THESE B-A-IKIjà. 1900! THESE Faculdade de Medicina da Bahia THESE APRESENTADA í Faculdade de Medicina da Bahia EM 31 DE OUTURRO DE 190G PARA SER DEPENDIDA POR JarçaaríaCtjnUa da Cesta Natural do Estado «la Kaliiu AFIM DE OBTER O GRAO DE DOUTOR EM MEDICINA DISSERTAÇÃO ga asepsia operatória e suas vantagens sobre a antisepsia PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medicas e cirúrgicas BAHIA Litho-Typograpliia Almeida 37—Rua da Alfandega—37 1906 FACULDADE DE MEDICINA DA. BAHIA Director-I>r. Alfredo Kritto Vice-Director—l)r. Manoel José de Aranjo I. Secção Os Illms. Sbs. Drs.: Matérias quk Lkccionam José Carneiro de Campos: Anatomia descriptiva Carlos Freitas Anatomia medico-cirurgica 3.a Secção Antonio Pacifico Pereira Histologia Augusto Cezar Vianna.. Bacteriologia Guilherme Pereira Rebello - Anatomia"e Physiologia pathologicas. 3-a Secção Manoel José de Araújo Physiologia José Eduardo F. de Carvalho Filho Therapeutica “i.n Secção Luiz Anselmo da Fonseca Hygiene Josino Correia Cotias Medicina legal e Toxicologia 5.a Secção Braz H. do Amaral Pathologia Cirúrgica Fortunato Augusto da Silva Operações e apparelhos. Antonio Pacheco Mendes Clinica cirúrgica—l.a cadeira Ignacif' M. de Almeida Gouveia ” ” 2.a ’ S.a Secção Aurélio R. Vianna Pathologia medica Alfredo Britto Clinica propedêutica Anisio Circundes de Carvalho Clinica medica—l.a cadeira Francisco Braulio Pereira ” ” #■ 2.a ” 7.a Secção Antonio Victorio de Araújo Falcão Matéria Medica, Pharmacologia , e Arte de formular José Rodrigues da Costa Doida Historia natural medica de Azevedo Chiinica medica S.a Secção Deocleciano Ramos Obstetrícia Climerio Cardozo de Oliveira Clinica obstétrica gynecologica S.a Secção Frederico de Castro Rebello Clinica pediátrica lo.» Secção Francisco dos Santos Pereira Clinica ophtalmologica II. a Secção Alexandre E. de Castro Cerqueira Clinica dermatológica e syphili . graphica 13.a Secção João Tillemont Fontes Clinica psychiatrica e de moléstia* nervosas João E. de Castro Cerqueira I F rlisnonibil idade Sebastião Cardoso fLm fUsponiDinaaae LENTES CATHEDRATÍCOS LENTES SUBSTITUTOS Os Drs: José A. de Carvalho [int.) ía Gonçalo Moniz S. de Aragão 2» '' Pedro Luiz Celestino ja ” Alfredo A. de Andrade.... 4* ” Antonino B. dos Anjos fl» ” J. a. G. Fróes «a ” Pedro L. Carrascosa 7» ” Os Drs: José Julio de Calasans 7» Stc. José Adeodato de Souza S» ” Alfredo P. de Magalhães 9a " Olodoaldo P.de Andrade. 10* ” Albino Arthur Leitão fia ” Luiz P. de Çarvalho . 12» ’ Secretario-I)r. Menandro dos Reis Melrelles Sub-Secretario—IJr. Mallieus Vaz de Oliveira A Faculdade não approva nem reprova as opiniões emittidas na* thesesque lhe são apresentadas. $c& Jlteitozee O que vos posso dizer sinão que ireis ler um traba- lho incompleto e eivado de lacunas!? Se não fosse forçado a isso, por prescripções legaes, por certo que não me animaria a apresentar-vos a leitura desta these e se, por outro lado, não contasse com a bôa vontade de sempre levantardes aquelles que caem e relevai*des aquelles que erram. Para que este trabalho fosse perfeito, era preciso que dispozesse de conhecimentos mais profundos e variados, lucidez intellectual superior a minha e mais tempo do que me é permittido; infelizmente tudo me falta. Confesso-vos, porem, que fiz o mais que pude. Escolhendo para dissertação da minha these «A asep- sia operatória e suas vantagens sobre a antisepsia» não tive por mira fazer um trabalho perfeito e com- pleto, pois me seria isto um impossivel, tanto pela vastidão do ponto em suas diversas applicações, como pela exiguidade de tempo e falta de habilitações, que só uma longa pratica pode dar; escolhi-o, porem, por julgal-o um dos principaes, senão o principal factor para o bom resultado operatorio, e quiçá, o allivio da humanidade. O pequeno contingente com que concorro para esso fim, nada é, com relação ao que outros teem prestado; resta-me porem, a satisfação de que, dou o mais que posso e tudo quanto tenho. DljS^eí^PHGHO Da asepsia operatória e suas vantagens sobre a antisepsia pi^opOjSiçõe;^ Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medicas e cirúrgicas Da Asapia Opratoria a saas íantagaas solra a aitisapia Foi juótamente na occaóião em que o eminente hiótoriador Lióter, communicava ao congreóóo de Berlim recente * peóquizaó óobre a antióepóia, e fiel a óeuó principioó recommendava novoó an- tióepticoó, com eópecialklade o cyanureto de zinco, que o notável Terrier aóóignalou a ten- dência de outroó cirurgiõeó que procuravam óubótituil-oó pela aóepóia cirúrgica. Já, algunó annoó anteó, na Inglaterra, depoió na Allemanha e America, oó cirurgiõeó, com eópecialidade oó gynecologiótaó, eóforçaram-óe em tranóformar o «moduó faciendi» da pratica antióeptica, em virtude doó grandeó deóaótreó por ella occa- óionadoó, deóaótreó