TRATADO PB1TICO DE MEDICINA DOSIMETRICA OU INDICAÇÃO DOS SYMPTOMAS PRINCIPAES DAS MOLÉSTIAS E DOS MEIOS DOSIMETRICOS EMPREGADOS NO TRATAMENTO D'ELLAS Obra destinada aos Srs. médicos ruraes* fazen- deiros e habitantes do campg PELO João pereira da |ilvt Formado em Medicina pela Faculdade da Bahia, Membro titular da Sociedade de Therapeutica Dosimetrica, de Pariz, Membro titular do Instituto Medico-cirurgico, de Pernambuco, Membro titular da Sociedade Medica do Rio de Janeiro, etc., etc., etc. NATURAL DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO PRIMEIRA EDICAO IS'7'7 Vende-se na Pharmacia Especial Dosimetrica de Alves 4C., rua Sete de Setembro n. 54 RIO DE JANEIRO A medicina é uma sciencia eminentemente experimental. Só ao lado do doente podereis julgar das modificações im- pressas ao organismo pelo tratamento. Experimentai a Dosi- metria e julgareis com consciência. DO AUTHOR. me be janeiro TYPOCRAPHIA 00 8SHFWAL «fiTO ARTfêTICO RUA D*AJUDA, 61, CHACARA DA FLORESTA 187*7 A. S. M. 0 IMPERADOR DO BRASIL SENHOR 0 nome de V. M. I., acclamado pelas ruidosas saudações dos sábios e das academias, avulta tanto no mundo scientifico, que é o mais seguro e brilhante amparo, a que aspira o author d'um livro, escripto no intuito de ser util á humanidade soffredora. E' por isso que dedico a V. M. I. este ensaio pratico do sys- tema de medicina dosimetrica. Não é áo monarcha, poderoso representante da soberania d'um povo, porém ao sabio, aureolado com o esplendor das sciencias; ao desveládo e profundo cultor do pensamento - que venho pedir a palavra animadora no meio da luta, que os preconceitos da rotina, os interesses cégos, e até o olvido do bem suscitaram contra a propagação d'um systema de curar, que a theoria e a pratica têm justificado e estabelecido sobre bases inatacaveis. O elevado e grandioso espirito de V. M. I. comprehende que tentei desempenhar uma taréfa assás difficil, as vezes desespera- dora, no meio d'uma sociedade, a qual não crê ainda no valor da própria intelligencia. O honroso apreço, que V. M. I. prodigaliza aos trabalhos intellectuaes, é a unica recompensa dos esforçados lidadores das lettras, das artes e das sciencias. A idéa-esse raio de luz-passa desapercebida aos olhos de povos, que não sabem, ou não querem pensar por si mesmos, Elles não consagram o talento, não provocam as vocações e deixam cahir desalentadas as mais nobres aspirações do pensa- mento. V. M. I. felizmente tem entendido e praticado, como um dos deveres do seo reinado, honrar os homens, que se esforçam em trabalhar pelo desenvolvimento intellectual do paiz. O que mais aspiro é concorrer com o meo livro para o bem dos que soffrem ; a minha remuneração consiste principalmente em ver este systema de curar propagar-se sob a intelligente e gloriosa protêcção do Monarcha, que cinge na fronte illuminada, pela meditação, duas coroas-a da magestade do poder, e a da grandeza da sciencia. Nada mais ambiciono ; medico-tenho aprendido o que vale a natureza humana : reservo, com isenção e independencia, o meo culto e a minha veneração-só á virtude, ao saber, e ao patrio- tismo. Digne-se V. M. I. acceitar este tenue, mas sincero tributo, que rendo ao grande pensador, esperando que este livro mereça sua benevola attenção. Dr. João Raymundo Pereira da Silva Rio de Janeiro, 12 de Dezembro de 1877. AC PUBLICO 0 que é a Dosimetria ? E' o progresso da sciencia luctando com os preconceitos do passado ; E' Fulton arcando com o Instituto de França ; E' Franklin, zombado, menoscabado pelo ce- lebre collegio de Londres; que disse : - Querer desviar o raio, que loucura ! E' Bell e Harvey, guerreados cruelmente pelos médicos do seu tempo ; E' Galilêo arrastado á praça publica pelos padres da igreja, para mentir á sociedade, ne- gando as promessas da Divindade, outorgadas â humanidade, - o progresso indefinido. A chimica, sahida dos cadinhos da alchymia, não poderia negar sua missão civilisadora. Ella tinha a decompor os corpos, até então julgados simples, isolando as matérias inertes dos prin- cípios immediatos, verdadeiramente medica- mentosos. Assim foi descoberta a classe dos alcaloides e glycosides. A chave para abrir os segredos da the- rapeutica estava nas mãos dos médicos ; porém era preciso fazel-a gyrar na fechadura enferrujada IV do grande Templo da sciencia, chamado - Es- colas Medicas. A lucta era hercúlea, ingente, nobre e santa. D'um lado a sciencia com suas promessas ridentes; d'outro lado o passado com todos os seus erros, zombando de Deos, da humanidade e do futuro. D'um lado todos os martyres da sciencia, mos- trando ainda suas feridas sangrentas; d'outro lado os algozes da humanidade, encastellados só na força, com sorriso mofador, zombando de Deos e do progresso. A victoria, apezar de demorada, não será du- vidosa. A verdade è como o oleo, que lançada no mundo, grande oceano da vida, sobrenadará sempre. Mas, quando ella vier á tona d'agua, esse martyr da sciencia terá, por certo, augmen- tado ainda mais o grande numero das victimas do progresso, que, como Saturno, devora sempre todos os seus filhos. Que importa ! O homem tem uma missão sublime na terra - o progresso da familia universal. Cumprindo assim o nosso dever, procuraremos demonstrar- o que é a Dosimetria. Os vegetaes, antigamente eram considerados simples, mas hoje a chimica organica decompoz V esses seres, isolando os corpos inertes dos prin- cípios verdadeiramente medicamentosos. As experiencias clinicas demonstraram à sa- ciedade - que nesses princípios immediatos, os alcaloides e glycosides, se encerrava o poder verdadeiramente medicamentoso de todos os ve- getaes. A chimica organica ainda mostrou - que os vegetaes são susceptiveis de grande alteração, segundo o terreno em que nascem, a idade, epoca da colheita, e processos pharmaceuticos. Dois vegetaes da mesma especie e nome, nas- cidos um ao lado do outro, porém de idade diversa, não são iguaes perante a therapeutica. O mais tenro contém em si maior quantidade de agua vegetativa e menor proporção de prin- cípios immediatos, verdadeiramente medicamen- tosos. Quando o medico formula uma infusão, tin- ctura ou extracto desse vegetal, elle não conhece a força medicamentosa do vegetal formulado. Elle não póde proporcionar a dôse do medica- mento à resistência mórbida. Algumas vezes fi- cará áquem, outras irá alem da dóse medica- mentosa, chegando até à toxicologica. Eis o que ficou demonstrado em uma discussão da Academia Imperial de Medicina de Pariz, a respeito da digital em infusão, tinctura ou ex- VI tracto : - que ella tinha produzido mais de- sastres do que curado doentes. Ora, si em lugar de empregarmos a digital em infusão, tinctura ou extracto, só empregássemos o seu alcaloide, a digitalina, não poderíamos, por certo, correr o risco desse producto infiel e variavel, com o qual não poderemos nunca ma- nobrar facilmente para proporcionar a dóse á intensidade do mal. A Dosimetria, em lugar de empregar no tra- tamento das moléstias os vegetaes, productos in- fiéis, só lança mão de seus princípios immediatos, os alcaloides, ou glycosides, em dóse certa e de- terminada antes pelas experiencias directas. Ella só tem a dóse minima, aquella que to- mada d'uma só vez por qualquer indivíduo, não produz envenenamento, deixando a maxima para ser determinada pela resistência mórbida. O que para um é maxima, póde ser minima para outrem, portanto em Dosimetria deixamos a natureza regular livremente sua economia do- mestica. Neste novo methodo de tratamento empre- gamos também os mineraes de acção definida, abandonando todas as matérias inertes, para li- vrar o organismo d'um trabalho inútil-separar d'essa grande massa uma quantidade minima de principio verdadeiramente medicamentoso. VII Em Dosimetria o strictum et laxum dos an- tigos é a lei suprema da therapeutica. Ha nos orgãos muita tensão, ou frouxidão ; no primeiro caso será preciso diminuil-a, e no segundo aug- mental-a restabelecendo assim o equilíbrio ner- voso. Contra as moléstias agudas empregamos um tratamento energico, para cural-as antes que se produzam as lezões anatomo-pathologicas, contra as quaes a medicina pouco, ou quasi nada póde. Contra as moléstias chronicas empregamos um tratamento lento, para dar tempo ao organismo a refazer aquillo que o tempo fez, para não trans- formal-as imprudentemente de chronicas em agudas, não havendo no organismo sufficiente resistência vital para reagir contra ellas. Ainda temos em Dosimetria a lei da dominante e da variante do tratamento ; a primeira se di- rige á causa presumida, ou provável; a segunda a seus effeitos. A chimica jà demonstrou - o que valem os medicamentos velhos, as aguas dis- tilladas, as tincturas, infusões, macerações, ex- tractos, etc. Abandonamos, pois, todos esses pre- parados duvidosos e infiéis, para só empregarmos armas mais aperfeiçoadas, das quaes calculamos antes o alcance do tiro. A fôrma mais conveniente para o emprego dos agentes do methodo dosimetrico é inquestiona- VIII velmente a granular. Duas especies de grânulos dosimetricos disputam a supremacia: os do Dr. Naury, que são fabricados pelos Srs. Vié-Garnier & C.a, de Pariz, chimicos pharmaceuticos de pri- meira classe com 25 annos de pratica em pre- parar substancias granuladas,e os de Chanteaud- Burggraeve. Os do Dr. Naury são feitos especial- mente para este paiz ; conservam-se melhor e têm dóses de certos medicamentos superiores aos de Chanteaud-Burggraeve, para poderem vencer a resistência mórbida d'aqui do Brazil, que não é igual, que é maior do que a resistência mórbida da Europa. O Sr. Dr. Burggraeve diz : que não ha febre na Europa que resista a 12 grânulos de aconitina de Chanteaud ; entretanto nós por muitas vezes temos empregado esses grânulos sem obter os re- sultados preconizados pelo author. Si são ingratos os tempos, si soffremos a guerra desastrada e desabrida do proprio Sr. Dr. Burg- graeve, tudo por não querermos seus grânulos alterados e com dóse insufficiente á resistência mórbida do Brasil, todavia somos justiceiros, não negamos, nem procuramos fazel-o - que a Dosimetria foi pelo Sr. Dr. Burggraeve propa- gada em todo o mundo. Publicando o Tratado Pratico de Medi- cina Dosimetrica, tivemos em vista, preen- IX chendo uma lacuna, facilitar mais o estudo deste novo methodo de tratamento aos Srs. Médicos. Demos ao nosso trabalho a fôrma alphabetica para facilitar mais o estudo ; só tratamos n'elle dos symptomas e tratamento das moléstias, dei- xando a etiologia, diagnostico, prognostico, etc., não por desconhecer sua importância, e sim por motivos de imprensa, que só não os teme, quem nunca deu publicidade a seus trabalhos. Não pedimos desculpa ao publico ; elle tem o bom senso de ver que somos os primeiros a reco- nhecer a imperfeição de nosso trabalho. Si elle for bem acolhido, ê provável que em novas edições o melhoremos tanto quanto es- tiver em nossas forças. Offerecemos ainda ao publico a estatistica da Enfermaria Dosimetrica do Hospital de Ma- rinha d'esta Corte ; por ella verá as vantagens incontestadas deste novo methodo de tratamento, e, si não apresentamos um maior numero de doentes, em um anno que estamos á frente da en- fermaria dosimetrica, foi porque não se nos pro- porcionou ensejo de o fazer. O Author. RESUMO Dos doentes tratados na 5a Enfermaria Dosimetrica do Hospital de Marinha d'esta Côrte Moléstias N° de doentes Abcessos 2 Adenites 2 Anemia 1 Aphtas 1 Beriberi 3 Blennorrhagia 4 (<) Bronchites (diversas) 11 (2) Catarrho asthmatico 1 Contusão das bolsas 1 (3) Courbature 1 Dyspepsia 1 Embaraço gástrico 1 Febre amarella 2 Febres diversas 6 Ferida contusa 1 (*) Fistulas 1 Hepatite 4 Hydro-thorax por derramamento pleuritico 1 (5) 44 Observações (<) Tendo um vegetações sypbiliticas. (2i Tendo um rheumatismo chronico no thorax e outro sa- ram pão. (3) Accidente gravissimo curado sem a febre traumatica. (4) Tétano. Morreu 6 horas depois de ser por nós medicado, vindo de outra enfermaria. (5) íá soffria de epilepsia. XII Moléstias N° de doentes Transporte 44 Migraine (enxaqueca) 1 (n Moléstias simuladas 2 Nephrite parenchymatosa 1 Ozena syphilitica 1 Paralysia 1 Placa mucosa 1 (2) Pneumonias 3 (3) Rheumatismo 12 <4) Sarnas 1 Scrophulas 1 Syphilides 3 Tuberculose pulmonar 6 Ulceras 2 Vegetações . 1 80 Observações (1) Angina tunsillar e edema da campainha. (2) Adenite inguinal. (3) Tendo um hemoptise, e outro estando gravíssimo. (4) Tendo um cbloro-anemia. Dos 80 falleceram 5, sendo 3 de tubérculos pulmonares, 1 de tétanos (tratado por nós apenas 6 horas) e 1 de um unico accesso pernicioso que, quando foi visto por nós, já se achava agonizante na enfermaria, sendo medicado de paralysia ag.- tante, quando foi atacado do mesmo accesso. BREVES NOÇÕES DE THERMOMETHA Não escrevemos só para médicos; as pessoas alheias á medicina têm também o direito de lêr, è necessitam do pouco que vamos rapidamente esboçar, para melhor comprehenderem certos pontos do que vai escripto nas paginas d'este livro. Chama-se thermometro um instrumento, in- ventado porSanctorius, e que, applicado á clinica, serve para graduar a temperatura do corpo. Elle consiste em um tubo capillar, de vidro ou de crystal, soldado a um reservatório cylin- drico ou espherico, da mesma matéria; o reser- vatório e parte da haste são cheios de mercúrio, ou de álcool colorido. Conhece-se a dilatação do liquido pela escala graduada do thermometro, que vae de 20' a 45° ou 50°, e ê dividida em de- cimo de grão. Os thermometros a mercúrio são preferiveis, e d'estes, os de Celsius são os melhores. Para as investigações clinicas deve-se collocar a parte espherica ou cylindrica do thermometro, em que está o reservatório de mercúrio, na axilla (debaixo do braço do doente,) previamente en- xuta, em relação constante e immediata com a XIV pelle, dobrando o ante-braço do doente sobre a parte anterior do peito, para conservar o contacto com o tronco. O thermometro deve ser mantido de 15 a 20 minutos, até que, emfim, a temperatura se con- serve estacionaria. Havendo pressa, fricciona-se com um panno o reservatório do thermometro até que a columna de mercúrio se eleve a 40° ou 41°, então colloque-se rapidamente o instrumento na axilla, e no fim de 5 a 6 minutos ter-«se-ha o máximo desejado. Não se deve deixar de fazer, pelo menos, duas observações thermometricas por dia, uma das 7 às 10 horas da manhã e a outra das 3 ás 6 horas da tarde; é claro, porém, que, sempre que fôr preciso observar as propriedades anti-thermicas de um medicamento, será de necessidade tomar a temperatura de hora em hora, e sempre com o mesmo instrumento, tomando nota da hora e do gráo de calôr correspondente. Certo author estabelecendo, para o adulto em estado de saúde, a temperatura média de 37°,14 centígrados, e a circulação a 72 pulsações por minuto, apresenta o seguinte quadro comparativo do pulso e do calor : 80 pulsações correspondem a 37,50° centigr. 90 » » 38,00° » 100 > » 38,75° » XV 110 pulsações correspondem a 40,00° centigr. 120 » » 40,50° » 130 » » 41,25° » 140 » » 42,50° » O homem no estado de saúde tem uma tempe- ratura média de 37°, segundo Wrunderlich ea maioria dos práticos ; Jaccoud adopta, porém, a média de 37 ,2. Logo que este gráo de calor é excedido, ha fe- bre, e esta será tanto mais intensa, quanto maior fôr o numero marcado pela columna do mercú- rio na escala thermometrica ; portanto, se deverá dar os anti-thermicos vitaes - gr. de aconitina, veratrina e digitalina, 1 de cada um e juntos, de 1/2 em 1/2 hora, até que a columna de mer- cúrio ou álcool baixe a 37°. Si a columna thermometrica descer de 37°, esta temperatura, abaixo da normal, indicará um esgotamento das forças do organismo; n'este caso se deverá dar os nervinos - gr. de acido phos- phorico, sulphato, ou arseniato de strychnina, ou hypo-phosphito de strychnina, ou benzoato de ammoniaco; p. ex. : 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina ; ou 1 gr. de benzoato de ammoniaco de 15 em 15 minutos até que a columna suba a 37°, que é o normal. XVI Quando em qualquer moléstia o thermometro só marcar 37°, se poderá julgar a priori da pouca gravidade d'ella. O abaixamento rápido da temperatura do corpo constitue ainda uma fórma fatal de terminação das febres graves. O thermometro na clinica é imprescindível, e muito frequentes vezes indica certos meios the- rapeuticos. Para comprehensão do que além escrevemos, não é necessário mais nada. Não nos demorare- mos, pois, em outras considerações extensissimas e de alta importância que o assumpto nos poderia suggerir. MEDICAMENTOS DOSIMETR1COS DO EXISTENTES NA PHARMACIA ESPECIAL DOSIMETRICA DE ALVES & C. 54 RUA SETE DE SETEMBRO 54 Rio de Janeiro Acido arsenioso 1 milligrammo, cada granul Acido benzoico » » Acido phosphorico » » Acido tannico 1 centigrammo » Acido salicylico » » , Aconitina 1 milligrammo » Apomorpbina » » Arseniato de antimonio » » Arseniato de cafeina » » Arseniato de ferro » » Arseniato de manganez » » Arseniato de potassa » « Arseniato de quinina » » Arseniato de soda » « Arseniato de strychnina .... » » Asparagina » » Atropina meio milligrammo » Benzoato de ammoniaco um centigram » Benzoato de soda cinco centigram. » Benzoato de lithyna um centigram. » Bromhydra de cicutina um milligram. » Bromhydrato de morphina.. » » Bromhydrato de quinina.... nm centigram. » Bromureto de potássio » » IV Brucina meio milligram. cada granulo Bryonina um milligram. » Cafeína » » Camphora-bromé (ou bromu- reto de camphora) um centigram. » Calomelanos » » Carbonato de lithyna » » Chlorhydrato de morphina .. um milligram. » Cicutina . » » Citrato de cafeina um centigram. » Codeína » . » Colchicina meio milligram. Colocynthina » » Croton-chloral um centigram. » < yanureto de zinco um milligram. » Cubebina um centigram, » Daturína meio milligram. » Digitalina um milligram, » Piasthase um centigram. » Elacterina. um milligram. » Emetina » » Emético um centigram. » Ergotina meio centigram. » Hydro-ferro-cyanato de qui- nina. um milligram. » II»/po-p/iosp/iííodestryc/mina meio milligram. » Hypo-phosphito de cal.: um centigram. » Uypo-pAospTiito de soda » » Hyosciamina meio milligram. » lodhyãrato de morphina.... » » lodoformio » » lodureto de arsénico.. cinco milligram. » lodureto de enxofre um centigram. » lodureto de ferro » » lodureto mercurioso ou pro- to-iodureto de mercúrio.. » » lodureto mercurico ou bi-io- dureto de mercúrio cinco milligram. » lodureto de potássio um centigram. » Jabor andina um milligram. » Jalapina um milligram. » Kermes. um centigram. » Kousseina um milligram. » Lactato de ferro um centigram. » Narceina• um milligram. » Pepsina cinco centigram. » Phosphato de ferro um centigram. » Phosphureto de zinco um milligram. » Picrotoxina meio milligram. » Piperina um milligram. » Podophyllina um centigram. Quassina um milligram. » V Sal do Dr. Naury vidros de 250 gramm. Sal de Gregory um milligram. cada granulo Salicylato de ammoniaco.... um centigram. » Salicylato de ferro » » Salicylato de quinina'.. » » Salicylato de soda » » Santonina » » Scillitina um milligram. » •Suô-nitrato de bismutho um centigram. » Sulphato de calabarina meio milligram. » Sulphato de quinina cinco centigram. e tam- bém de 1 centigram. » Sulphato de strychnina meio milligram. » Sulphureto de cálcio um centigram. » Valerianato de ferro cinco centigram. » Valerianato de quinina. » » » Valerianato de zinco.. » » » Veratrina um milligram. » Carteiras de 24 vidros com os principaes medicamentos do Dr. Naury. N. B. Cada vidro contem vinte grânulos de principio activo, e cada granulo tem o peso indicado rigorosamente. Estes grânulos conservam-se perfeitamente em nosso clima. Temos também os verdadeiros grânulos de Chanteaud- Burggraeve a 400 rs. cada vidro. TEATADQ PBATICO DE DOSIMETRIÇA Abatimento das forças. - V. Ady- namia. Abcesso. - Tumor. - Aposthèma. -Col- lecção de pus em qualquer parte do corpo. Symptomas. O tumor é superficial ou profundo. No superficial, ha dor, calor, vermelhidão, em- pastamento ou dureza da parte ; no profundo, ha dor, tensão, frio e febre, simulando intermittente. Tratamento. Sanguesugas, cataplasmas de farinha de linhaça, mandioca ou inhame. Duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d agua fria. Um gr. (*) de chlorhy- drato de morphina, ou codeina, ou sal de Gregory (*) Prevenimos ao leitor de que nos servimos da abre- viatura - gr. - para sómente significar - grânulos. 2 (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou narceina, e 1 gr. de hyosciamina, ou atro- pina, ou cicutina, ou daturina, do Dr. Naury; p. ex. : 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, (os 2 juntos) de hora em hora, até acalmar a dor. Si o doente tiver febre, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digita- lina, (os 3 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até aba- tel-a, suspendendo logo estes 3 últimos medica- mentos. Si a febre tomar o typo intermittente ou remittente, 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até tomar 10 a 20 por dia. Si houver frio e febre intensissimos, denotando absorpção purulenta, 1 gr. de arse- niato, ou valerianato, ou sulphato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 10 do primeiro, ou segundo, ou 20 do ter- ceiro. Um gr. de aconitina, 1 de vera trina e 1 de digitalina, (os 3 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre. As forças vitaes serão sustenta- das pelo hypo-phosphito, ou arseniato ou sul- phato de strychnina, 1 gr. de hora em hora, até 4 a 6 por dia. Logo que o pús estiver reunido, rasgue-se o tumor, e dê-se 1 gr. de arseniato de soda ou de po- tassa, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Si o doente ficar pallido, sem cores, 2 gr. de ar- seniato de ferro e 1 de hypo-phosphito de stry- 3 chnina, (os 3 juntos) às 8 horas, ao meio dia e às 6 da tarde. Também se póde empregar os gr. de iodureto, ou de phosphato de ferro, ou arse- niato de manganez, pela mesma fôrma. Si hou- ver fastio, 2 a 4 gr. de quassina, a cada refeição; tomando todas as manhãs 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, como refrigerante. Aborto. -Movito- Parto prematuro. Sym- ptomas. Languidez, dor de cadeiras, hemorrhagia ou corrimento de sangue, depois da suppressão da menstruação por um ou mais mezes. Tratamento. Si a perda sanguinea fôr abun- dante, deite-se a doente em lugar fresco. Pannos molhados em agua fria sobre o baixo ventre. Um gr. de ergotina, do Dr. Naury, de 15 em 15 minutos, até a cessação da perda sangui- nea, ou a expulsão do producto da concepção. Si houver dôres no ventre, 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, (os 2 juntos) ou 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina ou datu- rina, (os 2 juntos) ou 1 gr. de codeina ou nar- ceina e 1 de cicutina (os 2 juntos', de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si, depois do aborto, hou- ver febre, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo de infusão de flores de tilia ou folhas de laranjeira ; depois de produzir effeito: 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- 4 nina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia ; ou 1 gr. de arseniato, ou sulphato, ou valerianato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 por dia. Nos dias seguintes o mesmo tratamento, até passar a febre. Si, depois da expulsão do feto, ainda houver perdas de sangue, 2 gr. de hy- dro-ferro-cyanato de quinina, 1 de arseniato de ferro, 1 de ergotina e 1 de sulphato de stry- chnina, (os õ juntos) de hora em hora, até passar a hemorrhagia ; ou 1 gr. de acido tannico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Contra as côres pallidas, empregar-se-ha o tra- tamento da chloro-anemia.-V. Chloro-anemia. Acne. - Nome vulgar - Espinhas. Sym- ptomas. Esta moléstia é dev ida às lesões das glandulas sebaceas e annexos dos cabellos ; se divide em tres variedades: l.a a acnè seba- cea; 2.a a sebacea concreta; 3.a a sebacea com crosta. A primeira variedade é devida á exage- ração da secreção do folliculo sebaceo ; observa- se por todo o corpo, porém particularmente na face e couro da cabeça; seu lugar predilecto é as sobrancelhas, nariz e maçã do rosto. Algumas vezes se as encontra no sovaco e pente. A pelle é como coberta d'uma camada de oleo, e envernizada, parecendo mais espessa e mais clara do que no estado normal. Os orifícios dos folliculos sebaceos são augmentados. 5 0 doente só experimenta os incommodos re- sultantes da applicação de um corpo gorduroso sobre as partes descobertas; outras vezes os ca- bellos cahem; outras sentem picadas, formiga- mentos, e um sentimento de tensão desagradavel; poucas vezes sentem dor. A acné sebacea concreta: em lugar da secre- ção sebacea ficar liquida, se concreta e dá lugar a untos, ou crostas mais ou menos extensas ; lugar de predilecção : - nariz, fronte e maçã do rosto. A acné sebacea com crosta: se manifestam na face crostas delgadas, de pouca extensão, de cor amarella desmaiada, ou de cinza ao principio, mas que ficam negras com o tempo. Tratamento. Ter-se-ha sempre o ventre de- sembaraçado por 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria e tomado pela manhã cedo. Banhar-se-ha o rosto com agua e farelo. Si houver tensão, ardor, e dôr, se dará 1 gr. de veratrina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, (os 2 juntos) 4 a 6 vezes por dia. Em lugar da hyoscia- mina se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de cicutina. Se dará 1 gr. de arseniato de potassa, ou de soda, ou acido arsenioso, ou arse- niato de antimonio, do Dr. Naury, e 1 gr. decicu- tina, (os 2 juntos) 3 a 4 vezes por dia. 6 Também se poderá empregar contra esta mo- léstia 1 gr. de iodnreto de arsénico, 4 a 5 vezes por dia ; os gr. de iodoformio, do Dr. Naury, podem ser, pela mesma fôrma, empregados. Os de acido salicylico, do Dr. Naury, em numero de 10 por dia, 2 de cada vez, se poderão dar. Si a acnè for devida à siphilis, se fará o trata- mento anti-syphilitico ; à escrophulas, o trata- mento anti-escrophuloso. Adenite. - Vulgarmente - Glandulas, in- guas.-Inflammação aguda ou chronica dos gan- glios lymphaticos do pescoço, verilhas, axillas, etc. Symptomas. No estado agudo, crescimento e dureza dos ganglios, dor, pelle quente, verme- lhidão, calafrios, febre; pelo progresso da in- flammação a pelle torna-se livida, adelgaça-se e rompe-se para dar sahida ao pús; depois da abertura do abcesso a inflammação desapparece gradualmente. O estado chronico succede ao es- tado agudo, ou manifesta-se assim desde o começo. N'este ultimo caso, a glandula vai crescendo gradualmente, as dores são surdas, a pelle não muda de cor, o tumor é movei e não ha febre. Por muito tempo as cousas se conservam assim, e o tumor acaba pela resolução ou passa ao es- tado agudo. Tratamento. Uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, 1 gr. 7 de aconitina e 1 de veratrina, (os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre; si esta tomar o caracter intermittente ou re- mittente, 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia ; ou 1 gr. de arseniato, ou valerianato, ou sulphato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar, dos 2 primeiros, 6 a 10 por dia, e do terceiro até 20, mas empregando só uma unica substancia. Cataplasmas de farinha de linhaça, de mandioca ou inhame, ou de miolo de pão com leite. 1 gr. de chlorhydrato de mor- phina, ou sal de Gregory e 1 de hyosciamina ou cicutina, (os 2 juntos) ; p. ex. : 1 gr. de sal de Gregory e 1 de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar as dores. Darsahida ao pus. No estado chronico, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs. Passar-se-ha com um pincel, de 2 em 2 dias, a tinctura de iodo sobre as glandulas inchadas, e dar-se-ha 1 gr. de acido arsenioso, ou de arseniato de soda, ou de potassa, ou de manganez, ou de antimonio, do Dr. Naury, ás 8, âs 11, ás 3 e ás 6 horas da tarde, empregando-se de cada vez uma só substancia, e variando, si fôr preciso. Si o doente estiver chloro-anemico, de cores pallidas : 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. 8 Naury, (os 3 juntos), às 8, ao meio dia e às 6 horas da tarde. Os gr. de phosphato, ou lactato ou iodureto de ferro, do Dr. Naury, podem ser dados n'este estado, na dóse de 6 a 10 por dia, porém sempre reunidos aos gr. desulphato, ou ar- seniato, ou hypo-phosphito de strychnina; p. ex.: 2 gr. de phosphato de ferro e 1 de sulphato de strychnina, ás 8, às 11, às 3, e às 6 da tarde. Os gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda podem ser dados na dóse de 10 a 12 por dia, 2 a 3 de cada vez. Os gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, serão dados de 10 a 12 por dia, 2 de cada vez. Os gr. de iodureto mercurioso, (proto-iodu- reto) e os de iodureto mercurico, (bi-iodureto) do Dr. Naury, serão dados, si houver antece- dentes syphiliticos, 6 a 8 por dia, 2 de cada vez, mas só depois de se ter melhorado a crase sanguínea. Os gr. de iodureto de arsénico podem ser dados, 6 a 8 por dia, 2 de cada vez. Adyiiaaniu.-Estado de fraqueza geral muito pronunciado e inteiramente particular, caracte- risado por grande debilidade muscular, torpor moral e physico, certo ar de estupidez, etc. E' um symptoma que merece toda attenção do medico. V. Febres graves. Envenenamentos miasmaticos. Infecção purulenta. Tratamento. Quando o thermometro, appli- cado na axilla, (debaixo do braço) marcar menos 9 de 37°, (grão este que è o physiologico, ou de saúde) dar-se-ha o sulphato, ou arseniato ou hy- po-phosphito de strychnina e o acido phosphorico, do Dr. Naury. P. ex. : um gr. de arseniato de strychnina e 1 de acido phosphorico, ( os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até que venha a reacção, isto é, até que o thermometro suba a 37° ou pouco mais. O hypo-phosphitode strychnina, do Dr. Naury, será dado, só, e na dóse de 1 gr. de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção, continuando com o tra- tamento da moléstia á que este estado adyna- mico estiver ligado. Afflicçao.-V. Affrontação. AíFroiitaçâo.-V. Dyspnèa. Afobados.-(Soccorros aos) V. Asphyxia. Alhnmôiurâa. - Nephrite albuminosa ; Moléstia de Bright. - Degenerescencia gra- nulosa dos rins, etc. Inflammação dos rins, que apparece, muitas vezes, na convalescença da escarlatina, depois da acção da humidade e do frio, em consequência do abuso dos líquidos espi- rituosos, do onanismo, ou da herança. E' aguda ou chronica. Symptomas. Na fórma aguda, dor variavel e inconstante na região renal. Ourinas menos abundantes, escuras, mais ou menos lei- tosas, amarelladas ou sanguinolentas, de um 10 cheiro particular menos ourinoso. Inchação dos pés e das pernas, algumas vezes da face, esten- dendo-se successivamente a todo o corpo. Ha febre, sede e fastio. Na fórma chronica, o começo é muito obscuro e traiçoeiro, o que demonstra quanto a dor é ligeira. A ourina é descorada, leitosa ou turva, espumosa e de um cheiro enjoativo. A inchação, ( edema) anazarca, derramamentos serosos fór- mam-se lentamente. Ha algum fastio, pouca sede, ausência de febre, ausência de suor, difficuldade de respiração. A fórma aguda quasi sempre termina favora- velmente ; a chronica quasi sempre termina mal. Tratamento. Na fórma aguda, banhos mor- nos prolongados, sanguesugas na região dos rins. Um gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury, (os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre. Duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã. Si a febre tomar o caracter inter- mittente ou remittente, 2 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. Na fórma chronica, como existe empobreci- mento do sangue, em seus elementos salinos, e albuminoides, dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, 11 todas as manhãs. Um gr. de acido arsenioso, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 8 a 10 por dia. Os gr. de arseniato de ferro, ca- feína, e strychnina, podem ser dados pela mesma fórma. Contra o estado chloro-anemico, 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de digitalina, (os 3 juntos) ás 8 e ãs 11 da manhã, âs 3, âs 6 1/2 e às 9 1/2 horas da tarde. Contra a dyspnéa, ou difficuldade de respiração, dar-se-ha os gr. de sulphato, ou arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina e os de acido phosphorico ; p. ex: 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de acido phosphorico (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Pela mesma fórma se procederá com o arseniato de strychnina e o acido phos- phorico. Quando se empregar o hypo-phosphito de strychnina, dar-se-o-ha, só, na dóse de 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Contra a febre de accesso , 1 gr. de arseniato e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, (os 2 juntos) de hora em hora, até 10 de cada especie por dia. Si a moléstia fôr devida a causa rheumatica, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de antimonio, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Os gr. de scillitina, asparagina, bryonina, ou elacterina, do Dr. Naury, podem ser dados, 1 de hora em hora, até 10 por dia. Não se deve privar os doen- tes do sal commum. 12 Alienação mental. - Loucura. - E' o desvio da razão, com ou sem alteração do sen- timento e do movimento, com ou sem intervallos lúcidos. Symptomas. Póde apresentar a fôrma de mania, que consiste em um delirio mais ou menos geral e pronunciado, ou em uma mudança gradual no caracter e hábitos, idéas phantasti- cas, etc. ; monomania, que consiste em um delirio parcial, gyrando sobre um sô objecto ou sobre um pequeno numero delles ; demencia, que consiste em uma sem-razão persistente sobre todos os objectos; idiotismo, que consiste na fraqueza ou privação do principio dos actos intellectuaes, ou porque nunca existisse, (idiotismo congenital) ou porque experimentasse uma parada de desenvol- vimento na primeira infancia. Tratamento. Quando a moléstia depender de prisão de ventre, dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo; 2 gr. de podophyl- lina e 1 de hyosciamina, (os 3 juntos) ás 8 da manhã e ãs 6 horas da tarde. Quando fôr devida a torpor do grosso intestino, dar-se-ha 1 gr. de bryonina, ou jalapina, ou colocynthina, de hora em hora, até tomar 6 a 8 por dia. Si houver dyspepsia, ou chloro-anemia, 3 gr. de quassina, ou pepsina, a cada refeição ; 2 gr. de iodureto de ferro ou manganez e 1 de hyoscia- 13 mina, ou cicutina, (os 3 juntos) às 8, às 11, ás 3 e ás 6 horas da tarde. Poder-se-ha também dar os gr. de valerianato de ferro, do Dr. Naury, 6 a 10 por dia, 2 de cada vez. Os gr. de arseniato de ferro e os de strychnina podem ser dados, 1 de cada um e juntos, 4 a 6 por dia, com in- tervallo de 1 a 2 horas. Quando a moléstia fôr devida a um esgotamento cerebral, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina, (os 2 juntos) ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, de hora em hora, até tomar 6 por dia, 1 de cada vez, com intervallo nunca menor de 1 hora. Si o doente fôr escrophuloso ou rachitico, dar-se-ha o iodoformio, 1 gr. de hora em hora, até tomar 10 a 12 por dia. Contra o espasmo, dar-se-ha 1 gr. de camphora- bromé e 1 de hyosciamina, (os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Contra as con- vulsões, dar-se-ha os gr. de valerianato de zinco, 6 a 10 por dia, 1 de hora em hora; também poder-se-ha dar 1 gr. de chlorhydrato de mor- phina, 1 de arseniato de quinina e 1 de hyoscia- mina, ( os 3 juntos ) de 15 em 15 minutos, até a sedação. Si a moléstia revestir o caracter de accesso periodico, dar-se-ha 1 gr. de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 8 a 10 por dia. O abuso das be- bidas alcoólicas, predispõe para a alienação men- 14 tal, que, sendo devida a esta causa, requererá : 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato de strychnina e 1 de digitalina, (os 3 juntos) de hora em hora, até a sedação. Deve-se empregar o mesmo tratamento da hypochondria contra a vesania: gr. de podophyllina, hyosciamina, quas- sina e jalapina. Os gr. de sub-nitrato de bis- mutho, chlorhydrato ou iodhydratode morphina, valerianato de quinina e de zinco, do Dr. Naury, podem ser empregados. A nevrose mental póde ser combatida com 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de strychnina e 1 de hyosciamina, (os 3 juntos) de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas. Nós temos diminuído a intensidade dos accessos com 1 gr. de hyosciamina e 1 de hydro-ferro- cyanato de quinina, do Dr. Naury, (os 2 juntos ) de 1/2 em 1/2 hora, espaçando-os, logo que o estado vai melhorando. A alienação mental, que depender da nymphomania, será combatida com 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até tomar 6 a 8 por dia. Os gr. de vera trina são empregados na hypo- chondria, 1 de 2 em 2 horas. Na pobreza de sangue, poder-se-ha dar 2 gr. de arseniato de soda ao almoço e ao jantar. A' noite, para con- ciliar o somno, dar-se-ha os gr. de chlorhydrato ou iodhydrato de morphina, sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), 15 atropina, hyosciamina e cicutina; p. ex: 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina, de 2 em 2 horas, ou 1 gr. de chlorhydrato de mor- phina e 1 de hyosciamina, (os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até conciliar o somno, principiando a tomal-os â noite. Finalmente, no tratamento da alienação mental empregar-se-ha os gr. do Dr. Naury, de morphina, contra a agitação; de atropina, hyosciamina e cicutina, contra o es- pasmo; de strychnina e brucina, contra a frou- xidão. Os alienados devem passeiar muito; a fadiga para elles é um excellente sedativo. Almorreimas.-V. Hemorroidas. Alporcas.-V. Escrophulas. Amargor de hocca.-V. Dyspepsia. Amaurose. - Gotta serena. - Cegueira. Symptomas. Enfraquecimento ou perda da vista sem obstáculo algum á chegada dos raios lumi- nosos ao fundo do olho. Esta perda da vista pôde depender de uma lesão da retina, (é a amau- rose idiopathica) de uma alteração do nervo optico, ( é a amaurose symptomatica ) de lesões estranhas, (é a amaurose sympathica}. O diag- nostico das duas primeiras fôrmas só pode ser feito com o auxilio do ophtbalmoscopio ; o da ter- ceira fôrma é feito pelo conhecimento, que o me- dico deve procurar ter da existência, no doente, 16 de uma albuminúria, ou glycosuria, ou syphilis, ou affecções do eixo cerebro-espinhal. Tratamento. Uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, na primeira vez, e 1/2 colher nas manhãs seguintes. Quando a moléstia fôr devida á fraqueza do nervo optico, 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina, ( os 2 juntos) ás 8, às 11 da manhã, ás3 e ás 6 1/2 da tarde; ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, 4 a 5 vezes por dia. Si fôr devida á congestão ocular, appli- car-se-ha sanguesugas ao redor do anus e dar- se-ha, depois do sal do Dr. Naury, 1 gr. de cafeína, ou de citrato de cafeina, de hora em hora, e 1 gr. de calomelanos, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 10 a 12 por dia. Quando houver dor nevrálgica do olho, ou febre, tendo o caracter intermittente ou re- mittente, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, (os 3 juntos)'de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre e a dor ; depois, 1 gr. de arseniato e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, (os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 10 a 12 por dia, de cada um, para romper a intermittencia. Raras vezes a amaurose será devida à pre- sença de vermes; mas n'este caso, dar-se-ha 1 17 gr. de arseniato de strychnina e 1 de santonina, ( os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Si a moléstia fôr devida à nevralgia orbitaria, de causa sy- philitica ou rheumatica, 1 gr. de hyosciamina, ou de atropina, do Dr. Naury, pela manhã e â tarde. Contra a febre, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a, combatendo depois a syphilis com 1 gr. de iodureto mercurioso (proto- iodureto), ou mercurico ( bi-iodureto), do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia; ou 5 a 6 gr. de iodu- reto de arsénico, durante o dia, 1 de cada vez. Dar-se-ha também com vantagem os gr. de iodu- reto de potássio, 10 a 12 por dia, sendo 2 de cada vez. Si fôr de causa rheumatica, 1 gr. de arseniato de antimonio e 1 de colchicina (os 2 juntos), 6 vezes por dia ; os gr. de benzoato de ammoniaco, ou de sulphureto de cálcio, ou de arseniato de soda, pódem ser empregados pela mesma fórma que os de arseniato de antimonio. Contra as exacerbações dolorosas, 2gr. dehydro- ferro-cyanato de quinina, 1 de hyosciamina, 1 de chlorhydrato de morphina e 1 de cicutina (os 5 juntos), de hora em hora, ou de 1/2 em 1/2 hora, segundo a intensidade da dor. Na amaurose dependente da albuminúria ou glycosuria, empregar-se ha o tratamento d'essas moléstias. Si o doente fôr chloro-anemico, 2 gr. 3 18 de arseniato de ferro e 1 de hypo-phosphito de strychnina (os 3 juntos), ás 8, ao meio dia e ás 6 horas da tarde. Os gr. de iodureto, phosphato e lactato de ferro pódem ser empregados pela mesma fórma. Si o doente não tiver appetite, tomará 3 gr. de quassina, do Dr. Naury, ao almoço e ao jantar. Amblyopia. - Enfraquecimento da vista. Para o tratamento V. Amaurose. Ameuorrhéa. -Ausência, suppressão ou simples diminuição das regras. Symptomas. Dores no ventre, cólicas uterinas, peso no perineo (entre as duas vias), mal-estar, tristeza, per- turbações da vista, abaúlamento do ventre. Na época menstrual seguinte, alem da persistência dos mesmos symptomas, ha mais o entumesci- mento dos seios. Estes symptomas se dissipam para reapparecerem ainda na próxima época menstrual. Tratamento. Si existir cólica uterina (dor de madre), 1 gr. de cicutina e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a cólica. Si a amenor- rhéa fôr devida a excesso de acção da madre, o que é raro, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de soda e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), ás 8, ás 11 da manhã, ás 3 e ás 6 horas da tarde. Si houver constipação, prisão de ventre, 1 colher 19 de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã ; nos outros dias, 1/2 colher de sopa deste sal, ou 3 a 4 gr. de podophyllina, e 1 de hyosciamina ao deitar-se. A falta de acção ou inércia do utero, causa muito frequente da amenorrhéa, será combatida por meio dos gr. de arseniato de ferro, de ergotina, e de arseniato ou sulphato ou hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury; p. ex : 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de ergotina e 1 de hypo-phosphito de strychnina (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até tomar 6 a 8 por dia de cada especie. Sinapismos nas pernas e coxas, fricções, ra- ramente a sangria, que só será empregada no estado plethorico ou de congestão. Nas perturbações hystericas, deve-se abster dos etheres, e dar 1 gr. de hyosciamina e um de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, e depois, de hora em hora, ou de 2 em 2, ou de 3 em 3 horas, logo que o estado da doente for melhorando. Fricções com um pedaço de flanella no espi- nhaço para chamar a doente a si. Para despertar o appetite, 2 a 3 gr. de quassina a cada refeição. O espasmo do collo e o torpôr do corpo do utero serão combatidos 20 com 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de cicutina, e 1 de hyosciamina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até produzir a calma. A's vezes, o iodoformio obra como emmenagogo, 2 gr. de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Os gr. de iodureto, lactato ou phosphato de ferro, do Dr. Naury, pódem ser dados 8 a 10 por dia, um de cada vez. Os desejos sexuaes serão combatidos por meio de 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até tomar 6 por dia. Contra as convulsões epileptiformes e os espasmos da medulla dar- se-ha 1 gr. de cicutina, 1 de aconitina e 1 de sulphato de strychnina ( os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até a calma. Os gr. de valeria- nato de quinina, ou de zinco, podem ser empre- gados, na dóse de 1 gr. de 2 em 2 horas, até 5 por diav Os gr. de cyanureto de zinco, os de phosphureto de zinco, ou os de picrotoxina, do Dr. Naury, podem ser prescriptos, na dóse de 3 a 4 por dia, 1 de cada vez. Os banhos salgados são convenientes, e, em falta d'elles, os de agua doce, principalmente os de cachoeira. Ali- mentação fortificante, uso do café, passeios moderados. Amollecimento cerebral.-Symptomas. Enfraquecimento gradual das faculdades intel- lectuaes, do movimento e sentimento; dimi- 21 nuição da memória, falia difficil, e, nos casos mais graves, paralysia geral. Moléstia incurável. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, eml/2 copo d'agua fria, na primeira manhã, e nas outras, só 1/2 colher de sopa em 1/2 copo d'agua. Contra a paralysia, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), ás 8 e ás 11 da manhã, ás 3 e ás 6 1/2 da tarde ; ou 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, 4 vezes por dia, sendo um de cada vez. Para o estado comatoso, ou de somno profundo, applicar-se-ha sinapismosou cáusticos nas pernas, e dar-se-ha 1 gr. de calomelanos, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir dejecções vis- cosas. Si houver recrudescência nos symptomas, ou accessos, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cya- nato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 20 por dia. Também poder-se-ba dar os gr. de sul- phato ou valerianato de quinina, a razão de 10 a 12 por dia. Si houver muita somnolencia, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até que ella passe, não excedendo todavia de 10 a 20 por dia. Contra a insomnia e agitação, dar- se-ha 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Os gr. de iodhydrato de morphina, 22 ou codeina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina) pódem também ser dados pela mesma lórma que os gr. de chlo- rhydrato de morphina. Contra o estado ataxico, dar-se-ha os gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, 1 gr. de hora em hora, até a sedação. Si a moléstia se mani- festar com reacção (febre), dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater o pulso e o calor. Os doentes não devem prescindir do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs. AnioIIecimento «Ias gengivas.-V. Es- corbuto. Amoiíecimenlo da niedulla espinhal. Entorpecimento do corpo, paralysia progres- siva dos membros, da bexiga, recto, etc.-V. Myelite. AmoEieeintento das ossos.--V. Rachi- tismo. Amygdalite. - Pharyngite tonsillar, Es- quinencia, Angina tonsillar, Dor de garganta. Inflammação da garganta, caracterisada prin- cipalmente por difficuldade de engulir.-Symp- tomas. Dôr espontânea ou á pressão, deglu- tição dolorosa e difficil, vóz rouca, ligeira 23 surdez; ás vezes, febre, dor de cabeça, agitação, insomnia, sede e fastio. A moléstia pôde apre- sentar phenomenos de complicação biliosa, taes como, cor amarella dos lábios, vomitos, em- baraço gástrico. Tratamento. Si o doente apresentar symptomas biliosos, 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em uma colher de sopa d'agua morna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 3 vezes. Nas crianças, 1 gr. de eme- tina, em 1 colher de chá, de xarope de ipeca- cuanha, de hora em hora, até tomar 6 por dia. Si o doente tiver prisão de ventre e for pessoa adulta, tomara 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; si for criança, 1 a 2 colheres de chá do mesmo sal. Si houver espasmo e congestão, o doente tomará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre e o aperto da garganta. Os gr. de cicutina podem ser dados, como os de hyosciamina ; elles não têm a desvantagem de seccar a garganta, como acontece com a hyos- ciamina e a atropina. Applicar-se-ha algumas sanguesugas na parte anterior do pescoço ; gar- garejos com leite, ou sueco de limão e agua, ou cosimento de malvas ou de vassourinha. Si houver febre continua, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, e 1 de digitalina ( os 3 24 juntos ), de 15 em 15 minutos, até abatera febre; nas crianças é bastante administrar estes gr. 3 a 4 vezes, durante o dia. Si houver remissão, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 10 a 20 por dia. Si houver elemento palu- doso, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de quinina, de hora em hora, até tomar 10 por dia. Os gr. de sulphato ou de valerianato de quinina, do Dr. Naury, podem ser empregados contra a mesma causa. Anaphrodisia.-- V. Impotência viril. Anazarea.--Inchação.-Symptomas. Intu- mescência geral ou muito extensa do tronco e dos membros, produzida pela accumulação de se- rosidade no tecido cellular sub-cutaneo ; ordina- riamente é symptomatica de moléstia organica do coração, figado ou rins ; porém, também pôde sobrevir em consequência da acção do frio sobre a pelle em suor, ingestão de bebidas geladas, suppressão da transpiração, etc. Tratamento. Diminuir a quantidade de be- bidas. Tres colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em uma garrafa d'agua fria, para tomar aos cálices de 1/2 em 1/2 hora. Um gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até tomar 8 a 10 por dia de cada um. 25 Nas manhãs seguintes só tomará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo dagua, e, depois que produzir effeito, continuar-se-ha com os gr. de strychnina, ferro e digitalina, na dóse de 6 por dia de cada um, diminuindo esta dóse á medida que a inchação fôr cedendo. Quando houver ardor ao ourinar, 3 a 5 gr. de hyosciamina por dia, 1 de cada vez; também poder-se-ha dar os gr. de cicutina, ou atropina, do Dr. Naury, que têm a mesma acção e farão cessar esse incommodo, augmentando a quantidade da ourina. Para o fastio, dar-se-ha 2 gr. de quassina ao almoço e ao jantar. A febre erratica, da tarde, será combatida por 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, e 1 de arse- niato de quinina, doDr. Naury (os2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 8 a 10 por dia. Também se po- derá dar 1 gr. de acido arsenioso, 1 de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até passar a febre, não excedendo de 10 por dia de cada especie. A elacterina póde ser dada na dóse de 1 gr. de hora em hora, até 10 por dia. Os gr. de bryonina poderão ser dados na mesma dóse. Os gr. de scillitina, do Dr. Naury, poderão ser tomados na dóse de 2 cada vez, até 20 por dia, para augmentar a se- creção da ourina. Os gr. dephosphato, ou lactato, ou iodureto de ferro podem ser dados 6 a 8 por 26 dia para combater a pallidez das cores. Os gr. de colchicina e os de asparagina, succedaneos da digitalina, podem ser dados 10 a 20 por dia, 2 de cada vez, para augmentar a secreção ourinaria. O tratamento da anazarca devida á moléstia dos rins, figado ou coração será indicado no artigo correspondente a cada uma d'essas moléstias. A inchação das pernas será combatida com van- tagem, applicando-se n'ellas pastas de algodão e comprimindo-as ligeiramente por meio de uma atadura, que se renovará todos os dias. Também ha alguma vantagem em applicar vesicatórios ou fontes nas pernas. Anca.--(Dor de) V. Coaalgia. Ancia.-V. Dijspnèa. Anemia.-K. Chloro-anemia. Aneurysma.-Tumor resultante da dilata- ção de um vaso. Aneivrysma «Ia a<n*(a.-Symptomas. Dor local com difficuldade de respiração, esten- dendo-se para diversos pontos; compressão do oesophago, bronchios, trachéa-arteria, pulmões, nervos recurrentes, pneumogastrico, etc. ; dysp- néa, tosse, extincção da voz, pulso variavel, pequeno ou forte; face intumescida, violacea, vertigens, syncopes, dor de cabeça, delirio. Mo- léstia incurável. 27 Tratamento. Para ter o ventre desembaraçado dar-se-ha uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. Depois só 1/2 colher de sopa deste sal, em 1/2 copo d'agua, pela manhã. Para fortalecer as tú- nicas arteriaes dar-se-ha 1 gr. de acido arsenioso e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), âs 8 da manhã, à 1 e âs 6 1/2 da tarde. Quando houver batimentos violentos do coração, darse-ha 1 gr. de acido arsenioso e 1 de digitalina (os 2 juntos), às 8 e ás 11 da manhã, e âs 3 e âs 6 1/2 da tarde. Quando o doente estiver anémico, para melhorar a crase do sangue dar se-ha 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strych- nina (os 2 juntos', de hora em hora, até tomar 4 a 8 de cada um por dia. Si houver muita falta de respiração, dyspnéa,e espasmo, dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyoscia- mina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Os gr. de arseniato de antimonio, do Dr. Naury, podem ser dados na dóse de 4 a 6 por dia, 1 de cada vez e com intervallo de 2 a 3 horas. - Dôr de garganta.-Termo ge- nérico das affecções inflammatorias da garganta. A angina guttural pharyngèa, catarrhal, ou pharyngite, apresenta pouco mais ou menos os mesmos symptomas e admitte o mesmo tratamento da Amygdalite.-V. Amygdalite. 28 Angina <le peito.-Symptomas. Dôr cons- trictiva, dilacerante, do peito, estendendo-se á espadua e ao braço, particularmente do lado esquerdo, acompanhada de suffocações, de an- gustia inexprimível, voltando por accessos, sem febre. Tratamento. Si o pulso for fraco, a pelle e as extremidades frias, applicar-se-ha sinapismos nas pernas; um gr. de arseniato de strych- nina, 1 de hyosciamina, e 1 de cicutina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 15 em 15 minutos, es- paçando-os á medida que os accidentes forem de- clinando. Logo que voltar o calor ás extremi- dades, applicar-se-ha ventosas sêccas ou sarjadas no peito, para descongestional-o. Si os accessos tenderem a approximar-se, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até tomar 10 de cada um por dia. A prisão de ventre será vencida pelo sal, do Dr. Naury. Si a nevralgia for devidaà diathese rheu- matismal, dar se-ha um gr. de arseniato de an- timonio, de hora em hora, até 8 por dia. Si a moléstia for occasionada pela diathese arthritica, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de digi- talina (os 2 juntos), de hora em hora, até tomar 6 a 12 de cada especie por dia. Os gr. de va- lerianato ou sulphato de quinina, do Dr. Naury, 29 poderão convir, na dóse de 1, de hora em hora, até 10 por dia. Angioleiicite. - Lymphangite.-Lympha- tite.-Inflammação dos vasos lymphaticos. E' su- perficial ou profunda.-Symptomas. A Angio- leucite superficial annuncia-se por um rubor mais ou menos intenso, disposto em fitas ou placas tortuosas, e seguindo o trajecto dos lymphaticos, simulando, ás vezes, placas erysipelatosas, prin- cipalmente quando se desenvolve uma inchação nos tecidos ganglionares visinhos ; a tume- facção dos ganglios lymphaticos é um dos ca- racteres peculiares da moléstia ; a profunda co- meça surdamente e sem causas apreciáveis. Na fórma precedente os symptomas locaes appa- recem antes da reacção geral; aqui, pelo con- trario, é o movimento febril que se annuncia pri- meiro. Algumas vezes se manifesta dor profunda, pungitiva ; intumescimento sob fórma de núcleos duros ; cor algum tanto rosea, existindo não por estrias, porém por placas, e apparecendo de- baixo da pelle distendida e rarefeita. Os symp- tomas geraes são os de uma febre mais ou menos forte, conforme a extensão da inflammação. Tratamento. Fricções de pomada mercurial belladonada sobre o trajecto do vaso lymphatico saliente ; 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã 30 cedo no primeiro dia, e nos seguintes, só 1/2 colher do mesmo sal. Para abater a febre, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os3 juntos), de 15 em 15 minutos, suspen- dendo-os logo que passar a febre. A dor será acal- mada por meio de um gr. dechlorhydrato de mor- phina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o espasmo e a dor. Os gr. de sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), iodhydrato de morphina, codeína, atro- pina e cicutina, do Dr. Naury, podem ser empre- gados para o mesmo fim; p. ex. : 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina (os 2 juntos), de hora em hora, ou de 2 em 2 horas, até a calma. Contra a febre e dor, dar-se-ha 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina e 1 de atropina ( os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação. Oppôr- se-ha á suppuração 1 gr. de arseniato de soda e 1 de arseniato de quinina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até tomar 6 a 8 por dia de cada es- pecie. Si houver dyspnéa, oppressão ou anxie- dade, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strych- nina, e 1 de hyosciamina, de hora em hora, até a calma. Contra a anemia, dar-se-ha 2 gr. de ar- seniato de ferro e 1 de hypo-phosphito de stry- chnina (os 2 juntos), âs8, ao meio dia e ás 6 horas da tarde ; os gr. de iodureto, ou phosphato ou lac- tadode ferro, do Dr. Naury, podem ser empregados 31 pela mesma fórma. Para a inappetencia, dar-se- ha 3 gr. de quassina a cada refeição. Para a re- solução do endurecimento dos tecidos, dar-se- ha 2 gr. de iodureto de potássio, 5 vezes ao dia; também poder-se-ha empregar os gr. de iodureto de arsénico, 1 de 2 em 2 horas até tomar 6 por dia. Si a febre revestir o caracter pernicioso, dar- se-ha 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de arse- niato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até passar o accesso, dei- xando então a strychnina para continuar só com os gr. de arseniato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, para oppôr-se a novos accessos. Logo que o pús se reunir em collecção, appli- car-se ha sobre o tumor um cáustico de Vienna, ou então o tumor serà esvasiado por meio da se- ringa de Dieulafoy. O doente deve ter um re- gímen fortificante. 21iií>reKÍa.-V. Dyspapsia. Autlirax. - Tumor inflammatorio do tecido cellular sub-cutâneo.-Symptomas. Tumor ver- melho, algum tanto duro, de base larga, molle no apice, de volume variavel, quente, doloroso, passando do vermelho ao roxo ; perfuração espon- tânea por muitos pontos; sahida de pús sanguino- lento e de tecido cellular mortificado ; carnegão ; 32 algumas vezes mortificação dos tegumentos; de- nudação das aponevroses dos musculos ; sym- ptomas de visinhança. Febre mais ou menos intensa precede e acompanha o anthrax. Tratamento. Duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, no primeiro dia ; nos seguintes, só uma colher. Cataplasmas de linhaça, abobora, in- hame, ou farinha de mandioca, em perma- nência sobre o tumor. A dor será acalmada por 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhy- drato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora , ou 1 gr. de cicutina ou de atropina, e 1 gr. de sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina (os 2 juntosj, de hora em hora. Incisões múltiplas sobre o tumor, até chegar à parte sã ; depois cural-o com fios embe- bidos em oleo phenicado : Oleo de linhaça-30 grammas, Acido phenico - 4 grammas. Contra a febre dar-se-ha 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos» ou de 1/2 em 1/2 hora, segundo a intensidade d'ella, até abatel-a. Si a febre tomar o typo in- termittente ou remittente, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 gr. por dia; ou 1 gr. de sulphato ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 20 do primeiro ou 10 do 33 segundo por dia. Os gr. de valerianato de quinina também podem ser empregados. Contra a suppuração dar-se-ha 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, de hora em hora, até 6 por dia. As forças serão sustentadas por 2 gr. de quas- sina a cada refeição ; si ellas se abaterem muito, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou arseniato de strychnina (os 2 juntos), 3 vezes por dia: pela manhã, ao meio dia, e à tarde. Mas, si o abatimento fôr extremo, dar-se-os-ha de hora em hora, até que as forças se levantem de novo. Os gr. de hypo-phosphito de strychnina podem ser dados, 1 tres vezes ao dia, ou 1 gr. de hora em hora, segundo a prostração. Si o doente ficar muito fraco e pallido pela abundancia de suppuração, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ferro, de hora em hora, até tomar 6 a 8 por dia. Os gr. de lactato, ou phosphato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury, podem ser dados pela mesma fórma. A alimentação, logo que a febre fôr abatida, deverá ser reparadora. Aifitiirav maligno.-V. Carbúnculo. Aperto da nrethra.-V. Estreitamento da urethra. Apiionia.-Extincção completa da vóz, co- meçando gradual ou bruscamente. A vóz é su- 4 34 mida e só com grande esforço é que os doentes se podem fazer ouvir. Não ha tosse, nem difficuldade de respiração, nem dor no larynge, salvo si a aphonia fôr symptomatica. k marcha da aphonia nervosa é muito irregular, como a de todas as nevroses ; sua duração é indeterminada, ora muito curta, ora muito prolongada. Tratamento. Uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Depois do effeito purgativo, 1 gr. de sulphato de stry- chnina e 1 de acido phosphorico, do Dr. Naury, (os 2juntos), às 8 e 1/2, às 11 da manhã, ás 3 e âs 6 horas da tarde. Em lugar do sulphato, também pode-se usar do arseniato de strychnina. Póde-se dar o hypo-phosphito de strychnina só, na dóse de 1 gr. ás 8, ás 11 da manhã, ás 3, e ás 6 horas da tarde. No dia seguinte, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 calix d'agua fria, e 1 gr. de hyosciamina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina (os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação, si a aphonia fôr periódica. Na aphonia symptomatica deve-se combater a moléstia principal. Aphthas. - Vulgarmente sapinhos nas crianças. Inflammação dos folliculos mucipar os da mucosa da boca, caracterisada por pequenas vesículas, acompanhadas de ulcerações. Prece- didas, ás vezes, de ligeiros symptomis gerae s ; 35 ligam-se ordinariamente ás perturbações das funcções digestivas ; outras vezes surgem de re- pente. Manifestam-se na face interna do labio infe- rior, bordos da lingua, face interna das boche- chas, varias elevações rubras, no meio das quaes distingue-se um pequeno ponto branco. A cura ordinariamente é prompta. Tratamento. Dar-se-ha uma colher de chá do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs, em 1/2 calix de leite. Tocar-se-ha as aphthas pela manhã e á tarde com sueco de limão ou com o gargarejo seguinte : Agua commum, 300 gram- mas, Chloratode potassa e Hydrato de chloral, 5 grammas, de cada um, Mel rosado, 60 grammas. Si isto não fôr bastante, cauterizar-se-ha as aphthas com nitrato de prata. Si houver uma simples inflammação da bocca, applicar-se-ha to- picamente uma solução de sulphato de zinco ou pedra-hume. Havendo muita sensibilidade ou dôr, 1 gr. de cicutina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos', pela manhã, ao meio dia e á noite. Si a febre fôr continua, dar-se-ha 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até passar a febre; si esta se tornar intermittente ou remittente, dar-se-ha 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até tomar 6 a 8 por dia ; ou 1 gr. de 36 arseniato de quinina, pela manhã, ao meio dia e á tarde. Os gr. de camphora-bromé podem ser dados n'esta moléstia, 1 de 2 em 2 horas, até tomar 4 a 6 por dia. As aphthas, sendo uma moléstia parasytaria, podem ser debelladas pelos gr. de sulphureto de cálcio, do Dr. Naury, 1 de 2 em 2 horas, até tomar 3 a 6 por dia, segundo a idade da criança. Si esta fôr muito tenra, empregar-se-ha n'ella os cuidados de limpeza da bocca e far-se-ha as applicações locaes, sendo os remedios adminis- trados à ama que a aleitar. Contra a diarrhéa, dar-se-ha 1 gr. de nar- ceina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que ella passe, ou 1 gr. de acido salicylico, 3 a 6 vezes por dia. Si a criança fôr fraca, dar-se-ha 1 gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda, de 2 em 2 horas, até tomar 3 a 8 gr. por dia, se- gundo a idade da criança. Nas pessoas adultas, tocar-se-ha as aphthas com o lapis de nitrato de prata, de 2 em 2 dias, fazendo uso do mesmo gargarejo acima indicado e da applicação tópica do limão. Todas as manhãs uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; 2 â 3 gr. de quassina a cada refeição. Si o doente tiver as cores pallidas, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de hypo-phosphito 37 de strychnina (os 3 juntos), às 8 1/2, ao meio dia e ás 6 horas da tarde. Os gr. de phosphato, lactato ou iodureto de ferro, do Dr. Naury, poderão ser empregados com o mesmo fim, assim como os gr. de sulphato ou arseniato de strychnina, pela mesma fôrma que os de hypo-phosphito de strychinina. Si a moléstia estiver ligada ao vicio syphili- tico, dar-se-ha 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto), ou mercurico (bi-iodureto), ou iodureto de arsénico, ou de potássio, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia, variando de 10 em 10 dias. Insistir-se-ha no sal, do Dr. Naury, pela manhã. Si houver muita dôr nas feridas, 1 gr. de chlo- rhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Pôde-se também dar os gr. de acido sali- cylico, do Dr. Naury, 6 a 10 por dia, 2 de cada vez. Apoplexia cerebral. - Hemorrhagia ce- rebral. - Symptomas. Quando ha prodromos, são os da congestão cerebral: vertigens, perda com- pleta ou incompleta do conhecimento ; paralysia do movimento, hemiplegia (paralysia de um só lado), paralysia da face (o doente simula a acção de fumar cachimbo); algumas vezes hastrabismo, paralysia da palpebra superior, lingua desviada com a ponta dirigida para o lado paralysado. 38 Deglutição difficil ; algumas vezes, paralysia do recto e da bexiga. As convulsões, a contractura, a rigidez, observam-se em alguns casos. Sensibi- lidade mais ou menos abolida nos membros para- lysados. Perturbações nos sentidos (ouvidos, olfacto> paladar). Pulso moitas vezes normal. Todos estes symptomas diminuem, si o coagulo se reab- sorve ; augmentam, si uma nova hemorrliagia tem lugar, ou si se manifesta um trabalho in- flammatorio ao redor do fóco. Tratamento. Sinapismos nas pernas e côxas; clysteres com 2 colheres de sopa de sal de co- zinha torrado, em chicara e meia d'agua morna ; fricções energicas sobre o espinhaço com alcali- volatil, tinctura de cantharidas e noz-vomica, ou com tinctura de noz-vomica, ammoniaco e es- sência de teribenthina ; ter a cabeça elevada e pannos molhados em agua fria e vinagre sobre a fronte e nuca, renovando-os de 1/2 em 1/2 hora; ventosas sêccas nas pernas e côxas; bichas no anus. Logo que o doente poder engulir, dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 gr. de acido phos- phorico (os 2juntos), ou só 1, de hypo-phosphito de strychnina, de hora em hora, em uma infusão de arnica, até que elle torne a si, não excedendo de 10 gr. de cada um por dia. Tomará 3 colheres de sopa do sal do Dr. Naury, dissolvido em 39 uma garrafa de infusão de café, aos cálices de 1/2 em 1/2 hora. Si o estado de coma ou somnolencia não melhorar, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até passara somnolen- cia. Quando o pulso e o calor se elevarem, appli- car-se-ha uma sanguesuga atráz de cada orelha e dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até que o thermometro applicado na axilla (debaixo do braço), durante um quarto de hora, não marque mais de 37°. Si a congestão for devida a uma febre perniciosa anoma'a, a que os francezes chamam Zarpde, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 20 por dia. Quando os symptomas da apo- plexia revestirem a fôrma remittente, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Contra a paralysia que sobrevém depois das he- morrhagias cerebraes, dar-se-ha os gr. de calo- melanos, 1 de hora em hora, até 10 por dia, para activar a reabsorpção do fóco. Ainda contra a paralysia dar-se-ha todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e 1 gr. de sulphatoou arseniato de strych- nina e 1 de acido phosphorico (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 6 por dia, 40 augmentando 1 gr. todos os dias, até chegar a 10 ou 12 de cada um. Os banhos salgados são uteis para ajudar a combater a paralysia. Apoplexia pulmonar. - V. Hemor- rhagia. Ardor no ourinar.- V. Urethrite. Areias nas ourinas.- V. Cálculos. Arranhadela ou arranhadura.- Tra- tamento. Compressas ensopadas em agua fria em permanência sobre as partes; 1 a 2 co- lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e, depois que obrar, 1 gr.de aconitina, ou veratrina e 1 gr. de hyosciamina (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Si sobrevier erysipela, se fará o tratamento desta moléstia. Arrepios.- V. Calafrios. Arroto.- Emissão de gaz pela bocca.-V. Dysp&psia. Arterite.- E' a inflammação das artérias. Apparece nos troncos arteriaes volumosos e par- ticularmente nos membros inferiores.-Symp- tomas. Dôr intensa na artéria, augmentando pela pressão e movimentos de flexão. Quando se applica o dedo sobre a artéria do- ente, sente-se uma corda volumosa, dura, e que é séde de batimentos. 41 A dor torna-se mais tarde menos intensa, os batimentos desapparecem,e abcessos se mostrara no membro. Nos casos felizes, os batimentos arteriaes perdem sua intensidade anormal e o membro re- cupera, pouco a pouco, suas funcções. Quando os batimentos têm desapparecido e que a artéria não é mais permeável, sente-se formi- gamento e dormência no membro, a sensibili- dade e movimento desapparecem ; a temperatura abaixa e se manifestam os signaes de gangrena espontânea. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2hora, até produzir abundantes dejecções. Se applicarão bichas sobre o trajecto edemaciado e doloroso da artéria ; se friccionará pela manhã e á tarde com uma pomada assim composta : pomada mercu- rial 30 grammas, extracto de cicuta ou bella- dona 4 grammas ; cataplasmas de linhaça ou de farinha de mandioca serão constantemente postas sobre a parte. Si o thermometro applicado ao sovaco, por 15 a 20 minutos, marcar mais de 37 gráos, se dará 1 gr. de aconitina, 1 deveratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos até que o calor baixe a 37°, que é o normal. Para 42 modificar a sensibilidade e tensão dos tecidos se dará 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2juntos), de 1/2em 1/2 hora até passar a dor. Estes gr. podem ser dados ao mesmo tempo que os de aconitina. Em lugar do chlorhydrato de morphina póde-se dar, pela mesma fôrma, osgr. de narceina.ou salde Gregory, ou codeina, ou iodhydrato de morphina, alcaloides calmantes do opio. Em lugar da hyosciamina se poderá dar os gr. de cicutina, ou atropina, ou daturina, calmantes dos espasmos e das fibras circulares dos tecidos. Depois que a febre e a dor forem abatidas, se dará 1 gr. de arseniato de soda e 1 de cicutina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 por dia. Em lugar do arseniato de soda, se poderá dar os gr. de arseniato de potassa, ou acido arse- nioso, ou arseniato de antimonio, do Dr. Naury. Si o doente estiver pallido se dará 1 gr. de iodu- reto de arsénico, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. O tratamento da chloro-anemia é perfeita- mente empregado neste caso. Si houver febre ca- chetica se dará 1 gr. de arseniato de cafeína, do Dr. Naury, de hora em hora ; ou pela mesma fôrma 1 gr. de arseniato de quinina até 10 por dia ; ou os de sulphato, ou valerianato, ouhydro- 43 ferro-cyanato de quinina, até 10 dos de valeria- nato e 20 dos outros dois por dia. Para resolver o endurecimento dos tecidos, quando não houver mais febre, se dará 1 gr. de iodureto mercurioso, de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia ; ou 1 gr. de iodureto mercurico pela mesma forma, até 4 a 6 ; ou 2 gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia. No estado agudo se poderá ainda empregar com vantagem 1 gr. de calomelanos, 1 de cicu- tina e 1 de narceina (os 3 juntos), de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Arthralgia. -Dôres nas articulações. - Nevralgia articular. -Ordinariamente está li- gada á intoxicação saturnina, e é para os orgãos de relação o que é a cólica para os da nutrição. Este modo de intoxicação pelo chumbo caracte- risa-se por dôres nos membros, sem trajecto de- terminado, diminuídas pela pressão, augmentadas pelos movimentos,e offerecendo exacerbações mais ou menos notáveis, como as das nevralgias. Câim- bras, espasmos, rigidez dos musculos das partes affectadas acompanham estas dôres, principal- mente no momento dos accessos. Não ha febre, nem cous a alguma apparente para o lado da pelle 44 Tratamento. V. Envenenamento pelo chumbo ou Cólica de chumbo. Arílirite.-Inflammação das articulações. Symptomas. Mal-estar, cansaço, calafrios, febre, dôr na articulação, dor que às vezes precede os phenomenos geraes. Esta dôr torna-se in- tensa, acompanha-se de rubor da pelle, e de intumescimento pronunciado. A febre torna-se intensa, o calafrio violento ; ha insomnia, sede, fastio, etc. Os symptomas se acalmam, mas a dôr se desperta ao menor movimento e persiste por muito tempo. A moléstia tem, geralmente, uma duração longa; passa algumas vezes ao estado chronico, que também se pôde manifestar desde o começo. Tratamento. Meia colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 taça de infusão de tilia, ou de sabugueiro, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir abundantes dejecções. Nos seguintes dias 1/2 colher do sal em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. Si a febre fôr continua e intensa, dar-se-ha 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 mi- nutos, até a quéda da febre; depois, 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. - Quando a arthrite tiver por causa o principio gottoso, dar-se-ha 1 gr. de digitalina, 1 de col- 45 chicina e 1 de scillitina ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Quando a arthrite tiver por causa uma blennorrhagia supprimida, in- troduzir-se-ha na urethra do doente uma algalia, e dar-se-ha os gr. de piperina ou de cubebina, 2 de hora em hora. Localmente, applicar-se-ha sanguesugas, vesicatórios, embrocações com tin- ctura de iodo, compressão e immobilisação da junta ou articulação. Applicar-se-ha gelo na arthrite traumatica.E' preciso ter o maior cuidado para que a inflammação não se localise sobre o pericárdio ou o centro phrenico. Emquanto houver febre, dar- se-ha os gr. de aconitina, veratrina e digitalina; quando ella se tornar remittente, os gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, até a quéda do pulso e do calor. A cauterização actual ou potencial serà empregada na arthrite, que tiver tendencia a passar à organica. Ma arthrite traumatica, a articulação serà aberta larga- mente e de uma maneira declive, para que o pús não fique estagnado e não tenha lugar sua ab- sorpção ; as largas incisões são menos perigosas do que as aberturas estreitas; ellas serão cu- radas com oleo phenicado. Quando houver der- ramamento na articulação, dar-se-ha sahida a elle pelo apparelho de Dieulafoy, de preferencia á incisão . Ascite.-V. Anazarca. 46 Asphyxia. - Apnèa. - Anhematosia. - Morte apparente.-Estado de morte apparente e imminente que resulta da suspensão da funcção respiratória. A asphyxia pode ter lugar por en- forcamento, ou estrangulamento, por submersão ( é a dos afíbgados ), por gazes mephiticos, gaz de illuminação, vapores de carvão, ar viciado, fermentações alcoólicas, etc., pelo calor e pelo frio. Além d'estas, ha a asphyxia dos recem-nas- cidos. A asphyxia quasi sempre tem lugar gra- dualmente.-Symptomas. Oppressão e esforços de respiração, abrimento debocca, vertigens, angus- tias, zunidos de ouvido ; depois, enfraquecimento dos sentidos, dos movimentos e perda de conheci- mento. Pulsações irregulares do coração, pulso fraco e também irregular, còr roxeada da pelle, começando pelas extremidades ; intumescimento das veias; respiração difficultosa ; cessação appa- rente da circulação ; morte. Si o doente se rea- nima, isto tem lugar lenta e gradualmente, e é durante a reacção que muitas vezes se produzem congestões e mesmo inflammações para o lado dos pulmões, coração ou cerebro. Tratamento. Fricções no espinhaço e corpo com flanella ou escova embebidas em alcali volátil, tinctura de noz-vomica, ou mostarda ; chlysteres com 2 colheres de sopa de sal de co- zinha. 47 Logo que o doente possa engulir, 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina, de 1/2 em 1/2 hora, até que se manifeste a reacção; si n'ella o pulso e o calor subirem, applicar-se-ha sanguesugas ao anus e dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digi- talina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro não marque mais de 37°. Duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em um copo d'agua fria, para tomar em tres porções. Si houver coma, somno- lencia, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeína, de hora em hora, até despertar o doente. Para combater este estado, também se póde empregar os gr. de cafeína, ou de citrato de cafeina. Si, por occasião da reacção, houver algum derramamento cerebral, dar-se-ha 1 gr. de calomelanos, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Si a febre de reacção tomar o typo intermit- tente ou remittente, dar-se-ha 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina; ou Igr. de arseniato de quinina, de hora em hora, até tomar 10 por dia • Os gr. de sulphato ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, também podem ser empregados. Asthenia geral. - Falta de forças. K. Adynamia. 48 Asthma. - Asthma nervosa. Asthma hú- mida, etc. Difficuldade de respirar manifestan- do-se sob fôrma intermittente. Esta difficuldade de respirar explica-se, segundo a maior parte dos autores, por um aperto espasmódico dos tubos aereos, na asthma essencial ; pela perda da elas- ticidade das cellulas pulmonares, no emphysema pulmonar.-Svmptomas. à invasão é precedida de arrotos, abrimento de bocca, mal-estar ; porém, as mais das vezes, ella é súbita em meio do somno. N'este ultimo caso, o doente acorda em sobre- salto por uma dyspnéa, que augmenta rapida- mente de intensidade. O doente apresenta-se inquieto, com a face pallida ou injectada, com a voz breve e anciosa, com a respiração estridente ; a cada inspiração produz-se um sibilo pronun- ciado, e a expiração faz-se silenciosa. O doente agarra-se aos corpos resistentes, que estão ao seu alcance, para augmentar o poder dos musculos respiratórios, pedindo ar, porque experimenta um sentimento de aperto e de estrangulação incom- modos. O accesso termina por uma expectoração espessa, filamentosa, ou mais aquosa e muito abundante; algumas vezes, por ourinas copiosas. Tratamento. Ter o ventre livre pelo emprego de 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo de infusão de café, pela manhã cedo; ou 2 a 3 gr. de podophyllina e 1 49 de atropina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), ao dei • tar-se. Si o doente estiver sob a pressão do accesso, sinapismos nas pernas e coxas ; clysteres com 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado, 3 a 4 colheres de oleo de ricino, ou azeite de mamona, ou 60 grammas de electuario de senne em chicara e meia d'agua morna; 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina e 1 de hyosciamina (os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma, ou 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de daturina (os 3 juntos), de hora em hora, até a calma ; logo que esta se produza, espaçar-se-ha os gr. para de hora em hora, ou de 2 em 2 horas. Si o ataque não passar com esta medicação, dar- se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 dearse- niato de soda e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação, não excedendo de 10 de cada especie por dia. Mas si o doente não estiver com o accesso, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de hyoscia- mina, e 1 de quassina (os 3 juntos), ás 8 e 11 horas da manhã, ás 3 e 61/2 horas da tarde, tendo sempre o ventre desembaraçado pelo sal, do Dr. Naury. Si os accessos voltarem em épocas regula- res, dar-se-ha 1 gr. de valerianato de quinina, de hora em hora, até tomar 10 por dia, continuando com os gr. de arseniato de strychnina e hyos- ciamina, 4 vezes por dia, como já dissemos. Na 5 50 occasião do accesso, poder-se-ha dar também 1 gr. de camphora-bromé, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 10 a 12 por dia. No catarrho asthma- tico chronico dar-se-ha 2 gr. do sulphureto de cálcio e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ás 8, às 11 da manhã, ás 3 e 6 1/2horas da tarde : e, para facilitar a expectoração, 1 gr. de scillitina e 1 de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até tomar 10 a 12 de cada es- pecie por dia. Para o mesmo fim poder-se-ha dar também 2 gr. de kermes, de hora em hora, até tomar 20 por dia. Si houver muita accumulação de mucosidade nos pulmões, poder-se-ha dar 1 gr. de emetico em 1 colher d'agua morna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 2 a 3 vezes. Si o asthmatico fôr chloro-anemico, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), ás 8 e ás 11 da manhã, ás 3 e 6 1/2 horas da tarde. Com o mesmo fim poder-se-ha dar 2 ou 4 gr. de quassina a cada refeição, para despertar as forças digestivas. Os gr. de lactato, phosphato e iodureto de ferro, podem ser dados para o mesmo fim, na dose de 6 a 10 por dia. Os asthma- ticos podem tomar 1 gr. de atropina, ou datu- rina, de 3 em 3 horas, até tomar 3 a 5 por dia, mas sempre com os gr. de scillitina, que devem ser tomados em numero de 10 a 12 por 51 dia. Para a asthma gottosa e rheumatismal far- se-ha o tratamento anti-gottoso e anti-rheuma- tismal: 1 gr. de colchicina, 1 de quassina e 1 de jalapina (os 3 juntos ), pela manhã, ao meio dia e às 6 horas da tarde. Para a asthma sy- philitica dar-se-ha os mercuriaes e ioduretados ; p. ex. : 2 gr. de iodureto mercurioso (proto- iodureto ) 4 vezes por dia, com intervallo de 3 horas. Os gr. de iodureto mercurico (bi-iodu- reto) na dôse de 1 gr. de 2 em 2 horas, até 6 por dia. Os gr. de iodureto de arsénico podem ser dados : 1, de 2 em 2 horas, até 8 por dia. Os gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, po- dem-se dar : 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Os doentes devem fugir do ar húmido. Asíliiiia aguda de liillar.- V. Group falso, Laryngite stridulosa. Ataque <Ie Gotta Coral.-F. Epilepsia. Ataque <le nervos. - V. Hysleria, Ne- urose . Ataxia.- Phenomenos nervosos irregulares que acompanham certas febres, e as tornam mais graves. V. Febres. Atrophia do coração.- Diminuição do volume e do peso do coração. E' rara isolada- mente.- Symptomas. Diminuição da extensão da obscuridade do som ; batimentos pequenos e 52 fracos ; ausência de impulsão ; enfraquecimento extremo dos ruidos do coração, que são lentos e irregulares; pulso, ora pequeno, delgado, estreito e duro, ora molle, largo e fraco. Tratamento. Meia colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo : 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, ou sulphato, ou arseniato de strychnina e 1 gr. de arseniato de ferro, doDr. Naury (os 2 juntos), âs 8, as 11, ás 3, e ás 6 horas da tarde, aug- mentando ou diminuindo as dóses, segundo o ef- feito produzido. Em lugar do arseniato de ferro póde-se dar os gr. de arseniato de manganez, lactato ou phos- phato de ferro, unidos aos gr. de strychnina : p. ex. 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de ar- seniato de manganez ( os 2 juntos), 4 vezes por dia. Para despertar as forças digestivas se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Atropliia muscular progressiva.-Di- minuição gradual do volume dos musculos.-Sym- ptomas. Os braços, principal mente o direito, são os primeiros membros affectados ; a atrophia, isto é, a diminuição de volume, a principio, accom- mette só vários musculos, depois estende-se. O braço enfraquece se, seu volume diminúe e acaba por perder inteiramente o movimento, não porque 53 elle não possa obedecer, como na paralysia, mas, porque lhe fallece a força para corresponder à vontade. Manifestam-se contracções fibrillares, não dolorosas, algumas vezes caimbras nos mús- culos atrophiados. Não se nota nenhum symptoma geral. A marcha d'estamoléstia é constantemente invasora; sua duração é illimitada ; seu prognos- tico é grave, posto que a vida não seja ameaçada. Tratamento. Uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs. Um gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), às 8, ao 1/2 dia, às 3 e ás 6 horas da tarde ; ou 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 4 vezes ao dia. Dar- se-ha também 1 gr. de veratrina, de 2 em 2 horas, até tomar 6 a 8 por dia. Si o doente fôr anémico, empregar-se-ha os gr. de acido arsenioso, ou os de arseniato de soda, ou deantimonio, ou de ferro, ou os de phosphato, iodureto ou lactato de ferro, do Dr. Naury. Si houver fastio, administre-se 3 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. A atrophia muscular progressiva é moléstia incurável. ' Azia.- Arroto acido proveniente da má di- gestão.- V. Dyspepsia. Baço. - ( Inflammação do ) V. Splenite. Balawite.--Posí/wíe, Balano-posthite, Blen- norrhagia da glande. Inflammação catarrhal 54 da mucosa do prepucio e da glande. E' muito menos frequente do que a inflammação da urethra.-Symptomas. Coceira na glande, que apresenta-se tumefacta; o prepucio, participando da inflammação, torna-se sensível e estreito ; a phimosis é mais ou menos completa. Transuda das superfícies doentes uma matéria opalina a principio, depois purulenta, cuja abundancia or- dinariamente é notável. A glande, si póder ser descoberta, apresentar-se-ha rubra e com exco- riações superficiaes. E' preciso não fazer esforço para descobril-a, afím de que não sobrevenha outro accidente, isto é, a parapltimose. Tratamento. Si a glande puder ser desco- berta, será banhada com agua mórna e um pouco de cognac ou aguardente, depois interpôr-se-ha entre a glande e o prepucio fios finos, sêccos ou molhados em uma solução fraca de tinctura de iodo, iodureto de potássio e agua distillada. Si a glande não poder ser descoberta, far-se-ha in- jecçãocom uma pequena seringa entre o prepucio e a glande com agua mórna e cognac ou aguar- dente, applicando-se pannos molhados em agua- vegeto-mineral e agua commum sobre a glande e o prepucio. Si a balanite não ceder, tocar-se-ha toda a superfície rubra com uma ligeira solução de ni- trato de prata, e depois interpôr-se-ha fios sêccos. 55 Si o doente sentir muita dor e estrangulamento da glande, dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 de cada um por dia. Si a balanite fôr syphilitica, dar-se-ha 2 gr. de iodureto mer- curioso (proto-iodureto), às 8 e ás 11 horas da manhã, ás 3, e às 6 e 1/2 da tarde; ou 1 gr. de iodureto mercurico (bi-iodureto) de 2 em 2 horas, até 6 por dia ; ou 2 gr. de iodureto de potássio, de 2 em 2 horas, até 10 a 12 por dia. Contra as erecções nocturnas dar-se-ha 1 gr. de cam- phora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 por noite. Borrigit d*a$iia.- V. Anazarca. Beiços arrebentados.- V. Herpes la- bial. Ilelidas da cornea.-V. Keratite. Ueriberi.- Beri-Beri. Assim se chama uma moléstia oriunda dos paizes quentes e que reina esporádica ou epidemicamente, atacando os individuos da raça colorada e que é caracte- risada por sentimentos de fraqueza geral e de oppressão, coincidindo com anazarca e derrama- mentos serosos nas cavidades esplanchnicas. Ella se apresenta com perturbações do movimento e da sensibilidade.-Symptomas. A moléstia se ma- nifesta geralmente, mas não sempre, por pro- 56 drómos, que apparecem muitos dias antes e são- languidez, fraqueza, inappetencia, repugnância para andar, dores vagas nas pernas, sensação de aperto na base do peito, cansaço, frio e dores de cabeça. Em alguns casos a invasão é rapida, de um dia para outro o doente é accommettido e o me- dico conhece a inchação, antes do doente se aper- ceber delia. A inchação dos tornozelos e da pelle das pernas é um dos primeiros symptomas desta mo- léstia. A invasão é caracterisada - pela aggra- vação de todos estes symptomas. A moléstia se apresenta sob tres fôrmas : a hydropica, a paralytica e a mixta. A hydropica é caracterisada pela predomi- nância de derramamentos serosos ; o doente fica muito inchado. A paralytica pela predominância dos sym- ptomas paralyticos ; o doente quer andar, não pôde ; cahe. A mixta é aquella em que os symptomas das fôrmas hydropica e paralytica se encontram reu- nidos. Os doentes sentem perturbações digestivas ; todos morrem asphixiados. Tratamento. Si a fôrma fôr hydropica, princi- piar-se-ha o tratamento dissolvendo 3 colheres de 57 sopa do sal, do Dr. Naury, em uma garrafa d'agua fria, e se dará aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções, para diminuir a grande quantidade de serosidade derramada e assim preparar a absorpção. Nos outros dias só se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. O doente tomará 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, e si houver difficuldade de ourinar e uma tal ou qual pressão no collo da bexiga, se dará 1 gr. de hyosciamina de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia, para vencer a constricção do collo da bexiga. A cada refeição se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, para augmentar a secreção do fí- gado e despertar as forças digestivas do estomago. Si a fórma for paralytica, se dará uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs cedo, em um copo d'agua fria, e 1 gr. desulphato ou arseniato de strychnina e 1 gr. de acido phos- phorico (os 2 juntos); ou só um gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando lenta, mas gradual- mente a dóse destes gr. até que se pronuncie a acção curativa delles. Os gr. de quassina a cada refeição são uteis nesta fórma. 6 58 Na miocta, o tratamento da fórma hydropica e da paralytica é perfeitamente indicado. Algumas vezes os gr. de iodureto de potássio são convenientes, 2 de 2 em 2 horas, até 10 a 12 por dia, conjunctamente com os gr. de arseniato de strychnina e acido phosphorico ou hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury. Nas crianças, em lugar dos preparados de stry- chnina se dará 1 gr.'de brucina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando ou diminuindo a dóse segundo o effeito que produzir. Os gr. de arseniato de soda, ou potassa, ou an- timonio, ou cafeina podem ser dados com os gr. de cicutina, do Dr. Naury, sendo 2 gr. de arse- niato de cafeina e 1 de cicutina (os 3 juntos', ás 8 horas, á 1 hora e ás 6 da tarde. Também se poderá dar em lugar do arseniato de ferro os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato ou iodureto de ferro e os gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, sendo 2 gr. de lactato de ferro e 1 de hypo-phosphito de strychnina, 3 vezes por dia. Si a moléstia revestir a fórma intermittente ou remittente se dará os gr. de arseniato ou de valerianato, ou hydro-ferro-cyanato ou sulphato de quinina, do Dr. Naury, 1 gr. de hora em hora, até 10 dos 2 primeiros e 20 dos últimos por dia. 59 Os gr. de asparagina, ou scillitina, ou elac- terina, ou bryonina, ou colchicina, do I)r. Naury, podem ser dados 1, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 12 por dia para augmentar a secreção da ourina. Os banhos salgados, porém, depois do desap- parecimento da inchação, os cáusticos, ou fon- ticuios no espinhaço e as comidas salgadas são uteis nesta moléstia. Rertoeja. - Borbulhas na pelle, brancas no apice, cercadas de rubor extenso, caracterisadas por immenso prurido ; ordinariamente é de pouca duração. Tratamento. Todas as manhãs uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Banhos geraes mornos, com farelo. Um gr. de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até tomar 6 de cada especie por dia. Também póde-se dar 2 gr. de acido salicylico, de 2 em 2 horas, até tomar 6 por dia. Si o doente fôr lymphatico, dar-se-ha 2 gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até tomar 6 a 8 por dia. Quando a erupção fôr intensa, o doente pode também fazer uso de soro de leite. Bexiga.- (Calculo da) V. Calculo. Bexiga.- (Catarrho da ) V. Cystite cliro- nica. 60 Bexiga.- (Espasmo do collo da'} N. Dy- suria. Bexiga.- (Inércia da) V. Paralysia da bexiga. Bexiga.- (Inflammação da) V. Cystite. Bexiga.- (Nevralgia da) V. Nevralgia. Bexiga.- (Paralysia da) V. Paralysia. Bexigas.- V. Variola. Bicheiro.- Tumor no qual se encontram larvas produzidas pelas lendeas da mosca vare- jeira. Tratamento. Abrir o tumor, esvasial-o e la- val-o bem com agua phenicada ou com acido salicylico. Internamento 1 gr. de sulphureto de çalcio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia ; ou 2 gr. de acido salicylico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Si as larvas forem depositadas no nariz ou garganta, se fará gargarejos e se injectará o nariz com tinctura de iodo 30 gotas, iodureto de po- tássio 60 centigrammas, agua distillada 500 gram- mas, ou com agua, tendo em dissolução uma pe- quena quantidade de acido phenico ou salicylico. Ainda se poderá dar contra esta moléstia 2 gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, ás 8, ás 11, ás 3 e ás 6 horas da tarde, ou 2 gr. de io- 61 dureto mercurioso, pela mesma forma, ou 2 gr. de iodureto de potássio 5 a 6 vezes por dia ; ou 2 gr. de arseniato de soda, ou de potassa ou de antimonio, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. Bico do peito.- {Eczema do) V. Eczema. Bico do peito.- {Rachas do). As rachas ou ulcerações do bico do peito são devidas à amamentação das crianças nos primeiros dias. Elias offerecem tres gràos : Io excoriação, 2o fe- ridas, 3o rego ou ulceração. O primeiro gráo resulta da simples perda da epiderme do bico do peito ; o segundo já é o re- sultado de uma ulceração mais profunda, do que a simples excoriação ; o terceiro gráo é a exage- ração do segundo. A inflammação da pelle do bico do peito é a causa mais frequente da excoriação, ferida, régo ou ulceração.-Symptomas. Ha dor seguida de coceira insupportavel, esta dôr augmenta quando o menino mama, a inflammação se propaga aos tecidos vizinhos, occasionando abcessos do peito. Tratamento. Lavar o peito toda a vez que o menino mamar e depois applicar glycerina pura. Dar-se-ha 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, e depois que obrar, 1 gr. de veratrina e 1 de hyos- 62 ciamina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), 4 a 6 vezes por dia. Em lugar da veratrina se poderá em- pregar, pela mesma forma, os gr. de aconitina ou digitalina; em lugar da hyosciamina os gr. de cicutina, do Dr. Naury. Si com esta medicação as dores não melho- rarem, se unirá aos gr. de veratrina e hyoscia- mina 1 gr. de narceina ou codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Si sobrevierem abcessos V. Abcesso. SSico do peito. - (Ulcerações do) Depois da amamentação o bico do peito se cobre algumas vezes de crostas, que, cahindo, deixam uma pe- quena ulcera dolorosa. Tratamento. Cauterizar a ulcera com o lapis de nitrato de prata e cural-a depois com glyce- rina, fazendo o tratamento, por nós já indicado, para as rachas do bico do peito. Se dará ainda 2 gr. de iodureto mercurioso 3 a 4 vezes por dia, ou 2 gr. de iodureto de arsé- nico, ou 2 gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, pela mesma fórma. SSico do peito.- (Vegetações do) Deve-se excisar com thesouras curvas todas as vegetações e cauterizal-as com nitrato de prata ou acido nitrico, depois far-se-ha o tratamento das ulce- rações do bico do peito, por nós já indicado. 63 Bleniiorrliagia. -• Gonnorhêa, Urethrite venerea, virulenta, catarrhal, Corrimento, Es- quentamento, Purgação. Inflammação da mucosa urethral acompanhada de corrimento muco-purulento contagioso, no estado agudo.-Symptomas. Depois de uma incu- bação de 2 a 8 dias, apparece a sensação de pru- rido no canal, e picadas no meato da urethra ; depois,dôres que augmentam durante as erecções, a micção, e cuja séde principal é na fóssa navi- cular ; tumefacção, rubor da glande ; corrimento branco, opaco, amarellado ; jacto da ourina mais delgado, como quebrado ; dôres concomitantes no trajecto do canal, algumas vezes no perineo, nos testículos. As vezes ha febre, inappetencia, mal-estar. Tratamento. Na blennorrhagia aguda, banhos mornos, cozimento de cevada, althéa ou linhaça ; repouso; duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo ; sanguesugas entre as duas vias. Si houver febre, dor e erethismo nervoso, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de hora em hora, até abater a febre; contra a dor e erethismo nervoso, 1 gr. de camphora-bromé, 1 de cicutina, e 1 de bromureto de potasaio ( os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Os gr. de hyoscia- 64 mina pôdem ser dados de 1/2 em 1/2 hora, quando a dor se propagar para o collo da bexiga. Quando houver muita dor, poder-se-ha reunir aos seda- tivos já indicados os gr. de chlorhydrato de mor- phina, ou sal de Gregory ( chlorhydrato duplo de morphina e codeína), ou codeina, ou narceina.. As injecções irritantes não devem ser empre- gadas. Logo que passar a agudez, dar-se-ha 2gr. de cubebina . e 1 de piperina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 20 do pri- meiro e 10 do segundo, por dia. Os gr. de ben- zoato de soda podem ser dados na dóse de 20 por dia, 2 a 3 de cada vez, continuando-se com os se- dativos : cicutina, bromureto de potássio, hyos- .ciamina ou morphina. N'este periodo, em que o estado agudo já tem passado, póde-se dissolver 3 a 4 gr. de acido tannico em um pouco d'agua fria, e fazer 3 injecções por dia, na urethra- Quando a inflammação se propagar para a bexiga e houver ourinas sanguinolentas e muita dor,dar- se-ha 1 gr. de hyosciamina, 1 de digitalina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passarem estes symptomas. Os doentes devem ter muito cuidado com os dedos, para não leval-os aos olhos impregnados de mu- co-pús, que dará inevitavelmente a ophthalmia blennorrhagica, e conseguintemente a cegueira. O doente deve ter o escroto suspenso, para que 65 não sobrevenha a orchite. Deve abster-se de café e de cerveja. BleiHiorrhéa. - E' a blennorrhagia chro- nica, que tem por ponto de partida a blennor- rhagia aguda ; por causas predisponentes, o tem- peramento lymphatico, o vicio escrophuloso,a ha- bitação em lugar húmido, etc. ; e por causas oc- casionaes, os excessos venereos, a masturbação, a prostatite chronica, o estreitamento da ure- thra.-Symptomas. Auzencia de dor; simples corrimento, ou melhor, transudação antes mucosa do que purulenta, pouco abundante, que só se mostra em certos momentos do dia, particular- mente pela manhã, antes da emissão da ourina. Tratamento. Quando fôr devida a estreita- mento da urethra, que é o caso mais frequente, só a operação da urethrotomia, ou a dilatação gra- dual serão os meios efficazes de tratamento, e, para que a introducção das algalias não produza a febre do catheterismo, ter-se-ha o ventre de- sembaraçado por meio de 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Nau ry, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo, e dar-se-ha 2 gr. de hydro- ferro cyanato de quinina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até tomar 10 do primeiro e 5 do segundo, por dia. Os gr. de sulphato ou valerianato de quinina pódem ser dados, na dóse de 10 por dia, 2 de cada 6 66 vez. Quando a blennorrhagia fôr devida a um temperamento lymphatico ou escrophuloso, não sendo entretida por estreitamento, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de stry- chnina (os 3 juntos), 4 vezes por dia. Para o mesmo fim, dar-se-ha 2 gr. de lactato de ferro e 1 de sulphato de strychnina (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Os gr. de phosphato ou de iodureto de ferro, em numero de 6 a 8 por dia; os de hypo- phosphito de cal, ou de soda, pódem ser dados com o mesmo fim, em numero de 10 a 12 por dia, 2 de cada vez. Póde se empregar as injecções com uma so- lução de 3 a 4 gr. de acido tannico. Os gr. de cu- bebina, piperina e benzoato de soda, do Dr. Naury, pódem ser dados, como na blennorrhagia chro- nica ; os de acido benzoico são muito uteis, 1 de hora em hora, até 6 ou 8 por dia. Os banhos sal- gados são muito convenientes. flSIepharite. - Inflammação das palpebras. E' geral ou parcial. A primeira é o fleimão da palpebra, a segunda é dividida por Velpeau em 3 especies : mucosa, glandulosa e ciliar. Aqui trataremos só da Blepharite ciliar.-Symptomas. Rubor e intumescimento das palpebras ; cilios (pestanas) agglutinados ao amanhecer. Em um grâo mais adiantado, pustulas e crostas furfura- ceas na base dos cilios ; endurecimento do bordo 67 livre das palpebras ; quéda dos cilios ; bordo pal- pebral apresentando a fôrma de um cordão no- doso, rubro ; formação successiva na base dos ci- lios de pequenos botões pustulosos ; ulceração, destruição dos folliculos pilosos ; ectropion. Tratamento. Na primeira manhã 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, e nas outras manhãs, só 1/2 colher de sopa deste sal, na mesma quanti- dade dagua. Virar as palpebras superiores e inferiores com os dedos ou com a ponta de um palito e passar ligeiramente sobre a mucosa d'ellas um fragmento liso de sulphato de cobre, e depois banhal-as repetidas vezes com agua fresca. Esta cauterização só se farâ de 8 em 8 dias. Applicar-se-ha sobre os olhos pequenas com- pressas molhadas em agua do mar, e na falta d'ella em agua commum tendo em dissolução 1 colher de sopa de sal de cozinha. Contra a blepharite escrophulosa dar-se-ha 1 gr. de ar- seniato de soda do Dr. Naury, ás 8 e ás 11 da manhã, às3 e 6 1/2 horas da tarde. Com o mesmo fim e pela mesma fórma dar-se-ha os gr. de ar- seniato de antimonio, ou de potassa, ou os de iodureto de arsénico, ou enxofre, ou os de sul- phureto de cálcio. Contra a blepharite syphi- litica dar-se-ha 2 gr. de iodureto mercurioso 68 (proto-iodureto) ás 8, ao meio dia e ás 6 da tarde; com o mesmo fim e do mesmo modo dar- se-ha os gr. de iodureto mercurico (bi-iodureto). Si o doente for chloro-anemico, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strych- nina (os 3 juntos ), ás 8 da manhã, à 1 e ás 6 da tarde. Para despertar o appetite dar-se-ha 3 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Si houver dor nos olhos e não fôr possivel en- carar a luz, dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma; si a dor voltar regularmente, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, ou 1 de sulphato de quinina, de hora em hora, para cortar a intermittencia. Os gr. de atropina e os de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury, podem ser dados (os 2 juntos ), 3 a 4 vezes por dia para acalmar a dor. Os gr. de hypo-phosphito de cal ou de soda, ou os de io- dureto de ferro, do Dr. Naury, podem ser dados : os primeiros em numero de 10 a 12, e o ul- timo no de 6 por dia, para reconstituir o orga- nismo. Deite-se algumas gottas de limão em um pouco d'agua fresca, para banhar os olhos du- rante o dia. Bocca amarga.-V. Dyspepsia. Bocca (Feridas da) V. Aphthas. 69 Boeca.- (Inflammação da ) V. Estomatite Boeio.- V. Cachumba. Boubas.-Framboesia. - Moléstia de pelle que se apresenta sob as fôrmas seguintes: Boubas sêccas ; tubérculos, que a principio se manifestam algum tanto molles, como nucleados, do tamanho de cabeças de alfinetes, e que mais tarde tornam-se maiores, desiguaes, achatados, indolentes, superficialmente ulceráveis, dissemi- nados pelo rosto, tronco e extremidades. Boubas húmidas; ulceras elevadas, planas, rubras, gra- nulosas, de diâmetro variavel, das quaes tran- suda certa mucosidade, ás vezes cobertas de uma substancia amarello-esbranquiçada. Cravos bou- baticos ; pequenas elevações na planta dos pés, acompanhadas de fendas profundas e dolorosas. Esta moléstia é de natureza syphilitica. Tratamento. V. Syphilis. Brouchite.-Catarrho pulmonar.- A in- flammação catarrhal dosbronchios é aguda, sim- ples, chronica, capillar ou pseudo-membr anosa. Bronchite aguda simples intensa.