fT^ese MIO» Dl MEDICINA Dí BAHIA THESE APRESENTADA Á FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA EM 30 DE OUTUBRO DE 1903 PARA SER DEFENDIDA ^OR «ario Sardoso de Cerqueira Natural do Sacado da Bahia (Feirada SanfAnna) AFIM «OBTER 0 GRAU DE DOUTOR EM MEDICINA 19issertação CADEIRA DE CLINICA PEDIÁTRICA Prophylaxia alimentar da primeira infancia Proposições Tras sobre cada uma das cadeiras do curso de scien- cias medico-cirurgicas BAHIA IMTHO*TYPOGRfIPHIfI DE ALMEIDA & IKMAO 37-BUA DA ALFANDEGA- 37 1903 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Director, Dr. Alfredo Britto Vice-Director, Dr. Alexandre E.de C. Cerqueira LENTES CATHEDRATICOS Os Illms. Srs. Drs. : Matérias que Lbccionam José Rodrigues da Costa Doria Historia natural medica José Olympio de Azevedo Chimica medica José Carneiro de Campos Anatomia descriptiva Antonlo Pacifico Pereira Histologia Manoel José de Araújo Physiologia Augusto Cezar Vianna Bacteriologia Antonlo Victorlo de Araújo Balcão Matéria medica. Pharmacologla e Arte de formular Guilherme Pereira Rebello Anatomia e Physiologia pathologicas. Aurélio R. Vianna Pathologia medica Braz H. do Amaral Pathologia Cirúrgica Fortunato Augusto da Silva Operações e apparelhos. Carlos Freitas Anatomia medico-cirurglca José Eduardo F. de Carvalho Filho TWrapeutica Deocleciano Ramos Obstetrícia Hygiene Raymundo Nina Rodrigues Medicina legal e Toxicologia Alfredo Britto Clinica propedêutica Alexandre E. de Castro Cerqueira Clinica dermatológica e syphili- graphica Antonlo Pacheco Mendes Clinica cirúrgica-i.a Cadeira Ignacio M. de Almeida Gouveia „ " 2.» Anisio Circundes de Carvalho Clinica medica-1.a cadeira Francisco Braulio Pereira " " 2.a Francisco dos Santos Pereira Clinica ophtaímologica Frederico de Castro Rebello Clinica pediátrica Climerio Cardozo de Oliveira Clinica obstétrica e gynecologlca João Tillemont Fontes Clinica psychiatrlca e de moléstias nervosas Luiz Anselmo da Fonseca João E. de Castro Cerqueira Sebastião Cardoso Em disponibilidade LENTES SUBSTITUTOS Os Drs: ía Sec. Gonçalo Moniz S, de Aragão 2a '• Pedro Luiz Celestino ja " Josino Corrêa Cotias Ja " 5a '• J. A. G. Fróes 6a " Os Drs: Pedro L. Carrascosa 7» Sec. José Adeodato de Souza... 8»- " Alfredo F. de Magalhães 9»- " Clodoaldo de Andrade 10^ " Carlos Ferreira Santos... i;a " 12* " Secretario, Dr. Menandro dos Reis Meirelles Sub-Secretario, Dr. Matheus Vaz de Oliveira A Faculdade não approva nem reprova as opiniões emlttidas nas theses que lhe são apresentadas. ERRATA Pag. 5 linha 17 onde se lê:-na primeira phase da vida, leia-se:-na primeira phase da vida; Pag. 16 linha 16 onde se lê:-movimentos brownianos todavia Joly e Filhpl, leia-se:-movimentos brwonianosy todavia Joly e Filhol. Pag. 20 linha 19 onde se lê:--tfbs primeiros dias após, o nascimento, leia-se:-nos primeiros dias após o nasci- mento. Pag. 21 linha 24 onc^se lê:-que a aleitará, leia-se:- que o aleitará. Pag. 47 linha 8 onde se lê:-proceder á, leia-se:- proceder a. Pag. 55 linha 2 onde se lê:-restabellecer, leia-se: - restabelecer. Pag. 64 linha 8 onde se lê:-preferencia a cabra, leia-se:-preferencia á cabra. Pag. 64 linha 4 onde se lê:-Apezar, leia-se:- Apesar. Pag. 65 linha 3 onde se lê:-ao leite, propriedades, leia-se:-ao leite propriedades. Pag. 66 linha 24 onde se lê:-dizia Hervieu, leia-se: -dizia Hervieux. Pag. 86 linha 26 onde se lê:-Querin, leia-se:- Guerin. Pag. 87 linha 3 onde se lê:-administrativos: leia- se : -administrados. Pag. 88 linha 19 onde-se lê:-esterilisação antes, leia-se:-esterilisação, antes. Pag. 92 linha 25 onde se lê:-decrescimento, leia-se: -decrescimento. DISSERTAÇÃO Prophylaxia alimentar da primeira infancia CAPITULO I Iniciando -Neve accepta minus spumantis copia lactis:. N^triit infantem; sénior bene lacte valebis. LeÃo XIII. Epistola a Fabricio Rufo. No amplo domínio da Pediatria é a hygiene alimentar da primeira infancia o ponto que óe noó afigura de maior importância e carecente de toda a noóóa attenção. Ao lado da cultura moral e intellectual, devem eótar aó regraó que preóidem ao deóenvolvimento phyóico doó homenó, daó quaeó dependem o futuro doó paizeó e a óegurança daó geraçõeó. Na infancia ou melhor, deóde o berço é que devemoó iniciar a obóervancia rigoroóa e metho- dica deóóaó regraó que aóóentam naó óabiaò preócripçõeó ócientificaó, óanccionadaó pelo tempo. 4 MARIO CERQUEIRA Oò factoó que, não obótante a noóóa diminuta pratica, temoó obóervado em numero não pequeno e maió ainda o cotejo de variaó eóta- tióticaó que hemoó conóultado, levaram o noóóo eópirito a não penóar de modo diveróo, porque atteótam clara e evidentemente que, na maioria doó caóoó, é aoó deóvioó da alimentação infantil que ôe deve attribuir a fonte de onde promanam todoó oó maleó que flagellam aó criancinhaó. O menino tendo rápido deóenvolvimento noó primeiroó tempoó da vida, é mióter que nelle pre- domine o movimento aóòimilador ao deóaóóimi- lador, afim de manter-óe a eótabilidade biologica. Attenta, porem, a grande "fragilidade do appa- relho digeótivo ainda não habituado áó óuaó func- çõeó, importa fugir ao emprego de alimentação imprópria, óuperabundante ou deficiente, para evitar o apparecimento de proceóóoó morbidoó, rebeldeó de combater, ou o aniquilamento da vida deótaó creaturinhaó, rióonho enlevo do lar. Não padece duvida que as gastrites, as ente- rites, as colites, as gastr o-enterites, as entero- cotites, e aóôim o rachítismo e a escrofulose, que encontram neótaó deóordenó a maior óomma de contingente, têm a óua etiologia na inobóer- 5 MARIO CERQUEIRA vancia doó preceitoó que devem reger a hygiene alimentar infantil. Devemoó, poió, aconóelhar o maior cuidado na alimentação da primeira infancia a qual óerá apropriada áó neceóóidadeó da criança e ao eótado de fragilidade doó óeuó orgãoó digeótivoó para óalvaguardar o funccionamento harmohico do óeu organiómo. Preócrevendo o leite, que, alem de óer facil- mente digerido e abóorvido, é aóóimilado quaói óem óoffrer modificaçõeó importanteó, teremoó óanado todoó eóteó maleó. Só o leite, o chylo puro de Icard, «o alimento completo» onde óe encontram aó óubótanciaó azo- tadaó, aóóucaradaó, gorduroóaó e mineraeó indió- penóaveió á nutrição, deve óer ingerido peloó meni- noó, na primeira phaóe da vida, aóua adminiótra- ção, porem, eótáóujeita a regraó que releva óejam conhecidaó doó que lheó diópenóam cuidadoó. No intuito de preencher taeó condiçõeó é que eócrevemoó o noóóo humilde trabalho, conócio de que terá bom acolhimento na benevolencia doó meótreó que o vão julgar. Satiófazendo, poió, ao cumprimento de um dever impoóto pela lei, diremoó : « Si desuni vires, tamen est laudanda voluntas.'») CAPITULO II Aleitamento natural O aleitamento natural conóióte na alimentação excluóiva da criança pelo leite da mulher mãe ou de uma nutriz, até que outroó alimentoó poóóam óer ingeridoó; d'ahi a óua divióão em aleitamento materno e aleitamento mercenário. Por óer o primeiro o que impõe a natureza, o melhor á luz da moral e da hygiene, todaó ãó vezeó que reóultem vantagenó para o filho e não haja incohvenienteó para a mulher, torna-óe neceóóario que o deóenvolvamoó em primeiro logar. A nutrição da criança é o leite e a do recem-nascido o de sua própria mãe. Rouvieb. Deóde aó epocaó maió remotaó proclama-óe a óuperioridade do aleitamento materno, bene- 8 MARIO CERQUEIRA fico não óo paca a criança maó também para a óua progenitora que deve aleital-a, quando contra-indicaçõeó formaeó não a impoóóibilitem, vencendo oó óeuó caprichoó, oò óeuó habitoó, abandonando aó exterioridadeó do lar, e vigiando carinhoóamente quem já óe nutriu de óeu óangue e que ora reclama cuidadoó e deóveloó. O aleitamento, dizia Levret, completa a geração e Icard muito bem óe exprime naó óeguinteó palavraó: (Lser mãe não é somente dar á luz o pequenino ser, e sim nutrido com o seu proprio leite». O facto de ser mãe, refere ainda eóte auctor, traduz-se por tres actos: no primeiro ella nutre o filho com o seu sangue, no segundo com seu leite, no terceiro com os seus afectos. Infelizmente, porem, nem íodaó aó mulhereó interpretam aóóim oó devereó do óanto nome de mãe e, já por óe não furtarem áó exigenciaó da moda, já por evitarem aó fadigaó inherenteó ao aleitamento, já finalmente por óe não verem privadaó doó prazereó da vida, expoótaó a uma velhice precoce, entregam aoó cuidadoó de outra mulher e aos perigoó do aleitamento artificial eóteó óereóinhoó, por quem deviam óacrificar tudo para aóóegurar-lheó o futuro. MARIO CERQUEIRA 9 Outra cauóa que concorre para o meómo proceder, e com certeza a principal, é a vaidade, é o temor da extincção da belleza. Maó aó Georgianaó, que eram julgadaó aó maió bellaó mulhereó do mundo, não deixavam de aleitar oó óeuó innocenteó filhinhoó; o culto da belleza na antiguidade não impedia que aó Gregaó e aó Romanaó cumprióóem oó devereó de mãe. O aleitamento, em vez de produzir o offuóca- mento da belleza, o deperecimento da óaúde, evita o apparecimento de moleótiaó, é um meio therapeutico para certoó eótadoó pathologicoó e, maió do que ióto, cerca a mulher de óublimeó encantoó, au<qmentando a energia do óentimento materno, e fortalece oó laçoó de ternura que devem prender a ói o mimoóo óer que o amor gerou em óeu fecundo óeio. E óe motivoó imperioóoó óurgem que lheó tolhem o prazer de aleitar, reótam-lheó outroó meioó que requerem ainda maior óomma de vigi- lância e de affectoó para com oó óeuó filhinhoó. ^Mater est quce /actavit, non quce genuit.^ eócrevera Phedro, e affirma-noó o facto hióto- rico de um romano que, regreóóando de longa viagem, offereceu á óua nutriz preóenteó maió 10 MARIO CERQUEIRA cuótoóoó do que á óua mãe, lanç^ndo-lhe em face, como tributo do abandono a que o entregara quando criança, aó óeguinteó palavraó que a humilharam: tiveóte-me em teuóe.io durante nove mezeó por neceóóidade, logo que vim ao mundo, lançaóte-me ao abandono, ao paóóo que a mulher que me criou aoó peitoó me recebeu com óatió- fação, trazendo-me ao collo, e óuó tentando-me com o óeu leite durante treó annoó. Infelizeó eóóaó que não óabendo elevar o nome de mãe, óe veem aóóim humilhadaó e regeitadaó poróeuó proprioó filhoó! Mãeó inexperienteó e deócuidoóaó! óegui oó exemploó daó Sabinaó, que óe honravam com aleitar oó óeuó filhoó, de Cornelia, a mãe doó Gracchoó, que, moóIrando-lhe um e.xtrangeiro deóejo de ver-lhe aó joiaó, apreóentou óeuó doió filhinhoó amammentadoó por óeuó proprioó óeioó; procedei como a imperatriz da Allemanha, a qual criou aoó óeioó todoó oó óeuó filhoó e não óe voó aparte da mente que o meigo Jesus óe alimentou do leite materno e que durante óua alta mióóão cmprehendida na Judea e Galiléa lhe gritavam napaóóagem: ^Bemaventuradas as mammas que o nu- trir am^^ MARIO CERQUEIRA 11 Jamaió negueió o voóóo leite áquelleó que óão a recompenóa de voóóaó dôreó, e que óerão o doce e terno encanto do voóóo lar; aóóim proce- dendo, concorrereió alem de tudo para a dimi- nuição da lethalidade infantil cuja culpa recahe baótante óobre vóó. Feitaó eótaó óuccintaó conóideraçõeó acerca do aleitamento materno, entremoó propriamente no óeu eótudo. Com a concepção,a óympathia utero mammaria determina para o lado daó mammaó um augmento de vitalidade, uma congeótão óanguinea, um movimento gerador que terminará, conforme demonótraremoó, pela óecreção lactea. E' a advertência que faz a natureza á mulher, preóa deóte eótado, indicando-lhe que deverá alimentar o filho e o meio de deóempenhar eóta incumbência materna. De facto, em óeguida á concepção, durante todo o periodo geótativo, aó glandulaó mam- mariaó óão a óéde de um deóenvolvimento notável, devido á proliferação de óeuó elementoó, e aó mammaó vãoóoffrendo modificaçõeó importanteó que óe traduzem por mudança de cor, augmento 12 MARIO CERQUE1RA de volume, turgidez e por outroó caractereó que não mencionamoó aqui por não óe comprehen- derem na alçada de noóóa dióóertação. Noó ultimoó mezeó da gravidez e ao paóóo que óe approxima o termo da geótação, eótando quaói completaó aó tranóformaçõeó glandulareó, o óeio da mulher fornece pequena quantidade de um liquido viócoóo, óero-lacteócente, amarel- lado, que óe eócôa do mamillo aó maió daó vezeó, quando óe praticam ligeiraó preóóõeó, e que óe vae gradativamente augmentando e modificando até que, depoió do parto, appareça definitiva- mente a óecreção lactea. Eóte producto de óecreção daó glandulaó mammariaó é o colostro-, conótituido por liquido tranóudado do óôro óanguineo, por cellulaó epitheliaeó e por corpuóculoó do colostro. Normalmente do óegundo ao quarto dia apóó o parto, maió tarde para aó primiparaó, eóte liquido perde oó óeuó caractereó primitivoó e tranóforma-óe em leite. Eóte phenomeno é acom- panhado de óignaeó locaeó, conóiótindo em modificaçõeó para o lado daó mammaó e de óignaeó geraeó, que óão maió ou menoó intenóoó conforme aó mulhereó. Demonótrada aóóim a origem do leite materno, 13 MARIO CERQUEIRA occupemo-noó agora doó óeuó caractereó phy- óicoó, chimicoó e hiótologicoó. O leite é um derivado do óangue, cujoó prin- cipioó óão extrahidoó pelaó glandulaó mam- mariaó; apreóenta-óe óob a forma de um liquido opaco, de um branco azulado e de conóiótencia cremoóa. Seu óabôr é ligeiramente adocicado, óeu cheiro, sui-generís e óua denóidade varia, conforme a natureza e a quantidade doó ele- mentoó que encerra,entre 1026 e io35 pelo exame feito a i5° com o lacto-denóimetro mergulhador. Examinando-óe o leite da mulher em condicõeó phyóiologicaó, encontra-óe óempre uma reacção alcalina no momento em que é extrahido e compõe-óe de duaó parteó, uma óolida e outra liquida. A parte óolida em óuópenóão no leite é eóóen- cialmente conótituida por globuloó gorduroóoó ou butyroóoó, em cuja compoóição entram a mar- garina, a estearina, a butirina, a oleina, a caprina, a lecithina, "àpalmithina, e por granu- laçõeó dé caseína insolúvel; 00 globuloó óão o elemento caracteriótico do leite como aó hema- tias o óão do óangue. A parte liquida compõe-óe principalmente de agua, tendo emdióóolução differenteó óubótanciaó 14 MARIO CERQUEIRA como: a caseína, matéria azotada qne não óe encontraem outro liquido da economia, o aóóucar de leite, também chamado lactose ou ladina, a albumina, que no leite da mulher exióte em fraca proporção, óubótanciaó inorganicaó repre- óentadaó pelo phoóphato de cal, chlorêto de óodio, de potaóòio, phoóphato de óoda, de magneóia e de ferro, cuja quantidade, óegundo doóagem feita por Friedjung no leite de dezenove mulhereó, oócillou entre 3mg,52 e 7mg2i por litro, concluindo eóte auctor que o ferro auxilia baôtante o deóenvolvimento da criança. Finalmente encontram-óe ainda dióóolvidoó no leite gazeó livreó: acido carbonico, azoto e oxigénio. De óua analyóe concluimoó que o leite preenche aó condiçõeó de um alimento completo, por encerrar elementoó plaóticoó, comburenteó ou reópiratorioó, óaeô eoxidoó mineraeó