FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA THESE APRESENTADA Á faculdade de Medicina da Bahia EM 31 DE OUTUBRO DE 1911 POR cÇVízfron de ddMoura Qdedreira Fharmaceutico pela Faculdade de Medicinada Bahia, ex-auxiliar, gratuito, da clinica obstétrica e gynecologica, no Hospital S. Izabel, ex-interno eífectivo da Maternidade Climerio de Oliveira NATURAL DO ESTADO DO MARANHÃO (Caxias) Filho legitimo de Manoel Gonçalves Pedreira e D. Adelina de Moura Pedreira Afim d£ obter o Gráo DE ÍD © U T :D 'R iM PIED1C1HH DISSERTAÇÃO CADEIRA DE CLINICA OBSTÉTRICA OPER/VÇÃO DE GIGLI PROPOSIÇÕES yRES SOBRE CADA UMA DAS CADEIRAS DO CURSO DE SCIENCIAS jVÍEDICO-piRURGICAS BAHIA Lith. Typ. e Enc. Gonçalves, Teixeira & C. 3 — Praça Marechal Deodoro — 3 1911 Faculdade de Medicina da Bahia DIRECTOR — Ur. Augusto Cezar 'Vianna VICE-DIRECTOR- .... SKCRKT-ARIO--Ur. Menandro dos Reis Meirelles W UB-SECRPiTARIO - Ur. Matheus Vaz de Oliveira PROFESSORES ORDINÁRIOS DOUTORES MATÉRIAS QUE LECCIONAM Manuel Augusto Pirajá da Silva . . . Historia natural medica. Pedro da Luz Carrascosa Physica medica. José Olympio de Azevedo Chimica medica. Antonio Pacifico Pereira Anatomia microscópica. José Carneiro de Campos Anatomia descriptiva. Manuel José de Araújo Physiologia. Augusto Cezar Vianna . Microbioiogia. Antonio Victorio de Araújo Falcão. . Pharmacologia. Guilherme Pereira Rebello Anatomia e Histologia pathologicas. Fortunato Augusto da Silva Júnior . Anatomia medico-cirurgica com ope- rações e apparelhos. Anisio Circundes de Carvalho .... Clinica médica. Francisco Braulio Pereira Clinica medica. João Américo Garcez Fróes Clinica medica. Antonio Pacheco Mendes Clinica cirúrgica. Braz Herlnenegildo do Amaral . . . Clinica cirúrgica. Carlos Freitas Clinica cirúrgica. Francisco dos Santos Pereira .... Clinica ophtalmologica. Eduardo Rodrigues de Moraes. . . . Clinica oto-rhino-laryngologica. Alexandre Evangelista de Castro Cer- Clinica dermatológica e syphiligra- qneira phica. Gonçalo Muniz Sodré de Aragão. . . Pathologia geral. José Eduardo Freire de Carvalho Filho. Therapeutica. Frederico de Castro Rebello ... Clinica pediátrica medica e hygiene infantil. Alfredo Ferreira de Magalhães . . . Clinica pediátrica cirúrgica e ortho- pedia. Luiz Anselmo da Fonseca . . . . Hygiene. Josipo Correia Cotias Medicina legal Climerio Cardoso de Oliveira.... Clinica obstétrica. José Adeodato de Souza Clinica gynecologica. Luiz Pinto dé Carvalho Clinica psychiatrica e de moléstias nervosas. Aurélio Rodrigues Vianna ...'.] Pathologia medica. Antonino Baptista dos Anjos ... .1 Pathologia cirúrgica. PKOFKSSORílíS tEXTR^VORUUSOARIOS Egas Moniz Barretto de Aragão. . . • Historia natural medica. João Martins da Silva ■ Physica medica. Pedro Luiz Celestino. Chimica medica. Adriano dos Reis Gordilho Anatomia microscópica. José Affonso de Carvalho . . . . » Anatomia descriptiva. Joaquim Climerio Dantas Bião . . . Physiologia. Augusto Couto Maia Microbioiogia. Francisco da Luz Carrascosa Pharmacologia. Julio Sérgio Palma Anatomia e Histologia pathologicas. Eduardo Diniz Gonçalves . . . . , Anatomia medico cirúrgica com ope- rações e apparelhos. Clementino da Rocha Fraga Júnior . . Clinica medica. Caio Oetavio Ferreira de Moura. . . Clinica cirúrgica. Clodoaldo de Andrade Clinica ophtalmologica. Albino Arthur da Silva. Leitão .... Clinica dermathologica e syphiligra- phica. Antonio do Prado Valladares .... Pathologia geral. Frederico de Castro Rebello Koch . . Therapeutica. José de Aguiar Costa Pinto Hygiene. Oscar Freire de Carvalho Medicina legal. Menandro dos Reis Meirelles Filho . Clinica obstétrica. Mario Carvalho da Silva Leal .... Clinica psychiatrica e de moléstias nervosas. Antonio Amaral Ferrão Moniz . . Clinica analyticae industrial. PROFESSOBKS KM DISPONIBILIDADE Dr. João Evangelista de Castro Cerqueira- Dr. Sebastião Cardoso. Dr. Deocleciano Ramos Dr. José Rodrigues da Costa Doria. A Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas nas theses pelos seus auctores. DISSERTAÇÃO CADEIRA DE CLINICA OBSTÉTRICA OPEFJ/VÇÃO DE GIGLI Noções históricas Triumphar no obstáculo de um parto é salvar duas vidas entrelaçadas. Thiago. Nossos triumphos não os obtemos na praça ou no theatro diante a multidão que applaude; mas lá no recinto de uma casa, no aposento silencioso onde geme a creatura. Só Deus nos contempla, só Elle nos recompensa. O mundo e aqiielles mesmo a quem salvamos nos pagam; mas ás vezes nem nos agradecem. Foi a natureza, dizem elles. Mas os revezes esses pezam sobre nós. José de Alencar. o passado que registra o inicio da campanha emprehendida pela operação de Gigli contra a dystocia materna no trabalho de parto, é uma facil incumbência de quem pro- cura fazer uma resenha histórica que iniciará a confecção deste despretencioso trabalho acadé- mico. Actnalmente completa 136 annos o primeiro passo dado para a realização pratica desta ope- ração que tão beneficos resultados tem produ- zido, quando é reclamada em tempo, sem ter, entretanto, para a contrariar em seus effeitos uma qualquer contra indicação, e quando se 2 filia a sua technica especial, do seu auctor, caso se não queira acceitar, por não achar razoavel, as pequenas modificações nella feitas por Yan de Velde, Calderini e outros. Foi em 1775 que, um dos cirurgiões de Edim- burgo, o professor Aitken concebeu a ideia, possivel, de facilitar a diminuição do gráo de dystocia pélvica ou de a evitar totalmente, sec- cionando o corpo do pubis do lado direito ou esquerdo da symphise, de traz para deante, por meio de uma serra flexivel, especialmente feita para tal fim, que ficou conhecida pela de- nominação de j effrey. Antes de Aitken, dizem certos eseriptores que o professor da clinica de partos em Bar-le-Duc, o Dr. Champion, se havia glorificado em ter dei- xado transpirar esta mesma ideia; porém, estes auctores por nós lidos, não apresentam uma justificação ás suas affirmativas. Não apresentou Champion a ideia de um ins- trumento para pôr em execução a sua creação, como fez Aitken, embora não tirasse resultado satisfactorio do seu emprego, como aconteceu a este cirurgião devido a imperfeição de sua ser- ra e technica, e nem adeantou um passo em do- tar a sua operação de uma forma cirúrgica, se é que, com justiça, lhe cabem as honras de tal creação. 3 Champion, no século XIX, unicamente ex- ternou a sua opinião em favor da operação de Grigli, mais não sendo que um apoio ás adver- tências feitas por Desgranges—sobre as vanta- gens que resultariam do emprego desta opera- ção de preferencia ao da symphisiotomia, cujos resultados já eram respeitados naquella epocha. Uma parte do artigo escripto por Murat, em 1821, sob a epigraphe SimpMsiotomie, no Dicti- onnaire de Sciences Meãecales, veio confirmar o que dissemos; vejamos: — «Alguns práticos entre os quaes Champion, julgam que, em vez de dividir a symphise pubiana, seria preferivel serrar do lado desta articulação; assim se evita como diz Desgranges, a urethra, a sabida da bexiga, as muitas tacturas para encontrar a cartilagem interposta ao pubis.» O como se devia operar foi feito, com perfeição, por Stoltz, de Strasburgo, a quem cabe a me- recida justiça de se lhe render preitos de ho- menagens pela sua original technica, com a qual chegou a se certificar dos resultados que podia deixar esta operação, por nós escolhida para servir de thenía ao nosso trabalho académico, praticando-a sobre cadaveres perante seus alum- nos daquella época, não ousando, entretanto, procurar ter os mesmos resultados no organis- mo vivo. 4 Ignora-se o porque de semelhante attitude por elle assumida, em deixando de aproveitar o seu largo passo dado, até então não executado pelos seus antecessores e contemporâneos, com igual perfeição, o que constituia 11a questão o ponto capital. Cremos, entretanto, que só se pode justificar perfeitamente esta attitude, pela escolha, por elle feita, do ponto em que devia ser realizada a secção ossea, região muito próxima da sym- pliise, por conseguinte de orgãos mais ou me- nos, de relativa importância, que interessados por sua serra, davam resultados nada satisfacto- rios, que de nenhum modo recommendariam a pubiotomia. Todo o defeito da technica de Stoltz, quasi se pode dizer, residia nã imperfeição do instru- mento para a dieresis ossea, que era igual ao que imaginou Aitken. Não modificou a sua serra e tambcm, infeliz- mente, não poude ter uma orientação capaz de escolher outra região afastada da symphise, para sobre ella executar a sua technica, de uma maneira restricta, caso não a podesse modificar de pleno accordo com os seus conhecimentos anatómicos, da região escolhida, achando talvez ser melhor se abster de emprehender novas pesquisas do que proporcionar aos partidários 5 da symphisiotomia justos motivos para deba- terem as vantagens da joven operação, o que viria de algum modo, contribuir para um certo desanimo dos seus irmãos nas mesmas crenças Foi no mesmo anuo do renascimento da sym- phisiotomia que, desligado das fileiras dos novos legionários da operação de Sigault, surgiu Leo- nardo Grigli trabalhando com affinco para a rea- lização do grande problema, já esclarecido pelas pesquisas do grande mestre em Strasburgo— Stoltz. Nessa epoca, em 1892, Leonardo Grigli, de Florença, teve ensejo de, estando em Paris, assistir as primeiras symphisiotomias alli prati- cadas, se sentindo enthusiasta da operação de Sigault por ver que bacias