FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA IHliB APRESENTADA Á FACULDADE DK AEKDICIM IIA BAHIA Em 25 de Outubro de 1906 PARA SER DEFENDIDA POR £utz frança Courctro PHARMACBUTICO DIPLOMADO PELA MESMA FACULDADE, EX-INTERNO GERAL DO INSTITUTO DE PROTECÇÃO E ASSISTÊNCIA A’ INFANCIA DA BAHIA Natural do Estado de Pernambuco AFIU DE OBTEB. O G-BAO DB laitor m SGlraelais Medico-Çírurgícas DISSERTAÇÃO CADEIRA DE CLINICA PEDIÁTRICA CULTURA PHYSICA DA INFANCIA PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciências medicas e cirúrgicas. BAHIA ' Typographia S. José Rua do Corpo Santo, 66-2. Andar 1906 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Director—Dr. ALFREDO BRITTO Vice-Director—Dr. MANOEL JOSE' DE ARAÚJO LENTES ÇATIIEDRATICOS OS DRS. MATÉRIAS QUE LECCIONAM l.a SECÇÃO Carneiro de Campos Anatomia descriptiva. Carlos Freitas " . . Anatomia medico-cirurgica. 2. a Antonio Pacifico Pereira Histologia- Augusto G. Vianna Bactereologia. Guilherme Pereira Robello .... Anatomia e Physiologia pathologicas. 3. a Manoel José de Araújo Physiologia. José Eduardo F. de Carvalho Filho . Thcrapeutica. 4. Luiz Anselmo da Fonseca .... Hygiene. Josino Correia Cotias Medicina legal e Toxicologia. 5. a Braz Herinenegildo do Amaral. . . Pathologia cirúrgica Fortunato Augusto da Silva Júnior . Operações c apparclhos. Antonio Pacheco Mendes Clinica cirúrgica 1.* cadeira. Ignaeio Monteiro de Almeida Gouveia Clinica cirúrgica 2." cadeira. 6. a Aurélio B. Vianna Pathologia medica. Alfredo Britto . . Clinica Propedêutica. Anisio Circundes de Carvalho . . . Clinica Medica 1." cadeira Francisco Braulio Pereira .... Clinica Medica 2.a cadeira 7a A. Victorio de Araújo Falcão . . . Matéria medica, Pharmacologia e Arte de Formular José Rodrigues da' Costa Dorea . . Historia natural medica. José Olvmpio de Azevedo .... Chimiea Medica. 8,a Deocleciano Ramos Obstetrícia. Climerio Cardoso de Oliveira . . . Clinica obstétrica e gynccologica. 9. a Frederico de Castro Rebello . . . Clinica pediátrica. 10. a Francisco dos Santos Pereira . . . Clinica ophtalmologica. 11. a Alexandre E. de Castro Cerqueira . . Clinica dermathologica e syphiligraphica. 12. a J. Tillemon I*'ontes C.linica psychiatrica e de moléstias ner- vosas. João E. de Castro Cerqueira ....... ... . , Sebastião Cardoso . Lln disponibilidade. LENTES SUBSTITUTOS OS DOUTORES José Aflbuso de Orvalho (int.) 1.» Pedro da Luz Carrascosa e . . Gonçalo Moniz Sodré de Aragão . 2.” J. J. de Calasans . . 7.“ Pedro Luiz Celestino . li.» J. Adeodato de Souza . . . . 8.11 4.» Alfredo Ferreira de Magalhães . 9.» Antonio B. dos Anjos (iut.) . . . 5.“ Clodoaldo de Andrade .... 10. João Américo Garcez Froes . . 6." Albino Leitão (int.) 11. Dr. Luiz Pinto de Carvalho 12.D secção Socretari >—Dr. MENANDRO DOS RÉIS ME1RELLE8 Sub-Secretario Dr. MATHEUS VAZ DE OLIVEIRA A Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas nas theses pelos seus anetores. Colinra physica da infancia 8UMMARIO l.° CAPITULO: A educação physica é necessária a infancia. 2.° CAPITULO: Os meios principaes de que devemos nos utilisar para o desenvolvimento physico, ra- cional da criança. 3.° CAPITULO: Os exercidos e os jogos usados, mais ou menos, entre nós; vantagens e desvantagens e quaes os preferidos. 4.° CAPITULO: O physico da infancia influe sobre a mo- ral e o intellecto. 5.° CAPITULO: O physico exerce influencia sobre a edu- cação infantil. Conclusão. CAPITULO I Nasceu a criança e começou a viver... O seu corpinho vae crescer obedecendo as leis physicas impostas pela soberana Natureza. E, amoldando-se a sua cultura physica, hygienica ou não, progride, indo constituir um homem. O espirito aguarda para seu desenvolvimento a moral. . . E’ a travessia, a passagem delicada d’esta vida, que precisamos e pretendemos acompanhar, combinando o que ha de util e proveitoso na sua direcção racional. Ao medico, especialmente ao puericultor, cabe o dever de estudar o presente assumpto, inter- pretando os factos, de todo o dia, na sociedade, e esclarecendo os meios que podem influir no cultivo physico da infancia. A educação medica da infancia ja era presentida pelos antepassados. E’ a J. J. Rousseau que se deve conferir as honras de paternidade da