diveróoó, aóóegurando melhor do que oó outroó uma boa nutrição para a infancia. No quadro abaixo, organióado por Icard, vêem-óe oó peóoó máximo, medio e mínimo, em mil grammaó, daó differenteó óubótanciaó que encerra o leite da mulher. MARIO CERQUEIRA 15 Substancias Maxima Media Minima AGUA goo, i o 881,64 849 CASEÍNA 39,24 27,146 27 MANTEIGA 43,43 32,63 i3 LACTOSE 76,14 52,43 36 ALBUMINA i3, 13, SAES 2,14 1,80 i,38 MATÉRIAS FIXAS 161 118,36 72, • A quantidade media de leite que fornece uma mulher em 24 horaó é de 1.000 á 1.200 grammaó; maó não óó a quantidade maó ainda a qualidade do leite podem variar conforme certaó influenciaó phyóiologicaó e pathologicáó, que adiante eótu- daremoó. O exame hiótologico do leite demonótra que oó globulos gordurosos óão eóphericoó, refringenteó e de contorno nitido, tendo "^0026 a ™moo35 de diâmetro, dotadoó, principalmente oó meno- reó, de movimentoó browmanos. Algunó auctoreó oó conóideram como granula- çõeó gorduroóaó deóprovidaó de membrana envol- tora; outroó, porém, e entre elleó Ascherson, affirmam a exiótencia de uma membrana albumi- noide, deóignada pelo nome de membrana hap~ 16 MA RIO CERQUEI RA togena, que óe evidencia por meio de reactivoó chimicoó, e que é deótruida pela agitação. Sinety vae de encontro a Ascherson, dizendo que não exióte eóta membrana noó globuloó do leite recentemente extrahido, não óe obóervando óenão quando óão eóteó alteradoó pela expoóição ao ar ou pela acção de agenteó chimicoó coagu- lanteó. Para corroborar eóte facto manda eóóe auctor que óe faça o exame, empregando-óe a óolução aquoóa de anilina, que não coagula oó albumi- noideó. As granulações de caseína óão viótaó ao microócopio óob a forma de pequenaó granu- laçõeó, dotadaó lambem de movimentoó brow- nianos todavia Joly e Filhol; negam-lheó a exiótencia e julgam-naó formadaó pela caóeina óoluvel, no fim de algum tempo da extracção do leite. Quando a criança tem de óer amammentada pela mulher mãe, a primeira óucção não óerá nem muito precoce, nem retardada, como antigamente era uóo, até o terceiro ou quarto dia, depoió de terminada a febre de leite. MARIO CERQUEIRA 17 Aó mãeó offerecerão o óeio á criança pela primeira vez, quando tiverem repouóado daó fadigaó do parto, podendo até óer prolongado eóte tempo a 24 horaó óem inconveniente para o recem- naócido que, naó primeiraó horaó de vida, não tem neceóóidade de alimentação, convindo deixal-o dormir o óomno reparador a que óe entrega apóó o naócimento. Com eóta pratica evitam-óe oò riócoó daó bebe- ragenó que adminiótram incondicionalmente aó parteiraó, a criança gozará doó effeitoó bene- ficoó do colostro e aó óucçõeó que pratica óerão uteió não óó para deóingurgitar aó glandulaó mammariaó, quando eótaó apreóentam grande actividade, maó também para apreóóar o appare- cimento do leite, quando demorado. Pode acontecer, porém, que a mulher eóteja muito enfraquecida, que tenha tido um parto exceóóivamente laborioóo ou que óeja tardio o affluxo do leite; neóteó caóoó, havendo neceó- óidade de retardar a primeira óucção, pode fazer-óe a criança ingerir pequenaó quantidadeó de agua fervida com leite de vacca na proporção de uma parte d'eóte para treó ou quatro daquella, até que óe poóóa realióar o aleitamento ao óeio da mulher. 18 MARIO CERQUEIRA Deógraçadamente oó conóelhoó que mencio- namoó aqui óão quaói óempre tidoó em menoó- preço e a ignorância, de mãoó dadaó com a rotina, infringe eóta proveitoóa preócripção. Apenaó naóce a criancinha, poóóa ou não a mãe aleital-a, fazem-na ingerir logo aó nocivaó óoluçõeó preparadaó com aóóucar, agua de flor, etc., ou então, o que é maiócommum, introduzem na cavidade buccal a claóóica pedrinha de assucar, embebida em vinho do Porto. E não pára ahi a ignorância: referiu-noó uma diótincta óenhora de noóóa óociedade, que, apóó o óeu primeiro parto, fora o óeu filhinho mergu- lhado em um banho de vinho pela parteira que illudira a vigilância doó que a rodeavam, óolicitoó em adminiótra-lhe oó cuidadoó requeridoó por um parto laborioóo e occorrido á noite. Que neceóóidade ha de tão flagrantemente contrariar a natureza, que preparou para o recem- nato o çoloótro? Eóte liquido é o unico apto ãó neceóóidadeó da criancinha: lubrifica a óuperfície interna do conducto inteótinal, facilita, por óua propriedade laxativa, a expulóão do meconio e não cauóa nauóeaó, vomitoó e colicaó, como a ingeótão pre- matura doó outroó liquidoó que citamoó acima. MARIO CERQUEIRA 19 A mulher, anteó de apreóentaro óeio á criança, terá o cuidado de lavar aó mãoó que o tocam e de locional-o com agua fervida, o que, alem de óer uma boa pratica hygienica, o torna maió húmido, maió acceóóivel á apprehenóão e menoó deó- agradavel Quanto á maneira pela qual óe deve dar o óeio á criança, aóóumpto de que óe occupam algunó auctoreó, entendemoó que é couóa inó- tinctiva e óobre iótoaó mãeó darão liçõeó ao melhor doó medicoó. A criança fará aó óucçõeó alternadamente noó doió óeioó paraóe nãohabituar amammar óomente em um cujo mamillo óe irritaria frequentemente, havendo para a outra glandula a diminuição da óecreção lactea. Quando a criança houver mammado, é util lavarem-óe-lhe oó labioó e de novo locionar o mamillo com agua boricada, enxugando-o depoió com algodão hydrophilo. Eótaó precauçõeó óão de inconteótavel utilidade: evitam a óuperveniencia daó fendaó e doó abceóóoó do óeio e deóobótruem oó orificioó doó canaeó galactophoroó, expurgando o mamillo do leite que ahi fica adherente e que por óua alteração poderia óer nocivo á criança. 20 MARIO CERQUEIRA Terminada a Sucção, collocar-Se-á a criança ao berço óem lhe imprimir movimentos afim de evitar os vomitos. A quantidade e a qualidade do leite, o maior ou menor grão de robustez da criança para sugar e a conformação do mamillo, fazem variar a duração dessa sucção. Geralmerde deve-se deixar que a criança abandone o seio por si mesma, quando se acha Satisfeita, o que succede no fim de i5 a 20 minutos. A quantidade de leite que deve ser absorvida pela criança de cada vez não será excessiva de modo que produza perturbações gastro-intes- tinaeó^ devendo bastar á óufficiente nutrição e variando conforme a idade do infante e a capa- cidade nutriente da mulher. E' nociva, dissemos, a ingestão de grande quantidade de leite, porque a capacidade physica do estomago nos primeiros dias após, o nasci- mento não vae alem de 40 c-c- a 5o c-c- e, se uma quantidade superior de leite é administrada, observam-se os desagradaveis accidentes da superalimentção. Para calcular precisamente a quantidade deste liquido, aconselhamos melhores auctores pesar a criança antes e depois da sucção: assim, melhor MARIO CERQUEIRA 21 do que com o relogio, óe calcula a duração que deve ter a meóma. Noó primeiroó diaó a mulher deve amammentar o recem-naócido repetidaó vezeó, porque, tendo eóte pouca força para praticar aó ôucçõeó, ingere pequenaó porçõeô de leite. Convém, entretanto, habitual-o á regularidade naó refeiçõeó, o que óe conóegue, offerecendo-lhe o óeio de duaó em duaó horaó maió ou menoó. Se a criança eótá dormindo na occaóião em que deve alimentar-óe, importa não deópertal-a, quando é robuóto, tratando-óe, porém, de uma criancinha debilitada, e que dorme para reótringir óeuó gaótoó e compenóar a inóufficiencia de nutrição, a mulher deópertal-a-á para dar-lhe o alimento de que óe eóqueceu ou que não teve força para pedir. A' noite oò intervalloó daó óucçõeó óerão maioreó, attenta a neceóóidade que tem a mulher de repouóar. Aconóelham algunó auctoreó que, para não óer perturbado o óomno daó mãeó, aleitando o filho á noite, óeja eóte«entregue aoócuidadoó de outra mulher, que a aleitará na mammadeira. Na verdade aó mãeó têm precióão de dormir, não podemoó, porém, aóóentir neóóa pratica, não 22 MARIO CERQUEIRA óó porque a vigilância materna é indiópenóavel, maó também porque reputamoó óufficienteó aó horaó de óomno que ellaó têm, óe for bem regu- lada a amammentação. Geralmente aó mãeó traduzem cada grito daó criançaó por um appello ao leite e, preóóuroóaó, correm a offerecer-lheó o óeio, permittindo-lheó mammar ate' que, depoió de óaciadaó, adormeçam. Sendo a intermitência daó funcçõeó a condição da economia animal, o eótomago da criança tem nêceóóidade de repouóar depoió de cada digeótão, por conóequencia, deóde que óe não obóerve eóte preceito, a intolerância gaótrica óerá o reóultado inevitável, óurgindo logo aó regurgitaçõeó, oó vomitoó e a diarrhéa. Alem dióto, diz Legrand. eóteó intervalloó óão uteió, porque o óucco gaótrico que óegrega o eótomago no catado de vacai.lade realióa a antióepóia eótomacal. A" medida que a idade óe adianta, o aleitamento tornar-óe-á menoó frequente. Para o fim do primeiro mez, oó intervalloó óerão de treó horaó e augmentar-óe-ão cada vez maió com o progreóóo da criança. Eóta regra deverá óer obóervãda óobretudo á noite, durante a qual óerá conveniente amam- MARIO CERQUEIRA 23 mentar Somente tres vezes no principio e diminuir depois até uma. Parece á primeira vista que as crianças sof- frerão com o regímen acima estabelecido; se porém, forem submettidaS a este habito desde os primeiros tempos, o seu organismo, por fim, facilmente se conformará. Isto não obstante nada tem de absoluto estas regras, podendo ser substituídas, quando assim o indique e determine o bom senso. O quadro que reproduzimos, extrahido da obra de Rougeot ^Hygiéne et allaitement^ y indica o numero de sucções e a quantidade de leite que deve ingerir a criança de cada vez e em 24 horas. Idade Numero de sucções Peso de cada sucção Quantidade de leite por dia i.° dia 10 3 gtmó. 3o gtmó. 2.° dia 10 15 gtmó. i5o gtmó. 3.° dia IO 40 gtmó. 400 gtmó. 4.0 dia 10 55 gtmó. 55o gtmó. 5.° ao 3o.0 dia 9 70 gtmó. 63o gtmó. 2 mezeó 6 a 7 100 gtmó. 700 gtmó. 3 mezeó 6 a 7 120 grmó. 840 gtmó. 4 a 9 mezeó 6 a 7 140 gtmó. ç5o gtmó. 24 MARIO CERQUEIRA A mulher, deóde que concebe, principalmente óe tenciona aleitar, quando der á luz, deverá obóervar certòó cuidadoó hygienicoó eópeciaeó com o fim de aóóegurar o bom deóempenho da futura incumbência materna, e ainda tomar certaó precauçõeó óem aó quaeó padecerá o feto, óendo inevitável o aborto com o óeu cortejo de graveó accidenteó. E' util, portanto, que a mulher gravida tenha noção do regimen a que deve obedecer, óabendo regular óua alimentação, apropriando óuaó veóteó ao óeu eótado, não óe olvidando finalmente que do bom funccionamento de óeu organiómo depende a óaúde do feto. A óua alimentação óerá a meóma de que uóava anteó da gravidez, óalvo quando oó caprichoó e oó deóejoó que prorompem neóta epoca não o permittirem; então uóará por alimento o que lhe appetecer, emquanto o appetite não óe referir a óubótanciaó não alimenticiaó, Devem-óe, porém, prohibir oó alimentoó exci- tanteó, o abuóo do álcool, do café, do chá, que acceleram a circulação de modo perigoóo para o feto. 25 MARIO CERQUEIRA Aó veóteó óerão folgadaó para não empeçarem a ampliação daó paredeó do abdómen. O eópartilho é na gravidez uma daó cauóaó maió communó da parada de desenvolvimento fetal, daó monótruoóidadeó e do aborto. Eóte eótado não permitte exercicioó forçadoó, movimentoó exageradoó, que poóóam trazer a fadiga, como a danóa, aó corridaó, oó eóforçoó muóculareó, etc. A mulher deve reópirar ar puro, habitar em apoóentoó bem arejadoó, gozar devida tranquilla, óem commoçõeó nem cuidadoó. Oó banhoó óerão mornoó e rapidoó noó pri- meiroó mezeó, depoió do quarto mez não ha rióco em que óe demorem maió. Sobre aó relaçõeó carnaeó diremoó apenaó: «çe que Vamour a fait, amourpeut ledétruire». E' durante a gravidez e principalmente ao cabo d'ella, que a mulher deve preparar oó mamilloó, tornando-oó óalienteó, o que óe obtem por meio de fricçõeó e tracçõeó moderadaó, feitaó noó ultimoó tempoó da geótação. Para evitar o apparecimento de fendaó e de outros accidenteó, deverá óer obóervado o com- pleto aóóeio daó mammaó, uóando a mulher de compreóóaó embebidaó em agua com aguardente, 26 MARIO CERQUEIRA ou de loções com glycerina, que torna a peite macia e lhe dá elasticidade. O regímen e a hygiene da mulher que aleita devem diversificar pouco do que dissemos acima. A sua vida continuará a Ser calma, porque as emoções, a cólera têm uma influencia nociva no aleitamento; os passeios moderados, a pé ou a cavallo, são necessários para o desenvolvimento do appetite. Para o bom entretenimento de óua Saúde deve a mulher dormir cedo e durante o tempo preciso para satisfazer-se. Os alimentos devem ser de facil digestão, assegurando uma nutrição activa e reparadora; as substancias cujos princípios aromáticos Se com- municam ao leite, assim como certos e deter- minados medicamentos não devem ser ingeridos. As bebidas alcoólicas que influem no leite, tornando-o nocivo á criança, serão usadas com muita moderação pela mulher mãe, que final- mente deve «digerir bem os alimentos, não Se alimentando em excesso». As relações sexuaes, apesar de não terem nenhum inconveniente na secreção lactea, podem occasionar nova prenhez que contraindique o aleitamento. MARIO CERQUEIRA 27 Durante a lactação, como ficou dito em paginaó precedenteó, aó mammaó reclamam óerioó cuidadoó de aóóeio e de aóepóia. Quando o aleitamento materno é realióado do modo que expuzemoó, e a mulher, apta phyóica- mente para eóta funcção, a preenche com a alma inundada de alegria, amoroóa e boa,porque óe reputa e óente feliz por óer mãe, enlevada na contemplação do fructo de óuaó entranhaó para quem óó é cariciaó, numeroóoó beneficioó re- óultam para oó doió óereó. (i) A mulher que amammenta òq reótabelece maió promptamente; a involução uterina é feita com maió rapidez, porque aóecreção galactogena é um emunctorio de derivação favoravel, e oó orgãoó genitaeó encontram repouóo relativo na interrupção da funcção menótrual durante o alei- tamento. Segundo a opinião de Verrier-Litardiére^ aó primeiraó óucçõeó favorecem a expulóão doó ultimoó coaguloó óanguineoó, que permanecem na face interna do utero, e óe poderiam tranó- (i) Ribemont. Précis d'Obstétrique. 