Faculdade de Medicina da Bahia THE8E APRESENTADA Á FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Em 31 de Outubro de 1911 PARA SER PUBLICAMENTE DEFENDIDA POR JVEanfredo JVEutti AFIM DE OBTER O GRAO DE Doutor em Medicina DISSERTAÇÃO CADEIRA DE CLINICA MEDICA Estudo clinico das albuminúrias PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de scieocias medico-cirurgicas BAHIA OFFICINAS DOS DOIS MUNDOS 35 — Rua Conselheiro Saraiva—35 1911 FACULDADE DE MEDICIUA DA BAHIA Director —Dr. AUGUSTO CEZAR VIANNA Vice-Director— Secretario—Dr. MENANDRO DOS REIS MEIREEEES Sub-Skcretario,—Dr. MATHEUS VAZ DE OEIVEIRA PROFESSORES ORDINÁRIOS os drs.: cadeiras: Manoel Augusto Pirajá da Silva. . . . Historia natural medica Pedro da Luz Carrascosa Pfiysica medica José Olympio de Azevedo Chimica medica Antonio Pacifico Pereira Anatomia microscópica José Carneiro de Campos Anatomia descriptiva Manoel José de Araújo Physiologia Augusto Cezar Vianna Microbiologia A. Victorio de Araújo Falcão Pharmacologia Guilherme Pereira Rebello Anatomia e Histologia patliologicas Fortunato Augusto da Silva Anatomia medico-cirurgica Anisio Circundes de Carvalho Clinica medica Francisco Braulio Pereira « « João Américo Garcez Fróes « « Antonio Pacheco Mendes « cirúrgica Braz Hermenegildo do Amaral « « Carlos Freitas « « Francisco dos Santos Pereira « ophtalmologica Eduardo Rodrigues de Moraes « oto-rhingo-laringologica Alexandre E. de Castro Cerqueira ... « dermatológica e syphiligraphica Gonçalo Muniz Sodré de Aragão. . . . Pathologia geral José Eduardo Freire de Carvalho Filho. Therapeutica Frederico de Castro Rebello Clinica pediátrica medica e hygiene in lantil Allredo Ferreira de Magalhães Clinica pediátrica cirúrgica e ortho- pedia Luiz Anselmo da Fonseca Hygiene Josino Correia Cotias Medicina legal Toxicologica Climerio de Oliveira Clinica obstétrica José Adeodato de Souza « gynecologica Luiz Pinto de Carvalho. « psychiatríca e de moléstias nervosas Aurélio Rodrigues Vianna Pathologia medica Antonino Baptista dos Anjos » cirúrgica PROFESSORES EXTRAORDINÁRIOS os drs. : cadeiras: Egas M. B. de Aragão Historia natural medica João Martins da Silva Physica medica Pedro Luiz Celestino Chimica « Adriano dos Reis Gordilho Anatomia microscópica José AíFonso de Carvalho « descriptiva Joaquim Climerio Dantas Bião Physiologia? Augusto do Couto Maia Microbiologia Francisco da Luz Carrascosa Pharmacologia Julio Sérgio Palma Anatomia e Histologia pathologicas Eduardo Diniz Gonçalves Anatomia medico-eirurgica, Operações e Apparelhos Clementino Rocha Fraga Júnior .... Clinica medica Clodoaldo de Andrade « ophtalmotologica Albino A. da Silva Leitão « dermatológica e syphiligraphica Antonio do Prado Valladares Pathologia geral Frederico de Castro Rebello Koch . . . Therapeutica José de Aguiar Costa Pinto Hygiene Oscar Freire de Carvalho Medicina legal e Toxicologia Menandro dos Reis Meirelles Filho . . Clinica obstétrica Mário C. da Silva Leal « psychiatrica e de moléstias ner- vosas ' Antonio do Amaral F. Muniz Chimica analytica e Industrial PROFESSORES EM DISPONIBILIDADE os drs. : Sebastião Cardoso João Evangelista de Castro Cirqueira Deocleciano Ramos José Rodrigues da Costa Dorea A Faculdade não approva nem reprova as opiniões emittidas nas theses que lhe são apresentadas. ALBUMINÚRIAS Posto sem o cáracter primitivo que se lhe fazia qual, tão só, o de manifestação symptomatica de lesão renal e emquanto tal de força sobremodo desfa- vorável ao prognostico, a albuminúria, de resto, pára, sobre o momento, em sujeito inda de grande importância, no campo da Clinica Medica. Deílne-a a presença da albumina na urina; o que se verifica por processos variados / js clinicos, que, por grande, tocaremos em razrc tanto corrente da sua pratica. E, pois, cae bem aqui, diga-se antes de mais de como ella se reconhece e se dosa e se discrimina. Entre outros, pelo reconhecimento, costuma-se o processo da coagulação da albumina pelo calor; o de Iieller pelo acido azotico; ainda as reacções de Tanret e Meliu e os processos volumétricos de Esbach e Boureau tanto lançado mão pela analyse quanti- tativa. Afóra a serina, verdadeira albumina, da urina, 2 encontram-se ainda a globulina que se precipita pelo sulfato de magnesia, as nucleo-albuminas que se discriminam pelo acido acético; as albuminosas pelo acetato de chumbo, as peptonas pelo rcactivo de Tanret. Para mais, uma albumina aceto-soluvel assi- gnalada por Pateim que se precipita pelo chloreío de sodio. Isto posto, passemos ao estudo das albuminúrias. Sobre o assumpto bastantemente cuidado, segun- do que se deprehende da multiplicidade de nomes, Cyclica, Pavy eTeissier, Pregoltosa, Pretuberculosa, de crescimento Moxon e Dukes, Gull, funccional de Raalfe, de origem sympathica Marie, minimafamiliar de Talamon, salientam-se os estudos de Posner e Senator, patronos da albuminúria dita physiologica. Osquaes, baseando-se na existência de albumina na urina de individuos apparentemente bem consti- tuídos, se convenceram da possibilidade de uma albuminúria constante, própria a todo o indivíduo, tão physiologica quanto physiologicos os phenomenos de eliminação da uréa, do assucar, etc. Deste tlieor externou-se Senator: A albuminúria não pode ser considerada como phenomeno pathologico desde quando se observa uma vez por 4 ou 5 individuos bem constituídos, cuja idade não excede de 60 annos. A urina, sendo uma mistura de transudato c de uma secreção glandular não albuminosa, deve como 3 todos os transudatos do organismo, quer ou não normaes, conter albumina. E, com outros clinicos como Leube, Capitan, Stewart, pretendeu comprovar sua asserção valendo- se do exame feito em individuos reputados bem constituídos. E, de feito-, sem que causa mórbida a justificasse, estes apresentavam albuminúria. Por seu turno, Stewart verificou factos analogos cm experiencias feitas nas creanças do Orphanato de Edimburgo. Lecorchóe Talamon, no emtanto, negaram, sabia- mente, a existência da albuminúria physiologica. Pelo raciocínio de Senator, dizem Lecorchó e Talamon, dever-se-ia concluir que se a albuminúria ó um phenomeno physiologico, como se observa uma vez sobre quatro em individuos sãos ou que apparentcmcnte o sejam, também o é, de razão, para, os que padecem dyspepsia, corysa, dilatação esto- macal. Não comprehendemos como um phenomeno physiologico se possa fazer em excepção. Se 75 °/0 dos individuos bem constituídos não têm albumina 11a urina razão ó concluir que a ausência daquella representa o estado normal e conseguintemente 0 estado physiologico. Com Lecorchó e Talamon chamaremos de albu- minúria minima toda a que não exceda de 30 centi- grammos de albumina por litro; limite este feito pela dosagem de Brandberg. 4 Do considerar a estendida synonimia desta albu- minúria, intermittente, ciclyca, pretubcrculosa, pre- gottosa, funccional, da adolescência, transitória, paroxistica, por fadiga muscular, persistente simples etc., alcançamos que a sua etiologia varia por cada auctor, desfazendo deste rnódo a origem physiologica que lhe quizeram Posner e Senator. Muito a proposito, calamos a albuminúria ortlios- tatica por considerar, de todo ponto, diversa a sua etiologia. Digamos destas que se caracterizam pela fre- quência e benignidade como ainda affirma o nome de benignas. Albuminuricc Intermittente: Por esta a urina é carregada de uratos, densa, de coloração accentuada. Nos exames, praticados pela manhã, verifica-se a presença de globulina e peptonas, a tarde, de serina e nucleo-albumina. Esta albuminúria é, algumas vezes, a manifes- tação de nephrites antigas, outras vezes, porem, está ligada a infecções, paludismo, tuberculose, perturbações nervosas, hepaticas, nevro-secretorias dos rins produzidas pela marcha e crgastenia. Segundo as estatísticas, observa-se em soldados, após marchas forçadas. O Dr. Finot, medico da Escola de Saude Militar estabeleceu que 11 °/0 dos indivíduos apresentavam albuminuriaintermittente. 5 Albuminúrias cydicas, de Pcwy-Tetssier: Caracte- rizam-se pela asthenia physica e moral, pela liypo- condria., excitabilidade cardíaca, cephalóa, raclii- algia, vertigem, resfriamento das extremidades, etc. Denotam não mais uma albuminúria simples, mas ligada a um estado morbido geral, arthritismo, insufficiência hepatica, e como querem Talamon e Lecorché, a perturbações digestivas. O exame da urina fala em favor da theoria hepa- togena. De reacção fracamente acida, contendo em abundancia phosphatos, uratos, oxalatos, mucus de densidade elevada, cor acentuada, encerrando albumina na proporção de 20 a 25 centigrammos. A eliminação da albumina, neste caso, não se faz pela manhã; começa ao meio-dia, terminando ás 5 horas da tarde. Segundo Klemperer, produzir-se-ia um segundo periodo das 7 ás 11 da noite. Assim presumida a sua origem hepatogena, esta especie de albuminúria ainda chamada pretuberculosa pre- gottosa dos adolescentes, seria para alguns auctores a primeira manifestação diathesica do arthritismo no adulto e o primeiro signal de albuminúria gottosa na creança. A albuminúria da adolescência também chamada juvenil, de crescimento, transitória, não existe de feito; mas albuminúria no adolescente, como no adulto e no velho, com os mesmos caracteres e as mesmas causas. A sua etiologia é hereditária. 