hygie- nologia infantil, como realmente parece. Elle já observava a importância da hereditariedade em biologia e tinha esperança ardente em destruir 2 os germens morbiclos do corpo e do espirito por uma educação racional. «Os males que nós soffremos, diz elle, são curáveis. » E1 uma verdade incontestável, que bem pode traduzir a hygiene moderna. A importância, que os filhos têm tomado no pro- blema da felicidade conjugal, já é patente. A sociedade actual tem sentido a necessidade de solida educação das creancas e ja teve inicio a Puericultura^. A criança moderna, diz P. Lombroso, já reivin- dicou os Tlireitos da. creança romana. Desenvolvamos o physico das creanças, culti- vando-as com toda a hygiene precisa, amoldando o todo de cada uma ás leis naturaes e assim, depois da educação moral e intellectual, entreguemos á sociedade homens fortes, que terão, cofno a espe- riencia nos tem mostrado, filhos egualmente fortes. Já é trabalho em andamento, pois a predisposição do legado moral, intellectual e principalmente phy- sico de paes á filhos, é notoria, é scientiíica. Queremos tornar patente com isto que uma soci- edade, para ser composta de homens vigorosos, deve antes prevenir que combater os males e desta sorte também concorrer para uma descen- dência apta para melhor supportar a lucta pela vida. Tenhamos em lembraça os Anglo-Saxões, e ulti- 3 mamente os Japonezes, que cuidão de melhorar o iriais possível os filhos do seu paiz. Desde que veio ao mundo, a criança precisa de cultura physiea. Logo aos primeiros dias carece ella de meios que e\item de futuro consequências nocivas, embora contrariem, quasi sempre, ao luxo de- masiado, ás exigências da moda que muito prejudicam á esse pequeno ser, ou melhor, á esse animalsinho que acaba de receber os primeiros vislumbres da vida, deformando-o com o excessivo numero de vestes e amarras, produzindo-lhe o estrabismo pela grande variedade de côres dos enfeites, acostu- mando-o com o bico de borracha (chupeta) e occa- sionando-lhe vários inconvenientes cujas conse- quências são sempre perturbadoras da saúde physiea. Todos os meios que lembramos no decorrer deste nosso trabalho, colhidos já por observação própria, já aconselhados pelos mestres e diíferentes andores, influem muito na educação physiea da primeira e em seguida da segunda infancia. Não queremos dizer que o cultivo physico da primeira infancia seja idêntico ao da segunda, porem somos de opinião que esta educação phy- siea vae subindo e augmentando gradativamente; é como uma sciencia em que se começa pelo mais fácil e se vae ao mais diííicil, gradualmente, consti- tuindo, entretranto, o facil e o difficil a mesma sciencia. 4 Na primeira- infância afastemos a criança da escola, não queiramos bolir com este cerebro que, embora já trabalhe,- ainda precisa de descanço para melhor desenvolver-se. Cultivemos, principalmente», o physico de uma criança de tenra idade, para depois, melhor intro- duzirmos-lhe a educação moral e intellectual. Primeiramente criemos o animal, para depois o homem. O indivíduo nasce, trazendo os seus coeficientes individuaes proprios, o que caracterisa o seu ser, a sua personalidade e recebe a acção dos coeficientes externos, isto é, tudo o que age sobre elle, no tirocínio de sua existência. Acreditando nisto, é que apre- sentamos este pequeno trabalho, onde vemos os grupos de ambos os coeficientes poderem ser, de alguma sorte, alterados pela Puericultura, a bem da saude physica, moral e intellectual. nE' pela interferencia destes duplos coeficientes individuaes e externos, que prosegue o desen- volvimento da personalidade, diz P. Lombroso.» . A educação do filho é o reflexo da educação paternal. A irritabilidade ou a brandura de cada um, é o resultado directo ou indirecto de seus educadores. Elle faz o que se lhe ensina. Podemos comparar este joven ser a um tenro vegetal, que o jardinheiro cultiva da melhor maneira, 5 nutrindo-o e collocando-o em melhor posição, com o fim de tornal-o frondoso e dar bons fruetos. Supponhamos também o inverso, isto é, que por descuido a planta tomou direcção má, permaneceu rachitica, por escassa alimentação do solo, respirou não fartamente, a luz lhe era insuíTiciente para o desempenho