M32JORIA SCBRE A CANELA DO RIO DE JANEIRO E.A.Gomes hG-J Rio de cianeiro ±£©9" ,».*■ RIA G Àr^N % L^L A R I O \Q £ J A n/e I R O OFFERECIDA .i AO /v PRÍNCIPE DJ^BRAZIL NOS^SO SENltOR PELO \pOf DACAMARÀ \ CIpADE NjO ANNO DE 1798. KIO DE JANEIRO. 1809. NA IMPRESSÃO REGIA. Per Ordem de S. A. R. .•;* m effeito apesar da ambiciosa vigilância da Companhia Hollandeza já hoje se encontra es\a preciosa arvore expatriada na Ilha de Frmça CO » na Martinica (2), em Cayea- (1* Aublet." Hist. des plant. de Ia Guiar.e Franc. t. 1. p. 3^2. (2; Jacquin seleot. stirp. Araeric. Hist. p. 117 e ji8. 8 naCO» Guadalupe, Granada, S.Vicente (a), na Ilha do Príncipe , São Thome C3) »e Bra- Na Bahia vi algumas Canelleiras, e mi assegurarão, que havia mais; no contorno pj i-ém do Rio de Janeiro ha muitas. Passa segil ramente de cem o numero das que havia trt legoas em torno desta Cidade antes das novíss mas, e sabias providencias, que o Conde Vic< Rei tem dado para promover a cultura dest inaprecivcl arvore. ' ■ t»! Quasi todas as antigas, (4) plantadas coíi indiscrição., e tratadas com negligencia, pel ■altura e grcssura dos troncos , e pela multiplic dade e grandesa dos ramos parecem bem idosas muitas sem duvida datão a sua existência d< tempo dos Jesuítas * e a opinião popular dá; estes: a gloria da íntrodticção desta arvore n BraisL- mas seja bem , ou mal fundada a dit •cpiniã®^ he certo que ella he exótica no Ri de Janeiro.; pois não se encontra senão nos h gares cultivados. **. si.; Üígív .»!'•) í-.J£ ■;> .•* ■ . 3?. ■■'•.,. ■■■!' r. .,.■ ■; '■'-' )a\ r.- ; *-■'<■ (O Auhlet. no 1. c. . (s) Dossiês Mem. dTAgricult. t. 3. p. 10$. , (3) Pelos Officiaes da^Nau Vasco da Gama, t[\\( d'ali voltarão em 179Ü, obtive noticias e amostfls & Çanella daquellas duas Ilhas. (4) Só destas he que trato nesta Memória. D Descripç&o da Canelleira do Rio de Janeiro. X-i Sta arvore he de medianna altura. As raizes são lenhosas, mociças, ramosas, e desvairadamente tortuosas; a casca escabrosa , e de cor vermelha escura , tem cheiro d* alcan- fôr, que se conserva na raiz ainda depois de seca, e hum sabor aromatico , particular, acti- vo, que se percebe immediatamente que se mas- tiga , e que termina por huma sensação parti- cular de frio. A parte lenhosa he insipida, e ino- dora. O tronco , que nas mais excelsas, e nutri- das terá quasi três pés de diâmetro , não se con- serva indiviso até grande altura; commummente na de seis ou oito pés começa a lançar grossos ramos, vagos, e patentes, que se subdividem em outros e outros desvairadamente , menos nas ul- timas divisões, que são oppostos. A casca desta arvore he externamente cinzenta , deslavada, ás- pera , e gretada, principalmente para a base do tronco, onde terá de grossura meia polegada, ou mais; nos ramos he mais tênue na razão in- versa da idade; e nos renovos, e extremidades dos ramos lie de côr verde. Quando recentemen- te extrahida, e antes de preparada tem pouco cheiro, e hum sabor adocicado , e adstringente , mixto com o aromatico da Canella; preparada, e não secca, perde quasi inteiramente a parte 1° adstringente do sabor , e conerva o resto , que fica mais agradável ; preparada, e secca he d'huma cor vermelha desmaiada, ou mais clara que a dalndia; tem o cheiro, esabor da Canella daquelle paiz , mas emgráo muito infe- rior, e chega alguma a fazer-se inodora, e qua- si insipida. O lenho he compacto,. de cor ama- ", rellada, insipido , e inodoro. As folhas são pendentes, coreaceas, ovado- . oblongas, agudas, inteirissimas , lisas em ám- .] bas as faces, lustrosas, e d'hum verde mais es- I curo na superior, venosas, e com três (^ e ás * vezes sinco) nervos longitudinues, dos quaes >'. os lateraes se apagão antes de chegar ao topo, « sustidas por hum curto peciolo, e quasi oppos- j tas, são cupiosas, particularmente nos terrenos '\ areen?:os, e humidos ; nestes mesmos adquirem ellas maior amplitude, chegando algumas a ter quatro polegadas de comprimento sobre duas e mais de largura junto da base. Estas, quando sazonadas , e colhidas em tempo secco , exha- lão machucadas na mão o agradável cheiro da . Canella , e mastigadas tem o sabor da Canella da índia , he ao principio adocicado, e instan- taneamente se muda em hum grato aromati- co muito vivo, próprio da Canella, com algu- ma mistura d"amargo; quando hum pouco sec- cas, he menos agradável, mas mais activo o sa- bor ; muito seccas porém apenas retém as suas qualidades sensíveis. A inflorecencia he quasi umbrellada; das II axillas, çmais commummente do topo dos novos ramos nasce hum pedunculo ( ás veses dois, e três) que a liuma , ou duas linhas de compri- mento lança dois pedunculos quasi oppostos, e a outra igual distancia mais acima lança outros dois, que cruzão os precedentes; todos qua- tro, e opedunculo commum alongão-se depois. íeis, oito, até doze linhas, sem lançar pedun- culo , ou flor; depois lanção dois, ou três pa- res de pedunculos quasi oppostos , longos , e birrenquios, que terminão em liuma flor soli- tária interposta a dois pedunculos oppostos tri- ílóros; os pedunculos immediatos ás flores não são maiores que as mesmas flores. Todos os pe- dunculos são munidos de bracteas da mesma feição das folhas; differem só em serem de cor verde muito alvadia, e caducas; As flores são todas hermaphroditas, e tem hum cheiro hum pouco enjoante. Cal. nullo , a não querer dar este nome á Corolla. Cor. pallida, monopetala, interna e externa- mente cotanilhosa , campanulada, de seis péta- las , ovadas , agudas , e alternadamente mais interiores, e hum pouco menos amplas. - Estam. Filetes nove espatnlados, mais curtos que a Corolla; seis mais exteriores são incur- vados, e apegados á base das pétalas; três mais interiores, levantados, e apegados ao recepta- ■€ulo sohresahem aos outros, e estão de.livel, e contíguos aopistillo. Antheras doisloculos tpol- 12 leníferos, lineares, e oblíquos em hum» c o^ tra margem da extremidade do filete. Glandi Ias duas, pequenas , amarellas, afrechadas, ofc. tusas, levantadas, e canaliculadas interiormen, te , quasi rentes, e apegadas hum pouco exre« riormente aos lados década hum dosriletes maii interiores. Nect. três, pouco mais compridos que si glândulas , amarellos, afrechados , agudos, pe- ciQlados, sem sedas, alternos com os três esta- mes interiores, e immediatamente circunstan- tes ao germe. P/sr. Germe quasi ovado. Estilete filiformí, torruoso , averdongado. Estigma oblíquo , com presso , e alvo. Peric. Drupa molle, de côt azu! escura, d grandeza e da feição d'huma azeitona , encef rada pela base na Corolla, de cheiro, esabu balsamico tiraate ao do Louro. Sem. Noz , ou Caroço da figura da Druna tênue, e frágil, e unilocular. Núcleo còr ò rosa arroixado , dicotiledone. Floreceo em Fevereiro , e Março CO » novamente de Junho até Setembro. Os fructi da primeira florecencia só se achão madurt ■cTAgosto por diante, e os da segunda , pd que conjecturo, de Janeiro por diante. Pela descripção referida não padece da (?) E na Martinica. Jacq. L. C. iirvlda qne a Canelleira deste paíz he o Lotirei- i.