estreitadas, depois da operação, davam passagem a fetos, a termo, como só sabem fazer as que não são presas destas alterações de dvstocia. Entretanto confessa não ter julgada isenta de perigos para as operadas; embora, esta ope- ração—a symphisiotomia—apresentasse menor gravidade sob o ponto de vista cirúrgico que a operação cesariana. Como assistente interno da clinica de partos em Breslau, a cargo do professor H. Fristich, isto em 1893, elle observou com minúcia todas as operadas por esta maneira, procurando veri- 6 ficar a marchado restabelecimento da região qne servin delogar a operação. Via surgir n’ella as consequências mórbidas as mais variaveis em gravidade, se admirando, ao mesmo tempo, em ver que operações bem mais delicadas e, sob o ponto de vista de seus effeitos máis importantes, permittiam que as operadas se restabelecessem com simplicidade. Procurava uma explicação para estas compli- cações da symphisiotomia, responsabilizando erros de prophylaxia cirúrgica, as oscillações de grande frequência observadas no parto e mais ainda, uma anormalidade do estado puerperal. Ao mesmo tempo que justificava desta ma- neira os resultados nada satisfactorios obtidos na clinica de Fristsch, era advertido em ver res- tabelecidas com uma rapidez surprehendente as feridas das operadas por outra maneira, nas vi- zinhanças dos orgãos genitaes, em pleno con- tacto immediato das secreções. Foi então encaminhado por estes resultados que tomoii a si o encargo de procurar resolver aquelle problema tão almejado por muitos, res- ponsabilizando a existência, na ferida articular, de alguma cousa que facilitava á aquellas modi- ficações mórbidas por que passava. Um fóco luminoso—a observação—ao lado dos seus conhecimentos médicos, esclareceu o 7 seu espirito creador e llie orientou a estrada a transitar em demanda da immort alidade. E’ que elle sabia que as feridas ósseas tinham um valor traumático outro, que não as lesões articulares, e mais que era possivel a obtenção do mesmo gráo do augmento dos diâmetros da bacia ossea feménina. praticando a secção para o lado da symphise. Nesta estrada foi o seu primeiro passo execu- tado, em 1894, com a creação da sua serra fili- forme, e rugosa, tão universalmente conhecida em cirurgia. Firmou em bases solidificadas pelos seus conhecimentos anatómicos, uma nova technica que o resguardava de toda a censura, podendo enfrentar, com os resultados obtidos pratica- mente sobre cadaveres, as opiniões satyricas dos adeptos da symphisiotomia, o que chegou fazer, provando o seu valor, a executando sobre o or- ganismo vivo, em 1900, diante de uma assem- bléa de homens, preclaros que constituiam a sociedade Toscana de Obstetricia e Gfynecologia, de Florença. Desta data em deante se popularisou a operação de Gigli, apostolisada por Yan de Yelde. Em 27 de Maio de 1905, Gigli apresentou uma estatistica de 90 casos de sua operação, 8 accrescentando depois maislO casos, destribuin- do-os por 32 operadores. Numa monographia apresentada ao con- gresso de medicina de Lisboa em 1906, E. B. Montgomery junta a primitiva estatistica do professor Grigli, 44 casos. Já monta, pelo que se vê na estatistica de Rossier, em 253 casos o numero conhecido de operações de pubiotomia. Definição.—Compreliende-se pelas deno- minações de:< operação de Gigli, tolha lateral do pubis, secção lateral do púbis, pubiotomia, Inebo- tomia e hybosteotomia, uma operação que tem por fim fazer desapparecer totalmente ou diminuir o gráo de dytocia materna no trabalho de parto, consistindo na secção do corpo do pubis, direito ou esquerdo, em um ponto distante da sym- phise pubiana, por intermédio de um fio metal- lico, rugoso e flexivel. Considerações anatómicas—Jul- gamos necessário, antes de abordarmos o modo pelo qual se deve eífectuar a operação, deixar nesta pagina, ligeiro apanhado da anatomia re- gional para ficarem avivados os conhecimentos adquiridos pelos que nos lerem, facilitando a comprehensão da technica operatória e o ajui- samento das vantagens desta operação; sem 9 entretanto fazermos de uma maneira detalhada, porque implicaria em dar em maior somma estes conhecimentos sem grandes vantagens. O ponto em que cahe a secção ossea para a realização da pubiotomia é o corpo do pubis, um direito, outro esquerdo, ficando collocado cada um delles entre a symphise pubiana de um lado, ponto em que se articula com o do lado opposto e do outro lado, o buraco obturador. Possuidor de suas faces — uma anterior e outra posterior, também é de dois bordos que olham para lados divergentes: um para cima— .* o superior, e outro para baixo—o inferior. Com um revestimento cartilaginoso apresenta o corpo do pubis uma pequena superfície que entra na formação da symphise. Pela sua face anterior o pubis não está em relação com nenhum vaso ou orgão importante. Nella tomam inserções fibras tendinosas dos seguintes musculos: pectineo, recto interno da coxa, medio adductor, pequeno adductor e gran- de recto anterior do abdómen, fibras estas que tomam intimas'adherencias com o periosteo. Na sua face posterior, o pubis dá lugar a in- serções, na sua linha mediana, a expansões das fibras ligamentosas que têm por funcção não insignificante fixar a bexiga qlie por sua vez está em relação indirecta com esta face, sendo 10 delia separada por uma camada adiposa de regular espessura. Por esta face passam vasos venosos do plexus pre-vesical. No seu bordo superior vêm ter as expansões aponevróticas dos musculos do abdómen, a arcada crural, o musculo grande recto do abdómen e fibras do pectineo. O seu bordo inferior está em relação com um orgão de uma certa importância—o corpo caver- noso do clítoris—que faz uma das suas inserções nolabio anterior do ramo descendente do pubis, ' a cerca de tres centimentros do arco sub-pu- biano. Para poder ser realizada esta operação, é necessário que tenhamos o material seguinte: bisturis, afastadores, pinças hemostaticas, the- souras, conductor e serra de Grigli, balão de Champetier de Bibes, dilatador de Bossis, sonda urethral em metal ou em cautchou vermelho, fórceps, laços, tampões de algodão aseptico, com- pressas esterilizadas, agulhas para suturas e conductor apropriado para estas etc. Preparativos.—Antes de tudo compete ao operador ter real conhecimento, das dimen- sões da bacia femenina, da apresentação e da 11 posição do feto e do estado de vitalidade deste, sem o qual a operação é dispensada, terminando o parto por uma outra que não a pubiotomia. Em segundo logar tem de se occupar dos preparativos. 1. Exploração—Procurará' certificar-se pelo palpar onde está a symphise pubiana, indo pelo bordo superior do corpo do pubis. para depois dirigir o seu toque explorador pelo bordo inferior, por onde consegue chegar tocando sobre o vestibulo acima do meato urinário. Orientado por este modo de exame escolherá o logar onde tem de iniciar a secção dos tecidos molles, anteriores ao osso. 2. —Requisitará* o numero de quatro auxiliares: dois serão designados para manter as pernas da mulher; um destinado a se encarregar da chloroformisação e finalmente o outro servirá ao seu lado como ajudante te- chnico. 3. Local e leito—Numa maternidade qualquer, melhor ainda niuna construida sob um plano scientifico moderno, submisso ás exigências de uma orientação superior, como aconteceu com a desta Capital, a «Maternidade Climerio de Oliveira», classificada por compe- tentes, desinteressados, como modelo para as 12 maternidades, poderá o parteiro, executal-a sobre uma mesa própria, sem receiar o meio porque elle preenche perfeitamente as exigências dos fins a cpie se destina. Em qualquer meio em que a hygiene não é esquecida, ahi também pode pôr em pratica a pubiotomia, sem que esta operação perca os seus resultados, desde que nesse logar possam ser obedecidos os preceitos da desinfecção moderna, referentes ao instrumental cirúrgico e á operada. Melhor diremos, assim: numa casa de asseio louvável, em uma sala não possuidora de moveis em grande numero e na qual a luz penetre em abundancia, poderá o parteiro, com iguaes re- sultados fazel-a sobre uma mesa quakpier, com- tanto que não seja fraca, nem muito alta e nem muito longa; desde que esta mesa soffra uma desinfecção rigorosa. Requererá, se for de noite, que tenha de operar, a maior quantidade de luz possivel, de- vendo ser collocada para cima e em todas as di- recções, para evitar que se faça sombra sobre a região em que opera. E’ esta uma das muitas vantagens da pubio- tomia. 