Faculdade de Medicina da Bahia THESE APRESENTADA À FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Em 25 de Fevereiro de 1905 POR A 3a Matural do Estado de Alagoas ( Piassabussú) Ex-Interno de Cadeira de Clinica Obstétrica e Gynecologica AFIM DE OBTER 0 GRÁO DE DOUTOR EMMEDICINR DISSERTAÇÃO Cadeira de Clinica Obstétrica e Gynecologica Da herança syphilitica paterna e sua in- fluencia sobre a marcha da gestação e o producto da concepção PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medicas e cirúrgicas BAHIA IMPRENSA MODERNA DE PRUDENCIO DE CARVALHO Rua São Francisco n. 29 1905 Faculdade de Medicina da Bahia Director-Dt. ALFREDO BRITTO Vice-Diréctor-Dt. ALEXANDRE E DE CASTRO CERQUEIRA Lentes cathedraticos OS DRS. MATÉRIAS QUE LECCIONAM 4.» SECÇÃO J. Carneiro de Campos Anatomia descriptiva. ' Carlos Freitas Anatomia medico-cirurgica. 2.» Secção A atonio Pacifico Pereira. . . . Histologia Ajgusto C. Vianna Bacteriologia Guilherme Pereira Rebello. . . . Anatomia e Physiologia pathologicas 3.« Secção Manuel José de Araújo Physiologia. José Eduardo F.de Carvalho Filho. . Thérapeutica. 4.a Secção Raymundo Nina Rodrigues. . . . Medicina legal e Toxicologia. Luiz Anselmo da Fonseca Hygiene. 5.a Secção Braz Hermenegildo do Amaral J. . Pathologia cirúrgica. Fortunato Augusto da Silva Júnior . Operações e apparelhos Antonio Pacheco Mendes . . . Clinica cirúrgica, 1.» cadeira Ignacio Monteiro de Almeida Gouveia . Clinica cirúrgica, 2.a cadeira 6.a Secção Aurélio R. Vianna Pathologia medica. Alfredo Britto . Clinica propedêutica. Anisio Circundes de Carvalho. . . Clinica medica P» cadeira. Francisco Braulio Pereira Clinica medica 2.a cadeira 7.a Secção José Rodrigues da Costa Dorea . . Historia natural medica. A. Victoriode Araújo Falcão . . . Matéria medica, Pharrnacologia e Arte de formular. José Olympio de Azevedo .... Chímica medica. 8.a Secção Deocleciano Ramos Obstetrícia Climerio Cardoso de Oliveira . . . Clinica obstétrica e gynecologica. 9.a Secção Frederico de Castro Rebello. . . . Clinica pediátrica 10. Secção Francisco dos Santos Pereira. . . Clinica ophtalmologica. 11. Secção Alexandre E. de Castro Cerqueira . Clinica dermatológica e syphiligraplnc 12. Secção J. Tillemont Fontes Clinica psychiatricaj e de moléstias nervosas. João E. de Castro Cerqueira ... Sebastião Cardoso j Em disponibilidade Lentes Substitutos OS DOUTORES José AÍTonso de Carvalho ^interino. . . 1.' secção Gonçalo Moniz Sodré de Aragão . . . 2 a » Pedro Luiz Celestino . . . . . 3.a » Josino Correia Cotias • ..... 4.a » Antonino Baptista dos Anjos (interino^ . 5.a João Américo Garcez Fróes 6.a Pedro da Luz Carrascosa e José Julio de Calasans 7.a J. Adeodato de Soma 8.a » Alfredo Ferreira de Magalhães ... 9.a » Clodoaldo ue Andrade 10. » Carlos Ferreira Santos 11. > Luiz Pinto de Carvalho (interino) ... 12. >t Secretario-DR. MENANDRO DOS REIS MEIRELLES Sub-secretario-DR. MATHEUS VAZ DE OLIVEIRA "Faculdade não approva nenY reprova "asopiniões exaradas nas lhesês pelos seus auctores IDXSS ERTA ÇÃO Da herança syphilitica paterna e sua in fluência sobre a marcha da gestação e o producto da concepção Cadeira de Clinica Obstétrica e Gynecologica PROPOSIÇÕES d Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sei encias medico-cirurgicas. CAPITULO I Syphilis paterna - sua influencia sobre a gestação e producto da concepção Se bem que os syphiligraphos de longínquos tempos, admittissem um poder preponderante e exclusivo do progenitor na transmissão heredi- tária da syphilis; e o genial Paracelso em 1529, lobrigando a contaminação das creanças pela fe- cundação, exclamasse em verdadeiro desassombro « fit morbus hereditarius a patre ad filium » ainda mesmo assim, o thema que faz matéria de disser- tação n'este capitulo, é uma questão, cuja solução não recebeu os foros de cidade-a sancção scien- tifica e unanime dos mestres. A influencia da syphilis paterna na evolução da gestação e no producto da fecundação, pro- blema da mais alta importância pratica e social, fez surgir na vastidão da arena scientifica, duas escolas, que ainda se degladiam na conquista da verdade. Uma, a mais lógica, a mais racional, quasi uni- versalmente acatada, que espelha o archivo das 2 observações e tem como pregoeiros eminências da envergadura de Diday, Hutchinson e Fournier, á qual nos filiamos, affirma terminantemente ter a syphilis gaterna uma influencia capital no evolver da gestação e no fructo da concepção. A outra, que conta um pequeno numero de par- tidários e procura nos casos excepcionaes as bases da sua defesa, traduz a perspicácia do sentir dos seus partidários na seguinte phrase: « A influen- cia da syphilis paterna na evolução da gravidez e no producto da fecundação, é nulla ou quasi nulla ». Para a solução deste complexo e delicado pro- blema, faz-se mister que elucidemos a magna questão da herança syphilitica paterna. Compulsámos detiJamente os melhores tra- tados referentes ao nosso thema de dissertação inaugural; examinámos á luz da theoria e da pra- tica todos os argumentos básicos dos partidários da doutrina contraria á heredo-syphilis paterna; afinal fomos conscienciosamente forçados a impu- gnal-os - por especiosos ou negativos. Outrosim, refutamos as conclusões tiradas das observações conducentes á não influencia da sy- philis paterna; não a exactidão destas, porque de concerto com a grande maioria dos competentes na questão, admittimos a possibilidade de um in- divíduo inquinado da entidade pathologica, pro- 3 crear filhos indemnes de qualquer manifestação especifica do mal francez. Collocando o problema a resolver no seu ver- dadeiro domínio, perguntamos : Em que bases as- senta a doutrina adversaria, para negar a in- fluencia da heredo-syphilis paterna? Aquelles que a profligam, apresentam tres ar- gumentos, que, são verdadeiros em suas premissas e falsos em suas consequências. Analysemol-os. 1? Não ha relação alguma, entre o numero de pacientes em estado de syphilisação, cohabitando com mulheres puras e o dos seres infectados pro- vindos dessas uniões. A ninguém é licito duvidar que esta preli- minar reverbera uma verdade clinica; entretanto não dá um golpe fatal na realidade da trans- missão hereditária da syphilis paterna. O maís que podemos inferir d'ahi é: a ausência de condições indispensáveis á sua transmissibi- lidade, porquanto não ficou firmada pela sciencia a sua obrigatoriedade intransigivel. O segundo argumento tem como esteio a obser- vação clinica. 2? São vulgares na sciencia observações de terem filhos isentos de qualquer estygma de sy- philisação, indivíduos syphilisados casados com mulheres sãs. Na verdade, taes factos são evidenciados pela 4 clinica, mas a illação que delles resulta, não des- throna de maneira alguma a herança da syphilis paterna, porque «são factos negativos e, como taes, apenas possuem o valor dos factos desta ca- tegoria; todos reunidos não prevalecem contra um só positivo ». 