CABEÇA. (Feridas, pancadas.) Indicação therapeutica. Arnica. Mercurius solubilis depois de se empregar em vão, belladona, arnica, e aconico. Convém em um sujeito bê- bado, que em uma queda tinha quebrado a cabeça. LESÃO DO ESOPHAGO. (Ferida, arranhadura.)" Indicação therapeutica, Cicuta virosa.— Por uma esquirola engulida, consi- derável inchação no pescoço, interna e externamente; afflicção, aphonia, perigo de suffocação. Para as lesões mecânicas convém: arn., con., hepar, puls., rhus, sulph., ac LARYNGITE AGUDA.—Inflammação aguda do larynge Diagnostico em geral: Deglutição" forçada e difficul- tosa ; voz alterada e rouca ; respiração constrangida e sibilante; dôr no larynge e bronchios; tosse secca ás vezes acompanhada de expectoração de mucosidades viscosas, etc. Indicação therapeutica. Aconico e spongia. LARYNGITE CHROxNICA. Indicação thcrapeutiea. Hepar sulphuris, calcarea e spongia. Spongia tosta. Havendo rouquidão, aspereza e ardor na trachea artéria; tosse secca, e algumas vezes ex- pectoração de mucosidades viscosas. Para a laryngite em geral convém,além do acon., também cale, dros., iod., nux vom., phosph., puls. Para a inflammação da trachea artéria convém: nux vom., phosph., puls., spong., stann., carb., veg. Para à secreção de mucosidades convém : lyc, phosph., cale, stann. LEPRA.—(Vide Herpes.) Diagnostico geral Pelle tuberculosa, inchada , des- igual , inteiramente desorganisada, com crostas es- pessas e escamosas, misturadas de placas suppurantes com prurido e picadas violentíssimas. Occupa esta moléstia muitas partes do corpo, e pôde até atacar a d. m. 51. J../V DiCC.íiJNAlUO face- o .u-. uno gráo é a lepra oriental, que feliz- mente já não existe na Europa : ella é contagiosa, e acaba pela total destruição da pelle, pela gangrene- cencia e perda de partes inteiras, como olhos, nariz, mãos, pés, etc. ; profunda ulceração : deformidade do corpo todo, rouquidão, surdez, agonia, febre hectica e morte porconsumpção. klepra occidental, não é, nem tão maligna, nem contagiosa, nem mortal; todos os symptomas são menos intensos; a moléstia é ordina- riamente local, e não affecla as partes externas ; a des- truição da pelle não é tão completa. Indicação therapeutica. Alumina, ammonium carbonicum, arsenicum, baryta, causticum, carbo animalis, carbo vegetabilis, colocynthides, conium, graphites, iodium, kali carbonicum, lycopodium, magnesia carbônica, muriãs magnesia, natrum carbo- nicum, natrum muriaticum, acidum nitricum, petroleum, phosphor, sepia, silicea, sulphur e zincum. LETHARGO. Indicação therapeutica. Belladona. Havendo somnolencia de muitos dias, com precisão de deitar-se.—Nux vom., acon. LEUCOMA.—(Vide ophthalmia.) Mancha na cornea produzida por uma cicatriz na sua superfície. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica.— (Veja-se também manchas da CORNEA.) LEUCOPHLEGMASIA. Derramamento ou exhalação de ar oude lympha no tecido cellular. Indicação therapeutica. Helleborus niger e rhus. LEUCORRHÈA.—Flores brancas. Diagnostico em geral. Corrimento pela vulva de muco branco, amarellado esverdeado, purulento, ora soroso e aquoso, ora espesso, gelatinoso, ora benigno (perda branca benigna), ora acre e corrosiva (perda branca acre ou maligna). E' este corrimento constante ou volta pe- DE MEDICINA. 403 riodicamente antes ou depois da menstruação, Symp- tomas accessorios: dôr obscura e gravativa no hy- pogastrio, lombos, cadeiras e coxas : leve inchação dos órgãos externos da geração e da membrana mucosa e da vagina; algumas vezes inchação de focínho do tenca e augmento do orifício uterino; Índifterença ao ajuntamento dos sexos, ou excesso opposto; e em alguns casos inaptidão para conceber ou conservar até ao prazo natural o produclo da concepção; languidez do habito exterior, pallidez, cansaço, fastio ou depra- vação do appetite ; dôr de estômago, digestão custosa, constipaçâo ou diarrhéa ; fraqueza de pulso. O scirrho do utero pôde ser causa ou effeito da enfermidade ; pôde receiar-se a existência deste quando dores pungentes e lancinantes atravessam a bacia, ou quando a enferma sente violentas dores furantes, e um corrimento fétido, ichoroso e raiado de sangue, se ha já manifestado, ou se desenvolve no curso da moléstia. Em todos os casos desta espécie, e até por simples suspeitas de scirrho, em recorrer á exploração para desengano do tratamento. Indicação thcrapeutiea. Alumina. Convém na leucorrheaacre, corrosiva, espe- cialmente antes do tempo dos menstruos. Arnica seguida de calcarea. Convém na leucorrhea complicada de inchação do joelho. Bovista. Gonvém na leucorrhea corrosiva. Calcarea carbônica. Havendo corrimento de muco branco e benigno, com muita comichão nas partes genitaes, ás vezes também ardor e picadas; cansaço e fraqueza geraes, especialmente nos joelhos c pernas; magreza, pallidez da face, dôr de peito, tosse secca e fatigante. Calcarea carbônica. Convém na leucorrhea de três para quatro annos, sobretudo depois da menstruação. A ma- téria que corre esfola as partes; dores freqüentes, lancinantes na região hepatiea ; pouco appetite. Coceulus. Gonvém na perda branca, como lavagem de carne, com corrimento de humor ichoroso e pifru- lento ; colica ventosa ; inchação do baixo-ventre ; dôr de ferimento quando se faz ornais pequeno movimento. Lycopodium, ajudada de pulsatilla. Gonvém na leu- corrhea acre e corrosiva, que augmenta antes e depois da menstruação, mais que tudo considerável e dolorosa de manhã; dores nas ilhargas. 404 DICCIONARIO Mercurius solubilis. Convém na leucorrhea acre, com dores ardentes e picantes. Natrum muriaticum. Convém na leucorrhea escropbu- losa de uma moca anteriormente atacada de dartros. Aspecto mui pallido ; corrimento copiosissimo de dia e de noite, de muco branco, grosso, benigno e transpa- rente, sem dores nem outras affecções no baixo-ventre e partes genitaes ; dores pressivas no occipital; grande disposição para diarrhéas mucosas. Nitri acidum. Menorrhéa maligna com cephalalgia e laceração nos membros. (Usará a doente de mercúrio anteriormente.) Nux vomica. Convém na menstruação irregular, corrimento sangüíneo e mui pouco, acompanhado de dores abdominaes; corrimento indolente de muco amarellado e fétido ; colica, sensação de desfallecimento na fosseta do coração, com dores no coração; consti- paçâo. ' Pulsatilla. Convém na leucorrhea de mulher pe- jada. Sepia. Convém somente de dia, havendo corrimento de muco espesso, amarellado e benigno; plenitude, peso, tensão do baixo-ventre, pressão continua e dolo- rosa de alto a baixo nos dous lados do baixo-ventre, como por um peso grave ; menstruação regular. Stannum. Convém na leucorrhea chronica, que di- minue as forças á padecente. Para a leucorrhea, fluxo branco ou flores brancas, cm geral, os principaes medicamentos são : alum., cale, cros, merc, puls., sep. Se é de côr amarella convém: sep., creos., lyc, natr. Se de côr pardacenta convém: nitr. ac. Se de côr esverdeada convém : sep., merc. Se a leucorrhea tem máo cheiro convém : creos., sabin. Se o fluxo é aquoso convém : graph. Se é mui espesso convém; puls., sabin. Se é de consistência lei tosa convém : cale, puls. Se purulento convém : merc, sabin. Se é mucoso convém: boraz., graph., mayn., lez., stann., sulphr. Se é sanguinolento convém: chin.,'coce, creos.,nitr. ac. Se é viscoso convém : borax, stann. Se o corrimento é ardente convém: cale, puls. Se causa coceira convém : cale, alum., creos., merc. Se o fluido é corrosivo convém : alum., ferr., merc, phosphr. DE MEDICINA 403 LIBERTINAGEM. A libertinagem é o abuso dos órgãos da repro- ducção em sua funcção natural ou é a perversão da funcção por um uso contra a natureza. Ha abuso : l.° quando as relações sexuaes tornam-se nocivas á saúde ; 2.° quando tera lugar para evitar os casamentos; 3.° quando na união conjugai procuram evitar a propagação da espécie. Ha perversão quando o homem engana as necessidades da natureza com prazeres solitários, como a masturbação ou onanismo ; ou por actos degradantes como a pederastia ou sodomia e a bestialidade. Por causa das desordens nos perigos da libertinagem os governos têm sido obrigados a autorizar casos de tolerância onde se reúnem as mu- lheres que fazem vida da prostituição. Uma vigilância especial e regras severas dão certas garantias á salu- bridadee á moral publica. Em um gráo menos baixo que a prostituta encontra-se a mulher que se trata, que se põe em leilão e vende-se a quem mais oflerece; a mulher galante, que procura homenagens e se entrega a qualquer que lhe agrada ; a pintalegrete ou moçoila, que conforme seus caprichos ri, ou se vende. 0 libertino freqüenta essas desgraçadas, diverte-se com os seus encantos vul- gares, satisfaz seus appetites grosseiros e retira-se. O devasso nem sempre se ostenta. As vezes cobre-se com o manto da discrição. Alli é um marido estimado, honrado por todos, que corre sorrateiramente ao en- contro de uma amante por todos desconhecida. Aqui neste camarim uma moça para se vingar do es- poso, que a abandona, espera com o coração palpitante o discreto amante, que uma criada introduz as escondi- das. N'outra parte, envolvendo-se nas sombras da poite, um mancebo se insinua furtivamente por entre as arvores de um jardim, onde encontra uma amante com- placente a quem revela os sentimentos de um amor ardente! Quantos acontecimentos nas trevas! Que dramas commoventes, que não têm mais que três teste- munhas, deos que vê tudo, um homem e uma mulher ! Quantos crimes horrorosos, que ficam para sempre en- cobertos ! E' necessário que o homem conheça bera todos os males de que está ameaçado pelos abusos dos prazeres sensuaes, convém saber o que custa para sua alma, para seu corpo, para a sua saude, para a duração da sua vida, para a sua descendência, os desvios de uma paixão desordenada, a embriaguez de uma volúpia desenfreada. Sc muitos jião attingem a todos os seus destinos 40G DICC10NAIU0 physicos ou moraes, se não se elevam ás mais alias con- cepções intellectuaes, se vivem acabrunhados de enfer- midades, se vêem a morte dizimar sua prole , não se devem queixar senão de si, porque foram causa de sua prematura ruina. Apressaram-se a colher em flor todos os prazeres da vida. Mancharamc esperdiçaramantes do tempo, gozos reservados á uma idade mais tranquilla. Esgotam-se, com insensato furor nas volupias embriagantes que es- tragam os recursos da organização eas forças da vitali- dade. Saciados antes do tempo, também antes do tempo ficam fracos e decrépitos. Quando já nada lhes resta é que então pensam em procurar uma família, com as faíscas de uma vida que se extingue e que não pôde senão produzir uma raça de abortos. Vede nas grandes cidades passar uns, atrás outros, esses entes estragados pela de- vassidão. No physico são seccos, pallidos e inguinçados; no moral vegetam na molleza sera alma, sem coração, in- capazes de resistir aos males e capazes de todos os vicios. Veem-se succederera umas após outras, essas gerações produzidas pela libertinagem. São degenerados, stig- raatisados pelas escrophulas, pela phtisica, pelas impin- gens e votados a uma morte prematura. A philosophia ea religião, têm em todos os tempos le- vantado a voz contra as torpezas da libertinagem, que bem pouco escutadas têm sido, porque o libertino não tem alma e nem pôde comprehender uma nobre lin- guagem ; e como a dos fados lhe toca de perto, convém conduzil-o ao leito de dores, onde gêmeo vicio e apon- tar-lhe com o dedo o esqueleto ambulante, que cahe em ruínas e fazel-o apalpar o cadáver gelado da victima. LIENTERIA. Diagnostico geral. Evacuações ordinariamente fre- qüentes e líquidas de alimentos mal digeridos. As vezes com vomito, e fome insaciável de ordinário ; pallidez da cor, fraqueza, magreza, e a final febre hectica. Não se deve confundir esta moléstia com as evacuações de substancias, que o melhor estômago não pôde digerir, por exemplo cascas de lentilhas, ervilhas, feijões, de certas bagas, fibras de certos legumes, etc. Indicação therapeutica. China. Convém na lienteria, principalmente nocturna. China. Convém logo depois da comida, havendo dores no ventre, seguidas de lienteria. Phosphor. DF. MEDICINA. 407 Se as evacuações são de matérias pardacentas convém : digitalis. Se são negras convém: bry., chin., sulphr. ac. Se são verdes convém : cham., phosph., puls., sulphr. Sendo as evacuações biliosas convém : cham., puls., dulc, ipec, veratr. Sendo as evacuações escumosas convém : chin., mag., rhus. Sendo mucosas as evacuações convém : asar., borax, caps., cham., nux vom.,phosphr.,puls., sulphr. Sendo purulentas convém: merc., silic. Sendo as evacuações sanguinolentas convém: canth., ipec, merc, nux vom., puls., sep., sulphr. Se a evacuação é de fôrma mui volumosa em suas matérias convém: bry., kali, graph., ign., veratr. Se a evacuação tem a semelhança na fôrma do excre- mento do carneiro ou cabra então convém: mag., mur., mere.,plumb.op., sulphur, verb. Se as evacuações têm um cheiro ácido convém : cale, graph., merc, natr., sulphr. Se têm um cheiro mui fétido convém : ars.,asaf., carb. veg., puls., silic, sulphr. Se as evacuações são mui acres convém : ars., dum., ign. merc,puls. Se as evacuações não estão bem digeridas (verdadeira lienteria) convém : chin., ferr.,oleand. Se as evacuações são em pequena quantidade, convém: arn., cham., mag. mur., natr.,nux vom., sulphr. Se se sente ineommodos antes das dijecções, convém tomar merc, veratr. Se durante as dijecções: ars., cham., merc, puls., sulphr., veratr. Se depois das dijecções convém : caust., nux vom., phosph., selm. . LITHIASE. — Moléstia de pedra; formação de cálculos no corpo humano. . , Diagnostico geral. Calculo visical: continuo aesejo de urinar, dores violentíssimas quando se urina, espe- cialmente no fim da emissão : pára de súbito o jacto da urina ; manifestam-se todos estes symptomas, me- nos quando se está deitado, do que quando em pe. Estranguria, dysuria, coceira e comichão continuas, e desagradáveis no orifício da uretra ; sedimento mu- coso da urina, areias e pedrinhas, algumas vezes de sangue, principalmente depois de fortes emoções; sen- sação de peso e pressão no fundo da bacia que se ag- grava quando se fica de pé, e diminue estando deitado ; íOS DICCIONA1UO spasmos e inflammação da bexiga ; deve explorar-se a bexiga, ou como dedo pela vagina ou no recto ou seja como catheter(algalia), porque podem confundir-se os cálculos com as affecções arlhriticas e hemorrhoidaes da bexiga : ainda mesmo o catheter nem sempre dá o diagnostico exacto, expecialmente se os cálculos estão envolvidos em uma membrana cystica. A presença dos cálculos renaesè indicada por dores continuas ou perió- dicas, ou sensação de peso e pressão na região lombar ; pela colica nephritica, que apparece de tempos á tempos e que ordinariamente é seguida de emissão de areias e de cálculos; pela côr comraummente vermelha das urinas, penosa pressão na coxa do lado enfermo, e até de fra- queza e paralysia deste membro. As dores do coração e vomito em jejum, bem como a vertigem, são muitas vezes symptomas accessorios da lithiasis. Indicação therapeutica. Cannabis. Gonvém nos cálculos da bexiga urinaria, com difficuldade de urinar ; urina de sangue ; violentas dores. Lycopodium. Cálculos renaes. — Depois do uso do lyco- podium, desappareceram os cálculos, e foram substi- tuídos por um fluxo hemorrhoidal, mensal e abundan- tíssimo. Salsaparrilha, petroleum, calcarea, phosphor. e lycopo- dium, melhoraram uma affecção graveolosa, acompanhada de vontade de urinar e de contracções espasmodicas da bexiga. LOCHIORRHEA.—Corrimento dos lochios. Indicação therapeutica. Croc bryonia 3 calcarea. Nux vom., e china. Convém : na lochiorrhéa depois de aborto : tosse brava e secca, com dôr de estômago, cons- tipaçâo, abundante secreção de leite ; grande fraqueza. LOCHIOS SUPPRIMIDOS. (Vulgarmente parto.) Indicação therapeutica. Pulsatilla, sepia, acon., bell., graph. LORDOSE. —Curvatura da columna vertebral para diante. Indicação therapeutica. Belladona, ignacia, sulphue DE MEDICINA. 409 LUMBAGO. Violenta dôr, ora periódica ora permanente, nas re- giões sacral e lombar. indicação therapeutica. Rhus. Dorna região lombar, havia 18 niczcs, espe- cialmente de noite, stannun. Convém lambera paia o lumbago canth., thuya, zine LOMBIUGAS.— Ascarides lonibrichoide. (Vermes in- testinais, que se parecem com vermes da terra.) Diagnostico em geral. Pallidez; olhos com círculos azues (olheiras); freqüente mudança da côr do. rosto ; de manhã em jejum muita saliva na bocca, náuseas e vontade de lançar; máo cheiro da bocca ; appetite ir- regular ;bolimia ; freqüente comichão no nariz e nas costas deste ; espirros; ventre inchado, mas sem du- reza ; dioes abdominaes, especialmente no umbigo, cora sensação de pulos nesta região; dilatacão das pupillas, sangria do nariz : sobresaltos durante o somno ; ranger dos dentes; o doente deita-se sobre o ventre ; sonhos mui vivos, que chegam até ao soranambulismo ; magre- za extraordinária ; disposição para .spasmos : o raais ira portantesymptoma, e unico que denuncia vermes com certeza, é a evacuação de vermes inteiros ou em pedaços. Indicação therapeutica Aconito, cicuta, cina, nux vomica, sabadilla, spigelia, oleum terebinthino ou a casca do páo Parahyba. LUPIA.— Lobinhu. Tumor circumscripto, indolente, ordinariamente arredondado, pedicular, ou rente, sera inflammação e sem mudança de côr na peíle. Podem os lobinhos encontrar-se em quasi todas as regiões do corpo; variam do volumedesde uma ervilha até ao tamanho da cabeça. Indicação therapeutica. Baryta carbônica, causticum, calcarea e graphites, silic, liepar,mere, puls. LÚPUS VORAX.—Lobo voraz (ulcera roedôra). Indicação toerapeutiea. Staphysagria, alumina. Convém na ulcera roedôra no pollegar, acompanhada de ulceras fistulosas, n'um indi- víduo atacado de dyscrasia lepro-psorica. u. m. .32. ',10 DICCIONMilO LUXAÇÃO ESPONTÂNEA DO FEMUR—(Veja-se Co- xalgia.) LycopodiiiBift. (Lycopodio). Caracter physiologico. O lycopodium, conhecido ha muitos annos, e ap- plicado com muito proveito na antiga medicina em differentes moléstias, conforme o testemunho do Dr. Szerlecki (Dicc de Therapeut.), representa pelas ex- periências puras todos os temperamentos. Tempo e acção. Tem 40 dias de acção. Medicamentos a seguir-se. Depois do lycopodio, convém graph., ledum, phosph., puls., silic Antídotos. Acon., camph., cham., puls. Concordância em symptomas. Cale, puls., sulph. Exacerbações. Moderam-se com bry., cale, nux vom., puls. Symptomas geraes que desenvolve o lycopodium. Tracções e rasgaraentos nos membros, com mais fre- qüência de noite e durante o descanso, algumas vezes também depois do meio dia, ou com intervallo de dous dias, e sobretudo por um tempo ventoso ou chuvoso • alliviados pelo calor.—Dores latejantes nas partes in- ternas e externas.—Rijeza dolorosa dos músculos e das articulações, muitas vezes com torpor e insensibilidade dos membros.—Adormecimento dos membros.—Grande facilidade para sedar ura geito nas cadeiras, que muitas vezes é seguido de rijeza da nuca.—Caimbras e contrac- ções dos membros.—Extensão e retraccão spasmodicas e involuntárias de alguns músculos, ou de alguns mem- bros. — Sacudimentos e estremecimentos de alguns mem- bros ou de todo o.corpo, durante o somno e a vio-üia — Caimbras nas partes internas e externas, mesmo de noite DE MEDICINA. 411 —Ataques de epilepsia, algumas vezes com gritos, es- cuma na bocca ç grande angustia decoração.—Inchações hydropicas e inflamraatorias.—Varizes.'—Nodosidades arthriticas.—Inchação das glândulas. —Inflammação dos ossos cora dores nocturnas.—Desvio eamollecimento dos ossos.—Ulceração dos ossos.—Freqüentemente os symp- tomas se aggravam mais pela volta das quatro horas da tarde, e começam a melhorar às quatro da madrugada, excepto a fraqueza.—Afflicções periódicas.—.Efferves- cencia de sangue por todo o corpo, principalmente de noite, com agitação e tremor. —Sensação como se a cir- culação do sangue estivesse, suspensa.—Fraqueza inte- rior.—Grande susceptibilidade nervosa.— Fraqueza e alquebramento nos membros, sensível principalmente durante o repouso, ou de manhã ao despertar.—Depois de um pequeno passeio, cansaço principalmente nas per- nas, e sensação ardente nos pés.—Receio de mover-se, e desejo continuo de estar deitado.—Prostração total de forças com queixo cahido, olb s encobertos, e meio fe- chados, e respiração lenta pela bocca.—Grande magreza, mesmo entre as crianças.—Accessos de desfallecimento, principalmente de noite, algumas vezes mesmo estando deitado, cora perda de sentidos, obseurecimento da vista e grande indifferença.—Tremor de membros.—Falta de calor vital.—Grande desejo, ou forte repugnância para expôr-se ao ar, com sensibilidade excessiva ao ar fresco.—Grande disposição para resfriar-se. Indicação therapeutica. O lycopodium convém na alienação mental—aneuris- ma — arthrite aguda — asthma — cancro do estômago — cardialgia — caria — cephalalgia — choréa — colica ne- phritica—constipaçâo — crostas de leite —dartro—des- camação — dôr no° testículo — dysecea — ephelides — epilepsia —excoriação das coxas — exulceracão dos ma- millos— febre nervosa — fistula dentaria — flatulencia— fungos da cornea — furunculo — hematuria — hemopti- se—hepatite—hérnia inguinal—bydropisia — hyste- ria —impotência —interstigo —ischuria —leucorrhea— lithiase— moléstia escrophulosa — melancolia — nostal- gia — ophthalmia — ostéite — paralysia — peripneumo- , nia — phthysica laryngea—dita pituitosa — dita pulmo- nar— Polypo na bexiga — prosopalgia — rheumatismo chronico—scirrho do testículo—tinha na face—dita na cabeça—tosse phthysica—tumefacção do seio —ulcera ph.ageden.ica—varice—vertigem—vomito chronico. •il 2 Dicciov\nin M. Jllagnacsia 1'aa'bonâca. Caracter physiologico. A magnesia carbônica exprime o temperamento san- güíneo nervoso. Tempo, duração de acção. 0 máximo da acção é até 50 dias em alguns casos de moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois da magnesia carbônica convém, segundo os symptomas, cale, graph., lyc, magn. mur., nitr. ac, rhus, sulph. Antídotos. Camphora. Concordância em symptomas. Merc, phosph., puls., rhus. sep. Exacerbações. Moderam-se cora lyc, puls., sep. Symptomas geraes que desenvolve a magnesia. Sensibilidade dolorosa de todo o corpo.—Tracção e rompimento nos membros.— Abalos dolorosos em di- versas partes.—Queda freqüente, sem perder o sentido, andando ou estando de pé.—Ataques de epilepsia.—Rela- xamento de todo o corpo.—Cansaço, principalmente nos pés, è quando assentado.—Fadiga prompta durante o passeio.—De noite, inquietações nos membros, depois de estar muito tempo assentado.—Os symptomas manifes- tam-se ou são aggravados, de noite e durante o des- canso.—Os symptomas que se manifestam quando assentado, alliviam com o movimento. DE MEDICINA. 413 Indicação therapeutica. A magnesia'carb. convém na cardialgia—catarata— cephalalgia—cholera spasmodica dos meninos—choréa— dartro secco no perinêo—diarrhéa—hérnia do scroto— obscurecimento da cornea—odontalgia—ophthalmia— pyrosis—sarampão—suppressão das regras. Magnesia laasirialica. (Muriatico de magnesia). Caracter physiologico. Exprime o temperamento nervoso lymphatico. Tempo de acção. Sua maior acção é de 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da magnesia muriatica convém cale., graph., raagn. carb., nitr. ac, sulph. Antídotos. Camphora. Concordância em symptomas. Ciai., lyc, merc, phosph., puls., sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se com lyc, puls., sep. Symptomas geraes que desenvolve a magnesia muriatica. Dores contractivas crampoidas.— Tracções e rompi- mento paralytico nos membros. — Accesso de spasmos e fraqueza hystericos.—Disposição a resfriar-se.— Fra- queza do corpo, que parece vir algumas vezes do estô- mago.— Sensação de incommodo, e curvatura em todo o corpo, com grande sensibilidade ao menor ruido.— A mór parte dos symptomas manifestam-se estando assentado, ou de noite, esão geralmente alliviados pelo movimento. 414 D1CC10NAR10 Indicação therapeutica. A mag. mur. convém nas affecções abdominaes spas- modicas — dentição difficil — hepatite chronica — indu- ração do fígado — induração scirrosa do utero —osteite — periostite — ozena benigna —tosse convulsa — vô- mitos em conseqüência da gravidez. Indicação therapeutica. China e ferrum. Convém em um rapaz: dijecções continuas; freqüentes suores; anorexia ; falta de sede: magreza ; pallidez e fraqueza. MARASMUS SENIL.— Marasmo dos velhos. Nos velhos principalmente é notável a magreza pela falta de carnes e sabida das eminências ósseas. Indicação therapeutica. Conium, baryta acetita e opium. MASTITE. —Inflammação das mamas. Indicação therapeutica. Aconito, hepar sulphuris e silicia. Havendo grande inchação da mama, suppuração em conductos pustulosos, febre lenta e muita fraqueza. Bryonia. Convém depois de resfriamento ; tensão, dôr violenta e pungente nas mamas ; ardor ; dureza, ver- melhidão e considerável calor na pelle. Chamomilla. Havendo mastite em conseqüência de cólera, despeito ou susto. Mercurius. Havendo dureza, inchação, sensibilidade dolorosa da glândula mamaria, com dores lacerantes do lado correspondente da face. Phosphoro. Havendo peiorado de suppuração : accelera este remédio a suppuração e abertura do abscesso. Phosphoro. Havendo muitas aberturas suppurantes na mama, cercadas de bordas calosas. Tosse secca ; ás vezes espectoração sanguinea ; febre hectica. Phosphoro. Havendo suppuração chronica das mamas, com inflammação continua. Phosphoro e silicea. Havendo abscesso com copiosa se- creção de pus. Silicea. Havendo mastite cora fistulas. Silicea. Havendo mastite, segundo periodo. Também obra este remédio contra a dureza, como contra a suppu- ração das mamas. DE MEDICINA. 415 Sulphur. Havendo ulcera na mama, coberta de carne esponjosa, com secreção de pus sero-sanguineo Para a inflammação dasglandulasmammarias convém ory., carbo an., cham., con., phos., silic. Para a inflammação das maramilas convém • aranh lyc, puls., sulphr. ' y F '* MELiENA.— Veja-se moléstia negra. E também vomito. m íín^S^t^-~ Veja-se moléstia d'alma. MELONCUS ou inchação da face. Indicação therapeutica. Lycopodium, 2 doses; calcarea carbônica e sulphur, ha- vendo considerável tumefacção da face. MELONCOS dentarius ou °inchação da face e das gengivas causada por odontalgia. Indicação therapeutica. Chamomilla, euforbium, belladona, mercurius solubilis rhus, pulsatila, nux vomica, bryonia. Para o emmagrecimento, da face convém: selem, Para a alteração dos traços physionomicos convém ; stram., veratr. Para a contorsão dos traços physionomicos convém : bell, lyc, stram. Para a erupção exantematica da face convém: ant. crud., creos., lid., rhus., sep. Para a inchação da face convém: ars., bell, cham. kali. Para a côr azulada da face convém: camph.s, con., cupr., dig.-, hyosc, op., verat. Para a côr amarella da face convém: con., ferr., nux vom., plumb., sep., sulphur. Para a côr escura da face convém : iod., nitr. ac, secale com., sep., sulphr. Para a côr que muda de dias em dias convém: bell, ign., phosph., plat. Para a côr pallida do rosto convém : chin., cin., phosph. ac, sep., sulphr. Para a côr vermelha do rosto convém: acon., bell, brg., cham., chin., hyosc, nux vom., op. Para a côr vermelha escura convém: bell, bry., cupr., Para a côr vermelha erysipelatosa da face convém: bell, graph., hep., rhus. 416 DlCCloNAliKl Para a côr manchada da face convém: carb. an., rhus, silic. Para a côr manchada epbilidos convém: phosph., sulphr. Para a côr manchada de pontos negros na face convém: graph., natr., nitr., ar., sabad. Para a côr térrea da face convém: chin., ferr., merc. Para cs exanthemas da fronte convém : an., crud., creos., lid., rhus, sep., sulph. MENINGITE AGUDA DAS CRIANÇAS. Chama-se meningite á inflammação das raeninges ou membranas cerebraes, para distinguil-a da ence- phalite ou inflammação da substancia do cérebro; mas é "quasi impossível differençar estas duas mo- léstias no leito do enfermo, que tão semelhantes são em seus symptomas. Diagnostico em geral da meningite. Dôr ás vezes forte, outras sumida n'uma parte, raras vezes na ca- beça toda com calor e sentimento de compressão in- terna ; delirio passageiro ou constante, alegre ou furioso, alternando com torpor ou acompanhado deste ; exagerada sensibilidade dos olhos á luz, das orelhas aos sons, insomnias, sonhos fatiamtes; convulsões, tremores; estremecimentos; ás vezes rigidez e abalos tetanicos; rubor das artérias da cabeça e particular- mente ias carótidas e das temporaes; febre; face vermelha e inchada. O enfermo leva muitas vezes a mão á cabeça; continua agitação; attitude muitas vezes singular; o doente procura fugir da luz; olhos salientes ou fechados; deglutição ás vezes la- boriosa ; esforços para lançar; respiração curta ; calor elevado, em época mais adiantada o'adormecimento suecede ao delirio, á abolição da vista ou do ouvido, á sua exaltação, á paralysia, aos tremores e convul- sões: suores frios e viscoso, desfallecimentos pre- cedem muitas vezes á morte. ludicação therapeutica. Aconitum, belladona, chamomilla e phosphor. MENINGITE PUERPERAL.-Meningite das mu- lheres de parto. Indicação therapeutica. Aconitum, belladona, stramonium, veratrum hyos- ciamus e platina. ' y OE MEDICINA. 417 MENOSTASIA ou retenção do sangue das regras, que se accumulam nos vasos uterinos. Indicação therapeutica. Pulsatilla. Havendo pallidez da face; tensão es- pasmodica do peito e calafrio continuo. Sulphur. Havendo febre ; congestões na cabeça e peito, baço e vasos das costas e lombos, com affecções hemorrhoidaes. Outros remédios são : kali carbonicum. opium, sepia, stramonium, veratrum. MENSTRUAÇÃO irregular. • indicação therapeutica. Acidum phosphoricum. Havendo menstruos abundan- tíssimos e mui freqüentes, precedidos de perda branca, de cephalalgia, palpitação das palpebras, bater do co- ração ; o sangue menstrual é negro e em postas. Aurum. Havendo violentas dores pulsativas no baixo ventre ; congestões na cabeça ; dores intoleráveis pressi- vas, lacerantes, sobretudo no occipital; a cabeça toda tomada, estonteada e vertiginosa ; todos estes symp- tomas se aggravam antes e depois dos menstruos ; humor melancólico; a doente não diz nada. Bov.sta Havendo menstruação mais copiosa todos os quinze dias, precedida de perda branca, que escoria as partes. Calcarea carbônica. Havendo menstruação abundante com violentas dores abdominaes, e muitas vezes cepha- lalrrh,. embotamento, vertigem principalmente antes e d. pois dos menstruos ; pressão no peito; grande cansaço. China. Havendo menstruaçõesabundantíssimas; ver- tigem; cephalalgia pressiva; movimentos involuntários nos olhos; zunido nas orelhas; bocca secca, sede, in- quietação, grande fraqueza. Coceulus. Havendo spasmos em conseqüência de transtorno na menstruação. Croutus. Havendo menstruação muito abundante. Graphites. Havendo menstruação era pequena quan- tidide, co n repuxaniento no baixo ventre e cm todos os membros. Graphites. Havendo menstruos rarissimos e em mui pequena quantidade, que voltam irregularmente, com corrimento de sangue grosso e negro como carvão; d. m. 83. 4i8 D1CC10NAR10 cephalalgia pressiva e continua; inchação do ventre e das extremidades superiores e inferiores; peso ; canceira; preguiça. Ignatia. Havendo menstruos demasiados e mui apres- sados, precedidos e acompanhados de peso, calor na ca- beça, cephalalgia frontal violenta e pressiva, sensi- bilidade dos olhos á luz, zunido nas orelhas, anorexia, sensação de vasio no estômago, pulsação do coração, cansaço mui próximo ao desfallecimento. Nux vomica. Havendo spasmos menstruaes : pressão na testa e no alto da cabeça ; sensação pressiva e dolorosa desde a madre até ao umbigo, e ás vezes até á região epigastriga ; ao mesmo tempo accesso de desfallecimento. Opium. Havendo spasmos menstruaes. Phosphoro. Duram os menstruos quasi oito dias, e são seguidos de grande fraqueza. Platina. Havendo menstruos abundantíssimos e mui prolongados, com pressão na direcção das verilhas para as partes genitaes, e dores abdominaes espasmodicas semelhantes às do parto. Platina. Havendo menstruos abundantíssimos, que correm dous dias e voltam todos quinze dias : muitos dias antes dos menstruos, puxos violentíssimos no baixo ventre, especialmente de noite ; pesada pressão para as partes genitaes, e dores violentíssimas seme- lhantes ás do parto. São os menstruos seguidos de grande abatimento. Pulsatilla. Havendo menstruos mui apressados, pre- cedidos e seguidos de perda branca cora puxos; res- piração curta e insomnia. IHerciirius. Caracter physiologico. O mercurius exprime todos os temperamentos, e principalmente o sangüíneo e lymphatico. Tempo de acção. O seu máximo de acção é de 30 a 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois do mercurius, conforme os symptomas, con- vém bell., china, dulc, hepar, lach., nitr. ac, sulph. DE MEDICINA. 419 Antídotos. Assai., aur., bell., caraph., carbo veg., china, hepar, lach., mezer., nitr. ac, op., salsap , sep., silic, staph., sulph. Concordância em symptomas. Reli., phosph., nux vom., puls., rhus, sulph., spig. Exacerbações. Moderam-se cora bell., bry., cale, hepar, lyc, n. vom., phosph., puls., rhus, sep., spig., sulph. Symptomas geraes que desenvolve o mercurius. Dores despedaçantes e tractivas ou lancinantes nos membros, principalmente de noite, no calor da cama tornam-se insupportaveis. — Inchações inflammatorias com um vermelho luzente. — Dores osteoeopas noc- turnas. — Aggravação dos soffrimentos de noite, ou de tarde, assim como'pelo ar fresco (da noite).—Bati- mentos, sensação de deslocação e dores arthriticas nas articulações, com inchação.—Dores rheumatismaes, com suor abundante que não allivia. De manhã e no descanso sente-se muitas melhoras, principalmente es- tando sentado ou deitado. — Todo o corpo está como que- brado, com adormecimento de todos os ossos. —Grande agitação nos membros, principalmente de noite, com dores nas articulações.—Grande fadiga, fraqueza e queda rápida de forças, com grande indisposição do corpo e do"espirito. — Effervescencia do sangue e tremores fre- qüentes, ainda mesmo depois do menor esforço.—Con- gestões sangüíneas ehemorrhagias. —Grande disposição para se adormecerem os membros. — Caimbras, movi- mentos convulsivos e accessos de epilepsia noeturnos, com gritos, rijeza do corpo, tympanismo do ventre, comichão do nariz e sede. —Spasmos tônicos e tetanos. — Rijeza cataleptica do corpo. — Accessos de esvai- mentos.— Paralysia de muitos membros.—Magreza e atrophia de todo o corpo. — Sobre-excitação e sobre- excitabilidade de todos os órgãos Indicação therapeutica. O mercurius convém na aídoite lábial —alienação mental — amblyopia — angina — angina gangrenosa — ^20 DlCClOiNAKlO aühtas — arthrite — asthma — balbuciameulo —blepha- roDhthalmia grandulosa —cachexia procedente do uso da china —cachexia proveniente do abuso do sulphur — .ária — cephalalgia — choréa esporádica — choréa — ca- hida do recto—cahida da vagina—comnioçao cerebral — congestão cerebral — coxalgia — crostas de leite — diar- rhéa—dures arthriticas—dores rheumaticas —dysecea — dysenteria —ectropião — febre catarrhal— febre gás- trica—febre hectica —febre intermittente —dita ner- vosa — dita pituitosa — glossile — gonorrhéa — gri ppa — hematuria — hemeralopia —hepatite — hydroce- phalo—hydrothorax—hyperostose do tarso —ictericia —impigem —interstigo — leucorrhea — lithiasis— mo- léstia escrophulosa—mania—odontalgia— osteite—otite — otorrhea — panaricio — pannos escrophulosos — pa- rotite — phtisica — plethora —.prosopalgia rheumatica — rachite — ranula — rheumatismo—scarlatina — scia- lica — sterilidade — stomacace — suor — suor dos pés— sycosis — syphiles —tenesmos — lyphus — tosse cbro- uica —dita convulsa — trisrao inflamraatorio —tume- facção dos lábios da vulva — dita dos seio.-— dita dos testículos — ulcera maligna — dita nas orelhas —■ va- ríola (bexigas). MANCHAS NA PELLE. Indicação therapeutica. Manchas que apparecem na pelle e são de côr esbran- quiçada. Curam-se com ars., silic. Se são azuladas, arn. Se amarellas, arn, sulph. Se lividas, conium m. Se negras, arn. Belladona, aurum, conium, cannabis, hepar sulphuris, arsenicum, nitriacidum esulphur. (Veja-se também Obs- CURECIMENTO DA CORNEA.) MANIA.—Veja-se-moléstias da alma. MARASMO.— Gonsumpção. Derradeiro gráo de magreza c esgotamento, que so- brevêm a muitas moléstias chronicas, e até depois de doenças agudas gravíssimas, e depois do uso do mer- cúrio, e de salivarão, etc, depois abundantes perdas continuas de sangue, suores, como diarrhéas, etc, etc. METRITE.—Inflammação da madre. Diagnostico em geral. Dôr na região uterina com inchação e tensão exterior dolorosa ao tacto ; calor e dôr na vagina: dôr no orilicio do ulm» ao tocar- DK MEDICINA. *zl se-lhe; dôr ourinaudo e obrando ; estranguria ; is- churia; tenesmo; constipaçâo. A este phenomeno se ajuntam, logo que a moléstia chegou a alto gráo, symp- tomas ás vezes gravíssimos, corao vômitos, grande alteração da physionomia, agitação physica, desalento, soluço, susto, freqüência de pulso, exaltação de calor, delirio, etc. Indicação therapeutica. Coaibale-se a metrite com: bell., cham., kali,plat.. puls., sab. A inflammação do-, ovarios combate-se com : canth.. staph., thuya. A inflammação da vagina combate-se com : cal, kali, sep.. bell, merc, puls. METRITE PUERPERAL. — (Vej. febre puerperal.) METRORRHAGIA.— Hemorrhagia da madre. Exhalação de sangue pela superlicie interna do utero fora do tempo da menstruação, ou nessas épocas, em grande quantidade. Indicação therapeutica. belladona. Convém quando ha ao mesmo tempo dores pressivas no baixo ventre, para a madre, e violentas dores sacraes. Bryonia: havendo sangue carregado, dores sacraes violentas, e dores mui sensíveis dé afas- tamento na cabeça toda. — Chamomilla: havendo sangue carregado com pedaços coalhados, e correndo por in- tervallos.