DICCIONARIO BIBLIOGRAPHICO BBAZILEIRD PELO DOUTOR âunusto fliclotino âfoes Sacramento dBfaEe Natural da Bahia PRIMEIRO VOLUME RIO DE JANEIRO TYPOGRAPHIA NACIONAL 1883 A SUA MAGESTADE IMPERIAL O SENHOR DOM PEDRO II Quem com mais direito á offerta deste livro, do que Aquelle que ro titulo de Chefe Supremo da Nação reune o do mais desvelado Pro- te^^nr das lettras ? É pois a Vossa Magestade Imperial que dedico este trabalho, nvicto de que, na altura em que se acha collocado, não recusal-o-ha, -ssim como o Oceano, que " .... na grã carreira, ás ondas grato " Tributo de caudaes rios acceita, " Soberbo não rejeita " Pobre feudo de incognito regato. ,, Augusto Victorino Alves Sacramento Blake. Mais um livro aspirando um pequeno espaço na biblio- theca braziliense, mas votado talvez ao pó do esquecimento e á condemnação, quasi infallivel, que paira sobre todos os livros de autor brazileiro ; e tanto mais devo esperar que seja esta a sua sorte, quanto- sou o primeiro a confessal-o - elle está bem longe de ser o que seu titulo promette. Entretanto só Deus sabe as decepçoes, as contrariedades de toda especie, com que teve de lutar seu autor para o apre- sentar tal qual sahe. - E porque não mediste assaz tuas forças antes de aven- turar-te á empresa ?- perguntar-me-ha o leitor. Medi-as tanto, que ainda nutro a convicção de que um trabalho deste genero um homem só, por muito grande ca- bedal de illustração que possua, não póde cabalmente des- empenhar ; e portanto não poderia eu esperar leval-o a effeito, sem a cultura intellectual precisa, sem outros titulos, para isto indispensáveis. Mas, além de que, como já tive occasião de declaral-o, eu precisava de uma distracção séria, acurada, quando metti mãos á empresa, nutria a firme convicção de que - tratando VI de um livro, onde se registrassem as obras de tantos brazileiros desde os tempos coloniaes até hoje, muitos dos quaes deixaram obras do mais alto valor sem que, entre- tanto, sejam seus nomes conhecidos ; onde se pozessem em relevo os méritos litterarios de tantos brazileiros, distinctos nos diversos ramos dos conhecimentos humanos - nenhum brazileiro, que preze as lettras, deixaria de contribuir com seu obulo, com os esclarecimentos relativos a si, ou a outros pa- tricios, para um commettimento que, si dá a quem o toma a gloria do trabalho, dá também ao paiz a gloria de perpe- tuar-se a memória de tantas illustrações, já cahidas, ou que vão tombando na valia obscura do esquecimento, e aos estu- diosos a conveniência de acharem n'um só livro o que, a custo, só poderão encontrar esparso. E foi ahi que enganei-me. De corporações scientificas, a cada um de cujos membros me dirigi, uma só resposta não tive ! De homens considerados como esforçados athletas das lettras patrias, porque seus nomes figuram em todas as asso- ciações litterarias, ou á frente de diversoso pusculos contendo, ora um discurso sobre qualquer assumpto, ora uma edição refundida de cousa já sabida sobre qualquer ponto scientifico, nem pude obter uma dessas noticias, que me dariam de momento, si o quizessem ! Homens, em summa, que vi pressurosos pedindo apon- tamentos para o importante diccionario de Innocencio, - e alguém até a quem me acostumara a olhar quasi como pa- rente - nenhum auxilio me prestaram ! VII Não deveria talvez dizel-o ; mas digo-o, porque o dezar não reflecte sobre o paiz. Reflecte, sim-com bastante mágoa o confesso - sobre o autor da obra, em quem não suppunham mérito. Deveria quebrar a penna. Mas o trabalho estava ence- tado ; precisava de assumpto que me occupasse seriamente o espirito, e sobretudo não sei que sentimento de mim se apoderou... Foi um capricho, uma loucura talvez. E então prosegui. Já se me tem apontado como causa dessa recusa um sen- timento de modéstia. Gomo ? Ha quebra de modéstia na de- claração, toda particular, do logar e data do nascimento, dos estudos feitos, do emprego que se exerce e das obras, pu- blicadas ou inéditas, que se tem escripto, para uma noticia que vae ser redigida e assignada por outro ? Não se fere a modéstia publicando um livro, e se fere deixando que se dê- noticia do livro ? Não será menos modesto publicar uma obra assignando-a, e dando após a assignatura, como fazem muitos, uma enume- ração de todas as commissões, ás vezes ephemeras, ou em- pregos que foram exercidos; de todas as associações, ás vezes extinctas, a que se tem pertencido ; de condecorações, ás vezes compradas, e de titulos iguaes ? Como se póde conciliar esse afan, de que tanta gente por ahi alardeia pelas lettras, com esse procedimento que acabo de revelar ? VIII O trabalho, que dou agora á publicidade, repito-o, é um trabalho incompleto, deficientissimo, mórmente no que é concernente ao século actual, ou ao tempo decorrido de nossa independencia litteraria. Apresentando tão limitado numero de escriptores das épocas coloniaes, em relação a estas, é elle mais completo. Parece um absurdo ; e entre- tanto é a verdade. « Procurae nos séculos XVI e XVII- escreveu uma das mais robustas intelligencias que possue o Brazil, o doutor Sylvio Roméro, tratando da poesia popular no Brazil - ma- nifestações serias da intelligencia colonial, e as não achareis. A totalidade da população, sem saber, sem grandezas, sem glorias, nem sequer estava nesse periodo de barbara fecundi- dade, em que os povos intelligentes amalgamam os elementos de suas vastas epopéas... Os pobres vassallos da coroa por- tugueza não tinham tradições ; eram como um fragmento do pobre edifício da metropole, atirado em um novo mundo, onde cahiu aos pedaços e perdeu a memória do logar em que servia.» Nem ha negal-o. Que homens nos mandava Portugal para o Brazil, sinão miseros degredados, analphabetos, homens enervados no vicio e tirados das ultimas camadas da sociedade, ou auda- ciosos aventureiros, ávidos de fortuna, e alguns governadores ou capitães-generaes, em geral estúpidos, e só tendo mere- cimento por carunchosos titulos de nobreza ? Que fontes de instrucção encontravam os brazileiros em suapatria a não serem as aulas dos collegios dos jesuítas, que, IX como é sabido, instruiam a mocidade, preparando-a ao mesmo tempo a seu serviço, a seus particulares interesses ? Os jesuitas entregavam-se á catechese dos nossos sertões para melhor illudirem os incautos e pobres de espirito em sua obra monumental, que consistia em enthesourar riquezas e constituirem-se dominadores de todo mundo catholico. Uma prova do que aventuro é que, mesmo no tempo da escravidão dos brazileiros, estes chegaram a revoltar-se contra os jesuitas manifestamente, como fizeram a 17 de julho de 1661 os habitantes da cidade de Belem, que os prenderam - a todos-para enviai-os a Portugal, sendo o proprio Antonio Vieira um dos presos. As mais altas questões sociaes e políticas eram tratadas e re- solvidas em segredo no . recônditos concílios de Loyola. Jesuitas sinceros houve poucos; os Anchietas foram raros. E houve na companhia homens, que pela nobreza de seus sentimentos despiram a roupeta, como o padre Euzebio de Mattos, que Antonio Vieira considerava um dos ornamentos da com- panhia. Desculpem os leitores a pequena digressão, e continuemos as considerações, que faziamos. Si a metropole não offerecia aos brazileiros, nos tempos primitivos, fontes em que bebessem instrucção; si no banquete do funccionalismo publico não havia talheres paraos- nascidos no Brazil; si até lhes era vedado possuir fortuna... e portanto não podiam elles possuir cabedaes, com que X mandassem seus filhos a Coimbra estudar, é claro que não podiam os brazileiros naquelles séculos cultivar as lettras. No século passado pouco modificaram-se as cousas em beneficio dos filhos do paiz. Os conventos de diversas ordens religiosas abriram aulas para a mocidade estudiosa; outras aulas de humanidades appareceram nas capitaes das capitanias ; alguns jovens, des- cendentes de portuguezes e mesmo de nacionaes, poderam ir á Portugal e ahi fizeram cursos académicos. Mas, si não era permittido ao Brazil possuir um prelo, e nem se consentia que houvesse associações litterarias ; si era vedada em summa a transmissão pela palavra do estudo que cada um fizesse, ou dos conhecimentos que adquirisse, com quantas e quão grandes dificuldades não lutava o brazileiro, já ins- truido, para dar á publicidade qualquer obra ? Taes dificuldades não consistiam só nasdespezas maiores, e em ter em Portugal um encarregado da impressão da obra, que muitas vezes era extraviada antes de vir á luz. Era preciso fazel-a passar incólume pelos cadinhos do desembargo do paço e do nunca assaz execrando santo ojficio, dessa horda odiosa e amaldiçoada de homens que tanto aba- teram e ultrajaram a religião de Christo. Sabe-se que antes da familia real passar-se para o Brazil, apenas uma typographia aqui se inaugurou, no meiado do século passado, por iniciativa de uma sociedade litteraria, a dos selectos, instituida por consentimento e sob os auspi- cios do governador Conde de Bobadella, a quem esta socie- dade tecera tantos encomios, que - parece - fora ella XI instituida só paraelogial-o. Essa typographia deu a lume apenas uns opusculos, noticiando a entrada do bispo dom frei An- tonio do Desterro no Rio de Janeiro, e publicando os ap- plausos ao mesmo bispo e diversas poesias a elle feitas ; e clandestinamente as duas obras : Exame de Artilheiros e Exame de Bombeiros, com a declaração de serem impressas - esta em Madrid em 1748 e aquella em Lisboa em 1744, apezar de terem eJlas as respectivas licenças do santo officio e do ordinário do paço, porque era conhecido o perigo que corria quem escrevesse no Brazil e o proprietário da officina, Antonio Izidoro da Fonseca. E apenas constou ao governo portuguez a existência delia, foi logo mandada abolir e queimar para ndo propagar ideias que podessem ser contrarias aos interesses do Estado!! E permitta-se-me aqui um parenthesis. Foi talvez para não propagar ideias, que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, que por carta régia de 3o de agosto de i766 se mandou fechar todas as iojas de ourives, estabelecidas no Brazil, sequestrar-lhes os instru- mentos, assentar praça no exercito os officiaes de ourive- saria que fossem solteiros, prohibir em summa o exercicio desta arte, castigando os contraventores com as penas de moedeiros falsos !!... Foi talvez para não propagar ideias, que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, que por alvará de 5 de janeiro de 1785 se mandou, sob gravissimas penas, que XII fossem fechadas no Brazil todas as fabricas, manufacturas e theares de ouro, prata, seda, linho, lã ou algodão, exce- ptuando-se sómente a fazenda grossa de algodão para uso dos negros, indios e famílias pobres !!.. . Foi talvez para não propagar ideias, que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, que por essa mesma época o magnanimo e sabio governo da metropole prohibiu a venda de navios do commercio para qualquer dos portos do Brazil!!... Foi, em ultima analyse, para não propagar ideias que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, que tão benevolo e paternal governo ordenou por lei que todo vassallo da coroa que viesse a possuir mais de uma fortuna mediana, fosse enviado para Portugal!!... Oh! não é possível se acabrunhar mais um povo! Não póde haver uma oppressão mais iniqua ! Com effeito, durante o longo período, em que o Brazil gemeu sob o dominio de Portugal, só rigores lhe dispensava a metro- pole. Por qualquer das faces das capitanias de nosso vasto território, a que lancemos as vistas, só a imagem lugubre e esqualida da desolação é o que enxergamos. Benefícios tendentes ás instituições brazileiras, e as mais indispensáveis reformas não se apontam. Portugal só queria do Brazil o ouro, as riquezas naturaes * ; e entretanto, como disse o finado * No antigo districlo diamantino tirava-so para a fazonda real 4 a 5 mil oitavas de diamante por anno -Do 1700 a 1820 deu a província do Minas 35.647 arrobas do ouro. Consta mais dos registros as quantidades do ouro fornecidas polo Brazil : Matto Grosso do 1720 a 1820 forneceu 3.107 @ Goyaz do 1720 a 1800 » 9.712 » S. Paulo de 1600 a 1820 » 1.650 » Motal das 4 Províncias 53.116 * XIII Pereira de Alencastre - a metropole de nada soube aprovei- tar-se, porque na hora em que teve de dar contas ao mundo do deposito, que a Providencia lhe houvera confiado, .estava mais pobre do que a sua tutelada. Só com a presença da familia real no Brazil, em 1808. foi permittida uma typographia á cidade do Rio de Janeiro, onde se publicou a primeira folha que tivemos, a Gaveta do Rio de Janero^ que sahia duas vezes por semana em meia folha de papel commum, dobrado em quarto, folha de propriedade dos empregados da secretaria de estrangeiros, contendo só despachos, ordens do governo e noticias de Portugal, ameni- zada com a commemoração dos anniversarios natalicios da familia real e das festas da corte, odes e panegyricos ás reaes pessoas. Foi nesta época que despontou, como que a furto, medroso, o sol da independencia litteraria no horisonte brazileiro. Luzir no firmamento da patria, só depois de nossa independencia politica lhe foi permittido. Depois desta typographia, por muitas instancias do bene- merito Conde dos Arcos, governador e capitão general da Bahia, foi concedida outra a essa província por carta régia de 5 de fevereiro de 1811, na qual se publicou a Idade de ouro^ folha igual á Ga\eta. Mas a nascente imprensa marchou com tão fortes peias, que em 1821 apenas contava o Brazil oito jornaes, sendo no Rio de Janeiro a Gabela já mencionada, o Conciliador, o Amigo do povo e do rei; na Bahia a Idade de XIV ouro, o Diário constitucional e o Semanario civico; e em Pernambuco a Segarrega e & Aurora pernambucana. Nenhum delles era propriamente instructivo. Quanto ás associações de lettras, o paternal governo da metropole teve sempre o cuidado de cortar-lhes os vôos. A academia brazileira dos esquecidos, fundada no Rio de Janeiro em 1724 ou 1720, desappareceu por motivos ainda mysteriosos, naturalmente para não propagar ideias que podessem ser contrarias aos interesses do Estado, depois de algumas sessões, sendo a ultima a 4 de fevereiro desse anno. A academia dos felizes, fundada em 1786 sob as vistas do governador, em seu palacio, hoje paço imperial, só composta de trinta membros, ainda menos tempo viveu, restando na bibliotheca nacional algumas memprias, interessantes pelo assumpto, mas de tal modo desconnexas e desordenadas, que mais parecem os primeiros traços e simples bosquejos de um trabalho que ainda tinha de coordenar-se, do que um trabalho completo. A esta seguiu-se a academia dos selectos, a que já nos referimos, que foi fundada e celebrou uma unica sessão a 3o de janeiro de 1782, também no palacio do governador, com o unico fim de tecer a este elogios em prosa e em verso. A academia dos renascidos, fundada na Bahia a 6 de junho de 1759, pela necessidade, dizem seus estatutos, « de erigir um padrão da alegria que sentiram os habitantes da Bahia com a noticia do perfeito restabelecimento de S. M. Fidelissima depois de perigosa enfermidade, e de seu affecto á real XV pessoa », celebrou algumas sessões, sendo a ultima a 16 de abril do anno seguinte, e marcando-se préviamente o ponto que deveria ser discutido em cada reunião, quando de repente, por ordem do governo, foi agarrado seu director, o velho conselheiro José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Mello, accusado de inconfidente e sepultado nos cárceres de uma fortaleza, onde permaneceu longos annos, já considerado morto por sua familia, sendo o verdadeiro e unico crime do ancião venerando, do magistrado integerrimo, ser desvelado cultor das lettras, e querer afujentar as trevas da ignorância no Brazil!! Propunha-se esta associação a escrever a historia universal da America portugueza. Nesta academia foram lidas diversas obras por seus asso- ciados ; tudo porém sumiu-se com a dispersão destes, con- secutiva á prisão do velho director. Só nos resta a noticia de duas de taes obras, que são : Historia militar do Brazil d.sde 1647 até 1762 por José Miralles, tenente-coronel do regimento de cacadores da cidade de S. Salvador, académico da academia brazilica dos renas- cidos, manuscripta ; e Culto métrico, tributo obsequioso que ás aras da Sacratíssima Pureza de Maria Santissima, Senhora Nossa e Mãe de Deus, dedica, offerece e consagra José Pires de Carvalho e Albuquerque. O que acabo de referir, com relação á academia dos renascidos principalmente, mostra a toda evidencia a má XVI vontade do governo portuguez no que diz respeito á diflusão das luzes no Brazil. Seu horror aos progressos intelleçtuaes da triste tutelada é bem manifesto. Entretanto estes factos não extinguiram ainda o espirito de associações scientificas; a tendencia dos brazileiros para as lettras permanecia. Fundou-se depois disto a academia scientifica do Rio de Janeiro, cuja primeira reunião teve logar a i8 de fevereiro de 1772 no palacio do vice-rei, Marquez do Lavradio, por iniciativa do doutor José Henriques de Paiva, seu medico, com o fim de se tratar do desenvolvimento das sciencias naturaes, da medicina, e da agricultura. Foi presidente desta associação 0 mesmo doutor Henriques de Paiva, e secretario Luiz Borges Salgado; e apezar de tão restrictos serem seus fins, e de fazer conhecidas na Europa plantas do Brazil. contribuindo para 0 cultivo do cacau, do anil, da cochonilha e de outros pro- ductos, morreu, como suas irmãs, aos maus olhados da me- trópole. Finalmente e já nos fins do século XVIII o illustrado mi- neiro Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, tendo a felicidade de merecer a estima do governador do Rio de Janeiro Luiz de Vasconcellos, que - honra lhe seja feita - sabia reconhecer e dar valor ao mérito onde elle estivesse, e demonstrou desejos de ver no Brazil florescerem as lettras, Alvarenga, associando- se a seu conterrâneo José Basilio da Gama, o festejado cantor do Uruguay, que acabava de chegar de Portugal, obteve a instituição de uma sociedade litteraria, moldada pela Arcadia de Roma, á qual chegaram a agrupar-se brilhantes intelligen- cias, que então floresciam na terra do Cruzeiro. Mas, quanto XVII lutaram os .associados e que fim teve essa associação, logo que constou em Portugal sua existência ! Sendo Luiz de Vasconcellos substituído no governo pelo famigerado Conde de Rezende, um dos mais ferozes infan- ticidas das lettras brazileiras, ordenou que fosse dissolvida a academia e presos os que delia faziam parte ! ! E o pobre Alvarenga gemeu dous annos nos cárceres da ilha das Cobras, sem se lhe formar culpa, porque para ella não havia base alguma, tendo por seu severo juiz o desembargador por- tuguez Antonio Diniz da Cruz e Silva, o cpigrammatico autor do Hyssope, também poeta e litterato ! E quando, depois de dous annos, obteve a liberdade, foi para viver alque- brado de todas as forças, quer physicas, quer moraes. Foi o ultimo tentamen para a independencia das lettras brazileiras até á vinda ao Brazil da real família de Bra- gança. Mas... quando me propunha apenas a dar os porquês de meu livro, eis-me tratando da litteratura brazileira, ou antes dos desastrosos e mal succedidos tentamens dos brazileiros para terem uma litteratura sua antes de serem nação independente. Não tenho em vistas estudar aqui o desenvolvimento que têm tido as lettras no Brazil, e que só se effectuou depois da imdependencia; e quando o tivesse, desistiria da empresa, porque para uma introducção, cousa que de ordinário pouca gente lê, já vai esta por certo longa, não tendo entretanto dito tudo quanto ainda preciso dizer. XVIII Bem que propriamente bibliographico seja meu livro, en- tendi que não podia deixar de dar algumas noticias biogra- phicas relativamente a cada um escriptor, de que me occupo, guardando nesta parte uma certa concisão, porque, de outra sorte, teria de dar á empresa uma amplidão, que não se coa- duna com a natureza delia. Neste intuito ainda vi-me em apuros muitas vezes por nada ter podido obter, nem ao menos a respeito da naturalidade do escriptor, que conhecia apenas pela obra que escrevera; outras vezes, ainda que raras, ao contrario colhi tantos, tão importantes factos da vida do escriptor, e todos estes factos tão sympathicos, que, não cabendo nas raias deste trabalho enuncial-os todos, vi-me embaraçado na escolha daquelles a que devia restringir-me. Foi isto o que aconteceu-me ao occupar-me do chefe de esquadra A liguei de Souza Mello e Alvim, fallecido em 1866, do almirante Visconde de Inhaúma, fallecido em 1869, e de alguns outros. Prevejo que serei accusado de omittir neste livro escri- ptores que de direito devem figurar nelle, e obras de escriptores de quem faço menção. Para ser absolvido dessa culpa bastar-me-ha o que fica exposto no principio destas desor- denadas linhas. Sou o primeiro a reconhecer que ha aqui omissões, e ainda as haveria, si não se dessem as circumstan- cias expostas. Que obra se apresentará no genero desta, isenta comple- tamente de taes omissões?. Não ha quem não teça elogios, que em minha opinião nunca serão exagerados, ao abbade Barboza Machado e a XIX Innocencio da Silva, os dous escriptores, que na lingua por- tugueza mais desenvolvidamente se occuparam de assumpto igual; não ha quem desconheça os serviços que prestaram ás lettras portuguezas, o primeiro com sua Bibliotheca lusi- tana, e o segundo com seu Diccionario bibliographico. Entre- tanto este aponta a cada passo omissões daquelle ; e quando assim procede, apresenta em supplemento ao primeiro vo- lume de sua obra, o qual só abrange as lettras A e B, um volume, abrangendo as mesmas lettras, apenas. Metade pelo menos deste supplemento é de obras que não foram mencionadas opportunamente. Tome-se um catalogo de uma livraria qualquer, mesmo do império, por exemplo o da bibliotheca municipal do Rio de Janeiro, e logo nas primeiras paginas encontram-se au- tores portuguezes, que escreveram em Portugal, e que Inno- cencio da Silva não conhecia. Para o demonstrar citaria muitos nomes, como : frei "Clemente de S. José, autor do Ceremonial reformado segundo o rito romano e. seráfico para uso dos religiosos da reformada provinda de Santo Antonio de 'Portugal, Lisboa, 1763; e dom João de Nossa Senhora da Porta Siqueira, autor dos Incêndios de amor ou elevações e transportes d'alma na presença real de Jesus Christo e de suas veneráveis imagens. Porto, 1991. E como estas omittiu ainda muitas obras publicadas em sua patria, em solemnidades, e em seus dias, como o FAogio fúnebre de s. m. o senhor D. Pedro, recitado na real capella da Lapa do Porto no dia 24 de setembro de 1842 por Antonio Alves Martins, etc. Porto, 1842, in-8 XX Barboza chegou a se esquecer até de contemporâneos, que conhecia perfeitamente, como João Carlos da Silva, que publicou a Origem antiga da phisica moderna pelo padre Noel Regnault, da companhia de Jesus, traduzida em por- tuguez, Lisboa, 1753, tres volumes- obra, de que o proprio Barboza foi um dos censores, que a qualificaram, appro- vando-a. Este autor teve descuidos de outra especie que deixam ver, que tinha outras preoccupaçoes, pelo menos, quando escreveu sua Bibliotheca. Por exemplo, dá o padre João Duarte, brazileiro, como morto em 1637, e partindo para Pernambuco em 1694 ou 57 annos depois de morto. Apezar dessas lacunas, em meu entender todos os elogios que se façam aos dous bibliographos portuguezes, estão áquem dos que merecem elles. Mas, si vultos tão gigantes ca- hiram em omissões, dispondo de elementos, que nunca en- contrei, não mereço eu por ventura uma absolvição por faltas idênticas ? Talvez, por outro lado, seja censurado por admittir neste t livro pessoas, que não deveriam ahi figurar, por não serem seus escriptos bastante dignos disto. E' possível que assim tenha succedido, quando para a imprensa não ha condes- cendências. Mas, admittida a hypothese de que eu fosse encyclopedico, e portanto competente para ajuizar de todas as obras, de que faço menção, sobre os variadíssimos ramos de XXI conhecimentos humanos, poderia eu por ventura ler todas ? E, quando todas podesse ler e apreciar, poderia traçar com exactidão uma linha de demarcação entre o bom e o mau, sem afastar-me muitas vezes da justiça? Parece-me que não; e declaro com toda a solemnidade e franqueza, que não conheço quem o possa fazer. Declaro entretanto que exclui deste livro muitas obras que conheço, assim como seus autores. Talvez ainda me censurem por fazer menção de inéditos, e até de alguns que se suppoe extraviados. Não vejo motivos para que um bibliographo não dê taes noticias. Alguns, como Barboza Machado e Bento Farinha no seu Summario da bibliotheca lusitana, o têm feito. E, além de que muitos escriptos inéditos se acham em livrarias pu- blicas e archivos, onde podem ser consultados, muitos se es- pera que serão publicados, e todos os dias dá-se o facto de se descobrirem, ou virem à luz da publicidade antigos manu- scriptos, de que nenhuma noticia havia. Entendi que não devia referir-me sinão a obras, que, embora publicadas sob o anonymo ou sob diversos pseudonymos, têm autor conhecido ou designado, e que devia excluir todas aquellas de que não conheço o autor, embora tenha presumpção de serem de penna brazileira, como são algumas que tenho á vista com a declaração de serem es- criptas por um magistrado brasileiro, por um vigário geral, por um bahiano, etc. ; embora mesmo tenha certeza de que o autor é braziieiro. Não podendo dar o autor, não dou a obra. XXII Todas as obras portanto, cujos autores só se declaram por seus appellidos, visto como na classificação dos autores adoptei por systema o nome proprio, porque este systema pareceu-me preferível, ou pelas lettras iniciaes do nome, que não pude de:ifrar. Entre as que me pareceu que devia excluir estão algumas de autores conhecidos : são, por exemplo, as theses inau- guraes, de que só faço menção quando seu autor tem pu- blicado qualquer outro escripto; os relatórios ou exposições apresentados em época determinada pela lei no exercicio de cargos, como de ministro de estado, de presidente de pro- víncia, director de companhia, etc, quando nada mais ha de seu autor ; os estatutos de associações, confrarias, e collegios de educação e outros trabalhos semelhantes. Entendi também que podia dispensar-me de declarar a typographia em que se fez a impressão da obra, não só para resumir mais a matéria, como porque ninguém procura um livro pela ofiicina em que foi impresso; mas pelo autor, pelo titulo, e pelo logar e anno em que foi editado, si ha mais de uma edição. Só em casos excepcionaes, como o de se terem feito duas edições no mesmo anno e no mesmo logar, faço menção da typographia. No supplemento, que pretendo dar, serão preen- chidas lacunas ou faltas, devidas a diversas circum- stancias. E, pondo termo a estas observações, declaro que não me dirijo a esses que me recusaram o auxilio, que com toda cortezia lhes pedi, sem o menor cavaco darem. A esses - XXIII que serão provavelmente os mais inexoráveis censores que hei de encontrar... não devo explicações. Façam melhor, si o quizerem ; e poderão fazel-o, porque necessariamente lhes ha de aproveitar muita cousa desse mesmo trabalho mau e imperfeito que ahideixo. ADVERTÊNCIA Em appendice ao presente volume achará o leitor alguns accrescimos e alterações ao que vai publicado, visto haver demora na publicação do supplemento, e uma noticia de alguns escriptores novos, como : Adolpho Generino dos Santos. AiFonso Cavalcante do Livramento. Alexandre Evangelista de Castro Cerqueira. Américo Fernandes Trigo de Loureiro. Antonino José de Miranda Falcão. Antonio Barboza de Freitas. Antonio Cândido Gonçalves Crespo. Antonio Cândido Rodrigues. Antonio da Cruz Cordeiro Júnior. Antonio José Soares de Souza Júnior. Argemiro Cicero Galvao. Creio que do segundo volume em diante será este livro mais completo. HMM BIBLIOGIAPB1CO BRAZ1LE1R0 A.aríiío Leal do Carvalho Reis - Filho do doutor Fá- bio Alexandrino de Carvalho Reis, de quem farei menção no logar compe- tente, e de dona Anna Leal de Carvalho Reis, nasceu a 6 de maio de 1853 na capital da provincia do Pará, onde seu pae exercia o cargo de inspector da alfandega. Matriculando-se na escola central em 1869, concluiu o curso de enge- nheiro geographo em 1872, o de engenheiro civil em 1874, e recebeu o grau de bacharel em sciencias physicas e mathematicas, já tendo antes exercido o magistério como lente de mathematicas elementares em diversos collegios. Em 1873, antes de bacharelar-se, entrou como praticante para a direcção das obras publicas da alfandega ; em 1875, apenas formado, foi nomeado para fiscalizar as obras do novo matadouro da côrte, onde sus- tentou uma luta incessante com os empreiteiros que procuravam combater as clausulas firmadas com o governo, commissão que exerceu até ser rescindido o contrato, em novembro de 1878 ; em 1879 fez parte da com- missão, que, sob a presidência do conselheiro Christiano Ottoni, deu parecer sobre a rescisão do contrato e avaliou as obras feitas e por fazer no novo matadouro, dirigindo o serviço das obras feitas ; e depois, como engenheiro gerente, incorporou a companhia ferro-carril de Cachamby, que conseguiu montar em oito mezes, construindo os primeiros dous kilometros de via ferrea, regulamentando e iniciando o trafego. 2 VA Ultimamente, em 1880, tomou parte no concurso ás vagas da segunda secção do curso do engenharia civil da escola polytechnica, sendo habi- litado para o provimento dessas vagas ; e exerceu o magistério na mesma escola, como substituto da aula preparatória do curso de artes o manu- facturas ató o anno corrente. Fundou a sociedade União Beneficente Académica da escola central com seu collega José do Nápoles Telles de Menezes, e delia foi presi- dente ; é socio de outras, e tem collaborado em diversos poriodicos litterarios. Escreveu: - Centro académico. Rio de Janeiro, 1872 - E' um jornal semanal que fundou e redigiu, sendo ainda estudante, com o fim de congraçar e harmonisar em um centro commum do actividade e trabalho as duas escolas, central e de medicina, o que conseguiu depois de muito esforço, reunindo para isto e obtendo o apoio de dozo estudantes de cada uma delias ; e ainda conseguiu congraçar, em torno do mesmo jornal, as escolas militar o de marinha. Esta empreza, entretanto, pouco tempo func- cionou. - A rescisão do contrato de 25 de julho de 1874, discutida e docu- mentada. Rio de Janeiro, 1879 - Esta obra escreveu o autor depois que deixou a commissão, de que foi encarregado, relativamento ás obras do matadouro, e foi mandada publicar pelo governo. - Trigonometria espherica de Dubois: tradúcção. Rio de Janeiro, 1872. - A republica constitucional por Ed. Laboulaye: tradúcção. Rio do Janeiro, 1872 - Foi publicada sob o pseudonymo de Iloracio Mann. - A instrucção publica superior no império: (sério do artigos publi- cados no Globo, e depois colleccionados). Rio de Janeiro, 1875. 91 pags. in-8.° - A Exposição nacional: artigos publicados na Gazeta de Noticias em dezembro de 1875, e janeiro de 1876. - Lições de algebra elementar. Rio do Janeiro, 1876. - A idèa de Deus por E. Littrè: tradúcção. Rio de Janeiro, 1879. - O decreto de 19 de abril de 1879 : artigos publicados no JOrnai do Commercio de 2 a 21 de maio de 1879. - As faculdades livres : artigo publicado na Gazeta de Noticias cm maio de 1879. - Estatísticas moraes e applicação do calculo das probabilidades a este ramo de estatística. Rio de Janeiro, 1880 -E' uma dissertação que o autor escreveu para o concurso ás vagas da segunda secção do curso de engenharia civil, seguida de proposições sobre outros pontos; -A engenharia c as obras publicas no Brazil: artigos publicados no Jornal do C ommercio de 25 de setembro a 15 de outubro de 1880. vi: 3 - A escravidão dos nepros : reflexões de Condorcet: traducção. Rio Ja- neiro, 1881 - Divide-se esta obra em duas partes, isto é: Considerações geracs, philosophicas ; e considerações especiaes e praticas. - A luz electrica, pelo systema de Edison, applicada á illuminação particular. Rio de Janeiro, 1882 - E' um relatorio e parecer que es- creveu o Dr. Aarão, em commissão nomeada pelo director do club de engenharia com os Drs. José Américo dos Santos o João Raymundo Duarte. AJbel Cori'eia «la. Gamara-Filho do marechal Bento Cor- reia da Gamara, vivia no Rio de Janeiro em 1825. Faltam-me a seu res- peito outras noticias, sabendo só que escreveu : - Rcsposla ao impresso, que fez publicar nesta còrte Américo José Ferreira com o titulo de Breve exposição aos brasileiros na parte em que falia de Bento Corroía da Gamara. Rio do Janeiro, 1825, 9 pags. .AJbilio Cczar Borges, Barão de Macahubas - Filho de Miguel Borges de Carvalho e de dona Mafalda Maria da Paixão, nasceu na villa do Rio de Contas, província da Bahia, a 9 de setembro de 1824 ; estudou na capital da mesma província o curso de humanidades, o o da faculdade de medicina até o quinto anno, passando depois â do Rio de Janeiro,- onde frequentou o ultimo anno e recebeu o grão de doutor em 1847. De volta ã Bahia, exerceu a clinica, e o cargo de director geral di instrucção publica, do qual obtendo exoneração a seu pedido ao cabo de dous annos, passou a dedicar-se exclusivamente ao exercício do educador da mocidade, estabelecendo um collegio com o tihilo de gym- nasie bahiano. Passando a outro o gymnasio, depois de muitos annos de importantes serviços e melhoramentos introduzidos no ensino da mocidade, veiu para o Rio de Janeiro, e aqui fundou um estabelecimento egual que ainda dirige. Para estudar e pôr em pratica esses melhoramentos tem feito ã Europa diversas viagens ; tem publicado e espalhado pelo império diversas obras, adaptadas a esse fim, em parte gratuitamente. O Barão de Macahubas é cavalleiro da ordem de Christo, commondádor da ordem da Rosa, e da ordem de S. Gregorio Magno de Roma ; socio do instituto hístorico e geographice brazileiro, etc. Escreveu : - Proposições sobre sciencias medicas: these inaugural. Rio de Janeiro. 1817 - A primeira proposição desta these é a seguinte : O coração não ó um orgão essencial à vida, nem é por sua força que principalmente se executa a circulação do sangue no homem. - Relatorio sobre a instrucção publica da Bahia, apresentado ao excellentíssimo senhor presidente Álvaro Tiberio do Moncorvo e Lima. Bahia, 185G- Contém diversos mappas e documentos í 4 VI? - Relatorio sobre a instrucção publica da provinda da Bahia, apresentado ao excellentismo presidente, desembargador João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú. Bahia, 1857. - Discursos diversos pronunciados no gymnasio bahiano. Bahia, 1858 a 1862 - Esses discursos foram publicados separadamente em di- versos opusculos, e depois com outros enfeixados e reimpressos sob o titulo de - Discursos sobre educação. Paris, 1862 - Depois da publicação deste volume, ainda outros discursos deu á luz o autor em pequenos opusculos. - Estatutos e regulamento do gymnasio bahiano. Bahia, 1852. - Grammatica da lingua portugueza. Bahia, 1860. - Grammatica da lingua franceza. Bahia, 1860 - Esta gramma- tica ea precedente têm tido outras edições. A terceira edição desta tem por titulo : - Epitome da grammatica franceza. Antuérpia, 1872. - Epitome de geographia physica para uso do gymnasio bahiano. Bahia, 1863. - Primeiro livro de leitura. Paris, 1866. - Segundo livro de leitura. Paris, 1866 - Estes dous livros e o que se segue, assim como as grammaticas, são tão conhecidos que dispensam qualquer noticia que delles possa dar. Delles têm sahido diversas edições em considerável numero de exemplares, de que o autor tem feito remessas gratuitas para diversas provincias, que os têm adoptado. A ultima edição é de 1881. - Terceirolivro.de leitura. Antuérpia, 1872 - Nova edição, 188.1. - Methodo de Ahn para o ensino facil e pratico do francez. Rio de Janeiro, 1871. - Plano de estudos e estatutos do collegio Abilio, fundado na côrte do império. Rio de Janeiro, 1872. - Vinte annos de propaganda contra o emprego da palmatória e outros meios aviltantes no ensino da mocidade, fragmentos de vários escriptos, publicados no Globo em 1876. Rio de Janeiro, 1880, 46 pags. in-4.0 - Vinte e dous annos de propaganda em prol da elevação dos estudos no Brazil. Rio de Janeiro, 1881. - Dissertação, lida no congresso pedagógico internacional de Buenos-Ayres a 2 de Maio de 1882 pelo Barão de Macahubas, delegado do Império do Brazil, com um appendice, contendo varias noticias sobre as discussões havidas no congresso e as declarações finaes do mesmo. Rio de Janeiro, 1882, in-8.° - Os themas, sobre que versa a dissertação, são: l.o Influencia dos internatos normaes sobre o melhoramento e a diffusão da instrucção primaria; 2.° Os melhores meios de em nossas escolas sustentar a disciplina o excitar nos meninos o gosto pela in- strucção. AD 5 Ha alguns trabalhos deste autor, publicados em revistas litterârias antes de seu doutoramento, como - Posição e algumas particularidades históricas e descriptivas da villa de Inhambupe (Bahia). Bahia, 1845 - Vem no Crepúsculo, tomo Io, ns. 3 e 4. - A pequena rainha por M .me C. Reybaud - Vertido em romance por A. C. B.- Idem, tomo Io, n. 2, pags. 25 a 30. Adalberto Jahn-E' natural da Allemanha e esteve algum tempo em serviço do ministério da agricultura. Cidadão brazileiro e cavalleiro da imperial ordem da Rosa se declara elle no rosto da obra que passo a mencionar ; e no seu prefacio escreve: « Desejamos outrosim manifestar nossas ideias a tal respeito (que a co- lonisação, sobre todas a do elemento germânico, tem aqui um futuro se- guro e prospero ) baseadas n'uma experiencia de muitos annos no império brazileiro. » Escreveu : - As colonias de S. Leopoldo na provinda brazileira do Rio Grande do Sul e reflexões geraes sobre a emigração espontânea e colonisação no Brazil. Leipzig, 1871- No prefacio ainda diz elle que pelo espaço de doze annos tem servido como director e inspector de colonias e de curador de colonos, tem lidado com negocios de colonisação, etc. - Carta topographica de uma parte do município de S. Leopoldo, contendo as terras colonisadas, organizada segundo os trabalhos offi- ciaes eas medições mais exactas pelo agrimensor Ernesto Muzell. 1870, Leipzig. - Planta da colonia Santa Izabel - feita pelo capitão Adalberto Jahn, engenheiro e director da colonia Santa I zabel em fevereiro de 1859 - O original existe na bibliotheca nacional da côrte. D. Adelia Josephina de Castro Fonseca - E' natural da capital da província da Bahia, filha de Justiniano de Castro Rebello e de dona Adriana de Castro Rebello, e casada com o chefe de divisão Ignacio Joaquim da Fonseca. De uma educação primorada, cultora mimosa da poesia desde seus mais verdes annos, qualquer de suas composições denuncia um dos bellos dotes de seu espirito, como por exemplo a que tem por titulo Ao meu coração, dirigida ao espozo, em cuja imagem, na auzencia, se espelha sua mente. Eis a poesia : * Porque estás tão apressado, Coração, a palpitar ? Queres, deixando meu peito, Por esses ares vôar ? Queres de meu pensamento A carreira acompanhar ? 6 AD Queres, misero insensato, Este desejo cumprir ? Intentas da fantazia Os amplos vôos seguir ? Buscas, vencendo a distancia, Tua saudade extinguir ?... Esta saudade tão funda, Tão viva, tão pertinaz, Que te faz tão desgraçado, Que tão ditozo te faz ? Que tanto te amarga ás vozes, Que ás vezes tanto te apraz ? Pretendes tu, pobre louco, Tuas dôres augmentar ? Desejas ao lado - d'Elle - De martyrios te fartar 1 Queres nos olhos, que adoras, Mais desenganos buscar ? Si ao excesso do tormento Tivesses de succumbir, Quem tanto havia de amal-o, Deixando tu de existir ? Quem ousaria comtigo Em firmeza competir ? E elle, onde poderia Tão soberano reinar ? Onde iria sua imagem Obter tão devoto altar, E tão desvelado culto, Tão fervoroso - encontrar ? Deixa ir só meu pensamento De seus vôos na amplidão. Quem sabe, si ao lado d'outra O acharás, coração ?... Morre omborá de saudade ; Porém de ciume... não ' » Dona Adelia escreveu : - Echos de minha alma. Bahia, 1865, in - 8o-E'uma collecção do seus primeiros versos. Este livro foi-me levado de minha estante, mas delle ficaram-me deslocadas duas folhas, donde transcrevi a poesia acima. Collaboradora constante do Almanah de lembranças luzo-brazileiro, seus escriptos têmahi logar distincto. Entre taes escriptos ahi se acham: - A aurora brazileira : poesia em decimas rimadas, que vem no al- manak para o anno de 1860, pag. 379, reimpressa no do anno seguinte, pag. 342, e também no volume Echos de minha alma. E' uma primoro- sa composição, a proposito do outra de um distincto poeta portuguez, cantando a aurora de seu paiz, á qual antepõe a autora as bellezas da aurora doBrazil. AI) 7 D. A-clelina Amélia Lopes Vieira, - Filha do doutor Valentim José da Silveira Lopes e esposa do empregado de fazenda Antonio Arnaldo Vieira da Costa, é professora dá segunda cadeira de meninas na freguezia do Espirito Santo, cultiva a poesia e escreveu : - Margaritas: poesias. Rio de Janeiro, 1879 - Não encontrei este livro em duas bibliothecas onde o procurei, e por isso não pude ainda ver esta primeira collecção dos versos de D. Adelina. - Pombal: poemeto em quatro cantos. Rio de Janeiro, 1882-A autora mandou imprimir este poemeto, e o offeroceu ao club litterario portuguez para applicar o producto da venda em beneficio do suas aulas. Um soneto deste livro vem reproduzido no Monitor Catholico de S. Paulo, n. 68, com uma parodia feita polo reverendo vigário de Queluz, o padre Francisco Gonsalves Barroso. Existem esparsas muitas composições poéticas de dona Adelina Vieira, como: - Saudade de Palmeiras - No Echo das Damas. Rio de Janeiro, n. 2, maio de 1879. - O primeiro peccado de Margarida: traducção de uma baila ta de Henry Murger -Sahiu na Revista Brazileira. Rio de Janeiro, 1880, tomo 5°, pags. 245 a 250. - Estella matutina - No novo almanak de lembranças luzo-brazileiro para 1880, pag. 160. - As duas estrellas : poesia em oitava rima-No almanak das senhoras para o anno de 1882. Lisboa, pags. 165 e 166. O. A-delina Teixeira Mendes-Filha de José Tei- xeira Mondes e de dona Antonii Teixeira Mendes, natural do Maranhão, joven, solteira, vive em companhia de um irmão que ó bacharel em direito e exerce um logar de juiz municipal nos sertões do Piauhy. E' poetiza e tendo perdido quasi ao mesmo tempo o autor de seus dias e outro irmão, também formado em direito, seus versos se resentom da magoa e melancolia que lhe infiltraram n'alma dous golpes tão pro- fundos. Do stias composições não existe collecção impressa ; apenas tem publicado algumas em poriodicos ; e as que tenho á vista nem posso dizer onde se publicaram, porque foram-me enviadas por pessoa de sua familia, cortadas de taes poriodicos. São de folhas do Piauhy as seguintes: - Desalento : A' minha prezada amiga dona Maria Amélia Rosa. - Saudades : A' minha prezadíssima madrinha... dona Maria José Vaz Mendes. - Uma prece sobre o tumulo de meu idolatrado irmão o doutor Bolívar Teixeira Mendes: soneto. - A' beira-mar: A' minha prezadíssima amiga dona Raymunda Ribeiro Soares - Nesta poesia, depois de descrever o mar, quando 8 AI) tempestuoso e quando em bonança, lembra sua dor e assim se ex- prime : E tu, oh meiga virgem que amo tanto ! Quem sabe si n' ess' hora de tristeza, Fitando como eu o firmamento, Não te rola dos olhos uma lagrima, Filtrada pela dor, pela saudade ? ! Oh ! chora, anjo do céo, chora comigo, E manda-me no zephiro saudoso Um só dos beijos de teus lábios puros Que bem de manso me bafeje a fronte. Foi n'ess'hora de dor e de amargura... Carpindo a perda de um irmão querido, Cansada adormeci.... Sentia me fugir o alento e a vida, Encontrei-te em meu peito adormecida, Despertei e vivi. A.delino Huet Forte-Gato - Natural de Portugal e brazileiro por adoptar a constituição do império, falleceu no Rio de Janeiro pouco depois de 1844. Era doutor em medicina pela faculdade de Paris, serviu por algum tempo na armada imperial como cirurgião, e escreveu: - Lições <Lo doutor Broussais sobre a cholera-morbus epidemica, traduzidas em vulgar e augmentadas de notas. Rio de Janeiro, 1833. A.dolplio Bezerra d.e Menezes - Natural da província do Ceará, nasceu no Riacho do Sangue a 29 de agosto de 1831, sendo seus paes o capitão de antigas milícias e tenente-coronel da guarda nacional Antonio Bezerra de Menezes e dona Fabiana de Jesus Maria Bezerra ; fez o curso de medicina na faculdade do Rio de Janeiro, onde doutorou-se em 1856, tendo servido como interno no hospital da misericórdia antes de sua formatura, e apresentou-se depois, em 1858, ao concurso a uma vaga de lente substituto da secção cirúrgica. Sendo segundo cirurgião do corpo de saude do exercito, foi eleito vereador da camara municipal da côrte ; e como fosse julgado incompatível o exercício do cargo de vereador com o de medico militar, pediu deste demissão. Serviu na camara municipal, por eleições consecutivas, ou como supplente cerca de 20 annos; foi delia presidente ; representou o município neutro, e a província do Rio de Janeiro na assembléa geral legislativa, e sendo deputado em 1880 foi seu nome apresentado á corôa por eleição feita em sua província para senador do império. Foi presidente da companhia ferro-carril de S. Christovão ; é membro titular da academia imperial de medicina, socio da sociedade physico- AD 9 chimica, da sociedade propagadora das bellas-artes, da sociedade auxilia- dora da industria nacional, da sociedade geographica de Lisboa, etc. Escreveu : - Diagnostico do cancro: dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1856 - E' precedida de proposições acerca dos aneurismas externos e das causas da phthisica pulmonar no Rio de Janeiro. - Das operações reclamadas pelos estreitamentos da uretra : these para o concurso a uma cadeira de oppositor da secção cirúrgica da faculdade de medicina. Rio de Janeiro, 1858 - E' seguida de algumas proposições sobre as matérias de que se compõe o ensino medico. - Biographia do Visconde de Uruguay, Paulino José Soares de Souza - Vem no primeiro volume da galeria dos brazileiros illustres. - Biographia do Visconde de Caravellas, Manoel Alves Branco - Idem. - A escravidão no Brazil e medidas que convém tomar para extinguil-a sem damno para a nação. Rio de Janeiro, 1869. - Breves considerações sobre as sêccas do norte. Rio de Janeiro, 1877, in-8.° O doutor Bezerra de Menezes redigiu : - A Sentinella da liberdade: orgão liberal. Rio de Janeiro, 1869 e 1870. AdLolpho Perei ra Pinheiro - Natural do Rio de Janeiro, nasceu a 7 de fevereiro de 1851. Tendo feito o curso da escola de marinha, foi promovido a guarda-ma- rinha em 1870, a segundo tenente em 1873 e a primeiro tenente, em cujo posto se conserva em 1874. Em novembro de 1881 exercia o logar de terceiro ajudante da directoria da repartição hydrographica, servindo na commis- são astronómica, quando foi nomeado pelo governo para ir á Europa es- tudar metereologia, construcção de semaphoras e pharóes com o or- denado que percebia de seu emprego e um conto de réis para despezâs de viagem. Escreveu : - Memória sobre o sondographo do Ia tenente Adolpko Pereira Pi- nheiro. Rio de Janeiro, 1878.- A este opusculo precede uma estampa solta do instrumento por elle inventado, a qual tem por fim indicar as sondas e traçar o nivelamento do fundo e por isso se compõe de duas par- tes : indicador e registrador. - Escolha das melhores derrotas a seguir para cortar o equador du- rante todos os mezes do anno. Rio de Janeiro, 1881. A-cLolplio Tilberglxieii- Natural da Bélgica, naturalisou-se cidadão brazileiro, e falleceu no Rio de Janeiro em 1875 ou 1876. Nomeado professor de francez da escola de marinha em 1861, leccionou desde 19 de outubro deste anno até a data de seu fallecimento. 10 AO Escreveu : - Vocabulário náutico em portuguez-francez e francez-portuguez, dando a nomenclatura dos principaes termos technicos, usados a bordo, composto com a collaboração de distinctos officiaes da armad i : obra pu- blicada debaixo dos auspícios do senhor ministro da marinha. Rio de Ja- neiro, 1869.- Acompanha um suppl emento depois do indice. - Grammatica franceza elementar e classica para uso dos princi- piantes. Rio de Janeiro, 1870, dous volumes. - Diccionario de marinha portuguez-francez-inglez, e vice-versa, dando alphabeticamente e nas tres linguas os termos technicos dos navios da marinha de vela e a vapor : obra composta com a collaboração de dis- tinctos officiaes da armada, mandada publicar debaixo dos auspícios do oxcellentissimo senhor ministro da marinha. Rio de Janeiro, 1872.-E' di- vidido em duas partos. A_d.i'iano Alves cie JLhiia- Govdillio, Barão de Itapoã - Nasceu na província da Bahia em 1830, sendo seus paes o tenente coro- nel João Pedro Alves de Lima Gordilho e dona Adriana Sophia Alves de Lima Gordilho. Doutorado em medicina em 1852 pela faculdade de sua província, foi â Europa afim de aperfeiçoar seus estudos e dedicou-se com especiali- dade ás sciencias cirúrgicas. De volta da Europa firmou sua residência em sua província, depois de visitar a côrte do império ; concorreu para uma vaga de oppositor da sec- ção de sua especialidade em 1856, e em 1862 para lente da cadeira de anatomia descriptiva em que foi provido, sendo depois transferido para a de partos , moléstias de mulheres pejadas e de meninos recem- nascidos. Antes de ser nomeado lente cathedratico fôra preparador dé anatomia descriptiva e também de anatomia topographica. O doutor Gordilho, Barão do Itapoã, ó commondador da ordem da Rosa e escreveu : - Dissertação inaugural sobre a medicação revulsiva. Bahia, 1852 - Dividindo em duas partes seu trabalho, o autor começa por tratar das causas das moléstias, da natureza, séde, marcha, duração, extensão e com- plicações delias, e da idade, constituição, sexo do doente, etc. - Apreciação dos meios operatorios empregados na cura dos cálculos urinários vesicaes : these para o concurso a um logar dc oppositor da secção cirúrgica. Bahia, 1856. • - Considerações sobre o systema nervoso ganglionario e suas con- nexões com o systema nervoso espinhal : these para o concurso ao logar de lente de anatomia descriptiva. Bahia, 1862.- Esta these, que tem 215 paginas, trata da physiologia, das moléstias, e de tndo que possa interessar o systema nervoso. 11 - Memória histórica dos principaes acontecimentos da faculdade de medicina durante o anno de 1868, apresentada á respectiva con- gregação em cumprimento do artigo 197 dos estatutos. Bahia, 1869. A.fFonso <le Albuquerque c Mello - E' natural de Pernambuco, onde tem.residência, bacharel em sciencias sociaes e ju- rídicas pela respectiva faculdade, secretario do thesouro provincial, tem sido deputado á assemblea de Pernambuco em mais de uma legislatura. Escreveu : - A liberdade do Brazil, seu nascimento, vida, morte c sepultura. Recife, 1864,216 pags. in-4° - Neste livro se manifestam as idéas republicanas do autor. Sahiram a lume diversas contestações a taes idéas, e a bibliotheca nacional possuo um escripto inédito, com o titulo de - Notas de.... ao pamphleto intitulado Liberdade do Brazil de Affonso de Albuquerque Mello. tVÍToiiso Celso de A.ssis l^i^iieiredo, 1° - Nasceu na capital de Minas-Geraes a 21 de fevereiro do 1837 sendo sous paes João Antonio Affonso e dona Maria Magdalena de Figueiredo Affonso. Formado em direito pela faculdade de S. Paulo em 1858, ainda estudante se dera ao exercício da advocacia ; exerceu o cargo de official do gabinete dos presidentes Diogo de Vasconcellos e Fernandes Torres ; serviu em sua província, depois de formado, os cargos de secretario da policia, inspector da thesouraria provincial, procurador fiscal da thesou- raria geral, e deputado provincial por diversas vezos; representou a província de Minas-Geraes na camara temporária nas legislaturas 12a, 13a 8 17a, sendo eíeito e escolhido senador do Império no ultimo* anno desta legislatura (1879) ; foi ministro e secretario de estado dos negocios da marinha no gabinete de 3 de agosto de 1866, e ministro da fazendi no gabinete de 5 de Janeiro de 1878, no qual administrou tam- bém, interinamente, a pasta do império ; é do conselho da sua magestade o Imperador, e advogado na côrte. A seus esforços deve a província, que representa, sua primeira em- preza industrial e muitos melhoramentos. Distinguido pela côrte de Hospanha com a grã-cruz da ordem de Izabel a Catholica, e com a grã-cruz da ordem do Leão Neerlandez, agradeceu sem aceitar taes honras; faz parte de diversas associações litterarias e beneficentes desde seu curso jurídico ; foi fundador do club da Reforma e principal redactor do orgão deste club: -A Reforma : orgão democrático. Rio de Janeiro, 1869 a 1879 - O 1° numero desta folha sahiu a 12 de maio d'aquelle anno, e o ultimo a 31 de janeiro deste. Antes disto, fundara e redigira: - O Progressista. Ouro-Preto, 1859 a 1863 - A' vinda do conse- lheiro Afiõnso Celso para fa côrte em 1863, como deputado, passou esta empreza a outros. 12 AF Escreveu mais : - A esquadra e a opposição parlamentar. Rio de Janeiro, 1868, 92 pags. in-4.0 - As finanças do Império. Rio de Janeiro, 1876 - Este volume se compõe de uma collecção de artigos, dados á estampa na Reforma. - As finanças da regeneração: estudo politico, offerecido aos mi- neiros. Rio de Janeiro, 1877. - A commissão brazileira incumbida da construcção do Indepen- denciaperante o conselho de guerra. Rio de Janeiro, 1877. - Discurso pronunciado em sessão da camara quatriennal de 18 de abril de 1819, pelo conselheiro .... ministro da fazenda. Rio de Janeiro, 1879. 35 pags. in-4°. - Discursos na sessão legislativa de 1879 - Rio de Janeiro, 1881, 923 pags. in-4.® - Reforma das faculdades de medicina : discursos proferidos no se- nado em diversas sessões de 1882, pelos conselheiros P. Leão Velloso, ministro .do império e Affonso Celso de Assis Figueiredo. Rio de Ja- neiro, 1883. - Novíssimo repertório da reforma judiciaria. Rio de Janeiro, 1876 - Este livro foi publicado sob o pseudonymo de um magistrado e já teve segunda edição. - Reforma administrativa provincial e municipal: padecer e pro- jectos do senador Affonso Celso. Rio de Janeiro, 1883 - E' um volume de 300 pags. in-8°, em que o autor expõe estudos feitos sobre o assumpto na qualidade de membro de uma commissão nomeada pelo governo para este fim, perante a qual têm de ser apresentados esses estudos. Ha do conselheiro Affonso Celso diversos relatórios, escriptos durante o tempo em que exercêra os cargos, já mencionados, de ministro de estado, assim como diversos trabalhos do mesmo exercício, entre os quaes : - Reorganisação da contadoria de marinha ; decreto n. 4217 de 20 de junho de 1868. Rio de Janeiro, 1868. - Reorganisação da secretaria de estado dos negocios da marinha: decreto n. 4174 de 6 de Novembro da 1868. Rio de Janeiro, 1868. - Confidencias e reservados expedidos pelo gabinete do ... conse- lheiro Dr. Affonso Celso de Assis Figueiredo (1866-1868) relativos d guerra do Paraguay - inéditos, 138 fls. não numeradas. Este volume foi presente á exposição de historia do Brazil de 1881. Ha finalmente diversos escriptos seus em periódicos e revistas desde o Ensaio Philosophico, e Correio Paulistano dos quaes fôra collabo- rador. Affonso Celso de Assis Figueiredo,3°- Filho do precedente e de dona Francisca de Paula de Assis Figueiredo, nasceu em Ouro-Preto, capital da província de Minas-Geraes, a 31 de março de 1860. VI 13 Matriculando-se na Faculdade de Direito em 1875, com permissão do parlamento por não ter a idade legal, mas perdendo este anno por mo- léstia, nesta faculdade recebeu o grão de bacharel em novembro de 1880, e o de doutor em março do anno seguinte ; neste mesmo anno, de 1881, foi eleito deputado geral pelo 20° districto de sua provincia, e deu-se ao exercicio da advocacia na, côrte do império. Foi o doutor Affonso Celso quem fundou em S. Paulo a sociedade mineira de beneficencia académica, de que ó presidente honorário. Desde 1874, com quatorze annos de idade, se preoccupa com lettras e tem escripto : - Um capricho do doutor Ox: traducção de Julio Verne. Rio de Janeiro, 1874 - Além de ser publicado em volume, foi também na Re- forma. - Prelúdios: poesias. S. Paulo, 1875. - Devaneios: poesias. S. Paulo, 1877. - Telas sonantes : poesias. S. Paulo, 1879. - Poemetos: S. Paulo, 1880 - Contém este volume tres poemetos: Affronta, O filho das selvas, Um heroe. Dedica-os o autor a tres col- legas seus: Ernesto Alves de Oliveira, João de Barros Cassai e Zeferino de Faria Filho, ao abraçal-os se separando dos bancos da academia. - Exposições industriaes: conferencia feita na escola da Gloria. Rio de Janeiro, 1876. - ?: drama em tres actos. S. Paulo, 1879 - Foi representado no theatro desta capital pela empreza da actriz Ismenia. - Camões: edição commemorativa do centenário de Camões (10 de Junho de 1880). S. Paulo, 1880. - Theses e dissertação sustentadas, etc., afim de obter o grdo de doutor. S. Paulo, 1881. - Orçamento do ministério dos negocios estrangeiros: discurso pro- ferido na camara dos deputados. Rio de Janeiro, 1882. - A administração do ex-ministro da fazenda do gabinete de 5 de Janeiro: discurso proferido na camara dos deputados. Rio de Janeiro, 1882. - Direito e lettras : revista académica do atheneu juridico e litterario. Parte juridica, director Tristão da Fonseca. Parte litteraria, director Affonso Celso Júnior. S. Paulo, 1878. Dous volumes. O doutor Affonso Celso teve parte na redacção, e collaborou para diversos jornaes e revistas, como : a Republica, orgão do club republicano aca- démico ; a Tribuna Liberal, de S. Paulo; a Gazeta de Sorocaba; El Plata, de Buenos-Ayres; tem inéditas suas conferencias sobre o nihi- ilsmo, proletariato e nova esthetica, assim como: - Uma familia da moda : romance - Este livro deve-se achar no prelo, a julgar pela declaração que faz a Gazeta de Noticias da côrte de 24 de janeiro deste anno, de que - brevemente vamos ter o ro- mance. 14 AF Affonso l-Iercula,no <le dLinia.- E' director do collegio universitário fluminense, e exerceu antes disto o cargo de bibliothecario da bibliotheca municipal da côrto, em cujo exercício escreveu : - Catalogo da bibliotheca municipal ( publicação official ). Rio do Ja- neiro, 1878, 820 pags. - Relatorio do bibliothecario interino da bibliotheca munici- pal, etc. em 8 de outubro de 1875. Rio de Janeiro, 1876- Com diversos mappas. Escreveu mais dous pequenos opusculos dando noticias do seu collegio sob os titulos de Educação nacional e Instrucção para todos os grãos e todas as idades do collegio universitário fluminense. A-íTonso ®Bosó dos Saní oh- Nasceu na capital da Bahia a 16 de dezembro de 1857, sendo seus paes o pharmacoutico Luiz José dos Santos e dona Carlota Candida Cardim dos Santos. Fez todo curso da faculdade de medicina de sua província, recebendo o grão de doutor em 1881 ; dedicou-se ao magistério particular, desde o segundo anno do dito curso, leccionando francez, geographia, historia e cosmographia ; e acha-se era serviço do ministério da guerra, como me- dico da colonia militar Alto Uruguay. Escreveu : - Regimcn sanitario: these inaugural. Bahia, 1881, 208 pags. in-4° - Comprehende, além da dissertação, proposições sobre: Exhumações jurídicas; tumores brancos e seu tratamento ; hygiene das profissões. Cultivou com paixão a litteratura antes de estudar medicina ; escreveu diversos artigos na imprensa diaria, como uma biographia do José de Alencar, publicada no Monitor da Feira de SanfAnna, e outros no Diário da Bahia, no Diário de Noticias, no Pequeno Jornal e no periodico Ba- hia, que elle redigira em 1881; deixando de continuar por fallecimento do proprietário, e por cessar a publicação. Conserva inéditas : - Lyra critico-domestica : collecção de poesias, pela maio? parto em estylo humorístico. - Olivia : drama em quatro actos. - Bôdas do doutor Duarte: comedia em dous actos, extrahida da obra de igual titulo de Machado de Assis. - Contos familiares : collecção de romancetes - Destes entretanto foram publicados dous, que são: - Pobre quando vê muita esmola.... - no Diário de Noticias 1878. - Agua molle em pedra dura - no Bahia, 1881. A-íTonso Peixoto de AbreuLima - E' formado em sciencias sociaes o jurídicas, tem sido deputado á assembléa provincial do Rio de Janeiro, e reside em Campos. A(, 15 Escreveu : - Eleições para vereadores ejuizes de pa z no município deCampos : collecção do artigos que publicara no jornal A Provincia. Rio de Janeiro. 1880, 54 pags. in-8.° Redigiu : - Diário de Campos : orgão dos interesses do commercio e da lavoura. Campos, 1875 a 1877. - A Opinião : folha dissidente.-Redactores : Victor Monteiro e Af- fonso Peixoto. S. Paulo, 1879-Creio que pouco tempo viveu esta folha. .Agrostinlxo A-íTonso de Castro - Consta-me que serviu na repartição de fazenda da armada, o que não continua nesse serviço. Escreveu : O infortúnio de um (lei da armada : drama do costumes marítimos, em dous actos. Rio de Janeiro, 1877, in-8°. I). .Agrostinlio Bezerra -'Nascido na Bahia em 1610, ignora-se a data de seu fallecimento. Presbítero secular, foi bispo de Ceuta e depois de Angra; respeitado sempre por seu grande saber, o foi egualmentc por suas raras virtudes ; grande philosopho, profundo thcologo e eminente orador, escreveu : - Muitos sermões - de que entretanto não deu publicidade a algum, que me conste, e nem se sabe o fim que tiveram depois de sua morte. Consta que, além de seus sermões, deixara outras obras, de que também não ha noticia. A-gostinlio Ermelindo de Iu©£io - Filho cio desem- bargador Agostinho Ermelindo de Leão, e sobrinho do conselheiro Manoel Messias de Leão, ambos fallecidos, nasceu na cidade da Bahia. Formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de Pernam- buco, entrou na classe da magistratura com o logarde juiz municipal de Olinda ; dahi passou a juiz de direito de Caçapava, e desta comarca para a capital da provincia do Paraná, onde tem exercido interinâ- mente o cargo de chefe de policia, e tem administrado a provincia, como vice-presidente. Escreveu : - índice alphabetico das leis, actos e regulamentos da provincia do Paraná ' aP o anno de 1874, com a relação de todos os deputados pro- vinciaes, presidentes e vice-presidentes da provincia e secretários do governo atè 1875. Rio de Janeiro, 1875, m-4.° - Catalogo dos diversos productos da exposição provincial do Pa- raná, inaugurada a 25 de abril de 1875 na cidade de Coritiba. Rio de Janeiro, 1875 -E' um volume de 250 paginas, offerecido a sua alteza imperial o Conde d'Eu, e aos demais membros da commissão superior, 16 por cuja ordem foi impresso, sendo assignado também pelos membros da commissão provincial, bacharel João José Pedroza, secretario, doutor José Cândido da Silva Muricy, Joaquim Lourenço de Sá Ribas e Joaquim José Bellarmino Bittencourt. Era o autor, então, administrador do Para- ná, em cujo caracter contribuiu poderosamente para a mesma exposição. A-g-ostinlio José de Oliveira Machado - Foi na- tura da província de S. Paulo, e ahi falleceu, ainda moço, sendo formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade da mesma província, exercendo a profissão de advogado, e o magistério como professor primário. Escreveu : - A facção saquarema: considerações políticas do bacharel Agostinho José de Oliveira Machado. Santos, 1851. 119 pags. in-8.° - 0 futuro do partido liberal na província de S. Paulo : conside- rações políticas de Agostinho José de Oliveira Machado. S. Paulo, 1861, 22 pags. in-4.° A-g^ostinlio José de Souza Lima - Nasceu na pro- víncia de Mato-Grosso, sendo filho legitimo do coronel Severo José de Souza Lima. E' bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, doutor em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro, lente cathedratico de medicina legal na mesma faculdade, tenente cirurgião do sétimo batalhão da guarda nacional da côrte, official da ordem da Rosa, membro da sociedade auxiliadora da industria nacional, da sociedade do acclimação e da socie- dade vellosiana. Servira, sendo estudante, como alumno pensionista do hospital da misericórdia, e interno da clinica medica e cirúrgica da faculdade. Escreveu : - Qual a natureza e tratamento das urinas, vulgarmente chamadas leitozas ou chyluria ? e a razão de sua frequência nos paizes intertro- picaes : dissertação para o doutorado em medicina, precedida de proposi- ções sobre : Estudo chimico-pharmacologico do chloroformio, Analogia e difíerenças entre a febre amarella e a febre biliosa dos climas quentes, Dos vicios de conformação do anus e intestino recto. Rio de Janeiro, 1864. - Das substancias imcompativeis sob o ponto de vista chimico-phar- macologico-. dissertação para o concurso a um logar de oppositor da secção de sciencias accessorias. Rio de Janeiro, 1871. - Serie cyanica : these apresentada, como primeira prova, para o concurso de lente da cadeira de chimica organica da faculdade de medi- cina do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1874. - Chloral e chloroformio : prova escripta no concurso ã cadeira de chimica organica. Sahiu na Revista medica, tomo 2o, 1874. 17 - Relatorio da enfermaria de Santa Rita, creada pelo governo imperial para o tratamento dos doentes de febre amarella-Vem no volume que tem por titulo : Relatórios das cinco enfermarias creadas pelo governo imperial, a cargo do hospital da santa casa da misericórdia, para tratamento dos doentes de febre amarella. Rio de Janeiro, 1876. - Questão medico-legal (Braga): resposta dos doutores Souza Lima e Feijó, filho. Rio de Janeiro, 1879 - Contém o opusculo sob este titulo : uma consulta do doutor José Pedro de Souza Braga, lente substituto da faculdade da Bahia, aos dous lentes da faculdade da côrte sobre a suppo- sição de defloramento de sua noiva, antes do casamento, a qual já havia sido examinada por duas notabilidades medicas e também lentes da facul- dade da Bahia, cada um por sua vez, e depois pelos ditos professores, e mais tres facultativos dos mais distinctos, considerando todos o deflora- mento recente; a resposta dos doutores Souza Lima e Feijó, filho, se afastando da opinião de seus collegas daquella previncia ; um artigo (de paginas 17 a 41) assignado por aquelles, isto é, o Barão de Itapoã, doutor José Francisco da Silva Lima, doutor Francisco José Teixeira, doutor Domingos Carlos da Silva e doutor Antonio Pacifico Pereira, contestando o parecer dos collegas da côrte, e transcripto da Gazeta de Noticias, da Bahia; finalmente a resposta a este artigo pelosdous médicos consultados. A opinião publica e toda a imprensa bahiana considerou falsa a accusação feita pelo doutor Braga, que se casára, só levado por uma espe- culação mallograda em vista das circumstancias que precederam a en- trega da moça a seu pae. Ha em revistas medicas alguns escriptos do doutor Souza Lima, como - Cremação dos cadaveres - Vem em diversos numeros da Gazeta medica brazileira. Rio de Janeiro, 1882. A-gostinlio Marques de Gouvêa - Nascido entre os últimos annos do século 18° e os primeiros do século actual, falleceu no Rio de Janeiro em 1853 ou 1854. Era presbítero secular do habito de S. Pedro, monsenhor da capella imperial, do conselho de sua magestade o Imperador e exerceu muito tempo o magistério, como professor publico de latim na côrte. Escreveu: - Novo cathecismo geographico brazileiro, offerecido aos senhores paes de família, e professores de ambos os sexos. Rio de Janeiro, 1832. A.gostinlio Marques Perdigão Malheiros, Io - Nasceu em Vianna do Minho, Portugal, sendo seus paes o capitão Agostinho Marques Perdigão Malheiros e dona Anna Joaquina Rosa Malheiros, a 29 de agosto de 1788, e falleceu no Rio de Janeiro a 19 de agosto de 1860 com 72 annos de idade. Formado em leis na universidade de Coimbra em 1812, entrou para a magistratura, sendo logo despachado para o logar de juiz de fóra de 2 18 AG Santos, d'onde passou para egual cargo em Marianna, provincia de Minas Geraes, e serviu depois successivamente como ouvidor interino de Ouro-Preto, juiz de fóra da Campanha, desembargador da relação da Bahia, desembargador da do Rio de Janeiro, e membro do supremo tribunal de justiça, desempenhando além disto diversos cargos inherentes á magistratura, como juiz provedor, de ausentes, juiz dos feitos da corôa e fazenda, e membro adjunto do conselho supremo militar. Foi tão dedicado á causa constitucional e á independencia do Brazil, como aquelles que, nascidos no Brazil, mais o foram. Era fidalgo cavalleiro da casa imperial, do conselho de sua magestade o Imperador, commendador da ordem de Christo e socio do instituto historico e geographico. Escreveu : - Vários trabalhos sobre jurisprudência, historia e philologia, que nunca foram publicados - assim como : - Glossário das palavras antiquadas e obsoletas da lingua portu- gueza, indispensável para bem se entenderem os clássicos e obras antigas - Inédito. Tenho lembrança de ter visto um trabalho seu, historico, relativamente ao dia em que Pedro Alvares Cabral chegou a Porto-Seguro. A.gostinlio Marques Perdigão Mallieiros,S°- Filho do precedente e de dona Urbana Candida dos Reis Perdigão, nasceu na cidade da Campanha, provincii de Minas-Geraes, a 5 de janeiro de 1824, e falleceu no Rio de Janeiro a 3 de junho de 1881. Bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, fez o curso de sciencias sociaes e juridicas na academia de S. Paulo, onde recebeu o grau de doutor em 1849, e entrou logo por nomeação do governo para o logar de bibliothecario. Dedicou-se desde 1850 ao exercicio da advocacia, primeiro em S. Paulo, depois na côrte; representou sua provincia na camara temporária na legislatura de 1869 a 1872; foi curador dos africanos livres, procurador dos feitos da fazenda, advogado do conselho de estado, socio do instituto historico e geographico brazileiro, socio e presidente do instituto da ordem dos advogados brazileiros, e de outras associações de lettras; e era moço fidalgo da casa imperial e commendador da ordem de Christo. Escreveu : - índice chronologico dos factos mais notáveis da historia do Brazil desde seu descobrimento em 1500 até 1849, seguido de um succinto esboço do estado do paiz ao findar o anno de 1849. Rio de Janeiro, 1850-Esta obra, que foi pelo autor offerecida a seu venerando pae, deu-lhe entrada no instituto historico. Sua apresentação ao instituto motivou um parecer, dado sobre ella pelo conselheiro Diogo Soares da Silva de Bivar, um appendice a este parecer pelo doutor Joaquim Caetano da Silva, que vem na Revista trimensal, tomo 15°, de pag. 85 19 a 112, e outros escriptos sobre o mesmo assumpto, publicados na dita revista. - Commentario à lei n. 463 de 2 de setembro de 1847 sobre successão dos filhos naturaes e sua filiação. Rio de Janeiro, 1857. - Manual do procurador dos feitos da fazenda nacional nos juizos de primeira instancia. Rio de Janeiro, 1859 - A esta obra, que occupa mais de 320 paginas, se segue um appendice com perto de 500 paginas, que contém toda legislação, que se refere ao assumpto. ;Teve segunda edição em 1872. - IIlegitimidade da propriedade constituída sobre o escravo; natureza da mesma ; abolição da escravidão ; em que termos : discurso pronunciado em sessão magna do instituto dos advogados brazileiros em 7 de setembro de 1863. Rio de Janeiro, 1863. 26 pags. in-4°- Depois de assim declarar-se abolicionista, escreveu : - A escravidão no Brazil: ensaio historico-juridico-social. Rio de Janeiro, 1866 a 1867 - São tres partes ou volumes, a saber : Ia, Direito sobre os escravos e libertos, 1866 ; 2a. índios, 1867; 3a, Africanos, 1867. Contém mais um appendice de 41 documentos comprobatorios com mais de 200 paginas. Esta obra, como as demais que referi, foi bem rece- bida e elogiada pela imprensa. - Repertório ou indice alfabético da reforma hypothecaria e sobre as sociedades de credito rural. Rio de Janeiro, 1865. 72 pags. com um appendice de 96 pags. - Supplemento ao Manual do procurador dos feitos da fazenda nacional. Rio de Janeiro, 1870. - Discurso proferido na sessão da camara temporária de 12 de julho de 1871 sobre a proposta do governo para reforma do estado servil. Rio de Janeiro, 1871. 53 pags. in-8.° - Successão dos filhos naturaes. Rio de Janeiro, 1872. O doutor Perdigão Malheiros deixou alguns trabalhos inéditos, e entre estes : - O codigo criminal e vários decretos annotados por Perdigão Malheiros. - Apontamentos para meu uso por Perdigão Malheiros - Pertencem estes inéditos e outros ao instituto historico, que provavelmente os dará á publicidade. A-gostinlio Rodrigues da Ciinlia- Estudou na escola polytechnica da França, sem que, me parece, concluísse o curso respe- ctivo. E'sómente o que pude saber relativamente a este escriptor bra- zileiro. Escreveu: - Arte da cultura e preparação do cafè, comprehendendo a cultura dos cafezeiros, seus melhoramentos, modos de os cultivar nas terras frias, causas da abundancia e falhas alternativas, sua preparação por 20 AG um novo systema, differença do systema em uso, construcção das es- tufas e machinas, considerações sobre seu commercio, etc., ofíerecida aos cultivadores brazileiros. Rio de Janeiro, 1844. 112 pags. in-12.° Pelo simples enunciado no titulo desta obra se vè que o autor fez um estudo serio da matéria e que a obra deve interessar muito aos individuos a quem é ofíerecida. Agostinho Thomaz <le Aqnino- Falleceu pelo anno de 1840, e era formado, si não me engano, pela antiga academia medico- cirurgica do Rio de Janeiro, membro titular da sociedade de medicina desta cidade, etc. Escreveu com os doutores Cláudio Luiz da Costa e José Martins da Cruz Jobim: - Relatorio da commissão de salubridade geral da sociedade de me- dicina do Rio de Janeiro sobre as causas da infecção da atmosphera desta cidade, lido e approvado na sessão de 17 de dezembro de 1831. Rio de Janeiro, 1832. 37 pags. in-4.° Sahiu também no Semanario de saude publica da sociedade de medicina do Rio de Janeiro, tomo 2", pags. 284 a 306. Escreveu mais : - Memória sobre o tétano, apresentada à sociedade de medicina do Rio de Janeiro- Desta memória vem um extracto no mesmo semanario, tomo Io, pags. 99 e seguintes. Agostinho Victorde TJorj a Castro- Depois de estudar, em 1850, o primeiro anno da academia de marinha, passou para a antiga academia militar, onde fez o curso de mathematicas e recebeu o grau de doutor, tendo servido alguns annos no corpo de engenheiros, em que assentara praça em 1852. E' lente do curso de engenharia civil da escola polytechnica, commen- dador da ordem da Rosa, membro do imperial instituto fluminense de agricultura, socio e membro da secção zoologica da associação brazi loira de acclimação, etc. Escreveu : - Annuario industrial, contendo algumas regras praticas, instruc- ções e tabellas para uso das pessoas que se dedicam ao commercio, agri- cultura e trabalhos de engenharia. Rio de Janeiro, 1870. 223 pags. in-8.° - TJescripção do porto do Rio de Janeiro e das obras das docas da alfandega. Rio de Janeiro, 1877. 53 pags. in- 4.° com sete tabellas e plantas coloridas. Não obtive do doutor Borja Castro as informações que lhe pedi e por isso talvez omitta outros trabalhos seus, mau grado meu. Agrário de Souza Menezes - Filho de Manoel Ignacio de Souza Menezes e de dona Anna Vicentina do Araújo Menezes, nasceu AG 21 na cidade da Bahia a 25 de janeiro de 1834 e falleceu a 23 de agosto de 1863, acommettido de uma apoplexia fulminante. Achava-se elle no theatro do S. João, de que era director, e applaudia muito satisfeito uma cantora, quando cahiu fulminado e expirou nos braços de sua esposa, unica pessoa que se achava com elle no camarote. Era formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade do Recife, em 1854, e não em medicina, como por engano escreveu o Dr. J. M. de Macedo no seu Anno biographico ; exercia a profissão de advogado no fôro de sua província, e amenisava as asperezas desta profissão, cultivando com gosto todos os generos da litteratura, especialmente a dramatica. Foi diversas vezes deputado á assembléa dx província, onde era con- siderado como um dos primeiros oradores; foi um dos fundadores e presidente do conservatorio dramatico da Bahia, socio do instituto his- tórico da mesma cidade e de outras associações litterarias. Redigiu no Recife, sendo ainda estudante, o periodico Astréa, e colla- borou com muitos artigos em prosa e em verso para muitos outros desta cidade e do sua província, como: o Liberal, o Echo Pernambucano, o Diário de Pernambuco (antes de formar-se em direito), o Jornal da Bahia, o Diário da Bahia, o Noticiador Catholico, © Caixeiro Nacional, o Prisma, etc. Escreveu mais : - Mathilde: drama em verso, em cinco actos. Recife, 1854 - Cur- sava o autor as aulas de direito quando escreveu e deu a lume esta obra. Segundo se disse, ó essa composição uma allusão a certos amores que nutrira por uma linda senhora casada. - Calabar : drama em verso, em cinco actos. Bahia, 1858 - Este livro so abre com um prologo, que contém noticias particulares da vida litterarix do autor, e se fecha com um juizo critico lido pelo Dr. A. Alvares da Silva numa sessão do conservatorio dramatico, elogiando a peça, que tem por objecto factos de nossa historia do tempo do dominio hollandez. 0 Dr. Agrário enviara este drama ao conservatorio dramatico da côrte em concurso a um prémio proposto a quem melhor apresentasse um drama de assumpto todo brazileiro, em carta fechada, sem ássignatura, etc. Passados mezes, sabendo das cabalas que ferviam pelo conservatorio e não vendo deliberação alguma tomada neste sentido, mandou retirar seu Calabar. Entretanto acabavam de julgal-o o unico digno do prémio promettido. - Os Miseráveis : drama em cinco actos. Bahia, - Este drama só temo titulo do romance do litterato francez Victor Hugo ; nada tem de commum com este romance. - Dom Forte: poema homceopathico, producção de um princicipiante, offerecida ao Sr. Gabriel Flosclok Fortes de Bustamante. Bahia - Este poema foi impresso sem declaração do anno, nem da officina typographica. Suppõe-se ter sahido da typographia de Quirino o Irmãos, 1863. Não traz o nome do autor. 22 - Obras inéditas do Dr. Agrário de Souza Menezes, precedidas de um elogio historico, escripto pelo Dr. Antonio Alvares da Silva, e man- dado publicar pela sociedade académica Recreio Dramatico, tomo 1°, Bahia, 1865 in-8.°-Sahiu neste volume apenas Bartholomeu de Gusmão, drama historico em tres actos, e não me consta que se publicassem mais outras de suas obras, taes como : - Os contribuintes: drama comico - Inédito, mas levado á scena com muito applauso no theatro S. João. - O dia da independencia : drama em cinco actos - Idem. O pu- blico, cheio de enthusiastico transporte, offereceu-lhe uma coroa, quando foi representado este drama. - Retrato do rei: comedia - Idem. Nesta comedia o autor galardoa o talento na pessoa de um artista que elle exalta, collocando-o ao lado de fidalgos sem mérito. - O príncipe : comedia - Também inédita, - O voto livre : comedia -Idem. - O primeiro amor: comedia-Idem. - A questão do Peru: comedia - Idem. Esta comedia, diz o Dr. Manoel Corrêa Garcia, no elogio fúnebre que escreveu sobre o autor e vem no periodico do Instituto Historico da Bahia,'de janeiro de 1864, que não ficou concluída. - O bocado não è para quem o faz : comedia - Idem. Não foi tam- bém concluída. - Uma festa no Bomfim: comedia - Concluída, porém inédita. - S.Thomé: drama - Inédito. Consta-me que é uma de suas me- lhores producções. No dizer do Dr. Corrêa Garcia não foi acabado. O Dr. Agrário escreveu uma introducção num volume de biographias e discursos escriptos por occasião da morte do arcebispo, Marquez de Santa Cruz, e si mo não engano, ha também neste volume-que não vi- um discurso seu, recitado no Instituto Historico da Bahia. A.Hber*to A.iitonio Soares - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, aqui falleceu entre 1870 e 1874, no vigor dos annos, e foi seu pae Caetano Alberto Soares de quem farei menção adiante. Era formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo, e se estabelecera como advogado na cidade de seu nascimento. Escreveu : - A permutação. S. Paulo - São estudos de economia politica, a que o autor se applicara muito, desde os bancos da faculdade. - Haverá possibilidade de ser a America conhecida antes de Co- lombo? E era conhecida?-Este trabalho foi escripto e publicado, sendo o autor estudante de direito, na revista litteraria do Ensaio Philo- sophico de S. Paulo, serie 5a, ns. 2 e 3. - Tratado da prova em matéria criminal por Miltermayer, tradu- zido e annotado com a legislação brazileira. Dous vols... AL 23 A.lt»erto Borges Soveral - Natural da provincia do Rio Grande do Sul, nasceu em 1860. Constou-me por uma carta que recebi de sua provincia, que viera para o Rio de Janeiro em fins de 1880, afim de se matricular na escola polyte- chnica; procurei-o, e não pude encontral-o, sendo informado de que não se matriculara nesta escola. Soveral foi collaborador da Idèa, periodico litterario de Pelotas, em 1878. e ahi publicou : - A morte de Amalia Figueirôa : poesia onde elle escreve : i Além, na campa sombria Descança inânime, fria A frágil matéria delia ! Aqui, reluz o seu nome De immorredouro renome, Gravado em fulgente tela De glorias, de luz, de amor.. E lá, aos pés do Senhor Folga su'alma singela. Aqui foi anjo que passou sonhando, Nome deixando de eternal brazão... Da negra morte, ao rebramir do vento, Cabe o talento, mas a gloria - não !... Collaborou na Arena litteraria, da mesma provincia, onde se encontram muitas poesias suas, entre as quaes uma que tem por titulo : - Dorme, sonha... e ama - Escripta em Bagé, 1880. E além destas possue : - Um livro de poesias inéditas - que será publicado breve. AAlberto Desnele d.e Gervais - Nasceu na Italia, pa- recendo pelo appellido ser de origem franceza e é cidadão brazileiro por naturalisação. Apresentou-se a dous concursos no collegio Pedro II, é lente substi- tuto da lingua italiana do internato do mesmo collegio e escreveu : - Grammatica da lingua italiana. Rio de Janeiro, .... - Filosofia de la lingua italiana: these per el concorso ei profes- sore sostituto d'italiano nell' imperial collegio Pietro II. Rio de Ja- neiro, 1880. - Filosofia de la lingua italiana, suo movimento storico, litterario de la sua origine fini al nostri giorno. Rio de Janeiro, 1880. - Compendio geral da lingua italiana com todos os verbos anomalos comparada com o portuguez, etc. Rio, 1881- E' segunda edição, esi não mo engano, da grammatica da lingua italiana. - Guia de conversação das linguas italiana e portugueza. Rio de Ja- neiro,. ... - Nova edição, Rio de Janeiro, 1882. 24 AL A-Iberto Marques de Carvalho-Filho do Dr. Ma- ximiano Marques de Carvalho, nasceu na cidade do Rio de Janeiro ; aqui começou sua educação litteraria que foi concluida na Europa,onde formou- se em direito ; e voltando á patria, estabeleceu-se como advogado na côrte. PREscreveu : - Reponse aux articles de la Patrie sur la guerre du Paraguay. Pariz, 1868. 40 pags. in-4.° - Contém este opusculo rectificações a apreciações inexactas, feitas pelo orgão da imprensa franceza ácerca de factos occor- ridos na guerra em questão. - Lettre sur Vempire du Brèsil. Pariz, 1875. - A Lanterna. Rio de Janeiro, 1876 in-8.°- E' uma publicação perió- dica que sahiu até o numero 14, assignada por Octavio Carvora. - Petreiade: epopèa imperial por Octavio Carvora. Rio de Janeiro, 1877. 16 pags. in-8.° - Libellos fluminenses contra a imprensa gazeteira. Rio de Janeiro, 1877. 14 pags. in. 8.°- Esta publicação traz a mesma assignatura de Octavio Carvora. - Libellos fluminenses ; dez annos de poder conservador. Rio de Janeiro, 1878. in. 8.° - Idem. - A dissidência liberal. O ministério de 5 de janeiro perante a consciência nacional. Rio de Janeiro, 1878. - Duas palavras sobre a philosophia positivista, com uma carta a E, Littrè. Rio de Janeiro, 1878. - As finanças conservadoras; Octavius e o Barão de Cotegipe. Rio de Janeiro, 1878. 20 pags. in. 8.° - Com o mesmo pseudonymo. - Dissolução da camara. Reforma eleitoral. O suffragio universal. Rio de Janeiro, 1878. 16 pags. in-8.° - Idem. - A verrina^ pamphletos ns. 1 e 2). Rio de Janeiro, 1880-in-8.° - Creio que só sahiram estes dous numeros impressos na typographia Garnier. - A Folha: periodico da tarde. Rio de Janeiro, 1880 - Sahiram poucos numeros. Alberto de Oliveira. - Irmão de Mariano de Oliveira de quem farei menção em logar competente, nasceu em Itaguahy, provincia do Rio de Janeiro. Desde muito joven se deu ao cultivo da litteratura amena, sobretudo da poesia; tem collaborado em diversos jornaes e revistas do Rio de Janeiro, e escreveu : -Canções românticas : poesias. Rio de Janeiro, 1878 - Este volume foi escripto sendo o autor estudante de preparatórios. ^Albino de Alvarenga - Filho de Manoel Rodrigues de Alvarenga, nasceu em Campos, provincia do Rio de Janeiro. AL 25 E' doutor em medicina pela faculdade da côrte, professor da cadeira de matéria medica e therapeutica da mesma faculdade, medico da imperial camara, e cavalleiro da ordem da Rosa. Exerceu de 1868 a 1870 o logar de chefe da clinica medica da faculdade, e foi medico da casa de saude de Nossa Senhora da Ajuda. Escreve» : - Elephantiases dos Gregos, suas causas e seu tratamento : dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1857 - Esta dissertação é precedida de propo- sições sobre: Arsénico e seus compostos - Diagnostico differencial ou com- parativo do typho, febre typhoide e febre amarella - Commoção cerebral. - Diabetis : dissertação apresentada no concurso a um logar de oppo- sitor da secção medica (seguida de proposições sobre os diversos ramos do ensino medico ). Rio de Janeiro, 1870. - Da acção physiologica e therapeutica do oleo de fígado de bacalháo : these para o concurso da cadeira de matéria medica e therapeutica ( se- guida do proposições sobre os diversos ramos do ensino medico). Rio de Janeiro, 1875. A-llbino dos Santos Pereira - Natural da cidade do Rio de Janeiro, é formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo, fidalgo cavalleiro da casa imperial o advogado nos auditórios da côrte. Redigiu : - A Gazeta do Brazil: periodico politico, litterario e commercial. Rio de Janeiro, 1860 - Ha diversos artigos seus por occasião de um de- bate que sustentou acerca da questão do Bom Jesus em opposição ao grande jurisconsulto e economista o conselheiro Zacarias de Goes e Vasconcellos. Escreveu depois : - Typos políticos. Rio de Janeiro, 1871 a 1875. 9 opusculos in-8.° - Referem-se : Io ao conselheiro Sayão Lobato ; 2o ao conselheiro Zacarias de Goes e Vasconcellos ; 3o ao conselheiro J. T. Nabuco de Araújo ; 4o ao conselheiro F. Octaviano ; 5o ao conselheiro F. de S. Torres Homem ; 6o ao conselheiro B. de Souza Franco ; 7o ao conselheiro J. L. da Cunha Paranaguá, hoje Visconde de Paranaguá ; 8o ao conselheiro Costa Pe- reira ; 9o ao conselheiro Tito Franco. - O conselheiro Saldanha Marinho. Rio de Janeiro, 1881. - O conselheiro Olegario Herculano d'Aquino e Castro. Rio de Janeiro, 1880. - O conselheiro Josè Antonio de Magalhães Castro. Rio de Janeiro, 1880. - O senhor dom Pedro de Alcantara. Rio de Janeiro, 1880 - Neste escripto, que sahiu com o pseudonymo de Zenin, tratando do Imperador, sua linguagem ó assaz ferina e inconveniente. Ha ahi as mais graves injustiças em suas apreciações. 26 AL -Alcides Lima - Natural da provincia do Rio Grande do Sul, nasceu na cidade de Bagô a 11 de Outubro de 1859. E' bacharel em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo, cujo grau recebeu a 12 de novembro de 1882 ; socio do club Vinte de Se- tembro, do club republicano Académico, e do Centro abolicionista desta provincia, tendo nestas associações exercido, por eleição, o cargo de presidente. Escreveu : - Historia popular do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro, 1882 - Os estudantes rio-grandenses do club Vinte de Setembro, resolvendo comme- morar a republica rio-grandense de 1835 com a publicação de uma obra sobre a provincia, escolheram Alcides Lima para escrever a historia da mesma provincia até esta época, e Assis Brazil para a continuação da mesma historia até 1845. ( Veja-se Francisco Joaquim de Assis Brazil.) - Discurso inaugural pronunciado no dia 20 de setembro de 1881 na fundação do club Vinte de Setembro S. Paulo, 1881. Além destas obras, escreveu, sendo estudante, folhetins e artigos de critica litteraria na Tribuna Liberal, na Provincia de S. Paulo, em outros jornaes do Rio-Grande, e redigiu : - O Federalista : periodico republicano. Redactores, Alberto Salles, Pedro Lessa, Alcides Lima. S. Paulo, 1880 - Sahia mensalmente, in-folio. - A Republica : orgão do club republicano Académico. S. Paulo - Esta publicação teve começo em 1876, sendo redigida por diversos acadé- micos até 1881, anno em que Alcides Lima tomou a si a redacção. Alexandre AíTonso de Carvalho - Filho do nego- ciante José Affonso de Carvalho, nasceu na capital da provincia da Bahia a 28 de março de 1839. Fez em sua provincia todos os estudos até receber o grau de doutor em medicina em 1865, servindo antes disto como interno de clinica medica do hospital da misericórdia; e depois do concurso, a que se apresentou em 1872, foi nomeado oppositor da secção cirúrgica da faculdade que lhe con- ferira aquelle grau, passando depois a lente substituto, e em 1882 a lente cathedratico da anatomia descriptiva. Foi deputado á assembléa de sua provincia nas legislaturas de 1876 a 1879, e escreveu : - Chlorose e anemia : dissertação inaugural. Bahia, 1865 - E' seguida de proposições sobre os pontos seguintes : Quaes as relações da anatomia com o estudo e pratica da medicina? - Crises - Vinagres aromáticos. - Qual a origem do nervo grande sympathico? these parâ o concurso a um logar de oppositor da secção cirúrgica. Bahia, 1872 - E'seguida de proposições sobre as diversas matérias do curso medico. - Discurso proferido na assembléa provincial da Bahia na sessão de 21 de agosto de 1878. Bahia, 1878. 17 pags. in-4.° A.L 27 Alexandre Antonio Vanclelli - Nasceu em Lisboa no anno de 1784, sendo seu pai o doutor Domingos Vandelli, distincto naturalista e lente jubilado da faculdade de philosophia de Coimbra ; segundo affirma Innocencio da Silva, em 1834 por effeito das mudanças políticas do reino veio para o Brazil, onde entrou no serviço do império. Sem querer contrariar o bibliographo portuguez, devo comtudo declarar, que fui informado de que Vandelli já muito desgostoso em consequência de accusações injustas feitas a seu venerando pai de proteger a invasão franceza em 1807, por causa das quaes accusações fôra preso, deportado e até cahira n'um estado de idiotismo, depois da morte delle se retirara para o Brazil pela época da independencia. Como quer que seja Vandelli era brazileiro, si não adoptivo, naturali- zado, e falleceu em 1859. Antes de emigrar para o Brazil fizera com seu pai alguns estudos de historia natural e exercera os cargos de guarda-mór dos estabelecimentos litterarios da academia real das sciencias, de que fôra socio, de ajudante da intendência geral das minas e metaes do reino e de membro da com- missão de reforma de pesos e medidis. Escreveu : - Resumo da arte de distillação. Lisboa, 1813. 82 pags.- Esta obra foi impressa por conta da jtrnta de commercio e gratuitamente distribuída. - Memória sobre a gravidade especifica das aguas de Lisboa e seus arredores - Sahiu nas memórias económicas da academia real das sciencias, tomo 4.° - Experiências sobre duas dififierentes cascas do Pará - Idem, tomo 5o, 1818, pags. 132 e seguintes. - Additamentos ou nota á Memória geognostica ou golpe de vista do perfil das stratificações das dififierentes rochas que compoem os ter- renos desde a serra de Cintra atè a de Arrabida (pelo Barão de Echwege) - Idem, tomo 11°, pags. 281 e seguintes. - Apontamentos para a historia das minas de Portugal, colligidos pelo ajudante, servindo de intendente geral das minas e metaes do reino. Ia parte. Lisboa, 1824. 23 pags. in-4.° - Zoologiaportugueza computada por Alexandre Antonio Vandelli, extrahida de 43 autores e 53 obras. 1817. O original desta obra, um grosso volume in-4°, se acha na bibliotheca nacional. Se occupa de vários pontos da zoologia do Brazil. - Extractode 88 autores para a nomenclatura zoologica portugueza. 1817. Idem, idem.- Tanto este, como o precedente, se conservam inéditos. - Retoques e rectificações a alguns elogios insertos na Revista do Instituto historico e geographico brazileiro, tomos Io e 2.° Rio de Ja- neiro, 1851. 12 pags. in-4.° - Ingénuos reparos e refleõcões sobre o projecto de um estabeleci- mento agrícola, formulado pelo gymnasio brazileiro. 1850 - Inédito. A cópia de 19 fols. se acha na bibliotheca nacional. 28 AL - Refutação da memória : Onde aprenderam e quem foram os artistas que fizeram levantar os templos dos jesuítas em Missões, etc.- Inserta na Revista do Instituto historico e geographico brazileiro, tomo 4°, n. 13, de Abril de 1842 -Ha um mans. de 8 fls., sem assignatura do autor, datado de 1851, pertencente á bibliotheca nacional. (Veja-se Rodrigo de Souza da Silva Pontes.) Alexandre Celestino Fernandos Pinheiro- Formado em sciencias sociaes e jurídicas, exerceu o logar de juiz muni- cipal do termo de Sant'Anna de Macacú, e depois, a 4 de fevereiro de 1879, foi nomeado promotor de Itaborahy na província do Rio de Janeiro. Escreveu : - Reflexões sobre a lei n. 2033 de 20 de setembro de 1811. Rio de Janeiro (sem data), in-4.°-Entre outros se occuparam do mesmo as- sumpto, como depois indicarei melhor, o desembargador José Antonio de Magalhães Castro, Antonio José de Oliveira Guimarães, e os bacharéis Antonio Carneiro da Rocha e Manoel Godofredo de Alencastro Autran. A-lexandr© de Gusnulo- Irmão do celebre Bartholomau de Gusmão, o voador, e filho do cirurgião-mór do presidio da villa, depois cidade do Santos, Francisco Lourenço, e de sua mulher dona Maria Alvares, nasceu nesta villa em 1795 e falleceu em Lisboa a 31 de dezembro do 1753, ou a 31 de outubro, como diz o finado Manoel Eufrazio de Aze- vedo Marques em seus Apontamentos históricos, geographícos, biogra- phicos, estatisticos e noticiosos da província de S. Paulo. Depois de estudar alguns preparatórios no collegio dos jesuítas, seguindo para Portugal, fez o curso de direito na universidade de Coimbra, onde recebeu o grau de doutor ; e obtendo logo por intervenção de seu irmão, que gozava então de alto valimento na côrte portugueza, fazer parte da apparatosa embaixada que, depois daguerra da. Hespanha e das convenções de 1712 a 1714, foi á França, ahi recebeu também o grau de doutor em direito civil, romano e ecclesiastico na universidade de Paris, e deu-se aos estudos da diplomacia. De volta a Portugal em 1720, foi admittido na secretaria dos negocios do reino e no anno seguinte foi á Roma, como adjunto á missão especial de que fôra encarregado o dito seu irmão, a quem elle substituiu com louvável tino, alcançando para o rei de Portugal o titulo de fidelíssimo, para o arcebispo de Lisboa o titulo de patriarcha, e sendo nomeado pelo papa, que era Benedicto VIII, príncipe romano, titulo que não aceitou por não querer perder sua nacionalidade. Depois disto foi Alexandre de Gusmão nomeado escrivão da puridade ou secretario particular do rei dom João V, e ministro dos negocios ultramarinos, cargo em que prestou serviços valiosissimos ao Brazil, como os da creação dos bispados de Minas- Geraes, S. Paulo e Pará, e a Portugal serviços não menos valiosos até a data do fallecimento deste soberano, em 1750. AL 29 Foi elle quem neste anno effectuou o famoso tratado de 13 de janeiro entre Portugal e a Hespanha, pelo qual se fixaram os pontos capitaes da linha divisória entre as possessões dos dous Estados na America meri- dional, tratado que foi modificado em 1761 com desvantagens para Por- tugal, mas pelo qual - depois da morte de dom João V, porque não tinha as graças do successor deste - lhe imaginaram certas accusações e quando entretanto o proprio embaixador que concluirá o tratado com geral apra- simento, em seu nome e no de sua familia, fizera a Gusmão offerta de um annel, que lhe fòra doado como brinde da honrosa negociação, offerta que elle recusou com toda dignidade e energia. Foram tres annos de amarguras os tres annos quo viveu Alexandre de Gusmão, depois da morte de dom João V, não tanto por se sentir ferido pela ingratidão de dom José, e da côrte portugueza, como por ver pere- cerem seus dous filhos nas chammas de um incêndio que lhe devorara sua caza e seus bens em 1751. Era fidalgo da caza real, do conselho de sua magestade o rei de Por- tugal e do Brazil, cavalleiro da ordem de Christo, membro do conselho ultramarino, um dos cincoenta membros da academia real de historia portugueza, e de diversas associações littcrarias. Escreveu: - Relação da entrada publica que fez em Paris aos 18 de agosto de 1715 o excellentissimo senhor dom Luiz da Camara, Conde da Ribeira, do conselho d'el-rei de Portugal, seu embaixador extraordi- nário á côrte de França, reinando nesta monarchia Luiz XIV, em que se acham varias noticias concernentes ao ceremonial desta embai- xada. Pariz, 1715. -• Pratica com que congratulou a academia real em 13 de março de 1732 por ser eleito seu collega- Sahiu na collecção de documentos o memórias da mesma academia, Lisboa, 1732, e foi reproduzida no Pa- triota, Rio de Janeiro, 1813, n. 4. - Conta de seus estudos académicos, dada a 24 de junho de 1732- Nâ dita collecção, tomo 9.° - Aventuras de Diofanes, imitando o sapientissimo Fenelon na sua viagem de Telemaco; por Dorothea Engracia Tavareda Dalmira. Lis- boa, ....- Desta obra que se sabe ser de Alexandre de Gusmão, sahiram mais duas edições no século passado, sendo a ultima em 1790, de 340 pags. in-4°, todas em Lisboa. Innocencio da Silva estranha com toda razão, que o autor, ainda vivendo, consentisse em ser publicado este romance sob nome que está longe de ser um anagramma de seu nome, e que entretanto o é de dona Thereza Margarida da Silva Horta, de cuja lavra foi considerado ; e ainda mais estranha que o abbade Barboza Machado, devendo estar bem ao facto destas couzas, passadas no seu tempo, sob suas vistas, se dei- xasse illudir ao ponto de attribuir a obra, a que me refiro, a dona The- reza. De minha parte a mencionando aqui com estas observações, nada affirmo; dou só noticia dos factos. O que é com certeza da penna de 30 VIL Alexandre Gusmão - que escrevera sendo ministro de dom João V - é o - Tratado de limites das conquistas entre os muito altos e pode- rosos senhores dom João V, rey de Portugal, e dom Fernando V, rey de Espanha, pelo qual, abolida a demarcação da linha meridiana ajustada no tratado de Tordesillas de 7 de junho de 1494, se determina individual- mente a raya dos dominios de uma e outra corôa na America meridional, etc. Lisboa, 1750, 144 pags in-4.°- Foi reimpresso na régia officina typo- graphica em 1802, e vem reproduzido em diversas collecções e obras. Já deixei dito que o secretario de dom João V foi accusado a proposito deste tratado, e não procurei justifical-o por não querer afastar-me do plano que neste livro adoptei ; mas - quando se trata de uma das pri- meiras glorias do Brazil, seja-me licito ao menos referir o que escreveu a penna mais insuspeita a respeito deJle. Nas Breves annotações á me- mória que publicou o Visconde de S. Leopoldo sobre os limites naturaes do império, discorrendo ácerca do tratado de limites negociado por Ale- xandre de Gusmão com a còrte da Hespanha, disse o conselheiro Miguel José Maria da Costa e Sá : « No tocante a Alexandre de Gusmão que o censor afflrma compre- hendido em semelhante suspeita de suborno, em asserção, tão grave, como espúria, prevalece o principio- que uma accusação vaga é uma ac- cusação nulla: Quando não houvesse outras provas de seu acrisolado desinteresse, o que seria longo aqui deduzir, são terminantes a carta de Nuno da Silva Telles, e a prompta resposta que se lêm na collecção de seus escriptos inéditos, hoje impressos. Nessa carta, datada de 10 do maio de 1752, que transpira sentimentos da mais delicada gratidão, Silva Telles, que depois vemos em eminentes empregos, em nome de toda familia do embaixador, sou irmão, lhe offerta o annel que a este fôra dado por brinde da negociação do tratado ; Gusmão sente beliscado seu melindre e pun- donor ; immediatamente repulsa o brinde e responde até com desabri- mento. « Convencido dos benefícios que traria ao Brazil o tratado de limites que elle havia delineado, teve a intrepidez de publicar - quando já não tinha apoio e choviam sobre elle, como refere o censor, murmurações, escriptos anonymos e ataques pessoaes, ordinários em mudanças poli- ticas-a sua impugnação ao parecer do brigadeiro Antonio Pedro de Vasconcellos, obra importantíssima, pois que sem ella não conheceríamos hoje as justas razões politicas, que regeram aquella convenção. « Memórias coevas relatam a Gusmão dotado de uma alma nobre e elevado pelo seu merecimento a secretario de gabinete d'el-rei dom João V ; sabia que a nada mais devia aspirar, possuindo claro discernimento para prever que, nascido além do Atlântico, nunca seria revestido da cate- goria de secretario de estado, a que chegou : desvelou-se em promover o bem geral, discorrendo, peregrinando e fazendo chegar os benefícios ainda ás mais remotas possessões da monarchia, e entre os estrangeiros tornando respeitado o nome do rei ate que, por morte deste, do pôsto, que AL 31 occupou, desceu á nullidade com a qual se contentou de viver ; e não ao alto patrocínio, como se inculca no escripto do brigadeiro Vascon- cellos é que deveu Gusmão o preservar-se de maior perseguição. Os des- gostos, que o levaram á sepultura, não procederam de complicações e embates politicos ; mas de desgraças domesticas. » - Impugnação ao parecer do brigadeiro Antonio Pedro de Vas- concellos. Lisboa, 1751 - Acredito que fosse publicada em Lisboa em 1751, porque diz o conselheiro Costa de Silva que Gusmão a publicara logo depois do parecer de Vasconcellos a dom José I considerando, se- gundo o tratado, a cessão da colonia do Sacramento uma perda sensível aos interesses de Portugal e á segurança de seus dominios por aquella parte do Brazil. Foram ambos esses escriptos impressos ainda na col- lecção de inéditos, publicada em 1841 no Porto, e um extracto da Im- pugnação ou resposta de Gusmão vem na Revista do Instituto historico brazileiro, tomo Io, pags. 322 e seguintes. Não sei si esta resposta ó a mesma obra que escreveu o illustre brazileiro com o titul® : - Carta critica escripta a Antonio Pedro de Vasconcellos,governador da colonia do Sacramento por Philolethes. Lisboa, 1751, 37 pags. in-4.° -Discurso em que Alexandre de Gusmão mostra os interesses que re- sultam a sua magestade fidelíssima e a seus vassallos da execução do tratado de limites da colonia do Sacramento, ajustado com sua ma- gestade constitucional no anno de 1750-Foi publicado no Panorama, tomo 7°, pags. 149 a 151, 1843. Escapara este discurso na collecção de inéditos, impressa no Porto em 1841. Escrevera-o Gusmão, receioso - em vista da demora da execução do tratado - que elle não fosse effectuado. A bibliotheca nacional possue uma cópia n'uma collecção de escriptos de Alexandre de Gusmão, de que darei noticia adiante, e outra cópia dos fins do século 18° ou do começo do século 19° sob o titulo : -Discurso de Alexandre de Gusmão, ministro de capa e espadado con- selho ultramarino, em que faz a apologia do tratado de limites do anno de 1750 - Está annexo : «Papel que fez o brigadeiro Antonio Pedro de Vasconcellos, governador que foi da colonia, contra o dito tra- tado ; ao qual responde o mesmo ministro. » No fim, em folha separada occorre o seguinte N. B. : « Gusmão foi obrigado a fazer estes papeis e os fez, contra sua vontade, e por isto ( posto que em segredo ) desabafou com a seguinte carta que logo depois escreveu. » Esta carta, porém, não está com o manuscripto, mas se acha no-Panorama, vol. 9o, 1852, pag. 271, seguida da de Silvâ Telles, lhe offertando o annel do tratado, da repulsa do annel, etc. E' do theor seguinte : « Sr. M.el Per.adeF.a He bem verdade que fiz hua tal ou qual Apologia ao tratado de limites da America e também uma refutação ao papel contra o mesmo Tratado que escreveu Antonio Pedro de Vascon- cellos, governador que foi da Colonia ; nunca escrevi mais involuntário, mas como foi por ordem superior estou persuadido que não devo ser câs- 32 AL tigâdo. O que não obstante, logo me esforcei, escrevendo a esto respeito o que se achará nos meus Papeis, se acaso houver quem os lèia De ymce ^ma Obrig0 e Mt0 Vor A. de G.» Posteriormente á morte de Alexandre de Gusmão se publicaram diver- sos trabalhos seus, como: - A liberdade de Nise: cançoneta de Metastazio : traducção - No Patriota, junho de 1813, e no Parnazo Brazileiro do conego J. da Cunha Barbosa, tomo l.° - Calculo sobre a extincção da moeda do reino que A. de Gusmão apresentou ao senhor rei dom João V no anno de 1748. - No mesmo periodico, 1813. - Calculo sobre aperda do dinheiro. Lisboa, 1822 -Sahira antes no Investigador Portuguez e talvez seja a mesma obra acima. - Panegyrico do senhor rei dom João V dito no paço em 22 de outubro de 1739 - Creio que foi publicado em vida do auctor. - Representação dirigida a el-rei D. João V expondo-lhe os ser- viços prestados à coroa, e pedindo remuneração delles.- No Panorama tomo 4o, 1840, pags. 155 a 157, e 166 a 168; no Jornal de Coimbra n. 52, pags. 220 a 230, e finalmente no Complemento da collecção de inéditos. A alteração do titulo que se nota em. cada publicação feita deste escripto, ha também em outros, e d'ahi resulta a confusão ou duvida em que me acho ás vezes. - Collecção de vários escriptos inéditos políticos e litterarios de Alexandre de Gusmão. Porto, 1841 - E' feita esta publicação por J. M. F. de C. e vem ahi o que já referi sobre o tratado de 13 de janeiro de 1750, etc. - Complemento dos inéditos de Alexandre de Gusmão. Porto, 1844 - E' feita por Albano Antonio de Oliveira Pinto, e contém o calculo sobre a perda do dinheiro e outros escriptos já impressos, havendo entretanto inéditos que ahi não foram comprehendidos. Existem igualmente diversos manuscriptos, quer das obras já men- cionadas e publicadas na collecção de inéditos, quer de outras. Destes manuscriptos mencionarei: - Remarques sur la bulle d'Alexandre VI, que commence par ces mots « Alexandre Episcopus »datèe du 4 may, 1493 et sur les conferences de Tordesillas du 7 juin, 1494-Existe uma cópia na bibliotheca nacional. - Notas d critica que o senhor Marquez de Valença fez à tragédia de Cid, composta por monsieur Corneille - Idem na bibliotheca nacional de Lisboa n' um volume de miscellaneaS com os opusculos do marquez. - Cartas e outras producções em prosa e em verso de Alexandre de Gusmão, secretario particular do rei dom João V - Existe no Instituto historico brazileiro um volume manuscripto com esto titulo offerecido por J. J. da Gama e Silva. 33 - Consulta em que satisfez o conselho ultramarino ao que sua magestade ordena sobre o regimento das casas de fundição das Minas, com o plano do mesmo regimento. 20 de fevereiro de 1751 - Cópia de 40 fls com a assignatura de A. de Gusmão e de alguns des- embargadores. Figurou na exposição de historia patria de 1881, e per- tence ao mesmo instituto. - Reparos sobre a disposição de lei de 13 de dezembro de 1750 a respeito do novo methodo da cobrança do Quinto, abolindo o da Capitulação, sobre os quaes assentou a consulta do conselho ul- tramarino de 22 de fevereiro de 1751 - Cópia de 63 fls., por lettra do doutor Alexande de Gusmão, pertencente a dona Joanna T. de Carvalho. Ha outra do referido instituto. Este manuscripto anda com outros sobre igual assumpto, como o - Parecer de A. de Gusmão sobre a forma de cobrar o prémio da conducção do dinheiro para o thesouro da junta dos tres Estados. - Cantigas inéditas compostas em 1749 - Ignoro onde param. - Collecção de escriptos de Alexandre de Gusmão, de 195 fls, que pertenceu ao conego Januario da Cunha Barbosa e passava pela mais authentica - Esta collecção contém cartas e papeis sobre assumptos da administração publica da mais alta importância, alguns dos quaes foram ja publicados, e termina com o Elogio de Alexandre de Gusmão, fidalgo da casa real, cavalleiro da ordem de Christo, e académico do numero da academia real, lido por Miguel Alves de Araújo, e publicado em Lisboa em 1754. Póde-se ver o que contém esta collecção no catalogo da bibliotheca, de historia do Brazil, tomo 1°, pags. 895 a 898. Alexandre Herculano Ladislau- E' natural da pro- víncia da Bahia, e deputado á assembléa provincial na actual legislatura, tendo-o sido em outras. Muito dedicado ao jornalismo, faz parte da redac- ção do Diário da Bahia, e escreveu: - Apontamentos biographicos de varões illustres e seguidos de um retrospecto historico das invasões hollandezas na Bahia e da relação dos objectos enviados para a exposição de geographia e historia patria. Ba- hia, 1881, 96 pags. in-4°- Teve por companheiro neste trabalho o co- nego Romualdo Maria de Seixas Barrozo, de quem tratarei opportuna- mente. Os apontamentos se referem a frei Manoel da Resurreição, frei José Fialho de Mendonça, frei Antonio Corrê.i, frei José de Santa Escolástica, frei Francisco de S. Damaso A. Vieira, dom Rodrigo de Menezes, Conde da Ponte, Conde dos Arcos, Visconde de Cayrú, conselheiro José Lino Cou- tinho, conselheiro Jonathas Abbott, conselheiro João Baptista dos Anjos, conselheiro Antonio Polycarpo Cabral, conselheiro Vicente Ferreira de Magalhães, doutor Francisco de Paula Araújo e Almeida, doutor Manoel Joaquim Henriques de Paiva, doutor José Avelino Barboza, doutor José Vieira de Faria Aragão e Ataliba, doutor Malaquias Alvares dos Santos, 34 conselheiro Manoel Ladislau Aranha Dantas, Francisco Agostinho Gomes, José Botelho de Mattos, o irmão Joaquim Francisco do Livramento e dona Anna Nery. A-lexandre José <1© Mello Moraes, Io -Filho do capitão-mór Alexandre José de Mello e de dona Anna Barboza de Araújo Moraes, nasceu na cidade de Alagoas, antiga capital da provincia deste nome, a 23 de junho de 1816 e falleceu no Rio de Janeiro a 6 de setem- bro de 1882. Sendo, ainda criança, orphão de pai ede mãi, foi sua educação entregue aos cuidados de dous tios, ambos frades, um carmelita e outro francis- cano, os quaes bem pouco se occuparam com a educação de seu sobrinho. Este, porém, com decidida tendencia para a carreira das lettras, não só procurava desde seus verdes annos relacionar-se com os homens doutos da Bahia, para onde viera, como se dava com toda applicação aos estudos superiores, de modo que aos dezesete annos de idade já leccionava em dous collegios, e com taes recursos matriculou-se na faculdade de medicina, onde se doutorou em 1840. Principiando por exercer a clinica na provincia da Bahia como allo- patha, abraçou mais tarde o systema de Hahnemann, que ainda seguiu no Rio de Janeiro. Era medico do convento do Santo Antonio, e ulti- mamente quasi que só se occupava em escrever. Sobretudo da historia patria tinha feito muito estudo, e possuia documentos de alta valia. Representou na camara temporária a provincia das Alagoas na legis- latura de 1869 a 1872, e por iniciativa sua creou-se em 1859 a primeira bibliolheca que teve esta provincia, doando-a com uma boa quantidade de livros de sua bibliotheca particular. Escreveu : - Considerações physiologicas sobre o homem e sobre as paixões e affectos em geral; do interesse, amor, amizade e saudade em parti- cular : these apresentada e sustentada na faculdade de medicina da Bahia, etc. para obter o grau de doutor em medicina. Bahia, 1840. 114 pags. in-4°. - O medico do povo : jornal destinado á propaganda das doutrinas homoeopathicas. Bahia, 1850 a 1853 - Foi redigido pelo doutor Mello Moraes, e João Vicente Martins. - O medico do poPo na terra da Santa-Cruz. Rio de Janeiro, 1854 - E' o mesmo jornal que o doutor Mello Moraes continuou a redigir no Rio de Janeiro. - Propaganda hommopathica na Bahia desde outubro de 1847 a março de 1848 por João Vicente Martins, mandada imprimir pelo doutor A. J. de Mello Moraes. 3 vols. Bahia, 1847 a 1849- E' uma resenha do todos os escriptos e publicações pro e contra a homoeopathia. - Repertório do medico homocopatha, extrahido de Rouff e Bernnin- ghausen, e posto em ordem alphabetica, com a descripção abreviada de AL 35 todas as moléstias, e seguido de um diccionario da significação dos termos da medicina e cirurgia pratica, etc. Rio de Janeiro, 1855. 316 pags. in-8° - Traz o retrato do autor. - Nova practica elementar da homceopathia, com um diccionario technico de todas as palavras de medicina e cirurgia. Rio de Janeiro, 1856. 495 pags.- Idem. - Matéria medica ou pathogenesia homoeopathica, contendo a expo- sição scientifica e practica dos caracteres e effeitos dos principaes me- dicamentos homoeopathicos, colligida e posta ao alcance do povo. Rio de Janeiro, 1852 - 2a edição, augmentada de uma introducção sobre as doutrinas homceopathicas ; tratado de medicina geral; diccionario dos termos empregados na medicina pratica ; diccionario de medicina geral, e homoeopathica, theorica e pratica, e algumas reflexões sobre a hygiene publica e privada. 2 vols. Rio de Janeiro, 1855 a 1857 - Com o retrato do autor. - Guia practica de medicina homoeopathica para uso do povo ; se- guido de um resumo historico dos venenos, até agora conhecidos nos tres reinos da natureza. Rio de Janeiro, 1860. 120 pags. in-8.° - Physiologia das paixões c affecções, precedida de uma noção philo- sophica geral e por um estudo aprofundado e descripções anatómicas do homem e da mulher ; suas differenças physiologicas, physionomicas, philo- sophicas e moraes, baseadas nas theorias de Lavater, Moreau, Porta, Lebrum, Roussell, Virey, etc. Rio de Janeiro, 1854 e 1855. Tres tomos - Com o retrato do autor. - 'Diccionario de medicina e therapeutica ou a homceopathia posta ao alcance de todos. Rio de Janeiro, 1872. - Phitographia ou botanica brazileira, applicada á medicina, às artes e á industria. Rio de Janeiro, 1878. 160 pags. in-8.°-E' seguida de um supplemento em que se indicam plantas conhecidas e applicadas pelos indios em suas doenças. - Da peste, do contagio e das epidemias que assolaram a terra. Rio de Janeiro, 1873. 23 pags. in-12.°- Este pequeno opuscúlo, que está longe de ser o que o titulo promette, é precedido de uma carta em francez ao doutor Sacre e de outra em portuguez a seu filho, biographando o autor sua vida. - Pratica da homeopathia - inédita. - Historia da homceopathia no Brazil. Rio de Janeiro,... - Não vi este escripto ; sei apenas que foi publicado no Rio de Janeiro. - A Inglaterra e os seus trcttados ou o governo inglez perante o mundo. Bahia, 1844. - Doutrina social de Bonin : traducção. Bahia, 1847.- Sahiu depois com o titulo: - Doutrina social extrahidade vários autores. Segunda edição refun- dida, e dedicada á sociedade maçónica Dous de Dezembro. Rio de Ja- neiro, 1857. 222 pags. in-8.° 36 A.L - Compromisso da confraria de S. Vicente de Paula, estabelecida na Bahia com a protecção de sua magestade o Imperador, o senhor dom Pedro II, pelo... arcebispo da Bahia, o senhor dom Romualdo Antonio de Seixas, e publicado com um breve resumo da vida de S. Vicente de Paula e mais documentos relativos á sua installação, pelo doutor Mello Moraes e João Vicente Martins. Bahia, 1850. 47 pags. in-4.° - O educador da mocidade, ou lições extrahidas das sagradas es- cripturas e approvadas pelo Exm. senhor arcebispo da Bahia. Bahia, 1852 - Segunda edição, accroscentada com os principaes extractos da Escola brazileira pelo Visconde de Cayrii. Rio de Janeiro, 1868. .- O Guarany : jornal político, litterario e industrial. Pelo doutor Alexandre José de Mello Moraes e Ignacio Accioli de Cerqueira 0 Silva. Rio de Janeiro, 1853 - Creio que poucos numeros sahiram a lume deste jornal. - Ensaio corographico do império do Brasil, offerecido a sua mages- tade o Imperador o senhor dom Pedro II. Rio de Janeiro, 1853, 354 pags. in-8.°-E' escripto de collaboração com o coronel Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva, de quem tratarei no logar competente. - Memórias diarias das guerras do Brazil por espaço de nove annos, começando em 1630; deduzidas das que escreveu o Marquez de Basto, conde e senhor de Pernambuco. Rio de Janeiro, 1855. 172 pags. in-4.° - E' escripta de collaboração com o coronel Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva. - Os Portugueses perante o mundo. Rio de Janeiro, 1856. 1° vol., 207 pags.- Não me consta que se publicasse outro volume. - Elementos de litteratura : Ia parte, contendo a arte poética, a mytho- logia, a ideologia, a grammatica, a lógica e a rhetorica ; extrahidos, etc. Rio de Janeiro 1856. 357 pags. in-8.° A segunda parte foi para o prelo, mas não foi concluída a impressão, ou antes não se imprimiu mais do que uma folha, em 1861. Quanto ã Ia parte occorre o seguinte : A Historia abreviada da litte- ratura portuguesa è, como o doutoi* Mello Moraes confessa, o B jsquejo da mesma historia, escripto pelo Visconde de Almeida Garret no Io vo- lume de seu Parnaso lusitano ; a Historia da litteratura brazileira é a que escreveu o Visconde de Porto Seguro no Io volume de seu Flori- légio da poesia brazileira. E como estes dous ha ainda outros artigos já publicados e de outras pennas. - Discurso historico pronunciado no dia 20 de setembro de 1858 por occasião de solemnisar-se a posse dos GG.-.OOff.'. e DDign.-. que compoem o G.'. O.-, do Brazil. Rio de Janeiro, 1860. 38 pags. in-8.° - Corographia histórica, chronographica, genealógica, nobiliária e politica do império do Brazil, contendo : noções históricas e políticas a começar do descobrimento da America e particularmente do Brazil; o tempo em que foram povoadas suas differentes cidades ; seus governadores e a origem das diversas famílias brazileiras e seus appellidos, extrahida AL 37 de antigos manuscriptos históricos e genealógicos, que em éras diífe- rontes se poderam obter, etc. ; os tratados, as bulias, cartas régias, etc., etc. ; a historia dos ministérios, sua politica e cores com que appare- ceram ; a historia das assembléas temporária e vitalicia ; e também uma exposição da historia da independencia, escripta e comprovada com docu- mentos inéditos e por testemunhas oculares que ainda restam, e dos outros movimentos políticos ; descripção geographica, viagens, a historia das minas e quinto de ouro, etc., etc., afim de que se tenha um conhecimento exacto não só da geographia do Brazil, como de sua historia civil e politica. Rio de Janeiro, 1858-1860. 4 tomos e mais um tomo com a designação de 1, segunda parte em 1863. O 1° vol. teve segunda edição, mais correcta e augmentada. Rio de Janeiro, 1866, com o retrato do autor, e sem a Nota sobre a negociação pendente para se fazer effectivo o tratado do império do Brazil com a Goyana franceza, pelo conselheiro Drumond, com que se fecha a primeira edição. (Veja-se Antonio de Menezes Vasconcellos de Drumond.) Um destes volumes é a Historia dos Jesuítas. - A' posteridade. O Brazil historico e a corographia histórica do império do Brazil. Rio de Janeiro, 1867 -Teve 2a edição feita por um curioso, e com permissão do autor, com algumas notas bíblicas. - Luiz de Camões, levantando seu monumento, ou a historia de Portugal justificada. Rio de Janeiro, 1860. 93 pags. in-12° com uma estampa. - Biographia do tenente-coronel, cirurgião-mòr seformado do exer- cito doutor Manuel Joaquim de Menezes. Rio de Janeiro, 1861. 35 pags. in-8.° gr. - Biographia do conselheiro Joaquim Marcelino de Brito. Rio de Janeiro, 1861. 23 pags. in-4.°-Vem também na Galeria dos brazileiros illustres. - Biographia do senador Diogo Antonio Feijò. Rio de Janeiro, 1861. 8 pags. in-8."-Idem, com alteração. - Apontamentos biographicos do Barão de Cayru. Rio de Janeiro, 1863. 112 pags. in-8.° - Biographia do Marquez de Olinda. Rio de Janeiro, 1866. 15 pags. in-8.» - Discurso recitado por occasião da posse da administração do Gr.'. Or.'. do Brazil a 13 de maio de 1865 no valle do Lavradio - Vem n' um opusculo com os discursos na mesma occasião proferidos pelo grão- mestre conselheiro Joaquim Marcelino de Brito, e pelo grande orador Francisco Josó de Lemos. Rio de Janeiro, 1865. 20 pags. in-8.° - O Brazil historico. Rio de Janeiro, 1861-Contém este livro, que é a continuação do Medico do povo na terra da Santa-Cruz, como declara seu autor, entre outras cousas a historia dos últimos ministérios do reinado de dom João VI, e a historia do processo de Tira-dentes. Esta publicação em fórma de jornal foi interrompida para sahir de novo em 1866 a 186 8 38 A.L constituindo segunda serie com tres volumes. Interrompida ainda uma vez, apareceu a terceira serie com dous volumes de 1872 a 1874. E' or- nado de estampas, e em duas columnas. - Uma hora com Deus. Rio de Janeiro,... - E' um pequeno opusculo contendo diversas orações, etc. - Grammatica analytica da lingua portugueza, ensinada por meio de quadros analyticos, methodo facillimo para se aprender a lingua. Rio de Janeiro, 1869. - Historia do Brazil-reino e Brazil-imperio. Rio de Janeiro, 1871- 1873. 2 tomos em 1 vol. - O Brazil social é o Brazil político, ou o que fomos, e o que somos, com trechos analogos extrahidos do sermonario do famoso político padre Antonio Vieira. Rio de Janeiro, 1872. - Historia da trasladação da côrte portugueza para o Brazil em 1807-1808, que contém a historia da descoberta e fundação da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, os diversos nomes que tiveram suas ruas e as chacaras por onde passaram, precedida pela physionomia social, moral e política. Rio de Janeiro, 1872. - A vida e morte do conselheiro Francisco Freire Allemão, escripta em vista das notas por elle mesmo fornecidas. Rio de Janeiro, 1874. 36 pags. in-4.° - Deus, a natureza, o universo e o homem. Rio de Janeiro...- E' um pequeno opusculo. - Cartapolitica sobre o Brazil ao senhor Francisco Lagomaggiore em 8 de março de 1875. Rio de Janeiro, 1875. In-4.°-Idem. - A independencia e império do Brazil, ou a independencia com- prada por dous milhões de libras sterlinas, e o império do Brazil com dous imperadores e secção, seguido da historia do patriarchado e da corrupção governamental,provado com documentos authenticos. Rio de Janeiro, 1877. - Chronica geral e minuciosa do império do Brazil desde a desco- berta do novo mundo ou America atè 1879. Rio de Janeiro, 1879. 160 pags. in-8.°-Sahiu neste anno a Ia parte com o retrato do conselheiro Joaquim Marcelino de Brito, a quem é offerecida a obra, contendo uma planta da cidade do Rio de Janeiro, e no fim um grande quadro ou a Geographia histórica do Brazil; e a 2a em 1882. - O património territorial da camara municipal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1881. 75 pags. - O tombo das terras dos jesuítas. Rio de Janeiro, 1880. - Genealogia de algumas famílias do Brazil, trabalho extrahido das memórias do conego Roque Luiz de Macedo Paes Leme, revisto, accres- centado e annotado pelo doutor Alexandre José de Mello Moraes e por Pedro Paulino da Fonseca. 1878-Autographo de 216 fls. exposto na bi- bliotheca nacional era 1881, precedido de um índice de 75 troncos genealó- gicos. 39 Alexandre José de Mello Moraes, 3° - Filho do precedente e de dona Maria Alexandrina de Mello Moraes, nasceu na pro- víncia da Bahia a 23 de fevereiro de 1843. Principiou a cursar as aulas de humanidades no Rio de Janeiro com o desígnio de abraçar o estado ecclesiastico ; mas, mudando de resolução, foi para a Europa onde fez o curso medico e recebeu o grau de doutor na universidade de Bruxellas. Exerce actualmente a clinica na cidade do Rio de Janeiro e escreveu : -Vaginite: these apresentada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro a 29 de maio de 1876 afim de poder exercer sua profissão no império. Rio de Janeiro, 1876. -Curso de litteratura brazileira ou escolha de vários trechos emproza e verso de autores nacionaes, antigos e modernos. Rio de Janeiro, 1876- 2a edição, idem, 1881. -Bellas-artes : exposição de 1879. Rio de Janeiro, 1879. 16 pags. in-8°. -Cantos do Eguador : poesias. Rio de Janeiro, 1880. -Saudação aos mortos : composição poética por occasião do terceiro centenário de Camões. Rio de Janeiro, 1880. Existem esparsas muitas poesias do doutor Mello Moraes, até mesmo em obras publicadas no estrangeiro, como a que tem por titulo Hymnoa Guanabara :- Sahiu no Echo Americano 1872. Parte desta poesia se acha transcripta na obra A Bahia do Rio de Janeiro por Fausto Augusto de Souza. -O ninho do beija-flor (chromo tropical), a Joaquim Serra-No alma- nak das senhoras, de Lisboa, para 1882, pags. 94 e 95. Antes de sua viagem á Europa fez parte da redacção da -Estrèa litteraria : jornal scientifico, recreativo e poético. Rio de Janeiro 1864 - Poucos numeros viram a luz, sendo também redactores desta revista José Theodoro de Souza Lobo e Juvcnato de Oliveira Horta. Ultimamente publicou -Revista da exposição antropológica brazileira. Dirigida e collabo- rada por Mello Moraes Júnior. Rio de Janeiro, 1882 -E' uma publicação feita periodicamente por numeros de 8 pags. de duas columnas, in-4°, começando no mez de setembro. Esta revista fundada só com o fim de se estudar os artefactos apresen- tados na exposição anthropologica, e assumptos relativos á origem e evolução das raças indígenas do Brazil, cessou com o encerramento da mesma exposição, apparecendo, porém, agora com um prefacio, escripto pelo director do museu, o doutor Ladislau Netto, e augmentada com um indice. E'ornada de algumas gravuras. Alexandre José do Rozario - Natural da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, falleceu pelo anno de 1855. 40 AL Fez seus estudos na cidade de seu nascimento, em cuja faculdade de medicina se doutorou no anno de 1839, e no anno seguinte se apresentou a concurso a um logar de substituto da secção cirúrgica. Era socio correspondente do Instituto historico e geographico brazi- leiro, e escreveu : -Influencia dos alimentos e das bebidas sobre o moral do homem : these inaugural. Rio de Janeiro, 1839. -Proposições sobre as gangrenas externas: these para o concurso a um logar de substituto da secção cirúrgica em Agosto de 1840. Rio de Janeiro, 1840. Alexandre Manoel Vl>>ino <Ie Carvalho - E' bacharel em mathematicas, e assentando praça no exercito em 1826, ser- viu no corpo de estado maior de primeira classe vencendo diversos postos até o de coronel, a que foi promovido em 1856, e depois no estado-maior general até o posto de marechal de campo, em que foi reformado em Janeiro de 1881. Exerceu diversas commissões importantes como a de director do arsenal de guerra da corte, e de presidente de Matto Grosso. E' dignitário da ordem da Roza, commendador da de S. Bento de Aviz, official da do Cruzeiro, condecorado com a medalha do exercito em ope- rações no Uruguay em 1852, e com a do exercito em operações na guerra contra o Paraguay, ambas com passador de ouro. Escreveu : - Relatorio apresentado ao Exm. Sr. chefe de esquadra Augus- to Leverger, vice-presidente da provinda de Matto Grosso ao en- tregar a administração da mesma província em agosto de 1865, con- tendo a synopse da historia da invasão paraguaya na mesma provin- cia. Rio de Janeiro 1866. - Planta da ilha de Santa Catharina e seus limites, copiada das melhores cartas por Patricio Antonio de Sepulveda Ewerard e Alexan- dre Manoel Albino de Carvalho em 1838.- Existe no archivo militar, e serviu para a confecção da Carta geral do Barão da Ponte Ribeiro, exhi- bida na exposição nacional de 1875. - Planta dos prasos da serra da Estrella, instituidos em terras da imperial fabrica de polvora na conformidade do regulamento expedido pela repartição da guerra, etc.- Existe o original no mesmo archivo. Escreveu : Alexandre dLe Moura - Nasceu na capitania de Pernam- buco. Não pude averiguar as datas de seu nascimento e de sua morte ; sei apenas que vivia entre o século 17J e o século 18°, que era capitão- mór em Pernambuco, e tendo feito d'ahi uma viagem á capitania do Maranhão, escreveu : -Roteiro da viagem que fez ao Maranhão Alexandre de Moura, etc. - Affirma Bento José de Souza Farinha em seu Summario da bibliotheca luzitana que esta obra existia, manuscripta, no Escoriai. AL 41 Alexandre Rodrigues Ferreira - 0 Humboldt bra- zileiro, como era appollidado, nasceu na cidade da Bahia a 27 de abril de 1756, sendo seu pae Manoel Rodrigues Ferreira, e falleceu em Lisboa a 23 de abril de 1815. Destinado por seus paes para o estado clerical, preparou-se para isto e tomou ordens menores em sua provincia, seguindo, com quatorze annos de idade, para Portugal, afim de maior instrucção receber, para o exerci- do das funcções ecclesiasticas. Ahi, mudando de resolução, matriculou-se no curso juridico da universidade de Coimbra em outubro de 1770 ; porém obrigado a suspender seus estudos por causa da reforma da universidade em 1771, depois da reforma, sentindo mais vocação para as sciencias na- turaes, matriculou-se no curso de philosophia, e o seguiu com applicação tal, que dous annos antes de o concluir era demonstrador de historia natu- ral, e obteve no fim do mesmo anno o laurel do prémio académico com o grau de doutor, e o offerecimento de uma cadeira na faculdade. No empenho que tinha o governo de conhecer as riquezas, ainda em muito grande parte desconhecidas do Brazil, procurando um homem com as precisas habilitações para isto, foi o doutor Alexandre Ferreira o de- signado pela congregação da faculdade para essa honrosa commissão, em que gastou cerca de dez annos, percorrendo, estudando, e escrevendo sobre o que achava de notável nos sertões desde o Pará até Mato Grosso, e fazendo destes logares diversas remessas á côrte, com grandes sacrifí- cios pecuniários, de productos naturaes, acompanhadas de minuciosas des- cripções que delles fazia. Antes de sahir de Portugal para esta commissão, occupou-se o doutor Alexandre Ferreira com o exame da mina de carvão de pedra de Buarcos, com a descripção dos productos naturaes do real museu da rua da Ajuda, com experiencias de physica e de chimica, determinadas pelo governo, com a publicação de escriptos importantes e a composição de outros que se perderam; e em seu regresso na cidade de Belem, capital do Pará, onde casou-se, serviu de vogal nas juntas de fazenda e de justiça. De volta a Portugal foi nomeado official da secretaria de estado dos negocios da marinha e dos dominios ultramarinos, em 1793 ; mas um anno depois passou deste logar para o de director do real gabinete de his- toria natural, jardim botânico e seus annexos ; e mais tarde foi ainda nemeadopor dona Maria I administrador das reaes quintas e deputado da junta do commercio, se occupando nas folgas de seus afazeres em aper- feiçoar e dar melhor ordem e redacção aos preciosos escriptos que levara do Brazil como fructo de suas investigações e estudos no novo continente americano, afim de dal-os á publicidade. Tinha, porém, trazido d'ahi o germen da doença que, começando por uma profunda melancolia, deu-lhe cabo da existência antes de dar ao prelo suas obras. Alexandre Ferreira era cavalleiro da ordem de Christo. 42 AL Quanto a seus escriptos, constam elles da Noticia dos escriptos do dou- tor Alexandre Rodrigues Ferreira, fielmente extrahida do inventario de seus papeis que por ordem do Visconde de Santarém foram entregues a Felix de Avellar Brotero a 5 de julho de 1815, como papeis concernentes á sua viagem philosophica pelo Brazil, divididos os mesmos escriptos em tres classes : a primeira das obras pertencentes á mencionada viagem ; a segunda de obras diversas, e a ultima das que não continham as iniciaes do nome do autor. São; I - Pr o spect o da cidade de Santa Maria de Belem do Grão Pará. 52 pags. de foi. - Miscellanea histórica para servir de explicação ao prospecto da ci-. dade do Pará. 1784, 77 fols. - Estado presente da agricultura do Pará em 1784 - Foi apresen- tado a sua excellencia o senhor Martinho de Souza e Albuquerque, gover- nador e capitão general do Estado. - Noticia histórica da ilha de Joannes ou Marajó, escripta em 1783, 34 fols. - Memória sobre a marinha interior do Estado do Grão Pará. 1787. 170 pags. de foi. - Foi particularmente offerecida ao ministro e secretario de estado dos negocio da marinha Martinho de Mello e Castro. -Extracto do diário da viagem philosophica pelo estado do Grão Pará em 1787. 53 pags. de foi. - Memória sobre os engenhos de branquear o arroz no Estado do Pará. 10 pags. in-4.° -Miscellania de observações philosophicas no Estado do Pará em 1784. 19 pag. in-8.° - Diário da viagem philosophica pela capitania de S. Josè do Rio Negro com informação do estado presente dos estabelecimentos portu- guezes na sobredita capitania. 140 pags. de foi.-Esta obra, de que deixou oubra cópia, foi depois consideravelmente augmentada, formando um ma- nuscripto de 544 pags. de foi. - A. - Participação geral do Rio Negro e seu território, extracto do diário da viagem philosophica pela dita capitania de 1775 a 1786. 226 pags. de foi. - Diário do Rio Branco. 27 pags. in-4.°-Foi escripto em 1786. - Tratado historico do Rio Branco. 58 pags. in-4°, 1786. - Relação circumstanciada do Rio Madeira e seu território desde a sua foz atè a sua primeira cachoeira chamada de Santo Antonio, feita nos annos de 1787 a 1789. 101 pags. de foi. - Supplemento ao diário do Rio Madeira. 16 pags. de foi. - Supplemento á memória dos rios de Mato-Grosso - 14 pags. in-4.° A.L 43 - Prospecto philosophico epolitico da serra de 8. Vicente e seus es- tabelecimentos. 1790. 44 pags. de foi. - Enfermidadas endemicas da capitania de Mato Grosso. 110 pags. de foi.- Esta obra me parece que é a que foi publicada ultimamente no Progresso Medico com o titulo de - Memória sobre as febres da capitania de Mato Grosso - Vem no tomo 3o, pags. 65, 91, 115 e seguintes. - Viagem à gruta das Onças em 1790. 16 pags. de foi.- O conse- lheiro A. de M. V. de Drumond possuiu e offereceu ao instituto his- térico o manuscripto desta obra a 19 de Abril de 1848. » Dou apreço a esta viagem - diz o conselheiro Drumond - não só pelo interesse que ella inspira quando noticia esses prodigios da natureza que tanto abundam no Brazil, mas porque o seu autor (nome caro aos brazileiros) modesta- mente conta nella de passagem um dos muitos soffrimentos, que durante sua peregrinação pelo interior do Pará e Mato Grosso teve em sua saude. » Sahiu impressa na revista do mesmo instituto, tomo 12°, pags. 87 e seguintes. - Catalogo da verdadeira posição dos logares abaixo declarados per- tencentes as capitanias do Parà e Mato Grosso. 12 pags. de foi. - Noticia da voluntária reducção de paz e amizade da feroz nação dos gentios Muras nos annos de 1785 e 1786. 105 pags. de foi. - Sahiram publicadas estas noticias, que contêm uma serie de documentos, na revista do instituto, tomo 36°, 1873, parte Ia, pags 323 e se- guintes. - Memória sobre os gentios Muras- (que voluntariamente desceram para as povoações dos rios Negro, SolimÕes, Amazonas e Madeira). 12 pags. de foi. 1787. - Memória sobre os gentios Uerequenas, que habitam nos rios Içana e Ixié (os quaes desaguam na margem da parte Occidental superior do rio Negro). 11 pags. de foi. - Memória sobre os gentios Caripunas que habitam na margem Occi- dental do Rio Yatapú, o qual desagua na margem oriental do rio Uatu- màa. 1787. 4 pags. de foi. - Memória sobre os gentios Cambêbas que habitavam as margens e ilhas da parte superior do rio SolimÕes. 1787, 14 pags. de foi. - Memória sobre os gentios Yurupyxunas (os quaes se distinguem dos outros em serem mascarados) 1787. 3 pags. de foi. - Memória sobre os gentios Mauhâs, habitadores do rio Cumary e seus confluentes. 1787. 3 pags. de foi. -Esta memória, assim como muitas outras em que o autor faz descripções de indios , ou de objectos de seu uso como a de mascaras, foi remettida ao real gabinete de historia natural com o competente desenho. - Memória sobre os gentios da nação Miranha, uma das mais popu- losas que habita a margem septentironal do rio SolimÕes, entre os dous rios Ipurá e Icá. 1788. 2 pags. de foi. 44 AL -'Memória sobre os indios hespanhoes desertados da provinda de Santa Cruz de la Sierra. 1787. 6 pags. de foi. - Memória sobre os gentios Yuacurus. 1791. 12 pags. de foi. - Memória sobre uma das gentias da nação Catauixi, habitante do rio Purús. 1788. 4 pags. de foi. - Memória sobre os instrumentos de que usa o gentio para tomar tabaco Paricá. 1786. 3 pags. de foi. - Memória sobre a louça que fazem as indias do Grão-Parã. 1787. 2 pags. - Memória sobre as cuias que fazem as indias de Monte Alegre e Santarém. 1786. 7 pags. de foi. - Memória sobre as mascaras e farças que fazem para seus bailes os gentios Yurupyxunas. 1787. 15 pags. de foi. - Memória sobre as salvas de palhinha pintada que fazem as in- dias da villa de Santarém. 1786. 2 pags. de foi. - Memória sobre as mallocas dos gentios Curutús, situados no rio Apaporis. 1787. 4 pags. de foi. - Relação das cinco remessas dos productos naturaes do Pará, que remetteu a Lisboa. 5 pags. de foi. - Mappa geral de todos os productos naturaes e industriaes que remetteu do rio Negro. - Relação das oito remessas dos productos naturaes que remetteu do rio Negro a Lisboa. 160 pags. de foi. -Deixou outra cópia, talvez com mudanças, de 208 pags. - Relação circumstanciada das amostras de ouro que remetteu para o gabinete de historia natural. 50 pags. de foi. - Observações geraes e particulares sobre a classe dos mamaes, ob- servados nos territórios dos tres rios Amazonas, Negro e Madeira. 1790. 387 pags. de foi. - Relação dos animaes silvestres que habitam nas matas de todo o sertão do Grão-Parà - Estão divididos em tres partes : primeira, dos que se apresentam nas mesas por melhores ; segunda, dos que os. indios em geral e alguns brancos comem quando andam em diligencia pelo ser- tão ; terceira dos que se não comem. - Memória sobre as tartarugas. 11 pags. de foi. - Memória sobre as tartarugas Yurarà-retes. 1786. 9 pags. de foi. - Memória sobre a tartaruga Mata-mata. 3 pags. in-4.° - Pescripção da mesma tartaruga. 1784. 6 pags. in-4.° - Memória sobre o uso que dão ao peixe boi, sobre este peixe e outros objectos. 1786. 39 pags de foi. - Memória sobre o peixe Pirarucu. 1787. 8 pags. de foi. - Descripção do peixe Arananã. 1787. 2 pags. de foi. - Relação das amostras de algumas qualidades de madeiras das margens do rio Negro. 30 pags. de foi. 1788. AL 45 - Diário sobre as observações feitas nas plantas, que se recolheram no rio Branco. 12 pags. de foi. - Diário sobre as observações feitas nas plantas, que se recolhe- ram no rio Madeira. 36 pags. de foi. - Memória sobre as palmeiras. 11 pags. de foi. - Collecção das experiencias de tinturaria, que se fizeram nas viagem de expedição philosophica pelo rio Negro, com doze amostras de tinta em la. - Relação dos preparos necessários d expedição philosophica que executou, os quaes pediu em 1786. 36 pags. de foi. - Papeis avulsos de memórias e escriptos pertencentes á viagem, etc. 1840 pags. de foi. e 428 pags. in-4.° II - Oração latina por occazião dos annos do sereníssimo senhor dom José, príncipe do Brazil, feita em 1779. - Falia que fez para recitar no dia da posse do excellentissimo senhor general do Pará Martinho de Souza e Albuquerque e bispo dom frei Cae- tano Brandão. - Falia que fez na noite de 19 de setembro de 1784 ao despedir-se do excellentissimo senhor Martinho de Souza e Albuquerque. 3 pags. de foi. - Falia que fez na tarde de 2 de março de 1785 ao illustrissimo e excellentissimo senhor João Pereira Caídas, quando entrou a visital-o na villade Barcellos. 4 pags. de foi. - Falia que fez ao mesmo no dia 4 de agosto de 1785, dia em que fazia annos. 4 pags. de foi. - Propriedade e posse das terras do Cabo do Norte pela coroa de Por- tugal em 1792. 47 pags. de foi. -Foi publicada com o titulo : - Propriedade e posse das terras do Cabo do Norte pela coroa de Portugal, deduzida dos annaes históricos do Estado do Maranhão, e do- cumentos por onde se acham dispersas as suas provas. 1792 - Sahiu no tomo 3.° da Revista do instituto historico, pags. 389 a 421. - Propriedade e posse de Portugal das terras cedidas aos francezes na margem boreal do rio Amazonas. 1802. 9 pags. de foi. - Memória ou parecer sobre a plantação dos olivaes nas terras que na villade Coruche tinha Joaquim Rodrigues Botelho - Desta obra ha noticia no caderno das memórias particulares do doutor Alexandre Ferrei- ra, do anno de 1783. - Memória sobre as matas de Portugal, dividida em tres partes e lida na academia real das sciencias no anno de 1780. 82 pags. in 4.° - Abuso da Conchyliologia em Lisboa etc. 1781. 86 pags. in 4o - Foi também lida na academia real das sciencias. - Descripção de uma planta desconhecida pelo cirurgião-mór do regimento de Alcantara. 41 pags. in 4o -Diz o autor da Noticia destes 46 AL escriptos, que suppõe ser esta obra que assim vem annunciada no inven- tario dos papeis do doutor Alexandre Ferreira, a mesma que no seu ca- derno de memórias particulares foi designada com o titulo de : - Exame da planta medicinal, que como nova applica e vende o li- cenciado Antonio Francisco da Costa, cirurgião-mór do regimento de cavallaria de Alcantara - A primeira foi lida na academia real das sciencias. - Observações dos effeitos que tem obrado as pilulas desenerassan- tes e do que era autor este mesmo cirurgião-mór do regimento de Alcântara - Este escripto não vem assignado pelo doutor Alexandre Ferreira. - Relação dos animaes quadrúpedes, aves, peixes, vermes, amphi- bios, frutos etc. que se comem. 69 pags. de foi. - Esta obra se acha incompleta. - Descripção do Raconete em 1795. 4 pags. de foi. - Descripção do macaco Simia-mormon. 1801. 6 pags. - Memórias para a historia particular da marinha portugueza, apanhadas'da historia geral do reino e conquistas. 26 pags. de foi.- E' incompleta esta obra. - Noticia em fôrma de carta dos trabalhos que a classephilosophica da universidade de Coimbra tinha executado, etc. 20 pags. in-4.° III -- Roteiro das viagens da cidade do Pará até ás ultimas colonias dos domínios portuguezes em os rios Amazonas e Negro. 112 pags. de foi. - Memória de alguns successos do Pará. 20 pags. de foi. - Noticia da fundação do convento de Nossa Senhora das Mercês da cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, extrahida do ar- chivo do dito convento em 1784. 43 pags. de foi. - Noticia dos mais terríveis contágios de bexigas, que têm havido no Estado do Pará do anno de 1720 em diante. 4 pags. de foi. - InstrucçÕes que regulam o methodo por que os directores das po- voações de indios do Estado do Grão-Pará se devem conduzir no modo de fazer as sementeiras. 7 pags. de foi. - Memória sobre a lavoura do Macapá. 3 pags. de foi. - Lembrança das fazendas de gado vaccum, que se acham estabele- cidas nas costas do Amazonas. 5 pags. de foi. - Individual noticia do Rio Branco. 6 pags. de foi. - Piario da viagem feita no rio Dimiti no anno de 1785. 4 pags. de foi. -• Noticia da nação Joioana a que chamam hoje lacaca. 2 pags. de foi. - Roteiro da viagem de Mato Grosso. 3 pags. de foi. 47 - Reflexões abreviadas dos principaes motivos que obstaram ao maior e desejado progresso da lavoura e commercio do Estado do Grão- Pará. 14 pags. de foi. - Breve instrucção sobre o methodo de recolher e transportar algu- mas producções, que se acham no sertão e costas do mar. 21 pags. in-4.° - Supplemento sobre a guerra ordenada contra as nações de indios que infestam a capitania do Piauhy. 19 pags. de foi. - Relação dos nomes das madeiras próprias para a construcção de embarcações, moveis e outros destinos, que se tèm descoberto no Estado do Pará. 6 pags. de foi. - Memória sobre uma porção de cabo formado de casca do Guam- becima. 10 pags. de foi. - Observações sobre a cultura e fabrico do urucu. 5 pags. de foi. - Instrucções para extrahir o anil. 3 pags. de foi. - Relação de todos os passaros e bichos do Estado do Grão-Parà que se remetteram ás quintas reaes pelo excellentissimo senhor João Pereira Caídas. 1763 a 1779. 19 pags. de foi. - Relação das madeiras do Estado do Parà, de que foram amostras à secretaria de estado da marinha, remettidas pelo governador e capitão general João Pereira Caídas. - Memória sobre o anil do Parà e Rio Negro. 11 pags. de foi. - Virtudes, preparação e uso da raiz de caninana nas enfermidades venereas, tanto recentes, como chronicas. 4 pags. de foi. - Memória sobre o alicorne do mar. 10 pags. in-4.° - Memória a respeito dos Muharas e algumas coisas mais a outro fim. 24 pags. de foi. - Nota sobre a linha recta, mandada tirar desde a foz do rio Jaurii até o de Sarare, segundo o art. 10 do tratado de limites. 4 pags. de foi. ' - Memória sobre o lenho de quassia, extrahida das dissertações de Linnêo. 23 pags. in-4.° - Descripção sobre a cultura do canhamo, sua colheita, maceração na agua atê se pôr no estado de ser gramado, ripado, e assedado. 15 pags. de foi. - Nomes vulgares de algumas plantas do Rio de Janeiro, reduzidas aos triviaes do systema de Linnêo e da flora fluminense. 26 pags. de foi.- Incompleto. - Directorio que Sua Maqestade manda observar no seu real jar- dim botânico, museu, laboratorio chimico, casa de desenho, etc. 10 pags. de foi. O conselheiro Manoel Maria da Costa e Silva, encarregado pela aca- demia real das sciencias de examinar e ordenar os trabalhos concernentes á viagem do doutor Alexandre Ferreira, cujos manuscriptos se achavam no archivo do real jardim botânico, dos papeis e livros ali designados, 48 AL como peças desta viagem achou vinte e dous maços e seis volumes de de- senhos e plantas, e mais um maço, contendo só desenhos e plantas. Os vinte e dous maços elle reduziu a oito, sendo: l.o Parte descriptiva do Pará. 2.° Dita do rio Negro com seus respectivos appendices. 3.° Dita do rio Branco. 4.° Dita do rio Madeira. 5.° Dita de Mato Grosso. 6.° Memórias diversas sobre gentios. 7.° Memórias diversas de zoologia. 8.° Memórias e apontamentos sobre objectos botânicos. « A publicação dos trabalhos do doutor Alexandre,- diz o conselheiro Costa e Silva nesta occasião - por todos os lados por onde os queiramos considerar, é do maior interesse scientifico, e para o Império do Brazil, ainda a este une outros muito importantes, economica e politicamente considerados. » Além do que ficou mencionado na relação já vista escreveu o doutor Alexandre Rodrigues Ferreira, e consta do catalogo da bibliotheca na- cional da côrte o seguinte : - Memória sobre o Oyapok- que foi publicada pelo instituto histó- rico em 1843, a qual foi annexa á carta geographica da costa do norte do Brazil, de que foram enviados ao mesmo instituto, a pedido seu, qui- nhentos exemplares por ordem do ministro da guerra, o conselheiro José Clemente Pereira. - Viagem d gruta do Inferno.