4.a Onida-dos preliminares—A he- botomia, como todas as operações, exige um tempo a parte aos demais da sua technica que 13 chamamos cuidados preliminares, devendo ser feito, pela sua importância, de uma maneira rigorosa, sob a vigilância do operador, não necessitando a sua assistência quando é delle encarregado uma pessoa de sua confiança. Logo após o diagnostico que impõe ser reali- zada a hebotomia, o parteiro fará ou ordenará uma desinfecção a mais perfeita possivel em todo o seu material cirúrgico. A desinfecção dos instrumentos cirúrgicos vem de uma grande maneira contribuir para um feliz êxito do restabelecimento da operada, o que não é absolutamente ignorado pelos cren- tes na existência de seres tão pequenos como perigosos para a saude de todos, principalmen- te para a das operadas, que ficam mais predis- postas. Feito o diagnostico este exige, supponhamos, a operação de Grigli como tratamento. Continua sendo objecto de preoccupação do parteiro deante de uma mulher gravida e em trabalho de parto, que necessita dos recursos da hebotomia para que elle se dê, procurar cer- tificar-se do estado da bexiga, que poderá ser encontrado no de vacuidade ou pelo contrario no de plenitude. Neste ultimo estado tem que dispor dos mes- mos recursos de que faz uso para intervir, como 14 se tratasse de um parto sem ter a bacia nenhum vicio na sua conformação—evacuando a bexiga pelo catheterismo vesical. Procurará informar-se se a mulher tem defe- cado diariamente, para no caso contrario fazer a evacuação do recto pelas lavagens intestinaes. Estes actos de precaução têm como effeito diminuir o gráo de dystocia que a bexiga cheia de urina ou o recto de fezes por si só produzem, evitando em futuro -a descida da apresentação. Num parto normal o parteiro tará ou prescre- vera a toilette vulvar da parturiente que con- siste: no debastamento dos pellos, no ensa- boamento, consecutivo, da vulva, do perinêo e das virilhas, com'agua regularmente quente e na lavagem immediata com uma solução de sublimado a 1:2000 ou 1:1000. Num caso em que tenha de intervir com a hebotomia fará o operador quasi o mesmo, po- rém de uma maneira mais perfeita, porque se trata de uma operação em que toda a cautela empregada não é desperdicio. Exigem que a mulher que tem de ser pubio- tomisada deve submetter-se, fora do recinto onde tem de ser praticada a operação, a uma raspagem dos seus pellos da região vulvar e do monte de Venus; entretanto consideramos este acto assim praticado como desnecessário para 15 um feliz restabelecimento da operada, podendo ser realizado no momento seguinte ao da sua collocação sobre a mesa para operações, desde que, acabada a raspagem, se tenha o cuidado de os retirar em totalidade. Em seguida a este cuidado, na sala de opera- ções procederá o parteiro ou quem competir, fa- zendo uma desinfecção da região vulvar e cir- cumvezinlias: hvpogastrio, fossa iliaca direita e esquerda, virilhas, face interna das coxas no seu terço superior: a) com um sabão antiseptico e agua morna—ensaboamento; b) fricções com pressão sufficiente as custas de uma escova hú- mida, já esterilizada que, durante dez minutos, deslocará os germens contidos nestas regiões, os misturando na espuma resultante dos seus movimentos sobre o sabão; cj uma primeira la- vagem, das regiões ensaboadas, com uma solu- ção antiseptica de indiscutivel efficacia e na temperatura de mais ou menos 45°; d) uma fric- ção de toda- esta zona com álcool ou etlier, em quantidade sufficiente, para que ella exerça a sua acção mais patente—de dissolvente das gorduras—preparando-as para serem retiradas por uma ultima lavagem, também antiseptica, juntamente com os germens nellas-contidos que escaparam dos primeiros cuidados empregados; e) finalizando, usará o operador da tintura de 16 iodo recentemente preparada, para com ella fa- zer nma faxa, de regular largura, em toda a zona em que tem de percorrer o bisturi. Depois de tudo isto se faz, e achamos andar com acerto quem assim pratica, uma irrigação vaginal com solução antiseptica; embora con- demnadapor alguns, que dizem não liaver van- tagens ! Apresentam os contra indicadores deste uso, como justificativa, a possibilidade da canula produzir uma infecção. Desejaríamos saber se uma canula estere- lizada, assim como também o tubo que a liga ao irrigador contendo uma solução antiseptica, é capaz de produzir uma infecção ?! O leitor j a deve ter deduzido que o interesse unico desta operação de Grigli, é salvar as duas vidas—materna e fetal. Pois bem; o parteiro para intervir necessário é que encontre: integridade da vida fetal; o collo uterino sufficientemente amollecido ou di- latavel, capaz de poder ser facilmente distenso pela mão, pelo balão de Champetier de Eibes, e, finalmente, se o tempo exigh deve usar do dila- tador de Bossi. Achamos preferível ao methodo uni-mannal, acima indicado, o methodo de Bonnaire ou bi. manual; porque este consegue uma dilatação 17 completa do collo, sem expor a vagina a uma desinserção, pelo recalcamento do collo para cima e mais, com o processo bi-manual, a polpa dos dedos tendo maior sensibilidade desperta o parteiro quando as ruptnras do collo começam a ser produzidas. O methodo bi-manual dá a entender que a dilatação do collo uterino é feita simultanea- mente por intermédio das duas mãos, o que é uma verdade. O primeiro passo a dar para a realização deste processo pondo de parte a desinfecção das mãos, consiste na introducção do index direito, da vagina ao orifício do collo, e com elle execu- tar uma verdadeira massagem em toda a sua zona, procurando dilatal-o. Julgando-se a dilatação do orifício, sufficiente para dar entrada a um outro dedo, se introduz, não mais um dedo da mão direita e sim o ho- mologo da mão esquerda que tomará como guia seu companheiro, já introduzido, indo ficar o seu dorso olhando a luz do canal vaginal. Tomando os dois dedos um ponto fixo que será a articulação metacarpio-phalangiana, dis- tende-se os lábios do collo em todos os seus diâmetros—antero posterior, obliquos e tran- verso. 18 A pressão executada não deve nunca ser fei- ta bruscamente e sim com lentidão. A dilatação sendo regular introduz-se o mé- dio dos dedos da mão direita e se faz a operação como foi feita a principio; augmentando mais o gráo de dilatação, se introduz o dedo médio da mão esquerda e assim successivamente ,até in- troduzir-se os quatro dedos de cada mão, que procederão igualmente, até a obtenção de uma dilatação quasi completa ou completa se for possivel. Nesta operação o balão de Champetier de Ribes continua a ser applicado da mesma ma- neira, enrolado sobre si mesmo, por intermédio de uma pinça, curva e desarticulavel, com um formato semelhante ao de um pequeno fórceps, guiada por dois dedos da mão esquerda—index epnedio—anteriormente introduzidos. Mette-se o balão pelo orifício do collo, até que a articulação da pinça fique, delle distante 2 ou 8 centimetros. Bem applicado o balão, retira-se a pinça. Todos sabem que o balão de Champetier de Ribes produz uma excitação das contracções uterinas que podem, nestes casos, ser nocivas a saude da mãe ou da creança; podendo produzir naquella uma ruptura do sacco uterino pela 19 impossibilidade da descida do feto e de sua expulsão por conseguinte, e nesta uma morte ou pelo menos um soffrimento que variará de intensidade conforme o gráo das contracções, sem faliarmos nas procidencias a que está sujeita. Além de mais na operação de Grigli, necessi- tamos de uma dilatação mais rapida, por conse- guinte aconselhamos a pratica do processo usa- do por Schauta, Duhrssen e Yarnier. fílle consiste em, depois de ter enchido o balão com agua esterilizada até o máximo de sua capacidade e de ter deixado demorar um certo tempo, retirar-se uma certa porção-desta agua para em seguida effectuar'trações sobre o balão, até que no orifício cervical fique contida uma maior eircumferencia do mesmo, para reinjectar a quantidade de liquido retirada e assim suc- cessivamente até a obtenção de uma dilatação completa, quando cahirá na vagina o balão distendido. Em seguida o balão cabe no exterior. A bacia molle é destendida, o coccyx é retro- pulsado e o perinêo abre-se em gotteira, Está em voga actualmente na Allemanha e na Italia, o uso do dilatador de Bossi como um 20 processo para a dilatação rapida e artificial do orifício uterino. O ultimo modelo deste apparelhoé composto de quatro hastes, que estão approximadas quando em repouso. Introduz-se o instrumento guiado por dois dedos da mão esquerda. O affastamento das hastes do apparelho se obtém mechanicamente por intermédio de um parafuso que se acha em uma das suas extremidades. Em uma das faces desta extremidade, se encontra um pequeno ponteiro que registra o gráo de dilatação que possue o orifício, sob a aceão do instrumento. Não se deve executar as voltas no parafuso em qualquer tempo e sim no intervallo de cada contracção uterina. Elias devem ser feitas com ma is frequência e com um pouco do circulo que o parafuso des- creve, do que com um maior que produzirá ao certo rupturas do collo. A dilatação completa com este apparelho, re- clama um prazo de 30 minutos a uma hora e meia. 21 Operação Contando a hebotomia apenas 10 annos de existência gloriosa tem sido durante este tempo preconizados, por diversos cirurgiões, todos fitando um mesmo idéal, vários processos, mais não sendo que modificações da technica de Leonardo Grigli. Podemos dividil-os em tres grupos:—pubio- tomia sub-cutanea, propriamente dita; pubioto- mia parcialmente sub-cutanea e pubiotomia a a descoberto. Waleher, Bumm e Stoekel, seguem a pra- tica da pubiotomia pela via inteiramente subcutânea. Em numero de cinco são os operadores que seguem a via parcialmente sub-cutanea: Dõderlin, De Bovis, Seligmann, Henkel e Tandler. vOs que abraçam a technica a descoberto são: Grigli, Calderini, Yan de Yelde e a grande maioria dos operadores. Em homenagem a Leonardo Grigli, começa- mos dando o sua techinica em 4 tempos. Io terrrpo. — A mulher, o operador e os auxiliares estando rigorosamente desinfectados 22 é aquella pelo chloroformisaclor chloroformi- sada e depois posta em posição obstétrica. Collocado entre os seus auxiliares que segu- ram as pernas da mulher o operador, tomando de um bistori, traça uma incisão de um com- primento de 8 a 10 centimetros, que partindo da linha mediana tome uma direcção obliqua para baixo e para fora e se venha terminar, no nivel do tubérculo sub-pubiano, tres ou quatro centimetros abaixo do vertice da arcada for- mada pelos pubis. Os tecidos subjacentes a pelle são interessa- dos, por uma ou mais incisões até que seja sen- tida a resistência que oíferece o corpo do pubis, que será em seguida libertado, em parte, destes tecidos por meio dos afastadores, deixando que o operador veja livremente este osso pela sua face anterior. 