— Crocus : havendo erethismo nervoso ; cepha- lalgia ; atordoamento ; vertigem; susurro de orelhas, o rubor alterna-se com pallidez ; eólicas ; corrimento de sangue negro e carregado, em pasta, viscoso.—ler- rum: havendo erethismo do systema sangüíneo; face rubra, inflammada ; pulso duro e cheio.— Hyosciamus : havendo corrimento continuo de sangue rubro-claro com convulsões geraes interrompidas de commoções ou palpitações dos membros.—Pulsatilla, convém es- pecialmente quando o sangue coagulado corre por in- tervallos. * TI 1 Arnica. Havendo metrorrhagia precedida cie uma causa externa (pancada, com alguma lesão). Asaram. Convém em conseqüência de violentas con- vulsões causadas por susto na prenhez. Belladona. Havrado continuo corrimento de sangue • 422 DICCIONARIO rubro-claro; pulso cheio, duro e freqüente; fortes dores abdominaes que privara de socego. Belladona. Havendo menstruos copiosissimos; corri- mento de sangue rubro-claro; violentas dores abdo- minaes. Belladona. Havendo corrimento continuo de sangue rubro-claro, cora fortes dores abdominaes no tempu dos menstruos. Chamomilla. Convém na época dos menstruos, cor- rimento copioso em excesso e fétido de sangue coa- lhado, em grandes postas negras; grande fraqueza geral; zunzum nas orelhas; escurecimento da vista. Cfiamomilla. Havendo violenta metrorrhagia era unia mulher de pouco tempo parida ; aspecto pallido; quasi completa perda dos sentidos; pulso apenas palpável. Chamomilla. Havendo metrorrhagia no tempo da menstruação; corrimento continuo de sangue feti- dissimo; grande fraqueza; zunzum nas orelhas. China. Havendo perda continua de sangue,, havia quatro semanas; cephalalgia pressiva ; dores abdo- minaes semelhantes ás do parto; vontade de urinar; dijecções raras e duras; grande fraqueza ; insomnia ; perda de conhecimento; corrimento de sangue coa- lhado, negro e em pastas. Crocus, ajudado de ipecacuanha e nux. Havendo rae- trorhagia violenta em resultado de um susto: perda de sangue negro e coalhado, em grandes gudilhões, sem o menor sentimento ; saltinhos á roda do umbigo ; cephalalgia martelante no lado esquerdo da cabeça, testa até o olho esquerdo; grande fraqueza na vista ; vertigem, desfallecimento ; fastio ; dores no coração ; esgotamento e cansaço; leve inchação dos pés. Crocus, ajudado de bryonia. Havendo corrimento indolente de sangue coalhado c carregado, fora do tempo dos menstruos. Crocus. Havendo metrorrhagia com fraqueza tal que a doente mal pôde fallar. Coceulus. Havendo metrorrhagia de mulher pejada, com corrimento sangüíneo pituitoso considerável pela madre. Ferrum. Havendo metrorrhagia de mulher de parto, em conseqüência de forte abalo: vem o corrimento com dores semelhantes ás do parto. Ferrum metallicum e "china. Hyosciamus. Havendo corrimento contínuo de sangue rubro-claro, com spasmos geraes, interrompido de commoções do corpo e palpitações dos membros. DE MEDICINA. 423 Ipecacuanha, seguida de china: Havendo metrorrhagia violenta como aborto: dores abdominaes, pallidez da face, vertigem, dores no coração, grande sede. Mesmerismus. Havendo metrorrhagia com desfalleci- mentos, face e mãos glaciaes, convulsões. Platina. Havendo perda continua de pastas sangüíneas ou de vermelho vivo ou negras: anorexia; sensação de uma bola que rola no baixo ventre; picadas nas regiões inguinal e sacral; dijecções raras, difficultosas e dolorosas; a região hypogastrica dolorosissima; grande fraqueza; somno inquieto ; melancolia. Pulsatilla. Havendo violenta metrorrhagia, em mu- lher pejada, com falsas dores de parto e ameaço de aborto. Pulsatilla. Havendo violentíssima metrorrhagia de- pois do parto: a enferma está pallida, coberta de suor frio, sem movimento ; ruido na cabeça, vista escura ; falta completa de contracções da madre; adherencia da placenta ; madre pegajosa. Sabina. Havendo metrorrhagia com dores do parto desde o sacro até a madre, 'cora grande vontade de urinar. Sabina. Havendo fluxo indolente, de sangue carregado, ora liquido, ora coalhado. Sabina. Havendo menstruos abundantíssimos com spasmos abdominaes. Sabina. Havendo fluxo de sangue rubro-claro. Sabina. Havia quatro semanas, fluxo sangüíneo in- dolente pela madre, as mais das vezes em pastas coa- lhadas e de côr negra carregada, misturadas de sangue liquido aquoso; o fluxo diminue de noite ; ás vezes passam para as partes genitaes, grande fraqueza geral, magreza. . Secale cornutum, intercalando calcarea carbônica. Havendo menstruos abundantíssimos que debilitam a en- ferma a ponto de desfallecer. Sepia. Havendo fluxo sangüíneo continuado e copiosis- simo noite e dia., com dôr espasmodica e contractiva no baixo ventre ; pressão dolorosa nas partes geni- taes ; ás vezes picadas passageiras e rápidas nas par- tes genitaes. Qiilnhur MONOMANIA COM DESGOSTO E TRISTEZA. Monomania é a mania, dirigida a um unico objecto: ella representa por symptoma principal a concentração de todos os pensamentos, em um só ponto : uma única idéa parece absorver todas as faculdades da intelli- 424 DiceiONARio vencia; se se consegue por movimentos distrahir o melancólico dessa idéa, elle discorre muito bem sobre outras cousas; mas este intervallo de razão, é geral- mente muito breve. Elle tem muitas vezes visões phan- tasticas; tem modo preoccupado ; porte extraordinário ; anda habitualmente triste, calado, tem apezar disso ás vezes rasgos passageiros de alegria convulsiva. Indicação therapeutica. Belladona. Quando crê o doente que offendeu a todos ; afflige-se logo que vê vir alguém. Ignatia. Convém era conseqüência de mortiticação. o doente busca a solidão, e olha fixo diante de si. MORBILLI. - Rogeola. (Sarampo.) Diagnostico em geral. São primeiros phenomenos da moléstia: incommodo; alternativas de calor e frio. máo humor, acceleração de pulso, fastio o sede. No segundo dia lagrimação cora brilho e vermelhidão dos olhos ; cócegas no nariz ; fluxo de liquido claro e acre pelos narizes; espirros ; ás vezes hemorrhagias nazaes; tosse secca com um som particular; ás vezes dôr de garganta ; vomito ou diarrhéa ; dores de cabeça, e em certos casos delirio, adormecimenso, convulsões. Ag- gravam-se estes diversos phenomenos com ou sem aug- mento nocturno, até no momento em que apparece a erupção'; eé ordinariamente no teiceiro ou quinto dia que ella começa a mostrar-se. Apparece em fôrma de manchinhas vermelhas, apenas elevadas, reunidas em muitos pontos, de sorte que formam grandes placas irregulares. Mostram-se estas manchas a principio na face, depois no peito, braços, abdômen e membros pelvianos. E' cada mancha coroada de pequena emi- nência mais sensível ao tacto do que á vista. A erup- ção é ordinariamente terminada em 48 horas, dura três ou quatro dias, e desapparece pouco depois pela ordem por que appareceu. A pelle fica áspera ao tacto e cobre-se de uma espécie de farinha subtil que sahe esfregando-se. A espécie de irritação das membranas mucosas dos olhos, das fossas nazaes e as vezes até das vias res- piratórias ou digestivas, que precede á rubefacçãoda pelle, e acompanha e cessa com ella; o moviraento febril que diminuiu as sulta que o morphetico ordinariamente sente coceira imsupportavel, e logo depois cariação dos ossos, e se destacarem Ínsensívelmente os membros, sem que elle possa remediar a progressão domai. A morphéa, por causa interna primitivamente affecta o systema lym- phatico e cellular, e se manifesta por uma dôr local nos gânglios e nos trajectos dos vasos lymphaticos. Disse-se que logo depois dessa dor, o engorgitamento da pelle é acompanhado de muito calor e suor; e bem que os gânglios formam as raais das vezes espécies de cordõesnodos«s, sendo estes nós vermelhos e sensíveis como acontece aos leicenços, O mal que assim caminha, vai mudando a fôrma do semblante do indivíduo a tornal-o grosso c tuberculoso, a dar-lhe a fôrma leonina. Observa-se uma mudança complela em todas as funcções orgânicas no morphetico, e as não descrevo, por serera fáceis de se perceberera, visto queodesarranjo caminha a par do desenvolvimento do mal. D. m, 55. 434 DICCIONARIO Quando a morphéa toca o segundo período, ou ao periodo do seu desenvolvimento perfeito, se experimenta grandes dores, ou estas dcsapparecem de todo até o final da vida: ordinariamente esle ultimo phenomeno é o que se mais observa ; e ai do mísero morphe- tico, se a natureza, delle ao menos se não compadecesse. Do 2.° periodo da morphéa era diante o doente perde o somno, e se vai tornando ancioso, melancó- lico e taciturno, e ao depois começa a ter horror a si mesmo I Tem-se visto que a morphéa, chegando ao 2.° periodo, ou por outra, chegando ao gráo de per- feito desenvolvimento, muitas vezes fica estacionaria a permittir ao desgraçado uma existência de 15 a 20 annos, sempre tormentosa e horrível, porque os suores e a respiração fedem a se não poder tolerar: isto só não basta a tornar a vida pesado fardo ; uma sede ar- dente e continua, um fedor permanente, a inversão de todas as funcções orgânicas, as feridas roedoras que destroem e acabam os membros, são quem por demais concorrem a tornar a existência pesada e. cruel. O me- canismo por que cahem as unhas e os membros é singular e horrível: umas bolhas apparecem debaixo das unhas, que as suspendem e destacam-n'as, destruindo as partes molles desses lugares, e como não são suscep- tíveis de cura, porque o mal caminha, cariam-se os ossos e os membros se destacara, mutilando o doente Ínsensívelmente sem que elle, mísera victima, possa remediar a progressão do mal. Todos concordam em ser a morphéa um mal con- tagioso, e por isso é que muitos attribuem-n'a como as sarnas, particularmente desenvolvida em presença de animaculos eminentemente malfeitores. Esta ultima as- serçãoé tanto mais verdadeira, quanto o tratamento de que a allopathia se tem servido até hoje, não tem ao meu ver outro fim que destruil-os. Períodos da morphéa. Três são ôs períodos ou gráos por que passa o doente acommettido pela morphéa, que são, conforme a opinião de Arêtêo, transcriptos na nosographia phylosophíca de Penei: 1.° Face tuberculosa, áspera, secca, com greta na pelle; outras vezes o mal começa pelos cotovelos, joelhos, pés, mãos; lentidão nos movimentos, somnolencia, constipaçâo ; 2.° Respiração fétida, ourinas jumentosas, ardente DE MEDICINA. 435 desejos para os prazeres sensuaes, tuberculos da pelle ásperos, isolados, com gretas mais profundas, cujo aspecto se assemelha com o do elefante; os cabellos e pellos cahem; o pulso é pequeno e lento, com coceira intolerável nos dedos e nos joelhos; as bo- chechas se tornam vermelhas c mui crescidas, o olhar é amortecido, os sobr'olhos proeminentes, tuberculos negros, lividos e disformes no nariz ; 3.° Os tuberculos das faces, do mento, dos dedos ul- ceram-se, e estas ulcerações acarretam a perda ou queda dessas parles, como acontece com o nariz, dedos das mãos e pés, isto é, a morte parcial apparece primeiro, que a morte geral: neste intervallo o doente experi- menta muitas dores, insomnia, anciedade, melancolia profunda, abolição dos sentidos. Causas geraes e ordinárias. O contagio, a immundicia era que se conserva o corpo, a alimentação constante de peixes e mariscos, má ali- mentação, a abolição da menstruação, o vicio venereo, a syphilis constitucional. Indicação therapeutica. \ homceopathia no começo da morphéa tem tirado bons resultados com o emprego do arsênico, muitas vezes repetidos, com o sulphur, merc, merc. subi, iod., graph., silic isr. IVatriiui carbouicum. (Carbonato de soda.) Caracter physiologico. Exprime o temperamento nervoso lymphatico. Tempo de acção. Tem 40 dias de acção. Medicamentos a seguir-se. Depois do natrum carbonicum convém ars., carbo Bg., china, merc, natr. mur., nux vom., puls. 43c, mccniN.vnic Antídotos. Camph., spir. nilr.. dulc. Concordância em symplomax. Cale, lyc. phosph., sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se as exacerbações cora cale, lyc, conium, nux vom., phosph., puls., sep., sulph. Symptomas geraes que desenvolve o natrum carbonicum. Caimbras, principalmente nos braços e nas pernas. — Tracções paralvticas nas articulações, principalmente de tarde e de noite.—Encolhimento dos tendões.— Tremura nos membros, nas articulações enos músculos. — Lancinações formigantes nos músculos.—Grande disposição ás luxações, e derreamentos.—Inchação das glândulas.—Exacerbação dos symptomas durante a mu- dança de tempo.—A maior parte dos symptomas ma- nifestara-se emquanto se está assentado c dissipara-se pelo moviraento, pela pressão e esfregamento. — Du- rante as dores, ancias, tremura e suor. —Grande agi- tação geral do corpo, de noite. — Grande sensibilidade doentia, com tremura, mesmo tocando piano. — Re- laxamento e falta de solidez cm todo o corpo. — Andar incerto. — Peso e preguiça, principalmente de manhã, com medo do movimento. —Quebramento paralytico de manhã, e grande cansaço nos membros.—Depois de uma marcha moderada, cansaço quasi a deixar-se cahir. — Fraqueza prolongada. — Magreza, côr pallida, pupillas dilatadas e urinas escuras. —Repugnância no ar livre. — Grande disposição a resfriar-se, seguida de rheuma do cérebro, ou de eólicas, com diarrhéa. Indicação thcrapeutiea. O natrum carb. convém na arthrite — dartro — dy- secea— empolas nos dedos das mãos e dos pés — ephe- lides —hepatite chronica — lepra — mola — nevralgia— prosopalgia—sarna — ulcera nos calcanhares—verrugas. DE MEDICINA. 437 ftaírtiiu muriaticum. Caracter physiologico. Este medicamento exprime o temperamento sangüí- neo nervoso. Tempo de acção. O seu máximo de acção é de 40 a 50 dias em casos de moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois do natrum muriaticum convém arn., ars., carbo veg., china, lyc, merc. nux vom., natr., puls. Antídotos. Camph., spir., nitr., dulc. Concordância em symptomas. Cale, puls., sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se com cale, lyc, nux vom. Symptomas geraes que desenvolve o natrum muriaticum. Tracção pressiva nos membros. — Dureza de todas as articulações, que estalam quando se faz movimento. — Encurtamento dos tendões. — Tremura nos músculos e membros.—Disposição ás luxações e ase derrear.— Paralysias. — Inchação das glândulas. — Accesso de in- commodo, principalmente de manhã, ou de noite, com náuseas, fraqueza, pallidez mortal no rosto, dôr de ca- beça, dormeneia dos membros, necessidade de deitar-se, etc. — Conseqüências tristes de uma contrariedade.— Manifestam-se os symptomas, renovam-se e aggravam-se geralmente levantando-se da cama. — As dores noctur- nas suspendem a respiração e occasionam uma espécie de paralysia semi-lateral.—Effervescencia de sangue, geral, cora pulsação em todo o corpo ao menor loque. — Congestão na cabeça, no peito e no estômago, cora frio nas pernas. — Incommodo depois de ter muito fal- 438 DICCIONARIO lado.— Grande relaxamento de todas as forças physicas e moraes, depois de qualquer fadiga corporal. — Peso e preguiça, principalmente de manha depois de levan- tar-se, com repugnância para o movimento c ao andar. — Cansaço excessivo nos membros, principalmente de manhã e estando assentado. —Fraqueza hysterica.— Grande fraqueza.—Abatimento e agilidade alterna- tivamente nos membros.—Grande magreza.—Dis- posição a constipar-se.—Inquietações no corpo com tremura. Indicação therapeutica. O natrum mur. convém na alopecia — choréa—con- stipaçâo— febre intermittente—dita nervosa — gonor- rhéa— heraicranea — incontinencia da urina de noite —prosopalgia—prurido—esterilidade—suppressão das regras — tosse com urinas involuntárias — tumefacção dos joelhos — ulceras na bocca — vertigem — vômitos das mulheres grávidas. NEGROSE.—Nécrose, modificação dos ossos. Assim se denomina a morte da totalidade oude uma parte maior ou menor de algum osso. A neerose é a res- peito dos ossos, o mesmo que a gangrena para as partes molles: a parte necroseada, deseccada, falta de sueco, passa a ser corpo extranho, análogo ás escaras gangre- nosas ; a natureza faz esforços, para separar essa porção morta ; ella a destroe das partes vizinhas e favorece sua expulsão. Indicação therapeutica. Belladona, mercur., sulphur, calcarea, lycopodium e si- licea . NEPHRALGIA.—Dores nos rins. Indicação thcrapeutiea. Nux vomica. Havendo pressão excessiva na região lombar direita, suspensão da secreção da urina, impos- sibilidade de se deitar sobre o lado direito. NEPHRITE.—Inflammação dos rins. Dôr abrazadora, pressiva, na região renal, que se dil- lata ao longo dos ureteres até á bexiga; cbôr quando se urina, estranguria e até ischuría, quando ha simultânea inflammação dos dous rins, o que rarissimo acontece: urina vermelha e ardente, o testículo do lado inflam- ma do é attrahido para o ventre, inchado e dolorido; o DE MEDICINA. 439 músculo inferior do lado enfermo está muitas vezes adormecido e aífectado espasmodicaraente ; vomito ; eó- licas ; tenesmo. Aggravam-se as dores quando, o pa- ciente se põe de pé, anda ou está inclinado para a parte doente. Indicação therapeutica. Aconitum, cantharides, puls. e salsaparrilha. Aconitum, cannabis e cantharides. Havendo inflam- mação dos rins e da bexiga, com ischuría. NEVROPATHIA.—E' o estado nervoso mórbido ou dia- these nervosa, que secaracterisa por symptomas signifi- cativos do estado mórbido nervoso, indeterminado, no qual os enfermos padecem perturbações funecionaes variáveis de intelligencia, do movimento e de sensibili- dade orgânica, a formar um estado nervoso geral, a que se tem dado o nome de nevropathia. As causas que deter- minam a nevropathia são as debilitantes, a syphilis e os miasmas nephriticos e as hemorrhoidas. Indicação thcrapeutiea. China, ferro, causticum, bell, acon. e merc. NEGTILATIO.—Pestanejamento. Movimento continuo e rápido das palpebras, que se chegam e afastam alternativamente. Indicação thcrapeutiea. Spigelia, ajudada de ferrum aceticum. ftitri aciduui. (Nitro ácido.) Caracter physiologico. O nitro ácido exprime o temperamento sanguinco. Tempo de acção. Sua acção se prolonga a 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depoisdo nitro ácido convém, além de outros, cale, petr., puls., sulph. Antídotos. Camph., hepar, sulph. 4i0 DICCIONARIO Concordância em symptomas. Puls., sulph. Exacerbações. Moderam-se cora carbo veg., puls., sep., sulph., raere, lyc, rhus. Symptomas geraes que desenvolve o nitro ácido. Dores lancinantes corao por espinhos, principalmente ao tocar. —Rompimento nos membros, principalmente depois de ura resfriamento. — Inflammação e sensibili- dade dolorosa dos ossos. — Ulceração dos ossos. — Ra- i hitismo. — Intlamraação, inchação e suppuração das glândulas. —Estalos das articulações.—Ataques de epilepsia, precedida de repuxaniento nos membros, e seguidas de molleza do corpo e de roncos. —Dores cora a mudança de tempo. — Dores sensíveis durante o sorano. — Exacerbação dos symptomas, de noite e de tarde.— O passeio de carro allivia a maior parte dos symptomas. — Grande fraqueza, e cansaço geral, com tremura, peso das pernas e necessidade de conservar-se deitado, principalmente de tarde ou de manhã.—Magreza ex- cessiva. — Facilidade de resfriar-se. Indicação therapeutica. O nitro ac. convém no abscesso do seio—affecções ab- dominaes chronicas — angina tonsillar — cardialgia — caria —cephalalgia — cancro da madre — dartro — dito syphilitico — diarrhéa — dôr na pelle da cabeça — dys- crasia mercurial—febre hectica — gonorrhéa — hemor- rhoide llatulenta — impigem — melancolia — obscure- cimento da cornea—odontalgia mercurial — ophtalmia syphilitica — osphyalgia — parotite — scarlatina — scia- tica — stomacaee — sycosis — syphilis — transillite — ulcera da bocca — verrugas. NEVRALGIAS.—Dôr esnervosas. Indicação therapeutica. China e platina. Havendo nevralgia da lingua, dôr pungente. Magnesia polus artículos. Havendo nevralrria em ge- ral. DE MEDICINA. 441 Sulphur, calcarea carbônica e kali. Havendo nevralgia temporo-facial. (Veja-se também Cardialgia e Proso- palgia. ) NOCTAMBULAÇÃO. Synonimodesomnambulismo, ouantes é um gráo desta enfermidade, em que o doente se ergue dormindo, anda, trata de seus negócios, etc, sem que de tudo isto se possa lembrar depois que acorda. Bryonia e belladona são os medicamentos que conviria empregar para combater este incommodo. NOTALGIA.—Dôr nas costas. Indicação therapeutica. Arsenicum. Havendo notalgia periódica. Começa por uma sensação de molleza e anciedade nas costas, abaixo da omoplata, com pressão no estômago ; a dôr sobe ao depois mais para cima, passa a ardente, e se aggrava com o menor tacto. E ao somno dejecções freqüentes, líquidas e amarelladas, dôr de excoriação no ânus, can- saço. Bryonia. Havendo rigidez no sacro. Rhus e colocynthides. Havendo violentas dores de dia e de noite ao longo das costas, até aos hombros, nas cadeiras e na parte posterior das coxas. Nux moscata. Caracter physiologico. A nux moscata representa o caracter sangüíneo ner- voso. Tempo de acção. Sua acção é de 10 a 15 dias. Medicamentos a segitir-se. Depois da nux moscata convém : ign., nux vom., ópio, puls. Antídotos. Camph. Concordância em sijmptomas. Nux vom., puls., rhus, d. m. 56. íf- DICCI0NAR10 Exacerbações. Moderam-se com : silic, rhus, nux vom. Symptomas geraes que desenvolve a nux mosc. Dores penetrantes e pressivas, que passam de um lugar a outro, e que só oecupam um pequeno espaço, duram poucos instantes, mas reapparecem logo.— Trao- ção nos membros, principalmente durante o repouso, corao depois de um resfriamento.—Por um tempo frio (humido), dores nos membros e nas articulações, e outros ineommodos.—Os symptomas são aggravados ao ar frio; o calor exterior allivia.—Afflicções acompa- nhadas de vontade de dormir e de disposição aos vaga- dos.— Accessos de esvaimentos. —Convulsões. —Res- friamento, como acontece subitamente depois do suor, com dôr na nuca e em todos os ossos. —Grande sensi- bilidade dolorosa de todo o corpo , mesmo estando deitado. — Grande agitação do systema muscular. —De- pois da mais leve fadiga, cansaço e necessidade de dei- tar-se.-— Grande cansaço, principalmente nos rins e nos joelhos, como depois de uma longa marcha, com vontade de dormir. Indicação therapeutica. A nux moscata convém na suppressão das regras — tosse convulsa, e outros muitos padecimentos indicados na symptomatologia geral e local. üux vomica. , Caracter physiologico. A nux vomica exprime todos os temperamentos, e mui particularmente o sangüíneo bilioso. E' o principal medicamento para as congestões cerebraes. Tempo de acção. A sua acção é de 15 a 20 dias. / Medicamentos a seguir-se. Depois da nux vomica convém; bry., puls.. merc. faiph... DI", MEDICINA. 143 Aulidolus. Acon., camph., cham., coce, coff., ign., puls. Concordância . Puls., rhus. Exacerbações: Moderam-se com: .ars., bry., rhus. Indicação thurapculica. A nux vom. convém nas affecções abdominies chro- nicas — amaurose — ainblyopia —angina — ápoplexia — arthrite — asthenia — asthenia espasmodica dos me- ninos— atrophia dos meninos — aborto—bronchite — cachexia — cardialgia—catalepsia — cataphora — catar- rho— cephalalgia—cancro nos lábios — choréa—ca- hida do ânus — colica — dita biliosa—dita nephritica —dita sangüínea — dita ventosa — congestão para a ca- beça, paia o peilo e para o abdômen — constipaçâo — contracções prematuras do utero para o parto — contra:ções espasmodicas do utero para o parto—-con- tracção espasmodica do ânus—calos nos pés—dartro sy- phililico nos lábios superior e inferior—delirio tremulo — dentição diflicil — diaframite—diarrhéa—dôr de- pois do parto — dôr no cordão spermatico—dyspepsia — dysenteria — dysuria — eccbymoses dos olhos — ence- phalite—estreitamento espasmodícodo ânus — enterite — epilepsia — epilepsia abdominal — erysipela habitual — exulceracão do seio—febre catarrhal — febre gás- trica— febre intermittente — febre nervosa — febre pituitosa — febre puerperal — febre rheumatica — fe- bre verminosa —flatulencia — frieiras — fungos me- dular — furunculo — gastricismo — glossalgia — gonor- rhéa— grippa — helmiathinse — hemoptysia — hemor- rhagia dos olhos —hemorrhoidas — hepatite — hérnia — hérnia crural — hérnia estrangulada — hydropesia abdominal —hydropesia do peito — hypochondriá — hysteria — ictericia — impigem —• ischuría — leuco- píilegmasia dolorosa—leucorrhea — lypothimia— li- thiase — mania — melena — menstruação diílicil — menstruação supprimida —metaslase'do leite—me- trite puerperal — metrorrhagia — myodesopia — ne- phralgia—nevralgia celiaca—nostalgia— odontalgia— 444 DICCIONARIO ophthalmia — orchile—otalgia— otile-paralysia —pa- ralysia da perna esquerda— peripneumonia — pho- tophobia — phtisica —dita laryngea — pletnora — dita das mulheres grávidas — pleurodinia — polluções — presbyopia — priapismo — prosopalgia — psoite — pvrose — rheuraatismo — dito da espinha dorsal— sa- ràmpão — sciatica nervosa — spasmo na garganta — dito do pharynge —dito tônico — stomacace — stran- guria — suppressão das regras — susurro dos ouvidos — tosse — dita convulsa — dita com vômitos — so- luço — tumefacção do testículo—tumor na bocca — tumor na vagina — ulcera — dita na bocca e na lin- gua — urtiearia — vertigem — vômitos dos bêbados — ditos das mulheres grávidas — dito idiopathico. Symptomas geraes que desenvolve a nux vomica. Dores lancinantes, arquejantes, ou estremecentes, despedaçantes e tractivas, cora sensação de torpor e de fraqueza" paralytica das partes affectadas. — Dores tão excessivamente insupportaveis, que antes se deseja- ria morrer. —Dores de mortifieação nos membros e nas articulações, a maior partes das vezes de ma- nhã na cama, e durante ou depois do movimento.— Tensão e rijeza, adormecimento e torpor, cansaço, al- quebramento e paralysia dos membros.—Tremor dos membros.—Palpitação dos músculos ou sensação como se alguma cousa se movesse.— Immobilidade das arti- culações.— Contracções crampoides de muitas partes.— Accessos de convulsões, de caimbras, de tetanos e ou- tros spasmos, algumas vezes com gritos, derreamento da cabeça, tremor dos membros, evacuação involun- tária das dejecções e das ourinas, vomito, suor abun- dante, sede e respiração arquejante. — Toda emoção colérica renova os accessos epilépticos.—Os accsssos de irapertinencias são seguidos de uma sensação de torpor e de adormecimento nas partes affectadas.— Accessos de indisposição, principalmente depois do jan- tar, de tarde ou de noite, e algumas vezes com náu- seas que excedem da cavidade do estômago, anxiedade, fraqueza e tremor dos membros, calor passageiro e pal- lidez do rosto, zunído nos ouvidos, dores na cavidadedo estômago, formigamento nos pés e nas mãos, e ne- cessidade de deitar-se. —Accessos de desfallecimento depois do menor esforço, principalmente depois de pas- sear ao ar, e algumas vezes com vertigens, atordoa- mento, scintillamento, nevoeiro diante dos olhos e DE MEDICINA. 445 fervor do sangue.—Grande alquebramento e fadiga, mesmo de manhã despertando, ou depois de estar le- vantado, e grande prostração depois do menor pas- seio ao ar. — Queda rápida e gerai das forças e gran- de fraqueza dos músculos, com andar vacillante e prostração.—Sobre-excitação de todo o systema ner- voso, com mui grande impressionabilidade de todos os órgãos, principalmente da vista e do ouvido. — Sensibilidade excessiva e repugnância á corrente de ar, com disposição para se resfriar facilmente. — Dormeneia do corpo, preguiça e horror de todo o movimento com muita necessidade de ficar deitado ou assentado, posições nas quaes todas as dores são alliviadas. —Os soffrimentos que appareceram duran- te o repouso* na alcova, melhoram-se pelo passeio ao ar livre, e vice-versa.—O café, o vinho, a fuma- ça do fumo, a meditação e as vigílias, assim como um tempo ventoso, provocam ou aggravam também muito os soffrimentos.—De manhã, ao levantar, ou de noite pela volta das oito ou nove horas, e tam- bém depois do jantar, sente-se ordinariamente mais atacado, e muitos soffrimentos apparecem periodica- mente n'uma ou n'outra destas épocas.— Magreza do corpo. O. OBESIDADE. E' o excesso de nutrição manifestan- do-se pela extraordinária gordura. Indicação therapeutica. Combate-se este estado com: cale, caps., ferr. OBSTRUCÇÃO ALVINA.—Constipaçâo do ventre ou difficuldade de evacuar as matérias fecaes. Indicação therapeutica. Argilla. Convém na constipaçâo nas crianças. Bryonia, ajudada de nux vomica. Convém nas dijecções duríssimas de oito em oito dias. Carbo vegetabilis. Convém na constipaçâo hemor- rhoidal. 440 Ü1CCIONAUI0 Lycopodium. Convém na constipaçâo cora accesso de violentas eólicas. Nux vomica. Convém na constipaçâo de seis d ias; ver- tigem, atordoamento, peso de cabeça com sensação de bebedeira, congestões na cabeça e symptomas gástricos. Opium. Convém na constipaçâo era geral. Opium. Convém na constipaçâo das mulheres pejadas. Plumbum Convém na constipaçâo de 19 dias. Psoricum. Convém na constipaçâo habitual de uraa criança desde a nascença ; sulphur, aluminu e opium só hviani produzido melhora passageira. Stannum: Convém na plenitude, ventre como balão, incommodo, calor na cabeça. Sulphur. Convém na constipaçâo pertinaz. Veratrum álbum. OBSCIJRECIMENTO DA CORNEA transparente, re- sultante de inflammação dos olhos. Indicação tltcrapcutica. Cannabis. Convém externa e internamente. Uma mancha parda alvacenla cobre a'cornea toda.—Bella- dona cura a ophlbalmia de que esla moleslia estava complicada. Euphrasia, alternada com cannabis. Convém quando a raaior parle da cornea está obscurecida com manchas. Euphrasia. Convém no obscuiecimento da cornea toda. Magnesia,phosphor., silicea. Convém no obscurecimen- to leucomaiosO em conseqüência de uma ophthalmia trauiiialico-arlhritica, cora vertigem, prurido e ardor nos olhos e nas palpebras, suspensão de menstruos, dila- tarão das pupillas, photophobia. OBSTIPIDADE LATERAL.—Cabeça torta. Variedade de rheuraatismo, que tema sede nos mús- culos do pescoço, e obsta aos movimentos da cabeça, de modo que o doente vê-se forçado a detêl-a inclina- da para o lado enfermo. Indicação therapeutica. Lycopodium, merc, bell., acon. ODAXISMO. E'a comichão muito activa e incommoda da pelle. Combate-se com: bell., ars., merc, snlpliur. OUONTALGIA.—Dores de dentes que provém de carie ou podridão dos dentes ou de maldade do estômago. DE MEDICINA. 447 Indicação therapeutica. Acidum nitricum. Convém na odontalgia pulsativa, com aggravação nocturna, em conseqüência do mer- cúrio . Aconitum. Convém na dôr violenta e formigante nos dentes, com exacerbação depois do meio dia, e sobre- " tudo de noite orgasmo na cabeça, calor e vermelhidão das faces. Aconitum. Convém na odontalgiapulsante com con- gestões na cabeça. Agaricus muscàrius. Convém na odontalgia aggrava- da pelo frio. Alumina. Convém na odontalgia ao tempo da mas- tigação. Belladona. Convém nas dores lacerantes e compri- mentes nos dentes da maxilla superior, sem que um só esteja furado; os dentes parecem mui longos; a ins- piração do ar fresco excita as dores, o tacto as aggrava, exacerbação á noite e de manhã ; face rubra e abrasada. Belladona. Convém na odontalgia com trismo. Bryonia e rhus. Convém na odontalgia intolerável; sensação como se arrancassem os dentes todos ; o calor da cama, o ar quente e frio aggravam as dores. Causticum. Gonvém na odontalgia ; gengivas dolori- das, que sangram facilmente, laceramento nos múscu- los da face, no olho e orelha do lado enfermo. Calcarea. Convém no laceramento por accessos de dia e de noite, nos dentes furados e nos sãos, aggravado com frio, especialmente por correntes de ar, grande sensibilidade dos dentes ao contacto do ar, ainda fora dos accessos. Chamomilla. Convém na odontalgia em conseqüên- cia de resfriamento : os alimentos sólidos e líquidos , especialmente bebidas quentes, café excitam e aggra- vam as dores. Chamomilla. Convém na odontalgia violentíssima com desasocego, gemidos, inchação da face esquerda, um dos raolares da parte esquerda da maxilla supe- rior está ouço, gengivas daquelle lado inchadas e abrazadas, insomnia ; queixa-se o doente de uma dôr pressiva e roedôra nos dentes furados. Chamomilla. Convém na odontalgia forte e perió- dica no ultimo dente molar do lado esquerdo da maxilla inferior; o dente está furado; a dôr consiste era um repuxamento e em abalos, e augmenta de- pois das comidas. 448 DICCIONARIO Chamomilla. Convém na odontalgia forte e perió- dica no ultimo dente molar do lado esquerdo da maxilla inferior ; o dente está furado ; a dôr consiste em um repuxamento e era abalos, e augmentam depois Chamomilla. Convém na violenta odontalgia, com exacerbação nocturna e tumefacção das gengivas; a mesma dôr consiste em prurido e formigueiro nos dentes e em picadas que atravessam o lado esquerdo da maxilla superior. . . " China. Convém na violenta odontalgia, especial- mente de noite e depois das comidas. O doente não pôde encontrar melhora senão apertando bem os dentes, ao mesmo passo que o menor toque exaspera muitas vezes a dôr. Coffea. Convém na odontalgia com excitação do_ systema nervoso. y Euphorbia. Convém na odontalgia pulsativa e batente, como se se cerrassem os dentes com um parafuso ; temor doloroso e sensível, principalmente ao tocar-se-lhe por baixo do dente canino direito; desenvolve-se depois este tumor como abscesso; erysipela das faces. Graphites. Convém na odontalgia em todos os dentes do lado esquerdo, com cephalalgia semilateral por ac- cesso ; exacerbação nocturna. Hyoseyamus. Convém na odontalgia em todos os dentes da parte direita da maxilla superior, cariados ou sãos, que affectam a maxilla superior e a aza di- reita do nariz e se estende até á raiz do mesmo e olho direito; ella ataca também a maxilla inferior, mas em menor gráo. Gengivas inchadas. Consiste a dôr em laceramento e pulsação, e aggrava-se com a pressão sobre os dentes affectados. Sensação como se fossem os dentes mui compridos. Lachesis. Convém quando ha atroz puxamento, picadas surdas nas raizes dos dentes da maxilla inferior, ganhando muitas vezes a maxilla superior até a orelha ; manifesta-se esta dôr depois de acordar, depois de comer e de tomar bebidas quentes ou frias. Magnesia carbônica. Gonvém na dôr furante em um ou em muitos dentes do lado esquerdo da maxilla inferior, laceração no lado direito da face até á re- gião temporal, com rigidez dos músculos da nuca e do pescoço. A dôr é moderada de dia, mas violentís- sima á tarde e á noite, a ponto da doente se ver forçada a passear no seu quarto, DF. .MEDICINA. 4'ií'i Mercurius civus. Convém na odontalgia da mulher pejada: gengivas inchadas, lividas de vermelho vivo nas bordas, como roidas, dolorosas e mui sensíveis; lingua sensível, cheiro pútrido da bocca. Dores lan- cinantes nos dentes cariados e nos sãos. A' noite o ar frio e bebidas frias aggravam a dôr. Mercurius solubilis. Convém quando ha violentas dores lancinantes nos dentes da maxilla inferior, que obrigam o doente a largar o leito; gengivas pai- lidas, inchadas e com coraichões. A esfregação dos dentes faz desapparecer a dôr por momentos, o calor a diminue, o ar fresco a excita fortemente. Mercurius solubilis. Convém na violenta coceira, que obriga o enfermo a coçar-se; ulcera junto de um dente molar cariado; as gengivas do lado esquerdo da maxilla superior estão muito inchadas de verme- lhas; inchação indolente da face esquerda; a inspi- ração do ar fresco provoca dôr lancinante; com o calor diminuem as dores; augmentam de noite.' Mezereum. Convém na odontalgia em conseqüência de resfriamentos: dores molestantes no lado esquerdo das maxillas superior e inferior, alternadas de dores furantes era muitos dentes, e picadas até ao osso jugal esquerdo. Os dentes do lado esquerdo estão embo- tados e parecem compridos: todo o lado esquerdo do interior da cabeça está adormecido; dores puxantes em differentes lugares da cabeça. O movimento e tacto aggravam a cephalalgia e odontalgia ; arripia- raento á noite; humor descontente. Mezereum. Convém nas dores palpitantes, pungentes, agarrantes, n'um dente molar da maxilla superior, persistente de dia e noite, sensação de embotamento, como se lhe arrancassem o dente enfermo. Nux vomica. Convém na odontalgia lancinante e puxante, sem inchação das faces, especialmente de noite aggravada pelo frio e calor, mas sobretudo pelo ar frio; grande sensibilidade dos dentes ao ar frio. Nux vomica. Havendo violenta dôr de excoriação em toda a maxilla superior, com cavadura n'um dente cariado da parte direita, alternada com picadas até aos ossos da face, especialmente de manhã andando ao ar livre e durante as comidas. Nux vomica. Havendo violenta dôr cavante n'um dente molar da parte esquerda da maxilla superior. com picadas em todo o lado esquerdo da face: o calor diminue estes symptomas. d. m. 57. ViÚ DICCIõN.VRIt) Nu.r vomica. Havendo cavadura e furamenlo nos den- tes todos. Platina. Havendo cavadura pulsativa em todo o lado direito da maxilla; aggravação de noite no tempo do descanso, lagrimas involuntárias, sensação de adorme- cimento tensivo na face da parte enferma ; menstruos mui anticipados e abundantíssimos. Psoricum. Havendo odontalgia. Pulsatilla. Havendo odontalgia de mulher grávida por accessos, sobretudo de noite, com sensação de calafrio. Pulsatilla. Havendo odontalgia pulsatiya no lado es- querdo do maxillar superior, com repuxamento até. ao olho esquerdo; aggravação nocturna no leito. A morada em câmara quente, comidas e bebidas quentes, augmentam a dôr, o ar livre a diminue. Pulsatilla. Havendo dores lancinantes n'um dente mo- lar furado, que chegam ao lado esquerdo da face e vão até a orelha. Ao mesmo tempo calafrios e palpitações pelo corpo todo. Pulsatilla. Roedura puxante e lacerante nos dentes molares superiores e inferiores do lado esquerdo. A maxilla inferior acha-se dolorida no tocar-se-lhe. Rhus. Havendo laceramento nos dentes e na cabeça da noite até o dia seguinte; não pôde o doente estar deitado. Rhus. Havendo odontalgia depois de esfriamento : o calor allivia as dores. Sabina. Havendo violenta odontalgia, sobretudo na cama e depois de comer, sensação como se quebrasse o dente, abundante sangramentb das gengivas. Sepia. Havendo odontalgia de mulher pejada : dôr pul- sante e batente, gemidos ; água fria diminue as dores. Sepia. Havendo odontalgia pulsativa e lancinante quo vem ter ás orelhas e braços, respiração constrangida e difficultosa. Silicea. Havendo inchação do osso ou do periosteo do queixo inferior, odontalgia pulsativa. Spigelia. Havendo odontalgia pulsativa complicada de prosopalgia. Staphysagria. Coceira violenta rodente com dolorosos repuxamentos, ora ao longo dos dentes dianteiros, ora até ao olho, maior de manhã e depois de comer, a mastigação, o ar livre e bebidas frias aggravam a dor, o calor a diminue. As gengivas sangram-se fa- cilmente. • Sulphur. Havendo odontalgia pulsativa com incha- ção das gengivas. DE MEDICINA. klA Veratrum. Havendo odontalgia pulsativa com in- chação da face, suor frio na testa e fraqueza geral. Nux vomica. Hivcndo violenta dôr de excoriação em toda a maxilla inferior, comcavadura n'um dente ca- riado da parte direita, alternada com picadas até aos ossos da face, especialmente de manhã andando ao ar livre e durante as comidas. Nux vomica. Havendo violenta dôr cavante n'um den- te raolar na parte esquerda do raaxillar superior coni picadas em todo o lado esquerdo da face; o calor di- minuo estes symptomas. Nux vomica." Havendo cavadura e furainenlo nos den- tes todos. Platina. Havendo cavadura pulsativa em todo o lado direito da maxilla, aggravação de noite no tempo do descanso, lagrimas involuntárias, sensação de ador- mecimento tensivo na face da parte enferma, mens- truos mui anticipados e abundantíssimos. Psoricum. Havendo odontalgia. Pulsatilla. Havendo odontalgia de mulher grávida por accessos, sobretudo de noite com sensação de ca- lafrio c pallidez excessiva. 