ío Cinnamomo de Lin. Çi) Mas. qual será das rmclez variedades (a), que se contSo desta espe- ercie ? ;t A falta de sedas nos Nect. (3) he própria desta espécie? Ou desta variedade? Ou he ef- [f feito da degeneração delia neste paiz ? Será 1 tão bem por effeito da mesma degeneraçSo que ^ella fornece liuma Canella muito inferior á de rjCeylão? Não tenho dados bastantes para resolver uestas questões; ha porém sobejas razões para j admittira affirmativa da ultima. Adifferença do clima, e do terreno, a velhice destas arvores, a indiscrição e negligencia, com que as tem u plantado , e cultivado, o máo methodo, pelo ji qual extrahião , secavão , e guardavão a Canel- la, não serão outras tantas causas da notável r differença, que se observa ? Pelas averiguações , em que vou entrar, poderá melhor avaliar-se a influencia daquellas circunstancias. (1) Laurus Cinnamomum. Syst. Nat, (2) Murr. Apparar. Medic. t. 4- P: 3°o- (?) As sedas tãobera fâltão na Tanedade, que Jacq. observou, e descreveo. M Do Clima do Rio de Janeiro relativamente ás Canelleiras. J\. Discussão deste assumpto exige hum paral- leio do Clima de Ceylão, pátria mais notável destas arvores, com o do Rio de Janeiro. Eu não posso traçar bem este quadro, que depen-* de de muitas noções topográficas, e meteorologk cas daqiiella Ilha , que me são incógnitas; pelas poucas porém , que tenho , farei por orçar a dif- ferença dos dois Climas» e a influencia , que| pôde ter nas Canelleiras* . Ceylão não produz em toda a sua exten- são Canella igualmente boa; CO he cio. Campo da Canella que vem a mais preciosa do Com-' mercio (»> e he por tanto aquelle espaço da Ilha, que particularmente deve servir de termo de comparação: ora aquelle espaço, que se es- tende ao longo da Costa austral, eoccidental da Ilha desde Negambo até Galiieres £3}, está en- tre seis, e sete gráos de latitude Boreal: além desta proximidade da Equinocial, he denotar, que toda a Ilha he montanhosa ("4), e que o campo mencionado está em hum abrigo forma- ■ (1) Murr. L. C. p. «09. . .. . . ... (2) Bomare Dict. d'Hist. Nat. na palavra Cannel- lemate. * ■"(?) Bomar. L. C. (4) Dict. de Geograf. na palavra Ceylan. *5 do por duas montanhas, que demor&o huma aa Noroeste, e outra ao Stidueste, bem conheci- da pelo nome de Pico d'AdSo. (O Estas circunstancias fazem crer , que he muito quente o Clima, em que vegetão as ar- vores, que dão a melhor Canella do mundo. Se advertirmos agora que o Rio de Janeiro demora por vinte e três gráos de latitude Aus- tral , seremos forçados a convir, que huma plan- !ta indígena deNegambo, distante sete gráos da (Linha , ha de degenerar , se a removerem mais dezaseis gráos para o Polo, ou o que he o mes- imo , se a transplantarem no Rio de Janeiro. To* davia esta grande diffeiença apparente do clima , ique resulta da differença de latitude, he mui- cto minorada pela configuração deste paiz. Quem ilançar delle os olhos para o horizonte , não vê lera torno senão huma alcantilada serrania, que ose, eleva acima das nuvens ; o valle, que daqui -resulta , heem parte formado pela immensa ba- ahia, que serve de porto á Cidade, e o resto apor hum terreno muito baixo quasi de livel com aa água da bahia, mas coalhado d*outeiros, ou rmorros, que a tornão muito desigual. Hum paiz idesta feição deve suppor-se tão quente , como tinaccessivel aos ventos; e effectivamente o he muito mais, do que eta de esperar da sua latitu- -de, e talvez excedesse mesmo nesta parte aCey- u!'i ' . '■' ^i) Carta de Ceylão de Raynald. té lão, se meteoros, tanto quotidíanuos, como es^ tacionarios , não temperassem regularmente o ardor do seu clima. Felizmente succede , que quando o calor do dia nos mezes das calmas se aproxima d'um gráo, em que viria a ser tão in- commodo, como damnoso aos animaes, e vege- taes, isto he, junto do meio dia, começa a so- prar a viração do mar , que tempera os ardores do Sol, e que para tornar a temperatura mah igual, termina, ou enfraquece muito com o oc- caso deste astro; quando elle assoma na manhã seguinte , sopra de terra hum doce Zephiro, que suaviza o calor matutino, e dura até sei substituído pela viração do mar: com aquelle velejâo os Navios, quando largão deste abrigada porto, onde quasi nunca se experimenta vento algum tempestuoso, a não ser algum raro e momentâneo Sudoeste. Daqui vem que a temperatura geral do ar he talvez a mais igual, e uniforme, que haja em paiz algum do mundo, principalmente no tem po chamado Inverno, ou d'Abril até Setembro, estação em que as chuvas são poucas, em qiu oThemometro de Reaumur poucas vezes marq três gráos de differença em vinte e quatro horas; e em que o calor médio he de dezaseis gráos. No Verão succede ás vezes serem escassas, ou nullas as virações , ou vendavaes: o calei então he intenso; mas huma trovoada vesper tina, que he quasi quotidiana nesta estação Vem tanto mais forte, quanto assim era nece* «7 saria para dissipar a estagnação do ar , e pro» duzir a chuva , que na sua quédá refrigera , e purifica o ar; precipitando comsigo as exha- lações, de que a athmosphera estava infecta , e com que vai prestar-se o mais pingue alimen- to aos vegetaes. (i) Entreve-se bem , que esta doçura do clima ha de ser accompanhada d'lmma circunstancia, que he tão damnosa á saúde dos habitantes, como útil aos vegetaes; he esta a que domina nos paizes baixos, e quentes , isto he, hum certo gráo dehumidade , que gerando mil moles* tias de langor, em compensação cobre o paiz de huma perpetua verdura, fazendo florecer, e fructificar as plantas quasi sem estação ou tem- po prefixo. Em hum clima tal devia a Canelleira ye- getar tão bem , como se observa; mas creio , que para dar tão boa Canella como a de Cey- lão devia o calor ordinário ser ainda hum pou- co maior, como he talvez o daquella Ilha. Quan- to coopera o calor para beneficiar os óleos es- senciaes nas plantas aromaticas comprehende-se bem pelas recentes descobertas em Chimica , e Physiologia Botânica , e experimenta-se quoti- dianamente. Basta observar que as arvores mais odori- feras, como Canelleiras f Craveiros da índia, B (i) Rozier