- 2 fl. Manuscripto que fez parte da exposição de historia patria de 1881. - Descripção da gruta do Inferno no morro da nova Coimbra sobre o Paraguay pelo doutor Alexandre Rodrigues Ferreira, encarregado por sua magestade fidelíssima da expedição philosophica e natural nas capitanias do Pará, Mato Grosso e Cuyabá. Anno de 1781, 4 fls.- Cópia contemporânea. Sahiu na revista mencionada, tomo 4o, 1842, e também no Ostensor Brazileiro, tomo Io, 1845-1846.-Idem. - Grão~Parà. Con fluentes do Amazonas pela sua margem boreal> cortando da foz do Araguary para cima. 8 fls. sem numeração - Idem. - Rio Guaporè. 5 fls. sem numeração - Idem. - Memórias para em seus togares se inserirem, guando se ordenar o Tit. das Antiguidades do rio Madeira. 13 fls.- Idem. - Descripção de vários rios (Beny, Mamoré, Itunamas e Baure). 2 fls.- Idem. - Mappa de todos os moradores, brancos, indios e pretos escravos, existentes na villa capital de Barcellos em 31 de outubro de 17§6. Original de 4 fls.- Idem. - População do povo de Albuquerque aos 17 de abril de 1791. Original escripto peloauctor - Idem. 49 - Inventario geral e particular de todos os productos naturaes e artificiaes, livros, instrumentos, utensís e moveis pertencentes ao real gabinete de historia natural, jardim botânico e suas casas annexas, como são : gabinete da bibliotheca, casa de desenho, dita do laboratorio, dita das preparações e armazém de reserva, etc.- Original com a assignatura do auctor na folha do rosto e no fim, de 113 fls. Nesta obra se en- contram noticias circumstaneiadas de vários productos naturaes e arti- ficiaes do Brazil e sobretudo do Parã, e de todos os objectos que possuia em 1794 o real museu da Ajuda em Lisboa. - Memória sobre os jacarés do Estado do Grão-Parà - Original. - Memória sobre as cascas de paus que se applicam para curtir couros - Idem. - Memória sobre o isqueiro ou caixa de guardar a isca para o fogo, a qual foi remettida no caixão n. 7 da primeira remessa do Rio Negro, 1786-Idem. - Memória sobre as salinas do Cunha, contendo noticia das minas de sal do Jaurú - Idem. Alguns destes escriptos deixaram de vir mencionados na relação dada, ou por serem deslocados da collecção, ou por virem comprehendidos talvez no grosso volume de Papeis avulsos, de memórias, escriptos, etc., constante de 1.840 folhas, e de mais 428 paginas in-4.° Ha algumas cartas e plantas levantadas pelo doutor A. Rodrigues Ferreira, como : - Porção do Rio Negro e Amazonas entre as duas villas de Bar- cellos e Óbidos, segundo a antiga carta do Estado - Foi exhibido o au- tographo na exposição de historia patria por dona Antonia R. de Carvalho. Alexandre Tlieopliilo <le Carvalho Leal - Na- tural da província do Maranhão, ahi falleceu em Março de 1879. Era bacharel em sciencias sociaes e jurídicas e proprietário de en- genho no Alto-Mearim, termo de sua província natal, e publicou : - Democracia e socialismo : estudo político e economico por Mar- tinus Hoyer, com uma introducção pelo doutor Alexandre Theophilo de Carvalho Leal. Maranhão, 1879, 95 pag. in-4.° A.lexandre Tliomaz de Nloraes Sarmento, Io Visconde do Banho - Nasceu na cidade de S. Salvador, capital da Bahia, a 11 de abril de 1786, e falleceu a 16 de abril de 1840. Fez todos os seus estudos em Portugal até formar-se em leis na uni- versidade de Coimbra, e seguindo a carreira da magistratura, nella exer- ceu diversos cargos até o de desembargador da relação do Porto, e conse- lheiro do supremo tribunal de justiça. Foi deputado ás côrtes de 1821 a 1826, par do reino, commendador da ordem de N. S. da Conceição da Villa-Viçosa, e grã-cruz da de Izabel a Catholica, de Hespanha. 50 AL Foi um orador notável e de grande erudição, como se depre- hende de seus discursos constantes do diário das respectivas camaras, e da galeria das cortes geraes extraordinárias da nação portugueza de 1822. Escreveu : - Ru s sei d'Albuquerque : conto moral por úm portuguez. Cintra. 1833 - No final deste livro se vè que elle foi publicado em Londres, e não em Cintra, e com effeito o autor o escreveu em Londres, quando ahi se achava durante o periodo de sua emigração que teve logar em 1828 com os membros da junta do governo, de que fizera parte. - Apontamentos geraes para o systema provisional de publica admi- nistração logo que seja restaurada a legitima autoridade da rainha fidelíssima, a senhora dona Maria II. Lisboa, 1833. Consta que deixara inéditas outras obras. I). Alexandrina Franeelina de Souza Mari- nho- E' natural de Pernambuco, onde vivia em 1859. O autor das Pernambucanas illustres (vide Henrique Capitulino Pereira de Mello), escrevendo nesta provincia seu interessante livro, diz que fo- ram improfícuas suas investigações a respeito de dona Alexandrina. Mais feliz portanto não podia ser eu, escrevendo tão distante. Fazia, ella flores de cera com tão esmerada perfeição, que não se distin- guiam, á vista, das naturaes ; e a par dessa prenda cultivou a litteratura poética. De suas composições só conheço : - A' sua magestade a Imperatriz: poesia que offereceu a sua ma- gestade no dia 1 de dezembro de 1859 com um lindo ramo de flores de cera- Vem nas Memórias da viagem de suas magestades imperiaes ao norte do império, tomo 2o, e na obra Pernambucanas illustres, pag. 141. -A' sua magestade o Imperador : poesia na mesma data offerecida com outro ramo de flores, também de cera-Vem nas duas obras citadas. São desta composição os seguintes versos: Meus versos, como os lyrios da campina, Que nascem sem cultura e sem desvelos, Nalma os burila a mão do sentimento Sem arte, sem saber, toscos, singelos. Despidos de lisonja e falsidade, Não sabem se adornar de falsas cores, Exprimem de minh'alma o puro affecto São simples e modestos como as flores. Somos o povo do melhor monarcha, Somos o povo mais feliz do mundo ; Temos a gloria de ser livre, amando Nosso rei, nosso irmão, Pedro Segundo ! AL 51 - A' sua magestade a Imperatriz: poesia dedicada a sua magestade no dia de sua volta de Pernambuco, 22 de dezembro de 1859-Idem. Alexandrino Faria de Alencar - Natural do Ceará, nasceu a 12 de outubro de 1848, é primeiro tenente da armada, tendo feito o curso da academia de marinha, e condecorado com a medalha da campanha do Paraguay. Escreveu: - Segredo mecânico do torpedo Witehead - Este trabalho de [grande importância foi apresentado ao governo imperial, que em aviso de 30 de setembro de 1882 mandou elogiar o autor. Acha-se na secretaria de estado dos negocios da marinha, e deve ser publicado brevemente, se- gundo me consta. Alexandrino Felicíssimo do Barros - Nasceu na provincia de Pernambuco. E' presbytero do habito de S. Pedro e doutor em theologia, cujo grau recebera em Roma, onde cultivou a amizade de alguns cardeaes. Actual- mente reside na freguezia do Amparo, depois de residir alguns annos na de S. Joaquim da Barra-Mansa, provincia do Rio de Janeiro, e se de- dica ao magistério. Escreveu : - A vida de Pio IX por D. Francisco Crocf, desde seus primeiros annos até o dia da sua morte e o que a esta se seguiu : traducção con- sagrada à honra de Maria Santissima e offerecida aos catholicos brazi- leiros, seguida de um appendice com a narração de alguns factos prodi- giosos, succedidos depois da morte do grande pontifice. Rio de Janeiro, 1880 - Nesta obra revela-se um certo espirito de fanatismo, que aftra- hiu censuras, tanto ao autor, como ao traductor. Alexandrino Freire do Amaral - Natural do Rio de Janeiro, e filho de Bonifácio José Sérgio do Amaral e de dona Leopoldina Freire do Amaral, é doutor em medicina pela faculdade da côrte, membro da commissão sanitaria do 2° districto do Engenho Velho; vereador da ca- mara municipal, membro effectivo do supremo conselho do grande oriente unido do Brazil, etc. Escreveu : - Tumores da orbita : dissertação para o doutorado em medicina. Rio de Janeiro, 1865.- E' seguida de proposições sobre: 1° infanticidio por omissão ; 2o hypoemia intertropical ; 3o vicios de conformação da bacia. - Discurso pronunciado na sessão solemne de posse da nova admi- nistração da aug.'. e resp.'. loj.'. cap.'. do rito Adonhiramita Asylo da Prudência em 13 de abril de 1869. Rio de Janeiro, 1869. 13 pags. in-8.0 52 - Boletim do grande oriente unido e supremo conselho do Brazil. Rio de Janeiro, 1873-1877, 6 vols. in-4.° - Foi o redactor-chefe desta pu- blicação. Alexandrino Saturnino do Ete^o- Ignoro as parti- cularidades que lhe são relativas, parecendo-me pela obra que menciono que fez estudos de sciencias physicas ou mathematicas. Escreveu : - Sobre navegação, pontes e estradas na província da Bahia : por Alexandrino Saturnino do Rego. Bahia, 1875, 37 pags. in-8.° Alfredo Bastos-Nasceu na província do Pará no anno de 1854, sendo seus paes Victorino Bastos e dona Catharina Tavares Bastos, paren- tes do doutor Aureliano Cândido Tavares Bastos, de quem tratarei adiante. Muito criança foi para Lisbôa, onde concluiu seus estudos de humani- dades, e se dispunha a matricular-se na universidade de Coimbra, quando falleceu seu pae, e por isso voltou á patria. Depois, porém, de pouca de- mora no Pará, veio para o Rio de Janeiro, e seguiu o curso da escola polytechnica. Sempre dedicado á litteratura e ao jornalismo, tem desde 1877 feito parte da collaboração e da redacção de diversos orgãos da imprensa periódica, como o Jornal do Commercio, a Gazeta de Noticias, a Ga- zeta da Tarde, o Cruzeiro, a Revista Muzical, a Revista Brazileira, e tem escripto diversas obras, sendo : - Diversos folhetins - no Jornal do Commercio de 1877 a 1879, dos quaes sahiram alguns transcriptos em outros jornaes da côrte e das pro- víncias. - A vida a bordo - E' este o titulo de duas variedades que escreveu no mesmo jornal, constando de um estudo humorístico sobre a vida norte- americana, as quaes foram traduzidas e transcriptas em Londres e em Nova-York com elogio da imprensa ingleza. - Fantasias. Rio de Janeiro, 1879 - Este volume, que foi benevola- mente acolhido pela imprensa do dia, consta de uma serie de folhetins, antes publicados. - A madrasta : romance. Rio de Janeiro, 1880, 300 pags.-Foi antes publicado no Cruzeiro, jornal de cuja redacção fez parte. - A madrasta : comedia extrahida do romance de igual titulo - a que me refiro, e não publicada ainda. - O daguerreotypo : comedia. Rio de Janeiro,.... - Por causa do doutor Tannery t comedia. Rio de Janeiro, .. *.-Foi representada pela primeira vez no theatro Recreio dramatico. - Salvador Rosa, por Carlos Antonio Gomes : traducção - Rio de Ja- neiro, 1880. - O matricida : romance. Rio de Janeiro, 1881 -Foi publicado na Gazeta da Tarde. AL 53 - Revista Muzical: 1° o Fausto e a critica ; A estréa da senhora Cinira Polonio ; O rei Lahore e a critica ; Como consideram esta opera ; 0 libreto do senhor Luiz Gallet; A força do destino ; Verdi, Scudo e Lagenevais. 2° Guarany; Passagens imitativas ; O absurdo musical, segundo a opinião de Barlioz ; Uma symphonia de Liszt; What Bot- tesine; O oratorio de S. Pedro - Sahiu na Revista Braziíeira; Rio de Janeiro 1879. Ultimamente, estabelecendo-se no Rio da Prata, Alfredo Bastos redige: - A Patria : orgão dos interesses da colonia braziíeira no Rio da Prata Montevidéo, 1881-1883- E'seucollega na redacção deste jornal, seu pa- tricioo doutor Cassio Farinha. Ahi publicou elle : - Lola : romance de costumes - que consta ser também impresso em volume, ou o será brevemente. Frei Alfredo de SantaCandida I3astos-Natu- ral do Rio de Janeiro, aqui falieceu entre os annos de 1873 e 1874. Era religioso da ordem carmelitana, cujo habito recebeu no convento do Rio de Janeiro, professor da lingua latina do extincto lyceu do mesmo convento, onde occupou alguns cargos, sendo procurador geral da ordem na época de seu fallecimento, e pregador da capella imperial. Escreveu : - Necrologio em honra de dom frei Pedro de Santa Mariana, bispo de Chrysopolis, esmoler-mór de sua magestade imperial, etc.; recitada por occasião das exequias do mesmo bispo. Rio de Janeiro, 1864, 12 pags. in-4.° Alfredo Cândido Guimarães - Nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, onde fez todos os seus estudos, inclu- sive os da faculdade de medicina, em que se doutorou em 1861. Foi depois disto á Europa, e ahi se dedicou ao estudo das sciencias cirúrgi- cas ; e de volta ao Brazil, serviu algum tempo no corpo de saude do exer- cito, marchou para a campanha do Paraguay em junho de 1865; mas voltando este mesmo ànno ao Rio de Janeiro, pediu e obteve sua demissão do exercito. E' membro correspondente do instituto pharmaceutico do Rio de Janeiro e escreveu : -Da operação da versão: dissertação. Do apparelho genital da mulher. Do esporão de centeio, considerado pharmaceutica e therapeuticamente. Do arsénico e suas preparações : proposições. Rio de Janeiro, 1861. - Breves considerações sobre o estudo e exercido da medicina no Brazil e na França. Paris, 1863 - Esta obra foi escripta e publicada quando o auctor viajava pela Europa. Alfredo Carlos Pessoa da Silva - Sei apenas que nasceu na Bahia, e consta-me que se formara, mas não sei em que faculdade. 54 AL Escreveu: - Duas palavras sobre a provincia da Bahia. Bahia, 1845. 34 pags. in-4.o Alfredo Carneiro Ri beiro da Luz - Filho do senador do império, conselheiro Joaquim Delfino Ribeiro da Luz e de dona Maria Umbelina S. Thiago da Luz, nasceu na provincia de Minas-Geraes a 1 de julho de 1852. Doutorado em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro em 1875, ap- plicou-se logo ao exercicio da clinica, a principio em Christina, cidade de sua provincia, e depois em Valença, cidade da provincia do Rio de Ja- neiro, onde casou-se, reside actualmente, e é medico do hospital da misericórdia. O doutor Ribeiro da Luz é membro correspondente da academia impe- rial de medicina e escreveu : - Hypoemia inter-tropical: dissertação para o doutorado em medi- cina. Rio de Janeiro, 1875 - E' seguida de proposições sobre os tres pon- tos do ensino medico seguintes : Estudo chimico-pharmacologico das quinas. Operações reclamadas pelos cálculos vesicaes. Nevralgias. A redacção dos Archives de medicine navale, jornal francez, referindo- se á esta these, diz : « C'est, peut-ètre, le memoire le plus complet qui existe sur cette question de pathologie exotique. » - Investigações helminthologicas com applicação d pathologia brazi- leira. Rio de Janeiro, 1880 - Esta obra se divide em duas partes : Na primeira parte trata o autor da descoberta que fez no Brazil do verme mi- croscópico, já conhecido na Cochinchina e nas Antilhas com o nome de anquillula stercoralis. Na segunda trata de factos relativos á hypoemia intertropical e a sua natureza verminosa. Como da these inaugural, o jornal Archives de medicine navale se occupa com elogio deste trabalho no seu numero de novembro de 1880. A noticia, que dá este jornal das in- vestigações helminthologicas em quasi seis paginas, é devida á penna do doutor Bourel Roncière, medico da armada franceza. - O tratamento da pneumonia aguda. Valença, 1881 - Sahiu tam- bém na Revista de medicina, publicação periódica, brazileira, Paris, 1881. Neste trabalho, além das considerações sobre a moléstia, se acha um gran- de numero de observações, mais de quarenta. - Um caso de estrangulamento com algumas reflexões - Sahiu no Progresso medico, Rio de Janeiro, 1880. - Observações helminthologicas sobre a moléstia endemica desen- volvida entre os trabalhadores do tunneldo monte S. Gothardo pelo se- nhor doutor Perroncito,com um appendice pelo senhor doutor S. Cobbold, traduzido do inglez - Vem na Unido medica, pags. 173 e seguintes. - Ensaios sobre as mais notáveis moléstias do Brazil ou das regiões inter-tropicaes - publicados n'uma serie de numeros do periodico Tempo, de Valença, 1881. E'um trabalho que o doutor Ribeiro da Luz escreveu, AL 55 não só para o povo, como para os homens da sciencia, e que, segundo sou informado, seu autor dará depois em volume. No Tempo se acham ainda diversos artigos de lavra do doutor Ribeiro da Luz sobre instrucção publica, sobre lavoura, etc, - Informações sobre as circumstancias topigraphicas do municip io de Valença - Sahiram no mesmo periodico, de 18 de maio de 1881, e foram escriptas em resposta ao questionário da bibliotheca nacional por occasião da exposição de historiado Brazil. A biblioteca possue o original. - Novas observações e experiencias relativas ao estudo da dochmio- se ou anhilostomiase e seu tratamento. Valença ( Rio de Janeiro) 1882 - Sahiu antes na União medica, tomo 2o, pags. 359 a 386. Na União medica foi esta obra publicada em portuguez ; a publicação, porém, em volume foi feita em francez. Alfredo Elisiario da Silva - Nasceu em 1862, pois que diz a Gazeta de Noticias, dando conta do primeiro livro abaixo, que tem 18 annos e é estudante, em 1880. Escreveu: - Os suicidas: romance. Rio de Janeiro, 1880 - E' um romance da escola antiga, diz o autor dos Livros e lettras da citada Gazeta de 20 de julho deste anno, não obstante ter Elisiario da Silva apenas 18 annos. Ha ahi raptos, tentativas de envenenamento, duellos e narcotizações. - Ofructo de um crime: romance. Rio de Janeiro, 1882. Alfredo Ernesto Jacques Ourique- Natural da provincia do Rio Grande do Sul, depois de haver feito o curso de arti- lharia pelo regulamento de 1863, e de haver servido no Io batalhão da respectiva arma, fez o curso de engenharia militar pelo regulamento de 1874, passando a servir no corpo de engenheiros, onde tem o posto de major. E' bacharel em sciencias physicas e mathematicas; é cavalleiro da ordem da Roza e condecorado com a medalha da campanha do Paraguay, Onde se assignalou e teve uma promoção por actos de bravura; exerceu diversos cargos do ministério da agricultura e do da guerra, e escreveu: - Defesa estratégica da provincia do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro, 1882. 45 pags. in-8° - com um mappa geographico dos limites da provincia com as duas republicas visinhas. E' extrahido da Revista do exercito brazileiro. Alfredo de Escra^nolle Taunay - Filho do com- mendador Felix Emilio Taunay e de dona Gabriella de Escragnolle Tau- nay, nasceu no Rio de Janeiro a 22 de fevereiro de 1843. Bacharel em lettras pelo imperial collegio de Pedro II, fez o curso da escola central, onde recebeu o titulo de bacharel em sciencias physicas e mathematicas e o de engenheiro geographo ; e tendo assentado praça no 56 AL exercito em 1861, serviu a principio na arma de artilharia, e passou depois para o corpo de estado-maior de primeira classe, onde tem o posto de major. Tem desempenhado diversas commissões importantes, quer de guerra desde a campanha do Paraguay, onde serviu a principio como ajudante da commissão de engenheiros na expedição para Mato Grosso em 1865, e depois como secretario do commando geral das forças e encarregado do Diário do exercito, quer de paz, inclusive a de presidente da provincia de Santa Catharina, depois de cuja commissão fez uma excursão pela Europa; leccionou historia e linguas no curso preparatório da escola militar, passando d'ahi a lente de mineralogia, geologia e botanica do curso superior da mesma escola ; representou na camara temporária a provincia de Goyaz na 15a legislatura, sendo eleito representante da de Santa Catharina na legislatura de 1881 a 1883 ; é official da ordem da Roza, cavalleiro da de S. Bento de Aviz e da de Christo, e condecorado com a medalha das forças expedicionárias em operações ao sul da pro- vincia de Mato-Grosso, Constância e valor e a do exercito em ope- rações na guerra do Paraguay ; é socio do instituto historico e geogra- phico brazileiro, do conservatorio dramatico e de outras associações de lettras. O nome do major Taunay vem mencionado no Pantheon Fluminense de Lery dos Santos e no Diccionario universal de Larousse, tomo 15° lettra T. Escreveu: - La retraite de Laguna. Rio de Janeiro, 1871, 224 pags. in-4°-Esta obra teve nova edição em Paris, 1879, com um prefacio por M. X. Rey- mond, e antes desta edição foi traduzida por Salvador de Mendonça e pu- blicada no Rio de Janeiro, 1874. A retirada da Laguna é por si só bastante para immortalizar seu autor. E' um dos livros de autor brazileiro que mais têm sido applaudido pelas illustrações européas. Lery dos Santos cita di- versos trechos honrosos, relativos a elle, dos quaes transcrevo o seguinte de Ernest Aimé, Revue bibliographique et litteraire, tomo 14°: « Ce mot seul de retraite reveille dans toutes les memoires le souvenir de 1'oeuvre immortelle de Xenephont; mais peut-ètre bon nombre de nos lecteurs n'ont'ils gardé, qu'un souvenir cenfus de ce merveilleux recit. Nous étions un peu dans ce cas, et, crâignat d'ètre trompé par nos souvenirs classiques, si lointemps, helas ! nous avons voulu, avant d'ex- primer notre première impression, relire posement cette fameuse Re- traite des dix mille. Maintenant, comparaison faite, c'est avec une entière assurance que, sous le double rapport de 1'interet du recit et de 1'heroisme des troupes, nous declarons la Retraite de Laguna supérieure à celle qui fút conduite et racontóe par Xenephont. Un monument de bronse ou de granit ne rapellerait leur souvenir qu'à leurs compatriotes et aux rares voyageurs qui visitent le Brésil : le livre de M. d'Escra- gnolle Taunay fera admirer par toute TEurope les prodiges de la Re- AL 57 traite de Laguna... » A Revue britanique e a revista ingleza Saturday Review appellidaram o autor de Xenephonte brazileiro. - Scenas de viagem ; exploração entre os rios Taquary e Aquidaban do districto de Miranda : memória descriptiva. Rio de Janeiro, 1868. 187 pags. in-4.°-Esta obra è seguida de um vocabulário da lingúa guaná ou chané, e foi ella que deu entrada ao doutor Taunay no instituto historico. - Viagem de regresso de Mato-Grosso á corte: memória - Foi escripta em 1867, e publicada na revista do instututo, tomo 32°, 1869, parte 2.a - Relatorio geral da commissão de engenheiros junto ás forças em expedição para a província de Mato-Grosso (1865-1866), correcto, au- gmentado e apresentado ao instituto historico e geographico brazileiro pelo ex-secretario da commissão, etc.- Sahiu na mesma revista, tomo 37°, 1874, parte 2a, pags. 79 a 177, e 209 a 340. - Campanha do Paraguay, commando em chefe de sua alteza o senhor marechal de exercito Conde d'Eu : diário do exercito. Rio de Janeiro, 1870. 404 pags. in-4°.- Publicando este diário, diz o doutor Taunay que nenhum fim teve mais, do que fornecer dados para uma futura historia da memorável campanha das Cordilheiras. Trata elle dos factos occorridos de 16 de abril de 1869, data em que sua alteza assumiu o commando em chefe do exercito, a 29 de abril de 1870, data de sua entrada na capital do Império. - Vocabulario da lingua guaná ou chanè. Rio de Janeiro, 1874-O Novo Mundo tece elogios a esta obra e transcreve em suas columnas parte delia. - A provinda de Goyaz na exposição universal de 1875. Rio de Ja- neiro, 1876. - Questões políticas e sociaes : discursos proferidos nas duas primeiras sessões da 16a legislatura da assemblóa legislativa. Rio de Janeiro, 1877, 64 pags. in-8.°- Referem-se estes discursos a forças de terra. - Questões militares. A classe militar perante as camaras. Rio de Janeiro, 1879 . 32 pags. in-8.°-São artigos publicados no Jornal do Commercio por occasião da apresentação na camara dos senhores depu- tados dos projectos additivos e substitutivos ás propostas de leis de fixação de forças de mar e terra para o anno de 1879 a 1880. - Carlos Gomes: discurso proferido na noite de 25 de julho de 1880 nosaráo do congresso militar. Rio de Janeiro, 1880. 8.®-Sahiu no Jornal do Commercio, e também no Cruzeiro por determinação do mesmo congresso, a expensas suas, antes de ser publicado em folheto. - Estudos críticos. Rio de Janeiro, 1881- Neste volume reuniu uma serie de artigos que deu á publicidade na imprensa diaria, sobre a his- toria da guerra do Pacifico, etc. - A expedição do cônsul Langdorff ao interior do Brazil: esboço dâ viagem feita desde setembro de 1825 até março de 1829, escripto em 58 AL original francez polo segundo desenhista da commissão scientifica Hei*- cules Florence. Traducção - Sahiu na Revista do instituto historico, tomo 38°, 1875, parte Ia, pags. 355 a 469 e parte 2a, pags. 231 a 309, con- cluindo-se no tomo 39°, 1876, parte 2a, pag. 157 a 183. - Zoophonia: memória pelo senhor Hercules Florence no anno de 1829, traduzida por A. d'Escragnolle Taunay - Idem, tomo 39°, 1876, parte 2a, pags. 321 e seguintes. - As Caídas da Imperatriz. Aguas thermaes da provinda de Santa Catharina - Idem, tomo 42°, 1879, parte 2a, pags. 39 e seguintes, e no Vulgarisador de Santa Catharina, tomo Io, pags. 2, 13 e 21 e seguintes. Ha na imprensa diaria trabalhos deste autor sobre diversos assumptos, como o : - Elemento servil - São collecçoes de artigos sob os pseudonymos de Cormontaigne, André Vidal, Mucio Scevola, etc. em 1871, e em 1874 sob o de Sentinella. Sob o pseudonymo de Silvio Dinarte, de que usa em litteratura amena, escreveu : - A mocidade de Trajano : romance. Rio de Janeiro, 1871. Dous vo- lumes. - Innocencia : romance. Rio de Janeiro, 1872. - Lagrimas do coração, manuscripto de uma mulher. Rio de Ja- neiro, 1873. - Ouro sobre azul : romance. Rio de Janeiro, 1874. Dous volumes. - Historias brazileiras : Rio de Janeiro, 1874. - Narrativas militares : scenas e typos. Rio de Janeiro, 1878. - Ceus e terras no Brazil. Rio de Janeiro, 1882 - E'um livro de litteratura em que o autor descreve muitos e variados quadros da natureza brazileira, começando pela pintura natural e amena, que faz, do serta- nejo e do camarada, e terminando com duas fabulas. - Meyerbeer: opera os Huguenottes - artigo de critica que vem na Revista brazileira, 1879. Como este tem o doutor Taunay publicado outros trabalhos de littera- tura amena em revistas, e além disto, sob o pseudonymo de Flavio Elisio publicou diversas composições de musica, arte que cultiva com muito gosto, entre as quaes posso mencionar: - La jalousie : scene de bal - para piano e canto. - Doute d'amour : romance - idem. - Immer ! Immer! valsa para piano. - Deux souvenirs : idem. - Scpnsucht: idem. - Revelation : idem. - Legers succès: idem. - Adelio : idem - Estas seis valsas foram publicadas com o titulo de Chopinianas. - Dous caprichos para piano e rabeca - Op. 12 e 13. A.L 59 - Sonata em mi bemol - Op. 3. - Resir de plaire : valsa brilhante - Op. 14. - Bonheur de vivre - idem - Op. 15. Alfredo Lino Maciel Azamôr - Filho de Ricardo Maciel Azamôr, nasceu na cidade de Nictheroy, capital da província do Rio de Janeiro, e ahi exerce um logàr de otficial na inspectoria de fazenda. Cultiva a poesia, è socio do club litterario Guarany, e escreveu : - Sensitivas : poesias. Nictheroy, 1882 - Redigiu antes disto a - Revista fluminense : periodo scientifico, recreativo e caricato, Rio de Janeiro, 1870, in-4.°- Antes desta publicação houve mais duas de igual titulo : a Ia de 1865 por Antonio José Fernandes dos Reis ; a 2a de 1868 a 1869 por Pedro Orsini Grimaldi Pereira do Lago. Ultimamente Azamôr escreveu o - Folhetim do Fluminense de Nictheroy - sob o pseudonymo de Genesdio, que é um anagramma de Diogenes. A_lf*redLo Luiz de Mell©- Natural da villa de S. José do Norte, província do Rio Grande do Sul, nasceu a 7 de maio de 1848, e depois de alguns estudos de humanidades dedicou-se ao commercio, como guarda-livros, dando-se ao cultivo das lettras nas horas que lhe sobram de seus affazeres. Aos seus esforços deve a bibliotheca rio-grandense a existência flores- cente que hoje tem, como se vê do seguinte topicode uma acta especial da sessão da assembléa geral de 26 de janeiro de 1879, sob a presidência do Barão de Villa Izabel :«.... foi unanimemente approvado : que se mandasse lavrar uma acta especial que attestará aos vindouros a su- blime dedicação de um braço vigoroso que susteve o Gabinete de leitura na quéda que o ameaçava, para depois sobre o corpo enfraquecido do mes- mo elevar a brilhante sociedade Bibliotheca rio-grandense, que alça sua fronte esplendorosa entre as mais importantes instituições, de que se honra nossa gloriosa província, devido isso ao nobre impulso, á dedicação inex- cedivel do muito distincto Io secretario, o illustrissimo senhor Alfredo Luiz de Mello.» Tem escripto constantemente desde 1879 no periodico Artista, do Rio- grande do sul, muitos e variados trabalhos sobre política, administração e outros assumptos de interesse publico, entre os quaes : - O imposto sobre o sal : serie de quatro artigos - publicados em maio de 1879. -Rede telegraphica na provinda : dous artigos - publicados em abril e junho de 1880. - Cabotagem : serie de artigos - publicados de maio de 1880 em diante. - A cultura do arroz em Santo Angelo : - publicada a 19 de agosto de 1880. 60 AL - A união faz a força : serie de dezeseis artigos - publicados de 4 de setembro de 1880 em diante. - Administração da província : serie de nove artigos - publicados em 1880. - Discurso proferido na sessão fúnebre celebrada em honra à memória do immortal Visconde do Rio Branco no sumptuoso templo da benemerita loja União Constante na noite de 30 de novembro de 1880 - publicado a 13 de dezembro do mesmo anno. O autor escreveu também por esta occasião uma descripção minuciosa desta sessão, sob o titulo Sessão fúnebre ; e sei que são de sua lavra os - Estatutos da bibliotheca rio-grandense do sul - recentemente reor- ganisada, da qual è o autor vice-presidente. Alfredo Magno de Almeida Re^o - Filho do dou- tor Joaquim Marcos de Almeida Rego, de quem tratarei adiante, e de dona Maria Izabel de Almeida Rego, nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro a 26 de fevereiro de 1848, e falleceu a 22 de maio de 1880. Doutor em medicina pela faculdade da côrte, e tão illustrado, quanto modesto, fez uma excursão pela Europa, onde aprofundou seus conheci- mentos médicos. Era facultativo da secção medica do hospital da misericórdia e escreveu: - Diagnostico differencial da febre amarella e febre bilioza dos paizes quentes : dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1870- E' se- guida de proposições sobre: Ovariotomia. Diagnostico, marcha e tra- tamento do rheumatismo visceral. Digitalis e suas preparações pharma- cologicas. Tinha em mãos um tratado sobre febres, quando adoeceu da longa e dolorosa enfermidade que o levou á campa. Alfredo Moreira Rinto - E' bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, e professor de geographia e historia do curso pre- paratório, annexo á escola militar. Sobre estas matérias, que também lecciona particularmente, tem escripto diversos compêndios e pequenos livros com o fim de facilitar os exames da instrucção publica, obras que têm tido diversas edições, algumas sem declaração de datas. Suas obras são : - Elementos de geographia moderna. Rio de Janeiro, 1869. Segunda edição consideravelmente augmentada, Rio de Janeiro, 1874. - Noções de geographia astronómica. Rio de Janeiro, .... Ha tam- bém segunda edição. - Noções de geographia universal. Rio de Janeiro, 1881. -Noções elementares de geographia do Brazil. Rio de Janeiro, 1881. - Noções elementares de corographia do Brazil, para uso das escolas primarias. Rio de Janeiro, 1881. 61 - Compendio de historia universal, organisado segundo os últimos programmas officiaes para o ensino desta matéria: nova edição. Rio de Janeiro, 1882. - Pontos de historia do Brazil, organisados segundo o novissimo pro- gramma dos exames geraes na instrucção publica. Rio de Janeiro - Ha terceira edição de 1876 in-8°, e quarta de 1881. 83 pags. in-8.° - Pontos de geographia, organisados, etc. Rio de^Janeiro\ ... Ha tres edições. - Pontos de historia antiga, organisados, etc. Rio de Janeiro.... Ha duas edições. - Pontos de historia media, organisados, etc. Rio de Janeiro, .... Idem. - Pontos de historia moderna, organisados, etc. Rio'de Janeiro,".... Idem. - Historia do baixo império. Rio de Janeiro, .... - A viagem imperial e o ventre livre. Rio de Janeiro, .... - Bibliotheca popular. Rio de Janeiro ....- Dous volumes. - Processo do primeiro martyr da liberdade brazileira Joaquim José da Silva Xavier, por antonomasia o Tira-dentes, filho da província de Minas Geraes. Rio de Janeiro, 1872, 219 pags, in-8.°- Se publicou esta obra sob opseudonymo de Esquiros, assim como as duas seguintes : - Martyres da liberdade {processo de J. Guilherme Radcli/f). Rio de Janeiro, 1872, in-12.° - Antonio Josè da Silva. Rio de Janeiro, .... Moreira Pinto redigiu : - O Século : orgão liberal, propriedade do bacharel Alfredo Moreira Pinto. Direcção politica do doutor Thomaz Alves Júnior. Rio de Janeiro, 1879. Actualmente está concluindo um : - Diccionario geographico do Brazil - que será dado á lume. Alfredo l?irag'ilbe - Filho do brigadeiro Vicente Ferreira da Costa Piragibe e de dona Candida Jesuina da Costa Piragibe, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 9 de junho de 1847, recebeu o grau de bacha- rel em lettras no imperial collegio de Pedro II em dezembro de 1864, e o grau de doutor em medicina na faculdade do Rio de Janeiro em 1870, Exerceu o cargo de vaccinador supranumerário do instituto vaccinico do império de 1872 até 1878 ; é cavalleiro da ordem de Christo de Portugal por serviços médicos prestados a súbditos deste reino ; é membro do instituto historico e geographico do^Brazil, e da academia imperial de medicina. Escreveu : - Do rheumatismo e seu tratamento : dissertação,?seguida de propo- sições sobre : Aborto criminoso ; Indicações e contra-indicações dosa saes de quinino nas pyrexias mais frequentes no Rio de Janeir ; o Ferimentos por armas de fogo: these inaugural?Rio de Janeiro, 1870. 62 AL - Breves considerações sobre a vaccina: memória apresentada à academia imperial de medicina. Rio de Janeiro, 1873. - Communicações sobre a vaccina, feitas á academia imperial de medicina do Rio de Janeiro durante o anno de 1875. Rio de Janeiro, 1876- Contém este volume : Movimento do posto vaccinico da parochia do Engenho Velho, municipio neutro, de 1873 a 1874; Idem idem de 1874 a 1875; Da inoculação variolica post vaccinam; Dous casos de variola, se manifestando pouco depois da vaccinação. - Noticia histórica sobre a legislação sanitaria do império do Bra- zil desde 1822 atè 1878. Rio de Janeiro, 1881 in-8.° -Foi apresentada ao instituto historico e lhe deu entrada no mesmo instituto. Alfredo Theotonio da Costa - E' natural da pro- vincia de Santa Catharina, em cuja capital reside. Cultivando as lettras, tem publicado muitos trabalhos em prosa e em verso em diversos periódicos, para que tem collaborado, como : a Esperança e o Beija-flor de 1867 a 1868 ; a Perseverança em 1868; o Mercantil em 1869; a Regeneração de 1870 a 1877; o Conservador de 1878 a 1879; o Despertador em 1880, e finalmente - O Cacique : (periodico que redigiu), Desterro, 1870 a 1871. Publicou: - Noticia geral da provinda [de Santa Catharina pelo arcypreste Joaquim Gomes de Oliveira Paiva, natural da mesma provincia. Santa Catharina, 1873 - Publicando esta obra, depois da morte do autor, Alfredo Costa annotou-a, e fel-a preceder de noticias ácerca do mesmo autor e do assumpto. (Vide Joaquim Gomes de Oliveira Paiva.) - Hontem e hoje : pallido bosquejo da inundação de Itajahy- Sahiu no Almanak de lembranças luzo-brazileiro para 1882, publicado em Lisbôa, 1881, pags. 139 a 141. E' uma composição poética em dous cantos, de metrificação variada. Alfredo do Valle Calt»ral - E' natural da cidade de S. Salvador, capital da Bahia. Moço, dotado de muita actividade e disposição para o estudo e de talento, tem sabido utilisar-se da posição que occupava de offlcial da bibliotheca nacional da côrte, de que é hoje chefe de secção, para col- leccionar diversos trabalhos importantes, sobretudo em relação á historia patria, e por occasião da exposição, celebrada em 1881, taes foram seus serviços, que foi condecorado com o officialato da ordem da Rosa. Tem publicado : - Catalogo dos manuscriptos da bibiotheca nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1878. Dous volumes - Assignam esta obra o doutor José Alexandre Teixeira de Mello e Alfredo do Valle Cabral. Constitue este catalogo o 4° e 5<> volumes dos annaes da mesma biblio- theca. 63 - Bibliographia da lingua tupy ou guarany. Rio de Janeiro, 1880, 81 pags. in-4.°- E' dividida em tres partes. - Bibliographia camoneana : resenha chronologica das edições das obras de Luiz de Camões, e de suas traducções impressas, tanto umas como outras, em separado. Rio de Janeiro, 1880. - Vida e escriptos de José da Silva Lisboa, Visconde de Cairú. Rio de Janeiro, 1881, 78 pags. in-4° - Sahiu antes na Revista Brazi- leira, tomo 10°, pags. 151, 228, 359, 458 e seguintes. - Annaes da imprensa nacional do Rio de Janeiro de 1808 a 1822. Rio de Janeiro, 1882 in-4.° - Guia do viajante no Rio de Janeiro, acompanhado da planta da cidade, de uma carta das estradas de ferro do Rio de ^Janeiro, Minas e S. Paulo e de uma vista dos Dous irmãos. Rio de Janeiro, 1882, in-12.° Ha, feita por este autor, uma edição das obras de Gregorio de Mattos e mais alguns artigos em revistas. D. A-liee Clapp - Natural do Rio de Janeiro, e filha de João Fer- nandes Clapp, presidente dadirectoria da associação de benefícios mutuos Perseverança brazileira, ainda menina, estudando no collegio, escreveu : - Cathecismo do bom republicano, por E. Boursin, redactor do Correio de Paris, traducção de Alice Clapp , âlumna do collegio Brazileiro. Rio de Janeiro, 1877, 29 pags. A-lmiiio AI vares Allnuso -Nascido em uma das pro- víncias do norte do império, é formado em sciencias sociaes e jurídicas, e exerce o cargo de procurador fiscal e dos feitos da fazenda na província do Ceará. Escreveu: - Uma nota sobre os quebras-hilos da Parahyba do norte. Fortaleza, 1875, 34 pags. in-4.°-E' assignado com o pseudonymo de Philopoomen. A.ltino RodLrigries Pimenta-E' natural da província da Bahia, bacharel em sciencias jurídicas e sociaes pela faculdade de Pernambuco, e exerce actualmente o logar de chefe da quinta secção da secretaria da presidência de sua província. Escreveu : - Almanak administrativo, commercial e industrial da provin- da da Bahia, para o anno de 1873, quinquagésimo segundo da indepen- dência e do império. Bahia, 1872 in-8.° - CompÕe-se este livro: Do calendário e algumas taboas das marés, nascimento do sol, etc. - Pri- meira parte: Generalidades. Segunda parte: Administrativa, eccle- siastica e judiciaria. Terceira parte: Commercio - Comarcas de fóra - Parte eleitoral - Supplemento-Alterações, accrescimos e emendas - Revista de annuncios - índice. A paginação de cada uma destas partes tem sua numeração especial. 64 AL Aluizio d.e Azevedo - E' natural da província do Ma- ranhão, filho de David Gonçalves de Azevedo e irmão de Arthur de Aze- vedo, de quem se faz menção neste volume. Vindo ao Rio de Janeiro, matriculou-se na academia de bellas artes, applicou-se ao desenho de caricaturas e como caricaturista trabalhou para a Comedia popular e para o Meguetrefe. Em 1878 ou 1879 voltou á sua província, mas pouco se demorando ahi, tornou áo Rio de Janeiro e aqui firmou sua residência. E', como seu irmão, cultor da litteratura, e parti- cularmente da litteratura dramatica. Escreveu: - Uma lagrima de mulher: romance original. S. Luiz, 1880. - O mulato : romance. S. Luiz, 1881 - E' um livro de 488 pags., de costumes maranhenses. - Memórias de um condemnado : romance brazileiro-Foi publicado em folhetim na Gazetinha, Rio de Janeiro 1882. - Os doudos : comedia em tres actos, em verso - Não sei si foi publi- cada. Vi delia um fragmento, assignado por Arthur e Aluizio de Azevedo na Revista dos theatros, periodico dedicado á litteratura e á arte dramatica, n. 1 de julho de 1879. - Casa de Orates : comedia em tres actos, original brazileiro, dos irmãos Arthur e Aluizio de Azevedo - Foi representada no theatro Sant'Anna em agosto de 1882. (Veja-se Arthur de Azevedo.) - A Flor de Hz : opereta pelos irmãos Arthur e Aluizio de Azevedo - Foi levada á scena, e muito applaudida no theatro Lucinda. - Mysterio da Tijuca: romance original-Vem na Folha Nova. Começou a sahir em folhetim com o primeiro numero desta folha, a 1 de novembro de 1882. - Casa de pensão: estudo do costumes.- Na mesma folha, 1883, em folhetim. Em sua volta ao Maranhão, redigiu : - O Pensador: orgão dos interesses da sociedade moderna. Maranhão, 1880 a 1881 - Como responsável legalmente por um artigo, em que o padre José Baptista se considerou injuriado, foi Aluizio de Azevedo sujeito a um processo criminal. Por esta occasião foi publicado um opusculo, com o titulo A responsabilidade da imprensa, Maranhão, 1881, de 81 pags., em defesa do clero maranhense, contendo peças deste processo, entre as qúaes se lè um trecho do illustrado jurisconsulto A. Gomes de Castro, transcripto no Monitor Catholico de S. Paulo, de 7 de agosto de 1881. O interesse que causou o processo se póde avaliar pelas seguintes palavras do doutor Gomes de Castro : « Para que boletins incendiarios, insultuosos, senão burlescos, a pro- posito de uma causa sujeita aos tribunaes ? « O que significa o apparato de tres advogados gratuitos e espontâneos em uma causa summaria, senão o intuito de exerSer pressão sobre o juiz ou sobre o queixoso ? 65 « Qual o fim de convocar-se o povo para a sessão de exhibição do au- tographo, senão para abafar pala vozeria a acção tranquilla da justiça ? « Não está este procedimento reprehensivel patenteando o plano de le- vantar poeira para conseguir a impunidade do crime ? «Nosso rumo, porém, está antecipadamente traçado. Defenderemos por todos os meios legitimos o nosso direito. Cidadãos brazileiros, iremos aos tribunaes com a consciência de desempenhar um dever o prestar um serviço á sociedade, que vive da justiça. Nem vociferações extemporâneas, nem vergonhosas capitulações ; manteremos nosso posto, aguardando os acontecimentos. « Temos uma consciência, seguiremos seus dictames; não queremos tricas, nem linhas tortuosas ; caminharemos com o favor de Deus na es- trada da honra e da dignidade. Não nos inquietamos rumores da rua ; desprezamos os insultos, e temos compaixão dos insultadores; a verdade romperá com seus raios possantes o nevoeiro das paixões ; nosso triumpho será certo, porque defendemos a causa da justiça e da verdade, que não são cousas vans, mas um reflexo das divinas perfeições. » Consta-me que'redigira também no Maranhão uma folha intitulada Pacotilha. Álvaro A-llberto da Silva - E' natural do Rio de Ja- neiro, filho de João Álvaro da Silva e de dona Adelina Carlota Guedes da Silva ; fez na côrte todos os seus estudos, quer de humanidades, quer da faculdade de medicina, onde recebeu o grau de doutor èm 1881, e es- creveu : - Dissertação sobre a nephrite paremchy matosa : these apresentada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro em 30 de setembro de 1881 e pe- rante ella sustentada a 20 de dezembro do mesmo anno. Rio de Janeiro, 1881. 145 pags.- Contém a these proposições sobre: Opio-Anes- thesicos - Condições pathologicas da anuria e dos meios de combatel-a. - Gazeta medica brazileira : revista quinzenal de medicina, cirurgia e pharmacologia. Io tomo. Rio de Janeiro, 1882 - Sahe em folhetos, cujo primeiro numero ó datado de 15 de março, sob a redacção do Dr. Álvaro e mais dous collegas. (Veja-se Domingos José Freire 2o, João Vicente Torres Homem.) Álvaro A-ugriisto <3Le Carvalho - Irmão do celebre constructor, primeiro tenente honorário da armada Trajano Augusto de Carvalho, nasceu na provincia de Santa Catharina a 1 de março de 1829, e falleceu na campanha contra o Paraguay. Fez todo o curso da academia de marinha, tendo a primeira praça, de aspirante a guarda-marinha, a 2 de março de 1847, sendo promovido a guarda-marinha em dezembro de 1849, a segundo tenente em abril de 1852, e a primeiro tenente em dezembro de 1856. Tinha este posto e commandava a canhoneira Ypiranga, quando falleceu em combate. 66 AL O primeiro tenente Álvaro de Carvalho dedicou-se muito á litteratura, principalmente a dramatica, e escreveu : - Pedro Martelli: drama em quatro actos e um prologo. Santa Ca- tharina, 1865. - Raymundo : drama em cinco actos. Santa Catharina, 1868 - E' uma publicação posthuma. Sei que além destes escrevera - Diversos dramas - de que foram publicados ou levados á scena alguns, e outros se conservavam inéditos e desconhecidos. Álvaro Joaquim de Oliveira.- Nasceu na cidade da Fortaleza, capital do Ceará, sendo seus paes Joaquim José de Oliveira e dona Joaquina Roza de Oliveira. Tendo feito todo o curso de engenharia militar, serviu no exercito, como official de engenheiros, desde o posto de segundo tenente até o de major a que foi promovido por merecimento a 13 de Maio de 1871, e de que pediu pediu demissão em 1872. E' bacharel em mathematicas, lente de chimica inorgânica da escola polytechnica, engenheiro fiscal da companhia dos melhoramentos da cidade do Rio de Janeiro ; tem servido outros cargos, como o de fiscal da companhia da estrada de ferro S. Paulo e Rio de Janeiro ; foi um dos fun- dadores da associação mutua de pensSes para a invalidez, e velhice, e de monte-pio, intitulada Previdência; é cavalleiro da ordem de Christo, etc. Escreveu diversos trabalhos ofiiciaes no exercicio dos corpos que serviu, como o - Relatório da companhia S. Paulo e Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1875, in-fol. -E além disto : - Secca do Ceará. Açudes, arborisação, estradas de ferro. Rio de Janeiro, 1878, 83 pags. in-4.° - O radiometro de Crokes: estudos. Rio de Janeiro... Não pude ver esta obra, mas sei que é importante. - Planta da linha telegraphica de Campos a S. Francisco de Paula. Maio, 1874 - Está na collecção das linhas telegraphicas con- struidas no Império do Brazil pela repartição dos telegraphos. - Planta de Pelotas a Jaguarão - Idem. Álvaro José Xavier - Era presidente do corpo do go- verno em Goyaz, e foi elle quem no dia do juramento da constituição do império, a 22 de maio de 1824, no meio dos applausos e geral regosijo, ao sahir da igreja se dirigiu á tropa que se achava postada na praça, e ao povo, annunciando se achar jurada a constituição, e dando vivas á religião, ao Imperador, á constituição e á independencia. Escreveu : - Memória sobre a navegação do Uraguay, escripta em julho de 1808 e dedicada a dom Rodrigo de Souza Coutinho - Vi-a mencionada na AL 67 relação dos manuscriptos a respeito do Brazil, existentes na secretaria de estado dos negocios estrangeiros. Esta relação vem na revista do Instituto historico, tomo 4o, pagina 393 e seguintes. - Informação sobre alguns pontos relativos d navegação e indios da provinda de Gvyaz, dada ao excellentissimo senhor dom Rodrigo de Souza Coutinho - Vem na mesma revista. Ha de sua penna outros trabalhos officiaes. Álvaro Lopes Machado - E' natural da província da Parahyba, bacharel em sciencias mathematicas pela escola militar, for- mado em 1881, e escreveu por occasião de receber o grau na mesma escola: - Discurso pronunciado pelo alumno do quinto anno, etc., como orgão dos bacharelandos de 1881, por occasião da collação do grau. Rio do Janeiro, 1882 - Foi mandado imprimir-se este discurso pelos collegas do autor. Álvaro Moreira Sampaio - Filho de Francisco Moreira Sampaio e de dona Maria José da Cunha Sampaio, nasceu na província da Bahia em 1836 ou 1837. Doutorado em medicina pela faculdade de sua província em 1859, con- correu em 1862 para o provimento de um logar de oppositor da secção medica da mesma faculdade, o que não obteve. Escreveu: - Em que consiste o vitalismo hypocratico : dissertação inaugural. Bahia, 1859 - E' seguida de proposições sobre os pontos seguintes: Usos do figado - Circumstancias que justificam a provocação do aborto - Quaes os processos, ou o processo mais seguro para reconhecer o veneno arsenical? - Da importância da physiologia em relação d therapeuticá: these para o concurso a um logar de oppositor da secção medica. Bahia, 1862 - E' seguida de proposições sobre os diversos ramos de ensino medico. jklvaro Teixeira <le Macedo - Filho do sargento- mór Diogo Teixeira de Macedo e de dona Anna Mattozo da Camara de Macedo, e irmão do conselheiro Sérgio Teixeira de Macedo, que foi mi- nistro do império, o do desembargador Diogo Teixeira de Macedo, nasceu na cidade do Recife, capital de Pernambuco, a 13 de janeiro de 1807, e falleceu na Bélgica a 7 de dezembro de 1849. Depois de fazer sua primeira educação litteraria no Brazil, seu pai o mandou para um collegio em Londres, d'onde voltou para o Rio de Janeiro no fim de quatro annos, prompto para entrar na vida commercial ; mas, tendo para isto negação, foi para França com a intenção de estudar me- dicina, e d'ahi, por moléstia, passou para Coimbra. Ainda cm Coimbra 68 não pôde encetar os estudos que projectava, porque, justamente quando ahi chegava para este fim, subia ao threno D. Miguel, e a universidade se fechava ; e então, tornando ao Brazil, matriculou-se na academia de direito de sua província em março de 1829, na qual teve por compa- nheiros seus dous irmãos, e formou-se em 1833. Despachado para um logar de Io escripturario da alfandega da côrte, foi depois nomeado addido â legação brazileira em Lisboa, para a qual foi seu irmão Sérgio T. de Macedo nomeado encarregado de negocios em 1834 ; d'ahi passou a secretario da missão em Londres em 1836; de Londres passou a encarregado de negocios interino em Vienna d'Austria em 1843, e deste cargo para egual cargo, porém effectivo, na Bélgica cm fins de 1848 ; mas jã soffrendo muito de sua saude, morreu quasi cego, poucos mezes depois. Escreveu, desde estudante em Pernambuco, muitas poesias sobre assumptos nacionaes o outros, mas só consta que publicasse : - A' Independencia : poesia publicada no Diário de Pernambuco de 15 do setembro de 1829, c depois no Jornal do Recife do 6 de de- zembro de 1877. - A festa do Baldo : poema mixto, dedicado ao íllustrissimo senhor Roberto Lucas em signal de respeito, amisade e gratidão filial que consagra o autor, seu genro, a tão bom o estimável sogro. Lisboa, 1847, 94 pags. in-8.°-Este poema, que tem oito cantos cm verso solto, escrevera o autor contrariado por não passar de secretario ds legação, cm 1842; acha-se integralmente reproduzido nas Biographias dos poetas pernambucanos, do commendador A. J. de Mello, vol. 3o, de pags. 159 a 220 ; e o Vis- conde de Porto-Seguro, que trata também deste autor, transcreve o ultimo canto no seu Florilégio da poesia brazileira, e bem que lhe note alguns defeitos, o considera o primeiro poema heroi-comico brazileiro. Sabe-se que Álvaro Teixeira de Macedo escrevera, além de poesias avulsas, outras obras, qúo desapparecoram, ou, como se diz, elle queimou. Entro estas, ha: - Uma traducção do Othelo : tragédia de Ducis. - Um drama de costumes (em verso), - em que elle zurzia ao mesmo tempo os uzurarios e as loureiras. Redigiu finalmente : - O Olindense : jornal político e litterario. Pernambuco, 1831-1832, in-4.°- Foi seu companheiro na rodacção desta folha seu irmão Sérgio Teixeira de Macedo. A-lvai^o Tifeei-io d.e Moncorvo e Lima - Nasceu na Cachoeira, província da Bahia, pelo anno de 1815, e falleceu pelo anno de 1865, sendo seus pais Fructuosa Gomes Moncorvo e dona Maria Rosa de Lima. Formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de Pernam- buco, exerceu muitos annos o cargo de inspector da thesouraria de AM 69 sua provincia; foi delia presidente e representou-a muitas vezes em sua assembléa e na assembléa geral legislativa do 1857 a 1864. Era orador fecundo e habil, e commendador da ordem da Rosa. Escreveu, alem de diversos relatórios : - Eleição do 3o districto da provincia da Bahia, por Álvaro Ti- berio de Moncorvo e Lima. Bahia, 1857, 102 pags. in-4.u - Discurso pronunciado pelo doutor Álvaro Tiberio de Moncorvo e Lima, deputado â assembléa geral legislativa pelo 1" districto da capital da provincia da Bahia, na sessão de 22 de agosto de 1861. Bahia, 1861, 38 pags. in-4.° D. A.malia dos Passos Figueirôa - Nasceu na cidade de Porto-Alegre, capital da provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul, a 31 de agosto de 1846, e falleceu a 24 de setembro de 1875. Pareco-me que não foi muito apurada sua educação litteraria ; mas dando-se desde muito criança ao cultivo da poesia, mostrou depois grande talento, unido a um verdadeiro sentimento poético. Escreveu : - Crepúsculos: poesias. Porto-Alegre, 1872 - Acha-se neste livro um juizo critico, escripto pelo litterato Rio-grandense Apolinario Porto-Alegre. A revista Novo mundo, dando noticia deste livro, no tomo 3o e pagina 92, acha em seus versos um lyrismo mui doce, mas muita imprecação sombria. E' também o que pensa aquelle critico. « Não desejaria, diz elle, vel-a tão descrente, como na poesia No dia de meus annos. Aquillo affligc. « Deveria surgir para os escriptores de nossa terra, como a velleda inspirada da nova geração ; como o archanjo do futuro ; como a consub- stanciação luminosa das novas idéa=, da nova crença, que baloiça nas fímbrias de não muito remoto horisonte. Aliumiaria então a senda a percorrer-se « Queria vel-a a prophetisa de um novo periodo, mais proprio ao movimento actual - disse elle mais adiante-mas é opinião que não tira nada do valor que têm suas apreciáveis producções. » Ainda hoje dona Amalia Figueirôa é a mimosa, mas triste inspiradora de muitas composições poéticas; e ainda hoje se publicam em avulso composições de sua lavra, como : - Luz : poesia em oitava rima - que vem no Almanak das senhoras para 1882. Lisboa, pags. 204 e 205. - As duas estreitas : poesia em oitava rima - Idem, pags. 165 e 166. Amando Gentil - Filho de Antonio Gentil Ibirapitanga Pimenlel, de quem se faz menção neste volume, nasceu na capital da provincia da Bahia, e ahi exerce um logar no funccionalismó publico de fazenda. 70 AM Escreveu: - Guia para facilitar o pagamento e cobrança do imposto do sello que baixou com o decreto n. 4,505 de 9 de abril de 187O. Bahia, 1870, in-4.o Amarilio de Olinda Vasconcellos -Natural da província de Alagoas, nasceu em 1845. Fez todo o curso de artilharia e serviu no exercito até o posto de capitão, a principio no Io batalhão de artilharia, e depois no Io regi- mento da mesma arma, tendo militado na campanha do Uruguay de 1865 e na campanha successiva do Paraguay até sua terminação. Deixando a carreira militar, passou ao serviço do ministério da agricultura, e exerce actualmente o cargo de director da estrada de ferro do Baturitó. E' cavalleiro da ordem da Rosa, e condecorado com as medalhas das duas campanhas, em que militou. • Escreveu : - Prolongamento da estrada de ferro de Baturité ao Carirg e os açudes da província do Ceará. Fortaleza, 1881, 38 pags. in-4.° -Neste volume, em que também collaborou um collega do autor, Henrique Foglaro, depois do assumpto indicado no rosto da obra, so trata das necessidades da província contra as sêccas, e da garantia de sua propriedade. Ambrosio Leitão <la Cunha, Barão de Mamoré- Nasceu na província do Pará a 21 de agosto de 1825. E' formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo, presidiu diversas províncias do Império, por diversas vezes representou na camara temporária sua província natal, e representa no senado a do Amazonas deste 27 de abril de 1870, tendo servido antes diversos cargos da magistratura. E' commendador da ordem da Rosa e da de Christo. Escreveu, além de diversos relatórios : - Analyse da lei do orçamento vigente e do projecto para o orçamento de 1863, não sanccionado pela presidência. Pará, 1863, 85 pags. in-4.° - Discurso recitado pelo presidente da província doutor Ambrosio Leitão da Cunha no acto de inaugurar-se a irmandade da Misericórdia da cidade do Recife no dia 29 de julho de 1860. Pernambuco, 1860, 6 pags. in-4.° - Questão religiosa. O senador A. Leitão da Cunha ao bispo do Pará. Rio de Janeiro, 1873, 30 pags. in-8.° A.mlbrosio Machado da Cunha Cavalcante - E' natural da província de Alagoas, bacharel em scioncias sociaes e jurídicas pela faculdade de Pernambuco, foi diversas vezes deputado á AM 71 assembléa de sua provincia, que representou na camara temporária na legislatura de 1863 a 1866. Escreveu : - 0 morticínio da Victoria : manifesto apresentado ao publico pelo doutor Ambrosio Machado da Cunha Cavalcante. Recife, 1880, 75 pags. in-8.° - Refere-se o autor ao conflicto dado na cidade da Victoria, provincia de Pernambuco, no qual foi assassinado o Barão da Escada, por occasião da eleição senatorial do doutor Luiz Felippe de Souza Leão. D. ALmelia, Duqueza de Bragança e Impe- ratriz do Brazil - Filha do principo Eugênio, Duque de Leu- chtemberg, segunda esposa do immortal fundador do império e madrasta de sua magestade o Imperador dom Pedro II, nasceu em Munich a 31 de julho de 1812 e falleceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1873. Enviuvando a 24 de setembro de 1834, residiu sempre em Lisboa, oc- cupando-se na pratica da caridade e de outras bellas virtudes, sendo um de seus bellos titulos ás bênçãos da humanidade a instituição, toda sua, de um hospicio no Funchal, em 1853, para os militares affectados de thisiea pulmonar, e de outras affecções dos orgãos thoracicos. Era grã-cruz das ordens de Pedro I, do Cruzeiro e da Rosa, e escreveu : - Adeuses da imperatriz Amélia ao menino adormecido. Rio de Janeiro, typ. de R. Rogier, 1831, 4 pags. in-8.° - A bibliotheca na- cional possue este opusculo com a assignatura da dama do paço, dona Leonor da Gamara. Refere-se elle ao actual Imperador, quando seu au- gusto pae partiu do Rio de Janeiro em 1831. Amelio Carneiro da Silva Braga - E' natural da provincia de S. Paulo, onde tem residência, e me consta que servira como offlcial do exercito, ha muitos annos. Cultiva a poesia, é socio do atheneu paulistano, e escreveu : - Miscelania poética : S. Paulo, ... - E' uma collecção de diversas composições suas. - Echos de Piratininga. S. Paulo, 1864, 311 pags. in-8.° -E' um livro dividido em duas partes, onde estão colleccionadas novas compo- sições em verso. Depois tem publicado muitas - Poesias avulsas em revistas e outras publicações litterarias, como o almanack litterario de S. Paulo, de José Maria Lisboa, publicação annual de 1875 em diante. Américo Brasilieuse de Almeida e Mello - Nasceu na cidade de S. Paulo a 8 de agosto de 1833, sendo seus paes o doutor Francisco Antonio de Almeida e Mello e dona Felizarda Joaquina Pinto e Mello. 72 AM Doutor em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de sua pro- víncia, exerceu a advocacia a principio ; exerceu depois a magistratura no logar de juiz municipal e de orphãos da Faxina, de que pediu demissão ao cabo de um anno ; foi deputado á assemblóa provincial em diversas legislaturas, e á assembléa geral na de 1867 ; foi vereador eleito pelo mu- nicípio da capital, era 1878 ; presidiu a província da Parahyba, e a do Rio de Janeiro; fez uma excursão pela Europa de 1864 a 1865 ; e foi nomeado a 11 de setembro de 1882 lente substituto da faculdade de S. Paulo. O doutor Américo Brasiliense é socio do instituto historico e geogra- phico brazileiro, e escreveu : - These para obter o grau de doutor em sciencias sociaes e jurí- dicas. S. Paulo, 1860 - Nunca vi esta these. - Os programmas dos partidos e o segundo império: primeira parte, Exposição de princípios. S. Paulo, 1878, 260 pags. in-4.° - Com- prehende esta obra: Partido liberal de 1831 - Partido conservador, 1837 - Partido progressista, 1862 - Partido liberal radical, 1868 - Par- tido liberal, 1869 - Partido republicano, 1870 - Partido republicano da província de S. Paulo. - Exposições de historia patria, feitas aos alumnos do collegio de S. João da cidade de Campinas. S. Paulo, 1873 - Estas exposições ou prelecções foram depois publicadas, pelo editor José Maria Lisbea, com o titulo de : - Lições de historia patria. S. Paulo, 1877, 391 pags. in-8.°- São 36 prelecções, sobre as quaes a commissão de trabalhos históricos do instituto historico e geegraphico pronunciou um parecer, que lhe deu entrada no mesmo instituto. Ha outros trabalhos de menos folego do doutor Américo Brasiliense, como o - Elogio aos paulistas : artigo - que vem inserto no Almanack de Campinas de 1873. A-merico Brasilio cLe Campos - Filho do doutor Ber- nardino José de Campos e dona Felisbina Gonçalves de Campos, nasceu em Bragança, província de S. Paulo, a 12 de agosto de 1835. Bacharel em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de sua provin- da, se tem entregado com solicitude ao jornalismo desde que deixou os bancos da academia, redigindo : - O Cabrião (gazeta illustrada). S. Paulo, 1866-1867 - Foi seu companheiro nesta folha o bacharel Antonio Manoel dos Reis. - Correio paulistano. S. Paulo, 1860 a 1876 - O bacharel Américo de Campos redigiu esta publicação de 1867, quando deixou o precedente, até 1874. - A provinda de S. Paulo: propriedade de uma associação com - manditaria. Redactores Américo de Campos e Francisco Rangel Pestana. S. Paulo, 1875 a 1883 - Esta publicação continua. AM 73 Américo Brasilio d.e Souza - Nasceu na cidade de S. Salvador, capital da Bahia, pelo anno de 1828, e falleceu talvez sem completar 30 annos de idade, victima de uma tuberculose. Desde seu nascimento foi infeliz, porque nunca soube a quem devia o ser. Abandonado por seus paes, foi acolhido por uma nobre e virtuosa senhora bahiana, dona Anna Maria de Souza Barata, que se incumbiu de sua educação até receber elle o grau de doutor em medicina na faculdade de sua provincia, tratando-o sua nobre protectora como si seu filho fôra. O doutor Américo Brasilio foi um desvelado cultôrda poesia. Não sei si colleccionou e deu ao prélo suas composições poéticas ; sei, porém, que em diversos orgãos da imprensa periódica publicou muitas, como por exemplo as duas seguintes : - Poesia offerecida ao illustrissimo senhor doutor Joaquim, de Souza Velho, no dia Io de janeiro de 1850, anniversario de seu natalicio - E' uma composição em versos hendecasyllabos, inserta no Atheneu. Bahia, 1850. - Poesia offerecida à illustrissima senhora dona Maria Clementina da Silva Pereira, no dia de seu feliz consorcio com o illustrissimo senhor doutor Pedro Caetano da Costa - E' uma poesia de 285 versos hendeca- syllabos, inserta nos Cantos brazileiros de pags. 223 a 231, Bahia, 1850. - O eccletismo em medicina : these apresentada e sustentada perante a faculdade de medicina da Bahia para receber o grau de doutor. Bahia, 1852 - E' seguida de proposições sobre os diversos ramos da medi- cina. Americo Guimarães - Filho de Manoel José Pereira Gui- narães e dona Hermelinda Pereira Guimarães, nasceu em Nicteroy a 6dejunho de 1864, fez o curso do collegio Pedro II até o quarto anno e se acha matriculado no curso de preparatórios da escola polyte- chnica. Jultiva a poesia e tem escripto : - Vagidos : collecção de versos - que se acha actualmente no prélo. - Illusões : segunda collecção de versos - que o autor pretende dar a publicidade depois da precedente. Américo Hipolito Ewerton de Almeida - Filho de Joaquim Hipolito de Almeida e de dona Anna Clementina Ewerton, nasceu na cidade de S. Luiz, provincia do Maranhão, a 18 de agosto de 1833. Veio, ainda menino, com seus paes para o Rio de Janeiro, aqui fez toda sua educação até receber o grau de doutor em medicina na faculdade respectiva, e exerce, ha muitos annos, a clinica honaoeopa- thica. E' socio da associação medico-homceopathica fluminense, da socie- 74 AM dade amante da instrucção, da sociedade auxiliadora da industria na- cional, etc. Escreveu : - These para o doutorado em medicina. Rio de Janeiro, 1855-Versa sobre: Asphyxia em geral, suas causas e signaes, e em particular da asphyxia pelo vapor do carvão : proposições. Escutâção cm geral e dos phenomenos observados por meio delia, pelos quaes se pode diagnosticar as moléstias dos pulmões e do coração : idem. Diagnostico differencial da amaurose e da catarata : idem. Da inflammação em geral e suas ter- minações : dissertação. - Das moléstias venereas e seu tratamento homceopathico, contendo o que de mais util se encontra nos autores homoeopathicos. Rio de Janeiro, 1860, 106 pags. in-12.° - O medico das crianças ou conselho ás mães sobre a hygiene e tratamento homceopathico das moléstias de seus filhos. Rio de Janeiro, 1860, 524 pags. in-8°- E' offerecido a sua magestade o Imperador, dividido em quatro partes, a saber : l3- parte. Hygiene e educação moral dos meninos, 23 parte. Moléstias da primeira infancia, suasi causas, symptomas e tratamento. 3a parte. Moléstias da segunda infancia, causas, etc. 4a parte. Diccionario dos termos technicos, empregados na obra - O doutor Américo Ewerton teve por collaborador neste livro o doutor Maximiano Antonio de Lemos. - Vademecum homceopathico, ou a homceopathia ao alcance de todos : obra compilada dos melhores autores. Rio de Janeiro, 1868. Américo Militão de Freitas Guimarães - E' natural da provincia do Ceará, e formado em sciencias sociaes e juridicís pela faculdade de Pernambuco, seguiu a carreira da magistratura ia qual subiu ao logar de desembargador, tendo actualmente exercicio ia relação da Fortaleza. Escreveu : - Repertório ou indice alphabetico e chronologico dos avis)s, alvarás e portarias do ministério da justiça desdç 1822 atè hoje-. Rio de Janeiro, 1882. Américo Monteiro de Barros - Nasceu na cidade de S. Luiz, capital da provincia do Maranhão, a 22 de fevereiro de 1835. Fez na capital do Império todo o curso do estado-maior de primeira classe, a cujo [corpo pertence ; ó doutor em mathematicas, e depois de servir comoj lente substituto da escola polytechnica, é lente cathedratico do curso de sciencias physicas e mathematicas. Assentando praça em 1850, foi nomeado alferes alumno em 1853, alferes effectivo em abril de 1855, tenente em dezembro do. mesmo AN 75 anno, capitão em 1857, major graduado em 1866, major effectivo em 1875, e tenente-coronel graduado em 1880, e serviu por alguns annos no archivo militar. E' cavalheiro da ordem da Rosa e da de S. Bento de Aviz, e es- creveu : - Emprego do infinito nas mathematicas elementares. Rio de Janeiro, 1863. - Compendio do systema métrico decimal. Rio de Janeiro, 1872, 132 pags.- Este livro é precedido de um parecer firmado pelos profes- sores da escola central, Ignacio da Cunha Galvao, Gabriel Militão de Villa- Nova Machado e Epiphanio Cândido de Souza Pitanga, abonando a obra. Creio que ha delia uma edição nova. Amph.rysio Fialho - E' filho do tabellião Francisco José Fialho e nasceu na provincia do Piauhy. Fez na escola militar, depois central, todo curso de artilharia, assen- tando praça enj 1858, sendo promovido a segundo tenente em 1860, a primeiro tenente em 1865, e a capitão do 3o batalhão da dita arma em 1866. Deixando a carreira militar, foi á Europa e for- mou-se em s.ciencias politicas e administrativas na Universidade da Bélgica. Antes disto prestou serviços na campanha da republica do Uruguay de 1865, e na subsequente do Paraguay, sendo por isso condecorado com as medalhas respectivas. Escreveu: - Dom Pedro II, empereur du Brèsil: notice biographique (com o retrato de sua magestade). Bruxellas, 1876 - E'um livro nitidamente impresso, em que o autor, longe da patria, honra o soberano por todos os titulos digno do amor dos brazileiros. - Le marechal Bazaine defendu contre ses detracteurs: refutation de 1'accusation par un ancien officier brésilien. Bruxelles, 1874. Teve parte, como membro da commissão de engenheiros, na - Planta do theatro de operações dos exercitos alliados na republica do Paraguay nos mezes de abril a setembro de 1869, levantada pelos mem- bros da commissão de engenheiros, etc.- Existe o original a aquarella no archivo militar. A.na,nias Ibirapitang-a dLe Araújo-Natural do Rio de Janeiro, nasceu a 27. de agosto de 1834. Foi professor particular da instrucção primaria, e também de francez mo Engenho-Novo, arrabalde da côrte ; collaborou para diversos perió- dicos, e principalmente para a Marmota, onde escreveu de 1858 a 1861 muitos artigos, uns originaes e outros traduzidos, como romances, bio- graphias, critica litteraria, etc. 76 AIV Publicou em avulso algumas traducções, como : - Theophilo ou o joven eremita, pelo conego C. Schmidt: traducção para uso das escolas publicas e recreio das famílias. Rio de Janeiro, 1862, 152 pags. in-8.° - Com uma estampa. - João e Maria ou osfructos de uma bella educação : traducção - Vem n'um volume impresso por Laemmert & C.a com dous romances tra- duzidos por Severino Nunes Cardoso de Rezende. Anastacio José dos Santos Júnior - E' natural, si me não engano, de S. Paulo. Só conheço este autor por ver a seguinte obra de sua lavra : - Flores incultas (collecção de poesias). Guaratinguetá, 1861. A-iinstíicio Luiz <lo Bom-successo -Nasceu na ci- dade do Rio de Janeiro a 5 de agosto de 1833. Bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, e doutor em medicina pela faculdade desta cidade, além de dar-se ao exercício desta sciencia, dedi- cou-se ao magistério, leccionando inglez, historia e outras matérias. E' official da ordem da Rosa, socio e um dos fundadores do instituto dos bacharéis em lettras, socio do instituto medico, da sociedade auxilia- dora da industria nacional, da sociedade propagadora das bellas artes, e da academia philosophica do Rio de Janeiro, grande orador do grande capitulo dos cavalleiros Noachitas, etc. O doutor Bom-successo tem sido um activo cultor das lettras, é poeta e escreveu : - Critica da theoria cellular. Das modificações que a prenhez pôde occasionar na intelligencia da mulher. Diabetis. Utilidade da organo- graphia vegetal e da botanica em geral: these apresentada e sustentada perante a faculdade de medicina do Rio de Janeiro em 24 de novembro de 1856. Rio de Janeiro, 1856, 85 pags. in-4.° - Annaes da academia philosophica. Rio de Janeiro, 1856.- Como o titulo annuncia, é o orgão da academia philosophica, do qual foi o doutor Bom-successo redactor. - Fabulas, 1854-1858. Rio de Janeiro, 1860, 107 pags. in-8.°- Desta obra, cuja matéria é dividida em cinco livros, e de metrificação variada, se occupou a imprensa do dia com expressões lisongeiras para com o autor. - Relatorio dos trabalhos do instituto dos bacharéis em lettras, durante o anno social de 1864 a 1865, lido na sessão anniversaria de 2 de julho deste ultimo anno, Rio de Janeiro, 1865, 15 pags. in-4.° - Saudação á sociedade auxiliadora da industria nacional no seu 40° anniversario, recitada em presença de suas magestades imperiaes e altezas a 30 de outubro de 1867- Poesia em cinco capítulos e de metri- ficação variada, sahiu na revista da mesma sociedade. Rio de Janeiro, 1867. 77 - A gloria : saudação á feliz inauguração do instituto dos bacharéis em lettras. Rio de Janeiro, 1864. - Bibliotheca do instituto dos bacharéis em lettras, publicada sob a direcção e redacção de Anastacio Luiz do Bom-successo. Rio de Janeiro, 1867 - Contém além do relatorio dos trabalhos, um discurso do pre- sidente do instituto padre Antonio Maria Correia de Sá e Benevides, profe- rido na sessão magna de inauguração a 2 de julho de 1867 ; diversas peças relativas á mesma inauguração ; o Púlpito no Brazil, estudo do doutor Benjamin Frankiin Ramiz Galvão e - Quatro vultos : ensaio de biographia e critica- Refere-se o autor aos quatro poetas brazileiros, Antonio Gonçalves Dias, Luiz José Jun- queira Freire, Laurindo José da Silva Rabello e Antonio Manoel Alvares de Azevedo. -Versos de Cisnato Luzio. Rio de Janeiro, 1881.-E' um pequeno opus- culo, contendo trinta sonetos, a que o autor dá o titulo de Photographias. - O sol e a historia: fabula (ao Barão de S. Felix) - Vem na Demo- crotema commemorativa do lyceu de artes e officios. Rio de Janeiro, 1882, pags. 74 e seguinte. - Trabalhos lidos em diversas sessões do instituto dos bacharéis em lettras, pelo socio Anastacio Luiz do Bom-successo. Rio de Janeiro, 1875, 39 pags. in-40.- Contém dous discursos e algumas fabulas. jAndré de Albuquerque - Filho de Antonio Leitão de Vasconcellos, fidalgo da casa real, e de dona Catharina de Albuquerque e Mello, nasceu, não em Cintra e a 21 de janeiro de 1621 como diz Inno- cencio da Silva que lhe accrescenta o appellido de Ribafria, mas em Per- nambuco, e em 1620, como prova a toda evidencia o autor do Diccionario biographico de pernambucanos celebres, e falleceu a 14 de janeiro de 1659 na batalha das linhas de Eivas. Assentara praça de soldado em sua patria, e depois de combater contra os invasores delia, seguiu para Portugal, onde pelos degraus do valor e não da valia subiu a todos os postos até o de general, pugnando nas fi- leiras do exercito restaurador desde o grito da revolta de 1 de dezembro de 1640 e acclamaçào de dom João IV, sahindo victorioso de diversos com- bates. Indicava elle com seu bastão na batalha, em que succumbiu, a ma- neira de escalar a estacada de um forte, quando cahiu, atravessado o peito por uma bala do inimigo, no posto do mestre de campo general, e com o titulo de primeiro. Era commondador da ordem de Christo e alcaide-mór de Cintra, Escreveu : - Relação da victoria que alcançou do Castelhano André de Albu~ querque, general da cavallaria, etc. entre Arronches e Assumar, em 8 de novembro de 1653. Lisboa, 1653, in-8°- Talvez não exista no Brazil esto opusculo, que o autor escreveu com um ferimento recebido na ba- talha, cuja victoria relata. 78 A.N André Alves da Fonseca - Sei apenas que nascera em Pernambuco, e que seu pae se chamára também André Alves da Fon- seca. Escreveu : - Poesias-, nova edição, mais correcta e augmentada. Rio do Ja- neiro, 1865 -E' um volume de 108 pags. in-8° grande. Não sei em que anno, nem em que logar publicara ® autor a primeira edição do suas poesias. André Augrusto de Padua Fleury - E' natural da província de Mato Grosso, e formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo. Exerceu a advocacia apenas formado, depois entrou para a secre- taria de estado dos negocios da justiça, onde serviu e foi aposentado no logar de director geral; foi á Europa, commissionado pelo governo afim de estudar os diversos systemas penitenciários em uso, commissão que satisfez cabalmente, apresentando ao mesmo governo um relatorio de seus estudos ; presidiu de 1878 a 1879 a província de Santa Catharina e a do Ceará, e representando a de Goyaz na 18a legislatura, entrou no gabinete de 4 de julho, organisado pelo Visconde de Paranaguá, para a pasta da agricultura, commercio e obras publicas, da qual pediu exoneração por não ser reeleito deputado. E' do conselho de sua magestade o Imperador, presidente da dire- ctoria da companhia Brazil industrial e foi nomeado ultimamente di- rector da faculdade de direito de S. Paulo. Escreveu : - O presidio de Fernando de Noronha e as nossas prisões. Rio de Janeiro, 1880, in-4° - E uma obra de grande mérito na opinião dos mais competentes na matéria. -Discurso pronunciado na camara dos senhores deputados na sessão de 10 de maio de 1882 na discussão do orçamento da agricultura. Rio de Janeiro, 1882. André liastos <1© Oliveira - Natural da província do Ceará, falleceu entre os annos de 1861 e 1863. Formado em sciencias sociaes e jurídicas, seguiu a carreira da ma- gistratura, na qual subiu ao cargo de desembargador da relação de Pernambuco; foi eleito deputado por súa província na legislatura de 1845 e era official da ordem da Rosa. Escreveu: - Manifesto que os deputados eleitos pela provinda do Ceará fa- zevh aos habitantes desta provinda por occasião da injusta decisão que os expelliu da representação nacional. Rio de Janeiro, 1845, 173 pags. in-12° - Assignam também esta manifestação Antonio José LMachado, 79 Francisco de Souza Martins, Jeronymo Martiniano Figueira de Mello, José Pereira da Graça Júnior, Manoel Fernandes Vieira e Raymundo Ferreira de Araújo Lima. Audré Cursino Benj amim - Natural da provincia do Para, falleceu pelo anno de 1870. Exerceu diversos cargos do funccionalismo publico de fazenda, entre os quaes o de inspector da thesouraria geral da provincia do Amazonas em cujo exercicio se achava em 1866, da de Sergipe e da da Pa- rahyba. Escreveu : - Noções preliminares sobre a natureza dos numeros e suas dif- ferentes especies, sobre as quatro operações de arithmetica, etc, para uso dos meninos paraenses. Pará, 1849 - Parece-me que ha uma edição nova. - Uma viagem em 1852 à villa de Nossa Senhora de Nazareth da Vigia, antiga aldeia de Uruytà. Pará, 1853, 33 pags. in-8.° - índice ou repertório geral das leis da assemblèa legislativa provincial do Grão-Pará (1836 a 1853). Pará, 1854 - Esta obra foi continuada por outro. - Apontamentos da legislação e decisões do governo sobre o emprés- timo do cofre dos orphãos á fazenda nacional (1841 - 1861), coorde- nação de André Cursino Benjamim. Parahyba, 1862, 14 pags. in-4.° WiLdró Fernandos de Souza - Natural do Pará ou talvez de Portugal e brazileiro adoptivo, nasceu, pouco mais ou menos, pelo anno de 1780. Foi presbytero do habito de S. Pedro, conego, vigário collado na dio- cese do Pará e vigário geral. Escreveu: -Noticias geographicas da capitania do Rio-Negro do grande rio Amazonas, exornadas de varias noticias históricas do paiz, do seu go- verno civil o politico e de outras cousas dignas de attenção, dedicadas ao Imperador do Brazil, o senhor dom Pedro I - Esta obra foi offerecida cm manuscripto ao instituto historico e geographico brazileiro pelo conse- lheiro João Antonio Lisboa, e sahiu na revista trimensal, tomo 10°, de paginas 411 a 504. Na opinião do conego André Fernandes o numero dos gentios indigenas do Amazonas se eleva, pelo menos, a meio milhão por averiguações, que ex professo fez destes indios, divididos em differentes tribus, no espaço de trinta e sete annos que se demorou naquella capi- tania, exercendo o cargo de parocho e depois de vigário geral. A biblio- theca nacional possue o autographo de 102 fls., assignado pelo autor. - Appendice a memória precedente, offerecido ao excellentissimo senhor dom Romualdo Antonio de Seixas, do conselho de sua magestade o Imperador, e arcebispo da Bahia. Pará, 1 de setembro de 1828 - Autogra- 80 AN pho de 20 pags., do instituto historico, apresentado na exposição de historia do Brazil. Diz o catalogo desta exposição, que ha outro autographo, a que accresce uma introducção, de 30 fls. in-4.° Trata-se neste appendice das nações gentílicas Mura, Mirãya, e Canamaré do Rio Negro. André João ALntonil- Nasceu em S. Paulo entre os annos de 1670 e 1680. Barbosa Machado nada diz deste autor, e Inno- cencio da Silva, se referindo a elle só pela noticiâ que teve da obra que abaixo menciono, o considera de origem italiana, e supposto o nome que figura no rosto da obra, o que mais certo lhe parece, por ver no final do livro o auctor assignal-o por - O anonymo Toscano. Com effeito é isto original. Talvez, supponho eu, o auctor, já preve- nido da perseguição ou da prohibição que estava preparada à sua obra, quizessí assimílançar a duvida ou a confusão sobre o verdadeiro autor. Menciono aqui este livro, porque estou informado por pessoa muito com- petente da província de S. Paulo, de que ahi nascera André João Anto- nil, que escreveu : -Cultura e opulência do Brazil por suas drogas e minas, com varias noticias curiosas do modo de fazer o assucar, plantar e beneficiar o ta- baco ; tirar ouro das minas, e descobrir as de prata ; e dos grandes emolumentos que esta conquista da America meridional dá ao reino de Portugal com estes e outros generos e contratos reaes. Lisboa, 1711, 221 pags in-4.° - A' publicação deste livro de inestimável mérito e valor, seguiu-se ligo a suppressão delle, decretada por conveniências políticas e razões de estado, até que foi reimpresso no Rio de Janeiro em 1837, 221 pags. in-8.° Ha um trecho na introducção desta edição, transcripto pelo autor do Piccionario bibliographico portuguez, que acho tão curioso, e abona tanto o merecimento do livro, que passo a reproduzir aqui. « O distincto conselheiro Diogo de Toledo Lara e Ordonhes possuia um livro que estimava tanto, que não tinha entre os outros na sua es- tante, mas sim na gaveta pequena de uma commoda. Pediu-se-lhe muitas vezes que o désse â bibliotheca, hoje publica, ao que nunca se pôde resolver, mesmo dando outros. Tal era a estimação em que o tinha ! « Procurou-se, pois, o livro desde o começo do anno de trinta até depois da morte do mesmo conselheiro, e não se descobrindo no Rio de Janeiro, recorreu-se a seu irmão e herdeiro, o general Arroches, em S. Paulo, o qual contestou que não lhe havia sido remettido. « Ha tres annos, pois, que segundo ordens se fizeram pesquizas em Lisboa, onde em fins do anno passado se encontrou um exemplar, decla- rando o possuidor que o não venderia por cem mil cruzados ; tal é a esti- mação, em que o tem ! Mas, como homem generoso, permittiu que se copiasse. AN 81 « No mesmo tempo destas pesquizas em Lisboa se escrevia ao celebrado sabio, antiquário portuguez João Pinto Ribeiro, o qual depois de varias contestações, asseverando o mau resultado de suas indagações, por fim escreveu e sua carta chegeu cora o manuscripto, declarando os nomes de quatro pessoas que possuiam exemplares, e entre ellas o nome de um major, ha pouco, chegado alli do Rio de Janeiro ; quem sabe si não ó o do defunto conselheiro ? - accrescentando que por 7$200 se obteria um exemplar, e que o livro fôra prohibido no tempo de dom João V pelo go- verno portuguez. « Este livro ó pois a Cultura e riqueza do Brazil, etc. etc. em 1711. Do titulo inferirão os leitores quanto elle ó util a todos os estudiosos da economia política e em geral a todos os brazileiros, que ahi acharão a certeza de que o seu abençoado paiz jã então era a mais rica parte da America emquanto a producções ruraes. » Ficam, em vista do que ahi deixo, bastante demonstradas as conve- niências políticas e as razões de estado que determinaram a suppressão da obra do escriptor brazileiro por ordem do governo portuguez. A bibliotheca nacional possue cópias de excerptos de alguns capítulos desta obra, sob o titulo de - Opulência e cultura do Brazil nas fabricas do assucar, tabaco, ouro, couro e sola. Fragmentos tirados de um livro da academia real das sciencias, impresso em Lisboa em 1711, cujo foi prohibido per El-rei dom João V por lhe dizerem que por dito livro estava publico todo segredo do Brazil aos estrangeiros, etc. TViidre Nunes da Silva - Foi sempre reputado como natural do Rio de Janeiro, mas o autor do Diccionario bibliographico portuguez o dá como nascido em Lisboa a 30 de novembro de 1630, e fallecido a 3 de maio do 1705. Na duvida entendi que não devia deixar de incluir seu nome no meu livro. Foi presbytero do habito de S. Pedro, e não theatino, como diz José Augusto Salgado em sua Bibliotheca luzitana escolhida, sem duvida pelo facto de se ter o padre André Nunes recolhido, em 1684, á ordem de S. Caetano dos clérigos regulares da Divina Providencia, onde morreu ; era formado em direito canonico na universidade de Coimbra, socio da academia dos Singulares e poeta ; e o facto de ser seu nome incluido na Bibliotheca de Salgado demonstra que era poeta distincto e applaudido na época em que floresceu. Sua biographia foi escripta pelo reverendo Thomaz Caetano da Silva, e vem nas Memórias históricas e chronologicas dos clérigos regulares, tomo Io, de pag. 465 a 493. Escreveu : - Poesias varias, sacras e profanas. Lisboa, 1671. ■- E' um volume de 288 paginas, muito raro, mesmo em Portugal, onde foi publicado. 82 A.N - Hecatombe sacra ou o sacrifício de cem victimas em cem sonetos, em que se contêm as principaes acções da vida de S. Caetano. Lisboa, 1686, 127 pags. -E' também raro. - Voto métrico e anniversario á Conceição da Virgem Nossa Senhora. Lisboa, 1695, 138 pags. in 8o - 2a edição, posthuma. Lisboa, 1716. A primeira é uma collecção de sonetos, todos compostos pelo padre André Nunes; a segunda contém mais dez sonetos do clérigo regular Manoel Tojal da Silva, consagrados também á Conceição da Virgem San- tíssima. - Diversas poesias - que se acham nos dous volumes da academia dos singulares a que] pertencia o autor e nos Applausos da victoria do Ameixical, Além das composições poéticas mencionadas, escreveu muitas outras cujos manuscriptos ficaram na casa de S. Caetano, onde vivera muitos annos, e passaram para a bibliotheca nacional de Lisboa. A.n<lré Pereira Lima - Natural da provincia da Bahia, formou-se em sciencias sociaes e juridicas na academia de Olinda, e, entrando para a carreira da magistratura e sendo já juiz de direito, dei- xou-a para dar-se á advocacia, exercicio em que se acha, ha muitos annos, nos auditórios do Rio de Janeiro, sendo ainda considerado como juiz de direito avulso. E' socio do conservatorio dramatico da côrte, e escreveu : - Virgínia : tragédia de Victorio Alfieri d'Asti, traduzida do italiano. Bahia, 1843. •A-ndré Pinto Rebouças - Filho do conselheiro Antonio Pereira Rebouças e de dona Carolina Pinto Rebouças, nasceu na capital da provincia da Bahia. Em companhia de seu irmão Antonio Pereira Rebouças (Vide Antonio Pereira Rebouças 2°) estudou diversas matérias de humanidades além das exigidas para os cursos de mathematicas ; com o dito seu irmão recebeu na côrte o grau de bacharel em sciencias physicas e mathema- ticas e carta de engenheiro civil; com elle assentou praça de 2o cadete de artilharia em 1855, foi nomeado alferes alumno e 2o tenente em 1857, pedindo mais tarde demissão do exercito ; com elle, finalmente, foi á Europa com licença do governo afim de aperfeiçoar seus estudos, se de- dicando ao estudo de caminhos de ferro e portos de mar na Inglaterra e na França. O doutor André Rebouças tem sido incumbido de muitas e importantes commissões do governo, e actualmente é lente do curso de engenharia civil da escola polytechnica; socio da sociedade auxiliadora da industria nacional e presidente da secção de machinas e apparelhos; socio do instituto polytechnico brazileiro e redactor geral de sua revista; da associação de acclimação brazileira e director da secção de acclimação; da socie- 83 dade amante da instrucção e consultor; socio da sociedade propagadora das bellas-artes ; official da ordem da Rosa; cavalleiro da de Christo; condecorado com a medalha geral da campanha contra o Paraguay, e com a medalha commemorativa da rendição da divisão paraguaya sob o commando do major Estigarribia, que occupava a villa de Uruguayana em 1865. Escreveu : - Memória sobre as fundições com ar comprimido da ponte do Lavulte sobre o Rhodano. Rio de Janeiro, 1861. - Foi escripta de colla- boração com seu irmão. - Estudos sobre os caminhos de ferro francezes. Rio de Janeiro, 1862. - Idem. - Estudos sobre os portos de mar. Rio de janeiro, 1872 - Idem. - Motores hydraulicos-Vem no relatorio sobre a exposição in- ternacional de 1862, pags. 232 e seguintes. - Exposição summaria dos estudos feitos sobre o porto do Ma- ranhão. Rio de Janeiro, 1865. - Planta do acampamento e da batalha de Tuyuty, a 24 de maio de 1866 - Teve por collaborador seu collega Bernardino de Sena Madu- reirã. - Apontamentos sobre a via de communicação do rio Madeira. Rio de Janeiro ( sem declaração do anno). - Ensaio de um vocabulário dos termos technicos da arte de cons- truir e das sciencias accessorias, mathematicas, astronomia, physica, botanica, mineralogia e zoologia nas linguas franceza, ingleza e na- cional. Rio de Janeiro, 1868-1869. Dous volumes. - Melhoramento do porto do Rio de Janeiro. Organização da com- panhia das docas de D. Pedro II: collecção de artigos publicados pelo engenheiro André Rebouças. Rio de Janeiro, 1869, in-4.° - Companhia das docas de D. Pedro II, nas enseadas da Saude e da Gamboa ( publicação dos documentos que precederam sua orga- nização). Rio de Janeiro, 1871, in-4*. - Companhia das docas de D. Pedro II e o projectado caminho aereo: collecção de artigos publicados no Jornal do Commercio pelo engenheiro André Rebouças. Rio de Janeiro, 1871, 32 pags. in-4.° - Obras hydraulicas da alfandega do Rio de Janeiro-, collecção de artigos publicados no Jornal do Commercio pelo engenheiro André Rebouças, a proposito de um accidente provocado pelo Dr. Borja Castro na grande enseccadeira para reconstrucção dos pilares abatidos a 20 de fevereiro de 1863. Rio de Janeiro, 1871, in-8.° - Caminho de ferro de D. Izabel, da provinda do Paraná à de Mato Grosso pelos valles dos rios Ivahy, Ivinheima, Brilhante o Mondego. Rio de Jáneiro, 1872. - Apontamentos para a biogvaphia do engenheiro Antonio Pe- reira Rebouças Filho. Rio de Janeiro, 1874, 22 pags, in»4.0 84 - Arrasamento de rochas submarinas. Rio de Janeiro, 1874. - Garantia de juros: estudos para sua applicação às emprezas de utilidade no Brazil. Rio de Janeiro, 1874, in-8.° - Provinda do Paraná. Solução ao conflicto dos caminhos de ferro: artigos publicados no Jornal do Commercio de 29 de Setembro a 9 de Outubro de 1874. Rio de Janeiro, 1874, in-8.° - Província do Paraná. Pados estatísticos e esclarecimentos para os emigrantes, publicados por ordem do ministério da agricultura, commercio e obras publicas. Rio de Janeiro, 1875, 141 pags. in-8.° - Província do Paraná. Excursão ao salto do Guayra. O parque na- cional. Notas e considerações geraes. Rio de Janeiro, 1873, 46 pags. in-8° - Com a carta do parque nacional. - Provinda do Paraná. Demonstração da superioridade do ca- minho de ferro de Antonina á Coritiba perante o instituto polytechnico brazileiro pelos socios effectivos Barão de Teffé e engenheiros H. E. Hargreaves e André Rebouças. Rio de Janeiro, 1878, in-8° - Com uma carta hydrographica. - Associação brazileira de acclimação. Acondicionamento da herva mate. Rio de Janeiro, 1876, 16 pags. in-8.° - Associação brazileira de acclimação. O milho-forragem: nota pelo engenheiro André Rebouças. Rio de Janeiro, 1876, 5 pags. in-4.° - Caminho de ferro inter-oceanico e pela provinda do Paraná -Vem no volume intitulado « Provinda do Paraná. Caminhos de ferro para Mato Grosso e Bolivia,» etc., o qual contém mais sua Excursão ao salto do Guayra ; observações de traçados por Francisco Antonio Monteiro Tourinho, o descripção da viagem ás Sete Quédas pelo capitão Nestor Borba, e foi publicado no Rio de Janeiro, 1876. - Sociedade auxiliadora da industria nacional: parecer do pre- sidente interino da secção do commercio sobre a reforma da tarifa das alfandegas do império do Brazil. Rio de Janeiro, 1877, 32 pags. in-8.° - Ensaio de indice geral das madeiras do Brazil pelos enge- nheiros André e José Rebouças. Rio de Janeiro, 1877- 1878. Quatro vols. in-4.0 - A secca nas provindas do norte: propaganda no Jornai do Commercio, no instituto polytechnico, na associação brazileira de acclimação e na sociedade auxiliadora da industria nacional. Rio de Janeiro, 1877, 129 pags. in-8.°-Acompanha um mappa colorido da região flagellada pela sêcca de 1877, com os caminhos de forro de soccorro, projectados pelo engenheiro André Rebouças. - Ao Itatiaya. Rio de Janeiro, 1878, 96 pags. in-12.° - Estudo das leis do equilíbrio molecular dos solidos : these apre- sentada á congregação da escola polytechnica no concurso de engenha- ria civil. Rio de Janeiro, 1830 - Alguns trechos desta these vêm trans- criptos na revista de engenharia» tomo 2o, ns. 6 e seguintes, e tomo 3o ns. ia 5. AN 85 - Molhe da praia dos Mineiros: breve memória de sua construcção - O original com a assignatura do autor foi apresentado por sua ma- gestade o Imperador á exposição de historia do Brazil da bibliotheca nacional em 1881. A.nclré Przewodowski - Natural da Polonia, antigo estado da Europa, hoje sob o dominio da Rússia, nasceu nos últimos annos do século passado, e falleceu na Bahia depois de 1870. Emigrando de sua infeliz patria para o Brazil, naturalisou-se cidadão brazileiro, viveu muitos annos nesta provincia e ahi foi empregado nas obras publicas como engenheiro, que era, e como tal prestando bons serviços á sua patria adoptiva. Escreveu : - Communicação entre a cidade da Bahia e a villa de Joazeiro. Bahia, 1848 - Esta obra creio que foi escripta em francez pelo engenheiro Przewodowski e traduzida por outro. Não o affirmo, porem. Sei que foi mandada imprimir pelo coronel Justino Nunes de Sento Sé, e que também foi publicada na Revista do Instituto Historico e Geographico Brazi~ leiro, tomo 10.° - Buas palavras sobre os terrenos entre a cidade da Bahia e o Joazeiro, considerados geologicamente - Sahiu este escripto no mesmo tomo, pag. 384 e seguintes, e também na Revista Americana, tomo 2o, pag. 20 e seguintes. - Maison centrale de detention, etc. : memória - que não pude ver, mas que foi traduzida pelo finado engenheiro Francisco Primo de Souza e Aguiar. (Vide Francisco Primo de Souza e Aguiar.) - Plan d'une partie de Rio-Grande de Belmonte ou Jequiti- nhonha pour servir à sa canalisation. Bahia, le 26 Fevrier 1842.- Existe o original no archivo militar e outro exemplar em portuguez a aquarella. I). A-ngela do A-inaral Rangel - A Ceguinha, como era geralmente chamada, nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro por cerca do anno de 1725. Cega de nascimento, e vivendo n'úma época em que ainda se não conhecia meio de dar-se uma instrucção litteraria aos infelizes privados da visão, dona Angela do Amaral, bem que dotada de bellos dotes physicos, bem que filha de uma f imilia abastada, não pôde receber de seus paes senão uma educação moral e religiosa. E mesmo assim conhecia a lingua castelhana como a lingua patria. E, cousa admiravel! sem educação litteraria, sem cabedal algum de instrucção necessária ao cultivo da poesia, dona Angela do Amaral foi um genio ; mas, como disse o autor do Anno biographico brazileiro, genio sem luz nos olhos. Foi um brilhante preciosissimo, mâs não lapidado. 86 TV TV Nunca pudera ver o céo, nem os astros, nem o mar, nem as flores ; nem apreciar o sol, nem as estrellas, e pobre mulher, nem o rosto de um homem, e ainda assim foi poetisa ! E, mais admiravel ainda, improvisava com grande facilidade ! De suas composições se conhecem : - Dous romances lyricos, escriptos em castelhano - por occasião da festa litteraria celebrada em 1752, por uma reunião de litteratos, com o titulo de Academia dos Selectos, para exaltar com elogios o governador Gomes Freire de Andrade. Se acham nos Júbilos da America, ou collecção de taes elogios, publicados em Lisboa em 1754, pags. 273, 275 e seguintes, e um delles vem transcripto no Florilégio da poesia brasi- leira, no appendice ao 3o volume. - Dous sonetos, pela mesma occasião - insertos nos citados Júbilos da America, pags. 271 e 272; um delles também transcripto no Flo- rilégio. - Diversas poesias inéditas - Estas poesias, deixadas por mãos estranhas, estão sem duvida perdidas. Elias não têm o mérito que certa- mente teriam, si dona Angela pudesse ter qualquer instrucção ; mas de- notam seu talento e estro natural. Angelo Cardozo Dourado - E' natural da província da Bahia e doutor em medicina pela faculdade desta província, onde recebeu o grau em 1880. Escreveu : - O medico dos pobres : drama. Bahia, 1876 - Era o autor alumno do 4o anno medico quando publicou este drama, que foi elogiado por algumas folhas, como a Lei. - These para o doutorado em medicina. Bahia, 1880 - Não a vi; nem na bibliotheca da faculdade dá côrte a pude encontrar. Sei que versa a dissertação sobre obstetrícia. A.libelo Custodio Correia - Nasceu na província do Pará e falleceu a bordo de um dos vapores da companhia de navegação a vapor do Amazonas, voltando de Cametá, para onde fôra no tempo da cholera-morbus como vice-presidente da província, em 1856. Era bacharel em sciencias sociaes e jurídicas; representou o Pará nas legislaturas de 1838 a 1841, de 1842 a 1845, e na de 1853 a 1856, que não concluiu. A' sua viuva foi conferido o titulo de Baroneza de Cametá, que perdeu mais tarde por subsequente matrimonio. Escreveu : - Exposição dos successos occorridos em Cametá por occasião das eleições em 1844, sob a presidência do desembargador Manoel Paranhos da Silva Vellozo. Maranhão, 1845, 40 pags. in-4.° - Diversos relatórios, como presidente da província do Pará. AN 87 Angelo Ferreira Diniz - Filho de Sebastião Ferreira da Rosa e de dona Thereza da Assumpção Vieira, nasceu no Rio de Janei- ro a 2 de outubro de 1768, e falleceu em Coimbra a 20 de abril de 1848. Era doutor^em medicina pela universidade de Coimbra, e, sendo lente dâ faculdade em que se formara, depois de exercer o magistério por mais de trinta annos, foi demittido com quarenta e cinco companheiros seus por não convir - diz a carta régia dirigida ao vice-reitor da uni- versidade - ao serviço de sua magestade fidelissima e da patria que continuassem a ser empregados no ensino publico pelos princípios polí- ticos que professavam ou por sua incapacidade 1 Sua biographia foi escripta e publicada no Jornal da Sociedade de Sciencias Medicas de Lisboa, tomo 10° da 2a serie, pag. 313 e seguin- tes, 1852. Escreveu: - Jornal de Coimbra. Lisboa, 1812 a 1820, 16 volumes - Este jornal foi fundado e redigido por Angelo Diniz e pelo seu collega José Feliciano de Castilho. « E' um archivo abundante, ou repositorio vastíssimo, diz Innocencio da Silva, sempre consultado com pro- veito em attenção ás numerosíssimas esp 'cies que abrange e que debalde se procurariam em outra parte. » E com effeito neste jornal se trata de sciencias physicas e moraes, de artes, industria, historia, de lettras e sciencias em geral, finalmente. A demissão, portanto, do pro- fessor da faculdade de medicina de Coimbra, depois de mais de trinta annos de serviços, só poderia ser por motivos políticos ! Por incapacidade nunca. Angelo Moniz da Silva, Ferraz, Barão de Uru- guayana - Nasceu na cidade de Valença, província da Bahia, em 1812, e falleceu em Petropolis, província do Rio de Janeiro, a 18 de Janeiro de 1867, poucos dias depois de ser agraciado com o titulo de barão com grandeza. Fez na Bahia seus estudos de humanidades e na faculdade de Olinda o curso de sciencias sociaes e jurídicas, qUe concluiu em 1834, sendo no- meado em seguida promotor publico da capital de sua província, e depois juiz de direito de Jacobina ; foi muitas vezes deputado provincial, depu- tado geral de 1842 a 1848, e senador do Império em 1857, tudo pela Ba- hia ; inspector da alfandega da côrte em 1848 ; juiz dos feitos da fazenda em 1853 ; presidente do Rio Grande do Sul em 1857 ; ministro da fazenda no gabinete que organisou e presidiu em 1858; e finalmente ministro da guerra no gabinete organisado em 1865 pelo Marquez de Olinda, conti- nuando a occupar a mesma pasta na nova organisação ministerial feita no anno seguinte pelo conselheiro Zacarias, acompanhando por esta occa- sião sua magestade o Imperador à Uruguayana, quando esta cidade se achava occupada pela columna paraguaya commandada por Estigarribia, e assistindo á rendição da dita columna. 88 an A primeira vez quo compareceu na camara temporária, desconhecido, muito joven, deu um aparte contrariando o conselheiro A. P. Rebouças, que orava, creio eu, sobre a legitimidade de filhos. Este, depois de miral-o com seu conhecido orgulho de grande orador, insinuou Angelo Ferraz a que pedisse a palavra ; e Angelo Ferraz, tomando a palavra, proferiu um discurso tão brilhante o eloquente, que o fez logo conhecido e respeitado como eximio orador, credito que confirmou melhor, dirigindo a opposiç.ão em 1845, chamada a patrulha. Foi do conselho de sua magestade o Imperador, grande do império, grã-cruz da ordem de Christo de Portugal, commendador da mesma ordem do Brazil e dignitário da Rosa ; foi um dos mais intelligentes, eruditos e activos estadistas que o Brazil tom tido, como justificam algu-ns actos, que citarei, de sua administração, e com razão contemplado na galeria dos brazileiros illustres, onde vem seu retrato. Escreveu diversos relatórios o regulamentos como presidente de pro- vinda e ministro de estado, entre os quaes os seguintes : - Proposta e relatorio do ministro da fazenda, apresentado á assem- bléa geral legislativa na quarta sessão da decima legislatura. Rio de Janeiro, 1860. - Regulamento do imposto do sello e sua arrecadação. Rio de Ja- neiro, 1860. - Regulamento das alfandegas e das mesas de rendas. Rio de Ja- neiro, 1860. - A tarifa das alfandegas do Império do Brazil. Rio de Ja- neiro, 1860, 318 pags. in-4.° - Avisos do ministro da guerra Angelo Moniz da Silva Ferraz, creando e dando instrucções à commissão de exame da legislação do exercito. Rio de Janeiro, 1866, in-4.° Escreveu mais : - Dezesete notas feitas ao relatorio da commissão encarregada de rever a tarifa das alfandegas do Império, pelo presidente e relator da mesma commissão. Rio de Janeiro, 1853, 21 pags. - Relatorio da commissão encarregada pelo governo imperial, por avisos de 1 de outubro e de 28 de dezembro de 1864, de proceder a um inquérito sobre as causas principaes e accidentaes da crise do mez de setembro de 1864. Rio de Janeiro, 1865 - Este trabalho, si não é todo do Barão de Uruguayana, é sua, com certeza, a parte principal. Contém olle muitos documentos, mappas e artigos publicados na imprensa acerca da crise. - Discurso sobre o voto de graças na sessão de 15 de maio de 1844. - Vem com outros dos deputados F. R. de Assis Coelho, E. de Q. M. Camara, J. M. Pereira da Silva, L. A. Barbosa e J. E. de N. Sayão Lobato, n'um volume com o titulo - Discursos etc., na sessão de 15 de maio de 1844, Rio de Janeiro, 1844. AN 89 A-ii^elo dos TÊei« - Nasceu na província da Bahia em 1664, e falleceu em 1723. Entrando muito joven para o collegio dos jesuitas, ahi fez todos os seus estudos e vestiu a roupeta, tomando ordens de presbytero ; foi discipulo do padre Antonio Vieira, depois seu amanuense muitos annos, e sempre um de seus dedicados amigos ; e foi mestre de humanidades e de theologia, não só no collegio da Bahia, como no do Rio de Janeiro. Deu se também á pratica das missões catechísticas pelos sertões da Ba- hia, n'uma das quaes foi assassinado pelos indios. Era muito versado nas sciencias philosophicas e thoologicas, o que fez que fosse admittido na real academia da historia portugueza como membro extraordinário, o entre os oradores sagrados de sua época foi sempre apontado como um dos primeiros. Dos seus innumeros sermões publicou : - Sermão da restauração da Bahia, prégado na só da mesma cidade. Lisboa, 1706. - Sermão da canonisação do apostolo do Oriente S. Francisco Xa- vier, prégado no Rio de Janeiro. Lisboa, 1708. - Sermão de Nossa Senhora de Belém. Lisboa, 1718. - Sermão da Soledade de Maria Santíssima.Lisboa, 1719 - O orador, neste sermão pinta com as mais vivas côres as dôres acerbíssimas da Virgem Immaculada, procurando embalde achar um lenitivo para dôres tamanhas. E' um de seus mais bellos sermões. A-ng-elo de Sicfueira Rit>eii*o do Prado - Oriundo de uma familia ábastada e nobre, nasceu em Paranahyba, antiga villa de S. Paulo, no principio do século XVIII e falleceu no Rio de Janeiro a 7 de setembro de 1776. Recebeu sua primeira educação littcraria no collegio dos jesuitas, e as ordens de presbytero, e formando-se depois em direito, estabeleceu-se como advogado em sua província, adquirindo a fama de muito illustrado, probo e de independente pela grande fortuna que possuia. Um dia, porém, injuriado publicamente por um indivíduo, contra quem advogara uma causa, longe de vingar-se, como lhe era facil, da injuria recebida, considerou esta occurrencia como um aviso da Providencia em reprehensão de seu apego ao século, tomou a resolução de deixar todas as honras e grandezas do mundo, reduziu a moeda seus bens para distribuir pelos pobres e pelas casas de religião e de caridade, e vindo a pé para Santos, d'ahi partiu para a Europa. Bem recebido em Rema e honrado pelo papa com lettras de missionário apostolico, prégou missões nos reinos de Portugal e de Castella, rodeado sempre de respeito o de veneração por suas bellas virtu- des e pelos créditos, de que gozava, de habil orador, theologo e litterato. Depois de muitos annos veiu o padre Siqueira ao Brazil para ver sua familia ; e passando depois para o Rio de Janeiro, aqui fundou o primeiro seminário episcopal. 90 AN Tendo obtido do respectivo proprietário, o capitão Antonio Rebello, o terreno occupado hoje pelo convento dos carmelitas, erigiu o templo que ahi existe sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa, com as accommo- dações necessárias aos moços que se dedicassem ao estado ecclesiastico. Este seminário, porém, foi extincto, passando para o edifício os frades do Carmo, por ter sido seu convento - que por um passadiço era ligado ao palacio dos vice-reis - occupado pela familia real em sua vinda para o Rio de Janeiro. E' tradição que o padre Siqueira, em um sermão que prégara em Lisboa, predissera o grande terremoto que assaltou mais tarde esta cidade. Escreveu : - Botica preciosa e precioso thesouro da Lapa, em que, como em boti- ca e thesouro se acham todos os remedios para o corpo, para a alma e para a vida, e uma receitados santos para todas as enfermidades ; vários reme- dios e milagres de Nossa Senhora da Lapa e muitas novenas, devoções e avisos importantes para os paes de familia. Lisboa, 1754, 659 pags. in-8.° - O penitente arrependido e fiel companheiro para se instruir uma alma devota e arrependida, fazer uma boa confissão geral, etc. Lis- boa, 1755, in-12°-Creio que sahiu 2a edição em Lisboa, 1757. - O livro do vinde e vêde e do sermão do dia de juizo universal, em que se chama todos os viventes para virem e verem umas leves sombras do ultimo dia, ornais tremendo e rigoroso do mundo. Lisboa, 1758. - Sermões de penitencia - Inéditos. São sermões que o padre Angelo prégara em Lisboa em 1755 para ser applacada a justiça divina, que elle via castigando os peccados e a corrupção do povo com os horrores do ter- remoto de 1 de novembro deste anno. Não sei onde param hoje estes sermões. Ang^elo Thomaz do Amaral - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, sendo seu pae Antonio José do Amaral Io, de quem se faz menção neste volume. Exerceu diversos cargos públicos, quer geraes, quer da provincia do Rio de Janeiro, como o de escrivão da commissão de marinha por nomea- ção de 25 de setembro de 1841 ; amanuense e archivista da adminis- tração de fazenda ; amanuense, archivista, official-maior da secretaria da presidência ; inspector geral das escolas ; director do archivo estatistico e director do censo, tudo da referida provincia ; director de secção da se- cretaria de estado dos negocios da marinha e presidente das provincias do Piauhy, do Pará e de Alagoas. Foi deputado pela provincia do Amazonas e é actualmente negociante matriculado na praça do Rio de Janeiro. E' commendador da ordem de Christo do Brazil e commendador da ordem de Nossa Senhora da Conceição da Villa Viçosa, de Portugal. Escreveu, além de diversos relatórios das repartições em que serviu, e das provincias que administrou, o seguinte: A.N 91 -Fundação da escola normal de D. Pedro II, na provinda do Grão- Pará. Pará, 1861, 20 pags. in-8° - Era o auctor então presidente do Pará. - Recenseamento da população da província do Rio de Janeiro no anno de 1850. Rio de Janeiro, 1851. - Discurso que proferiu na camara temporária na sessão de 29 de agosto de 1861 o deputado pela província do Amazonas Angelo Thomaz de Amaral. Rio de Janeiro, 1861, 37 pags. - Carta dirigida ao corpo eleitoral da provinda do Amazonas. Rio Janeiro, 1863, 43 pags. in-8.° Redigiu : -Jornal da Tarde. Rio de Janeiro, 1869 a 1872. 5 vols.- Foram reda- ctores desta folha, a principio Vivaldi & Pacheco e depois Angelo Thomaz do Amaral. Este jornal foi substituído pela Nação, jornal político, com- mercial e litterario que se publicou de 1872 a 1878 sob a redacção de diversos, succedendo seus redactores uns aos outros, e sendo os últimos o conselheiro Francisco Leopoldino de Gusmão Lobo e o doutor José Maria da Silva Paranhos. D. Anua Alexandrina Cavalcanti de Albu- querque - Filha do tenente-coronel Joaquim Cavalcanti de Albu- querque e de dona Alexandrina Cavalcanti de Albuquerque, nasceu no município de Nazareth, da província de Pernambuco. Recebendo apenas uma educação rudimentar, muito joven ainda pos- suía um bello volume de composições poéticas, cheias de suavíssima e amena naturalidade, segundo a opinião muito competente de quem mi- nistrou-me as presentes informações ; mas um dia o desengano varreu- lhe as crenças da primeira edade, e ella n'uma sorte de delirio entregou ás chammas esse volume e com elle as paginas de suas apaixonadas con- fidencias, de seus sonhos de menina. Entretanto dona Anna de Albuquer- que continuou a cultivar com esmero a poesia e adquiriu uma instrucção litteraria, ainda pouco commum no seu sexo, como se reconhece na - Carta ao doutor Henrique Capitulino Pereira de Mello ( enviando- lhe sua primeira composição poética) - Vem no livro Pernambucanos illustres de pag. 170 a 172. Nesta carta escreve dona Anna: «Ah! senhor, quando espíritos fortes e illustrados muitas vezes ba- queiam, sem ao menos completarem o apparatoso pensamento de Balsac, como não baquearei eu, que por minha inculta intelligencia e fraqueza intellectual sou, como pharizeu, expulsa do templo da sciencia, onde a par de Ariosto e Tasso vem sentar-se Sâpho, a suicida, e a par de Pe- trarcha adoce Alcipe, a Hypocrene de Filinto Elisio? « Quantas vezes no silencio de meu quarto, a sós commigo, tento syn- thetisar as ideias que se atropellam em meu cerebro e tornal-as sensíveis sem poder conseguil-o nunca ! E' que os caminhos da sciencia são-me defèzos ; minha imaginação abrazada quer abraçal-os e não póde. » 92 AN « Para a mulher ó ainda hoje muito difficil alcançar o vôo ; graças, porém, aos alicerces do século XVIII, lançados no mundo por J. J. Rous- s?au, Voltaire... jáá voz de Stuart Mill e outros talentos vae cahindo por terra o anomalo pensamento de madame de Pompadour, que-u mulher só deve enfeitar-se e ataviar-se para parecer bonita. Será, porém, ainda neste século que a mulher poderá se hombrear com o homem no banquete da sciencia ; mas surgirá emfim a aurora da redempção, e illuminada peio clarão ridente dessa luz divina, a sciencia se precipitará com mais força no caminho do progresso. Dispa-se o homem de seu injusto egoísmo, erga a mulher até si, sente-se com ella á mesa do estudo, e muitos delles deverão a essa meiga alliada, que tudo cede ao que ama, o seu logar no pantheonda historia. «Eu disse que lhe satisfaria o pedido que me fez ; mando-lhe pois uma poesia, a primeira que compuz, primeiro cinto que meus trémulos e medrosos dedos arrancaram da lyra, primeira expansão de uma alma ardente e enthusiasta n'um arroubo apaixonado. Eu tinha então a minha fronte cingida pela grinalda eternamente poética dos quinze annos ; em torno de mim tudo era luz e perfume, meus lábios só sabiam rir e cantar, meu coração só sabia crer e amar. Cada inverno que passa leva-nos um sonho risonho, uma crença côr de roza, e assim se esgota o cofre das illusões. « Nessa primeira poesia vejo-mo a criança feliz e amorosa, e nas outras a mulher de fronte pensadora,olhar frio e riso sem expressão. A mulher por conseguinte nada lhe manda ; contente-se com o presente da criança....» A poesia, que acompanhou a carta, de que transcrevi o trecho acima, tem por titulo: - O que mais queres ?. ..- Vem no citado livro, e delia transcrevo Dou-te o meu coração cheio de enlevos As esp'ranças repletas de fulgores, De um futuro sonhado, côr de rosa... O que mais posso dar-te, meus amores ? !, Ah ! dou-te os sentimentos de minh'alma, As minhas illusões ainda em flores, Um peito que transborda de ternura.... O que mais posso dar-te, meus amores ? ! Dou-te mais esta vida que só prézo Si partilhas commigo os dissabores, As glorias e venturas deste mundo... D que mais posso dar-te, meus amores ? ' Dou-te tudo, oh! querido de minh'alma, P'ra merecer um só de teus favores, Alma e vida - contente sacrifico... O que mais posso dar-te, meus amores ? ! Dona Anna de Albuquerque não deu á publicidade suas composições poéticas posteriormente escriptas, que, segundo sou informado, são nume- 93 rosas. Tem publicado algumas em diversas revistas, como a Lucta, o En- saio, o Correio da Noite e o Jornal de Aracaju, no qual se acha: - O negro : romancete - que também vem transcripto na obra Per- nambucanas illustres. D. Anna Barboza cie Rossio e Seillbitz -Filha do senador dom Nuno Eugênio de Lossio e Seilbitz e de dona Anna Barboza Correia de Araújo, nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro a 6 de novembro de 1830 e falleceu a 1 de fevereiro de 1877. De tão aprimorada educação, quanto foi infeliz, dona Anna Lossio escreveu diversos artigos em proza e em verso sob diversos pseudonymos na Marmota Fluminense de 1854 a 1855, assim como no Brazil Historico e no Correio Mercantil em 1863, e além disto : - Uma viagem ao Parnazo. A educação da mulher - São dous artigos insertos na Semana Illustrada, de que foi reproduzido o segundo em outro periodico da côrte. - Historia da vida de Jesus Christo desde seu nascimento até sua resurreição, extrahida fielmente do Novo Testamento, e seguida da moral dos apostolos, etc. Rio de Janeiro, 1863 - Esta obra é em verso. - O Sagrado caminho da cruz: collecção de trinta magnificas estampas, representando as estações da Paixão de Jesus Christo e outros assumptos sagrados, acompanhadas de poesias religiosas. Rio de Janeiro, 1865 - Desta obra ha segunda edição, Rio de Janeiro, 1868. - Cantos religiosos. Rio de Janeiro....- Nunca vi este volume ; só tenho delle noticia. - Historia da vida de Maria Santíssima - inédita. Sei que a autora tratava de publicar esta obra, quando falleceu. B. Anua Edeltimdes de Menezes - Filha do doutor Manoel Joaquim de Menezes, de quem farei menção no logar competente e de dona Eufemia Marciana de Menezes, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 3 de fevereiro de 1825. E' poetisa. Nunca fez collecção de suas composições, mas escreveu: - Varias poesias - que se acham publicadas em diversos periódicos da côrte, como o Jornal do Commercio, Correio Mercantil, Jornal das Senhoras, Ensaios Litterarios, Medico do Povo, etc. ; e sabe-se que conserva - Varias poesias - inéditas. O. A1111ÍI Eufrozina Eui'idice Barandas-Era natural da província do Rio Grande do Sul, onde falleceu, ignoro em que anno e o mais que lhe ó relativo ; sei apenas por informar-me um illustrado publicista de sua província que era poetisa e que escrevera: - A philosopha por amor - E' um livro que contém escriptos tanto em prosa como em verso. Nunéa o Vi. 94 AN T). Anna bjupieria Lopes cio Cada vai-Faltam-me noticias circumstanciadas desta senhora; sei apenas que tem bastante conhecimento da lingua franceza, da qual traduziu e deu á publicidade: - Magdalena : romance de Julio Sandeau, traduzido do francez. Rio de Janeiro, 1849. - Educação das meninas por Fenelon: traducção. Rio de Janeiro, 1862. B. Anna Ribeiro de Góes Bittencourt - Nasceu em Sant'Anna do Catú, provincia da Bahia, a 31 de janeiro de 1843, sendo seus paes o capitão Mathias de Araújo Góes, ali senhor de engenho, e dona Anna Maria da Annunciação Ribeiro Góes, e é casada como doutor Socrates de Araújo Bittencourt. Recebendo a primeira educação litteraria de sua virtuosissima mãe, que, versada na Biblia a ponto de quasi a saber de cór, a instruirá nos preceitos deste livro, aprendeu depois com uma mestra, que veio para o engenho de seu pai, a lingua franceza e musica, e mais tarde com outros mestres a lingua italiana, geographia, historia e finalmente as noções preliminares de physica com seu tio, o conselheiro Pedro Ribeiro de Araújo, lente da faculdade de medicina. Deu-se desde muito joven á litteratura, não só de seu paiz como a franceza ; cultiva a poesia, e achando um certo encanto na decifração de charadas e logogriphos tem composto um grande numero delles, e publicado alguns no Almanak luzo-brazileiro de 1880 a 1882, no Almanak da Gazeta de Noticias da Bahia de 1883, e na Verdade, periodico de Alagoinhas, em sua provincia. Escreveu mais: - A filha de Jephtè : romance. Bahia, 1882 - Lera dona Anna Bittencourt as tragédias de Racine, Esther e Athalia, que, como ella se exprime no seu prologo, lhe despertaram a idéa deste romance, avivando-lhe as reminiscências da Biblia. - O anjo do perdão: romance - Este romance a pedido de Antonio Lopes Cardoso acaba de ser-lhe entregue para ser publicado na Gazeta de Noticias da Bahia, em folhetins, e depois talvez seja impresso em volume. - Amor materno - artigo publicado no Almanak luso-brazileiro de 1882. - Avante! A' excellentissima senhora dona Analia Vieira do Nascimento, depois da leitura de sua epistola ao Sr. Antonio Xavier Rodrigues Cordeiro - Vem no Almanak de lembranças luso-brazileiro para 1881. E' uma composição de oitenta versos de metrificação diversa, que começa: Tu dizes, Analia, que as grandes alturas Vedadas te são. Co'o veu da modéstia teu estro procuras Velar - mas em vão. 95 Si attenta perscruto teus passos infantes, Tentando-os seguir, Do genio as faiscas ardentes, brilhantes Diviso a fulgir. Qual aguia, que as azas novéis agitando, Ensaia a voar, E as aves rasteiras na terra deixando, Se eleva no ar, Assim vais, da gloria nos carros dourados... Brilhando te vi, Emquanto mil outros das muzas amados Deixaste após ti. Teus lábios as ondas de um mar de harmonia Derramam a flux. As ondas transforma-as do genio a magia Em jorros de luz 1 Dona Anna Bittencourt possue inéditas muitas producções poéticas, entre as quaes se acham diversos hymnos religiosos. I>. Anna da Silva Freire - Creio que é natural do Ma- ranhão ; só conheço este nome por ver que os autores do Mosaico bra- zileiro fazem de dona Anna Freire menção, inserindo neste livro esta composição sua: - A saudade materna : elegia - dedicada a seu filho Egidio José da Silva Freire, morto no Maranhão com dezoito annos deidade. Esta compo- sição, de bella e delicada inspiração, era inédita; e os autores do citado livro a publicam sem data alguma. Parece-me, comtudo, que a autora viveu no século actual. D. Anna Tlxeopliila Filg^ueiras Autran-Filha do doutor Henrique Antran da Matta Albuquerque e de dona Eduarda de Amo- rim Filgueiras Autran,nasceu na cidade da Bahia a 28 de dezembro de 1856. Uma das proposições, que escrevi em seguida á minha dissertação inaugural, foi a seguinte : « A firmeza é um apanagio mais do bello sexo do que do homem », proposição em que fui arguido pelo meu illustrado e venerando mestre o conselheiro Manoel Mauricio Rebouças. Depois, porém, desenvolvendo a mesma proposição n'um artigo que publiquei em um dos periódicos litterarios da côrte, eu disse que, si as mulheres não se davam ás sciencias e ás lettras com o mesmo amor ou perseverança com que se dão os homens, era isto devido sómente á sua educação, toda outra; mas não porque não sejam dotadas do mesmo grau de intelligencia ; e que, quando cultivada esta, ellas marchavam na vanguarda das sciencias como aquelles que ás sciencias mais se dedicam, citando para o com- provar os nomes das D'Estael, Ricoboni, Sevignac e outras. Dona Anna Autran é mais uma prova do que então aventurei. Não co- nheço no céo da intelligencia patria uma estrella que mais cedo bri- lhasse, sem deixar nunca de ostentar seu brilho. 96 Dos apontamentos que da Bahia recebi a respeito de dona Anna Au- tran, subministrados por pessoa de sua familia, e portanto authenticos, consta o seguinte : « Aos quatro annos de idade jà apresentava uma notável aptidão para as lettras, ora decorando com facilidade versos, orações e pequenos dis- cursos, ora argumentando com uma lógica nunca vista nesta idade sobre pontos de ãrithmetica e religião. « Um anno depois já lia qualquer escripto que se lhe apresentasse, e aos nove annos incompletos finalisava os seus primeiros.estudos com lou- vor e admiração de seus proprios mestres. « Aos dez annos começou a sua vida litteraria com a estréa de uma poesia repassada de ternura e melancolia; e aos doze principiou a dar pu- blicidade a alguns escriptos. « Com quatorze sustentou pela imprensa uma renhida discussão litte- raria por alguns mezes- A mulher e a lilteratura - com uma das pri- meiras capacidades de sua província, etc. » Escreveu : - A mulher e a litteratura : serie de artigos publicados no Diário da Bahia de 15 de julho a 15 de novembro de 1871 - São os artigos da dis- cussão a que se referem os apontamentos que possuo. Era seu contendor o distincto e illustrado jornalista Bellarmino Barreto, de quem se trata neste volume. - Devaneios : poesias. Bahia, 1877, 253 pags. in-8°- Precedem este livro o juizo critico do doutor Filgueiras Sobrinho e de Domingos Joiquim da Fonseca, a dedicatória a seu pai, eo prologo. Contém 54 composições poéticas. - Susinros húngaros - Sahiu este escripto no Diário da Bahia do 20 de julho de 1878. - Os desterrados da Sibéria - No Monitor da Bahia, de 28, 29, 30 e 31 de outubro e de 1 de novembro de 1879. Das diversas composições poéticas, que dona Anna Autran tem expar- sas. umas impressas, outras manuscriptas por mãos diversas, transcrevo a seguinte, que se acha no « Novo almanak de lembranças luso-brazileiro para o anno de 1873 » publicado em 1872, quando tinha a autora quinze para dozeseis annos : - Teus olhos. Ai de mim Já não sei qual fiquei sendo Depois que os vi. (G. Dias.) Teus olhos lindos, brilhantes, a fitar meus olhos vi ; olhei outra vez, olhei-os, e ainda olhavam para mi.... Baixei os meus - e corando, Olhei de novo e tremi... 4 AN 97 Tremi de enleio ? Talvez. Tremi de amores ? Não sei ! .... Deixei de olhar-te ? Mentira, por muitas vezes te olhei.... e sempre, sempre teus olhos os meus fitando encontrei. De livre vii-me escrava quando via os olhes teus ; medrosa, não qu'ria olhar-te, não queria, sabe-o Deus ; mas não sei que mago encanto te volvia os olhos meus !.... Busquei fugir-te debalde, foi debalde que o busquei ; que sempre, sempre teus olhos nos meus pregados achei; eú tinha medo de olhar-te, e sempre, sempre te olhei. Mas quando não vi teus olhos fitar os meus com ardor, ainda senti mais vivo o seu fogo abrazador.... a causa inqueri, chorei.. .. o pranto disse-me amor. Parece-me que não me levarão a mal, transcrevendo, quando trato de poetas, principalmente de senhoras, algum trecho de poesia. Ao menos penso tornar mais amena a leitura deste livro. D. Annalia Vieira do Nascimento - Nasceu em Porto Alegre, capital da província do Rio Grande do Sul, a 2 de fevereiro de 1855, e são seus paes José Vieira Fernandes e dona Belmira Vieira do Nascimento. E' irmã de João Damasceno Vieira Fernandes, de quem adiante farei menção. Dona Annalia cultiva desde muito joven a poesia ; tem escripto mui- tas e mimosas composições poéticas, de que tem publicado algumas em diversas revistas. Não podendo, por mais que procurasse, obter uma noticia de seus es- criptos, só posso mencionar os que conheço, que são: -No mar: fragmento. No dia de meus annos, 2 de fevereiro de 1873 - Sahiu no «Novo almanak do lembranças luzo-brazileiro para o anno de 1875» Lisboa, 1874 - De seus escriptos em prosa, se acha a - Carta a Victor Hugo-no mesmo almanak de 1882, pags. 153 e 154. Neste escripto põe dona Annalia em relevo as impressões que em seu espirito ficaram gravadas com a leitura do livro Os trabalhadores do mar, do laureado poeta francez. Sei que ha diversas composições de dona Annalia, já colleccionadas; não dou, como disse, noticia delias, porque foi baldado todo empenho que fiz para obter os esclarecimentos necessários. Ficará esm noticia para o primeiro supplemento, que conto dar. 98 AN TKnnilbaJ A.iid.ré Rilbeiro - Nasceu na cidade da Bahia a 30 de novembro de 1835, sendo seus paes o doutor Francisco Antonio Ribeiro que representara sua província na quinta e sexta legislaturas na camara temporária, e dona Barbara Xavier de Souza Ribeiro. Formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade do Recife em 1855,exerceu a advocacia até o anno de 1865; foi nomeado official-maior da secretaria do tribunal do commercio de sua província em janeiro de 1864, logar em que serviu até que, extinctos os tribunaes do commercio e creadas as juntas commerciaes em substituição a elles, passou a exercer o de secretario da junta commercial de S. Salvador por decreto de 14 do fevereiro de 1877, e ahi se conserva. Escreveu: - Pecúlio do procurador de segunda instancia ou collecção, con- tendo a lei da creação do supremo tribunal de justiça, os regulamentos das relações, tribunaes do commercio, dizimas, ferias e alçadas, addi- cionados de notas indicativas das leis, decretos e avisos publicados até 1866, que lhe são relativos. Bahia, 1867. - Apontamentos sobre o registro publico do commercio, seguidos dos regulamentos dos corretores e agentes de leilões, annotados com a legislação de 1866 e da collecção dos estylos e usos commerciaes da praça da Bahia, declarados por verdadeiros pelo respectivo tribunal do commercio. Bahia, 1868. - Breves considerações sobre as annotações do doutor Salustiano Orlando de Araújo Costa ao codigo commercial do Império do Brazil. Rio de Janeiro, 1871 -Neste volume, que tem 168 pags. in-4% se acha uma carta do conselheiro Zacarias- de Góes e Vasconcellos, escripta aos editores Eduardo & Henrique Laemmert, elogiando a obra. - Instrucção para as eleições dos deputados e supplentes dos tri- bunaes do commercio, annotadas, etc. Bahia, 1872 - Seguem-se em appendice os artigos do codigo commercial e avisos citados nas notas do decreto n. 696 de 5 de setembro de 1850, etc. - Regulamento do imposto de transmissão de propriedade, anno- tado com as leis, decretos e avisos, anterior e posteriormente publicados, que o explicam ou completam. Rio de Janeiro, 1873. A-imilbal Falcão - Nasceu na província de Pernambuco, ahi fez seus estudos de humanidades, e todo o curso de sciencias sociaes e jurídicas, de que recebeu o grau de bacharel. Ainda estudante da facul- dade de direito dedicou-se e exerce a arte tachigraphica, e cultiva com muito gosto a litteratura, não só a nacional, como a européa. Esereveu: - O Diabo a quatro : revista infernal. Recife.... in-fol. com carica- turas - Esta revista, fundada e redigida por Annibal Falcão, tendo por companheiro A. de Souza Pinto e outros, é escripta com talento e graça. AN 99 - 0 doutor Alberto: drama em tres actos. Pernambuco, 1878 - Este drama não foi levado â scena por haver a policia prohibido a represen- tação. O livro é precedido do retrato do autor e de uma introducção escripta por seu collega Antonio de Souza Pinto. - 0 Marquez de Luçay : phantasia - publicada em folhetins na pri- mitiva Gazelinha do Rio de Janeiro. Esta composição é um primor litte- rario. - 0 doutor Jacobus - inédito. E' uma epopéa gigantesca na opinião de um litterato qúe viu o livro manuscripto, na qual, procurando o autor symbolisar a evolução, da humanidade, como Quinet em seu monumental Ashaverus, as prosopopéas se cruzam talvez um pouco profusamente de mais. Desse trabalho de uma imaginação verdadeiramente oriental, vi dous fragmentos, um publicado na Revista Brazileira, e outro no album de um seu amigo, J. Z. Rangel de S. Paio. AuniTbal Teixeira de Sá - E' natural da Bahia, si me não engano, e da cidade de Santo Amaro. Ignoro as demais circumstancias que lhe dizem respeito, á falta de informações que a diversas pessoas pedi. Escreveu: - 0 poeta Rangel: comedia. Santo Amaro, 1856. - Um cazamento da época, ou moléstia de muita gente: comedia em um acto. Bahia, 1859. - Os extremos : comedia-drama em tres actos. Rio de Janeiro, 1866. Talvez tenha dado a lume algum trabalho seu, além dos que indiquei. Antero Dias Lopes - Falleceu a 18 de agosto de 1876, victima de uma febre perniciosa, na cidade de Macahé, onde me parece que nascêra, e onde exercia os cargos de vereador da camara municipal, de agente da associação popular fluminense de benefícios mutuos, de inspector da instrucção publica, de venerável da loja maçónica Perse- verança e de capitão da guarda nacional. Cultivava a poesia, e publicou: - Harpa do meio dia: poesias. Rio de Janeiro, 1872 - Com o re- trato do autor. Antero Torreira de A vi la- E' natural da província de S. Pedro do Rio Grande do Sul e bacharel em sciencias sociaes e jurí- dicas pela faculdade de S. Paulo. Escreveu: - Retratos biographicos de académicos contemporâneos. S. Paulo, 1866, 88 pags. in-8.° Aiitero José Ferreira de Brito, Barão de Tramandahy - Nasceu na província do Rio Grande do Sul a 11 de janeiro de 1787, e falleceu no Rio de Janeiro em fevereiro de 1856. 100 A.N Militar, subiu ao alto posto de tenente-general do exercito, foi por muitos annos presidente da provincia de Santa Catharina, e da de seu nascimento, ministro e secretario de estado dos negocios da guerra de 1832 a 1835, e commandante das armas da côrte, em cujo exercicio morreu. Era veador da casa imperial, do conselho de sua magestade o Impe- rador, conselheiro de guerra, grã-cruz da ordem de S. Bento de Aviz, dignitário das ordens do Cruzeiro e da Roza, condecorado com as me- dalhas da campanha de Montevideo de 1811 a 1812, das campanhas de 1815 a 1820, da campanha da independencia da Bahia, da divisão cooperadora da Boa Ordem, e com a insignia de ouro por distincção em combate. Escreveu, além de - Diversos relatórios - como presidente de duas províncias, e como ministro da guerra em tres gabinetes successivos, no ultimo dos quaes fôra encarregado também da pasta da marinha ; - Carta ao coronel João Carlos de Saldanha de Oliveira Daun. Rio de Janeiro, 1822 - Era o autor coronel quando publicou esta carta contra o seu collega, datada da povoação do Norte do Rio Grande a 24 de junho, com um supplemento datado de 18 de agosto, tudo de 1822. - Exortação patriótica dirigida ás principaes corporações e autori- dades da provincia do Rio Grande do Sul, sua patria. Rio de Janeiro, 1822 - Ha outra do mesmo anno aos seus amigos residentes na dita provincia. - Memória descriptiva do estado da fortificação da costa da pro- vincia de Pernambuco, quartéis, armazéns, paiol de polvora e mais edifícios militares, indicando os melhoramentos que podem ter. Recife, 21 de abril de 1826 - Ha um original in-folio de 30 folhas e uma cópia de 28 folhas no archivo militar. Foi escripta sendo o autor commandante das armas na provincia de Pernambuco. - Quadro da divisão civil, judiciaria e ecclesiastica da provincia de Santa Catharina com o resumo de sua população, organizado em 1841.--Era o autor administrador da provincia, quando o escreveu. Antonio VcliilIcH de Miranda Varejão - E' natural do Rio de Janeiro e nascido a 30 de janeiro de 1834, sendo seus paes o commendador Antonio Alvares de Miranda Varejão e dona Joa- quina Ursula de Miranda Varejão. Bacharel formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo em 1856, no anno seguinte entrou no exercicio do cargo de chefe da secção de estatistica na secretaria da policia da corte, e d'ahi passou para a secretaria de estado dos negocios da justiça, como primeiro official, logar em que se aposentou em 1872. Exerce actualmente a profissão de advogado, lecciona varias linguas e sciencias ; é membro AN 101 efíectivo do grande conselho do grau 33 do grande oriente unido do Brazil ; cavalleiro da ordem da Roza, etc. O doutor Varejão foi director e radactor chefe do Diário Official, collaborou para a Semana Illustrada, parti a Revista de ensaio philo- sophico paulistano, e para o Diário do Rio de Janeiro, e fez parte da redacção do Jornal do Commercio. Escreveu : - A época : comedia em cinco actos, representada em 1861 - Creio que foi impressa neste mesmo anno. - A resignação : drama em tres actos, representado em 1862. - O captiveiro moral : drama em cinco actos, representado em 1864. - Trevas e luz : drama em quatro actos, representado em 1867. - Os excêntricos : comedia em quatro actos, representada por diversas vezes no Rio de Janeiro - Inédita. - Anath : drama em tres actos -Não sei si foi levado á scena. Idem. - A vida intima : drama em tres actos - Idem. - A louca : libreto em quatro actos e em verso portuguez, posto em musica pelo compositor paulista Elias Alvares Lobo - (Veja-se Elias Alvares Lobo.) Consta que tem ainda outras comedias e dramas, originaes e tradu- zidos, sendo alguns já representados nesta côrte, e composições poéticas inéditas, além de algumas publicadas, como - A guerra do Oriente : ao meu amigo o senhor José Diogo de Menezes Fróes, em resposta á sua poesia a Rússia - Sahiu na Revista litteraria, S. Paulo, serie 5a, pag. 34. Antonio AgostiiiIlo de Andrade Figueira - E' natural da provincia do Pará. Faltam-me noticias a seu respeito, e apenas sei que é sobrinho do finado general Gurjão, e que escreveu : - Necrologa de Hilário Maximiano Antunes Gurjão, bacharel em mathemathicas, brigadeiro do exercito, etc. S. Luiz do Maranhão, 1869. Antonio Alexandre dos Passos Ourique- Nasceu em S. Paulo a 29 de junho de 1819 e falleceu no Rio de Janeiro a 21 de maio de 1850, victima da febre amarella. Era engenheiro civil, cavalleiro da crdem da Roza, e exercia um em- prego na thesouraria geral de sua provincia, quando, tendo-se opposto em concurso á cadeira de arithmetica e geometria, annexa á faculdade de dir ito, e vindo á côrte para esperar a nomeação desejada, aqui foi ac- commettido da febre que o matou. Escreveu muitas composições de que foi publicada, depois da sua morte, uma collecção com o titulo: -Flores do sepulchro : poesias. S. Paulo, 1851, 130 pigs. in-8° - E' precedi lo de uma noticia por seu collega F. I. dos Santos Cruz, de cuja penna se acham no fim do livro um soneto e uma nenia, de pag. 118 a 119. 102 AN Antonio do Almeida Oliveira- Natural da província do Maranhão e nascido em 1843, fez o curso de sciencias sociaes e juri- dicas, formando-se em 1866 ; exerceu, bem que por muito pouco tempo, o cargo de promotor publico da comarca de Guimarães em sua província, e tornando á capital, deu-se á advogacia. Todo devotado á magna questão dos povos cultos, a instrucção pu- blica, creou com os doutores João Antonio Coqueiro eM. Mendes Pereira uma escola nocturna para adultos com o titulo de Onze de agosto, onde fez muitas conferencias sobre instrucção publica e outros assumptos que se prendem ao progresso material e moral de sua província ; e fundou em S. Luiz do Maranhão como doutor A. Ennes de Souza uma biblio- theca popular, inaugurada com mais de dous mil volumes, e hoje com perto de cinco mil, que foi até pouco tempo por elle sustentada. Mudando-se para a côrte em fins de 1868 por ser affectado de beri-beri mais de uma vez, e aqui abrindo consultorio de advogado, foi no anno seguinte nomeado presidente da província de Santa Catharina. O doutor Almeida Oliveira foi eleito presidente honorário da sociedade União juvenil, composta de estudantes, em attenção a seus serviços prestados á instrucção publica, e como tal presidiu a sessão solemne de 6 de julho de 1877, proferindo um discurso apropriado ao acto. E o governo imperial por este mesmo motivo lhe conferiu o officialato da Roza. Escreveu : - Diversas conferencias que proferiu na escola nocturna para adultos « Onze de agosto»-das quaes foram impressas tres que são as seguintes: - A necessidade da instrucção, dedicada á Associação dos artistas. Maranhão, 1871. - A instrucção e a ignorância. Maranhão, 1871. - A sociabilidade e o principio de associação. Maranhão, 1871. - O ensino publico : obra destinada a mostrar o estado em que se acha e as reformas que exige a instrucção publica no Brazil. Maranhão, 1874, 476 pags. in- 4o com 6 mappas - E' talvez a melhor obra que sobre o assumpto se tem escripto no Brazil, e da qual muito se occupou a im- prensa do dia, especialmente a Idèa do Rio de Janeiro, e o Diário da Bahia. Aquella deu de todo livro um resume precedido de palavras muito lisongeiras para o auctor. Este conferiu-lhe os fóros de publi- cista n'um extenso artigo. - Discurso sobre a educação do sexo feminino, pronunciado no acto da installação da bibliotheca popular - Foi impresso num folheto com outro do doutor Antonio Ennes de Souza. - O Democrata ( jornal que fundou e redigiu ) Maranhão, 1877 - Antes deste, em 1876, collaborou ou fez parte da redacção do periodico Liberal. -O arado: carta aos lavradores maranhenses. Maranhão, 1878 - Neste opusculo, que tem 68 paginas, e que o autor fez distribuir .gratuitamente entre os lavradores de sua província, chama elle sua attenção para as AN 103 vantagens da cultura intensiva, ahi pouco usada então, e hoje em via de realisar-se. - Acção decennial no foro commercial e civil. Santa Catharina, 1879 - E' uma monographia de 160 paginas, que o autor escrevera no Rio de Janeiro, e que foi muito apreciada na revista de jurisprudência o Direito. Diz esta revista que o doutor Almeida Oliveira desenvolveu a matéria sob todos os pontos de vista em que ella podia ser estudada. Esta obra é dividida em duas partes. Na Ia define o autor a acção, e con- sidera sua indole, fins e requisitos ; na 2a estuda o processo e fôro da acção. Delia fez o autor segunda edição, correcta e augmentada em 1883. - Falia com qzie abriu a sessão extraordinária da assemblèa legisla- tiva provincial de Santa Catharina em 2 de janeiro de 1880. Cidade do Desterro, 1880. -Relatorio com que ao excellentissimo senhor coronel Manuel Pinto de Lemos, primeiro vice-presidente, passou a administração da provin- da de Santa Catharina em 20 de maio de 1880. Desterro, 1880. Antonio Alvares Guedes Vaz - Natural de Portugal, por motivos políticos emigrou para o Brazil, que adoptou por patria. Presbytero do habito de S. Pedro, foi coadjuctor da freguezia da Cande- laria, dirigia em 1868 um collegio de educação para o sexo masculino no Rio de Janeiro ; e instituiu nesta cidade uma publicação, associando-se, quanto á redacção, com Salvador de Mendonça e Victor Dias, da qual pu- blicação sahiu apenas o primeiro volume, com o titulo de - Apontamentos biographicos para a historia das campanhas de Uruguay e do Paraguay desde 1864. Rio de Janeiro, 1876. No Jornal do Commercio de 7 de setembro de 1876^ se lê esta declaração : < Sendo- me attribuida exclusivamente a paternidade desta obra, julgo de meu imprescindível dever declarar o seguinte : A idéa é minha, e unica- mente meus foram os dispêndios para a publicação. Pondo, porém, isto de parte, somos tres os autores : os senhores Salvador de Mendonça, Victor Dias e eu. » Referem-se estos apontamentos a dom Pedro II, imperador do Brazil, suas altezas os dous príncipes e a diversos vultos notáveis nas duas cam- panhas . Antonio Alvares Pereira Coruja-Natural da província do Rio Grande do Sul, nasceu em Porto-Alegre a 31 de agosto de 1806, sendo seu pae Antonio Alvares Pereira Coruja, que ahi se ca- sara com uma senhora rio-grandense, descendente dos antigos casaes açorianos que vieram povoar a primitiva capitania. Destinava-se a ir matricular-se na universidade de Coimbra, depois de estudar as diversas aulas de humanidades ; mas não o podendo fazer por circumstancias particulares, dedicou-se em sua província ao magistério, leccionando a principio grammatica portugueza, e depois philosophia 104 AN racional e moral, tudo por nomeação do governo. Sendo porém deputado á assembléa provincial, e compromettendo-se nos movimentos políticos de 1836, pelos quaes teve de soffrer trabalho 3 e perseguições que o des- gostaram, resolveu mudar sua residência para o Rio de Janeiro em 1837, e aqui estabeleceu um collegio de educação secundaria para o sexo masculino com o titulo de lyceu de Minerva, exercendo sempre o ma- gistério. Ao cabo de uns quinze annos de direcção deste collegio, e de quasi outros tantos annos mais de magistério publico, já cansado, passou a outro os encargos que sobre si pesavam, para dedicâr-se a seus estudos de gabi- nete, e ao commercio. E' official da ordem da Roza, cavalleiro da de Christo, membro effectivo do supremo conselho do grande oriente do Brazil, presidente e director ho- norário das aulas do asylo das orphãs da sociedade amante da instrucção, socio do instituto historico e geographico brazileiro, no qual serviu muitos annos o cargo de thesoureiro, e socio da sociedade beneficente e humanitaria rio-grandense, de que foi presidente effectivo quatro annos, passando depois a ser presidente honorário. Escreveu diversos artigos e correspondências no Porto-alegrense em 1847, no Argos de 1840 a 1850, e no Mercantil, todos estes jornaes de sua provincia, de 1850 a 1858 ; assim como : - Compendio da grammatica da lingua nacional, dedicado á moci- dade rio-grandense. Porto-Alegre, 1835, in-8°-Foi muito seguido nas escolas da provincia, e nas da côrte, e tem tido diversas edições correctas e ampliadas, havendo uma de 1849, outra de 1862, e outra de 1872, feitas no Rio de Janeiro. •- Manual dos estudantes de latim, dedicado á mocidade brazileira. Rio de Janeiro, 1838, in-8° - Foi depois adoptada no collegio de Pedro II. Idem, sendo augmentado com um appendice de pretéritos e supinos. - Compendio de ortographia da lingua nacional, dedicado a sua magestado o senhor dom Pedro II. Rio de Janeiro, 1848, 268 pags. in-8.° - Traz o retrato do autor e um vocabulário exemplificativo, segundo o systema do padre Madureira Feijó. Idem, sendo uma das edições de 1874. - Manual de ortographia da lingua nacional. Rio de Janeiro, 1852 in-8° - E' a mesma obra acima, porém resumida ás suas principaes re- gras. Idem, sendo a segunda edição de 1861, 47 pags. in-8°, e a ter- ceira de 1866. - Arithmetica para meninos, contendo únicamente o que é necessário e se pôde ensinar nas aulas de primeiras lettras. Rio de Janeiro, 1850, in-8° - Idem, sendo a segunda edição de 1861, 52 pags. in-8p. - Compendio da grammatica latina do padre Antonio Pereira de Fi- gueiredo com additamentos e notas. Rio de Janeiro, 1852, in-8° - Se- gunda edição, 1861, 111 pags. in-8°. - Lições de historia do Brazil, adaptadas á leitura das escolas. Rio de Janeiro, 1855, 310 pags. in-8°- Traz no fim a constituição politica JLJN 105 do Imperiò. Ha desta obra diversas edições, sendo : a segunda de 1857; a terceira, augmentada e correcta, de 1861 ; a quarta de 1866 ; a quinta de 1869; a sexta de 1873, 290 pags in-8°, e a sétima de 1877, 287 pags. in-8°„ todas do Rio de Janeiro. - Collecção dos vocábulos usados na provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro, 1861 - Sahira antes na Revista do instituto historico, tomo 15°, 1852, pags. 210 a 240; foi reimpressa, se- gundo me consta, em Londres em 1856, e depois no Rio Grande do Sul, vindo como appendice á Folhinha rio-grandense para o anno de 1862. Parte dos vocábulos desta collecção são da lingua guarany. - A vida de Josè Bernardino de Sá depois de sua morte ou o processo Villa-Nova do Minho, contendo as peças principaes do processo propria- mente dito Villa-Nova do Minho, e precedido de um outro processo, o do doutor Manuel Jacquesde Araújo Basto. Rio de Janeiro, 1856. - Annotações ás Memórias históricas de monsenhor Pizarro na parte relativa á provincia do Rio Grande do Sul, servindo em parte de additamento, e em parte de correcção - Foram publicadas na Revista do instituto historico. Rio de Janeiro, 1858, pags. 303 a 315. - Notas à memória do tenente-coronel Josè dos Santos Viegas - Idem, 1860, pags. 585 a 602. - Antigualhas e reminiscências de Porto-Alegre. Rio de Janeiro, 1881, 34 pags. in-4.° Antonio Alvares <la Silva - Filho de Antonio Alvares da Silva o de dona Zeferina Rozada Silva, nasceu na cidade de S. Salvador, capital da Bahia, em 1831 ou 1832, e falleceu na mesma cidade em 1865. Doutor em medicina pela faculdade de sua provincia, onde deu provas de uma intelligencia robusta, foi nomeado por concurso lente oppositor da secção medica da mesma faculdade em 1857, e se achava inscripto para o concurso á cadeira de physiologia em 1865, quando falleceu. Durante este concurso falleceu também o doutor João Pedro di Cunha Valle, outro concurrente (vide João Pedro da Cunha Valle), faltando-lhe sómente a sustentação da these. Escreveu : - Physiologia da medulla espinhal. Theoria dos movimentos refleocos : dissertação inaugural, precedida de proposições sobre: l.° Influencia dos climas no desenvolvimento das moléstias. 2.° A expulsão da placenta deverá ser sempre abandonada á natureza ? 3.° 0 que é affinidade chimica ? Bahia, 1856. - A vaccina como abortiva e preservativa da variola será preju- dicial ? these de concurso a um logar de oppositor da secção medica. Bahia, 1857 - Trata da natureza da variola, da acção physiologica e therapeutica da vaccina, e da influencia da vaccina sobre a população. 106 AN - Em que consiste o vitalismo hippocratico ? these apresentada, etc. para o concurso a um logar de substituto da secção medica em 6 de julho de 1859. Bahia, 1859. - Juizo critico do Calabar, drama em verso do doutor Agrário de Souza Menezes. Bahia, 1858 - Vem annexo ao mesmo drama. - Elogio historico do doutor Agrário de Souza Menezes - Vem precedendo as obras inéditas do doutor Agrário, mandadas publicar pela sociedade académica Recreio dramatico da Bahia em 1865. (Veja-se Agrário de Souza Menezes.) O doutor Alvares da Silva escreveu além disso muitas memórias e artigos sobre assumptos relativos á medicina, á historia, á litteratura e mesmo á política no Direito, jornal político, no Prisma, no Diário da Bahia, no Estandarte, no Caioceiro nacional, na Opinião, na Semana e na Revista académica. Neste ultimo vem por elle escripta uma necrologia com o titulo : - O doutor Laurindo Josè da Silva Rabello. Bahia, 1864 - a qual foi reproduzida no Correio Mercantil da mesma cidade de 9 de dezembro do dito anno, e ultimamente nos Annaes da bibliotheca nacional do Rio de Janeiro, volume 3o, pags. 373 a 384. A.ntoiiio Alves Camara - Nasceu na província da Bahia a 27 de abril de 1852, fez o curso da escola de marinha, foi promovido a guarda-marinha em novembro de 1870, a segundo tenente cm janeiro de 1873, e a primeiro tenente, posto em que se acha, em dezembro de 1875. E' official da escola de marinha, membro eífectivo do Instituto historico e geographico brazileiro, e do Instituto polytechnico, onde exerce o cargo de segundo secretario, etc. Escreveu : - Algumas considerações sobre a causa da formação do gulf-stream. Bahia, 1876 - E' um opusculo de 30 paginas, que o autor escreveu por ler a memória do então primeiro tenente Francisco Calheiros da Graça, se propondo a explicar a causa e formação do gulf-stream e apresentando uma corrente equatorial submarina no atlantico, correndo para oeste. (Veja-se Francisco Calheiros da Graça.) O primeiro tenente Gamara explica o facto por modo diverso de seu collega. - Analyse dos instrumentos de sondar e perscrutar os segredos da natureza submarina, seguida de um appendice, contendo estudos feitos sobre as causas de variação de densidade das aguas no porto de Monte- vidéo. Rio de Janeiro, 1878 - Refere-se também o autor ao sondographo do primeiro tenente Adolpho Pereira Pinheiro. (Veja-se este nome.) - Impressões de uma viagem do Pará ao Recife, passando por S. Miguel e Tenerife, a bordo da corveta Trajano. Rio de Janeiro, 1878, in-4.