0 ar preso allivia as dores. ODONTALGIA GASTBIGA— ou dores de cientes pro- venientes do máo estado do estômago. Indicação thcrapeutiea. Nux vomica, ipecacuanha c pulsatilla. ODONTALGIA RHEUMATICA OU SYPHILITICA. Indicação therapeutica. As dores de dentes causadas pelo rheuraatismo sy- philitico combatem-se com: nux vomica, pulsatilla, mercurius solubilis , merc. vivus, chamomilla, bryonia, mezereum, calcarea carbônica e aconitum, sobre tudo cm pessoas dispostas a congestões. ODONTALGIA NERVOSA, devida á acção do ar ou do contacto de alguma substancia doce, ou ácida ou sal- gada . Indicação therapeutica. Coffea, spigelia c belladona. ODONTALGIA SANGÜÍNEA. Indicação thcrapeutiea. Aconitum, pulsatilla, hyosciamus-, sulphur, belladona-, cabina, sepia, *:>2 DIKCIONARI'0 Pua as dores de dentes em geral convém: bry., eham., chin.. natr., sep salsap.,zine . . . Se as dores são nos dentes incisivos comem . com., kali mag. mur., nux mosc, rhus. Se nos dentes caninos convém : rhus. Se nos molares convém : bry., chin., creos., ;'«c. Se são os dentes superiores os que doem convém . amm., carb. veg., chin., creos., zine Se os inferiores convém : bell, canth., caust., cham., laur., natr., plumb., staph., zine , Se são as dores em dentes canados convém. bell., borax., mezer., natr., plumb., staph-, tart., sep. Se às gengivas doem convém: borax., merc, nux vom., staph. , , „tltn Se são as gengivas superiores convém: cale, ruta. Se são as inferiores convém: salsaparrilha. Se ha máo cheiro na boca convém : carb. veg., merc OEDEMACIA.-OEdcma.—Inchação. _ Inchação pallida causada pela accumulação de um liquido poroso nos intervallos do tecido cellular. ksia incharão é molle, cede ao dedo e conserva a-impres- são delle por algum tempo. Ha duas variedades :,?edema quente (inflammalorio), em que a pelle esta dilatada c dolorosa ; e cedema frio, que é indolente. Indicação therapeutica. Aconitum. Havendo cedema flegmonoso. Bryonia. Havendo cedemacia quente. China. Havendo cedema das extremidades depois de enfermidades mui debilitantes. Ferrum muriaticum. Havendo cedema. Ledum. Havendo cedemacia por cima c por baixo da rotula. Pulsatilla. Havendo cedema das pernas com cessação das regras. Rhus e sulphur. Havendo cedemacia quente em roda dos mallcolos. Hepar sulphuris, calcar. Havendo cedema dos pulmões. Para o cedema em geral convém : ant. crud., cale, ca ps., cupr., ferr. OPHOR1TE.—Inílammação dos ovarios. Dôr na região inguinal esquerda ou direita, incha- ção mui sensível, circumscripta, dolorosa ao tacto, na mesma região muitas vezes acompanhada de affecções da parte vizinha e de moviraento febril. A inflamma- ção começante ou chronica, oii pouco considerável, DE MEDICINA. 4") 3 não é tão fácil de conhecer ; e todavia é aqui o diag- nostico importantíssimo, porque esta moléstia é muitas vezes causa de desorganizações e de numerosas e varia- das degenerescencias que atacam os ovarios,que senão podem prevenir senão com prompto c feliz tratamento da inflammação destes órgãos. O unico symptoma destas espécies de inflammações é então uraa dôr na região inguinal, ás vezes pouco forte ao tempo do repouso, ou quando o doente está de pé, mas mui sensível á grande pressão sem inchação, com sensação de calor na vagina, ás vezes ardor no canal da uretra quando urina, ou dôr na coxa correspondente. Indicação therapeutica. Nux vomica, bryonia, sulphur. Para a inflammação dos rins convém: canth., kali, bell, chin., hepar, nux vom., zine OPHTHALMIA.—Inflara inação dos olhos. Variara os symptomas da ophthalmia aguda segundo ella é leve ou grave. No primeiro caso o doente queixa-se de dôr ou de calor no olho, algumas vezes uma espécie de prurido que o obriga a cocar a miúdo, ou a sensação de grão de arêa debaixo da palpebra. Ao mesmo tempo aver- melha-se a conjunctiva, ou seja na totalidade ou só cm parte, e ordinariamente o ultimo caso è a conjunctiva oceular a affectada ; augmenta a secreção das lagrimas, assim como a das glândulas de Mibon (nome dado aos fonicullos palpebraes) : o olho faz-se humido de dia, nelle se formam filamentos e flocos mueosos, e de manhã estão as pestanas grudadas por uma matéria viscosa e amarellada. Os movimentos do globo do olho são algum tanto constrangidos e dolorosos; a impressão da luz é penosa. Não é ordinariamente esta doença acompanhada de movimentos febris. Na ophthalmia aguda forte, a dôr é violentíssima, o calor ardente; a conjunctiva não só vermelha, mas até inchada a ponto de formar em roda da cornea um rolete circular; os movimentos do olho são custosos ou totalmente inpedidos; a impressão da luz provoca dores fortíssimas, e traz comsigo a contracção con- vulsiva de todos os músculos destinados a proteger o olho; a visão é confusa ; os objectos parecem em alguns indivíduos coloridos de vermelho ;as lagrimas se- cretadas em abundância, correm para a face, que coram; as palpebras pegadas só com difíiculdade se descolam. 454 D1CC10NAK10 Violenta cephalalgia, insomnia, elevação do calor, sede, freqüência de pulso, geralmente acompanham esta va- riedade de ophthalmia. Em ambas adquirem os symptomas, por muitos dias, maior intensidade ; permanecem depois cstacionarios ; diminue depois a violência c desapparece por gráos : ora se limitam a um olho, ora apparecem simultânea ou suecessivãmente nos dous olhos. Aconitum c belladona, ajudados de sulphur. Convém nas echymoscs no olho, photophobia extrema, violenta cephalaigia = Arsenicum. Convém na ophthalmia poríiadissima ; ulceras da cornea ; grande photophobia. Arsenicum. Convém na injecção da conjunctiva ; vio- lenta e ardente dôr no olho; febre. Belladona. Convém na dôr nos olhos c por cima delles; ardor nos mesmos; photophobia; de manhã estão os olhos grudados ; calor universal; pulso freqüente. Belladona, ajudada de sulphur. Convém na photo- phobia ; lacriraação continua; ardor nos olhos. Euphrasia. Gonvém quando os olhos estão inflam- raados; palpebras colladas e inchadas ; corrimento mu- coso com sangue: corysa. Hepar sulph. Convém quando ha violenta dôr por cima da sobrancelha direita ; lacriraação abundante do olho esquerdo; photophobia; rubor na conjunctiva, nos ângulos do olho ; o tacto causa forte dôr de que- brantamenlo. Mercurius solubilis. Convém na leve ophthalmia com dôr ardente e picante, que augmenta ao ar livre ; abun- dante lacrimação, principalmente de noite; photo- phobia ; dejecções viscosas que escorriam o ânus. Calcarea carbônica. Convém quando o olho direito está levemente inflammado ; uma risca parda atravessa a superfície da pupilla ; forte pressão no olho; grande photophobia. Sulphur. Convém quando o olho direito está ver- melho ; turvo; palpebras inchadas, com secreção de mucopurulento ; photophobia; dôr pungente por cima do olho; lagrimação; pouco appetite. Lycopodium, depois de inútil o uso de sulphur, digi- talis, pulsatilla. Convém nas palpebras inchadas, esca- roticas, com inchação das glândulas de Mibom. Nux vomica. Convém no ophthalmia cm um bo- bado; ardentes dores; lacrimação; florescencias rubras sobre a arcada zygoinatica c sobre o nariz. Wtm. Convém na inflammação dos dous olhos: o DE MEDICINA, 4r;:í branco do olho eslá colorido de rubro pallido ; picada o ardor nos olhos ; vista turva; de manhã estão os olhos pegados e humidos. Sepia. Convém quando ha comichão nos dous olhos; palpebras inchadas , photophobia ; lacrimação ; obs- trucção do nariz esquerdo; imomnia. Sulphur. Convém na violenta ophthalmia em um menino de nove annos que cahir em cal, com inchação e verraelhidão nos olhos; ardor nas palpebras, que estão inflaramadas e vermelhas, com dores tensivas ao movel-as, e dôr de quebramento fechando-as; im- possibilidade de soffrer a luz do sol. Sulphur. Convém na ophthalmia em conseqüência de um resfriamento; inflammação do olho esquerdo, com violenta pressão; o olho para maior. Palpebras in- chadas ; a túnica albuginca, vermelha, a cornea tenra ; ulcera da cornea ; photophobia ; dores violentíssimas e pressivas em roda da orbita, que se aggravam pelo movimento das palpebras c pela luz do sol; a dôr affecta a cabeça toda, e de noite exaspera-se. Aconitum earsênico. Convém na photophobia: lagri- maeão ao abrir o olho; cornea crabaciada ; conjunctiva multo vermelha; íris mais sombrio; ardente calor no olho; violentas dores na região subortinal, para a testa e fontes, mais que tudo á noite e á tarde, martelamento, pulsação na cabeça. Aconitum em doses repetidas. Belladona c sulphur. Belladona, coceulus e sulphur. Convém nas dores arthriticas em roda da orbita; varices da conjunc- tiva. . Colocynthis. Convém na excessiva cephalalgia; dores ardentes c incisivas no olho direito; congestões na cabeça. Nvx vomica. Convém na dor coçante das palpe- bras ; a luz do dia é intolerável; dôr lancinante nos olhos, de noite. ... Sulphur. Convém na photophobia; conjunctiva levemente avermelhada ; esclerotica côr de rosa, trans- parente, dôr á roda do olho. Ophthalmia arthritica com obscuração leucomatosa :- dôr pressiva e lancinante nos sinus-frotaes das orbitas ; lacrimação: crocus, belladona, nux vomica, euphrasia e spigelia curaram a inflammação. Calcarea carbônica, plwsphoro c silicea foram minis- trados com bom êxito contra o escurecimentoda cornea. 4o(i DIC.CIOX.UÍIO OPHTHALMIA CATARRHAL. Indicação therapeutica. Belladona. Convém na vermelhidão das palpebras; sensação de queimadura; photophobia,seccura, corysa e tosse espasmodica. China. Convém quando ha leve rubor da conjunc- tiva do olho esquerdo; o movimento dos olhos é do- loroso ; sensação de um grão de arêa debaixo das palpebras; exacerbação á noite, cephalalgia frontal. Digitalis. Convém na inchação, verraelhidão e ardor nas palpebras; olhos mui sensíveis á luz; a conjunc- tiva do globo do olho e das palpebras vermelha ; sensação de arêa nos olhos; lacrimação continua, abundante secreção de muco puriforme. Digitalis, ajudada de mercurius solubilis. Convém na conjunctiva de vermelho uniforme, abundante lacri- mação , palpebras mui colladas revestidas de muco e a borda inferior mui lubrica e inchada, violenta corysa. Nux vomica. Convém na ophthalmia em conseqüência de resfriamento. Violenta pressão nos olhos ao menor esforço para abril-os; echyamoses no branco dos olhos, palpebras vermelhas, inchadas e grudadas com mucosidades. OPHTHALMIA CHRONICA. A ophthalmia chronica tem assento especialmente na conjunctiva palpebral. Ella suecede muitas vezes à oph- thalmia aguda, outras vezes é primitiva. Affecta em particular a indivíduos fracos, aos que vivem em lu- gares onde a luz è mui forte, onde o ar é enne- voado de vapores irritantes, aos que têm os olhos continuamente fixos em objectos pequeninos. São seus symptomas: 1.°, dôr surda que cessa e volta por intervallos, e muitas vezes reproduzida pela fadiga dos olhos, vigílias, quebras de resguardo, etc, etc.; 2.°, vermelhidão sensível e leve inílammação da conjunctiva, sobretudo no bordo livre e face in- terna das palpebras; 3.°, uma espécie de fraqueza da vista, que não deixa sustentar prolongado trabalho e lacrimação habitual. A marcha desta ophthalmia é desigual. Seus symptomas augmentam ou diminuem freqüentemente; ás vezes desapparecem ; n'outros casos persistem indefinidamente. Muitas vezes acerescem belidas, pústulas e ulceras. LIE MEDICINA. 487 Indicação therapeutica. Calcarea carbônica e silicea, ajudada de rhus. Ha- vendo inílammação das palpebras, globo do olho muito vermelho, photophobia, aglutinação nocturna do olho. Calcarea carbônica e belladona. Havendo grande pho- tophcbia, violentas dores, grilos quasi contínuos, perpetua lacrimação, exanthema em roda dos olhos, face escrophulosa. E' arsenicum acidum, nitricum e calcarea carbônica, que convém contra as belidas da cornea. Sepia, ajudada de sulphr. Havendo odontalgia chronica cora violenta photophobia, pústulas puru- lentas no çlobo do olho, aglutinação nocturna. OPHTHÀLMIA INTERMITTENTE. Indicação therapeutica. Belladona. Quando a conjunctiva do globo do olho está vermelha, lacrimação, photophobia. OPHTHALMIA MERCURIAL.—Em conseqüência de abuso do mercúrio. Indicação therapeutica. Acidum nitricum, aurum, ars. OPHTHALMIA DOS RECÉM-NASCIDOS. Considerável inchação das palpebras, impossibilidade de as abrir, tumefacção e rubor da conjunctiva, e ás vezes volta das palpebras quando o menino faz esforços para chorar. A esta inchação, que dura poucos dias, suecede uma abundante secreção de mucosidades pu- riforraes. A estes symptomas locaes se ajuntam mo- viraento febril intenso , gritos, tremor continuo , insomnia, vômitos. A's vezes em poucos dias a cornea se faz opaca. Indicação therapeutica. Chamomilla. Havendo inchação, rubor e secreção mucosa das palpebras; grande photophobia, impossi- bilidade de abrir o olho esquerdo. Dulcamara. Havendo ophthalmia cora constipaçio. Rhus. Havendo palpebras rauito inflammadas e forte- mente grudadas, um muco puriforme corre de tempos a tempos pelas palpebras.—Bell., acon. d. m. ns. i»8 DICCIONARIO OPHTHALMIA RHEUMATICA. Indicação thcrapeutiea. Belladona. Havendo dores repuxantes e lacerantes em roda do olho; dores pungentes, ardentes e pressivas no olho direito, lacrimação, photophobia, dilatacão das pupillas, conjunctiva do globo do olho direito muito vermelha. . Mercurius solub. Havendo a esclerotica do olho di- reito vermelha, ulcera da cornea; dores lacerantes c furantes no olho e nas partes circumvizinhas, exa- cerbação de tarde e á noite , photophobia , vista nebulosa. Spigelia e euphrasia. Havendo olho direito inflammado, mui vermelho; vasos sangüíneos engorgitados c bri- lham em fôrma de circulo rubr.o-azulado, a cornea se perturba, violentas dores no olho e na orbita.— Nux vomica para a ecchymose esclerotica que ainda fica depois que os outros svmptomas dcsappareceram. OPHTHALMIA ESCROPHULOSA. Indicação therapeutica. Arsenicum. Belladona. Quando os vasos da esclerotica estão ver- melhos e como injectados de sangue, dolorosa pressão nos olhos, photophobia, ramela que gruda os olhos de noite. Belladona e sulphur. Havendo pestanejamento, bordas das palpebras inchadas e inflaramadas, aglutinação nocturna das palpebras, picadas nos olhos com lacri- mação, photophobia, conjunctiva entrelaçada de vasos avermelhados. Belladona, calcarea carbônica, lycopodium e sepia. Ha- vendo o olho esquerdo levemente inflammado, cornea inteiramente turva, suja; vista fraquissima, olho di- reito inflaramadissimo; palpebras inchadas, vermelhas, escoriadas ; corrimento de matéria acre, liquida e pu- rulenta ; lacrimação, grande photophobia, dores pun- gentes, ardentes e furantes no interior do olho; ulceras e belides' da cornea, inchação das ulceras do pescoço. Belladona e ignatia.— Photophobia, globo do olho vermelho, ulcerazinha na cornea.— Ignatia convém neste caso á photophobia que resistir à belladona. Belladona, mercurius, hepar sulphuris. Belladona, calcarea, acidum 'nitricum e arsenicum. DE MEDICINA. 459 Calcarea carbônica. Havendo photophobia, palpebras vermelhas e inchadas, dolorosas e coladas, lacrimação acre, vermelhidão da esclerotica, pústulas purulentas na cornea. Habito escrophuloso. Calcarea, auxiliada de belladona, hepar sulphuris e pulsatilla. Havendo excessiva vermelhidão da con- junctiva e palpebras, grande photophobia, freqüente lacrimação, aglutinação das palpebras, dores pun- gentes. Calcarea carbônica. Havendo ophthalmia com ulcera e manchas da cornea. Graphites. Havendo ophthalmia cora ulceras da cor- nea, photophobia predominante. Hyosciamus é também recommendado. Petroleum. Havendo ophthalmia escrophulosa come- çai! te, com inchação do nariz e corrimento purulento pelos narizes. Rhus. Havendo os dous olhos levemente avermelha- dos, lacrimação diurna, aglutinação nocturna, desaso- cego, insomnia, inchação edematosa em roda da orbita. Sepia. Havendo ophthalmia escrophulosa. Sulphur. Havendo bordas das palpebras inchadas, balofas, exulceradas, belidas da cornea, vista turva e nebulosa. Cura em seis semanas com repetidas doses de sulphur; a melhora foi procedida neste caso de aggravação da moléstia. OPHTHALMIA SYPHILITICA. Indicação thcrapeutiea. Para a ophthalmia syphilitica convém: mercurius, au- rum, calcarea. OPHTHALMIA TRAUMÁTICA. —( Isto é, que procede de lesão physica dos olhos. ) Aconitum e arnica. Convém no primeiro periodo. Arnica. Convém em conseqüência docouce de um ca- vallo. As palpebras muito inchadas, ecchymose, pupilla dilatadissima, sensível á luz.—Euphrasia contra a la- crimação. Arnica e calcarea carbônica. Havendo ophthalmia trau- mática em um rapaz escrophuloso. Para a inflammação do globo do olho em geral convém: bell, cale, euphr., ars., chin., puls., spig., sulphr. Para a inflammação da conjunctiva convém: acon., bell, merc, sulphr. Para a inflammação da cornea convém: cann., cham., puls., sulphr. 460 DiceioNAiuo Para a inflammaçãu da íris convém: coce, silic, sep., sulphr., veratr. Para a íris dilatada convém: bell., cale, hepar s., hyosc, op., spig., stram. ' Para a pupilla immovel convém: bell, cupr., hyosc, laur., stram. Para a adherencia da pupilla convém: cale, nitr., ac Opium. Caracter physiologico. O opium exprime o temperamento sangüíneo nervoso. Tempo de aceâo. Sua acção é de 24 horas a l> dias. Medicamentos a seguir-se. Depois do opium convém cale, petr., puls, Antidotos. Camph., coff., con., ipec, merc. Concordância em symptomas. Bell., bry., lyc, nux vom., stram.. sulph., veratr Exacerbações. Moderam-se com: nux vom., puls., veratr. Symptomas geraes que desenvolve o opium. Insensibilidade geral de todo o svstema nervoso.— Grandes inquietações nos membros.— Tremor em todo o corpo, com abalos, estremecimentos nos membros e frio geral.—Accessos de convulsões, sobretudo â tarde, por volta da meia noite, com somno, movi- mentos involuntários da cabeça e dos braços e punhos fechados. — Convulsões epilépticas, á noite, ou de manha, com accessos de suffocação, de conhecimento e de sensibilidade, e movimentos violentos dos membros. — Depois de cada accesso de convulsões, somno.— ÍSldaocde todos os músculos. - Convulsões com gntos.-Sensação de zunído c de vibração em todo DE MEDICINA. 461 o -e-trfpo. — Ausência de dores durante as afflieções.— Irritabilidade excessiva dos músculos, que estão debaixo do poder da vontade, e diminuição daquella, de todos os outros. —As pessoas que abusam do ópio envelhecera cedo. —Tétano. — Transtorno do corpo. — Paralysias. — Sensação de forcas e de vigor, ou desmaio e grande fraqueza. — Magreza geral. — Inchação hydropica de todo o corpo.— Aggravação e renovação dos soffri- mentos esquentando-se. Indicação therapeutica. O opium convém na ápoplexia —asthma espasmodica dos meninos — cachexia — carus —catarata — cancro dos lábios—colica saturnina— constipaçâo —delírio tremulo— dôr abdominal—encephalite — epilepsia — febre intermittente — dita nervosa — gangrena —hér- nia — hvdrocephalo — mania — menostasia — metrite — miserere — orthopnea — phtisica — scarlatina mi- liar _ sopor — spasmo — spasraodicidade ou suppressão das contracções uterinas, em conseqüência do parto — tosse convulsa— vertigem. ORCHITE.— Inílammação dos testículos que se com- bate em presença das causas e dos symptomas. Indicação therapeutica. Arnica. Havendo orchite em conseqüência de pan- cada nos testículos: considerável inchação do testículo direito, com dores violentíssimas. Clematis e spongia. , Mercurius. Havendo orchite com gonorrhéa. Mercurius solub. Havendo orchite era conseqüência de suppressão de gonorrhéa. Nux vomica. Havendo testículos inchados sem que possam soffrer o mais leve contacto, violentas dores nos testículos com coceira na glândula. . Pulsatilla. Havendo orchite cm conseqüência de res- friamento. Sponqia. Havendo orchite. ORCHITE ERYSIPELATOSA.—Proveniente de repe- tidas erysipelas escrotaes. Indicação therapeutica. Belladona e rhus. São os principaes medicamentos para combater csic mal. 4(52 D1CC10NAR10 ORTHOPNEA. E' a necessidade de estar direito para respirar, ou impossibilidade de respirar era postura horisontal. Este incommodo é devido á irritação dos nervos que se distribuem nos pulmões c vias respiratórias. Indicação thcrapeutiea. Aconito, arnica, arsênico e bell. Phosphoro. Convém na orthopnea violenta com es- carros sanguinolentos. (Veja-se suffocação.) OSCHEOGELE.— Hérnia do escroto. Indicação therapeutica. Acon. e bell. Nux vomica e magnesia carbônica combatem este mal. OSSIUM MORRI ou doenças dos ossos. Indicação therapeutica. Asa fétida, mezereum, silicea e sulphur. Convém na exostose da tibia, com dores surdas, repuxantes e fu- rantes, mais fortes no repouso que no moviraento. Calcarea carbônica e asa fétida. Gonvém na necrose do tarso. Lycopodium, silicea, mezereum e silicea. Convém na exostose escrophulosa. Mercurius solubilis. Convém na exostose do tarso com violentas dores. Mezereum. Convém na exostose dolorosa de todo o pé esquerdo. Phosphor. Convém na exostose. Bhus, ajudado de dulcamara, staphysagria e sulphur. Convém na exostose do braço, cora ulceras cutâneas sirrhosas. Silicea. Convém na osteite (inflammação dos ossos), carie e necrose. (Veja-se também Caries cNecrosis.) OSTEOCOPUS ou dores nos ossos. Este incommodo é sempre produzido pelo virum syphilitico. Indicação therapeutica. Mercurius solubilis, china, ferrum, coceulus, pulsatilla, belladona e ledum. Convém quando ha violentas dores nos ossos do braço, com muitas aggravacões de dia DE MEDICINA. 463 e de noite: braço magro, fraco e mui pallido; im- possibilidade de o mover livremente. Phosphor. OSTEITE é a inílammação dos tecidos dos ossos causada por pancada, ulceras antigas, ou pelo vicio syphilitico. Indicação therapeutica Merc, cale,silic, sulph., assaf., rhus. OTALGIA. E' a dôr de ouvidos defluxionaria ou rheumatica. Indicação therapeutica. Pulsatilla. Convém na violenta otalgia, semelhante ao tenesmo do ouvido. Pulsatilla. Convém quando ha lancinação rheumatica nos ouvidos, especialmente á tarde e'á noite, com dysecea, zumzura do ouvido; dores pungentes e lan- cinantes na cabeça. Spigelia. Convém no tenesmo do ouvido. Outros remédios : belladona, chamomilla, nux vomica e rhus. OTITE. — Inflammação dos ouvidos, cujos symp- tomas são : Violenta dôr muitas vezes insupportavel nos ouvidos, com calor e movimento febril; a dôr allecta até ao canal auditivo externo. Ella se communica facilmente a todas as partes da cabeça, e chega até a perturbar as funcções do cérebro. Indicação therapeutica. Aconitum, nux vomica c sulphur. Pulsatilla. Convém quando ha violentas dores lan- cinantes, semelhantes ao tenesmo dos dous ouvido?, com ruído e susurro, dysecea e otorrhea em conse- qüência de retrocesso de sarampos. Pulsatilla. Convéra na otitis erysipelatosa interna e externa. Pulsatilla, ajudada de brionia c belladona. OTORHEA. —Corrimento macoso ou purulento pelo ouvido. Indicação therapeutica. Belladona e pulsatilla alternadas. Convém ne susurro e ruido com excessivas dores. i(U HICCIONARIO Calcarea carbônica. . Meneanthes trifoliata. Otorrhea em conseqüência tle exanihemas. , Mercurius solubilis. Convém na otorrhea com ul- ceração da concha ; olhos remelados e inchação das palpebras. , . Sulphur. Convém na otorrhea purulenta, escrophulosa, dureza de ouvido. Para os soffrimentos do pavilhão da orelha convém : alum., creos., kali, spig. Para a inflammação da orelha interna convém : cale, caust., kali, lyc, magn., puls., sep., spig. Para as moléstias que apparecem detrás das orelhas convém : bar., caust., canth., graph., oleandr., petr., staph. Para a inflammação que sobrevêm por baixo da orelha convém: bell. Para as moléstias do lobulo convém: bry., caust.. chin., cham., creos. Para o corrimento dos ouvidos em geral convém: cann., lyc, merc, puls. Para o corrimento de mucus convém: merc, puls. Para o corrimento de pus convém: silic, merc, aur., assaf. Para o corrimento de sangue convéra: cale, merc, nitr., ac, puh., sulphur. Para a insensibilidade do ouvido convéra: aur., caff., lyc, sep., spig. Para a agudez do ouvido convém : coff., sep. Para o zumbido dos ouvidos era geral convém : bell, cale, caust., graph., puls., spig., sulphur., nux vomica. Para os ouvidos como que tapados convém: cann., puls., silic Para a dureza dos ouvidos: bell, cale, hyosc, lyc, puls., petrol, nit., ac, secale com., silic, su'phur. Para asurdez em consequemeia de paralysia do nervo acuslico convém: bell, hyosc, puls., silic OZENA. E' a chaga ou ulcera da membrana pituitaria, cujo principal symptoma é um fetidissimo cheiro dos narizes e corrimento de matéria purulenta pelo nariz. Indicação therapeutica. Alumina. Havendo corrimpnto de matéria grossa, amarella, fétida, especialmente de manhã. Ao mesmo tempo anorexia, dartro e obstrucção do nariz. Aurum. Se o doente assôa raatpria espessado verde- I»i: MEDICINA. 'tlio amarellada, parte liquida e parte secca: cheiro j des- agradável e nauseante do nariz, perda do odoralo. Aurum. Havendo ozena syphilitica ; o enfermo assôa pús sanguinolento, obstrucção do nariz, o nariz collado por urna crosta ulcerosa e amarellada, inchação do nariz na parte superior. Disposição para chorar. Phosphorus. Havendo ozena. Pulsatilla. Havendo ozena era consequencia*de coryza chronica, copiosa íluxão pelo nariz de matéria ama- rellada, verde, puriforme e mui fétida. O nariz le- vemente inchado. Menstruos mui tardios e em pouca quantidade. Leucorrhea leitosa. Calafrios, falta de sede, humor choroso. Sepia, ajudada de belladona. OZAGRE OU TINHA DE LEITE. É uma espécie de caspa grossa que apparece na cabeça das crianças de peito. Cura-se com: merc, ars., lycop., sulph. E' prudente de quando em quando deitar-se óleo de amêndoas sobre a parle eruetoza. p. PALPITAÇÃO DO CORAÇÃO. E' abatimento mais ou menos forle,inais ou raenos°precipitado do coração, cujas causas podem ser nervosas ou a enfermidade orgânica. Indicação therapeutica. Aconüo, digitalis pulsatilla, spigelia, veratrum arcenico e aurum, são os remédios mais apropriados. PANARICIO.—Inflammação llegmonosa na extremida- de dos dedos com vermelhidão do dedo alfectado; tensão e dores lancinantes violentíssimas, agitação, insomnia, movimentos febris, e ás vezes delirio e convulsões. O panaricio pôde ser cutâneo, tendinozo, debaixo da unha o no periosteo. Indicação therapeutica. Slepia, rhus. hepar. Silicea. Havendo panaricio suppurante, com excres- ceíieia carnosa e dores intoleráveis. Sulphur. Havendo panaricio cora ulceração debaixo da unha no seu bordo inferior e exterior, cora dores horríveis. n. m. ">!). 'itili niecioxuui' Para os soffrimentos das pontas dos dedos e das unhas os principaes medicamentos são: graph., silicea, Sulphur., cann., sep.,puls. PANNUS é um pterigio ou excresccncia larga ver- melha ou escura que apparece na pelle. Combate-se com: lycop., cale, silic, sulphur. PAPEIRA ou Papo, Bronchocele, Bocio, é a inflam- mação ou engorgitamento da glândula thyroide. Em S. Paulo é muito vulgar esta enfermidade devido as águas de certas localidades ou a algum vicio desconhe- cido. A enfermidade consiste no desenvolvimento da glândula thyroyde, que se manifesta por um tumor mais ou menos considerável, adiante do pescoço. Indicação therapeutica. Combate-se com bell, merc, sulph. PAPO.—V. Thyroidite. Papeira. PAPULAS são pequenos tuberculos inllammalorios mui poucas]vezes solitários que apparecem sobre a pel- le e que se">esolvem, ou destillara do seu vértice al- guma humidade terminando por escaraas farelaceas. Combate-se com ars., hepar., cale, lycop., sulph., bell, merc. PARALAMPSIS ou pérola. E' uma mancha resplan- decente espessa eproeminente que tem a configuração de uma pérola. Combate-se com lycop., merc, cale, sulphur. PARAPHYMOSE é quando o prepucio se inflamma e se retrahe de fôrma que não pôde cobrir a glande, a qual, sendo por clle apertada no seu collo, se en- tumece e põe em risco de cahir em gangrena. Este estado do mentulo combate-se com merc, bell. PARABLEPSIA.—Perversão da vista. Indicação therapeutica. Cicuta virosa. Havendo vista duplicada, arco-íris em roda das letras e da luz artificial, photophobia, ver- tigem. PARALYSIA. E' a diminuição ou perda completa do sentimento ou do movimento oude ambos a ura tempo em uma ou era muitas partes do corpo. As partes pa- ralysadas ficam privadas de seus voluntários movimen- tos, e recebem todos os que se lhes communicam sem que offereçam resistência, ao menos no principio DE MEDICINA. 467 porque no fim de certo tempo na mór parte dos su- jeitos, c em alguns até desde o principio, as partes paralysadas apresentam uma espécie de rigidez, a estes symptomas se ajuntam passadas algumas semanas, e principalmente depois de dous ou alguns mezes de duração, diminuição do calor e da transpiração noc- turna, magreza parcial, e ás vezes edemica do membro ; outras vezes permanece a sensibilidade. Sobrevêm a paralysia, ora rapidamente, ora com vagar; em alguns casos raros ella muda de assento. Indicação thcrapeutiea. Arnica. Bryonia, ajudada de rhus. Se ha completa paralysia e adormecimento das extremidades inferiores. Camphora e rhus. Havendo paralysia das extremi- dades em conseqüência da freqüente applicação de vesicatorios. Causticum. Havendo paralysia do braço direito com privação da voz, em conseqüência de retrocesso de um catarrho. Coceulus. Havendo paralysia das extremidades in feriores. Hyosciamus. Havendo paralysia dos musculus esphi- neteres do ânus, em um rapaz. Plumb um aceticum. Havendo iinniobilidade. sensação de frio, magreza e insensibilidade das extremidades inferiores. Nux vomica. Havendo paralysia do pé direito : ver- tigem caduca ; atordoamento da cabeça ; freqüente es- curecimento da vista, logo depois de se haver comido ou bebido ; vomito ; ardor na fosseta do coração ; fra- queza geral; disposição irascivel. Nux vomica. Havendo paralysia do braço esquerdo com difficuldade de o mover, insensibilidade. Dôr vio- lenta de trituração do braço doente. Nux vomica, rhus e coceulus. Havendo paralysia do braço direito ; dedos curvados; difficuldade de fallar ; anorexia; constipaçâo; salivação. Oleander, coceulus, arnica e china. Havendo paralysia das extremidades, com diplopia. Rhus. Havendo paralysia do braço esquerdo em con- seqüência de resfriamento; diarrhéa; tenesmo; res- piração difficultosa. Rhus. Havendo paralysia das extremidades era con- seqüência de uma queda. 1(18 DICC10NA1U0 Rhus. Havendo paralysia do braço direito cora dôr queixante. Silicea. Havendo paralysia do espinhaço ; não pôde o doente sentar-se nem virar-se na cama. Sulphur e calcarea carbônica. Havendo paralysia do- lorosa das partes pertencentes á articulação coxal; apenas pôde o doente andar e arrastar os pés; cada passo que dá causa-lhe violentas dores no sacro e nas ilhargas. Sulphur. Havendo paralysia das extremidades in- feriores. PARALYSIA DAS PALPEBRAS. Cura-se com plumb., sep., veratr., zine, spigelia. PARESIA. E'a paralysia incompleta que se experi- menta sobre o movimento c não sobre o sentimento. Indicação therapeutica. Arnica e nux vomica. Havendo paresia das extremi- dades ; não pôde o doente levar as mãos á cabeça ; não pôde segurar os objectos em que quer pegar. As pernas não têm firmeza. Carbo vegetabilis, sulphur, graphites e lycopodium. Ha- vendo repuxamento doloroso desde o cotovello até ao joelho; punho rigido e como luxado ; cansaço e sensa- ção de paralysia nos joelhos; o doente vê-se obrigado a arrastar os pés quando caminha. Ignatia. Havendo paresia rheumatica ; violenta dôr rheumatica de luxação, como se se arrancasse a carne dos ossos; suspensão do movimento voluntário do braço; continua inquietação. Stibium tartaricum, que se ministrara a principio, só havia produzido melhora passageira. Nux vomica. Havendo entorpecimento de uma perna.' Zincum. Havendo paresia dos braços. Se a paralysia é parcial convém -.Secale com., cale, chin., nux vom. Sc dos membros convém:cocc. rhusesilic. Seda metade do corpo (hemiphlegia) convém -.alum., anac, coce, kali., lach , phosph., ac, salsaparrilha, phosph. Se a paralysia é indolente convém:cocc, comi., lyc, oleandr., rhus. Se porém parcial dos órgãos internos convém : bell, dulc, hyosc, op., puls., secale com., silic. Se a paralysia é das partes internas convém : bell, dulc, hyosc. 1>E MEDICINA . lrM Se em vez de paralysia apparece pese no corpo convém : assaf., stann., natr. mur. Para a pandiculação convéra: afumen, bell., cham., coce, graph.,. sulphr. PARÔT1TE. — Inflammação da parolida. Esta enfermi- dade manifesta-se pela inchação aguda, as mais das vezes inflammatoria, que sobrevêm ou ao parenchyma da glândula parotida, ou em partes que a invadem. Não é raro ver epidêmica esta moléstia Frios, geral agi- tação, precedem ás vezes á apparição da moléstia, mas nò maior numero de casos falham estes precur- sores. Uma dòr obtusa em uma das articulações da maxilla ou em ambas, e uma espécie de constrangi- mento na masticação, são os primeiros symptomas que se manifestara ; vem Jogo a inchação a principio im- perceptível e ao depois visível. Se a inchação occupa os dous lados, e se é considerável, estende-se ao pes- coço lodo até a face, e causa raaior ou menor con- strangimento na deglutição, na falia, e em todos os aclos era que tera exercicio a maxilla. As mais das vezes são inflammações das parotidas moléstias pura- mente locaes; era alguns casos trazem comsigo maior ou menor perturbação nas outras funcções e uma reacção fehril mais ou menos forte. Comraurnmente medram os symptomas durante quatro ou cinco dias, c depois de estacionaria por igual tempo, desapparccem gradual- mente. Indica«;ão thcrapeutiea. Baryta muriatica. Convém em conseqüência de uma escarlatina biliar não completamente desenvolvida. Belladona e mercurius solubilis. Belladona. Havendo parotites epidêmica. Belladona, ajudada de sepia. Havendo parotites com lebre depois do meio dia, e tinha na cabeça. Kali carbonicum. Havendo parotites. Bhus. Havendo parotites acompanhada de violenta febre em conseqüência da escarlatina. PARTO.— O parto não é uraa enfermidade, é a ultima phrase de uma funcção natural que termina no fim de nove mezes da gravidez da mulher, ou antes o parto é a acção, pela qual a criança sahe do ventre materno, completo o tempo da prenhez. Os signaes de prenhez são : náuseas ou vômitos, anthi- patia a certos alimentos, peitos inchados, falta de menslruação, pernas e parles uenilaes ademalosas; o 470 DICCIONAUIO ventre volumoso mais do natural, as voas das pernas algumas vezes intomecidas : estes signaes são equívocos até o quarto mez. Os mais decisivos são : a aguadilha que sahe do orificio dos mamilos ; os movimentos que o feto faz no utero materno e a elevação do ventre, que quando se comprime se observa uma resistência causada por partes duras, que são : cabeça, tronco ou extremi- dades do feto. As moléstias que se confundem cora os signaes de prenhez são: a hydropesia de utero ; os cirrhos e ainda mesmo nas lâminas do raesenterio, a pulsação das ar- térias, que nutrem estas mesmas partes, e as solitárias. Ha muitas mulheres que estão pejadas, c são sempre mensalmente menstruadas, o que faz que este signal também seja equivoco. Porém ornais decisivo signal é o que consiste no re- conhecimento do tacto, a que se chama visitar a partu- riente. Isto se pratica, estando a mulher sentada era assento baixo, ou mesmo deitada ; depois o parteiro in- troduz o dedo index da mão direita molhado era óleo coramum dentro da vagina, que vá em linha recta para aparte anterior do coceis, e a mão esquerda applicada sobre a região umbilical da paciente; e comprimirá sua- vemente a parede do ventre, a fim de fazer descer o corpo do utero, e se o orifício do mesmo utero se achar com- primido e offereccr alguma resistência á cabeça do dedo, é signal decisivo de prenhez : o orilicio do utero no estado de prenhez acha-se mais contrahido que es- tando ordinário. Os progressos da prenhez são a dilatacão gradual do utero pelo augmento do feto. O utero varia no tempo da prenhez, porque se estende e se contrahe, para se accommodar aos movimentos do feto ; e no meio da termi- nação do parto se relaxa mais o ventre, edescaheo feto perpendicularmente, os ligamentos largos cedem ás trompas; os ovarios mudam de situação, e os liga- mentos redondos endurecem e incham, adquirindo maior volume, de que resultam grandes dores. O parto é natural ou fácil, preternatural ou traba- lhoso : chama-se parto natural aquelle, em que o feto apresenta a cabeça com o rosto para o orificio do ânus da paciente; também ô natural, quando o feto apre- senta os pés; mas os calcanhares devem vir voltados para o ventre da mãi. Quando ha no utero duas crianças, muitas vezes cada uma dellas apresenta seu pé; neste caso nunca os calcanhares podem ambos olhar para um lado, é preciso muito cuidado nesta apresentação de 01 MEDICINA. V71 pés, paia ^e nã«.