2° tempo.—Este tempo de grande facili- dade o que põe em destaque dentre as suas congeneres—a hebotomia—se o iniciará pelq ponto que também teve por partida a secção dos tegumentos No ponto inicial da incisão sobre o bordo su- perior do pubis, tem o operador que fazer com uma sonda canellada um pequeno orifício entre as fibras tendinosas e expansões aponevroticas que alii vêm ter. 23 Em attenção a vascularização da face posterior do corpo do pubis, que de uma maneira sus- cinta deixamos referida na parte consagrada a esses conhecimentos, Grigli, advertido pelas con- sequências operatórias que fazia o modus ope~ randi da symphisiotomia, creou um instrumento que desempenhasse o seu fim de uma maneira satisfatória, sem interessar aquella rede san- guinea:—foi um conductor encurvado e rom- budo da sua serra, que, como ella, tomou o seu nome. Pelabutueira feita no bordo superior do corpo do pubis com a sonda, tem quem intervem de introduzir o conductor, devendo este em todo o seu trajecto acompanhar encostado a face pos- terior do corpo do pubis e sahir abaixo, no seu ramo descendente, no pequeno tubérculo sub- pubiano. Lembra Grigli que, sem nenhum inconveni- ente, se pode guiar a marcha do seu conductor, introduzindo dois dedos na vagina. Este processo evita desvio e rupturas vascu- lares. M. Doderlin, introduz como guia, o index por sobre o pubis. Preferimos o modo que lembra Grigli ao que aconselha Doderlin, por ter "este a desvantagem de produzir dissociações das fibras aponevro- 24 ticas do abdómen e estar sujeito a infectar a ferida operatória. No conductor é fixada a serra flexivel e rugosa que será arrastada por elle, pelo mesmo caminho que o seu trajecto abriu, até o bordo superior do osso, onde será aprisionada ao poi- gnet proprio. Esta serra deve occupar os limites da linha de secção das partes molles, Tomando ella uma direcção obliqua para executa-se uma pequena serie de movimentos, de vae-e-vem, atè que esta serra appareça na superfície em que a sessão ossea é completa. Não será desvantajoso se ter o cuidado de antes- de executar a sessão ossea obliquamente fazel-a, iniciando, perpendicularmente, cuidado este que tem como utilidade evitar a mudança da serra para outro ponto que não é o desejado. E’ de regular frequência neste tempo uma pe- quena hemorrhagia que não inspira sérios cui- dados e que céde a um tamponamento. 3- tempo Feita a secção lateral do pubis com esta o parto se póde dar as custas propias do organismo ou é necessário sempre intervir logo em seguida com uma applicação do fór- ceps ou da versão? O parto logo após a secção lateral do pubis ou mais tarde, se pode dar naturalmente e é, 25 nos parece pela leitura feita do assumpto, o que espera a grande maioria dos operadores. Entretanto damos aqui um parecer que muito vem contrariar aos que assim praticam, com o qual certamente, por sermos estudantes ainda, nos considerarão como ousado e ignorante.. . Ao nosso ver julgamos barbara a attitude deste operadores que consentem uma mulher ficar por um tempo muito longo, incapaz de ser previsto com antecedencia, sob a acção do anesthesico. Escapando de assim praticarem têm que cahir em uma outra—posição não menos condem- nada— mandando suspender a anestliesia e deixando que a victima padeça das dores atrozes que produzem as disjuncções das articulações sacro-iliacas e a grande distensão das partes molles. Mais uma outra cencuravel conducta a que são forçados a praticar é uma nova anesthesia reclamada pelas suturas da ferida a que sub- mettem uma mulher victima de sua má con- formação. Julgamos conveniente terminar o parto por uma applicaç.ão do fórceps. O leitor bem sabe que o que fica dito é a traducção de um modo de encarar este proceder em lugar de abrir campanha contra grandes mestres da sciencia; longe de nós está seme- 26 lhante idéia. Deixamos apenas transpirar de nossa alma o que sentimos calculando os effeitos que produzem estas medidas sobre o organismo femenino, que embora talhado para os grandes soffrimentos entretanto não é capaz de resistir a semelhante pratica sem padecer muito e muito. Neste tempo começa propriamente dita a ope- ração que nos preoccupa. Pondo de parte o numero de operadores que esperam um parto normal, outros empregam o fórceps ou a versão. Os que procedem esperando que o parto se dê naturalmente se baseiam em que a expulsão fetal se dando, determina uma distensão lenta das partes molles anteriores; e mais que a am- pliação do perinêo se fazendo lentamente põe em jogo a elasticidade das suas partes molles, o que se não da tão regularmente quando se intervem com a versão ou com uma applicação do fórceps. Tudo isto é muito sabido em obstetrícia e também que nestas mulheres, assim operadas, é muito frequente se observar: uma parada do trabalho e uma hemorrhagia, uma parada da rotação, da apresentação ou uma perversão 27 desta rotação, um soffrimento fetal, muita das vezes heminente, sendo centrario as suas von- tadhs terminarem o parto com uma applicação do fórceps, como já tem acontecido. O que dirá o leitor da justificativa de pro- ceder destes operadores? E’ necessário esperar-se um parto normal quando um pseudo foi assistido pela espulsão do balão de Champetier de Ribes que deve ser applicado systematicamente, embora na vagina, em todas as mulheres que necessitam dos re- cursos de uma operação como esta? Achamos que não é preciso; fica o leitor, porém, com o direito de proceder desta ou cla- quella maneira, conforme achar conveniente; desejamos-lhe que seja muito feliz e que a sua estatistica da mortandade fetal seja melhor do que a conhecida atualmente. Nascendo o feto sem soffrimento visivel aos olhos do porteiro esperará alguns minutos antes de praticar a secção do cordão até que não mais sejam percebidos, pelo palpar, as pul- sações no cordão, quando será ligado e seccio- nado a 4 centimetros acima da sua implantação fetal. No caso contrario, o feto nascendo em estado de morte apparente, coberto de meconio, urge ligar e seccionar-se immediatamente o cordão e 28 tratar-se de animar a creança peles diíferentes meios conhecidos. Numa Maternidade é este cuidado entregue a um auxiliar ;porém em outro meio é permetti- do ao operador deixar por alguns momentos a operada, ficando, um dos auxiliares mais pró- ximos da região vulvar, de vigilância. Logo em seguida ao nascimento do feto devem os auxiliares, encarregados de manter as pernas da parturiente, fazer approximar as suas coxas. Fará o operador ou mandará fazer conforme o meio em que opera, uma lavagem, vulvar e, se julgar necessário, uma outra vaginal, iso- lar depois, a ferida operatória. Aguardará o delivramento. Depois deste, sendo preciso, na possibilidade de ter o feto perdido meconio durante a sua permanência no utero, fará também uma injecção intra uterina. Compete também ao parteiro proceder o exame do utero, após o delivramento, para se certificar do estado este orgão, se está retra- indo. No caso contrario usará da medicação pro- phylatica das hemorrhagias uterinas. Havendo rupturas superficiaes da vagina deve introduzir nella gaze iodoformada. Se foi impossivel evitar a ruptura do perinêo 29 durante a extracção do feto, fará a perineorra- phia immediata ao nascimento deste, depois do asseio dos orgãos genitaes externos ou daixará para fazel-a, nas mesmas condições, após o delivramento. 4- tempo.—Depois de um trabalho de parto nestas condições, em qualquer que seja a mulher, não deve nunca quem nelle tomou parte activa, fazer as suturas das partes seccio- nadas, sem ter antes feito uma desinfecção das suas mãos, a mais rigorosa possivel. A operação se realizando em uma Materni- dade pedirá o parteiro auxilio de um outro que não tomou parte na operação que, também fará nas mesmas condições a desinfecção de suas mãos. Fará quem tomou a si este encargo tres ou quatro pontos profundos cóm uma agulha, forte e curva, e com catgut esterilizado. Bem se vê que estes pontos devem variar de numero conforme a extensão do ferida. Também, variando de numero, fará novos pontos cutâneos intercalando os outros, devendo serem feitos com fio de seda. Com o uso desta technica, como também com o de qualquer outra pertencendo ao grupo das pubiotomiaS a descoberto, se deve drenar a ferida, devendo este ficar no angulo inferior. 30 Applica-se na ferida gaze iodoformada e por sobre esta algndão esterilizado. Sobre a vulva deve ser feito um penso, nada devendo ter de solidariedade com o da ferida. Depois de se ter approximado as ametades da bacia e as coxas da mulher collocadas em extensão se mantém a bacia com uma cintnra elastica e na sua falta com um apparelho amo- vomovivel qualquer. Usa-se, De Bovis por exemplo, deixar uma sonda de permanência da urethra para evitar os catheterismos. Achamos qne esta cautela é dispensável; porque se pode evacuar a urina em caso de necessidade, estando a mulher sobre o seu leito; questão de paciência. Se a incon- tinência de urina em uma pubiotomisada fosse permanente concordaríamos com esta pratica, porém não é ... Leva-se a mulher para um leito de lastro resistente onde deve ser acamada pelo dorso e com as pernas em extensão e juntas. OuLidacios consecutivos. Na grande maioria dos casos a urinação se faz natural- mente, em outros porém necessita de um ca- therismo. Este facto não é nada alarmante e não deve ser colhido como uma complicação desta operação, porque elle surge também nas que tem um parto completamente normal. 