que tinham como factor principal a morte, devida á abóorpção doó an- tióepticoó empregadoó. Foi obóervando a influencia prejudicial daó* óoluçõeó antióepticaó, aó quaeó óão maió ou menoó toxicaó, que elleó procuraram operar 1 2 aòeplicamente e não antiòepticamente, iôto é: abandonando o emprego doó antióeplicoó chi- micoò. A nova pratica, que trazia a óalvação a muitoô mióetoò operadoò, foi bem acolhida por toda Europa eôpecialmente noó Hoòpitaeò de Londreó a cuja frente 6e achava n’eôòa occaóião o ce- lebre operador Granville Bontock, que a em- pregou logo com magnificoò reòultadoô. Não obôíante óer de data maió recente que a antiôepóia, já goza a aòepóia importância maior que ella, poió, aò tendenciaò da cirurgia con- temporânea òão muito maiò propenòaò ao aeuuóo de preferencia a antióepòia, e não podia deixar de aòóim óer attendendo ao) grandeò inconve- nienteò por eôta cauòadoò. Demais, com a aòepòia podemoò óupprimir oò germenò anteó da intervenção operatória e im- pedir que elleó cheguem ao campo de acção, ao paôòo que, com a antiôepóia procuramoó agir apóó a contaminação, para combater uma infe- ctação que já ôe deu. A antióepóia, ôegundo algunó auctoreò, não deve óer deópreôada em toda e qualquer opera- ção, meômo naó aóepticaó, affirmação abóurda; óe empregarmoô a aóepóia, ou por outra, óe operarmoó em um meio aôeptico, qual a acção da antióepóia neôte caôo? 3 Eòteriliòadora? Sim ou não; poiò òe é eòteri- liòadora é também deòtruidora e ella accarreta o òeu emprego a utiliòação de òubòtanciaò to- xicaò para o organiòmo, ainda meòmo que òeja em doòeò minimaò, como aconòelham oò parti- darioò da doutrina de Liòter òob a forma de òoluçõeò fracaò, incapazeò de produzir uma into- xicação, maò que, em todo caòo, podem òe tornar perigoòaò a certoò orgãoò, deòtinadoò á òua eli- minação, como òejam oò rinò. Ainda que não tragam eòteò perigoò é o caòo de perguntarmoò òe aò òoluçõeò antiòepticaò fracaò, incapazeò, òegundo elleò, de compro- metter oò orgãoò de eliminação, bem como de deòtruirem, em uma palavra, aò cellulaò orga- nicaò, òão capazeò de deòtruir oò germenò? Se aòòim foòòe, nada occaòionando de preju- dicial aoò noòòoò tecidoò, òeriam capazeò de deòtruir aò toxinaò elaboradaò por eòteò, òaben- do-òe que oò germenò actuam por òi e por òuaò toxinaò? Não podemoò também comprehender a razão pela qual um anliòeptico, que òeja impotente para deòtruir o3 noòòoò tecidoò, bem como oò globuloò brancoò, que òão oò elementoò de de- feza do noòòo organiòmo, auxiliadoò por outraò cellulaò, poòòa deòlruir oò eòporoò doò germenò, impedindo portanto a òua multiplicação. 4 Não queremoò, entretanto, que a aòepòia òeja de modo abòoluto empregada—não, poio ella e certamente impotente todaò aò vezeò que tratar de operaçÕeò òepticaò; iòto porem, eòcapa ao eòtudo que tomamoò para aòòumpto, maò, neòte caòo, como poderemoò chegar ao ponto de operar aòepticamente? Não obòtante tratar-òe de operaçõeò òepticaò, òe conòeguirmoò eòteriliòar completamente aò parteò òobre aò quaeò tem que trabalhar o ci- rurgião, bem como todo corpo e o material que tenha de ficar em contacto com o foco opera- torio, podemoò noò ufánar de ter collocado o paciente ou operado em melhoreò condicçõeò para o alcance de uma cura tapida, no caòo de lançarmoò mãoò de agenteò que não òejam oò antiòepticoò chimicoò, poiò já vimoò que elleò deòtruindo oò germenò deòtroem também oò te- cidoò; maò, em todo caòo, como a maioria doò auctoreò penòa que aò operaçõeò òepticaò òó òerão aòepticaò apóò o emprego doò antiòepticoò chimicoò, não diòcordaremoò até certo ponto d’eòòa opinião, dependendo iòòo daò condicçõeò individuaeò e da natureza da infecção, porque, de outro modo, não aconòelharei o emprego do methodo antiòeptico. Se aòòim é, devemoò, apreòentada uma ope- 5 cação, empregar ao envez da antiòepòia a aòe- pòia peto calor. Todoòoò inòtcumentoò, biòturiò etc., devem òet eòteciliòadoò pelo calor òecco òendo bom appa- telho pceenchedor d’eòte fim a eòtufa conòtcuida por Wieòuegg, em que todoò oò inòtcumentoò podem òec levadoò a uma temperatura de 160 á i8o° (gcaóò) como adeante veremoò. Sabemoò que oò cicucgiõeò utiliòam oò antiòe- pticoò, com o fim de deòtruic oó divecòoò micto- bioò exiòtenteò noò tegumentoò do operado, operador, objectoò etc. etc., todoò òem excepção infectadoò de getmenò do meio exterior; òerão elteò deòtruidoò ou não? Não podemoò reòponder afucmativamente em abòoluto, porque, deòde que haja contacto maiò ou menoò longo daò òoluçõeò chimicaò, oò ini- crobioò òão deòtruidoò, ao paòòo que, oò eòporoò o òão dificilmente, por conòeguinte, podem deò- envolverem-òe e dar lugar a accidenteò òepticoò maiò ou menoò tacdioò que evoluem quaòi òem- pre no fim do io.