3? Emfim o terceiro e ultimo argumento firma-se sobre a não inoculabilidade do esperma dos sy- philiticos. Evidentemente os experimentos de Mireur e outros evidenciaram que a inoculação subcutânea do semen de pacientes syphilisados em pacientes bons, não lhes conferia a moléstia; eram de resul- tados negativos, isto é, esteieis. E' um facto perfeitamente provado; mas, como se nos apresenta, poderá invalidar a possibilidade desta semente infectar o ovulo? Naturalmente a resposta é a negativa; e porque? Porque não podemos de forma alguma equiparar dois factos inteiramente oppostos, divergentes na sua natureza intima; não ha parallelo possível entre a faculdade que o semen poderia ter de con- ferir o mal napolitano por mediação das inocula- ções subcutâneas e os effeitos que elle pode exercer sobre o ovulo; dá-lhe vida em virtude de um phenomeno tão especial quanto mysterioso. ao mesmo tempo que a vida, transmitte-lhe apti- dões physiologicas e pathologicas, caracteres de raça, de especie, de indivíduo, que no futuro se 5 traduzirão por consemelhanças physicas, moraes, intellectuaes, até mesmo mórbidas, entre o novo ser, que vae resultar da impregnação espermatica, e o genitor que lhe forneceu o elemento fecundante. Não existirá, ahi, um phenomeno de ordem toda especial, a nenhum outro comparável ? Ignora- mos-lhe a natureza intima, mas, nem por isso deixa de ser irrecusável e authentico; conseguintemente não é admiravel, que o esperma virulento possa transmittir a syphilis, como outro germen morbido, embora não seja contagioso por inoculação. Também é indispensável observar que fecun- dação e inoculação são phenomenos bem diversos, jamais havendo probabilidade de se identificar; pode faltar á semente virulenta a faculdade de conferir a entidade mórbida por inoculação sub- cutânea e existir a prerogativa de conferil-a ao ovulo por impregnação geradora ; logo, fica pe- remptoriamente firmada a noção de que a não inoculabilidade do esperma syphilisado não pode constituir uma objecção seria, verdadeira em face da physiologia e da observação clinica, como brevemente veremos. Vinay, no seu tratado das moléstias da gravidez, estribado na lei de Wissokowitz, segundo a qual as secreções glandulares sómente contém germens infectuosos nos casos em que a glandula apresenta localisações mórbidas, combate a herança paterna. Harmonisando-nos com este principio, só os 6 pacientes portadores de lesões especificas dos testículos poderiam fornecer sementes virulentas; por conseguinte, um pae apenas procrearia filhos inquinados da diathese, quando se achasse nas condições alludidas. Insinua por mediação da lei supra referida, ex- plicar os resultados negativos dos experimentos de Mireur, conducentes a não inoculabilidade do esperma dos syphiliticos. Achamos falho de fundamentos o argumento do auctor; além de refutarem-no as razões induzidas relativamente aos argumentos anteriores, pomos em duvida a elasticidade que Vinay julga visar na lei de Wissokowitz. Ora, sendo abraçada a doutrina contraria á he- rança da syphilis paterna, as consequências fu- turas seriam, como ponderam Paul e Emile Diday, perigosas por excellencia, porque semelhante doutrina impreterivelmente levaria o medico, com a autoridade que lhe compete na hypothese, a permittir enlaces dos quaes nasceria uma prole destinada aos horrores do infortúnio ! Transplantando a questão para o dominio da theoria, mesmo ahi, não podemos negar ao ele- mento paterno o poder syphiligeno na progenie, que seria sustentar um absurdo e transgredir as leis dominantes da herança. Appellando mesmo para a analogia clinica, como 7 podemos subverter a influencia da herança da syphilís paterna ? Se no ponto de vista physiologico, pathologico e moral, vemos a herança paterna reproduzir-se no filho por tantas e tantas consemelhanças da mesma ordem, como não admittir que esta lei biologica se verifique no mal francez, moléstia por tal forma modificadora do organismo que, perigrinando nos seus mais intimos recessos, ahi se aloja, para ampliar suas prorogações á phases indeter- minadas? Outro fosse o caso, teríamos no mal napolitano a excepção a mais extraordinária aos princípios reguladores da herança; pelo que, não podemos deixar de abraçal-a como um facto inconcusso, attestado diariamente pela observação clinica. Uma vez refutadas as razões dos impugnadores, passemos a registar summariamente as clausulas que nos induzem a acceitar, como um facto incon- testável, a transmissibilidade hereditária da sy- philis paterna e sua influencia na marcha da ges- tação. A plêiada de sábios abaixo mencionados, cujos nomes fulguram na galeria da immortalidade, com a luz benefica de seu saber, espancou as densas trevas mysteriosas da sciencia; cadeia sublime tendo como elos extremos Ricord e Fournier as- signal-a casos perfeitamente authenticos de mu- lheres puras do mal francez, terem filhos eivados 8 da moléstia, simplesmente pela transmissão da syphilis do progenitor. Ricord Diday, Casenave, Basen, Bceresprung, Hutchinson, Bassereau, Beyran, Lancereaux, Hal- lopeau, Charpentier, Emery Pozzi, Fournier e tantos outros, que seria longo enumerar, illustram seus trabalhos com observações que apoiam a these. Para Hutchinson, a mór parte da syphilis here- ditária é oriunda exclusivamente do progenitor e, dest'arte se expressa: «I am firmly of opinion that, in a large majo- rity of instances in English practice, inheritance of syphilis is from the Fathev, the mother having never suffered before conception (Medicai Times and Gazette déc. 1896). Fournier, a maior summidade do século passado, em syphiligraphia, no seu livro « syphilis e casa- mento», procurando convencer os partidários da doutrina adversa por meio de observações co- lhidas na sua clinica particular, relata factos que, pela importância demonstrativa da transmissão he- reditária da syphilis do elemento paterno e sua nocividade no correr physiologico da gestação, julgamos conveniente reproduzir alguns: Trata- se de um medico que tendo ha alguns annos ad- quirido o mal francez e se submettido a um trata- mento de oito fricções hydrargiricas, insufficientes a corrigir-lhe o fundo infectuoso, casou-se um anno 9 depois; sua esposa attenta e vigilantemente exa- minada, conservou-se indemne de toda e qual- quer estygmatisação pathognomonica da moléstia. Dessa união provieram cinco gravidezes cujo desfecho foi o seguinte: tres partos prematuros e zdois á termo; as tres primeiras creanças nasceram com accidentes da terrível diathese: papulas, pemphigus bulhosos e macerações da pelle; e as duas ultimas eminentemente syphiliticas. Hutchinson, « The Britishancl foreign med. chir- Review» oct. die 1897, insere uma observação quasi idêntica á do auctor supra citado. Um medico syphilisado ha dois annos passados, juigando-se curado mecíiante