< tomar por parlo natural. O parto não natural é aquelle, cm que o feto apresenta as nádegas, uma perna ou duas, uma de cada feto; os joelhos, as costas, o peito, uni ou dous braços, ainda mesmo quando apresenta a cabeça cora o cordão um- bilical enrolado ao pescoço, e que as secundinas ainda estão muito pegadas ao fundo do utero, e mesmo quando apresenta alguma das partes lateraes da cabeça. Chama-se parto duplo, quando em lugar de "um feto ha dous, e ambos pertencem ou a parlo fácil oudifficulloso, conforme a parte do corpo que os fetos apresentam. Logo que se manifestara as dores do porto convém dar-se um clistcr, e um banho no ventre a parturiente. Os signaes do parto são: dores em a ultima vertebra lombar e superior do sacro, procedidas dos estímulos que padecem os ligamentos largos, que têm nestas partes a sua origem, cujas dores correspondem aos ilions e púbis : o ventre se abate algum tanto, por onde se estendem também algumas dores: certo estimulo no orificio do utero pela descida do feto ; e logo que a ca- beça deste desce até á vagina, ha freqüente vontade de ourinar: as águas se rierramam, a parturiente sente puxos nos intestinos ; quando nesta occasião tem algu- mas fezes, a cabeça do feto, as comprime e faz retro- ceder, quando a parturiente se aceusa de grandes dores pelo ventre, procedem estas da contracção do utero; o pulso é freqüente, o rosto como, que parece inflamma- do, pelos esforços quea paciente faz durante as dores expulsivas, e pela contracção, era que toda se acha neste mesmo tempo do esforço: observa-se uma eva- cuação de humidades laminosás, que derramam as glân- dulas, que estão em differentes partes do fundo do utero e seu collo e em muitas partes da vagina, cujo humor é transpirado pelos vasos secretorios das mesmas glândulas, este humor adquire muitas vezes uraa côr sanguinolenta, pela rotura de alguns vasos capilares na acção da dilatacão do utero e mesmo dos vasos da ex- tremidade da placente, quando se principia a despegar do fundo do utero ou madre. As evacuações ditas servem para auxiliar o parto, lubrificarem e relaxarem as fibras do collo e orifício do utero e mais partes da vagina ; e com esta lubrificação se favorece a expulção do feto: a contracção dos músculos do baixo ventre e da respiração concorrera para á mesma expulsão. As dores falsas são todas as que apparecem em diffe- rentes partes da região lombar e ventre antes de checa- do o tempo do parto. > meoioNAnid São as dores indispensáveis ás parlurienles ; porém as que têra parido muitas vezes e as que são de um temperamento frouxo lymphatico, e as que têm melhor construcçãoda bacia, sãoas que têm menos dores: as que são de temperamento sangüíneo e nervosas, e têm parido poucas vezes, e a bacia mal conformada, são por conseqüência as que soffreni raais dores. As dores verdadeiras do parto augmentam, apenas o feto principia a descer e o utero ou madre em movi- mentos alternativos; porém depois que o feto deita a cabeça fora da vagina, cilas principiam a abrandar, ea parturiente a cahir em uma espécie de lethargo e a querer descansar. As mulheres em todo o tempo têm certo periodo de titilação nas partes genitaes ; mas com augmento na occasião do parto. Na acção do parto algumas vezes o utero ou madre se acha em uma espécie de spasmo, e é preciso fazer-lhe certo estimulo com o dedo index, a lira de excitar e facilitar o mesmo parlo. Expulsado o feto, toda a cavidade do utero se con- trahe pouco a pouco, e a placente junto com a men- brana do ovo ligada a ella, se separa, e sãoexpellidas : os loquioscorrem principalmente das artérias em que está pegada a placente : e estas juntamente com os mais vasos, que se dilataram pela prenhez, se contraíram : depois disto o utero, o abdômen, epelvis recuperam em brevetempo sua antiga grandeza, ainda que não de todo. Ao terceiro dia immediato ao parto os peitos, que já se achavam algum tanto entumecidos, augmentam a en- tumecencia, e começam a doer pela affluencia do leite, ao que se segue a febre que se chama láctea. O que deve praticar o medico parteiro no principio do parto. O medico ou o cirurgião parteiro logo que é chama- do para acudir a algum parto perigoso, deve se apre- sentar, não só com caracter honesto e alegre, mas lambera deve animar a parturiente, persuadindo-a da facilidade do parto; pedir-lhe licença para a exa- minar, a fim de reconhecer a qualidade e estado do parto, e saber se é fácil ou difficultoso, se está pró- ximo ou tem demora, se ha algum vicio da confi- guração dos ossos de bacia, se ha moléstias nas parles da geração, que embaracem o parto: como são: polypos na vagina e no orifício do utero; grandes apertos de cicatrizes, em conseqüência de chagas que alli tenham havido. Este reconhecimento se fará com muita DE MEDICINA. 473 prudência e na occasião que não houverem dores, e sem violência, a fim de se não romper com o dedo o saco das águas; e estando elle roto, a fim de não offen- der a cabeça do feto, ou. o que elle apresentar: re- coramende á parturiente que só faça força quando lhe sobrevierem as dores, e quando sentir que o feto vai descendo: que tenha perante si só as pessoas necessárias para o acto e as que mais forem de sua vontade: não se pondo era acção de parir antes de tempo; dando pequenos passeios pela casa, quando não tiver dores, ou ainda que as tenha, não sendo violentas. Se a parturiente fôr sangüínea e o orificio do utero estiver rauito conírahido, tomará aconito ou chamomilla, ou mesmo pulsatilla. Para acto do parto ha diversas posições, ou nas cadeiras de parleiras, ou encostada a travesseiros, ou finalmente na borda da cama encostada também em travesseiros, firmando os pés em cadeiras ou bancos, ou também sentada entre duas cadeiras. As que padecem moléstia de peito , parem melhor sentadas. Devem-se emfim pôr na acção melhor que fôr possível e a sua constituição pedir; sendo porém sempre cobertas com ura lençol, tudo com a honestidade possível, seja a posição qual fôr : terá por baixo das nádegas um lençol, para servir de limpeza. Situada no modo conveniente, tendo o parto alguma demora, se reconhecerá o orificio do utero; e estando muito contrahido, se untará com ajguma substancia oleosa, corno óleo commum ou banha de porco quente, a fim de relaxar estas partes ; e in- troduzindo os dedos index e médio no mesmo ori- fício, se afastará um do outro dedo, a fim de servirem de dilatadores. Na acção do parto a partu- riente tomará alguns caldo? de gallinha ou mesmo pequenas porções de vinho, ou alguma chavena de chocolate. Quando a cabeça do feto começa a descer, vai á maneira de cunha fazendo pouco a pouco di- latar os ossos da bacia; e se nesta acção se não rompe o sacco das águas, fazendo grande elevação diante do feto, o cirurgião ou parteira o romperá, ope- ração que se fiz comas unhas, ou com uma tesoura de* bicos rombos; o que se fará no momento que a parturiente fizer a força expulsativa : roto o dito saco, não se dilatando o orifício do utero, se metterão cs dous dedos. Sabem todos que os primeiros partos são mais difficullosos, o que se deve advertir á parturiente, a fim de se não assustar. Suecede algumas vezes, que começando a descer a D, M. 00. 474 DICCI0NAR10 cabeça do feto, estando já parte delia fora do ori- fício do utero, e este tão opprimido que não a deixa acabar de sahir, neste caso se devem introduzir os dedos index de ambas as mãos por entre o ori- ficio e cabeça do feto, para servirem de dilatadores; isto se praticará suavemente e sem violência, fa- zendo no entanto a parturiente o esforço possível para expellir o feto. Outras vezes chega a cabeça a estar fora do ori- fício do utero ; porém os grandes e pequenos lábios não cedem por falta de elasticidade; neste caso se farão as fomentações e não cortes, como alguns ci- rurgiões e parteiras praticam, por quererem facilitar o parto. Estando a cabeça do feto fora do conducto vaginal, o cirurgião applicará as mãos ás partes lateraes da mesma cabeça, deixando cahir os dedos annuíares e mínimos para o queixo inferior, deixando ao feto sempre a respiração desembaraçada, applicando os dedos pollex á nuca da mesma cabeça: é aqui a occasião de empregar a parturiente todos os seus esforços. Ao principio do parto convém evacuar as fezes do intestino recto, como já disse, por meio de clysteres, e estando a bexiga repleta de ourinas, é conveniente eva- cual-as por meio da algalia: ás vezes a criança nascen- do, naturalmente, depois de ter sabido a cabeça do orifício do utero, não desce mais, pela largura das es- paduas: o cirurgião neste caso introduzirá os dous dedos indeces, untados em óleo commura, no orificio do utero aos lados da cabeça até chegar ás regiões axiliares da criança, puxando brandamente para fora, dilatando com elles ao mesmo passo o dito orifleio; e na acção de extrahir a criança fará movimentos trêmulos para todos os lados, tudo suavemente: isto se deve executar logo que a cabeça estiver fora do orificio, e se conheça a causa referida, a fim de livrar a criança de morrer afogada ou suffocada, pelo aperto que soffre do circulo membranoso dos grandes e pequenos lábios, e ainda pela contracção do orifício. Outras vezes nasce a criança também de cabeça; porém traz algumas voltas no pescoço do cordão um- bilical: logo que isto se vê, se deve desenrolar, po- dendo ser ;e não se conseguindo, c estando o cordão muito tenso, d'onde se conheça estar a placente ainda pegada ao fundo do utero, o cirurgião logo cuidará DE MEDICINA. 47o na laqueação e separação do raesmo cordão, mettendo o dedo index da mão esquerda por baixo de uma das ditas voltas, passando dous cordões para o laquear por duas partes, com distancia de dous dedos de uma a outra ; e conservando o dedo na mesma posição, a fim de afastar o cordão do pescoço, com uma te- soura o separará entre as duas laqueações; para se passar o dedo se manda suspender a criança e sua cabeça, para se não fazer tenso o pescoço: esta ope- ração se deve fazer logo que a criança nasce, tanto por muitas vezes ser o cordão muito curto e a pla- cente não se ter soltado, e por isso e pelos esforços da parturiente se pôde afogar a criança, como porque nesse estado não pôde circular o sangue, d'onde se pôde seguir também a morte da criança. Quando na acção das dores expulsivas vem a cabeça da criança, nunca o cirurgião se deve persuadir que a dita cabeça tem maior diâmetro que a capacidade da bacia ; porém havendo demora na descida delia, se visitará a parturiente, para reconhecer a bacia, e ver que obstá- culo ou resistência se offerecem, e reconhecer-se a mesma cabeça, a fim de se conhecer a resistência que esta faz á bacia: os vícios de conformação de ambos é que podem fazer este parto trabalhoso: qualquer destes obstáculos que se encontra, deve logo o cirurgião in- troduzir a mão untada em óleo commum dentro do utero, com os dedos unidos, para facilitar a introducção; e chegando á cabeça, os abrirá, e a impellirá suavemente para cima, para se não cravar na bacia, estando a partu- riente de costas como peito e cabeça mais baixos que o ventre, fazendo a diligencia de a encostar para a foca iliaca da bacia que lhe corresponder á palma da mão, deixando escorregar esta para a parte posterior, a fim de chegar com os dedos ás espaduas da criança ; ese im- pelle brandamente para o fundo do utero, escorregando pelas costas da mesma criança, a íim de lhe procurar os pés, para por elles fazer o parto: não se podendo isto conseguir, faremos a operação com a tenaz coclearia ou forcepes: conhecida a necessidade desta operação, si- tuaremos a paciente como fica dito, examinar-se-ha se ainda a criança está viva, para se baptizar, e trabalhar o cirurgião com mais cautela : depois se introduz um ramo da coclearia untado em óleo commum pela parte lateral esquerda da cabeça da criança, para a receber na concavidade do instrumento, o qual deve ser guiado pelos dedos da mão esquerda do operante: feito isto, se segura o instrumento com a direita, com cujos dedos 476 D1CC10NAR10 se guiará o outro ramo do mesmo instrumento como o precedente : unem-se depois as extremidades das co- clearias, fechando-as com a chave que tem, semelhante aparafuzo. Segura a parturiente, se fará brandamente a extracção, fazendo movimentos brandos para todos os lados, não esquecendo o observar o tumor do perinêo formado pela cabeça da criança, a fim de não ficar muito dilacerada a membrana que circunda os grandes e pequenos lábios, principalmente na parte inferior. Feitas todas estas diligencias, não se conseguindo a ex- tracção da cabeça da criança, e estando esta já morta o muito encravada na bacia, é necessário abrir-lhe o craneo com o perfurador para derramar o cérebro e diminuir o volume da cabeça, ficando assim mais fácil a extracção : pôde a cabeça da criança encalhar na bacia, vindo adiante ou depois do corpo olhando para o ventre da mãi: nesta acção, que já o corpo da criança está fora da vagina, um ajudante susterá pelas regiões das ná- degas, dorçal, e lombar, o corpo delia ; o operante in- troduz as pás da coclearia ou forcepes aos lados da cabeça, abrangendo lambem a barba, depois dará meia volta com a cabeça dentro do instrumento, acompanhando o aju- dante o mesmo movimento com o corpo da criança para o lado que melhor feição fizer; fará outra meia volta para a criança ficar de bruços; e estando assim, fará o operante os referidos movimentos, acompanhado de seu ajudante. Muitas vezes a cabeça se encrava na bacia lateral- mente ; neste caso se entregará o corpo a um ajudante, que o conservará na posição que lhe fôr determinada; passam-se as pás da coclearia ao lado da cabeça, que se- gundo a posição, ficam uma pela parte anterioV, e outra pela posterior do utero, atracando a cabeça da criança, e depois se volta, para ficar de bruços e se faz a extracção do modo dito, com a maior suavidade possível. Parto, em que a criança apresenta o peito, hombros, baixo- ventre. A demora da nascença do feto indica ser o parto pre- ternatural, e se conhece que apresenta os hombros, porque quando apresenta a região lombar, ó a sua pos- tura transversal dentro do utero ; nesta acção a cabeça do feto occupa a foca iliaca direita da bacia, e as suas extremidades oecupam a iliaca esquerda da mesma, ou vice-versa. Esta posiçãoé assaz perigosa para a mãi o iillio: e paru o cirurgião auxiliar este parto, siluarâ a DE MEDICINA. 477 parturiente de costas na borda da cama em posição ho- risontal, ficando com a cabeça e peito raais baixo, e o ventre mais levantado ; deixando livre o osso coceix no apoio da cama, para este ceder ás impressões do feto, quando sahe. Ás extremidades inferiores da parturiente devem estar em llexão, descabidas para as regiões iliacas: depois introduz o cirurgião a mão direita untada em azeite no utero, com os preceitos já ditos, e irá tocar as extremidades dos dedos com a região lombar do feto, o que se conhecerá pela resistência que os dedos soffrem, e pelas apofises das vertebras ; o impellirá o feto para o fundo do utero, a lira de o fazer mudar de posição : con- seguido isto, passará a mão da região lombar para a região das nádegas: procurará as extremidades até chegar aos pés ; e podendo colhel-os ambos, os puxará para a vagina ; e achando só um, o puxará para este mesmo lugar, fazendo-lhe uma laçada de correr com uraa fita ; o que se executará fazendo a laçada, e met- tendo nella os três dedos, médio, index e pollex da mesma mão; e colhendo com os ditos dedos o pé, cora elles expellirá a laçada, que vai aberta, para o mesmo pé, puxando por ella com a mão esquerda, a fim de afazer segura : feito isto procurará o outro pé, e posto na si- tuação do precedente. E' porém de advertir, que é ne- cessário que o cirurgião examine se os pés da criança vêm ambos virados para um lado com os calcanhares; porque vindo assim, são ambos do mesmo corpo ; e não vindo deste modo, pôde ser que sejam cada um de diffe- rentes crianças; o que muilo se deve advertir, para se não fazer o parto mais trabalhoso: dar-se-ha fim ao parto, fazendo a extracção brandamente. Se a criança vier olhando para o ventre da mãi, c estando já de fora da vagina até o umbigo, se introduzirá a mão aberta junto ao ventre, e a outra junto ás regiões das nádegas e lombar, a fim de se poder virar a criança, para ficar de bruços; e se continuará a extracção da cabeça, sendo preciso, corao niethodoque lembrei. Apresentando a criança o ventre á nascença, se situará a parturionte com a cabeça e peito mais baixa que o ventre ; e mettendo o cirurgião a mão no utero , c co- nhecendo pela dita apresentação de ventre, que o feto está atravessado, por não encontrar cora os dedos resis- tência de ossos, e por encontrar o cordão umbilical; posição esta em que o feto occupa com o rosto a foca iliaca esquerda da bacia, e cora as extremidades a foca iliaca direita, ou vice-versa: escorregando logo pouco a pouco com os dedos para as partes 'jenib.es do feto, 478 DICCI0NAR10 lhe procurará a face interior das coxas; e seguindo para diante, até chegar a colher um ou ambos os pés ; colhendo ambos, fará logo a extracção; porém achando só um, lhe fará a laçada, e procurará o outro. Quando o cirurgião faz a introducção da mão no utero, já o sacco das águas se acha roto; e succedendo não estar, a fim de poder chegar ao feto, e operar. Quando o feto apresenta o peito á nascença, é esta posição preternatural,como as já ditas. A sua posição é transversal para uma ou outra foca. Tendo o feto o tronco muito largo, e o utero estreito, com o seu próprio peso suecede descer o peito, ficando a cabeça um pouco atrás: tanto a cabeça como o peito se acham então muito opprimidos. Para 'se soecorrer este parto, situa-se a parturiente na posição referida. O cirurgião introduz a mão no utero, tocando com os dedos o peito do feto, o que se conhece por se lhe encontrar mais resistência que no ventre ; e correndo com os dedos para a parte superior, se observam as claviculas, e acima destas o pescoço, e descendo se lhe observa o ventre e cordão umbilical. Certificado de ser o peito o que se apresenta, prognosticará os seus funestos symptomas; fará a dili- gencia de impellir o feto para o fundo do utero ; e con- seguido isto, deixa descer ou a cabeça, ou os pés; porém mais naturalmente descerá a cabeça ; e ou ella seja ou os pés, deve o cirurgião fazer as indagações já apontadas, para se não equivocar com a postura dos pés ; deve igual- mente comprehender bem a struetura do corpo humano, para distinguir umas de outras partes ; e vindo de cabeça, se fará a extracção como já se patenteou para semelhante parto ; e vindo de pés, bem se conhece pela diversa si- tuação delles se vem de bruços, ou vice-versa. Parto, em que o feto apresenta as nádegas, costas, pés e mãos juntos; ou o utero se acha inclinado obliquamente, ou ha gêmeos. Em conseqüência das muitas voltas que o feto dá nos últimos mezes e dias de prenhez dentro do utero, faz ou procede encalhar-se não naturalmente na bacia. Conhe- ce-se que o íéto apresenta as nádegas à nascença, e fica olhando para um dos lados da bacia, e as nádegas uma anterior, e outra posterior. Para este parto o cirurgião introduz a mão, indo com os dedos algum tanto curvados até os tocar nas nádegas do feto, que bem se conhecem pela figura que apresentam, por ser uma eminência igual c macia, fazendo movimentos de o impellir ao fundo do DE MEDICINA. 471Í utero ; conseguido isto, escorregará cora os dedos pelas regiões das nádegas até o joelho, a fira de colher um ou ambos os pés, que entalará entre os dedos, puxando-os para o orifício do utero; e vindo um só, lhe fará a laçada, procurará o outro, para fazer o parto pelos pés, fazendo a diligencia de que o feto venha de bruços ; e não o conseguindo, fará a extracção até o umbigo, e lhe ap- plicará as mãos a fazel-o voltar. Vindo ambas as nádegas directamente para fora, e o rosto virado para o ventre da mãi, nesta posição tem o feto as pernas estendidas sobre o ventre, e se conhece ser esta posição porque posta a parturiente como fica dito, introduzida a mão do cirurgião, elle as observa para os lados, ea linha vertical que as divide bem as dá a demonstrar ; e também se conhece o vir de bruços, por ter o feto as partes genitaes posteriormente, e vindo de costas, anteriormente ; e pelo mesmo toque do dedo se conhece qual é o sexo do feto. Conhecido vir de costas, o impellirá para o fundo do utero ; e não o conseguindo, e observando ao pé do orificio do utero as regiões in- guinaes do feto, neste caso metterá ambos os dedos Ín- dices untados em azeite no orifício do utero pelas part< s lateraes das nádegas, a fim de que prendendo nas mesmas inguinaes, sirvamos dedos como dccolxetes, para fazer os movimentos para os lados, e igualmente para fora, até se extrahirem os pés, suecedendo ou virem ambos, ou um depois do outro : eridireitar-lhe-ha brandamente as pernas, fazendo a extracção até o umbigo : feito isto, metterá as mãos, para o virar, até ficar de bruços, con- tinuando o parto até a extracção dos braços, os quaes podem embaraçar o parto por estarem dobrados: neste caso pegará o cirurgião no corpo do feto com a mão es- querda, conservando-o em posição recta, e com o index da mão direita untado de azeite, introduzido pelo ori- fício do utero, procurará a flexura de um dos braços do feto, puxando-o para fora ; e o mesmo praticará com o outro braço: e quando não consiga extrahir senão só um braço, não faz o outro impedimento algum, por vir estendido junto á cabeça Co feto. Conhece-se que o feto apresenta as costas ou espaduas, porque tomando a parturiente a posição referida e fa- zendo o cirurgião a introducçãoda mão, sente nos dedos a resistência dos ossos hornoplatas pelos seus diversos ângulos ; e por algum dos lados se observa o hombro, cuja eminência é formada pela parte superior do hu-, merus. Nesta situação tera o feto a espinha vertebral sobre o sacro, oecupando cora a cabeça e as regiões das na- ■180 DICCIONAR10 degas as focas iliacas da bacia, e as pernas e braços sobre o ventre, com o rosto virado para o fundo do utero c algumas vezes com o peito inclinado para o arco do púbis. Esle parto é assaz trabalhoso para o cirurgião, e de perigo para a mãi e filho. Feita a referida inlro- duccão da mão e estendendo os dedos pela região dorçal, e homoplatas, fará movimentos de impellir o fetopara o fundo do utero, fazendo as diligencias para elle vir apresentar a cabeça ao orificio do utero; e se isto se não puder conseguir, se correrá com os dedos pela espinha vertebral até ás regiões das nádegas, procurando logo as pernas; e depois até colher um ou ambos os pés, os quaes entalará com os dedos, e os puxará para o orificio do utero; e vindo só um, fará a laçada, até procurar o outro. Pôde ofetoalravessar-se, tendo a cabeça em uma ou outra foca iliaca. Seja qual fôr a posição da cabeça, deve auxiliar-se o parto, como Iodos os antecedentes, advertindo, que quando se intro- duzir a mão direita no utero, deve a esquerda sobre o ventre da paciente auxiliar todos os movimentos. Conhece-se que o feto apresenta os pés e as mãos juntos, pela grande facilidade com que se distinguem os dedos dos pés dos das mãos, por serem aquelles mais compridos. Isto posto, se introduzirá a mão direita, untada em óleo commum, dentro do utero, quando este offerecer espaço sufficiente para a dita introducção, fazendo diligencia' de procurar ambos os pês depois de os desembaraçar das mãos; os segurará entre os dedos indicador e médio da mesma mão, conhecendo serem pés, pela sua diversa configuração das mãos, gradual- mente os extrahirá pelo orificio do ulero; e se não encontrar mais que um pé, o atará com a laçada dita ; correrá cora a mão, sem a tirar para fora do utero, pela perna da laçada até chegar á região das nádegas, descendo por cila até chegar ao pé, e o conduzirá até o outro, o que se conhece por estarem ambos os calca- nhares virados para um lado: nesta acção baptizará a criança. Depois os extrahirá, soecorrendo o resto do corpo. Vindo a criança de costas, olhando para o ventre da mãi, estando já de fora até o umbigo, o cirurgião mandará por um ajudante segurar o corpo a conservai-o em linha recta ; depois com as mãos abertas, uma no ventre, outra nas costas, o vol- tará pelo lado que lhe faça mais geito; voltando mais até ficar de bruços, "continuando até a total extracção. Muitas vezes ha no utero duas crianças, que se chamam DE MEDICIN V . 481 gêmeos, e se conhecem pelo tacto, por se encontrarem mais de dous pés, ou ainda que só dous, estão os calcanhares virados para lados oppostos, ou se conhecem dous pés, e duas ou três mãos: todos estes signaes in- dicam haverem duas crianças. Deve neste caso o cirur- gião auxiliar o parto da criança que primeiro se lhe apresentar, seja de cabeça ou de pés; advertindo, que os pés que se apresentarem , devem os calcanhares sempre olhar para um lado; e havendo desconfiança de haver mais de um feto, fará a diligencia por indagar não venha entre os dous pés um pé ou mão de outro, queembaraceo parto; e quando venha, o desembaraçará, porque pelo contrario é o parto muito trabalhoso. Nas- cida a primeira criança, havendo o signal de existir outra no utero, porque o ventre ainda se acha muito elevado e continuam as dores, as secundinas não sa- hirá m: sendo então necessário, o examinará ereconhe- cerá o cirurgião, introduzindo a mão no utero da paciente, para conhecer se existe; e não existindo, lhe servirá para extrahir a placente: porém muitas vezes logo que uma nasce, vem a outra immediatamente: venha natural ou preternatural, sente a parturiente muitas dores, não sabe como possa descansar, estando mais afflicta que no principio, neste caso o cirurgião a fará descançar, para dar principio ao novo parto, se- gundo elle se apresentar. As causas que obrigam o utero a desalojar-se da sua situação natural em tempo de parto, são, a placente achar-seadherente algumas vezes ás partes lateraes do utero, e as parturientes serem algum tanto corcovadas para a parte anterior ou inclinadas para algum dos lados; por este motivo o utero cahe com o seu peso que tem com o feto para cima da arcada do púbis, ou para algum dos lados; ou ainda mesmo por alguma queda que a parturiente tenha dado próxima ao parto: convém ao cirurgião ter os conhecimentos da situação que o utero pôde tomar, para soccorer o parto que fôr trabalhoso por algum dos motivos lembrados. Conhe- cendo-se alguma dasditas causas, pôr-se-ha a parturiente de costas, e o cirurgião porá o utero na sua situação natural, ficando o seu orifício recto á vagina ; isto se faz introduzindo os dedos index e médio da mão direita untados em azeite na vagina, impellindo brandamente para a parte superior, procurando por este modo o orificio do utero, observando igualmente a situação do feto. Com a esquerda pela parte de fora sobre o baixo- ventre da mãi, para onde achar inclinado o utero, fará d. m. Gl. 'l-HÈ DICCIONAUIu pequenas compressões até situar esta viscera na sua na- tural situação. Conseguido isto se continuará o parto que se apresentar, auxiliado conforme a necessidade o pedir, havendo cuidado de amparar o utero daquella parte, para a qual eslava inclinado . Parto, em que o feto apresenta o rosto, ou ambos os joelhos, a cabeça precedida do cordão umbilical; e modo de extrahir as secundinas quando precedem ao feto. As vezes o feto apresenta a cabeça naturalmente; e principiando esla a descer, a parturiente faz diversos movimentos cora o corpo, suecedendo então o pescoço do feto ganhar alguma ílexão, apresentando assim a cara em linha recta ao orifício do utero: nesta posição a parte superior da testa está de encontro á arcada do púbis; os signaes que caracterisam esta posição do feto é ladeara parturiente logo que se rompe o sacco das águas com o exame se conhece ser a cara pela eminência do nariz, pelas arcadas orbitarias, que ficara ao lado de suas raizes, pelos olhos, bocca, e barba ; sem violência se in- troduz a cabeça do pollex na mesma bocca : este parto é trabalhoso ; porém assim mesmo se pôde auxiliar, sem o fazer mudar d-.' situação, porque se não podem fazer forças expulsivas com a mão de encontro ao rosto do feto, como em outra qualquer parte do corpo. Sc neste parto houver vicio de conformação da parte da mãi, ou da criança, só assim é que pôde ser trabalhoso : para se auxiliar, deve o cirurgião metter o dedo index na bocca do feto, a fazer presa na raandibula inferior, e os outros dedos os apoiará nos lados da mesma mandibula, fazendo diligencia de endireitar o rosto do feto para a sua posição natural: feito isto com o auxilio da mão esquerda posta sobre o ventre da parturiente, estando a cabeça a direito da bacia, tirará a mão da vagina, mas não a que se acha sobre o ventre, para não deixar ao feio tomar outra posição, e continuará o auxilio do resto do parto. Se feito tudo isto se não puder conseguir o parto desta fôrma, o que o cirurgião parteiro deve cuidar logo a principio, neste caso procurará os pés, para por elles lazer o parto, como já se tem dito. Pode á nascença apresentar um ou ambos os joelhos, e de muitas fôrmas; porque pôde apresentar um joelho vindo de costas, de barriga, ou de lado ; porém osoccorro deste parto é lodo o mesmo : deve para isso a partu- riente deitar-se de costas com a posição referida; e sendo ladeada, se conhece que se apresentam os joelhos, DE MEDICINA. 43-1 por se encontrarem duas pequenas eminências; e cor- rendo-se pelas pernas, se conhecem nas suas extremi- dades os pés. Deve o cirurgião parteiro, firmando os dedos sobre os joelhos, impellil-os para o fundo do utero, des- cendo com os dedos até nos pés, entalando-os entre elles, e puxando-os para o orifício do utero ; não se podendo isto conseguir^ auxiliará o parto pelos joelhos, fazendo nelles e nas partes genitaes da parturiente foracntações oleosas: sempre suecede sahir um depois do outro: neste caso o cirurgião prenderá o feto pelas curvas das pernas, uma depois de outra, cora os dedos Índices, fa- zendo delles como de colxetes para a extracção das pernas; feito isto, as segurará com ura panno, e fará movimentos lateraes, puxando ao mesmo tempo o feto; se este vier de costas, logo que esteja de fora até o um- bigo, se voltará a ficar de bruços, com o raethodo já referido. Todos os cirurgiões peritos na arteobsteclrieia conhecera que a cabeça do feto não pôde sahir olhando para o ventre da mãi. Quando o feto apresentar pri- meiro ura pé, e depois um joelho, o que bem se percebe pela evidencia da differcnça, que um membro faz de outro, se praticará o parto como fica dito. Estes partos são mais fáceis á mãi, e a todas as que têm bacia bem construída, e que já têra parido mais vezes. Logo que o feto apresenta a cabeça, algumas vezes vem diante delia o cordão umbilical; o que nunca suecede, sem que o saco das águas se rompa ; é pre- ciso soecorrer-se este parto com muita rapidez, por ser perigoso ao feto, por correr o perigo delle com a cabeça poder comprimir o cordão umbilicalde encontro aos ossos da bacia, e suspender assim o circulo do sangue, e ser isto causa de que o feto morra pela falta de circu- lação do sangue e falta do ar: para a conservação da vida espiritual e corporal do feto, o cirurgião sem perda de tempo fará deitar a parturiente de costas, e introdu- zirá a mão no utero com os preceitos já ditos, eapoiadas as cabeças dos dedos unidas sobre a cabeça do feto, oex- pellirá para o fundo do utero, para tomar outra posição. Feito isto, logo introduzirá no utero a parte do cordão umbilical, que se achar de fora, para o circulo do sangue se não embaraçar. Concluída esta operação se farão di- ligencias para o feto nascer pelos pés ; mas não se con- seguindo, deve-se desencalhar o cordão umbilical, para não vir junto com a cabeça, aram de se evitar o perigo que disse. São estas as oceasiões em que o cirurgião deve mostrar a sua pericia. Se elle foi chamado tarde para soecorrer este parto, e o feto está já morto, o que 484 DICC10NAR10 se conhece pela falia de pulsação do cordão umbilical, c a parturiente se acha prostrada, neste caso se extrahirá a cabeça do feto com liberdade, por se achar já morto. Far-se-ha esta operação só rora as mãos; e não se podendo fazer, se fará com as coclearias ou tenazes lisas, ou dentadas ; havendo grande contemplação com a partu- riente. Muitas vezes suecede que a placente ou secundinas se despega do fundo do utero, vindo adiante do feto na acção do parto, o que dá occasião a uma grande hemor- rhagia de sangue. Para se soccorrer este caso, situa-se a parturiente de costas sobre plano macio, com o ventre mais alto que o peito e cabeça : mettida a mão do ope- rante na vagina, e encontrando-se a placente entupindo o orificio do utero, a qual se percebe por ser um corpo espherico, raolle, oleoso e escorregadio ; esegurando-se, se puxará para fora, não separando o cordão umbilical; introduzida a mão novamente no utero, se procurará o feto, extrahindo-o como fôr possível pelos pés ou ca- beça ; e logo que uma destas partes appareça no orificio do utero, se baptizará, continuando-se depois o auxilio do parto, conforme elle se apresentar. Concluído este, se tratará da parturiente de dous modos muito precisos: c são, suspendera hemorrhagia eanimar a parturiente. Suspende-se a hemorrhagia, applicando-sc pannos mo- lhados em vinagre ou água fria ao ventre, e sobre elles uma ligadura do comprimento de três varas, da largura de um palmo, apertando tanto quanto fôr supportavel, a fim de contrahir a parede do ventre ; porque compri- mido este, igualmente se comprime o utero ; e sahindo muito sangue, se metterá na vagina algumas porções de chumaços de fios embebidos em vinagre frio, e por cima ebumaço coma ligadura figurada á letra — T—, internamente se lhe darão a beber algumas chicaras de caldo, e bom vinho, ou algumas porções de bom cho- colate, pondo-a era posição recta, fazendo-a socegar, tanto no corpo como no espirito, continuando-se a tratar, segundo o que sobrevier. Extracção das secundinas, quando ficam pegadas ao ute- ro; do parto com convulsão ; e symptomas que se senucm ao parto. J Nascido o feto c não vindo logo as secundinas, deve o cirurgião examinar exactamente a parturiente a ver se tem ainda algum outro feto no utero, o que se co- nhecera pelas dores que existem, elevação de ventre e DL MEDICINA. ÍK.