6 Albuminúrias funceionaes, chronieas benignas cie Castaigne, dysfuneeionaes de Leelerq: São as inter- mittentes, transitórias acima descriptas e todas as que não estão ligadas a lesões dos rins, melhor, todas as que não são de origem renal. Como typos clinicos de mais importância resaltam as de origem nervosa, digestiva e intestinal. Dentre as de origem nervosa temos as que se prendem ás nevroses. A proposito, Teissier narra o facto de um publi- cista que apresentava albumina na urina toda vez que tinha de falar de publico, e cujo desappereci- mento se verificava, tanto que, cessava a excitação nervosa. Estão neste grupo ás albuminúrias por commo- ções, hemorrhagias ccrebraes e as orthostaticas. Devemos concordar com a origem nervosa do orthostatismo? Primeiro, digamos algumas palavras sobre esta variedade e, de seguida, as diversas opiniões a respeito. Assim denominada pela originalidade de sua verificação, exclusivamente na posição vertical, esta albuminúria estudada por Mery, Touchard, Klempcrer, Talamon, Lecorché, Merklen, Hutinel, mostra-se, de preferencia, na adolescência cm indivíduos de crescimento retardado, pálidos, anc- miados,. rachiticos, acompanhada de perturbações 7 gastro-intestinaes, hepaticas. A sua etiologia é uma debilidade renal provavelmente congénita ligada ao arthritismo. Actualmente, ligam este symptoma aos pheno- menos de crescimente rápido, cuja super-actividade determina um desiquilibrio no desenvolvimento dos orgãos, resultando deformações organicas que reper- cutem sobre o coração produzindo hypertrophia de crescimento c consequentemente debilidade renal, perturbações circulatórias que se traduzem pela albu m i n u ri a o rtl 1 ostati ca. Ainda em apoio a este modo de pensar, aventam a hypotliese: Durante a pliase de crescimento o metabolismo eleva-se ao mais alto gráo de intensidade. A cellula alem de elaborar as substancias necessárias á manu- tenção do organismo, tem de prover á formação dos elementos anatómicos que concorrem para a forma- ção do individuo. Esta superactividade cellular resulta da intensi- dade ou energia de crescimento. Como é de prever estas manifestações energeticas augmentam os dcjectos resultantes das elaborações cliimicas anormaes que se effectuam no organismo c cuja quantidade 6 dependente do gráu de cresci- mento. Uma vez terminado o periodo de crescimento, o rim não tem mais a eliminar dejectos em excesso, 8 de grande toxidez muitas vezes, porque se desem- baraçou da super-producção que agindo como peso addicional poderia determinar nephrite toxica. Estes factos somente se notam nos indivíduos de tara renal hereditária ou adquirida. Donde se deprehende que esta variedade de albuminúria tem como responsável a debilidade renal hereditária, quando não causada por uma infecção na tenra idade que passasse despercebida. Castaigne pensa deste modo. Hutinel e Nobecourt que as denominam ainda de albuminúria de crescimento exaggerado ou de cres- cimento retardado dizem-idas prendidas á asthenia geral e cardio-vascular das creanças. Linossier e Lemoine desta sorte se manifestaram: como normaes os rins, o orthostatismo produz simples diminuição da secreção aquosa em virtude de uma ligeira torsão do pediculo. Se os rins são insuííicientes vê-se surgir a oly- guria, de par com a diminuição da secreção dos elementos solidos da urina, principalmente da uréa. Se a insufficiencia accentua-se apparece a stase renal, seguida de albuminúria e olyguria. Leclerq dá-lhes quatro factores: Hereditariedade artliritica, syphilitica, tubercu- losa, saturnina, paludica. Stase renal, determinando a dilatação do co- ração. 9 Lesão ou debilidade hepatico-renal de par com o infantilismo e diminuição do poder secretor das glandulas internas. Finalmente, um factor cardio-vascular manifes- tando-se pela cardio-sthenia, diminuição da tensão arterial, tachycardia. Donde, a definição de Leclerq: a albuminúria orthostatica verdadeira é uma affe- cção peculiar á juventude, caracterizada essencial- mente por debilidade geral dystrophica da creança e em particular por asthenia cardio-vascular tendo como consequência, sob a influencia da posição vertical, a albuminúria por stase renal, favorecida ainda pela debilidade hepatica ou pela existência de umanephrite latente hereditária ou adquirida. Sobre o assumpto muito se tem escripto em explicação. Berthand attribuc-iflas á acção da gravidade do corpo. Merklen fundando-se na theoria da dilatação primitiva do coração esquerdo, produzida pelo esforço, ergastenia, hypertensão arterial peripherica, attribue-n’as a congestão passiva do rim. Teissier vê nesta espécie de< albuminúrias um phenomeno de fluxão de origem vaso-motora sob a influencia da verticalidade do corpo. Londe explica-n’as pela theoria sympathica. Marie delias responsabilisa uma moléstia ner- vosa primitiva. M. M. Englander observou um liomern aítingido 10 desta especie de albuminúria de muitos annos e que padecia também vertigens repetidas e oscillações de temperatura. Emquanto deitado accusava de 60 a 80 pulsações, tanto que de pó elevavam-se a 120. Attri- buio-se ao esforço muscular. Lemoine, em uma communicáção a Teissier sobre observações feitas em 5 soldados moços com ortliostatismo, diz ter encontrado em todos antece- dentes hereditários tuberculosos e em tres dentre elles antecedentes pessoaes, consistindo em coryza, bronchytes frequentes, etc. Ante estes dados podemos affirmar da natureza hereditária tuberculosica, syphilitica, paludica, ar- tliritica do ortliostatismo que se manifesta por uma debilidade renal sensivel á mais leve occasião. Albamirutrias funccionaes cie origem digestiva: Estudaremos neste grupo as albuminúrias ligadas ás perturbações do tubo gastro-intestinal e seus an nexos. Caracterizam-se por fraqueza geral, pronunciada nos membros inferiores, inaptidão ao trabalho, tachycardia, intermittencias, vertigens, sopros extra- cardiacos, polyphagia, digestões difficeis acompa- nhadas de congestões hepaticas. Estas albuminúrias gastricas dependem das sub- stancias alimentares ingeridas e principalmente do funccionamento anormal do ligado. Na urina dos indivíduos que delias padecem, 11 encontram-se globulina e seroglobulina, peptonas e phospliatos e angmento do coeííiciento azotado constatado por A. Robin. Linossier e Lemoine, nos seus estudos da acção dos alimentos albuminoides de origem animal sobre o rim, inferiram que se se injecta, em coelhos ou cobáyos, um quarto de centímetro cubico de uma maceração de carne crua, qualquer que seja, mesmo de porco, encontra-se albuminúria e feita autopsia verificam-se congestões hepaticas acompanhadas de suffusões sanguíneas. Esta acção nephro-toxica comprovada da carne neutraliza-se ao contacto prolongado com o sueco gástrico. As mesmas experiencias foram feitas com ovo- albumina e as matérias albuminoides do leite pro- vando-se a sua nephro-toxidez. \ Nas albuminúrias de origem gastrica, como dissemos, o figado gosa de papel saliente na sua etiologia. Esta viscera nas suas manifestações pathologicas, como todos os orgãos do corpo animal, soffro tres estados que se denunciam por períodos de liyper- funeção, hypofuncção e afuneção. No primeiro periodo de hyperhepatia o fígado augmenta de seu poder funccional com a producção excessiva do acido urico, uréa, globulos vermelhos, assucar, exaggéro das funeções lipolytica, biliar, 12 conservando porem, durante algum tempo, um equi- líbrio quasi normal. Mas num momento rompe-se este equilíbrio; o orgão cança, vem o periodo de hypofuncção já não transforma os elementos albuminoides e nem actua sobre os elementos gordos e temos em consequência as perturbações gastricas, a uricemia, a gotta, a obesidade, as auto-intoxicações, a asthenia muscular e a albuminúria. Resta ainda a funcção glvcogenica que conserva por muito tempo sua actividade produ- ctora, transformando as matérias azotadas, puricas, gordas em glycogeno; mas não tardará muito que deficiência funccional se manifeste pela diminuição ou completo desapparecimento do assucar na urina, vendo-se a albuminúria acompanhada de urobili- nuria, hermoglobinuria, indoluria, etc., attcstantes da insufficiencia ou melhor da afuncção hepatica. As albuminúrias pregottosas dos adolescentes, cyclicas de Pavy-Teissier estudadas acima podem ser incluídas no grupo destas albuminúrias. A albuminúria gottosa dos adultos, bastantemente estudada por Lecorché e Talamon e melhormentô por De Grandmaison definiu-se por este em albumi- núria dyscrasica, quasi sempre independente de lesão renal porem cm relação immediata com uma perturbação puramente funccional do glomerulo de Malpighi. A causa essencial desta perturbação renal está 13 no máu funccionamento do fígado, que se deixa atravessar pelas albumoses provenientes da digestão. Estas derramam-se na grande circulação, chegam ao rim, atravessam o filtro glomerular e