um tratamento mer- curial de seis mezes, casou-se; sua esposa sendo diariamente examinada, ficou illesa de qualquer manifestação especifica do mal napolitano. Con- cebeu onze vezes, terminando as gestações da seguinte forma: dous nati-mortos com alguns signaes caracteristicos da entidade mórbida-ma- cerações da pelle e augmento considerável de volume do abdómen; tres partos prematuros - creanças não vitaes; e seis contaminadas do mal francez hereditário, necessariamente do proge- nitor. Pinard, em uma estatística haurida da clientela particular, em que exclusivamente o genitor é syphilitico, constando de 105 gravideses, verificou 10 o qne vamos relatar: vinte e cinco abortamentos no correr do quarto mez, trinta partos prematuros processando-se no curso do sétimo mez e cincoenta partos naturaes, de creanças eivadas dos acci- dentes patentes da individualidade pathologica. Ora, mediante a evidencia dos resultados destas observações, assignaladas pelas maiores culmi- nâncias do magistério scientifico, seria uma inius- tiça clamorosa negarmos a veracidade de factos que têm como esteio - a physiologia e a clinica. Devemos acceitar e relembrar a cada instante, esses resultados, muito embora os partidários da doutrina contraria á herança paterna os attribuam ao exame das mulheres deficientemente feito e continuem, na sua capciosa doutrina, a affirmar que não ha crianças syphiliticas, sem mulheres previamente syphilisadas. Não cabe, porem, nos moldes da nossa razão, acreditar que homens aliás de idoneidade reco- nhecida, apresentem uma argumentação tão fraca, sem fundamento e assaz instável a sua base de sustentação que, immediatamente baqueiam, ante a procedência das observações supra-registadas. Decididamente, só a idéa preconcebida, a fé e dogma, podem de alguma forma justificar a atti- tude assumida pelos impugnado^es, tal é a elo- quência das sábias asserções relatadas por Hut- chinson, Pinard e Fournier, auctoridades indecli- náveis no assumpto, scientistas emeritos, que 11 sempre se distinguiram pela fina educação dos sentidos, apuro e sagacidade, mormente quando redigiam os seus protocollos clínicos; portanto, fica provado que a syphilis paterna se transmitte ao fructo da fecundação pela herança. Um segundo factor da mais alta transcedencia, vem addir-se aos preexistentes pleiteando em prol datransmissibilidade hereditária da syphilis paterna e a sua influencia nociva, quer na marcha natural, physiologica da gestação, quer na vida do pro- ducto da fecundação: é a predisposição ao abor- tamento e ao parto prematuro ou precoce em um casal em que o esposo é syphilitico. Em epochas perdidas no passado, o immortal Trousseau, com o seu espirito vidente, escreveu: «Quand vous serez appelé, près d'une femme pour laquelle 1'avortement ou l'accouchement pre- maturé est une habitude, vous aurez tort, si vous ne faites figurer 1'infection syphilitique parmi les causes supposables, dont on dresse le catalogue provisoir avant d'assoir son jugement». Como é natural todos os factos passarem no seu inicio por uma phase de utopia, não nos admira que o conceito do preclaro professor de clinica medica do Hotel Dieu, fosse recebido com certo menospreso pelos seus contemporâneos e princi 12 palmente pelos partidários da doutrina contraria á herança da syphilis paterna; mais tarde, porem, com o correr dos tempos e a confirmação dos factos clínicos, a sua acceitação fel-o occupar lugar importante na medicina pratica e tornar-se exten- sivo até os nossos dias. Entretanto o conceito aventado pelo professor Trousseau passou por uma phase de mutações continuas, tornando-se indispensável a apparição do vulto venerável de Kassowitz, para que expe- rimentasse novo impulso. Foi este imperterrimo defensor da transmissibi- lidade hereditária dasyphilis paterna, - estudando a sua influencia, ora na marcha da gravidez, ora "na vida do producto da concepção, - o segundo a se expressar desta sorte: « A gravidez jamais percorrerá a sua evolução normal, quando a in- fecção syphilitica do elemento paterno se tiver dado recentemente, ou se achar no periodo secun- dário : a interrupção é quasi obrigatória, certa; os abortamentos e os partos prematuros são a forma habitual de traducção da transmissão hereditária da syphilis paterna ». Parece confirmar o modo de sentir de Kasso- witz, uma das maiores summidades dos nossos dias, o eminente professor do Hospital de S. Luiz. Na sua autorisada opinião, a influencia heredo- syphilitica paterna se traduz mais commummente 13 pela morte do feto in-utero, do que pela tran- smissão á creança da syphilis em natureza. De facto, a resultante a mais natural, quando a terrível diathese não experimentou á acção bené- fica dos modificadores - o tempo e o tratamento- é a producção de abortamentos e partos prema- turos de fetos mortos e macerados. Tão vulgares e frequenres tornaram-se estes accidentes interruptores da gestação, em um casal em que o esposo é syphilitico, que Fournier lhe conferindo os fóros de verdadeiro axioma, dest'arte se exprime: « Le dangerleplus commum, le plus usuel, auquel expose dans le mariage la syphilis du mari, c'est l'avortemente et Faccouchement pre- maturé ». Segundo Pinard, depois da inserção viciosa da placenta, da albuminúria gravidica e do habito de abortar^ o factor mais preponderante na genesis dos abortamentos e dos partos prematuros é a syphilis paterna, quando nova. Além de que, esta propriedade feticida, abor- tiva, da syphilis hereditária paterna, suscitadora, quer do abortamento, quer da expulsão do pro- ducto da fecundação, caracterisa-se pela sua expan- sibilidade, isto é, não se restringe á primeira ges- tação; vae se interpolando por espheras além, po- dendo attingir á nona, decima e undécima gesta- ções, até que, um dos dois modificadores do mal napolitano - o tempo e o tratamento - venha ex- 14 ercer, no fundo infectuoso do progenitor, sua acção salutar. Ante o que vimos de expender, se deduz que a responsabilidade do medico cresce de importância, permittindo enlaces, em se tratando de uma mo- léstia cujos efíeitos não se limitam a um ser, que, se propagando a outros, pode anniquilar uma ge- ração inteira. Sevir-nos-ão de elementos de prova da asserção aventada, duas estatísticas: uma do Dr. Edmundo Fournier, publicada em 1899, e a outra de Kasso- witz, publicada em 1886. Em 520 gestações sobrevindas nas condições supra-referidas, isto é, em que somente o esposo está inquinado da moléstia, Fournier verificou o que vamos narrar. No primeiro anno de 1896: Abortamentos no correr dos quarto e quinto mezes de fetos macerados. . . 72 casos Partos prematuros ou precoces no correr do sétimo mez, de creanças mortas e maceradas 108 casos No segundoanno de 1897, as mesmas gestantes: Abortamentos no correr do quinto mez, sem lesões apparentes .... 