Courç. d^Agriculr. r8 e do Maranhão, Moscadeiras, etc. , são indí- genas dos paizes os mais quentes , e que na Europa mesmo as plantas aromaticas, como o Tomtlho , Alecrim , Alfazema, que são natü- raes dos paizes meridionaes," perdem muito doi 5, seus cheiros se são transplantadas das provin- „ cias meridionaes ás septentrionaes da Fran- a> Ça » CO » ou » o tuie vem a ser ° mesmo, se são cultivadas quatro , ou sinco gráos mais para o Polo. Do que fica ponderado segue-se, que hurn dos meios de beneficiar aqui a Canella, he fa-< zer as novas plantações nos lugares os mais quentes, ou mais abrigados, isto he , nos val- les , que todavia não sejão pantanosos, ou mui- to sombrios ; porém segue-se tãobem, que ella nunca será aqui da melhor, e que só se pode- rá ter desta, cultivando-se nas terras mais pró- ximas ao Equador, como Maranhão , Ilhas do Príncipe, e S. Thome , etc. Destas duas Ilhas vem prezentemente três sortes de Canella ; a da segunda, e terceira sor- te não differe na bondade, e habito externo da que actualmente produz o Rio de Janeiro; mas a da primeira sorte, a pesar de mostrar que na* quelles paizes está muito atrazada a cultura des- ta producção , e que portanto he susceptível de muito melhoramento, he ainda assim tão (O Rozier na Ob.jcit. *9 boa C não no habito , mas na qualidade ) como a melhor da China, ou pouco inferior á optima de Ceylão. ' He para notar-se, que esta Canella he mui* to mais grossa que a da índia, e que as outras duas sortes conterrâneas; que a sua quebradu- ra he menos fibrosa que a de toda outra, efaz ver huns pontos luzentes muito notáveis, que inculcão quanto lie rica d'hum principio gom- mo-resinoso , que rezulta talvez da inspissação, e an.algama da sua mucilagem, e óleo essencial: não he menos para notar-se que a sede desta gommo-resina não he na entrecasca, mas na mesma casca. O sujeito , que me fez ver estas três sortes da Canella, disse-me , que ellas erão fornecidas por três arvores differentes, rr^is eu creio que a sua fugitiva observação não he exacta , porque nas mesmas Canelíeiras do Rio se achão três semelhantes sortes de Canella: a chamada da primeira surte he tirada do tronco das Canelíeiras , e as outras duas dos ramos. Hum Capitão de Navios Portuguezes hum pouco lido , e curioso , e que tinha freqüen- tado muitos dos portos da índia , mesmo dos que pertencião aosHollandezes, asseverou-me, que estes extrahião a maior parte do óleo de Canella de huma sorte de casca tão rica delíe , que se podia tirar por expressão. Baumé obteve da índia huma casoa grossa de seis a oito li- nhas , muito rica de óleo semelhante ao de Ca- nella' e crê , que os Hollandezes empregavão Bii 10 esta para augmentar a copia do óleo de Canel- la. CO ^e fácil agora de dizer quaes sejão es- tas caseas , e porque os Hollandezes davão o óleo de Canella por hum preço , que não acha- vão lucrativo os que na Europa tentarão fa- zer a extracção do óleo da Canella do Com* mercio. Do Terreno do Rio dejaneiro relativamente á Cultura das Canelíeiras. XX Inda aqui cumpre fazer o parallelo deste terreno com o de Ceylão ; ou ainda melhor, com o do Campo da Canella. Este, pelo que nos consta, he areento, e jâz ao longo da Cos- ta austral, e Occidental da Ilha. Ora o terreno do Rio dejaneiro he pela mair parte argilloso, e particularmente os morros, que são quasi d' argilla pura: aqualidade pois deste terreno não he a melhor para a cultura das Canelíeiras, e deve em conseqüência contar-se entre as cau- sas dadegeneração destas arvores; não deve to- davia reputar-se como absolutamente incompe- tente ; porque , além do que a experiência aqui faz ver, em Ceylão mesmo dão-se, menos bem (i) Elern, de Pharm. p. 363, na verdade , em terreno argilloso £i); demais ha aqui muitas planícies areentas Qi) pingues e expostas ao sol, onde , quanto se pôde conje- cturar , recréscendo os benefícios competentes do cultivador, devem prosperar mais as Canel- íeiras. He a negligencia desta sorte de terreno hum dos deffeitos de algumas antigas plantações , a que se deve accrescentar o serem as habita- ções de algumas , alagadiças, ou assombradas por outas arvores circunstantes. He certo, e bem para notar-se , que se achão viçosas as Canel- íeiras , que estão em taes circunstancias, mas não he menos certo que estas circunstan cias são outras tantas causas da deterioridade da Canella neste paiz. Todas as plantas aromaticas, e muito mais as dos paizes mais qnentes, exi- gem hum terreno, que não seja muito humido , e a exposição ao Sol , para, se poderem desen- volver os princípios corante, e aromatico: á (l) Quo liberior, et quo siccior in arena aiba sta- tio, tanto maturior decorticatio arboris fieri potest ; hinc sub ea conditione jam anno qninto locum habet ; cura contra eae arbores solo humido argilloso crescentes aetatem septem, vel octo annorum, et arbores umbro- íis locis crescentes aetatem quatuordecim, quindecim , sexdeeim annorum requiranr. Murr. L. C. p. 300. (z) Estas me illudirão em outro tempo, e me nze- rão ^dizer que este terreno era em geral areento ; a inspecção dos morros, ^e novas observações me tem feito abraçar outra opinião. 21 sombra, e em hum terreno muito humido nu* trem-se, e se desenvolvem mais estas plantas, porque abundão mais de seiva, mas de huma seiva aquosa , e mucilaginosa , pouco própria pa* ra as secreções oleosas aromaticas, que aliás de- pendem muito do contacto dos raios do Sol (i); não deve pois parecer estranho que o sabor, e cheiro da Canella do Rio sejão tíbios, e se dis- sipem facilmente na exsiccação, porque o óleo essencial, onde residem aquellas qualidades , pe- la condição da habitação das Cauelleiras devia ser imperfeito , menos aromatico , e dotado de hum aroma mais fugaz. O que prova decisiva* mente estas assersÕes he ver que as Canelíeiras, que estão ern lugares humidos, e cercadas da outras arvores , como na Chácara do Rademacker em Andarahy , tem* as folhas d' hum verde es- curo , e cíao huma Canella muito pallida; pelo contrario as das Chácaras de D. Emerencianna no Campo de Santa Anna, do Escrivão da Câ- mara em Carahy etc. , que vegetão em terreno mais secco , e mais exposto ao Sol, tem as folhas de hum verde mais claro , e a Canella mais vermelha: o sa,bor das folhas colhidas em An- darahy enfraqueceo muito mais em três dias, que em oito o das de Carahy. Em fim da Chá- cara do defunto João Opman em Mataporcos, (O Fourcroy Eiçm, d'Hist, Nat, et CÜm. t. 4 v. to et 13, *3 cujo terreno he areento , e exposto ao Sol, ob- tive dois pedaços de Canella cultivada, e colhi- da ali havia quatro annos: era