arrastam na sua passagem uma quantidade de albumina tanto mais facilmente, se ha hypotensão arterial. Subordinada a uma perturbação liepatica, esta albuminúria pode existir em estado de hypotensão com ausência de nephrite. Lecorché e Talamon admittem que se o acido urico agisse como toxico lento sobre os endothelios glomerulares occasiona- riam uma glomerulo-nephrite. Porem por que assim succedesse seria preciso que a quantidade de acido urico eliminado augmentasse, o que ao revez se verifica das analyses de Gautrelet. Alem disto, na opinião de Charrin, Le Play, Desgrez, os ácidos orgânicos não teem influencia sobre os glomerulos, apenas determinam algumas lesões nos tubos con- tornados. A filtração de albumina, sem lesão renal nos gottosos, é hoje facto provado pelas observações innumeras feitas em individuos, portadores de muitos annos deste symptoma, sem que insufficiencia renal se manifestasse. Segundo De Grandmaison 92 % de gottosos são albuminuricos. A albuminúria gottosa manifesta-se em todas as idades, com os caracteres da intermittente, minima, 14 algumas vezes acompanhada de polyuria e hyper- trophia do coração esquerdo. A polyuria, que no ver de Lecorché e Talamon é plienomeno frequente no mal de Bright gottoso, raramente se observa na albuminúria simples. A sua etiologia, segundo as observações de Rumeberg, Talamon e Lecorché, está na passagem mais facil da albumina atravez os dialysadores vivos sob fraca pressão. De facto, nos gottosos frequentemente a albuminúria anda de par com a hypotensão arterial. Além do que, quando um liquido contem moléculas albuminosas dialysaveis e não dialysaveis, no mo- mento em que se dá a osmose aquellas atravessando a membrana, arrastam após de si, pelo caminho aberto, as albuminúrias não dialysaveis. Nos gottosos a peptonuria acompanha sempre a albuminúria, o que é para Gautelet um symptoma da gotta. Albuminúria diabética: Esta albuminúria também ligada ás perturbações do fígado pode ser simples ou acompanhada de nephrite. Lanceraux estudando as suas relações com a diabete estabeleceu a sua não dependencia com a passagem do assucar na urina. Opinião viável, por isso que na diabete pancrea- tica em que a glycosuria attinge a proporção de 400, 500, até 1.000 grammas em vinte quatro horas, não se dá eliminação da albumina, ao passo que na diabete arthiTtica, cuja glycosuria não excede de 15 100 grammas, a albuminúria é mais ou menos fre- quente. A sua etiologia, segundo este auctor, depende de tres factores: moléstia intercorrente, atrophia do rim, desordem na innervação bulbar e neste caso temos a diabete albuminosa de Lanceraux que se manifesta por albuminúria abundante, augmentando com as emoções, ergastenia, perturbações digestivas. Alem destas albuminúrias subordinadas ao liepa- tismo,Robin accrescenta as phosphaturias, Bergoni- gnan as oxaluricas, cholemicas Gilbert, gravidicas Leclerq. Albuminúrias de origem intestinal: Estas depen- dem da virulência do colibacillo, das enterocolites, enteroptoses, atonia intestinal, verminose, etc. Albuminúrias toxi-infeeciosas: Cada agente toxico como cada agente- infeccioso dá origem á nephrite e albuminúria, dependentes em gravidade do seu gráu de toxidez, infecção, intensidade e das condi- ções do terreno influenciado. Como as intoxicações, dividiremos as albumi- núrias toxicas em exógenas e endógenas. O primeiro grupo comprehende as toxi-alimentares, procedidas do uso de carnes condemnaveis, conservas, cogu- melos,, hervas, etc.; as euphoristicas causadas pelo tabaco, álcool, opio; as medicamentosas resultantes do chloroíormio, cocaina, plienol, antipyrina, aconi- tina, etc.; as profissionaes ou industriaes, de muito 16 tempo conhecidas, ficadas do phosphorismo, arse- nicismo, suturnismo, das intoxicações pelo sulfureto de carbono, benzina, anilina, hydrogenio sulfurado, oxydo de carbono, etc. Destas faremos o estudo patbogenico da satur- nina, phosplioricae arsenical, pela sua maior impor- tância clinica. Albuminúria saturnina: Primeiramente assigna- lada por Tanquerel dcs Planches em seguida por Atinger, Rayer, Becquerel, Goodfellow, Gluber, Renaut, Leguin, Ollivier; estudou-a Castaigne que a considerava indirectamente produzida pelo chumbo, que, actuando sobre os globulos vermelhos, destruia-os, indo o producto desta destruição, emi- nentemente toxico, agir sobre os rins produzindo congestão e albuminúria. Lanceraux diz ser a albuminúria saturnina um phenomeno tardio, secundário, ou uma simples complicação. Actualmente, explica-se pela passagem do chumbo atravez o apparelho glomerulo-tubular dos rins. É o typo da albuminúria chronica. Os rins dos satur- ninos são sclerosados, atrophicos reduzidos as mais das vezes ao terço ou metade. Sua superfície apre- senta-se granulosa, amarellada, aclivada de kistos. Ao microscopio, as lesões assemelham-se as do pequeno rim contraindo, (nephritechronica sclcrosa) com predominância das alterações glomerulo-tubu- 17 lares. A intensidade da chirrose atrophica, sua diffusão nas zonas limitante, intermediária, papilar deram azo a certos auctores reconhecerem um caracter pathogeno differencial da nephrite saturnina ás outras especies de nephrites atrophicas. As experiencias porem estão em desaccordo. O rim lesado não retem o chumbo no seu paren- chyma como succede ao cerebro e tecido osseo. A nephrite saturnina não é como pensam Charcot e Gombault, nephrite especifica por obstrucção metal- lica dos tubos excretores do rim, é em tudo idêntica á atrophica typica e como tal com as consequências cardio-vasculares idênticas. A symptomatologia da nephrite nos saturninos é a mesma da nephrite çhronica atrophica. O que se verifica pela existência em ambas de liypertensão arterial, hypertrophia cardíaca, todos os signaes do pequeno e grande brightismo, podendo mesmo haver intercorrencia brightica no saturnismo. Neste caso, a intoxicação metallica, a nephrite chronica, a arterio-sclerose, muitas vezes, fundem-se no mesmo indivíduo difficultando o diagnostico. Albuminúria arsenical: Observa-se na intoxica- ção aguda ou chronica. Pode ser acompanhada no periodo agudo de olyguria. A albuminúria chronica depende de degeneração gordurosa dos epithelios ou de atrophia sclerotica. Albuminúria phosphorica: Nesta, as urinas são 18 escassas, sanguinolentas; os doentes após o periodo de vomito e diarrhea manifestam phenomenos ner- vosos graves. As diversas outras albuminúrias toxicas são acompanhadas de nephrite, olyguria, anuria, sem caracteres especiaes dignos de nota. Albuminúria cias nephrites ehronicas: Segundo Castaigne as nephrites ehronicas dividem-se em hydropigenas e uremigenas. Nas hydropigenas (Mal de Bright) a albuminúria apparece em proporção de 2 a 20 grammas e, vezes, mais, por 24 horas. Estas nephrites caracterizam-se pela chloruremia que se manifesta por edemas serosos, visceraes e anasarca. Nas nephrites uremigenas (nephrites atrophicas lentas de Chaufard) a albuminúria é minima, não excedendo de 50 centigrammas a 1 gramma por dia. O caracter essencial aqui, é a uremia. Albuminúrias toxicas enclogenas: Rigorosamente só podemos dar o nome de albuminúrias endógenas ás que são produzidas por substancias toxicas ela- boradas pelas cellulas das glandulas de secreção interna. Ou admittindo com Bordel que actualmente demonstrou em importantes experiencias a existên- cia de auto-cyto-toxinas nos humores naturaes a res- ponsabilidade destas na producção da albuminúria. Albuminúrias infecciosas: Dentre estas desta- cam-se: a febre typhoidc que, de todas as infecções, 19 a que mais clirccta e frequentemente actua sobre o rim, determinando albuminúria que é muitas vezes acompanhada de nephrite com cylindros granulosos e hyalinos. Assignalada de ha muito por Martin e Rayer foi em 1869 descripta por Lanceraux. Legroux e Ilanot, em 1876, notificaram casos de steatose renal typhica. Murchison verificou a presença de albuminúria em 157 casos sobre 549 que vem a ser 28 a 30 por 100. Bouchard, nas suas observações encontrou-a na proporção de 1 terço. J. Renaut em 1881, Petit, Lyon, Didion em 1883, Zegre em 1893 fizeram estudo com- pleto das perturbações renaes ligadas á febre typhica. Em cortes, em rins typliicos, notaram-se nephrites diffusas, lesões granulo-gordurosas dos epithelios estriados, exudato albuminoso nos glomerulos e tubos uriniferos e nodulos diapedeticos dissemi- nados pela substancia cortical. Frequentemente, as albuminúrias e nephrites typhicas evoluem para a chronicidade. Bamberg em 58 casos de nephrite typhica isolou 42 de nephrites agudas, 14 chronicas e 2 intersticiaes. Albuminúrias searlatinosas: Ligadas á nephrite cujo gráu de frequência é pouco menor que o da nephrite typhica, estas albuminúrias podem ser pre- coces ou tardias, isto é, apparecerem no período agudo da infecção ou após o apparecimento da 20 nephrite. Esta albuminúria é seguida de anuria, pol- lakiuria, cephalea, inappctencia, vomitos e, algumas vezes, hyperthermia. As urinas apparentam cor carregada, algumas vezes, hematúria. Á autopsia, o rim scarlatinoso é de volume quasi duplicado, amarellado, com