de funcções e finalmente viveu, porem viveu estiolada, prestes a perecer, com* existência doentia, que lhe impediu o robusto crescimento dos vegetaes que têm todos os meios em favor do seu desenvolvimento. Agora traslademos o que acima dissemos, para nossa imaginação e, d’ahi raciocinando e fazendo applicação á educação das crianças, havemos de concluir forçosamente, que é necessário o cultivo d’ellas, desde que vêm ao mundo. Elias viverão e crescerão sem cultivo algum a mercê da ignorância e das leis naturaes, porem, rachiticas e doentias geralmente, indo constituir para o futuro uma geração de homems fracos, que não poderão bem servir a patria. Devido a lucta pela vida, os homens, desde que nascem, começão a sentir os eífeitos d’esta lucta e, talvez sem cultivo physico, venhão a ser os pastos bacillo de Koch, os vastos campos das grandes moléstias. Trabalhemos com afinco, para diffundir, na sociedade, os conselhos uteis da educação physica da infância. 6 E se isto fizermos, teremos preparado a futura sociedade, teremos legado cá nossa própria familia, descendentes vigorosos que melhor perpetuarão a especie. O grande philosopho inglez, que se chamou Herbert Spencer, criticou, com justiça, quando tratou da educação physica em sua obra intitulada «Educação,» o descuido da cultura physica do homem. Notava elle, o que ainda hoje observamos em muitos paizes, o estudo, o preparo que se manifesta em jornaes, em livros e commummente em palestras, da criação cada vez mais aperfeiçoada de diíferentes especies de animaes, os meios e maneiras de tor- nal-os mais vigorosos e mais gordos, tudo, emfim que diz respeito ao desenvolvimento physico destes seres, não cogitando os proprios paes de tratar o rachitismo de um filho, e muito menos de pro- curar saber a hygiene precisa para evitar-lhes as moléstias. Tristes de nós e das gerações futuras, se este con- ceito já não fosse começando a ser banido com o con- tinuar dos tempos e já não viesse surgindo, devido ao altruísmo dos homens e ao progresso scientifieo, a praticados preceitos hygienicos, inherentes ao cultivo physico d’estes jovens seres da especie humana. Guiemos-nos pelo que diz Herbert- Spencer, pois é eseripto com todo o fundamento. «/?’ pois de maior importância que a educação 7 <( das crianças seja feita de tal ordem que não só as « habilite intellectualmente para a lucta, mas tcimbem apara poderem physicamente supporlar todas as fci- « digas e trabalhos. » Criemos as crianças não somente dando-lhes uma moral pura e uma intelligencia pelo menos regular, mas também com um physico que demonstre força vital. Pergunta a amavel escriptora portugueza Maria A. Vaz de Carvalho: iiOnde ha maior mysterio do que na criança?» Ella mesmo, em seu livro expõe: a Em cada um « d'aquellespequeninos cerebros encerra-se em germen atado que é no homem pequenez ou grandeza, genio aou mediocridade, força ou impotência, virtude, aabnegação, esquecimento de si ou egoismo, vicio a e crime. » São considerações essas que exprimem bem a necessidade do cultivo phisico, moral e intellectual das crianças. Trasladamos, ainda, para o nosso pequeno tra- balho, o que disse o notável Herbert Spencer, auginentando poderosamente as provas que apre- sentamos para aílirmar o exposto neste capitulo. « 0 estudo que comprehende todos os outros es- atudos e que deve, portanto, constituir o ponto a culminante da instrucção, é a theoria e pratica a da educação da infanda.» 8 Só este pensamento ou melhor chamaremos esta maxima exprime uma verdade, cujo valor é incontestável. Bem longe de nós, nas estereis regiões do esquecimento, já dormem as abomináveis ideas do tratamento escrupuloso da alma, abandonando-se o corpo, involtorio ephemero, matéria contaminada de vieios e defeitos a mercê da natureza. Hoje a Sociedade, a Sciencia e a Religião dão ao corpo o valor que lhe compete, a hygiene necessária, a educação aprimorada. A vida é um elo invisível que prende o espirito ao corpo. E, sendo assim, como querião os nossos mais re- motos antepassados prender o nobre espirito ao mal- tratado corpo ? Mas, esse conceito erroneo morreu com o decorrer dos tempos, pois a natureza oíferece os meios para o desenvolvimento do corpo e este para o