*i movimentos do feto nesta occasião; faltando todos estes signaes, deve-se persuadir que não ha outro feto; mas sim conhecerá existirem as secundinas, tanto por não terem ainda sabido, como pela grande hemorrhagia que ha ; e pôde succeder que já esteja fora separado o cordão umbilical, por se haver quebrado, ficando ellas dentro ; e conhece-se que estão em parte despegadas, por ha- ver algum sangue que corre ; o que não suecede, quando estão todas pegadas ao utero; para se extrahirera, situa-se a parturiente de costas, e o cirurgião pega no cordão umbilical c dará com elle algumas voltas aos dedos da mão esquerda ; introduz a direita no ute- ro guiada pelo mesmo cordão, e procura assim o corpo da placente pela parte que se achar já despegada, con- tinuando a despegar brandamente ; indo empurrando cora os dedos para a palma da mão e pulso, sera tirar a mão para fora, para novamente a introduzir, por ser um erro crasso: e só deve retirar a mão quando na cavidade da palma trouxer juntamente todo o corpo da placente ; examinando cuidadosamente se ha no utero alguns polipos. para não puxar por elles, os quaes se conhecem pelo tacto e pela sua figura esphenca: nao se podendo separar a placente do utero, se mandara por um ajudante fazer algumas compressões ao ventre da paciente, c cócegas na garganta com a rama de uma pena para provocar vômitos; porque muitas vezes com estes movimentos se separa a placente ; os dedos dentro no utero, devem estar unidos formando como huma pa ou colher, e para cora elles deste modo se fazer força sobre o corpo da placente. A's vezes sim se despega a placente, porém deixa alguns pedaços delia ainda pe- gados ao utero, os quaes se devem deixar, sem se ter disso cuidado, porque a natureza a seu tempo por si mesmo os cxpellirá. Mas se acontece ficar algum pe- daço da placente e depois de alguns dias entupir o orificio convém extrahil-o. Suecede ás vezes quebrar-se o cordão umbilical junto á placente, o que pôde iro- tivar-se de ella se achar muito adherente ao utero, c o cordão ser rauito delgado, c se ter puxado por elle: para se extrahir esta placente, se introduzirá a mão c tocando os dedos na placente se irão afas- tando uns dos outros ; c logo que com elles se se- gure o corpo da placente, se unirão, formando como uma concha puxando brandamente pelo corpo da pla- cente; no em tanto a mão esquerda estará sobre o ventre comprimindo o utero: isso se fará coma maior cautela, para não deslocar o mesmo utero. Extrahidas 48(1 D1CC10NAR10 as secundinas, se beneficiará a parturiente, para re- sarcir o que tem perdido; deitando-se logo na cama, apertando-se-lhe o ventre quanto puder supportar, como já se disse, apiedando-se pela fôrma dita ; depois co- meçam a correr os loquios, evacuação geral a todas as parturientes; ainda que irregular, segundo as pes- soas: regular-se-lhe-ha a dita, segundo os symptomas que sobrevierem ; e são: a febre láctea, dores nos pei- tos e na região lombar, a que se chamam dores de tor- tos ; porém estas só sobrevêm as que lêm tido raais de ura parlo. Os ineommodos que sobrevêm ao parto, combatera-se segundo os symptomas que vão apparecendo. PARULIS. Abscessozinhos que se formam nas gengivas, ás vezes sem causa conhecida, mas de ordinário pela carie dos dentes. Indicação therapeutica. Nux vomica e sulphur. cale hepar. PENPHIGUS. Affecção que consiste em vesiculazinhas amarcl- ladas luzidas, de certo volume, formadas por ac- cumulação de ura liquido seroso debaixo da epiderme, que se rompem passados alguns dias, e descobrem o derma vermelho que se cobre de escumas e de crostas. Pôde o pemphigo oecupar todas as partes da pelle e apparecer até sobre a origem das membranas mucosas. A inchação é o primeiro symploma que se mostra su- perficial, e não tardam a vermelhidão e a dôr. For- ma-se a vesicula no segundo para o terceiro dia ; aug- menta rapidamente; é transparente, meia espheroidc. Nos primeiros dias são estas vesiculas tesas; passara de- pois a moles e chatas, e enrugadas. Variara de vo- lume. Depois de roto o epiderme formam-se escumas no sitio em que estava a vesicula e ás vezes alli vem uma exalação soro-purulenta. A duração média é de sele dias. No pemphigo chronico ha muitas erupções que se suecedera por longos intervallos. Indicação therapeutica. Dulcamara. Havendo pemphigo chronico: vesicula do tamanho de uma ervilha, assentada em base ver- melha, que encerra um humor amarello, aquoso e transparente com grande comichão. Lá raais ao diante l)K MEDICINA . 187 lorraara estas vesiculas ulceras ichorosas. Grande sede, dejecções mucosas. 'Rhus. Havendo pemphigo chronico; grandes bexigas chatas sentadas cm base avermelhada com humor soropu- rulento. Seccara estas bexigas em partes formam crostas pardas; outras formam ulceras chatas, e excoriações humidas algumas. Fraqueza paralytica dos membros. PEMPHIGUS SANGÜÍNEO. São vesiculas cheias de sangue. indicação therapeutica. Arsenicum. Havendo vesiculas sangüíneas no corpo todo, com urina sanguinolenta , diarrhéa, insomnia, desasocego. PERIPNEUMONIA.— Inílammação do percncbyma dos pulmões. Incommodo de alguns dias que precede muitas vezes ao ataque que quasi sempre é marcado por um violento calafrio, ao qual suecedem elevação de calor, dores de cabeça, dôr de lado, constrangimento da respiração e tosse. Ordinariamente manifesta-se a enfermidade era vinte e quatro ou quarenta e oito horas. Nesta época aecusa o doente uma dôr fixa n um ponto do peito; é muitas vezes esta dôr obscura, as vezes falha; res- piração pequena, freqüente e opprimida; o enfermo tosse, e espectora escarros sanguinolentos, ás vezes en- ferrujados ou esverdoados, sempre viscosos c transpa- rentes; a precursão dá um som a principio menos claro, depois baço, no lugar affcctado; applicada a orelha a este ponto nao distingue tão claramente o rumor produzido pela entrada do ar nas vesiculas pulmonares, reconhece de raais uma espécie de crepitação que por si mesma cessa pouco a pouco quando a inflammação está mais adiantada. Ao mesmo tempo a face está ver- melha, as feições abatidas; o doente vê-se obrigado a estar de cama'; queixa-se de insomnia, sede, fastio, dores na cabeça e espigastro, provocadas ou exasperadas pela tosse; pulso freqüente, variável em força, pelle quente ; urina muito carregada, etc, etc. indicação tlierapeutica. Acidum phosporicum. Havendo peripneumon ia já adian- lada: violenta tosse cora expectoração puriforme; febre; pulso freqüente; copioso suor nocturno; cephalalgia. Aconitum. Principal remédio em muitos casos. 4S.N DICClONARIÍi Aconitum. Havendo calafrio com tremor; dores sur- damente pungentes opressivas nas duas azas do pulmão, que talham a respiração, e obstam ao doente de trocar postura horisontal; tosse breve e amiudada com desejo continuado de tossir; expectoração de matérias escu- mosas, misturadas com sangue rubro; dyspnéa ; face balofa, azul carregado; cephalalgia violentíssima e pressiva; forte pulsação das carótidas; pulso pequeno e comprimido; calor secco e ardente. Aconitum. Havendo agonias; respiração curtíssima; picadas a cada inspiração, de«de as falsas costellas até os omoplatas ; dôr cerrante no peito, hemoptysia ; calor ardente ; cephalalgia ; somnolencia, lethargo com sonhos anciados. Aconitum, aj udado de bryonia. Havendo picadas e dores nas duas azas do pulmão; tosse secca; expectoração sangüínea ; pressão do peito; febre. Aconitum e belladona Gonvém na peripneumonia de uma criança de um anno ; face funda e pallida, pelle secca e ardente, pulso freqüentíssimo, violenta tosse com dores, respiração curta, accelerada e algum tanto estertorosa. Nux vomica para a tosse e constipaçâo. Bryonia. Convém quando ha grandes picadas no lado direito a cada inspiração, ancias e oppressão, tosse secca, expectoração pouco abundante e listrada de sangue, falia difficultosa, leve stertor no peito, rubor e suor na face, olhos vermelhos, sede, pulso cheio e accelerado, lingua secca e negra no meio, sonhos noeturnos. Camphora. Convém na pneumonia em periodo adian- tado: respiração curta, anciada e pouco opprimida, com sensação dolorosa e picadas no peito, freqüente e violento desejo de tossir, calafrios e calor alterados, pelle secca e ardente, pulso fraco e lento, somnolencia. China. Convém quando ha inspiração curta e rápida cora picadas surdas no peito, postura levemente da cabeça necessária, tosse continua com expectoração mucosa raiada de sangue, calor secco e ardente, face rubra, sede; mais tarde hemoptysia e desmaio com sobresalto dos tendões. Phosphorus ajudado de Sulphur. Convém na pneu- monia despresada; face funda, pallida e amarellada, olhos murchos e fundos, tossesinha breve, face secca, ardente sede, calor, arripiamento. Phosphorus. Convém na pneumonia que se inclina á paralysia dos pulmões. Respiração accelerada e acom- panhada de crepitação estrepitosa no peito, tosse roca, expectoração viscosa pouco abundante. DE MEDICINA. 489 sulphur. Convém quando os symptomas peitoracs vão 0111 augmento. O calor no peito chega até orgasmo, o o escarro sangüíneo passa a verdadeira hemoptysia. Veratrum. Convém na pneumonia já muito adian- tada. PERIPNEUMONIA NERVOSA. Dôr nervosa na parte interna da caixa do peito, com erradiação para o pulmão. Indicação therapeutica. /IcoíiifH»?, hyoseyamus e rhus. Convém na peripneu- monia nervosa cm conseqüência de escarlatina, respi- ração curta c penosa, continuas picadas com oppressão, tosse secca, algumas vezes expectoração sanguinolenta, escumosa c diílicil de dissolver, sonhos, murrauração entre dentes, carphologia, dejecções involuntárias, calor mordicanle. Foi administrado lycopodium neste caso com grande successo contra a tosse com expecto- ração mui copiosa e puriforme, vermelhidão circum- scripta das faces, symptomas que não haviam cedido aos outros remédios. Aconitum, bryonia c nux vomica. Aconitum, bryonia, belladona c nux vomica. Aconitum, bryonia c arnica. Belladona. Havendo dolorosa pressão debaixo do ex- terno ; respiração opprimida, sopor, insomnia, sobre- saltos dos tendões, carphologia, olhos vermelhos, vista desgarrada e errante, pulso pequeno e accelerado, sup- pressão da urina e de evacuações alvinas. > Bryonia e rhia. Havendo calor ardente geral, eom violentas picadas no lado direito do peito a cada inspi- ração, respiração rapidíssima, anciada, dolorosa, vio- lenta oppressão do peito, somno continuo com freqüen- tes sobresaltos e leve delirio. Rosnar inintelligivel, sonhos cstravaganlcs, carphologia, lingua secca, fen- iida, tremula, coberta de iminundicie parda, lassidão escessiva. Bryonia. Havendo tosse com expectoração pouco abundante de muco sujo, avermelhado c sanguinolento, grande vontade de dormir, o enfermo está eslonteado, delirio. Arnica contra as picadas a cada profunda ins- piração, symptoma que resistira á bryonia. Carbo vegetabilis. Havendo respiração eslertorosa, peso e picadas no peito, freqüente tosse, o peito eleva-se e abite-scfortemente,'delírios, pulso mollc. China. Convém na pneumonia com carphologia eso- iuesaltos dos tendões. D. m. 62. 490 DlCCI0N>RI0 Pulsatilla. Convém na respiração mui accelerada e curta em uma criança, cora pelle ardente, sede abra- sadora, sobresaltos dos tendões, estremecimento, sonhos com rosnamento, ancias, humor descontente. Rhus. Havendo lingua pardenta, áspera e árida,'op- pressão do peito, pouco somno, anciado, interrompido por sonhos inquietos, facilidade em assustar-se, pulso pequeno, o doente quer sahir da cama. PERITONITE. Inflammação do peritoneo. A invasão ora é lenta e ora rápida. E' ás vezes mar- cada por um calafrio. São principaes symptomas : uma dôr aguda, desesperada com a menor pressão, calor, dureza de ventre, distensão gazosa, derramamento de um liquido soro-purulento na cavidade do peritoneo, que as vezes se pôde conhecer por uma fluctuação obscura, e sempre pela percussão do abdômen, que dá um som surdo, onde pouco antes era claríssimo. A' dôr, contracção ou distensão do ventre se ajuntam náuseas, vomitozinhos, vômitos, constipaçâo, pallidez da face, grande alteração de feições, decubito dorsal, abatimento moral e physico, sede, constrangimento de respiração, que é freqüente e curta, acceleração e con- centração do pulso, elevação do calor, diminuição de secreção de urina. A marcha da peritonites aguda é geralmente exacerbante, sua duração curta ; raras vezes excede algumas semanas, e muitas vezes finda em alguns dias, e até em 24horas. Indicação therapeutica. Aconitum em doses repetidas. Aconitum. muitas doses, com intercalação de antimo- nium crudum e de nux vomica, contra os symptomas gás- tricos. PERITONITE PUERPERAL. —Veja-se febre puer- peral. PERNIO.—Frieiras. Têm ordinariamente as frieiras seu assento nos te- gumentos da face dorsal dos dedos e dos artelhos, ás vezes do corpo e do tarso, na ponta do nariz, raras vezes n'outros sitios. São symptomas : verraelhidão, inchação, prurido das partes affectadas. Indicação thcr.ipeutica. Belladona e pulsatilla. Havendo inchação vermelha, azulada e dores pulsantes nas partes molestas. DE MEDICINA. 401 Outros remédios que convém : agaricus, petrolium. acidum nitricum, nux vomica, ignatia, phosphor. e rhus. PetrolcuBii. Caracter physiologico. O petroleum exprime o temperamento sangüíneo. Tempo de acção. Oseu máximo de acção é ate 50 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois do petroleum convém chom., nitro ac, nux . vom., phosph., puls.,sulph. Antídotos. Nux vom. Concordância ou symptomas. Cale, lyc, sep., sulph. Exacerbações -. Moderara-se com bry., nux vom., sep. Symtomas geraes que desenvolve o petroleum. Dores tractivas nos membros. — Dormeneia fácil dos membros.—Estalos nas articulações, cora dureza arthritica e dores tractivas agudas. —Inchação e in- duração das grandulas, mesmo depois de uma contusão. —Tremura dos membros de dia e durante o somno. —Ataques de epilepsia.—Accessos de vagados com cffer- vescencia de sangue, calor, palpitação e pressão no coração. —Grande fraqueza ao menor esforço, algumas vezes com perturbação da vista, tremura do corpo, zunido dos ouvidos e náuseas. — Fraqueza, náusea e outros ineommodos pelo movimento da sege. —Aggra- vação e apparição de muitos symptomas por um tempo chuvoso. — Calor, fugaz effervescencia de sangue e suor depois de um passeio ou de se haver zangado. —Ma- greza. mesmo nab crianças. —Sensação de umamot- í\)2 DlCClONARIO leza insupporlavel e geral, com tremura e abatimento — Peso e cansaço em todos os membros. — Grande cansaço de manhã e de noite. —Grande disposição a res- friamantos. —Repugnância ao ar livre, com arrepios. Muitos symptomas manifestam-se de manhã. Indicação therapeutica. 0 petroleum convém nas affecções abdominaes chro- nicas — angina do interior da bocca — arthrite —car- dialgia — caria — cephalalgia — dartro — dito hemor- rhoidal — diarrhéa — dysecea — feridas nas mãos — epilepsia — frieiras — glossite — gonorrhéa — hemor- rhoidas— empigem —incontinencia de urina de noite — leucorrhea — lilhiase — luxação espontânea — me- lanose —melancolia — menstruação diílicil— ophthal- mia— palpitação de coração—phthisiea —rouquidão —tinha na cabeça—ulcera nos pés—zoada nos ouvidos. PHIMÔSE. Dá-se este nomeá moléstia que consiste na estreiteza contra-natural da abertura do prepucio, de sorte que esta dobra membranosa não pôde descer para trás da coroa da glande. Indicação therapeutica. Cannabis, merc. bell. PHLEGMASIA RRANCA DOLOROSA DAS MULHERES PARIDAS. Engorgitamonto leeophlegraatico branco mui con- siderável e doloroso das coxas, que se fôrma rapida- mente, e se estende por toda a região pelviana c partes genitaes; movimento febril. Vera este incommodo nos primeiros 14 dias depois do parto; dura de 8 a 14 dias, e pôde acabar de raodo funesto a não se liie acudir promptamente. Indicação therapeutica. Aconitum e rhus, auxiliados de nux vomica, arsenicum, belladona e pulsatilla. Convéra quando ha cruéis dores ao longo da face interna da perna, coxas engorgitadas, que não podem tolerar o menor tacto. Belladona. Convém quando ha dores dolorosispimas nas coxas c pernas inchadas, e não podem soffrer o menor toque, febre; o doente não pôde mudar de sitio sem sentir grandes dores, DE MEDICINA. 493 &*ho$jplioriis. Caracter physiologico. O phosphorus exprime o temperamento sangüíneo nervoso. Tempo de acção. Nas affecções agudas sua acção é de dous a trcs dias; poiém nas chronicas é mais prolongada. Medicamentos a seguir-se Depois do phosphorus convém algumas vezes petr., rhus. Antídotos. Garaph., coff., nux vom., vinum. Concordância em symptomas. Puls., sulph. Exacerbações. Moderam-se com nux vom , puls., sep. Symptomas geraes que desenvolve o phosphorus. Repuxamenlos e ferroadas arthriticas e rheuma- tismaes, principalmente nos membros, algumas vezes depois de um leve resfriamento, principalmente de noite, na cama.—Dôr ardente nos membros.—Tensão, caimbras, tremura e distorsão de alguns membros.— Convulsão.—Dureza de algumas partes.—Accesso de pallidez e torpor em alguns membros que parecem então como mortos.—Tremura nos membros, principalmente durante o trabalho.—Facilidade a derrear-se.—Effer- vcscencia 'de sangue c congcdões, algumas vezes com pulsação em todo o corpo.—Sangramento por diffe- rentes órgãos. — Fraqueza, e repuxamento das arti- culações, principalmente dos joelhos.—Grande fraqueza 491 DICC10NARI0 e cansaço paralytico, algumas vezes súbito, principal- mente de manhã , na cama, ou por pouco que se tenha andado.— Accesso de vagados.—Sensibilidade extrema de todos os órgãos.—Cansaço hysterico.— Abatimento geral e fraqueza nervosa.—Peso dos mem- bros e preguiça.—Paralysia, com formigamento nas partes affectadas.—Magreza e consumpção.—Engorgi- tamento das glândulas.—Impossibilidade de estar ao ar, principalmente quando está frio.—Grande dispo- sição a resfriar-se, que muitas vezes acompanham dores de cabeça e de dentes, corysa com febre, etc.—Dores nos membros com a mudança do tempo.—A maior parte dos symptomas manifestam-se de manhã e á noite, na cama, como também depois de jantar, em- quanto diversos outros apparecem no principio do jantar c dissipam-se depois. Indicação therapeutica. O phosphorus convém no abcesso do seio—alopecia —amaurose principiante —amenorrhéa—aphonia—ar- thrite—asei te—asthma—cardiograa—catarrho—cepha- lalgia— chlorose— choréa—colica ventosa—coxarthro- cace—croup—darthro—dentição diílicil—diarhéa—dy- secea—exulceracão do seio—febre hectica—fungus he- matoida— gastralgia— grippa—hypocondria—impigem — induração do seio — inflammação erysipelatosa do seio—lepra—lienteria—lithiase—luxação espontânea— mastite—ophthalmia—palpitação de coração—paralysia —peripneumonia—phthisica—polypo no nariz—proso- palgia — rachite—rheumatismo—rouquidão—sarampão —scarlatina —sciatica—suffocação—syphilis—tinha na cabeça—tétano—tosse—tumefacção dos pés—tumor na face—tumor leucophlegmatico—ulcera no nariz—varice hemorrhoidal—vomito chronico—vomito das mulheres grávidas—vista nebulosa. Phosphori Acidum. Caracter physiologico. O phosphori acidum exprime o temperamento san- güíneo nervoso, e também o lymphatico. Tempo de acção. Nas moléstias agudas sua acção é de dous a três dias; porém nas chronicas se prolonga. DE MEDICINA. 49:i Medicamentos a seguir-se. Depois do ácido phosphorico convéra, conforme os symptomas, china., lach., rhus., veratr. Antídotos. Camph., coff. Concordância em symptomas. Puls., sep., sulph. Exacerbações. Moderam-se com pul., sep. Symptomas geraes que desenvolve o phosphori acidum. Tracções, e grandes estremecimentos nos membros. —Dores crampoidas, pressivas.—Sensação como se se raspasse com uma faca sobre o periostio.—Dores osteo- eopas, ardentes, cruéis, á noite.—Inchação dos ossos.— Sensação ardente em toda a parte inferior do corpo, ainda que os membros estejam frios ao tocar.—In- chação das glândulas.—Frouvidão nos membros e nas articulações, como por uma paralysia ou pelo cres- cimento, sobretudo de manhã e á tarde.—Entorpe- cimento e fraqueza dos membros.—Peso nos membros e nas articulações, com grande preguiça.— Grande fadiga depois de caminhar.—Grande fraqueza geral, physica ou nervosa, com muita disposição para trans- piração, ou com sensação ardente no corpo.—Magreza, com côr doentia e olheiras.—Grande effervescencia do sangue, com grande agitação.—As dores são aggra- vadas no descanso, e alliviadas pelo moviraento, e as que se manifestam á noite são alliviadas pela com- pressão. Indicação therapeutica. O phosphori acid. convém na anacatharse mucosa —arthrice—cholerina—chyluria—darthro—diabetes—■ diarrhéa — epulida— erysipela—febre nervosa—pollu- ções— scarlatina—impigem—menstruação mui abun- dante — phthysica—pneumonia nervosa—srranguria— suor nocturno—tumefacção da face e das gengivas. 491» nioeioNARio PHOTOPHOBIA SCROPHULOSA— Horror á luz. Indicação therapeutica. Ilyoscuamus, ignatia, nux moscata, conium. PHRENITE.—(Veja-se Encephalite.) PHTHISICA PITUITOSA.—Phtisica pulmonar com expectoração pituitosa. Indicação thcrapeutiea. Phosphoro e lycopodium, ajudados de calcarea, sulphur e sepia. Havendo respiração curta e opprimida , tosse acompanhada de manhã de expectoração branca e es- cumosa, sem ardor no peito ; magreza e fraqueza. Sulphur e lycopodium. Convém em conseqüência de uma sarna recolhida, oppressão do peito, tosse com expectoração pituitosa, grossa ; grande fraqueza do corpo. Sulphur, arsenicum, calcarea carbônica e stannum. Stannum. Havendo continua irritação no peito que obriga a tossir; pressão no peito; asthma, falta de respiração ao fazer qualquer moviraento ; grande can- saço; vomito de pituita de manhã. Stannum. Havendo tosse de dia e de noite com copiosa expectoração de muco; grande magreza ; pulso pequeno e freqüente ; ardente calor na palma das mãos; suor de manhã ; diarrhéa. Stannum. Havendo violenta tosse de tarde e de noite, abalante, ora secca, ora com expectoração fácil e abun- dante ; dores de excoriação no peito ao tossir; can- saço ; fraqueza ; suores noeturnos.—Belladona curou a dôr pressiva e pulsante da rouquidão, últimos symp- tomas da moléstia. PHTISICA PULMONAR.—Fusão do tessido pulmonar. Tosse, oppressão, febre lenta, magreza: são os symp- tomas essenciaes c que bastam para o diagnostico. A febre lenta é essencialmente necessária para distinguir a phtisica pulmonar da asthma, que se pôde con- fundir com a phtisica nas affecções locaes (tosse, oppressão, expectoração). Um symptoma característico da pbrtisica pulmonar é a grande tranquillidade dos enfermos acerca do seu estado; mais buscam a moléstia no baixo ventre do que nos pulmões, e vivem sempre animados de boa esperança de sarar; esta esperança cresce com o perigo. DE MEDICINA . 497 Indicação thcrapeutiea. Aconitum, psoricumesulphur. Havendopneumonorrha- gia: emmagrecimento; grande fraqueza de peito ; dôr continua e surda no peito; respiração curta. Carbo vegetabilis. Havendo phtisica purulenta pro- duzida por vomicas (dá-se este nome ás collecções abundantes de pús, formadas no peito, e que acabam expectoradas por meio de uma espécie de vomito); tosse fatigante de dia e de noite, ora secca e espas- modica, ora acompanhada de espectoração e de grande quantidade de mucosidades puriformes, espessas, amarel- las, verdes, ás vezes também de matérias amarellas e líquidas; respiração curta, opprimida, accelerada; dores surdas e pressivas no peito, com mistura dê picadas fugitivas; febre hectica. Carbo vegetabilis. Havendo abundante expectoração, sobretudo de manhã, de muco poriforme, espesso, fétido e esverdeado. China, sepia, ammonium carbonicum e lycopodium. China. Havendo tosse continua com expectoração purulenta. Dulcamara, sulphur, aconitum, nux vomica, sepia, ignatia, stannum, kali carbonicum, calcarea carbônica, phosphoro, silicia, sepia, carbo vegetabilis, belladona. Ha- vendo rosto pallido com bella côr de rosa nas faces ; violentas c cruéis dores na parte inferior do thorax ; expectoração sangüínea todos os oito dias; expectoração amarellada, espessa e purulenta ; insomnia ; impossibi- lidade de andar. Dulcamara. Convém em conseqüência demuitos resfria- mentos, tosse continua, expectoração amarellada de san- gue rubro-claro, peito doloroso, febre. Ferrum aceticum epulsatilla. Cura radical em 10 a 12 dias. Havendo phtisica florida, que se desenvolve por haver bebido água fria estando suado. Magreza considerável com suores viscosos e colliquativos, diar- rhéa, face hypocratica, beiços pallidos; respiração opprimida com cerração do peito, expectoração puru- lenta, esverdeada, raiada de sangue, e de gosto pútrido e nauseante. Hyosciamus. Havendo phtisica que começa em con- seqüência de pneumonia : freqüente tossezinha com es- pectoração esverdeada, fraqueza do corpo, especial- mente do peito. Kali carbonicum, ajudado de nux vomica. Havendo phtisica purulenta : tosse com expectoração purulenta, d. m. 63. 498 IilC.CloNAIUO branqueada amarellada; respiração mui curta ; grande esfalfamento. Laurocerasus. Havendo tcsse incessante com abun- dantíssima expectoração gelatinosa, misturada de alguns pontos sangüíneos. Ledum palustre e chamomilla. Havendo phtisica em conseqüência de pneumonia despresada : expectoração abundante, fétida, esverdeada; tosse fatigante, picadas no lado; magreza. Lycopodium. Havendo phtisica florida, respiração ex- tertorosa ; expectoração puriforme ; suores noeturnos e viscosos. Lycopodwm. Havendo yoz fraca e baixa; grande fraqueza; violenta tosse de dia c de noite com ex- pectoração abundantíssima: febre lenta com suores viscosos durante a noite. Nitrum. Havendo violenta dôr no peito e pulmões. Phosphoro, ajudado de lycopodium, sepia e graphites. Havendo voz baixa e entrecortada ; respiração penosa grande oppressão; pneumonorrhagia de tempos á tem- pos; expectoração purulenta, mesclada de sangue; suores frios e viscosos; diarrhéa. Phosphoro. Havendo tosse abalante com tremor de membros, expectoração amarella, purulenta, de gosto salgado, mais abundante de noite e de manhã; suores copiosos de noite; fraqueza. Phosphoro, auxiliado de petroleum e de sepia. Ha- vendo respiração curtíssima ; sensação tensiva no peito ; violentíssima tosse cora expectoração amarellada e es- pessa ; magreza. Psoricum. Havendo phtisica purulenta muito adian- tada. PuUalilla, nux vomica e stramonium. Havendo febre • suores copiosos de noite ; face magrissima ; diarrhéa ' Pulsatilla, ajudada de phosphoro, sepia e china. Ha- vendo face pallida ; fraqueza de ouvir ; grande magreza • febre hectica ; diarrhéa colliquativa ; expectoração sus- pensa ha quatro dias; d'antes era amarellada, verde purulenta ; exterior. Sambncus, seguido de hera terrestris. Havendo tosse continua, com expectoração copiosa ; cansaço, magreza dores de peito; inchação èdematosa das pernas° Sambucus. Havendo phtisica procedente de beber água fria estando suado; febre com grande tosse o muita expectoração de gosto adocicado; magreza • ar- dente calor na palma das mãos; copioso suor á noite Mbcw, sulphur ecalcarea. Havendo phtisica purulenta' DE MEDICINA. 409 Stannum. Havendo losse com expectoração de ma- téria amarellada de gosto enjoativo e cheiro mui in- grato ; magreza; falta de respiração e symptomas suffocantes ao andar-se. Sulphur. Havendo phtisica começante complicada de amenorrhéa. Sulphur. Havendo pressão e tensão no peito; sen- sação de estreiteza do peito; expectoração purulenta mesclada de sangue; hemorrhoidas cegas. Sulphur e psoricum alternados. PHTISICA BRONGHIAL. Indicação therapeutica. Sulphur o causticum, stannum. PHTISICA LARYNGEA. Ou phtisica da garganta. Indicação therapeutica. Causticum ajudado por drosera e trifilium. Convém na voz baixa e rouca ; mal pôde o doente fallar em voz alta ; sensação de excoriação no larynge. Spongia, auxiliada de drosera. Convém na rouquidão ; falha a voz ao cantar; dysphagia; tosse freqüente, secca, breve, raramente com expectoração de muco branco, ás vezes raiado de sangue. Outros remédios : carbo vegetabilis, manganum, sulphur. PHTISICA INTESTINAL POR SARNA RECOLHIDA. Dôr e tensão no baixo ventre, evacuação de pús e de sangue nas dijecções. Indicação therapeutica. Psoricum, arsenicum, mercurius. PHTISICA TUBERCULOSA. (Abccssos no tossido pul- monar.) Tosse breve e secca excitada principalmente pelo fallar, rir e violentos movimentos do corpo, às vezes acompanhada de expectoração pouco abundante, pitui- tosa, mais que tudo de manhã, muitas vezes misturada de gudilhões gazosos e fétidos. Em alguns casos éa res- piração um pouco constrangida, n'outros totalmente desembaraçada (depende isto da quantidade c tamanho dos tuberculos.) E' todavia a respiração algum tanto penosa ao tempo do movimento e em certas posturas do corpo; fugitivas picadas atravessara o peito; ardor que se renova muitas vezes e sempre no mesmolugar ; 500 D1CCI0NAR10 freqüente rouquidão; citarrhos freqüentes; magreza sem causa conhecida ; movimentos febris que cessam a principio de tempos á tempos e voltam depois ; íicam a final estacionarios e mudam-se em febre lenta. Indicação therapeutica. Hepar sulphuris, calcarea e mercurius, alternados. Para a phtisica declarada convém: kali,lye,phosphr., 'puls., ars., stann. PHYSGONIA. Termo genérico que abrange todos os tumores vo- lumosos desenvolvidos no ventre, e que não offerecem fluctuação nera são sonoros. indicação therapeutica. Lycopodium, lachesis, arsenicum. PHYSCONIA HEPATICA.—Phyosconia do fígado. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica, arsenicum. Sulphur. Convém na physconia do figado e do baço : excessiva distensão do ventre e dores pungentes no ligado. PHYSCONIA DO BAÇO. Indicação therapeutica. Berberis vulgaris, arsenicum, sulphur. PLACENTA ENCARCERADA, (videparto.) Indicação thcrapeutiea. Secale cornutum, puls., nux vom. ipec. PLEURITE.— Pleurizia. Inflammação da pleura. A invasão é algumas vezes súbita, e outras vezes precedida de incommodo por muitos dias; quasi cons- tantemente tem lugar por um calafrio com dôr em um dos lados do peito. Esta dôr, que é um dos signaes caraderiscos do pleuriz, occupa quasi sempre a vizi- nhança da mama ; é aguda, limitada ; avulta pela tosse, inspiração, e muitas vezes também por uma pressão medíocre, pelo decubito sobre o lado doente ; algumas vezes é difíundida e chega até ao outro lado do lhorax; vem acompanhada de calor de constrangimento na DE MEDICINA. :>01 respiração; a inspiração é curta, freqüente, subita- mente interrompida pela dôr; os doentes são ator- mentados de tosse secca, á qual procuram resistir , alguns expectoram com dôr e com esforços alguma matéria escumosa e dura ; a falia é fraca, interrompida ; febre mais ou menos intensa acompanha constante e pleuriz agudo. No primeiro periodo a percursão e aus- cultação não fornecem signal importante. Se se fôrma derramamento o som do peito pouco a pouco se faz es- curo no sitio que elle occupa, e* voz do enfermo examinada pela auscultação mediataou imraediata do peito torna-se como a de uma cabra que berra.- Indicação therapeutica. Aconitum, ajudado por bryonia. Convém na violenta e pungente dôr em todo o lado direito do peito que apenas pcrmitte respirar, tosse secca, pelle secca e ardente. Aconitum. Convém em violentíssimas e pungentes dores, anciã, tosse continua, pulso duro e freqüente, face mui rubra. Aconitum. Convém em dores fortes e pungentes nas falsas costellas esquerdas, aggravadas por inspiração profunda e pela tosse; tosse secca, breve, interrompida ; respiração accelerada ; muita sede ; lingua carregada de mucosidades; urina inflammada; pelle secca e ar- dente ; pulso duro e acceleradissimo; grande desa- socego. Aconitum. Convém em violentas picadas do peito; tosse breve e dolorosa, face côr de papoula ; respiração curta, accelerada e dolorosa ; expectoração com mescla de sangue. Toda mudança de postura causa dores; ardente sede; pulso duro e accelerado; a taes symptomas se ajuntam palpitações nos músculos e sonhos. Aconitum e belladona. Convém em violentíssimas deres pungentes, ancias que se augmentam com a tosse e movimento e com a inspiração profunda, tosse breve e secca, sonhos. Aconitum e bryonia, alternados. Aconitum, bryonia e arnica, ajudados de nux vomica. Convém em pleuriz bilioso. (Affecção consensual pro- duzida por accumulação de bilis no estômago ou sys- tema biliar.) Aconitum e cannabis. Havendo pleunsia. Bryonia. Havendo face rubra e ardente, pelle secca -■• ardente, olhos brilhantes, dôr de quebramento no ;;0i diccionario espinhaço c entre os hombros, ardente sede, violenta tosse secca com fortes picadas, respiração curta c opprimida por abalos,delirio. Bryonia e nux vomica, alternados. Bryonia e china, alternados. Scilla. Convém cm picadas em toda a parte inte- rior do peito, a cada inspiração tosse breve e secca, pulso freqüente c duro, ardente calor do corpo, face vermelha erubra, grande sêdc. Platina. Caracter phisiologico. A platina representa o temperamento nervoso. Tempo de acção. O seu máximo de acção é de 40 a 50 dias emeasov de moléstias chronicas. Medicamentos a seguir-se. É depois da belladona que a platina convém. Não aproveitando a sua administração, é a propósito, con- forme os symptomas, administrar-se croc, stram. puls. Antídotos. Pulsatilla. Concordância em symptomas. Lyc, puls., rhus, sep. Exacerbações. Moderam-se com puls., sep. Sympotmas geraes que desenvolve a platina. Dores compressivas, crampoides, contractivas ou pressivas como produzidas por uma cunha ou como de pancadas grosseiras.—Tensão nos membros,como se estivessem fortemente ligados.—Dores como de- pois de uma contusão, uma pancada ou uma pisa- dura, principalmente apertando a parte affectada. — DE MEDICINA . :m Dores fracas ao principio, que sç augmentam. pou- co a pouco, muitas vezes por intervallos regularcs, e diminuem da mesma maneira.—Sensação de tor- por e dormeneia paralytica em diversas partes, mui- tas vezes com tremura e palpitações de coração.— Accessos de dureza spasmodica dos membros, sem perda de conhecimentos, mas com aperto dos quei- xos, perda da falia, olhos convulsivos e movimen- tos involuntários das commissuras dos lábios c das pal- pebras.— Os accessos de spasmos manifestam-se prin- cipalmente ao amanhecer.—Affecções em conseqüên- cia de um susto, de qualquer modificação ou de uma raiva.—Affecções moraes e physicas, alternan- do umas com as outras ; quando umas manifestam-se, as outras dissipara-se, e vice-versa. — Fraqueza ex- cessiva.—Inquietação formigantc, sensação de fraqueza e tremura nos membros, principalmente no repouso, ao ar livre. — A maior parte dos symptomas aggravam-se no repouso, e alliviam pelo movimento. —As affecções, que alliviam ao ar, aggravam-se geralmente pela noite e no aposento. Indicação therapeutica. A platina convém, na alienação mental — balbu- ciamento — cephalalgia —epilepsia— hysteria—indura- ção do utero — menstruação excessivamente abundan- te — metrorrhagia — nymphomania — odontalgia — polypo no utero —scirrho no utero. PLEUROPNEUMONIA.—Pleuriz e pneumonia simul- tâneos. Indicação theraprutiea. Aconitum. Gonvém havendo anciã que corte a res- piração ; respiração curta; a inspiração forte excita violentas picadas no lado esquerdo do peito, seguidas logo de tosse, e depois alguns escarros sanguinolentos; temor de ficar suffocado ; pelle secca e ardente. Aconitum. Gonvém quando ha continuas picadas no lado direito do peito, respiração curta e difficultosa, freqüente tosse; de tempos a tempos só alguns es- carros sanguinolentos, pelle ardente, pulso cheio, forte e intermittente. Aconitum. Convém quando a respiração é custosa e andada, picadas no lado direito do peito, tosse breve :m DlCi.IONARIO e secca, febre, rubor das faces, puUo accelerado, pe- queno e duro. Aconitum, ajudado de bryonia e arnica. Aconitum, ajudado de bryonia. Aconitum, auxiliado de sulphur e bryonia. Convém na face balofa, vermelha como fogo; pelle secca e árida, tudo quanto o doente toma o obriga a vomitar; dores abdominaes; dejecções aquosas; oppressão de peito; insomnia e sonhos. Arnica. Havendo violentas picadas nos lados, res- piração curta e penosa; expectoração mucosa, sangui- nolenta, rara e penosa; face rubra e balofa; grande calor, constipaçâo. Belladona. Havendo picadas no lado esquerdo do peito; calor continuo, freqüente tosse com expec- toração sanguinolenta, respiração curta e penosa, delirio, lingua secca, ausência de sede, constipaçâo. Bryonia. Havendo violentas picadas ao tossir e excessiva oppressão do peito como por um peso; insomnia; face balofa, rubro-parda; respiração accele- rada, penosa, curta e anciada ; pulso pequeno e duro, violento bater do coração, pelle secca e ardente, sede abrasadora. Bryonia. Havendo picadas no peito que difficultam a inspiração; a postura horisontal sobre as costas é a única possível; calor e ardor no peito, ancias, op- pressão, tosse com expectoração mucosa e em pequena quantidade, face côr de papoula, lingua amarella-parda- centa. Bryonia. Convém quando ha picadas violentíssimas nos dous lados do peito, freqüente vontade de tossir com expectoração mucosa e sanguinolenta, respiração penosissima, calor na pelle, pulse duro, cheio, lento e intermittente; face balofa, vermelho-azulado, somno- lencia lethargica, com sonhos anciados. Cannabis, ajudado de aconitum. Convém quando ha violentíssimas picadas no lado esquerdo do peito, pi- cadas no peito, excitadas pelo movimento, respiração e falia; tosse com abundante expectoração de escarros sanguinolentos verdes e viscosos; falta de forças, leve somno com jactação, pulsação do coração e ancias. Se a respiração é curta e anciosa, convém: acon., ipec, phosph., puls.,silic, stann. Se a respiração é profunda convém: bry., cupr., ipec, op., selen., silicia. Sendo a respiração accelerada convém: bell, carb. veg., cupr,, ipec, lyc, phosph., sulphr. DE MEDICINA. UOd Sendo a respiração lenta convém : bell. Sendo desigual convém: ang., bell, cupr., op. Havendo dispnéa convém: acon., ars., bell, bry. Havendo hortopnéa convém : hepar, ipec, sambuc. Havendo apnéa convém: bry. Se a respiração é alta convém : cham., chin.,sambuc, spong. Sendo sibilante convéra : phosph. Sendo suspirosa convém: acon., coce, op., secale com. Sendo a respiração arquejante convém: bry., calcar., hyosc, stann. Se a respiração é como a do agonisante, ou ralante convém : cupr'., hyosc, lye Se a respiração é gemente convém : op,. secale. com. Se o hálito que sahe é fétido convém : carb. veg., merc. P LICA POLONICA.—Espécie de torcedura dos cabellos. Os cabellos frisam-se formando torcidas ou se reúnem em uma só massa corao filtro, com esudação de ma- téria viscosa. Se a moléstia chega a alto gráo, ficam os cabellos dolorosos, também se formam excrescencias nas unhas. A invasão desta doença é precedida de cansaço, dores nos membros, cephalalgia „ vertigem , movimentos febris, suores fétidos; desapparecem todos estes symptomas logo que a moléstia se declara. Indicação therapeutica. Iqnatia, sulphur, conium e natrum muriaticum. Para a queda dos cabellos convém : graph., kali, natr. mur., phosph., sulphr. a Para a queda dos cabellos da coroa ou do alto da cabeça convém : bar., graph., sep. Para a queda dos cabellos da fronte convém: ars., merc, natr. mur., phosph. Para queda dos cabellos dos lados da cabeça convém: qraph., kali, natr. mur. t Para a queda dos supercilios convém: kali. PODAGRA ou gota das articulações do pe. indicação therapeutica. Arnica e sabina. ÍSSo NOCCANAL- AUDITIVO EXTERNO. O termo polypo designa em geral tumores que vêm D. M. 64. 506 DICC10NAR10 sobre tudo nas membranas mucosas, e que se haviam comparado com certos zoophitos. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica, silicea, sulphur. POLYPO NO NARIZ.—Tumor mole aroxicado dentro do nariz. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica. Phosphorus, usado externamente. Phosphorus. Sulphur. Quando estes meios falham convém a ex- tracção por meios cirúrgicos. POLYPO NA BEXIGA. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica. Para os polypos em geral convém : cale, cann., phosph., staphisagria. PRESBYOPIA. Defeituosa disposição da vista, commummentena gente velha, e qne consiste em ver cosfusos os objectos que lhe ficam a pouca distancia, ao mesmo tempo que os distinguem claros quando mais distantes. Indicação therapeutica. Drosera, ajudada de hyoseyamus. Convém quando o fogo e a luz mui fortes offuscam a vista. Para a presbyopia convém: sep., silic, cale, carb. t anim., lyc,n. vom., petr. PRIAPISMUS. Continua e incqmmoda erecção, sera idéas voluptuosas e sem desejo de ado venereo. Indicação therapeutica. Pulsatilla. Os principaes medicamentos para combater o pria- pismo são: ernth., merc, natr., nitr. ae.y nux vom., phosph., puls., thuy. DE MEDICINA. 507 PROCTALGIA ou dôr no ânus. Indicação therapeutica. Sulphur. Couvém quando ha dôr picante no ânus e no escroto. Merc, ars., bell PROCTORREA ou corrimento pelo ânus. Indicação therapeutica. Sulphur, mercurius. PROSOPALGIA ou nevralgia facial. Dores mui sensíveis da face, especialmente no pro- cesso zygmatico, e dalli estende-se a todas as partes do rosto, no mais alto gráo de intensidade; assemelham- se estas dores a commoções electricas, e provocam con- torsões espasmodicas da face. Indicação therapeutica. Belladona. Belladona enux vomica, belladona e stramonium, bella- dona e zincum. Calcarea carbônica, lycopodium, sepia, baryta, phosphoro e graphites. Havendo prosolpalgía vioVentissima, por accesso : o menor tacto e o mais leve movimento fazem as dores insupportaveis. Spigelia só havia produzido melhora palliativa. Hepar sulphuris, thuya, arsênico, sabina e sulphur. Nux vomica, belladona e bryonia. Havendo prosopal- gia com violento trismo. Phosphoro. Spigelia, ajudada de belladona. Stramonium: Havendo prosopalgia com inchação erysipelatosa da face e dos lábios. Staphysagria, auxiliada de carbo vegetab., calcarea, acidum nitricum, phosphoro e sepia. PROSOPALGIA RHEUMATICA.—Veja-se dores rheu- MAT1CAS DA FACE. PROSTATITEou inflammação da glândula próstata. Indicação therapeutica. Pulsatilla e thuya. 508 D1CC10NARI0 PRURITUS DA VULVA. Coceira dos grandes e pe- quenos lábios da vulya. Indicação therapeutica. Cantharidas. Convém quando ha coceira com incha- ção dos lábios da vulva e lencorrhéa. Arsenicum e mercúrio. PSEUDOSYPHILIS ou syphilis simulada. Indicação therapeutica. Hepar sulphuris, calcarea, salsaparritha e acidum nitricum, merc ■ PSOITE.— Inflammação do músculo psoas. Dores na região renal com direcção ás costas, quadris e coxas; não pôde o padecente estender a coxa nem encolhel-a para o abdômen sem dores, os padecimentos se aggravam se o doente estando deitado se vira ou se quer erguer alguma cousa, o enfermo coxea e é obrigado a inclinar-se para diante quando quer andar. Raramente vêm estes symptomas acompanhados de inchação interna ao longo do psoas e na região inguinal. Distingue-se a psoitis da nephritis, com quem muito se assemelha, pela ausência dos symptomas urinados e da constipaçâo. Indicação thcrapeutiea. Aconitum e bryona. Colocyntiiles. PSOROPHTHALMIA ou inflammação psorica dos olhos. Indicação therapeutica. Calcarea carbônica. Convéra na inflammação maligna e chronica das palpebras, total destruição das palpebras, palpebras inchadas que parecem roidas e secretam ura humor espesso e puriforme. Hepar sulphur. Havendo palpebras inflammadas, ex- coriadas, roidas, huraidas, especialmente nos ângulos internos; a faee interior das palpebras está inílam- madissima e de vermelho vivo, picadas, coceiras, a luz artificial parece rodeada de um circulo nebuloso, a conjunctiva do globo do olho está vermelha. Hepar sulphur., calcareum. Havendo aglutinação das palpebras durante a noite, com abundante secreção DE MEDICINA. »09 de muco puríiorme, ulcerazinha na cornea, tinha na cabeça. Sulphur, graphites e acidum nitricum. Havendo os dous olhos muito inflammados, o globo do olho e as pal- pebras vermelhas e inchadas, lacrimação, photophobia. Sulphur. Havendo vermelhidão e inchação dos olhos, augmento da secreção das glândulas de meibomio, palpebras grudadas de manhã, sensação de queimadura nas palpebras. PURPURA MILIAR. —Veja-se scarlatina miliar. Pulsatilla nigricaus. Caracter physiogico. A pulsatilla exprime todos os temperamentos. Tempo de acçào. Nas moléstias agudas a acção é de 4 a 5 dias ; po- rém nas chronicas ella é mais prolongada. Medicamentos a seguir-se. Depois da pulsatilla convém bry., nitr. ac, sep., thuya. Antídotos. Cham., coff., ign., nux vom., vinagre. Concordância em symptomas. Bell., lyc, phosph., rhus, sulph. Exacerbações. Moderam-se com lyc, sep., ars., bry., cale, ferr., ign., phosph. Indicação therapeutica. A pulsatilla convém na adherencia da placenta — affecções das mulheres grávidas— agalaccia —aliena- ção mental — amblyopia — anazarca — aneurisma da artéria thyroideana — angina — arthrites — dita aguda — dita vaga — ascite — aborto — asthma — atropia — cachexia — cardialgia — cordiagnia — corus —catarata 510 DICCIONARIO — catarrho — dito pulmonar — cephalalgia — chorosis — colica —colica menstrual — contracções fraquissi- nas do utero para o parto — contracções spasmodi- cas do utero para o parto —coryza —diarrhéa — dores depois do parto — dôr no cordão spermatico — dores na planta do pé — dysecea—dysenteria — entorpecimento dos membros — epilepsia — epistaxis — epulidas — erysipela — febre gástrica—febre in- termittente—dita nervosa — dita puerperal —friei- ras — furunculo — galactorrhea — gastricismo — go- norrhéa secundaria — gonorrhéa supprimida — gnp- pa — helminthiases — hematemeses — hemataria —he- meralopia — hemoptysia — hepatite — hydrocele — hy- pocondria— hysteria — ictericia — impigem—inconti- nencia de urina — indigestão—inflammação do escroto — intertrigo — intumescencia do seio — ischuría — leucorrhea — melena — melancolia — menstruação ir- regular — metastase do leite—metastasegonorrheica— metrite — metrorrhagia — odontalgia — ophthalmia — orchite — osteite — otorrhe — ozena — paralysia do< sphincter da bexiga— peritonite puerperal — phthy- sica — pneumonia — polluções — prosopalgia — pros- tatites—rheumatismo — dito agudo — rouquidão — sarampão —scarlatina miliaria — soluço — sopor — spasmos abdominaes — suor nocturno — suffocações — suppressão das regras — syphilis —terçol — tosse — dita convulsa — tumefacção do pé— dita dos testí- culos — ulcera na orelha — varice — vômitos — vômi- tos de alimentos. Symptomas geraes que desenvolve a pulsatilla. Dores tractivas e estremecentes nos músculos, aggra- vadas de noite ou de tarde na cama, assim como no calor da alcova, alliviadas ao ar, e acompanhadas muitas vezes de torpor com fraqueza paralytica, ou de inchação dura das partes affectadas.—Fisgadas e sensação de frio nas partes affectadas, na mudança de tempo.—Tensão em alguns membros, como se os tendões fossem muito curtos.—Dores erráticas que passam rapidamente de um lugar para outro, muitas vezes com inchação e rubor nas articulações.—Sobresalto dos tendões.—Accessos de dores com arripiamentos, oppressão da respiração, pal- lidez do rosto e tremor das pernas.—Quanto mais vio- lentas são as dores, mais fortes são os arripiamentos.— Dores de modificação, ou de ulceração subcutanea, to- cando as partes affectadas.—Dores e soffrimentos semi- DE MEDICINA. ÒU lateraes.—Aggravação e renovação dos soffrimentos na posição de sentado» depois de exercicios prolongados; ou levantando-se depois de ter estado por muito tempo sen- tado, e também descansando, principalmente deitado de lado ou de costas.—Os soffrimentos que appareceram es- tando deitado de costas, alliviam-se deitado de lado ou movendo-se e vice-versa.— O movimento, o andar» a pressão, o calor exterior e o arlivre alliviam igualmen- te muito os soffrimentos, emquanto que algumas vezes outros se aggravam debaixo destas mesmas condições.— Ordinariamente é de tarde ou de noite antes de meia noite, ás vezes também de manhã e depois da comida , que mais se soffre.—Aggravação dos soffrimentos segui- damente de noite, de dous em dous dias.—Agitação e indisposição em todo o corpo, com impossibilidade de dormir ou de descansar, e necessidade contínua de es- tender os membros.—Pulsações freqüentes e penasas por todo o corpo, mais fortes durante o moviraento.—Grande disposição de membros para se adormecerem.—Tremor freqüente dos membros, com anxiedade.— Preguiça e cansaço doa membros, com fraqueza paralytica, sensibi- lidade dolorosa das articulações eandar vacillante.—Fa- diga matutina, augmentada na posição de deitado.—Ac- cessos de esvaimento, com pallidez mortal do rosto.— Convulsões epilépticas, com movimentos violentos dos membros, e seguidas de fraqueza, de arrotos e de desejo de vomitar ( depois da suppressão das regras).—Grande sensibilidade e repugnância para o ar.—Grande neces- sidade de ficar deitado ou sentado.—Dôr de modificação >nos ossos das extremidades.—Magreza, Q QUEDA OU SAHIDA DO INTESTINO RECTO. (Vid. HEMORRHOIDAS.) Indicação therapeutica. Ignatia, ajudada de mercurius solubilis. Gonvém quando ha considerável inchação da parte do recto que sahe fora do ânus com impossibilidade de o recolher.— Sepia. QUEDA DOS CABELLOS OU ALOPECIA. E' o enfraque- cimento ou morte das raizes dos cabellos a tornar a ca- 512 DICCI0NAR10 beca em parte ou na sua totalidade. Combate-se este mal com cale, caps., ferro. _ .___ QUEDA DO ÍRIS EM CONSEQÜÊNCIA DE LESÃO PHYSICA. Indicação therapeutica. Arnica QUEDA DA PALPEBRA SUPERIOR DO OLHO. Cura-se com : cham., veratr., stram., caust. QUEDA DO UTERO. Indicação therapeutica. Aurum, pulsatilla, nux vomica, ignatia e belladona. Convém na queda da madre, com leucorrhea. QUEIMADURA. E' a lesão das partes em conse- qüência do forte calor da água fervendo ou do fogo, ou de reagentes chimicos, ou mesmo pelo sol. Indicação therapeutica. Tintura'de arnica ou aguardente forte externamente. Internamente arsênico, bell. E RANUL A.—Sapinho. Damos este nome a um tumor que se forma debaixo da lingua pela accumulação da saliva no canal da glân- dula submaxillar. E' 6 sapinho mais freqüente nas crianças do que nos adultos; depende da obstrucção ou obliteração do canal salivar inferior. 0 tumor é molle, fluctuante, pouco doloroso, meio transparente; pôde existir de um sò ao de ambos os lados ao mesmo tempo, dilatando-se pôde adquirir grande volume, em- purrar os dentes para diante e encolher muito a lingua para traz. A palavra fica alterada, a mastigação custosa, a deglutição e respiração mais ou menos cons- trangida. Indicação therapeutica. Mercurius. Staphysagria, sulphur e mezereum. Thuya, acidum nitri., ambr. e calcarea mrbonica. DE MEDICINA. 013 RAPHANIA. Violentas convulsões e tetanos com sensação de formigueiro ou com grandes dores. E' esta enfer- midade causada pelo centeio espigado que muitas vezes se encontra de mistura cora os trigos, especial- mente se a constituição da temperatura foi humida no periodo do crescimento dos grãos. Indicação therapeutica. Solanum nigrum. Belladona contra a fraqueza nervosa em resultado da raphania. REACCÕES HOMÜEOPATHICAS. Depois que se ha ingerido a medicação homoeo- pathica se experimenta horas depois diversos effeitos ou augmento de todos os symptomas da moléstia. Este phenomeno tão notável, só conhecido pelas doses infinitesimaes, é o que se chama aggravação homceopathica. Bem que as vezes deixa em certos indivíduos de apparecer, nem por isso o medicamento falha. Se a aggravação ou reacção é manifesta, para o medico homoeopatha é um dado seguro para contar com o prompto resultado que teve em vista, e co- nhecer que a indicação e escolha foi bem preenchida. Em nossa pratica temos conhecido que a aggravação que produz o medicamento está na razão da idade, e da susceptibilidade dos doentes, e bem assim do grão de forcas das doses empregadas. Se a dose é adminis- trada °em baixa diluição, a reacção é menor; ao ço- trario, quanto mais enfraquecida, tanto maior é a aggravação. Parece um contra-senso!! De facto isto assim o 'seria se a experiência não comprovasse, que quanto mais attenuada é a dose medicamentosa, tanto maior é o effeito que se deve esperar. Nas moléstias acudas a aggravação homceopathica não é mui sensível, c°desapparece logo ; porém nas chronicas ao contrario é de mais duração e mais sensível. Nas moléstias agudas preferem-se as attenuações mais baixas ; e nas chro- nicas, quanto mais antigas são as doenças, quanto mais altas devem ser as doses que se devem empregar. As attenuações baixas obram logo nas doenças agu- das • e as altas levam mais tempo a produzirem seus effeitos, e produzem a cura do mal. Nas doenças acudas os medicamentos hoinoeopathicos depois da ingestão provocam um somno brando a entorpecer o organismo, moleza de corpo, peso e ardcncia, ou na D. M. 6-'- 514 DICCI0NAR10 cabeça toda, ou em parte. Muitas vezes, depois do somno, c deste cortejo de symptomas a saúde chega logo, c o doente se restabelece. ROUQUIDÃO. (Mudança notável na voz). Idicação therapeutica. Bryonia, ajudada de belladona. Havendo rouquidão com tosse cm conseqüência de resfriamento depois do sarampo. Calcarea. Havendo rouquidão chronica cora tosse forte e abundante expectoração mucosa, cheiro pú- trido da guela. Carbo vegetabilis. Drosera e tripolium. Havendo rouquidão com sen- sação de excoriação em um pregador. 'Mercurius. Pulsatilla, ajudada de bryonia. Havendo grande rou- quidão de três semanas: cephalalgia pungente, tosse breve c secca, peso de membros. Spongia, mercurius solubilis. Havendo rouquidão cm um sujeito phtisico já chegado ao periodo da con- surapção. Sulphur. Havendo rouquidão chronica acompanhada de tosse forte e secca em indivíduos inteiramente atacados de sarna. RETENÇÃO OU SUSPENSÃO DA MENSTRUAÇÃO.— (Veja-se. amenorrhea.) RETENÇÃO DA URINA. E' proveniente, ou decarno- sidade no canal da uretra, ou de spasmo da bexiga urinaria. Indicação therapeutica. Cannabis, nux vom. — (Veja-se tainbcm ischuría e urina .) RACHITE. Alteração geral ou parcial na direcção, comprimento ou volume dos ossos, ordinariamente junta ao enfra- quecimento de contrabilidade muscular ao augmento de volume do ventre e da cabeça, e á magreza das outras partes. A curvatura da espinha dorsal é um dos symptomas mais notáveis desta enfermidade. A columna vertebral volta-se para um lado, para diante ou para trás. Indicação therapeutica. Ars., merc, sulphr., nux vom. in: medicina. :il.'i Belladona, completa cura. Havendo rachíte com cur- vatura da jespinha dorsal: ventre como balão, passo vacillante; ausência da febre ; a criança doente-cabe ao chão com: facilidade. REPUGNÂNCIA PARA AS BEBIDAS E PARA OS ALIMENTOS. (Vid. gastrites) Combate-se este estado ou perversão do cstomag o com; bell, ferr., nux vom., bry., sulphur cham. RHAGADAS.—Fcndas que se abrem nas palmas das mãos, ou nas solas dos pés dos syphiliticos. Indicação therapeutica. Hepar sulphur., calcarea. Havendo fendas e verme- lhidão carregadas na eminência thenar da mão es- querda. (Eminência tenar, elevação carnosa abaixo do pollcgar.) Sulphur internamente, e tintura de arnica exter- namente. Havendo fendas no bico do peito. RHEUMATISMO AGUDO. Consiste na irritação mór- bida dos nervos que se distribuem nas membranas e ligamentos das juntas e nos músculos. E' moléstia especialmente movei e periódica, cujo principal symptoma é uma dôr com a sede nas partes musculares e fibrosas, e que augmenta pela pressão, mas sobretudo pelo activo movimento das partes en- fermas. Quando ella se encasa nas articulações produz ás vezes alli inchação. Aconitum e bryonia. Havendo inchação das articu- lações das extremidades superiores e inferiores, febre continua, immobilidade, cephalalgia lancinante. Aconitum e bryonia. Havendo dôr repuxante e pun- gente nas joelhos, que augmenta de noite e de manhã e quando se movem os membros enfermos, rigidez das pernas, inchação e calor nas articulações dos joe- lhos, o braço direito doloroso, algum tanto inchado e immovel. Aconitum, rhus. e nux vomica. Havendo immobilidad* dos rins, o enfermo está rigidamente estendido sobre as costas, pulso freqüente. Aconitum, bryonia e nux vomica. Aconitum. Havendo rheurnalismo na articulação do joelho esquerdo. Antimonium crudum. Havendo inchação do músculo biceps do braço (músculo scapulo-radical) em sua .face de inserção da parte do ante-braço, dôre?, ten- siyas e pungentes. 31 r, DICCIONaRIO Arnica. Havendo repuxamento insupporlavei nos membros, rigidez, o doente não pôde mover nem braços nera pernas. Arnica, ajudada de antimonium crudum. Havendo dores continuas e repuxantes nas mãos e pés, inchação poucoatten divel nos pés, mãos muito inchadas e de vermelho brilhante, o menor movimento aggrava o padecer. Não pôde o doente mover mãos e pés, sera que sinta cruéis dores. Belladona. Havendo rheumatismo na articulação coxal direita : excessiva dôr cora exacerbação nocturna e grande desasocego ; não pôde o enfermo permanecer por muito tempo na mesma postura ; o menor toque lhe excita fortes dores. Belladona. Havendo rheumatismo agudo : repuxa- mento pressivo nos hombros. Bryonia, belladona epulsatilla. Havendo dores desespe- radas na cama ; o doente não se pódc virar nem usar das pernas. Bryonia. Havendo calor geral, cephalalgia, violenta e rcpuxantedôr que affecta aiternadamente as extremida- des inferiores e superiores cora impossibilidade de soffrer o menor toque; inchação inflammatoria das articula- ções das mãose dos joelhos ; aggravação nocturna. Bryonia. Convém quando ha picadas e repuxamentos no antebraço, hombros e músculos peitoraes que privam o doente de.se deitar. Bryonia : cura em dous dias. Convém na inchação vermelha e renitente das extremidades e da nuca, acompanhada de dores tensivas, pungentes e repu- xantes, exacerbação nocturna ; o movimento exaspera as dores ; insomnia, anciedade, inquietação, calor secco e sede. Bryonia. Havendo tensão e repuxamentos fortes nos membros, rigidez dos joelhos, membros vermelhos e renitentes; o movimento exaspera as dores; o locar nas partes molestas excita dolorosas picadas. Bryonia. Havendo rigidez na nuca ; dôr pungente que se estende ás vezes até aos hombros ; como movimente se aggrava a dôr. Bryonia e ledum. Havendo violenta dôr no joelho, com inchação quente por baixo o por cima da rotula. Não pôde o doente estender a perna sem sentir dores terríveis. Insomnia nocturna. Mercurius solubilis só produziu momentânea me- lhora . Causticum. Havendo repuxamento violento, mais DE MEDICINA. si" que tudo nas articulações ; o quarto ea cama abrandam as dores, o ar livre as aggrava com excesso; fraqueza paralytica dos membros quando o enfermo está fora do leito. Chamomilla. Havendo dôr puxante e lancinante nos ossos desde a tuberosidade de ischion até á planta dos pés ; exacerbação nocturna. Coceulus. Havendo dores lancinantes paralyticas no braço direito ; não pôde o enfermo mover o braço. Dulcamara. Havendo rheumatismo causado pela hu- midade : picadas como de formigas na perna direita até a planta do pé ; daqui vai a dôr para a região hy- pochondriaca direita e para o lado direito dos rins ; ri- gidez dos rins. Dulcamara. Havendo dores pungentes e pressivas nos braços e dorso ; aggravação nocturna ; o movimento modifica as dores. Nux vomica. Havendo dôr repuxante nos hombros e braços, com sensação semelhante á que precede o en- torpecimento : as extremidades são affectadas do mesmo modo; não pôde o padecente mover as partes atacadas sem sentir dores ; rigidez nas cadeiras e nos joelhos, sensibilidade ao ar frio. Pulsatilla. Havendo lancinação repuxante, ora n um joelho, ora n'outro, ora nos antebracos, nas mãos, hombros, nuca e pés, com impossibilidade de mover as partes incommodadas. Manifesta-se a inchação de- pois de algum tempo ; fazem então as dores remissão e passam a outras partes : calafrios e ausência de sede. ' . Rhus. Havendo dores tensivas e lancinantes que nao permittem estar deitado em socego : estão as partes af- fectadas vermelhas e renitentes, dores lancinantes e excoriação ao tocar-se, picada tensiva nas articula- ções com sensação de rigidez, principalmente ao er- guer-se do assento ; aggravam-se estas dores articulares ao ar livre, sede e calor noeturnos, exacerbação nocturna, ancias e agonias. Rhus e chamomilla. Sulphur. , , , Thuya Convém na lancinação do sovaco e hombro direitos até aos dedos ; dôr de exulceracão nestas Veratrum. Dores fortíssimas nos braços, que voltam todos os dias á mesma hora, desde a articulação do hombro até á articulação da mão; não pôde o doente soffrer coberturas em cima de si. ^itfS DICCIONAHIO RHEUMATISMO CHRONICO Indicação therapeutica. Arnica. Convém no rheumatismo chronico do joelho com repuxamento e sensação de cansaço na coxa, ag- gravados pelo movimento. Ignatia. Convém na dôr rheumatica na articulação do braço ; violenta picada ao voltar o braço para dentro, violenta dôr «as cavidades longitudinaes dos ossos. Lycopodium. Havendo dores de rins com repuxa- mento, spasmos e lancinação em toda a espinha dorsal, principalmente estando sentado. Em conseqüência de um resfriamento, affecção semelhante nas extremidades inferiores e superiores, rigidez dos músculos, frio nos pés. Nux vomica. E' um medicamento bem indicado. Sulphur. Dôr repuxante e lancinante em toda a parte direita da face; repuxamento em todos os dentes, dôr lancinante no sacro e nos membros, repuxamento nos membros, fraqueza em todas as articulações ; não pôde o doente soffrer o ar livre. Phosphorus. Havendo picadas e repuxamento nos ossos da face, tensão, lancinação e repuxamento era todos os membros, allernando-se com cephalalgia, fra- queza, dôr de quebramento nos membros. Pulsatilla. Havendo peso e pressão desde o sovaco, ao longo do braço, até aos dedos; dedos entorpecidos, picadas e sensação de frio nos dedos quando muda a temperatura, fraqueza geral. Rhus. Gonvém no rheumatismo chronico do humerus esquerdo, lancinação violenta e ardor no humerus es- querdo, aggravado pelo repouso e calor da cama; o braço está como paralytico. ■Rhus. Convém no rheumatismo chronico do sovaco direito; dôr lancinante e picante aggravada pelo mo- vimento, abrandada pela postura sobre o lado doente. RHEUMATISMO LYMPHATICO. Indicação therapeutica. Nux vomica, pulsatilla, rhus. RHINITE. —Inflammação do nariz. Indicação therapeutica. Aurum. Convém na inchação do nariz e da face toda. DE MEDICINA. ^ Belladona. Mur ias magnesia. Zincum. RHINITE ERYSIPELATOSA. Indicação therapeutica Plumbum. arsenicum, belladona, aconito. RHINORRHAGIA. — E" a evacuação do sangue pelo nariz, procedida da congestão sangüínea para a cabeça. Indicação therapeutica. Aconitum. Convém no sangrunento continuo do nariz, violentíssima febre, pulsação das caroiraa^ Aqaricus musicarius. . .. ..„, Belladona. Convém na rhinorrhagia violentíssima com debilitação e desmaio.- Veratr um, paraia.consti- paçâo e grande fraqueza, últimos symptomas desta moléstia. Bryonia. C&HSticilffl Crocus. Convém no corrimento de sangue negro e viscoso pelo nariz, f ,,„„,., Crocus Havendo face pallida e grande fiaqueza. Pulsatilla. . . ilirr„„ .... Rhus. Havendo corrimento nocturno de cangue iu- hrn-rlaro (iue se não demora em coalhar. resfríaIento ou frio :om tremor. Indicação therapeutica. iconitum. Convém no frio doloroso da columna ver- lebaWAVlkTUfe«AU0UeR0âe.SAÇÃ0 NO SOMNO. Indicação therapeutica. Cantharides e phosphorus. Convém no mericismo noc- turno complicado de dysphagia, em conseqüência de sarna recolhida. Ilkus toxicotlendroii. Caracter physiologico. 0 rhus exprime o temperamento ^anguineo nervoso. Ò20 DICCI0NAR10 Tempo, de acção. Sua acção é prolongada, e em muitos casos de molés- tias chronicas chega de 20 a 39 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois de rhus muitas vezes convém bry., ars., cale, phosph., ac, puls., sulph. Antídotos. Reli., bry., camph., coff., sulph. Concordância em symptomas. Puls., sulph. Exacerbações. Moderam-se com bry., sulph. Symptomas geraes que desenvolve o rhus. Tracções, tensão, dores rheumaticas earthriticas nos membros, levadas a um excessivo gráo, durante o re- pouso, do mesmo modo n'uma estação má, de noite com calor da cama, muitas vezes com torpor, e entorpeci- mento da parte afledada, depois de a ter movido. — Caimbra e tensão em diversas partes, como por encur- tamento dos tendões, com contracções de alguns mem- bros. — Fisgadas densivas e enrijamento nas articula- ções aggravadas, levantando do lugar em que se acha, e expondo-se ao ar. — Rijeza paralytica nos membros, principalmente movendo com a parte, depois do somno. —Entorpecimento das partes sobre as quaes se descansa. — Torpor de outras, com comichão e insensibilidade nas partes affectadas.—Effervescencia nas partes affecta- das. — Dôr de fácil deslocação dos membros. — Paralysia, algumas vezes serai-lateraes. —Inchações vermelhas e luzenies, com dôr latejante de excoriação ao tocar. — Dores de despedaçar, ou sensação como se a carne esti- vesse desprendida dos ossos, em algumas partes.—Trac- ções pressivas sobre o periosteo, como se raspasse os ossos. — Sensação como se alguma cousa fosse arrancada dos órgãos internos. — Inchação e induração das glân- dulas. — Ictericia. — Tremor dos músculos e dos mem- bros. — Movimentos convulsivos, c outros soffrimentos. DE MEDICINA. 521 depois de ter tomado um banho frio. — Affecções semi- lateraes. — Exacerbação e apparição de dores e de symp- tomas durante o repouso, ou de noite, assim como en- trando na alcova depois de ter estado exposto ao ar, melhorando com o movimento, e o andar. — Reproduc- ção, ou aggravação de muitos outros males na má es- tação. — Sobre excitabilidade geral do systema nervoso, augmentada por pouco que se encolerise. — Crispações em todos os membros, estando deitado. —Tremor* de membros, depois do mais ligeiro excesso, com passo va- cillante.— Grande cansaço e fraqueza, com vontade de deitar-se. —Accesso de êsvaimento. —Impossibilidade de soffrer o ar livre frio, ou quente, porque dolorosa- mente incommoda a pelle. Indicação therapeutica. O rhus convém na angina — arthrite — atrophia — bocca fétida—cardiogma—cephalalgia—choréa—coxal- gia—crostas de leite—dartro corrosivo—diarrhéa—dôr abdominal —dores arthriticas—dysenteria—entorpeci- mento dos membros — epistaxis — erysipela bolhosa — erysipela dos recém-nascidos — febre catharral — febre gastrico-nervosa—febre intermittente — febre nervosa — febre puerperal — furunculo —helminthiase— hemi- cranea — hemoptyse — hemorragia pulmonar — hérnia estrangulada— hydrocephalo — hydropesia —hyperos- tose — inflammação do baço—leucophlegmasia dolorosa —luxação espontânea—melena—odontalgia—ophtalmia —orchite—ozena—paralysia — parotite—pemphygus— peripneumonia nervosa —phthysica pulmonar—rheu- matismo—seiatica—spasmo—subluxação do pé—syphilis —tinha da face—tinha humida da cabeça—typhus—tosse — tumefacção do pé — ulcera — urtiearia —verruga — zona. s. SALIVAÇÃO OU DERRAMAMENTO DA SALIVA IN- VOLUNTÁRIA. Indicação therapeutica. Acidum nitricum. D. M. 66. DICCI0NARIO Para a normalisação, quando é augmentada a funcção salivar, convém: bell, merc, nux vom., phosph., puls., rhus. Se é diminuída convém: bell, nux mose, phosph., stram., sulphr., veratr. SANGUE. E' um liquido vermelho purpurino, e ver- melho escuro que percorre todos os órgãos por inter- médio de canaes de differentes diâmetros. Estes canaes são as artérias e as veias. As artérias conduzem o sangue purpurino do coração aos órgãos ; e as veias o reconduzem das extremidades para o coração. O sangue e o fluido nervoso ou electro-galvanico, que produz o cérebro, são a origem do calor animal. 0 oxigênio, elemento da combustão, fornecido pela atmos- phera, entra com o ar para os pulmões durante a res- piração, e este oxygenio (electricidade negativa), comhi- nando-se com as partículas vermelhas do sangue, lhe comraunica a côr purpurina e lustre, que se observa nelle. O sangue assim oxygenado era combinação cora o.fluido elecrrico a-Ovanico dos nervos, ou electro-posi- tivo, produz o calor animal, que impelle o sangue sempre liquido a todo o organismo. Na sua passagem pelas artérias larga! o oxygenio, que tem, com a nutri- ção que leva, aos órgãos e volta sem elle, por intermé- dio das veias ao coração, para ser reoxygenado de novo nos pulmões, e tornar para animar a organização. SAPINHOS. — Vid. Aphtas. SARCOCELE.— Tumor carnoso do escroto. Indicação therapeutica. Pulsatilla e nux vomica. Convém no tumor carnoso do tamanho de ura ovo de gallinha. Aurum, graphites, são de muito proveito. SARNA. E'um exanthema que alaca a pellecora mu- dança de côr, principalmente entre os dedos das mãos e juntas do corpo. indicação therapeutica* Carbo vegetabilis, causticum. Mercurius. Havendo sarna secca semelhante á miliar, e que se saiurra facilmente. Mercurius acelicus. Convém na erupção sarnosa. Oleum olirarnm, psoricum. lthiv< e stophisfigria. Convém na cura de uma sarna DE MEDICINA. 523 tratada anteriormente^^or sulphur era doses allopa- thicas. Sepia. Sepia, carbo vegetabilis e mercurius. Sulphur, como remédio principal. Sulphur e causticum. Sulphur, rhus e arsenicum. SCARLATINA. Moléstia exantnematica econtagiosa,cujo phenonieno mais notável é a côr escarlate da pelle toda. E sua invasão precedida dos seguintes symptomas : incommodo geral, lassidão, abatimento, alteração da face, arri- piamentos de frio, dessroslo, vômitos, dores de cabeça, adormecimento, e ás vezes movimentos convulsos e febre maior ou menor. Do segundo para o quarto dia apparecem a erupção e ataque da garganta, principaes symptomas da scarlatina. Consiste a erupção no come- ço em manchinhas separadas que se descobrem no rosto é no pescoço, depois no peito, no baixo ventre e meira- ■ bros. Crescera estas manchas e se reúnem pela ordem da apparição; passa a vermelhidão a uniforme e em geral em todas as partes do corpo successivamente. E acompanhada de ardor, comichão e tumefacção que e considerável na cara e nas extremidades dos membros, mas pequena nas demais partes. O rubor e inchação me- dram por dous ou três dias; diminuem depois primeiro no rosto depois nas outras partes, e lhes suecede a esca- mação : é furfuracea na face e tronco ; faz-se em placas ou tiras nos pés e nas mãos. . A dôr de garganta vem logo no primeiro- dia ou sô depois da erupção : augmento rápido, o veo dopalactar e as amygdalas offerecem vermelhidão semelhante a ua Delle, deglutição dolorosa, voz nazal, quasi continua necessidade de* escarrar e lançam os doentes muitas ma- ^A^esTeT phenomenos se juntam symptomas geraes mais ou menos extensos: como o fastio sede, vômi- tos e ás vezes câmaras, constrangimento de i expira - cão; tosse gutural, freqüência de P^, au^ento de calor, hemorrhagias nazaes ; as vezes vem delírio com a scarlatina. Indicação therapeutica. Belladona é o principal remédio, e também se-usa como preservativo. Belladona e aconitum. 524 DICC10NAR10 Belladona, ajudada de aci d um phosphoricum. Convém na escarlatina typhosa, soltura violenta e involuntária, deglutição quasi impossível, lábios negros. Aconitum, mercurius solubilis. Havendo violenta scarlatina com inflammação considerável da garganta. Ignatia e bem assim pulsatilla, quando se sente como uraa cavilha' a travessada na guela. Ipecacuanha quando ha spasmos tônicos. Hyoscia- mus se os spasmos são tônicos, opium e amica para o estopor. Ipecacuanha para os spasmos dos pulmões c da tracbéa. Rhus, mercurius, helleborus, arsenicum e belladona. Havendo hydropesia depois da scarlatina. SCARLATINA MILIAR. Indicação therapeutica. Aconitum é o principal remédio e o melhor pre- servativo. Aconitum ajudado de coffea. Belladona. Havendo cephalalgia atordoante, perda de conhecimento, violenta dysphagia, tosse secca e delirio. Bryonia. Havendo estado nervoso. Chamomilla e ipecacuanha. Havendo erupção de- morada. Sulphur. Havendo agitação physica, o enfermo vira com força a cabeça nos travesseiros, allucinações, lin- gua e lábios negros e com crostas. SCIRRUS. (Veja-se induração scirrosa e cancro.) SGIURUS DO LARIO SUPERIOR. Indicação therapeutica. Belladona, arsenicum, staphysagria, mezereum, conium, nux vomica, lycopodium, graphites, silicea e acidum nitri- cum. Havendo considerável inchação do beiço.superior ; aparte vermelha está livida e azulada; comichão com cócegas no corpo todo. Belladona. SCIRRO DO ESTÔMAGO, (difficillimo dç conhecer). Indicação thcrapeutiea. Arsênico era doses repetidas; depois belladona. SCORRUTO. Doença cujos principaes symptomas são: geral en- DE MEDICINA . itto fraqueciraento, hemorrhoidas por diversas vias, echy- moses lividas, tumefacção e sangramento das gengivas. Indicação therapeutica. Acidum muriaticum , carbo vegetabilis , mercurius, mur ias, nux vomica, staph. SCORBUTO DA BOCCA DAS CRIANÇAS, a que chamam chillocace é também a inchação das gengivas com vermelhidão ligeira dos lábios, sem calor e sem signal manifesto da inflammação. Combate-se com : bry., bell, silic, con., sep. SCROPHULAS.— Glândulas infartadas. O symptoma mais essencial e mais seguro é o endu- recimento das glândulas (glândulas escrophulosas, nodosidades escrophulosas). Manifesta-se este symptoma a principio no pescoço, debaixo das maxillas, na nuca, era fôrma de nodosidades mais ou menos volu- mosas (desde o tamanho de uma hervilha até ao de uma noz), depois nos sovacos, nas regiões inguinaes, e a final em todas as partes do corpo. São estas nodosi- dades a principio molles, e podem permanecer neste estado muitos annos, passados os quaes fazem-se cada vez mais duras, grandes e dolorosas; a pelle que as cobre fica então vermelha; ellas podem suppurar e formar ulceras escrophulosas. E' conveniente bem dis- tinguir os engorgitamentos verdadeiramente escrophu- losos das glândulas, da tumefacção dellas, produzida por outras causas, por exemplo, pela dentição; cresci- mento, princípios contagiosos, como bexigas, sarampos, scarlatina ou por inflammação local. Podem as nodo- sidades escrophulosas atacar tanto as partes externas como as internas. Indicação therapeutica. Belladona, ajudada de mercurius e de sulphur. Havendo inchação das glândulas do pescoço, magreza, ventre duro como ura balão, somno inquieto. Calcarea carbônica. Havendo escrophulas complicadas de otorrhea e dysecea. Calcarea, silicia, lycopodium e sepia. Em um rapaz: já o mal lhe começava a atacar os ossos. Calcarea. Convém quando ha endurecimento das glândulas. Conium maculalum. Havendo inchação das glândulas e ulceras do pescoço. Íi2ü D1CC10NAH10 Graphites. Havendo inchação escrophulosa das glân- dulas do pescoço. lodina. Havendo escrophula com inchação edematosa das palpebras. Nux vomica, belladona, sulphur e calcarea dão melhora sensível em uma doença escrophulosa mui adiantada, com rachitis e ventre duro, etc. Silicea. Havendo inchação e dureza escrophulosa das glândulas do pescoço e das parotidas. Staphysagria. Havendo escrophulas com predominância de affecção, phtisica pulmonar, tosse com expectoração puriforme, lábio superior inchado, inchação dura e dolorosa das glândulas submaxillares, inchação das glândulas cervicaes, axilares e inguinaes, ventre grosso, e lassidão. Sulphur, ajudado de calcarea. Havendo escrophulas com inchação das glândulas do pescoço e do baixo ventre, e tinha secca da cabeça. Sulphur. Havendo vermelhidão do nariz ; crostas nos narizes; beiços com codeas e rachadas; papeira, dureza das glândulas e do pescoço. Sulphur. Havendo escrophula em conseqüência de uma scarlatina perturbada no seu curso: pallidez da face, nariz grosso, lábios inchados, muitos tumores glandulares volumosos, constipaçâo. Sulphur. Havendo escrophula cora grossura do ventre; respiração estertorosa, coryza chronica. Outros remédios: baryta, carbo vegetabilis e ani- malis, dulcamara, coceulus, belladona. SCROPHULA DAS GLÂNDULAS DO MESENTERIO. Ventre duro como balão, com magreza das extre- midades. Podem muitas vezes conhecer-se distineta- mente nodosidades duras no ventre. A estes phe- nomenos se ajuntam commummente os seguintes: appe- tite devorador, constipaçâo, e de tempos a tempos diar- rhéa, dores abdominaes ; tosse desfigurada, velha, engi- lhada, pelle em geral secca e bamba. Calcarea carbônica. Arsenicum e belladona. Para o ardor das glândulas convém: ars. Para o abatimento convém: merc, kali, cale Para a sensação de ardencia convém : coce, ign., n. vom. Para a dôr das glândulas em geral; arn., bell, lyc, merc,phosph., alum., amm., aur., cann.. carb. an., caust., puls., sulphur. DE MEDICINA. 527 r Para a dôr lancinante convéra: bell, merc, puls., amm., mur., assãf. Para a inflammação das glândulas convém: bell, merc, phosph. Para a enduração convém : bell, chin., cann. Paia a coceira das glândulas convém: cann. Para o augmento de sensibilidade das glândulas con- vém : cann., phosph. ■ Para a suppuração das glândulas convém : ipec, silic, merc. Para os tumores das glândulas convém: bell, cann., lyc, merc, nitr. ac, phosph., rhus. Para o tumor glandular quente e ardente convém: lell, bry., merc, phosph. Para o tumor canceroso das glândulas convém: ars., phosph., silic, sulphr. Sepia. Caracter physiologico A sepia exprime o temperamento sangüíneo ner- voso, e também o lymphatico. Tempo de acção. O seu máximo de acção é de 40 dias. Modo da administração. Depois da sepia convéra carbo veg., caust., puls. Antídotos. Acon., ant., crud., ant., tart. Concordância em symptomas. Cale, puls., rhus, sulph. Exacerbações. Moderara-se com cale, bry., nux vom., phosph., puls., sulph. Symptomas geraes que desenvolve a sepia. Fisgadas e dores picantes nos membros, e outras partes do corpo.—Dores ardentes em diversas partes 528 DICCJONARIO do corpo. —Tensão nos membros, como se fossem muito curtos. —Tracção e rasgamento nos membros e nas articulações.—Dores que só são alliviadas pelo calor exterior. —Dores por accesso, com horripilaçao. —Dôr de deslocarão, principalmente por um esforço da parte affectada", assim como também de noite, no calor da cama.