° AN 107 - O barometro de William Siemens. Rio de Janeiro, 1879 - Sahira antes na revista de engenharia tomo Io, n. 8, e contém figuras inter- caladas no texto. - Breve noticia sobre as curvas de posição e os novos methodos de navegação. Rio de Janeiro, 1880 - Sahira também na mesma revista, tomo 2o, n. 1. - O navisferio ou as observações da noite. Rio de Janeiro, 1880 - Idem, tomo 2o, ns. 2 e 3. - Conferencia sobre a. causa da formação e origem do gulf-stream que fez perante o instituto polytechnico brazileiro em sessão de 20 de dezembro de 1880. 87 pags. in-8.° A_ntonio Alves de Cax^vallial - Natural da Bahia e filho de João Telles de Carvalhal e de dona Candida Maria de Carvalhal, nasceu na cidade de Santo Amaro em 1846 e falleceu a 16 de junho de 1880, victima de uma affecção renal. Collega desde os primeiros estudos do laureado poeta Castro Alves, delle rival na poesia, e formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de Pernambuco, exerceu o cargo de promotor publico em Itapicurú, termo de sua província, e voltando ao logar de seu nascimento ahi exerceu a profissão de advogado e serviu os cargos do curador* dos orphãos e de adjunto á promotoria publica. Escreveu : - Lesbia. Recife, 1851 - O livro que tem este titulo é uma collecção das poesias que o autor escrevera em tempos de estudante. - Chronicas (collecção de poesias e de artigos em prosa) - publicadas no periodico Monitor de 1876 a 1880. Muitas destas poesias, enthusiasticas e arrebatadoras, foram transcriptas em jornaes da côrte e de outras províncias. A maior parte delias são impregnadas, como se exprimiu Felinto Bastos, do delicado sainète humorístico de satyra fina, aristocrá- tica e aguçada como um bistury não usado. Quando trato de um poeta que morreu quasi desconhecido, não será ocioso transcrever aqui dous trechos que foram reproduzidos pelo mesmo F. Bastos na noticia que escreveu do doutor Carvalhal. Disse o poeta se dirigindo a uma cantora: Canta, cysne gentil do paràiso ! Quem sabe si nasceste de um sorriso, De algum canto de Deus... Si, ao dormires á noite, um anjo lindo Vem te beijar, e ensina-te, sorrindo, As harmonias mysticas dos céos ? !... N'outra composição, patriótica, escreveu elle : Santo dia da patria, eu te bemdigo ! Eu te bemdigo, ó sol, que tão formoso, Como risonha lampada suspensa D'essa cupola immensa, Illuminaste o drama portentoso De nossa liberdade ! 108 AN Oh! vem, surge de novo ! Como o dedo de Deus, na immensidade, Vem revolver as cinzas do passado. Abre aos olhos do povo Esse livro dourado De nossa grande, immorredoura historia! Foste tu, testemunha das grandezas, Que percorrendo o espaço ao mundo inteiro Levaste a nossa gloria! Vem recordar ás gerações modernas Que seus paes foram bravos. Elles nasceram míseros escravos, Mas heroes se tornaram ! Da patria a preciosa liberdade Foi co'o sangue das veias que plantaram. Dize ao povo que guarde esse legado Tão sublime e tão puro ! Não nos mostres apenas o passado... Oh ! sol bemdito e santo ! Vem rasgar o sombrio, espesso manto Da aurora do futuro ! O doutor Carvalhal redigiu : - O Popular Sant'Amarense- S. Amaro, 1871 - A principio, em 1869, fôra collaborador desta folha, escrevendo diversos artigos, tanto em prosa como em verso ; depois assumiu a redacção, donde passou mais tarde, em 1876, a fazer parte da redacção do já mencionado Monitor, periodico da capital. E antes, sendo ainda estudante, redigiu: - O Futuro ; periodico scientifico e litterario. Recife, 1864, in-4° - Teve por companheiros nesta publicação Antonio de Castro Alves, Aristides Augusto Milton e L. F. Maciel Pinheiro. Antonio Alves de Souza. Carvalho - E' natural da provinda de Pernambuco, onde fez todos os seus estudos e recebeu o grau de bacharel em sciencias sociaes e juridicas. Presidiu as províncias do Espirito Santo, de Alagôas e do Maranhão ; representou sua província na camara temporária em diversas legislaturas desde a 12a, de 1863 a 1866, como actualmentea representa ; é advogado na capital do Império, e official da ordem da Roza. « Cidadão muito illustrado - diz a Democracia, de Pernambuco, n'um artigo assignado por A. L., transcripto no Diário de Pernambuco de 14 de março de 1881, sobre sua candidatura á a^sembléa geral - talento ro- busto, perspicaz e vasto, luctador incansável, de extrema moderação e prudência, de sagacidade política e recursos intellectuaes, esse nosso amigo merece-nos toda estima e a mais elevada consideração. » Tem escripto muito sobre a política do paiz, quer na imprensa perió- dica, onde publicou, ha pouco, muitos e importantes escriptos sob o pseu- donymo de Cambysis, quer em pamphletos, como: - O Brazil em 1870. Rio de Janeiro, 1870, 81 pags. in-8°-Opús- culo em opposição ápolítica conservadora. AN 109 - 0 imperialismo e a reforma. Rio de Janeiro, 1865, 105 pags. in-4.° - A crise da praça em 187 5. Rio de Janeiro, 1875, 109 pâgs. in-8.® - A eleição de senador pela provincia da Parahyba e os senhores João Alfredo e Diogo Velho: exposição ao publico. Rio de Janeiro (sem data), 1 fl. in-fol. gr. - Reforma eleitoral: discurso pronunciado na camara dos senhores deputados na sessão de 3 de junho de 1880. Rio de Janeiro, 1880, 35 pags. in-8°- Como este tèm sido reproduzidos em opusculos alguns de seus discursos, constantes dos annaes do parlamento. - Diário do Brazil: folha politica. Rio de Janeiro, 1882 - O doutor Souza Carvalho foi o fundador e é o principal redactor desta folha, que continha a sair. Antonio <le Andrade ímna-Nasceu no primeiro de - cennio do presente século na provincia de Pernambuco, e ahi falleceu, com 50 annos de idade, sendo seus paes Francisco de Salles Rego e dona Francisca Xavier de Andrade. Foi religioso da ordem dos franciscanos, tendo feito sua profissão no convento de Iguarassú com o nome de frei Antonio da Conceição, e se- cularisou-se depois, passando a usar de seu nome primitivo. Antes, po» rém, de secularisar-se, no primeiro anno da creação dos cursos juridicos matriculou-se na faculdade de Olinda, e ahi recebeu o grau de bacharel em direito em 1833 e depois o de doutor. Exerceu o logar de inspector da thesouraria geral da provincia, e deu-se depois ao exercicio da advocacia, onde adquiriu grande nomeada como jurisconsulto, como também a adquirira de desvelado cultor das lettras e distincto poeta. Foi partidário da confederação do Equador, a cujos vencedores, depois de alcanç idos os prémios da victoria, dirigira os seguintes versos n'um improviso : Quando os sec'los das trovas dominavam, Das cruzes os ladrões se penduravam. Hoje domina o século das luzes, Pendentes dos ladrões andam as cruzes. O doutor Luna escreveu: - Theses para obter o grau de doutor em direito. Pernambuco, 183* - Não pude ver esta these, e menos um grande numero de - Poesias e diversos escriptos em prosa - que deixara inéditos, e de que se ignora o destino, como diz o autor do Diccionario biographico de pernambucanos illustres, publicado em 1882. Antonio de Araújo Porreira Jacobina - E' natural da provincia de Pernambuco, da qual passou para a de S. Paulo, onde reside e se dedica á agricultura ; ó formado em sciencias physicas e mathematicas, em Paris, e foi lente substituto da escola central. 110 AN Escreveu : -Esboço de estudo para a volta dos pagamentos em ouro no Brazil. S. Paulo, 1881-Neste opusculo o doutor Jacobina propõe a creação de um banco hypothecario, onde se opere a inversão dos capitaes europeus, e o lançamento de um imposto sobre a renda das apólices e a das alfan- degas. 7Vn.ton.io cie Araújo Lolbato - Era natural da província de Minas Geraes e falleceu no Rio de Janeiro, entre os annos de 1879 e 1880. Sendo professor jubilado em sua província, de latim e francez, veio para o Rio de Janeiro, aqui exerceu o magistério como professor de por- tuguez na escola normal dirigiu o externato de S. Luiz Gonzaga e es- creveu : - Arithmetica elementar, compilada dos melhores autores e coorde- nada segundo o programma do imperial collegio de Pedro II e o da es- cola normal da côrte. Rio de Janeiro, 1875, 110 pags. Antonio de TVraujo de Souza ILolbo - Natural da província do Rio de Janeiro, nasceu na cidade de Campos. E' pintor de paisagens e retratista ; professor de desenho de figuras do imperial lyceu de artes e officios ; professor de desenho do asylo dos meninos desvalidos, creado pelo decreto n. 5849 de 9 de janeiro de 1875, e cavalleiro da ordem da Roza. De sociedade com outro fundou o estabelecimento de pintura de pai- sagens e retratos, denominado Acropolio, e escreveu : - Bellas-artes. Considerações sobre a reforma da Academia. Rio de Janeiro, 1874 - E' uma memória de 68 pags. in-8° em que o autor trata dos seguintes assumptos, tendo cada um destes seu respectivo capitulo . Os títulos dos diversos capítulos são : Direcção da academia antes escola do bellas-artes - Que resultados tem apresentado a aca- demia ? - Quantos milhares de contos de réis tem empregado o governo até hoje ? - Em que condições frequentam os alumnos a academia ? - Quaes as garantias dos que se formam em bellas-artes ?- Methodo e disciplina - Exposições - Considerações sobre as maneiras de criti- carmos as bellas-artes - Conservatorio de musica - Ordenados. Antonio de tVssís Martins - E' natural da província de Minas-Geraes. Só conheço este escriptor por ter visto seu impor- tante - Almanak administrativo, civil e industrial da província de Minas- Geraes para o anno de 1864. Ouro Preto, 1863 - Este livro, em que collaborou José Marques de Oliveira, contém muitos esclarecimentos to- pographícos sobre a província, a que se refere, pelo que serviu muito ao senador C. Mendes de Almeida na confecção de seu atlas do Império de Brazil. Sahiu depois: AN 111 - Almanak administrativo, civil e industrial da provinda de Minas- Geraes para o annode 1865. Ouro Preto, 1864 - Não me consta que o autor publicasse outro antes do - Almanak administrativo, civil e industrial da provinda de Mi- nas-Geraes para servir do anno de 1869 a 1870, organizado e redigido em virtude da lei provincial n. 1447 de Io de janeiro de 1868. 3o anno. Rio de Janeiro, 1870, 561 pags. Antonio A-ttico de Souza Leite - Nasceu na villa do Triumpho, comarca de Flores, na província de Pernambuco ; foi ahi deputado á assembléa provincial, e tendo obtido a necessária provisão, exerce a profissão de advogado. Escreveu : - Memória sobre a pedra-bonita ou reino encantado na comarca de Villa-Bella, província de Pernambuco. Rio de Janeiro, 1875, 80 pags. in-8.0 Antonio Augusto de Araújo Torreão - Filho do desembargador Basilio Quaresma Torreão e de dona Josepha de Araújo Torreão, nasceu em Pernambuco a 25 de março de 1845 e falleceu a 11 de junho de 1865. Completara o curso da academia de marinha em 1863 ; promovido a guarda-marinha, foi á Europa em viagem de instrucção, e apenas de volta ao Brazil marchou para a guerra do Paraguay, fazendo parte da força do vapor Mearim. No memorável combate de Riachuelo se achava Torreão, e vendo cahir ferido o chefe de uma poça, elle impávido o sub- stituo, e quasi no mesmo instante é do mesmo modo ferido por uma bala, e expira, murmurando patria.... Era muito dedicado às bellas lettras e â musica, e escreveu : - O matuto na corte : comedia em um acto. Rio de Janeiro, 1863 - Escrevera-a seu autor ainda estudante na academia. Tkntonio Ans'usto Botelho - E' natural da província da Bahia, segundo official do publico, judicial e notas e offlcial do registro geral das hypothecas da cidade da Limeira, na província de S. Paulo. Escreveu : - Formulário das acçoes summarias, processadas perante os juizes de paz e municipaes. S. Paulo, 1881. - Formulário das acçoes de demarcações e divisões das terras agrarias. S. Paulo, 1882. - Roteiro dos escrivães e tabelliães. Rio de Janeiro, 1882, 679 pags. in-8° e mais 7 do índice - Contém decretos, regulamentos, etc. relativos a essa classe de serventuários e de interesse para elles, tudo devida- mente annotado. 112 AN * Antonio Augusto <la Costa Ag-niar - Natural da província de S. Paulo, nasceu pouco depois de 1830 e falleceu a 11 de maio de 1877. Fez na Inglaterra toda a sua educação litteraria, sem comtudo for- mar-se em faculdade alguma, casando-se depois com uma filha do conse- lheiro José Bonifácio de Andrada e Silva ; era muito versado e fallava perfeitamente a língua ingleza, da qual fez muitas versões para a portu- guezá, como por exemplo: - A guerra do Paraguay, com uma resenha histórica do paiz e de seus habitantes por Jorge Thompson, tenente coronel de engenheiros do exercito paraguayo, ajudante de campo do presidente Lopes, cavalleiro da ordem do Mérito do Paraguay, etc. Traducção do inglez. Rio de Janeiro, 1869, 189 pags. in-8.° Escreveu mais : - Algumas considerações sobre o programma do ministério. Santos, 1851, 15 pags. in-8° - E' um opusculo político. - O Brazil e os brazileiros - Não vi esta obra ; a bibliotheca nacio- nal não a possue. Sei, porém, que contém muitas idéas sobre coloni- sação. - Apontamentos históricos a respeito do grande ministro da inde- pendência, José Bonifácio de Andrada e Silva. Rio de Janeiro, 1872, 31 pags. in-8.o - Historia do Marquez de Barbacena. 2 vols. Inédita - Esta obra é escripta á vista de documentos authenticos que esclarecem pontos muito interessantes da nossa historia, e factos que se passaram com o fundador da monarchia. Consta que Costa Aguiar deixara outras obras inéditas. Antonio Augusto Fernandes 3?inli.eiro - E' natural do Rio de Janeiro e engenheiro civil pela escola central, hoje polytechnica ; socio honorário da associação industrial e presidente do club de engenharia. Tem exercido diversas commissões do ministério da agricultura, e escreveu : - Industrias textis - Vem no relatorio sobre a exposição universal de 1867, redigido pelo secretario da commissão brazileira, Constancio Julio de Villeneuve, sendo o doutor Fernandes Pinheiro o encarregado desta parte do dito relatorio. - Estrada de ferro de Campos a Macahè. Rio de Janeiro, 1869, in-4.° - Relatorio dos trabalhos executados no prolongamento da estrada de ferro da Bahia durante o anno de 1877, apresentado ao ministro da agricultura. Bahia, 1878. - Archivos da exposição da industria nacional. Actas, pareceres, e decisões do jury geral da exposição da industria nacional, realisada no Rio de Janeiro em 1881, precedidos do uma introducção pelo enge- A.N 113 nheiro civil Antonio Augusto Fernandes Pinheiro, etc. Rio de Janeiro, 1882, 568 pags. in-8° e mais 168 da introducção - Além da introducção e collaboração desta obra, ha ahi tres pareceres de Fernandes Pinheiro, a saber: - Parecer sobre o velocípede a vapor e a machina do systema Flau- der para aplainar cylindros de locomotivas expostos pela estrada de ferro D. Pedro II. - Parecer sobre papeis pintados para forrar casas -pags. 333 a 347. - Parecer sobre materiaes de transportes terrestres e accessorios de vehiculos e de vias ferreas - pags. 348 a 368. Antonio A-ugristo <le Ifima- Natural da província de Minas Geraes, nasceu em Sabará a 7 de abril de 1858, e fez em S. Paulo o curso de direito, recebendo o grau de bacharel a 4 de novembro de 1882. Como Valentim de Magalhães, cultor devotado da litteratúra amena, e sobretudo da poesia, foi seu companheiro na faculdade de direito de S. Paulo, e é também musico. Escreveu : - Revista de sciencias e lettras : publicação mensal. S. Paulo, 1880, íh-4°-Teve por companheiros na redacção Raymundo Correia, Alexandre Coelho e Randolpho Fabrino. - Manhãs serenas - E' uma collecção de poesias inéditas que desde 1881 o autor tem promptas para entrar no prelo. - Parnaso da Paulicêa : poesias - E' outra collecção também des- tinada â publicação e já prompta para isso. Se referindo a esta obra e a seu autor, disse Valentim de Magalhães : « Espirito solido e irrequieto, de mira tão certeira, quão alevantada, o novo poeta mineiro segará brevemente vasta messe de applausos com o livro que prepara e que será pequeno talvez, mas certamente magnifico. Severo e altaneiro com as mediocridades enfunadas pelo immerecido favor publico, sinto-me benevolo e commovido ante os talentos obscuros e modestos. Por isso bato palmas frenéticas a Augusto de Lima e peço para elle, mais que a attenção da critica, o seu rigor ; pois que se erguerá delia pujante e formoso o peregrino estro do poeta. » - Faust a Valentim de Magalhães- E' uma composição poética em verso alexandrino que sahiu na Gazeta de Noticias da côrte, de 16 de julho de 1881, em seguida a noticia do autor, escripta pelo dito seu collega. Começa ella assim : « 0 liviío alchimista, â morna claridade Da sonhadora luz de uma lampada exótica, Scisma como fchristo em torva anciedade Na camara^senil de architectura gothica. Entre os livros de Hermés aberto um alfarrabio, Ante o turbado olhar voejando as maripozas. Na attitudo febril de um saltimbanco, o sabio Perscrutava o segredo hermetico das couzas. » 114 AN No almanak da mesma Gazeta para 1882 vem reproduzida esta poesia a pags. 132 e 133, e mais as tres seguintes : - O paradoxo. Entre as arvores (a Fontoura Xavier). Os ferreiros, soneto ( a Assis Brazil) -pags. 186 a 187, 189 a 191, e 200. Como cultor da musica, Augusto de Lima tem diversas composições de gosto e expressão. A.ntonio Augusto de Mendonça.- Nascido na cidade da Bahia a 19 de maio de 1830, sendo filho legitimo de Antonio Augusto de Mendonça, falleceu na mesma cidade a 14 de agosto de 1880, victima de uma affecção chronica do figado. Ainda muito moço, faltando-lhe seu pae, e tendo imperiosa necessidade de tomar sob sua protecção sua triste mãe e seus irmãos, sem bens de fortuna, sem outra herança mais, do que a de proteger sua familia, o meio mais prompto, bem que insuficiente, que se lhe offereceu para isso foi entrar para o funccionalismo publico de sua provincia com um pe- queno emprego no thesouro provincial, d'onde passara a exercer outros até o de secretario do mesmo thesouro, em que se aposentou em janeiro de 1880, com 33 annos de bons serviços. Antonio Augusto de Mendonça foi sempre dedicado ás lettras, poeta repentista, e um dos poetas lyricos mais distinctos que o Brazil tem pro- duzido. Delle escreveu com toda razão o autor das Ephemerides da Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro : « Rival de Gonçalves Dias na pureza de linguagem, na espontaneidade de imaginação e na melodia do verso, sua excessiva modéstia tornou quasi desconhecido seu nome. Aquelle, vivendo n'um circulo mais amplo' de relações sociaes, soube tornar seu nome popular no Brazil e em Portugal, onde teve por padrinho no baptismo das lettras o grande historiador por- tuguez. Mendonça, menos apparatoso, menos communicativo, mais ti- morato, retrahiu-se do grande clarão da publicidade, e não viu seu nome estender-se além das montanhas históricas da terra natal; não teve assim a consagração que a publicidade confere aos que pelo talento a me- recem. » Escreveu : - Diversas poesias- em muitos jornaes e periódicos litterarios da Bahia ; entre ellas as quatro seguintes : - O poeta : poesia de metrificação variada- Nos Cantos brazileiros, Io volume, 1850, pags. 3 a 7. - Illusão : idem- Na mesma collecção, pags. 110 a 113. - Canto heroico ao memorável dia dous de julho de 1850-Na mesma collecção, pags. 121 a 127. Sobre este assumpto ha composições suas capazes de formar um volume. - O meu anjo : poesia de metrificação diversa-Idem, pags. 265 a 269. Neste volume se veem também deste autor as seguintes composições : Pedido. O poeta desterrado. As estrellinhas. Meu tumulo. Os an 115 cantos de minha lyra. Eram teus olhos. Porque me ris? Tu queres que eu cante ? - Poesias de Antonio Augusto de Mendonça ( collecção ). Bahia, 1861. - A messalina : poema. Bahia, 1866 - Nesta obra, diz o autor das Ephemerides, já citado, si não ostenta os arrojos de concepção e o opu- lento contraste de imagens de seu conterrâneo Castro Alves, tem de certo graciosa suavidade de uma meditação lamartiniana. - Muitas poesias - inéditas. Sou informado de que estas composições dariam mais de dous bons volumes ; d'entre ellas, tenho noticia das se- guintes : - Livro e trabalho : poesia- que recitou no theatro de S. João, com muitos applausos, por occasião do beneficio do grémio litterario, na mesma occasião em que recitara A. de Castro Alves sua muito applaudida poesia O Livro. - A aldeia : poesia - onde se veem estes versos : A capellinha que alteia A fronte cheia de luz Parece apertar a aldeia Nos braços de sua cruz. No emtanto a pastorinha, Voltando de seu labor, Traz na mente mais carinhos, Traz no peito mais amor. - Poesia recitada no asylo de S. João de Deus - em que o autor principia: Um não sei que de celeste Por estas paredes lavra, Que minha humilde palavra Por ser humana não diz. Antonio Augusto Monteiro cie Bari-os - Na- tural de Minas Geraes, falleceu a 16 de novembro de 1841. Formado em direito, exerceu a magistratura, onde occupou diversos cargos e representou sua provinda tanto na camara temporária, como na vitalicia, para a qual entrou por escolha da corôa de 29 de setembro de 1838. Escreveu : - Carta política de Brasilicus acerca dos successos occorridos no Brazil, de 7 de abril de 1831 atè o anno de 1834 - Não me consta que fosse publicada esta obra, cujo original, de 22 fls. in-4°, se acha na bibliotheca nacional. E' datada do Rio de Janeiro, 8 de agosto de 1831, e dirigida a um dos membros da regencia. A-iitonio Augusto <le Queiroga - Natural da pro- vinda de Minas Geraes, nasceu na cidade do Serro em 1812 ou 1813 e 116 A.N falleceu em Diamantina no anno de 1855; formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo, exerceu a advocacia em Diaman- tina, merecendo applausos, sobretudo quando occupãva a tribuna. Era poeta, repentista admiravel e propendia muito para a satyra, como demonstrou em algumas composições deste genero que escreveu, espi- rituosissimas, ridicularisando os costumes do logar. Não me consta que fizesse collecção de suas poesias, e delias só conheço algumas publicadas em collecções de outros, como : - O carrasco : ode - Vem no Parnaso brazileiro do J. M. Pereira da Silva, tomo 2o, pags. 289 a 291. - O retrato : cantata - Idom, pags. 291 a 293. - Lyra : - Idem, pags. 293 a 295. Estas tres composições também se acham no Florilégio da poesia brazi- leira, tomo 3.° - A vida do estudante - No almanak littorario de S. Paulo, tomo 6o, pags. 233 a 236. E' datado de S. Paulo, 1833. Ha de Queiroga um madrigal que vem nas obrás de Manoel Antonio Alvares de Azevedo, tomo Io, pag. 46, seguido de uma imitação pelo mesmo Alvares de Azevedo ; o n'um tumulo do cemiterio do Diamantina, do uma moça que se envenenara por uma paixão amorosa, se lê a se- guinte quadra que elle ahi gravara : Perdi por minha imprudência Uma vida transitória. Ganhei de um Deus, por clemencia Vida eterna, eterna gloria. Queiroga foi um dos redactores da - Revista da sociedade philomatica. S. Paulo, 1833. A.ntonio A-velino Amaro d.a Silva - Não sei si nasceu no Brazil ou si naturalizára-se brazileiro, tendo seu berço em Portugal. Sendo piloto examinado pela escola naval portugueza, serviu alguns annos como agrimensor na cidade de Valença, provincia do Rio de Janeiro. Escreveu: - O caramujo: romance historico original. Rio de Janeiro, 18". A.ntonio Baptista Tliomaz de A.quino - Creio que è natural de S. Paulo; si não ó paulista, viveu algum tempo nesta provincia, e conheceu muito certos logares delia, como indica a seguinte obra que escreveu : - A Tia Joanna : verdadeira gargalhada em um canto - Assim vi an- nunciada no Jornal do Commercio a representação desta peça a 27 de agos- to de 1881 para o theatro S. Luiz. São scenas jocosas, sem pretenções, passadas em Guaratinguetá em 1878, por occasiãode eleições, diz o mes- mo annuncio. A.N 117 - Fenianos.: poesia - Foi posta em musica para ser recitada ao piano pelo compositor brazileiro Arvellos, sendo publicada em fevereiro de 1882. Antonio Barboza Correia - Era natural de Minas Geraes, como se declara na obra que passo a mencionar, e nascido pro- vavelmente no século passado. Escreveu : -Manifesto ao grão Brazil império dos impérios do mundo, offerecido a sua magestade imperial, defensor perpetuo do Brazil, por Antonio Bar- boza Correia, mineiro rústico. Ligado ás profecias do Bandarra e de ou- tros profetas. Rio de Janeiro, 1824, 54 pags. in-4° - Não li esta obra ; ella se acha, entretanto, na bibliotheca nacional e na fluminense. Antonio Bersane ILeite - Nascido em Portugal pelo anno de 1770, e brazileiro por abraçar a constituição do Império, falleceu no Rio de Janeiro alguns annos depois do juramento da mesma constitui- ção. Exerceu em sua patria o cargo de escrivão da superintendência das decimas da freguezia de Bucellas o annexos, que deixou para vir estabe- lecer-se no Brazil, pouco mais ou menos quando para aqui veio a familia real. Escreveu : - Diversas poesias - que se achâm no Almanak das musas, "parte 4a, pag. 33; no Romancista, periodico publicado em Lisboa, em 1839, pag. 180 e seguintes ; na Livraria classica portugueza de Castilho, tomo 23°, pags. 67 a 71, etc. - Quadras glosadas. Lisboa, 1804 - E' um volume de 242 paginas, que teve segunda edição em Lisboa, 1819, augmentada com as seguintes : - Quadras glosadas. Numeros 1 e 2. Lisboa, 1806 - São dous folhetos com 14 paginas cada um de poesias compostas depois da primeira edição acima. -A verdade triumphante : elogio dramatico e allegorico para se repre- sentar na real thcatro do Rio de Janeiro no grande e plausível dia natalí- cio da rainha, nossa senhora. Rio de Janeiro, 1811, 15 pags. in-4° - E' escripta em verso. A união venturosa : drama com musica para se representar no real theatro do Rio de Janeiro no faustíssimo dia dos annos de sua alteza real, o príncipe regente, nosso senhor. Rio de Janeiro, 1811, 19 pags. in-4° - E' escripta em verso. A.ntonio Bezerra cie Menezes - E' natural da pro- víncia do Ceará, filho do doutor Manuel Alvares da Silva Bezerra e sobri- nho do doutor Adolpho Bezerra de Menezes, de quem já tratei. 118 Exerceu o magistério ensinando particularmente diversas linguas, serviu na commissão de exames de preparatórios do lyceu cearense, e é actualmente empregado na thesouraria da sua provincia. Escreveu : - Sonhos de moço: (collecção de poesias) Maranhão, 1876- Tem publi- cado, além desse volume, diversas composições em avulso, entre as quaes : - A caridade : poesia -dedicada ao doutor Moura Brazil, medico e seu conterrâneo, quando este em sua volta da Europa visitou a provincia. Antonio Bordo - Falleceu a 15 de março de 1865 no Rio de Janeiro, onde viveu muitos annos, sendo natural da Italia, e naturalisado brazileiro, segundo me consta. Era traductor de linguas e interprete juramentado e matriculado para as linguas frinceza e italiana, e escreveu : - Diccionario italiano-portuguez e portuguez-italiano, composto no Rio de Janeiro por Antonio Bordo. Rio de Janeiro, 1853-1854. Dous vo- lumes. Antonio Borges da Fonseca - Nasceu na provincia da Parahyba pelo anno de 1808 e falleceu na cidade de Nazareth, provin- cia de Pernambuco, a 9 de abril de 1872. Era formado em direito pela universidade da Allemanha, tendo feito seus estudos secundários no seminário episcopal de Olinda ; exerceu o cargo de secretario do governo, por pouco tempo, em sua provincia. natal, e a advocacia no Recife. Republicano exaltado, tão inabalavel em seus principios politicos, quanto corajoso e audaz, na tarde de 6 de abril de 1831, achando-se no Rio de Janeiro, foi o primeiro a apresentar-se no campo de SanfAnna, protestando contra o ministério de reacção anti-liberal, organisado na noite antecedente, animando e excitando á rebellião os grupos que ahi se reuniam ; e na revolução praieira de Pernambuco, em 1848, de que foi um dos mais proeminentes vultos, chegou sua audacia á loucura de subir ao alto de um chafariz, e dahi proclamar á força do governo no meio da fuzilaria, a que se passasse para o seu lado, tendo a felicidade inaudita de não ser ferido de uma bala ! Dedicou-se com todo fervor ao jornalismo político, soffrendo por causa de suas idéas diversos trabalhos em sua mocidade. Escreveu : - Gazeta parahybana. Parahyba, 1828-1829 - Esta publicação cessou com a prisão de seu redactor e o subsequente processo, sendo absolvido pelo tribunal do jury. - Abelha pernambucana. Pernambuco, 1829-1830 -Sahiu o primeiro numero desta folha, in-4°, a 24 de abril de 1829 e o ultimo a 31 de agosto do anno seguinte. AN 119 -O Republico : periodico politico. Pernambuco, 1830-1831 -Esta folha foi publicada pelo mesmo Borges da Fonseca na Parahyba, 1832; e de- pois ainda em Pernambuco e no Rio de Janeiro. - O Nazareno. Pernambuco (?)-Nunca pude encontrar este periodico. Sei, porém, que foi publicado por Borges da Fonseca. - O Tribuno. Pernambuco, 1846-1847. - Compatriotas : proclamação dirigida ao povo brazileiro por Antonio Borges da Fonseca, redactor do Republico. Rio de Janeiro, 1831, 1 folha. - Representação que á camara dos senhores deputados dirigem Manoel Lobo de Miranda Henrique, Frederico de Almeida Albuquerque e Antonio Borges da Fonseca, deputados eleitos pela provincia da Parahyba do Norte. Rio de Janeiro, 1838. 12 pags. in-4°-Versa sobre reclamação de di- reitos como deputados, que não foram attendidas quanto aos dous últi- mos, pois que só o primeiro foi reconhecido e tomou assento na repre- sentação nacional de 1838 a 1841. A-xitonio Borges Leal Castello-Branco - Na- tural da provincia do Piauhy e já fallecido, era formado em sciencias sociaes e juridicas. seguira a carreira da magistratura, onde chegara a ser juiz de direito, e representou sua provincia na camara temporária. Escreveu : - Exposição circumstanciada sobre a eleição do primeiro districto da provincia do Piauhy. Rio de Janeiro, 1857, 48 pags. in-8.° A.ntonio Borges Sampaio-Nascido em Portugal e brazileiro por naturalisação, é tenente-coronel da guarda nacional, tem exercido em Uberaba, onde reside, diversos cargos de eleição popular e de confiança do governo. Sendo vereador da camaramunicipal, escreveu : - Demonstração das ruas, travessas, becos, collinas, templos e edifícios públicos da cidade de Uberaba, provincia de Minas-Geraes, precedida de um breve historico sobre o começo, situação, dimensão e hydrographia desta povoação, razões que justificam a nomenclatura agora adoptada e outras annotações. Com as deliberações da camara municipal, que autorisam a presente organisação. 1880 e 1881 - Foi apresentado o original, autographo de 152 pags. in- folio coma compe- tente dedicatória pelo autor, na exposição de historia do Brazil de 1881. Redigiu antes disto: - G Uberabense. Uberaba, 1875-1876, in-folio. A.ntonio Caetano de Almeida 1°- Innocencio da Silva coufúnde-o com Antonio Caetano Villas-Boas da Gama, irmão de José Bazilio da Gama, do qual occupar-me-hei agora mesmo. Sei apenas que é brazileiro por seu nome ser mencionado no Mosaico poético como tal, parecendo-me que falleceu em Lisboa, onde firmara sua re- sidência, no principio do século actual. Era poeta, e escreveu : 120 AJN- - Inauguração do colosso de bronze no dia faustíssimo, anniver- sario d'el-rei dom Josè I, nosso senhor : ode - Sahiu sem declaração de logar, nem de ânno ; mas sabe-se que foi em Lisboa, 1775. Esta composição vem reproduzida no Mosaico poético, collecção de poesias brazileiras, etc., publicado no Rio de Janeiro, 1844. Consta que publicara outras e deixara inéditas muitas de suas com- posições. Antonio Caetano de Almeida, - E' natural do Rio de Janeiro e filho de José Antonio de Almeida e de dona Izabel Maria de Almeida. E' bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, doutor em medi- cina pela faculdade do Rio de Janeiro, lente substituto da secção cirúr- gica da mesma faculdade, segundo cirurgião do corpo de saude do exer- cito com exercicio no hospital militar da côrte, cirurgião do hospital da misericórdia, etc. Escreveu : - Tenotomia : dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1866-E' precedida de proposições sobre os tres pontos seguintes : Nephrite albu- minosa. Feridas dos intestinos. Estudo chimico e pharmacologico do opio. - Da amputação em geral: these de concurso a um logar de oppositor da secção cirúrgica da faculdade de medicina. Rio de Janeiro, 1872 - Depois de um esboço historico, trata o autor das indicações e contra-in- dicações das amputações, dos methodos operatorios, dos accidentes con- secutivos, etc. Antonio Caetano de Almeida Baliia- Nasceu na capital da provincia da Bahia pelo anno de 1820, e falleceu no Rio de Janeiro, sendo filho de José Felix Bahia, e cunhado do grande chronista do império Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva, de quem se tratará neste livro. Era bacharel em direito pela faculdade de Olinda, cavalleiro da ordem da Roza e redigiu : - O Athleta : periodico politico. Rio de Janeiro, 1856-1857. A.n.tonio Caetano de Campos - E' natural do Rio de Janeiro, doutor em medicina pela faculdade da côrte, onde recebeu o grau em 1867, e reside na provincia de S. Paulo. Escreveu : - These apresentada d faculdade de medicina do Rio de Janeiro e perante ella sustentada na presença de sua magestade o Imperador, etc. Rio de Janeiro, 1867-Contem uma dissertação sobre rupturas do utero, e proposições sobre : ResecçÕes em geral. Alimentação. Applicação da electricidade â therapeutica. AN 121 - Discurso recitado pelo doutor Antonio Caetano de Campos, como orador dos doutorandos de 1867, no acto da collação do grau. Rio de Janeiro, 1867, 12 pags. in-4.° Antonio Caetano da Fonseca - E' natural, segundo me consta, da província de Minas Geraes. Nenhuma noticia mais posso dar a seu respeito, sinão que recebera ordens do presbytero, com o habito de S. Pedro, e se fizera agricultor na mesma província. Escreveu : - Tratado da cultura do algodoeiro no Brazil ou arte de tirar van- tagens desta util plantação. Rio de Janeiro, 1862, 110 pags. in-8°- Nesta obra teve por collaborador o major Carlos Augusto Taunay, de quem occupar-me-hei adiante. - Manual do agricultor dos generos alimentícios, ou methodo da cultura mixta destes generos nas terras cansadas, pelo systema vegeto- mineral, modo de tratar e criar o gado, e um pequeno tratado de medicina domestica para os fazendeiros, seguido de uma exposição sobre a cultura do algodão herbáceo. Rio de Janeiro, 1867-Vem neste livro uma serie de formulas e observações de medicina domestica, sendo algumas de grande utilidade, segundo a opinião assaz autorizada do Nestor da medicina brazileira, o Barão de Petropolis. Esta edição ê a terceira e mais correcta. Antonio Caetano da Rocha Braga - Falleceu na cidade de Vassouras em março de 1881 e era natural da província do Rio de Janeiro. Sendo professor publico de primeiras lettras em Campos, offereceu-se para servir na guerra contra o Paraguay em 1865 e achou-se na expedição que marchou em defesa da cidade de Uruguayana, então occupada pelos paraguayos. Era professor jubilado, capitão honorarioMojexercito, ca- valleiro da ordem de Christo, e escreveu : - Manual do systema métrico decimal. Campos, 1875. - Gazeta de Vassouras. Vassouras, 1881-Foi redactor e proprietário desta folha. Antonio Caetano Seve Navarro - E' natural da província de Pernambuco, e formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de sua província. Reside, ha annos, na província do Rio Grande do Sul, onde exerce a advocacia e tem sido eleito deputado pro- vincial em diversas legislaturas. Escreveu : -Pratica do processo civil, comparado com o processo criminal. Rio de Janeiro, 1867.-Esta edição é offerecida ao conselheiro J. T. Nabuco de Araújo. Segunda edição correcta e augmentada, Pelotas, 1881. 122 AN Antonio Caetano Villas-Boas da Gama - Filho do capitão-mór Manoel da Costa Villas-Boas e de dona Quiteria Ignacia da Gama, e irmão do insigne poeta José Basilio da Gama, de quem tratarei adiante, nasceu em S. João d'El-Rei, província de Minas Geraes, a 8 de julho de 1745, ou de 1738 como dizem alguns, e falleceu a 11 de outubro de 1805. Foi presbytero do habito de S. Pedro, doutor em cânones,vigário collado da freguezia de Nossa Senhora do Pilar de S. João d'El-Rei, insigne orador sagrado e poeta, como seu irmão. Escreveu : - Muitos sermões - sobre diversos assumptos e invocações, que en- tretanto desappareceram depois de sua morte, assim como - Muitas poesias - que, segundo sou informado, rivalisavam com as de José Basilio. Antonio Camargo Pinto - Natural de Coritiba, capital da província do Paraná, nasceu em 1857 e falleceu no Rio de Janeiro a 3 de março de 1883, victima de uma nephrite. Era empregado no commercio da côrte como guarda-livros da casa de Pedro Bernardes & Irmão, dedicando ao cultivo das lettras as horas que lhe restavam de seus trabalhos de escripturação mercantil. « Antonio Camargo, diz a Gazeta da Tarde de 5 de Março deste anno, era um moço distincto pelas suas qualidades pessoaes, e pelo talento, de que offereceu as mais bellas provas em muitas composições publicadas em differentes jornaes desta capital. A sua morte prematura não lhe deu tempo para colleccionar e legar um livro á litteratura patria ; mas os seus trabalhos dispersos são mais que bastantes para attestar que a perda do inspirado poeta é um eclipse sensível na pleiade de representantes da mocidade, que illumina o caminho das lettras nacionaes, e lhe presagiam dias de gloria. » De suas innumeras composições poéticas citarei : - Gilliat ( dos Operários no mar de Victor Hugo} offerecido a D. Inah Yopes - E' uma poesia de 31 oitavas rimadas. Vem no Atirador Franco, anno Io, n. 11. - Um santuario, offerecido ás Exmas. Sras. DD. H. e E. Lessa - Idem n. 20. - Salve ! ao dia 24 de Abril-assignado por Juvenal Terencio, na mesma revista, n. 17. - A victoria - idem, idem, n. 22. Ha muitas poesias e artigos em prosa de súa penna nesta e n'outras revistas e collecções. Redigiu : - O domingo : orgão dos empregados do commercio. Rio de Janeiro, 1878 e 1879, in-folio. AN 123 Antonio Cândido d.e Almeida e Silva, - E' natu- ral da provincia de S. Paulo, formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade da mesma provincia, e exerce a profissão de advogado. Escreveu : - Regimento das custas. S. Paulo, 18*'. Antonio Cândido da Cruz Machado - Natural da cidade do Serro, provincia de Minas Geraes, nasceu a 11 de março de 1820. Representou sua provincia na camara temporária e a representa na vitalicia desde 1874; presidiu as províncias de Goyaz, do Maranhão e da Bahia ; é commendador da ordem da Roza, etc. Escreveu : - Diversos relatórios-por occasião de administrar as províncias já mencionadas. - Memória relativa ao projecto de uma nova divisão administrativa do Império do Brazil. Rio de Janeiro, 1873 1, in-4.°- No archivo mi- litar foi neste mesmo anno lithographada uma carta da provincia do Araguaya, segundo o projecto do senador Cruz Machado, a qual foi dese- nhada por J. R. da Fonseca Silvares, e como esta mais outras, a saber : da provincia de Sapucahy, da de Entre-Rios, da de Minas Geraes, da de Januaria, da de Santa Cruz, e da do Piauhy. D'entre seus numerosos discursos, constantes dos annaes do parlamento, se acham alguns publicadjs em opusculos, como : - Construcção de estradas de ferro na provincia do Rio Grande do Sul : discurso pronunciado na camara dos senhores deputados na sessão de 18 de julho de 1873. Rio de Janeiro, 1873, 48 pags. in-8° gr. - Creação da provincia de S. Francisco : discursos proferidos na camara dos senhores deputados nas sessões de 10 e 28 de maio de 1873. Rio de Janeiro, 1873. Dous vols. - Discurso etc. em resposta ás accusações feitas a sua excellencia e ao povo bahiano na camara dos senhores deputados na sessão de 11 de julho de 1874. Rio de Janeiro, 1874. 44 pags. in-4.° Antonio Candi lo da Cunha Leitão-Filho do doutor Antonio Gonçalves de Araújo Leitão e de dona Anna Rosa da Cunha Leitão, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 23 de outubro de 1845, e depois de bacharelado em lettras pelo imperial collegio de Pedro II, fez o curso de sciencias sociaes e juridicas na faculdade de S. Paulo, onde recebeu o grau de bacharel em 1868, e o de doutor em 1869. Apenas deixando a faculdade, foi neste ultimo anno nomeado official de gabinete do ministro e secretario de estado dos negocios da justiça, que era então o conselheiro José Martiniano de Alencar, e serviu neste cargo até abril de 1871, data em que foi nomeado presidente da provincia de Sergipe. Representou a provincia do Rio de Janeiro mais de uma vez na assembléa provincial, e na geral na legislatura de 1872 a 1875, e 124 na subsequente; é socio e membro da directoria do imperial instituto fluminense de agricultura, etc. Escreveu: - A Crença: revista académica. S. Paulo, 1864. - Palestra académica : idem. S. Paulo, 1868. - Imprensa académica : idem. S. Paulo, 1868-Estas tres revistas redigiu o doutor Cunha Leitão, sendo ainda estudante de direito. Um dos seus artigos publicados nesta ultima, a Critica de Guisot, lhe attrahiu louvores, assim como o artigo Poder moderador. - Theses e dissertação para obter o grau de doutor, apresentada e sus- tentada em 1869. S. Paulo, 1869 -Versa a dissertação sobre o Casa- mento civil. - Direito civil: serie de artigos publicados no Archivo jurídico, re- vista, de que foi collaborador. - Ensino livre : projecto de lei, apresentado á camara dos senhores deputados na sessão de 16 de julho de 1873. Rio de Janeiro, 1873, 26 pags. in-4.° - Sobre a lavoura : discurso proferido na sessão de 5 de fevereiro de 1873. Rio de Janeiro, 1873, 34 pags. in-8.° - Reforma eleitoral: discurso proferido em sessão de 8 de julho de 1874. Rio de Janeiro, 1874, in-8.° - A decadência e crise da lavoura: discurso proferido na camara dos senhores deputados. Rio de Janeiro, 1875, in-8.° - Liberdade do ensino superior : discurso proferido em sessão de 4 de setembro de 1877. Rio de Janeiro, 1877, 14 pags. in-4.° A.ntonio Candidlo Nascentes de Azambuja- Natural da cidade do Rio de Janeiro, nasceu em 1817. Doutor em medicina pela faculdade desta cidade e graduado em 1840, aqui se estabelecera no exercício de sua profissão e era um clinico muito conceituado, quando, loucamente enamorado e correspondido de uma moça de familia distincta, abandonou por isso sua patria, seguindo d'aqui para Montevideo, e de Montevideo para a França d'onde não mais sahiu. O doutor Nascentes de Azambuja escreveu : - Dissertação sobre apneumonia aguda simples, seguida de algumas considerações sobre a pneumonia lobular, uma das suas miis impor- tantes variedades : these inaugural. Rio de Janeiro, 1840. - Dos temperamentos e sua influencia sobre o moral - Vem no Ar- chi vo medico brazileiro, tomo Io, pag. 73 e seguintes. - Noticia de uma memória sobre a difficuldade do diagnostico dos cálculos biliares por Fauconneau-Dufresne - Sahiu na mesma revista, tomo Io, pags. 138 a 142. - Noticia da obra Pneumonia dos velhos, estudada debaixo da re- lação das differenças que existem entre ella e a dos adultos, por mr. E. Moutard-Martin - Idem, pags, 156 a 16Q, AN 125 - Noticia das investigações modernas sobre as moléstias do co- ração pelo doutor Vallieux - Idem, tomo 2o, pags. 59 a 63. - Meios prophilaticos e preservativos da syphilis : conselhos práticos sobre os meios de prevenir e curar immediatamente as moléstias vene- reas, precedidos de noções geraes sobre a historia, propagação e modo de producção da syphilis. Paris, 1847, vol. 1° - Não sei quando sahiu a continuação ou o segundo volume. No Archivo medico ainda ha outros escriptos do doutor Nascentes, e pro- vavelmente njoutras revistas, sobretudo do logar onde vive, ha tantosannos. Antonio Canelido Tavares - Não sei si ora brazileiro por naturalidade ou pela constituição, nem conheço as particularidades que se referem á sua pessoa. Conheço-o apenas pela seguinte obra que escreveu : - Regimen das prisões na America septentrional, traduzido por An- tonio Cândido Tavares. Rio de Janeiro, 1831, 49 pags. in-4.° A.ntonio Carlos Cesar dle Mello e And rada - Parente do conselheiro Antonio Carlos Ribeiro de Andrada com cuja filha, dona Brasília Antonieta de Andrada, se cazara, nasceu na província de S. Paulo pelo anno de 1830 e falleceu no Rio de Janeiro em 1879. Fez o curso da escola de marinha, e sendo official da armada, aban- donou a carreira que encetara e entrou para a secretaria de estado dos negocies da marinha, onde se aposentou no logar de chef j de secção ; era gerente da companhia brazileira de navegação do sul quando falleceu, commendador da ordem da Roza, e cavalleiro da de Christo. Escreveu: - Consultas do conselho de estado, concernentes ao ministério da marinha, colligidas e annotadas. Annos de 1842 a 1850. Rio de Janeiro, 1868 - As consultas desta ultima data a 1860 foram colligidas v annotadas por Constantino do Amaral Tavares, formando todas 4 vols. in-4. - O ministro da marinha ao senhor deputado Tavares Bastos. Rio de Janeiro (sem data), 40 pags. in-8°- Bem que sem data e sem assi- gnatura, sabe-se que esta obra é de Antonio Carlos Cesar de Mello o An- drada, e foi publicada em 1861, por occasião de uma accusação que ao ministro da marinha fizera na camara aquelle deputado. Jkntonio Carlos Gomes - Nasceu na cidade do Campinas, província de S. Paulo, a 14 de junho de 1839, sendo seú pai Manoel José Gomes. Desde seus primeiros annos demonstrou decidida vocação para a musica, adquirindo dest'arte os conhecimentos que eram possíveis de adqúirir-se no logar de seu nascimento ; dava lições de piano por diversas fazendas, e estudava com fervor nos momentos, que lhe restavam de fadigoso trabalho, as obras, que podia obter, dos bons mestres, ou compunha no seu instru- 126 AN mento algumas pequenas peças, como walsas, quadrilhas, tangos e ro- mances, que pela expressão e belleza já deixavam prever o genio que em seu autor se occultava, quando seu irmão, insigne rabequista, resolveu dar alguns concertos na capital da provincia. Carlos Gomes o acompanhou, relacionoú-se com muitos jovens acadé- micos de direito, compôz e offereceu-lhes um hymno, que foi calorosa- mente applaudido, pelos estudantes de S. Paulo principalmente, os quaes o acclamaram desde logo de genio e suscitaram-lhe a ideia de vir á côrte estudar, ideia já lembrada e abandonada por seu pae em vista da absoluta falta de recursos para isso. Sem dinheiro, só com uma carta de recommendação a Azarias Botelho, que benignamente o acolhe, vem ao Rio de Janeiro ; apresenta-se ao Im- perador ; entra no conservatorio, onde compõe e executa uma cantata que merece geraes applausos, logo depois outra que lhe grangêa a nomeação de regente da orchestra e ensaiador do theatro lyrico nacional; compõe para este theatro duas operas que são enthusiasticamente gabadas ; e então, animado com os applausos que lhe foram prodigalisados, aconse- lhado pelo proprio Imperador, que já o havia presenteado com a venera da Roza, cravejada de brilhantes, resolve ir á Europa estudar, e effectiva- mente parte do Rio de Janeiro em dezembro de 1863. Depois de estar em Lisboa, em Paris,em Madrid,foi a Italia e estabeleceu sua residência em Milão, d'onde já duas vezes veio á patria, recebendo de seus patricios os testemunhos da mais bem merecida consideração e estima. Carlos Gomes tem composto : - Hymno académico, oferecido d mocidade académica, para piano e canto- escripto em 1830, sendo a lettra do doutor Bittencourt Sampaio. - Cantata para os exames do conservatorio-Foi executada no acto solemne dos exames em 1860, regendo o autor a orchestra ; é sua primeira composição na côrte. - Cantata que foi executada na egreja da Cruz dos Militares - e para este fim escripta em 1860. - A noite do Castello : opera de Antonio José Fernandes dos Reis - Foi posta em musica para sua estréa no theatro lyrico, e nelle execu- tada pela primeira vez a 4 de setembro de 1862 com enthusiasticos ap- plausos. Além da venera da Roza cravejada de brilhantes que lhe doara o Imperador, teve por esta occasião outros presentes de valor, como uma ba- tuta de ouro, offerecida pelas senhoras fluminenses, uma coròa lambem de ouro, pela sociedade campesina, e muitas saudações, hymnos e outras provas de apreço, dadas pela imprensa. - Joanna de Flandres : opera lyrica - Como a precedente foi can- tada no theatro lyrico fluminense a 10 de novembro de 1863, com muitos applausos. - A herdeira do throno : quadrilha - composta a bordo do paquete Paraná ao partir do Rio de Janeiro para a Europa, em 1863. - Si sa minga (revista do anno)-musica escripta para lettra do V2\ 127 poeta italiano Antonio Scalvini e executada no theatro Fossati, de Milão. E' sua primeira composição na Italia. Não é uma opera de grande folego, mas é de uma inspiração vivaz e arrojada, e deu-lhe logo uma bella reputação ahi, no paiz da musica. - Nella luna (idem) - é outra composição de igual inspiração, egual- mente applaudida e executada no theatro Carcani. - Guarany : opera baile em quatro actos -Foi esta a composição que trouxé immarcessivel gloria a Carlos Gomes. Levada a scena do theatro Scala, em Milão, a 19 de março de 1870, foi seu autor desde o primeiro acto chamado á scena por diversas vezes com frenéticos applausos dos proprios mestres, que o ficaram reconhecendo como artista e maestro. Neste mesmo anno, vindo elle á patria, foi o Guarany cantado no Rio de Janeiro a 2 de dezembro. Por um acaso feliz encontrara Carlos Gomes traduzido em italiano o romance de igual titulo, do conselheiro Alencar, e comprando-o, incumbiu o já mencionado poeta Scalvini de arranjar a opera. Si o autor do romance já não tivesse um nome bem firmado, e um logar muito distincto na republica das lettras, o autor da opera lh'o teria dado. Foi representado pela segunda vez em dezembro de 1881, em Londres, no theatro Covent-Garden. - Salvador Rosa: opera lyrica em quatro actos- O libretto é de An- tonio Ghislanzoni, um notável e distincto poeta e librettista da moderna Italia. Delia, entre outros, escreveu o distincto litterato brazileiro Alfredo Bastos uma noticia, que vem na Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro de 10 de agosto de 1880. Foi representada pela primeira vez no mesmo theatro em Londres. - Fosca : opera lyrica em quatro actos- Tem sido executada em di- versos theatros da Europa. - Maria Tudor : opera lyrica em quatro actos- Idem. - Ninon de Lenclos: opera lyrica-Estava apenas em começo sua com- posição, quando o autor veio ao Brazil em 1880. Deve estar concluida hoje. - Palma-, opera lyrica - Idem. Composições pequenas de Carlos Gomes ha innumeras. Desde seus pri- meiros annos, passados em Campinas, escreveu elle diversas peças. Das publicadas mencionarei, entretanto : -A Camões: hymno triumphal para orchestra. e banda »- composto para ser executado por occasião do tricentenário do poeta portuguez. - Io ti vidi : canzone para piano e canto. - Suspiro d'alma : modinha. - Quem sabe ? modinha. - Rainha das flores : walsa, para piano. - Lalalayu : polka para piâno. - Polka dos pardaes: idem. - Polka dos beijos: idem. - Moreninha : walsa, idem. - Cachoeira : quadrilha de contradanças, idem. 128 AN A-ntonio Carlos Tiilnyivo <le Andrada Ma- cliado e Silva -Natural de S. Paulo, nasceu em Santos a 1 de novembro de 1773 e falleceu^no Rio de Janeiro a 5 de dezembrode 1845. Formado em direito pela universidade de Coimbra, seguiu a carreira da magistratura, que estreou, exercendo o cargo de juiz de fóra de Santos, depois o de ouvidor de Olinda, sendo nomeado desembargador da relação da Bahia, onde não tomou assento por ser eleito deputado á constituinte brazileira e pelas occurrencias posteriores. Em 1817, achando-se no exercício do cargo de ouvidor de Olinda, adheriu á revolução de Pernambuco, fazendo parte de seu conselho ; foi por isso preso e transportido com muitos outros, compromettidos na mesma revolução, para a cadeia da Bahia, e ahi por lembrança do padre Francisco Muniz Tavares, se cotisando os presos para mandarem vir livros de ins- trucção, e se estabelecendo uma especie de atheneu, Antonio Carlos lec- cionou a lingua ingleza, direito natural e direito civil. (Veja-se Francisco Muniz Tavares, Basilio Quaresma Torreão e Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, que também ensinaram outras matérias na cadeia da Bahia.) Sendo deputado ás cortes portuguezas em 1821, ahi advogou os direitos e dignidade do Brazil, sahindo a final de Lisboa occultamente com alguns deputados brazileiros, entre os quaes o doutor Cypriano J. Barata de Almeida, de quem tratarei, e se dirigiu com elles a Falmouth, onde redigiu o celebre manifesto de 22 de outubro que todos assignaram. Deputado á constituinte brazileira, foi relator da commissão que apre- sentou o projecto de constituição; depois, dissolvida a camara, elle - que se havia pronunciado nas vesperas contra dous officiaes do exercito que insultaram e feriram um brazileiro, c já havia attrahido a si as antipáthias do exercito que chegou a reclamar do Imperador sua exclusão da constituinte - foi preso com seus irmãos e outros deputados ao sahir da camara, e deportado para a França, d'onde lhe foi permittido voltar em 1828 ; e do volta ao império, ainda proso, foi processado, mas julgado sem culpa, rotirou-se para S. Paulo, onde esteve até 1838 alheio á politica, só então reapparecendo como deputado em opposição ao par- tido conservador. Quando se tratou da maioridade do actual Imperador, Antonio Carlos pugnou por ella, foi nomeado ministro do império no primeiro gabi- nete, organizado a 24 de julho de 1840; foi ainda uma vez deputado por sua província e finalmente senador por Pernambuco em 1845, poucos mezes antes de morrer. Em 1832 nomeado ministro extraordinário e plenipotenciário junto á côrte de Londres, recusou a nomeação ; mas partindo para a Europa no anno seguinte, se disse que fôra tratar da volta de dom Pedro I ao Brazil. Era do conselho de sua magestade o Imperador, membro do Instituto historico e geographico brasileiro e escreveu : - Proposta para formar por subscripção na metropole do império britânico uma instituição publica para derramar e facilitar a geral AN 129 instrucção das utets invenções, machinas e melhoramentos ; traduzido do inglez. Lisboa, 1799. - Cultura americana, que contém uma relação dos terrenos, climas, producções e agricultura das colonias britannicas ao norte da America, e nas índias occidentaes, traduzida, etc. Lisboa, 1799 - Esta obra foi originalmente escripta em inglez em dons volumes ; o primeiro volume foi traduzido por José Feliciano Fernandes Pinheiro, o segundo por Antonio Carlos. - Tratado do melhoramento da navegação por canaes, onde se mostram as numerosas vantagens, que se podem tirar dos pequenos canaes e barcos de dous até cinco pés de largo, que contenham duas até cinco toneladas de cârga, com uma descripção das machi- nas precisas para facilitar a conducção por agua, por entre os mais montanhosos paizes. sem dependencia de comportas e aqueductos ; es- cripto em inglez, por Fulton. Traducção. Lisboa, 1800 - com dezoito estampas. - Considerações candidas e imparciaes sobre a natureza do com- mercio do assucar, traduzidas do inglez. Lisboa, 1800 - com estampas. - Reflexões sobre o decreto de 18 de fevereiro deste anno, offere- cidas ao povo da Bahia por Philagiozotero. Bahia, 1821, 11 pags. in-4.° - Projecto de constituição para o Império do Brazil. Rio de Janeiro, 1823 - A bibliotheca nacional possue o original por lettra de Antonio Carlos, com accrescimos feitos a lapis por seu irmão José Bonifácio, com a assignatura autographa de ambos e dos outros membros da com- missão, que são Antonio Luiz Pereira da Cunha, depois Marquez de fnhambupe ; Manoel Ferreira da Gamara Bictencourt e Sá ; Pedro de Araújo Lima, depois Marquez de Olinda (com restricções) ; José Ricardo da Costa Aguiar de Andrade e Francisco Muniz Tavares. 30 fls.in-fol. Foi reimpresso no mesmo anno no Maranhão, e na côrte com o titulo : - Projecto de constituição para o Império do Brazil. Impresso no Rio de Janeiro e reimpresso no Maranhão. Typographia nacional. Anno de 1823 - Apresentado á camara a 1 de setembro e discutido até á dissolução delia, em 12 de novembro deste anno, não foi este projecto o adoptado, mas outro, de que foram principaes autores José Joaquim Carneiro de Campos e Clemente Ferreira França. - Ao illustre publico, ou resposta dada ao senhor redactor da Aurora. Rio de Janeiro, 1832, in-8.° - Esboço biographico e necrologico do conselheiro Josè Bonifácio de Andrada e Silva por seu irmão, etc.- Sahiu depois da morte do autor no Guanabara, tomo 3o, 1855, pags. 299 a 307. - Defesa do. conselheiro Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, por motivo dos acontecimentos políticos de 1817 em Pernambuco, sendo desembargador da relação da Bahia, e ouvidor de Olinda - Idem, na Revista litteraria e recreativa do Rio de Janeiro. Sobre taes aconteci- mentos escreveu elle : 130 AN - Preciso dos acontecimentos que tiveram logar em Pernambuco desde a faustíssima e gloriosa revolução operada felizmente na praça do Recife aos 6 do corrente mez de março, em que o generoso esforço dos nossos bravos compatriotas exterminou daquella parte do Brazil o monstro in- fernal da tyrannia real. 10 de março de 1817 - Inédito. O original, com assignaturas autographas do autor, e de mais alguns, todas reconhecidas a 10 de abril do anno seguinte em Pernambuco, foi apresentado na ex- posição de historia patria, por dona Antonia Roza de Carvalho. O conselheiro Antonio Carlos era também poeta e escreveu diversas poesias, de que algumas sahiram a lume, como o seguinte - Soneto à liberdade-escripto quando, preso na cadeia da Bahia por fazer parte do conselho revolucionário em Pernambuco, esperava sua con- demnação que se dizia certa. Eil-o : Sagrada emanação da Divindade, Aqui do cadafalso eu te saúdo ; Nem com tormentos, com revezes mudo, Fui teu votario e sou, ó liberdade ! Póde a vida brutal ferocidade Arrancar-me em tormento mais agudo ; Mas das fúrias do déspota sanhudo Zomba d'alma a nativa dignidade. Livre nasci, vivi, e livre espero Encerrar-me na fria sepultura, Onde império não tem mando severo. Nem da morte a medonha catadura Incutir póde horror a um peito fero, Que aos fracos tão sómente a morte é dura. Innocencio da Silva, ou por equivoco ou por mal informado, no volume 8o, pag. 110, de seu diccionario, transcreve como feito pelo conselheiro Antonio Carlos na cadeia da Bahia, em vez do soneto acima, um outro que começa : Elevado ao zenonico transporte Estoico coração, alma sublime, etc. Este soneto, porém, nem é da penna de Antonio Carlos ; mas sim de J. J. Pinto Vedras, que o escreveu á morte de Radcliíf, dando-lhe por epigraphe essas palavras que o mesmo Radcliíf escrevêra em uma parede do oratorio ao ser conduzido para o cadafalso a 17 de março de 1825 : Quid mihi mors nocuit 1 Virtus post fata virescit. Nec scevi gladio perit illa tyranni. Aiitonio Carneiro dia Rocha - Filho do major Nicolau Carneiro da Rocha e do dona Anna Soares Carneiro da Rocha, nasceu na província da Bahia, e formado em sciencias sociaes e jurídicas pela facul- dade do Recife, exerceu o cargo de advogado da camara municipal da ca- pital, de que pediu exoneração em dezembro de 1882 ; foi eleito diversas vezes deputado á assembléa de sua província, é á assembléa geral na 131 primeira legislatura da eleição directa; fez parte do gabinete organisado pelo conselheiro Martinho Campos, occupando a pasta da marinha ; é do conselho de sua magestade o Imperador, e official da ordem da Roza. Escreveu : - Annotações e commentarios á lei de 20 de setembro de 1811 e re- gulamento de 22 de novembro do mesmo anno. Bahia, 1873, 282 pags. in-4.o jVntonio de Castro Alves - Filho do doutor Antonio José Alves, e de dona Angélica Gonçalves de Castro Alves, nasceu na Bahia a 14 de março de 1847 e falleceu a 6 de julho de 1871. Desde sua entrada para o collegio em que estudará os primeiros rudi- mentos da lingua patria, revelou a mais bella e robusta intelligencia, e mais tarde um verdadeiro genio para a poesia, em que não seria inferior a Gonçalves Dias, nem ao que mais alto subisse nesse ramo da littera- tura, si não morresse tão joven. Estudou na Bahia humanidades, e matriculou-se no curso de sciencias juridicas e sociaes m faculdade de Pernambuco, d'onde passou para a de S. Paulo, mas não chegou a formar-se por fallecer no quarto anno do dito curso. E entretanto, vivenlo tão pouco, em sua ligeira passagem no mundo, soffreu amarguras bem cruéis ; porque amou loucamente sym- pathicí actriz de uma companhia dramatica que lhe deu bem fel a tragar quando estudava em S. Paulo, e além disto n'uma caçada se disparou por triste fatalidade a arma que trazia, cravando-se-lhe num pé toda a carga, pelo que teve de sujeitar-se á amputação prescripta pela sciencia. Em sua honra foi instituido no Rio de Janeiro um grémio litterario com o titulo de Castro Alves, e por esta associação foi celebrada uma sessão litteraria e musical pelo decennio de seu passamento, se publicando um livro em homenagem a Castro Alves, onde se encontram flores á sua me- mória, oflferecidas por não menos de 53 litteratos, alguns delles estran- geiros, como José Palmella. O eloquente escriptor portuguez não se limitou a exaltar o desventu- rado poeta bahiano; exaltou igualmente a terra em que este vira a pri- meira luz, exprimindo-se por este modo :« Nascido na primogénita filha de Cabral, na terra de Rocha Pitta, de Muniz Barreto, Dantas, Paranhos, Deiró, Chagas Roza e tantos outros talentos que fulguram no céo da poesia, das bellas-artés, lettras e sciencias, e d'onde surgem os maiores estadistas e oradores do império, Castro Alves não podia deixar de revelar que era um abençoado filho daquella luxuosa terra, onde a natureza ergue-se em deslumbrantes thronos de esmeralda, coroados de perfumosas grinaldas, que ao lançal-as para os céos - fazem cahir para a terra, como inebriados de amor e poesia - os proprios deuses! » Moço de grandes esperanças e poeta maviosissimo, deixou Castro Alves muitas composições poéticas, que são geralmente apreciadas, e têm sido reproduzidas em todo império, quer em publicações periódicas, 132 AN quer em collecçoes de poesias, como por exemplo a obra intitulada Cantos do Brazil, que viu a luz no Rio de Janeiro em 1880, e foi logo reim- pressa no Almanak da Gazeta de Noticias de 1881. De Castro Alves são : - Espumas fluctuantes ; poesias. Bahia, 1870 - Segunda edição, posthuma, Bahia, 1878. Seria longo mencionar os elogios que tem tido este livro, e todas as composições, que encerra, encantam por tal modo, que é difficil dar a preferencia a qualquer. Vou transcrever ao acaso algumas linhas das Espumas fluctuantes ; são uns versos em que o autor descreve uma moça adormecida numa rede, junto a um jasmi- neiro, cujas flores, agitadas pela briza da noite, vêm beijar-lhe de vez em quando a face : Era um quadro celeste... A cada affago Mesmo em sonhos a moça estremecia... Quando ella serenava, a flor beijava-a ; Quando ella ia beijal-a, a flor fugia. Dir-se-hia que naquelle doce instante Brincavam duas candidas crianças ; E a briza que agitava as folhas verdes Fazia-lhe ondear as negras tranças. - Gonzaga ou a revolução de Minas : drama. Bahia 1870 - O con- selheiro J. de Alencar fez o mais solemne elogio á esta obra. - A cachoeira de Paulo Affonso : poema original brazileiro. Bahia, 1876 - E' das obras deste autor aquella talvez, em que mais se revela a elevação e altivez de seus pensamentos. - Fragmento dos escravos, sob o titulo de Manuscripto de Stenio. Bahia, 1876. - O navio negreiro : tragédia no mar - Sahiu na Illustração brazi- leira, e tem sido impressa em muitas revistas, e obras diversas esta com- posição, por si só bastante para dar um nome a seu autor. Está impressa também em opusculo. - Vozes d'África e o navio negreiro. Rio de Janeiro, 1880-Nos Cantos do Brazil vêm estas duas composições, e mais as seguintes : a Hebrea. Sub tegmine fagi. O laço de fita. - Os escravos: poema - Inédito. - Calhau : poema sobre um facto historicoda Bahia - Idem. - Don Juan : drama - Idem. - O Diablo-mundo, de Espronceda : traducção- Idem. Castro Alves foi um dos redactores do periodico - O Futuro : periodico scientifico e litterario. Recife, 1864- Foram seus companheiros A. A. de Carvalhal, A. A, Milton e L. F. Maciel Pinheiro. AN 133 Antonio cie Castro Lopes - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 5 de janeiro de 1827, sendo seus paes o doutor Domingos Genesio Lopes de Araújo e dona Amali ' Honoria de Castro Araújo. Formado em medicina pela faculdade da côrte em 1848, no anno se- guinte foi nomeado professor de grammatica latina do imperial collegio de Pedro II ; em 1854 passou a exercer o logar de official da secretaria de estado dos negocios da fazenda ; em 1859 foi transferido para a secretaria dos negocios estrangeiros ; foi deputado á assembléi provincial do Rio de Janeiro na legislitura de 1854 a 1855; fundidor do banco predial do Rio de Janeiro, e de outris associações commerciaes, que deixou, e se acha actualmente exercendo a clinica homoeopathica na cidade de seu nascimento. E' cavalleiro da ordem de Christo, poeta, e, um dos primeiros latini-tas que o Brazil tem produzido, escreveu: - Dissertação acerca da utilidade da dôr: these apresentada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1848. Rio de Janeiro, 1848. - Abamoacara : tragédia em quatro actos, approvada pelo conservatorio dramatico, etc. Rio de Janeiro, 1847, 100 pags. in-8°- Esta tragédia foi escripta, sendo o autor estudante. - Ode saphica em latim por occasião do nascimento do príncipe imperial dom Affonso- Sahiu na Minerva Brazileira, 1847. - Ziq-zag : (artigos humoristicos) - publicados no Jornal do Com- mercio sob a firma 0. 0. S. 1855. Por esse tempo escreveu o doutor Castro Lopes muitos trabalhos em diversos jornaes e revistas, sendo destes trabalhos os tres que se seguem, e outros que mencionarei adiante. - 0 mundo e o progresso - publicado no Correio Mer cantil do Rio de Janeiro, 1855. - Amaryllis : egloga latina, traducção da primeira lyra da Marilia de Dirceu de T. A. Gonsaga - No mesmo jorml de 20 de setembro de 1857. - 0 episodio de Ignez de Castro (Luziadas, canto 3°) vertido em versos hexametros latinos - No mesmo jornal de 12 de março de 1860, e reproduzido na Revista Brazileira na Homenagem a Camões, 1880. - Epitome historice sacrce, auctore C. F. Lhomond, notis selectis illustravit A. Mollet. Correscit et accomodavit. Flumine Januarii, 1856 - Esta obra, de perto de duzentas paginas, contém um vocabulário la- tino-portuguez. - Versão ( em hexametros latinos ) das primeiras quatro oitavas do canto primeiro dos Luziadas de Camões, e das oitavas 33 a 44 do canto segundo - Vem na obra do Visconde de Jurumenha sob o titulo Obras de Camões. - Novo systema de estudar a lingua latina : obra adoptada nos estabelecimentos públicos da instrucção secundaria. Rio de Janeiro, 1850 - Segunda edição, idem, 1859, 390 pags in-8°. Depois desta houve uma outra edição. A academia real das sciencias de Lisboa, ao receber este 134 livro, nomeou uma commissão que deu sobre elle o mais honroso parecer ; e o Visconde de Castilho propoz ao conselho da instrucção publica de Lisboa a sua adopção, começando sua proposta por estas palavras: « Eu por mim, lendo attentamente este livro de autor nem conhecido, nem con- terrâneo meu, tão util o julguei, que em vol-o apresentar com especial recommendação entendi abriria porta a um considerável melhoramento. » E pouco depois accrescenta : « Si o Brazil disser que nos antecedeu nesta reforma, não possa ao menos dizer que Portugal nem para lhe seguir o exemplo tem alma. » Esta proposta acha-se por extenso impressa no prefacio da 3a edição do Novo systema para estudar a lingua latina. Carlos Koffèr, entretanto, na introducção de sua grammatica latina, se referindo â do dr. Castro Lopes, diz : « Experimentei-a por duas vezes sem tirar um resultado correspondente ao tempo gasto. O remrido autor engenhosamente diz que o systema de Robertson póde bem ser denomi- nado o caminho de ferro das linguas. Concordo inteiramente, porque acontece neste caminho de ferro das linguas o mesmo que acontece no verdadeiro caminho de ferro ; é que, passando o viajante com extrema rapidez pelos objectos, não os póde divisar bem, e por conseguinte não lhe resta delles impressão duradoura.» - Arte de ganhar dinheiro. Rio de Janeiro, 1860, 77 pags. in-8.°- Foi publicada sob o pseudonymo de Philogelus. - Memória sobre a utilidade do estudo da lingua latina - Vem na Revista Brazileira de maio de 1860. - Saudação á aurora : versos portuguezes, que podem ser lidos si- multaneamente em latim, seguida a analyse rigorosa desta ultima lingua. - Foi publicada no periodico Constitucional de janeiro de 1863 e repro- duzida no periodico portuguez Panorama em 1866. - Theatro. Rio de Janeiro, 1864-1865 - 3 volumes, contendo uma introducção do conego F. Pinheiro, e as peças seguintes: Io vol. Abamoacara, tragédia em quatro actos ; Meu marido está ministro, co- media original em um acto. 2o vol. O compadre Suzano ; A emancipação das mulheres ; As tres graças, comedia em proza. 3o vol. A educação, drama original em tres actos. - Muza latina : collecção de lyras da Marilia de Dircêo, traduzidas para versos latinos. Rio de Janeiro, 1868. - Catechismo de agricultura para uzo das escolas da instrucção pri- maria do Brazil. Rio de Janeiro, 1861, 54 pags. in-8° com duas estampas. - E' offerecido ao conselheiro Joaquim José Ignacio, Visconde de In- haúma, e me parece que houve uma edição anterior. Neste catechismo o autor, começando por tratar da agricultura, do ar, do clima, da agua, etc., trata depois do gado, e de diversos animaes inclusive as abelhas e apresenta o calendário agricola de S. V. Vigneron Jousselandière. Creio que ha uma edição de 1869. - O medico do povo : instrucção pondo ao alcance dos homens con- scienciosos e de boa vontade os progressos mais aperfeiçoados e as mais A1N 135 recentes descobertas da arte de curar, indicando os meios de tratar todas as moléstias segundo a homoeopathia. Composto pelo doutor Mure, e traduzido pelo doutor Joaquim José da Silva Pinto. Terceira edição, revista, augmentada e melhorada pelo doutor Antonio de Castro Lopes. Rio de Janeiro, 1868. - Synopse do estado da empreza predial pelo seu fundador e gerente doutor Antonio de Castro Lopes, apresentada na primeira reunião da as- sembléa geral de accionistas da mesma empreza. Rio de Janeiro, 1873, 22 pags. in-4.0 - Resurreições : poesias. Rio de Janeiro, 1879. - Deveres do homem por Silvio Pellico : traducção. Obra adoptada pelo governo imperial para as aulas da instrucção primaria. Rio de Ja- neiro, 1880. - Acrostico a Luiz de Camões, composto de versos dos Luziadas por occasião do terceiro centenário de Camões. 1880. - Memória sjbre a possibilidade e conveniência da suppressão dos annos bissextos, escripta em portuguez, latim e francez. Rio de Ja- neiro, 1881 - R. Teixeira Mendes, de quem me occuparei neste livro, em tres artigos insertos na Gazeta de Noticias com o titulo de Indicações sabre a theoria positivista do calendário, contesta opiniões emittidas nesta memória, opiniões que o doutor Castro Lopes sustenta em dous artigos, insertos em seguida na mesma Gazeta sob o titulo de Suppressão dos annos bissextos, ao primeiro dos quaes ainda respondeu Teixeira Mendes, tudo em abril de 1881. Acerca desta Memória, enviada a quasi todas as sociedades sábias da Europa e da America, recebeu o autor manifestações de apreço, que de muitos desses institutos lhe foram dirigidas, declarando o Sr. C. Flam- marion no seu periodico mensal Astronomie de setembro de 1882 que em um dos proximos numeros examinaria a questão. Tratando essa Me- mória de uma alteração no calendário, julgou conveniente o autor di- rigir-se a sua santidade, e o fez por carta escripta em latim. O finado Visconde de Araguaya, ministro plenipotenciário do Brazil em Roma, foi quem apresentou essa carta e a Memória, respondendo ao doutor Castro Lopes, que o santo padre lera immediatamente a missiva, e decla- rara achar correcta a phrase latina e importante o trabalho, o qual ia submetter a estudo. - Discurso proferido na 315a- conferencia publica da escola da freguezia da Gloria, na presença de sua magestade o Imperador. Rio de Janeiro, 1881. - Conferencias sobre a homceopathia. Rio de Janeiro, 1882 - Neste volume enfeixou o doutor Castro Lopes diversas prelecções que fez na mesma escola da Gloria. - Um sonho astronomico. Rio de Janeiro, 1882 - Nesta obra, sob uma apparencia de phantasia, o doutor Castro Lopes propõe diversas theorias acerca de muitos phenomenos astronomicos. Sahira em folhetim 136 no Cruzeiro em outubro deste anno, o vertido em francez pelo proprio autor, foi impresso depois em Paris. - Diccionario clássico latino e portuguez -Esta obra o autor con- serva inédita, aguardanlo opportunidade para dal-a a lume. - Vida e feitos do doutor Semana. Rio de Janeiro, 1870. O doutor Castro Lopes finalmente foi o fundador e primeiro redactor do - Bazar volante : (periódico caricato) Rio de Janeiro, 1863 a 1867 - Apenas o redigiu, porém, por seis mezes, passando a redacção ao ba- charel Joaquim José da França Júnior e a outros. Seus escriptos ahi são assignados pelo pseudonymo de Petrosculus. A.ntonio de Cast ro e Silva- Natural da provincia do Ceará, onde vivia em 1828, era presbytero do habito de S. Pedro, e homem de abastada fortuna. Em sua provincia, a que prestara relevantes serviços, exercia o cargo de thesoureiro geral da subscripção mensal dos oitocentos mil réis, quando foi mandado prender em sua cisa ás dez horas da noite de 12 de novembro de 1825 por uma patrulha, de ordem do commandante das armas Conrado Jacob de Niemeyer, e recolhido a esta mestíla hora a um cárcere, accusando-o a mesma autoridade de complice dos motins politicos que agitaram a provincia. Estes factos levaram o padre Castro a escrever: - Resposta ao manifesto do ex-commandante das armas do Ceará, Conrado Jacob de Niemeyer, contra o padre Antonio de Castro e Silva. Rio de Janeiro, 1828 - E'um opusculo, sem frontispício, de 20 pags. in-fol. e em duas columnas, onde o autor se justifica da accusação contra si intentida, e reclama da violência que soffrêra, apresentando em se- guida 35 documentos que abonam sua adhesão á constituição e ao throno, sua moralidade, etc. Vi esta obra annexa ao n. 111, de 31 de outubro de 1828, da Aurora fluminense. A.ntonio Cesar de Berrêdo - Descendente do distincto historiador Bernardo Pereira de Berrèdo, nasceu na provincia do Ma- ranhão em 1822, e falleceu á 7 de abril de 1879, victima de uma cistite purulenta. Era formalo em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de Olinda, proprietário de engenho em sua provincia e escreveu : - Lyrade instantes : poesias...- Não vi este volume; mas sim diversos artigos e composições poéticas de Cesar de Berredo em revistas e periódicos, dos quaes citarei: - A infanda : (poesia em verso hendecassyllabo solto) - publicada na chronica litteraria, pag. 109. - Eymno ao dia 22 de dezembro ; (poesia de metrificação variada) - na mesma revista, pags. 134 a 136. Deixou inéditos : - Os Mocambeiros : romance. - Direito publico -Esta obra ficou incompleta. AN 137 Frei Antonio das diagras - Natural do Rio de Janeiro, e nascido por cerca do anno de 1680, foi franciscano da província da Conceição do Rio de Janeiro, aqui exerceu o cargo de procurador ge- ral, e escreveu : - Estatutos municipaes da provinicia da immaculada Conceição do Brazil. Lisboa, 1717, 339 pags. - Romances que compoz frei Antonio das Chagas, antes de ser riligioso - Na relação dos manuscriptos da bibliotheca fluminense está esta obra. Antonio Cláudio Soído - Nascido na província do Es- pirito Santo a 26 de abril de 1822, sendo seus paes o major Antonio Cláudio Soido, e dona Maria Ortiz Soido, fez o curso da academia de ma- rinha, sendo promovido a segundo tenente em 1842, e successivamente á outros postos até o de chefe de esquadra em 1880, obtendo reforma no posto immediato em 1882, a seu pedido. Um dos mais distinctos officiaes de nossa armada, foi incumbido como commandante do vapor Maracanã em 1857 de instaurar a nave- gação pelo rio Paraguay na província de Matto-Grosso, franqueada pelo tratado de 6 de Abril de 1856, até Corumbá, passando porem até Cuyabá, que se suppunha innavegavel; foi depois á Europa acompanhando os guardas-marinha, como professor do 4o anno do curso da escola respectiva; fundou em 1860 e foi diiector do arsenal de marinha de Cuyabá ; passou d'ahi a commandar em 1867 a flotilha de Matto-Grosso que desceu de Cuyabá a reconquistar Corumbá, occupada pelos Paraguayos desde 1864; em 1870 commandou a primeira divisão da esquadra em operações no Rio da Prata, e por ultimo o batalhão naval. E'commendador da ordem de S. Bento de Aviz, official da ordem da Roza, condecorado coma medalha da campanha argentina de 1851 a 1852 e a medalha da guerra do Paraguay, e escreveu, além de artigos sobre viagens á Europa no Diário do Rio de Janeiro em 1854: - O Pirata : poema de lord Byron. Traducção em verso portuguez - Foi impresso no Jardim poético de J. M. Pereira de Vasconcellos, serie 2a, Victoria, 1860, pags. 127 a 233. Nesta obra ha diversas poesias suas como : - Lembrança de Montevideo. A menina oriental - Serie Ia, Victoria, 1856, pags. 112 a 118. - A visita de S. M. o Imperador aos hospitaes dos impestados : poemeto - Idem, pags. 67 a 81. - Para os pobres : traducção de Victor Hugo - Serie 2a, pags. 67 a 70. - Ò batel, ao seu amigo J. N. de Souza e Silva - Idem, pags. 75 a 81. Ha diversos trabalhos gmgraphicos seus, como : - Carta geral da fronteira entre o Brazil e a Bolívia, etc. 1875 - Foi reduzida e lithographada em 1881. 138 AJN - Planta do Rio Paraguay, levantada pelo chefe de divisão Augusto Leverger, correcta em seus delineamentos e n'alguns pontos com as sondas (expressas em pés inglezos) desde a embocalura do mesmo rio até Cuyabá, etc. lithographada em 1859. - Planta do porto de Corumbá, no rio Paraguay da província de Matto- Grosso, levantada etc. em 1864 - No archivo militar. Antonio Clodoaldo de Souza - E' natural da provín- cia de Pernambuco, onde fez o curso e formou-se em sciencias sociaes e jurídicas, recebendo depois o grau de doutor ; é advogado nos auditó- rios da capital, e escreveu, além de sua these para receber o grau de doutor : - Historia da sessão especial do club popular da cidade do Recife aos 24 de maio de 1873. Pernambuco, 1873, 34 pags. in-8.° Antonio Coellio Rodriguí^s - E' natural da província do Piauhy. Doutor em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade do Recife em 1866, foi nomeado lente substituto da mesma faculdade em 1871, e mais tarde lente cathedratico de direito natural; representou sua província na camara temporária em duas legislaturas ; se acha actualmente na côrte, fazendo parte da commissão do codigo civil, e escreveu : -Institutas do imperador Justiniano, vertidas do latim.Recife, 1879- 1881-Entre as publicações relativas a este livro, se nota uma do con- selheiro A. J. Ribas no Monitor Catholico de S. Paulo de 11 de agosto de 1881. O doutor Coelho Rodrigues adduziu a esta traducção diversas notas instructivas. - Discurso proferido na sessão da installqção do congresso agrícola do Recife, em 6 de Outubro de 1878, 20 pags in-8.° Frei Antonio da Conceição - (Veja-se Antonio de Andrade Luna.) Frei Antonio da Conceição Mialiies - Natural da cidade da Bahia, nasceu em 1630 e falloceu a 23 da Novembro de 1691. Religioso franciscano, professo a 8 de dezembro de 1651 no convento da mesma cidade, ahi fez seus estudos ; foi mestre de theologia, matéria em que era muito versalo ; guardião no convento daParahyba, e distincto orador sagra lo, deixou inéditos seus sermões, só publicando o -Sermão das exequias do governador geral Affonso Furtado de Men- donça a 26 de novembro de 1675. Lisboa, 1676 - «A leitura deste sarmão, diz frei Antonio de Santa Maria Jaboatão, nos fez confirmar ser ainda maior o conceito, que nos seus papeis se occulta, do que o brado que delles publica a fama. » A.N 139 Frei Antonio do Coração de Maria e tVI- meida-Nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, e falleceu a 19 de Junho de 1870, na mesma cidade. Foi religioso da ordem dos franciscanos do Rio de Janeiro, onde exerceu diversos cargos, inclusive o de provincial, examinador synodal, e prégador da capella imperial, e publicou alguns de seus sermões, entre os quaes: - Oração gratulatoria que na solemne acçãode graças, celebrada na capella imperial no dia 26 de abril de 1846 pelo feliz regresso de suas magestades imperiaes das provindas do sul a esta corte, recitou, etc. Rio de Janeiro, 1846, 8 pags. in-4.° - Oração fúnebre do augusto fundador do império, o Senhor B. Pedro I, que nas exequias celebradas a 24 de setembro de 1849 pela irmandade de Nossa Senhora da Gloria em sua capella recitou, etc. Rio de Janeiro, 1849, 20 pags. in-4.° - Sermão na solemne trasladação das imagens para a nova igreja matriz do Santissimo Sacramento da antiga sê desta corte. Rio de Janeiro, 1859. - Oração gratulatoria que, por occasião do feliz regresso de suas magestades imperiaes das provindas do norte, recitou, etc. Rio de Janeiro, 1860, 16 pags.in-4.° - Oração fúnebre que nas solemnes exequias do senhor D. Pedro V recitou, etc. Rio de Janeiro, 1867. A.ntonio Cordeiro da Silva - Natural do Rio de Janeiro, onde presumo que nasceu no primeiro quartel do século 18° e formado em cânones pela universidade de Coimbra, seguiu a carreira militar, fallecendo no posto de capitão ou de sargento-mór do regimento do Rio de Janeiro, e assistiu como membro da academia dos selectos ã reunião solemne, unica que celebrou esta associação, a 30 de Junho de 1752, occupando-se apenas com a leitura de peças em prosa ou em verso em louvor do governador Gomes Freire de Andrade. Era poeta e escreveu muitas poesias, mas só deu ã estampa: - Maria Immaculada: poema sacro (em verso hendecassyllabo) offe- recido á Virgem Maria, Senhora Nossa, que com o auspicioso titulo de sua Conceição purissima se venera no convento da Conceição de Beja. Lisboa, 1760 - E' um volume de 100 paginas in-4°, rarissimo. -Sitio da colonia: canto em oitava rima - Vem no livro denominado Júbilos da America, etc., Lisboa 1754, pags. 253 a 262, e no Florilégio da Poesia Brazileira de F. A. de Warnhagem, depois Visconde de Porto Seguro, no appendice ao terceiro volume, pags. 44 a 53. - Oito oitavas - sobre diversos assumptos. Vem no dito livro Júbilos da America, pags. 263 e seguintes. - Um romance-em verso hendecassyllado. Idem, pags. 250 e seguintes. - Um soneto - Idem, pag. 249. 140 AN A-ntonio Correia do Conto - Natural de Cuyabá, capi- tal da província de Matto-Grosso, não pude averiguar a época de seu nascimento, nem mesmo a de sua morte, bem que muito recente. Era bacharel em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo, representou sua província na camara temporária na legislatura de 1861 a 1863, e escreveu : - Dissertação sobre o actual governo da republica do Paraguay, se- guida da descripção de Coimbra, do Pão de Assucar, e de outros logares; dos actos de vandalismo, praticados na província de Matto-Grosso por sua ordem ; da contestação ao pretendido direito á parte do território da dita província, e da indicação dos meios de se lhe fazer a guerra em desaf- fronta das atrocidades e insultos commettidos pelos seus officiaes e solda- dos. Rio de Janeiro, 1865. Antonio Correia <le Lacerda - Filho de Manoel Cor- reia Dias de Lacerda, nasceu em Portugal na villa da Ponte em 1777 e falleceu na província do Maranhão a 21 de Julho de 1852, sendo cidadão brazileiro pela constituição do império. Bacharel em medicina pela universidale de Coimbra, e cirurgião do exercito portuguez, serviu nas forças commandadas pelo Conde de Ama- ranle ; foi depois medico de partido em S. Pedro do Sul, comarca deLa- fões, e em 1818 veiu para o Brazil, exercendo o cargo de physico-mór. No Pará, segundo parece, tomou parte em uma das commoções políticas que agitaram esta província iepois da inlepen lencia, e para subtrahir-se á sanha dos seus adversários, emigrou para os Estados-Unidos, perdendo quanto possuia ; e voltando ao Império em 1836 ou 1837, foi residir na província do Maranhão, em cuja capital exerceu a clinica, e deu-se com a maior dedicação ao estudo das sciencias naturaes, sobretudo ao da bota nica. Foi socio do instituto historico e geographico brazileiro, e na institui- ção da socíedide Vellosiana, de iniciativa do doutor Francisco Freire Al- lemão, foi contemplado como socio, o que levou-o a escrever em seu tes- tamento uma verba, deixando a esta sociedade toda sua livraria, estm- tes e manuscríptos, incluídas suas importantes collecções de zoologia e de botanica. Em sua vida nada publicou de mais de vinte volumes que deixou ma- nuscriptos, e que como s 5 vê no Diccionario historico-geographico da pro- víncia do Maranhão, foram remettidos ao governo imperial. Suas obras são : - Flora paraense-maranhensis. 1821-1852 - 10 vols. de duas colum- nas com desenhos a lapis, intercallados no texto, representando vegetaes ou partes constitutivas de vegetaes. - Phytograph a paraense-maranhensis, sive descriptio plantarum in Pará et Maranhão lectis. Vol. 11° (tertium Phitographíse maranhensis). 1849-1850 - Como se declara éo umdecimo volume da obra acima. 141 - Nova genera plantaram, et alia non bene descripta. 2 vols. (sem data) - Provavelmente é continuação da Flora. Estas obras são escriptas em latim. -Explicação das estampas da Flora paraense-maranhensis-Autogra- pho de 170 pags., cuja ultima data é do Maranhão, 21 de Janeiro de 1852. -Notes de botanique, Plantes usuelles, plantes medicinales et leur application - Estão sob o titulo de Tratados acerca da historia natural do Pará desde 1822 até 1830, seguidas de outras noticias. - Chemiologia vegetal. 2 vols. 1845-1849. ■- Zoologia paraense. 1823-1852. 8 tomos em 9 vols. - Observações sobre propriedades therapeuticas das plantas que des- creve e experiencias de chimica vegetal. Maranhão, 1849-1852. -Observações diarias thermometricas, hygrometricas e barométricas, tomadas na cidade de Belem do Grão-Pará, desde 1° de Janeiro de 1829 até 17 de Maio de 1835. -Observações metereologicas. feitas no Maranhão desde 19 de junho de 1841 até 14 de junho de 1852. - Observações medico-philosophicas (moléstias da palie) 1827-1851- A bibliotheca nacional possue todas estas obras. -Descripção e desenho de uma das plantas que fazem o objecto de mi- nha phytographia e zoologia medica ou matéria medica do Pará e Mara- nhão, etc., 31 de maio de 1851. Em 1852 o doutor Lacerda deliberara encetar a publicação de suas obras já coordemdas, começando, segundo o citado diccionano historico-geo- graphico do Maranhão, pela -Matéria medica das provindas do Pará e Maranhão, acompanhada de mais do duzentas estampas, desenhadas e coloridas com esmero - Para a impressão desta obra têm sido votadas, me parece, verbas em mais de um orçamento na camara temperaria ; e a importância delia póde ser avaliada pelo seguinte trecho de uma petição ou memorial que o doutor Lacerda dirigira ao ministro do império, solicitando um auxilio para dar a lume sua obra, o qual se acha transcripto no mesmo diccionario: « Acho-me no ultimo quartel da vida, e reputo um dever legar ao publico e á sciencia, na qualidade de melico, o resultado de minhas observações e experiencias, colhido durante o periodo de minha existência. « A phytographia e zoologia medica, isto é, a matéria medica do Pará e do Maranhão, fructo de meus trabalhos de quasi vinte annos n'aquella província e de quinze na do Maranhão, formará o primeiro objecto de minhas publicações, e a indepenlencia scientifica, já outr'ora augurada pelo sabio De Candole, dará um passo agigantado, que, não sendo agora aproveitado, será necessário que decorram séculos - e já sem elle appa- recer séculos tem decorrido - para reapparecer ; e posso affirmar a V. Ex. sem temor de ser taxado de exageração que este trabalho não poderá 142 AN jamais ser o serviço de um só homem, por ser difficil que qualquer outro se ache collocado nas mesmas circumstancias, e que a estas reuna o amor excessivo das sciencias, a abnegação do descanso e dos commodos da vida, expondo-se a incalculáveis perigos e a despezas que de ordinário não se compadecem com os meios de um homem scientifico. « Mais de quatrocentas plantas medicinaes, acompanhadas por mais de duzentas estampas, o maior numero excellentemento desenhadas e ricamente coloridas, formam o objecto que pretendo legar ao publico brazileiro, e que vou offerecer ao mundo litterario. A classificação bo- tânica de cada uma das plantas ; uma descripção geral e exacta na lingua latina ; uma descripção abreviada e especifica em latim e em portuguez ; historia, colheita, preparações, applicações therapeuticas, dóses, e algumas analyses chimicas - eis os topicos que abriram o vasto e in- teressante campo ás minhas observações. « Julguei outr'ora que as minhas economias me dispensariam de incommodar o governo imperai. Enganei-me ; perdas soffridas em dif- ferentes commoções politicas do Império, emigrações forçadas e despezas extraordinárias para obter plantas e mandai-as desenhar, tudo, tudo tem concorrido a frustrar meus planos. » -A-ntonio de Souza Costa - Natural do Rio de Janeiro e filho de Antonio da Costa Correia e de dona Fausta Roza de Souza Costa, é doutor era medicina pela faculdade da corte, tendo servido antes de sua formatura como interno do hospital da mi- sericórdia ; foi, por concurso, nomeado oppositor da secção de sciencias medicas em 1859, e mais tarde lente cathedratico do hygiene e historia da medicina. Serviu durante a guerra do Paraguay como primeiro medico do hos- pital militar de Andarahy, pelo que lhe foram conferidas as honras de cirurgião-mór de divisão ; é do conselho de sua magestade o Imperador, presidente da junta de hygiene publica, medico da imperial camara, official da ordem da Roza, membro titular da imperial academia de me- dicina, socio da sociedade auxiliadora da industria nacional, socio da associação brazileira de acclimação e escreveu : - Da infecção purulenta : dissertação inaugural, precedida de pro- posições sobre : Nutrição nos vegetaes, sua respiração e influencia na atmosphera em geral. Casos em que o aborto provocado é indicado. Medicação contra-estimulante. Rio de Janeiro, 1857. - Da dysinteria nos paizes inter-tropicaes: these de concurso a um logar de oppositor da secção medica da faculdade de medicina do Rio de Janero. Rio de Janeiro, 1859. - Qual a alimentação de que usa a classe pobre do Rio de Janeiro e sua influencia sobre a mesma classe : these de concurso á cadeira de hygiene. Rio de Janeiro, 1864. 143 - Breves considerações sobre a myases das fossas nazaes, seguidas de uma observação da mesma moléstia-Sahiu na União medica, tomo 1°, pags. 212 a 221. - Parecer da academia imperial de medicina sobre o livro do doutor João Baptista dos Santos, intitulado : Aguas potáveis; contribuição à hygiene publica. Rio de Janeiro, 1877. - Memória sobre a febre amarella em Campinas, apresentada á aca- demia imperial de medicina em 1877 - Sahiu na revista da mesma aca- demia. 0 doutor Souza Costa, na qualidade de primeiro medico interino do hos- pital de Andarahy, collaborou no - Fcrmulariopharmaceutico militar para uso dos hospitaes e enferma- rias militares do Brazil. Rio de Janeiro, 1857 - Este formulário é dividi do em duas partes: Preparações officinaes, e Preparações extemporâneas. A primeira parte é precedida da relação aproximativa dos pesos decimaes á li- bra e ás suas divisões. A segunda é seguida de um artigo sobre as aguas mineraes; instrucções para as pharmacias ; instrucções para os quartéis e hospitaes militares em presença de uma epidemia de cholera-morbus ; cuidados que se devem prestar aos envenenados e asphyxiados, e indice. (Veja-se Josó Ribeiro de Souza Fontes, Augusto Cândido Fortes de Bus- tamante e Sà, e Luiz Bandeira de Gouvêa.) Redigiu com outros: - Gazeta medica do Rio de Janeiro. Redactores: os drs. Matheus de Andrade, Pinheiro Guimarães, Souza Costa, Torres Homem. Rio de Janeiro, 1862-1864, in-4° gr. - Revista do atheneo medico. Redactores : dr. Souza Costa, J. E. dos Santos Andrade, J. A. Porto Rocha, J. G. Kemnitz, Malaquias A. Gonçalves. Rio de Janeiro, 1867, in-4.° 7k.nton.io da, Costa, Io - Natural da Bahia, nasceu nos úl- timos annos do século 17° ou nos primeiros do 18°, o falleceu em Pernam- buco pelo anno de 1760. Foi presbytero secular, tendo feito seus estudos no collegio dos je- suitas - facto talvez que levou Bento Farinha a consideral-o jesuita. Segundo me consta, professou depois n'uma ordem monastica, parece-me que a benedictina, e dessa ordem foi preposito no Recife; e notável não só por suas virtudes, como por ser muito versado na theologia sagrada, que leccionou na congregação do oratorio de S. Felippe Nery, foi um eximio orador, e fez parte da academia brasilica dos renascidos. De seus sermões, não consta que publicasse, senão: - Sermão das exequias do senhor dom João V, feitas na Bahia. Lisboa, 1753. - Sermão do glorioso patriarcha S. Bento, pregado na Bahia. Lis- boa, 17" - Dizem-me que este sermão é um monumento, que revela a profunda erudição do autor, como theologo. 144 Antonio da Costa, 3° - Filho do cirurgião Antonio da Costa e de dona Gertrudes Mathilde da Silva e Sá, nasceu na ci íade do Rio de Janeiro a 15 de março de 1816, e falleceu a 7 de julho de 1860. Matriculando-se em 1831 na escola medico-cirurgica, seguiu para a França em 1833 ; ahi fez todo curso e recebeu o grau de doutor em me- dicina em 1837 na universidade de Montpellier ; e voltando á patria em 1838, defendeu these perante nossa faculdade, e firmou sua residência no Rio de Janeiro, alcançando em pouco tempo abem merecida reputação de insigne operador, ao lado do venerando doutor Manoel Feliciano Pe- reira de Carvalho, o Dupuytren brazileiro. Em 1855 fez uma excursão pela Europa, d'onde regressou no anno seguinte. Era cirurgião honorari > de sua magestade o Imperador, cirurgião dos hospitaes da Misericórdia, di ordem terceira do Carmo e da ordem da Pe- nitencia ; medico da sociedade franceza de Beneficencia, e da legação da Franca ; membro do instituto historico e geographico do Brazil, da imperial academia de medicina, da sociedade anatómica de Paris, da de sciencias me licas de Lisboa, e de outras ; commendador da ordem de Christo ; cavalleiro da do Cruzeiro ; cavalleiro da Legião de Honra da França e das ordens de Christo edeN. S. da Conceição da Villa-Viçoza, de Portugal, e escreveu : - Proposições sobre os estreitamentos do canal da uretra: these para verificar seu diploma. Rio de Janeiro, 1843. - Dezeseis annos de clinica cirúrgica no Brazil. Rio de Janeiro, 1854 - Este livro, em que ó autor faz a historia da cirurgia no Brazil, mencionando os progressos delia, a partir de 1808 e traz á publicidade curiosos e importantíssimos factos de sua clinica cirúrgica de dezeseis annos, foi por cllo offerecido, em francez, á imperial academia de me- dicina de Paris. - Resecção completa do maxillar superior direito e parte do es- querdo, assim como de um dos ossos proprios do nariz e do vomer : ope- ração pela primeira vez praticada no Brazil aos 20 de julho de 1858. Rio de Janeiro, 1859, 40 pags. com duas estampas. Sei que o doutor Antonio da Costa publicou : - Trinta e duas memórias e obras diversas - em revistas medicas da França, das quaes sinto não poder dar neste momento uma noticia cir- cumstanciada. A maior parte destes escriptos foi pelo autor offerecida á imperial academia de medicina de Paris em sua segunda viagem á Europa. A.ntonio <la Costa Duarte - Nasceu, segundo me consta, na capitania, depois provincia do Maranhão, no fim do século passado ; foi presbytero do habito le S. Pedro, lente de grammatica philosophica da lingua portugueza e analyse dos clássicos e escreveu - Compendio de grammatica portugueza para uzo das escolas de primeiras lettras, ordenado, segundo as doutrinas dos melhores gramma- 145 ticos, ofterecido ao illmo. e exmo. senhor Cândido José de Arauji Vianna, presid mte da província do Maranhão, deputado ás cortes legislativas, etc. Maranhão, 1829. - Compendio de grammatica philosophica da lingua portugueza, escolhido pela congregação do lyceu do Maranhão para uso do mesmo lyceu. Maranhão, 1840 - Esta edição é segunda e jã accrescentada. A-iitonio da Cruz ( ordeiro-Nascido na província da Parahyba a 28 de novembro de 1831 e filho de João da Cruz Cordeiro, veio para a Bahia concluir seus estudos de preparatórios e estudar o curso medico da faculdade de medicina, onde se doutorou em 1856. Tem exercido em sua província diversos cargos de sua profissão, como os de medico da enfurnaria militar, do hospital inglez e do hospital da mi- sericórdia, em cujo exercício continha ; teu silo por diversas vezes depu- tado á assembléa provincial ; é socio correspondente do instituto archeo- logico pernambucano ; cavalleiro da ordem da Roza, e es Teveu desde o tempo de sua vida académica, além de diversos artigos, quer em prosa, quer em verso, no Diário da Bahia, Caxeiro nacional, Paiz, Povo, Pro- testo, e Notic ad >r catholico como coll iborador, no Prisma, Bello-sexo, e Estudante, fazendo parte dt relacção, as obras seguintes : - Impressões daepidemia. Bahia, 1856, 314 pags. in-12° - Refere-se o autor neste livro a factos lamentosos que se deram na Bahia por occasião da epidemia da cholera-morbus de 1855 a 1856. - Da amaurose e suas divisões : disser ação inaugural. Bahia, 1856 - E' seguida de proposições sobre : Accidentes consecutivos ás feridas por arma de fogo. Influencia da quantidade da alimentação sobre a saude. Relação da chimica com os diversos ramos da medicina . - Estudo biographico. O vigário Joaquim Antonio Marques e algumas de suas peças oratorias. Parahyba, 1856, 320 pags. in-8° - E' ofíerecido ao commendador Felisardo Toscano de Brito, e as peças oratorias, que o acompanham são: se s sermões da Virgem sob diversas invocações, um do Senhor Bom Jesus da Ag mia, um do Santíssimo Sacramento, um do Mandato sobre a humildade, um de S. Bento, e mais tres discursos sobre eleições e outros assumptos. - Instrucções sanitarias e populares. Parahyba, 1863 - E' um opusculo, em que se aconselha o tratamento quer prophylictico, quer curitivo da cholera-morbus, mandado imprimir pelo governo imperial e distribuído gratuitimente. - Prologo da guerra, ou o voluntário da patria: ensaio dramatico em tres actos e em verso. Rio de Janeiro, 1865 - Foi representado e muito applaudido, tanto na Bahia, como em Pernambuco, e na Parahyba e elo- giado pela imprensa do dia. - Poesia recitada em 15 de fevereiro de 1863 n'uma grande reunião popular nos paços da assembléa da Parahyba, por occasião do desacato 146 provocado pelo ministro inglez no Rio de Janeiro - Foi impressa no Diário de Pernambuco, e n'outras folhas do império transcripta. - Episodio da esquadra brazileira em operações nas aguas do Pa- raguay a 19 de fevereiro de 1868. Batalha de Humaytá. ( Em verso) Parahyba, 1868, in-4° - Sahiu n'uma folha da Parahyba uma critica pouco favoravel a esta composição, a qual levou o doutor Cruz Cordeiro a escrever : - Estudos litterarios: A poesia Batalha do Humaytá, e a critica lançada no Jornal da Parahyba. Parahyba, 1869 -E' um volume de 400 paginas in-16°, em que o autor refuta a critica feita á sua composição poética, dividido em duas partes : A Ia parte comprehende nove artigos que publicara no periodico Despertador de 10 de fevereiro a 15 de março de 1869. A 2a comprehende dezenove artigos, publicados de 19 de março a 29 de maio do dito anno, e mais umposí scriptum, datado de 4 de dezembro. - Discurso proferido no dia 9 de agosto de 1880 por occasião da inau- guração da estrada de ferro Conde d'Eu. Parahyba, 1880, 6 pags. Antonio Culba- E' natural da provincia de S. Paulo, onde parece-me que nasceu pelo anno de 1840 ou pouco depois. Residiu algum tempo na côrte, e d'aqui passou para sua provincia, onde se acha, e escreveu: - Capella da Apparecida : breve descripção da capella da Apparecida no municipio de Guaratinguetá, contendo o apparecimento da sagrada imagem e muitas orações, colleccionadas por Antonio Cuba e João Godoy. Guaratinguetá, 1877, 60 pags. in-4,° - Rabiscas. Rio de Janeiro, 1880 - E' uma collecção de pequenos es- criptos em prosa e em verso, taes como lendas, anecdotas, adigios, curio- sidades etc. O Cruzeiro, dando noticia desta publicação, diz : «No meio da gaveta do sapateiro encontra-se uma rabisca intitulada Etimologia dos nomes masculinos e nesta achamos : Antonio - credulidade. Serafim - fanfurrice. Talvez que estas duas explicações expliquem a publicidade das Rabiscas.'» Antonio Cuba fundou e redigiu: - O Século: orgão democrático. Guaratinguetá, 1876-Com titulo egual se publicou também na provincia de S. Paulo, em Batataes, 1881, outra folha que nada tem com esta, sendo redigida por Cesar Ribeiro. A-ntonio cia Cunlia Brochado - Descendente de uma familia nobre, nasceu na cidade da Bahia em 1689, e falleceu em 1747. Muito criança foi com sua familia para Portugal, onde fez o curso de jurisprudência cesaria, obtendo o grau de licenciado, e pouco depois a no- meação para o logar de juiz da índia e Mina, que exerceu por algum tempo. Acompanhando depois a Madrid seu tio José da Cunha Brochado, AN 147 que para ahi seguira como ministro plenipotenciário junto á côrte caste- lhana, dedicou-se á politici, e em sua volta a Portugal foi nomeado con- selheiro da fazenda ; mas dominado de irresistível vocação para o estado ecclesiastico, desprezou a nomeação que recebera, titulos de nobreza, e gozos do século para tomar o habito de S. Pedro como presbytero secular, e mais tarde professar na ordem do Carmello com o nome Frei Antonio de Nossa Senhora do Carmo no convento de Santa Cruz de Coimbra em 1735. Frei Antonio de Nossa Senhora do Carmo foi um sacerdote de raras vir- tndes e escreveu: - Diversas traducções do castelhano - entre as quaes a obra com o titulo de - Retiro espiritual para cada um dia do mez e disposição de uma santa vida para a boa morte. Lisboa, 1738. - M editações para o oitavario do Natal. Lisboa, 1743. - Novenas de Santo Agostinho e de S. Francisco. Lisboa, 1744. A/ntonio da Cunha Souto-Maior Grom.es Ri- beiro - Natural do Rio de Janeiro e nascido nos primeiros annos do século presente, foi muito criança para Portugal, onde supponho que es- tudou direito na universidade de Coimbra e que ainda vive. Estabelecido em Portugal por occasião da independencia do Brazil, lá continuou a persistir, desempenhando diversos cargos, e commissões. Foi por di- versas vezes deputado ás côrtes d'aquelle reino, e exerceu o cargo de ministro nas côrtes de Dinamarca e da Suécia, e de outros estados ; é moço fidalgo da casa real, e commendador da ordem de Christo, e escreveu como collaborador em diversos periódicos e jornaes politicos do reino, entre os quaes o Estandarte ; e como redictor: - 0 Tribuno: jornal politico. Lisboa, 18'*-Depois escreveu : - Ao Povo (opusculo politico). Lisboa, 1842, 45 pags.-Sahiu sob o anonymo, causando grande impressão pela linguagem forte e vehemente. - Reflexões de Graccho a Tullia. Tunis, Typ. de Amurat de Beg, anno da Egira, 1244, 55 pags. in-8.°-E' um opusculo ainda mais forte e incisivo que o precedente, distribuido quasi clandestinamente, e impresso em Lisboa, mas com as cautelas necessárias. Foi ahi reimpresso em 1847. - Os últimos adeuzes de Graccho a Tullia. Tunis, typ. de Amurat, Anno de Egira, 1244, 34 pags. in-8°- E'outro opusculo em egual estylo, e com eguaes cautelas impresso e distribuido. Também teve segunda edição om Lisboa, 1847. As cautelas empregadas quer com a impres- são, quer com a distribuição destas obras deixam bem presumir o que ellas são. 0 que ó certo é que produziram uma notável sensação, e ao governo serias apprehensões. - A vanguarda da opposição. Lisboa, 1846, 31 pags. in-8.° - Discurso pronunciado por occasião da discussão sobre a resposta ao discurso do throno na camara dos deputados na sessão de 15 de Junho de 1848. Lisboa, 1848. • 148 -A.ntoiiio David de Vasconcellos Canavarro- Nascido na província do Pará a 24 de Agosto de 1828, senlo seus paes David Jacob Fernandes de Vasconcellos e dona Theophila Alexandrina de Vasconc lios, falleceu em Maná s em fevereiro de 1882. Começando o curso da faculdade de medicina da Bahia, o concluiu na do Rio de Janeiro e aqui recebeu o grau de doutor ; foi por diversas vezes deputado á assembléa provincial do Amazonas, onde residia e exercera diversos cargos, como o de inspector de sau le ; era cavalleiro da ordem da Roza e da de Christo ; socio da sociedade physico-chimica, da sociedade amante da instrucção, e do instituto episcopal religioso do Rio de Janeiro, e escreveu : - These apresentada e sustentada perante a faculdade de medicina do Rio de Janeiro em 24 de abril de 1856. Rio de Janeiro, 1856- Versa sobre: Operações da fistula lacrimal. Operação do trépano. A phtisica pulmonar no Rio de Janeiro, suas causas e tratamento. Morte súbita e precauções qué se devem tomar antes de se proceder a uma autopsia jurídica. - Relatorio acerca do cholera-morbus nas províncias do Amazonas, Pará, Alagoas e Rio Grande do Norte em 1855 e 1856, offerecido ao instituto historico e geographico brazileiro. Pará, 1857, 56 pags. in foi. - A monarchia constitucional e os libellos. Rio de Janeiro, 1860, 33 pags. in-4°- O doutor Canavarro escreveu este opusculo, levado pela publicação de um pamphleto com o titulo « Os cortesãos e a viagem do Imperador » pelo bacharel José Joaquim Landolfo da Rocha Medrado, ao qual pamphleto também responderam Justiniano José da Rocha, dando a lume a Monarchia democrática, e o conego Joaquim Pinto de Campos, publicando Os anarchistas e a civilisação. - Oração necrologica dedicada ao anniversario da morte da senhora dona Estephania, rainha de Portugal, offerecida a sua magestade fidelís- sima o senhor d. Pedro V. Rio de Janeiro, 1860, 15 pags in-8.° - Itinerário da viagem que fez ao rio Negro a bordo do vapor de guerra, Pirajá, partindo de Manáos, até o logar denominado Chibarú, e d'ahi em diante em canôa á fronteira de Cucuhi. 1862- Inédito de 34 fls. in-fol. no instituto historico. Viajara então o autor como inspector de saude publica. jk.iitonâo Deodoro de Fascual - Nascido em Castella-a- Nova, reino da Hespanha, em julho de 1822, depois de fazer em seu paiz os estudos de humanidades, e alguns outros de faculdades na Italia, na França e na Allemanha, tenlo feito excursões por estes paizes e por ou- tros da Europa e da Amer ca, veiu firmar sua resilencia no Rio de Ja- neiro em 1852, aqui naturalisou-se cida ião brazileiro, e falleceu em 1874 ou 1875. A3X 149 Exerceu o magistério por algum tempo n'America ; leccionou no Rio de Janeiro não só diversas linguas, como historia e philosophia ; serviu na secretaria de estado dos negocios estrangeiros como traductor compilador com as honras e vantagens de pr meiro official; foi membro do instituto historico e geographico brazileiro, e de outras sociedades de lettras e sciencias ; e tão versado nas linguas portugueza, ingleza e fran- ceza como na lingua patria, em todas ellas escreveu diversas obras, princi- palmente sobre historia, com tal cunho de verdade que fez dizer a Quin- tino Bocayuva que- em suas mãos a penna era um instrumento de ver- dade e de justiça. De suas obras publicou : - Elementos de lógica. Madrid, 1842. - La americana y la europea : novela -publicada no Liberal, 1843. - Spiritual lectures - na revista philosophica Shekina, New-York, 1851. - The two Fathers : novella. New-York, 1852, 3 vols. - Breves consideraciones sobre la union norte-americana. Madrid, 1852. - La novela atual : breves consideraciones sobre la literatura con- temporânea. Montevideo, 1854. - Tratado sob e'la educacion por Milton, vertido do inglez para o cas- telhano. Montevideo, 1854. - Tratado sobre la educacion moral y literaria, publicado no Com- mercio del Plata. Montevideo, 1854. - Las síete noches en el mundo espiritual-novella publicada no Nacional, Montevideo, 1854. - A mulher - publicada em folhetins no Diário do Rio de Janeiro, 1854. - Lettres brêsiliennes. Rio de Janeiro, 1856. - Le Brèsil et les republiques sud-americaines. Rio de Janeiro, 1856. - Um episodio da historia patr ia. As quatro derradeiras noites dos in- confidentes. Rio de Janeiro, 1858. - Ensaio critico sobre a viagem ao Brazil em 1852, de Carlos B. Mans- field. Rio de Janeiro 1861-1862, 2 vols. sob o pseudonymo de Ada- dus Calpe, com uma estampa lithographada. - Esboço biograph co do conselheiro José Maria Velho da Silva. Rio de Janeiro. 1862, 45 pags. in-8.° - Rasgos memoráveis do Senhor D. Pedro I, Imperador do'Brazil, ex- celso Duque de Bragança. Rio de Janeiro 1862, 220 paginas in-8°- Este livro, que traz o retrato do primeiro imperador do Brazil, contem noticias e particularidades muito reservadas, que interessam não só a nossa his- toria, como a de Portugal. - Apuntes para la historia de la republica del UruguayMesde el ãno 1810 hasta el de 1852, baseados en documentos publicados y inéditos, y otros datos originales, extrahidos de los archivos y bibliotecas nacio- 150 AN nales y particulares de la Europa y de la America, de origen ibera y ro- bustecidos por la tradicion oral de testigos oculares de los hechos. Paris, 1864, 2 vols. -O 1° vol. vae de 1810 a 1829. Este livro se abre com o mappa topographico do porto de Montevideo. - Apuntes geographico-descriptivos sobre el gran Chaco Gualambà. Rio de Janeiro, 1859. - A morte moral: Paris, 1864, 4 vols. -Tem por titulos : o 1° vol. Cesar ; 2o Antonieta ; 3° Annibal, e 4o Almeirinda. E' uma obra de grande mérito philosophico, que o autor começou a escrever na Europa e veiu concluir no Rio de Janeiro. - A pupilla dos negros nagôs ou a força do sangue : drama original brazileiro em um prologo, tres actos e um epilogo. Rio de Janeiro, 1870. - Esposa e mulher : romance brazileiro. Rio de Janeiro, 1872. Além das obras mencionadas Deodoro de Pascual escreveu muitos ar- tigos sobre diversos assumptos desde os 17 annos de idade - artigos que publicou em jornaes estrangeiros, como o íris, o Sol, o Agricultor, o Echo dos dous mundos, o Correio de Ultramar, publicados na Europa ; a revista philosophica Shekina, de Nova York, e muitos outros, mesmo do Império, usando do pseudonymo Adadus Calpe muitas vezes, e outras vezes subscrevendo seus artigos com um N ou um H. A-ntoiiio Dias Ferraz da Luz - Filho do capitão Antonio Dias Ferraz ede dona Florentina Candida Rodrigues da Luz, nas- ceu na Campanha, província de Minas Geraes, em 1820 ou 1821, e falle- ceu a 17 de Janeiro de 1865. Doutor em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro, onde foi gra- duado em 1843, era dotado de uma bella intelligencia ; mas - como disse o tenente-coronel Bernardo Saturnino da Veiga no seu Almanack sul mineiro de 1874 - o seu genio um pouco indolente excitava menos a ambição de gloria e de posição, do que os prazeres da mocidade, dos quaes ás vezes era preciso arrancal-o para o conduzirem à imprensa ou á tribuna. Foi um dos mais esforçados propugnadores da divisão da província de Minas Geraes, creando-se a província sul-mineira, sendo seus compa- nheiros neste empenho o doutor Antonio Simplicio de Salles e Lourenço Xavier da Veiga, e escreveu : - Considerações geraes sobre o somno : dissertação para o doutorado em medicina. Rio de Janeiro, 1843. - Necessidade e conveniência da divisão da província de Minas Ge- raes e creação da provinda sul-mineira - Sahiram em diversos orgãos da imprensa diaria de Minas e do Rio de Janeiro, em 1854 e 1855, muitos artigos do doutor Ferraz da Luz sobre este assumpto. A.ntonio Dias Martins - Natural da província do Ceará e filho de Antonio Dias Martins, depois de fazer alguns estudos de hu- AN 151 manidades entrou para o commercio, e é actualmente empregado n'um importante estabelecimento do Barão de Ibiapaba. Com decidida paixão, porém, pelas lettras, e consagrando a ellas as folgas de seu trabalho, pertence a diversas associações litterarias, e tem publicado em diversos periódicos muitos artigos, quér em proza, quer em verso, e além disto escreveu : - O Senador Francisco de Paula Pessoa : traços biographicos por um amigo. Maranhão, 1880, 37 pags. in-8° - Se fecha este opusculo com alguns documentos comprobatorios. Antonio Duarte Leite Silva - Nasceu na pro- vinda de Alagoas, e ahi habilitando-se com alguns estudos de prepara- tórios, deu-se na cidade do Pilar, da mesma provinda, á advocacia, e fundou um jornal, comprando uma pequena typographia para esse fim ; mas por causa de alguns artigos publicados, si me não engano, contra influencias do logar, não só lhe destruiram completamente a typo- graphia, fazendo-a mesmo desapparecer, como até tentaram contra sub existência. Escreveu : - Cantos da mocidade : poesias. Maceió, 1869 - E' um volume com quarenta e duas composições poéticas, dividido em dous livros : o Io é offerecido a seu pae ; o 2o a seu prestimoso amigo e professor de latim o padre M. Amancio das Dores Chaves, se encerrando com duas poesias, offerecidas ao autor, e duas cartas, contendo o juizo critico da obra, do referido padre Amancio e de F. E. A. A segunda destas poesias tem por titulo: Ultimo harpejo de uma lyra quebrada, fragmento de um romance inédito, por Ignacio de Barros, de quem occupar-me-hei. - Jornal do Pilar. Alagoas, 1873-1876 - E'um jornal político, lit- terario e noticioso, de que foi proprietário e redactor, cessando sua publicação por causa das violências, que referi. Fundou e redigiu depois - Jornal do Commercio. Maceió, 1880-Creio que pouca vida esta empreza teve. A-ntonio Duarte Nunes - Nasceu em Santa Catharina ou no Rio de Janeiro, pelo meiado do século 18°, e seguiu a carreira das armas. Era tenente de artilharia, e servia no regimento de bombeiros, quando escreveu : - Memória do descobrimento e fundação da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro - Esta obra se conservou em manuscripto desde 1799, e foi impressa ao cabo de quarenta annos, em 1839, na Revista do in- stituto histórico, vol. Io, pags. 123 a 228. Comprehende uma relação dos governadores e dos bispos do Rio de Janeiro ; noticias do descobrimento, 152 A.N fundação da cidade e de cada uma das freguezias, etc. O Barão de Santo Angelo faz menção desta obra, elogiando seu autor, no volume 20° da mesma revista. - Almanak historico da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, 1799- Sahiu na mesma revista, tomo 21°, pags. 5 a 176. E' uma obra abundante de noticias de grande importância e interesse. Não sei si foi publicado no tempo respectivo. Antonio Eleuterio de Camargo - Natural da pro- vinda do Rio Grande do Sul e bacharel em sciencias physicas e mathe- maticas, serviu no imperial corpo de engenheiros e tem desempenhado diversas commissõcs do governo imperial, quer de paz, quer de guerra. Foi eleito em diversas legislaturas deputado á assembléa de sua pro- vinda, e á assembléa geral na legislatura de 1878 a 1881, e na sub- sequente. Escreveu : - Quadro estatístico e geograph'co da provinda de S. Pedro do Rio Grande do Sul, organisado em virtude de ordem do presidente da mesma provinda - Porto Alegre, 1868, 188 pags. in-4.° - Carta topographica da provinda de S. Pedro do Rio Grande do Sul, confeccionada segundo os trabalhos officiaes existentes no archivo das obras publicas provinciaes, coucluida, etc. sob a direcção do bacharel Antonio Eleute'io d) Camargo, etc. 1868. - 0 Rio Grande do Sul na actualidade por Philopemen. Porto Alegre, 1866, 31 pags. in-8.° Ha mais algumas obras do doutor Camargo impressas, e mesmo iné- ditas, como - Notas para biographia do tenente-general Manoel Luiz Osorio, marquez do Herval. 1872 - Inédito, que foi apresentado á exposição de historia do Brazil em 1881. - Biographia do conselheiro Manoel Antonio Correia da Gamara - Está publicada na Revista do instituto historico, tomo 40°, 1877, parte Ia, pags. 505 e seguintes. - Planta da parte do rio Uruguay comprehendida entre a barra do rio P&sso-fundo e a do rio Turvo, na qual se mostra a verdadeira posição do Rio Grande e as barras de seus principaes affluentes, inclusive a do Pepiri-guassú com pequena extensão de seu curso, etc.- O archivo militar possue duas cópias, sendo uma datada de Porto-Alegre 15 de Julho de 1867, e authenticada pelo doutor Camargo, a aquarella. A-iitonio Elisiario de Miranda e Britto - Nas- ceu em Lisboa em 1796 e falleceu no Rio de Janeiro, sua patria adoptiva, em 1858. Fez o curso de mathemattoas em Lisboa, assentando praça no exercito como cadete, e vindo para o Brazil no posto de 2° tenente, aqui prestou re- AN 153 levantes serviços desde a independencia, para a qual collaborara, até sua morte - serviços, não só de guerra na provincia de Pernambuco, e na de S. Pedro do Sul, mas também de paz, como os de presidente e comman- dante das armas desta provincia, commandante das armas da do Maranhão e outros. Era marechal do exercito ; membro do conselho supremo militar; presidente da commissão de engenheiros, creada pelo decreto de 14 de setembro de 1850 ; commendad ;r da ordem de S. Bento de Aviz, ofíicial da do Cruzeiro, e escreveu : - Discurso recitado no dia 21 de abril de 1831 pelo brigadeiro gra- duado do exercito, presidente da directoria das obras publicas da provin- cia do Rio d-» Janeiro, por occasião de se installar a mesma directoria. Rio de Janeiro, 1837,27 pags. in-4.° - Descripção das fortificações do império do Brazil, contendo o nu- mero de bocas de fogo que têm guarnições correspondentes e gradua- ções próprias dos respectivos commandantes. Rio de Janeiro, 1841. - Exposição e projecto sobre a maneira de evitar a aggressão que os indios selvagens costumam praticar em differentes pontos desta pro- vincia (Maranhão) e que ao excellentissimo conselho da mesma provin- cia dirigiu o coronel e governador das armas, etc. Maranhão, 1829 - Ha uma cópia authentica, do instituto historico, de 18 fls. Existem do general Miranda e Britto diversas plantas de fortalezas, e de pontos do Rio de Janeiro, e suas circumvisinhanças, como a - Planta da parte meridional do terreno pertencente ã imperial fazenda de Santa Cruz em o tempo dos jesuítas - Possuia uma cópia desta planta o commendador Antonio de Souza Ribeiro. O archivo militar possue outra a aquarella, de 1854. - Reconhecimento chronologico de parte da capitania do Rio de Janeiro para intelligencia do exame comparativo dos caminhos que do porto do rio Aguaçú vão ao Rio Preto. Dezembro de 1821 - Existem dous exemplares no archivo militar. - Planta e nivelamento da parte da cidade do Rio de Janeiro, com- prehendida entre o campo da Acclamaçào e os arsenaes de marinha e guerra, etc., 1852 - E' levantada com outros e existe cópia a aquarella no mesmo archivo. A-ntonio Ennes de Souza - Filho de Sebastião José de Souza e d' dona Maria A. Ennes de Souza, e nascido na cidade de S. Luiz do Maranhão a 6 de maio de 1848, aos 5 annos de idade, orphão de paes, foi entregue a sua avó materna, que mandou-lhe ensinar as maté- rias da instrucção primaria e algumas da instrucção secundaria, e o destinou ao commercio, empregando-o n'um estabelecimento de fer- ragens que possuia. Depois de servir no commercio dos 14 a 18 annos de idade, nutrindo vocação para o estudo das sciencias naturaes, foi á Europa em 1867, e pre- parou-se convenientemente para o curso da escola central de engenha- 154 AN ria. Lições, porém, que por curiosidade ouvira, de Delaforse, de Gau- dry, de Deville, de Dunkée na Sarbonna, no museu e na escola de mi- nas, o decidiram a dar-se, ouvindo os mestres, a taes estudos, antes do curso especial de engenharia, e isso fazia quando, pouco antes da guerra franco-allemã, infelicidades, pesando sobre sua familia, o forçaram a vir à patria, dar um córte em sua almejada carreira e tornar ao commercio até 1873. Voltando ao estudo das sciencias physicas e naturaes e depois aos de engenharia de minas, se matriculou na universidade de liirik, na Suissa, onde recebeu o grau de doutor, apresentando uma dissertação ; obteve ainda, depois dos exames necessários, carta de approvação especial em geologia com a declaração de apto, tanto para ensinar esta disciplina em escola technica superior, como para fazer investigações trabalhando como geologo; e, forte nos estudos feitos em liirik, dedicando-se aos estudos es- peciaes de minas, e metallurgia na academia real de minas de Freyberg, na Saxonia, obteve o diploma de engenheiro em minas, depois dos exames exigidos e de apresentar uma dissertação, voltando então ao Brazil. No Maranhão, de 1870 a 1873, instituiu conferencias publicas e com o doutor A. de A. Oliveira e outros fundou a bibliotheca popular ; é lente da secção de minas da escola polytechnica ; membro da sociedade de sciencias naturaes de liirik, e da sociedade de chimica de Berlim, e escreveu: - Conferencias publicas na provincia do Maranhão. Maranhão, 1871, 2 opusculos. - Discurso sobre a organização da bibliotheca popular do Maranhão. Maranhão, 1871 - Anda com um discurso do doutor Antonio de Almeida e Oliveira. - Relatorio acerca da exposição maranhense de 1871 e!872. Mara- nhão, 1872 e 1873, 2 vols. - Dissertação sobre os amalgamas : these inaugural, liirik, 1876 - E' toda escripta em allemão, para obter o grau de doutor em sciencias phy- sicas e naturaes. - Dissertação sobre a mineração e metallurgia do ouro : these apre- sentada á academia real de minas de Freiberg (Saxonia) para obter o grau de engenheiro de minas, 1878 - E' também escripta em allemão, mas não foi publicada. - Estudo completo sobre os trabalhos de Desmonti: these de concurso a uma cadeira do curso de minas da escola polytechnica. Rio de Janeiro, 1881 - Revela muita erudição do autor e assidua applicação a estudos, tanto theoricos como práticos, e merece ter um logar na bibliotheca de todo engenheiro - diz o redactor da Revista de engenharia. - O trabalho e a vida subterrânea, Rio de Janeiro, 1880 - Sobre este assumpto fjz o doutor Ennes uma conferencia, occupando a tribuna nos dias 23 e 30 de outubro deste anno. Este escripto foi publicado depois pela Gazeta de Noticias. - Natureza: poema-A Gazetinha publicou um fragmento, deste poema, a Divindade. 155 - Os metaes : sciencia vulgarisada - Foi publicada esta obra na Gaze- tinha do Rio de Janeiro em 1881, mas não foi concluida a publicação. Ha diversos artigos seus sobre sciencias naturaes, questões sociaes e instrucção publica nos periódicos Paiz, Liberal e Publicador do Mara- nhão, Republica do Rio de Janeiro até 1873, e Provincia de S. Paulo em 1876, assim como vários escriptos scientificos no Bulletin da sociedade allemã de chimica, de 1875 a 1880, na Revista trimensal da sociedade de sciencias naturaes de lúrik, de 1874 a 1875, e finalmente uma serie de artigos sobre a instrucção superior, com i leias muito importantes sobre a reforma das nossas academias, na Gazeta de Noticias em 1882. Tem ainda inéditos : -Estudos sobre a carta geologica e mineralógica do Brazil-O doutor Ennes de Souza fez pela imprensa uma declaração, de que voluntaria- mente tomava a si a empreza da carta geologica e mineralógica do Brazil, para o qual reunira materiaes e observações, e emprehendera viagens, convidando aos que se interessassem pela prosperidade patria para auxi- lial-o, lhe mandando mineraes, e lhe communicando suas observações especiaes sobre a natureza inorgânica. - A mineração e metallurgia do ferro. O que ellas são na Allema- nha e na Bélgica e seu estado nas provincias de S. Paulo e Minas-Ge- raes. Estudo especial sobre a fabrica de ferro de Ypanema, 1880. - Memorial sobre a mineralogia no muzeu nacional, apresentado ao senhor conselheiro Saraiva, presidente do conselho de ministros, 1880. - A proposito dos estudos sobre os portos do Brazil, especialmente do Maranhão e Ceará. 1881. - Estudo physico e chimico sobre o meteorito cahido em 1880 no Itapicurú-mirim, Maranhão, e que se acha no museu nacional. 1881. - Estudo chimico e industrial sobre o carvão de pedra da Chapada, provincia do Maranhão. 1881. - Memória sobre os terrenos do Rio de Janeiro. 1881. - Os terrenos auríferos de Cantagallo. 1881. A-ntonio Epaminondas de Mello - Natural de Pernambuco, filho do commendador Antonio Joaquim de Mello, de quem occupar-me-hei adiante, e de dona Magdalena de Mello, e bacharel em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de Olinda, representou sua provincia na 11a, 12a, 13a e 17a legislaturas. Não obtendo resposta de duas cartas que lhe dirigi, pedindo-lhe também na segunda aponta- mentos relativos a seu venerando pae, limito-me a dar noticia dos seguintes discursos, que publicou : - Fallencia do Banco do Brazil : discurso pronunciado na camara dos deputados na sessão de 2 de maio de 1879. Rio de Janeiro, 1879, 20 pags. in-8° - Defende o conselheiro Cansansão de Sinimbú, presidente do conselho de ministros, e do banco fallido. 156 A.N - Prerogativa da camara dos deputados : discurso pronunciado na camara dos deputados na sessão de 29 de julho de 1879, 19 pags. in-8.° Antonio Estevão da Costa e Cunha - E' natural da província da Bahia, professor da 3a cad ira da instrucção primaria da fregu izia de Nossa Senhora da Ajuda da ilha do Governador, e es- creveu : - Historia sagrada do antigo e novo testamento. Rio de Janeiro, 1876. - Novo methodo theorico e pratico de analyse sintatica para uso do imperial collegio de Pedro II e da escola normal da côrte. Rio de Janeiro, 1874. - Nova selecta dos antigos clássicos Bernardes, Frei Luiz de Souza, Rodrigues Lobo e Luiz de Camões, seguida do programma para os exames de preparatórios. Rio de Janeiro, 1877. - Primeiro livro ou expositor da lingua materna pelos professores Janúario dos Santos Sabino e A. Estevão da Costa e Cunha, adoptado pelo governo para as escolas primarias da côrte. Rio de Janeiro...- Segunda edição, 1883. - Memória sobre as escolas normaes. Rio de Janeiro, 1878. - Grmmatica elementar portugueza, adaptada ao ensino das escolas da instrucção primaria, quer dos menores, quer dos adultos, e bem assim dos collegios, lycêos, escolas normaes e aulas preparatórias. Rio de Janeiro, 1880. - Manual do examinando portuguez. Pariz, 1883 -E' um com- pendio das matérias indispensáveis para o estudo racional e methodico da lingua portugueza. - Viagem de uma parisiense ao Brazil: estudo e critica dos cos- tumes por mad. Toussaint Simon. Traducção annotada. R o de Janeiro, 1883 - Sahiu antes no Jornal do Commtrcio, 1883, ns. 73, 75, 80, 82, 83 e 84. Foi um dos directores da - Instrucção nacional: revista de pedagogia, sciencias e lettras collaborada por professores e litteratos. Rio de Janeiro, 1874. A_n.ton.io Eelicio dos Santos - Natural da província de Minas Geraes, fez o curso da faculdade de medicina do Rio de Janeiro, onde recebeu o grau de doutor em 1863 ; exerceu a clinica, a principio na cidade de Diamantina, e depois na côrte, instituindo uma casa de saude, que mais tarde passou a outro ; representou sua provi ncia na camara temporária em duas legislaturas, e representa-a na legislatura actual; e, antes de firmar-se em medicina, foi alumno pensionista do hospital da misericórdia, interno, por concurso, de clinica medica da fa- culdade e interno da casa de saude Nossa Senhora da Ajuda. 157 Escreveu : - Hypoemia intertropical : dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1863 - E' seguida de proposições sobr ; os seguintes pontos: Da albumi- núria durante a prenhez. Arsénico. Qual a natureza e tratamento das urinas vul^armente chamadas leitosas na chyluria, e a razão de sua fre- quência nos paizes inter-tropicaes. - O beri-beri na provinda de Minas Geraes. Rio de Janeiro, 1874. - Da dismenorrhèa expoliativa : hypothese, apontamentos e obser- vações. Rio de Janeiro, 1876 - Foi lido este trabalho na primeira sessão da sociedade medica, e publicado no 3o volume de sua revista. - Da acção abortiva do sulfato de quinino. Rio de Janeiro, 1874 - Sahiu na mesma revista. - Applicação do galvano-caustico á cura radical da hydrocele. Rio de Janeiro, 1874 - Idem. - Discurso pronunciado na camara dos senhores deputados na sessão de 22 de agosto de 1882. Rio de Janeiro, 1882. 45 pags. in-12 -Versa sobre assumptos de interesse á industria. Vntonio Felix Martins, Barão de S. Felix - Nasceu no Rio de Janeiro a 20 de novembro de 1812. Formado em medicina pela faculdade da côrte, foi nomeado lente substituto la secção medica da mesma faculdade, e passando depois de alguns annos, com a reforma das academias em 1855, a lente cathedra- tico de pathologia geral, pediu e obteve jubilação, tendo completado o temp > de exercicio que a lei prescreve. Tem exercido diversos cargos, como os de vereador e de presidente da camara municipal do município neutro; cirurgião da guarda nacional em que foi reformado com o posto de tenente ; inspector lo hospital marítimo de Santa Izabel de Jurujuba ; provedor de saude do porto, e membro di junta centr il de hygiene publica. E' do conselho de sua m gestade o Imperador ; medico da. imperial camara; grão-mestre honorário do grande oriente unido do Brazil ; membro do conselho director da instrucção publica; commendador da ordem da Roza e cavalleiro da de Christo ; membro honorário da imperial academia de medicina ; socio do instituto historico e geographico ; socio do conservatorio dramatico, do instituto dos pharmaceuticos, da socie- dade propagadora das bellas artes e de outras, e escreveu - além de diversos artigos nos Annaes brazilienses de 'medicina, o seguinte : - Irri abilidade e principio activo dos nervos : these para o con- curso ã cadeira de physiologia. Rio de Janeiro, 1843. - Memória histórica dos acontecimentos notáveis da faculdade de medicina do Rio de Janeiro durante o anno de 1857. Rio de Ja- neiro, 1858 - Com vários mappas e documentos. - Memória histórica dos principaes acontecimentos da faculdade de medicina do Rio de Janeiro, durante o anno de 1858, Rio de Janeiro, 1859 - Idem. 158 AN - C ompendio de pathologia geral - Inédito. - Breve noticia biographica dos treze membros da academia im- perial de medicina, que falleceram no periodo de 1850 a 1857, lida na sessão annual de 1858 em presença de sua magestade Imperial. Rio de Janeiro, 1858, 16 pags. in-4.° - Biographias dos fallecidos doutores Luiz Francisco Ferreira e João Maurício Faivre, recitadas em presença de sua magestade impe- rial na sessão publica da imperial academia de medicina em 1859. Rio de Janeiro, 1860 - Sahiu antes na Gazeta dos Hospitaes com muitos erros. - Elogio ao illustre brazileiro Evaristo Ferreira da Veiga - Sahiu no volume sob o titulo Honras fúnebres á saudosa memória do illustre cidadão e perfeito maçon C. •. R. •. C. •. Evaristo Ferreira da Veiga, da parte da Aug.•. e Resp. •. L. •. Intg. •. Rio de Janeiro, 1837, com o retrato deste. Por esta occasião escreveu também um soneto que'foi reci- tado na sociedade Amante da instrucção a 12 de agosto, e vem no Flo- rilégio da infanda por J. Jordão. - Discurso que por occasião da solemnisação do primeiro anniver- sario da fundação da Aug.-. L.-. Integ.'. Maç.'. fez e recitou-a etc. Rio de Janeiro, 1837. - Discurso sobre a caridade - Sahiu n'um opusculo com o titulo Sessão solemne da installação da caixa municipal de beneficencia do município da côrte a 29 de julho de 1860. Rio de Janeiro, 1860. - Discurso recitado na segunda sessão geral anniversaria da vene- rável congregação de Santa Thereza de Jesus. Rio de Janeiro, 1864, 38 pags. in-12 -Se acham no mesmo opusculo os discursos pronunciados na mesma occasião pela Baroneza de Gurupy e pelo doutor João Fernandes Tavares. - Elogio fúnebre do Visconde de Inhaúma. Rio de Janeiro, 1870. - Decorophobia : poema heroe-comico-sátyrico. Rio de Janeiro, 1880 - Foi publicado sob o anonymo. O Barão de S. Felix tem dado á estampa diversas poesias na Mis- cellania poética, e possue inéditos diversos poemas, odes, epistolas e outras composições poéticas. ^.ntonio Fei^iiandles Figueira- Filho de Manoel Fer- nandes Figueira e de dona Genuina da Rocha Figueira, nasceu no Rio de Janeiro a 13 de junho de 1863. Recebendo em janeiro de 1881 o grau de bacharel em lettras, matri- culou-se logo na faculdade de medicina ; é orador do instituto dos ba- charéis em lettras, membro da sociedade ensaios litterarios, e do grémio Castro Alves, e escreveu : - Adejos : poesias. Rio de Janeiro, 1880, 128 pags. in-8.° - Discurso, que pronunciou na sessão festival do grémio Castro Al- ves a 10 de junho de 1881 - Este discurso abre o livro « Homenagem do AIN 159 grémio litterario Castro Alves ao laureado poeta bahiano, Rio de Janeiro, 1881 », pags. 3 a 15. Segue uma poesia do mesmo autor em verso octo- syllabo. Ha em varias folhas do Rio de Janeiro poesias suas como o soneto : - Virgem da miséria-no Cruzeiro, e d'ahi transcripto em outras folhas da provincia. Antonio Fernandes da Silveira - Natural da pro- vincia de Sergipe e nascido no ultimo quartel do século 18°, foi pres- bytero do habito de S. Pedro, monsenhor da capella imperial, do conselho de sua magestade o Imperador, e commendador da ordem de Christo ; re- presentou sua provincia em diversas legislaturas, desde a primeira, em que foi também eleito pela provincia do Piauhy, e escreveu : - Resposta á carta escripta ao ministro do império Joaquim Vieira da Silva e Souza, pelos deputados Antonio Fernandes da Silveira e Joa- quim Martins Fontes contra a administração da provincia na presidên- cia do doutor Manoel Ribeiro da Silva Lisboa e seguida do relatorio de todos os actos do governo da mesma provincia naquella presidência. Ba- hia, 1835, 205 pags. in-4.° - Officio do monsenhor Antonio Fernandes da Silveira sobre a exis- tência de preciosas minas de ferro e de um rio subterrâneo na provincia de Sergipe - Vem na Revista do instituto historico, tomo 23°, pag. 129 e seguintes. Antonio Fernandes Trigo de Loureiro - Filho do conselheiro Lourenço Trigo de Loureiro e de don i Umbelina Luiza Fernandes da Silva Loureiro, natural da provincia de Pernambuco, e ahi fallecido, fez na faculdade de direito desta provincia o respectivo curso, nella recebeu o grau de bacharel e escreveu : - Manual de appellações e aggravos ou deducção systematica dos principios mais solidos e necessários, relativos a essa matéria, funda- mentada nas leis do império do Brazil. Rio de Janeiro, 1872. Antonio Ferrão Moniz - Filho do Barão de Itapororócas e da Baroneza do mesmo titulo, nasceu na cidade da Bahia a 28 de dezem- bro de 1813. Partindo para França em 1825, ahi principiou a estudar humani- dades, que foi concluir em Londres, para onde passara em 1827 ; e ma- triculando-se no curso de sciencias naturaes e mathematicas da uni- versidade desta cidade em 1833, não recebeu o grau de doutor por não ter esta universidade o direito de conceder graus. Nas férias de 1831, saudades da familia e da patria o trouxeram a visitar seus paes, vol- tando depois a Londres, d'onde mais tarde fez uma excursão pela França, Suissa, Allemanha e Italia, não continuando a visitar outros logares, 160 AN porque, fallecendo seu pai, foi obrigado a vir á Bahia, e tomar conta de uma prooriedide de assucar, engenho, casando-se então com dona Maria Adelaide Sodré. Cultor dedicado das lettras, pouco interesse tirando da lavoura, pas- sou a outro sua propriedade agricola, e vinde para a capital da pro- vincia em 1859, foi nomeaio director geral dos estudos, de cujo exer- cicio passou para o de director da bibliotheca publica, tornando a exercer aquelle logar interinamente, na recente administração do Barão Ho- mem de Mello, para o fim de elaborar um project > de reforma da in- strucção publica, o que effectivamente fez, apresentando um projecto neste sentido. Antonio Ferrão Moniz é commendador da ordem de Christo, e es- creveu : - Elementos de mathematicas : Elementos de arithmetica. Ba- hia, 1858, 378 pags. in-8° - Este livro é o primeiro de um curso com- pleto que tem escripto, mas que por motivos particulares não con- tinuou a publicar. A arithmetica é dividida em duas partes : Ia parte, da formação dos numeros; 2a, da comparação dos numeros. Tem em seguida um appendice, ou 3a parte, em que se trata da applicação da arithmetica ao commercio. - Reflexões sobre o projecto de lei apresentado pela comnv ssão encarregada da reforma da instrucção publica. Bahia, 1860, 144 pags. in-4.° - Nesta obra o autor trata da reforma que reclama a instrucção com tanta proficiência que foi pelo governo provincial incumbido de um trabalho neste sentido e então apresentou o - Projecto de reforma da instrucção na Bahia. Bahia, 1879 - E' uma reproducção por outros termos das ideias já manifestadas no escripto precedente. - Catalogo geral das obras de sciencias e litteratura que con- tém a bibliotheca publica da provincia da Bahia. Io volume, Bahia, 1878 - Este livro que traz na frente o retrato de dom Marcos de No- ronha Brito, Conde dos Arcos e fundador da biblioth jca publica da Bahia, contém como introducçâo do catalogo a classificação methodica e ency- clopedica de todos os conhecimentos humanos até á pagina 541, classifi- cação, por onde se póde bem apreciar a vasta erudição de seu autor. Contém em seguida uma Memória da bibliotheca publca da provincia da Bahia, escripta pelo bacharel Antonio Moniz Sodré de Aragão, filho do autor, e a este offerecida ; uma correspondência do Investigador portu- guez do mez de março de 1812 ; a biographia de Francisco Agostinho Gomes por Francisco Primo de Souza e Aguiar, e tres quadros desdobrá- veis da classificação de que se trata. - Trabalho da commissão da junta de lavoura' sobre os meios de se fazer a estrada de ferro da Bahia ao Joaseiro, apresentado pelos membros da commissão Antonio Ferrão Moniz, José Joaquim de Oliveira Junqueira e Justino Nunes do Sento Sé. Bahia, 1852, 17 pags. in-8.° AN 161 Antonio Ferreira França, Io - Filho de Joaquim Fer- rúra França ode dona Anna Ignacia de Jesus França, nasceu na cidade da Bahia a 14 de janeiro de 1771 e falleceu na mesma cidade a 9 de março de 1848. Formado pela universidade de Coimbra em tres faculdades - de medi- cina, de mathematicas e de philosophia - tão brilhante intelligencia sempre demonstrou, que obteve prémios em todos os exames dos tres cursos ; o celebre professor de mathematicas José Monteiro da Rocha abriu sómente para elle uma aula de astronomia ; foi-lhe ofíerecida uma cadeira na universidade, que não aceitou, declarando que seus serviços perten- ciam de direito ao Brazil ; e chegando á patría, foi logo nomeado lente de geometria, depois lente cathcdratico da escola de medicina, e final- mente lente de grego no lyceu. Foi deputado á constituinte brazileira, e em tres legislaturas subse- quentes, tendo a gloria de sentar-se na camara entre dous filhos seus, Cornelio Ferreira França e Ernesto Ferreira França ; e mais de ama vez, quando este, de imaginação ardente, de ideias liberalíssimas, se exaltava na tribuna, puxando-lhe pela aba da casaca, lhe dizia: «Prudência, senhor Ernesto ! » E o moço sorria e se continha, entretanto que elle discutia com a maior franqueza e coragem sem temer as consequências de suas palavras, como na camara mostrou quando, accusando energicamente o ministro da guerra, foi duas vezes interrompido por apupos e ameaças que lhe atiravam muitos militares das galerias, e duas vezes com a mais fria coragem, com esmagadora indifferença, repetiu a accusação. Já dessa coragem dera o doutor França provas, quando, travada a guerra entre as forças do general Madeira e os bahianos em 1822, entregue a capital da Bahia áquellas, e estes se retirando para o reconcavo, elle, que era vereador da camara, e claramente dedicado á independencia, nunca abandonou seu posto. Foi medico de sua magestado o senhor dom Pedro I; foi notável por sua franqueza de sentimentos, por sua independencia de caracter, e origina- lidade até no trajar, pois vestia roupas que serviriam bem em homens muito mais altos e gordos, e só uma vez fazia o laço de sua gravata, e era quando a comprava, para depois enfial-a pela cabeça. Foi verdadeiro philosopho e sabio, e entretanto nada escreveu além de suas - Prelecções de geomeria -com que leccionava a seusalumnos. Estas prelecções não foram impressas, nem sei quem as possue hoje. Entre ellas ha uma da origem dos signaes da numeração, em que o autor mostra a ma- neira por que se começou a representar os numeros no algarismo romano, como no commum, assumpto que, verdade é, vem mencionado na Língua dos cálculos de Condillac, mas que este não descreveu, nem explicou. O doutor França apresentou á assembléa muitos projectos de grande alcance, e também pareceres, como - Projecto da união das provindas por federação - cuja conveniencio firmara seu autor, sobretudo, na grande extensão do território brazileira. 162 AN - Projecto creando um congresso onde sejam decididas as questões entre as nações - E' um projecto semelhante ao do abbade de Saint Pierre, ha mais de um século, de um tribunal supremo das nações com o fim de assegurar entre si uma paz perpetua. - Projecto abolindo o celibato clerical - que foi causa de uma pole- mica entre o padre Feijó e o padre Luiz Gonsalves dos Santos, e sobre o qual escreveram outras pennas, como a do arcebispo dom Romualdo. - Projecto declarando livres os que nascessem de ventre escravo no Brazil - apresentado na sessão de 15 de julho de 1837, com o qual já não haveria hoje escravidão no império. - Projecto abolindo a pena de morte - apresentado por occasião da discussão do codigo criminal, a 6 de maio de 1830. -• Parecer sobre as medidas preventivas e de momento contra a cólera morbus-Vem reproduzido no Semanario de saude publica, tomo 2o pag. 399. E' um parecer em separado, que dera em agosto de 1832, na qua- lidade de membro da commissão de saude publica. Este trabalho, como todos os discursos do doutor França, pecca pela sua grande concisão. Para se avaliar quanto era conciso o doutor França, citarei o seguinte facto, que o doutor J. M. de Macedo refere no seu Anno biographico, tomo 2o pag. 311 : « Um deputado atacava por inútil e onerosa para o thesouro a creação de uma aula de grego. O doutor França, tomando a palavra, e obtendo li- cença do presidente para fazer uma pergunta áquelle deputado que acabava de sentar-se, perguntou : « V. Ex. sabe ou em algum tempo estudou e procurou saber alingua grega ? « Não, respondeu-lhe o collega. « Senhor presidente, disse o doutor França, tenho respondido ao nobre deputado. E sentou-se no meio da hilaridade da camara, que approvou em seguida a creação da aula de grego. » Diz-se que, quando pretendera ser medico de dom Pedro I, lhe dirigira n'uma folha de papel a seguinte petição : « Quererá vossa magestade me nom ar seu medico ? » O imperador leu e escreveu - Não ; mas logo depois dera-lhe a nomeação. Antonio Ferrei ra França, Í3°-Filho do precedente e de dona Anna da Costa Barradas, natural da Bahia e doutor em medicina pela faculdade de Paris, foi nomeado oppositor da secção cirúrgica da faculdade da côrte em 1855, substituto em 1857, e em 1859 lente cathe- dratico de pathologia externa, em que foi jubilado em junho de 1881. E' um dos mais notáveis operadores brazileiros ; serviu muitos annos como cirurgião do hosoital geral da santa casa de misericórdia ; é caval- leiro da imperial ordem da Roza ; membro titular da imperial academia do medicina, e escreveu : - Do diagnostico dos tumores da regido aocillar: these por oc- AN 163 casião do concurso ao logar de oppositor da secção de sciencias cirúrgicas. Rio de Janeiro, 1855. - Dos aneurismas externos em geral: these apresentada à facul- dade de medicinado Rio de Janeiro para o concurso a um logar de lente substituto da secção de sciencias cirúrgicas. Rio de Janeiro, 1857. - Programma do curso de pathologia externa da faculdade de me- dicina do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1871. - Elementos de pathologia externa. Rio de Janeiro, 1879, 579 pags. in-8° - Este livro foi escripto para compendio da aula regida pelo autor. Foi um dos redactores dos - Annaes brazilienses de medicina -revista que está no 42° anno de existência, começando em 1835 com o titulo de Revista medica flu- minense. Antonio Ferreira deLara Fernandos-Nas- ceu na cidade de Angra dos Reis, provincia do Rio de Janeiro, a 26 de novembro de 1832, sendo seus paes o tenente-coronel Bento José Fer- nandes e dona Maria Luiza de Souza Fernandes. Depois de ter exercido o logar de corretor de fundos da praça do Rio de Janeiro, foi nomeado collector das rendas geraes e provinciaes do mu- nicipio de Mangaratiba em 1862, e deste termo removido com igual exercicio para a collectoria da cidade de Barra Mansa em 1877. E' com- mendador da ordem da Roza e escreveu: - Imposto sobre os vencimentos. Decreto n. 3977 de 12 de outubro de 1867, que regula a cobrança do imposto de 3 % sobre os vencimentos, com todas as circulares, avisos, instrucções, portarias e modelos, não só do governo geral, mas também do provincial que têm havido até hoje. Colleccionado, etc. Rio de Janeiro, 1868, in-8.