avermelhada , e de hum sabor adocicado, que terminava pelo aromatico da Canella , muito mais tibio na ver- dade que o da Canella da índia, mais ainda as- sás activo. Da Propagação das Canelíeiras. jl\. Multiplicidade destas arvores, que se ob- serva , tem sido effeituada meramente pela tran- pltfntação das que se achavão espontaneamente nascidas debaixo das antigas Canelíeiras. Este simples modo de as multiplicar, que ainda as- sim por negligencia, ou desconhecimento des- tas arvores apenas era praticado por hum ou outro , he hoje mais geralmente , mas quasi o único, que se executa neste paiz. Como porém são mui poucos os fructos desta arvore , que che- gão a vingar , e ainda destes são muito menos os que cahindo se acháo nas circunstancias-de. germinar, fica evidente que por este meio só não se pôde accelerar muito amultiplicação das Canelíeiras. Cumpre pois recorrer a outros meios; mas antes defallar delles convém notar, que as no- vas Canelíeiras só seencontrão debaixo cias an- tigas , que vegetão em terra coberta de mato, ou liervas agrestes , e que se conserva molle , e humida; jamais as encontrei em circunstancias 24 oppostas: vião-se sobre a terra as sementes ger^ minadas lançando a raiz, que s'embebia na ter ra; e o caule, que se elevava ao ar. Desta observação collijo, que amollesa da terra, a pouca sombra das hervas (*} e a hu- mida de consecutiva são favoráveis á germinação, e tenrura infantil da Canelleíra, ao menos nes- te paiz : e por huma razão inversa; que o ni- mio ardor do Sol, huma terra muito secca, e du- ra obstão á germinação, e crescimento da nova Canelleíra; daqui se deixa ver porque morrem muitas das novas Canelíeiras, quando-se desplan- tão para vasos; o Sol secca facilmente a pouca terra do vaso , e a planta definha , e morre. Quando pois se houverem de fazer semen- teiras , ou plantações em vasos , quizera que o cultivador nunca perdesse de lembrança quatro cousas: o tempo competente de semear; a ma- dureza, eperfeição dofructo; a eleição da ter- ra; e a cultura ulterior das novas plantas. O tempo competente de semear he, segun* do indica a Natureza, c da maduresa dos fru- ctos; isto he, no Rio, de Setembro até Dezem- bro , e de Janeiro1 até___ A maduresa do fructo pôde conhecer-se (i) Não pareça incoherencia louvar aqui a sombra, que tinha reprovado na habitação d*algumas destas arvores; fallo aqui da arvore infantil, ou em germi- nação , e acolá da ;;:!ulta ; os abrigos, que convém pro- cuiar psra aquella,, devem remover-se desta. *5 pela descrição que delle fiz; em quanto porém áperfeição he necessário advertir, que elleper-^ de a força germinante dentro em poucous dias (2) , que se tenha guardado , e por isso devem reputar-se menos perfeitos , ou fecundos os que estiverem colhidos há mais tempo. A eleição da terra será boa , se se empre- gar a que he natural, ou artificialmente pin- gue , e composta de húmus, e área fina. . A cultura da nova planta reduz-se a defen- de-la do nimio calor , e da nimia humidade ; quan- do reinar aquelle, convém circumvalar , ou mu- dar os vasos para hum lugar pouco exposto ao Sol, e rega-los; e quando dominar a segunda, construir-lhes hum abrigo , ou muda-los para el- le. Os vasos devera ser grandes, bojudos, e de boca estreita, por se não seccar tão facilmente aterra conteuda. Fica apoz isto manifesto o que convém fa- zer quando as sementeiras , ou plantações se hão de fazer na terra mesma dos prédios; re- volver bem a terra , prepara-la, se he preciso , pela addícção de outra, forma hum abrigo ás novas plantas; rega-las segundo o tempo , ou a necessidade, he em summa o que tem a fazer o cultivador, que quer beneficiar aCanelleira. He já sabido que esta arvore pega d esta- ca, e exaqui portanto hum meio de accelerar (i) lacq. na Ob. cit. p. 118. i6 ao infinito a multiplicação das Canelíeiras; meio tanto mais útil, e digno de por-se em pratica geral, quanto são poucos os fructos desta arvo-. re, que vingão , apesar de serem innumeraveis as flores. Sobre este ponto porém eu tenho pouco a dizer por falta d' observações , ou experiên- cias, que asminhat circunstancias me não per- mittíão fazer; apenas advertirei, que estacas grossas plantadas em JVlaío não pegarão , não sei se por ter sido a estação secca , se pela qualida- de das estacas , se pela impropriedade do tem- po % se por tudo juntamente; hum renovo po- rém , ou ramo de casca verde de palmo , ou pal- mo e meio de comprimento plantado no fim de Julho, pegou- Presumo pois, que , se plan- tarem d' estaca os renovos , ou extremidades verdes dos ramos em tempo competente, se lograráã pela maior parte. Eu não posso fixar este com toda a exactidão; mas julgo que se- rá de Julho até Outubro ; pois a Natureza , que então tem completado a obra da fructificação desta arvore , insinua que começa o tempo , era que se deve sollicitar da terra de qualquer sor- te a sua regeneração: a experiência referida, e a pratica do paiz com outras arvores, e arbus- tos fazem a minha opinião mais que verosimil. 2? Da Colheita da Canella. JOj Sta parte da cultura da Canella he aqui, geralmente fallando, amais defeituosa, que se pôde imaginar. Pelo que vi, mandando colher huma pouca, e pelo que se collige mesmo da inspecção das Canelíeiras, costumão os néscios- feitores, e debaixo da sua direcção os estúpidos escravos colher a Canella, fazendo sem escolha de tempo , e de parte da Canelleíra , mas- com^ mummente no tronco , humasecção ao soslaio na casca. Para avaliar os defeitos desta pratica, e comprehender a que he vantajosa , cumpre no- tar ; que a,casca desta arvore compoem^se de quatro partes, ou .tegiimentosconceutrkos vi-. sivelmente.distinctos: o primeiro, ou mais ex- terior hehuma tez cinzenta, que cobre o tron- co , e grossos ramos, e de que apenas se obser- vão rudimentos nas ultimas ramificações; imme- diatamente a este encontra-se outro , tenro , de cor verde, que se vê quasi nu nas extremida- des dos ramos: segue-se logo outro amarello , tirante a vermelho , e lenhoso , mais crasso, e mais frágil no tronco, mais fihroso nos antigos ramos, e quasi nullo nos mais novos: o ultimo , e mais interior he tênue , branco, e membrano- so ; encontra-se por todas as partes da arvore , em que ha casca. Os dois primeiros tegumentos tem hum sabor aromatico, e adstringente, que tornão a casca não preparada mends'agradavel; 18 e porHso na índia de costume se raspão, e clei- tão fora: daqui vem a cor e alizura da super- fície externa dos tubos da Canella, que vem daqnelle paiz. Esta operação he muito fácil, e pode praticar-se antes ou depois de