manchas violaceas, de consistência molle e se descortica facil- mente. Ao corte nota-se a substancia glomcrular espessada, também amarellada com pequenos pontos ecchmoticos. A tumefacção dos glomerulos é bas- tante accentuada; as pyramides são descoradas com estrias violaceas. Ao microscopio as bases são diffu- sas. As glomerulares são as mais visíveis de onde o nome de gíomerulo-nephrite applicado nestes casos. Klebs considerava-os, erradamente, como pró- prios da nephrite scarlatinosa. Os glomerulos au- gmentam de volume consideravelmente, augmento que, no começo, é devido á congestão e proliferação de endothelios da capsula e das cellulas conjunctivas vasculares, emfim da exsudação de liquido fibri- noso na cavidade. Depois de certo tempo, esta continua proliferação enche a cavidade da capsula de Bowmann produzindo laminas concêntricas, vindo comprimir a rede vascular que se torna impermeável retrahindo-se e terminando por se transformar em tecido fibroso. Os tubos contornados tumefazem-se, as cellulas epitheliaes soffrem todos os gráus da cytolyse proto- 21 plasmica; degeneração gorda, necrose e descamação, cujos productos obstruem a luz do vaso. O tecido intersticial apresenta congestões, hemor- rhagias disseminadas, endoarterite e periarterite, edema e infiltração leucocytaria. Segundo Kelsch esta infiltração seria especifica do rim' escarlaíinoso, porem, por outros processos reaccionarios de pouca monta, existentes ás mais das vezes, nas nephrites agudas de qualquer natureza, a não ser que processo morbido aja profunda e energicamente impedindo qualquer reacção dos tecidos. Muitas vezes a neplirite scarlatinosa evoluc para a chronicidade, com o que acordam Bright, Potain, Talamon, Lecorchè, Brault, Pawlinow. Esta evolução com tendencia ao estado chronico observa-se frequentemente cm indivíduos moços de vinte a trinta e cinco annos. Vimos, portanto, que a nephrite scarlatinosa se manifesta por múltiplas íormas, seja com caracteres de benignidade, seja de gravidade, hematúria, anu ria, uremia, hydropsia e liypertcnsão. Para Teissier a proporção dos scarlatinosos, cuja neplirite evolue para o brightismo, é de dois por cinco. Albuminúrias grippaes: Não muito frequentes como attestam Leyden, Duponchel, Vignerot as nephrites grippaes que evoluem para a chronicidade são seguidas de albuminúria ligeira. 22 Albuminúrias tuberculosas: Consideram-se como manifestação constante em todas asphases da tuber- culose nos rapazes, principalmente filhos de tubercu- losos. O caracter destas albuminúrias varia immenso, muitas vezes, intermittente, cyclica e recentemente Poucet e Chalier attribuem-lhe o typo orthostatico. Para Landouzy a albuminúria seria um pheno- meno constante, no primeiro periodo da tuber- culose. Le Noir encontrou-a na proporção de 30 por 100 e Rayer cita casos de tuberculosos com albuminúria persistente até a morte sem signal de insufficiencia renal. Leon Bernard, Castaigne observaram pheno- menos idênticos. Jousset verificou a constância da albuminúria nos períodos agudos da infecção coinci- dindo com a eliminação de bacillos pela urina. Albuminúrias syphilitieas: Frequentemente obser- vadas nos períodos da nephrite aguda attingem a mais alta cifra das albuminúrias. Chantemesse encontrou 50 grammasde albumina por litro em um caso, Chauffard e Gourand 55, Descouts 110. Segundo Delamare a albumina elimi- nada é a globulina; Chauffard e Gourand dizem ser a serina. Além destas albuminúrias ha diversas outras ligadas a infecções diversas; pneumococcicas, strep- tococcicas, staphylococcicas, diphtericas, colibacil- lares, variolicas, cholericas. 23 Albuminúrias gravidieas: Ligadas ao rim ou ao figado como pretendem entendidos. Leclerq admitte a possibilidade da albuminúria por compressões vasculares do rim. Apoiado na experiencia de Posner attribuimos a albuminúria gravidica á nephrite ascendente por compressão do recto pelo producto da fecundação. Albuminúrias das queimaduras: Attribuidas exclu- sivamente ás auto-intoxicações por suppressão das funcções da pelle, são também ligadas ás do tubo intestinal e ás infecções cutaneas que se juntam ás lesões produzidas. Albuminúria na amygdalite ehronica: Recente- mente estudada pelo Dr. E. Gruet, medico do IIos- picio mixto de Angers, observa-se frequentemente na angina aguda, ainda no curso da amygdalite ehronica, mormente, nas de forma lacunar, como em certos abcessos de repetição ou chronico da tonsilla. Na angina lacunar ehronica as perturbações funccionaes restam por muito tempo desconhecidas. Nas pliases de recrudescência que se notam de frequente, o doente accusa máu estar, cephalalgia, anorexia, dores na garganta, pharinge ligeiramente congestionado, febre ligeira não excedendo de tres dias. Succede muitas vezes que o medico ao envez de descobrir a origem destes phenomenos, cuida num 24 embaraço gástrico, febre catarrhal, grippe e con- fiante no seu diagnostico não se apercebe de que muito embora a superfície da amygdala se mostre isenta de qualquer alteração apreciável, abcessos múltiplos alii podem existir enkystados em sua inti- midade, mal se denunciando por pequenos pontos esbranquiçados, de natureza caseosa, obturando os orifícios das crvptas e que segundo referencias de Lacombre, Treitel, Franke, Benda produziram a morte o que só foi verificado pela autopsia. Por occasião de qualquer infecção intercorrente, ou mesmo sob influencia occasional, resfriamento, periodo menstrual, perturbações gastricas. Gruet observou dous casos typicos de orthosta- tismo, sendo um também observado pelo Dr. Cau- pard em uma moça attingida de amygdalite lacunar. Suspeitando, em vista do seu mau estado geral, da presença de albuminúria, fez proceder o exame, o qual mostrava abundancia de albumina nas urinas. A incisão das amygdalas, seguiu-se o desappareci- mento completo da albuminúria e restabelecimento do estado geral no fim de dois mezes. Gruet cita observação idêntica em uma moça, apresentando o mesmo symptoma que era attribuido por um medico á intoxicação intestinal ou ao arthri- tismo. O mesmo processo therapcutico applicou-se com os mesmos resultados supra mencionados, no fim 25 de alguns mezes. E assim grande numero de albu- minúrias ligadas a simples amygdalite são mal feitas ao arthritismo, fígado, rins, perturbações diges- tivas, etc. De mais frequência, dizem-n’as de origem digestiva. De feito, grande numero de doentes apre- sentam, á primeira vista, perturbações funccionaes do estomago e intestino, mas que são verdadeira- mente secundarias, consequências de infecção amy- gdaliana, ou mesmo preexistentes, foram por ei la aggravados. Gruet observou um doente de quarenta annos que era tratado, de muitos annos, por albuminúria minima de 0,10 a 0,50, porém de typo persistente ligada a perturbações digestivas. Esta doente soffria de abcesso chronico da amy- gdala sujeito frequentemente a exacerbações agudas dolorosas. Submettendo-se a incisão das amygdalas desappareceu a albuminúria e melhoraram sobre- maneira as perturbações digestivas. Um homem de 35 annos com amygdalite lacunar e tratado, por muito tempo, por dyspepsia e diarrhea rebelde, apresentava máu estado geral e albumi- núria, o que desappareceu apenas que se fez a incisão das amygdalas. Como acima dissemos as perturbações gastro- intestinaes podem causar albuminúria porem não padece duvida que uma grande parte delias impendem das amygdalites. 26 Outras amygdalites deram-se pela sclerose inde- pendente de intervenção cirúrgica. Uma mulher de 38 annos, diz Gruet, bem consti- tuída, sem antecedentes pessoaes teve 2 filhos; durante o periodo da segunda prenhez soffreu assaz dos rins sem que apresentasse, no emtanto, albuminúria. Dois annos depois, tratando de um dos seus filhos attingido de amygdalite, contrahiu angina. Dois dias após o começo da infecção, revelou-se hematúria durante tres dias a eito, com deposito de duas grammas de albumina por litro emquanto que se passaram tres semanas, indifferente ao regimen lácteo desde o começo estabelecido. Seis mezes mais tarde, nova angina, menos intensa, porem acompanhada de albuminúria por espaço de quinze dias. Passado um anno, ainda angina mais benigna sem phenomenos dolorosos, mas seguida de astlienia geral, febre. A cada accesso agudo, verificaram-se depositos caseosos no orifício das cryptas. Estas manifestações desappareceram com a atro- phia da amygdala, na idade de 35 annos. Desde então não soffreu mais alteração no seu estado de saude. A albuminúria da amygdalite é considerada como uma toxhemia. De Gruet dá-lhe em causa a repleção das cryptas por cálculos, accumulados caseosos, germens pyogenos staphylococos, strepto- cocos, diplococos, leptothrix, etc. Influencias diversas 27 sob condições varias agem augmentando a viru- lência destes germens, cujas toxinas adquirem um gráu de nocividade elevado. As cryptas submettidas á acção energica destes agentes, reagem por inflam- mação intensa que concorre para occlusão dos ori- ficios daquellas, que assim obliterados encerrando elementos infecciosos, dão lugar a albuminúria pela absorpção de toxinas elaboradas no interior destes oriíicios fechados. Também os accumulados caseosos infectos deglu- tidos em grande parte á noite e absorvidos pelo tubo intestinal. Emfim a deglutição do puz produzindo fermen- tações estomacaes, perturbando as digestões e estas contribuindo á prolongação da albuminúria cujo ponto de partida é amygdala. A dyspepsia manifesta-se, de preferencia, em indivíduos predispostos e é provável que esta falta de predisposição e resistência renal especial expli- quem a ausência de albuminúria em certos indi- víduos portadores de amygdalite caseosa. De Gruet suppõe que as albuminúrias transitórias deLeube, Capitan, C. Finot, orthostatica, digestivas sejam symptomas de amygdalite. M. E. J. Moure, assignalou, um caso de albumi- núria orthostatica entretido por suppurações adenoi- dianas, albuminúria que desappareceu após a abrasão das vegetações adenoides. 