° Antonio Ferreira Mendes - Vivia nos primeiros annos do século XVIII. Era presbytero do habito de S. Pedro, varão de intel- ligencia vasta e esclarecida e cultivou com esmero a poesia, vindo seu nome, por este motivo, contemplado no Musaico poético de Emilio Adet e J. Norberto de Souza e Silva, publicado no Rio de Janeiro em 1844. Não conheço, porém, as composições, que publicou e foram poucas, porque seu autor as conservava inéditas. Das publicadas apenas conheço diversas - Poesias consagradas a D. João V, rei de Portugal - Vem no livro mencionado. Antonio Ferreira Finto - Natural da cidade do Rio de Janeiro, nasceu, segundo me parece, pelo anno de 1826 ou 1827 e falleceu a 22 de dezembro de 1864. Doutor em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro, cujo grau rece- bera em 1849, entrou em 1855 para um ogar de oppositor, e depois de substituto da secção medica da mesma faculdade. Talento robusto, não só 164 AN leccionava hygiene na faculdade, e philosophia em estabelecimentos de instrucção secundaria, sendo um destes o extincto lycau dos religiosos carmelitas, como, abrindo uma banca para escrever theses, escrevia ao mesmo tempo sobre diversos pontos e assumptos da sciencia trabalhos, que figuram hoje sob diversos nomes. Era cavalleiro da ordem de Chris- to, socio do gymnasio brazileiro, etc. Escreveu : - Breves considerações sobre a anesthesia durante o parto : these inaugural. Rio de Janeiro, 1849. - Discurso recitado na escola de medicina desta còrte no dia 20 de de- zembro por occasião da collação do grau de doutor em medicina - Vom nos Annaes brazilienses de medicina, tomo 5o, pags. 62 a 67. - Os tubérculos pulmonares e sua frequência no município do Rio de Janeiro. Proposições sobre os diversos ramos das sciencias medicas : these apresentada por occasião do concurso aos logares de opposito- res da secção medica em agosto de 1855. Rio de Janeiro, 1855. - Algumas palavras sobre a albuminúria. Proposições sobre todas as sciencias que compoem o curso de medicina da facullade do Rio de Ja- neiro : these de concurso para o logar de substituto da secção medica. Rio de Janeiro, 1858. - O medico da primeira infanda ou o conselheiro da mulher gravida, e hygiene da primeira infancia. Rio de Janeiro, 1860 - Este volume é seguido de um appendice, em que se trata da primeira dentição, da vaccina e da educação moral da primeira infancia, e de um formulário. - Memória histórica dos acontecimentos da faculdade de medicina do Rio de Janeiro, succedidos durante o anno de 1860-1861. Rio de Ja- neiro, 1861. Antonio IPerx^ei ra dos Santos Capimn^a - Irmão de João Gualberto Ferreira dos Santos Reis e de Ladislau dos San- tos Titara, dos quaes farei menção opportunamente, nasceu na província da Bahia pelo anno de 1790. Foi muito versado na língua latina que leccionou muitos ànnos, poeta muito estimado, como seus dous irmãos, e como elles prestou serviços á causa da independencia. Escreveu muitas poesias, de que publicou algu- mas em diversos jornaes, e o volume - Poesias. Bahia, 18*'- E' um livro, onde se acham enfeixa las muitas de suas composições poéticas. Sei que deixara inéditas grande numero delias. Das composições soltas ha o seu - Disfarce poético-no Musaico da Bahia, 1846, pags. 163 e 164. Antonio F,ei'reira Vi 111111:1 - E' natural da província do Rio Grande do Sul, onle nasceu a 11 de maio de 1834, doutor em direito pela faculdade de S. Paulo, director geral das aulas municipaes, advogado dos auditórios da còrte, e socio do instituto da ordem dos advogados brazi- leiros. Representou a còrte e a província do Rio de Janeiro na camara AN 165 temporária nas legislaturas de 1869 a 1877 e na primeira feita pela elei- ção directa. Escreveu : - A fusão. S. Paulo, 1859, 34 pags. in-8.° - Theses apresentadas á faculdade de direito de 8. Paulo para a obtenção do grau de doutor. S. Paulo, 1856. - Defesa do doutor Francisco Carlos da Luz. director do estabe- lecimento pyrotechnico do Campinho, perante o conselho de guerra e con- selho supremo militar. Rio de Janeiro, 1864 - Versa es-a defesa sobre factos praticados pelo doutor Luz na necessidade de manter a ordem e disciplina do estabelecimento. - Attentado prat eado na rua dos Barbonos pelo bacharel Raymundo Martiniano Alves de Souza e seus cúmplices. Rio de Janeiro, 1867 - Refere-se este volume ao rapto de uma senhora respeitável porsuaedade e posição, agarrada ao sahir de casa e mettida num carro, adrede prepa- rado para isto. - Biographra deJosè Bonfacio de Andrada e Silva - Sahiu na Gale- ria dos brazileiros illustres, tomo l.° - Biographia do doutor Gabriel José Rodrigues dos Santos - Idem. - Biographia de Angelo Moniz da Silva Ferraz - Idem, tomo 2.° - Conferencia dos divinos. Rio de Janeiro, 1867, in-12° - Sahiu sob o anonymo. Apoz esta publicação appareceu em resposta outra com o titulo de Conferencia dos humanos, também sob o anonymo, que ó uma satira ferina contra o doutor Ferreira Vianna, já então conhecido como autor da primeira. - Conferencia radical. Terceira sessão. Discurso sobre a abolição da guarda nacional. Rio de Janeiro, 1869, in-4.° - Discurso pronunciado na camara dos senhores deputados em sessão de 10 de junho de 1869 por occasião da discussão dos artigos additi- vos ao projecto da lei de orçamento. Rio de Janeiro, 1869, 28 pags. in-8.0 - Discurso proferido na camara dos senhores deputados em sessão de 31 de maio na discussão da resposta à falia do throno. Rio de Janeiro, 1871, 44 pags. in-8.° - Ao distincto parlamentar Paulino José Soares de Souza, etc. offe- rece o deputado do 2o districto doutor Antonio Ferreira Vianna (Discurso da sessão de 30 de janeiro). Rio de Janeiro, 1873, in-12. Ainda existem impressos em avulso alguns de seus discursos parlamen- tares, como os das sessões de 4 d e março e 2 de junho de 1874, os de 18, 19 e 20 de março de 1875 sobre o orçamento do ministério da guerra ; os de 5, 7 e 10 de abril de 1875 sobre o orçamento do ministério da fa- zenda, etc. - Discursos proferidos no supremo tribunal de justiça na sessão de 1 de junho de 1874 pelos excellentissimos senhores conselheiro Zacarias 166 AN de Goes e Vasconcellos e doutor Antonio Ferreira Vianna por occasião do julgamento do senhor dom Antonio de Macedo Costa, bispo do Pard, precedidos da accusação feita pelo procurador da justiça, dom Francisco Balthasar da Silveira. Rio de Janeiro, K74, 102 pags. in-8.° - Regulamento para as escolas municipaes. Rio de Janeiro, 1872, 7 pags. in-4° - Este regulamento o autor escreveu na qualidade de presi- dente das escolas. - Carta circular do doutor Antonio Ferreira Vianna. Rio de Janeiro, 1878, 15 pags. in-8° - Versa sobre sua candidatura á representação na- cional. - Libellos políticos, I. Synthese. Rio de Janeiro, 1878, 118 pags. in-16°. O doutor Ferreira Vianna redigiu o Diário do Rio. Rio de Janeiro, 1868-1869. D. Antonio Ferreira Viçozo. Conde da Conceição, e Bispo de Marianna - Filho de Jacintho Ferreira Viçozo, por antonomasia o manso por causa de sua notável e singular brandura, nasceu na villa de Peniche, em Portugal, a 13 de maio de 1787, e falleceu em sua dio- cese a 7 de julho de 1875. Sendo seu pai protector do convento de carmelitas de Olhalvo, perto de Peniche, foi o menino Antonio aos nove annos de idade entregue ao respectivo prior, que o aperfeiçoou nas matérias da instrucção primaria, e lhe ensinou os primeiros estudos de humanidades, os quaes foram con- cluidos no seminário de Santarém. D'ahi passou para a congregação dà missão, onde cantou sua primeira missa a 8 de maio de 1818, sendo logo nomeado lente de philosophia na referida congregação. Vindo para o Rio de Janeiro um anno depois para ser empregado nas missões do Brazil, foi designado para seguir para Minas Geraes, onde desde então até o dia de sua morte levou por toda a parte a fama de suas virtudes, e dos seus feitos no serviço da religião. Pouco tempo, po- rém, depois de sua chegada ao Brazil, fôra eleito superior da congre- gação, logar que só deixou em 1844 por ter de assumir o cargo de bispo de Marianna, para o qual fôra nomeado a 7 do janeiro do anno prece- dente, e desta época em diante mais incansável ainda se mostrou elle no serviço da igreja. Fez em sua diocese as mais salutares reformas e instituições, como a do seminário episcopal ; já pregando muito, antes de ser bispo, desde que entrou em Marianna, pregava todos os domingos e dias santificados na cathedral, sendo ahi sempre enorme a concurrencia dos que iam ouvil-o no seu estylo simples, mas grave e tocante, e só não comparecia á cathedral em taes dias, quando andava em visitas diocesa- nas, que elle fazia muitas vezes, sempre em predica, de modo, que nenhuma igreja ou capella houve sob sua jurisdicção, onde elle se não fizesse ouvir. Quasi diariamente subia ao púlpito ; e muitos dias subiu duas, e até tres vezes ! A.W 167 Escreveu : - Pastoral (datada de 5 de maio de 1844). Marianna, 1844 -Vem transcripta na obra « Vida do ex.m0 e rev.m0 senhor dom Antonio Fer- reira Viçozo, bispo de Marianna, pelo padre Silverio Gomes Pimenta », pags. 95 a 107. (Veja-se Silverio Gomes Pimenta.) - Pastoral annunciando sua visita aos povos da diocese. Marianna, 1845, 1 fl. in-folio. - Edital instrundo os fieis afim de receberem com as necessárias disposições o sacramento da chrisma. Marianna, 1847. - Duas circulares, pedindo auxilio para obras pias, e para o estabele- cimento de missões perpetuas. Marianna, 1849 e 1864, 1 fl. cada uma, in-folio. - Pastoral dada aos 16 de janeiro de 1865. Marianna, 1865, 1 fl. in-folio. - Pastoral concedendo indulgências aos que honrarem a Santa Vir- gem com orações no mez de maio. Marianna, 1871, 1 fl. in-folio. - Pastoral premunindo os seus diocesanos contra os folhetos Ím- pios e a sociedade maçónica. Marianna, 1872, 4 pags. in-4.° - Pastoral publicando o breve Quamquam dolores - Vem no Apos- tolo de 24 de agosto de 1873. - Pastoral premunindo seus diocesanos contra as ciladas da ma- çonaria - Idem de 4 de março de 1874. - Pastoral sobre a abolição do artigo 5° da constituição do império - Idem de 14 de maio de 1874. - Acto da consagração da diocese de Marianna ao Santíssimo Co- ração de Jesus : pastoral, recommendando esta consagração. Marianna, 1876, 1 fl. in-folio. - Regulamento para o seminário episcopal, de Marianna, dado em janeiro de 1845 - Vem na citada obra de pag. 131 em diante. De seus sermões que se conservam inéditos, citarei os seguintes, de que na mesma obra do padre Silverio se faz menção : - Sermões sobre os mistérios da paixão de Nosso Senhor Jesus Christo. - Sermões sobre as dores de Maria Santíssima - Nestes sermões, principalmente, eleva-se dom Antonio Viçozo com tão arrebatadora elo- quência, que mais alto não é possível, segundo a expressão de seu illus- trado biographo. - Sermão sobre o vicio da incontinência e da mancebia, pregado na povoação dn Itatiaya em 1854 - Depois deste sermão, de cincoenta indiví- duos que ahi viviam em concubinato, quarenta e nove se casaram. Um apenas, que não se casara logo, foi procural-o, tomado de vergonha com sua companheira, na retirada do bispo, para receber deste a bênção nu- pcial ! 168 AN - O Romano : miscelania dogmatica, moral, ascética e histórica. Ma- rianna, 1851-1852 - Dom Antonio Viçozo teve por companheiro na publi- cação dâ Miscelania o padre Luiz Antonio Gonçalves, depois bispo do Ceará. _A.n.toiiio Florencio Pereira <lo Lago-Nasceu em 1827 na província do Rio Grande do Sul. E' bacharel em sciencias physicas e mathematicas e major do corpo de estado maio? de primeira classe ; tem exercido diversas commissões, quer do ministério da guerra, quer do da agricultura, sendo por ordem do governo o fundador da colo- nia do alto Uruguay ; é official da ordem da Roza, cavalleiro da de Christo edade S. Bento de Aviz ; condecora lo com a medalha da campanha do Uruguay de 1851, e com a da guerra do Paraguay, e escreveu, além de outros trabalhos officiaes : - Relatorio dos estudos da commissão exploradora dos rios Tocan- tins e A.raguaya. Rio de Janeiro, 1876, in-8° gr. - Planta topographica da cidade do Desterro, levantada pelos enge- nheiros major Antonio Florencio Pereira do Lago, Carlos Arthur Schla- pal. 1876- Lythographada no archivo militar. Vntonio rortunato de Brito - Filho do conselheiro José Fortunato de Brito Abreu Souza e Menezes ede dona Anna Dorothéa Gonsalves de Brito Menezes, nasceu no Rio de Janeiro a 13 de junho de 1828, e falleceu a 17 de julho de 1863. Doutor em medicina pela faculdade da côrte, de uma intelligencia vi- gorosa, palavra facil e elegante, era grato ouvil-o sobre qualquer das scien- cias que conhecia. Uma vez, sendo estudante, fizera elle um discurso so- bre uma questão de philosophia ; e o venerando frei Monte Alverne, que por acaso ouvira-o, já cego, pedindo que o guiassem ao joven philosopho, não só abraçou-o, como beijou-lhe a face. Era moço fidalgo com exercí- cio da casa imperial ; socio do conservatorio dramatico, da sociedado amante da instrucção ede diversas associações litterarias e beneficentes, e escreveu : - Poesias diversas - Infelizmente nunca foram ellas colleccionadas, e poucas foram as publicadas, sob o anonymo. Existem inéditas em poder dos irmãos do autor, e são pela maior parte em estylo humorístico. - Tres theses em sciencias accessorias, cirúrgicas e medicas, apre- sentadas e sustentadas perante a faculdade de medicina, etc. Rio de Ja- neiro, 1850- Duas destas theses são escriptas em proposições ; em dis- sertação é a terceira, isto é : Primeiras linh>s da top)graphia da cidade do Rio de Janeiro, sua elevação sobre o nivel do mar, exposição, natureza do terreno, temperatura, meteorologia, hygrometria, aguas, que infiuen- cia tem tudo isto sobre a saude da população. Ha um opusculo do doutor Antonio Fortunato com o titulo : - Duas palavras sobre uma amputação. Rio de Janeiro- Foi escripto por occasião de uma desharmonia que teve com um collega. AN 169 Antonio Francisco Arêas - Natural da provincia do Rio Grande do Norte, presbytero secular do habito de S. Pedro e capellão da armada, serviu na companhia de aprendizes marinheiros de sua pro- vincia e manifestou-se na diocese de Olinda, á qual pertencia, em oppo- sição ás ideias do respectivo bispo por occasião da questão religiosa, es- crevendo : - O Evangelho de Chri st o perante a egreja dos papas. Recife, 1875 - Esta obra trouxe ao padre Arêas a suspensão de suas ordens, como era de esperar-se. Antonio Francisco de Assis Goes - Natural da ci- dale de Marianm, provincia de Minas Geraes, teve a infelicidade, ao fazer uso da razão, de não conhecer seus paes, de mo lo que toda sua edu- cação correu po r conta da municipalidade, e de algumas almas bemfazejas que o fizeram estudar as aulas de humanidades no seminário episcopal e n'um collegio particular. A morte de um seu protector, quando se dispunha a entrar para o semi- nário maior, levou-o a se apresentar ao concurso á uma cadeira da ins- trucção primaria em 1857. Em 1869, poróm, pedindo demissão do magis- tério publico, veiu para o Rio de Janeiro, e continuou no magistério par- ticular, ora como simples professor de grammatica portugueza e latina, ora como director de collegios, demorando-se mais tempo em Petropolis. Mas, encommodos de saude o determinaram a voltar á sua provincia, e en- tão, sempre dedicado á educação da mocidade, fundou e dirige o externato Santo Antonio em Leopoldina, tendo escripto : - Epitome da gecgraphia e historia do império do Brazil. Petro- polis, 1872, in-8.° - Compendio de rhetorica-Inédito. O autor não o tem dado ao prelo á falta de recursos. - Compendio de grammatica nacional- Idem. Na imprensa periódi- ca de Petropolis se publicaram alguns trabalhos de Assis Goes sobre a instrucção publica, sobre a guerra do Paraguay e sobre política. A-ntonio Francisco Duarte - Filho legitimo de Joa- quim Francisco Duarte, nasceu cm Pernambuco a 18 de janeiro de 1840 ; estudou todo curso de artilharia da academia militar ; assentando praça em 1859, foi promovido a segundo-tenente em 1864, a primeiro-tenente em 1867 e a capitão em 1868 ; esteve na Europa em commissão do go- verno e alli se acha actualmente ; foi instructor e professor do deposito de aprendizes artilheiros ; serviu na secção de trabalhos graphicos e de deposito do archivo militar ; é membro adjunto, servindo de secretario da commissão de melhoramentos do material de guerra, cavalleiro da or- dem da Roza, e da de S. Bento de Aviz, e escreveu : - Geometria pratica. Rio de Janeiro, 1871. 170 AN - Manual do aprendiz artilheiro, approvado pela commissão de me- lhoramentos do material do exercito para ensino dos corpos de artilharia e do deposito de aprendizes artilheiros por aviso do ministério da guerra de 21 de setembro de 1870. Rio de Janeiro, 1870, com 97 figuras em oito folhas desdobráveis. - Manual do soldado de infantaria, extensivo ao soldado de artilha- ria e de cavallaria. Rio de Janeiro, 1872, com diversas figuras, etc. A_n.ton.io Francisco Dutra e Mello - Filho de An- tónio Francisco Dutra e Mello e de dona Antonia Roza de Jesus Dutra, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 8 de agosto de 1823 e falleceu a 22 d í fevereiro de 1846. Coin poucos annos de idade perdendo seu pai, e ficando extremamente pobre, pôde com os maiores sacrifícios de sua triste mãi entrar em um collegio, e com tal applicação estudou, que aos dezesete annos já sabia diversas linguas, e todas as matérias que entram n'um curso com- pleto de humanidades, e já leccionava algumas. Alguns amigos então, entre elles o director do collegio, o animavam a matricular-se n'alguma das academias do império, cotizando-se elles para este fim; mas Dutra e Mello nunca pôde annuir, porque, dizia elle, era preciso pe- dir ao trabalho diário, prompto e certo, embora penoso para suas for- ças, a subsistência do dia subsequente para sua mãi e seus irmãos me- nores. Quando descançava, ou tinha folga de seu trabalho, se dava ao cultivo da poesia. « Pallido e sempre meditabundo, suas poesias - disse o Barão de Santo Angelo - parece que elle as escrevera já sentado no esquife ; ellas têm a côr do luto e o hálito da sepultura ; ha nellas um veu de tristeza, como a mortalha que o vestiu. » E com effeito pouco viveu; porém, na expressão do doutor L. F. da Veiga - a vida de Dutra e Mello « que aos 23 annos morreu virgem (dizem-no todos), anjo, sabio e genio, foi um breve, mas preciozo curso de moral publica e privada. » Era socio correspondente da sociedade polytechnica de Paris, e de di- versas associações scientificas e litterarias do império, e escreveu: - A noite de S. João no collegio de instrucção elementar ou col- lecção de charadas offerecidas á mocidade estudioza, que o frequenta, por um professor e ex-discipulo do mesmo collegio. Rio de Janeiro, 1841, 1842 e 1843. 3 vols. -Foram publicadas tres annos consecutivos, con- tendo a Ia collecção cento e cinco charadas ; a 2a cento e qúatro ; e a 3a cento e oito. Nesta época as charadas constituiam um agradavel entrete- nimento nos salões. - Novo curso pratico, analy'ico, theorico e sinthetico da lingua ingleza por Th. Robertson, traduzido e applicado á lingua portugueza por Antonio Francisco Dutra e Mello e João Maximiano Mafra : obra ado- ptada pelos professores George Gibson e Joseph Plaisant e offerecida á estudiosa mocidade brazileira. Rio de Janeiro, 1842. AN 171 - Ramalhete de flores offerecido ásjovens fluminenses. Rio de Ja- neiro, 1844 - E' um opusculo contendo, além do prologo em proza e da dedicatória, uma invocação, o jardim de Flora, e cem decimas com refe- rencia a cem especies de flores, no qual collaborara José Manoel do Rozario. A Minerva brazileira publicou desta obra uma critica litteraria, assignada por L. O. O. E. com alguns extractos do livro. Nesta revista se encontra de Dutra e Mello as composições seguintes : - Amor : inspiração postiça, offerecida a seu amigo Domingos G. Jardim Júnior- No n. 11, pig. 334. - Melancolia inspiração poética, offerecida a seu amigo Santiago Nunes Ribeiro - N. 13, 1844, pag. 394. - Uma manhã na ilha dos Ferreiros, (5 de janeiro) dedicada a M. de Araújo Porto-alegre - N. 15, 1844, pag. 462. - O cometa em 1843 : inspiração poética - Idem, pag. 624. - A Moreninha : critica litteraria ao romance de J. M. de Ma- cedo- N. 24, 1844, pag. 747. Vem ainda precedendo a 5a edição do ro- mance de igual titulo. - Os cedros do Libano - N. 3, 1845, pag. 49, tomo 3.° - Ilymno á Polonia ; poesia por M. de La-Mennais, traduzida da proza franceza para o verso portuguez - N. 7, 1845, pag. 108, idem. - O mosteiro de Nossa Senhora de Monserrate do Rio de Janeiro, da ordem do patriarcha S. Bento. Com uma estampa - Idem, pag. 151. - Uma visão (proza em estylo apocaliptico) - Tomo 1°, serie 2a, pag. 276. - A noite : inspiração poética - Idem, pags. 279 a 284. E mais al- guns artigos de menos folego. - Collecção de poesias - Esta collecção foi feita por M. de Araújo Porto-alegre, que principiou a imprimil-a ; mas, tendo de ausentar-se da côrte, ficou a impressão na folha 17a e nunca se concluiu. O doutor L. F. da Veiga possue a collecção que contém : A noite. Uma manha na ilha dos Ferreiros. O comêta em 1843 (já publicados). Volta de Botafogo. O rapto. A nuvem da Gavea. A guerra. A opinião. O su- blime da temp stade. O genio nascente, dedicado a J. M. Mafra. O sino do coração. Deus. O meu anjo da guarda.. A patria. Uma palavra. Um vate. A independencia do Brazil. Oração. O anjo das bênçãos. Botão de roza. A saudade. O vento. Meia noite. Uma lagrima de amor. Ode a dom A. de Saldanha da Gama, e mais uma ode. Inéditas deixou Dutra e Mello as obras seguintes : - Collecção de poesias - que o mesmo doutor Veiga possue, con- tendo : noventa e cinco sonetos, noventa motes glosados, vinte poesias em quadras, oito madrigaes, sete epigrammas, cinco epistolas, quatro cantigas, quatro peças poéticas em tercêto, quatro odes, duas oitavas, duas lyras, uma inspiração, um idylio, uma poesia em quintilhas, e uma anacreôntica, quasi todas datadas de 1838 a 1843. 172 AN - Inspirações poéticas : collecção de versos - onde se acham : O sentimentalismo. Sobre um sepulchro. A vingança, etc. - Meditações poéticas : collecção de versos - contendo : A vida e a eternidade. A ventura. A ambição. A solidão. O amor (objecto tam- bém de uma inspiração). As paixões (também com o titulo A' Emilia : suspiro a minha amada). O somno. A melancolia: suspiro a um amigo ausente. A amizade. A philosophia. A verdade. A consciência. A morte. Deus. A religião. A belleza. A opinião. A alma. A paciência. A sabedoria. A guerra. - Discurso por occasião da inauguração da sociedade cultivadora da litteratura brasileira. - A queda de um anjo -Creio que é um romance. E' um trabalho em proza. - Um demonio atrapalhador- Idem. - Historia c ritica da lingua latina - Desta obra dão noticia Januá- rio Matheus Fe rreira no Diário do Rio de Janeiro de 12 de março de 1846, o doutor J. F. Sigaud no Annuario político, histórico e estatístico do Brazil de 1846 á pag. 478, o doutor J. Ti to Nabuco de Araújo, e o doutor L. F. da Veiga que conhece todas as obras do autor. Antonio Francisco d.e Lacerda- Fallecido, ha cerca de dez annos, portuguez, mas naturalisado brazileiro, exerceu a profissão commercial com um importante estabelecimento de consignações na Bahia, sendo negociante matriculado, e escreveu : - Parecer de uma commissão de negociantes sobre o meio de pro- mover a agricultura na Bahia, etc. Bahia, 1846, lOpags. in-8° - Assi- gnam também o parecer André Comber e João S. Gillmer. yVnlonio Francisco de Hollanda Ca- valcanti de Albuquerque, Visconde de Albuquerque -Filho do capitão-mór Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque e de dona Maria Rita de Albuquerque Mello, nasceu em Pernambuco a 21 de agosto de 1797 e falleceu no Rio de Janeiro a 14 de abril de 1863. Assentou praça no exercito aos dez annos de idade, sendo promovido a diversos postos até o de tenente-coronel, em que se reformou em novem- bro de 1832 ; serviu em Moçambique como ajudante de ordens do gover- nador ; serviu em Macau, sendo nomeado lente da escola real de pilotos, e sargento-mór do batalhão doprincipe regente ; d'ahi vindo para o Bra- zil, serviu em Pernambuco em 1824 á causa da monarchia ; foi deputado por sua província em diversas legislaturas, e senador do império em 1838 ; ministro da fazenda no gabinete de 4 de outubro de 1830 e no subsequente de 18 de março de 1831 ; ministro do império e interinamente da fazendano gabinete de 3 de agosto de 1832 ; ministro da marinha no de 24 de julho de 1840 (o primeiro do reinado de dom Pedro II), no de 2 de janeiro de 1844, sendo interinamente da guerra, e no de 2 de maio de AN 173 1846; e finalmente ministro da fazenda no de 30 do maio de 1862, em cujo cargo falleceu. Era conselheiro de estado, gentil-homem da imperial camara ; ornavam- lhe o peito muitas condecorações nacionaes e estrangeiras e escreveu div?rsos - Relatórios escriptos de 1831 a 1862 - como ministro e secretario de estado das diversas pastas que occupou. - Princípios de desenho linear, comprehendendo os de geometria pratica pelo methodo de ensino mutuo, extrahidos do L. B. Trancoeur. Rio de Janeiro, 1829. De trabalhos governamentaes ha alguns de sua penna exclusiva mente, como o - Regulamento para as capitanias do porto. Rio de Janeiro, 1846 - Foi publicado com o decreto n. 447 de 19 de maio deste anno. Antonio Francisco de Inania e Souza - E' natural da provincia de S. Paulo, filbo do conselheiro Antonio Francisco de Paula e Souza e de dona Maria Raphaela de Barros e Souza, formado em mathematicas na Allemanha ou na Suissa e escreveu : - A republica federativa no Brazil. S. Paulo, 1869, 24 pags. in-4.° - Projecto para o levantamento da carta corographica da provin- cia de S. Paulo, pelos engenheiros Antonio Francisco de Paula e Souza, Adolpho Augusto Pinto e J. Pinto Gonsalves. R;o de Janeiro, 1880, 14 pags. in-4.° A^ntonio Francisco Toscano - Natural da provincia do Rio de Janeiro, falbceu na côrte a 21 de setembro de 1882. Era presbytero do habito de S. Pedro ; doutor em cânones, cujo grau obteve em Roma ; capellão capitão do corpo ecclesiastico do exercito e secretario do mesmo corpo ; cavalleiro da ordem da Roza, e escreveu : - Resumo da doutrina christã, organisado segundo o ultimo pro- gramma para o ensino desta disciplina nas escolas primarias. Rio de Ja- neiro - Deste livro ha quatro edições. Só vi a terceira feita por Seraphim J. Alves, Rio de Janeiro, 1876 ; e a quarta pelo mesmo Serafim Alves, Rio de Janeiro, sem data, mas feita em 1882, de 40 pags. in-12. A.ntonio Franco da Costa Meirelles - E' natural da cidade de S. Salvador, capital da Bahia, filho de Antonio Franco da Costa Meirolles e de dona Iguez Alves de Figueiredo Meirelles. Doutor em medicina pela faculdade desta cidade, obteve por concurso a nomeação de professor da lingua ingleza no lyceu pouco tempo depois de sua formitura e mais tarde a de professor da mesma lingua no pe- queno seminário archiepiscopal, e tem servido na directoria da instrucção publica, já como membro do conselho superior, já como director. Escreveu : 174 AN - Breves considerações acerca da sabedoria de Deus, revelada na organização do homem : these apresentada e sustentada perante a fa- culdade de medicina da Bahia, etc. Bahia, 1852 - Na introducção desta obra escreve seu autor : « Deus nada formou inutilmente. No inexhauri- vel e infinito campo da natureza cada objecto occupa seu logar compe- tente e adapta-se aos fins de sua conformação. Em todas as sciencias encontra-se disso provas exhuberantes. Partindo deste principio, fomos interrogar a nossa tão complicada, e por vezes misteriosa organização.» - Elementos de grammatica inglesa. Bahia, 185 -Teve segunda edição, Bahia, 1867, e creio que ha outra ainda. Esta grammatica foi ap- provada pelo conselho da instrucção publica. - Vade-mecum do parteiro (ultima edição, 3a) pelo doutor Ed. Rig- by ; traduzido do inglez. Bahia, 1857. - Revista de instrucção publica : periodico creado pela lei de 16 de maio de 1870, que reformou os estudos e destinado exclusivamente ao desenvolvimento da instrucção popular. Publicação quinzenal. Bahia, 1870-1872. Antonio Frederico Cardozo de Menezes e Souza -Nasceu na cidade de Taubaté, província de S. Paulo, a 11 de julho de 1849, sendo seus paes o conselheiro João Cardozo de Menezes e Souza, hoje Barão de Paranapiacaba, e da Baroneza do mesmo titulo ; é formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade do Re- cife, tendo feito os quatro primeiros annos do curso na de S. Paulo, e exerce no thesouro nacional o cargo de official da directoria geral do contencioso. Desvelado cultor da musica, tem composto para piano, instrumento de sua predilecção, um grande numero de peças, e escreveu : - Folhetins da Gazeta de Noticias - Versam sobre vários assumptos, como : Gotíschalk ; A morte de Chopin ; Francisco Pereira da Costa, etc. - O doutor Negro : drama traduzido - Não me consta que fosse im- presso. Foi levado á scena no theatro de Sant'Anna a 15 de julho de 1881, onde foi calorosamente applaudido, sendo o auctor, mais de uma vez, chamado á scena. - Sebastião de Carvalho : drama.... - Um deputado pela eleição directa : drama em 4 actos-Tanto a lettra como a musica são de sua penna. Foi levado á scena pela primeira vez com muito applauso no Recreio Dramatico emjunho de 1882. De suas composições de musica sei que publicou entre outras ; - Lacrimosa : romance sem palavras á memória deM. L. Gottschalk. - A Rebrea: recitativo -A poesia é do finado poeta bahiano A. de Castro Alves. - Hymno a Camões : composição para ser executada no theatro S. Luiz, por occasião do centenário do poeta. Rio de Janeiro, 1880. - Ruy Blas de Marchetti: phantasia para salão. AN 175 - Santa Cecília : nocturno romance. - Celeste : cântico do berço. - Quadrilha brilhante : para piano sobre motivos do Le roy du salon, de Mass net. - Os canarios . polka caracteristica a quatro mãos. -• O canto do sabiá : walsa caracteristica. - Canto do peru : polka de salão. - Amado : polka para piano. - Colibri: polka de salão. - Paladini : polka de salão. - Ninguém me qu ira : polka lundú. - All Right: polka. - Carlos Gomes : polka. - Os rouxinoes : polka. - Rappelle toi : romance para piano e canto, poesia de Alfredo de Musset. - Borghi-Mamo : walsa brilhante, offorecida á prima-dona Herminia Borghi-Mamo. - Mephistophelis : phantasia de salão. - Saudoza : mazurka. - Pensamento elegíaco : melodia. - Scalchi : walsa brilhante alia signora Scalchi-Lolli com o retrato da cantora. - O cocheiro de bond : cançoneta cómica, escripta expressamente para a festa artística em beneficio do actor Mattos no theatro SanfAnna, e a este offerecida - Foi executada a 24 de janeiro de 1883, sendoalettra de Arthur de Azevedo. Antonio Galbriel d.a Silva Bueno - E' natural da província de S. Paulo ; fez o curso de infantaria e de cavallaria pelo regulamento de 1863 ; entrou pira a classe militar com praça a 2 de janeiro de 1868 ; foi promovido a segundo-tenente de artilharia em 1874, e a tenente de infantaria, para cuja arma fôra transferido, em 1878, e escreveu : - Considerações sobre a organização da arma de infantaria em batalhões de oito e seis companhias e em corpos de quatro compa- nhias. S. Paulo, 1871 - E' um opusculo também assignado pelo tenente Paulo Pinto Auto Rangel. A.ntonio Gentil Tbirapitanga - Nasceu na provín- cia da Bahia pelo anno de 1805 e na mesma província falleceu, ha muitos annos, tendo prestado serviços á independencia por occasião da luta travada com as forças luzitanas commandadas pelo general Madeira. De- dicou-se muito moço á instrucção das matérias do ensino primário, de que foi um habilíssimo professor, e exerceu por muito tempo o magis- 176 AN terio na casa pia dos orphãos da Bahia. Ultimamente leccionava pelo methodo de Castilho, sou amigo, que em sua passagem pela Bahia o vi- sitou em seu estabelecimento. Escreveu : - Compendio grammalical, reduzido a dialogo, para uzo dos prin- cipiantes no ensino das primeiras lettras por A. Gentil Ibirapitanga. Bahia, 1865 - Esta não é a primeira edição deste compendio, entretanto nada se d clara no front?spicio do livro, e ainda occorre á primeira folha o seguinte sob o titulo de Advertência : « O mundo marcha o com elle a civilisação e a seiencia. Os erros se emendam e os enganos se cor- rigem. Vendo que a grammatica de Gentil, impressa ultimamente na França, não só veiu pejada de erros (alguns dos quaes pareceram ser do autor e não da impressão) resolvi-me, baseado na mesma grammatica, e fazendo as alterações que a sciencia grammatical exige, fazer uma nova edição e publical-a para maior intelligencia dos meninos de pri- meiras lettras. » E esta advertência nenhuma assignatura traz, nem ha indicio de quem seja o autor delia. - Plano para o ensino das primeiras lettras, aproveitado dos tres methodos : mutuo, individual e simultâneo - Vem no Musaico, pags. 232 e seguintes, Bahia, 1846. Assevera o autor ter tirado bons resul- tados desse plano, e a directoria do Musaico o recommen la ao conselho da instrucção publica. Vntoiiio Gomes Ferreira Brandão - Sei apenas que estudara direito e obtivera o grau de bacharel, exercera o cargo de secretario da legação brazileira em Paris, e escreveu : - Retrato do imperador Marco Aurélio, feito por elle mesmo no livro primeiro de suas Reflexões, etc. ; offerecido a sua magestade o senhor dom Pedro II, Impera lor do Brazil. Paris, 1832 - Esta obra traz o texto em grego ao lado da traducção portugueza, e dous retratos lytho- graphados, o do imper.dor a quem é ofíerecida a traducção, e o do im- perador Marco Aurélio. Antonio Gomes Ferreira cie Castilho - Na- tural da Bahia, onde vivia nos últimos annos do século XVII, era mor- gado da Ponte-da-Folha e reunia to los os dotes que podem constituir uma perfeita felicidade, os da natureza, da firtuna e da nobreza; cul- tivou as lettras e era poeta, revelando desde criança um talento maravi- lhoso, sobretudo para a satyra, em que se tornou rival de seu conterrâneo Gregorio de Mattos. Escreveu, segundo affirma Bento da Silva Lisboa, na sua Memória das pessoas illustres da Bahia, muitas - Satyras, elegias, etc. - que o mesmo Lisboa considerava sublimes. Só vi, porem, de Castilho : - Despedidas a meu filho : soneto - que vem no Musaico poético de Emilio Adet e J. Norberto de Souza e Silva, e é seguido de outro soneto, em resposta, de seu filho Pedro Gomes Ferreira de Castilho. A.N 177 Antonio Gomes de Mattos - Natural do Rio de Ja- neiro e nascido a 10 de dezembro de 1829, tendo feito o curso da aca- demia de marinhx e entrando no serviço da armada, fez a campanha do Rio da Prata de 1851 a 1852 ; serviu como director das officinas de ma- chinas do arsenal da côrto, e já primeiro-tenente, indo á Europa aper- feiçoar-se no estudo de machinas, deixou a armada, e é actualmente ca- pitalista e proprietário, de sociedade com outro, da grande officina de machinas a vapor, de construcção naval, etc., á rua da Saude n. 98, cuja firma primitiva fôra de Maylor & C.a E' official da ordem da Roza ; cavalleiro da Legião de Honra, da França ; cavalleiro da Coròa de Ouro, da Italia ; condecorado com a me- dalha concedida á esquadra em operações no Rio da Prata em 1852, e escreveu : - Esboço de um manual para o fazendeiro de assucar no Brazil. Rio de Janeiro, 1882 - Neste livro, em que sob um titulo modesto, o autor tem por fim, como diz, « induzir uma parte, a nda que minima, dos fa- zendeiros de canna, que se conservam incrédulos e estacionários, a adoptar melhoramentos reflectidos afim de extrahir da mesma quantidade de capna que costumam plantar, maior quantidade da assucar e de me- lhor qualidade, » se encontram informações sobre as machinas e pro- cessos adoptados para o fabrico do assucar, considerações sobre os enge- nhos centraes, noticias emfim sobre tudo quanto se prendo á industria do assucar. - As docas D. Pedro II ou o monopolio de trapiches : collecção de artigos que foram publicados no Jornal do Commercio de 16 de setem- bro a 19 de novembro de 1871, com o signal * • *. Rio de Janeiro, 1872, 144 pags. in-4.° Antonio Gomes Miranda Leal - E'natural da pro- víncia de Pernambuco, negociante da praça da mesma província e presi- dente da junta commercial, e escreveu : - Genealogia da família Leal: trabalho encetado pelo vigário João Evangelista Leal Periquito, continua lo pelo briga leiro Antonio Gomes Leal, e concluído em 31 de dezembro de 1864 pelo negociante Antonio Gomes Miranda Leal, autor desta nova edição. Pernambuco, 1876, 144 pags. in-8° gr. Antonio Gomes Paclieco - Filho do capitão Manoel da Costa e de dona Manuela Izabel de Ba"ros Pacheco e irmão mais velho do padre José Gomes da Coda Gadêlha, de quem terei de tratar, nasceu na ilha de Itamaracá, província de Pernambuco, em cuja matriz foi baptisado a 15 de janeiro de 1742, e falleceu na cidade do Recife em agosto de 1797. Presbytero secular, dotado de solida instrucção e de raras vir- tudes, discorria, diz o commendador A. J. de Mello, sobre os aconteci- 178 A.N mentos agradaveis, sobro a litteratura amena, deleite dos bons espiritos, com tal facilidade, abundancia e gosto, que encantava ouvil-o. Poeta e repentista admiravel, segundo assevera o con go doutor M. da Costa Honorato no seu Compendio de rhetorica e poética, pag. 282 (onde ha, entretanto, um equivoco no nome e nas datas que o seguem), com- poz muitos sonetos, decimas, glozas e outras poesias lyricas. Nunca fez, porém, collecção de suas composições, e pelas que delle conheço, parece-me que seu estylo predilecto era o humoristico. O que delle conheço são as seguintes composições, que vem na obra - Biographias de alguns pernambucanos illustres : - Um soneto joco-serio - Vem no tomo 3o com as demais. - Uma decima improvisada em Oiteiro nocturno na festa do me- nino Deus - ao mote « Jesus para nosso bem ». - Quatro decimas glosadas em diálogos entre dous amantes. - Quatro decimas glosadas entre o discípulo e o padre mestre - ao mote : Pergunta certa senhora Sem presumir mal algum, Si um só beijo a sexta-feira Fará quebrar o jejum. Sei que o padre Gomes Pacheco escreveu uma ode ou canção aos annos do governador da capitania de Pernambuco, e umas decimas a um zan- garreador de viola, que servira urra vez de parteiro a uma certa Guibé, das quaes decimas vem duas transcriptas nesta ultima obra citada, e o autor do Diccionario biographico de pernambucanos illustres declara que possue delle muitas poesias inéditas, ao passo que dá noticia de um album primorosamente encadernado, e manuscripto com tanta per- feição que parece impresso, trabalho do padre Gomes Pacheco por occa- sião de uma festa litteraria, celebrada em Pernambuco em saudação do anniversario natalicio do governador José Cezar de Menezes a 19 de março de 1775. Tem por titulo este album - Collecção das obras feitas aos felicíssimos annos do illm.° e eocm.° senhor José Cezar de Menezes, governador e capitão-general de Per- nambuco na sessão académica de 19 de março de 1775, offerecida por Antonio Gomes Pacheco, presbytero secular - Do colleccionador, além de uma ode, uma glosa e um romance joco-serio que então recitara, se acham neste livro, precelendo-o, dous sonetos, sendo um offerecido ao governador, e outro ao leitor. Antonio Gonçalves de A-raiijo Penna - Natu- ral da provincia de S. Paulo e nascido a 31 de maio de 1841, depois de dar-se aos estudos da medicina de Hahnemann e de praticar por espaço de cinco annos no labor itorio da viuva Martins & C.a, exerce a profissão de pharmaceutico homceopatha, sendo proprietário do estabelecimento 179 homoeopathico á rua da Quitanda n. 47, e premiadas suas preparações em diversas exposições nacionaes e estrangeiras, e escreveu: - Pequeno guia homoeopathico, contendo as indicações necessárias para o emprego dos principaes remedios homoeopathicos nas moléstias mais communs pelo dr. Bruckner, vertido do francez e muito ampliado por um medico homoeopatha brazileiro. Rio de Janeiro, 1871, in-16°- Segunda edição, Rio de Janeiro, 1873, 136 pags, in-16.° Vem neste volume a Pathogenesia do cactus grandiilorus do doutor D. de A. 0. Du- que-Estrada. - Descr pçâo, hygiene e tratamento homoeopathico da febre ama- rella, extrahido dos melhores e mais modernos autores. Rio de Janeiro, 1873, 45 pags. in-16.° - Almanak hahnemanniano para 1872 e 1873. Rio de Janeiro, 2 vols. -Contém a descripção de medicamentos e indicação dos casos em que são empregados. A publicação foi suspensa. A.ntoiiio Gonçalves d.e Carvalho - E' natural do Rio de Janeiro, e nasceu a 31 de agosto de 1844. Bacharel em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo, entrou para a classe da magistratura, e sendo juiz de direito de Cuyabá, passou no mesmo cargo para a comarca de Jaguarão, provincia do Rio Grande do Sul. Serviu na campanha do Paraguay como auditor de guerra; foi eleito representante da provincia de Matto-Grosso na pri- meira eleição directa, de 1881 ; é cavalleiro da ordem da Roza, conde- corado com a medalha daquella campanha, e escreveu : - A estrada de ferro para Matto-Grosso : cartas a sir William A. Rio de Janeiro, 1875, 144 pags. in-8° - Esta obra é apresentada com o pseudonymo de A. Bueno. - A estrada de ferro para Matto-Grosso e Bolivia. Rio de Janeiro, 1877, 81 pags. in-4° - Sob o mesmo pseudonymo. Ha diversas poesias suas publicadas sob o anonymo. Excessivamente modesto, elle se occulta em taes producções. Antoiiio Gonçalves Dias - Filho do negociante portu- guez João Manoel Gonçalves Dias e de uma mestiça, nasceu na cidade de Caxias, provincia do Maranhão, a 10 de agosto de 1823 e falleceu a 3 de novembro de 1864. Tendo servido de caixeiro no estabelecimento de seu pae, este, cedendo á vontade que seu filho tinha de estudar, mandou-o para Portugal, onde elle fez os estudos de preparatórios e o curso de direito na universidade de Coim- bra, recebendo o grau de bacharel em 1844. Voltando á Caxias e dando-se advocacia, deixou-a ao cabo de poucos mezes, veiu em 1846 para a côrte e foi nomeado lente de historia e latinidade do collegio de Pedro II. Em 1851 foi incumbido pelo governo de examinar o desenvolvimento da instrucção publica e colher os documentos que encontrasse da historia 180 AN patria nas províncias do norte ; no anno seguinte, de volta desta com- missão, foi nomeado primeiro official da secretaria dos estrangeiros ; em 1854 foi encarregado de ir à Portugal em commissão egual á que havia exercido pelo norte do império, estudando ao mesmo tempo o estado da instrucção publica nos paizes mais adiantados do velho mundo, de cujo regresso em 1858, seguiu para o Ce irá na commissão scientifica e explo- radora, como chefe e director da secção ethnographica ; do Ceará f i ao Amazonas e seus affluentes, que percorreu por espaço de seis mezes em suc- cessivas investigações ; de volta ao Rio de Janeiro em 1861, sentindo-se doente em consequência de fadigozas explorações e de encommodos soffri- dos em sua ultima viagem, e vendo aggravar-se-lhe a saude com o traba- lho inherente á coordenação de seus relatórios, emprehenleu uma viagem ao Maranha i, que effectuou em 1862, mas de Pernambuco resolvendo ir á Europa, assim o fez, voltando no fim de dous annos, ainda doente, e fal- lecendo a bordo do paquete Ville de Boulogne que naufragou nas próprias aguas de sua província que lhe serviram de sepultura. Gonçalves Dias era cavalleiro da ord m da Roza, socio do instituto his- tórico e geographico brazileiro e de outras associações litterarias, e têm delle tratado diversos escriptores, sendo com mais desenvolvimento o que refere o Pantheon do Maranhão do doutor A. H. Leal, por cuja inicia- tiva e esforços, associado a outros conterrâneos, foi levantado um monu- mento a sua memória na cidade de S. Luiz. As obras de Gonçalves Dias são : - A innocencia : poesia - Foi a sua primeira composição que publicou no Trovador de Coimbra quando ahi estudava, e a que seguiram tres ou quatro poes:as no Archivo, jornal do Maranhão. - Primeiros cantos : poesias Rio de Janeiro, 1846 - Entre os que applaudiram este livro, nota-se Alexandre Herculano, que escreveu a proposito um luminoso artigo, o Futuro Litterario do Brazil, na Revista Universal Lisbonense, tomo 7o, pag. 5. - Segundos cantos e sextilhas de Frei Antão. Rio de Janeiro, 1848 - Entre os escriptos por esta occasião publicados, notam-se os de Au- gusto Frederico Collin na mesmt revista e do litterato portuguez Lopes de Mendonça nas Memórias de litteratura contemporânea. - Últimos cantos. Rio d? Janeiro, 1850. - Cantos .-poesias de Antonio Gonçalves Dias. Segunia edição. Leipzig, 1857,^1 vol. in-16, de 672 pags.- Vem ahi transcriptoo artigo de Alexandre Herculano, o Futuro litterario do Brazil, com todas as composições, dos tres livros precedentes e mais dezeseis novos cantos, faltand) a poesia o Soldado hespanhol -Terceira edição, Leipzig, 1 vol. in-12 de 464 paginas contendo as mesmas c mposições da 2a, e o retrato do autor- Quarta edição, Leipzig, 1865, 2 vols. tendo mais a poesia o Soldado hespanhol, também com o retrato do autor. Estas obras foram impressas ainda uma vez com o titulo : - Poesias de Antonio Gonçalves Dias. Quinta edição, augmentada AN 181 com muitas poesias, inclusive os Tymbiras, e cuidadosamente revista pelo sr. dr. J. M. de Macedo, precedidas da biographía do autor pelo sr. conego J. C. Fernandes Pinheiro. Rio de Janeiro (sem data), 2 vols. - D. Leonôr de Mendonça : drama original em tres actos e cinco quadros. Rio de Janeiro, 1847. - Os Tymbiras : poema americano. Rio de Janeiro, 1848 - Este poe- ma foi planta lo, desle o tempo em que o autor estudava em Coimbra, em mais de vinte cintos. Apenas, porém, publicou ell e seis cantos em 1848, e deu começo á 2a edição, publicando quatro cantos em Leipzig, 1857. Não ha noticia dos outros. - Guanabara : revista mensal artística, scientifica e litteraria. Rio de Janeiro, 1849 a 1851. Tres vols. -Esta revista principiou a sahir em 1849, redigida por Gonçalves Dias, Manoel de Araújo Porto-alegre, e Joaquim Manoel de Macedo, e passou depois do primeiro anno a ser re- digida pelo conego J. C. Fernandes Pinheiro. Um de seus artigos ahi publicados é o que tem por titulo : - Reflexões sobre os Annaes histor'cos do Maranhõo por Bernardo Pereira de Berrèdo - Vem no tomo 1°, pags. 25 a 30, 58 a 63 e 147 a 153, sendo a ultima parte escripta por haver sido o autor atacado n'um artigo do periodico ReUgião. Estas refl xões foram reimpressas na se- gunda edição, feita por Gonçalves Dias, dos mesmos annaes. - A independencia do Brazil- seri* de escriptos publicados sob o pseulonymo de Optimus criticus em folhetins do Correio da Tarde, 1848, ns. 21, 28, 32, 64 e 72, nos quaes censura acremente o poema do mesmo titulo de Antonio Gonçalves Teixeira e Souza. - Exposição universal em Paris : relatorio do commissario brazi- leiro o senhor doutor Antonio Gonçalves Dias - Sahiu na Revista Bra- zileira, tomo Io de pags. 284 a 362, e também no Correio Mercantil do Rio de Janeiro. - D'ccionario da lingua tupy, chamada lingua geral dos indígenas do Brazil. Lúpzig, 1858, 199 pags. in-8°- Vem também na 4a edição do Diccionario portuguez de Eduardo de Faria, depois reproduzido no Dic- cionario de dom José de Lacerda, Lisboa 1858 - 1859, e na edição deste diccionario de 1862. Preparava elle uma segunda edição do seu livro, segundo se le no Pantheon maranhense. Servira-se Gonçalves Dias para este trabalho do vocabulário do autor da Paranduba mara- nhense (Veji-se frei Francisco de N. S. dos Prazeres Maranhão); da Grammatica do padre Nogueira; do Diccionario brazileiro, publicado sob o anonymo em Lisboa, 1795 ; de um manuscripto da bibliotheca na- cional ; do Diccionario, também manuscripto, da bibliotheca da aca- demia real das sciencias de Lisboa, e de quatro quadernos dos manuscri- ptos do naturalista bahiano Alexandre Rodrigues Ferreira. - Nenia d morte sentidissima do príncipe imperial o senhor dom Pedro. Rio de Janeiro, 1850, 6 pags. in-4u - Vem também na revista do instituto historico. 182 A.N - Canto inaugural d memória do conego Januario da -Cunha Bar- boza - Vem na mesma revista, tomo 11°, pag. 285. - Exames dos mosteiros e das repartições publicas para colli- gir documentos históricos, relativos ao Maranhão - Idem, tomo 16°, pag. 370. - Memória histórica do sr. Machado de Oliveira e o parecer do Sr. Duarte da Ponte Ribeiro - Idem, pag. 469. Neste mesmo volume escreveu uma Resposta á defesa do parecer sobre a Memória histórica de Machado de Oliveira. - Vocabulário da lingua geral uzada hoje em dia no alto Ama- zonas - Id'm, tomo 17°, 1854, pags. 553 a 576. E' offerecido ao insti- tuto. - Amazonas : memória escripta em desenvolvimento do programma dado por S. M. I. - Idem, tomo 18 ", pags. 5 a 61. O programma é : Si existiram amazonas no Brazil ? Si existiram, quaes os testemunhos de sua existência, e quaes seus costumes, uzos e crenças ? Si se asseme- lhavam ou indicavam originarem-se das amazonas da Sythia e da Lybia, e quaes os motivos de seu rápido desapparecimento ? Si não existiram, que motivos tiveram Orelanna e Christovam da Cunha, seu fundador, para nos asseverarem sua existência? - Reflexões acerca da memória do sr. Joaquim Norberto de Souza e Silva, lida na sessão de 25 de maio de 1854 - Idem, idem, pags. 289 a 334. A memória versa sobre o programma : « Si o descobrimento do Brazil por Pedro Alvares Cabral foi devido a um mero acaso, ou si elle teve alguns indícios para isso ? » A's reflexões de Gonçalves Dias se- gtiiu-se a Refutação do autor da memória, também lida em sessão do ins- tituto, e em seguida publicada, de pags. 335 a 405. - O Brazil e a Oceania: memória apresentada ao instituto histó- rico e geographico - e publicada na revista, tomo 30°, parte 2a, pags. 5 a 192 e 253 a 396, e reproduzida nas Obras posthumas. E' divi- dida em duas partes : Na Ia parte se descreve o estado physico, moral, e intellectual dos indígenas do Brazil ao tempo, em que pela pri- meira vez se acharam em contacto com seus descobridores, e se examina que probabilidade ou facilidade offereciam então á empreza da catechese ou da civilisação. Na 2a se descreve o estado physico, moral e intel- lectual dos povos da Oceania ; se compara estes com os nossos indígenas, e desta comparação se deduz qual delles estava mais apto para a civi- lização. E' uma publicação posthuma e o manuscripto fôra enviado ao instituto pelo doutor A. H. Leal. - Obras posthumas de Antonio Gonçalves Dias, precedidas de uma noticia de sua vida e obras pelo doutor Antonio Henriques Leal. S. Luiz do Maranhão, 1868 - 1869, 4 vols. - A Noiva de Messina, de Schiller, traduzida do allemão - Sa- hiu no tomo 4o da Revista contemporânea do Brazil e Portugal, pags. 240 a 252, um fragmento desta obra, que o autor tinha prompta para dar 183 á estampa. O doutor A. H. Leal suppõe que se perdera no naufragio em que morreu o autor, ou que foi roubada na cidade de Alcantara, onde foram ter as malas de Gonçalves Dias. Igual destino suppõe o mesmo doutor Leal que tiveram diversas poesias lyricas, inéditas, assim como alguns, senão todos os cantos dos Tymbiras, e a - Historia dos jesuitas no Brazil, inédita - Esta obra julga-se ter o autor completado em vista de um prologo que se achou entre seus papeis. - Patkull: drama em cinco actos, inédito - Foi escripto em Coimbra em 1843 sobre um facto da historia de Carlos XII. - Beatr'z Cenci: drama em cinco actos, inédito - Foi também es- cripto em Coimbra em 1844. - Boabdil : drama em cinco actos, inédito - Foi escripto no Rio de Janeiro em 1860. - Meditação - escripta no Maranhão em 1846, em estylo biblico. Sa- hiu á luz apenas um fragmento no Guanabara, tomo Io pags. 101, 125 e 171, e seguintes. Antonio Gonçalves Gomide - Natural de Minas Ge- raes, nasceu pelo anno de 1770 e falleceu a 26 de fevereiro de 1835. Doutor em medicina pela universidade de Edimburgo, foi escolhido senador do império por decreto de 22 de janeiro de 1826, e escreveu : - Impugnação anal tica do exame feito pelos clínicos, Antonio Pe- dro de Souza e Manoel Quintão da Silva, em uma rapariga que jul- garam santa, na capella de Nossa Senhora da Piedade da Serra, próxima a villa Nova da Rainha de Caethé, comarca de Sabará, offerecida ao ... doutor Manoel Vieira da Silva, etc. Rio de Janeiro, 1814, 32 pags. in- do - Sahiu sob o anonymo, e o autor na carta dedicatória ao dr. M. Vieira da Silva pede-lhe permissão para não revelar seu nome. - Maximas moraes do senador Antonio Gonçalves Gomide - Publi- cação posthuma, feita em 1876, no volume intitulado Ramalhete de flores de dona Emilia Augusta Gomide Peni lo, neta do autor, de quem tratarei adiante, de pags. 117 a 150. São 77 maximas de muita morali- dade, próprias para firmar uma boa educação sobre os mais solidos prin- cípios da religião e dos deveres do homem. jVntonio Gonçalves Nunes. Barão de Igarapé-mirim - E' natural da província do Pará, formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de Pernambuco; serviu muitos annos como director da instrucção publica em sua província, e se acha hoje aposentado, sendo agraciado com o titulo de Barão de Igarapé-mirim a 3 de março do cor- rente anno, e escreveu, além de alguns - Relatórios sobre a instrucção publica - que não pude ver : - O conego Manoel José de Siqueira Mendes, e as ruinas do Pará. Pará, 1875. 184 AN Antonio Gonçalves Teixeiva e Souza - Filho de Manoel Gonçalves e dona Anna Teixeira de Jesus, nasceu na cidade de Cabo-Frio, província do Rio de Janeiro, a 28 de março de 1812, e falleceu na côrte a 1 de dezembro de 1861. Por occasião de se tornar o Brazil nação independente, muitos nego- ciantes portuguezes, não querendo reconhecer a independencia, se reti- raram para Portugal, e então Manoel Gonçalves, que era negociante de poucos recursos, tendo de saldrr de prompto suas transacções commer- ciaes com alguns daquelles, viu-se reduzido ás tristes circumstancias de man lar seus filhos aprender um officio. Antonio Gonçúves, que era o pri- mogénito, e que, contando dez annos de idade, estudava latim, foi, cheio de resignação, aprender o officio de carpinteiro que exerceu por alguns an- nos. Fallecenio, porém, seu pai, reuniu o que pôde aparar, e veiu para a côrte, com maisde vinte annos de idade, completar seus estudos de hu- mani lades, o que alcançou, graças á amizade e protecção de Francisco de Paula Brito, de quem fallarei adiante. Depois disto obteve uma ca- deira de professor da instrucção publica primaria, a qual elle regeu de 1849 a 1855, e ultimamente a provisão n'um logar ue escrivão da primeira vara do commercio, que exerceu com toda probidade e zelo, deixando sua familia n'um estado de pobreza tal, que foi preciso que seus amigos e muitos negociantes, que conheciam sua honra, se cotisassem para soc- correl-a com uma subscripção, quando elle falleceu. O nome de Antonio Gonçalves Teixeira e Souza vem no Curso ele- mentar de litteratura nacional do conego doutor J. C. Fernand s Pi- nheiro, como um distincto poeta lyrico e romancista. Escreveu : - Cânticos lyricos, dedicados aos seus amigos. Rio, 1841, 223 pags. in-8° - E' o primeiro volume de suas composições poet cas. - Cânticos lyricos, dedicados ao illustrissimo e excellentissimo se- nhor desembargador Paulino José Soares de Souza. 2o volume. Rio de Janeiro, 1842, 107 pags. in-8.° - Cornelia: tragédia - Sahiu na 4a serie do Archivo theatral do Rio de Janeiro. Foi a primeira composição deste genero de T õxeira e Souza, e sobre ella escreveu L. A. Bourgain na Minerva Brazile ra, 2o vol., pag. 7ol, uma critica litteraria que termina : « A nova tragédia tem interesse, energia e sensibili lade, condições essenciaes em obras deste genero ; a linguagem, por quanto pôde julgar um estrangeiro, é portugueza ; o verso, com raras excepções, natural e cadente. Eu a considero como uma bella tentativa, um esperançozo ensaio, que mostra não o que é o seu au- tor, mas o que pôde ser. » - Lucrecia .• tragédia em cinco actos, de Ponsard, traduzida litteral- mente - Sahiu na 5a serie do dito archivo sem que precedesse consenti- mento, nem sciencia do autor, e por isso sem uma certa correcção que ainda tentava fazer. - O cavalleiro teutonico ou a freira de Mariemburg : tragédia em A.N 185 5 actos, em verso, escripta em 1840. Rio de Janeiro, 1855, 68 pags. in-4° - Foi escripta depois de sua tragédia Cornelia. - Os tris dias de um noivado : poema romântico dedicado á me- mória de seus pais. Rio de Janeiro, 1844, 210 pags. in-8° - E' um poema em cinco cantos, em verso hendecassyllabo solto, que tem por assumpto uma lenda do paiz. Delle, antes do ser publicado, Santiago Nunes Ri- beiro deu lisongeira noticia, assim como o fizeram dopois diversos orgãos da imprensa, e sahiram diversos fragmentos, como : o Retrato de Mi- riba, o Canto do estrangiiro, e outros, na Minerva Brazileira, tomo 2o, pags. 137, 172, 208 e seguintes, j Este livro è precedido de duas com- posições poéticas ao pai, e á mãi do autor, e de um prologo com o ti- tulo Alguns pensamentos ; e seguido de muitas notas explicativas, um Desenfado, e lista de assignantes. - A independencia do Brazil : poema epico em doze cantos, dedi- cado a sua mag stade imperial o senhor dom Pedro II e ás augustas viuva e filhas do heroe do poema. Rio de Janeiro. 2 tomos in-4° - O 1° tomo, de 307 pags. com o retrato do autor, sahiu em 1847 ; o 2°, de 349 pags., em 1855, em consequência de um desanimo que se apo- derara do autor por censuras feitas ao tomo l.° O mais severo critico do poema foi Gonçalves Dias que escreveu sob o pseudonymo de Optimus cri- ticus uma serie de artigos virulentos no Correio da Tarde de 1848, ns. 21, 28, 32, 64 e 72, tratando-o desapiedadamente, como observou Inno- cencio da Sdva. - O filho do pescador: romance original brazileiro. Rio de Janeiro, 1843 - Ha tres edições posteriores, sendo a ultima de 1859, 248 pags. in-8.o - Tardes de um pintor ou as intrigas de um jesuita. Rio de Ja- neiro, 1847, 3 vols. -Ha segunda edição posthuma, 1868, com cor- recções feitas pelo autor. - Gonzaga ou a conjuração de Tiradentes : romance. Nictheroy, 1848 - 1851, 2 vols. - A Providencia : romance original. Rio de Janeiro, 1854, 5 vols. - Na op.nião do doutor Wolf é sua melhor composição em prosa. - Maria ou a menina roubada : romance original - Sahiu por duas vezes na Marmota, periodico de Francisco de Paula Brito. A pri- me.ra vez de setembro de 1852 a fevereiro de 1853; a segunda vez de outubro de 1858 até 1860 ; e então fui tirado em separado sob a designação de segunda edição, Rio de Janeiro, 1859, 342 pags. -- As fatalidades de dous jovens : recordações dos tempos coloniaes. Rio de Janeiro, 1856, 3 vols. - Segunda edição^ posthuma, Rio de Ja- neiro, 1874. - Os génios : poema - Deste poema só sahiram alguns episodios no Guanabara sem o nome do autor. Canto inaugural por occasião da elevação da estatua do Impe- rador D. Pedro I - Inédito. 186 AN - Paulina e Julia: romance - inédito. Diz-se que se extraviou grande parte desta obra. Ha publicadas em revistas e em collecções algumas poesias de Tei- xeira e Souza, como : - Aos annos de uma menina - Na Minerva Brasileira, tomo 2o, pag. 429. - M editação, traduzida de Lamartine. A' Elvira - Idem, tomo 3o, pag. 27. - A Natureza : cântico - No Parnaso Brasileiro de J. M. Pereira da Silva, tomo 2o, pags. 237 a 245. - 0 dia de finados : cântico - Idem, pags. 245 a 252. - A saudade: cântico - Idem, pags. 253 a 259. Frei Antonio da Graça - Natural do Rio de Janeiro, falleceu, ha poucos annos, no hospício de Pedro II, affectado de alie- nação mental depois de soffrer de uma paralysia das extremidades in- feriores. Era religioso da ordem benedictina; possuia não vulgar erudição ; conhecia diversas linguas; cultivava com esmero a litteratura, e es- creveu : - Sómente maximas e reflexões de um monge leigo, colligidas e recopilladas em 1870. Rio de Janeiro, 1870. - Distracção poética por Frei Antonio da Graça. Rio de Janeiro, 1870. - Nova distracção (promíscua). Rio de Janeiro, 1871. - Um discurso de sapiência, seguido de algumas reflexões muito vulgares, colhidas e reproduzidas para um monge leigo. Rio de Janeiro, 1871. - Costumes dos israelitas ou sua maneira de viver : obra impor- tantíssima pela sua grande utilidade, e illustração do senhor abbade Cláudio Fleury, preceptor e confessor do rei Luiz XV e dos príncipes de França, irmãos do dito rei; vertida livremente em portuguez de uma traducção castelhana, por um monge leigo. Rio de Janeiro, 1873, 216 pags. Antonio Henriques Leal-Nasceu em Itapicurú-mi- rim, província do Maranhão, a 24 de julho de 1828, sendo seus paes Ale- xandre Henriques Leal e dona Anna Roza de Carvalho Reis. Formando-se em medicina na faculdade do Rio de Janeiro em 1853, es- tabeleceu-se na capital de sua província, onde foi vereador e presidente da camara municipal, e deputado provincial em 1866 ; mas transferiu sua residência para Lisboa depois de uma congestão cerebral, de que foi atacado em 1868, e da qual lhe ficou ainda uma paralysia do braço e perna do lado esquerdo. Depois de residir muitos annos em Lisboa, veiu para o Rio de Janeiro, aqui foi empregado na direcção interina do Diário AN 187 Offtcial, d'onde passou em 1880 a exercer o cargo, em que se acha, de director do internato do imperial collegio de Pedro II. E' socio do instituto historico e geographico do Brazil, da sociedade auxiliadora da industria nacional, da sociedade de sciencias medicas de Lisboa, socio fundador do instituto litterario maranhense, socio ho- norário do gabinete portuguez de leitura, e da associação typographica maranhense, e escreveu : - Qual a influenca da anatomia pathologica no diagnostico e the- rapeutica das moléstias internas ? (dissertação). Qual a melhor classi- ficação muscular ; si a actual tem defeitos, quaes as reformas ? Da gra- videz e do parto, considerados debaixo do ponto de vista medico- legal (proposições). These para o doutorado em medicina. Rio de Ja- neiro, 1853. - Relatorio acerca do cemiterio publico do Maranhão, Maranhão, 1855. - Da grippe epidemica, ora reinante no Maranhão. Maranhão, 1859. - Cartas sobre a chimica considerada em suas applicaçoes á indus- tria, á physiologia e á agricultura, seguidas dos princípios de chimica agricola, pelo doutor Justo Liebig. Traducção. S. Luiz, 1859. - Apontamentos sobre a provinda do Maranhão -Vem no Almanak administrativo da província do Maranhão para o anno de 1860 por Belar- mino de Mattos. - Estudos agr colas - Vem no dito almanak, para 1862. - Noticia geographica, estatística e histórica da provinda do Ma- ranhão- Vem no dito almanak, de 1864, comum catechismo agricola. - Principaes successos da provinda do M aranhão desde seu des- cobrimento até os nossos dias - No dito almanak, de 1868. - A provinda do Maranhão. Maranhão, 1862 - Nesta obra o au- tor dá noticias geographicas e estatísticas da província. - O partido liberal, seu programma e futuro por Eduardo Labou- laye, do instituto; traduzido por um cidadão maranhense. S. Luiz do Maranhão, 1867, 238 pags. in-8.° - Noticia acerca da vida e obras de João Francisco Lisboa - tE um trabalho de 203 paginas que serve de introducção ás obras deste es- criptor, e vem no Io tomo delias. Relativamente a este trabalho, se acha á pag. 745 do tomo 4o das referidas obras uma apreciação muito li- songeira para o doutor Henriques Leal, escripta por F. Sotero dos Reis, de quem tratarei no logar competente, a qual foi reproduzida na Revista do instituto historico, tomo 29°, pags. 405 a 415. - Introducção à obra : « Historia da inJependencia do Maranhão pelo senador Luiz Antonio Vieira da Silva. » - Pantheon maranhense : ensaios biographicos de maranhenses illus- tres, já fallecidos. Lisboa, 1873 a 1875, 4 vols. - a saber : O Io volume trata de Manoel Odorico Mendes, José Ignacio da Cunha (Visconde de Alcantara), Francisco Sotero dos Reis, José Cândido de Moraes, é sena- 188 AN dor Antonio Pedro da Costa Ferreira (Barão de Pindaré). O 2o trata do brigadeiro Feliciano Ant mio Falcão, senador Joaquim Franco de Sá, se- nador Joaquim Vieira da Silva e Souza, senador José Pedro Dias Vieira, doutor Joaquim Gomes de Souza, Antonio Joaquim Franco de Sá, João Duarte Lisboa Serra, Trajano Galvãe de Carvalho e conselheiro Fran- cisco José Furtado. O 3o trata sómente de Antonio Gonçalves Dias. O 4° de João Francisco Lisboa, Antonio Marques Rodrigues, e frei Cus- todio Alves Serrão - sendo a maior parte destas biographias acompa- nhadas dos retratos dos biographados. - Lucubrações: Tentativas históricas. A guerra do Paraguay. A litteratura brazileira contemporânea. D. Antonio e suas obras. Lisboa, 1874, in-8.° - Apontamentos para a historia dos jesuítas no Brazil, extra- hidos das chronicas da companhia de Jesus. Lisboa, 1874, 2 tomos em 1 vol. in-8° - Sahiram antes na Revista do instituto, tomos 34° e 36.° - Os vestidos brancos : drama traduzido. Maranhão, 1854 - E' um dos doze numeros da B bliotheca dramatica de Antonio do Rego. - Estes dous fazem um par : vaudeville traduzido - Vem na mesma collecção com o drama O casamento do gaiato de Lisboa de José Ja- cintho Ribeiro, Maranhão, 1854. (Veja-se Antonio do Rego.) Antonio Hcrcul ino de Souza Bandeira. Io - Natural da província de Pernambuco, sendo formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de Olinda, e professor de philosophia do antigo cdlegio de b dias artes da mesma faculdade, representou sua província na camara temperaria na legislatura de 1863 a 1866, e escreveu : - Questões de philosophia, conteúdas no programma ado. tado para os exames do bacharelado em lettras pda universidade de Paris por A. Charmá ; traduzido do francez, da 3a edição. Pernambuco, 1848. - Reforma eleito -al. Eleição directa : collecção de artigos dos d)utores José Joaquim de Moraes Sarmento, José Antonio de Figueiredo, conselheiro Pedro Autran la Matta e Albuquerque, João Sil- veira de Souza e Antonio Vicente do Nascimento Feitoza. ' Antonio Herciilano <le Souza Bandeira, 2o - Filho do precedente, nasceu na província de Pernambuco, em cuja fa- cullade recebeu o grau de bacharel e depois o de doutor. Foi director da 2a secção da secretaria de estado dos negocios da justiça, sendo tam- bém nomeado professor de philosophia e direito natural publico e consti- tucional da escola normal ; concorreu em 1880 a uma cadeira de eco- nomia política da escola polytechnica, e partindo para Europa com li- cença do governo para tratar de sua saude, ahi foi encarregado pelo mesmo governo de visitar os jardins de infancia, e mais tarde de estudar as escolas normaes primarias, sendo em sua volta ao império nomeado 189 director da instrucção publica do município neutro, em cujo exercício se acha. Escreveu : - C ommentario d lei n. 1144 de 11 de Setembro de 1861 e subse- quente legislação sobre os casamentos de pessoas, que não professam a religião do Estado. Rio de Janeiro, 1876, 374 pags. in-8.° - O recurso à cor la segunlo a legishção brazileira, contendo a in- dicação e analyse das leis, decretos, avisos do governo e consultas do conselho de estado sobre a matéria. Rio de Janeiro, 1878, 125 pags. in-8° - Trata-se neste volume do direito de agraciar, da natureza e li- mites deste poder, dos effeitos do perdão, etc. - Administração dos trabdhos e serviços de engenharia civil, mi- nas, artes e manufacturas : dissertação seguida de proposições sobre : Io, deveres e garantias dos inventores e fabricantes ; 2o, pessoal para a organização d is estitisticas ; 3o, condições necessárias a uma boa orga- nização adm nistrativa. These para o concurso á cadeira de economia política da escola polytechnica. Rio de Janeiro, 1880. - A questão penitenciaria no Braz l - serie de artigos impressos na Revista brazileira, tomos 3o e 4°, 1880. Nestes artigos se trata dos es- chreciment>s indispensáveis sobre as ideias de criminalidade e penali- da le ; fundamentos do direito de punir; em que consiste a questão pe- nitenciaria ; esboço hi<torico do desenvolvimento da questão peniten- ciaria ; systemas apresentados; resultados obtidos; penalidade do co- digo brazileiro ; execução das penas e estado das prisões ; embaraços que encontra a reforma penitenciaria ; opiniões emittidas por estadistas bra- zileiros ; medidas empregadas ; exame dos trabalhos mais importantes, escriptos sobre a matéria, e esboço de um plano de reforma. Foi escripto na volta do autor de uma commissão do governo, em 1879, ao presidio de Fernando de Noronha. Depois deu elle á publicidade : - A penitenciaria no Brazil. Rio de Janeiro, 1881, 84 pags. in-8° - Neste opusculo estão reunidos os escriptos, a que acabo de referir-me, com algumas annotações. - Informações sobre o presidio de Fernando de Noronha : relatorio apresentado ao governo, etc. Rio de Janeiro. 1880, in-4.° - O jardim infantil, sua natureza, seu fim, e seus meios de acção: relatorio apresentado ao governo. Rio de Janeiro, 1883, 93 pags. in-8.° - Relatorio sobre as escolas normaes primarias em França, apresen- tado a s. ex. o sr. conselheiro Rodolpho Epiphanio d@ Souza Dantas, ministro e secretario de estado dos negocios do império. Rio de Janeiro, 1883, 23 pags. in-8.° - Relatorio sobre as escolas normaes primarias na Áustria e Alle- manha, apresentado a s. ex. o sr. conselheiro Pedro Leão Vellozo, etc. Rio de Janeiro, 1883, 26 pags. in-8.° Na Revista brazileira ha diversos escriptos do doutor Bandeira. 190 AN Antonio Ignaeio de Mesquita Neves - Filho le- gitimo de Ignacio das Virgens Neves, nasceu na cidade de Alagoas, an- tiga capital da província do mesmo nome, a 1 de maio de 1824. Estava destinado a seguir o estado ecclesiastico, mas em consequência de fallecer seu pai tendo de sobrecarregar-se logo' de seus irmãos me- nores, entrou para o magistério como professor da instrucção primaria em Maceió, onde serviu por espaço do dez annos, até 1857. Passando então para o Rio de Janeiro, serviu outros tantos annos como conferente da caixa de amortização ; dahi foi transferido para o logar de ajudante do inspector da alfandega de sua província; extincto este logar, serviu addido ao thesouro nacional e depois successivamente como inspector da alfandega de Porto-Alegre, inspector da do Maranhão, chefe de secção da de Pernambuco, inspector da de Santos, e exerce actualmente o cargo de conferente na côrte. Cultivou com esmero a litteratura, que - diz elle - deixou para de- dicar-se só aos negocios e serviço de fazenda ; é offlcial da ordem da Roza, e escreveu : - Primeiros prelúdios de minha lyra. Maceió, 1851 - E' uma col- lecção de suas poesias. O autor, tendo feito uma edição pequena deste livro, recolheu quasi todos os exemplares. Só vi um exemplar que pos- sue um velho em Alagoas e sei que dona Aristhea Pontes Torreão possue outro. - Matiz : periodico litterario. Maceió, 1851 - Esta publicação foi de ephemera duração, e seu redactor foi também um dos redacto- res do - Tempo : periodico político, liberal. Maceió, 1852 a 1858-Esta folha trouxe-lhe perseguições de parte do presidente da província A. C. de Sá e Albuquerque, as quaes o obrigaram a vir para o Rio de Janeiro, onde entrou para o serviço de fazenda, como já ficou dito. Antonio Igriacio de Torres Bandeira - Fi- lho do bacharel Antonio Rangel de Torres Bandeira e de dona Maria da Conceição de Souza Rangel, nasceu em Olinda, antiga capital de Pernam- buco, a 20 de março de 1852. Depois de estudar as matérias da instrucção primaria, latim e fran- cez com hábeis professores, estudou com seu pai geographia, historia, philosophia e rhetorica ; e assim preparado entrou para o serviço de fazenda em sua província no logar de terceiro escripturario da thesoura- ria, logar, de que, por motivos particulares, pediu demissão ao cabo de dous annos e meio de exercício. Desde muito joven dedicou-se á litte- ratura, revelanlo-se poeta aos quatorze annos de idade, e com tendencia á litteratura romantica de Chateaubriand. Tem dado á estampa escriptos seus no Diário de Pernambuco, no Americano, na Provinda, Correio do norte, Jornal da tarde, Miosotys, Lucta, Archivo pittoresco e Con^ gresso litterario ; e tem além disto, escripto : AN 191 - O senhor Gregorio meio critico ; scena cómica. Pernambuco, 1875. - Uma patuscada: comedia em um acto. Pernambuco, 1879. - Sensitivas : collecção de poesias - Inédito. - Dá Deus nozes a quem não tem dentes : entre-acto comico - Idem. - Um engano conjugal : comedia em um acto - Idem. Sei mais por affirmar-me o autor que possue alguns dramas, extra- hidos dos romances : A Freira do subterrâneo, Vingança da baroneza, Tempestades do coração, e Amor e perdição. Antonio Ildefonso Gomes - Natural da província de Minas-Geraes, nasceu em 1794, sendo seus paes o capitão Antonio Go- mes de Abreu e Freitas e dona Josepha Thomazia Gomes, e falleceu no Rio de Janeiro em 1859. Formado em medicina pela antiga escola medico-cirurgica do Rio de Janeiro, aqui firmou sua residência como medico clinico, dedicando-se ao mesmo tempo ao estudo da botanica, quer theorico, quer pratico, para cujo fim fez diversas e notáveis excursões pelo império, passando além dos pontos, á que tinham até então chegado em suas excursões os preceden- tes viajantes e naturalistas. Escreveu : - Princípios elementares de botanica, traduzidos do inglez, de J. Lindley. Rio de Janeiro, 1843, com estampas. - Viagem ás provindas do Norte do Brazil em 1855 e 1856. Rio de Janeiro, 1857, 48 pags. in-4.° - Lamentações de um brazileiro. Rio de Janeiro, 1854. - Manual de hydro-sudo-therapia ou directorio para qualquer pes- soa em sua casa curar-se de uma grande parte das enfermidades que affli- gem o corpo humano, não empregando outros meios que o suor, agua fria, regimen e exercício. Rio de Janeiro, 1848, com estampas. - Carta aos editores da guia homceopathica dos fazendeiros, ou tratado de homoeopathia domestica, contendo a hygiene, o regimen eo tratamento therapeutico das moléstias pelo systema de Hahnemann pelo Dr. Bigel - Se acha inserta nesta obra, precedendo-a. A.ntonio Jacintho Xavier Cabral - Nasceu na província de Pernambuco no ultimo quartel do século passado e ainda vivia em 1858, gozando de geral consideração e estima por suas quali- dades nobres, e por sua intelligencia cultivada, em Roma, para onde se- guira em 1825 depois de ter estado em Portugal algum tempo. Foi um habilíssimo pintor, director e lente de desenho do collegio San- to Antonio do Recife até o anno de 1822, em que partiu para Portugal, e escreveu : - Explicação analytica do quadro allegorico da regeneração da mo- narchia portugueza, feito a bico de penna por seu autor, etc., dedicada á 192 nação portugueza e apresentada ao soberano congresso. Lisboa, 1822 - Este quadro, segundo aifirma o autor do diccionario bibliographico por- tuguez, começou a ser gravado para se publicar p r meio de subscripção, depois de ser muito aprecia Io pelos altos personagens que o viram; mas as circumstancias políticas, sobrevindas pouco tempo depois, impediram talvez a continuação e final conclusão do trabolho, pois que nunca sahiu a gravura, nem delia se houve noticia. A.n.tonio Januario de Faria - Natural da cidade de S. Salvador, capital da Bahia ; f;z o curso de medicina em sua província, recebendo o grau de doutor em 1845 ; foi á Europa aperfeiçoar-se em seus estudos, e achando-se de volta á patria, foi nomeado lente substituto da secção medica da mesma faculdade por occasião da reforma de 18'5, e de- pois lente cathedratico de physiologia, de que pa«sou em 1865 para a ca- deira de clinica interna, na qual foi jubilado depois de vinte e cinco an- ncs do serviços, sendo também director di faculdade. Foi ainda uma vez á Europa em busca de allivio a certos soffrimentos physicos ; é do conselho de sua mage tade o Imperador, commendador da ordem de Christo, me lico do hospital da misericórdia da Bahia, membro do conselho de salubridade , cirurgião-mór do commnndo superior da guarda nacional, membro honorário da imperial academia de medicina, e escreveu: - A certeza em medicina : these apresentada e publicamente susten- tada perante a faculdade de medicina da Bahia a 22 de novembro de 1845 afim de obter o grau de doutor em medicina. Bahia, 1845, in-4.° - Lições de clinica medica. Paris, 1872, in-8°-Foi escripto este livro para compendio da cadeira do autor. - Memória histórica dos principaes acontecimentos da faculdade du- rante o anno de 1859, apresentada á re-poctiva congregação em cumpri- mento do art. 197 dos estatutos. Bahia, 1860, in-4.° - Discurso introductorio á aula de clinica interna, proferido no dia 14 de março de 1871 e mandado publicar pelos alumnos do 5" e 6o anno me- dico. Bahia, 1871, in-8.° - Discurso pronunciado na abertura di aula de clinica medica a 16 de março de 1867 - Vem na Gazeta Medica da Bahia, tomo 2o, n. 22, 1867. Ha outros discursos impressos, pronunciados por occasião da abertura de sua aula, e da collação do grau de doutor no exercício do cargo de di- rector da faculdade, e alguns escriptos desde estudante publicados em revistas, como - Algumas considerações acerca da moléstia denominada beriberi, a proposito do artigo do doutor Leroy de Merincourt - Vem na mesma gazeta tomo 3", n. 63, 1869. - Psycolog a - artigo que vem no Crepúsculo, Bahia, Io vol., 1845, contestando outro, sob o mesmo titulo, do doutor M. Genesio de Oliveira. A N 193 Antonio de Jesus e Souza - Nasceu na cidade de S. Salvador, capital da Bahia, e falleceu na campanha do Paraguay, victima de uma pneumonia, em 1867. Doutor em medicina pela faculdade de sua provincia, onde fez todos os seus estudos desde a instrucção primaria, entrou para o corpo de saude do exercito, servindo em Pernambuco, na Bahia e em Matto-Grosso. Para esta provincia seguira o doutor Jesus e Souza em 1865 no cargo de chefe do serviço medico das forças expedicionárias contra o governo do Para- guay ; d'ahi voltara doente em 1866, e sem tratar-se convenientemente seguira para o exercito em operações no Paraguay, onde falleceu com a graduação de cirurgião-mór de brigada. Desde seus primeiros annos do curso medico, revelou-se um poeta ly- rico, amenissimo e litterato ; era talvez a primeira intelligencia do corpo de saude do exercito, e escreveu : - A valsa (poesia) - E' sua primeira composição poética, sahida no periodico Atheneu, n. 2. A naturalidade e belleza do suas poesias se pôde apreciar já no começo desta composição. Eil-o : Foste, Marilia, ao passeio, Ao passeio prohibido Levaste belleza e enfeites, E amor no peito escondido. Eu te vi, tu não me viste ; Foste falsa, eu fui trahido. Levaste tua irmanzinha P'ra meus zelos dissipar. Tua irmanzinha é menina, E' menina e vai brincar, E tu ficas co'o amante Bem sosinha a conversar.... - 0 baile (poesia) - E' outra composição com que o autor estreou, também publicada no Atheneu, n. 4. - Endeixas de um trovador. Bahia, 1849 - E' um volume de poesias, publicado em tempos de estudante. - Proposições sobre os diversos ramos da medicina : these inaugu- ral. Bahia, 1851. O doutor Jesus e Souza muitas vezes fallou-me acerca de uma obra que tinha entre mãos sobre hygiene militar, e sei que deixou um grosso maço de manuscriptos com o titulo : - Impressões de Goyaz - Paravam em poder de uma irmã sua, na Bahia. A_nt>on.io João <le luessa - Ignoro as datas de seu nasci- mento e obito, que teve logar em Cantagallo, onde possuía uma fazenda, assim como sua naturalidade, que supponho ser do Rio de Janeiro. Era presbytero do habito de S. Pedro e foi deputado pelo Rio de Janeiro na segunda legislatura, de 1830 a 1833,e um dos pronunciados na devassa, a que mandou proceder o conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva, 194 AN então ministro do império, para justificar os acontecimentos de 20 de outu- bro de 1822, sendo julgado innocente, como t )dos os seus companheiros, com excepção de João Soares Lisboa. E cora effeito o crime, de que eram accusados o padre Lessa e seus companheiros, não foi outro, senão o de se constituírem patriarchas de nossa independencia. Os curiosos, que quizerem melhor apreciar estes factos, podem ver a obra intitulada «Processo dos cidadãos Domingos Alves Branco Moniz Barreto, João da Rocha Pinto, Luiz Manoel AlvaresMe Azevedo, Thomaz José Tinoco de Almeida, José de Gouvêa, Joaquim Valerio Tavares, João Soares Lisboa, Pedro José da Costa Barros, João Fernandas Lopes, Joa- quim Gonsalvas Ledo, Luiz Pereira da Nobrega de Souza Coutinho, José Clemente Pereira, padre Januario da Cunha Barboza e padre Antonio João de Lessa, pronunciados na devassa, etc. Rio de Janeiro, 1824. » O padre Lessa escreveu : - Cartas escriptas de Cantagallo, que poderão servir de memórias historico-politicas daquelle paiz. Rio de Janeiro, 1830 - Esta interessante obra é tão rara, como a que trata de seu processo. Antonio João Rangel de Vasconcellos - Na- tural do Rio de Janeiro, e filho do distincto topographo Modesto Rangel da Silva, que como tal vem citado na Geographia de Balbi, e de dona Ar- changela Angélica dos Serafins Vaseoncellos, nasceu a 26 de maio de 1796, e falleceu a 27 de agosto de 1855. Engenheiro militar, seguiu a carreira das armas onde subiu ao posto de marechal de campo, e serviu diversos cargos, sendo nomeado lente da escola militar, cargo em cujo exercicio não entrou por intrigas relitivas aos motins militares de 1831 ; era commendador da ordem de S. Bento de Aviz, cavalleiro da de Christo, e escreveu : - Apontamentos militares. Rio de Janeiro, 1831, in-12 - Occupa-se este livro de defesa de praças e outros assumptos proprios a fortificar o exercito. Ha outros trabalhos seus na imprensa periódica, como : - Memória sobre os pantanos de Meriti - Não a vi, mas sei que se publicou em mais de um periodico, e que delia fez o conselheiro Jobim honrosa menção na faculdade de medicina. A.ntonio Joaquim de Abreu - Não sei com certeza em que logar do Brazil nasceu ; parece-me que era bahiano e pai de um me- dico por nome Manoel Joaquim de Abreu, que serviu muito tempo no corpo de saude do exercito e falleceu depois da campanha do Estado argentino de 1852. Deve ter nascido no ultimo quartel do século passado. Era poeta e escreveu : - Sonetos sobre diversos assumptos. Lisboa, 1815 - E' um opusculo que contém uma ode e cincoenta e nove sonetos. AN 195 Antonio Joaquim AI vares <lo Amaral - Pae de José Alvares do Amaral e do desembargador Manoel Maria do Amaral, dos quaes tratarei adiante, nasceu na provincia da Bahia no principio do século actual, e falleceu pelo anno de 1850 ; exerceu, entre outros cargos, o de presidente da provincia de Sergipe, e depois da do Maranhão ; era commendador da ordem de Christo, etc. Escreveu : - Diversos relatórios - na administração das províncias mencionadas. - Estado da casa da santa misericórdia em 1843. Bahia, 1843, in-4.° - Relatorio do estado da administração da casa da santa miseri- córdia da cidade da Bahia, apresentado na primeira reunião da mesa administrativa em o dia 21 de julho de 1844 pelo respectivo escrivão An- tonio Joaquim Alvares do Amaral. Bahia, 1844, in-4.° Antonio Joaquim Corroía - Natural do Rio de Janeiro e doutor em medicina pela faculdade desta cidade, na qual recebeu o grau em 1862, foi um dos médicos que nesta côrte offereceram seus serviços á caixa de soccorros D. Pedro V ; é medico do matadouro, e escreveu: - Accupressura : dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1862- Contém também em seguida, proposições sobre : Fecundação. Procedimento do parteiro nos casos de apresentação da espadua com sahida do braço. Asphyxia por submersão. - Guia do povo. Rio de Janeiro, 187* - E' uma guia de medicina ho- moeopathica, escripta ao alcance de todas as intelligencias, a quem é des- tinada. Antonio Joaquim da Costa Júnior - Como indica a palavra Júnior com que se assigna, é seu pae Antonio Joaquim da Costa. Quanto ao mais que lhe diz respeito, apenas sei que cursava o quinto anno de direito da faculdade de Pernambuco, quando escreveu : - Conferencia sobre a centralização, feita no c]ub popular, etc. na noite de 5 de setembro de 1880. Recife, 1880, 15 pags. in-4.° A.ntonio Joaquim Curvello d.'A.vila - Natural do Rio de Janeiro, nasceu a 4 de março de 1812 e falleceu em 1870 ou 1871. Tendo feito o curso da academia de marinha com praça de aspirante a guarda-marinha em 1834, serviu na armada, vencendo diversos postos até o de capitão de fragata ; prestou serviços na campanha do Estado oriental do Uruguay de 1851 a 1852 e na commissão de demarcação de limites entre o Brazil e a republica do Uruguay ; exerceu ultimamente o cargo de ajudante do observatorio astronomico por muitos annos ; era cavalleiro das ordens de S. Bento de Aviz, da Rosa e de Christo e condecorado com a medalha de campanha já mencionada, e escreveu: - Signaes sylldbicos- Não conheço esta obra. Vi delia a noticia que dá o catalogo da bibliotheca da marinha, sem mais declaração, do que a de possuir a mesma bibliotheca 280 exemplares. 196 AN - Annaes meteorologicos do Rio de Janeiro dos annos de 1863 a 1867. Rio de Janeiro, 1868 - Antes disto collaborara nesta obra com o general Antonio Manoel de Mello, directoi' do laboratorio astronomico. (Veja-se Antonio Manoel de Mello.) Como membro da commissão de demarcação de limites entre o império do Brazil e a republica do Uruguay teve parte nas cartas e trabalhos da mesma commissão (veja-se Francisco José de Souza Soares de Andróa) e parte muito activa em diversos de taes trabalhos como a - Carta plana da fronteira do Chuy levantada de 15 de outubro a 31 de dezembro de 1852 para servir á fixação da linha divisória entre o império do Brazil e o Estado oriental do Uruguay nesta parte da fronteira commum aos dous Estados, pela commissão de demarcação de limites, etc. - Lythographada no Archivo militar, Rio de Janeiro, 1853. Wntoirio Joaquim Damazio - Natural da cidade de S. Salvador, capital da Bahia, onde falleceu a 23 de fevereiro de 1881 com mais de 60 annos de idade, foi professor de arithmetica e algebra no ly- ceu da mesma capital, e exerceu um dos primeiros logares da secretaria da santa casa da misericórdia, donde passou a servir um logar de tabel- lião. Escreveu : - T omba mento dos bens immoveis da santa casa da misericórdia da Bahia em 1862, organisado sendo escrivão, e depois provedor, o irmão Manuel José de Figueiredo Leite. Bahia, 1862, in-4.° - Biographia do brigadeiro Manoel Ferreira de Araújo Guimarães - Vem na Revista do instituto historico, tomo 6o, pag. 262 e seguintes. A.n tonio Joaquim Franco de Sá - Natural da pro- víncia do Maranhão, nasceu na cidade de Alcantara a 16 de julho de 1836, sendo seus paes o senador Joaquim Franco de Sá, e dona Lucrecia Roza da Costa Ferreira e falleceu a 29 de Janeiro de 1830, sem ter ainda 20 an- nos de idade completos. Era poeta, frequentava, quando falleceu o 4o anno do curso de sciencias jurídicas e sociaes da faculdade do Recife e deixou grande cópia do suas composições poéticas, que foram por seu irmão, o doutor Felippe Franco de Sá, hoje senalor do império, publicadas posthumas com o titulo : - Poesias de Antonio Joaquim Franco do Sá. S. Luiz do Maranhão, 1867- Este volume ó precedido de uma noticia biographica do autor, es- cripta pelo dito seu irmão ; e n'uma carta, a este dirigida pelo illustrado litterato portuguez Thomaz Ribeiro, teceu grande elogio ao volume o eloquente escriptor de D. Jaime, de >ois de respirar nas poesias posthu- mas de A. J. Franco de Sá, os perfumes singelos daquella alma gracioza de adolescente e de poeta, como elle se exprimiu-elogio que também no Cancioneiro Alegre, pags. 109 a 120, lhe faz outro litterato e escriptor portuguez, C. Càstello Branco. No mesmo cancioneiro se acham duas poesias suas, que são AN 197 - A esbelta. Amor e Namoro -Pags. 121 a 126. São duas compo- sições joviaes, como as que compoem o livro. Ant s de expirar, no delirio de uma febre violenta, onde se denun- ciava a cauza de sua morte, pediu a seu irmão que escrevesse os se- guintes versos que elle recitava com voz commovida, tremula: Si tu vieres, bella compassiva, Como dos troncos velhos o renovo, Minh'alma ao morrer talvez vivera Para te amar e te adorar de novo. Vem.., corre para aqui neste momento Esquecendo teus paes e o teu Eugênio ! Eu já colhi as palmas do talento Comtigo colherei c'rôas de genio.... E não continuou, porque viu que seu irmão chorava, e abraçando-o, com as delle se misturaram suas lagrimas. Antonio Joaquim Leme - E' natural da provincia de S. Paulo, e formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade da mes- ma provincia, exerce a advocacia na cidade de Bragança, e escreveu : - Coroação da Virtude ou a independencia do Brazil: drama em cinco actos - Não pude ver este drama, mas creio que é impresso em S. Paulo. Antonio Joaquim de Macedo Soares - Natural da provincia do Rio de Janeiro, nasceu na villa de Maricá a 14 de janeiro de 1838. Formado em direito pela faculdade de S. Paulo, seguiu a carreira da magistratura, onde serve actualmente como juiz de direito, e tem sido por diversas vezes deputado provincial. Socio, desde que frequentava a faculdade, da sociedade Ensaio philoso- phico paulistano, e da academia philosophica do Rio de Janeiro, e pos- teriormente de diversas associações litterarias, deu á lume os primeiros ensaios de sua penna habil e bem aparada, como collaborador dos Ensaios litterarios e do Correio Paulistano, e além de diversas poesias lyricas, e artigos em proza sobre critica litteraria e outros assumptos publicados nas citadas revistas e na Revista do Atheneu Puulistano, escreveu : - Harmonias brazileiras: contos nacionaes, colligidos e publicados, etc.; primeira serie. S. Paulo, 1859 - E' uma collecção de poesias brazi- leiras, diz o doutor Macedo Soares, as quaes - parte inéditas, parte pu- blicadas em vários periódicos, redigidos quasi todos por essa esperançoza mocidade que se senta nos bancos das faculdades de S. Paulo e do Reci- fe, periódicos de ephemera duração - si não estavam esquecidas, ao me- nos não se achavam, por assim dizer, encerradas n'um só feixe por uma ideia superior que as ligasse na sua ultima nacionalidade. Não me consta que sahisse segunda serie. - Lamartinianas. Rio de Janeiro, 1869 - E' uma collecção de poesias de diversos poetas brazileiros. 198 AN - Meditações : poesias. Rio de Janeiro, 18 ". - Pa liberdade religioza no Brazil: estudo de direito constitucional. Rio de Janeiro, 1855 - Esta obra já havia sido publicada na revista men- sal do Ensaio philosophico paulistano ; e nella mostra o autor com argu- mentos derivados da philosophia e do direito, e confirmados pela historia, que deve ser livre no império o exercicio publico de qualquer religião. Como era de esperar, appareceram diversos escriptos, refutando taes ideias, entre os quaes: «A liberdade religioza segundo o senhor doutor Antonio Joaquim de Macedo Soares, magistrado brazileiro. Rio de Janei- ro, 1865 » obra, de que sahiu á luz segunda edição em 1866 ; e a « Circu- lar aos parochos para que previnam os seus freguezes contra os funestos effeitos do opusculo do doutor Antonio Joaquim de Macedo Soares, etc. Rio de Janeiro, 1866 » pelo monsenhor Felix Maria de Freitas e Albuquer- que, governador do bispado. A liberdade religiosa do doutor Macedo Soares teve terceira edição no Rio de Janeiro, 1874, 84 pags. in-8.° - Regimento dos distribuidores em geral. Rio de Janeiro, 1868 - Esta obra foi muito bem recebida pelas classes, a quem interessa. - Tratado jurídico pratico da medição e demarcação das terras, tanto particulares, como publicas, comprehendendo : direito e pratica das medi- ções e seus processos ; noções elementares da topographia pratica com applicação ao processo das medições e demarcações ; formulário do pro- cesso, medição e demarcação das terras publicas e particulares ; addições e correcções sobre as sesmarias e sobre o alqueire de terra. Rio de Janei- ro, 1878 - Ha segunda edição, consideravelmente augmentada na parte doutrinal e na jurisprudência. - Tratado pratico dos testamentos e successões por Antonio Joaquim Gouveia Pinto, annotado por A. J. de Macedo Soares. Rio de Janeiro, 1867. - O mate no Paraná : noticia escripta e offerecida á commissão central da exposição do Paraná. Rio de Janeiro, 1875 - E' precedida esta obra de uma introducção, escripta pelo doutor Miguel Antonio da Silva e acom- panhada do desenho da planta ilex paraguayensis. Era o autor, quando escreveu-a, juiz de direito de Campo-largo, comarca desta provincia. - Primeiras linhas sobre o processo orphanologico por José Pereira de Carvalho. Nova edição, contendo as notas e addições do doutor José Ma- ria Frederico de Souza Pinto ; revistas e augmentadas por Antonio Joa- quim de Macedo Soares. Rio de Janeiro, 1880, in-8.° - Declaracion de la doutrina christiana : manuscripto Guarany, tra- duzido e annotado, etc., precedido de uma carta do traductor ao senador Cândido Mendes de Almeida. Rio de Janeiro, 1880 - Esta obra contém muitas notas em que cooperou o doutor Baptista Caetano de Almeida No- gueira. Foi publicada antes na Revistado instituto historico, 1880, pags. 165 a 190. - A lei da reforma eleitoral e suas instrucções regulamentares, se- guida de um additamento e da divisão eleitoral, annotada, etc. Rio de Ja- neiro, 1881, 108 pags. in-8.° AN 199 Das publicações do doutor Macedo Soares, feitas em revistas de lettras e sciencias, citarei as seguintes : - O folhetim do domingo - serie de escriptos sobre diversos assum- ptos. No Correio Paulistano, 1858. - Nininha romance de costumes académicos : -Na Revista mensal do ensaio philosophico paulistano, 1859. - Ensaio critico sobre Luiz José Junqueira Freire-Idem, 1859, e re- produzido no Correio Mercantil do Rio de Janeiro de 19 e 20 de setem- bro do dito anno. - Noticia histórica sobre alguns escriptores, poetas e artistas acadé- micos - Na Revista Popular do Rio de Janeiro, tomo 2o, 1859, pags. 376 e seguintes, e tomo 3o, 1860, pags. 23 e seguintes. - Flores silvestres de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio - No Correio Mercantil, 1860. - Tres poetas contemporâneos - Idem, 1862. - Sobre a etimologia da palavra boava ou emboaba- Vem na Remsta Brazileira, 1879 a 1880, pags. 587 e seguintes. A publicação deste es- cripto deu logar a que sahisse outro com igual titulo, na mesma revista, tomo 2o, pags. 348 a 366, e tomo 3", pags. 22 a 36. (Veja-se Baptista Cae- tano de Almeida Nogueira.) O escripto, a que me refiro, do doutor Ma- cedo, é extrahido dos seus - Estudos lexicographicos do dialecto brazileiro sobre algumas pala- vras africanas, introduzidas no portuguez que se falia no Brazil - Na dita revista, tomo 4', pags. 243 a 271. Ha finalmente muitos trabalhos, como estes, publicados em revistas, e alguns inéditos, como o seu - Vocabulario da provincia do Paraná - Redigiu o - Forum litterario. S. Paulo, 1861 - tendo por companheiros na re- dacção Z. A. Pamplona, e Américo Lobo. D. Antonio Joaquim de Mello, 1°, bispo deS. Paulo - Filho do capitão Theobaldo de Mello Cezar e de dona Josepha Maria do Amaral, nasceu em Itú, provincia de S. Paulo, a 29 de setembro de 1791 e falleceu a 16 de fevereiro de 1861. Antes de seguir o estado ecclesiastico, assentara praça no exercito, sendo ainda muito criança, más sempre contrariado em sua vocação natural, deixou pouco tempo depois a carreira das armas para dedicar-se á religião e receber o habito de S. Pedro. Foi apresentado bispo de S. Paulo a 5 de maio de 1851, confirmado a 17 de março de 1852, sagrado a 6 de junho, e por procuração tomando posse de sua diocese a 14 de junho, fez nella sua entrada pontifical a 3 de agosto do referido anno; e apenas empossado do báculo, como diz Aze- vedo Marques, foi seu primeiro cuidado percorrer todo bispado com o duplo fim de reformar os abusos com a palavra e com o exemplo e de colher donativos para fundar o seminário episcopal, o que effectivamente conseguiu. 200 AN O bispo dom Antonio Joaquim de Mello era do conselho de sua mages- tade o Imperador, conde romano, prelado domestico de sua santidade, assistente ao throno pontifício, e escreveu diversas pastoraes, e entre ellas : - Carta pastoral, saudando a seus diocesanos, dada aos 6 de julho de 1852. Rio de Janeiro, 1852, 8 pags. in-4.° - Pastoral, publicando o jubileu que nos foi concedido pelo summo pontifice Pio IX em 21 de novembro do anno proximo passado. Rio de Ja- neiro, 1852, 8 pags. in-4° -Esta pastoral é datada de 18 de outubro deste anno. - Pastoral, dada em Itú aos 13 de janeiro de 1861 - Vem publicada no Monitor Catholico ns. 19 e 20 de 1 e 4 de setembro de 1881. E' a ultima ou a penúltima deste prelado, e versa sobre diversos asumptos da egreja. Nesta mesma revista, vem reproduzido um artigo de sua penna com o titulo : - $. Francisco Xavier, orae por nós. A propagação dâ fé e a obrada santa infancia - no n. 6 de 14 de julho de 1881. Fôra publicado em avulso no anno de 1846 e distribuido pela provincia de S. Paulo. E' uma exposição acerca destas duas obras, no interesse de collectar esmolas para ellas. A.ntonio Joaquim de Mello, - Filho de IgnacioCor- reia Gomes de Mello e de dona Anna Francisca das Chagas Alves Mari- nho, nasceu na cidade do Recife, capital de Pernambuco, a 2 de feve- reiro de 1794 e ahi faileceu a 8 de dezembro de 1873. Sendo tabellião do judicial e notas em 1817, e se compremettendo nos movimentos politicos de sua provincia, foi por isso perseguido, abando- nou o emprego e foi exercer a profissão de advogado emGaranhuns, onde psrsistiu até que, depois de proclamada a independencia, foi nomeado procurador fiscal da thesouraria de fazenda de Pernambuco. Tomando, porém, parte nos movimentos politicos subsequentes, de 1824, da repu- blica do Equador, e de novo perseguido, foi obrigado a homisiar-se até que pela promulgação do decreto de amnistia voltou a seu emprego, e o exerceu, obtendo aposentação em 1854. Suas opiniões politicas ainda foram motivo de accusações e processos contra elle instaurados em 1829 e em 1838, dos quaes triumphou felizmente. Foi em sua provincia chefe do partido que sustentava a abdicação do primeiro imperante, e em opposição á Columna do throno e do altar, associação secreta, creada pelo partido adversos fundou e presidiu a so- ciedade patriotico-harmonisadora, que auxiliou muito o governo por occasião da sedição militar de setembro de 1831, offerecendo ao mesmo governo seus serviços pessoaes e até dinheiro ; exerceu cargos de eleição popular, como os de juiz de paz, vereador da camara municipal, conse- lheiro do governo e da provincia, deputado provincial em diversas legis- laturas e deputado geral em uma das primeiras legislaturas, sendo votado AN 201 por diversas vezes para senador do império ; e serviu cargos de nomeação do governo geral como o de presidente da Parahyba por carta imperial da regencia de 10 de dezembro de 1832. Era commendador da ordem de Christo, official da ordem da Roza, etc. e escreveu : - Os Cahetès : cantata nacional - Foi escripta o publicada, quando se achava o autor foragido no brejo da Madre de Deus por causa da revolução de 1824, tendo ahi noticia de que se preparava em Portugal uma expedição contra o Brazil. Vem no seu volume Versos, publicado em 1857, e no 2o tomo das Biographias de alguns poetas e homens il- lustres de Pernambuco. - Itaê : idylio - Foi também escripto por esta occasião, depois cor- recto, ampliado e offerecido em manuscripto ao Imperador em 1845. Vem nas mesmas cellecções. - Versos de Antonio Joaquim de Mello. Pornambuco, 1847, in-8° - Contém este volume o idylio acima, tres cantatas, tres odes, cinco sone- tos e quinze anacreônticas. - O postilhão olindense : idylio offerecido ao senador Honorio Her- meto Carneiro Leão. Pernambuco, 1848. - Biographias de alguns poetas e homens illustres de Pernambuco. Recife, 1856 a 1859, tres vols - Nesta obra se occupa o autor dos seguin- tes indivíduos : Io volume, João Nepomuceno da Silva Portella, padre Manoel de Souza Magalhães, padre José Gomes da Costa Gadelha, Felippe Bandeira de Mello, Pedro de Albuquerque e Manoel Caetano de Albu- querque Mello, 2° ; padre Felippe Benicio Barbosa, padre Francisco Fer- reira Barreto, Luiz Barbalho Bezerra e padre Antonio Gomes Pacheco ; 3o, Luiz Francisco de Carvalho e Castro, Jeronymo de Albuquerque, Ál- varo Teixeira de Macedo e João Antonio Salter de Mendonça. Este vo- lume é dedicado a A. P. de Figueiredo, que das B;ographias se occupara em um de seus luminosos folhetins publicados no Diário de Pernambuco, sob o titulo a Carteira, de 2 de maio de 1858. (Veja-se Antonio Pedro de Figueiredo.) Dedicado a estudos biographicos, deixou inéditas : - Diversas biographias - que foram achadas por uma feliz casualidade, quanlojáeram tidas por perdidas, segundo li numa noticiada idéa de uma exposição de leitura do Brazil, iniciada pela bibliotheca nacional de Pernambuco em 1880, as quaes supponho pertencerem hoje ao instituto archeologico desta província. Colleccionou além disto as - Obras políticas e litterarias de frei Joaquim do Amor Divino Cane- ca, colleccionadas em virtude da lei provincial n. 900 de 25 de junho de 1869, mandadas publicar pelo excellentissimo senhor commendador presi- dente da província doutor Henrique Pereira Lucena. Recife. 1876, 2 vols. in-4° - E' procedido o Io vol. da biographía de frei Caneca, escripta(pelo commendador Mello. (Veja-se frei Joaquim do Amor Divino Caneca.) 202 AN - Obras religiosas e profanas do vigário Francisco Ferreira Barreto, cavalleiro da ordem imperial do Cruzeiro, commendador da de Christo, prégador da capella imperial, etc. etc., coordenadas em virtude da lei provincial n. 647, mandadas imprimir pelo excellentissimo senhor commendador presidente da província, desembargador Henrique Pe- reira Lucena. Recife, 1874, 2 vols. in-4° sendo o Io precedido do retrato e da biographia do vigário Barreto. (Veja-se Francisco Ferreira Barreto.) Foi o fundador e redactordo - Earmonisador (orgão do partido moderado). Pernambuco, 1831 - Esta folha appareceu com a instrucção da sociedade patriotico-harmoni- sadora e contribuiu muito para o restabelecimento da ordem por occasião dos movimentos políticos desta época. Antonio Joaquim de Mello Tamlborim - Nas- ceu na província do Ceará a 12 de março de 1839, e falleceu entre o anno de 1875 e o de 1877. Matriculando-se na academia de marinha em 1855, ahi fez o respectivo curso, e sendo promovido a guarda-marinha em 1857, subiu successiva- mente até o posto de capitã) de fragata, e exerceu diversas commissões importantes, inclusive a de addido militar á legação brazileira nos Es- tados-Unidos ; era cavalleiro da ordem de S. Bento de Aviz, e da do Cru- zeiro, commendador da ordem da Roza, condecorado com a me lalha de Paysandú e a da guerra contra o Paraguay, e escreveu : - Instrucções organizadas a bordo da canhoneira Araguary em cumprimento do aviso n. 1635 de 30 de junho de 1873. (Avisos aos na- vegantes para navegar a barra da Victoria, os portos da Bahia, S. Fran- cisco, Pernambuco, Parahyba e a barra velha de Iguarassú.) Rio de Ja- neiro, 1874, 6 fls. in-4.° TVntonio Joaquim das Mercês - Natural da Bahia, ahi fez seus estudos e professou na ordem dos Carmelitas, e achando-se no convento do Recife, foi um dos muitos religiosos que adheriram á re- volução de Pernambuco, de 1824 ; e quando as forças do governo se apo- deraram da capital, e as revolucionarias, fugindo para o Ceará, se ren- deram, depois de algumas guerrilhas, a 29 de novembro de 1824, frei Antonio das Mercês, que acompanhava estas forças, foi um dos prisio- neiros, que, com frei Joaquim do Amor Divino Caneca, frei João de Santa Miquelina, o padre João Barboza Cordeiro, o padre Ignacio Bento d'Avila e outros, fez o major Bento José Lamenha Lins. Obtendo a liberdade, foi á Roma, secularisou-se e recebeu o grau de doutor em theologia ; voltando á Bahia, exerceu o cargo de lente de geometria do lyceu da capital, e de conego da cathedral; foi um dis- tincto orador sagrado, muito douto nas matérias ecclesiasticas, mas nunca publicou seus sermões. Delle só conheço : - Instituições lógicas por Segismundo Storchenau, traduzidas do A.M 203 latim. Bahia, 1837 - Fui informado por pessoa da familia do conego Mer- cês de que é deste autor a obra : - Elementos de physica geral, redigidos por F. L. Altieri, e tradu- zidos em vulgar pelo doutor A. J. M. Bahia, 1841. Antonio Joaquim de Moura - Natural, si não me engano, da provincia do Ceará, foi deputado por esta provincia, e es- creveu : - Preciso dos successos que occasionaram o grande acontecimento do faustoso dia Sete de abril, dirigido aos cearenses pelos seus deputados. Rio de Janeiro, 1831, 3 pags. in-fol. - Assignam também este escripto os deputados José Martiniano de Alencar. Manoel do Nascimento Castro e Silva, Manoel Pacheco Pimentel e Francisco de Paula Barros. Antonio Joaquim Nogueira da Gama - Pelo appellido parece ser da antiga familia Nogueira da Gama, de Minas Geraes. Sei apenas que falleceu no Rio Doce a 5 de abril de 1826 ; que exercia na provincia do Espirito Santo o logar de escrivão da junta de fazenda, e escreveu por occasião da acclamação da independencia : - Discurso recitado no dia 12 de outubro de 1822 perante a effigie de sua magestade imperial o senhor dom Pedro I. Rio de Janeiro, 1822, 8 pags. in-8° - Precede o discurso, em vez de titulo, uma dedicatória do commandante das armas Fernando Felix da Silva, apresentando-o a sua magestade. Antonio Joaquim de Oliveira Campos - E' na- tural da provincia do Pará, onde reside ; formado em mathematicas pela escola central ; exerce o logar de engenheiro da camara municipal de Belem e escreveu : - Questão do theatro de Nossa Senhora da Paz e a inepta commissão Christiano. Pará, 1874, 43 pags. in-8° com um mappa - Versa sobre uma contestação de um orçamento de obras, elaborado pelo autor. Antonio Joaquim Picaluga - Não está verificado si nasceu na provincia do Maranhão, ou si foi um dos portuguezes ahi residentes que adoptaram a constituição do império. No Maranhão exer- ceu o magistério, e escreveu : - Mentor inglez ou recopilação de regras fáceis, extrahidas dos me- lhores autores, para se aprender a lingua ingleza. Maranhão, 1829. _A.n.t.oiiio Joaquim Rilbas - Nascido na cidade do Rio de Janeiro a 28 de abril de 1820, fez o curso de sciencias juridicas e sociaes na academia de S. Paulo e ahi recebeu o grau de bacharel em 1840; no anno seguinte recebeu o grau de doutor e foi nomeado lente de historia universal ; em 1854, reformando-se a academia, foi nomeado 204 AN lente substituto, e regeu como tal as cadeiras de economia política, di- reito administrativo, direito publico, direito civil, e direito ecclesiastico, até que foi nomeado por carta imperial de 2 de outubro de 1860 lente cathedratico de direito civil pátrio, analyse e comparação do direito romano, e em 1863 os estudantes, que concluíam o curso da faculdade, mandaram tirar á oleo seu retrato em tamanho natural para ser collocado no salão dos actos, e lithographar em Paris o mesmo retrato para ser dis- tribuído pelos amigos do distincto mestre. Foi deputado á assembléa de S. Paulo em diversas legislaturas con- secutivas desde 1849 até sua vinda para o Rio de Janeiro, sendo reco- nhecido como um orador distincto pela correcção da dicção e pela lógica severa de seus argumentos; desempenhou diversas commissões impor- tantes, tanto do governo provincial, como do geral, entre ellas a de membro da commissão revisora do projecto do coligo civil ; é actual- mente advogado no Rio de Janeiro ; é commendador da orcem de Christo por seus serviços prestados ás lettras, e escreveu : - Navegação do Paraná e seus affluentes, o Parahyba e Mogiguassú : memória - Vem na Bibliotheca brazileira, revista mensal por uma as- sociação de homens de lettras, Rio de Janeiro, 1863, tomo Io, n. 1 ; na Revista do instituto historico, tomo 25°, pags. 149 a 162 ; e finalmente no relatorio do ministério da agricultura, commercio e obras publicas, 1862. - Discursos parlamentares do Dr. Gabriel José Rodrigues dos Santos, colligidos pelo doutor A. J. Ribas com a biographia e o retrato lithogra- phado do orador. Rio de Janeiro, 1863 - E' um livro de 802 pags., pre- cedidas de mais 74 que contêm a biographia escripta pelo colleccionador. - Direito administrativo brazileiro, obra premiada e approvada pela resolução imperial de 9 de fevereiro de 1861 para uso das faculdades de direito do Recife e de S. Paulo. Rio de Janeiro, 1866. - Curso de direito civil brazileiro. Rio de Janeiro, 1865, 2 vols. - Esta obra foi approvada para servir de compendio ao estudo theorico da sciencia do direito, e á pratica do fôro, pelas faculdades de S. Paulo e do Recife. - Curso de direito civil brazileiro. Rio de Janeiro, 1880, 2 vols. - E' uma segunda edição da precedente ; mas completamente modifi- cada, não só pelo novo systema de divisão das matérias contidas na obra, e mais largo desenvolvimento delias, como pelo accrescimo de um novo titulo, de capítulos e paragraphos novos. - Consolidação das disposições legitimas e regulamentares concer- nentes ao processo civil, approvada pela resolução imperial de 28 de dezembro de 1876 e impressa por ordem do governo imperial. Rio de Ja- neiro, 1878, 2 fls., 468 pags. in-4a - E' dividida em duas partes, e traz como appendice de pag. 421 em diante : o decreto de 25 de outubro de 1875 que dã força de lei no império á assentos da casa da supplicação de Lisboa e competência ao supremo tribunal de justiça para tomar outros ; AN 205 o decreto de 10 de março de 1876 que regula o modo, por que devem ser tomados os assentos do supremo tribunal de justiça ; e um indice chronologico das disposições legislativas e regulamentos citados nesta consolidação. - Consolidação das leis do processo civil, commentadas pelo conse- lheiro Antonio Joaquim Ribas com a collaboração de seu filho, doutor Julio A. Ribas, vol. l.° Rio de Janeiro, 1879, 529 pags. in-4.° - Da posse e das acções possessorias, segundo o direito pátrio, comparado com o direito romano e canonico. Rio de Janeiro, 1883, 400 pags. in-4.° - Historia dos paulistas - Inédita. E' uma obra que, ha muitos annos, escreveu o conselheiro Ribas, e de que apenas um fragmento foi publicado nos Ensaios litterarios de S. Paulo, outubro de 1850. Se deprehende, que o autor completou a obra, pelo modo, por que se exprime a redacção desta revista. Diz ella : « Extrahi da Historia dos paulistas (M. S.) pelo senhor doutor Ribas o fragmento, que ahi publicamos : o nome do autor é seu maior elogio e os que lerem, poderão apreciar o cri- tério do historiador, e a illustração de litterato. » Ha deste autor diversos discursos académicos, proferidos em actos so- lemnes, diversas memórias, artigos em proza e poesias, publicados em periódicos de lettras, como a Revista da academia de S. Paulo, o Kaleidoscopio e outros do Rio de Janeiro, ou em collecções. De poesias mencionarei as duas seguintes : - Gethsimani - poesia que vem no Album litterario de Antonio Ma- noel dos Reis, publicado em S. Paulo, 1862. - A'poesia - hymno que vem na Revista da academia, pag. 284. 0 conselheiro Ribas redigiu : - 0 Piratininga: periodico político e litterario. S. Paulo, 1850 - E depois deste redigiu o Constitucional e com outros a Imprensa paulista, todos da mesma província. Antonio Joaquim Rodrigues da Costa - Filho de João Rodrigues Antunes da Costa e de dona Luiza Engracia de Al- meida Costa, nasceu na capital da Bahia em 1833 e falleceu ha cerca de dez annos. Doutor em medicina pela faculdade de sua província, apresentou-se em dous concursos, em 1860 e 1862, á um logar ae oppositor da secção me- dica da mesma faculdade, e exerceu de 1858 a 1859 o logar de director do theatro S. João, de sua província. Cultivou desde os bancos de prepa- ratórios a litteratura amena, sobretudo a poética e escreveu : - Primeiros harpejos. Bahia, 1853, in-8°- E' um volume em que o autor enfeixou muitas de suas composições poéticas. - Notas perdidas : poesias. Bahia, 1856, in-8°- Antes de sahirem estes dous volumes, publicara o doutor Rodrigues da Costa muitas poesias no Prisma de cuja redacção fizera parte, e n'outras revistas, como : 206 AN - A' Marfida. Os olhos delia. Ella- Vêm no Atheneu da Bahia, ns. 7, 9 e 12. São os primeiros ensaios de uma musa de 14 annos. - As bahianas. O amor do poeta. O beijo roubado. Um sonho. A primavera. O poeta. Uns olhos. Dircêo. Sonhei que tu eras-Vêm no Cantos brazileiros, Bahia, 1850 - São escriptas ao mesmo tempo das procedentes. - Condições que deve reunir uma habitação privada n'um paiz quente para ser salubre: dissertação. Bahia, 1856 - E' uma these inaugural, onde o autor trata também dos seguintes pontos em proposições : Io Qual a importância do exame do pulso para o diagnostico das doenças internas ? 2o O rachitismo e a osteomalaxia são dous estados morbidos distinctos ? 3o Qual é a responsabilidade do medico legista segundo o nosso codigo criminal ? - Esboçar em um quadro as funcções cerebraes : these para o con- curso a tres logares de oppositores da secção medica. Bahia. 1860 - E' seguida de proposições sobre os diversos ramos do ensino medico. - Diagnostico differencial das paralisias : these apresentada para o concurso a um logar de oppositor da secção medica. Bahia, 1862 - Idem. -Pedro I: drama historico em quatro actos. Bahia, 1869 - Foi levado á scena na Bahia com muito applauso. - Dous de julho : drama - representado no theatro S. João, da Bahia, no dia 2 de julho de 1857. - Calabar: tragédia - representada no theatro S. Pedro, da Bahia. Ignoro si esta obra e a precedente foram impressos. O doutor Rodrigues da Costa deixou muitas poesias, e talvez outras obras inéditas e collaborou no Jornal da Bahia, onde escreveu : - Folhetins humorísticos - 1856 e 1857. Antonio Joaquim de Senna - E' natural do Rio de Janeiro e formado em direito, exerce actualmente a advogacia na.côrte, depois de ter servido como promotor publico na comarca de Vassouras, e escreveu : , - Intelligencia e trabalho. Peç.■. de arch.'. proferida na sessão de 12 de setembro na aug.'. loj.*. Indust.-. e Car.'. ao v.\ de Nova Fri- burgo, por occasião de ser discutida uma proposta tendente a ser creada pela loj.-. uma escola nocturnana mesma villa, a qual foi unanimemente approvada, 2a edição. Rio de Janeiro, 1878, 20 pags. in-8.° Antonio Joaquim da Silva Maia - Consta-me que nasceu na cidade do Rio de Janeiro. Nenhuma noticia mais pude obter a seu respeito, e só sei que publicou a seguinte obra, já mencionada no Diccionariobibliographico portuguez, tomo 8o, pag. 421: - O charadista, ou grande collecção de charadas compostas e reunidas por, etc. Rio de Janeiro, 1868, 108 pags. in-8.° AN 207 Antonio Joaquim Teixeira de Azevedo - Na- tural da cidade do Rio de Janeiro onde falleceu victima de uma tuber- culose a 21 de maio de 1879, foi pharmaceutico formado pela faculdade de medicina da côrte, exerceu o magistério como professor de noções de his- toria natural e physica da antiga escola normal da côrte, depois como professor da instrucção primaria da freguezia de S. Christovão, e ultima- mente na escola municipal de S. José, e escreveu : - Considerações ao correr dapenna sobre o projecto de um novo systema sanitario em relação aos interesses da profissão pharmaceutica. Rio de Janeiro, 1877, 24 pags. in-4.° Ha muitos escriptos seus na seguinte revista que redigiu : - Tribuna pharmaceutica : orgão publico do instituto pharmaceutico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1874 a 1879, in-4° - A publicação continuou ainda depois de sua morte. A-iitonio José Alves - Pae do sympathicoe desventurado poeta Antonio de Castro Alves, e filho de Antonio José Alves e de dona Anna Joaquina Alves de Sá, nasceu na cidade da Bahia a 16 de maio de 1818, e falleceu a 24 de janeiro de 1866. Destinando-se a ser pharmaceutico, principiou a praticar n'uma Phar- macia da mesma cidade ; mas, resolvendo-se a estudar medicina, matri- culou-se na escola medico-cirurgica em 1836. A revolução, porém, de 7 de novembro de 1837, levou-o a retirar-se da capital e tomar armas pela causa da legalida 1® ; assentou praça como primeiro cadete no batalh^p de voluntários da Cachoeira ; entrou em combates e foi elogiado pelo com- mando geral das forças legaes. Finda a luta, continuou o curso medico ; recebeu o grau de doutor em 1841, sendo cirurgião do quarto batalhão da guarda nacional; foi á Europa aperfeiçoar-se em seus estudos em 1842 e voltando á patria, fez na faculdade cursos de pathologia, de auscultação, e de operações. Por occasião da reforma das faculdades, em 1855, foi nomeado lente substituto da secção cirúrgica, e em 1861 lente cathedratico de anatomia descriptiva, donde passou á cadeira de clinica externa em 1862 ; era cirurgião do hospital da misericórdia, facultativo da casa da providencia, cavalleiro da ordem da Rosa e da de Christo, e escreveu: - Considerações sobre os enterramentos, por abusos praticados nas igrejas, e nos recintos das cidades ; perigos que resultam desta pratica e conselhos para a construcção de cemitérios : these apresentada e sustentada perante a faculdade de medicina da Bahia aos 26 de novembro de 1841. Bahia, 1841 - Nesta época ainda estavam em uso no império os enterra- mentos nas igrejas. - Refutação da prova escripta pelo doutor João José Barboza de Oli- veira « O que seja a doença e quaes as considerações sobre sua sede » no concurso a uma cadeira de lente substituto da secção medica em 1846 - Sahiu no periodico Crepúsculo, tomo 2o pag. 131 e seguintes. A esta 208 AN refutação respondeu o doutor Barbosa n'um longo artigo inserto no perió- dico Musaco, 1846, pags. 217 a 223 e 234 a 238, não sendo concluída por cahir o Musaico. - Pequeno esboço ou memória sobre a cultura da baunilha no Brazil - Vem no Recreador mineiro, tomo 4o, 1846, pags. 681, 701 e 717 e se- guintes. - Memória histórica dos acontecimentos occorridos no anno de 1857 na faculdado de medicina da Bahia, organizada para servir de chronica na conformidade do artigo 197 dos estatutos. Bahia, 1840. Em revistas de lettras ha ainda alguns escriptos seus, como : - Camadas de terra. Qualidades de mestre. Recordações, noticias de Lisboa - artigos publicados no Crepúsculo da Bahia. Antonio José do Amaral, Io - Nasceu na cidaie do Rio de Janeiro a 13 de agosto de 1782, falleceu a 21 de Abril de 1840. Seu pae, José Francisco do Amaral, destinando-o ao estado ecclesiastico, o fez estudar no seminário episcopal, onde recebeu elle ordens menores ; mas, deixando o seminário, fez o curso e formou-se em mathematicas na universidade de Coimbra em 1807. No anno seguinte entrou para o corpo de engenheiros no posto de 2o tenente, do qual subiu áté o de major ; foi nomeado lente substituto da escola militar em 1811 e cathedratico em 1819, sendo jubilado em 1836 ; foi deputado pelo Rio de Janeiro á se- gunda legislatura de 1830 a 1833, merecendo a honra de ser indigitado para dirigir a educação do actual imperante e de suas serenissimas irmãs após a abdicação de dom Pedro I, e foi sempre, bem que muito devotado às idéas republicanas, o homem da ordem e da mode- ração. Fez parte da commissão encarregada, antes da independencia, de organizar os compêndios para a academia militar, para a qual não me consta que apresentasse algum, e escreveu : - Oração pronunciada na abertura da academia militar no dia 9 de março de 1825 - Vem com outra de seu collega Manoel Ferreira de Araújo Guimarães no opusculo com o titulo de « Narração da solemne abertura d a imperial academia militar em presença de suas magestades imperiaes, etc. Rio de Janeiro, 1825. Redigiu com José Joaquim Vieira Souto a - Astrêa. Rio de Janeiro, 1826 a 1832, 6 vols.- E' uma folha política de opposição, mas sempre comedida, ao governo do primeiro imperador. Foi também apontado como redactor do - Simplicio : folha humorística. Rio de Janeiro, 1831-1833 in-4°- Esta publicação tinha por fim profligar pela satira e pelo ridículo os maus há- bitos e preconceitos da época, assim como os abusos nas modas das senhoras fluminenses. EUa deu origem a diversas outras publicações periódicas do mesmo genero e estilo ; pode-se dizer - fez que viesse á publicidade toda a parentella do Simplicio. Aproveitarei esta opportunidade para dar AN 209 noticia de algumas publicações que pelo plano seguido neste livro teria de omittir. por jue só dou noticia do escripto, quando possa dizer quem é o autor. São ellas : - O Simplicio da roça : jornal dos domingos. Rio de Janeiro, 1831- 1832, in-4° - O primeiro numero é datado de 6 de novembro. - A verdadeira mãi do Simplicio ou a infeliz viuva peregrina. Rio de Janeiro, 1831, in-4° - Poucos numeros sahiram. - A mulher do Simplicio ou a fluminense exaltada. Rio de Janeiro, 1832 a 1844, in-49 - Esta publicação e toda em verso. Foi a que teve mais longa vida. Precedeu-a outra Mulher do Simplicio, escripta por Paula Brito. (Veja-se Francisco de Paula Brito.) - A fVha unica da mulher do Simplicio (em verso). Rio de Janeiro, 1832, in-4° - Começou a sahir a 14 de março. - A Simplicias nha: jornal satirico e divertido (em verso). Rio de Janeiro, 1833, in-4.° - O Simplicio às direitas, pôsto no mundo ás avessas. Rio de Ja- neiro, 1833, in-4° -E' também em verso. - Novo Simplicio poeta. Rio de Janeiro, 1840 -Sahiu o primeiro numero de 8 pags. in-4° a 3 de janeiro. - A filha do Simplicio : jornal poético, critico, litterario, jocoso, e ás v^zes politico, de iicado ao bello sexo (em verso). Rio de Janeiro, 1848 - E' filha naturalmente do novo, e não d) velho Simplicio. Uma destas folhas se diz ser da redacção do doutor L. V. de Simoni; não sei qual é delias. A.ntonio José do Amai-al, Q»-Filho do negociante da praça do Rio de Janeiro, Francisco José do Amaral, nasceu nesta cidade a 1 de julho de 1824, aqui fez todos os seus estudos ate receber o grau de bacharel em mathematicas na antiga escola militar, e apresentando-se ao concurso a uma cadeira de repetidor, foi nella provido, passando depois a lente cathedratico. Seguind > a carreira militar, assentou praça a 25 de março de 1842 na arm i de artilharia ; foi promovido a alferes alumno em março do anno seguinte, e subiu successivamente a outros postos até o de coronel do corpo de estado-maior de artilharia, posto que actualmente tem ; tem exercido diversas commissões da repartição da guerra, taes como a de commandante da primeira bateria de foguetes a congréve, organizada no exercito, durante as campanhas do Uruguay e argentina, sendo ainda Io tenente, em 1852; official de gabinete do ministério da guerra mais de uma vez, e ajudante de ordens do respectivo ministro ; secretario da escola militar ; secretario da commissão de exame da legislação do exer- cito, etc. E' do conselho de sua magestade o Imperador ; offici .1 da ordem da Rosa, cavalleiro das de Christo e de S. Bento de Aviz, condecorado com a medalha da primeira divisão que assistiu á batalha de 3 de foveleiro de 1852 em Monte-Caseros, e escreveu : 210 AN - Guia do fogueteiro de guerra ou apontamentos sobre os foguetes de guerra, acompanhados de um exjrcicio para sou bom emprego; coordenada e offe'ecida ao governo imperial para uso da escola de tiro, approvada pela commissão de melhoramentos do material do exercito, e mandada adoptar por aviso do ministério da guerra de 19 de fevereiro de 1861. Rio de Janeiro, 1861 - Por esta obra foi o autor elogiado pelo Governo. - N omenclatura explicada de artilharia para uso da escola militar, approvada pelo respectivo conselho de instrucção e pela commissão de me- lhoramentos do material do exercito e mmdada adoptar pelo governo por aviso da mesma data. Rio de Janeiro, 1861 - com nove estampas e uma tabella em folha desdobrável. Esta obra e a precedente foram impressas de novo n'um só volume por orlem do governo no mesmo anno, 1861. - Systema métrico, comparado por meio de tabellas com o systema de medidas, usado no Brazil, R o de Janeiro, 1862 - Este trabalho foi approvado pelo conselho de instrucção publica da província do Rio de Janeiro, e mandado ad >ptar por ordem da presidência da mesma pro- víncia, de 8 de novembro de 1862. - Indicador da legislação militar em vigor no exercito do império do Brazil, organizado e dedicado a sua magestade imperial. Rio de Janeiro, 1863 -, a saber : vol. Io, 578 pags.; vol. 2°, parte Ia, 525 pags. com um mappa; vol. 2°, pirte2a, 468 pags. com tres tabellas. Esta obra foi applaudida, não só por jurisconsultos e militares para quem é de grande valor, como p da imprensi, apparecendo elogios ao autor nos periódicos Militar, Indicador Militar, Correio Mercantil, Diário do Rio, Jornal do Çommercio, etc. Depois se publicou - Indicador da legislação militar em vigor no exercito do império do Brazil, etc., segunda edição. Ro de Jane ro- a sab r : vol. Io, parte Ia, 1872, 422 pags. ; vol. Io, parte 2a, 1872, 498 pags. ; vol. 2o, 1870, 663 pags. e indice; vol. 3o, 1871, 611 pags. com tabellas e índice. - Complemento do indicador da legislação militar em vigor no exercito do império do Brazil, etc. Rio de Janeiro, 1878 -3 vols., a saber : vol. 1°, 418 pags. ; vol. 2o (appendice), 344 pags. com diversos mappas e relações desdobráveis ; v 1. 3o (indice remissivo), 352 pags, em ordem alphabetica e mais uma de erratas. - Questão anglo-brazileira, encaradi por um militar - Serie de ar- tigos insertos no Diário do Rio de 20, 22 e 27 de fevereiro de 1863. - Manobras de artilharia de campanha da guarda franceza, traduzidas 6 commentadas - Não vi esta obra. - Nomenclatura explicada da arma de Comblain, organizada, por ordem de sua alteza o senhor marechal do exercito, Conde d'Eu, pela commissão de melhoramentos do mater al do exercito, sob a presidência interina do marechal de campo José da Victoria Soares de Andréa, tomando-se por base o original francez, etc. Rio de Janeiro, 1873 - As- signam também este trabalho os capitães Estevão Joaquim de Oliveira Santos, José Pereira da Graça Júnior e Luiz Carlos da Costa Pimentel. A.N 211 Antonio José de Araújo - Filho de Manoel José de Araújo e de dona Marii da Paz Araújo, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 2 de fevereiro de 1807 e falleceu a 16 de abril de 1869. Depois de fazer os estudos do commercio, e da academia de marinha, fez o curso de engenharia, recebendo o grau de doutor em mathematicas e sciencias physicas em 1831, e entrou noanno seguinte no magistério publico, como lente d x academia militar, cujo cargo exerceu por quasi trinta annos, leccionando diversas matérias e jubilando-se afinal. Foi official do imperial corpo de engenheiros, onde assentou praça a 6 de dezembro de 1825, sendo promovido a segundo tenente um anno depois e subindo successivamente a diversos postos até o de coronel; professor honorário do lyceu de artes e officios ; soei o da sociedade auxiliadora da industria nacional, da sociedade propagadora das bellas artes e do con- servatório dramatico; è cavalleiro da ordem de S. Bento de Aviz, e escreveu : - Poesias offerecidas ás senhoras brasileiras. Rio de Janeiro, 1832 - Segunda edição correcta e augmentada de outras novas poesias. Rio de Janeiro, 1835, 148 pags. in-8.° - Thelaira ou os hespanhoes no novo mundo : tragédia em cinco actos. Rio de Janeiro, 1835, 96 pags. in-8.° - Pensamentos poéticos. Rio de Janeiro, 1838, 92 pags. in-8.° - Poesia do amor, offerecida ao... senhor Francisco de Paula Brito. Rio de Janeiro, 1857, 23 pags. in-12. - Saudação à estatua equestre do fundador do império, o senhor dom Pedro I. Rio de Janeiro, 1862, 8 pãgs. in-4.° - Ao feliz consorcio de sua alteza imp 'rial a senhora dona Leopol- dina com sua alteza real o Duque de Saxe. Rio de Janeiro, 1864, in.-4° - E' uma poesia recitada no theatro a 26 de Dezembro deste anno. - Entrada das tropas constitucionaes no Porto : drama historico, representado no Rio de Janeiro -Parece-me que nunca foi impresso. - Elevação de Dom Pedro II ao throno de Portugal: drama repre- sentado no Rio de Janeiro - Idem. Além destes dramas que são originaes escreveu outros e traduziu alguns que não deu á publicidade, como os cinco seguintes: - A boa mulher : drama original. - Luiz XI : drama de Casimiro Levigne. Traducção. - Cinna : tragédia de Corneille. Idem. - O alchimista : drama de Alexandre Dumas. Idem. - Hamlet: drama de Ducis. Idem. - Discurso pronunciado no Gr.-. Or.-. Bras.'. no dia 25 de maio de 1846 por occasião da posse dos MM.'. PP.-. II.-. GG.-. Manoel Alves Brinco, e Aureliano de Souza e Oliveira Coitinho, GG.-. MM.-. daOrd.-. Rio de Janeiro, 1846, in-8.° - Oração da abertura da escola militar em 12 de março de 1853. Rio de Janeiro, 1853, 20 pags. in-4.° 212 AN - Oração académica na solemne abertura da escola central do Brazil, pronunciada em 16 de dezembro de 1858. Rio de Janeiro, 1858, 24 pags. in-4.0 - Planta da cidade do Rio de Janeiro, organizada no archivo mi- litar pelos officiaes do exercito, coronel de engenheiros F. Carneiro de Campos, tenente-coronel de engenheiros doutor A. de Araújo, etc. 1858 - Foi publicada no referido archivo. Ha finalmente diversos artigos do doutor Araujo no Jornal do Com- mercio com a assignatura de Caverna acústica ; no Correio da Tarde asdgnados por Cabeça parlante; no íris, Novo Tempo, Marmota, Propheta, Daguerreotypo e no Diário do Rio sob o anonymo, ou assigna- tura figurada. A-iitonio José dLe Arau,j< PinlxQiro.- Natural do Rio do Janeiro, falleceu a 30 de dezembro de 1881 em Petropolis, onde exercia um emprego na camara municipal. Era tenente da guarda nacional e escreveu : - A beata de mantilha : comedia em umacto. Rio de Janeiro, 187* - Tinha mais composições deste genero, segundo me consta. A-iitonio José Baptista de Luné - Fez o curso de infantaria na antiga escola militar, e assentando praça em 1853, foi pro- movido a secundo tenente de artilharia em 1866 ; passando a servir na arma, de que tinha o curso, foi promovido a tenente em 1868, e depois a capitão, posto em que foi reformado em 1871, residindo actualmente em S. Paulo, onde publicou : - Almanak da provincia de S. Paulo para 1873. S. Paulo, 1873, 940 pags. in-4 '-Bap ista Luné teve por companheiro na organização deste importante livro a Paulo Delfino da Fonseca. Este almanak traz em annexo diversos regulamentos, e a lei que substitue pelo systema mé- trico francez o systema de pesos e medidas, artigos sobre a cultura do café, do algodão, e da vinha, e muitas outras noticias de utilidade e valor. Não continuou a publicação nos annos successivos por causa da grande espeza que reclamiva. A.iitonio José Caetano <I;i Silva, Io - Filho de An- tonio José Caetano da Silva e de dona Anna Maria Floresbina e irmão do doutor Joaquim Caetmo da Silva, de quem occupar-me-hei, nasceu na provincia do Rio Grande do Sul a 12 de dezembro de 1817 e falleceu na côrte a 29 de março de 1865. Entrando para o funccionalismo publico, serviu muito tempo como empregado da alfandega do Rio de Janeiro, foi inspector da de Para- naguá e da de Uruguayana, e escreveu : - Indicador administrativo das alfan legas e mesas de rendas ou indice alphabetico, não só de todas as matérias, de que trata o regula- AN 213 mento de 19 de setembro de 1860, mas também das disposições poste- riores e das anteriores que a nda se achim em vigor. Rio de Jan iro, 1862, 390 pags. in-81 - Caetano da Silva foi o fundador e primeiro redactor do - Diário do Rio Grande. Rio Grande, 1847 - Este periodico, actual- mente no seu triges:mo-sexto anno, tem passado pela redacção de pennas diversas e é o decano dos jornaes do sul do império. . An tonio José Caetano da Silva, 2" - Exerceu até o anno de 1879 o logar de ajudante do professor de primeiras lettras da companhia de aprendizes artífices do arsenal de marinha da côrte, e neste emprego escreveu : - Arithmetica elementar para uso dos alumnos do arsenal de marinha da côrte. Rio de Jan iro, 18'* - Segunda elição, Rio de Janeiro, 1877, 111 pags. in-8.° De 1880 em diante não consta dos almanaks o nome deste autor. Antonio José cie Carvalho Chaves- Ignoro sua naturalidade. Só sei que era formado em direito, entrara para a carreira da magistratura, era desembargador por occasião da independencia do Brazil, e escreveu ; - Memória das minas do Paraguay diamantino na provincia de Mato Grosso - Foi escripta esta memória em 1822, e vem publicada na Nova Minerva, tomo Io, 1845- 1846, ns. 3, 4, 6 e 9. Antonio José da Cunha Gusmão e Vaseon- cellos - Sei apenas que era presbytero secular, monsenhor da ca- pella imperial e commissario geral do tribunal da Bulia no Rio de Ja- neiro, em cujo cargo, sendo proposta a extincção do mesmo tribunal, es- creveu : - Projecto de lei para a extincção do tribunal da Bulia, e exposição a respeito, feita por monsenhor Antonio José da Cunha Gusmão e Vascon- cellos, etc. Rio de Janeiro, 1828. A_ntonio José Domingiies - Nascido em Lisboa em 1791, falleceu na cidade de Pelotas, provincia do Rio Grande do Sul, pelo anno de 1865. Concluin lo no logar de seu nascimento sua primeira educação lit- tararia, e a Iquirindo alguns conhecimentos di instrucção secundaria, veiu para o Rio le Janeiro com 16 annos de idade ; aqui ap; licou-se ao estudo da pharmacia, cuja profismo exerceu por alguns annos, e dei- xou-a depois para se dar ao magistério como prof'ssor publico de gram- matica latina na cidade de Porto-Alegre, de onde foi transferido para igual exercício na c dade de Pelotas. Era. cavalleiro da ordem de Christo. Bom latinista, e também poeta, 214 AN e adepto fervoroso da religião christã e da momrchia. escreveu muitas poesias, onde transpira esse amor ao throno e ao catholicismo, das quaes publicou diversas e também artigos em prosa em periódicos, como o Li- beral do Rio Grande do Sul, de que foi collaborador, publicando mais : - Collecção de poesias que ao muito alto e muito poderoso senhor dom Pedro II, imperador do Brazil, O. D. C., etc. Pelotas, 1852,43 pags. in-8.° - O suicida salvo pelo amor e pela amizade. Rio de Janeiro, 1858, 95 pags. in-8° - E' um poema escripto em versos hendecasyllabos, com uma introducção philosophico-christã em prosa. - Uma palavra sobre o seminário episcopal, offerecida e consagrada á Santa Cruz. Pelotas, 1854, in-4.° - Discurso composto e recitado no asylo das orphãs desvalidas, depois do acto de sua inauguração, no dia 7 de setembro. Rio Grande do Sul, 1855, 20 pags. in-8.° - A desped da do guerreiro ao partir para o campo do combite. Dia- logo entre Alfredo e sua esposa Elvira - em versos hendecasyllabos sol- tos. Vem no Correio Mercantil de 27 de outubro de 1858. - Epicedio á saudosa memória da senhora dona Estephania, rainha de Portugal. Pdotas, 1859 - E' uma especie de apothe >se em verso hen- decisyllabo, intercalados de outros setesyllabos - Sahiu no volume que tem por titulo « Mausoléu levantado á memória da excelsa rainha de Portugal dona Estephania » (Veja-se Bermrdo Xavier Pinto de Souza). Deixou muitas poesias inéditas. Em 1878 seu filho Jeronymo José Domingues colleccionou-as e annunciou que ia publical-as mediante as- signaturas, que cobrissem as despezas necessárias. A familia do autor, porém, não combinando com esta deliberação, fez publico que Jeronymo Domingues não estava autorizado a fazer tal publicação por não ter ha- vido prévia concordata entre os membros da familia. E assim ficou pri- vada a litteratura patria de mais um esmalte. Antonio José Duarte da Silva Braga - Filho de Antonio José Duarte da Silva Braga e de dona Maria Margarida da Silva Braga, nasceu na cidade de Maceió, capital da provincia de Alagoas, é pharmaceutico pela faculdade do Rio de Janeiro, professor do lyceu de sua provincia, e escreveu: - Compendio de arithmetica. Maceió, 1875 - Este compendio é ado- ptado no lyceu de Alagoas, e em outros estabelecimentos de instrucção desta provincia. A.ntonio José Falcão da Frota - Nasceu, si me não engano, em Santa Catharina e falleceu em 1849 ou 1850; foi official da armada, onde desempenhou diversas commissões, chegou ató o posto de capitão di mar e guerra, no qual se reformara, e escreveu : - Tratado dos sophismas políticos por Jeremias Benthan, autor da Tactica das assemblèas : traducção. Santa Catharina, 1838, 334 pags. AN 215 A.ntonio José Fernandos dos Reis - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, a 25 de março de 1830, e é professor do curso preparatório annexo á academia militar. Antes disto teve parte na redacção do Correio da Tarde, folha que se publicou durante alguns annos no Rio de Janeiro, para a qual traduziu todos ou quasi todos os romances e novellas que ahi se publicaram de 1856 a 1861, passando de 1861 a 1868 a ser traductor do Jornal do Com- mercio. Entre seus escriptos se acham : - A no>te do castrdlo : opera em tres actos, posta em musica por A. Carlos Gomes. Rio de Janeiro, 1861 -Esta opera foi vertida para o italiano pelo doutor Luiz Vicente de Simoni, e o assumpto delia é tirado do poema de igual titulo le Antonio Feliciano de Castilho ; foi cantada pela primeira vez, com muito applauso, no theatro lyrico da côrte em setembro deste anno. - Luiza e Roza : romance - Sahiu no Correio Mercantil, não sendo, porém, concluido. - Leonor : romance - No mesmo jornal. - A filha da vizinha : romance- Idem. Foi traduzido em italiano e publicado no Monitore italiano. - A rainha das Tranqueiras: romance traduzido. Rio de Janeiro, 1865, 4 vols. in-8° - Foi traduzido para o Jornal do Commercio, onde sahiu publicado antes. - As ultimas proezas de Rocambole por Ponson du Terrail: tra- ducção. Rio de Janeiro, 1867, 3 vols. in-8° - Idem. - A desapparição de Rocambole : traducção. Rio de Janeiro, 1867, in-8° - Idem. -Regresso de Rocambole: traducção. R;o de Janeiro, 1867, in-8°-Idem. - Misérias de Londres (ainda Rocambole) : traducção. Rio de Janeiro, 1868, in-8°- Idem. - Os miseráveis por Victor Hugo: traducção. Rio de Janeiro, 1862 e 1863, 10 vols. in-8° - Esta obra começou a ser traduzida pelo doutor Jus- tiniano José da Rocha em 1862 ; mas fallecen lo este no começo de seu trabalho, tomou-o a si Fernandes dos Reis. Foi também traduzida para o Jornal do Commercio. - O poder da vontade, ou caracter, temperamento, e perseverança, por Samuel Sm les: vertido da traducção franceza de Talandière. Rio de Janeiro, 1870, in-8.° -Physiologia do matrimonio : historia natural do homem e da mulher casados em suas mais curiosas p irticularidades ; theoria nova da propa- gação dos filhos do sexo masculino ou feminino, á vonta.e dos cônjuges; esterilidade, impotência, imperfeições genitaes e meios de reparal-as; hygiene da mulher gravida e do recem-nascido, por A. Debay. Traducção da 62a edição franceza. Ro de Janeiro, 1873, 484 pags. in-8.° - Histor ada guerra do Paraguay por Theodoro Fix, traduzida e annotada. Rio de Janeiro, 1873. 216 AN Além dos romances já mencionados e de outros, traduziu para o Jornal do Commercio artigos políticos, entre os quaes se acham as - Considerações políticas do professor Agassiz - publicadas neste jornal; e redigiu: - Rtvista fluminense : periodico semanal. Rio de Janeiro, 1865, in-4.° Sinto que não obtivesse de Fernandes dos Reis os apontamentos que lhe pe .i, sahindo por isso o presente artigo incompleto, e talvez carecendo de correcção no que fica mencionado. Antonio José <lsi Fonceea Lessa - Natural da Bahia e nascido na cidade da Cachoeira no segundo dec-mnio do século actual, é cirurgião formado p la antiga academia medico-cirurgica da Bahia, dou- tor em medicina pela faculdade do Rio do Janeiro, onde recebeu o grau em 1837, cirurgião-mór de brigada reformado do corpo de saude do exer- cito, e cavalheiro da ordem de S. Bento de Aviz, Escreveu : - Considerações sobre as convulsões puerperaes: thes > apresentada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro a 30 de outubro de 1837. Rio de Janeiro, 1837. - Formulário do hospital militar da província da Bahia. Bahia, 185*- Foi escripto, exercendo o autor o cargo de delegado do cirurgião-mór do exercito na mesma província. Ha algumas poesias do doutor Lessa, esparsas, como o seu -Acrostico (ao nome de Ermes Ernesto da Fonseca) offerecido ao illm. e exm. senhor commandante das armas da Bahia - Vem no Alabama de 18 de março de 1880. Antonio José Gomes da Costa - Natural do Rio de Janeiro, nasceu, segundo posso calcular, entre os annos de 1725 e 1730, e falleccu nos últimos annos do século XVIII. Era licenciado em philosophia e theologia, notivel poeta em sua época, e fez parte da academia dos selectos, isto é, de uma reunião de homens de lettras que celebraram uma sessão solemne no palacio do governador Gomes Freire de Andrade, em 1752, com o fim de lhe tecerem elogios em proza e em verso por occasião de sua promoção a mestre de campo gene- ral, e primeiro commissario da mediçã > e demarcação dos limites meri- dionaes do Brazil, instituída por iniciativa de Feliciano Joaquim de Souza Nunes, de quem occupar-me-hei no legar competente. Escreveu muitas poes as, das quaes ficaram inéditas a maxima parte, e só conheço, das impressas, as seguintes: - Applauso métrico offerecido ao governador Gomes Freire de An- drade - Vem no livro Júbilos da America, etc. Lisboa, 1874, pags. 347 e seguintes. - Soneto ao secretario da academia dos selectos, doutor Manoel Tava- res de Siqueira e Sá - Vem na mesma obra, pag. 357. AN 217 - Epistola ao secretario da academia dos selectos, etc.-Vem no appen- dice ao terceiro volume do Florilégio da poesia brazileira. Antonio José Henriques - E' natural da província da Parahyba, que representou na camara t'mporaria em diversas legislatu- ras, sendo contemplado o seu nome em duas listas tríplices para senador do império; sue-director aposentado <a directoria geral ias rendas pu- blicas ; do cons lho de sua magestade o Im >erador, e commendador da ordem da Rcsa. Escreveu, além de muitos trabalhos officiaes: - A duplicata do 2o districto eleitoral da província da Parahyba do Norte: exposição á camara dos deputados. Rio de Janeiro, 1857, 60 pags. in-4.° Antonio José Leal - Faltam-me noticias relativas ã este autor. Sei apenas que nascera no Brazil por declaral-o elle mesmo na obra que publicou, que é - Plano em que se dão ideias geraes de educação e se mostra o es- tado em que se acha no Brazil, dedicado aos meus muito amados e caros concidadãos e patriotas. Por um brazileiro, amigo verdadeiro de sua pa- tria. Rio de Janeiro, 1822, 24 pags. in-8 0 Antonio José Leite Lobo - Sô conheço este autor pela o'>ra qu ■ ahi vai descripta. Não é possível que ella seja de Antonio José Leite Lobo, fluminense, forma lo em direito em 1852, e fillecido em 1854, a não haver engano na data da publicação Jo livro, que entretanto só vi annunciado. E' ella - Gabriel Lambert por Alexandre Dumas, traduzido do francez, etc. Rio de Janeiro, 1836, in-8.° Antonio José Machado - Natural da província do Ceará, falleceu a 11 d julho de 1861, sendo escolhido senador por esta província a 21 de maio do mesmo anno. Era magistrado, foi eleito deputado em diversas legislaturas, e não sendo approvada sua eleição de 1845, escre- veu com seus collegas: - Manifes'o que os deputados eleitos pela província do Ce irá f izem aos habitantes desta província por occasião da injusta decisão que os repelliu da representação nacional. Rio de Janeiro, 1845, 173 jags. in-12. (Veja-se André Bastos de Oliveira.) Antonio José Marques - Professor publico da instrucção primaria, actualmente em exercício na freguezia de Santa Rita da côrte; escreveu : - Compendio de systema métrico. Rio de Janeiro, 18'*. Antonio José das Neves NTalclonado Bandei- ra - E' natural, segundo me consta, da província de Minas Geraes, e escreveu: 218 AN -■ Compendio da historia do antigo e novo testamento com as razões, com que se prova a verdade da nossa religião, traduzi lo do francez. Rio de Janeiro, 1868 -Ha deste livro dez edições, sendo a ultima de 1881, o que prova a excellencia delle. Antonio José Osorio - Nasceu na capital da Bahia em 1817 e fallecen a 10 de outubro de 1868. Fez em sua província todo curso la medicina, demonstrando sempre notável intelligencia, applicação e sizudez ; no mesmo anno de seu dou- torado foi nomeado bibliothecario da faculdade; dous annos depois, em 1841, apresentou-se a concurso á uma vaga de substituto da secção me- dica, e depois a outro concurso por igual vaga em 1846, sendo então nomeado; em 1855 por occasião da reforma das faculdades medicas passou a lente cathedratico de pharmacia, que leccionou até á época de seu fallecimento; e no intervallo dos dous concursos, á que me referi, con- correu para o preenchimento de um logar vago na secção cirúrgica, tendo por competidores os doutor s José de Góes Siqueira e Mathias Moreira Sampaio e mostrando-se igualmente preparado nas matérias desta secção. O doutor Osorio escreveu: - Considerações medicas sobre a utilidade do casamento : these apre- sentada e sustentada perante a faculdade de medicina da Bahia aos 21 de novembro de 1839. Bahia, 1839. - Existem febres idiopathicas ? these apresentada, etc. no concurso da cadeira de substituto da s eção medica. Bahia, 1841. - Signaes pelos quaes se póde reconhecer o cancro do utero e diagnos- tico differencial entre as ulcerações e o cancro do mesmo orgão : these apresentada e sustentada per nte o jury do concurso para o logar de substituto da secção cirúrgica. Bahia, 1843. - Envenenamento considerado,tanto em pathologia, como em med eina legal : these apresentada e sustenta a perante o jury do concurso para o logar de substit ito da secção medica. Bahia, 1846. - Memória da faculdade de medicina da Bahia no anno de 1866. Bahia, 1867. Antonio José Osorio de Pina Leitão - Nasceu em Pinhal, reino de Portugal, a 12 de março de 1762 e falleceu no Rio de Janeiro, sen lo brazileiro adoptivo, a 24 de março de 1825. Formado em direito na universidade de Coimbra e seguindo a carreira da magistratura, exerceu diversos cargos inherentes a ella, até o de desembargador da relação da Bahia, onde permaneceu, depois de procla- mada a independencia, em serviço do império ; foi um dedicado cultor da litteratura,sobre tudo da poética, e escreveu: - Elegia á morte do sereníssimo senhor dom José, príncipe do Brazil. Lisboa 1788, 15 pags.- E' uma composição em versos soltos. - Traducção livre ou imitação das Georgicas de Virgílio e outras mais AN 219 composiçoes poéticas. Lisboa, 1794, 256 pags. in-8°-Contém a traducção das Georgicas em versos soltos, e mais diversas odes e sonetos originaes, divilidos em duas partes. A acalemia real das sciencias de Lisboa, sendo-lhe apresentada a segunda parte deste livro, premiou-a numa de suas sessões; Bocage qualificou de boa a versão ; entretanto José Maria da Costa e Silva considera esta mesma versão obra de medíocre mereci- mento, na Revista universal l sbonense, tomo 6o, pag. 425. Este livro teve segunda edição, Lisboa, 1804. - Affons ada: poema heroico da fundação da monarchia portugueza pelo senhor rei dom Affonso Henrique. Bahia, 1818, 278 pags. in-4°- Este livro é ornado com os retratos de dom Affonso Henrique, de dom João IV e do autor , eo poema, que se compõe de doze cantos em oitava rima, foi elogiado por Ferdinanl Denis no seu Resumo da historia litteraria de Portugal; entretanto ao autor do Diccionario bibliograph co portuguez parece que poucos leitores terão tido a paciência necessária para o levar m ao fim. - Ode pindarica ao illustrissimo e excellentissimo senhor Conde dos Arcos- Sahiu no volume que tem por titulo «Relação das festas que ao illustrissimo e excellentissimo senhor Cond 1 dos Arcos deram os subscriptores da praça do commercio». Bahia, 1817,64 pags. in-4.° - Ode pindarica ofLrecida a el-rei o senhor dom João VI na sua glo- riosa acclamação. Bahia, 1818, 10 pags. in-4.° - Ode pindarica oíferecida a el-rei nosso senhor dom João VI, na occa-ião do faustíssimo parto da princeza real. Rio de Janeiro, 1819, 13 pags. in-4.° A.ntonio José de Paiva Guedes de Andrade - Não pude verificar em que logar nasceu ; falleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1850, sendo offlcial-maior da secretaria de estado dos ne- gócios do império, do conselho de sua magestade o Imperador, e socio do instituto historico e geographico braz leiro. Cultivou a poesia, publicando sob o anonymo algumas composições neste genero de litteratura e deixando outras inéditas, e applicou-se tanto ao estudo da historia patria que Manoel de Araújo Porto-Alegre, depois Barão de Santo Angelo, em noticia biographica, que delle escre- veu, disse que levara comsigo para a sepultura um immenso thesouro de documentos históricos e de esclarecimentos de factos. Se occupava, quando o sorprendeu a morte, com a - Traducção dos clássicos latinos.- A traducção de alguns ficou concluida. Não se sabe, porem, que destino tiveram seus escriptos. Só conheço delle : - Jerusalém libertada, de Tasso : traducção - de que sahiram as dez primeiras oitavas do primeiro canto no Ramalhete poético do Parnaso italiano pelo doutor Luiz Vicente de Simoni. - A sua alteza real o príncipe regente do reino do Brazil por occa- 220 AN sião de annuir aos votos da província do Rio de Janeiro, S. Paulo, Rio Grande e Minas Geraes, e do embarque da divisão auxiliar : ode. Rio de Janeiro, 1822, 5 pags. in-4.