49 casos Partos prematuros no correr do oi- tavo mez de creanças vivas e syphili- ticas, que dias depois succumbem . .126 casos 15 No terceiro anno de 1898 : Abortamentos no correr do sexto mez sem lesões especificas da entidade mórbida 24 casos Partos prematuros ou precoces no correr do nono mez, de creanças vivas e eminentemente syphilisadas . . . 141 casos Total - 145 abortamentos no curso dos quarto, quinto e sexto mezese 475 partos precoces. Esta estatística, observa o auctor, foi colhida na clientela particular, na burguezia, num meio so- cial, verdadeiro escól da mais alta aristocracia, onde as condições anti-hygienicas, de miséria, de fadiga, de surmenage physica, moral e intelle- ctual, de alimentação insuíficiente e excessos de toda especie, não occorreram como causas pre- disponentes dos abortamentos e dos partos pre- maturos repetidos; nem tão pouco as condições de saude, de idade e moléstias uterinas - malfor- mações congénitas, figuravam como elementos accessorios interruptores da gravidez; conseguin- temente, a morte in-utero, traduzindo-se pelo abor- tamento e a expulsão prematura do fructo da con- cepção, correm forçosamente por conta da acção perniciosa da syphilis hereditária paterna. Kassowitz, em sua estatística quasi idêntica a do Dr. Edmundo Fournier, faz salientar a influencia benefica do tempo nas ultimas prenhezes e diz: 16 Abortamento no correr dos terceiro, quarto e quinto primeiros mezes - fetos macerados 25 Partos prematuros no correr do oitavo mez com estygmas patentes do mal francez 30 Partos naturaes, physiologicos, de creanças vivas e syphiliticas .... 50 Os resultados destas estatísticas, além de serem curiosissimos, levam-nos a inferir que a herança da syphilis paterna, sob qualquer uma das suas modalidades clinicas, jamais deixará de repercutir no fructo da concepção e interromper a marcha natural, periódica da gravidez; deducção que, sendo tomada de uma maneira absoluta incide no vicio da argumentação, dos que negam ao ele- mento paterno o poder syphiligeno na progenie. A influencia feticida, abortiva da transmissão da syphilis heredo-paterna, impõe-se ao critério do observador curioso quando se cotejam num mesmo casal as prenhezes anteriores e posteriores á contaminação do esposo. Pinard, entre vários casos, cita um que, pelo seu valor intrínseco, attento á circumstancia, jul- gamos conveniente reproduzir aqui : Trata-se de um medico que casando-se com uma mulher pura de qualquer signal caracteristico da moléstia, teve quatro filhos em perfeito estado de saude; uma vez syphilisado, põe em pratica todos os cuidados 17 impeditivos á contaminação da esposa-esta per- manecendo indemne-e torna-se pae mais quatro vezes; eis o desenlace das gestações posteriores á contaminação: Abortamentos no correr do quarto mez . 3 Parto á termo de uma creança syphi- lisada, em verdadeiro estado de decadência original, succumbindo momentos depois . 1 Também não deixa pairar a minima duvida no espirito o mais obscuro que o parallelo offerecido por esta observação, é dos mais convincentes. Mais uma consideração de grande procedência, um elemento poderoso, vem concatenar-se aos preexistentes, collaborando em nosso auxilio, na lucta renhida com os impugnadores da hereditarie- dade da syphilis paterna: é o tratamento especi- fico, influenciando beneficamente em casaes em que os partos, nunca attingindo o prazo normal, physiologico, simplesmente pela acção nociva da syphilis do esposo, de prompto chegam a termo, logo que este se submette a um tratamento mercurial sufficiente a corrigir-lhe o fundo infe- ctuoso. Casos de tal jaez, são tão communs e frequentes á observação de parteiros e médicos, que muito raro será aquelle que no exercicio de sua pro- fissão não consiga apurar alguns. Para não nos alongarmos, eximimo-nos de re- 18 produzir rnais algumas observações frisantes sobre a herança syphilitica, em natureza; passamos im- mediatamente a estudar as Provas indirectas da transmissão herediraria da syphilis paterna. - Germinou no espirito dos anatomo-pathologistase naturalmente dos sectários da doutrina contraria, a concepção de que o mal francez, como individualidade pathologica definida, autonoma, manifestar-se-ia forçosamente no pro- ducto da fecundação, trajado apparatosamente das suas lesões especificas; erro formalmente desmen- tido pela observação diaria. O mal francez, como moléstia especifica, como uma intoxicação, pode, agindo na economia do novo ser, despertar, além das perturbações pró- prias, caracteristicas, outras alterações de cathe- goria inteiramente differente-enfraquecer a resis- tência vital; retardar a marcha do evolvimento physico eposteriormente do moral e do intellectual; crear decadências organicas e predisposições mórbidas; afinal, formar um todo tendo como origem a syphilis, não sendo syphilitico em na- tureza. Queremos fallar dos phenomenos para-syphili- ticos, proficientemente estudados pelo Dr. Edmundo Fournier. 19 Estes consistem: em distrophias geraes ou par- ciaes, malformações congénitas e predisposições mórbidas. Quando os heredo-syphiliticos escoimam-se da cachexia intrauterina e do mal napolitano em es- sência, nascem com tendências a ficarem infantis durante toda a existência; como se o desenvolvi- mento de todos os systemas estivesse preso a um vicio orgânico, a uma insufficiencia nativa da nu- trição. Entretanto, o infantilismo physico não é tão commummente observado como as singulares dis- trophias parciaes, sobretudo as que se produzem nos orgãos da geração e nos systemas nervoso e osseo. Malformações congénitas - Segundo os es- tudos de Lannelongue e Fournier, a influencia da herança syphilitica paterna se traduz nos filhos, pelas diversas malformações congénitas do craneo, da face, dos membros superiores e inferiores do thorax, do coração, etc. Predisposições mórbidas - E' incontestável que os filhos de paes syphiliticos são os mais pre- dispostos ás affecções do systema nervoso, - hys- teria, epilepsia; ás moléstias infectuosas-mor- mente á tuberculose; ás affecções lymphaticas, ao rachitismo, etc. A syphilis concepcional, cuja existência ficou 20 firmemente provada nos trabalhos de Diday, Le Gendre e Fournier, corrobora de modo precioso a realidade da transmissão hereditária da syphilis paterna. A não ser admittida a existência da herança sy- philitica paterna, os casos de syphilis concepcional, assás esclarecidos pela observação clinica, ficariam no maior dos obscurantismos, uma vez que a sua existência ganha o titulo dos factos inconcussos. Brevemente daremos algumas succintas noções da syphilis concepcional, pois que esta constitue uma prova indirecta da transmissão hereditária da syphilis paterna. Do que ficou expendido, chegamos a seguinte conclusão: a herança da syphilis paterna, é um facto conquistado para a sciencia, abraçado pela grande maioria dos competentes no assumpto e demonstrado diariamente pela observação clinica; se porventura, dentre os múltiplos casos eviden- ciados, ha um ou mais destoando da norma, não empanam-lhe o brilho, porque não passam de provas confirmadoras, que em medicina, como em tudo, as regras são necessariamente acompanhadas das suas respectivas excepções. Summariando, digamos que ella se traduz no producto da fecun- dação das seguintes formas: 1? O fructo da concepção herda a entidade mór- bida em natureza, manifestando-se, ora recente- mente, após o nascimento - syphilis hereditária 21 precoce, ora depois de cinco, dez, vinte, trinta annos - syphilis hereditária tardia. 