28 MARIO CERQUEIRA formar em corpoó extranhoó nocivoó á óaúde da parturiente. O Profeóóor Pinard diz que aó mulhereó eótereió e aó que não aleitam óão muito predió- poótaó áó hypertrophiaó uterinaó. O aleitamento, affirma Legay^ alem de pre- venir oó deóvioó do utero, aó metriteó chronicaó e óuaó conóequenciaó, robuótece a mulher pelo appetite que deóperta, faz ceóóarem aó irregula- ridadeó do apparelho genital, reótituindo a óaúde áó que, anteó do caóamento, eram debilitadaó e anemicaó. Eóta funcção, diz Icard, vindo em apoio do quanto temoó dito, não é óomente um meio pro- phylatico, é ainda um meio therapeutico contra certaó moleótiaó. Gitam-óe numeroóoó exemploó de mulhereó óujeitaó conótantemente a dyópepóiaó, congeótõeó para diveróoó orgãoó e apparelhoó, a nevralgiaó e a perturbaçõeó doó orgãoó geni- taeó, que ficaram reótabelecidaó depoió de. um ou de algunó aleitamentoó. Oó beneficioó da amammentação revertem principalmente em favor da criança que, alimen- tando-óe no óeio materno, encontra nelle oó óeguroó abonoó para a óua óaúde e goza melhor da vigilância de óua mãe de que, na phraóe de MAR 10 CERQUEIRA 29 Rousseau, tem maior neceóóidade do que da mamma. A criança cuja alimentação é conótituida óomente de leite materno, criterioóamente admi- niótrado, irá dia a dia apreóentando maió oó óignaeó de boa nutrição. O roóeo da tez, a dureza doó tegumentoó, o óomno tranquillo, aó dejecçõeó regulareó, de cor amarellada, óem cheiro, paótoóaó, não encer- rando grumoó de leite não digerido, indicarão que o tenro organiómo vae funccionando regu- larmente. Outro óignal de boa nutrição é obtido pelo exame daó fontanellaó que, durante oó primeiroó mezeó, devem augmentar em largura para, com oó progreóóoó da idade, diminuirem e deóappa- recerem completamente. O preconceito popular e a ignorância levam muitaó mãeó a crerem que a regurgitação do leite coagulado no eótomago da criança é um óignal certo de nutrição proveitoóa; óoubeóóem ellaó, porem, que o melhor meio de óe lhe avaliar o eótado de óaúde e o grão de proóperidade eótá na determinação de óeu peóo, certamente conven- cer-óe-iam da impreócindivel neceóóidade da balança, eóquivando aóóim a interpretação de 30 MARI0 CERQUEIRA óignaeó que, longe de indicarem uma boa nu- trição,traduzem quaói óempre um afaótamento de regímen ou precedem o apparecimento de certoó eótadoó pathologicoó. Effectivamente deve-óe peóar a criança todoó oò diaó para calcular-óe o gráo de deóenvolvi- mento que vae adquirindo, e, quando ella não óoffre em óua nutrição, obóervar-óe-á todoó oó diaó o augmento de um certo numero de gram- maó que varia com a idade. Aó peóadaó no primeiro mez devem óer quoti- dianaó e feitaó pela manhã, depoió poderão óer maió eópaçadaó. Do óegundo ao quarto dia maió ou menoó apóó o naócimento, a balança accuóará uma pêrda de 3o a loogrammaó diariaó. Aó cauóaó que para eóta diminuição concorrem óão: a evacuação do meconio, avaliada em 6o a 90 grammaó, a evacuação da urina, aó tran- ópiraçõeó pulmonar e cutanea, e também a pe- quena quantidade de alimentoó ingerida noó primeiroó diaó. No fim do óetimo dia a criança terá o peóo inicial e d'ahi em diante augmentará progreóói- vamente, como indica o quadro abaixo, onde fica demonótrado que eóte augmento não óe faz de MARIO CERQUEIRA 31 um modo uniforme durante toda a infancia, óendo a principio muito rápido e tornando-óe maió lento, ao paóóo que a criança óe adianta em idade. Mez Augmento mensal Augmento quotidiano Peso total medio gtammaó grammaó gtammaó i° . 730 26 325o 2° 700 23 4000 3° 65o 22 535o 4° 600 20 5ç5o 5° 55o 18 65oo 6o 5oo 17 7000 7» 45o 15 745o 8° 400 i3 7850 9o 35o 12 8200 10° 3oo 10 85oo 11° 25o 8 8750 12° 200 7 8ç5o Acontece muitaó vezeó que a criança peóa maió em um dia do que no antecedente, ainda eótando em pleno eótado phyóiologico; ióto depende da repleção ou depleção do eótomago, da bexiga e do inteótino. Doó apparelhoó eópeciaeó que òe têm inventado para effectuar aó peóadaó, oó principaeó óão oó de Odíer et Blache, o de Bouchut, o de 32 MARIO CERQUEIRA Groussin o de Aubry o de Pinar d etc.; na falta destes, porém, poderão Ser utilisadas as balanças ordinárias. Aos signaes de boa nutrição, que acima refe- rimos, poderiamos acrescentar outros, não o fazemos, por Serem de somenos importância. . Apesar de militarem innumeraveis vantagens em favor do aleitamento materno, bem que Seja indispensável que a mulher- mãe alimente o pequenino Ser a quem deu a vida e cujos sorrisos, cujas caricias deve Ser a primeira a conquistar, Satisfazendo assim o egoismo que lhe imprime o Sentimento exaltado da maternidade, e Se reco- nheça que indiscutivelmente esta sorte de alimen- tação é a preferida entre todas as outras empre- gadas, ha, todavia, certas causas que impedem a sua pratica, constituindo-se verdadeiras contra- indicações. Estas causas provêm da mulher mãe ou da criança. As que tornam a mulher imprópria para nutrir são de ordem physica ou de ordem moral e de ordem social. As, causas physicas subdividem-se em locaes e geraes. As primeiras são as a[)ecções e MARIO CERQUEIRA 33 anomaliaó que têm a óua óéde no óeio, podendo impedir o aleitamento temporária ou definiti- vamente. Não é raro, principalmente naó primiparaó, vêr-óe a falta de deóenvolvimento do mamillo não permittindo a apprehenóão peloó labioó da criança; neótaó condiçõeó emptegam-óe varioó proceóóoó com o fim de óanar eóte inconveniente e, quaói óempre, a deópeito daó óucçõeó por uma criança maio deóenvolvida, do emprego do óeio artificial de cautchuc e de outroó apparelhoó e proceóóoó, nada óe conóegue, vendo-óe a mãe obrigada a renunciar o aleitamento. Na maioria doó caóoó óão aó mulhereó aó unicaó reóponóaveió por eóte vicio de conformação quando, na anciedade de óe tornarem eleganteó, não dirigem a attenção para oó maleóque lheó traz o inóeparavel eópartilho, o maior óorvedouro da energia organica, machina de damnoóaó conóe- quenciaó, de deformaçõeó, de deólocaçõeó e de congeótõeó vióceraeó, contra a qual clamarémoó óempre. Aó moleótiaó do óeio maió frequenteó óão aó fendaó e aó rachaó do mamillo que determinam doreó tão atrozeó no momento da óucção praticada pela criança que impoóóibilitam o aleitamento. 34 MARIO CERQUEIRA Muitaó vezeó eóteó accidenteó óão paóóageiroó e cedem com applicaçõeó de tanino, benjoim, amidon, bismutho, alúmen e outroó topicoó empregadoó com maior ou menor efficacia; ha caóoó, porém, em que originam perturbaçõeó óeriaó como a lymphangite, o abceóóo do óeio óuperficial ou profundo, cauóando a óua evolução alteraçõeó geraeó da óaúde, porque quaói nunca é unico e a óuppuração prolongada abate exceó- óivamente a mulher. Alem dhóto alimentando-óe a criança em um óeio excoriado e que óangra facilmente, poderá ingerir pequenaó porçõeó de óangue que irão produzir incommodoó gaótro-inteótinaeó. Ha mulhereó de conótituição forte, que gozam deóaúde lióongeira, cuja óecreção lactea óe faz em diminuta quantidade. Eóte facto, que óe denomina agalactia, pode óer primitivo ou óecun- dario; no primeiro caóo, a agalactia reóulta da falta de deóenvolvimento daó glandulaó mam- mariaó ou da óua atrophia pela grande abun- dancia de tecido adipoóo, contraindicando for- malmente o aleitamento. A agalactia óecunda*ria não deve óer conóide- rada motivo óufficiente de impedimento para eóta funcção. Com o empregode certaó óubótan- MARIO CERQUEIRA 35 ciaó chamadaó galactogenas, com a electrióação daó mammaó, feita pela manhã e á tarde, não é tato ceder eóte eótado e vet-óe no fim de algum tempo correr o leite em quantidade neceóóatia á alimentação da criança. Em caóoó óemelhanteó manda a prudência que aó mãeó não deóanimem e experimentem amammentar o filho. A excita- ção por elle ptoducida frequentemente deóperta a actividade óecretora e a funcção tealióa-óe com toda a regularidade. Por eóte ptoceóóo factoó exttaordinarioó do apparecimento do leite em mulheteó idoóaó, em vitgenó e até no ptoptio homem, como affitma Humboldt^ (i) tem óido obóetvadoó. Ha mulheteó, porem, em que o emprego d'eó- teó ptoceóóoó é feito debalde, não conóeguindo alimentar oó filhoó por falta abóoluta de leite. Conhecemoó uma óenhota que, noó ptimeitoó diaó apóó o parto, tem verdadeira galactorrhéa, terminada que óeja eóta epoca, óobtevem a aga- lactia e, a deópeito de óua boa vontade para alei- tar, óão oó óeuó filhinhoó entregueó á merce- nária. D^óte facto podemoó concluir que nem óempte (1) Voyafte aux rêgions êquinoxiqles. 36 MAR10 CERQUE1RA a grande abundancia de leite a principio aóóegura o aleitamento ate o fim. Outra cauóa que impede a alimentação no óeio materno é a galactorrhéa, anomalia cara- cterióada pela conóideravel quantidade de leite que óegregam aó glandulaó mammariaó e que vaóa inceóóantemente do ócio. O leite d'eótaó mu- Ihereó é aó maió daó vezeó muito pobre de ele- mentoó nutritivoó e determina para aó criançaó p e r t u r b a ç õ e ó d i g e ó t i v a ó. Todavia pode haver galactorrhéa óem alte- ração na qualidade do leite; eóte exagero de óe- creção, porem, torna-óe inconveniente por ori- ginar verdadeiro enfraquecimento da mulher, manifeótando-óe maió tarde o que Morton cha- mou tistea das nutrizes. Pode óe fazer ceóóar eóte eótado, empregan- do-óe 'àbelladona^ a ergotina, o tanino, pur- gativoó brandoó, etc.; Boissard aconóelha óuó- pender o aleitamento, comprimir oó óeioó, uóar de purgativoó, preócrevendo em óeguida uma ali- mentação rica e um tratamento reconótituinte. Finalmente certaó alteraçõeó chimicaó do leite podem contraiulicar o aleitamento: oexceóóo de óaeó mineraeó, a grande quantidade do globuloó MARIO CERQUEIRA 37 gorduroóoó, a peróiótencia doó corpuóculoó do coloótro, etc. Por eóte motivo deverá óempre óer feita a analyóe chimicado leite materno a bem doó inte- teóóeô da criancinha. Aó cauôaó getaeó que óe oppõem ao aleitamento materno óão influenciadas por diveróoó eótadoó pathologicoó agudos ou chronicoó, que appare- cem no curóo do*mesmo, pela prenhez, pela volta do fluxo catamenial e por emoções moraeó violentas. As moléstias agudas de natureza contagiosa, como: as febres eruptivaS e outras, indicam a suspensão immediata da alimentação aos seios, afim de evitar o contagio occasionado pelo con- tacto directo entre a criança e a mulher que, emquanto durarem estes estados pathologicos, necessita de repouso. As affecções agudas não contagiosas, como: a febre typhoide, o paludiómo, etc., óerão outroó tantoó eótorvoó ao aleitamento, não óó porque alteram o leite na óua qualidade e quantidade, como pelaó perdaô que fazem a mulher óoffrer. Aó moleótiaó chronicaó óerão tidaó óempre como um obótaculo ao aleitamento. Entre outraó occupa o primeiro logar a tuber- 38 MARIO CERQUEIRA culoóe; a mulher victima d'eóta terrível moleótia deverá furtar-óe ao aleitamento, porque eóta pratica lhe traz a fadiga e precipita a conóum- pção, óendo perigoóa para a criança que vive em relação directa e continua com a óua progeni- tora. O Dr. Nascimento Gurgel aóóim óe exprime, tratando da tuberculoóe como contraindicação do aleitamento materno: «Naó mulhereó que trazem óignaeó de uma tuberculoóe real ou appa- rentemente curada, devemoó diótinguir treó ca- óoó: deverá óer interdicto o aleitamento, óe houve tuberculoóe pulmonar, pormaió ligeiro que tenha óido o compromettimento doó pulmõeó; tam- bém deverá óer evitado, óe a mulher recentemente teve uma pleurióia ou pneumonia de natureza tuberculoóa; óeanutriz, ha já muitoó annoó, foi acommettida d'eóóaó duaó ultimaó moleótiaó, apreóentando deóde então uma perfeita óaúde, poderá óer permittido o aleitamento, óempre, porém, comum exame prévio e cuidadoóo». Na opinião da maioria doó auctoreó aóyphilió não contraindica o aleitamento materno. Diz Ribemont'. «o aleitamento materno óe im- põe, quando a mãe é óyphilitica ha muito tempo, e quando o pae apreóentou manifeótaçõeó eópe- MARIO CERQUEIRA 39 cificaó pouco anteó da concepção, porque a criança, naócendo com. manifeótaçõeó óyphiliticaó ou óendo attingida maió tarde, irá contaminar a mercenária». O meio maió conveniente de alimentar a criança, quando n'eótaó condiçõeó a mãe não poóóa fazel-o, é o emprego do aleitamento arti- ficial. Segundo Pinar d q Gramylin a albuminúria não contraindica o aleitamento, quando não ha phenomenoó de nephrite chronica; exiótindo, porém, o mal de Bright com aó deóordenó uremicaó que o acompanham, e que óe refletem óenóivelmente no eótado geral da mulher, pen- óamoó com o Dr. Nascimento Gurgel que o aleitamento materno não óe poderá affeituar. O rheumatiómo agudo ou chronico, aó affecçõeó organicaó do coração, aó do óyótema nervoóo, principalmente aó que óe acompanham de para- lyóiaó incuraveió, aó nevroóeó óão ainda contra- indicaçõeó. Corre o meómo com aó affecçõeó do figado, do eótomago, aó anemiaó graveó, trazendo óeriaó perturbaçõeó para a nutrição da mulher. Aó intoxicaçõeó, tendo á frente o alcooliómò, ainda contraindicam o aleitamento. «O uóo do 40 MARIO CERQUEIRA álcool, diz Rouvier, communica ao leite uma acção eótupefaciente e a criança que o ingere, ora é tomada de depreóóão, ora de agitaçõeó.» Charpentier obóervou convulóõeó em uma criança de trinta e cinco diaó e concluiu que eram ligadaó ao facto da ama beber quatro gartafaó de vinho por dia. A prenhez óobrevem áó vezeó durante a lactação. Pode a criança nada óoffrer noó primeiroó mezeó, a obóervação, porém, demonótra que o leite, óob a influencia da geótação, óe altera em óua quali- dade, diminuindo na quantidade, o que óe explica pela diótribuição que então óe dá daó forçaó maternaó. Se todavia o aleitamento é praticado neótaó condiçõeó, óoffrerá a criança, porque o óeio lhe offérece menoó leite, padecerá o feto, porque a placenta lhe fornece óangue maió pobre e exgot- tar-óe-á a mulher, porque tem de prover áó neceó- óidadeó de doió organiómoó. O |luxo catamenial que habitualmente deóap- parece durante a lactação, reótabelece-óe em algumaó mulhereó no curóo d'eóta, e o eótado de erethiómo nervoóo que lheó é commum n'eóta epoca injlue na óaúde da criança em virtude da óolidariedade que exióte entre amboó. MARIO CERQUEIRA 41 Oó factoó provam que, n'eóte periodo, aó crian- çaó empallidecem, gritam e óoffrem pertur- baçõeó digeótivaó, óendo conveniente a óuspenóão do aleitamento pelo menoó emquanto durarem oó phenomenoó que acompanham a menótruação. Aó emoçõeó moraeó violentaó podem originar ainda uma óuópenóão do aleitamento por parada da óecreção lactea ou por alteração do leite. Exióte um facto hiótorico de uma criança que foi acommettida de phenomenoó de agitação, morrendo no fim de algum tempo depoió de ter óido amammentada poróua mãe que óe achava óob a impreóóão de violento óuóto. Alem daó cauóaó que narramoó, merecem conói- deração aó que óe collocam no dominio óocial. Penóamoó que eótaó devem óomente conótituir obótaculo ao aleitamento materno naó claóóeó menoó favorecidaó, onde a mulher é forçada por circumótanciaó materiaeó a abandonar o lar, e a entremir-óe aoó laboreó de uma vida activa. O Combatemoó fervoroóamente, porém, a pratica óeguida pelo maior numero daó óenhoraó que fazem daó repreóentaçõeó na óociedade e daó outraó obrigaçõeó que exige a óua alta collo- cação no meio óocial, motivoó contrarioó á nobre funcção materna. 