28 Pelo que é sempre de bom aviso toda vez que se esteja em presença de albuminúria, sem causa justi- ficável, fazer a laryngoscopia e rhinoscopia. Modo de aeção dos mierobios na genese das albu- minúrias: As infecções influenciam grandemente na producçãodasalhuminurias. Já as primeiras pesquizas bacteriológicas attri- buiam aos proprios mierobios as nepbrites infe- cciosas e Bouchard em 1881 de accordo com estas idéas confirmava a sua aeção dirccta e nociva sobre o filtro renal. Pôs a descoberta das toxinas microbianas, veri- ficou-se que também ellas podiam ser causa de nepbrites inteiramente idênticas ás produzidas pelos agentes infecciosos. ✓ Em certas affeções como na cholera, na diph- teria, por exemplo, em que os agentes microbianos não penetram na via sanguínea produzem, no emtanto, lesões renaes. Nos diphtericos Morei encontrou os glomerulos dilatados, em começo de degeneração gorda. Os tubos contornados sem epi- tliclio e seus canaes obturados pelos detritos granu- losos. O epithelio dos tubos rectos e collectores cheios de gotticulas gordurosas. Esta nephrite diphterica evolue de um modo sub agudo ou agudo, raramente chegando ao estado chronico. Enriquez e Hallion numa experiencia feita num macaco com quatro cen- tímetros cúbicos de cultura 'diphterica filtrada inje- 29 ctados por via sub-cutanea, encontrou, na autopsia, um rim granuloso, typico da ncphrite intersticial, com hypertrophia do ventrículo esquerdo. Claude observou em uma intoxicação superaguda por toxina diphterica uma glomerulo-nephrite aguda hemor- rliagica. Em casos cuja evolução era de oito dias, encontrou sempre lesão dos epithelios dos tubos contornados que ora se apresentavam granulosos, tumefeitos, vacuolares, impregnados de gotticulas gordurosas, ou reduzidas a laminas delgadas gra- nulo-gordurosas, deixando apenassubsistirpequenos' núcleos corados dispersos. Nas formas de evolução lenta, ás lesões precedentes accrescem as de endar- terite de transformação fibrosa dos glomerulos, de sclerose intersticial e principalmente de periarterite. Alem de que o systema glomerulo tubular mostra-se desigualmente interessado. Deste modo a experi- mentação leva-nos a concluir que nas moléstias não scepticemicas as lesões renaes são dependentes de uma toxina diffusivel elaborada pelo agente patho- geno, no ponto do organismo em que se localiza. Nos casos de septicemias os microbios agem dire- ctamente sobre os rins provocando nephrite descen- dente por via hematogena. Está boje demonstrado que o apparelho renal é atravessado facilmente pelos microbios, quando invadem a rede circulatória. Alem das experiencias de Pontifick, Langerhaus, de Wissokovitsch, outras mais recentes de Brield 30 e Kraus, feitas com staphylococo dourado, coliba- cillo, bacteridia carbunculosa demonstraram que os microbios appareciam na urina, cinco minutos após á infecção intra-venosa, as vezes em menos e outras ao cabo de algumas horas. í Para Von Klecki a bacteriuria é symptoma con- stante de septicemia. Não se conclua, porem, que da passagem, pelo filtro renal, dos agentes microbianos resultem sempre lesões. A reacção opposta pelos rins ás infecções de que são alvos, varia de conformidade com o agente infe- ccioso. A infecção intravenosa da bacteridia carbuncu- losa, por exemplo, é seguida de eliminação com integridade renal. Ao passo que uma injecção feita com outros germens como o bacillo de Eberth, o pneumococo e outros provocaria nephrite com albu- minúria. Os pneumococos uma vez injectados nas veias, vão se depositar em torno dos tubos contornados, algumas vezes no interior da capsula de Bowmann. A sua eliminação dá-se electivamente pelas cellulas de Heidenliain. Os bacillos de Eberth segundo Enriquez loca- lizam-se de preferencia nos tubos uriniferos. A eliminação, portanto, dos microbios em natu- reza pelos rins é um facto demonstrado e também 31 demonstrada a possibilidade da producção ou não producção de lesões, que, no caso positivo, especial- mente abcessos nephriticos. Ao passo que as theorias do compromettimento directo dos rins pelos agentes microbianos em si restringem- se as da sua acção indirecta, por meio das toxinas vão se impondo nagenese das albuminúrias. Em confirmando temos as experiencias de Char- rin, que com a toxina pyocyanica provocou lesões renaes com albuminúria; Claude notificando em casos de intoxicações agudas uma reacção diapede- tica e inflammatoria intensa do tecido conjunctivo, lesões profundas do epithelio no nivel dos tubos con- tornados e das ansas de Iienle. Nas intoxicações chronicas, alem das lesões acima descriptas veri- fica-se verdadeira sclerose diffusa do orgão com endarterite e espessamento da túnica media das arteriolas ao mesmo tempo que os glomerulos se tornam fibrosos ou se obliteram por symphyse. Ainda o papel pathogeno das toxinas se evidencia pela injecção intravenosa da toxina colibacillar, determinando constantemente albuminúria com lesões de glomerulo-nephrite e, muitas vezes, inte- ressando o tecido intersticial que soffre a sclerose em placas. As toxinas streptococicas determinam, segundo Claude, lesões epitheliaes accentuadas mormente vasculares. 32 Das argumentações referidas e dos estudos scien- tiíicos deduzimos que os microbios agindo directa- mente sobre os rins provocam de preferencia abscessos, como observamos na tuberculose que actuando as suas toxinas determinam nephrites agudas ou chronicas dependentes da duração actu- ante do germen, como na syphilis, paludismo, etc. Pelo facto da nocividade dos microbios e suas toxinas procurou-se dar as mesmas propriedades ás anti-toxinas, attribuindo-se ao§ soros anti-toxicos as albuminúria, anuria, olyguria em consequência de sua applicação. A experiencia clinica porem, apoiada hoje nos bellos resultados therapeuticos dos soros, princi- palmente o anti-diphterico que faz desapparecer a albuminúria diphterica exclue a idóa da nocividade renal da serotherapia. E quando após a sua applicação se constate manifestação renal, (albuminúria) ao emvez da anti- toxina é o serum do animal immunisado, unico responsável. TRATAMENTO No tratamento das albuminúrias hemos a consi- derar o tratamento dietetico e o causal. Em fazendo um resumo do regime applicavel aos albuminuricos, em geral, passaremos ao tratamento das diversas albuminúrias, em particular. O regime do albuminurico deve, sobre tudo visar o não fatigamento do organismo assim que syndicado o seu estado geral, funccionamento hepático e renal, é de primeira necessidade inadiavel a prescripção do repouso corporis et animce. Como regime alimentar é sempre de bom aviso prescrever o lácteo, lácteo vegetariano ou lácteo hydrico. A escolha dos alimentos é de summa importância, também a sua quantidade; porquanto, o seu excesso produz, de força, fadiga o que vae de encontro ao principio fundamental do tratamento, que é o repouso. Alem do leite, em certos casos, indicam-se os ovos, comtanto que nos relevem o fígado e o estomago. O macarrão, a letria, a tapioca, podem fazer parte da alimentação do albuminurico, bem assim o arroz, 34 a batata, a lentilha, osfructos, o queijo fresco, o pão, a gallinha, sufíicientemente assada, o carneiro, em dadas circumstancias. Dentre as bebidas alem do leite, da agua pura, agua de Vichy, Vittel, Evian, etc., servem o chá, não muito concentrado, e o cafc. O caldo de cereaes, (trigo, feijão, aveia, milho) recentemente preparado, é de grande effeito no ver de Mauricio Springer. Entre os alimentos contra-indicados está o peixe que é reputado máu para todo albuminurico. Potain verificou que a urina attinge o máximo de toxidez pela alimentação de peixe. Esta toxidez é quiçá devida á formação rapida de alcaloides pela sua putrefacção. As carnes são, para Potain, indistinctamente nocivas, em contrario do que querem muitos, respeito das carnes brancas. O caldo de carne assim como todos os alimentos condimentados com o sal são contra-indicados. Rejeitam-se, entre os legumes, em prejudiciaes, a couve, o agrião, o espargo, o tomate, os cogumelos, etc. Os fructos muito ácidos são, de egual sorte, conde- mnaveis,pela acção irritante dos ácidos sobre o rim. As bebidas alcoolisadas são ainda, inteiramente, condemnadas. O regime lácteo é de valor inconteste no trata- mento das albuminúrias: de par com o regime hydrico é o por excellencia das nephrites agudas, na proporção de 2 a 3 litros em 24 horas. 