2? Perturbando a marcha da gestação, quer ma- tando o feto in utero, quer expulsando-o prema- turamente, sobretudo quando o morbus estiver em actividade - em potência virulenta. 3? Pelo nascimento de creanças não syphili- sadas, porém em verdadeiro estado de decadência original - com inaptidão a vida: phrase esta creada pelo professor Fournier, que num momento feliz, esculpiu na singeleza de uma expressão um con- ceito elevadíssimo, para daguerreotypar os novos rebentos de um tronco syphilitico, fieis avo? tons, seres estiolados, doentios, destinados a morte pró- xima e morrendo sem causa verificada. 4? Pelos phenomenos parasyphiliticos. Dois factores, aos quaesjá nos reportamos, con- correm efficazmente para attenuar os effeitos da heredo-syphilis paterna- o tempo e o tratamento. Pelo primeiro, a tal ponto era o enthusiasmo de Gubler, que chegou a proferir na sociedade de therapeutica as seguintes palavras: «la diathèse n'est justiciable qui du temps ». Confirma este modo de sentir de Gubler, a celebre lei do decrescimento formulada desta sorte pelo notável syphiligrapho Lyonnez o professor Diday: «Os accidentes syphiliticos obedecem á uma lei de desenvolvimento, segundo a qual, a 22 sua intensidade diminue, á proporção que a dia- these envelhece ». No andar do nosso humilde trabalho mais de uma vez hemos de nos referir á lei do decresci- mento e, á medida que forem surgindo hypotheses, lhes discutiremos as excepções e modo pelo qual o auctor força a interpretação. Resumidamente delineada, nas estreitas lindas dos nossos actuaes conhecimentos, a magna questão da herança syphilitica paterna e sua influencia no- civa na evolução physiologica da gravidez, vejamos qual a posição da mulher que, pelo facto de en- laçar-se a um indivíduo syphilisado, dá origem a um producto syphilitico. A verdadeira medicina, a observação clinica, justifica duas hypotheses, ambas de transcendental importância, pela relevância das consequências, que a ellas se filiam. 1* A genitora de um recemnascido syphilitico, §ã, antes da gestação, póde continuar indemne - apparentemente - após o parto. 2? A genitora póde ser infectada pelo feto. Pelo enunciado da primeira hypothese, se de- prehende, que a genitora adqueriu immunidade contra a infecção do filho. 23 Na verdade, um facto extraordinário, pheno- menal e mysterioso, se passa no seio do organismo materno, assim o attesta a clinica diaria : Uma mulher extreme dos accidentes específicos do mal francez, concebendo de um indivíduo syphilisado, um ser syphilitico, torna-se refractaria á moléstia do filho; como também, amamentando-o, eivado de manifestações das mais contagiosas, em plena evolução, permanece illesa, ao passo que este mesmo ser transmitte á qualquer outra mulher- pelo simples aleitamento - o mal que nelle se radicou. Este facto é conhecido em syphiligraphia, com o nome de lei de Colles Baumés. Depaul, Major, Bednar de Vienna, Richard, Neumann, Bouchut, Van Bceresprung, Diday, Hu- tchinson, Vidal, Fournier e vários auctores, con- firmam, mediante a evidencia dos casos clínicos, a lei supra referida. Ultimamente, Fournier, assignalou um caso dos mais frisantes: refere-se á um medico que veio procural-o a proposito de uma antiga diathese sy- philitica; afifirmava-lhe ter cinco filhos syphilisados, embora sua esposa, examinada com cuidado meticuloso, submettida mesmo á uma vigilância assidua, jamais deixasse transparecer o menor ves- tígio da infecção. O estado de immunidade da progenitora em face da syphilis do filho, presuppõe que uma 24 contaminação já se tenha dado in utcro opinião partilhada pela grande maioria dos observadores. De facto, as inoculações feitas por Caspary e Neumann, com o exsudato das manifestações sy- philiticas - primaria e secundaria, em mulheres neste estado, provam á saciedade a existência de uma contaminação prévia: 1? Porque as genitoras em idênticas condições, tornam-se refractarias á contagiosidade das ma- nifestações especificas da entidade pathologica do filho, manifestações que, indubitavelmente, con- taminariam outra qualquer nutriz, indemne da mo- léstia. 2? Porque toda e qualquer inoculação feita, com o virus dos accidentes-primário e secundário» toda tentativa praticada, com o fim de lhes con- ferir a syphilis, foram de resultados negativos - estereis. Esta impregnação syphilitica do organismo ma- terno, desacompanhada dos symptomas que se (*) Esta immunidade relativa da progenitora para com o filho tem também sua reciproca. Uma mulher syphilisada tem um filho e este, torna-se immune á uma nova infecção, embora não apresente estygma algum da diatbese. Tal é o facto co- nhecido pelo nome de lei de Propheta. Será perpetua esta immunidade? Ha casos perfeitamente verificados, em que após um prazo mais ou menos longo, ma- nifestaram-se sígnaes de syphilis terciaria. 25 concretisam no seu modo de representação, é o que constitue a syphilis concepcional latente, tra- duzida em synthese na lei de Baumés; porquanto, se não houvesse impregnação, as inoculações do virus syphiligeno, patentear-se-iam sob qualquer uma das suas modalidades clinicas, e, uma vez que tal não sóe acontecer, segue-se que os pheno- menos de contaminação antecipadamente se reali- saram no seio do organismo materno. E' um axioma em medicina, e como tal irrefra- gavel, que uma vez o mal francez no organismo jamais reincide sob nova infecção. Trata-se, diz o eloquentíssimo professor de Lyon, Diday, de uma infecção imperceptivel que differe da saude por um ponto- « Finaptitude au sujet à subir de nouveau 1'impregnation syphilitique ». Esta nova modalidade clinica, que diverge de todos os outros typos da syphilis, pelo facto de não se trahir por nenhum symptoma apparente, se não fosse a multiplicidade de observações dia- riamente assignaladas por competências indecli- náveis no assumpto, seria indispensável impugnar como anarchisadora das regras que governam os typos do mal francez. Antigamente os syphiligraphos apenas conhe- ciam tres formas clinicas da diathese syphilitica- a de contagio, a hereditária e a concepcional; na actualidade, porem, um novo typo definido veio 26 addir-se aos preexistentes, o qual foi baptisado pelo professor Fournier com o nome de syphilis concepcional latente. Esta nova modalidade clinica concederá á mulher uma