42 MARIO CERQUEIRA «A eópoóa, diz o Dt. Bertillon, anteó de tudo deve óer mãe», e dizemoó nóó: a mulher deve encontrar maior óomma de alegria junto ao berço, exercendo o papel maió óublime que lhe concedeu a natureza, do que noó baileó, naô tece- pçõeó, noó theatroó e naó outraó feótaó. Exprimindo-noó aóóim, porem, não queremoó fazer da mulher mãe uma perpetua condemnada aoó trabalhoó áó vezeó bem arduoó do lar, temoó em mira óimpleómente cenóurar certoó deóvioó a que ella óe entrega, quando oó óeuó filhinhoó reclamam cuidadoó que óo lheó admi- niótra óatiófactoriamente o amor materno. Occupemo-noó agora daó contraindicaçõeó attinenteó á criança e que impedem a óua nutrição natural. Ao lado da debilidade congénita, que torna o recem-nato incapaz de mammar por óerem aó óuaó óucçõeó impotenteó para produzir o affluxo do leite á bocca, alem daó aphtas que invadem aó mucoóaó lingual e buccal, tornando a óucção doloroóa, conformaçõéó congenitaó vicioóaó, como: o beiço de lebre, aó perfuraçõeó da abo- bada palatina, oó tumoreó óub-linguaeó, diffi- cultam e até impoóóibilitam o aleitamento aoó óeioó. MARIO CERQUEIRA 43 Também entram neóte numero aó paralyóiaó faciaeó, produzidaó pelo emprego do fórceps, quando óe prolongam por algunó diaó, impedindo que óejam praticadaó aó óucçõeó. Ha um vicio de conformação ao qual ligam muita importância aó parteiraó (i), reóultante do que eótaó chamam língua pegada, encurtamento do freio da lingua. Eóte inconveniente deóapparece quaói óempre com a idade, e não requer intervenção, como óuppõe óer neceóóario a ignorância prejudicial deótaó matronaó, verdadeiroó algozeó doó inno- centinhoó a quem martyrióam de varioó modoó. Aóóim indicado o complexo de cauóaó que óe oppõem ao aleitamento materno, aconóelhamoó áó mãeó que nunca óe abótenham de conóultar a opinião criterioóa de um medico, óempre que óejam obrigadaó a recorrer a outra eópecie de alimentação para oó óeuófilhoó. Aleitamento mercenário Eóta eópecie de aleitamento conóióte na amam- mentação da criança por uma nutriz, mulher aóóalariada para exercer eóta funcção, quando a (1) Aparadetras de crianças. 44 MARIO CERQUEIRA própria mãe não pode, não deve ou não quer realióal-a. Anteó de óer cmittida a noóóa opinião, apre- óentemoó aó daquelleó que. contrarioó a eóta pratica, merecem por ióto meómo oó noóóoó applauóoó. O aleitamento mercenário, diz Fournier, é íUogico e immoral: illogico, porque a nutriz, para aóóegurar a exiótencia da criança que amammen.ta, compromette a vida do óeu filho; immoral, porque o leite de uma mulher mãe não deve óer vendido ou comprado como o doó outroó animaeó. A mãe que entrega óeu filho a uma nutriz, acreó- centa Pinard, torna-o nocivo, porque vae óubtrahir -a outrem o que naturalmente lhe pertence. Aoó que julgam o leite de uma mulher o melhor óubótituto do de outra, não noó opporemoó e até oó louvamoó. Quem é, porem, entre nóó eóta mulher? Que motivo a conduz a exercer o papel de nutriz. Não é por certo aquella que vive oóculada pela fortuna, porque o amor á innocencia ainda não conta victoriaó deóta monta; não é a que pertence MARIO CERQUEIRA 45 á classe media social, porque não necessita de entregar-se a tal Sacrifício pira prover á sua exis- tencia. E Somente a que, nos braços da mísería, é forçada a deixar seu filhinho, a abandonar os entes queridos, Seguindo ás vezes para bem dis- tante com o coração de mãe pungido de sauda- des, antevendo os lucros monetários que aufe- rirá para attenuar os rigores da adversidade. Dissemos, em paginas precedentes, que o alei- tamento materno é o mais conveniente á luz da moral e da hygiene; como poderemos agoradeixar de repellir a pratica, sem reSalvaS, do alei- tamento mercenário, quando ella é as mais das vezes incompativel com os benefícios que iria gozar o filho da nutriz?! Não foi intuito nosso restringir este conselho aos que sorriem, fitando a felicidade; se assim nos expressássemos, se fossemos partidário do aleitamento mercenário, alem de procedermos contra os preceitos que dita a boa moral, cahi- riamos em verdadeira contradicção, pois que recommendavamos á rica, á favorecida da fortuna que aleitasse o filho, exhortando a pobre a aban- donar o seu. Pensamos que as prescripções da moral e da 46 MARIO CERQUEIRA hygiene não óe modificão conforme aó claóseó da óociedpde, prejudicando aó menoó favore- cidaó de meioó, e aconóelhamoó áó mãeó que óe não aproveitem nunca da pobreza de outra, quando eóta para dar-óe ao cargo de nutriz tenha de abandonar o óeu filho. Todavia eóte noóóo parecer não deve óer enca- rado como condemnação abóóluta do aleita- mento mercenário, porque ha caóoó em que o permittimoó, óomente quando eótejam na orbita daó hypotheóeó que vamoó figurar; taeó aó óeguinteó: quando a nutriz poóóa aleitar óeu filho e a criança extranha, quando aquelle tenha idade conveniente para óer entregue ao aleitamento mixto, ou a mulher tenha a infelicidade de vel-o perecer. A' excepção doó caóoó enumeradoó, todaó aó vezeó que óe recorre a eóta eópecie de aleitamento, procede-óe contra a vida do verdadeiro lactante; óerá eóte 'óempre o noóóo modo de penóar, eóteó oó conóelhoó de óã moral que o noóóo trabalho poderá inópirar áó mãeó de familia. Entre nõó e meómo na culta Europa é muito empregado ainda o aleitamento mercenário. Sendo aóóim, eótudemoó ò que óe deve obóervar MARIO CERQUEIRA 47 para o exito favoravel d'eóte modo de alimentar a infancia. A mulher a quem óe confia tão melindroóo cargo não óerá qualquer que óe noó depare a eómo. «A eócolha da nutriz, na opinião de Bouchut, é um doó maió importanteó problemaó da vida domeótica e da familia»; releva por conóe- guinte proceder á uma obóervancia rigoroóa, a um exame medico attento e completo da nutriz, do óeu filho e ate' do proprio marido, óe for eóta caóada. Em Parió ha para ióto caóaó eópeciaeó, bureaux des nourrices, óob a fiócalióação do governo, onde aó mulhereó óão examinadaó anteó de óe entregarem á profióóão. Felizmente eóta medida de optimoó reóultadoó praticoó já echoou no Brazil, encontrando-óe no «Instituto de Protecção e Assistência Publica á Infancia do Rio de Janeiro o óerviço de inópecção de nutrizeó. Muito louvável óeria que o noóóo governo, imitando oó dignoó protectoreó da infancia, infa- tigaveió óocioó d'aquella utilióóima inótituição, fundaóóe eótabelecimentoó, vióando ao meómo eócopo, concorrendo d'eóf arte para o progreóóo 48 MARIO CERQUEIRA da hygiene publica, um doó poderoóoó baluarteó que óalvaguatdam o futuro daó naçõeó. O exame que precede a eócolha da nutriz, repetimoó, deverá óer geral e local, feito con- óciencioóamente e com o maió eócrupuloóo decer- nimQnto, porque, diz Le Gendre, «eócolher uma nutriz cuidadoóamente é poder aóóegurar á familia a abundancia e a bòa qualidade do leite da nutriz, a excellencia de óua conótituição, e prin- cipalmente aóóeverar que ella nunca óoffreu, nem óoffre de moleótia contagioóa, tranómióóivel ao recem-nato.» Quando o medico affirmar que a mulher poóóue aó qualidadeó eótipuladaó óerá ella então con- tractada. Quaeó óão, poió, oó requióitoó eóóenciaeó para o bom deóempenho deóta funcção ? Anteó ou depoió do exame phyóico da nutriz a contractar, devemoó e é de maxima importância obóervar-lhe cuidadoóamente e eóludar-lhe o moral. A nutriz óerá óympathica, de um caracter brando e paciente, de trato ameno e delicado, activa, cumpridora doó óeuó devereó e intelli- gente para que óe compenetre bem da reóponóa- bilidade que vae aóóumir. MARIO CERQUEIRA 49 Ao demaió dióto deve poóóuir oó predicadoó de mãe, óer a^ectuoóa e terna. Se bem que, tratando daó nutrizeó, diga J. J. Rousseau que «a mulher que abandona óeu filho para nutrir a criança de outra, não pode óer bòa nutriz, quando, pelo óeu proceder, não é bòa mãe», algumaó ha, todavia, melhoreó do queoutraó. Não é de óomenoó importância a idade da nutriz; de vinte a trinta annoó deverá óer ella, recuóando-óe aó de maió de trinta e cinco annoó, principalmente quando exgottadaó de forçaó por partoó multiploó. Aó primiparaó devem óer preteridaó, porque não poóóuem a experiencia para prodigalióar oó mil cuidador que a criança exige e para dirigir o aleitamento, alem do que lheó faltam aleitamentoó anterioreó cujoó precedenteó óirvam de baóe á eócolha. Embora algunó auctoreó indiquem aó nutrizeó óolteiraó com o fim de livrar aó familiaó, no caóo contrario, daó exigenciaó doó maridoó, que poderão reclamar oó óeuó direitoó conjugaeó, quando não óatiófeitoó, penóamoó com Auvard que óe devem preferir aó caóadaó, porque eótaó, em geral, poóóuem maió moralidade, eótão menoó ao alcance de moleótiaó priundaó da devaóóidão. 50 MAR 10 CERQUEIRA O exame phyóico deve indicar uma bòa con- ótituição, robuótez, exemp^ão de qualquer tara organica e principalmente a auóencia de moleó- tiaó contagioóaó; óem ióto é inevitável a má rea- lióação do aleitamento. Uma condição que.é de regra procurar óaber é, óe, no curóo de aleitamentoó anterioreó, óe tem e|fectuadc a funcção catamenial, o que con- ótitue um motivo para não óer acceita a nutriz. Oó óeioó da mulher não devem óer muito deóenvolvidoó; o volume conóideravel doó meómoó nem óempre é óeguro abonode perfeita óecreção lactea, porque, longe de indicar a normalidade de uma glandula activa, traduz a abundancia de tecido cellulo-adipoóo. Será preferível, portanto, que aó mammaó óejam de um deóenvolvimento medio, dotadaó de vaócularióação venoóa vióivel, óulcando-lheó a óuperficie, de mamilloó bem conformadoó e cri- vadoó de orificioó por onde facilmente óe eócôe o leite, quando óe lheó pratique ligeira preóóão. A' palpação devem aó glandulaó mammatiaó apreóentar-óe do meómo tamanho normal, con- ótituidaó por lobuloó nodoóoó e denóoó. E' indiópenóavel indagar a epoca em que óe effeituou o parto, para, conhecida a idade do MARIO CERQUEIRA 51 leite, aóóegurar-óe a proóperidade da criança pela qualidade e quantidade deóte liquido. Aconóelha a maioria doó auctoreó que óe eócolha a nutriz cujo leite conte de doió a óeió mezeó de idade, porque, dizem elleó, anteó de doió mezeó não óe poderá julgar daó qualidadeó da nutriz pelo gráo de deóenvolvimento do filho, devendo-óe temer que a mulher não eóteja com- pletamente reótabelecida do trabalho do parto; depoió de óeió mezeó não óó o leite é de digeó- tão maió difficil, maó também não ha óegurança de que óe prolongue óua óecreção até a epoca aprazada á deómamma. Perguntamoó, porem, aoó meótreó: onde o recem-naócido encontrará o colostro, primeiro liquido que deve ingerir, alimentando-óe noó óeioó de uma nutriz cujo parto óe effeituou ha doió mezeó? Segundo a noóóa humilde opinião o leite deveria óer da meóma idade da criança, porque, quanto maió idoóo, maió óe modifica na óua compoóição chimica e um recem-naócido de diaó ou de horaó não poderá digerir o leite que, neóta hypotheóe, vae moleótar o apparelho gaótro- inteótinal, ainda deóprovido de óticcoó neceóóa- rioó á óua completa digeótão. 52 MARIO CERQUEIRA A difficuldade e a quaói impoóóibilidade de preencher o noóóo deóejo, concorrem ainda maió para a noóóa prevenção contra o aleitamento mercenário. O leite da nutriz deve poóóuir aó meômaó qua- lidadeó chimicaó, phyóicaó e híótologicaó que indicamoó, diócutindo eóte aóóumpto no capitulo do aleitamento materno. O meio melhor de julgar da quantidade e da qualidade do leite é o exame do filho da nutriz; maó, diz Valloix, ella poderá ílludir a família no que concerne á identidade deóóe. Para evitar eóta fraude, o exame medico da criança deve óer completo e óerão exígidaó provaó que demonótrem óet ella a própria, porque eótaó mulhereó não merecem credito e primam por enganar, attendendo óomente ao intereóôe pecu- niário. Aó regraó attinenteó ao regímen alimentar infantil e oô demaió cuidadoó que preócrevemoó naó paginaó precedenteó applicam-óe igualmente ao aleitamento mercenário. Em beneficio, porem, do óeu filhinho deve a mulher mãe duplicar a óua actívídade, porque não inópiram confiança oó óentimentoó amoroóoó de uma mulher que não óerá boa nutriz, quando MARIO CERQUEIRA 53 deu provaó de mãe óem carinhoó, óem affectoó por abandonai óeu filho, cujo bem eótar foi conóiderado em plano inferior á ambição do óalario. A mãe de familia eótabelecerá deóde o primeiro dia o modo de proceder da nutriz, indicar-lhe-á aó óuaó obrigaçõeó, o modo de cumpril-aó, e tra- tal-a-á óempre com delicadeza, obóervando aó faltaó óem offender a óua óuóceptibilidade, porque qualquer acceóóo de cólera, aóóomo ou mau humor é prejudicial ao aleitamento; todavia deve-óe evitar que eótaó óe julguem indiópenóaveió ao aleitamento, para.que não óe fique óob o dominio de óuaó impoóiçõeó. A alimentação da nutriz óerá abundante, óadia, maó de nenhum modo exceóóiva, nem muito diveróa da que tinha habito de ingerir anteó, porque, quando e óubmettida a um regimen ao qual não eótava habituada, óurgem oó incom- modoó gaótro-inteótinaeó que podem trazer como conóequencia o deóapparecimento da óecreção lactea. Torna-óe neceóóario proócrever aó bebidaó alcoolicaó, cujo uóo é óuóceptivel de cauóar per- turbaçõeó pròfundaó na óecreção e no organiómo da criança. 54 MARIO CERQUEIRA Habituadaó á vida activa do campo, aó noóóaó nutrizeó não óe devem entregar á completa ocioói- dade; occupar-óe-ão em trabalhoó leveó e empre- henderão paóóeioó moderadoó que não cauóem a fadiga muócular, aproveitando d^ófarte para o bom funccionamento orgânico o exercício e o ar livre, que não óão obtidoó pela indolência ou com a demora durante diaó ínteíroó em apoóentoó mal ou incompletamente arejadoó. A mãe de família deve óer exigente, preoccu- pando-óe baótante com o aóóeío do corpo e daó veóteó daó nutrizeó em cujo contacto paóóam oò óeuó fílhinhoó a maior parte do tempo. Finalmente aó outraó regraó de hygiene óerão obóervadaó com o meómo eócrupulo que prece- dentemente recommendamoó no aleitamento materno. Quer em relação á criança, quer em relação á mulher que o alimenta, aó cauóaó que contrain- dicam o aleitamento mercenário óão identicaó úó da amammentacão pela mulher mãe. Quando a criança não manifeótar oó óignaeó de um deóenvolvimento óatiófactorio e fôr victima de perturbaçõeó digeótivaó, não augmentando diaria e regularmente o numero de grammaó que indique uma boa nutrição; quando durante o MARIO CERQUE1RV 55 curóo do aleitamento for a nutriz acommettida de affecçceó agudaó, óempre que óe reótabellecer o fluxo catamenial ou houver a óuperveniencia de uma prenhez, cauóaó eótaó alteranteó do leite em quantidade e em qualidade, a nutriz deverá óer óubótituida por outra. Para operar eóta óubótituição que deve óer immediata, a familia não prevenirá a nutriz com antecedencia, porque o deócontentamento que lhe ha de cauóar eóta noticia poderá alterar o leite e maió do que ióto, óua cólera encontra algumaó vezeó expanóão no óoffrimento do inno- centinho. A mulher óobre quem recahir a nova eócolha deve preencher aó condiçõeó neceóóariaó para continuar o aleitamento e óó óe apreóentará para exercer o óeu miótér, quando a antiga óe tiver diópenóado, porque importa evitar o encontro de ambaó. Quaói óempre a criança recuóa o óeio da nova nutriz; para habitual-a é util que a mulher a amammente na obócuridade ou á noite e aóóim, havendo paciência, facilmente óe remove eóta difficuldade. Ha, porem, criançaótão rebeldeó que poreóte motivo obrigam a recorrer a outro modo de 56 MARIO CERQUEIRA alimentação. Não ha muito tempo obóervamoó um caóo em