31 Deve-se encarar uma pubiotomisada como uma parida normal. Sua temperatura deve também ser tomada com precisão, pela manhã e á tarde, pelo menos. As lavagens vaginaes devem ser feita com regularidade. No caso de ter sido praticada a drenagem da ferida, no fim de quarenta e oito horas se secciona a parte saliente da gaze que serviu de dreno; depois, diariamente, se vae retirando com lentidão esta que será difinitivamente reti- rada no 3.° ou no 6.° dia. Os fios de suturas são retirados nos 7.° ao 10.° dia. No fim de tres semanas a operada se pode levantar; a ferida é cicatrizada por primeira in- tensão, em 90 % dos casos. TECHNICAS INTEIRAMENTE POR VIA SUB-CUTANEA Technicas de ‘VsTa-loln.er, Bumm e Stoeckel— Estes cirurgiões não usando, quando operam, da via a descoberto, costumam, creando uma uova technica, introduzir no nivel do grande labio uma agulha de grande cur- vatura e com ponta, que será guiada por um dedo introduzido na vagina. Esta agulha tem 32 também de acompanhar encostada, a face pos- terior do corpo do pubis até sahir no nivel do seu bordo superior. Fixam-lhe o fio serra que procederá como na technica de Grigli. TECHN1CAS PARCIALMENTE SUB- CUTÂNEAS Teohnica cie De Bovis.—Não accei- tando integralmente a technica de Grigli apre- senta este operador a sua que é como as demais, uma modificação da primitiva. Acompanhando o bordo superior do corpo do pubis executa De Bovis uma incisão horizontal que venha cahir entre o angulo e a espinha deste osso, respeitando os planos aponevroticos for- mados pelas fibras da aponevrose do grande obliquo e pela insersão do grande recto anterior do abdómen. Faz introduzir, na butueira que Grigli recom- menda fazer depois da incisão das partes molles, o conductor que fará saliência, depois de um certo percurso, do lado do ramo descendente do pubis, no sulco labio crural, a 3 centimetros abaixo do arco pubiano. t Corta a partes molles que para deante da ex- tremidade do conductor se acharem, prendendo 33 nelle a serra que seccionará a parte cio osso desejada. Teohnioa de IDdderlin. — Doderlin começa praticando uma pequena incisão pa- rallela ao ramo horizontal do pubis de formas que o meio desta linha corresponda a espinha do pubis. Uma incisão de 3 centímetros de comprimento julgamos sufficiente, porque o seu unico fim é dar passagem ao dedo indicador que obrará dis- sociando os tecidos retro-pubianos. Acompanhando este dedo elle introduz uma agulha curva que, como a precedente, vem fazer saliência a 3 centímetros abaixo da arcada dos pubis, no nivel do sulco labio crural. Sobre esta saliência faz Doderlin uma incisão de dois dedos transversos parallela ao grande labio. Liga a serra ao seu cabo propio e effectua a secção ossea por meio de uma serie de movi- mentos de vae-e-vem. Na ferida, inferiormente, é seu costume col. locar um dreno. Teohnica cie Sellgamann. As mes- mas incisões da technica de Doderlin. Repelle-se com o dedo indicador todos os te- cidos que se acharem por detraz do osso* inclu- indo nelles o clitóris que será descoliado com 34 toda delicadeza possível. Pela abertura que antes destes cuidados é praticada,superiormente, se introduz uma sonda protectora apropiada, que possue uma gotteira pela qual se deve pas- sar a serra filiforme. Technica d© Uen.ok.el. Faz-se a in- cisão supra pubiana que usa Seligamnn e Dõder- lin em suas technicas, a unica que Henckel acceita como necessária. Desnuda-se o bordo superior do corpo do pubis e com um cinzel de certa largura se des- colla o periosteo da face posterior do osso. Introduz entre esta face e o periosteo o index direito que completará o descollamento até o bordo inferior, onde se dará o encontro do dedo com o conductor, que introduzido pela face an- terior do osso levará consigo a serra de baixo para cima e de deante para traz. Technicas de Tandler. —Usa este cirurgião da via sub-periostica. Pratica uma incisão inferior, paralella ao ramo descendente do pubis; secciona entre duas elaqueações o corpo cavernoso e a artéria do clitóris, descolla o periosteo da face posterior do corpo do pubis e finalmente seguindo uma direcção vertical, introduz por deante do pubis o conductor com a serra. 35 BACIA VISTA DE FRKNTK 1—Nervo, artéria e veia femoraes. 2—Traçado de Gigli. 3—Traçado de Calde- rini. 4—Traçado de Van de Velde. 5—Musculo pectineo. 6—Musculo pequeno adductor. 7—Artéria, veia e nervo obturadores. 8—Musculo obturador externo. 9—Musculo grande adductor. 10—Musculo médio adductor. 11—Recto interno. TECHNICAS A DESCOBERTO Technica cie Galderini. — A inci- são cutanea dada por Calderini, não mede menos de 5 a 6 centimetros; segue em parallelismo o sulco genito crural. Iniciada no monte de Venus, mais on menos a um centimetro para dentro da espinha do pubis, desce, obdecendo a uma direcção para baixo e para dentro, para se terminar no grande labio do mesmo lado do ciual partiu a incisão. 36 Grigli, como vimos, introduz o conductor da sua serra pelo bordo superior do corpo pubiano; Calderini, pelo contrario, costuma introduzir o conductor pelo bordo inferior, indo elle sahir no mesmo ponto em que teve por partida a secção dos tegumentos. Technica cie Vande Valde—Con- siderando Yan de Yalde que quanto mais afas- tada for a secção ossea da symphise pubiana melhores são os resultados obtidos com esta operação, principia a sua technica incisando os tecidos molles no nivel do tubérculo supra-pu- bico terminando esta, no nivel do tubérculo sub-pubiano. Seccionadas as partes molles, elle introduz o dedo na ferida e com elle afasta, auxiliado por uma sonda, as partes molles que guardam re- lações com a face posterior do osso, até o bordo inferior do mesmo* Faz introduzir, depois, a serra de Grigli, des- de o bordo inferior até o superir, utilisando-se para isto de uma agulha fenestrada, possuidora de uma curva apropriada á altura e á forma do osso em questão. A serra deve guardar os extremos da incisão cutanea. Antes de ser abordada a parte de nossa these de doutoramento, destinada á descripção de 37 todas as technicas operatórias que surgiram de difterentes fontes, pleteando melhor praticar a operação que nos preoccupa, annunciamos dar em primeiro logar a usada por Grigli, o que fizemos, em homenagem a sua victoria obtida perante aquella douta agremiação, por referida nas noções históricas, com as quaes iniciamos o nosso trabalho. Em seguida deixamos descriptas suscinta- mente todas as outras que chegaram ao nosso conhecimento. Agora pretendemos fazer escolha, dentre ellas todas, de uma, a que nos parecer melhor, aquella que sendo praticada evitará o maior numero de accidentes immediatos ou remotos. De que maneira podçremos fazer esta esco- lha ? Para que ella possa ser feita, é necessário o conhecimento de todos os accidentes que po- dem surgir—durante e depois da operação. Cumpre notar que, se surgem contra indica- ções do processo inteiramente sub-cutaneo são ellas iguaes ao do processo por via sub-cutanea; por conseguinte só teremos de fazer escolha de uma technica dentre os dois processos—sub- cutaneo e a descoberto. ACCIDENTES OPERATORIOS Io Hemorrhagias.—Recapitulando-se a anatomia da região, com facilidade bem se pode 38 avaliar qual seja a fonte das hemorrhagias que também podem ter uma origem alheia a parte anatómica em que se effectua a operação. Elias podem resultar em consequência de uma lesão do plexus cervical, do corpo caver- noso do clitóris, ou das dilacerações da bexiga, do bolbo vestibular ou das veias do levantador do anus. As hemorrhagias resultantes do acto opera- torio praticado com o máximo cuidado, são in- significantes. Não assaltam o espirito do partei- ro obrigando-o á se suppor deante de um caso de eminente fatalidade. Elias resultam da secção das partes molles e do osso, sendo que a deste tem como ponto de partida o fragmento eterno, por sangrar mais. 2o Hematomas—E’ incontestável que os hematomas tenham a mesma origem das hemorrhagias; a sua formação mais frequente é a consequente de uma lesão do corpo caver- noso do clitóris. A sua complicação que preoc- cupa o parteiro é a suppuração. Sob o ponto de vista do seu volume diremos sér elle muito variavel. Tem sido encontrado por Tandler, do tamanho de um ovo. Seldhein . teve a oportunidade de observar um hematoma que se estendia até a face anterior da coxa. Podemos dizer, arrimando-nos na commu- 39 nicação feita ao mundo sabio por Hocheisen que a sua frequência é de quatro sobre as de- zeseis operadas por este cirurgião, os quaes, com muitos outros, farão parte do nosso primeiro quadro, quando tratamos do valor prognostico desta operação. 