35 0 regimen vegetariano pela sua pobreza em maté- rias gordas e pela diminuta producção de calorias convém excellentemente nestes casos. Alem das indicações geraes acima descriptas devemos notar que aos albuminuricos, em qualquer periodo, se faz mister restringir o mais possivcl e em certos casos supprimir, in totum, o sal da sua alimen- tação. Pela razão que este inílue consideravelmente no augmento do peso e produz no albuminurico pre- edema e edema chronico. A suppressão brusca do sal determina porem, em certos doentes dyspepsia, ane- mia ;e para obviar estes inconvenientes faz-se preciso polvilhar-lhes o alimento com duas a tres grammas de nitrato de sodio que sobre fingir de chlorureto de sodio é ligeiramente diurético. A restricção do liquido ingerido faz-se necessária algumas vezes. O excesso do liquido produz hydratação dos tecidos podendo inhibir-lhes a funeção, diminuir-lhes o poder de desassimilação. E ainda susceptivel de provocar augmento da pressão arterial, dilatação do coração, obesidade. Widal preconisa a reducção dos liquidos no mal de Bright; Ilutinel, para as creanças, nos dois primeiros dias, prescreve 500 grammas de agua e outras tantas de leite. Tratamento das albuminúrias em particular ; Albuminúrias funccionaes; Tratam-se os orgãos lesados e faz-se o regime hygienico. 36 A Ibuminurias in/ecciosccs ; Albuminúria typhiea; Nesta, applicam-se os banhos mornos com o regime hydrico. Albuminúrias scarlatmosas; De caracter frequen- tementc passageiro, basta-lhe oppor o regime lácteo, permanência no leito por que desappareça em alguns dias. No entanto, albuminúrias scarlatinosas com- plicadas de edema podem terminar pela morte ou em se curando deixar vestigios assáz compromctte- dores como sejam: endocardites, estreitamento mitral, abscesso sub-aponevrotico do pescoço, etc. O seu tratamento c o danephrite aguda; consiste no regime lacteo-hydrico, tisanas diuréticas, aguas lactosadas, repouso. Em muitos casos applicam-se ainda ventosas sarjadas sobre os rins, drásticos, aguardente allemã na razão de 1 gramma por anno de idade, scammonéa dous centigrammos respectivamente á idade. A albu- minúria scarlatinosa aguda pode evoluir muitas vezes para a chronicidade e sendo assim pede o tratamento da nephrite chronica. Iluchard após quinze dias de regime lácteo pre- screve a estes doentes o seguinte menu dechlorurado. Carne 200 grammas Pão dechlorurado. . 200 grammas Ovos n.° 2 Legumes 250 grammas Manteiga 50 grammas Assucar q. s. Leite 1000 grammas 37 Evidenciado o desapparecimento completo dos edemas podemos addicionar duas a quatro gramrnas de sal por dia a este regime, cuja tolerância se manifestará pela ausência de dyspnóa e pelo sensivel restabelecimento geral. Albuminúria grippal: Ainda aqui a permanência no leito, regime lacteo-hydrico, quinina na dose de 25 a 30 centigrammos por dia. Albuminúria diphterica: Esta tem o seu especifico no sôro anti-diphterico que se injecta na dose de 20 centimetros cúbicos na creança e 40 no adulto. Albuminúria pneumomca: Por esta, cujo desfecho ó de ordinário fatal, devemos fazer-lhe o tratamento das nephrites agudas. Albuminúria syphilitica: Desta varia o tratamento com o periodo da infecção. No periodo agudo, ao lado da medicação especifica o regime hydrico, lacteo- hydrico na grande proporção de 2 a 2 72 litros por dia, sem inconveniência, por isso que, ao revez do que se dá com as outras albuminúrias infecciosas, o glome- rulo é poupado não provocando exaggero inflamma- torio pela passagem de grande porção de liquido como se verifica nestes casos. No periodo secundário a albuminúria é abundante. A eliminação da albumina varia de 15 a 20 grammas, como observaram Fournier e Brouardel. O tratamento especifico deve ser estabelecido cautelo$amente para que o mercúrio, com a sua acção toxica, não concorra 38 antes á aggravação que á cura. Os resultados variam consideravelmente. Em um doente de Widal into- xicado pelo tratamento mercurial a albuminúria desappareceu. Em um outro que eliminava de 3 a 5 grammas de albumina o tratamento especifico foi-lhe indifferente. Ao passo que um outro que eliminava 64 grammas curou-se com a mesma medicação. Ila casos em que o tratamento especifico é impro- ductivo, quando a nephrite é rapida, generalisada, com manifestações visceraes edematosas, infiltrações. Por estes épreferivel o regime lacteo-hydrico seguido de injecções de cafeína, oleo-camphorado, etc. Huchard considera as albuminúrias syphiliticas tanto mais susceptiveis de cura pelo tratamento espe- cifico quanto maior a quantidade de albumina elimi- nada. Em qualquer hypothese em se tratando de albumi- núria de causa conhecida o seu tratamento deve ser especifico e dietetico. Albuminúrias tuberculosas: Duplo é o seu trata- mento conforme estão ligadas a tuberculose renal ou ao estado geral tuberculoso. Neste caso, podem ser pre ou para-tuberculosas. O seu tratamento consiste no regime alimentar e psychico. Nos casos de albu- minúrias ligadas a tuberculose renal o seu tratamento ó essencialmente cirúrgico. O diagnostico clinico da tuberculose renal bastante delicado, baseia-se em uma serie de signaes, que não 39 será intempestivo os descriminar, como sejam de grande importância respeito do tratamento. Signal revelador, signaes uretheraes, signaes funccionaes clinicos, signaes de visinhança, signaes physicos tirados da urina, signaes chimicos, histoló- gicos, tirados ao laboratorio, cystocopicos, renaes, signal experimental. O signal revelador é a cystite sem causa justificá- vel que apresenta certos individuos, muitos delles apparentando saude. E frequente, neste caso, o engano de muitos clini- cos que cuidam da cystite despercebidas da causa tuberculosa. Os doentes pela ausência de dôres alem da inflam- matoria riegam-se a intervenção allegando não soffrer dos rins e sim da bexiga. Os signaes uretheraes são pontos dolorosos abdominaes correspondendo ao collo do urethereo, ao ponto iliaco, e ao ponto inferior ou urethero- vesical. Como signaes clinicos consideram-se o syndromo urethro-prostato-vesical, a hematúria, muito rara, a pollakiuria nocturna, signal de valor no começo da cystite. Os signaes de visinhança são os localizados para o lado do epididymo, do cordão, das vesiculas e principalmente da próstata. Os signaes physicos da urina são caracteristicos; ammoniacaes como em todas as affecções banaes da 40 bexiga. A côr é typica; esbranquiçada e por isso denominada absinthica, sabonosa. A diminuição da quantidade da uréa, algumas vezes a retenção dos chloretos fazem os signaes chimicos. Os histologicos não são infalliveis. A pre- sença do bacillo de Kocli na urina ó muito rara e não se encontram outros microbios, nem também a deformação nos leucocytos nem mononucleares na urina logo recolhida. Mesmo em completa destruição dos rins tuber- culosos não se encontram cylindros na urina. E de valor pathognomonico o signal experimental: Consiste na inoculação do coagulo da urina fresca centrifugada em cobayos ou porcos da índia, reactivos sensiveis á tuberculose. Injectam-se a principio 5 a 20 centimetros cúbicos em tres pontos diversos; sub-cutaneo, intraganglionar, sub-peritonal, em cobayos diversos. Tres semanas depois ou um mez quando se verifica o emagrecimento dos animaes injectados sacrificam-se e a autopsia nos revela a presença de granulações amarelladas no fígado e baço discreta ou abundantemente. Como confirmação diagnostica podemos fazer o exame microscopico dessas granu- lações. Nathan — Larrier em vista do longo espaço media- do entre a infecção e a verificação procurou obviar este inconveniente injectando nas mamas de cobayos 41 em estado de lactação urina suspeita, e examinando o leite seis ou oito dias decorridos. Os signaes de laboratorio resumem-se na cuti- reacção e ophtalmo-reacção de Calmette. A presença de vegetações ulcerosas cicatrizadas que se denun- ciam por manchas caracteristicas da mucosa vesical constitue os signaes cytoscopicos. Para o experiente os signaes meatoscopicos são mais ou menos reve- ladores. O meato sofTre modificações que lhe fazem defor- mações diversas. Ao envez de fenda vê-se, algumas vezes, um pequeno orificio irregular edemaciado, verdadeiro buraco facilmente accessivel ás sondas. Muitas vezes porem e de mais frequência nada se percebe. Fallem aos tuberculosos renaes os signaes reveladores tirados do estado geral em tuberculosos pulmonares. O fácies nada tem de caracteristico naquellcs casos; o emagrecimento pode não ser apreciável emfim o estado geral, como observamos, nada diz, muitas vezes. A tuberculose renal é como o mal de Pott, a coxalgia, o tumor branco do joelho, uma tuberculose enkystada. Os signaes renaes, não obstante ser a lesão renal, são nullos a não ser que se trate de pyonephrose, de abscesso perinephretico, tuberculose de origem renal, finalmente, formas raras de syndromos dolo- rosos. Quatro são os modos anatomo-clinicos da 42 tuberculose renal: tuberculose de rim torácico não perceptivel com cystite não dolorosa; tuberculose de rim torácico não perceptivel com cystite dolorosa; tuberculose de rim movei ptosado ou sub-costal com cystite não dolorosa; tuberculose renal com pyoneplirose dolorosa ou não, com ou sem cystite. Com estes dados podemos diagnosticar a tuberculose renal e passar ao seu tratamento. A hygiene é tudo no tratamçnto medico das albuminúrias tuberculosas. Nos casos porem de tuberculose renal o tratamento cirúrgico é imprescindivel. Como tratamento hygienico aconselha-se o uso do cinto de flanella, fricções matinaes dos rins, com álcool, vinagre, banhos salgados quentes de 10 minutos, duas vezes na semana. Deve-se evitar os resfriamentos e buscar de preferencia habitações ruraes. Em alimentação, carnes brancas, bem assadas, legumes, cereaes, coalhadas, etc. Como medicação, prescrever-se-á, pela manhã, uma colher de sopa de xarope iodotanico, de preferencia, no caso em que o doente tenha bom estomago, duas colheres de oleo de fígado de bacalháu. Em opposição ás dores da cystite applicam-se os suppositorios opiáceos e instillações de oleo gomenolado á 10 por mil. O tratamento cirúrgico embora excellente não deixa de apresentar as suas difficuldades. 