° ao 14.0 dia,apóò a operação, iòto no caòo, repetimoò, de òer a antiòepòia òomente empregada. Com efeito o methodo antiòeptico tem grande «probabilidade» de deòtruir 00 microbioò patho- genícoò, maò, não tem a «certeza» no ôentido 6 mathematico da palavra, òegundo o grande Terrier. No methodo aòeptico, ao contrario, òuppri- me-òe não òomente oò microbioò, maò também oò eòporoò. Oò inòtrumentoò, agenteò diveròoò uòadoò du- rante a intervenção, oò fioò, tampõeò-eòponjaò, compreòòaò etc., levadoò a eòteriliòadôreò eòpe- ciaeò, eòtarão indemneò de toda òeptividade, ficando poiò o cirurgião òeguro de não conta- minar a leòão que é obrigado a fazer, o que òe não daria òe empregaòòe o methodo antiòeptico. Na pratica, ha quem confunda oò douò meth.o- doò, que, no emtanto, òão inteiramente oppoòtoò; unò utiliòam-òe doò agenteò chimicoò diveròoò— acido phenico, ôaeò de mercúrio, zinco etc. etc. Ainda òob o ponto de viòta clinico, oò douò methodoò dão reòultadoò diveròoò; baòta lembrar oò accidenteò devidoò ao emprego doò agenteò antiòepticoò maiò uòuaeò como o acido phenico, o bi-chlorureto, o iodoformio etc., accidenteò ora locaeò, ora geraeò, áò vezeò baòtante graveò, "tendo como conòequencia o eòtado do operado, «rinò» que podem não eliminar em tempo ne- ceòòario aò òubòtanciaò antiòepticaò. Em òutnma, oò antiòepticoò òerioò podem òer ou não òupportadoò e determinar accidenteò 7 locaeò áò vezeò maiò intenòoò ou meòmo torna- rem-òe petigoòoò pela continuação em viòta doò accidenteò geraeò devidoò a eliminação lenta e difficil. Emfim, e a pratica de Bacteriologia que noò dá apoio, òervindo-òe para obter a eòteriliòação —«aòepòia»—daò pipettaò ballõeó, provetiô etc. doò agenteò phyòicoô òó e não doò chimicoò. Em reòumo—ainda que òe diga que a an- tiòepòia e a aòepòia òão douò methodoi òó podendo òer empregadoò òimultaneamente (me- thodo mixto) o certo é que o primeiro é de reòul- tado provável, ao paòòo que o òegundo e òeguro. Maò, infelizmente, dizem oò auctoreò; a aòepòia não pode òer abòoluta,. o que òó é real naò operaçõeò òepticaò; naò aòepticaò—não, porque podemoò empregal-a em abòoluto e òempre com reòultadoò òatiòfactorioò. Dizem elleò que aòòim acontece, porque com oò agenteò phyòicoò não podemoò obter a eòte- riliòação completa doò tegumentoò, quer do cirurgião, quer do operado, devendo-òe, neòte caòo, lançar mão doò antiòepticoò chimicoò em òolução como òejarn o bi-chlorureto, o chlorureto de zinco, etc. Á primeira viòta parece-me racional tal affir- mativa, maò, que perigo pode exiòtir òe o tegu- 8 mento de amboò eòtiver provido de òua epiderme, não havendo portanto inoculação òeptica; e òe fôr feita a lavagem durante y2 hora com agua fervida filtrada e aquecida em temperatura de 40o, temperatura eòta òupportavel pela pelle e á qual poucoò germenó reòiòtirão; aò òoluçõeò an- tiòepticaò podem matal-oò com maiò facilidade, em compenòacão, não poderão diòòolver aò gor~ duraò, ficando portanto a pelle provida de germenó. Que vantagenò poderão ter 00 antiòepticoò, òe a operação for feita em um meio òeptico, 00 apparelhoò paòòadoò naò òoluçõeò antiòepticaò, podendo ou não ficar eòteriliòadoò, poiò é certo que noò de contornoò irregulareò, aò òoluçõeò não agem em todoò oò pontoò; em outroò como aò canulaò finaò, aò òiringaò não penetram meòmo? Que vantagem haverá òe depoiò de feita uma operação for o doente levado para uma òala de enfermaria que ninguém conòteòtará òer òeptica, ou para um outro meio òeptico, òalvo òe ficar um auxiliar deòinfectando o fóco operado com affuòõeò continuadaò de antiòepticoò, o que não deixa de òer um contraòenòo, poiò ha abòorpção do meòmo eéo caòo de dizermoò que o doente muitaò vezeò eòcapará da moleòtia para morrer da cura. 9 Já se vê pois, que, o perigo não cifra-se nos tegumentos como affirmam aquelles que têm o espirito votado áò ideias rotineiras. Que diremos se a operação for feita ao ar livre? Que diremos da drenagem dos pensos, etc.? A pouco e pouco iremos mostrando as grandes vantagens da asepsia Sobre a antisepsia. Estudando, portanto o methodo aseptico que consiste em realizar a esterilisação, não# da própria ferida, mas de todos os objectos que vão ter contacto com ella, e não o methodo an- tiseptico que consiste no emprego de substancias chimicas (verdadeiros cautérios) para tornar o meio improptio ao desenvolvimento de germens, bem como a sua multiplicação, procurarei de- monstrar gradualmente as vantagens de uma sobre a outra, isto é: do calor sobre os antis- sépticos. Para facilitar o estudo da asepsia operatória e por amor ao methodo e á ordem, c procurando esclarecer aos charos leitores, dividi o ponto escolhido em asepsia pre-operatoria ou prepa- rotoria, em asepsia operatória e em asepsia post-operatoria, subdividindo ainda esses tres períodos em 7 capítulos, como se segue: 10 i° Capitulo—Da deòinfecção do meio em o qual òe tem de operas. 