- Sympto- mas. Em consequência de um defluxo, apparecem calafrios, cephalalgia, quebrantamento de forças, dor por detráz do sternum ( osso do peito), tosse sêcca ; oppressão e febre. Depois, a tosse tor- na-se mais frequente, anxiosa, muito fatigante, 70 menos sêcca ; cephalalgia e febre. Ao fim de 3 a 4 dias, a dor do peito acalma-se, a febre cede, a tosse torna-se mais facil e ha expecto- ração de escarros volumosos, opacos, amarellos ou esverdeados. Bronchite chronica.-Symptomas. Tosse, ora ligeira, ora fatigante, antes húmida do que sêcca, mais pronunciada pela manhã e à noite do que durante o dia ; expectoração abundante; pouca difficuldade de respirar ; reincidências reptidas à mais ligeira variação atmospherica. Bronchite capillar.-Symptomas. Ihflammação dos pequenos bronchios; ella distingue-se pela grande reacção febril, difficuldade considerável de respiração, tosse pertinaz, expectoração dif- ficil, estertores crepitantes, e sub-crepitantes dos dois lados, estendendo-se só ao terço ou á metade da altura do thorax. Quando a bronchite capillar é geral, a difficuldade de respirar é ex- trema, a face é pallida ou roxeada, os olhos sa- lientes, a palavra breve, a anxiedade immensa. Bronchite pseudo-membr anosa.-Symptomas. Ordinariamente aguda, esta moléstia começa por um simples defluxo ; manifesta-se depois grande difficuldade de respiração, tosse pertinaz e fati- gante, dor intensa com sentimento de oppressão por detráz do sternum. Ha estertor sonoro ou ruido de valvula, produzido por algum retalho 71 fluctuante cia pseudo-membrana. Expectoração caracteristica, formada de fibras brancas, ocas e ramificadas. Febre variavel, integridade da voz, salvo complicação de croup. Tratamento. Na bronchite simples, ,2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo de in- fusão de tilia ; depois de produzir effeito, abater a febre, dando 1 gr. de aconitina, 1 de digitalina e 2 de citrato de cafeina, do Dr. Naury (òs 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a febre e a dor de cabeça; depois, facilitar a expecto- ração por meio de 2 gr. de kermes, ou 2 gr. de scillitina, ou 2 gr. de benzoato de soda, de hora em hora. Si com o emprego d'estes gr. ainda não houver facilidade de expectoração, dar-se-ha 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher d'agua mórna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 3 vezes. Nas crianças em lugar do emetico, dar-se- ha 1 gr. de emetina ou de apomorphina, de hora em hora, até vomitar uma ou duas vezes. Si houver difficuldade de respirar, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyoscia- mina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora , até a calma ; si fôr criança, em lugar da strychnina, dar-se-ha 1 gr. de brucina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos;, 3 a 4 vezes por dia. Contra a tosse empregar-se-ha 1 gr. de cicutina 72 el de codeina (os 2 juntos), de hora em hora. Com o mesmo fim, póde-se dar 1 gr. de iodo- formio e 1 de narceina (os 2 juntos), ou 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora. Na bronchite chronica, desembaraçar-se- ha o ventre, por meio de 1/2 colher de sopa, do sal do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs ; dar-se-ha 2 gr. de ar- seniato de soda e 1 de arseniato de strychnina (os 3 juntos), ás 8 da manhã, ao meio dia e ás 6 da tarde ; os gr. de arseniato de soda podem ser substituidos pelos de arseniato de antimonio, ou de potassa ; os gr. de arseniato de strychnina pódem ser substituidos pelos de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Contra a bronchite chronica syphilitica empre gar-se-ha2 gr. de iodureto mercurioso (proto-io- dureto), ou 1 gr. de iodureto mercurico (bi-iodu- reto) 4 a 5 vezes por dia; ou 2 gr. de iodureto de potássio, ou 1 gr. de iodureto de arsénico 4 a 6 vezes por dia. Contra a bronchite capillar, dar-se-ha 1 gr. de emetico aos adultos, ou 1 gr. de eme- tina às crianças, de 1/2 em 1/2 hora, em 1 colher d'agua mórna, até vomitar 2 a 4 vezes; depois, fazer uma derivação sobre o canal intes- tinal com 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, 73 em 1/2 chicara de infusão de tilia, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 3 a 4 vezes ; depois, faci- litar a expectoração pelos gr. de kermes, ou scil- litina, como já dissemos, para a bronchite simples; para a falta de ar, dê-se os gr. de arseniato de strychnina e os de hyosciamina, como já expli- camos. A febre será combatida pelos gr. de aco- nitina, veratrina e digitalina : si ella tomar o caracter intermittente ou remittente, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina,ou 1 gr- de sulphato ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora. Os vesicatórios sobre o peito são muito uteis. Contra a bronchite pseudo-membranosa, dar- se-ha 1 gr. de emetico aos adultos, ou 1 gr. de emetina ás crianças, de 1/2 em 1/2 hora em 1 colher d'agua morna, até a expulsão das falsas membranas ; conserve-se o ventre livre pelo sal do Dr. Naury, todas as manhãs; dê-se 1 gr. de sulphureto de cálcio e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos , ás 8 e ás 11 da manhã, ás 3 e às 6 da tarde. Na bronchite capillar e na pseudo-membra- nosa, a tosse será acalmada pelos mesmos meios q e na bronchite simples.. IJhifoilo.- Engorgitamento inflammatorio dos ganglios lymphaticos. Póde sobrevir por occa- sião de uma simples irritação ou excoriação as- 74 sestada no penis ou na urethra ; é, n'este caso uma adenite. Porém o bubão venereo é aquelle que resulta da absorpção do virus syphilitico. O bubão é primitivo (a que os Francezes chamam d'emblèe\ ou consecutivo, ou constitucional. O l.° é aquelle que, para muitos authores, excepto Ricord, pôde apparecer sem que seja precedido de cancro ; o 2.° manifesta-se pouco tempo de- pois do apparecimento do cancro ; o 3.° è o que apparece como symptoma secundário ou terciário, em um indivíduo infectado, porém que não apre- senta actualmente symptomas primitivos.-Sym- ptomas. O bubão è inflammatorio ou indolente. O l.° marcha rapidamente para a suppuração. A infla mmação quasi sempre é devida a acção do virus absorvido. A's vezes, ella estende-se ao tecido cellular que cerca os ganglios lympha- ticos, desenvolve-se rapidamente á maneira de um fleimão e suppura cedo ; outras vezes, ella fica limitada aos ganglios, cujo intumecimento é lento e quasi sem reacção. A 2.a especie de bubão -o indolente-não manifesta tendencia alguma para a suppuração; fica estacionário e não causa dôr alguma, porém elle está ligado a um cancro endurecido, ou á syphilis constitucional. Tratamento. V. Syphilis. rSoulimia.- Appetite exagerado. V. Dys- pepsia. 75 Cache x ia.-Alteração profunda da nutri- ção, caracterisada pela inchação e infiltração» cor amarellada ou plúmbea, sangue extrema- mente seroso, e langor de todas as propriedades de tecidos; estado que se observa principalmente, depois de longas moléstias, ou no fim de certas affecções chegadas a um alto grão de intensi- dade. Tratamento. V. Syphilis, Tuberculose, Gotta, Febre intermittente, Abcesso, Escorbuto, Can- cro, Envenenamento pelo chumbo, Moléstias nervosas. Cachuniha. -Inchação das glandulas sub- maxillares e parotidas, mal circumscripta, acom- panhada, ás vezes, de febre.-Symptomas. Nos casos ligeiros, inchação e dureza, sem mudança de côr da pelle, dor, difficuldade nos movimentos do queixo, augmento da saliva excretada; symp- tomas que se propagam depressa ao outro lado, si se manifestaram em um só, e que tornam a physionomia differente. Si a moléstia fôr in- tensa, haverá, além d'estes phenomenos, cala- frios, febre, pelle sècca, e ourinas sedimentosas. A's vezes, ha também a inchação dos testículos, dos grandes lábios ou dos seios, acompanhando a moléstia ou depois que ella vae cedendo. Tratamento. Nos adultos 2 colheres de sopa, e, nas crianças, 1/2 colher do sal, do Dr. Naury, 76 em 1/2 copo d'aguafria pela manhã cedo. Quando por ventura houver repugnância para tomar o sal dissolvido em agua, addicionar-se-ha algumas gottas de limão e um pouco de assucar, até cons- tituir uma agradavel limonada. Si houver febre, depois do laxante ter produzido effeito, dar-se- ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos); de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a. Logo que passar a febre abandonar-se-ha estes gr. para dar 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia ; e far-se-ha embrocações com tinctura de iodo, de 3 em 3 dias, sobre a glandula engorgitada. Para acalmar a dor dar-se-ha 1 gr. de narceina e 1 de cicutina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora ; ou 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos , de hora em hora, até a calma. O sal do Dr. Naury deve ser tomado, como dissemos, todas as manhãs. Para resolver o engorgitamento glandular, depois que passar a febre, dar-se-ha 1 gr. de iodoformio, de hora em hora, até 6 a 8 por dia; ou 1 gr. de sulphureto de cálcio, de hora em hora, até 6 por dia; ou 1 gr. de iodureto mer- curioso (proto-iodureto) ás 8 e ás 11 da manhã, e ás 3 e 6 horas da tarde ; ou 1 gr. de iodureto de potássio, de hora em hora, até 6 a 10 por dia ; ou 1 gr. de iodureto de arsénico, do 77 Dr. Naury, ás 8 e às 11 da manhã e às 3 e às 6 horas da tarde. Os gr. de arseniato de soda ou de potassa pódem ser dados, para o mesmo fim : 1 gr. de arseniato de potassa e l.de cicu- tina (os 2 juntos), ás 8 e às 11 da manhã, às 3 e ás 6 horas da tarde. Também se pôde dar 1 gr. de iodureto de enxofre, do Dr. Naury, ás mesmas horas. Cadeiras.-(Dor de) V. Lumbago. Caimbra.-Contracção mvoluntaria, espas- módica e dolorosa de certos musculos, particu- larmente dos da parte posterior da perna. Estas caimbras sobrevêm principalmente à noite, e cessam quasi instantaneamente, desde que se apoia fortemente o pé sobre o sólo, estendendo a perna sobre a coxa de modo a impedir as contracções do musculo convulso. A caimbra resulta muitas vezes de uma falsa posição, ou da compressão di- recta de uma artéria principal, de um musculo ou de um nervo,muito mais vezes do que de uma su- per-excitaçãodo cerebro. Algumas vezes as caim- bras são sympathicas, como na cólica de chumbo e no cholera-morbus. Ha uma affecção chamada caimbra dos escriptores,, e que consiste na inap- tidão de certos musculos dos dedos da mão-o pollegar, o indicador - a contrahir-se regular- mente para conservar e dirigir uma penna, para apoiar-se sobre as teclas do piano, etc., ao 78 passo que os musculos da mão e do antebraço conservam a aptidão e a força que lhes é pró- pria para qualquer esforço mais energico, ou mesmo para qualquer acção de outro genero. Esta affecção, de ordinário, permanente, vem al- gumas vezes por acce-s('. Nenhum meio tem sido proveitoso , nem mesmo a tenotomia. Tratamento. V. Contractura. Cálculos.- Concreções calculosas. Nome dado em geral ás concreções que se fórmam ac- cidentalmente no corpo dos animaes. Encon- tra-se cálculos nas articulações, nas vias bi- liares, nos intestinos, nos pulmões, na próstata, nas vesículas seminaes, nas vias salivares, nos orgãos genito-ourinarios, etc. Cálculos biliares. - Cholèlithe.-Sym- ptomas. Ao atravessar o canal choledoco é que os cálculos determinam uma dor viva, atróz, asses- tando-se por debaixo das falsas costellas direitas, irradiando-se em diversos sentidos e exasperan- do-se à pressão : é a cólica hepatica. Ora, ma- nifesta-se um só accesso, cuja duração é muito variavel; outras vezes, sobrevêm muitos d'estes accessos, com intervallo de algumas horas. A violência das dores determina o delirio, as con- vulsões, a syncope. A bocca torna-se sêcca, ha vomitos e uma prisão de ventre difficil de vencer. 79 0 pulso conserva-se calmo, ás vezes deprimido pela intensidade das dores. Cálculos reuaes. -Areias.-Symptomas. A presença de cálculos nos rins, ou melhor, sua passagem atravéz dos uretères, determina exces- sivas e violentas dores, manifestando-se por acces- sos: é a cólica nephritica. Existindo um calculo no rim, qualquer movimento brusco póde deter- minar sua passagem dolorosa do rim para a urethra. A dor se faz sentir ao longo do uretère, prolonga-se para o lado da bexiga, segue de algum modo a marcha do calculo ; é dilacerante, atróz, acompanhada de pontadas na região renal; irradia-se ao longe, ao testículo, à coxa corres- pondente, etc ; acalma-se ou exaspera-se, segundo o corpo estranho, pára ou caminha ; cessa intei- ramente, quando este tem chegado â bexiga, onde vem a ser mais tarde o núcleo de um calculo ourinarío, quando não é expellido pela urethra, expulsão que póde causar ainda outros acci- dentes, porém muito menos cruéis. Cálculos vesicaes ou ouriuarios. - Muitas vezes originários de cálculos renaes, que não foram expulsos da bexiga, os cálculos vesicaes podem attingir a um volume e peso enormes e apresentam em sua composição as substancias seguintes, na ordem de sua frequência : acido 80 urico, uratos de ammoniaco, de potassa, de soda e de cal, phosphato ammoniaco-magnesiano, xan- thina, phosphato de cal, carbonatos de cal e ma- gnesia, oxalato calcareo, cystina. - Symptomas. Perturbação ou obstáculo á emissão da ourina; phenomenos sympathicos, como o prurido da glande, etc. ; irritação vesical, hematúria ; um choque particular queelles imprimem ao catheter, explorador da bexiga. Tratamento. Em geral, aos que soffrem de cálculos deve-se acalmar a dor pelos banhos mornos prolongados, sanguesugas locaes, etc; combater a prisão de ventre com 1/2 colher de sopa do oleo de ricino e 1 gr. de atropina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até provocar abundantes dejecções. Na cólica hepatica, devida a cálculos biliares, far-se-ha o tratamento geral pelos banhos mornos, sanguesugas, oleo de ricino com 1 gr. de atropina. Para acalmar a dor, dar-se-ha 1 gr. de hyoscia- mina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até a calma, ou 1 gr. de cicutina e 1 de codeina (os 2 juntos); ou 1 gr. de daturina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), no mesmo tempo que já indicámos. Para o mesmo flm poder-se-ha dar 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de atropina (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. 81 Passada a cólica, o doente tomará pela manhã cedo 1 a 2 colheres do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria; e a cada refeição 2 a 4 gr. de quassina. Tomará 2 gr. de arseniato de cafeina e 2 de cicutina (os 4 juntos), ás 8 da manhã, ao meio dia e ás 6 1/2 da tarde. Os gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de soda, ou de potassa, podem ser em- pregados pela mesma fôrma e na mesma dose, porém sempre reunidos aos de cicutina, como ácima dissemos. Si houver febre, 1 gr. de veratrina, 1 de aco- nitina e 1 de digitalina ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a ; si ella tomar o caracter intermittente ou remittente, 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, de hora em hora ; ou 1 gr. de sulphato ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, com o mesmo intervallo, até tomar 10 a 20 por dia. Os gr. de podophyllina podem ser dados em numero de 3, ao deitar-se, para, combater a prisão de ventre, si não poder ser tolerado o sal do Dr. Naury. Na cólica renal far-se-ha o mesmo trata- mento geral da cólica hepatica ; banhos mornos prolongados, oleo de ricino com 1 gr. de atropina, sanguesugas ás verilhas ; uso diário de 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. 7 82 Para acalmar a dôr e o espasmo, dar-se-ha os gr. de atropina, hyosciamina, cicutina, da- turina, codeina ou narceina, do Dr. Naury. Para a febre o mesmo tratamento que aconselhamos na cólica hepatica. Passada a cólica, os doentes usarão, todas as manhãs, de 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Tomarão 1 gr. de acido benzoico, de hora em hora ; ou 1 gr. de benzoato de ammoniaco, pela mesma fôrma, até tomar 10 por dia ; ou 2 gr. de benzoato de soda, ou 1 de acido salicylico, do Dr. Naury, até a mesma dóse. Para augmentar a secreção ourinaria e facilitar a expulsão dos cálculos, dar-se-ha 1 gr. de colchicina, ou 2 de scillitina, ou 1 de elacterina, ou 1 de bryonina, do Dr. Naury, até tomar 10 por dia. Contra os cálculos vesicaes só se poderá oppôr com vantagem a operação da lithotricia ou a da talha; o tratamento palliativo será feito pelos calmantes : gr. de codeina, narceina, cicutina, hyosciamina ou atropina, do Dr. Naury, como expuzemos. Calafrios.- O calafrio, geralmente conhe- cido pelo nome de frio, é symptoma constante nas inflammações e nas febres. Este symptoma tem sido convenientemente es- tudado depois da introducção na clinica do ther- raometro , por este instrumento verifica-se que, 83 sempre que o doente treme de frio, está com o calor do corpo elevado. Conforme a febre, e a viscera ou a parte do corpo inflammada, o frio tem seu modo espe- cial de apresentar-se. Assim, o frio na febre intermittente palustre não dura mais de 2 á 3 horas ; na pneumo- nia, é muito longo e exagerado ; na febre per- niciosa, às vezes, é rápido e quasi desapercebido, outras vezes, no emtanto, é fortíssimo e dura- douro. Na mais simples suppressão de transpiração o frio inicial é o primeiro alarma nervoso do indivíduo. Os pathologistas explicam o calafrio, como a primeira impressão da causa da moléstia sobre o systema nervoso. Tratamento. Dar-se-ha n'este estado 1 chi- cara de chá quente com 1 colher de sopa de cog- nac, fazendo-se fricções sobre o espinhaço e membros com uma escova, ou um pedaço de baeta apenas molhado em álcool camphorado, ou uma solução de sal de cozinha. Se applicará ventosas sêccas, sinapismos e mesmo a electricidade, como já indicámos para o periodo algido do Cholera-Morbus, com o fim de chamar o sangue para as extremidades. O doente tomará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 84 2juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que a reacção (febre) se manifeste ; então, se velará sobre este estado para abatel-a, si ella fôr forte, pelos anti-thermicos vitaes,- gr. de aconitina, veratrina e digitalina, do Dr. Naury. O estado morbido a que forem ligados os cala- frios será combatido pelos meios apropriados a cada um d'elles. Cal h>s idades das feridas.- As cica- trizes, uma vez formadas, pódem ser a séde de transformações mais ou menos graves. As ul- ceras callosas apresentam-se em geral como re- sultado de más cicatrizes.-Symptomas. O as- pecto das ulceras é o seguinte : bordos talhados a pique, irregulares, muito duros , o fundo da ulcera é igualmente duro e sem pús; em vez deste liquido vê-se sempre um liquido aquoso, branco-amarellado e fétido. A pelle que rodêa as feridas callosas apre- senta-se dura do mesmo modo. As callosidades das feridas não produzem em geral dor notável, excepto si, por qualquer motivo, apparece a inflammação franca. Tratamento.-Este accidente é devido às dia- theses syphilitica, escrophulosa, ou a um cura- tivo intempestivo das feridas. 85 0 doente tomará todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Tocar-se-ha de 3 em 3 dias os bordos da ul- cera com nitrato de prata, banhando-a todas as manhãs com uma infusão de chá commum, ou de substancias adstringentes ; depois se applicarà sobre a ulcera o chumbo do rapé, ou aquelle que vem nas caixas de chá, ou lamina deste metal da grossura de duas folhas de papel, fixando-a sobre a parte ulcerada com tiras agglutinativas e uma atadura ligeiramente compressiva. In ternamente se darão os anti-syphiliticos,- gr. de iodureto de arsénico, ou mercurioso, ou mercurico, ou de potássio, ou iodoformio, ou acido salicylico, do Dr. Naury, como indicamos para o tratamento desta moléstia. Contra a escrophulose se fará o tratamento desta diathese. Si o doente for chloro-anemico, combatendo-se topicamente a ulcera, se fará o tratamento da chlor o-anemia. Si a ulcera for dolorosa, se dará 1 gr. de ci- cutina ou bromhydrato de cicutina e 1 de nar- ceina do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até acalmar as dores. Em falta da narceina dar-se-ha, pela mesma fôrma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory 86 (chlorhydrato duplo de morphina e codeina); ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Camaras de sangue.- V. Dyssenteria. Cancro.- Toda lesão de nutrição ou de secreção, chegada ao ponto em que termina por uma ulceração que estende suas devastações quer em superfície, quer em profundidade, é cancro na opinião de Andral. Esta moléstia étão difficil de definir como de curar. Alfredo Heur- taux a define assim : « Moléstia chronica, que começa sob a forma de botão, de placa ou de tumor, que cresce gradualmente, não retro- grada nunca, offerece uma tendencia manifesta á ulceração,invade todos os tecidos sem distincção, que pôde reproduzir-se no mesmo lugar ou a distancia, principalmente nas glandulas lym- phaticas da região doente e nos orgãos internos, que, emfim, reage sobre a saúde geral e acaba pela morte. » - Symptomas. Tumor duro, com saliências e depressões, circumscripto ou diffuso, sem mudança de cor da pelle, que é por elle le- vantada. Mais tarde, amollecimento do tumôr e manifestação de dores lancinantes (picadas), progressivas e com exacerbações. Engorgita- mento dos ganglios limphaticos circumvisinhos, edemacia das partes ambientes, etc. Progressos de depauperamento, signaes de diathese cance- 87 rosa, taes como : pelle sêcca, cor amarella de palha de Italia,-facie edematosa, olhos em- baciados, pupilla dilatada; emmagrecimento, diarrhéa, pequenez e frequência do pulso, cala- frios irregulares alternados com pequenos suores, febre hectica ; inflammação da pelle, ulceração do tumor. Os bordos da ulcera são duros, desi- guaes ; sua superfície é coberta de vegetações indestructiveis, e humedecida de um ichor-acre, fétido ; em periodo adiantado, os proprios vasos, corroídos, destruídos pelo mal, deixam escapar sangue, e produzem-se hemorrhagias de gravi- dade variavel. Os cancros dos orgãos ocos tendem á ulceração, como os sub-cutaneos ; é sobre a mucosa que se opera a ulceração n'este caso. Tratamento. Na cachexia cancerosa, quando os ganglios (grandulas) circumvizinhos já esti- verem engorgitados, é inútil pensar em operação. Ella será tentada, quando o cancro não estiver ulcerado e a constituição do doente tiver sido reformada pelo tratamento. Para melhorar a crase sanguínea, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ás 8 da manhã, ao meio dia e ás 6 horas da tarde. Os gr. de acido arse- nioso, ou de arseniato de soda, ou de antimonio, ou de potassa, ou de manganez, ou de salicy- lato de ferro, ou de salicylato de soda, podem 88 ser dados com o mesmo fim, na dose de 4 á 6 gr. por dia, unidos a igual numero de gr. de cicutina. Os gr. de lactato, phosphato ou iodu- reto de ferro, do Dr. Naury, serão adminis- trados para combater a anemia, na dóse de 6 a 10 por dia, 2 de cada vez. Para despertar o appetite, dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, a cada re- feição. Contra a febre consumptiva, empregar- se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até tomar 10 por dia, cessando, porém, no momento em que ella passar. Acalmar-se-ha a dor por meio de 1 gr. de cicutina, ou bromhy- drato de cicutina e 1 de chlorhydrato de raor- phina (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. Os gr. de sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina', narceina ou codeina, ou bromhydrato de morphina; e os de atropina, daturina ou hyosciamina, do Dr. Naury, pódem ser empregados para o mesmo fim ; p. ex. 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até a calma. Si a dor voltar com accessos regulares, dar- se-ha 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de ci- cutina, do Dr. Naury (os 2 juntos', de hora em hora, até tomar 6 a 10 por dia. Póde-se em- pregar 2 gr. de iodureto de arsénico e 2 de cicutina (os 4 juntos), ás 8 da manhã, á JL e às 6 da tarde ; ou 2 gr. de iodureto mercu- 89 rioso e 2 de cicutína (os 4 juntos), ás mesmas horas, quando se suspeitar que a causa é syphilitica ou dartrosa. Os gr. de iodu- reto mercurico (bi-iodureto), ou os de iodureto de potássio, do Dr. Naury, pôdem ser dados 6 do primeiro, ou 10 do segundo por dia, 2 de cada vez e unidos aos gr. de cicutina ; mas, nunca tomal-os ao mesmo tempo. Para sustentar a vi- talidade dar-se-ha 2 gr. de arseniato de strych- nina e 2 de cicutina á noite. Com o mesmo fim, poder-se-ha dar 1 gr. de acido phospliorico, e 1 de sulphato de strychnina e 2 de cicutina (os 4 juntos), à tarde ; ou 2 gr. de cicutina e 1 de hy- po-phosphito de strychnina, do Dr.Naury. A ulceração será curada com agua ou oleo pheni- cado, ou solução de acido salicylico, ou glyce- roleo de amido, ou de ergotina, ou de opio. O doente conservará o ventre desembaraçado por meio de 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã. Cancro dos beiços.- A causa do cancro dos beiços é desconhecida como é desconhecida a causa de outros cancros em geral. Alguns a attribuem a irritações continuas; entre estas tem-se notado o abuso de ponteiras curtas, que esquentam muito a bocca e principalmente os beiços.-Symptomas. O cancro dos beiços é o cancro epithelial, ou epithelioma. 90 Em geral os epilheliomas começam por uma tumefacção ou por uma verruga que se ex- coria para logo se ulcerar. Desde que o epithelioma começa a se desen- volver, os tecidos, em que elle se assenta, enru- gam-se, retrahem-se, produzindo na bocca e na physionomia verdadeiras disformidades ; logo de- pois apparece a ulceração que é caracterisada por uma superfície coberta de crostas amarel- ladas, resultado do pús que sécca ; si tirarmos as crostas, apparece, uma superfície rosada, granulosa, abaixo do nivel da peUe, de bordos voltados para fóra e um pouco endurecidos ; os tecidos que rodêam o cancro são também um pouco duros. Em geral os cancros dos beiços e mesmo da cara são pouco dolorosos. E' preciso não confundir as ulcerações cancerosas com ma- nifestações syphiliticas tendo a mesma fôrma e desenvolvimento. O tratamento será a pedra de toque. Tratamento.- V. Cancro. Cancro do estonmgo.- Causa desconhe- cida, attribúe-se a irritações continuas. O can- cro do estomago principia em geral de um modo lento e obscuro.-Symptomas. Fastio ou anorexia, dôres gastricas mais ou menos notáveis ás vezes acalmadas pela ingestão de alimentos. Em geral apparece também molleza notável. 91 Porém o que principalmente deve attrahir a attenção, são os vomitos que à principio arrastam os alimentos, outras vezes um liquido albumino- seroso, e mais tarde, quando a moléstia está adi- antada, um liquido que deixa em deposito um pó mais ou menos escuro. Algumas vezes o vo- mito é de sangue, indícios de que a ulceração estende-se a um vaso qualquer. O cancro âs vezes retrahe os tecidos e fôrma por baixo da parede do abdómen ou ventre um tumor do volume de um ovo ou maior, che- gando a comprimir a aorta e difficultando a cir- culação : no principio o cancro é acompanhado de constipação de ventre, porém, logo que a ca- chexia está adiantada a diarrhéa apparece e aniquila o doente. O doente apresenta eru- ctações acidas e fétidas, com cheiro de ovos podres. A principio a moléstia confunde-se com a nevralgia gastrica. Tratamento.- Contra esta moléstia, che- gada a um certo ponto, as armas da therapeu- tica são impotentes. A medicina, porém, não é só curativa, ella também tem por fim o allivio dos soffrimentos do doente. Para vencer a constipação de ventre dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo ; ou 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina ao deitar-se, aug- 92 mentando-se ou diminuindo-se a dóse do sal, se- gundo o effeito que produzir, sendo sufliciente uma dejecção por dia para não enfraquecer o doente, já depauperado. Contra os vomitos se dará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury, (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia, augmentando ou diminuindo-se a dóse segundo o effeito que produzir. Em lugar do sulphato de strychnina, se dará, pela mesma fórma, os gr. de hypo-phosphito de strychina, do Dr. Naury. Contra a dor se empre- gará 1 gr. de cicutina ou bromhydrato de cicu- tina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até a sedação. Em falta da narceina se dará, pela mesma fórma, os gr. de codeina ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou iodhydrato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Contra os arrotos ácidos, dar se-ha 1 gr. de ci- cutina e 2 de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou de soda, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia. Os meios empregados na dyspepsia são uteis neste estado. Para a diarrhéa emprega-se-ha os mesmos meios indicados para esta moléstia. V. Diar- rhèa. 93 0 tratamento do cancro em geral é empre- gado n'esta localisação.- V. Cancro. Cancro do íigado- V. Cirrhose do fí- gado. Cancro dos intestinos. - Esta especie de cancro é devida quasi sempre à influencia da diathese cancerosa.- Symptomas. Muitas vezes passa desapercebido, porém, logo que modifica o calibre do tubo intestinal, elle começa a reve- lar-se conforme a séde; si elle occupa o duo- deno, os symptomas são idênticos aos do cancro do estomago; si porém o lugar escolhido pela moléstia é os intestinos delgados, então os doentes apresentam alternativamente diarrhéa ou constipação de ventre. No umbigo, ou abaixo, ou para os lados ou flancos, a apalpação percebe um tumôr duro, movei e obscuro à percussão. A dor é constante e mais ou menos intensa. Si o cancro está localisado no recto, pela apalpação educada póde-se logo reconhecer. Os doentes vão à banca soffrendo inauditas d.ifficuldades, expellem um liquido sanioso, e sangue, nos in- tervallos das evacuações. No grosso ou no del- gado intestino o cancro pôde, retrahindo as ca- madas dos mesmos intestinos, obliteral-os comple- tamente apresentando os symptomas do ileo. A's vezes o symptoma do ileo desapparece re- pentinamente; é signal de que a ulceração amol- 94 leceu, restituindo ao intestino o seu antigo ca- libre. Tratamento.- V. Cancro do estomago, íleo. Caaicro da liaigaía.- A lingua é a séde de todas as fôrmas do cancro. As mais communs são : o epitheliorna e encephaloide, depois vem o scirrho, que é mais raro. - Symptomas. O cancro epithelial desenvolve-se como o do mesmo nome que apparece nos lábios, quando não é continuação d'este. Tem os mesmo signaes ca- racteristicos. O cancro encephaloide, que tem o seu desen- volvimento especial, apresenta-se debaixo da fôrma de um tumor mais ou menos grande, cri- ando-se mesmo no tecido da lingua e produ- zindo accidentes rapidamente mortaes, quer as- phyxiando, quer estendendo-se ás regiões cir- cumvizinhas, produzindo hemorrhagias mortaes. O scirrho marcha lentamente, produzindo no emtanto os mesmos symptomas. Cumpre não confundir as ulcerações cance- rosas com as syphiliticas. Ainda os tratamentos geral e topico servirão de pedra de toque. Tratamento. Quando houver hemorrhagias se dará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de ergotina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora até que ellas passem, e, si o doente es- tiver chloro-anemico, se juntará a estes 1 gr. de 95 arseniato do ferro, ou phosphato, ou lactato, ou iodureto de ferro, ou salicylato de terro, ou ar- seniato de manganez, do Dr. Naury. Os gr. de acido tannico são empregados para o mesmo fim, 1 de hora em hora. • Emquanto ao tratamento geral e particular, V. Cancro. Cancro dos olhos.- Symptomas. O cancro dos olhos de ordinário tem sua séde na men- brana chamada choroide, e é da especie chamada sarcoma ou cancro medullar e cancro melanico. São em geral symptomas da diathese cance- rosa. Só póde ser perfeitamente conhecido pelos es- pecialistas. A principio confunde-se com a choroide paren- chymatosa. Todas as outras especies de cancro pódem ser vistas no globo ocular, vindas da orbita e dos te- cidos que rodeiam o globo, como a pelle e os museu los. Tratamento. V. Cancro. Cancro do recto. - V. Cancro dos in- testinos. Cancro do seio. - E' muito commum o cancro do seio. - Symptomas. Apresenta-se de ordinário debaixo da fórma de cancro scirrhoso 96 constituindo um tumor duro, retrahido, com atro- phia ou inflammação do seio, de uma substancia branca grisea cujos prolongamentos se estendem por entre os septos membranosos da glandula, de tal modo que é muito difficil, depois de certo tempo, separar os tecidos invadidos dos tecidos sãos. A marcha do cancro é lenta e ás vezes dura muitos annos sem affectar o estado geral do in- divíduo. Os cancros encephaloides são mais raros. Ha outras especies de cancro que procuram o seio, como o cancro flbro-plastico, colloide. A principio o cancro se reconhece apenas por um pequeno endurecimento já acompanhado de dôr. Mais tarde o endurecimento ulcera-se e a ulceração apodera-se de todo o seio com sahi- mento de um liquido sanioso e fétido. Os ganglios lymphaticos do pescoço e os que ficam debaixo do braço crescem em volume para depois se ulcerarem também. O doente morre por consumpção. A's vezes dura muitos annos. Tratamento. Logo que se reconhecer no seio qualquer tumôr de natureza suspeita, immedia- tamente se fará a ablação d'elle, antes que o or- ganismo seja infeccionado, dando em resultado a cachexia cancerosa. A operação poderá ser inútil, mas praticada á tempo, por certo, ella salvará muitos indivíduos. Para o tratamento em geral. - V. Cancro. 97 CJaucro do testículo. - N'este orgão se assestam todas as especies de cancro.-Symp- tomas. A principio se reconhece um augmento de volume, os doentes accusam uma dôr vaga. Porém logo que o tumor cresce, o testículo cobre-se de bossas, em outros pontos amollece, as dores augmentam, o cordão espermatico endu- rece, a pressão exercida sobre os vasos pelos ganglios lymphaticos crescidos e degenerados de- termina o edema das pernas e das coxas. A principio o diagnostico desta moléstia é difficilimo, quando, porém, a moléstia está adian- tada, o simples exame faz verificar a especie do mal. Tratamento. Reconhecida a natureza do tu- mor, depois de se ter feito em regra o tratamento anti-syphilitico, se praticará a castração, antes que os ganglios das virilhas fiquem engorgitados ; para o tratamento geral. - V. Cancro. tancro do utero.- Symptomas. Um dos primeiros symptomas do cancro do utero (que pôde ser de qualquer especie, sendo os ulcerosos os mais communs) é a irregularidade da mens- truação com dores vagas no sacro e abaixo do umbigo, notando-se quasi sempre um corrimento pela vagina. Logo depois por meio dos exames internos ve- rifica-se que o collo do utero é mais volumoso e 8 98 amollecido, a mucosa é vermelha em certos pontos e pallida em outros. Mais tarde as hemorrhagias começam e o cor- rimento sanioso ou leucorrheico é menos abun- dante, as dores augmentam,a ulceração estende -se até ao recto e á bexiga, perturbando a micção e a defecação; emfim, depois de alguns annos, si o doente tem resistido, a vagina, recto, e bexiga ficam transformados pela ulceração em uma vasta cloaca. 0 esgoto mata o doente. Tratamento. Reconhecida a natureza da mo- léstia, deve-se abster completamente das caute- rizações, que augmentam a destruição. O tratamento palliativo é mais conveniente do que o curativo, que nenhum resultado util tem dado até hoje. A vida da doente póde ser prolongada pelo tra- tamento palliativo, que não irrita o orgão, o que não acontece com o curativo, baseado nas caute- rizações, que irritam a parte e augmentam a des- truição. A constipação de ventre será combatida por 3 a 4 gr. de podophylina e 1 de atropina ao dei- tar-se e 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo ; aug- mentando-se ou diminuindo-se a dóse do sal, se- gundo o effeito que produzir; uma ou duas de- jecções diarias são mais que convenientes. 99 Si adoente fôr chloro-anemica, melhorar-se-ha a crase sanguínea pelos meios já indicados para esta moléstia. - V. Chio r o-anemia. Os gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, tem uma acção pronunciada sobre os globulos brancos do sangue, transformando-os em rubros; deve-se dar neste caso 6 a 8 por dia, 2 de cada vez. Os gr. de arseniato de soda, ou salicylato de soda, ou arseniato de potassa também actuam pela mesma fôrma ; devem ser dados 2 gr. de ar- seniato de potassa e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), pela manhã, ao 1/2 dia e ás 6 da tarde. O fastio será combatido por 3 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Contra as hemorrhagias se dará 1 gr. de ergo- tina, 1 de sulphato de strychnina e 2 de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury ( os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até que ellas passem espaçando as dóses á medida que o effeito se fôr produzindo. Si a doente estiver profundamente chloro-anemica se juntará a estes gr., 1 de ar- seniato de ferro, ou manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Póde-se dar neste caso 1 gr. de acido tannico do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passarem as hemorrhagias. 100 Contra a dor se darál gr. de cicutina,ou brom- hydrato de cicutina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, espa- çando as dóses logo que ella fôr passando. Em falta da narceina, se dará os gr. de codeina, ou sal de Gregory (chlorliydrato duplo de morphina e codeina ), ou iodhydrato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury ; em falta da cicutina se dará os gr. de hyosciamina ou bromhydrato de cicutina. As injecções vaginaes d'agua fria, ou uma infusão ligeiramente adstringente (de casca do nosso cajueiro), são convenientes não só como limpeza, como também fortificante das partes. Não se illudam essas infelizes que soffrem do utero ; o tratamento palliativo é o unico que póde prolongar sua infeliz existência. O tratamento do cancro é applicado n'esta mo- léstia. - V. Cancro. Cancro veiiereo. - Cancro syphilitico, Cavallo.- Assim se chama uma solução de con- tinuidade produzida sobre uma parte qualquer do corpo pelo contacto ou pela inoculação artificial do pús syphilitico.-Symptomas. Ordinariamente é do 3o ao 8o dia depois de um coito impuro que se vê o cancro desenvolver-se. O começo do can- cro é variavel: umas vezes, é um ponto rubro ligeiramente tumefacto, pruriginoso ; uma sero- 101 sidade, que se torna brevemente opaca, puru- lenta, levanta a epiderme. A' pustula succede uma placa escura ; si esta for destacada, desco- brir-se-ha uma ulceração que rapidamente ganha em superfície e em profundidade ; outras vezes, desde logo observa-s-e uma ou muitas ulcerações superficiaes ou profundas, de tamanho variavel e inverso de seu numero. O cancro é endurecido, molle, ou ph igedenico. O endicrecido ou hunte- riano é ordinariamente unico, pouco doloroso, arredondado, em fórma de copo, de fundo duro, desigual, coberto de uma pseudo-membrana acin- zentada, com aspecto de toucinho, adherente; bordos duros, cortados perpendicular ou obliqua- mente, quasi nunca descollados, e cercados de uma aureola cor de cobre. O pús secretado é or- dinariamente mal ligado e sero-sanguinolento- O cancro duro ou syphilitico é (raramente) ino- culavel no mesmo indivíduo. O cancro molle ou simples é quasi sempre múltiplo ; seus bordos talhados a pique; fundo irregular, coberto de uma concreção pardacenta ; o pús que elle for- nece é branco, fleimonoso; é secretado em grande abundancia e eminentemente contagioso ; cicatriza muito lentamente, offerece grande ten- dência a ficar estacionário, e torna-se muitas vezes phagedenico. O cancro molle pôde inocu- lar-se no mesmo indivíduo ; cita se o facto de um 102 medico allemão que pôde produzir em si duas mil e duzentas inoculações. O cancro phagedenico, que succede ao endurecido ou, principalmente, ao molle, não offerece nunca seu fundo endure- cido. A superfície da ulceração apresenta uma especie de detrictus escuro, ou é fungosa e san- grenta ; seus bordos são edematosos. Ora, é in- dolente, ora, doloroso. Também se chama roe- dor, porque destróe os tecidos que affecta. Cha- ma-se serpiginoso, quando elle destróe os tecidos por um lado.permittindo a cicatrização por outro. O pús que elle secreta é ordinariamente seroso, sanguinolento e muito acre; é inoculavel, como o das outras especies. Os cancros têm 2 periodos: o especifico ou de progresso e o de reparação. Tratamento. - Cauterizar-se-ha a ulceração com o lapis de nitrato de prata, ou com um pa- lito molhado em nitrato acido de mercúrio, ou acido nitrico, e, um quarto de hora depois, ap- plicar-se-ha fios finos molhados em agua fria, para modificar a inflammação resultante da cau- terização. Si depois de 2 a 3 dias de applicação dos fios molhados em agua fria, a ulceração não tender a cicatrizar, substituir-se-ha a agua fria pelo vinho aromatico, ou aguardente, ou cognac com agua, ou uma solução de tinctura de iodo, iodureto de potássio e agua distillada, di- luindo-a com mais agua, si produzir ardor na 103 ulceração, visto como o tratamento dos cancros venereos não deve ser irritante. Si houver muita dor, dar-se-ha 1 gr. de cicutina e 1 de nar- ceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Pela mesma fórma e com o mesmo fim, dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até a calma; ou 1 de atropina e 1 de sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina) do mesmo modo. Deve-se conservar a li- berdade do ventre, pelo uso quotidiano do sal do Dr. Naury. Contra as erecções, que congestio- nam os corpos cavernosos e obstam a cicatrização do cancro, dar-se-ha 1 gr. de camphora-bromé á noite, de 1/2 em 1/2 hora, até 4 a 6; ou 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chlo- ral de hora em hora, até 6. Dar-se-ha 1 gr. de iodureto mercurico (bi-iodureto) ás8eásll da manhã, às 3 e ás 6 horas da tarde, em 1 colher de sopa de vinho de salsaparrilha ou calumba; ou 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto), do Dr. Naury, às mesmas horas e no mesmo ve- hiculo. Os gr. de iodoformio podem ser dados na dose de 2 em 2 horas, até 6 a 10 ; e os de iodu- reto de potássio, 2 de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Na chloro-anemia syphilitica, dar-se-ha 1 gr. de iodureto de ferro, de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia; ou os gr. de arseniato de man- 104 ganez, ou de ferro, ou salicylato de ferro,* 1 de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Para despertar as forças digestivas, dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassi- ma, do Dr. Naury, a cada refeição. O doente deve fazer uso de uma alimentação reparadoia. Não deverá nunca usar das substancias gordurosas, para curativo dos cancros venereos. Cancroide, Cancro verrugoso. lípi- thelioma. ou iUoIi-me-tangçere.-V. Can- cro dos lábios. Cao daninado.-V. Hydrophobia. Carbuiiciilo.->Anthrax maligno. -Affec- ção virulenta que se manifesta por uma alteração profunda do sangue, abatimento geral das forças com producção de um ou muitos tumores cu- tâneos inflammatorios.- Symptomas. Appareci- mento de pustulas ennegrecidas, cheias de uma serosidade avermelhada, com calor e prurido ; estas pustulas são collocadas na circumferencia de um tumôr ennegrecido, duro, e cuja cor vai perdendo-se insensivelmente ; pelle luzidia ; pi- cadas ; tensão ; calor vivo ; depois, extensão ás partes vizinhas, que tornam-se molles, lividas negras. Abatimento; pulso frequente, pequeno : algumas vezes muito desenvolvido ; pelle arida ; olhos fixos ; syncopes; adynamia. Tratamento . Cauterizar-se-ha profundamente e logo a pustula carbunculosa com ferro em 105 braza, depois, banhar-se-ha a escara ou fe- rida com agua avinagrada ou phenicada, ou com uma solução de acido salicylico. Dar-se-ha logo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia, sabugueiro, borragem ou folhas de laranjeira de 1/2 em 1/2 hora, até produzir abundante transpiração e dejecções. Nos dias seguintes, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. Abater-se-ha a febre por meio de 1 gr. de aconitina, 1 de veratrína e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 15 em 15 minutos, e, logo que ella ceder, deixar-se-ha estes gr. para dar 1 gr. de arseniato ou sulphato ou vale- rianato de quinina, ou 2 de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou salicylato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 10 a 20 por dia. Para acalmar a dor, dar-se-ha um gr. de chlorhy- drato de morphina e 1 de cicutina ou bromhy- drato de cicutina (os 2 juntos); ou 1 gr. de iodhydrato de morphina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora; ou 1 gr. de sal de Gregory ( chlorhydrato duplo de morphina e codeina ), e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de 2 em 2 horas, até a calma. Os gr. de camphora-bromé são antispasmôdicos e anti-hy- peremicos, e podem ser dados 5 a 6 por dia, 1 de cada vez. Póde-se dar 1 gr. de acido salicy- 106 lico ou salicylato de ferro, ou de soda, ou 1 gr. de iodureto de enxofre ; ou 1 gr. de sulphureto de cálcio, de hora em hora, até 10 por dia. Quando as forças do doente estiverem abatidas, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de ar* seniato de strychnina (os 2 juntos), de hora em hora, ate que as forças se levantem : póde dar-se também 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até obter-se o mesmo resultado. Si a reacção fôr muito intensa, será abatida pelos gr. de aconitina, veratrina e digitalina, como acima dissemos. Na convales- cença, a pobreza de sangue será combatida pelo mesmo tratamento da chloro-anemia. Cardialgia.-• V. Angina de peito, Gas- trodynia, Gastralgia. Car<Iite.--Inflam mação do tecido proprio do coração ; isolada da endocardite, é uma moléstia rara.-Symptomas. Dor e obscuridade de som na região precordial, disposição às syncopes, dyspnéa excessiva ; porém o signal que offerece alguma certeza é a fraqueza das pulsações, junta aos batimentos tumultuosos e irregulares do coração. Febre. Tratamento. Desembaraçar o ventre por 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, borragem, ou sabu- 107 gueiro, de 1/2 em 1/2 hora até produzir 2 a 3 dejecções; Depois, 1 gr. de arseniato de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção- Em falta do arseniato de strychnina se dará, pela mesma fórma, 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr Naury. Si a reacção ( febre) fôr intensa, applicar-se-ha sanguesugas á região do coração, e se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina' do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 mi- nutos, até abatel-a. Applicar-se-ha depois um largo vesicatório sobre a região do coração, e, para acalmar a dor, se dará 1 gr. de chlorhydrato de morphina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato de morphina ou codeina, ou narceina, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até conciliar o somno. Contra o espasmo e dyspnéa, dar-se-ha 1 gr. de sulphato, ou arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 j'mtos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em lugar da hyosciamina, póde-se dar 1 gr. de atropina, ou daturina, ou cicu- tina, ou bromhydrato de cicutina, reunido á stry- chnina, de hora em hora. 108 Si houver exacerbações nocturnas, dar-se-ha 2 gr. de hydro ferro-cyanato de quinina, de hora em hora. Si a cardite fôr devida à febre perni- ciosa, dàr-se-ha 1 gr. de arseniato de quinina, de 15 em 15 minutos, até tomar 20 por dia; ou 2 gr. de sulphato de quinina, ou salicylato de quinina de 1/2 em 1/2 hora, ou 1 gr. de vale- rianato de quinina, ou bromhydrato de quinina» do Dr. Naury, de hora em hora. A cardite é geralmente devida ao rheuma- tismo, á gotta, ao alcoolismo, e ao abuso dos opiados; então, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de antimonio, de hora em hora, e 1 gr. de col- chicina, ■ separados por 1/2 hora de intervallo, tomando 8 por dia, de cada um. Carie.-Esta moléstia é, para Nélaton, uma fôrma particular de inflammação de um osso rarefeito e amollecido; seria uma inflammação aguda desenvolvida em uma inflammação chro- nica do osso. A carie é descripta, por Gerdy, como uma fôrma de inflammação do osso, que elle chama osteite ulcerosa.-Symptomas. No começo, os mesmos symptomas da osteite (V. esta pala- vra). Mais tarde, formação de abcessos, que abertos pelo bisturi ou espontaneamente, dão lugar a trajectos fistulosos e deixam correr um pús sanioso mal ligado. Um estylete, introduzido pelos orifícios fistulosos, penetra com a maior 109 facilidade no tecido doente, e despedaça em sua passagem pequenas laminas ósseas, dando sahida a certa quantidade de sangue. Quando a cura tem lugar espontaneamente é por eliminação da parte doente, sob fórma de sequestro. Tratamento. O tumor serà aberto pelo bis- turi, até o periosteo, para dar sahida facil ao pús; a ferida será curada com oleo ou agua phe- nicada, ou com uma solução de acido salicylico, ou com uma mistura de agua distillada, iodureto de potássio e tinctura de iodo. A ruginação do osso também pôde ser feita. Si o doente estiver enfra- quecido, dar-se-ha 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs ; 1 gr. de acido arsenioso ás 8 horas e às 11 da manhã, e ás 3 e 6 da tarde ; ou 1 gr. de arseniato de antimonio, ou 1 gr. de arseniato de soda, ou de pota>sa ou de manganez, ou salicy- lato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 4 a 6 por dia, variando o preparado á vontade para não habituar o organismo á medicação. As forças digestivas serão activadas por 2 a 4 gr. de quassina, a cada refeição. Si o doente estiver chloro-anemico, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina (os 3 juntos), ás 8 da manhã, ao meio dia e ás 6 horas da tarde. Com o mesmo fim poder-se-ha dar os gr. de lactato, phosphato, valerianato ou iodureto de 110 ferro, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury; 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Serão uteis também os gr. de iodureto de arsénico : 1 gr. âs 8 e ás 11 da manhã, ás 3, às 6 e ás 9 1/2 da noite ; ou 2 gr. de iodureto de potássio, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. A febre de con- sumpção será combatida por 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até 8 a 10 por dia ; ou 1 gr. de salicylato de quinina, ou 1 gr. de arseniato de quinina, do Dr. Naury, pela mesma fórma. Si não ceder, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, e 1 de veratrina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Os gr. de iodoformio ou os de acido salicylico são também indicados n'esta moléstia, 2 de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Os de hypo-phosphito de cal ou de soda serão dados, 2 de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Os gr. podem ser dados em uma colher de vinho de calumba, ou de salsaparrilha. Para sustentar as forças, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina ( os 2 juntos) ; ou só 1 de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, às 8 da manhã, ao meio dia e às 6 horas da tarde. Âs dores e insomnia serão acal- madas, à noite, por 1 gr. de cicutina ou bromhy- drato de cicutina e 1 de chlorhydrato de mor- phina (os 2 juntos); ou 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeina, ou narceina ( os 2 juntos), de 1/2 111 em 1/2 hora, até dormir. Os mercuriaes só serão empregados quando a constituição do doente já estiver melhorada : 1 gr. de iodureto mercurico ( bi-iodureto) ás 8 ás 11 da manhã, e ás 3 e 6 horas da tarde; ou 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto), do Dr. Naury , ás mesmas horas. A alimentação deve ser reparadora. Carie vertebral.-- V. Mal de Pott. Carnes esponjosas.- As carnes espon- josas são constituídas por tecidos de diversas na- turezas, que no interior das ulceras ou nos bordos crescem com caracter hypertrophico. De ordi- nário apparecem nas queimaduras limitadas do 2o gráo e em algumas ulceras syphiliticas e es- crophulosas. Tratamento. Dar-se-har 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo e se cauterizarão de 8 em 8 dias as carnes esponjosas com nitrato de prata ; se applicarà uma lamina de chumbo de rapé, ou o que vem nas caixas de chà sobre as feridas com tiras agglutinativas, e uma atadura ligei- ramente compressiva. Internamento se fará o tratamento da sy- philis, ou o das escrophulas. V. Syphilis, Escro- phulas. Carnosidade.- V. Elephantiase. 112 daruosidade da uretlira.- V. Estrei- tamento. darphologia.-* A carphologia consiste em uma agitação automática e continua das mãos e dos dedos, que parecem procurar apprehender pe- quenos objectos no ar e nas coberturas do leito. Esta ultima variedade da carphologia chama-se crucidismo. A carphologia sobrevem particular- mente nas moléstias agudas, em que o systema nervoso é profundamente affectado. E' indicio de perigo imminente. Tratamento. Si o calor e o pulso ainda esti- verem elevados, se dará 1 gr. de veratrina, 1 de camphora-bromé e iodhydrato de morphina do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 ou de hora em hora até a calma.Si o pulso estiver fraco e o calor abaixo do normal, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos): ou só 1 gr. dehypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury de 1/2 ou de hora em hora, até que a reacção (febre) volte; então se velará sobre ella para moderal-a, si for forte, pelos an- ti-thermicos vitaes, - aconitina, veratrina e digi- talina, do Dr. Naury, 1 gr. de cada um ejuntos de 1/2 em 1/2 hora até que o thermómetro não marque mais que 37°. Os gr. de camphora- bromé e iodhydrato de morphina serão conti- nuados até trazerem a sedação do cerebro. 113 Em falta dos gr. de iodhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina) ; ou codeína, ou chlorhy- drato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si houver espasmo, se dará também os gr. de hyosciamina. A moléstia principal será combatida pelos meios apropriados á ella. Carregação de olhos.- V. Conjunc- tivite. Carregação do peito.- V. Uronchite. Caspa.- A caspa constituo uma das mo- léstia do couro cabellúdo das mais communs. -Symptomas. Apresenta-se formando camadas que por sua vez são constituídas por escamas adelgaçadas, juxta-postas na raiz dos cabellos. E' mais commum nos paizes quentes do que nos frios. Attribúe-se ao calor da cabeça n'aquellas pes- soas que têm os cabellos bastos. Tratamento. O doente tomará pela manhã cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria; e 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia, 9 114 Poderá ainda tomar 2 gr. de arseniato de soda, ou salicylato de soda, ou de potassa e 1 de cicu- tina ás 8 horas, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde. Contra a coceira se poderá empregar 1 gr. de bromureto de potássio 4 a 6 vezes por dia. Ainda se poderá dar 2 gr. de iodureto mercu- rioso (proto iodureto de mercúrio), 3 a 4 vezes por dia; ou 1 gr. de iodureto mercurico (bi-iodu- reto) pela mesma forma ; ou 2 gr. de acido sali- cylico 4 a 5 vezes por dia ; ou 2 gr. de iodureto de potássio 5 vezes por dia. O doente banhará a cabeça todos os dias com um pouco de bi-carbonato de soda dissolvido em uma bacia d'agua fria. Catalepsin.-Contemplação, Êxtase.-Sus- pensão dos sentidos, da sensibilidade e da intelli- gencia, voltando por accessos, nos quaes os mús- culos da vida de relação recebem e conservam todos os gráos de contracção, que se lhes dá. E' uma nevrose cerebral inteiramente apyre- tica.-Symptomas. O ataque é precedido quasi sempre de signaes precursores, taes como: dôr de cabeça, entorpecimento da intelligencia e dos sentidos, loquacidade, caimbras, palpitações, syncopes, etc., o que tudo varia ao infinito. Quando a catalepsia é completa, a intelligencia fica inteiramente abolida, os olhos fixos e insen- síveis à luz; os musculos conservam-se no gráo 115 de contracção em que os sorprehendeu o ataque ; a circulação é lenta e fraca ; o pulso e a respi- ração persistem normaes. Tratamento. V. Neuroses. (aíaporas. varicella. ou varíola falsa. -Symptomas. A varicella ou catapora é uma moléstia febril caracterisada por uma erupção, pouco considerável de vesículas, cujo liquido torna-se em poucos dias opalino, purulento, desapparecendo pela secca. A erupção é precedida sempre por molleza, dor de cabeça e febre, symptomas estes que sempre são de pouca intensidade, às vezes vêm vomitos. Tudo desapparece com a erupção. As vesículas da varicella produzem ás vezes um prurido, que leva os doentes a despedaçal-as com as unhas. São discretas ou confluentes, mais numerosas no tronco, do que na cara e ainda menos no rosto do que nos membros. Começa de ordinário como uma dentada de mosquito. E' sem perigo, guardadas as convenientes prescripções. Tratamento. O doente tomará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, sabugueiro ou folhas de laran- jeira, de 1/2 em 1/2 hora, até que obre 2 a 3 vezes 116 por dia; depois se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1 /2 hora, até que a febre passe. A' noite, para trazer a sedação, e conciliar o somno se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeina, de 1/2 em 1/2 hora até que o doente durma. Em falta da codeina se dará, pela mesma forma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou iodhydrato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Nos seguintes dias, si houver ainda febre, se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Náury,em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, e se con- tinuará depois com os gr. de aconitina, veratrina e digitalina, até que a febre passe e a noite com os gr. de hyosciamina e codeina, como já dissemos. Logo que a febre tomar um caracterremittente, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou de sul- phato, ou de salicylato de quinina, ou 1 gr. de arseniato, ou de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 dos 3 pri- meiros e 10 por dia dos últimos. Os gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda são convenientes n'esta moléstia, sendo 1 gr., de hora em hora, até 10 por dia. Para a suppuração das pustulas, si ellas tomarem um caracter inflammatorio, se dará 117 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os gr. de camphora-bromé serão empregados, si houver erethismo nervoso, 1 gr. de hora em hora até 6 a 8 por dia. Contra a dor de cabeça se dará 1 gr. de ca- feína, ou de citrato, ou de arseniato de ca- feína, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Catarrhal.-V. Bronchite. Catarrho do nariz.-V. Coryza. Catarrho pituitoso ou SSronehor- rhéa.-Augmento notável da expectoração de mucosidades. V. Dilatação dos bronchios. Catarrho pulmonar ou bronchico.- V. Bronchite. Catarrho suílbcante.-V. Bronchite ca- pillar. Catarrho uterino.-V. Metrite chronica. Catarro vaginal.-V. Leucorrhéa. Catarrho vesieal ou da bexiga.-V. Cystite chronica. Cavallo.-V. Cancro venereo. Cephalalgia ou dôr de cabeça.-V. Enxaqueca. 118 Cerebrite.-V. Encephalite. Çerebro.-(Amollecimento do) V. Amolle- cimento cerebral. Cerebro. - (Inflammação do ) V. Ence- phalite. Cerebro.-(Tubérculos do ) V. Tubérculos. Cerração do peito.-V. Dyspnèa, Bron- chite. Cerração do queixo.-V. Tétano. Chaga.-V. Ulcera. Chloro-aneniia.- Symptomas. Pallidez e descoramento da pelle e das mucosas. Pertur- bações cerebraes e moraes; caracter caprichoso e exquisito; tristeza, prostração ; risos e choro sem motivo ; amor da solidão ; dores de cabeça, vertigens, hallucinações ; nevralgias, palpita- ções, syncopes, desfallecimentos ; difficuldade, falta de respiração, gastralgia, fastio, prisão de ventre ; sangue menstrual mais ou menos abun- dante, muito pallido. Ourinasabundantes e claras. Tratamento.-Contra a prisão de ventre dar- se-ha 2 gr. de podophyllina, do Dr. Naury, ao deitar-se e 2 pela manhã cedo, ou 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copod'agua fria, ás 6 horas da manhã. Contra a falta de appetite, dar-se-ha 2 a 3 gr. de quassina a cada refeição; 119 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina ( os 2 juntos), ás 8 da manhã, á 1 e ás 6 horas da tarde, para dispertar a inervação ; para o mesmo fim poder-se-ha dar também 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, ás mesmas horas, só, ou associado ao arse- niato de ferro. Para melhorar a crase sanguínea, muito alterada na chloro-anemia, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro, do Dr. Naury, 1/2 hora antes do almoço, antes do jantar e à noite. Com fim idêntico poder-se-ha dar também os gr. de lactato, phosphato, iodureto, valerianato, ou salicylato de ferro, 6 a 8 de qualquer especie por dia. Quando a chloro-anemia fôr devida a uma febre de consumpção, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 10 a 20 por dia ; si a febre não ceder, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, ou veratrina, junto com o arseniato de cafeina, até passar a febre. Quando a moléstia fôr devida a diathese tuberculosa, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de soda, ou anti- monio, ou de potassa, ou de manganez, ou acido arsenioso, do Dr. Naury, ás 8 da manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde. Si houver inércia uterina, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de ergotina (os 2 juntos ), de 2 em 2 horas, até tomar 6 de cada um por dia. 120 Quando a chloro-anemia fôr devida a uma lesão do pulmão, do coração, ou das vísceras abdo- minaes, íar-se-ha o tratamento consecutivo a cada uma d'essas moléstias. A chloro-anemia por intoxicação paludosa será combatida do se- guinte modo : 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs ; 2 a 3 gr. de quassina a cada re- feição ; 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de hypo- phosphito de strychnina (os 3 juntos), ás 8 da manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde; 1 gr. de arseniato de quinina, ou salicylato de ferro, ou de quinina, ou de soda, de 2 em 2 horas, até tomar 6 por dia, diminuindo as dóses regressiva- mente. A dôr de cabeça será combatida por 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, de 1/2 em 1/2 hora, até ceder. O estado nervoso será combatido com 1 gr. de hyosciamina e 1 de hy- dro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora; logo que se mani- festarem melhoras, se continuará com elles de 1 de 2 ou de 3 em 3 horas. Os gr. de valerianato de quinina, ou de zinco, e os de picrotoxina podem ser dados 4 a 6 por dia, um de cada ve<. As palpitações serão combatidas com 2 gr. de arse- niato de ferro e 1 de digitalina, do Dr. Naury, os 3 juntos ), ás 8 da manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde. A difficuldade da respiração será 121 combatida com 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até melhorar. As hemorrhagias uterinas serão vencidas com 1 gr. de arseniato do ferro, 1 de ergotina, e 1 de arseniato de strychina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 10 por dia. Os banhos de mar e os de cacho- eira são uteis; os passeios moderados, os recreios e as distracções são muito convenientes. Chloi •ose.-V. Chloro-anemia. Cholera-morbus. - Cholera-asiatica. - Psorenteria.-Moléstia caracterisada por vomi- tos abundantes, dejecções frequentes de matérias aquosas semelhantes a agua de arroz, caimbras, resfriamento, côr roxeada da pelle, suppressão das ourinas, pulso insensivel, excavação dos olhos.-Symptomas. Nota-se n'esta moléstia 3 periodos ; 1° per iodo (de começo), cholerina: Ligeiras cólicas, perda de appetite, e diarrhéa são os primeiros symptomas ; porém, o cholera só começa realmente no momento em que se de- claram os vomitos, as dejecções, as cólicas, etc. ; 2 período, estado cyanico ou algido: Diarrhéa muito frequente (de 10 a 30 e mesmo mais dejecções nas 24 horas), de matérias esbran- quiçadas, aquosas, misturadas com flocos albu- minosos, de cheiro fecal pouco accentuado. Có- licas e caimbras acompanham a diarrhéa. As 122 caimbras são, âs vezes, violentíssimas, e chegam mesmo a occupar o ventre. Os vomitos, n'este periodo, são menos frequentes ; a ourina diminúe e mesmo supprime-se, principalmente, quando o resfriamento é muito considerável. A pelle toma a cor azulada, o hálito é frio, a voz extincta, os olhos afundam-se nas orbitas, a face altera-se profundamente. Os vomitos inhibem o doente de beber; entretanto, uma sede ardente o de- vora. Fazendo-se com os dedos uma dobra na pelle, esta dobra persiste ; ha o enrugamento da pelle,pela compressão.No 3o periodo {de reacção}: Si o doente não succumbe no 2o periodo, os symptomas melhoram, o pulso reanima-se, o calor volta, as evacuações cessam, a respiração torna-se mais facil, e a cura opera-se lenta- mente ; ou sobrevêm outros phenomenos chama- dos de reacção. Estes phenomenos são mais ou menos graves, e, segundo seu caracter, divi- dem-se em inflammatorios, adynamicos, ataxicos ou comatosos. A' pequenez do pulso, ao resfria- mento da pelle, succedem o calor, a febre, a cephalalgia, algumas vezes o delírio, a seccura da lingua, etc., symptomas que, por sua vez, terminam pela calma ou pela morte. Tratamento. Na cholerina, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de folhas de laranjeira, ou flores de tilia, ou 123 sabugueiro, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir 2 a 3 dejecções abundantes; depois, 1 gr. de hyosciamina, do Dr. Naury, de 15 em 15 minu- tos, até passarem as cólicas. Si a diarrhéa per- sistir ainda, dar-se-ha 1 gr. de narceina, ou codeina, ou chlorhydrato de morphina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e co- deina), ou bromhydrato de morphina em 1 colher de vinho de calumba, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a diarrhéa. Para mitigar a sede, dar-se-ha agua com sueco de limão e agua de flores de la- ranjeira, ou uma talhada fina de limão, ou pe- daços de gelo para conservar na bocca e ir sugando gradualmente; applicar-se-ha sobre o estomago compressas molhadas em agua fria, ou uma bexiga com gelo. No cholera-morbus con- firmado, far-se-ha fricções com gelo e sal de cozinha em todo o corpo ; envolver-se-ha em um lençol molhado em agua salgada, cobrir-se-ha depois o corpo com um cobertor de lã, e dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina(os 2 juntos), ou só 1 gr. dehypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury, de 15 em 15 minutos, até que volte a reacção. Si ella não voltar, continuando o periodo algido, depois das fricções de gelo e sal, embeber-se-ha em agua salgada um cobertor de lã, no qual, depois de ligeiramente exprimido, será envolto o doente des- 124 pido; sem descobril-o, applicar-se-ha immediata- mente em contacto com a pelle um dos conduc- tores de uma machina electrica no espinhaço, e o outro conductor será passado pelo corpo do doente, do centro para a peripheria do corpo, mudando a cada momento os pontos de contacto, tendo na nuca, fronte e estomago, compressas molhadas em agua e vinagre, continuando com os gr. de acido phosphorico e arseniato de stry- chnina, como acima dissemos. Logo que voltar a reacção, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de qui- nina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), ou 2 gr. de salicylato de quinina de 15 em 15 minutos, até que tenha abundante transpiração e secreção ourinaria. Si o pulso fôr forte e o doente não ourinar, jun- tar-se-ha aos gr. de, quinina, 1 gr. de digitalina e 1 de colchicina, do Dr. Naury. Para acalmar as cólicas ecaimbras, dar-se-ha o sal, do Dr. Naury, todas as manhãs ; e 1 gr. de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Com o mesmo fim poder-se-ha dar 1 gr. de atropina, ou de datu- rina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina do Dr. Naury, de hora em hora, ou de 2 em 2 horas, até passar as caimbras. Quando a reacção fôr violenta, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater a febre. 125 Para combater os symptomascerebraes, dar se-ha 1 gr. de camphora-bromé, de 2 em 2 horas, até a administração de 6 a 8 por dia. Uma poção fortemente etherisada, depois de bem evacuados os intestinos, é conveniente para combater a diarrhéa e as caimbras. Os camponezes Russos curavam-se do cholera-morbus bebendo leite bem salgado. As inhalações de chloro são convenien- tes. Os vomitos e diarrhéa dos cholericos .cão eminentemente contagiosos. Sendo o cholera- morbus devido a um proto-organismo, achamos conveniente dar-se, logo depois de bem evacuados os intestinos pelo sal do Dr. Naury, 1 gr. de acido salicylico ou 1 de sulphureto de cálcio, ou sali- cylato de quinina, ou de soda, ou de ferro de 1/2 em 1/2 hora. Os gr. de sub-nitrato de bismutho são empregados para combater a diarrhéa, depois de evacuados os intestinos, 2 gr. de 1/2 em 1/2 hora. Póde-se também empregar, em vez do ar- seniato de quinina, os gr. de sulphato ou de va- lerianato de quinina, ou salicylato ou bromhy- drato de quinina, do Dr. Naury, 1 gr. de cada vez, até 20 do primeiro, ou 10 do segundo, ou 20 dos últimos por dia. Na convalescença os gr. de quassina, doDr. Naury, 3 ao almoço e 3 ao jantar são muito uteis. Clioréa.-Dansa de S. Guido, Dansa de S. Wist.- Moléstia da classe das nevroses, in- 126 teiramente apyretica (sem febre); manifesta-se por contracções involuntárias principalmente dos musculos das pernas e dos braços, apparecendo interrompidamente, e determinando movimentos desordenados e caprichosos. Ella póde ser geral ou parcial. - Svmptomas. Formigamento nos membros ; movimentos alternativos e involuntá- rios de flexão, de extensão, de adducção e de ab- ducção, que causam, nos braços, desaso e hesi- tação; nas pernas um andar todo especial, uma saltitação irregular, uma progressão difficil e incerta , na face, contorsões, especie de riso sar- dónico ou de espasmo cynico ; na lingua e no la- rynge, uma especie de gagueira, de latido, etc. ; no tronco, uma agitação quasi continua do corpo. Esta é a geral. A parcial, que é mais rara, é a que se manifesta só em uma metade do corpo, quasi sempre a esquerda, ou os braços. Durante o somno cessam os movimentos choreicos, que reapparecem ao despertar. Sempre que o doente soffre uma emoção, ou que percebe ser observa- do, seu estado exacerba-se. A's vezes, ha certo enfraquecimento intellectual. Tratamento. Esta moléstia é devida a um desiquilibrio do systema nervoso ; pelo que dar- se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de acido phosphorico e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), às 8 da manhã, ao 1/2 dia 127 e ás 6 horas da tarde, augmentando lenta e gra- dualmente a dóse da medicação, para vencer a resistência mórbida. Com o mesmo fim, poder- se-ha dar o arseniato, ou o hypo-phosphito de strychnina, a atropina, a daturina, ou a cicu- tina, ou bromhydrato de cycutina, do Dr. Naury; p. ex.: 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina e 1 de atropina (os 2 juiftos), ás 8 da manhã, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde; ou 1 gr. de arse- niato de strychnina e 1 de daturina (os 2 juntos), às mesmas horas, augmentando á dóse gradual e lentamente. Nas crianças de tenra idade, em lugar da strychnina, dar-se-ha 1 gr. de brucina e 1 de cicutina (os 2 juntos), 3 vezes por dia, como já dissemos. Quando a moléstia manifestar-se com symptomas cerebraes, dar-se-ha 1 gr. de valerianato de zinco e 1 de aconitina (os 2 jun- tos), ás 8 da manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde ; si se manifestar com symptomas para o lado do coração, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de antimonio e 1 de digitalina (os 2 juntos), 3 a 4 vezes ao dia, como temos indicado. Os gr. de va_ lerianato de ferro, de quinina, ou de zinco, do Dr. Naury, são empregados contra esta moléstia • 1 gr. 3 a 4 vezes por dia, augmentando a dóse gradualmente. Os gr. podem ser tomados com 1 colher de sopa de vinho de valeriana. Póde- se experimentar o bromureto de potássio : 1 gr. 128 de 3 em 3 horas; os de cyanureto de zinco : 1 de hora em hora, até 6 por dia ; os de bromhydrato de quinina; 1 de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia; os de phosphureto de zinco : 1 gr. 3 a 4 vezes por dia; os de picrotoxina, do Dr. Naury ; 1 gr. 3 a 4 vezes por dia. Também poder-se-ha dar 1 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 dechlorhy- drato de morphina (os de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Tem-se curado esta moléstia, dando 1 gr. de hyosciamina de 1/2 em 1/2 hora, até produzir a dilatação da pupilla, não suspen- dendo então o medicamento, mas, retrogradando com a dóse para deixar o organismo sob sua acção. Si a moléstia fôr entretida por pobreza de sangue, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia ; os gr. de lactato, phosphato e iodureto de ferro, do Dr. Naury, são emprega- dos para o mesmo fim, 3 a 6 gr. por dia.-V. Chloro-anemia. Choroidite.- Choroidite é a inflammação da membrana do globo ocular chamado cho- roide. Tem-se julgado como causa desta moléstia as congestões cerebraes, os esforços com a vista, a suppressão de fluxosnormaes,como a menstruação nas mulheres. Ha, segundo os especialistas, tres especies de inflammação da choroide, a choroí- 129 dite conjestiva, a exsudativa ou plastica e a atrophica. Pela denominação percebe-se a differença que ha entre as tres especies.- Symptomas. Fadiga e perturbação da vista, difficuldade nos movi- mentos do globo ocular ; estes symptomas são acompanhados de photophobia (ou difficuldade de fixar a luz), de nevralgia ao redor das orbitas. Além destes signaes é preciso o emprego do oph- talmoscopio (instrumento de oculistica) para ve- rificar a differença da choroídite, o que é essen- cial e que só póde ser feito pelo especialista. Tratamento. Dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 dejecções, e nas outras manhãs só tomará 1 colher de sopa do sal em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse, segundo o effeito que pro- du ir. Se applicarà sanguesugas nas fontes ou anus, e se friccionará pela manhã e á tarde ao redor da orbita com unguento napolitano 15 grammas, extracto de belladona 2 grammas ; depois se immobilisará os olhos com fios finos e uma atadura. Na choroídite é muito frequente a elevação da temperatura e da circulação; neste caso, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de 10 130 digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até abater este estado. Si a febre tornar-se intermittente ou remittente, se dará 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro- cyanato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 12por dia. Em falta do arseniato e do hydro- ferro-cyanato de quinina, se dará, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou de valerianato, ou bromhydrato de quinina, do Dr. Naury. Contra a dor, dar-se-ha 1 gr. de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de iodhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Em falta da cicutina, e hyosciamina se poderá dar só os gr. de atropina, ou daturina, ou bromhydrato de cicutina, unidos ao iodhydrato de morphina. Em faltado iodhydratodemorphina, se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal deGregory, ou chlorhydrato de morphina, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Se opporá á dor terebrante 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, 1 de aconitina e 1 de veratina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação. Quando houver dor sus-orbitaria, de formação da pupilla e vomitos, dar-se-ha 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto de mercúrio) e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 10 por dia. 131 Em lugar do iodureto mercurioso, se poderá dar, pela mesma fórma, 1 gr. de iodureto mercurico, (bi-iodureto) e 1 de hyosciamina. Quando houver amblyopia ( deformação das imagens), dar-se-ha 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 por dia. No estado chronico, quando o doente sentir moscas, pontos negros nos olhos, dar-se-ha o sal, do Dr. Naury, todas as manhãs, e 1 gr. de acido phosphorico, e 1 de sulphato ou arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury, até 4 por dia, augmentando gradualmente a dóse, até que produza o effeito curativo. Contra a nevralgia orbitaria, se dará 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fórma, os gr. de atropina, ou cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, ou daturina, do Dr. Naury. Os gr. de iodureto de arsénico, ou mercurioso, ou mercurico, ou de potássio, ou acido arsenioso, ou arseniato de antimonio, ou sulphureto de cálcio, ou colchicina, do Dr. Naury, podem ser empregados contra as diatheses dartrosa, syphi- 132 litica, rheumatismal, gottosa e escrophulosa. V. estas moléstias. Nas ophtalmias, como nas inflammações dos centros nervosos, depois do estado agudo fica sempre uma tal ou qual fraqueza do orgão, a qual se deve combater por 1 gr. de acido phos- phorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de stry- chnina (os 2juntos);ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, doDr.Naury, 3 vezes por dia, aug- mentando gradualmente a dóse até que produza o effeito desejado, continuando com 1/2 colher de sópa do sal, do Dr. Naury, pela manhã cedo. Cliyiuria.-Ourinas leitosas. Esta affecção, peculiar aos paizes quentes, consiste na presença de gordura emulsionada na ourina, o que faz crêr que pode haver leite na secreção ourinaria. Esta gordura, porém, differe da manteiga, e os outros principios do leite não a acompanham. Ella procede da passagem para a ourina de pequenas gottas da gordura que o serum do sangue contêm normalmente em suspensão, e que o tornam opalino ou leitoso em certo momento da digestão. A chyluria indica que o figado prodúz em excesso e de uma maneira continua as subs- tancias gordurosas e azotadas, que dão ao serum do sangue o estado leitoso. As granulações suspensas na ourina leitosa não se reúnem, nem se depositam pelo repouso da 133 ourina. Elias são, por seu aspecto e por suas reações, inteiramente semelhantes às que se encontram no serum do sangue leitoso. Nos paizes quentes, onde abundam as moléstias do figado, acha-se frequentemente este estado das ourmas. Tratamento. Combater-se-ha o torpôr do figado por meio de 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria> na manhã do Io dia de tratamento, e nas seguintes só 1/2 colher do sal na mesma quan- tidade d'agua. Dar-se-ha, por occasião das refei- ções, 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Dar- se-ha 2 gr. de arseniato de cafeina e 1 de arseniato de strychnina (os 3 juntos), âs 8 da manhã, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde. Os gr. de cafeina e citrato de cafeina podem ser empregados, pela mesma fôrma que o arseniato de cafeina. Si o doente não puder tolerar o sal, do Dr. Naury, tomará 2 a 3 gr. de podophyllina, ao deitar-se. Si elle fôr chloro-anemico, tomará 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ás 8 da manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde. Os gr. de lactato, phosphato e iodureto de ferro, e os de arseniato de manganez ou salicylato de ferro, ou de soda pódem também ser empregados pela mesma fórma que o arseniato de ferro, reunindo 134 a elles, em vez do arseniato, o sulphato ou o hypo-phosphito de strychnina, que pronuncia a acção do ferro. Os gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, 2 de hora em hora, até 10 por dia ; os de arseniato de quinina, 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia ; os de acido salicylico, ou salicylato de quinina, 1 de hora em hora, até 6 por dia; os de sulphureto de cálcio, do Dr. Naury 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia, são muito uteis n'esta moléstia parasytaria. Cirrkose <Io figado.- Estado granuloso do fígado. N'esta moléstia dá-se a hypertrophia da substancia amareila e a atrophia da subs- tancia rubra do figado, acontecendo por isso que este orgão toma a cor e o aspecto da cera, e di- minúe de volume.- Symptomas. Começo insi- dioso ; augmento gradual do volume do figado, succedendo mais tarde sua diminuição. Ausência de icterícia, porém cor amarello-terrosa da pelle ; ascite, acompanhada de dilatação das vêas super- ficiaes do ventre; emmagrecimento ; edema das pernas. Só muito tarde desapparece o appetite, e sobrevem eructação. vomitos e diarrhéa. Ourinas de cor amarello-alaranjada escura, ou avermelhada, fortemente acidas. Pelle muito sêcca, sem a mais ligeira transpiração. Tratamento. Desembaraçar o ventre por meio de 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, 135 em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo ; ou 2 a 3 gr. de podophyllina, ao deitar-se ; ou 3 gr. de jalapina, ao jantar. Si houver dor no ligado, dar-se-ha 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Para activar a secreção biliar, dar-se-ha 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição, e 1 gr. de cafeina, ou citrato de ca- feína, ou arseniato de cafeina, e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas até tomar 6 por dia de cada especie. Si houver febre palustre, 1 gr. de arseniato de quinina, de hora em hora, até 6 a 8 por dia: ou 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou salicylato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia ; ou 1 gr. de sulphatoou va- lerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Contra a febre de con- sumpção, 1 gr. de arseniato de cafeina e 1 de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Para despertar a vitalidade abatida do fígado, 1 gr. de arseniato, ou sulphato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 3 em 3 horas, até 3 a 6 por dia. Contra a hydropisia, 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de digitalina e 1 de arseniato de strych- nina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 8 a 10 por dia, de cada especie. Os gr. de lactato, 136 ou phosphato, ou iodureto de ferro, ou arse- niato de manganez, do Dr. Naury, pódem ser dados 4 a 8 por dia, reunidos aos de sulphato, arseniato ou hypo-phosphito de strychnina e aos de digitalina, como dissemos. Os gr. de scillitina, ou asparagina, ou elacterina, ou bryonina, do Dr. Naury, succedaneos da digitalina, pódem ser empregados contra a hydropisia, na dóse de 6 a 12 por dia. Para combater a degenerescencia po- der-se-ha dar também 1 gr. de sulphureto de cálcio e 1 de cicutina, ou bromhydrado de cicu- tina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 por dia; ou 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. A alimentação do doente deve ser reparadora. A scirrhose do figado é incurável, Cabreiro.-- Cobreio, Zona, Herpes-zona, Fogo de Santo Antonio, Fogo sagrado. - Symptomàs. Pequenas bolhas cheias de um li- quido amarellado, as quaes se distinguem por sua disposição em meio cinto, e por sua séde, que é quasi sempre no tronco, na base do peito, hombros ou ventre. O grupo de bolhas que constitue o cobreiro é separado por intervallos de pelle sã. Algumas vezes, ligeiros symptomàs ge- raes precedem e acompanham esta erupção que é phlyctenoide e acompanhada de rubor, prurido 137 e dor. Ao 5' dia, as bolhas séccam ; fórmam-se pequenas crostas que, ao cahir, descobrem manchas e algumas vezos excoriações. Muito tempo depois de desapparecidos todos os sym- ptomas locaes, ainda persistem as dores, o que é um caracter particular d'esta affecção. Tratamento. Dar-se-ha logo 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, na primeira manhã, e nas seguintes só 1/2 colher. Para acalmar a dor, 1 gr. de veratrina, 1 de ci- cutina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 de cada especie, por dia; ou 2 gr. de bromureto de potássio e 1 de cicutina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma; podendo tomar até 20 gr. de bro- mureto de potássio e 10 de cicutina, por dia. Para o mesmo fim, poder-se-ha dar os gr. de atropina, ou daturina, ou bromhydrato de ci- cntina e os de chlorhydrato de morphina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou os de codeina, ou narceina, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury; p. ex.: 1 gr. de atropina e 1 de sal de Gregory (os 2juntos); ou 1 gr. de daturina e 1 de chlorhy- drato de morphina (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. As vesiculas do cobreiro serão cauterizadas com uma solução de nitrato de prata, e, no dia 138 seguinte, far-se-ha applicação de pós de arroz, ou se banhará com agua de farelo. Si houver febre : 1 gr. de aconitina, 1 de digitalina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1 /2 hora, até abatel-a. Si ella tomar o caracter intermittente ou remittente, 1 gr. de arseniato de quinina, ou 2 dé hydro-ferro-cyanato, ou de salicylatode qui- nina, de hora em hora, até 6 a 8 do primeiro, ou 10 dos segundos, por dia ; ou 1 gr. de sulphato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 10 do primeiro, ou 6 do segundo, por dia. Si houver abatimento da vitalidade, 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 de hypo-phosphito de stry- chnina, de 3 em 3 horas, até tomar 3 a 5 por dia. Poder-se-ha dar também 1 gr. de camphora- bromé, ou bromureto de potássio, ou croton- chloral, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 6 por dia, para acalmar os symptomas cerebraes. Cólica. - Expressão generica que designa toda e qualquer dor do ventre, exacerbante e movei. As cólicas são, pois, de naturezas muito differentes e numerosas, como vamos ver: Cólica <lc chumbo. - Cólica metallica, Cólica dos pintores, dos operários de chumbo, dos picheleiros, Cólica saturnina, Envenena- mento pelo chumbo. 139 Assim se chama a nevralgia dos orgãos diges- tivos e ourinarios produzida pela absorpção do chumbo, no estado molecular. Posto que a có- lica saturnina não acompanhe necessariamente o envenenamento pelo chumbo, todavia é d'elle o phenomeno mais frequente.-Symptomas. Esta moléstia é inteiramente apyretica (sem febre) e os phenomenos, que a revelam, apresentam-se ou como prodromos, taes como, - mal-estar, inappetencia, lingua branca, dejecções cada vez mais raras de matérias negras, ou, por assim dizer, enferrujadas ; ou como cólica, propriamente dita, -dor de ventre, intensa e exacerbante, assestada no umbigo e com irradiações para os lombos e partes genitaes ; violentíssima, obriga o doente a gritar, a rolar pelo leito, a tomar as posições mais phan- tasticas, apresentando a face crispada, os olhos encovados etc., e o ventre retrahido; esta dor acalma-se pela pressão ; ha prisão de ventre abso- luta, ás vezes com desejo illusorio de defecação ; nauseas, vomitos de matérias verdes e viscosas; se- creção ourinaria diminuída, dolorosa e com te- nesmos (puxos); caimbras ; retracção dos tes- tículos; pallidez da face; ou como arthralgia, nevralgia das articulações (V. Arthralgia); ou como paralysia saturnina; raramente pri- mitiva, apparece quasi sempre depois de cólicas e de arthralgia ; ordinariamente a paralysia li- 140 mita-se aos musculos extensores do punho e dos dedos, que são dobrados ; por excepção, a para- lysia é mais extensa ; habitualmente a sensibi- lidade conserva-se nas partes paralysadas; porém, ás vezes, esta se embota, determinando a anes- thesia saturnina, de Tanquerel, que póde ser pouco manifesta, mas que póde ir á surdez, amaurose, etc. ; ou como encephalopathia sa- turnina ; delirio, convulsões, coma, declaran- do-se subitamente, ou precedidos de dor de ca- beça, dor e formigamento nos braços e pernas, perturbações nos sentidos, vertigens, etc. : o delirio, simples, calmo ou furioso, continuado ou com paroxysmos, dissipa-se ou termina pelo coma ; uns indivíduos morrem, outros suici- dam-se ; as convulsões, também chamadas - fôrma convulsiva epileplica, - não se seguem logo ao restabelecimento das funcções; e a morte sobrevém por asphyxia ou subitamento ; o coma succede ao delirio ou ás convulsões, e caracte- risa-se pela somnolencia profunda, abolição da vista, etc., duram estes phenomenos 2 a 6 dias, terminando, quasi sempre, pela morte. Tratamento. No accesso da cólica dar-se-ha 1 gr. de atropina, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa de azeite doce, que é melhor do que o oleo de riccino, de 1/2 em 1/2 hora, até a pro- ducção de 2 a 3 dejecções. Depois, dar-se-ha 141 1 gr.'de iodureto de potássio, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 20 por dia. Na manhã seguinte dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e, depois do effeito, si ainda continuarem as cólicas, dar-se-ha 1 gr. de sul- phato de strychnina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos), em 1 colher de azeite doce, de hora em hora, até passar a cólica, continuando depois com os gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury. Para vencer a prisão de ventre, poder-se-ha dar 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina (os 4 juntos), de hora em hora, até produzir effeito, isto é, a dilatação da pupilla {menina dos olhos) e as dejecções ; em lugar da atropina, poder-se-ha empregar, pela mesma forma, os gr. de daturina, os de hyosciamina, os de cicutina, ou bromhy- drato de cicutina. Para combater as cólicas, tantas vezes pertinazes, poder-se-ha empregar 1 gr. de hyosciamina e 1 de colocynthina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), de hora em hora, até tomar 8 a 10 por dia. Ainda para combater o mesmo symptoma, poder-se-ha dar 1 gr. de hyosciamina e 1 denarceina (os2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até 10 por dia. As duchas de vapor sulphydrico, do Dr. Brérnond, são uteis para eliminar o chumbo pela pelle.Contra a arthralgia: sal do Dr. Naury, todas as manhãs; 1 gr. de sulphato de strych- nina, 1 de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de 142 chlorhydrato de morphina (os 4juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma, continuando, depois, com os gr. de iodureto de potássio, como dissemos. Contra a paralysia, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até tomar no pri- meiro dia 4 gr., no segundo 6, e assim até 10 a 12 por dia, tomando todas as manhãs o sal, do Dr. Naury. Póde-se empregar para combater a paralysia, 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, pela mesma fórma que o acido phosphorico. Nas crianças, em lugar da strychnina, empre- gar-se-ha os gr. de brucina, não excedendo de 5 por dia, principiando por dois. Contra a ence- phalopathia : sal do Dr. Naury, todas as manhãs ; 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), como na paralysia, e 1 gr. de camphora-bromé, ou iodhydrato de morphina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Contra a chloro-anemia, a cachearia, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos\ de 2 em 2 horas, até 6 por dia, combatendo a constipação do ventre pelo sal, do Dr. Naury. Para o mesmo fim, dar-se-ha os gr. de lactato, ou phosphato de ferro, ou arseniato de manganez, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury, 6 a 8 por dia, 1 de cada vez. 143 Cólica de cobre. - Acommette os fundi- dores, torneiros e todos quantos manipulam o cobre. - Symptomas. Diarrhéa, nauseas, vomitos, dôres exacerbantes, e febre. E' simplesmente uma inflammação intestinal. Tratamento. Desembaraçar os intestinos, por meio de 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; nas manhãs seguintes, 1/2 colher. Contra a diarrhéa, vomitos e dôres exacerbantes, dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de chlorhy- drato de morphina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma ; ou 1 gr. de atropina, 1 de sulphato de strychnina e 1 de sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e co- deína ) (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até a se- dação ; ou 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina e 1 de nar- ceina, ou de codeina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até a calma. Restabelecer as forças pelos nervinos,-1 gr. de acido phosphorico e um de sulphato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr« Naury, de hora em hora, até o levantamento das forças. As convulsões serão combatidas por 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, 1 de hyos- ciamina e 1 de iodhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 144 acalma. 0 doente tomará 2 a 4 gr. de quassina, a cada refeição, para activar a digestão e aug- mentar a secreção biliar, por onde se faz a eli- minação do cobre. As dores musculares serão acalmadas por fricções com linimento tereben- thinado. A febre será abatida por meio de 1 gr. de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora. As duchasdo Dr. Brémond são também empregadas. Cólica <las crianças <0e peito. ■ Prin- cipalmente nos primeiros 6 mezes da existência, as crianças são torturadas por cólicas, que, logo depois do nascimento, dependem da evacuação ou retenção do moeconium, acidez, flatuosidades, e também de uma especie de atonia ou de uma irri- tação do tubo intestinal, as mais das vezes de um máo leite ou do leite de uma ama, que se nutre mal, e faz uso exagerado de feculentos,-ervilhas, couves, nabos, etc.; mais tarde, dependem de um máo regimen, do uso de alimentos gros- seiros, etc. - Symptomas. A criança grita, não dorme e apresenta-se agitada a tal ponto que pódem sobrevir espasmos e convulsões. Ora, ha prisão de ventre, coincidindo com as flatuosi- dades ; ora, ha diarrhéa, complicando a acidez. Tratamento. Dar-se-ha á criança a quarta parte de 1 colher de chá do sal, do Dr. Naury, dissolvido em leite da ama, pela manhã cedo, ou 145 1 a 2 colheres de chã do xarope de rhuibarbo. Logo que obrar 2 vezes, tomará 1 gr. de hyos- ciaminael denarceina, doDr. Naury (os2juntos), em 1/2 colher de xarope de marmello, ou agua fria assucarada, ás 8, ás 11 da manhã, ás 3 e ás 6 da tarde ; dar-se-ha também um gr. de bru- cina, pela manhã e á tarde. Poder-se-ha dar também, depois de ter tomado o sal, ou xarope de rhuibarbo, 1 gr. de codeina e 1 de brucina, do Dr. Naury (os 2 juntos), ás 8, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde, para fazer parar a diarrhéa e cólica, augmentando ou diminuindo as dóses se- gundo o effeito produzido. Em falta da codeina e narceina, poder-se-ha dar o chlorhydrato de morphina unido á brucina e cicutina, 1 gr. de cada um e juntos, pela manhã e á tarde. Os gr. de sub-nitrato de bismutho, do Dr. Naury, pódem ser dados, 1 de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia, unidos á codeina ou narceina ; não excedendo de 3 de cada especie por dia. Si houver febre, dar- se-ha 1 gr. de aconitina, 3 a 4 vezes por dia, e, logo que ella ceder, dar-se-ha 1 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, de 2 em 2 horas, até tomar 4 a 6 por dia ; póde substituir-se o hydro- ferro-cyanato de quinina, pelo sulphato de qui- nina, 3 a 4 gr. por dia, 1 de cada vez. Si, depois, a criança ficar enfraquecida, dar-se-ha o hypo- phosphito de cal ou de soda, do Dr. Naury, 1 gr. 11 146 3 a 4 vezes por dia. Deve-se salgar o leite, que se der ás crianças, e ter sobre o ventre uma faixa de flanella. Cólica <lo estomago. - V. Cardialgia. Cólica liepatica.- V. Cálculos biliares. Cólica de Madrid.-Cólica vegetal, Cólica de Hespanha, Cólica nervosa, Cólica sécca, Cólica de Poitou, etc. Nevralgia do grande sympathico, para uns ; gastro-enteralgia, para outros: esta cólica se ca- racterisa por dores violentissimas, anxiedade ex- trema, vomitos e rebelde prisão de ventre.-Svmp- tomas. Assemelham-se admiravelmente aos da có- lica saturnina. A principio ligeiras cólicas, pros- tração de forças, tristeza, raridade de fezes, sen- sação de frio nas extremidades. Depois de alguns dias, todos estes symptomas attingem a um alto grâo de intensidade. O ventre, retrahido, acha- tado, é indolente á pressão, queallivia o doente- A lingua é suja, o appetite nullo, a prisão de ventre absoluta; caimbras nas extremidades, face crispada e ictérica ; pulso muito lento, res- piração difficil, soluços, vomitos, paralysias par- ciaes ; delirio e coma. Tratamento. Para combater a cólica e prisão de ventre, dar-se-ha 1 gr. de atropina e 1 de sul- phato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 147 de 1/2 em 1/2 hora, em 1 colher de sopa de oleo de ricino, ou azeite doce, até obrar 2 a 3 vezes. Contra os mesmos symptomas ainda se po- derá dar 1 gr. de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina ; ou 1 gr. de daturina e 1 de hypo- phosphito de strychnina (os 2 juntos), em oleo de ricino ou azeite doce, como acima dissemos. De- pois que obrar, si ainda continuar a cólica, dar- se-ha 1 gr. de codeina, ou narceina e 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos até a calma ; ou 1 gr. de chlorhydrato de morphina ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de mor- phina e codeina), on iodhydrato, ou bromhydrato de morphina e 1 gr. de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até passar a dôr. Contra as dores do ventre, poder-se-ha dar ainda 1 gr. de hyosciamina e 1 de colocynthina do Dr. Naury os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia de cada especie. A lavagem do tubo intestinal por meio de 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs em 1/2 copo d'agua fria é necessária. Quando a prisão de ventre não quizer ceder, dar- se-ha 1 gr. de calomelanos e 1 de codeina ou nar- neina, ou chlorhydrato de morphina, ou sal de Gregory, ou bromhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até ter dejecções. 148 Dois a 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, á noite, combatem a prisão de ventre, assim como 3 gr. de jalapina a cada refeição. Póde-se empregar ainda contra as cólicas 1 gr. de quassina, 1 de hyosciamina e 1 de arseniato de strychnina os 3 juntos), 3 a quatro vezes por dia. Si a reacção (febre fôr intensa, empregar-se-ha 1 gr. de aco- nitina e 1 de veratrina, doDr. Naury(os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até abatel-a ; depois, 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia ; ou 1 gr. de sulphato, valerianato, ou arseniato de quinina, de hora em hora, ou de 1/2 em 1/2 hora, segundo a gravi- dade, até 10 a 20 do primeiro, e 6 a 10 dos dois últimos. A cólica vegetal de causa paludosa será combatida pelos saes de quinina, como já indi- camos ; a de causa syphilitica, chlorotica, rheu- matica, escorbutica, gottosa, toxica, metastatica, uremica, albuminurica, diabética, etc., seràcom- batida pela medicação de cada uma dessas mo- léstias. Cólica menstrual. - Cólica uterina. - Cólica que precede ou acompanha o corrimento menstrual ou as regras, ou que é devida a sup- pressão d'este fluxo ; de ordinário estã ligada à chloro-anemia. Tratamento. V. Amenorrhèa. Cólica metallica.-V. Cólica de chumbo . 149 Cólica <Ie niiscrere.- V. Volvo, íleo. Paixão iliaca. Cólica nepliritica.-V. Cálculos renaes. Coliea dos pintores. - V. Cólica de chumbo. Cólica de Poitou.-V. Cólica de Madrid. Cólica uterina.-V. Cólica menstrual. Cólica ventosa. - Flatulência, Flatuosi- dades. Desenvolvimento considerável de gazes no tubo intestinal.-Symptomas. Depois de ter cau- sado borborygmos e cólicas, os gazes escapam-se pela bocca e pelo anus, ou ficam detidos no interior dos intestinos, distendidos em excesso e como paralysados, ou por outra causa qualquer. A parte distendida offerece á percussão um som claro e tympanico, e determina ás vezes palpi- tações, difficuldadfe de respiração, soluços, des" fallecimentos. Tratamento. Durante o accesso dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyoscia- mina, do Dr. Naury (os 2 juntos), em 1/2 colher de sopa de oleo de ricino, ou azeite doce, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 3 a 4 vezes. Po- der-se-ha dar, para combater o mesmo symptoma, 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de atropina, ou daturina (os 2 juntos ), com oleo de ricino ou azeite doce. Dar-se-ha ao mesmo tempo um clyster 150 com 1 a 2 colheres de sopa, de sal de cozinha torrado, e 3 a 4 colheres de oleo de ricino, ou azeite commum de mamona e chicara e 1/2 d'agua mórna. Si a reacção (febre), que sobrevier depois do accesso, fôr intensa, dar-se-ha 1 gr. de aconi- tina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe. Logo que ceder a cólica, si ella fôr devida â intoxicação paludosa, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou sali- cylato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia ; ou 1 gr. de sulphato, ou valerianato ou arseniato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. O doente tomará, todas as manhãs, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de café, e 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina, 3 vezes ao dia ; e 2 a 4 gr. de quassina, a cada refeição, ou 1 gr, de arseniato de strych- nina, ou 1 gr. de brucina, ou 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, nas mesmas occasiões. Si houver atonia ( preguiça) do grosso intestino, dar-se-ha 1 gr. de jalapina, de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia ; ou 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina ( os 4 juntos), ao deitar-se. Si a moléstia fôr devida á diathese gottosa, dar-se-ha 1 gr. de colchicina, de hora em hora, até 6 a 10 por dia ; si ella fôr rheuma- 151 tica, ou syphilitica, far-se-ba o mesmo trata- mento d'essas moléstias. Si o doente fôr chloro- anemico, empregar-se-ha o tratamento da chloro- anemia. Fora dos accessos, os banhos salgados, ou os de agua fria são convenientes. Colite. - Entero-colite, Diarrhéa, Dyssen- teria. Inflammação do intestino collon, rara- mente isolada da enterite.-Symptomas. No estado agudo, ha dôr no baixo ventre, principalmente nos flancos; cólicas e evacuações alvinas mais ou menos abundantes e frequentes ; calor na pelle, febre, fastio e sede. No estado chronico, dores surdas, e às vezes auzencia de dôr, borborygmos, dejecções frequentes e de matérias liquidas, pelle arida, quente, excepto quando a moléstia provém de um estado cachetico, porque então ha suores abundantes e diarrhéa colliquativa; fastio, em- magrecimento, alteração da physionomia. Tratamento. No estado agudo banhos mornos, ou emollientes e 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em l/2chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes ; depois, 1 gr. de aconitina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, atè abater a febre. Para as cólicas e puxos, 1 gr. de nar- ceina, ou codeina, e 1 de hyosciamina, ou cicu- tina, u obromhydrato de cicutina (os 2 juntos), 152 de 15 em 15 minutos ; ou 1 gr. de atropina, ou daturina, e 1 gr. de chlorhydrato de morphina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de mor- phina e codeína (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. A lavagem diaria dos intestinos, pelo sal, do Dr. Naury, é de todo o rigor. Contra as cólicas e diarrhéa, poder-se-ha dar ainda 1 gr. de sul- phato de strychnina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. Si a mo- léstia fôr de causa palustre, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20; ou 1 gr. de sulphato, ou va- lerianato, ou arseniato, ou salicylato de qui- nina, de hora em hora, até 10 por dia. Os clys- teres de clara de ovo, de gomma, de cozimento de althéa, linhaça, ou malvas são convenientes. No estado chronico dar-se-ha, todas às manhãs, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; depois, 2 gr. de acido salicy- lico, ou salicylato de soda, ás 8 e ás 11 da manhã, às 3 e ás 6 da tarde, e, para acalmar as cólicas, os mesmos gr. que no estado agudo, porém, maisespaçadamente,-codeina, narceina, chlorhydrato de morphina, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina-só uma de qualquer destas substancias, unida â hyosciamina, ou ci- cutina, ou bromhydrato de cicutina, ou daturina, 153 ou atropina ; p. ex. : 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os2 juntos), de hora em hora, até passar a diarrhéa. Também é conveniente n'este estado dar-se 1 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 de chlor- hydrato de morphina (os 2 juntos), de hora em hora, até passar a diarrhéa. Quando houver constricção dos intestinos, dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de sul- phato de strychnina, em 1/2 colher de oleo de ricino, ou azeite doce, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. O vomitivo de ipecacuanha é conveniente no principio da diarrhéa biliosa. A' diarrhéa chronica pôde oppôr-se 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina os 2 juntos), ou só 1 de hypo-phosphito de strych- nina, do Dr. Naury, 1/2 hora antes de cada re- feição ; ao deitar-se, o doente tomará 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina. A prostração das forças será combatida com 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de stry- chnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, de hora em hora, até le- vantal-as. Na diarrhéa das crianças, dar-se-ha desde 1/4 até 1/2 colher de chá do sal, do Dr. Naury, em leite ; depois, 1 gr. de narceina e 1 de hyosciamina, de 2 em 2 horas, até acalmar a cólica e a diarrhéa. Quando houver febre, ella 154 será abatida por 1/4 de gr. ou 1/2 gr. ou 1 gr. de aconitina, segundo a idade, com intervallo variavel, desde 1/2 em 1/2, até 3 em 3, ou 4 em 4 horas, approximando, ou espaçando as dóses se- gundo o effeito produzido. Depois que passar a febre, dar-se-ha 1 gr. de hydro-ferro-cyanat0 de quinina, ou salicylato de quinina, 4 vezes por dia, ou 6 a 10, segundo a idade. Si houver aba- timento de forças, dar-se-ha 1 gr. de brucina, pela manhã, ao 1/2 dia e á noite, espaçando ou approximando as dóses, conforme o effeito produ- zido. As crianças ou pessoas adultas, que sof- frerem d'esta moléstia, usarão de uma faixa de fla- nella sobre o ventre. As diarrhéas diathesicas serão combatidas pela medicação de cada dia- these : a syphilitica, pelos anti-syphiliticos; a gottosa, pelos anti-gottosos; a rheumatica, pelos anti-rheumatismaes, etc. A dieta na diarrhéa aguda é de rigôr; na chronica, será menos rigo- rosa. Para despertar o appetite, dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada re- feição. Colite epidemica.