que, por falta de outra melhor, a familia contractou uma nutriz cujo corpo exha- lava um cheiro repugnante, que concorreu para a óua deópedida na primeira occaóião que óe offereceu; a criança habituou-ôe e conhecia de tal modo a óua nutriz, talvez pelo hirciómo que lhe era inherente, que, apeóat de todoó oó eófor- çoó, não óe poude maió conóeguir a óua alimen- tação por meio do aleitamento natural, óendo ate' difficil por algum tempo o emprego da mamma- deira. Maó eóta relutância abóoluta é obóervada muito excepcionalmente e não deve preoccupar tanto o espirito doó paeó. Na Europa, e mui raramente entre nóó, peó- óòaó ha que, não diópondo de meioó para aóóa- lariar uma nutriz que aleite óeuó filhoó óob a óua fiócalióaçãu, oó entregam para óerem crea- doó longe do lar. Per ler chama eóta óeparação o exilio, o aban- dono da criança; nóó vemoó n'ella o preóagio do tumulo. Baóta lembrar que eótaó nutrizeó, na maioria doó caóoó, amammentam óeu filho e a criança extranha, para a qual oó óeuó cuidadoó óerão MARIO CERQUEIRA 57 diópenóadoó em óegundo lugar, e é muitaó vezeó reóervado o aleitamento artificial mal dirigido, quando exióte a eócaóóez do leite. Alem dióto eótaó mulhereó, que não óão vigiadaó, óenhoraó abóolutaó de óua vontade, cuidam da criança bem ou mal, conforme lheó apraz, havendo até algumaó cuja crueldade é inqualificável, e não óe curva diante da candida imagem da innocencia, conduzindo oó pobreói- nhoó inevitavelmente á athrepóia e ao rachitiómo, quando por felicidade não óuceumbem logo. Entre nóó o aleitamento natural á diótancia quaói que óó é adminiótrado aoó filhoó d'aquellaó que óe deótinam ao papel de nutrizeó, por óe verem obrigadaó a abandonar óeuó filhoó para maió facilmente óe empregarem, não cogitando que tal proceder proporciona ao innocentinho exilado o maió cruel doó martyrioó, que é a pri- vação doó cuidadoó maternoó, doó carinhoó de mãe. Eóte motivo, óemelhante aoó outroó já indica- doó, noó inclina ainda maió á condemnação do aleitamento mercenária. Terminmdo a leitura d'eóte capitulo, muitoó doó que noó honrarem com a óua attenção dir- 58 MARIO CERQUEIRA noó-ão que o aleitamento mercenário é aó maió daó vezeó o recuróo ultimo para aó criançaó incompatibilióadaó com o aleitamento materno; algunó citar-noó-ão o exemplo de um filhinho, cuja mãe impoóóibilitada de aleitar por qualquer accidente, tentara nutril-o artificialmente, nunca obtendo aó condiçõeó de óaúde e de robuótez deóejaveió, óenão quando óe diópoz a contractar uma nutriz: a maior parte condemnará o noóóo modo de penóar, tentando deóbotar aó vivaó côreó do quadro cruel maó verdadeiro que eóbo- çamoó, com o exemplo de criançaó, filhaó deótaó infelizeó, que, apezar de óe apartarem tão preco- cemente do óeio materno, não óo^reram o menor abalo de óaúde, vivendo robuótaó e proóperando como óe o intereóóe pecuniário não lheó tiveóóe óubtrahido o quede facto lheó pertencia. Aoó primeiroó pedimoó a fineza de lerem o capitulo óeguinte onde, ao alcance de noóóoó conhecimentoó, procuraremoó demonótrar quão util e neceóóario é o aleitamento artificial prati- cado eócrupuloóamente óob aó preócripçõeó ócientificaó, tornando-óe aóóim um bom meio de evitar oó inconvenienteó do aleitamento merce- nário por nõó apontadoó, e .finalmente demon- 59 MARIO CERQUEIRA ótraremoó que òq pode alimentar uma criança óem o detrimento de outra. Aoó ultimoó affirmaremoó que oó robuótoó e óadioó, que noó trazem como exemplo, conóti- tuem verdadeiraó e raraó excepçõeó, poió que, a maioria e' compoóta de rachiticoó, de athre- póicoó e de victimaó immoladaó ao bem eòtar doó que compraram a óua óaúde, doó que lheó lançaram ao regaço deócarinhoóo da mióeria, áó entranhaó do òoffrimento que conduz inevita- velmente á decadência organica e fatalmente á morte. Cerrando eóte capitulo, óeja-noó licito dizer: óempre que a nutriz tenha de abandonar óeu filho para exercer o papel de mercenária, combate- remoó vivamente eóta eópecie de aleitamento, porque não conóentem que penóemoó de outro modo o noôôo ôentimento de humanidade, a noôóa commióeração daó criancinhaó tão cruel e duramente aqtiinhoadaó pela mão do deãtino. CAPITULO III Aleitamento artificial O aleitamento artificial conóióte na alimentação da criança por meio do leite daó femeaó doó animaeó domeóticoó, taeó como a vacca a ovelha, a cabra, a jumenta ou a egua. Anteó de deóenvolvermoó eóte aóóumpto de importância maxima no dominio da hygiene infantil, vem a propoóito declararmoó que óó conóideramoó aleitamento artificial o que óe effeitua com o leite doó animaeó acima indicadoó, e não com aó farinhaó e outraó drogaó que fabri- cam oó induótriaeó com fim eópeculativo e que conótituem durante oó primeiroó mezeó de vida infantil o que óe nomeia alimentação prema- tura, origem daó deóotdenó funccionaeó e orga- nicaó irreparaveió, obóervadaó todoó oó diaó entre nóó. 62 MARIO CERQUEIRA Continuando a inóiótir na preferencia do alei- tamento natural e principalmente no emprego do materno, todavia reconhecemoó haver caóoó em que óe torna util e até impreócindivel a indicação do aleitamento artificial intelligente e eócrupulo- óamente dirigido por quem conhece aó regraó ócientifícaó de que pende o óeu feliz exito. Feitaó eótaó óimpleó e ligeiraó conóideraçõeó maió para óerem aproveitadaó peloó extranhoó á óciencia que noó honrarem com óua leitura, do que para óerem attendidaó peloó illuótradoó meótreó, cuja competência noó irá julgar, proói- gamoó no deóenvolvimento deóte importante capitulo. O aleitamento artificial pode óer temporário ou permanente, dividindo-óe em directo q indi- recto, conforme a criança extrahe o leite por óucçao daó têtaó do animal ou lhe é eôte liquido adminbtrado por intermédio de vaóoó eópeciaeó. Aleitamento artificial directo Numetoóoó exemploó enóinam que, deóde epocaó remotióóimaó, óe conhecia o emprego deóte modo de alimentar aó criançaó: aóóim é que a hiótoria e a mythologia noó lembram oó nomeó MARIO CERQUEIRA 63 de Romulo e Remo, doó valenteó Scythas, de Júpiter, do paótor Daphins e de outroó alei- tadoó directamente por animaeó. Noó tempoó modernoó, diz Raulin, ainda bonó reóultadoó produz eóte aleitamento na Rússia, na Dinamarca, na Hollanda, na Escossia, na Irlanda e no Canadá, onde é empregado em larga eócala. Não ha duvida que eóta pratica, óuóceptivel á primeira vióta de cauóar averóão a certaó peóóôaó, poóóuealgumaóvantagenó daó quaeó aóprincipaeó óão: o emprego de um leite óempre em igual tem- peratura, livre da influencia doó germenó exte- rioreó, exempto daó fraudeó que o alteram em óua qualidade, a óupreóóão da mammadeira que óe torna um apparelho perigoóo, quando não óão obóervadaó aó regraó de aóóeio que maió adiante exporemoó. Inconvenienteó, porem, óurgem, tornando-o difficil de óer praticado: óão elleó a impoóóibi- lidade de diluir o leite que ãó vezeó por óuaó qualidadeó- muito nutritivaó occaóiona pertur- baçõeó gaótro-inteótinaeó graveó, a difficuldade com que óe lucta para habituar o animal, oó perigoó a que óe expõe a criança, que pode óer victima de uma óelvageria d'eóteó irracionaeó e o 64 MARIO CERQUEIRA diópendio, oó incommodoó que cauóam o óuótento e a eótabulação doó meómoó principalmente na cidade. Apezar d'ióto, muitoó auctoreó como Raulin, Leroy, Fournier, Boudart, Grellety, Icard, Marisset e outroó não condemnam o aleitamento artificial directo. Na eócolha do animal eóteó dão preferencia a cabra, por óer ella maió manóa, maió acceóóivel e menoó diópendioóa, embora reconheçam que o leite de jumenta é o que na óua compoóição chimica maió óe approxima do da mulher. A cabra não deve ter pontaó, oó pelloó óerão brancoó e longoó, porque eótaó deóprendem menoó o cheiro que lheó éproprio, uma condição neceóóaria é que eóteja recentemente parida, porque a lactação neóte animal não óe prolonga por muito tempo. Anteó de cada óuccção aó tétaó óerão cuidado- óamente lavadaó; depoió tendo-óe a criança noó btaçoó ou em um berço apropriado, óerá eóta collocadaóob o animal convenientemente detido, afim de amammentar-óe. No fim de algum tempo o animal óe habitua de tal óorte que conforme alguém, «acode ao menor grito da criança», con- firmando o que diz Buffon: «a cabra é óenóivel MARIO CERQUEIRA 65 áó cariciaó e óuóceptivel, de ter amizade áó criancinhaó que aleita». Eóte aleitamento permitte communicar ao leite, propriedadeó medicamentoóaó de dtogaó abóor- vidaó peloó animaeó, tornando-óe um precioóo meio de cura paca aócriançaó óyphiliticaó: aóóim o mercúrio, óob forma de pomada mercurial, pode óer friccionado na pelle da cabra, dando-óe ao leite propriedadeó antióyphiliticaó. Finalmente eóte modo de alimentar aó crian- çaó deve óer regulado como no aleitamento natural, convindo, óegundo algunó auctoreó, óer feito noó primeiroó mezeó pela jumenta, cujo leite maió óe approxima do da mulher e depois pela cabra, quando o óeu eótomago óupporte uma alimentação maió óubótancial. Comquanlo o aleitamento artificial directo óeja diópendioóo e áó vezeó difficil, é util em muitoó caóoó e nóó não o condemnamoó e prefe- rimol-o meómo, quando a ignorância e oó precon- ceitoó óociaeó, oó maioreó inimigoó da humani- dade, deóvirtuem e tornem nocivoó o natural e o artificial indirecto de que ora noó vamoó occupar. 66 MÁRIO CERQUEIRA Aleitamento artificial indirecto Sem querermoó fazer a apologia do aleita- mento artificial indirecto, continuando a dar toda a preferencia ao materno e ao mercenário, quando n'eóte óeja obóetvado o noóóo modo de penóar, diremoó com Guerin'. « O aleitamento artificial, bem comprehendido e intelligente- mente praticado, parece conótituir, em muitoó caóoó em que o aleitamento materno é impoó- óivel e defeituoóo, um recuróo cíoó maió pre- cioóoó». Já vae longe o tempo em que o numero de criançaó victimaó da mammadeira fazia temer a pratica do aleitamento artificial, quando aó regraó maió elementareó de hygiene eram de todo em todo deóconhecidaó, e a ignorância lançava á conta dsóte modo de aleitar o fundo etiologico da maior parte daó moleótiaó infantió. Hoje, porem, graçaó aoó progreóóoó da ócien- cia e aoó meioó que ella noó offerece para pro- teíermoó aó criancinhaó doó deóaótreó oriundoó principalmente daó infecçõeó gaótro-inteótinaeó, vemoó aó eótatióticaó óerem tão favoraveió a eôta pratica que, dizia Hervieux'. «O numero de MARIO CERQUEIRA 67 ctiançaó que tenho vióto proóperar pelo aleita- mento artificial é baótante conóideravel». Deixando no eóquecimento em que a óciencia collocou o óeguinte aphqriómo doó antigoó: «a mammadeira conóome maió aó criançaó do que o canhão oó adultoó», diremoó com Icard: «a mammadeira é uma arma de dois gumes, os seus effeitos variam conforme é manejada pela ignorância ou beneficiada pelas regras scientificas^. Enumerando então oó preceitoó que traça a óciencia com o fim de óanar oó inconvenienteó do aleitamento artificial, eótudemol-oó detidamente, procurando evidenciar o que acima óuótentamoó, eótribado naó opiniõeó doó diótinctoó auctoreó citadoó e de outroó muitoó que temoó conóultado para a feitura do noóóo deópretencioóo opuóculo. Anteó de eóplanarmoó a technica d'eóte alei- tamento, procuremoó, para methodióar, fazer o eótudo do leite que deve óer empregado, de óua eócolha e doó meioó de que diópomoó para beneficial-o, tornando-o apto áó funcçõeó digeó- tivaó da criança e expurgando-o doó germenó reóponóaveió pelaó infecçõeó que com elle poóóam óer ingeridoó. Deóde que a criança óe vê inteiramente pri- 68 MARIO CERQUEIRA vada do leite de mulher, é obvio que óe empre- guem. oó meioó de óubótituir eôte peto que maió ôe approxime de óuaó qualidadeó. No quadro abaixo inócripto e extrahido da obra de Icard, vê-ôe a doóagem maxima, media e minima doó elementoó que compõem oó princi- paeó leiteó empregadoó no aleitamento artificial, comparadoó com o da mulher. Elementos Agua Matérias fixas Caseina Albumina Manteiga Lactose DO Media 867, Mínima 826, 133, 36, 55 40, 50. 7, 114, 23, 27, 28, 1, £ Maxima 886, 174, 72, 55 88, 60, 7, e g Media 907.50 92,50 20,61 14, 14,32 47,32 4,04 i Minima 904,30 95,70 7,08 55 5,05 32,76 2,90 Maxima 913,07 86,03 33,35 14, 24,36 55, 5,23 e Media 827,11 127,49 49,47 13,11 49,41 41,91 6,33 rS Minima 816, 144, 24,81 12,24 40,08 31, 3,50 =5 Maxima 896,03 103,07 91,02 13,05 60, 52,80 9,10 e Media 827,11 172,29 53,02 17, 55 61,21 42,80 7,65 Minima 816, 184, 40. 51,31 39,43 6,80 o Maxima 833, 166, 69,78 17, 75, 50, 9, Media 900,08 99,92 20,77 15,05 20,53 59,61 4,31 Minima 890,10 109,90 6, 55 15, 30,10 50,46 3,20 fq Maxima 914, 86, 35,65 15,05 69,30 5,24 Media 881,64 118,36 27,146 13, 32,63 52,43 1,80 Minima 849, 72, 27, 55 13, 36, 1,38 á Maxima 900,10 161, 39,24 13, 43,43 76,14 2,14 MARIO CERQUEIRA 71 Cotejando-óe oò algariómoó acima, fica em evidencia que o leite de egua e o de jumenta óão oó maió approximadoó do leite de mulhe^e a pratica demonótra que óão bem toleradoó pelaó criançaó noó primeiroó diaó. Entretanto, pela analyóe, óe apreóentam menoó ricoó em manteiga, tornando-óe por ióóo neceó- óaria a óuaóubótituição por um leite maió nutri- tivo, quando o infante attinja um gráo maió elevado de deóenvolvimento e óuaó funcçõeó digeótivaó eótejam aptaó para digeril-o. A difficuldade, porem, de obter o leite proce- dente deóteó doió animaeó, o cuidado que deve haver em adminiótral-o apóó a ordenhagem, porque óe altera rapidamente, tendo meómo óoffrido a ebulição, fazem com que o óeu em- prego óeja muito limitado e de difficil pratica. O leite de cabra, comquanto óeja maió acceó- óivel e maió geralmente empregado, é muito rico em caóeina que, óob a acção do fermento- lab óe tranóforma em grandeó coaguloó de difficil digeótão, óendo por ióóo nocivo o óeu emprego anteó de treó a quatro mezeó da vida infantil. Collocando á margem oó outroó leiteó de raro conóumo, reóta-noó apenaó o de vacca, cuja 72 MARI0 CERQUEIRA abundancia e preço relativamente pouco alto o tornam preferido para o aleitamento artificial, embora poóóua uma proporção dupla, óegundo Gautier^ 0 tripla, conforme Fery^ de caóeina e uma diminuição óenóivel de todoó os elementoó mineraeó, á excepção do chlorêto de potaóóio, como fica demonótrado no quadro óeguinte, organióado por Schwentz: Lactato de óodio mulher o,3o vacca 0,11 mulher 0,70 vacca i,25 Chlorêto de potaóóio mulher 0,40 vacca 0,22 Phoóphato de óodio mulher '2,5o vacca 1,80 Phoóphato de cálcio mulher o, 5 o vacca 0,17 Phoóphato de magneóio mulher 0,01 vacca o,oo Phoóphato de ferro MARIO CERQUEIRA 73 Theoricamente parece que baótava diluil-o n'agua e juntar-lhe em proporçõeã determinadaó aò ôubótanciaó organicaó e mineraeó que lhe faltam para identifical-o ao da mulher; a pratica, porem, eóclarece que a diferença primordial não reóide na quantidade doó elementoó conóti- tutivoó e óim naó propriedadeó chimicaó da caóeina que no eótomago da criança óe coagula em grumoó eópeóóoô e difficilmente atacadoó peloó óuccoó digeótivoó, differindo, poió, do leite humano, que ôe precipita em flocoó tenueó e facilmente digeridoó. Apeóar deóte facto, é o leite de vacca o maió commummente empregado por óeu goóto agta- davel, o que o torna de facil acceitação pelaô criançaó e por óua obtenção relativamente pouco diópendioóa. Não óerá, porém, qualquer leite de vacca expoóto á venda o que aconôelhainoó; é de grande intereóóe o eócrupulo que deve haver para che- gar-óe ao conhecimento de óua procedência. Aó vaccaó que o produzirem devem óer ôadiaó, bem nutridaó, tendo o ubere livre de excoriaçõeó ou de leôõeó outraó de qualquer natureza. Se óão detidaó em eótabuloó, devem eóteó óer aôóeiadoó, bem arejadoó e não verdadeiroó focoi de infecção 74 MARIO CERQUEIRA como pela mor parte óuccede entre nóó; a óua alimentação conótará de hervaó óeccaó, de cereaeó, etc., não convindo alimental-aó excluói- vamente de hervaó verdeó, porque o leite pro- duzido tem propriedadeó laxativaó que provocam colicaó flatulentaó e diarrhéa. Eóteó animaeó deverão óer lavadoó todoó oó diaó com eócova apropriada, paótando óoltuó durante algumaó horaó. Noó paizeó em que oó governoó óe occupam maió detidamente da hygiene publica, aó vaccaó fornecedoraó de leite óão óubmettidaó por um veterinário á prova da tuberculina, óeparando-óe aó que apreóentam a reacção própria e conde- mnando-óe o óeu leite. A quantidade e a qualidade do leite podem variar conforme a raça daó vaccaó; o quadro óeguinte que extrahimoó da obra de Rotschi/d evidencia a noóóa affirmativa no tocante á variação quantitativa do producto fornecido por ellaó durante um anno. MARTO CERQUEIRA 75 RAÇAS LITROS POR ANNO de Jetóey 3ooo a 4000 de Conótantina . 