4 • Lacerações vulvo vaginaes —Não são as lacerações vulvo vaginaes acciden- tes que se prestem para fortalecerem opiniões que sirvam para debater as grandes vantagens da operação de Grigli. Podem essas lacerações tomar residência na vulva, na vagina ou attingir porporções maio- res, chegando a interessar o perinêo, o anus ou em outros casos rarissimos, podem communi- car a vagina com a ferida operatória, ficando esta sujeita a se infeccionar e dahi resultados variaveis conforme a virulência do agente de infecção. Tem ella com mais frequência se installado nas primiparas, para em segundo lugar fazer séde nas multiparas. A sua frequência se pode determinar por nu- meros estatisticos. Isto se consegue procurando o que escreveu Zangemister, a este respeito. Podemos dizer que nas primiparas ellas se apresentam na propor- ção de 31 %, emquanto que, em menor numero 40 de vezes, apparecem na razão de 7,5 %, nas multiparas. 5o Lesões urinaríeis—A incontinên- cia de nrina, surge, passageiramente, sem lesão anatómica; este accidente em nada é assustador. Ao lado delia se pode observar raras vezes emissão de urina sanguenolenta, que em ponto algum se relacciona com uma ruptura da be- xiga. O que deve prender seriamente a attenção do parteiro é evitar as dilacerações da bexiga, que são produzidas em sua grande maioria por um defeito de technica. Também estas lacerações podem surgir, resul- tando de umaacção meelianica—na occasião da passagem da apresentação fetal, quando a bexiga desviada é levada de encontro com um dos dois fragmentos osseos resultantes da se- cção do pubis. €3° Infecções.—As infeeções da ferida operatória são frequentes; porém em nada as- sustadoras.. Grigli quando apresentou a sua estatistica de 100 casos chamou a attenção para os 90 em que a cicatrisação foi obtida por primeira in- tenção. Pode registrar-se aqui a suppuração de 41 thrombus, accidentes phlebiticos, septicemia, peritonite; bem que estes dois últimos resulta- dos estejam intimamente ligados a um estado de infecção grave já existente e a uma inespe- riencia do operador. • Complicações remotas.—A incon- tinência de urina permanente tem sido obser- vada. Quem nos diz alguma cousa a este res- peito Kroemer, que a encontrou na proporção de 5íx|34 pubiotomisadas, da sua lista. Nenhum outro operador registra semelhante frequência pelo que maldamos ter sida este resultado, o.btido por Kroemer, resultante talvez da falta de precauções. As soiatioeis, as hérnias, os descol- lamentos genitaes podem apparecer. Nada diremos a respeito das ;pert-u.rfc>SL- ções funccionaes que podem surgir desta operação por não termos tido occasião de vermos referencias a esse respeito. Seguindo a mesma ordem da «qual usamos quando tratamos dos accidentes operatorios pretendemos aqui, satisfazendo um compro- missso, ir lentamente expondo as desvantagens deste ou daquelle dos processos acima referidos. 42 Assim por exemplo: as hemorrhagias têm fornecido assumpto para serias discursões, quando as encaram julgando de mais frequên- cia com o uso do processo sub-cutaneo; ou con- trariamente como pensam os que repudiam este modo de julgar. Não entraremos em considerações minuciosas sobre o assumpto, respeitamos as opiniões dos gaupos divergentes. Entretanto diremos:—se só encarando este accidente podessemos declararmos partidários de processo a descoberto, faríamos; porque, com o processo a descoberto pode o parteiro desco- brir a fonte da hemorrhagia ou evital-a, usando no primeiro caso para debellal-a de‘diíferentes meios os quaes não pode por em pratica quando a hemorrhagia resulta do processo sub-cutaneo, porque passa despercebida a principio do par- teiro. Sob o ponto de vista de sua frequência ellas resultam de uma lesão vesical e ellas surgem mais com o emprego deste processo do que com o uso daquelle. Vimos que thrombns tem uma origem he- morrh agica. Com o use do processo a descoberto podemos com facilidade surprehender um pe- queno derramamento sanguineo muitas vezes profundamente situado e mais com este pro- 43 cesso a drenagem pocle ser feita com perfeição evitando que elle se infeccione o que é inteira- mente impossivel se conseguir nas operadas com o outro processo. Se levarmos a discursão para o ponto de vista das lacerações vulvo—vaginaes podemos dizer serem ellas mais frequentes se usando do processo por via sub-eutanea. As lesões urinarias devem ser encaradas sob dois pontos:—Primeiro é que estas apparecem em ordem de frequência mais commumente com o emprego do processo sub-cutaneo. Dizemos assim, porque com o processo a des- coberto o operador pode, em elguns casos, ver a bexiga ou quando não, nos outros casos, tem meios mais seguros para guiar o condu- ctor de maneiras que este orgão possa ser respeitado; com o processo sub-cutaneo não pode o operador dispor destes recursos. O segundo foi levantado em discussão por St-ceckel e Bumm. Dizem estes parteiros que as lesões de origem instrumental se curam sem complicações. Esta justificativa até certo ponto tem razão de ser; por outro lado porém podem estas lesões passar despercebidas ao operador que será mais tarde surprehendido quando apparecerem os acciden- tes consecutivos resultantes do derramamento 44 da urina nos tecidos vizinhos da bexiga, sua in- filtração e sua fermentação dando em resultado uma infecção urinosa, um abcesso da mesma origem, uma fistula vesico-vaginal e mesmo, como diz Hocbeisen, uma peritonite. Hammerschlag chegou a observar uma septi- cernia que matou uma doente em 24 horas. A incontinência de urina permanente regis- tram como sendo de mais frequência com o emprego do processo sub-cutaneo do que o do outro—o a descoberto. Dentre todos os processos operatorios esco- lhemos, ao que ficou dito, o processo a desco- berto. Pertencentes a este grupo descrevemos tres technicas:—a deGigli, a de Calderinie adeVan de Velde. A technica de Gigli, que tem proporcionado resultado brilhantes; que chegou a derrotar dos seus dominios a operação de Sigault; que resol- veu o problema desejado e tentado resolver por muitos, não deixa de ter os seus deffeitos, O lugar de escolha que fez Gigli para effe- ctuar a secção ossea é muito proximo da sym- pliise, por conseguinte vae esta secção cahir na vizinhança de orgãos de importância, que 45 devem ser respeitados, taes como:—a bexiga, a vagina, os ligamentos pnbo-vesicaes que ficam a ser, mais facilmente por qualquer descuido, lesados. Demais o pequeno fragmento do corpo do pubis que continua preso a symphise está exposto, ao defeito de vitalidade, e perturbar a consolidação óssea com a rapidez desejada. Yan de Velde, que marcou uma phase nova na pubiotomia com a sua technica; que com ella esclareceu De Bovis para, a obtenção de dois grandes sucessos operatorios; que se sentiu vai- doso em ter modificado uma technica que pare- ce ter sempre uma acceitação universal, viu ella baquear pela desvantagem de estar sujeita, com grande facilidade a produzir uma hemor- rhagia perigosissima, ás. vezes, em consequên- cia de uma lesão dos vasos obturadores e mais porque expunha uma operada ao padecimento de uma hérnia resultante de uma lesão dos pi- lares iguaes. Todo o defeito se resume em cahir a secção ossea próxima ao buraco obturador. Consideramos vantajoso seguir-se o emprego da technica de Calderini, por guardar ella uma media entre as desvantagens das duas technieas anteriormente referidos. 46 Prognostico. E' animador o prognostico da operação de Gligli, embora qne ainda não fosse possivel se estabelecer, entre o grande numero de opera- dores qne delia têm feito nso, um accordo sobre a porcentagem centesimal da mortandade mater- na, sem querermos, neste momento, nos referir a mortandade fetal. O nosso primeiro quadro abrangendo: os nomes dos auctores; o anuo em qne levaram ao conhecimento do mundo scientifico o resultado dos seus trabalhos; o numero da mortandade ma- terna e a sua porcentagem por 100 casos,deixa o leitor avaliar como se tem popularizado esta operação e o resultado que tem ella produzido. QXJA.3DK.O 1ST. I NOMES Anno da apre- sentação Numero de casos Mortandade maternã Porcentagem centesimal Gigli , . . 1905 100 6 6, Voguet. . . 1906 114 7 6,14 Aubert . . 1906 118 6 5,12 Doderlin . . 1906 16 — — Kannegiesser 1906 21 — — Allredo Costa 1906 3 — — Saceadura. 1906 1 — — Reifferscheid. 1906 202 12 5,94 Ilocheisen 1906 16 — — Bokelmann . 1906 — — 9a7 Seligmann . 1907 20 1 5, Rossier. . . 1907 253 15 6, Rosthern . . 1907 9 i 11 Van Herff . 1907 5 — — Bumm. . . 1907 44 — — Fromme . . 1907 . 15 i 6,6 Franz . . . 1907 11 i 9, Biiger . . . 1907 21 — . — Reifferscheid. 1907 27 i 3,5 Stceekel . . 1907 44 — / — Von Franque 1907 19 i 5, Doderlin . . 1907 294 17 5,9 Krcemer . . 1908 53 1 1,8 Alfredo Costa 1909 2 — 47 Restrictamente poderíamos dizer que a mor- tandade materna oscilla entre 5 a 7 %. Melhor poderia ser esta estatística se ella não registrasse englobadamente casos que foram fataes, resultando de causas intercurrentes as quaes não deviam ser tomadas em conta, por não terem sido produzidas por esta operação. Assim, deviam ser retirados por exemplo, dos casos apresentados em 1905, por Leornado Grigli, quatro: um de Berry-Hart que succumbiu, em consequência da chloroformização 3 dias depois desta, um produzido por febre typhoidéa, no decimo oitavo dia depois da operação e dois desastrosos de Braumim, em consequência de uma technica improvisada e de um material cirúrgico não adequado. Ressentem-se de sérios embaraços aquelles que procuram fazer uma estatisca de uma maneira precisa, por saberem que estes casos foram operados em condições differentes. Muitos operadores tem encontrado mulheres em trabalho de parto datando de lpngas horas, com um liquido amniotico fortemente tinto de escuro, com a temperatura axillar elevada do normal e, certamente, antes de executar a ope- ração, ficaram a vascillar, prevendo o futuro, se estavam diante de mulheres já infeccionadas, ou se aquella hypertherimia óresultante do trabalho 48 prolongado e se ella desappareceria depois das 24 horas que seguissem a operação. No Brasil, por exemplo, um orgulho mal justificado obriga a mulher entregar-se confiante de preferencia aos cuidados médicos em uma Maternidade, a uma assistência de mulheres supinamente idgnorantes que, com interferên- cias intempestivas e inconscientes, inadequadas ou desmedidas, preparam um máo terreno em que forçosamente tem de trabalhar o parteiro com esta operação, desde que encontre as condi- ções requeridas. Comtudo isto a estatística feita por Y. Cathala dá a porcentagem de 2 a 4%. Mais recentemente Pierre Yoguet dá uma porcentagem de 1,75%. 