descascar os ramos da Canelleíra; pareceo-me porém mais vantajoso faze-la depois. O terceiro tegnmen- to nos ramos tem mui pouco cheiro, ou sabor próprios, ambos os recebe do tegumento seguin- te: daqui vem, quanto a Canella clá índia he mais grossa, de tanto peor condição he repu- tada. Por este motivo , quando se raspar a casca, que for grossa, para a despir dos dois primei- ros tegumentos, cumpre proseguir naquellá ope- ração não só até tirar todo o tegnmehto verde, mais ainda até desbastar hum pouco do amarei- lo: no tronco porém he bemdifferenteménte: ras- pados os primeiros tegumentos, e em quanto fresca , he viscosa ao tacto, e tem htim sabor vi- vo , que conserva depois de Secca, eentão que- brada mostra humas cellulas cheias de gommo- resina , como fica notado. O quarto tegumento, ou entrecasca he a se- de principal do óleo essencial, e aroma da Canel- la: o cheiro e sabor o demonstrão, e ve-se mes- mo ,quando se corta a casca , pois logo que he ferido, recende a Canella CO- Se elle podesse (2) Herman tirou mais óleo essencial d'huma libra 10 facilmente obter-se separado, seria a mais ex- cellente Canella possível, mas pela sua tenui- dade, e adhesão ao terceiro tegumento he qua- si impraticável separa-los. Do que acabo de ponderar se ve* que pe- lo modo vulgar de colher a Canella se deixa fi- car a entrecasca adherente ao lenho , e se guar- da o que he quasi inerte. O melhor methodo de a extrahir , eque se pratica na índia, segun- do se collige da que de lá nos vem, he fazer secções parallelogramícas por meio de golpes profundos, ou que chegem ao lenho, dois cir- culares e parallelos, e em distancia arbitraria, e vários perpendiculares a estes: levanta-se de- pois com aponta da faca, epor hum dos ângu- los , a casca juntamente com a entrecasca; con- duz-se com geito aquella parte do instrumento entre .esta e o lenho de hum e outro lado ao longo dos golpes longítudinaes; destaca-se ultimamente hum dos pequenos lados do qua- drilátero ; e puxando então pela casca, esta se despega toda inteira, ficando o lenho inteira- mente nu. _____________*_______________—1----- de entrecasca , que de seis de toda a case». Dict. tat. tlu Coram. t. i. p. M9' s« De que partes da Canelleíra se deve colher a Canella, _D Omare diz que em huma Canelleíra , que j foi despojada da sua casca , esta se regenera, j e no fim de dois annos está azada para huma nova colheita (i). Segundo esta asserção po- deria esbulhar-se de toda a casca huma Canel- leíra, e não se deveria cortar ramo algum del- ia. A pesar porém da auctoridade deste sábio j Natiíralista , eu não posso persuadir-me que hum ramo, e muito mais huma arvore inteira dei- xe de seccar sendo totalmente descascada. He verdade que , cortada huma pequena porção de • casca , esta se regenera ; mas quem observar at- tentamente a fôrma da cicatriz , verá que esta regeneração he devida não ao lenho , mas á entrecasca , que lhe ficou adherente no lugar da ferida, e á casca círcunstante (V); e que no \ centro da cicatriz se acha o lenho secco , se a ferida foi grande, e este ficou inteiramen- te nu, ousem entrecasca. Ora, se se colher to- da a casca , como convém , ou sem se deixar a entrecasca, donde ha de emanar a nova (3)? (1) Dict. d'Hist. Nat. na palavra Cannelle. (2) Isto , que se observa nas Canelíeiras, succede igual/, < mente nas outras arvores. Rozier na Ob. cit. na pala- ' vra Bourelet. (3) Em Abril tirei de hum gtosso ramo de Canelleíra 3' Não se deve pois de huma vez descascar toda a Canelleíra , e deve economisar-se par- ticularmente a casca do tronco, a qual, se he colhida em Ceylão , não circula no Commer- cio, e he só destinada para a extracção do óleo essencial. Os ramos são as partes, que a devem for- necer ; estes porém não devem descascar-se na arvore, como insinua Bomare; devem ampu- tar-se primeiramente , como se pratica em Cey- lão ^i"). Nesta decotação porém só devem ser incluídos os mais grossos, e mais idosos, a não serem muito: os ramos delgados, e muito no- vos tem muito do tegumento verde, e quasi nenhum amarello, e por isso dão huma Canella immatura, mais adstringente , e menos agradá- vel. Estes devem reservar-se para os annos seguin- tes. Cumpre todavia poupar tãobem alguns dos grossos para ter sempre alguma semente ; pois esta he o mais'seguro garante da manu- tenção dos Canelleiraes. hwma zona de casca de três polegadas de largura ; em Setembro vi que não tinha aeccado ; porque brotou nas extremidades : mas não havia apparencia alguma de ha- ver ja , ou ter de haver regeneração da casca colhida. (i) Mttrr. no 1. c. p. 3o *• 32- ie qúe idade se deve começar a descascar as yyy' Canelíeiras* * ,-OObre este ponto diversificão muito osEscri-» ^J tores. Huns lhes assinão três annos , outros ^inco, outros sete , e outros mettem em linha de conta tantas particularidades, que a obser- va-las verse-hia bem perplexo qualquer noviço cultivador para se determinar a fazer a pri- meira colheita: eu porém penso que se pôde estabelecer huma regra geral , fácil, e segura. Como a preciosidade da Canella depende da do seu óleo essencial, he evidente, que sendo es- te humasecreção , como fica dito , aCanellanão pôde serboa , antes que aCanelleira chegue ao estado de perfeição; porquê só então he que a*, secreções podem ser perfeitas: daqui se se- gue que a primeira colheita da Canella não deve ter lugar, antes de se manifestarem os signaes característicos daquelle estado, ou o que he o mesmo , antes da primeira florecencia: com effeito, sendo nos vegetaes, bem como nos ani- maes, os órgãos da geração os últimos, que se desenvolvem , a perfeição de hum indivíduo des- tes dois reinos he marcada pelos signaes, que attestão a capacidade de se regenerar. " Depois da Canelleíra chegar ao seu es- „ tado demadureza C ou perfeição ) pôde com ,, servar-se até desasete annos, sem que a cas- „ ca perca nada da sua bondade , de sorte que 53 í, colhida em qualquer tempo deste período he ,, boa; masdepcis delle faz-se mais grossa, per- ,, de pouco a pouco o seu cheiro e sabor , e ,, toma o do alcanfor. CO» Daqui vem que tendo eu colhido no principio de Maio Canel- la d' humas antigas Canelíeiras C da Chácara de D. Emerencianna} mal se podia conhecer pelo cheiro e sabor que era Canella, a pesar deve- getarem aquejl*» arvo*es e«n hum terreno e si- tuação , segundo parece , adequados. Colhi no mesmo tempo ,em Andarahy Canella de huma arvore nova eimmatúrá, quevegetava em hum terreno humòso , e humido , e sombrio , e era incomparavelmente melhor. Quem não contará pois a velhice cias Canelíeiras actuaes entre