43 A intervenção pode ser feita ou deixar de o ser. Nos casos de simples pyelite, mesmo de pyelone- phrite dupladevemos evital-a. A intervenção impõe-se quando ha compromettimento de um rim com inte- gridade do outro por que se dê a compensação. Ella varia com o gráu de alteração renal e com as condições do momento. Far-se-á a nephrostomia de urgência nos casos de abscessos volumosos acompanhados de estado geral grave. O rim acha-se subdermico e uma simples incisão com anesthesico local é o bastante. Tratando-se de pyonephrose deve-se fazer a nephrostomia. A nephrcctomia parcial é indicada na tuberculose que se limita a um dos polos renaes. A nephrcctomia transperitoneal é applicada nos casos de grande rim tuberculoso. O processo mais commum e melhor por sua facilidade e segurança é a nephrectomia lombar sub-capsular primitiva. Os resultados do tratamento cirúrgico da tuber- culose renal, quando apropriado, são excellentes. O tratamento das albuminúrias paludicas como o de diversas outras infecções, consiste na extincçâo do agente causal o das lesões por elle provocadas. As albuminúrias ligadas aos agentes toxicos oppõe-se-lhes um regime rigoroso de par com o especifico de cada agente. 44 Tratamento das albuminúrias ehronicas ligadas às nephrites ehronicas: Destas o tratamento faz-se como das nephrites concurrentes. Ainda que nem sempre susceptiveis de cura, comtudo pode-se pro- longar a vida aos doentes com o apropriado e oppor- tuno do tratamento. No decurso das nephrites ehronicas é de primeira necessidade prevenir a auto-intoxicação uremica, reduzindo o quanto possivel os elementos toxicos, nocivos ao organismo pela sua eliminação. O regime lácteo convém excellentemente ao brightico, não só por ser um alimento sufficiente em determinadas doses, como também pela sua facil digestação, o que sobre poupar aos doentes astheniados trabalho diges- tivo, diminue as fermentações intestinaes. Ainda, pode ser considerado como medicamento pela sua acção diurética. Sobre o que, é ainda o leite um grande eliminador dos agentes toxicos do organismo. Para as nephrites agudas ó a sua prescripção systematica, ás ehronicas sem edemas e sem hypertensão muita vez ineííicaz, produzindo com a continuação um estado de debi- lidade geral compromettedor. As nephrites ehronicas edematosas, hyperten- siveis consentem o regime lácteo. Regime mixto alternado faz-se preciso nas nephri- tes athrophicas lentas. O regime lácteo para que seja tolerado é neces- 45 sario que se prescreva regulado e progressivameníe. O doente porque esteja em equilíbrio alimentar fará uso de 3 litros de leite por dia, em doses de 200 a 300 grammas em cada 2 horas. Seria preferível o leite frio e crú se houvera certeza da sua procedência salutar. Em casos de perturbações gastricas, addicionar- se-lhe-á agua de Vichy, agua de cal se é mal dirigido ou se provoca diarrhéa. Para mascarar o gosto junta-se o café, chá, assucar. As retenções chloruradas na producção dos edemas brighticos provadas por Widal e Lemierre, mostraram a necessidade da suppressão do sal na alimentação desses doentes. De facto a dieta dechlorurada actua favoravel- mente sobre os edemas não somente periphericos senão também visceraes dos brighticos. Ambard e Bearyard observaram a frequência de retenção chlorurada não seguida de edema na nephrite atrophica lenta onde obtiveram resultados desejáveis com a dechloruração, aíhrmando que nesses casos é preferível applicar-se o regime hypo- chlorurado. Muito embora este regime se imponha ás nephrites edematosas não se segue dahi que seja systematico. A experiencia clinica demonstra que elle não convém ás nephrites com influencia renal, emquanto que o aconselha nos casos de nephrite edematosa 46 com permeabilidade renal conservada ou ao de leve compromettida. O regime dechlorurado tem a vanta- gem da escolha dos alimentos. Ao leite, na proporção de um litro por dia, pode- mos acrescentar legumes, fructas, sopas, cremes, ovos, presunto magro, carne de porco convenien- temente assada, etc., conforme a idiosyncrasia dos doentes. Nas bebidas applicaveis aos brighticosjá dissemos pagina atráz; no emtanto, digamos de novo que a reducção de liquidos se íaz mister nos edematosos, nos assystolicos. A hygiene geral, a interdicção de exercícios phy- sicos fatigantes, o affastamento em fim de todas as influencias nocivas são prescripções indispensáveis aos brighticos. A medicação anti-albuminurica con- siste, enumerando as mais conhecidas, na fuchsina na dosé de 5 a 25 centigrammos ás creanças, 15 a 40 ao adulto. Esta medicação proposta em 1876 por Felly e Ritter foi applicada por Bouchut e Dieulafoy que contestaram a sua eíhcacia therapeutica. As prepa- rações tónicas são de utilidade nas formas congestivas ou nos casos de hypotensão arterial. A sua acção é vaso-constrictiva e exerce-se sobre os nervos periphericos. O azul de methyleno de resultados nu lios foi por muito tempo empregado por NetcharcíT, Losenthal, 47 Doumer. Lanceraux prescrevia a tintura de cantlia- rida na proporção de V a X gottas por dia. Na sua opinião, a albuminúria diminuía, com o augmento de eliminação ureica, toxica e da urina sobre este tratamento. As experiencias clinicas de Chaufard porem mostraram os inconvenientes de semelhante medicação que sobre inefficaz ò irritante renal. O lactato oxydo de stroncio, na dose de 4 a 6 grammas diarias, diminue consideravelmente a albuminúria porem os seus effeitos cessam com a sua não appli- cação. De final, o medicamento por excellencia, nestes casos, é o regime lácteo que se não consegue nas nephrites chronicas o numero avultado de curas que nas agudas, faz no emtanto sentidos os seus benéficos effeitos. Mui a proposito reservamos para aqui dizer do chlorureto de cálcio no tratamento das nephrites, por ser assumpto, sobre a hora, assaz debatido nos círculos scientificos segundo que attestam os recentes trabalhos de George Vitry. Os bons effeitos dos saes de cálcio nas nephrites foram assignalados desde 1850 por Stromeyer que prcconisava o phosphato de cálcio nas hematúrias. Kuchenmeister empregando em 1868 agua de cálcio na nephrite scarlatinosa notou augmento da diurese c diminuição da albuminúria e reabsorpção dos edemas. O chlorureto de cálcio foi somente empre- gado em 1905. 48 Wright e Ross empregaram-rdo no tratamento de albuminúrias funccionaes. Em 1907, Iscovesco demonstrou que a albumi- núria diminuia consideravelmente em casos de nephrite intersticial, com a sua applicação. Desde então o chlorureto de cálcio foi empregado em innumeros casos por Netter, Renon, Porges, Pribam, Fuminia, Moncany, etc. Os resultados publicados variaram. As observações de Teissier, Cade, Roubier, Bonnamour, Imbert e Jourdan levantaram em 1910 a questão da acção exercida do chlorureto de cálcio nas nephrites e recomeçaram o estudo da sua acção principalmente sobre a diurese. Esta propriedade diurética dos saes de cálcio tinha sido já evidenciada por diversos auctores. Lanny e Mayer, em 1906, já tinham experimentado em cães. George Vitry, em observações rigorosís- simas que abaixo daremos, comprovou o augmento da quantidade de urina, diminuição do peso do doente pela desapparição dos edemas eliminados pelos rins. Observação I — F... 30 annos de idade, tuberculoso pulmo- nar com degenerescenc.ia amyloide presumível, ligeiro edema dos membros inferiores, albuminúria elevada 12 a 14 grammas. Datas Medicação llrinas Peso 8 Setembro « 1,650 grs. — 9 « « 2,000 « — 10 « « o 8 — 11 « 1 gr. Ca Cl2 2,000 « — 49 Datas Medicação Urinas Peso 12 Setembro 1 gr. CaCl2 1,800 grs. — 13 « 1 gr. « 2,500 « — 14 « 1 gr. « 3,500 a 54,kl00 15 « 1 gr. « 3,200 « 54, 16 « 1 gr. « 3,000 « 53, 17 « 1 gr. « 3,000 « 53, 18 « 1 gr. « 2,550 « 52,500 19 « 1 gr. « 2,500 « 53, 20 « « 2,050 <<■ 52,500 21 « « 1,750 « 52,500 99 « « 1,400 « 53,300 23 « (C 2,200 53,300 24 « « 1,550 (( 53,900 25 « « 1,550 v 53,700 26 « « 1,550 « 54,400 27 « « 1,550 « 54,700 28 (C 1 gr. 2,250 C( 54, 29 (í 1 gr. 2,550 « 53,400 30 « 1 gr. 2,550 « 53,200 Observação II — F. .. 