engran- decimento do espirito. A condição essencial é ser um bom animal. O cerebro humano, gerador das grandes obras, descortinador dos grandes ideaes, trabalhará muito mais em um homem são, que em um cujo physico já venha estragado desde a idade juvenil. A educação physica não tem em mira, fazer athletas, nem conquistadores de prémios, por excesso de força, mas sim, homens fortes, sadios, que possâo 9 trabalhar, movimentar-se a vontade, sem detrimento de sua sande, sem abalo da força vital. O homem para ser forte não precisa, desde criança, cultivar ou desenvolver excessiva mus- culatura, força alem da commum, altura fóra da mediana; precisa apenas quanto baste para, segundo os rigorosos preceitos da hygiene, resistir e reagir na lucta pela vida, alargando e aprofundando cada vez mais os seus conhecimentos, sem, todavia, prejudicar a saude. A.ssim é que muitas vezes o eerebro bem orga- nizado de um indivíduo não pode entregar-se a serias locubraçôes e diffundir suas luzes, porque não lh’o permitte uma organisação physica, cuja saude será consequente e immediatamente comprometida. A educação physica, comovemos, não tem só por fim constituir o animal racional em bôas condições para viver com o vigor e resistência dos irracionaes; não, tem também em mira facilitar o desenvolvimento da moral e o desabrochar da intelligencia. A higyene é tão ♦ necessária como a gymnastica e ambas são partes importantes da educação physica. «Todas duas diz G. Compayré, concorrem a «estabelecer, no corpo, a saude e a força ; porem «a hygiene é sobre tudo a fonte da saude assim «como a gymnastica a fonte da força.» Em muitos paizes, instituições ja foram creadas para protecção ás criancinhas desgraçadas que não 10 têm o pão para nutrir seu corpinho, nem tão pouco os meios para desenvolver seu physico. jSão uns miseráveis, desherdados da sorte, que vivem em um ambiente nocivo, conhecendo a fome e supportando as enfermidades que lhe corroem o corpo. Homenagens de elevado apreço e eterna gratidão deve a sociedade de um paiz a homens que, certamente, animados e encorajados por uma força divina, le- vantão instituições, caridosas com o nobre fito de soccorrerem a estes pobres entesinhos, que em grande numero vivem nús ou esfarrapados, soffrendo, assim as impressões do tempo, sem recursos para a minima reacção, sem forças para a mais tenue resistência. E, assim fallecetn ou continuam a viver, consti- tuindo de futuro, homens imprestáveis á familia, á sociedade e ao seu paiz. No nosso Brasil estas instituições já começaram à apparecer e progredir e, provavelmente, farão ger- minar outras com o volver dos tempos. Somos enthusiastas desta causa, e, sendo assim, transcrevemos de uma conferencia do Dr. Octaviano M. Barretto, as seguintes linhas: « elevemos «prestar um culto áquillo que, para os indivíduos « como para os povos, é a verdadeira fonte de bem estar—a força— . . . . » Cultivemos as crianças tornando-as fortes para serem homens sadios. 11 A criação physica é tão necessária ao corpo, como o cultivo intellectual ao espirito. Pela exposição de nossas ideias, em nosso pri- meiro capitulo, temos respondido affirmativamente e provado, no decorrer do mesmo, o quesito por nós formulado. CAPITULO II Uma vez estabelecidas e firmadas as ideias e conceitos que constituem o assumpto do primeiro capitulo, cabe-nos expor os principaes meios, que a Natureza nos fornece e os de que o homem se pode utilisar para a educação physica da criança. Succintamente podiamos dizer que, para evitar as moléstias e desenvolver o organismo infantil, tornando-o forte com o decorrer dos annos, é bas- tante que lembremos áquelles que cuidão interes- sadamente das crianças as seguintes condições hy- gienieas: pouca alimentação, com abundancia de princípios nutritivos; puro ar que leve ao sangue o indispensável á vida; sadia habitação e bem situada; e, finalmente, exercidos e jogos apropriados e uteis. Eis, o que acreditamos ser indispensável e seguro á vida animal de um ser que tende a desenvolver-se. O alimento está para o corpo assim como a moral está para o espirito. 