as causas da inferioridade da sua Canella? Segundo os princípios, que acabo de esta- belecer , huma Canelleíra de trinta annos neste paiz entra na sua idade decrépita, porque ellas flcrecém aqui depois dos doze annos C^); pen- so porém que este termo se.remove pela poda, "que propuz na colheita da Canella , porque es- ta operação remoça as arvores, e beneficia os seus productos, como he sabido relativamente r C (i) Dict. portar, clu Coram. t. i. p. 445- O mesmo se observa no Rip , á excepção de ir-o tomar o cheiro ^rDecorticatio ad aetatem usque triginta annorum continuari potest. Murr. L. Ç. p. pi. _ 34 a muitos vegetaes tanto na Europa, como no Brazii. Que Tempo do anuo he mais próprio para a Colheita. Jl\. Casca da Canelleíra adhere em certos tem- pos de tal sorte ao lenho , que hc impraticável o despegalla sem a dilacerar > quando em outros se destaca inteira com suinma facilidade. Esta differente adhesão provém da differente copia de.seiva, que desce pela entrecasca CO; don- de secollige , que quando aquella he mais abun- dante , então he o tempo mais opportuno para a colheita. Ora como nas arvores, que não de- põe annualmcnte as folhas» he o brotamento dos gom.js e das flores o indicio de mais-rápida e copiosa ascensão deseiva pelo cerne, eregresso consecutivo pelos vasos seivosos da entrecas- ca CO, fica manifesto , que o tempo da colhei- j ta da Canella deve coincidir com, o da flore- cencia. Partindo destes princípios, e d'algumas experiências feitas de Fevereiro até oprezente, creio se pôde'fixar o tempo da colheita no Rio do principio de Fevereiro até o fim d'Abril, e de Julho até o fim de Novembro Cs)« Vejo bem (i) Brot. Comp. de Botan. t. i. p. 6. C2) O mesmo L. C. (3)^ Fora destes mezes não só he impraticável a ex- tração da casca , mas ainda esta tem menos cheiro e sabor. 35 que estas duas épocas nâo coincidem com as dá grande e pequena colheita, da Índia O), ma3 isio nada me embaraça , porque eu escrevo o que aqui observo, e que he coherente com a v rayão ; além de que a differente situação de Cey- lão e Rio de.Jantiro , e a ordem inversa das estações nos dois paizes poderião bem fornecer a razão de tão notável diversidade. A colheita deve 'Sempre fazer-se em tempo secco. Da Exsiccaç-ão da Canella. Jt 3 Aumé apoiado, na sua observação, e na au- thoiidade de Silvio, pertende que todas as par- tes dos vegetaes aromatkosseccadas ao Sol con- servão melhor as qualidades sensíveis, e virtudes, que seceadas á sombra. C£.) Segundo esta dou- trina , e a insinuação de Bomare Cs) sequei a hum Sol forte no meZ d'Abril huma pouca de Canella, que ficou sem cheiro, e quasi sem sabor. O mesmo succedeo,a duasoutras pessoas, que a seccarão da mesma sorte no principio de Maio. Sequei á sombra duas porções huma da mesma Canelleíra e outra dMiuma arvore mais nova d'Andarahy. Conservarão ambas as qualidades sensíveis da Canella da índia, mas * C ii (i) Murr. L. C. (2) Element. de Pharm, p. 6i, e oy. (3) L. G. / 36 em gráo muiro inferior; e apesar de estarem ao ar, tinhão hum leve cheiro de mofo. Sequei novamente a hum Sol brando outra porção de casca da primeira Canelleíra , nos primeiros dias tinha mais cheiro que a que seccavaá sombra,' mas ultimamente pouco diííeria da que tinha 6eccado ao Sol forte. Segundo estas observações. parece que o melhor methodo de seccar a Ca- nella no Rio de Janeiro he expondo-a no pri-.-i meiro dia a hum brando Sol, e depois conti- nuar a secca-la á sombra, mas em hum lugar secco e venrillado. Mr. de Cossigne, ex-Coronel, ou- viajou pela índia, fez muitas indagações botânicas, e esereveo sobre a cultura das especiarias a be- neficio dos habitantes das Mauricias , não foi mais bem succedido que eu na exsiccaçao c!a Canella ao ;oí : donde procede esta dissipação de cheiro e sabor da Canella no Rio, ellha de França, que se não observa em Ceylão? Pro- virá da differente variedade daCaneileir a? Mas Mr. Poivre , celebre Intendente dvas Mauricias, que dispendeo grossas somas em três expedições, para s- procurarem plantas genuínas das espe- ciarias da índia, e que as conseguio relativa- mente ao Cravo da índia, e Noz rnuscada , dei- xaria só. de obter a melhor variedade daCanel*' leira? Não berá antes o terreno e o clima, que faz degenerar a Canelleíra , e motiva a dissi- pação das guaíidades sensíveis da Canella no Rio, eMauricias? Dizem-me que M.r deCossi- 37 gn;- sempre consegtiio fixar o cheiro e sabor cia Canella por hum processo que eu não pen- so que seja praticado em Ceylão. Consiste em molhar a Canella , antes de a pôr a seccar, em huma branda aguâ de1 cal. Isto he huma imitação do que praticão os Moluqueses com o Macis e iMoz muscada CO talvez menos para fixar' o cheiro destas especiarias, que para a» preservar dos insectos que as carcomem. Da Arrecadação, e Exportação da Canella. K.J S Hollandezes depois deseccada a Canella costumavão enteixa-la em grandes armazéns; e quando a querião remetter para a Europa, met- tião-na em duplicados saccos, não de canhamo , ou linho , mas d'hum pantio que na índia cha- mão Gurijesakken ; a bordo cobrião este de pi-- menta, de sorte que não. ficasse'interstício al- ;' algum vasio. 00 Devemos quanto he possível imitar a pratica dos Hollandezes, que como i .experimentados.devem servir-nos. de modello . em quanto a observação não mostrar os incon- venientes, ou o melhoramento, que pôde ter nas*nossas mãos. * Devem-se por tanto ajuntar em molhos os (i) Bom. Dict. na palavra Muscacle, (2) Murr. L. C. p. 3°~ 3§ tubos da Canella: desta sorte evita-se qne .se quebrem; e porque fica huma menor suderficie exposta ao ar , exhála-se menos aroma : convém não menos encelleira-la em hum lugar mera- mente destinado a este uso ; por este meio pie- vine-se a dissipação do aroma, que se dissolve- ria no ar ambiente d'Íiu.ti novo lugar. AoGun- jesakken , droga incógnita neste paiz , pode subs- tiíuir-se o Algodão. Cóbrir-se-ha igualmente de pimenta a bordo dos Navios de transporte, porque, segundo dizsm, ei'a absorv? a humi- dade da Canella, e a faz nais excellente. CO Para este fim , e para terem mais.hum arii ;o de Cornmercio convém cultivar tãobem aqi.i a pimenta da índia CO» de que. quanto se pôde julgar sem ver a flor, já tem a planta na Chá- cara do Radamackér em Andarahy. Meios de melhorar as Canelíeiras antigas deste paÍ7r JTjlS Canelíeiras antigas são pela maior parte velhas, estão algumas cercadas d' outras arvo- res , e outras cobertas , e definhadas com plan- tas parasiticas. Cs) Já mostrei que a idade de- CO^O mesmo L. C. (a) rT-Ter nigrum. (4) Heiva do pissirinho "Z. Leranthus