—Dores rheuraaticas, com inchação das partes affectadas, suor facilmente excitado, calafrios ou horripilaçao alternando com calor.—Muitos outros ineommodos * em conseqüência de contrariedades.— Entorpecimento ligeiro de membros (braços e pernas), principalmente depois de qualquer trabalho manual. — Rijeza e falta de flexibilidade das articulações.— Deslocações e torceduras fáceis nos membros. —Dis- posição'para descadeirar-se.— Commoções e estreme- cimentos nos membros, durante o dia e a noite.— Estremecimentos nos músculos.—Accessos de ineom- modos c spasmos hystericos.—Inchação e suppuração das glândulas.—Exacerbação e renovação de muitos soffrimentos, durante e immediatamente depois da comida. Os symptomas se dissipam durante qualquer exercicio violento, excepto a cavallo, e aggravam-se durante o somno, também de tarde, de noite no calor da cama, e antes cio meio dia.— Sensibilidade do- lorosa de todo o corpo.—Tracção era todos os membros.— Escabeceamentos freqüentes.—Inquietação e batimento em todos os membros, com agitação, que não per- mitte conservar-se em parte alguma.— Forte effer- vescencia de sangue, mesmo de noite, com pulsação em todo o corpo.—Inchação geral do corpo, com res- piração curta, sera sede.— Alquebramento e preguiça physica.—Falta de solidez nos membros.—Accessos de debilidade e de desfallecimentos hystericos, ou outros. — Esvaimentos.— Cansaço cora tremores. — Falta de vigor, algumas vezes somente ao despertar.— Grande cansaço passeando-se ao ar livre.—Muita disposição para pilhar resfriamentos, e sensibilidade para o ar frio, principalmente ao vento norte.—Depois de ter sido molhado, arripiamento febril, accesso de esvai- mento, e afinal coryza. Indicação therapeutica. A sepia convém nas affecções das mulheres grá- vidas—alienação mental—arthrite—blepharoplegia — blephoroptose—cardialgia—caria—cephalalgia—cancro do nariz—-coclealgia spasraodica—constipaçâo -crostas DE MEDICINA. S29 üe leite—dartro—dartro das orelhas—dentição diílicil — diarrhéa— disposição escrophulosa— dores rheuma- ticas—epistaxis—exulceracão do seio—febre interrait- tente—gonorrhéa—grippa—hydropesia—hysteria—im- pingem— impotência—induração do utero—interstigo— lepra— leucorrhea — moléstia escrophulosa — mania — menstruação excessivamente abundante—odontalgia— ophtalmia — ozena — panaricio — phthysica—phthysica laringea- pneumonia—pollução nocturna—prosopalgia —prurido da vulva—pyrosis—queda do recto—rheu- matismo—spasmo—scirrho do utero—sarna—scirrho do lábio infedor—suppressão das regras—syphilis — tinha humida da cabeça—tosse-tosse convulsa—tu- mefacção do seio—ulcera no pé-verrugas—vomica. SEZÕES. Maleitas.— (Vid. febre intermittente.) Silicea. Caracter physiologico. Tempo de acção. Tem 40 dias de acção em alguns casos de molés- tias chronicas. Medicamentos a seguir-se. Depois da silicea convém, conforme os symptomas, hepar, lach., lyc, sep. Antídotos. Camp-, hepar. Concordância em symptomas. Cale, lyc, sulph. Exacerbações. Moderam-se com nux vom., rhu>. Symptomas geraes que desenvolve a silicea. Tracção rasgamento e fisgada nos membros (braços e pernas).—Fisgadas nocturnas era todas as articulações. D. M. 67. S30 DICCIONAIWO —Disposição de membros para se adormecerem.—Dôr de quebramento e fraqueza paralytica nos membros, sobretudo de noite.— Disposição a descadeirar-se.— Caimbras nos braços e nas pernas.—Inchação e indu- ração das glândulas, geralmente sem dôr, algumas vezes com comichão.—Estremecimento dos membros de dia e de noite.—Ataques de epilepsia.—Muitas affecções e dores se aggravam ou se manifestam de noite e de tarde, como também durante o movimento.—Aggravação dos symp- tomas na lua nova ou na cheia.—Nas crianças que tardam a andar.—Dores nas mudanças de tempo.—Inquietações tem todo o corpo, depois de ter estado por muito tempo sentado.—Effervescencia de sangue e sede depois deter bebido pouco vinho.—Magreza excessiva.—Andar tardio, desmazelado.—Fraqueza nas articulações, curvando-se. —Alquebramento e tremor nos membros, sobretudo de manhãa.—Inércia geral e grande fraqueza nervosa.— Esvaimento deitando-se de lado.—Grande fadiga, can- saço, e desejo de dormir, por tempo tempestuoso.— Grande disposição para resfriamentos, descobrindo so- mente os pés.- Indicação therapeutica. A silicea, convém no abcesso—abcesso do fígado— dito do seio—affecção abdominal chronica—anasarca— cachexia—caria—caria dos ossos da face—dita dos pés e dos braços—cephalalgia—carbúnculo—choréa—dartro —dito gonorrheico—disposição a coryza—dysecea—epi- lipsia—febre hectica—febre intermittente—febre ver- minosa—fungus na cornea—gangrena—gonite—gonor- rhéa chronica — helminthiase — hemoptysia — homor- rhoidecega—hydrocele—hy daria—ichorose—enduração do tecido cellular nos meninos—enduração das glân- dulas—inflammação dos vasos lymphaticos—intumes- cencia das parotidas—lepra oriental—lencorrhéa—lu- xação espontânea—moléstia dos ossos—moléstias escro- phulosas—mastite— menstruação diflícil—odontalgia— ophthalmia — panaricio — pannos escrophulosos—para- lysia—phthysica—dita laryngea — prosopalgia—rachite — rheumatismo — estreitamento da uretra—seiatica— scirrho das bochechas—dito do lábio superior—stran- guria—suor nos pés—syphilis—tinha na cabeça—tune- facção dos joelhos — tumor lymphatico — ulcera—dita da bocca e da lingua—dita da cornea—dita da mão— ulcera pútrida—dita escrophulosa — vertigens—vomito chronico. DE MEDICINA. Ool SOLUÇO. (Spasmo do diaphragma.) Indicação therapeutica. Belladona. Havendo violento soluço. Belladona, ignatia e sulphur. Bryonia. iVMtr vomica. Pulsatilla. Havendo forte soluço cora spasmos da garganta e peito. i»ara a arrotação ou sabida de gazes pela bocca con- vém : bell, bry,, coce, conn., merc, natr. mur., n. vom., phosph., puls., rhus., sep., sulphr., veratr. Para os soluços convém: amm. mur., cycl, hyosc, ign., n. vom., puls., veratr. Para o arroto de vapores e líquidos convém: bry., lyc, mezer., sabad, silic, staph., sulphr. ' Para a regurgitação de matérias sólidas e líquidas convém: ant., tart., amica., bry., n. vom., salsap., phosph., sulphr. ac. , Para a sahida de gazes pela bocca convém: assaf., merc, plat., veratr. SODA.—Pyrosis. (Azia.) _ Consiste a pyrosis (azia) em um sentimento de ardor no estômago, com eruetação de ura liquido acre, ar- dente , que produz por onde atravessa, atè a bocca, sensação mui desagradável. Indicação therapeutica. Nux vomica, china, calcarea e aoidum sulphuricum. Sulphur. Havendo violenta pyrosis, cora emmagre- "pai^o pyrose, ou ardencia, do estômago, vulgar- mente azia, convém: cale, carb. veg., con., croc, n. vom., puls., valer., veratr. SOMNO. —V. INSOMNIA. SOPOR.—Somno pesado que custa muito a acoraar. Indicação therapeutica. Opium. Havendo sopor com convulsões das extre- ""pa^â somnolencia durante o dia convém: ant. crud, ant. tart., croc, n. vom., phosph., phosph. ac, PUlÍêndo de manhã convém cale, graph., n. vom., sep, 532 DICCIONARIO Sendo antes antes do meio dia convém : ant. crud., sab. Sendo depois do meio dia convém: chin., nux vom., rhus, sulph. Sendo à tarde convém: ars., cale, kali, n. vom. Para os ineommodos que precedem á somnolencia convém: ant. crud., n. mose, puls. Para combater as causas da somnolencia convém : ant., tart., n. mose, puls., rhus. Para o somno tardio convém : ars., bry., cale, carb. anim. e veg., merc, puls., phosph., rhus, sep. Para quem tem somno depois de haver acordado convém: natr. mur., silic. Para os padecimentos que impedem de dormir convém: ars., bry., cale, carb. anim. e veg., merc, phosph., rhus., puls., sep. Para o somno agitado convém : ars., chin., rhus, silic, sulph. Para o somno ancioso convém : ars., bell,hepar, kali. Para a cat3phora ou raadra sem febre nem delirio convém: ant., tart.,croe, n. mose, op., veratr. Para a modorra profunda (carus) convém: bell, cann., n. mose, op. Para o somno profundo convém: ant., tart., n. mose Para o somno não reparador convém: bry., cann., hepar, op., sulphr. Para a coma vigil ou typhonia convém: acon., op. Para a coma soranolenta convém: n. mose, op. Vara os epiphenomenos do somno convém: ars., bry., cham., hepar, op., puls., silic.,. stram., sulphr. Para o acordar freqüente convém: cale, hepar, phosphr.,puls., sep., sulphr. Para o que,acorda tarde convém: cale, graph., n. vom., sep. Para os epiphenomenos do somno convém: ambr., ars., cale, caust., hepar, nitr. ac,petrol, phosph., puls., sepia., sulphur. SPASMO. O spasmo é a acção forçada, irregular, vio- lenta., dolorosj das fibras musculares do corpo humano. Indicação therapeutica. Nux vomica, seguida de sulphur. Havendo violentos spasmos de uma criancinha, berros, rigidez, cabeça derreada para trás, olhos fixos, tremor de membros. Nux vomica. Havendo violentos spasmos nos membros era conseqüência de um resfriamento que pouco a pouco se estendem pelas costas e as entesam, convulsões se- DE MEDICINA. 533 paradas acompanhadas de gritos, respiração mui penosa. Nux vomica, ajudada de coceulus. Havendo spasmos no estômago e no peito. Opium. Convém nas affecções espasmodicas em con- seqüência de um susto. Pulsatilla. Convém em spasmos causados por me- nostasia, spasmos abdominaes, symptomas asthmaticos com oppressão e sentimento de suffocação, mortal agonia, bater do coração. Pulsatilla, precedida de belladona. Convém na me- nostasia ; os membros e músculos da face palpitam noite e dia ; pouco appetite, movimento tensivo na fosseta do coração ; de tempos a tempos dores repuxantes e pres- sivas que se dirigem ao baixo ventre. Sepia. Havendo dores lacerantes e contractivas no baixo ventre, que se estendem muitas vezes aos mús- culos peitoraes, á nuca e perna direita. Stannum. Havendo spasmos causados por affecção verminosa. Veratrum. Convém nos spasmos hystericos com estado cataleptico. SPASMO NA GARGANTA. Indicação thcrapeutiea. Belladona. Nux vomica. Havendo contracção espasmodica da gar- ganta com perigo de suffocação e cephalalgia habitual. SPASMO DAS PALPERRAS. Cura-se com : chén., croc, hepars., rhuta e hyosc. SPASMO DO PEITO. Indicação therapeutica. Aconitum. Bryonia e pulsatilla. Coceulus . Cuprum aceticum. Comvém na contracção espasmo- dica do peito, ao mesmo tempo face côr de papoula, com suor quente ; algumas vezes movimentos convul- sivos das extremidades dos músculos do tronco. Lycovodium e graphites. SPASMOS DOS PULMÕES E DA TRACHEA. Indicação therapeutica. Ipecacuanha. 531 DICC10NA1U0 SPASMO DO ESTÔMAGO.—Veja-se cardialgia. Para os spasmos em geral convém : bell, cie, cupr., hyos., stram. . Para os spasmos chronicos convém: agar., bell., cham., cupr., hyosc .,op.,sep., stram. .... Para os spasmos tônicos convém : agar., bell., cie, petr., plat., sep. Para os spasmos estericos convém : can., ign. Para os spasmos das partes internas convém : caust., coce, hyosc, ign., n.vomica, puls., stram. Para a constricção espasmodica das aberturas na- turaes convém : bell., hyosc, n. vom., plumb., staph., veratr. Para os saltos convém: bell., bry., stram. Spigelia.—Antlielniintica. Caracter physiologico. A spigelia exprime o temperamento sangüíneo. Tempo de acção. Nas moléstias chronicas a spigelia tem de 30 a 40 dias de acção. Medicamentos a seguir-se. Depois da spigelia aproveita dig., merc, veratr. Antídotos. Camph., puls. Concordância em symptomas. Puls., bell., cale, rhus, sep. Exacerbações. Moderam-se com cale, nux vom., puls., cham., ign. Symptomas geraes que desenvolve a spigelia. Dores arthriticas, lancinantes ou vivas nos membros. — Dores vivas nas articulações, como se os ossos esti- vessem se raspando. —Sensação de peso, e frouxidão nos membros.—Convulsões. —Cansaço, principalmente DE MEDICINA. im depois de um leve exercicio e ao ar livre. — Accessos de vagados, principalmente fazendo esforços para obrar, ou em um quarto quente. — Grande sensibilidade ao ar frio, com padecimentos pelo andar ao ar livre. — Grande facilidade a resfriar-se. Indicação therapeutica. A spigelia convém na ambliopia —asthma — blepha- rophtalmia — blepharoplegia — cardiograa cephalalgia — convulsões — dôr de olhos — dysecea — febre vermi- nosa — grippa — helminthiase — inflammação do coração — intumescencia do testículo —odontalgia —ophthal- mia rheumatismal — palpitação de coração — proso- palgia — spasmo do peito. SPLENALGÍA.—Dôr no baço. Indicação therapeutica. Arsênico. China. Havendo dôr pungente no baço. Stamim. Caracter physiologico. Exprime o temperamento sangüíneo nervoso. Tempo de acção. Dura de 30 a 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois de stanum convém china, caust. Antídotos. Puls. Concordância em symptomas. Puls., bell., bry., cale, lyc, phosph., rhus, sep. Exacerbações. Moderam-se com bry., cale. o36 DICC.IONARIO Symptomas geraes que desenvolve o stanum. Dores pressivas e tractivas, principalmente nos mem- bros, aggravando-se ínsensívelmente até que se não tornam muito violentas, e decrescem da mesma ma- neira. — Ataques de epilepsia, com retraccão dos pollega- res e jactação da cabeça, pallidez do rosto, movimentos convulsivos das mãos e dos olhos, e perda de sentidos; os accessos tornam algumas vezes de noite. — Magreza excessiva. — Paralysias. — Grande peso e preguiça.— Abatimento excessivo physico e moral, com tremuras, principalmente fazendo exercicio moderado, e com dis- posição de transpirar.—Superexcitação nervosa.— Inquietações insupportaveis no corpo. — Fadiga exces- siva pela palavra.—Os soffrimentos parecem desappa- recer durante o andar, á excepção do abatimento que é excessivo então; reapparecem quando se está quieto. Indicação therapeutica. O stanum convém na asthma spasmodica das crianças — blenorrhéa pulmonar — cardialgia — catharro chro- nico — epilepsia — grippa — hematemese — hemiplegia — hypocondria — hysteria — leucorrhea — leucorrhea chronica — melanose — paralysia — paralysia dos dedos, era conseqüência de algum envenenamento de chumbo — phthisica— dita pituitosa — prosopalgia — rheuma- tismo— spasmo — suor — tenia — tosse phthisica. Staphysagria. Caracter physiologico. A staphisagria exprime o temperamento melancólico, e também o sangüíneo. Tempo de acção. Sua acção é de 20 a 30 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da staphysagria convém thuya. coloq., merc, phosph. ac. Antídotos. Camph. DE MEDICINA. 537 Concordância em symptomas. Puls., cale.. merc. sulph. Exacerbações. Moderam-se cora : nux vom., puls., cale, carbo veg., hepar, ign., phosph. ac. Symptomas geraes que desenvolve a staphysagria. Tracção paralytica nas articulações, principalmente durante o movimento, ou uraa posição falsa da parte.— Dores agudas, tractivas nos músculos estando assentado. —Lancinacõcs acudas, penetrantes, profundas em di- versas pados.—Caimbras nos membros.—Inílammação dolorosa dos ossos.—Inchação dos ossos. —Paralysia semi-lateral, depois de ter estado encolensado.—Accesso de vacados.—Sensibilidade dolorosa de todos os mús- culos0 ao tocar, e das articulações, movendo-as.—Curva- tura e cansaço excessivo, principalmento durante o movimento, melhorando estando assentado ou deitado. —Necessidade continua de estar deitado.—Grande la- dio-a de manhã cedo, com dureza de todas as articu- lações.— Depois da sesta, obnubilação e peso dos membros. Indicação therapeutica. A stanhysagria convém na alopecia—arthrite—ca- chexia mercurial—cardialgia—cancro do utero—dartro _dy eíteria-dysuna-epulida-febre interraittente- -hvperostose-hypocondria-cmpigem-induraçaodas odontalgia — ophthalmia escrophulosa - pi osopalgia— Papeira-spasraos-tinha da cabeça-tophus-tumor dos joelhos-tumor na bocca-ulccra na bocca. Sfraitioniiuii. Caracter jdtysiologico. O stramonium exprime o temperamento sangüíneo nervoso. Tempo de acção. Sua acção é muito curta, e até aíora se tem conhecido que o seu máximo de acçao dura 24 horas. D. M. 68, 538 DICC10NARI0 Medicamentos a seguir-se. Depois do stramonium convém : bell,, helleb., hyosc, nux vom., op., veratr., zincum. Antídotos. Bell., hyosc,, nux vom. Concordância em symptomas. Bell., hyosc. Exacerbações. Moderara-se com : nux vom., ars., bell., puls. Indicação therapeutica. O stramonium convém na alienação mental—ara- blyopia—ápoplexia—asthma— catalepsia—choréa — co- lica ventosa—delirio tremulo—encephalite—epilepsia —febre nervosa—grippa— gonorrhéa—hemeralopia— hydrophobia—mania— melancolia— prosopalgia—ro- geola— soluços — spasmos do peito — suppressão das regras—tetanos—typhus exanthematico. Symptomas geraes que desenvolve o stramonium. Dores crampoides, tractivas, paralyticas nos músculos e nas articulações dos membros.—Sensação como se os membros estivessem separados do corpo.— Caimbra contradiva nos membros.— Formigamento nos mem- bros.—Contracção e extensão lenta dos membros.— Accesso de caimbras de diversas naturezas.—Tetanos, dobramento docorpo.--Caimbras e outros soffrimentos hystericos.—Dureza e contracção de alguns membros. —Accesso de dureza cataleptiêa do corpo, com perda de sentidos, precedido de dores de cabeça, com verti- gem.— Movimentos fáceis dos membros, ou grande peso destas partes.—Convulsão, que se assemelha á dansa de S. Guy.—Repuxamentos convulsivos dos membros, com choros.—Movimentos, principalmente ao tocar, ou fixando os olhos nos objectos brilhantes. —Convulsão, como na epilepsia, porém sem perda de sentidos.—Accesso de vagados, com rouauidão.— Tremura dos membros.—Vacillamento dos 4merabros DE MEDICINA. ' 539 ao andar.— Paralysias, algumas vezes depois de ura ataque de ápoplexia.—Fraqueza, coro necessidade de estar deitado.—Suppressão de todas as secreções e excreções. STEATOMA. Dá-se este nome a tumores enkystados, em que se contém uma matéria semelhante á gordura, graixa, ou sebo. Indicação therapeutica. Baryta carbônica. Havendo steatoma por trás da apo- physe mastoide. STOMACACE. Symptomas inflammatorios na cavidade da bocca, com cheiro pútrido e fétido ; lingua e gengivas revestidas de matérias sujas. Indicação therapeutica. China e arsenicum. Havendo stomacace em uraa criança de dous annos, em conseqüência de sarampo : gengivas negras e fungosas, dentes incisivos abalados, lábio inferior pendente, corrimento de saliva, fedor ca- daverico da bocca. Helleborus niger. Mercurius solubilis. Nux vomica. Havendo gengivas mui inchadas que cobrem os dentes, dentes abalados e quasi inteiramente denegridos, offerecem o aspecto de carne podre; fedor cadaverico da boca ; face descarnada, livida ; magreza. STRABISMUS. Viscosa disposição dos olhos, que não são dirigidos simultaneamente para o mesmo objecto. Indicação therapeutica. Veratrum, belladona. STREITAMENTO ESPASMODICO DO ÂNUS. Indicação therapeutica, Nux vomica, sulphur. STRUMA.—(Vid. Papeira.) Indicação therapeutica. Calcarea carbônica. .ViO DICCIONAMP Nitrum carbonicum. Outros remédios: carbo animalis, lycopodium, iodium e nitrum muriaticum. STUPOR ou entorpecimento dos membros. Indicaçã» thcrapeutiea. 4 Pulsatilla, belladona. Rhus. Havendo sensação de adormecimento e formi- gueiro nas extremidades superiores. Sulphur. O sulphur, exprime o temperamento sangüíneo bilioso. Tempo de acção. O seu máximo de acção é 40 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois de sulphur convém: acon., bell., cole, cuprum, merc, nitri ar., nux vom., puls., rhus, sepia, silic. Antídotos. Acon., camph., cham., china, merc, puls., rhus, sep. Concordância em symptomas. Ars., bell., bry., cale, lycop., merc, puls., rhus, sep., silic. Exacerbações. Moderam-se com : bry., cale, sep. Indicação therapeutica. O sulphur convém no abscesso alveolar — dito do seio—affecções abdominaes—alienação mental—alope- cia —amaurose principiante—amenorrhéa—anasarca— angina tonsillar — dita uvular chronica—aphonia — aphtas — arthrite — asthma—atrophia—blepharophtal- raia — cachexia mercurial — cardialgia — caria—cata- lepsia — cataphora — catarata —cephalalgia—cancro no nariz — chlorose—choréa—colica hemorrhoidal—cons- DE MEDICINA. "»4I tipação — coxarlhrocace — crosta de leite—dita serpi- ginosa—cyphose—dartro—dito crosloso—dito humido ^— dito miliar — dito nas ventas—descarnarão da epi- derme— diarrhéa —dita dysenterica—dôr nos peitos— dita sacra — dysecea — dyspepsia—dysphagia—dysen- teria—encephalíte—epilepsia—erysipela—dita na face ■r-dita habitual — excrescencia fungosa—expulsão de vermes — exulceracão do seio — febre hectica—febre intermittente—dita nervosa—fistula—dita ourinaria— frieira —gonite —gonorrhéa —hemoptysis —hemor- rhoidas — hepatites — hydrothorax — hypocondria — ictericia—empigem—incontinencia de ourinas—indu- ração do ligado —dita dos testículos — interstigo — intumescencia das glândulas—dita dos pés—keratodite escrophulosa —lepra—leucorrhea—luxação espontânea — moléstia escrophulosa —melancolia—menstruação difficil —obsciirecimento da cornea — obstrucção das vcntas _ odontalgia —ophorite— ophthalmia — otite— palpitação do coração—panaricio—pannos—paralysia— phtisica — dita pituitosa — pneumonia — polypo da bex iga —prosopalgia—pyrosis—rachites—rheumatismo — dito da espinha dorsal —rouquidão —scarlatina— seiatica—spasmo tetanico —suppressão das regras— spasmo durante a dentição—sycosis—syphilis—tabes— tinha da cabeça —tenesmo —tosse—dita ferina—tre- muras —tumefacção do fígado—dita dos joelhos—dita das mãos —dita dos pés —dita dos seios—ulcera—dita fungosa—dita dos pés—dita dos seios—varíola—verti- gem— verrugas—vomica—vômitos. Symptomas geraes que desenvolve o sulphur. ■ Dores agudas c tractivas ou fisgadas nos membros, principalmente nas articulações c ás vezes com debili- dade ri°eza e sensação de torpor nas partes affectadas. — Dores°de deslocacão, tensão como por encurtamento dos tendões : caimbras c contracção em muitas partes. — Estalo nas articulações, principalmente do cotovello e do ioelho— Inchação inflammatoria das articulações, com calor e vermelhidão.-Comichão nos membros, principalmente nas barrigas das pernas c nos braços. - Disposição de membros para facilmente se adorme- cerem-Palpitações musculares.-Estremecimento e balanços cm certas partes ou por todo o corpo prin- cipalmente estando sentado ou deilado.-Accessos de spasmos -Convulsões epilépticas, provocadas poi Igura susto, ou por correr, e algumas vezes com gritos, 542 DICCIONAIUO endurecimento dos membros, aperto dos dentes, e sensação como se um rato percorresse o hombro ou os braços.—Accessos de desmaios, ou de indisposição hysterica ou hypocondriaca, algumas vezes com verti- gens, vomito e suor.— Tremor de membros, prin- cipalmente das mãos.—Sensação de tremor interior- mente—Accessos de inquietações em todo o corpo, que não permittem ficar sentado, com vontade de estender e contrahir alternativamente os membros.— Grande fervura de sangue, ás vezes com calor ardente nas mãos.— Grande prostração, com grande cansaço depois da mais pequena conversação, e de um grande passeio; necessidade de ficar sempre sentado, e suores abundantes, mesmo estando sentado, lendo, comendo, deitado, ou passeando.— A sensação do cansaço al- gumas vezes se dissipa andando.—Debilidade muscular, sobretudo nos joelhos e nos braços, assim como tam- bém nas pernas, com andar vacillante.— Andar cur- vado.—Magreza extraordinária, ás vezes com debili- dade, cansaço e sensação ardente nas mãos e nos pés.— Sensibilidade forte, expondo-se ao ar e ao vento, com dores nos membros, nas mudanças do tempo, com disposição para facilmente resfriar-se e muitos outros soffrimentos por effeito do ar.— Geralmente as affec- ções da cabeça, e do estômago, são as que mais de- pressa se aggravam, expondo-se ao ar.—As outras affec- ções aggravam-se mais de tarde, ou de noite, e também durante o descanso, conservando-se em pé, e ex- pondo-se ao frio ; e desapparecem com qualquer agitação, ou movendo a parte molesta, do mesmo raodo que com o calor do aposento, porém o da cama torna as dores nocturnas insupportaveis.— Muitos males apparecem periodicamente, ou por intermit- tencia. SUOR. Exhalação habitual de lympha na superfície da pelle. Indicação therapeutica. China, acidum phosphoricum, stannum, sepia, sambucus, pulsatilla. Para combater o suor em geral convém: bell,cale, cham., chin., hepar, merc, nux vom., rhus, silic, sep., sulph., veratr. Para o suor parcial convém: cale, selen., hepar, sulph. Para o suor semi-latcral convém: n, vom., puls. DE MEDICINA. 543 Para o suor que apparece na parte anterior do corpo convém: cale, selen. Sendo pela parte posterior convém : chin., sulph. Para combater a facilidade de transpirar ou de dispo- sição á transpiração convém: natr., sep., sulph. Para o suor que vem com afflicção convém: cale, puls., sep., sulph. Para o suor quente convém : op. Para o suor frio convém : chin., hepar, ipec Para o suor pegajoso convém : lyc, phosph. Para o suor sanguinolento convém: n. vom. Para o suor que tinge a roupa de amarello convém: graph., merc Para o suor de cheiro differente do natural convém : lyc, nitr. ac, rhus., sep. Para o suor de cheiro ácido convém: sep., silic, sulph., veratr. Para o suor fétido convém: dulc, graph., kali, phosph., sep., staph. Para o suor com sêdc convém: cham., chin. Para o suor sem sede convém: bell, samb., spig. Para os diversos ineommodos que se manifestam antes do apparecimento dos suores convém : ars., bry., caus., cham., merc, n. vom., op., stram.,sep'., sulph., veratr. SUFFOCAÇÃO.— E' o estado em que se não pôde raais respirar : é o ultimo gráo da dyspnéa. Indicação therapeutica. Phosphoro. Havendo tosse e rouquidão com accesso de suffocação. ' Pulsatilla. Havendo todos os dias pela meia noite, ac- cesso de suffocação, causado poeaccumulação de pituita na garganta. Sambucus nigra. Havendo accesso de suffocação em um rapaz; a anciedade faz tremer lodo o corpo; falta de res- piração, respiração accelerada, estertor no peito. SUPPRESSÃO'DAS HEMORRHOIDAS. (Vid. HEMOR- RHOIDAS). Indicação therapeutica. Calcarea carbônica, sulphur, mercurius. SURDEZ. E' a diminuição ou a abolição da audição, devida a uma inflammação aguda ou chronica do ouvido, ou á paralysia do nervo auditivo, ou do cérebro, ou a ura obstáculo mecânico, que tapa o canal da audição. ■j'i.4 DliXIONARlO Indicação therapeutica. Calcarea carbônica, psorium. (Veja-se também Dv- sECEA . SVCOSE. — Gondylomas, almorreimas, ou hemor- rhoidas. Evcrescencias molles e carnosas, indolentes ou do- lorosas que apparecem junto ao orifício dos órgãos genitaes e do recto, algumas veze?. nos dedos e artelhos, e que são produzidas pelo virus syphilitico. Indicação therapeutica. Acidum nitricum e thuya (este ultimo foi empregado ao mesmo tempo exteriormente). Convém em grande numero de condylomas que causam ardente dôr. Cinnabaris. Cinnabaris e selenum. Convém em condilomas dis- postos uns juntos dos outros em fôrma de leque, go- norrhéa- Euphrasia. Convém externa c internamente. Havendo condylomas complicados de medonhia. Mercurius solubilis. Havendo condylomas com ulceras syphiliticas. Mercurius solubilis, alternado cora thuya (interna e externamente). Convém em condylomas complicados de medorréa maligna. Psorium. Havendo condylomas humidos do prepucio com incontinencia de ourina de noite, exulceracão do augulo da bocca, e dartro secco na curva da perna. Sulphur, acidum nitricum e thuya haviam sido usados sem effeito. Thuya. Havendo gonorrhéa da glande, com ulcera- zinhas no prepucio e condylomas no ânus. Thuya. Havendo condylomas com manchas pardas debaixo dos braços. Thuya, ajudada de acidum nitricum. Havendo muitos condylomas humidos na glande. Thuya por dentro e por fora dos grandes lábios, pseudo, producções consideráveis, com purgação de matéria acre, ardentes dores. SYPHILIS.—Mal venereo. Ataca a todos os órgãos, a todos ôs tecidos animaes, inclusive o cérebro c o systema nervoso. Indicação thcrapeutiea. Mercurius. Como remédio principal. DE MEDIC.INV. Ü43 Acidiuu nitricum'. Convém especialmente quando o enfermo já havia abusado do mercurius na syphilis primaria. Mercurius vivus, mercurius solubilis, em differentes gráos de attenuação. Mercurius prcecipitatus ruber. Havendo affecção sy- philitica da garganta. Mercurius sublimalus corrosivus. Havendo ulceras syphiliticas de vermelho escuro nos bordos da glande. SYPHILIS SECUNDARIA.—Mal venereo secundário. Indicação therapeutica. Aurum. Havendo voz fanhosa, matéria fedorenta misturada de ossinhos que sahem do nariz, ulceras no palladar, amygdalas avermelhadas com ulceras, otor- rhea fétida com dores fortes e furantes nas orelhas. Periostosis ( tumores do periosteo ) dolorosa na parte cabelluda da cabeça, no ante-braço e na tíbia, nodo- sidades com comichões na cabeça. Dores osteoeopas cruéis nas extremidades. _ Aurum. Havendo syphilis inveterada: inchação, ver- melhidão e dores lancinantes nos ossos do nariz, da testa e da maxilla superior ; corre do nariz pus sangui- nolcnto e fétido; rubor nos bordos das palpebras no angulo interno. Quando o enfermo não tera a cabeça coberta e quente, cephalalgia, como se lhe passara ar pela cabeça. . , Acidum nitricum. Havendo pústulas separadas e iiu- midas na cabeça; face coberta de pústulas purulentas, cercadas de bordos largos e vermelhos; passados dias formam estas pústulas erostazinhas; na aza direita do nariz elevações condylomatosas do tamanho de um feijão e cobertas de uma crosta. Inchação e rubor das amygdalas ; anteriormente soffna o doente excoriação parcial do ânus, com coceira e purgação entie as pernas. Hepar sulphuris. Seoià depois do inútil uso de mercurius, acidum nidrTcum. Havendo syphilis inveterada cora ulceras na glâThum V^Te'graphites e de sepia. Havendo copiosa purgação de muco pela uretra , era ura su- ieSo que antes tomara muito mercúrio; leve ardo ío ouíinai ; a parte interna bulbosa da uretra esta dolSi ò orífleio da uretra vermelho, inchado; r 340 D1CCI0NARI0 vermelhidão da face interna do prepucio; dôr na região vesical; ulceração da base da glande ; dôr e sentimento de inchação no escroto; desejo de coito; freqüentes polluções nocturnas; cephalalgia , melan- colia : disposição para o suicidio. SYRIGMUS.— Zoada nos ouvidos. Indicação therapeutica. Graphites. Nicotiana. Havendo forte zoada chronica acompa- nhada de dysecea. Petroleum. Zoada de ouvidos com dysecea. T. Tafi'íarais esneticus Caracter physiologico. O iartarus emeticus exprime o temperamento san- güíneo. Tempo de acção. O seu máximo de acção é de 20 a 30 dias. Medicamenos a seguir-se. Depois do tartarus convém: baryta, ipec, puls sepia. Antídotos. Coce, ipee, puls. Concordância em symptomas. Bry., ipec, ant. crud., puls. Exacerbações, Moderam-«e com sep DE MEDICINA 347 Indicação therapeutica. 0 tartarus convém na alienação mental—amblyopia —asphyxia dos recém-nascidos—asthma—corus—dysen- teria— gastricismo—empigem—lithiasis—prosopalgia rheumatismal—rheumatismo—suffocação—tosse—tosse ferina—vômitos. Symptomas geraes que desenvolve o tartarus. Traccões arthriticas e rheumatismaes, nos membros, com sensação de quebramento. —Contracção dos mem- bros. — Repuxamentos dos músculos.-Repuxamento dos membros. — Lancinações nas varizes.—Exacerba- ção dos symptomas assentando-se ou assentado. —Peso geral de todos os membros, e grande preguiça.—Pul- sações violentas em todo o corpo. —Grande debilidade, fraqueza e cansaço excessivo.—A criança quer estar constantemente carregada.—Accesso comatoso.—ben- ,sibilidade excessiva de todo o corpo. —Desde que se peíra na criança, eOa grita suecessivamente. TEMPO DE ACÇAO DOS MEDICAMENTOS. Medicamentos que operam sua acção pela manhã, e nas differentes horas do dia e da noite. Aurum, cale , caust. , con., mang., mur. mag:., phosph., natr. mur. silic. Ao meio dia.—Agar., alum., amon. A' tarde— Carb. an. e veg., daph., mez., dulc, ars., pet., sep., solara, stront., sulph., zine A' noite. —Cham., iod., natr. O movimento augmenta as dores, e outros phenomenos ciue provoca.-Bryo., barita, chin., graph,, iod., kali, mang., natr. mur., nitr. ae, petr., salsapar., silic. O repouso augmenta as dores e outros phenomenos que provoca.-O agar., o alum., o aur., a cale, o con., a dulc, o lyc, o ars., o mur. mag., o natr., o nitr., o rhus tox., o staph., o stronc. Ao dr livre se aggravam os males e padecimentos, ciue sobre o moral, e intelledual provocam.—O age, a amon., o anacard., a baryta, a cale o carb. an. e veff o caust., o coloq., o con., a dulc, a graph., o kali",'o Ivc, o mong., o natr., a natr. mur., o nitric,o>tr., o phosph., o ac. phosph., a salsap., a scil.,asilie, o stan., o stronc. o sulph., o ac. sul., o zine- 5W njr,oiiii\Aitio Na câmara, ou quarto, aggravam-se os ineommodos produzidos pela alum., a bovista, o mag., o mag. mur., o nitr. O calor desenvolve ainda mais os' effeitos da dulc, iod., sulph., zine 0 frio desenvolve os effeitos do agar.. amon., bary., bovista, cale, carb. an. e veg., con., daph., graph., lyc, mang., ac. mur., ac. nitr., petr., phosph., sepia, stan., stronc. Remédios, cuja acção especifica é sobre o moral e outras disposições do espirito. Para tornar-se uma pessoa inquieta e cuidadosa, é infallivel o uso dos corpos seguintes: Inquieta e cuidadosa.— Alum., aur., cale, caust., graph., kali, metalum álbum, natr., phosph., sepia. Para tornar indiffercnte—Agarico, bovista, carb. veg. e an., con., daph. Para inspirar amor á solidão, ou desgosto. — Aur., coloq., ac, mur. Para inspirar aborrecimento á solidão, convém: baryta, lye, mag. mur., petr. Para tornar o espirito alegre.—Daph., m., salsap., slaphys., stan., zine TENIA.— Yerrae, lombriga solitária. Dá-se este nome a uma espécie de animaes mui (halos e longos, articulados, que lêm na extremidade mais delgada do corpo uma cabeça tumurculosa em cujo centro ha uma bocca rodeada de trombas. Estes animaes, dos quaes mais de uma espécie reside freqüen- temente nos intestinos humanos, tem cm geral grandes comprimentos e podem chegar a mais de cem pés. A presença da tenia no canal alimentar é assignalada por atorddamentos. vertigens, zunidos de ouvidos, cheiro azedo do bafo, dilatacão das pupillas, pallidez do rosto, coeciras do nariz e palpebras, ranger de ilemes ao somno, fome que se renova por accessos, uma espécie de bolimia, dores, formigueiros no abdômen, náuseas, incommodo geral, anciedade quasi continua, perturbação nervosa declarada, muitas vezes inchação do ventre, etc. Mas só ha certeza da exis- tência da solitária quando se vé sahir por cima ou por baixo uma porção delia: qualquer outro sighal é equivoco. Pelo curso do tempo pode a tenia causar febre lenta, marasmo ^symptomas de dysenteria. DE MEDICINA . .Vi 9 Carbo animalis, sabadilla, fragaria vesca, sulphur. TELANGIECTASE. — Inchação do tecido dos vasos capillares. Indicação therapeutica. Sulphur alternado com phosphoro. Havendo duas man- chas telangiectasicas vermelhas na raiz do nariz e no vértice. Sulphur. Carbo vegetabilis. TEXESMOS.— Puxos. (Vid. hemorrhoidas.) Indicação thcrapeutiea. Merc, bell. Sulphur. Havendo tenesmo especialmente de noite. TETAXO.— Spasmo. Ataque nervoso. Spasmo permanente de todos os músculos ou só de al- guns, sem alternativa de afrouxamento ; no tétano pro- priamente dito, o corpo está direito e immovel, todos os movimentos estão suspensos; é tal a rigeza, que se pegarem no doente pela cabeça ou pelos pés, o poderão levantar como se fosse uma estatua. No tétano imper- feito dão-se os mesmos phenomenos, mas juntando-se- Ibes violentos abalos, análogos aos que se Botam na epi- lepsia. No tétano com curvatura do corpo, a rigeza é geral, posto que desigual nas diversas partes ; se os músculos da parte posterior do tronco se contraíram com mais força, o corpo verga para trás (opisthotono) ; é dobrado para diante fortemente em alguns doentes (emprothotonos); é pendido para ura dos lados em ou- tros (pluerosthotonos). Nestas diversas variedades, o es- tado convulso dos músculos do rosto dá á physionomia uma expressão extraordinária, c a torna muitas vezes desconhecida. São as partes convulsas assento de dores mais violentas no Irajeeto da espinha para a nuca e ma- xillas, do que nas outras partes. Estas dores, ora são leves, ora de extrema violência. A voz é muitas vezes sumida e constrangida, a falia confusa e inintelligivel, o despertamento acompanhado de dolorosos abalos. A's vezes fica livre a deglutição, outras fica suspensa, a constipaçâo ordinariamente per- tinaz. A respiração constrangida continuamente ou por intervallos, pulso lento ; o calor não augmenta, alguns suores parciaes vêm á face. A secreção da ourina diminue muitas vezes, e sua excreção raramente livre. Falham \ OÔO DICCIONARIO estes phenomenos geraes no tétano parcial, que pôde occupar só metade lateral do corpo, algura membro, as mais das vezes os músculos dos lábios e os levantadores da maxilla inferior (trismo). Indicação thcrapeutiea. Aconitum. Convém nas maxillas cerradas; distorsão dos olhos ; o enfermo jaz estendido como morto. Arnica. Convém no*tenesmo com opisthotonos em um menino de seis annos pisado por uma sege. Belladona, ajudada de hyoseyamus e pulsatilla (esta ulti- ma para a amenorrhéa) em uma mulher doente havia seis annos. Cabeça inclinada para traz, ventre e peito mui lançados para diante; o accesso atura uma hora ou hora e meia cada vez ; distorção dolorosa de braços : o spasmo na garganta aperta-lhe a guela, então a enferma nada pôde engulir ; as regras-só vêm de 8 em 8, ou de 12 em 12 semanas. Bryonia. Convém no tétano hysterico. Cicuta virosa, ajudada de staphysagria. Convém no té- tano com trismo, e de tempos a tempos convulsões das extremidades em um rapaz escrophuloso,pupillas acanha- das, estranguria, e constipaçâo. Cicuta virosa, auxiliada de stramonium. Convém nos opisthotonos violentos com trismo. Mais adiante açode paralysia na perna direita. Causticum e mercurius vivus, ajudados de belladona, camphora, ipecacuanha, veratrum, sulphur e phosphorus. Convém nos opisthotonos com trismo em uma mulher pejada. Ignatia. Convém no tétano tônico, semelhante a opis- thotonos e que conserva a cabeça derreada para trás, em uma criança, em conseqüência de um susto; respira- ção e deglutição constrangidas e difficultosas. Phosphorus. Convém no tétano com trismo. Stramonium. Gonvém nas extremidades rijas como páo, os pollegares apertados entre os dedos, olhos fixos, pupillas dilatadas, respiração penosa e gemente. Sulphur e phosphorus. Convém no tétano com trismo. Sulphur, ajudado de opium, stramonium e moschns. Convém nos opisthotonos com trismo : olhos fixos e mui abertos; pupillas dilatadissimas, gemido continuo interrompido por um grito agudo seguido de sopor. (Veja-se também trismos.) Para o tétano em geral convém: cie. petr., plat., sep. di; medicina. 