2.0 Capitulo.—Da deòinfecção do doente (aòe- pòia cutanea,) propriamente chamada preopeta- toria òegundo F. Terrier e M. Peraire. 3.° Capitulo.—Da deòinfecção, do cirurgião e doò òeuò auxiliareò, aòòim como daò bluòaò, guar- danapoò, toalhaò, aventaeò e finalmente daò mezaò de operaçõeò. 4.0 Capitulo.—Eòteriliòação da agua. 5. Capitulo.—Eòteriliòação doò inòtrumentoò e vaòoò que oò contêm. 6. Capitulo.—Eòteriliòação daò compreòòaò, tampõeò-eòponjaò, fioò para ligaduraò e òuturaò e finalmente doò drenoò. 7.0 Capitulo.—Eòteriliòação doò objectoò conò- titutivoò doò penòoò. Com eòtaò precauçõeò nóò podemoò contar com o exito verdadeiramente òeguro da ferida, pro- tegendo-a não òomente, doò microbioò òepticoò e pyogenicoò, maò lambem de todoò oò outroò em geral, em uma palavra, para infallivelmente obtermoò uma aòepòia abòoluta. Expoòtaò eòtaò precauçõeò, façamoò a apre- ciação e o eòtudo de cada uma d’ellaò. PRIMEIRO CAPITULO Da desinfecção do meio 110 qual se tem de operar As salas de operações são responsáveis •em muitoò casos pela infecção operatória, pelo que, nos merecerão muita attenção, quer debaixo do ponto de vista da hygiene geral, quer sob o da asepsia, assim, desde sua construcção devemos acompanhal-as cuidadosamente, escolhendo um togar alto, que não seja húmido, utilisando ma- teriaes proprioò, com relação a sua porosidade e permeabilidade para com o ar e a agua e fi- nalmente conductibilidade thermica. Os revestimentos interiores serão feitos, obede- cendo a certos e determinadoò preceitos, porque é .sobre elles e no chão, que Se fixarão as poeirai», mais ou menos carregadas de germenó, que circulam na athmosphera; e a natureza d "estes revestimentos, pode exercer grande in- fluencia sobre a sorte dos germens. Muitos bacteriologistas fazendo pesquizas so- 12 bre a riqueza bacteriológica daò paredeò, con- cluiram. que oò agenteò .pathogenicoò òe por- tavam differentemente, òegundo a natureza do reveòtimento e òobretudo a òeccura da parede; naò bem òeccaò e reveòtidaò de reboco liòo oò germenò pathogenicoò reòiòtem pouco, òuccum- bindo muito depreòòa, ao contrario, quando òão humidaò e com um reboco groòòeiro, ou uma pintura de colla, então oò microbioò podem conòervar por muito tempo a vitalidade eviru- lencia. Deve-òe portanto conòtruir paredeò liòaò, im- permeaveiò a humidade, òuòceptiveiò de lava- gem e deòinfecção para òer obtida uma boa aòepòia. Oò reveòtimentoò de niateriaeò inorganicoò, cimento, aòphalto, geòòo, etc., preenchem eòtaò condicõeò. A ventilação noò merece também muita atten- ção, poiò é condemnavel trabalhar-òe em òalaò amplamente abertaò, deòde que já eòtá provado que o ar é um cauòador de infecção, embora em menor gráo que o contacto do cirurgião com o operado, porque com elle vêm germenò, poeiraò, etc. Ora, òe òão aò maiò daò vezeò inoffenòivoò na athmoòphera livre, não o òão noò eòpaçoò fechadoò, onde não encontram maiò oò agenteò 13 de deôtruição e attenuação, que exiôtem no ex- terior. Convém notar que a riqueza bacteriológica do ar, eôtá na razão directa de ôua agitação, o que vem em noôôo appoio, quando diziamoô ôó ôe dever trabalhar em eôpaçoò fechadoô, ôendo tanto maiô impuro o ar, quanto maiô agitado for. A’ primeira viôta parece, que aôôim, oô opeta- doreò e auxiliareô ficarão aòphixiadoò, ou então, no caôo de encontrar-ôe um operado refractario ao chloroformio, (como oô alcoolataò), oô doreò ou auxiliareô, ou peôôoaô que á operação aóòiôtam, poderão ficar chloroformiôadoô anteô do operado, correndo ainda maiô eôte o perigo de aòphixiar-òe. Maô iòto não vem de encontro áô regraô de hygiene geral, porque a òala deve òer ccnôtruida de maneira que garanta cubagem ôufficiente, com renovação do ar, por meio de cataventoò eòpeciaeô, atraveôôando acorrente aerea, chu- maçoô de algodão onde, ao entrarem ôe depoôi- tarão aô poeiraò e portanto oò germenô exiôtenteô em ôeu ôeio; cu diòpenòando oô cataventoò, recorrendo-òe a janellaò com envidraçamento, eòpecial, ôervindo de filtrador o meômo algodão. A illuminação da ôala também influe, não di- rectamente, maô indirectamente, quer ôobre o operado e operador; devendo a luz ôe repartir 14 na òala da maneira a maiò commoda e em cela- ção com aò neceòòidadeò e oó finò d’aquelleò que a occupam. O gtáo de claridade deve òec o maiò conòtante poòòivel, bem como òua fixidez, òob pena de fatigar o ocgão da viòão; a luz diffuòa que é a menoò offenòiva, a maiò doce e a maió uniforme, é inòufficiente paca uma operação, deòde que òe tenha de fixar de perto e por muito tempo o meòmo objecto, como acontece naò grandeò e £ delicadaò opecaçõeò. A luz directa parece òer bôa, com relação ao operado, porem inconveniente, para o operador que não deve receber a aeção directa doò caioò òolaceò. Em todo caòo é