-V. Dyssenteria. Coma.-Coma é um symptoma de moléstia que consiste em uma somnolencia mais ou menos profunda na qual cahe o doente desde que elle deixa de ser excitado. O coma ligeiro pouco differe da somnolencia, o coma profundo é o chamado 155 carus. 0 coma profundo é um signal grave, elle é sempre indicio de uma congestão sanguínea ou de um derramamento interior do craneo. Tratamento. Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1 copo de in- fusão de café, aos cálices de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções; e 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que o doente desperte de seu profundo somno. Em falta do arseniato de cafeina, se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de cafeina ou citrato de cafeina, do Dr. Naury. E' muito conveniente dar-se um clyster com 4 colheres de. sopa de oleo de ricino, ou azeite de mamona, ou 2 onças de electuario de sene, 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado e chi- cara e 1/2 d'agua mórna. Applicar-se-ha sinapismos nas pernas e nas < ôxas; ou 2 vesicatórios nos mesmos pontos, para derivar sobre as extremidades inferiores. A moléstia principal será combatida pelos meios apropriados a cada uma d'ellas. Coininoçào cerebral. - Abalo communi- cado ao cerebro pela acção de um corpo pesado sobre o craneo, ou pela projecção da cabeça sobre um plano resistente ; ordinariamente, em consequência de uma quéda sobre os pés, sobre os joelhos, ou de urna pancada sobre o mento, 156 etc.-Symptomas. Na commoção ligeira ha ator- doamento, tinido nos ouvidos, extincção da voz, resolução do systema muscular, acci- dentes que desapparecem com rapidez. Na forte ha perda súbita do conhecimento, pallidez, immo- bilidade, respiração e circulação retardadas ; somnolencia profunda, da qual com difficuldade se póde tirar o doente para responder algumas palavras articuladas apenas : vomitos, dejecções e ourinas involuntárias. Estes symptomas per- sistem muitos dias, depois tendem a decrescer gra- dualmente, e o doente volta, pouco a pouco, á saúde, conservando dor de cabeça e perda da memória. Em alguns casos os symptomas se aggravam e o doente succumbe. Muitas vezes se declaram symptomas de encephalite : delirio, agi- tação, febre, e o doente morre. Na commoção fulminante, o ferido cahe privado de sentimento e de movimento, sem pulso, respirando apenas, e morre. Tratamento. Clyster com 3 a 4 colheres de oleo dé ricino ou azeite ordinário de mamona, e 1 a 2 colheres de sal de cozinha ; sinapismos, ou cáusticos nas pernas. Si o doente puder en- gulir, dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa de infusão de café, para tomar aos cálices de 1/2 em 1/2 hora; 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou ar- 157 seniato de strychnina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ); ou 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, de 1/2 em 1/2 hora, com infusão de flores de arnica, até vir a reacção. Si esta subir a mais de 38°, applicar-se-ha 2 sanguesugas atraz de cada orelha, e dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°. Si entre a temperatura da manhã e a da tarde houver differença, dar-se-ha 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, ou 1 gr. de arseniato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Si o doente estiver desacordado e não poder engulir, friccionar-se-ha o espinhaço com um linimento de tinctura de noz-vomica, de cantharidas e al- cali-volatil ; e introduzir-se-ha no anus ura trocisco (cylindro) de manteiga de cacão no qual ter-se-ha machucado 2 gr. de aconitina, 2 de veratrina e 2 de digitalina, e logo que poder engulir, far-se-ha o tratamento, que jã indicamos. No periodo exsudativo, dar-se-ha 1 gr. de calo melanos, de hora em hora, até 10 por dia, e um vesicatório na nuca. Contra o delirio dar-se-ha 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 por dia. O sal do Dr. Naury deve ser dado todas as manhãs. Conimoçao <la medulla espinhal.-As quédas de um lugar elevado sobre os pés, ou na- 158 degas, as percussões, violentas da região lombar, produzem na medulla phenomenos que têm a maior analogia com os da commoção cerebral. -Symptqmas. Resolução completa dos membros, paralysia do movimento e do sentimento, excreç o involuntária da ourina e das matérias fecaes, per- turbações da circulação e da calorificação. Tratamento. Elle é idêntico ao da commoção cerebral. Clyster com sal de cozinha ; sinapismos nas pernas; 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury em 1/2 garrafa de infusão de café, para tomar aos cálices, de hora em hora; san- guesugas; cáustico, e mesmo o cautério actual no ponto da espinha em que se julga existir a lesão. Um gr. de acido phosphorico e 1 de sul- phato ou arseniato de strychnina (os 2 juntos ; ou 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, em 1 colher de sopa de infusão de flores de arnica, até vir a reacção. Si ella fór exagerada dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a a 37 -media do calor normal. Si houver differença do pulso e do calòr entre a manhã e a tarde, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, de hora em hora, até 20 por dia. Contra a dor, dar-se-ha 1 gr. de cicutina, ou bromhyr- drato de cicutina, do Dr. Naury, de 15 em 15 159 minutos, até acalmal-a. No periodo exsudativo empregar-se-ha 1 gr. de calomelanos, de hora em hora, até 10 por dia. Si houver muita som- nolencia, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeína, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Comiuunicação das cavidades di- reitas e esquerdas do coraeao. - Pre- sistência do buraco de Botai.-Symptomas. coloração cyanotica (cor azulada da pelle.) prin- cipalmente na face, lábios, palpebras, lobulos das orelhas etc.; accessos frequentes de suffocação acompanhada de syncopes; difficuldade de res- pirar ; sensibilidade exagerada ao frio ; algumas vezes obscuridade de som; palpitações; ruido e sopro ou estremecimento ; hemorrhagias. Tratamento. Meia colher de sopa do sal do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, e 1 gr. de arseniato de strychnina de hora em hora, até passar o accesso de suffocação e a côr azulada da pelle. E' conveniente dar-se 1 gr. de acido arsenioso do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. Logo que a suffocação diminuir se reduzirá o numero de gr. de arseniato de strychnina aos do acido arsenioso. Contra as hemorrhagias se dará 1 gr. de ergo- tina e 1 de sulphato de strychnina e 2 de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 4 160 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que ellas passem, augmentando ou diminuindo âs dóses, segundo a intensidade da hemorrhagia. Condylouias.-V. Syphilis. Congestão cerebral. - Hyperhemia ce- rebral. Accumulo anormal de sangue no cerebro, sem ruptura de vasos, portanto, sem hemor- rhagia, sem lesão de natureza alguma.-Símp- tomas. Lufadas de calôr ao rosto, atordoamento, estado vertiginoso ; face rubra, injecção das conjunctivas oculares. Em um grão mais elevado, ha um certo ar de admiração, de estupidez, perda completa, ordinariamente passageira, do conhe- cimento. No gráo mais elevado existe além disto a resolução completa dos membros. O pulso apresenta-se cheio, porém normal, não febril. Tratamento. Ter a cabeça elevada ; sinapismos nas pernas e côxas; clyster com 3 a 4 colheres de sopa, de oleo de ricino, ou azeite commum de mamona, e 1 a 2 colheres de sal de cozinha; com- pressas embebidas em agua com vinagre na fronte e nuca, e mesmo vesicatórios nas pernas. Quando o pulso fôr forte e duro, applicar-se-ha sangue- sugas ao anus, e far-se-ha fricções no espinhaço com tinctura de nóz-vomica, ammoniaco liquido e essencia de terebenthina; ou alcali-volatil, tin- ctura de cantharidas e de nóz-vomica. Logo que o doente puder engulir, dar-se-ha 1 gr. de acido 161 phosphorico e 1 de sulphato de strychnina ( os 2 juntos ); ou 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de acido phosphorico; ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que torne a si; 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 garrafa d'agua, para tomar aos cálices, de hora em hora. Si a reacção fôr forte, dar-se-ha 1 gr. de aconi- tina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até aba- tel-a. Quando houver remissão nos symptomas, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, ou sulphato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia; ou 1 gr. de arseniato, ou valerianato de quinina, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 por dia. Para acalmar a excitação do cerebro, dar- se-ha a hyosciamina, ou cicutina ou bromhy- drato de cicutina, 1 gr. de hora em hora, até a calma. Poder-se-ha dar também contra a con- gestão cerebral, para abater a força do pulso e calor, 1 gr. de arseniato de quinina, 1 de digita- lina e 1 de aconitina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora. Aos que soffrerem de congestão cerebral dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, pela manhã em 1/2 copo d'agua fria, e 6 gr. de arseniato de cafeina, durante o dia, 1 de 2 em 2 horas, e á noite 1 gr. de sulphato, ou arseniato, 12 162 ou hypo-phosphito de strychnina. Os gr. de ca- lomelanos, ou iodureto de potássio podem ser dados para activar a absorpção dos exsudatos, 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia, empre- gando porém sómente uma substancia. Congestão Zfyperêmía pul- monar acliva, Hemorrhagia pulmonar.-Af- fluxo de sangue para o pulmão, com ou sem gol- fadas de sangue. - Symptomas. Falta pouco pro- nunciada de respiração, no primeiro gráo, muito intensa, porém, com os progressos da moléstia. Só por excepção, ha dor. Na fórma asphyxiânte, ha pouca tosse ; expectoração de mucosidades brancas, ao principio, mais tarde sanguinolentas. No segundo gráo, augmento de volume do peito, verificado pela mensura. Pela percussão no- ta-se resonancia um pouco mais fraca no co- meço, quando se trata de uma ligeira transudação sanguínea, ou de núcleos hemoptoicos muito pe- quenos, disseminados na profundeza dos pulmões ; em um periodo mais adiantado, quando se trata de um fóco ou de uma caverna hemorrhagicos, a obscuridade do som é completa. Pela auscultação, murmurio respiratório fraco ao nivel do derrama- mento ; estertor crepitante na vizinhança, outras vezes sub-crepitante fino, de bolhas continuas, de mistura com estertores musicaes ; respiração algum tanto soprante, no 2o gráo. Nos casos li- 163 geiros, o decúbito do doente é dorsal; nos casos graves, posição assentada, face roxeada, pouca febre ; em geral, pulso forte, desenvolvido. Tratamento. Na congestão activa sangrar- se-ha ou applicar se-ha sanguesugas ao anus, depois dar-se-lia 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 garrafa d'agua, para tomar aos cálices, de hora em hora, e nos intervallos 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de veratrina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor e o pulso. Poder-se-ha também empregar com o mesmo fim, depois da sangria ou sanguesugas e do sal do Dr. Naury, 1 gr. de sulphato de stry- chnina, 1 de digitalina e 1 de ergotina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passarem os es- carros de sangue, diminuindo ou augmentando as dôses conforme a intensidade da hemorrhagia. Na congestão' passiva dar-se-ha o sal, do Dr. Naury, como jà indicamos, e 1 gr- de arseniato de strychnina, 1 de ergotina e 1 de acido tannico (os 3 juntos),de 1/2 em 1/2 hora, até passaremos escarros sanguíneos ; depois, 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina ( os 2 juntos), de hora em hora, até 10 por dia. Si houver grande reacção, quer na congestão activa, quer na passiva, dar-se-ha depois do sal, e das sanguesugas, etc., 1 gr. de aconitina, 1 164 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre. Si ella for de- vida a uma febre pulmonar larvèe, dar-se-ha 1 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou arseniato de qui- nina, de 1/2 em 1/2 hora, até conjurar os acci- dentes graves; para o mesmo fim poder-se-ha empregar 1 gr. de valerianato, ou de sulphato ou salycilato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1 /2 hora, até tomar 8 a 10 por dia do primeiro, ou 10 a 20 dos segundos. Congestão uterina. - V. Metrite, Ame- norrhêa. Conjunctivite. - Ophtalmia. Inflammação da membrana mucosa, que reúne o globo do olho às palpebras. E' simples ou especifica. A simples é catarrhal, papulosa ou granulosa; a especi- fica é blennorrhagica, purulenta, ou dos recem- nascidos. Conjunctivite catarrhal.-Symptomas. Sen- sação de prurido, de ardor, de picadas ou de grãos de arêa nos olhos; rubor mais ou menos intenso, secreção mucosa variavel em aspecto e quantidade, ora, clara, transparente; ora, acre, corrosiva ; ora, mais espessa e turva, grudando as palpebras durante o somno. A visão não se perturba, nem ha dor ao encarar a luz, salvo o caso de complicação de keratite, irite, etc. 165 Conjunctivite papulosa. - Symptomas. Pe- quenos entumecimentos parciaes da conjunctiva, circumscriptos, sem ulceração; sensação de arêa nos olhos; irritação das palpebras deter- minada por seus movimentos. Conjunctivite granulosa.-Symptomas. Grande quantidade de granulações pequeninas, agglo- meradas ou esparsas, avelludadas; secreção mucosa mais ou menos pronunciada. Conjunctivite blennorrhagica. - Ophthalmia gonorrheica.-Symptomas. São os da ophthalmia purulenta; mas, de marcha mais rapida, acci- dentes mais graves, perda do olho mais provável. Quando o muco-pús é poueo abundante, diz Vel- peau, esbranquiçado, cremoso e menos irritante, a cornea corre maiores perigos do que nos casos contrários; ella cobre-se de uma matéria pol- posa, passa ao estado purulento, à ulceração ; perfura-se e o olho esvasia-se. Conjunctivite purulenta, do Egypto, Oph- thalmia do Egypto, dos exercitos, Ophthalmo- blemmorhèa. - Symptomas. Prurido, seccura, arêa nos olhos ; agglutinação e entume.cimento das palpebras; forte injecção da mucosa; secreção de um liquido acre, cada vez mais abundante, viscoso e opaco, depois purulento, correndo pela face; dor ao encarar a luz; espasmos das pal- pebras. A secreção purulenta abundantissima 166 toma ás vezes o aspecto membranoso e fica entre as palpebras; granulações da conjcuntiva: ás vezes, exhalação de sangue; dores orbitarias excessivas, agitação, febre e delirio. Conjunctivite ou ophthalmia dos recem-nas- cidos.-Symptomas. Dois a tres dias depois do nascimento, ligeiro entumescimento da palpebra superior, rubor da mucosa e da pelle ; depois, cor- rimento seroso, sem cor, porém tornando-se cada vez mais espesso e de umamarello-esverdinhado ; grande inflammação da conjunctiva e das pal- pebras, que parecem até edematosas ; si se tenta levantar a superior, a mucosa faz hérnia; o corrimento, tornado purulento, inunda a face; a conjunctiva é muito injectada e espessada ; a cornea pode ser interessada e o olho perder-se. Tratamento. Na ophthalmia simples catarrhal, papulosa, ou granulosa, dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de in- fusão de tilia, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes; depois, 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 dedigitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até que o calor baixe a menos de 37°, istoé, a 36° ou 36° 1/2. Para acalmar a dôr dar-se-ha 1 gr. de codeina e 1 de hyoscia- mina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora; para o mesmo fim poder-se-ha dar 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de atropina (os 2 juntos), de 2 167 em 2 horas , ou 1 gr. de narceina, ou iodhydrato de morphina, e 1 de cicutina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Para moderar a inflammação applicar-se-ha sanguesugas nas fontes ou atràzdas orelhas. Banhar-se-ha os olhos 3 vezes ao dia com agua fria e sueco de limão. Na ophthalmia especifica: blemmorrhagica, pu- rulenta, ou dos recem-nascidos, cauterizar- se-ha a mucosa palpebral e ocular com uma so- lução (de 1 para 4) de nitrato de prata, e depois applicar-se-ha glycerina no bordo livre das pál- pebras, e fios finos sobre o olho mantidos por uma atadura, para oppôr-se aos movimentos delle. No dia seguinte levantar-se-ha o apparelho para banhar o olho com agua e limão, e, si ainda houver purulencia, cauterizar-se-ha de novo e applicar-se-ha a glycerina, os fios e a atadura até o dia seguinte. Insistir-se-ha no emprego do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs ; aconitina veratrina e digitalina ; chlorhydrato, iodhydrato de morphina, codeina, narceina, oubromhydrato de morphina, atropina, hyosciamina e cicutina, ou bromhydrato de cicutina, como jà indicamos. Far-se-ha também fricções com unguento napo- litano belladonado, ao redor da orbita. Si a dor e febre voltarem a horas determinadas, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina ou sali- cylato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20 168 por dia ; ou 1 gr. de arseniato ou valerianato de quinina, de hora em hora, até 6 a 8 ; ou 1 gr de sulphato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 20 por dia. Si a ophthalmia for syphilitica, além da medicação já indicada, dar-se-ha os anti-syphiliticos : 1 gr. de iodureto mercurioso ( proto-iodureto) 6 vezes por dia ; ou 1 gr. de iodureto mercurico (bi-iodureto) 4 vezes por dia ; ou 1 gr. de iodureto de arsénico, 4 vezes por dia. Si ella fôr devida a causa rheumatica, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de antimonio, ou jaborandina, de hora em hora, até 6 a 8 por dia ; ou 1 gr. de arseniato de soda, 4 a 6 vezes por dia. Si ella fôr de causa escrophulosa, dar-se-ha 1 gr. de iodureto de enxofre, 3 a 4 vezes. Si de- pois da inflammação ficar um enfraquecimento da vista, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 vezes ao dia. Na conjunc- tivite granulosa, depois que não houver mais reacção, passar-se-ha ligeiraraente e de 8 em 8 dias sobre a conjunctiva palpebralum fragmento liso de sulphato de cobre, continuando com a medicação anti-diathesica. CoMstãpaçíío. - Prisão de ventre, Es- cassez e dureza das matérias fecaes. - Symp- tomas. Ausência de evacuações durante 3, 4, 8 dias, e mesmo absoluta suppressão delias. No 1* 169 caso as digestões fazem-se difficilmente ; ha dôr de cabeça, lufadas de calor, tendenciaao somno, atordoamento, sentimento de tensão no ventre, peso entre as duas vias, etc. No 2e caso, ha o ac- cumulo de matérias fecaes no rectoenoS. iliaco, algumas vezes no coecum, dando lugar a um tumor irregular, alongado, com elevações e de- pressões, de som obscuro, e que produz nauseas, soluços, arrotos, vomitos, e mesmo os accidentes do ileo, quando as fezes não pódem ter curso franco. As crianças de peito são muito sujeitas á constipação de ventre, o que é devido a varias causas. ( V. Cólica das crianças de peito ). Tratamento. Si o doente não obrar á dias, tomará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 2 juntos), em 1 colher de oleo de ricino, ou azeite doce, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 largas dejecções. Na manhã seguinte tomará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e nas outras manhãs só 1/2 colher. Para augmentar a quan- tidade de bilis tomará a cada refeição 2 a 4 gr. de quassina, ou 2 gr. de cafeina, ou 2 a 3 gr. de citrato de cafeina, do Dr. Naury. Em lugar da atropina, póde dar-se a hyosciamiua, oudaturina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, que tem a mesma acção, embora menos pronunciada do que a atropina. Quando o doente não puder 170 tolerar o sal, do Dr. Naury, tomara 2 a 4 gr. de podophyllina e 2 a 3 gr. de hyosciamina, ao dei- tar-se, bebendo um copo d'agua fria. Para com- bater a prisão de ventre também é util beber pela manhã cedo 1 copo d'agua, tendo em disso- lução uma pequena pedra de sal commum. Para vencer a constipação pôde-se dar 2 gr. de chlo- rhydrato de morphina associados a 1 gr. de atro- pina ou hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), em oleo de ricino ou azeite doce, como jà indi- camos. Quando a constipação fôr devida ao torpor do grosso intestino, dar-se-ha 1 gr. de colocyn- thina, ou jalapina, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Si ella fôr devida á chloro-anemia, sô os ferruginosos, como já indicamos no tratamento d'essa moléstia, serão capazes de a debellar. Também poder-se-ha dar 1 gr. de calomelanos, 1 de codeina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos', de hora em hora, até vencer a constipação. Constricções espasíiiaslicas.- Espas- mos. Contracções involuntárias dos musculos da vida nutritiva ou de vegetação, isto é, d'aquelles sobre os quaes não tem império a vontade. (V. Convulsões}. Tratamento. O mesmo das convulsões. Consumpção.-• V. Cacheocia. 171 dontracteira «las extremidades.-Con- tractura idiopathica, Flexão involuntária dos dedos.-Symptomas. Prodromos mais ou menos ligeiros ; dor, com exacerbações, nos membros affectados ; caimbras ; difficuldades nos movi- mentos ; tensão dolorosa ; contractura dos dedos dos musculos dos membros, que tornam-se duros e com os tendões salientes ; os dedos se dobram mais ou menos para a palma da mão ; tem-se visto sobrevir o trismus, o opisthotonos, convul- sões ; a moléstia toma ás vezes uma fôrma de accesso. Tratamento. Uma a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo dagua fria, pela manhã cedo ; nas manhãs seguintes só 1/2 colher. Um gr. de sulphato de strychnina, 1 de atro- pina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), as 8, às 11 da manhã, ás 3 e ás 6 horas da tarde; ou 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina, 1 de sulphato de strychnina, 1 de acido phosphorico e 1 de hyosciamina (os 4 juntos), ás mesmas horas. Em lugar da atropina, pode-se empregar igual numero de gr. de daturina, que têm a mesma acção physiologica. Si a mo- léstia tiver por causa a diathese rheumatica, dar- se-ha também 1 gr. de arseniato de antimonio, ou de jaborandina, de hora em hora, até 8 a 10 : ou 1 gr. de sulphureto de cálcio, 1 de aconitina 172 e 1 de hyosciamina (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 por dia. Contra a diathese gottosa, dar-se-ha 1 gr. de colchicina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Contra a dia- these syphilitica 1 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto), de hora em hora, até 6 a 8 ; ou 1 gr. de iodureto mercurico (bi-iodureto), de 2 em 2 horas, até 4 por dia ; ou 1 gr. de iodureto de arsénico, ás 8, às 11 da manhã, às 3 e às 6 horas da tarde : ou 2 gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Si o doente fôr chloro-anemico, 2 gr. de valeria- nato de ferro, às 8, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde. Póde-se empregar os gr. de arseniato, la- ctato,phosphato, iodureto, ou salicylato de ferro, ou os de arseniato de manganez, comojà indicamos no tratamento da chloro-anemia. Si a moléstia revestir a fôrma de accesso, dar-se-ha 1 gr. de valerianato de quinina, de 2 em 2 horas, até 6 a 8; ou o hydro-ferro-cyanato de quinina, arse- niato, ou sulphato, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury, 1 gr. de cada vez, até 10 por dia. Contra esta moléstia, poder-se-ha empregar o valerianato de zinco, ou o cyanureto de zinco, do Dr. Naury, 1 gr. de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Os gr. de bromureto de potássio podem ser dados: 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia. 173 CoBitnsão.- Lesão dos tecidos vivos, produ- zida pelo choque de agentes exteriores sem solução de continuidade nos tegumentos, e acompanhada de extravasação de liquidos. Velpeau demonstrou que não póde haver contusão sem um ponto de apoio, uma potência e uma resistência. A con- tusão, pois, estará sempre na razão directa da solidez do ponto de apoio e da potência, e na razão inversa da resistência.- Symptomas. Ha 4 gràos de contusão: l.° dilaceração de pequenos vasos, simples ecchymose; 2.° dilaceração de vasos mais volumosos, e dos tecidos, infiltração e derramamento de sangue mais considerável; 3.° destruição mais profunda dos tecidos, e gangrena secundaria dos tegumentos ; 4.° desorganisação completa dos tecidos. Tratamento. Na ecchymose applicar-se-ha compressas molhadas em agua fria com sal de cozinha, ou agua vegeto-mineral; pela manhã, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Para acalmar a dor dar-se-ha 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Com o mesmo fim poder- se-ha empregar 1 gr. de sal de Gregory (chlor- hydrato duplo de morphina e codeina) e 1 de atropina, de 2 em 2 horas, até acalmar a dôr. Os gr. de codeina, ou narceina ou bromhydrato 174 de morphina e os de cicutina, ou bromhydrato de cicutina ou daturina podem ser dados : I gr. de codeina e 1 de daturina (os 2 juntos), de hora em hora ; ou 1 gr. de narceina e 1 de cicutina íos 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a dor. Na contusão do 2o grão far-se-ha o mesmo tratamento da ecchymose e dar-se-ha o arseniato de soda, ou de potassa ou proto-iodureto de mer- cúrio, do Dr. Naury, 1 gr. ás 8, às 11 da manhã, ás 3 e às 6 horas da tarde. Applicar-se-ha al- gumas sanguesugas, e cataplasma de linhaça, ou de farinha de arroz ou de mandioca- Si houver reacção febril, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a febre, e logo que assim acontecer dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cya- nato de quinina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. No 3o grão far-se-ha o mesmo trata- mento do 2o grão, e sustentar-se-ha as forças vitaes por meio de 1 gr. de sulphato ou arseniato de strychnina e 1 de acido phosphorico ( os 2 juntos), 3 vezes ao dia ; ou 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury, pela manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde. Si depois de ter combatido a febre pelo hydro-ferro-cyanato de quinina, ella ainda voltar, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia; ou 1 gr. de sulphato de quinina, de 175 hora em hora, até 10 a 20 por dia ; ou 1 gr. de valerianato de quinina, ou salicylato' de quinina de 2 em 2 horas, até 6 a 10 por dia ; ou 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Far-se-ha algumas incisões para limitar a mortificação. No 4o grâo far-se-ha o mesmo tratamento do 3o. Ter sempre o ventre desembaraçado pelo sal do Dr. Naury ; combater a febre pela aconitina, veratrina e digitalina, hydro-ferro-cyanato, sulphato, valerianato, ou arseniato de quinina, ou arseniato de cafeina ; sustentar as forças vitaes pela strychnina e acido phosphorico; quando a suppuração fôr abun- dante, 2gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina ( os 3 juntos), ás 8, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde. Os gr. de lactato, ou sali- cylato, ou phosphato, ou iodureto de ferro, ou os de arseniato de manganez, unidos ao sulphato de strychnina, podem ser dados para o mesmo fim : 2 gr. de lactato de ferro e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), às 8, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde. Para despertar o appetite, 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada re- feição. Coiiviilsoes.-Moléstias convulsivas. Todo movimento violento alternativo, involuntário e pouco duradouro de musculos subordinados à vontade, é convulsão. Si o musculo convulso 176 pertence á vida de nutrição ou vegetativa, a convulsão toma o nome de espasmo. Si a con- tracção muscular é permanente, a convulsão chama-se tónica ; si ha alternativas de con- vulsão e de relaxamento, chama-se clonica. Si nenhuma alteração material apreciável pôde ex- plicar a convulsão, esta chama-se essencial ou idiopathica, ( p. ex.: as determinadas por emo- ções, terror, etc. ) Si uma moléstia qualquer de um orgão distante do cerebro é acompanhada de convulsão, toma esta o nome de sympathica ( ex.: as convulsões causadas pela albuminúria, den- tição, exanthemas, febres, indigestão, vermes intestinaes, etc.) Si, porém, a convulsão é determinada por uma affecção qualquer dos centros nervosos, chama-se symptomatica. V. Accidentes da dentição, Chorèa, Eclampsia, Epilepsia, Hysteria, Nevroses. As convulsões da infancia, ou eclampsia apresentam estes Symp- tomas : Olhar fixo, olhos espantados dirigidos para todos os lados ; estrabismo, dilatação e ás vezes contracção das pupillas ; face cris- pada, ranger de dentes, agitação do maxillar inferior ; bocca espumosa ; cabeça inclinada para tráz ; movimentos convulsos dos braços ; rigeza dos dedos ; contracção do larynge e respiração estridente ; diminuição da intelligencia e da sen- sibilidade ; face roxeada ; pulso pequeno e acce- 177 lerado ; resfriamento das extremidades ; emissão involuntária da ourina e das matérias fecaes. Tratamento. Nas crianças a escala thermo- metrica é esta : No recem-nascido 41® No fim do 1° anno 39° » » » 2° » 38°75 » » » 5° » 38° » » » 10° » 38°75 » » » 15° » 38° » » » 20° » 37°5 » » » 25° » 37° Dos 60 aos 75 annos 36°5 Na velhice avançada 36° As convulsões complicam quasi todas as mo- léstias febris das crianças ; por isso, dever-se-ha desembaraçar o ventre pelo sal, do Dr. Naury, desde 1/4 de colher de chá, até 1 a 2, das de sopa, segundo a idade; ou 1 a 2 colheres de chá, de xarope de rhuibarbo. Feito isto, si houver febre, dar-se-ha 1 gr. de aconitina e 1 de vera- trina, do Dr. Naury (os 2 juntos), em 1/2 colher de xarope, leite ou agua com assucar, 2 a 4 vezes por dia, até que o thermometro baixe á media physiologica. Contra a febre e convulsões poderse-ha ainda dar 1/4 de gr. (o granulo partido em 4 partes), de codeína, de hyosciã- mina, e de aconitina, do Dr. Naury, em 1/2 13 178 colher d'agua com assucar, de 3 em 3 horas, até passarem a febre e as convulsões, sendo antes des- embaraçados os intestinos pelo sal, do Dr. Naury, e combatido o tympanismo (inchação do ventre), por clysteres de infusão de macella. Logo que a febre e convulsões forem abatidas, dar-se-ha 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Para as convulsões, um pequeno clyster com chloral e borax, que se transforma logo em chloroformio, é muito conve- niente. Os banhos mornos prolongados também são uteis. Si não houver febre, e as convulsões continuarem, dar-se-ha 1 gr. de brucina e 1 de cicutina ou hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), e dissolvidos em 3 a 4 colheres d'agua com assucar, para ser dada 1 colher de chá, de 15 em 15 minutos, até a calma. Dois pequenos vesicatórios nas côxas são de summa vantagem Si as convulsões ainda continuarem, poder-se-ha dar 1 gr. de brucina, 1 de hyosciamina e 1 de camphora-bromé (os 3 juntos), dissolvidos em 4 colheres d'agua com assucar, para serem tomados por pequenas porções, de 1/2 em 1/2 hora, até esgotar as 4 colheres d'agua; ao 1/2 dia dis- solver-se-ha outros 3 gr. em igual porção d'agua, para serem tomados até 6 horas da tarde; depois, dissolver-se-ha igual numero de gr., para serem tomados durante a noite. O tratamento das con- 179 vulsões dos adultos, será indicado no capitulo de cada uma das moléstias que ellas complicam. Couviilsoes das parturientes. - V Eclampsia. C®€|iieluclie.-Tosse convulsiva, com sus- pensão da respiração, seguida de uma inspiração longa e sibilante, e de expectoração de muco_ sidades filamentosas.-Svmptomas. A principio, bronchite simples ; depois, a tosse torna-se con- vulsiva ; os accessos são, no começo, fracos, dis- tanceados e curtos, porém depois são muito ; o indivíduo agarra-se aos corpos resis- tentes, emquanto uma rapida serie de esforços de tosse o lança em uma anxiedade insólita, com a face congestionada, os olhos salientes, as veias dilatadas, e em um estado proximo da asphyxia. Ao cabo de algum tempo, pequenas inspirações entrecortadas interrompem a tosse, que, ces- sando, permitte uma inspiração longa e sibilante' caracteristica. O accesso termina pela expecto- ração de um liquido sem cor, filamentoso, ou por um vomito de mucosidades. Não ha febre, salvo o caso de complicação com outra moléstia. Perto do freio da lingua desenvolve-se, ás vezes, uma vesícula que se converte em ulceração. Tratamento. No periodo inicial, ou de simples catarrho, 1 colher de chá, de xarope ou infusão de ipecacuanha, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 180 2 vezes, para desembaraçar os bronchios da mu- cosidade que os obstrúe. Os gr. de emetina, do Dr. Naury, para as crianças em tenra idade, podem ser dados, 1 de hora em hora, até pro- duzir effeito ; para as de maior idade, dar-se-ha 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher d'agua morna, de hora em hora, até vomitar 2 vezes; depois, dar-se-ha 1 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 4 a 6 por dia, para as crianças em tenra idade, e 8 a 10 para as de maior idade, com o fim de cortar a intermittencia dos accessos. Para favorecer a expectoração, dar-se-ha 1 gr. de scillitina, ou de kermes, 3 a 5 vezes por dia, para as crianças de tenra idade, e 6 a 8 para as de maior idade. O espasmo dos bronchios será combatido por 1 gr. de hyosciamina e 1 de brucina (os 2 juntos), dissolvidos em 6 colheres d'agua com assucar, para serem dados às colheres de chá, de 1/2 em 1/2 hora, às crianças de tenra idade ; ás de maior idade, porém, dar-se-ha os gr. juntos, de 2 em 2 horas, até 6 de cada especie por dia. Os gr. de sulphato ou arseniato de strychnina, associados á hyosciamina, podem ser dados 2 vezes por dia, segundo a idade da criança, para combater o espasmo dos bronchios. Sendo a coqueluche uma moléstia parasytaria, devida a um cryptogamo, empregar-se-ha para os destruir, 2 gr. de sul- 181 phureto de cálcio e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), pela manhã, ao 1/2 dia e á noite. Nas crianças muito novas, dar-se-ha, 1 gr. de sulphureto de cálcio, 2 vezes ao dia e só 1 de aconitina. Poder-se-ha dar também com o mesmo fim, 3 a 4 gr., por dia, de acido salicylico, ou salicylato de quinina, ou de soda, para as crianças de tenra idade; e 6 a 8, às de maior idade, sendo 1 de cada vez. Ter-se-ha sempre o ventre desembaraçado por 1/2 até 1 colher de chá, do sal do Dr. Naury, dissolvido em leite ou agua com assucar. Como calmante da tosse, dar-se-ha, 1 gr. de iodoformio e 1 de codeina (os 2 juntos), 2 a 3 vezes por dia, para as crianças em tenra idade, e 4 a 6 para as de maior idade. Um gr. de cicutina ou bromhydrato de cicutina e 1 de narceina (os 2 juntos), 2 a 3 vezes por dia, para as crianças de tenra idade, e de hora em hora, ou de 2 em 2 horas, para as de maior idade. Para destruir os cryptogamos, póde-se fazer respirar o ar saturado de acido phenico, ou demorar as crianças, por algum tempo, na sala de purificação do gaz de illuminação. Friccionar-se - ha o peito da criança, pela manhã e á tarde com glyceroleo de acido phenico. Contra a tosse, poder se-ha dar 1, 2 ou*3 gr. por dia, de cam- phora* bromé, para as crianças de tenra idade, e 4 a 6 para as maiores. 182 Também poder-se-ha dar 1 a 2 gr. por dia de bromureto de potássio, para as crianças peque- ninas, e 4 a 6 para as maiores. Os gr. de vale- rianato de zinco, ou de quinina, do Dr. Naury, podem ser dados, 1 a 2 por dia para as crian- cinhas e 3 a 5 para as maiores. Os gr. podem ser tomados com uma tisana de valeriana. Contra a tosse ainda poder-se-ha dar 1 a 2 gr. de ca- feína por dia às crianças muito tenras, ou 4 a 6 às maiores. A's crianças robustas poder-se-ha dar 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de ar- seniato de quinina, às 8 da manhã, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde. Quando vier uma bron- cho-pneumonia complicar a coqueluche, ter-se-ha sempre o ventre desembaraçado por 1/2 até 1 colher de chá do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs; e dar-se-ha 1 gr. de veratrina e 1 de aconitina de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre, e depois dar-se-ha os gr. de hydro-ferro-cya- nato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Applicar-se-ha nas pernas sina- pismos, e mesmo vesicatórios. Coração (Moléstia do).-Atrophia do co- ração, Cardite, Communicação das cavidades direitas e esquerdas do coração, Degeneres- cencia gordurosa do 'coração, Steatose do co- ração, Endocardite, Estreitamento dos orifícios do coração, do orifício aortico, do orifício pui- 183 monar, do orifício auriculo-ventricular, Hy- pertrophia do coração, Hyperchinesia cardíaca, Inszifficencia das valvulas do coração, Insuffi- ciencia aortica, ou sigmoide, Insufficiencia mitral, ou da valvula auriculo-ventricular esquerda, Insufficiencia tricuspide, ou da val- vula auriculo-ventricular direita, Myocardite, Palpitações nervosas do coração, Pericardite. V. cada uma d'essas moléstias. Cores pallidas.-V. Chloro-anemia. Coryza. - Rhinite, Defluxo, vulgarmente Constipação.-Inflammação da mucosa das fossas nasaes. E'aguda, chronica ou ulcerosa.- Symp- tomas. Coryza aguda: sensação de prurido, de seccura e de picadas nas fossas nasaes ; espirros; sensação de calor, de dôr, de inchação ; secreção de um muco sem cor, liquido, transparente, acre, mais tarde espesso, amarellado e opaco; respi- ração nasal difficultada e mesmo impossibilitada ; voz fanhosa ; ausência de olfacção (isto é, im- possibilidade de apreciar os aromas ). A's vezes, dôr de cabeça, injecção dos olhos, mal-estar, molleza, ligeira febre. Coryza chronica : sen- sação de aperto das fossas nasaes ; espirros re- petidos ; secreção de mucosidades serosas e acres ou espessas, amarelladas, às vezes fétidas ; ul- cerações da mucosa nasal, algumas vezes. Co- 184 ryzaulcerosa, Ozena, Rhiniteulcerosa, Dysodia. A coryza ulcerosa simples é a ulceração da di- visão ou septos das fossas nasaes, e que muitas vezes se confunde com o impetlgo. A coryza ulcerosa fétida é syphilitica ou não syphilitica. Em qualquer dos casos, ha ulcerações da raiz do nariz variaveis em numero e fôrma. O muco é sanioso e fétido. O nariz é às vezes deformado» como esmagado na raiz, estado que é devido á necrose dos ossos por causa syphilitica, quando não é congénita. Insidiosa em seu começo ella pôde succeder á coryza simples ; de benigna pôde tornar-se maligna e si fôr syphilitica poderá es- tender progressivamente suas devastações. Tratamento. Na coryza aguda 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua assucarada e algumas gottas de limão para acci- dulal-a á vontade do doente e ser dada aos cá- lices de 1/2 em 1/2 hora até produzir 2 a 3 dejecções. Si houver dor de cabeça 1 gr. de ca- feína, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora até passar. Quando houver febre, se d ará 1 gr. de aconi- tina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até ceder; depois 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina de hora em hora até 10 por dia. O doente poderá sorver pelo nariz uma infusão 185 morna de chá para modificar a mucosa das na- rinas. Si houver espirros e tosse, o doente tomará 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina, ou 1 gr. de narceina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury, de hora, em hora até a calma. Quando houver difficuldade de respirar pelo embaraço do pulmão, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos); ou 1 gr. de sulphato ou hypo-phosphito de strychnina e 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou daturina (os 2juntos), de hora em hora, até a calma. Os gr. de camphora- bromé, do Dr. Naury, podem ser dados como sedativos, 1 de hora em hora até 6 a 8 por dia. Na coryza chronica o doente tomará todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria e seringará as narinas pela manhã e á tarde com agua chlo- ruretada; ou tinctura de iodo, iodureto de potássio e agua distillada ; ou hydrato de chloral, chlorato de potassa, borato de soda, mel rosado e agua. Si a moléstia fôr syphilitica se dará 2 gr. de iodureto mercurioso ás 8,. ás 11, ás 3, e ás 6 horas da tarde ; ou 1 gr. de iodureto mercurico ás mesmas horas; ou 2 gr. de iodureto de po- 186 tassio de 2 em 2 horas, até 10 a 12 por dia ; ou 1 gr. de iodureto de arsénico 5 a 6 vezes ao dia ; ou 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, ferro, ou potassa, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Na coryza ulcerosa, se fará o mesmo trata- mento da chronica e ainda se poderá empregar 2 gr. de iodoformio de 2 em 2 horas, até 8 a 10 ; ou 2 gr. de hypo-phosphito de cal ou de soda, 4 a 6 vezes por dia; ou 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa ou de antimonio, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 6 por dia. Si o doente tiver pobreza de sangue se fará o tratamento da chloro-anemia. Coxalgia.-Ãciaííca, Dôr de anca, Dor de quadril, Dôr de coxa, Luxação espontânea do femur. - Symptomas. Dôr vaga na verilha; claudicação e fadiga no andar; rijeza da articu- lação coxo-femural, com ligeira infiltração local. Depois, dôr mais ou menos viva, algumas vezes local, outras vezes sympathica no joelho ; clau- dicação mais pronunciada; impossibilidade de andar. Depois de certo tempo, coxa voltada para dentro, ponta do pé para dentro, dobra na verilha; impossibilidade de dar ao membro outra posição. Empastamento local; nadega saliente e arredondada ; tumefacção no triângulo de scarpa ; formação de abcessos frios na vizinhança. Mais 187 tarde apparecimento de luxação, quasi sempre de variedade ileo-ischiatica. Esta moléstia é de origem lymphatica, escro- phulosa, ou rheumatismal ou espasmódica. Tratamento. Deve-se principiar o tratamento desembaraçando o ventre com 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, ou borragem, ou sabugueiro, de 1/2 em 1/2 hora' até obrar 2 a 3 vezes, e nos outros dias pela manhã cedo só tomará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmen- tando, ou diminuindo a quantidade do sal, segundo o effeito produzido. Dar-se-ha 1 gr. de colchicina, 1 de veratrina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 6 vezes por dia; e para acalmar a dôr se dará os gr. de chlorhydrato de morphina, ou sal de Gre- gory ; ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina ; ou codeina; ou narceina, e os gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina ou daturina, do Dr. Naury a p. ex. 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina (os 2 juntos), de hora em hora ; ou 1 gr. de chlor- hydrato de morphina e 1 de cicutina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até a sedação. Quando a coxalgia vier com febre, se dará 1 gr. de digitalina, 1 de sulphato de strychnina 188 e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a febre e dor. Si houver remissão na febre e dor, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina ou brom- hydrato, ou salicylato de quinina, de hora em hora; ou 1 gr. de arseniato de quinina de hora em hora, até 10 por dia; ou 2 de sulphato, ou 1 de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 do primeiro e 10 do segundo, por dia. E' conveniente, para combater esta moléstia, dar todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, e 1 gr. de arseniato de stry- chnina, 1 de digitalina e 1 de arseniato de soda, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 8 vezes por dia. Si o doente não tiver appetite, se o despertará por 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, á cada refeição. Contra esta moléstia póde-se ainda empregar 1 gr. de iodureto de arsénico, 4 a 6 vezes por dia; ou 2 gr. de iodureto mercurioso pela mesma fórma, ou 1 gr. de iodureto mercurico, 4 a 5 vezes; ou 2 gr. de iodureto de potássio 5 a 6 vezes; ou 1 gr. de iodureto de enxofre, 4 a 6 vezes; ou 2 gr. de sulphureto de cálcio 4 a 5 vezes ; ou 2 gr. de iodoformio pela mesma fórma; ou 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. 189 Para acalmar a dor se poderá também dar 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação ; ou 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até 10 por dia. Si o doente estiver chloro-anemico, se dará 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Póde-se também empregar os gr. de arseniato de manganez, ou iodureto, ou lactato, ou phos- phato de ferro, em n.° de 6 a 8 por dia, para combater a chloro-anemia. Contra a coxalgia, devida a uma causa diathe- sica, se dará 1 gr. de arseniato de potassa, ou de antimonio, ou salicylato de soda ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Os gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda, do Dr. Naury, podem ser dados, para combater a coxalgia, de causa escrophulosa, 10 a 12 por dia, sendo 2 de cada vez. Pintar-se-ha, de 2 em 2 dias, o lugar da dôr com tinctura de iodo, ou se friccionará pela manhã e á tarde com uma pomada de iodureto de chumbo e extracto de cicuta. Cravo Biosibatieo.-V. Boubas. Crosta <ie leite.-V. Ozagre. Crotip. - Garrotilho, Laryngite pseudo- membranosa ou diphtherica, Angina laryngèa 190 membranosa, etc. Inflammação aguda do la- rynge caracterisada pela producção de falsas membranas.-Symptomas. Póde manifestar-se de 2 modos : Io começando pelo pharynge e esten- dendo-se depois ao larynge ; 2o começando logo pelo larynge. Io caso : Calafrios, febre, dor de cabeça, dor de garganta com inchação das glân- dulas submaxillares, expectoração mucosa; de- fluxo ligeiro, prostração, insomnia, fastio, sede, vomitos, pulso frequente, pelle quente. Rubor intenso e inchação notável das amygdalas, que apresentam-se cobertas de pequenas placas brancas e algumas vezes amarelladas, irregu- lares, sem saliência, estendendo-se ao véo do paladar e a uvula (campainha ), de consistência e espessura variaveis, mais ou menos adherentes. Estas membranas enrugam-se, sendo tratadas pelos ácidos sulphuricos, nitrico ou chlorhydrico; são solúveis no acido acético, no ammoniaco li- quido, nas soluções alcalinas e na glycerina. 2o caso : Symptomas mais graves e aterradores. Dores pouco intensas, voz baixa, suffocada, rouca, extincta ; tosse frequente, dolorosa, rouca, se- guida de um sopro depois de cada abalo : inspi- ração sibilante, respiração livre, ou um pouco sonora, prolongada ; murmurio vesicular enfra- quecido, sopro laryngo-tracheal; expectoração mucosa, contendo algumas vezes restos de falsas 191 membranas tubuladas. Accessos de suffocação, agitação extrema, viva anxiedade, imminencia de asphyxia, face inchada, roxeada, depois pros- tração e calma momentâneas. Symptomas febris, pulso frequente, duro, resistente, funcções di- gestivas algum tanto alteradas; intelligencia clara. No adulto dor, difficuldade de respiração, anxiedade, alteração da voz, accessos raros de suffocação. Melhora excepcional, salvo a ex- pulsão de quasi todas as falsas membranas, as- phyxia violenta, ou latente, anesthesia, abati- mento, prostração, somnolencia, albuminúria. Tratamento. No periodo infiammatorio, de febre, dôr de cabeça e de garganta, etc., nas crianças 1 colher de chá do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira de 1/2 em 1/2 hora até obrar 2 a 3 vezes ; depois 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até passar a febre. Para as pessoas adultas 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, e os gr. de aconitina e veratrina serão dados de 15 em 15 minutos. Si houver difficuldade na expulsão das falsas membranas, se dará 1 gr. de emetico em 1 colher de sopa de agua mórna de 15 em 15 minutos até vomitar 2 a 4 vezes por dia, ás pessoas adultas, e para as crianças se dará 1 gr. de emetina de 1/2 em 1/2 hora até 192 produzir effeito, depois se dará logo de 1/2 em 1/2 hora 1 gr. de sulphureto de cálcio, do Dr. Naury, que é o medicamento mais poderoso para combater o croup ; e se tocará as falsas mem- branas até 6 vezes por dia com um pincel de fios, embebido em sueco de limão ou solução de per- chlorureto de ferro. Si entre o calor da manhã e da tarde houver uma variação de temperatura, uma remissão, se dará 1 gr. de arseniato, ou de salicylato de qui- nina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora ; e para as crianças 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina. Com o mesmo fim se poderá dar os gr. de sul- phato ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, até 10 por dia, 1 de cada vez. Póde se dar com o fim de modificar a secreção da garganta, 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até melhorar este es- tado. Sendo o croup uma moléstia parasitaria, se po- derá dar de 1/2 em 1/2 hora, 1 gr. de acido sa- licilyco ou salicylato, de quinina, ou de soda, ou de ferro do Dr. Naury. Havendo difficuldade de respiração e pulso fraco, se dará para as crianças 1 gr. de brucina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de hora em hora, até elevar o pulso e desprender a respi- 193 ração. A's pessoas adultas se dará 1 gr. de sul- phato ou arseniato de strychnina e 1 gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou daturina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até produzir effeito. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs, 1 colher de chá para as crianças e 1 de sopa para os adultos. Para as crianças póde-se dar 1 gr. de calomelanos, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia, para fazer uma deri- vação sobre os intestinos. Para acalmar a tosse se dará 1 gr. de hyoscia- mina, ou de atropina, ou cicutina, ou bromhy- drato de cicutina, e 1 gr. de codeina, ou nar- ceina, de hora em hora. Para mitigar a dôr da garganta, se applicará no pescoço compressas molhadas em agua fria. Si o perigo de suffocação fôr imminente, se deve praticar logo a operação da tracheotomia, unica ratio, para poder salvar o doente, mas não se deve adial-a para os últimos momentos. Croup falso.- V. Laryngite stridulosa. Cystalgia.-Nevralgia visical ou da bexiga. -Symptomas. Dôres lancinantes, voltando por accessos, ou continuas, começando pelo anus, que parece contrahir-se fortemente, ou, ao con- trario, entreabrir-se. Manifestam-se os signaes racionaes da pedra na bexiga logo que o collo 14 194 desta é invadido. Desejos urgentes de ourinar, micção bruscamente interrompida, dores na re- gião prostatica. Tratamento. Si houver reacção (febre) bichas entre as duas vias, banhos mornos simples, ou com malvas ; 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, de hora em hora, até obrar 2 vezes ; depois 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre: logo que ella ceda se passará a dar 2 gr. de hy- dro-ferro-cyanato, ou bromhydrato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Contra a dor se dará 1 gr. de sulphato de strychnina, e 1 de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou daturina, ou atro- pina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. Também se poderá dar 1 gr. de codeina e 1 de cicutina; ou 1 gr. de narceina e 1 de hyoscia- mina ; ou 1 de chlorhydrato de morphina e 1 de daturina; ou 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si a nevralgia fôr de causa rheumatismal, ainda se dará 1 gr. de arseniato de antimonio, de hora em hora, até 10 por dia; ou 2 gr. de sul- 195 phureto de cálcio, de 2 em 2 horas, até 8 a 12 ; ou 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 6 por dia. Si fôr de causa syphilitica, se dará 2 gr. de iodureto mercurioso, ás 8, ás 11, ás 3 e âs 6 da tarde; ou 1 gr. de iodureto mercurico, às mesmas horas ; ou 2 gr. de iodureto de potássio, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Os gr. de benzoato de soda, podem ser dados de 2 em 2 horas ; os de acido benzoico, 1 de hora em hora, até 10 ; os de acido salicylico, ou salicylato de soda, cu po- tassa 2 de 2 em 2 hora, até 10 por dia. Os de camphora-bromé serão dados 1 de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação ; os de bromureto de potassa, ou croton-chlóral, do Dr. Naury, 1 de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs, 1/2 colher de sopa em 1/2 garrafa d'agua, para tomar aos cálices durante o dia. Cystite. - Inflammação da bexiga. E' agúda ou chronica. - Symptomas. Na cystite aguda : dor mais ou menos forte no baixo ventre; desejos de ourinar dolorosos e frequentes; emissão de algumas gottas de ourina, depois de esforços violentos; puxos quando a inflammação é do collo da bexiga ; coceira dolorosa no meato ouri- nario ; peso e coceira no anus ; augmento da dôr nos esforços de contracção da bexiga ; algumas 196 vezes retenção da ourina e sensação de um tumor hypogastrico que não é outra cousa mais do que a bexiga distendida. Ourinâs de cor variavel, transparente a prin- cipio, depois contendo muco ou muco-píis. Só ha febre quando a inflammação é intensa. Hainap- petencia, sede, soluços,vomitos, prisão de ventre; pulso frequente; prostração ou insomnia ; anxie- dade, agitação e algumas vezes delirio. Na cystite chronica ou catarrho da bexiga : incommodo no baixo ventre, no recto e no pe- rineo ; ultimas contracções da bexiga dolorosa ; emissão frequente e pouco abundante das ou- rinas. Estas são de cor quasi normal, tendo em suspensão uma nuvem mais ou menos espessa de muco que se vai reunindo pouco a pouco, em um deposito mais ou menos abundante, branco ou acizentado, filamentoso ; depois de algumas horas de resfriamento, cheiro fétido, ammoniacal muito pronunciado ; depois de 24 ou 36 horas, desprendimento de gazes. Não ha febre ; às vezes calafrios simulando uma febre intermittente simples ou anómala : perturbações digestivas, prisão de ventre, hypochondria, paraplegia. Tratamento. Na cystite aguda bichas entre as duas vias ; banhos mornos emolientes prolon- gados ; pequenos clysteres de linhaça, malvas, althéa ou clara d'ovo. 197 0 doente tomara ainda aos cálices de 1/2 em 1/2 hora, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1 garrafa d'agua fria, assu- carada e acidulada com gottas de limão. Contra o tenesmo, vontade constante de ou- rinar, se dará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma; ou 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até produzir effeito ; ou 1 gr. de cicutina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, para modificar a sensibilidade do collo da bexiga; e contra a paralysia do corpo da bexiga se juntará aos gr. de cicutina e hyos- ciamina 1 gr. de sulphato de strychnina, do Dr. Naury. O sal, do Dr. Naury, deve ser tomado todos os dias. Si houver reacção (febre) se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até que passe, e depois 2 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina de hora em hora até 20 por dia, continuando com os modificadores do espasmo do collo da bexiga,-cicutina, hyoscia- mina, atropina, daturina, e camphora-bromé, podendo-se juntar a estes gr., 1 de codeina, ou narceina, ou chlorhydrato de morphina, ou sal 198 de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, que tem por acção modificar o elemento dor. Ainda se poderá dar 1 gr. de bromureto de potássio ou croton-chloral de hora em hora até a calma. Contra a cystite aguda ainda se dará 1 gr. de digitalina de hora em hora e 1 gr. de acido benzoico, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora até 10 por dia. Na cystite chronica se dará 1 gr. de colchi- cina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora até 8 por dia ; ou 2 gr. de benzoato de soda, ou 1 gr. de acido benzoico de hora em hora até 20 do primeiro, ou 10 do segundo por dia para combater as ourinas ammoniacaes. O doente tomará 1/2 colher de sopa, do sal do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria todas as manhãs. Ainda se poderá dar 2 gr. de acido salicy- lico ou salicylato de soda, ou de potassa, de hora em hora até 10 por dia; ou 1 gr. de sulphureto de cálcio, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 8 a 12 por dia. Contra a cystite chronica de causa rheuraa- tica, gottosa, herpetica, syphilitica, etc., se fará a medicação apropriada a cada uma destas dia- theses e por nós já indicada, quando tratamos d'essas moléstias. 199 Si o doente estiver chloro-anemico se fará o tratamento da chloro-anemia. Os gr. de quassina, do Dr. Naury, são uteis para despertar o appetite, 3 a 4 ácada refeição, manado (Cão).-V. Hydrophobia. Oansa d© 8. Guãdo.-V. Choréa. líartFos.-Symptomas. O dartro, cujo nome conhecido em sciencia é lierpes, se caracterisa por uma erupção ordinariamente aguda de ve- siculas reunidas em grupo com a base inflam- mada, dessecando-se e cobrindo-se de crostas acompanhadas de prurido e algumas vezes de dor. Existem muitas especies de dartros, conforme a origem da moléstia, como também conforme a disposição da erupção. Occupa de preferencia os lábios, as azas do nariz, as partes genitaes, para depois se apresentarem nas pernas, nas mãos e no tronco. A pelle, onde se assestam as diffe- rentes especies de dartros póde cahir em gan- grena, principalmente si não forem tomadas as precauções contra o prurido. Ha dartros syphi- liticos, escrophulosos e simples. Tratamento. No dartro, quer seja húmido ou sêcco, se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, se- gundo o effeito que produzir; 2 dejecções por dia são sufficientes. 200 No dartro sêcco se dará os arseniatos,-acido arsenioso ou arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de ferro, do Dr. Naury, 1 gr. de 2 em 2 horas até 6 a 8 por dia, não se empre- gando nunca mais do que uma só substancia. No dartro húmido se empregara os gr. de iodureto de arsénico, ou mercurioso, ou mercu- rico, ou de potassa, 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia de iodureto de arsénico, ou mercu- rioso ; 4 a 6 de iodureto mercurico ; 10 a 12 por dia de iodureto de potássio. O doente tomará todos os dias banho morno com farelo, ou banhará os dartros com agua fresca. Si forem nas pernas, braços, ou mãos, depois de banhados, se applicará sobre elles pastas de algodão e uma atadura ligeiramente compres- siva. O unico corpo que se poderá applicar sobre os dartros é a glycerina pura. Para mitigar o prurido (coceira), dar-se-ha 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de hora em hora até a calma ; pela mesma fórma se po- derá dar os gr. de aconitina. Também se poderá dar neste caso 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Os gr. de iodoformio, ou sulphureto de cálcio, ou acido salicylico, ou salicylato de ferro, soda 201 ou potassa, do Dr. Naury, são empregados nesta moléstia, 2 de hora em hora até 10 a 12 por dia. No dartro escrophuloso dar-se-ha 1 gr. de iodureto de enxofre ou de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. O doente deve-se abster do café, cerveja e peixes salgados. Temos tirado bons resultados no tratamento desta moléstia dando todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, e 1 gr. de iodureto de arsénico, 1 de veratrina e 1 de cicutina (os 3 juntos), de hora em hora até 6 a 8 por dia ; e igualmente temos obtido bellos resultados com a applicação dos gr. de acido salicylico. O darthro causado pela syphilis, ou escro- phula, será combatido pelos meios apropriados a essas diatheses. V. Syphilis, Escrophulas. Debilidade.-V. Cachechia. Dedos (Inflammação dos).-V. Panarício. Defluxo.-V. Coryza. Defluxo do peito.-V. Bronchite. Degeneresceneia gordurosa do co- ração.-Transformação gordurosa ou adiposa, Steatose cardíaca, Stealose do coração.-Symp- tomas. Choque do coração enfraquecido ; os ruidos ora surdos, ora claros, são indistinctos. A per- cussão pouco esclarece o diagnostico. O pulso é pequeno, molle, depressivel, irregular e intermit- 202 tente ; a lentidão do pulso é tão notável que elle bate 40 ou 50 pulsações por minuto e mesmo menos. A respiração, quando o doente dorme, apresenta de notável o seguinte facto: o doente faz uma serie de inspirações, que vão crescendo em profundeza e duração até um certo máximo, depois tornam-se mais curtos e mais fracos, a ponto de não serem apreciáveis, o doente parece morto; em breve uma ligeira e superficial inspiração tem lugar, que é seguida de uma serie de movimentos res- piratórios, que crescem em força e em amplidão. A degenerescencia da cornea, o arco senil, coin- cidindo com symptomas de enfraquecimento do coração, porque de per si não tem quasi valor, é um indicio de mais em favor da degenerescencia gordurosa do coração. Tratamento. Uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria todas as manhãs ; 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição, e 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de digitalina, 1 de arseniato de strychnina e 1 de colchicina, do Dr. Naury (os 4juntos), 4 a 6 vezes por dia. Também se poderá dar 1 gr. de arseniato de soda ou de potassa, pela mesma fórma, e com o mesmo fim que o arseniato de ferro. Os gr. de sulphato ou hypo-phosphito de strychnina e os de arse- niato de manganez ou lactato do ferro, do Dr. Naury, podem ser dados ; p. ex: 1 gr. de sul- 203 phato de strychnina e 1 de arseniato de man- ganez, de hora em hora, até elevar o pulso e ba- timentos do coração. Um fonticulo em cada perna é util para dar ar ao tonel que está muito cheio. Oelirâo. - Perversão da intelligencía, em que o doente associa idéas incompativeis, as toma por verdades e diz disparates. Apparece frequentemente durante as moléstias graves, e principalmente nas do cerebro;mas serve também para caracterisar muitas outras, como a melancolia, loucura, etc. Delirhtni tremens.-Delirio alcoolico ou dos bêbados, Delirio crapuloso.-E' uma ne_ vrose por intoxicação alcoolica.- Symptomas. Começo lento ou brusco. No primeiro caso ha agitação, abatimento, tedio para os alimentos insomnia. Depois, declara-se o delirio, ora calmo, ora furioso, ora alegre e loquaz. O doente é victima de hallucinações diversas ; tremem-lhe as pernas, os braços e os lábios; voz entrecortada ; somno perturbado por visões e sonhos phantas- ticos ; pulso lento ; face natural ou injectada; sede ardente; pelle húmida de suor; ourinas raras e vermelhas ; fastio; prisão de ventre Estes phenomenos se manifestam por accessos que duram 8, 10 e mais dias. Primeiro que tudo se dissipa a insomnia ; os doentes adormecem ; o 204 somno dura-lhes 15 a 20 horas, depois do que estão curados. Tratamento. Dar-se-ha. 1 colher de sopa, do sal do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, de 1/2 em 1/2 hora até obrar 2 a 3 vezes, e nas manhãs seguintes só tomará 1 colher de sopa do sal. Depois se dará 1 gr. de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia, dimi- nuindo as dóses á medida que a sedação se fôr produzindo. Também se poderá dar 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Os gr. de arseniato, ou sulphato de strychnina, os de acido phosphorico e os de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, podem ser empre- gados ; p. ex.: 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos ), de hora em hora, até 6 a 10 por dia; ou 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina pela mesma fórma. Um gr. de sulphato de strychnina e 1 de digi- talina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, é melhor calmante no delirio tremens do que o opio. Si o delirio vier por accesso, se dará 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação, espaçando as dóses á medida que a calma se produzir. 205 Os gr. de aconitina e veratrina, do Dr. Naury, podem ser dados quando o pulso e calor se elevar acima da media physiologica, 1 gr. de cada um e juntos, de hora em hora, até a calma. Deve-se activar a digestão por 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. A' noite, para conciliar o somno, se dará 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até produzir effeito. Póde-se também dar 1 gr. do sal de Gregory e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, de hora em hora, ou 1 gr. de narceina e 1 de hyos- ciamina, de 15 em 15 minutos ; ou 1 gr. de chlo- rydrato, bromhydrato, ou iodhydrato de mor- phina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Contra a tremura dos bêbados se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 4 por dia, augmentando as dôses' gradualmente até 12. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs. Oelirio dos íeridos.- O delirio dos fe- ridos é uma das complicações mais raras das fe- ridas.- Symptomas. No principio o doente pa- rece de uma alegria, que não é natural, a palavra 206 é breve, os movimentos bruscos e involuntários, apparece logo a confusão de idéas, a insomnia, o doente só tem uma idéa fixa, arranca as ata- duras, os apparelhos, anda sobre a perna ampu- tada, sobre a fractura do membro sem manifestar a menor dor, alguns operados da hérnia intro- duzem os dedos na ferida e começam a desen- rolar os intestinos. Este estado termina em geral com a morte. E' preciso não confundir este de- lírio dos feridos'com o delírio da meningite, nem tão pouco, com o delirio tremens. Tratamento. Si a temperatura do corpo es- tiver elevada, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a a 37° que é o normal; se applicarâ sanguesugas atràz das orelhas e pela manhã o doente tomará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e nos outros dias só 1 colher de sopa do sal. Si o delirio, porém, se manifestar com abaixa- mento da temperatura, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que venha a reacção (febre), velan- do-se sobre ella, para moderal-a pelos gr de aco- nitina, veratrina e digitalina, como jà indicamos. 207 No delírio nervoso se emprega também 1 gr. de digitalina, de hora em hora, até a calma; de- pois 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de vera- trina, de hora em hora, contra a febre, até aba- têl-a. Á febre traumatica será combatida por 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strych- nina, de hora em hora, até a reacção ; si ella fôr grande, será moderada por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, 1 de digitalina e 1 de iodhydrato de morphina, do Dr Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Logo que houver remissão se dará 1 gr. de arseniato, ou salicylato de quinina, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si houver somnolencia, coma, se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até des- pertar o doente. Em falta do iodhydrato de morphina, se dará pela mesma fôrma, osgr. de narceina, ou codeina ou sal de Gregory, ou chlorydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Faltando o arseniato de cafeina, que é o me- lhor, se dará os gr. de cafeina, ou citrato de cafeina. Si o delirio tomar a fôrma remittente, ou intermittente, se dará, 1 gr. de valerianato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. Pela mesma fôrma se dará os gr. de sulphato, 208 ou hydro ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury. Si o delirio se manifestar em doente profunda- mente chloro-anemico, dar-se-ha 1 gr. de arse- niato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, de hora em hora, até 10 por dia. Os gr. de camphora-bromé, ou os de bromureto de potássio ou croton-chloral, do Dr. Naury, serão dados 1, de hora em hora, até a sedação. Demencia.--V. Alienação mental. Dentes (Dôr de)-V. Dor de dentes. Dentição (accidentes da).-A primeira den- tição póde tornar-se fonte de muitas moléstias ou accidentes que convém saber ligal-os à sua verdadeira causa e combatel-os. - Symptomas. Phenomenos locaes, geraes e sympathicos acom- panham a dentição. Locaes: prurido das gengivas, salivação; aphtas ; algumas vezes ligeira hemor- rhagia. A erupção do dente sô se faz quando o filete saliente que existe no bordo livre da gengiva tem desapparecido: então o ponto em que deve surgir o dente embranquece, e este coberto de uma simples pellicula, apparece emfim, o que faz ordinariamente cessar os accidentes. Os accidentes chamados geraes e sympathicos são : febre con- tinua ou erratica ; perturbações diversas do sys- tema nervoso : insomnia ; prostração ; agitação : 209 despertar em sobresalto ; sustos; convulsões; symptomas de congestão cerebral; perturbação das vias digestivas; vomitos; diarrhéa ; perturba- ção da respiração; tosse convulsa; especie de es- tertor ou soluços, etc.; emfim, erupções cutaneas, que se mostram particularmente na face e que se designam sob o nome de fogos ou calôres de den- tes] ophtalmia, que se liga á erupção dos caninos. Tratamento. O thermometro é um instru- mento necessário para o tratamento das molés- tias e ainda mais pelo methodo dosimetrico, onde a elevação da temperatura deve ser determinada com rigor. Nos accidentes da dentição, quando, o ther- mometro applicado ao sovaco por 15 minutos, a columna de mercúrio ou álcool se elevar a mais de 37° centígrados, ella deve ser abatida pelos anti-thermicos vitaes, - aconitina e veratrina doDr. Naury, 1/2 gr. de cada um, de 1/2 em 1/2 hora, em 1 colher de chã de agua assucarada, até que o thermometro não marque mais do que 37°. Depois 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 20 por dia. Quando houver convulsões, se dará 1/2 gr. de aconitina, 1/2 de narceina e 1/2 de hyosciamina, do Dr. Naury, em 1 colher de chá de agua assu- carada, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. 15 210 Dar-se-ha também 1 clyster de infusão de macella com 1 colher do chá, de sal commum torrado. Si houver symptomas de paralysia cerebral, traduzidos pela fraqueza do pulso e estado co- matoso, se dará 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a elevação do pulso. Ainda contra a paralysia cerebral se poderá dar 1 gr. de brucina e 1 de arseniato de cafeina, de 1/2 em 1/2 hora, até que o doente desperte e se eleve o pulso. Póde dar-se ainda 1 gr. de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, para descongestionar o cerebro e combater as convulsões. Na menin- gite que complica muitas vezes a dentição, se dará 1/2 colher de chá, do sal do Dr. Naury, dissolvido em leite ou agua assucarada, e depois, si houver elevação da temperatura, provada pelo thermometro, se dará 1/2 gr. de aconitina, 1/2 de veratrina, do Dr. Naury, em 1 colher de chá de agua assucarada, de 1/2 em 1/2 hora, até que passe a febre. Para acalmar a excitação se dará 1/2 gr. de narceina, 1/2 de hyosciamina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir effeito. E para fazer uma derivação sobre os intestinos, se dará 1 gr. de calomelanos, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 8 a 10 por dia. O espasmo será combatido por 1/2 gr. de chlorhydrato de mor- 211 phina e 1/2 de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, alternando com os gr. de aconitina e veratrina, do Dr. Naury. A diarrhéa será moderada por 1 gr. de narceina e 1 de brucina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. A diarrhéa verde será combatida com 1/2 colher de chá, do sal do Dr. Naury, em leite ou agua assuca- rada. Os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina podem ser empregados em lugar da hyos- ciamina, elles são sedativos do systema cerebro- rachidiano. Nas convulsões se pintará a nuca do menino com tinctura de iodo e se applicará 2 pequenos vesicatórios nas pernas, e fazendo-se fricções em todo o corpo com álcool camphorado e pondo-se compressas frias sobre a cabeça. Si o menino ficar fraco, se dará 1 gr. de hypo- phosphito de cal ou soda 3 a 6 vezes por dia. Dermalgia. - Dor de fórma nevrálgica, assestada na pelle. Sua natureza é rheumatismal. Apresenta-se de preferencia na idade adulta, no homem, nos membros inferiores e na cabeça. - Symptomas. Dôr fixa, de intensidade muito va- riável ; ou intermittente e muito mais intensa. Em qualquer dos casos o attrito das roupas a augmenta ; a pelle não muda nem de cor, nem de calor. Começa e termina bruscamente. 212 Tratamento. Si a moléstia fôr devida á irri- tação da medulla, se applicará bixas ou ventosas no lugar da dor do espinhaço e no dia seguinte se pintará esse lugar com tinctura de iodo e se darà 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação ; ou 1 gr. de aconitina e 1 de camphora-bromé, doDr. Naury, (os 2 juntos), de hora em hora, até passar a dor da pelle. Para conciliar o somno e trazer a sedação da pelle, se dará 1 gr. de codeina e 1 de hyoscia- mina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora; ou 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de cicutina (os 2 juntos) ás mesmas horas ; ou 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas ; ou 1 gr. de iodhydrato de morphina e 1 de daturina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até dormir, principiando a tomal-os ás 7 horas da noite. Algumas vezes a dermalgia é devida ao desequilibrio da enervação e então se dará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia, augmentando ou dimi- nuindo as dóses segundo o effeito produzido. Se poderá também empregar contra esta moléstia 1 gr. de arseniato de soda e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Em lugar 213 do arseniato de soda, se poderá dar ainda o arse- niato de potassa. Si a moléstia vier com o enfra- quecimento do movimento, se dará 1 gr. de arse- niato de strychnina e 1 de acido phosphorico (os 2 juntos) ; ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, aug- mentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito que produzir. A' dermalgia devida a causa rheumatica se opporá 1 gr. de sulphureto de cálcio, ou de jabo- randina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 por dia, augraen- tando ou diminuindo as dóses segundo o effeito que produzir. Se poderá também dar 1 gr. de ar- seniato de antimonio e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 10 por dia. A' de causa syphilitica será combatida por 1 gr. de ioduretomercurioso, de 2 em 2 horas, até 6 a 8 ; ou 1 gr. de iodureto mercurico ás mesmas horas até 5 ; ou 1 gr. de iodureto de arsénico, de 2 em 2 horas, até 6; ou 2 gr. de iodureto de po- tássio, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 10 por dia. Como sedativo se poderá dar 1 gr. de bromu- reto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Si o doente fôr chloro-anemico, se fará o tratamento apropriado a esta moléstia. 214 0 ventre deve estar sempre desembaraçado por 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, logo pela manhã cedo. Si houver fastio, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Derramamento. O derramamento em geral consiste na effusão ou extravasação de um liquido em alguma parte do corpo, que não é des- tinada a contêl-o. Taes são os derramamentos de sangue em seguida á uma ferida ou á rotura de um vaso. Algumas vezes a matéria do derra- mamento é pús ou serosidade. O derramamento de serosidade no peito chama-se hydro-thorax (que quer dizer agua no peito), e no ventre ascite. Tratamento. V. Hemorrhagia, Empyema, Hydro-thoraoc, Ascite. Deslocamento do utero.- Symptomas. Incommodo no baixo ventre ; dores nas verilhas e sacro; peso no perineo (entre as duas vias), anus ou hypogastro, segundo o desvio ; difficul- dade no andar; fraqueza; perturbações da di- gestão ; dor pelo andar, pelo tocar, pela copula, pelo apalpar abdominal; dor espontânea, pela pressão que o orgão desviado exerce sobre as partes vizinhas; repuchamento para os mesmos pontos. Leucorrhéa; menstruação difficil e dolorosa ; menorrhagia; estado anémico; desejos frequentes de ourinar ; prisão de ventre, algumas vezes de- 215 fecação mais frequente ; dores nas pernas; fra- queza, repuchamento para o estomago e para as ve- rilhas, pelo facto da estação prolongada: a pé dores nevrálgicas diversas, estado nervoso singular, palpitações, hysteria; emfim como effeito mecâ- nico e physiologico, esterilidade ou aborto facil. Antever são. Neste deslocamento, o mais fre- quente, o corpo do utero é levado para diante, para o pubis, e o collo para traz e para cima. Ha dor nas verilhas, irradiando-se para as coxas ; micção frequente; nevralgias intercostaes, lombo- abdominaes; digestões caprichosas ; histerismo. Aniefleatâo. O utero dobra-se de tal sorte que seu corpo repousa para diante, para o pubis» conservando o collo a sua posição normal. Ha dores; dysmenorrhéa ; micção menos frequente. Retroversão. O utero volta-se para traz, fi- cando o corpo para a concavidade do sacro e o collo para o pubis. Dôres lombares; prisão de ventre constante; etc. Retrofleocão. O corpo do utero dobra-se e diri- ge-se para traz, conservando o collo sua direcção normal, ou sendo levado para diante, ou emfim ( o que é mais raro )sendo levado para traz, de sorte que o corpo do utero repousa sobre o collo» Dôres nos lombos e sacro ; andar doloroso ; prisão de ventre pertinaz ; micção natural. A laieroversão é pouco frequente. 216 Tratamento. Elle é mais cirúrgico do que medico ; todavia deve-se combater certos sym- ptomas incommodos para as senhoras. Contra a constipação, se dará todas as manhãs cedo 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou dimi- nuindo a dóse, segundo o effeito que produzir. O deslocamento póde ter por causa o augmento de volume do corpo do utero, ou a frouxidão dos ligamentos. No primeiro caso se dará 2 gr. de iodureto de potássio e 1 de cicutina (os 3 juntos), 4 a 5 vezes por dia ; ou 1 gr. de arseniato de soda e 1 de ci- cutina, ou bromhydrato de cicutina (os 2 juntos), 4 a 6 vezes ; ou 1 gr. de cicutina e 1 de iodureto de arsénico (os 2 juntos), 4 a 6 vezes ; ou 1 gr. de calomelanos e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 8 a 10 por dia. No segundo caso se dará 1 gr. de arseniato de stry- chnina e 1 de acido phosphorico (os 2 juntos); ou 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando ou di- minuindo as dóses, segundo o effeito que pro- duzir. As dores uterinas serão combatidas por 1 gr. de codeina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina (os 2 juntos); ou 1 gr. de chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina e 1 de daturina (os 217 2 juntos); ou 1 gr. desal de Gregory, e 1 de atro- pina (os 2juntos); ou 1 gr. de bromureto de po- tássio; ou 1 gr. de camphora-bromé,do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Contra a leucorrhéa e chloro-anemia se fará o tratamento destas moléstias, mas todo elle será improfícuo, emquanto se não combater a causa do mal. A introducção de um pessario, apezar deincom- modo para a senhora é muito conveniente para sustentar o utero em sua posição normal. Contra as cólicas uterinas se fará o mesmo tratamento para esta moléstia, já indicado por nós. O fastio será combatido por 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Quando por acaso a senhora venha a conceber e a gestação corra normal, depois do parto a parturiente ficará deitada por 30 dias, condição indispensável para a cura radical. Depois do tratamento medico e cirúrgico, os banhos salgados são muito convenientes. Desfallecimento.-Desmaio.-V. Syn- cope. Desmancho.- V. Aborto. Destempero do ventre.- V. Diarrhêa. Diabetes insípida. - Diurese, Hydro- mania, Polydipsia.-Sede excessiva e emissão 218 de ourinas aquosas em proporção com a enorme quantidade de bebidas ingeridas. Esta moléstia está para as bebidas como a bolimia para os alimentos.-Symptomas. Sede devoradora, inex- tinguível, quasi continua; desejo de bebidas acidulas, de agua com vinho ; seccura no pha- rynge, sem rubor, emissão frequente de ourinas extremamente abundantes, claras, limpidas, aquosas, acidas ou neutras, não precipitando pelo calôr, nem pelo acido nitrico, nem pelo ammoniaco. Saúde geral boa, apezar da fraqueza e do pouco desenvolvimento do corpo. Tratamento. O doente deve ter um regimen animal e vegetal e não se abster dos feculentos como de ordinário acontece. Elle deve usar e mesmo abusar do sal, alimentar-se-ha com pre- zunto, peixe salgado, sardinhas de conserva, etc. Pela manhã cedo tomará 1 colher de sopa dosai, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria. Tomará 1 gr. de camphora-bromé, 1 de hyosciamina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), pela manhã, ao 1/2 dia e á noite para combater a irritação da medulla. Si houver febre erratica, como acontece muitas vezes, se dará 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora ; ou 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que ella passe. Para restituir 219 ao sangue suas condições de vitalidade se dará 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 vezes ao dia. Quando houver dores musculares e palpitações do coração, se dará 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 vezes por dia, e 2 gr. de arseniato de strych- nina com 1 chicara de caldo de carne ao deitar-se. O tratamento desta moléstia pôde ser assim estabelecido:-sal do Dr. Naury, pela manhã cedo, 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos), de hora em hora, até 4 vezes por dia, augmentando gradualmente a dóse, até 12 a 18 por dia ; 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de digitalina (os 2 juntos), 6 a 8 vezes por dia ; 2 a 4 gr. de quassina antes de cada refeição, e 1 a 3 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury, depois das refeições. Os gr. de hypo-phosphito de strychnina,do Dr.Naury, podem ser dados pela mesma fôrma e substituir perfeitamente os gr. de acido phosphorico e arse- niato de strychnina. Contra esta moléstia se poderá ainda dar 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina, 1 de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de codeina do Dr. Naury (os 5juntos), 4 a 8 vezes por dia. Diabetes assiicarada.-V. Glycoswria. 220 IHarrliéa.-Evacuação de matérias fecaes liquidas, abundantes, acompanhadas ou não de cólicas e de dores no anus. Póde estar ligada á Colite, dyssenteria, enterite, ou cholera (vejam-se estas palavras), e pôde existir só por si. Neste caso chama-se diarrhèa idiopathica, e póde ser : l.°, biliosa, 2.°, mucosa, 3.°, serosa, 4.°, nervosa, 5.°, estercoral, 6.° asthenica. - Symp- tomas. Da l.a especie: devida a emoções vivas, a causas de affecções catarrhàes e hepaticas, mostra-se principalmente na primavera, acom- panha se de um estado saburral das primeiras vias, e as dejecções contêm uma quantidade mais ou menos considerável de bilis.- Da 2.a especie : devida â acção do frio e da humidade, é uma especie de catarrho intestinal; dejecções mu- cosas, acompanhadas de cólicas, de sêde, sem febre.-Da 3.a especie (enterorrhèa): abundantes dejecções serosas; affecção ligeira, de pouca duração, determinando, entretanto, ás vezes, fraqueza e emmagrecimento. Em alguns casos, é intermittente, em outros critica.-Da 4.a espe- cie : sobrevem nas pessoas impressionáveis; con- siste em dejecções principalmente serosas ; deter- mina borborygmos, e dissipa-se rapidamente.- Da 5.a especie: muito commum nos convales- centes ; é determinada pela ingestão de alimentos abundantes e pouco substanciaes.-Da 6.a espe- 221 cie: seria devida á simples atonia intestinal, porém nada prova que esta especie exista real- mente. A diarrhêa das crianças está ligada á dentição, ou á acidez, ou a um estado saburral. Quando a diarrhêa é choleriforme, isto é, muito abundante e muito frequente, reclama prompto e energico tratamento. A diarrhêa sympathica ou é devida á dentição, ou é metastatica, isto é, succede á suppressão de algum fluxo habitual, de um exanthema, ou ao transporte metastatico de uma affecção gottosa ou rheumatismal sobre os intestinos. Deve ser respeitada, porque pôde ser supplementar. A diarrhêa critica é a que coin- cide com a cura rapida de algumas moléstias principalmente das diversas hydropisias. E' ordinariamente serosa, mas pôde ser biliosa e mesmo sanguinolenta. Tratamento. Na diarrhêa biliosa se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chi- cara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até que o doente tenha 2 largas dejecções ; depois se dará 1 gr. de chlor- hydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora ; ou 1 gr. de sal de Gregory e 1 de atropina (os 2 juntos), de hora em hora; ou 1 gr. de codeina, ou narceina ou bromhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 222 de 1/2 em 1/2 hora, até que passe a diar- rhéa. Na diarrhéa mucosa se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de acido phosphorico (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, do Dr. Naury, 1/2 hora antes do almoço e jantar, e ao deitar-se o doente tomará 1 gr. de hyosciamina e 1 de iodhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 2 juntos), e pela manhã 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. O doente trará sobre o ventre 1 faixa de flanella. Na diarrhéa serosa se dará o sal, do Dr. Naury, e 2 gr. de quassina a cada refeição. Na nervosa se dará 1 gr. de sulphato de stry- chnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia augmentando ou di- minuindo as dóses segundo o effeito que produzir. Quando houver dyspepsia, se dará 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de sub-nitrato de bismutho, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. Quando a diarrhéa fôr devida a lesões orgâ- nicas dos intestinos se dará os saesde morphina- chlorhydrato, iodhydrato, ou bromhydrato de morphina,-codeina, narceinae sal deGregory, 1 gr. de qualquer um d'estes preparados, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma dos symptomas. 223 Quando se manifestarem symptomas typhicos se dará 1 gr. de acido salicylico, ou salicylato de quinina, ou ferro, ou soda, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Na diarrhéa das crianças se darà, depois da la- vagem dos intestinos pelo sal, do Dr. Naury, desde 1/2 colher de cha até 1 de sopa, segundo a idade do individuo, 1 gr. de hyosciamina, 1 do narceina e 1 de brucina, do Dr. Naury (os 3 juncos), 2 a 3 vezes por dia, augmentando ou diminuindo as dôses, segundo o effeito que pro- duzir. Quando a diarrhéa vier com muitos puxos, se dará 1/2 colher de oleo de ricino ou azeite doce e 1 gr. de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em lugar dos gr. de hyosciamina pôde- se dar os de atropina, porém de 2 em 2 horas, visto que a sua acção é muito mais energica do que a hyosciamina. Quando a diarrhéa vier com vomitos e o pulso fôr miserável e o calor do corpo abatido, se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que sobrevenha a reacção ; de- pois se darà 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, e quando o doente tiver obrado 2 vezes, si a febre ainda fôr intensa, se dará 1 224 gr. de aconitina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o calor baixe a 37° pelo thermo- metro. Os banhos mornos e os clysteres emo- lientes ; - clara de ovos, malvas, althéa, li- nhaça, são convenientes. A alimentação deve ser de facil digestão. Digestões laboriosas. - V. Dyspepsia. Dilatação «los broncliios. - Ectasia bronchica. Esta moléstia é consequência da bronchite chronica. - Symptomas. Tosse fre- quente, pertinaz ; expectoração abundante; es- carros opacos, amarellos ou esverdeados, al- gumas vezes purulentos. A' auscultação, sopro bronchico, bronchophonia , respiração caver- nosa, pectoriloquia ; estertores húmidos, mu- cosos ; ausência de symptomas geraes, que existi- riam, si se tratasse da phthisica. A dilatação existe na parte posterior media do peito, ao passo que é debaixo das clavículas que se encontram as ex- cavações tuberculosas. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de narceina (os 2 juntos); ou 1 gr. de bromureto de potássio e 1 de codeina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), 4 a 6 vezes por dia ; ou 1 gr. de arseniato de antimonio, 1 de nar- ceina e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 6 a 8 vezes por dia. 225 Contra a dyspnéa ( falta de respiração) se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyoscia- mina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. Em lugar do arseniato de strychnina se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou hypo-phosphito de strych- nina ; em lugar da hyosciamina os gr. de cicu- tina ou bromhydrato de cicutina, ou daturina* ou atropina, do Dr. Naury. Si houver muito accumulo de catarrho nos bronchios e a expectoração fôr difficultosa, sé dará 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa de agua mórna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 2 vezes. Para as crianças se darà a eme- tina, 1 gr. de hora em hora, até produzir effeito. Contra a tosse se dará 1 gr. de cicutina ou bromhydrato de cicutina de 1/2 em 1/2 hora; ou 1 gr. de codeina e 1 de iodoformio (os 2 juntos), 4 a 8 vezes por dia; ou 1 gr.de camphora-bromé, de hora em hora, até 6 ; ou 1 gr. de bromureto de potássio, de 1/2 em 1/2 hora, até 10 ; ou 1 gr. de cyanureto de zinco, 1 de codeina e 2 de iodo- formio, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até a calma. Si a tosse vier por accessos regulares, se darà 1 gr. de narceina e 1 de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 10 por dia. Pó- de-se empregar para o mesmo fim 1 gr. de vale 16 226 rianato de quinina, de hora em hora, até 6 por dia. Contra a expectoração e tosse se poderá ainda dar 1 gr. de arseniato de soda ou de potassa e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 junsos), de hora em hora, até 4 a 6 por dia ; ou 1 gr. de scillitina ; ou 2 gr. de kermes, de hora em hora, até 12 do primeiro e 20 do segundo por dia ; ou 2 gr. de sulphureto de cálcio e 1 de aconitina (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Quando houver recrudescência dos symptomas, manifestada por movimento febril, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de digitalina e 1 de veratrina ( os 3 juntos), 4 a 6 vezes por dia e 1 gr. de citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 12 por dia. Contra a rouquidão da voz se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strych- nina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito que produzir. Si a moléstia fôr devida a diathese syphilitica, dartrosa ou escrophulosa, se fará o tratamento dessas moléstias. O doente deve ter sempre o ventre desemba- raçado por 1/2 até 2 colheres de sopa, do sal do Dr. Naury, em 1 chicara de cafe logo pela manhã 227 cedo. Si houver fastio, tomará 2 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Dilatação do coração. - V. Hypertro- phia do coração. Diplitlierite.-»- Inflammação especial das mucosas e da pelle, caracterisada pela formação em sua superfície de uma exsudação de limpha coagulavel e de falsas membranas. Esta affecção genenca comprehende o croup e as anginas mem- branosas e malignas.- Symptomas. Diphtherite das mucosas : Apparecimento de rubôr circum- scripto a principio, o qual se cobre de um muco coagulado, semi-transparente, estende-se gra- dualmente e invade grandes superfícies, ás vezes em poucas horas. Este muco torna-se opaco e dá lugar a uma concreção esbranquiçada, espessa, de consistência membranosa ; que facilmente se destaca. A superfície que ella cobre é de um ver- melho pontilhado, mais escuro na peripheria do que no centro ; os pontos mais rubros deixam transudar sangue. O liquido concreto se renova, adhere cada vez mais; adquire ás vezes uma espessura de muitas linhas e passa successiva- mente do branco amarellado ao louro, ao pardo e ao preto. As superfícies organicas alteram-se ; formam-se erosões, ecchymoses nos pontos sub- mettidos ao menor attrito ; corrompem-se, exha- lam cheiro infecto; destacam-se e cahem em re- 228 talhos simulando partes esphaceladas, posto que a gangrena seja rara. Esta moléstia mostra-se principalmente nas paredes da bocca, nas amyg- dalas, no véo do paladar, nopharynge, na vagina; porém mais especialmente nas vias laryngéas. Diphtherite cutanea : Reinando uma epidemia de diphtherite, as excoriações da pelle, as pica- das, os córtes, ou as partes privadas de epiderme pelos vesicatórios ou por qualquer outro modo, offerecem os phenomenos de diphtherite. A ferida torna-se dolorosa; delia transuda uma serosi- dade sem cor, porém fétida, que logo se cobre de uma pellicula pardacenta e molle. O mal não progride, fica mezes estacionário. Entretanto, ás vezes, o derma se cobre de uma membrana branca, analoga á que se observa normalmente sobre as superfícies vesicadas. Desenvolve-se uma erysipela ao redor da parte excoriada, que se cobre de vesiculas, às quaes succedem placas membranosas, que propagam a moléstia. As con- creções, delgadas a principio, espessam-se cada vez mais ; as camadas mais externas putrefazem- se, tornam-se ennegrecidas, infectas, etc. Tratamento. Na diphtherite das mucosas se fará o mesmo tratamento que já indicamos para o croup. (V. esta moléstia). Na diphtherite cutanea, sendo o mal devido a um proto-organismo, que infeccionou todo o 229 corpo, se empregará os mesmos meios que na diphtherite mucosa;-sulphureto de cálcio, ou acido salicylico, ou salicylato de quinina, ou ferro, ou soda, ou potassa, do Dr. Naury, 1 gr. de 1/2 em 1/2 hora. Si houver febre, ella será combatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até produzir effeito. Si a febre tomar o caracter intermittente ou remittente, os saes de quinina, do Dr. Naury, serão empregados ; 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou sul- phato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 ; ou 1 gr. de arseniato ou de valerianato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. Si as forças vi- taes estiverem abatidas (pelle fria, pulso fraco, gráo de calor menos de 37°, thermometro appli- cado no sovaco durante 15 minutos), si dará 1 gr. .de acido phosphorico e 1 de arseniato, ou sul- phato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 êm 1/2 hora, até que venha a reacção. Si ella exceder de 39° (thermometro applicado no sovaco durante 15 minutos), se a fará baixar a 37° pela aconitina, digitalina e veratrina, como já indicamos. Si a diphtherite da pelle fôr devida a uma dyscrasia do sangue, se dará 2 gr. de arseniato de ferro, ou salicylato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), pela 230 manhã, ao 1/2 dia e á tarde. O tratamento da chloro-anemia é perfeitamente empregado neste caso. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs, 1/2 até 1 colher de sopa em 1/2 copo de agua fria. As ulcerações da pelle serão cu- radas pelo oleo phenicado (4 grammas de acido para 60 de oleo). O acido salicylico, o sueco do limão e o perchlorureto de ferro podem ser em- pregados. Deve-se ter cuidado na limpeza, reno- vação do ar do quarto do doente e em que a ali- mentação seja reparadora. Diplopia.--Alteração da vista, quefazappa- recer duplo cada objecto que se vê e que depende ordinariamente da direcção viciosa dos eixos oculares, e algumas vezes de uma verdadeira nevrose da retina.-Symptomas. Uns são phy- sicos e se referem ás alterações de diversas partes do olho ; outros physiologicos, consistem em que os objectos são vistos duplos, sendo, porém, a imagem falsa ordinariamente menos clara do que a real; a diplopia manifesta-se em um só olho ou em ambos, segundo sua natureza; ha cephalalgia e outras perturbações physiologicas, segundo sua natureza. Tratamento. Deve-se combater esta moléstia dando ao doente todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria. Tomará depois 1 gr. de sul- 231 phato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), às 8 horas da manhã, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde, augmentando ou diminuindo estas dôses, segundo o effeito que pro - duzir. Em lugar do sulphato, pôde-se dar, pela mesma fôrma, os gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Em lugar da hyosciamina pôde-se dar os gr. de atropina ou cicutina, ou bromhydrato de cicu_ tina, ou daturina, do Dr. Naury, que têm a mesma acção physiologica, porém mais energica do que os gr. de hyosciamina. Si o doente fôr chloro-anemico,se fará ao mesmo tempo o tratamento desta moléstia. Si elle tiver vermes, se empregará os anti-vermecidas. O doente deve ser visto por um especialista. Dothienenteria.-V. Febre typhoide. Dores.-Dor é qualquer sensação penivel.- A dor difficulta a satisfação das necessidades, quer ella tenha seu ponto de partida nos appa- relhos orgânicos ou no proprio cerebro modifi- cando o instincto. A dor difficulta o exercício das faculdades do entendimento e da expressão. -A dôr tem sua mascara. Ha dores que tém nomes especiaes: assim odontalgia é a dôr de dentes, cephalalgia é a dôr de cabeça, hemicrania é a dôr de uma metade da cabeça, etc., etc. 232 Tratamento. A dôr é o grito do organismo, que indica o orgão soffredor, pedindo á therapeu- tica um agente modificador. A dôr é quasi sempre acompanhada de espasmo O hyperemia; se empregarmos contra ella só a variante do tratamento poderemos mitigar o soffrimento, sem todavia curar o doente. Um exemplo tornará mais clara esta proposição : ás dores osteocopas podem ser mitigadas pelos modi- ficadores do elemento dôr, mas si não em- pregarmos a dominante do tratamento, - os anti-syphiliticos, não curaremos, por certo, o doente. Para vencer o espasmo temos os gr. de cicu- tina, ou bromhydrato de cicutina, ou hyosciamina, ou atropina e daturina, do Dr. Naury, alcaloides da cicuta, do meimendro, da belladona e do estra- monio. Contra o elemento-dôr-temos os gr. de narceina, codeina, sal de Gregory, iodhydrato, chlorhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Os gr. de bromureto de potássio ou croton-chloral também são dados contra a dôr. Como na dôr existe espasmo, damos 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Nunca empregamos os gr. com menor intervallo de 15 minutos, para não se dar envenenamentos; 233 e, logo que se produz o effeito therapeutico, espaçamos ou suspendemos o medicamento. Para o tratamento de cada dor em particular, veja-se a moléstia a que está ligada. S>ôr de anca.-V. Coxalgia. 3)ôr de barriga.-V. Cohca. Oôr de bexiga.-V. Nevralgia da bexiga, Dôr de cabeça.-V. Enxaqueca. I>ôr de cadeira.-V. Lumbago, Rheuma- tismo. Oôr de coxa.-V. Coxalgia. Oôr de dentes. - A dor de dentes é uma pequena moléstia em relação á gravidade, e for- tíssima em relação aos incommodos que produz, De ordinário ella apparece quando, estando os dentes cariados, faz-se sentir a impressão do ar e da humidade. Outras vezes a dor de dentes é re- sultado da inflammação da gengiva, que rodeia o alvéolo onde está o dente ; assim como muitas vezes o dente dôe pela introducção n'elle ca- riado de partículas alimentícias, obrando como corpo estranho. Succede muitas vezes ás crianças. A dor de dente póde comtudo ser exclusiva- mente nevrálgica ; assim como póde ser indicio de moléstias mais graves, como sejam as mo- léstias dos maxillares superior ou inferior. Neste 234 ultimo caso só o cirurgião poderá verificar e acon- selhar. Tratamento. A carie do dente é a causa mais frequente da dor ; a acção do ar frio e húmido a provoca; muitas vezes só a extracção do dente porá termo ao soffrimento. Si a dor provier dos dentes do maxillar inferior, comprimindo-se com o dedo o pequeno lobulo da orelha, correspondente ao lado da dor, se a fará passar por algum tempo. Uma solução de ether sulphurico e alúmen posta na bocca calma a dor. Limpar-se-ha bem a cavidade do dente cariado dos corpos estranhos, e depois, tirando-se a ca- mada de assucar de leite que envolve os grânulos, introduz-se 1 gr. de hyosciamina, assim prepa- rado, e depois obtura-se a cavidade com cêra amollecida. Dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina, 1 de aconitina e 1 de codeina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até adormecer o doente. Em falta dos gr. de codeina se dará, pela mesma fôrma, os de narceina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina. Nas crianças se espaçarão as dóses, porque nellas a absorpção è rapida; 2 a 3 dóses são mais que sufficientes. Contra a inflammação da gengiva dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 235 copo d'agua fria. Depois que produzir effeito, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de hyoscia- mina (os 3 juntos), de hora em hora, até abater esse estado fluxionario. Nas crianças se espaçara0 muito mais as dóses. Na fórma periódica da dor se dará 2 gr. dc hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. Os meios empregados nas nevralgias são apro- priados nesta moléstia. Quando a dor de dente fôr devida â alteração dos maxillares, muitas vezes só com a operação se poderá cura-la. A dor de dente póde ser entretida pelo rheu- matismo, gotta, syphilis, etc., para o trata- mento V. estas moléstias. Algumas vezes a dôr de dente é insupportavel, não cede a nenhuma medicação; então só a secção do nervo fará passar, Dòr de estomago.- V. Gastrálgia. Dòr de garganta.-- V. Amygdalite. Dòr hepatica.- V. Cólica hepatica. Dòr intercostal. - V. Nevralgia inter- costal. Dores das Juntas.- V. Arthrite, Ar- thralgia, Rheumatismo. Dores osteocopas.- V. Syphilis. 236 Oòr de ouvido.- A dor de ouvido póde ser provocada pela inflammação das partes ex- ternas ou internas do ouvido.- Symptomas. Em geral dor de ouvido é a inflammação do conducto externo, devido a resfriamento, à impressão de alguma corrente constante de ar frio e ao accu- mulo de cerume ou cera chamada de ouvido. Outras vezes a inflammação é devida á intro- ducção de corpos estranhos, como grãos de feijão e milho. A inflammação apresenta-se com todos os seus caracteres de calor, vermelhidão e tume- facção, terminando muitas vezes por um pequeno, abcesso. Tratamento. A dor de ouvido occasionada pela inflammação do conducto auditivo externo, será combatida por 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Applicar-se-ha sanguesugas atráz da orelha, e se fará injecção no ouvido com infusão morna de malvas. Dar-se-ha também 1 gr. de aconitina, I de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de codeina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fórma, os gr. .dé atropina, ou bromhydrato de ci- cutina ; em falta da aconitina se dará a vera- trina, ou digitalina ; e em falta da codeina dar- 237 se-ha, pela mesma fórma, a narceina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Quando a dôr ou febre se tornar intermittente ou remittente, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cya- nato de quinina, ou só 1 gr. de arseniato de qui- nina, de hora em hora, até 10 por dia do ultimo.' Se poderá também empregar, pela mesma fórma, os gr. de sulphato, ou de valerianato, ou bro- mhydrato de quinina, do Dr. Naury. Não se deve fazer injecções adstringentes nó ouvido, porque supprimindo bruscamente a otor- rhéa (suppuração do ouvido) poderá haver reper- cussão sobre o cerebro e dar-se a falta de coor- denação dos movimentos. Far-se-ha injecções emollientes e se dará 1 gr. de aconitina; 1 de digitalina, 1 de hyosciamina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até a calma ; depois se dará 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, às 8 horas da manhã, á 1 e ás 6 horas da tarde. Em lugar do arseniato de ferro se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de manganez, ou de antimonio, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou sali- cylato de ferro; em lugar do sulphato de stry- chnina se poderá dar.os gr. de arseniato, ou hy- po-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. 