14 A cultura da intelligencia presta esclarecimentos sobre a necessidade de ambos. Não queremos nem pretendemos estudar a ali- mentação das crianças nos periodos da primeira e segunda inlancia, mas tão somente oceuparmo-nos do que é absolutamente indispensável ao assumpto que faz objecto desse nosso pequeno trabalho. Reconhecemos quanto tem de nti 1 o saber ali- mentar estes pequenos • seres em tenra idade, pois é da alimentação, em grande parte, que depende a sua perfeita saude, o seu desenvolvimento phy- sico e o evitar-se grande numero de enfermidades que abatem o seu organismo, modificão o seu tem- peramento e prejudicão o seu crescimento. Na mortalidade das crianças, pode-se aííirmar, é factor responsável a alimentação não apropriada á idade e as más condições em que vivião. No primeiro anno da existência, o leite deve ser aconselhado, como o unico e proveitoso alimento dos animaes mammiferos. Tomemos os exemplos fornecidos pela própria Natureza nos animaes irracionaes, os quaes nos primeiros tempos de sua existência só ao leite materno é que recorrem para supprir as necessi- dades de sua nutrição. E’ o instincto animal que os guia e os ensina. E o homem que é um animal mammifero, mas •ra- cional, porque quasi sempre ha de abandonar o 15 leite materno para nutrir-se de leites artificiaes, e, quando muito, de irracionaes, cujo excremento lactiíero se approxima ao da mulher, ou então, como succede nas classes abastadas, para alimentar-se com leite humano, porem, de pessoas extranhas, como as amas?! «Le Lait et le cseur d’une maman ne se remplacent «jamais, diz o Dr. A. Pinarei.» A mãe deve amamentar o filho, quer por uti- lidade própria, quer em proveito do mesmo filho. Na vida da mulher, a gravidez, o parto e o alei- tamento, são elos de uma mesma cadeia. Em casos excepcionaes o medico parteiro tem o direito ou antes o dever de não consentir que a mulher amamente o producto de seu amor, e, então, recorre-se a um outro meio de alimento, obser- vando-se os salutares preceitos da sciencia. O que, em geral, se faz, quer a mulher possa ou não alimentar o filho, é entregar-se este a uma ama, cujo physico não a recommenda, cuja moral é talvez detestável. Entretanto, é a ignorância que occasiona esse acto cujas consequências se manifestão de futuro no rachitismo, nas gastro-enterites, nas entero-collites e, para não citar muitas outras aífecções mórbidas, na pobresa organica e na miséria physiologica, que formão um grande quadro nosologico, que com- 16 mumente resulta da má ou não apropriada ali- mentação. O que vimos de expor é conhecido e tem sido tratado em diíFerentes livros sobre crianças. E, alem de ser uma verdade, temos tido occasião de ver .confirmado o nosso juizo em innumeros casos, no «Dispensário Infantil da Bahia», donde temos a subida honra ,de ser interno. Dos interrogatórios, a que procediamos, colhíamos sempre informações que não nos causavão extranheza pelo estado em que muitas vezes as crianças erão apresentadas á consulta diaria. Predominavão sempre pela frequência, a gastro enterite, o / achitismo e a pobreza organica. Nutra-se a criança com leite materno, pelo menos um anno, e ter-se-á um eífeito salutar e promissor de futuras vantagens. Existem, é verdade, na clinica do medico par- teiro, casos em que a mãe, por este ou aquelle motivo, não pode ou não deve amamentar seu filho; mas, nestes casos, deve recorrer a uma mulher extranha, tendo sempre o máximo cuidado de mandal-a antes á presença de um pediatra que, a examinando detida e escrupulosamente, sob todos os pontos de vista necessários, possa attestar se se acha ella em condições de encarregar-se ou não da amamentação da criança. 17 Só assim, depois de um exame discreto, é que se pode ter confiança em uma ama de leite. Intolerável e mesmo condemnavel é o que geral- mente fazem na baixa e ignorante esphera social: A criança alimenta-se, nas primeiras semanas, de leite materno, (ruim pelas más condições em que se acha a mulher), ou sinão de leite de vacca, quasi sempre máo e falsificado; depois passa a alimentar-se de papas, mingáos, carne, feijões e tudo mais que aprouver á mãe dar-lhe para nutrição. Quando já tem um anno come de tudo e é isso para os seus progenitores motivo de grande satisfação. Essa pratica, em abono da verdade, é devida, em geral á ignorância conjunctamente com a falta de recursos, o que em todo o caso não a absolve da mais severa condemnação ante as prescripções da sciencia. Tudo quanto acima fica dito temos também verificado no Dispensário Infantil. Cumpre-nos agora observar que o leite dado no primeiro anno a uma criança deve ir sendo gradati- vamente augmentado fazendo-a também assim entrar no regimen das papas de phosphatina, araruta, sagú, aveia e outras farinhas aconselhadas pelos compe- tentes até attingir ella a epocha de completa des- ma mação. 