3ooo a 35oo Bcetôa 1400 a 1600 de Schwitz .... 3ooo a 3200 de Ayt 2500 a 3000 de Manó 2000 a 25oo Flamenga 3ooo a 35oo Hollandeza .... 3000 a 4000 Em uma vaccaria, onde ha animaeó de diffe- renteó raçaó, diz o meómo auctor, deve-óe proceder óempre a miótura de todo o leite, afim de óer entregue ao conóumo um producto medio óob o ponto de vióta qualitativo. Influe óobremodo noó reóultadoó que óe devem obter do emprego do leite a maneira de extrahil-o: a peóóòa que pratica eóta operação deverá óer dadia, ter aó mãoó completamente óãó, tendo o cuidado de laval-aó anteó com agua quente e óabão, óubmettendo ao meómo proceóóo o ubere do animal e a cauda, quando deóaóóeada. Oó vaóoó em que óe recebe o liquido devem óer de ferro eómaltado previamente eôterilióadoô com agua fervendo e reôfriadoó. Depoió deôteó cuidadoó, começa-óe então a 76 MARIO CERQUEIRA otdenhagem, convindo não aproveitar o primeiro jacto de leite. Aóóim extrahido, óerá eóte liquido conóervado em vaóoó de vidro ou de porcelana hermetica- mente fechadoó, eóterilióadoó e poótoó em logar freóco para não óe alterar rapidamente, o que acontece com facilidade naó eótaçõeó quenteó. Noó locaeó em que o conóumidor não poóóa aóóiótir á ordenhagem, o que óe torna preferivel para evitarem-óe aó fraudeó doó eópeculadoreó a quem o intereóóe venda oó olhoó da conóciencia, é de utilidade fazer-óe a analyóe pratica do leite, obóervando-óe que também influem na óua compo- óição chimica o regimen alimentar do animal e a hora em que óe pratica a extraeção do leite, óendo eóte pela manhã maió rico de agua e de albumina e á tarde, de óubótanciaó gorduroóaó. Se o leite podeóóe óer extrahido óempre no momento em que a criança tem de ingetil-o, óe foóóe poóóivel ter-óe conhecimento do eótado de óaúde do animal que o fornece, baótariam eóteó cuidadoó para por em óalvo o aleitamento. Infelizmente, porem, o leite quaói óempre noó chega áó mãoó óem conhecermoó a óua origem, o modo porque foi manipulado, aó condiçõeó de óaúde e de eótabulação daó vaccaó, óem noó MARIO CERQUEIRA 77 inópitat confiança quem o vende, dando-óe muitaó vezeó o caóo de óet mió lutado {baptisado lhe chama o vulgo) com agua imputa pot quantoó o poóóuitam anteá de o comptatmoó. Deóta óotte, medidaó oultaó que noó enóina a óciencia devem óet poótaó em ptalica, no intuito de evitatem-óe aó infecçõeó e aó intoxicaçõeó, a que ficam óujeitaó aó ctiancinhaó pela ingeótão de um leite no qual cettamente abundatão coloniaó innumetaveió de getmenó pathogenoó e ôaptophitaó, que ahi enconttam um excellente meio de cultuta. E' facto que hoje não óofjfte conteótação o papel deóteó getmenó óobte o otganiómo da ctiança, detetminando aó intoxicaçõeó peloó ptoductoó da fetmentação elabotada no appa- telho gaótto-inteótinal ou anteó meómo de óetem ingetidoó. O eótudo, poió, deóteó mictobioó exiótenteó no leite e a óua acção óobte a economia, comptovada peloó innumetoó caóoó pathologicoó de ctiançaó cuja alimentação não foi beneficiada, impõem-noó a neceóóidade de tecottet a ptoceóóoó de deó- ttuição doó meómoó. Anteó de óetem explanadoó e diócutidoó oó diffetenteó ptoceóóoó de putificação do leite, 78 MARIO CERQUEIRA devemoó dizer que elleó óerão tanto maió efficazeó quanto menor [?r o intervallo que medeie entre o mungil-o e o empregal-o. E1 de maxima importância eóte preceito, por- que deóta maneira óe evita a maior contaminação do leite pelaó toxinaó que elaboram oó germenó e cujo poder é tal que óe não pode attenuar ou deótruir pela eóterilióação maió completa. Um medico da Pensylvania cita um facto occorrido na óua clinica do óeguinte modo:-«Fui chamado para medicar uma criança de 4 mezeó, victima de convulóõeó graveó, que determinaram a óua morte dentro de óeió horaó, tendo a infeliz deópertado pela manhã d'eóte dia aparentando boa óatíde. Era filha de umafamilia abaótada e que óeguia meticuloóamente aó minhaó preócripçõeó relati- vamente ao emprego do leite eóterilióado na alimentação da criança, que nunca óoffrera a menor perturbação gaótro-inteótinal, vivendo óadia e robuótióóima. Depoió de inquerir óobre a poóóibilidade de algum deócuido na eóterilióação do leite, ou óe o tinham adminiótrado óem obóerval-a, obtive reópoóta negativa inclinando-óe então o meu eópirito a penóar que a criancinha fòra victimada MARIO CERQUEIRA 79 pela acção de toxinaó previamente elaboradaó, talvez a eópaómo-toxina de Brieger, que a eóterilióação não podéra deótruir.» -Varioó óão oó proceóóoó de que diópomoó paca purificai o leite: deóde a ebulição, methodo de eóterilióar maió óimpleó, até a eóterilióação completa empregada na induótria. A ebulição é o proceóóo maió commum noó domicilioó e não neceóóita de apparelhoó eópe- ciaeó a óua pratica: é util, porém, que a ebulição óeja completa, verdadeira e prolongada durante treó a cinco minutoó, não óe devendo retirar o leite do fogo, dando-o como eóterilióado, no momento da óubida, porque neóta occaóião a óua temperatura é de 76° a 85° e inóufficiente para produzir a eóterilióação. Comquanto óeja eóte proceóóo o maió facil e o maió conveniente, por eótar ao alcance de todoó, preenchendo maió ou menoó oó finó a que óe dedicam oó outroó, o leite fervido não é óempre bem digerido pela criança, principalmente durante oó ptimeiroó mezeó de exiótencia; quando, porem, óe tiver duvida óobre a óua pro- cedência e nãoóepoóóam empregar outroó meioó, é preferivel fazer fervel-o, porque, como diz Drouet, é prudente conóiderar-óe o leite óempre infectado. 80 MARIO CERQUEIRA A pasteurisação é um proceóóo pelo qual óe aquece o leite a 70o ou 75o deócontinuamente, reófriando-óe depoió bruócamente a 10o ou a 12o. Eóte proceóóo não merece confiança, e é maió uma óegurança paca o vendedor do que para o conóumidor, motivo que noó conduz a cital-o apenaó. A eóterilióação propriamente dita pode óet completa ou incompleta: a completa é realióada no autoclave^ noó apparelhoó de Tyndall, de Legay, Hignette e Tímpe,KQb diveróoó eópe- cimenó que poóóuem oó induótriaeó e cujo óegredo guardam para ói. A incompleta ou relativa é obtida noó appa- relhoó de Fjor, de Mabru, de Thiel, de Soxhlet^ Budin e Gentile. cuja deócripção vamoó dar por óer maió em voga eóte modo de eóterilióação. Eóteapparelho, inventado por Soxhlet e ligei- ramente modificado por Gentile e Btidin^ compõe-óe de uma marmita com tampa, tendo no interior um porta-fraócoó, de fraócoó eópe- ciaeó, fabricadoó para óupportarem temperaturaó elevadaó, munidoó de gargaloó proprioó para óe lheó adaptar o bico da mammadeira e de obtura- doreó de cautchuc. MA RI O CERQUEI RA 81 Quando se tem de praticar a esterilióação, enchem-Se esseó frascos ate' dois terços de leite previamente diluido, como adiante indicaremos, em quantidade sufficiente para cada refeição; depois de arrolhados ligeiramente, collocam-óe no interior da marmita que deve conter agua ate' o nivel correspondente ao do leite no interior dos frascos. Põe-se então o apparelho ao fogo e, findos tres quartos de hora de ebullição activa, retiram-se os frascos que são mergulhados em agua fria. Durante a ebullição o ar contido no interior destes, que foram cheios Somente ate' dois terços, eScapa-Se, de modo que, no momento em que os frascos Se resfriam, o vapor d'agua se condensa, produzindo-se então um vasio relativo e Sob a influencia da pressão exterior os obturadores de cautchuc fecham-nos herme- ticamente. Finalmente na occasião de alimentar-se a criança basta amornar o leite em banho-maria e substituir a rolha de cautchuc pelo bico da mam- madeira. Para maior precaução aconselha-se esterilisar de cada vez a porção de leite que tem de Ser consumida durante vinte e quatro horas. 82 MARIO CERQUEIRA Por ó.erem um pouco diópendioóoó, eóteó appa- relhoó podem óer óubótituidoó por uma marmita qualquer em cujo fundo óe colloca um pouco de palha e por fraócoó communó, obturadoó com rôlhaó de cortiça, empregando-óe o meómo pro- ceóóo acima deócripto. D'eó farte oó pobreó poderão beneficiar o leite com que alimentam óeuó filhinhoó, aóóegu- tando-lheó a regularidade daó funcçõeó digeó- tivaó e collocando-oó ao abrigo daó infecçõeó que infeliz^nente oó conóomem tão largamente por culpa doó que oó dirigem. Segundo Budin, o leite aóóim eóterilióado é óuperior ao leite crú, porque, como eóte, não coa- gula no eótomago da criança em maóóaó eópeóóaó e indigeótaó, precipitando-óe, porem, óob á forma de coaguloó tenueó e analogoó aoó que produz o leite de mulher: como Budin, penóam Auvard, Plateau, Tear d, Comby, Rotschild e Legrand, que óe exprime da maneira óeguinte: «A eóterilióação faz a caóeina maió aóóimi- lavel por uma tranóformação molecular que óe paóóa». Sem poóóuirmoó factoó de obóervação, mere- cem-noó inteiro credito oó bonó reóultadoó que dizem ter auferido com eóta pratica o provecto MAR 10 CERQUEIRA 83 e talentoóo Meótre, Dr. Frederico de Castro, Rebello, cathedratico de Clinica Pediátrica, e o óeu operoóo aóóiótente, Dr. Frederico de Castro Rebello Kock. Tratando da eóterilióação, daremoó áó mãeó como ultimoó conóelhoô a repetição do que já dióóemoô em linhaó anterioreó: não voó deócui- deió dao fraudeo e doó baptismos do leite, óempre que poderdeó, verificai meticuloóamente a procedência deôte, que deveió eóterilióar óob voóóa própria vigilância e poucoó minutoó apóô a ordenhagem. Intencionalmente não perdemoó o noóóo precioóo tempo, occupando-noó com eóteó produ- ctcó que infelizmente óe empregam no aleita- mento artificial indirecto durante oó ptimeiroó mezeó da vida infantil, porque partecipamoó dao meómaô ideiaó de Boissa-rd, quando affirma que «todoó eóteó productoô óão drogaó nociva^, favo- recidaó pelo reclamo vergonhoóo, cuja expe- riencia cuóta a vida de milhareó de recem-na- ócidoó. Referindo-noó a eóte aóòumpto, óeja-noó per- mittido intercalar aqui aóeguinte obóervação que vem em appoio á óentença do illuótre Boissard. Apreóentou-óe na enfermaria de Clinica 84 MARIO CERQUEIRA Pediátrica do Hospital Santa Isabel, em um doó diaó do mez de Julho do corrente anno, uma rapariga de nome Julia, empregada do noóóo collega Francióco da Coóta Fernandeó, trazendo noó braçoó uma criancinha, óua filha, de cor preta, do óexo maóculino, naócida a termo em Dezembro de 1902, contando, portanto., na data em que a vimoó óete mezeó. Tal era o eótado de mióeria organica da infeliz criança, que aó óuaó proporçõeó óe a^óe melhavam maió áó d' um teócem-naócido de horaó do que áó de uma exiótencia de mezeó. Tendo óido feita a inópecção pelo illuótrado Profeóóor eópecialióta a quem fora apreóentada a criança, como era natural, o óeu eópirito inqueriu logo do modo de alimentação empre- gado, obtendo a óeguinte reópoóta:-a criança alimentou-óe aoó óeioó maternoó ate' a idade de um mez, quando, por parada da óecreção lactea, foi entregue ao aleitamento artificial indi- recto com leite conóervado, principiando deóta epoca oó incommodoó gaótro-inteótinaeó frequen- teó, caracterióadoó por vomitoó, colicaó, diar- théaó, que ainda a peróeguem ate' hoje, ao lado pe emmagrecimento que óe tem accentuado progreóóivamen te. MARIO CERQUEIRA 85 Capitulado o caóo de verdadeira atrepsia de Parrot pelo intelligente Clinico, foi aconóelhada pelo meómo a volta urgente ao aleitamento natural, procurando por meio de duaó formulaó combater a perturbação gaótrica e auxiliar a nutrição. Algum tempo depoió fomoó informado pelo collega Fernandeó, a quem óolicitamoó a fineza da obóervação a partir do dia em que vimoó a criança, da melhora rapida e creócente que óe patenteou apenaó com o emprego do leite de vacca, por não permittirem o aleitamento acon- óelhado oó recuróoó da pobre mãe. No correr do mez de Setembro apreóentou-óe de novo na Enfermaria a infeliz Julia com o óeu filhinho que fazia extraordinária differença da epoca em que o vimoó, convindo notar que, já havia algunó diaó, não ingeria uma golta de leite, em virtude do eótado de pobreza óempre creócente de óua mãe. Sciente do facto e temendo uma regreóóão ao eótado geral de deperecimento anterior, o Dr. Frederico Kock lembrou o alvitre de óer pago por elle e por algunó doó noóóoó companheiroó o leite neceóóario á alimentação do menino, dando expanóão aóóim ao óentimenlo de caridade que é 86 MARIO CERQUEIRA o apanagio de sua alma de joven tão dedicado á cauóa da infancia sojfredora. De então até a epocã em que apresentamos o nosso trabalho, temol-o visto todas as semanas e observado Sempre um progresso sensivel, reve- lado pelo augmentq de peso e pelo que nos fornece a inspecção, devendo-Se tudo isto á feliz, lem- brança do Dr. Kock e aos obulos dos distinclos. collegas que concorreram para o restabeleci- mento do innocentinho martyr. Quantos pobresinhos, menos felizes do que este, não perecem victimados pela miséria! ? Felizmente parece-nos que em tempo não remoto grande parte delles poderá ser assim salva pelo "Instituto de Protecção e Assis- tência á Infancia da Bahia^ instituição nobil- lissima inaugurada, graças aos esforços dos Drs. joaquim Tanajura, Frederico Koch e Menan- dro Filho, sobre os quaes hão de cahir as bencãos da Patria e as lagrimas agradecidas das mães, como prémio da feliz ideia que puzeram em pratica, auxiliados pela mão dadivosa da caridade publica. De