238 Quando houver congestão e zunido de ouvido, dar-se-ha 1 gr. de digitalina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Contra a seccura do conducto do ouvido, se empregará a glycerina. Quando a nevralgia fôr antiga e se complicar de uma chloro-anemia, far-se-ha o tratamento desta moléstia. Contra esta moléstia se poderá ainda empregar 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de aconitina, 1 de hyosciamina e 1 de iodhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Si a dor tiver por causa a presença de corpos estranhos no ouvido, taes como milho, feijão, etc., se fará a extracção delles com uma pinça de dente de rato ou a colher de extrahir corpos estranhos do ouvido. Si a dor de ouvido fôr occasionada pelasyphilis, dartros, gotta, rheumatismo,'etc., etc., se fará o tratamento apropriado a cada moléstia. Dòr de peito.-Encontra-se no Rheuma- tismo, Pleurodynia, Bronchite, Pleuriz, Pneu- monia, Tisica. V. estas moléstias. Dor de pescoço.-V. Torcicollo. Dôr. de quadril.-V. Coxalgia. 239 Dòr <le rosto.-V. Nevralgia facial. Dotkienenteria.-V. Febre typhoide. Dureza de ventre.-V. Constipação de ventre. Dyssenteria. - Fluoco de sangue, Colite epidemica.-E' ligeira ou não febril, ou grave e febril.-Symptomas. Dyssenteria ligeira é a que se observa, quando a affecção é sporadica, isto é, não epidemica. Dores no ventre acompanhadas de desejos e esforços muito frequentes de defe- cação, dolorosa e muitas vezes illusoria, com sensação penosa, anciosa, de picadas no anus. As matérias expellidas são a principio estercoraes, porém tornam-se depois mucosas, sanguinolentas ou misturadas de concreções membraniformes. Ha fraqueza, sensibilidade ao frio, fastio, desa- nimo. Pulso normal ou fraco, retardado, algumas vezes mais frequente. Dyssenteria grave : invasão lenta ou súbita; no 1° caso precedida de mal-estar, fastio, diar- rhéa; no 2o caso um calafrio abre a scena ; ora a moléstia começa por symptomas locaes, ora apparecem primeiro os symptomas geraes; algumas vezes, finalmente, nas epidemias muito intensas, os doentes subitamente passam da saúde ao mais grave estado. Cólicas violentas, dejecções li- quidas, de uma frequência extrema; tenesmos 240 (puxos) consideráveis que levam o doente 50 e 100 vezes á banca em 24 horas ; sentimento de dôr, de ardor, de assadura no anus. As matérias evacuadas são mucosas ou sanguinolentas, puru- lentas mesmo nos casos muito graves e que reves- tem um certo caracter de chronicidade ; algumas vezes contêm restos pseudo-membranosos, offe- recendo mais ou menos a fôrma do intestino, e que fazem crer na expulsão de uma parte deste orgão ; muitas vezes são de um fétido insuppor- tavel. A sede é intensa, a pelle sêcca, o pulso muito pequeno e a face alterada ; as forças de- primidas ; os doentes resfriam-se, encolhem-se, a respiração difficulta-se e morrem. Tratamento. O doente tomará banhos mornos com 1/2 garrafa de vinagre e pequenos clysteres emollientes de clara d'ovo, gomma, linhaça, malvas, althéa, etc. Tomará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 largas dejecções. Depois tomará 1 gr. de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que passem os puxos e as forças se levantem. Si a dyssenteria fôr epidemica e de causa pa- ludosa, se dará 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 241 tomar 10 de cada um por dia, tendo-se o cuidado de lavar os intestinos todas as manhãs com 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria. Por bebida normal se dará agua com uma pequena quantidade do sal, do Dr. Naury. Si houver febre, se dará 1 gr. de aconitina, do Dr. Naury, de 15 em 15 minutos até que ella passe. Si houver diminuição ou sup- pressão das ourinas, se dará 1 gr. de digitalina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de hora em hora, até produzir effeito. Si houver remittencia na febre e symptomas, se insistirá no hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina, 2gr., de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Si houver muito espasmo dos intestinos, se principiará o tra- tamento por 1/2 colher de sopa de oleo de ricino ou azeite doce e 1 gr. de hyosciamina, ou atro- pina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até vencer o espasmo. Applicar-se-ha bichas no anus, si houver um estado hemorrhoidal. Si as forças se abaterem, o pulso se concentrar e a pelle se resfriar, se dará 1 gr. de acido phos phorico e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que as forças se levantem. Aos meninos de tenra idade se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de narceina e 1 de brucina, do 17 242 Dr. Naury, dissolvidos em 4 colheres de sopa de agua assucarada para ser dada 1 colher de chá de 1/2 em 1/2 hora. Na dyssenteria epidemica, depois da lavagem de todo o tubo intestinal pelo sal, do Dr. Naury, se poderá dar 1 gr. de acido salicylico do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia, conti- nuando com o arseniato de quinina e o hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina e a hyos- ciamina ou atropina para combater os puxos. O doente deve abster-se dos feculentos e ali- mentos ventosos. Só se empregará os opiados,-gr. de chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, salde Gregory, ou codeina, quando a agudez tiver passado e o miasma tiver sido eliminado pelas evacuações produzidas pelo sal, do Dr. Naury. Na convalescença, si o doente não tiver appetite, se dará 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição, Dy smenorrhéa.-V. Amenorrhèa. Dyspepsia. - Digestão laboriosa. - Symp- tomas. Bocca sêcca ou cheia de saliva, acida ou amarga ; máo hálito; fastio ou fome voraz; al- gumas vezes polydipsia (sede excessiva); em al- guns casos nauseas, vomitos, arrotos, gazes; caimbras, ardores no estomago ; em outros lien- teria (expulsão de alimentos não digeridos). Tosse, 243 difficuldade de respiração, nevralgias íntercos- taes; dor de cabeça ; vertigem estomacal; som- nolencia ; bocejos; prostração ; palpitações ; hy- pocondria. A dyspepsia pôde ser gastrica ou intestinal:- Ia, digestão penosa; dependendo de alterações organicas do estomago ou de pertur- bações funccionaes, manifestando-se de um modo accidental ou habitual, tendo sua séde no esto- mago, algumas vezes no estomago e intestinos, dando lugar a symptomas variados. Appetite augmentado, diminuido ou pervertido; sede va- riável ; bocca geralmente sêcca, pastosa; acidez da saliva; dor, mal-estar, peso, tensão, calor epigastrico durante ou depois da refeição, algu- mas vezes acalmando-se pela pressão:-2°, dores intestinaes, cólicas depois dos borborygmos, fla- tuosidades fétidas. A dyspepsia chama-se flatu- lenta, quando se apresenta com desenvolvimento considerável de gazes com ou sem difficuldade de respiração, com ou sem plethora, com ou sem palpitações. Chama-se gastralgica, quando se acompanha de dores no estomago como na gas- tralgia, com'espasmos, antes, durante ou depois da digestão, algumas vezes muito vivas, simples- mente irritativas ou dando lugar a uma violenta constricção epigastrica. Chama-se acida, quando o hálito é acido, acre ; flatuosidades ardentes, pyrosis. Chama-se atonica neutra ou alcalina, 244 quando ha lentidão, difficuldade da digestão, pre- guiça, atonia do estomago, coincidindo as mais das vezes com a chloro-anemia ; sede ; bocca pas- tosa, amarga; propensão para os alimentos e be- bidas acidas; algumas vezes regurgitações e vomitos biliosos. Diz-se que ha dyspepsia dos líquidos por atonia, quando a lentidão das diges- tões augmenta pela ingestão das bebidas ; borbo- rygmos estomacáes caracteristicos. Á dyspepsia é dos solidos, quando estes são mal digeridos, ao passo que a digestão dos líquidos, do caldo, do leite é bem feita. Chama-se bolimica, quando a dyspepsia apresenta-se com appetite excessivo, renovando-se muito approximadamente ; energia anormal das forças digestivas á qual não corres- ponde a força muscular ou organica; nutrição não augmentada; dejecções normaes. Chama-se píímYosa, quando dà lugar a producção no esto- mago e rejeição de líquidos claros, aquosos ou mucosidades, antes ou depois da digestão, algu- mas vezes de manhã em jejum. Tratamento. Na dyspepsia gastrica ou intes- tinal se darà 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, para ter o ventre sempre des- embaraçado, e se despertará a atonia do esto- mago por 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. 245 Si a moléstia fôr organica, se applicarà bichas no estomago, cataplasmas emollientes e se fará uso de cozimento de althéa, malvas, etc., e se terá dieta. Na pyrosis (arrotos ácidos) se empregará 1 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 2 juntos), antes e depois de cada refeição. Os gr. de codeina ou narceina, ou iodhydrato ou bromhydrato de mor- phina, ou sal de Gregory, do Dr. Naury, pódem ser empregados, pela mesma fórma que os gr. de chlorhydrato de morphina. Contra os arrotos ácidos se dará 1 gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até tomar 6 por dia. Para regularisar a enervação pervertida se dara 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Contra a dôr de estomago se dará 2 gr. de iodhydrato ou chlorhydrato de morphina ou co- deina, do Dr. Naury, antes de cada refeição. Si houver espasmo, se unirá aos 2 gr. de iodhydrato de morphina 2 de hyosciamina. Contra a diarrhéa com crudez dos alimentos se dará o sal, do Dr. Naury, todas as manhãs e 2 gr. de sub-nitrato de bismutho e2dechlorhy- 246 drato de morphina (os 4 juntos), antes de cada refeição. A prisão de ventre será combatida pelo sal, do Dr. Naury ; ou por 2 a 3 gr. de podophillyna e 1 de atropina, do Dr. Naury, ao deitar-se ; ou 5 a 6 gr. de jalapina, ou colocynthina, do Dr. Naury, ao jantar. Também se poderá empregar, contra esta mo- léstia, 5 a 6 gr. de pepsina, do Dr. Naury, a cada refeição, e 1 gr. de liyosciamina, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia para modificar a sensibilidade da medulla. Contra esta sensibilidade se poderá ainda empregar, pela mesma fórma, os gr. de ci- cutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury. Contra a sensibilidade da bocca se empregará bochechos feitos com 1 colher de sopa em 1 copo d'agua fria desta mistura : Chloral 3 grammas ; Chlorato de potassa e Alúmen em pó 1 gramma de cada um. Agua aromatisada 200 grammas. Para ter a liberdade do ventre o doente to- mará antes de se deitar 1 copo d'agua fresca e ao levantar-se 1 outro com a addição de 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury. Quando houver colicâs se dará depois do sal, do Dr. Naury, 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de mor- phina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a 247 sedação. Em lugar da hyosciamina póde-se em- pregar, pela mesma fôrma, osgr. de atropina, ci- cutina ou bromhydrato de cicutina, ou daturina' que têm a propriedade de afrouxar as fibras cir- culares. Em lugar dos gr. de chlorhydrato de morphina se poderá dar os de iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, sal de Gregory, co- deína, ou narceina, todos alcaloides calmantes do opio. Si houver migraine, dôr de cabeça, se dará 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a dôr. Contra esta tenaz moléstia se poderá dar ainda 2 gr. de arseniato de soda e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), pela ma- nhã, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde. Si a moléstia fôr entretida pela chloro-anemia, ou alguma diathese, se fará o tratamento conse- quente a cada uma dessas moléstias. Dyspliagia.-í/spíismo do ossophago, (Eso- phagismo, Difficuldade de engulir.-Symptomas. Manifesta-se subitamente durante a refeição. Si o espasmo tem sua séde na parte superior do canal oesophagiano, os alimentos são repel- lidos logo depois de introduzidos ; si o espasmo existe mais abaixo, o bôlo alimentar pàra nesse ponto, ou é repellido por um movimento anti- peristaltico. O doente experimenta uma sensação 248 de aperto, de um corpo estranho ou de uma bóla no pescoço. Muitas vezes ha soluços, al- teração da voz, suffocação, e estes phenomenos são augmentados sob as mais oppostas influen- cias. Tratamento. O doente tomará 1 gr. de sul- phato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia, augmentando gradualmente as dóses até vencer a resistência mórbida. Em lugar da hyosciamina póde-se empregar os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury, que tem a mesma acção physiologica, porém mais energica do que a hyosciamina. Si o espasmo fôr congestivo, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até vencêl-o. Si elle fôr devido a presença de vermes, se dará 1 gr. de santonina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 4 a 8 por dia, se- gundo a idade do doente, durante dois dias e no terceiro 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, ou café, pela manhã cedo. Si o espasmo fôr devido a paralysia, ou rup- tura de equilibrio entre as fibras longitudinâes e circulares do oesophago, se dará 1 gr. de hyos- 249 ciamina e 1 de sulphato de strychnina e 1 de acido phosphorico (os 3 juntos); ou 1 gr.de hyosciamina e 1 de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até produzir effeito, diminuindo depois as dóses. Si o doente fôr chloro-anemico ou tiver al- guma cachexia, se fará o tratamento conse- quente. Deve-se ter o ventre desembaraçado por 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, to- mando-se pela manhã cedo. Dyspiiéa.-Difficuldade da respiração. Suas causas são muito numerosas, todas as aflecções dos orgãos contidos no peito, todas as outras moléstias que reagem sobre o systema circula- tório ou respiratório; emfim certas desordens da enervação, como, por exemplo, a hysteria. A dyspnéa levada ao ponto de forçar o doente a estar assentado chama-se orthopnèa; a apnèa é a suspensão da respiração. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Na manhã seguinte se dará 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, e nas outras manhãs 1/2 co- lher de sopa do sal, augmentando ou dimi- nuindo a dose, segundo o effeito que produzir. 250 Quando a dyspnéa fôr habitual se dará 1 a 2 gr. de arseniato de strychnina pela manhã, ela 2 á tarde, e se terá o ventre desembaraçado pelo sal, do Dr. Naury. Na asthmatica se empregará a strychnina e a hyosciamina como acima já indicamos ; ou 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia, e ao mesmo tempo 1 gr. de arseniato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Os gr. de ar- seniato de antimonio, ou arseniato de potassa, doDr. Naury, podem ser empregados, pela mesma fôrma, que os de arseniato de soda. Si a moléstia fôr dolorosa e de causa angi- nosa, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de hyosciamina, 1 de iodhydrato de morphina, e 2 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 5 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si fôr de causa croupal, se dará 1 gr. de emetico em 1 colher de sopa de agua morna, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir 2 a 3 vomitos e a expulsão das falsas membranas, que obs- truem os bronchios. Nas crianças em lugar do emetico se dará 1 gr. de emetina de 1/2 em 1/2 hora, e em lugar da strychnina, se dará a bru- cina até produzir o effeito desejado. Depois dos vomitos se dará 1 gr. de arse- 251 niato de strychnina, 1 de arseniato de quinina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação. O tratamento do croup será aqui empregado. Si a dyspnéa fôr devida à chloro-anemia, se fará o tratamento desta moléstia; as cardíacas serão combatidas pelo tratamento indicado para cada uma dessas lesões. Si ella reconhecer por causa uma diathese, se combaterá pela medicação apropriada. Si os symptomas voltarem regularmente, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina de 1/2 em 1/2 hora, até 20 ; ou 1 gr. de ar- seniato, ou valerianato de quinina de hora em hora até 10; ou 2 gr. de sulphato ou saly- cilato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Os gr. de atropina e de daturina, doDr. Naury, podem ser empregados, pela mesma fórma, que os de hyosciamina, porém com espaços maiores, visto que sua acção é muito mais energica do que a hyosciamina. Si a dyspnéa fôr acompanhada de um estado febril, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abatêl-a. Os sinapismos e vesicatórios nas pernas são convenientes. 252 ■b siiria. - Difficuldade de ourinar, sem haver estreitamento urethral, nem paralysia da bexiga. E' um symptoma que acompanha certas moléstias, e, por incommodar muito, indicamos o seguinte: Tratamento. O doente tomará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, e depois que obrar 1 a 2 vezes tomará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Em lugar dos gr. de sulphato de strychnina se poderá dar, pela mesma fôrma, os de brucina, do Dr. Naury. Também se poderá dar 1 gr. de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até pro- duzir effeito. Um gr. de hyosciamina e 1 de di- gitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até produzir effeito, são também empregados nesta moléstia. Durante o tratamento da dysuria se poderá dar 2 gr. de benzoato de soda e 1 de camphora- bromé, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até tomar 20 do primeiro e 10 do segundo por dia. O doente deve tomar todas as manhãs 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. 253 Eccliymose. - Mancha denegrida ou ama- rellada. V. Contusão. Eclampsia. - Convulsões idiopathicas, ou symptomaticas que sobrevêm nas crianças, ou nas mulheres gravidas ou de parto.-Symptomas. Nas crianças, as convulsões, dizem alguns au- thores, têm sua sede nosystema cerebro-espinhal; a eclampsia no grande sympathico. A eclampsia é precedida de prodromos, taes como vivacidade dos olhos, irascibilidade, somno agitado, sonhos ater- radores, mudanças de côr do rosto; respiração des- igual ; depois olhos fixos, abertos, occultando-se a menina dos olhos para cima ; estremecimentos, ranger de dentes, movimentos bruscos e involun- tários dos membros, contracção dos dedos, con- tracção dos ângulos labiaes, o que dà lugar ao riso sardonico. A frequência do pulso apparece subitamente ; o abaúlamento do ventre e o calor da pelle são os symptomas mais importan- tes. Os do ataque são: olhar fixo, aterrado; globo ocular agitado de movimentos intermit- tentes, e levado em diversos sentidos; estrabismo; pupillas dilatadas ou contrahidas. Movimentos convulsivos dos musculos da face, principal- mente nas commissuras dos lábios, que são ás vezes humedecidos de mucosidades espumosas ; trismus interrompido de tempos a tempos pelo ranger dos dentes. Cabeça inclinada para trâs ; dedos dobrados com rigeza sobre a palma da mão ; 254 movimentos intermittentes de semi-flexão e de semi-extensão dos ante-braços; corpo inteiri- çado ; contracção espasmódica do larynge, e de- pois, respiração estridente. Intelligencia abolida, sensibilidade nulla. Si a convulsão se prolonga, a face torna-se vultuosa, roxeada. Pulso muito pequeno e accelerado. Cabeça quente, extremi- dades frias. Nos casos muito graves, respiração estertorosa ; emissão involuntária de ourinas e fezes. Nas mulheres gravidas ou de parto : começo ora inopinado, ora precedido de dôr de cabeça, vertigens,liallucinações. Perda de conhecimento; movimentos eonvulsivos e endurecimentos alter- nativos dos membros ; face vultuosa, roxa ; res- piração irregular, difficultada, coma ; paralysias. As ourinas são albuminosas em um grande nu- mero de casos, e tem-se notado que a quantidade de albumina, que ellas contêm, é mais ou menos abundante, segundo as convulsões são mais ou menos frequentes ou ameaçadoras. Tratamento. Na occasião do ataque se appli- carâ sinapismos nas barrigas das pernas e coxas ; clysteres purgativos com electuario de senne e 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado. Si o pulso estiver forte e cheio, applicar-se-ha 1 bicha atrás de cada orelha e deixar-se-ha que o sangue corra lentamente. Depois que cessar o 255 corrimento de sangue, se applicarâ outra bicha. Logo que a doente possa engulir, se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissol- vido em uma infusão de café, para ser tomada aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 evacuações. Tomará depois 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até que o pulso e calor voltem ao estado normal. Em falta de sulphato de strychnina se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de strychnina. Si a reação (febre), que sobrevier, fôr grande, (mais de 39° pelo thermometro), se dará 1 gr. de digitalina, 1 de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a, continuando a tomar todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Logo que a febre ceder, se dará 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, ou 1 gr. de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 do primeiro e 10 do segundo por dia. Contra as suffusões serosas se dará 1 gr. de narceina, 1 de hyosciamina e 1 de calomelanos> do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até ter dejecções viscosas. 256 Em falta da narceina, se poderá dar os gr. de iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, co- deína, chlorhydrato de morphina, ou sal de Gre- gory, todos alcaloides do opio,porém com maiores espaços, porque a acção physiologica delles é muito mais energica do que a da narceina. Contra o edema (inchação) se dará 1 gr. de digitalina e 1 de arseniato de soda, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia de cada um. Em lugar do arseniato de soda, se poderá dar, pela mesma forma, os gr. de arseniato de potassa, ou acido arsenioso, do Dr. Naury. Na convalescença, para combater o fastio, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Si a doente ficar chloro-anemica, se fará o tra- tamento desta moléstia. Na eclampsia dos meninos, em lugar dos gr. de strychnina, se empregará os de brucina ; p. ex., 1 de digitalina, ] de hyosciamina e 1 de brucina, do Dr. Naury, dissolvidos em 4 colheres de sona de agua assucarada, para ser dado, ás colheres de chá, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Os gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina serão dados, 1 de hora em hora, até 6 por dia. Os de calomelanos, serão dados só com a narceina, até produzir effeito. 257 Ecthyma. Symptomas. Ecthyma é a in- flammação dos folliculos sebaceos, caracterisada por postulas largas, arredondadas, de base dura e inflammada. A' proporção que as pustulas crescem, vão tomando a fórma conoide, endurecendo, e, á proporção que a base alarga-se, o apice fica mais saliente distinguindo-se logo um ponto puru- lento ; as pustulas têm nesse momento a appa- rencia de furunculos. Mais tarde o pús é substi- tuído por uma crosta escura muito adherente á pelle. O destacamento da crosta deixa ver uma mancha vermelha no centro, na qual acha-se uma cicatriz. O ecthyma é agudo ou chronico. O ecthyma chronico nos velhos converte-se ás vezes em pequenas ulceras de difficil cura. . Tratamento. No ecthyma agúdo principia-se o tratamento dando 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, e nas outras manhãs sô 1 colher de sopa do sal; depois de ter produzido o effeito purgativo, dar-se-ha 1 gr. de veratrina, 1 de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia; a estes gr. se unirá 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou de hyosciamina, si houver dor e espasmo. 18 258 No ecthyma afebril, isto é, chronico, dar- se-ha 1 gr. do arseniato de soda ou de potassa, ou de antimonio, ou salicylato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, 4 vezes por dia, e aug- mentando-se a dóse até chegar a 8 ou 10. Neste estado se poderá ainda dar o sulphureto de cálcio, ou acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou iodoformio, ou iodureto de arsénico, gr. do Dr. Naury, 2 de 2 em 2 horas, até 8 a 10 por dia. Oomo sedativo se empregará a camphora-bromé, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si o ecthyma fôr syphilitico, dar-se-ha 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto); ou 2 gr. de iodureto de potássio, de hora em hora, até 8 por dia do primeiro e 12 do segundo; se poderá também empregar 1 gr. de iodureto mer- curico (bi-iodureto), do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Os banhos mornos são convenientes. Eczema.-Esta palavra foi adoptada para exprimir uma affecção cutanea.-Symptomas. Esta moléstia é caracterisada por pequenas vesí- culas muito approximadas umas das outras, acompanhadas no seu desenvolvimento de formi- gação e prurido. De ordinário esta especie de erupção termina com a reabsorpção do liquido das vesículas e por 259 excoriações com sahimento de um liquido fétido ; emfim pela descamação da pelle. A tinha mucosa é uma especie de eczema. Esta moléstia é muito commum nas crianças de peito sobre o couro cabelludo. Tratamento. No eczema agúdo, isto é, na- quelle que vier com elevação da temperatura e da circulação, dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 3 a 4 dejecções. Nos outros . dias só tomará pela manhã cedo 1 colher de sopa do sal, em 1/2 copo d'agua fria. Depois que o sal tiver produzido effeito, dar- se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, 1 de digitalina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até abater o calor e prurido. A' noite dar-se-ha 1 gr. de iodhydrato de morphina, de 1/2 em 1/2 hora, até adormecer o doente. Em falta de iodhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, codeina, sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alca- loides calmantes do opio. Para acalmar o prurido, coceira, ainda se poderá dar 1 gr. de camphora-bromê, ou de bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. 260 Lavar-se-ha o eczema com agua de farelo, e se cobrirá com pó de arroz. Si elle estiver as- sestado nos membros superiores, ou inferiores, depois de banhado e coberto de pó de arroz, se applicarà sobre elle pastas de algodão e uma ata- dura ligeiramente compressiva. Na fórma chronica e sêcca do eczema se o ba- nhará com agua de farelo, se cobrirá com pó de arroz, se applicarà a pasta de algodão e a ata- dura compressiva, si a parte se prestar a isso, e se dará 1 gr. de acido arsenioso, ou de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia. Neste caso também se poderá dar 2 gr. de sul- phureto de cálcio e 1 de aconitina e 1 de cicutina (os 4 juntos), 3 a 5 vezes por dia. Os gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, ou de potassa, e os de iodoformio, do Dr. Naury, também são empregados com muita van- tagem, 2 gr. de 2 em 2 horas, até 10 a 12 por dia. Na fórma húmida se dará, depois do sal, do banho e da atadura, Igr. de iodureto de arsénico, 1 de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 8 por dia. Os gr. de iodureto de potássio, ou mercurioso (proto-iodureto), podem ser dados, 2, de 2 em 2 261 horas, até 8 a 10 por dia; os de iodureto mercu- rico (bi-iodureto), serão dados, 1, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. No eczema escrophuloso se fará o tratamento desta diathese ; naquelle que fôr ligado á chlo- ro-anemia, será combatido pelos meios aconse- lhados para esta moléstia. Nas crianças em tenra idade, em que esta mo- léstia é muito frequente, as dóses para o trata- mento serão muito menores. Por ex. : em lugar de dar-se aconitina, veratrina e digitalina juntos, só se dará 1 gr. de aconitina e 1 de cicutina, dis- solvidos em 4 colheres de sopa d'agua assucarada, para serem dados ás colheres de chá, de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calar e a circulação. Os gr. de acido salicylico, ou arseniato de soda, de po- tassa, de antimonio, mercurioso, mercurico, etc., só serão dados 2 a 3 por dia ; do sal, só se dará 1/2 colher de chá em leite ou agua assucarada. Nas crianças, o pouco é muito no tratamento das moléstias ; a absorpção nelles é rapida. Ehleimt ©m geral.- Conhece-se por este nome o symptoma de varias moléstias caracte- risado por um tumor diffuso, sem vermelhidão, nem tensão, nem dor, cedendo á pressão do dedo e conservando-a durante algum tempo. Este tumôr diffuso é formado pela serosidade infiltrada no tecido cellular. A ausência de sym- 262 ptomas inflammatorios distingue o edema do fieimão. Quando o edema é geral, constitúe o que se chama anazarca. Tratamento. V. Albuminúria, Anazarca, Beribéri, Moléstias do coração, Cirrhose do fí- gado, Rheumatismo, Cachexias. KíIeaBaa «Ia. glotte.- O edema da glotte é constituído pelo enchimento edematoso da mu- cosa que circumscreve a abertura superior do la- rynge.- Symptomas. Esta moléstia principia por molleza geral, difficuldade nos movimentos do larynge e dor. Depois de alguns dias o doente apresenta accessos de suffbcação, que se tornam cada vez mais violentos. ' A inspiração é ruidosa e difficil, a expiração é livre. O dedo, levado por detraz da base da lín- gua, póde reconhecer o enchimento da membrana infiltrada. Tratamento. Este accidente deve ser comba- tido energicamente, sem o que a respiração serà difficultada e o doente morrerá asphyxiado. Dar-se-ha 1 clyster com 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado, ou 2 onças de electuario de senne, ou 4 colheres de sopa de oleo de ricino, ou azeite, dentro de chicara e meia d'agua mórna. Applicar-se-ha sinapismos nas pernas e coxas, e 1 largo vesicatório na região anterior do pes- 263 coço. O doente fará gargarejos com agua fria fortemente carregada de sueco de limão ; ou com 1 colher de sopa em 1 copo d'agua do seguinte preparado: Hydrato de chloral, 3 grammas. Chlorato de potassa e alúmen, de cada um, 1 gramma. Agua distillada aromatisada, 200 grammas. Dissolver-se-ha 3 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua fria, para ser dado aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções, e 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de digitalina, 1 de colchicina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma da suffocação. Em lugar da colchicina, se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de scillitina, ou asparagina, do Dr. Naury, succedaneos da digitalina. Em falta do arseniato de strychnina, se dará, pela mesma fórma, os gr. de sulphato, ou de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Para as crianças se dará, em lugar da strych- nina, os gr. de brucina, do Dr. Naury, menos energicos do que os de strychnina; as dóses serão muito mais espaçadas, parando-se logo que pro- duza o effeito desejado. Todas as manhãs cedo se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr, Naury, em 1/2 copo d'agua fria. 264 Contra a suffocação se poderá ainda dar 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, 1 de digita- lina e 1 de liyosciamina, do Dr. Naury, de 15 em 15 minuios, até a sedação. A' noite, para conciliar o somno, dar-se-ha 1 colher de chá de uma poção de chloral, ou 1 gr. de croton-chloral e 1 gr. de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até adormecer o doente. Em falta de chlorhy- drato de morphina se empregará, pela mesma forma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Como sedativo, os gr. de camphora-bromé são uteis, sendo 1 de hora em hora, atè a calma. Também se poderá ainda empregar contra este terrível accidente, 1 gr. de arseniato de soda, 1 de arseniato de quinina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Os gr. de sulphureto de cálcio, ou acido salicylico, ou salicylato de soda, ou de potassa, podem ser dados 1, de hora em hora, até 10 por dia. Si o doente estiver profundamente chloro-ane- mico e o edema fôr devido á dyscrasia do sangue, dar-se-ha o sal como acima indicamos para di- minuir a quantidade de serosidade, e 1 gr. de ar- 265 seniato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de ar- seniato de ferro, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 8 a 10 de cada um por dia. Em lugar do arseniato póde-se dar, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou os de hypo-phos- phito de strychnina ; em falta do arseniato de ferro, se experimentará os gr. de arseniato de manganez, lactato, ou phosphato, ou salicylato, ou valerianato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury. Si o doente tiver fastio, tomará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. A ultima ratio do tratamento, quando a mo- léstia não ceder, será a operação da trachéotomia. Edema «las parturientes, edema do- loroso.- V. Phlegmatia alba dolens. Edema dos puIntôes.-° E' ainda o edema dos pulmões a infiltração de serosidade no te- cido pulmonar, levado a um gráo tal que dimi- núe e aniquila a sua permeabilidade ao ar. Esta infiltração apparece frequentemente na época da terminação perigosa das febres de longo curso, nos indivíduos cacheticos e nas moléstias orgâ- nicas dos orgãos do peito. Segundo Laennec, a orthopnéa (difficuldade ex- trema de respirar), que apparece no sarampão, é symptoma de um edema idiopathico (essencial ou sem causa conhecida) do pulmão. 266 Tratamento. Dissolver-se-ha 3 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua fria, para ser dado aos cálices, de hora em hora, até produzir 3 a 4 dejecções ; e nos outros dias só tomará, pela manhã cedo, 1 colher do sal em 1/2 copo d'agua fria. Dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até 8 a 10 de cada um por dia, augmen- tando ou diminuindo as dóses, segundo o.effeito que produzir. Em falta de acido phosphorico e sulphato de strychnina, se dará, pela mesma fórma, os gr« de arseniato de strychnina; ou só os de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Nas crianças, em lugar dos preparados de stry- chnina, se dará os gr. de brucina, do Dr. Nanry, porém em muito menor dóse, porque a absorpção nelles é muito mais activa. Se applicará sobre o peito um largo vesica- tório. Si sobrevier accessos de suffocação, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de digitalina, 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar o accesso. Em falta da digi- talina se empregará, pela mesma fórma, osgr. de 267 colchicina, scillitina, asparagina, bryonina, do Dr. Naury. Si o doente estiver chloro-anemico, se dará o sal todas as manhãs, e 1 gr. de arseniato de stry- chnina, 1 de arseniato de ferro, e 1 de digitalina (os 3 juntos), de hora em hora, até diminuir a quantidade de serosidade que ensopa os pulmões. Em falta do arseniato de ferro se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou sali- cylato, ou valerianato de ferro, do Dr. Naury. Depois que passsar o accesso e não houver mais perigo de suffocação, se dará 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, 1 de ar- seniato de strychnina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 de cada um por dia. Si o doente tiver insomnia, se dará 1 gr. de croton-chloral e 1 de narceina, ou codeina, á noite, de 1/2 em 1/2 hora, até conciliar o somno. Si tiver fastio tomará 2 a 3 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Edema dos recem-nascidos.--V. Sccle- rema. Eleplianthiase dos Árabes.-Lepra tuberculosa, Moléstia glandular, Perna das Barbadas, Erysipela branca. Tumefacção mais ou menos considerável, dura e permanente da 268 pelle edos tecidos subjacentes.-Symptomas. Dor na verilha e na curva da perna, seguindo a di- recção da saphena e dos principáes troncos lym- phaticos, com desenvolvimento de uma fita ver- melha, de um cordão nodoso; calafrios, mal- estar, sede, vomitos ; depois, calor, suor, cessação dos phenomenos geraes, que reapparecem sob fórma de accessos, cuja duração e numero são variaveis, e que são seguidos de um augmento progressivo de volume do membro. Este intume- cimento é uniforme, ou disposto em escada, de aspecto ás vezes hediondo. A pelle é a principio lisa, sem mudança de cor ; pouco a pouco, porém, ella torna-se espessa, cobre-se de mamelões, ás vezes de fendas, de ulcerações, que dão lugar a crostas amarelladas e densas. Os movimentos articulares tornam-se difficeis ou impossíveis. Tratamento. Se dará todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. Na occasião do accesso febril, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e l de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, e 1 gr. de hyosciamina, de 2 em 2 horas, até a calma. Em lugar da hyosciamina, se poderá dar 1 gr. de atropina, de 3 em 3 horas, até que a menina do olho se dilate. 269 Voltando os symptomas em épocas determi- nadas, se poderá dar 1 gr. de arseniato de qui- nina ; ou 2 de hydro-ferro-cyanato de quinina • ou 1 gr. de arseniato de cafeína, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 do primeiro e terceiro e 10 do segundo, durante 15 dias, para ver se interrompe a especie de intermittencia. Banhar-se-ha todas as noites a perna com agua morna com um punhado de sal de cozinha, e pela manhã se applicarà pastas de algodão e 1 atadura ligeiramente compressiva. Se poderá dar nesta moléstia 1 gr. de iodu- reto de arsénico, de 2 em 2 horas, até 8 ; ou 1 gr. de acido arsenioso ; ou arseniato de soda ; ou de antimonio ; ou de potassa, do Dr Naury, de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia. Se poderá ainda dar 2 gr. de iodureto de po- tássio e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos) de hora em hora, até 10 a 12 do iodureto por dia, para ver se resolve o endurecimento da pelle. Os gr. de acido salicylico ou salicylato de ferro, soda, ou potassa e os de iodoformio, do Dr. Naury, se poderàõ dar, 2 de hora em hora, até 20 por dia dos 4 primeiros e 10 do ultimo. Ellepliantiase dos Gregos. - Morphèa, Affecção tuberculosa da pelle.-Symptomas. A elephantiase dos gregos é constituída por uma moléstia grave da pelle, caracterisada por tuber- 270 culos mais ou menos salientes, irregulares, pre- cedidos de manchas vermelhas ou de cor escura bronzeada para o fim. Estes pequenos tumores são acompanhados de enchimento do tecido cel- lular subcutâneo. A face é a parte do corpo onde se desenvolvem em maior abundancia os tubérculos disformando a physionomia notavel- mente. A moléstia persiste durante alguns annos, algumas vezes apparecem inflammações nos or- gãos vocaes, respiratórios e digestivos, ás quaes os doentes não resistem. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. A's 8, âs 11 horas da manhã, âs 3 e ás 6 horas da tarde, tomará 1 a 2 gr. de acido arsenioso ou arseniato de soda, ou de potassa, ou de anti- monio, e 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 de cada um por dia. E' conveniente interromper-se depois de 15 dias, por 8 dias, o tratamento arsenical, para depois continuar e interromper de novo. Póde-se ainda dar 1 gr. de iodureto de arsé- nico, 1 de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia. 271 Em lugar do iodureto de arsénico se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de iodoformio. Nesta moléstia se dará com proveito 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de potassa, ou de ferro, ou de soda, do Dr. Naury, 5 a 8 vezes por dia. Si o doente tiver febre, dar-se-ha 1 gr. de veratrina, 1 do aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Ao almoço e jantar tomará 3 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, para despertar as funcções do figado. As pomadas irritantes devem ser banidas do tratamento desta moléstia, e os banhos mornos com colla são uteis. Eiubaraç» gástrico.- Estado saburral, Saburras do estomago, Embaraço bilioso, Fe- bre gastrica saburral. Moléstia que consiste em perturbação das secreções do estomago e do fígado.-Symptomas. Inappetencia ; bocca pas- tosa ; gosto amargo ou enjoativo, desagradavel - saburra esbranquiçada ou amarellada da lingua, sentimento de peso e de calôr no epigastrio; dores vagas contusivas nos membros; pallidez ou cor amarellada do rosto; dor de cabeça ; ourinas raras e sedimentosas. Algumas vezes ha febre ; outras vezes não. 272 Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher desopa d'agua morna, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 vomitos, e na manhã seguinte tomará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria. Si houver febre, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos; ou de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Si houver remissão ou in- termittencia, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cya- nato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 ; si houver suspeita de estado pernicioso, se dará 1 gr. de arseniato de quinina ; ou 2 gr. de sulphato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 1 vidro por dia. A' noite para trazer a sedação e calma se dará 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta dos gr. de codeina se poderá dar os de narceina, ou sal de Gregory, ou iodhy- drato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Em lugar da hyosciamina se poderá dar os gr. de atropina, porém em menor dóse por ter acção muito mais energica. Logo que passar a febre, para despertar o ap- petite, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. 273 Naury, a cada refeição. O doente deve tomar todas as manhãs 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, até ficar livre das saburras. Embaraço intestinal.- O que dissemos do embaraço gástrico applica-se ao embaraço in- testinal, que muitas vezes acompanha aquelle estado. Devemos, entretanto, accrescentar que algumas cólicas e dores surdas debaixo do em- bigo, tensão e incommodo no abdómen, dejecções semi-liquidas ou liquidas, amarelladas e fétidas constitúem os symptomas proprios do embaraço intestinal. Tratamento. Os meios empregados no trata- mento do embaraço gástrico (V. esta moléstia), são completamente indicados no embaraço intes- tinal . Se poderá ainda dar para restabelecer a liber- dade do ventre, 1/2 colher de sopa de oleo de ricino, ou azeite doce, e 2 gr. de hyosciamina; ou 1 gr. de atropina, doDr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até ter largas dejecções. A grande George Sand morreu de um emba- raço intestinal, que arrebatou ao nosso século, que tantas perdas já ha soffrido, uma mulher de grande talento. Aos gr. de hyosciamina, ou de atropina se de- verá unir 1 gr. de sulphato de strychnina, para vencer a sub-paralysia dos intestinos. 19 274 Logo que a liberdade do ventre fôr restabele- cida, se dará 3 a 4 gr. de jalapina ao deitar-se, e 1 colher de sopa do sal, do br. Naury, pela manhã cedo. Si houver atonia, ou sub-paralysia dos intestinos, se unirá aos gr. de jalapina 1 a 2 gr. de arseniato de strychnina. Os gr. de podophyllina, ou colocynthina, do Dr. Naury, podem ser dados pela mesma fórma que os de jalapina. (Mal do).-V. Tétanos. Eminagrecimenlo.- V. Cacheocia. Emphysema em geral. - Symptomas. Emphysema é um tumor diffuso, indolente, luzi- dio, elástico, produzido pela introducção do ar no tecido cellular. O emphysema não conserva como o edema a impressão do dedo. As soluções de continuidade do larynge, da trachéa, do pul- mão, as fracturas das costellas, as feridas pene- trantes do peito são as causas mais frequentes desta moléstia. Á's vezes os gazes formam-se no interior mesmo do peito deixando de serem o ar athmospherico para serem o hydrogeneo sulfu- retado, azoto, etc. O emphysema fórma-se do ar que se introduz na cavidade serosa do peito du- rante o movimento de inspiração e que fica re- primido pelo movimento de expiração. Tratamento. Este accidente deverá ser com- batido pela applicação de 1 atadura ligeiramente 275 compressiva sobre a parte offendida, para que o ar não se expanda no tecido cellular. O doente terá o ventre desembaraçado por 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, e dar- se-ha 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou sô 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, às 8 e ás 11 horas da manhã, ás 3 e às 6 horas da tarde, augmentando ou dimi- nuindo as dóses, segundo o effeito que produzir. Empliysema pulmonar.-Asthma, Dysp- nèa, Orthopnèa, Accessos de suffocação. A di- latação das vesículas pulmonares é o emphysema vesicular, a infiltração do ar no tecido cellular interlobular constitúe o emphysema interlobu- lar.- Symptomas. Falta de ar mais ou menos pronunciada, continua, porém exasperando-se com intervallos variaveis e dando lugar a acces- sos de asthma; as variações atmosphericas, a inspiração da poeira, etc., augmenta a fre- quência dos accessos ; ha fadiga; ás vezes, thorax deformado; concavo sub-clavicular menos pro- nunciado do lado doente; dôr pouco intensa ao nivel da saliência correspondente ás cellulas di- latadas ; som claro á percussão ; fraqueza muito pronunciada do murmurio respiratório; estertor sibilante, ou ás vezes sub-crepitante, na parte postero-inferior do thorax, etc. ■; catarrho pul- 276 monar agudo concomitante. Tosse, escarros are- jados, espumosos, algumas vezes nacarados ; ausência de febre nos casos simplices. Tratamento. Todos os meios empregados na Asthma, Dyspnéa e Orthopnéa, são perfeita- mente indicados no emphysema pulmonar. (V. todas estas moléstias.) Deve-se, porém, insistir nos gr. de arseniato de strychnina e hyosciamina, do Dr. Naury, 1 gr. de cada um (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma, augmentando ou diminuindo as doses segundo o effeito que produzir. Se po- derá ainda unir a estes gr. 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury. Eiiipigeni.-V. Dartros, Eczema. Enipyeina. - Chama-se empyema a toda collecção de pús, sangue ou serosidade depositada na cavidade do peito. Estas collecções apparecem no peito algumas vezes vindas de outros pontos, como do fígado, estomago, etc. Todos estes líquidos são extrahi- dos por uma operação chamada-thoracentése. Tratamento. Reconhecida pelos symptomas, percussão . e auscultação, a presença de liquido na cavidade pleural, depois de se ter feito appli- cação de vesicatórios sobre o peito, e o liquido não tiver desapparecido, se fará a extracção delle pelo aspirador de Dieulafoy. 277 Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dose do sal, segundo o effeito que produzir ; e 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, para dilatar o pulmão, comprimido pela collecção de liquido. Se dará 1 gr. de acido arsenioso, 4 a 6 vezes por dia. Em lugar do acido arsenioso se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de soda, ou an- timonio, ou potassa, do Dr. Naury. Si houver febre, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe. Si ella tomar o typo remittente, ou inter- mittente, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou de sulphato de quinina, de hora em hora, até 20; ou 1 gr. de arseniato, ou de valerianato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. Si a febre tornar-se cachetica, dar-se-ha 1 gr. de ar- seniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, e depois se irá gradualmente di- minuindo as dóses. Si o doente ficar chloro-anemico, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina, e 2 de arseniato de 278 ferro (os 3 juntos), ás 8 horas da manhã, á 1 e ás 6 horas da tarde. Em lugar do arseniato de ferro se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodu- reto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Os gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, são uteis, porque transformam em rubros os glo- bos brancos do sangue; elles serão dados 1 gr. de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os gr. de iodureto de potássio, ou os de iodo- formio pódem ser dados 2, 4 a 5 vezes poi' dia. Os gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda pódem ser dados 2, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Contra o fastio dar-se-ha 3 a 4gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Encephalite ou Cerebrite.-E' ainflam- maçãoda substancia própria dos centros nervosos encerrados no craneo - como o cerebro e o cere- bello, etc. - Symptomas. A moléstia começa por cephalalgia, vertigens, agitação, insomnia, ou, pelo contrario, um abatimento geral sorprehende o doente. Logo apparecem rigidez, caimbras e for- migações em diversas partes do corpo, sendo sempre de um só lado. A palavra é perturbada quando não é abolida. Os membros e sobretudo as extremidades são a séde de pequenas con- vulsões. A sensibilidade exalta-se para depois 279 extinguir-se ; o mesmo succede ao movimento. A reacção é diminuta, no emtanto a febre não é rara, nem também asomnolencia, conservando-se as pupillas dilatadas. A constipação de ventre é habitual. A moléstia termina de vários modos , a saber: ou vê-se as convulsões alternarem-se com a paralysia e em um dos accessos convulsivos o doente morrer, ou vê-se o delirio com toda in- tensidade causar graves damnos ou coma intenso : este ultimo modo de terminação é quasi sempre indicio de collecções purulentas no cerebro, o que não pôde ser verificado senão muito tardia- mente. A marcha da encephalite é talvez o unico meio que ha para o diagnostico da moléstia. E' muito grave. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de café, de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções. Se applicarã uma sanguesuga atraz de cada orelha, e logo que cahir, outra, para tirar o sangue lenta e gradualmente; pannos molhados em agua com vinagre serão postos sobre a fronte, e se dará 1 gr. de calomelanos, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Si houver aperto e dôr de cabeça, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina (os 2 juntos/, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação, alternando-os com os de calomelanos. Em falta da narceina 280 se dará, pela mesma fórma, os gr. de codeína, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato ou iodhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si a febre fôr erratica, se dará 2 gr. de hy- dro-ferro-cyanato de quinina, de 15 em 15 mi- nutos, até 20 por dia ; ou 2 gr. de sulphato de quinina no mesmo espaço; ou 1 gr. de ar- seniato ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Si a temperatura do corpo se elevar a 40*, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, de 15 em 15 minutos, até abatêl-a a 37°, que é a normal; á noite, para conciliar o somno, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeína, de 1/2 em 1/2 hora, até adormecer. Neste caso se poderá ainda dar 1 gr. de arseniato de quinina, 1 de digitalina e 1 de aconitina, do Dr. Naury, (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2hora, até abater a febre. Logo que se manifestarem symptomas de para- lysia, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só um gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção. Si houver coma, somnolencia, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a somnolencia. 281 Applicar-se-ha um vesicatório na nuca. Si houver espasmo, convulsões, se dará 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Na fórma adynamica se dará 1 gr. de cam- phora-bromé, de hora em hora, até passar o sub- delirio e a carphologia. Nas crianças, em lugar da strychnina, se dará 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, mas espaçando muito as dôses dos medicamentos. Não se deve desprezar a dor de cabeça, que vier com febre. Deve-se applicar sanguesugas, vesicatórios, dar o calomelanos, aconitina, ve- ratrina, digitalina, cafeina, quinina e todos os outros grânulos já lembrados. Na convalescença, si o doente tiver fastio, tomará 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição ; e si ficar chloro-anemico, far-se-ha o tratamento desta moléstia. Ehidocardite. - Inflammação da mem- brana interna do aguda ouchronica. -Symptomas. Na aguda, dor moderada, pro- funda, muitas vezes nulla ; extensa obscuridade na região precordial; respiração frequente, diffi- cultosa, com suffocação; pulsações do coração fortes, levantando a parede thoraxica anterior; 282 pulso forte, duro, muito frequente, tornando-se mais tarde pequeno, miserável, intermittente e de frequência notável. Quando ha algum emba- raço á circulação, sobrevem edema nas extremi- dades, hydropisias. Pela auscultação nada de notável; algumas vezes, porém, ha ruidos de sopro, de serra, de raspa, etc. Ha febre. A chronica succede ao estado agudo, ou mani- festa-se tal d esde o começo; em qualquer dos casos só se pôde apreciar os symptomas proprios das alterações a que dá lugar a endocardite chro- nica, alterações que são: o endurecimento sim- ples das valvulas, os estreitamentos dos orificios mitral, aortico e pulmonar, a insufficiencia das valvulas mitral e aortica. (V. estas palavras.) Tratamento. Na endocardite aguda, si o pulso fôr forte e cheio, se fará uma pequena sangria, ou se applicará 10 a 12 bichas baixas ; depois se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 garrafa de agua fria aos cáli- ces, de 1/2 em 1/2 hora. Si houver febre, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digita- lina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até abatêl-a. Si não houver febre, depois das bichas, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até regularisar o pulso e batimentos do coração. 283 Na endocardite chronica se dará 1 gr. de acido arsenioso, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até tomar 4 a 6 por dia ; pela mesma fórma se poderá dar, si houver suspeita de que a moléstia é de causa rheumatica, os gr. de arseniato de an- timonio. Si o doente estiver chloro-anemico se dará os gr. de arseniato de ferro, digitalina e arseniato de strychnina, do Dr. Naury, 1 gr. de cada um e juntos de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Todas as manhãs cedo se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury. Si a inchação fôr grande se abrirá 2 fonticulos nas pernas. Endurecimento do baço. - V. Sple- nite chronica. Endurecimento do íigado. - V. He- patite chronica. Endurecimento do tecido cellular. - Edema dos recem-nascidos, Edema compacto, Esclerema, Asphyocia lenta. Edema mais ou menos extenso, com endurecimento dos te- cidos, stáse (parada) do sangue venoso, torpor geral. Esta moléstia é devida á fraqueza con- génita, ao frio, á falta de cuidado, etc. - Symp- tomas. Nos 2 ou 3 primeiros dias depois do nas- cimento, raras vezes mais tarde, apparece a in- chação nos membros inferiores ; depois, nos su- 284 periores, na face e no tronco ; as partes affec- tadas conservam pouco a impressão do dedo ; a pelle é roxeada; a face torna-se mais tarde ama- rellada ; resfriamento do corpo ; demora da cir- culação ; fraqueza, sem frequência, do pulso e da respiração ; entorpecimento das sensações e dos movimentos. Nos casos muito graves, ha cor- rimento de saliva espumosa pela bocca, ou de serosidade sanguinolenta pelo nariz. Muitas vezes ha complicação de pneumonia, que apressa a morte. Tratamento. Dar-se-ha à criança banhos mornos prolongados para obter-se a maceração dos tecidos, e depois se a envolverá em pastas de algodão e se dissolverá 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, em 4 colheres de agua assucarada para serem dadas 1 colher de chá, de hora em hora, com o fim de sustentar a vitalidade abatida. Logo que se acabe a poção, se fará outra igual para ser dada pela mesma fórma. Si houver prisão de ventre, se dará um terço de colher de chá do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 4 colheres de sopa de leite da ama. Engorgitamento leitoso dos seios.- Symptomas. Alguns dias depois do parto, o seio torna-se endurecido, desigual, com elevações e depressões, sem mudança de côr da pelle; dôr muito viva propagando-se para debaixo do braço; 285 algumas vezes estado febril; corrimento de leite doloroso ediminuido. Tratamento. Pela manhã se dará 1 a 2 co- lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, ou infusão de tilia, ou café, augmentando ou diminuindo asdósesdo sal, segundo o effeito que produzir. Banhar-se-ha o peito com agua morna e se fará depois a massage (ligeiro machucamento com a ponta dos dedos untados com oleo de amendoas doces camphorado ou belladonado) e se applicará por ultimo sobre o peito 1 pasta de algodão, dei- xando livre o bico do peito, e 1 faixa ligeiramente compressiva. A massage, que tem sido elevada por uma mu- lher e seu filho á altura quasi que de milagre no Luxembourg, tão bem feito ella tem sido, deve ser praticada por 8 a 10 minutos 2 a 3 vezes por dia. Si houver reacção (febre), se darà 1 gr. de aco- nitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, ou col- chicina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a ; depois 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, doDr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Si houver abcesso (tumor), logo que o pús es- tiver reunido, se fará a perfuração d'elle, e se darà 1 gr. de arseniato de soda e 1 de cicutina. 286 do Dr. Naury (os 2 juntos), do 2 em 2 horas, até 6 por dia. Em lugar do arseniato de soda se po- derá dar o acido arsenioso, ou arseniato de po- tassa. Depois que o abcesso não suppurar mais, para resolver o endurecimento da mama, se dará 1 gr. de cicutina e 2 de iodureto de potássio, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 10 por dia. Engorgitaniento das glândulas. - V. Escrophulas, Syphilis, Adenite. Engorgitainento dos testículos. - V. Orchite chronica. Engorgitameuto dos seios . - O en- gorgitamento dos seios póde ser simples ou symptomatico de um abcesso.-Symptomas. O en- gorgitamento simples apparece como consequên- cia em geral de violências exteriores,da lactação, da menstruação irregular em muitas filhas-fami- lias chloroticas ; é caracterisado por um empasta- mento do tecido da mama, que é circumscripto ou diffuso, indolente e sem mudança de cor nos tegumentos. Sô por excepção o engorgitamento é doloroso a ponto de chamar a attenção das doentes. Tratamento. A doente tomará todas as ma- nhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. 287 Naury, em 1/2 copo d'agua fria; fomentará o seio com enxúndia de gallinha camphorada e belladonada, ou pomada de iodureto de chumbo e extracto de cicuta ; ou pintará o engorgita- mento do seio com tinctura de iodo de 2 em 2 dias ; depois applicará uma pasta de algodão com uma atadura ou tiras adhesivas e fará uma li- geira compressão. Contra o engorgitamento dar-se-ha 1 gr. de arseniato de sodae 1 de cicutina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 de cada um por dia. Em lugar do arseniato de soda se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de potassa ; ou iodureto de arsénico; ou iodureto mercurioso, ou iodureto mercurico, do Dr. Naury. Dois gr. de iodureto de potássio e 1 de brom- hydrato de cicutina (os 3 juntos), 5 a 6 vezes por dia, são uteis nesta moléstia. Si a doente estiver chloro-anemica, far-se-ha o tratamento desta moléstia; porque logo que seja melhorada a crase do sangue, o estado local será modificado. Si houver dor, dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Em falta da narceina se dará, pela mesma fórma, os gr. de codeina, 'ou sal de Gre- gory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato ou brom- hydrato de morphina, do Dr. Naury. 288 Si houver febre, dar-se-ha os gr. de aconitina, veratrina e digitalina, do Dr. Naury, 1 gr. de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Enteralgia. V. Cólica nervosa. Enterite. - Inflammação do intestino del- gado. E' aguda ou chronica. - Symptomas. Na fôrma aguda, calor, dor na região umbilical; dejecções liquidas, abundantes, biliosas, algumas vezes sanguinolentas com puxos, borborygmos. A's vezes calafrios, calor e suor ; acceleração do pulso ; prostração ; dor de cabeça; nauseas, vo- mitos: lingua ordinariamente normal. Na fôrma chronica, diarrhéa persistente, sem dôr nem tympanismo, parando e reappare- cendo; roncos no ventre; emmagrecimento e seccura da pelle; matérias evacuadas variaveis; muitas vezes complicação ou consequência de lymphatismo, de herpetismo, de arthritismo, de tuberculose, de vermes intestinaes, ou de nutri- ção insufficiente, ou por demais abundante, ou mal apropriada ao indivíduo. Tratamekto. Na fôrma aguda, banhos emol- lientes; fomentações sobre o ventre com oleo de amêndoas doces belladonado. Si houver reacção (febre) intensa, se darâ 1 gr. de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, e 1 gr. de hyos- ciamina, ou daturina, ou atropina, do Dr. Naury, 289 de 2 em 2 horas, até abater a febre e cessar os puxos. Si apenas houver dores no ventre e puxos, sem diarrhéa, se dará 1/2 colher de sopa de oleo de ricino, ou azeite doce e 1 gr. de hyoscjamina, 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até obrar e passar os puxos. Aos gr. de hyosciamina se poderá reunir, para combater o elemento dor, 1 gr. de narceina; ou codeina; ou sal de Gregory; ou iodhydrato, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Póde se dar também 1. gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de calomelanos, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até ter dejecções vis- cosas. Para obter-se a liberdade do ventre se dará, pela manhã cedo, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria. Si a moléstia tiver por causa a intoxicação pa- ludosa, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina; ou 2 gr. de sulphato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar por dia 20 dos 3 primeiros e 10 do ultimo. Na enterite de causa lymphatica, herpetica, arthritica, tuberculosa, verminosa, além do tra- 20 290 tarnento aqui indicado, se fará mais o tratamento de cada uma dessas moléstias. Na fôrma chronica o doente trará sempre so- bre o ventre uma faixa de flanella. Para despertar o appetite tomará 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. - Á enterorrhagia é a he- morrhagia dos intestinos. Póde vir do recto (hemorrhoide) ou dos intestinos, que estão acima do recto ; neste caso é indicio de degenerescencia organica dos intestinos, do pancreas, do baço ou do figado. Apparece também no escorbuto, na febre perniciosa e na febre tiphoide. E' annun- ciada por cólicas, flatuosidades, dôr gravativa nos lombos, curvatura nos membros. As evacua- ções se repetem apenas com um pequeno inter- vallo e com puxos. E' preciso não confundir o fluxo sanguíneo dos intestinos, embora hemor- rhoidal, com a dyssenteria. Tratamento. V. Hematèmèse. Gnxaqneca ou heuiicranea,.-Sympto- mas. Esta moléstia é caracterisada por uma dôr viva, lancinante, superficial ou profunda, não occupando senão um lado da cabeça, particular- mente uma das regiões temporaes e orbitarias. A enxaqueca volta periodicamente e vem sempre acompanhada de perturbações gastricas sem nenhum perigo. 291 Tratamento. Na fórma aguda, quando o pulso e a temperatura se elevarem, dar-se-ha 1 gr. de cicutina, 1 de aconitina, 1 de veratrina e 1 de citrato de cafeina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta do citrato de cafeina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cafeina ou arseniato de cafeina. Em falta da cicutina se dará, pela mesma fórma, os gr. de bromhydrato de cicutina e os de hyosciamina, do Dr. Naury. Quando a moléstia vier em fôrma de accesso, se dará 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro- ferro-cyanato de quinina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe. Si ella fôr de causa rheumatica, aos gr. de quinina se unirá 1 gr. de arseniato de antimonio, do Dr. Naury. Como antispasmodico se dará 1 gr. de valeria- nato de quinina, de hora em hora, até 6 a 8 por dia; ou 1 gr. de valerianato de zinco de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. O sal do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs, 1/2 colher de sopa em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo as dóses, se- gundo o effeito que produzir. Os gr. de colchicina serão dados, si ella tiver por causa a diathese gottosa, 1 de 2 em 2 horas até 6 a 8 por dia; neste caso ainda se poderá 292 também dar 2 gr. de benzoato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Um gr. de cafeina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, cura esta moléstia. Se poderá ainda dar 1 gr. de hyosciamina, 1 de citrato de ca- feina e 1 de quassina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até a sedação. Si a enxaqueca estiver ligada, o que é muito frequente, á dyspepsia, se dará 1 gr. de sul- phato de strychnina, 1 de quassina, 1 de nar- ceina e 1 de hyosciamina (os 4 juntos), de hora em hora, até a calma. Em lugar dos gr. de sul- phato de strychnina se poderá dar, pela mesma fôrma, os de arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Nas crianças, em lugar da strychnina, se darão os gr. de brucina, do Dr. Naury, porém em muito menor dôse, visto que a absorpção nelles é muito mais rapida. Si a doente fôr chloro-anemica, se dará 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de hypo-phosphito de strychnina e 1 de ergotina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Também se deve fazer o tratamento da chloro-anemia nas pessoas pallidas. dpididymite.- E' a inflammação do epidi- dymo (parte do testiculo). E' sempre resultado 293 da inflammação da mucosa uretral.- Symptomas. A região prostatica e o collo da bexiga tornam-se altamente quentes; com o augmento do calor vem logo dor, que póde ser aguda ou obtusa. Ha ausência ou pequena febre. No fim do 4o ou 6o dia a dor diminúe, a pelle que era vermelha e espessa toma a cor e consistência naturaes. A epididymite termina muitas vezes deixando um endurecimento no testiculo que pôde durar muito tempo. O unico perigo da epididymite é a obli- teração que produz no canal deferente. Tratamento. Applicar-se-ha 6 a 8 sanguesu- gas na parte superior do epididymo; depois cata- plasmas de linhaça, farinha de mandioca, ou pó de arroz, friccionando-se no dia seguinte o testi- culo com pomada mercurial, 30 grammas, ex- tracto de cicuta, ou belladona, 4 grammas, con- tinuando com as cataplasmas. O doente tomará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo, e nas outras manhãs só tomará 1 colher de sopa do sal, augmentando ou diminuindo a dóse, segundo o effeito que produzir. Si houver febre, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Para as dores dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), 294 de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em lugar da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina. Em lugar do chlorhydrato de morphina se dará os gr. de codeina, ou narceina, ou sal de Gre- gory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Contra o erethismo sexual se dará 1 gr. de camphora-bromé, ou de bromureto de potássio, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, principiando à noite, até abatêl-o. Si a febre tomar o typo intermittente, ou re- mittente, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou sulphato de quinina, ou 1 gr. de arseniato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 dos 2 primei- ros e 10 dos últimos. Quando a inflammação estiver chronica e o testículo endurecido, continuar-se-ha com o sal todas as manhãs e o doente tomará 2 gr. de ar- seniato de soda, ou de potassa e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), ás 8, ás 11 horas da manhã, às 3 e ás 6 horas da tarde. Neste caso se poderá dar 2 gr. de iodureto de arsénico e 1 de cicutina (os 2 juntos); ou 2 gr. de iodureto mercurioso; ou 1 gr. de iodureto mercurico ; ou 2 gr. de iodureto de potássio e 1 de cicutina 4 a 5 vezes por dia, friccionando o 295 testículo com pomada cie iodureto de chumbo, ou pintando-se com tinctura de iodo. Si houver dor nevrálgica, se dará 1 gr. desul- phato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de hora em hora, até ella passar. Epilepsia. - 3/aZ sagrado, Mal caduco, Alto mal.- Symptomas. Precursores; irritabi- lidade, suffocações ; constricções ; aura epilép- tica. Ataque : l.°, Ausência, manifestando-se por uma perturbação momentânea e muito curta da intelligencia e do sentimento. 2.°, Vertigem epiléptica, ou pequeno mal: o doente assenta-se, cahe ou vacilla; face pallida, immovel, olhar espantado ; tremores dos membros superiores e da face ; movimentos, actos involuntários ; volta rapida da intelligencia depois de 2 a 3 minutos de vertigem. 3.°, Grande mal, alto mal: gritos e perda súbita de conhecimento, de sensibilidade» de intelligencia ; rigeza tetanica dos musculos ; parada da respiração ; respiração estertorosa ; congestão da face, das veias; pulso fraco. Alter- nativas de contracção e de relaxamento ; escarro de saliva espumosa ; volta da respiração; da cor normal da face, depois, da intelligencia, seguida de fadiga muscular, de dor de cabeça, de estu- pidez. Muitas vezes perturbação mental conse- cutiva. Tratamento. No momento do ataque, ter 296 cuidado para que o doente sem consciência, não se faça mal. Passado o ataque, elle terá sempre o ventre livre, por 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 copo d'agua fria, ou in- fusão de café, augmentando ou diminuindo a dôse, do sal, segundo o effeito que produzir. Tomará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), ou 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 2 juntos), às 8, ás 11 da manhã, às 3 e ás 6 da tarde. Em lugar da atropina, se poderá dar os gr. de daturina, augmentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito que produzir. Nas crianças, em lugar da strychnina, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de brucina, do Dr. Naury, pela manhã, ao 1/2 dia e á tarde. Como sedativo do systema nervoso se poderá dar 1 gr. de bromureto de potássio ou camphora- hromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Não são convenientes as grandes dóses ; ellas não curam a moléstia; pelo contrario, occasio- nam outra, o bromurismo. Poder-se-ha cauterisar ou applicar 1 cáus- tico de Vienna sobre a aura epiléptica, ponto em que o doente attribúe o começo do ma], ou tem consciência que dahi principia. 297 Si a moléstia fôr devida a um relaxamento do tecido nervoso, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de acido phosphorico (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. A estes gr.se poderá unir 1 dehyosciamina, ou atropina, ou daturina, como acima já indicamos, para combater o strictum et laocum dos antigos, a frouxidão ou tensão dos tecidos. Na fôrma agúda da epilepsia (elevação do pulso e calor) se dará 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a. Os antispasmodicos:-gr. de oxido de zinco, va- lerianato, ou cyanureto de zinco, do Dr. Naury, serão empragados, 1, de 2 em 2 horas, até 5 dos 2 primeiros e 10 do 3° por dia. Os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina, e os de picrotoxina, do Dr. Naury, serão dados 1 de cada um e juntos, de 2 em 2 horas, até 6 por dia. Um gr. de cicutina e 2 de arseniato de soda, do Dr. Nrury, serão dados (os 3 juntos) pela manhã, ao 1/2 dia e á noite. Os gr. de valerianato de ferro, ou de quinina, podem ser dados, o primeiro em numero de 6 contra a chloro-anemia, e o segundo em numero de 10 por dia, para combater a volta do mal. 298 Si o doente fôr chloro-anemico, se fará o tra- tamento desta moléstia. Si tiver fastio, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada re- feição. A alimentação do doente deve ser salgada, e elle deve morar a borda do mar e tomar banhos salgados, mas sendo sempre acompanhado de uma pessoa para livral-o de algum accidente. Epistaxis. - Dá-se este nome ao corrimento de sangue pelo nariz, qualquer que seja a causa. Ha duas especies de epistaxis pela rotura do vaso ou por exhalação. Em geral as epistaxis são sem importância ; porém algumas vezes, quando são atonicas, aug- mentam e íicam mesmo consideráveis, o que im- porta algum damno, principalmente nas pessoas anémicas. Tratamento. Na epistaxis atonica, ou por hexalação dar-se-ha 1 gr. de digitalina, 1 de sulphato de strychnina, 1 de ergotina e 1 de arseniato de ferro (os4juntos), de hora em hora, até que ella passe. Em lugar do sulphato de strychnina se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury Em lugar do arseniato de ferro se dará os gr. de lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou salicy- lato de ferro, ou arseniato de manganez, ou va- 299 lerianato de ferro, do Dr. Naury. Neste caso se poderá dar 1 gr. de acido tannico, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a hemorrhagia. O doente sorverá pelo nariz agua bem fria com vinagre, ou limão, ou alúmen. Applicar-se-hão sinapismos nas extremidades. Si a hemorrhagia voltar a horas determinadas, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou sul- phato de quinina, de hora em hora, até 20 por dia; ou 1 gr. de arseniato, ou salicylato, ou valeria- nato de quinina, do Dr. Naury, no mesmo espaço até 10 por dia. Si a hemorrhagia fôr congestiva, se dará 1 gr. de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar ; si tomar a fôrma febril, se dará 1 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou arse- niato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Poder-se-ha experimentar 1 gr. de acido sali- cylico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Si a epistaxis fôr devida a ruptura de vasos, se sorverá a agua com vinagre, como já dissemos, e si não passar com os meios indicados, far-se-ha o tamponnement (arrolhamento do nariz). Epithélionia. - V. C aneroide. Erecçoes dolorosas.-V. Blennorrhagia. 300 fiírysipela. - Symptomas. Chama-se assim a moléstia caracterisada pela inflammação da pelle, com febre, dor e tumefacção da parte, ver- melhidão desigualmente circumscripta, desappa- recendo pela pressão do dedo. A parte inflam- mada cobre-se de vesículas que logo séccam, re- duzindo-se a escamas furfuraceas. A marcha da erysipela, quando ella é aguda, é rapida; não dura mais de 8 a 10 dias. A erysipela póde ficar chronica. Existe a erysipela gangrenosa cujos symptomas são mais accentuados para o lado da pelle. Tratamento. No periodo inicial, isto é, no de frio, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção (febre). Depois se dará 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, e ao mesmo tempo, de 2 em 2 horas, 1 gr. de hyosciamina, do Dr. Naury, até que o calor baixe a 37° que é o normal. Pela manhã cedo tomará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e nas outras manhãs só 1 colher de sopa do sal, augmentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito que produzir. 301 Si a febre tornar-se intermittente, ou remit- tente, dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou salicylato, ou de sulphato de quinina, ; ou 1 gr. de arseniato, ou de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 20 por dia dos 3 primeiros e 10 dos 2 últimos, mas não dando senão uma só substancia. Si houver deiirio, ou carphologia, se dará 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora até a calma. Quando o pulso e forças estiverem abatidos, se dará 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção. Em falta do hypophosphito se dará, pela mesma fórma, os gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina, do Dr. Naury. Quando a febre não passar com estes meios, se dará 1 gr. de digitalina e 2 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia dos de quinina e 10 dos de digitalina. Neste caso ainda se poderá dar 1 gr. de arseniato de cafeína, de hora em hora, até 20 por dia. Contra a dor de cabeça se dará 1 gr. de ca- feína, ou de citrato, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Si houver insomnia, se dará á noite 1 gr. de 302 hyosciamina e 1 de codeina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até adormecer. Em falta da codeína se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Se polvilhará com pó de arroz a parte accom- mettida, e depois se applicará pastas de algodão e uma atadura. Para resolver o endurecimento da parte se dará 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, e 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina ( os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia; ou 2 gr. de iodureto mercurioso ; ou de po- tássio ; ou de arsénico; ou 1 gr. de iodureto mercurico, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Si o doente fôr chloro-anemico, far-se-ha o tratamento desta moléstia. Contra o fastio dar-se-ha 3 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Erytiiema.-Chama-se assim a uma erupção não contagiosa caracterisada por manchas ver- melhas de diâmetro variavel, disseminadas sobre uma ou muitas regiões do corpo e cuja duração é de 12 a 15 dias. O contacto de duas su- perfícies contíguas nas pessoas gordas produz geralmente um erythema ; do mesmo modo o 303 contacto irritante da ourina, ou do liquido que constitue as flores brancas. Tratamento. Os meios empregados no Eczema são apropriados nesta moléstia. Dar-se-ha todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dôse do sal, se- gundo o effeito que produzir; depois se dará 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a erupção. Pela mesma fôrma, da cicutina e veratrina se poderá dar os gr. de aconitina, ou digitalina juntos aos de narceina. Logo que passar o estado agudo se dará 1 gr. de sulphureto de cálcio, 1 de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Se poderá também empregar 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Sãouieis nesta moléstia 1 gr. de iodureto de arsénico, 1 de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si houver antecedentes syphiliticos, se fará o tratamento desta diathese. 304 Os banhos de farelo e depois polvilho com pó de arroz são uteis. ' Escalílasliara.-V. Queimadura. Escamas.-Laminas de epiderme morbosa, duras, alvacentas e opacas. As moléstias cu- taneas caracterisadas por escamas são: psoriasis, caspa, lepra, pityriasis, ichthyose epellagra. (V. estas moléstias). Escara. - Chama-se assim a crosta negra ou escura que resulta da mortificação e da desor- ganisação de uma parte viva affectada de gan- grena, ou profundamente queimada pela acção do cáustico ou do fogo. A escara se destaca no fim de alguns dias pela inflammação e suppuração que a natureza desenvolve nas partes sãs circum- vizinhas. Tratamento. O doente tomará todas as ma- nhas 1/2 a 1 colher de sopa dosai, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 6 por dia. Si tiver chloro-anemia, dar-se-ha, pela mesma fórma, os gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, que têm a propriedade de transformar em rubros os globos brancos do sangue. Neste caso ainda se poderá dar 2 gr. de arse- niato de ferro e 1 de arseniato de strychnina (os 3 juntos), 3 vezes por dia. Em falta do arse- 305 niato de ferro se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato do manganez, ou lactato, ou phos- phato, ou iodureto, ou salicylato de ferro. Em falta do arseniato de strychnina se dará os grt de sulphato ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Si a febre tornar-se continua, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar; si intermittente, ou remittente, se dará 2 gr. de sulphato ou hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de arseniato, ou valeria- nato de quinina, doDr. Naury, de hora em hora, até 20 dos 3 primeiros e 10 por dia dos últimos Os gr, de arseniato de cafeina são uteis neste caso, sendo 1 de hora em hora, até 10 por dia. Escarlatina. - Symptomas. Esta especie de febre é caracterisada por uma erupção da pelle, contagiosa e muitas vezes epidemica, cujo desenvolvimento é ordinariamente precedido de fraqueza geral, frio, desanimo e dôr de cabeça. Do segundo ao quarto dia apparece a erupção acompanhada de inílammação da garganta que é symptoma especial á escarlatina. A erupção prin- cipia por pequenos pontos vermelhos que logo se transformam em manchas escarlates notáveis no rosto, no tronco, no peito e nos membros. Estas manchas reunem-se e a vermelhidão torna-se 21 306 uniforme e a erupção tumefacta. De todos os symptomas o mais persistente é a angina (inflam- mação da garganta), que póde estender-se aos bronchios e até ao pulmão. Esta moléstia écom- mum nas crianças. Tratamento. No periodo inicial, isto é, de frio, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulpliato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção (febre). Depois se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia, sabugueiro ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Contra a febre se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Em falta da digitalina se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de colchicina. Contra a dor de cabeça se dará 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. A' noite dar-se-ha 1 gr. de codeina e 1 de hyos- ciamina,do Dr. Naury (os2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta da codeina se dará os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhy- drato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. 307 0 doente não deve estar muito coberto e nem em lugar muito abafado; deve beber agua fresca. Si a febre fizer remissão, se dará 2 gr. de sul- phato, ou hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de arseniato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros, e 10 dos últi- mos. Na fórma ataxica, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de potassa de 2 em 2 horas, e, si houver pertur- bações do lado do coração, se ajuntará a estes gr. 1 de digitalina, do Dr. Naury. Si houver delirio, se dará 1 gr. de camphora- bromé e 1 de digitalina (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. Si houver absorpção purulenta, dar-se-ha o sulphato, ou arseniato, ou salicylato de quinina, 1 gr. de um, ou outro, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Quando a pelle estiver secca, e houver ecchy- mose, far-se-ha loções de agua fria por todo o corpo, ou banhos de agua fria. Os gr. de arseniato, ou sulphato, ou hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, podem ser ajuntados aos gr. de arseniato de quinina para sustentar a reacção do organismo contra a evolução do vírus. 308 Neste caso também se dará 1 gr. de aconitina, 1 de arseniato de strychnina e 1 de veratrina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a febre. A dor e seccurada garganta serão combatidas por compressas d'agua fria no pescoço, e 1 gr. de atropina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas até a mydriase (dilatação da menina dos olhos). Contra a angina gangrenosa se empregará os mesmos meios aconselhados no croup e laryngite stridulosa. (V. Croup, Laryngite estridulosa.) Os gr. de acido salicylico, ou de sulphureto de cálcio são uteis em todas as moléstias virulentas, - 1 gr. de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 20 por dia. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs cedo, 1 colher de sopa em 1/2 copo d'agua fria. Contra a anazarca dar-se-ha o sal, do Dr. Naury, todas as manhãs, e 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de di- gitalina (os 3 juntos), de hora em hora ; e, si com estes gr. houver uma tal ou qual pressão do collo da bexiga, se dará 1 gr. de hyosciamina de 2 em 2 horas até passar esse estado. Como succedaneo da digitalina se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de colchicina, bryonina, elacterina, aspara- gina e scillitina, do Dr. Naury. Todos os meios já aconselhados para a anazarca são empregados neste caso. (V. Anazarca.) 309 Contra a meningite ou pleuro-pneumonia, mo- léstias intercorrentes, V. Meningite, Pleuro- pneumonia. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Escarros de sangue. - (V. Hemoptyse'}. Escorbuto.-Symptomas . Esta moléstia é caracterisada por um estado de molleza, de aver- são para o exercício, por manchas lividas nas differentes partes do corpo, por vermelhidão, molleza e tumefacção das gengivas que sangram á menor pressão. Esta moléstia ataca em geral a indivíduos reunidos em grande numero em lu- gares estreitos. Apparece quasi sempre debaixo da fôrma epi- demica occasionada pelo frio húmido, por bebidas e alimentos insalubres, affecções moraes tristes e fadigas excessivas.-E' o segundo inimigo nas guerras. Pôde ficar chronico quando não mata immediatamente. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só um gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando ou diminuindo a dóse, segundo o effeito que produzir. 310 Durante o dia o doente tomará bochechos de agua fresca com muito sueco de limão, ou com 1 colher de sopa em um copo d'agua fria do se- guinte preparado : Hydrato de chloral 3 gram- mas; chlorato de potassa 1 gramma; mel rosado 30 grammas; agua distillada 250 grammas; e comerá chicorea ou agrião, porém sem vinagre. O vinho de cochlearia é util. Contra esta moléstia se dará 1 gr. de acido ar- senioso, ou de arseniato de cafeína, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, interrompendo por 8 dias, no fim de 15 o tratamento arsenical para depois co- meçar de novo. O doente poderá tomar 2 gr. de lactato de ferro e 2 de pepsina, do Dr. Naury (os 4 juntos), ao almoço e jantar. Se poderá também dar 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina(os 2 juntos), de hora em hora, até 4 por dia, augmentando gra- dualmente a dóse até 12. Era lugar do arseniato de ferro, se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de manganez, lactato ou phosphato, ou iodureto, ou salicylato de ferro ; e em lugar do arseniato de strychnina, se dará os gr. de sul- phato, ou os de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Os gr. de ergotina, ou os de acido tannico, do Dr. Naury, serão dados contra as hemorrhagias, 1 de hora em hora, até que passem. 311 Os gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda, ou os de iodureto de potássio, ou acido salicylico, ou salicylato de soda, ou potassa, do Dr. Naury, podem ser dados, 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si o doente tiver fastio, tomará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Os banhos salgados ou de duchas são conve- nientes nesta moléstia. O doente deve andar com camisa, ceroula e meias de flanella. Klscrophula. - Symptomas. As escrophulas consistem em um engorgitamento, com ou sem tuberculisação dos ganglios limphaticos superfi- ciaes, principalmente os do pescoço, com alteração dos líquidos que nelles penetram. A escrophula apparece em geral nas pessoas lymphaticas; a face destes indivíduos é cheia e infiltrada, o labio superior é espesso, os olhos vermelhos e lacrimosos. Os tumores do pescoço crescem pouco a pouco e amollecem com a suppu- ração; abertos, se transformam em ulceras de difficil cura. Esta affecção transforma-se em tubérculos procurando outros orgãos como os pulmões, as glandulas mesentericas, dando lugar aduasespeciesde phthisica. As escrophulas são de ordinário hereditárias ou occasionadas por máo regimen, morada em lugar húmido. E' preciso não confundir as escrophulas com algumas ma- 312 nifestações syphiliticas dos ganglios lymphaticos. A escropliula do ordinário accentúa-se nas pri- meiras idades, e aqui no Rio de Janeiro, visto o clima e as condições em que as classes pobres vivem, é muito commum, sendo a causa primaria do grande numero de tuberculosos. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. O doente deve fazer exercícios de gymnastica, porque o movimento dos mús- culos desenvolve o calorico, activando todas as funcções, e torna o sangue mais avido de oxy- geneo. Os banhos de duchas, o.u agua salgada, e a morada no campo, ou beira-mar, a vestimenta de flanella e o regímen salino são uteis nesta moléstia. No primeiro periodo da escropliula, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de s< da, ou acido arsenioso, ou arseniato de potassa, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Para melhorar a crase sanguínea, donde todos os tecidos tiram o material proprio para sua nutrição, se dará 1 gr. de arseniato de ferro, e 1 de arseniato de strychnina, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Em falta do arseniato de ferro, se dará, pela mesma forma, os gr. de arseniato de manganez, 313 ou lactato, ou phosphato, ou iodureto ou salicy- lato de ferro, ou iodureto de enxofre ; e em lugar do arseniato de strychnina se dará os gr. de sulphato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Os gr. de iodureto de arsénico são uteis, porque transformam em rubros os globos brancos do sangue : elles serão dados, 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os gr. de sulphureto de cálcio serão dados, 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia ; os de iodureto de potássio serão dados, 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia' Os de iodureto mercurioso, 2, de 2 em 2 horas, até 8; os de iodureto mercurico, 1, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia, quando houver antece- dentes syphili ticos. Os tumores escrophulosos, serão pintados de 2 em 2 dias, com tinctura de iodo. Contra as escrophulas que se manifestarem nos ossos sedará, 2 gr.de hypo-phosphito de cal, ou de soda e 1 de acido phosphorico, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 de hypo-phosphito de soda, e 5 a 6 por dia de acido phosphorico. Os gr. de iodoformio serão dados 2, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Nas inflammações escrophulosas, contra a dor, se dará 1 gr. decicutina, 1 de hyosciamina e 1 de iodhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Os gr. de camphora- 314 bromé, são ainda empregados neste caso, 1, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si houver febre, ella será combatida pelos gr. de iodhydrato de morphina, hyosciamina' hydro-ferro-cyanato de quinina e aconitina, do Dr. Naury, sendo 1 gr. de hyosciamina, 1 de iodhydrato de morphina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, e 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- nina e 1 de aconitina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina' do Dr. Naury, a cada refeição. Escroto (Cancroide do).-V. Cancro do testículo. Escrot® (Cooataasa® do).-V. Contusão. Escauit® (Elephaníiase do).-V. Ele- phantiase dos Árabes. Escroto (Erysipela do).-V. Erysipela. EsfalfasBueBato.--V. Cíich&ma, Marasmo. Esfoladsara.-V. Arranhadura. Es|»assmo C2sb geral. - Tem o nome de espasmo o phenomeno morbido caracterisado pela contracção duradoura dos musculos que não estão sujeitos á vontade. O espasmo às vezes apresenta-se nos musculos sujeitos á vontade. O espasmo dos musculos da face traduz o que se 315 chama rir sardonico, symptoma commum das moléstias ataxicas. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de hyoscia- mina, 1 de sulphato de strychnina e 1 de nar- ceina, do Dr. Naury (os 3 juntos , de 1/2 em 1/2 hora, até vencêl-o. Em falta da hyosciamina, se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, pela mesma fôrma, e os de atropina ou daturina com maior espaço. Em falta da nar- ceina, se dará, pela mesma fôrma, a codeina, ou bromhydrato de morphina. Quando houver espasmo, congestão e dor, se ajuntará aos gr. já indicados, 1 gr. de aconitina, ou veratrina, ou digitalina, do Dr. Naury. Os gr. de cafeina, ou citrato de cafeína, podem ser dados, 1, de 1/2 em 1/2 hora, até vencêl-o. Os de camphora-bromé, ou bromureto de po- tássio, croton-chloral podem ser dados como se- dativos, sendo 1 de hora em hora, até a calma. Espasmo do coSE® da bexiga.-V. Dij- suria. Espasmo da glotte.-V. Croup, Laryn- gite estridulosa, Gastralgia. Espermatorrhéa. - Symptomas. Dá-se este nome ao corrimento involuntário e espon- tâneo do esperma. Esta sahida involuntária do esperma pôde ser determinada por um excesso de 316 continência nos prazeres venereos, como também por atonia dosorgãos genitaes, resultado do abuso do coito ou effeitoda masturbação. Apparece quasi sempre á noite com qualquer contacto, ou calor, sob a influencia de idéasmaisou menos voluptuo- sas sob o nome de polluçoes nocturnas. A atonia dos orgãos póde ser tal que é bastante os es- forços da micção ou defecação para produzir uma ou mais polluçoes. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. Pela manhã passará em todo o espinhaço uma esponja molhada em agua bem fria. Ao deitar-se, tomara 1 gr. de atropina e 2 de camphora-bromé, do Dr. Naury. Em falta da atropina, se poderá usar dos gr. de daturina. Durante o dia, tomará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, 1 de acido phosphorico e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 vezes por dia. Em falta da cicutina, se poderá dar os gr. de hyosciamina; e em falta do sulphato de strychnina e acido phosphorico, se dará, pela mesma fôrma, só 1 gr. de hypo- phophito de strychnina, do Dr. Naury. Os gr. de ergotina são dados nesta moléstia, 1, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Os de bro- 317 mureto de potássio, como sedativo, serão dados 1, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si houver fastio, se darà 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Esphace!» - Synonymo de gangrena. Espâífiãaa carnal.- V. Acne. EsípieaMÍanaento.- V. Blennorrhagia. Esquinencia.- V. Amygdalite. Estomago (MaSestia da).- V. Cancro, Corpos estranhos, Embaraço gástrico, Feridas Hemorrhagia ou Hematemèse, Inflarnmação, Gastrite. Estomatite.- Chama-se estomatite á in- flammação da membrana mucosa da bocca. - Svmptomas. A estomatite simples é muitas vezes produzida pelaintroducção na bocca de bebidas ou alimentos quentes ou acres. Ha varias especies de estomatites : a estoma- tite aphthosa, muito commum nas crianças, e in- dicio de moléstias gastricas que às vezes são graves; a estomatite mercurial, symptoma do abuso do mercúrio ; a estomatite gangrenosa, commum no escorbuto. Tratamento. Na estomatite simples dar-se-ha 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, pela manhã cedo, em 1/2 copo d'agua fria; e 1 gr. de cicutina e 1 denarceina, de 1/2 em 1/2 hora, até 318 abater a sensibilidade das papillas nervosas da bocca. Em falta da cicutina, se dará pela mesma fôrma, os gr. de bromhydrato de cicutina, ou os de hyosciamina ; e, em falta da narceina, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, porém mais espaçados. O doente tomará, durante o dia, bochechos com 1 colher de chá em 1/2 copo d'agua fria do se- guinte preparado: Hydrato de chloral 3 grammas; chlorato de potassa 1 gramma; alúmen, 1 gram- ma; agua distillada, 250 grammas. Na estomatite mercurial se fará os bochechos como acima indicamos, e dar-se-ha todas as manhãs o sal, do Dr. Naury ; e 1 gr. de iodu- reto de potássio, de hora em hora, até 10 a .15 por dia ; tomando 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Na estomatite aphthosa, V. Aphtha ; na gan- grenosa, V. Escorbuto. Estrangulamento em geral.- Os es- trangulamentos trazem asphyxia geral, si o orgão lesado é importante à vida e ao depois occasionam a morte do orgão. V. Asphyxia, íleo, Volvulo, Hérnia. Estrangulamento da hérnia. - V. Hérnia. 319 <io peaiis.- Este es- trangulamento é produzido em geral pelos fios com que amarram o penis das crianças para não ourinarem durante a noite. A maior parte das vezes os accidentes são de- terminados por corpos mais solidos com que por libertinagem divertem-se alguns indivíduos.- Symptomas. O estrangulamento caracterisa-se da seguinte maneira: o penis incha a principio acima do laço, logo abaixo, o fio fica mergulhado em um rego profundo, formado pelas partes molles tumefactas, o penis torna-se livido e cahe em gangrena. O estrangulamento da glande (cabeça do penis) é occasionado muitas vezes pela inflammação do prepucio constituindo o que se chama paraphi- mosis. Tratamento. A primeira indicação será cortar o laço ou tecido que estrangular o membro, de- pois applicar compressas molhadas em infusão de arnica ou macella, e dar 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (as 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o pulso e calor; e ao mesmo tempo 1 gr. de hyosciamina, 1 de sulphato de strychnina, e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 de cada um por dia. 320 Em falta da hyosciamina se darão, pela mesma fórma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de ci_ cutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury. Si houver dor, se ajuntará aos gr. de hyosciamina 1 de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. O doente deve tomar todas as manhãs cedo 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Si a inflammação tender para a gangrena, far- se-hão algumas incisões desbridantes para li- mitar a mortificação, depois se dará 1 gr. de ar- seniatode soda ou de potassa, e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 de cada um por dia. Si o doente estiver profundamente chloro ané- mico, se dará, pela mesma fórma, os gr. de iodu- reto de arsénico, do Dr. Naury. Si tiver febre, se dará 2 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina ; ou 1 gr. de arseniato de quinina, ou de arseniatode cafeina, doDr. Naury, de hora em hora, até 20 do primeiro e 10 por dia dos outros. Os gr. de sulphato ou valerianato de quinina poderão ser dados neste caso. Estranguria. - Difficuldade de ourinar. V. Dijsuria. 321 Estreitamento <Io anus. - V. Cancro do recto. Estreitamento <Ia urethra. - Dâ-se este nome á moléstia que traz a diminuição do calibre do canal da urethra. Ha estreitamentos symptomaticos, espasmódicos, inflammatorios e orgânicos.-Os Symptomas são : volume do jacto da ourina diminuído ; ha difficuldade em ou- rinar (dysuria); algumas vezes é impossível ou- rinar (estranguria); ha dor que é variavel; a ou- rina se espessa e decompôe-se ; de ordinário é fé- tida. A demora da ourina na bexiga traz in- flammações catarrhaes na bexiga, que se estendem á urethra, com frio, febre, que ás vezes torna-se perniciosa. Um dos melhores symptomas do es- treitamento é o doente ourinar-se depois de ter bem sacudido o penis. O catheterismo da urethra é a verdadeira pedra de toque do estreitamento. Tratamento. O doente tomará banhos mornos prolongados; e 1 gr. decicutina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia ; ou 1 gr. de hyos- ciamina, 1 de cicutina e 1 de brucina, do Dr, Naury (os 3 juntos), as mesmas vezes. Quando houver dysuria (difficuldade de ou- rinar), se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de digi- talina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até ourinar. 22 322 Contra o erethismo se dará 1 gr. de camphora- bromé e 1 de bromureto de potássio, de hora em hora, até a sedação. Quando houver dôr e difficuldade extrema de ourinar, se applicarâ bichas no perinêo (entre uma e outra via), se dará 1 gr. de narceina, 1 de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até a sedação. Em falta da narceina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury; e em falta da hyosciamina se dará, porém mais espa- çados, os gr. de atropina, ou daturina, do Dr. Naury, que têm a propriedade de dilatar os es- phincteres. Também se poderá empregar 1 gr. de brucina, 1 de hyosciamina e 1 de benzoatode soda, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até pro- duzir effeito. Si houver febre continua, se dará 1 gr. de aco- nitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, atéaba- têl-a. Si ella tornar-se remittente, ou inter- mittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro- ferro-cyanato de quinina : ou 1 gr. de arseniato ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de 323 hora em hora, até 20 por dia dos dois primeiros e 10 dos últimos. O doente deve ter sempre o ventre desemba- raçado, tomando 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. Não se illudam : ha só um meio curativo dos estreitamentos da urethra, - é a operação da urethrotomia, ou dilatação progressiva. Estreitamento dos orifícios do co- ração. - Estreitamento do orifício aortico. - Symptomas. O máximo dos ruidos é na base do coração, e propaga-se pela aorta e carotidas: ruidos de sopro, de raspa, de lima, durante o primeiro tempo ; em muitos casos o pulso é inter- mittente e irregular. Tratamento. Meia colher de sopa do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs cedo e 1 gr. de acido arsenioso e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 a 6 por dia. O tratamento da en- docardite é applicavel ao estreitamento do orifício aortico. Estreitamento do orifício pulmonar. -Symptomas. Difficuldades da respiração e da circulação venosa, edema ; ruido de sopro forte e prolongado no primeiro tempo. Estes signaes são incertos. Tratamento. No estreitameoto do orifício 324 pulmonar se fará o mesmo tratamento da en- docardite, e para combater a difficuldade da respiração se dará 1 gr. de arseniato, ou sul- phato de strychnina e 1 gr. de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. O doente tomará 3 colheres de sôpa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1 garrafa d'agua fria, aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora. Si houver embaraço na circulação pul- monar, se applicará vesicatórios no peito. Estreitamento <lo orifício auriculo- ventricular esquerdo.-Svmptomas. O má- ximo dos ruidos é na ponta do coração: ruidos de sopro, raspa, lima, começando um pouco antes do ruido do primeiro tempo, cessando logo que este se faz ouvir, ou prolongando-se por toda sua duração ( e isto é um signal ca- racteristico.) Tratamento. No estreitamento do orifício auriculo-ventricular esquerdo se fará o mesmo tratamento da endocardite,, e se dará 1 gr. de acido arsenioso e 1 de arseniato de do Dr. Naury (os 2 juntos ), 4 a 6 vezes por dia, durante 1 a 2 mezes. Estupor.-V. Apoplexia. Exanthema.-Tem-se designado com este nome, ora simples manchas cutaneas, ora erup- ções proeminentes e mesmo ulcerações super- 325 ficiaes. 0 professor Willani entende que esta expressão deve ser commum a um grupo de moléstias cutaneas cujo caracter de ordinário è uma vermelhidão mais ou menos viva, desap- parecendo pela pressão do dedo e existindo sem vesiculas, papulas e tubérculos. Tratamento. Nos exanthemas temos a con- siderar o espasmo, que aperta a pelle, e o calor que a desecca; por isso duas ordens de meios são empregados nesta moléstia : Io, contra o espasmo se dará 1 gr. de codeina ou narceina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de mor- phina e cedeina), ou chlorhydrato, ou iodhy- drato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até a sedação; 2o, contra o calor mordicante da pelle se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digita- lina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que a temperatura baixe a 37°, sendo tomada pelo thermometro. Todas as manhãs se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, se- gundo o effeito que produzir. Excí>i*íaça<>.-V. Arranhadura. Exostose.- Tumor que se manifesta nos ossos devido á syphilis. V. Syphilis. Exíiticçao da voz.-V. Aphonia. 326 Falta <le meiisíruaçào. - V. Ame- norrhèa. Farcin.-V. Mormo. Fastio.-V. Dyspepsia. Febre.-Symptomas. No sentido mais gorai, febre exprime um estado de doença caracterisado pela acceleração do pulso e augmento do calor animal. A febre póde sersymptomatica ou essen- cial. A febre symptomatica acompanha as in- flammações externas ou internas. No estado actual da sciencia as febres são : febres continuas que comprehendem a febre continua simples, ephemera ou synoca, a febre typhoide, as eru- ptivas, as paludosas que comprehendem não só as febres intermittentes, como também as re- mittentes dos paizes quentes. A marcha das febres em geral ê regular. Hoje o thermometro o tem indicado satisfactoria- mente. Tratamento. No periodo inicial, isto é, de frio, existe sempre uma sideração nervosa; deve-se dar 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, com 1 chicara de infusão quente de tilia, ou violetas, até sobrevir a reacção ( febre ). Se darà depois 1/2 colher de sopa do sal, do 327 Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tília, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 dejecções. Para abater a elevação da temperatura, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até que o calor, sendo tomado pelo thermometro, baixe a 37°; e ao mesmo tempo se dará 1 gr. de codeina, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Em falta da codeina se dará, pela mesma forma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, oubromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calman- tes do opio. Quando houver exacerbação da febre, se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos últimos. Neste caso ainda se empregará com muito pro- veito 1 gr. de arseniato de cafeina, doDr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Quando houver dor e espasmo, será combatido pelos gr. de morphina, como já indicámos, e os de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina,do Dr, Naury, que têm a propriedade de afrouxar as fibras cir- culares ; pr ex: 1 gr. de iodhydrato de mor- 328 phina e 1 de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a dôr e o espasmo. A vermelhidão e pouca secreção das ourinas serão combatidas por 1 gr. de digitalina, ou col- chicina, ou scillitina, ou asparagina, do Dr. Naury, de hora em hora, até produzir effeito. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs cedo, 1 colher de sopa em 1/2 copo d'agua fria. Contra a dôr de cabeça se dará 1 gr. de ca- feína, ou citrato de cafeina, ou arseniato de ca- feína, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. A vitalidade nas febres deve ser sustentada pelos preparados de strychnina e acido phospho- rico, como acima indicamos. As congestões e inflammações serão combatidas pelas sanguesugas, ventosas e applicações frias, ou emollientes. O trabalho local será comba- tido pelos vesicatórios, sinapismos e embrocações iodadas. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Febre adynaniica.-V. Febre typhoide. Febre algida.-Febre na qual o doente sente frio glacial e continuo.-V. Febre per- niciosa. 329 Febre amarella.-Symptomas. A febre amarella começa por dor de cabeça intensa, molleza, agitação, oppressão ; com uma pequena tosse sêcca ; anxiedade epigastrica, com vomitos mucosos ou simplesmente nauseas ; dôr nos lom- bos; abatimento nas forças physicas e moraes ; a pelle é vermelha e quente, no rosto principal- mente, e no peito distingue-se por baixo da mas- cara vermelha uma cor amarellada ; as conjunc- tivas injectadas, o olhar brilhante; sede viva. Depois apparecem os vomitos biliosos, lingua co- berta de saburra tendo a ponta vermelha; o pulso baixo; a sede diminúe ; os olhos amarellecem ; manchas amarellas se desenham na cara, no pes- çoço, no peito ; a dôr de cabeça persiste occu- pando a fronte e as orbitas ; os olhos fogem da luz ; a palavra torna-se difficil; o delirio é raro ; o estomago rejeita tudo que cahe em seu in- terior ; apparecem os vomitos pretos; os traços se decompoem ; o corpo cobre-se de petéchias (pontos avermelhados); o calor da pelle diminúe; o res- friamento das extremidades o succede ; as ou- rinas ficam retidas, indicio grave, signal de para- lysia nos musculos da vida organica, que é conti- nuada com a paralysia dos musculos da vida animal ; a vista perde-se e o doente aniquila-se sob o influxo deste verdadeiro temporal com a intelligencia perfeita dos seus males. 330 Tratamento. No periodo inicial, isto é, o do frio, se dará 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sul- phato, ou de arseniato de strychnina (os 2jun- tos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção (febre). Depois se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilía, ou fo- lhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Contra a elevação da temperatura, tomada pelo thermometro, applicado 15 a 20 minutos no sovaco, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina, e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 jun- tos ), de 15 em 15 minutos, até abater a tempe- ratura a 37°. Depois se dará 1 gr. de arseniato e 1 de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos no primeiro dia; de 1/2 em 1/2 hora, ou de hora em hora, no se- gundo, e assim se os irá diminuindo gradual- mente. Contra a dôr de cabeça e vomitos se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, 1 de sulphato de strych- nina, 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3jun- tos), no intervallo dos vomitos até passar. Contra os vomitos pretos, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de arse- 331 niato de quinina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até a sedação, e depois espa- çal-os-ha. No periodo de reacção, quando atem- peratura fôr muito elevada, se poderá ainda dar 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, 1 de digi- talina, 1 de arseniato de strychnina e 1 de ar- seniato de quinina, do Dr. Naury (os 5 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater o calor a 37°; depois se continuará só com o arseniato de qui- nina, de 1/2 em 1/2 hora, ou de hora em hora, ou de 2 em 2 horas. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todos os dias 2 colheres de sopa em 1 garrafa d'agua aci- dulada com sueco de limão e tomado aos cálices de hora em hora. O tratamento preventivo da febre amarella, aquelle que se antepõe ao apparecimento delia, consiste em tomar-se todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, depois 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 gr. de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ás 8 horas da manhã, á 1 e às 6 horas da tarde. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. A congestão do fígado e o estado ictérico será combatido por 2 gr. de arseniato de soda, ou de 332 potassa, ou de cafeina, e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. Suppomos que a febre amarelia é devida a uma fermentação especial; por isto aconselharemos ainda os gr. de acido salicylico, ou salicylato de quinina, ferro, soda, ou potassa, e os de phenato de quinina, 2, de hora em hora, até 20 por dia* Este tratamento da febre amarelia foi aquelle que melhor resultado nos deu em Pernambuco e nesta côrte. Febre ataxiea.-V. Febre typhoide. Febre biliosa. - Symptomas, A febre bi- liosa principia por nauseas e logo depois vomitos biliosos, que não devem ser confundidos com os vomitos pretos da febre amarelia ; diarrhéa; dor nos lombos ; a pelle é completamente amarelia • alternativas de frio e de calor. Logo depois a moléstia aggrava-se ; um calor intenso espraia-se por todo o corpo ; pulso frequente ; dor de cabeça nas orbitas ; tensão penivel no epigastrio ; alingua cobre-se de uma camada espessa e amarellada; as faculdades intellectuaes são intactas, porém, às vezes, apparece o coma, a somnolencia e o delí- rio. Os paroxismos da moléstia são quotidianos; quando estão para terminar, um suor frio e abun- dante inunda o corpo. Apparecem nos casos fa- taes : sobresalto dos tendões, delirio que corres- ponde ao augmento da febre e morte. 333 Tratamento. Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria com sueco de limão, para ser dado aos cálices de hora em hora,até produzir abundantes dejecções. Se dará depois 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até vir a reacção. Si ella exceder de 40°, se ajuntará a estes gr., 1 de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 5 juntos), de 15 em 15 minutos, até passar a febre. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todos os dias. Contra a dor de cabeça se dará 1 gr. de ca- feina, ou citrato, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Contra o delirio, sobresalto dos tendões, se dará 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até a calma. Para o coma e somnolencia dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, 1 de arseniato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de veratrina (os 4 juntos), de hora em hora, até despertar. No periodo de frio,e no de adynamia (fraqueza), se fará o mesmo tratamento que já indicámos para a febre perniciosa. Logo que a febre se tornar intermittente ou remittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hy- dro-ferro-cyanato, ou salycilato de quinina; ou 334 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma, di- minuindo as dóses á medida que fôr passando os symptomas graves. Os gr. de calomelanos são empregados para combater as congestões do figado : 1 gr. de calo- melanos e 1 de cicutina ou bromhydrato de cicutina, de hora em hora, até 8 a 12 por dia. Na convalescença se dará 3 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Febre catarrlial.- V. Bronchite aguda; Grippe. Febre colliquativa. - V. Tísica pul- monar. Febre cerebral. - V. Encephalite, M e- ningite. Febre continua. - V. Febre typhoide, amarella, biliosa. Febre ephemera ou synoca. - Symp- tomas. Esta febre é raramente precedida de molleza; principia por um ligeiro frio e uma dor de cabeça frontal; anorexia (fastio); seccura da bocca com coloração esbranquiçada da lingua; sede intensa algumas vezes, muito raramente de- lírio, só nas crianças, termina geralmente por suor, e outras vezes por hemorrhagia nasal; as ourinas deixam depôr, pelo repouso, grande 335 quantidade de uratos. Esta febre não dura mais de 3 a 4 dias. Os excessos de mesa, as vigilias, a influencia das estações em geral são as causas desta febre sem importância. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de emetico em uma colher de sopa d'agua morna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 3 vezes, facilitando os vomitos com agua morna. Se dará depois 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro, applicado no sovaco por 15 a 20 minutos, não marque mais de 37°; e ao mesmo tempo 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, (os 2 juntos), de 2 em 2 horas. Em falta da codeina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, que são os alcaloides calmantes do opio. Para a dor de cabeça se dará 1 gr. de cafeina, ou citrato, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Pela manhã cedo se dará 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria; depois de ter produzido effeito, 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou salycilato 336 de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia. Para o fastio se dará 2 a 3 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Febre eruptiva. - V. Sarampo, Escar- latina, Varíola. Febre exantheniatica.- V. Erythema, Erysipela, Roseola. Febre gastrica. - V. Embaraço gás- trico. Febre becíica, colliquativa. ou lenta. - V. Tísica pulmonar. Febre inílaimnatoria.-A febre inflam- matoria é sempre symptoma de inflammações internas ou externas. (V. Inflammações.) Febre interinittente. - Symptomas. A febre intermittente simples começa de ordinário com todos os symptomas das moléstias agúdas: aborrecimento, dor de cabeça, etc. Logo que accentúa-se, notam-se tres estados : o de frio, calor e suor. De ordinário o accesso começa pelo frio, que em pouco tempo apodera-se do individuo; a pelle embranquece; as unhas perdem também a cor rosea natural; os membros agitam-se em movimento convulsivo; do mesmo modo os ma- xillares ; o pulso accelera-se; apezar do frio, cumpre notar, o thermometro indica que o 337 calor existe augmentado; algumas vezes os vomitos apparecem; o engorgitamento do baço e do figado desde então tornam-se salientes 5 este estado dura 1 a 2 horas, e póde ser rápido. O segundo estado de calor se caracterisa pela ausência de phenomenos de concentração ; o pulso torna-se mais frequente; o rosto e as unhas tomam a cor natural; a respiração é mais franca; apelle fica sêcca e ardente, apezar do calor não aug- mentar, e a dor de cabeça augmenta, e este periodo dura 4 a 6 horas. O terceiro estado de suor é o periodo em que a pelle vai ficando húmida até cobrir-se de abundante suor, em que o pulso é lento e o bem estar vem apparecendo á medida que os symptomas dos estados anteriores vão desappa- recendo. A febre intermittente é uma das mais cons- tantes manifestações da infecção palustre. Nem sempre ella é regular e simples. Modifica-se na maneira de apresentar-se, assim como na inten- sidade. Tratamento. No estado de frio se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arse- niato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, com 1 chicara de infusão quente de tilia, ou violetas, até passar o frio. 23 338 No estado de calor, dar-se-ha 1 gr. de aconi- nitina, 1 de veratrina, e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro, applicado no sovaco por 15 a 20 minutos, não marque mais de 37°. Depois se dará, quando principiar o estado de suor, 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou sali- cylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros, e 10 dos últimos. Na manhã seguinte, se dará 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e depois que produzir effeito, se continuará com os gr. de quinina como já indicámos. Si não sobrevierem os accessos, se irá gradualmente diminuindo o numero de grânulos. Para a dôr de cabeça, se dará 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. No fim de 15 dias, depois de restabelecido, estando em lugar paludoso, se deverá tomar os gr. de quinina, porém em menor dose, durante 4 a 6 dias, para não reapparecerem os accessos. Contra a febre intermittente, se dará com vantagem na apyrexia (intervallo que vai de um a outro accesso), 1 gr. de acido arsenioso, ou 339 arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Quando o doente tiver soffrido por muito tempo e jà existir a diathese paludosa, se dará 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de quinina e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 de cada um por dia. Em falta do arseniato de strychnina se dará, pela mesma forma, os gr. de sulphato, ou hypo-phosphito de strychnina. Em falta do arse- niato de ferro, se dará os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou valeria- nato, ou iodureto, ou salicylato de ferro. Em falta do arseniato de quinina, se dará os gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou valeria- nato, ou bromhydrato, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury. Na diathese paludosa, dar-se-ha todas as manhãs cedo, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria; e 2 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou salicylato de soda, ou potassa, e 1 gr. de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, do Dr. Naury, ás 8 horas da manhã, á 1 hora e às 6 da tarde, pintando-se de 2 em 2 dias a [região do fígado e baço com tin- ctura de iodo. Para despertar o figádo de sua atonia e com- 340 bater o fastio, dar-se-ha 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Contra as nevralgias de causa paludosa se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina, 1 de sulphato de strychnina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passarem, empregando-se depois os gr. de quinina, como já indicámos, para ellas não voltarem. Febre intenuittente perniciosa. - Symptomas. A febre intermittente, pela gravi- dade ou intensidade insólita que tomam alguns symptomas, pôde adquirir um caracter de ma- lignidade particular que é indicado pelo nome de febre perniciosa. Os estados são muito irregu- lares ; o frio, o calor e o suor podem-se apre- sentar com intensidade insólita, dominando uns sobre outros, e d'ahi a febre perniciosa algida, diaphoretica. Vê-se também apparecerem symp- tomas insolitos, capazes pela sua intensidade de dar fôrma ao accesso, e matar o doente, como a diarrhèa, o delírio, os vomitos, a icte- rícia, as syncopes, convulsões, etc. A febre per- niciosa não apparece senão depois de accessos intermittentes simples abandonados. Tratamento. No periodo de frio, far-se-ha fricções por todo o corpo com um pedaço de baeta ensopada em vinagre aromatico, ou dos quatro ladrões, para chamar o calor á peripheria 341 e descongestionar as mucosas, preparando assim as vias da absorpção dos medicamentos.. Para chamar o calor á pelle se envolverá o doente despido em um cobertor de lã, molhado em agua com sal de cozinha,e se collocará um dos conductores da machina electrica no espinhaço e o outro percorrerá por toda a peripheria do corpo, mudando a cada momento os pontos de contacto. Logo que o calor voltar á pelle, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até a quéda da febre. Si o calor subir a mais de 40°, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de aconitina, 1 de veratrina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater a febre. Si as ourinas forem carregadas, em pequena quantidade, se dará 1 gr. de digitalina de hora em hora, e 1 gr. de hyosciamina, de 2 em 2 horas, até produzir effeito. Em falta da digi- talina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de as- paragina, ou colchicina ou scillitina, do Dr. Naury. Suppomos que a febre perniciosa é occasionada por uma fermentação especial, por isso aconse- lharemos 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury, ou 1 gr. de phenato de 342 quinina, de hora em hora, ate 20 por dia do pri- meiro e 10 do segundo. Contra o delírio e carphologia se dará 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até a sedação. Contra o coma se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até des- pertar. Deve-se dar 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs. Como derivativo 2 vesicatórios nas pernas são uteis. Na convalescença, para despertar o appetite e o torpor do fígado, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Febre de leite.-E' esta a febre sem im- portância que precede ordinariamente ao appa- recimento do leite nas mulheres paridas. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, de l/2em 1/2 hora, até obrar 1 a 2 vezes. Os seios serão fomentados com oleo de amêndoas doce camphorado e belladonado, e depois se ap- plicará n'elles 1 pasta de algodão, e uma faixa deixando o bico do peito de fóra. Si a febre fôr intensa, se dará 1 gr. de aconi- tina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe. Depois se dará 2 gr. de hydro-ferro- 343 cyanato, ou do sulphato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Para a dor de cabeça se dará 1 gr. de cafeína, ou de citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Si houver dor nos seios, se dará 1 gr. de cicu- tina ou bromhydrato de cicutina e 1 de narceina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Para o fastio se dará 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Febre lenta.-V. Tísica pulmonar. Febre maligna.-V. Meningite. Febre mucosa.-V. Febre typhoide. Febre nervosa.-V. Febre typhoide. Febre perniciosa.-V. Febre Intermit- tente perniciosa. Febre pestilencial.-V. Peste. Febre petechial.-V. Febre typhoide. Febre pnerperal.-E' esta a febre que de ordinário costuma apparecer depois dos partos, quando são difficeis ou exigem meios operatorios para se completarem. E' uma das complicações deste phenomeno natural a mais perigosa, e muito grave. A febre é intensa; a doente é agitada; com dor nos membros, com modificação na physionomia, com todas as manifestações de quem tem o systema 344 nervoso atacado ; revelações que vão crescendo, até que em accesso de convulsões, a doente morre depois de ter cahido em coma; e no geral esta moléstia apresenta o maior numero de symp- tomas da febre typhica, d'onde lhe vem o nome de typho-puerperal. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, e nas outras manhãs, só 1/2 colher de sopa do sal. O ventre serâ fomentado todos os dias com oleo de camomilla laudanisado, ou camphorado, e depois se applicará 1 pasta de algodão e 1 faixa ligeiramente compressiva. O meteorismo do ventre será combatido por clysteres de ligeira infusão de camomilla. Si o medico ainda encontrar o periodo de si- deração, isto é, de frio, dará 1 gr. de acido phos- phorico, 1 de sulphato, ou de arseniato destrych- nina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até vir a reacção (febre). O espasmo e dor do ventre será combatido por 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyos- ciamina(os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta do chlorhydrato de morphina, se dará, pela mesma iórma, os gr. de codeina, sal 345 de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Contra a elevação da temperatura, tomada pelo thermometro, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, (os 3 juntos ), de 15 em 15 minutos, até abatêl-a a 37°. Os gr. de morphina pódem ser dados com os de aconitina. Se dará depois 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 dos últimos. A' noite para trazer a sedação, se dará 1 gr. de iodhydrato de morphina, e 1 de croton-chloral, de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Na adynamia, isto é, quando as forças esti- verem abatidas, se voltará aos gr. de acido phos- phorico e strychnina, como já indicámos, até que sobrevenha a reacção. Contra o delirio e carphologia se dará 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até a se- dação. Contra o coma se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até despertar. Neste estado se applicará 2 vesicatórios nas pernas. O máo cheiro dos lochios será combatido por 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), de 1/2 346 em 1/2 hora, até 10 a 20 por dia, porém cami- nhando muito gradualmente. Se introduzirá até o collo do utero uma esponja embebida em uma fraca solução de acido salicylico, que é muito mais conveniente do que fazer-se injecções no utero. Os gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, soda, ou potassa pódem ser dados contra a septicemia (podridão) 2, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Os de acido arsenioso, ou arse- niato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, serão dados contra a febre e septicemia, 1 gr. de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Póde-se ainda dar contra a febre 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até abatel-a. Neste estado ainda são empregados os banhos mornos. O medico deve auscultar, todos os dias, a doente para combater as inflammações intercorrentes, pelos vesicatórios, pela pintura com tinctura de iodo e os anti-thermicos vitaes; a aconitina, ve- ratrina e digitalina. Si a doente ficar chloro-anemica, far-se-ha o tratamento desta moléstia. Para despertar o appetite se dará 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição. Febre pútrida.-V. Febre typhoide. Febre remittente.-Symptomas. As febres rémittentes comprehendem duas ordens de factos 347 distinctos : febres symptomaticas de typo remit- tente, e febres remittentes essenciaes da mesma natureza das febres intermittentes, isto é, de na- tureza palustre. A palavra remittente quer dizer que a febre não apresenta uma continuidade perfeita, de manhã ou á noite o pulso e o calor diminuem, facto este que pôde ser verificado pelo thermometro. Em geral, aqui no Rio de Janeiro pelo menos, esta febre costuma a se revestir da fôrma typhica, isto é, a cara torna-se pallida, o nariz afilado, os olhos rodeados de olheiras es- curas, a lingua coberta de uma camada espessa ; algumas vezes delirio. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa d'agua morna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 2 a 3 vezes. Depois se dará 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a temperatura a 37°. Se dará então 1 gr. de hydro-ferro-cya- nato e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), de hora em hora, até que a febre não volte mais. Neste caso ainda se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia, diminuindo depois gradualmente as dóses. Em falta do arseniato, ou hydro-ferro-cyanato de quinina se dará, pela 348 mesma fórma, os gr. de sulphato, ou de valeria- nato, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury. A' noite, para acalmar a agitação, se dará 1 gr. de iodhydrato de morphina, e 1 de croton- chloral, de 1/2 em 1/2 hora, principiando ás 7 da noite, até dormir. Em falta do iodhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. O doente tomará todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, acidulada com gottas de limão. No periodo adynamico (fraqueza) se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato, ou sulphato de strychnina (os 2 juntos), ou sô 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que se levantem as forças. Para o delirio se dara 1 gr. de cam- phora-bromé, de hora em hora, até á calma. Si a febre remittente fôr symptomatica de uma lesão no pulmão, ou em outro orgão, se fará o tratamento da moléstia principal. Para despertar o appetite se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Febre rlieiiHiatismal.-V. Rheumatismo articular agudo. 349 Febre trauniatica.-Symptomas. A febre traumatica é uma das complicações mais fre- quentes, principalmente quando o traumatismo é notável, quer este seja violento, quer determinado por processos operatorios. Comtudo é sem importância, si não é indicio no fim de alguns dias de infecção purulenta. Esta especie de febre é como a febre em geral, caracterisada por augmento de calor e accele- ração do pulso. Tratamento. Depois das operações ou feri- mentos dar-se-ha 1 gr. deaconitinae 2 de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), 5 a 6 vezes por dia. Depois dos grandes traumatismos (ferimentos), quando houver uma sideração nervosa, e o pulso e calor estiverem abatidos, se darál gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até vir a reacção (febre). Quando o calor exceder a 37°, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abatel-o a 37°. Si entre a temperatura da manhã e da tarde houver differença de 1 a 2 gráos, se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou salicy- 350 lato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou ar- seniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 dos úl- timos. Quando houver coma, somnolencia, dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de arseniato de cafeina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 10 de cada um por dia. Si houver espasmo e dor, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeína (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-os. Em falta da codeina sedará, pela mesma fôrma, osgr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Quando houver frio intenso e cor ictérica, de- notando absorpção purulenta, - V. Infecção purulenta. Contra o delírio se dará 1 gr. de camphora- bromé e 1 de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. O doente deve tomar todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copod'agua fria. Para o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina a cáda refeição. Si ficar cliloro-anemico, far- se-ha o tratamento desta moléstia. Febre typhoide. - Symptomas. A febre typhoide nunca começa bruscamente, de ordina- 351 rio um estado de molleza precede sempre as qua- tro semanas ou septenarios, durante os quaes a moléstia desenvolve-se e desapparece sempre com a mesma lentidão. Logo que o primeiro pe- ríodo accentúa-se, o doente fica apathico, deitado sobre o dorso, com dôr de cabeça intensa, sente atordoamento e vertigens, principalmente quando senta-se no leito ; epistaxis repetidas ; insomnia continua ; quando ha somnolencia o doente é per- seguido de sonhos; o pulso é largo, fraco e con- tinuo; a bocca desprende um hálito particular, a saliva é espessa, a lingua escura de bordos ver- melhos ; o fastio é constante ; nauseas, e depois vomitos de cor de clara de ovo, muito communs nas crianças ; sede ardente; o ventre com meteo- rismo, apresentando pela pressão na fossa illiaca direita o gargarejo; a diarrhéaé constante neste periodo. Os doentes queixam-se de dôr de gar- ganta, existem mucosidades no pharynge; as ou- rinas são raras e algumas vezes fétidas. O se- gundo periodo caracterisa-se na occasião em que vê-se apparecer no peito e no ventre manchas lenticulares róseas, não se elevando acima da pelle, desapparecendo pela pressão (petechias); é sempre signal grave ; além destas apparecem su- daminas que não são róseas. Além destes sym- ptomas do segundo periodo, os do primeiro aug- mentam lentamente até o terceiro e quarto pe- 352 riodos, que não persistem, senão para os symp- tomas irem desapparecendo, si o doente não morrer no fim do segundo, ou si durante o ter- ceiro e mesmo durante o quarto, não appare- cerem também complicações tão communs nesta melestia e igualmente mortaes. Tratamento. No periodo inicial, o de frio, se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção (febre). Desembaraçar-se-ha depois o tubo intestinal com 1 colher de sopa do sal, do Dr, Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laran- jeira, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 dejecções. Nas outras manhãs só tomará 1/2 colher de sopa do sal, em 1/2 copo d'agua fria. Dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), do 15em 15 minutos, até abater a temperatura a37®. Logo que houver differença de 1 a 2 gràos entre a temperatura da manhã e da tarde, se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou salicylaio de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr, Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 dos últimos. 353 Á' noite, para acalmar a agitação, se dará 1 gr, de iodhydrato de morphina e 1 de croton-chloral, de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta do iodhydrato de morphina, se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Este tratamento deverá ser feito todos os dias. Para o delirio e carphologia, se dará 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até a se- dação. Para o coma vigil e subdelirio, 1 gr. de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma, principiando ás 6 horas da tarde. Na adynamia (prostração), quando o pulso e calor estiverem abaixo do normal, se dará os gr. de acido phosphorico, sulphato, ou arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, como já indicamos para o periodo de frio, até que sobrevenha a reacção ; e depois moderal-a pela aconitina, ve- ratrina, etc. Si as ourinas forem carregadas, vermelhas e raras, dar-se-ha 1 gr. de digitalina, de hora em hora, e 1 gr. de hyosciamina, de 2 em 2 boras, até produzir effeito. Pela mesma fórma da digi- talina, se dará os gr. de colchicina, ou aspara- gina, ou scillitina, do Dr. Naury, 24 354 Todos os dias, no periodo de reacção, se pas- sará por todo o corpo uma esponja molhada em agua acidulada, ou em uma solução de acido sa- licylico. Para o torpor cerebral, a somnolencia e a in- differença, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ca- feína, 1 de arseniato de strychnina, 1 de digi- talina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até 10 de cada um por dia. Para a diarrhéa se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de sulphato de strychnina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa de vinho de calumba, de hora em hora, até passar. Contra o tenesmo anal, se dará 2 chlysteres por dia, com 2 colheres de sopa em 1 e 1/2 chi- cara d'agua morna do seguinte : hydrato de chloral, 10 grammas; borax, 5 grammas; agua distillada, 250 grammas. Os gr. de acido salicylico, do Dr. Naury, são empregados na febre typhoide, 1, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. As congestões e inflammações intercorrentes serão combatidas por ventosas sêccas, revulsivos, e se pintará a parte com tinctura de iodo. Para a meningite que complica a febre typhoide, se applicará bichas atraz das orelhas e se dará 355 1 gr. de calomelanos, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até ter dejecções viscosas. Na convalecença, para despertar o torpor do figado e as forças digestivas do estomago, se dará 2 a 4 gr. de quassina do Dr. Naury, a cada re- feição. Febre symptoinatica.- V. Febre re- mittente. Fendas do anus, dos beiços, do peito. - Symptomas. As fendas do anus são pequenas ulcerações alongadas e superficiaes, que se des- envolvem entre as prégas da membrana mucosa da margem do anus, acompanhadas de uma dor muito viva e na maioria dos casos de contracção espasmódica do musculo sphincter. A principio a dôr, na occasião da defecação, é pequena, porém logo exaspera-se semelhante a um ferro em brasa. Os doentes deixam de comer com medo de defecar ; é por isto que emmagrecem. As fendas dos lábios apparecem debaixo da influencia do frio e algumas vezes são sem im- portância. • 2 j As fendas do peito assestam-se no mamelão (bico), apparecem pelos esforços da sucção e por falta de limpeza, tanto estas como aquellas são constituídas pelo gretamento da pelle. Tratamento. Nas fendas do anus se dará 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 356 copo d'agua fria, todas as manhãs cedo, e 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a dor, ardor e espasmo. Em falta da hyosciamina e cicutina, se dará 1 gr. de bromhydrato de cicutina, ou de atropina, ©u dedaturina, porém, estes de 2 em 2 horas, até produzir a dilatação da menina dos olhos. Contra a dor ainda se poderá dar 1 gr. de cam- phora-bromé e 1 de bromureto de potássio, ou 1 gr. de croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Para vencer a prisão de ventre se dará 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina ao deitar-se, e pela manhã 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury. As ulcerações do anus serão cauterisadas de 6 em 6 dias com nitrato de prata. Si forem de- vidas a manifestações syphiliticas, se fará o tra- tamento da Syphilis. Para as fendas do bico do peito,-V. Bico do peito, Ulcerações. As dos lábios,-V. Herpes labial. Feridas em geral.-Feridas são soluções de continuidade produzidas por causa externa. As feridas são simples, compostas ou complicadas. As simples não affectam senão um ou dois tecidos, as compostas interessam muitos; as com- 357 plicadas são acompanhadas de accidentes graves e de algumas moléstias, que indicam meios tliera- peuticos. As feridas são consideradas ainda con- forme a sua direcção e os instrumentos que as produziram; ellas podem ainda ser por arran- camento, por mordedura de animaes. Cumpre também notar em geral a extensão das feridas. Quanto mais simples forem ellas, tanto mais facil será o tratamento. Tratamento. Quando a ferida fôr simples,basta affrontar seus bordos com tiras agglutinativas, e compressas d'agua fria sobre ella, renovadas a cada momento. Um simples, facil e bom meio curativo das feridas consiste em applicar-se sobre ellas, depois de affrontar os bordos, uma lamina de chumbo de rapé, ou a que vem nas caixas de chá, com alguns pontos agglutina- tivos, para fixal-a bem, fazendo uma ligeira compressão. Uma bacia d'agua bem fria, depois, será posta em um lugar mais alto do que a po- sição da ferida, e uma toalha dobrada, mergu- lhada dentro da bacia por uma de suas extremi- dades e a outra posta sobre o chumbo da ferida. A agua da bacia será renovada á medida que se fôr esgotando; assim se terá uma irrigação cons- tante. Para prevenir a febre traumatica, que não é essencial no curativo das feridas, se dará 1 gr. 358 de aconitina e 1 de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia. O doente tornará todas as manhãs cedo, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. Nas feridas compostas, ou complicadas, depois de laqueados os vasos importantes, e regulari- sadas as feridas, se fará o mesmo tratamento pela agua fria e laminas de chumbo, fixadas por tiras agglutinativas. Si o pulso e calor estiverem abaixo do normal, pela perda de sangue que tiver havido, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de ferro (os 3 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até vir a reacção (febre). Quando a febre fôr intensa, e o thermometro marcar mais de 38\ se dará 1 gr. de aconi- tina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a a 37°, que é o normal. Si entre a temperatura da manhã e da tarde, houver oscillações de 1 a 2 gráos, dar-se-ha 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou de salicylato de quinina, ou 1 gr. de valerianato, 359 ou de arseniato de quinina, do Dr. Nanry, de hora em hora, até 20 por dia, dos tres primeiros, e 10 dos últimos. A' noite para acalmar a agitação, se dará 1 gr de croton-chloral e 1 de chlorhydrato de mor- phina, ou 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta da codeina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlor- hydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. As picadas e mordeduras serão curadas pela mesma fôrma que as feridas simples. Nas mor- deduras de animaes damnados, - V. Hydro- phobia. Quando o ferido sentir prisão na articulação temporo-maxillar: symptoma grave. V. Tétanos. Quando sentir frio intenso, renovado a cada momento, com cor ictérica da pelle ; symptomas gravíssimos,-V. Infecção purulenta. As hemorrhagias serão combatidas por 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strych- nina e 1 de ergotina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passarem. Se poderá ainda dar 1 gr. de acido tannico, de 1/2 em 1/2 hora; ou 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, si ellas forem intermittentes. 360 Deve-se alimentar o doente, logo que passe o periodo de reacção. Fervor <lc sangue.-V. Eczema. ligado (abcesso do).-V. Hepatite chro- nica. ligado (cancro do).-V. Cirrhose. Fígado (congestão do). -V. Hepatite. Fígado (engorgitamento do).-V. He- patite chronica. Fígado (inílannnaçao do). - V. He- patite . Fístulas em geral. - Dá-se o nome de fis- tula a uma solução de continuidade congénita ou accidental, cujo trajecto offerece uma orga- nisação particular e que dá passagem quer â pus, quer á liquidos de differentes naturezas desviados de seus caminhos naturaes. Ha duas especies de fistulas: fistulas com uma só abertura, fistulas cégas, e com duas ou mais aberturas, fistulas abertas. As fistulas são muitas vezes consequência de abcessos, de perfurações das glandulas, do con- ducto ou do reservatório. Além das alterações inherentes ao trajecto das fistulas, sahe sempre delias um liquido san- guinolento, seroso, que é muitas vezes ligado a productos de secreção. 361 Tratamento. O tratamento das fistulas é ci- rúrgico, quer seja pela dilatação, cauterização ou injecções. O tratamento interno é subordinado a diathese que as entretem. - V. Syphilis, Escroph/wlas, Tubérculos, Chloro-anemia. Fistula <Io anus. - Symptomas. Dá-se o nome de fistula do anus a orifícios e conductos anormaes, estendidos da pelle à parede rectal, dando sahida quer a pus sómente, quer a maté- rias intestinaes liquidas ou gazosas. As fistulas completas do anus são fáceis de re- conhecer, as matérias defecadas são manchadas de pus, e a exploração com o dedo dá logo a co- nhecer a abertura interna da fistula. A's vezes, comtudo, a exploração torna-se difficil, então com o fim de conhecer o trajecto, lança-se mão das injecções. A defecação é dolorosa. Tratamento. Reconhecidas as fistulas do anus, só a operação as póderà curar. Ella será feita pelo bisturi, ou esmagador. Antes da operação, como tratamento pallia- tivo, se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury,em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dósedo sal, conforme o effeito que elle produzir. Banhos e clysteres d'agua fria, serão dados ao 362 doente. Si elle estiver chloro-anemico, far-se-ha o tratamento da chlor o-anemia. Si elle soffrer de diathese syphilitica, se fará o tratamento anti-syphilitico. Para as dispepsias se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. No dia da operação o doente tomará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de aconi- tina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 5 vezes por dia, como preventivo da febre traumatica. ourinarias. -Symptomas. Sob o nome de fistula ourinaria designa-se toda a abertura ou trajecto anormal, que dá passagem á ourina. As fistulas ourinarias são congénitas ou acci- dentaes. As fistulas se abrem no recto, no perineo, ao nivel do escroto e na face inferior da verga. A ourina corre sómente na occasião da micção, muito principalmente se ha estreitamento da urethra. Facil é conhecel-as, assim como fáceis são as operações que produzem a cura. Tratamento. As fistulas ourinarias só poderão ser curadas pela operação da urethrotomia ou di- latação gradual. Na dilatação gradual se dará todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 363 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir, e 1 gr. de hyosciamina, 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até 6 de cada um por dia. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou os de atropina, ou daturina, de 2 em 2 horas. Em falta do hydro-ferro-cyanato de quinina se dará os gr. desulphato, ou salicylato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury. No dia da operação da urethrotomia se dará, como preventivo da febre, 1 gr. de aconitina e 2 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, 4 a 6 vezes por dia. Flato hysterico. -V. Hysteria, Nevrose. Flatulência, Flatuosidade ou Vento- sidade. - V. Dyspepsia. Flores brancas. - V. Leucorrhéa. Flnvfío dentaria ou Inehaeao do rosto. - Symptomas. A inchação do rosto é a inflammação das gengivas que se communica á mucosa das bochechas, produzindo dor, verme- lhidão, tumefacção, algumas vezes mesmo febre, terminando em geral pela resolução, ou, o que não é raro, por abcesso. A influencia do ar hú- mido, e nas mulheres a difficuldade da mens- 364 truação, são as causas productoras d'esta mo- léstia. Ha casos em que os dentes cariados são causa constante da fluxão dentaria, sendo origens de abcessos e fistulas. Tratamento. Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo ; 1 gr. de aconitina, 1 de digitalina, 1 de hyosciamina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até abater a dor, vermelhidão e calor. Neste caso se empregará também 1 gr. de ve- ratrina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina, e 2 de hydro-ferro-cyanato de quinina do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Os doentes tomarão bochechos de infusão morna de malvas. Contra a dor se dará ainda 1 gr. de bromureto de potássio, de hora em hora, até a calma; ou 1 gr. de bromhydrato de quinina de hora em hora; ou 1 gr. de valerianato de quinina,do Dr. Naury, de 2 em 2 horas até a sedação. Logo que o pus estiver reunido, fure-se o tumor, para não ficar trajectos fistulosos. Devem-se ar- rancar os dentes cariados, que não se puderem chumbar. Para a inchação do rosto, depois de passar a inflammação, se dará 2 gr. de iodureto de po- 365 tassio e 1 de cicutina (os 3 juntos) 4 a 5 vezes por dia. Pela mesma fôrma se empregará os gr. de iodureto mercurioso, do Dr. Naury. As pessoas que soffrem frequentemente de fluxão dentaria, banharão a bocca pela manhã com 1 colher de sopa em 1 /2 copo d'agua fria da seguinte preparação : chloral 3 grammas; chlo- rato de potassa, alúmen em pó 1 grammadecada um, e agua aromatisada 250 grammas. Fluxo de ourina. - V. Diabetes insípida. Fluxo de sangue. - V. Hemorrhagia. Ftingus hematode.-O fungus hematode não é outra cousa mais do que os botões carnu- dos, que apparecem na superfície ulcerada que ficou da quéda dos tumores cancerosos, princi- palmente dos encephaloides. V. Cancro. Formigueiro.-Nome vulgar de certas ul- ceras da perna. V. Ulcera. Fracturas em geral.-Chama-se fractura a solução de continuidade de um ou mais ossos, produzida ordinariamente por uma violência ex- terna, e algumas por contracção de musculos aos quaes os ossos dão inserção. Ha fracturas directas e fracturas por contra pancadas ; as fracturas pódem ser completas ou incompletas, simples ou complicadas. Chama-se fractura com- minutiva, quando o osso é reduzido a muitos 366 fragmentos com o esmagamento das partes molles. As fracturas immobilisam, pela dor, a parte em que se assestam. Ha fracturas obli- quas e transversaes; não se admittem fracturas longitudinaes, estas não dão senão fracturas muito obliquas. Tratamento. O das fracturas é cirúrgico, só póde ser feito pelo cirurgião. Depois que o appa- relho estiver applicado, no periodo de sideração, isto é, quando o pulso e calor estiverem abatidos, abaixo do normal, se dará 1 gr. de acido phos- phorico, 1 de sulfato ou arseniato de strychnina ( os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a reacção. Para a febre dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Si houver oscillações entre a temperatura da manhã e da tarde de 1 a 2 gràos, se dará 2 gr. de sulfato ou hydro-ferro-cyanato de quinina, ou só 1 gr. de valerianato ou arseniato ou salicy- lato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos últimos. Para conciliar o somno se dará á noite 1 gr. de iodydrato ou chlorhydrato de morphina, ou co- deína, ou sal de Gregory, ou bromhydrato de morphina, de 1/2 em 1/2] hora, até dormir. 367 Si houver estupor, coma, e somnolencia, se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar. Para consolidação do callo, si ella fôr demo- rada, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico 3 a 4 vezes por dia; e 2 gr. de hypo-phosphito de cal, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia. O ventre deve estar sempre desembaraçado por meio do sal, do Dr. Naury. Framboesia.-V. Boubas. Fraipieza-V. Adynamia. Frieira.-Frieira é o gretamento da pelle de entre os dedos, em fórma de fenda, com cheiro especial e sahimento de um liquido sa- nioso. Apparece de ordinário sob a influencia do calor e humidade ; quasi sempre é sem importân- cia, mas acontece que nos pretos âs vezes toma um caracter grave, transformando-se em ulceras de difficil cicatrização. Tratamento. Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, e tomará depois 2 gr. de ioduretode arsénico, 1 de veratrina e 1 de cicutina ou bro- mhydratode cicutina, doDr. Naury (os 4 juntos), 4 a 5 vezes por dia ; ou 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou de soda; ou 2 gr.de 368 sulfureto de cálcio ; ou 2 gr. de iodureto de po- tássio; ou 2 gr. de iodureto mercurioso, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Contra a coceira empregar-se-ha 1 gr. de camphora-bromé e 1 de hromureto de potássio, de hora em hora, até a calma. Com o mesmo fim se dará. 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, sal de Gregory, codeina, ou iodhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Cauterizar-se-ha as feridas com nitrato de prata, ou acido nitrico ou per-chlorureto de ferro; depois se as curará com fios ensopados em tinc- tura de iodo, 30 gottas, iodureto de potássio 60 centigrammas, agua distillada 250 grammas; ou com uma solução de acido salicylico; ou oleo phenicado. Frouxo de sangue.- V. Hemorrhagia. Fruuclio ou Furuueulo.- V. Abcesso. Fuugosidade.-V. Carnes esponjosas. Furor uterino.--V. Nymphomania. Ctalaetorrhéa. - Augmento da secreção do leite nas amas, produzindo a distensão e sen- sibilidade dos seios e o enfraquecimento geral. 369 Tratamento. Meia colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir ; 2 gr. de arse- niato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), às 8 horas, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde. Em lugar do arseniato de ferro se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de manganez, ou iodureto, ou phosphato, ou salicylato de ferro, e em lugar do arseniato de strychnina se dará os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury. Deve-se dar menos vezes a mamar, ou cessar a amamentação. Si houver fastio, dar-se-ha 3 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Uma atadura ligeiramente compressiva deve ser applicada nos seios. Gallico. - V. Syphilis. Ganglios. - Dá-se este nome á pequenos corpos arredondados, espalhados na superfície e no interior dos corpos dos animaes. Ha duas especies de ganglios, os nervosos e os lymphaticos. Aos ganglios nervosos chegam os nervos, assim como os lymphaticos vão ter aos ganglios do mesmo nome. 25 370 Tratamento. V. Adenite. Gangrena. - Symptomas. Gangrena é a ex- tincção de toda acção organica em uma parte do corpo qualquer, com reacção do poder vital nas partes circumvizinhas; é a morte local. Quando a parte gangrenada está embebida de liquidos, a gangrena chama-se húmida ; quando, pelo contrario, a parte sêcca, a gangrena cha- ma-se sêcca. Sphacelo é a gangrena total de um membro ou de um orgão qualquer composto de muitos tecidos. A gangrena externa é conhecida pelo seu cheiro sui generis, pela tumefacção, descolora- mento, phlyctenas, diminuição de calor. A gangrena interna é mais difficil de ser conhe- cida ; de ordinário apparece, como consequência de inflammações visceraes. Tratamento. A inflammação será combatida energicamente pelos meios indicados para ella ' as incisões desbridantes não serão esquecidas, para não sobrevir a mortificação da parte. O doente tomará todos os dias 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, aos cálices. Si não houver febre, dar-se-ha 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou de soda, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia ; ou 1 gr. de ar- 371 •seniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até ]0 a 12 por dia. Si houver febre, tomando o caractôr remittente, ou intermittente, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de quinina, ou 1 gr. de arseniato de cafeina, ou 1 gr. de salicylato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que ella passe. Si o thermometro marcar mais de 39°, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digi- talina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-o a 37°. Si a temperatura estiver abaixo de 37°, se dará 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de ferro (os 3 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 2 juntos) de 1/2 em 1/2, ou de hora em hora, até que o thermometro marque 37°. A ferida será curada com oleo de linhaça e acido phenico; ou uma solução de acido sali- cylico. Para o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, á cada refeição. Gangrena <la hocca das crianças. - A gangrena da bocca é realmente uma mo- léstia própria das crianças. Ella se observa nos indivíduos debilitados pela miséria, pela privação, e muitas vezes por moléstias anteriores entre as 372 quaes as erupções graves, sobretudo o sarampão. - Symptomas. Principia em geral por um abati- mento notável e pallidez, a gangrena manifes- ta-se nas gengivas ou mesmo na espessura das bochechas estendendo-se, ficando as partes cir- cumvizinhas edematosas. A pelle a principio de um branco marmoreo, apresenta-se erysipelatosa e depois violacea, as gengivas se destroem, sahe um liquido fétido, os dentes se abalam, os ossos se necrosêam. O estado geral está em desaccordo com as lesões locaes; entretanto a gangrena continuando, os sympto- mas geraes apparecem com toda a intensidade, lançando o doente na prostração e morte. Tratamento. Se lavará 3 vezes por dia a bocca das crianças com sueco de limão; ou com 1 colher de chá em 1 /2 copo d'agua fria do se- guinte : hydrato de chloral, 3 grammas; chlo- rato de potassa e alúmen, 1 gramma de cada um; agua aromatisada, 200 grammas. Dar-se-ha todas as manhas 1/2 a 1 colher de chá do sal, do Dr. Naury, em leite, ou agua assu- corada e limão; e 2 gr. de hypo-hosphito de cal, ou de soda e 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, ás 8 horas da manhã, á 1 e ás 6 horas da tarde* Poder-se-ha ainda dar 1 gr. de acido salicy- lico, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de 373 hora em hora, até 4 a 8 por dia, segundo a idade do indivíduo. E' conveniente 1 gr. de quassima pela manhã e à tarde para despertar o figado e estomago da atonia ; ou 1 a 2 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de ferro, do Dr. Naury. Gaiigreiia dos pulmões.-Symptomas. A gangrena do pulmão se caracterisa por febre, dor de peito, tosse, estertores e obscuridade no ponto invadido, por um cheiro fétido que é o si- gnal pathognomonico, por expectoração amarel- lada e gargarejo na parte lesada. Esta moléstia é grave e ás vezes reina epidemicamente, como já succedeu em Paris. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhas cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua assucarada e acidulada com sueco de limão. Abater-se-ha a febre com 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe; depois se dará 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. augmentando ou diminuindo a dóse, segundo o effeito que produzir: Também se poderá dar contra o máo cheiro 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou de soda ou de potassa ; ou 2 gr. de iodoformio, 374 do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si o pulso e calor estiverem abaixo de 37°, in- dicando prostração de forças, se darà 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que o calor suba a 37°. Si houver somnolencia, se darà 1 gr. de arse- niato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar. Si houver delirio, carphologia, se darà 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até a se- dação. Contra o fastio se darà 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, à cada refeição. Como expectorante se dará os gr. de kermes, ou scillitina, ou benzoato de soda, ou acido ben- zoico, ou emetina, do Dr. Naury, 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Póde-se também dar os gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda, 2 de hora era hora, até 10 a 12 por dia. E' conveniente 1 vesicatório, ou pintar de 2 em 2 dias o lugar da lesão. Gangrena senil.-À gangrena senil ou espontânea até certo tempo foijulgada sem causa, porém hoje sabe-se que é devida ao atheróma das 375 artérias.-Symptomas. A principio uma sensação de frio, formigações e dores muito intensas se fazem sentir na parte doente, logo a pelle sedes- córa, as unhas tornam-se azues, as partes mor- tificadas cahem. A's vezes a marcha da gangrena é lenta, outras é rapida ; algumas vezes a gangrena é húmida, outras é sêcca. Os symptomas geraes não se apresentam, se não quando a gangrena é vasta e progride : desde porém que fica limitada, nada interrompe a cura. Tratamento. Dar-se-ha pela manhã cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; e 1 gr. de acido phosphorico, e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strych- nina, do Dr. Naury, 3 vezes por dia, augmen- tando ou diminuindo a dóse destes gr. segundo o efteito que produzir. Contra a dor se dará 1 gr. de bromureto de potássio e 1 de cicutina, do Dr. Naury, (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar. Si o doente estiver chloro-anemico, far-se-ha o tratamento da chloro-anemia. V. esta mo- léstia. Si elle tiver febre, se dará 1 gr. de acido arse- nioso, ou arseniato de soda, ou de potassa, ou de quinina, ou de cafeina, ou salicylato de quinina, 376 do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 12 por dia, subindo com a dose gradualmente. Ainda se poderá dar contra a gangrena senil 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, á cada refeição. Antes da mortificação estar limitada é inútil pensar na amputação. Depois da limitação, se re- gulará pelo ferro a ferida, e se a curará com oleo de linhaça e acido phenico, ou com uma so- lução de acido salicylico. Ga r roíilho.-V. Group. Gastralgia. Gastrodynia ou Cardial- gia.-Symptomas. A gastralgia na sua fórma mais simples consiste unicamente em uma sen- sação de repuxamento, de caimbra, de enchi- mento, de ordinário depois da refeição ; outras vezes a dor é intensissima e brusca, esten- dendo-se até às espaduas, arrancando gritos aos doentes, podendo produzir convulsões e delirio, com estreitamento espasmódico da garganta, an- xiedade,vomitos, abundante secreção das ourinas, ou evacuações alvinas repetidas. A gastralgia ás vezes é regularmente perió- dica. 377 Ha uma outra especie de gastralgia, chamada asthenica que consiste em ter todos os symp- tomas das dyspepsias. Tratamento. O doente tomará todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, assucarada e acidulada com limão. Na occasião do accesso, far-se-ha uma com- pressão com 1 faixa na região epigastrica (esto- mago) ; e tomará 1 gr. de hyosciamina, 1 de codeina e 1 de sulphato de strychnina (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até passar a dor. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou os de atropina, ou daturina, porém estes 2 últimos muito mais espaçados. Em falta da codeina se dará, pela mesma fôrma os gr. de narceina, sal de Gregory (chlor- hydrato duplo de morphina e codeina), iodhydrato ou chlorhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Em falta do sulphato de strychnina se dará, pela mesma forma, os gr. de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Contra esta moléstia se dará 1 gr. de subni- trato de bismutho e 1 de chlorhydrato de mor- phina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a 378 calma; ou 2 gr. de acido salicylico e 1 de nar- ceina (os 3 juntos), 3 á 5 vezes por dia. Póde-se dar a cada refeição, 1 gr. de chlor- hydrato de morfina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos). Contra as vertigens estomacaes, se darà 1 gr. de sulphato de strychnina, 3 a 4 vezes por dia ; e contra a dor e espasmo do estomago, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de ergotina, do Dr, Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Si a dôr voltar por accessos se darà 1 gr. de arseniato de quinina; ou 2 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina, ou bromhydrato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 vezes por dia. A cada refeição, se darà 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Si o doente fôr chloro-anemico, para o trata- mento,-V. Chlor o-anemia. Gastrite.-Gastrite é a inflammação da mu- cosa do estomago.-Symptomas. A gastrite sim- ples se mostra em geral por inappetencia, dôr obtusa no epigastrio, exasperando-se, depois da alimentação, por vomitos de muco, ou dos ali- mentos. Esta moléstia não é grave, si por ventura to- mam-se as competentes medidas; confunde-se com 379 o embaraço gástrico em que, além de tudo, no- ta-se febre. A gastrite chronica é origem das inflammações das glandulas diversas do estomago, que trazem as dyspepsias. As gastrites por envenenamento são graves e se caracterisam pelos mesmos symptomas e in- tensidade. Tratamento. Applicar-se-ha algumas san- guesugas no estomago ; se o friccionara com oleo belladonado e depois cataplasmas de linhaça. O doente tomará banhos mornos. Dissolver-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa de agua assucarada, e acidulada com sueco de limão, para ser dado aos cálices de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2a 3 vezes. Se dará depois contra a dor 1 gr. de chlorhy- drato de morphina e 1 de hyosciamina (os 2 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, até acalmal-a. Pela mesma fórma do chlorhydrato de mor- phina se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Contra a dôr ainda se poderá dar 1 gr. de bro- mureto de potássio, ou croton-chloral, de hora em hora, até a sedação. O doente deve ter dieta, e tomar aos cálices cozimento de cevada, ou linhaça, ou althéa. 380 Para mitigar a sede terá na bocca pedaços de gelo. Quando houver espasmos do estomago, se dará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de atropina, do Dr. Naury, de hora ein hora, ou de 2 em 2 horas, até a calma. Na gastrite chronica se dará 1 gr. de subni- trato de bismutho e 1 de chlorhydrato de mor- phina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. Ao jantar se dará 6 gr. de pepsina e 1 de co- deina, do Dr. Naury. Gasti'<»<Iynia.-V. Gastralgia. Gastro-e arterite.- Symptomas. A gastro- enterite manifesta-se repentinamente por vo- mitos, cólicas, diarrhéa, a principio composta de matérias alimentares, depois de líquidos amarel- lados, biliosos e de cor escura, sentimento de fraqueza até à syncope, insomnia, vertigens, podendo chegar em todo seu desenvolvimento á confundir-se, na sua gravidade, com o cholera- morbus de que os pathologistas consideram a enterite uma fôrma em certos casos. Estes acci- dentes que constitúem a enterite, pódem durar 2 a 3 dias sem remissão e esgotar o doente, bem que a terminação pela cura seja a mais commum. Tratamento. Dar-se-ha banhos mornos, e depois 1 colher de sopa de oleo de ricino, ou 381 melhor azeite doce, e dentro 1 gr. de hyoscia- mina, 1 de narceina e 1 de sulphato de strych- nina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes com indicio de que o oleo pro- duzio effeito. Em falta da hyosciamina, se poderá dar os gr. de atropina ; em falta do sulphato se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de strychnina; e em falta da narceina, os gr. de sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Fomentar-se-ha o ventre com oleo bella- donado. Nas manhãs que se seguirem, se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Si o doente tiver febre, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de narceina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Sé continuará depois a dar 1 gr. de chlorhy- drato de morphina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a diar- rhéa, vomitos e cólicas. A gastro-enterite muitas vezes é motivada pela entoxicação paludosa, neste caso, de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de 382 quinina e 1 de hyosciamina, de 1/2 em 1/2 hora, até passarem os symptomas aterradores, para depois tomar os gr., de 2 em 2 horas, ou mais espaçados. Na convalescença se darà2gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição, em 1 colher de sopa de vinho de canella, ou de calumba. Gastrorjriíagia.-V. Hèmatèmèse. Gastrorrhéa. -Vomitos pela manhã só de mucosidades. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, logo pela manhã cedo, e 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Si com este tratamento não melhorar, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyoscia- mina (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em lugar do arseniato de strychnina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina. Si o doente fôr chloro-anemico, para o trata- mento,-V. Chloro-anemia. Gengivas inolles.-V. Escorbuto. Gengivite. (Inflammação das gengivas).-V. Estomatite. 383 Gibosidade.-V. Rachitismo, Mal de Pott. Glandula engorgitada. - V. Adenite, Escrophulas, Syphilis. Glossite.-A glossite é a inflammação da lingua. Ella é consequência muitas vezes da variola confluente, da febre grave, e mesmo do abuso do mercúrio. - Symptomas. A glossite superficial, que affecta sómente a mucosa, é sem importância, cura-se pela resolução ; mas a glos- site parenchymatosa é umaaffecção séria, é geral ou parcial, marcha com grande rapidez e ter- mina por gangrena, outras vezes por suppuração. Tem-se visto causar a morte por suffocação. A lingua augmenta consideravelmente de volume, sahe fóra da bocca, é vermelha e mesmo violacea e sêcca, parece procurar pela base cobrir o larynge e occasionar a asphyxia. Tratamento. O doente tomará todos os dias aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua assucarada e acidulada com sueco de limão, até produzir 3 a 4 dejecções. Fará bochechos com uma colher de sopa, em um copo d'agua do seguinte : hydrato de chloral, 3 grammas; chlorato de potassa e alúmen, 1 gramma de cada um ; agua aromatisada 200 grammas. E tomará 1 gr. de veratrina, 1 de digi- 384 talina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até produzir effeito. Si a glossite fôr devida ao abuso do mercúrio, se dará 1 gr. de iodureto de potássio, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia, e 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Grlycostiria.-Symptomas. A glycosuria é a affecção essencialmente caracterisada pela pre- sença de assucar nas ourinas. Este assucar é formado pelo figado. A diabete (tem também este nome) principia por modifica- ções nas funcções digestivas, gosto acre na bocca, peso na região epigastrica, cephalalgia, seccura de bocca e de garganta, saliva escumosa, caimbras nas pernas, sede ardente, ourinas abundantes, incoloras, de sabor assucarado e deixa seccando nas vestimentas manchas brancas e gordurosas. A pelle é sêcca como pergaminho, a transpi- ração desapparece, encontra-se principalmente nas mulheres um prurido nas partes genitaes, a magreza augmenta consideravelmente, apparece uma tosse pequena e sêcca, a constipação do ventre é substituida por diarrhéa, indicio, como a tosse, da tuberculisação que mata o doente. Tratamento. Todas as manhãs cedo se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria ; e a cada refeição 4 gr. de quassina para despertar a atonia do figado e 385 estomago. As comidas não devem ser ensossas : o sal é necessário nesta moléstia. Contra a irritação da medulla se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, e 1 de camphora-bromé, doDr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Para a fraqueza gera], se dará ao mesmo tempo 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 gr. de arseniato de ferro (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em falta do arseniato de strychnina se em- pregará, pela mesma fórma, osgr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina ; em lugar do arseniato de ferro se dará osgr. dearseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodu- reto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Os gr. de acido phosphorico também se po- derão unir aos de ferro, com a strychnina. Contra a febre erratica, muito frequente nesta moléstia, se dará 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, durante toda a duração do accesso. Neste caso ainda se poderá dar 1 gr. de arse- niato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que ella passe. Os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou salicylato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, são uteis nesta moléstia, 26 386 1 gr. de hora em hora, até 4 a 6 por dia. Os gr. de acido salicylico, do Dr. Naury, serão dados, 2 de hora em hora, até 20 por dia. Contra a tuberculisação, para o tratamento.- V. Tísica. Os doentes devem tomar banhos salgados, andar vestidos constantemente de flanella e fazer exercicios corporaes. Não se os deve privar dos farináceos, como antigamente se lhes acon- selhava. Golpe.-V. Feridas. Gonorrliéa.-V. Blennorrhagia. Gotta.-Symptomas. A gotta é uma moléstia diathesica, hereditária, voltando por ataques, essencialmente caracterisada por fluxão dolorosa das articulações e principalmente das dos pés e das mãos e por affecções diversas inflammatorias e nervosas, notavelmente pela dyspepsia. A gotta agúda è annunciada por movimentos dyspepticos, seguidos logo de dor nas articula- ções, de frio e febre. A principio a dôr é suppor- tavel, depois vai augmentando, produzindo sen- sação de despedaçamento. A ourina deixa depor sedimento amorpho, de acido urico, assim como de albumina pelo calor. O enchimento das articulações diminúe e termina pela descamação da pelle. 387 A gotta chronica é caracterisada por dores mus- culares e arthriticas e por uma fôrma especial muito conhecida dos que soffrem de rheumatismo gottoso. Agotta constitúeuma diathese incurável. Tratamento. Dar-se-ha no accesso 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até suar e obrar 2 vezes. Depois se darà 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, 1 de di- gitalina e 1 de colchicina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar a febre; então, deixar-se-ha os gr. de aconitina e vera- trina, continuando-se com os de digitalina e col- chicina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia; e 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. Contra a dôr se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de sulphato de strychnina e 1 de codeina (os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação. Em falta do sulphato de strychnina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina ; em lugar da co- deina se darà os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Os gr. de bromureto de potássio, ou camphora- bromé, são também empregados neste caso, de hora em hora, até a sedação. 388 Na gotta chronica se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria todas as manhãs, e 1 gr. de arseniato de strych- nina, 1 de digitalina e 1 de colchicina ( os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Dar-se-ha 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Si o doente estiver chloro-anemico se dará 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina e 2 de arseniato de ferro (os 3 juntos), 3 vezes por dia. Em falta do arseniato de ferro se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de manganez, lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou salicylato de soda, ou de po- tassa, do Dr. Naury, pódem ser dados, 1 de hora em hora, até 6 por dia. Os gr. de benzoato de soda, ou de acido ben- zoico pódem ser dados, 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Póde-se ainda dar 1 gr. de elacterina e 1 de narceina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os gr. de iodureto mercurioso, ou de potássio serão dados 2, 4 a 5 vezes por dia. Gota coral.-V. Epilepsia. Gota sciatica.-V. Coxalgia. 389 Gota serena.-V. Amaurose. Gravidez. (Incommodos da ) - V. Vomitos incoercíveis. Grippe. - Symptomas. A grippe, na sua fórma mais simples, annuncia-se por enfraque- cimento geral, dor de cabeça, dores vagas no corpo, caimbras, anorexia, algumas vezes vo- mitos, mal de garganta, tosse sêcca e fatigante, frios passageiros e febre. A tosse se renova por accessos com dyspnéa, dor no peito; a coryza e a ophthalmia acompanham a dor de cabeça. A grippe é nervosa ou catarrhal. Apparece esta moléstia nos paizes frios debaixo da fórma epi- demica. Tratamento. Dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até suar e ter 2 a 3 dejecções. Para a febre se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar, e ao mesmo tempo 2 gr. de citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 12 por dia. Si com os gr. de aconitina, veratrina e digi- talina a febre não passar, se fará por todo o corpo loções d'agua fria. Si houver muita mucosidade nos bronchios, se dará aos meninos 1 gr. de emetina e aos 390 adultos 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa d'agua mórna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 2 a 3 vezes. Si houver dyspnéa ( falta de respiração), aos meninos se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de brucina, do Dr. Naury, de hora em hora ; para os adultos, 1 gr. de sulphato, ou de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos ), de hora em hora, até passar. A tosse e espasmo serão combatidos por 1 gr. de codeina, 1 de hyosciamina ou cicutina (os 2 juntos ), de hora em hora, até a calma. Os gr. de kermes, ou scillitina, ou benzoato de soda serão dados como expectorantes, 2, de 2 em 2 horas, até 10 por dia. Os gr. de iodoformio serão dados, 2 de hora em hora, até 10 por dia. Os de arseniato de soda, ou de potássio, ou de antimonio, do Dr. Naury, serão dados, 1 de hora em hora, até 4 a 8 por dia. Nesta moléstia é muito util vesicatórios vo- lantes sobre o peito. A cada refeição se dárà 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Ilalito (ináo).- V. Dyspepsia. Ilématéinèse.- Chama-se hématémése o vomito de sangue exhalado na superfície da membrana mucosa do estomago. De ordinário as 391 causas d'esta moléstia são quéda sobre o epigas- trio, introducção de veneno no estomago, ou uma emoção viva.- Symptomas. A hématémèse prin- cipia por uma dor profunda no hypochondro es- querdo, com oppressão, vertigens, pallidez da face, frio nas extremidades; o sangue expellido pelo vomito é vermelho mais ou menos pronun- ciado, quando é escuro o vomito toma o nome de melena. Tratamento. Applicar-se-ha na região epi- gastrica (estomago) compressas molhadas em agua fria e gelada; o doente tomará aos cálices, de hora em hora, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1 garrafa d'agua assuca- rada e acidulada com sueco de limão, até pro- duzir o effeito purgativo. Se applicarà sobre o estomago, do lado esquerdo, algumas ventosas sarjadas, continuando-se com as compressas d'agua fria, e o doente tomará aos cálices limonada de limão gelada, Dar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora ; ou 1 gr. de arse- niato de ferro, 1 de hyosciamina e 1 de cicutina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a hemorrhagia. Contra esta moléstia se dá ainda 1 gr. de ar- seniato, ou sulphato de strychnina, 1 de arse- niato de ferro, e 1 de digitalina, do Dr. Naury 392 (os 3 juntos), de hora em hora, até passar os vo- mitos de sangue. Para a dôr se dará 1 gr. de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de hora em hora ; si ella fôr rebelde, 1 gr. de bromhydrato de cicutina, 1 de hyoscia- mina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até a calma. Neste caso ainda se poderá dar 1 gr. de atro- pina dentro de 1 colher de sopa de azeite doce, de 2 em 2 horas, até a sedação. Nesta moléstia emprega-se ainda 1 gr. de quas- sina e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), 3 a 5 vezes por dia ; ou 1 gr. de ergotina, 1 de iodureto de enxofre e 1 de digitalina (os 3 juntos), 6 vezes por dia ; ou 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de digitalina, 1 de narceina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), as mesmas vezes. Hématocèle.- Dá-se este nome ao tumor de sangue assestado no escroto e em suas di- versas membranas. E' muitas vezes causado por pancada no escroto, por quéda ou qualquer violência.- Symptomas. O tumor occupa todo o volume do escroto podendo se confundir com o hydrocéle do qual distingue-se sómente pela natureza do liquido. Tratamento. Quando se soffre uma pancada no escroto, deve-se applicar logo compressas mo- 393 hadas n'agua fria, saturada de sal de cozinha , e tomar 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Nas outras manhãs só tomará 1 colher de sopa do sal. Si o volume do escroto não diminuir, far-se-ha uma puncção para extrahir todo o liquido, con- tinuando depois com o sal, do Dr. Naury, e as compressas molhadas em agua salgada. Si houver dor se dará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, ou 1 gr. de bro- mureto de potássio, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Contra o engorgitamento do escroto se dará 2 gr. de iodureto de arsénico, ou iodureto mercu- rioso, 4 a 5 vezes por dia; ou í gr. de iodureto mercurico, ou 2 gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia. Não é máo depois da puncção dar-se 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 gr. de cicutina e 1 de ergotina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, Ainda se poderá dar, com o fim de resolver o en- gorgitamento, 1 gr. de cicutina e 1 de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si com estes meios a moléstia não melhorar, 394 só a operação da decorticação da túnica vaginal curará o mal. Hematúria.'- Symptomas. Dà-se este nome ao phenomeno que consiste no sahimento de sangue pela urethra. Esta hemorrhagia é sempre symptoma d'alguma moléstia. O sangue póde vir da urethra, da bexiga, dos ureterios e dos rins. Os estados espasmódicos da bexiga e da urethra trazem sahimento de sangue, assim como os es- treitamentos da urethra, os corpos estranhos e as moléstias da próstata. Tratamento. Os banhos frios prolongados são uteis n'esta moléstia ; o doente tomará em 4 porções iguaes, durante o dia, eml garrafa d'agua fria, 1 colher de sopa do seguinte : perchlo- rureto de ferro a 47°, 50 centigrammas ; agua distillada 50 grammas. Poder-se-ha ainda dar 2 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina, de hora em hora, ou 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de arseniato de ferro, 1 de digitalina e 1 de ergotina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até passar a hemor- rhagia. As injecções d'agua fria na bexiga são muito convenientes. O doente tomará pela manhã 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. 395 Si elle fôr chloro-anemico, para o tratamento, -V. Chlor o-anemia, Hemicrania.-Dor na metade da cabeça. V. Enxaqueca. Hemiplegia.-V. Paralysia. Hemoptyse.-Symptomas. Hemoptyse é a hemorrhagia pulmonar. A hemoptyse pôde ser devida a uma causa accidental que actúa sobre o pulmão ou ser produzida por uma lesão do mesmo. E' motivada muitas vezes pelo exercício da voz, da declamação, respiração de vapores acres ou resfriamentos. E' symptoma de congestão pulmonar. Tratamento. Na hemoptyse activa occasio- nada pela congestão pulmonar, onde o pulso é cheio e forte, far-se-ha pequenas sangrias deri- vativas e se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e depois de produzir effeito, 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o pulso e calor á média normal. Na hemoptyse, devida a tuberculisação pul- monar, se dará depois do sal, do Dr. Naury, 1 gr. de acido tannico, de 1/2 em 1/2 hora, até 6 a 8 por dia, e 1 gr. de digitalina, do Dr. Naury, de hora 396 em hora, até 4 a 6 por dia; ou 1 gr. de arse- niato de soda, ou de potassa, de hora em hora, até 6 a 8 por dia; ou 1 gr. de digitalina, 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina e í de ergotina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até parar a hemorrhagia. Quando a hemorrhagia vier sob uma fôrma regular, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora; ou si ella vier sob a fôrma sub-aguda, se dará 1 gr. de arse- niato de quinina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até passar. Quando o doente fôr chloro-anemico, dar- se-ha 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de narceina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora; ou 2 gr. de hypo-phosphito de soda, ou cal, 1 gr. de idoureto de potássio e 1 de arseniato de soda (os 4 juntos), de hora em hora, até a calma. Si a hemorrhagia fôr devida a uma moléstia organica do coração, se dará 1 gr. de digita- lina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Si houver oppressão, dyspnéa, dar-se-ha 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. 397 Depois que passar a hemoptyse, si o doente ficar chloro-anemico, para o tratamento,-V. Chlo- ro-anemia. Para despertar o appetite na convalescença se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Hemorrhagia.-Symptomas. Hemorrhagia é a perda notável de sangue. E' sempre conse- quência da ruptura de vasos. As hemorrhagias podem ser traumaticas ou não traumaticas, neste ultimo caso são. sempre devidas as moléstias que corroem os tecidos dos diversos orgãos. As hemorrhagias podem ainda ser arteriaes ou venosas. Tratamento. O primeiro de todos os hemos- taticos (meios que fazem parar as hemorrhagias) é a compressão. Si um vaso arterial importante fôr aberto, far-se-ha a ligadura delle. Nos vasos menos importantes, os capillares, a agua fria é excéllente hemostatico. Também se emprega o perchlorureto de ferro para reter as hemor- rhagias. Para nós, entretanto, si a parte se prestar, preferimos applicar sobre o ferimento uma la- mina de chumbo de rapé, ou as que vêm nas caixas de chá e fixal-a com tiras agglutinativas, e depois 1 com bacia cheia d'agua bem fria e posta em lugar mais elevado do que a parte fe- 398 rida, e com uma toalha mergulhada na bacia por uma de suas extremidades e a outra posta sobre o ferimento estabelecer uma irrrigação cons- tante. Nas hemorrhagias internas, onde não se pôde empregar a compressão, ligadura e nem os meios topicos; damos 2 colheres de sopa de sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e depois que produzir o effeito purgativo, 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, de 1/2 em 1 /2 hora ; ou 1 gr. de digitalina, 1 de ergotina e 1 de sul- phato ou de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe. Si fôr devida a uma moléstia organica do co- ração, dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strych- nina, 1 de digitalina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. As pequenas sangrias são uteis, como derivati- vos, quando o pulso não fôr fraco. Quando este fôr forte e cheio, dar-se-ha 1 gr. de digitalina, 1 de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-o. Hemorrhagia arterial. - Havendo le- são de uma artéria, sô a compressão, ou laquea- ção do vaso será capaz de pôr termo à hemor- rhagia. 399 Hemorrhagia capillar. - Ella é devida a picadas de sanguesugas, ou incisões que divi- dem os vasos capillares. Tratamento. Compressas molhadas em agua fria ou gelada, ou com vinagre, fios ensopados em perchlorureto de ferro, alúmen em pô; cauterizar com nitrato de prata ou ferro em brasa. Vimos uma hemorrhagia devida a sanguesu- gas, ser retida rapidamente, partindo-se o feijão pelo meio, no sentido longitudinal e depois de bem enxuto o logar, applical-o e fazer sobre elle uma ligeira compressão. Si o doente ficar esgotado, pela grande perda de sangue, se fará o tratamento da chloro-ane- mia. Hemorrhagia cerebral. - V. Apople- xia. Hemorrhagia do esíomago. - V. II è- matèmèse. Hemorrhagia intestinal.- Symptomas. - E' a effusão do sangue pelos vasos intestinaes; de ordinário o sangue escôa-se pelo anus. Esta hemorrhagia raramente é simples, commum- mente é symptoma de varias moléstias que cos- tumam se assestar nos intestinos, como o cancro, as ulcerações da febre typhoide; a febre ama- 400 relia em seus últimos períodos também provoca as hemorrhagias intestinaes. Tratamento. - O tratamento da hématémêse é empregado na hemorrhagia intestinal. Si o doente estiver frio, far-se-ha fricções no espinhaço e por todo o corpo, com vinagre aro- mático ou dos quatro ladrões, para chamar o calor á peripheria ; sinapismos nas pernas e bra- ços serão applicados para fazer uma derivação sobre essas partes. O doente tomará aos cálices 2 colheres de sopa do sal, do Dr, Naury, dissolvido em 1 garrafa d'agua fria, assucarada e acidulada com sueco de limão, até produzir o effeito purgativo. Si houver cólicas, dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e um de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até passar. Póde-se também dar 1 gr. de digitalina de 2 em 2 horas, até 4 por dia e ao mesmo tempo 1 gr. de iodureto d'enxofre e 1 de ergotina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 por dia. Hemorrhagia nasal.- V. Epistaxis. Hemorrhagia do ouvido. -Symptomas. - E' em geral a que apparece nas quédas ; cor- responde á ruptura de alguns vasos do interior do apparelho auditivo, ou mesmo da base do ce- rebro. E' sempre symptoma grave, excepto si 401 vem do conducto auditivo externo, como indicio de inflammação. Tratamento. As hemorrhagias do ouvido, que sobrevêm pelas quedas, denotando uma fractura do rochedo, devem ser respeitadas. Dissolver-se-ha 3 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria assucarada e acidulada com sueco de limão, para ser dada aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir abundantes dejecções. Si o pulso estiver forte e o calor elevado, dar- se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-o á media natural, 37° pelo thermometro. Si o doente sentir dôr de cabeça, dar-se-ha 1 gr. de cafeina, ou citrato, ou arseniato de ca- feína, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Contra a hemorrhagia se dará 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia ; ou 1 gr. de calo- melanos, de hora em hora, até 10 por dia, ou 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de ergotina, doDr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até que passe a hemorrhagia. Si houver dôr e espasmo, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de iodhydrato de morphina (os 27 402 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou os de atropina, ou daturina, porém mais es- paçados do que os de hyosciamina. Em lugar do iodhydrato de morphina, se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gre- gory, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Para acalmar a dôr se poderá ainda dar 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Hemorrhagia pulmonar.- V. Hemo- ptyse. Hemorragia traumatica.-Symptomas. Nas hemorrhagias. traumaticas o sangue é ver- melho esahe por jactos, si provém de uma artéria; corre de um jacto continuo, si elle provém de uma veia ; si sómente os vasos capillares têm sido di- vididos, o sangue se derrama na superfície da fe- rida. Estas hemorrhagias ás vezes, por sua in- tensidade, reclamam operações de alguma impor- tância cirúrgica. Tratamento. V. Hemorrhagia. Hemorrhagia umbilical dos recem- nascidos.- Symptomas. E' a hemorrhagia que 403 se faz pelas artérias e veias do cordão umbilical. De ordinário apparece quando não se faz a liga- dura do mesmo cordão ; ou quando o fio da liga- dura é muito fino e corta rapidamente o cordão umbilical. Tratamento. Si ainda houver algum pedaço do cordão, com uma pinsa de dente de rato se fará tracção sobre elle e uma nova ligadura será posta ; dissolve-se 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, em 3 colheres de sopa d'agua assucarada para dar 1 colher de chá, de 15 em 15 minutos, até reanimar a criança. Quando não houver ponto algum para a nova ligadura, a vida da criança está em emminente perigo, então faça-se 1 bola de fios, embeba-se esta em per-chlorureto de ferro e applique-se no umbigo da criança, comprimindo-a ligeiramente; também se poderá applicar pó de quina, alúmen em pó, gelo, etc., e dar-se a brucina como já indicámos. Depois das hemorrhagias as crianças ficam sempre fracas, então dê-se 1 gr. de hypo-phos- phito de cal ou soda em 1 colher de chá d'agua assucarada, contendo a solução de brucina, 2 a 3 vezes por dia. Hemorrhagia uterina. - Symptomas. Dá-se especialmente o nome de hemorrhagia ute- rina, áquella que tem lugar ordinariamente 404 depois do parto, quando o utero não volta rapi- damente sobre si mesmo ao sahir da placenta. E' uma das complicações mais graves e peri- gosas do parto. Tratamento. Logo que a placenta se des- prende e cahe na vagina, se dará 1 gr. d'ergo- tina, 1 de sulphato, ou de arseniato de strych- nina (os 2 juntos), ou só 1 gr. d'ergotina e 1 de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de 15 em 15 minutos, até passar a hemorrhagia. Si a doente fôr pallida, a estes gr. se ajunte 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury. Hoje também se emprega 2 gr. de hydro-ferro- cyanato de quinina, do Dr, Naury, com bastante vantagem nas hemorrhagias, tomados de 1 /2 em 1/2 hora, até passar. Se fará ligeiras compressões sobre o corpo do utero, para despertar as contracções e mesmo retêl-o para não dar espaço ao seu desenvolvi- mento. Compressas d'agua fria, serão postas e renovadas a cada momento no baixo ventre. Depois de passar a hemorrhagia, velar-se-ha sobre a reacção (febre); para o tratamento. - V. Febre puerperal. Si a doente ficar pallida, para o tratamento. V. Chloro-anemia. Para o fastio administre-se 3 a 4 gr. de quas- sina à cada refeição, tendo o ventre desemba- 405 raçado por 1/2 colher de sopa, do sal do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. Heniorrliagiavesical ou da bexiga.- V. H ematuria. Heniorrlioiílas. - Symptomas. Dá-se este nome aos tumores que formam as veias do recto, quando ellas se dilatam, determinando muitas vezes um corrimento de sangue. As hemor- rhoidas podem ser internas ou externas. Quando a fluxão é ligeira, o doente sente somente tensão e peso, não ha symptomas geraes; quando porém a fluxão é intensa, apparecem as flatuosidades intestinaes, sentimento de pressão no anus e no perineo, tumefacção, escorrimento de mucosi- dades e de sangue. A hemorrhoida é muitas vezes hereditária, apresenta-se na idade adulta e na velhice. Principia pelo apparecimento constante de circumstancias que favorecem a estagnação do sangue no recto, como a posição assentada, a prenhez, a constipação de ventre. Quando as hemorrhoidas são periódicas, a sua existência é necessária para a saude do individuo. Tratamento. Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo e nas outras só 1 colher de sopa do sal. 406 Si houver muita congestão nos vasos hemor- rhoidarios, se applicará algumas sanguesugas no anus, e depois se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar as cólicas. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina. O doente não deve usar dos vinhos cozidos, os acidulos são muito mais convenientes. Dar-se-ha 1 gr. de ergotina e 1 de iodureto de enxofre, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), de hora em hora, até 8 por dia. Para despertar o grosso intestino da atonia, se dará 3 gr. de jalapina, ou colocynthina, do Dr. Naury, a cada refeição: ou 3 gr. de podo- phyllina e 1 de atropina (os 4 juntos), ao dei- tar-se. Para melhorar a crase do sangue, se dará 1 gr. de arseniato de ferro, de hora em hora, até 4 a 6 por dia e ao mesmo tempo 1 gr. de hyosciamina ou de atropina do Dr. Naury, 2 a 3 vezes por dia. Neste caso se poderá dar ainda 2 gr. de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de strychnina á noite ; ou 1 gr. de arseniato de potassa, ou de soda, e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de hora em hora, até 6 por dia. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todos os dias. 407 Os banhos e clysteres d'agua fria são uteis nesta moléstia. O café, depois do jantar, não deve ser prohi- bido aos hemorrhoidarios. Hepatite.. - Symptomas. Hepatite é a in- flammação do figado, caracterisada por uma tensão e dor mais ou menos aguda, e mais ou menos profunda no hypochondro (lado) direito» com febre, perturbação na secreção biliar, ou- rinas coloridas de amarello. Si a inflammação occupa a parte convexa do figado, ha tosse, difficuldade de respirar, e dor sympathica na espadua direita ; si a inflammação occupa a parte inferior da viscera, ha diarrhéa biliosa, e mesmo vomitos. Si a hepatite fica chronica, então, o tecido do figado soffre modificações, que o torna incapaz de concorrer para as boas digestões. Além das causas geraes, que produzem qualquer inflammação, a hepatite póde ser produzida pela infecção pa- lustre, assim como por queda sobre o hypochondro. Tratamento. No periodo agudo, si a dor fôr intensa, se applicará bichas na região do figado e depois cataplasma de linhaça e banhos mornos ; dar-se-ha 1 gr. de atropina e 1 de quassina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 â 5 vezes por dia com 1 chicara de infusão de centaurea de cada vez. Far-se-ha 2 fricções por dia na região do fi- 408 gado, com pommada mercurial 30 grammas, ex- tracto de cicuta ou belladona 4 grammas. O doente tomará todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2copo dagua fria; e ao deitar-se 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 4 juntos). Quando houver dôr e espasmo, dar-se-ha 1 gr. de narceina ou de codeína e 1 de hyosciamina, ou de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Si houver febre, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, atéabatel-a; e de- pois 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valeria- nato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia, dos 3 primeiros e 10 dos últimos. Si houver cólicas, dar-se-ha banhos mornos, e 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de nar- ceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a calma. Para prevenir a icterícia, dar-se-ha 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Contra a congestão hepatica, se dará 1 gr. de quassina, 1 de sulphato de strych- 409 nina e 1 de hyosciamina (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Logo que passar o periodo agudo, e sobrevier o chronico, se dará 1 gr. de arseniato de cafeina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 de cada um por dia. Para o en- gorgitamento do figado se dará 1 gr. de sul- phato ou arseniato de strychnina e 1 de digi- talina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 6 de cada um por dia, pintando-se a região do figado, de 2 em 2 dias, com tinctura de iodo. Para resolver a hepatisação, se dará 2 gr. de iodureto de potássio ou mercurioso, e 1 gr. de cicutina, 4 a 5 vezes por dia; ou 2 gr. de sulfureto de cálcio e 1 de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 5 vezes por dia ; ou 1 gr. de cicutina; e 1 de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury (os 2 juntos,) de hora em hora, até 6 de cada um por dia. Contra a anazarca dar-se-ha 1 gr. de arse- niato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até diminuir o derramamento, augmentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito que preduzir. 410 Para continuação do tratamento. - V. Ana- zarca. Hérnia estrangulada. - Symptomas. Chama-se hérnia a todo o tumor formado pelo deslocamento de uma viscera ou de uma porção de viscera, que, sahindo de sua cavidade, na- tural, por uma abertura qualquer, vem fazer saliência fóra. Em geral hérnia, entende-se dos intestinos. Quando a abertura, que dà passagem á parte herniada, estreita-se de maneira a operar sobre o intestino, um aperto mais ou menos forte, dá-se o que se chama estrangulamento, que apresenta os seguintes symptomas : constipação rebelde, vomitos, soluços, e todos os signaes de inflammação local violenta, seguida, muitas vezes, de gangrena. E' um phenomeno grave nas hérnias. Tratamento. Logo que a hérnia fôr saliente, mostrando um tumor duro e doloroso, deve-se applicar sanguesugas e banhos mornos prolon- gados e dar-se 1 gr. de atropina, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa de oleo de rícino, ou melhor azeite doce, de 1/2 em 1 /2 hora, até obrar ou dilatar as pupillas (menina dos olhos). Neste caso se dará ainda 2 gr. de hyoscia- mina, 1 de sulphato de strychnina, do Dr. 411 Naury (os 3 juntos), dentro de uma colher de azeite doce, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar. Depois deve-se fazer o taxis, (ligeira com- pressão methodica, com as pontas dos dedos sobre o tumor, no sentido do canal). Si a hérnia não se reduzir, depois de feito o taxis, só a ope- ração salvará o doente. Depois da operação sobrevem a reacção (febre), que será combatida por 1 gr. de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naurv (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a a 37°, que é o normal. Ao mesmo tempo se dará de 2 em 2, ou de 3 em 3 horas, 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury. Algumas vezes a febre torna-se remittente, ou francamente intermittente. N'este caso se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos últimos. Si houver peritonite, para o tratamento. - V. Peritonite. Ilerpes. - V. Dartros. Hydartlirose. - Symptomas. Hydarthrose é a hydropisia articular. E' geralmente a conse- quência de quédas, de violências feitas sobre as articulações, assim como apparecem esponta- 412 neamente nos indivíduos escrophulosos e lym- phaticos. À principio, si o indivíduo é robusto, a mo- léstia apresenta-se com os symptomas de inflam- mação local, sem nenhum indicio ; nos indivíduos lymphaticos, logo a synovial da articulação, en- che-se de liquido, formando tumefacção nos dois lados da rotula, si fôr o joelho, as dores são quasi nullas, a perna conserva-se encolhida ; a moléstia termina pela resolução, ou si o doente tem vicio geral, pelo que se chama tumor branco, incurável. Tratamento. O doente tomará todas, as ma- nhãs cedo, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou dimi- nuindo a dóse do sal, segundo o effeito que pro- duzir ; 1 a 2 dejecções por dia são sufficientes. Pintará de 2 em 2 dias a articulação com tinc- tura de iodo e applicará sobre ella 1 camada de algodão e 1 atadura ligeiramente compressiva, tomando 2 gr. de iodureto de arsénico, ou mer- curioso, ou de potássio, ou sulphureto de cálcio, ou 1 gr. de iodureto mercurico, do Dr. Naury, 4 a 6 vezes por dia. Si poderá também dar 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si o doente fôr chloro-anemico, se dará 2 gr. 413 de arseniato de ferro e 1 de sulphato, ou de ar- seniato de strychnina; ou só 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em falta do arseniato de ferro, se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de manganez, lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Nesta moléstia se poderá ainda dar 1 gr. de io- dureto de enxofre, de hora em hora, até 4 a 6 por dia ; ou 2 gr. de hypo-phosphito de cal, ou soda, do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia. Para augmentar a secreção da ourina, se dará 1 gr. de digitalina, ou colchicina, ou scillitina, ou asparagina, do Dr. Naury, 6 a 8 vezes por dia. Se applicarâ vesicatórios na articulação, que se farão suppurar por algum tempo, ou se cauteri- sarâ com ferro em brasa. Si com esta medicação a hydarthrose não des- apparecer, se fará a puncção da articulação com o aspirador Dieulafoy, applicando-se depois o al- godão e faixa compressiva. Contra o fastio, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. O exercicio a pé não é conveniente. Os banhos salgados, ou sulphurosos são uteis n'esta mo- léstia. 414 Ilydrocele.- Accummulação de serosidade na túnica vaginal do testículo. Só a operação cu- rará esta enfermidade. Hydrocephalo.- Hydropesia da cabeça. - Symptomas. Compreliende-se debaixo desta denominação, todas as hydropesias da cabeça quaesquer que sejam a séde do derramamento, e a natureza da causa e os symptomas que pro- voca. Ha hydrocephalos agudos e chronicos. Os hy- drocephalos agudos, de ordinário apresentam-se com vomitos, cephalalgia, facepallida, com man- chas, somnolencia, febre intensa, gritos particu- lares muito conhecidos dos práticos, dilatação e oscillação das pupillas, movimento convulsivo do globo ocular, delirio, atordoamento de todos os sentidos e morte. O hydrocephalo chronico existe às vezes desde o nascimento. A' medida que se desenvolve a cabeça, alarga-se nos pontos em que a ossifícação não está completa e vão apparecendo lentamente os symptomas do hydrocephalo agudo, até matar o doente. Tratamento. Dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeiras, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar, 2 a 3 vezes. Nas outras manhãs só tomará 1 colher de sopa do sal em, 1/2 copo 415 d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse, conforme o effeito que produzir. No intervallo dos vomitos se dará 1 gr. de sul- phato ou de arseniato de strychnina e 1 de hyos- ciamina (os 2 juntos), de hora em hora, até pas- sarem. Para as crianças em logar da strychnina se dará os gr. de brucina, do Dr. Naury. Contra a febre se dará 1 gr. de aconitina, í de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-a ; então, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou sulphato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que ella não volte. Para a dor de cabeça e somnolencia se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até a sedação. Em falta do arseniato de cafeina, se dará, de 1/2 em 1/2 hora, os gr. de cafeina, ou de citrato de cafeina, do Dr. Naury. Para o delirio se dará 1 gr. de camphora- bromé, de hora em hora, até a calma; 1 gr. de calomelanos e 1 de narceina (os 2 juntos), de hora em hora, até produzir dejecções viscosas, são uteis nesta moléstia. Si houver dor e espasmo, se dará 1 gr. de iodhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. 416 Pintar-se-ha a nuca com tinctura de iodo, ou se applicará 1 vesicatório. Si o calor do doente, tomado pelo thermo- metro, estiver abaixo de 37°, se dará 1 gr. de acido phosphorico, e 1 de sulphato, ou de arse- niato de strychnina ( os 2 juntos ), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que elle suba a 37°, que é o normal. No hydrocephalo chronico, se dará o sal, do Dr. Naury, e se applicará a tinctura de iodo e o vesicatório na nuca, como no agudo. Dar-se-ha q gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, ( os 3 juntos ), de hora em hora, até 6 a 8 por dia J e nas crianças 2 a 4 vezes por dia, segundo a idade. Também se dará 2 gr. de iodureto de potássio ou sulphureto de cálcio, ou hypo-phos- phito de cal, ou soda, do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia. Os gr. de colchicina, ou scillitina, ou asparagina ou bryonina são uteis, para, augmen- tando a secreção da ourina, diminuir o derra- mamento da cabeça, 1 de hora em hora, até 6 a 10 por dia; e nas crianças metade da dóse. Contra o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Os banhos salgados e os sulphurosos e a mo- rada no campo são uteis nesta moléstia. 417 llydroceplialo agudo das crianças. -V. Meningite. Hydropericardio.-Symptomas. Tem esta denominação a hydropisia do pericárdio. 0 hy- dropericardio é passivo quando tem por causa um embaraço na circulação venosa, e activo quando é produzido por mudanças sobrevindas nas funcções da serosa do pericárdio, como a pericardite. O symptoma mais evidente é a grande obs- curidade na região precordial. Tratamento. No hydropericardio activo, para o tratamento,-V. Pericardite. No passivo se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1 garrafa d'agua fria, para ser tomado aos cálices, de hora em hora, durante o dia. Um largo vesicatório será posto na região precordial, fazendo-o suppurar por algum tempo, ou se pintará de 2 em 2 dias esse lugar com tinctura de iodo. Dar-se-ha 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Em lugar do arseniato de ferro se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury. 28 418 Em falta do arseniato de strychnina se dará o sulphato de strychnina. Os gr. de colchicina ou scillitina, ou aspara- gina, succedaneos da digitalina, pódem ser dados, 1 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Também se poderá dar os gr. de bryonina, ou colocynthina, do Dr. Naury, 2 de hora em hora, até 10 por dia. Os gr. de arseniato de soda ou de potassa, ou de antimonio, pódem ser dados, 1 de hora em hora, até 6 a j 0 por dia. Si o derramamento não diminuir, se fará a thoracentèse cardíaca, menos perigosa do que a permanência do derramamento no pericárdio. Penetrar-se-ha com a agulha do aspirador de Dieulafoy entre o espaço da 5a e 6a costella, no lugar em que começam as carti- lagens. Para o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Stydrophobia. - Hydrophobia quer dizer horror a agua.-Symptomas. Os doentes atacados desta moléstia, por uma influencia nervosa re- flectida sobre os musculos deglutidores, expe- rimentam em presença da agua o desespero de quem está engasgado, produzindo-lhe a vista d'agua este phenomeno, visto como elles sabem que não a pódem engolir, apezar da sede. De or- dinário esta moléstia è transmittida pela mor- 419 dedura de animaes damnados, comtudo alguns pathologistas pensam que a hydrophobia pôde apparecer espontaneamente. Uns admittem que a hydrophobia é uma nevrose, emquanto que outros consideram-na como symptoma de mo- léstia cerebral. Tratamento. Logo que o animal suspeito mor- der o individuo, cauterize-se a ferida com ferro em braza, depois se fará o tratamento com fios ensopados em solução de acido salicylico, ou oleo phenicado, e se dará 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até 10 por dia; ou 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de quinina, ferro, soda, ou potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Todas as manhãs cedo se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dose do sal, segundo o effeito que produzir. O doente deve habitar em logar que tenha ar puro e renovado a cada momento. Elle deve tomar banhos de mar. Si, não obstante este tratamento preventivo, se manifestarem os primeiros symptomas da mo- léstia confirmada, se continuará a dar o sal do Dr. Naury, como já indicámos e 1 gr. de cam- phora-bromé, 1 de hyosciamina e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 420 15 em 15 minutos, até abatel-os, depois espaçar os gr. para 3 a 4 vezes por dia. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fórma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou os de atropina, ou daturina, porém estes últimos mais espaçados. Si a hydrophobia fôr devida a vermes se dará 1 gr. de santonina, de 1/2 em 1 /2 hora, até 6 a 8, dando-se na manhã seguinte 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria. Os gr. de bromureto de potássio, ou croton- chloral podem ser dados 1, de 1 /2 em 1 /2 hora, até a sedação; os de sulphureto de cálcio 2 de hora em hora, até 10 a 12 por dia; si o ther- mometro applicado no sovaco por 15 a 20 mi- nutos, marcar mais de 37°, então se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-o a 37°, e ao mesmo tempo 1 gr. de hyos- ciamina, 1 de cicutina e 1 de narceina, de 2 em 2 horas. Si houver oscillação do calor entro a tempe- ratura da manhã e da tarde, se dará 2 gr. de sul- phato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arse- niato de quinina, do Dr Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 dos últimos. 