18 As gemmas de ovos, algum lempo depois, nos parecem ser de eíFeito salutar. Alguns auctores já admittem outro alimento, alem do leite, no sexto ou sétimo mez depois da apparição do primeiro dente. Com o correr do tempo, a criança vae cada vez mais nutrindo-se até que alimentos plásticos, azo- tados e gordurosos sejam necessários e dados com cautela e sobriedade. Tenhamos muito em mente, que nós não apro- veitamos do (pie comemos mas sim do que assimilamos. Sempre consultar ao medico da familia sobre a alimentação da criança, é util e previdente. Temos nos occupado assim deste ponto do segundo capitulo, tocando ligeiramente, segundo pretendia- mos, na alimentação das crianças como elemento indispensável ao seu physico. Antes, porem, de terminarmos, levantemos a ideia de ser pela respectiva Hygiene incumbida á um medico pediatra, em cada Estado, a fiscalisação dos collegios de ambos os sexos, afim de obstar-se que, salvo honrosas exeepções, alimentem as creanças insuflieienteniente ou com ruins refeições, ou que as privem de alimentação, e por fim condemnar tudo quanto concorrer possa para estragar, muitas vezes para sempre, o organismo destas pobres criaturas que vão ser os homens do futuro. 19 Entremos em outro ponto importante, isto é, tratemos do ar, desse elemento essencial á exis- tência e que nutre tanto como os alimentos e sem o qual a vida é substituida pela morte. Apenas em traços largos e precisos nos oceu- pemos do ar e de sua influencia poderosa no desen- volvimento physico de uma criança. «0 ar é sempre bom, quando está puro», diz o Dr. Pinard em seu livrinho intitulado « La Puéri- culture du Premier Age». Realmente o ar impuro, carregado de poeiras, de gaz carbono, de humidade, etc., é nocivo à saude humana, e, portanto, a das crianças e parti- cularmente a do bebé. Este ser recem-chegado ao mundo deve estar em logar arejado, isto é, nem muito abalado e quente como geralmente succede, nem também frio, pois lhe são nocivos ambos estes estados da temperatura. O que devemos fazer é tel-o convenientemente agasalhado, evitando-se-lhe qualquer golpe de ar e proporcionandorse-lhe sufficiente eubagem do mesmo ar para o franco trabalho da hematose nelle tão frequente. Depois de uma semana, em nosso clima quente, a criança bem agasalhada póde pouco a pouco ir acostumando-se com o ar franco. 20 Toda criança não deve dormir debaixo de plena ventilação; mas, sim, em logar simplesmente arejado. A’ medida que fôr crescendo, os passeios pelos campos, pelos jardins, nas cidades, lhe são de uti- lidade incontestável. Em a nossa sociedade mesmo, notamos que, em geral, as crianças entregues a esses exercícios verdadeiramente hygienicos são sadias e íortes, em- quanto outras, que se achão quasi que enclausuradas e em logares onde o-ar penetra diflicilmente, vivem definhadas e com o organismo predisposto a diversas enfermidades. Quando aos 6 ou 7 annos de edade, inandam-n’as para um externato e muitas vezes para um internato, onde, como suceede em certos collegios ou institutos de ensino primário e secundário, o ar (pie respirão é deficiente e viciado não só nos dormitorios como também em outros compartimentos dos edifícios, o que necessariamente concorre com muitas outras causas anti-hygienicas, pelo menos, para um estado verdadeiramente anémico constituindo assim a ane- mia dos eollegiaes. Felizmente já em alguns Estados da Republica vão se ereando estabelecimentos escolares que de alguma sorte obedecem aos preceitos hygienicos e onde se inicia com proveito a cultura physica tão indispensável a infancia. Em regra só se tem cuidado maisou menos da ins- 21 trucção, considerando-se, por certo, como cousa se- cundaria a educação physica, o que é o mais revol- tante attentado