1ST. II NOMES ' Anno da apre- sentação Numero de casos Mortandade infantil Porcentagem centesimal Grigli . . . 1905 100 4 4 Reifferscherd 1906 22 — — Dõderlin . . 1906 16 1 6,2 Hocheisen 1906 16 2 12,4 Saccadura 1906 1 — — Seligmann . 1906 20 1 5 Kannegiesser 1906 21 4 19 Anbert. . . 1906 118 3 2,56 Rossier . . 1907 204 8 4 Dõderlin . . 1907 225 15 6,6 Von Franque 1907 19 4 21 Burger. . . 1907 21 2 9,5 Fromme . . 1907 15 1 6,6 Kromer . . 1908 53 4 8,6 Alfredo Co=ta 1909 2 2, E’ menos lisongeira a estatística da mortan- dade fetal. 49 Ella está também sujeita a effeitos de um longo trabalho que dá em resultado fracturas do craneo, sem que possa o parteiro atravez de uma bossa sero-sanguinea muito frequente, nestes casos, diagnostical-a. Para ella partilham também os adeptos da possibilidade do parto se poder dar natural- mente, talvez inconscientes de que estão fazendo um grande mal. Estas são as principaes causas que têm pesado nas balanças estatisticas, entretanto se tem regis- trado liemorrhagias da meningéa nas creanças que para nascerem se submetteram-o a um longo trabalho. O nosso II quadro como o I deixa suscinta- mente o leitor deduzir a porcentagem fetal. Esta, como se vê pelos recentes trabalhos estatisticos de Grigli e de Rossier tem diminuido consideravelmente de porcentagem; é ella actual- mente de 4%. 50 Indicações Carece que se diga ser a operação de Gigli racionalmente indicada todas as vezes em que, uma mulher em trabalho de parto possua 11a sua bacia o diâmetro pubiano minimo medindo 7 a 8 centímetros, como aconselha Bumm e outros; como também se faz desnecessário dizer-se que embora assim ella é evitável todas as vezes em que o feto não esteja vivo, como também quando a sua existência se acha infimamente ligada a um prognostico sombrio, em virtude de haverem sido feitas intervenções inadequadas com appli- cações de fórceps ou quando o parteiro encontra procidencia do cordão, caso em que precisa refletir maduramente, apoiado em dados clinicos, antes de praticar a operação, para não expor um ser tão delicado a tão grande martyrio. Cyrille Jeannin e V. Cathala aconselham a a pratica desta operação todas as vezes em que o operador procedendo a mensuração da bacia encontre 0 diametrto promonto-pubiano minimo medindo 85 millimetros e para acima deste nu- mero; em outro caso qualquer, abaixo deste limite inferior e ao lado de outras indicações, elle aconselha que se deve praticar a cesariana. Achamos este numero muito baixo para servir 51 de limite minimo á operação de Grigli, porque assim se intervindo se é forçado a produzir um grande afastamento entre as partes ósseas secci- onadas podendo dar em resultado, este afasta mento que será considerável, rupturas liga- mentosas das symphises sacro-iliacas. Com este limite que aconselham Cyrille e Jeannin, e não abaixo de 86 millimetros como recommendam, julgamos que se deve praticar a cesariana, desde que com esta operação não se exponha a operada á perigos de vida. A não ser a contra indicação capital—a au- sência da vida fetal—é a operação de Grigli contra indicada quando se reconhecem signaes de franca infecção e quando as condições do meio em que se opera impedem em absoluto a sua realização. 52 Pubiotomia e Symphisiotomia VANTAGENS DA PUBIOTOMIA Quem conhece uma e outra destas operações sob o ponto de vista experimental se tem collo- cado ao lado de Gigli, de preferencia ao de Sigault, por ver que são innumeras as vantagens daquella operação sobre esta. Nãoé difficil se chegar a tal resultado quan- do, pelo menos, se tem conhecimento das duas operações sob o ponto de vista theorico. Terminando o nosso modesto trabalho aca- démico, nos resta faliar das prineipaes vantagens da pubiotomia sobre a symphisiotomia. Se espinhosa foi a tarefa para a sua feitura não menos trabalhoso foi o balancear os archi- vos das duas operações e critical-os para depois, resumidamente, deixar se ver o destanciona- mento occ-upado pelas duas operações. A pubiotomia não deixará de ser ’ sempre acceita e de produzir os seus beneficos resulta- dos, embora que actualmente, com os progressos admiráveis da asepcia e antisepcia, se estabe- leça uma notável corrente de adeptos para a 53 cesariana; mas esta operação não será sempre indicada, favorecendo occasião então a sna irmã —a pubiotomia—para brilhantes resultados. Ia Vantagem—E’ aquella cpie a primeira investida de analyse se nos apresentou sup- plantando a symphisiotomia por não gosar das mesmas regalias. Refiro-me a sua technica. A operação de Grigli pode ser executada com a maxima facilidade, não requesitando esforços de uma attenção ininterrupta e nem mesmo excesso de cuidados; não requer do cirurgião essas habilidades, podendo ser mesmo confiada a um parteiro não muito experiente nos cam- pos da cirurgia. Como se viu, é de grande facilidade a tech- nica da operação de Grigli. 3a vantagem—A segunda vantagem é a que resulta do conhecimento das duas regiões anatómicas em que se effectuam as duas ope- rações. A symphisiotomia tem como séde uma região anatómica importante, pela visinhança que guarda com certos orgãos. A pubiotomia cahe em uma região pobre de relações com vasos e orgãos importantes. Nesta operação, para a obtenção de um feliz successo, se deve ter o cuidado de obedecer a 54 linha de demarcação destinada a secção ossea para não lesar os orgãos vizinhos, de ontras re- giões; na symphisiotomia se é obrigado a obe- decer não somente o traçado como também a importância dos orgãos como sejam: a bexiga, o clitóris, o plexo venoso pre-vesical e os liga- mentos pnbo vesicaes. Exposta á visão a sympliise não basta para sobre ella immediatamente se effectuar o apar- tamento dos corpos pnbianos—rèclama do ci- rurgião pericia na procura da cartilagem inter- posta aos pubis, que parece a primeira vista muito facil. 3a vantagem.—Presentemente temos de nos occupar aqui das hemorrhagias, nas duas operações. Quando tratamos deste accidente na pubioto- mia, dissemos que era elle insignificante por- que resulta unicamente, em regra geral, das partes rnolles anteriores ao pubis incisadas pelo bisturi e dos fragmentos do pubis seccionado. Dissemos mais que elle cedia a um ligeiro tam- ponamento. Na symphisiotomia o mesmo não se dá e para nos convencermos de que isto é uma ver- dade, basta procurarmos recapitular as duas régios anatómicas sob e ponto de suas vascula- 55 risações e o que conta a historia deste accidente da pubiotomia e symphisiotomia. Na pubiotomia não conhecemos, com as tech- nicas a descoberto nenhum caso de grande im- portância que desse logar registrar-se uma mor- te se quer. Na symphisiotomia Kufferath observou uma liemorrhagia em que o tamponamento foi im- potente e que só cedeu as ligaduras mediatas. Champetier de Ilibes quando, em uma sym- phisiotomisada, procurava fazer um tampona- mento, attendèndo a gravidade que podia resul- tar da hemorrhagia que se havia manifestado em proporções assustadoras, chegou a romper a urethra. Tellier perdeu uma operada devido a hemor- rhagia, incoerciveis, quando praticava a sym- pbisiotomia. (x. Braun confessa que, nas mesmas condi- ções, perdeu uma operada em consequência desto mesmo accidente que se manifestou ful- minante. A estatística de Neugebauer, de 1887 a 1893, comprehendendo 214 casos, dá a porcentagem de 1:7, em que a hemorrhagia apparece como uma complicação grave. Nesta mesma estatistica se vê registrado um caso em que este accidente se manifestou 56 rebelde ao tamponamento, ás ligaduras imme- diatas, e aos pontos de suturas, morrendo a operada de anemia 24 horas depois. 4a vantagem.— E’ a que levantou Leo- nardo Gigli para emprehender a grande cam- panha, contra a symphisiotomia, iniciada quan- do assistente interno do Prof. Fristch. Querendo nos referir as infecções graves da ferida operatória nas symphisiotomisada que surgem perturbando a consolidação ossea e pro- duzindo, pela sua gravidade, a morte. Nos abstemos de rever este assumpto, porque tivemos em occasião opportuna de fallar a este respeito, quando tratamos de dar os conheci- mentos históricos da operação de Gigli. Oa vantagem.—Menos importante do que as outras vantagens da pubiotomia—é a incontinência de urina observada com muito maior frequência nas symphisiotomisadas do que nas pubiotomisadas. Em toda a nossa leitura o unico que encon- tramos se referindo mal a pubiotomia sob este ponto de vista e o unico que chegou a formular uma-estatística da frequência deste accidente nas suas operadas foi Kroemer que a fez de uma maneira em nada de accordo com a populari- dade de que gosa esta operação. 