Americanus L. \ Barbas de velho =í Tillaridsia usneoides; vários Ca- raguatás =5 Tillandsia ligulata, polystachia > etc. 39 erepita destas arvores era huma das causas da dete- rioridade da Canella deste paiz. Fiz ver tãobem que as arvores que as cercão, as offendem com a sna sombra , e lhesubtrahem parte dos princí- pios seivosos, que ella havia absorver da terra; eque as plantas parasitic&s não sótrabalhão por exhauril'as da sua seiva; mas, por huma espécie de circulação de seiva entre ellas e as Canelíei- ras, a alterar a-índole da seiva destas. Daqui se collige , que seria vantajoso cor- tar , ou desbastar as arvores,, que as cercão ; altmpallas das plantas parasiticas, e poda-las, e até cortar algumas pçlo pé : este he o único meio de beneficiar as Canelíeiras decrépitas' porque as remoça. CO Das Utilidades da Canelíeira do Rio. I _[N Este ditoso faiz, onde, bem como por í toda a parte, he a negligencia dos habitantes na rasão directa da iiberalidade da Natureza, apenas as folhas desta arvore erão d'algum uso- preparavão com ellas huma agua aromatica, de que se não servião mesmo senão para jo^ar o entrudò. Tão pouca era a utilidade que tira- íO Depois da poda devem cobrir-se os tocos com o insuenro de S. Fiacro. Vê em Rozier s Unguent de S. Fiacre. =3 4° vão desta' arvore , que independentemente da Canella, porque alias he cultivada, e tão ce- lebre , he muito preciosa ainda por outros títulos. A raiz he riquíssima d*alcanfor. No fim de Maio colhi libra e meia e treze oitavas de casca da raiz de lnu.oa Canelleíra idoza , que yegetava em terreno humòso e liumido ; depois de lavada da terra e pizadu ? foi no dia seguin- te submettida á distiUaçáo ; obtive neste ensaio hum .óleo'amareliado , crasso ,-que adheria ás paredes do recipiente, e cite depois de esfriar se separou espontaneamente «em três oitavas d'alcanfor cor>ci-etcr, e meia oitava e quarenta e oito grãos de num óleo tênue aícauforoso , que depois se foi tornando mais e mais escu- ro até cor de vinho tinto. Em Setembro colhi duas libras e três on- ças de Casca de raiz d' outra Canelleíra idosa , que habitava em'terreno secco, e dois dias de- pois distillei-a a hum fogo bem graduado ; ex- trahi huma oitava de óleo alcanforuso , e qua- tro oitavas e seis grãos de alcanfor. O alcanfor CO ne da feição de assucar em po e he muito branco , quando puro e secco ; neste estado não diífere notavelmente no chei- ro e sabor do alcanfor das Botícas ; dissipa-se (i) Extrahe do vidro hum pouco , e deixa-o ao gr-, em pouco tempo se verá como o descrevo. > ào ar como este; he. mais leve que a agua, e ainda que parece indissolúvel" nella , comamni- ca-lhe o cheiro e sabor pela distillação ; dissol- ve-se instantaneamente no óleo essencial das folhas da Canelleíra; inílamma-se prontamente , e arde em chamma branca terminada em fumo espesso , sem deixar resíduo; dissolve.se noc>'eo alcaníorosoT do qual se precipita cristalizado em agulhas brancas transparentes dispostas em, fôrma de.peuna. O óleo alcanforoso he louro; tem o cheiro e saber de alcanfor com alguma mistura do cheire da Canella, quehe mui pouco perceptível; he mais leve que a agua , e sumwamente vo- látil. As propriedades deste óleo fazem crer que elle he da mesma índole do alcanfor da Ca- nelleira , de que, me persuado, que só differe na cor ,. consistência , é mistura de alguma pe- quena porção de óleo essencial daCanelia-; pre- sumo mesmo que a côr he accidental , e devi- da ao fogo , porque quando este he demasia- do , passa de louro a denegrido. A agua distillada', que remanece depois de ^ separado o óleo , he clara , e retém o cheiro e ' sabor d*alcanfor; na superfície observa-se hum laço oleoso branco , que julgo ser o óleo alcan- foroso natural. Segundo a primeita experiência, huma li- bra de casca da raiz da Canelleíra fornece, além da.agua alcanforada, duas oitavas e oito grãos d'dcahfor, e dois escropulos e quatro 4a grãos d' óleo alcanforôso; e pela segunda , hu- ma oitava e dois escropulos d'alcanfor , e hum escropulo e seis grãos d'óleo alcanforôso; e, tomando hum meio termo , huma oitava dois escrooulos e desaseis grãos d* alcanfor, e hum escropulo e desasete .grãos d'óleo alcanforôso; productos, que reputados como espero que ve- nhão a ser , fazem a cultura da Canelleíra muito preciosa , ainda quando nada valessem a casca , óleos essenciaes, etc. , que ella for- nece. No fim de Julho distillei vinte e nove onças de casca fresca de Canelleíra, e obtive huma agua lactescente, agradável; he doce e aromatica , e semelhante no cheiro r mas infe- rior, á agua da Canella da índia ; precipitou- se delia , como ainda se vê n'amostra , algum óleo essencial, do qual não posso offerecer hu- ma amostra; porque além. desta, huma só vez obtive copia bastante de casca para extrahir o óleo, e infelizmente succedeo ganhar em- pireuma. Este óleo he de côr d'ouro, mais pezado que a agua, e de cheiro e sabor co- mo o da Canella da índia, mas em gráo mui- to inferior. Das folhas extrahi por vezes óleo essencial em differentes proporções, sendo a máxima de desasete grãos por libra; do caput mortuum , ou resíduo obtive hum extracto aquoso, muito copioso Chumá onça por libra) de sabor salino e amargoso , que parecia goma pura, sendo de- 43 pois de secco , tenaz , e elástico , como esta subs- tancia : o óleo hê côr d' ouro , pouco mais pesado- qu? a agua ; imita alguma cousa no cheiro e sabor o de Canella; e presumo, que ainda se obterá mais semelhante , se se distilla- rermas folhas sazonadas, ou .as que começão a amarellecer. A agua distillada imita a da cas- ca , mas he menos agradável; e deixa sentir no fim hum sabor amargoso. Do fructo não -extraiu couza a*gn * a , por- que são t&o poucos os que chegão a vingar, que nem para hum ensaio se poderia ajuntar prezentemente quantidade sufficiente. Da Extraccao do Alcanfor , e Óleos da Canelleíra. JN Os meus ensaios usei de hum alambiqne .ordinário de folha de Flandres; o mao êxito ' porém d' alguns , e os defeitos de outros me fi- zerão ver não só os defeitos da quelle vaso, mas tãobem que á extraccao do alcanfor he necessário hum alambique differente do que ? convém para a distillação dos outros óleos da Canelleíra. Hum defeito geral e notável dos alambiques ordinários he ficar 0 que -se pertende destiUar ern coiitacto immediato cem o fundo ao vaso ; daqui vem que se aquella matéria he viscosa, ainda que o fogo não >ej? forte, contrahe em- pireumà logo no principio da operação , comO 44 algumas vezes me succedeo na distillação do al- canfor , e dos oleôs da Canelleíra. Na distillação do alcanfor notei que se se renovava a miúdo a agua do refrigeratorio, de sorte que estivesse sempre fria, parte do alcanfor ficava apegado a^ capitei e bico do alambique , donde eraditucil colligi-lo. Pelo con- trario com os outros óleos essencíaes , a não se conservar bem fresco o capitei e bico , per- dia-se huma grande parte do aroma. Todos estes inconvenientes evitão-se como he fácil d'antever, se para a distillação dos óleos da ca?ca e folhai se usar d'hum alambi- que feito pela norma do que confusamente des- creve Aublet na nona Memória annexa á sua Flora da Guianna. CO Para obter porém o alcanfor cumpre em- pregar hum alambique, cuja cucurbita seja da.