nenhum modo, pois, deve-se confundir aleitamento artificial com alimentação pre- matura e, arrimado na opinião de Querin MARIO CERQUEIRA 87 * diremoó, traduzindo uma parte do óeu diócuróo na Academia de Medicina de Parió: «Aoó alimen- toó adminiótrativoó prematuramente e não ao leite de vacca é que óe devem attribuir oó deóaó- treó da alimentação artificial infantil.» Como ficou evidenciado, no quadro que óe lê em paginaó anterioreó, o leite de vacca differe do da mulher na compoóição quantitativa de óeuó elementoó, reóultando d'ahi óer elle indigeóto para o recem-naócido. Afim de corrigireóte incon- veniente é neceóóario diluil-o para diminuir a exuberância de caóeina que contem, e accreócen- tar-lhe certa quantidade de lactoóe de que carece para identificar-óe ao da mulher. O melhor liquido para a diluição é a agua pura, filtrada e fervida; oó decoctoó de cereaeó que geralmente óe empregam, devem óer pro- ócriptoó, porque óe alteram facilmente: noócaóoó em que a criança padeça de diarrhéa poder-óe-á junctar a cada refeição um pouco de agua de cal medicinal. A proporção de agua com que óe dilue o leite varia conforme a idade da criança e a compoói- ção do leite que óeria util conhecer de ante-mão. Como, porem, o exame deóta requer o empre- go de apparelhoó eópeciaeó não ao alcance de 88 MARIO CERQUEIRA todos, põe-se-a geralmente de parte attentando- se somente na idade do infante. O digno professor de Pediatria da nossa Fa- culdade costuma administrar o leite nas se^uin- tes proporções, conforme a idade da criança: durante o primeiro mez uma parte dAgua para uma de leite, de um mez até ires uma de leite para meia d'agua, diminuindo então progressi- vamente até o sexto mez a quantidade dagua, quando prescreve o leite puro. Icard aconselha que, durante a primeira se- mana seja administrada uma parte de leite para treS d^guá, na segunda uma de leite para duas d'agua, d'ahi até o terceiro mez partes iguaes, depois dois terços, tres quartos de leite até o sexto mez, quando emprega o leite puro. A quantidade de lactose a acrescentar deve ser na proporção de 5 °/0 de leite diluido. Quando o leite tenha de sofjrer a esterilisação antes de collocal-o nos frascos procede-se á di- luição, addicionando-se-lhe a lactose, e seguin- do-se as regras acima descriptas, que, todavia, podem variar conforme o aproveitamento da criança. Com o fim de melhor corrigir a composição do leite de vacca, ha outros processos pelos quaes MARIO CERQUEIRA 89 óe obtém oó leiteó chamadoó maternisados ou humanisados, deótacando-óe entre elleó o do profeóóor Gaertner de Vienna, aóóim deócripto por Henri de Rotschild: «extrahe-óe o leite, reófria-óe e dilue-óe com um volume igual de agua fervida. Tendo-óe feito antebiormente a doóagem da manteiga por intermédio do butyrometro centri- fugo do dr. Gerber, procede-óe á deónatação (écrémage\ ate' que a manteiga contida no leite óe ache em quantidade tão vizinha quanto poóói- vel do leite de mulher, addicionando-óe-lhe então vinte a vinte e cinco grammaó de lactoóe por litro de liquido.» «O leite aóóim obtido e' decantado em fraócoó de capacidade diveróa, variando de cento e cin- coenta a quinhentaó grammaó, óendo em óeguida eóterilióado na temperatura de io5° durante vinte e cinco minutoó». Depoió de eótudarmoó oó cuidadoó que óe devem tomar com o leite deótinado á alimentação artificial indirecta, vejamoó oó meioó de que diópomoó para adminiótral-o e aó regtaó que óe óeguem para o eótabelecimento do regimen na pratica deóte aleitamento. Antigamente coótumavam fazer a criança 90 MARIO CERQUEIRA ingerir o leite por intermédio de uma colher, de um copo ou de vaóoó óemelhanteó a almotoliaó; hoje, porem, o óeu uôo é reóervado para o eótado de debilidade da criança ou para quando óe opponha á óucção a exiótencia de um labio leporino, etc. Afim de óe approXimat o maiô poóóivel o aleitamento artificial do natural, inventaram-óe aó mammadeiraó, appatelhoó peloó quaeó aó criançaó ingerem o leite lenta e regularmente por óucção, acto eóte que exercita oó muóculoó da bocca e favorece a inóalivaçãu, realióando-óe aó ôucçõeó quaói como óe foóóem praticadaó no óeio da mulher. JSão exceóôivamente numeroóoó oó modeloó de mammadeiraó que óe encontram expoótaó á venda: óem oó enumerar, nem oó deócrever, diremoó todavia que na eócolha da mammadeira devemoó attentar na óua óimplicidade, requiôito eóte que a torna facil de aóóeiar e de aôeptióar. Aoô pobreô aconóelhamoó, com a maioria doó auctoreó, a mammadeira compoóta de um fraóco de duzentaó grammaó, maio ou menoò, não corado, lióo, óem anfractuoóidadeó interioreó, óobre cujo gargalo óe adapta um bico de cautchuc não vulcanióado. MAR 10 CERQUEIRA 91 Convém reconhecerem-óe eóteó para evitar-óe a compra doó bicoó de cautchuc vulcanióado que podem occaóionar o envenenamento da criança: oó primeiroó têm uma ou duaó óuturaó bem vióiveió, óão delgadoó, elaóticoó, poótoó á luz óão óemi-tranóparenteó e fluctuam na óuper- ficie d'agua; oó outroó não têm óuturaó, óão eópeóóoó, pouco elaóticoó, opacoó e não fluctuam óendo lancadoó n'agua. Aó peóóôaó cujoó meioó permittem devem óe utilióar na alimentação de óeuó filhoó do gala- ctophoro do Dr. Budin, que óe compõe de uma rolha de cautchuc atraveóóada por doió tuboó unidoó, óendo um maió largo para a paóóagem do leite e outro de luz muito eótreita que per- mitte a entrada do ar óem deixar que óe dê o eócoamento do liquido. Eóte apparelho muito óimpleó adapta-óe a qualquer garrafa ou fraóco e é de facil aóóeio, baóta para ióto deómontal-o, laval-o com uma eócova em agua fervida e quente contendo o carbonato de óoda, afim de óaponificar a man- teiga ahi impregnada, e depoió da óucçãomergu- Ihal-o em uma óolução boricada a 2 °/0, tendo o cuidado de fazel-o de novo anteó da óeguinte refeição da criança. 92 MARIO CERQUE1RA Precauçõeó identicaó exige qualquer mamma- deira empregada, para evitarem-óe aó enteriteó tão frequenteó de que óão victimaó oó infanteó alimentadoó por meio d'eóteó apparelhoó, quando não aóóeiadoó convenientemente. Aó mammadeiraó providaó de tuboó longoó externoó ou internoó, onde óe déóenvolvem germenó e fermentoó nocivoó á criança, devem óer completamente abandonadaó por não óe preótarem, óenão com difficuldade, aoó cuidadoó acima deócriptoó. Como no aleitamento natural, não é indife- rente no aleitamento artificial o numero de óucçõeó em únle e quatro horaó e a quantidade de alimento ingerido n'eóte eópaço de tempo. Aó refeiçõeó devem óer óufficienteó e regular- mente eópaçadaó para haver lambem a regula- ridade daó funcçõeó phyóiologicaó do tubo digeótivo, que, por óer o apparelho que maió funcciona no organiómo infantil, é por eóta meóma razão muito óenóivel. Quaeóquer que óejam aó perturbaçõeó que reóultem do deóvio d'eóta norma de proceder, a conóequencia immediata é a parada ou o decre- cimento do peóo da criança, que, maió do que a óua idade, deve orientar o traçado do regimen. MARIO CERQUEIRA 93 O quadro que tranócrevemoó abaixo, orga- nióado por Siebert, preenche perfeitamente a indicação do regímen alimentar da criança, entregue ao aleitamento artificial indirecto, atten- dendo-óe o ôeu peóo. QURNTIDfWE NUMERO DE SUCÇÕES Peto em libras De leite De agua De assucar Quantas vezes Em 24 horas De 6 da rm. até 6 da t. De 6. da t. até 6 da m. 6, 7 e 8 1 onça ou 2 colheres de sopa. 2 onças ou 4 colheres de sopa. 1 /2 colher de chá. 1 sucção de 2 em 2 horas. 8 sucções. 6 sucções. 2 sucções. 9 e 10 1 1 /2 onça ou 3 colheres de sopa. 2 1/2 onças ou 5 colheres de sopa. Idem Idem Idem Idem Idem 11, 12, 13 e 14 2 1/2 onças ou 5 colheres de sopa. Idem 3/ 4 de co- lher de chá. De 2 1^2 em 2 1/2 horas. 7 sucções. 5 sucções 2 sucções. 15 e 16 3 1/2 onças ou 7 colheres de sopa. Idem Idem Idem Idem Idem Idem 17 e 18 5 onças ou 10 colheres de sopa. 2 onças ou 4 colheres de sopa. 1 colher de chá. 1 sucção de 3 em 3 horas. 6 sucções. 5 sucções. 1 sucção. 19 e 20 Leite puro Idem Idem Idem Idem Idem MARIO CERQUEIRA 97 Eôtaò regraó, porem, que o diótincto ameri- cano traçou com tanta juóteza, julgamoó óuóce- ptiveiô de alteração, conforme oeótado de óaúde da criança, óua conótituicão, o funccionamento do óeu eótomago e de ócuó inteótinoó. Por iôto o aleitamento artificial deve óerprati- cado óempre no óeio da familia, óob a direcção intelligente e ócientifica do medico, poió que, como diz Gueniot, «é uma verdadeira arte, para cujo exercicio ha geralmente falta de bonó artiótaó». CAPITULO IV Aleitamento mixto O aleitamento mixto e a alimentação infantil em que figuram alternadamente o leite de mulher e o de vacca ou de outro animal. . Ainda neóte modo de nutrir a criança continua como principal alimento o leite, liquido que, não ceóóamoó de relembrar, e' o unico apro- priado áó neceóóidadeó deóta epoca da vida, em que o eótomago poóóue óuccoó excluóivamente deótinadoó á óua digeótão. Não óe conóidere redundante eóta explicação, porquanto geralmente confundem o aleitamento mixto com a alimentação mixta ou preparo á desmamma^ que releva diótinguir, afim de não óe encaminhar a criança para aó máó conóe- quenciaó da óuperalimentação e da alimentação prematura. Definido o aleitamento mixto, cabe-noó agora 100 MARIO CERQUEIRA demonótrar oó caóoó que óuggerem a óua indi- cação. Eóta eópecie de aleitamento torna-óe neceó- óaria, quando a mulher lactante não produz leite óufficiente ao entretenimento da vida in- fantil; quando a debilidade ou alteraçõeó de óaúde outraó, compativeió embora com o aleita- mento, óobrevem; quando a lucta pela exiótencia a afaóte do filho durante algumaó horaó, impe- dindo neóíe lapóo de tempo a nutrição ao óeio;- quando finalmente a mulher tem de amam- mentar duaó criançaó, evitando-óe d'eót'arte o óeu exgottamento ou a falta de leite para nutrir doió organiómoó óimultaneamente. A não óer neótaó condiçõeó, e quando óe recorre ao aleitamento mixto como um preparo á deómamma, de maneira alguma convém o óeu emprego, porque, eópaçando-óe aó óucçòeó no óeio, aó glandulaó mammariaó óoffrem menoó excitação, reóultando d'ahi, a parada da óecreção que conduz fatalmente á deómamma prematura de inconleótavel nocividade para aó criançaó. O aleitamento que ora noó occupa não deve óer poóto em pratica muito cedo, porque, con- forme diz Legrand, «a criança o óupporta tanto maió facilmente, quanto maió tarde realióado». MARIO CERQUEIRA 101 Sobejaó razõeó encerram-óe na phraóe do auctor citado, poió que, óabemoó, e procuramoó demonstrar deóde aó primeiras linhas deste nosso trabalho, que nenhum alimento é tão benefico ao recem-nascido, como o leite materno. Na idade de sete a oito mezes, porem, epoca em que a secreção lactea tende a diminuir e a tornar-se o leite insufficiente á nutrição, bons resultados se auferem deste aleitamento, Se se evitar a superalime ntação pelo regímen bem estatuído, e as infecções e intoxicações pela boa qualidade e pela esterilisação do leite que auxi- lia a alimentação natural. Todavia, possuindo a mulher leite em abun- dancia e a criança augmentando regularmente de peso, de medo que indique o preenchimento das condições de sua economia, não ha pressa de auxiliar a amammentação, que nestes casos, que não são raros de observar, pode ser feita até a idade de um anno. Sendo o aleitamento mixto uma combinação do natural e do artificial, é obvio que as regras concernentes ao Seu regímen sejam um conjuncto das que ficaram comprehendidas nos doió ulti- moó capituloó, nunca devendo eóquecer-óe que, MARIO CERQUEIRA 102 como diz Comby, «a indigestão faz mais vr ctimas do que a inanição". Predominando óempre aó óucçõeó feitaó no óeio óobre aó operadaó na mammadeira, porque, na phraóe de Vallois estas são um complemento, um adjuvante claquellas, havendo regularidade noó intervalloó daó refeiçõeó e a obóervancia da quantidade de leite que é ingerida de cada vez, attendendo-óe o rigoroóo beneficiamento deóte liquido auxiliar, conforme óe lê no capitulo pre- cedente de envolta com aó demaió regraô do alei- tamento artificial, tão neceóóariaó la, quanto im- preócindiveió aqui, aóóeguram-óe oó reóultadoó do aleitamento mixto. A óua maior efficacia, porem, depende princi- palmente da exceóóiva vigilância materna; a mulher mãe não deve confiar aoó cuidadoô da nutriz ou de outrem a parte artificial deóte aleita- mento, óobretudo á noite, porque ellaó óobre não óerem fieió obóervadoraó doó devereó que lheó óuggerimoó, acham na ocioóidade o maior prazer da vida. • Raramente entre nóó, maó na culta Europa, e eópecialmente na Inglaterra, contam-óe factoó em que eótaó deóalmadaó adminiótram de envolta com o leite narcoticoó e bebidaó alcoolicaó para, MAR 10 CERQUEIRA 103 com a embriaguez ou o óomno daó criançaó, dar expanóão ao óeu bem eótar. Terminando eóte capitulo, óejam aô óeguinteó palavrai de Icard o ultimo conóelho áó mãeó: «Nada temaió, vigiai, amai voóóo filho e elle viverá ». CAPITULO V Desmamma A deómamma é a óuppreóóão total do aleita- mento natural e a óua óubótituição pelo leite de vacca ou por outroó alimentoó. Outr'ora, quando a hygiene infantil era mal delineada, e de todo deóconhecida, campeando óem impugnação a óandice de preconceitoó, quaói óempre fataeó, era eóte periodo o eópantalho que óe antevia na evolução daó criançaó. Modernamente, porem, a óciencia deóvendou oó óegredoó cujo deóconhecimento n'aquella epoca conótituia a cauóa daó perturbaçõeó e até do exterminio da vida infantil, poz em evidencia oó mil cuidadoó neceóóarioó ao feliz exito da deó- mamma e lançou á conta da alimentação prema- tura, da óuperalimentação e da infecção por meio doó alimentoó oó deóaótreó obóervadoó n'eóta phaóe da exiótencia. 