0^)1 Sendo o opisthotono convém : ign. Havendo tremor das partes externas convém: cie, merc, op., plat., puls., rhus, stram., sulphur. Havendo tremor interno convém : cale, rhus, staph. THERAPEUTICA DAS DORES. Para as dores externas convém: bry., carb. veg., caust., n. vom., phosph., phosph. ac, rhus, stann., sulphr. Para as dores ardentes internas convém : acon., bry., canth., n. vom., phosph., sabad., sep., sulphr. Para as dores de quebramento das articulações con- vém : arg., aur., puls. Para as dores das partes internas e externas convém: bry., chin., arn., coce, hepar, natr. mur., n. vom., ruta, veratr., camphora, sulphr. Para a dôr dos ossos convém: coce, hepar, ruta. Para a dôr de sensação convém: arn., cin., plat. Para a dôr despedaçante convém: coff., n. vom. Para a dôr nas articulações convém: arn., ign., phosph., puls., rhus, sulphr. Para as dores lancinantes convém : ferr., bry., canth., sep., spig., phosph. Para as dores dos músculos convém; assaf., bell, bry., cale, merc, puls., rhus, staph., sulph., thuya. Para as dores lancinantes dos ossos convém: bell, caust., cale, bell, merc, puls., salsap., sep. Para as lancinações e repuxamentos nos músculos convém: anacard., cale, guayaco, mang., puls., thuya. Para a dôr paralytica nas articulações convém : aur., euphorb., caps., valer., staph. Para a dôr de beliscadas nas pades externas e in- ternas convém: cale, coce, lyc, ign., sabad., rhodod. Para as dores surdas convém: agar., hyosc Para as dores de tenesmo convém: arn., bell, n. vom. Para as dores tensivas nas articulações convém: caust., bry., lyc, sep., can., sulphr. THRÜMBO DOS BEIÇOS. Tumorzinho duro, conico, roxo, nos lábios, formado por um derramamento de sangue. Arnica. 'ãiuaya occidentalis. » Caracter physiologico. A thuya exprime o temperamento sangüíneo ner- voso. Este medicamento é um anti-syphilitico. %SM DICCIONARIO Tempo de acção. 0 seu máximo de acção é de 30 dias. Medicamentos a seguir-se. Depois da thuya convém : nitr., ac, puls., staph. Antídotos. Camph., merc, puls., sulph. Concordância em symptomas. Merc, sulph., rhus. Exacerbações. Moderam-se com : bry., hepar, puls., sep., sulph. Symptomas geraes que desenvolve a thuya oce Repuxamento nos membros e nas articulações.— Es- talos nas articulações e na extensão da parte de alguns membros e de alguns músculos. — Dores ardentes e pul- sativas, corao se as partes soffredoras estivessem ulce- radas. — Inchação inflammatoria, com vermelhidão.— Tremura de alguns membros. — Ineommodos depois de haver aquecido, bebido chá ou comido alimentos gordos, ou sebolladas. — Dormeneia fácil dos membros, prin- cipalmente de noite ao acordar.— Os symptomas ag- gravam-se geralmente depois de meio dia para as três horas da manhã ; impedem de dormir á tarde. — Muitos dos symptomas aggravam-se no repouso, e pelo calor, principalmente na cama, e alliviam com o movimento, com o frio e a transpiração. — Muitos symptomas pa- recem manifestar-se principalmente do lado esquerdo. — Dureza e peso geral em todo o corpo, principalmente nas espaduas e nas coxas. — Fraqueza physica, com ple- nitude das faculdades moraes.—Repuxamento freqüente da parte superior do corpo. —Effervescencia violenta do sangue, de noite, com pulsação em todas as artérias, aggravadas pelo movimento, alliviadas estando assen- tado. ■— Medo do movimento. Indicação therapeutica. Cancro do utero — dartro — febre intermittente-— gonorrhéa —hysteria — ozena — prosopalgia — rheuma- tismo — sycosis — verrugas. Oi: Mi.DIClNV, im TENHA DA CABEÇA. Erupção chronica apropria do couro cabelludo, que consiste em eseamas e codeas. cuja reunião fôrma uma tampa espessa e feia, que toma parle, ou o total da cabeça. Aos symptomas particulares de cada espécie de tinha se ajuntam os que são 'communs a Iodos, taes como os seguintes: dores nocturnas, ás vezes violentíssimas, miúdos abscessos na espessura do couro cabelludo, ca- bida dos cabellos que mais para diante são substi- tuídos por tufos laneginosos; engorgitamento lym- phatico das glândulas do pescoço e sovacos; inchação das parles exteriores das orelhas, palpebras, e em muitos casos diminuição de gordura ; demora sensível no desenvolvimento dos órgãos genitaes. Baryta aceiica. Havendo tinha humida na cabeça. Calcarea carbônica. Havendo tinha humida e secca na cabeça. Calcarea sulphurata. Havendo placas e crostas dolo- rosas ao tacto sobro o couro cabelludo, na face e nuca. Coceira no couro cabelludo, e calvice de muitas partes da cabeça. Graphites. Havendo tinha humida na cabeça, sobre- tudo no alto delia. Graphites e phosphorus. Havendo linha secca na ca- beça . Lycopodium. Havendo tinha humida na cabeça, cora excoriação nas coxas. Lycopodium e hepar sulphuris. Havendo tinha humida na cabeça complicada de otorrhea fétida e de dysecea. Okander. Havendo tinha humida na cabeça, com grande comichão, e picadas depois de arranhar. Psorium. Havendo tinha na cabeça e na face. Rhus. Havendo tinha geral na cabeça ; crostas grossas, que destillara pus esverdeado, forte comichão noc- turna Rhus. Havendo tinha que principia por vesiculas; arrebentam estas e purgam em fôrma de codeas ama- rellas. Rhus, sulphur e calcarea carbônica. Staphysagria. Havendo tinha humida com corrimento de pús íétidissima e inchação das glândulas do pes- coço. Sulphur contra a tinha secca e algumas vezes também contra a tinha humida e fétida Sulphur e graphites. D. u. 70. 55 i D1CCI0NARIÜ TOPH1.—Concreções tophaes. (Inchaçõesduras eape- dradas na superfície dos ossos.) Indicação therapeutica. Mercúrio e belladona. Havendo topho do osso frontal, complicado de ulceras do paladar. Phosphoro. Havendo muitos tophos nos ossos da cabeça e na clavicula, com dôr sensível quando se apertam com alguma forca. TRACHEÍTE.—Angina trachial, Dôr e calor, ineommodos no canal da respiração, com constrangimento da respiração, alteração da voz, tosse e escarros mueosos raais ou menos abundantes, com de- glutição livre ; a dôr é na parte inferior do pescoço ; voz aguda e respiração dolorosa. Indicação therapeutica. Calcarea sulphurata. Havendo febre continua ; respi- ração diílicil e curta ; voz rouca ; tosse forte e secca , dôr cujo assento é invariável. Spongia. TRISMO. Espécie de tétano parcial formado nos músculos e levanta dores da maxilla e nos deduetores dos lábios. Indicação therapeutica. Angustura e belladona. Cicuta virosa. Convém em um rapaz em conseqüência de resfriamento. Mercurius. Havendo trismo inflammatorio com in- chação do angulo direito da maxilla inferior e tensão dos músculos do pescoço até á nuca. TUBERCULOS INFLAMMATORIOSque apparecem no rosto.—Combate-se com : bell,hep. s., sulph., puls. lach. TUMOR BRANCO. — Engorgitamento lymphatico das articulações. Indicação therapeutica. Iodina. Havendo tumor branco em começo. TUMOR DO JOELHO. Indicação therapeutica. China, sulphur, calcarea carbônica e silicia: cura com- pleta. Havendo pernas curvadas na articulação do DE medicina. 55o joelho; ulcera na curva das pernas em um menino de oito annos. Não pôde andar senão em moletas. Iodina. Havendo tumor inflammatorio do joelho; inchação rubro-dura do joelho, cora conductos fistulosos mui vermelhos, e febre. Silicia, calcarea carbônica e staphysagria. Havendo joe- lhos inchados e dobrados; a maior inchação é nas faces lateraes da parte de detrás. Sulphur, ajudado ãenatrum muriaticum. Havendo vio- lentíssima dôr no joelho esquerdo, em um menino de cinco annos, considerável inchação do joelho e da parte da coxa, impossibilidade de dobrar e de estender a perna. TUMORES LYMPHATICOS. Indicação therapeutica. Para os tumores brancos convém: ant. crud., silic, bry., lyc Para os tumores heraatoides ou varicosos convém: ars., carb. an. e veg., plwsph. Para os tumores medulares ou encephaloides con- vém : carb. anim., phosph., thuya. Para os tumores ardentes convém: bry., ars., lyc, phosph., sulph. Para os tumores de um azul carregado convém : ars., lach., puls. Para os tumores duros convém : bry., phosph.,puls., rhus. Para os tumores com dores lancinantes convém : bry., caust., puls. Para os tumores hydropicosedematosos convém: ant. crud., ars., bry., chin.,hell, puls., silic, sulphr. Para os tumores inflammatorios convém: bry., merc, puls. Para os tumores pallidos convém : bry., lyc. Para os tumores esponjosos convém : ars., lach., silic. TOSSE.—Expiração violenta, curta, freqüente, sonora, muito incommoda, proveniente da irritação da mem- brana muscosa tracheo-bronchial. Indicação therapeutica. Acidum phosphoricum. Havendo tosse cora expectoração puriforme e dôr no peito. Acidum sulphuricum. Havendo tosse com expectoração sanguinea. 556 DICC10NAR10 Aconitum. Havendo violenta tosse, continua, com risco de suffocação á meia noite, que força o enfermo a erguer-se: aperto ná tracbéa ; face côr de papoula, pulso freqüentíssimo. Âmbar. Havendo tosse secca c espasmodica. Ammonicum carbonicum. Havendo tosse secca e chro- nica. Ammonicum muriaticum. Havendo tosse com expec- toração pouco copiosa. Arsenicum, auxiliado de stannum. Havendo tosse phtisica, com expectoração de matéria amarellada, de máo gosto e máo cheiro, falta de respiração ao andar ; magreza, faces côr de papoula. Arsenicum. Havendo tosse espasmodica, principal- mente de tarde e á noite dormindo, que obriga o doente a sentar-se na cama. Belladona. Havendo tosse em uraa criança de um anno, com calor, sede, gemido, face vermelha e inchada. Belladona. Havendo tosse espasmodica nocturna, secca, que volta todos os dias â meia noite. Belladona. Havendo tosse espasmodica secca com ce- phalalgia insupportavel ; o fallar, o andar, a luz forte, o mais pequeno movimento aggravam os symptomas. Belladona. Havendo tosse phtisica nocturna em um menino escrophuloso, com progressiva diminuição de •forças. Belladona. Havendo tosse nocturna secca, que dura muitas vezes uma hora. Bryonia. Havendo tosse secca, oppressão de peito e peso na cabeça. Bryonia. Havendo tosse espasmodica, sobretudo de- pois de comer, de noite e á tarde. Bryonia. Havendo tosse secca com dôr de quebra- mento debaixo das falsas costellas. Calcarea carbônica. Havendo tosse chronica com rouquidão. Carbo vegetabilis. Havendo tosse chronica com expec- toração mucosa e fácil. Chamomilla. Havendo tosse de manhã e á noite, com cocega na cavidade da nuca. China. Quando começa por uraa espécie de gargarejo debaixo do esterno, semelhante ao que produziria um amontoamento depituita. Conium maculatum. Havendo violenta tosse secca, com telillação na garganta, movimento febril á noite. Conium. Havendo toss^e secça e, fatigante, com, vô- mitos. DE MEDICINA. 557 Drosera. Havendo tosse c rouquidão em conseqüên- cia do sarampo. Ferrum aceticum. Havendo tosse depois de comer cora vomito de alimentos. Hepar sulphuris, calcareum. Havendo tosse chronica com abundante expectoração mucosa, magreza e fra- queza geral. Hyosciamus. Havendo tosse espasmodica que começa pouco depois de deitar, e atura até pela manhã, acom- panhada de expectoração mucosa. Hyosciamus. Havendo muitos accessos de tosse de noite; a criança fica com a face vermelha quando tosse ; suspende-se-lhe a respiração ; vomita muco branco. Ignatia. ajudada de spongia, stannum, china e ipeca- cuanha. Havendo tosse secca, acompanhada de dores no baixo ventre. lodina. Havendo tosse acompanhada de dores no peito e de expectoração sangüínea. Ipecacuanha. Havendo tosse secca, freqüente, com nenhuma ou mui pouca expectoração ; nariz entupido, com peso na cabeça ; náuseas e vomito. Ipecacuanha. Havendo breves accessos de tosse vio- lenta e abalante, acompanhada de expectoração que se accelera com rapidez e continuidade taes que im- pedem a respiração em meninos doentes. As mais das vezes são acompanhadas de vomitozinhos. Ipecacuanha. Havendo tosse suffocante. Ipecacuanha. Havendo tosse secca, espasmodica, fati- gante, excitada por uma irritação ou cocega continuas no larynge. Ipecacuanha. Havendo tosse matutina, secca, que vem logo ao sahir de casa para o ar livre. Ledum palustre. Havendo violento accesso de tosse com rigidez do corpo e espécie de episthotonos. Lycopodium. Havendo tosse phtisica. Mercurius solubilis. Havendo tosse secca e comichosa havia seis mezes, em conseqüência de uma affecção inflammatoria do peito; expectoração mucosa pouco abundante; respiração forçada ; a garganta parece excoriada; vermelhidão das amygdalas e das partes molles do paladar, dysphagia. Mercurius solubilis, ajudado de china. Havendo tosse espasmodica. Nux vomica. Havendo tosse acompanhada de vomito; grande fraqueza; calor e suor; ardente sede e pouca appetite, 558 DICCI0NARI0 Nux vomica. Havendo tosse comichosa com titillação por baixo do larynge. Nux vomica. Havendo tosse com expectoração pi- tuitosa, sobretudo á noite e de manhã; oppressão do peito ; lassidão. Psoricum. Havendo tosse secca, violentíssima; op- pressão do peito ; dôr de excoriação no peito. Pulsatilla. Havendo tosse espasmodica, principalmente á tarde e á noite, com cocega na trachea aderia, op- pressão de peito e pulsação do coração. Pulsatilla. Havendo tosse catarrhal chronica com dis- posição para se mudar em phtisica ; expectoração mu- cosa, abundantíssima ; magreza e fraqueza geraes. Pulsatilla. Havendo tosse com expectoração pouco abundante, acompanhada de vomitozinho e vomito de algum muco que é inteiramente amargo no fim do accesso. São os symptomas mais fortes de noite e de manhã. Pulsatilla. Havendo tosse matutina forte, com vomi- tozinho, affluencia de água na bocca, vontade de vo- mitar e expectoração de muco branco amarellado. Pulsatilla. Havendo violenta tosse com muita espe- ctoração, e dores no peito que atormentam o padecente noite e dia, elhe não dão socego. Rhus. Havendo tosse com expectoração sangüínea. Sambucus nigra. Convém na tosse phtisica depois de haver bebido cousa fria. Sepia. Convém na tosse de uma criança. Stannum. Convém na tosse phtisica : violenta de dia ede noite, com copiosa expectoração esverdeada, de gosto adocicada e desagradável; são os accessos da tosse seguidos de sensação de excoriação no peito; grande lassidão. China para a titillação no larynge e fraqueza. Stibium tdrtaricum, alternado com china. Convém no tossimento pertinaz, continuo, breve e secco; sen- sação dolorosa debaixo do externo; continua irritação, que parte do lugar doloroso ; magreza. Sulphur. Convém na tosse secca em conseqüência de pneumonia, principalmente de manhã; vêm os accessos da parte inferior do peito ; respiração curta quando ca- minha ; dores nos membros, e grande lassidão. Sulphur. Convém na tosse breve, que tolhe o somno nocturno, sem expectoração ; pressão e tenção no ex- terno. Sulphur. Convém na tosse secca, abalante, em conse- DE MEDICINA. 551) quencia de pneumonia com suor nocturno que esfalfa o doente. Verbascum. Convém na tosse rouca, secca, catarrhal, principalmente á tarde eá noite; a criança entretanto não desperta com os accesso da tosse. TOSSE FERINA (convulsiva).—Coqueluche. Indicação therapeutica. Aconitum. Convém uma dose todos os dias até sarar. Aconitum seguido de conium. Aconitum, hepar sulphuris e china. Arnica. Convém principalmente se a tosse vem depois de se haver chorado. Belladona. Convém na coqueluche com convulsões e risco de suffocação. Belladona. Convém quando ha rouquidão,febre, e ver- melhidão da face. Belladona, china e conium. Bryonia. Convém na coqueluche, principalmente depois de comer, com vomito dos alimentos efaltade respiração. Cuprum metallicum. Cluimomilla. Convéra no primeiro periodo. China. Convém na coqueluche com febre, copiosa ex- pectoração e violenta oppressão do peito. China. Convéra na rigidez do corpo durante os accessos. China. Quando é accesso seguido de uma espécie de cacarejo no esophago. China. Convém nas eólicas do ventre, e necessidade de metter o dedo no nariz. China. Convém se depois do uso de drosera a tosse conserva ainda por longo tempo violência particular, e abala todo o corpo. Conicum. Convém no caso em que a tosse ainda volte de noite por accessos. Conicum ou sepia e sulphur. Convém nos symptomas psoricos, erupções pustulosas e tinha na cabeça. Drosera. Convém no periodo convulsivo : a admi- nistração de drosera muda a tosse ferina em tosse ca- tarrhal. Drosera, na alternada com nux vomica, ou com china. Dulcamara. Iodina, se os accessos são precedidos de ancias. Ipecacuanha. Magnesia muriatica, Convém na antrexia, -'iliO DÍCCIONARIU Mercurius solubilis. Havendo dejecções diarrhaica:; verdes. Nux vomica. Gonvém no periodo catarrhal.—Este re- médio, usado alternadamente cora drosera, convém, principalmente se as crianças tossem muito de manhã, e se ha constipaçâo e vomi tozinhos. Opium. Pulsatilla. Nos casos, em que a tosse, com expectoração mucosa muito abundante, haja excedido a coqueluche. Pulsatilla. Convém quando as crianças padecem, espe- cialmente de noi te ; accessos de tosse secca, diminuídos pela postura de estarem sentadas no leito; a tosse vera acompanhada de vomito de mucosidades ou de alimentos. Rhus. Convém na expectoração sangüínea. Sulphur, depois de inútil ensaio da drosera e china. Havendo tosse ferina, complicada de constipaçâo e de engorgitamento das glândulas. Tabacum. Havendo tosse acompanhada de violento soluço. Veratrum. Convém no periodo convulso mui adian- tado: produz rápida cura, quando a tosse é sem vo- mito; se pelo contrario o vomito fôr violento, elle o diminue, e bastará então drosera para terminar a cura completamente. TOSSE NOCTURNA. Indicação therapeutica. Belladona, calcarea, chamomilla, china, conium, drosera, hyosciamus, ignatia, kali, lycopodium,pulsatilla, sulphur e verbascum. TOSSE SUFFOCANTE. Indicação therapeutica. Sulphur^ ajudado de silicea, kali carbonicum. A respiração se suspende, súbita á noite ao deitar ; sobrevêm vio- lentíssimo accesso de tosse, que obriga o doente a saltar para fora do leito; respiração sibilante. Para a tosse em geral convém: ars., bry. , cale , puls., phosph., sep., stann., sulphur. Para a tosse com expectoração convém: ars., cale', lyc, phosph., puls., sep., stann. Para a tosse sem expectoração convém :acon., ipec, phosph., spong. Para a tosse com expectoração durante o dia so- mente convém : sep. DE MEDICINA. £>6i Para a tosse com expectoração pela manhã convém : bry., carb. veg., hepar, phosphr. , puls. , silic. , sep., sulphur., ac. CÔR DOS ESGARROS. Se a expectoração ô branca convém: lyc, scp*\ Se pardacenta convém:, ambr., lyc. Se esverdinhada convém: puls. CHEIRO. Se a expectoração é fétida convém :cale, natr,< GOSTO. Se a expectoração ê de gosto ácido convém : calc9 nux vomica, phosph. Se amargo convém : cham., puls. Se adocicado convém : phosph. Se salgado convém: ars., phosph., puls., sep. QUALIDADES. Se a expectoração é mucosa convém: ars., cale, chin., lyc, phosph. Se purulenta convém: cale, chin., cann., kali, lyc, phosph., sep., silic. Se viscosa ou espessa convém: stann. TYMPANITE CHRONICA. _ Inchação do ventre, produzida pela accumulação de gazes no canal digestivo ou no peritoneo. Indicação therapeutica. Colocynthides. Havendo tympanite chronica cora eólicas periódicas. ITT CFRA Dá-se este nome às soluções de continuidade, muitas vezes determinadas e sempre consideradas por alguma causa interna ou vicio local. d. m. 71 r5G£ DICCTONARTO Indicação thcrapeutiea. i Arsenicum. Havendo ulceras ichorosas no pescoço, peito, face, ante-braços e mãos, com ardentes dores insupportaveis, calafrios, insomnia, diarrhéa amarel- lada, lassidão. Belladona. Havendo tumefacção na face, que começou por efflorescenciazinha. Carbo vegetalis. Havendo ulceras com ardente dôr. Lycopodium. Havendo ulceras no pescoço. Silicea e sulphur. São os principaes remédios contra as ulceras. ULCERAÇÃO DO NARIZ E DO BEIÇO SUPERIOR. Indicação therapeutica. t Nitrum muriaticum. Convéra em uma criança es- crophulosa.—Mercúrio, calcarea. ULCERA CARCINOMATOSA .(cancerosa). Indicação therapeutica. Arsenicum, silicea, mercúrio. ULCERA DA CORNEA. Indicação thcrapeutiea. Euphrasia. Havendo ulcera da cornea em conseqüência de ophthalmia rheumatica. Calcarea, mercúrio. Rhus. Convém na ophthalmia escrophulosa. ULCERA NA PERNA. Indicação therapeutica. Carbo vegetalis. Havendo ulcera no osso tibia es- querdo; a superfície da ulcera estando negra, sulpkur\ não havendo produzido melhora sensível. Lachesis. Havendo ulcera por cima da cavilha, rodeada de varices. Lachesis, ajudado de silicea. Havendo ulceras fétidas nas duas pernas, purgando ichor liquido, com symptomas dyspepticos. Lachesis, externamente. Havendo ulcera livida, do- lorosissima. Lachesis. Havendo ulcera na perna, de aspecto mui sujo. r DE MEDICINA. 563- Lycopodium. Havendo-ulcera fétida, suja, com bordas calosas, dores fortissimas e ardentes. Pulsatilla, belladona e baryta acetica. Havendo ulcera produzida pela rotura de uma varice, com abundante purgação de um humor pardo, e bordos ardentes. Silicea. Havendo ulcera redonda na extremidade supe- < rior do osso tibia: funcho sujo, vermelho-azulado; abundante secreção de humor inodoro, liquido e san- guinolento, dores pungentes na ulcera. ULCERA FUNGOSA. indicação therapeutica. Sulphur e silicea. ULCERA NO JOELHO. Indicação therapeutica. Silicea, kali e china. Havendo rigidez e curvatura do joelho. ULCERA NOS BEIÇOS. Indicação therapeutica. Arsenicum. Havendo ulcera no lábio inferior, com fundo côr de toucinho. Nux vomica, ajudada de conium. Havendo ulcera in- dolente nos ângulos da bocca. Silicea. Havendo ulcera com endurecimento cartila- ginoso do lábio superior. ULCERA NA LINGUA. Indicação therapeutica. Mercurius vivus, belladona. ULCERA MERCURIAL. Indicação therapeutlea. Sulphur, aurum. arsênico. ULCERA NA BOCCA. Indicação therapeutic». Mercurius vivus, belladona. 5G4 D1CGI0NARI0 ULCERA NÒ PE'. Indicação therapeutica. Arsenicum. Havendo ulcera gangrenosa no grande artelho. Bryonia, rkus, china e sulphur. Graphites e bryonia. Havendo inchação vermelha azu- lada e quente era roda da cavilha: no peito do pé, ulcera fétida, com bordas callosas, dores pungentes, lancinantes, e secreções de pús iqhoroso. Graphites e lycopodium. Havendo ulcera na articulação do pé esquerdo, com abundante secreção de ichor; dores cora comichão, picadas e constipaçâo. Silicea. Havendo ulcera no peito do pé, comexcres- cencia carnosa, luxuriante e mui fungosa. ULCERA PHAGEDENIGA. Indicação therapeutica. Silicea, phosphorus, sulphur, arsenicum, sepia e cal- carea. Havendo ulcera roedôra na testa, que ataca até o osso frontal e os do nariz, com dores esteocopaes intoleráveis. ULCERA PSORICA. Indicação therapeutica. Sulphur, lycopodium. ULCERA PÚTRIDA. Indicação therapeutica. Arsenicum e carbo vegetabilis (este ultimo exterior- mente). Havendo ulcera cinzenta, azul, que destila ichor fétido; fragmentos de pelle morta se separam da ul- cera. Silicea. Havendo ulcera com fistulas ulcerosas que vão ter aos ossos; destilação de ichor fétido, sançruinolento e sórdido; parceiras mortas do tecido cellular se des- pejam da ulcera. ULCERA VARICOSA. Indicação therapeutica. Sulphur e silicea. Havendo ulcera de bordas levantadas, de circumfercncia rubra e porosa, inchação da barriga DE MEDICINA. 565 da perna ; vermelhidão da parte inferior da perna, ati- lando muito para azul carregado. Lachesis. Para as ulceras era geral convém: ars., assaf., hepar, lach., lyc, merc, puls., silic, sulphr. CÔR DAS ULCERAS. Se a côr das ulceras é esbranquiçada convém : lach. Se denegrida convém: ars., secale com. Se cora manchas brancas convém: lach. SLA FÔRMA E QUALIDADE. Se as ulceras são atônicas convém: ars., cann., lyc. Se cancerosas convéra : ars., silic., sulphr. Se crostostosas convéra : cale, lyc, silic, sulphr. Se duras convém : bell, lyc, puls. Se íistulosas convém: cale, lyc, silic,puls. Se entomecidas convém: bell., merc, puls., sep., aulphr. Se difficeis de sarar convém : hepar, silic Para as ulceras inílammatorias convém : acon., ars., hepar, merc, silic. Para as ulceras lordacias ou atoucinhadas convém : merc. Para as ulceras corrosivas convém : ars., lyc, sep. Para as luxuriantes convém : ars., sep., silic Para as ulceras chatas convém : lach., merc, sep. Para as profundas convém : cale, puls., silic. Para as pútridas convém : hepar, merc, silic Para as que sangrara convém: ars., kali, lach., sulph. Para aesphacelosa coDvém : ars., Idch., plumb., secale com. Para a esponjosa convém: ars., carbo anim., lach., silic Para as que repuxam convém: cann., puls., lyc , sulphr. Para as sensíveis e dolorosas convém: arn., assaf., hepar. , , , Para as insensíveis e indolentes convém: lyc, phos- ph. ac. . Para as que a dôr éardente convém: ars., caust., lyc, merc, rhus, silic. Para a que doe e coca convém: puls., hepar, lyc, silo. 566 DICCI0NARI0 Para as que doem e lancinam convém: ars., merc, nitr. ac, puls., silic, sulphr. Para a que doe como se estivessem formigas convém: am-, rhus., sep. ' Para a que doe como se estivesse roendo convém: bell. Para a ulcera que doe em fôrma de suppuração convém: phosph., puls., silic. BORDA DAS ULCERAS. Para a que o bordo é ardente convém: ars., lyc'., merc, silic. Para o bordoelevado eduro convém: «rs., silic, merc. Para o bordo elevado einchado convém: ars., assaf., hepar, merc, silic. Para o bordo lancinante convém: ars., merc, silic. Para o bordo esponjoso convém : silic. Para a ulcera de bordo sangrento convém: phosph., puls., silic. CARACTER DA CIRCUMFERENCÍA DAS ULCERAS. Se pela circumferencía das ulceras existem empolas convém: lach. Se ha comichão convém: hepar, puls., silic. Se dôr ardente convém : puls. Se lancinante convém : assaf., puls. Se está dolorosa e sensível convém : assaf., lach., puls. Se ha dureza convém: assaf., lach., puls. Se ha vermelhidão convém'- ars., hepar, puls. CARACTER OU QUALIDADE DO PUS. Para a suppuração das ulceras em geral convém:• assaf., caust., hepar, merc, puls , rhus, silic. Para o pús aquoso convém : caust., merc. • Para o pús copioso, abundante convém: puls., sep. Para o pús pardacento convém : caust. Para o pús fétido convém : hepar, phosph. ac, sulph. Se de um cheiro ácido convém : hepar. Se amarellado convém: puls. Se liquido convém : assaf., caust., merc. • Se está em pouca abundância convém: cale, lach*, merc, silic. Se éavermelhado convém : ars., caust., merc, rhus, silic., assaf., hepar. DE MEDICINA. 567 : Se é sanioso convéra : ars., carb. veg., merc, nitr. ac rhus silic ÜRETRITE.—Inflammação da uretra. Indicação therapeutica, Petroselinum, mercúrio, sulphur. Para a inflammação da bexiga convém: canth., hyosc, lyc, n.vom., puls., ruta. Para as urinas pallidas convém: cann., nitr., phosph. ac. Para as urinas carregadas convém : ant. crud., bell, bry., coloch., merc, veratr. Para a urina esverdeada convém: camph. Para a urina leitosa : phosph. ac, aur., cina. Para a urina turva convém: cina., cann., merc, sabad., bry. Para a urina sanguinolenta convém: canth., puls. Para a urina purulenta convém : canth., clemat. Para a urina mucosa convém : natr. mur., puls. Para a urina viscosa convém : cale Para a urina amoniacal convém : assaf., mosch. Para a urina ácida convém: merc. Para a urina fétida convém: dulc, carb. veg., phosph, ac. Para a urina acre convém : hepar, merc. Para a urina quente convém : ars., canth., hepar. Para a sedimentosa: canth., cale, lyc, phosph. ac, puls., sep., valer., zine Para o desejo de urinar sem podel-o fazer, convém: bry., caust., phosph. ac, n. vom., puls., sabin., salsap., scill, staph., sulphur. Para o desejo de urinar, sem resultado, convém : canth., dig., salsap. Para a emissão pouco abundante convém : canth., calve, graph., bell, rutas., taph. Para a emissão pouco abundante convém : agar., mur. ac, rhus., scill, spig., verb. ( Para a emissão mui freqüente convém : arg., caust., merc, nitr., rhus., scill, staph. Para a emissão mui acre convém : canth. Para a emissão gotta á gotta convém: canth., camph., sulphur. . Para a emissão interrompida convém: ciem., conn. , Para a emissão involuntária convém: caust., puls.* rh us. 508 DICCIONAR10 Para a emissão involuntária á noite na cama, convém: bell, puls., rhus, silic, sulphur. Para a retenção de urina convém : arn., canth., lyc, stram. URINA. E'um liquido mui composto, que os rins se- gregam, e desce pelos ureteres para a cavidade da bexiga, onde se demora mais ou menos tempo, até ser expellida pelo canal da uretra. Sua composição varia conforme a idade do indivíduo, a demora na cavidade vesical, e estado mórbido dos rins e da bexiga. O curativo dos pa- decimentos das urinas é o seguinte: Para as urinas pallidas, convém: cann., nitr., phosph., ac. Para as urinas carregadas, convém : ant. crud., bell., bry., coloch., merc, veratr. Para a urina esverdeada, convém : camph. Para a urina leitosa, convém : phosph. ae, aur., cina. Para a urina turva, convém: cina., cann., merc, sabad., bry. Para a urina sanguinolenta, convém : canth., puls. Para a urina purulenta, convém: canth., clemat. Para a urina mucosa, convém : natr. mur., puls. Para a urina viscosa, convém : cale Para a urina ammoniacal, convém : assaf., mosch. , Para a urina ácida, convém: merc. Para a urina fétida, convém: dulc, carb. veg., phosph. ac. Para a urina acre, convém : hepar, merc. Para a urina quente, convém: ars., canth., hepar. Para a sedimentosa, convém : canth., cale, lyc, phosph. ae,puls., sep., valer., zine Para o desejo de urinar sem podel-o fazer, convém: bry., caust., phosph. ac, nux vom., puls., sabin., salsap., scill, staph., sulph. Para o desejo de urinar, sem resultado, convém: canth., dig., salsap. Para a emissão pouco abundante, convém: canth., cale, graph., bell, ruta, staph., agar., mur., ac, rhus, scilla, spig., verb. , Para a emissão mui freqüente, convém: arg., caust., merc, nitr., rhus., scill, staph. Para a emissão mui acre, convém: canth.. Para a emissão gotta a gotta, convém : canth., camph., sulph. Para a emissão interrompida, convém: ciem., con. Para a emissão involuntária, convém: caust., puls., rhus. DE MEDICINA. 5GÜ Para a emissão involuntária à noite na cama, convém: bell, puls., rhus, silic, sulph. Para a retenção de urina, convém: arn., canth., lyc, stram. URTICARIA FEBRIL. Erupção cutânea semelhante á que produz o contacto dasudigas, com cocei rase picadas. Tera a singulari- dade de parecer que as placasse somem com o calor e voltam com o fresco: febre maior ou menor acompa- nha a urtiearia febril. Indicação therapeutica;. Aconitum e nux vomica. Havendo oppressão do peito, respiração curta e pelle quente. Dulcamara, corao remédio principal. URTICARIA CHRONICA. Indicação therapeutica. Merc, sulph., lycop., c mais que tudo arsenicum. V. VARICELLA OU BEXIGAS DOUDAS. Moleslia caracterisada por uma erupção de pustula- zinhas semeadas por toda a superíicie do corpo, e que mostram alguma analogia comas da bexiga. Começa por febre, que cessa no fira de doze a vinte e quatro horas, qnando apparece a erupção. Esta vem debaixo de duas differentes fôrmas : ora como botõeszinhos agudos , cheios de liquido, a principio, claro, turvo depois, que seccam ecahem de três ou quatro dias; ora como pústulas mais largas, algumasdasquaes com depressão central, sua deseccaeão e queda são mais lentas, porque só se realizam passados seis ou sete dias. Uma e outra não deixam no tecido da pelle signal de haverem existido e não sccommunieam senão por inoculação. Todos estes caracteres as distinguem das bexigas ou variolas. (Yid. varíola). Isidicaèão therapeutica. Aconitum, antimonium crudum, mercurius sútibilis, e sobretudo pulsatilla na varicella ponteaguda. D. M. 72. 570 DICCI0NAR10 VERMES OU LOMBRIGAS. Indicação therapeutica. Para combater os vermes intestinaes os melhores me- dicamentos são: cin., acon.,sulphur. VARÍOLA ou rexigas. Febre, manchas vermelhas que se mostram no fim do terceiro dia da febre, se levantam em três dias e for- mam pústulas. Duram estas três dias em suppuração ; sce- cam no sétimo dia depois da erupção (undecimo da moléstia), e formara crostas (cascas). Tal é a marcha de cada pústula; como', porém, a erupção se faz em três dias seguidos, e como cada pústula corre todos os perío- dos, não pôde a enfermidade terminar pela secca geral senão no dia quartozeno. E' este o quadro da bexiga nor- mal, benigna e não complicada. Por quanto as modifi- cações e complicações desta moléstia grave, se fôr mis- ter, oceorrer-se-ha em todos os casos á pessoa da arte. Indicação therapeutica. Aconitum, belladona, arsenicum, mercurius no periodo da suppuração e para a diarrhéa. Aconitum, nux vomica e mercurius solubilis. Aconitum,pulsatilla e mercurius solubilis. Sulphur. (0 Dr. Rosetal, em Leipzig, affirma que este remédio dá um curso benigno c favorável ás bexigas.) Vaccina, variolina. VENENO é toda a substancia que, posta em contacto com os tecidos orgânicos, os inflamma ou corroe. O enve- nenamento pois é a reunião de effeitos que as substancias venenosas desenvolvem era qualquer parte do corpo em que se pôz em contacto. Para se combater as substan- cias venenosas aqui as mencionamos e os antídotos conhecidos que são: Venenos. Contra-venenos. Arsênico, e suas prepara- ções................... Sulphureto de potassa, de soda, clara de ovo, água de cal — 1 oitava diluída em 6 onças d'agua. Sublimado corrosivo, e pre- parações mercuriaes--- Clara de ovo, leite. Antimonio, e suas prepara- ções ................... Infusão de noz de galha, cozimento de quina, de casca de carvalho. DE MEDICINA. 571 Veneno. Contra-veneno. Preparações de estanho___Leite, e os mucilaginosos. Cobre e suas preparações. . Clara de ovo, leite e garapa de assucar. Preparações de zinco......Magnesia calcinada—IO grãos á 1 oitava. Preparações de chumbo.... Sal de cozinha. Alcalis cáusticos.......... Sulphato de soda, de mag- nesia. Ácidos concentrados......Magnesia calcinada, água de cal, água de sabão mui diluída. Preparação de baryta......Sulphato d3 soda, de mag- nesia, ou depotassa. Preparação de ouro de bis- rauth..............___ Clara de ovo, leite. Nitro.................... Garapa de assucar morna, leite. Phosphoro...............Muito alimento, e logo depois fazer vomitar o doente. Iodo.....................Magnesia. Ópio e suas preparações...... Fazer vomitar, e depois café, e ácidos vegetaes. Ácido prussico............ Vomitorio forte, depois água ardente, óleo vo- látil de terebinthina 10 a 30 gottas misturadas em assucar. Cicuta. Belladona. Helleboro. Tabaco. . Gogumellos, etc.......... Fazer vomitar, e depois be- bidas eraolientes, laxan- tes brandos. Canlharidas.............. Azeite doce, leite, xarope de ulas Escriptu- rus Sanlas. _ 2 _ Luiz de Camões levantando o seu monumento ou a Historia de Portugal justificada pelos Lusíadas, ivol............................................... 20000 Os Túmulos, poema pelo Visconde da Pedra Branca, publicadoe commentado pelo Dr. Mello Moraes... l#00ú Biographia do Dr. Manoel Joaquim de Menezes...... lífOOO Biographia do Senador Diogo Antônio Feijó......... 1#000 Propaganda HomreopSthica de João Vicente Martinse do Dr. MellQ.fjloratís. na Bahia, 3 vols.............. 6#000 These sobre os senti uemos moraes, que sustentou para obter o gráo de doutor em medicina na Bahia, lvol. em 4.°, com 56 pags......................... 2#000 Apontamentos Biographicos do Barão de Cayrú, con- tendo a historia circumstanciada do casamento de Sua Magestade o Imperador o Sr. D. Pedro II, onde são publicados os documentos diplomáticos e reser- vados que houveram durante a sua negociação...... 28000 Biographia do Conselheiro Joaquim Marceli ~> de Brito, 1 vol. em 8.°...........<.i.................. 1#000 Necrologia do Senador Diogc Antônio Feijr )in o retrato, lvol. em 8.°............................. 2#000 Corographia Histórica, Chronographia, Genealogica, Nobiliaria e Política do Império do Brasil, 5 vols. em 8.°, já publicados, sendo 4$000 cada volume..... 20#000 Brasil Histórico, 4 vols............................... 48$000 Uma Hora com Deus................................. lflOOO A Posteridade........................................ lgOOO Quadro Analytico de Grammatica da Lingua Portu- gueza .......................... lflOOO » » de Bethorica..................... 1#000 » » de Arte Poética................... 1S000 » » de Mythologia................... lgOOO Diccionario de Medicina e Therapeutica Homceopa- thica, 1 vol encadernado........................ 12$000 Historia do Brasil-Reino e Brasil-Imperio, 1.° vol..... 10)5000 O Brasil Social e Político, ou o que fomos e o que somos, com notas do padre Antônio Vieira, 1 vol... 2$000 í /Vi INI3IQ1W d O ABVaail IVNOIIVN INI3I03W IO 11*1111 TVNOUVN 1NI3IQ1W IO ÀKIII1 1» HHTIONAl LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF M INI3IQ1M IO AaVVflll IVNOIIVN 3NI3IQ1W IO A II V I B I 1 TVNOUVN ÍNI3IQ1W IO A ■ V a B I 1 T\ "ATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE NATIONAL LIBRARY OF M IIO AIVIIIT TVMOUVN JNOI01W IO AIVIIIT TVNOUVN ÍNI3IQ1W IO AIVIBII TVNOUVN I /\¥ | . 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