° - A sua alteza real o príncipe regente e def nsor perpetuo do reino co Brazil : ode. Rio de Janeiro, 1822, 2 fls. in-4.° - Carta ao redactor da Malagueta em analyse ao seu n. 8 e defesa do decreto de sua alteza real o príncipe regente, datado de 16 do corrente (fevereiro). Rio de Janeiro, 1822, 8 pags. in-folio. - Considerações sobre o manifesto de Portugal aos soberanos e povos da Europa na parte relativa ao reino do Brazil, offerecidas aos deputados deste roino em cortes - Inéditas. O m muscripto, original, que se sup- põe de 1821, esteve na exposição de historia patria, de 1881. Auiitonio José Peixoto - Natural da província de Minas Geraes, falleceu no Kio de Janeiro de 1864 a 1866. Era doutor em medi- cina e um habilíssimo operador ; cavalleiro da ordem da Rosa e commen- dador dá de Christo de Portugal, e escreveu, além de muitos artigos sobre medicina e cirurgia em revistas : - Ins^ucções contra a cholera-morbus epidemica ou conselhos sobre as medidas geraes que se d vem tomar para prevenil-a, seguilos do modo de tratal-a desle sua invasão. Rio de Janeiro, 1855. - Acção do chloroformio - Sahiu no Jornai do Commercio de 29 de março de 1848. Ahi o doutor Peixoto expõe a influencia salutar do chlo- roformio e diz que esta substancia nunca póde ser nociva ou prejudicial á economia animal. Autonio José Pereira- Ignoro as circumstancias que se referem a sua pessoa. Apenas sei que vivia na época da independencia do im >erio, se dediciva á poesia, e escreveu : - A liberdade do Brazil: logio r amatico para se recitar no thea- trinho da Praça da Constituição no faustissimo anniversario e glorioza acclamação do nosso augusto imperante, o senhor dom Pedro I. Rio de Janeiro, 1822, 12 pags. in-4° - E' cscripto em verso. A.ntonio José Pereira das Neves - Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu a 24 de julho de 1814, e falleceu a 8 de maio de 1882, sendo doutor em medicina pela faculdade da côrte, onde se for- mara em 1839. F >i á Europa com uma subvenção de 50^000 mensaes, marcada pelo provedor da santa casa da misericord a, o conselheiro José Clemente Pe- reira, afim de estudar o tratamento dos aliena ;os e o serviço dos res- pectivos hosp:taes, e de volta ao império exerceu o cargo de medico le- gista privativo da policia da côrte, no qual se a osentou em 1881 ; era cavalleiro da ordem de Christo, membro honorário da academia impe- rial de medicina, e escreveu : A.N 221 - Dissertação medico-legal acerca do infanticídio. Rio de Janeiro, 1839 - E' sua these inaugural. - Memo ia sobre os hospitaes dos alienados na Europa - Não affirmo si é este o verda leiro titulo que tem um escripto que o doutor Neves apre- sentou em sua volta da E uropa, e que foi publicado, como me disse elle, na Revista da academia imperi al de me .icina em 1848 ou 1849. - Therapeutica dos est reitamentos da urethra - Vem no Archivo me- dico b, azileiro, tomo 4°, n. 5, 1848. Neste escripto se transcrevem ses- senta e tres aphorismos de Le-Roy d'Estiolles, relativos ao tratamento dos apertos da urethra. - Cons derações medco-legaes acerca do attentado contra o pudor da menor Leopoldina, ou refutação da memória apresentada ã academia de m dicina pelo doutor Francisco Ferreiri de Abreu com o titulo « Con- siderações medico-legaes sobre um caso controverso de infracção do art. 223 de nossa legislação criminal. » Rio ue Janeiro, 1857, 54 pags. in-4.° Antonio José Pereira da Silva Araújo - Natural da província da Bahia, ahi estudou o curso medico, recebeu o gráu de doutor e exerceu o cargo de medico do asylo de expostos da santa casa .e misericórdia. Actualmente é professor de clinica de moléstias syphiliticas e da pelle, e directordo laboratorio de microscopia na polycli- nica geral do Rio de Janeiro; é socio correspondente da socieaade medica de Santiago do Chile e escreveu: - These inaugural. Bahia, 1874 - Contém uma dissertação sobre a pathogenese da febre traumatica, da infecção purulenta, e da septicemia, e apreciação dos processos curativos após as operações, consideradas ma s uteis afim de evitir-se a infecção purulenta e a septicemia ; e pro- posições sobre: Io Funcções evacuadoras nas differentes cavidades do corpo; 2o Que importância tem a fórma pharrnaceutica dos vinhos medi- cinaes ? 3o Qual é o melhor tratamento da hypoemia intertropical ? - Tecidos da substancia conjunctiva e caracteres que os distinguem: these de concurso a um logar de substituto na secção cirúrgica. Bahia, 1875. - Memória sobre a fdariose, moléstia produzida por uma especie de parasita cutâneo, de coberto, etc. Bahia, 1875, com duas estampas - Depois de publicada esta menioria, em que o autor descreve a moléstia por elle observada na Bahia, publicou uma carta no Globo, rectificando suas observações, a qual foi reproduzida na Revista Medica do Rio de Janeiro de junho de 1876. - Relatorio medico do asylo dos expostos no anno de 1878 a 1879 pelo... encarregado interinamente da clinica do mesmo estabelecimento durante os sete últimos mezes deste período - Sahiu na Gazeta medica da Bahia, 1 78, pags. 261 a 285. - Electricidade medica: tratamento da elephancia pela electricidade 222 AN - Sahiu no Progresso medico, 1879, e depois na União medica, 1881. Ha diversos artigos do doutor Silva Araújo sobre este assumpto nesta revista. Para este tratamento mandou elle fabricar agulhas especiaes, e assevera que a electricidade é o melhor meio para curar a elephancia, fazendo-se a applicação sob a fórma de corr mies introduzidas, continuas e lectrolyticas, que poderão ser empregadas isoladas ou de combinação. Neste sentido dirigiu elle uma nota á academia das sciencias de Paris. - Atlas des maladies de la peau. Rio de Janeiro, 1883, in-folio-E' uma publicação em fasciculos. O primeiro sahiu em janeiro deste anno. - União medica : publicação mensal. Rio de Janeiro, 1881 - 1882 - Esta revista completou o segunda volume de cerca de 600 paginas in-8° e continuou a publicar-se em folhetos mensaes. São seus redactores, além de Silva Araújo, os doutores C. de Freitas, Moura Brazil, Moncorvo e Julio de Moura. Ahi se acha seu - Discurso inaugural, proferido no dia 28 de julho de 1882 na au- gusta presença de sua magestade o Imperador, e de sua alteza o senhor Conde d'Eu na polyclinica geral do Rio de Janeiro - Se acha no tomo 2°, pags. 251 a 293. Antonio José Pinlieiro Tupinambá- Filho de Antonio José Tupinambá e de dona Josepha Maria Tupinambá, nasceu na capital da Bahia, a 22 de agosto de 1831. Fez em sua província todos os seus estudos até receber o grau de doutor em medicina na respectiva faculdade em 1853 ; entrando depois para o corpo d í saude do exercito, esteve em diversas províncias do império, e pedindo sua demissão do serviço militar, estabeleceu-se na província do Pará, onde se acha; é cavalleiro da ordem da Roza, eescrevu: - De hemorrhagiis : theses pathologicee, quas ad lauream doctoris ob- tinendam facultatis imperialis medicinse et cirurgiae bahiensisprescriptio. Bahia, 1853. - Analyse philologica das vozes radicaes da lingua ario-tupi, ou idioma tupinambá-Não sei si deu á estampa este escripto ; o manu- scripto, porém, existe na bibliotheca nacional da côrte, e o conego Fran- cisco Bernardino de Souza faz delle menção em sua obra Missão do Madeira, segunda parte, pag. 93. (Veja-se Francisco Bernardinode Souza.) A_n.tonio José Rodrigues - Official do exercito brazi- leiro, serviu no corpo de engenheiros e foi reformado no posto de marechal de campo, fallecendo no Rio de Jan iro entre os annos de 1858 e 1859. Escreveu: f - Memória geographica e histórica sobre a vasta fronteira da pro- vinda de Mato Grosso com a descripção dos postos que a guarnecem, sua origem, qualidade de fortificações e seu estado actual, offerecida ao AN 223 excellentissimo senhor Luiz de Oliveira Alvares, ministro e secretario de estido dos negocios da guerra-Inédita. Foi escripta em 1829, e o autographo se acha na bibliotheca nacional. - Planta da bateria nova, situada na margem Occidental da ilha de Santa Catharina no Pontal do Rio de Janeiro, projectada, desenhada e construida por ordem do governador da mesma pelo coronel, etc. no anno de 1819 -Existe cópia no archivo militar. - Pontos da ilha de Santa Catharina, determinados astronomica- mente - Idem. - Mappa topographico do rio Paraguay desde a Bahia Negra até o Jaurú - Ha diversas cópias, no dito archivo, na secretaria dos estran- geiros, na bibliotheca de sua magestade o Imperador, etc. Antonio José Rodrigues Capistrano - Nasceu no Rio de Janeiro ; aqui fez o curso da faculdade de medicina, pela qual foi graduado doutor em 1837 ; exerceu o cargo de vaccinador na junta vaccinica da còrte, e escreveu: - D ssertação sobre a metrorrhagia : these apresentada á facul lade de medicina do Rio de Janeiro em 19 de maio de 1837. Rio de Janeiro, 1837. - Algumas palavras sobre a vaccina: memória. Rio de Janeiro, 1850. A.ntonio José Rodrigues Chaves - Nasceu em Portugal no ultimo quartel, segundo calculo, do século XVIII e vindo para o Brazil pelo anno de 1806, como se vê de uma declaração sua na obra que passo a mencionar, aqui permaneceu depois da independencia, e escreveu: - Memórias economo-politicas sobre a administração publica do Brazil, compostas no Rio Grand ■ de S. Pedro do sul e offerec das aos deputados do m smo Brazil por um portuguez residente no Brazil, ha 16 annos, que professa viver só de seu trabalho e deseja o bem da nação, ainda com preferencia ao seu proprio. Rio de Janeiro, 1822, 34 pags. in-4° - Contém este opusculo uma memória sobre a necissidade de abolir os capitães generaes, e outra sobre as municipalidades, comprehendenlo a união do Brazil com Portugal. - Memórias economo-politicas sobre a administração publica do Brazil, compostas no Rio Grande de S. Pedro do sul e offerecidas aos membros da assembléa geral e constituinte do Brazil. Terceira memória, sobre a escravatura. Rio de Janeiro, 1822, 31 pags. in-4.° Sob o mesmo titulo escreveu ainda duas obras, isto é: - Sobre a distribuição das terras incultas. Rio de Janeiro, 1823, 27 pags. in-4n -E' a quarta memória. - Sobre a provinda do Rio Grande do sul em particular. Rio de Janeiro, 1823, 138 pags. in-4°, com 6 mappas estatisticos - E' a quinta e ultima memória, a que se seguem 3 folhas contendo um indice das matérias de que se trata ahi e nas precedentes. 224 AIS Antonio José Rodrigues de Oliveira - Filho de Antonio José Rodrigues e de dona Anna de Jesus Rodrigues, nasceu na ci'lade do Porto, em Portugal, a 12 de f vereiro de 1829, e vindo para o Brazil muito joven, naturalisou-se cidadão brazileiro em 1850. Applicado desde sua juventude a trabalhos forenses, e a um accurado estudo de gabinete, exerceu por mu'tos ann >s a profissão de advogado no municipio da Estrella, provincia do Rio de Janeiro ; foi ahi promotor de capellas e resiluos ; tem desempenhado alguns cargos de eleição popular e de confiança do governo, como o de membro do conselho de inspecção das escolas, commissario da estatística da referida provincia, subdel ga- do d© policia, etc.; e tendo nesta côrte estabelecido um escriptorio, onde dá consultas sobre negocios do fòro, serve ao mesmo tempo o logar de solicitador provisionado (inquiridor de audiências); é cavall iro da ordem da Roza de e de Christo, membro e thesoureiro da associação propagalora dos cursos nocturnos, etc. Escreveu : - Formulário do processo das quebras. Rio le Janeiro, 1854 - Tem tido depois disto miis duas edições, sendo a tercúra com este titulo : - Formulário do processo das quebras, e outr is obras forenses para uso dos escrivães e juizes novatos e pessoas que não tenham a necessária pratica dos n gocios forenses. Rio de Janeiro. 1880. - Formulário dos processos civis, que devem correr perante os juizes de paz. Rio de Janeiro, 1872- Segunda edição, 1873. Terceira edição, se- gundo a nova reforma judiciaria, 1880. - Reforma judiciaria. Lei n. 2033 de 20 de setembro de 1871, acom- panhada de explicações para sua execução, etc. Rio de Janeiro, 1872- Escreveram obras sobre esta mesma lei os bacharéis Alexandre Celestino Fernandes Pinheiro, Antonio Carneiro da Rocha, Manoel Godofre- do d'Alencastra Autran e desembargador José Antonio de Magalhães Cas- tro. (Vêde estes autores.) - Novo regulamento de custas, annotado e alphabetado. Rio de Ja- neiro, 1875,- Segunda edição, 1878. . - Lei e reculdmento para recenseamento da população do império, annotalos e com tabellis. Rio de Janeiro, 1874. - Novo roteiro dos orphãos e guia pratica do processo orphanologico. Rio de Janeiro, 1880. - Requlamento do imposto do sello, annotado. Rio de Jan iro, 1880. - Lei eleitoral, systema directo e formulário para os trabalhos do alis- tamento e processo eleitoral. Rio do Janeiro, 1881, 2 vols. Além destas obras Rodrigues de Oliveira reimprimiu as que se seguem, de autores já fallocidos, com re'isõ''s e accrescimos por elle feitos : - Processo civil brazileiro : segunda edição. Rio de Janeiro, 1874. - Conselheiro fiel do povo : quarta edição. Rio de Janeiro, 1875. - Assessor forense, parte civil: quarta edição. Rio de Janeiro, 1873.- Quinta edição, 1878. - Doutrina das acções : sétima edição. Rio de Janeiro, 1879. AN 225 - Novo roteiro dos delegados e~subdelegados de policia. Rio de Janei- ro, 1879. - Assessor forense, parte criminal : segunda edição. Rio de Janeiro, 1880. - Novo advogado do povo : sexta edição. Rio de Janeiro, 1880, - Guia pratica do povo : quarta edição. Rio de Janeiro, 1880. - Guia dos juizes municipaes : terceira edição. Rio de Janeiro, 1878. - Manual dos promotores : terceira edição. Rio de Janeiro, 1881. - Actos, attribuições : e deveres dos juizes de paz ; sexta edição. Rio de Janeiro, 1877. Sétima edição, 1881. Antonio José dos Santos Neves - Natural da ci- dade de S. Salvador, capital da Bahia, falleceu no Rio de Janeiro em 1871 ou 1872. Tendo servido algum tempo no exercito, foi depois em- pregado na directoria geral das obras publicas, e servia como addidb á secretaria de estado dos negocios da guerra, quando morreu. Escreveu: - Louros e espinhos, poema patriótico, religioso. Rio de Janeiro, 1866. - Homenagem aos heroes brazileiros na guerra contra o governo do Paraguay sob o commando em chefe dos marechaes do exercito, sua alteza real o senhor Conde d'Eu e o Duque de Caxias. Offerecida a sua magestade imperial o senhor dom Pedro II. Rio de Janeiro, 1870 - Este livro, que é primorosamente impresso, se divide < m oito partes ou antes oito poemas, e diversos sonetos, offerecidos ao Imperador em homenagem aos heroes brazileiros e precedido de um preambulo e de uma proclamação aos volun- tários da patria e á guarda nacional por occasião de organizar-se os pri- meiros contingentes que marcharam para a campanha. Contém os retra- tos do Imperador, do Barão do Amazonas, do Duque de Caxias, do Visconde de Inhaúma, do Marquez do Herval, e do Conde d'Eu. A.ntonio José d.a Silva, Io - A triste e desventurada victima dessa maldita e estúpida instituição que se chamou tribunal da inquisição, dessa associação de homens que sob o simulacro da religião toda caridade e amor, plantada por Jesus Christo, commetteu os mais ne- fandos attentados, as mais horrorozas atrocidades, tudo pouco, porém, para punir seus negros crimes, nasceu no Rio de Janeiro a 8 de maio de 1705, sendo seus paes o advogado João Mendes da Silva e dona Lou- rença Coitinho, e falleceu em Lisboa a 19 de outubro de 1739. Indo com estes para Lisboa por ser sua mãe accuzada por culpa de ju- daismo e chamada perante o tribunal sedento de sangue em principio de 1713, fez ahi seus estudos de humanidades e matriculou-se na universi- dade de Coimbra, onde obteve o grau de bacharel em cânones, e deu-se ao exercício de advocacia. No começo, porém, de sua vida publica foi ferido de uma accusação igual á de sua mãe, e agarrado a 8 de agosto de 1726 para os supplicios do santo officio, onde passou pelos cruéis tratos da polé, e sahiu solto depois da penitencia imposta por auto de fé de 13 de 226 AN outubro, impossibilitado por cauza do taos tormentos de assignar seu nome ! Não valeu ao infeliz, depois destes factos, o fugir de relações com os christãos novos, procurar a amizade e companhia de muitos padres in- struídos, frequentar os templos e dar-se ao exercício das praticas dos ver- dadeiros catholicos. Quando se considerava feliz, trabalhando no seu es- criptorio de advogado, compondo nas horas de desafogo suas bellissimas operas cómicas, tão applaudidas nessa época em que o theatro fazia as delicias da côrte de dom João V, idolatrando, e idolatrado de sua joven espoza, de uma innocente filhinha, menor de dous annos, e de sua velha mãe, - feliz emfim na terra, eis que de novo, a 7 de outubro de 1737, são arrastados subitamente pelo estúpido e feroz tribunal, por miserável intriga de uma escrava que elle castigara por sua má vida, elle, sua joven espoza e sua velha mãe, ficando a innocentinha, porque as feras viam que pouco sangue forneceria para seu pasto infernal. Só tendo provas em favor do infeliz, mas precizando essa raça hybrida entre o homem e animal mais damnado de provas para conlemnal-o, pro- vas que nem se pôde tirar de suas obras, devidamente licenciadas, nem das testemunhas, constantes de religiozos, até de S. Domingos, que jura- ram sua devoção pelo catholicismo, e seus bons costumes, como tudo consta do processo, se lembraram os santos varões de metter a victima n'um cár- cere com diversos buracos clandestinos, onde os guardas o espionavam ! E apezar ainda de declararem esses guardas muitas vezes, que elle lia nas Horas, que rezava de mãos postas, que se benzia, etc., Antonio José foi condemnado a ser queimado vivo ! ! E effectivamente se consummou o nefando e barbaro sa rificio, o assassinato catholico-juridico, pelos mi- nistros da igreja catholica, a 19 de outubro de 1839 ! !... A integra, que lhe diz respeito, constante da relação dos condemnados de 18 de outubro de 1739 é esta: « N. 7. Idade 34 annos. Antonio José da Silva. X. N. (christão novo) advogado, natural da cidade do Rio de Ja- neiro, morador nesta ci ade de Lisboa Occidental, reconciliado que foi por culpas de judaismo no auto de fé, que se celebrou no convento de S. Domingos desta cidade em 13 de outubro de 1826, convicto, negativo e relapso. » Vem sob a rubrica Pessoas relaxadas em carne. Ha quem supponha que a espoza e a mãe da victima também fossem consumidas pelas fogueiras da inquisição : mas ellas só foram condemna- das a cárcere á arbítrio. Todo processo de Antonio José foi copiado pelo Visconde de Porto-Segu- ro, que escreveu sua biographia, do original existente no archivo nacional da torre do Tombo, para onde passaram os papeis da inquisição em 1821; e por elle vê-se que ha inexactidões no que de Antonio José escreveram Sismondi, na sua obra : « De la litterature du midi de 1'Europe » tomo 2o, Bruxellas, 1837 ; Ferdinand Denis, no seu «Resumé de l'histoire litteraire du Portugal» e outros - inexactidões que demonstrou Innocencio da Silva no seu Diccionario bibliographico portuquez<, tomo l.° AN 227 Antonio José da Silva, o ameno, o chistozo e popularíssimo dramaturgo e poeta, a quem so apellidava o Plauto porlziguez, escreveu: - Gloza ao soneto cie Camões «Alma minha gentil que te partiste» na qual exprime Portugal o seu sentimento na morte de sua bellissima in- fanta, dona Francisca - São quatorze oitavas que se acham publicadas com outras poesias n'um opusculo, que tem por titulo Accentos sau- dozos das muzas portuguezas, etc. Lisboa, 1736. - Sarzuella de uma opera epithalamica nas bodas do príncipe dom José. Lisboa, 1729. - Labirinto de Creta : comedia. Lisboa, 1736. - Variedades de Prothêo : comedia. Lisboa, 1737. - Guerra do alecrim e da mangerona: comedia. Lisboa, 1737- « Ain- da não ha muito, escrevia em 1846 o Visconde do Porto-Seguro, conversan- do nós a este respeito (a respeito desta comedia que considerava o primor das obras de Antonio José) com o Sr. Conde de Farrôbo, cujo talento e dedicação dramatica são notorios, o mesmo senhor me disse que não es- tava fóra da idéa de a pôr com muzica no seu theatro das Larangeiras, etc.» Não sei si o Conde de Farrôbo poz em pratica sua idéa. Essa comedia, porém, além das edições que teve, reunida ás precedentes e a outras, foi reimpressa em 1770. Na opinião também do eximio escriptor portuguez Pinheiro Chagas é esta a primeira composição do poeta brazileiro. « Esta comedia, diz Pinheiro Chagas, tem um enredo gracioso, scenas alegres, e ha nella o typo de Lancerote que rivalisa com o Gironte de Molière, e de Semicupio que nada fica a dever ao Scapin das farças do grande es- criptor francez.» - Vida de D. Quixote : comedia - de muita graça ejocosidade. Ficou em manuscripto por morte do autor, e foi depois publicada, como veremos. Traduzida em francez por Ferdinand Denis, sahiu na collecção dos Chefs d'ceuvre des theatres etrangers. - Esopaida ou vida de Esopo: comedia - de muito espirito, também manuscripta. - Amphitrião ou Júpiter e Alcméra : comedia - idem. - Precipícios de Phaetonte : comedia - idem. - Os encantos de Medèa : comedia - idem. - Os amantes de escabeche : comedia - idem. - <8. Gonçalo de Amarante : comedia - idem. - Firmezas de Prothêo : comedia - idem. - Telemaco na ilha de Calipso : comedia - idem. As duas ultimas, não está bem averiguado serem da penna de Antonio José. O Visconde de Porto-Seguro, que possuiaos manuscriptos de ambas, as acha muito no estylo do poeta, e assim outras. As tres peças, que mencionei, publicadas pelo autor e as cinco primeiras das que deixou manuscriptas, foram depois de sua morte reproduzidas na obra : - Theatro comico. Lisboa, 1744, 2 vols.- Foi editor delias Francisco Luiz Ameno, que promettia dar mais dous volumes com as operas Adriano 228 A.N em Syria, Semiramis, Filinto, Adolonymo em Sidonia, Nympha Se- ringa e outras, attribuidas a Antonio José ; mas outro editor se adiantou, publicando estas peças com mais tres em dous volumes sob o titulo Operas portuguezas. « Ameno, diz o Visconde de Porto-Seguro, reimprimiu em 1747 os dous volumes publicados por elle, tres annos antes ; mas teve de mudar o segundo paragrapho do prologo, que se referia ás peças que havia publi- cado. No que de novo escreve diz que não pôde dar as peças promettidas por haver destas autor vivo, que não consentiu que outro as imprimisse ; do que fica claro que não era seu autor Antonio José que deixou de existir em 1739, como sabemos. Accrescenta que, havendo-se feito delias uma edição (allude aos dous volumes com o titulo Operas portuguezas, impressos em 1746), se propunha a continuar a collecção com outras operas que nomeia. Dessas operas algumas foram impressas, avulsas ; mas a collecção não continuou tal. O que succedeu foi em 1751 fazer-se outra edição dos dous volumes de 1746 ; em 1753 repetirem-se em terceira edição os dous volumes do Theatro comico, seguindo-se outra edição em 1759. « Foi á esta quarta edição dos dous volumes que pela primeira vez se annexaram em 1760 e 1761, sob a rubrica 3o e 4o do dito Theatro comico, os mesmos até então Io e 2o intitulados Operas portuguezas, dos quaes verdadeiramente esta edição foi a terceira. Uma tal associação de vo- lumes e de titulos repetiu-se na ultima edição, também em quatro volumes, etc. » Esta ultima edição tem por titulos : - Theatro comico portuguez ou collecção de operas portuguezas que se representaram na casa do theatro publico do Bairro-alto de Lisboa, offere- cidas á muito nobre senhora Pecunia Argentina. Tomos Io e 2.° Lisboa, 1787-1788 - Vem a ser a quinta elição destes dous tomos. - Theatro comico portuguez ou collecção das operas portuguezas que se representaram nas casas dos theatros públicos do Bairro-alto e Mouraria de Lisboa ; offerecidas, etc. Tomos 3o e 4.° Lisboa, 1790-1792 - E' quarta edição. Todas as peças, porém, destes quatro volumes não são da penna de Antonio José. Na opinião de Porto-Seguro, destes dous últimos quando muito são no seu gosto os Encantos de Circe e a Nympha Seringa. Diz elle : « Ha engano em se lhe attribuirem todos os quatro volumes do Theatro comico, sendo certo que as do 3o e 4o volumes que em geral só con- tribuiriam a diminuir-lhe o merecimento, quasi todas são conhecidamente de outros autores. Assim, v. g., o Adolonymo em Sidonia é uma imi- tação do italiano Alexandra en Sidone, publicado nas obras de Zeno ; Adriano em Syria é a traducção da opera do mesmo titulo por Metastasio ; Filinto perseguido é o Siroe em Seleuca do mesmo Metastasio ; os Novos encantos de Amor vem em todas as bibliothecas como uma das obras de Alexandre Antonio de Lima, etc. » Quando se trata de um escriptor, que foi barbaramente assassinado AN 229 pelo famigerado santo officio por culpa de judaismo,não deixarei de declarar aqui que os censores para a prmeira edição das Operas portuguezas foram o conego José Barboza e o frade de S. Domingos frei Francisco de S. Thomaz. Este disse a 8 de março de 1713 : « Ainda que o sal dos escriptos desse genero com que seus autores os costumam temperar, degenere as vezes em corrupção dos costumes, aqui não succede assim ; porque.. .foi extrahido dentro das margens da moléstia e sem redundância fóra dos limites da religião christã. » Aquelle disse apenas que não via nessas obras cousa alguma contra a fé e bons costumes - o que certamente já é dizer bastante. Além das obras mencionadas Antonio José escreveu ainda : - Obras do diabinho da mão furada para espelho de seus enganos e desengano de seus arbitrios : palestra moral e profana onde o curioso aprende para o divertimento dictames, e para o passa-tempo recreios. Obra inédita de Antonio José da Silva, natural do Rio de Janeiro - Foi encontrada esta obra por Manoel de Araújo Porto-Alegre, em 1860, na bibliotheca nacional de Lisboa, em manuscripto, ahi ignorada ; extrahida a cópia e enviada para o Rio de Janeiro, sahiu na Revista brazileira, tomo 3o, pags. 467 a 505, e tomo 4°, pags. 255 a 309. - Historia cómica de Cefalo e Procris que no theatro publico da casa da Mouraria se ha de representar neste anno de 1737 - E' um livro de 151 paginas no mesmo estylo e gosto de Antonio José. Quem o lê, conhece que lê uma opera deste autor ; entretanto foi publicada com o nome de Agostinho José, autor que ninguém conheceu. Sem dúvida foi assim dada a lume sua ultima opera para não se lhe aggravar mais sua sorte, pois que se achava nos cárceres da inquisição. Ultimamente foi dada á luz a seguinte publicação, relativa a Antonio José : - Les operas du juif Antonio José da Silva (1705 a 1739) par Ernest David. Extrait du journal des archives israelites. Paris, 1880 - O insti- tuto possue um exemplar deste livro, que lhe foi offerecido pelo mesmo David. A.ntonio José da Silva, Q° - Era empregado da repartição de fazenda, e em 1837 servia como ajudante do director da directoria de assignatura e substituição de notas do novo padrão, estabelecida na caixa de amortização na fórma da lei de 9 de outubro de 1835 e regulamento de 4 de novembro do mesmo anno. Escreveu : - Influencia da divida sobre a prosperidade das nações, por B. M. Traducção do inglez por A. J. da Silva. Rio de Janeiro, 1835. A. J. da Silva fez parte da commissão encarregada da - Conta da caixa de Londres desde sua installação no anno de 1824 até o anno de 1830, extrahida pela commissão encarregada da liquidação da mesma caixa das contas remettidas ao thesouro nacional pela legação brazi- leira naquella côrte. Rio de Janeiro, 1831-1832 - São duas partes com di- versos mappas e contém ; dous relatórios da commissão ; um parecer sepa- 230 rado de Joaquim Teixeira de Macedo ; cópia de diversos officios ; conta de- monstrativa do estado da divida contrahida pelo Brazil em Portug <1 pela convenção addicional do tratado de 29 de agosto de 1825 ; contas do Marquez de Barbacena ; impugmçãodo Antonio José da Silva á defesa do mesmo Marquez ; impugnação de Joaquim Teixeira de Macedo sobre o mesmo assumpto, e diversos mappas. (Veja-se Felisberto Caldeira Brant Gomes.) Antonio José da Silva Loureiro - Nasceu pelo anno de 1790, não sei porém em que provincia, nem em que anno falleceu ; era official da secretaria de estado dos negocios estranguros e escreveu : - Godigo mercantil da França, traduzido e offerecido ao muito alto e muito poderoso senhor dom Pedro I. Rio de Janeiro, 1825, 170 pags. - Analyse e confutação da primeira carta que dirigiu a sua alteza o principe regente, constitucional e defensor perpetuo dos direitos do Brazil, o Campeão de Lisboa, pelos autores do Regulador luzo-brazileiro. Rio de Janeiro, 1822, 34 pags. in-4.° - O Regulador luzo-brazileiro. Rio de Janeiro, 1822-1823, 536 pags. in-4°- E' uma publicação periódica, redigida também por frei Francisco de Santa Thereza de Jesus Sampaio. O Io numero sahiu a 29 de julho de 1822 e o ultimo, n. 24, a 12 de março de 1823, sendo mudado o titulo da publicação do n. 11 em diante para o do Regulador brazileiro. A.ntonio José da Silva Monteiro-Natural, se- gundo sou informado, da provincia do Rio Grande do Sul, foi assassinado, em Porto Alegre, na noite de 19 de setembro de 1835. Era poeta satyrico e mordaz, e em seus versos não poupava seus adver- sários politicos, os exaltados, que o appellidavam de Prosodia, nome pelo qual se tornou conhecido. Deixou muitas poesias, de que se ignora o fim que tiveram, e redigiu o - Periodico dos pobres. Porto Alegre, 1835 -Era uma folha de lin- guagem vehemente. Assis Brazil faz menção delia e de seu redactor, que elle considera a primeira victima da revolução, em sua Historia do Rio Grande do Sul, pags. 93 e 94. A.nton.io José da Silva, Travassos- Nasceu na provincia de Sergipe e falleceu pouco antes de 1875. Fòra proprietário rural em sua provincia, e, dotado de actividade e intelligencia, exerceu ahi também a profissão de advogado, achou-se â frente de varias emprezas e melhoramentos reclamados pelo bem publico e escreveu: - Navegação dos rios Pomonga e Japaratuba na provincia de Ser- gipe. Rio de Janeiro, 1865-Esta obra foi contestada por uma publi- cação anonyma sob o titulo «.Refutação ao memorial do commendador An- tonio José da Silva Travassos sobre a navegação dos rios Pomonga e Japara- tuba em Sergipe, contendo a lei que autorizou a rescisão do contrato sobre a mesma navegação por um japaratubeiro. Bahia, 1866, 80 pags.» Foi AN 231 attribuida esta obra ao conego José Gonçalves Barrozo, hoje vigário de S. Christovão, na mesma provincia. - Apontamentos históricos e topographicos sobre a provincia de Ser- gipe. Rio de Janeiro, 1875, 106 pags. in-16 -E' uma publicação pos- thuma. Antonio José de Souza - Natural do Rio de Janeiro e filho de Francisco José de Souza e de dona Zeferina Luiza do Amaral, fal- leceu na Bélgica no principio de 1883. Doutorado em medicina pela faculdade da côrte em 1851, applicou-se ao magistério, sendo nomeado professor da lingua latina, em que era muito versado, do internrto do imperial collegio de Pedro II, d'onde se achava ausente, com licença do governo, quando falleceu ; exerceu o cargo de inspector geral interino das escolas da provincia do Rio de Janeiro ; era cavalleiro das ordens de Christo e da Roza, e escreveu : - Breves reflexões acerca dos seguintes pontos : l.° Que leis regulam a disposição dos orgãos verticillares da flor, quer considerando os verti- cillios separadamente ou em suas relações mutuas, quer quanto ao nu- mero dos verticillios na flor mais completa e o das peças de cada verti- cillio ? O que indicará uma organização mais perfeita, a adherencia ou a liberdade das peças verticulares ? (dissertação) 2.° Qual é o numero dos musculos do corpo humano ? Em quantas regiões estão ou devem estar distribuidos ? (idem) 3.° Do regimen das classes pobres e dos escravos na cidade do Rio de Janeiro em seus alimentos e bebidas. Qual a influencia deste reg men sobre a saude ? (proposições) These inaugural. Rio de Janeiro, 1851-Acompanha esta obra um mappa dos musculos do corpo humano. - Tratado dos prefixos da linga latina e sua synonymia para uso de seus discípulos e principalmente de seu filho ; compilado e traduzido, etc. Rio de Janeiro, 1868. - Tratado dos sufifixos da lingua latina e sua synonymia para uso de seus discípulos e principalmente de seu filho ; compilado e traduzido, etc. Rio de Janeiro, 1868. - Explicação dos idiotismos ou propriedades da lingua hebraica e grega, frequentemente encontrados nas sagradas escripturas. Rio de Janeiro, 1870. Antonio José de Souza Rego- Filho de Antonio José de Souza Rego e de dona Maria Benedicta de Almeida Rego, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, aqui recebeu o grau de bacharel em lettras no imperial collegio de Pedro II e o de doutor em medicina na respectiva faculdade. Ainda estudante de medicina foi praticante do hospital militar e do hospital da mizericordia ; depois de formado dedicou-se ao funccionalis- mo publico e exerce actualmente o logar de primeiro official da secreta- 232 AN ria de estado dos negocios da fazenda ; fez parte da commissão directora da exposição nacional de 1866, servindo de secretario ; é socio da socie- dade auxiliadora da industria nacional, cavalleiro da ordem da Roza, e escreveu : - These, apresentada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro para o doutorado em medicina. Rio de Janeiro, 1855 - Contém este trabalho uma dissertação sobre a operação do trépano, precedida do proposições sobre os tres seguintes pontos : l.° O que será mais conveniente, que o escrivão ou que o proprio medico escreva seu relatorio sobre corpo de delicto e qualquer outro assumpto medico legal? 2.° Polypos nas fossas nasaes. 3.° Elephantiasis dos arabes, suas causas e tratamento. - Relatorio da segunda exposição nacional de 1866. Rio de Janeiro, 1868, 2 vols.- O Io volume contém o relatorio do Io secretario doutor Re- go, lido em presença de suas magestades e altezas imperiaes no acto de se distribuírem os prémios aos expositores no dia 10 de outubro de 1867, e differentes annexos ; o 2o volume contém os relatórios dos doutores Agostinho Victor de Borja Castro, Giacomo Raja Gabaglia, Antonio Felix Martins, etc. -A.n.tonio José Vaz - Natural de S. Paulo, e filho de Fran- cisco Manoel Vaz, portuguez ahi casado e domiciliário, nasceu depois do meiado do século XVIII e falleceu a 12 de julho de 1823. Era coronel de milícias e proprietário abastado em sua província, onde por diversas vezes exerceu cargos e commissões do governo. Em uma dessas commissões fôra elle pelo interior da provincia tratar com as ca- maras municipaes acercada questão do privilegio da venda do sal, sahin- do-se com geral aprazimento quer do governo, quer das populaçõas inte- ressadas. Era poeta e escreveu : - A' Deus omnipotente, optimo, máximo em acção de graças pelos faustíssimos annos de sua alteza real, o príncipe regente, nosso senhor, etc. : cântico. Rio de Janeiro, 1810, 12 pags. in-S"-Este cântico se acha reimpresso no Florilégio da poesia brazileira, appendice ao 3°vol., pags. 66 a 74. - A sua alteza real, o príncipe regente, nosso senhor, em o faustís- simo dia 7 de março de 1810, anniversario de sua plausível e feliz entrada neste porto do Rio de Janeiro. As offerendas pastoris. Idilio por Antonio José Vaz. Rio de Janeiro, 1810^ 14 pags. in-4° -Contém mais uma ode e um soneto ao mesmo assumpto. - Epicedio, á sentida morte do senhor infante dom Pedro Carlos de Bourbon e Bragança. Rio de Janeiro, 1812, 11 pags. in-16. - Por occasião da muito sentida morte dè sua magestade fidelíssima, a senhora dona Maria I as lagrimas da cidade de S. Paulo, personali- sada em Paulicéa, offerecidas a el-rei nosso senhor. Rio de Janeiro, 1816, 17 pags. in-4° - Contém um epicedio e nove sonetos. AN 233 Antonio José Victoriano Borges da Fonseca - Filho do mestre de campo de infantaria de Olinda Antonio Borges da Fonseca e de dona Francisca Peres de Figueirôa, nasceu na cidade do Recife a 26 de fevereiro de 1718 e falleceu a 9 de abril de 1786. Assentando praça no exercito, muito moço, com 18 annos de idade, fez parte da força expedicionária de Pernambuco para a colonia do Sacra- mento, commandando uma companhia ; foi commandante da ilha de Fer- nando de Noronha depois de ser esta ilha restaurada do dominio dos fran- cezes ; e sendo coronel, foi nomeado governador e capitão-general do Ceará, onde serviu muitos annos e prestou assignalados serviços. Era mestre em artes pelo collegio dos jesuitas de Olinda; fidalgo cavalleiro da casa real ; cavalleiro professo da ordem de Christo; alcaide-môr da villa de Goyanna e da villa de Iguarassú; académico do numero da academia brazilica dos renascidos e familiar do santo oíficio. Depois de um acuradíssimo trabalho e de enormes despezas com a acqui- sição de uma grande somma de noticias genealógicas, obtidas dos archivos portugiíezes, hollandezes e de outros Estados da Europa, escreveu : - A nobiliarchia pernambucana que contém as memórias genealógicas das famílias mais distinctas, comanoticia da origem, antiguidadeesucces- são de cada uma delias. 1771 a 1777. Quatro vols. 517,585, 663e 559pags.in- fol. - Prompta para ser impressa esta obra, seu autor, não podendo dal-a á luz por já s 'ntir-se affectado da moléstia, de que falleceu, legou-a ao mos- teiro de S. Bento de Olinda. Os padres congregados do oratorio propu- zeram-se a entrar em ajuste com os benedictinos para que estes lh'a ven- dessem, afim de lhe serem addicionados os factos occorridos depois de es- cripta a mesma obra, e publical-a. Os possuidores do manuscripto nem quizeram vendel-o, nem fizeram-lhe augmentos, e muito menos cuidaram de sua impressão. Nesta obra se trata das casas e famílias do Brazil, com mais particularidade das de Pernambuco, sendo verificados com toda cir- cumspecção e critério datas, erros e irregularidades que existiam em rela- ção a muitas genealogias. O coronel Borges da Fonseca escreveu mais : - Estatística da capitania do Ceará. 1768 - Inédita, como a prece- dente, não sei onde pára esta obra. Só sei que foi ella enviada para Per- nambuco, e que o Conde de Pavolide, recebendo-a, assim se exprime a respeito delia : « A noticia que v. m. me enviou com a carta de 2 de junho, em que descreveu debaixo das graduações de longitude e lati- tude o terreno que se comprehende nessa capitania, individuando villas, freguezias e fazendas nolla estabelecidas, como também o numero dos seus habitantes e rendimento que tem a fazenda de S. Magestade nos dizimos reaes, me foi estimável pela distincção e clareza, com que se faz comprehensivel a substancia de seu todo, depois de resumida explicação de suas partes, motivos que fazem mui recommendavel a importância deste papel, que deve á direcção de v. m. um distincto louvor. » - Chronologia da capitania do Ceará. 1778 - Inédita, ignoro também onde pára. 234 AN _A.nton.io .Tosé Victorino de Barros- Filho de José Victorino de Barros e de dona Maria Izabel de Barros, nasceu no Rio de Janeiro em 1824. Depois de estudar humanidades no seminário de S. José matriculou-se na academia dô marinha, donde passou para a escola militar, fez o curso de infantaria, e estando já promovido a alferes alumno, abandonou a car- reira das armas, para entrar na do funccionalismo civil. E' dir ctor da terceira secção da secretaria de estado dos negocios da justiça, ofBcial da ordem da Rosa, cavalleiro da de Christo, membro effe- ctivo do supremo conselho maçonico do grau 33 do grande oriente unido do Brazil e grande venerável da grande loja do rito escossez, socio e pri- meiro vice-presidente da sociedade propagadora das bellas artes, socio do conservatorio dramatico, membro e secretario da associação propaga- dora dos cursos nocturnos, etc. Escreveu : - Catastrophe da corveta D. Izabel. Rio de Janeiro, 1861, 96 pags. in-8.° - 0 almirante Visconde de Inhaúma. Rio de Janeiro, 1870 - Neste livro de mais de 300 paginas, em que o autor põe em relevo os dotes e ser- viços de uma das gloria^da marinha brazileira, se encerram muitas o pre- ciozas noticias de nossa historia e da guerra do Paraguay. - A sê fluminense por um temente a Deus. Rio de Janeiro, 1878, 144 pags. - Neste livro o autor, censurando abuzos do episcopado, e apresen- tando os meios que o mesmo episcopado deve pôr em pratica para a boa marcha dos negocios da igreja, trata das corporações religiosas, dos vi- gários encommendados, do seminário de S. José, da maçonaria, do actual bispo, de certos actos seus, e outros assumptos correlativos. - Discurso proferido na inauguração dos retratos das excellentissimas senhoras dona Anna Jacintha de Carvalho, dona Maria José Guimarães e do senhor José Machado Guimarães, aquellas bemfeitoras, e este bem- feitor e ministro jubilado da venerável ordem terceira dalmmaculada Con- ceição. Rio de Janeiro, 1880 -Sahiu no Jornal do Commercio de 6 de novembro. 0 commendador Victorino de Barros collaborou na - Semana illustrada : jornal humorístico e hebdomadario illustrado. Rio de Janeiro, 1860 a 1876, 15 vols. in-4" - Sahiu o n. 1 a 16 de de- zembro de 1860. Depois de ser collaborador algum tempo passou a redi- gil-o com o bacharel Augusto de Castro, o doutor Cezar Muzzio, Machado de Assis e Ernesto Cibrão. Nesta revista, entre seus numerosos escriptos humorísticos se encontram : - A molequeida : poemeto. Historia de um qato celebre, com o pseu- donymo de Vercingistorix Brasílico. Revista dos theatros sob o pseudo- nymo de Thespis -Collaborou também nos antigos periódicos Religião e Amor Perfeito e tem publicado algumas poesias, como : - 0 sim de um pai - Vem no íris, periodico de religião, bellas artes, scicncias, lettras, etc., tomo 2°, pags. 321 a 323. AN 235 Antonio José Vieira de Menezes - Nasceu na pro- vincia de Minas Geraes em 1784 e ahi falleceu, em Ouro Preto, a 8 de março de 1848, com 64 annos de idade incompletos. Era cirurgião-mór de brigada do exercito, exercera sua profissão por espaço de quarenta annos, distinguindo-se como habil operador, e escreveu: - 0 hospital de caridade da cidade e capital de Ouro-Preto de Minas Geraes e sua fundação - Esta obra foi enviada á redacção do Archivo me- dico brasileiro em junho de 1848, após a morte do autor, polo doutor Do- mingos Marinho d'Azevodo Americano, e delia deu noticia a mesma redacção, promettendo publical-a ; mas cahin Io logo* o Archivo medico, não sahiu public .da, nem sei que destino teve. Sei que era um escripto volumoso e cheio de noticias importantes. Talvez exista entre os papeis deixados pelo redactor do Archivo, o doutor Ludgero da Rocha Ferreira Lapa, ha pouco fallecido. Antonio José Vieira da Victoria - Nasceu na pi o- vincia do Espirito Santo no ultimo quartel do século XVIII e falleceu pelo anno de 1830. Era estudante de preparatórios e muito protegido do gover- nador Francisco Alberto Rubim, quando, passeando casualmente com um seu companheiro pelo bosque do convento da Penha em 1815, descobriu junto a certas frutas silvestres alguns cazulos que lhe excitaram a curio- sidade, os recolheu, tratou-os e, vindo depois ao conhecimento de que descobrira o bicho da seda, principiou a fazer estudos sobre este insecto, nos quaes foi animado pelo governador, a quem transmittiu a noticia do descobrimento, abonando-lhe este uma pensão de 300, ou 400S000 annuaes. Em 1822, depois de ter estado no Rio de Janeiro, aperfeiçoando seus estudos, a inveja de alguns conterrâneos seus, acoroçoada pela má vontade do novo governador da provincia, Balthazar de Souza Botelho de Vasconcellos, destruiu n'uma noite o trabalho a que se dera por tantos anno3. Roubaram-lhe ou mataram todos os insectos, e estragaram tudo quanto lhe servia em seus estudos, já bastante a liantados, como disse Manoel José Pires da Silva Pontes n'uma exposição do facto, dirigida da cidade da Victoria a 21 de dezembro de 1834 á socie lade Auxiliadora da industria nacional. Escreveu: - Memória sobre o bicho cia seda e sua cultura - Esta memória foi es- cripta pelo autor em 1822, e enviada em manuscripto á referida sociedade por Manoel Antonio Ribeiro de Castro. Antonio Ladislau Monteiro Baena - Filho do João Sanches Baena e de dona Maria do Resgate Monteiro Baena, nasceu, não no Pará como erradamonte affirmam diversos que delle têm tratado, mas em Lisboa entre os annos de 1781 e 1782, e falleceu no Pará a 29 de março de 1850, victima da febre amarella epidemica. Chegando a esta provincia em setembro de 1803, acompanhando o capitão-general Conde dos Arcos, como seu ajudante de campo, no posto 236 AN de segundo tenente de artilharia, dedicou-se ao Brazil como o faria o mais dedicado de seus filhos ; achou-se á frente dos movimentos que se deram na província do Pará, sempre pugnando por ella ; abraçou com enthu- siasmo a independencia, e no serviço do império subiu até o posto de tenente-coronel, em que foi reformado, e deu-se muito ao estudo da his- toria da patria adoptiva, que ainda lhe é grata, como deu testemunho o club das Lanternas do Pará, assignalando com uma'lapida a casa em que elle residiu e em que morreu. Na lapida, a que me refiro, lê-se ainscripção: « Gratidão dos paraenses ao distincto cidadão Antonio Ladislau Monteiro Baena. O club das Lan- ternas, 1882.» Monteiro Baena era socio do instituto historico e geographico brazi- leiro, cavalleiro da ordem de S. Bento de Aviz, e escreveu: - Compendio das éras da província do Pará. Pará, 1838 - A publicação deste livro, de mais de 650 paginas, deu-lhe entrada no instituto historico, elogiando o mesmo instituto a obra. - E nsaio corographico sobre a província do Pará. Pará, 1839, 605 pags. - Sobre este livro escreveu o coronel J. J. Machado de Oliveira em 1843 um juízo critico, comparando-o com a Corographia paraense do coronel I. A. de Cerqueira e Silva, elogiando-o em diversos pontos, mas censu- rando-o n'outros, juízo de que fôra incumbido pelo instituto historico. - Discurso dirigido ao instituto historico e geographico brazileiro sobre o juizo critico de José Joaquim Machado de Oliveira, acerca do Ensaio corographico do Pará. Maranhão, 1844. - Memória sobre a intruzão dos francezes Cayenna nas torras do Cabo do norte em 1836, escripta para ser apresentada ao instituto historico e geographico do Brazil. Maranhão, 1846, in-4.° - Memória sobre o intento que têm os inglezes de Demerary de usurpar as terras a oeste do rio Repunury, adjacentes á face central da cordilheira do rio Branco para amplificar a sua colonia. Maranhão, 1846 - Sahiu antes na Revista do instituto historico, vol. 3", pags. 184 e 322 e seguintes. - Proposições resumidas dos princípios em que se estriba o direito das sociedades civis. Maranhão, 1847. - Biographia de João Sanches Monteiro Baena, conego diácono do cabido da cathedral do Pará, escripta por seu pae, etc. Pará, 1848, 206 pags. in-4.° - A sorte de Francisco Caldeira Castello Branco na sua fundação da capital do Grão-Pará: drama. Pará, 1849. - Carta reservai ao illustrissimo senhor Leonar.lo de Nossa Senhora das Dores Castello Branco sobre alguns logares de um pequeno folheto, acom- panhado de uma carta de Antonio Ladislau Monteiro Baena ( pelo mesmo Leonardo de Nossa Senhora das Dores Castello Branco ). Oeiras do Piauhy, 1849, 26 pags. in-4.° (Veja-se este autor.) - Sobre a communicação mercantil entre a província do Pará e a de 237 Goyaz: resposta ao illustrissimo e excellentissimo senhor Herculano Fer- reira Penna, presidente da província do Pará. Pará, 1848, 39 pags. in-8° - Sahiu também na Revista trimensal do instituto historico, tomo 10°, 1848, de pags. 80 a 107. A resposta teve por motivo o seguinte officio do presidente do Pará, datado de 29 de maio de 1847: «Tendo-me sido dirigido pelo senhor presidente da província de Goyaz o officio constante da cópia inclusa, em que me communica a deliberação que tomou de mandar fazer um ensaio de navegação e commercio pelo rio Araguaya, desejando eu animar tal empreza por todos os meios ao meu alcance, como declarei na resposta que v. s. achará junta, e conhecendo quanto v. s. se acha habilitado para indicar os obstáculos que ella possa encontrar, assim como as vantagens que promette a ambas pro- víncias, resolvi dirigir-me por este meio a v. s., para que tenha a bon- dade de informar com seu parecer sobre este assumpto, no qual dará certamente novas provas do zelo com que se dedica ao serviço do Estado. » - Memória sobre a questão do Oyapok, acompanhada de 39 docu- mentos - Foi offcrecida ao instituto em 1840, manuscripta. - Representação endereçada ao conselheiro geral da província do Pará a 6 de dezembro de 1831 sobre a civilisação dos indios - Idem. - Biographia de D. Romualdo de Seixas Coelho, bispo do Pará - Sahiu na Revista do instituto, tomo 3o, 1841, pags. 469 a 477. - Observações ou notas instructivas dos primeiros tres capítulos da parte 2a do Thesouro descoberto no rio Amazonas, escriptas, offerecidas ao instituto historico e geographico - e publicadas na dita revista, tomo 5o, pags. 253 e seguintes. São 22 notas com uma preliminar servindo de prologo e outra no fim. - Memória sobre o transito de Igarapé-mirim e a necessidade de um canal a bem do commercio interno da província do Pará - publicada na dita revista, tomo 23°, 1860, pags. 479 e seguintes. - Informação sobre a villa de Santo Antonio de Gurupá, dada ao Illm. eExm. Sr. desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, presidente da província do Grão-Pará pelo tenente-coronel de artilharia Antonio Ladislau Monteiro Baena, mandado em commissão á mesma villa pelo dito Sr. presidente - E' datada de 16 de agosto de 1841, 10 fls. Existe a cópia na biblíotheca nacional. - Breve descripção da villa de Mazagão e parecer sobre o aningal de sua entrada; dada ao Illm. e Exm. Sr. desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, presidente da província do Grão-Pará, pelo tenente-coronel de artilharia Antonio Ladislau Monteiro Baena, mandado em commissão etc. -7 fls. com um mappa da população da villa de Mazagão. Idem. - Idèa do que é a villa de S. José de Macapá, dada ao Illm. e Exm. Sr. desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, presidente da província do Grão-Pará, pelo tenente-coronel de artilharia Antonio Ladislau Mon- teiro Baena, mandado em commissão, etc. (1842, 15 de outubro)- 10 fls. Idem. 238 A.N - Informação sobre as valias da villa do S. José de Macapá, etc. - 4 fls. com um mappa da população da villa datado de 3 de setembro de 1842. Idem. - Nota additiva ás minhas informações, já dadas, sobre as villas de Gurupá, Mazagão e Macapá - 3 fls. sem numeração, ás quaes precede um oflicio do autor, datido do Pará a 1 de outubro de 1842 para o desembar- gador Rodrigo Pontes, remettendo-lhe a nota additiva. Idem. - Informações dadas em 8 de fevereiro de 1844 ao presidente da provincia do Pará sobre a conveniência da abertura de uma estrada da mesma provincia para a de Mato Grosso e sobre as matas coutadas que tem o Pará, e das quaes se tirem madeiras para a construcção naval, e onde se façam novas plantações de arvores para o futuro - São datadas de 8 de fevereiro de 1844, e sahiram na Revista do instituto historico, tomo 7o, 1845. Idem. - Representarão ao conselho geral da provincia do Pará sobre a espe- cial necessidade de um novo regulamento promotor da civilisação dos indios da mesma provincia. Pará, 6 de dezembro de 1831 - Original de 31 fls. in-4°, pertencente ao instituto historico. - Esboço do contorno do Brazil - E' uma obra de muito merecimento que o coronel Baena não chegou a concluir, e tinha entre mãos quando falleceu. Neste trabalho são determinados os principaes pontos da linha maritima septentrional. Delle vem um excerpto no Diário do Grão-Parà de 13 de agosto de 1882, e o original existe em poder do filho do autor, Antonio Nicolau Monteiro Baena, de quem farei menção neste volume. - A conversão de Philemon : drama - Creio que foi publicado ; nunca o vi, e sei de sua existência pela noticia honrosa do autor, publicada no mesmo Diário de 13 e 14 do dito anno, por occasião da festa do club das Lanternas no Pará com a collocação de uma lapida na casa em que elle residiu e morreu, noticia escripta pelo Dr. A. Tocantins. Consta-me que Baena escrevera mais, além de outros escriptos que se acham na Revista do instituto historico : - Nota da urgente necessidade de formular um cadastro geral do Brazil. Frei Antonio do Lado de Cliristo - Chamado no século Antonio Francisco Martins, nasceu no Rio de Janeiro pelo anno de 1780 e falleceu a 6 de abril de 1821, sendo religioso francis- cano, cujo habito recebera em 1796, e professando no anno seguinte. Foi lente em sua ordem, prégador e regedor regio, e escreveu muitos - Sermões - que deixou inéditos e talvez hoje perdidos. Nestes sermões, além do espirito evangélico e da brilhante eloquência, se tornava notável um elevado sentimento de amor da patria, que lhes dava uma feição particular. AN 239 Antonio Luiz do Amaral e Silva - Natural, si não me engano, da provincia de Pernambuco, fez na faculdade desta pro- vincia o curso de sciencias sociaes ejuridicas, em que se formou, e es- creveu : - Compilação das leis, decretos, regulamentos, instrucções, regimen- tos, consultas, pareceres, resoluções, decisões, ordens e avisos do governo sobre a arrecadação, administração e fiscalisação dos bens e dinheiros dos orphãos, mentecaptos, defuntos, etc., dividida em tres partes. Per- nambuco, 1864. Antonio Luiz Dantas de Barros Leite - Nas- ceu na cidade do Penedo, em Alagoas, a 13 de fevereiro de 1802, e falle- ceu na côrte a 9 de junho de 1870, sendo seus paes o coronel de milicias José Gomes Ribeiro e dona Anna Felicia de Macedo Leite. Em 1817, já tendo os estudos de preparatórios, acompanhou a Pernam- buco seu pai que para ahi seguira contra os revoltosos de 6 de março,' e ganhou por seus serviços a venera da ordem de Christo. Formando-se depois em direito na faculdade de Olinda, serviu como juiz de direito em sua provincia e aposentou-se no logar de desembargador da relação da côrte ; foi deputado em duas legislaturas e senador por Alagoas, e escre- veu : - Apontamentos sobre politica e administração - inéditos. Sei da existência desta obra por assim o affirmar o doutor Mello Moraes em seu Brazil Historieo, asseverando mais a existência de um bello trabalho sobre - Os jesuítas - também inédito. Não sei onde param. Antonio Luiz Fagruides - Não sei onde teve seu berço ; só sei que vivia pela época de nossa independencia no Rio de Janeiro, e que teve depois uma oíficina typographica, com o titulo de typographia austral e escreveu : - Elementos de musica, adoptados nojregio conservatorio de Milão, compendiados por Bonifácio Ascoli e traduzidos em vulgar. Rio de Janeiro, 1824, 81 pags. in-8° - Fez-se segunda edição desta obra em 1839 com 9 estampas. A.n.tonio Buiz Fernandos da Cunha - E' di- rector geral da tomada de contas do thesouro nacional, e tem exercido diversas commissões, como as de inspector da alfandega do Rio Grande do Sul, inspector da thesouraria da mesma provincia, inspector da thesoura- ria da Bahia, e ultimamente da alfandega da côrte ; é do conselho de sua magestade o Imperador ; commendador da ordem da Roza ; socio da sociedade auxiliadora da industria nacional, e escreveu : - Catalogo dos productos naturaes e industriaes, remettidos das pro- vincias do império do Brazil, que figuraram na exposição nacional de 1861. Rio de Janeiro, 1862, 2 vols. 240 AJN - Relatorio geral da exposição nacional de 1861 e relatorio dos jurys especiaes, colligidos e publicados por deliberação da commissão directo- ra. Rio de Janeiro, 1862. - Documentos officiaes^ relativos á exposição nacional, colligidos, etc. Rio de Janeiro, 1862. - Enumeração das rendas e impostos que são cobrados nas alfandegas do império. Rio de Janeiro, 1879, in-8° - Teve parte também no - Parecer sobre as caixas económicas e montes de soccorro, apresen- tado pela commissão incumbida de verificar as causas de seu atrazo e de indicar as providencias tendentes a desenvolver estas instituições no império. Rio de Janeiro, 1882, 142 pags. in-4°, com mappas e tabellas. (Veja-se Antonio Nicolau Tolentino e João Cardozo de Menezes e Souza.) -ákntonio Luiz von Iloonholtz. Barão de Teffé - Filho de Frederico Guilherme von Hoonholtz e de dona Joanna Christina von Hoonholtz, nasceu no Rio de Janeiro a 9 de março de 1837 e tendo feito o curso da academia de marinha, foi promovido a guarda-marinha em 1854, e depois a outros postos até o de chefe de divisão ; tem exercido diversas commissões importantes quer durante a guerra do Paraguay, quer n'outras occasiões ; foi á Europa em 1860, fazendo parte da guarni- ção da corveta Bahiana, e ultimamente foi nomeado director geral da repartição hydrographica. Os actos de inexcedivel valor e bravura pra- ticados pelo Barão de Teffé na guerra do Paraguay, e as commissões importantes que fóra do theatro desta guerra exerceu, podem-se ver no Pantheon fluminense de Lery dos Santos. E' pfficial da ordem da Roza e da do Cruzeiro, cavalleiro da de S. Bento de Aviz, e da ordem de Izabel, a catholica, da Hespanha, e condecorado com a medalha de prata do combate naval de Riachuelo, e outras meda- . lhas, e escreveu : - Compendio dehydrographia, applicado e adoptado pelo conselho de instrucção da escola de marinha com approvação do governo. Rio de Ja- neiro, 1864, in 8o-Este compendio foi premiado e mandado imprimir pelo governo imperial. - Breve noticia sobre as fortificações paraguayas junto á foz do Tebi- quary: memória apresentada ao instituto polytechnico brazileiro pelo socio effectivo Antonio Luiz von Hoonholtz - Sahiu na Revista do mesmo instituto, tomo 2", 1869, pags. 120 e seguintes, com uma carta. - A Corveta Diana : romance maritimo, original brazileiro. Manáos, 1873, 120 pags.-Foi também publicado no Despertador de Santa Ca- tharina e no Diário de Pernambuco em folhetim. - A justiça de Deus : drama naval - Nunca vi esta publicação. - Arrasamento da lage submarina, existente na entrada do porto de Santos, provincia de S. Paulo. Rio de Janeiro, 1877, in-4°, com duas cartas. AN 241 - Relatorio dos trabalhos e estudos realizados na bahia de Antonina. Rio de Janeiro, 1877, in-4°, com uma carta. - Relatorio da repartição hydrographica, apresentado ao illm. e exm. senhor conselheiro ministro e secretario de estado dos negocios da marinha. Rio de Janeiro, 1877 - Ha outros relatórios desta repartição que não me consta que fossem impressos em volume especial. - Provincia do Paraná. Demonstração da superioridade do caminho de ferro de Antonina a Curitiba, etc. Rio de Janeiro, 1879, com uma carta. (Veja-se André Pinto Rebouças.) - Saneamento dalagôa de Rodrigo de Freitas: relatorio apresentado ao conselheiro João Ferreira de Moura. Rio de Janeiro, 1880, com tres estampas. - Parecer sobre o novo systema de navegação aerea, inventado por João Cesar Ribeiro de Souza (veja-se este nome), pelo membro effectivo e relator da commissão de sciencias physicas, etc.- Sahiu no Jornal do Commercio de 20 de novembro de 1881 e seguintes, precedido de uma ligeira noticia do que se tem escripto sobre o assumpto. - Questão da abertura da barra de Cabo-frio: discursos proferidos nas sessões extraordinárias do instituto polytechnico acerca da mesma questão. Rio de Janeiro, 1881-Ha diversas plantas e esboços, como - Planta hydrographica da costa e porto de Santa Catharina, 1862 - Foi lythographada, assim como outras que levantou nesta provincia. - Plantas do Passo da Patria (duas) - levantadas em 1866 com a collaboração de outros, lythographadas. - Esboço das fortificações paraguayas que existiam junto á foz do Tebiquary quando a divisão avançada sob o mando do Barão da Pas- sagem forçou este passo a 24 de julho de 1868 - Lythographadas. - Planta do rio Javary desde a latitude 6o 12' até sua nascente principal em 7o 0,1', onde foi collocado o marco terminal da fronteira Norte-sul entre o império do Brazil e a republica peruana pela com- missão mixta (composta do Barão de Teffé e do capitão de fragata dom Guilherme Blak), 1873. Antonio Luiz Patricio da Silva Manso - Era doutor em medicina, representou a provincia de Mato Grosso na assembléa geral legislativa de 1834 a 1837 ; escreveu diversos artigos na Revista medica fluminense, e em volume uma memória com o titulo: - Enumeração das substancias brazileiras que podem promover a catarse: memória coroada pela imperial academia de medicina do Rio de Janeiro em o anno de 1836. Rio de Janeiro, 1836, 52 pags. in-4.° A.nton.io Luiz Pereira da Cunha, Marquez de Inham- bupe - Nasceu na cidade da Bahia a 6 de abril de 1760 e falleceu a 18 de setembro de 1837 no Rio de Janeiro. Tendo feito na universidade de Coimbra o curso de mathematicas, o de 242 AJN- philosophia e o de direito em que bacharelou-se, entrou para a carreira da magistratura, onde exerceu successivamente os cargos de juiz de fóra, ouvidor de comarca, desembargador da relação da Bahia, da do Porto, e da casa de supplicação de Lisboa, deputado da junta do commercio, agri- cultura, fabricas e navegação, e fiscal das mercês; foi deputado á consti- tuinte e, eleito senador portres provincias na primeira eleição geral, foi escolhido por dom Pedro I para representar a de Pernambuco a 22 de janeiro de 1826, sendo então Barão de Inhambupe; foi ministro de estado mais de uma vez, cabendo-lhe a gloria de assignar, como ministro dos ne- gócios estrangeiros, o tratado de 23 de novembro de 1826, ajustado como governo inglez para a extincção do commercio de escravos vindos da costa da África ; e por morte do governador e capitão general Conde da Ponte, fez parte do governo interino da Bahia, como já havia feito do de Per- nambuco. Na qualidade de representante da nação exerceu diversas commissoes honrosas, como a de examinar si a constituição portugueza podia ser appli- cada ao Brazil e de propor as reformas para isto, e a do conselho de estado, creado para organizar a constituição do Império, depois da dissolução da constituinte. Quando em virtude da deliberação que tomara dom João VI a 18 de fevereiro de 1821, arrastado pelo triumpho da revolução constitucional em Portugal, de convocar ao Rio de Janeiro os eleitos do Brazil e das ilhas do Atlântico e nomear a commissão para rever a constituição portugueza, a tropa luzitana se pronunciou em verdadeira sedição militar, conseguindo que os principes reaes viessem ao theatro S. João prestar juramento á constituição que as côrtes elaboraram em Lisboa, e indicando pessoas para certos cargos e empregos, Pereira da Cunha, bem que de todo alheio a taes pronunciamentos, foi nomeado intendente geral da policia, e nesse posto prestou relevantes serviços á ordem. Era do conselho de sua magestade o Imperador, dignitário da ordem do Cruzeiro, presidente do senado quando morreu, e escreveu, além de di- versos relatórios e trabalhos officiaes: - Medidas e providencias administrativas do governo interino da capitania de Pernambuco desde 7 de janeiro de 1799 até 4 de dezembro de 1802, e sobre todos os ramos de economia publica, sendo o governo composto dos brazileiros José Joaquim da Cunha de Azeredo Coitinho, então bispo; José Joaquim Nabuco de Araújo, então ouvidor, e do intendente da marinha Pedro Sheverin, sendo o exercicio do segundo desde 19 de outubro de 1799 e tendo-o até então o fallecido Marquez de Inhambupe - Existe na bibliotheca nacional uma cópia de 65 fls. - Plano de melhoramento e fiscalisação da alfandega do algodão no Recife, de Pernambuco, concebido e escripto pelo fallecido Marquez de Inhambupe em 12 de junho de 1799, sendo então ouvidor e nessa qualidade presidente da mesa inspectora-Idem de 5 fls. - Memória sobre ã creação de duas capitanias, da Parahyba e Ceará- AN 243 grande em governos geraes. 1816 - O autographo foi exposto na biblio- theca nacional em 1881. - Projecto de constituição para o império do Brazil, etc. - (Veja-se Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e José Joaquim Carneiro de Campos.) - Codigo de posturas e regulamentos municipaes para a camara da capital, applicaveis a todo reino - Este trabalho não sei onde pára. Antonio Luiz Hamos Nogueira - E' natural da pro- vincia de S. Paulo, ahi fez todo curso da faculdade de direito, recebeu o grau de bacharel, exerce a profissão de advogado, e escreveu : - Conto mysterioso. S. Paulo, 1860. - Revolução religiosa no Brazil e ruinas dapatria. S. Paulo, 1880, 263 pags.in-16. Antonio Luiz dos Santos Wernek - E' natural da provincia do Rio de Janeiro ; fez o curso de sciencias sociaes e jurí- dicas na faculdade de S. Paulo, onde recebeu o grau de bacharel em 1880, e o de doutor no anno seguinte ; é deputado á assembléa de sua provincia, e escreveu: - O positivismo republicano na a?ademia. S. Paulo, 1880, 162 pags. in-8®- Este livro que é precedido de uma introducção, feita pelo actual deputado por Goyaz José Leopoldo de Bulhões Jardim, foi publicado, como diz o autor em sua advertência ao leitor, no intuito de registrar um facto e lavrar um protesto. Entende elle que a monarchia é necessária no Brazil, quer pelo atrazo do paiz, quer por outras circumstancias, e que os positivistas, adherindo á monarchia, devem preparar o advento da repu- blica, que será legitima, não por direito divino ou popular, mas por di- reito scientifico e historico. Neste livro o autor impugna as idéas emit- tidas por seu collega Assis Brazil em sua conferencia O opportunismo e a revolução. (Veja-se Joaquim Francisco de Assis Brazil.) - Theses apresentadas á faculdade de direito de S. Paulo para obter o grau de doutor. S. Paulo, 1881. -A^ntonio Luiz de Seabra, Visconde de Seabra - Filho do doutor Antonio Luiz da Motta e Silva e de dona Dorothéa Bernardina de Souza Lobo, nasceu no Rio de Janeiro nos últimos annos do século XVIII. Sempre considerado como brazlleiro de nascimento e mesmo pelo autor do Diccionario bibliographico 'portuguez, quando delle se occupou no Io volume de seu precioso livro, este bibliographo diz depois no volume 8o, em vista de um esboço biographico escripto por A. A. Teixeira de Vas- concellos, que Seabra nascera a 20 de dezembro de 1799 nas alturas de Cabo-Verde a bordo de um navio em que seus paes seguiam viagem para o Brazil, sondo o menino baptisado, em uma das parochias do Rio de Ja- neiro. Parece-me que um homem como o doutor Motta e Silva não sahiria com sua esposa, estando ella no ultimo mez, ou em estado tão 244 AN adiantado de gravidez, para uma viagem tão longa e tão moroza, como era então, expondo-a a dar a luz no principio dessa viagem. Quem sabe si Teixeira de Vasconcellos não quiz escrever nas alturas de Cabo-Frio que pertence ao Rio de Janeiro ? Quem sabe mesmo si não ouviu fallar na freguezia de Cabo-Verde, logar de Minas Geraes, para onde viera o pae de Seabra servir um logar da magistratura, parecendo pelo nome cabo que se tratava de logar onde navegassem navios ? E que, ouvindo fallar em Cabo-Verde, entendesse ser esse, que elle conhecia, nos mares de Portugal ? São hypotheses apenas que não repugnam á razão. Note-se que depois de Innocencio da Silva ter dado Seabra como nas- cido no Rio de Janeiro, este não procurou desfazer o engano, quando entretanto amplia a noticia relativa a seu infeliz collega Antonio Homem, ácercadecuja historia escrevera, como se vê no artigo que vem no volume 8o, pag. 468. Em vista do exposto não posso deixar de incluir ainda neste livro o escriptor a quem me refiro. Nascesse, porém, onde nascesse, em viagem, nas alturas de Cabo-Verde ou nas de Cabo-Frio, em terra firme, em Minas Geraes ou no Rio de Janeiro - nasceu por- tuguez, porque no primeiro caso navegavam seus paes em navio portuguez e no segundo em território portuguez, como era então o Brazil, e por isso no momento da separação de sua patria de nascimento da patria legal, optou pela segunda, a quem presta os mais relevantes serviços. A sciencia moderna não assevera que o lugar do nascimento e onde são recebidas as primeiras impressões tem grande influencia na organização psychica do homem ? Logo tenho direito de me occupar do visconde por- tuguez, que também pertence ao império do Brazil. Muito joven sahiu Seabra com seu pae do Brazil para Portugal, onde completou sua educação litteraria e scientiflca, formando-se em direito na universidade de Coimbra. Entrou na carreira da magistratura, em Por- tugal firmou sua residência, delle só sahindo quando, em consequência dos movimentos politicos que agitaram o reino em 1828, emigrou para a Bélgica, e ahi permaneceu até 1833, anno, em que entrou no exercício do cargo de corregedor de Alcobaça. Depois disto foi desembargador da re- lação do Porto, membro do conselho supremo de justiça, deputado âs cortes em varias legislaturas desde 1834, ministro de estado honorário, par do reino, do conselho de sua magestádo fidelíssima, socio da academia real das sciencias de Lisboa, reitor da universidade de Coimbra, grão-cruz da ordem de S. Thiago e da italiana de S. Maurício e S. Lazaro, e es- creveu : - Traducção em verso de uma ode latina de Francisco Botelho Moraes e Vasconcellos - Sahiu na Mnemoseni lusitana, tomo Io, 1816. - Prologo do Mentor de Felandro, poema didactico de Cândido Luzi- tano, publicado em Coimbra, 1826 - Este poema foi publicado pelo con- selheiro Seabra, e o prologo não é, como se suppoz, do bispo, depois pa- triarcha de Lisboa, dom frei Francisco de S. Luiz. -Ode heroica á sere- níssima infanta dona Izabel Maria. Coimbra, 1826. A.N 245 - Exposição apologética dos portuguezes emigrados na Bélgica que recusaram prestar o juramento, delles exigido uo dia 26 de agosto de 1830. Bruges, 1830 - E' seguido de dous additamentos, e de mais dous opús- culos sobre o mesmo assumpto e occurrencias da época, tudo sob o anonymo. - Observações do ex-corregedor de Alcobaça, Antonio Luiz de Seabra, sobre um papel enviado á camara dos senhores deputados acerca da arre- cadação dos bens do mosteiro daquella villa. Lisboa, 1835 - Esse papel era uma accusação, da qual elle se justifica. - Satiras e epistolas de Quinto Horacio Flacco, traduzidas e annota- das. Porto, 1846, 2 vols., com duas estampas- Foi esta a primeira ver- são para o portuguez desta parte das obras de Horacio, e a imprensa de Portugal teceu ao traductor muitos elogios. - Observações sobre o art. 360 da novissima reforma judiciaria. Lisboa, 1849. - A propriedade : philosophia do direito para servir de introducção ao commentario sobre a lei dos foraes. Coimbra. 1850 - Esta obra devia continuar, porque sahiu com a declaração de volume Io, parte l.a Não me consta, porém, que continuasse. -Projecto do codigo civil portuguez. Lisboa, 1857 - Sahiu também a declaração de parte l.a Fez-se 2a edição com correcções e additamentos era Coimbra, 1858 ; e outra depois com emendas e observações da commis- são revisora, sendo o mesmo projecto aceito e approvado como lei em 1867. Depois de sua promulgação fizeram-se tres edições, no Por- to, em Coimbra e em Lisboa. Esta obra trouxe ao autor contestações que o levaram a escrever : - Apostilla ás observações do illm. e exm. senhor Alberto Anto- nio de Moraes Carvalho sobre a primeira parte do Projecto do codigo civil, etc. Coimbra, 1858 - Sahiu em tres partes. - Resposta do autor do Projecto do codigo civil ás observações do se- nhor doutor Joaquim José Paes da Silva. Coimbra, 1859, 143 pags. in-8.° - Resposta ás reflexões do senhor doutor Vicente Ferreira Netto Paiva sobre os sete primeiros titulos do Projecto do codigo civil portuguez. Coimbra, 1859, 39 pags. in-8.° - Novissima apostilla em resposta á diatribe do senhor doutor Au- gusto T. de Freitas contra o Projecto do codigo civil portuguez. Coimbra, 1859, 254 pags. in-8.° - Duas palavras sobre o casamento civil pelo redactor do codigo civil. Coimbra, 1866, 51 pags. in-8°-Era nesta época etc. o ca- samento civil a magna questão social. Depois de publicada esta obra, escreveu o illustrado Alexande Herculano os seus « Estu- dos sobre o casamento civil por occasião do opusculo do senhor Vis- conde de Seabra sobre este assumpto, Lisboa, 1866» obra esta que foi repro- duzida no Rio de Janeiro no mesmo anno. Não foi somente Alexandre Her- culano ; também se publicou nesta occasião «O casamento civil: collecção de 246 A.N cartas do senhor Vicente Ferrer em resposta ao senhor Visconde de Seabra, publicada por José Lourenço de Souza, Porto, 1866.» E no Brazil escreveu sobre o mesmo assumpto o padre doutor Patrício Moniz as suas « Refle- xões sobre a carta do senhor Alexandre Herculano, Rio de Janeiro, 1866, 70 pags.» Esta questão, porém, muito antes desta época, em 1858, foi no Brazil trazida á tela da discussão por uma proposta do governo levada á camara legislativa, se occupando do assumpto o arcebispo Conde de Santa Cruz, monsenhor J. Pinto de Campos, o doutor C. K. de Totward, o doutor Pedro de Calazans, o doutor Braz Florentino Henriques de Souza, e outros. E antes de todos esses, o doutor Caetano Alberto Soares a aventara n'uma memória, lida no instituto dos advogados brazileiros, em 1848. Segunlo assevera Innocencio da Silva, o Visconde de Seabra tinha inédito um - Romance historico - em que se narra a accusação de judaísmo levada ao tribunal da inquisição contra o doutor Antonio Homem, ou Antonio Leitão Homem, o preceptor infeliz, accusação toda gratuita, por intrigas mizeraveis e sua execução pelo infernal e nefando tribunal. E consta, diz o citado bibliographo, que Seabra fôra o fundador e redigira : - O Cidadão litterato : periódica de política e litteratura. Coimbra, 1821. - O Independente : jornal político. Lisboa, 1836. - A Estrella do Norte : jornal politico. Porto, 1846. I>. Antonio de Macedo Costa, bispo do Pará - Nasceu na província dá Bahia a 7 de agosto de 1830, sendo seu pai José Joaquim de Macedo Costa, proprietário de engenho no termo de Maragogipe. Nascido e educado no seio de uma familia eminentemente catholica, muito criança votou-se ao estado sacerdotal; começou seus estudos no seminário da Bahia e foi concluil-os no de S. Sulpicio, na França, em cuja igreja parochial recebeu as ordens de presbytero, que lhe foram conferidas pelo arcebispo Marlot a 19 de dezembro de 1855, e d'ahi par- tindo para Roma, fez o curso e recébeu o grau de doutor em direito canó- nico, entretendo sempre relações de amizade com diversos cardeaes que lhe reconheciam a grande illustração e raras virtudes, de que é dotado. Já na França vultos das sciencias o haviam distinguido como tal. Um desses, perguntando uma vez ao bacharel Antonio Pinto da Rocha, talen- toso joven bahiano, que, sendo juiz na Bahia, foi para a campanha do Paraguay, como voluntário, e lá morreu - si conhecia o padre Macedo Costa, e tendo resposta affirmativa, disse-lhe : « Este padre deve ser bispo no Brazil.» E effectivamente, apenas de volta ao Brazil, foi eleito bispo do Pará, onde fez sua entrada a 1 de agosto de 1861, sendo sagrado em Petropolis a 22 de abril pelo internuncio apostolico. Foi segunda vez á Roma por occasião do ultimo concilio convocado por Pio IX, no qual foi o unico bispo brazileiro que tomou a palavra, expri- AN 247 mindo-se com sua habitual e admiravel eloquência. Infelizmente suas idéas religiosas, excessivamente exageradas, o levaram a tomar parte acli- víssima no conflicto religioso de 1873 a 1875, pelo que foi responsabilisado de conformidade com-a legislação do paiz, condemnado pelo supremo tri- bunal de justiça no art. 96 do codigo criminal, a quatro annos de prisão, e recolhido á fortaleza da Ilha das Cobras, d'onde tirou-o, poucos mezes depois, o perdão da corôa. Grande litterato, eximio theologo e também poeta, dom Antonio de Ma- ceió Costa possue virtudes que o constituem uma das glorias do nosso cbro, e do paiz. Ha b^m pouco tempo, a seu respeito escreveu um illus- tre viajante americano, Herbert Smith: « O actual bispo do Pará é um daquelles homens que deve permanecer como marco milliario na historia da igreja. Puro em sua vida, soube rodear-se de um grupo de jovens sacerdotes, que procuram igualar os sacrifícios e virtudes dos primeiros missionários jesuitas.» E' do conselho de sua magestade o Imperador, prelado assistente do solio pontifício, e escreveu : - Pio IX, pontífice e rei; exame das principaes objecções sobre o poder temporal. Bahia, 1860. - Carta pastoral por occasião de sua entrada na diocese no Io de agosto de 1861. Pará, 1861, 14 pags. in-4.° - Instrucção pastoral contra o protestantismo, prevenindo os fieis contra a propaganda, que se tem feito na diocese, de biblias falsificadas e outros opusculos hereticos. Pará, 1861 - Esta obra foi refutada por um dos sacerdotes protestantes do Rio de Janeiro. - Memória apresentada a sua magestade o Imperador acerca do de- creto n. 3073 de 22 de abril ultimo (1863), que uniformisa os estudos das cadeiras dos seminários episcopaes, subsidiados pelo Estado. Pará, 1863, 30 pags. in-4.° - Resposta ao exm. sr. ministro do império acerca da questão dos se- minários. Pará, 1864, 18 pags. in-4.° - As ordens religiosas julgadas pelos escriptores protestantes : breve resposta a favor destas ordens. Belem, 1864, 26 pags. in-4°- A publi- cação desta obra, motivada por um discurso pronunciado na camara dos deputados pelo doutor Pedro Luiz Pereira de Souza, fez que surgissem na imprensa do Rio de Janeiro diversos escriptos, quer pugnando pelas suas idéas, quer as contrariando. - Carta pastoral mostrando a missãoreligiosa do clero e invocando a ca- ridade publica em favor da alma da educação. Pará, 1865, 8 pags.in-4.0 - Instrucção pastoral sobre a encyclica de 8 de dezembro ultimo e o jubileu universal concedido pelo santíssimo padre Pio IX, no corrente anno. Pará, 1865, 41 pags. in-4.° A resistência dos bispos, as suspensões extra-judiciaes e os re- cursos á corôa : questões canónicas. Pará, 1866. - Officio ao exm. sr. ministro do império, indicando varias medidas importantes. Pará, 1866, 22 pags. in- .° 248 - Carta pastoral sobre a unificação da Italia.Pará, 1867 - O bispo combate em sua pastoral a unificação da Italia. - Carta pastoral dirigida a seus diocesanos por occasião de sua volta da cidade de Roma. Rio de Janeiro, 1867, 38 pags. in-8.° - Noticia biographica do finado bispo de Pernambuco D. Francisco Cardoso Ayres, extrahida de vários documentos.'Roma, 1870, 36 pags. in-4.° - Discurso recitado no acto solemne da inauguração da sociedade promotora da instrucção publica, no dia 24 de setembro de 1871. Belem do Pará, 1871, 27 pags. in-4.° - Discurso pronunciado na solemne inauguração da bibliotheca pu- blica, fundada na mesma provincia a 25 de março de 1871. Pará, 1871, 16 pags. in-4.° - Carta pastoral publicando as constituições dogmáticas do sacrosanto concilio geral do Vaticano. S. Luiz do Maranhão 1871, 90 pags. in-4.° - Carta pastoral premunindo seus diocesanos contra os erros de um papel espalhado ultimamente na diocese sob o titulo de Protesto do par- tido liberal. Belem, 1872, 63 pags. in-4.° - Instrucção pastoral sobre a maçonaria, considerada sob o aspecto moral, religioso e social. Belem, 1872, 131 pags. in-4° - Segunda edição, Rio de Janeiro, 1872, 89 pags. in-4°-Terceira edição. Rio de Janeiro, 1874, 103 pags. in-8.° - A maçonaria em opposição á moral, á Igreja e ao Estado : pastoral. Recife, 1873, 72 pags. in-8° gr. - Carta do bispo do Pará acompanhando ao bispo de Olinda na medida que tomou em ^relação á maçonaria - Sahiu no Apostolo de 9 de março de 1873. - Carta ao senador Ambrosio Leitão da Cunha. Recife, 1873, 16 pags. in-4,° - Carta pastoral explicando a razão do actual conflicto. Rio de Ja- neiro, 1873, 55 pags. in-8° - Foi publicada primeiramente no Pará. - Resumo da historia biblica ou narrativa do velho e novo testamento illustrado com cerca de duzentas estampas : edição em vulgar, offerecida ás famílias brazileiras. New-York, 1872 - Esta obra foi approvada por todos os bispos da Suissa, muitos da França e da Italia. - Direito contra o direito ou o estado sobre tudo : refutação da dou- trina dos políticos na questão religiosa, seguida da resposta ao supremo tribunal de justiça. Rio de Janeiro, 1874, 274 pags. in-8°-Esta obra motivou a publicação de alguns artigos na imprensa diaria, e teve nova edição, Porto, 1875, 266 pags. in-8.° Appareceu depois, contestando-a « Oj Brazil e a curia romana ou analyse e refutação do Direito contra o direito do sr. d. Antonio de Macedo Costa, b spo do Pará, pelo cano- nista. Rio de Janeiro, 1876.» (Veja-se Joaquim do Monte Carmello.) - Carta pastoral publicando o jubilêo em sua diocese, no anno de 1875, datada de sua prisão na Ilha das Cobras. Rio de Janeiro, 1875. 249 - O Christianismo e o progresso. Lisboa, 1875. - Deveres da família - Tinha com este titulo um opusculo do sabio e virtuoso prelado e não sei si o perdi ou confiei a alguém que deixou de restituir-m'o. - Resposta do bispo do Pará a seus aceusadores na camara dos depu- tados. Belem do Pará, 1879, 77 pags. in-4° -Neste volume justifica-se o autor de diversas accusações que sofírera, como : de entender que não deve sujeição ao governo, não é subordinado á constituição e ás leis do paiz ; de promover uma conflagração em sua diocese; de infligir a lei provincial que manda fazer-se a procissão de Corpus Christi; de não querer collar vigários, etc. - Compendio da civilidade christã, offerecido ás famílias e ás escolas brazileiras. Pará, 1880-Neste livro, de 250 paginas, o autor procura conciliar as regras de civilidade com as da religião. - Carta pastoral aos habitantes de Belem sobre a manifestação havida contra a assembléa provincial. Belem, 1882 - Refere-se a aggressões deploráveis do povo paraense contra a assembléa por uma questão de trilhos urbanos nos dias 16 e 17 de outubro. - O Amazonas e os meios de desenvolver a sua civilisação : confe- rencia feita em Manáos a 21 de março. Pará, 1883. D. Antonio de Macedo Costa tem publicado outras pastoraes em sua diocese e ainda estudante de preparatórios na Bahia escreveu diversas poesias no periodico Noticiador Catholico, ao lado das de seu pai (veja-se José Joaquim de Macedo Costa) e também artigos em prosa. Antonio Manoel Corrêa <la Camara - Falleceu em Porto-Alegre, capital da provincia do Rio Grande do Sul. Foi o pri- meiro cônsul que o Brazil teve na republica do Paraguay ; foi encarre- gado pelo governo imperial de organizar a estatística da mencionada'pro- vincia ; era do conselho de sua magestade o Imperador, e escreveu : - C orrespondencia turca interceptada a um emissário da Sublime Porta, residente na côrte do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1822 - São quatro opusculos in-4°, sendo o primeiro datado de 23 de janeiro e o ultimo de 26 de maio deste anno, de numeração seguida, 88 pags. in-4.° Antonio Manoel Fernandes, Io - Natural da provin- cia do Rio Grande do Sul e filho de Antonio Manoel Fernandes e de dona Umbelina Luiza da Silva Fernandes, falleceu na côrte a 30 de junho de 1883. Formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de Olinda, exerceu successivamente diversos cargos na magistratura, inclusive o do chefe de policia da provincia do Paraná, até ser nomeado desembargador da relação do Maranhão. Tendo, porém, exercício na da côrte o no tri- bunal do commercio, como tivesse adquirido naquelle cargo a desafíeição 250 de um personagem influente na política que subia ao poder, foi mandado logo para o Maranhão ; e então, desgostoso com isso, pediu e obteve sua aposentadoria. Exercia ultimamente a advocacia ; era official da ordem da Roza, cavalleiro da de Christo, e escreveu : - índice chronologico, explicativo e remissivo da legislação brazi- leira desde 1822 até 1848, precedido cada anno, além do reinado que a elle presidiu, dos nomes dos ministros que dirigiram as respectivas re- partições, e cada legislatura dos nomes dos senadores e deputados que nella tomaram parte, 1849 a 1851. Quatro volumes - sendo o primeiro impresso em Nictheroy, e os outros no Rio de Janeiro. - Relatorio apresentado ao ... presidente da província do Paraná, o conselheiro Zacarias de Góes e Vasconcellos, pelo chefe de policia Antonio Manoel Fernandes Júnior em julho de 1854, contendo a estatís- tica da província. Corytiba, 1854. - Protesto por occasião de ser destituído do tribunal do commercio da capital do império e removido para a relação do Maranhão e os artigos e correspondências, a que este protesto deu logar ; offerecido ao corpo le- gislativo do império e ao publico em geral. Rio de Janeiro, 1862. - Canhenho do eleitor ou indice alphabetico e explicativo da reforma eleitoral, acompanhado de notas tiradas das respectivas instrucções, da transcripção das leis, a que a dita reforma se refere, e dos avisos do ge- verno, até agora publicados. Rio de Janeiro, 1881. Antonio Manoel Fernandos, 8o- E' natural da ci- dade de Santos, província de S. Paulo, e filho de Manoel Fernandes e de dona Etelvina Maria de Jesus Fernandes Matriculando-se na faculdade de direito de S. Paulo em 1862, depois de tres annos do curso retirou-se para a cidade de Santos, onde firmou sua residência, e ahi fundou em setembro de 1878 uma escola nocturna gra- tuita, esforçando-se por espaço de dous annos, como seu presidente e fundador, pela manutenção do dito estabelecimento, que effectivamente tem prestado reaes serviços á população desta locali lade. Em setembro de 1880, porém, sentindo alterações em sua saúde, deixou de continuar na presidência, para que fôra reeleito, continuando, entretanto, a ser professor da escola, e então a gratidão de seus alumnos e do corpo docente se revelou no offerecimento espontâneo, que lhe fizeram, de seu retrato, tirado áoleo. Foi um dos académicos de S. Paulo, comprehendidos no Album litterario do doutor A. M. dos Reis por cultivarem as lettras com distincção, e escreveu: - Paulo e Flora: romance. S. Paulo, 1861, 113 pags. -E' sua estréa de autor antes de matricular-se na faculdade de direito. - Crepúsculos: poesias. Santos, 1870 - Algumas das composições aqui enfeixadas já haviam sido publicadas antes em diversos periódicos. - A villa da Conceição de Itanhaen: estudo historico. Santos, 1871 - Sáhiu sob o anonymo. AJN 251 - O Lyrio : jornal litterario. Santos, 1867 - Neste jornal, de que foi fundador e redactor, se encontra de sua penna o romance Amor e dor, e os pequenos contos Evangelina; Montem; Névoas; A cruz; Uma flor murcha; Um segredo; e Folha de um livro, sob o pseudonymo Luciliano, de que usa em suas composições litterarias. - O Pyrilampo : jornal dedicado ás senhoras. Santos, 1869 - E' tam- bém por A. M. Fernandes fundado e redigido. - O Popular : periodico noticioso. Santos, 1879 - Idem. - Contos microscopicos - Vêm na Imprensa, jornal da mesma ci- dade ; é uma collecção de contos e historiêtas. - Um lenço : romance - Foi publicado no mesmo jornal. - Lamentações de um empregado do fisco : scena cómica em verso - representada no theatro de Santos e muito applaudida, em 1870. Não foi ainda impressa. - Um heroe de Riachuelo: scena dramatica em verso - representada no theatro de S. José da cidade de S. Paulo - Idem. Antonio Manoel Gonsalves Tocantins - E' na- tural de Cametá, província do Pará ; engenheiro civil pela universidade de Liége, donde regressando á patria, aqui foi empregado pelo governo provincial; dedica-se actualmente ao magistério, quer como lente da esco- la normal, quer como director do collegio Marquez de Santa Cruz, de Belém ; é socio do instituto historico e geographico e escreveu : - Exploração do rio Tapajós : relatorio (escripto com J. H. Correia de Miranda) - Vem annexo ao relatorio da província pelo doutor Abel Graça, Pará, 1872. - Relíquias de uma grande tribu extincta na ilha do Pacoval - Vem na Revista do instituto historico, tomo 39°, parte 2a, 1876 - E' datada esta obra de 1872 e lhe serviu para a sua admissão no instituto. - Estudos sobre a tribu mundurucú : memória lida perante o mes- mo instituto- Na dita revista, tomo 40°, pags. 74 a 161. O autor apre- senta um quadro comparativo com treze vozes, vindo a portugueza em primeiro logar e o mundurucú em ultimo, afim de facilitar a confronta- ção do dialecto desta lingua com o das tres principaes linguas america- nas : quichua, aymará e tupy. Dizem os doutores Caetano Filgueiras, Moreira de Azevedo e Ribeiro de Almeida em seu parecer, como membros da commíssão de admissão de socios, que Gonsalves Tocantins escrevera e publicara algumas - Memórias giographicas, concernentes ao valle do Amazonas - Não conheço, senão o que fica mencionado. Antonio Manoel de Medeiros - Natural da provín- cia do Ceará, filho de Manoel do Rego Medeiros e de*'dona Marianna do Rego da Luz, e irmão do bispo de Pernambuco, dom Manoel do Rego de Medeiros, nasceu a 23 de abril de 1829 e falleceu a 13 de julho de 1879, victima de uma febre typhica. 252 AN Doutorado em medicina pela faculdade da Bahia no anno de 1852, en- trou para o corpo de saude do exercito, onde serviu até o posto de cirur- gião-mór de brigada honorário, em que morreu, exercendo também di- versas commissõos civis. Era cavalleiro da ordem do S. Bento de Aviz e da de S. Gregorio Magno de Roma, o escreveu : - Proposições sobre obstetrícia (seguidas de proposições sobre os diversos ramos do curso medico). Bahia, 1852 - E' sua these inaugural. - Relatorio apresentado ao....doutor Lafayette Rodrigues Pereira pelo doutor, etc. em commissão nas comarcas do Icó, Crato e Jardim du- rante a epidemia do colera-morbus em 1864. Ceará, 1864, in-4.° - Apontamentos biographicos do bispo de Pernambuco dom Manoel de Medeiros. Abril 16 de 1876 - O original pertence á bibliotheca nacional e esteve na expoúção de historia do Brazil em 1881. A-iitonso Manoel <le Mello - Filho do marechal de cam- po Antonio Manoel de Mello Castro Mendonça e de dona Gertrudes Maria do Carmo, nasceu na provincia de S. Paulo a 2 de outubro de 1802, e fal- leceu na campanha contra o Paraguay a 8 do março de 1866. Doutor em mathematicas pela antiga academia militar, foi nella lente substituto do curso de pontes e calçadas; depois cathedratico e lente da escola do architectos na provincia do Rio do Janeiro ; prestou importan- tes serviços, portando-se como um bravo, na campanha cisplatina em 1823, sendo então tenente do exercito, pois que seguira a carreira em que se ennobrecera seu pai; depois da campanha foi promovido a capitão em 1827, a major em 1837, a tenente-coronel em 1844, a coronel em 1855, e a brigadeiro em 1861, posto em que falleceu, exercendo o cargo de com- mandaute geral de artilharia no exercito em operações. Antes disto exercera diversos cargos, como os de vice-director da fabri- ca de polvorade Ipanema em 1834, director das obras civis e militares da marinha em 1847, director do laboratorio astronomico, e vogal do con- selho supremo militar ; foi mestre de astronomia da princeza imperial e de sua augusta irmã, e ministro da guerra por duas vezes. Era do conselho de sua magestade o Imperador ; grã-cruz da ordem de Christo, commen- dador da ordem da Roza e da de S. Bento de Aviz ; socio do instituto historico e geographico brazileiro, e escreveu : - Diversos relatórios - no cargo de ministro da guerra e em outros. - Annaes meteorologicos do Rio de Janeiro nos annos de 1851 a 1856. Rio de Janeiro, 1852 a 1858. - Ephemerides do imperial obsorvatorio para os annos de 1853 a 1858, lôvols.- Além disto na antiga Revista brasileira ha diversos trabalhos de sua penna. Antonio Manoel dos Reis - Nascido na cidade de S. Paulo em 1840 e formado em sciencias juridicas e sociaes pela faculdade da mesma cidade, residia no Rio de Janeiro quando suscitou-se a questão ■ANi 253 chamada religiosa, que deu em resultado a prisão e julgamento dos bispos do Pará e de Olinda, o então tomou parte muito activa nesta questão polo lado dos bispos, como collaborador e depois redactor do periodico Apos- tolo. Foi um dos installadores da associação catholica fluminense ; é socio do Ensaio philosophico paulistano, e escreveu : - Ensaios poéticos. S. Paulo, 1859. - Minhas inspirações. Poesias 2a edição augmentada de novas poe- sias e alguns escriptos em prosa. Rio de Janeiro, 1860. - Alfredo: romance. S. Paulo, 1861. - Discurso recitado por occasião dos suffragios na igreja do collegio pelo descanso eterno de sua magestade fidelissima, el-rei Dom Pedro V- Se acha no Tributo de saudades à memória d'el-rei Dom Pedro V em nome dos portuguezes residentes em S. Paulo. - Album litterario. S. Paulo, 1861, 250 pags. - Este livro se divide em cinco partes : l.a Violetas : collecção de poesias, entre as quaes se nota aGethsemani do conselheiro A. J. Ribas. 2.a Académicos contem- porâneos, em que o autor faz menção de 29 collegas seus, distinctos como cultores das lettras. 3.a Cantos do crepúsculo. 4.a Estudos litte- rarios. 5.a Fantasias. - Thesouro litterario ou collecção de maximas, pensamentos, aforis- mos, definições, reflexões, noticias e trechos extrahidos dos mais celebres esc^iptores, sagrados e profanos, nacionaes e estrangeiros, sobre assum- ptos religiosos, civis, politicos e litterarios, coordenados por ordem alpha- betica com o indice das matérias e autores citados. Io tomo. Rio de Ja- neiro, 1873 - O D tomo desta obra abrange as lettras A, B e C. O autor não continuou a publicação. - Ganganelli em scena. Refutação dos artigos do conselheiro J. Saldanha Marinho (Ganganelli) intitulados A igreja e o Estado. Rio de janeiro, 1874, 1326 pags. in-4° - E' uma collecção dos artigos publi- cados no Apostolo na questão religiosa. - Almanak brazileiro illustrado para o anno de 1876, ornado de nu- merosas gravuras, com uma noticia biographica do bispo de Olinda, con- tendo, além de muitos e variados assumptos de interesse geral, uma parte scientifica, litteraria, noticiosa e recreativa. Io anno. Paris, 1876, 288 pigs. in-16. - Almanak brazileiro illustrado para os annos de 1877 a 1883, etc. 7 vols. in-16 - Foram impressos os 4 primeiros volumes em Paris, e os últimos no Rio de Janeiro. - O bispo de Olinda, dom frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira peran- te a historia. Nota biographica e compilação de todas as peças de seu processo, consultas do conselho de estado, discursos de defesa, notas di- plomáticas, escriptos do illustre confessor da fé, etc. Rio de Janeiro, 1879, 820 pags. in-4° - com o retrato do bispo. - O Brazil Catholico : periodico consagrado aos interesses do ca- tholicismo, Rio de Janeiro 1880 a 1883, in-fol. gr. - Esta publicação foi 254 AN fundada pelo doutor Reis em sua retirada da redacção do Apostolo, e ter- minou em abril deste anno. Consta-me que foi elle o redactor do - Tupy : folha illustrada. Rio de Janeiro, 1872 - sahiram apenas 23 ou 24 numeros. Antonio Manoel <la Silveira Sampaio - Não pude averiguar onde nasceu, nem em que data, parecendo-me, segundo posso calcular, que fosse pelo anno de 1770. Seguiu a carreira das armas, onde subiu successivamente a diversos postos até o de marechal de cam- po, e exerceu diversos cargos como o de vogal do conselho supremo mi- litar, e escreveu : - Memória sobre as principaes causas que promovem as deserções nos corpos de linha do exercito do Brazil, e os meios que convém adoptar para evitar a continuação deste terrível mal do estado. Rio de Janeiro, 1819 - O original desta memória esteve na exposição de historia do Brazil. - Instrucções para uso dos officiaes do exercito nacional e imperial nos processos de conselhos de guerra. Rio de Janeiro, 1824, 91 pags. in-4.° - Representação contra o ministro Antero José Ferreira de Brito. Rio de Janeiro, 1835. A-ntonio Marciano da Silva Pontes - Natural da província do Minas Geraes, nasceu na cidade de Marianna a 27 de ja- neiro de 1836. Destinado por seus paes para seguir o estado ecciesiastico, fez em sua província os estudos necessários no seminário episcopal; não se sentindo, porém, com vocação para este estado, veiu para o Rio de Janeiro, e aqui deu-se ao magistério, leccionando em diversos collegios algumas matérias do curso de humanidades ; exerceu o cargo de secretario do governo de Minas Geraes, e delle exonerado passou a exercer o de secretario da policia da mesma província. E' membro do conselho da instrucção publica e director do curso da escola normal para o sexo masculino, em Nictheroy, - e escreveu, além de diversos artigos na Revista popular do Rio de Ja- neiro, de que foi collaborador : - Nova rhetorica brazileira : obra apresentada ao conselho director e approvada para o collegiode Pedro II. Rio de Janeiro, 1860, 247 pags. in-8.° - Compendio de pedagogia para uso dos alumnos da escola normal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 186' - Segunda edição, correcta eau- gmentada, Rio de Janeiro, 1873. - Ensaio historico da província de Minas Geraes - Ignoro si esta obra veiu álume. O manuscripto foi offerecido ao instituto historico e geographico em 1867. Talvez haja mais alguns escriptos publicados deste autor, de que não dou noticia por não obter os esclarecimentos que lhe pedi, como me AN 255 succedeu com a maxima parte das pessoas, de quem me tenho occupado, e de quem terei de occupar-me ainda. Antonio Maria Barker - Filho de Jeronimo José Joa- quim e de dona Anna Joaquina Barker, nasceu na cidade do Porto, reino de Portugal, a 23 de dezembro de 1792, veiu para o Brazil em 1810, aqui persistiu, adoptando a constituição do império, e falleceu a 7 de setembro de 1853. Já exercia a profissão de mestre da lingua portugueza quando, accla- mada a independencia, foi nomeado pelo governo para fazer parte de com- missões tendentes ao aperfeiçoamento da educação litteraria, e dos me- thodos de ensino mais convenientes - commissões que desempenhou satisfactoriamente, adquirindo a reputação de um distincto educador da mocidade. Neste empenho trabalhou constantemente, já associando-se ás corporações de lettras que tinham por fim a propagação e melhoramento da instrucção, já escrevendo uma serie de compêndios destinados ao pro- fessorado, que ainda hoje são adoptados em muitos estabelecimentos de educação, quer públicos, quer particulares, quasi todos estes compêndios já com diversas edições. Suas obras são : - Dialogo orthographico da lingua portugueza com reflexões e notas sobre as difíerentes opiniões dos orthographos. Coimbra, 1834, 35 pags. in-8° - O titulo desta obra foi em edição posterior alterado do modo seguinte : - Orthographia ou primeira parte da grammatica portugueza em fórma de lialogo com reflexões e notas, etc. Nova edição. Rio de Janeiro, 1855, 34 pags. in-8.° - Dialogo grammatical da lingua portugueza que para intelligencia das regras de orthographia contém o que é absolutamente indispensável, eo que apenas se pôde ensinar nas escolas. Bombaim, 1841-Como a precedente, foi esta obra depois publicada com alteração no titulo, assim : - Grammatica da lingua portugueza em fórma de dialogo, que para intelligencia da orthographia contém o que é absolutamente indispen, savel, etc. Oitava edição. Rio de Janeiro, 1860, 59 pags. in-8.° - Sillabario portuguez earte completa de ensinara ler. Primeiraparte- em que se trata das syllabas mais necessárias, etc. Rio de Janeiro, 1860. - Syllabario portuguez. Segunda parte, em que se trata das lições das palavras, etc. Rio de Janeiro, 1861. - Resumo calligraphico ou methodo abreviado de escripta ingleza, dividido em seis lições. Quarta edição. Rio de Janeiro, 1845. - Recreio escolástico, isto é, fabulas litterarias de Dom Thomaz Yriarte, traduzidas do castelhano, reimpressas, e ofíerecidas ao estudioso povo académico. Rio de Janeiro, 1849- Destas fabulas existe também uma traducção de Romão Francisco Creyo, publicada em Lisboa, 1796. - Compendio de civilidade christã para se ensinar praticamente aos meninos. Rio de Janeiro, 1858. 256 AN - Directorio synthetico e analytico ou instrucções praticas acerca dos compêndios de instrucção primaria, offerecido aos senhores professores que o quizerem adoptar. Rio de Janeiro, 1852 - E' seguido de um ca- talogo de todos os compêndios de que o autor trata. - Bibliotheca juvenil ou fragmentos moraes, históricos, politicos, lit- terarios e dogmáticos, extrahidos de diversos autores e offerecidos á mo- cidade brazileira. Quarta edição. Rio de Janeiro, 1859, 300 pags. in-8.° - Parnaso juvenil ou poesias moraes, collecciona las, adaptadas o offerecidas á mocidade. Quinta edição. Rio de Janeiro, 1860, 311 pags. in-8° - E' um extracto do que o autor achou mais conveniente no Par- naso lusitano. - Compendio de doutrina chrislã, coordenado para uso de seus dis- cípulos. Rio de Janeiro, 1862. - Rudimentos arithmeticos ou taboadas de sommar, diminuir, mul- tiplicar e dividir, com as principaes regras dos quebrados e decimaes. Decima sétima edição. Rio de Janeiro, 1862 «- Ha desta obra muitas edições, sendo uma com o titulo : - Rudimentos arithmeticos ou taboadas, etc. nova edição (de Nicolau Alves ) correcta e augmentada com exemplos numéricos das quatro ope- rações, dos inteiros, fraeções ordinárias, etc., seguida de uma exposição de metrologia com facil explicação do systema métrico decimal, problemas de arithmetica, de metrologia, e de regras praticas para a conversão dos pesos e medidas usuaes, etc., por um professor da instrucção publica. Rio de Janeiro ( sem data ) - E' de 1881. - Breve direcção para a educação dos meninos -Não vi este folheto, mas sei que foi publicado antes de 1852, assim como o - Jogo do a b c para se ensinar, brincando, aos meninos o conheci- mento das lettras. A maior parte destas obras tiveram edição anterior ás que ahi se acham designadas, e algumas ainda edição posterior. A. 11 tonio Maria Chaves de Mello - Formado em di- reito pela academia universitária de Paris, falleceu no convento de Santo Antonio do Rio de Janeiro em 1878 ou 1879. Nada mais pude saber a seu respeito, senão que escreveu: - Instituições de direito romano privado, compostas em latim por L. A. Warnkoening, e traduzidas para o idioma vernáculo. Rio de Ja- neiro- Na introducção deste livro, que tem mais de 450 paginas, é que se lê a data de 3 de janeiro de 1863. - Chrestomatia classica da lingua portugueza. Rio de Janeiro, 1868, 2 vols. D. Antonio Maria Correia do Sá o Benevid.es, bispo de Marianna - Nasceu na cidade do Campos, do Rio de Janeiro, a 23 de fevereiro de 1836, e foram seus paes José Maria Correia de Sá e dona Leonor Maria Saldanha Correia de Sá, ambos de nobre geração. 257 Bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, e presbytero do 'habito de S. Pedro, exerceu o cargo de professor de sciencias naturaes no semi- nário de S. José, e também no collegio de Pedro II, os dous estabeleci- mentos em que bebera sua educação litteraria ; e sendo nomeado bispo de Marianna, foi sagrado a 9 de setembro de 1877. E' do conselho de sua magestade o Imperador, e escreveu: - Sermão de Nossa Senhora das Dores, pronunciado na capella do seminário episcopal de S. José por occasião da festa da mesma Senhora - Sahiu no Apostolo, 1866. - Discurso proferido no seminário episco; al de S. José por occa ião de se abrirem as aul s do mesmo seminário - Idem, 1866. - Discurso proferido na sessão magna do inauguração da bibliotheca do instituto dos bacharéis em lettras, a 2 de julho de 1867 - Vem no vo- lume intitulado «Bibliotheca do instituto dos bacharéis em lettras, etc. » ( Veja-se Anastacio Luiz do Bomsuccesso.) - Discurso proferido na missa do Espirito Santo, que mandaram dizer os doutorandos de medicina do anno do 1865 - Não sei si foi publicado. O autographo, datado do collegio do Pedro II, 15 de novembro de 1865, de 11 fls. numeradas, existe na bibliotheca nacional. - Panegyrico <to medico : oração composta e recitada pelo reverendo padre-mestre bacharel Antonio Maria Correia de Sã e Benevides, então clérigo de ordens menores e actualmente bispo de Marianna, na igreja de S. José, ante os doutorandos de 1866 - Idem, 16 pags. - Carta pastoral saudando a seus diocesanos e dirigindo-lhes al- gumas exhortações. N. 1. Marianna, 1877, 14 pags. in-4.° - Carta pastoral. N. 2. Marianna, 1878, 20 pags. in-4.° - Circular solicitando auxilio para a fundaçã) e conclusão do obras pias. Marianna, 1878, in-fol. - Circular communicando aos vigários o fallecimento do santíssimo padre Pio IX e recommcndando suffragios por sua alma. Marianna, 1878, in-fol. - Circular communicando aos vigários sua visita pastoral. Marianna, 1878, in-fol. A.ntonio Maria de Miranda Castro - Natural do Rio de Janeiro e nascido pelo anno de 1818, fez o curso de medicina na faculdade da côrte, recebendo o gr.u d; doutor em 1841 ; foi nomeado substituto de sciencias accessorias em 1845 depois do respectivo concurso, sendo jubilado a seu pedido depois de alguns annos de exercício ; reside actualmente em Valença, provincia do Rio de Janeiro ; é membro do insti- tuto historico e geographico brazileiro, da sociedade auxiliadora da in- dustria, da sociedade philomatica, da sociedade geologica e da po- lytechnica da França, da sociedade de sciencias naturaos do departamento do Senna e Oise, da sociedade medica de emulação de Paris, e da real sociedade de botanica de Munich. Escreveu: 258 AN - Dissertação inaugural sobre as aguas mineraes brazileiras, e em particular as da cidade do Rio de Janeiro: these apresentada á faculdade, etc. Rio de Janeiro, 1841 - A Revista medica brazilela, dando noticia desta these, diz que é um trabalho de grande importância, e que com elle seu autor prestara grande serviço á medicina do paiz ; e a commissão de geographia do instituto historico, a quem foi presente o mesmo trabalho, deu acerca delle um lisongeiro parecer em agosto de 1842. - Philosophia chimica ou theoriados equivalentes chimicos, precedida de algumas considerações geraes sobre as sciencias physicas: these de concurso a um logar de lente substituto da secção de sciencias acces- sorias na escola de medicina. Rio de Janeiro, 1845. - Lição oral em a segunda prova do concurso á vaga em secção de sciencias accessorias da escola de medicina - Sahiu na Minerva Brazi- leira, 2o vol., 1844, pag. 586. Versa sobre botanica. - Geologia da provincia de Santa Catharina: artigo extrahido da memória histórica, estatistica e commercial de Van-Lede sobre a provincia de Santa Catharina, vertido em vulgar - Sahiu no volume 7o da Revista trimensal do instituto, 1845, pags. 87 a 178. - Proseguimento da estrada de ferro D. Pedro II até âs capitanias de Goyaz e Mato Grosso e até os limites do império com a Bolivia. Breves reflexões sobre a utilidade da empreza : estatutos da companhia ; breves apontamentos sobre a pro lucção annual do império e sobre sua riqueza ou propriedade productiva. Rio de Janeiro, 1874. - Memória topographica sobre as aguas mineraes brazileiras, ofíerecida ao instituto historico e geographico brazileiro - O manuscripto de 5 fls. com 3 estampas lythographadas esteve na bibliotheca nacional por occasião da exposição de historia do Brazil. A.ntonio Maria de Moura - Irmão de frei Ars^nio da Natividade Moura, de quem occupar-me-hei a iiante, e natural de Sabará, provincia de Minas Geraes, e não de S. Paulo, como suppõe o doutor Tei- xeira de Mello em suas Ephemerides nacionaes, foi prfsbytero secular, doutor em direito e lente da faculdade de S. Paulo onde falleceu em 1842 ; representou a provincia de Minas Geraes na 2a e 3a legislaturas de 1830 a 1837 e, homem de vasta erudição e virtudes, foi eleito bispo do Rio de Janeiro em 22 de março de 1833 na vaga deixada por dom frei José Cae- tano, não sendo sua eleição confirmada pelo pipa Gregorio XVI por causa de se haver pronunciado com o padre Feijó contra a imposição do celibato clerical. Escreveu e deixou inéditas: - Instituições de direito ecclesiastico - E' um grosso volume contendo lições de muito merecimento na opinião assaz autorizada do conselheiro Olegario Herculano de Aquino e Castro, de quem occupar-me-hei opportu- namente. O mesmo conselheiro o teve e consultou-o durante o seu se- gundo anno do curso juridico. Pertencia este livro á bibliotheca do finado conselheiro Amaral Gurgel. AN 259 Antonio Maria de Oliveira líulliões - Nasceu no Rio de Janeiro a 18 de janeiro de 1826, fez na antiga academia militar o curso de mathematicas, em que formou-se, e tendo assentado praça no exercito em 1847, foi promovido á alferes alumno neste mesmo anno, a segundo tenente do corpo de engenheiros em 1849, a primeiro tenente em 1852, e a capitão, posto em que deixou a carreira militar, em 1856. Exerceu diversas commissões, como a de engenheiro em chefe das obras da companhia União e Industria, inspector geral das obras publi- cas da côrte, etc.; é cavalleiro da ordem de Christo e da de S. Bento de Aviz, e escreveu: - Considerações sobre o abastecimento de aguas da cidade do Rio de Janeiro: memória apresentada ao excellentissimo senhor ministro da agricultura, commercio e obras publicas. Rio de Janeiro, 1866, in-8° - Com tres mappas. - Estrada de ferro da Bahia ao rio de S. Francisco: estudos defini- tivos de Alagoinhas ao Joazoiro e Casa-Nova em 1873. Rio de Janeiro, 1874, in-4° - Acompanha esta obra a - Carta geral da estrada de ferro da Bahia ao S. Francisco: escala de 1:1.000.000 - (Lithographada por Leguenne), 1874. - Material rodante das estradas de ferro - Vem no relatorio da exposi- ção universal, do Paris, tomo Io, pags. 13 e seguintes. - Carta corographica da província do Rio de Janeiro com a de Minas Geraes, contendo os traços das estradas das companhias D. Pedro II, Mauã, e União e Industria, extrahida de documentos officiaes - Está no salão da Carta geral. Antonio Mariano de Azevedo - Filho de um antigo lente da escola militar e parente do conselheiro José da Costa Azevedo, de quem occupar-me-hei no logar competente, nasceu no Rio de Janeiro a 30 de junho de 1827, e tendo feito o curso da academia de marinha, foi promovido a guarda-marinha em 1842, a segundo-tenente em 1844, a primeiro-tenente em 1854, a capitão-tenente em 1862, a capitão de fra- gata em 1875 e a capitão de mar e guerra em 1883. Tem exercido diversas commissões, como a de bibliothecario da biblio- theca da marinha de 1876 a 1878, commandante da flotilha do Amazonas, director da colonia de Itapura, e intendente da marinha na côrte; é ca- valleiro da ordem da Roza e da de S. Bento de Aviz, e escreveu : - Relatorio sobre os exames, de que foi incumbido no interior da pro- víncia de S. Paulo. Rio de Janeiro, 1858 - Não vi esta obra, mas sei que lhe foram feitas censuras perante a assembléa legislativa desta província, das quaes se justificou, escrevendo: - Resposta ás aggressões que lhe foram feitas na assembléa provincial de S. Paulo. Rio de Janeiro, 1861 - Foi um dos collaboradores do - Diccionario marítimo brazileiro, organisado por uma commissão nomeada pelo governo imperial, etc. Rio de Janeiro, 1577, 2 vols. in- 260 AN folio.- Contém este livro muitas figuras intercalladas no texto e e segui- do de um vocabulário francez e inglez. Antonio Mariano <le Azevedo Marques - Nas- cido em S. Paulo no anno de 1797 e fallecido no de 1847 ou 1848, foi um dos primeiros estudantes que se matricularam na faculdade de direito des- ta provincia na abertura da mesma faculdade, e portanto, tendo por com- panheiros Josó Antonio Pimenta Bueno, depois Marquez de S. Vicente, Manoel Dias de Toledo e Manoel Joaquim do Amaral Gurgel, dos quaes opportunamente occupar-me-hei, foi também um dos primeiros formados em direito no Brazil. Aos quinze annosjá leccionava latim, facto que fez que o chamassem por antonomazia o mestrinho ; foi poeta muito popular em sua provincia, e escreveu: - Collecção de poesias - que se conserva inédita em poder do doutor José Vieira Couto de Magalhães, como este declara em sua Revista da academia, pag. 275. - Diversos hymnos festivaes - que desappareceram com essa época de febre patriótica, como diz o doutor Couto de Magalhães, nos quaes o en- thusiasmo o arrebatava e palavras heroicas desciam do bico de sua penna para serem logo cantadas pelo povo, como na estrophe com que se con- clue uma poesia sua ao corpo civico paulistano: E quando vos arranquem a victoria Esses vis com o inferno conjurados, Morrei todos - que ao menos é com gloria ! - A' abertura da academia de direito de S. Paulo: ode - Creio que foi publicada por essa época, e vem na collecção já mencionada. Azevedo Marques foi um dos redactores do - Pharol Paulistano. S. Paulo, 1830 - Foi seu companheiro nesta empreza o doutor José da Costa Carvalho, depois Marquez de Monte Alegre. E' de sua peilna um resumo de Quintiliano, que corre com o titulo de - Caderneta de rhetorica, escripta para uso de seus discípulos. Antonio Mariano d.o Bomfini - Natural da villa de Campo-Largo, provincia da Bahia, nasceu pelo anno de 1827, e falleceu em 1874 ou 1875. Fez na faculdade de sua provincia o curso de medicina, recebendo o grau de doutor em 1850 ; e mediante os respectivo concursos, foi nomeado oppositor da secção de sciencias accessorias da mesma faculdade em 1857, substituto em 1858, e lente cathedratico de botanica e zoologia em 1862, tendo exercido antes desta nomeação o cargo de preparador de chimica organica e de pharmacia, assim como das taboas meteorológicas. Foi um dos professores da faculdade da Bahia, que acudiram aos re- clamos da patria ultrajada pela ousadia do dictador do Paraguay, offere- cendo-se para servir na guerra que sustentámos contra a republica, para AN 261 a qual seguiu como medico de um corpo de voluntários bahianos. Era medico do asylo dos expostos da santa casa da misericórdia da Bahia ; commendador da ordem de Christo ; socio da sociedade medico-pharma- ceutica de beneficencia mutua, da qual occupava o logar de vice-presi- dente, e de outras, e escreveu : - Dissertação apresentada e sustentada perante a faculdade de medicina da Bahia para obter o grau de doutor, seguida de proposições sobre os diversos ramos do curso medico. Bahia, 1850 - Tinha entre muitas outras a these inaugural do doutor Bomfim, mas perdi-a, e nunca mais pude vel-a nem na ficuldade da côrte, onde não existe ; nem me lembra sobre o que versa a dissertação. - A theoria dos fluidos será a que melhor explica os phenomenos electricos ? these para o concurso a um logar de oppositor da secção de scienc:as accessorias. Bahia, 1857. - Apreciação das diversas theorias sobre a constituição chimica dos corpos : these para o concurso a um logar de lente substituto de sciencias accessorias. Bahia, 1858 - O autor começa, tratando dis diversas theorias sobre a formação dos corpos desde os antigos philosophos até Stahl, passa aos descobrimentos de Lavoisier, ás theorias electro-chimicas, etc. - Elementos de ana'omia, physiologia e morphologia vegetal. Bahia, 1873 - Este livro foi escripto para compendio de sua cadeira. - Tratado elementar de physica de Ganot : traducção - O doutor Bomfim, querendo publicar este livro, apresentou-o ao governo imperial, lhe pedindo autorização para ser adoptado para compendio na faculdade. O governo imperial, porém, negou-lhe a autorização pedida por haver sido então publicada na Europa uma edição da obra de Ganot, 11a, poste- rior á da traducção. Em vista disto tratava elle de coordenar sua tra- ducção pela ultima edição, afim de dal-a á publicidade, quando falleceu. - Memória histórica dos acontecimentos occorridos no anno de 1860 na faculdade de medicina da Bahia, organizada para [servir 1 de chronica na conformidade do art. 197 dos estatutos. Bahia, 1861. - Biog.aphia do doutor Joaquim Antonio de Oliveira Botelho. Bahia, 1870. Ha diversos escriptos deste autor, publicados em revistas litterarias, desde o tempo de estudante, como : - Considerações sobre o calorico - Sahiu no Atheneu, Bahia, 1849. Demonstra neste escripto que o calorico é um corpo, contestando um escripto de J. M. Cordeiro Gitahy, que considerava o calorico, não um corpo, mas o resultado de uma combinação. Ao artigo do doutor Bomfim respondeu ainda este p do mesmo periodico Atheneu, assim como também a outro de F. C. do Amaral, sustentando as mesmas idéas de que o calorico é um corpo. (Veja-se José Muniz Cordeiro Gitahy e Firmino Coelho do Amaral.) - Algumas palavras acerca das cartas sobre a educação de Cora pelo doutor José Linp Coitinho - Sahiu este artigo no mesmo periodico, n. 6. 262 A.N - Breves apontamentos acerca da mordedura das serpentes e das picadas de insectos venenosos - Vem na Gazeta medica da Bahia, tomo 3o, 1869, ns. 61 e 64. - Parecer do medico do asylo dos expostos - Idem, tomo 4o, 1870, n. 93. Versa sobre as causas da grande mortalidade dos expostos, e sobre as medidas que convém serem de prompto abraçadas. Antonio Marques Rodrigues - Filho de Francisco Marques Rodrigues e de dona Josepha Baptista Pereira, nasceu na cidade de S. Luiz do Maranhão a 15 de abril de 1826, e falleceu em Avintes, reino de Portugal, n'um antigo solar que ahi possuíam seus paes, a 14 de abril de 1873. Em idade ainda tenra foi para Portugal, onde fez seus estudos pri- mários e os de humanidades, demorando ahi dez annos, e depois de uma excursão pela França e Inglaterra, voltou ao Brazil e matriculou-se na faculdade de direito de Olinda que lhe conferiu o grau de bacharel. Foi professor de historia natural do lyceu de S. Luiz, official-maior da secre- taria- do tribunal do commercio', deputado provincial por diversas vezes e presidente da assembléa ; era membro correspondente do instituto archeologico pernambucano, cavalleiro da imperial ordem da Roza, e da de Nossa Senhora da Conceição da Villa Viçoza de Portugal, e escreveu diversos artigos, quer cm proza, quer em verso, desde estudante da fa- culdade, no Cidadão, no Diário de Pernambuco e em alguns periódicos de lettras, sendo do numero de taes artigos as seguintes poesias : - Nove de dezembro ; A revista nocturna, imitação de Zedlitz ; O Brazil; O rouxinol : poesias lyricas - publicadas no Panorama, Lisboa, 1855. O grande escriptor portuguez Alexandre Herculano disse, referindo-se a Marques Rodrigues : « Parece-me que no senhor Marques Rodrigues terá em breve o Brazil mais um poeta distincto. Antevel-o é para mim altamente aprazível, porque folgo com tudo o que póde contri- buir para a grandeza e gloria de um paiz, no qual tenho, como escriptor, encontrado tanta benevolencia, como a que posso dever aos meus pró- prios concidadãos. » Uma destas poesias, o Brazil, vem reproduzida no Almanak de lembranças brazileiras do doutor Cezar Marques, anno 2o, 1866, e antes disso no periodico Commercio. Termina ella cornos se- guintes versos : E virgens, e homens, e bosques e mares, E tudo que vive na terra, nos ares, E' bello, é sublime no pátrio Brazil. Azul è o céo, as florestas frondozas. Valentes os homens, as virgens mimozas, E as verdes palmeiras viçozas a mil 1 - Rodolfo Topffer: esboço critico-litterario. Recife, 1855. - Introducçãoá obra Manual do plantador de algodão, por Turner, traduzido do inglezpelo doutor J. Ricardo Jauffratt. Maranhão, 1859. - As tres lyras : poesias dos bacharéis Trajano Galvão de Carvalho, 263 Gentil Homem de Almeida Braga e Antonio Marques Rodrigues. Ma- ranhão, 1862. - O livro do povo, contendo a vida de Christo e vários artigos uteis. Maranhão, 1861-Apezar de se terem tirado quatro mil exemplares, se fez no anno de 1863 nova edição de seis mil. Não se pôde melhor com- provar o acolhimento que teve esta obra. Creio que ha uma edição de 1866. - A casca da canelleira (steeple-chase): romance por uma boa duzia de esperanças. S. Luiz. 1866 - E' uma imitação da Cruz de Bcrney de Geor,_re Sand, onde se vêm trechos os mais espirituosos da vida coimbrã ; foi composto por diversos litteratos maranhenses, cada um delles com um pseudonymo. São elles os seguintes : Antonio Marques Rodrigues - Rufo Salero. Antonio Henriques Leal - Judael de Babel-Mandebe. Caetano C. Cantanhede - Iwan Orfoff. F. G. Sabbas da Costa - Golondron de Bivac. Francisco Dias Carneiro - Stephany van Ritter. Francisco Sotero dos Reis - Nicodemus. Gentil Homem de Almeida Braga- Flavio Reimar. Joaquim Serra - Pietro de Castellamare. Joaquim de Souza Andrade - Conrado Rotanski. Raymundo Filgueiras - Pedro Botelho. Trajano Galvão de Carvalho - James Blumm. Marques Rodrigues redigiu : - O Globo. Maranhão...- Deste jornal diversos artigos seus sobre o desenvolvimento da agricultura foram transcriptos n'outros periódicos da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro. - Diário do Maranhão. Maranhão, 1855 a 1859. Vntonio Marques de Sampaio - Nasceu em Porto Alegre, ca ital de S. Pedro do Rio Gran !e do Sul, em 1771, e falleceu no Rio de Janeiro a 18 de fevereiro de 1846. Era presbytero secular, conego honorário da capella imperial, official da ordem do Cruzeiro, commendador da de Christo e cavalleiro da da Roza; socio do instituto historico e geographico brazileiro ; vigário, si me não en- gano, na provincia de Minas Geraes, que elle representou na primeira legislatura de 1826 a 1829, como supplente do doutor A. Gonçalves Go- mide, nomeado senador a 19 de abril daquelle anno, e escreveu : - Memória sobre o Brazil para servir de guia áquelles que nelle se desejam estabelecer por o cavalleiro G. de Langsdorff, cônsul geral da Pru<sia no Brazil. Traducção. Rio de Janeiro, 1822, 18 pags. in-4.° - Oração em acção de graças pela feliz chegada de sua alteza real e sua augusta familia a esta côrte do Brazil, recitada na real capella do Rio de Janeiro na manhã de 7 de março de 1812, e dedicada a sua alteza, o sereniesimo principe da Beira, etc. Rio de Janeiro, 1812, 27 pags. in-4.° 264 AN Antonio IMart ins de Araújo Soares-Natural da Bahia, onde viveu pelo melado do século XVIII, foi militar e delle fazem menção Emilio Adet, e J. N. de Souze o Silva no seu Musaico poético, publicado em 1844, como cultor das muzas, c como autor do varias - Poesias - publicadas em avulso, e de muitas outras composições de igual genero que ficaram inéditas, ignoranlo-se o destino que tiveram. Antonio Martins 1'inlieiro - Filho do bem conhecido cirurgião Antonio Martins Pinheiro o de dona Albna Maria Pinheiro, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 12 de junho do 1824, e pela faculdade de medicina desta cilade foi graduado doutor em 1848. Serviu alguns annos o cargo de inspector da limpeza publica; é medico da visita do porto, veador de sua magestade a Imperatriz, official da ordem da Roza, commendador da de Christo, e escreveu: - Dissertação sobre a histeria : thes) apresentada â faculdade de me- dicina do Rio de Janeiro a 15 de dezembre de 1848. Rio de Janeiro, 1848. Cultivando desde muito joven a musica, que executa ao piano, instru- mento seu predilecto, tem composto diversas peças, e d'entre as que tem publicado conheço : - T arantella napolitana para piano- Esta peça foi composta também a quatro mãos, e faz parte da collecção intitulada Les deux pianistes, impressa por Arthur Napoleão. - Carlina : grande walsa, para piano. - Gaitcha: idem, idem. - Experiência: walsa brilhante, idem. - O raio : galope de bravura, idem. - Vaidoza : polka caracteristica, idem. - Amor funesto ; recitativo, idem - Todas estas peças e talvez outras que não conheço, foram impressas por Arthur Napoleão. - Gaitcha: idem, idem. Antonio de Mello e A lbuquerque - Nasceu na an- tiga capital da província d) Alagoas, fez seus estudos no seminário de Pernambuco, ahi recebeu ordens do presbytero secular, e entrando para a repartição ecclesiastica do exercito, depois de servir muitos annos como capellão, pediu demissão e reside na cidade do Recife. E'cavall Aro da ordem da Roza, membro corresçon lente do instituto archeologico ala- goano, etc. e escreveu: - Oração recitada na solemno acção de graças pela feliz chegada de suas magestades à Maceió, na igreja matriz. Recife, 1860. A.11 tonio cie Aíello Maniz Maia - E'natural da pro- víncia da Parahyba, doutor em medicina pela faculdade do Rio de Ja- neiro, official da secretaria da mesma faculdade, membro do conselho da instrucção publica da província do Rio de Janeiro e cavalleiro da ordem da Roza, e escreveu : vx 265 - Aleitamento natural, artificial e mixto em geral, e em particular do mercenário em relação ás condições em q :e se acha no Rio de Janeiro : dissertação. Rio de Janeiro, 1873 - E' seguida de proposição sobre os tres pontos seguintes : Da flor. Da placenta. Da febre anurella. - Alígeras * poesias. Rio de Janeiro, 1880 - Este livro se abre com um prologo, escripto pelo conselheiro José Maria do Amaral. - Thesouro das escolas, colligido, etc. para uso dos alumnos da instrucção primaria do Brazil. Rio de Janeiro, 1881 - Segunda edição, idem, 1882. E' um livro de leitura gradual, que já foi adoptado por auto- rização do governo geral nas aulas primarias a cargo do ministério da marinha e do império, e pelo governo provincial do Rio de Janeiro para as aulas da provincia. - O Potyrá : folha litteraria, poética e recreativa. Redactores : A. M. Muniz Maia, P. W. Mello e Cunha, A. J. G. Guacury e A. de Car- valho. Nictheroy, 1864 -Desta folha poucos numeros se publicaram. E' uma publicação dos tempos de estudante. TVntoiiio Mendes - Filho de Francisco Mendes Bordallo, portugúezde nascimento e governador do castello de S. Januá- rio, e de dona Anna Maria Alvares e Asturia, brazileira, nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro a 24 de outubro de 1750 e falleceu em Lisboa a 17 de fevereiro de 1806. Aos dezeseis annos de idade, com todos os preparatórios necessários, partiu para Portugal e matriculou-se no curso de direito canonico da universidade de Coimbra, onde se formou em 1771, o estabelecendo-se como advogado em Lisboa, adquiriu uma reputação tal, que seu nome era apontado entre os dos jurisconsultos mais distinctos do fôro portuguez, e obteve ser nomeado advogado da casa de supplicação, em cujo exercicio morreu. Teve relações de amizade com os mais notáveis litteratos de sua época, e foi também um desvelado cultor da poesia. Não fez, porém, col- lecção de suas composições poéticas; delias só se conhecem: - A casa de jogo : ode - Vem no segundo volume do « Florilégio da poesia brazileira » de F. A. de Varnhagem, depois Visconde de Porto Seguro. - Ode a dom João de Almeida - Idem. - Epistola a Martinho de Mello e Castro - cm verso hendecasyllabo solto, da qual vem na dita obra um fragmento sob o titulo Satyra aos abusos da magistratura. - Soneto - que vem na collecção dos novos improvisos de Bocage, á pag. 37. Consta que deixara também, além de poesias, obras sobre juris- prudência, cujo destino é ignorado. A.iitoiiio de Menezes VasconceUos de Dru- mond - Filho do capitão Antonio Luiz Ferreira de Menezes Vascon- cellos de Drumond e de dona Josepha Januaria de Sá e Almeida, nasceu 266 AN no Rio de Janeiro a 21 de maio de 1794 e falleceu em Paris a 15 de janeiro de 1865. Tendo feito alguns estudos de humanidades, por influencia de Thomaz Antonio Portugal, amigo de seu pai, obteve em 1809 um oflicio na chan- cellaria do reino, no qual serviu tão bem, que no anno seguinte teve o habito de Christo e uma tença de doze mil réis ; em 1821 achando-se em Portugal, e ahi sabendo que se tratava da independencia de sua patria, voltou ao Brazil e foi á Pernambuco trabalhar em prol da mesma inde- pendencia e pelo reconhecimento de dom Pedro I; em 1823 apoiou o gabinete dos Andradas, e depois da dissolução da constituinte foi com elles processado e degredado para a França. De volta á patria em 1829, entrou para a carreira diplomática como encarregado de negocios interino e cônsul geral na Prussia ; d'ahi passou a encarregado de negocios na Sardenha, e depois em Roma e Toscana; ahi foi elevado a ministro residente e mais tarde a enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em Portugal, aposentando-se a 21 de junho de 1862. Já em avançada idade, achando-se cego, foi obrigado a ir á França tratar-se e lá morreu, sendo do conselho de sua magestade o Imperador, commendador da ordem da Rosa, da de Christo, e da ordem toscana do Mérito e grã-cruz da ordem de S. Maurício, e da de Nossa Senhora da Conceição da Villa Viçoza, de Portugal. Escreveu : - O Tamoyo: periodico político (que fundou e redigiu). Rio de Janeiro, 1823 - O primeiro numero deste jornal sahiu a 12 de agosto, posteriormente á queda dos Andradas, que teve logar a 17 de julho, tudo de 1823, e portanto não é possível que, como assevera o conselheiro Pereira da Silva, houvesse luta entre o Tamoyo e o Reverbero que se publicara muito antes, isto é, de setembro de 1821 a outubro de 1822. Veja-se a este respeito a « Impugnação á obra do... conselheiro João Manoel Pereira da Silva, segundo periodo do reinado do senhor dom Pedro I, etc., por Conrado J. de Niemeyer. Riode Janeiro, 1872. » Também se attribuiu ao conselheiro José Bonifácio a redacção do Tamoyo talvez pelo facto de apparecer este jornal após sua queda, e de pugnarem seu favor. - Antiquités americaines : extrait de la Revue generale de 1'archi- tecture e des travaux publics. Paris, 18... - Amerique meridionale. Voyage mineralogique dans la province de Sant Paul du Bresil. Paris, 18.. - Sahiu primeiro no Journal des Voyages e é dividido em duas partes. - Nota sobre a negociação pendente para se fazer effectivo o tratado do império do Brazil com a Goyana franceza - Vem na Corograph'a do Brazil do doutor Mello Moraes, tomo Io, pags. 427 a 456. Na edição, porém, desta obra, de 1866, não vem este escripto. - Reducção dos direitos do Brazil, propriedade e posse da actual linha da fronteira do norte do império do Brazil - Idem, tomo 2.° AN 267 - Questão sarda para isentar da legislação do consulado brazileiro os passaportes e roes de equipagem de seus navios. Apontamentos - Inédita. Omanuscripto esteve na exposição de historia do Brazil em 1881. - Questão da Grã-Bretanha com o império do Brazil acerca da linha de limites da fronteira do norte do mesmo império, de que se pretende apossar - Idem. - Memória sobre a colonisação dos estrangeiros no Brazil - Idem. - Memorandum acerca dos limites da Goyana e procedimento das autoridades brazileiras nas fronteiras-Idem. São traducções e obser- vações escript is do proprio punho do conselheiro Drumond. - Apontamentos para a historia. 1807. Trasladação da familia real portugueza para o Brazil - Também inéditos e presentes na mesma exposição. O conselheiro Drumond foi incansável na pesquiza e colheita de ma- nuscriptos e noticias relativas á historia patria, ou que a ella se ligam ; por taes serviços muito lhe deve o instituto historico. Antonio Militão de Bragança - Filho de Aleixo João de Bragança e de dona Anna Joaquina do Sacramento Bragança, nasceu na cidade de S. Salvador, capital da Bahia, em 1829 e falleceu em 1861. Doutor em medicina pela faculdade de sua província, cujo grau recebera em 1852, apresentou-se ao concurso a um logar de oppositor da secção de sciencias accessorias em 1856, e a igual concurso em 1859, obtendo desta vez ser nomeado para o referido logar, e escreveu: - Sobre a cura espontânea da phthisica pulmonar: these para obter o grau de doutor em medicina. Bahia, 1852. - Qual a utilidade da chimica organica em medicina: these de concurso a um logar de oppositor da secção do sciencias accessorias, Bahia, 1856. - Existirá o fluido chamado calorico, de que o calor é effeito? these de concurso a Um logar de oppositor de sciencias accessorias. Bahia, 1859. A-H-tonio Moniz de Souza-Nasceu em Sergipe pelo anno de 1790 e falleceu depois de 1840. Foi agricultor, ou criador; accrescentava a seu nome o titulo de homem da natureza, tornando-se assim mais conhecido, e escreveu: - Viagem e observações de um brazileiro que, desejando ser util a suapatria, se dedicou a estudar os usos e costumes de seus patrieios e os tres reinos da natureza em vários logares e sertões do Brazil, offerecidos á nação brazileira. Tomo primeiro. Rio de Janeiro, 1834, 218 pags. in-8° - Neste livro acha-se uma breve noticia sobre a revolução do Brazil em 1821 nas provincias da Bahia, Sergipe e Alagoas. Não se publicou segundo tomo. 268 VIS - Maximas e pensamentos praticados por Antonio Moniz de Souza, o homem da natureza, pelos sertões do Brazil desde 1812 até 1840, publicados por um seu amigo. Nictheroy, 1845. - D 'scobertas curiosas que nos reinos vegetal, animal e mineral por sitios e sertões vários das brazilicas províncias da Bahia, Sergipe e Alagoas fez o capitão Antonio Moniz de Souza e Oliveira - O manuscripto desta obra, datado da Bahia, 1824, foi offerecido ao instituto histérico e geographico brazileiro em 1846 pelo coronel Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva. Acredito que este capitão Souza e Oliveira não seja outro, senão o mesmo Antonio Moniz de Souza, o homem da natureza. A época em que viveu, os logares que percorreu, tudo o faz crer. A^ntonio Muniz Sodré <1© Aragão- Filho do com- mendador Antonio Ferrão Muniz, de quem já me occupei, e de dona Maria Adelaide So lré Muniz, nasceu na Bahia pelo anno de 1840 e falleceu a 15 de janeiro de 1881. Formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdide do Recife, entrou para a classe da magistratura, e exercia, de- pois de ter servido outros logares, o cargo de juiz de direito da comarca do Conde. Escreveu : - Memória sobre abibliotheca publicada cidade da Bahia. O. D. C. a seu pai o commendador Antonio Ferrão Muniz de Aragão. Bahia, 1878, 52 pags. in 8o - Anda annexa ao Io volume do « Catalogo geral das obras de sciencias e lettras, que contém a mesma bibliotheca » publicado neste mesmo anno, seguindo á esta memória o discurso recitado na sessão de abertura da dita bibliotheca a 4 de agosto de 1811 por Pedro Gomes Ferrão Castello Branco, o qual sahira no Investigador Portuguez de março de 1812. A-iitonio de Moraes © Silva - Natural do Rio de Ja- neiro, nasceu em 1757, e falbceu em Pernambuco a 11 de abril de 1824. Tendo feito o curso de direito na universidade de Coimbra, e recebido o grau de bacharel, diz Innocencio da Silva - se dispunha a entrar para o serviço da magistratura, quando em virtude de uma accusação contra elle levada ao tribunal da inquisição foi obrigado a fugir para a França, d'onde passou á Inglaterra. O autor do Diccionario biographico portuguez, porém, se engana, asse- verando que Moraes recebera o grau de bacharel em leis. No anno em que devia tomar o grau, e pouco antes do acto, tendo noticia que o santo officio o mandara prender - e o padre Antonio Pereira da Silva Caídas, também estudante, e já conhecido por suas virtudes, assim como por sua bella intelligencia (e esse é que foi o crime de ambos), o qual gemeu dous annos nos santos cárceres - fugiu o lexicographo brazileiro para Ingla- terra sem ter podido receber o grau, e foi então, na Inglaterra, que elle compoz seu excellente diccionario da lingua portugueza. Passou d'ahi a servir na legação de Paris ; depois, indo a Lisboa, casou-se com a filha AIS 269 de um official superior do exercito ; e como seu sogro fosse mandado servir em Pernambuco, acompanhou-o Moraes á esta província, da qual foi no- meado para servir na Bahia o cargo de juiz de fóra, não sendo também exacto que elle tivesse assento na relação desta província, como dizem Innocencio da Silva e o illustrado autor das Ephemerides brazileiras. Na Bahia teve uma desharmonia, é certo, com o chanceller da relação, facto que o desgostou muito, e então, soffrendo dos olhos, abandonou a magistratura, voltou a Pernambuco, onde firmou sua residência no en- genho Moribeca, de sua propriedade, exercendo o cargo de capitão-mór, e sendo condecorado com a venera de cavalleiro da ordem de Christo. Geralmonte estimado, tanto por sua illustração, como pelo bcllo caracter de que era dotado, foi polo povo pernambucano acclamado membro do governo provisorio na revolução de 1817, honra, de que pediu que o dispensassem, por não querer tomar parte nos movimentos políticos. Moraes e Silva escreveu : - Diccionario da lingua portugueza. Lisboa, 1789, 2 vols. - Desta obra se tem publicado diversos eiições, todas com accrescimos e até com alterações ou com exclusões sem motivos que as justifiquem, a saber : - Segunda edição, correcta e augmentada. Lisboa, 1813, 2 vols. - Terceira edição, ampliada por Pedro José de Figueiredo - que a dirigira e lhe augmentara, segundo se disse, cinco a seis mil artigos. Lisboa, 1823, 2 vols. - Quarta edição, correcta e accrescentada por Theotonío José do Oli- veira Velho - servindo-se de apontamentos do autor, já então fallecido. Lisboa, 1831, 2 vols. - Quinta edição, notavelmente alterada, e com grande numero de artigos fornecidos pelo padre Antonio de Castro - mas que soífreu mutilações e exclusões de muitos artigos do autor para serem substi- tuídos por outros, que o Dr. Damazo Monteiro, encarregado delia, copiou textualmente do diccionario de Constancio. Lisboa, 1844, 2 vols. Além de muitos erros, não apontados na tabella de erratas desta edição, sobe a 480 o numero dos apontados. - Sexta edição, muito melhorada, com muitas emendas e addita- mentos, ministrados pelo desembargador Agostinho de Mendonça Falcão. Lisboa, 1858, 2 vols. - Sétima edição, melhorada e muito accrescentada, com grande nu- mero de termos novos, usados no Brazil e no portuguez da índia. Lisboa, 1877 - 1878, 2 vols. - Historia de Portugal, composta em inglez por uma sociedade de litteratos, trasladada em vulgar com as addições da versão franceza e notas do traductor portuguez Antonio de Moraes e Silva, natural do Rio de Janeiro. Lisboa, 1788, 3 vols. com um mappa de Portugal - Esta obra foi dada ao prelo mais vezes, isto é : - Segunda edição com additamentos, Lisboa, 1802, 4 vols. 270 AN - Terceira edição com additamentos feitos por Hypolito José da Costa. Londres, 1809, 3 vols. - Quarta edição (com designação de terceira) emendada e accrescen- tada com muitos factos interessantes, extrahidos da nação até 1800, com algumas novas notas pelo mesmo traductor. Lisboa, 1828, 5 vols. - Esta edição é posthuma. O que nesta historia diz respeito a dona Maria I, se- gundo affirma Figanière, é composição do padre J. Agostinho de Macedo. Em continuação escreveu José Maria de Souza Monteiro sua « Historia de Portugal desde o reinado de dona Maria 1 até a convenção de Evora- Monte com um resumo historico dos acontecimentos mais notáveis que têm tido logar desde então até nossos dias. Lisboa, 1838. » Ha finalmente edições comprehendendo a obra primitiva de Moraes e Silva, e o que posteriormente escreveu Souza Monteiro, sendo uma feita por B. L. Garnier, isto é : - Historia de Portugal desde sua fundação até a convenção de Evora-Monte com um resumo historico dos acontecimentos, etc. por Anto- nio de Moraes e Silva e José Maria de Souza Monteiro.... 10 vols. - Recreações do homem sensivel ou collecção de exemplos verda- deiros e patheticos, nos quaes se dá um curso de moral pratica, conforme as maximas da sã philosophia. Traduzidos de Mr. Arnaud. Lisboa, 1788 - 1792, 5 vols. - Segunda edição. Lisboa, 1821. - Epitome da grammatica da língua portugueza. Lisboa, 1806. - Çl-rammatica portugueza. Rio de Janeiro, 1824 - Existe este livro na bibliotheca municipal da côrte. Talvez não seja mais do que uma nova edição da precedente que não pude ver. Entre algumas obras offerecidas por sua magestade o Imperador ao instituto historico, se acha este livro : - Poesias de Elpino Duriense (enriquecidas de muitas notas philolo- gicas, manuscriptas de Antonio de Moraes e Silva). Lisboa, 1812, vol. 2° - E não haveria um volume 1° ? Antonio Moreira <Ie Barros- Natural da província de S. Paulo e filho de Antonio Feliciano de Barros e de dona Maria Ange- lina de Barros, fez nesta província todos os seus estudos até receber o grau de bicharei em sciencias sociaes e jurídicas na respectiva facul- dade em 1861 ; tem sidi deputado provincial em diversas legislaturas e geral nas legislaturas de 1879 e 1882; fez parte do gabinete de 5 de janeiro de 1878, como ministro dos negocios estrangeiros, substituindo o Barão de Villa-Bella em 4 de julho de 1879, e antes disto, de 1867 a 1868, presidiu a província de Alagoas. E' official da ordem da Roza e escreveu diversos relatórios como mi- nistro e como presidente de província, entre os quaes os - Relatorio apresentado á assembléa legislativa da província das Alagôas na segunda sessão da 17a legislatura. Maceió, 1867. - Relatorio com que ao exm. sr. doutor Graciliano Aristidesdo Prado AN 271 Pimentel entregou a administração da provincia das Alagoas no dia 22 de maio de 1868. Maceió, 1868. - Elemento servil : discurso proferido na camara dos deputados na sessão de 22 de novembro de 1880. Rio de Janeiro, 1880, in-8° - Ha pu- blicados outros discursos proferidos na camara dos deputados sobre as- sumptos de lavoura e de administrarão. - Indicação da commissão nomeada pelos lavradores de S. Paulo, lida na segunda sessão do congresso agrícola em 9 de julho de 1878 - Vem no volume Congresso agrícola : colleccão de documentos, Rio de Janeiro, 1878, pags. 72 a 77. E' assignada também pelo conselheiro Albino José Barboza de Oliveira com restricção quanto ao casamento civil, que não admitte obrigatorio para os catholicos romanos, e por M. F. Campos Salles. Antonio Moreira de Oliveira e Silva - E' em- pregado de fazenda, exerce o cargo de thesoureiro da secção de assi- gnatura, trôco e resgate do papel-moeda na caixa de amortização, e es- creveu : - Guia pratica do papel-mooda em circulação no império do Brazil. Rio de Janeiro. 1877, 39 pags. in-4u - Assigna também esta obra Joa- quim Ignacio da Cunha Tavares, empregado na mesma repartição, e me consta que o opusculo fòra logo supprimido por causa de inexactidões que encerra. Antonio Moreira de Vasconeellos-Natural da cidade do Rio de Janeiro, nasceu a 22 de setembro de 1861. Filho de pais pobres, tendo apenas os estudos primários, entrou como caixeiro para uma casa commercial; mas, com pouco geito para o com- mercio, foi aprender a arte de entalhador, para a qual tem revelado vo- cação, havendo bellos trabalhos seus em varias igrejas desta côrte e de algumas províncias. Dando-se particularmente a alguns estudos se- cundários e ao cultivo das lettras, collaborou em alguns jornaes, e es- creveu : - Aljôfares: poesias. Rio de Janeiro, 1881 - Sei que Moreira de Vasconcellos possue outras composições inéditas, além das que contém este livro, e publicou depois algumas em avulso, como a que tem por titulo: - Tira-dentes- pelo 89IJ anniversario da morte de Tira-dentes, no Atirador Franco de 21 de abril de 1881. jVntonio Nicolau Monteiro Baena-E' natural do Pará, e filho do tenente-coronel Antonio Ladislau Monteiro Baena, de quem me occupei no presente volume ; serviu no exercito, donde solicitou sua demissão, tendo o posto de alferes ou tenente, e entrando para o corpo de policia de sua provincia no posto de major e commandante, acha-se actualmente reformado com as respectivas honras. Escreveu : 272 AN - Bosquejo chronologico da venerável ordem terceira de S. Francisco da Penitencia do Grão-Pará. Pará, 1878, 96 pags. in-4.° Consta-me que ainda ha um opusculo de sua lavra sobre assumpto con- cernente á camara municipal. A.iitonio Nicolau Tolentino-Entrando para o func- cionalismo publico, servia em 1837 o cargo de s'gundo escripturario da contaloria geral de revisão do thesouro publico nacional e depois disto serviu outros logares superiores da repartição de fazenda, até o de inspe- ctor da alfandega do Rio de Janeiro, e o de official-maior do tribunal do thesouro, aposentando-se afinal. Actualmente é dirtctor da academia de bellas artes ; presidente da administração da caixa economica e monte de soccorro ; do conselho de sua magestade o Imperador ; grande dignitário da ordem di Roza e cavalleiro da de Christo ; membro da associação pro- motora da instrucção d)s meninos, etc. Escreveu : - Exposição acerca do rclatorio da commissão de inquérito da alfan- dega da côrte e observações sobre o regulamento de 19 de setembro de 1860. Rio de Janeiro, 1863, 425 pags. in-8.° - Auxilio á lavoura : projecto de solução, offerecido aos lavradores do Brazil. Rio de Janeiro, 1874, 41 pags. in-8.° - Rslatorio da caixa economica e monte de soccorro. Rio de Janeiro, 1877, 29 pags. in-4.° - Parecer sobre as caixas económicas e montes de soccorro, apresentado pela commissão incumbida de verificar as causas de sou atrazo e de indicar providencias, tendentes a desenvolver estas instituições no império. Rio de Janeiro, 1882, 142 pags. in-4° com alguns mappas e tibellas. - Nesta obra se encontra um resumo historico das caixas económicas de diversos paizes da Europa e dos Estados-Unidos, e nella tiveram parte o conselheiro João Cardozo de Menezes e Souza (Barão de Paranapyacaba), o conselheiro Antonio Luiz Fernandes da Cunha e Jacintho Vieira do Ceuto Soares. A.ntoxiio] Nunes de Siqueira - Natural da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, nasceu a 2 de abril do 1701. Com sincera vocação para o estado ccclesiastico, fez no Rio de Janeiro os estudos necessários para elle, e recebeu ordens de prcsbytero ; foi rei- tor do seminário de S. José, examinador synodal, e teve honras de padre- mestre. Notivel por suas virtudes, e por sua iIlustração como philosopho e theologo, o foi tambcm como cultor da poesia e da musica, de que foi contrapontista o compositor inspirado, sendo por isso nomeado mestre de capella^logar que exerceu por muito tempo. Era socio da academia dos selectos, da academia real das sciencias de Lisboa, e escreveu : - Varias composições cie musica - Nãe pude vel-as. Balthazar da Silva Lisboa, porém, afflrma que elle déra á publicidade muitas peças de musica, assim como muitas AN 273 - Poesias compostas em varias linguas - Destas se acham no livro « Júbilos da America na gloriosa exaltação e promoção do illustrissimo e excellentissimo senhor Gomes Freire de Andrade, etc., Lisboa, 1754 » as seguintes : - Um romance em verso hendecasyllabo - Pags. 207 a 209. - Tres sonetos em portuguez - Pags. 210 a 212. - Um epigramma latino - Pag. 213. - Um romance em louvor do secretario, doutor Manoel Tavares de Siqueira e Sá - Pags. 339 e seguintes. Foi o padre Siqueira quem deu o titulo ao citado livro e corrigiu varias poesias, ahi colleccionadas. A.ntonio Pacifico Pereira - Nasceu na cidade de S. Salvador, capital da província da Bahia, sendo seus paes Victorino José Pereira e dona Carolina Maria Franco Pereira. Doutorado em medicina pela faculdade de sua provincia em 1867, foi no- meado oppositor da secção cirúrgica em 1871, e em junho de 1882 lente cathedratico de anatomia geral e pathologica, sendo um dos mais estu- diosos membros da congregação medica, como mostrou offerecendo á facul- dade quatrocentas preparações do histologia normal e pathologica, tra- balho exclusivamente seu, e tendo já feito á Europa duas excursões, só occupadas no estudo das sciencias medicas. Escreveu : - Diagnostico differencial e tratamento das paralysias : dissertação inaugural, seguida de proposições sobre os pontos seguintes : FuncçÕes da medulla. Tratamento das feridas por armas de fogo. Por uma rigo- rosa applicação das leis physicas se poderá explicar os phenomenos, que se manifestam nos individuos atacados de cholera ? Bahia, 1867. - Eclampsia durante o parto e seu tratamento : these de concurso a um logar de oppositor da secção cirúrgica. Bahia, 1871. - Questão Braga : resposta ás cartas do doutor Agostinho José de Souza Lima e do doutor Luiz da Cunha Feijó Filho - Sahiu na Gazeta medicada. Bahia, n. 1, de janeiro de 1879. Assignam também seus col- legas os doutores José Francisco da Silva Lima, Francisco José Teixeira, Domingos Carlos da Silva e Barão de Itapoan. Para se conhecer esta questão veja-se Agostinho José de Souza Lima. - Discurso, que por occasião de prestar juramento e tomar posse da cadeira de anatomia geral e pathologica da faculdade da Bahia, a 15 de julho, proferiu, etc. Bahia, 1882, lõ pags. in-8.