ôempre acceitavel ficacmoò em um meio termo, òe bem oò raioò òolareò directoò forneçam maior quantidade de luz, e tenham por iòòo poder bactericida maiò elevado. Viòtaò ligeiramente aò cegcaò a que devemoò obedecer na conòtrucção daò òalaò de operaçõeò, paòòemoò aoò meioò de que diòpõe a òciencia paca conòeguir òua aòepòia, não convindo eò- quecer, que uma òala conòtruida debaixo d’eòtaò preòcripçõeò, pode garantir uma aòepòia ci- goroòa. Ghalot que é contrario á doutrina de Liòtec e de òeuò adeptoò, não admitte a infecção pelo ar, 15 e opera Sem perigo, mas com outraó precauções, na visinhança de salas de dissecção, latrinas; diz elle que opera impunemente todos os dias, em presença e mesmo no meio de assistência numerosa de discípulos, auxiliares, visitantes etc.; não prohibindo a-S mais das vezes o vai e vem dos espectadores, fóra do hemicyclo operatorio. Em todo caso, não e pelos miasmas, nem pelo ar, expirado pela transpiração, mas pelas po- eiras, que teem lugar as infecções devido ao contacto do ar; sendo pois a supressão maxima, ou melhor, total das poeiras o que precisamos conseguir em prol da asepsia. Disto conclue-se que as medidas a tomar São as seguintes: não escarrar no chão da Sala de operações, não deixar arrastar as peças de penso íVeste, não sacudir as vestes estando no interior dvella, restringir o menos possivel o seu mobi- liário, retirar a poeira dos moveis com pannos molhados, etc. Também as salas de operações não devem ter tapetes ou outra cousa capaz de servir de depo- sitário de poeiras, o solo será inclinado para dar escoamento ás aguas, evacuadas com o au- xilio de um orifício em um dos cantos. Para a desinfecção da sala praticada com o 16 jim de destruir os germens, podem ser utilisados agentes physicos e chimicoò. O calor é o desinfectante mais seguro, mais efficaz e o unico que dá, quando é empregado convenientemente, garantias absolutas sob o ponto de vista da destruição dos micro-orga- nismos. Tem-se recorrido diariamente nos laboratorios, e é sobre os effeitos do calor que se fundam os principios de esterilisação dos instrumentos e dos liquidos de culturas usados nas pesquizas bacteriológicas. A unica dificuldade, infelizmente, do pro- blema, resume-se na adaptação do calorico ás diversas exigências da desinfecção. As condicções, a que devem satisfazer os apparelhos, baseados sobre o emprego do calor, são duplas e um pouco contradictorias: obter em todas as partes dos objectos a desinfectar uma temperatura sufficiente, para matar os germens nocivos, bastante elevada sem entre- tanto causar a deterioração dos instrumentos. O numero das substancias chimicas capazes de impedir a vida des micro-organismos, ou pelo menos embaraçar sua pullulação é considerável, e cada dia, mais cresce a sua lista. O poder bactericida é com e ff ei to uma pro- priedade essencialmente contingente, variando 17 em uma larga medida, òegundo a eòpecie micro- biana, o meio, o modo de applicação, a tempe- ratura etc. etc. De um modo geral, aò bacteriaò não òporuladaò òão muito maiò òenòiveiò á acção doò antiòepticoò. Oò òporoò, ao contrario, apreòentam grande reòiòtencia e podem òobreviver em uma immer- òão muito prolongada noò maiò poderoòoò deòin- fectanteò (òublimádo, acido phenico) etc. A compoòição do meio e o eòtado de deòecca- ção tem também uma grande influencia.#Tal eòpecie (microbio), que òerá facil e rapidamente morta por uma óubòtancia, noò meioô de cultura ordinário, reòiòtirá òe eòtiver fixada e deòec- cada em uma parede. A elevação de temperatura cVoutra parte, au- gmenta notavelmente a acção bactericida. Final- mente oò microbioò adquirem rapidamente bem pronunciada adaptação aoò antiòepticoò e che- gam a viver, e meòmo proliferar naò òoluçõeò que òão mortaeò para o microbio normal. Eòteò factoò explicam a divergência que òe conòtata noò reòultadoò obtidoò peloò diveròoò experimentadoreò e aò decepçõeô que leem dado logar na pratica certoò deòinfectanteò, cuja repu- tação parecia firmemente eòtabelecida para aò experienciaò de laboratorio aò maiò rigoroòaò. 18 O mechaniómo pelo qual oó antiôepticoô agem óobre oó micro-organiômoô é ainda muito incom- pletameute conhecido, para que óe poôôa tentar hoje, óobre eôta baôe, uma claôóificação e uma diôtribuição que agrupe oó deôinfectanteó óe- gundo òuaó affinidadeô chimicaó tal como propõe Behring. Diz Prouót que, nenhum agente de deóinfecção, ôalvo talvez o calor, e ainda aôóim dependendo de ó.su modo de applicação, attinge a perfeição, deixando todoó elleó um cetto numero de ger- menò intactoó, òendo melhor aquelle que reune no máximo aô 3 condiçõeó efficacia, facilidade de applicação e economia. Para a deóinfecção daó óalaó podemoò lançar mão daó óoluçõeó do óublimado, acido phenico em pulverióaçõeó ou ainda doó deôinfectanteó gazoôoô, (vaporeó de formol,. acido ôulphuroóo). Segundo o director do laboratorio de Monó, o Dr. Hermann, o óublimado ôeria preferível naô óalaó de pequenaô dimenóõeô, o que é muita exigencia, ôendo certo que, ôegundo opina a maioria doó auctoreó, oó deôinfectanteó liquidoó podem óer applicadoó em lavagenô ou o que é maió curial, ôob a forma de pulverióaçõeó, com o auxilio de apparelhoó eópeciaeó como o miôtu- rador doóimetrico de Geneóte-Herócher. 