421 Si o doente estiver pallido, para o tratamento V. Chlor o-anemia. Os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de cafeina, do Dr. Naury, podem ser dados 1, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Ao almoço e jantar se dará 3 gr. dequassina, do Dr. Naury. •opisia.-V. Anazarca. Hydropisia das articulações.-V. Hy- darthrose. Hydropisia da cabeça.-V. Hydroce- phalo. Hydropisia do coraçao.-V. Hydrope- ricardio. Hydropisia do ovário.-V. Kysto do ovário. Hydropisia do peito, ou hydrothora v. -V. Pleuriz chronica. Hydropisia do ventre.-V. Anazarca. Hys roma.-Dá-se este nome á hydropisia das bolsas mucosas sub-cutaneas; affecção muito commum nos joelhos, diante da rotula nas pes- soas que ficam muito tempo ajoelhadas. Parece resultar sempre da contusão destas mesmas membranas, neste caso o derramamento 422 não se torna saliente senão muito tempo depois de obrar a causa. Tratamento.-V. Hydarthrose. Hyperchinesia cardíaca.-V. Palpita- ções nervosas do coração. Ilyperiniia.-Synonimo de congestão. Afllu- xo de sangue para os capillares sanguíneos. Tratamento.-V. Inflammação. Hypertropliia do baço. - V. Splenite. Hypcrtrophia do coraçao. - Io caso.- Dilatação do coração com adelgaçamento das paredes, Aneurysma passivo de Corvisart (mo- léstia rara). - Symptomas. Embaraço, incom- modo sobre o coração ; ruidos claros e breves ; ausência de sopro; obscuridade de som à per- cussão produzida em uma extensão mais consi- derável ; impulsão fraca do coração ; não existe abaúlamento do peito; difficuldade de respiração; anxiedade ; pulso fraco, molle e depressivel. Havendo dilatação do ventrículo direito, nota-se pulsação nas jugulares, o que constitúe o pulso venoso. Ha stase de sangue, cyanose, congestão passiva, hydropisia mais ou menos generalisada, dor de cabeça e syncopes, porque a energia do coração não é bastante. 2o caso.-Dilatação geral com augmento das paredes, Aneurysma activo (moléstia fre- 423 quente).-Symptomas. Obscuridade de som mais extensa e pronunciada; sensação de resistência debaixo do dedo de quem percute ; abaúlamento da região do coração; impulsão forte, ausência de ruidos anormaes ; ruidos mais surdos do que habitualmente ; ás vezes ligeiro ruido de sopro, ou musical, ou tinido metallico no 1° tempo ; palpitações ; difficuldade da respiração ; sensação de peso na região do coração ; pulso forte, vi- brante, duro, muito regular, salvo o caso de complicações valvulares ; o pulso porém é pe- queno, si a hypertrophia se faz á custa da capaci- dade do coração, isto é, si ella é concêntrica; embaraço da circulação venosa; congestão da face ; anazarca ; hemorrhagias. A hypertrophia ou augmento de volume pôde ser: Io, com conservação da capacidade do coração; 2o, com dilatação do coração-hyper- trophia excêntrica; 3°, com diminuição da capacidade do coração-hypertrophia concên- trica ; 4o, limitada ao ventrículo esquerdo ; 5o, occupando o ventrículo direito. Tratamento. Na hypertrophia do coração se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria todas as manhãs cedo ; no aneurysma passivo se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. No aneurysma activo se dará 424 1 gr. de acido arsenioso, 4 a 6 vezes por dia ; ou os de arseniato de antimonio, ou de potassa, ou de soda, do Dr. Naury, pela mesma fôrma, durante 1 a 2 mezes. Si houver alguma congestão para o lado do fígado, se dará 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição. Na anazarca se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de digitalma, do Dr. Naury vos 3 juntos), de hora em hora, tomando aos cálices de 1/2 em 1/2 hora, 3 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissol- vido em 1 garrafa d'agua fria. Si houver hemorrhagia se dará 1 gr. de sul- phato de strychnina e 1 de ergotina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, augmentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito produzido. Um vesicatório na região do coração é conve- niente, deixando-o suppurar por muito tempo. Hypertrophia do ficado.-V. Hepatite chronica. Hypocliondria.-V. Alienação mental. Hysteralgia-Nevralgia do utero e vagina. -V. Nymphomania. r Hy st crismo.-V. Nevrose. Icthyosc. - Escamas da pelle côr de nacar, ou de cinzas, duras e sêccas e que apresentam o aspecto das do peixe. 425 Tratamento. O doente tomará todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dôse do sal, segundo o effeito que produzir; banhos d'agua morna com farelo ; e 2 gr. de sul- phureto de cálcio, ou iodoformio, ou iodureto de arsénico, ou acido salicylico, ou salicylato de ferro, soda, ou potassa, ou iodureto mercurioso, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Se poderá ainda dar 1 gr. de acido arsenioso, ou de arseniato de soda, ou de potassa, ou de an- timonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 por dia. Si houver coceira se dará 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até abatel-a; ou 1 gr. de bromureto de potássio com o mesmo intervallo. Icterícia. - Designa-se sob o nome de icte- ricia uma affecção caracterisada pela cor ama- rella da pelle e das ourinas, devida à presença da matéria colorante da bilis. - Symptomas. A principio a coloração se mostra nas conjunctivas, depois nos lábios, nas fontes em fórma de placas; os lábios ficam de um vermelho sombreado, os interstícios dos dedos, a parte anterior do tronco, e a face interna dos membros ; a pelle fica sêcca e aspera, sobretudo nas mãos e nos pés ; apparece 426 febre e suores abundantes que mancham os len- çôes. A desapparição da cor amarella segue a in- versa do apparecimento, a face e os olhos ficam amarellos, quando ainda o resto do corpo tem a sua côr normal; logo que desapparece a colo- ração, a pelle é séde de grande prurido. A icte- rícia às vezes é moléstia essencial ; em geral é symptoma de moléstias variaveis. A icterícia póde ser grave. Tratamento. Dissolva-se todos os dias 2 co- lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 gar- rafa d'agua fria, acidulada com suceo de limão, para ser dado aos cálices, de hora em hora, du- rante o dia. Si o thermometro, applicado no sovaco, marcar mais de 37°, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1 /2 em 1 /2 hora, até abater a tempe- ratura a 37°, que è a natural. E ao mesmo tempo tomará 1 gr. de quassina e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Si a febre tornar-se remittente, ou intermit- tente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 dos últimos. 427 0 doente tomará banhos mórnos ; e 2 gr. de podophyllina, 1 de quassina e J de hyosciamina (os 4 juntos), a cada refeição; ou 1 gr. de podo_ phyllina e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Para augmentar a secreção das ourinas se dará 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de colchicina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 4 a 6 por dia ; e ao mesmo tempo 1 gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 3 a 4 por dia. Como succedaneo da digitalina se dará os gr. de scillitina, ou asparagina, 2 de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Contra a icterícia espasmódica se dará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), 3 a 6 vezes por dia. Em falta do sulphato se dará os gr. de arseniato de strych- nina. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury. Se dará ainda nesta moléstia 1 gr. de arseniato de cafeina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Para a icterícia espasmódica se dará o sal, do Dr. Naury, e os banhos como já indicámos; e 1 gr. 428 de hyosciamina e 1 de quassina ( os 2 juntos ), de hora em hora, até 4 a 6 por dia. Para a icterícia toxica, a produzida pelo phos- phoro, se dará 2 gr. de hypo-phosphito de cal, de 1/2 em 1/2 hora, até passarem os symptomas de envenenamento. Contra a icterícia organopathica se dará 1 gr. de narceina e 1 de hyosciamina (os 2juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar a dor e o espasmo. Em falta da narceina se dará, pela mesma fórma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlo- rhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Para esta moléstia se poderá dar 1 gr. de ar- seniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio e 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Para activar a secreção biliar se dará 1 gr. de arseniato de cafeina e 1 de quassina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Icterícia dos recem-nascidos. - Sym- ptomas. A icterícia dos recem-nascidos é a que apparece nas crianças logo depois de nascidas. E' consequência muitas vezes da falta de re- gularidade na circulação hepatica. Algumas vezes é sem importância. 429 As crianças quasi sempre apresentam-se em poucos dias completamente amarellas sem alte- ração no estado geral. Tratamento. Dar-se-ha um terço de colher de chá do sal, do Dr. Naury, em leite ou agua assucarada, todos os dias; ou 1 a 2 colheres de chá de xarope de ruibarbo. Se darão banhos môrnos, e se partirá em 4 partes 1 gr. de quassina, outro de hyosciamina e outro de brucina, do Dr. Naury, e o menino to- mará 1 parte de cada um desses 3 gr. em 1 colher de chá d'agua fria assucarada, pela manhã, ao 1/2 dia e á tarde. Idiotismo.-- V. Alienação mental. íleo ou Volvulo, Cólica de miserere, Nô na tripa.-Designa-se com este nome a affecção caracterisada por uma disposição organica ou material qualquer, cujo effeito é determinar a occlusão mais ou menos completa do canal in- testinal, suspendendo ou interrompendo o curso das matérias que devem atravessal-o. -Symp- tomas. Si a occlusão é incompleta apparecem cólicas,perturbações digestivas e mesmo os outros accidentes do volvulo, porém passageiros; mas quando a occlusão é completa, costuma ser brusca com dor persistente, localisada de ordi- nário no umbigo, constipação de ventre rebelde, soluços, vomitos de todas as naturezas, chegando 430 a ser de matérias fecaes ; a face fica pallida, os traços alterados, a prostração extrema, somno nullo, intelligencia clara e intacta, pulso pe- queno, até que no fim de 3 a 4 dias a morte so- brevém. Tratamento. O doente tomará banhos mornos prolongados e 1 gr. de atropina e 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), dentro de 1 colher de sopa de oleo de ricino, ou azeite doce, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir abundantes dejecções. Em falta da atropina se dará os gr. de hyosciamina, ou daturina. Em falta do sulphato se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Depois de vencer o obstáculo se dará 2 co- lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, continuando-se com os gr. de sul- phato, ou arseniato de strychnina e 1 gr. de hyosciamina, de hora em hora, até 6 por dia. Si, não obstante este tratamento, ainda os symptomas do volvulo preexistirem, só achamos um recurso extremo para salvar o doente,- é abrir-se a cavidade abdominal e o piretoneo, e desembaraçar as circumvoluções intestinaes. E não se faz o mesmo na operação cesariana, e na ovariotomia ? Por certo. A cirurgia tem atrevimentos que só os extremos os autorisam. 431 Os purgativos drásticos, o mercúrio, as injec- ções e a sondagem, etc., são mais prejudiciaes do que uteis nesta moléstia. Impetigo, enipigem.- V. Dartros. Impotência viril.-E' a impossibilidade de exercer o acto venereo. Segundo alguns autores esta palavra é synonima de anaphrodisia e signi- fica ausência de desejos venereos, outros, ao con- trario, dão á palavra impotência a significação de esterilidade ou agenes a; parece que a pri- meira maneira de entender é a mais acertada. Tratamento. O doente tomará todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dose do sal, segundo o effeito que produzir ; e 1 esponja ensopada em agua bem fria será pas- sada pelo espinhaço. Terá um regimen salgado, - sardinhas de cmserva, presunto, etc. Poderá também tomar os banhos salgados. Dar-se-ha 1 gr. de cubebina, 1 de cicutina, 1 de acido phosphorico e 1 de sulphato de stry- chnina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 2 em 2 horas, até 4 por dia, augmentando lentamente estas dôses até produzir o effeito desejado. Com o mesmo fim se poderá dar 2 gr. de acido phosphorico e 2 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 4 juntos); ou só 2 gr. de hypo- 432 phosphito de strychnina, do Dr. Naury, ao dei- tar-se. Inappetencia.-V. Dyspepsia. Inchação.-V. Anazarca, Edema. Inchação das juntas.-V. Rheumatismo, Arthrite, Hydarthrose. Inchação da lingua.-V. Glossite. Inchação do rosto.-V. Fluxão do rosto. Inchação dos seios.-V. Engorgitamento dos seios. Inchação do ventre nás crianças.- V. Tubérculos mesentericos. Incontinência das ourinas.-E' a au- sência ou perda da faculdade de reter a ourina durante algumas horas. Esta enfermidade é symptoma sempre de outras moléstias, da be- xiga, do conducto excretor. 0 corrimento da ourina involuntário se faz muitas vezes nas mo- léstias graves e avançadas da próstata, e se observa também nas pessoas que têm cálculos na bexiga. Apparece igualmente no curso da febre typhoide, das congestões cerebraes, e das lesões da medulla. Tratamento. O doente tomará todas as ma- nhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou di- 433 minuindo a dose do sal, segundo o effeito que produzir. Dar-se-ha 1 gr. de brucina, 1 de hyos- ciamina e 1 de cicutina ou bromhydrato de ci- cutina ( os 3 juntos ), 3 a 5 vezes por dia, e ao mesmo tempo 2 gr. de benzoato de soda 5 a 6 vezes por dia, angmentando gradualmente os gr. até produzir o effeito que se deseja. Para as crianças que ourinarem á noite na cama, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de bru- cina, do Dr. Naury, 2 a 3 vezes antes de se deitarem. Nas pessoas adultas se dará 1 a 2 gr. de atropina e 1 gr. de sulphato de strychnina, do Dr. Naury, á noite. Si poderá ainda dar nesta moléstia 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arse- niato de strychnina ( os 2 juntos ); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando lentamente as dóses até produzir effeito. Aos que soífrem de cálculos para o seu trata- mento, -V. Cálculos ourinarios. Aos que soífrem da urethra, -V. Estreita- mento da urethra. Indigestão.-E' a perturbação passageira e súbita das funcções digestivas, que sobrevem ordinariamente algumas horas depois da ingestão de alimentos muito copiosos ou de má natureza, 29 434 ou sob a influencia da acção do frio ou de qual- quer impressão moral.-Symptomas. A's vezes a indigestão é tão passageira que não tem impor- tância ; outras vezes apparecem anxiedade, nau- seas, depois vomitos, borborygmos, dor de ca- beça, cólicas, evacuações, espasmos depois dos vomitos que pôdem matar o doente, reunidos as outras modificações apontadas. Tratamento. No intervallo dos vomitos dar- se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar as nauseas, vomitos e espasmos. Em falta da hyosciaminia se dàra os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, porém os 2 últimos com maior espaço. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Logo que os vomitos se calmem se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria assucarada e acidulada com sueco de limão, aos cálices de 1/2 em 1/2 hora. Si o doente não obrar e sentir cólicas, se dará 1 colher de oleo de ricino, ou azeite doce com 1 gr. de atropina, e 1 de sulphato de strychnina de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 dejecções. 435 Para a dor de cabeça se dará 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. As cólicas e diarrhéa serão combatidas, depois do oleo, ou do sal, do Dr. Naury, pelos gr. de sulphato de strychnina, hyosciamina e chlorhy- drato de morphina, como já indicámos para os vomitos e espasmo. Si depois vier a reacção (febre ) ella será aba- tida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), do 1/2 em 1 /2 hora, até passar. Si ella tomar o caracter remittente, ou intermittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou sali- cylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 20 por dia dos 3 primeiros, e 10 dos últimos. Para despertar o appetite e activar as funcções do figado, se dará 2 gr. de quassina a cada re- feição. Inércia <Ia bexiga. - V. Paralysia da bexiga. Inércia <lo ulero. - Algumas vezes du- rante o trabalho do parto o utero não se con- trahe. A mulher deve passear, tomar vinho, café, banho morno e 1 clyster com 1 colher de sopa do sal de cozinha torrado. Nunca se deve 436 empregar o pó de centeio, ou ergotina, como abusivamente se pratica. Será melhor dar-se 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1 /2 hora, até que se renovem as contracções uterinas. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de atropina, do Dr. Naury, 1 de 2 em 2 horas, até produzir effeito. Em falta do sulphato de strychnina se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Inflecçtto purulenta. - E' uma moléstia febril que se suppõe causada pela introducção do pus nas vias circulatórias. - Symptomas. So- breveni depois do parto e das operações, como as amputações; é precedida em geral pela inflam- mação das veias ; depois o frio logo apparece irregularmente, formam-se abcessos nos pulmões, no fígado, derramamentos nas pleuras, nas ar- ticulações, o doente cahe em prostração e morre. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir ; 2 dejecções por dia são sufficientes. Depois se dará 1 gr. de arseniato de strych- nina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury, 437 (os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a temperatura a 37° que é o normal. Far-se-ha o curativo das feridas com o oleo phenicado, - 1 onça de oleo de linhaça para 4 grammas de acido phenico ; ou com solução de acido salicylico. Si a febre fôr intensa, si o thermometro, ap- plicado por 15 a 20 minutos no sovaco, marcar mais de 39°, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-o a 37°, que é o natural. Si ella tomar o caracter intermittente, ou re- mittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato, ou salicylato, ou 1 gr. de vale- rianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. A' noite para conciliar o somno se dará 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta da codeina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si houver symptomas cerebraes, - delirio, carphologia, etc.,-dar-se-ha 1 gr. de camphora- bromé, de hora em hora, até a calma. Si houver somnolencia, coma, se dará 1 gr. de 438 arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até despertal-o. Para a febre ainda se dá com vantagem 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até aba- têl-a; ou 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de ar- seniato de strychnina (os 2 juntos ), de hora em hora, até 10 a 12 por dia; ou 1 gr. de acido ar- senioso, ou de arseniato de soda, ou de potassa, ou de cafeina, ou salicylato de soda, ou potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia, segundo a gravidade. Ainda se poderá em- pregar neste caso 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Se examinará o doente todos os dias, e as in- flammações intercorrentes serão combatidas pela pintura de tinctura de iodo e cáusticos. V. Pleuriz, Pneumonia, Arthrite, Abcesso do fígado. Para o fastio dar-se-ha 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Iníilti •ação.-V. Anazarca. Inflam mação em geral.-E' um estado morbido caracterisado por um affluxo mais consi- derável de sangue nos vasos capillares, intumes- cimento, tensão dolorosa, calor e rubor. As in- flammações que affectam os orgãos internos cha- mam-se phlegmasias e cada uma tira o nome do 439 orgão que affecta. Admittem-se as inflammações chronicas e agudas. A inflammação é um phe- nomeno complexo. Não se deve confundir a in- flammação com a congestão. A inflammação ter- mina pela resolução, por induração, por suppu- ração e por gangrena. As causas da inflammação são em geral o frio, as contusões, as feridas, a introducção de agentes que alterem os tecidos, como certos virus e venenos. Tratamento. - No periodo de frio se darà 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até vir a reacção (febre). Depois se dissolverá todos os dias 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão para dar-se aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora. A febre será combatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a a 37° que é o natural. Si ella tornar-se intermittente, ou remittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro- cyanato, ou salicylato de quinina, ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 440 primeiros e 10 dos últimos. Neste caso ainda se poderá dar 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar a febre. Contra a dor e espasmo, como sedativo, se dará 1 gr. de chlorhydrato de morphina, e 1 de hyos- ciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de atropina, ou cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou daturina. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Ainda contra o espasmo e a dor se dará 1 gr. de digitalina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos) ; ou 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Para a vermelhidão e raridade das ourinas se dará 1 gr. de digitalina, í de hyosciamina e 1 de colchicina, ou scillitina, ou asparagina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de hora em hora, até aug- mentar-se a secreção das ourinas. O trabalho local da inflammação será comba- tido com bexigas com gelo, ou compressas d'agua fria postas sobre a parte inflammada ; com san- guesugas, ou ventosas sarjadas, cataplasmas de linhaça ; depois com pomada mercurial, ou de iodureto de chumbo e extracto de belladona, 441 ou de cicuta, ou pintando-se'o lugar com tinctura de iodo. Logo que passar o periodo agudo, para resol- ver-se os endurecimentos, se dará 2 gr. de iodu- reto de potássio, ou mercurioso, ou de arsénico, ou 1 gr. de iodureto mercurico e 1 de cicutina, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Neste caso ainda se poderá dar 1 gr. de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de antimonio e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury, 6 a 8 vezes por dia. Nas phlegmasias se empregará localmente a tinctura de iodo e os cáusticos, e para o trata- mento geral V. Bronchite, Pleuriz, Pneumonia, Pericardite, Hepatite, etc. A compressão methodica é um bom meio de resolução para as inflammações. Depois das grandes inflammações fica sempre um estado chloro-anemico; para o tratamento V. Chloro-anemia. Si sobrevierem symptomas de infecção puru- lenta, ou de gangrena,-V. Infecçãopurulenta, Gangrena, etc. Para o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Inflam macào das amvirdalas. - V. Amygdalite. 442 Inflummaçíío das articulações, ou juntas. - V. Arthrite. Inflammaçao do baço. - V. Splenite. Inflammaçao da bexiga. - N. Cystite. Inflammaçao da bocca.-V. Estomatite. Inílammaçílo do cerebro. - V. Ence- phalite. Inflammaçao da conjunctiva. -- V. Conjunctivite. Inflammaçao da cornea.-V. Keratite. Inflamniaçao do estomago. - V. Gas- trite. Inflammaçao do figado. -V. Hepatite. Inflammaçao da garganta.-V. Amyg- dalite. Inflammaçao das gengivas. - V. Es- tomatite. Inflanimação dos intestinos. - V. En- terite. Inflammaçao da iris. - V. Irite. Inflammaçao da lingua. - V. Glossite. Inflammaçao da medulla espinhal.- V. Myelite. Inflammaçao dos niiisculos.-V. Myo- ite. Inflammaçao do olho. - V. Ophtalmia, Conjunctivite. Inflamniaçao do ouvido. - V. Otite. 443 Iiiflaminação das palpebras.-V. Ble- pharite. Infla mniação da próstata. - V. Pros- tatite. Inílammaçao dos pulmões.-V. Pneu- monia. Infla mmaçâo dos rins. - V. Nephrite. Inílammaçao dos seios.-V. Abcesso cios seios. Inílammaçao dos testículos.- V. Epi- didymite. Iiiílammação da unha. - V. Onyxis. Inflammação <la urethra.-V.Urethrite Inílammaçao do útero. -V. Metrite. Inílammaçao das veias. - V. Phlebite. Ingiia.-V. Adenite, E scrophulas, Syphilis. Insectos (Picada dos).-V. Mordeduras venenosas. Insolação. - E' a acção prolongada do sol sobre a cabeça. Ella occasiona cephalalgia e con- gestão cerebral. Tratamento. - Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, doDr. Naury, dissolvido ern 1 chicara de café, e depois de produzir effeito sedará 1 gr. de veratrina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até abater o pulso ao estado natural, e contra a 444 cephalalgia, dor de cabeça, se dará 1 gr. de ca- feína, ou citrato de cafeína, ou arseniato de ca- feína, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que ella passe. Iiisoinnia. - Tratamento. Passeios prolon- gados, banhos frios e á noite 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta da codeina se empre- gará, pela mesma fôrma, os gr. de iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, ou narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si houver constipação de ventre, se dará 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, pela manhã cedo, em 1/2 copo d'agua fria: ou 2 a 3 gr. depodophyllina e 1 de atropina, do Dr. Naury, ao deitar-se ; ou 5 a 6 gr. de jalapina, ou colo- cynthina, do Dr. Naury, ao jantar. Tomará 2 gr.de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Iiisufliciencia das valvulas do co- ração. - Insuficiência aortica ou sigmoide, (das valvulas aorticas ou sigmoides). - Symp- tomas. - Ruido de sopro no segundo tempo, cobrindo o segundo ruido, que entretanto pôde ouvir-se distinctamente no trajecto da aorta, nas carotidas e nas axillares, tendo o máximo de 445 intensidade um pouco acima da base do coração; duplo sopro intermittente ao nivel da artéria crural; pulso largo, regular, ondulante, percep- tivel no trajecto das principaes artérias mais no- tável quando o doente levanta o braço ; inter- vallo notável entre a pulsação do coração e a de uma artéria afastada ; palpitações; impulsão forte, extensa ; obscuridade de som ; difficuldade da respiração ; face azulada ; pulso venoso, ver- tigens ; insomnia ; edema, e nos últimos tempos escarros de sangue. Tratamento. Dar-se-ha todos os dias 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria para tomar em 3 porções ; 1 gr. de acido ar- senioso e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), ás 8, às 11 horas da manhã, às 3 e ás 6 horas da tarde, durante 2 mezes, sus- pendendo a medicação por 15 dias, e continuan- do-a depois por mais 2 mezes, suspendendo-a de novo por 1 mez para continual-a por outros 2 mezes. Em lugar dos gr. de acido arsenioso se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury. Em lugar do arseniato de strychnina se poderá dar os gr. de sulphato de strychnina, do Dr. Naury. Si houver pallidez e edema das pernas, se dará 446 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 6 a 8 vezes por dia. Si houver dyspnéa, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. Si houver escarros de sangue se dará 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de ergotina e 1 de di- gitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que elles passem, augmentando ou diminuindo as dôses, segundo o effeito que pro- duzir. Si o doente tiver fastio, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. InsufAciencia mitral, ou da valvuIa auriculo-veiitricular esquerda.- Sym- ptomas. Ruido de sopro, de raspa, de serra, um pouco antes ou durante o primeiro tempo, per- cebido na ponta do coração, prolongando-se até o começo do segundo tempo ; pulso pequenino, ir- regular, intermittente; frémito gatario. Esta mo- léstia acompanha quasi sempre o estreitamento do orifício auriculo-ventricular esquerdo ou mitral. Tratamento. Dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria, tomado em 2 porções, pela manhã cedo ; 1 gr. de acido 447 arsenioso, do Dr. Naury, ás 8, às 11 horas da manhã, às 3 e às 6 horas da tarde. Este tratamento deve ser continuado por 2 mezes e interrompido por 15 dias, continuando-se ainda por 2 mezes, fazendo-se de novo uma in- terrupção de 1 mez, para depois continuar por outros 2 mezes. Em lugar do acido arsenioso se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury; si o doente estiver chloro-anemico, se fará o trata- mento desta moléstia. Os gr. de iodureto de po- tássio, do Dr. Naury, podem ser dados 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si houver dyspnéa, ella será combatida, como já indicámos, por 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação, aug- mentando ou diminuindo as dóses segundo o effeito que produzir. A alimentação de leite com uma pequena quan- tidade de sal commum é conveniente nesta mo- léstia. Insufficiencia tricuspide ou da val- vula auriculo-ventricular direita . - Symptomas. Sopro n<» primeiro tempo, na ponta do coração na região do ventrículo direito ; pulso pequeno, irregular, intermittente, perceptivel nas jugulares (que é caracteristico das moléstias 448 do coração direito). Congestões passivas, hydro- pisias, quando a insufficiencia é complicada de estreitamento mitral. O estreitamento aortico, ou mitral, quasi sempre, acompanha esta mo- léstia. Tratamento. Uma colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria todas as ma- nhãs cedo. O doente tomará 1 gr. de acido arsenioso e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 vezes por dia, durante 1 mez, interrompendo a medicação por 15 dias, depois continuando-a por 1 mez, interrompendo-a de novo por 20 dias, continuando-a por mais outro mez. Em lugar do acido arsenioso se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio ; em lugar do arseniato de strychnina se poderá dar os gr. de sulphato de strychnina, do Dr. Naury. Si houver congestões passivas, se continuará com o sal, do Dr. Naury, todas as manhãs cedo; se applicarà ventosas sarjadas sobre o lugar, e 1 vesicatório, cáustico, que se fará suppurar por muito tempo, continuando com os gr. de acido arsenioso e arseniato de strychnina. Si houver hydropisia, dissolver-se-ha 3 co- lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 gar- rafa d'agua fria para ser dado aos cálices, de 1/2 449 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções; de- pois tomará 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até que diminua o derramamento, augmentando ou di- minuindo as dóses segundo o effeito que produzir. Si com estes gr. houver uma tal ou qual pressão no collo da bexiga, se dará 1 gr. de hyosciamina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até passar esse estado incommodo. Em lugar da hyosciamina se poderá dar os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury. Os gr. de asparagina, ou colchicina, ou bryonina, ou scillitina, do Dr. Naury, podem ser dados 10 a 12 por dia, sendo 1 de cada vez para augmentar a secreção da ourina. Si o doente estiver chloro-anemico se fará o tratamento da chloro-anemia. Si a hydropisia fôr grande se abrirá 2 fonticulos nas pernas. Si houver inappetencia, se dará 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição. Si houver dyspnéa (falta de res- piração), se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do D. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Os gr. de iodu- reto de potássio, do Dr. Naury, podem ser dados, 2 de 2 em 2 horas, até 6 a 8 por dia. A alimen- tação de leite salgado é muito conveniente nesta moléstia. 29 450 Intestinos ( Ferida dos ). - V. Feridas. Intestinos ( Inflnniinaeao dos).-V. En- terite. Irite.-E' a inflammação da iris. Entro as causas da irite nota-se a syphilis, a escrophula e o rheumatismo.-Symptomas. Logo que a mo- léstia se accentúa, a pupilla torna-se irregular em seu contorno, a conjunctiva e a sclerotica ficam injectadas, emquanto que a iris no fundo cobre-se de uma especie de nuvem, que lhe tira o brilhantismo, os depositos plásticos apparecem, as adherencias também, emquanto que a dôr é fraca e as modificações visuaes são notáveis : ha lacrimejamento, photophobia, etc., a dôr mais tarde augmenta e irradia-se para as partes vi- zinhas. Os symptomas geraes correspondem á intensi- dade dos symptomas locaes. Tratamento. Dissolve-se 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua, aci- dulada com sueco de limão, para se dar aos cá- lices de hora em hora. Si a inflammação fôr intensa, se applicará al- gumas sanguesugas nas fontes, e compressas d'agua bem fria nos olhos; e se dará 1 gr. de ve- ratrina, 1 de aconitina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até abater o pulso e calor a 36' e 1/2. 451 Para combater a dor e espasmo se dará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou hyos- ciamina de 1/2 em 1/2 hora ; ou 1 gr. de atropina, ou de daturina, do Dr. Naury, de hora em hora, até dilatar as pupillas. Si a dor tomar caracter intermittente se dará 2 gr. de hydro-ferro cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. Far-se-ha fricções pela manhã e á tarde com pomada mercurial belladonada ao redor da orbita. Se dará 2 gr. de iodureto mercurioso, ou 1 gr. de iodureto mercurico, ou 2 gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Os gr. de calomelanos serão dados 1, de hora em hora, com 1 gr. de narceina, até 10 a 12 por dia. Se emprega ainda nesta moléstia 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de anti- monio e 1 de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 10 por dia. A' noite para trazer a sedação e conciliar o somno, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de nar- ceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até pro- duzir effeito. Em falta da narceina se dará os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhy- drato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. O tratamento local consiste em banhar os 452 olhos com agua fresca e immobilisal-os com fios e 1 atadura ligeiramente compressiva. íris (Infianimaçao da).-V Iríte. Iscliiiria.-Retenção da ourina. - V. Dy- suria. Ikeralite.-Symptomas. Nome dado a uma affecção, na qual a cornea offerece diversas alte- rações e perturbações de nutrição em seguida a inflammação das membranas vasculares do olho' taes como: a conjunctiva, a coroíde e mesmo a iris. A cornea não pôde se inflammar, porquanto não tem vasos sanguineos. Esta moléstia apresenta-se com perturbações na vista e depositos de matéria amorpha e fibro- plasticos. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir; é suíficiente 1 dejecção por dia. Se darà 1 gr. de arseniato de soda e 1 de hyos- ciamina (os 2 juntos), 6 a 8 por dia. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, dando-se os 2 últimos mais espaçados. Em lugar do arseniato de soda se dará, pela 453 mesma fórma, os gr. de arseniato de potassa, ou de antimonio, ou de iodureto de arsénico, do Dr. Naury. Os gr. de iodoformio podem ser dados, 2, 3 a 5 vezes durante o dia. Si houver commemorativos syphiliticos, escro- phulosos, ou dartrosos, para o tratamento,- V. Siphilis, Escrophula, Dartros. A cada refeição o doente tomará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Banhará os olhos com agua salgada. Kysto.-Symptomas. Especie de sacco sem abertura ordinariamente membranoso, que se desenvolve accidentalmente nos fundos de sacco e nos conductos excretores das glandulas. Os kystos formam-se também nas glandulas sem canal. As paredes dos kystos são formadas das paredes glandulares espessadas ou de tecido fibroso, que póde mesmo estar incrustado de cal- careo. O conteúdo dos kystos é variavel; pode ser seroso, granulações gordurosas, mucoso, gló- bulos sanguíneos, etc. Os kystos hematicos são constituídos pela parte serosa do sangue, o coagulo sendo absorvido. Kystos hydaticos desenvolvem-se com grande rapidez, são conhecidos pelo frémito que apre- sentam ao ouvido e á mão. 454 Tratamento. Só a operação da ablação será capaz de curar os kystos; os outros meios são simplesmente palliativos. Deve-se sustentar as forças do organismo com 1 gr. de acido phospho- rico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strych- nina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. Para melhorar a crase sanguínea, d'onde todos os tecidos tiram os materiaes para sua nutrição, se dará 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de sul- phato, ou de arseniato de strychnina, 2 a 3 vezes por dia. Em falta do arseniato de ferro se dará os gr. de arseniato de manganez, lactato, phos- phato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury. Neste caso se poderá ainda dar 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de cafeína, 4 a 6 vezes por dia. Os gr. de iodureto de potássio serão dados 2, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. As dores e espasmo serão calmados por 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, sendo os 2 últimos mais espa- çados. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará os gr. de narceina, ou codeína, ou sal, 455 de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Para o fastio dar-se-ha 3 a 4 gr. de quassina a cada refeição. O doente deve tomar todas as manhãs, 1/2 ou 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury em 1/2 copo d'agua fria. Apuncção e injecção dos kystos é uma operação que dá raros resultados ; a ablação é preferível. Antes da operação se deve dar ao doente 1 gr. de aconitina 4 a 6 vezes por dia, como meio pre- ventivo. Kysto do ovário.-Symptomas. A fórma do kysto é variavel. Si a bolsa é unilocular e volumosa, apresenta-se muitas vezes ovoide, regular, sua pequena extremidade dirigida para a bacia, em quanto que a grossa occupa a cavi- dade abdominal que fica cheia como na ascite. No principio estes tumores são latentes, á medida, porém, que se desenvolvem, começam a tornar-se salientes, principal mente pela apalpação, trazendo dores e difficuldades nos movimentos. No ovário também apparecem kystos pillosos. Tratamento. A operação da omrzoíomia é o único meio curativo dos kystos do ovário; os outros tratamentos são apenas palliativos. O doente deve ter o ventre desembaraçado, 456 tomando 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo. Si houver dor e espasmo, se dará 1 gr. dehyos- ciamina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da narceina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou os de atropina, ou os de daturina, sendo estes 2 últimos mais espaçados. Em lugar da narceina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlor- hydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso se poderá dar 1 gr. de bromu- reto de potássio, de hora em hora, até a calma. Si a doente estiver chloro-anemica, para o tratamento, -V. CTiZoro-anemza. Si as forças estiverem abatidas, se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de ar- seniato de strychnina (os 2 juntos),ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que o thermometro suba a 37°. Os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, podem ser dados com 1 de cicutina (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Contra a febre cachetica se dará 1 gr. de arse- 457 niato de cafeína, de hora em hora, até passar, diminuindo depois o numero dos gr. Depois da operação, para o tratamento,-V. Febre traumatica, Inflammação, Peritonite. Para o fastio se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Laryngite aguda. - Symptomas. Laryn- gite é a inflammação do larynge (da membrana mucosa). A inflammação catarrhal apresenta todas as fôrmas, desde a mais simples até a mais grave. Ha a laryngite aguda, a croupal, a chronica, que se transforma em ulcerativa, ou tisica-la- ryngéa, que de ordinário acompanha a tisica pul- monar, podendo existir só. Esta moléstia apresenta-se com alteração na voz, tosse, máo cheiro no hálito, difíiculdade na deglutição, acompanhada de febre hectica, si a laryngite é chronica, ou ulcerativa; também se manifestam suores nocturnos, etc. Tratamento. Na fôrma aguda, quando hou- ver dôr, espasmo do larynge e febre, se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laran- jeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 ve- zes ; ou 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa d'agua mórna, de 1/2 em 1/2 hora, até vomitar 2 a 3 vezes. 458 Depois dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitaliua, do Dr. Naury (os 3 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre, e ao mesmo tempo 1 gr. de chlorhydrato de mor- phina e 1 de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até acalmar a dor, espasmo e tosse. Em falta da cicutina se dará os gr. de bromhydrato de cicutina, ou de hyosciamina, ou de atropina, ou de daturina. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou codeina, ou iod- hydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si a febre tomar o caracter remittente, ou in- termittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de qui- nina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si ella fôr de causa virulenta, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até abatêl-a. Ainda se poderá dar contra a febre 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, 1 de digitalina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até que o thermometro, applicado no sovaco, durante 15 a 20 minutos, 459 não marque mais de 37°; ou 1 gr. de calomelanos e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até ter dejecções viscosas ; ou 1 gr. de aconitina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Si a febre for continua e lenta, denotando consumpção, se darà 1 gr. de arseniato de ca- feína, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, diminuindo depois as dóses gradualmente. Si houver dyspnéa, dar-se-ha 1 gr. de hyos- ciamina e 1 de sulphato, ou de arseniato de stry- chnina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, ou de hora em hora, até passar. Si o pulso estiver cheio e forte, se applicarána garganta algumas sanguesugas e depois com- pressas d'agua fria, renovadas a cada momento. Na laryngite chronica se pintará a parte an- terior do pescoço, de 2 em 2 dias, com tinctura de iodo ; ou se applicará 1 vesicatório. Os gr. de sulfureto de cálcio, ou de acido sa- licylico, ou salicylato de ferro, soda, ou potassa, do Dr. Naury, são muito empregados na laryn- gite virulenta, 2 gr. de hora em hora até 10 a 20 por dia. Para a laryngite de causa tuberculosa se dará 1 gr. de acido arsenioso, ou de arseniatode soda; ou de potassa ; ou de antimonio, do Dr. Naury, 460 de hora em hora, com .1 gr. de cicutina até 6 a 8 por dia. V. Tísica. Contra a dartrosa se dará 1 gr. de iodureto de arsénico, 1 de codeina, e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4a 8 vezes por dia. V. Dartros. Para a tosse, dor e espasmo, e conciliar o somno se dará 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos), com 1 colher de sopa d'uma poção , contendo hydrato de chloral. Neste caso se poderá dar os gr. de croton-chloral, ou de camphora-bromé, ou bro- mureto de potássio, do Dr. Naury, 1 de hora em hora, até a sedação. Como expectorante se dará 1 gr. de emetina, de hora em hora, até 6 a 8 por dia; ou 2 gr. de kermes, ou 2 de iodoformio, ou 2 de scillitina, juntos a 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 de cada um por dia. Para o tratamento da laryngite syphilitica, V. Syphilis. Para o fastio se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. a cada refeição. Laryngite aliphtherica, ou membra- nosa.-V. Group. Laryngite edematosa.-V. Edema da Glotte. 461 Laryngite estridulosa.-Symptomas. A laryngite estridulosa apresenta-se com os mesmos symptomas que as outras especies de laryngite, contendo mais membranas de nova formação, neo- membranas na larynge, o que produz o estridulo caracteristico no acto da respiração. Costuma apparecer sob a fôrma epidemica, e é grave, porquanto não sendo convenientemente combatida, mata o doente por asphyxia. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de emetico, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa d'agua mórna, de 1/2 em J /2 hora, até produzir 3 a 4 vomitos carregados de falsas membranas. Se applicará, na occasião do accesso, sina- pismos nas pernas e coxas. Depois do vomitivo se dará logo 1 gr. de sul- phureto de cálcio, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia, ou 1 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, soda ou potassa, pela mesma fôrma. Si o doente for forte e robusto, si o pulso es- tiver cheio, se applicará algumas sanguesugas no pescoço, e depois compressas d'agua fria, renovadas a cada momento para moderar a dôr. Deve-se dar todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Si houver febre se dará 1 gr. de aconitina e 1 dehydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, 462 (os 2 juntos ), de 1/2 em J /2 hora, até abatêl-a. Si a moléstia fôr de causa palustre se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a, para depois dar os gr. de sulphureto de cálcio (remedio heroico nesta moléstia), como já indicámos. Para combater a elevação da temperatura se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 15 em 15 minutos, até que o thermometro não marque mais de 37.° E ao mesmo tempo se dará 1 gr. de sulphato ou de arseniato de strychnina, do Dr. Naury, e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos ), de 1/2 em 1 /2 hora, até passar a dyspnéa ( suffocação ). Para fazer uma derivação sobre os intestinos se dará 1 gr. de calomelanos, de 1/2 em 1 /2 hora, até ter dejecções viscosas. Pintar-se-ha a região anterior do pescoço com tinctura de iodo ; ou se applicará 1 vesicatório. Para a dor, espasmo e tosse se dará 1 gr. de chlorhydrato de morphina e 1 de hyosciamina ( os 2 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou co- deína, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. 463 Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, do Dr. Naury; porém os 2 últimos mais espaçados. Neste caso ainda se po- derá dar 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Como expectorante se dará 1 gr. de emetina, de 1/2 em 1/2 hora, até produzir nauseas ; ou 2 gr. de kermes; ou de scillitina ; ou de iodofor- mio, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Nas crianças as doses serão mais espaçadas ; em lugar da strychnina, se empregará os gr. de brucina ; do emetico, os gr. de emetina ; da atro- pina e daturina, os gr. de hyosciamina ou cicu- tina, ou bromhydrato de.cicutina. Contra esta moléstia se dá 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio e 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 gr. de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 por dia e 2 gr. de arseniato de strychnina á noite. Para gargarejar se deitará sueco de limão em 1 copo d'agua fria ; ou 1 colher de sopa do se- guinte : hydrato de chloral 10 grammas ; borax 5 grammas; agua distillada 2Õ0 grammas. Para o fastio na convalescença se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Leicenço. - V. Abcesso. 464 Lepra. - V. Dartros, Elephantiasi dos gregos. Lepra tuberculosa, llorphéa. - V. Elephantiasi dos gregos. Letbargo. - Somno profundo. Uma a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de café. Depois de produzir effeito, 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar o somno. Leucocythcinia. - Predominância dos globos brancos sobre os rubros do sangue. -V. Chloro-anemia. Leucophlegiuasia. - V. Anazarca. Leucorrhéa ou flores brancas.-Symp- tomas. E' o catarrho ou inflammação mais ou menos chronica da membrana mucosa do utero e de seu collo, assim como da vagina, acompanhada de corrimento mucoso de côr variavel. Esta mo- léstia affecta as mulheres de constituição fraca e lymphatica, que habitam as grandes cidades, que levam uma vida ociosa e desregrada, e que usam banhos frequentes. Em geral este corrimento faz-se com peso na vagina, algum ardor e calor igualmente. As mulheres ficam pallidas, emma- grecem, vivem sempre com langor, sentem re- puchamento no estomago. A duração da leucor- rhéa é longa, ás vezes dura toda a vida. 465 Tratamento. - Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou dimi- nuindo a dose, segundo o effeito que produzir; 1 dejecção por dia é sufficiente. Depois se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, pela manhã e á tarde. A doente tomará banhos frios, ou salgados, e fará exercícios de gymnastica. A cada refeição tomará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Para melhorar a crase sanguínea se dará 2 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strych- nina e 1 de ergotina (os 4 juntos), 2 a 3 vezes por dia. Pela mesma fórma do arseniato de ferro se dará os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Em falta do arseniato de strychnina se dará os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury. Póde ainda dar-se nesta moléstia' 1 gr. de acido arsenioso, ou de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de iodureto de arsénico, ou de iodureto de enxofre, do Dr. Naury, de hora 30 466 em hora, até 6 a 8 por dia, interrompendo o tra- tamento arsenical depois de 15 dias para prin- cipiar de novo. Dá-se ainda nesta moléstia 2 gr. de acido sali- cylico, ou de sulphureto de cálcio, ou de iodo- formio, ou de hypo-phosphito de cal, ou de soda, ou iodureto de potássio, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Também se poderá dar 1 gr. de acido tannico, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Contra o ardor e calor se dará um gr. de ci- cutina, 1 de hyosciamina e 1 de narceina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. As grandes injecções vaginaes com agua sal- gada, ou infusão de chá, ou da casca de cajueiro, ou com tinctura de iodo 60 gottas, iodureto de potássio 60 centigrammas e agua distillada 1,000 grammas. A cauterização do collo do utero com tinctura de iodo, ou nitrato de prata não é para desprezar nesta moléstia. Liclieii. - V. Dartros. Lienteria. - Diarrhéa na qual se encontra os alimentos sem soffrerem digestão. - V. Dys- pepsia. luin gua (cancro da). - V. Cancro da língua. 467 Língua (Feridas da). - V. Aphthas, Sy- philis. Lingua (Inílammaçâo da).-V. Glossite. Lingua ( Ulceras da) - V. Syphilis. Lipomo.-Tumor formado de tecido adiposo, revestido de uma capsula fibrosa. Tratamento. Só a ablação. Lipolhymia.-V. Syncope. Lobinho.-V. Kysto. Lombrigas.-V. Vermes. Loucura.-V. Alienação mental. Lumbago.-Dor rheumatica dos musculos da região do dorso.-V Rheumatismo. Lupus.-Tumor livido,'indolente, solitário, ou em grupo, que apparece no rosto e nariz, seguido de ulceração corrosiva, ou alteração da pelle sem ulceração. Tratamento. V. Syphilis. Luxação em geral.-Symptomas. E' o deslocamento de duas ou muitas peças ósseas, cujas superfícies articulares tem perdido total- mente, ou em parte suas relações de contacto natural, quer por effeito de violência, quer em seguida a alteração de algumas das partes que concorrem para a articulação. A luxação é com- 468 pleta quando os ossos tem inteiramente perdido suas relações articulares, incompleta ao con- trario. As luxações em geral modificam, quando não aniquilam o movimento da parte. Tratamento. A luxação só póde ser tratada pelo medico para reduzil-a e depois applicar pastas de algodão e atadura compressiva. A dor e o espasmo serão combatidos por 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina ( os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará os gr. de codeina, ou narceina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si houver febre, para o tratamento, - V. Febre traumatica. Lymphatite.-V. Angioleucite. Alachucadura. -V. Contusão. Alagreza.-V. Cacheocia. Alai caduco.-V. Epilepsia. Alai de umbigo.-V. Tétano. Alai de engasgo.-V. Dysphagia. 469 Mal feio. -- V. Elephantiasi dos gregos. Mal gallico ou venereo.-V. Syphílis. Alai de gota.-V. Epilepsia. Alai de I*ott.-V. Rachitismo. Mal de S. Lazaro. -V. Elephantiasi dos gregos. Mal dos sete dias.-V. Tétano. Maleitas.-V. Febres intermittentes. Maligna, ou Febre maligna. -V. Me- ningite. Manchas da cornea.-V. Keratite. Manchas da pelle. - V. Elephantiasi dos gregos, Lepra, Syphílis, Dartros, Eczema, Máo cheiro do nariz.-V. Ozena. Mania.-V. Alienação mental. Aláo hálito.-Não sendo ligado à altera- ção dos dentes e à falta de limpeza, - V. Dyspepsia, Gangrena dos pulmões. Máo successo.-V. Aborto. Marasmo.-V. Gacheocia. Masturbação.-Habito vicioso dos meninos e moços. Tratamento. Combater este habito por con- selhos moraes ; dar liberdade, trabalhos in- tellectuaes, passeios e gymnastica. Ao deitar-se 470 tomar 1 gr. de camphora bromé, ou de bro- mureto de potássio, do Dr. Naury, de 1 /2 em 1/2 hora, até 4 a 6 por noite. Como calmante ainda se dará 1 gr. de cicutina e 1 de hyoscia- mina, do Dr. Naury (os 2 juntos ), 3 a 4 vezes por dia. Medulla vertebral (Coimiioçâo da). - V. Commoção da medulla espinhal. llethilla vertebral (Infianimaçao da). - V. Myelite. Xelancolia. -V. Hypochondria. Melanose.-Symptomas. E' o tecido negro, homogeneo, um pouco húmido, opaco, que em seu estado de crudez tem uma consistência analoga às glandulas lymphaticas, e que deixa sahir pela pressão, quando tende a amollecer, um liquido misturado de grumos negros. As producções melanicas, semelhantes ao pigmento da choroíde, localisam-se em geral, nos cancros, principalmente nos animaes de outra especie que não o homem. Tratamento. O doente tomará todas as manhãs cedo, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Si houver dor, se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora até a calma. 471 Si ihouver hemorrhagia dar-se-ha 1 gr. de ar- seniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro c 1 de ergotina (os 3 juntos); ou sô 1 gr. de acido tannico, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar. V. Cancro. Helena.-V. Ilematemèse, Meningite.-Symptomas. Meningite é a in- flammação das tres membranas que rodeiam o cerebro ou a medulla e que se chamam meninges. A meningite cerebral (febre cerebral de alguns autores) principia por cephalalgia viva, somno- lencia, calor na fronte, rubor nas conjunctivas, dôr no globo ocular, zumbidos nos ouvidos, frios irregulares, febre, delirio, algumas vezes con- vulsões, paralysia dos olhos e difficuldade na de- glutição, coma profundo e morte. A meningite cerebro-espinhal apresenta a mesma gravidade. A meningite tuberculosa se declara muitas vezes nos indivíduos tuberculosos, então os doen- tes se queixam de dôr de cabeça frontal intensa e continua, com exacerbações, principalmente nas crianças; estupor mais ou menos profundo, expressão geral de soffrimento, vomitos e consti- pação do ventre. A face é pallida, a pnpilla di- latada ou contrahida, photophobia (horror á luz), exaltação na sensibilidade cutanea, coma e morte. 472 Tratamento. No período de reacção (febre) se applicarà 1 sanguesuga atraz de cada orelha, e se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tília, ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes ; depois se dará 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermo- metro applicado, por 15 a 20 minutos no sovaco, não marque mais que 37°. A' noite se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de iodhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em lugar da hyosciamina se dará os gr. de ci- cutina, ou bromhydrato de cicutina. Em falta do iodhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Se applicarà compressas d'agua sedativa sobre a cabeça e se passará 2 vezes por dia por todo o corpo. Para a dôr de cabeça, somnolencia e sonhos, se dará 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de arseniato de cafeína, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Para o espasmo e convulsões se dará 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de 473 arseniato de soda, ou potassa, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Neste caso também se emprega 1 gr. de cam- phora-bromé de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si entre a temperatura da manhã e da tarde houver oscillação no grão de calor, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de 1/2 em 1/2 hora, e 1 gr. de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora, e 1 clyster com 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado. Quando houver signa] de paralysia, manifes- tado pela resolução muscular e o doente obrar e ourinar sem consciência, tendo o ouvido duro e as pupillas dilatadas, se dará 1 gr. de acido phos- phorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos) ; ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que sobrevenha a reacção (febre), e esta será combatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 2 de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro não marque mais de 37°. Quando houver symptomas de derramamento se dará 1 gr. de brucina, 1 de digitalina e 1 de colchicina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora e 1 gr. decalomelanos de 1/2 em 1/2 hora, até ter dejecções viscosas; ou 1 gr. de iodureto 474 de potássio; ou 1 gr. de calomelanos, 1 de digi- talina (os 2 juntos), de hora em hora, até 10 por dia. O doente deve tomar todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Pintar-se-ha a parte posterior do pescoço, 2 vezes por dia, com tinctura de iodo ; ou se appli- carà 1 vesicatório na nuca. Si a lingua estiver saburrosa se darà 1 gr. de calomelanos, do Dr. Naury, de hora em hora, até obrar. Na meningite tuberculosa se dará 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, 1 de acido phos- phorico e 1 de sulphato de strychnina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação, dando todos os dias pela manhã cedo o sal, do Dr. Naury. O tratamento da meningite consiste : Io em re- gularisar a temperatura e circulação ; 2o, em lavar todos os dias os intestinos ; 3o, derivar sobre as extremidades. Na meningite das crianças se darà 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 calix d'agua fria, assucarada e acidulada com sueco de limão. Contra a febre se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 2 de hydro-ferro-cyanato de qui- nina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que 475 ella passe, deixando então a aconitina e a ve- ratrina, continuando sô com os gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, de 2 em 2 horas. Si a lingua estiver saburrosa, se darâ 1 gr. de digitalina e 1 de calomelanos, do Dr. Naury, de hora em hora, até ter dejecções viscosas. Si houver symptomas de paralysia se darà 1 gr. de brucina, de hora em hora ; ou 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, de 2 em 2 horas, até so- brevir a reacção. Pintar-se-ha a nuca 2 vezes por dia com tinc- tura de iodo, ou se applicará 1 vesicatório. Quando os meninos não queiram tomar os gr se os dissolverá em 1 colher de sopa de agua as- sucarada. Na convalescença, para o fastio, se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. lleuorragliia.-V. Hemorrhagia uterina. Menstruação <Iií*ficil ou nulla. - V. Amenorrhèa. Bleteorisino.-Accumulação de gaz nos in- testinos.-V. Dyspepsia. lletrite.-Symptomas. E' a inflammação do proprio tecido do utero. E' caracterisada por uma dor continua, viva e despedaçadora, calor ar- dente e uma tumefacção limitada ao hypogastro ou aos lombos, sacro e vagina, suppressão dos lo- 476 chios ; lesões variaveis dos orgãos vizinhos, como constipação de ventre, tenesmo, estranguria, dôres nas coxas e no tronco, mastodynia, vo- mitos e febre ardente. Esta inflammação pôde ser aguda ou chronica, desenvolve-se na mulher casada como na solteira ; suas causas principaes são : as contusões, as manobras do parto, o abuso do coito na prenhez. Quando a inflammação do utero se estende ao peritoneo, ella é grave. Tratamento. Applicar-se-ha bichas no hypo- gastro (sobre o utero); cataplasma de linhaça, banhos mornos ; fricções de pomada mercurial e extracto de belladona ou de cicuta. Todas as manhãs se dissolverá 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices de hora em hora, até ter 2 a 3 de- jecções. Para a febre, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a ; depois se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Em falta do hydro-ferro-cyanato de quinina se dará, pela mesma fórma, 1 gr. de sulphato, ou de valerianato de quinina, do Dr. Naury. Contra a dôr se dará 1 gr. de cicutina, 1 de 477 hyosciamina e 1 de narceina ( os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até acalmal-a. Em lugar da cicutina e da hyosciamina se dará, pela mesma fórma, 1 gr. de bromhydrato de cicutina, ou só 1 gr. de atropina, ou daturina, de 2 em 2 horas. Em falta da narceina se dará, pela mesma fórma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou,bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso se dará ainda 1 gr. de camphora-bromé, ou de bromu- reto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Si houver inflammação do peritoneo, para o tratameuto,-V. Peritonite. Na metrite chronica se dará 1 gr. de cicutina, 1 de arseniato de soda, ou de potassa, ou de anti- monio, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 por dia, continuando todas as manhãs com 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'aguafria. Neste caso ainda se poderá dar 2 gr. de iodu- reto de potássio, ou sulphureto de cálcio, ou 1 gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia. Pintar-se-ha, de 2 em 2 dias, o baixo ventre, com a tinctura de iodo. 478 Si a doente estiver pallida, para o tratamento, -V. Chlor o-anemia. Para despertar o appetite, na convalescença, se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Meírorrliagia.-V. Hemorrhagia uterina. Miasma.-Emanação dos vegetaes ou ani- maes em decomposição. A theoria da fermen- tação dará por certo a chave para abrir os mysterios das moléstias infecto-contagiosas. Miocai*dite.-V. Cardite. Modorra (somnolencia). - V. Coma, Le- thargo. Mola.-Producto vicioso da concepção. Ella se apresenta sob o aspecto d'uma massa carnosa. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de ergotina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a expulsão da mola. Em falta da hyosciamina se dará, de hora em hora, 1 gr. de atropina ou de daturina, do Dr. Naury, até que a pupilla (menina dos olhos) seja dilatada. Depois que se der a expulsão da mola, se com- baterá a diathese.-V. Chloro-anemia, Syphilis, Escrophulas, Dartros. Moléstia do coraçao.-V. Coração. 479 Moléstia <le Addison. - Cor brônzea da pelle, com pobreza de sangue. Para o tratamento, -V. Chloro-anemia. Moléstia de Briglit.-V. Albuminúria. Moléstias nervosas.-V. Necrose. Moléstias da pelle.-V. Elephantiasi dos Gregos, Dartros, Eczema, Syphilís, Es- crophulas. Moléstia verminosa.-V. Vermes. Monoinania.-V. Alienação mental. Mordeduras simples.-V. Feridas. Mordeduras de animaes venenosos. -Io Mordedura de animaes damnados.-V. Hy- drophobia; 2°, Mordeduras das cobras; 3o, Mor- dedura dos insectos.-V. Picadas. Mormo.-E' uma moléstia própria dos mamí- feros, que principia por uma inflammação das mucosas, algumas vezes aguda, porém passando logo ao estado chronico. Alguns autores col- locam a séde da moléstia no systema lympha- tico, o facto é que ella se localisa na pituitária (mucosa do nariz). - Symptomas. A moléstia consiste no corrimento de muco de qualidades variadas pelas ventas, com ulceração da pitui- tária, engorgitamento e endurecimento das glân- dulas lymphaticas do pescoço. Esta moléstia se 480 confunde com o lamparão. O mormo póde ser agudo ou chronico. Na primeira especie ha todos os symptomas da pyohemia, na segunda, ao contrario, a moléstia é lenta. O mormo é contagioso. Tratamento. Dissolva-se pela manhã cedo, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices durante o dia, de hora em hora, até ter 2 a 3 dejecções. Se fará injecções no nariz com uma solução fraca de agua de Labarraque ; ou de acido saly- cylico; ou de acido phenico ; ou com tinctura de iodo 30 gotas, iodureto de potássio 60 centi- grammas, agua distillada 500 grammas. Para a febre se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de quinina, 1 de aco- nitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°; depois deixando a strychnina, aconitina e veratrina se continuará com 1 gr. de arseniato de quinina, de hora em hora, até 10 por dia. Nesta moléstia se poderá empregar 1 gr. de acido salicylico ou salicylato de quinina, de ferro, soda ou potassa ; ou 2 gr. de sulphureto de cálcio, ou 2 de iodureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. No estado chronico se dará 2 gr. de iodureto 481 de arsénico ; ou 2 de iodureto mercurioso ; ou 1 gr. de iodureto mercurico; ou 2 gr. de iodo- formio, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Neste caso se poderá ainda dar 1 gr. de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si o doente estiver pallido,-V. Chlor o-anemia. Si tiver alguma diathese, se empregará o tra- tamento apropriado a cada uma delias. Para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Morphéa ou mal <le S. Lazaro.- V. Elephantiasi dos Gregos. Movito.-V. Aborto. mula.-V. Bubão syphilitico. mydriase. - Esta moléstia é caracterisada pela dilatação permanente da pupilla (menina dos olhos), devida à acção physiologica da hyos- ciamina, atropina e daturina, ou pela paralysia da iris. Tratamento. Dar-se-ha 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo, e nos outros dias só 1 colher de sopa do sal, augmentando ou diminuindo a dóse, conforme o effeito que produzir. O doente tomará depois 1 gr. de acido phos- phorico, e 1 de sulphato ou de arseniato de stry- 31 482 chnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando gradualmente adóse» até produzir o effeito que se deseja. Contra a mydriase, devida à acção da hyoscia- mina, atropina ou daturina, não se fará cousa alguma ; ella passará por si mesma. llyelite. - E' a inflammação da medulla. A myelite é produzida pelas causas da inflammação em geral. - Symptomas. Elles são conforme a séde da inflammação. Si esta existe no prolon- gamento superior donde partem os nervos que presidem á respiração, é evidente que esta func- ção será perturbada e mesmo aniquilada, produ- zindo a morte do individuo. Si a inflammação occupa as porções inferiores da medulla, então os movimentos e a sensibili- dade dos orgãos em que se distribuem os nervos sahidos dessas partes medullares, são os que ficam perturbados ; ás vezes apparecem também espasmos, outras, convulsões e quasi sempre pa- ralysia. Tratamento. No periodo inflammatorio se ap- plicarão ventosas sarjadas, ou bichas no espi- nhaço, e depois se friccionará pela manhã e á tarde com pomada mercurial, extracto de cicuta ou belladona. Se dissolverá todas as manhãs 2 colheres de 483 sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices, de hora em hora, durante o dia. A sensibilidade e o espasmo serão combatidos por um gr. de chlorhydrato de morphina, 1 de hyosciamina, ou de cicutina, ou bromhydrato de cicutina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alca- loides calmantes do opio. Em falta da hyoscia- mina, ou cicutina, se dará, porém, mais espaça- dos, os gr. de atropina ou de daturina, do Dr. Naury. Neste caso se poderá dar 1 gr. de cam- phora-bromé, ou de bromureto de potássio, de hora em hora, até a sedação. Si a inflammação da medulla vier com febre, se dará depois do sal, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Si entre a temperatura da manhã e da tarde houver uma remissão, ou intermittencia, se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato de quinina, ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de qui- nina, de hora em hora, até 10 por dia. Nas pessoas que têm abusado dos prazeres ve- 484 nereos, das bebidas, e do fumo, quando appare- cerem os symptomas de paralysia dos nervos pul- monares, ca rdiacos e intercostaes, ou das vísce- ras abdominaes e das extremidades inferiores, se continuará a dar, todas as manhãs cedo, o sal, do Dr. Naury, e depois de produzir effeito, se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, pela manhã, ao meio-dia e á tarde, augmentando gradualmente a dóse destes gr., até produzir o effeito desejado. Neste caso ainda se dará 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de anti- monio, e 1 gr. de cicutina, ou hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia, tomando 1 gr. de arseniato de strychnina pela manhã, ao meio-dia e á tarde. Os gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, são uteis nesta moléstia: 2 gr. 5 a 6 vezes por dia, unidos aos de hypo-phosphito de stry- chnina, que serão dados ao principio 3 gr. por dia, augmentando-se o numero delles gradual- mente. Pintar-se-ha de 2 em 2 dias o espinhaço com tinctura de iodo ou se applicará um vesicatório sobre elle. Si a moléstia tiver por causa uma diathese, se fará o tratamento delia. 485 Para o fastio se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Hyosite. - E' a inflammação de qualquer musculo occasionada por fadigas, contusões, fe- ridas, resfriamento ; caracterisada por dôr forte e fixa, augmentando pelo esforço do musculo offendido, com inchação, dureza e vermelhidão da parte; si houver abcesso, então sobrevirá frio e febre. Tratamento. - Bichas, cataplasmas de li- nhaça ou de farinha de mandioca sobre a parte offendida. Dar-se-ha 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria pela manhã cedo, e 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, e 1 de digitalina do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre. Si tomar o caracter remittente, ou intermittente, se dará 2 gr. de sulphato ou de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Para calmar as dores se dará 1 gr. de chlor- hydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. 486 Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, do Dr. Naury, porém os 2 últimos mais espaçados. Quando sobrevier abcesso, -V. Abcesso. A compressão é um bom meio de resolução das inflammações. Uma pasta de algodão e uma atadura serão applicadas sobre a parte. Narcotismo.-Entorpecimento geral, ver- tigens, somno, nauseas, delirio, etc., produzido pela absorpção do opio e outros narcóticos. Tratamento. Um gr. de cafeína, ou citrato de cafeina, ou arseniatode cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Pela manhã 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Necrose.-E' o estado de um osso ou de uma porção de osso privado de vida. A necrose dos ossos é a gangrena destes orgãos, a parte ne- crosada transforma-se em corpo estranho como a escara na gangrena. Si a porção necrosada é grande, dá-se o nome de sequestro. A necrose é consequência de moléstias geraes, assim como póde ser causada por moléstias locaes. Tratamento. Todas as manhãs cedo se dará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. 487 Ao almoço e jantar dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, para despertar o ap- petite. Dilatar-se-ha as partes molles e se descobrirá o osso, ruginando-o, ou fazendo a extracção do sequestro ; depois se curará a ferida com oleo phenicado, ou uma solução de acido salicylico, ou uma mistura de tinctura de iodo, iodureto de potássio e agua distillada, como já temos indi- cado. Neste caso se dará ainda 2 gr. de hypo- phosphito de cal e 1 de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 5 vezes por dia. Si a necrose fôr devida á syphilis, escrophula, ou outra qualquer diathese, para o tratamento -V. Syphilis, Escrophula, etc. Si o doente estiver pallido, antes de se com- bater a moléstia diathesica se fará o tratamento da Chlor o-anemia. Si apparecer a febre, para o tratamento,- V. Febre traumatica. Neplirite.- Symptomas. E' a inflammação dos rins caracterisada por uma dor aguda, pungitiva, exacerbante e sentimento de peso na região dos rins ; dôr que se propaga pelos ureteres, bexiga, cordão, e testiculos. Ha suppressão de ourinas, si os dous rins estão inflammados; no caso contrario a ourina cahe 488 gotta a gotta depositando um sedimento branco homogeneo. A febre nunca falta, assim como a constipação de ventre. As causas desta moléstia são as bebidas irritantes e alcoólicas, os aphro- disiacos, as quédas sobre os lombos, etc. Confunde-se esta moléstia com o rheumatismo lombar. A retracção do testículo só acompanha a nephrite e nunca ao rheumatismo lombar nem ás cólicas nephriticas. Tratamento. Dissolva-se todas as manhãs 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices de hora em hora. O doente tomará banhos mornos prolongados, e applicarâ bichas, ou ventosas sarjadas na re- gião do rim e depois um tafetá encerado e sobre elle 1 pasta de algodão e 1 atadura ligeiramente compressiva. Para a febre se dará 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os2 juntos), de 15 em 15 minutos até passar; e ao mesmo tempo se dará para a dôr e espasmo 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina e cicutina se poderá dar 1 gr. de atropina, ou dedaturina, porém mais espaçados por terem acção muito mais energica. 489 Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeína, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de mor- phina e codeína ), ou iodhydrato, oubromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso se poderá dar 1 gr. de camphora-bromé, ou de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si a moléstia tomar a fórma de accesso, se dará 2 gr. de sulphato, cu de hydro-ferro-cya- nato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si o doente ourinar pouco e as ourinas esti- verem carregadas, se dará 1 gr. de digitalina e 1 de colchicina ( os 2 juntos); ou 1 gr. dehyos- ciamina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora,até que a secreção da ourina augmente. Para as cólicas se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury, ( os 2 juntos) de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Para impedir os depositos e combater a acri- monia das ourinas, se dará 1 gr. de acido ben- zoico : ou 2 gr. de benzoato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora. Neste caso ainda se po- derá dar 1 gr. de benzoato de lythina, do Dr. Naury, de hora em hora. Para esta moléstia se dá ainda 1 gr. de arse- niato de soda, 1 de cicutina e 1 de atropina, do 490 Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a calma. Em lugar do arseniato de soda se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de potassa, do Dr. Naury. Contra a febre de fôrma continua se dará 1 gr. de veratrina e 1 de arseniato de ferro (os 2 juntos); ou 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de di- gitalina, do Dr. Naury, de hora em hora. Para as dores musculares se dará 1 gr. de ar- seniato de antimonio, 1 de cicutina e 1 de nar- ceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Na convalescença, para o fastio se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Nevralgia albuminosa- - V. Albumi- núria. Ne voa do olho.- V. Belida. Nevralgia em geral.- Symptomas. E' o nome generico de um certo numero de moléstias cujo principal symptoma é uma dor exacerbante ou intermittente que segue o trajecto do cordão nervoso e de suas ramificações, sem rubor, calor, nem tensão e muito menos tumefacção. Nas ne- vralgias não ha lesão organica. Ha muitas espe- cies que trataremos especialmente. Todos os orgãos que recebem filetes nervosos pódem ser a séde de nevralgias. 491 As nevralgias muitas vezes são sem causa co- nhecida, outras dependem de compressão do nervo ; em alguns casos estão ligadas ao estado geral do indivíduo. Tratamento. O doente deve ter o ventre des- embaraçado, tomando 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, do Dr. Naury (os 4 juntos), á noite ao deitar-se, e pela manhã cedo, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e em seguida uma chicara de café. Algumas vezes não se vence a constipação de ventre por estes meios, então se dará 1 colher de sopa de oleo de ricino, ou de azeite doce com 1 gr. de atropina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Em falta da atropina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de hyosciamina, ou de daturina, do Dr. Naury. Quando houver febre, se applicará sangue- sugas, ou ventosas sarjadas na séde da dôr e se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de di- gitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a; depois se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arse- niato, ou de bromhydrato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros, ou 10 a 12 dos 3 últimos. 492 Na nevralgia, não febril, deve-se restabelecer o equilíbrio nervoso, dando-se 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até a calma. Pintar-se-ha a sede da dôr com tinctura de iodo, ou se applicará 1 vesicatório. Para a dôr e espasmo se dará 1 gr. de hyos- ciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até abatêl-a. E' conveniente unir-se a estes gr. 1 de sul- phato, ou de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Em falta da hyoscia- mina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou daturina, ou atropina, do Dr. Naury, porém mais espaçados, por terem os 2 últimos muito mais energia. Em falta do chlo- rhydrato de morphina, se dará,pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gre- gory (chorhydrato duplo de morphina e codeina); ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Quando a nevralgia fôr symptomatica de lesão organica do coração, se empregará contra ella o mesmo tratamento das outras nevralgias; pois é preciso alliviar os soffrimentos do doente, visto não se o poder curar. Quando houver hyperemia (afíluxo de sangue), depois das bichas, ou ventosas, se dará 1 gr. de 493 aconitina, 1 de veratrina, 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abatêl-a, e ao mesmo tempo 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), como já indicamos, de 1/2 em 1/2 hora, até ceder a dor e o espasmo. Depois se empregará os anti-periodicos ;- gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou sali- cylato de quinina, ou valerianato, ou arseniato de quinina como já indicámos. Para a dôr e o espasmo se dará também 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio» ou bromhydrato de quinina, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Na nevralgia intermittente se dá 1 gr. de stry- chnina (sulphato, ou arseniato), 1 de hydro-ferro- cyanato de quinina e 1 de hyosciamina (os 3juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Na congestiva se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina, 1 de chlorhydrato de morphina, 1 de hyosciamina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 5 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Os gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, on ar- seniato de cafeina, do Dr. Naury, são empregados na nevralgia congestiva, 1 gr. de 1/2 em 1/2 hora, até passar a dôr e tensão. Contra esta terrivel moléstia, que zomba al- gumas vezes dos mais energicos meios therapeu- 494 ticos, se dará 1 gr. de strychnina (sulphato, ou arseniato), 1 gr. de aconitina, 1 de digitalina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação ; ou 1 gr. de aco- nitina e 2 de hydro-ferro-cyanato de quinina (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a dôr ; ou 1 gr. de digitalina e 1 de colchicina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora; ou 2 gr. de iodoformio, 1 de codeina e 1 de hyosciamina, de hora em hora, até a calma; ou 2 gr. de sulphureto de cálcio, 1 de hyosciamina e 1 de aconitina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar a dôr. Na nevralgia paludosa se dará os alcaloides anti-thermicos :- aconitina, veratrina e digita- lina; os calmantes:-hyosciamina, atropina, cicu- tina, bromhydrato de cicutina, ou daturina, e os gr. de morphina, como já temos indicado; e no intervallo da dôr se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, de hora em hora, e ao mesmo tempo J gr. de cyanureto de zinco de 1/2 em 1/2 hora. Si a nevralgia fôr de causa rheumatica, com os alcaloides anti-thermicos e calmantes se dará 1 gr. de arseniato de antimonio, ou de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia, e para mais tratamento,'-V. Rheu- matismo. 495 Si fôr de causa gottosa, escrophulosa, syphili- tica, dartrosa, herpetica, dishemica, chloro- anemica, diabética, albuminurica, uremica,para o tratamento, - V. todas estas moléstias. Para o fastio se dará a cada refeição 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Para a nevralgia de causa externa só a re- secção do nervo porá termo aos soffrimentos. Nevralgia do anus. - Symptomas. Esta moléstia é muito rara, pôde ser idiopathica, mas de ordinário é symptomatica da constipação do ventre, da affecção do anus e do recto e dos orgãos genito-ourinarios. As dores são violentas, e comparadas pelos doentes a queimaduras; ao tenesmo anal se reune o tenesmo vesical, o que incommoda muito aos doentes. Tratamento. - A' noite se dará 3 gr. de po- dophyllina e 1 de atropina, e pela manhã cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d agua fria. Depois de ter produzido effeito se dará 1 gr. de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Neste caso se póde dar 1 gr. de bromureto de potássio, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Nesta moléstia se aconselha ainda 1 gr. de io~ dureto de enxofre, 1 de ergotina, 1 de hyoscia'- 496 mina e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury (os 4 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Póde-se dar para esta moléstia todos os meios jà aconselhados para a Nevralgia em geral.-V. esta moléstia. Se dará pela manhã e à tarde 2 clysteres d'agua fria, e se passará ligeiramente sobre a mucosa do anus o lapis de nitrato de prata, lavando-o de- pois com agua salgada. Si a moléstia fôr devida á syphilis, se fará o tratamento anti-syphilitico. - V. Syphilis. Para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Nevralgia da bexiga. - V. Cystalgia. Nevralgia <lo coração. - V. Angina do peito. Nevralgia do cordão espermatico. - V. Nevralgia do testículo. Nevralgia crnral. - Dor se manifestando no trajecto do nervo crural. O mesmo tratamento da Coxalgia Nevralgia dentaria. - Dor sem alteração dos dentes. Tratamento o mesmo da Nevralgia facial. Nevralgia facial.-Symptomas. E' a ne- vralgia que se estende, com todos os caracteres da moléstia, dos buracos superciliares á fronte, 497 âs palpebras, ao supercilio, á caruncula la- crymal, ao angulo nasal das palpebras e algumas vezes a todo lado da face. E' desesperadora pela intensidade da dor. Tratamento. Dar-se-ha 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Depois se dará 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de 1/2 em 1 /2 hora, até abater o pulso, rubor e calor a 36° pelo thermometro ; então se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cya- nato, ou de salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia dos 3 primeiros e 6 dos últimos. Para a dor e o espasmo se dará 1 gr. de hyos- ciamina, 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina, os gr. de cicutiná, ou brom- hydrato de cicutiná, ou atropina, ou daturina, sendo os 2 últimos mais espaçados por serem muito mais energicos. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeína, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Para a dôr e espasmo se dará ainda 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio, ou 32 498 bromhydrato de quinina, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Si a nevralgia fôr causada por dente cariado, se tirará pela agua a capsula de assucar que re- veste todos os gr., e assim preparado, se introdu- zirá 1 gr. de hyosciamina no buraco do dente, limpando-o antes, e se o tapará com cera amol- lecida. Contra esta moléstia emprega-se 1 gr. de strychnina (sulphato ou arseniato), 1 gr. de hyosciamina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de hora em hora, até a calma. Se dará também para esta moléstia 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de anti- monio, ou acido arsenioso, e 1 gr. de cicutina, ou hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos\ de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os gr. de cyanureto de zinco são dados no intervallo da dor, 1 de hora em hora, até 8 a 10 por dia ; os de valerianato de zinco são dados em numero de 5 por dia, sendo 1 de cada vez. Os gr. de iodureto de arsénico, ou iodureto mercurioso, ou iodureto de potássio, ou iodo- formio, do Dr. Naury, serão dados, 2 de 2 em 2 horas, até 8 a 10 por dia. Comprimindo* se com o dedo o pequeno lobulo da orelha se faz passar momentaneamente a dor. 499 Si o doente estiver pallido, para o tratamento, -V. Chloro-anemia. Si fôr syphilitico, escrophuloso, rheumatico, gottoso, V. estas moléstias. Para despertar o appetite dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Todos os meios empregados na nevralgia em geral são applicados nesta especie. V. Ne- vralgia em geral. Nevralgia do ligado.-Dores lancinantes no hypochondrio direito, sem congestão, inflam- mação, ou alteração de textura do orgão. Tratamento. Uma a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; e para continuação do tratamento,-V. Nevralgia em geral. Nevralgia intercostal.-E' aquella em que a dor se manifesta nos nervos que occupam os espaços intercostaes ( entre uma e outra cos- tella). Tratamento. V» Nevralgia em geral. Nevralgia intestinal ou Enteralgia. - Symptomas. Apresenta-se debaixo da fórma de cólicas que podem ser violentas, com vomitos, constipação de ventre e algumas vezes diarrhéa aquosa, caimbras nas pernas e desespero. Pôde ser essencial, sendo algumas vezes symptoma- 500 tica de moléstias que se manifestam no tubo di- gestivo. A cura depende da natureza da nevral- gia. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa de oleo de ricino, ou de azeite doce, e dentro 1 gr. de atropina e 1 de strychnina (sulphato ou arse- niato), de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Na manhã seguinte se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Depois de produzir o effeito purgativo, se dará 1 gr. de strychnina (sulphato ou arseniato), 1 gr. de hyosciamina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si a dôr vier por accessos, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 12 por dia de hydro-ferro-cyanato de quinina. Neste caso se empregará ainda 2 gr. de sulphato, ou 1 de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia do primeiro e 5 a 6 dos últimos. Ainda se poderá dar 1 gr. de ergotina, 1 de iodureto de enxofre e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Si a nevralgia fôr de causa rheumatica, se dará 1 gr. de colchicina, 1 de digitalina e 1 de 501 asparagina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Nos casos rebeldes se dará 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 por dia, e ao mesmo tempo 1 gr. de strych- nina (arseniato ou sulphato), 1 gr. de codeina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da co- deina se dará, pela mesma fórma, os gr. de nar- ceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Ao almoço e jantar se dará 2 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury. Si a nevralgia fôr de causa toxica, - V. Có- lica de chumbo. Si ella fôr de causa miasmatica, se dará 1 gr. de arseniato de quinina, 1 de hydro-ferro-cya- nato de quinina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a se- dação. Contra a de causa paralytica se dará 1 gr. de brucina, ou de strychnina (sulphato, arseniato ou hypo-phosphito de strychnina), de 2 em 2 ho- ras, até 4 por dia, augmentando gradualmente as doses, até produzir o effeito curativo. Nas mulheres se dará 2 gr. 502 de iodureto de ferro, 1 de arseniato de manganez, 1 de strychnina (sulphato, arseniato, ou hypo- phosphito de strychnina', 1 gr. de ergotina e 1 de hyosciamina, 3 a 4 vezes por dia. No accesso da dor se dará 1 gr. de hyoscia- mina, 1 de cicutina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ou 1 gr. de digitalina e 1 de iodhydrato de morphina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até a calma. Pintar-se-ha o lugar da dor com tinctura de iodo, ou se applicará bichas, ventosas sarjadas, ou 1 vesicatório. E' util nesta moléstia 1 gr. de ergotina e 1 de arseniato de quinina, (os 2 juntos) ; ou 1 gr. de quassina, 1 de strychnina (sulphato ou arseniato), e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Algumas vezes a nevralgia intestinal é occa- sionada por uma diathese, para o tratamento,- V. Syphilis, Gotta, Rheumatismo, Cachexia pa- ludosa, Chloro-anemia. Para a continuação do tratamento, - V. Nevralgia em geral. Nevralgia lombo-abdominal. - Symp- tomas. A nevralgia lombo-abdominal é caracte- risada pela dor especial nos lombos, que nas mu- lheres vai reflectir em um ponto no collo do utero e nos homens no testiculo. Nada mais tem de notável. 503 Tratamento. Dar-se-ha 3 gr. de podophyl- lina e 1 de atropina ao deitar-se e pela manhã cedo 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Os gr. de benzoato de ammoniaco, do Dr. Naury, são empregados nesta especie, sendo 1 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Para o tra_ tamento, - V. Nevralgia em geral, Rheuma- tismo. Nevralgia occipital. - Está em geral ligada á nevralgia facial, da qual ella não dif- fere senão pela séde. E' muitas vezes palustre, como as nevralgias em geral. Tratamento. V. Nevralgia em geral e a fa- cial. Nevralgia <lo olho. - Symptomas. E' a dor que parte ordinariamente do buraco infra- orbitario, se dirige á bochecha, ao labio supe- rior, á aza do nariz e à palpebra inferior. Tratamento. - Dar-se-ha 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria. Depois de produzir effeito se dará 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até acalmar a dor e tensão. E ao mesmo tempo se dará 1 gr. de hyos- ciamina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. 504 Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até pas- sar a dor. Em falta da hyosciamina e cicutina se dará os gr. de atropina ou daturina, porém mais es- paçados, por serem muito mais energicos. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de codeina, ou narceina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si a dor vier por accessos periódicos, se darà 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de hydro-ferro- cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 por dia de cada um. Os meios empregados na nevralgia em geral são applicados nesta especíe, - V. Nevralgia em geral. Nevralgia do ouvido. - V. Dòr de ou- vido. Nevralgia sciatica. - V. Coxalgia. Nevralgia dos seios.-Symptomas. Pro- voca dores atrozes nos seios. Parece estar ligada a moléstias geraes, outras vezes apparece sob a violência de contusões. Manifesta-se nas mu- lheres chloroticas. Tratamento. Ter-se-ha o ventre desembara- çado por 1 a 2 colheres de sopa do sal, do 505 Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Se dará, depois de produzir effeito, 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, e 1 de cicutina, ou bro- mhydrato de cicutina, ou de hyosciamina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Para mais tratamento, V. Ne- vralgia em geral. Nevralgia do testículo e do cordão espermatico.-Dor atroz no grão.-V. Ne- vralgia lombo-abdominal. Nevralgia da uretlira. - Symptomas. Esta especie de nevralgia é muito rara, cos- tuma a ser symptomatica das blennorrhagias simples. Provoca na occasião do accesso estrei- tamento espasmódico urethral, que não deixa passar a ourina. A dor é agudíssima. Tratamento. Dar-se-ha aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1/2 garrafa d'agua, acidulada com sueco de limão, até produzir 2 a 3 dejecções. Se dará depois banhos mornos prolongados e se applicarà bichas entre uma e outra via, e se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. - V. Blennorrhagia, Estreita- mento espasmódico da urethra. 506 Nevralgia do utero. - Symptomas. Ella apresenta-se debaixo da fôrma de espasmo deste orgão, produzindo dores semelhantes ás do parto. Tratamento. A doente tomará banhos mornos prolongados, e 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicu- tina e 1 de camphora bromé, do Dr. Naury ( os 3 juntos), de hora em hora, até a calma. Para o tratamento, V. Cólica uterina, Nevralgia em geral. Nevralgia da vagina e da vulva.- Esta especie de nevralgia é muito rara ; é cons- tantemente symptomatica de moléstias orgâni- cas, e apparece também na nymphomania. Tratamento.-V. Nevralgia em geral, Nym- phomania. Nevrite. -Symptomas. Dà-se este nome â inflammação dos nervos, affecção bastante rara, quasi sempre confundida com a nevralgia, da qual ella é com eflfeito difficil de distinguir-se. No estado agudo os phenomenos que ella deter- mina são os das phlegmasias em geral. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. Applicar-se-ha bichas ou se pintará, de 2 em 507 2 dias, a séde da dôr com tinctura de iodo, ou se friccionará com pomada mercurial e extracto de belladona, ou d e cicuta; ou se applicará i vesicatório. Si houver febre, se dara 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°. Si ella tomar o caracter intermittente ou remittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina ; ou 1 gr. de va- lerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si houver dôr e espasmo, se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até a sedação. Em falta da hyosciamina e cicutina se dará só 1 gr. de atro- pina ou de daturina, do Dr. Naury, porém mais espaçados por serem muito mais energicos. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeína, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso se póde dar 1 gr. de camphora- bromé, ou bromureto de potássio, ou bromhy- drato de quinina, ou croton-chloral,doDr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. 508 Os gr. de iodoformio, ou iodureto mercurioso, ou de potássio, ou iodureto de arsénico, do do Dr. Naury, serão dados 2, de hora em hora, até 8 a 12 por dia. Os de iodureto mercurico, ou acido arsenioso serão dados 1 gr., de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Os de cafeina, ou citrato ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, serão dados, 1 de hora em hora, até a calma. Nesta moléstia se dá ainda 1 gr. de arseniato de soda, 1 de arseniato de quinina e 1 de vera- trina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), 4 a 6 vezes por dia. Em falta do arseniato de soda se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de potassa, ou arseniato de antimonio, do Dr. Naury. Em falta da veratrina se dará, pela mesma fórma, os gr. de aconitina, ou digitalina, ou colchicina, do Dr. Naury. Quando houver enfraquecimento da parte, ataxia locomotriz, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de arse- niato de antimonio, do Dr. Naury ( os 3 juntos), 3 a 5 vezes por dia. Em falta do arseniato de strychnina se dará, pela mesma fórma, os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Em lugar do arseniato de ferro se dará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. 509 Ainda se poderá dar nesta moléstia 2 gr. de sulphureto de cálcio, ou 1 gr. de iodureto de en- xofre, ou 1 gr. de valerianato de ferro, do Dr. Naury, 4 a 6 vezes por dia. Si a moléstia fôr oc- casionada por algum tumor, se fará a ablação delle. Para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. IWevrose.- Symptomas. Nome generico de moléstias que se suppõe terem sua sede no systema nervoso e que consistem em perturbação func- cional sem lesão sensível na estructura dos orgãos. Estas moléstias têm por caracter serem de longa duração, apyreticas, isto é, sem febre, e de difficil cura ; apresentarem-se com cortejo de symptomas graves e serem pouco perigosas. Quasi todas são intermittentes. Tratamento. A doente, estando com o ataque se faz rapidamente ternal-a a si, friccionando energicamente o espinhaço com flanella, ou baeta, ou uma escova. Seapplicará sinapismos nas pernas e coxas e se dará 1 clyster, contendo 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado, ele 1/2 chicara d'agua morna com oleo de ricino, ou azeite. Dar-se-ha 1 gr. de sulphato, ou arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma ; de- 510 pois dal-os com maior espaço, 2 a 3 vezes por dia, para fixar a enervação. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou, mais espaçados, os gr. de atropina, ou daturina, do Dr. Naury. Se poderá também dar 1 gr. de hyosciamina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação, depois espaçal-os para de hora em hora, ou de 2 em 2, ou de 3 em 3 horas. A doente tomará todas as manhãs, 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Os gr. de valerianato de zinco, ou bromureto de potássio, ou camphora-bromé, ou croton- chloral, ou valerianato de quinina, ou cyanureto de zinco, ou picrotoxina, do Dr. Naury, pódem ser dados 1 de hora em hora, até a calma. Se em- prega também 2 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 de codeina, ou narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Se dará ainda para esta moléstia 1 gr. de ve- ratrina, 1 de cicutina, doDr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. Para o espasmo uterino se dará 1 gr. de cam- 511 phora-bromé e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, de hora em hora (os 2 juntos); e se houver con- gestão para o utero, se applicarâ 1 a 2 sangue- sugas no collo do utero. As convulsões serão combatidas por 1 gr. de valerianato de zinco, de hora em hora, até 6 a 10 por dia ; os accessos por 1 gr. de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si a doente tiver vermes, se dará pela manhã cedo 1 gr. de santonina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 8 ; na manhã seguinte se dará o mesmo numero de gr., e no terceiro dia pela manhã 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria para expellir os vermes. Dà-se 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa e 1 gr de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 por dia; ou 4 gr. de iodoformio 3 a 4 vezes por dia. A choréa aguda será combatida por 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina : ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury, 3 a 5 vezes por dia. Si a nevrose se manifestar com dôr, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de iodhydrato de morphina (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. 512 Si apparecer com espasmo, em lugar da mor- phina se dará os gr. de hyosciamina. Em falta do arseniato de strychnina se dará, pela mesma fórma, os gr. de sulphato, ou de hy- po-phosphito de strychnina, do Dr. Naury; e em falta do iodhydrato de morphina, se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Nas nevroses do coração se dará 1 gr. de arse- niato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de arse- niato de ferro, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 4 a 8 por dia. Nas nevroses, occasionadas por diathese chlo- ro-anemica, se dará 1 gr. de arseniato de stry- chnina, 1 de hyosciamina, ou de atropina, juntos a 1 gr. de arseniato, ou de valerianato de ferro, do Dr. Naury, 4 a 8 vezes por dia. Os accessos das nevroses mentaes são melho- rados, dando-se 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2, ou de 3 em 3 horas. O mesmo tratamento se fará na epilepsia, hys- teria, hypochondria e nevrose gastrica. Algumas vezes nas pessoas nervosas se mani- festa a nymphomania, ou hydrophobia, então se 513 dará 1 gr. de camphora-bromé, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. As nevroses são muitas vezes entretidas por uma diathese, neste caso, combatendo-se os sym- ptomas da nevrose, se fará ao mesmo tempo o tra- tamento da diathese.-V. Syplúlis, Chloro-ane- mia, Escrophula, Dartros, Gotta, Cachexia, etc. Para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Nó na tripa.-V. íleo, Volvulo. Nyinpliomania.-Symptomas. E' uma ne- vrose caracterisada por uma inclinação irresis- tível e insaciável, nas mulheres, ao acto venereo. Apparece nas mulheres nervosas do imaginação ardente, naquellas que vivem em continência forçada, ou que se entregam ao onanismo. Além da exaltação do appetite venereo, ha calor nos lombos, nos seios, secreção mais ou menos abun- dante de ourinas claras e de mucosidades vagi- naes, estado espasmódico geral, algumas vezes gestos licenciosos e até a loucura completa. Tratamento.-A doente tomará ao deitar-se 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, doDr. Naury, e durante o dia se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até abater o calor a 36°. Depois se dará 1 gr. de camphora-bromé, 33 514 ou do bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia, para abater o erethismo nervoso. Para esta moléstia ainda se emprega 1 gr. de valerianato de zinco, ou de cyanureto de zinco, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. A doente tomará 2 a 3 clysteres por dia de agua fria. Contra esta moléstia se emprega 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de hyoscia- mina (os 3 juntos), de hora em hora, até abater a enervação. Os gr. de arseniato de ferro, ou arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodu- reto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury, são empregados nas mulheres chloro-anemicas, sendo 2 gr. ás 8 horas da manhã, ao 1/2 dia e às 6 horas da tarde.-V. Chlor o-anemia. O tratamento da nevrose em geral é applicado nesta moléstia.-V. Nevrose. Obesidade ou adyposa. E' a hypertrophia do tecido adyposo.-Symptomas. A principio o indivíduo apresenta-se com todos os caracteres de saúde florescente; porém logo as gorduras tomam tal desenvolvimento que podem matar o indivíduo por abafamento. Ha de- generescencias gordurosas de orgãos importantes á vida, como o coração, figado, etc. 515 Tratamento. Os exercícios activos serão feitos pelos indivíduos que soffrerem desta moléstia. Elles devem resistir á voracidade que os impelle para os banquetes. Todas as manhãs cedo tomarão 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. A cada refeição tomarão 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, para despertar a actividade func- cional do figado ; e 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de strychnina, arseniato (os 2 juntos), de hora em hora, até 4 a 8 por dia. Em falta do arseniato de ferro se dará, pela mesma forma, os gr. de arseúiato de manganez ou lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou sali- cylato de ferro, do Dr. Naury. Em lugar do arseniato de strychnina se dará os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Póde-se dar os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, 1 de hora em hora, até 8 a 20 por dia, mas não chegando a ultima dóse senão muito lenta e gradualmente, e interrom- pendo o tratamento de 15 em 15 dias. A' noite, ao deitar-se, tomarão 2 gr. de arse- niato de strychnina, do Dr. Naury. Si as pernas se engorgitarem e se redobrarem 516 as suffocações, para augmentar a diurése (ou- rinas), se dará 1 gr. de digitalina, 1 de colchi- cina, 1 de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de liora em hora, até produzir effeito, abrindo-so 2 fontes nas pernas para dar ar a essa organisação que abafa. Os banhos alcalinos e o regimen refrescante são uteis nesta moléstia. Obstrucçao do baço.-V. Splenite. Obstrucçao <lo fígado. - V. Hepatite chronica. Odontalgia.-V. Dôr de dente. Onyxis.--Chama-se onyxis à unha encra- vada.