57 6a vantagam.—Os prolapsos do utero, da vagina tem sido, com freqnencia observados nas symphisiotomisadas emqnanto que nunca vimos referencia alguma desta natureza para com a operação de Grigli. V:l vantagem.—Agora nos compete fal- lar das mortandades—materna e fetal. Não queremos trazer aqui as estatisticas dos adversários da operação de Sigault. Queremos Paul Bar que nos diz, com a sua estatistica, fazer a symphisiotomia 7,45 victi- mas em 100 casos. Muito melhor, apesar dos pezares, é a esta- tistica da operação de Gigli que dá uma mor- tandade materna de 2 a 4 %. A mortandade fetal é registrada menos favo- rável a symphisiotomia do que a pubiotomia. E’ a mortandade fetal com o emprego da symphisiotomia cinco vezes maior do que com o da pubiotomia. 8a vantagem.—Para terminar esta par- te de nossa these ainda faltamos dizer alguma cousa sobre as perturbações íunccionaes nas duas operações. Rarissimos são os casos em que a consolida- ção do corpo pubiano seccionado foi prejudi- cado dando em resultado—perturbações func- cionaes. 58 Isto mesmo se explica pela ausência, na pu- biotomia, das infecções graves que sempre pro- duzem lastimáveis resultados. O mesmo não podemos dizer da symphisioto- mia, porque trabalhos cadavéricos vieram confir- mar a ausência de consolidação da symphise, no momento em que, tomando a sua defeza, se apre- sentaram Pinard, Morisani e Kofferath debaten- do as asserções dos seus adversários que diziam ser falsa a consolidação effectuada com solidez e immobilidade. Lepage, Bonnaire e também Potocki desejo- sos de provar o contrario, encontrando um mo- mento opportuno—o de necropsiar uma mulher que desappareceu do rol dos vivos muito depois da pratica da symphisiotomia que soffrera em algum tempo e que apresentava symptomas destas perturbações, praticaram este exame ca- davérico e certificaram-se da ausência da conso- lidação directa entre os pubis, que se achavam afastados um do outro—um dedo transverso Encontraram deste exame uma faixa de tecido fibroso que, como uma poute, passava de um ao outro pubis, somente pela sua face posterior. As perturbações nas symphisiotomisadas, de- pendem do gráo de infecção e podem surgir de uma maneira temporária ou difinitiva. Uma e outra não apresenta a gravidade de 59 morte, para a operada; porém quem contesta ser ella incommoda? Umas se apegam, remediando o mal, ás cin- tas e outras ás moletas. Mas ha uma outra classe—a das impossibili- tadas, com tudo isto, de movimentarem-se—en- tregam-se de todo o sempre ao leito que se torna afinal um martyrio. FR0P05IÇÕ6S PROPOSIÇÕES Historia Naturaí Medica I— 0 claviceps purpurea é o mycelio de um cogumelo parasita do centeio. II— Este tem o aspecto de um corpo cylindrico, (ou ligeiramente achatado) negro ou cinzento de um odor desagradavel e de um sabor acre. III— Delle se extraírem extractos—ergotinas—que têm larga applicação em obstetrícia. Chimica Medica I— O chloroformio é um ether simples. II— A sua formula chimica é CHCR III— Presta relevantes serviços em obstetrícia como anesthesico. Anatomia De^crjptiva I— De todas as partes do apparelho genital feminino é o utero o orgão da gestação. 7 II— No utero se destacam duas partes—o corpo e o collo. III— Estas duas partes soffrem grandes modificações no curso da gravidez. Histologia I—E’ cylindrico, simples e vibratil o epithelio da mucosa uterina. 64 II— Este epithelio tem cilios. III— Nascem na puberdade e desapparecem 11a meno- pausa. Phy^iolo^ia I— As contracções uterinas do trabalho de parto tem uma acção manifesta sobre a circulação materna. II— A pulsação cardiaca apparece accelerada durante todo 0 periodo da duração das dores normalisando-se quando ellas desapparecem. III— Este augmento é bem manifesto nos partos demorados. Bacteriologia I— Como meios prophylaticos das iníecções puerpe- raes, usa a obstetrícia da asepcia e antisepcia. II— Raríssimos são os casos de infecção quando fo- ram elles bem praticados. III— Na parte aseptica da Maternidade Climerio de Oliveira, destinada ás gestantes que procuram cos seus cuidados antes do parto, ainda não foi registrado um só caso de infecção puerperal. Matéria Medica, e Arte de forrriular I— A caíeina é um alcaloide e pode ser retirada de diversas plantas como por exemplo:—Coftea arabica, Paulinnia sorbilis etc. II— Ella é mais geralmente empregada sob duas formas: injecção hvpodermica e em poção. III— Presta optimos serviços como medicamento de urgência nos desíallecimentos. /\natomia e Patholo^icas I—Chama-se necrose a morte local dos tecidos. 65 II— Â permanência por muitos dias no leito pode produzil-a. III— Embora raramente, é encontrada nas mulheres que soffreram a Operação de Gigli. Medica I— O tétanos é uma infecção, de ordem convulsa, produzida pelo bacillo de Nicolaier. II— Embora raro durante a gestação, esta pode conti- nuar, é a creança nascer viva. TTI—Segundo Tizzoni e Cattani, a mãe doente pode transmitir ao feto a immunidade-contra o tétanos. Pathologia Cirúrgica I— Uma ferida operatória ou não pode ser infeccionada pelo bacillo de Nicolaier. II— Este germen secreta diversas toxinas. III— A sero-therapia preventiva do tétanos tem dado bons resultados. Anatomia Medica-Cirur^ica I— Os conhecimentos anatómicos por si só, em alguns casos, conduzem a um bom diagnostico. II— ( Irande numero de processos operatorios se basei- am nos conhecimentos da anatomia medica e cirúrgica. III— Sem anatomia medica e cirúrgica 11a ha cirurgião (V elpeau). Therapeutica I— As ergotinas têm larga applicação nas hemorrha- gias uterinas—post-partum. II— Não devem ser' empregadas em qualquer tempo e sim depois do delivramento. III— Igual cuidado se deve ter nos casos de aborto. 66 Obstetrícia I— O diagnostico da gravidez é em alguns casos muito difficil. II— Para fazel-o temos de procurar os signaes presu- míveis e os signaes de certeza. III— Com o palpar, a ausculta e o toque vaginal podemos diagnosticar não só a gravidez como também a apresen- tação e posição do feto. Operações e Apparelhos I— As liamorrftagias succedem a uma Iezão vascular ou ossea, II— Podem ser medicadas de differentes maneiras. III— Em regra geral cedem a um tamponamento, as hemorrgagías resultantes da Operação de Gigli. Hygiene I— Actualmente as construcções hospitalares têm sido feitas em pavilhões. II— Elles devem ser despostos de maneira que o ar e a luz possam circular livremente. III— A Bahia conta um estabelecimento com estas e muitas outras exigências—é a «Maternidade Climerio de Oliveira». Clinica Propedêutica I— A auscultação é um processo propedêutico que presta em obstetrícia relevantissimos serviços. II— E’ muito necessário -para o diagnostico da gra- videz. ’ III— Sem ella o parteiro não puderá fazer uso, em obstetrícia, de qualquer que seja a operação sangrenta. 67 Medicina Lega! e Toxicologia I— Chama-se viabilidade de um feto a aptidão que tem elle para a vida extra-uteiina. II— Sem ella o recem-nascido não pode gosar dos di- reitos civis. III— Para poder ser delles empossado é necessário que tenha nascido vivo em uma epocha legal. Gíinica Medica 2.a (cadeira) I— —A varíola é uma febre infecto-contagiosa. II— Tem ella diversos typos. III— O typo confluente é frequentemente seguido do aborto ou parto prematuro. Clinica Cirúrgica (2.a cadeira) I— A columna vertebral pode apresentar incurvações de ordem pathologica. II— São ellas divididas em 3 grupos: ciphose a posterior; escoliose a lateral e lordose a anterior. III— Estas incurvações, datando desde a infancia, podem viciar a bacia na sua conformação e na sua incli- nação. Clinica Dermatológica e syphiligraphica I— A syphilis tem uma acção manifesta sobre a gravi- dez. II— E’ ella a causa mais frequente dos abortos e dos partos prematuros. III— A causa provável da interrupção da prenhez é a doença ou a morte do feto infectado ou intoxicado pela syphilis. Clinica Ophtalmolo<|ica I—A conjunctivite é uma inflamação da conjunctiva. 68 II— E’ mais frequente se observar nos recem-nascidos a conjunctivite purulenta blenorrhagica. III— Tem como seu productor o gonnococcus de Naisser. Cl inica medica (I a Cadeira) I— Os accesos de eclampsia são caracterisados por convulsões tónicas e chronica acompanhando-os a perda da sensibilidade, da intelligencia com ou sem elevação de temperatura. II— Para debellar estes accessos são empregadas inhalações de chloroformio. III— O emprego do chloral e da morphina é perigoso. Clinica Cirúrgica (I a cadeira) I— Raras são as operações cirúrgicas que despensam a anesthesia. II— Esta pode ser geral ou parcial. III— A operação de Gigli reclama uma anesthesia geral. Clinica obstétrica e gynecologiça I— A mais frequente das operações gyneçologicas é a curetagem. II— As -mais usadas em obstetrícia são: o fórceps, a versão, a craneotomia e craneoclasia. III— Todas estas operações têm indicações e contra indicações. Clinica pediátrica I— As icterícias são muito frequentes nos recem-nas- cidos. II— Sua natureza e seu prognostico são essencialmente variaveis. III— Deve-se distinguir dois grandes grupos de interi- cias: idiopathica e symptomatica. 69 Clinica psychiatrica e de moléstias nervosas I— A prenhez não produz a loucura. II— Pode entretanto agravar as perturbações mentaes. III— Pode ainda despertar pertubações hereditárias que se achavam em estado latente. Visto. Secretaria da Faculdade de Medicina da Bahia, 31 de Outubro de 1911. O Secretario, Dr. Menandro dos Reis Meirelles