19 Devemoò lavar a òala muitas horaò anteò, de maneira a evitar aò poeiraò e oò germenò fluctu- anteò. Anteò daò grandeò operaçõeò, laparatomiaò etc., algunò cirurgiõeò teem coòtume de praticar 11a òala, durante uma meia hora, maiò ou menoò, uma pulveriòação feita com agua phenicada ou òimpleòmente eòteriliòada, para precipitar aò poeiraô. Aò paredeò, òegundo òeu revestimento, e o chão òcrão frequentemente eòfregadoò com eòpSnjaò ou pannoò emhebidoò em uma òolução de òubli- mado a 1/000, 0 chão òerá lavado apóò cada operação. Si aò paredeò não òe preòtam (devido a òua má conòtrucção) a uma deòinfecção pelo proceòòo acima faz-òe, actuar òobre cila uma pulveriòação antiòeptica (formol). Depoiò que tivermoò ven- tilado a òala, fechamol-a até a hora aprazada afim de impedir o accumulo de novaò poeiras no ar da òala já òecca; emfim, pela meòma razão, não abril-a-hemoò Sobre tudo durante a operação, poiò oò reòultadoò funebíos não òe fariam eòperar. Convém notar que eòtaò medidaò òão appli- cadaò á cirurgia fixa. Em cirurgia ambulante, quando òe tem tempo de eòcolher a òala de operação, retira-òe na veò- pera, ou melhor na ante-veòpera, aò cortinaò 20 ou cortinadoó, oó tapeteò, todoô oô moveió e outroó objectoò embaraçoóoô ou inuteiô, abre-òe largamente a ôala, e ôc eócova o tecto bem como aô paredeô; depoió, quando não exiòtem maiô poei.raó noô logareô ôupra refetidoô, lava-ôe o chão com óoluçõeô antiòepticaô ôe for neceô- óario ou com ôimpleô agua eòteriliòada e assim oô objectoó que teem de ôervir como òupporteô; depoió fecha-ôe ate a hora deòignada para a operação. Se ôe tractar de uma operação de urgência, não devemoó tocar em hypotheóe alguma noô cortinadoò, cortinaô, ou outroó objectoó, para não levantar moó poeiraô. SEGUNDO CAPITULO Desinfecção do doente: asepsia cutai lea i>re- operato ria. A desinfecção do doente e em particuhfr do campo operatorio, exige um cuidado minu- cioso. O operado, antes de submetter-se á operação, deve tomar pelo menos dois banhos com sabão, esfregando todo o corpo com escovas asepticas, principalmente a região a ser operada. A pelle é de muito difficil esterilisação, a não ser em casos relativamente restrictos, porque o staphilococus, o streptococus, o pyocianico etc., são germens que occupam suas differentes depressões; as lacunas lymphaticas da derme e sobretudo os folliculos pitosos e glandulas sudoriparas. Encontramos-nos pois, um tanto desarmados para attingil-os á profundeza, Sobretudo na região do perinêo etc., onde etles abundam. Secundo Mikuliez e outros auctores as rc- 22 giõeò maiò ricaò em miccootganiòmoò òão: o couro cabelludo, oò eòccotoò, o perineo, aò axillaò etc., aconòelhando paca obtenção de aòepòia maiò ou menoò perfeita, lavai-aò com eòcova e òabão durante douò diaò, anteò do dia da operação, e raòpar-lheò oò pelloò na veòpera pelo menoò. Depoiò ddòto, deve-òe fazer uma lavagem com òolução phenicada a 5/oo, ou òublimado a i/ooo, ou melhor álcool a 90o, ou ether, e ainda apóò eòta lavagem cobrir o ponto a operar-òe com um penho húmido, feito com òolução de òublimado a 1/2000 ou com formol a 1/00 (Lauderer) e na occaòião da operação cenovac-òe a lavagem do campo pelo proceòòo acima referido. Mikuliez ainda aconòelha paòòar tinctura de iodo no logar onde òe vai dar a inciòão, o que não e' de impor- tância real, poiò, òe elle acha difficil a aòepòic do campo operatorio por cauòa doò germenò que occupam aò camadaò profundaò, qual a acção que terá a tinctura de iodo neòte caòo? Nenhuma certamente. Ainda maiò, como coadunar-òe eòòa pratica, iòto é: de paòòar tinctura de iodo no ponto onde vai òer dada a inciòão, com a recommendação d’elle proprio (Mikuliez), I Chama-se contusão a reunião de lesões produzidas em nossos tecidos por corpos contundentes e que não se accompanham immediatamente de solução de conti- nuidade. Para que se produza uma contusão são neces- 113 sarios tres elementos; uma força, urria resistência, um ponto de apoio, II A força é representada pelos agentes vulnerantes ou corpos contundentes; a resistência é representada pelos tecidos contundidos; o punto de apoio se acha nos tecidos sub-jacentes, ou n’um corpo exterior. III Produzida a contusão, ella está geralmente na razão directa da solidez do ponto de apoio e da potência da força e na razão inversa da resistência. CLINICA CIRÚRGICA i.a CADEIRA I As hemorrhagias chamadas internas se dão nos intestinos, ou outros orgãos profundos, sem que o sangue se escôe immediatamente para o exterior. II Reconhecem-se pelo resfriamento rápido do doente, a sua extrema pallidez, a exiguidade do pulso, suores frios e syncopes. III Nesses casos, as injecções de sôro representam um recurso de alto valor, devendo-se preferir o de Hayem, cuja formula contem sulfato de sodio, que possue propriedades hemostaticas. 