-Symptomas. O encravamento pôde ser to- tal ou lateral. O onyxis depende algumas vezes de contusões. Quando os tecidos estão simplesmente irritados, os doentes accusam pouca dor, porém, durante a marcha, quando a pelle se ulcera e incha, a dor torna-se intensa, pouco a pouco a ulceração se estende, cobre-se de fungosidades dolorosas, no meio das quaes fica a unha. A suppuração é abundante e fétida, vê-se a inflammação propagar-se até os ossos. Tratamento. Dar-se-ha para a inflammação e dor 1 gr. de veratrina, 1 de chlorhydrato de 517 morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da veratrina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de aconitina, ou digitalina, do Dr. Naury. Em lugar do chlorhydrato de morphina se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Em falta da hyosciamina, se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, do Dr. Naury; porém os 2 últimos mais espaçados, pois são muito mais energicos. Para a dor e espasmo, se poderá dar ainda 1 gr. de bromureto de potássio, de hora em hora, até a calma. As carnes esponjosas serão cauterizadas pelo nitrato de prata, ou acido nitrico, ou tinctura de iodo. Se levantará com uma espatula o canto da unha, e se interpõem cotão entre ella e as carnes. Depois applica-se sobre o dedo compres- sas molhadas em agua fria e renovadas a cada momento. O dedo será curado com fios ensopados em oleo phenicado (oleo de linhaça 30 grammas, acido phenico 4 grammas); ou uma solução de acido salicylico, ou aguardente, ou uma mistura de 518 tinctura de iodo 30 gottas, iodureto de potássio 60 centigrammas, e agua distillada 250 grammas. Póde-se dar 2 gr. de iodureto de arsénico, ou de potássio, ou mercurioso (proto-iodureto), ou acido salicylico, de 2 em 2 horas, até 8 a 10 por dia, para combater alguma diathese syphilitica. Ainda se poderá experimentar os gr. de ar- seniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, com 1 gr. de cicutina (os2 juntos), de hora em hora, até 4 a 8 por dia. O doente deve ter o ventre desembaraçado tomando 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo dagua fria, pela manhã cedo. Si o doente não melhorar, só o arrancamento da unha o poderá curar. Ophthalmia.-Designa-se geralmente sob este nome todas as affecções inflammatorias do globo ocular, com vermelhidão da conjunctiva. -V. Conjunctivite. Opilaçíio.- V. Cacliexla, Chloro-anemia. Opilaçíio do ventre nas crianças.- V. Tubérculos mesentericos. Oppressíío.-V. Affrontação. Orcliit e.-V. Epididymite. Osteite.-E'ainflammação do tecidoosseo.- Symptomas. A osteite é mais commum nas crian- 519 ças que nos adultos. Ataca de preferencia os ossos esponjosos, e os curtos do corpo e do tarso ; ella se manifesta em seguida à feridas, á contusões, ou por causas internas, como uma collecção purulenta na vizinhança de um osso, uma affecção escrophulosa, syphilitica ou rheu- matica. Si o osso é superficial, sente-se um es- tremecimento precedido ou acompanhado de peso, de dôr obtusa que augmenta, si o membro soffre alguma commoção. A osteite confunde-se com a periostite. A mo- léstia póde terminar pela resolução, assim como por induração, suppuração (carie), ou gangrena (necrose). Tratamento. O doente tomará todas as ma- nhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou dimi- nuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. O estado febril será combatido por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro não marque mais que 37°. Ao mesmo tempo se dará 1 gr. de hyoscianina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater a dôr e es- pasmo. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de 520 cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, sendo os dous últimos mais espaçados, por terem acção muito mais enér- gica. Em falta do chlorydrato de morpliina se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou salde Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso se poderá dar 1 gr. de bromureto de potássio, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Póde-se dar ainda 1 gr. de veratrina e 1 de arseniato de ferro (os 2 juntos), de hora em hora, até 12, e ao mesmo tempo 1 gr. de sulphato, ou arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 vezes por dia. Si a moléstia fôr occasionada por tumor na vizinhança do osso, se incisará os tecidos, o periosteo até osso ; depois se fará o curativo com oleo phenicado, ou solução de acido salicy- lico, ou uma mistura de tinctura de iodo, iodu- reto de potássio e agua distillada. Para melhorar o sangue profundamente alte- rado nesta moléstia, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de ferro (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Em falta do arseniato de strychnina, se dará os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. 521 Em lugar do arseniato de ferro se dará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou salicy- lato de ferro, do Dr. Naury. Nesta moléstia se dará, com muito proveito, 2 gr. de iodureto de arsénico, ou de potássio, ou mercurioso, ou de iodoformio, ou hypo-phosphito de cal, ou de soda, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia; ou 1 gr. de iodureto mercurico, ou de enxofre, ou 2 gr. de sulphureto de cálcio, ou de acido salicylico, ou salicylato de soda, ou potassa, 4 a 6 vezes por dia. Os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio poderão ser dados, 1, de hora em hora, até 4 a 8 por dia. Si a febre fôr remittente ou intermittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro- cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia dos 3 primeiros e 6 a 12 dos últimos. Si ella fôr cachetica, se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até abatêl-a. Os gr. podem ser tomados com 1 colher de sopa, de vinho de quina, canella, calumba, ou salsaparrilha. Para o fastio se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. 522 Para a continuação do tratamento, V. Sy- philis, Escrophulas, Rheumatismo, Carie, Ne- crose. Nas crianças as doses dos medicamentos serão menores e muito mais espaçadas. A strychnina para elles deve ser substituida pelos gr. de brucina, do Dr. Naury. Osteonialacia, quer dizer amollecimento dos ossos. -Symptomas. Affecção rara, na qual os ossos e principalmente os longos, perdem os saes calcareos e adquirem uma molleza que os torna impróprios a preencherem suas funcções. Os ossos não passam nunca ao estado de carti- lagem, elles ficam tão adelgaçados que mais se assemelham a folhas de papel do que a laminas ósseas, d'ahi vem a impressão que lhes deixam os dedos. E' de ordinário a osteomalacia consequência de má alimentação, de perturbações na nutrição» a ourina sobrecarrega-se de quantidade enorme de phosphato de cal. Ha dores agudas nos ossos, que são a séde da moléstia. Tratamento. Os doentes tomarão todas as manhãs cedo, 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo de infusão de café. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. 523 Dar-se-ha, 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, augmentando lenta mente as dóses, até produzir o effeito que se deseja. Para melhorar o sangue alterado, se dará 1 gr. de arseniato de ferro, ou de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Para a perda constante dos sàes calcareos, se dará 2 gr. de hypo-phosphito de cal, ou de soda, do Dr. Naury, 4 a 6 vezes por dia. Os gr. de acido arsenioso, ou iodureto de arsé- nico, ou arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou salicylato de ferro, soda, ou potassa, do Dr. Naury, serão dados 1, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. As cascas de ovos calcinadas e pulverisadas serão dadas, 1 a 2 colheres de café, misturadas com os alimentos. O oleo de flgado de bacalhau, si o doente o puder tolerar, será empregado, 1 a 2 colheres de sopa, por dia. Para as dores, se dará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Neste caso se poderá dar 1 gr. de hyosciamina 524 e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação; ou 1 gr. de cam- phora-bromé, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até que passe a dor. Os banhos salgados ou sulphurosos são uteis nesta moléstia. Nas crianças as dóses serão muito menores e muito mais espaçadas. Otite. - Chama-se otite á inflammação da membrana mucosa do ouvido.-Symptomas. Ella principia por uma dor mais ou menos aguda, um chiado insupportavel e picadas no ouvido. A otite é aguda ou chronica, pode ser também externa ou interna. A otite externa não penetra além da membrana do tympano, é produzida em geral pelo frio, póde apparecer também depois da suppressão rapida de uma ophthalmia, ou de uma blennorrhagia. Aos symptomas indicados segue- se em geral a formação de um pequeno ab- cesso e depois corrimento de pús. A otite interna dá lugar a uma cephalalgia intensa. A otite chronica, de ordinário está ligada á um vicio geral, como o escrophuloso. Tratamento, O doente tomará 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes, e nas outras 525 manhãs, só tomará 1/2 a 1 colher de sopa do sal, em 1/2 copo d'agua fria. Applicar-se-ha al- gumas sanguesugas atraz da orelha, e se fará injecções no ouvido, com infusão tépida de malvas, ou tanchagem. Para a dor se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. A estes gr. se poderá unir 1 gr. de narceina, ou codeína, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, para combater o elemento dor. Si faltar a hyosciamina, ou cicutina, se dará em seu lugar 1 gr. de bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury, de hora em hora, ou de 2 em 2 horas, até principiar a di- latar a pupilla (menina dos olhos' . Neste caso se poderá dar 1 gr. de camphora- bromé ; ou bromureto de potássio ; ou bromhy- drato de quinina, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Contra a febre se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°. Si a febre tomar o caracter intermittente, ou remittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou 1 gr. de va- 526 lerianato, ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia dos 2 pri- meiros e 12 dos últimos. Para combater a dyscrasia do sangue se dará 1 gr. de arseniato de ferro, ou de manganez, ou de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, com 1 gr. de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Em falta do arseniato de ferro se dará, pela mesma fórma, os gr. de lactato, ou phosphato, ou iodureto, ou valerianato, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Quando houver zunido de ouvido, se dará 1 gr. de strychnina (sulphato, ou arseniato, ou hypo- phosphito de strychnina), e 1 gr. de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia ; ou 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de aconi- tina e 1 de hyosciamina (os 3 juntos), 3 a 5 vezes por dia. Para a otite de causa syphilitica se dará 2 gr. de iodureto de arsénico, ou de potássio, ou mercurioso (proto-iodureto), ou 1 gr. de iodureto mercurico, (bi-iodureto), do Dr. Naury, 3 a 5 vezes por dia, em 1 colher de sopa de vinho de salsaparrilha. Esta moléstia é muitas vezes occasionada por uma diathese; para o tratamento,-V. Syplúlis, Escrophulas, Dartros, Eczema, Chloro-anemia, etc. 527 Para despertar o apettite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Os banhos salgados são convenientes na fôrma chronica desta moléstia. Otorrhagia. - V. Hemorrhagia do ou- vido. Otorrliéa. - Corrimento muco-purulento pelo ouvido. - V. Otite chronica. Ourinas albuininosas. - V. Albumi- núria. Ourinas doces. - V. Glycosuria. Ourinas leitosas ou chylosas. -V. Chi- luria. Ourinas sanguinolentas. - V. Hema- túria. Ouvido (l>òr de). - V. Dor de ouvido. Ouvido (Inílammaçao do). - V. Otite. Ovário (Kysto do). -V. Kysto do ovário. Ovarite. - E' a inflammação dos ovários.- Symptomas. A inflammação aguda dos ovários é muito commum depois do parto. E' caracterisada por uma dor mais ou menos viva na excavação da bacia, irradiando-se para os lombos ou para a dobra da verilha. Ordinariamente se observa ao lado da linha mediana um tumor que se ap- proxima dessa mesma linha â proporção que 528 cresce. Se manifestam symptomas geraes mais ou menos graves, segundo a intensidade da in- flammação. Tratamento. Esta moléstia deve ser comba- tida energicamente ; é delia que provém em grande parte os kystos do ovário. Applicar-se-ha sanguesugas na região, séde da dor, e depois cataplasma de linhaça ; as doentes tomarão banhos mornos prolongados e 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, ou laranjeiras, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Nos outros dias, pela manhã cedo, só tomará 1 colher de sopa do sal em 1/2 copo d'agua fria. Para a febre se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°. Ao mesmo tempo para a dôr e espasmo se dará 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de chlorhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina e cicutina, se dará só 1 gr. de atropina, ou daturina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até que a pupilla (menina dos olhos) se dilate. Em falta do chlorhydrato de morphina, se dará 1 gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, 529 ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Si a febre vier por accessos, se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou arseniato de quinina* do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia dos 2 primeiros e 10 a 12 dos últimos. Si ella fôr cachetica, se dará 1 gr. da arseniato de cafeína, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar. Para a febre se poderá ainda dar 1 gr. de aco- nitina, 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Na fôrma sub-aguda se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. As fricções de pomada mercurial com extracto de belladona, ou de cicuta, são uteis na fôrma aguda. Na chronica se pintará, de 2 em 2 dias, a região, séde da dor, com tinctura de iodo, ou se appli- cará um vesicatório. Para a cólica ovarica se dará 1 gr. de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a calma. Neste caso ainda se dá 1 gr. de bromureto de 34 530 potássio, ou bromhydrato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Para melhorar o sangue na fórma chronica se dará 1 gr. de arseniato de ferro, ou de manganez, ou de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, e 1 gr. de cicutina, e outro de hyos- ciamina (os 3 juntos), de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Em falta do arseniato de ferro se dá, pela mesma forma, os gr. de lactato, ou valerianato, ou phosphato, ou salicylato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury. Para despertar o apettite, se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Os banhos salgados são uteis nesta moléstia* Ozagra ou ci*osta lactea. - Affecção es- camosa, que sobrevem na testa e face dos me- ninos, que mamam. Tratamento. Se dará um quarto de colher de chá do sal, do Dr. Naury, em 2 colheres de sopa do leite da ama todos os dias, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o eífeito que produzir. As crostas serão molhadas com o proprio leite da ama para destacal-as. - V. Eczema. Ozena. - Corrimento de um muco-pus pelo nariz, dando um cheiro infecto. -V. Coryza chronica ulcerosa. 531 Palpebras (Abcesso das).-V. Abcesso. Palpebras (Contusão das). - V. Con- tusão. Palpebras (Feridas das).-V. Feridas. Palpebras (Inílainmaçào das). - V. Blepharite. Palpebras (Quedadas).-V. Paralysia das palpebras. Palpebras (Queimaduras das). - V. Queimaduras. Palpebras (Scirro das).-V. Scirro. Palpebras (Tumores das) . -V. Kysto, Scirro, Terçol. Palpitações nervosas do coração.- Symptomas. Augmento de impulsão e de fre- quência dos batimentos do coração, principal- mente ao anoitecer, em consequência de emoções ; levantamento da região do coração ; ligeiro ruido de sopro no primeiro tempo; mal-estar; op- pressão; desfallecimento; syncopes; nevralgia intercostal; ausência de obscuridade anormal ; estado nervoso geral; às vezes chloro-anemia ; ourinas claras. Tratamento. As palpitações do coração, que são devidas a um estado plethorico, serão com- batidas por bichas baixas ; 1 colher de sopa do 532 sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, e 1 gr. de digitalina, de hora em hora, até acalmar. Nas palpitações nervosas dar-se-ha 1 gr. de digitalina e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos ) ; ou 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de digitalina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. As palpitações do coração são ligadas muitas vezes á um estado chloro-anemico; neste caso se farà o tratamento da chloro-anemia. Contra esta moléstia se poderá dar 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até abater as palpitações. Em lugar da cicutina se poderá dar os gr. de hyosciamina, ou bromhydrato de cicutina. Contra esta moléstia se poderá ainda empregar 1 gr. de hyosciamina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação , ou 1 gr. de digitalina e 1 de ar- seniato de ferro e 1 de citrato de cafeina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), 4 a 6 vezes por dia. Póde-se ainda dar 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, e 1 gr. de cicutina (os 2 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Os gr. de bromureto de potássio, ou camphora- bromé podem ser dados 1, de hora em hora, até 8; ou 1 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 de narceina, ou codeina (os 2 juntos), de hora em 533 hora, até 8 a 10 ; ou 1 gr. de picrotoxina de 2 em 2 horas, até 6 ; ou 1 gr. de valerianato de quinina, de hora em hora, até 10 ; ou 1 gr. de valerianato de ferro, de hora em hora, até 10 ; ou 1 gr. de cyanureto de zinco, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. O sal, do Dr. Naury, deve ser dado todas as manhãs. Para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Panarício.-E' a inflammação phlegmonosa dos dedos.-Svmptomas. Em geral apparece em um só dedo, porém já se tem visto em todos os dedos. O panaricio póde ser superficial, sub- cutâneo, ou profundo. Os panaricios começam em geral por prurido e vermelhidão, que são substituídos logo por dôr e tumefacção. A in- flammação, de ordinário, fica estacionaria, e a pelle se ulcéra depois de algum tempo. E' uma moléstia que, em algumas especies principalmente, póde transformar todos os tecidos e tornar-se gravíssima. Tratamento. Far-se-ha uma incisão longitu- dinal até o osso na face palmar do dedo, e se mergulhará em agua mórna por 15 a 20 minutos, e depois se applicarà sobre o dedo cataplasmas de abobora vermelha cozida, renovando-as logo que estiverem sêccas. 534 Se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e nos outros dias pela manhã cedo só tomará 1 colher de sopa do sal; depois que produzir 2 a 3 dejecções, dar- se-ha para a dôr e o espasmo 1 gr. de hyoscia- mina, 1 de chlorhydrato de morphina e 1 de ve- ratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar a dore espasmo. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma forma, os gr. de cicutina, ou hromydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury, sendo os 2 últimos mais espaçados por terem acção muito mais energica. Em lugar do chlorhydrato de morphina se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Em falta da veratrina se dará, pela mesma fórma, os gr. de aconitina, ou digitalina, do Dr. Naury, anti- thermicos vitaes. Si a febre e dôr tomarem o typo intermittente» se dará 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro- cyanato, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia dos 3 primeiros e 6 a 8 dos últimos. Para a dôr e o espasmo se poderá dar 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chloral, de hora em hora, até a sedação. 535 Para a suppuração se darà 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, e 1 gr. de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Neste caso se poderá dar ainda 2 gr. de iodureto de arsénico, ou mercurioso, ou de potássio, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Si a febre de suppuração fôr continua, se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, diminuindo-se depois as dóses. Curar-se-ha a ferida com oleo phenicado, ou solução de acido salicylico ou aguardente. Si o doente tiver alguma diathese, para o tra- tamento,-V. Chloro-anemia, Syphilis, Escro- phula. Si o osso ficar necrosado, far-se-ha a extracção delle. Papeira ou Inicio.-V. Cachumba. Paralysia (em Symptomas. A paralysia é a abolição ou diminuição da contrac- tilidade muscular de uma ou de muitas partes do corpo, com ou sem lesão de sensibilidade. A paralysia é chamada hemiplegia, quando occupa a metade do corpo ; paraplegia quando occupa a metade inferior. Algumas vezes a paralysia dos orgãos locomo- tores póde limitar-se á alguns musculos, dahi as 536 paralysias locaes. Do mesmo modo a paralysia da sensibilidade. A paralysia depende ora de uma lesão physica e apparente, ora de uma affecção geral que não deixa traços, como se vê na paralysia da congestão cerebral e na dos onanistas. Tratamento. Si houver congestão, se applicará bichas no anus, e se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua fria> acidulada com sueco de limão, aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 dejecções, fa- zendo-se o mesmo nos outros dias. Um clyster, feito com 1 ou 2 colheres de sopa de sal de cozinha torrado e chicara e 1/2 d'agua morna será dado aos doentes. Si o pulso e calor estiverem elevados acima de 37°, que é o natural, se dará 1 gr. de aconitinae 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-o ao natural. Si a paralysia fôr devida á febre perniciosa, larvée, se dará 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, e 1 de arseniato de quinina do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até não haver mais symptomas graves, diminuindo-se depois as doses gradualmente. No momento do ataque, quando os doentes não podem ainda engulir, se friccionará o espinhaço e os membros com tinctura de noz vomica, amo- níaco liquido e essencia de terebenthina, em partes 537 iguaes, ou com alcali-volatil, tinctura de can- tharidas e de noz vomica, applicando-se clysteres com sal de cozinha e sinapismos nas pernas e coxas. Logo que o doente possa engulir, se dará 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychinina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, para impedir novas congestões e chamar o calor, sensibilidade e movimento. Si a reacção (febre;, que sobrevier, fôr grande, se dará os gr. de aconitina e vera- trina como acima indicámos. Si houver coma, somnolencia, se dará 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até despertar. Na fôrma chronica, dar-se-ha todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'aguafria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o eífeito que produzir; e 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou do arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury» ás 8 e às 11 horas da manhã, ás 3 e ás 6 horas da tarde, augmentando gradualmente estas dóses, até produzir o eífeito que se deseja. Os gr. de iodureto de potássio, ou iodureto de arsénico são dados nesta moléstia ao mesmo tempo que os de acido phosphorico e strychnina. Os gr. de brucina, do Dr. Naury, são empregados 538 principalmente nas crianças. Se dá também nesta moléstia 1 gr. de arseniato de soda, ou de po- tassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Muitas vezes, antes da abolição da sensibilidade e movimento, os doentes sentem dores nos mem- bros ; então, se darà 1 gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou de atro- pina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Os cáusticos na parte paralysada são uteis ; assim como as douches dagua fria, ou banhos salgados. Na paralysia diathesica, fazendo-se este trata- mento, se empregará ao mesmo tempo o que fôr apropriado á diathese.-V. Rheumatismo, Gotta, Syphilis, Cacheocias paludosas, ou saturnina e Chloro-anemia. Nos meninos as dóses dos medicamentos serão menores e muito mais espaçadas. Para despertar o appetite se dará a cada re- feição 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. A alimentação salgada é conveniente nesta moléstia. Paralysia agitante.-Symptomas. A pa- ralysia agitante é moléstia da idade avançada. Consiste em um sentimento de fraqueza nas mãos e nos braços, estendendo-se gradualmente ás pernas e aos musculos do pescoço com tremor e 539 no fim com agitação constante e intensa. Nas ultimas phases desta affecção a ourina e as ma- térias fecaes sahem involuntariamente. Esta mo- léstia apparece nas velhas constituições e nos bêbados, etc. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou dimi- nuindo a dóse do sal, segundo o effeito que pro- duzir ; 1 a 2 dejecções por dia são sufficientes. Se dará depois 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina, do Dr. Naury, pela manhã, ao 1/2 dia e á noite. Não é conveniente augmentar-se as dóses, ao contrario, se diminuirá, si a excitação fôr grande. Aos bêbados se dará o sal, do Dr. Naury, e 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, ás 8 e ás 11 horas da manhã, ás 3 e ás 6 horas da tarde, augmentando lentamente estas dóses, até produzir o effeito que se deseja. Póde-se empregar nesta especie o tratamento da paralysia em geral; mas nos velhos e na paralysia agitante só diminuindo-se as dóses.- V. Paralysia (em geral). 540 Paralysia do ante-braço, ou do nervo radial.-V. Paralysia ( em geral). Paralysia da bexiga. - Esta moléstia pode ser determinada por um grande numero de causas : taes são as lesões traumaticas e as affecções organicas do cerebro e da medulla. A's vezes é symptoma da distensão e inflammação da própria bexiga. A paralysia da bexiga se observa no curso das febres graves ; é muito frequente nos velhos. - Symptomas. A paralysia da bexiga se caracterisa pela falta de contracti- lidade de suas paredes. Esta falta póde ser lenta ou rapida, e momentânea trazendo difficuldade e atè impossibilidade da micção. Tratamento. O da paralysia em geral é per- feitamente empregado nesta especie. - V. Para- lysia (em geral). Quando a bexiga estiver cheia, se extrahirá as ourinas por meio da sonda. Si houver estreitamento da urethra, far-se-ha a dilatação gradual, ou a operação da urethro- tomia ; depois se empregará o tratamento da paralysia em geral, fazendo-se injecções d'agua fria na bexiga. Quando ella sobrevier no curso das febres graves, ou das lesões traumaticas, se fará a extracção das ourinas pela sonda e se empregará o mesmo tratamento da paralysia em geral 541 Paralysia* consecutivas a diversas moléstias.-São as que apparecem nas febres typhoides, angina gangrenosa e em diversas nevroses como a epilepsia, a hysteria, etc. Elias estão ligadas ás mesmas causas das moléstias que as occasionáram. Em geral são duradouras e curáveis, ou incuráveis ; conforme a moléstia de que dependem são ou não curáveis. Tratamento.-V. Paralysia (em geral). ■ * a r a 1 y s i a essencial de marcha aguda.-V. Paralysia progressiva. Paralysia progressiva.-Symptomas. A paralysia progressiva dos alienados ou simples- mente paralysia progressiva é uma affecção caracterisada por enfraquecimento da contracção muscular com embaraço, lentidão e certa alte- ração da pronuncia, atordoamentos e vertigens. Depois os membros abdominaes começam a sentir o peso do corpo na estação vertical e na marcha; a agilidade e a força dos braços e das mãos diminúem, a paralysia do apparelho muscular cada vez se pronuncia mais, assim como a sensi- bilidade desapparece pouco a pouco, até o aniqui- lamento do indivíduo. Tratamento.-V. Paralysia (em geral). Paralysia do hombro.-A paralysia dos musculos da espadua e especialmente do deltoide 542 não é rara.-Symptomas. Ella é primitiva, isto é, apparece logo depois do accidente ; ou é con- secutiva, quando se mostra muitos dias depois. Esta paralysia sobrevem depois das quédas sobre as espaduas. Apresenta-se com um sentimento de frio sobre as espaduas e paralysia mais ou menos completa dos movimentos com ou sem paralysia da sensibilidade. Ora a paralysia é limitada ao deltoide, ora todos os musculos do braço e ante-braço perdem a sensibilidade. Cumpre notar nesta moléstia a profundidade da lesão. Tratamento.-V. Paralysia (em geral). Paralysia.hysterica.-V.Paralysia con- secutiva a varias moléstias, Nevrose. Paralysia <Ia infaucia.-Esta especie de paralysia é de ordinário consequência de com- pressão exercida sobre os orgãos centraes do systema nervoso, ou sobre os proprios nervos pela manobra do parto, ou por qualquer acci- dente como fractura dos ossos, pressão de instru- mentos, etc. De ordinário cura-se. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs 1/4 de colher de chã dosai, do Dr. Naury, dissol- vido em 2 colheres de sopa de leite da ama. Depois que produzir effeito, se dissolva 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, em 2 colheres de sopa d'agua assucarada, para se dar às colheres de 543 chà, de hora em hora. Ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde, se dissolverá outros 2 gr. para serem dados pela mesma fôrma. Neste caso se poderá ainda dar 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, dissol- vido em 4 colheres de sopa d'agua assucarada, para dar-se ás colheres de chá, de hora em hora, durante o dia. No banho do menino se dissolverá 1 a 2 colheres de sopa, do sal de cozinha. Paralysias musculares parciaes.-V. Paralysia das palpebras e a do hombro. F*aralysia «Ias palpebras ou Blepha- roplegía.-Symptomas. A paralysia das pal- pebras traz o desvio ou a abertura exagerada das palpebras, que por sua vez perturba a|secreção lacrymal, tornando-se muito sensível á influen- cia do ar sobre o globo ocular. E' quasi sempre indicio de lesões nos centros nervosos. Tratamento. Muitas vezes esta especie de paralysia é occasionada pelo rheumatismo ; neste caso se dá, depois do sal, do Dr. Naury, 1 gr. de hyosciamina, 1 de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de antimonio, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 4 a 8 por dia. 544 Também se emprega, pela mesma fórma da stry- chnina, os gr. de brucina, do Dr. Naury. Para a continuação do tratamento,-V. Rheu- matismo. Emprega-se nesta moléstia o mesmo trata- mento da paralysia em geral.-V. esta moléstia. Paralysia rheumatica.-V. Paralysia consecutiva a diversas moléstias. Paralyisia do rosto ou hemiplegia fa- cial.-- Symptomas. Acompanha em geral a pa- ralysia das palpebras ; pôde ser devida â ne- vrose dos nervos da face, assim como a nevralgias e também symptomatica de moléstias do cerebro. - Traz desvio da commissura labial e da aza do nariz, etc, Tratamento. V. Paralysia (em geral). Paralysia saturnina.- Symptomas. E' semelhante ás hemiplegias em geral e ás para- plegias; mas só se observa naquelles indivíduos, como os pintores, que são victimas da cachexia saturnina. Tratamento. As duches de vapor sulphidrico do Dr. JBrèmond, ou banhos sulphurosos natu- raes, ou artificiaes, são uteis nesta especie de pa- ralysia. Para o tratamento,- V. Paralysia (em geral), Cólica de chumbo. 545 Paraphiniosis.- Symptomas. E' o estran- gulamento da glande pela abertura estreitada do prepucio, quando esta capsula cutanea, depois de ter sido retirada forçosamente para traz da coroa, não pôde ser distendida sobre a extremi- dade do penis. Esta constricção pôde determinar não só o in- tumesci mento da glande, como a inflammação e a gangrena e ao mesmo tempo a phlogose e ulce- ração do prepucio. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Nas outras manhãs só se dá 1 colher de sopa do sal, em 1/2 copo d'agua fria; depois dar-se-ha 1 gr. de veratrina, 1 de hyosciamina, 1 de cicu- tina e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 36 1/2 gràos. Ter-se-ha sobre a glande compressas mo- lhadas em agua vegeto-mineral, ou infusão morna de tanchagem, sabugueiro ou macella. Em falta da hyosciamina e cicutina, se dará 1 gr. de atropina, ou bromhydrato de cicutina, ou daturina, do Dr. Naury, de hora em hora, até dilatar a pupilla (menina dos olhos). Em falta da veratrina se dará, pela mesma fórma, os gr. de aconitina, ou digitalina, do Dr. 35 546 Naury. Em lugar da narceina dar-se-ha os gr. de codeina, ou sal do Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Para a dor e o espasmo se poderá ainda dar 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de po- tássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Si a inflammação e edema (inchação) não ce- derem, se fará no lugar do estrangulamento (aperto) uma incisão interessando toda a cons- tricção, e se applicará sobre a glande compres- sas molhadas em agua fria, renovando-se a cada momento, para combater a inflammação, e se continuará com os gr. de veratrina, hyosciamina, cicutina e narceina, como já indicámos. Si houver febre, para o tratamento V. Febre traumatica. Si o doente tiver cancros venereos, depois da incisão para o tratamento,- V. Syphilis. Paraple^ia.- V. Paralysia (em geral). Pa roíida (Engorgitameiito da). - V. Gachumba. Paro tida (liiílamniaçao da).-V. Paro, tide. Paro ti de. - Vulgarmente chamada- ca- chumba-é a inflammação da glandula parotida 547 e do tecido cellular e ganglios lymphaticos cir- cumvizinhos á mesma, geralmente se apresenta com a natureza de um phlegmão edematoso antes do que infiammatorio. Tratamento. V. Cachumba. Pedra da bexiga.- V. Calculo. Pedra nos rins.- V. Cálculos renaes. Pemphigo. - E' uma dermatite (inflam- mação da pelle) caracterisada por manchas avermelhadas sobre as quaes formam-se bolhas grandes e pequenas, cheias de um liquido mais ou menos transparente, o qual no fim de 1 a 2 dias extravasa-se, dando em resultado a desec- cação das mesmas bolhas. A's vezes apparece acompanhada com febre e symptomas inheren- tes a esta, e outras vezes apparece sem este cor- tejo de symptomas. A séde da moléstia póde ser no peito, partes sexuaes e mais geralmente na face. Tratamento. V. Dartros. Perda da íalla.- V. Aphonia. Perdas brancas, seminaes.- V. Leu- corrhèa, Spermatorrhèa. Perda de sangue. - V. Hemorrhagia. Pericardite. -• E' aguda ou chronica. - Symptomas. Na fôrma aguda. Dor na região 548 do coração, de intensidade e extensão variaveis, exasperando-se pela tosse, pelos movimentos, pela posição deitada sobre o lado esquerdo, e pelas palpitações; estas são tumultuosas, irregu- lares, sob fôrma de accessos ; podem ser mais ou menos encobertas pelo derramamento que logo se faz no pericárdio ; obscuridade de som ; abaú- lamento da região do coração, em fôrma de pera, á esquerda, e variando com a posição do doente ; ausência do ruido respiratório ; enfraquecimento dos ruidos do coração, que são longínquos; ruido de attrito pericardico ; febre; dor de cabeça ; fastio. O somno é frequentemente interrompido pelo despertar em sobresalto, pelos accessos de palpi- tações e pela falta de ar; algumas vezes synco- pes. Na fôrma chronica. Dor pouco intensa, ás vezes nulla ; obscuridade de som muito intensa, fraqueza muito considerável da impulsão do co- ração ; ruido de attrito; pulso irregular ; palli- dez, inchação da face, infiltração dos membros. Pequena febre. Tratamento. Na fôrma aguda se dará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, de 1 /2 em J/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Depois se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de di- 549 gitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que sobrevenha a reacção ; si esta fôr grande, caracterisada pela elevação da tem- peratura e circulação, o que se poderá conhecer perfeitamente pela applicação do thermometro no sovaco, durante lo a 20 minutos, se dará 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1 /2 hora, até que o calor baixe a 37°, que é o normal. Depois que ceder a febre,se dará 1 gr. de arse- niato de soda de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Pela mesma fórma que o arseniato de soda, se poderá dar os gr. de arseniato de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, dando-so todas as manhãs 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria. Para prevenir o hydro pericárdio (derrama- mento de serosidade no sacco que envolve o co- ração) se dará 1 gr. de arseniato de ferro, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Na fôrma chronica, quando o derramamento já estiver feito, o pulso e a respiração sendo fra- cos, havendo um abaúlamento na região do co- ração, então praticar-se-ha a operação da tho- racentèse cardíaca ; penetrando com o tro- cart ou melhor com o aspirador de Dieulafoy no lugar em que começam as cartilagens da 5l e 6a costellas esquerdas, para evitar a artéria mama- 550 ria. Esgotado todo o liquido contido no pericár- dio se dará logo J gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr- Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 10 por dia. Em lugar da digitalina se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de colchicina, aspa- ragina, scillitina ou bryonina. Em lugar do arseniato de strychnina se poderá dar os gr. de sulphato de strychnina. Contra a dor se dará 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina, e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, na fórma aguda; de 2 ou 3 em 3 horas na chronica, até que ella passe. Em lugar dos gr. de cicutina se poderá dar, pela mesma fórma, osgr. de hyosciamina, ou atropina, ou daturina ; em lugar da narceina os gr. de codeina, sal de Gregory, chlorhydrato ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si a dôr voltar por accessos regula- res, se dará 2 gr. de hydro-ferro-cyanato, ou 1 gr. de sulphato, ou arseniato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar por dia 20 dos 2 primeiros e 10 dos últi- mos. Ainda contra a dôr se poderá dar 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até que ella passe. Na fôrma chronica, o doente tomará todos os 551 dias 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, dis- solvido em 1 copo d'agua fria para ser dado aos cálices de hora em hora. Os gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, podem ser dados 2 de hora em hora, até 10 por dia. Si o doente ficar chloro-anemico, se fará o tratamento desta mo- léstia. Si tiver inappetencia, se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Antes de se praticar a operação da thoracentése se applicará í largo vesicatório na região do co- ração. F*eriostite. - Periosteo é uma membrana que envolve o tecido osseo em geral. A inflam- mação desta membrana é o que se chama perios- tite. Em consequência desta inflammação ás vezes desenvolve-se na face interna do periosteo uma matéria plastica, que se ossificando, produz as exostosis, e outras vezes conserva-se amor- pha. Esta inflammação pôde produzir a necrose (gangrena do osso) e quando não é ligada a uma causa traumatica, o é a um vicio qualquer, como o syphilitico ou escrophuloso, que, produzindo um abalo geral no organismo, traz uma perturbação na nutrição dos tecidos, inclusive este de que tratámos. Sendo uma inflammação, ás vezes ella vem seguida de vermelhidão, tumefacção, calor e dor das partes circumvizinhas, e outras nada disso 552 apresenta e a moléstia é revestida do caracter de chronicidade. Tratamento. Na fôrma aguda dá-se todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr* Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dose deste sal, segundo o effeito que elle produzir. Applicam-se bichas e se fricciona, pela manhã e â tarde, o lugar da periostite com pomada mer- curial e extracto de cicuta, ou de belladona, tendo em permanência cataplasma de linhaça, ou de pô de arroz. Para a febre se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. E ao mesmo tempo contra a dor e o espasmo se em- prega 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dà os gr. de cicu- tina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, sendo estes 2 últimos mais espaça- dos. Em lugar da narceina se emprega os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Para a dor ainda se dá 1 gr. de bromureto de potássio, de hora em hora, até a sedação. Si a febre tornar-se intermittente, ou remit- 553 tente, dar-se-ha 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia dos 3 primeiros e 6 a 12 dos últimos. Si ella tomar o typo continuo, denotando con- sumpção, se prescreverá 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até ella passar, diminuindo depois a dóse destes. Quando houver pús, incisa-se o tumor e dá-se 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Na fórma chronica, pinta-se o tumor de 2 em 2 dias com tinctura de iodo e se faz o tratamento da diathese.-V. Syphilis, Escrophula, Osteite, Necrose. Si o doente estiver pallido, se dará 1 gr. de iodureto de arsénico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Este medicamento tem a propriedade de transformar em rubros os globos brancos do sangue. Emprega-se contra o fastio 2 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Peritonite.-Peritoneo é uma que envolve os intestinos. A inflammação desta membrana é o que se chama-peritonite. Esta inflammação, quando se manifesta em toda 554 a membrana, apresenta os seguintes symptomas : dor aguda no abdómen (ventre) de caracter lan- cinante, augmentando com a mais leve pressão, e até os movimentos respiratórios; tensão no ventre, febre, às vezes constipação de ventre, outras não, vomitos, soluços, depressão do pulso; a face do doente nesta moléstia apresenta-se com um caracter especial, face apanhada (grip- pée) que consiste em uma concentração dos traços. Manifesta-se às vezes suor copioso e frio, e outras a pelle conserva-se sêcca. Estes sym- ptomas apresentam-se na moléstia, quando aguda e neste caso torna-se bastante séria, terminando as mais das vezes pela morte. Quando chronica, o maior numero destes sym- ptomas não existe e o individuo pôde atravessar muitos annos. Á's vezes a moléstia manifesta-se em uma só parte do peritoneo e neste caso é facil o seu tratamento. A posição do doente no leito con- corre muito também para o diagnostico da mesma. Em geral o doente conserva-se no decúbito dorsal (ventre para cima ), as pernas dobradas sobre as coxas e estas sobre o ventre, pois, a não ser assim, a dôr torna-se insupportavel, pela distensão da parede anterior do abdómen e por- tanto da dita membrana inflammada. Tratamento. Na sideração nervosa, estando 555 o doente com as extremidades frias, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina(os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção (febre). Si o thermometro applicado no sovaco, marcar mais de 38°, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de ve- ratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37° que é o natural. Si houver dor e espasmo, se empregará con- junctamente com a aconitina, veratrina e digita- lina, 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydratode morphina (os 2 juntos) de 15 em 15 minutos, até a calma. Em falta da hyosc iamina se empregará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury, porém os 2 últimos, sendo mais energicos, devem ser dados com maior espaço. Em lugar do chlorhydrato de morphina póde-se dar, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Quando a febre tomar o typo intermittente, ou remittente, empregue-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou salicylato, ou 1 gr. de valerianato de quinina, do Dr. Naury, 556 de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 do ultimo. Si a febre fôr continua,denotando consumpção, dê-se 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até abatêl-a, diminuindo depois gradualmente a dôse destes gr. A insomnia e agitação serão combatidas á noite por 1 gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina; ou 1 gr. de cam- phora-bromé, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Si o estado do pulso o permittir, applique-se bichas no ventre, e friccione-se com pòmada mercurial e extracto de belladona ou de cicuta ; ou se pinte o ventre com tinctura de iodo, e de- pois applique-se 1 pasta de algodão e 1 atadura ligeiramente compressiva. Para mitigar o calor intenso, que os doentes sentem no ventre, applique-se gelo com sal sobre elle e dê-se para ter na bocca pequenos pedaços de gelo para matar a sêde devoradora. Quando houver soluços, dê-se 1 gr. de vera- trina, 1 de sulphato de strychnina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, alternando com 1 gr. de atropina; e quando houver dor substitua-se a atropina pelos gr. de morphina. Na peritonite parcial se dará 1 gr. de digita- 557 lina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Quando houver abatimento de forças e ao mesmo tempo dor, prescreva-se 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a reacção e sedação. Si a peritonite fôr de causa rheumatica, dê-se 1 gr. de arseniato de antimonio, ou de soda, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Neste caso se poderá ainda em- pregar, pela mesma fôrma, os gr. de colchicina; ou 2 gr. de iodureto de potássio ; ou acido sali- cylico, 4 a 5 vezes por dia. Na peritonite chronica insista-se nos arseniatos e tinctura de iodo em pintura. Si o doente ficar pallido, dê-se 1 gr. de arse- niato de ferro, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Neste caso, para o tratamento,-V. Chloro- anemia. Emquanto a moléstia fôr aguda, só se deve dar caldos, depois pôde-se alimentar gradualmente o doente. Para despertar o appetite dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Peritonite puerperal. - A peritonite puerperai apresenta os mesmos symptomas da 558 peritonite em geral. Reconhece-se por causa, - violências durante o parto, que produzindo a in- flammação do utero,esta propaga-se ao peritoneo, dando lugar a metro-peritonite, que é a que as mais das vezes manifesta-se no estado puerperal. A retenção das secundinas em estado de putre- facção, além de concorrer à producção da metro- peritonite, dá em resultado também a pyohemia ou infecção purulenta. Tratamento. V. Peritonite (em geral) e Febre puerperal, Infecção purulenta. Pescoço.-(B>òr de).- V. Rheumastlmo. Pestanejar.-O pestanejar consiste na ele- vação e abaixamento incompleto das palpebras sobre o globo ocular. E' um movimento physio- logico que ás vezes torna-se continuo pela força do habito. De ordinário os indivíduos, que pesta- nejam muito, têm inflammação dos bordos das mesmas palpebras. Tratamento. Dê-se 1 gr. de sulphato, ou ar- seniato, ou hypo-phosphito de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), 2 a 4 vezes por dia. Em falta da hyosciamina póde-se empregar os gr. de cicutina, ou atropina, ou da- turina, do Dr. Naury. O doente deve tomar todas as manhãs 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 559 copo d'agua fria. Si houver inflammação dos bordos das palpebras, -V. Blepharite. Pliagedeiiisino.-V. Cancro vereneo. Pharyngite.-V. Amygdalite. Phimosis.-Chama-se phimosis o prolonga- mento do prepucio além da glande acompanhado de estreiteza. A phimosis pôde ser congénita ou adquirida. Quando adquirida, reconhece por causa os cancros syphiliticos do prepucio e da glande, blennorrhagias, que inflammando o prepucio e não se observando a mais rigorosa cautela e apu- rado aceio, estreitam-n'o, produzindo-se a phi- mosis. Tratamento. Na phimosis congénita se póde fazer a dilatação do prepucio por meio duma pinça forte ; ou se farà a ablação da parte exce- dente do prepucio. Na phimosis adquirida far-se-ha uma incisão na face dorsal do prepucio até a coroa da glande, descobrindo-a totalmente, sendo regularisados os pedaços lateraes da incisão ; a mucosa será posta em contacto com a pelle por meio de serre- fine ou pontos de linha e se envolverá a cabeça do penis em compressas d'agua fria, renovadas a cada momento para prevenir a inflammação, dando-se 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de qui- nina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 5 vezes por dia. 560 Para a continuação do tratamento, - V. Fe- ridas (em geral), Febre traumatica. Depois de passar o período inflammatorio se cauterizara os cancros com nitrato de prata, ou acido nitrico, e far-se-ha o tratamento desta diathese. - V. 'èyphilis. A phimosis occasionada por blennorrhagia se curará por si só, depois da operação, com cui- dados de limpeza. -V. Blennorrhagia. Phlebite. - Chama-se phlebite á ínflam- mação das veias. E' muito commum nas ope- rações cirúrgicas e costuma apparecer, princi- palmente no utero, nas operações do parto.- Symptomas. O primeiro effeito da phlebite é a coagulação do sangue c<>m adherencia ás paredes dos vasos, d'ahi a interceptação do curso deste li- quido, e edemacia nas partes circumvizinhas, um cordão duro e doloroso em toda a extensão da veia. Encontra-se muitas vezes abcessos no tecido cellular, ganglios proximos augmentados de vo- lume, mal-estar, frios, sede viva, ás vezes vo- mitos, cephalalgia, febre e todos os symptomas de infecção pútrida. Tratamento. Dissolva-se todos os dias 2 co- lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 gar- rafa d'agua acidulada com sueco de limão e to- me-se aos cálices de hora em hora. Friccione-se o trajecto da veia com cerôto 561 camphorado, ou pomada mercurial com extracto de cicuta, ou de belladona ; applique-se algumas sanguesugas e tenha em permanência cata- plasmas de linhaça, arroz, ou farinha de man- dioca. Póde-se também pintal-o com tinctura de iodo. A febre será combatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar; ou por 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de aconitina (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia ; ou por 1 gr. de arseniato de qui- nina e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos), de hora em hora, no periodo de frio, até vir a reacção (febre); ou por 1 gr. de arseniato de quinina e 1 de aconitina (os 2 juntos), de hora em hora, no periodo de reacção (febre), até aba" têl-a; ou por 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato de quinina ; ou 1 gr. de valeria- nato, ou 1 gr. de bromhydrato de quinina, ousali- cylato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos úl- timos. Si a febre fôr continua, denotando consumpção, dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr« Naury, de hora em hora, até abatêl-a, dimi- nuindo depois gradualmente a dóse destes gr. Para a dor e tensão se dará 1 gr. de hyoscia- 36 562 mina, e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dá, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, sendo estes 2 últimos mais espaçados. Em lugar do chlo- rhydrato de morphina póde-se empregar, pela mesma fôrma, os gr. de narceiha, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou brom- hydrato de morphina, do I)r. Naury, alcaloides calmantes do opio. Depois que passar a febre se poderá dar 1 gr. de arseniato de soda, ou potassa, ou de antimonio e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury, (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Também são empregados neste caso 2 gr. de iodureto de potássio, e 1 de cicutina (os 3 juntos ), 4 a 6 vezes por dia ; ou 2 gr. de iodu- reto de arsénico, ou iodureto mercurioso 4 vezes por dia. - V. Infecção purulenta. Phlegmaío. - E' a inflammação do tecido cellular. O phlegmão póde-se desenvolver em todas as partes em que ha tecido cellular. As causas mais commums do phlegmão são : golpes, quédas e corpos estranhos introduzidos nos orgãos. -Symptomas. O phlegmão se annuncia por dor que augmenta pelo movimento e pela pressão, logo se eleva um tumor arredondado, 563 vermelho, duro, renittente. A. dor a principio é pulsativa, torna-se logo gravativa, a suppu- ração se fôrma, o tumor se amollece e apre- senta a fluctuação ; a pelle acaba em um ponto amarellado por se romper e dar sahida ao pús. Desde que o phlegmão contém pús, chama-se abcesso. Ha muitas especies de phlegmão. Tratamento. No periodo de frio intenso se empregará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção (febre). Depois se dará 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, e logo que produzir o effeito purgativo, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°, que é o na- tural. Applicam-se bichas, ou ventosas sarjadas e cataplasmas de linhaça, ou 1 bexiga com gelo sobre o tumor. Se fricciona pela manhã e à tarde com pomada mercurial e extracto de ci- cuta ou belladona. Todas as manhãs cedo o doente deve tomar 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 564 1/2 copo d'agua fria ; póde-se juntar ao sal o sueco do limão. Si a febre tornar-se intermit tente, ou re- mittente, dâ-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato de quinina ; ou bromhydrato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arse- niato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 15 por dia dos 3 primeiros e 10 dos últimos. Para a dor e espasmo emprega-se 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina ; os 2 últimos mais espaçados. Em lugar do chlorhydrato de morphina, dá-se, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou co- deína, ou sal de Gregory, ou iodhydrato de morphina, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Contra a dor ainda se póde empregar 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Para a suppuração se dá 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, de hora em hora, até 6 a 8 por dia; ou 2 gr. de iodureto de arsé- nico 4 vezes por dia ; e si ella fôr abundante, 1 gr. de arseniato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. 565 Para resolver o intumecimento dos tecidos se dá 2 gr. de iodureto de potássio, ou iodu- reto mercurioso, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Logo que o pús estiver reunido, perfure-se o tumor. - V. Abcesso. Si houver frio e febre intensissimos, denotando absorpção purulenta, para o tratamento - V. Infecção purulenta. Si o doente ficar pallido, - V. Chloro-anemia. Para despertar o appetite dâ-se 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Plile gmacia alha «lolens. - Sob esta de- nominação se designa particularmente um intu- mecimento agudo e doloroso dos membros abdo- minaes, do qual as mulheres são muitas vezes ata- cadas em seguida ao parto, e que é muitas vezes acompanhado de symptomas de phlebite inguinal. Este intumecimento edematoso, com pallidez da pelle e dor viva, póde ser e é muitas vezes o re- sultado da coagulação espontânea do sangue nas veias. De ordinário a coagulação vem da pressão de um tumor qualquer, da invasão de algum cancro nas paredes venosas. Esta moléstia cos- tuma apparecer nas pessoas que soffrem de ca- chexia. Tratamento. V. Phlebite. Plireiiesi. - V. Meningite. 566 Phthisica. - V. Tisica. Pica e malacia. - Appetite pervertido, que faz só desejar substancias não alimentares.- V. Dyspepsia. Picada anatómica.-São as picadas muito communs nos estudantes de medicina. A infecção se manifesta quasi sempre aguda. Calafrios, in- flammação do membro onde deu-se a picada, en- gorgitamento dos ganglios circumvizinhos, in- fecção geral, delirio, febre ardente e morte, de- pois de dores atrozes, esphacelo (gangrena) das partes molles, collecções immensas de pús. A pi- cada anatómica não sendo combatida com energia é mortal. Tratamento. Deve-se dar todos os dias pela manhã cedo 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo dagua fria, augmentando ou diminuindo a dóse deste sal, segundo o effeito que produzir. No periodo de frio se prescreverá 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que sobrevenha a reacção (febre). Ella será refreada por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o ther- mometro applicado na axilla (sovaco), por 15 a 20 minutos, não marque mais que 37°. 567 Quando o thermometro marcar menos de 37°, se dará 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de ar- seniato de ferro e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até que elle suba a 37°, que é o natural. Deve-se empregar neste caso 1 gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. A febre de consumpção deve ser combatida por 1 gr. de arseniato de cafeina, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, diminuindo-se depois gradualmente a dose destes gr.. Para o delirio se dará 1 gr. de camphora- bromé, ou croton-chloral, de hora em hora, até a sedação, Se farà fricções 2 vezes por dia sobre os ganglios engorgitados com pomada mercurial e extrato de cicuta, ou belladona, e depois cata- plasmas de pó de arroz, ou linhaça. Se prescreve contra a dôr e espasmo 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina,de 1/2 em 1/2 hora até a calma. Em falta da hyosciamina se empre- gará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury, sendo os 2 últimos mais espaçados. Em lugar do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de 568 morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Para as inflammações intercorrentes se applica cáustico, ou se pinta o lugar delias, de 2 em 2 dias, com tinctura de iodo. A cada refeição o doente tomara 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Deve-se cauterizar logo o lugar da picada com acido nitrico, ou nitrato acido de mercúrio, ou ferro em braza, applicando-se depois compressas d'agua fria, renovadas a cada momento para pre- venir a inflammação ; o doente tomará 2 gr. de hyd ro-ferro-cyanato de quinina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até 5 vezes por dia. Picadas de iasectos e reptis.-Con- forme os insectos, uns são venenosos e outros não. Quando venenosos a morte é mais ou menos prompta, segundo a qualidade e quantidade do veneno, secretado. Em geral as picadas dos in- sectos mais communs produzem calor, verme- lhidão, dor, tumefacção às vezes, symptomas estes de uma inflammação. Tratamento. Para combater o principio viru- lento se dá todas as manhãs cedo 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse deste sal, segundo o effeito que produzir. 569 Para a febre se emprega 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que a columna de mercúrio, ou álcool do thermometro baixe a 37°, que é o natural. E ao mesmo tempo se dá para a dor e o espasmo 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se emprega os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, do Dr. Naury. Em lugar da narceina se prescreverá, pela mesma fórma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhy- drato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Si a febre tornar-se intermittente, ou remit- tente, se dará 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro- cyanato de quinina ; ou bromhydrato de quinina, ou salicylato de quinina ; ou 1 gr. de valeria- nato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 4 primeiros e 10 dos últimos. Si ella fôr continua, denotando cachexia, ou infecção, se prescreverá 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora ; ou 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de ferro e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury ( os 3 juntos), de hora em hora, até passarem os symp- 570 tomas aterradores, diminuindo-se depois a dóse destes gr. A cada refeição se dará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, para despertar as funcções do figado. Os gr. de acido salicylico, ou salicylato de ferro, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, devem ser empregados nas picadas dos insectos e reptis venenosos, 1 gr., de 1/2 em 1/2 hora, até 20 por dia. Os gr. de camphora-bromé são dados como sedativo, 1 de hora em hora, até a calma. Tam- bém se poderá empregar neste caso 1 gr. de sul- phureto de cálcio, pela mesma fórma dos de acido salicylico. Placas mucosas.-Estas placas são ma- nifestações syphiliticas; tendo por séde o escroto, os lábios, o anus, etc., caracterisadas por exco- riações da epiderme, arredondadas, ás vezes avermelhadas e outras não; é também algumas vezes acompanhadas de um tecido esponjoso sa- liente e peculiar ás mesmas. Reconhece como causa principal a infecção produzida pelo cancro duro. Tratamento. Cauterizam-se as placas mucosas 2 a 3 vezes por semana com nitrato de prata ou tinctura de iodo, ou perchlorureto de ferro, ou acido nitrico, ou nitrato acido de mercúrio, ese applica depois sobre ella fios molhados na mistura 571 de tinctura de iodo 30 gotas, iodureto de po- tássio 60 centigrammas e agua distillada 200 grammas. Si ellas tiverem por séde a bocca, far- se-ha bochechos com 2 colheres de sopa desta mistura em 1 copo d'agua fria. Para o tratamento interno,-V. Sijphilis. Pletliora.-Quer dizer superabundância de sangue no systema sanguíneo geral ou local. A plethora é caracterisada pela vermelhidão da pelle, enchimento dos vasos sanguíneos os mais superíiciaes, dureza do pulso, augmento do calor animal, tendencia para as hemorrhagias, somno- lencia, vertigens, vermelhidão dos olhos. A ple- thora varia de symptomas conforme o orgão em que se manifesta. Tratamento. Dissolva-se 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Si o pulso fôr duro e o calor animal elevado, applique-se sanguesugas no anus e se dê 1 gr. de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, ate abatêl-os ao estado normal. Para as vertigens e somnolencia prescreva-se 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até despertar. A cada refeição o doente deve tomar 2 a 4 572 gr. de quassina, do Dr. Naury, para despertar as funcções do figado. I*leuriz.-E' a inflammação da pleura, póde ser aguda ou chronica.-Symptomas. A pleuriz aguda é caracterisada por uma dor pungitiva em um dos lados do peito, augmentando durante a inspiração, pelos effeitos da tosse e pela pressão ; a respiração é difficil, a inspiração é curta, a tosse sêcca ou com pouca expectoração; as maçãs do rosto são vermelhas, o pulso febril com paroxismo à noite e á tarde, além dos symp- tomas revelados pela auscultação e percussão. Logo que o derramamento começa, o murmurio respiratório diminúe, diminuição que vai aug- mentando paulatinamente, assim como o som cheio revelado pela percussão. A pleuriz chro- nica termina ordinariamente por um derrama- mento seroso quesimúla uma tuberculose, quando expande-se com grande quantidade de pús, o que acontece ás vezes. As mais das vezes a inflam- mação da pleura propaga-se aos pulmões e dahj o apparecimento das pleuro-pneumonias. Tratamento. No periodo de frio dá-se 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina; ou 1 gr. de arseniato de quinina, 1 de arseniato de stry- chnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 573 juntos),de 1/2 em 1/2 hora,até sobrevir a reacção (febre). Dissolva-se todos os dias 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices, de hora em hora. Applique-se bichas ou ventosas sarjadas sobre o peito, e dê-se 1 gr. de aconitina, 1 de vera- trina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater o calor a 37°, verificado pelo thermometro ; e ao mesmo tempo empregue-se contra a dor e o espasmo, 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeina (os 2 juntos), de 1/2 em 1)2 hora, até a calma. Em lugar da hyosciamina, se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina que têm a propriedade de acalmar as dores ; ou 1 gr. de atropina, ou daturina, do Dr. Naury, porém estes 2 últimos mais espaçados, e logo que a menina dos olhos principie a dilatar-se, deixe-se estes gr. Em lugar da codeina, se dá, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Si a febre tomar o typo remittente, ou inter- mittente, dê-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato de quinina, ou salicylato, ou brom- hydrato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou 574 de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia, dos 4 primeiros e 10 dos últimos. Applicar-se-ha sobre o peito 1 pasta de algodão e por cima 1 faxa para immobilisal-o. Contra a dor do lado (pontada), pinta-se o peito com tinctura de iodo, ou applica-se o collo- dion elástico. Si houver dyspnéa (falta de respiração), dà-se 1 gr. de sulphato, ou de arseniato, ou de hypo- phosphito de strychnina, e 1 gr. de hyos- ciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, até a sedação. Em falta da hyosciamina se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou datu- rina, porém estes 2 últimos muito mais espa- çados. Applica-se sobre o peito um largo vesicatório para activar a absorpção da serosidade derra- mada na cavidade pleural e dar-se-ha 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até 8 a 10 por dia, augmen- tando ou diminuindo esta dóse, segundo o efteito que produzir. Algumas vezes os doentes sentem com esta medicação uma pressão no collo da bexiga, então se dará 1 gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou 575 bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou datu- rina, de 2 em 2 horas, até 4 a 5 por dia. Em lugar da digitalina, póde-se dar os gr. de colchicina, ou scillitina, ou asparagina, que têm a propriedade de augmentar a diurése (ou- rinas). Na pleuriz traumatica, depois da applicação das ventosas e faxaalgodoada, dà-se 1 gr.desul- phato de strychnina, 1 de cicutina, 1 de aconi- tina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até a sedação. Si a dyspnéa (falta de respiração) e o derrama- mento não diminuirem, dà-se 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de digitalina e 1 de arseniato de soda, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, augmentando ou diminuindo as dóses, segundo o effeito que produzir. Neste caso se poderá empregar, pela mesma fôrma,do arseniato de soda, os gr. de arseniato de potassa, ou de antimonio, ou de ferro, do Dr. Naury. Si houver delirio, dà-se 1 gr. de camphora- bromé, de hora em hora, até a calma. Si houver coma, somnolencia, applicar-se-ha 1 gr. de ca- feina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até despertar. A tosse serà combatida por 1 gr. de narceina, ou codeina, de 2 em 2 horas, até a calma. A 576 gymnastica braçal é conveniente contra as adhe- rencias. Si a despeito deste tratamento se produzir o derramamento e não fôr reabsorvido, deve-se praticar a thoracentése pelo aspirador de Dieu- lafoy; operação inoffensiva e que dá magníficos resultados na pratica. Esvasiada a cavidade pleural, deve-se conti- nuar com a medicação por nós já aconselhada para o derramamento. Si o doente ficar pallido, para o tratamento- V. Chloro-anemia. Para despertar o appetite na convalescença, dá-se 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. No periodo de reacção (febre) o doente só to- mará caldos; logo porém que ella passar, póde ser alimentado. Pleuriz falso ou bastardo.-V. Pleuro- ãynia. Pleurodynia.- Dor rheumatica que tem por séde os musculos intercostaes e que muitas vezes simula uma pleuriz; mas a falta de symp- tomas desta, principalmente os fornecidos pela auscultação e percussão servem de base para o diagnostico seguro. Na pleurodynia ha dor que é superficial, e mudando muitas vezes de lugar, augmentando de intensidade, não só pelos movi- 577 mentos respiratórios, como também de todo o corpo. Tratamento.-Todos os meios empregados para a nevralgia em geral e o rheumatismo são total- mente apropriados a esta moléstia.- V. Nevral- gia em geral, Rheumatismo. J^letiro-pneaiinoíiia.-Esta moléstia apre- senta-se com todos os symptomas da pleuriz, no- tando-se apenas como signaes distinctivos a tosse que é acompanhada da expectoração san- guínea e a dor que é mais profunda. Tratamento. V. Pleuriz, Pneumonia. V. Emphy sem a pulmonar. Pueiiiuouia.-* E' a inflammação do paren- chyma do pulmão ; é aguda ou chronica.-Symp- tomas. A pneumonia agúda apresenta-se com frio intenso e prolongado, seguido de calor e febre com o pulso duro, um sentimento de ardor no peito acompanhado por uma dor de lado (pontada) pungentiva.não augmentando pela inspiração como na pleuriz ; difficuldade de respirar, tosse com escarros mucosos, quasi sempre sanguinolentos, decúbito difficil sobre os dois lados. A per- cussão dá som obscuro no lugar affectado, assim como pela escuta observa-se crepitação que é substituída por sopro, quando a inflammação aug- menta. A pneumonia chronica assignala-se por uma tosse sêcca, dor no peito, febre depois do 37 578 jantar, respiração difficil, sede ; a pelle torna-se pallida, os pés incham,as forças decahem e o doente morre por uma das terminações da pneumonia- Tratamento. No periodo de frio dá-se 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de ar- seniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, de 1/2 em 1 /2 hora; ou 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina (os 2 juntos); ou 1 gr- de arseniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até vir a reacção (febre). Si o pulso for forte e o calor elevado, faz-se uma sangria, e dá-se depois 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater o calor a 37°. E ao mesmo tempo combate-se a dor e o es- pasmo com 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a se- dação. Em falta da hyosciamina, se dá os gr. de ci- cutína, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, empregando-se os 2 últimos mais espaçados e logo que se dilatar a pupilla dei- xe-se de tomar estes gr. Em lugar da codeina se empregará, pela mesma fórma, os gr. de nar- ceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou 579 iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Os doentes devem tomar todos os dias, pela manhã cedo, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Si o estado do pulso não permittir a sangria, applicar-se-ha sanguesugas, ou ventosas sar- jadas sobre o peito. Quando houver oppressão e dyspnéa depois da sangria, bicha s ou ventosas, se dará 1 gr. de sul- phato, ou de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina e 1 gr. de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Para o fervor crepitante do peito e o calor se applicará sobre o lado da pneumonia compressas d'agua fria, renovadas de 1/2 em 1/2 hora, e se insistirá nos alcaloides anti-thermicos-aconi- tina, veratrina e digitalina, até abater o calor a 37°. Para a dor pleuretica, que vem muitas vezes com a pneumonia, depois das sanguesugas, ou ventosas, se pintara o lugar com tinctura de iodo, ou se fará a applicação do collodion elás- tico, e depois 1 pasta de algodão e 1 faxa ligei- ramente compressiva será applicada sobre o peito para obstar o attrito das duas superfícies da pleura nos movimentos de inspiração e expi- ração. 580 Para facilitar a expectoração, dar-se-ha 1 gr. de emetina, ou scillitina, ou 2 gr. de kermes ; ou de benzoato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 dos 2 primeiros e 20 dos últimos. Si a febre tomar o typo intermittente, ou re- mittente, empregar-se-ha 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou salicy- lato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora, em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 do ultimo. Quando as ourinas forem poucas e vermelhas, dà-se 1 gr. de digitalina, ou colchicina, ou scil- litina, ou asparagina, do Dr. Naury, de hora em hora, até melhorar este estado. Na pneumonia biliosa emprega-se 1 gr. de emetico em 1 colhei* de sopa d'agua morna, de 1/2 em 1/2 hora,até vomitar 3 vezes. Neste caso ainda se dá 1 gr. de calomelanos e 1 de narceina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), de hora em hora, até ter dejecções viscosas. Contra o delirio dá-se 1 gr. de camphora- bromé, de hora em hora, até a calma. Para o coma, somnolencia, 1 gr. de cafeína, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, doDr. Naury, de hora em hora, até despertar. Para a pneumonia ataxica, as que sobrevêm no curso das febres typhoides, emprega-se 1 gr. 581 de benzoato de ammoniaco e 1 de colchicina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até 10 a 12 por dia ; ou 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de quinina e 1 de arseniato de ferro, ou de soda, ou de potassa, ou -de antimonio, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, ate 6 a 10 por dia. Para a pneumonia chronica, com congestão para o lado do figado, dà-se 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, 1 gr. de digitalina e 1 de quassina, do Dr. Naury, ( os 3 juntos), 4 a 6 vezes por dia. Na broncho-pneumonia chronica emprega-se 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio e 1 gr. de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 5a C vezes por dia. Um largo vesicatório no peito, do lado da pneumonia, é muito conveniente. Para as crianças em lugar dos preparados de strychnina, dá-se os gr. de brucina, do Dr. Naury. Para ellas a dóse deve ser muito menor ; nellas o pouco produz grandes effeitos. Dissolvem-se os gr. que se quizer empregar em 4 colheres de sopa d'agua assucarada e se dá por colher de chá de hora em hora, até esgotar o medicamento. Na convalescença, para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. 582 Podridão do hospital.-E' a gangrena que apparece nas feridas ou nas ulceras dos feridos nos hospitaes cujo ar é viciado por qual- quer circumstancia.-Symptomas. O doente co- meça por sentir uma dor surda, dor esta que augmenta de intensidade; o aspecto da ferida muda ; quasi logo se percebe no ponto doloroso uma excavação cujos bordos cortados a pique são de uma cor vinhosa: esta excavação não é outra cousa mais do que uma ulceração ; a outra fórma, chamada pulposa, affecta em geral toda a ferida cobrindo-a de pús muito rapidamente. Esta moléstia apparece em geral epidemicamente nos grandes hospitaes e nos de sangue nas guerras. A ferida coberta de pús ulcera-se não só em profundidade como em extensão e assim esphacéla um membro todo com esgotamento completo do indivíduo. Tratamento. Dar-se-ha todos os dias 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse deste sal, segundo o effeito que pro- duzir. Emprega-se para a sideração nervosa (aba- timento) 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até vir a reacção (febre). A ferida serà cauterizada ligeiramente com 583 nitrato de prata e curada com oleo phenicado, ou uma solução de acido salicylico. Si a febre e frios forem intensos, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 15 em 15 minutos até abater o calor a 37°. Si ella fôr continua dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, ou sa- licylato de quinina, de hora em hora; ou 1 gr. de acido salicylico; ou 1 gr. de phenato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia. A' noite para acalmar a dor e conciliar o somno se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de co- deína (os 2 juntos), ou 1 gr. de croton-chloral e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Para o delirio emprega-se 1 gr. de camphora- bromé, de hora em hora, até a calma. Si a suppuração fôr abundante, se empregará 1 gr. de arseniato de ferro, ou salicylato de ferro ou de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Deve-se velar com muito cuidado as vísceras e articulações, e ao menor symptoma de inflam- mações intercorrentes deve-se combater pelos meios peculiares a cada uma delias, menos os anti-phlogisticos, que serão substituídos pelos revulsivos, - cáusticos, e pintar o lugar delias com tinctura de iodo. 584 0 doente deve ter uma alimentação repara- dora ; e para despertar o appetite dá-se 2 a 4 gr. de qu assina, do Dr. Naury, a cada refeição. Polluçoes laocturnas.-As polluções con- sistem em um corrimento involuntário do es- perma. Em seguida a sonhos eroticos, ha ejacu- lação sentida pelos individuos ; mas si os accessos continuam não só pelo abuso do coito, como principalmente pelo abuso da masturbação, então o esperma é ejaculado sem erecção e indepen- dente de qualquer sensação. O doente enfraquece consideravelmente, o systema nervoso sobretudo soffre muito e a hypocondria caracteristica apre- senta-se. Tratamento. O doente tomará á noite ao deitar-se 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, do Dr. Naury ( os 4 juntos ), e pela manhã cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, passando por toda a columna vertebral (espinhaço ) uma esponja molhada em agua bem fria. A's 6 horas da tarde principiará a tomar 1 gr. de camphora-bromé, ou de bromureto de po- tássio, ou croton-chloral. de 1/2 em 1/2 hora, até 5 a 6 por noite ; ou 1 gr. de camphora-bromé e 1 de atropina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), de hora em hora, até 4 por noite. Se dá também para esta moléstia 1 gr. de 585 digitalina, 1 de arseniato de ferro, 1 de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina (os 4 juntos), 3 a 4 vezes durante o dia, e 2 gr. de quassina- a cada refeição, e 2 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury, depois das refeições. Si a moléstia fôr devida a engorgitamento da próstata, se darâ a podophyllina e o sal do Dr. Naury, como acima indicámos, e 2 gr. de benzoato de soda, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Se poderá também dar 1 gr. de cube- bina e 1 de cicutina (os 2 juntos), de hora em hora, até 12 por dia ; ou 2 gr. de sulphureto de cálcio e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 4 a 5 vezes por dia. Si o doente fôr pallido, se dá 2 gr. de arse- niato de ferro, 1 de sulphato de strychnina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 4 juntos', 3 a 4 vezes por dia. Em falta do arseniato de ferro se dá, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou valerianato, ou iodureto ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Em lugar do sulphato de strychnina se dará os gr. de arseniato, ou de hypo-phosphito de stry- chnína, do Dr. Naury. Se dá também neste caso 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou sali- 586 cylato de soda e 1 gr. de cicutina, ou bromhy- drato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos)c de hora em hora, até 6 vezes por dia. Em falta da cicutina se dará, pela mesma fórma, osgr. de hyosciamina ou de atropina, porém não exce" dendo de 3 gr. por dia deste ultimo. Para esta moléstia rebelde se dá ainda 1 gr. de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina (os 3 juntos), 3 a 4 vezes du- rante o dia ; ou 1 gr. de brucina, 1 de hyoscia- mina, e 2 de benzoato de soda, do Dr. Naury (os 4 juntos), 4 vezes por dia. Polydipsia.- Séde insaciável. - V. Dia~ betes. Pontada.-Dor pungitiva de causa rheu- matica em algum ponto do peito, (V. Pleuro- dynia); outras vezes de causa inflammatoria (V. Pleuriz). Postema.-V. Abeesso, Phlegmão. Priapismo.-E' a tensão forte e dolorosa do penis, com sensação de ardor, porém sem desejo do acto venereo. Póde ser symptoma de alguma moléstia da espinha, assim como de ordi- nário é consequência do abuso das cantharidas. Difficulta extremamente a micção e até póde trazer a gangrena do penis. Tratamento. Se empregará nesta moléstia 587 1 gr. de camphora-bromé, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação ; pela mesma fórma se dará 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury. A' noite, para laxar o ventre, será dado 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, e pela manhã 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Se envolverá o penis em 1 compressa, molhada em agua fria, renovando-a a cada momento. Nesta moléstia também se emprega 1 gr. de digitalina, 1 de veratrina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da cicutina se dá, pela mesma fôrma, os gr. de hyosciamina, ou brom- hydrato de cicutina, ou atropina, ou daturinã» do Dr. Naury. Si houver dor e espasmo, aos gr. de hyoscia- mina, ou cicutina, se ajunta 1 gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory (chlorydrato du- plo de morphina e codeina), ou chlorhydrato, ouiodhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Os clysteres de agua fria são uteis neste caso. Póde-se ainda experimentar nesta moléstia 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma. 588 Prisão «lê ventre.-V. Constipação de ventre. Prolapso <Io rocio. utero e vagina. -V. Queda do Prolapso da nvnla (campainha).- V. Vvula.. Prosopalgia.-V. Nevralgia facial. Prostatite.-Inflammação da próstata.- Symptomas. Esta inflammação pôde ser aguda ou clironica. Quando é aguda os doentes experi- mentam desej o mais frequente de ourinar, dor neste acto, peso no perineo (espaço entre uma via e outra); a ourinação, quando se faz, além de ser gota a gota, com o progresso da molés- tia apresenta-se ás vezes com um corrimento muco-purulento : o doente soffre febre que aug- menta gradualmente com a moléstia : mais tarde apresenta-se o tenesmo vesical, a dor torna-se mais intensa, gravativa, e os doentes experi- mentam no anus uma sensação que lhes faz crer na presença de matérias fecaes. O dedo intro- duzido no anus pôde denotar uma grande sensi- bilidade na glandula. Este estado termina pela resolução e o doente sara, ou fica com um certo grão de endurecimento que é o que se chama engorgitamento ou hypertrophia, ou então passa ao estado chronico, que é o caracterisado por 589 quasi todos os symptomas do estado agudo, porém em um gráo de intensidade menor, notando-se que o corrimento, que neste caso apresenta-se com a apparencia ás vezes de clara d'ovo, outras esverdeado, torna-se tão abundante que muito bem simula uma blennorrhagia (gonorrhéa). Neste estado de chronicidade esta moléstia é de um curativo muito prolongado. Tratamento. No estado agudo applica-se san- guesugas entre uma e outra via, e dá-se pequenos clysteres emollientes-de malvas, althéa, ou li- nhaça, e cataplasma de arroz, linhaça ou farinha de mandioca em permanência no perineo. Os ba- nhos; mornos são convenientes. Diasolva-se 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 garrafa d'agua acidulada com sueco de limão e se dê aos cálices, de 15 em 15 minutos, até obrar 2 a 3 vezes. Todos os dias manhã cedo o doente tomará 1 colher de sopa deste sal em 1/2 copo d agua fria. A febre será abatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury, do 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro não marque mais de 37°. Ao mesmo tempo se dará para a dor, espasmo e tenesmo vesical, 1 gr. de hyosciamina, 1 de chlorhydrato de morphina e 1 de camphora-bromé, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1 /2 em 1/2 hora, até a sedação. 590 Em falta da hyosciamina se dará a cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou da- turina. sendo os 2 últimos muito mais espaçados. Em lugar do chlorhydrato de morpliina se em- pregara, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina. Neste caso póde-se ainda dar 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de 1 /2 em 1 /2 hora, até a calma. Si a febre tomar o typo intermittente, ou re- mittente, se dará 2 gr. de sulphato, ou do hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinins, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 dos 3 pri- meiros e 6 a 8 dos últimos. No estado chronico dê-se todas as manhãs 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria e 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Neste caso também se dá 2 gr. de iodureto de potássio, ou mercurioso, ou sulphureto de cálciof ou 1 gr. de iodureto mercurico 4 a 5 vezes por dia. Póde-se ainda dar 2 gr. debenzoatode soda, ou 1 gr. de acido benzoico, de hora em hora, até 20 por dia do primeiro e 10 do segundo. 591 Os gr. de cubebina ou piperina, ou ergotina ou acido tannico, do Dr. Naury, podem ser dados para o corrimento, 1 de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Os gr. de iodureto de ferro, ou de enxofre, do Dr. Naury, podem também ser dados 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Si o doente ficar pallido e tiver alguma diathese, para o trata- mento,-V. Chlor o-anemia, Syphilis, etc. Prurido ou Coceira.-E' um symptoma constante das moléstias da pelle de natureza da?trosa ou parasitaria. írurido do anus e da vulva em geral são indi- cios da agglomeração de pequenos vermes lom- bricodes, muito communs nas crianças, che- gandoaté a produzir convulsões. Tratamento. Na fórma congestiva, dissolva-se 2 colhe?es de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 garrafa a'agua assucarada e acidulada com sueco de limão para dar-se aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora. Se empregará também 1 gr. de aconitina» 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos;, de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 36 1/2 grãos. Os banhos mornos com farelo, amido ou colla. de peixe são empregados Si houver hyperesthésia (excitação) damedulla (espinhaço) ou dos orgãos genitaes, se empregará 592 1 gr. de camphora-bromé e 1 de bromureto de po- tássio, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, ou 1 gr. de croton-chloral, pela mesma fôrma, até a calma. Neste caso ainda se dará 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Pela mesma formada cicutina se empregará os gr. de hyosciamina. Si ao mesmo tempo houver dor, se ajuntará a estes 1 gr. de narceina, ou co- deína, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, oi iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, fb Dr. Naury. Si o prurido fôr occasionado por vermes - V. Vermes. Si fôr de causa dartrosa,-V. Dartros. Si fôr de causa parasitaria,-V. Sarna. do anus ou da vulva. - V. Prurido. Psoite. - E' a inflammação do musculo psoas, acompanhada desde o principie de uma fe- bre intensa, dores vivas nas regiões lombares, encolhimento da coxa. As causas da psoite são exercícios forçados e esforços violentos. E' uma affecção grave. Tratamento. Applica-se sanguesugas , ou ventosas sarjadas na região do musculo psoas, 593 depois se friccionará pela manhã e á tarde com pomada mercurial belladonada e por fim cata- plasmas de linhaça ou arroz, ou de farinha de mandioca. Para combater a febre se empregará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37° O thermometro, para a verificação do calorico é indispensável. Ao mes- mo tempo que se combate a febre, se dá para a dor e o espasmo 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyoscia- mina se emprega, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, porém, os 2 últimos mais es- paçados, pois que sua acção é muito mais enér- gica. Em lugar do chlorhydrato de morphina se dará os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory , ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Contra a dor e o espasmo se dá ainda 1 gr. de camphora-bromé, ou bro- mureto de potássio, ou bromhydrato de quinina, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Será dado ao doente 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr, Naury, em 1/2 copo dagua fria to- 38 594 das as manhãs cedo, augmentando ou diminuindo a dóse deste sal, segundo o effeito que produzir. Si a febre tomar o typo intermittente, ou re- mittente, dar-se-ha 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos últimos. Si ella tornar-se continua, serâ combatida por 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até passar, diminuindo-se depois as dóses. Neste caso ainda se poderá empregar 1 gr. de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de acido arse- nioso, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Logo que se forme abcesso (tumor), para o tra- tamento, - V. Abcesso. Si o doente estiver pallido. - V. Chloro-ane- mia. Para resolver o endurecimento da parte, logo que passar o periodo agudo, se prescreverá 2 gr. de iodureto de potássio, ou iodureto mercurioso; ou 1 gr. de iodureto mercurico, e 1 gr. de cicu- tina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 4 a 5 vezes por dia. Si o doente estiver profundamente chloro-ane- mico, se dará 1 gr. de iodureto do arsénico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. 595 Este medicamento tem a propriedade de transfor- mar em rubros os globos brancos do sangue. Para despertar o appetite serão dados a cada refeição 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Psoriasis ou Fígado. -Symptomas. E' a inflammação chronica da pelle, limitada a uma parte do corpo mais ou menos extensa, apresen- tando-se a principio debaixo da fórma de eleva- ções solidas, que se transformam em seguida em placas escamosas, como nacaradas, cujos bordos são irregulares e pouco proeminentes. E' uma moléstia muito commum, não contagiosa e he- reditária. Tratamento. Todas as manhãs se toma 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dóse do sal, segundo o effeito que produzir. Para a coceira dar-se-ha 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina e 1 de veratrina (os 2 juntos}, de 1/2 em 1/2 hora, até acalmal-a; ou 1 gr. de bromureto de potássio, ou croton-chlo- ral, pela mesma fórma ; e ao mesmo tempo 1 gr. de arseniato de antimonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Pela mesma fórma do arseniato de antimonio, se darão os gr. de arseniato de soda ou de po- tassa, ou de ferro, ou iodoformio, ou iodureto de arsénico, ou iodureto mercurioso, ou de potássio, 596 ou acido salicylico, ou salicylato de ferro ou de soda, ou sulphureto de cálcio, do Dr. Naury. O doente tomará banhos mornos com farelo, amido ou colla de peixe. Para a continuação do tratamento, - V. Dartros. Pulmouite. - Synonimo de pneumonia. - V. Pneumonia. Purgação. - V. Blennorrhagia, Leucor- rhéa. Purgação pelo ouvido.-V. Otite chro- nica. Purpura. - Symptomas. Comprehende-se debaixo desta denominação muitas moléstias que têm por caracter commum e generico se mani- festarem interiormente por hemorrhagias e no exterior por petechias ou ecchymoses (manchas azuladas), independentes de violências exteriores. Os autores distinguem a purpura simples, a pur- pura urticaria e a hemorrhagica. Tratamento. Dissolva-se todas, as manhãs 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 gar- rafa d'agua fria acidulada com sueco de limão para dar-se aos cálices, de hora em hora, durante o dia; e 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de ergotina (os 3 juntos), de hora em hora, até passar a hemorrhagia. Em 597 falta do sulphato de strychnina se poderá dar, pela mesma fórma, os gr. de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina; e em falta do arseniato de ferro se dará os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto ou salycilato de ferro, do Dr. Naury. A estes gr. ainda se poderá ajuntar e dar, pela mesma fórma, 1 gr. de digitalina, do Dr. Naury. Também se poderá empregar contra esta mo- léstia 1 gr. de acido tannico, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Para despertar o appetite se dá 2 a 4 gr. de quassina a cada refeição. Para a continuação do tratamento, - V. He- morrhagia (em geral). Pustula.- V. Ulcera. Pustula maligna.-Moléstia de natureza gangrenosa produzida pela inoculação do virus carbunculoso.-Symptomas. A pustula maligna é sempre seguida dos symptomas geraes ; o con- trario se dá com o carbúnculo. Esta moléstia affecta os individuos que estão em contacto com animaes carbunculosos, ou mesmo aquelles que manejam couros, pelles ou outros quaesquer des- pojos destes animaes. A pustula segue a seguinte marcha: a principio vê-se na pelle um ponto semelhante a uma mordedura de pulga que pro- 598 voca comichão e calor, logo se levanta uma phlyctena (bolha), que se abre e sob a qual encontra-se um endurecimento que constitúe a base da pequena ferida, escura e livida, a aureola que rodêa a ulceração estende-se, a dor, a comichão e o intumecimento augmentam, a gan- grena apparece e estende-se ao tecido cellular, depois aos museu los e mata o doente por con- sumpção. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções, e nos outros dias se tomará pela manhã cedo, 1 colher deste sal, em 1/2 copo d'agua fria. Cauteriza-se logo a pequena vesicula com nitrato de prata, ou vinagre fervendo, ou acido nitrico, ou nitrato acido de mercúrio, ou melhor ainda com o ferro em braza, depois curar-se-ha com oleo phenicado, ou solução de acido salicylico. Si houver febre, dor e delirio, emprega-se 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater a febre; ao mesmo tempo, se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de mor- phina. de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar a dor; e 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação do delirio. 599 Em falta da hyosciamina, se dá os gr. de cicutina, ou bromhydrato de ciou tina, ou atro- pina, ou daturma, os 2 últimos com maiores espaços. Em lugar do chlorhydrato de morphina emprega-se, pela mesma fôrma, os gr. denarceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Si a febre tornar-se intermittente, ou remit- tente, prescreva-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou de salicylato de qui- nina, ou 1 gr. de valerianato ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que a febre não volte mais, diminuindo depois gra- dualmente a dóse dos gr. Neste caso ainda se dá 1 gr. de arseniato de cafeina; ou 1 gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a febre, diminuindo ao depois as dóses. Si o thermometro, applicado ao sovaco por 15 minutos, marcar menos de 37° e as extremidades (pés e mãos) estiverem frias, dê-se 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arse- niato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até que a columna de mercúrio ou álcool do thermometro se eleve a 37°, que é o natural. 600 Si a reacção (febre) que sobrevier fôr grande, se a modere pela aconitina, veratrina e digita- lina, como jà indicámos. A renovação do ar do quarto do doente é indispensável todos os dias. O doente só tomará caldos emquanto houver forte reacção (febre), depois será alimentado. Para despertar o appetite, dá-se 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Pustulas venereas.-V. Syphilis. Puxos.-V. Diarrhèa, Dyssenteria, He- morrhoidas. Pyelite.-E' a inflammação dos cálices e bassinetes dos rins.-V. Nephrite. Pyrose.-E' a sensação ardente que sóbe do estomago á garganta.-V. Dyspepsia. Quadril (Dôr de).-V. Coxalgia. Quebradura.- V. Hérnia. Queda da paipebra. - V. Paralysia. Quéda do recto, utero, uvula. va- giua. - V. Recto, Utero, Uvula, Vagina. Queimaduras. - São lesões mais ou menos graves produzidas pela acção concentrada e pro- trahida do calorico em geral. As queimaduras, no pensar de Dupuytren, dividem-se em queima- duras de Io, 2o, 3o, 4®, 5° e 6° gráos, segundo a 601 menor ou maior destruição do tecido da pelle. As queimaduras que têm por séde a face, o peito, o ventre são perigosas, porque podendo produzir a meningite, a pleuriz e a peritonite, estas podem trazer consequências funestas. Ha substancias que produzem queimaduras mais gra- ves do que outras: assim o leite, o caldo (fer- vendo), o chumbo derretido, o oleo, etc., produ- zem lesões mais sérias do que a agua, p. ex., em razão da sua maior densidade. As queimaduras, em geral, apresentam symptomas de reacção, como sejam : febre, dor, delirio, e ás vezes convulsões, caso este em que se deve ter o maior cuidado com o doente. Tratamento. Para a dor, espasmo e paralysia dar-se-ha 1 colher de sopa de oleo de ricino, ou, melhor ainda, de azeite doce com 2 gr. de chlo- rhydrato de morphina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 4 jun- tos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o doente obre 2 a 3 vezes e appareça a calma. Em lugar da hyosciamina se dá os gr. de ci- cutina ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, porém estes 2 últimos mais es- paçados. Em falta do chlorhydrato de morphina sedará, pela mesma fórma os, gr. de codeina ou narceina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. 602 No periodo de estupor se emprega 1 gr. de acido phosphorico e 1 de arseniato de strychnina e 1 de chlorydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina e 1 de chlorydrato de morphina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção (febre). Si o estupor fôr geral se dá 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina e 1 de citrato de cafeina (os 3 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina e 1 de citrato de cafeina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até que o doente desperte. Si elie estiver mergulhado no coma, somnolencia, dar-se-ha 1 gr. de arse- niato de cafeina, de hora em hora, até despertal-o. Para a febre se prescreverá 1 gr. de aconi- tina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abatêl-a a 37°, verificado pelo thermometro. Em lugar da digitalina póde-se empregar, pela mesma fórma, os gr. de colchicina. Si houver remissão na febre, empregar-se-ha 2 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia. No periodo de suppuração dar-se-ha 1 gr. de arseniato ou salicylato de ferro, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Contra o delirio se empregará 1 gr. de digi- 603 talina e 1 de aconitina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora ; ou 1 gr. de camphora-bromé, de hora em hora, até a sedação. As feridas serão curadas com o seguinte: oleode linhaça 60 grammas, acido phenico 4 grammas. Deve-se dar todos os dias 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo. Passando a reacção, para despertar o appe- tite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Quando nas queimaduras hou- ver destruição do orgão, dà-se o acido phospho- rico e a strychnina, como acima dissemos, até vir a reacção, e depois faça-se a amputação do membro. Itacha <Io anus. beiços e seios. - V. Feridas. Rachitismo. - E' uma moléstia própria á infancia, caracterisada por uma tendencia geral ao amollecimento do tecido osseo e por uma al- teração da nutrição. - Symptomas. O rachitismo é precedido por perturbações nas funcções diges- tivas, mà digestão, diarrhéa, abatimento e febre. Depois de algum tempo, -vê-se as extremidades dos ossos longos augmentar de volume, os joelhos voltam-se para dentro mais tarde, o tibia, o pe- ronêo e o femur se curvam com convexidade para 604 diante, a espinha dorsal é desviada, principal- mente na sua porção lombar; emfim, os ossos do craneo se disformam pela mesma fôrma. Acompanha a esta modificação dos ossos, a pal- lidez, magreza, diarrhéa, vomitos, ventre desen- volvido, respiração difficil, edema e algumas vezes hydropisia, que matam o doente. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, ou infusão de café, augmen- tando-se ou diminuindo-se a dose d'este sal, con- forme o effeito que produzir. Dá-se 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sul- phato ou arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, ou 1 gr. de acido phosphorico e 1 de brucina, do Dr. Naury, às 8 e ás 6 horas da tarde, augmentando ou diminuindo estas dôses, conforme o effeito que produzir. Os gr. de hypo-phosphito de cal, doDr. Naury, bem como os de hypo-phosphito de soda, pódem ser dados, 1 gr. 3 a 10 vezes por dia, segundo a idade do menino. Os de acido arsenioso, ou os de arseniato de soda, de ferro, de potassa ou de antimonio, do Dr. Naury, se dão 1 pela manhã e outro à tarde, augmentando esta dóse ou dimi- nuindo-a, conforme a idade. Pela mesma fôrma do arseniato de ferro, se 605 dará os gr. de arseniato de manganez, ou lactato, phosphato, iodureto, ou valerianato ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Os gr. de iodoformio, ou iodureto de arsénico, remedio heroico, ou acido salicylico, ou iodureto de potássio, do Dr. Naury, são empregados 2 a 12 por dia, dependendo a dóse da idade do me- nino, sendo administrado 1 gr. de cada vez. As cascas de ovos calcinadas e reduzidas a pó pódem ser dadas, na dóse de 1 a 2 colheres de chá, em mistura com os alimentos ordinários. Si houver febre, simulando intermittente ou remittente, empregar-se-ha 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou 1 gr. de arseniato, ou valerianato de quinina, do Dr. Naury, 3 à 5 vezes por dia. Si ella fôr continua, dar-se-ha 1 gr. de arse- niato de cafeina, do Dr. Naury, 3 á 12 vezes por dia, conforme a idade do menino. Para despertar o appetite, dê-se 1 a 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. A alimentação deve ser reparadora. Não se deve privar os doentes do uso do sal. Banhos salgados e morada no campo são uteis n'esta mo- léstia. Rachialgia.-Chama-se assim a toda a dor que occupa um ponto qualquer da columna ver- tebral (espinhaço). Não é por consequência senão 606 um symptoma de moléstias essencialmente di- versas. Tratamento. Este incommodo será combatido no estado agudo, por bichas na séde da dor, e fricções com pomada mercurial, extracto de bel- ladona ou de cicuta, pintando-se o lugar, de 2 em 2 dias com tinctura de iodo, ou applicando-se vesicatórios ou fonticulos. Ao deitar-se tomara 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, e pela manhã cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo daguafria, aug- mentando ou diminuindo-se a dóse d'este saD conforme o effeito que produzir. Empregar-se-ha despois 1 gr. de aconitina, ou veratrina, e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Contra o espasmo e a dor se prescreverá 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. Em falta do sulphato de strychnina se empre- gará, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Em lugar da hyosciamina, prescreva-se os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou da- turina, ou atropina, sendo os 2 últimos mais es- paçados. Si a rachialgia fôr occasionada por intoxicação palustre, dê-se 1 gr. de arseniato ou valerianato 607 de quinina, ou 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro- cyanato, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 12 dos 2 primeiros e 12 a 20 por dia dos últimos. Si o doente estiver pallido, para o tratamento' - V. Chloro-anemia. Dà-se contra esta dor 1 gr. de atropina, 4 a 5 vezes por dia, e ao mesmo tempo 1 gr. de chlo- rhydrato de morphina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 por dia. Os gr. de camphora-bromé, ou os de valeria- nato de zinco, bromureto de potássio, ou croton- chloral e cyanureto de zinco, serão dados 1 de hora em hora, até 6 a 8. Os de bromhydrato de quinina, iodureto de arsénico, iodureto de po- tássio, iodureto mercurioso e os de iodoformio, do Dr. Naury, serão prescriptos 2, de 2 em 2 horas, até 8 a 12 por dia. Os gr. de arseniato de soda, ou potassa, ou an- timonio, ou carbonato de lithyna, ou colchicina, ou benzoato de ammoniaco, do Dr. Naury, serão empregados 1 de hora em hora, até 8 por dia, unidos sempre a 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury. Os banhos a vapor, as douches e os banhos sal- gados, são de vantagem neste incommodo. Raiva. - V. Hydrophobia. Recto (Cancro do).-V. Cancro do recto. 608 Recto (Estreitamento do).-V.Inflam- mação, Cancro do recto. Recto (Inílammaçao do). - A inflam- mação do recto se apresenta as mais das vezes acompanhada da inflammação do anus, e vice- versa, é caracterisada por dor bastante intensa, principalmente durante a marcha ; costuma ser acompanhada de um corrimento pelo recto mais ou menos considerável, o qual apresenta um cheiro desagradavel. Tratamento. Na fórma aguda, dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria, todos os dias pela manhã. Applica-se bichas entre uma e outra via, e dá-se banhos mornos e pequenos clysteres emol- lientes, - clara d'ovo, cozimento de linhàça, malvas ou althéa - e 1 gr. de digitalina, 1 de hyosciamina, 1 de cicutina e 1 de camphora- bromé, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação; ou 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina (os 2 juntos), de hora em hora ; e para acalmar as dores 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhy- drato de morphina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, ou de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina, dá-se os gr. de ci- cutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, 609 ou daturina, porém estes 2 últimos mais espa- çados por serem muito mais energicos. Em lugar do chlorhydrato de morphina, se empregará, pela mesma forma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alca- loides calmantes do opio. Para a dor e o espasmo póde-se ainda dar, 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Quando a inflammação fôr chronica cauteri- ze-se a mucosa do recto de 8 em 8 dias, com o lapis de nitrato de prata e dê-se logo um clyster com agua e sal de cozinha. Neste caso emprega-se 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia ; ou 2 gr. de iodureto de arsénico, ou iodureto mercurioso, ou iodureto de potássio, ou 1 gr. de iodureto mercurico, do Dr. Naury, unidos sempre a 1 gr. de cicutina, 4 a 5 vezes por dia, quando se suspeitar que a moléstia é entretida por antecedentes syphiliticos escro- phulosos, etc. Si o doente ficar pallido, faça-se o tratamento da Chloro-anemia. 