á hygiene moderna. Portanto o ar puro é necessário ao desenvol- vimento physico das creanças e principalmente das que vivem sol)recarregadas de estudos segundo os programmas officiaes. As ferias devem ser aproveitadas nos campos, onde os collegiaes possão ter franca liberdade de movimentos e respirar o ar oxygenado e vivificadqr das vitaes. Os paes nãó devem perder tempo: dadas as ferias cumpre fazer as crianças respirar o ar dos campos, das montanhas ou mesmo do mar, pois é o elixir, o tonico e o depurativo das crianças, no conceito do Dr Leon Leriche. Já têm sido creadas, em Paris, colonias sani- tarias de ferias, ás quaes, muitos paes devem a vida e a saude de seus filhos. Alguns pequenos que têm uma tara organica condicional, os escrofulosos por exemplo, precisão, alem de um ar maritimo, do uso de banhos de mar e, em uma palavra, da Thlassotherapia, que cer- tamente muito aproveitarão. Demonstrado pelo que fica dito, que o ar puro influe immensamente na cultura physica da infancia, temos concluido esse assumpto aliás de interesse geral. 22 Que relação tem o lar paterno com o desen- volvimento de um corpinho infantil? Que ligação existe entre a vida de uma criança com o logar onde amanhece, respira, alimenta-se, brinca e dorme? Essa relação e essa ligação são de tal ordem estreitas e intimas que merecem bem formar um ponto capital. Vejamos, somente, o que ha de mais importante, fazendo apenas as considerações que nos parecem mais precisas. Toda morada deve obedecer aos preceitos hy- gienicos que a tornem sadia e bem situada. O sol e o ar devem banhar todos os aposentos, tornando-os puros e isentos de micro-organismos, nocivos a qualquer pessoa. Assim uma casa, para ser bòa, convém que seja situada em uma rua larga, em uma praça arborisada, ou em um ponto tal, que o sol francamente nella penetre, que o ar puro, o ar vivificador, a banhe constantemente, vindo do campo ou sinão do mar. Asseiemos sempre os moveis para impedirmos o accumulo de poeiras atmosphericas, tão preju- diciaes á saude. O quarto que dorme uma criança deve ser bem arejado, espaçoso, principalmente na primeira in- 23 fancia quando com ella dormem outras pessoas, fazendo-lhe companhia. Alem disso, deve ser bem confoatavel, sendo preferível a simplicidade, o asseio, a modéstia, ao luxo, e á ostentação, com prejuiso da saúde. A humidade e os gazes deleterios, que possão apparecer, devem ser evitados em bem geral da familia. As criancinhas na primeira infancia, quando ainda mal ensaião os seus primeiros passos, precisão saliir de casa, todos os dias, pela manhan, ou a tarde, ainda com o sol no horisonte, para respirarem o ar puro e brincarem ainda sob a acção dos raios de luz, em logar hygienico, como uma roça, um jardim arborisado, etc. Quantas crianças definhão, estiolão-se e muitas vezes morrem, por não poderem resistir ao abalo que seus organismos soífrem na epocha da dentição ? As que são submettidas ás regras e preceitos, a que vimos de referir, atravessão essa epocha sem sérios incommodose padecimentos, sem funestas consequências, o que constitue mais uma prova inconcussa da utilidade jdo cultivo physico da infancia. E tanto isso se applica ás crianças pobres e infor- tunadas, como as que são bafejadas pela sorte. O pobre, por ser pobre, não está isempto do dever imperioso de cercar-se e a sua modesta 24 choupana de todo o asseio e mais precauções recom- mendadas pela hygiene domiciliaria, assim como o rico em seu palacio confortável não deve sacrificar os conselhos e encinamentos dessa mesma hygiene á vaidade, á moda, ao luxo e á ostentação. E ambos, uma vez normalisada a existência pelas leis da hygiene, poderão gosar o prazer de ver estes pequenos seres, verdadeiros anjos do lar da familia, viverem e crescerem em uma atmosphera de saúde, vigor e felicidade. O Terminemos nos oecupando dos exercidos e jogos, tão indispensáveis ao desenvolvimento muscular, a força e finalmente ao organismo de uma criança. São elles muito usados nos collegios de vários paizes, como na Inglaterra, Suissa, Allemanha, França, Suécia, Estados Unidos e outros mais. Entre nós a cultura physica, por meio de jogos e exercícios musculares, não tem ainda merecido, como é de necessidade indeclinável, a attencção e solicitude de nossos educadores, nem de nossos governos, e só em muito poucos estabelecimentos de alguns Estados já vae ella sendo introduzida pelos respectivos Directores, que se compenetrão das grandes e incontestáveis vantagens que para seus aliíinnos podem resultar da cultura e desen. 