114 CLINICA CIRÚRGICA 2.a CADEIRA I O tratamento das fracturas compreliende duas grandes indicações: a l.a consiste era reduzir a fra- ctura; a 2,a em manter a reducção. II A reducção é uma operação cujo fim é a coaptação dos fragmentos. III Alguns dias depois do accidente, quando é preciso lutar com a contracção muscular, a reducção é muitas vezes difficil, podendo ser seguida de accidentes ter- ríveis, como o delirio nervoso, o tétano, etc. OPERAÇÕES E APPARELHOS V I A thenorrhaphia é uma operação que tem por fim reunir directamente entre si, por pontos de suturas as extremidades de um mesmo tendão seccionado, ou as extremidades respectivas de muitos tendões, podendo ser u nica ou múltipla, segundo o caso. II Quando as pontas tendinosas são trazidas perto uma da outra, e que sua separação é apenas linear, chama-se tenorrhaphia por contacto, no caso con- trario, chamar-se-ha á distancia. III A'sutura por contacto ó verdadeiramente a sutura ideal; a outra não é mais do que uma sutura de ne- 115 cessidade e deve-se de preferencia recorrer â teno- plastia que pode-nos garantir muito melhor resultado que a thenorrhaphia, principalmente em certas regiões (face). CLINICA PROPEDÊUTICA I No estado de saúde, applicando-se o ouvido á região precordial, ouve-se um tic-tac, formado por duas bulhas successivas, que repetem se regularmente de sessenta a oitenta vezes por minuto. II A primeira, surdaemais prolongada que a segunda, (bulha inferior) coincide com a pancada da ponta do coração de encontro ao tliorax, e precede irnmediata- mente ao pulso radial; tem seu máximo de intensidade na quinta costella, abaixo e um pouco para fora do mamillo esquerdo (fóco inferior esquerdo). III A segunda, mais clara, maís curta e mais super- ficial, (bulha superior) gera-se immediatamente depois do pulsar das artérias, e seu máximo de intensidade é pouco mais ou menos ao nivel da terceira costella, perto do bordo esternal. PATHOLOGIA MEDICA I As' manifestações agudas do rheumatismo têm para as articulações uma predilecção bem pronunciada, é o rheumatismo articular propriamente dicto. 116 II Não obstante elle se desenvolver em todos os paizes e em todas as estações, o rheumatismo articular agudo tem uma producção mais especial nos paizes tempe- rados e nas estações do estio (Besnier). III O rheumatismo articular agudo, também chamado febre rheumatismal pelos autores mglezes, apresen- ta-se raramente com uma invasão súbita e violenta, experimentando as pessoas, as mais das vezes, dores erracticas, com ou sem frio e completando-sc pela localisação articular que se declara. CLINICA MEDICA i .* CADEIRA I As differentes modificações a que estão sujeitos os syiuptomas e lesões de uma moléstia, o augmento ou diminuição de intensidade dos mesmos symptomas, lesões, etc, constituem o que se cliama marcha da moléstia- Ií A marcha das moléstias é regular ou irregular, conforme a sua successão normal ou a ausência dos symptomas. III São innumeras as circuinstancias que influem na marcha das moléstias: a edade, a constituição indivi- dual e medica, o sexo, o estado moral, as complica- ções, as modificações rapidas da temperatura athmos- pherica, o genero de alimentação, o clima etc. 117 CLINICA MEDICA 2.a CADEIRA I Vomitos abundantes com grandes inte_rvallos, a grande curvadura do estomago abaixo da cicatriz umbillical, dejectos torpidos, pelle secca, marasmo, symptomatisam-a—dilatatio ventriculi. II Cogita-se de duas causas: estenose do pyloro ou atonia da musculatura gastrica. 4 III Em favor da primeira hypothese, sobresae a formação de uma cicatriz ou a existência de um car- cinoma; como factor da segunda, impòe se a distensão exclusiva e directa do estomago. MATÉRIA MEDICA, PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMUEAR I As pilulas são uma das formulas pharmaceuticas mais usadas para a administração dos medicamentos por via buccal. Segundo o seu volume as dividiremos em pilulas propriamente dietas, bolos e grânulos. II As pilulas pesam na media, de 5 á40 centigrammas, acima de 40centigrammas, são bolos; abaixo de 5 cen- tigrammas são grânulos. 