° O doutor Pacifico é redactor da - Gazeta medica da Bahia, publicada por uma associação de facul- tativos. Bahia, 1867 a 1883 - Esta publicação continua regularmente com plena aceitação de toda classe medica. Apenas no primeiro anno de sua existência foi redigida pelo doutor Virgilio Climaco Damazio ; mas sendo collaborador o doutor Pacifico, Do grande e variado numero de tra- 274 AN balhos de sua lavra, têm sido transcriptos alguns em outros jornaes e re- vistas, como por exemplo seus - Estudos sobre a etiologia e natureza do beriberi - nos quaes re- vela seu autor a proficiência do assumpto, firmada na analyse micros- cópica em grandes laboratorios da Europa. Vêm transcriptos na União medica do Rio de Janeiro, tomo 1°, 1881, pags. 405 a 425, 446 a 456, 485 a 497, 533 a 551, 581 a 591, 631 a 639 ; tomo 2% 1882, pags. 53 a 60, 97 a 106, 305 a 315, 353 a 358 e continúa no 3o tomo. Antonio cie Paula Freitas - Natural do Rio de Janeiro, é doutorem sciencias physicas e mathematicas pela escola central, pro- fessor da Ia cadeira do 2o anno do curso de engenharia civil da escola polytechnica, socio da sociedade auxiliadora da industria nacional, do instituto polytechnico brazileiro, da sociedade brazileira de acclimação e de outras ; offlcial menor da casa imperial; cavalleiro da ordem da Roza, e escreveu: - Historia natural popular dos animaes, precedida das indispen- sáveis noções de physiologia e anatomia dos differentes grupos zoologicos. Rio de Janeiro, 1867, in-fol. gr.- E' um grosso volume que o doutor Paula Freitas publicou com seu collega o doutor Miguel Antonio da Silva, ha poucos annos fallecido. - Curso de estradas professado na escola polytechnica do Rio de Ja- neiro. 1° tomo. Rio de Janeiro, 1878, 250 pags. - These apresentada á escola central do Rio de Janeiro e sustentada perante a mesma escola afim de obter o grau de doutor em sciencias mathematicas e naturaes. Rio de Janeiro, 1870, 137 pags. - E' dividida em duas partes. Na Ia parte se trata do theorema das velocidades virtuaes, independente da consideração dos infinitamente pequenos, e dos prin- cipios fundamentaes da mecanica, reduzidos ao menor numero possivel. Na 2a párte se estuda qual a hypothese que melhor explica a formação primitiva da terra, e depois se examina a theoria de Laplace. - Demonstrar em geral o theorema das velocidades virtuaes sem dependencia da consideração dos infinitamente pequenos. Demonstrar quaes são os princípios fundamentaes da mecanica reduzidos ao menor numero possivel: these de concurso. Rio de Janeiro, 1873. - Integraes definidas, consideradas como parâmetros. FuncçÕes euleriannas. Enchentes dos rios e meios propostos para impedir os seus efíeitos : these de concurso á primeira cadeira do segundo anno da escola central. Rio de Janeiro, 1874 - E' ofíerecida a sua espoza dona AnnaDolores de Campos Paula Freitas. - Determinação dos coefficientes numéricos das formulas mathe- maticas. Rio de Janeiro, 1875. - Relatorio sobre o abastecimento d'agua da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1875, in-8° - Este relatorio foi escripto de collaboração AN 275 com o doutor Manoel Buarque de Macedo em commissão do ministério da agricultura. - Informações sobre o estado da industria nacional pela secção de industria fabril da sociedade auxiliadora da industria nacional, presidida pelo doutor Antonio de Paula Freitas. Rio de Janeiro, 1877, 24 pags. in-8. 0 - Descripção do novo edifício da typographia nacional do Brazil. Rio de Janeiro, 1877, 61 pags. in-4° - A planta deste edifício, feita pelo autor, se acha n'um quadro, na secretaria de estado dos negocios da fazenda. - Discurso pronunciado na sessão magna da sociedade académica Atheneu central em 17 de fevereiro de 1865. Rio de Janeiro, 1865, 12 pags. in-8.° - Breves considerações sobre os freios empregados nos trens dos caminhos de ferro - Vem na Revista de engenharia, tomo Io, n. 8, 1879. Antonio de Paula Ramos Junior - Natural do Rio de Janeiro e filho legitimo de Antonio de Paula Ramos, é formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Pauio, membro effectivo e do conselho director do instituto da ordem dos advogados e advogado nos auditórios da côrte ; exerceu o cargo de promotor publico, e escreveu: - Ficções e realidades : distracções por Junius. Rio de Janeiro, 1873, 153 pags. in-8.0 - C ommentario do codigo criminal brazileiro. Rio de Janeiro, 1875, in-8.° - Questões praticas do processo criminal, seguidas das nullidades do processo criminal. Rio de Janeiro, 1877. .Antonio Paulino Limpo de Abreu, Visconde de Abaete-Nasceu em Lisboa a 22 de junho de 1798, filho do tenente- coronel Manoel do Espirito Santo Limpo e de dona Maria da Maternidade de Abreu e Oliveira, e veiu para o Brazil depois da mudança da côrte portugueza para aqui. Formado em leis pela universidade de Coimbra, exerceu no império diversos cargos de magistratura até o de ministro do supremo tribunal de justiça, em que se aposentou ; foi deputado pela provincia de Minas Geraes na primeira legislatura, e em outras ; foi presidente desta pro- vincia em 1833, e por ella eleito senador em 1847 ; presidiu por muitos annos o senado ; tem sido ministro em diversos gabinetes desde o de 14 de outubro de 1835, occupando diversas pastas ; foi presidente do con- selho no gabinete de 12 de dezembro de 1858, e enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em missão especial no Rio da Prata. E' grande do império, conselheiro de estado, grã-cruz da ordem de Christo, dignitário da do Cruzeiro, etc. Escreveu diversos relatórios no exercicio de cargos, que occupara, e outros trabalhos, como por exemplo o 276 AN - Tratado de commercio de 7 do março de 1856. Rio de Janeiro, 1856. E' muito importante o seu - Protesto contra o acto do parlamento britannico, sanccionado a 8 de agosto do corrente anno (1845) que sujeita os navios brazileiros que fizerem o trafico de escravos ao alto tribunal do almiranlado, e a qual- quer tribunal do vice-almirantado dentro dos domínios de sua magestade britannica. Rio de Janeiro, 1845, 41 pags. in-4° - E' escripto em tres linguas : portugueza, franceza e ingleza. Exercia então o autor o cargo de ministro dos negocios estrangeiros. Antonio Pedro d.e Fiquei rodo - Nasceu na villa de Iguarassú, província de Pernambuco, a 22 de maio de 1822, e falleceu a 21 de agosto de 1859. Filbo de paes desprotegidos da fortuna, a esforços seus fez um curso completo de humanidades, e com t il applicação que em muitas matérias logo se constituirá mestre. Com 22 annos de idade foi nomeado professor adjunto do lyceu de Pernambuco, onde leccionou a lingua nacional, inglez e philosophia no impedimento dos professores respectivos ; foi ahi lente cathedratico da lingua nacional; e foi finalmente lente de historia e geo- graphia do gymnasio pernambucano, sendo por muitas vezes examinador do curso de preparatórios, annexo á faculdade do Recife. Os estudos aturados a que se dava, si não foram a causa principal de sua morte, quando apenas contava 37 annos, pelo menos contribuíram podero- samente para ella, no pensar de seus amigos. Sua morte foi muito pran- teada pela imprensa, onde elle assaz brilhara, e por esta occasião es- creveu seu amigo e collega nas lides da imprensa, o doutor Torres Ban- deira, « que a província perdera nelle um de seus homens de lettras, que muito a ennobreciam ; as lettras perderam nelle um de seus mais zelosos cultores.» Escreveu: - Curso da historia daphilosophia por V. Cousin, vertido em portu- guez. Recife, 1843-1844, 1845, 3 vols. - Da soberania do povo e dos princípios do governo republicano moderno: lições pronunciadas na faculdade de direito de Paris por M. Ortolon, professor da mesma faculdade, traduzidas, etc. Recife, 1848. - Noções abreviadas de philologia acerca da lingua portugueza. Recife, 1851. - As sete cordas da lyra de George Sand: traducção. Recife, 1847 - E' um romance precedido de uma introducção, escripta pelo traductor, na qual elle lamenta o atrazo de nossa litterafura. - A Carteira por Abdalah-el-Kratif - Sob este pseudonymo publicou Figueiredo semanalmente uma serie de folhetins no Diário de Per- nambuco de 1848 a 1859, nos quaes se occupava de assumptos relativos á historia, á philosophia, ãs lettras, ás artes, á política doutrinaria, á critica e apreciação de livros importantes, como a Legenda dos séculos AN 277 de Victor Hugo. Nestes folhetins o substituirá na moléstia o doutor Torres Bandeira (veja-se Antonio Rangel Torres Bandeira), usando a principio do mesmo pseudonymo. O primeiro escripto com este titulo sahiu a 24 de setembro daquelle anno, e o ultimo, da redacção de Figueiredo, a 15 de novembro de 1858. Francisco Augusto Pereira da Costa no seu «Diccionario biographico dos pernambucanos celebres »cita tres delles,já mencionados n'uma publicação que relativamente á Carteira sahira no Progressista de 6 de maio de 1863. São elles: - Uma vingança de nova especie, motivada por uma mulher - conto phantastico cheio de incidentes chistosos, pedaços descriptivos de um poetar natural e gracioso, ancias de mortal desasocego, um escripto emfim que refocilla o espirito e foz rir e caorar ao mesmo tempo, se- gundo se exprime o critico. E' a carteira de 6 de agosto de 1858. - O passado e o presente - apreciável escripto de estylo mimoso e natural. Idem de 15 de agosto de 1858. - A natureza e a sociedade relativamonte á igualdade - que não só merece a attenção como pagina lúcida, scientifica e litteraria, mas também como pagina formoza da mais sã e cosmopolita philosophia. No Diário de Pernambuco, de cuja redacção Figueiredo fizera parte, escreveu elle, além da Carteira que por si só encheria alguns volumes, muitos contos, lendas e tradições, revistas de theatro, sciencias e artes, e correspondências traduzidas do francez e do inglez do Annuario dos dous mundos, da Revista de Paris, da Revista dos dous mundos e de outras publicações europeas. Foi notoria uma questão politico-philosophica que Figueiredo sustentara em 1852 com o conselheiro Pedro Autran da Malta Albuquerque sobre o socialismo. Seus escriptos sahiram no Diário de Pernambuco e na Imprensa, e os de seu contendor na União. Redigiu antes disto - O Progresso : revista social, litteraria o scientifica. Pernambuco, 1846 a 1848, 3 vols. - sendo o ultimo incompleto. Antonio Pedro dos Reis-Natural de Minas Geraese fallecido no Rio do Janeiro a 29 de agosto de 1878, era presbytero do habito de S. Pedro, monsenhor da capella imperial, do conselho de sua mages- tade o Imperador e commendador da ordem de Christo. Dirigiu por muitos ânnos um collegio de educação para o sexo masculino, o atheneu flumi- nense, e escreveu: - Catechismo da doutrina christã, approvado para uso da associação catholica. Rio de Ja neiro... Antonio Pepes Barreto de Vaseoncellos- Natural de Pernambuco, e formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade desta província em 1880, foi no mesmo anno, a 20 de dezembro, nomeado promotor de Cimbres, na dita província, e por occasião da morte do erudito professor, doutor Aprigio Guimarães, sendo nomeado orador do quinto anno jurídico, escreveu : 278 A TV - Discurso pronunciado no cemiterio publico em o dia Io de setembro de 1880 por occasião de dar-se á sepultura o cadaver do doutor Aprigio Justiniano da Silva Guimarães, lente de economia política da faculdade de direito. Recife, 1880, 19 pags. in-8°-Foi mandado imprimir por seus collegas de anno. Antonio Peregrino Maciel Monteiro, 2° Barão de Itamaracá - Filho do bacharel Manoel Francisco Maciel Monteiro e de dona Manoela Lins de Mello, nasceu em Pernambuco a 30 de abril de 1804 e falleceu em Lisboa a 5 de janeiro de 1868. Depois de estudar humanidades em Olinda, partiu para França e cur- sando a universidade de Paris, ahi recebeu o grau de bacharel em lettras em 1824, o de bicharei em sciencias em 1826, e o de doutor em medicina em 1829. De volta á patria exerceu a clinica medica; representou sua provincia em quatro legislaturas desde 1833, sendo na ultima presidente da camara ; fez parte do gabinete organizado a 19 de setembro de 1837, occupando a pasta dos negocios estrangeiros ; deixando o ministério em 1839, foi nomeado director da faculdade de Olinda, e exerceu diversos cargos como o de vereador da camara municipal, director do theatro pu- blico, provedor da saude do porto, membro da junta de hygiene, director da instrucção publica, e finalmente ministro plenipotenciário do Brazil junto á côrte de Portugal, em cujo cargo morreu. Foi, além de medico distincto, e de orador eloquente, poeta lyrico ma- viosissimo, sendo ordinariamente improvisados, tanto seus discursos, como suas poesias. O doutor J. M. de Macedo descreve bem seu caracter, ex- primindo-se assim: «Maciel Monteiro frequentava apaixonado os theatros, os bailes, as sociedades dos circul is mais elegantes e elle proprio era o typoda mais exigente e caprichosa elegancia no trajar sempre rigorosa- mente á moda, e no fallar sempre em mimos de delicadeza e de refinada cortezia, em que sem pretenção, nem demasia seu espirito subtil e sua imaginação de poeta radiavam suave e encantadamente. Após longas horas, passadas em siraus, em companhias aristocráticas ou em theatros, dormia a somno solto até ás dez horas do dia seguinte ; lembrava-se então de que devia fallar na camara e pensava no seu discurso emquanto apu- rava cuidados de seu vestir esmerado. Logo depois a camara ouvia elo- quente discurso, lindissimo na fôrma, com perfeito plano na ordem das idéas, pujante na argumentação e revelador da illustração de quem o pro- feria. ..» Era do conselho de sua magestade o Imperador, grande dignitário da ordem da Roza, official da do Cruzeiro, grã-cruz de diversas ordens da Italia, de Roma e de Portugal; membro da Arcadia de Roma e de outras associações litterarias, nacionaes e estrangeiras, e escreveu: - Dissertation sur la nature, les simptomes de Finflammation de 1'ara- chinoide et son rapport avec 1'encephalite. Paris, 1829 -E' sua dis- sertação inaugural. AN 279 - Discurso inaugural da installação da sociedade de medicina per- nambucana, a 4 de abril de 1841 - Vem nos Annaes de medicina pernam- bucana e recitara-o seu autor, sendo acclamado presidente da sociedade. Nunca tendo elle feito collecção de seus versos, apenas darei noticia de algumas poesias, como: - Aos annos de... em 25 de março de 1849 : ode - Vem no « Dic- cionario de pernambucanos celebres » por F. Augusto Pereira da Costa e nas « Biographias de alguns pernambucanos illustres » pelo commen- dador Antonio Joaquim de Mello, tomo I. E' uma composição tremula de emoção e de enthusiasmo pelo facto glorioso para a nossa historia, que este dia recorda. - Aos annos de... ode - Na segunda obra citada. - A uma joven : lyra - Idem. - Um voto : poesia em verso hendecasyllabo - Idem. - Um sonho. Ao embarque e partida de uma senhora - Idem. - Inspiração. A' madame Stoltz em uma representação da Favorita - Idem, tomo 3.° - A' exceli entissima senhora Viscondessa da Boa-Vista no dia de seus annos, 4 de novembro de 1850: poesia lyrica - Idem. - Versões do Lago, da poesia dedicada a mademoiselle Michatowska, do Ramo de amendoeira e da Invocação-O doutor A. J. de Macedo Soares publicou esta composição nas suas Lamartinianas. Outras poe- sias traduzidas do francez, de Lamartine, acham-se no Progresso, Per- nambuco, de 1846 a 1848. - Um soneto - finalmente, que tenho visto reproduzido em diversos es- criptos, e é o seguinte : Formoza, qual pincel em tela fina Debuxar jamais pôde ou nunca ousara; Formoza, qual jamais desabrochara Em primavera a roza purpurina ; Formoza, qual si a própria mão divina Lhe alinhara o contorno e a fôrma rara ; Formoza, qual jamais no céo brilhara Astro gentil, estrella purpurina ; Formoza, qual si a natureza e arte, Dando as mãos em seus dons, e seus lavores, Jamais soube imitar no todo ou parte ; Mulher celeste, oh ! anjo de primores ! Quem pôde ver-te sem deixar de amar-te ? Quem pôde amar-te sem morrer de amores ? Ha dous annos um livreiro em Pernambuco, João Walfrido de Medeiros, tratava de colleccionar as composições poéticas de Maciel Mon- teiro para publical-as; até hoje, porém, não têm ellas apparecido. Consta-me até que a biographia do autor já está escripta pelo doutor João Baptista Rigueira Costa para servir de introducção ao livro. Na im- prensa politica do paiz também teve o Barão de Itamaracá um logar bem 280 distincto, já escrevendo artigos em collaboração para diversos jornaes, já redigindo : - O Lidador (orgão do partido conservador). Recife, 1845 a 1848 - Foram seus companheiros de redacção J. T. Nabuco de Araújo e J. J. Ferreira de Aguiar. - A União (folha do partido conservador). Recife, 1848 a 1851 - Foram seus companheiros os mesmos já mencionados, Floriano Corrêa de Britto e outros. Antonio Pereira - Natural da capitania, hoje provincia do Maranhão, nasceu em 1641, e falleceu, segundo Bento J. de S. Farinha, em 1693, e segundo o doutor J. M. de Macedo a 28 de setembro de 1702, no Pará. Muito joven entrou para o collegio dos jesuítas, onde fez seus estudos, tomou a roupeta e recebeu ordens sacras, sendo um dos padres mais no- táveis da ordem, quer como pregador e theologo, quer como catechista. Para melhor desempenhar esta m'ssão, a que se deu com todo fervor, applicou-se ao estudo da lingua indígena, que conseguiu fallar corre- ctamente, e morreu no exercício de suas catecheses, atravessado de uma flecha, que lhe atirara um índio. Diz o doutor Macedo que o padre Antonio Pereira escrevera um: - Vocabulário da lingua brazilica - e além disto estudos sobre a lingua dos gentios, trabalhos filhos de muito labor, de paciência, de com- binação e de methodo surprendente, que ainda hoje são thesouros de immenso valor, se exploram e se aproveitam. Nnnca vi taes obras, nem delias dá noticia o autor da « Bibliographia da lingua tupy ou guarany » que é empregado, e sabe do que existe na bibliotheca nacional. Escreveu mais : - Catechismo para instrucção dos meninos e meninas - obra, de que falia Bento Farinha, dizendo que o autor deixara manuscripta. Não sei si foi impressa. Este bibliographo no seu «Summario da bibliotheca luzitana » faz menção de sete indivíduos com o nome de Antonio Pereira, além deste de quem me occupo. Antonio Pereira da Camara - Nasceu na província da Bahia em 1697, .seguiu o estado ecclesiastico como presbytero secular, e ainda florescia no anno de 1758 na cidade do Rio de Janeiro. Fez todos os estudos de humanidades no collegio dos jesuítas de sua provincia, onde timou a roupeta e recebeu o grau do mestre em artes ; depois, indo para Portugal, estudou o curso de cânones da universidade de Coimbra, e recebeu o grau de bacharel, gozando da reputação de um talento fértil; foi um distincto orador sagrado em sua época, mas de seus discursos oratorios apenas se conhecem os seguintes: 281 - Sermão da terceira dominga de quaresma, prégado em Coimbra em 1730. Coimbra, 1730. - Sermão di procissão de penitencia que fez, á noite, a irmandade dos clérigos de S. Pedro na cidade do Rio de Janeiro, por occasião do ter- remoto que houve em Lisboa em 1755. Lisboa, 1756. - Sermão da Conceição de Maria Santissima, prégado na igreja da Candelaria em 1757. Lisboa, 1758. Antonio Pereira Leitão- Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, sendo seus paes o doutor Antonio Pereira Leitão e dona Emygdia Barboza Leitão da Cunha; exerce o magistério, leccionando geographia e historia, não só particularmente, como na sociedade Ensaios litterarios de que é socio ; tem feito parte da redacção de alguns jornaes, como o Globo e escreveu : - Pontos de historia antiga, conforme o programma de exames de preparatórios em 1876. Rio de Janeiro, 1876. - Pontos de historia média, conforme o programma de exames de preparatórios em 1876. Rio de Janeiro, 1876. Antonlo PereiraPiuto- Nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 20 de março de 1819 e falleceu a 5 de julho de 1880. Formado em direito na faculdade de S. Paulo, foi logo eleito por esta província deputado á sua assembléa e, entrando para a classe da magis- tratura, nella exerceu o cargo de promotor publico da cipital de S. Paulo, depois o de juiz de orphãos em Campos, e mais tarde de juiz de direito em Guaratinguetá, servindo o de pagador da thesouraria de ma- rinha antes de ser juiz de orphãos, e o de official da secretaria da justiça antes de ser juiz de direito ; depois disto, foi director do archivo pu- blico do império, e por fim director da secretaria da camara dos deputados em cujo exercício morreu. Foi presidente das províncias do Espirito Santo, do Rio Grande do Norte e de Santa Catharina, representando a primeira na camara tem- porária nas legislaturas de 1857 a 1864 ; era moço fidalgo da casa im- perial, do conselho de sua magestade o Imperador, commendador da ordem da Roza, cavalleiro da de Christo, socio do instituto historico e geo- graphico brazileiro, e escreveu: - Apontamentos para o direito internacional ou collecção completa dos tratados celebrados pelo Brazil com differentes nações estrangeiras, acompanhada de uma noticia histórica e documentada sobre as convenções mais importantes. Rio de Janeiro, 1864 a 1868, 4 vols. in-4° -Esta obra de inestimável valor refere-se a factos de 1808 em diante e foi aco- lhida com os elogios de toda imprensa, votando o parlamento um auxilio de 2:000$ por cada volume. - Estudos sobre algumas questões internacionaes. Rio de Janeiro, 1867, in-8.o 282 AN - Política internacional. Intervenção do Brazil no Rio da Prata. Rio de Janeiro, 1871, 59 pags. in-8.° - Reforma eleitoral. Projectos oíferecidos á consideração do corpo legislativo desde 1826 até 1874, seguidos de documentos históricos, expli- cativos acerca da promulgação do acto aldicional, etc. Rio de Janeiro, 1874, 687 pags. in-8° - e mais 224 pags. de um appendice com o acto addicional. - Falias do throno de 1826 a 1872, acompanhadas dos respectivos votos de graça da camara temporária. Rio de Janeiro, 1872, 752 pags. in-8° - Este livro contém uma relação de todos os deputados brazileiros desde as côrtes portuguezas e a constituinte até a 14a legislatura ordinaria. - Annaes do parlamento, compilados, etc. Rio de Janeiro - Publicou Pereira Pinto os volumes correspondentes a 1823, 1826 a 1832, 1834, 1847 a 1856 inclusive, deixando preparado o material para a publicação subsequente. Ao tempo em que dava á estampa os Annaes do parlamento, publicava também o - Relatorio e synopse dos trabalhos da camara dos deputados -- de 1869 a 1879, trabalho que tem sido continuado por seu successor, o doutor Jorge João Dodsworth, de quem occupar-me-hei depois. Ha na revista do instituto diversos trabalhos deste autor, como sejam: - Elogio historico de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada - No tomo 11, pags. 206 e seguintes. - Memória acerca do systema penitenciário no Brazil - No tomo 21, pags. 441 e seguintes. - A confederação do Equador, noticia histórica sobre a revolução de Pernambuco de 1824 -No tomo 29, parte 2a, 1866, pags. 36 e seguintes. Além de um estudo muito minucioso sobre estes movimentos politicos, ha ahi estudos sobre iguaes movimentos occorridos no Brazil desde a conspi- ração mineira de 1783. - Limites do Brazil. 1493 a 1851-No tomo 30, parte 2a, 1867, pags. 192 a 240. Antonio Pereira Rebouças, Io- Filho de Gaspar Pe- reira Rebouças e de dona Rita Basilia dos Santos, nasceu na villa, hoje cidade de Maragogipe, na provincia da Bahia, a 10 de agosto de 1798, e falleceu no Rio de Janeiro a 19 de junho de 1880. Seus paes, pobres de bens pecuniários, mas ricos de honestidade e de honra, apenas poderam dotal-o da instrucção primaria, de conhecimen- tos da lingua latina e da musica e dar-lhe entrada no cartorio de um tabellião do judicial e notas como escrevente ; mas Antonio Pereira Re- bouças, que tinha ambições mais nobres, ao passo que exercia seus traba- lhos de escrevente, estudava em todos os processos, que lhe iam ás mãos, as questões praticas do fôro, e nos livros, que podia obter, as boas theo- rias e lições de direito de tal fôrma, que em pouco tempo, conveniente- mente habilitado para advogar, exercia a profissão sob assignatura de 283 jurisperitos, legalmente constituídos, até que obteve em 1821, depois de prestar os necessários exames, provisão do desembargo do paço para advogar nos auditórios da Bahia. Após a luta heroica da independência, á qual se dedicou até empunhando armas, merecendo por isso a venera de cavalleiro da ordem do Cruzeiro, foi nomeado secretario do governo de Sergipe. Depois disto, entrando em 1826 nas lides da política, foi um dos directores do partido constitucional de sua província ; foi eleito conselheiro do governo, conselheiro geral da província em 1828 ; de- putado na legislatura de 1830, e n'outras subsequentes pela Bahia, re- presentando depois, em 1845, a província de Alagoas; e desde a pri- meira convocação da assembléa de sua província em 1835, até mudar-se em 1846 para o Rio de Janeiro, occupou alli uma cadeira. Em 1847 por um acto especial legislativo lhe foi dada autorização para advogar em todo império, como os que têm o titulo de bacharel ou doutor em direito por alguma faculdade. Era do conselho de sua mages- tade o Imperador ; advogado do conselho de estado; offlcial da ordem do Cruzeiro ; membro do instituto historico e geographico brazileiro desde sua installação, da sociedade auxiliadora da industria, da socie- dade amante da instrucção , da sociedade de agricultura da Bahia, etc. Alguns annos antes de morrer achou-se cego ; mas ainda assim não deixou a advocacia, nem de ser procurado como d'antes. Dictava seus pareceres em quanto alguém os escrevia. Escreveu: - O Bahiano : periódico político (que fundou e redigiu). Bahia, 1828 a 1831 - Antes de fundar esta publicação fez parte da redacção do Consti- tucional, orgão do partido do mesmo titulo, sendo de sua penna os artigos assignados por Catão. - Discurso pronunciado na camara dos deputados na sessão de 16 de maio. Rio de Janeiro, 1832, in-8.° - Discurso, etc. na sessão de 18 de maio, sobre o voto de graças. Rio de Janeiro, 1832, in-8.° - Discurso, etc. na sessão de Io de agosto de 1832 sobre a discussão das emendas do senado ao projecto de reforma da constituição do império. Rio de Janeiro, 1832, in-8.° - O poder moderador efficazmente defendido e a monarchia federativa offendída e profligada : discurso pronunciado na camara dos deputados na sessão de Io de setembro de 1832, etc. Bahia, 1833 - Teve nova edi- ção no Rio de Janeiro, 1868, 35 pags. in-8.° - Discurso, etc. na sessão de 4 de setembro de 1832 sobre as emendas do senado ao projecto de lei de reformas na constituição jurada. Rio de Janeiro, 1832, in-8.° - Discurso, etc., na sessão de 21 de setembro~sobre a proposta-reforma da não vitaliciedade do senado. Rio de Janeiro, 1832, in-8.° - Discurso, etc. na sessão de 24 de setembro sobre a proposta-reforma da não vitaliciedade do senado. Rio de Janeiro, 1832, in-8°-Este eo precedente foram publicados depois com o titulo : 284 A.W - O que è o senado brazileiro pela constituição do império : discursos, etc. Rio de Janeiro, 186?, in-8.° - Ao Senhor chefe de policia Gonsalves responde o Rebouças. Bahia, 1838, 119 pags. in-4° - E' uma obra que versa sobre questões politicas, locaes. O chefe de policia, de quem se trata, é Francisco Gonsalves Mar- tins, depois Visconde de S. Lourenço. - Requerimento aos augustos e dignissimos representantes da nação brazileira, pedindo ser tido, reconhecido e havido por habilitado para exercer todos e quaesquer empregos parados quaes são habilitados os ba- charéis formados e doutores em sciencias sociaes e juridicas, como si o supplicante tivesse carta de formatura por qualquer dos cursos juridicos do império. Riode Janeiro, 1847, 12 pags. in-8d gr. - Nota dos primeiros movimentos dos brazileiros na Bahia para a independencia do Brazil, redigida pelo advogado Antonio Pereira Rebou- ças, dirigida á sociedade dos veteranos - Existe uma cópia escripta por Antonio Gentil Ibirapitanga, veterano da independencia, de 6 fls. sem data, pertencente á bibliotheca nacional. - Memória sobre os effeitos d^s amnistias. Rio de Janeiro, 1850. - Observações sobre a Consolidação das leis civis do doutor Augusto Teixeira de Freitas. Rio de J meiro, 1859, 32 pags. in-8° - Esta obra foi depois publicada com o titulo : - Consolidação das leis civis : segunda edição augmentada pelo dou- tor Augusto Teixeira de Freitas : observações confirmando e ampliando as da primeira edição. Rio de Janeiro, 1867. - Recordações da vida parlamentar: moral, jurisprudência, política e liberdade constitucional. Rio de Janeiro, 1870, 2 vols. in-8° -Ahi se acham colligidos seus discursos parlamentares, notando-se os que profe- rira a 10 e 11 de setembro de 1830 sobre a pena de morte,que lhe deram a reputação de distincto orador quando pela primeira vez teve assento na camara legislativa. - Recordações patrióticas, comprehendidas nos acontecimentos polí- ticos de 1821 a setembro de 1822 ; de abril a outubro do 1831 ; de feve- reiro de 1832 ; e de novembro de 1837 a março do 1838. Rio de Janeiro, 1879, 105 pags. in-8° - E' um livro de muito mérito pelo assumpto, e ainda mais por ser seu autor contemporâneo participe dos acontecimen- tos que narra, e quorum pars magna fui, poderia elle dizer, na phrase do inspirado escriptor da Eneida. A-iitonio Pereira Rebouças, 3o - Filho do precedente e de dona Carolina Pinto Rebouças, nasceu na cidade da Bahia a 13 de junho de 1839 e falleceu na província de S. Paulo a 24 de maio de 1874. Aos 15 annos de idale, tendo os preparatórios para o curso de mathe- maticas, e além destes os de grego, inglez, philosophia e algebra, matri- culou-se na antiga escola militar, recebeu o grau de bacharel em scien- cias physicas e mathematicas e carta de engenheiro militar, tendo 285 em 1855 assentado praça de cadete de artilharia, e sendo promovido a alferes alumno em março de 1857 e a segundo tenente de engenheiros em dezembro do dito anno. Indo á Europa com licença do governo para aperfeiçoar seus estudos, ahi dedicou-se aos estudos de caminhos de ferro e de portos de mar ; de volta ao Brazil, exerceu varias commissões na côrte e nas provincias de Santa Catharina, Paraná e S. Paulo ; e tendo nesta ultima contratado a direcção technica do caminho de ferro de Cam- pinas á Limeira e a S. João do Rio Claro, cujos trabalhos desempenhara satisfactoriamente - já tendo da lo á publicidade as condições geraes e explicações para a execução da obra, e envia lo para Londres o projecto da ponte de Piracicaba, a parte mais importante da linha - na sondagem e estudo da situação desta ponte foi acommettido de uma febre perniciosa, que cortou-lhe o fio da existência. Antonio Rebouças fez também parto da commissão brazileira na exposi- ção universal de Londres, presidida pelo almirante John Paschoe Grenfell; era cavalleiro da ordem da Roza, membro do instituto polytechnico brazi- leiro e di sociedade auxiliadora da industria nacional, e escreveu: - Memória sobre as fundições com ar comprimido da ponte do Lavulte sobre o Rhodano. Rio de Janeiro, 1861. - Estudos sobre os caminhos de ferro franceses. Rio de Janeiro, 1862. - Estudo sobre os portos de mar. Rio de Janeiro, 1862 - Esta e as duas obras precedentes foram escriptas na Europa de collaboração com seu irmão André P. Rebouças. - Relatorio sobre os telegraphos electricos na exposição de Londres em 1862-Sahiu no Diário Official e annexo ao relatorio geral da mesma exposição. - Relatorio sobre o material dos caminhos de ferro na exposição uni- versal de Londres de 1862 - Idem. - Estudos sobre vias de communicação terrestres : memória - im- pressa na Revista do instituto polytechnico brazileiro. Rio do Janeiro, 1869 e1870. - Breve noticia da linha entre a villa de Guarapuava e a navegação do baixo Ivahy - Vem no relatorio do presidente da província do Para- ná, 1869. - Relatorio da commissão exploradora da estrada para Mato Grosso por Guarapuava. Rio de Janeiro, 1870 - Tem annexo um mappa com as linhas exploradas para Mato Grosso por Guarapuava e o baixo Ivahy, e o esboço de suas ramificações para as fronteiras do império. - Apontamentos sobro a via de communicação do rio Madeira : me- mória escripta em Santiago do Chile em 1868. Rio do Janeiro, 1870, 58 pags. in-8°- Sahira antes no Diar o Official. - Vias ferreas estreitas: primeiros estudos. Rio de Janeiro, 1871, in-4° - Idem em fevereiro deste anno. - Tramway de Antonina á Coritiba : memória justificativa, annexa ao requerimento da concessão. Rio de Janeiro, 1871, in-4.o 286 AN - Relatorio da commissão de estudos do abastecimento d*agua desta capital. Rio de Janeiro, 1871 - Foi antes impresso entre os annexos do ministério da agricultura. - Caminho de ferro de D. Izabel, da provin ia do Paraná á de Mato Grosso, pelos valles dos rios Ivahy, Ivinheima, Brilhante e Mon- dego : memória annexa á petição inicial da empreza e estudo compa- rativo das vias de communicação para Mato Grosso. Rio de Janeiro, 1872, in-8.o - Condições geraes e especificações para a execução das obras do caminho de ferro de Campinas ao Rio Claro. Rio de Janeiro, 1873. - Companhia florestal paranaense pelo ex-gerente Antonio Pereira Rebouças filho. (Maio 1873.) Rio de Janeiro, 1873, in-8.° - Projecto da ponte de ferro de Piracicaba da linha ferrea de Campinas á Limeira e á S. João do Rio Claro. 1874 - Este trabalho o autor enviara para Londres, como já ficou dito, e não chegou a ser publicado por causa de seu subsequente fallecimento. Ha algumas plantas suas, como : - Novo projecto de fortificação para o local do antigo forte de S. João em Santa Catharina. 1864 - Está no archivo militar. Antonio Pereira (los Santos - Nasceu na cidade de Santos, província de S. Paulo, a 21 de dezembro de 1834 ; é formado em sciencias sociaes e jurídicas pela academia desta província; exerce a pro- fissão de advogado na cidade de seu nascimento, e escreveu : - Os grandes da época ou a febre eleitoral: comedia original em tres actos. Santos, 1860 - Consta-me que foi ahi levada á scena com muito applauso. Publicou, além disto, vários escriptos em alguns periódicos litterarios de S. Paulo, como : - A divisibilidade dos corpos, 1855. O homem sensato e o elegante : fragmento de um romance, 1856. Scenas destacadas da vida escolástica : estudo de costumes, 1857 - No periodico Ensaios Litterarios. - O clima de S. Paulo, 1857 - No C orreio Paulistano, de onde foi reproduzido no Correio da Tarde do Rio de Janeiro. - A embriaguez por direito penal, 1860. Parallelo critico entre Ale- xandre Dumas e Eugênio Sue, 1860. Duas palavras sobre « Le Brésil de C. Reybaud», 1860 - No Guaycurú, revista da academia de S. Paulo. - O nordeste em Santos. O theairo no Brazil. Criticas theatraes. A natureza e o homem. O riso e as lagrimas - No Commercio, de Santos. - O Itororó: revista política, litteraria, scientifica e artística. Santos, 1859 e 1860 - Sahiram desta revista, de que fôra redactor o doutor Pe- reira dos Santos, 17 numeros, de Io de fevereiro daquelle anno a Io de maio deste. AN 287 A.n tonio Per eira Simões - E' natural da província de Pernambuco, engenheiro civil, exerce o logar de gerente da via-ferrea da cidade do Recife á Olinda e Beberibe, e escreveu: - Contingente para a construcção de pontes económicas. Rio de Ja- neiro, 1880 -Foi publicado em quatro fascículos, e a proposito desta obra escreveu o doutor Aarão Leal de Carvalho Reis na Gazeta de Noticias uma serie de artigos, de que sahiram os dous primeiros capítulos a 28 de janeiro de 1881. - Engenhos centraes em Pernambuco. Rio de Janeiro, 1882. - Uma visita d penitenciaria. Rio de Janeiro.... yVnton io Pereira de Souza Caídas - Filho do ne- gociante portuguez Luiz Pereira de Souza e de dona Anna Maria de Souza, nasceu no Rio de Janeiro a 24 de novembro de 1762 e falleceu a 12 de março de 1814. Dotado de uma constituição mui debil, soffrendo mesmo em sua saude desde seus primeiros annos, foi por isso aos sete annos de idade enviado por seus paes para Portugal, onde fez toda sua educação litter 'ria, sendo graduado bacharel em direito na universidade de Coimbra. No meio do curso, porém, porque desenvolvera uma intelligencia brilhantíssima e publicara alguns escriptos que não agradaram ao santo officio, esto man- dou prendel-o, e - ou por muitos empenhos que teve Caídas, ou por faltar uma vez coragem ao santo officio para metter na fogueira um moço fraco, e o visse com pouco sangue, anémico, para saciar a sede satanica que devorava os santos varões - o sentenciou apenas a exercícios de piedade com os padres catechistas de Rilhafolles, os quaes, em vista de sua grande applicação âs lettras sagradas, e de sua modéstia e submissão, obtiveram que se abreviasse o prazo da sentença e que elle voltasse á universidade. Depois de formado em direito foi nomeado juiz de fóra de Barcellos, na Bahia, logar que não aceitou para dar-se á profissão de advogado ; mas, dolorosamento ferido com a noticia da morte de seu pai, resolveu viajar, percorreu a França, a Italia, e chegando a Roma, onde mereceu particular estima de Pio VII, e distincta consideração de muitos sábios, a fé catho- lica que o santo officio não pudera, nem devera inflammar em sua alma, porque a inquisição era a calumniadora da santidade da lei de Jesus, como dis^e o doutor J. M. de Macedo, a fé catholica, toda suave e ange- licamente inspirada, absorveu-lhe o espirito e o coração - tanto, que ahi mesmo abraçou o estado ecclesiastico, tomando o habito de S. Pedro. De volta a Lisboa, renunciou uma abbadia que lhe foi offerecida, e até o bispado do Rio de Janeiro, e dedicou-se todo ao púlpito, onde grmgeou os maiores applausos. Então saudades de sua velha mãi o trouxeram ao Rio de Janeiro em 1801 ; mas, vendo quanto em sua patria era mephi- tica a atmosphera litteraria, mórmente depois da atroz perseguição que fizera às lettras o Conde de Rezende, voltou de novo a Portugal, d'onde só 288 .AJV veiu ao Brazil com a familia real em 1808 ; aqui deu-se ao púlpito como •em Portugal, e ás musas, com geral applauso dos homens mais doutos que consideravam suas homelias semelhantes ao que de melhor se lê nas obras de S. Bazilio, e de S. João Chrysostomo, escolhendo elle para suas predicas, em grande parte improvisadas, a igreja de Santa Rita, em que se baptisara. Foi um grande orador sagrado, cultivou todos os generos de littera- tura, sobretudo a poesia lyrica e sagrada ; foi um varão de uma ca- ridade excessiva e de profundo saber; escreveu muito sendo estu- dante, advogado e presbytero secular; compoz muitas poesias pro- fanas e sagradas, tragédias, obras philosophicas e sermões ; mas tudo desappareceu. Se disse que um seu parente possuia uma quantidade de seus sermões e projectava dal-os á luz, e que o genenl Stokler possuia outros com muitos manuscriptos do padre Caídas. De seus discursos ora- torios, recitados aos domingos na igreja de Santa Rita, cita-se o - Sermão sobre o mandamento de Deus « Honrarás a teu pai e a tua mãi » pregado a 1 de julho de 1809 - Este sermão tão grande effeito pro- duziu, que seus ouvintes choravam, enternecidos, ouvindo-o. Em sua vida se publicaram entre outras poesias: - O homem selvagem ; ole. Coimbra, 1783. - A cantata de Pygmalião. Coimbra... -E' considerada como um enlevo inexprimivel de suavidade e de belleza de poesia. - As aves : poema pliilosophico. Coimbra... - Posthumas, foram pu- blicadas : - Obras poéticas do reverendo Antonio Pereira de Souza Caídas. Pa- ris, 1820-1821, dous vols.- O primeiro volume contém os Psalmos de David, vertidos em rithmo portuguez com as notas e observações de seu amigo o tenente-general F. de Borja Garção Stokler. Esta traducção fez elle em Lisboa, em 1806, quando para ahi voltara desacoroçoado com a perseguição que soffriam as lettras no Brazil, e é considerada como a pri- meira, quer na lingua portugueza, quer nas outras em que foram ver- tidos os psalmos. O segundo volume contém poesias sacras e profanas com iguaes notas e observações. Uma das poesias deste volume termina com os seguintes versos, em que é tão admiravel a sublimidade de expressão, de sentimento e de pensamento com que o autor revela seu amor a Deus, como o é essa indifferença com que falia da morte : Meu Senhor e meu Deus, Ah ! cante a minha voz antes que eu morra Um hymno de louvor ao vosso nome, Ao vosso nome santo. Muitas poesias deste livro, como a ode a Existência de Deus e a Morte do Salvador, têm sido reproduzidas em diversos tratados de eloquência e de litteratura. Foi publicada esta obra pelo sobrinho do autor, Antonio de Souza Dias, fidalgo da casa real, cavalleiro da ord^m de Christo, de Portu- gal, etc. Ha poucos annos, foram publica !as parte destas poesias com o titulo : AN 289 - Poesias sacras de Antonio Pereira de Souza Caídas com as notas e additamentos de Francisco de Borja Garção Stokler. Nova edição para uso das escolas publicas da instrucção primaria do município da côrte. Rio de Janeiro, 1872,127 pags. in-16. - Cartas políticas e philosophicas sobre a côrte portugueza-Destas cartas foram publicadas algumas na Revista do instituto historico; nellas se pintam com as côres mais vivas a sociedade e os costumes da côrte. Antonio Peres - Foi natural da província de Minas Geraes, nasceu, segundo posso calcular, no começo do ultimo quartel do sé- culo XVIII ; exerceu o magistério publico da in-trucção primaria, o es- creveu : - Reflexões varias da língua portugueza no seu abecedario sobre a harmonia das palavras e musica das lettras. Lisboa, 1807 - Sahiu esta obra em dous opusculos, in-8.° frei A.ntonio «Ia Piedade - Nsscido na província da Bahia em 1660, falleceu na mesma província, na villa, depois cidade da Cachoeira, em 1724 com 64 annos de idade. Foi religioso da ordem dos carmelitas calçados, professo no convento da Bahia, onde exerceu o cargo de prior ; foi também prior do convento do Pará e exerceu nesta província os cargos de governador, de pro- visor o de vigário geral do bispado ; e no Maranhão o de provincial da or- dmi. Foi um distincto orador sagrado ; mas de seus sermões só deu pu- blicidade aos seguintes : - Sermão de Santa Thereza, pregado no convento dos religiosos car- melitas calçados da Babia em o terceiro dia da festa que os religiosos fizeram na aperição do novo templo. Lisboa, 1703. - Sermão das exequias da sereníssima rainha dona Maria Sophia Izar bei, prégado na villa de Santo Amaro das Grotas no rio de Sergipe. Lisboa, 1703. Houve diversos frades, escriptores, com o nome de frei Antonio da Pie- dade, que publicaram obras ; mas nenhum brazileiro. Só Bento Farinha faz menção de seis. Além destes houve um franciscano, natural do Rio de Janeiro, nascido pelo mesmo tempo em que nasceu o carmelita, o qual deu-se com ardor excessivo á catechese dos indios. Antonio ^inlieiro Guedes - Natural de Cuyabá, ca- pital de Mato Grosso, e filho do tenente-coronel João Pinheiro Guedes e de dona Maria Magdalena Pinheiro Guedes, nasceu a 14 de julho de 1842 ; é doutor em medicina pela faculdade da côrte, e primeiro cirurgião do corpo de saude do exercito, tendo, antes de seu doutorado, servido os lo- gares de interno de clinica medica e cirúrgica da mesma faculdade e de pensionista do hospital militar. Escreveu : 290 - These de doutorado pela faculdade de medicina do Rio de Janeiro, etc. Rio de Janeiro, 1870 - Contém uma dissertação sobre resecções em geral, e proposições sobre : Substituição histológica. Diagnostico difíe- rencial entre a meningo-encphalite e a hemorrhagia cerebral. Respon- sabilidade medica. 0 doutor Pinheiro Guedes é um dos escriptores da - Revista da sociedade académica Deus, Christo e Caridade, fundada no império do Brazil em 3 de abril de 1879. Rio de Janeiro, 1881 a 1883, in-4° - A publicação continúa em folhetos mensaes e se occupa de pro- pagar o spiritismo. A.ntoiiio 1*111(0 <I:t Costa de Souza Brandão - Creio que era natural do Rio de Janeiro. Exerceu por muitos annos o magistério como professor publico da instrucção primaria da freguezia de Inhaúma, município da côrte, figurando seu nome ainda no almanak de 1867, e escreveu : - Noções preliminares de geographia em forma de dialogo, com es- pecial applicação ao império do Brazil. Rio de Janeiro, 1852, 74 pags. in-8° - Houve, antes desta, outra edição. .A.n.toiiio Pinto do iri^ueiredo Mendes Antas - Natural da cidade do Rio de Janeiro, nasceu a 14 de março de 1821 e falleceu a 28 de maio de 1873 com 52 annos de idade. Fez todo curso da antiga academia militar, recebendo ali o grau de bacharel em mathematicas ; entrou para o corpo de engenheiros no posto de 2° tenente a 2 de dezembro de 1839, mandando-S2-lhe contar antigui- dade de 22 de fevereiro de 1836 ; subiu a diversos postos até o de coronel em 1871 e exerceu diversas commissões, quer do governo geral, quer do da provincia do'Rio de Janeiro. Era fiscal da officina lythographica do archivo militar na época do seu fallecimento, cavalleiro da ordem de S. Bento de Aviz e da de Christo, e escreveu: - Reconhecimento do rio Queceribà entre o rio Macacú eo atterrado do Tipotá. 1855 - Vem, lythographado, no relatorio do Rio de Janeiro pelo doutor J. R. de S. Rego, 1856. - Planta minuta. Estrada de Nictheroy á Itaborahy, passando por Maricá e serra do Lagarto. 1858 - Lythographada no archivo militar. - Aprovincia do Paraná. Carta organizada no archivo militar á vista dos trabalhos existentes no mesmo archivo e dos escriptos e memó- rias que interessam esta provincia, 1867 - O archivo militar possue o original. O coronel Antas tinha entre mãos, quando falleceu, um - Tratado de arithmetica, geometria e algebra - quasi concluído, que projectava dar á luz, e existe em poder de um filho seu. Antonio Pinto de Mendonça -4E' natural da província do Ceará, bacharel em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de AN 291 Pernambuco, e deputado á assembléa geral por sua província na primeira legislatura formada por eleição directa. Membro proeminente da polí- tica conservadora no Ceará, é na camara temporária um dos mais deci- didos opposicionístas da política dominante, e escreveu : - Discurso pronunciado na capital da Fortaleza no acto do assentamento da pedra do asylo de mendicidaie no dia 2 de dezembro de 1877. For- taleza, 1877, in-4.0 - Discursos pronunciados na camara dos deputados na sessão de 1882. Rio de Janeiro, 1882, 200 pags. in-16- Versam sobre violências contra a sociedade emancipadora cearense, sobre a estrada de ferro de Baturité, sobre o commercio internacional de escravos, sobre negocios do Ceará e outros assumptos. - A Ordem : orgão conservador. Baturité, 1879-1880 - Consta-me que continua a publicação na Fortaleza. Antonio T>io dos Santos - Natural do Rio de Janeiro, nasceu a 3 de janeiro de 1777, sendo seus paes o capitão-tenente Pio An- tonio dos Santos e dona Maria Marciana de Sá, e fallecou pouco mais ou menos em 1820. Foi official da armada, para onde entrou em 1790, exerceu commissões importantes e subiu ao posto de chefe de divisão ; mas sendo sua promo- ção a este posto incluida n'uma promoção geral, feita por dom João VI a bordo do navio que transportava este monarcha ao Brazil, no qual também se achava Pio dos Santos, e não querendo as côrtes constituintes sanccio- nal-a, teve elle de voltar ao posto anterior. Além deste facto singular de sua vida ainda ha outro mais singular: esteve amortalhado e prestes a ser enterrado com todas as honras devidas ao seu posto e com todas as forma- lidades da igreja, estando vivo ! N'uma moléstia, de que soffreu, apresen- tando signaes da morte, vestiram-lhe a mortalha, fizeram-lhe o enterro, etc., ficando o corpo fechado numa igreja, e no esquife para ser dado á sepultura no dia seguinte, depois de uma missa ; mas, acordando elle no meio do canto-chão que lhe entoavam os padres, levantou-se do esquife, pondo em debandada e espavoridos todos os assistentes com o estranho successo. Pio dos Santos passou sempre por um official de muita erudição, porém era dotado de um genio muito excêntrico e extravagante ; por isso muitos casos e anecdotas de espirito contavam delle seus contemporâneos. Escreveu : - Diversos artigos no C orrespondente Constitucional relativamente á validade de sua promoção ao posto de chefe de divisão, de que o esbu- lharam as côrtes constitucionaes. Lisboa, 1812. - Epistola proclamatorla a el-rei e á nação portugueza para desen- gano dos liberaes indiscretos ou vertiginosos constitucionaes. Lisboa, 1823 - Esta poesia foi publicada n'uma folha avulsa e distribuida com a Gazeta de Lisboa, bem como a seguinte : 292 AN - Ode a sua magestade catholica, D. Fernando VII, escripta depois da queda da constituição. Lisboa, 1823. - Collecção de poesias - entre as quaes mais de cem odes, sonetos, etc., inéditas e provavelmente extraviadas. Antonio Pires <Ie; Carvalho - Natural da Bahia, nasceu pelo meiado do século VIII segundo posso calcular, era presbytero secular, e vigário collado de Monte Santo, em cujo cargo escreveu : - Breve relação de como tiveram principio, e proseguimento os Santos Passos do Monte-Santo e seus milagres e prodigios, erigidos pelo reverendissimo senhor padre-mestre frei Apollonio de Jodi, missionário apostolico italiano, barbadinho, nos sertões altos (de Picoarasá) deste arcebispado da Bahia, 1786 - Mans. de 13 pags., apresentado por dona AntoniaR. de Carvalho na exposição de historia do Brazil da bibliotheca nacional. Traz o nome do autor. TVntonio Pires da Silva Pontes Leme - Filho de José da Silva Pontes e de sua esposa, uma senhora da familia Paes Leme, de Minas Geraes, e pai do desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes, de quem me occuparei opportunamente, nasceu nesta pro- vincia, em Marianna, depois do anno de 1850, e falleceu no Rio de Ja- neiro a 21 de abril de 1805. Em 1772 matriculou-se no curso de mathematicas da universidade de Coimbra, onde teve por seu mais particular amigo e collega o joven pau- lista Francisco José de Lacerda e Almeida, e ambos no mesmo dia, a 24 de dezembro de 1777, receberam o grau de doutor, e foram juntos despacha- dos astronomos da terceira partida de demarcadores de limites do Brazil, trabalhando em explorações e estudos'por diversos pontos do norte e do sul do Brazil até o anno de 1790. Teve também por companheiro nestas commissoes o enge heiro Ricardo Franco de Almeida Serra com o qual, depois de vários trabalhos e explorações penozas, fez o reconhecimento do Alto-Paraguay até a Bahia-Negra, de onde veiu á Cuyabá ; e propunha-se a explorar o Paraguay-diamantino, quando foi encarregado de estudar o rio Verde eo Capivary, affluentes occidentaes do Guaporé, indo até ás cabeceiras do Sarará, Juruema, Guaporé e Jaurú. Recolhendo-se depois a Portugal, foi nomeado lente da academia de marinha com o posto de capitão de fragata, a 13 de abril de 1791, mas subindo ao ministério, apoz alguns annos, seu amigo dom Rodrigo de Souza Coitinho, depois Conde de Linhares, foi por influencia deste em 1798 nomeado governador da capitania do Espirito Santo, onde prestou muito importantes serviços e esforçou-se pela civilização dos indios do rio Doce, creando o presidio, a que deu o nome de Linhares, em honra de seu amigo e protector, seu e de seus patricios, os brazileiros, e nesta com- missão esteve até 17 de dezembro de 1804. AN 293 0 doutor Pontes era cavalleiro da ordem de S. Bento de Aviz, socio da academia das sciencias de Lisboa e escreveu : - Construcção eanalyse das proporções geométricas e experiencias praticas para servirem de fundamento á construcção naval. Tralucção do inglez. Lisboa, 1798 - com 4 estampas. Foi a unica obra que publi- cou em sua vida e posteriormente só foi publicado - Diário das explorações que fez desde o rio Branco e suas cabecei- ras na província do Pará até as cabeceiras do Sararé, Juruéna, Guaporé e Jaurú. S. Paulo, 1841 -Sahiu com o Diário de seu collega, o doutor Lacerda. Na exposição de historia patria a bibliotheca nacional apresen- tou o manuscripto desta obra, e outros do mesmo autor sobre suas viagens e explorações, a saber: - Diário da diligencia e reconhecimento das cabeceiras dos rios Sa- raré, Guaporé, Tapajoz e Jaurú que se acham todos debaixo do mesmo parallelo na serra dos Parecis, em dezembro de 1789 - remettido com uma carta geographica, illustrada de notas, descobrimentos de rios des- conhecidos, etc. ao capitão general L. de Albuquerque e Mello. - Breve diário ou memória do rio Branco e de outros que nelles des- aguam, consequente a diligencia - com um mappa do mesmo rio, e assi- gnado também pelo engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra. - Memória physico-geographica, acompanhada de um plano das lagoas Gayva, Uberava e Mandiorem, que offerece ao senhor doutor Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista ao serviço de sua magestade, etc. -da- tada de 29 de maio de 1790. 1 fl. e 14 pags. - Diário da viagem que fez o doutor Pontes ao tirar a configuração do rio Guaporé, 1783, 31 fls. -seguido do « Diário da viagem que fez s. ex. (o capitão general L. de Albuquerque e Mello) acompanhado dos commissarios, officiaes engenheiros e doutores astronomos, etc., ao cume da serra que fronteiaa villa, viagem feita em 1782.» - Diário da viagem do reconhecimento da cabeceira principal do rio Barbados, feita em novembro de 1783, 22 fls. - Diário da diligencia e reconhecimento do rio Paragaú e rio Verde por ordem do illm. e exm. senhor Luiz de Albuquerque e Mello Pereira e Caceres. 43 fls. - datado de 26 de março de 1789. - Relatorio de uma parte do rio Paraguay e das lagoas Uberava e Gayva- datado de 20 de agosto de 1787 e assignado também por Fran- cisco José de Lacerda e Almeida e R. F. de Almeida Serra. Delle vem um extracto no exame de uma parte do rio Paraguay, etc. por A. Lever- ger em 1847. - Noticias do lago Xerayes, 10 fls. -O doutor A. Rodrigues Fer- reira possuia o manuscripto que pertence hoje a dona Joanna T. de Car- valho. Ha ainda de sua penna : - Considerações sobre o manifesto de Portugal aos soberanos e povos 294 AIV da Europa na parte relativa ao reino do Brazil, offerecida aos deputados em côrtes - mans. de 14 pags., sem data. - Carta geographica de projecção espherica ortogonal da nova Luzi- tania ou America portugueza o Estado do Brazil, 1798 - Esta carta, que comprehende todo Brazil e uma parte da America meridional e foi a primeira comprehensiva de todo o novo estado, foi confeccionada de 1790 a 1798 de ordem do ministério da marinha e negocios ultramarinos, dese- nhada no gabinete do real jardim botânico, e offerecida ao príncipe do Brazil, dom João. E' graduada em seus verdadeiros pontos de longitude e latitude pelas observações astronómicas da costa e do interior, recopila- das nella, tanto as próprias configurações do contingente pelo mesmo astronomo, como oitenta e seis cartas da secretaria da marinha. Ha uma cópia no observatório de Coimbra. - Plano geographico do rio Branco e dos rios Uraricapará, Magari, Parimé, Tacutú e Mahú que nelle desaguam, aonde vai notada a grande cordilheira de montes que medeia entre o Orinoco o o Amazonas, de que nascem os mencionados rios. 1781-1782 - Foi levantado de ordem do governador de Mato Grosso e Cuiabá, collaborando o engenheiro R. F. de Almeida Serra. Está no archivo militar e serviu muito, como a prece- dente, para a confecção da carta geral do império. - Carta geographica do rio Doce e seus afíluentes - Foi impressa no Rio de Janeiro em 1866, e antes, em 1862, Braz da Costa Rubim offere- cera uma cópia delia ao instituto histórico. - Nova carta do reconcavo marítimo da enseada da Bahia de todos os Santos, e parte da costa do oceano brazileiro desde a ponta de Santo An- tonio da Barra até o porto de Garcia de Avila, etc. 1800 - Existe no archivo militar. Ha mais outras plantas e cartas feitas por si só, ou com outros. (Veja-se Francisco José de Lacerda e Almeida e Ricardo Franco de Almeida Serra.) Antonio Plácido da Rocha - Natural da provincia da Bahia, e bacharel em sciencias sociaes e jurídicas, seguiu a carreira da magistratura, e em 1849, época em que o conheci, exercia o cargo de juiz municipal e de orphãos de Maragogipe, comarca da referida provincia. Escreveu : - Codigo commercial do império do Brazil com annotaçoes não só dos artigos do mesmo codigo e dos regulamentos ns. 696, 737, 738 e 862 que têm relação entre si, mas também dos codigos estrangeiros conheci- dos, etc. Bahia, 1852, in-12. A.iitonio I?ompêo de Almeida Cavalcante - Nasceu na provincia do Ceará a 7 de dezembro de 1840 ; fez na escola de marinha o curso respectivo e entrando para o serviço da armada, foi pro- movido a guarda-marinha em 1858, a segundo tenente era 1860 a pri- meiro tenente em 1862, a capitão-tenente em 1869 e a capitão de fragata A3N 295 em 1882. E' cavalleiro das ordens da Roza, de Christo, e de S. Bento de Aviz ; condecorado com a medalha da campanha do Uruguay em 1864, a do combate naval de Riachuelo, a da esquadra em operações na guerra contra o Paraguay, e escreveu : - Descripção do apparelho de foguetes para salvação de vidas em occasião de naufragio (do autor Birt) e instrucções para o emprego do mesmo apparelho. Traduzido do inglez por.ordem de s. ex. o senhor conselheiro Luiz Antonio Pereira Franco, ministro da marinha. Rio de Janeiro, 1876, com estampas. Antonio Quintiliauo de ( astro e Silva -Nas- cido na província do Ceará a 20 de março de 1846, tendo feito o curso da academia de marinha, e sendo engenheiro geographo pela escola poly- technica, é capitão-tenente da armada por decreto de 7 de dezembro de 1878 ; serviu no corpo de imperiaes marinheiros e agora se acha na repartição dos pharoes, como ajudante da directoria ; é official da ordem da Rosa, cavalleiro das de Aviz, do Cruzeiro e de Christo e condecorado com a medalha da campanha do Paraguay e com a da passagem do Hu- maytá, e escreveu: - Instrucções para o serviço de artilharia pesada. Rio de Janeiro, 1878 - Este livro è considerado como uma obra de muito mérito pelos competentes. ALntonio Rangel Torres Bandeira - Filho de An- tonio Ignacio Torres Bandeira e de dona Manuela Margarida de Souza Rangel, nasceu na capital de Pernambuco a 17 de outubro de 1826 e fal- leceu a 11 de novembro de 1872. Formado em direito pela academia de Olinda em 1848, entregou-so logo ao exercício da advocacia, e ao mesmo tempo ao magistério, em cujo exercício perseverou até á morte. Assim foi elle nomeado lente substituto de geographia e rhetorica do lyceu pernambucano em 1849; extincto este estabelecimento, foi nomeado lente de francez do gymnasio pernambucano em 1855, e da cadeira de francez passou para a de geographia e historia antiga, a seu pedido em 1859. Ainda outros cargos exerceu, como o de promotor interino de Olinda e Iguarassú por nomeação de outubro de 1851; de delegado do primeiro districto policial do Recife em 1852 ; membro substituto do conselho de instrucção publica em 1855, cargo que só deixou em 1867 por cauza de seus soffrimentos physicos, e foi em mais de uma legislatura deputado á assembléa provincial. Era socio do instituto historico e geographico brazileiro, e de muitas associações de lettras e sciencias, e escreveu tanto, quer em avulso, quer em periódicos e revistas, que, fallecendo apenas com 46 annos de idade, talvez suas obras não dessem menos de quinze volumes de trezentas paginas. Seus escriptos publicados em avulso e em grande numero de jornaes, 296 AN revistas e periódicos políticos, religiosos, de sciencias e lettras, não só de sua província, mas também do Rio de Janeiro, da Bahia, do Maranhão, do Ceará, e de Portugal, constam de uma noticia, que de seu autor dá o doutor Henrique Peregrino Pereira de Mello, sob o titulo de Estudo bio- graphco, impressa em Pernambuco, 1878. A relação, que ahi vem delles por ser muito longa, não transcrevo aqui. Resumindo-a, porém, mencio- narei o seguinte: - Oblação ao christianismo: tentativas poéticas. Recife, 1844, 114 pags. in-12 - Este volume foi publicado pelo autor no seu primeiro anno do curso jurídico. Ahi transparece em sua sublimidade o espirito religioso que o animava, e nota-se uma certa belleza na simplicidade do estylo de cada uma das composições. E' olferecido a dom Thomaz de No- ronha, bispo resignatario de Olinda. - O eremita de Jaffa : poema. Recife, 1844, 101 pags. in-12 - E' uma imitação da Adozinda do Visconde de Almeida Garret, o offerecido a seu antigo mestre, o professor de francez José Soares de Azevedo. - Elogio dramatico e sonetos recitados no dia 11 de agosto. Recife, 1845, in-12- O elogio dramatico foi representado por seus collegas da faculdade a 11 de agosto deste anno. - Um suspiro a Deus: poemeto. Recife, 1846, in-12 - Foi dedicado ao eximio orador e poeta pernambucano, o vigário Francisco Ferreira Barreto. - Harmonias românticas. Recife, 1847,169 pags. in-8° - São hymnos consagrados ás doçuras da religião, aos encantos da innocencia, do amor e da liberdade. - A saudosissima memória de S. M. F. a senhora D. Maria II : tri- buto de veneração e respeito - Vem nas dezoito ultimas paginas da obra «Funeral que pela infausta e sentida morte da senhora D. Maria II fi- zeram os portuguezes residente> nesta cidade, Recife, 1854.» - Saudação poética ao insigne actor, o illm. sr. Germano Francisco de Oliveira, Recife...- Vem também na Biographia do mesmo actor, por Joaquim Serra, S. Luiz do Maranhão, 1862, pags. 48 a 57. Esta obra e a precedente não estão mencionadas na relação, a que faço referencia. - Cancioneiro chrstão. Recife. 1865. - Cântico á Virgem das Mercês. Recife, 1871. - Cântico a Nossa Senhora da Conceição. Recife,r1872. - Poesias oíferecidas a sua magestade o senhor dom Pedro II por occasião de sua visita a Pernambuco em 1859 - São tres composições, que vem nas « Memórias da viagem de suas magestades imperiaes á pro- víncia de Pernambuco por P. deS., Rio de Janeiro, 1867 » pags. 59 e 60, 80 e 81, 123 e 121. - Poesias religiosas, elegíacas, patrióticas, laudatorias, descriptivas e eróticas - São 107 composições, cujos títulos, logares e anno da publi- cação vem mencionados no Estudo biographico do doutor Henrique C. P. de Mello, pags. 54 a 57 sob o titulo de Flores dispersas. AN 297 - Religião ephilosophia-São nove èscriptos, igualmente especifi- cados na referida obra, pags. 43 e 44. O primeiro delles, que tem por titulo: - O christianismo : estudos religiosos ( fragmento de um livro inédito) - vem no Noticiador catholco da Bahia, n. 27 de 4 de março de 1854 ; no Diaro de Pernambuco de 12 de maio de 1854 ; no Diário do governo de Lisboa, ns. lie 12 de 12 e 14 de Janeiro de 1856, e no Jornal do instituto pio e iittterario de Pernambuco, ns. 2, 3 e 4, de 5, 12 e 14 de fevereiro de 1860. - As almofadas sem franja ou a salvação do Brazil. Recife, 1862 - E' assignado com o pseudonymo de Paulo Emilio. Escreveu Torres Rangel este opusculo a proposito do programma do baptisado da princèza imperial, quando o Brazil se achava a braços cora uma guerra de brio e honra para o paiz. Depois de censurar os homens da actualidade franca e energica- mente e considerar os males que nos afHigiam, desce á analyse do pro- gramma determinado pelo decreto de 20 de março de 1866, e diz que este decreto « foi o salvaterio, o precioso talisman que do alto do poder baixou com o fim de restituir-nos força e vida, e conduzir-nos bem cedo á terra da promissão ! Não contente com a pensadura e com o massapão, não satisfeito com ter de indicar os truões da farça palaciana e cortezã nesses jà desuzados e hoje descabidos reis d'armas, reposteiros, arautos, ar- cheiros e passavantes, foi até determinar que as almofadas da ama de sua alteza não hão de ter franja !! » - Èscriptos políticos - São trinta e tres artigos diversos, circumstan- ciadamente mencionados no referido Estudo biographico, pags. 44 e45. O ultimo destes èscriptos, isto é, - A revolução de novembro - vem no jornal a União, de Pernambuco, ns. 300, 303, 314, 315, 329, 331, 332 e 333, todos de 1850. - Discursos diversos - São 38 discursos, especificados na citada obra, pags. 45 a 47. - Litteratura - São vinte artigos diversos, idem pags. 47 e 48. Per- tence a esta collecção o escripto intitulado: - Locubrações da meia noite: l.° Avant propos. Um cavaco. Uma ex- plicação. 2.° A plagio-mania é uma doença como qualquer outra. 3.° O real e o ideal. As bellas soirèes do Santa Izabel. Os mil prodigios - Sahiram no Jornal do Recife de 16 e 23 de julho, e de 6 de agosto de 1859. Es- caparam, porém, na dita collecção outros artigos, como - Novo século de Augusto - que vem nos ns. 3 e 4 da Opinião na- cional, e - Linhas ao acaso - folhetins publicados no mesmo periodico. Final- mente está delia deslocado o - Livro de lembranças - folhetins publicados no Progresso de Per- nambuco, ns. 18, 19, 27 e 33, de 1863, sob o pseudonymo de Archilocus. - A Carteira - collecção'de folhetins publicados no Diário de Pernam- buco. São 72 folhetins e sobre o que versam consta do Ensaio biogra- 298 A3N phico já citado. A carteira foi escripta a principio por A. P. de Figuei- redo ( veja-se Antonio Pedro de Figueiredo ) sob o pseudonymo de Abdal- lah-el-Kretif; mas, adoecendo este, passou a ser escripta por Torres Bandeira, que nos primeiros numeros usou do mesmo pseudonymo. Occu- pava-se a Carteira de historia, philosophia, religião, litteratura, artes, etc. O conselheiro J. F. de Castilho lera um escripto desta collecção, repro- duzido no Correio daTarde, da còrte, sobre os «Amores de Ovidio» e cor- reu, como elle diz, ao Coi reio da Tarde, para saber que penna o escrevera, mas não o pôde saber. Quando mais tarde soube quem era o escriptor que procurava, dirigiu a Torres Rangel uma carta onde se lê:- «E' pois de V. a soberba memória, que por tantos aqui foi lida com admiração ! E' caso de summo agradecimento para nós, mas de immarcessivel gloria para V.» E mais logo accrescenta: « Na segunda edição que desta obra se der- hão de precedel-a, no logar de honra e em volume especial, os artigos de critica litteraria, de que eu tiver conhecimento ; nenhum excede este seu, apezar da altura que subiram, nosdelles, o Sr. Octaviano em artigo edictorial; o Sr. Silveira Lopes na sua memória académica Dous séculos, dous povos e dous homens ; o Jornal da Bahia em sua correspondência litteraria ; o sr. doutor José Maria Velho da Silva, no seu estudo cri- tico da paraphrase dos amores. E' realmente feliz a obra, que já tem ins- pirado os mais numerosos e importantes escriptos das mais aparadas pen- nas, como confesso que nunca no Brazil vi succeder. » Nem se póde elogiar mais. Quanto a sciencias juridicas escreveu: - Economia política. A liberdade do trabalho, e a concurrencia, seu effeito, são prejudiciaes áclasse operaria? -Sahiu no Futuro, periodico litterario redigido por Faustino Xavier de Novaes. Rio de Janeiro, 1862 e 1863, pags. 289 e seguintes. - Serà o jury em matérias eiveis preferivel ao modo ordinário de jul- gar ?-No íris, Rio de Janeiro, tomo 3o, pags. 81 a 86 ; na Aurora Per- nambucana, ns. 73, 1859, e no Recreativo de Pernambuco, ns. 19, 1851. - Serã conveniente que a propriedade individual seja súbstituida pela propriedade collectiva ?-Na Revista Universal Lisbonense, n. 31, 1853, e no Paiz, de Pernambuco, n. 18, 1856. - Apontamentos sobre direito - Inéditos. Tem esta obra a data de 1857 e nella se trata do direito em geral, suas divisões, seu fundamento e ori- gem ; de diversos systemas, analysando-os ; da distineção entre o direito e a moral; de alguns pontos de direito natural, etc. Deixou, como este, inéditos os seguintes escriptos: -Geographia antiga - E' um compendio, pelo qual leccionava, dividido em duas partes: preliminares e partes do mundo. Fora composto para uso de seus discipulos, e estava destinado a entrar no prelo, quando falleceu o autor. - Parecer sobre o methodo de Zaba para o estudo da historia- Estava também para ser impresso. 299 - Fructos sem flores: poesias - Idem. E' uma collecção de poesias, sendo algumasjá publicadas em jornaes e revistas. - Sonetos e poesias satyricas - E' uma collecção de versos feitos a um diplomata. - Livro d'alma: collecção de poesias eróticas, escriptas no album de sua espoza - Como diz o doutor Henrique Capitolino, são flores singelas e mimosas, colhidas no jardim d'alma ; são harmonias eólicas, vibradas por um coração amorozo, por um peito apaixonado ; são idylios ternos, canções celestes, harpejos doces, arrulos saudozos, desprendidos do inti- mo d'alma pelas emanações vivas e impetuosas do amor. Antes de seu casamento, sendo elle ainda estudante, dedicara à que foi sua espoza um poema, ao qual precedem os seguintes versos: Amor, querido amor, paixão sublime, Fértil de graças, cândido, singelo, Vai no teu peito, carinhosa amante, Esmaltar uma flor, um lirio bello: Ah ! não me culpes o querer louvar-te ; Si é fraca a voz da mal soante lyra, Suave agitação minha alma enleva, Possam meus lirios, minhas bellas rosas Beijar-te as faces languidas, formosas. Além de ter collaborado para innumeros jornaes e revistas, Torres Ban- deira redigiu a - Aurora Pernambucana. Recife, 1859 -E' uma revista em que se encontram excellentes escriptos de politica doutrinaria, de critica e litteratura. - Opinião nacional. Politica liberal. Redactores Aprigio Justiniano da Silva Guimarães, Antonio Rangel Torres Bandeira o João Coimbra. Recife, 1867 a 1870. Antonio do - Filho do antigo cirurgião do exercito portuguez Antonio do Rego, que se estabelecera no Maranhão, para onde fôra nomeado physico-mór em 1819, nasceu na capital desta provincia a 14 de agosto de 1820. Seguindo a profissão de seu pae, bacharelou-se em medicina na univer- sidade de Coimbra, e deu-se ao exercicio clinico em sua provincia, sendo o primeiro que abraçou ahi o systema de Hahnemann, quando foi elle di- vulgado no império ; foi por diversas vezes deputado á assembléa provin- cial, vereador da camara municipal de S. Luiz, e um dos fundadores do instituto litterario maranhense. Encommodos graves, porém, de sua saude o decidiram a retirar-se para Lisboa em 1869, e ahi fixou sua resi- dência com sua familia por muitos annos. Escreveu: - Almanak popular, mercantil, industrial e scientifico do] Maranhão para o anno de 1848. Maranhão, 1847, 220 pags., in-8° - E' o primeiro almanak do Maranhão. - Almanak do Maranhão para 1849 (2o anno). Maranhão, 1848, 206 300 A.1N pags. in-8°-A publicação foi interrompida ató 1858, em que começou regularmente sob a direcção de Bellarmino de Mattos ató 1868 (veja-se Bellarmino de M ittos), sendo, porém, um dos últimos feito por Antonio do Rego, isto é, o - Almanak do povo para 1867. S. Luiz, 1867 - Neste livro se acham importantes noticras e reflexões sobre o algodão, o assucar, e outros pro- ductos da província, dos quaes o doutor Cezar Marques dá alguns extra- ctos no seu « Diccionario historico do Maranhão ». - Quitança á meia noite: romance traduzido-Sahiu no periodico Progresso, em que collaborou de 1847 a 1850. - O mendigo negro por Paulo Feval. Traducção-Idem. - Os mysterios da inquisição : romance por Feval. Traducção - Idem. - Bibliotheca dramatica : Thealro moderno. Maranhão, 1853-1854 - Sob este titulo publicou doze opusculos, contendo os dez primeiros dez dramas, por elle traduzidos, que são : - Gaspar Hauser : drama em quatro actos de Anicet Bourgeois e d'Ennery. - Clara Harlow: drama em tres actos, intermediado de canto por Dumanoir, Clairville e Guilhard. - O cavalleiro da casa vermelha ; episodio do tempo dos Girondinos : drama em cinco actos e doze quadros por Alexandre Dumas e Augusto Maquet. - O cazal das giestas : drama em cinco actos e oito quadros, precedido de um prologo por Frederico Soulié. - M ademoiselle de Belle-isle : drama em cinco actos de Alexandre Dumas. - A estalagem da Virgem : drama em cinco actos por Hipolito Hosteim e Tavenet. - Simão, o ladrão : drama em quatro actos por Lourencin. - Os dous serralheiros : drama em cinco actos por Felix Piat. - O orphão da ponte de Nossa Senhora : drama èm quatro actos por Alexandre Dumas. - O jogador de bilhar : drama traduzido - E' o ultimo. - Instrucção para o tratamento da colera-morbus pelo methodo homoeo- pathico. Maranhão, 1862. - Rudimentos de geographia para uso das escolas da instrucção pri- maria. Maranhão, 1862, 82 pags. in-8° - Sahiu segunda edição em 1866, 85 pags. in-8.° - O livro dos meninos : curso elementar de instrucção primaria. Maranhão, 1862, 2 vols.- Contém : O Io vol : Exercícios de pro- nuncia, 152 pags. O 2° vol : Exercícios de leitura ; Exercícios de me- mória. Em 1865 se publicou uma edição nova de toda obra n'um só vol. de 367 pags., sendo esta edição de seis mil exemplares e a primeira de mil. - Codigo municipal da camara da capital da província do Maranhão AN 301 ou repertório das leis, avisos, ordens, instrucções e portarias relativas ás camaras munic.ipaes e especialmente áde S. Luiz do Maranhão. S. Luiz, 1866, 907 pags. in-8.° - J oãosinho : leitura para meninos por Charles Jeannet. Traducção. Maranhão, 1868, 306 pags. - Na imprensa periódica redigiu com outros : -• Diário de Maranhão. Maranhão, 1855-1858. - A Conciliação. Maranhão, 1862-1865. Antonio Rilbeiro de Moura - Sei apenas que se for- mara em direito, exercera na cidad: do Rio de Janeiro a profissão de advogado, achando-se seu nome ainda no « Almanak administrativo, mer- cantil e industrial de 1871 » á pag. 433, e escreveu : - Manual do edificante, do proprietário e do inquilino, ou novo tra- tado dos direitos e obrigações sobre a edificação de casas, e acerca do arrendamento ou aluguel das mesmas conforme o direito romano, pátrio e uso das nações, seguido da exposição das acções judiciarias que com- petem ao edificante, ao proprietário e ao inquilino. Rio de Janeiro, 1858. Antonio Ricardo Lustoza de Andrade - Sei apenas que exerce o cargo de thesoureiro da thesouraria de fazenda na província do Paraná, d'onde é talvez natural, e que escreveu : - Breve noticia da igreja da Ordem Terceira de S. Francisco das Chagas. Coritiba, 1880, 21 pags. in-8.° Antonio da Ifcoclia íjczcrra (divalcanti - Ca- pitão do 3o regimento de artilharia, nasceu em 1837, segundo me consta, na província do Rio Grande do Norte, fez o curso da arma em que serve, assentando praça em 1855, sen .0 promovido a 2o tenente em 1860, a lu tenente em 1867, e a capitão por actos de bravura na guerra contra o Paraguay no anno seguinte. E' cavalleiro das ordens de S. Bento de Aviz, do Cruz iro, da Roza e de Christo, e condecorado com a medalha commemorativa da rendição de Uruguayana, a que assistiu a 18 de sAembro de 1865, com a medalha de Mérito em campanha, etc. Escreveu : - Estudos sobre a lei de promoções dos officiaes do exercito. Rio de Janeiro, 1871, 51 pags. in-8.° - Recrutamento pelo capitão Bezerra Cavalcanti. Rio de Janeiro, 1871, 14 pags. in-4.° Antonio cia Rocha Franco - Consta-me que fôra na- tural da província de Minas Geraes e parente do doutor Francisco de Mello Franco, de quem hei de tratar mais tarde. Presbytero secular do habito de S. Pedro, e conego honorário da capella imperial; tendo sido nomeado vigário da freguezia de Nossa Senhora da Piedade de Anhú-mirim, apenas parochiou a freguezia de 28 de abril 302 AN de 1811 ao fim de abril do anno seguinte; depois exerceu o cargo de vigário da vara de Villa-Rica, hoje Ouro-Preto, capital de sua provincia ; foi deputado á assembléa constituinte brazileira pela dita provincia, prégador e escreveu : - Oração fúnebre, que nas solemnes exequias, com que na cathedral de Marianna suffragou a virtuoza alma da rainha fidelíssima dona Maria I de louvada memória o excellentissimo e reverendíssimo senhor dom frei CyprianodeS. José, bispo Jaquelle bispado, recitou, presentes o illus- trissimo e reverendíssimo cabido, senado da camara e clero, o padre Antonio da Rocha Franco, actual vigário da vara de Villa-Rica, no dia 7 de maio de 1816. Rio de Janeiro, 1817, 26 pags. in-4°- E' precedida a oração de uma carta dedicatória ao Conde de Palma. - Oração fúnebre, qúe nas solemnes exequias, celebradas em memória do sereníssimo senhor dom Pedro Carlos de Bourbon e Bragança, infante de Hespanha e almirante general da marinha portugueza, recitou na sé parochial de Ouro-Preto de Villa-Rica no dia 8 de julho de 1812, presentes o excellentissimo Conde de Palma, governador e capitão general daquella capitania, camara, nobreza e clero, o padre Antonio da Rocha Franco, etc Rio de Janeiro, 1812, 19 pags. in-4.° - Oração gratulatoria, que por occasião do juramento da constituição braziliense, no acto de sua solemnidade na imperial cidade de Ouro-Preto e capella do Carmo, a 6 de abril do corrente anno (1824), recitou o vigário Antonio da Rocha Franco. Ouro-Preto, 1824. Antonio da Rocha Lima - Consta-me que é natural da provincia do Ceará, e que ahi reside. E' presbytero secular do habito de S. Pedro, e escreveu : - Critica litteraria. Maranhão, 1878 - Não vieste escripto, e por isso não posso dar delia mais noticia. A_míomío da Rocha ViaMMa - Filho de paes muito pobres, nasceu na provincia da Bahia a 31 de agosto de 1822 e ahi falleceu a 13 de março de 1881, victima de uma peritonite. Sendo presbytero secular, cujas ordens recebera em 1847, fez em Per- nambuco o curso de sciencias sociaes e juridicas, recebendo o grau de bacharel em 1855 ; foi por muitas vezes deputado á assembléa de sua pro- vincia ; parocho collado da freguezia do Sacramento da Rua do Paço, desembargador da relação ecclesiastica, examinador synodal, lente de direito canonico do seminário archiepiscopal, advogado no fôro da capital e escreveu : - Compilação em indice alphabetico de todas as leis provinciaes da Bahia, regulamentos o actos do governo para execução das mesmas desde 1835 até 1858. Bahia, 1859. - Compilação em indice alphabetico das disposições das leis civis bra- zileiras, e que regem matéria canónica. Bahia, 1867, 123 pags. in-4.° AN 303 - Ligeira analyse sobre as disposições da constituição Apostolicce sedis. Bahia, 18" Antonio Rodrigues de Almeida Pinto - E' na- tural da província do Pará onde tem residência, e onde dedicando-se ao funccionalismo publico, depois de servir por muitos annos o logar de di- rector do correio de Belém, se acha actualmente aposentado neste logar, e escreveu : - Catalogo dos homens que têm governado a província do Pará, desde que nella se reconheceu a inlependencia do Brazil. Pará, 1864, 7 pags. in-4.° - O bispado do Grão-Parà durante a vida de seu 8° bispo dom Ro- mualdo Antonio Coelho. Pará, 1872, 39 pags. e 4 fls. in-4°, com o re- trato do bispo. Antonio Rodrigues do Couto - Nasceu na provín- cia do Pará, em cuja capital reside. Moço de muita actividade, foi admi- nistrador do Diário de Belém, collaborando também para este jornal, e es- creveu : - Almanak do Diário de Belém, redigido pelo administrador do mesmo diário. (Annos 1°, 2o e 3.°) Pará, 1878, 1879, 1880, 3 vols. in-8.° Antonio Rodrigues Dantas - Natural da cidade de Marianna, província de Minas Geraes, onde deve ter nascido antes do meiado do século passado, era presbytero secular e muito versado na lín- gua latina, de que foi professor régio em Lúbôa, e escreveu : - Arte latina ou nova collecção dos melhores preceitos para se apren- der breve e solidamente a lingua latina. Lisboa, 1773 - O que prova a excellencia desta obra é que depois desta edição se fizeram successiva- mente mais tres edições até o anno de 1794. A quarta edição tem 248 paginas. Ha edição posterior a esta. - Explicação da syntaxe latina. Lisboa, 1773 - O mesmo deu-se com este livro ; em 1781 já se publicava terceira edição delle. E ainda no século presente, em 1816, veiu á luz uma edição e outra em 1844 sendo todas em Lisboa. A-utonio Rodrigues Pereira Labre - Nasceu na província do Maranhão, na villa de Pastos-Bons. Passando-se, ha alguns annos, para a província do Amazonas, fixou sua residência nas margens do rio Punis, abaixo da foz do Ituxi, quatro milhas pouco mais ou menos aos 7o 18' 43" de latitude sul e 64° 77' 15'' de longitude oeste de Greenwich, eahi estabeleceu uma colonia, a que deu o nome de Labria, habitada em sua maioria por maranhenses e por es- trangeiros. E' coronel da guarda nacional, tem sido deputado á assembléa da mesma província, e escreveu : 304 - Rio Puràs : noticia. Máranhão, 1872 - Esta obra, como diz seu autor na advertência que a precede, é destinada ao povo e especialmente áquelles, que quizerem se estabelecer no Purús, com o fim, já de explorar e colher partido das fontes e riquezas naturaes, em que abunia este paiz, já de auferir vantagens da industria agraria, onde as terras são de uma fertilidade prodigiosa. Contém um mappa dos principaes affluentes deste rio com as distancias em milhas inglezas, marcando-se dous pontos de ele- vação do nivelamento do mar. - A seringueira (syphonia cahucha ou chiringa em lingua ge- ral). Pará, 1873 - com quatro finíssimas gravuras, representando a planta, o processo de extracção do leite, materiaes, instrumentos para isto, etc. - Achy ou os cathanichys : estudos ethnographicos de alguns selva- gens habitantes do rio Purús - Uma parte deste trabalho sahiu em Ma- náos, no Commercio do Amazonas, ns. 95, 96, 97, 102, 105, 107, 108, 109, 111, 115, 119, 123 e 153, de 11 de março a 5 de junho de 1880, época, em que cessou a publicação do dito jornal. An. toiiio Rodrig^ues Veilozo de Oliveira - Pai do desembargador Henrique Veilozo de Oliveira, de quem se trata neste li- vro, e filho de José Rodrigues Pereira e de dona Anna de Oliveira Montes, nasceu na , rovincia de S. Paulo depois do anno de 1750 e falleceu no Rio de Janeiro a 11 de março de 1824. Formado em direito pela universidade de Coimbra, seguiu a magistra- tura, principiando por exercer um logar na ilha da Madeira ; foi chan celler da relação do Maranhão em sua instituição, desembargador do paço, deputado da mesa da consciência e ordens, juiz conservador da na- ção britannica em todo districto da casa da supplicação doBrazil, primeiro deputado da junta da administração da fazenda na capitania do Maranhão, d'onde se retirou em 1818 por desavenças que teve com o governador, e desgostoso com as decisões do governo da côrte, a elle contrarias ; e sendo deputado á constituinte brazileira, defendeu com toda energia a idéa de se acabar a escravidão dos africanos. Era do conselho de sua alteza real e de sua magestade o senhor dom Pedro I, fidalgo cavalleiro da real casa, commendador da ordem de Christo, e um dos mais notáveis estadistas de sua época, e de idéas mais liberaes. Seu retrato em ponto grande se acha em uma das paredes da secretaria da santa casa da misericórdia do Maranhão, pelos serviços que ahi pres- tara como provedor. Escreveu : - Tratado do jogo de voltarête com as leis geraes do jogo. Lisboa, 1794, in-8.° - Memória sobre o melhoramento da provinciade S. Paulo, applicavel em grande parte ás outras províncias do Brazil. Rio de Janeiro, 1822, 143 pags. in-4° - Esta memória foi escripta em 1810, e em 1868 foi reprodu- zida pelo instituto historico em sua revista, tomo 31°, parte Ia, pags. 5 a AN 305 106. Ella é dividida em duas partes : a Ia parto tem nove capítulos ; a 2a tem doze, em dous dos quaes se trata das causas que têm retardado o progresso da agricultura, e das providencias precisas para defesa da ca- pitania, quer por terra, quer por mar. - Memória sobre a agricultura e colonisação do Brazil - Foi escripta em 1814, quando o autor exercia o cargo de chanceller da relação do Ma- ranhão ; enviada ao instituto historico pelo doutor C. A. Marques em 1867, e publicada na revista, tomo 36°, parte Ia, 1873, pags. 91 a 133. - Divisão ecclesiastica do Brazil. 1819 - Sahiu na mesma revista, tomo 27°, 1864, pags. 263 e seguintes. - A igreja no Brazil, ou informações para servir de base á divisão dos bispados, projectada no anno de 1819, com a estatística da população do Brazil, considerada em todas as differentes classes na conformidade dos mappas das respectivas províncias e numero de seus habitantes. Rio de Janeiro, 1822, 172 pags. - Foi publicada antes nos Annaes flumi- nenses de sciencias, artes e litteratura, tomo Io, 1822, pags. 57 a 115; teve nova edição em 1847, e foi ainda impressa na Revista do instituto, tomo 29°, 1866, pags. 159 a 200. yVutonlo Roza da Co^ta-E' natural da província de Pernambuco. Consta-me que estudou na antiga escola central; mas não sei si concluiu o curso da mesma escola, nem o que se passou depois rela- tivamente a sua pessoa. Dedicava-se então ao cultivo da poesia e escre- veu : - Balbuciações (collecção de versos). Rio de Janeiro, 1873 - Vi este volume na bibliotheca municipal. Antonio de Sá - Nasceu no Rio de Janeiro a 26 de junho de 1620 e falleceu a 1 de janeiro de 1678 ; fez todos seus estudos no collegio dos jesuitas da cidade de seu nascimento e ahi tomou a roupeta em 1639, lec- cionou theologia e diversas matérias de humanidades, e foi depois a Por- tugal, e a Roma, onde se demorou alguns annos no exercício do cargo de secretario geral dos jesuitas, voltaudo d'ahi á patria. Discípulo do padre Antonio Vieira e, na opinião de alguns contempo- râneos, seu rival, foi por estes designado o príncipe da tribuna ecclesias- tica. Como refere Innocencio da Silva, todos os cri ticos são concordes em consideral-o como orador de linguagemmui pura, de estylo correcto e elegante, e finalmente como um dos que mais se approximaram de Vieira, ou antes como seu melhor discípulo. Escreveu: - Sermão pregado á Justiça na santa sé da Bahia na primeira oitava do Espirito Santo. Lisboa, 1658 - Segunda edição, Coimbra, 1672, 21 pags. in-4u - Terceira edição, idem, 1786, 21 pags. in-4.° - De venerabile patre Joanne de Almeida oratio. Lisboa, 1658 - Sahiu na obra sobre a vida deste padre. 306 AJN - Sermão prégado no dia em que sua magestade fez annos, em 21 de agosto de 1653. Coimbra, 1665, in-4.° - Sermão prégado no dia de cinza na capella real. Lisboa, 1669, in-4° - Deste sermão faz o conego J. C. Fernandes Pinheiro menção no seu Curso de litteratura, transcrevendo um trecho que elle considera só ter como rivaes os melhores trechos de Antonio Vieira. - Sermão da primeira sexta-feira de quaresma, na freguezia de S. Ju- lião. Lisboa, 1674, in-4° - Deste sermão transcreve o mesmo conego a bellissima pintura, que faz o orador do homem em geral, e do christão em particular. - Sermão dos Passos do Senhor, prégado ao recolher da procissão. Lisboa, 1675, in-4°-Segunda edição, Coimbra, 1689. Também delle faz menção o dito conego Fernandes Pinheiro, citando como modelo de prosopopea um trecho, em que o orador se dirige aos peccadores- - Sermão da Conceição da Virgem Maria na igreja matriz de Per- nambuco. Coimbra, 1675, in-4.° - Sermão da quarta dominga de quaresma, prégado na capella real no anno de 1660. Coimbra, 1675, in-4.° - Sermão de S. Thomè, apostolo, na capella real. Lisboa, 1675, in-4.° - Sermão do glorioso S. Josè, esposo da Mãi de Deus. Coimbra, 1675, in-4°. Publicaram-se ainda do padre Sá : - Sermão de N. S. das Maravilhas, prégado na sé da Bahia no anno de 1660. Lisboa, 1732 - Esta publicação e as que se seguem, são publicações posthumas. - Oração fúnebre das exequias da sereníssima rainha de Portugal, dona Luiza Francisca de Gusmão, em 1666. Lisboa, 1735, in-4.° - Sermões vários do padre Antonio de Sá, da companhia de Jesus. Lisboa, 1750 - Contém este livro os sermões já mencionados, e mais cinco, de quaresma, que o autor confiara, pouco antes de sua morte, a um livreiro-impressor para dal-os ao prelo, e que o livreiro entendeu melhor encorporal-os aos sermões do bispo de Martyria, dom frei Christovão de Almeida, publicados em Lisboa em 1680- - Memórias dos martyrios do Salvador e de S. Cláudio-Inéditos, cujos manuscriptos se achavam em Tibans, segundo affirma Bento Fa- rinha. Antonio Salustiano do Nascimento Vianna - Nasceu na cidade da Cachoeira, província da Bahia, em 1830, filho de Antonio do Nascimento Vianna e de dona Anna Joaquina do Bom-Suc- cesso, e falleceu em agosto de 1881 na mesma cidade.. Doutorado em medicina pela faculdade de sua província em 1852, serviu algum tempo no corpo de saude da armada, apresentou-se em 1873 ao concurso a um logar de oppositor da secção medica da dita faculdade, e escreveu: AN 307 - Breves considerações sobre a medicina legal, applicada ao casa- mento: these inaugural. Bahia, 1852 - Trata do homem e da mulher, em capítulos separados, considerados debaixo do ponto de vista medico-legal o das relações physica e moral. - Herança pathologica : these apresentada no concurso a um logar de oppositor da secção de sciencias medicas. Bahia, 1873. Frei Antonio de Sampaio - Natural da Bahia, e reli- gioso, não sei de que ordem, vivia no ultimo quartel do século XVIII e foi um eximio prégador, mas só me consta que publicasse o seu - Elogio fúnebre pronunciado na Bahia por occasião das exequias de dom José I. Lisboa. 1781 - O Visconde de Porto-Seguro transcreveu alguns trechos deste elogio na sua Historia do Brazil, tomo 2o, pags. 974 e seguinte. Frei Antonio de SanF Anna Galvão - Chamado no século Antonio Galvão da França e natural de Guaratinguetá, província de S. Paulo, ahi falleceu a 23 de dezembro de 1822. Era religioso da ordem franciscana, muito respeitado não só por sua grande erudição, como por suas raras virtudes que o fizeram ser tido em conta de santo ; foi um dos fundadores do recolhimento da Luz, onde foi sepultado, e sendo eleito presidente e mestre de noviços do convento de Macacú, não tomou posse deste cargo, a pedido do bispo de S. Paulo, que o queria na sua diocese. Escreveu: - O convento da Luz em S. Paulo - Esta obra consta-me que foi pu- blicada em Lisboa; não a vi. Ultimamente foi transcripta no periódico Luz, tomo 2o, pags. 217, 225, 233 e 241 e seguintes. Frei Antonio de Santa Gertrudes - Nasceu na cidade do Rio de Janeiro pelo anno de 1784, sendo seus paes José Fran- cisco de Figueiredo e dona Feliciana Gertrudes da Conceição. Carmelita, cujo habito recebeu a 2 de junho de 1804, exerceu diversos cargos áté o de provincial em sua ordem, que elle exaltou não só por sua vasta erudição, como também por sua prudência e zelo administrativo ; foi eximio theologo, e tão douto, tanto nas lettras sagradas como nas pro- fanas, que se dizia que elle em sua cabeça trazia uma bibliotheca ; foi prégador imperial, e orador tão eloquente e fecundo, que, como disse Balthazar da Silva Lisboa, era appellidado de Bossuet brazileiro. Escreveu muitos sermões, que deixou inéditos, tendo publicado alguns, de que apenas conheço : - Sermão de graças, prégado na igreja da ordem terceira do Carmo a 3 de abril de 1826, pela chegada do imperador dom Pedro I ao Rio de Ja- neiro de volta da Bahia. Rio de Janeiro, 1826. - Sermão que na solemne acção de graças pelo regresso dos exilados da cidade de S. Paulo recitou na capella da ordem terceira do Carmo da 308 AN mesma cidade aos 9 de novembro de 1823. Rio de Janeiro, 1823, 15 pags. in-4°-E' ofíerecido este sermão ao intendente geral da policia, desem- bargador Estevão Ribeiro de Rezende, depois Marquez de Valença, sendo a festividade promovida por parentes e amigos dos comprehendidos na devassa sobre os acontecimentos de 23 de maio de 1822 em S. Paulo, a qual fôra suspensa com a retirada do ministério de 16 de julho deste anno, por ordem do ministério que o succedeu. Frei .Antonio de Santa Mafitld-a - Chamado no século Antonio José Ferreira, filho de Manoel José Ferreira e de dona Filippa Maria de Jesus, nasceu emS. Paulo pouco antes do anno de 1780, e falleceu na côrte a 14 de dezembro de 1837. Professou na ordem dos franciscanos, na côrte, em 1797 ; foi presidente do convento de Santos, e do de Taubaté, guardião deste, definidor, vigário provincial, secretario da província, ministro provincial e prégador, e escreveu : - Resposta do provincial dos franciscanos do Rio de Janeiro sobre as questões, de que trata a memória, que com a portaria do governo lhe foi dirigida para dar o seu parecer. Rio de Janeiro, 1837, 16 pags. in-8°- A bibliotheca nacional p*ossue esta obra ; procureí-a para ver sobre que versa a memória cm questão, mas não pude vel-a. lTi'ei Antonio <d.e Santa Maria - Nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro no anno de 1700 e falleceu em 1750. Foi religioso da ordem dos franciscanos, professo no convento da Im- maculada Conceição do Rio de Janeiro a 23 de julho de 1714, e formado em cânones na universidade de Coimbra. Leccionou durante alguns annos .com muito applauso philosophia e theologia no convento da Bahia; foi orador sagrado de muita nomeada e, como diziam frei Francisco de S. Carlos e frei Francisco de Santa Thereza de Jesus Sampaio, o astro mais brilhante do orbe seraphico brazileiro, e escreveu : - Sermonario de varias festividades solemnes do Rio de Janeiro - Ia publicar uma collecção de seus sermões com este titulo, quando a morte o sorprendeu. Não sei que destino teve este livro. Barboza Machado dá delle noticia em sua importantíssima Bibliotheca luzitana, assim como frei Apollinario da Conceição na sua obra « Primazia seraphica na região da America ou novo descobrimento de santos o veneráveis religiosos, que ennobrecemo novo mundo com suas virtudes e acções » capitulo 9o, pag. 92. Em sua vida só sei que frei Antonio de Santa Maria publicasse o - Sermão do beato S. Gonçalo Garcia. Lisboa, 1749. 0 bibliographo, de quem fallei, Barboza Machado, faz menção em sua obra citada do nada menos de cinco frades com o mesmo nome de frei An- tonio de Santa Maria, além deste de quem trato, todos naturaes de Por- tugal e de seus domínios na Asia. AN 309 IPrei Antonio de Santa Maria Jaboatão - Nasceu na freguezia de Santo Amaro de Jaboatão, hoje villa e séde da comarca deste nome, em 1695 e falleceu entre os annos do 1763 e 1765. Foi religioso franciscano, professo a 12 de dezembro de 1717, no con- vento de Paraguassú, da Bahia, d'onde passou a concluir seus estudos e receber as ordens sacras em Pernambuco ; foi mestro de noviços no convento de Iguarassú, guardião por duas vezes no da Parahyba, secre- tario do capitulo, prelado local no convento de Santo Antonio do Recife, definidor, o chronista-mór da ordem. Poeta nos primeiros annos da vida claustral, prégador distincto, o académico da academia brazilica dos renascidas, escreveu : - Orbe seraphco novo, brazilico, descoberto, estabelecido e cultivado a influxos da nova luz da Italia, estrella brilhante da Hespanha, luzido sol de Pa lua, astro maior do céo de Francisco, o thaumaturgo portuguez Santo Antonio, a quem vai consagrada, como theatro glorioso, a parte primeira da chronica dos frades menores da mais estreita e regular observância da provincia do Brazil. Lisboa, 1761 -• A morte subsequente do autor foi causa de não sahir a continuação desta importante obra, senão um século depois. O instituto historico e geographico, possuindo os manuscriptos da segunda parte, depois de um exame, incumbido ao con- selheiro Diogo Soares da Silva de Bivar, cujo parecer se acha no 2o vo- lume da revista do mesmo instituto, resolveu dar á luz a obra completa, e então foi publicado : - Novo orbe seraphico brazileiro, ou chronica dos frades menores da provincia do Brazil, etc. Rio de Janeiro, 1858-1862, 5 vols. em duas partes - a saber : - /aparte, Io e 2° vols. - Comprehendom a obra precedente, publicada em Lisboa, 1761. Foi, porém, supprimido da primeira edição um indice de certos factos notáveis do preambulo e um discurso panegyrico da vida de frei Luiz da Annunciação. Tem o Io vol. 420 pags. ; o 2o 436. - 2 a parte, 3o, 4o e 5o vols.- Constituem a parte inédita, de que o insti- tuto historico possuia o manuscripto e seguem-se ao 5o volume diversas annotações do conego J. C. Fernandes Pinheiro, destinadas a rectificar alguns erros o inoxactidoes do chronista. Têm estes tres volumes 840 pa- ginas, seguidamente numeradas, e sob o titulo Advertência se lè no fron- tispício da 2a parte desta obra o seguinte : « Orbe seraphico novo, brazilico : parte segunda da chronica dos frades menores da mais estreita e regular observância da provincia de Santo An- tonio do Brazil, consagrada ao mesmo santo, como patrão e padroeiro desta sua provincia, mandado imprimir pelo M. R. P. Mestre frei Jacintho de Santa Brigida, ex-leitor de theologia, ex-definidor e ministro provincial, existente desde Io de dezembro de 1764 até 1768. Nunca appareceu impressa, como aindt não o foi até o presente anno de 1826, e por isso deve ser guardada no archivo da provincia, que é na cella dos ministros provinciaes no convento capitular da cidade da Bahia, afim de 310 AN se achar a todo o tempo que se precisar de algum dos documentos que nella se contém, juntos com tanto trabalho por seu autor, etc. » - Discurso historico, geographico, genealógico, político e enco- miástico, recitado em a nova celebridade, que dedicaram os pardos de Pernambuco ao santo de sua côr, o B. Gonçalo Garcia. Lisboa, 1751. - Sermão de Santo Antonio em o dia de Corpo de Deus no convento do Recife. Lisboa, 1751. - Sermão de S. Pedro Martyr, prégado na matriz do Corpo-Santo do Recife. Lisboa, 1751. - Sermão da restauração de Pernambuco do dominio hollandez, pré- gado na Sé de Olinda em o anno de 1731. Lisboa, 1752 - Sahiu repro- duzido na Revista do instituto historico, tomo 23°, 1860, pags. 365 a 386. Fôra copiado e offerecido a sua magestade o Imperador pelo padre Lino do Monte Carmello, e por sua magestade offerecido ao instituto. - Josephina regio-equivoco-panegyrico : tres praticas e um sermão do glorioso patriarcha S. José, offerecidos ao fidelíssimo rei dom José em um discurso encomiástico de sua feliz e auspiciosa acclamação, prégados na igreja matriz da Parahyba. Lisboa, 1753. - Sermão da rainha Santa Izabel de Portugal. Lisboa, 1762. - Gemidos seraphicos : exequias celebradas pela província de Santo An- tonio na morte do fidelíssimo rei, dom João V. Lisboa, 1755 - São da penna de frei Antonio Jaboatão a delicatoria á rainha,dona Maria Anna d'Áustria, e um sermão que por essa occasião prégara elle no convento do Recife. - Jaboatão mistico em correntes sacras dividido. Corrente Ia- : pane- gyrica e moral. Lisboa, 1758 -Este livro contém uma collecção de dez sermões diversos. - Corrente 2.& Panegyrica e moral - Inédita. Consta de sermões em solemnidades de diversos santos. -• Corrente 3.* Scraphica e panegyrica - Idem. Contém sermões de santos e de varias solemnidades da ordem seraphica. - Corrente 4.a Moral e ascética- Idem. Contém sermões de qua- resma, penitencia e doutrina. - Corrente 5.* - Idem. Contém sermões em diversas festividades e titulos da Santíssima Virgem. - Catalogo genealógico das principaes famílias, que procedem de Albuquerques e Cavalcantes em Pernambuco, e Caramurús na Bahia, tirado de memórias, manuscriptos antigos e fidedignos, autorizados por alguns escriptores, por frei Antonio de Santa Maria Jaboatão - Original de 546 pags. Pertence ao instituto historico. Das poesias de frei Antonio Jaboatão não ha noticia alguma ; consta-me que elle, antes de fallecer, as inutilisou. Frei Antonio de Santa Maria Traripe - Natural da Bahia, nasceu na Purificação de Santo Amaro em 1707 e falleceu em Olinda depois de 1761. AN 311 Foi religioso da ordem franciscana, tendo professado a 19 de outubro de 1725 no convento de Iguarassú, de Pernambuco; exerceu em sua ordem diversos cargos ; foi lente de theologia, pregador e missionário de grande erudição e virtudes, e escreveu algumas obras, de que apenas publicou : - Carta apologética sobre uma critica feita por certo P. M. de outra ordem a algumas proposições do sermão de S. Pedro Martyr, prégado por um seu companheiro. Lisboa, 1754 - Esta carta vem impressa n'um volume com o sermão, cujo autor é frei André de S. Luiz, portuguez, professo no convento da Bahia. Si não fosse esse impulso de amizade, ou colleguismo que influiu no animo de frei Antonio Traripe, nem esse mesmo escripto de sua lavra possuiria a bibliotheca brazileira. Frei Antonio de Santa Rita - Nascido na provincia da Bahia em 1701 e entrou na ordem seraphica de S. Francisco, profes- sando no convento de Sergipe do Conde a 4 de outubro de 1719 com dezoito annos de idade. Passando para o convento de Pernambuco, ahi leccionou theologia, e exerceu os cargos de guardião e definidor. Foi pregador, o seus sermões eram muito applaudidos, mas delles publicou-se apenas o seguinte : - Sermão do Seráfico Padre S. Francisco, celebrando pontifical- mente o primaz da índia dom Lourenço de Santa Maria. Lisboa, 17' * - Este mesmo sermão foi publicado, porque o dito primaz pediu delle uma cópia, e mandou imprimir á expensas suas. Frei Antonio cie S:inta l'r^ulít Rodovalho - Chamado no século Antonio de Mello Freitas, filho de Thimotheo Corrêa de Toledo e de dona Ursula Izabel de Mello, nasceu em Taubatè, pro- vinciade S. Paulo, a 1 de novembro de 1762 e falleceu a 2 de dezembro de 1817. Foi religioso franciscano da provincia da Conceição do Rio de Janeiro, professo no convento de S. Paulo; ahi exerceu o cargo de guardião e o de provincial no da côrte; foi em 1781 nomeado lente de prima e leccionou depois philosophia tanto na sua ordem como no seminário de S. José ; sendo eleito bispo de Angola a 25 de abril de 1810, renunciou o alto encargo em 1811 sem assumir a elle; era pregador e censor régio, versado em diversas linguas, assim como nas sciencias ecclesias- ticas, e escreveu muitos sermões, dos quaes só me consta que désse á estampa: - Oração fúnebre á memória do... Marquez de Lavradio, recitada na cathedral do Rio de Janeiro nas exequias que lhe consagraram os cidadãos da mesma cidade. Lisboa, 1791, 24 pags. in-4.° - Oração em acção de graças que pelo feliz e augusto natalicio da serenissima senhora dona Maria Thereza, princeza da Beira, recitou na cathedral do Rio de Janeiro a 19 de novembro de 1793 frei Antonio de Santa Ursula Rodovalho, a qual oflerece á mesma senhora no anno de 1809. 312 Rio do Janeiro, 1809, 22 pags. in-4°-Alfirma o doutor José Tito Nabuco de Araújo, de quem occupar-me-hei opportunamente, que frei Antonio Ro- dovalho na época de seu fallecimento escrevia um - Tratado de philosophia- de que uma grande parto se achava em estalo de entrar no prelo, combatendo a volumosa o importante obra de um philosopho italiano. E' provavelmente a obra a que allúde o Visconde do Araguaya em seus Opusculos históricas, pag. 307, quando se refere a frei F. de Monte Alverne, isto ó, a traducção e commentario da obra: - La religione dimostrata e defesa de Alexandre Maria Tassoni. - Numero, estado e occupações presentes dos religiosos sacerdotes em toda província da Immaculada Conceição do Brazil, que consta de treze conventos, 1810-O original de 3 fols. estovo na exposição de historia patria de 1881. Antonio dos Santos Jacintlio - Natural da cidade de Larangeiras, província de Sergipe, nasceu a 3 do maio de 1827. Fez na Bahia sua educação litteraria até doutorar-se cm medicina em 1852, sendo na faculdade considerado como um dos primeiros estudantes por sua intelligencia o applicação ; e estabelecendo-se depois na villa de S. Bento, do Maranhão, ahi cazou-se, e exerceu sua profissão até 1869. Passando á capital desta província, foi empregado como medico da policia, do serviço de saude militar, da cadeia, e do hospital da misericórdia, sendo também commissario vaccinador da freguezia de Nossa Senhora da Victoria. Escreveu : - Ultra vera est, vitalis an organiza doctrina : these para o dou- torado em medicina. Bahia, 1852 - Em sua these toda escripta em latim, sustenta a doutrina do vitalismo. Consta-me que é de sua penna o livro intitulado : - As sociedades secreas. Maranhão, 1881, 130 pags. in-12 -E' um livro contra a maçonaria. No ultimo capitulo, que tem por titulo Summa contra os maçons, nega o autor, que a maçonaria seja uma sociedade beneficente ; que faça o que recommenda o evangelho : dar a esmola com tanta reserva, que a mão direita não veja a esquerda ; que a igreja não tenha o direito de condemnal-a, etc. Esta obra traz as iniciaes C. J. jAntonio Scipião da Silva Jucá - Natural da pro- víncia do Alagoas, nasceu na cidade de S. Miguel de Campos em 1835, sendo seus paos o capitão Francisco Joaquim da Silva Jucá e dona Flo- ripes Felicia da Silva Jucá. Depois de cursar algumas aulas de humanidales, deu-se ao funcciona- lismo publico em sua província, aproveitando as folgas que lhe deixam os trabalhos de sua repartição para dedicar-se ao cultivo das lettras, e sobre- tudo da litteratura amena, e escreveu : - Harpa desafinada : poesias. Bahia, 1860 - E' uma collecção de suas primeiras composições poéticas. A.ÍN 313 - Melodias e distracções: poesias. Maceió, 1871 - Esto volume foi applaudido pela imprensa da provincia, onde me parece qúe se limitou a distribuição delle, como é de estylo, e por isso passam desapercebidas, muitas vezes, producções litterarias de bastante mérito e interesse. - A maçonaria e a igreja. Maceió, 1871 - Depois de ter o autor feito uma conferencia publica sobro este assumpto, na qual defende a maçonaria do ataques que lhe são feitos, publicou este trabalho, em virtude do qual lhe foi conferido o grau 18 polo Oriente unido dos bene- dictinos. - Os amantes disfarçados : comedia em um acto - Ainda não foi impressa; mas foi representada no theatro de Maceió com muito ap- plauso. - Pelos Santos se beijam as pedras : comedia - Idem. - Os tres dominós : comedia - Idem. - S cenas escolares : comedia - Idem. Estas comedias têm sido levadas á scena de 1870 a 1876. - Diversos discursos - pronunciados como orador da loja maçónica Perfeita amizade alagoana, publicados no periodico Labarum, orgão da maçonaiúa. Maceió, 1784 - 1876. - Flores e lagrimas : romance-Inédito. Esto romance é escripto sobre um facto verídico ao gosto do Raphael de Lamartine ou da Grasiela, e intercallado de versos. Depois de seu segundo volume de versos, Silva Jucá tem publicado muitas poesias em avulso, algumas das quaes têm sido reproduzidas dos jornaesde Alagoas para o Eco americano, o Jornal do Recife, e outros. Entre estas poesias conheço as seguintes: - Plus ultra. Imprensa e vapor - No Liberal, de Maceió, em outubro de 1871, e no Eco americano de 31 de maio de 1872. - Ao Brazil. Alerta! -No Liberal, 1873. - Saldanha Marinho -No periodico Palavra, 1876. - José de Alencar - No Jornal das Alagoas, 1877. - O General Osorio ( por occasião de sua morte ) - No Liberal, em outubro de 1879. E' offerecida á redacção deste jornal. Têm sido attribuidas a Silva Jucá, não sei com que fundamento as - Bernardiadas ou a fraude eleitoral de Smt'Anna de Ipanema: poema heroi-comico-satirico. Maceió, 1882 - Este poema tem por as- sumpto as eleições à assembléa geral legislativa, em 1881, do 5o districto, em que foi dado o diploma de deputado ao bacharel Bernardo de Men- donça Sobrinho, sendo pela camara reconhecido outro como deputado. A.ntonio Seciozo Moreira de Sã - Natural do Rio de Janeiro e nascido a 3 de fevereiro de 1833, fez o curso da faculdade de medicina, onde se doutorou em 1858, e estabeleceu-se como clinico na cidade de Campos de Goitacazes ; d'ahi passou para a côrte, onde reside, e se tornou notável sectário das ideias, ditas ultramontanas, por occasião da 314 AN questão, chamada religiosa, que abalou o catholicismo brazileiro, es- creveu sobre este assumpto alguns artigos no periodico Apostolo, e mais : - Acção do coração na circulação do sangue. Quaes as forças que presidem a circulação do sangue ? Das causas do parto. Propriedades geraes dos corpos : these inaugural. Rio de Janeiro, 1858, 99 pags. in-4° com tres estampas. Sei que é das theses mais importantes, sus- tentadas na faculdade da côrte. - A missão na cidade de Campos. Rio de Janeiro, 1868 - Vem repro- duzida em 5 numeros do Correio Mercantil do dito anno. E' dividida em cinco capítulos. - Necessidade absoluta do ensino da philosophia catholica nos semi- nários episcopaes : memória offerecida ao episcopado brazileiro. Rio de Janeiro, 1866, 136 pags. in-8° - Esta obra termina com uma pro- testação. - O Zuavo da liberdade. Rio de Janeiro, 1872 - Esta obra, em que o doutor Seciozo exalta a curia romana, defendendo-a de certas accu- sações, é precedida de uma carta firmada pelo bispo do Rio de Janeiro dom Pedro M. de Lacerda, e de uma carta que o autor dirige a monsenhor Esberard. - A sombra de Luthero : refutação da pastoral do padre Luthero. Rio de Janeiro, 1873. - As corporações religiosas no Brazil : reflexões sobre seu estado e reforma. Rio de Janeiro, 1876, 103 pags. in-8.° A iitonio cLe Senna Madureira - Natural da província da Bahia, onde nasceu em 1841, fez no Rio de Janeiro o curso de estado- maior de primeira classe, e recebeu o grau de bacharel em mathematicas e sciencias physicas ; e seguindo a carreira militar, assentou praça em 1858, foi promovido a alferes alumno em 1859, a segundo tenente em 1861, a primeiro tenente em 1862, capitão em 1867, major em 1875, e tenente-coronel em 1880. Tem exercido diversas commissões importantes no império, e também na Europa e serve actualmente como membro da secção de trabalhos gra- phicos no archivo militar ; ó official da imperial ordem da Roza, caval- leiro das do Cruzeiro e de Christo, condecorado com a medalha da cam- panha do Paraguay e escreveu : - A guerra do Paraguay : resposta ao senhor Jorge Thompson, autor da guerra do Paraguay, e aos annotadores argentinos D. Lewis e A. Estrada. Rio de Janeiro, 1870, 334 pags. in-8°, com uma carta. - Manuscripto de mil oitocentos sessenta e nove ou resumo his- tórico das operações dirigidas pelo marechal do exercito Marquez de Caxias na campanha do Paraguay por Brasilicus. Rio de Janeiro, 1872, 180 pags. in-8° - Esta obra também foi attribuida ao coronel, hoje bri- gadeiro, José Basileu Neves Gonzaga. Entre a immensidade de publicações AN 315 brazileiras sob pseudonymos ha, com igual pseudonymo, uma, que não sei si pertence a este autor, isto é : - As victimas da situação 5 de janeiro por Brasilicus. Rio de Ja- neiro, 1880. - Estudo sobre a organização militar dos principaes Estados da Europa, apresentado ao ministério da guerra. Londres, 1874 - Trata da necessidade de um exercito permanente, dás instituições organicas, da organização do exercito de diversos paizes e do brazileiro. Escripto em cumprimento de ordens do governo este trabalho, o autor, vendo que depois se deram modificações e aperfeiçoamentos importantes no exercito de muitos dos Estados, de que tratara, um dos quaes, a França, havia apenas assentado as bases preliminares de seu novo systema militar, re- solveu-se a escrever : - Estudo da organização militar dos Estados europeus, apresentado ao ministério da guerra. Londres, 1876 - Trata da organização militar na Allemanha, na França, na Áustria, na Italia, Rússia, Inglaterra e no Brazil. E' um complemento necessário ás mais importantes modificações, effectuadas de 1874 em diante. - Experiência de tracção com artilharia de campanha : relatorio apresentado ao cominando geral de artilharia - Não me consta que sahisse publicado, pelo menos em avulso. Ha algumas plantas levantadas por esse official, além das plantas do theatro de operações da guerra do Paraguay, levantadas com outros, e é exclusivamente sua a - Planta da estrada entre o Rosário e Santo Estanislau com indicação dos trabalhos feitos afim de melhoral-a. Dezembro de 1869 - No archivo militar. A.n.tonio <la Silva - Nasceu na cidade da Bahia em 1639 e falleceu nos últimos annos do século XVII. Depois de estudar as aulas de humanidades no collegio dos jesuítas de sua província, foi presbytero secular e licenciado em cânones, e pas- sando-se para a província de Pernambuco, ahi foi provido no beneficio de vigário collado da freguezia do Corpo-Santo, do Recife. Foi um dos mais notáveis e eloquentes prégadores do Brazil. Alguns dizem que na pureza e elegancia da linguagem rivalisou muitas vezes com o padre Antonio Vieira, e que não foi inferior a Monte-Alverne, S. Carlos e An- tonio de Sá. Escreveu : - Sermões das tardes das domingas de quaresma e do Mandato, pregados na matriz do Recife de Pernambuco. Lisboa, 1675. - Oração fúnebre das exequias da sereníssima princeza do Brazil D. Isabel Luiza Josepha, pregado na igreja da Misericórdia da cidade de Olinda aos 5 de fevereiro de 1691. Lisboa, 1691. - Sermão das exequias do bispo de Pernambuco, do Matheus, etc. Lisboa, 16'*. 316 AN - Memórias di vida e acçÕes do dom Estevão, bispo do Brazil, etc. - Inéditas. Possuia o manuscripto destas memórias o padre Antonio Cae- tano de Souza. Antonio <111 Silva Correia - Filho de Manoel Dias da Silva e de dona Catharina Rodrigues, nasceu em S. Paulo em 1658 e falleceu em 1728. Doutor em direito pela universidade de Coimbra, foi ahi professor mui- tos annos, e depois entrando para a magistratura, foi desembargador da casa de supplicação, corregedor do civel na côrte de Lisboa, conselheiro do ultramar, e presidente deste tribunal, logar que exercia na época do sua morte. Foi de uma caridade excessiva, e muito parco no viver, só re- servando de seus vencimentos o que era absolutamento indispensável para sua subsistência, e escreveu: - Postillas das leis gallicas - Não sei si esta obra foi impressa, ou si existe manuscripta em alguma bibliotheca. A.utonio da Silva Jardim - E' natural do Capivary, villa da provincia do Rio de Janeiro, e formado a 30 de novembro de 1882 em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo, em cuja capi- tal jã exercia o professorado na escola normal. Muito applicado á litte- ratura desde o começo de sua vida de estudante e também poeta, escreveu : - Ideias de moço .• ensaios. S. Paulo, 1878 - Contém este volume tros ensaios de Silva Jardim, a que se seguem « Um grito nas trevas, conto » e mais outras poesias de seu collega e amigo Valentim Magalhães. (Ve- ja-se Antonio Valentim da Costa Magalhães.) - O general Osorio. S. Paulo, 1879- Depois da biographia que o autor offereco a um filho do general e á briosa provincia do Rio Grande do Sul, acha-se ahi uma poesia do mesmo Valentim Magalhães. - A gente do mosteiro (no anno passado). S. Paulo, 1879, in-4.° - A critica, de escada abaixo. Porto, 1880 -Não vi esta obra; deu-me delia noticia um amigo meu, promettendo-me mostral-a, o que não cumpriu. - Relatorio apresentado ao presidente da provincia do Espirito Santo sobre a historia e resultado da propaganda do methodo de leitura João de Deus. S. Paulo, 1882. - A comedia: publicação diaria. Proprietários Valentim Maga- lhães, Silva Jardim, Gustavo Julio Pinto Pacca e Adolpho Carneiro de Almeida Maia. S. Paulo, 1881, in-fol. A.ntonio da Silva Netto -E' natural da província da Bahia, c engenheiro civil pela escala militar. Sectário das novas doutri- nas do espiritismo, tem-se dado muito ao estudo delias; fundou e redi- giu a 317 - Revista espirita : publicação mensal de estudos psychologicos, feita sobre os ausp:cios de alguns espiritas, contendo os factos das manifesta-, çoes dos espíritos ; noticias relativas ao espiritismo ; transcripções da doutrina espirita ; os ensinos dos espíritos relativos ao mundo visivel e invisível; sobre sciencias, sobre morai, sobre a immortalidade da alma, so- bre a natureza do homem o seu futuro ; a historia do espiritismo na anti- guidade ; suas relações com o magnetismo e o somnambulismo ; a expli- cação das lendas o crenças populares, da mythologia de todos os povos, etc. Rio de Janeiro, 1875 - Sahiu o Io folheto em janeiro deste anno, e de- pois mais cinco numeros formando um volume de 204 pags. in-4.° São também de sua penna muitos artigos do periodico Republica, cm que collaborou, e os opusculos seguintes: - Ligeiras reflexões políticas. Rio de Janeiro, 1861, 15 pags. in-4.° - Formula ma s effectiva para, a solução dos bancos de emissão. Rio de Janeiro, 1864, 24 pags. in-8.° - A coroa e a emancipação do elemento servil. Rio do Janeiro, 1867. - Segundos estudos sobre a emancipação dos escravos. Rio de Ja- neiro, 1868. - Estudos agrícolas de ensino gratuito: appello dirigido a todos os municípios da província do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1876, 43 pags. in-8.u - Requerimento â assembléa provincial do Rio de Janeiro. Rio de Ja- neiro, 1876, 10 pags. in-8° - Versa sobre o mesmo assumpto. A.ntonio d.a Silveii'a Caldeira - Irmão do doutor João da Silveira Caldeira, de quem occupar-me-hei opportunamente, nas- ceu na cidade do Rio de Janeiro e aqui falleceu em 1854. Foi proprietário rural e depois negociante matriculado da praça do Rio de Janeiro e membro da directoria da mesma praça; deu-se com pai- xão a estudos mecânicos, aperfeiçoou alguns instrumentos aratorios, e tratava de resolver o problema da direcção dos 'balões aereostaticos, quan- do falleceu. Era official da ordem da Roza, commendador da de Christo, e da de S. Gregorio Magno, de Roma, e escreveu: - Memória sobre um novo methodo de preparar o café, precedido de algumas noticias históricas sobre o cafeeiro, seu fructo e sobre os diver- sos modos de o preparar, seguidos até o presente. Rio de Janeiro, 1843, in-fol. A.ntonío Simplicio <le Salles - Nasceu na cidade da Campanha, Minas Geraes, a 15 de fevereiro de 1830 e falleceu no Rio de Janeiro, affoctado de febre amarella, a 6 de janeiro de 1858. Formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo, exerceu o cargo de secretario da policia em Sua província. Versado na lingua grega e devotado á historia o â litteratura, conhecia Herodoto, 318 AN Homero, Euripedes, Sophocles, o desventurado Ossian e outros poetas ce- lebres da primitiva Escossia e da Grécia. Foi socio e orador do Ensaio philosophico paulistano, e um dos mais decididos sustentadores da ideia da divisão da província de Minas, creando-se a província sul-mineira, em cujo sentido escreveu : - Memória sobre a divisão da província de Minas Geraes ofíerecida á camara municipal da cidade da Campanha. S. Paulo, 1854, 12 pags. in-4°- O senador Cândido Mendes faz menção delia no seu atlas do impé- rio do Brazil. - Manifesto aos habitantes das tres comarcas, de Sapucahy, Rio-Ver- de, e Tres-Pontas, e do município de Lavras. S. Paulo, 1854, in-4° - Como orador do Ensaio philosophico escreveu diversos discursos, e na Revista Litteraria, jornal da mesma sociedade, acham-se alguns arti- gos seus, jà em prosa, já em verso, como: - Ossian (prosa) -Vem na serie 2a, n. 3. - Ode ao dia sete de setembro - Idem, n. 5. - O adeus de Hermann : poesia - Serie 4a, pag. 134. - O cavallo de Mazeppa : poesia - Serie 5a, pag. 115. A.ntonio Soares deSouza Júnior-Nasceu na Pa- rahyba do Sul, província do Rio de Janeiro, a 7 de abril de 1851, filho de Antonio José Soares de Souza e de dona Margarida Soares de Souza. Em 1869 matriculou-se na antiga escola central, d'onde em 1871 se retirou para a sua cidade natal; ahi fundou o Agricultor, de que foi re- dactor em chefe, passando, por occasião do desapparecimento deste, a collaborar no Eleitor, e, posteriormente, na Republica, de cuja redacção faz parte. Membro do partido republicano, occupoú varias vezes cargos de elei- ção popular, e foi trabalhador infatigável desde os mais tenros annos, cultivando com successo todos os ramos da litteratura. Durante os annos académicos publicou, editadas pela casaGarnier, as seguintes obras: - 0 Pandego. Rio de Janeiro. - O bom do senhor Leitão. Rio de Janeiro. - Contos jocosos. Rio de Janeiro - Sahiram estes tres livros sob o pseudonyme de Koch Júnior. Publicou mais : - Um par de galhetas : comedia. Rio de Janeiro. - Os sete peccados mortaes: drama. Rio de Janeiro- Foi represen- tado pela primeira vez na côrte em julho de 1882. Soares de Souza tem publicado muitas poesias em diversos periódi- cos e tem colleccionado um volume com o titulo: - Alma negra : poesias - que será dado á luz em princípios de 1884. Deste volume- possuo por cópia a seguinte poesia com o titulo Na barri- cada: 319 Levara aquella noite a intrépida creança Ao som da Marselhesa erguendo a barricada ; Vibravam-lhe no olhar uns risos d'alvorada, Suavissimos clarões da luz de uma esperança. Viera trabalhar trazendo ainda a lembrança1 Da mãe que além deixara aftlicta e desolada; Vinha raiando a luz da argentea madrugada, Quando ali começara a hórrida matança. Súbito uma descarga ouviu-se; e na trincheira A' rubra luz do fogo a mascula bandeira Da republica ondeou garbosa ao vento, emquanto Elle, de pó, saudava a França... Eis senão quando Viram-no vacillar... depois cahir cantando: Allons enfants... a bala interrompera o canto. Antonio d.e Souza Martins - E' natural da provincia do Piauhy, e formando-se em sciencias sociaes e jurídicas na faculdade de Pernambuco, entrou na carreira da magistratura, serviu diversos car- gos até o de desembargador, em cujo exercício se acha na relação de Por- to Alegre, como presidente da mesma relação ; é do conselho de sua ma- gestade o Imperador e escreveu : - índice alphabetico das leis da provincia da Parahyba, publicadas de 1835 a 1874. Parahyba, 1875, in-4.° - Compilação das leis e dos actos do poder executivo em vigor no Brazil sobre recursos. Rio de Janeiro, 1879, 327 pags. in-8.° Antonio de Souza Pinto - Nasceu na cidade do Porto, reino de Portugal, em 1843; veiu para a provincia de Pernambuco em 1858, e naturalisou-se cidadão brazileiro em 1875. Durante quatorze annos exerceu nesta provincia o logar de sub-biblio- thecario do gabinete portuguez de leitura e aproveitando as horas, que tinha de liberdade, pôle fazer o curso de preparatórios, e matricular-se na faculdade de direito em 1870, recebendo ahi o grau de bacharel em 1874, entregando-se depois ao exercício da advocacia, em que se con- serva. Escreveu : - Harpejos da mocidade : poesias. Recife, 1864. - Ideias e sonhos : poesias. Lisboa, 1872. - Echos democráticos. Recife, 1869 - E' uma composição poética em alexandrinos, publicada sob o pseudonymo de Victor de Larra. - Theatro. S. Luiz, 1865 - Não vi este livro, e por isso não sei que composições theatraes contém elle, como seu titulo parece indicar. - A mulher perante a historia : conferencia publicada sob os auspí- cios da maçonaria pernambucana. Pernambuco, 1875. - A política monarchica : conferencia feita no theatro de Santo Anto- nio em 21 de junho de 1880, e mandada publicar pelo club democrata do Recife. Recife, 1880. 320 an - 0 judeu errante : drama de Eugênio Sue, traduzido e accommoda- do á scena do thealro de Santo Antonio do Recife - onde foi representado em 1873. Creio que não foi impresso. - <5. Benedido : drama de grande apparato, composto para a Phenix dramatica do Recife - onde foi representado em 1872 e 1873 e depois em outros theatros do império, a principio com aquolle titulo, e depois com o de Monge Negro, como o intitulou o actor e escriptor Julio Cezar, ha pouco fallecido, que fôra encarregado do mise en scene. Collaborou nesta obra João Zeferino Rangel de S. Paio, de quem tratarei adiante. - SantaClotilde : drama em quatro actos e onze quadros - também escripto para a Phenix dramatica, ahi representado e inédito. Accusado o autor por haver escripto esta peça ea precedente, tão contrarias ao seu conhecido modo de pensar, escreveu elle : - Cartas a Rangel de S. Paio em resposta ás Cartas a Souza Pinto - Quer n'umas, quer n'outras occupavam-se os dous litteratos de elevada critica dramatica, filiando-se ambos na escola de que Sarcey assu- miu a direcção. Em uma das missivas de Souza Pinto, publicada na Pro- vinda, tratando do drama Sete Passos, se lè o seguinte : « Talvez objecte o digno emprezario que uma grande parte do publico gosta de ver essas cousas, mesmo assim imperfeitas, como se lhes podem dar ; e que o equilíbrio das finanças da empreza traz comsigo necessida- das inelutáveis. Sim, éisto até certo ponto verdade. E foi attendendo a estas razões que eu já por duas vezes me tornei cúmplice, como agora o doutor Carneiro Villela, em dous attestados revelados contra a boa arte, tão pouco entendida e amada pela maioria dos frequentadores do theatro. Mas, quando a pedido do meú amigo Thomaz Espinca escrevi o S. Bene- dicto, em que tu, meu amigo, tomaste tão grande parte, e por encom- menda do senhor Vicente Pontes escrevi a Santa Clotilde, ambos para mim do tristíssima memória, nem sequer me passou de leve pela mente qué taes peças podessem apurar os sentimentos religiosos de uma popu- lação, já de si tão religiosa. Seria injuriar o bom senso dessa população, que tanto respeito. O que eu sabia é que nestes dous trabalhos de occa- sião iam duas flagrantes falsificações da boa arte, falsificações commodas e relativamente fáceis, porque não têm sancção no codigo penal; mas contra as quaes a minha consciência de artista mudamente protestava no meio da indigência limpa, em que até hoje tenho vivido.» - Vida e administração de Sebastião José de Carvalho e Mello. Re- cife, 1882 - Este livro foi publicado por occasião de ser commemorado o primeiro centenário do Marquez de Pombal. São da penna de Souza Pinto o prefacio do drama Doutor Alberto, de Annibal Falcão, publicado no Recife em 1877, e a introducção da edi- ção dos Sonetos de Camões, feita em Portugal pelo gabinete portuguez de leitura de Pernambuco para commemorar o tricentenário do poeta. Na imprensa periódica redigiu : AIS 321 - 0 Trabalho : publicação periódica por Antonio de Souza Pinto e Ge- nerino dos Santos. Recife, 1873, in-fol. - O Diabo a quatro : revista infernal. Recife, 1875 a 1879, in-4°, illustrado - Houve outros como Annibal Falcão, de quem jà tratei, na relacção desta folha ; foi porém elle, o principal e também proprie- tário. - O Democrata : orgão do club deste nome. Pernambuco, 1880 a 1882, in-fol. Antonio Tavares cia Costa - Natural da província do Maranhão, comnandou um vapor da companhia de navegação do Piauhy, esjacha actualmente na côrte, segundo me consta. Escreveu : - Reiatorio da viagem de exploração emprehendida no alto rio Par- nahyba, feito e apresentado ao gerente da companhia de navegação a vapor do Piauhy, pelo commandante do vapor Conselheiro Junqueira, etc. Theresina, 1874, 29 pags. in-4.° A.nton.io Teixeira da Rocha, Barão de Maceió-Fi- lho de Manoel Cisimiro da Rocha e de dona Joanna Maria da Conceição Rocha, nascea na cidade de Alagôas, antiga capital da provinciado mesmo nome. Fez todo curso da faculdade de medicina da Bahia, onde recebeu o grau de doutor em 1846, e depois de exercer por muitjs annos a clinica em sua provincia, se passou para o Rio de Janeiro, em cuja faculdade obteve por concurso o logar de oppositor da secção de sciencias cirúrgicas em 1858, e em 1859 o de lente substituto da mesma secção, passando depois a lente cathedratico de anatomia geral e descriptiva. Representou na camara temporária a provincia das Alagôas ; é medico da imperial ca- mara ; cirurgião da santa casa da misericórdia ; do conselho de sua ma- gestade o Imperador ; cavalleiro da ordem la Roza e c ommendador da de Christo de Portugal. Ainda estudante de medicina foi socio effectivo da sociedade de medicina, da sociedade instructiva, da socied ide bibliotheca classica portugueza, todas da Bahia, e escreveu alguns artigos em perió- dicos do lettras, como : - Escravatura - No Musaico da Bahia, 1845, ns. 3, 5 e 9. - Os vicios - No Crepúsculo, tomo 3o. pag. 21. Este escripto não foi concluido por ter cessado a publicação deste periodico. Escreveu depois: - Princípios de philosophia medica : these para obter o grau de dou- tor em medicina (seguida de proposições sobre os diversos ramos do ensino medico). Bahia, 1846. - Infecção purulenta : these apresentada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro como primeira prova de concurso a um logar de oppositor da secção de sciencias cirúrgicas, etc. Rio de Janeiro, 1858. - Hérnias inguinaes ; these apresentada á faculdade de medicina do 322 AN Rio de Janeiro, como primeira prova de concurso a um logar de lente substituto da secção do sciencias cirúrgicas, etc. Rio de Janeiro, 1859. - Discurso pronunciado na camara dos senhores deputados em sessão de 26 de março (1873). Rio de Janeiro, 1873, in-8.° Antonio Telles da Silva Caminha <le Mene- iz es, Marquez de Rezende - Filho de Fernando Telles da Silva Caminha e Menezes, Marquez de Penalva e da Marqueza do mesmo titulo, nasceu em Torres-vedras, Portugal, a 22 de setembro de 1790, e falleceu em Lis- boa a 8 de abril de 1875. Achava-se no Brazil por occasião da independência, á qual adheriu ; serviu como ministro do Brazil nas cortes de Paris, de S. Petersburgo e de Vienna, e depois como mordomo-mór da imperatriz viuva ; era gentil- homem da imperial camara; grã-cruz da ordem da Roza e da de Christo ; grã-cruz da ordem da Torre e Espada e da de N. S. da Conceição da Villa Viçoza, de Portugal, e da ordem da Corôa de Ferro, da Áustria ; ca- valleiro da ordem de S. João de Jerusalém ; socio da academia real das sciencias de Lisboa e da de Munich, da academia franceza de industria agricola, manufactureira e commercial, da sociedade real de navegação de Londres, da sociedade de estatística universal, etc, Escreveu : - Eclaircissements historiques sur mes negotiations relatives aux affaires de Portugal, depuis la mort du roi don Jean VI jusqu'a mon ar- rivée en France comme ministre prés de cette cour. Paris, 1832, 245 pags. in-8.° - Observações acerca de uma passagem da Oração fúnebre de S. M. o Imperador do Brazil, o senhor dom Pedro IV, como rei de Portugal e Duque de Bragança, recitada pelo exm.° e revm.0 sr. arcebispo eleito de Laçedemonia. Lisboa, 1835, 20 pags. in-4.° - Elogio historico de S. M. imperial o senhor dom Pedro, Duque de Bragança, pronunciado na academia real das sciencias de Lisboa em sessão ordinaria de 13 de julho de 1836. Lisboa, 1837, 94 pags. in-8°, com o retrato de sua magestade •- Foi este elogio depois ampliado consi- deravelmente, addicionando-lhe o autor muitos e importantíssimos docu- mentos inéditos, novamente apresentado e lido á academia, que deter- minou que fosse dado â publicidade, como o foi em Lisboa, 1867. - Descripção e recordações históricas do paço e quinta de Queluz - Foi publicada no periodico Panorama, tomo 12°, Lisboa, 1855, pags. 29, 77 e 210. Neste periodico ainda se acham outros escriptos do Marquez de Rezen l e. - Últimos momentos da rainha D. Estephania- Foi dado á es- tampa na Illustração luso-brazileira, e d'ahi transcripto no Parlamento de 15 de setembro de 1859. - Elogio historico de José de Seabra da Silva, pronunciado na sessão publica da academia real das sciencias de Lisboa em 10 de março de 1861. AN 323 Lisboa, 1861, 76 pags. in-4°, com o retrato lithographado de José de Seabra da Silva - Esta obra sahiu também nas Memórias da mesma aca- demia, tomo 3°, serie 2.a - Memória histórica de dom frei Francisco de S. Luiz Saraiva, monge benedictino, cardeal patriarcha de Lisboa, etc., tirada de seus escriptos, acompanhada de notas e peças justificativas e offereçida á academia real das sciencias de Lisboa. Lisboa, 1864, 205 pags. in-4°, como retrato de frei Francisco Saraiva, e diversas estampas. - Discurso de Mr. Thiers, deputado por Paris, na sessão do corpo legislativo em 3 de maio de 1866 sobre as actuaes e importantes questões alterna e italiana. Traduzido em portuguez e acompanhado de notas expli- cativas. Lisboa, 1866, 28 pags. in-8.° - Titulo de Augusto - E'. uma nota historico-philologica, appensa á versão dos Fastos de Ovidio por Castilho, tomo Ia, pags. 478 a 499. Consta-me que existem ainda algumas obras do Marquez de Rezende, das quaes me faltam as precisas indicações para aqui dal-as. Antonio Telles da Silva ILolbo - Não resta duvida que era brazileiro, nato ou naturalisado, pois que era tenente-coronel no Brazil em 1825, quando escreveu (e só por isso o conheço) sua - Resposta do tenente-coronel Antonio Telles da Silva Lobo á corres- pondência inserida no Expectado r n. 16, assignada O cabeça de porco. Rio de Janeiro, 1825, 4 pags. in-folio. Antonio Tolentino Ilegal - Nasceu em Ayuruóca, província de Minas Geraes, e falleceu na província do Rio de Janeiro pelo anno de 1868 ou 1869, victima de um envenenamento, segundo consta. Presbytero secular do habito de S. Pedro, parochiou muitos annos como vigário collado a freguezia de S. João Baptista do Arrozal, sendo ahi tam- bém vigário da vara e inspector parochial da instrucção publica, até 1863, edesta freguezia passou á da Conservatória. Era conego honorário da ca- pella imperial e cavalleiro da ordem de Christo, e escreveu : - Oração fúnebre nas exequias do illustrissimo senhor capitão-mór José de Souza Breves. Rio de Janeiro, 1845, in-8.° A.ntonio <l:t Trindade Antunes Meira Henri- ques - Natural da província da Parahyba, e formado em sciencias so- ciaes e jurídicas pela facul lade de Pernambuco, entrou para o serviço da magistratura, e, depois do tirocínio que a organização judiciaria do paiz prescreve, exerce o cargo de juiz de direito da comarca da Campina- Grande em sua província, onde escreveu : - Resposta do juiz de direito da comarca de Campina-Grande'ao rela- tório do doutor chefe de policia Manoel Caídas Barreto, sobre os movi- mentos sediciosos, havidos nesta província, apresentado ao presidente da 324 AN mesma, doutor Silvino Elvidio Carneiro da Cunha em 23 de fevereiro de 1875. Parahyba, 1875, 57 pags. in-4.® A-iitonio Valentim cia Costa MagoaiIxães - Filho de Antonio Vai 'ntim da C >sta Magalhães e de dona Maria Custodia Alves Meira, nasceu no Rio de Janeiro a 16 de janeiro de 1859, e é formado em sciencias sociaes e juridicas pela facullade de S. Paulo, concluindo o res- pectivo curso em 1881. Desde o começo de sua vida escolástica se dera ao cultivo das lettras, escrevendo muitos folhetins e variados artigos quer em prosa, quer em verso, no Amolador, jornal humorístico, de propriedade eredacção de seu tio Gaspar Alves Meira, no qual estreara aos quatorze annos de idade, e depois em vários orgãos da imprensa periódica da côrte e de S. Paulo, e publicou ainda: - Ideias de moço: ensaios. S. Paulo, 1878. (Veja-se Antonio da Silva Jardim.) - O general Ozorio. S. Paulo, 1879 - Contém a biographia do general por Silva Jardim, e uma composição poética por Valentim Magalhães. - Cantos e luctas : collecção de versos. S. Paulo, 1879. - Colombo e Nené: poemeto. S. Paulo, 1880 - Esta obra è offere- cida a dona Maria Quiteria Alves Meira, tia do autor. - A vida de seu Juca : parodia á « Morte de D. João » de Guerra Jun- queiro. S. Paulo, 1880- Este livro é dividido em tres partes, escripto em estylo humoristico, em versos de metrificação diversa, tendo o autor por collaborador seu irmão A. H. de Magalhães. - Quadros e contos. Rio de Janeiro, 1882 - Acham-se neste livro col- leccionadas diversas narrativas alegres. Redigiu ; - Entre-actos : publicação periódica, illuslrada. S. Paulo, 1881 - Foi seu companheiro nesta publicação Ezequiel Fre re. - A comedia : publicação diaria. Proprietários Valentim Magalhães, Silva Jardim, Gustavo Julio Pinto Pacca e Adolpho Carneiro de Almeida Maia. S. Paulo, 1881. Além de uma collecção de folhetins tem promptos a entrar no prelo : - O equilibrista : romance de costumes. - Novas poesias. Ha finalmente de sua penna vários escriptos de menor folego, sendo alguns jã publicados, como : - O Esquisitão : romance - publicado na Gazeta de Noticias da côrte de 22 de novembro de 1880. - Canção do exilio de François Coppée - publicada no Almanak das Senhoras, de Lisboa, para 1882, pag. 225. Antonio <le Vassconcellos Menezes de Dru- mond - Filho do brigadeiro Gaspar de Menezes Vasconcellos de 325 Drumond e de dona Anna Maria do Sacramento Rigueira de Drumond, nas- ceu em Pernambuco a 30 de agosto de 1819 e ahi falleceu pelo anno de 1876. Prompto de preparatórios, foi para a França em 1837 com intenção de estudar medicina, mas por moléstia de que soffreu, sendo obrigado a voltar á patria, matriculou-se mais tarde no curso juridico de Olinda, onde formou-se em 1819 e recebeu em 1861 o grau de doutor, tendo depois igual grau pela universi ade de Rostock. Inscrev u-se para dous concursos á vaga de subst tuto da facul lade de direito, sendo nomeado lente substituto em 1863 e em 1871 lente cathedratico de uma las cadeiras do 4o anno ; serviu antes disto o logar de procurador fiscal e dos feitos da thesouraria de fa- zenla ; era cavalleiro da ordem de Nossa Senhora da Conceição da Villa Viçozi,de Portugal ; socio correspon lente da associação dos advogados de Lisboa ; do instituto historico de Pariz ; do instituto historico do Rio de Janeiro, do da Bahia e do do Maranhão ; da sociedade auxiliadora da industria nacional; da socieda le tiberiana de Roma - e escreveu : - Theses e dissertações - para o grau de doutor pela faculdade do Recife, para o grau de doutor pela universidade de Rostock que não foi impressa, e para dous concursos. - Compendio de historia romana, vertido do francez. Pernambuco, 1847. - Discurso que na faculdade de direito do Recife aos 23 de julho de 1861, por oc asião da coll ção do grau de doutor ao bacharel Antonio de Vasconcellos Menezes de Drumond, pronunciou o mesmo bacharel. Recife, 1861, 39 pags. in-4° - Foi publicado com outro discurso pro- nunciado no mesmo acto por seu padrinho no doutoramento o doutor Braz Florentino Henriques de Souza. - Discurso que por occasião de abrir o curso de direito natural na faculdade de direito do Recife, a 16 de março de 1864, recitou, etc. Per- nambuco, 1864, 13 pags. in-4.° - Prelecções de direito internacional com referencia e applicação de seus princípios ás leis particulares do Brazil até 1867. Pernambuco, 1867, in-8.o - Prelecções de diplomacia com referencia e applicação ás leis parti- culares do Brazil até 1867. Pernambuco, 1867, in-8.° - Prelecções de direito pátrio. Pernambuco, 18,,, 2 vols. - Esta obra, assim como as theses e astres seguintes, não pude ver. Vejo-as mencionadas em uma relação dis obras do doutor Drumond, que me foi obsequiosamente enviada por um honrado representante de Pernambuco na camara tem- porária. - Biographias de homens illustrès nas lettras, scioncias e artes no Brazil. Pernambuco, 18" - Parece-me que sahiram quatro opusculos. - Breves apontamentos sobre o elemento servil do Brazil, colligidos de diversos cscúptos. Pernambuco, 18". - Apontamentos sobre o processo criminal do Brazil. Pernambuco, 1867, 32 pags. in-8.° 326 - Memorial sobre os bispos, commandantes das armas, e chefes de policia de Pernambuco até 1867. Pernambuco, 1867, 24 pags. in-8.° - Discurso proferido no cemiterio inglez no sétimo dia da morte do general Lima. Recife, 1869. ( Veja-se José Ignacio de Abreu Lima. ) - Elenco das victimas da colera-morbus na capital de Pernambuco, durante o mez de fevereiro de 1856, extrahido do livro terceiro dos assen- tamentos de obitos do cemiterio publico. Pernambuco, 1856. - Mappa demonstrativo das distancias entre as freguezias da pro- vincia de Pernambuco pelos caminhos mais curtos. Pernambuco, 1856. - Mappa demonstrativo do numero dos eleitores, que deve dar cada parochia da provincia de Pernambuco, de conformidade com o aviso n. 139 de 18 de junho de 1849. Pernambuco, 1856. Da relação já mencionada, escripta por um parente do doutor Dru- mond, consta que deixara elle inéditas ; - Analyse dos artigos da reforma judiciaria. - Analyse do codigo commercial brazileiro, - Analyse do codigo criminal. - Esboço de um codigo civil para o BraziL -• Estudo analytico da lei de 28 de setembro de 1871. - Prelecções de direito romano. - Prelecções de direito publico. Antonio Vaz Pinto Coelho da Cuilha- Nas- ceu em Sabatá, provincia de Minas Geraes, e é formado em sciencias sociães è júridicas pela faculdade de S. Paulo; representou sua pro- vincia na 13a legislatura, de 1867 a 1870 ; exerce a advocacia na cidade de Juiz de Fóra, Minas Geraes, e escreveu : - O O oração de ferro, intendente dos diamantes : romance do tempo colonial. Rio de Janeiro, 1873. - O Garimpeiro : drama. Rio de Janeiro, 1880 - Tem sido repre- sentado com applahsos, muitâs vezes, em theatros de sua provincia. Ha muitos trabalhos seus na .Reforma da côrte, no Liberal de Minas e na Gazeta de Juiz de Fóra. Antonio Vicente do Nascimento feitoza •- Filho de Vicente Ferreira do Nascimento Feitoza e de dona Anna Maria do Nascimento Feitoza, nasceu na cidade do Reoife, capital de Per- nambuco, a 10 de junho de 1816, e ahi falleceu a 29 de março de 1868. Deu os primeiros passos para o estado ecclesiastico, mas retrocedendo, matriculou-se na faculdade de Olinda, na qual recebeu o grau de doutor em sciencias sociaes e júridicas em 1840, tres annos depois de bachare- lado. Dedicando-se ao exercício da alvocacia, de que foi um dos mais bellos luzeiros, serviu diversos cargos como o de promotor publico do Re- cife, o de procurador fiscal da thesouraria provincial, e o de professor de philosophia do lyceu pernambucano; foi deputado por sua provincia na AN 327 legislatura de 1863 e depois apresentado por duas vezes á corôa para se- nador do império. O doutor Feitoza era official da ordem da Roza; foi fundador e por muitos annos orador do instituto archeologico e geographico pernambuca- no, em cuja revista se publicaram diversos discursos seus, e politico de convicções firmes, foi um dos vultos mais notáveis da revolução de 1849 e escreveu muito em prol de Suas ideias sem que entretanto se descuidasse nunca de cultivar as lettras e as sciencias, como attestam seus êscriptos publicados no Diário do Povo, Argos Pernambuco,no, Constitucional Pernambucano, Cidadão, Progressista, Themis Pernambucana, Crien* te, de que elle redigiu a parte política, Direito, jornal de jurisprudência de sua redacção, 6 Imprensa, jornal politico e social que elle também re- digiu em sua ultima phase. De seus êscriptos citarei ! - Commentario sobre o titulo 16°, parte Ia, do codigo Cómmefcial bra- zileiro. A jurisprudência patria. O movimento dos tribunaes do paiz e estrangeiros. Discussões sobre a legislação patria e a estrangeira, etc* - No Direito. - Nepotismo è afilhadagom no foro. Necessidade de reforma dos tri- bunaes do commercio, principalmente pelo defeituoso de seu elemento leigo. O espirito mercantil, que assenhoreou-se do fòro. O jogo immoral, resultante de certas relações de amizade ê parentesco entre advogados e juizes. Considerações sobre a organização social - e outros trabalhos que encheriam um bom volume. Na Themis Pernambucana, jornal de jurisprudência cujo primeiro numero foi publicado a 26 de agosto de 1865. - A altivez do homem do povo, A degradação do homem do povo. Um tratado de philòsophia ao alcance de todos. Algumas questões políticas e economicâs. Esboços biographícOs de artistas celebres -e uma grande collecção de trabalhos sobre diversos ramos de litteratura, como romances e poesias, traduzidos de vários autores, canções allemãs, etc. No Cí- dadão, jornal philosophico e litterario, que começou a ser publicado a 2 de outubro de 1853. - Reforma eleitoral. Eleição directa - Vem no volume com êste ti- tulo, publicado pelo bacharel A. H. de Souza Bandeira, Recife, 1852. (Veja-se Antonio Herculano de Souza Bandeira, 1. °) Publicou êm avulso alguns discursos e trabalhos jurídicos ê deixou inéditos : - Tratado sobre as letras de cambio. - Sermão sobre 0 mysterio da Santíssima Trindade por Bossuet : traduôçãõ. -• Fragmento sobre o Apocalipse. Traducção das Recitationes de Hêinéccio'- âté o árt. 23 dó livro l.0 - Traducção de Monsambré. Antonio Victoi* de Sá Barreto-Nasceu na pro- víncia de Pernambuco, sendo seu pai o coronel Antonio Pedro de Sá 328 AN Barreto que fôra commandante das armas por muitos annos nesta pro- vincia e falleceu em 1881. Fez na (scola militar o curso do estado-maior de primeira classe, ser- vindo alguns annos como official do respectivo corpo, exerce o cargo de engenheiro chefe do trafego da estrada de ferro do Recife ao Limoeiro, e escreveu : - Ituzaingo : historia da campnnha de 1827. Noticia do coronel An- tonio Pedro de Sá Barreto, veterano da independencia, por um filho seu. Pernambuco, 1873, 22 pags. in-4.° Antonio Vieira Borges - Ignoro sua naturalidade, assim como a época de seu nascimento ; de seu obito só sei que tivera logar no Rio de Janeiro depois de 1850. Presbytero secular e sacerdote illus- trado, foi monsenhor da capella imperial e examinador synodal; fez aqui parle do corpo diplomático estrangeiro, como encarregado dos negocios de Roma, e escreveu : -• Methodo pratico de fazer o septenario doloroso. R:ode Janeiro, 1844, in-8° - Talvez algumas obras ainda existam deste autor. Antonio Vieira da Soledade - Nasceu em Eivas, Por- tugal, e falleceu no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1836, havendo por tanto engano na noticia de Innocencio da Silva, que o dá nascido em Lisboa, e m >rto em 1833. Muito joven, vindo para o Rio de Janeiro, professou na ordem dos fran- ciscanos, onde leccionou escriptura; secularisando-se mais tarde, foi conego da capella real, prégador regio, vigário geral do Rio Grande do Sul e vigário da freguezia, hoje cathedral de Porto Alegre ; depois de acclamala a constituição, que abraçou com sincera dedicação, foi monse- nhor da capella imperial e senador pela dita provincia na installação do senado, estando já eleito deputado e com assento na camara. Escreveu muitos sermões, mas só vi publicada a - Oração fúnebre que nas exequias do serenissimo senhor infante de Hespanha, dom Pedro Carlos de Bourbon e Bragança, almirante general da marinha portugueza junto á real pessoa, recitou na igreja de Santa Rita desta côrte no dia 8 de julho de 1812. Rio de Janeiro, 1812, 31 pags. in-4.° Frei Antonio da A^irgem Maria Itaparica - Chamado no século Antonio Joaquim da Silva e filho de Francisco José da Silva Tavares e de dona Anna Joaqu.na de Jesus, nasceu na ilha de Ita- parica, provincia da Bahia, a 15 de outubro de 1813, e falleceu com mais de sessenta annos. Foi religioso franciscano, cujo habito recebeu a 2 de outubro de 1830 no convento da Bahia ; mestre de theologia do curso aberto em 1839 e di- rector do mesmo curso ; lente cathedratico de theologia dogmatica do se- AN 329 minario archiepiscopal; professor de philosophia em alguns collegios; pregador imperial, e nutavel orador, occupava a tribuna quaresmas in- teiras, sem que entretanto désse á publicidade, ou colleccionasse seus eloquentes discursos. Escreveu diverso» artigos no Noticiador Catholico, e na Semana Religiosa da Bahia, e um - Compendio de philosophia. Bahia, 18" - Não pude ainda ver este livro. Em nenhuma bibliotheca da côrte o encontrei, nem pule obtel-o do doutor S. Romero, que delle fez desfavorável menção em sua Philosophia no Brazil. Frei Antonio d.a Virgem íMaria vIuiiiz-Nas- ceu na província da Bahia, e recebeu as ordens de sacerdote regubr na ordem dos carmelitas, si me não engano. Nada mais pude apurar a seu respeito e de sua penna só conheço um sermão, que é o seguinte : - Oração gratulatoria que no solemne Te-Deum celebrado no dia 2 de julho de 1843 recitou na cathedral da província da Bahia, etc. Bahia, 1843, in-4.