immunidade perpetua, uma especie de vacci- nação definitiva ? Ignoramos. E ignoramos pela raridade de obser- vações: observações desta ordem, embora sejam possíveis, tornam-se difficeis e raríssimas pelo tempo de vigilância que requerem (Fournier). No dizer de Hutchinson, a syphilis concepcional latente seria relativamente latente no tempo, sendo possível - após longos prazos-de tradu- zir-se pelas manifestações terciárias e, sendo ver- dadeiras as observações relatadas por Barthelemy e Charrier, acham-se confirmadas as previsões de Hutchinson. O notável syphiligrapho do Hospital de S. Luiz, em face dessas observações, entende que se, o nu- mero delias, crescer, trajadas de uma authentici- dade indubitável, podemos admittir, como acon- tece com a syphilis hereditária, duas formas clinicas de syphilis concepcional-uma de manifestações precoces ou immediatas, outra de explosões tardias- Não ha muito, Jorge Godinho no seu trabalho in- titulado « syphilis concepcional precoce e tardia», defende a causa do eminente Fournier. Mui a proposito, transcreve uma observação de Paul Raymond ( «Bulletin de la société française de 27 dermatologie et syphiligraphie », sessão de 17 de Fevereiro de 1891) na qual a genitora contami- nada pelo feto tn útero, conservou-se dez annos illesa de todo e qualquer accidente especifico da entidade mórbida e, repentinamente, apresentou-se- lhe uma erupção, circular, tuberculo-escamosa de natureza syphilitica, localisada na parte supero- interna da coxa esquerda, acima e para traz do trochanter; Paul Raymond prescreveu-lhe a the- rapeutica especifica, e, em vista do exito obtido, não hesitou em formular o diagnostico de syphilis concepcional tardia. Outrosim, insere uma observação de Besnier, em que a syphilis ficou dois annos em estado de latencia. Acceita, portanto, a doutrina da contaminação prévia da entidade pathologica, vejamos resumi- damente quaes foram as theoriasquesepropuzeram a interpretar «a nova infecção que se divorcia de todas as outras da mesma especie». Na sempre acatada opinião de Hutchinson, a mitigação do mal francez, inoculado pelo feto á sua progenitura, está sob a dependencia directa do modo de introducção do virus na economia. Inspirado, talvez, nas experiencias feitas com o virus varioloso, que, absorvido pela inhalação, produz uma moléstia grave, uma vez por quatro, e introduzido no organismo por mediação das ino- culações, produz uma affecção relativamente beni- 28 gna, julgou racional applicar este principio ao esclarecimento da attenuação do mal francez, nos casos de infecção da mulher pelo caminho fetal. Evidentemente, do estudo da attenuação do virus varioloso, resultados idênticos appareceram ; os animaes que foram injectados pela via intra- venosa, gosaram de immunidade, emquanto que os inoculados pelo trajecto hypodermico, adqui- riram a moléstia, - experimentos que foram feitos por Chauveau, Conevin e Arloing. O modo de introducção dos agentes virulentos, escreve Chauveau: « exerce un grand influence sur leur activité. Parmi les exemples, qui peuvent en être donnés, les plus beaux sont ceux qui per- mettent de comparei les effets des injections intravasculaires avec ceux des inoculations dans 1'epiderme ou dans le tissu conjonctif. L'atte- nuation des premíères est dans certains cas très prononcé. « C'est avec le virus-vaccin quej'ai fait la pri- mière observation de ce genre. * aChez les animaux de 1'espece bovine, la sim- ples picure d'une pointe de lancette trempée dans 1'humeur vaccinale, suffit à communiquerlavaccine, avec leur accident locale, les phenomènes géné- reaux que 1'accompagnent et enf in rimmunité con- secutive. «Injectées dans une vein, une ou pkisieursgouttes de la mêmc humeur vaccinale, restent absolute- 29 ment inactives, a moins qu'il ayait eu inoculation accidentelle du tissu conjonctif peri-vasculaire; dans ce cas il survient une tumeur locale, dont le travail evolutif crée 1'immunité tout aussi bien que le developpement du bouton vaccinal ». Levando em consideração os experimentos de Conevin, Chauveau e Arloing e os resultados que delles decorrem, parece intuitivo que a attenuação da syphilis materna accusa a sua genesis no modo de realisação da infecção, pelo sangue, ao nivel da placenta. A bermeneutica posta em pratica na eluci- dação do problema, não pode, de maneira alguma, subsistir, desde que se leve em conta as obser- vações da syphilis concepcional, cujos symptomas, embora não se fazendo esperar, revestem-se, to- davia, de gravidade assustadora. Tornar-se-ia mesmo, contraproducente e illogico, buscar na interpretação de casos da syphilis con- cepcional precoce e latente, outro caminho de infecção, que não o caminho placentario. Entretanto, sendo em ambos os casos o mesmo trajecto de penetração do quid syphiligeno e os effeitos inteiramente oppostos do ideal visado, é racional que regeitemos a theoria de Hutchinson, antes complicadora do que elucidativa da questão. As experiencias de Chamberland e Strauss, pa- 30 recem ministrar mais luz á solução deste complexo e delicado problema. Provaram os seus trabalhos que a bacteridia carbunculosa, contrariamente, do que pretendiam Brauell e Davaine, atravessa a placenta, muito embora esta passagem, que se faz em mui pequenas porções, escapasse aos meios de que dispunham estes observadores. Empregando tão somente o methodo das cul- turas, feliz concepção foi concedida á Chamber- land e Strauss, de descortinarem algumas uni- dades bacterianas no sangue do feto; e, se pelo processo das inoculações chegaram a resultados satisfactorios, foi por terem empregado quanti- dades maiores do que os seus predecessores. Terminantemente, após estas experiencias, se conclue que a placenta jamais fora um filtro idéal, como sonhavam os antigos; porquanto, franqueia, embora em quantidades mínimas, passagem á mi- cro-organismos. Uma vez que se addicione a estas experiencias, os experimentos de Chauveau, confirmados por Pasteur - que fracas quantidades de virus, podem produzir uma moléstia attenuada, conferindo im- munidade contra as inoculações posteriores - po- deríamos, por analogia, explicar todas as varie- dades que fornece a historia da syphilis conce- pcíonal. Comtudo, pondera Fournier, esta theoria tão 31 seductora, que vae haurir nas experiencias dos la- boratórios a pedra angular do seu magestoso edi- fício; que busca na lógica o mecanismo do seu raciocínio; que dissipa todas as nuvens conden- sadas em torno do problema, applicada á syphilis concepcional, não passa de mera hypothese, porque se assim não fosse, iriamos achar na sy- philis concepcional latente, a vaccina contra a própria syphilis. Ora, tirar do sangue de mulheres inquinadas do mal francez attenuado, a- vaccina contra a própria syphilis, é um verdadeiro devaneio, uma inducção arrojada, estribada em mera hypothese. Conseguintemente, ante o que vimos de ex- pender, somos forçados a confessar que a patho- genia da syphilis concepcianal latente, é um ver- dadeiro mysterio, muito embora sua existência seja um facto incontestável. Verifica-se em todos os cases a lei de Colles Baumés ? Cazenave (1847), Brizio Cocchi (1858), Muller (1661), Guibout (1878), Scarenzio (1880), Ranke, Pelegrini Pellizari, Zingalé e outros, assignalam casos de mulheres puras da entidade mórbida, vin- culadas a indivíduos syphilisados, procrearem seres syphiliticos e contrahirem a moléstia pelo aleita- mento dos filhos; classificados pelo professor Fournier, de casos excepcionaes. 