106 MARIO CERQUEIRA Por ióto vemoó hoje óe effeituar tão óuavemente eóta tranóição, que, na maioria doó caóoó, óe opera óem que o organiómo da criança accuóe a menor alteração, o maio leve deóequilibrio na óua actividade funccional. A epoca, o momento e o modo de realióar a deó- mamma óão oó óeuó facíoreó principaeó e para elleó devemoó voltar a noóóa attenção, tentando traçar algumaó linhaó óobre o aóóumpto que ora collimamoó. Sem óeguirmoó o exemplo doó Egypetos, que deómammavam óeuófilhoó aoó óeió mezeó, óem procedermoó como na antiguidade oó Gregoó, oó Romanoó, oó Arabeo, oó Hebreuó e moderna- mente oó Dinamarquezeó, oó Suecoó, oó Norue- guezeó, oó Turcoó, e oó Caledonioó, que fazem ceóóar o aleitamento no fim de doió ou treó annoó, diremoô que, entre aó duaó epocaó que conótituem a deómamma precoce e a tardia, é neceóóario eócolher-óe a media que ôe não pode fixar e que é variavel conforme a criança. Se a deómamma prematura colloca a criança á beira do abyómo, um aleitamento prolongado até o periodo em que o organiómo óolicita uma nutrição maió óubótancial em relação com oó pro- MARIO CERQUEIRA 107 da idade, poderá encaminhal-o para fim idêntico. Portanto, repetindo ainda uma vez para que permaneça o nosso conselho bem patente, exhoríamos as mães a não praticarem a des- mamma prematura, nem prolongada até que a criança diga, como observou Vogel,-obrigada, querida mãe, estou Satisfeita demammar. Deve servir de critério para julgar-Se da oppor- tunidade da desmamma o estado da dentição, o grão de desenvolvimento da criança, as suas condições de saúde e as de sua mãe, o valor nutritivo do leite que ingere, indicado pela balança e o momento da erupção dentaria. Sendo, pois, a criança bem desenvolvida, não estando sobre a acção de moléstia alguma: febres eruptivas, tosse convulsa e principalmente mo- léstias que concernem ás funcções digestivas, possuindo alguns dentes, finalmente indicando o Seu estado geral que ha necessidade de uma alimentação auxiliar do leite, será realisada a desmamma. Outra condição que não deve ser esquecida é a erupção dentaria: o momento mais favoravel á desmamma é o intervallo que separa a evolução de dois grupos de dentes; porque, como é 108 MARIO CERQUEIRA notorio, eóteó irrompem normalmente aoó pareó, a partir do óetimo para o oitavo mez, e, a cada erupção, accidenteó locaeó e geraeó ou óympa- thicoó, que fazem aó criançaó ôoffrerem maió ou menoó conforme a intenó idade, óão obóervadoó na maioria dcó caóoó. A deómamma nãoóerá praticada de um modo rápido, o que, quaói óempre, occaóiona óerioó incommodoó, porque, como óe exprimiu Hypo- crates, «óupportamoó oó alimentoó e aó bebidaó aoó quaeó eótamoó habituadoó, meómo quando' a óua qualidade não é boa, óupportamoó mal oó alimentoó e aó bebidaó aoó quaeó não eótamoó habituadoó, ainda não óendo má a qualidade». Aconóelhamoó, portanto, que lenta e pro- greóóiva óeja a deómamma eótatuida, afim de que aoó poucoó habitue o eótomago da criança a óupportar e a digerir bem oó alimentoó que depoió óe tornarão definitivoó, evitando-óe deóta arte aó affecçõeó graveó que tem por origem a óuppreóóão repentina do óeio materno. Lembrando ainda a neceóóidade abóoluta do aleitamento natural ate' o óexto mez, conforme ficou diócutido noó capituloó anterioreó de noóóa theóe, e que é enfadonho repetir, permit- MARIO CERQUEIRA 109 timoó, a partir deóta epoca, a pratica do alei- tamento mixto como um preparo ú deómamma. A principio o leite materno ou o da nutriz for- necerá o maior contingente á nutrição; maio tarde, porem, óerá o leite eóterilióado, cuja quantidade deve augmentar gradativamente, que predominará, para que, no momento aprazado, a criança ja habituada á mammadeira, não oppo- nha reòiótencia ao óeu emprego. Do oitavo ao nono mez, poder-óe-á então óup- primir definitivamente a amammentação, eóta- belecendo-óe o aleitamento artificial, obóervado conforme oó preceitoó que óe leem no terceiro capitulo e que juótamente neóta epoca virá pro- duzir optimoó effeitoó. No curóo do decimo óegundo mez começa-óe então a auxiliar o leite de vacca com aó óôpaó ou mingáoó óemi-liquidoó de cuja .compoóição fazem parte o leite e oó diveróoó amylaceoó bem conhe- cidoó daó mãeó de familia e que, por ióto, noó diópenóamoó de enumerar. Tendo-óe todo o cuidado de evitar a óuper- alimentação, óubótituir-óe-á uma daó raçõeó de leite por uma óòpa ou mingáo, augmentando-óe o numero ate' treó ou quatro por dia, quando a criança estiver habituada. 110 MARIO CERQUEIRA Continuando a criança a prcóperar com o novo regímen eótabelecido, oó alimentoó podem ja óer adminíótradoó óem o concuróo da mamma- deira e, não óe deóprezando nunca o emprego do leite, podem fazer parte da alimentação aó papaó que neóte momento óão proveítoóaó e que tão funeótaó conóequenciaó originam, quando a ignorância aó emprega, como temoó teótemu- nhado muitaó vezeó, no primeiro, óegundoeter- ceiro mezeó do naócimento. Se, porem, a criança é accomettida de diar- rhe'a, ,óe o peóo fica eótacionario ou diminue e óurgem quaeóquer alteraçõeó peróíótenteó da óaúde, eóte regímen deve óer ímmedíatamente óuó- penóo, voltando-óe ao emprego excluóivo do leite. Obóervadaó deóte modo aó regraó da deó- mamma, não óó aproveitará a criança, maó também a mulher que a nutre aoó óeíoó, porque aó óucçõeó, tornando-óe óucceóóívamente maió eópaçadaó, determinam a diminuição da óecreção lactea naó glandulaómammatiaó, reóultando d'ahí não óobrevirem oó íncommodoó doó óeíoó e não haver a indicação de laxatívoó para produzirem a parada da óecreção. Finalmente, a medida que a criança óe adiantar em idade, havendo óaúde regular e augmentando MARIO CERQUEIRA 111 o numero de denteó, farão parte de óua alimen- tação oó ovoó quenteó, o caldo de carne e quaói aoó doió annoó a própria carne bem coóida e muito dividida, attenta a maótigação incompleta daó criançaó. Ao amanhecer a criança almoçará um pouco de leite ou uma óôpa feita com eóte liquido e com pão ou uma papa; áó onze horaó, uma óôpa, um ovo quente, um pouco de carne e doce em pequena quantidade; áó quatro horaó, leite aóóim como uma hora anteó de deitar-óe. A agua e o leite óão aó unicaó bebidaó que devem uóar aó criançaó: o vinho, o chá, o café e todoó oó excitanteó merecem a proócripção abóoluta da alimentação infantil pela acção alta- mente nociva óobre o óyótema nervoóo, tão frágil e óuóceptivel neóta idade, em que oó pequeninoó devem óer óubtrahidoó a todoó oó agenteó que não lheó aóóegurem ulteriormente o phyóico e o moral, tolhendo-lheó a robuótez da matéria e deturpando-lheó a memória, a intelligencia e o caracter. Neóte periodo da vida é ainda o regímen bem eótabelecido que marca a proóperidade da criança e que deve conótituir a preoccupação conótante daó mãeó: aó refeiçõeó óerão realióadaó 112 MARIO CERQUEIRA a horaó certaó, noó óeuó intervalloó uma vigi- lância óevera exiótirá para que não óejam inge- ridoó alimentoó que vão provocar a falta de digeótão da refeição anterior ou o repouóo pre- cióo a que óe entregou o eótomago apóó eóta, perdendo a criança o appetite para a óeguinte. Terminando aqui a noóóa dióóertação, onde procuramoó por em relevo todoó oò pontoó referenteó á alimentação infantil na primeira idade, diremoó como ultimaó palavraó áó noóóaó patriciaó: quando no recinto do lar, um inno- centinho voó apparecer, como poderoóo elo d'oiro que voó vem encadeiar ainda maió ao eócolhido pelo coração, quando um anjinho deóóeó voó cercar da aureola coruócante que óo poóóuem aó portadoraó do óacroóanto nome de mãe; quando um filhinho fôr a voóóa preoccu- pação e o ponto unico que deveió fitar na orbita de voóóa vida domeótica com oó olhoó d'alma ócintillanteó de carinho e de amor, não voó eóqueçaió que é na hygiene alimentar da «carne de voóóa carne, .do óangue de voóóo óangue» em que aóóenta o óegredo daóaúde, da alegria e daó garruliceó, notaó suaveó da innocencia entoadaó por óonoraó boquinhaó cor de roóa. PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de Sciencias Medico-Cirurgicas 1/ j^ecção ANATOMIA DESCRIPTIVA I O eótomago da criança na primeira idade tem. a forma maió ou menoó cónica, de baóe óuperior arredondada e de vertice inferior ligeiramente recurvado. II Sua capacidade varia conforme a idade e o re^imen alimentar. III Ella é normalmente proporcional ao peóo da criança. ANATOMIA MEDICO-CIRURGICA I O umbigo do recem-naócido fica óituado abaixo da parte media do corpo. MARIO CERQUEIRA 116 II Aó herniaó umbilicaeô doó recem-naócidoó tendem á cuca eópontanea. III O melhor tratamento conóióte na contenção com uma faixa de diachylão. 2»a jSecção HISTOLOGIA I O leite é uma emubão natural, tendo uma parte óolida, conótituida por elementos figu- radoó, intimamente mbturadoó com o óôro. II Oó globuloó gorduroóoó óão oó principaeó deóteô elementoó. III São eóphericoó, poóóuem movimentoó brow- nianos e o óeu tamanho varia conforme a eópecie animal de onde provêm. MARIO CERQUEIRA 117 BACTERIOLOGIA I O bacillus vírgula é o germen reóponóavel pela infecção cholerica. II O leite é um bom meio de cultura para eóte microorganiómo. III • A prophylaxia da infecção cholerica infantil reóide na eóterilióação do leite. ANATOMIA E PHYSIOLOGIA PATHOLOGICAS I Naó gaótro-enteriteó infantió não óe revelam a principio leóõeó anatomo-pathologicaó. II Quando óão peróiótenteó e apparecem compli- caçõeó, aó leóõeó attingem o eólomago e o inteó- tino delgado. 118 MARIO CERQUEIRA III Ellaó óe caracterióam por inj ecção e entume- cimento da mucoóa, por hyperóecreção e queda do epithelio. 3? 0ecção PH YSIOLOGI A I O òucco pancreatico encerra treó fermentoó: a trypsina, a amylopsina e a esteapsina. II A trypsina e a esteapsina exiótem deóde o inicio da vida, a amylopsina denuncia-óe deóde o óexto mez da vida infantil. III A falta da amylopsina torna antiphyóiolo- gico o emprego doó amylaceoó noó óeió primei- roó mezeó. THERAPEUTICA I A dieta hydrica é uma indicação energica contra aó perturbaçõeó digeótivaó agudaó daó criançaó na primeira infancia. MARIO CERQEIURA 119 II Supprime aó fermentaçõeó inteótinaeó, favorece o repouóo daó viaó digeótivaó e augmenta a diuteóe. III Em geral deve durar de dezoito a trinta horaó. -jSf e c ç ã o HYGIENE r I E1 a hygiene alimentara que merece maior attenção na primeira infancia. / II Sendo o leite o alimento deóta idade, convém queóeja puro e livre daó fabificaçõeó. III A eóterilióação do leite deve óer praticada no intuito de deótruir oó germenó que o conta- minam. 120 MARIO CERQUEIRA MEDICINA LEGAL E TOXICOLOGIA I O aleitamento mercenário deveóer impugnado pelo medico, quando for a mulher óã e a criança óyphilitica. II O medico procederá de modo que a nutriz ignore a cauóa da prohibição. III Divulgar a moleótia da criança é revelar a doó paeó, éóacrificar portanto, o óegredo profióóional. 5/ j^ecção PATHOLOGIA CIRÚRGICA I O tétano infantil apparece do terceiro ao oitavo dia do naócimento, devido a infecção da ferida umbilical pelo bacillo de Nicolayer. II O trismo é o óymptoma caracteriótico da mo- leótia e contribue baótante para impedir o alei- tamento. MAR IO CERQUEIRA 121 • III As injecçõeS de soro antitetanico constituem a therapeutica moderna contra o tétano. OPERAÇÕES E APPARELHOS I O labio leporino é um vicio de conformação, tendo como causa uma parada de desenvolvi- mento durante a vida fetal, influenciada quasi Sempre pela herança. II Esta deformação contraindica o aleitamento natural. III A ■ cheiloplastia praticada nas quatro a seis primeiras semanas, após o nascimento é a ope- ração indicada. CLINICA CIRÚRGICA-(2.a CADEIRA) I Os abcessos do seio são mais communs nas mulheres que aleitam. 122 MARIO CERQUEIRA II Quando a collecção purulenta se manifesta, e'vacua-se o puz por incisão ou por puncção. III Nestes abcessos é contraindicado o aleita- mento natural. CLINICA CIRÚRGICA-(i.a CADEIRA) I Os abcessos subcutâneos são frequentes nas crianças aleitadas por mulheres portadoras de galactophorites. II AffecçõeS geraes e locaeó prediópõem o orga- nismo ao apparecimento destes abcessos. III A incisão precoce é o tratamento cirúrgico empregado. 123 MARIO CERQUEIRA 6-a j^ecção PATHOLOGIA MEDICA I O cholera infantil é o reóultado da infecção inteótinal pelo bacillus virgula, a que óerve de vehiculo a alimentação. II 4 Aó manifeótaçõeó cerebraeó tornam o pró- gnoótico fatal. III A dieta hydrica é a indicação que óe impõe aoó primeiroó óymptomaó da moleótia. CLINICA PROPEDÊUTICA I O hiótorico da alimentação elucida óobremodo o diagnoótico daó moleótiaó da primeira infancia. II » A exploração do apparelho gaótro-inteótinal deve ter a primazia na propedêutica infantil. 124 MARIO CERQUEIRA III A eócaóóez doó óignaè'ó óubjectivoó difficulta a óemeiotica da primeira idade. CLINICA MEDICA-(2? CADEIRA) I O muguet é uma eótomatite paraóitaria produ- zida por um cogumelo, o oidium albicans. II A' falta de hygiene na alimentação infantil, favorecida pelo mau eótado geral da criança, deve-óe attribuir eôta infecção. III A hygiene e oó alcalinoó óão óufficienteó para prevenir e curar eóta moleótia paraóitaria. CLINICA MEDICA-(i.a CADEIRA) I A gaótro-enterite chronica daó criançaô reóul- ta quaói óempre de perturbaçõeô mechanicaô devidaô á óuperalimentação. MARIO CERQUEIRA 125 II Vomitoó, conótipação e ligeiraó colicaô inteóti- naeó conótituem no inicio a ôua óymptomato- logia. III A gaótro-enterite chronicapode reveMir-óe doó caractereó de uma infecção aguda, maó, geral- mente, conduz a criança á athrepóia. 7.a jSccçâo MATÉRIA MEDICA PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR I Xaropeó óão formaõ pharmaceuticaô que óe preparam fazendo dióóolver aóóucar nagua pura ou dotada de principioó medicamentoóoó, por meio do calor ou a frio. II Elleó óervem para edulcorar aó formulaó ou para vehicular medicamentoó. 126 MARIO CERQUEIRA III Eôta forma é preferida na therapeutica infan- til por óer agradavel ao paladar. HISTORIA NATURAL MEDICA I O opio é extrahido da papaver somniferum, planta da familia daó papaveraceaô. II O óeu principal alcaloide é a mophina. III Deve haver muita prudência no emprego do opio durante a primeira infancia. CHIMICA MEDICA I A lactoóe e a caóeina do leite alteram-óe pela expoôição ao ar. II A reacção acida do leite fermentado provem a principio do acido láctico, depoió do acido acético. MAMO CERQUE1RA 127 III A caôeina precipita-óe dobre a acção do lab- fermento. 8 .a jSfecção OBSTETRÍCIA I O colodtro apparece no curdo dod ultimod mezed da prenhez. II E' um liquido opalino e edpeddo que de edca- pa do mamillo, quando de pratica ligeira preddão. III A exidtencia do colodtro, junta aod outrod dignaed que de encontram nod deiod, tem um certo valor no diagnodtico da gravidez. CLINICA OBSTETRÍCIA E GYNECOLOGICA I Ha duad formad de morte apparente para o recem-nadcido: a aôphyxica e a óyncopal. MARIO CERQUEIRA 128 II A forma óyncopal pode óer conóecutiva á aóphy- xica. III Anteó de tudo o parteiro deve procurar eótabe- lecer a reópiração. 9/ 0ecção CLINICA PEDIÁTRICA I A athrepóia é umacachexia toxica da primeira infancia. II Em óua evolução óe deódobra em treó phaóeó: gastro intestinal, toxi-infectuosa e cachetica ou phaôe da athrepsia confirmada. III Infecçõeó óecundariaó podem óurgir no curóo deôte eôtado morbido infantil. CL^MC. ç' * X op^talmia/purulenta veu. izcidoz é produzida pelo gonococ. II E* do terceiro ao quinto dia do nazcimcn que ôemariifeôtam oó primeiroz óymptomaó. III Az c^uterizaçõez biquotidianaz de nitrato de prata é az irrigaçõez quentez de zolução boricada conótltuem uma therapéutica proveitoóa. II/ 0eeção CLINICA DERMATOLÓGICA E SYPHILIGRAPHICA I O erythema papuloòo doó recem-naócidoó, quando generalizado, pode-ôe confundir com o ôaramno. ae ^ypto xi ]ai:er o dia^nos 1 o ariedad^ó mórbidas. » 111 >mo e a escrófula podem ser conse- vá pathologicas da hetedo-syp.hilis. 12-a j^ecção CLINICA PSYCHIATRICA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS V 1 As paralysiaó petipheticaó doó tecem-naócidoò óão de origem mechanica. II A patalyóia facial difficulta a pratica do aleita- mento. III E de prognoôtico favotavel, quando leóõeó degenerativas não attingirem o nervo.