° JLntonio Witruvio Pinto Bandeira e A.ccioli de Vasconcellos - E' natural da província de Pernambuco, e bacharel em sciencias jurilicas e sociaes pela antiga academia de Olinda, cujo curso concluiu em 1851. Muito cedo, nos bmcos di academia, lhe amanhecera a vocação para a vida di imprensa, e depois de sua formatura teve ella theatro mais amplo: deu-se á imprensa pol tica, á imprensa social, á imprensa litteraria, quer em red icção singular,quer em collaboração de jornaes, e o instituto archeo- logico pernambucano, installado em 1862, é lembrança sua com a associação dos doutores José Soares de Azevedo, Joaquim Pir s Machado Portella e Antonio Rangel Torres Bandeira e major Salvador Henrique de Albu- querque. Por occasião de se crear o curso commercial pernambucano, em 1860, foi nomeado lente da cadeira de contabilidade, escripturação e operações commerciaes, deixando assim um ligar, que exercia de escripturario e que obtivera por concurso, na thesouraria provincial, logo depois de ultimado seu curso académico ; em 1867 foi nomeado chefe de secção do consulado provincial, e em 1873 passou a inspector da thesouraria, logar que ainda exerce. Escreveu : - Lesghir: romance - No Álbum, revista scientifico-litteraria de cuja redacção fez parte, encarreganlo-se principalmente da secção litteraria. - Sessenta annos depois : romance- Idem. O assumpto é da his- toria de Portugal e sobre o episodio de Alcacerkebir. Depois de alguns capitulos d ixou de sair por cessar a publicação do Album. - Taliorato : romance. Pernambuco, 1850 - Nesta obra se desen- volve a these da influencia da localidade natal sobre o moral do homem em seus actos da vida pratica. 330 AP - Bello sexo: periodico lítterario. Recife, 1850-O doutor Witru- vio foi editor e principal redactor desta revista com a collaboração de Apri- gio Guimarães, e mais outros collegas. Sahia mensalmonte em livrações de 16 paginas, e delle muitos artigos foram transcriptos no jornalismo de Pernambuco e de outras províncias. - Cosmopolita : folha periedica. Pernambuco, 1844 - Foi o unico instituidor e redactor desta folha, onda a proposito do accidonte do Arro- gante tratou longamente da immigração portugueza no paiz sob seus differentes aspectos, profligando o abandono das autoridades nesse ramo do serviço, em que a especulação feria os brios da nacionalidade portu- gueza. - Paginas sacro-bibliographicas - No Diário de Pernambuco, 1857 a 1858. São biographias de santos da igreja catholica, traduzidas de di- versos escriptores francezês. O erudito A. P. de Figueiredo, que se ostentava livre em assumptos de religião, disse que taes ascriptos se podiam ler pelo fundo e pela traducção. Neste mesmo Diário, ha ainda diversos trabalhos do doutor Witruvio, como os dous seguintes : - Exposição dos festejos que se fizeram em Pernambuco por occasião da visita que sua magestade o Imperador fez á esta prôvincia. 1859. - Ramalhete : serie de artigos - de um lyrismo suave o cadencioso, apreciáveis pela dicção, imagens e pensamento. 1867. - A proposito de uma annotação do general Abreu Lima á biographia do Visconde de Azurara pelo commendador A. J. de Mello. Pernam- buco, 1872- Foi antes lido este trabalho no instituto archeologico per- nambucano, e publicado no referido diário. - Compendio de escripturação mercantil "Inédito. - Compendio de arithmetica commercial- Idem. Estes dous com- pêndios, compostos sobre as obras didacticas de Bertrand é Kttinger, foram trabalhos, a qUô leVou-o a falta de outros accommodados ás matérias complexas, de que foi lente, e não foram impressos por ter sido extincto o curso commercial, quando o iam ser. - Theoria è applicação do imposto sobrô capital - E' uma traducção da obra ecortomiCa de Menier, que o doutor Witruvio tem actUalmente entre mãos. A polinario Porto Alegre - Natural de Porto Alegre, capital da província de S. Pedro do Sul, nasceu a 29 de agosto de 1844. Habilita lo nas matérias da instruççãõ primaria, e em algumas da instrucção secundaria, dedicou*se ao magistério e dirige actuâlmentê um internato, o instituto brazileiro, na cidade de seu nascimento ; dá-se ao cultivo da litteratura amena, e ultimamente ao da linguística ; foi Um dos fundadores da primeira associação de lettras que possue sua província, o pantheon litlerario, e usando habilmente do pseudonymo Iriêma, tem escripto : - Bromelias : poesias. Porto Alegre, 1874. AP 331 - Tumulos : poesias. Porto Alegre, 1881. - Chame Japhet: drama em tros actos. Porto Alegre, 1868. - Os filhos da desgraça : drama em quatro actos e um prologo. Porto Alegre, 1874 - Por causa de envolver questões relativas á escravidão, foi este drama em 1869 prohibido de ser levado á scena, pelo então chefe de policia J. Coelho Bastos. --Sensitiva: drama em tres actos. Porto Alegre, 1873. - Ladrões da honra : drama em tres actos e cinco quadros. Porto Alegre, 1875. - Mulheres : comedia em quatro actos. Porto Alegre, 1873. - Epidemia política : come lia em quatro actos. Porto Alegre, 1874. - Benedicto : comedia em um acto. Porto Alegro, 1872. - O vaqueano : romanôe. Porto Alegre, 1872. - Feitiço de uns beijos : romance. Porto Alegrê, 1873. - Paizagens : contos. Porto Alegre, 1875 - E' um volume dê 263 pa- ginas, contendo os seguintes contos : Mandinga. Pilungo. Os biazeiros de tia Anastacia. O valeiro. O Tapera. O monarcha das cochilhas. Constitue o primeiro numero de uma publicação mensal de que é editor J. J. d'Avila, com o titulo de Bibliotheca rio-grandense. - O crioulo do pastoreio : romance. Pofto Alegre, 1875 -Só vi publicado o Io volume, que forma o terceiro numero da mencionada pu- blicação até o anno de 1881. - Dialecto brasileiro, ou a evolução do portuguez na America - Inédito. - Origens aryanas do guarany - Idem. Apolinario Porto Alegre tem, além destas inéditas, algumas composições dramaticas, assim como um tra- balho sobre a historia de sua província, da qual tem feito também estudo particular, sobretudo do que é relativo á revolução de 1835, e tem alguns escriptos em revistas e jorbaes, sendo mais notável sua - Morphologia aryo-quaranitica - que vem na GaZeta de Porto Ale- gre, ns. 85, 86, 98, 99, 109, 111, 112, 127 e 129. Apriglo Justiniano da Silva Guimarães - Nasceu na província de Pernambuco a 3 de janeiro de 1832, e falleceu a 3 de setembro de 1880, sendo Seus paes o brigadeiro José da Silva Gui- marães e dona Francisca Marcolina Guimarães, Bacharelado em direito em 1851 pela academia do Recife, foi no anno seguinte despachado para o logar de secretario do governo do Ceará, pro- víncia, que representou na camara temporária de 1854 a 1856, como deputadô supplente, e que também lhe deu uma cadeira em sua assembléa, assim como o fez sua província natal na legislatura de 1854 a 1855, e na de 1863 a 1864. Depois de receber o grau de doutor, sustentando theses em 1856, apresentou-se a quatro concursos successivos para um logar de lente substituto na faculdade de que era filho, obtendo ser provido no ultimo concurso em 1859, e sendo nomeado em 1870 lente cathedratico de direito civil, de que passou depois a lente de economia política. 332 AP Muito versado nas sciencias de direito, orador distincto e escriptor ap- plaudi lo, foi um dos ornamentos da congregação académica lo Recife e um dos mais fortes baluartes das ideias lib^raes ; exerceu de 1855 a 1859 o cargo de official-maior da secretaria do tribunal do commarcio de Per^ nambuco ; foi socio e orador do instituto archeologico pernambucano e de outras associações de lettras, e escreveu: - Theses apresentadas á faculdade de direito afim de obter o grau de doutor. Recife, 1856 - Além destas ha as theses do concurso que nunca pude ver. - Propriedade litteraria: historico e sustentação de um projecto a respeito, apresentado á camara dos senhores deputados em 14 de agosto de 1856. Recito, 1859. - Lições sobre a infallibilidade e o poder temporal dos papas. Recife, 1860 - Consta-me que esta obra foi reimpr ssa com a seguinte: - Estudos sobre o ensin > publico. Recife, 1860-1861, 2 vols. in-4.° - Discurso lido na sessão solemne do atheneu pernambucano. Per- nambuco, 1860, 13 pags. in-8.° - Discurso ao assumir a regencia da cadeira de direito ecclesiastico. Recife, 1861. - Discurso de abertura do curso de direito publico e constitucional. Recife. 1864. - Saldo contra o paiz (primeira conta corrente). Reflexões políticas de Marco Antonio Recito, 1866, 37 pags. in-83 - Efie o insculo e os dous seguintes são escriptos de censura aos actos do ministério, de que era entã > chefe o Marquez de Olinda. - Saldo contra o paiz ( segunda conta corrente). Reflexões políticas de Marco Antonio. Recife, 1866, 39 pags. in-8.° - Saldo contra o paiz (terceira conta corrente ). Reflexões políticas de Marco Antonio. Recife, 1866, 28 pags. in-8.° - A liberdade de consciência : discurso pelo orador do instituto ar- cheologico pernambucano na sessão solemne do gabinete portuguez de leitura, etc., dedicado aos leitore-* da Opinião liberal. Recife, 1869, 21 pags. in-4° - Na introducção desta obra, depois de declarar o autor que advoga a liberdade de consciência e de cultos, e de fazer considerações neste sentido, assim se exprime: «Sou catholico, apostolico romano e a Deus imploro a graça de morrer tal ; mas isto para mim nunca significou, nem jamais significará que eu veja em cada padre um santo, em cada pontífice um senhor universal, dispondo do céo e da terra, doei lindo in- fallivelmente do espiritual e do temporal, impondo ao mundo o seu Syllabus político, fazendo-se arbitro das nações. » - Discurso depois do memento mandado celebrar pelo partido liberal de Pernambuco na matriz de Santo Antonio do Recife em commemoração do illustre Joaquim Nunes Machado e seus companheiros nas lutas da revolução de 1848. Recife, 1866, 13 pags. in-4.° - Discursos e diversos escriptos. Recife, 1872, 445 pags. in-4°- AP 333 Contém este volume uma collecção de trabalhos, anteriormente publicados. - Jesuitismo e cathol cismo por Fabio Rústico. R mife, 1873, 203 pags. in-4°- E' escripto por occasião da questão religiosa, levantada pelo bispo dom frei Vital, assim como o seguinte : - Jesuitismo em Pernambuco : a ontamentos históricos e philoso- phicos. Pernambuco, 1873, 173 pags. in-8.o - Ensa o dramati co : Nunes Macha lo. Recife, 1874 - Foi levado á scena pela primeira vez n'uma festa patriótica e liberal, realizada a 11 de abril de 1874, sendo nesta occasião o autor enthusiasticamente applaudid o. - Luiz do Rego e a posteridade: refutação do que acerca de Luiz do Rego Barreto, capitão general de Pernambuco, escreveu em uma memória o con"go doutor J. C. Fernanles Pinheiro. Pernambuco, 1876. - Memória histórica académica. Recife, 1876, in-4.° - Faculdade de direito do Recife. Ab^itura do curso de economia politica aos 15 de março de 1871. Recife, 1871,in-4.° - Faculdade de direito do Recife. Discurso n i ceremonia de collação do grau de doutor aos senhores José Joaquim Seabra Júnior, José Maria Metello e Frandsco Gomes Parente pelo padrinho doutor Aprigio Jus- tiniano da Silva Guimarães. Recife, 1878, in-8.° - Faculdade de direito do Recife. Discurso pelo doutor, etc., ao assumir a regencia da cadeira de economia politica aos 16 de junho de 1879. Pernambuco, 1879, 12 pags. in-8.° - Faculdade de direito do Recife. Discurso de encerramento do curso de economia polit:ca em 1879. R cife, 1S79, in-8.° - Sessão academ ca de 28 de fevereiro de 1879 : discurso, etc. Recife, 1879, 16 pags. in-8.° - A p edade suprema de Victor Hugo : paraphrase dedicada a H. Capi- tulino. Recife, 1879, 15 pags.- E' prece tida esta obra de uma carta a H. Capitulino, e escripta em estylo biblico, quando o autor se achava em Jaboatão, já doente e em uso de reme .ios. - Carta ao doutor Raymundo Honorio da Silva. Recife, 1880, 34 pags. - Versa sobre questões de pedagogia, e é sua ultima publicação. Entre seus escriptos publicados em revistas litter irias citarei : - Analyse cr tica do opusculo «Conferencias sobre a paixão de Jesus Christo pelo pa Ire Ventura, tra luzidas pelo monsenhor Joaquim Pinto de Campos » - Sahiu no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, 1856, sob o pseudonymo Agrippa. Neste jornal ha outros artigos de sua penna e sob o mesmo pseudonymo. - Apontamentos de economia politica - Na Revista litteraria, tomo 2% 1879 e 1880. - Recordações da mocidade e columnas electricas : ensaios criticos acerca dos costumes da mo 'idade brazileira - No Domingo. Recif s 1859. - Biographias de homens notáveis de Pernambuco e de outras pro- vindas- No Jornal do Recife, 1859. 334 AP - A política no Brazil segundo um professor de direito - NoiVovo mundo, vol. 3°, novembro de 1872. Tratando o periodico Apostolo das tristes occurrencias dadas em Pernambuco por occasião da questão, deno- minada religiosa, disse : « O senhor doutor Aprigio Guimarães é o prin- cipal autor de tão tristes scenas. Ha muito se declarara inimigo da igreja e tomou a si a missão de insultai-a e aos bispos em suas missivas para o Novo mundo. » Mas a redacção desta revista affirmou, respondendo a semelhante imputação, que apenas recebera do doutor Aprigio Guimarães este artigo, versando tão sómente sobre politica geral. - Inexactidões de dous recentes escriptos relativamente aos movi- mentos de 1817 e 1824 - Na Revista do instituto archeologico pernam- bucano, tomo Io, pags. 519 a 534. Os dons escriptos, a que se refere, são : a « Historia da fundação do império brazileiro polo conselheiro J. M. Pereira da Silva», e uma memória do doutor A. Pereira Pinto. - Breve memória lida na sessão solemne do instituto archeologico pernambucano a 27 de janeiro de 1873 - Na mesma Revista n. 75, março de 1877, pag. 66 e seguintes. - Breve elogio académico do doutor Vicente Ferreira do Rego - Na Revista Nacional, S, Paulo, 1877, n. 3. - João de Souto-Maior ou o delirio de um patriota : drama historico nacional em cinco actos e um prologo - E' precedido de algumas con- siderações sob o titulo de Advertência. Só o prologo, que tem por titulo O rei e o carrasco, vi publicado na Illustração brazileira, Io vol. 1876. Como este drama, Aprigio Guimarães deixou inéditos : - Esboço biographico de João de Souto-Maior, e sua familia. - Os meus ensa'os dramáticos: escriptos comprehensivos de incidentes e factos da imprensa, relativos a Nunes Machado e João de Souto. - Breve noticia dos personagens históricos que figuram no drama João de Souto-Maior - Estes personagens são: frei Joaquim do Amor Divino Caneca, Manoel Caetano de Almeida e Albuquerque, Antonio Carlos Ri- beiro de Andrada Machado, Domingos José Martins, padre Miguel Joaquim de Souza Castro, José Luiz de Menezes, Francisco do Rego Barros, Sebas- tião do Rego Barros e padre Venancio Henrique de Rezende. - Estudos de economia politica - E' uma volumosa obra, escripta para servir de compendio nas duas faculdades do império. O autor es- perava approvação do governo, afim de dar publicidade a seu livro, e effectivamente já se achava elle na secretaria do império ; mas a morte não lhe permittiu fazer a publicação. - Algumas observações - Não sei sobre que versa este esçripto. O doutor Aprigio Guimarães redigiu : - Pedro II. Ceará, 1851 a 1853 - Este jornal se publica desde 1847 até o presente, mas o doutor Aprigio só o redigiu durante esta época em que exerceu o cargo de secretario do governo, tendo entretanto antes disto collaborado para elle. Esta publicação ainda hoje continúa no seu 42° anno. AR 335 - A Opinião Nacional: política liberal. Recife 1867-1879 - Foram também da redacção Antonio Rangel Torres Bandeira e João Coimbra. - A Madre-silva : revista litteraria i specialmente dedicada ás senhoras, sob os auspícios do doutor Aprigio Justiniano da Silva Guima- rães. Recife, 1870. A-priglo Martins de Menezes -■ Filho de Olímpio José de Menezes e de dona Virgínia Martins de Menezes, nasceu na ci- dade da Bahia, ahi fez o curso de medicina, recebendo o grau de doutor em 1867 ; e passando-se para o Amazonas, tem sido nesta província depu- tado provincial em diversas legislaturas, e fji eleito deputado geral na legislatura de 1881 a 1884, não sendo porém reconhecida sua eleição pela camara. Escreveu : - These que sustenta perante a faculdade de medicina da Bahia para obter o grau de doutor em medicina. Bahia, 1867 - Contém uma disser- tação sobre fracturas em geral e proposições sobre : Operação cesarea e suas indicações. Asthma, Familia das palmeiras. - Névoas matutinas : poesias. Bahia, 1868 - O autor tem ainda muitas composições publicadas em avulso, e muitas inéditas. - Relatorio apresentado ao presidente da província do Amazonas, etc. sobre a commissão, de que foi encarregado no rio Negro. Manáos, 1875, 38 pags. in-8° - Trata-se de uma commissão medica. Arcelino <le Queiroz Lima - E' natural da provinda do Ceará, bacharel em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de Per- nambuco, exerce o magistério, si me não engano, em sua província, e escreveu : •-Compendio elementar de geographia geral e especial do Brazil. Ceará, 1873. A,ristid.es Cezar Spinola Zia>ma - Nasceu em Cae- teté, província da Bahia, sendo seus paes o doutor Aristides Zama e dona Rita Spinola Zama. Doutor em medicina pela faculdade de sua província, foi um dos médicos que offereceram-se para prestar os serviços de sua profissão na campanha contra oParaguay, para a qual effectivamente seguiu com outros collegas, professores e estudantes da faculdade em 1865 ; tem sido muitas vezes de- putado á assembléa provincial, deputado á assembléa geral na 17a legisla- tura de 1878 a 1881, dissolvida em 1880, e na subsequente, e escreveu: - These apresentada, à faculdade de medicina da Bahia, e perante ella sustentada em dezembro de 1858. Bahia, 1858 - Contém uma dis- sertação sobre bebidas aromaticas, e proposições sobre : Amputações nas lesões traumaticas. Etheres, sua acção physiologica e therapeutica. Ozona e suas propriedades. - Questão religiosa. Discursos pronunciados na assembléa provincial 336 AR da Bahia pelos deputados doutor Aristides Cesar Spinola Zama e doutor Marcolino de Moura A buquerque nas sessões de 12 e 13 de maio de 1873. Bahia, 1873, 62 pags. in-8.° - Assemblèa legislai va. Discurso pronunciado na sessão de 20 de abril de 1877. Bahia, 1877, 19 pags. - Negocios da Baha. Discurso pronunciado na camara dos senhores deputados de 8 de maio de 1880. Rio de Janeiro, 1880, in-4.° - Discursos pronunciados na camara dos deputados e na assembléa provincial da Bahia sobre vários assumptos. Rio de Janeiro, 1883. jkr istides Franco Velasco- Filho do celebre pintor An- tonio Joaquim Franco Velasco, nasceu m capital da Bahia pelo anno de 1820, e ahi na faculdade de medicina concluia o curso respectivo, quando uma desfei a ou uma reprehensão severa de um professor o levou a suici- dar-se, sendo por esta occasião publicado um soneto da penna de um collega seu, que terminou nos seguintes versos : Venha o que causa foi do extincto fio Desse - que honra fazia á humanidade, Em seu tumulo beber lições de brio. Um dos mais distinctos alumnos da faculdade, era cirurgião de artilha- ria da guarda nacional, e escreveu : - Discurso pronunciado na sessão geral da sociedade bibliotheca clás- sica portugueza em 7 de setembro de 1839 pelo seu presidente, etc. Bahia, 1840, 29 pags. in-4.° Ari st ides Galvão de Queiroz - Natural da Bahia e filho do doutor AI xandre José de Queiroz que foi professor da faculdade de me- dicina, éd utor em mathematicas e sciencias naturaes pela antiga escola central, engenheiro civil, membro do instituto polylechnico brazileiro,etc. Tem sido encarregado de diversas commissões de engenharia, como a de engenhe ro chefe da estrada de ferro Alto Muriahé, é lente do imperial instituto bahiano de agricultura, e escreveu : - Bases para organização de uma escola normal de agricultura na provinciada Bihia, apresentadas á directoria do imperial instituto bahiano de agricultura. Bahia, 1880 - Teve nesta obra por collaboração o en- genheiro Augusto Francisco Gonsalves. - S nthese universal e a theoria physica, mathematica da razão : memória offerecida ao instituto polytechnico brazileiro. Bahia, 1880. - Observações sobre alguns erros da moderna escola da barateza kilometrica nas estradas de ferro para serem presentes ao congresso de estradas de ferro do Brazil. Rio de Janeiro, 1882. jk.ristid.es de Souza Maia - E' natural da província de Minas Geraes, fez o curso de sciencias sociaes e jurídicas, formando-se na faculdade de S. Paulo em 1879, e escreveu : AR 337 - Questões de direito. S. Paulo, 1879 - Como indica o titulo da obra, nella se desenvolvem diversas pontos de direito. de Souza, Spinola-Nasceu na villa, hoje cidade de Caeteté, na Bahia, a 29 de agosto de 1850, sendo seus paes o coronel Antonio de Souza Spinola, que representou a Bahia em tres le- gislaturas, e dona Constança Pereira de Souza Spinola. Para dar uma ideia da rara intelligcncia que desenvolveu desde seus estudos de humanidades, seja-me licito aqui expôr um facto que se acha narrado n'uma noticia biographica no periodico a Lei, de se- tembro de 1878 : Um dia leccionava philosophia o sabio e venerando frei Antonio da Virgem Maria Itaparica, o agitando-se questões entre o mestre e seu joven alumno Aristides Spinola, aquelle, com assombro geral, deixa a cadeira que occupava, o offerece-a ao alumno, tomando o logar deste entre seus condiscípulos. Matriculando-se depo's na faculdade do Recife, onde recebeu o grau de bacharel, ahi a sua applicação e assidui- dade foram taes, que durante os cinco annos do curso académico nem uma só falta deu ! Dando-se ao exercício da advocacia, fez diversas excursões pelo interior de sua província, e particularmente pelo valle de S. Francisco, com o fim de estudar diversas localidades, por onde colheu importantes notas do maior interesse publico; administrou a província de Goyaz de 1879 a 1880 ; foi eleito deputado provincial na legi datura de 1878 e na subse- quente, e deputado geral na primeira legislatura da eleição directa, em 1881. Alèmde alguns escriptos inéditos por occasião das excursões que fez na província, e de outros de collaboração no Diário da Bahia, são de sua penna: - Presidência do Barão Homem de Mello na Bahia: excursões ad- ministrativas. Bahia, 1879, 209 pags. in-8° com quatro tabellas - Consta este livro de uma collecção de artigos publicados no Diário da Bahia, sendo alguns da redacção desta folha, mas estes mesmo addicionados com varias notas do doutor Spinola. - Rilatorios sobre a administração da província de Goyaz. Goyaz, 1879 e 1880, 2 vols.- Estes relatórios contem grande cópia de informações sobre a província, e o segundo foi quasi em sua totalidade transcripto no Jornal do C ommercio. - Estudo sobre os indios que habitam as margens do rio Araguaya: memória-em qúe se occupa dos índios carajás e que se acha annexa ao re- latório da exploração deste rio pelo engenheiro J. R. de Moraes Jardim, publicado no Rio de Janeiro, 1880. - Orçamento do ministério da agricultura : discurso proferido na sessão da camarados senhores deputados de 13 de julho de 1882. Rio de Janeiro, 1882, 70 pags. in-12. - Elemento servil: discurso proferido em sessão de 22 de junho. Rio de Janeiro, 1883, in-12. 338 AR Frei Arsenio da Natividade Moura - Natural da província d ) Minas Geraes e irmão do p idre Antonio Mari i de Moura, de quem já fiz memória, nasceu em Sabará a 24 de maio de 1794 e falleceu na Bahia a 21 de maio de 1861. Monge benedictino, professo no mosteiro da Bahia, foi um dos orna- mentos de sua ordem, tanto por sua grande illustração, como por suas raras virtudes. Foi por diversas vezes prior na ordem, mestre de diversas doutrinas e o mais incansável educador dos religiosos admittidos de 1837 em diante ; foi quem realizou no morteiro da Bahia a creação das primeiras aulas, de portuguez, latim, francez e philosophia, regidas por monges benedictinos ; e fóra da ordem exerceu o cargo de lente de historia eccle- siastica no seminário archiepiscopal e od; director do pequeno seminá- rio ou collegio de S. Vicente de Paula, a instancias do arcebispo dom Ro- mualdo, seu amigo, no qual prestou por muit s annos relevantes serviços. Depois disto entregou-se ao mais completo retiro no seu mosteiro, a morti- ficações e penitenciis, e assim viveu alguns annos, morrendo como um justo. Era socio lo instituto historico e geographico brazileiro ; grande prégador, e escreveu sermõ s com que poderia encher alguns volumes, porque mu tas vezes prégava quaresmas inteiras. Entretanto só foi publicada a - Oração fúnebre recitada na matriz de S. Pedro da Bahia por occa- sião das solemues exequias do excellentissimo e reverendíssimo sennor dom Romualdo Antonio de Seixas, arcebispo, metropolitano e primaz do Brazil. Bahia, 1861 - Foi seu ultimo sermão ; porque sahiu da púl- pito para se unir na vida eterna ao venerando arcebispo, unica pessoa capaz de arrancai-o de seu retiro. Existe ainda de sua penna : - Manifestação ao respeitável publico pelos monges benedictinos. Rio de Janeiro, 1833, 48 pags. in-4° -Consta-me que é também deste autor a - Memória documentada, offerecida á nação brazileira, seus augustos repres mtantes e imperial governo por um brazileiro, amigo de sua patria, sobr * os melhoramentos ou reformas das ordens regulares, e em particular da dos benedictinos no Brazil, etc. Rio de Janeiro, 1834, in-4.° A.rtliu.r de Azevedo - Filho do cônsul portuguez no Ma- ranhão David Gonçalves de Azevedo, nasceu nesta província a 7 de julho de 1855. Depois de servir como caixeiro n'uma casa commercial de S. Luiz, entrou para o funccionalismo publico, como amanuense da secretariada presidência ; sendo porém exonerado em 1875 de seu emprego, veiu para o Rio de Janeiro e aqui foi provido n'um logar de amanu n«e da secre- tari i da ag-icultura, commercio e obras publicas, onde é actualmente se- gundo official. Dá-se com fervor ao cultivo da litteratura, sobretudo da dramatica, e tem escripto e traduzido grande numero de obras neste ge- nero. Posso dar noticia das seguintes obras suas; A.R 339 - Caranuças. S. Luiz, 1872- E' um volume de poesias satyricas. - Na rua do Ouvid r : epistola a Alfredo de Queiroz. Rio de Janeiro, 1875 - Sahiu sob o titulo de Hoeas vagas, I. Creio que teve segunda edição. - Sonetos. Rio de Janeiro, 1876 - Sahiu sob o mesmo titulo, II. - O dia de finados : satyra. Rio de Janeiro, 1880. - Uma véspera de Reis na Bahia : comedia-opereti em um acto, ori- ginal : musica de Francisco Libanio Colas. Rio de Janeiro, 1876 - Sahiu sob o titulo Horas de humor. - Abel e Helena : opera cómica em tres actos, escripta a proposito da Belle Helene, musica de Offenbach - Foi muitas vezes á scena no thea- tro Phenix dramatica. -A casadinha d ■ fresco : opera cómica em tre» actos, imitação da Petite mariêe, musica de Lecoq- Hem. - A filha d; Maria Angu,: opera cómica em tres actos, a proposito da Filie de madame Angot, musica de Lecoq - Idem. - Niniche : comedi i em tres actos ; traducção livre, musica de Mario Boullaid. Rio de Janeiro, 1879 - Idem. - A princeza dos Cajueiros : opera cómica em um prologo e dous actos, musica de Francisco de Sá Noronha. Rio de Janeiro, 1880 - Idem. - A joia : comedia em tres actos, original e em verso. Rio de Janeiro, 1879 -Idem. - Os noivos : opera cómica de costumes, original, brazileira, em tres actos. Rio de Janeiro. - Nhô-nhò : comedia em tres actos, traducção livre. Rio de Janeiro. - Amor por annexins : entre-acto comico, original, musica de Leoca- dio Raiol. Rio de Janeiro. - Jerusalem libertada : drama phantastico em quatro actos e dez quadros ; traducção com musica de Ciriaco de Cardozo. Rio de Janeiro. - O pimpolho : come dia em tres actos de Henrique Crisafuli e Victor Bernard - Esta e as que em seguida menciono, não sei si foram impres- sas. Foi representada e muito applaudida no theatro Lucinda, em 1881. - A mulher do papá: comedia em tres actos de Hennequin e Albert Millaud ; traducção, com musica - Foi representada pela primeira vez na Phenix dramatica a 17 d* maio de 1881. - A Camargo : opera cómica em tres actos ; traducção, com musica de Lecoq- Tem sido representada no mesmo theatro. - A flha do fogo: opcrêta magica em tres actos e doze quadros, tra- duzida livremente e accroscentada; musica de Offenbach, Lecoq e Ciriaco de Cardozo. - A pelle do diabo : comedia em um acto, original. - Os doudos : comedia em tres actos, em verso - E' escripta com seu irmão Aluizio de Azevedo, de quem já tratei neste volume, e sahiu delia um fragmento na Revista dos theatros. 340 AR - Primeiras proezas de Richelieu: comedia em dons actos. Traducção feita com Arthur Barreiros. - O Rio de Janeiro em 1877: revista satyrica e burlesca em um pro- logo, tres actos e dezeseis quadros, original, de sociedade com Lino de Assumpção e musica de diversos. - O Alfacinha : scena cómica em verso, original. - Keller e Fagundes : dialogo comico, original. - A exposição portugueza: monologo comico, musica de F. de Sá No- ronha. - Anjo do mal: drama em cinco actos e oito quadros. Traducção livre. - O rei das areias de ouro : drama em cinco actos. Traducção. - A pérola negra: drama em cinco actos e sete quadros. Traducção livre. - As mulheres do mercado : drama em cinco actos e dez quadros, com musica de Carlos Cavallier. - As mascaras de bronze : drama em cinco actos e seis quadros por A. d'Ennery. Traducção. - O filho de Coralia: drama em quatro actos de Delpit. Traducção- Foi levado á scena no theatro Recreio dramatico e depois no theatro Lu- cinda a 23 d? julho de 1881. Ha outra traducção deste drama, escripta para outro theatro desta côrte pelo distincto litterato e red actor da Gazeta de Noticias, Henrique Chaves. - O Liberato : comedia em um acto, original, brazileira - Foi á scena pela primeira vez neste theatro a 19 de setembro de 1881. - O dia e a noite : opera buffa em tres actos de Vanloo e Letterrier. Traducção com musica de Lecoq - Foi representada muitas vezes no theatro SanCAnna em 1882. - Os tres boticários : comedia em tres actos do Anicet Bourgeois. Tra- ducção - Foi representada no dito theatro a 10 de abril de 1882 pela se- gunda vez. - A Mascote na roça : comedia em um acto - Foi representada pela primeira vez no Recreio dramatico a 15 de maio de 1882, e publicada na Gazetinha. - Coquelicot: opera cómica em tres actos por Armando Silvestre. Tra- ducção - Levada á scena do theatro SanCAnna em julho de 1882. A mu- sica desta opera é composição de Luiz Varney. - Casa de Orates : comedia em tres actos,original brazileiro dos irmãos Arthur de Azevedo e Aluizio do Azevedo - Foi pela primeira vez levada á scena no mesmo theatro a 28 de agosto de 1882. - Genro e sogro : comedia em um acto de Labiche, accommodida á scena brazileira - Liem com a precedente. - A fiorde Hz: opera cómica em tres actos, accommodada á scena brazileira pelos irmãos Arthur e Aluizio de Azevedo, musica de Leon Vasseui' - Foi levada, á scena pela primeira vez no theatro SanCAnna a 26 de outubro de 1882. AR 341 - O anjo da vingança : peça em tres actos, expressamente escripta para a celebre artista Gemma Cuniberti - Collaborou nesta obra U. Duar- te. Foi representada no theatro Gymnasio em maio de 1882. - Gillete de Narbonne : opera cómica em tres actos de H. Crivot e A. Duru, extrahida dos Contos de Boccacio . Traducção livre, com musica de E. Aulran. Rio de Janeiro, 1883 -Foi levada pela primeira vez no theatro Sant'Anna a 28 de junho deste anno. - Falka(le droit d'ainesse) : opera cómica burlesca em tres actos por E. Letterrier e A. Vanloo. Traducção - Idem a 24 de agosto de 1883. Arthur de Azevedo redigiu : - O Domingo : revista hebdomadaria. S. Luiz, 1872. - Revista dos theatros : periodico dedicado á litteratura e arte drama- tica - Sahiu o primeiro numero em julho de 1879, Rio de Janeiro, sendo seus pricipaes redactores Arthur de Azevedo e A. Lopes Cardozo, com 80 pags. in-16 e um retrato do actor F. C. Vasques, de quem vem ahi a biographia, escripta por Arthur de Azevedo. Jkrtliu.r Barreiros - Natural do Rio de Janeiro e nascido a 29 de dezembro de 1856, cursou até o 2o anno a antiga escola central, que deixou para dedicar-se ao jornalismo, collaborando para vários jornaes, como a Comedia popular, o Bezouro, Revista do Rio de Janeiro, Zig~ zag. Luz, Penna e Lapis, Gazetinha, Estação, Mele de familia Biblio- thecaromantica e Revista brazileira, onde se acha seu estufo sobre - Collocação dos pronomes - No tomo 5o, 1880, pags. 71 a 83. - O Cancioneiro alegre de C. Castello Branco. Rio de Janeiro, 1879, 8 pags. in-8° gr.- E' escripto em fórma de carta «ao exm°. sr. Camello Castello Branco» ao ler a obra desse escriptor portuguez que por vezes tem procurado injuriar o Brazil em suas publicações. Póde-se avaliar a justa indignação, de que se possuirá Barreiros, pelas seguintes palavras suas: « Para um cão hydrophobo - que diabo ! - ha o veneno, ha a pedra, ha o pau, ha o tiro, ha o fiscal e ha a camara municipal; e para vossa excellencia que é tresdobradamente peior que dous, duzentos, vinte mil cães damnados - pois não contente com abocanhar os vivos, inda levanta a perna no tumulo dos mortos - para vossa excellencia, diziamos, não ha uma possessão na África, não ha quatro bofetadas, e uma duzia de ponta- pés, nem siquer, ó Deus todo Poderoso ! um simplese modesto xadrez de policia.» E quem assim se exprime é um joven de educação finíssima, de trato ameníssimo! E' que nem todos têm bastante fleuma para ouvir e atirar ao merecido despreso insultos grosseiros, embora venham estes de um homem de lettras, mas de um homem que se esquece que seus parentes deixam o seu fulgurante céo de Portugal pelo nosso cèo estrelladu de bananas, e vem aqui buscara felicidade no entrelaçamento com a cabra- Ihada do Brazil, com os cerebros de tapioca. 342 AR - A princeza Jorge : drama de Alexandre Dumas filho. Traducção - inédita, mas representada no theatro Cassino. - Prim iras proezas de R chelieu : comedia em dous actos. Traducção de sociedade com rthur de Az wedo - idem. - Bellesa invisível : romance - Foi publicado na Estação, jornal de modas, 1881. - Contos, biographias, etc.- E' um volume que o autor conserva iné- dito e me parece que será dado á lume brevemente. A.rtliu.r Carneiro de Mendonça Franco - E' natural da província de Minas Geraes, e exerce um logar na secretaria do senado. Collaborou, si me não engano, no periodico Cruzeiro, e escreveu: - Histo^a de uma parisiense por Octavio Feuillet, traducção. Rio de Janeiro, 1881 - Foi publicada sob o titulo de « Bibliotheca do Cruzeiro », depois de haver sido impressa no mesmo perio dco. Arthur Fernandes Campos da Paz - Filho de Manod Venancio Campos da Paz e de dona Amalia Carolina Fernandes de Campos, nasceu na cidade do B manai, província de S. Paulo. Doutor em medicina pela facullade do Rio de Janeiro, dedicou-se desde estudante ao exercício de educador da mocidade, a principio leccionmdo sciencias naturaes no externato Aquino, e depois na uirecção deste esta- belecimento com seu director primitivo, o doutor João Pedro de Aquino ; é adjunto da cadeira de chi mica organica e biologia da faculda ie de medi- cina, socio e um dos fundadores da sociedade beneficente paulista José Bonifico, e escreveu: - Estudo sobre a nomenclatura chimica. Rio de Janeiro, 1877. - Dos bromuretos e suas applicações therapeuticas : these apresen- tada á faculdade de medicina do Rio de Janeiro a 30 de setembro de 1878, Rio de Janeiro, 1879 - E' seguida de proposições sobre os pontos : Am- monia. Thoracenthese. Pneumonia. Arthur Leal - E' um autor, que só conheço pela obra abaixo mencionada, sabendo apenas que frequentara a faculdade de direito do Recife. Consta-me que existe um bacharel em direito, que exerce em nossa magistratura um logar de juiz municipal na província do Rio Grande do Sul, com o nome de Arthur Leal Ferreira, e talvez seja o mesmo autor das - Impressões académicas : ensaios críticos. Recife, 1879, in-8.° A.rtlxur de Oliveira - Natural da província do Rio Grande do Sul, nasceu em 1851 e falleceu no Rio de Janeiro a 21 de agosto de 1882. Viajou alguns annos pela Europa, ahi fez sua educação, demorando-se sobretudo na França, onde entreteve intimas relações de amizade com AS 343 Theophilo Gautier e sua irmão Judith Gautier, Leconte de Lisle, o ce- lebre livreiro Alphonse Lemerre e outras n otabilidades ; e de volta á patria, fo prof ssor 1 vre de diversas matérias e por ultimo professor do collegio de Pedro II. Era tão vergado na lingua franceza, como na patria, e possuia um vasto cabedal lítterario. Sua morte foi annunciada por toda a imprensa diaria da côrte, que por entre phrases repassadas de doloroso sentimento, põe em ridevo os bellos dotes de seu espirito. « Era - diz o Cruzeiro - um d)S talentos mais vigorosos da geração nova que teria occupado um logar muito distincto entre os nossos homens de lettras, si a morte o não colhesse tão cedo.» Escreveu: - A rua do Ouvidor: monographia fluminense. Rio de Janeiro, 1873 - Sahiu sob o pseudonymo de Bento Gonçalves. - Flexas. Rio de Janeiro, 1873, in-8.° - Flexas: chronica quinzenal de política, litteratura e costumes. N. 2. Rio de Janeiro, 1873, in-8° - Nesie escripto e no precedente usa ainda o autor do pseudonymo de Bento Gonçalves. - These de concurso á cadeira de prof ssor substituto de rhetorica, pce'ica e litteratura nacional do collegio de Pedro II. Rio de Janeiro, 1879. A-rtliur Rodrigues cia Hoclia - Sei apenas que é na- tural da província do Rio Grande do Sul e filho de José Rodrigues da Rocha a quem dedica o segundo dos seguintes volumes que escreveu: - José: drama. Porto Alegre, 18" - Foi representado e muito ap- plaudido na provincia do autor. - O filho bastardo : drama em tres actos, escripto expressamente para ser repr sentado pela sociedade dramatica particular luso-brazileira e lido na 9a palestra dos Ensaios litterarios a 31 de outubro de 1875. Porto Alegre, 1876, in-8° - Neste mesmo volume andam annexas as duas peças: - Anjo g sacrifício : comedia em tres actos. - Por causa de uma camélia, ou um marido por meia hora: comedia em um acto. A-scanio Ferraz da Moita - Filho de João Borges Ferraz e de dona Anna Lopes Ferraz, nasceu na cidade da Cachoeira, província da Bahia, em 1822 e falleceu no Rio de Janeiro em julho de 1871. Doutor em medicina pela faculdade da Bahia, sentindo-se com vo- cação para o commercio, empregou alguns bens de fortuna que possuia, abrindo na capital de sua província uma casa de fazendas e modas, asso- ciado a outro ; mas foi tão inf liz, que ao cabo de alguns annos de poucos lucr s, verificados pelos balanços, veiu a fallir, tend<> sempre gozado da reputação de honrado e tendo servido muitos annos durante sua vida commercial na directoria da caixa economica, de que era accionista. 344 Arr Mudando-se para o Rio de Janeiro, depois de sua fallencia, aqui fundou e dirigiu um collegio para educação do sexo masculino, a que deu o titulo de collegio normal, com o qual, depois de muitos sacrifícios e dissabores, principiava a melhorar sua sorte, qaando falleceu, victima de uma con- gestão cerebral. Fôra por mais de uma vez deputado á assombléa pro- vincial da Bahia, era cavalleiro da ordem da Roza, e soc o fundador da extincta sociedade instructiva, do instituto litterario e de outras,e escreveu: - Considerações hygienicas sobre o uso do tabaco: these inaugural. Bahia, 1846 - E' seguida de proposições sobre os diversos ramos do en- sino medico. - Curso de arithmetica para uso das escolas primarias. Rio de Ja- neiro, 1868 - E' um lívrinho muito adaptado ás jovens intelligencias pela clareza e methodo simples com que o autor resolve as questões, principal- mente no que é concernente ás regras de proporção. - Manual da conjugação dos verbos irregulares francezes, contendo a pronuncia e outros esclarecimentos necessários á boa intelligencia desta matéria. Rio de Janeiro, 1869. O doutor Ascanio escreveu, sendo ainda estudante, vários artigos em di- versas revistas como o Musaico e o Archivo medico brasileiro, onde se acham as - Estatísticas dos doentes que o hospital da santa casa de misericórdia da Bahia tem tido a seu cargo de 1 de julho de 1834 ao ultimo de junho de 1845, e da mort lidado no mesmo hospital de 1 de julho de 1844 ao ul- timo de junho de 1845 - Vem no vol. 3o, 1847. Foi também collaborador e por fim redactor do - Crepúsculo : periodico instructivo e moral do instituto litterario da Bahia. Bahia, 1845 a 1847, 3 vols. in-fol. -Este periodico se publicou, a principio em livrações quinzenaes de 16 pags. em duas columnas, de 2 de agosto de 1845 a 25 de julho de 1846; depois mensalmente de setembro deste anno a fevereiro de 1847, sendo este o periodo em que o redigiu o doutor Ascanio. De seus escriptos ahi publicados, mencionarei o que tem por titulo: - Caminhos - que vem nos ns. 8, 9, 10 e 11. São estudos sobre a ne- cessidade, vantagens, construcção, etc. de estradas e vias de comrnuni- cação por terra. O instituto historico finalmente possue deste autor uma - Breve noticia do estado actual da instrucção publica na provincia da Bahia, inédita - que foi apresentada na exposição de historia do Brazil de 1881. -A-talilba. Lopes cie Gomensoro - E' natural da pro- víncia de Pernambuco, e filho de José Secundino de Gomensoro e de dona Victoria Lopes de Gomensoro. Doutor em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro, exerceu, ainda estudante, o logar de externo da clinica cirúrgica da mesma faculdade, A.U 345 e dedicou-se depois especialmento á ophtalmologia, tendo feito rnais de uma viagem á Europa para aprofundar-se nos respectivos estudos. E' official da ordem da Roza, cavalleiro da de Christo, cavalleiro da ordem hespanhola de Izabel a catholica, official da ordem da Torre e Espada de Portugal; membro titular da imperial academia de medicina, e escreveu: - Do cancro venereo ; dissertação inaugural, sustentada na augusta presença de sua magestade o Imperador. Rio de Janeiro, 1865 - E' se- guida de proposições acerca : l.° Da orchitc ; 2.° Do mercúrio e suas pre- parações, considerado pharmacologica e therapeuticamente ; 3.° Da as- phixia cm geral e da asphixia por submersão em particular. - De la pilocarpine dans l'irido-choroidite plastique : extrait de la memoire luo a la societé de medicine de Paris. Rio de Janeiro, 1881. - Communismo : comedia em um acto, representada no Gymnasio do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1864, 60 pags. in-8.° - Os cavalleiros da Disgra : romance - Vem no Bazar volante, jor- nal caricato, de que fôra o doutor Ataliba collaborador. A-uclalio A-rcliilbald. França - Natural da provinda do Rio Grande do Sul, cultiva a poesia, e escreveu : - Gemidos d'alma: poesias. Rio de Janeiro, 1877 - Consta-me que o autor deu segunda edição de seu livro com augmento de novas com- posições em 1878. Augusto Alvares Guimarães - E* natural da Bahia, bacharel em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade do Recife, advo- gado na capital de sua província, e negociante matriculado, e escreveu : - Propaganda abolicionista: cartas de Vindex ao doutor Luiz Alvares dos Santos. Bahia, 1875, 86 pags. ia-4.° E' actualmente o principal redactor do - Diário da Bahia. Bahia... -Esta publicação tem 28 annos de existência e continúa com toda regularidade. Antes redigiu : - O Abolicionista : publicação quinzenal da sociedade libertadora sete de setembro. Redactores F. de Araújo e A. Guimarães. Bahia, 1872, in-fol. A-ugristo de Andrade Valdetaro - Natural do Rio de Janeiro, falleceu em 1869 ou 1870. Fez o curso da academia de ma- rinha ; serviu, sendo ainda aspirante, na esquadra em operações contra o Paraguay em 1867, e era já official quando morreu. Escreveu : - A injustiça: drama em trcs actos. Rio de Janeiro, 1866 - Foi es- cripto quando o autor cursava a academia, e offerecido a João Evange- lista de Assis e a seus collegas do segundo anuo do curso académico. A-uguisto Cândido Fortes de Bustamante e Sá - Nasceu na cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, si me não en- 346 ATT gano, em 1834, e falleceu na mesma cidade, affectado de uma febre perni- ciosa, a 31 de janeiro de 1872. Doutorado em medicina pela faculdade do R o de Janeiro, serviu du- rante a campanha contra o Paraguay, como primeiro cirurgião do hos- pital militar da côrte, p do que lhe foram conferidas as honras de ci- rurgião-mór de brigada, e como vogal da junta militar de saude. Era official da ordem da Roza, cavall'iro da de Christo, socio da socie- dade amante da instrucção e da auxiliadora da industria nacional, e es- creveu : - Infecçdo purulenta. Elephantiases dos escrotos. Da respiração dos vegetaes, e de sua influencia na atmosphera. Qual o melhor tratamento da febre amarella : the^e inaugural. Rio de Janeiro, 1858 - Os tres úl- timos pontos são tratados em proposições. - Summario dos factos mais importantes de clinica cirúrgica, obser- vados no hospital militar da guarnição da côrte Infante os annns de 1865 a 1870, mandado publicar pelo governo imperial. Rio de Janeiro, 1872 - E um volume de 236 paginas in-4° grande, com diversas figuras, pre- cedido de um parecer, escripto pel» cicurgião-mór do exercito. - Formular o pharmaceutico para uso dos hospitaes e enfermarias militares do Brazil. Rio de J neiro, 1867. (Vide José Ribeiro de Souza Fontes, Luiz Bandeira de Gouvêa e Antonio Corrêa de Souza Costa.) Augusto Canelido Xavier Cony- E' professor da inst^ucção primaria da primeira cadoira da freguezia de SanfAnna, ca- valleiro da ordem da Roza, e escreveu : - Arithmet>ca adiptada ás escolas primarias do primeiro grau. Rio de Janeiro, 1880. - Memória sobre asylos infantis, ou estudos destas instituições. Rio de Janeiro, 1882, 40 pags. in-8.° - Nova grammatica po tugueza de Bmto José de Oliveira, molificada e reduzida a compendio elementar : obra adoptada nas escolas publicas pelo governo imperial. Rio de Janeiro (sem data). - Instrucção nacional: revista de pelagogia, sciencias e lettras, col- laborada por professores e litteratos e dirigida por Antonio Estevão da Costa e Cunha e Augusto Cândido Xavier Cony. Rio de Janeiro, 1874, in-4.° TVug^usto Carlos Grei Tavares - E' natural do Rio de Janeiro e sobrinho do almirante Diogo Ignacio Tavares. Muito joven ainda, exerce um logar na secretaria da escola polytechnica, cultiva a lit- teratura amena, e escreveu : - Antes do baile : comedia em um acto, de costumes brazileiros. Não sei si foi impressa; foi porém levada á scena no theatro Principe impe- rial em 1881. ATT 347 Augusto Carlos da Silva Telles - E' natural da província de S. Paulo, filho do loutor João Carlos da Silva Telles, e en le- nheiro pela escola polyt chnica. R>geu na qualidade de professor inte- rino d 'Sta esccla a segunda cadeira do segunuo anno do curso de artes e manufacturas, e escreveu : - Rela orio dos exercícios práticos de physica e chimica industrial, apresentado, etc. Rio de Janeiro, 1880, in-4.° Augusto Carneiro Monteiro da Silva Santos - Natural do Recife, capital da província de Pernambuco, e filho de João da Silva Sant s e de dona Maria Felicia da Silva Santos, nasceu em 1832 e falleceu entre os annos de 1879 e 1881. Doutor em medicina pela facul ade da Bahia, foi professor de mathe- maticas e também de rhetorica em sua p ovincia e escreveu : - De tuberculisatione nonullse propositiones : theses ad quam, Deo adjuvante, pal m propugn .ndam nititur in bahiense medecinse facultate, etc. Bahia, 1854. - Arithmetica elementar - Sahiu na Revista da instrucção publica de Pernambuco, anno Io, pags. 79, 120, 155, 190, 284, 330 e 334, e anno 2o, pags. 15, 18 e 125, continuando ainda. Não sei si foi publicada em volume. Consta-me que ha de sua penna um - Compendio de rhetorica - que nunca si foi impresso. Era o com- pendio, por que leccionava a seus discípulos. Augnsto de Carvalho -Natural de Campos, província do Rio de Janeiro, d'aqui passou para Portugal e fez o curso de direito na universidade de Coimbra, voltando á patria depois de sua formatura. Cul- tor desvela lo daslettras des le muito joven. dedicou-se ao jornalismo muito cedo, e actualmente tem um collegio de elucação em sua província. Escreveu : - Questões infernac;onaes. Porto, 1873, in-8.° - Estudo sobre a colonisação e emigração para o Brazil. Porto, 1874, in-8.o - O Brazil. Colonisação e emigração : esboço historico, baseado no estudo dos systemas e vantagens que off rec m os Estados-Unidos, con- tend) um specimen das cartas de doações e foraes de capitanias, o regi- me hto dado ao primeiro governador geral do Brazil, alvarás, cartas régias e outras leis dos tempos coloniaes, e todas a-s disposições da 1 'gis- lação brazileira, que mais particularmente interessam aos estrangeiros que pretend >m estabelecer-se no império. Porto, 1875, 509 pags. in-8° - Esgotida logo a edição, publicou : - O Brazil, etc. : segunda edição revista e acrescentada, contando uma noticia d senvolvila do lescobrimento e colonisação di America do norte, consolidação da grande republica, progressos interiores do paiz, 348 A.TJ computo da emigração, etc. ; e parallelamente o historico do descobri- mento, povoação, autonomia e prosperidade do Brazil, etc., com um mappa das colonias estabelecidas no império desde 1812 até 1875. Porto, 1876, 526 pags. in-8°, com o retrato do autor. - Projecto de contrato, apresentado ao diroctor geral da estrada de ferro, D. Pedro II, pelo doutor Lourenço Ferreira da Silva Leal, Anto- nio José Rodrigues de Araújo e Augusto de Carvalho. Rio de Janeiro, 1877, in-8° - Refere-se à empresa protectora dos trabalhadores e jorna- listas da mesma estrada. Augusto de Carvalho re ligiu em sua ultima phase de publicação o - Diário do Rio de Janeiro - folha creada em 1821 por Zeferino Vi- ctor de Meirelles, terminando em 1878 depois de ter passado pela redacção de diversos. Redigiu depois o - Jornal do Povo : folha democrática. Rio de Janeiro, 1879, in-fol. - Desta folha fôra elle proprietário e redactor principal, tendo muito antes redigido a - Esperança : publicação semanal. Rio de Janeiro, 1861, in-4.° A-ng^usto <cle Castro - E' natural do Rio de Janeiro e for- mado em direito; serviu o logar de secretario da estrada de ferro D. Pe- dro II; deu-se sempre ás lettras e com toda dedicação ao jornalismo, e faz actualmente parte da redacção do Jornal do Commercio. Escrevo estas linhas no momento de dal-as ao prélo - e chamo para ellas a attenção de to los os que acharem omissões em meu livro, e prin- cipalmente dos jornalistas : Augusto de Castro foi um dos primeiros es- criptores brazileiros a quem me dirigi com toda delicadeza, pedindo apon- tamentos para este livro, e foi-lhe entregue minha circular por um amigo comraum, no ultimo quartel de 1880, tendo a resposta verbal de que seria satisfeito o meu pedido. No principio do anno passado empenhei outro amigo, empregado do Jornal do Commercio, para o conseguir. Demorando a resposta promettida, fiz a noticia relativa ao distincto litte- rato fluminense em junho do anno passado e foi-lhe ella entregue pelo nosso honrado amigo A. Fomm, seu collega de escriptorio, afim de serem feitas as correcções e accrescimos necessários ; e depois disto mais de uma vez me disse o doutor Castro que só lhe faltava ver a data da publicação de uma obra, e ainda, ha um mez apenas, o sr. Fomm me communicou que elle promettia maudar-me os apontamentos. • Não preciso dizer que esperei até este momento. Nem ao menos uma noticia, que com máximo empenho lhe pedi, obtive eu, isto é - desde quando, e até quando foram publicadas as - Cartas de um caipira - folhetins em estylo humoristico, ameno e sempre delicado, que sahiram no Jornal do Commercio durante alguns annos do dominio da situação conservadora que expirou a 5 de janeiro de 1878. Estas cartas sahiram nos primeiros annos com a maior regulari- dade em dia determinado da semana, contribuindo poderosamente para a ATT 349 correcção de muitos abusos da sociedade fluminense, e até de erros da alta administração. Elias dariam alguns volumes si fossem collec- cionadas. Ha de sua penna varias comedias, todas habilmente temperadas de aprazivel sal, e já representadas em theatros da côrte com geral applauso. Neste momento posso dar noticia das seguintes : - Barbas de milho : parodia da opera cómica Barbe Bleu - Foi muitas vezes representada na Phenix dramatica pela empreza do actor Heller. - O reinado das mulheres : parodia de La reine Crinoline -Idem. '- O senhor Mello Dias, amante das mesmas : parodia de Monsieur Chou/leurie - Idem. - O fechamento das portas: comedia - representada no mesmo theatro com muitos appíausos por occasião da resolução de se fechar o commercio aos domingos e dias santificados. - O cataclisma de 1869 : comedia - creio que foi representada no mesmo theatro. - A ninhada de meu sogro : comedia - Idem. - Vaz Telles & CP : comedia - Foi levada á scena no theatro Re- creio dramatico. - De Herodes para Pilatos : comedia em tres actos, imitada do francez representada no theatro Recreio dramatico em 1881. - O morro do Nheco: certidão em tres actos com musica, passada por Augusto de Castro - representada pela primeira vez, em beneficio do actor Vasques, no theatro SantlAnna, a 10 de abril de 1883. A. de Castro foi um dos primeiros e constantes redactores da - Semana illustrada : jornal humorístico e hebdomadario illustrado. Rio de Janeiro, 1860-1876, 15 vols. in-4° gr. (Veja-se Antonio José Victoríno de Barros.) Augusto Cezai* Diogo- Nasceu na província da Bahia, em Paramerim, a 21 de abril de 1846, sendo seus paes Braz Diogo das Chagas e dona Carolina Amélia de Azevedo. Fez o curso de pharmacia na faculdade desta província e nada côrte recebendo o titulo de pharmaceutico; entrando para o corpo de saude do exercito a 10 do julho de 1873, já era tenente honorário por ter prestado serviços na campanha do Paraguay, e acha-se actualmente encarregado do laboratorio chimico-pahrmaceutico militar, ha pouco, estabelecido na côrte. E' preparador de pharmacologia da faculdade de medicina ; professor livre da mesma disciplina; cavalleiro da ordem da Roza ; condecorado com a medalha da campanha do Paraguay ; socio benemerito do instituto pharmacentico do Rio de Janeiro ; membro titular da imperial academia de medicina, e escreveu: - Noções de pharmacia. Rio de Janeiro, 1881, 264 pags. in-81 - Este livro é o compendio, por que oautor lecciona. 350 axt - Memória sobre benzoato de ferro e o oleo de fígado de bacalhau ferruginoso - Foi apresentada á imperial academia de medicina para ser sm autir admittido como membro titular, e publicada nos respectivos annaes em 1874. E' r dactor da - Tribuna pharmaceutica : publicação mensal do instituto pharmaceu- tico do Rio de Janeiro, destinada aos inte esses da corporação pharma- ceutica. Rio de Janeiro, 1871 a 1883- A princ:pio foi collaborador des- ta revista, onde ha muitos artigos de sua penna, assim como nos Annaes Brazilienses de medicina. (Veja-se Antonio Joaquim Teixeira de Azevedo.) A-ug^isto Cezar de Miranda Azevedo - Filho do doutor Antonio Augusto Cezar de Azevedo e de dona Anna Eufro- sina de Miran la Azevedo, nasceu na cidade de Sorocaba, provincia de S. Paulo, a 10 de outubro de 1851. E' doutor em medicina pela faculdade do Rio de Janeiro, e acha-se actualmente, depois de clinicar algum tempo na côrt», exercendo sua profissão na provincia de seu nascimento. Um dos mais distinctos aca- démicos do curso, fundara e redigira, ainda estudante, a - li V/S'a medica : publ cação quinzenal de sciencias medicas, cirúr- gicas e naluraes. Rio di Janeiro, 1873 a 1874, 2 vols. - S.^hiram mais quatro volumes sob a redacção de outros, e com o titulo de Revista me- dica do Rio de Janeiro. Nesta publicação, que se fazia em folnetos, se acham entre diversos artigos seus: - Memória histórica dos factos mais notáveis occorridos em 1872, acompanhada de um relatorio sobre a organização das mais importantes faculdades de medicina da Europa pelo doutor Vicente Cand do Figueira de Saboia, lente de cl nica cirúrgica da faculdade de medicina do Rio de Janeiro: (critica litteraria) - Sahiu nos numeros 5, 7, 9, 12, 13, 14 do Io vol., e n'outros do 2.° - Bosquejo historico critico dos meios therapeuticos da erisipella pelo doutor Costa Alvarenga, public ido em Lisboa, 1873: (critica littera- ria) - Ilem, vol. 2.° - Noções elementares de chimica medica, apresentadas em harmo- nia com os melhores chimicos modernos, do doutor Moraes e Valle, obra em dous volumes, etc. : (critica litteraria) - Idem. Escreveu depois - Beriberi. Do darwinismo: ó "acmtavel o aperfeiçoamento completo das especies até o homem ? Operações reclamadas pela fistula lacrimal. Da educação physica, mtellectual e moral no Rio de Jane ro e sua in- flu meia sobre a saude. Rio de Janeiro, 1874 - E' sua these inaugural. Só o primeiro ponto é desenvolvido em diss Ttação. - Beriberi na provincia de S. Paulo: carta ao doutor Betoldi. Rio de Janeiro, 1877. AU 351 - Frederico Fomm : apontamentos biographicos. S. Paulo, 1879, 15 pags. in-8. ' -Doutor Luiz Barboza da Silva : biographia. S. Paulo, 1880,24 pags. in-8° - Esta biographia vem reproduzida no Almanak litterario de S. Paulo, do anno de 1880. Augusto T>ias Carneiro - Nasci lo em Cax;as, provincia do Maranhão, a 12 de outubro de 1821, sendo s ms paes o comroendador João Paulo Dias Carn iro e dona Anua Joaquina das Mercês Carne ro, fal- lec-m em Theresopolis, provincia do Rio de Janeiro, a 30 de novembro de 1874. Era doutor em sciencias physicas e mathematicas pela antiga escola militar da côrte e lente cathedratico da escola central, depois polytechni- ca. N'uma necrologia que publicou o Globo, a 4 de dezembro de 1874, lê-se o seguinte : « No professorado do paiz deixa o doutor Carneiro um vá- cuo difficil te preencher ; porque não ómente por sua vista illustração, como pelo carinho espe -iàl, que con-agrava á nobre profissão que adoptou, o doutor Carneiro era mais qu i um ornamento d ■ sua classe ; era o prepul- sor enthus asta do p ogresso de seu paiz, deleitando-se em augmentar to- dos os dias o cabedal intelleclual do sua patria.» Escreveu: - Equações geraes da propagação do calor nos corpos solidos, suppondo variavel a conductibilidade com a dir cção e posi.ão: these apresentada á escola militar do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1855. - Elementos de mecanica - E' um livro que o autor estava compondo para compendio de sua cadeira, e que não chegou a concluir. Vi parte delle que me confiou seu filho Augusto Dias Carneiro, joven e modesto cultor das lettras, sobretudo da historia patria. -A-ugristo Emilio Zalnar - Filho do major José Dias de Oliveira Z duar, nasceu em Lisboa a 14 de fevereiro de 1825, naturalisou- se brazileiro em 1856, e falleceu no Rio de Janeiro a 3 de abril de 1882. De <tinado a estu lar medicina, fez os preparatórios necessários e ma- triculou-se no curso medico-cirurgico de Lisboa, mas deixou logo a acad mia e dedicou-se ao jornalismo litterario, collaboraudo para diversas revistas que se publicavam nesta cidade, e depois no Rio de Janeiro, para onde viera em fins de 1849, Apenas naturalisado brazileiro. foi nomeado amanuense da secretaria da justiça, mas pouco tempo depois de xou este emprego, fez excursões pela província do Rio de Janeiro, e pia de S. Paulo; de volta á côrte, serviu alguns annos como examinador da instrucção publica, e finalmente, na creação da escola normal em 1881, foi nomeado lent' de pedagogia. Era cavalheiro da ordem da Roza, socio da sociedade auxiliadora da inlustria, etc. Além dos escriptos que publicou em revistas lisbonenses, e em perió- dicos do império como o Diário do Rio de Janeiro e Correio Mercantil, 352 A.TJ e de poesias que deu á lume na Lisia Poética e na Grinalda, es- creveu : - A Cruz do valle : poema romântico. Lisboa, 1848. - Poesias. Lisboa, 1846- São seus primeiros versos. - Pores e flores. Rio de Janeiro, 1851. - Revelações. Pariz, 1862 - Como o precedente é um livro de poesias. Divide-se este em quatro partes: O lar, Ephemeras, Muza paternal e Harpa brazileira. - Os mohicanos de Pariz : romance de A. Dumas. Rio de Janeiro, 1854- 1856 -Sahiu no Correio Mercantil, sem ficar concluído, por- que a traducção se fazia á proporção que o autor ia publicando em Pariz a obra original, e esta foi suspensa até 1860. Do mesmo modo foi este romance traduzido em Lisboa ; mas o traductor portuguez, suppondo que não con- tinuaria a publicação original, fez com poucas linhas um remate por sua conta e risco, e quando sahiu a continuação em Pariz, sem mais expli- cação a seus leitores, continuou a traducção como si tal remate não hou- vesse feito. - Peregrinações pela província de S. Paulo, 1860 - 1861. Pariz, 1863 - Entre os escriptos applaudindo esta publicação, se notam o do jornal Le Bresil, n. 36 de 3 de outubro deste anno, e o do Espectador da America do Sul, por seu redactor, o conselheiro J. M. do Amaral. - Uruguayana. Rio de Janeiro, 1865 - E' um poema, em que se com- memora a rendição da divisão paraguaya que occupava Uruguayana, e a entrada ahi das forças brazileiras. - Emilia Adelaide: traços biographicos. Rio de Janeiro - Contos da roça. Rio de Janeiro, 1868. ' - Manoel Antonio de Almeida: apontamentos biographicos e crí- ticos - No Guarany, 1871, ns. 18 e 20, e antes disto no Diário do Rio de Janeiro, 1862. - Sábios illustres por Figuier (Christovão Colombo.) Traducção. Rio de Janeiro.... - O cofre de tartaruga: conversação em um acto. Rio de Janeiro, 1866. - O doutor Benignus : romance. Rio de Janeiro, 1875. - Segredos da noite: romance -Nunca o vi, nem - A creação, de Edgard Quinet. Traducção. - O bicho da seda e a amoreira. A sericultura no Brazil, traduzida do manuscripto francez do Conde de La-Hure. Rio de Janeiro, 1875. - Exposição nacional brazileira em 1875. Rio de Janeiro, 1875, 300 pags.- Contém uma serie de artigos que o autor publicara no Globo. - Primeiro livro de leitura e de moral para uso das escolas primarias, adoptado nas escolas publicas do governo na côrte e em S. Paulo. Rio de Janeiro, 1871. - Lições das cousas inanimadas e animadas : guia dos professores e das mães que quizerem instruir-se para communicar a seus filhos uma AU 353 grande somma de conhecimentos práticos, principiando a explicar-lhes, logo que começam a balbuciar as primeiras palavras, o que é e para que serve tudo o que os rodeia. Rio de Janeiro, 1876 - com vinhêtas e desenhos. - Extractos clássicos de sete autores escolhidos pela inspectoria da instrucção publica para os exames da lingua portugueza. Rio de Janeiro, 1876, in-8.° - Compendio de um curso completo de philosophia elementar, leccio- nado no lyceu Carlos Magno e na escola preparatória de Santa Barbara no collegio Chapital por A. Pelissier, professor de humanidades em Pariz ; vertido em portuguez da 5a edição franceza. Rio de Janeiro, 1877, 452 pags. - Primeiro livro da infanda, ou exercicios de leitura e lições de moral, vertido do livro do conselheiro Delapalme, adoptado pela inspectoria geral da instrucção primaria e secundaria com approvação do governo imperial, e pela inspectoria da instrucção publica do Rio de Janeiro para uso das emolas primarias. Rio de Janeiro, 1880 - Ha actualmente quinta edição, 1883. - Primeiro livro da adolescência, ou exercicios de leitura e lições de moral, vertido para servir de complemento ao primeiro livro da infancia. Rio de Janeiro, 1880 -Foi adoptado com o precedente, e ha quarta edição, de 1883. - Noções elementares de geographia, compiladas para uso das es- colas. Rio de Janeiro, 1880 - E' escripto de accôrdo com os pontos de geographia, que são hoje preparatório para a matricula do primeiro anno do collegio de Pedro II. - Nova serie de livros de leitura graduada, apropriados ás escolas elementares do Brazil. Primeiro livro ornado de gravuras. Rio de Janeiro, 1881 - Comprehende o methodo de leitura e pronuncia da lingua por- tugueza. - Nova serie de livros de leitura graduada, etc. Segundo livro. Rio de Janeiro, 1881 - E' dividido em seis partes : Ia, Fabulas, anecdotas e narrações ; 2a, DescripçÕes e noções uteis ; 3a, Historia e biographias ; 4a, Agricultura; 5a, Conselhos de um professor a seus discípulos; 6a, Poesia. Zaluar collaborou na obra « Heroes brazileiros na campanha do sul, etc.» (veja-se Eduardo de Sã Pereira de Castro) e redigiu : - O Parahyba : jornal consagrado aos interesses commerciaes, indus- triaes e agrícolas. Petropolis, 1857-1860. - A Civilisação : folha consagrada aos interesses geraes do paiz. Santos, 1861. - O Município : jornal scientifico, noticiário e commercial. Vassouras, 1873. - O Vulgarisador : jornal dos conhecimentos uteis (hebdomadario). Rio de Janeiro, 1877-1878. 354 A.U A.u.jçu.sto Fausto <le Souza - Filho do negociante Francisco de Souza Fausto e de dona Francisca de Souza Fausto, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 12 de janeiro de 1835, e assentando praça no primeiro batalhão de artilharia em 1853, fez o curso da antiga escola militar, onde recebeu o grau de bacharel em mathematicas e sciencias physicas/ subindo a diversos postos até o de major do corpo de estado-maior de artilharia, por merecimento, em 1874. Fazendo parte do primeiro corpo do exercito em operações em 1865 e indo em commissão ao Rio Grande do Sul, assistiu á rendição da cidade de Uruguayana e foi ferido por um accidente, soffrendo por isso uma operação no olho esquerdo; regressando ao exercito, veiu ao Rio de Janeiro em dezembro de 1866 a chamado de seu pai, que se achava grave- mente enfermo, em dezembro do mesmo anno, e aqui foi nomeado ajudante da directoria do laboratorio do Campinho, e depois director do mesmo laboratorio, em cujo exercicio se conserva ; e antes da campanha do Pa- raguay exerceu o cargo de instructor de topographia na escola de ap- plicação da Praia Vermelha, de lente da escola militar do Rio Grande do Sul, e de repetidor da escola militar da côrte. E' socio do instituto historico e geographico brazileiro, cavalleiro da orlem de S. Bento de Aviz e da de Christo, condecorado com a medalha da rendição de Uruguayana e a da campanha do Paraguay, e escreveu uma serie de - Artigos humorísticos e moraes- Na Revista popular e no Jor- nai das famílias, 1859 a 1865. Estes artigos foram depois publica los em volume sob o pseudonymo Fausto em 1873. - Organização do exercito - serie de artigos publicados no Jornal do Commercio em fevereiro de 1865 sob o pseudonymo de Tebirissá. - Manual de munições e artifícios de guerra, escripto para uso dos inferiores e soldados do exercito brazileiro. Rio de Janeiro, 1874 - Trata dos agentes explosivos, das munições para as armas portáteis e para as bocas de fogo, dos foguetes de guerra e de artifícios bellicos, com muitas estampas intercaladas. - Explorações das nitreiras naturaes de Minas Geraes - Acham-se publicadas em appendice ao relatório do ministério da guerra de 1873. - Estudos sobre as espoletas de artilharia. Rio de Janeiro, 1882, 27 pags. in-4° - Tem algumas figuras intercaladas no texto e sahira antes este escripto na Revista do exercito brazileiro. - Biographia do general José Fernandes dos Santos Pereira. Porto Alegre 1875, 40 pags. in-4.° - Biographia do general Francisco das Chagas Santos. Rio de Janeiro, 1883,in-4.° - Estudos sobre a divisão territorial do Brazil. Rio de Janeiro, 1879 - Esta obra foi pelo autor offerecida ao instituto historico, servindo-lhe de titulo á sua admissão no mesmo instituto, e foi publicada na Revista A.TJ 355 trimensal, tomo 43, 1880, parte 2a, pags. 27 a 114. Contém tres cartas coloridas, que representam a divisão primitiva do Brazil, a divisão actual e a divisão em quarenta províncias, segundo o autor entende que se deve fazer. - A bahia do Rio de Janeiro, sua historia e descripção de suas rique- zas. Rio de Janeiro, 1882 - Sahira antes esta obra na mesma revista, tomo 44, 1881, parte 2a, pags. 5 a 155, e 269 a 340, continuando a publicação no tomo seguinte. Contém quatro estampas, representando : a Ia a bahia do Rio de Janeiro ; a 2a a confrontação entre o mappa do Brazil e a carta da bahia do Rio de Janeiro ; a 3a o gigante que dorme, visto de fóra da barra ;e a4a a entrada da barri. O major Fausto de Souza tem inéditos: - Estudo completo sobre os foguetes de guerra. 1872 - O autographo acha-se no archivo militar ; conserva-se em segredo. - Fortificações no Brazil ; época da respectiva fundação ; motivo de- terminativo delia ; sua importância defensiva e valor actual. 1881 - O original de 86fls. in-fol. foi visto na exposição de 1881. Augusto Feirei ra da Motta - E' natural, segundo me consta, da cidade da Cachoeira, província da Bahia, onde se deu ao jorna- lismo, e redigiu : - O Progresso. Bahia, cidade da Cachoeira, 1870 a 1873. - O Guarany : folha noticiosa, litteraria e commercial. Bahia, cidade da Cachoeira, 1877 a 1878, in-4° - Esta folha continua, depois de uma interrupção. -A/ugusto Ferreira dos Santos - E' natural do Rio de Janeiro, bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, doutor em medicina e lente substituto da secção de sciencias accessorias da faculdade da còrte, medico do monte-pio geral, director do serviço sanitario do hospital da misericórdia, onde servira antes como medico adjunto e como director do gabinete estatístico medico-cirurgico de todo o hospital e enfermarias pu- blicas, instituído pelo Marquez de Abrantes em 1860 ; é offlcial da ordem da Roza e escreveu : - Diagnostico e tratamento das moléstias do encephalo e suas mem- branas : dissertação inaugural. Rio de Janeiro, 1872, 170 pags. in-4° - E' seguida de proposições sobre : Electricidade como meio therapeutico. Pneumonia. Amputação coxo-femural. - Legislação e jurisprudência relativa as affecções mentaes. Dá a influencia de certos estados, physiologicos e pathologicos sobre a li- berdade moral : these apresentada no concurso a um logar de oppositor da secção de sciencias accessorias. Rio de Janeiro, 1875. - Formulário do hospital da misericórdia do Rio de Janeiro, organizado, etc. de accôrdo com os médicos efíectivos do mesmo hospital. Rio de Ja- neiro, 1879, 203 pags. in-4° - Contém mil formulas. 356 AU A-ngristo Foiiim Jnnior- Filha de Augusto Fomm e de doua Angela Martins Fomm, nasceu no Rio de Janeiro a28 de dezem- bro de 1856. Bacharel em mathematicas e sciencias physicas e naturaes pela es- cola central, hoje polytechnica, apenas formado serviu como auxiliar na estrada de ferro Leopoldina ; passou depois a um logar de engenheiro da estrada D. Pedro II, explorando e locando grande parte da secção entre Queluz e Lagôa Dourada : d'ahi serviu como engenheiro de Ia classe na estrada de Camocim á Sobral, no Ceará, e finalmente, a convite do repre- sentante da compagnie de chemins de fer bresiliens explorou, como chefe da commissão, o prolongamento da estrada de ferro do Paraná, es- crevendo : - Prolongamento da estradado forro do Paraná. Ia secção. Relatorio e memória descriptíva. Rio do Janeiro, 1883, 161 pags. in-fol. - A este volume, de nítida impressão, se acha appensa a - Planta dos estudos de prolongamento da estrada de ferro do Paraná, 1883 - escala de 1:200,000, n'uma grande folha de lm e 35 cent de extensão. - Resposta ao discurso pronunciado no senado pelo senhor conse- lheiro Aífonso Celso sobre a planta cadastral da cidade do Rio de Janeiro na sessão de 27 de setembro de 1882. Rio de Janeiro, 1883, 33 pags. in-8.o jVug^usto Francisco A_leixo dos Sun tos 13re- ves - Descendente de uma das famílias mais importantes e abastadas do Rio de Janeiro, nasceu no Arrozal, município do Pirahy, a 4 de agosto de 1845. Encetou no Brazil sua educação litterarla, in.lo concluíl-a em Coimbra, em cuja universidade formou-se em direito, e voltando á patria, exerceu na côrte a advocacia ; porém outras viagens, que fez á Europa, o deci- diram a abandonar a carreira. Na Europa fez especial estudo de algumas linguas, da philosophia, sobretudo da philosophia allemã e systema de Krause, assim como de musica ; e então sentindo-se com inclinação ao magistério, tem-se dedicado a elle em alguns collegios, quer de S. Paulo, quer do Rio de Janeiro. Tem publicado no Jornal do Commercio e Gazeta de Noticias da côrte, na Provinda de S. Paulo e Correio Paulistano alguns artigos de polemica litteraria, sobre jesuitismo, em favor da tolerância religiosa, etc., e es- creveu : - Cantos dos séculos : poesias. Coimbra, 1865 - São composições de seus verdes annos, publicadas quando se achava na Europa, estudando. - Harmonias : lyra dos vinte annos. Poesias. I. Rio de Janeiro, 1874, 164 pags. in-8.° - Paginas da mocidade : Memória de Alberto. Albertina. II. Rio de Janeiro, 1874, 200 pags. in-8° - Na introducção deste livro, de pags. 10 a 17, transcreve o autor, do volume antecedente, seu poemeto Camões, AU 357 a Portugal, dando assim provas de amor pela terra, onde bebera a in- strucção. - Noções de philosophia - inéditas. Esta obra consta-me que se acha no prélo. Ha impressas diversas compcsiçõs musicaes do doutor Altixo Breves, para piano, como - O sonho da virgem; recitativo. - Cecy : tango. - Mimoza : polka. - Nhasinha : polka. - Flores do jardim : cançonêta. - Canto patriótico - cuja poesia, como a musica, é do mesmo autor. Frederico Colin - E' natural da cidade de S. Luiz, capital da provincia do Maranhão, onde nasceu a 11 de junho de 1823. Vindo para o Rio de Janeiro, dedicou-se ao funccionalismo publico e foi secretario do governo do Paraná, quando foi creada a provincia, encarre- gado de organizar arespectiva secretaria, e entrando para a secretaria de estado dos negocios da fazenda, exerce o cargo de chefe de secção extincta ; é commendador da ordem da Roza, socio da sociedade auxiliadora da in- dustria nacional, etc. Collaborou em diversosjornaes e periódicos lit- terarios do Maranhão e do Rio de Janeiro desde 1846, e escreveu : - Parecer da secção da agricultura da sociedade auxiliadora da in- dustria nacional sobre o projecto e instrucções acerca da aequisição de sementes e plantas. Rio de Janeiro, 1863 - Este parecer é assignado também pelo doutor F. L. C. Burlamaque e M. A. Galvão. - Manual do empregado de fazenda : collecção de actos legislativos e executivos, expedidos pelo ministério da fazenda - Rio de Janeiro, 1865 a 1883, 18 vols. in-8° - O ultimo volume acha-se no prelo. Cultor mavioso da poesia desde seus verdes annos, publicou grande nu- mero de suas composições cm avulso. Só na Chronica litteraria, jornal de instrucção e recreio, publicado no Rio de Janeiro em 1850, encontram-se as seguintes: - Ella : poesia - escriptano Maranhão em 1846, uma de suas pri- meiras composições. Vem á pag. 7 e assim começa : Eu a vi - era um anjo; a Deus orava Prostrada aos pés do altar - como era bella ! Volvidos para a Virgem tinha os olhos ; Em extase de fé, de amor ardente, Por entre preces candida subia Ao Eterno su'alma fervorosa, Como remonta aos céos cheiroso incenso Do turybulo sacro ao som dos cantos. - Era um anjo dos céos, baixado á terra Contemplando saudoso a patria estancia, 358 ATJ Flôr de innocencia, quadro de belleza, Typo da creação, obra de esmero Das mãos do grão Artífice sublime, Animada por sôpro milagroso... - Os tumulos campestres (por M. de Chateaubriand). 1846 - pag. 11. - Belleza e candura. 1847 - pag. 103. - A douda (Soldo). Tributo de amizade ao doutor Alexandre Theephilo de Carvalho. 1845 - pag. 115. - A mendiga do cemiterio de Berlim por X. Marmier - pag. 140. - A lampada por André Crenier - pag. 230. - A borboleta. 1845 - pag. 247. - A liberdade. 1845 - pag. 344. - Harmonias. 1847 - pag. 349. - Dor e consolação. 1847 -pag. 351. - Harmonias da noite. A virgem. 1848 - pag. 366. Augusto Freire da Silva - Filho do antigo official de milicias José Freire da Silva e do dona Florisbella Lucia Braule da Silva, nasceu na cidade de S. Luiz do Maranhão a 17 de outubro de 1836. Depois de alguns estudos de humanidades, feitos em sua província, veiu para o Rio de Janeiro, em cujo commercio se empregou, applicando-se ao estudo da arte tachygraphica com o intuito de fazer delia profissão. A conselho, porém, de um amigo e conterrâneo, resolveu continuar seus estudos, fez na côrte exames de algumas matérias, quando por circum- stancias particulares foi obrigado a interrompel-os, e procurar um em- prego no escriptorio das loterias da província. Mas tendo o dito seu amigo fundado em S. Paulo o collegio Ipyranga, a seu convite veiu exercer o logar de sub-director, e de lente do mesmo collegio ; e então não sô con- cluiu seus estudos, duas vezes interrompidos, como matriculou-se no curso jurídico em que se formou em 1862, exercendo em seguida a magistratura como juiz municipal desde 1863 até 1870. . Fundou em Santos um collegio para educação de meninos, que foi obri- gado a feichar em 1873 por causa da epidemia da febre amarella ; fundando outro na capital de S. Paulo, igual sorte teve este em poucos mezes por causa de uma epidemia de variola; e então apresentou-se ao concurso e foi nomeado lente de grammatica da lingua nacional do curso annexo á faculdade. Escreveu : - O acautelador dos bens de defuntos e ausentes, vagos e de evento. S. Luiz do Maranhão, 1868-Esta obra foi escripta, quando o autor exercia o cargo de juiz municipal da comarca da Limeira. - Novo methodo de ensinar a ler e escrever. Pariz, 1863-Desta obra sahiu nova edição com o titulo: - Novo methodo de ensinar a ler e escrever, accrescentado da Civi- lidade primaria de Chantal, de um resumo da doutrina christã, extrahido AU 359 do catechismo historico de Fleury, e das primeiras noções de calculo. Pariz, 1875. - Noções de prosodia e orthographia para uso da infancia que fre- quenta as aulas do primeiro grau do instituto santista, intercaladas de um resumo da etymologia e syntaxe, extrahido da Grammatica portu- gueza d& Francisco Soterodos Reis pelo doutor Pedro Nunes Leal. S. Luiz do Maranhão, 1871. - Compendio da grammatica portugueza. S. Luiz do Maranhão, 1875 - E' uma segunda edição, com augmentos, da obra acima, que o doutor Freire da Silva deu á estampa para compendio de sua aula no curso an- nexo á faculdade de S. Paulo. Por se haver esgotado esta edição foi em 1879 dada á luz terceira edição muito mais completa, e quarta no Rio de Janeiro, 1883, 238 pags. in-4.° Pelo desenvolvimento que lhe deu, tor- nando-se este compendio só proprio para as aulas de portuguez do curso secundário, publicou o doutor Freire os - Rudimentos da grammatica portugueza para uso dos alumnos de primeiras lettras. S. Paulo, 1879. Augusto Gonçalves Martins - Nasceu na cidade de Santo Amaro, província da Bahia, sendo seus paes o tenente-coronel Rây- mundo Gonçalves Martins e dona Anna Joaquina de Freitas Martins. Doutorado em medicina pela faculdade de sua província em 1857, foi, depois do respectivo concurso, nomeado oppositor da secção cirúrgica da mesma faculdade em 1860, e alguns annos depois lente da cadeira de anatomia descriptiva, em que foi jubilado ; é cavalleiro da ordem da Roza, e escreveu: - Apreciação dos meios hemostaticos cirúrgicos : dissertação para o doutorado em medicina. Bahia, 1857 - E' seguida de proposições sobre estes pontos: Póde-se saber si o indivíduo foi envenenado pela morphina ? Apreciação da extracção e do abaixamento da catarata. O cancro será sempre o resultado de uma diathese, ou será algumas vezes uma affecção sómente local ? -Cancro : these apresentada á faculdade de medicina da Bahia, etc. para o concurso a um logar de oppositor da secção cirúrgica. Bahia, 1860, - Glandulas em geral: these para o concurso á cadeira de anatomia descriptiva. Bahia, 1862 - Foi concurrente com o doutor Gonçalves Martins, o doutor Adriano Alves de Lima Gordilho, depois Barão de Itapoã, de quem já me occupei, que regia interinamente a cadeira, e foi nella provido. Augusto Guanabara Ferreira da Silva - Nas- ceu em Nictheroy a 26 de fevereiro de 1849 e falleceu a 9 de janeiro de 1882. Assentando praça no exercito em janeiro de 1867, militou na campanha do Paraguay, sendo promovido aofficial em 1871 ; fez todo o curso de arti- 360 AU lharia, em cujo estado-maior serviu com o posto de capitão, recebendo o grau de bacharel em mathematicas e sciencias physicas pela escola militar da côrte em 1876 ; foi professor da escola militar do Rio Grande do Sul, engenheiro da camara municipal de Porto Alegre, e deputado á assem- bléa da mesma província. Escreveu muitas poesias e traduziu outras, sendo delias publicada a collecção sob o titulo - Realidades e sonhos : poesias. Rio de Janeiro, 1883 - E' uma publi- cação posthuma com uma noticia biographica do autor por Pedro A. Gomes. Augusto Joaquim <le Siqueira Canavarro - E' presbytero secular, vigário colladoda freguezia de S. Francisco de Paula da cidade de Pelotas na província do Rio Grande do Sul, d'onde me parece que é natural, e formado, não sei em quescienciae faculdade. Escreveu: - Discurso pronunciado na festa da Santíssima Virgem do Rozario em 3 de outubro de 1880 na matriz da mesma parochia. Pelotas, 1880, in-4° com o retrato do autor - Neste discurso occupa-se o autor da emancipação do elemento servil. Augusto Lessa - E' natural da província de Pernambuco, onde cursou algumas aulas de humanidades. De sua província, passando para a capital da Bahia em 1871, ahi pouco tempo depois casou-se e esta- beleceu sua residência ; tem-se dado ao jornalismo, e cultiva também a musica para amenizar as asperezas inherentes á vida que adoptou. Serviu-lhe de estréa no jornalismo o poriodico Jesuíta, em cuja redacção teve parte, e fundou depois os seguintes: - O Artista : periodico de artes, commercio e agricultura. S. Salvador, 1876 - E' illustrado com algumas estampas. - O Balão : periodico critico e humorístico. Bahia, 1880 - Idem. - O Bahiano: periodico critico. Bahia, 18"- Com este titulo redigira na mesma província o finado conselheiro Antonio Pereira Rebouças e depois Bernardino Ferreira Nobrega um periodico que viveu de 1828 a 1829. - O Encouraçado : periodico critico. Bahia, 1882 - Tem por epigraphe de um lado « Quem não quizer ser lobo... » e de outro lado « Leoa om- nibus. > Nestas publicações teve Augusto Lessa a collaboração da penna ferina, mas bem aparado, de José Alvares do Amaral, ha pouco fallecido. São da penna de Augusto Lessa: - Poesia postd em musica pelo compositor bahiano Joaquim Thomé e offerecida a J. G. Illeus. Bahia, 1875. - Saudades de Olinda : composição musical. Bahia. - Minha vida : idem. Bahia. - Hymno Homem de Mello: idem. Bahia. A.ugusto Leverger, Barão de Melgaço - Nascido em França a 30 de janeiro de 1802, falleceu na cidade de Cuyabá, capital de Mato Grosso, a 14 de janeiro de 1880. A.TT 361 Muito moço, vindo para o Brazil que adoptara por patria, entrou para o serviço da armada imperial desde a independencia, vencendo todos os postos até o de chefe de esquadra em que se reformou por decreto de 22 de maio de 1857, e além dos serviços propriamente da armada, desempenhou outros de engenharia e exerceu por diversas vezes o cargo de presidente e commandante das armas desta provincia. Era grande do império, commen- dador da ordem de S. Bento de Aviz, official da ordem da Roza, cavalleiro da do Cruzeiro, condecorado com a medalha geral da campanha contra o Paraguay, socio do instituto historico e geographico braziloiro, etc. Incansável em estudos e explorações geographicas, a que se deu por toda a provincia de Mato Grosso e pelos rios que lhe são limitrophes, es- creveu muito sobre taes estudos e explorações, sendo para lamentar-se que quâsi todos os seus trabalhos ficassem inéditos. Suas obras são: - Diversos relatórios - no exercício do cargo de presidente de Mato Grosso, impressos pela provincia. - Diccionario geographico da provincia de Mato Grosso - Inédito. A primeira parte é dividida em sete quadernos com 134 pags. : a segunda e terceira, em dezoito quadernos, têm por titulo : - Apontamentos chronologicos da capitania de Mato Grosso - tendo a segunda parte 235 pags. e a ultima 102 pags. Este importante diccionario compreheride datas de 1715 a 1878. Elle dá noticias minuciosas do vasto território do Brazil, de suas minas, do seu governo e de cada um de seus governadores e capitães-generaes, dos presidentes, vice-presidentes, com- mandantes das armas, juízes de direito, chefes de policia e outros func- cionarios, e dos indios da provincia. Existe o autographo na bibliotheca nacional, e na sessão do instituto historico de 7 de dezembro de 1882 foi apresentada pelo conselheiro H. de Beaurepaire Rohan uma cópia da obra completa, ou antes das duas obras, para que fossem impressas, sendo enviada a mesma cópia á commissão respectiva afim de examinal-a. Dos trabalhos que possuímos sobre essa importante e vasta porção do império, até hoje, é o mais completo. - Memória sobre o rio Paraguay desde Nova Coimbra até Assumpção. 1844 - O original existe na secretaria do império. - Diário e roteiro da viagem feita desde a cidade de Assumpção no Paraguaij até a Bahia Negra. 1844 - Ha duas cópias, uma de 38 e outra de 41 pags. in-fol. no archivo militar. - Diário do reconhecimento do rio Paraguay desde a cidade da As- sumpção até o rio Paraná. 1846 - Existe uma cópia de 33 pags. no mesmo archivo, e foi publicado na Revista do instituto historico, tomo 25°, pags. 177 a 210. - Roteiro da navegação do rio Paraguay desde a foz de S. Lourenço até o Paraná. 1847-Foi publicado na mesma revista e no mesmo vo- lume, pags. 210 a 285, e traduzido para o francez pelo doutor A. Moure, sahiu depois no Bulletin de la societé de geographie de Paris, 5me serie, vol. 8o, 1864 e vol. 9°, 1865. 362 ATT - Roteiro da navegação do rio Paraguay desde a foz do rio Sepotuba até a do rio S. Lourenço. 1848 - Foi publicado na dita revista e volume, pags. 287 a 342. - Exame de uma parte do rio Paraguay ( entre a foz de S. Lourenço e o parallelo de 17° 35') e das lagoas Uberava e Galba. 1847 - Acom- panham como appendices: um extracto do relatorio que ao capitão-ge- neral Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Caceres apresentaram os engenheiros R. F. de Almeida Serra, A. P. da Silva Pontes Leme e F. J. de Lacerda e Almeida a 20 de agosto de 1787, e uma advertência a respeito da carta. Acha-se na bibliotheca nacional. - Observações sobre a carta geographica da provincia de Mato Grosso e a parte em que se mostra a posição verdadeira do rio Xingú. 1862 - A mesma bibliotheca possue uma cópia, e vem na Revista do instituto, tomo 25°, pags. 346 e seguintes. O autor enviara esta obra ao instituto com a carta corrigida da provincia de Mato Grosso e seus affluentes. - Noticia sobre a provincia de Mato Grosso. 1863- Cópia de 47 fls. na mesma bibliotheca. - Breve memória relativa á corographia da provincia de Mato Grosso - Vem na citada revista, tomo 28°, 1865, parte Ia, pags. 129 e seguintes, acompanhada de uma carta, e creio que existe o manuscripto na secretaria da agricultura. - Documentos offlciaes portuguezes e hespanhóes relativos aos li- mites do império na provincia de Mato Grosso, compilados por ordem do ministério da marinha com um auto original da fundação do forte do Principe da Beira, na mesma provincia. 1850 - Este trabalho foi offere- cido ao instituto historico em 1868, e a bibliotheca nacional possue uma cópia de 27 fls. in-fol. - Observações sobre a carta geral do império, relativas á provincia de Mato Grosso. Rio de Janeiro, 1877. - Carta e roteiro da navegação do rio Cuyabá desde o Salto até o rio S. Lourenço e deste ultimo até sua confluência com o Paraguay. 1859 - Vem na mencionada revista. - Carta hydrographica do rio Sepitiba, feita em 1843 - Acha-se no archivo militar. - Carta do rio Paraguav desde a foz do Olimpo até a cidade da As- sumpção. 1843 - Na secretaria dos negocios estrangeiros. - Planta hydrographica das lagô is Uberava e Gahyba e da porção do rio Paraguay até á foz do rio S. Lourenço, por ordem do governo imperial - Idem. - Esboço topographico do campo de Jaurú. 1849 - Creio que está na mesma secretaria. Neste esboço se vê a posição do sitio das Onças, dos destacamentos das Pederneiras, das Lages do Corixa grande, das Salinas do Almeida, da colonia boliviana S. Matheus, etc. - Mappa da fronteira do sul da provincia de Mato Grosso. 1856 - Está na dita secretaria e no archivo militar. ATI 363 - Provincia de Mato Grosso. 1856 - Consta de uma carta geogra- phica, circulada de apontamentos chronologicos e quadros estatísticos, e pertence a sua magestade o Imperador. Contém no alto uma nota do autor, datada de Cuyabá, 1868. Me parece que é o mesmo - Mappa geographico, chronologico e estatístico da provincia de Mato Grosso - que o autor neste mesmo anno de 1868 offereceu ao instituto. - Planta do rio Paraguay, levantada pelo Barão de Melgaço, etc.- Foi correcta em seus delineamentos e em alguns pontos com indicição das margens do rio, com as sondas expressas em pés inglezes, desde a embocadura do mesmo rio até Corumbá pelo então capitão-tenente Soído, em 1857 ( veja-se Antonio Cláudio Soído ) e desenhada por L. J. M. Penha, 10 fls., gravadas no archivo militar em 1859. Ha duas reducçoes deste trabalho, feitas no mesmo archivo, sendo uma pelo tenente-coronel M. F. C. de Oliveira Soares desde a embocadura do rio até o Apa, assi- gnados muitos pontos que foram occupados pelos exercitos alliados e pela esquadra brazileira de 1866 em diante; outra em ponto menor. Além disto ha um fragmento em Demersay, Atlas do Paraguay, gravado em 1860, com a grande catarata do rio Paraná. - Tabellas de latitudes e longitudes de diversos logares da provincia de Mato Grosso, determinadas por observações astronómicas. - Esboço do rio Cuyabá desde sua confluência com o rio S. Lourenço até a cidade daquelle nome, capital de Mato Grosso. 1860. Lythographada - Dos estudos feitos pelo Barão de Melgaço se confeccionou o grande mappa hydrographico, lythographado em 4 folhas, de S. Lourenço até sua confluência com o rio Cuyabá, e deste até á cidade. - Esboço hydrographico, em grande escala, desde a foz do rio Mi- randa até o Paraguay. 1862 - Foi lythographado. - Carta de um reconhecimemto no districto de Miranda na provincia de Mato Grosso. 1864 - No archivo militar. Ha delia outras cópias, sendo uma de 1873. - Carta corographica do districto de Miranda na provincia de Mato Grosso, organizada segundo as cartas existentes e o reconhecimento feito em 1864 - Idem. Ha outras cópias reduzidas. Creio que está hoje lytho- graphada. Augusto finto facca - E' natural da Bahia, e neto do coronel Manoel Joaquim Pinto Pacca, que diversas vezes representara esta provincia na camara temporária ; é socio do conservatorio dramatico da me<ma provincia, e escreveu : - O vicio em doutrina : drama original em quatro actos. Rio de Ja- neiro, 1862, 113 pags. in-8.° - A nuvem por Juno : comedia em um acto, imitada do francez. Rio de Janeiro, 1881, 39 pags. in-8.° Augusto Pinto Pacca tem diversas composições poéticas, segundo sou informado, e redigiu : 364 A.U - Os defuntos : periodico político e satyrico. Bahia, 1868 a 1869 - Creio que sahiu apenas de n. 1 até 15. O primeiro numero sahiu a 7 de setembro daquelle anno. Augusto Pralon - Natural da cidade de Campos, provincia do Rio de Janeiro, e filho de um distincto engenheiro francez que se ca- sara com uma senhora desta cidade, estudou na França o curso de scien- cias physicas e naturaes, e a estas se tem particularmente dedicado com paixão ; tem exercido algumas commissões no império e escreveu: - Quadro synoptico e chronologico da historia do Brazil por A. Pra- lon e E. Mattoso. Rio de Janeiro, 1879. - Tratado de chimica : inédito - Sei da existência desta obra por in- formações de um amigo do autor, que leu parte delia. - Mappa dos terrenos occupados pela colonia de Santa Leopoldina na provincia do Espirito Santo - Suamagestade o Imperador possue o origi- nal a aquarella. Augusto Teixeira de Freitas, lo - Filho do Barão de Itaparica e da Baroneza do mesmo titulo, nasceu na cidade de Cachoei- ra, provincia da Bahia, a 19 de janeiro do 1817. Estudou em sua provincia os preparatórios necessários e fez o curso de sciencias sociaes e juridícas na faculdade de Olinda, onde recebeu o grau de bacharel. Dando-se exclusivamente á advocacia, nunca aspirou, nem pediu emprego ou honraria ; nunca se envolveu em política, nem fez parte de clubs ou associações, em que não se apresentasse como advogado. E' este o titulo, de que se honra, sendo geralmente reconhecido como um dos pri- meiros jurisconsultos do Brazil. E' advogado do conselho de estado, offi- cial da ordem da Roza e escreveu : - Consolidação das leis civis. Rio de Janeiro, 1857, 237-527 pags. 1 fl. in-8° - Segunda edição, 1835 ; 1 fl., 12-187-680 pags. in-8°-Terceira edição mais augmentada, 1876; 221-774-114 pags. in-8.° O doutor Teixeira de Freitas escreveu esta obra precedendo um contrato com o governo, que a mandou examinar por uma commissão composta do Visconde de Uru- guay, conselheiro J. T. Nabuco de Araújo e doutor Caetano Alberto Soares, os quaes a consideraram merecedora até de louvor do governo pela fidelidade e clareza do texto, pela illustração das respectivas notas que o fundamentam e ao mesmo tempo o regeneram dos erros e abuzos da praxe, etc. O parecer da commissão conclue declarando que, para a apreciação minuciosa deste livro, fòra preciso um volume igual, e que, apezar de pe- quenos defeitos de que se resente um ou outro artigo e salvas as divergên- cias da commissão, relativas á intelligencia de algumas leis e a derogação implícita de outras, a obra se recommenda pelo estudo profundo, erudição vasta e methodo didactico, dá testemunho do zelo, dedicação e constância de seu autor, e attesta sua habilitação para o projecto do codigo civil, do que a consolidação é preliminar importante. AL7 365 - Codigo civil: esboço. Rio de Janeiro, 1860-1864, 2 tomos em 3 vols., 1.688 pags. in-8° - Esta obra também foi escripta por accôrdo com o go- verno, que fixara em cem contos de réis o prémio respectivo ao projecto do codigo e ao da lei sobre a escravidão, percebendo o autor a metade desta quantia logo que apresentasse promptos os ditos trabalhos, e o res- tante depois do parecer da commissão nomeada para os rever. Compu- zeram a commissão, além dos tres membros da commissão precedente, presidindo o Visconde de Uruguiy as conferencias, os seguintes: conse- lheiro e membro do supremo tribunal de justiça José Marianni, desem- bargador Lourenço José Ribeiro, juiz de direito Francisco José Furtado, professor da faculdade de direito do Recife Braz Florentino Henriques de •Souza, e professor da faculdade de direito de S. Paulo Antonio Joaquim Ribas. Os trabalhos desta commissão correm impressos com o titulo : - Relatorio e pareceres dos membros da commissão encarregada de examinar o projecto do codigo civil, redigido por Augusto Teixeira de Freitas. Rio de Janeiro, 166 pags in-8.° - Nova Apostilla á censura do senhor Alberto A. de Moraes Carvalho sobre o projecto do codigo civil portuguez. Rio de Janeiro, 1859 -Escre- vera o conselheiro Antonio Luiz de Seabra em 1858 seu «Projecto de codigo civil» que soffreu diversas contestações. A uma delias, escripta pelo con- selheiro Moraes Carvalho, respondera Seabra com sua Apostilla. Foi em seguida a esta, que Teixeira de Freitas escreveu a Nova Apostilla, á qual Seabra também responde com a sua Novíssima Apostilla, eic. Póde-se ver esta questão no « Diccionario biographico portuguez » de Innocencio da Silva no artigo Antonio Luiz de Seabra, do qual me servi para dar uma noticia do dito Seabra, que também se póde ver no presente volume. - Promptuario das leis civis. Rio de Janeiro, 1876, 607 pags. in-4.° - Legislação do Brazil. Additamentos â consolidação das leis civis. Revista annual, anno l.° Rio de Janeiro, 1877, 953 pags. in-8.° - Additamentos ao codigo do commercio. Rio de Janeiro, 1878-1879, 2 vols. in-8.° - Primeiras linhas sobre o processo civil por Joaquim José Caetano Pe- reira e Souza, accommodadas ao fôro do Brazil até o anno de 1877. Rio de Janeiro, 1879, 2 tomos em 1 vol., 436 pags. in-8.° - Doutrina das acções por João Homem Corrêa Tolles, accommodada ao fôro do Brazil até o anno de 1877. Rio de Janeiro, 1879, in-8.° - Tratado dos testamentos e successões por Antonio Joaquim de Gouvêa Pinto, accommodado ao fôro do Brazil até o presente. Rio de Ja- neiro, 1881, in-8.° - Formulário dos contratos e testamentos e outros actos do tabelliona- to. Rio de Janeiro, 1882, in-8° - Neste livro, de mais de 600 pags., o doutor Teixeira de Freitas refundio e ampliou para o Brazil o que ha sobre o assumpto até o presente. E' dividido o livro em cinco partes : Ia Tabol- liãos ; 2a Escripturas publicas; 3a Testamentos ; 4a Diversos actos do tabellionato ; 5a Legislação justificativa. 366 AU - Codigo civil e criminal. Rio de Janeiro, 1882. - Regras de direito : selecção classica em quatro partes, revocada para o império do Brazil até hoje. Rio de Janeiro, 1882- Para compor esta obra o autor valeu-se de quatro autores de grande nota: Simão Vaz Barboza Luzitano, Felippe José Nogueira Coelho, Jaão Homem Corrêa Telles, e o celebre Dupin. - Parecer sobre o processo de desapropriação, intentado pela fazenda nacional contra os Srs. Finnie, Irmãos & Comp. Rio de Janeiro, 1881. - Cortice eucharistico. Mysterio ! Rio de Janeiro, 1871, 74 pags. in-8° - Só no verso do frontespicio desta obra occorre a assignatura autographa do autor, prevenindo publicações apocryphas. No fim da obra vem uma composição poética em latim, e depois traduzida com este titulo: A caixa eucharistica de sobreiro, por admiravel artificio fabricada segundo as leis da esculptura pelo padre Sebastião de Novaes, da companhia de Jesus, cantava em melodia puríssima o p idre Antonio Vieira, cultíssimo nas di- vinas e humanas lettras. - Pedro quer ser Augusto - E' um opusculo de 18 pags. in-8° sem frontespicio. Só no fim se acha o nome do autor, abaixo da data, Rio de Janeiro, 13 de abril de 1872. A.ugusto Teixeira de Freitas, 2° - Filho do pre- cedente, nasceu no Rio de Janeiro e é bacharel em sciencias sociaes e ju- rídicas pela faculdade de S. Paulo. Dedicou-se, como seu pai, á advo- cacia, trabalhando com elle no mesmo escriptorio ; é socio do instituto da ordem dos advogados, e escreveu : -Formulário annotado do processo civil : consolidações e citações. Rio de Janeiro, 1878. - Novo manual da guarda nacional ou a lei n. 602 de 19 de outubro de 1850, commentada e additada com todas as disposições da lei e res- pectivas decisões do governo até 1879, inclusive a lei n. 2395, de 10 de setembro de 1873, que a alterou, e o decreto n. 5513, de 21 de março de 1874, que deu regulamento à nova organização da guarda nacional, e mais o decreto n. 6759 de 1 de dezembro de 1877, que reorganizou a guarda nacional desta côrte, com um appendice. Rio de Janeiro, 1880. - Manual do contribuinte do sello, contendo, além de um repertório indicativo deste imposto, e das isenções segundo o ultimo regulamento, a integra deste regulamento, additado com a legislação respectiva. Rio de Janeiro, 1880, in-8.° - A lei eleitoral vigente. Rio de Janeiro, 1881- A este volume, de mais de 800 pags., acompanha um formulário com um appendice de trechos de discursos, fragmentos da constituição, do acto addicional, e do codigo criminal. Na Gaveta de Noticias da côrte de 12 de março deste anno vem uma noticia bibliographica deste livro. - Processo das quebras e rehabilitação dos fallidos. Rio de Ja- neiro, 1881. AU 367 - O livro dos vereadores. Rio de Janeiro, 1882 - Contém esta obra a lei de 1 de outubro de 1828, annotada com todas as decisões do governo a ella relativas em ordem chronologica até 1882; e mais um appendice com o regulamento para um cemiterio e todo o serviço funerário ; o regulamento para medição e demarcação de terrenos de marinhas ; instrucções para as aferições, e diversos regulamentos, formulários e modelos. - Terras e coloni sacão. Rio de Janeiro, 1882 - Contém este livro a lei de 18 de setembro de 1850 e os regulamentos de 30 de janeiro e de 4 de maio de 1854, de 19 de janeiro de 1867 e de 23 de fevereiro de 1876, annotados e additados com todas as disposições e decisões respectivas até o presente. - Acções hypothecarias : formulário annotado, seguido de um appen- dice, contendo a integra de todas as leis relativas a hypothecas até o presente. Rio de Janeiro, 1882, 350 pags. Augusto Totta - Creio que é natural da provincia do Rio Grande do Sul, onde exerce actualmente o cargo de contador da admi- nistração geral do correio de Porto Alegre, sendo nomeado cavalleiro da ordem da Roza após a publicação da seguinte obra que escreveu : - Geographia postal da provincia do Rio Grande do Sul. Rio Grande, 1881 - Acompanham esta obra : um mappa da carta postal, e uma ta- bella dos portes da correspondência nesta provincia. Augusto Uflacker -Sei apenas que se formara em direito, seguira a carreira da magistratura, exerce o logar de promotor publico de Santo Angelo na provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul, onde, segundo me consta, nasceu, e que escreveu : - Livro do pra^iotor publico. Rio de Janeiro, 1880 - E' um vo- lume de 500 pags., dividido em 5 partes, tratando : A Ia parte, do promotor publico, sua nomeação, attribuições e responsabilidade. A 2a, da inter- venção do promotor nos processos. A 3a, de certas attribuições do pro- motor. A 4a, de um formulário das denuncias. A 5a comprehende o codigo criminal. - O Cruz-altense : periodico commercial, litterario e noticioso. Pro- prietário e redactor Augusto Uflacker. Cruz-Alta, 1876, in-fol. Augusto Victorino Alves Sacramento Blake - Natural da Bahia, e filh > de José Joaquim do Sacramento Blake e de dona Maria Antonia Alves Blake, nasceu a 2 de novembro de 1827. Doutor em medicina pela faculdade de sua provincia, entrou para o corpo de saude do exercito, onde começou a servir pela campanha do estado oriental do Uruguay em 1852 como cirurgião de brigada da arti- lharia do exercite em operações, e reformou-se depois de exercer varias commissões como a de delegado do cirurgião-mór chefe do dito corpo por espaço de sete annos, e a de primeiro medico em dous hospitaes da 368 AU campanha contra o Paraguay; foi cirurgião do batalhão de artilharia da guarda nacional da capital da Bahia, desde o principio de seu quarto anno da faculdade ató entrar para o exercito; serviu gratuita e espontanea- mente por occasião de diversas epidemias, e na que grassou ao norte do império em 1861 exerceu o cargo de inspector de saude publica e do porto na provincia de Alagoas; serviu por espaço de cinco annos, também gratuita e espontaneamente, como cirurgião do corpo militar de policia desta pro- vincia ; e achando-se no exercicio dos logares de medico dos operários militares do arsenal de guerra da côrte e de inspector da limpeza publica, foi dispensado de ambos em fevereiro de 1878 por causa das urgências do Estado. O doutor Blake, sendo estudante, fundou e foi o unico redactor e pro- prietário do - Alheneug periodico scientifico e litterario dos estudantes da facul- dade de medicina da Bahia. Bahia, 1849- 1850, in-fol. de 2 col.- Sahia por mez um folheto de 20 pags. Além dos escriptos ahi publicados, ha outros de sua penna no Guaycurú, Musaico, Crepúsculo, Noticiador Catholico, Borboleta (de cuja redacção fez parte ) e Marmota da Bahia, assim como no Archivo medico brazileiro, Annaes de medicina, Gazeta dos hospitaes, Guaraciaba, e Beija-flor do Rio de Janeiro. Alguns destes escriptos ahi vão mencionados com o mais que tem publicado. - Dous cazamentos : romance. Bahia, 1846 - Sahiu no Musaico, pags. 112, 175 e 252 e seguintes. - Deus e o homem. Bahia, 1848 - No Noticiador Catholico, revista hebdomadaria sob os auspícios do arcebispo dom Romuallo. - Deflexões sobre a saudade, considerada como uma moléstia d'alma e dando causa a uma serie de affecções pathologicas. Bahia, 1849 - E' a these inaugural do autor, seguida de proposições* sobre os diversos ramos da medicina. Escrevera elle para sua these um volumoso tra- balho com o titulo: As paixões e sua influencia sobre o organismo ; mas, não podendo por motivos particulares dar ao prelo esse trabalho, serviu-se de um dos seus capítulos com algumas modificações. Um dos capítulos desta obra, Amor, foi publicado em alguns numeros do Gua- raciaba ; algumas das proposições foram depois desenvolvidas em revistas, como a do botanica «Os vegetaes também sentem» que o foi no Atheneu, n. 11, e a de physiologia «A firmeza é um apanagio mais do bello sexo, do que do homem» que foi desenvolvida no Beija-flor, da côrte, 1850, tomo 3o, n. 1 em um artigo com o titulo «Uma defesa ao bello sexo.» - A febre epidemica na Bahia, e n 1849 - Dous artigos insertos nos Annaes brazilienses de medicina, tomo5o, ns. 5 e 12. Em seguida ao 2o se acha um trabalho do autor sobre um facto clinico. - Do acido arsenioso, como succedaneo do sulphato de quinino nas febres intermittentes. Rio de Janeiro, 1851-Sahiu na Gazeta dos hospitaes. tomo Io, ns. 21, 22 e 23, e foi reproduzido no Correio Mer- cantil da Bahia, no dito anno. au 369 - Do manganês, empregado como succe 'aneo ou associado ao ferro anemias e chloroses - Na dita revisti, tomo 2o, n. 1. - Conselhos contra a colera-morbus epidemica. Maceió, 1861, in-8°- Foram escripto; quando o uutor exercia o cargo de inspector de saude publica, grassan^) epidemicamente esta mol stia, impre-sos em opuscul is por ordem do governo provincial e distribuidos por toda pro- vincia. - Estudos militares. Rio de Janeiro, 1865, in-8° - Esta obra foi es- cripta em 1863, por occasião da questã) Christie, e enviada para a côrte, afim de ser publica la, aqui se extraviara, sendo por isso tirada uma nova cópia, e só im sressa em 1865. Depois de tratar-se da guerra e das con- quistas desde os primeiros séculos, das mudanças trazidas pelo christia- nismo no commettim nto das guerras, o autor trata da org mizaçãodos exér- citos, sua necessidade, disciplina, moralização e instrucção de accôrdo com o espirito religioso, conciliação dos interesses do E fiado com os da socie- dade, casamentos na classe militar, distinctivos e prémios, protecção ãs viuvas dos militares, etc. - Bando annunciador dos festejos do dia dous de julho na cidade de Santa Izabel do Paraguassú. Bahia, 1855 in-foi. gr. - E' escripto em oitavas rimadas sob o anonymo. Ha outras composições poéticas suas, como : - O que eu quizera. Ella-Nos Cantos Brazileiros, Bahia, 1850, pags. 28 e 29, 97 e 98. - A rain a do baile, a dona E. M. - No Diário das Alagoas, julho de 1861. São as únicas assignadas pelo autor. Augristo Zacarias da Fonseca Costa - Natural da província de Minas Geraes, nascido em Santa Luzia de Sabará a 5 de novembro de 1833, filho de Domingos Gonçalves da Fonseca e de dona Maria Carlota de Jesus Fonseca, veiu com seu pai, que foi rebelde na re- volução de 1842, mãe e irmãos, para o Rio de Janeiro no anno de 1843; exerceu o cargo de amanuense da escola de marinha e exerce actual- mente o de secretario do collegio naval ; no município de Nictheroy, para onde foi residir sua família desde que deixou sua provincia, tem occupado lugares de confiança do governo e de el ição popul ir como os de primeiro juiz de paz, subdelegado e delegado de policia, e escreveu : - Viagem e naufrágio da corveta D. Isabel. Sentida e synthetica historia da brilhante viagem que fez aquelle vaso da nossa marinha de guerra aos Estados-Unidos e de lá á Europa, levando a seu bordo uma turma do talentosos jovens guardas-marinha, e da tremenda catastr iphe do seu naufragio em a noite de 11 de novembro de 1860, nas costas da Barbaria, em Marrocos. Rio de Janeiro, 1861. - Circular aos votantes do primeiro districto da freguezia do S. João Baptista de Nictheroy. Nictheroy, 1868 - E' um opusculo, compendiando as attribuições que tinham na época os juizes de paz. 370 AU - Promptuario do sello. Rio de Janeiro, 1870 - E' um opusculo em ordem alphabetica, indicando o modo de applicar o sello de estampilha, adoptado pelo governo. - Esboço historico da academia de marinha, desde a sua fundação, e da companhia de aspirantes a guardas-marinha, acompanhado dos regulamentos vigentes da escola de marinha, annotados, etc. Rio de Janeiro, 1873, in-8° - Este livro, que é offerecido ao conselheiro J. D. Ribeiro da Luz e ao conselheiro J . M. Wandenkolk, da pag. 223 a 244 traz uma synopse chronologica da legislação relativa á academia, á es- cola de marinha, á companhia de aspirantes e aos guardas-marinha. Além disso escreveu sempre com mais ou menos assiduidade artigos para a imprensa liberal de Nictheroy, e redigiu : - A Situação; jornal político e de variedades. Nictheroy, 1862, in-4.0 Auiireliano Cândido Tavares Bastos - Filho do desembargador José Tavares Bastos e de dona Roza Tavares Bastos, nasceu na província de Alagoas a 20 de abril de 1839 e falleceu a 3 de dezembro de 1875 em Nice, d'onde foram seus restos mortaes transpor- tados para sua patria. Doutorado em direito pela faculdade de S. Paulo em 1861, foi eleito deputado por sua província no anno seguinte. Unido então ao partido conservador que lhe dera um logar de official da secretaria de estado dos negocios da marinha, aggredindo com vehemencia o ministro da res- pectiva pasta n'uma discussão, foi demittido deste logar, e dissolvida a camara, entrou no partido denominado da liga, que se formara de con- servadores e liberaes, a cujo lado militou nas duas legislaturas subse- quentes, para que foi reeleito por sua província natal. Em 1864 foi nomeado secretario da missão especial ao Rio da Prata e elogiado pelo ministro com quem serviu, e em 1868, subindo ao poder a po- lítica conservadora, depois de dissolução da camara, fez a esta política energica opposição pela imprensa; mas então, já abatido pelo muito e nunca interrompido estudo que fazia, sentindo-se doente, foi á Europa em busca do restabelecimento de sua saude, e ahi falleceu, em Nice. Era membro honorário da sociedade histórica de New-York, e, além de artigos políticos em diversos orgãos da imprensa diaria, escreveu : - Cartas do solitário : estudos sobre a reforma administrativa, en- sino religioso, africanos livres, trafico dos escravos, liberdade de cabo- tagem, abertura do Amazonas, communicações com os Estados-Unidos, etc. Rio de Janeiro, 1862 - Desta obra se fez logo segunda edição com muitos artigos novos no Rio de Janeiro, 1863, 454 pags. in-4.° - Os males da actualidade e as esperanças do futuro. I. Realidade. II. Ulusão. III. Solução. Rio de Janeiro, 1861, 35 pags. in-8.° - 0 valle do Amazonas : estudos sobre a livre navegação do Ama- zonas, estatística, prolucçoes, commercio, questões fiscaes do valle do AU 371 Amazonas, com um prefacio contendo o decreto que abre aos navios de todas as nações os rios Amazonas, Tocantins e S. Francisco. Rio de Ja- neiro, 1866,393 pags. in-8.° - A opinião e a corôa. Rio de Janeiro.... - Carta política ao conselheiro Saraiva. Rio de Janeiro.... - A Provinda ; estudos sobre a descentralisação no Brazil. Rio de Janeiro, 1870, 425 pags. in-4° - E' dividida em tres partes: cen- tralisação e federação ; instituições provinciaes; interesses provin- ciaes. - A situação e o partido liberal. Rio de Janeiro, 1872, 59 pags. in-8.° - A reforma eleitoral e parlamentar, e constituição da magistratura: esboço e projectos de lei. Rio de Janeiro, 1873, in-8.° - Memória sobre a immigração. Rio de Janeiro, 1867 - Vem com o relatorio annual da directoria da sociedade internacional de immigração. Era o autor director da sociedade quando escreveu esta memória. O doutor Tavares Bastos foi um dos últimos redactores do, então orgão das idéas liberaes, - Correio Mercantil. Rio de Janeiro-Esta folha, que foi uma con- tinuação do Pharol, começou a sahir a 16 de setembro de 1844 com o nome de Mercantil, e passou a denominar-se Correio Mercantil de 1848 até 1868, tendo nos últimos periodos, sobretudo, diversos redactores. Ha ahi de Tavares Bastos : - Exposição nacional - serie de artigos publicados de 1861 a 1862, sobre a primeira exposição no Brazil. A-ureliano Gonçalves de Souza Portugal - E' natural do Rio de Janeiro, doutor em medicina pela faculdade da côrte, socio do instituto académico, membro da associação de caridade para o ensino dos meninos pobres da freguezia das Dores de Pirahy, e es- creveu : - Das affecções febris que acompanham as operações praticadas na urethra (febre urethral, febre uremica) : memória lida na sessão do insti- tuto académico de 3 de agosto do 1873 - Sahiu na Revista Medica, tomo Io, ns. 11 e 12. Era o autor estudante de medicina quando escreveu esta memória, e a seguinte : - Da propriedade anti-putrida do hydrato de chloral - Idem, tomo Io, n. 23, e tomo 2o, ns. 2 e 4. - Vicios de conformação da bacia e suas indicações : dissertação inaugural, seguida de proposições sobre : Aborto criminoso. O melhor methodo de tratamento dos estreitamentos orgânicos da urethra. Febre typhoide. Rio de Janeiro, 1874, 134 pags. in-4.o - Relatorio da associação de caridade para o ensino dos meninos po- bres da freguezia das Dores de Pirahy, lido na sessão magna de 6 de de- zembro de 1880. Rio de Janeiro, 1880. 372 A.U Aureliano José Lessa - Nasceu na cidade de Diaman- tina, provincia de Minas Geraes, em 1828, o falleceu na cidade do Serro, da dita provincia, a 21 de fevereiro de 1861. Bacharel em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de Olinda, onde recebeu o grau em 1851, tendo começado o curso na de S. Paulo, exerceu a advocacia no logar de seu nascimento, e depois no Serro. Amigo e contemporâneo do laureado poeta M. A. Alvares de Az-vedo, era com elle, e com Bernardo J. da S. Guimarães que o mesmo Alvar s de Azevedo tencionava publicar o livro intitulado Tres lyras. Sua biogra- phia, escripta por seu conterrâneo e collega Theodomiro A. Pereira, foi publicada no Diário Offical de 8 de fevereiro de 1867, seguida de di- versas poesias sua? que seu biographo achou esparsas em diversas re- vistas dos tempos de estudante, e que com outras foram publicadas no volume : - Poesias posthumas de Aureliano José Lessa. R'o de Janeiro, 1873 - Este livro foi publicado por um irmão do autor, negociante nesta côrte, o qual fizera em 1867 uma declaração, no Diário do Rio de 22 de maio, de se achar colleccionando suas composições poéticas, promettendo até remuneração pecuniária a quem lhe fornecesse os manuscriptos ou có- pias do que procurava. E', portanto, de presumir que faltem muitas na collecção. O doutor Couto de Magalhães, occupando-se muito antes do poeta, dera á lume sua poesia : - Mensagem - na Revista da academia, S. Paulo, 1859, pag. 309. Aureliano Moreira d.e Magalhães - Filho legi- timo do doutor Domieiano Moreira de Magalhães, nasceu em Itajubá, pro- víncia de Minas Geraes ; é bacharel era sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo, representou muitas vezes sua provincia na respectiva assombléa e na assembléa geral na 1 >g slatura de 1879 ; exerce a advocacia na cidade de seu nascimento, e escreveu : - D scurso pronunciado na camara dos deputa los na sessão de 19 de setembro de 1879. Rio de Janeiro, 1879, 96 pags. in-8.° - 0 Itajubá. Orgão imparcial : periodico litterario, agrícola, in- dustrial, commercial e noticioso. Redactor doutor Aureliano Moreira de Magalhães. Minas Geraes, cidade de Itajubá, 1872 a 1883 - A publi- cação continua. ^ureliano Pereira Corrêa Pinientel - E' na- tural de Minas Geraes, onde tem residenda. Concorreu este anno á ca- deira de lat m do collegio do Pedro II, e, findo o concurso, voltou á sua província. Escreveu : - Apontamentos sobre o município de S. João d'El-Rei. Rio de Ja- neiro, 1881 - A bibliotheca nacional possue o autographo que lhe foi enviado pela camara do mesmo município em resposta ao questionário A.TT 373 para a exposição deste anno. Nesta obra trata o autor da topographia, da fauna, da fl ra, da industria e da criação neste municipio. - These para o concurso á cadeira de latim do imperial collegio de Pedro II. Rio de Janeiro, lx'83, 80 pags. in 4" - Contem uma disserta- ção sobre as ellipses, precedida de ligeiras considerações sobre outros pontos dados para these. - Epistola a pr >posito da instrucção pastoral sobre a maçonaria, do bispo de Olinda - Sahiu no periodico religioso Apostolo de 28 de julho de 1875. - Cântico das sci^ncias naturaes. 1879 - Com este titulo publicou Aureliano Pimentel dous artigos no periodico Sul-M ineiro de 16 e 26 de abril deste anno. - Theolog'a - Vem inserto na Bibliotheca Popular de Bernardino Saturnino da Veiga. Campanha, 1879. ALnreliano de Souza e Oliveira Coutinho, Io, Visconde de Se utiba - Filho legitimo do coronel Aureliano de Souza e Oliveira, nasceu na provincia do Rio de Janeiro a 21 de julho de 1800, e falleceu a 25 de setembro de 1855, sendo f >rmado em direito na universida le de Coimbra, depo s de estudar dous annos na academia militar ; fidalgo da cisa imperial e gentil-homem da imperial camara ; senador do império pela privincia de Alagoas ; do conselho de sua magostade o Imperador ; dignitário da orlem do Cruzeiro e cavalleiro das de Christo e da Roza ; membro do instituto historico e geographico brazil iro e de outras associaçõ s litterarias da Europa. Foi um dos homens que mais importantes serviços pr staram ao Brazil, já na carreira da magistratura onde serviu até o cargo de desembargador da relação da côrte, já na carreira administrativa, presidind) as provin- cias de S. Paulo e do Rio de Janeiro, e fimlmente na politica como mi- nistro do império, da justiça e dos estrangeiros em diversas épocas. Diri- g:ndo esta pasta, foi quem dirigiu os actosdiplomáticos lo feliz consorcio do actual Imperador, e em 1833, na da justiça, saben lo que se organi- zava um partido para restauração de dom Pedro I, cuja direcção se attri- buia a José Bonifácio do Andrada e Silva, o mandou prender, suspenden- do-lhe a tutoria do joven principe herdeiro do throno e de suas augustas irmãs. Escreveu : - Vários relatórios - quer como presidente de provincia, quer como ministro de estado. - Projecto de estatutos para a organização da sociedade philopolyte- chnica, emprehendida em S. João d'El-Rei, offerecidosá mesa administra- tiva da bibliotheca publica desta villa. Rio de Janeiro, 1828, 40 pags. in-4.° A bi'4iotheca nacional possue uma collecção de - Officios dirigidos pelo ministério dos negocios estrangeiros acerca de diversos assumptos ao conselheiro José de Araújo Ribeiro, ministro do 374 AY Brazil na côrte de França nos annos de 1840 e 1841 - São 46 offlcios em segunda via, assignados por Aureliano de Souza e Oliveira e Caetano Maria Lopes Gama. Aureliano <le Souza e Oliveira Coutinho, 2° - Filho de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, Visconde de Sepitiba, e da Viscondessa do mesmo titulo, nasceu no Rio de Janeiro ; é bacharel em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo ; faz parte da magistratura, exercendo o cargo de juiz de direito e tendo as honras de desembargador, e escreveu : - Collectaneas dos autores clássicos, adoptados pela directoria da instrucção publica para os exames de preparatórios em 1877 nas provas escriptas e oraes da lingua portugueza, e versões das línguas latina, fran- ceza e ingleza nas respectivas inspectorias. Rio de Janeiro. 1877. - Heitor Servadac : viagens e aventuras atravez do mundo solar por Julio Verne. Traduzido do francez. Rio de Janeiro, 1877. Aureliano Teixeira Garcia - Natural da Bahia, e filho de Manoel Joaquim Garcia e de dona Jesuina Amélia Teixeira Garcia, é doutor em medicina pela faculdade de sua província; reside no muni- cípio de Vassouras, província d) Rio de Janeiro, e escreveu : - These que deve sustentar perante a faculdade de medicina da Bahia para obter o grau de doutor, etc. Bahia, 1876, 108 pags. - Contém uma dissertação sobre cataracta e seu tratamento, segui la de 61 casos de ope- ração praticada pelo doutor Moura Brazil pelo processo de Wecker, na Bahia, de janeiro a setembro de 1876, e de um mappa estatístico, e de proposições sobre: O melhor tratamento da febre amarella. Corpos es- tranhos no conducto auditivo externo. Qual o melhor methodo de prepa- ração dos vinhos medicinaes ? - Considerações sobre a primeira epidemia que assolou a cidade de Vassouras em 1880. Rio de Janeiro, 1883. - Do emprego do bromydrato de quinino em injecções hypoder- micas - Vem na Unido Medica, anno 2o, 1882, pags. 463 a 478. A.yres de Albuquerque Gama - Filho do Visconde de Goyana e da Viscondessa d o mesmo titulo, nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 2 de março de 1833. Foi para França muito criança, e fez em Pariz seus estudos de hu- manidades ; voltando á patria, obteve o titulo de bacharel em lettras no col- legio de Pedro II; e seguindo para Pernambuco, fez o curso de sciencias jurídicas e sociaes na faculdade de direito desta província, que lhe con- feriu o titulo de bacharel em 1856, sendo os dous últimos annos deste curso, bem como o de humanidades em Pariz, feitos com mezala do bolso de sua magestade o'Imperador, que a isto quiz se prestar por ser amigo de seu pai. BA 375 Entrando para a carreira da magistratura, fez seu quatriennio como pro- motor publico da comarca do Rio Formozo nesta província, e habilitou-se para um juizado de direito em 1861 ; mas não proseguiu na carreira ence- tada, porque, fallecendo seu pai, precisava viver junto a sua velha mãe e a suas irmãs que residiam na capital de Pernambuco, e então dedicou-se â advocacia. Não obstante isso, nomeado secretario da presidência do Pará, exerceu este cargo de 1866 a 1868, sendo nomeado neste ultimo anno professor de physica, chimica e agricultura da escola normal do Re- cife, na qual exerce o logar de secretario, dando-se também á advocacia nesta cidade. Escreveu : - A Verdade: semanario consagrado á causa da humanidade. Re- cife, 1872 a 1873 -Esta publicação defende e sustenta a liberdade da consciência e da razão. Ayres Gama o redigiu com Franklim Tavora. - Postillas de physica e chimica - Estas postillas não foram im- pressas. O autor escreveu-as quando assumiu ao exercício de lente na escola normal por não achar na lingua vernacula um compendio para sua cadeira ; mas conhecendo que o tempo que gastava, ditando-as, fazia falta ás explicações de matérias tão experimentaes, escreveu : - Noções de physica e chimica: compendio premiado pelo governo provincial e approvado pela escola normal de Pernambuco. Recife, 1871 - A edição deste livro foi em pouco tempo esgotada, e por isso foi tirada uma segunda, dando o autor maior desenvolvimento ao texto, no Rio de Janeiro, 1876. - Noções de agricultura : compendio approvado pela escola normal de Pernambuco e pelo conselho director da instrucção publica. Rio de Janeiro, 1877. - Elementos de desenho linear : compendio approvado pela escola normal de Pernambuco - Deste livro ha duas edições, ambas do Rio de Janeiro, sendo a ultima de 1880 com muitas gravuras. E' dividido em tres partes, e precedido de uma introducção na qual o autor explica as divisões do desenho linear, indica os instrumentos que são necessá- rios ao seu estudo, e trata successivamente das figuras planas, no espaço, e da architectura. - Noções de bellas-artes. Recife, 1883, 176 pags. in-8° - Neste interessante livro estudam-se os princípios fundamentaes da musica, da architectura, desenho e esculptura, e o desenvolvimento historico das bel- las-artes. JBaltliazar <la Silva Carneiro - Natural de Campos, província do Rio de Janeiro, fez na faculdade de direito de S. Paulo o curso respectivo, recebendo o grau de bacharel em 1858, e o de doutor em 1859. Cultivou sempre as lettras e, além de diversos trabalhos de sua 376 BA penna, insertos em revistas, como um discurso que aqui se menciona, escreveu-. - A reforma bancaria do império do Brazil. Rio de Janeiro, 1859, 31 pags. in-4.° - Theses para receber o grau de doutor, sustentadas perante a facul- dade de S. Paulo. S. Paulo, 1859 - Não as vi, nem um volume de - Poesias. S. Paulo, 1859. - Saudades e consolações : poesias por Paulo Antonio do Valle e Bal- thazar da Silva Carneiro. S. Paulo, 1861. - Sepitimio : romance. S. Paulo, 1861. - D scurso proferido na sessão magna do ensaio philosophico paulis- tano no dia 11 de março (1856) - Vem na revista litteraria desta sociedade, de que o autor era socio e orador, 6a serie, pags. 23 e seguintes. Ver^a sobre a curia romana, sobre a confirmaçáo dos bispos, que o autor enten- de que deve ser feita pelo metropolitano, ou pelo bispo mais antigo, de- vendo ser o metro >olitano eleito por todos os bispos reunidos, e sobre o clero, para quem entende que deve ser abolido o voto do celibato. Balthiizar d.a Silva Lisboa - Filho de Henrique da Silva Lisboa e de dona Helena de Jesus e Silva, e irmão mais moço de José da Silva Lisboa, Visconde de Cayrú, nasceu na cidade da Bahia a 6 de janeiro de 1761 e falleceu a 14 de agosto de 1840 no Rio de Janeiro. Feitos em sua província os estudos de humanidades, em 1775 seguiu para Portugal, com 14 annos de idade, aexpensas do bispo dom Francisco de Lemos Pereira Coitinho, afim de estudar na universidade de Coimbra; ahi tomou o grau de doutor, tanto em direito civil, como em direito canó- nico, no anno de 1783, sendo logo incumbido de examinar as minas de chumbo da villa de Coja e as de carvão de Buarcos, commissão que desem- penhou a contento do governo. Encetando a carreira de magistratura como juiz de fóra do Rio de Ja- neiro, incorreu no desagrado e perseguição do mais rancoroso inimigo dos braziieiros illustrados, o vice-rei Marquez de Rezende, pelo facto de oppôr-se a certas traficancias de um ajudante de ordens deste. Em 1821 foi aceusado de oppôr-se á constituição das cortes portuguezas, cujas bases aliás jurara na Bahia, de larando, porém, que no seu entender ella não faria a felicidade da nação, e em 1823 foi ainda aceusado de ser contrario á independencia de sua patria. Mas de todas estas accusações sahiu plenamente victorioso, e tanto que o Imperador, que não havia querido antes recebel-o, distinguiu-o com o titulo de seu conselho, e uma cadeira de lente da faculdade do direito de S. Paulo, em 1827, de que elle pediu depois exoneração. D >pois disto foi ouvidor da comarca de Ilheos, na província da Bahia, conservador das mattas da mesma comarca, e finalmente desembargador da relação da côrte, tendo exercido antes diversas commissões, algumas das quaes sobre assumptos de metallurgia. BA 377 Era commendador da ordem de Christo, do conselho do Imperador dom Pedro I, socio da academia real das seiencias de Lisboa, do instituto his- tórico e geographico brazileiro, em cuja revista se encontram duas bio- granhias e noticias a seu respeito (no supplemonto do 2o tomo, pags. 34 e 383) escriptas por Bento da Silva Lisboa e pelo conselheiro Pedro de Alcantara Bellegarde, então major do corpo de engenheiros. Escreve i: - Annaes do Rio de Janeiro, contendo a descoberta e a conquista deste paiz e a fundação da cidade com a historia civil e ecclesiastica até á che- gada de el-rei dom João VI, além de noticias topographicas, zoologicas e bot micas. R;o de Jane:ro, 1834 a 1835, 7 vols. in-8.° - Bosquejos históricos da litteratura p^rtugu^za, servindo de intro- ducção a um curso biographico dos mais distinctos brazileiros e de muitos varões celebres por seus serviços ao Brazil-Com esta obra Balthazar Lisboa brindou o instituto histórico. - Discurso historico, político e economico dos progressos, e do estado actual da philosophia natural portugueza, acompanhado de algumas refle- xões sobre o estado do Brazil. Lisbox, 1786. - Re'atorio, dando noticia scient fica da existência e condiçõesdo ferro encontrado nos riachos de Ben leijó, cab ceira do rio Cachoeira, e do carvão de pedra da mina d «coberta no rio Cote ripe em 1813 - Não sei onde foi publicado, nem mesmo affirmo que o fosse, h' o que se dá a respeito do escripto que se segue: - Represenação ao princine regente dom João, aconselhando a escolha da Bahia para capital do Brazil, 1808 - O manuscripto pertence a dona Antonia Roza de Carvalho. - Riqueza do Brazil em madeiras de construcção e carpinteria. Rio de Janeiro, 1823, 67 pags. in-4° - Talvez seja a mesma obra que possue a bibliotheca nacional da côrte com o titulo de - Descripção das arvores de construcção por seus caracteres botâ- nicos- O orginal mans. contém 71 pags. in-folio. Alem desta, possUe a mesma bibliotheca, sobre igual assumpto, os dous manuscriptos originaes seguintes: - Capitulo 3.° Sob 'eas cautelas convenientes, estribadas nos princi- pios agronomos dos córtes de madeiras, 20 fls. de folio - Parece fra- gmmto de outra obra importante. Trata-se ahi de madeiras do Braz 1. - Princípios de physica vegetal para servir de preliminar ao estudo dos córtes de madeir>s. 27 fls. de folio.- R f*re-se ao mesmo assumpto. - Physica dos bosques de Ilhéos- Desta obra faz menção o doutor J. M. de Macedo no Io volume do Anno Biographico. Contém muitos factos preciosos e o manuscripto acha-se no archivo do instituto his- torico. - Memo ia topogvaphica e economica da comarca de Ilhéos - Foi es- cripta, senlo o autor juiz no logir e enviado á academia real das sciencias de Lisboa, em cujas memórias foi publicada no tomo 9o, 1825. Consta-me 378 BA que foi reproduzida em avulso. Na bibliotheca nacional da côrle existe uma cópia desta memória com o titulo « Memória sobre a comarca de S. Jorge de Ilheos », datada de Cayrú a 20 de maio de 1799, e o instituto historico possue outra cópia moderna de 90 pags. Foi muito depois desta data que a memória foi accrescentada e dada á publicidade. - Oração recitada na aula do curso jurídico no convento de S. Fran- cisco da imperial cidade de S. Paulo por occasião do anniversario do nas- cimento de sua magestade imperial o senhor dom Pedro I. Rio de Ja- neiro, 1828, 22 pags. in-8.° - Falia do conselheiro Balthazar da Silva Lisboa na abertura de sua aula em 3 de março de 1829. Rio de Janeiro, 1829, 21 pags. in-4.° Finalmente existem ainda do doutor Balthazar Lisboa: - Memória acerca da abertura de uma estrada pela costa desde a villa de Valença da Bahia até o rio Doce, apresentada ao príncipe regente pelo desembargador Balthazar da Silva Lisboa em cumprimento de sua commissão, 1808 - Original de 52 fls. acompanhado do - Mappa do terreno por onde se vai por terra da Bahia para o Rio de Janeiro; onde se vê que já se vai pela beira-mar pelo caminho que mostra o signal.... - Está no archivo militar, a aquarella. - Apontamentos para a historia ecclesiastica do Rio de Janeiro desde a fundação da cidade até o presente. 1840 - O original de 82 pags. pertence ao instituto historico. - Memória sobre a província da Bahia, sua descoberta, povoação primaria e seu governo des le o senhor governador geral Thomé de Souza-O autographo de 75 fls., sem data, assignado pelo autor, per- tence ao dito instituto. - Observações sobre a lei da regencia permanente- O manuscripto de 10 fls., assignado pelo autor, pertence ao mesmo instituto. - Collecção chronologica e analytica em que se comprehendem recapituladas todas as providencias administrativas, políticas e económicas, que se expediram ao vice-rei, capitão-general do Estado do Brazil por especial mandado do príncipe regente, nosso senhor, desde 14 de setembro de 1796 até 20 de maio de 1800 - O manuscripto, de 23 fls., esteve na exposição de 1881. Consta-me que ao deixar a universidade de Coimbra escreveu duas me- mórias: uma sobre as minas de carvão de Buarcos e outra sobre as minas de chumbo da villa de Coja, as quaes foram apresentadas ao governo. Sinto que nunca encontrasse quem me esclarecesse acerca de algumas obras deste autor, e que nem podesse vel-as. Baptista Caetano de Almeida - Filho do Manoel Furquim de Almeida e de dona Anna Bernardina de Mello, nasceu em Camandocaya, hoje cidade de Jaguary, província de Minas Geraes, a 3 de maio de 1797, e falleceu em S. João d'El-Rei a 24 de junho de 1839. BA 379 Estudou algumas aulas de humanidades, dedicou-se ao commercio, representou sua província na camara dos deputados nas legislaturas de 1830 a 1838, e, sendo eleito ainda para a legislatura seguinte, não chegou a tomar assento. Foi um dos deputados que representaram ao Imperador, pedindo a demissão do ministério e reparação dos attentados de 1831. A Baptista Caetano deve S. João d'El-Rei sua primeira bibliotheca, sua primeira typographia, e a primeira folha periódica, que foi - O Astro de Minas : periodico político e noticioso. S. João d'El- Rei, 1827 a 1839, in-4° - Esta folha, fundada e redigida por Baptista Caetano, só persistiu em quanto elle viveu. - Ao publico. Refutação das accusações que lhe foram feitas no Sete de Abril e no Parahybuna, por Baptista Caetano de Almeida. Rio de Janeiro, 1836, 23 pags. in-4.° Baptista Caetano de Almeida Nogueira - Filho do coronel Felisberto Antonio Nogueira, nasceu em Jaguary, pro- víncia de Minas Geraes, a 5 de dezembro de 1826, e falleceu no Rio de Janeiro a 21 de dezembro de 1882. Estudava o primeiro anno do curso jurídico na faculdade de S. Paulo, quando propositalmente foi recrutado para o serviço do exercito, e então assentou praça, reconheceu-se primeiro cadete, e fez o curso completo da antiga escola militar, recebendo ahi o grau de bacharel em mathema- ticas com o posto de alferes do estalo-maior de primeira classe. Não lhe agradando, porém, a vida militar, pediu sua demissão, e passou a exercer a profissão de engenheiro; serviu de 1857 a 1858 como professor supple- mentar de francez e mathematicas no collegio de Pedro II; e desde 1866 até á época de seu fallecimento exerceu o cargo de vice-director da re- partição geral dos telegraphos. Entregou-se com a mais decidida dedicação ao estudo da linguística, e ásinvestigações daslinguas americanas. Neste ponto nenhum brazileiro se avantajou tanto; elle excedeu a todos. Linguista de primeira ordem, era também poeta; era socio do instituto histórico e geographico brazileiro socio do instituto polytechnico, um dos fundadores da associação de soccorros á invalidez, intitulada « Previdência », etc. Baptista Caetano ou poeta Macambúzio, como elle era conhecido por causa deste pseudonymo de seu uso, escreveu : - Um livro que dizem que foi feito pelo poeta Macambúzio. Rio de Janeiro, 1855 -E'uma satyra humorística contra certos costumes da época, contra os charlatães, etc., escripta em versos hendecasyllabos, formando um volume de mais de duzentas paginas, in-8.° - Echos d'alma : poesias colligidas pelo poeta Macambúzio. Rio de Janeiro, 1856 - E' um livro de perto de t resentas paginas, com um pre- facio em prosa, em que o autor considera a lingua portugueza cansada, incapaz de preencher seus fins, e de corresponder ás necessidades das novas idéas, uma lingua afrancezada, immunda ; e então, diz elle que 380 13 AL escreveu, como entendia melhor, depois de ter estudado muito, e de ter apurado o gosto o mais que lhe f>i pO'SÍvel. - Introducção á arte de gr mmatica da lingua brazileira da nação kiriri, composta । elo padre Luiz V ncencio Mamiani. Segunda edição, publicada a expensas da bibliolhcca nacional. Rio de Janeiro, 1877 - E* escripta em fôrma epistolar ao úrector da bibliotheca, confrontando-se a lingua kiriri com a chamada geral do Brazil, e tratando de outros as- sumptos connexos. - Ap >ntamen os sobre o abaneênga (também chamado guarani, ou tupi, ou lingua geral dos Brazis). Rio de Janeiro, 1876, 3 vols. in-8° gr. - Contém: O Io Prolegomeno; Ortographia eprosodia ; Metaplasmos ; Ad- vertências com um extracto de Laet, 77 pags. O 2o Dialogo dj Lery ; Nota pr liminar ; O dialogo ; Explanações, 133 pigs. O 3o Nande ruba cu a oração dominical em abaneênga. Fez-se primeiro a publicação desta obra nos Ensaios de sciencia. - Fnsnios de sciencia por diversos amadores. Rio de Janeiro, 1876- 1881, 3 vols. - Foram redactores, além de Baptista Caetano, Guilherme Schúch de Capanema e João Barboza Rodrigues. - Esboço g ammatical de abaneê ou lingua guarani, chamada também no Brazil lingua tupi ou lingua geral, propriamente abaneênga - Est i obra precede a traducção para o portuguez que fez o autor de um - Manusc ipto guarani da bibliotheca naci mal sobre a primit va cate- chese dos indios das Missões, composto em castelhano pelo padre Antonio Ruiz Montoya, vertido para o guarani por outro padre jesuita, e agora publicado com a traducção portugueza, notas, etc. Rio de Janeiro, 1879, 266 p igs. in-4° - Com o esboço grammatical, constitue o vol. 6o dos annaes. - Vocabulário das palavras guaranis, usadas pelo traductor da Con- quista espiritual do padre A. Ruiz de Montoya. Rio de Janeiro, 1880, 604 pags. in-4°-Constitue o 7o vol. dos referidos annaes, cujo director considera o livro do doutor Baptista Caetano mais rico do que o de Mon oya, e sobretudo, muito mais bem ordenado, recommenda-se este vocabulário pela nova face, por que são encaradas as d^ffic is quentões glotico-abaneengas. « O pnsamento do autir, diz elle, é referir a lingua geral a um pequeno numero de raizes, susceptiveis de amplo desenvolvimento e de grande variação. Parece havel-o conseguido e com muita facilidade.» - Et mologia da palavra emboaba - Sahiu na Revista brazileira, tomo 2o, pags. 248 e 266 e t mo 3o, pags. 22 a 36. E' escripta em res- posta a um trabalho sobre o msmo assumpto pelo doutor A. J. de Macedo Soares, publicado na dita revista. (Vide Antonio Joaquim de Macedo Soares.) - Estancia CXL do canto 10° dos Luziadas de Camões traduzida em abaneênga -Vem na homenagem da Gazeta de Noticias do Rio de Janeiro a Camões, 1880. A traducção é em prosa e sahira antes na mesma 13. V 381 Gazeta e no Jornal do Commercio, sahindo também no Preito á Camões pelo dmto? Rozendo Muniz Barreto. Rio de Janeiro. 1880. - Notas ethn .graphic s e linguísticas ao livro « Principio e origem dos indios do Brazil e de s us costumes, adoraçõe; e cerimonias» por Fernão Cardim - Vem n'uma edição deste livro, feita em 1882 pelo doutor Fernand s de Aguiar, no fim da obra. Estas notas esclarecem muitos ponto; duvidosos do texto e trazem novos subsídios á historia dos indios do Brazil. - Rascunhos sobre a grammatica da lingua portugueza.' Rio de Janeiro, 1882 - Ne te volume de cercada 300 pags. discute-se uma quentão de linguística, proposta por Arthur Barreiros na Revista bra- zileira, vol. 5J, pag. 71. - Trocas, sonê os e consonêtos por Bendac. Rio de Janeiro - Bendac é um pseudonymo das iniciaes do nome do autor, que tratava, na época de seu fallecimento, da composição de um - Diccionar o da lingua brasileira - Não sei si deixou-o em estado de ser dado á estampa. O. Barbara Heleodora Goilliermi na da Silveira - Filha de paes illustres, nasceu na província de S. Paulo, e falleceu pouco depois de 1792. De uma belleza rara, de uma educação esmerada e cultora mimosa da p esia, soube inspirar vehemente piixão ao infeliz poeta, doutor Ignacio José de Alvarenga Peixoto, de quem occupar-me-hei opportunamente, e retribuindo a affeição que lhe inspirara, com elle se casou. Poucosannos porém gozou das venturas do hymeneu. Vendo o esposo comp'omettido na conspiração mineira de Tira-dentes, vendo-o condemnado a dester'0. e seus bens sequestrados, tudo soffreu com heroica resignação; mas não pôle resistir á fatal sentença de 2 de maio de 1792 que declaravi infames seus tenros filhinhos, em cuja edu- cação se alimentava ; enlouqueceu 1 Em seu delirio pronunciava sempre o nome delles, e o do esposo, e depois chorava amargamente. E assim em pouco se lhe extinguiram as forças e succumbiu ! Dona Barbara escreveu gran le cópia de - Poesias hjricas - que ficaram inéditas, ignorando-se o fim que ti- ver im. Destas poesias grande parte era dedicada a Alvarenga, a cujos versos, antes de ser esposa, ella folgava de retribuir com versos seus. Bartholomeu A.ntonio Cor dovil - Natural de Goyaz, como pensam o Visconde de Porto-Seguro, e oconego M. da Co4a Honorato, ou da cidade dõ Rio de Janeiro, como suppoem Lory dos Santos e o doutor J. M. de Macedo, nasceu em 1746, e falleceu a 15 de janeiro de 1810. Diz este ultimo, o doutor Macedo, que Bartholomeu Cordovil se in- struirá tanto, quanto era posúvel no Rio de Janeiro, e que, sem illus- tração, floresceu e brilhou como poeta de vivíssimo talento e gosto apurado; 382 BA mas posso affirmar que elle era formado em direito pela universidade de Coimbra, e isto também diz Innocencio da Silva. E ahi, em Coimbra, publicou elle uma bella traducção da arte poética de Horacio, escripta por sua esposa, dona Rita Clara Freire de Andrade. Era poeta, escreveu muitas odes, e composições lyricas que ficaram esparsas. De sua penna conheço : - Dytirambo ao general Tristão da Cunha Menezes no dia de seus annos - que vem reproduzido nos dous Parnazos brazileiros, assim como no Florilégio da infancia, no Florilégio da poesia brazileira, tomo 2,° de pags. 593 a 598, e n'outras collecções. - Epistola aos arcades do Rio de Janeiro - Vem no Parnazo brazileiro do conego Januario da Cunha Barboza. - Ode ao senhor dom Luiz de Vasconcellos, vice-rei do Rio de Janeiro - Idem. - Protheu : composição em verso hendecasyllabo que recitou quando correu pela primeira vez a fonte do passeio publico, estabelecido pelo vice-rei dom Luiz de Vasconcellos e Souza - Idem. - Sonho: composição também em verso hendecasyllabo - Idem. E' uma especie de poemeto que começa : Sobre os braços do somno recostado Que objectos me não mostra a fantazia ! Pelos vastos espaços do horizonte Dilato a vista a um lado, e a outro lado, Quando da parte austral vejo um gigante, Que um pé tinha na terra, outro nos mares, Indo a cabeça se esconder nos ares. JBartholonxetL José Pereira - Natural do Rio de Ja- neiro, aqui falleceu a 19 de janeiro de 1876, sendo seus paes Manoel José Pereira e dona Anna Maria de Jesus Pereira. Era bacharel em mathematicas e sciencias physicas pela antiga aca- demia militar, d'onde sahiu graduado alferes alumno e foi logo promovido a segundo tenente do corpo de engenheiros a 4 de julho de 1859. Do corpo de engenheiros foi transferido para a arma de artilharia por de- creto de 27 de janeiro de 1866 em conformida ie do decreto n. 3526 de 18 de novembro de 1865 ; e desta arma para aquelle corpo na conformidade do art. 2J da lei n. 1793 de 9 de agosto de 1871. Sendo nomeado lente oppositor de physica da escola de marinha, e pri- meiro tenente honorário da armada, pouco tempo depois de sua formatura, esteve por causa disto constantemente fóra do serviço de seu corpo, e es- creveu : - Curso de physica da escola de marinha. Rio de Janeiro, 1871. - Tratado de arithmetica theorica e pratica, para uso dos candidatos á matricula da escola de marinha, enriquecido de exercícios no fim de cada theoria, tabellas dos numeros primos, dos quadrados, cubos, raízes BA quadradas, raízes cubicas, e das conversões de medidas ; terminado por uma taboa de logarithmos com seis decimacs de 1 a 5.000, disposta como as taboas de Callet. Rio de Janeiro, 1871 - Esta obra o autor confiou-a em manuscripto ao doutor Augusto Lias Carneiro; mas fallecendo algum tempo depois, e logo em seguida Dias Carneiro, acha-se a obra em poder de um filho deste, que mostrou-m'a. - Noções elementares de algebra-E'outra obra em manuscripto, como a antecedente, confiada ao doutor Dias Carneiro e também em poder de seu filho. Bai'tholomeu José Tavares-Pharmaceutico pela faculdade de medicina do Rio de Janeiro, exerceu por muitos annos sua profissão n'uma pharmacia de sua propriedade á rua do Livramento n. 48. Seu nome, porém, deixou de vir mencionado nos almanaks de Laemmert de 1874 em diante. Era cavalleiro da ordem da Roza e escreveu : - Breves considerações sobre a colera-morbus. Rio de Janeiro, 1867, 27 pags. Bartholomeu Lourenço de Gusmão - Chamado por antonomasia o Voador, por causa do maravilhoso invento do balão aereostatico, cuja gloria pretenderam roubar-lhe setenta e quatro annos depois os irmãos Montgolfierts, apresentando-se como inventores de uma machina igual, nasceu em Santos, capitania e hoje província de S. Pau- lo, em 1'685, e falleceu em Tolêdo a 18 de novembro de 1724, sendo filho do cirurgião-mór Francisco Lourenço Rodrigues e de dona Maria Alva- res, e irmão mais velho do celebre Alexandre de Gusmão de quem tratei á pagina 28 deste volume, de frei Simão Alvares, de frei Patrício de Santa Maria, do padre Ignacio Rodrigues, e de frei João de Santa Maria Rodrigues, dos quaes farei adiante especial menção. Estudou humanidades no collegio dos jesuítas em Santos, e d'ahi, com quinze annos de idade, foi a Coimbra, onde se formou em cânones e re- cebeu depois ordens de presbytero do habito de S. Pedro, tornando-se merecidamente cebbre pala invenção, innegavelmente sua, da machina aereostatica. Requerendo á corôa de Portugal um privilegio para essa ma- china, destinada, como dizia elle, « para andar pelo ar da mesma sorte que pela terra ou pelo mar com muito mais brevidade, fazendo-se muitas vezes duzentas ou mais léguas de caminho por dia », não só obteve o pri- vilegio pedido, como também concedeu-lhe o rei uma conesia, o titulo de lente de prima de mathematicas na universidade de Coimbra com o orde- nado de 600$000 annuaes, e depois a nomeação de fidalgo, capellão da casa real, e ainda mais o fòro de fidalgo para seu velho pai. Feita sua primeira ascenção a 5 de agosto de 1709, e demonstrada a verdade do que allegara perante o rei e sua côrte, perante quasi toda no- breza e grossa mó de povo, Bartholomeu de Gusmão teve os mais enthu- 384 ISA siasticos applausos e elogios, quer em prosa, quer em ver-m ; seu in- vento deu motivo a investigações e estudos de muit >s vultos proeminentes das seiencias, ate nos-os dias ; mas despertou também a inveja, a igno- rância, a superstição que o accusaram depois de louco, de feiticeiro, de ter trato com o demonio, e sobretu <o excitou a sêde in ;aciavel de sangue dos s mtos varões da inquis ção. que entretanto o não perseguiram logo por c msa do valimento pe lhe d.spensava a corôa. Das disposi ;Ões desses monstros de fi<ura de ho nem a quem não havia sangue bastante para lhes saciar a sêde, nem tormentos e gemidos que lhes tocassem uma só fibra das infernaes entranhas, estava Ba tholomeu de Gusmão tão sciente, que nunca se at,-eveu a fazer nova ascenção, nem a denunciar outras descobertas scientificas que levou comsigo á campa. Em 1871, porém, mandado a Romi para obter do po itifice - que sem duvida o tinha também s b as vistas como feiticeiro ou her^e - o grau patriarchal para a capella real, e para desfazer antigas diver- gências sobre as quartas partes dos bispados, e nada obtendo, decahiudo regio valimento ; então, sendo vot ido ás fogueiras da inquisição, teve dist > uma communicação resei vada, s hiu de Portugal ás occultas com seu irmão frei João de Santa Maria, e passando pela cidade de Tolêdo, pre- disposto pelas tribulações do espirito e pelas fa dgas da viagem, foi acommettido de uma febre perniciosa, que o levou ao hospital da mise- ricórdia, onde falleceu, sendo enterrado ás expensas do clero. Foi mais uma victima desses h unens que tanto e tão impunemente ultrajaram a re- ligião do Crucificado ! Além de muito versido na lingua própria e na latina, era-o também na franceza e italiana, e traduzia a grega e a hebraic i; tinha grande cabe- dal d ' vários conhecimentos humanos, sobretudo das sciencias physicas e mathematicas, que cultivara com o maior esmero ; era um orador elo- quentíssimo ; m mbro da academia real de historia portugueza em sua fundação e escreveu : - Petição do padre Bartholomeu de Gusmão sobre o instrumento que inventou para andar pelo ar, e suas utilidades. Lisboa, 1709 - Esta peti- ção foi publicada posthuma em 1774, e a publicação consta do requeri- mento ; do desenho da machina, gravado em chapa de cobr • ; da explica- ção da mesma machina ; da resolução tomada sob consulta do desembargo do paço, e de uma nota do editor sobre este escripto. Correm ainda im- pressas em outras obras esta petição, as differentes peças que a acompa- nham, e as graças obtidas. - Descripçto do novo invento aereostatico ou machina volante, do me- thodo d-» produzir o gaz ou vapor com que esta se encha, e de algumas particularida les relativas ás experiencias, que com ella se tem feito; com a noticia de um semelhmte proj cto, formado em Lisboa no princi- pio deste século (XVIII) e peças a elle relativas. Lisboa (s 'm data), 58 pags. in-8° com uma estampa - Sua magestade o Imperador é, sei-o eu, quem possue esta obra. ISA 385 - Vários modos de esgotar sem gente os navios que fazem agua, offe- recidos ao muito alto e muito poderoso rei de Portugal e dos Algarves, dom João V, nosso senhor. Lisboa, 1710 - Neste volume vem uma tra- ducção latina com uma estampa doscriptiva no fim. - Sermão da Virgem M aria, Nossa Senhora, em uma festa que a de- voção de sua magestade lhe dedicou em Salvalerra. Lisboa, 1712. - Sermão da ultima tarde do triduo, em que os académicos ultrama- rinos festejam Nossa Senhora do Desterro, prégado na igreja parochial de S. João de Almeidina. Lisboa, 1718. - Sermão prèg ido na festa do Corpo de Deus na freguezia de S. Ni- colau de Lisboa. Lisboa, 1821. - Historia do bispado do Porto - Foi escripta em 1720 por occasião da abertura da academia real de historia portugueza, tocando-lhe este ponto na distribuição das matérias feitas por dom João V. Não se publi- cou separadamente da collecção de documentos e memórias da academia, onde foi esta obra impressa. - Conta de seus estudos académicos na academia real a 16 de setem- bro de 1723 - Vem no 3o volume da dita colLcção. D. Frei Bartholomeu dos Martyres - Nascido, não pude averiguar em que logar do império, provavelmente no terceiro quartel do século XVIII, foi religioso carmelitano da provincia do Rio de Janeiro, occupou diversos cargos em sua ordem e falleceu em 1828. Foi eleito e sagrado bispo de S. Thomé em 1816, e transferi lo depois para a prelazia de Moçambique em 1818, da qual tomou posse no anno seguinte. Neste ultimo cargo, entre diversos trabalhos litterarios, deixou escripta uma - Memória sobre Moçambique - Li esta noticia no periodico Archivo Pittoresco. Bazilio <Ie Carvalho Daemon - Nasceu na cidate do Rio de Janeiro, d'onde, ha annos, passou para a provincia do Espirito Santo, estab decendo-se ultimamente na cidade da Victoria, e nesta provin- cia tem sido mais de uma vez deputado á assembiéa provincial, e tem feito um particular estudo de sua historia, possuindo, segundo sou informado, muitos e importantes documentos, alguns originaes, que pretende dar à publicidade mais tarde. Foi collaborador do antigo Correio Mercantil; foi redactor e proprie- tário dos periódicos Itabíra e Estandarte, publicados na provincia do Espirito Santo, assim como do - Espirito-Santense : jornal político, scientifico, litterario e noticioso. Victoria, 1870 a 1883 - Este periodico foi creado por José Marcellino Pereira de Vasconcellos, e só mais tarde transferido a Bazilio Daemon, que o constituiu orgão do partido conservador. A publicação coniiaúa em seu XI anno. 386 BA - Provincia do Espirito Santo, sua descoberta, historia chronolo- gica, synopse, e estatistica. Victoria, 1879, 525 pags. in-4° - E'dividida em tres partos : Ia parte : Estudos sobre a descoberta da provincia. 