27 annos, nephrite chronica sem causa conhecida, edema accentuado dos membros inferiores, hypertensão arterial, ruido de golpe, albuminúria media 50 centigrammos á 4 grammas por dia. Datas Medicação Urinas Peso 13 Setembro « 1,100 grs. 76,k800 14 « « 1,200 « 76, 15 « (C 1,000 « 77,600 16 « « 1,500 « 76,400 17 « 1 gr. Ca Cl2 3,500 « 77, 18 « 1 gr. 5,500 « 74, 19 « 1 gr. 5,100 « 72,600 20 « 1 gr. 3,100 « 69,600 21 « 1 gr. ' 4,050 « 69,200 22 « 1 gr. 2,750 « 67,600 50 Datas Medicação Urinas Teso 23 Setembro 1 gr. Ca Cl2 2,550 grs. 67,400 24 « 1 gr. 2,500 « 67/200 25 « 1 gr. 2,250 « 66,800 26 « 1 gr. 2,250 « 66,600 27 « « 1,600 « 67, 28 « « 2,200 « 67,600 29 « 1,750 « 66,600 30 « 2,200 « 67, Observação III—F... 39 annos, tuberculose pulmonar em estado de infiltração, ausência de edemas dos membros inferiores, cylindros granulosos na urina, albumina na propor ção de 2 á 3 grammas por dia. Datas Medicação Trinas 1’eso 21 Setembro « 1,600 grs. 78,k400 c,2 « 1 gr.CaCl2 1,600 « 78,400 23 (( 1 gr. 1,700 « 78,300 24 a 1 gr. 1,900 « 77,300 25 « 1 gr. 1,900 « 77,300 26 a 1,000 « 77,900 27 « « p o o 78,100 Observação IV —F. . . 31 annos, tuberculose pulmonar eavitaria, degenerescencia amyloide provável, ausência de edemas, albuminúria media de 6 á 8 grammas por dia. Datas Medicação Urinas Chloruretos nr inarios 17 Fevereiro 0,gr.50 Ca Cl3 850 gr. 3 gr. 97 18 « 0,gr.50 1,300 « 8 « 84 19 « 0,gr.50 2,000 « 13 « 33 20 « 0,gr.50 1,900 « 13 « 11 21 « 1,250 « 7 « 67 22 « 1,120 a 4 « 76 23 « 800 <( 4 « 76 24 « 960 « 5 « 85 51 Datas Medicação Urinas Cliloruretos urinários 26 Fevereiro 1,320 grs. 7 « 65 27 « 0,gr.50CaCl2 1,600 rN í (C 48 1 Março 0,gr.50 3,600 10 « 30 2 « 0,gr,50 1,550 8 « 97 3 • « « 1,250 6 « 75 5 « 1,625 6 « 67 6 « 1,300 1 « 64 De onde se conclue que o chlorureto de cálcio na dose de 50 centigrammos a uma grarnma augmenta a diurese sem auxilio de nenhum outro medica- mento e sem modificação do regime; acção esta que se não indaexplicou. Lanney e Maver demonstraram que animaes sob a influencia de pequenas doses deste sal augmentam de secreção urinaria no que também accordaram Borman, Imbert e Jourdan. PROPOSIÇÕES PROPOSIÇÕES HISTORIA NATURAL i O schyzotripanum Cruzi é o agente responsável da moléstia de Cruz e Chagas. ii A sua existência na circulação peripherica, só se evidencia nos casos agudos. m * A sua transmissão ao homem se faz por um hematophago da familia redumdce, do genero eonor- rhinuSj especie megistus. CHIMICA MEDICA I A albumina é um dos cinco grupos principaes em que se collocam as matérias albuminoides naturaes. 56 ii São consideradas verdadeiras, a serina e a sero- globulina. m A sua presença na urina significa o desequilíbrio funccional de um orgão. HISTOLOGIA i A capsula fibrosa do rim é essencialmente consti- tuída por feixe de tecido conjunctivo. ii O tecido proprio do rim compõe-se de innumeros elementos tubulosos que se denominam tubos urini- feros. ui O agrupamento desses tubos entre si formam lobulos que em se reunindo denominam-se lobos. * PHYSIOLOGIA i A hypertensão é um phenomeno de reacção organica. ii A tensão arterial augmenta com a impulsão car- diaea. 57 m Ha tres typos clinicos de hypertensões: arterial pulmonar e portal. ANATOMIA E PHYSIOLOGIA PATHOLOGICAS i Dá-se o nome de atheroma a um tumor oblongo, elástico, amarellado e que affecta especialmente o couro cabelludo. ii Actualmente tem-se por esta denominação a lesão de arterite chronica com foco de amollecimento. m O destaque de uma particula do foco atheroma- toso, seguindo o curso do sangue constitue a embolia. ANATOMIA MEDICO-CIRURGICA I As inflammações da fossa iliaca mostram-se de preferencia em duas sédes; o tecido cellular sub- peritoneal e a bainha dos musculos psoas e iliaco. No primeiro caso teremos o ílegmão da fossa iliaca, psoite no segundo. ii A pathogenia, symptomas, marcha e prognostico, djvergem inteiramente nestas afíecções. 58 m A psoite termina frequentemente pela suppuração. MATÉRIA MEDICA, PIIARMACOLOGIA, E ARTE DE FORMULAR 1 O gui é um hypotensor por excellencia. ii A sua formula mais usada e de grandes eífeitos, é a guipsina na dose de 6 a 8 pilulas diarias. m O nucleinato de sodio provoca hyperleuco-cytose. A sua applicação é vasta na thorapeutica mental. BACTERIOLOGIA i O bacillo tuberculoso não ama a associação. n 6. / A infecção tuberculosa é seguida de lymplrocytose. m A adolescência é a phase da vida mais sujeita a tuberculose. ANATOMIA DESCRIPTIVA i O rim ó constituído, por um involucro fibroso, por um tecido, proprio, e tecido conjunctivo inters- ticial. 59 ii Acha-se mantido em posição; pelos vasos, pelo peritoneo parietal, que cobrindo grande parte da sua face anterior o mantém applicado contra a parede abdominal. m A sua forma alongada de cima para baixo, acha- tada de diante para traz, convexa para fóra, chanfrada para dentro clá-lhe a conformação de um grão de feijão. OPERAÇOES E APPARELHOS i A nephrectomia parcial se impõe n*os casos de lesão de um dos polos renaes. ii A nephrectomia total se applica nos casos de completa desintegração de um dos rins; tuberculose renal, cancro, etc. m Neste caso a operação visa a compensação pelo rim conservado. PATHOLOGIA CIRÚRGICA I Dá-se o nome cie varizes, a inflammação clironica das veias com dilataçao permanente e continua. 60 ii Chamam-se osteomyelites, ou osteoperiostites infecciosas, alterações de natureza inílammatoria da medula dos ossos. iii Toda moléstia infecciosa pode em dadas circum- stancias occasionar osteomyelites. CLINICA PROPEDÊUTICA i A albumino-reacção é um dos processos de diagnostico da tuberculose pulmonar. * II A sua confirmação se accentua dia a dia no dominio da clinica. iii Firma-se este processo na coagulação da albu- mina dos escarros. CLINICA PEDIÁTRICA i % A scarlatina é moléstia frequente nas creanças. ii O seu contagio é manifesto em todas as phases da affecção. 61 m Apresenta como variedades clinicas uma forma frusta e uma maligna. CLINICA CIRÚRGICA i A appendicite é uma affccção cirúrgica. ii O seu tratamento é a appendisectomia. m Os periodos de accalmia evidenciados nas appen- dicites, induzem muitas vezes a enganos funestos. CLINICA OBSTÉTRICA E GYNECOLOGICA I A éclampsia é um accidente puerperal. ii É consequência frequente de uremia. ui O seu apparecimento é commum nos últimos mezes da prenhez, durante ou pouco depois do trabalho. 62 GYNECOLOGICA i A vaginite é uma reacção inflammatoria da vagina. ii Os agentes delia causadores são frequentemente, mecânicos ou infccciosos. m A blenorrhagia é a sua causa primordial. CLINICA OPIITALMOLOGICA i A conjunctivite phlyctenular é muitas vezes de origem diathesica. ii A conjunctivite simples é uma manifestação frequente. m O exame campimetrico nos informa da extensão do campo visual. PATHOLOGIA MEDICA i A diathese gottosa pode ser adquirida ou here- ditária. 63 ii O heredo-gottoso pode apresentar todas as mani- festações da diatliese herdada, menos a gotta. m A gotta ó mais frequente no homem que na mulher, 11a classe abastada que na remediada. THERAPEUTICA i A digitalis augmenta a excitalidade e contractili- dade do coração. ii Para que a digitalis actue de modo desejável, duas condições se impõem : repouso no leito e redu- cção de líquidos ingeridos. m A forma mais applicada em clinica, é a digitalina crystalisada Nativelle. CLINICA PSYCHIATRICA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS I A hysteria é uma nevrose. ii É compatível com ambos os sexos c todas as idades. 64 m Maniíesta-se por duas formas: convulsiva e não convulsiva. HYGIENE i A hygiene é o elixir de longa vida. ii Hygiene e moral são os meios de saneamento social. m A civilisação de um povo decorre do seu gráu de hygiene. CLINICA SYPHILIGRAPHICA E DERMA- TOLÓGICA i As gomas são manifestações terciárias da syphilis. ii As manifestações secundarias podem falhar. m O desvio do septo-nasal é um signal de heredo- syphilis. 65 MEDICINA LEGAL E TOXICOLOGICA i A morte por submersão tem como causa frequente a asphyxia. ii Na asphyxia ha parada da respiração. ' m Na syncope a parada da circulação se evidencia. CLINICA CIRÚRGICA (1.- Cadeira) i A osteo-arthrite tuberculosa é frequente nas creanças. ii A sua abertura é contra-indicada. m O seu tratamento resume-se na contensão pelos apparelhos de gesso, de preferencia. CLINICA MEDICA (1.* Cadeira) I A dyspnéa na pleuresia é symptoma de compli- cação. 66 ii As pleurizias a frigore são frequentemente de natureza tuberculosa. m O frio ó agente occasional. CLINICA MEDICA (2.« Cadeira) I A liypertensão é constante nas uremias. ii A chlorouremia é peculiar ás nephrites hydro- pigenas. m A alimentação azotada c contra-indicada nesses casos. Visto. Secretaria da Faculdade de Medicina da Bahia, 31 de Outubro de 1911. O Secretario Dr. Menandro dos Reis Meirelles.