32 Passemos agora a estudar a segunda hypothese, já formulada. A genitora pode ser infectada pelo feto. Os estudos feitos acerca da placenta, não deixam pairar, no espirito o mais obscuro, a menor duvida scbre as connexões intimas que ligam os dois seres - a mulher gestante e o feto. Das laboriosas pesquisas, executadas com o rigor, que o caso exige, pelo notável phyr siologista Mathias Darval, resulta que a placenta pode, schematicamente, ser considerada, na sua origem, não como uma justaposição de duas cir- culações independentes, porém, uma «hemor- rhagia materna circumscripta ou enkystada por elementos fetaes». O sangue placentario da genitora, escrevem os histologistas «circula em lacunas circumscriptas directamente por cellulas fetaes ». Os estudos experimentaes de Chamberland, aos quaesjá nos reportamos; os de Netter, sobre o pneumococcus de Talamon e Froenkel; os de Reher, Nehauss, Chamtemesse e Widal; os de Eberth sobre o bacillo do mesmo nome, constituem poderosos elementos de prova, da doutrina que nega á placenta, o papel de um filtro perfeito, idéal, de uma barreira infranqueavel, como so- nhavam os antigos. Harmonisando-nos com este principio e baseado nos experimentos de Conevin, Arloing e dos 33 auctores supra-referidos - « que os agentes pro- ductores da pustula maligna, pneumonia e febre typhoide, etc., foram encontrados no sangue dos fetos, cujas genitoras achavam-se atacadas destas moléstias » -julgamos poder chegar em relação a syphilis, a conclusão seguinte: o sangue materno vehiculando o elemento pathogenico da syphilis, o transmitte ao feto, por intermédio da placenta. Ora, firmada esta noção, é claro, racional e lo- gico, que a reciproca seja verdadeira, isto é, que a transmissão se faça do feto á genitora, pelo mesmo caminho. Este modo de infecção foi cognominado, na suggestiva expressão de Hutchinson a de foetal blood contamination » ( « Medicai Times and Gazette du 1896 »). E' provavelmente em virtude deste phenomeno, outr'ora mysterioso, que a observação clinica re- gista, innumeros casos de mulheres gravidas, infe- ctadas, simplesmente, pelo producto da fecun- dação. Esta modalidade clinica do mal francez que se manifesta exclusivamente nas gestantes, sem cancro nem bubão, bubão, que, na phrase de Ricord, é o companheiro fiel do cancro e na de Fournier, a testemunha posthuma- caracteristico de suas ex- plosões-, na expressão dos especialistas, verda- deira syphilis d'emblée - chama-se syphilis con- cepcional do professor Diday. 34 Como se traduz clinicamente a syphilis conce- pcional ? De concerto com os factos os mais authenticos, podemos assegurar que esta entidade mórbida clinicamente se caracterisa de duas maneiras: 1? Pelo apparecimento de manifestações secundarias e terciárias sem o cancro, nem o bubão satelite; constituindo desfarte-a syphilis decapitada do Dr. Edmundo Fournier. 2? Pelos abortamentos, no correr dos terceiro e quarto primeiros mezes da gestação de fetos mortos e macerados. PROPOSIÇÕES CHIMICA MEDICA i.-Entre os productos da actividade vital dos mi- cróbios, merecem especial noticia, por sua acçao al- tamente nocivas, as ptomainas e albuminas toxicas. 2.-Elaboradas por esses agentes á custa dos ele- mentos do organismo èm que se inoculam, essas se- creções determinam, nas retortas vivas da economia, desdobramentos chimicos analogos aos da putrefaeção in-vitro. 3.-De taes desdobramentos originam-se substan- cias a cuja absorpção devem ser attribuidos, por grande parte, os accidentes caracteristicos da auto- intoxicação digestiva. HISTORIA NATURAL MEDICA i.-No gato, o nervo facial é mais rudimentar que no homem. 2.-A rasão do facto se acha, em ser a protube- rância deste animal muito mais pobre, em fibras transversas. 3.-Em seu conjuncto naquelle animal, apresen- ta-se em forma de ferradura com dois ramos e uma parte media. ANATOMIA DESCRIPTIVA i.-Da extremidade inferior do cocum despren- de-se fino prolongamento, fazendo lembrar um 38 verme: é o appendice coecal, a que, por seu aspecto, se dá também o nome de appendice vermiforme. 2.-Assenta sua base de implantação na face pos- tero- interna do coecurp, cerca de dois centímetros abaixo de valvula de Bauhin. 3.-Segundo os cirurgiões americanos, este ponto de implantação corresponde, sobre a parede abdo- minal, ao ponto de Mac Burney, isto é, ao meio de uma linha recta ligando o umbigo á espinha illiaca antero superior direita. J HISTOLOGIA i.-Dois planos de fibras entram na constituição da túnica contractil do intestino: um superficial de fibras longitudinaes, outro profundo-de fibras cir- culares. 2.-Pertencendo ambas á classe das fibras lisas, não póde sua contracção ser voluntária. 3.-Para que esta se realise, faz mister a excitação do grande plexo myenterico ou de Auerbach, centro automático entre ellas collocado. BACTERIOLOGIA i.-]qas cavidades naturaes do organismo são, existem em estado de virulência latente, microbios vários, que podem, em dadas condições, tornar-se pathogenos. 2.-Não ha muito que Rodet e Roux, em novo abono a esta antiga noção, avançaram a arrojada 39 hypothese de que o bacillo de Eberth outra cousa não é, que uma modificação do bacillo de Escherich -hospede habitual do intestino. 3.-Se tal previsão conquistar os fóros de verdade, aluirá de vez a theoria da especificidade da dothie- nenteria, assente por Chantemesse e Widal e con- sagrada pela sciencia. CLINICA CIRÚRGICA (2.* cadeira) 1.-O principal elemento de cura do empyemas é a abertura precoce do fóco purulento. 2.-A aspiração do liquido sero-purulento ou pu- rulento da cavidade pleuritica não offerece as van- tagens que preconisa Dieulafoy. 3.-A abertura do fóco, sobretudo se for empre- gado o processo de Eslander com resecção das cos- tellas, é o melhor methodo de tratamento desta moléstia. CLINICA CIRÚRGICA (i.a Cadeira) 1.-Os estreitamentos da urethra são muito fre- quentes e reconhecem como causa um traumatismo ou uma inflammação. 2.-Na grande maioria dos casos é a urethrite blennorrhagica que determina esta estenose da urethra. 3. - Os meios de tratamento são: dilatação gra- dual e progressiva do canal, a divulsão e a urethro- tomia interna e externa. 40 CLINICA PSYCHIATRICA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS i.