2a parte : Datas e factos históricos desde 1504 até 1869. 3a parte : Des- cripção topographica, estatistica, monumentos e nomenclatura. O autor trabalhou na composição deste livro cerca de nove annos, e promette dar ainda uma quarta parte ; e sem duvida rectificará então certos descuidos que deixou escapar na publicação já feita. - Arcanos : romance. Victoria, 187*. Bazilio Ferreira Goulart - Natural da cidade de S. Se- bastião do Rio de Janeiro, vivia pela época da independencia, era bacha- rel, si me não engano, em direito ; foi compromissario da Candelaria, em cuja parochia residia, e escreveu : - Discurso sobre o dia 8 de abril de 1821. Rio de Janeiro, 1821, 11 pags. in-4° - Contém sob o titulo de 2a parte, de pag. 7 em diante, outro discurso sobre o dia 13 de abril de 1821 do mesmo autor. Bazilio José de Oliveira Pinto - Natural do Rio de Janeiro, falleceu em 1879 ou 1880. Foi como escrevente de um cartorio no fôro do Rio de Janeiro que prin- cipiou sua vida publica ; d'ahi passou a servir como segundo official da secretaria da illustrissima camara municipal, sendo mais tarde promovido a primeiro official, e depois a chefe de secção da contadoria da mesma camara, logar em que se aposentara pouco tempo antes de sua morte, tendo escripto : - Poema heroico, collecção de poesias e acrósticos sobre diversos as- sumptos. Rio de Janeiro, 1866. - Collecção de charadas mythologicas, históricas, avulsas, logogryphos e diversas poesias. Rio de Janeiro, 1871 - Sei que Oliveira Pinto recom- mendava-se mais como funccionario publico, do que como litterato e poeta. Ba,zilio Quaresma Torreão - Natural de Pernambuco, e nascido no ultimo quartel do século XV11I, falleceu no Rio de Janeiro em 1867. De varia la erudição, sobretudo da geographia e historia de que fôra mestre, e apologista das idéas de liberdade desde seus mais verdes annos, declarou-se sectário da independencia da provincia de Pernambuco, tomando parte na rebellião de 1817, pelo que foi preso e passou muitos trabalhos com o desembargador, então ouvidor Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado, padre doutor Francisco Moniz Tavares, frei Joaquim do Amor Divino Caneca, e muitos outros por espaço de quatro annos, sendo um dos professores das aulas que, por lembrança do padre Moniz Tavares, se abriram na cadeia da Bahia, onde fez tres cursos de geo- graphia, e compôz um excellente compendio de geographia universal. BE 387 Compromettendo-se depois disto na revolução de 1824, foi obrigado para escapar á prisão, e talvez ã morte, a expatriar-se, sahindo occultamente do Brazil; foi então á Inglaterra, e d'ahi á outros paizes do velho continente ; de volta á patria presidiu a provincia do Rio Grande do Norte de 1833 a 1836, e desta data até 1838 a da Parahyba, e escreveu : - Compendio de geographia universal, resumido de diversos autores e offerecido á mocidade brazileira. Londre-, 1824, 528 pags.-Este livro foi composto, como ficou dito, na cadeia da Bahia, como se póde ver nas « Obras politicas e religiosas de frei Joaquim do Amor Divino Caneca, colleccionadas pelo commendador Antonio Joaquim de Mello» Io volume, pag. 15, e não na Europa como diz Innocencio da Silva, que ainda se engana attribuindo-a a um filho do autor ou confundindo este com seu filho do mesmo nome, que foi desembargador da relação do Maranhão. Foi dada ao prelo, em Londres, quando o autor ahi refugiou-se depois da revolução de 1824. - Informações de alguns passos relativos á sua pessoa, e de seus com- panheiros em 1817, desembarque, condições da cadeia em que jazeram na cidade da Bahia, qualidade e modo dos alimentos, etc. - Não sei si foram publicadas estas informações, mas sei que foram ellas escriptas em 1860 a pedido do referido commendador Antonio Joaquim de Mello, quanlo incumbido pelo governo de Pernambuco de colleccionar as obras de frei Joaquim Caneca ; vem uma parte de taes informações no 1° volume das ditas obras. I). Beatriz Francisca de Assis Brandão - Filha do sargento-mór Francisco Sanches Brandão e de dona Isabel Feli- ciana Narciza de Seixas, e parenta muito próxima de dona Maria Joa- quina Dorothea de Seixas Brandão, tão decantada por Gonzaga, nasceu em Villa-Rica, actual cidade de Ouro Preto e capital de Minas Geraes, a 29 de julho de 1779 e falleceu depois de 1860. Por desejj de seus paes sua educação se limitaria ás noções das pri- meiras lettras, e da musica; mas dona Beatriz, aproveitando a boa von- tade de um velho amigo de sua familia, aprendeu com elle a lingua fran- ceza e a italiana ; e assim preparada deu-se com toda dedicação ao estudo da litteratura, quer patria, quer das duas linguas que conhecia, mas sempre contrariada por aquelles que também deviam participar das glo- rias que alcançasse. Era socia honoraria do instituto historico e geogra- phico brazileiro e escreveu grande somma de poesias, e mesmo obras em prosa, de que publicou : - Cantos da mocidade. Volume l.° Rio de Janeiro, 1856, 236 pags. - Não consta que fosse publicado mais algum volume depois deste. - As commendas : poema. Rio de Janeiro. - Saudação à illm.a q exm? sr.a dona Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Vellasco - E' uma poesia em verso hendecasyllabo, que vem n'um livrinho de obras annunciadas por B. X. P. de Souza, a proposito das 388 T raducções desta escriptora, c com a qual o editor se dispensa de fazer elogios ás traducções de dona Violante. Sahiu em 1859. - Cartas de Leandro e Hero extrahidas de uma traducção franceza, dedicadas á illm.a e exin.a sr.a dona Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Vellasco. Rio de Janeiro, 1859. - Catão: drama trágico pelo abbade Pedro Metastasio, traduzido do italiano. Rio de Janeiro, 1860 - E' precedido de uma dedicatória em verso á sereníssima princeza brazileira dona Januaria. - D versas poesias - publicadas no Parnazo brazileiro do conego Ja- nuário da Cunha Barboza. Este grande vulto da litteratura patria pre- ce le ás poesias de dona Beatriz com palavras as mais lisongeiras. - Romances imitados de Gesner. Rio de Janeiro (sem declaração do anno), typographia de Pinto de Souza - E' um pequenino opusculo de 32 paginas, e typo correspondente, offerecido a dona Maria Velluti, con- tendo dous romancètes em verso : o Caçador, Lilia e Nerina. - Lagrimas do Brazil : poesia em verso hendecasyllabo - Vem no volume intitulado « Mausoleo levantado á memória da excelsa rainha de Portugildona Estephania. Rio de Janeiro, 1860. » Dona Beatriz deixou inéditas : - Odes, canções, hymnos, poesias lyricas, poesias patrióticas e do outros generos - que podem preencher volumes iguaes ao que publicou : - Alexandre na índia : opera traduzida para o portuguez. - Josè no Egypto : idem. - Sonho de Sc'pião : idem. - Angélica e Medoro : idem. - Semiramis reconhecida ; idem. - Diana e Endemião : idem. - Drama á coroação de s. m. o senhor D. Pedro I - para ser posto em musica, e já cantado no theatro. - Drama ao nascimento do senhor D. Pedro II - idem, idem. - Cantata aos annos da Imperatriz a Senhora dona Leopoldina. Belizario Lopes Regadas Sobrinlio - Não pude obter noticia alguma a seu respeito, e só sei, por ver annunciado, que es- creveu a obra seguinte, sendo estudante ainda : - Codigo do casamento com as leis relativas para consolidar os laços do matrimonio, guiar os esposos e orientar seus deveres, seguido de varias biographias celebres. Rio de Janeiro, 1878, 49 pags. in-8.° Bellariniiio Barreto - Filho do vigário Fernando Moi- relles Pinto Barreto, nasceu na vilia de Inhambupe, província da Bahia, a 30 de novembro de 1840 e falloceu repentinamente em consequência de uma aneurisma a 22 de maio de 1882. Para satisfazer a vontade de seus paes matriculou-se na faculdade de medicina, mas sem vocação para a medicina, deu-se ao jornalismo e exer- 13E 389 ceu o cargo de escrivão da subdelegacia da freguezia de Santo Antonio, e de delegacia do primeiro districto da capital de sua província; era membro do conservatorio dramatico, etc. Encetou sua carreira de escriptor, collaborando para o periodico Guay- curú em 1859, e depois disto escreveu : - Revista da Europa (serie de artigos publicados no Jornal da Tarde, em que sustenta a causa italiana contra o poder temporal do papa). Bahia, 1860. - Os ligueiros: ensaio sobre a actual situação política do Brazil. Bahia, 1863 - Neste escripto condemna o autor, como absurda, a união, que tomou depois o nome de partido progressista, de conservadores mo- dernos com liberaes. - O senhor Christie no Brazil ou a descripção do conflicto anglo-bra- zileiro. Parte l.a Acontecimentos. Bahia, 1863, 154 pags. in-8.° - Cartas do padre Amaro - Sahiram no Interesse Publico, folha que substituiu o Guaycuric e em que também collaborou. - Revista theatral - serie de escriptos no Diário da Bahia, de cuja redacção fez parte. 1865. - O voluntário da imprensa : cartas políticas - em que combate a situação conservadora. No dito Diário. 1868. - A familia Lambert : romance traduzido do francez. Bahia, 1867. - Maximas dos Luziadas para uso das escolas de meninos. Bahia, 1871. - As tres coroas : drama. Bahia, 1880. Escreveu ainda muitos artigos no Abolicionista, publicação quinzenal da sociedade libertadora Sete de Setembro, e redigiu : - Botão de rosa : periodico litterario e recreativo. Bahia, 1860 - Só sahiram 12 numeros. - O Pharol : periodico político. Bahia, 1864 a 1869-Sahia tres vezes por semana. Cessando esta folha, passou Bellarmino Barreto a fazer parte da redacçã) do Diário da Bahia. - O Monitor. Bahia, 1876 a 1882-Desta folha foi elle o primeiro redactor até fallecer. 1 Jellarniino Braziliense Pessoa de Mello - E' natural da província de Pernambuco. Sendo primeiro official da secretaria de estado dos negocios da justiça, foi nomeado em 1877 director em commissão da casa de correcção da côrte, e depois director effectivo, achando-se actualmente neste exer- cício. Escreveu : - Imperiaes resoluções, tomadas sobre consultas da secção de justiça do conselho do estado desde o anno em que começou a funccionar o mesmo conselho, colligidas em virtude de ordem do excellentissimo senhor conselheiro Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, ex-ministro e secre- tario de estado dos negocios da justiça e actualmente ministro de estran- 390 JBE geiros. Volume l.° Annos de 1842-1846. Rio de Janeiro, 1877 - A continuação desta obra ficou suspensa com a ausência do colleccionador da respectiva secretaria. Ha delle outros trabalhos officiaes, annexos aos relatórios do ministério da justiça. Bellarmino José cie Souza - Natural da província do Ceará, é presbytero do habito de S. Pedro, vigário da freguezia da Ca- choeira, na mesma província, e escreveu : - A sêcca perante a sciencia e a religião. Fortaleza, 1880 - Não vi esta obra sobre um flagello que por vezes tem sobrevindo á província, e que ultimamente tantas desgraças acarretou. Bellarinino de Mattos - Natural da província do Mara- nhão, nasceu em Icatú a 24 de maio de 1830 e falleceu a 27 de fevereiro de 1870. Aos dez annos de idade, apenas com os conhecimentos que constituem a instrucção primaria, foi aprender a arte typographica na officina cha- mada Temperança, d'onde se transferiu para a do Progresso, que pas- sara a ser propriedade de seu velho mestre e amigo Antonio José da Cruz, em 1849 e d'ahi em diante, ao passo que se dedicava com o maior inte- resse á arte que abraçou, procurando aperfeiçoal-a quanto possível fosse em sua província, consagrava ao estudo das lettras as horas que restavam do trabalho material, de modo que por si só compoz e publicou pequenos trabalhos litterarios que expunha á venda. Em 1854, entrando como chefe dessa officina typographica, que então attrahira a má vontade do governo por ser o Progresso o orgão da opposição, Bellarmino de Mattos, que vira serem presos e assentar praça dous companheiros seus, e que a per- seguição se estendia a todos os operários, foi obrigado a esconder-se e soffrer algumas privações. Ainda assim, de coração dedicado ás idéas liberaes, soffreu depois disto algumas accusações, talvez injustas. Foi um grande typographo, talvez o primeiro typographo do império, como o considera o doutor J. M. de Macedo ; foi o fundador da associação typographica maranhense e escreveu : - Diversas lendas, orações de santos, e outros pequenos avulsos - São estes os trabalhos, com que Bellarmino de Mattos estreara sua vida de escriptor, e que expunha á venda, antes de assumir a direcção da typo- graphia do Progresso. - Almanak admin strativo, mercantil e industrial da província do Maranhão para o anno de 1858. S. Luiz, 1858. - Almanak, etc. para o anno de 1859. S. Luiz, 1859. - Almanak, etc. para o anno de 1860. S. Luiz. 1860 - Este volume traz em supplemento os Apontamentos históricos do Maranhão pelo doutor A. Henriques Leal. - Almanak, etc. para o anno de 1861. S. Luiz, 1861. BE 391 - Almanak, etc. para o anno de 1862. S. Luiz, 1862 - Contém di- versas noticias históricas e estatísticas e diversas poesias. - Almanak, etc. para o anno de 1863. S. Luiz, 1863. - Almanak, etc. para o anno de 1864. S. Luiz, 1864 - Contém um catechismo agrícola, annuncios e os estatutos da companhia Porvir das familiss. - Almanak, etc. para os annos de 1865, 1866, 1868 - S. Luiz, 1865 a 1867, 3 vols.- Nota-se aqui a exclusão do almanak para 1867 que foi elaborado pelo doutor Antonio do Rego. De 1869 em diante foram redi- gidos e publicados por João Cândido de Moraes Rego, de quem farei menção depois. Bellamnino Ricardo de Siqueira, Barão de S. Gonçalo - Nasceu na villa de Saquarema, província do Rio de Janeiro, em 1791, e falleceu a 9 de setembro de 1873, em Nictheroy. Era um abastado capitalista e faz ndeiro em sua província, coronel commandante superior da guarda nacional do município da capital, gran- de do império, commendador da ordem da Roza, e escreveu : - Relatorio , apresentado á mesa administrativa do asylo de Santa Leo- poldina no biennio de 1868 a 1869 pelo provedor da irmandade de S. Vi- cente de Paula, Barão de S. Gonçalo. Rio de Janeiro, 1869, in-4° BenedLicto Marques da Silva jVcauã - Nasceu na província da Parahyba pelo anno de 1815, e na mesma província fal- leceu, ha muitos annos. Fez o curso de direito na faculdade de Olinda, onde recebeu o grau de bacharel, exerceu o cargo de inspector geral dos terrenos diamantinos na Bahia, e represent u na camara temporária a província da Parahyba na legislatura de 1842 a 1845, que foi dissolvida no primeiro anno, na de 1844 a 1847, e na de 1848 a 1851, dissolvida em 1849. Era membro cor- respondente do instituto historico e geographico brazileiro e escreveu : - Relatorio dirigido ao governo imperial em 15 de abril de 1847- Foi pelo autor offerecido o manuscripto ao instituto historico, que o pu- blicou em sua revista, tomo 9o, pags. 227 a 260. Este relatorio é dividido em duas partes : na Ia trata-se da administração, da medição e arren- damento dos terrenos, das companhias, dos faiscadores e das explorações ; na 2a se descrevem os terrenos diamantinos e particularmente aquelles que o autor considera poderem proporcionar ao Estado uma renda conside- rável. Esta parto do relatorio, conforme disse o doutor M. P. Lagos, pri- meiro secretario do instituto, parece confirmar não ser fabulosa a existência das ricas minas de prata, na sorra dos Paulistas ou da Moribeca, desco- bertas pelo colono Roborio Dias a dom Felippe II, e que não foram desco- bertas por negar este soberano áquelle colono o titulo de Marquez das Mi- nas, que em recompensa lhe pedira este. Os indícios desta presumpção acham-seahi patentes. 392 13112 - Conquista de Inhamuns, ou o azorrague saquarema por B. M. S. A. Ceará, 1853, 50 pags. in-4°- Versa esto opusculo sobre assumptos poli- tic . I' migno José <lo Carvalho e Cunha - Filho de José Antoniode Carvalho e de dona Feliciana Roza de Viterbo, nasceu na província de Traz-os-Montes, Portugal, a 27 de janeiro de 1789, mas emi- grando «trao Brazil em 1834, naturalisou-se cidadão brazileiro, e falleceu na Bahia, pelo anno de 1849. Sendo presbytero secular entrou na congregação da Missão, dedicando- se ao estudo das linguas orientaes, precisas para o pleno exercício de missionário; serviu alguns annos como superior do collegio de Sernache do Bomjardim, e se propunha, depois disto, a obter o grau de doutor em mathematicas na universidade de Coimbra, na qual jâ estava matriculalo, quando por causa dos movimentos ] oliticos entre o partido liberal eo realista, nos quaes se envolveu, foi obrigado a deixar a universidade, re- fugiando-se então no Brazil, onde alcançou ser provido numa cadeira de conegoda sé metropolitana, e exerceu o magistério como lente de philo- sophiae de theologia. O instituto historico e geographico do Brazil, a que pertencia, tendo á vista um relatório que foi publicado na Revista trimensal em 1839, escri- pto por certos aventureiros que andaram á cata de ouro, e de outras pre- ciosidades pelo interior do império, no qual davam noticia muito circum- stanciada de uma importante cidade abandonada, por elles descoberta nos sertões da Bahia em 1753, incumbiu o conego Benigno de ir com o dito relatorio verificar o que havia. A assembléa da provincia, animada de igual empenho, votou uma quantia para auxilio das despezas neces arias, mas o conego Benizno consumiu cerca de quatro annos em explorações laboriosas e arriscadas sem nunca chegar a ver a cidade, apezar de encontrar certos indícios, como um rio, em tudo semelhante a um que vem descripto no roteiro do instituto ; e quando já se suppunha perto do termo feliz de suas explorações, foi obrigado a vir â capital, d'onde não sahiu mais. Escreveu : - A religião da razão ou harmonia da razão com a religião revelada. Bahia, 1837-1840, 2 vols.-Esta obra foi oíferecida ao arcebispo dom Romu- aldo Antonio de Seixas. - Memória sobre a situação da antiga cidade abandonada, que se diz descoberta nos sertões da Bahia por certos aventureiros, em 1753, na con- formidade da relação por elles escripta, e publicada pelo instituto his- torico em 1839, e segundo as observações por mim feitas e informações que colhi na minha viagem a Valença a 4 de fevereiro de 1841 - Sahiu na Revista do instituto, tomo 8o, pags. 197 a 203. A respeito desta cidade, e das pesquizas que f :Z o autor para o descobrimento delia, ha : um artigo escripto pelo doutor Ascanio Ferraz da Motta, publicado no Musaico sob BE 393 o titulo Monumentos archeologicos ; considerações constantes das Memó- rias do arcebispo da Bahia dom Romualdo Antonio de Seixas, á pagina 146 ; e uma referencia que faz o conego J. C. Fernandes Pinheiro, no Parecer sobre a memória do Conde de la Hure, inserto na Revista do ins- tituto, tomo 29°, pags. 373 a 399. - Memória e correspondências sobre o mesmo assumpto-Na^-esma Revida, tomo 4o, pag. 399 ; tomo 6o, pag. 318, e tomo 7a pag. 102. - Carta ao presidente da Bahia - Contém adescripção de alguns lo- gares que percorreu em busca da cidade abandona la e mostra inexactidões dos mappas dos doutores Spix e Martius, e de Echrwege. E' escripta a 9 de janeiro de 1846, e sahiu no Crepúsculo da Bahia, 2o vol., pag. 20. - Memória sobre as minas, ha pouco, descobertas (1841) no Assuruá, na província da Bahia - Na Revista do instituto, tomo 12°, pag. 524. Benjamin Carvalho de Oliveira - Filho de Ben- jamin Carvalho de Oliveira e de dona Jcaquina de Jesus Maria de Oli- veira, nasceu na província de Santa Catharina a 29 de abril de 1849. Aprendera com seu pai o latim, o com sua mãe os rudimentos de gram- matica portugueza e de musica, com tanto proveito que aos 12 annos can- tava e tocava violino, e aos quatorze já se aventurava a leccionar por- tuguez, passando mais tarde a sor professor publico, interino, dains- trucção primaria, e finalmente de 1871 em diante professor effectivo. Foi quem iniciou e fundou a primeira aula nocturna na província de Santa Catharina, e o fundador do instituto dos professores públicos primários da mesma província, hoje extincto ; cultiva com paixão a musica e a poe- sia ; é socio benemerito das sociedades musícaes destorrenses Trajano e Lyra artística e escreveu : - A caridade: poemeto. Desterro, 1877- Foi publicado antes em fo- lhetim no periodico Regeneração, e reproduzido no Apostolo da côrte, depois de recitado a 16 de setembro deste anno na camara municipal por occasião de ser entregue á mesma camara o producto das esmolas agen- ciad s por uma commissão de senhoras e pela sociedade musical Santa Cecilia em favor das victimas da sêcca do Ceará. - Flebil : poemeto recitado a 6 de junho de 1878 no theatro de Santa Izab >l do Desterro por occasião de uma recita em beneficio de alguns orphãos, cujos paes foram victimas da epidemia que grassara em S. Fran- cisco. Sahiu em folhetim no periodico Regeneração e também no Almanak de Lembranças luzo-brazileiro de 1880. - Se^e de setembro - poesia de metrificação variada em tres capítulos recitada no mesmo theatro a 7 de setembro de 1878, e publicada, me pa- rece, na citada folha. Outras composições poéticas de suapenna tenho visto publicadas, como : - Meditações elegíacas (em quatorze oitavas rimadas) por occasião do naufragio dohiate Voluntário da Patria em 1872 ; A virgem do coração, com musica própria, 1876 ; Moreninha, a "* 1876 ; Ella-flôr, improviso, 394 BE 1877 ; Harmonias, 1877 ; A actriz, poesia scenica, 1798 ; Pena de um beijo, 1879 e outras publicadas na Regeneração, na Gazeta de Joinville e na Gazeta de Campinas. Sei por communicação do autor, que existem inéditos : - Immarcessiveis : poesias-E' o Io volume de suas composições, di- vidido em tres partes : Ia Lírios e violetas; 2a Flores variegadas ; 3a Goivos e saudades. Está prompto a entrar no prelo. - Rozas e rozetas : poesias d'outr'ora- E' o 2° volume, contendo poe- sias amorosas, satyras, epigrammas, etc. - No cair da tarde : poema humorístico em conclusão. - A sorte grande : comedia. - Compendio de grammatica da lingua nacional, ainda por concluir. Possue muitas composições musicaes, mas só publicou : - Brazileira : quadrilha nacional sobre motivos do hymno brazileiro - E' a unica musica que se tem publicado em Santa Catharina. Ibm jamin Constant Iíotellio de Magalhães - Nasceu em 1833, é bacharel em mathematicas, tenente-coronel do eslado- maior de primeira classe, lente da escola militar, director do imperial instituto dos meninos cegos, socio fundador da associação de soccorros á invalidez, official da ordem da Roza, cavalleiro da de S. Bento de Aviz, condecorado com a medalha da campanha do Paraguay, e escreveu: - Theoria das quantidades negativas. Petropolis, 1868. Benjaniin Vranklin de AlbuquerqueLãma- Natural da província de Pernambuco, entrando para a escola central em 1860, fez ahi todo curso de artilharia, e assentando praça em 1861, foi promovido a alferes alumno em 1863, a segundo tenente em janeiro de 1865, a primeiro tenente em março do mesmo anno, e a capitão em junho de 1867. Depois, porém, de ter prestado bons serviços ao Estado, como official de artilharia, e de ter servido bastante tempo na commissão encarregada de estudar as regiões encachoeiradas do-; rios Tocantins e Araguaya, de onde se retirou gravemente doente, e desgostoso por isso, deixou a carreira das armas e passou ao serviço do ministério da agri- cultura, onde se conserva. E' condecorado com a medalha concedida ao exercito em operações na republica do Uruguay em 1865, etc. Escreveu: - Alvoradas: poesias. Rio de Janeiro, 1871. - Lembranças de uma viagem ao norte : pretenções a prosa. Rio de Janeiro, 1875, 88 pags. in-8.9 - Es'udos das sciencias physicas e na'uraes na faculdade de medicina do Rio de Janeiro - Sobre este assumpto escreveu uma conferencia que fez na escola publica da Gloria a 2 de setembro de 1880. Reconhecimento de rios - Vem na Revista de engenharia, tomo 1° n. 4, 1879. BE 395 - O congresso meteorologico internacional de Roma - Idem, tomo 2®, ns. 2 e 4, 1880. Ha alguns trabalhos officiaes de sua lavra, como o - Relatorio dos trabalhos feitos na commissão de explorações preli- minares nos rios Piracicaba e outros da província de S. Paulo, apresen- tado ao exm°. sr. conselheiro Thomaz J. 0. de Almeida em 1877- Idem, ns. 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Exercia o autor o cargo de engenheiro chefe da dita commissão. Benjainân Franklin Ramiz Galvão-Nasceu na província do Rio Grande do Sul, a 16 de junho de 1846, sendo seus paes João Ramiz Galvão e dona Maria Joanna Ramiz Galvão. Bacharel em lettras pelo collegio de Pedro II, e doutor em medicina pela facullade do Rio de Janeiro, foi nomeado bibliothecario da bibliotheca nacional da côrte em 1870, lente substituto da secção de sciencias acces- sorias daquella faculdade em 1871 e lente cathedratico de botanica em 1881. Em 1882, porém, sendo escolhido por sua magestade o Impe- rador para o logar de aio dos príncipes, filhos de sua alteza a princeza imperial, foi jubilado no logar de professor da faculdade e dispensado do de bibliothecario publico. E' socio fundador do instituto dos bacharéis em lettras, socio do insti- tuto historico e geographico brazileiro, dignitário da ordem da Roza, ca- valleiro da ordem austríaca de Francisco José, official da instrucção pu- blica de França, e escreveu: - Do valor therapeutico do calomelano no tratamento das inflammações agudas e chronicas das moléstias serozas. Rio de Janeiro, 1868 - E' sua dissertação inaugural, seguida de propos:çÕes sobre: Diagnostico e trata- mento das lesões dos orifícios esquerdos do coração. Tubérculos pulmo- mares. Infanticídio por omissão. - O calor, a luz, o magnetismo e a electricidade são agentes dis- tinctos ? these do concurso a um logar de oppositor da secção de sciencias accessorias. Rio de Janeiro, 1871. - Discurso pronunciado no acto da collação do grau dos doutorandos em 1868. Rio de Janeiro, 1869, 10 pags. in-4.° - Apontamentos históricos sobre a ordem benedictina em geral e em particular sobre o mosteiro de Nosst Senhora do Montserrate da ordem do patriarcha S. Bento desta cidade, coordenados, etc. Rio de Janeiro. 1879, 146 pags. - Apresentado este trabalho, em manuscripto, em 1869, ao instituto historico como titulo para sua admissão, foi publicado na Revista do mesmo instituto, tomo 35°, 1872, parte 2a, pags. 249 e seguintes. - O púlpito no Brazil: estudo historico critico. Rio de Janeiro, 18'*- Sahiu antes na Bibliotheca dos bacharéis em lettras, 1867, pags. 29 e seguintes. - As artes graphicas na exposição de Vienna d'Austria em 1863 : rela- tório apresentado ao governo imperial. Rio de Janeiro, 1874. 396 13 JE - Catalogo da exposição nacional em 1875. Rio de Janeiro, 1875. - Relatorio sobre os trabalhos executados na bibliothpca nacional da côrte no anno de 1874 e seu estado actual. Rio de Janeiro, 1875, 47 pags. - Vem também publicado em annexo ao relatorio do ministério do im- pério de 1875. - Memória histórica da faculdade de medicina do Rio de Janeiro, rela- tiva ao anno de 1881. Rio de Janeiro, 1882 - Vem reproduzida no Diário Official. Sob a direcção do doutor Ramiz Galvão sahiram a lume : - Annaes da bibliotheca nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1876 a 1881, 8 vols. in-4.° - Catalogo da exposição de historia do Brazil, realizada pela biblio- theca nacional do Rio de Janeiro a 2 de dezembro de 1881. Rio de Janeiro, 1881, 2 voh. in-4°-Sahiu um supplemento em 1883. (Veja-se João de Saldanha da Gama.) Bento de Azevedo Maia Rubião - Filho do com- mendador Bento de Azevedo Maia e de dona Antonia Carneiro de Sá Maia, nasceu na cidade de Rezende, provincia do Rio de Janeiro, a 21 de agosto de 1824. Doutor em medicina pela faculdade da côrte, onde recebeu o grau em 1848, estabeleceu-se como clinico na cidade de seu nascimento, e d'ahi, ao cabo de tres annos, passou para a Conservatória, município de Valença, on le reside, e onde tem occupado cargos de eleição popular e de confiança do governo, como sejam os de vereador da camara mu- nicipal, de inspector parochial da instrucção publica, e de cirurgião da reserva da guarda nacional. Escreveu : - Considerações sobre a hypertrophia de coração : dissertação inau- gural. Rio de Janeiro, 1848. - Febre amarella- serie de artigos publicados no Jornal do Com- mercio, 1883. - Memória sobre a colera-morbus. 1860. - Memória sobre a coqueluche. 1865-O doutor Rubião me declara haver publicado esta e a precedente memória, sem dizer onde ; ter inéditos um compendio de pathologia, e um trabalho com o titulo Extracção do feto ; finalmente ter diversas poesias das quaes me enviou duas por cópia, que são: - As Dores da Virgem Santíssima : hymno offerecido á solemnidade da sexta feira santa, escripto em 1854 - em sextilhas. - Ao Duque de Caxias. 1880 - em verso hendecasyllabo solto. Bento de Carvalho e Souza - E' natural da cidade do Rio de Janeiro, sendo seu pai João Francisco de Souza ; doutor em me- dicina pela faculdade da côrte, tendo recebido o grau em 1845 ; cirurgião 15JLC 397 de esquadra do corpo de saude da armada, servindo de administrador do hospital de marinha ; official da ordem da Roza, cavalleiro da de S. Bento de Aviz, econdecorado com a medalha da campanha contra o Paraguay, e escreveu : - Proposições sobre medicina e cirurgia: these inaugural. Rio de Janeiro, 1845. - Algumas observações de cirurgia sobre factos clinicos do hospital de marinha da côrte. Rio de Janeiro, 18". - Formulário para os hospitaes e enfermarias da marinha, confec- cionado por uma commissão composta dos doutores Carlos Fr derico dos Santos Xavier de Azevedo, Bento de Carvalho e Souza e João Ribeiro de Almeida. Rio de Janeiro, 1878,38 pags. in-4.° Bento Emílio Machado Portella - Natural da provincia de Pernambuco, nasceu a 26 de julho de 1860, sendo seus paes o doutor Joaquim Pinto Machado Portella, de quem occupar-me-hei mais tarde, e dona Emilia Carolina da Costa Portelia ; é formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade da mesma provincia em 1881, e advo- gado nos auditórios do Rio de Janeiro. Escreveu : - Constituição política do império do Brazil, seguida do acto addi- cional e lei da interpretação e annotada com a legislação até 1879. Rio de Janeiro, 1880, 94 pags. in-8.° - Gu'a prat>co para obtenção de privilégios e patentes de industria, acompanhado da lei de 14 de outubro de 1882, annotado com o respectivo regulamento. Rio de Janeiro, 1883. Bento Fernandes de Barros - E' natural do Ceará, formado em sciencias sociaes e juridicas e segue a carreira da magistra- tura, occupando actualmente o cargo de juiz de direito da comarca de Joinville em Santa Catharina. Escreveu : - Discussão da questão de limites entre o Paraná e Santa Catharina. Rio de Janeiro, 1877, 82 pags. in-8°- Foi feita a publicação pelo club litterario coritibano. Bento de Figueiredo Tenreiro A_ranlxa - Filho do Raymundo de Figueiredo Tenreiro e de dona Thereza Joaquina Aranha, ambos de familia illustre, nasceu na villa de Barcellos, no Pará, a 4 de setembro de 1769, e falleceu a 11 de maio de 1811. Ainda criança, com sete annos de idade, viu-se orphão de pai e mãe, e entregue a um tutor, que deu-lhe apenas a instrucção primaria e ia accommolal-o na lavoura, quando o menino, então com 12 annos, pro- curou seu padrinho o arcipreste e vigário geral José Monteiro de No- ronha, que delle tomou conta, e de combinação com o juiz respectivo o recolheu ao convento de Santo Antonio. Ahi estudou Bento Tenreiro todas as aulas secundariam, não podendo, como era seu desejo, ir para a 398 BE universida le de Coimbra por lhe serem sequestrados pela fazenda real todos os bens que herdara de sou avô. Nomeado alferes de milícias e director dos indios de Oeiras, foi mais tarde nomeado capitão de caçadores e escrivão da nova alfandega, legar - de que foi exonerado por calumnias e perseguições, de que foi victima, pelo simples facto de s 'r amigo particular do juiz de fóra Luiz Joaquim Frota de Almeida, que com o bispo e o governador vivia em discórdia. O con ie dos Arcos, porém, inteirado, quando assumiu o governo, da injustiça, que soffrera Bento Tenreiro, deu-lhe o logar de escrivão da mesa grande do Pará, no qual foi confirmado pelo príncipe regente, dom João. Litterato e poeta, escreveu muitas composições, das quaes publicou algumas e as outras deixou manuscriptas. Delias posso men- cionar : - Melizo : idyllio feito ao illustrissimo senhor Martinho de Souza e Albuquerque, governador e capitão general do estado do Pará. Lisboa, 1789, lOpags. in-4.° - Ode horaciana ao governador e capitão general Martinho de Souza e Albuquerque - « onde, diz seu biographo o conego Januario da Cunha Barboza, a gratidão, de mãos dadas com a verdade, expressa louvores em sublime phrase. » - Soneto á promoção do illustrissimo e excellentissimo senhor dom Francisco de Souza Coitinho, governador e capitão general do Pará, a ca- pitão de guerra por decreto de 15 de fevereiro de 1793 -Sahiu avulso sem indicação do lagar e anno. - Oração ou breve discurso feito por occasião do felicíssimo nasci- mento da sereníssima princeza, dona Maria Izabel, infanta de Portugal. Lisboa, 1807, 26 pags. in-4.° - Soneto a mamelluca Maria Barbara, cazada com um soldado do re- gimento de Macapá, a qual prefiriu a morte ao adultério, a que vil assas- sino queria forçal-a no caminho da ponte do Marco - Vem com sua bio- graphia na Revista tri mensal do instituto, n'outras revistas, e obras como o livro Brazile ras celebres. - Obras poéticas de Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha que ao senhor dom Pedro II, Imperador do Brazil, dedica e consagra João Baptista de Figueiredo Tenreiro Aranha. Pará, 1850 - Desta pu- blicação posthuma, feita por um filho do autor, transcreveu o Vis- conde de Porto Seguro no seu Florile(]io da poesia brazileira as se- guintes : - Ode ao general Manoel da Gama Lobo de Almeida - No tomo 3o, pags. 7 a 20. - Ode ao senhor João de Mello Lobo, quando naufragou nos baixios da Tijuca ao entrar no Pará - Idem, pags. 20 a 22. Deste autor acham-se ainda inéditos : - Dramas, idyllios, odes e outras composições poéticas, discursos allegorias dramaticas. BE 399 Bento cia Foncêca - Sou informado por pessoa competente de que nascera no Brazil, e por pessoa em iguaes circumstancias, de que fôra nascido em Portugal. Na duvida aqui o contemplo. Foi jesuita, viveu além dos meiados do século VIII, e escreveu: - Catalogo dos religiosos da companhia no Maranhão desde 1615 até 1748 - inédito. Existe uma cópia na bibliotheca nacional, de 17 fls., contendo algumas noticias históricas. - Maranhão conquistado a Jesus Christo e à corôa de Portugal pelos religiosos da companhia de Jesus: fragmentos de uma Chronica do padre Bento da Foncêca, escriptos depois de 1757 - idem, 94 fls. Existe outro inédito do mesmo autor, com data de 1755, em que se dá exacta - Noticia do governo temporal dos indios do Maranhão e das leis e razões, por que os reis o commetteram aos missionários, e em que con- siste o dito governo temporal que exercitam os missionários sobre os indios - O instituto historico possue delia uma cópia, e a este escripto se refere o doutor Mello Moraes em sua Corographia. Bento José Labre, Io - Nasceu na Campanha, então villa de Minas Geraes, em 1793 e falleceu, a 23 de novembro de 1839. Era presbytero do habito de S. Pedro, cujas ordens recebera em 1818 na província de S. Paulo por se achar a sé vaga em sua diocese com o fallecimento do bispo dom frei Cipriano. Sacerdote modelo, de uma vida exemplaríssima, toda devotada á caridade e ás mais bellas virtudes, seu aspecto inspirava a veneração que póde inspirar um santo ; quando pregava, tal era a convicção, a fé de que se possuia, que muitas vezes derramava lagrimas que pareciam sufifocal-o, e seus conselhos calavam sempre no espirito dos ouvintes. Escreveu : - Muitos sermões - de que, entretanto, não consta que fossem alguns publicados, nem se sabe onde param. Bento José Labre, 2° - Nasceu na cidade da Campanha, Minas Geraes, pelo anno de 1823, sendo seus paes Firmiano Dias Xavier e dona Emyglia Luiza de Moraes, e falleceu em Casa-Branca, S. Paulo, ha poucos annos. Era doutor em medicina pela faculdade da côrte, e exerceu a clinica na villa,em que falleceu, tendo representado esta província em sua assemblóa. Parece-me que era sobrinho do precedente, cujo nome tomara. Escreveu : - Proposições de pathologia cirúrgica, concernentes ás feridas: these inaugural. Rio de Janeiro, 1846. - M< moria offerecida ao... senador José Joaquim Rodrigues Torres, presidente da província deS. Paulo. S. Paulo, 1859, 38 pags. in-4°- Versa esta memória, sobre a industria saccafina. Bento Maria da Costa - Natural do Rio de Janeiro, é doutor em medicina pela faculdade da côrte, onde recebeu o grau em 400 131£ 1851 ; commendador da ordem da Roza, cavalleiro da de Christo e da real ordem da Corôa da Italia, acha-se estabelecido como clinico no município de Nictheroy, depois de ter servido por alguns annos o logar de medico administrador do hospital marítimo de Santa Izabel, em Jurujuba. Escreveu : - Dissertação sobre a camphora : these inaugural. Rio de Janeiro, 1851 - E' seguida de proposições sobre: Apresentação da espadua com sahida do braço. A medicina legal relativa á gravidez e ao parto. - Relatorio sobre as medidas mais importantes a tomar-se, obras de maior urgência, e trabalhos que foram executados no hospital marítimo de Santa Izabel no anno de 1855, apresentado á commissão sanitaria do porto e lido nas sessões de 10 e 24 de julho. Rio de Janeiro, 1866, com diversos mappas estatísticos - Ha outros trabalhos officiaes de sua penna sobre o referido hospital. Bento Marques - Natural da Bahia, e nascido, segundo penso, pelo meiado do século XVII, foi presbytero secular do habito de S. Pedro, exerceu por muitos annos o cargo de capellão da igreja de Nossa Senhora da Barroquinha na capital de sua província, e escreveu: - A chave da consciência. Lisboa, 1689 - E' um livro doutrinário no espirito religioso e philosophico. E' raríssimo. Bento da Silva Lislboa, Barão de Cayrú - Filho de José da Silva Lisboa, Visconde de Cayrú, e da Visconlessa do mesmo titulo, nas- ceu na cidade da Bahia a 4 de fevereiro de 1783, e falleceu no Rio de Janeiro a 26 de dezembro de 1864. C meçou sua educação litteraria, tendo por mestre seu pai, e depois o celebre Manoel Ignacio da Silva Alvarenga, uma das victimas - de quem tratarei opportunamente - do Marquez de Rezende por querer diffundir as luzes em sua patria; e entrando com 16 annos de ida le para a secre- taria dos negocios estrangeiros, com tal intdligencia e zelo se desenvol- veu, que em 1827 subira ao corgo de official-maior da mesma secretaria, e antes disto, tendo acompanhado á Lisboa a real familia, fôra neste mesmo anno nomeado secretario da legação de Berlim, para onde não seguiu por haver a constituição portugueza abolido a alta representação nesta côrte, reduzindo-a a simples encarregado de negocios. Foi ministro e secretario de estado dos negocios estrangeiros em 1830 e em 1846, e encarregado em 1840 da mais distincta e honrosa missão diplomática, a de contratar o casamento de sua magestade, o actual Im- perador. Tão grande no gabinete, quando par'cia aborrecer-se da tri- buna, passou no gabinete o r sto de sua ill bada existência, estudando e escrevendo, e morreu pobrissuno, sendo official-maior apos mtado da secre- taria a que se dedicara, commendador da ordem de Christo, da ordem de S. Leopoldo da Bélgica, e da Legião de Honra da França, grã-cruz da ordem de S. Januario de Nápoles, e da de Nossa Senhora da Conceição da 1311) 401 Villa Viçosa de Portugal; membro do instituto histcrico e gejgraphico brazileiro. Escreveu : - Compmd o da obra da Riqueza das nações de Adam Smith, tradu- zida do original inglez. Rio de Janeiro, 1811-1812, 3 vols.- E' dedica- do ao príncipe regente. - Juizo critico sobre a obra intitulada « Histoire des relations com- merciales entre la Franco et le Brósil, par Horace Say » publicada em Pariz em 1839 - E' escripta com J. D. d'Ataide Moncorvo, e sahiu na Re- vista do instituto historico, temo Io, pags. 32 e seguintes. - Josè da Silva Lisboa, Visconde de Cayrú : memória lida na sessão do mesmo instituto de 24 de agosto de 1839 - e publicada na dita revista, tomo Io. pags. 238 e seguintes. - Biographia de Balthazar da Silva Lisboa, tio do autor - Acha-se na revista mencionada, tomo 2.° - Notas feitas ao capitulo da obra sobre a vida de mr. Caning, que diz respeito aos negocios do Brazil, e de que fôra incumbido pelo insti- tuto historico- Fez a leitura deste escripto nas sessões de 24 de outubro e 21 de novembro de 1851. Consta que este autor deixara outras obras - inéditas. Bento Teixeira Pinto - Natural de Pernambuco e nascido, segundo me parece, entre os annos de 1540 e 1545, mas nunca em 1580, como disse o conselheiro J. M. Pereira da Silva no seu Plutarco brasi- leiro, publicado em 1843, tomo Io, pag. 26, porque cinco annos antes desta éra, já se representavam em sua terra natal dramas do sua compo- sição ; falleceu, não em 1600, como disse o bacharel L. Marcon les, porque em 1607 voltava elle de uma segunda viagem que fizera á líuropa, mas muitos annos depois desta data, porque ainda escrevia obras em 1618. Na ordem chronologica foi elle o primeiro dos escriptores brazileiros, de que ha noticia, e por isso serve de ponto de partida na littoratura do Brazil, como se exprimem Ferdinand Denis no seu Resume de Vhistoire du Bresil, e o doutor D. J. Gonçalves de Magalhães no sou artigo Litte- ratura brasileira, publicado no jornal dos debates políticos o littorarios. Foi amigo muito dedicado do Jorge do Albuquerque Coelho, o segundo flho do primeiro donatario da capitania de Olinda (Vide Jorge de Albu- querque Coelho); embarcou com este para Lisboa, em 1565, na nau Santo Antonio e com elle soffreu com grande coragem e resignação, não só os cruéis effeitos da tormenta que os sorprendeu na viagem, o do ap-izionamento e pilhagem, de que foram victimas, como tunbem os do naufragio da mesma nau. Depois de ter estado em Lisboa algum tempo, veiu ao Rio de Janeiro e d'aqui passou a Pernambuco, on lo serviu o logar de cobrador dos dizimos e dirigiu em 1591 uma oxpe lição contra os indios potigoarás por occasião de um assalto destes indios nas matas de pau-brazil, onde mataram alguns colonos; entregou-se depois á agricul- tura sendo proprietário de um engenho de assucar, ensaiando o plantio e 402 cultura do trigo e descobrindo a malagueta; foi outra vez a Portugal, do onde regressou em 1607, parecendo pelos seus escriptos que estivera também nas possessões da coróa portugueza na Asia. Escreveu : - Helação do natifragio que fez Jorge Coelho, vindo de Pernambuco em a sua nau Santo Antonio em o anno de 1565. Lisboa, 1601 -Esta obra foi reimpressa no segundo tomo da « Historia tragico-maritima » de Bernardo Gomes de Brito, publicado em Lisboa em 1636, de pags. 1 a 59, e na lievista do instituto historico, tomo 14°, do pag. 279 a 314. As duas ultimas ediçõss têm por titulo: - Belação do naufragio que passou Jorge de Albuquerque Coelho, vindo do Brazil no anno de 1565 - e a primeira é seguida da - Prosopopea dirigida a Jorge de Albuquerque Coelho : poema -es- cripto em oitava rima, que foi reimpresso e fielmente reproduzilo da edição de 1601 pelo bibliothccario da bibliotheca nacional, Rio de Janeiro, 1872. O Visconde de Porlo-Seguro se inclina a crer que este poema fosse da penna de um certo Antonio da Costa, que foi mestre do Duque de Bra- gança, dom Theodosio. Não conheço as razões que o levaram a isto. Entre- tanto o mesmo Visconde transcreve no seu Florilégio da poesia brasileira uma parte da Prosopopéa, a Descrição de Pernambuco, sob o nome do Bento Teixeira ! - Diálogos das grandezas do Brazil. Interlocutores Brandonio c Al- viano - Existia o manuscripto na bibliotheca nacional de Lisboa com a declaração na primeira pagina de ser composto por Bento Teixeira, e a folha 11 « Até o anno de 1618 » e delle obteve uma cópia o conselheiro José Feliciano de Castilho que começou a imprimir no íris, periódico de religião, bellas artes, sciencia, etc., tomo 3o, Rio de Janeiro, 1850, pags. 107, 177, 218 e 253. Infclizmente, porém, cessando a publicação do íris, só veiu á luz o primeiro dos seis diálogos de que se compõe a obra, e em que dá-se noticia de todas as capitanias do Brazil. O Conde de Vimioso possuía em 1786 um manuscripto desta obra. Não sei qual dos dous era o original. O citado Visconde de Porto-Seguro, referindo-se ao abbade Barbosa Machado, que dà noticia do livro, asseverando ser escripto por Bento Tei- xeira Pinto, não se inclina a acroJital-o. « Não estamos dispostos, diz olle, a dar-lhe inteiro credito, fundados num ponto da vida de Bento Teixeira Pinto, que não julgamos conformar-se, e nas informações do addicionador da bibliotheca de Pinello, tomo 3", col. 1714, que são do theor seguinte : « Brandaon, Português, vicino :e Pernambuco, Dialogo « de las Grandeças del Brasil, que contiene machas cosas de la choro- « grafia i historia natural de aguei pais, Ms. en la Libéria del Conde de « Vimiero en português.» « Nesta mesma columna, continua Porto-Seguro, vem um pouco acima: « Benito Teixeira, Tratado de la Grandeça e fertilidad de la provinda « del Brasil ô nueva Luzitania e discr peton de Pernambuco, segundo « Franco, en la Biblioteca lusitana.» 13E 403 Concluo dahi o sabio escriptor brazileiro que, sendo dous autores os que se apontam e propoem para a mesma unica obra, não duvida que seja Brandão o verdadeiro e legitimo 1 Que ha manifesta confusão da parte do addicionador da bibliotheca de Leão Pinello, não resta a menor duvida. E si ha essa confusão, como delia se quer tirar uma prova, quando mesmo a conclusão fosse lógica ? Brandonio é o nome imaginário que deu o autor do livro ao interlocutor que explica ao outro as riquezas cio Brazil. Quem sabe, pois, si a confusão manifestada não vem do suppor o bibliothecario de Pinello que o autor é esse interlocutor ? ou que o autor se chama Brandão por ver que o inter- locutor, que explica e conhece as riquezas do Brazil, se chama Brandonio ? Entro nestes detalhes, fóra do plano que tenho traçado nesta obra, porque se trata do escriptor, que serve de ponto de partida na historia lit- teraria do Brazil. E os que quizerom por si apreciar esta questão, podem ver o que escreveu F. A. de Varnhagem nas Reflexões sobre o escripto do século XVI com o titulo de Noticias do Brazil, pag. 98, e os dous artigos biographicos Bento Teixeira Pinto que vem na Revista do instituto, tomo 14°, pelo mesmo Varnhagem, e Joaquim Norberto de Souza e Silva, pags. 274 e 402. Bento Teixeira escreveu mais : - O rico avarento : drama - Não sei onde para, e nem consta que fosse impresso ; sei que foi representado em Pernambuco, em 1575. - O Lazaro pobre : drama - Foi, como o precedente, representado em 1575, resultando de sua exhibição em scena, que os ricos abrissem suas bolsas e as vazassem em esmolas á pobreza. - Diversas poesias-Destas poesias algumas acham-se na Phenix renascida. Lisboa, 1716 a 1720 ; a maior parte, porém, ficou inédita e perdida, sendo sonetos, eglogas, versos pastoris, etc. Krei Uento da Trindade - Filho do paes portuguezes, nasceu na província da Bahia em 1768, ignoran io-se a data de seu falle- cimento, que supponho ser pouco antes da independencia. Muito joven, apenas com os primeiros estudo- de humanidades, foi para Portugal, onde tomou o habito e professou na orlem dos Agostinhos des- calsos ; matr:cúlou-se no curso de theologia da universidade de Coimbra o ahi recebeu o grau de doutor; de volta á patria, em 1790, foi nomeado examinador synodal das dioceses da Bahia e de Pernambuco ; foi prega- dor reg o e orador muito applaudido, e escreveu : - Homilia ou exposição paraphraseada sobre as palavras da oração do Pater noster. Lisboa, 1788, in-4.° - Homilia ou exposição paraphraseada sobre as palavras da oração da Ave Maria. Lisboa, 1783, in-4.° - Sermão do primeiro dia das quarenta horas, prégado na Só da Bahia. Lisboa, 1784, 23 pags. in-4.° - Sermão na festividade pelo nascimento da sereníssima princeza da Beira, prégado ha cidáie da Bahia. Lisboa, 1794, 28 pags. in-4.° 404 13 J£ - Sermão em acção de graças pela vinla do princípe regente, nosso senhor, para os Estados do Brazil, prégado na igreja do Sacramento do Re- cife de Pernambuco. Rio de Janeiro, 1809, 16 pags. in-8.° - Sermão em acção de graças pelos desposorios da serenissina senhora princeza dona Maria com o infante dom Pedro Carlos, prégado na igreja de S. Salvador de Campos nas festas reaes, dirigidas ahi ao mesmo objec- to. Lisboa, 1811, 15 pags. in-4.° - Sermão sobre a religião, prégado na igreja de S. Salvador de Cam- pos. Rio de Janeiro, 1811, 23 pags. in-4.° - Sermão prégado na abertura da visita e chrisma do excellentissimo e reverendíssimo senhor dom José Caetano de Souza Coutinho, do conse- lho de sua alteza real, o príncipe regente nosso senhor, e bispo do Rio de Janeiro, na igreja de S • Salvador de Campos. Lisboa, 1812, 21 pags. in-4.° - Orações sagradas, offerecidas ao sereníssimo senhor dom João, prín- cipe regente. Lisboa, 1803-1817, 6 vols. in-8° - Houve segunda edição posthuma com o titulo : - Orações sagradas por frei Bento da Trindade, 1841, 6 vols. in-8° - Consta que ainda outras deixara o autor inéditas. Frei Bento da Trindade Cortez - Nasceu na pro- vincia da Bahia. E' monge benedictino, professo no convento de sua pro- víncia ; tem exercido diversas cargos cm sua ordem ; é professor de reli- gião no instituto dos surdos-mudos, onde exerce também o cargo de capel- lão ; professor substituto de instrucção religiosa do collegio de Pedro II; director das aulas do mosteiro do Rio de Janeiro, e escreveu : - Catechismo da doutrina christã para uso da mocidade. Rio de Ja- neiro, 1867 - O autor occulta seu nome neste volume, assim como n'um - Compendio de historia sagrada - que publicou também no Rio de Ja- neiro, e que nunca pude ver. BeriiaJbé JElias da Roza Cal liei ros - Natural da província de Alagoas e bacharel em sciencias sociaes o jurídicas pela fa- culdade do Recife, serviu na magistratura, e falleceu, segundo me consta, em 187í^sendo juiz de direito, e tendo escripto : - Vantagens da cultura do café na provincia das Alagoas. Maceió, 1876, in-8.° Beruardino A-fTonso Martagão - Natural da Ba- hia, onde nasceu, segundo posso calcular, pelo anno de 1815, ahi falleceu, ha annos. Conheci-o em 1839 exercendo o magistério, como professor primário da freguezia de Santo Antonio da capital da Bahia, e nesse exercício se jubilou muitos annos depois, tendo escripto: - Compendio da grammatica da lingua portugueza iara uso das au- BE 405 las do primeiras lettras, mais correcto, recopilado e extrahido das melho- res grammaticas, até o presente conhecidas, posto em ordem e offerecido á mocidade brazileira, etc., Bahia - Tenho presente a nona edição desta obra, de 1866. Tèm havido outras posteriores, porque este compendio ainda ó adoptado na provincia. Bernardino Ferreira da Nobrega-Consta-me que fôra natural da Bahia, e que nascera no ultimo decennio do século XVIII. Escreveu: - Memória histórica sobre as victorias alcançadas pelos itaparicanos no decurso da campanha da Bahia, quando o Brazil proclamou sua in- dependência. Bahia, 1827, 200 pags. in-41'com 1 mappa-E' um livro raríssimo. Só sei que o possue sua magestade o Imperador, que se dignou de expôl-o na bibliotheca nacional por occasião da exposição de historia patria em 1881. Ferreira da Nobrega redigiu: - O Bahiano. Bahia, 1828 e 1829 - Foi este periodico fundado por Antonio P. Rebouças, passando logo a ser redigido por Nobrega. Bernardino José Borges - Filho do capitão de milícias Lino José Borges e de dona Bernarda Josephina Pinto da Costa Borges, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1826. Estudava humanidades quando falleceu seu pai, e como este não le- gasse fortuna á sua familia, Bernardino Borges, suspendendo seus estudos, passou a leccionar em um collegio da côrte algumas das matérias em que se havia habilitido, exercendo ao mesmo tempo modesto emprego de fa- zenda, que obtivera. Nesse emprego, porém, tal intelligencia e zelo de- monstrara, que seu chefe, o doutor Angelo Moniz da Silva Ferraz, depois Barãa de Uruguayana, tratando dos trabalhos preparatórios de sua impor- tantíssima Tanfa das alfandegas, o escolheu para ajudal-o nesses traba- lhos no seu gabinete, on le serviu dous annos ; foi depois nomeado admi- nistrador do trapiche da ilha das Cobras, grande auxiliar da alfandega da côrte ; exerceu successivamente os logares de inspector da alfandega do Paraná, escolhido em vista do pedido feito pelo presidente da província, doutor Zacarias de Góes e Vasconcellos, de um empregado habilitado para organizar aquella repartição ; inspector da alfandega do Rio Grande do Sul ; chefe de secção da da côrte, onde assumiu a inspectoria, interina- mente, por duas vezes ; inspector da do Pará, e da Bahia, onde esteve mais de sete annos, e chefe da recebedoria do Rio de Janeiro, logar que exerce actualmente. E' dignitário da ordem da Roza, commendador da de Christo de Por- tugal e membro de algumas associações litterarias, e escreveu : - O commerciante, ou completo manual instructivo, contendo : o codigo commercial annotado; legislação das alfandegas, formalidades exigidas nos regulamentos fiscaes; tarifa dos direitos e modelos de des- 406 m: pachos; procurações, suas formulas e effeitos; convenções postaes e tabellas de sellos de cartas; noções sobre câmbios, tabellas para o calculo dos mesmos, exemplos deste calculo ; movimento commercial do Brazil, sua producção e riqueza ; estado de sua lavoura; noções geraes d<e eco- nomia politica na parte concernente ã philosophia da industria, precedido de um resumo historico do commercio universal, além de outros muitos esclarecimentos uteis. Bahia, 1875 - Segunda edição, cuidadosamente rovista e melhorada, Rio de Janeiro, 1878, 600 pags. in-8.° - Saudação ao feliz regresso de sua magestade o Imperador da pro- vincia do Rio Grande do Sul, recitada perante o mesmo augusto senhor no sarau da arcadia fluminense a 25 de novembro de 1865. Rio de Janeiro, 1865, 8 pags. in-4.° Ha diversas poesias suas publicadas isoladamente, como - Deus-em verso hendecasyllabo, escripta em 1852; vem no Flori- légio da infancia de F. Jordão. - A intelligencia - escripta pelo centenário de Camões, publica la no Cruzeiro de 18 de junho de 1880. - Educae a mulher - em referencia à creação do lyceu para o sexo feminino, no Jornal do Commercio de 3 de dezembro de 1881. - A Paixão de Christo - poesia em 4 cantos, de 204 versos de metri- ficação variada, publicada no mesmo Jornal a 7 de abril de 1882. Ha alguns trabalhos officiaes seus, como o - Relatorio da alfandega da cidade do Rio Grande do Sul, concernente ao anuo financeiro de 1858 a 1850, apresentado, etc. Rio Grande, 1857, 24pags. in-4.° Remardino .José <le Sena Freitas - Nasceu no Rio de Janeiro a 31 de outubro de 1812, e passando para Portugal ainda criança, ahi vive talvez ainda, tendo prestado serviços ao reino como ofíicial da secretaria de marinha e ultramar, e sendo fidalgo da casa real, commendador da ordem de Christo, socio da academia real das sciencias de Lisboa, e de outras associações de lettras. Escreveu : - Uma viagem ao valle das Furnas na ilha de S. Miguel em junho de 1810. Lisboa, 1845, 129pags. in-fol. -com 3 estampas lithographadas. - Os tributos estabelecidos na ilha de S. Miguel, precedidos de uma breve noticia dos tributos de Portugal desde os fundamentos da monarchia. Lisboa, 1845. - Memória histórica sobre o intentado descobrimento de uma supposta ilha ao norte da Terceira nos annos de 1649 a 1770, etc. Lisboa, 1845, 107 pags. in-4.° - Collecção de memórias e documentos para a historia do Algarve. Faro, 1846 - Sahiu em librettos. - Breve noticia da trasladação da imagem de Santa Barbara do con- vento do N. S. da Esperança para o castello de S. Braz da Ponta Del- gada, etc. Ponta Delgada, 1847, 20 pags. in-8.° BE 407 - 0 retrato d'el-rei D. Sebastião na ilha Terceira, etc. Angra do Heroísmo, 1848, 15 pags. in-8.° - Relatorio historico sobre a classificação do archivo existente no antigo edifício do hospital da santa casa da misericórdia da citado de Angra do Hsroismo, precedido de algumas reflexões sobre a importância dos archivos públicos. Angra do Heroísmo, 1856, 20 pags. in-fol. - Noções nummarias em que historicamente se trata da moeda fraca o da moeda forte, etc. Angra do Heroísmo, 1858. - Religião e patria; o papado e a revolução : curiosa collecção de escriptose documentos históricos e diplomáticos, de direito publico e canó- nico, religiosos, philosophicos e moraes, offerecida aos catholicos portu- guezes de todos os partidos. Angra- Foi publicada cm duas series, sendo a ultima de 1860 a 1861, in-8.° - O Catholico Terceirense : jornal religioso e litterario. Angra, 1857 a 1858, in-fol. -Sahiram 43 numeros com um supplemento tendo toda collecção 337 pags. Ha outros escriptos publicados em jornaes, e diversos inéditos, que se podem ver no Diccionario de Innocencio da Silva, tomo 8o, pag. 386. Barnardino de Lima- E' natural daprovinch de Minas Ge- raes, e sendo ainda estudante da faculdade de direito de S. Paulo, escreveu: - Apontamentos de direito o economia política. Rio de Janeiro, 1882 - Consta o volume de uma collecção de escriptos, publicados anterior- mente em jornaes ; o producto delia foi pelo autor offerecido á sociedade beneficente mineira, académica. Bcrnardino Lopes - Nada sei relativamente a sua pessoa, senão que é joven, poeta, collaborador da Gazeta da Tarde e escreveu: - Chromos. Rio de Janeiro, 1881 - E' uma collecção de versos, muitos dos quaes têm sido publicados em jornaes. No Atirador Franco acha-se de sua penna : - O Canario ( Onde está a felicidade ?)-Vem no n. 11 do Io anno. E' um romanceto em verso. Bernardino de Souza Caídas - Natural, si me não engano, de Minas Geraes, e presbytero do habito de S. Pedro, escreveu : - Oração fúnebre por occasião das exequias do deputado Evaristo Fcr- reira da Veiga, celebradas na matriz da cidade da Campanha - Penso que só foi publicada na Opinião Campanhense de 19 de julho de 1837. Beimardo Alves Carneiro - Natural, segundo me consta, de Portugal e brazileiro por naturalização, falleceu no Rio de Ja- neiro a 12 de abril de 1883. Cursou a escola polytechnica ; exerceu o magistério, leccionando par- ticularmento mathematicas e escreveu : 408 bi: - Arithmetica elementar. Rio de Janeiro, 1878, 118 pags. in-8.° - Curso d: mathematicas. I. Arithmetica redigida segundo os pontos do no/o programma da instrucção publica para os exames de preparatórios da còrte e da; jrovincias. Rio de Janeiro, 329 pags. in-8.° Bernardo Augusto Nascentes de A.zamlbajá - Irmão do doutor Antonio Cândido Nascentes de Azambuja, de quem fiz memória neste volume, nasceu na cidade do Rio de Janeiro no segundo decennio do século actual, e falleceu em 1875 ou 1876. Formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de S. Paulo, entrou para a carreira da magistratura que deixou depois de ser nomeado juiz de direito ; serviu na secretaria de estado dos negocios da agricul- tura, commercio e obras publicas o cargo de director da dírectoria das terras publicas e colonização, e ultimamento addido á directoria central; foi deputado pelo Rio de Janeiro na legislatura de 1849 a 1852 ; era do consedho de sua magestade o Imperador, commendador da ordem da Roza e da de Christo, e escreveu : - DescripçHo topographica do mappa da provincia de Santa Catharina, organizado na commissão do registro geral e estatística das terras pu- blicas. Rio do Janeiro, 1873, 26 pags. in-4° com um mappa topographico - E' escripta a obra em portuguez, francez e allemão. Ha diversos trabalhos officiaes de sua penna, como o - Relatorio sobre as colonias do sul da provincia da Bahia, apre- sentado ao ministério da agricultura, commercio e obras publicas polo commissario do governo, o conselheiro Bernardo Augusto Nascentes do Azambuj i. Rio de Janeiro, 1874 - Entre os annexos desta obra figuram : a « Historia da colonização de europeus na provincia da Bahia no anno de 1873, incorporados pelos empresários, conselheiro Policarpo Lopos de Leão o commendador Egas Muniz Barreto d'Aragão,» escripta polo pri- meiro dos ditos empresários; o « Projecto de uma empresa agrícola, in- dustrial, sob a direcção dos mesmos para a introducção de agricultores o trabalhadores ruraes nas colonias Muniz e Theodoro» etc. Acham-se tambe n ahi annexos quatro mappas estatísticos. Foi cscripto este trabalho no desempenho de uma commissão scientifica na Bahia. - Relatorio dos trabalhos da directoria da associação central de colo- nização, apresentado no dia 27 de outubro. Rio de Janeiro, 1857, 13 pags. in-4.° Bernardo Avelino Ferreira de Souza - Natural da província do Rio Grande do Sul, ou, como parece ao autor do Diccionario bibliographico portuguez, de Lisboa, e brazileiro adoptivo, nasceu pelo anno de 1780 e falleceu naquella província em 1823 ou 1824 ás mãos de covarde assassino. Exerceu na cidade do Rio de Janeiro um logar de official da secretaria da intendência geral da policia, e d'aqui foi transferido para um emprego BE 409 em sua provincia, que por pouco tempo serviu. Era poeta satyrico e mordaz ; por isso teve muitas desaffeições e talvez por isso, segundo se disse, foi assassinado. O que é certo, é que sua muza ferina, como a de Gregorio de Mattos, a ninguém respeitava, sendo clle entretanto dotado de uma alma excessivamente caridosa. Escreveu : - Congratulações que ao principe e á patria dedica Bernardo Avelino Ferreira de Souza. Rio de Janeiro, 1809, 11 pags. in-4.° - Rimas de Bernardo Avelino Ferreira de Souza, offerecidas aos seus amigos. Rio de Janeiro, 1813, 114 pags. in-8.° - Elogio que ao sempre fausto anniversario de sua magestade fidelis- sima a senhora rainha dona Maria I, nossa senhora, o. d. c. o seu mais humilde vassallo, etc. Rio de Janeirq, 1815, 8 pags. in-4° - Em verso. - Elogio dramatico em applauso dos faustíssimos annos da serenís- sima princeza real a senhora dona Carolina Josepha Leopoldina, augusta espoza do sereníssimo senhor dom Pedro do Alcantara, principe real do reino unido de Portugal, Brazil e Algarves, recitado no real theatro de S. João do Rio de Janeiro, etc. Rio de Janeiro, 1818, 14 pags. in-4.° - Ode ao illm.0 e exm.°sr. Paulo Fernandes Vianna. Rio de Ja- neiro, 1818. - Relação dos festejos que á feliz acclamação do muito alto, muito poderoso e fidelíssimo senhor dom João Vf, rei do reino unido de Portugal, Brazil e Algarves, na noite do indelevel e faustíssimo 6 de fevereiro e nas subsequentes com tanta cordialidade, como respeito, votaram os habitantes do Rio de Janeiro, seguida de poesias dedicadas ao mesmo venerando objecto, etc. Rio de Janeiro, 1818, 52 pags. in-4" - Neste volume ha tres odes de Bernardo Avelino. - A sua alteza real o sereníssimo senhor dom Pedro de Alcantara, principe real do reino unido de Portugal, Brazil e Algarves e regente do Brazil. Em demonstração do mais profundo respeito a presente collecção de versos constitucionaes, impressos a beneficio do monte-pio litterario desta côrte, o. c., etc. Rio de Janeiro, 1821, 23 pags. in-4.° - Versos que pelo fiustissimo acontecimento do maravilhoso dia 26 do fevereiro recitou no real theatro de S. João desta côrte e imprime a bene- ficio dos expostos da santa casa de misericórdia. Rio de Janeiro, 1821, 8 pags. in-4.° - A fidelidade do Braz l: elogio dramatico aos faustozos annos de sua magestade fidelíssima, o senhor dom João VI, rei constitucional do reino unido de Portugal, Brazil e Algarves, recitado no theatro nacional de S. João da côrte do Rio de Janeiro, offerecido aos briosos cidadãos brazi- leiros. Rio de Janeiro, 1882, 16 pags. in-4.° Bernardo Avelino Gavião Peixoto - Filho do brigadeiro Bernardo José Pinto Gavião Peixoto, veador da casa imperial, e de dona Anna de Andrade Vasconcellos Gavião, nasceu na cidade de S. Paulo a 10 de novembro de 1829. 410 UR Formado em direito pela faculdade da mesma cidade, em 1849, entrou para a classe da magistratura no logar do promotor publico de Santos, e exerceu successivamente outros logares até aposentar-se com as honras de desembirgador ; representou sua província cm tres legislaturas na camara temporária desde 1857 ; é presidente da província do Rio do Janeiro desde 1882, assignalando-so em todos os cargos que tem servido como magistrado, como parlamentar e como administrador ; o é moço fi- dalgo da casa imperial, do conselho do sua magestado o Imperador, e cavalleiro das ordens da Roza e de Christo. Na imprensa política do paiz tem o desembargador Gavião Peixoto occupado um logar distincto, já escrevendo artigos cm collaboração para diversos jornaes, jâ sustentando polemicas sobro vários assumptos de importância. Escreveu mais : - Gwa para os inspoctores de quarteirão. S. Paulo, 1859 - Foi escripta no exercício do cargo de chefo de policia da província. - Reclamação contra a apuração da camara municipal de S Paulo que o excluiu da lista dos deputados geraes p 11 referida província. Rio do Janeiro, 1878, 32 pags. in-8.<> - Receita geral do império : discurso pronunciado na camara dos deputados na sessão de 10 de setembro de 1880. Rio de Janeiro, 1880, 28 pags. in-8.° - Relatorio apresentado á assemblóa legislativa provincial do Rio de Janeiro na abertura da primeira sessão di vigésima quarta legisla- tura em 8 de agosto do 1882. Rio do Janeiro, 1882, 128 pags. in-folio - seguidas de muitas poças annexas.- - Relatorio apresentado á assemblóa legislativa provincial do Rio de Janeiro na abertura da segunda sessão da vigésima quarta legislatura em 8 de agosto de 1833. Rio de Janeiro, 1883, 158 pags. in-folio - se- guidas de diversos appensos, e de rnais um grosso volume com diversos relatórios e documentos, também in-folio. Bernartlo .Taciutlir» dtx Veiga- Filho de Francisco Luiz Saturnino da Veiga e de dona Francisca Xavier do Barcos da Veiga e irmão de João Pedro da Veiga e de Evaristo Ferreira da Veiga» nasceu na cidade du Rio do Janeiro a 20 do junho de 1802 e fJleceu a 21 do junho de 1845. Apenas com os conhecimentos da língua patria, seu pai o foz aprender a arte de encadernador, mas alimentando ollo a idéa de illustrar-se, som nunca exercer esta arte, estudou por si mesmo a lingua latina e a fran- ceza, geographia, historia, philosophia, arithmetica e algebra, e seguindo para a cidade da Campanha em Minas Geraes, ahi casou-se e esta- belecou-so no commercio. Exerceu diversos cargos do eleição popular, sondo por vezes deputado provincial, e do confiança do governo como os de delegado da instrucção publica, e do presidente desta província de 1838 a 1849, e depois em 1842, prestmdo por esta occasião valiosíssimos serviços 13 16 411 em bem da ordem subvertida com a revolução mineira, e resultando d'ahi a ruina de sua saude e a sua morto. Era do conselho de sua magestade o Imperador, official da ordem da Roza, membro do instituto historico e geogriphico brazileiro, e director geral dos correios, e escrevèu : - A Op nião Campanhense. Campanha, 1832 - Não posso dizer que tempo durou esta publicação ; só sei que foi fundada o redigida pelo con- selheiro Bernardo Jacintho, e que o primeiro numero sahiu a 7 de se- tembro deste anno. E' uma folha modelada pela Aurora fluminense de seu irmão Evaristo Ferreira da Veiga. Além de seus relatórios, escriptos na administração da provinda de Minis, oxiste um grosso volume de suas - Cartas ao ministro da justiça, Visconde do Uruguay - E' um volume encadernado, porém manuscripto por lettras diversas, até por lettra de senhora, que o mencionado Visconde mostrou a alguns cavalheiros com outro igual ; e então dizia este : «Aqui está a mais fiel e minuciosa narrativa, a mais genuina e opulenta fonte do informações sobre os vários acontecimentos, e os vários personagens da revolução de Minas de 1842. São dous volumes que se completam, e sem os quaes ninguém poderá escrever com plena sciencia sobre aquella revolução. Constituem o pri- meiro as longas e minuciosas cartas confidenciaes que me dirigiu, durante aquella crise, o presidente de Minas ; e constituem o segundo as cartas que então também dirigi áquelle presidente e que me foram restituidas pelo senhor João Pedro da Veiga. » Xíernardo José de Castro - Depois de ter servido alguns annos na secretaria de estado dos negocios do império, por occasião de se crear a secretaria da agricultura, commercio e obras publicas para ahi passou, e continúa a exercer o logar de chefe de secção da directoria central. E' cavalleiro da ordem da Roza e da de Christo, official da real ordem da corôa da Italia e escreveu : - Relatorio sobre as colonias da província do Santa Catharina, apre- sentado, etc. em 1873. Rio de Janeiro, 1876, 52 pags. in-8u com um mappa. Bernardo José cia Gama, Visconde de Goyana - Nasceu na cidade do Recife a 20 de agosto de 1782, sendo seus paes o coronel Amaro Bernardo da Gama e dona Francisca Maria da Conceição, e falleceu a 3 de agosto de 1854. Formado em direito na universidade de Coimbra o vindo logo para o Brazil com a real familia em 1807, encetou a magistratura com o logar de juiz de fora do Maranhão, occupando interinamente os altos cargos da capitania e prestando ahi grandes serviços ; mas, cahindo da desaffeição do governador José Thomaz de Menezes, que tinha dous parentes no minis- tério, foi demittido em 1812, e só foi despachado para ouvidor de Sabará 412 13E tres annos depois. Em Sabará, fazendo elle que se representassem as armas do Brazil, então declarado reino, nopanno de bocca do theatro S. Pedro de Alcantara com os dous versos de sua composição : Aos astros levarei d'outro hemisfério O brilhante pendão do novo império, . attrahiu desconfianças quando rompeu a revolução de 1817 em sua pro- víncia, e deram-lhe uma especie de deportação com o logar de corregedor do crime em Lisboa, d'onde passou em 1821 a desembargador da relação de Pernambuco, em cujo exercício não entrou por causa dos movimentos políticos de 1824, até que foi removido para a da Bahia. Foi ministro do império no gabinete de 20 de março de 1831 que cahiu com os successos que occasionaram a abdicação de dom Pedro I, recu- sando fazer parte do que foi organizado pela regencia ; nomeado presi- dente do Pará no mesmo anno, foi poucos dias depois da administração deposto por uma sedição militar, e até preso com outros, mas os pa- raenses deram depois provas de pezar e ao mesmo tempo de sua conside- ração para com elle, elegendo-o deputado em 1834 ; representou ainda sua província na constituinte brazileira e como supplente em 1846 e 1847 ; foi votado em primeiro logar n'uma lista tríplice para senador pela Bahia em 1827 ; foi chanceller e regedor das justiças ; serviu de 1846 a 1849 o cargo de inspector da caixa de amortização, e por ultimo o de director da faculdade de Olinda, de que foi obrigad > a pedir escusa por causa de padecimentos physicos de que veiu a fallecer. Tão illustrado, quanto era probo, escreveu : - Mappa geographico da comarca de Sabará - Foi confeccionado quando servia de ouvidor nesta comarca, incluído na obra Viagem ao Brazil de Anderson, e elogisdo por Spix e Martius. - Memória sobre as principaes causas, por que deve o Brazil reassumir os seus direitos e reunir as suas províncias, offerecida ao prín- cipe real, etc. Rio de Janeiro, 1822, 48 pags. in-4°- Esta memória foi logo mandada imprimir por dom Pedro e espalhada por to lo império. - Memória sobre as principaes causas, por que deve o Rio do Janeiro conservar a união com Pernambuco. Rio de Janeiro, 1823, 123 pags. in-4.° - Resposta d Malagueta n. 12. Rio de Janeiro, 1822, 4 pags. in-fol. - A Malagueta é um periodico político que boliu com muita gente, e motivou diversos escriptos, sahindo este periodico de dezembro de 1821 a 1822, e depois de setembro de 1828 a agosto de 1829. Foi seu redictor Luiz Augusto May. - Resumo das instituições políticas do Barão de Bielfild, paraphra- seadas e accommodadas á fórma de governo do império do Brazil; offe- recido á mocidade braziliense por um seu compatriota pernambucano. Rio de Janeiro, 1823, 90 pags. in-4.° - Noticias curiosas e necessárias sobre o Brazil. Rio de Janeiro, 1824. - Projecto de codigo civil e criminal. Rio de Janeiro, 1831 - Foi es- cripto quando o autor servia o cargo de chanceller e regedor das justiças, BE 413 offerecido ao governo, e por proposta do ministro da justiça mandado á camara dos deputados, que por sua vez o enviou a uma commissão. Apezar do parecer desta, approvando-o, foi guardado nos archivos da camara. Consta o projecto de 546 artigos. - Informação sobre a capitania do Maranhão, dada em 1813 ao chan- celler Antonio Rodrigues Vellozo. Vienna d'Áustria, 1872, 28pags. in-8' - Esta obra foi publicada pelo Visconde de Por to-Seguro. - Apontamentos sobre os cinco réos do Maranhão : Io Elias Aniceto Martins Vidigal,2° o padre Leonardo Correia da Silva, 31' Miguel Ignacio dos Santos Freire e Bruce, 4° João Paulo das Chagas, 5o Raymundo João deMoraesRego - Original de 12 fls. apresentado na exposição da bi- bliotheca nacional. -Requerimento, pedindo por certidão ao conselho real da fazenda do Rio de Janeiro as decisões sobre vários pontos de contestações que teve com o governo do Maranhão em data de 28 de maio de 1810, as quaes para sua defesa tem de apresentar a outro regio tribunal - Original de 14 fls. da mesma bibliotheca. Ha ainda um trabalho do Visconde de Goyana sobre as - Povoações de Carard e Monção em que foram aldeados os indios que invadiam a capitania do Maranhão, suas vantagens, e o descobrimento do rio Guajaú, as mattas e os terrenos que o rodeiam, apropriados á lavoura - Não sei onde pára esta obra, que o autor escreveu em 1812, quando em luta com o governador, sendo talvez até censurada pelo governo por- tuguez, quando entretanto foi ella elogiada por Henrique Koster cm suas viagens. Uernardo José <ln Silva Guimarães - Filho do João Joaquim da Silva Guimarães, de quem occupar-me-hei no logar competen- te, nasceu em Ouro Preto, capital de Minas Geraes, a 15 de agosto de 1827. Bacharel em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de S. Paulo e formado em 1851, foi em 1855 nomeado professor de rhetorica e philo- logia do lyceu de Ouro Preto, onde leccionou até 1859 ; veiu depois para o Rio de Janeiro e tendo aqui residido algum tempo, voltou á sua pro- vincia. De uma intelligencia brilhante, e ao mesmo tempo alegre e ex- pansivo, quanlo estudante, gostava de preparar ceias com outros collegas, em cujo numero entrava Aureliano J. Lessa, e ahi, após as saúdes, cada qual era obrigalo a improvisar um discurso bestialogico, genero em que elle primava, intercallanlo em tacs discursos bem jocosas poesias. Um dos mais populares e applaudidos poetas da geração presente, Bernardo Guimarães, desde a academia collaborou em diversas revistas e periódicos, como o Bom-senso, folha política de sua provincia ; os Ensaios litte- rarios de S. Paulo, on le escreveu vários artigos de critica litteraria, em 1847, e a Actualidade, jornal politico e litterario do Rio de Janeiro, de 1859 a 1884, do qual foi miis tarde redactor. Um dos seus escriptos deste jornal tem por titulo: - As inspirações do claustro : juizo critico sobre o livro com este 414 1315 titulo de Luiz José Junqueira Freire - Sahiu nos numeros 59 o 61 de 17 e 21 de dezembro de 1859. Suas obras são: - Cantos da solidão. S. Paulo, 1852 - E'um volume, que contém poesias rescendentes de belleza o nacionalidade, sem afiéctação alguma, que elle deixara manuscriptas a seus collegas do academia como uma lem- brança, e por estes publicadas. Como epigraphe a esta collecção escreveu elle : Quereis um som de minha lyra inglória ? Em vão as cordas roucas lhe tenteio, Sahe um soluço fúnebre de morte... Meu coração outr'ora vaso puro, Rescendente de amor e de poesia, Hoje quebrou-se aos golpes do infortúnio, E entornou todo aroma que continha, E só tem, ai de mim ! a offertar-vos Uma lagrima de dôr ede amisade, E uma palavra extrema e triste - Adeus ! Depois do mais sympathico acolhimento de toda imprensa a este livro, publicou Bernardo Guimarães: - Cantos da solidão: poesias. Segunda edição, seguidas de novas poesias do mesmo autor, e de outras de autor anonymo. Rio de Janeiro, 1858 - Os applausos, quo teve este livro, levaram o editor B. J. Garnicr a emprehender a publicação de todas as poesias do autor, que se achavam esparsas por diversos jornaes, dando á publicidade : - Poesias de Bernardo Joaquim da Silva Guimarães. Pariz, 1865 - Com este livro mais solidamente ficou firmada a reputação do autor. Entre as folhas e revistas que o applaudiram conta->o o Echo do Brazil, e a Revista popular do Rio de Janeiro. O editor dividira-o em quatro partes, formando um volume de 412 paginas, a saber: Cantos da solidão. Inspiração da tarde. Poesias diversas. Evocações. - Novas poesias. Rio do Janeiro, 1876 - E' uma collecção do com- posições posteriormente escriptas. - Folhas do outono. Rio de Janeiro, 1883 - São as ultimas que col- lecionou. - O ermitão do Muquem ou historia da fundação da romaria do Muouem na província de Goyiz. Pariz - sem data,mas tendo depois de algumas palavras ao leitor a data de Ouro Preto, 9 de novembro de 1858. E'um romance historico, dividido em quatro pousos: O ciime. Os cha- vantes. Os riva s. O ermitão ; são precedidos de uma introducção indispen- sável em fórma também de romance. - Lendas e narrativas. Rio de Janeiro, 1871 - Contém : Uma historia de quilombolas. A garganta do inferno. A dança dos ossos. - O seminarista : romance brazileiro. Rio do Janúro, 1875. - O garimpeiro : romance. Rio de Janeiro, 1875. - A escrava Izaura : romance. Rio de Janeiro, 1875. - O indio A/fonso. Rio de Janeiro, 1873 - Neste volume, cuja data BE1 415 não vem declarada no frontespicio, acha-se, no fim, um canto elegíaco á morte de Gonçalves Dias. - Historia e tradiçõ s da província de Minas Geraes: A cabeça do Tira-dentes ; A filha do fazendeiro ; Jupirá. Rio de Janeiro, 187'. - Mauricio ou os paulistas em S. João d'El-Rei. Rio de Janeiro, 2 vols. - A ilha maldita. Rio do Janeiro... - Rozawra, a engeitada : romance. Rio de Janeiro, 1882. Sinto que o doutor Bernardo Guimarães não me habilitasse a dar de suas obras uma noticia mais completa, satisfazendo o meu pedido ; pois sei que tem continua lo a escrever, e quo além de outros trabalhos já publi- cados, os possue também inéditos, o n'outro genero de litteratura, a dramatica. Neste genero escreveu elle : - A voz do Pagé : drama. - Os dous recrutas: drama. Bernardo Pereira de Vasconcellos-Filho do doutor Diogj Pereira Ribeiro de Vasconcellos e de dona Maria do Carmo Barradas, nasceu em Villa Rica, depois Ouro Preto, capital de Minas Goraes, a 27 de agosto do 1795, o falleceu na côrte, victima de febre amarclla, a 1 de maio de 1850. Seguindo para a universidade de Coimbra em 1813 com seus estudos de preparatórios, fez ahi o curso de direito em que foi graduado bacharel em 1818 ; c depois do passar em Portugal um anno, entrou para o serviço da magistratura com a nomeação do juiz de fóra de Guaratinguctá, d'onde, passando á sua província natal, Li mais tarde nomeado desembargador da relação do Maranhão. Eleito deputado á côrte pela província de Minas Goraes em 1826, con- tinuou a representar a mesma província nas seguintes legislaturas até ser eleito e escolhido senador em 1838, o antes disto, fazendo parto da primeira assembléa provincial mineira, deu-lho sábia direcção, e fez que se creassem leis tendentes ao aperfeiçoamento do ensino publico, á decre-1 tação de estradas, etc. ; foi ministro da fazenda em 1831, da justiça em 1837, e do império em 1840, apenas por novo horas, tempo quo ello pre- cisava para man lar á camara logi lativa o decreto do adiamento con- secutivo á declaração da maioridade de dom Pedro II, facto a que seguiu- se a reacção e sua queda ; foi finalmente conselheiro de estado, gozando sempre dos foros de grande economisti, perfeito estaãsta, eminente par- lamentar e sábio legislador. Nos últimos annos de sua vida soffreu de uma aficcção da medulla es- pinhal, do quo lhe resultou a paralisia das extremidades inferiores, mas sua actividado intellectual parece quo com os soffrimentos physicos mais se apurava. Sabia esmagar seus adversários com o ridículo o o sarcasmo quando por outro meio não podia vencer. Era grã-cruz da orhm do Cruzeiro, e também da Legião de Honra, da 416 bi: França ; sobro elle escreveram pennas hábeis e bem aparadas, como a do doutor Justiniano J. da Rocha na Galeria dos homens illustres, tomo Io, e do Barão de Homem de Mello na Bibliotheca brazileira. Escreveu, além de seus relatórios como ministro de estalo: - Commentario á lei dos juizes de paz. Ouro Preto, 1829, 160 paga. in-8.° - Carta aos senhores eleitores da provincia de Minas Geraes, resu- mindo a historia de seus trabalhos legislativos em 1828. S. João d'El-rei, 1828, 208 pags. in-4.° Póde-se considerar em grande parte, da penna de Pereira de Vascon- cellos o - Codigo criminal do Brazil - publicado no primeiro reinado, de que foi elle seu architecto o director, como disse o doutor J. M. de Macedo. Collaborou muito também para o Codigo do processo, e para a reforma do acto addicional, escreveu muitos artigos em vários jornaes políticos e redigiu : - O Sete de abril. Rio de Janeiro, 1833 a 1837 - Esta folha continuou a ser publicada até 1839, mas sob a redacção de Thomaz José Pinto de Siqueira. - A Sentinella da monarchia. Rio de Janeiro, 1840 a 1847 - Esta outra, ao contrario, foi redigida só por Thomaz Josó Pinto de Siqueira de 1840 a 1841, depois que deixou o Sete de abril, e passou á redacção de Bernardo Pereira de Vasconcellos de 1842 em diante. Bernardo da Pureza Claraval - Ignoro sua natu- ralidade. Vivia na época da independencia do Brazil, era presbytero do habito de S. Pedro, vigário collado da anliga villa de S. Sebastião da pro- vincia de S. Paulo, e também vigário da vara da mesma villa, e escre- veu: - Discurso pronunciado nas eleições parochiaes da villa de S. Se'as- tiào para a installação de côrtos no Rio de Janeiro : proclamação para annunciar a faustíssima a clamação de sua magescade imperial. Rio de Janeiro, 1822 - Existe o manuscripto na bibliotheca nacional. Bernardo Saturnino cia Veiara - Natural de Minas Geraes, e membro da familia do exímio jornalista Evaristo Ferreira da Veiga, é officiàl superior da guarda nacional em sua província, agente auxiliar do archivo publico, socio do instituto historico o geographico brazileiro, e proprietário na cidade da Campanha, em que reside, de uma officina typographica, onde tem publicado : - Monitor sul-mineiro : semanario de litteratura, industria e noticias, publicado sob a direcção de Bernardo Saturnino da Veiga, editor proprie- tário. Campanha, 1872 a 1883 - Continua em seu 12° anno, com algu- mas estampas. - Almanak sul-mineiro para o anno de 1874. Campanha, 1874 - be 417 Contém muitas noticias históricas da provincia. Pedi ao autor que au- xiliasse minha empresa com apontamentos re lativos a sua pessoa e a outros; rectifiquei meu pedido n'uma carta de deze mbrode 1880, entregue a um irmão seu que seguiu para Camp inha, muito recommendada por um amigo commum, e nenhuma resposta mereci. Não sei, portanto, si sahiu outro volume do almanak. - Noções, enxertos e notas referentes aos mais interessantes conhe- cimentos humanos. Noticias relativas ás cousas e instituições do Brazil; apontamentos históricos, geographicos, estatísticos, biographicos, indus- triaes, litterarios, etc.; editor, Bernardo Saturnino da Veiga. Campa- nha, 1879 - E' um livro de 739 pags. in-4a de duas columnas, além do frontespicio, prefacio, indice e lista de assignantes. Sobre elle escreveu o juiz de direito A. J. de Macedo Soares uma noticia bibliographica, que vem inserta na Gazeta de Noticias da côrte de 2 de setembro de 1880. - Traços biograph:cos do exm. senhor Barão de Itapuá. Cidade da Campanha, 1881, 56 pags. in-8.° Bernardo de Souza Franco, Visconde de Souza Franco - Natural da província do Pará, nasceu a 28 de junho de 1805 na cidade de Belém, sendo seus paes o negociante Manoel João Franco e dona Ca- tharina de Souza Franco, e falleceu a 8 de maio de 1875 no Rio de Ja- neiro. Ainda muito joven, com 15 annos de idade apenas, sentindo aquecer-lhe o peito a ardente flamma da liberdade patria, sendo estudante fez parte de uma guarda nacional civica, organizada por occasião das convulsões que germinavam no Parà com a noticia da proclamação da constituição portugueza, por cujo motivo o fez o governador assentar praça n'um corpo de linha, do qual lhe obteve baixa, alguns dias depois, o presidente da junta governativa dom Romualdo de Seixas. Mas pouco tempo depois, entrando na conspiração formada para a independencia, foi preso e remettido para Lisboa com muitos companheiros, recolhido a fortaleza de S. Julião, e ainda solto ao cabo de poucos dias, voltou ao Pará em fevereiro de 1824. Seu pai, então, contrariado com seu procedimento, não quiz mais que fosse estudar mathematicas, como projectava, e o recolheu a uma casa com- mercial como caixeiro. Souza Franco sujeitou-se á vontade paterna, mas em 1831, creadas as escolas superiores do império, foi elle para Pernambuco, onde fez o curso da academia de direito, e tomou o grau de bacharel em 1835, fazendo no anno seguinte sua estréa na classe dos servidores do Estado pelo logar de procurador fiscal da thesouraria, que occupou por espaço de dous annos, e de juiz do civel da capital. Na carreira administrativa serviu como presidente da província do Pará em 1839; presidente da província de Alagoas em 1844, quando ahi re- bentava uma sublevação temivel, sendo obrigado a sahír, abrigando-se no hiate Caçador afim de escapar ás fúrias dos revoltosos que invadiram a 418 BE capital, capitaneados polo caudilho Vicente de Paula; e finalmente da do Rio de Janeiro, depois de cuja commissão foi agraciado com o titulo de visconde. Foi deputado por sua província diversas vezes, sustentando uma luta travada com a camara unanimo, de politica opposta,em 1859 ; foi escolhido senador do império em 1855; ministro di fazenda em 1848 e em 1857, e finalmente conselheiro de estado ; era grã-cruz da ordem de Christo, dignitário da ordem da Roza e membro do instituto historico e geographico do Brazil e de outras associações litterarias. Liberal de princípios, e de crenças firmes, mas cheio de amor pela pa- tria, acompanhou vigoroso o gabinete presidido pelo Visconde do Rio Branco no empenho da promulgação da lei de liberdade de ventre, e depois disto na questão que se chamou religiosa, foi além da politica do mesmo gabinete, atacando com ex iltado fervor as pretenções da curia romana. Além de muitos - Relatórios publicados - como ministro- de estado e como adminis- trador de província, e de artigos políticos em diversas folhas, escreveu : - Os bancos do Brazil, sua historia, defeitos da organização actual e reforma do systema bancario. Rio de Janeiro, 1848, in-8.° - A situação economica e financeira do Brazil -Vem na Bibliotheca brazileira, 1863, tomo Io, ns. 1 e 2. - Discursos pronunciados na camara dos deputados na sessão de 1851 da nona legislatura da assembléa geral. Rio de Janeiro, 1851. - Manifesto do centro liberal. Rio de Janeiro, 1866, 67 pags. in-4°- E' assignado também por José Thomaz Nabuco de Araújo, Zacarias de Goes e Vasconcellos, etc. - Programma do partida liberal. Rio de Janeiro, 1870,17 pags. in-4° - Idem. O conselheiro Souza Franco, quando estudiva em Olinda, collaborou no Diário de Pernambuco, e reJigia ao mesmo tempo a - Voz do Beberibe. Pernambuco, 183' -Nunca vi este jornal. De- pois escreveu em diversts folhas e foi um dos escriptores da - Bibliotheca brazileira : revista mensal por uma associação de homens de lettras. Rio de Janeiro, 1863, in-4.° (Veja-se Quintino Bo- cayuva.) Bernardo Taveira, Júnior - Natural da província do Rio Grande do Sul e nascido em 1836, desde seus mais verdes annos deu-se com pronunciado ardor ao cultivo das lettras, e muito particularmente ao de linguas, tanto que - além da lingua patria, conhece a franceza, allemã, italiana, hcspanhola, sueca, dinamarqueza, latina, grega e ultimamente estudava o guarany e o sanscripto. E os variados conhecimentos que possue não são adquiridos em academia ou faculdade ; mas sómente deve-os a seus estudos de gabinete, guiados por uma grande força de vontade. Exerce o professorado desde 1857, leccionando principalmente matérias de instrucção secundaria, e nunca tendo abraçado partido algum político, BE 419 nem se envolvendo em suas lutas, todo o tempo que lhe sobra de seus en- cargos do magistério, emprega em taes. estudos e na composição de obras, com que tem enriquecido a bibliotheca patria. E' um dos escriptores mais fecundos do Rio Grande do Sul. Além do já avultado numero de escriptos que tem dado á estampa, conserva inéditos talvez igual numero de outros que vai publicando conforme lhe permittem as limitadas posses, e con- tinha a escrever. A' bondade do director da bibliotheca de Pelotas, possuo a relação se- guinte das obras de Bernardo Taveira, de que as impressas existem na mesma bibliotheca: - Memórias de José Garibaldi; traducção. Pelotas, 1864. - O anjo da solidão : scena dramatica, offerecida á actriz Adelaide C. S. Amaral. Pelotas, 1869. - Americanas : poesias. Rio Grande, 1869 - Supponho que deste vo- lume sahiu segunda edição. -Poesias allemãs, vertidas do original. Porto Alegre, 1875 - Este volume é precedido de uma introducção escripta por Carlos vonKoseritz. -• Primus inter pares : poemeto á memória de Alexandre Herculano offerecido aos portuguezes noBrazil. Pelotas, 1877. - O poder do genio : poemeto - escripto em 1877 e publicado no Pro- gresso litterario. - Celio : romance - publicado na mesma revista, 1877. - Scenas tragicas : romance historico- idem, 1877. - Joanninha : romance original - idem, 1878. - O engeitado : romance original - idem, 1878. - A reconciliação : romance de Tieck, traduzido do allemão- idem, 1878. - Sobre o galicismo : serie de artigos - idem, 1878. - Intriga e amor : drama de Schiller ; traduzido - idem, 1877. - Guilherme Tell: drama em cinco actos, de Schiller, traduzido do al- lemão - idem, 1878. - Paulo : drama original - publicado em folhetim no Jornal do Com- mercio de Pelotas, 1874. Com destino á publicidade tinha Bernardo Taveira, ha mais de dous annos, as obras seguintes, de que algumas devem estar já impressas: - Tratado de lexicologia ou analyse grammatical. - Tratado de phraseologia ou analyse lógica - escripto em 1878. - Elementos de grammatica portugueza, segundo o systema de Pedro Larousse. • - A avó : drama francez, traduzido em 1874 - e já representado em mais de um. theatro. - O (/uarda-livros : comedia-drama original em tres actos - escripta em 1865. - O novo jogador : drama - representado no theatro Sete de abril em 1868. 420 ui: - Coração e dever : drama - representado no mesmo theatro em 1862. Sei que este drama foi enthusiasticamente applaudido, quando levado á scena. - A soberba : drama. - A actriz : drama - escripto em 1868. - Virtude: drama original em quatro actos e um quadro - escripto em 1869. - Celina : drama em cinco actos e dous quadros - 1871. - Luiza : drama original em quadro actos e um quadro- 1871. - Um uzurario, ou a transformação de um homem : drama original em quatro actos - 1870. - O heroísmo feminil ou a Joanna d'Arc brazileira: scena dramatica - representada em 1870. - A visão de Colombo : scena dramatica - escripta em 1870. - O ciume : scena dramatica - 1872. - O agiota : scena dramatica - 1875. - O voluntário : scena dramatica - representada em 1870. - Provincianas: collecção de poesias sobre os costumes do camponez rio-grandense. - Poesias sobre differentes assumptos, e de generos differentes - Diz o meu honrado informante que são em tão grande cópia as poesias inéditas de Bernardo Taveira, que podem formar, talvez cinco volumes de tresentas paginas, e que ainda ha diversos artigos politico-sociaes, mo- raes, históricos e críticos, e traducções, jà publicados em jornaes da pro- víncia. Bernardo Teixeira Coutinho Alvares de Carvalho - Ignoro sua naturalidade ; sei apenas que se formara em direito na universidade de Coimbra, entrara para a classe da magis- tratura, em que exercera diversos cargos até o de desembargador da re- lação do Rio de Janeiro; neste cargo se achava quando foi proclamada a independencia, e escreveu : - Defensa das theses de direito emphiteutico, que se defenderam no anno de 1789 na universidade de Coimbra. Lisboa, 1790, 341 pags. - lioteiro das esteadas da cidade da Bahia para a capital do Rio de Janeiro, tanto pela costa, como pelo interno - O archivo militar possue esta obra em manuscripto, de 8 fls., sem data e só assignado com as ini- ciaes do autor. Bernardo Vieira Ba vasco - Filho de Christovão Vieira Ravasco e de dona Maria de Azevedo, e irmão mais moço do celebre padre Antonio Vieira, nasceu na cidade da Bahia em 1617 e falleceu a 20 de julho de 1697, com oitenta annos, sobrevivendo a seu irmão apenas dous dias. Estudou com este no collegio dos jesuítas da Bahia, e seguindo a car- nrc 421 reira militar, era capitão de infantaria quando em 1638 - época em que por engano Ferdinand Denis assignala seu nascimento - sendo sua patria atacada pelo príncipe Mauricio de Nassau, contra elle combateu corajosamente. Entrando depois na batalha travada contra as forças commandadas pelo general Segismundo von Sckop, em Itaparica, foi ferido, e em consequência de lesão resultante de seu fjrimento foi reformado, ob- tendo do governo em remuneração de seus serviços a nomeação de se- cretario de estalo da guerra no Brazil e de commendador da ordem de Christo ; e quando em 1651 jâ se achava reformado e por tanto não tinha obrigação de empunhar armas, embarcou-se com tola temeridade, debaixo de uma forte tempestade, n'uma frágil canôa, correndo em soc- corro do mestre de campo Nicolau Aranha, para que quatro náos hol- landezas não se apoderassem dos engenhos de Paraguassú. No exercício de seu emprego soffreu muitos desgostos, e esteve dis- posto a abandonal-o, tudo por perseguição que lhe movia o governador geral Antonio de Souza Menezes, seu inimigo, talvez pelo facto de re- conhecer-lhe illustração, que nesses tempos era um crime em brazileiro, o qual não descansou em quanto traiçoeiramente o não prendeu, ac- cusando-o de tentar assassinal-o, accusação que lhe trouxe, é verdade, uma pena de prisão, porque era preciso salvar o principio de autoridade ; mas de que elle triumphou, voltando a exercer seu emprego, e sendo demittido o accusador. Bernardo Ravasco era muito versado na língua castelhana, grande litterato e poeta. Não deu á publicidade suas composições poéticas e outras, collecciona las. Sei, porém, que escreveu : - Poesias portuguezas e castelhanas, 4 vols.- Destas poesias muitas se acham na Phenix renascida, e delias fazem menção Ferdinand Denis, e outros, como o conselheiro Pereira da Silva, no seu Parnazo brazileiro onde se lem : • - Um soneto e quatorze decimas, glozadas ao mesmo soneto - No tomo Io, pags. 54 a 59. Escreveu ma:s : - Descripção topogrâphica, ecclesiastica, civil e natural do Estado do Brazil - Está manuscripta. O abbade Barboza Machado diz que vira esta obra, e delia dá noticia com muitos elogios. - Discurso político sobre a neutralidade da corôa de Portugal nas guerras presentes das coroas da Europa, e sobre os damnos que da neu- tralidade podem resultar a esta corôa, e o como se devem e o podem obviar ; feito em 18 de julho de 1692 - Foi apresentada na exposição de historia patria em 1881 uma cópia de 13 fls. - Remédios políticos com que se evitarão os damnos que no discurso antecedente se propoem. Bahia, 10 de junho de 1693 - Idem, de 16 fls., pertencente ao instituto historico. Bernardo Xavier Pinto de Souza-Natural de Coim- bra e filho do doutor José Pinto de Souza, nasceu a 27 de novembro de 1814. 422 1JE Vindo para o Rio de Janeiro um amigo de seu pai, o conselheiro Joa- quim Antonio de Magalhães, no caracter de enviado extraordinário e ministro plenipotenciário de Portugal junto á côrte do Brazil, em 1835, Xavier de Souza o acompanhou, e aqui ficou, naturalisando-se cidadão brazileiro em 1839, e sendo pouco tempo depois nomeado para o logar de primeiro ofiicial da secretaria do governo provincial de Minas Geraes, que exerceu por espaço de alguns annos. Desejando mais tarde dar-se á vila do commercio e empresas, pediu exoneração do logar que exercia, e tratou logo de aperfeiçoar a arte typographica, muito em atrazo então em Minas Geraes, introduzindo ahi uma typographia ; veiu depois para o Rio de Janeiro, e aqui montou também uma typographia, na qual, como editor, deu á estampa muitas obras de mérito, e mais tarde creou uma empresa de seguros de loteria, que funccionou de 1853 a 1855, E' major reformado da guarda nacional, ofiicial da secretaria da adminis- tração central da estrada de ferro D. Pedro II, e escreveu : - Historia da revolução de Minas Geraes em 1842,exposta em um quadro chronologico, organizado de peças officiaes das autoridades legitimas, dos actos revolucionários da liga faccioza ; de artigos publicados nas folhas periódicas, tanto da legalidade, como do partido insurgente, e de outros documentos sobre a mesma revolução. Rio de Janeiro, 1843, in-4° - Sahiu desta obra outra edição em Minas com o titulo de - Quadro chronologico das peças mais importantes da revolução da provincia de Minas Geraes em 1842, colligidas e publicadas, etc. Segunda edição. Ouro-Preto, 1844,361 pags. in-4° - Traz este volume o retrato do general, então Barão de Caxias, e uma planta do arraial de Santa Luzia e de suas immediações. - Almanak dos eleitores da provincia de Minas Geraes, nomeados em 29 de setembro de 1844, acompanhado de algumas peças estatisticas. Ouro-Preto, 1845, com 2 mappas^ - O Recreador mineiro: periodico litterario. Ouro-Preto, 1845 a 1848, in-4° - Sahiram 84 folhetos de numeração seguida, formando um volume de 1.320 pags., contendo muitos artigos* de instrucção e de re- creio. - Meio de não perder nas loterias : seguro de bilhetes, meios bilhetes, quartos, oitavos e vigésimos das loterias que se extrahirem na côrte e provincia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1853, 48 pags. - Seguro de bilhetes de loteria. Rio de Janeiro, 1853. 14 pags. - Algumas vergalhadas dadas em prosa no desfructavel sertanejo e guapo testa de ferro Antonio Bonifácio de Moura, mesquinho e surrado detractor da empresa Seguro de loterias. Rio de Janeiro, 1854. - Balanço apresentado aos accionistas da sociedade de loterias, deno- minada Pòde ganhar e nunca perder. Rio de Janeiro, 1854, in-4.° - Terminação da socie lade e do seguro de loterias : 2o balanço apre- septado, etc. Rio de Janeiro, 1855, in-4.° - Memórias da viagem de suas magestades imperiaes á provincia da BI 423 Bahia, colligidas e publicadas por P. do S. Rio de Janeiro, 1867, 252 pags. in-4° - Inclue-se neste volume a interessante noticia da viagem dos augustos imperantes á cachoeira de Paulo Affonso. - Memórias da viagem de suas magestades imperiaes á província de Pernambuco, colligidas e publicadas por P. de S. Rio de Janeiro, 1867» 188 pags. in-4° - Consta que o autor preparara materiaes para continuar suas noticias acerca das outras províncias, também honradas com a vi- sita do Imperador. - Mausolêo levantado á memória da excelsa rainha de Portugal, D. Estephania. Rio de Janeiro, 1859, 87 pags. in-4°, com o retrato de dom Pedro V - Fez-se segunda edição em 1860. São transcripções da imprensa de Portugal e do Brazil. Bertholdo Golclsclirniclt - Natural do grão-ducado de Posen, reino da Prussia, brazileiro naturalisado e filho de Miguel Gold- schmidt e de dona Frederica Goldschmidt, nasceu a 2 de dezembro de 1817. E' professor de allemão do externato do imperial collegio de Pedro II; é socio da antiga sociedade ensaios litterarios, e da sociedade auxiliad)ra da industria, cuja revista redigiu de 1851 a 1854, escrevendo então : - Diversbs artigos sobre colonisação, sobre a necessidade de uma escola central agrícola e sobre outros assumptos - Escreveu mais : - Noções praticas da lingua allemã para servirem de compendio no imperial collegio de Pedro II. Rio de Janeiro, 1859. - Noções theoricas da lingua allemã para servirem de compendio no imperial collegio de Pedro II. Rio de Janeiro, 186J - Com este livro e o precedente o autor deu á publicidade um tratado completo da grammatica da lingua allemã, por um methodo particular, que elle chama natural. - O tenente Baiacu : comedia vaudeville, original - representada no antigo theatro de Santa Theresa e no S. Pedro de Alcantara. Inédita. - O ministro justiceiro : comedia vaudeville, original - Creio que também foi já levada á scena. Idem. - Joanna d'Arc ; drama de Schiller. Traducção - Idem. - Maria Stuard : drama de Schiller. Traducção - Idem. - Bom Carlos : drama de Schiller. Traducção - Idem. - Der deutsche, redigirt von B. Goldschmidt, und G. F. Busch. Rio de Janeiro, 1853 - Creio que apenas treze numeros se publicaram. - The Vicar of Wakefield. Ia parte. Bilbiano F^rancisco de Almeida - E' natural da fre- guezia de Belem, província de S. Pedro do Rio Grande do Sul, onde exerce o magistério como professor da instrucção primaria, e escreveu : - C ompendio de grammatica da lingua portugueza. Rio Grande, 18' ' - Este compendio actualmente e adoptado nas aulas publicas de pri- 424 I3IÍ meiras lettras da província do autor e foi reimpresso em Porto Alegre, sendo editor o livreiro Rodolpho José Machado. Bi'aulio Jayme Moniz Cordeiro - Nascido na cididedo Rio de Janeiro a 31 de janeiro do 1829, matriculou-se na academia de marinha, e assentando praça no corpo de artilharia naval, em 1844, interrompeu seus estudos para ir servir na provincia do Rio Grande do Sul por pedido seu ; passou d'ahi para a de Pernambuco por occasião da guerra civil de 1848 ; entrou em vários combates, n'um dos quaes foi ferido, mas não obtendo até o anno de 1853 uma promoção a official, como se julgava com direito, pediu demissão do serviço militar e dedicou-se á arte tachygraphica e ás lettras. Serviu como secretario particular do engenheiro Eduardo Webb, foi stenographo e revisor do Correio Mercantil e de outras empresas deste genero, e actualmente exerce a profissão de tachygrapho, e é professor da instrucção primaria do município neutro. Escreveu : - Compendio de pedagogia para uso dos candidatos ao magistério. Rio de Janeiro, 1874, 239 pags. in-4.° - Relatorio apresentado ao instituto pedagógico da provincia do Rio de Janeiro pelo seu presidente, o professor publico, etc., em assembléa geral de 21 de dezembro de 1878. Rio de Janeiro, 1878, 16 pags. in-8.° - O amigo do lavrador ou tratado completo de agricultura pratica, organizado para uso do agricultor brazileiro. Rio de Janeiro, 1880 -E' dividido em seis parts e trata dos conhecimentos elementares da cultura das plantas, sua fecundação e multiplicação, épocas das sementeiras, enxertos, etc., descripção das plantas hortícolas, medicinaes e de orna- mentação, e bem assim da atmosphera, da terra, do melhoramento do sólo, dos instrumentos de trabalho, dos adubos, estrume, do deseccamento dos terrenos, canalização e irrigação, utilidade dos animaes domésticos e descripção dos insectos nocivos ás plantas; fabricação da manteiga e do queijo, extracção de oleos e resinas, etc. - O amigo dos pobres ou a homoeopathia ao alcance de todos, contendo por ordem alphabetica a descripção das principaes moléstias que affligem a humanidade, seu diagnostico etratimento; um compendio dos prin- cipaes medicamentos homceopathicos; seus antídotos; emprego e uma guia dos medicamentos novos ou moderna homoeopathia. Extrahidos dos melhores autores, nacionaes e estrangeiros. Rio de Janeiro, 187 * - Segunda edição, melhorada o muito augmentada, Rio de Janeiro, 1880. Na litteratura amena ha diversos trabalhos seus originaes e traduzidos, como : - Metamorphoses da mulher; Grammatica do amor; Os maridos predestinados ; A creoula da ilha de Cuba ; O rouxinol; Gabriella ; Flores do céo ; A cruzinha de ouro ; A valsa da meia noite ; Paulo Ducandras ; Uma missão ao Oriente : Por um charuto; Uma emoção ; Um susto ; Escreveu : 425 Pedaços de ouro - e outras traducções do francez na Marmota da corte, de 1857 a 1860. - O amor ea amisade ou a conversa das flores. Traduzido do francez. Rio de Janeiro, 1858. - A cestinha de flores : conto moral, escripto em lingua allernã pelo conego C. Schmidt, traduzido e dedicado á mocidade brazileira. Rio de Janeiro, 1858 - Segunda edição, ornada com uma gravura, Rio de Janeiro, 1877. - O ultimo dia de um carrasco - Sahiu em folhetim no Jornal dos tachigraphos. Rio de Janeiro, 1858. - A Senhora Pistachi. Traducção do francez - Idem, 1858. - D. Martim de Freitas - No Brazil Commercial. Rio de Janeiro, 1858. - A bibliotheca das mulheres, moral e divertida. Rio de Janeiro, 1859, 2 vols.- O Io vol. contém cinco romances ; o 2o um com o titulo « A Filha do collector ou o amor filial ». - O Marquez de Pombal e o Conde do Lippe : novella traduzida do allemão. Rio de Janeiro, 1882 - Nesta novella se narram diversos e muito interessantes episodios da vida do celebre ministro de dom José. Braz da Costa Rnlbim - Filho do capitão de mar e guerra Francisco Alberto Rubim que foi governador do Espirito Santo, nasceu na cidade da Victoria, capital desta província, a 1 de janeiro de 1817, e falleceu no Rio de Janeiro pelo anno de 1870. Com cinco annos de idade foi com toda sua familia para Portugal, de onde só voltou ao Brazil depois de 184), e convenientemente habilitado por W estudado em Lisboa as aulas de humanidades, entrou para o func- cionalismo publico e serviu muitos annos como empregado do thesouro, sendo ultimamente primeiro escripturario da directoria geral de contabi- lidade. Foi socio do instituto historico e geographico brazileiro e es- creveu : - Pomologia e fructologia portugueza ou descripção de todas as castas e variedades de frutas que se cultivam em Portugal com uma breve noti- cia sobre sua cultura e usos economicos. Rio de Janeiro, 1845 - Sobre esta obra escreveu Silvestre Pinheiro Ferreira uma noticia no Diário do Governo de 20 de maio de 1845. - Vocabulário brazileiro para servir de complemento aos diversos diccionarios da lingua portugueza. Rio de Janeiro, 1853, 82 pags. in-8°- O autor projectava dar uma edição desta obra com modificação no plano primitivo e com accrescimos ; já estava o trabalho para entrar no prelo, quando elle falPceu. - Noticia chronologica dos factos mais notáveis da historia da provín- cia do Espirito Santo desde seu descobrimento até a nomeação do governo provisorio-Sahiu no periodico Guanabara, tomo 2o, e também na Revista 426 BR do instituto historico, tomo 19°, 1856, pags. 336 e seguintes. Abrange datas de 1525 a 1821. - Memória sobre os limites da provincia do Espirito Santo - Sahiu na mesma revista, tomo 23, 1860, pags. 113 e seguintes. - Memórias históricas e documentadas da provincia do Espirito Santo comprehendendo o periodo decorrido de 1531 até o presente (1861). Rio de Janeiro, 1861, in 4° com o retrato do governador Francisco Alberto Rubim - Sahiu também na citada revist), tomo 24°, pags. 171 a 351. - Memória sobre a revolução do Ceará em 1821. Rio de Janeiro, 1866 - Idem, tomo 29°, pags. 201 a 262. - Diccionario topographico da provincia do Espirito Santo. Rio de Janeiro, 1862- Idem, tomo 25°, pags. 597 a 648. - Vocabulos indígenas e outros introduzidos no uso vulgar - Sahiram na Luz, tomo Io, 1872, pags. 154, 161, 170, 231, 238 e seguintes ; e de- pois na citada revista, tomo 45°, 1882, parte 2a, pags. 363 a 390. No Auxdiador da industria nacional ha também alguns escriptos de Braz Rubim sobre arvores uteis, cultura de arvores fructiferas, e apro- veitamento de terrenos porosos e seccos. Braz Florentino Henriques <le Souza - Filho do segundo tenente de artilharia e ajudante das baterias da bahia da Trai- ção ou Acejutibiró, na provincia da Parahyba, Francisco José de Souza, ahi nasceu a 5 de janeiro de 1825, e falleceu na capital do Maranhão a 29 de março de 1870. Destinando-se ao estado ecclesiastico, fez para este fim seus primeiros estudos e prestou em Olinda exames de theologia e moral, mas, tocado seu coração de vehemente paixão por umabella e virtuosa joven pernam- bucana, matriculou-se no primeiro anno da faculdade de direito em 1846, casando-se neste mesmo anno com aquella que lhe mudara o d'Stino ; recebeu o grau de bacharel em 1850, e o de doutor em 1851 ; foi no- meado lente substituto da faculdade do Recife em abril de 1855 ; lente cathedratico de direito publico do primeiro anno do curso em maio de 1858, e desta cadeira foi transferido para a de direito civil, do terceiro anno, em 1866. Veiu á côrte em 1865 por ter sido nomeado para fizer parte da commis- são dos jurisconsultos, incumbida de rever o projecto do codigo civil bra- zileiro ; entrou depois, em 1868, para o conselho director da in«trucção publica de Pernambuco, onde já havia servido em 1859, e mais de uma vez exerceu as funcções de director ; e nomeado presidente da provincia do Maranhão a 8 de maio de 1869, neste exercício feneceu acommettido de uma affecção cerebral fulminante, sendo cavalleiro da ordem de Christo, e socio fundador do instituto historico e geographico pernambucano. Além de vários escriptos políticos que publicara desde estudante na União, orgão do partido conservador, e no Diário de Pernambuco que elle redigiu de 1850 até 1855, escreveu : BR 427 - 0 Commercio a retalho, ou apreciação dos argumentos invocados em favor do exclusivo desse ramo de commercio para os brazileiros. Recife, 1854, 66 pags. in-8^ - E' uma serio de escriptos que dera antes á estampa no Diário de Pernambuco. - Da abolição da escravidão por Mr. G. de Molinari. Traducção do francez. Recife, 1854, 116 pags. in-8.° . - Da reincidência: lição de direito criminal. Recife, 1858. - Tratado dos dous preceitos da caridade e dos dez mandamentos da lei de Deus por S. Thomaz de Equino. Traducção. Recife, 1858 - Tenho uma edição desta obra do Rio de Janeiro, 1877. - Codigo criminal do império do Brazil, annotado com as leis, decretos, avisos e portarias publicadas desde sua data até o presente, que explicam, revogam ou alteram algumas de suas disposições ou com ellas têm immediata connexão, acompanhado de um append ce contendo a in- tegra das leis addicionaes ao mesmo codigo, posteriormente publicadas. Nova edição. Recife, 1858. - Codigo do processo criminal de primeira instancia do império do Brazil com a disposição provisória acerca da administração da justiça civil e lei de 13 de agosto de 1841 que a reformou, annotadas e seguidas das instrucçõeg provisórias para sua execução, regulamentos de 31 de Janeiro e de 15 de Março de 1842, também annotados. Nova edição consi- deravelmente augmentada com um appendice contendo a integra de todos os outros decretos e regulamentos, que lhe são relativos, e que por sua extensão não podcram ser'intercalados nas notas. Recife, 1860. - O casamento civil e o casamento religioso. Exame da proposta do governo, apresentada á camara dos deputados na sessão de 19 de julho do anno proximo passado. Recife, 1859, 310 pags. in-4.° - Do delido e do delinquente : lições de direito criminal. Recife, 1862. - O poder moderador : ensaio de direito constitucional, contendo a analyse do titulo 5o, capitulo Io da constituição política do Brazil. Re- cife, 1864, 613 pags. in-8 ° - Lições de direito criminal. Recife, 1860 - Foi reimpressa esta obra em 1866. - Estudo sobre o recurso ã corôa : A proposito da lei approvada prla camara dos d'putados na sessão de 1866, revogando o art. 21 do decreto n. 1911 de 28 de março de 1857. Recife, 1866. - Flor académica, offerecida á virgem do Bom-Conselho. Recife, 18*' - Nunca vi esta obra. - Discurso pronunciado por occasião de entrar no exercicio da cadeira de direito criminal da faculdade do Recife, Recife, 1855. - Discurso que na faculdade de direito do Recife aos 23 de junho de 1861 por occasião da collação do grau de doutor ao bacharel Antonio Vas- concellos Menezes de Drumond, pronunciou sendo padrinho no doutora- mento do mesmo bacharel. Recife, 1861 - Sahiu com o discurso que o doutor Drumond pronunciou no mesmo acto. 428 13T? - Discurso que ao tomar posse da primeira cadeira de direito civil (terceiro anno) proferiu, etc. Pernambuco, 1866, 14 pags. in-8.° Brazilio to Machado <le Oliveira-Pilho do brigadeiro José Joaquim Machado de Oliveira e de dona Virgínia Au- gusta de Barros, nasceu na cidade de S. Paulo a 4 de setembro de 1848. Formado em direito na faculdade da mesma cidade em 1872, e rece- bendo o grau de doutor em 1875, entrou pira a magistratura e serviu por espaço de tres annos na promotoria publica de Piracicaba e Casa Branca, onde depois abriu escriptorio de advocacia, que deixou em 1879 por ser nomeado para o logar, que ainda exerce, de inspector da thesouraria pro- vincial ; eem 1883, sendo nomeado lente substituto de rhetorica o philo- sophia do curso annexo á faculdade de direito, de conformidade com o art. 81 do decreto de 5 de maio de 1856, não aceitou a nomeação. Foi assíduo collaborador das revistas académicas de 1868 a 1872 ; da Tribuna Liberal em 1875; um dos fundadores e redactores da Consti- tuinte e escreveu: - Madresilvas: versos. Porto, 1876 - O apparecimento deste livro foi saudado com elogios por diversos orgãos da imprensa. - Custas judiciarias : annotações do regimento de custas de 2 de se- tembro de 1874. Santos, 1878. - Theses e dissertação que para obter o grau de doutor em direito apresentou á faculdade do direito de S. Paulo. S. Paulo, 1875. - Discurso proferido no sarau litterario, que em commemoração do tri- centenário de Camões promoveu o club gymnastico portuguez de S. Paulo a 10 de junho de 1880. 2a edição. S. Paulo, 1880 - Sahiu também no AL manak litterario de S. Paulo, tomo 6°, 1881, pags. 94 a 103. - Discurso proferido na noite do beneficio do filho do maestro Carlos Gomes em setembro de 1880. S. Paulo, 1880. O d.mtor Brazilio Machado tinha em 1881 para entrar no prelo: - Datas memoráveis : subsídios para a historia da província de S. Paulo e biographias de varões illustres. - Grupos paulistas. Ia parte: poetas. - Trechos em prosa .• contos e folhetins. Brazilio da Silva Baraúna- Nasceu na cidade da Bahia, fez o curso da escola de marinha, e depois o da antiga academia militar, onde recebeu o grau de doutor em mathematicas. Tendo servido na armada até o posto de primeiro tenente, pediu demissão, esteve na Europa cerca de dez annos, e ahi exerceu o cargo de agente do governo, em cuja qualidade fez a compra de vasos de guerra para a armada du- rante a campanha do Paraguay. Actualmente serve no ministério da agricultura como engenheiro fiscal da entrada de ferro de S. Paulo a Santos. Escreveu : - Resposta ao discurso do senhor ex-deputado Tavares Bastos, publi- Í3R 429 cado no Jornal do Commercio de 17 de junho de 1868. Londres, 1869 - E' um opusculo em que o autor se justifica da accusação que lhe fizera o dito deputado de ter elle, como encarregado da compra de dous vapores, declarado ser suificiente para isto a somma de £ 50.000, e depois declarar á legação brazileira que a mesma somma era insuíficiente. Briano O'conor de Camargo Dauntre - Natu- ral de S. Paulo, filho do doutor Ricardo Gurnbleton Dauiit e formado em sciencias sociaes e jurídicas pela faculdade de sua província em 1879, foi o fundador e redactor chefe da revista : - A Reacção : orgão do circulo dos estudantes catholicos. S. Paulo, 1877 a 1879 - E' uma publicação de propaganda, onde se considera a idéa catholica sob os diversos pontos de vista. A redacção passou depois a Raymundo Corrêa e outros. JBruno Henrique cie Almeida JSealbx*a-Natural da província do Pará, nasceu a 6 de outubro de 1837 e falleceu na Bahia a 8 de abril de 1876. Depois de ter feito em sua província os estudos de humanidades no se- minário episcopal, já conhecendo as principaes linguas da Europa, assentou praça como cadete no exercito, e veiu para o Rio de Janeiro fazer o curso da escola militar; mas, dotado de uma constituição physica muito fraca, e adoecendo no meio do curso, foi considerado pela junta medica como incapaz do serviço militar e por este motivo tendo baixa, inter- rompeu a carreira que abraçara. Em taes circumstancias entrando para o serviço de fazenda como praticante da alfandega da côrte, foi logo despachado para um logar de amanuense da alfandega do Maranhão, d'onde no fim do poucos mezes pediu demissão; nomeado em fevereiro de 1864 secretario da presidência da província do Paraná, serviu até ou- tubro de 1866; serviu depois igual cargo em Alagoas, e finalmente como official da secretaria da presidência da província da Bahia, onde se casara. Era cavalleiro da ordem da Roza, socío do club philosophíco do Mara- nhão, da sociedade philomatica e de outras do Rio de Janeiro, e - feste- jado poeta e litterato, escreveu, não só poesias, como artigos em prosa em diversos periódicos dos logares em que exerceu empregos, e mais : - Um phenomeno do tempo presente ou lembrança de scenas passadas a bordo da galera Defensora : poemeto. Pará., 1855 - A proposito deste poema escreveu o conego Luiz Barroso Bastos uma carta no Diário do Maranhão, elogiando o autor. - Typos burlescos desenhados por Bruno Seabra. Rio de Janeiro, 1859 - E' o primeiro numero da Bibliothecaportátil e contém « O Senhor Papa-suspiros ; scena cómica, precedida de uma introducção (no dia de seus annos) offerecida ao bacharel Duarte P. Schutel ». - O doutor Pancracio ou quadros da vida de um estudante : romance 430 13R jocoso-Sahiu na Marmota fluminense, mas parece-me que não foi concluído. Nesta folha ha diversas poesias e escriptos do autor de 1859 em diante. - As cinzas de um livro : episodio contemporâneo. Rio de Janeiro, 1859. - Paulo : romance. Rio de Janeiro, 1861. - Ray mundo ou os néscios da academia: parodia. Rio de Janeiro, 1866. - Memórias de um pobre diabo por Aristoteles de Souza. Rio de Ja- neiro, 1868. - Flores e fructos : poesias. Rio de Janeiro, 1862 - A apparição deste livro foi saudada pelos doutores A. J. de Macedo Suares e J. C. de Souza Ferreira e por J. M. Machado de Assis nos periódicos : Futuro, tomo Io, pag. 229 ; Correio Mercantil de 27 de junho de 1862 e Diário do Rio de 30 do dito mez e anno. - Por direito de Pat-chouly : comedia em um acto. Pariz, 1863. - Alforge da boa razão: livrinho para meninos. Rio de Janeiro, 1870. Escreveu além disto muitas outras obras, como por exemplo as que se seguem, que não me consta fossem publicadas: - A Heloísa americana : romance historico. - O barão, o commendador e o frade : typos burlescos. - O romance de um sceptico. - O beija-mão : poema heroi-comico em cinco cantos. - Anninhas : poesias intimas. - Sertanejas : poesias americanas. APPENDICE Aliilio Cesar Borges, Barão de Macahubas, pag. 3 - Tendo este autor publicado de seus compêndios diversas edições e em diversos logares, no Brazil e na Europa, algumas com alteração de ti- tulo, e não obtendo eu as indicações que lhe pedi, e que pedi também ao vice-director de seu collegio da côrte, E. J. dos Reis, não fui por isso exacto no artigo respectivo, de que passo a fazer algumas rectifi- cações. Os Discursos sobre educação foram publicados em Pariz, 1865. São 12 discursos. A Grammatica da lingua portuguesa, publicada com o titulo de « Epitome da grammatica portugueza » até á quinta edição, foi publi- cada em edição posterior, dando-lhe o autor novo plano e desenvolvi- mento, de modo que se pôde considerar um trabalho inteiramente novo, como elle diz, mas com mudança de titulo, que se conserva na ultima edição, que é : - Resumo da grammatica portugueza. 7a edição, augmentada e me- lhorada segundo os grammaticos mais modernos, adoptada em varias escolas publicas do império do Brazil. Bruxellas, 1877 - Nesta edição foi o livro expurgado de alguns erros que ainda na anterior existiam. Igual mudança de titulo e de plano se deu com o Epitome da gram- matica francesa, cuja terceira edição é de Antuérpia, 1872, com um accrescimo no fim, contendo os verbos regulares e auxiliares ; foi depois impresso com o titulo : - Novo methodo pratico e facil para o ensino da lingua franceza por Croeser, segundo os principios do professor Ahn, traduzido do inglez. Quarta edição. Antuérpia, 1879. 432 APPEND1CE A's obras do Barão de Macahubas, accresce : - Pequeno tratado de leitura em voz alta por Ernesto Legouvé, mem- bro da academia franceza. Traducção. Bruxellas, 1879. - Desenho linear ou elementos de geometria pratica popular, se- guidos de algumas noções de agrimensura, stereometria e architectura para uso das escolas primarias e normaes, dos lyceus e collegios, dos cursos de adult ;s e em geral dos artistas e operários em qualquer ramo de industria. Bruxellas - Europa - Na introducção é que se lè a data de Pariz, dezembro de 1878. Este livro contém muitas figuras, interca- ladas no texto e fóra delle. - A lei nova do ensino infantil. Rio de Janeiro, 1883, 29 pags. in-8° - Este opusculo, distribuído por occasião da exposição pedagógica, con- tém idéas do autor sobre o ensino infantil. Diz o autor : «As intelli- gencias infantis recebem quasi illimitadamente tudo quanto se lhes ensina agradavel e methodicamente, e com mais gosto e mais facilidade os conhecimentos scientificos do que os litterarios. (Meu descobrimento.) O ensino litterario elementar, que começa pela grammatica, dou-o de par com o d is sciencias, em proporção mui limitada e sem livro : -faço os meus pequenos grammaticos sem grammatica. (Meu descobri- mento.) » - Memória sobre a mineração da provincia da Bahia desde 1836 até 1846, precedida de uma ideia summaria dos antigos trabalhos mineraló- gicos na mesma provincia, etc. - Sahiu no Crepúsculo, da Lahia, 3o vol., 1846, ns. 2, 3 e 5. Foi suspensa a publicação depois do terceiro capitulo por suspender-se a publicação do Crepúsculo ; mas foi publi- cando depois toda a memória no Auxiliador da industria nacional. A-dolplio Genevino dos Santos - Natural do Recife, capital da provincia de Pernambuco, nnsceu em 1848, sendo seu pae o escrivão do arsenal de marinha Alexandre Rodrigues dos Anjos. E' formado em direito pela faculdade de sua provincia, e deu-se ultima- mente ao serviço da magistratura com o cargo de promotor publico da comarca da Victoria, provincia do Espirito Santo, tendo-se dedicado até então ao jornalismo e á poesia, em cuja carreira occuparia, sem duvida, um logar muito distincto, si, menos modesto ou descuidoso, desse â luz, para o que sei que tem tido favoravel ensejo, suas mimosas poesias. Além de muitas composições, publicadas em diversos periódicos do Pernambuco, S. Paulo e do Rio de Janeiro, escreveu : - Os lazaros : poema. Santos, 1877. - Rimas modernas : sonetos- cuja impressão ficou interrompida. Foi fundador e redigiu : - O diabo a quatro : revista infernal, hebdomadaria. Recife, 1873-1878 - Esta revista em que collaboravam alguns dos moços de mais talento que residiam no Recife, usando de um pseudonymo tirado do pandomonio, sob a aparoncia humoristica,era francamente adepta das mais adiantadas idéas APPENDICE 433 philosophicas,políticas e scientificas, elevando assim a critica aos costumes á uma altura, nunca até então, nem talvez depois uzada no Brazil em gazetas illustradas e satyricas. - O Escorpião : jornal illustrado a bico de penna. Recife, 1873. - O Trabalho. ( Veja-se Antonio de Souza Pinto.) AlFonso Cavalcanti cio Livramento - Filho do bacharel Joaquim Augusto do Livramento que representou a provincia de Santa Catharina na camara temporária em tres legislaturas, de 1848 a 1856, e natural desta provincia, nasceu a 6 de julho de 1855 ; fez todo curso da escola de marinha, sendo promovido a segundo-tenente, posto em que se conserva, a 15 de junho de 1878, e escreveu : - Estudos sobre evoluções navaes. Rio de Janeiro, 1883, in-8.° Agostinho A ictor de Borja Castro, pag. 20 - Escreveu mais : - Industria manufacturei: a : relatorio - Vem no « Relatorio da segunda exposição nacional de 1866, publicado em virtude de ordem do ministério da agricultura, commercio e obras publicas. Rio de Janeiro, 1869 » 2a parte, pags. 3 a 73. Occupa-se de tecidos do paiz com diversas considerações sobre a grande e pequena industria ; dos chapéos, couros, typographia, impressão e encadernação, fundição de typos e tintas de es- crever. (Veja-se Antonio José de Souza Rego.) A.llberto Desnele de Gervais, pag. 23 - Nasceu em Florença, capital do grão-ducado da Toscana, é lente de italiano do col- legio de Pedro II, e escreveu para o concurso a este logar: - These para o concurso á cadeira de italiano no externato do impe- rial coilegio de Pedro II. Rio de Janeiro, 1883, 78 pags. in-4° - Kampe- nomia ó o ponto, sobre que versa. Alexandre Evangelista de Castro Cerqueira - Filho do professor da faculdade de medicina da Bahia doutor Antonio de Cerqueira Pinto e de dona Anna Fausta de Cerqueira, nasceu nesta provincia, ahi recebeu o grau de doutor em medicina em 1877, foi no- meado, depois do respeclivo concurso, lente substituto da secção de scien- cias accessorias em 1881 e é actualmente adjunto á cadeira de chimica organica. Antes de seu doutorado exercera o logar de interno de clinica medica do hospital da caridade. Escreveu : - These apresentada, etc. afim de obter o grau de doutor em medicina. Bahia, 1877, 126 pags.- Consta de uma dissertação sobre os signaes dia- gnósticos, fornecidos pelo exame da urina, precedidos de estudos sobre a urina normal e das substancias mineraes nella contidas em seu estado normal, ede proposições sobre: Sulfato de quinino nas febres intermit- teates. Indicações do aborto. Ozona, sua natureza e propriedades. 434 APPENDICE - Estudo dos etheres e suas preparações : these para o concurso ao logar de substituto da secção de sciencias accessorias. Rio de Janeiro, 1880. Alexandre José de Mello Moraes, 2°, pag. 39 - Tem publicado, além do que fica mencionado, diversos trabalhos em revis- tas do paiz e do estrangeiro, e ultimamente a - Patria selvagem. Os escravos vermelhos. Rio de Janeiro, 1883 - Ainda não pude ver este livro ; mas de uma noticia dada pela imprensa do dia, consta o seguinte : « N'uma serie de scenas rapidas, em estylo poético e sem nexo apparente, offerecem-se-nos aqui múltiplas informações sobre as diversas tribus do Brazil, seus usos e costumes, sua historia e catechese. Si a narração é um tanto fantastica ou idealisada, como ad- verte o autor, o fundo de substancia foi todo bebido nas chronicas. Varias estampas reproduzem typos de nações indias. Encontramos também algu- mas lenias curiosas, excerptos do afamado Mysterio de Jesus e um auto até agora inédito, intitulado Santa Ursula que, segundo o Sr. Dr. Mello Moraes, caracterisa a physionomia do século XVI, apresentando o seu autor, o padre Anchieta, como o instituidor da nossa poesia nascente.» Alfredo de Escragnolle Taunay, pag. 55 - Alem do que fica mencionado escreveu : - Estudos críticos por Sylvio Dinarte. II. Litteratura e philologia, Rio de Janeiro, 1883, in-8° - Trata-se neste livro de Emilio Zola, Affbnso Daudet, V. Hugo, do padre José Maurício e de outros, e se rectificam inexactidões escriptas pelo conselheiro J. M. Pereira da Silva sobre a nossa historia. - Classificação de comarcas: discurso proferido na camara dos deputa- dos na sessão de 12 de julho de 1883. Rio de Janeiro, 1883, 36 pags. in-12. A.lfjredo Moreira Pinto, pag. 60 - 0 seu Diccionarío ge- ral do Brazil está effectivamente prompto para ser impresso, esperando o autor a decisão de uma proposta de venda da obra, feita á camara legis- lativa. O autographo esteve no escriptorio da Gazeta de Noticias á disposi- ção das pessoas interessadas que tivessem de lembrar rectificação de al- gum dos artigos, a convite do autor. Si este convite foi correspondido, como duas circulares que lhe dirigi, pedindo apontamentos relativos á sua pessoa para o presente livro, rectificação nenhuma se fará por semelhante meio. Moreira Pinto publicou mais : - Geographia das provincias do Brazil. Rio de Janeiro, 1883, 176 pags. in-8.° A-luizio de Azevedo, pag. 64 - Os seus Mysterio da Ti- juca foram publicados em volume, Rio de Janeiro, 1883, em duas colum- APPENDICE 435 nas. A Casa de pensão também foi editada em separado, em fascículos, dos quaes sahiu o Io em junho deste anno. Álvaro Joaquim de Oliveira, pag. 66 - Acaba de dar a lume: - Apontamentos de chimica. Rio de Janeiro, 1883, in-8.° ALmerico Fernandes Trigo dc Loureiro - Irmão de Antonio Fernandes Trigo de Loureiro, e filho do conselheiro Lourenço Trigo de Loureiro e de dona Umbelina Luiza da Silva Fernandes de Loureiro, nasceu em Olinla, província de Pernambuco, a 29 de julho de 1832. Formado em direito pela faculdade do Recife, serviu nesta cidade interinamente o logar de promotor publico, dedicou-se depois ao ma- gistério leccionando diversas matérias da instrucção secundaria, e em 1871 entrou para o funccionalismo publico na thesouraria provincial, onde ainda se acha. Revelando estro poético desde seus primeiros estudos, o doutor Manoel da Costa Honorato delle faz menção como de um mavioso poeta lyrico e notável repentista. Tem escripto desde estudante e conserva inéditas grande somma de - Poesias - que, segundo me consta, serão dadas a lume em breve. O genero em que prima o doutor Américo Loureiro é a gloza. Possuo por cópia um maço de composições deste genero, sendo algumas joco-serias e satyricas, e também de sonetos, acrósticos e recitativos. Um destes recitativos, escripto em francez, assim começa : Charmante filie, de mon cceur la reine, Vous possedez un throne dans mon àme; Vous ètes, *86016, de ma vie la chaine, D'amour pour vous c'est de mon cceur la flamme Angrelo Cardozo Dourado, pag. 86 - E' filho de An- gelo Custodio Pereira e de dona Laura Philomena Dourado. E' este o titulo de sua these de doutorado : - These inaugural, apresentada á faculdade de medicina da Bahia por Angelo Cardozo Dourado, etc., afim de obter o grau de doutor em me- dicina. Bahia, 1889, 58 pags.- Contém uma dissertação sobre a operação cezariana e sua apreciação, e proposições sobre : Keratitis. Heranças pa- thologicas. Infanticídio. Antonino José <le Miranda Falcão- Nasceu em Pernambuco a 10 de maio de 1798, e falleceu no Rio d} Janeiro a 9 de dezembro de 1878, ao peso de desgostos e da miséria por ser demittido do logar que exercia no Diário Official, com 80 annos de idade. Era official da ordem da Roza e servira desde 1823 diversos cargos, como os de professor da lingua nacional no trem, hoje arsenal de guerra, de director da typographia nacional e de official da secretaria do governo, 436 APPENDICE em Pernambuco ; de secretario do governo em Sergipe ; de cônsul geral do Brazil nos Estados-Unidos; de director da casa de correcção da côrte ; de administrador da Gazeta Oficial, e ultimamente de traductor das no- ticias e correspondências estrangeiras para o Diário. Soffreu prisões e trabalhos por se envolver nos movimentos políticos de 1829 e na confederação do Equador, depois da qual fez uma excursão pela Europa ; de volta da Europa estabeleceu com outro sob a firma Miranda & Comp. uma typographia em Pernambuco em 1825, e neste mesmo anno fundou e redigiu o - Diário de Pernambuco. Pernambuco, 1825 a 1837 - Desta ultima data passou o Diário de Pernambuco ádirecção de Manoel Figueirôa, por cujo fallecimento tem sido encarregado a outros, continuando a folha já no seu 58° anno. O primeiro anno do Diário de Pernambuco contém sómente 43 numeros, e 141 pags. in-4° gr. e duas columnas de compo- sição. Redigiu depois - O Federalista. Pernambuco, 1831, in-folio. Ha na imprensa alguns trabalhos de Miranda Falcão, e alguns escriptos em desempenho de commissões do governo, como os - Mappas da população da província de Pernambuco - remettidos ao governo imperial em 1826. Antonio Aehilles de Miranda Varejão, pag. 100 - Uma das peças theatraes, que ha ainda da penna deste autor, é - A filha do lavrador : drama em cinco actos de Aniceto Bourgeois e Ad. d'Ennery. Traducção - Foi levada á scena em beneficio da actriz Adelaide Amaral no theatro S. Luiz a 8 de abril de 1883. Antonio Alexandre dos Passos Ourique, pag. 101 - O nome verdadeiro deste escriptor é Antonio Alexandrino dos Passos Ourique. No mesmo dia em que falleceu, tinha sido assignada ou sabira publicada sua nomeação para lente de arithmetica e geometria do curso annexo á faculdade de S. Paulo. Antonio de Arauj o Ferreira Jacobina, pag. 109 - Ha ainda publicado por este autor : - Sillabario nacional ou novo methodo de aprender a ler, annotado e composto, etc. Rio de Janeiro, 1883, 80 pags. in-8° - E'precedido de uma carta do actual deputado pela Bahia, doutor Ruy Barboza. Antonio Barboza de Freitas - Nasceu na província do Ceará em 1863 e falleceu em 1883. Segundo uma noticia dada por uma folha diaria, de qúe me utiliso neste momento, era poeta de genio na mais verdadeira accepção do termo e, sem instrucção alguma, demonstrava um desses talentos brilhantíssimos que só a grandes intervallos apparecem para ostentar a opulência da natureza APPENDICE 437 que os produz, pois brilhava com esplendor tal, que fazia duvidar que em seu cerebro tanta luz residisse. Tão pobre que nem tinha meios com que comprar papel para escrever suas producções, deixou grande cópia de - Poesias inéditas - que, na phrase do escriptor da citada noticia, podem honrar a qualquer reputação já feita. Naturalmente haverá no Ceará quem trate de dar a lume essas poesias. _A.iiton.io Cândido Gonçalves Crespo - Natural do Rio de Janeiro, nasceu a 11 de março de 1847 e falleceu a 11 de junho de 1883 na côrte de Portugal, para onde fôra muito joven, ahi fazendo toda sua educação, naturalisando-se cidadão portuguez e casando-se com a festejada escriptora dona Maria Amalia Vaz de Carvalho. Formado em direito pela universidade de Coimbra, foi deputado ás cortes pela índia em 1879 ; era socio da real academia das sciencias de Lisboa, e de outras associações de lettras e escreveu : - Miniaturas : poesias. Lisboa, 187* - São pequeninos quadros de uma extraordinária belleza artística e de uma excessiva delicadeza e mimo, diz o seu amigo Cândido de Figueiredo numa noticia, que delle escreveu no Correio da Europa de 27 de junho de 1883. - Nocturnos : poesias. Lisboa, 1883. Na noticia, a que me refiro, vem reproduzidas de Gonçalves Crespo as seguintes poesias : 0 coveiro ; Modesta ; Animal bravio ; Mater doloroza ; Fervet amor; Numero de intermezzo. Esta ultima poesia e outra como titulo Quando canta a Maldonado vêm no Cancioneiro Alegre de C. Castello Branco, pags. 105 a 107. Ha porém uma poesia sua, onde não é possível ser mais eloquente o amor filial; é a que tem por titulo Alguém. Nem creio que um filho possa lel-a sem commover-se. Eis a poesia : Para alguém sou o lyrio entre os abrolhos, E tenho as fôrmas ideaes do Christo ; Para alguém sou a vida, a luz dos olhos, E si na terra existe é porque existo. Esse alguém que prefere ao namorado Cantar das aves minha rude voz, Não és tu, anjo meu idolatrado ! Nem, meus amigos, é nenhum de vós ! Quando alta noite me reclino e deito Melancólico, triste e fatigado, Esse alguém abre azas em meu leito, E o meu somno deslisa, perfumado. Chovam bênçãos de Deus sobre a que chora Por mim além dos mares ! Esse alguém E' de meus dias a resplendente aurora, E's tu, doce velhinha, oh ! minha mãe ! Gonçalves Crespo redigiu, ainda estudante da universidade, o periodico - A Folha. Coimbra, 1869 a 1874 - sendo seus companheiros na re- dacção Guerra Junqueiro, João Penha e Cândido de Figueiredo. 438 APPENDICE Antonio Cândido Rodrigues - Fez o curso de arti- lharia pelo regulamento de 1863 e o de engenharia pelo de 1874 ; serviu na arma de artilharia em que fôra pr )movido a segundo tenente em 1870, e delia passou para o corpo de engenheiros, do qual pediu demissão em 1883, tendo o posto de capitão ; já estando á disposição do ministério da agricultura e no cargo de inspector geral das obras publicas em S. Paulo, nelle continúa, e é presidente do club de engenharia e industria na mes- ma provincia. Escreveu, além de outros trabalhos officiaes: - Campos de Jordão : relatorio apresentado ao vice-presidente da provincia, doutor Manoel Marcondes de Moura e Costa, a 21 de março de 1882, e annexo ao relatorio com que o mesmo passou a administração ao conselheiro Francisco de Carvalho Soares Brandão. S. Paulo, 1882. Antonio d.a Cruz Cordeiro Júnior-E' filho do doutor Antonio da Cruz Cordeiro, de quem se trata á pag. 145 do presente volume, e natural da provincia da Parahyba. Nada mais sei a seu res- peito senão que escreveu: - Bosquejo litterario a proposito do decennario de Castro Alves. Bahia, 1881 - Neste volume se acham duas poesias do laureado posta, ainda inéditas: Adeus meu canto, e Lucia. Antonio Estevão da Costa e Cunha, pag. 156 - Não é natural da Bahia, mas do Rio de Janeiro, e filho de Antonio Seve- rino da Costa. 0 primeiro livro ou expositor da lingua materna sahiu sob o titulo de «Curso methodico de leitura» que se compõe de tres livros. Delles se publicou o - Segundo livro ou collecção de leituras graduadas pelos professores Januario dos Santos Sabino e A. Estevão da Costa e Cunha. Rio de Ja- neiro, 1879 - Segunda edição completamente reformada e muito augmen- tada. Rio de Janeiro, 1883. Está a sahir : - Terceiro livro, constando do desenvolvimento das noções contidas no segundo livro e outras relativas á historia e geographia geral e patria, physica, meteorologia, chimica, etc. Escreveu mais : - Princípios de grammatica histórica e comparativa. Rio de Janei- ro, 1883. - Themas e raizes : these ao concurso á cadeira de portuguez do 2° ao 5° anno do internato do imperial collegio de Pedro II. Rio de Janeiro, 1883, 54 pags. in-8.° Autonio Ferreira Vianna. pag. 164- A Conferencia radical sobre a abolição da guarda nacional, não é obra sua, mas de Pe- dro Antonio Ferreira Vianna, seu irmão, de quem terei de occupar-me. APPENDICE 439 Antonio Francisco Toseano, pag. 173 - Falleceu em Nova Friburgo, provincia do Rio de Janeiro, a 22 de setembro de 1882, e não na côrte a 21 deste mez. A.ntonio Ignacio de Mesquita Neves, pag. 190 - A's suas obras accresce : - Traducção das fabulas de Phedro - obra inédita, que o traductor actualmente está limando para dar â publicidade, segundo me consta. Vi uma parte deste livro ; é um trabalho primoroso por qualquer lado que se considere. Antonio José Caetano da Silva, Q°, pag. 213- E filho de Antonio José Caetano da Silva, Io, natural do Rio de Janeiro, e do logar que exercia no arsenal de marinha passou para o de amanuense da directoria das obras publicas da provincia do Rio de Janeiro, onde se acha. A Ia edição de sua Arithmetica é de 1877. Antonio José Marques, pag. 217 - 0 titulo verdadeiro de seu livro è: - Systema métrico decimal. Compendio do systema e mnemónica di- gital para o ensino do mesmo. Rio de Janeiro, 1873. Antonio José Soares de Souza Júnior-E' este o verdadeiro nome do escriptor, de quem se trata á pag. 318 com o nome de Antonio Soares de Souza Júnior. Antonio Marciano da Silva 1*011 tes, pag. 254 -Ha terceira edição de seu Compendio de pedagogia, Rio de Janeiro, 1881, in-8.° Antonio Paulino Limpo de Abreu, Visconde de Abaeté, pag. 275 - Falleceu a 14 de setembro de 18ò3, tendo nascido a 22 de setembro de 1798 em Lisboa, segundo foi publicado na noticia dada pelo Jornal do Commercio por occasião do seu fallecimento, e não a 22 de junho do dito anno, segun lo foi declarado por diversos orgãos da imprensa da côrte, annunciando seu anniversario natalício neste ultimo dia, em 1883. Era o ultimo dos nossos parlamentares, nascidos em Portugal, conside- rados cidadãos brazileiros pelo § 4o do art. 6o da constituição do império. Antonio do lie^o, pag. 299 - Falleceu no Rio de Janeiro, onde se achava residindo com sua familia, a 7 de setembro de 1883, vi- ctima de um accesso pernicioso, e foi sepultado no dia seguinte. Argemiro Cícero Galvão-E' natural da província do Rio Grande do Sul, estudante da faculdade juridica de S. Paulo, e escreveu : - A filha do estrangeiro. Porto Alegre, 1876, in-12 - E' um romance, 440 APPENDICE em seguida ao qual se acha, no mesmo livro, outro romance de Ataliba Valle com o titulo O annel e a carta. - A Luta (periodico politico e litterario). S. Paulo, 1882 - Neste periodico de que foi fundador e principal redactor, teve a collaberação de diversos collegas e de outros já formados. Presentemente collabora na Republica, orgão do club republicano académico. Arthur Rodrigues da Rocha, pag. 342 - Escreveu mais : - A filha da escrava : drama em tres actos, de grande propaganda, expressamente escripto para Julieta dos Santos - Não sei si foi impresso ; foi levado á scena no theatro S. Luiz, da côrte, a 20 de setembro de 1883, e o annuncio do espectaculo chama a attenção do espectador pira aquella peça, considerada o primeiro drama de propaganda' e em que o autor discute largamente a lei de 28 de setembro de 1871. Augusto Cezar de Miranda A zevedo, pag. 350 - Accresce a seus escriptos : - A França e a Allemanha : resposta á Allemanha e á França, por A. C. M. A. 20 pags. in-8°- Sahiu sem frontespicio, e sem d claração do anno e logar da publicação, que foi no Rio de Janeiro. Aureliano Cândido Tavares Bastos, pag. 371 - A Opinião e a coroa sahiu sob o pseudonymo Philemon e o titulo « Jornal de um democrata, I » em 1861. Sob o mesmo pseudonymo e titulo sahiu: II. A comedia constitucional. Rio de Janeiro, 1861 - São dous opús- culos in-16. A Carta ao conselheiro Saraiva é a que se publicou sob o titulo « A situação e o partido liberal». Bernardo Alves Carneiro, pag. 407 - Ainda ha de sua penna a traducção dos - Elementos de geometria por A. A. Legendre com additamentos e modificações de M. A. Blanchet, traduzidos sobre a 25a edição. Rio de Janeiro, 310 pags. in-8.° Bernardo Jacintlio dn Veiga, pag. 410- Escreven mais: - Exposição feita na qualidade de presidente da província de Minas Geraes a seu successor, etc., no acto de sua posse. Rio de Janeiro, 1843, in-4.°