39 610 Para despertar o appetite, dà-se 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Na fôrma chronica os banhos salgados são con- venientes. Recto (I*rolapso, queda ou sahida do). - Chama-se prolapso do recto, a sahida da membrana mucosa do recto pelo anus. Este incommodo é caracterisado por um tumor que não se apresenta senão quando se tem de defeccar e não vindo acompanhado de dôres no ventre : a sua fôrma é arredondada ou de um bourrelet, mais ou menos espesso, em torno do anus ; em seu centro se encontra um orifício por atravez do qual sahem as matérias escremen- ticias. Mais tarde a membrana mucosa fica no exterior, o bourrelet formado fica tuberculoso e cercado de dobras ; elle é avermelhado, mollasse e ás vezes sanguinolento. Tratamento. Todas as manhãs cedo, dà-se 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria e 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia, aug- mentando ou diminuindo a dôse até 6 a 8 por dia. Nas crianças em lugar da strychnina, dá-se os gr. de brucina, do Dr. Naury, unidos ao acido phosphorico, p. ex. : 1 gr. de acido phosphorico 611 e 1 de brucina pela manhã e á tarde. Também se poderá dar 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina às mesmas horas. Os pequenos clysteres d'agua fria são conve- nientes neste incommodo, bem como os banhos e clysteres d'agua salgada. Si o doente estiver pallido, para o tratamento. -V. Chloro-anemia. Regras diííiceis.-V. Ameríhorrèa. Rendido das verillias.-V. Hérnia. Reseccaçao do ventre.-V. Constipação do ventre. Retenção de onrina.-V. Dysuria, Pa- ralysia da bexiga, Estreitamento da urethra- Retinite.-E' a inflammação da retina, mem- brana do olho. E' muito difficil distinguir-se sem ser pelo ophthalmoscopio esta moléstia das outras que occupam o olho.-Symptomas. Photophobia (horror à luz); moscas luminosas no campo vi- sual que incommodam muito aos doentes, sen- sação de tensão mais ou menos penivel no globo ocular com estreitamento da pupilla ( menina dos olhos). Estes symptomas existem também em outras ophthalmias, principalmente na iritis. Só com o ophthalmoscopio se poderá fazer o diag- nostico differencial. . Tratamento. Applicar-se-ha na margem do anus algumas sanguesugas ; dissolva-se 2 co- 612 lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 gar- rafa d'agua fria acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices, de hora em hora, durante o dia. O pulso e calor serão abatidos por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro, appl içado no sovaco por 15 a 20 minutos, não marque mais de 36° e 1/2. Para o espasmo se prescreverá 1 gr. de hyos- ciamina ou atropina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que a pupilla ( menina dos olhos), se dilate. Nesta inflammação, si o doente não estiver pallido, poder-se-ha dar 1 gr. de calomelanos e 1 de narceina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Para a dor emprega-se 1 gr. de bromureto de potássio, de hora em hora, até a calma. Também se poderá dar, pela mesma íórma, os gr. de camphora-bromé, ou de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alca- loides calmantes do opio. Si a febre e dor tomarem o typo intermittente ou remittente, se prescreverá 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato de quinina, ou 1 gr. de valerianato ou arseniato de quinina, do Dr. 613 Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos últimos. Si a moléstia tiver por causa uma diathese, dê-se 1 gr. de iodureto mercurico, ou 2 gr. de iodureto de arsénico, ou iodureto mercurioso, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Neste caso ainda se dá os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou arse- niato de cafeina, unidos a 1 gr. de hyosciamina ( os 2 juntos ), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. O doente deve tomar todos os dias o sal do Dr. Naury. Depois da inflammação dos olhos, ha sempre um estado de fraqueza do orgão, e para comba- têl-a se dará 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina (os 2 juntos ); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina, do Dr. Naury, ás 8 horas da manhã, ao 1/2 dia e ás 6 horas da tarde, augmentando gradualmente estes gr., até que se obtenha o ef- feito desejado. Btlia^adias.-Fendas ou ulceras longas e estreitas que occupam as rugas do anus. Para o tratamento, - V. Syphilis. Rheumatisiuo articular.-E' a inflam- mação das partes fibrosas das articulações ; é agudo ou chronico.-Symptomas. No rheuma- tismo articular agudo, ha febre, dor intensa nas 614 articulações, sêde viva, suores abundantes, ouri- nas raras, vermelhas e carregadas, completa anorexia (fastio). A inflammação das super- fícies articulares, produz pelo movimento um ruido de atrito, depois augmento de secreção e a fluctuação caracteristica dos derramamentos. São frequente n'esta fôrma as complicações do lado do coração, das pleuras e das membranas do ce- rebro que de ordinário matam os doentes. No rheumatismo chronico, as dores são vagas, de pouca intensidade, occupam as articulações com calor e intumescimento d'ellas, com, ou sem febre, fastio, cephalalgia e constipação do ventre. Não ha orgão que esteja ao abrigo desta mo- léstia. Tratamento. Dê-se 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até fazer 3 a 4 dejecções. Nas manhãs seguintes o doente só tomará 1 colher de sopa deste sal, em .1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a quantidade do sal, conforme o effeito que produzir. A febre será combatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, ou de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro, applicado no sovaco por 15 a 20 minutos, baixe a 37a. A 615 estes gr. ainda se poderá ajuntar 1 gr. de arse- niato de strychnina e 1 de colchicina. Em falta do arseniato de strychnina, se darà pela mesma fórma, os gr. de sulphato, ou os de hypo-phosphito de strychnina, ou de brucina, do Dr. Naury. Contra a dor e espasmo, se empregará 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina, (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatêl-a. Em falta da hyosciamina, dê-se os gr. de ci- cutina, ou bromhydrato de cicutina ou os de da- turina, ou atropina, sendo os 2 últimos mais es- paçados, por serem mais energicos. Em falta do chlorhydrato de morphina, se darà, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou de codeina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso ainda se póde empregar 1 gr. de camphora- bromé, ou bromureto de potássio, ou croton- chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Si a febre tomar o typo intermittente ou re- mittente, dê-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato, ou bromhydrato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato ou de. arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 a 12 dos últimos. Na fórma 616 continua se prescreverá 1 gr. de arseniato de ca- feína ; ou 1 gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, de hora em hora, até 20 por dia. Os gr. de emetico, do Dr. Naury, são dados, 1 em 1 colher d'agua mórna, de hora em hora, até abater o pulso e calor, e para estabelecer a tolerância, dê-se 1 gr. de chlorhydrato de mor- phina, de hora em hora, para o doente não vo- mitar. Si o rheumatismo fôr em uma a duas articu- lações, empregue-se bichas, pinte-se depois com tinctura de iodo, applicando-se 1 pasta de al- godão e 1 atadura compressiva. Os vesicatórios não são para desprezar n'esta moléstia. Póde-se empregar em fricções, os linimentos de balsamo tranquillo, essencia de terebenthina, e chloroformio. Nesta moléstia póde-se dar 1 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, 1 de hyosciamina, 1 de chlorhydrato de morphina e 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater a febre, dor e espasmo; ou 1 gr. de colchicina, 1 de digitalina e 1 de asparagina e 1 de jaborandina (os 4 juntos), de hora em hora, até augmentar a secreção da ourina ; ou 1 gr. de veratrina, 1 de digitalina, 1 de codeina e 1 de arseniato de quinina (os 4 juntos), de 1/2 em 617 1/2 hora, até a calma ; ou 1 gr. de hypo-phos- phito de strychnina, 1 de iodhydrato de mor- phina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. No rheumatismo chronico dá-se 1 gr. de acido arsenioso, ou de arseniato de soda, ou de po- tassa, ou de antimonio, ou jaborandina, do Dr. Naury, em 1 colher de sopa de vinho de salsa- parrilha, de hora em hora, até 6 a 8 por dia, suspendendo a medicação arsenical de 15 em 15 dias, dando 8 dias de intervallo para recomeçar de novo. Póde dar-se ainda n'este caso, 1 gr. de acido phosphorico, 1 de strychnina (sulphato, arse- niato, ou hypo-phosphito de strychnina), 1 de ci- cutina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), 4 a 6 vezes por dia ; ou 1 gr. de arse- niato de soda, de hora em hora, até 8 por dia, e ao mesmo tempo 1 gr. de narceina e 1 de hyos- ciamina (os 2 juntos), de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Os gr. de lithyna, ou carbonato de lithyna, ou benzoato de ammoniaco, são empregados, 1 de hora em hora, até 8 a 10 por dia; os de sul- phureto de cálcio, ou os de iodoformio, do Dr. Naury, 2 gr. de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si o doente estiver chloro-anemico, dê-se os 618 gr. de arseniato de ferro para reconstituir a crase sanguínea e se fará o mesmo tratamento já indicado para esta moléstia.-V. Chlor o-anemia. Quando houver complicação de indocardite, applique-se ventosas sarjadas sobre a região do coração, sangre-se mesmo o doente, e dê-se 1 gr. de veratrina, de 15 em 15 minutos, e 1 gr. de sulphato, ou arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, 3 á 4 vezes por dia. Si houver tendencia para syncopes, prescre- va-se 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de di- gitalina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. As dyspepsias com arrotos, serão combatidas com 1 gr. de acido salicylico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. As nevralgias rheumaticas, serão curadas pelos meios já indicados.- V. Nevralgia (em geral), No rheumatismo gastro-intestinal, dar-se-ha 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, do Dr- Naury,ao deitar-se, e durante o dia, 3 a 4 gr. de atropina, 1 de cada vez ; á atropina se poderá ajuntar 1 gr. do sal de Gregory, ou qualquer outro alcaloide calmante do opio. A rijeza das articulações será combatida por 1 gr. de arseniato, ou sulphato, ou hypo-phos- 619 phito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. O machucamento e os passeios a pé, são uteis n'esta moléstia. Para despertar o appetite se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Os banhos salgados são convenientes. Si o derramanento da articulação não se ab- sorver, faça-se a extracção delle pelo aspirador de Dieulafoy. Rlieiiinatisiiio muscular. - E' difficil justificar a semelhança do rheumatismo mus- cular com o rheumatismo articular, a não ser pela analogia das causas, marcha e symptoma dominante, porque no rheumatismo muscular, faltam absolutamente os indícios anatomo-pa- thologicos. Esta especie é caracterisada por dor fixa ou movei; ora surda, ora muito aguda, paraly- sando os movimentos, não acompanhada de calor, de vermelhidão nem intumescimento exterior, occupando muitos musculos, como sejam os da cabeça, do pescoço, e dos lombos. Acompanha de ordinário o rheumatismo articular. Tratamento. Os banhos a vapor e 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo, são uteis n'esta fórma de rheumatismo. 620 Para o tratamento.- V. Rheumatismo arti- cular. Rijeza articular.- Emperramento, prisão das articulações {juntas). Tratamento. V. Rheumatismo articular. Rins (cálculos dos).- V. Cálculos. Rins (inílanimaçao dos).- V. Nephrite. Roseola.-E' um exanthema não contagioso, muitas vezes symptomatico precedido em alguns casos de ligeiro movimento febril.- Symptomas. E' caracterisado por pequenas manchas róseas e numerosas, de fôrmas variadas, sem elevação, terminando, depois de curta duração, pela reso- lução. A roseola ideopathica se manifesta principal- mente nas crianças na épocha da dentinção ; a symptomatica apparece no rheumatismo e na syphilis. Tratamento . O doente tomará todas as manhãs cedo, 1 colher de sopa de sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'aguafria, augmentando ou diminuindo a dóse d'este sal, conforme o effeito que produzir. Si o doente tiver febre, se dará 1 gr. de aco- nitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°. 621 Para a coceira se prescreverá 1 gr. de veratrina, e 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Os gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, ou os de iodoformio, do Dr. Naury, são dados 2 de hora em hora, até 10 â 12 por dia. Para o tratamento da roseola rheumatismal. -V. Rheumatismo. Para o da syphilitica.- V. Syphilis. Os doentes tomarão banhos mornos com farelo, amido, ou colla de peixe. Rotura.- V. Hérnia. Rouquidão.- V. Bronchite. Rupia.- Symptomas. Dà-se o nome de rupia a bolhas achatadas, de base inflammada, cheias de um. humor seroso, turvo, puriforme, sangui- nolento, transformando-se em crostas espessas e negras, formadas de camadas superpostas. Elias são em geral duras, esverdeadas e pa- recem-se com escamas, abaixo das quaes a pelle está profundamente ulcerada. A rupia é quasi sempre symptomada syphilis; assim como póde ser resultado do máo tratamento de cachexias. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a 622 dose d'este sal, conforme o effeito que pro- duzir. Os banhos mornos com farelo, ou amido, ou colla de peixe, não são de despresar n'esta mo- léstia. Si houver prurido, e coceira, dê-se 1 gr. de ve- ratrina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicu- tina (os 2 juntos); ou 1 gr. de bromureto de po- tássio, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar; e 1 gr. de acido arsenioso, ou de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Neste caso se poderá dar 1 gr. de iodureto de arsénico, ou 2 gr. de iodoformio, ou de sulphu- reto de cálcio, ou de acido salicylico, ou salicy- lato de soda, ou de iodureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia do primeiro e 10 a 12 dos outros. Si o doente estiver pallido, dê-se 1 gr. de ar- seniato de ferro, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, atê 6 a 8 por dia, e para a continuação do tratamento.-• V. Chloro- anemia. Si a moléstia fôr occasionada por diathese sy- philitica, ou escrophulosa, para o tratamento. -V. Syphilis, Escrophulas. Para despertar o appetite dê-se 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. 623 Sahida do anus.- V. Prolapso do recto. Sahida do utero.- V. Vtero. Salivação mercurial.- 0 uso do mer- cúrio internamente ou em fricções prodúz a inflam- mação especifica da bocca. Ha muita salivação; as gengivas se engorgitam; pôde produzir a quéda dos dentes com necrose dos maxillares e gangrena das partes molles. Tratamento. Todas as manhãs cedo o doente tomará 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e, depois que produzir effeito, 2 gr. de iodureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia, em 1 colher de sopâ de vinho de calumba. Si houver muita dor, se dará 1 gr. de hyos- ciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina, se empregará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina. Em lugar do chlorhydrato de morphina, póde se dar os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou codeina, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Ainda se póde dar neste caso 1 gr. de cam- phora-bromé, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Si houver febre, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 624 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar- Si tornar-se intermittente ou remittente, para o tratamento, - V. Febre intermittente. Para bochechos, 1 colher de sopa em 1 copo d'agua fria do seguinte: hydrato de chloral 4 grammas, chlorato depotassa e alúmen 2 grammas de cada um, agua aromatisada 200 grammas. A cada refeição tomará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Sangue pelo nark.-V. Epistaxis. Sapinho.-V. AphtTias. Sarainpão. - O sarampão é uma febre erup- tiva, que principia depois de alguns dias de incubação. - Symptomas. O doente sente frios, febre intensa, continua e sem paroxismos, dor de cabeça, sede, anorexia (fastio), uma tosse especial e sêcca, vinda por accessos, dyspnéas, dor, estendendo-se como uma barra sobre a base do peito, olhos brilhantes e lacrimantes, espirros frequentes,poucas vezes nauseas ou vomitos; con- stipação de ventre, que depois é substituida por diarrhéa, quando a erupção se manifesta nos intestinos. A erupção se mostra primeiro na face, depois no peito e por todo o corpo ; a côr delia é ver- melha, porém não tão intensa como a da escar- latina. 625 Quando sobrevem, o que é muito raro, a an- gina, ella não tem a menor gravidade ; a bron- chite e a interite, pelo contrario, são intensas e tem alguma gravidade nesta moléstia. Logo que a erupção sécca, a epiderme cabe em pequenas escamas, que nem sempre são visiveis e os symptomas geraes desapparecem. Tratamento. No periodo de sideração, isto é, de frio, dê-se 1 gr. de acido phospliorico e 1 de sulphato ou de arseniato de strychnina ( os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de stry- chnina do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção( febre) e apparecer a erupção. Dissolva-se, então, 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira para dar-se, de 1/2 em 1/2 hora, até ter 2 a 3 dejecções. E nos outros dias pela manhã cedo só tomará 1 colher de sopa deste sal, em 1/2 copo d'agua fria. A febre será abatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro , applicado por 15 a 20 minutos no sovaco, não marque mais de 37°. Em lugar da digitalina dê-se, pela mesma fórma, os gr. de colchicina, do Dr. Naury. Si prescreverá, depois de abatida a febre, 2 gr. de sulphato, ou hydro-ferro cyanato, ou 40 626 salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia. A agitação, espasmo e tosse, serão comba- tidos, á noite, por 1 gr. de hyosciamina e 1 decodeina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em lugar da hyosciamina, se dará os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, sendo o ultimo muito mais espaçado por ter acção mais pronunciada. Em falta da codeina pôde-se dar, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Si o calor, tomado pelo thermomelro, exceder de 40° a 41°, dê-se 1 gr. de sulphato de strych- nina, junto a 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-o a 37°. Si houver delírio, dê-se 1 gr. de digitalina, de hora em hora, ou 1 gr. de camphora-bromé, do Dr. Naury, pela mesma fôrma. Sendo o sarampão uma moléstia virulenta, pôde-se dar 1 gr. de acido salicylico, ou salicy- lato de quinina, ou 1 gr. de sulphureto de cálcio, 627 do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até 12 a 20 por dia. Nesta moléstia é bom velar os pulmões ; as broncho-pneumonias são perigosas ; para o tra- tamento, V. Pneumonia. Quando houver muita accumulaçãode catarrho nos bronchios, dê-se ás pessoas adultas 1 gr. de emetico em 1 colher de sopa d'agua morna, de 'J /2 em 1/2 hora, até vomitar 3 vezes, e para as crianças 1 gr. de emetina, do Dr. Naury, em 1 colher de chá de xarope de ipecacuanha, de 1/2 em 1 /2 hora, até vomitar 2 vezes. Como expectorante póde-se dar 2 gr. de kermes, ou 1 gr. de scillitina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. Para os meninos só se dará a metade da dóse. Para calmar a tosse se dará 1 gr. de iodofor- mio, ou cyanureto de zinco, e 1 gr. de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. -V. Bronchite. Para despertar o appetite na convalescença, dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Sarcocéle.-Tumor scirrhoso do testiculo. V. Cancro. Sarna, Gale.-E' uma moléstia contagiosa eminentemente parasitaria, devida a um insecto 628 conhecido pelo nome de acare, e que faz na epiderme, principalmente dos dedos e mãos, no sentido da flexão, um rego, onde deposita suas larvas. A presença do insecto é o signal pathognomo- nico ( certo) da moléstia. Os doentes têm uma vesícula, cheia d'um li- quido citrino, que é séde d'uma coceira insup- portavel no rego da face palmar das mãos, ou nos espaços interdigitaes. Tratamento. Dar-se-ha todos os dias pela ma- nhã cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo dagua fria e 1 gr. de sulphureto de cálcio, ou acido salicylico, ou iodoformio, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 10 a 20 por dia ; e 1 banho morno com 100 grammas de sulphureto de potassa liquido ; ou se friccio- nará o lugar da sarna com a seguinte pomada: carbonato de potassa 10 grammas , enxofre em pó fino 20 grammas cerôto simples 100 grammas. Algumas horas depois se tomará um banho morno com sabão e se mudará as roupas. Satyriasis.-Exaltação das funcções geni- taes.-V. Nymphomania. Sciatica.-V. Coxalgia. Scirrlio.-V. Cancro. 629 Sclereina.-V. Edema do tecido cellular. Sclerotite.-E' a inflammação da sclerotica (membrana do olho), moléstia pouco conhecida, que não existe isolada senão mui raramente, e que se confunde sob a denominação de opthalmia. Tratamento. Pela manhã cedo o doente to- mará 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando, ou dimi- nuindo a dóse deste sal, segundo o eífeito que produzir. Applique-se bichas na região temporal (fontes) e faça-se fricções ao redor da orbita pela manhã e á tarde com pomada mercurial e extracto de belladona ou de cicuta; e se dê 1 gr. de aco- nitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor, tomado pelo thermometro, a 36° 1/2. A photophobia (horror á luz) será combatida por 1 gr. de cicutina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até passar. Para a remissão da dôr e febre, se dará 2 gr- de hydro-ferro-cyanato de quinina; ou 1 gr. de sulfato, ou de valerianato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Contra a dôr e o espasmo se dá 1 gr. de hyos- ciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 630 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina, se darà os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou da- turina, sendo os 2 últimos mais espaçados. Em lugar de chlorhydrato de morphina, dê-se, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhy- drato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso ainda se emprega os gr. de cam- phora-bromé, ou bromureto de potássio, ou cro- ton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. No estado agudo da inflammação, si o doente não fôr pallido, dê-se 1 gr. de calomelancs e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Dá-se ainda nesta moléstia 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto); ou de iodureto mer- curico (bi-iodureto); ou de iodureto de arsénico, 4 a 5 vezes por dia ; ou 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 por dia. Esta moléstia é muitas vezes occasionada pela diathese syphilitica, escrophulosa, ou rheuma- tica, para o tratamento,-V. Syphilis, Escro- phulas, Rheumatismo. E* desnecessário dizer, que para as crianças as dôses são muito menores e muito mais espaçadas. 631 Seio.-V. Abcesso,Cancro, Engorgitamento, Feridas, Hypertrophia, Inflammação, Kysto, Nevralgia, Rachas. Sezões.-V. Febres intermitt entes. Solitário.-V. Tenia. Soltura de ourinas.-V. Incontinência de ourinas. Soltura de ventre.-V. Diarrhèa. Soluço.-E' a contracção espasmódica e sú- bita do diaphragma que determina uma elevação brusca das cavidades thoracica e abdominal, acompanhada de um ruido rouco, todo particular e de um estreitamento da glotte, pelo qual a res- piração é interceptada. Apparece como symptomas da mais simples gastrite e da pyrosis, assim como também das moléstias as mais graves. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de cicutina, 1 de hyosciamina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da cicutina e da hyosciamina, dê-se, pela mesma fôrma, os gr. de atropina, ou brom- hydrato de cicutina, do Dr. Naury. Em lugar do sulphato de strychnina se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de brucina. Neste caso se poderá ainda empregar 1 gr. de 632 camphora-bromé, ou de bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. O soluço, que sobrevier no curso das febres graves, de ordinário é signal fatal. Contra elle se empregará 1 gr. de sulphato, ou de arseniato de strychnina, 1 gr. de hyosciamina e 1 de cicu- tina (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, conti- nuando-se com a medicação appropriada à mo- léstia principal. Somuolencia ou modorra.-E' o estado intermediário entre o somno e a vigilia, é uma especie de atordoamento pouco profundo, porém, penivel e invencivel. E' symptoma grave das moléstias dos centros nervosos. Tratamento. Dissolva-se 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa de infusão de café e dê-se aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções; nos outros dias, pela manhã, sé se dará 1 colher de sopa deste sal, em 1/2 copo d'agua fria. Applique-se um clyster com 1 colher de sopa de sal de cozinha torrado, em chicara e 1/2 d'agua morna, e sinapismo nas coxas e pernas e mesmo 2 vesicatórios. Dar-se-ha 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 15 em 15 minutos, até despertar o doente, 633 diminuindo depois gradualmente as dóses destes gr., e continuando-se com a medicação da moléstia principal. Ainda para este symptoma de moléstia (a som- nolencia), emprega-se 1 gr. de sulphato de stry- nina, ou 1 gr. de brucina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2, hora, até despertar o doente. Bplenite. - E' a inflammação do baço.- Symptomas. Ella é caracterisada por frio, febre e tensão no hypocondrio (lado esquerdo), acom- panhada de calor, intumescimento e dor, que augmenta pela pressão. Esta moléstia é ainda indeterminada, muitas vezes se a confunde com o engorgitamento chro- nico do baço. Tratamento. No estado agudo applica-se bichas sobre o baço e se fricciona pela manhã e à tarde com pomada de iodureto de chumbo e extracto de cicuta, tendo em permanência cata- plasma de linhaça ou de farinha de mandioca. Dissolva-so 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices, de 1/2 em 1/2 hora, até ter abundantes dejecções. Nos outros dias, pela manhã cedo, só se darà 1 colher de sopa deste sal, em 1/2 copo d'agua fria. No periodo do frio, dar-se-ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou de arseniato de 634 strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção (febre); então, se dará 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calôr, tomado pelo thermometro, a 37c. Si a febre tomar o typo intermittente ou remit- tente, dê-se 2 gr. de sulphatoou de hydro-ferro- cyanato ou de salicylato de quinina, ou 1 gr. de valerianato ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 20 por dia dos 3 primeiros e 12 dos últimos. Contra a dor se dará 1 gr. de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, ou atropina, ou cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Os banhos mórnos são convenientes. Esta moléstia dà lugar algumas vezes a hema- temèse (vomitos de sangue), para o tratamento, -V. Hematemèse. Para a hypertrophia do baço, dà-se 1 gr. de arseniato de soda e 1 de arseniato de quinina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Em falta do arseniato de soda se póde dar, pela mesma fórma, os gr. de arse- niato de potassa, ou de antimonio, ou de cafeína, 635 ou salicylato de soda, ou de acido arsenioso. Em lugar dos gr. de arseniato de quinina, se dará, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou vale- rianato, ou salicylato, ou hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury. Neste estado se empregará também, 2 gr. de iodureto de potássio, ou de iodureto de arsénico e 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia, pintando-se de 2 em 2 dias, a região do baço, com tinctura de iodo. Si o doente estiver pallido, para o tratamento, -V. Chloro-anemia. Para despertar o appetite, dê-se 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Steatose do coraçíío. - V. Degeneres- cencia gordurosa do coração. Sternalgia. - V. Angina do peito. Strangiiria. (Retenção de ourina). -V. Dysuria. Suífbcaçao.-V. Dyspnéa. Suores dos pés.-Este symptoma é muitas vezes physiologico, ou apparece em certas mo- léstias, como na phthisica pulmonar. Tratamento. Dê-se todas as manhãs, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 copo d'agua fria ; banhe-se todos os dias os pés, com 636 agua morna ou fria, mas nunca se deve fazer, uma medicação tópica, sob pena de ver o suor desapparecer, e soffrer, talvez, um orgão essencial á vida. Para combater o estado geral de fraqueza, prescreva-se 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), ás 8 1/2, á 1 hora e âs 6 horas da tarde. Em falta do arseniato de ferro, se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou demanganez, ou salicylato de ferro, ou acido arsenioso, ou salicylato de soda, ou lactato, ou phosphato, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury. Em lugar do arseniato de strychnina, se em- pregará, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina,do Dr. Naury. Neste caso se poderá ainda empregar 1 gr. de acido salicylico, ou de sulphureto de cálcio, ou de hypo-phosphito de cal, ou de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia. Si o doente soffrer de phthisica pulmonar, para o tratamento,-V. Tisica. Para despertar o appetite, dê-se a cada re- feição 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Suppressão <la transpiração -Ella é causa occasional de muitas moléstias, segundo a predisposição individual, produzindo em uns 637 pleuriz, em outros pneumonia, rheumatismo, febres. Para o tratamento,-V. estas moléstias. Surdez aeeidental. - Symptomas. A surdez aeeidental apparece em geral todas as vezes que, por qualquer accidente, como quedas violentas, ferimentos penetrantes e introducção de corpos estranhos no ouvido, a membrana do tympano rompe-se totalmente, ficando a janella oval tapada pelo desvio da posição natural dos ossinhos, estribo, martello e bigorna. Quando isso se dá, é muito difficil, para não dizer impossivel a cura. Tratamento. Applique-se 1 bicha atraz de cada orelha, e logo que o sangue estancar, uma outra para ter o corrimento de sangue gradual e continuo. Dissolva-se 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua fria, para dar-se aos cálices de 1/2 em 1/2 hora. Nos outros dias pela manhã, só se dará 1 colher de sopa deste sal, em 1/2 copo d'agua. Dar-se-ha 1 gr. de cafeina, ou citrato de ca- feína, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia, para prevenir as congestões para o cerebro. Si a reacção (febre) sobrevier, dê-se 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do 638 Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermometro não marque mais de 37°. Si ella tomar o typo intermirtente, ou re- mittente, prescreva-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro-ferro-cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de qui- nina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia dos 3 primeiros e 8 a 12 dos últimos- Para combater a surdez, logo que passar os symptomas agudos, dê-se 1 gr. de acido phos- phonco e 1 de sulphato, ou de arseniato de stry- chnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phos- phito de strichnina, do Dr. Naury, pela manhã, ao meio dia, e á noite, augmentando-se gradual- mente esta dóse, até produzir o effeito que se deseja. Em lugar dos preparados de strychnina, nas crianças ; se dará, pela mesma fórma, os gr. de brucina, do Dr. Naury. Os corpos estranhos, milho, feijão, etc., serão tirados com uma pinça de dente de rato. Os banhos d'agua salgada, passado o estado agudo, são convenientes nesta moléstia. Syncope, Desmaio, Desfallecinieuto. -Estas palavras são synonimas em pathologia; querem dizer suspensão súbita e momentânea da acção do coração, com interrupção da respira- ção, das sensações e dos movimentos volunta- 639 rios. A syncope differe da apoplexia; nesta, a acção do cerebro é a primeira a nullificar-se emquanto que na syncope é a acção do coração. Tratamento. Friccione-se o espinhaço com escova, ou pedaço de flanella, ou baeta. Ap- plique-se 1 clyster com 1 a 2 colheres de sopa do sal de cozinha torrado e chicara e 1/2 d'agua morna, e sinapismos nas pernas e coxas. Logo que o doente possa engolir, dê-se-lhe 1 gr. de sulphato, ou de arseniato, ou de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 4 a 6 por dia. Os gr. de valerianato de quinina, valerianato de ferro, ou valerianato de zinco, do Dr. Naury, pódem ser dados, 1 de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Na syncope devida a dyspepsia, dê-se 3 gr. de quassina a cada refeição e 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo, V. Dyspepsia. Na que fôr occasionada por pobreza de sangue, dar-se-ha 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos), pela manhã, ao 1/2 dia e á tarde, e para o tratamento, V. Chlro-ane- mia. Na que revestir o typo intermittente, dê-se 1 gr. de arseniato de quinina, ou 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 do primeiro e 10 a 12 do segundo. 640 Synovite.-E' a inflammação da membrana synovial das articulações. Seus symptomas e tratamento são os da arthrite.-V. Arthrite. Syphilide.-Comprehende-se debaixo desta denominação diversas affecções cutaneas, que têm por origem a syphilis. - Symptomas. As syphilides pódem apresentar-se debaixo da fôrma de vesículas, bolhas, pustulas, escamas e tubér- culos. Elias têm sempre por antecedente o cancro venereo duro. As syphilides são ordinariamente arredondadas, cor de cobre e sem prurido. Sempre que qualquer das syphilides se encon- tram na superfície do corpo com a congenere, se reune formando circulo unico, o que não acon- tece com as erupções cutaneas de outra natureza. Tratamento. Todos os dias dar-se-ha 1 a2co_ lheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria pela manhã cedo; e 2 gr. de iodureto mercurioso (proto-iodureto ), em 1 co- lher de sopa de vinho de salsaparrilha ; ou 2 gr. de iodureto mercúrio (bi-iodureto); ou 2 gr. de iodureto de potássio, ou de iodureto de arsé- nico, ou de iodoformio, ou de acido salicylico, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia. Si o doente estiver pallido, dê-se 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa, ou de anti- monio , ou de ferro, ou de manganez, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por 641 dia , empregando-se o tratamento jà indicado para a chloro-anemia.-V. Chloro-anemia. O tratamento da syphilis é perfeitamente em- pregado nesta moléstia.-V. Syphilis. Os banhos a vapor são uteis no tratamento da syphilides. Temos actualmente nesta cidade dois estabelecimentos modelos, o do Sr. Dr. Eiras em Botafogo e o da rua Uruguayana, no qual dirige o serviço medico o Sr. Dr. Azevedo e onde os doentes poderão tomar, com toda a segurança, taes banhos. Par despertar o appetite, dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Syphilis.-Distinguem-se as lesões venereas das lesões syphiliticas. As primeiras são as blen- norrhagias e todas as ulcerações mais ou menos extensas, que podem sobrevir depois de um coito sujo. Elias não dão lugar a accidentes chamados secundários. As segundas são caracterisadas pelas diversas fôrmas do cancro endurecido, dando lugar a accidentes secundários ou de syphilis constitu- cional. A syphilis é muito antiga, tem a idade do ho- mem. Se classifica entre os symptomas secundá- rios, - o cancro duro, o bubão indolente, as dores nevrálgicas, rheumatoides, as placas mu- cosas, as vegetações, e as syphilides. 41 642 Entre os accidentes terciários aponta-se : as lesões dos tecidos sub-mucosos e sub-cutaneos, dos tecidos fibrosos, osseos e parenchymatosos. Tratamento. Examine-se com muito cuidado entre os dedos dos pés, as dobras do anus e con- torno dos orgãos genitaes dos meninos em ama- mentação ; as amas serão sujeitas a rigoroso exame, que deve ser dirigido para o bico do peito, a bocca, vulva e vagina, etc. Qualquer ulceração ou placa suspeita devera ser cauterizada com o lapis de nitrato de prata e dê-se á ama I gr. de iodureto mercurioso (proto- iodureto), ou iodureto mercurico (bi-iodureto), ou iodureto de arsénico, ou iodureto de potássio, do Dr. Naury, 5 a 6 vezes por dia. A estes gr. se deverá ajuntar 1 gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina}, ou iodhydrato ou chlorhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. O cancro venereo e as placas mucosas deverão ser cauterizados de 3 em 3 dias com o lapis de nitrato de prata, ou acido nitrico, ou nitrato acido de mercúrio e depois cural-os com fios ensopados em agua fria, ou uma solução de acido salicylico, ou vinho aromatico, ou agua com uma pequena quantidade de aguardente ou cognac, ou com tinctura de iodo 30 gottas, iodu- 643 reto de potássio 60 centigrammas e agua distil- lada 150 grammas; e dê-se 2 gr. de iodureto mercurioso e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), em 1 colher de sopa de vinho de salsa- parrilha, calumba, quina ou canella. Pela mesma fórma se poderá empregar os gr. de iodureto mercurico, iodureto de arsénico, ou iodureto de potássio, do Dr. Naury. Nos cancros e bubões venereos deve-se evitar as cauterizações brutaes : os bubões serão tra- tados como a adenite simples.- V. Adenite- Ao principio bichas, fricções pela manhã e à tarde com pomada mercurial e extracto de bella- dona ou cicuta, e cataplasma de linhaça em per- manência, depois pintar os bubões, de 2 em 2 dias com tinctura de iodo. Si houver febre, dê-se 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2em 1/2 hora, até abatêl-a. O doente deve tomar todos os dias pela manhã cedo 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria. As dores serão acalmadas por 1 gr. de hyos- ciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, ou de hora em hora, segundo a intensidade do mal. Em falta da hyosciamina, emprega-se os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- 644 pina, ou daturina, sendo os últimos mais es- paçados. Em lugar do chlorhydrato de morphina, pres- creva-se, pela mesma fôrma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, al- caloides calmantes do opio. Si a febre tomar o typo intermittente ou re- mittente, dê-se 2 gr. de sulphato, ou de hydro- ferro-cyanato de quinina; ou 1 gr. de valeria- nato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 2 primeiros e 10 dos últimos. Si ella fôr continua, denotando cachexia pro- funda, dê-se 1 gr. de arseniato de cafeina, de hora em hora, até passar a febre, diminuindo depois gradualmente a dóse destes gr. A cephaléa (dôr de cabeça), occasionada pela diathese syphilitica, será combatida por 1 gr. de cafeina, citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação, continuando-se com o tratamento anti- syphilitico pelos gr.de iodureto mercurioso, etc., como acima jà indicámos. A cada refeição o doente tomará 3 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, para despertar as forças digestivas do estomago e activar as funcções do figado. 645 Contra os tumores gommosos, tuberculosos, carie, necrose, testículo syphylitico, syphilides e todas as manifestações deste Prothêo, chamado syphilis, além do tratamento geral pelos iodu- retos já indicados, deve-se reconstituir o sangue ; pois é deste liquido que todos os tecidos do or- ganismo tiram sua nutrição. -V. Cfdoro-anemia. Pintar-se-lia os tumores de 2 em 2 dias com tinctura de iodo, ou se friccionará pela manhã e â tarde com pomada de iodureto de chumbo e ex- trato de cicuta, fazendo-se a medicação geral da diathese, como já indicámos. As douches de agua fria, ou banhos a vapor, ou sulphurosos, ou d'agua salgada são uteis na ca- chexia syphilitica. Si o doente estiver pallido, empregue-se, de preferencia, os gr. de iodureto de arsénico, como indicámos acima; elles têm a propriedade de transformarem em rubros os globos brancos do sangue. Os gr. de iodureto de ferro, de acido arsenioso, de arseniato de soda, de potassa, de antimonio, de manganez, os de acido phosphorico, os de hypo- phosphitu de cal, ou de soda, ou de strychnina, do Dr. Naury, podem ser empregados na dia- these syphilitica, não excedendo G a 8 por dia, dando-se só 1 gr. de cada vez em 1 colher de sopa de vinho de salsaparrilha, quina ou ca- 646 lumba, suspendendo o tratamento arsenical de 15 em 15 para recomeçal-o. As nevralgias e nevroses syphiliticas serão combatidas pelos meios por nós já lembrados para estas moléstias e pelo tratamento, que acá- bamos de indicar para a syphilis. Talho.-V. Ferida. Tenesmo.-Vontade incommoda, dolorosa e quasi inútil de obrar; ardor no anus, devido a irritação do recto na Dyssenteria e Hemor- rhoidas. Tratamento. Duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, dissolvido em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para tomar aos cá- lices de hora em hora. Dar-se-ha 1 gr. de camphora-bromé, 1 de hyos- ciamina e 1 de cicutina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar o tenesmo, depois 3 vezes por dia, para elle não voltar. Em lugar dos gr. de hyosciamina e cicutina se poderá dar 1 gr. de bromhydrato de cicutina, ou 1 de atropina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que a menina dos olhos (pupilla) principie a se dilatar. Tenesmo vesical.-V. Dijsuria. Tenia ou Solitaria.-E' um verme arti- culado, enormemente comprido, chato e que ha- 647 bita os intestinos delgados do homem e de outros animaes. Este verme é conhecido desde muitos séculos. Hypocrates já fez sua descripção. Symptomas. Póde-se ter tenia ou solitaria sem soffrer o menor incommodo e só saber-se que se tem este verme quando se expelle enorme quan- tidade delle. Também pôde apresentar symptomas locáes e sympathicos. Os locáes são cólicas, diarrhéa, co- ceira do nariz e anus ; appetite diminuido, ou augmentado, variavel e irregular. Os symptomas sympathicos, ou accidentes ner- vosos são, dor de cabeça, tontice, perturbações da vista, dor no estomago, definhamento, fra- queza e cansaço. Os symptomas cerebraes que a solitaria produz são : vertigens, perturbações variadas da vista, lipothymias, accidentes convulsivos simulando a hysteria ou epilepsia. Signal pathognomonico (certo) de solitaria é a presença do verme. Tratamento. Emprega-se contra a tenia ou solitaria 1 gr. de kousseina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 por dia, dando-se na manhã seguinte 2 colheres de sopa do sal, doDr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, para expellir o verme. Também se dá contra a solitaria a infusão da raiz da romanzeira, ou capsulas de oleo de te- 648 rebenthina, ou as sementes da nossa abobora vermelha ; pisando-se algumas sementes em um almofariz, deitando-se agua e bebendo-se depois de coado. A cada refeição dar-se-ha 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Terçol. - Para o professor Malgaigne, o terçol resulta da inflammação das glandulas ciliares ou as de Meibonius. Os caracteres do terçol são: tumor pequeno mais ou menos desenvolvido, livido a principio, depois avermelhado, doloroso, terminando sempre por suppuração; elle se desenvolve ordinaria- mente para a face externa das palpebras e é então menos grave que o que se desenvolve para a face interna, porque neste caso irrita o globo ocular pelo atrito que exerce sobre elle. Tratamento. Dar-se-ha 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria e depois 1 gr. de arseniato de soda, ou de potassa e 1 gr. de hyosciamina ou cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), pela manhã, ao 1/2 dia e à noite. Banhar-se-ha os olhos com infusão de malvas ou tanchagem. Logo que se reunir o pús, fure-se o pequeno abcesso. Tericia.-V. Icterícia. Testículo (cancro do)-V. Cancro. 649 Testículo (contusão do)--V. Contusão. Testículo (Engorgitauiento clironíco e simples do)-V. Orchite chronica. Testículo (Feridas do)-V. Feridas. Testículo (iallasumaçao do) - V. Or- chite, Epedidymite. Testículo (fkysto do).-V. Kysto. Testículo (fUevralgia do). - V. Ne- vralgia. Testículo syphílitico.-Ha duas especies de orchite syphilitica, a intersticial e a gommosa. -Symptomas. A intersticial é caracterisada pelo espessamento da túnica albuginea e desenvolvi- mento anormal dos septos que dividem o testí- culo. Este desenvolvimento dos septos trazem a atrophia dos canaliculos espermaticos e o testículo transforma-se em uma substancia fibro-gordu- rosa. A orchite gommosa existe ás vezes com a pre- cedente. O tumor é duro, a principio dividido em duas partes das quaes uma é constituída por hydro- cèle, que desapparece logo ; é indolente, as func- ções genitaes são diminuídas e muitas vezes ani- quiladas. Tratamento. V. Syphilis. 650 Feito o tratamento anti-syphilitico por algum tempo e senão produzir effeito, só a operação da castração livrará o doente deste mal. Testículo tuberculoso.-Symptomas. A tuberculisação do testiculo pôde ser aguda ou chronica. A aguda apparece ordinariamente em seguida á uma orchite aguda ur.ethral ou traumatica. Os tubérculos amollecem logo e sobrevêm abcesso e fistulas, pelas quaes se vê eliminar-se o testiculo debaixo da fórma de substancia phy- matoíde. A tuberculisação chronica principia por uma dor surda no epididymo, onde se acha um tumôr desigual e coberto de bossas ; pouco á pouco os tubérculos amollecem, a inflammação se estende á pelle, aos orgãos vizinhos, que rompem-se e dão sahida a uma matéria molle, caseosa, mistu- rada de pús. Ttatamekto. O da epididymite é perfeita- mente empregado na fórma aguda desta moléstia. Na chronica se dará, todas as manhãs cedo, 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 /2 copo d'agua fria. Empregar-se-ha depois 1 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strychnina (os 2 juntos), 6 a 8 vezes por dia. Pela mesma fórma do arseniato de ferro, se 651 poderá prescrever os gr. de acido arsenioso, ou arseniato de soda, ou de manganez, ou de po- tassa, ou de antimonio, do Dr. Naury. Em lugar do arseniato de strychnina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de sulphato, ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Si a febre fôr continua, denotando uma cache- xia profunda, dê-se 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até abatêl-a, diminuindo-se depois gradual mente as dôses. Si ella tomar o typo intermittente ou remit- tente, prescreva-so 2 gr. de sulphato, ou hydro- ferro-cyanato de quinina : ou 1 gr. de valeria- nato, ou arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 12 a 20 por dia dos 2 primeiros e 6 a 8 dos últimos. Os gr. de iodureto de arsénico, ou sulphureto de cálcio, ou iodureto de ferro, ou acido salicy- lico, ou salicylato de ferro, soda, ou potassa, ou iodureto de potássio, ou iodoformio, do Dr. Naury, podem ser dados, 2 gr. de 2 em 2 horas, até 10 por dia. As dôres serão combatidas por 1 gr. de cicu- tina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Pela mesma fôrma da narceina, se prescre- verá os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou 652 chlorhydrato ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Em falta da cicutina se dará os gr. de hyos- ciamir.a, ou bromhydrato de cicutina, ou atro- pina, ou daturina, do Dr. Naury, empregando-se os 2 últimos mais espaçados. Para o fastio se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Si com esta medicação o estado do doente não melhorar, far-se-ha a operação da cas- tração. Tétano.-Symptomas.-E' uma moléstia ca- recterisada pela rigidez, tensão convulsiva de um maior ou menor numero de musculos e al- gumas vezes de todos os musculos submettidos á vontade; estado de caimbra ou convulsão, que se mantém durante um lapso de tempo indefinido e que produz uma immobilidade absoluta, que nem a vontade do doente e os esforços de outrem poderiam vencer. Ignora-se qual seja a natureza do tétano. Quando o tétano curva o corpo para diante chama-se emprosthotonos ; opisthotonos quando curva para a posterior; pleurothotonos quando curva lateralmente; trismus, quando affecta os musculos dos maxilares. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 653 15 em 15 minutos, até abater o pulso e calor, tomado pelo thermometro, a 36° e 1/2, e ao mesmo tempo 1 gr. de atropina e 1 de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a sedação. Em falta da atro- pina, se poderá empregar, pela mesma fôrma, os gr. de daturina, ou 2 decicutina, ou bromhydrato de cicutina ou hyosciamina, do Dr. Naury. Prescreva-se ainda contra esta terrivel molés- tia 1 gr. de sulphato de strychinina, 1 de hyos- ciamina e 1 de sal de Gregory (os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação. Pela mesma fôrma do sal de Gregory, se pres- creverá os gr. de narceina ou codeina, ou chlor- hydrato, ou iodhydrato ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Uma poção contendo 2 a 4 grammas de hydrato de chloral para dar-se as colheres de sopa, ou 1 gr. de croton-chloral, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, principiando-se á noite para acalmar a excitação. Se poderá ainda prescrever 1 gr. de camphora- bromé, ou debromureto de potássio, doDr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma; ou 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e l de cicutina os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, ou 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato de stry- chnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 654 juntos', de hora em hora, até 6 de cada um por dia. O sal, do Dr. Naury, deve ser prescripto todos os dias ; dissolva-se 2 colheres de sopa em 1 garrafa d'agua fria, acidulada com sueco de limão, para dar-se aos cálices de hora em hora. Como preservativo do tétano, nos accidentes traumáticos, dê-se 1 gr. de sulphato de strych- ninae 1 de aconitina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Os banhos mornos prolongados são convenien- tes nesta moléstia. Tliromho.-Quando o corpo soffre uma con- tusão e ha ruptura de vasos, o sangue se accum- mula debaixo da pelle e fórma um thrombo (tumor). Tratamento. Se applicarà compressas molha- das em agua fria com sal, e ligeira compressão com tiras agglutinativas sobre o thrombo. Dê-se todos os dias pela manhã cedo uma co- lher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e 1 gr. de arseniato de soda, ou de po- tassa e 1 gr. de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia ; ou 2 gr. de iodu- reto de potássio e 1 de cicutina (os 3 juntos), 4 a 5 vezes por dia. Tico doloroso da face..-V. Nevralgia facial. 655 Tinha.-E' uma moléstia parasitaria e muito contagiosa.-Symptomas. Pequenas pustulas que têm sua séde no couro da cabeça, de cor ama- rellada, cheias de um liquido, que depois se des- seca e dá lugar a crostas, que têm um caracter particular e pathognomico da moléstia. Os doentes sentem muita coceira na cabeça. As pequenas pustulas se deprimem no centro e são atravessadas por cabellos ; são isoladas ou confluentes ; a cabeça exhala um cheiro nausea- tivo; os cabellos cahem. Tratamento. Dar-se-ha todos os dias pela manhã cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d agua fria e se banhará a cabeça com agua, tendo em dissolução bi-carbo- nato de soda, ou acido salicylico. A tinha é uma moléstia parasitaria ; deve-se empregar contra ella 2 gr. de acido salicylico ou sulphureto de cálcio, do Dr. Naury, o melhor dos anti-parasitarios, de hora era hora, até 12 a 20 por dia. Os gr. de iodureto de arsénico, ou iodureto de enxofre, do Dr. Naury, podem ser dados, 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os banhos sulphurosos naturaes ou artificiaes são convenientes n'esta moléstia. Tísica laryngéa.-V. Laryngiteulcerosa. 656 Tísica Miesenterica.-V. Tubérculos me- sentericos. Tísica.-Phthisica pulmonar. Ha duasespe- cies de phthisica pulmonar, a tuberculosa e a gra- nulosa ou aguda. A tuberculosa começa de ordinário por uma pequena tosse sêcca, que dura ás vezes muitos annos. Uma hemoptysis é o primeiro signal que desperta a attenção do doente e do medico ; pouco á pouco se estabelece uma expectoração mucosa e febre continua, que augmenta ao 1/2 dia e á 1/2 noite, ha suores abundantes pela manhã, a respiração é algumas vezes mais curta do que no estado natural, as funcções digestivas são regulares ao principio, mais tarde, quando a moléstia está adiantada, uma diarrhéa esgota o doente e traz a magreza excessiva. Quando os signaes stethoscopicos annunciam uma excavação, o doente melhora e pôde, se- gundo Laennec, curar-se, o que é muito raro. A phthisica granulosa ou galopante começa de ordinário por prodromos taes como enfraqueci- mento em todas as funcções, trazendo abatimento geral, que muitas vezes passa desapercebido. Depois vem a febre intensa e continua, e ce- phalalgia frontal. O doente colloca-se no leito sobre o dorso e algumas vezes sobre um dos lados, donde não sahe, senão com difficuldade, a 657 physionomia se desfigura, a sede é moderada, a pelle arida e quente, ha necessidade de respirar, estertores mucosos, depois vem a perturbação das ideias, delirio calmo se declara e emfim a morte. Tratamento . Nas mulheres tuberculosas, quando pejadas, a moléstia parece estacionar; durante esse periodo, se deverá, portanto, apro- veital-o para submettel-as ao tratamento, e di- minuir assim o grande numero de phthisicas here- ditárias. Nesse caso dê-se 1 gr. de arseniato de soda, ou potassa, ou antimonio, ou ferro, ou manganez, do Dr. Naury, de hora em hora, até 4 a 6 por dia. Nas que forem lymphaticas, empregue-se 1 gr. de acido arsenioso, ou iodureto de arsénico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. A constipação de ventre será combatida por 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, pela manhã cedo, augmen- tando ou diminuindo-se a dóse deste sal, segundo o effeito que elle produzir. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, doDr. Naury, para despertar as forças nutritivas do estomago. Os caldos de carne concentrados são muito mais proveitosos para os phthisicos do que o oleo de fígado de bacalháu. 42 658 A phthisica pulmonar é uma moléstia que ataca a crase do sangue, por isso dar-se-ha logo 2 gr. de arseniato de ferro e 1 de arseniato de strych- nina (os 3 juntos), pela manhã, ao 1/2 dia e á tarde. Em falta do arseniato de ferro se empregará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato de man- ganez, lactato, ou phosphato, ou valerianato, ou iodureto, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. Pela mesma fórma do arseniato de strych- nina se dará os gr. de sulphato, ou de hypo-phos- phito de strychnina, do Dr. Naury. A obscuridade pulmonar será combatida por 1 gr. de arseniato de soda, ou de antimonio, ou de potassa, do Dr. Naury, de hora em hora, até G a 8 por dia. Para os calafrios e febre se dará 2 gr. de hy- dro-ferro-cyanato de quinina, ou 1 gr. de arse- niato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia do primeiro e 10 do segundo. Contra a transpiração nocturna empregar- se-ha 1 gr. de acido tannico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 4 a 6 por noite. A tosse será acalmada por 1 gr. de codeina, ou narceina, ou cicutina e 2 de iodoformio, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 10 a 12 por dia de iodoformio. Contra a febre continua se dará 1 gr. de ar- 659 seniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, retrogradando depois gradual- mente. • Se opporá á temperatura elevada do corpo, 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos ), de hora em hora, até abatêl-a a 37.° E' indispensável o thermo- metro nesta medicação. Si o doente jã tiver cavernas, dê-se 1 gr. de acido salicylico, ou sulphureto de cálcio, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Dã-se nesta moléstia 1 gr. de arseniato de strychnina, 1 de arseniato de ferro e 1 de ar- seniato de antimonio (os 3 juntos) ; ou 1 gr. de arseniato de soda e 1 de codeina (os 2 juntos ), 4 a 5 vezes por dia e ao mesmo tempo 2 gr. de 1odoformio, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. A hemoptysis (escarros de sangue) serà com- batida por 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de digi- talina, 1 de narceina e 1 de sulphato de strych- nina, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até 6 de cada um por dia. Si a hemoptysis augmentar, dê-se maior nu- mero de gr., diminuindo-os logo que fôr cedendo. Neste caso ainda se emprega 1 gr. de acido tannico, de hora em hora e ao mesmo tempo 1 gr. de digitalina, do Dr. Naury, de 2 em 2 660 horas, até tomar 6 a 8 por dia do primeiro e 4 do segundo ; ou 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de digitalina e 1 de narceina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até 4 a 6 por dia. Para acalmar a tosse prescreva-se os cal- mantes,que não supprimem a expectoração,-gr. de narceina, ou codeina, ou iodoformio, oucyanu- reto de zinco, ou camphora-bromé, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, 1 gr. de hora em hora, até 4 a 8 por dia. A phthisica galopante será combatida por 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar a febre, diminuindo-se então lentamente a dóse destes gr. Neste caso se poderá ainda empregar 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, como acima indicámos ; ou 1 gr. de arseniato de qui- nina e 1 de arseniato de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia. Si a doente fôr pallida se dará 1 gr. de iodu- reto de arsénico, do Dr. Naury, de hora em hora, até 8 a 10 por dia ; estes gr. têm a pro- priedade de transformar em rubros os globos brancos do sangue. Os gr. de hypo-phosphito de cal, ou soda, podem ser dados 2, de hora em hora, até 12 a 20 por dia ; os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, podem ser empregados 1, de hora em 661 hora, para acalmar a tosse ; os gr. de kermes, ou scillitina, ou emetina, do Dr. Naury, podem ser dados 2, de hora em hora, até 10 a 20 por dia, como expectorante. Um cálice ao almoço e jantar de agua de Bour_ boule é conveniente nesta moléstia. Póde-se resumir assim o tratamento da phthi- sica pulmonar, acalmar a febre, pela aconitina, veratrina, digitalina e arseniato de cafeina ; os accessos pelo sulphato, ou hydro-ferro-cyanato de quinina, ou valerianato, ou arseniato de qui- nina ; sustentar a enervação abatida pelos gr. de sulphato, ou arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina ; melhorar a crase do sangue pelos gr. de arseniato de potassa, soda, manganez, an- timonio, ferro, e iodureto de arsénico ; calmar a tosse pelos calmantes que não supprimem a ex- pectoração, - gr. de narceina, codeina, iodo- formio, cyanureto de zinco, camphora-bromé e bromureto de potássio, do Dr. Naury. Os phthisicos devem habitar o campo e vestirem-se de flanella. O leite salgado lhes é conveniente. Torcedura, Torção ou lláu -geiío.- E' a distensão forçada das partes molles e dos ligamentos das articulações moveis ; a mais fre- quente é a do pé. Tratamento. Pastas de algodão sobre a ar- 662 ticulação e 1 atadura compressiva será appli- cada sobre ella. Dar-se-ha 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até acalmar a dor. Em lugar da hyosciamina póde-se dar os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, empregando-se os 2 úl- timos mais espaçados. Em falta do chlorhydrato de morphina se dará, pela mesma forma, os gr. de narceina, ou codeina, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Torcicollo. - E' o rheumatismo dos mús- culos do pescoço, principalmente do sterno-mas- toideano. E' muito frequente nas crianças e quasi sempre occasioaado pela impressão directa do ar frio, ou do máu-geito, durante a noite. O pescoço fica duro ; a cabeça inclinada e os movi- mentos despertam dores atrozes e o musculo é contrahido. Tratamento. Prescreva-se 1 a 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, e logo que produzir o efíeito purgativo, dê-se 1 gr. de sulphureto de cálcio e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar o mal. Também se poderá dar no torcicollo chronico 1 gr. de arseniato de soda ou de antimonio, e 1 663 de cicutina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Os gr. de jaborandina são muito uteis nesta moléstia, 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Ter-se-ha o pescoço envolvido em uma faxa de flanella. Tosse.-V. Bronchite, G-rippe, Pneumonia, Phthisica, Pleuriz, etc. Ti •emor. - V. Delirio tremens, Paralysia agitante. Trismo. - E' a contracção convulsiva dos musculos mastigadores ; de ordinário é o primeiro symptoma do tétano e apparece também na me- ningite. - V. Tétano, Meningite. Trismo «los recem-uasci«los, mal <Ie sete «lias. - V. Tétano. Tubérculos pulmonares. - V. Tisica pulmonar. Tubérculos «lo cerebro. - Symptomas. Os tubérculos do cerebro pódem se desenvolver e existir, durante muito tempo, sem dar lugar a nenhum accidente. Logo, porém, que os accidentes se manifestam, são da seguinte maneira: dor fixa na cabeça, que augmenta ás vezes ao ponto de arrancar gritos ao doente ; vertigens, nauseas, vomitos, abati- 664 mento physico, moral e intellectual; movimentos convulsos, epileptiformes de curta duração, se- guidos de coma; às vezes paralysia de um lado ' perda da vista; diminuição da sensibilidade táctil; depois de algum tempo a encephalite se manifesta e o doente morre. O tubérculo do cerebro é quasi sempre indicio da diathese tuberculosa. Tratamento. Se dará todas as manhãs cedo 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Depois 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar a dor de cabeça; si houver aperto na cabeça, se jun- tará a estes gr. 1 de hyosciamina. A' noite para conciliar o somno se dará 1 gr. de narceina, ou codeina, ou croton-chloral, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Si a dor voltar por accesso, dê-se 2 gr. de sul- phato, ou hydro-ferro-cyanato de quinina ; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. Si o thermometro, applicado no sovaco, por 15 a 20 minutos, marcar menos de 37°, dar-se -ha 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou ar- 665 seniato de strychnina ( os 2 juntos), ou sô 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até que o thermometro suba a 37°. Si houver elevação do calor, dê-se 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abatel-o a 37°. Contra o delirio se empregará 1 gr. de cam- phora-bromé, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. A paralysia será combatida pelos meios já lem- brados para a paralysia, - V. Paralysia em geral. Far-se-ha nesta moléstia o mesmo tratamento da phthisica pulmonar. - V. Tisica pulmonar. Nas crianças as dóses dos gr. serão muito me- nores e muito mais espaçadas. Em lugar da strychnina dar-se-ha os gr. de brucina, do Dr. Naury. Tubérculos sueseutericos ou iHiíhi- sica niesenterica. - E' caracterisada pelo desenvolvimento de tubérculos nas glandulas me- sentericas.- Symptomas. Esta especie de phthi- sica é própria nas crianças na idade de 3 a 10 annos ; o ventre augmenta de volume gradual, mente ; o corpo emmagrece e se vê atravéz da parede abdominal os tubérculos reunidos, sem 666 provocarem dor pela pressão ; outras vezes ella é muito intensa.fórma-se derramamento no ventre» os membros inferiores se edemaciam, a fraqueza augmenta cada vez mais ; a febre hectica e a diarrhéa apparecem e o doente morre por esgo- tamento. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua assucarada e acidulada com sueco de limão. Si produzir muito effeito, diminúa-se a dóse deste sal. Prescreva-se 1 gr. de arseniato de soda, ou potassa, ou antimonio e 1 gr. de codeina (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em lugar da codeina, se empregará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou sal de Gre- gory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou brom- hydrato de morphina, do Dr. Naury. A febre será abatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até que o thermo- metro não marque mais de 37°. Si ella tomar o typo intermittente ou re- mittente, dê-se 1 gr. desulphato, ou hydro-ferro- cyanato, ou salicylato, ou valerianato, ou arse- niato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até tomar 10 a 12 dos 2 primeiros e 3 a 6 dos úl- timos. 667 Si a febre fôr continua, hectica, denotando ca- chexia, dê-se 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, dimi- nuindo depois a dóse destes gr. Si o thermometro applicado no sovaco por 15 a 20 minutos marcar menos de 37°, dê-se 1 gr. de acido phosphorico e 1 de brucina ( os 2 jun- tos ) ; ou só 1 gr. de hypo-f hosphito de strych- nina, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até o calor subir a 37°. Para a diarrhéa se dará 1 gr. de brucina e 1 de narceina, do Dr. Naury ( os 2 juntos), depois de ter lavado todo o intestino com o mesmo sal, de hora em hora, em 1 colher de sopa de vinho de canella ou calumba até que ella passe, ou 1 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 de chlorhy- drato de morphina ( os 2 juntos), em 1 colher de sopa de vinho de calumba, de hora em hora, até a sedação. Si o doente estiver pallido, dê-se 1 gr. de ar- seniato de ferro, ou arseniato de manganez e 1 gr.de brucina, do Dr. Naury ( os 2 juntos ), 3 a 4 vezes por dia, augmentando estas dóses, conforme a idade do individuo. Para a continuação do tratamento.-V. Chio- r o-anemia. Para despertar o appetite, se dará la 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. 668 Os meios aconselhados para a phthisica pul- monar são também empregados nesta moléstia. -V. Tisica pulmonar. Tumor branco.-Designa-se debaixo do nome collectivo de tumor branco muitas affec- ções complexas das articulações (juntas', carac- terisadas em geral por intumescimento articular sem mudança de cor nos tegumentos.-Symp- tomas. Os doentes principiam a sentir dores e difíiculdades de movimentos na articulação (junta); em outros casos a tumefacção sobrevem sem dor. A tumefacção depende do augmento de volume dos ossos, ou da grande quantidade de liquido. As dôres augmentam, tornando-se atrozes ; a pelle fica luzidia e algumas vezes inflammada. Os doentes conservàm-se no leito impossibili- tados absolutamente de movimentos na articu- lação, trazendo afinal o encolhimento e atrophia do membro ; sobrevêm depois febre e abcessos nas partes circumvizinhas, que, perfurando-se, dão lugar a fistulas, que poem em contacto a articulação com o ar ambiente. A diarrhéa qualiquativa e o mais completo esgotamento com esphacelo dos tecidos da arti- culação não se fazem por muito tempo esperar. Tratamento. Esta moléstia é quasi sempre occasionada pela diathese syphilitica ou escro- 669 phulosa. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, augmentando ou diminuindo a dôse deste sal, segundo o effeito que produzir. Far-se-ha algumas li geiras cauterizações sobre o tumor com o cautério aquecido a branco, depois se applicará pastas de algodão sobre elle e 1 ata- dura ligeiramente compressiva, que será reno- vada de 2 em 2 dias. Também se poderá pintar de 2 em 2 dias as juntas com tinctura de iodo, ou se applicarão ve- sicatórios. Si com os vesicatórios a serosidade da articu- lação não fôr absorvida, far-se-ha a extracção delia pelo aspirador de Dieulafoy. Contra o fastio se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Aos doentes que soffrem desta moléstia é expressamente prohibido todo e qualquer movimento. A febre continua será combatida por 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Si ella tomar o typo intermittente, ou remittente, dê-se 2 gr. de sulphato, ou hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina; ou 1 gr. de valerianato, ou de arseniato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 a 12 dos últimos. Si ella fôr 670 continua, denotando cachexia, dê-se 1 gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar, diminuindo depois gra- dualmente estes gr. Neste caso ainda se poderá dar 2 gr. de acido salicylico, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia. A dor e o espasmo serão combatidos por 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de mor- phina ( os 2 juntos ), á noite, de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fórma, os gr. de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, do Dr. Naury; em lugar de chlorhydrato de morphina se empregará, pela mesma fórma, os gr. de narceina, ou sal de Gre- gory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. Neste caso ainda se dá 1 gr. de camphora- bromé, ou croton-chloral, ou bromureto de po- tássio, ou bromhydrato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Contra a moléstia diathesica se dará 1 gr. de arseniato de soda, ou potassa, ou antimonio, ou manganez, ou ferro, ou iodureto de arsénico, ou salicylato de ferro, ou de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 6 a 10 por dia. Pode-se dar 2 gr. de iodureto de potássio, ou 671 sulphureto de cálcio, ou 1 gr. de iodureto de enxofre, ou iodureto de ferro, do Dr. Naury, 4 a 6 vezes por dia. A enervação será sustentada por 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strychnina (os 2 juntos); ou só 1 gr. dehypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 3 a 4 vezes por dia. Si o doente fôr pallido, para o tratamento, - V. Chloro-anemia. Si fôr syphilitico, - V. Syphilis. Si fôr escrophuloso, - V. Escrophula. Si com este tratamento a moléstia não tender para a cura, então só a operação da amputação salvará o doente. Tumor indolente ou íi*io.-V. Tumor branco. Tympanite on Meteorisino, llructa- çôcs. Flattiosidadcs, Ventosidades.- Tympanite quer dizer enchimento do ventre pelo accumulo de gazes no canal intestinal. A tympanite é symptomatica ou essencial. A primeira é indicio de uma alteração organica que oblitéra o conducto digestivo e impede a sa_ hida dos gazes. A segunda depende do exagero, da exalação physiologica de gazes na superfície interna dos intestinos. Eructacão é a emissão so- 672 nora, pela bocca, de gazes provenientes do estô- mago. Flatuosidades é a collecção de gazes em qual- quer parte do corpo ; em geral é no tubo intes" tinal que estas collecções se reúnem, ora fixan- do-se e produzindo toda a sorte de incommodos, ora desprendendo-se e tomando então o nome de ventosidades. Tratamento. Ao deitar-se o doente tomará 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina e pela manhã cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, ou 3 gr. de jalapina, do Dr. Naury. Para a cólica ventosa dar-se-ha 1 gr. de sul- phato de strychnina e 1 de hyosciamina (os 2 jun- tos), de hora em hora, até a sedação. Em lugar do sulphato de strychnina, se em- pregará, pela mesma fórma, os gr. de arseniato, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. - V. Cólica nervosa. Typho.- E' uma pyrexia (febre) de typo re- mittente contagiosa, produzida por influencias miasmaticas e na qual se observa perturbação no systema nervoso, um estado morbido das membranas mucosas e uma erupção petechial. - Symptomas. O typho se desenvolve onde ha grandes ajuntamentos de indivíduos, pri- 673 vados de alimentos, de luz, e de ar, depaupe- rados por fadigas excessivas e affecções moraes tristes. O estupor começa e acaba com a mo- léstia, os olhos são fixos, o corpo immovel, mais tarde inflammação das parotidas, expectoração de escarros espumosos, symptomas de gastro-enteri- te, depois perturbações nervosas, tremores, sobresaltos, delirio, surdez, prostação pronun- ciada, estrabismo e morte. Tratamento. Dar-se-ha 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia, ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1 /2 hora, até ter 2 a 3 dejecções, e nas outras manhãs só se darà 1/2 a 1 colher de sopa deste sal, em 1/2 copo d'agua fria. No periodo de frio dê-se 1 gr. de acido phos- phorico e 1 de sulphato, ou arseniato de strych- nina (os 2 juntos), ou só 1 gr. dehypo-phosphito de strychnina, doDr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até sobrevir a reacção ( febre). Na febre, si o calor, tomado pelo thermometro, fôr muito elevado, dar-se-ha 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury ( os 3 juntos ), de 15 em 15 minutos, até abatel-o a 37°, que é o natural. Se dará então 2 gr. de sulphato, ou hydro- ferro-cyanato, ou salicylato de quinina, ou 1 gr. de valerianato, ou arseniato de quinina, do 43 674 Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia dos 3 primeiros e 10 a 12 dos últimos. A' noite, para conciliar o somno, e trazer a sedação, prescrevâ-se 1 gr. de hyosciamina e 1 de codeina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Em falta da hyosciamina, dê-se, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina ou bromhydrato de ci- cutina, do Dr. Naury. Em lugar da codeina, se empregará, pela mesma fôrma, os gr. de narceina ou sal de Gre- gory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou brom- hydrato de morphina, do Dr. Naury. Neste caso ainda se emprega 1 gr. de croton-chloral, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma. Contra o delirio, fuliginosidade dos dentes e seccura da lingua, se empregará 1 gr. de cam- phora-bromé, de hora em hora, até a calma. Para a febre, dá-se, com muita vantagem, 1 gr. de arseniato de cafeina, ou acido salicylico, de hora em hora, ate abatêl-a, diminuindo depois gradualmente a dóse destes gr.; ou 1 gr. de arse- niato de strychnina, 1 de arseniato de cafeina e 1 de veratrina, do Dr. Na ury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater a febre. Nos seguintes dias se fará o mesmo tratamento, até que a febre ceda e a lingua se torne boa. 675 Durante o periodo febril só se dará caldos ; logo, porém, que passar a febre e a lingua ficar boa, se alimentará o doente. Dar-se-ha então 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição. Ulceras.-E' qualquer solução de continui- dade das partes molles com perda de substancia, mais ou menos antiga, acompanhada de um cor- rimento de pús e entretida por um vicio local ou por uma causa interna. Ha muitas especies de ulceras que de ordinário se localisam nos mem- bros inferiores e nas membranas mucosas, po- dendo também se manifestar em orgãos profundos como os intestinos, etc. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria e se banhará a ulcera todos os dias com infusão de chá ou agua salgada, applicando-se depois sobre ella laminas finas de chumbo, que serão fixadas por tiras agglutina- tivas ou por 1 atadura ligeiramente compressiva. Si os bordos das ulceras forem elevados e duros se os tocará de 8 em 8 dias com o lapis de nitrato de prata, continuando-se com a appli- cação tópica do chumbo. Si o doente estiver pallido antes de se fazer o tratamento da diathese, combata-se a pobreza do 676 sangue pelos meios já aconselhados para esta mo- léstia.-V. Chlor o-anemia. Si a ulcera fôr entretida pelas diatheses syphi- litica, escrophulosa, escorbutica, ou pelas va- rices, empregue-se todos os meios jâ aconselhados para estas moléstias.-V. Syphilis, Escrophula, Escorbuto, Varices. Si a ulcera fôr dolorosa, dê-se 1 gr. de cicutina ou bromhydrato de cicutina e 1 de narceina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a sedação. Em falta da narceina dê-se, pela mesma fórma, os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlo- rydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Ulceras boubaticas.-V. Boubas. Ulceras cancerosas.-V. Cancro. Ulceras escorbutica s. - V. Escorbuto. Ulceras escropliulosas. - V. Escro- phulas. Ulceras sypbiliticas.-V. Syphilis. Ulcera simples <lo estomago.-Com- quanto todos os symptomas do cancro do estomago se encontrem na ulcera deste orgão, todavia» cumpre notar, a vermelhidão da lingua, que é constante e uniforme e a dôr nervosa terebrante na altura do appendice xiphoide do esterno, dôr esta que apparece por crises e é exasperada pela 677 pressão, assim como pela ingestão de alimentos. A esta dôr do appendice xiphoide corresponde uma outra da mesma natureza e no mesmo nivel na medulla. Os vomitos são communs, sendo quasi sempre de sangue com o caracter da hema- temèse. Tratamento. Dar-se-ha ao deitar-se 3gr. de podophyllina e 1 de atropina (os 4 juntos). Em falta da atropina dê-se, pela mesma forma, 2 gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou 1 gr. de daturina, do Dr. Naury. Pela manhã cedo dar-se-ha 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Para acalmar a dôr nervosa do estomago e os vomitos, se prescrevera 1 gr. de hyosciamina, 1 de cicutina, ou bromhydrato de cicutina e 1 gr. de sulphato de strychnina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 2 em 2 horas, até tomar 4 a 6 por dia. Neste caso ainda se dá 1 gr. de sub-nitrato de bismutho e 1 de narceina (os 2 juntos;, de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Pela mesma fórma da narceina se empregará os gr. de codeina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, alca- loides calmantes do opio. Os gr. de hydro-ferro-cyíj.nato de quinina são empregados nesta moléstia, quando houver in- 678 termitencia na dor, 1 gr. de 1/2 em 1/2 hora até 10 a 12 por dia. Como calmante póde-se empregar 1 gr. de camphora-bromé, ou bromureto de potássio, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, atà a sedação. Si o doente estiver pallido, para o tratamento, - V. Chlor o-anemia. A cada refeição o doente tomará 2 gr. de quas- sina, do Dr. Naury. Os vomitos de sangue serão combatidos pelos meios por nós já lembrados para a hématemése. - V. Hématemése. A alimentação lactea é conveniente nesta mo- léstia. Ulcera da lingua. - V. Cancro, Sy- philis. Ulcera do utero. - V. Utero. Unha ( iiiílaininaçào da ). - V. Onyocis. Unheiro. - V. Panarício. Uremia. - E' o envenenamento produzido pela uréa retida no organismo por diversas mo- léstias dos rins, que os impossibilitam de expulsar da economia aquella substancia cuja existência no sangue se denuncia por convulsões, coma, de- lirio, symptomas qi e algumas vezes se manifestam com intermittencia nos individuos conveniente- 679 mente tractados, mas que entretanto no fim de algum tempo, de annos ás vezes, em um dos accessos cahem em prostração e morrem. Tratamento. Dar-se-ha todas as manhãs cedo 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Si houver reacção febril, se empregará 1 gr. do veratrina de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calor a 37°, então se passará a dar 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora. Para a uremia chronica se dará 1 gr. de acido phosphorico, 1 de sulphato de strychnina, 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 4 juntos), de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Em lugar dos gr. de acido phosphorico e os de sulphatode strychnina, se dará só e unido aos outros 1 gr. de hypo-phos- phisto de strychnina, do Dr. Naury. Os accessos epilépticos e hydremicos serão com- batidos por 1 gr. de arseniato de ferro, 1 do ar- seniato de strychnina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Ao es- pasmo agudo se opporá 1 gr. debromureto do po- tássio, ou camphora-bromé, ou croton-chloral, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Contra as dores articulares e musculares se dará 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato 680 de morphina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fórma, os gr. de cicutina, ou brom- hydrato de cicutina, ou atropina, ou daturina, doDr. Naury, porém os 2 últimos mais espaçados. Pela mesma fórma do chlorhydrato de mor- phina se empregará os gr. de narceina, ou co- deína, ou sal de Gregory, ou iodhydrato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury. Os gr. de bromhydrato de quinina, salicylato de ferro, ou salicylato de soda, do Dr. Naury, pódem ser dados 1 de hora em hora, até 6 a 10 por dia. As gastralgias e enteralgias serão combatidas por 1 gr. de sulphato de strychnina e 1 de hyos- ciamina (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até a calma. Oppôr-se-ha a dyspnéa (falta de ar), e angina do peito, 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de arseniato de strychnina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a calma. As epistaxis (corrimento de sangue pelo nariz) passivas serão debelladas por 1 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até ceder. Ainda se póde dar neste caso 1 gr. de acido tan- nico, ou de ergotina pela mesma fórma. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. 681 Urethra (Contusão da). - V. Contusão. Urethra (estreitamento da). - V. Es- treitamento da urethra. Urethra (Feridas da). - V. Feridas. Urethra (Fistulas da). - V. Fistulas ou- rinarias. Urethra (Inílammaeâo da). -V. Ure- trite. Urethra (Wevralgia da).- V. Nevralgia da urethra. Urethrite. - V. Blennorrhagia. Urticaria.--E' uma inflammação exanthe- matica, caracterisada por manchas proeminentes mais pallidas ou mais vermelhas do que a pelle que as rodeia, raramente persistentes, reprodu- zindo-se por accessos ou se aggravando por pa- roxismos e produzindo um prurido semelhante àquelle que causa a ortiga. Esta moléstia de- pende algumas vezes do abuso dos ovos e de cer- tos peixes, vulgarmente chamados carregados. Tratamento. Dissolva-se todos os dias pela manhã cedo 2 colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 garrafa d'agua assucarada e acidulada com sueco de limão para dar-se aos cálices de hora em hora. O doente tomará nos intervallos 1 gr. de veratrina e 1 de cicutina, ou de bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury 682 (os 2 juntos), de 15 em 15 minutos, ou de 1/2 em 1/2 hora, até abater a coceira, o pulso eo calor, tomado pelo thermometro, a 36° 1/2. Aos gr. de veratrina ainda se poderá ajuntar, pela mesma fôrma, os gr. de digitalina, do Dr. Naury. Como sedativo (calmante), se poderá ainda dar 1 gr. de bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, atè passar a co- ceira. Si o doente fôr plethorico (sanguíneo), appli- que-se algumas sanguesugas ao redor do anus ; si fôr mulher, na parte superior da coxa, conti- nuando-se com os gr. acima indicados. Os banhos mornos com farelo, amido ou colla de peixe são uteis nesta moléstia. Utero (Cancro do).-V. Cancro. Útero (Hemorrhagia do).-V. Hemor- ragia uterina. Utero (Infla m maçã o do).- V. Metrite. Utero (Kysto do).-V. Kysto. Utero (Nevralgia do). - V. Nevralgia. Utero (Prolapso, Descida. Queda. Sa- laida ou relaxação do).- Só uma operação poderá curar esta moléstia ; o pessaire é um tra- tamento puramente palliativo. Utero (Kheuiiiatismo do).-V. Rheuma- tismo. 683 Útero (ulcerações do).-V. Syphilis, Dar- tros. Uvula ( Campainha ). ( Relaxação. Prolongamento, Queda ou Ilyper- tropliia da).-0 doente sente frequente vontade de engulir, escarra e tosse a miúdo, phenomeno este devido ao contacto da uvula com a base da lingua. Tratamento. Dê-se duas colheres de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, toque-se a uvula (campainha) com pó de pimenta da índia, ou com o lapis de nitrato de prata. Se com este tratamento não melhorar, ampute-se a uvula com uma thesoura curva. Vagado. -V. Syncope. Vagina (Inílammação da).-V. Vagi- nite. Vagina ( Kysto da ).-V. Kysto. Vagina ( Nevralgia da ).-V. Nevralgia da Vagina. Vagina ( Prolapso. Queda. Sahida ou Relaxaçao da ).-V. Queda do Utero. Vaginite.-E' a intiammação da mucosa da vagina, ou a blennorrhagia da mulher.-Svmp- tomas. Em geral estende-se aos orgãos sexuaes externos, - grandes e pequenos lábios, clytoris, vestíbulo, etc. 684 A dôr ora é nulla, outras vezes é intensis- sima não só ao tocar, como também pelos es- forços da defecação. O corrimento muco-purulento é constante ; a inflammação se limita no fim de algum tempo ao fundo do sacco da vagina, de maneira que pela inspecção nada se observa, a não ser ella feita pelo especulo, que a descobre no fundo do sacco vaginal e dá sahida pela pressão ao pús lá de- positado. A vaginite granulosa é a que apresenta gra- nulações na mucosa da vagina ; é uma affecção séria. Tratamento. Dê-se todas as manhãs 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria e 1 gr. de veratrina e 1 de di- gitalina ( os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até abater o calôr, tomado pelo thermometro a 36° e 1/2 e ao mesmo tempo, para combater o elemento dôr e espasmo, prescreva-se 1 gr. de hyosciamina e 1 de narceina (os 2 juntos ), de hora em hora, até a sedação. Em falta da hyosciamina se dará, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, do Dr. Naury, sendo dado este ultimo mais espaçado. Pela mesma fórma da narceina, se empregue os gr. de codeína, ou sal de Gregory, ou chlor- 685 hydrato, ou iodhydrato, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury. Neste caso ainda se emprega 1 gr. de campho- ra-bromé, ou bromureto de potássio, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. Os banhos mornos e as injecções de infusão de tanchagem são uteis neste periodo. Logo que passar o periodo agudo, descubra-se pelo especulo a vagina e cauterize-se ligeira- mente, de 8 em 8 dias, a mucosa com nitrato de prata e depois far-se-ha logo umainjecção d'agua com 1 colher de sopa de sal de cozinha. Póde-se também cauterizar a mucosa com tinctura de iodo, ou perchlorureto de ferro. As doentes farão 2 injecções por dia na vagina com cozimento de casca de cajueiro, ou da ro- manzeira, ou agua contendo pedra hume, ou o seguinte: - tinctura de iodo 2 grammas, iodu- reto de potássio 1 gramma, agua distillada 1.000 grammas. Dê-se 2 gr. de benzoato de soda, ou 1 gr. de acido benzoico, de hora em hora, até 20 por dia do primeiro ou 10 do segundo ; ou 2 gr. de acido salicylico, ou 1 gr. de salicylato de ferro, de hora em hora, até 20 do primeiro ou 10 do se- gundo ; ou 2 gr. de cubebina, ou 1 de piperina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 20 por dia do primeiro e 10 a 12 do segundo. 686 Si a vaginite fôr syphilitica, far-se-ha o tra- tamento desta moléstia. - V. Syphilis. Si fôr dartrosa, - V. Dartros. Si o doente fôr pal- lido, - V. Chlor o-anemia. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina do Dr. Naury. Varicella, Varioloide, ou Variola falsa.-V. Catapora. Varicocèlle.-Varicocélle é um tumor for- mado pela dilatação das vêas do escroto, ou do cordão.-Symptomas. E' um tumor molle, fluc- tuante, pastoso, coberto de nodosidades, elevan- do-se do bórdo superior do testículo e estenden- do-se até ao nivel do orifício do canal inguinal. Algumas vezes a atropina do testículo é produ- zida pelo repuchamento e constricção das vêas do mesmo testi culo, produzido pelo tumor. Tratamento. Dê-se 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria, todas as manhãs cedo, e 1 gr. de sulphato, ou de ar- seniato de strychnina e 1 de arseniato de ferro (os 2 juntos); ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, e 1 de arseniato de ferro, do Dr. Naury (os 2 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Também se poderá dar 2 gr. de iodureto de potássio, ou de iodureto de arsénico, ou de iodu- reto mercurioso, ou 1 gr. de iodureto mercurico, do Dr. Naury, 4 a 6 vezes por dia, unindo sempre 687 a estes 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury. Applique-se um suspensório escrotal e dê-se a cada refeição 2 gr. de quassina, do Dr. Naury. Os doentes pódem viver perfeitamente com esta enfermidade, que desapparece com a idade ; antes dessa época só a operação da varicocèlle curará esta moléstia. Variola.-E' uma moléstia geral febril, com erupção pustulosa, de ordinário só se tem uma inica vez; em alguns casos é esporádica, reinando quasi sempre epidemicamente. Ella é contagiosa. -Symptomas. A invasão se manifesta por abor- recimento e fraqueza, que duram todo o tempo da incubação. Sobrevem depois a cephalalgia (dor de cabeça), que é intensa, as irritações das membranas mucosas dos intestinos e bronchios, febre, coryza e lacrimamento nos olhos. Appa- rece a erupção, que póde ser discreta ou con- fluente ; a febre cessa, para apparecer de novo no periodo de suppuração, onde o doente se cura pela dissecação das pustulas, ou então as forças vão diminuindo, apparece o delirio, a febre aug- menta, assim como a prostração, e o doente morre. Tratamento. No periodo de frio se dá 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato, ou de arse- niato de strychnina ( os 2 juntos ) ; ou só 1 gr. 688 dehypo phosphito de strychnina, do Dr. Naury, de hora em hora, até sobrevir a reacção (febre). Dar-se-ha então, 1/2 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1 chicara de infusão de tilia ou folhas de laranjeira, de 1/2 em 1/2 hora, até obrar 2 a 3 vezes. Nos outros dias, pela manhã cedo, só tomará 1 colher de sopa deste sal em 1 /2 copo d'agua fria. Depois do sal ter produzido eífeito se prescre- verá 1 gr. de aconitina, 1 de veratrina e 1 de digitalina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de 15 em 15 minutos, até abater o calor, tomado pele thermometro, a 37°. Em lugar da digitalina póde-se empreg&r, pela mesma fôrma, os gr. de colchicina, do Dr. Naury. Ao mesmo tempo, para acalmar a agitação e o espasmo, se dará, de hora era hora, 1 gr. de hyosciamina e 1 de chlorhydrato de morphina (os 2 juntos ). Em falta da hyosciamina se pôde dar, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, do Dr. Naury, porém o ultimo mais espaçado por ter acção muito mais energica. Pela mesma fôrma do chlorhydrato de mor- phina, se prescreverá os gr. de narceina, ou co- deína, ou sal de Gregory (chlorhydrato duplo de morphina e codeina), ou iodhydrato, ou brom- 689 hydrato de morphina, do Dr. Naury, alcaloides calmantes do opio. A dôr de garganta será acalmada por 1 gr. de hyosciamina, ou cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, ou atropina, do Dr. Naury, de hora em hora, até a sedação. A dôr de cabeça será mitigada, por 1 gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, ou arseniato de cafeina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até passar. Contra o delirio se dará, 1 gr. de digitalina, como no delirio nervoso, ou 1 gr. de camphora- bromé, do Dr. Naury, de hora em hora, até a calma A' noite, para conciliar o somno se dará, 1 gr. de iodhydrato de morphina e 1 de croton- chloral, do Dr. Naury (os 2 juntos), de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. Si a febre não passar e a erupção fôr demorada, dê-se um gr. de arseniato de strychnina, 1 de aconitina e 1 de veratrina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, atéapparecer a erupção das pustulas. No estado typhoide prescreva-se, 1 gr. de arse- niato de quinina, ou de arseniato de cafeina, ou de arseniato de potassa, ou de acido salicylico, ou de salicylato de quinina, ou de salicylato de ferro ou salicylato de soda, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 20 por dia. 44 690 No periodo de suppuração dê-se 1 gr. de arse- niato de quinina e 1 de hydro-ferro-cyanato de quinina (os 2 juntos), ou 1 gr. de arseniato de ferro, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 a 12 por dia. No periodo da reacção, quando a erupção fôr demorada, faça-se loções pelo corpo com vinagre aromatico. O doente só deve tomar caldos no periodo de reação; porém logo que passar se o alimentará. Na convalescença se dará 2 a 4 gr. de quas- sina, do Dr. Naury, a cada refeição. Varioloide.-V. Cal apor a. Varices.-E' a dilatação permanente de uma veia, produzida pelo accumulo de sangue em sua cavidade.-Symptomas. A varice apresenta a apparencia de uma nodosidade, molle, desigual, alongada, sinuosa, indolente, livida, sem pul- sação, cedendo facilmente á pressào do dedo. Estas dilatações são observadas particular- mente nas veias superficiaes dos membros abdo- minaes, nas hemorrhoidaes, e nas espermaticas. As varices, emquanto pequenas, são sem im- portância, desde porém que augmentam de volume, tornam-se dolorosas, principalmente quando o indivíduo faz exercício demasiado ; depois, o sangue ahi detido, traz retenção nos capillares e que produz edema, empastamento 691 da pelle e endurecimento, tomando os tecidos uma cor violacea e muitas vezes ulcerando-se. Tratamento. Todos os dias pela manhã cedo dê-se 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria e 1 gr. de arseniato de ferro, 1 de ergotina, e 1 de arseniato de strych- nina (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Pela mesma fôrma, do arseniato de strych" nina se poderá empregar, os gr. de sulphato ou de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury- Em lugar do arseniato de ferro se poderá dar, pela mesma fôrma, os gr. de arseniato de man- ganez ou arseniato de antimonio, ou iodureto de ferro, ou salicylato de ferro, do Dr. Naury. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, ou jalapina, do Dr. Naury. Applica-se sobre os membros pastas de algodão e uma atadura ligeiramente compressiva. Nôs não aconselhamos a injecção nas vêas do perchlorureto de ferro. Ventos ida de. -V. Dyspepsia. Ventre inchado nas criancas. - V. Tubérculos mesentericos. Ventre preso.-V. Constipação de ventre. Vermes intestinaes. - Os vermes mais communs são os entozoarios. Elles produzem vários incommodos sem determinação própria. 692 As crianças em geral perdem o appetite, tem vomites, diarrhéa, o ventre inchado, febre com caracter intermittente, somno interrompido, sobresaltos e até ataques de convulsão apparen- tando epilepsia. O povo julga que o prurido das ventas, assim como dormir com os olhos mal cerrados são indí- cios de bichas, porém só ha certeza, quando, por mais de uma vez, ellas são expellidas. Tratamento. Dar-se-ha 1 gr. de santonina, do Dr. Naury, de 1/2 em 1/2 hora, até tomar 3 a 4 gr. para as crianças de 2 a 4 annos ; 6 a 8 gr. para as crianças de 4 a 10 annos. Na manhã seguinte dar-se-ha o mesmo numero de gr., e na terceira manhã 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. Neste caso também se poderá dar 1 gr. de kousseina pela manhã e ao 1/2 diae depois o sal. Os gr. de sulphureto de cálcio podem ser dados 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia. Para a febre se dará 1 gr. de aconitina de hora em hora, até passar, então deixando estes gr. se empregará 1 gr. de hydro-ferro-cyanato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até 10 por dia. A falta de appetite será combatida por 2 gr. de quassina, do Dr. Naury, a cada refeição ; O desenvolvimento do ventre por 1/2 a 1 693 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, todas as manhãs; A diarrhéa pelos mesmos meios já lembrados para a dyssenteria. - V. Dyssenteria. Contra as convulsões se darà 1 gr. de camphora- bromé, do Dr. Naury, de 2 em 2 horas, até a calma, ou 1 gr. de brucina e 1 de hyosciamina (os 2 jnntos), de 2 em 2 horas, até que ellas passem. Em falta da hyosciamina se darà, pela mesma fôrma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de ci- cutina, do Dr. Naury. - V. Convulsão. Vertigem. - E' o estado no qual parece que todos os objectos voltam ao redor da victima. Ha varias especies de vertigem : a simples sem perturbação da vista; a tenebrosa, com obscu- ridade da vista. A vertigem estomachica é indicio de dyspepsia; começa em geral depois da ingestão dos alimen- tos ; o doente sente a cabeça pesada, o andar dif- ficil, mais tarde os sentidos tornam-se obtusos; apresenta-se um estado de estupor e os olhos são salientes. Tratamento. Os doentes tomarão todos os dias, pela manhã cedo, 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria ; ou 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina, do Dr. Naury, ao deitar-se. 694 A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Em lugar da podophyllina e atropina se poderá dar 3 gr. de jalapina, do Dr. Naury, a cada refeição. Mas é força confessar que nenhum des- tes meios substitúe o sal do Dr. Naury. Dar-se-ha 1 gr. de arseniato de cafeina, 1 de acido phosphorico e 1 de arseniato de strych- nina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em lugar do arseniato de strychnina se poderá dar os gr. de sulphato de strychnina ; em lugar do acido phosphorico e do arseniato de strych- nina, se dará só os gr. de hypo-phosphito de strychnina unidos aos gr. de arseniato de cafeina, do Dr. Naury. Em falta do arseniato de cafeina se dará, pela mesma forma, os gr. de cafeina ou citrato de cafeina, do Dr. Naury. Contra os accessos se dará 2 gr. de hydro- ferro-cyanato de quinina e 1 gr. de hyosciamina (os 3 juntos), de hora em hora, até 12 por dia do primeiro e 6 do segundo. Em lugar do hydro-ferro-cyanato de quinina se empregará, pela mesma fórma, 1 gr. de vale- rianato de quinina, ou 2 gr. de bromhydrato de quinina, ou salicylato de quinina, do Dr. Naury. Pela mesma fórma da hyosciamina, se pre- 695 screverà os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr, Naury. Contra a insomnia se dará 1 gr. de croton- chloral e 1 de codeina (os 2 juntos), ou narceina, ou sal de Gregory, ou chlorhydrato, ou iodhy- drato, ou bromhydrato de morphina, do Dr. Naury, á noite, de 1/2 em 1/2 hora, até dormir. A vertigem, devida á dyspepsia, será comba- tida pelos meios jà lembrados para esta moléstia. - V. Dyspepsia. Via de flora. - V. Quèda, Prolapso do recto. Verilha (Tumor da).-V. Abcesso, Aneu- rysma, Babão ou Mula, Hérnia inguinal, Hy- drocèle enkystada do cordão espermatico, In- gua, Tumor formado pelo testículo retido no canal enguinal, Tumor varicoso, Adenite. Volvo, Volvi» lo. - V. íleo. Vomica. - E' o vomito que dá esgoto ás collecções purulentas enkystadas ou não, for- madas no peito ou no ventre e susceptiveis de sahirem pelos bronchios ou pela boca. Em geral apparece na fusão da tuberculose nos abcessos dos pulmões, assim como nos abces- sos do figado. Tratamento. Dê-se todas as manhãs 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo 696 d'agua fria e 1 gr. de acido phosphorico e 1 de sulphato ou arseniato de strychnina (os 2 juntos), ou só 1 gr. de hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury, 2 a 3 vezes por dia, e 1 gr. de arse- niato de soda, ou de potassa, ou de antimonio, ou de ferro, ou de manganez, ou iodureto de arsénico, ou 2 gr. de sulphureto de cálcio, ou acido salicylico, ou 1 gr. de salicylato de ferro ou de soda, do Dr. Naury, 4 a 5 vezes por dia- Os gr. de iodoformio, ou hypo-phosphito de cal, ou de soda, do Dr. Naury, podem ser dados, 2 de hora em hora, até 12 por dia. Si houver febre de consumpção, dê-se 1 gr. de arseniato de quinina, ou arseniato de cafeina, ou de salicylato de quinina, do Dr. Naury, de hora em hora, até passar a febre, diminuindo depois gradualmente a dóse destes gr. Póde unir-se a estes gr. 1 de aconitina, ou ve- ratrina, ou digitalina, do Dr. Naury, que são anti-thermicos vitaes. Si pela percussão, auscultação e apalpação se reconhecer o accumulo de pús, se dê sahida a elle pelo aspirador de Dieulafoy e se faça depois a lavagem da cavidade com tmctura de iodo mi- tigada com agua distillada ou álcool diluido. A cada refeição se dará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury.-V. Tisica pulmonar, Abcessos. 697 Vomitos nervosos das mulheres pe- jadas.- São os vomitos rebeldes que acom- panham, em algumas mulheres, a prenhez desde o primeiro mez da concepção até o parto ou aborto, que muitas vezes é indicado pela tenaci- dade e perigo dos mesmos vomitos. Tratamento. Se dará, ao deitar-se, 3 gr. de podophyllina e 1 de atropina e pela manhã cedo 1/2 a 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. A cada refeição a doente tomará 2 a 4 gr. de quassina, do Dr. Naury. Durante o dia se empregará 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de hyosciamina e 1 de chlo- rhydrato de morphina, do Dr. Naury (os 3 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Em falta do chlorhydrato de morphina se empregará, pela mesma fórma, os gr. de nar- ceina, ou codeina, ou sal de Gregory (chlo- rhydrato duplo de morphina e codeina), ou iodhy- drato de morphina, ou bromhydrato de mor- phina, do Dr. Naury, alcaloides calmante do opio. Em falta da hyosciamina, se dará, pela mesma fórma, os gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, ou atropina, do Dr. Naury, porém este ultimo mais espaçado. Pela mesma fórma do sulphato de strychnina, 698 se empregará os gr. de arseniato de strych- nina, ou hypo-phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Ainda se empregará para debellar esta mo- léstia, 1 gr. de iodhydrato de morphina e 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 2 juntos), de hora em hora, até a calma; ou 2 gr. de sub-nitrato de bismutho, e 1 de narceina, do Dr. Naury (os 3 juntos), de hora em hora, até a sedação. O champagne bebido até a embriaguez já nos deu, neste caso, um resultado brilhante. Vomito preto. - V. Febre arnarella. Vomito de sangue.-V. Hèmatèmèse. Vulva (Abcesso da).- V. Abcesso. Vulva (Aífecçoes sypliiliticas da).-V. Syphilis. Vulva ( Cancro, seirrho da). - V. Cancro. Vulva (Elephantiasi da).- V. Elephan- thiasi dos Árabes. Vulva (Erysipela da).- V. Erysipela. Vulva (Erythema da). - V. Erythema. Vulva (Gangrena da). - V. Gangrena. Vulva (Ilerpes da).- V. Herpes. 699 Vulva (Inílaimiiaçao da). Para o trata- mento, - V. Vaginite. Vulva (Ivysto da).- V. Kysto. Vulva ( Nevralgia da ).- V. Nympho- mania. Vulva (Prurido da).- V. Eczema. Vulva (Vegetações da ).- V. Syphilis. Zona,- V. Cabreiro. Xuuido dos ouvidos. - Muitas vezes o zumbido dos ouvidos é incessante, os doentes o comparam a agua que ferve, ao rodar d'um carro ao longe. As causas do zumbido são muito obscuras, pa- recem resultar de um estreitamento dos con- ductos, ou das cavidades que recebem as ondas sonoras ; outros attribúem ao augmento do sys- tema vascular do ouvido ou ao ruido da cor- rente da jugular. Tratamento. O doente tomará 3 gr. de po- dophyllina e 1 de atropina, ao deitar-se, e pela manhã cedo 1 colher de sopa do sal, do Dr. Naury, em 1/2 copo d'agua fria. A cada refeição tomará 2 gr. de quassina, do Dr. Naury. Dar-se-ha 1 gr. de sulphato de strychnina, 1 de arseniato de cafeina, 1 de digitalina, e 700 1 de hyosciamina, do Dr. Naury (os 4 juntos), 3 a 4 vezes por dia. Póde-se dar, pela mesma fórma do sulphato de strychnina, os gr. de arseniato, ou de hypo- phosphito de strychnina, do Dr. Naury. Em falta do arseniato de cafeína, se dará os gr. de cafeina, ou citrato de cafeina, do Dr. Naury. Em lugar da digitalina, se poderá dar os gr. de colchicina. Pela mesma forma da hyosciamina, se poderá empregar os gr. de cicutina ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury. Póde-se prescrever 2 gr. de iodureto de po- tássio , ou iodureto de arsénico, ou iodureto mercuríoso, ou 1 gr. de iodureto mercurico em 1 colher de sopa de vinho de salsaparrilha 4 a 5 vezes por dia, quando se suspeitar antecedentes syphiliticos. Os gr. de arseniato de soda ou de potassa, ou de antimonio podem ser dados 1 de hora em hora, até 6 a 8 por dia, unidos sempre a 1 gr. de cicutina, ou bromhydrato de cicutina, do Dr. Naury. Para continuar o tratamento,-V. Ne- vralgia cio ouvido. Os banhos salgados são convenientes nesta moléstia. Typographia do Imperial Instituto Artístico, rua d Ajuda n. 61, Chacara da Floresta. V ** «-3 < V V C33 C < C <C? « <• C «?<<(<: C L <<c < < < <CZ <C " <•' C (« <r< CT < «'.' «< <3cc« <■ <3 <<. <<■ <k<«< CT 9 «7 " < C < c cz <C -c < < <7 < << <<£<c< c< <c < < < x xL< ' < < xxx <r < x < < <c c xx ' < <■ * • -■ « < < < < <7 <_c< <? c Cfcx < c C < /C X X«x «- < XX-X < Lc< < «< < <•■'-< X?X«< < < < ZI =: xx < < « ' «x ■ • « c « < C.c •< < c CC< < < C c <r<x" « c < 9 x 9 ç-'S S ' < c < «mt: <c cc cc c x> <c < < < < < C C < < ;< <r c < <<r<c <3X«c < < c cf c < x<c ■ c c c 9< CC<3C<CZ C< <<■ <r c < 'C<c<3C<r c « C <* ■- <c C Cc C"C < < «cr < c c < <i <c < c «r<c < < < c<"X« <F 2f Sf 5 C c x cc X' < <9 %<:< .- <r «33-'.C < 9 X << < -3.C cc< < cc< «r 7 ríc C<C < C í <- x ««« C < í 3-5 < < c c J r< .<C CC r< C( < <-C C C < <|S « $ <<«< <C <x CjC <3 «< <<«« <C«C ■ < < < «<cc <gc << «T x</.<< c c« <c-<c S Cóc c <c C< c© c< <3D Cc < « <Zc <r« C.c« <T c«C <C7 « c< < <c cc' < X - < ' < « C T «< < C C' C.s < < Ç C <<-<<<< c " <L C << < < ' C r< Cc< <rc C (< C C. çp <p£<O CZCCC - fetiC C: c< <£k c •<" < X <£<'<<< C C«T <X <c<C c< C<< < C c <c < < < x <: « < < <•. < - < < c < C c << ■ C C Ç íSfe- <: c«c. <<.,<*< < < « <s «<• <3. c <- < Xí C CC C CT' CcC <'<<: ' «<■ < «<7 <? 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