-As allucinações da vista variam com a natu- reza das idéas derivantes. 2.-Nas perturbações psychicas consecutivas as nevroses convulsivas, taes como a hysteria, epilepsia e a choréa, essas allucinações são frequentemente observadas. 3.-As allucinações da vista podem ser produzidas pela influencia do delirio mystico e consistem nas visões, quer nítidas, quer obscuras, de anjos, de- mónios, de lettras escriptas no céo, etc. CLINICA PEDIÁTRICA i.-As fracturas do terço inferior do radio são communs na infancia. 2.-Geralmente é poupado o periosteo e só são reconhecidas pela mobilidade anormal e pela dor. 3.-No tratamento d'essas fracturas, deve-se ter o maior cuidado na applicação dos apparelhos atten- dendo-se a superficialidade dos vasos arteriaes, qué podem ser facilmente comprimidos. MATÉRIA MEDICA, PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR i.-Variando-se as doses de urna mesma subs- tancia obtem-se effeitos differentes. 2.= A ipeca, que é vomitiva em alta doze, póde actuar çomo purgativo. 41 3.- Em doze fraccionada é um excellente expecto- rante. PHYSIOLOGIA i.-A intelligencia e a memória são os dois grandes factores physiologicos sobre os quaes recahe a facul- dade de apreciar e julgar todos os factos da vida. 2.-Para coordenação das idéas e perfeita har- monia na realisacão das funccôes da intelligencia, é mister haver o equilíbrio cerebral, condição indis- pensável á perfeita manutenção e desenvolvimento da vida moral dos indivíduos. 3.-Não pode haver integridade mental sem o concurso unanime de todas as faculdades, e como ha correlação intima entre ellas, se deprehende que a alteração de uma, trará invariavelmente perturbação geral. MEDICINA LEGAL i.-O infanticídio se diz por commissão ou omissão conforme os meios empregados para conseguir-se a morte do reccmnascido. 2.-No infanticídio por commissão os meios di- rectos geralmente empregados são a asphixia e o traumatismo. 3.-O infanticídio por omissão diz-se, quando não administrado ás creanças os cuidados indispensáveis de que carecem. 42 OBSTETRÍCIA i .-A versão é uma operação que tem por fim trans- formar uma apresentação anormal ou viciosa em uma apresentação favoravel. 2.-Pode ser feita por manobras externas, internes ou mixtas. 3.-Por qualquer destes processos a versão póde ser cephalica ou podalica, conforme a parte que se traz ao estreito superior. HYGIENE i.-E' preceito hygienico racional e de grande al- cance analysar todos os dias as urinas das gestantes. 2.-Só assim poderemos lobrigar a imminencia da hepato-toxhemia, causa efficiente das auto-intoxi- cações gravidicas, segundo as modernas theorias. 3. - Desprezar tal preceito, equivale a expormos á eclampsia a cliente confiada aos nossos cuidados. ANATOMIA E PHYSIOLOGIA PATHOLOGICAS i. - Dá-se o nome de endocardite á inflammação da membrana interna do coração. 2. -A endocardite pode ser aguda ou chronica. 3. - O ponto de eleição das endocardites é o ven- trículo esquerdo. 43 OPERAÇÕES E APPARELHOS i.-A cirurgia conservadora é a cirurgia da actua- lidade. 2. - Nas operações sobre os ossos é regra poupar- se, sempre que for possível, o periosteo. 3.-A permanência do periosteo em boas condições, garante a reproducção ossea, sobretudo na infancia. ANATOMIA MEDICO-GIRURGICA i.-0 corpo humano contém duas cavidades : uma posterior, cavidade nervosa, neural ou da vida animal; outra anterior, mais ampla, chamada cavi- dade splanchnica. 2. - A cavidade neural tem a sua parte mais di- latada em cima, e a splanchnica em baixo. 3. - Na primeira estão contidos os orgãos da vida animal, na segunda os orgãos da vida vegetativa. THERAPEUTICA i. - Os medicamentos uma vez introduzidos na circulação, ou tornam-se parte integrante dos ele- mentos histologicos e não se destroem, ou são elimi- nados. 2.-As vias de eliminação principaes, são : os rins, pulmões, pelle, glandulas salivares e mucosa intes- tinal : sendo a expulsão mais ou menos rapida con- forme a natureza do medicamento. 44 3.-Deve haver muito cuidado na administração dos medicamentos que se eliminam com lentidão, afim de evitar o grande accumulo delles no orga- nismo. CLINICA OPHTALMOLOGICA i.-A conjunctivite purulenta é uma das princi- paes causas da cegueira dos recem-nascidos. 2.-A sua contagiosidade, constitue na actualidade, um facto incontestável. 3.--O nitrato de prata é um valioso recurso no tratamento da conjunctivite purulenta. PATHOLOGIA EXTERNA i.-Os abcessos se dividem em dois grupos: abcessos quentes e abcessos frios. 2.-Os abcessos quentes são collecçoes de puz que succedem a inflammações francas. 3.-Os abcessos frios são collecçoes puriformes que resultam da fusão de massas tuberculosas. CLINICA DERMATOLÓGICA E SYPHIL1GRAPHICA i.-O cancro duro c a manifestação inicial da in- fecção syphilitica. 2.-A séde do cancro corresponde ao ponto em que se dá a inocúlação do virus syphilitico. 3.-Algumas vezes porem, o cancro evolve silen- ciosamente e passa despercebido. 45 PATHOLOGLA MEDICA * i.-Os vomitos da gravidez quando persistem re- sistindo a tudo, mudão de caracter, constituindo os chamados--vomitos incoercíveis. 2.-São caracterisados por tres períodos impor- tantes: de emmagrecimentoy de cachexia febril e de accidentes cerebraes. 3.-A medicação empregada no tratamento deste estado morbido é muito variavel. CLINICA OBSTÉTRICA E GYNECOLOGICA i.-Todas as vezes que a suspensão da menstru- ação manifestar-se em uma mulher bem constituidíi e normalmente regrada, deve-se acreditar na exis- tência de uma gravidez. 2.-Entretanto é preciso lembrar que entre mu- lheres recentemente casadas, o fluxo catamenial pode suspender-se pela perturbação que as emoções occa- sionam ao organismo inteiro. 3.-Esta suspensão é momentânea e no fim de um ou dois mezes ella reapparecerá CLINICA PROPEDÊUTICA i.-A auscultação é um excellente meio de explo- ração clinica para o diagnostico da gravidez. 2.-Ella póde ser praticada directamente appli- cando-se o ouvido sobre o ventre da mulher, ou por meio do esthetoscopio. 46 3.-O emprego do esthetoscopio deve ser prefe- rid^ ao methodo directo, porque além de ser mais proprio, localisa muito melhor os ruidos íetaes. CLINICA MEDICA ( i.a Cadeira ) i.- A variola é uma moléstia de natureza infe- ctuosa cujo germen ainda não foi especificado. 2.- X influencia desta infecção sobre a gravidez é muito variavel. 3.-O tratamento da variola neste estado consiste cm banhos. CLINICA MEDICA (2/ Cadeira) 1.-Ha cinco variedades de insuficiência mitral: 1 .a endocardica; 2/ dos arterio-esclerosos ; 3." de- vida a ruptura do apparelho valvular ; 4." funccional; 5." espasmódica. 2.- A insuíficiencia mitral endocardica é a mais frequente. 3.-A auscultação percebe um sopro systolico, au- divel na região apexiana e que se propaga para a região axillar esquerda. Visto. Secretaria da Faculdade de Medicina da Bahra, 25 de Fevereiro de 1905. 0 Secretario Dr. Menandro dos Reis Meirelles.