118 III As substancias medicamentosas empregadas para a fabricação das pilulas, apresentam-se raramente em estado que possa dar por si só uma massa pilular, salvo alguns extractos, como o extracto thebaico, todos os outros medicamentos devem ser mistu- rados com uma outra substancia, a qual damos o nome de excipiente. HISTORIA NATURAL MEDICA I A acção dos agentes anesthesicos e especialmente do ether e do chloroformio sobre a nutrição e respi- ração dos vegetaes foi estudada por Cl. Bernard. II Cl. Bernard demonstrou que, o ether e o chloroformio impedem a germinação dos grãos, impossibilitando a nutrição dos tecidos novos, mas que não tem acção alguma sobre os phenomenos de oxydação ou res- piração concumitantes. III Diz mais Ci. Bernard que, nos grãos cujos pheno- menos vitaes da germinação forem suspensos pela anesthesia, se observa como de ordinário, os pheno- menos chimicos da germinação, se constata que o amido se transforma em assucar sob a influencia da diastase e que a athmosphera que cerca o grão, se carrega de acido carbonico. 119 CHIMICA MEDICA I O carbonato de cálcio é um sal branco, insolúvel n’agua, mas solúvel n’ella carregada de anhydrido carbonico, . II O carbonato de cálcio da economia d em parte ab- sorvido em natureza com os alimentos e as bebidas e em parte formado no proprio organismo. III 9 A sua eliminação faz-se pelas fezes e algumas vezes pelas urinas. CADEIRA DE OBSTETRÍCIA I O liquido amniotico em que immerge o feto, durante todo período da gravidez, tem por fim protegei-o con- tra a pressão que sobre elle poderia exercer o utero e contra os traumatismos externos. II A sua quantidade varia de um ovo a outro, segundo as differentes phases da sua evolução. III D’entre as suas diversas substancias componentes, é o chlorureto de sodio, a que entra com a maior quóta, e a que mais se approxima da proporção normal do plasma sanguíneo. 120 CLINICA OBSTÉTRICA E GYNECOLOGICA I Dá-se onome de prenhez, ao estado do organismo da mulher desde o momento da concepção até a epoclia do parto. Começa na occasião em que, o ovulo fecundado penetra e se implanta nò utero. II Os ruidos do coração do féto e o balouçamento (bal- lottement), cuja existência induz a convicção do estado da mulher, são os únicos signaes de certeza absoluta da prenhez. III A escuta dos ruidos do coração do féto é a verdadeira bússola do parteiro- Ella tem suprema importância, considerada sob diversos pontos de vista: confirma a existência de uma prenhez, serve de apoio á apreciação das funcções vitaes intra-uterinas, auxilia o diagnos- tico differencial das apresentações e posições, final- mente, durante o trabalho do parto, é um guia precio- sissimo para a conducta do parteiro. CLINICA PEDIÁTRICA I * A coqueluche é uma moléstia infecciosa, cujo mi- cróbio patliogenico não está ainda bem conhecido. II Ella ataca quasi excl asivamente as crianças e cara- çterisa se clinicamente por uma tosse quintosa com 121 sopro sibilante, que basta ouvir-se uma só vez, para reconhecel-a sempre. III O contagio é a causa unica da coqueluche. CLINICA OPHTALMOLOGICA I A motilidade do globo ocular é presidida pelo nervo motor ocular commum (3.° par), o nervo pathetico (4.° par) e o nervo motor ocular externo (6.u par). ii ' 9 As causas mais frequentes das paralysias do globo ocular são: o frio, os traumatismos do olho, as fra- cturas da orbita, os tumores da orbita e finalmente certas lesões corticaes na dobra curva, segunde» Grasset e Landouzy. III Ainda podem ser causas, certas lesões do cerebello, certas nevroses taes como a hysteria, o bocio exophtal- mico, emfim certas infecções ou intoxicações (di- phteria, tabaco, álcool, quinino, diabetes assucarado etc. etc ) CLINICA DERMATOLÓGICA E SYPHILI- GRAPHICA I O papilloma simples se encontra principalmente na mão e nos pés (verrue plantaire de W. Dutvmitli). 122 Ainda pode apresentar*se na face, couro cabelludo etc. assim é que o papilloma penicilliforme descripto por «Gaucher», apparece ou tem predilecção pelo couro cabelludo, pescoço e raramente pela face (pál- pebra superior). II O estado papillomatoso pode complicar um grande numero de affecções cutaneas. III O Sua marcha, seu diagnostico e seu prognostico va- riam segundo as causas que os produziram. CLINICA PSYCHIATRICA E MOLÉSTIAS NERVOSAS I As paralysias periphericas são devidas, segundo a definição de Grasset, a uma alteração dos nervos desde os orifícios de conjugação até sua terminação ao nivel dos musculos. II Estas são bem differentes das de origem cerebral ou espinhal, que se traduzem de ordinário por hemi- plegias ou paraplegias, ao passo que as periphericas limitam-se a um grupo muscular correspondente ao dominio do nervo. 123 Iil Devemos ajuntar a esta particularidade a presença de perturbações sensitivas, vaso-motores e trophicas, a abolição dos reflexos e as modificações da contra- ctilidade electrica. Vuto—jSeezetazia da faculdade de '$/{edicina da ]3ahia, em 81 de ©utukzo de ig>õ6. + O Secretario, pp. y[enaridpo dos ffieis J^eipelleõ