çonstrucção da de Aublet, que tenha hum bico curto , e dois refrigeratorios, hum no ca- pitei , onde a agua deve estar sempre tepida , e outro em roda do recipiente, onde deve es- tar sempre fria. A fôrma dos recipientes deve tãobem ser differente para facilitar a separação do alcanfor e óleos das águas dístilladas. Por- que o alcanfor á proporção que cahe no reci- piente vai-se apegando ás paredes, donde com (O Hisr. des plant. de Ia Guiane Franc. t. 2. [p. 023, etc. 45 difficnldade se obtém todo , sendo este vaso bojudo , e de collo estreito. O recipiente ma- lhor para o alcanfor seria hum vaso cylindri- co , cujo bocal fosse do mesmo calibre do va- so ,. mas que tivesse huma tampa d' encaxe susceptível cie se grudar , e vasada no centro com seu collo como o dos frascos, He bem perceptível que com hum «emelhante vaso se pôde separar facilmente iodo © alcanfor: fi- nalizada a distillação , desgruda-se a tampa do recipiente , e com huma colher , ou com o. funil de vidro collige-se todo o alcanfor e óleo, que anda boiando, e despejada aagua , raspa-se com huma faca o que resta adheren- te ao recipiente. Para os óleos essenciaes deve o recipiente ter hum fundo concavo internamente e in- versamente conico. A indole delles he.o que exige esta particularidade ; porque como o seu pezo especifico he hum pouco maior que o da agua , á proporção quepassão para o recipiente assentão jpela maior parte no fundo * mas quan- do se vão a separar por meio do funil de vi- dro , parte boia , parte se precipita , e parte fica quasi indecisa , o que faz esta manipula- ção enfadonha, e muito prejudicial á quan- tidade e qualidade destes óleos. Para obviar a estes inconvenientes propoz Baume a 'conge- . jação CO'' mas esce meio seria imParticavel (i) Elem de Pharm. p.~364- 4« neste raiz. Eu tenho achado hum methodo tão simp;es como fácil; consiste em deixar assentar no fundo do recipiente todo o óleo Ce por isso queria que elle fosse hum cone con- cavo e inverso); se algum fica boiando, faz- s-í precipitar agitando hum pouco o vaso ; tras- fVga-se depois a agua por meio d' hum sifão muito tênue de vidro , ou por huma seringa ou borracha , que tenha hum bico de muito pequeno calibre ; por este meio resta ©. óleo no fundo com huma diminuta porção de agua , a qual se pode te a machina , que este oleo tomado com ,, assucar. ,, CO Boerhaave não conhecia em toda a matéria medica hum mais poderoso re- focillante CO » talvez não haja ncbem hum afrodisiaco mais certo ; as Georgianas , e In- diannas de constituição fria tomão-o com van- tagem para favorecer seus impotentes desejos. C3) A identidade deste com oleo da -nossa Ca- nelleira determina a virtude e usos do desta; não se deve porém esperar tanta efncaciá , por- que lhe he -muito inferior. A agua distillada da, nossa Canella he mui- to agradável; e póde-se substituir á da Canel- la da índia no uso ordinário. O oleo das folhas aproxima-se tanto do da casca , que são d' esperar delle virtudes aná- logas as deste: eu suspeito mesmo que os Hol- landezes augmentavão com a mistura daquelle a quantidade deste. O parallelo dos óleos deve igualmente ap- plicar-se ás águas distilladas. As folhas da Canelleíra podem além disso usar-se como tônicas e discussienr.es nos ba- inhos aromaticos para os casos, em que estes são indicados, como edemas, hydroceles, etc.: D (1) Bom. L C. (a) Murr. t. 4. p. jii* (3) Bomar fc, Ç, *6 a sua perennidade dá a este. remédio huma vantagem para o us® trivial. Sobre os usos da Canella do Rio escuso de me demorar: são geral, e sobejamente co- nhecidos os da Canella da Índia , e nos mes* mos se deve em pregar a do Rio; mas como ella he muito mucilaginosa , e pouco aromati- ca , pode dar-se em maiores dozes , r com vanta- gem em alguns easqs ; como refocillante po- rém devem esperar-se1 effeitos proporcionaes á sua bondade. Appendice. J-Lludido pela Estampa deSonerat CO julguei pela simples apparencia que o Craveiro do Rio; era idêntico com © da índia CO * porém de- pois que pude examinar as flores efrueto, co- nheci que era o falso Craveiro C3); cliffere po- rém do que descreve Jacq. C4^ em ter menos sementes em cada baga C d' huma até quatro ) » em não ter cheiro algum na casca do tronco , e em ter as folhas obovadas sim, mas tãobem pontudas; no resto he idêntico: o que consti- tue estas duas arvores quando muito variedade* da mesma espécie. Deste falso Craveiro só se usãó aqui as bfr gas , que acertadamente colhem verdes , porque (i) Voyiges a Ia neuve Guiane. (2) Caryophyüus aromaticus L. (3 Myrtus Carvophyllata L. (4) Obs. Bot. então assemelhão-se niais no cheiro e gosto ao Cravo da índia ; mas se em vez da baga- colhes- sem o botão da flor , como se pratica com o Craveiro da índia , obter-se-hia hum melhor suoplemento áquella especiaria. O botão tem no calis hum cheiro muito fragrante e suavíssimo, e sabor mais delicado que a baga. Se , colhido este, e depois de secco se guardasse em vasos de vidro bem arruinados , penso que teria acei- tação no Conimercio , e poderia mesmo con- correr com o da índia. Estando muito tempo ao ar , perde muito da sua fragancia , mas ainda aisim esfragando-o entre os dedos , ou mas- tigando-o , mostra o cheiro e sabor de Cravo. No Convento do Carmo desta Cidade ha huma arvore , que se crê ser huma legitima Muscadeira. O Padre Sacriütão-mór, homem de probidade , permittindo-me vê-la , disse-me que mandando-se buscar a huma Botica , Nozes m.iscadas, viera huma grellada , a qual plantada cresceo , formando huma arvore alta , que a pe- sar de ter iá oito annos ainda não deo flor, Da Muscadeira de Cabo-Frio não tenho podido conseguir novos conhecimentos; seria porém bem útil que se fizessem todas as ave- riguações que pede hum tal vegetal, para que a Nação se utilizasse mais desta e outras prodtic- çoes vegetaes .que oBrazil encerra em pura e vergonhosa perda dos Portuguezes e Brazileiros. F I M. * f