25 volvimento physicos que muito efficazmente influem na saúde do corpo e do espirito. Não é o excesso de força que promove a saúde perfeita. O ideial não é ser-se athleta, como já dissemos, mas, ter-se a força precisa, afim de, com prudência, serem supportadas as vicissitudes da lucta pela vida. A força demasiada não é a causa determinante da conservação da saúde, mas, sim o saber-se adquerir e conservar o suííieiente ao organismo para o desempenho dos actos da vida. Não confundamos as crianças gordas com as fortes, pois o que a Puericultura tem em mira é o desen- volvimento hygienico e physiologico das partes do organismo que possão melhor sustentar a resis- tência vital. a São os pulmões, os musculos e os ossos, diz P. «Muller, que devemos desenvolver em nossos filhos, «moças ou rapazes, e não as bochechas, a cabeça e li a gordura o) Pela sua importância e até para obedecermos a uma melhor ordem de ideias, achamos conveniente formar um capitulo especial que trate, apenas, dos exercicios e jogos, das vantagens e desvantagens por elles produzidas. CAPITULO III Os exercícios e jogos servem para o desen- volvimento physico da criança, despertando-lhe o vigor orgânico, fonte de vida, sustentáculo de saúde. Qualquer que seja o meio posto em pratica para o seu desenvolvimento physico, não se deve pres- cindir de plena ventilação que lhe dilate os pulmões, com o penetrar, n’elles, do ar puro, do ar hygienica- mente viviíicador. Os jogos e sports são preferidos ás gymnasticas, principalmente nos collegios da Inglaterra, porque são feitos em campos apropriados, em pleno ar que é naturalmente renovado, trazendo com isso toda a utilidade necessária. As condições de meio, o clima do paiz, a tempe- ratura da estação, tudo influe, cèrtamente, no orga- nismo da criança. O exagero na execucção dos jogos e sports é um grave erro, pelo perigo que d’elle resulta ordi- nariamente e que não é conhecido pelos que o praticão. «O exercido, diz G. Demeny é indispensável a «saúde, com a condição de ser moderado e bem 28 « dosado; o exercido violento pôde apresentar perigos «sérios.» O fnn physiologico dos exercícios e jogos, enca- rando-se sob este ponto de vista, é fazer penetrar em momento dado pela ampliação thoracica a maior porção de ar que, pela continuação, augmentará a capacidade pulmonar e levará em mais abundancia ao sangue que se acha com maior pressão, o indis- pensável á vida, ativando as combostões cytologicas, nos pontos mais recônditos do organismo. De sorte que é mistér que se faça levar aos pulmões, para o phenomeno biologico da hematose, ar vivificador pela sua mistura e não o de uma atmosphera viciada, pois os exercícios e jogos, neste caso, serião nocivos á saúde, não trazendo van- tagens e sim prejuízos ao organismo. E, sendo assim, em regra geral, não são condemnaveis, pen- samos nós, os exercícios ou os jogos que sejão feitos com moderação e em pleno ar, trazendo, portanto, lucro ao organismo. Em casos semelhantes, as despezas gastas pelo organismo são eorbertas pelos lucros que elle deve adquirir. Paizes ha que cultivão mais os exercícios e as gymnasticas, como a Suécia e a Allemanha; outros, porem, aprecião mais os jogos-sports, como a Ingla- terra. Resumamos aqui o que ha de mais importante 29 sobre exercícios e jogos, pois diíferentes 'são os auctores que os descrevem minuciosamente. Comecemos apresentando exclusivamente, as se- guintes deffinições dadas por J. P. Muller, sobre athletico, sport e gymnastica « Sobre o nome geral de-athletico-eu comprehendo «todos os exercidos corporaes. Por-sport-eu entendo aos movimentos e exercidos que se executam como «distração ou recreio para ficar-se em estado de « sobrepujar outros em certas especialidades, ou como a meio de alcançar a victoria nos concursos. Eu « chamo - gymnastica- um trabalho executado pelo «indivíduo com a intenção consciente de aperfeiçoar a seu corpo e augmentar a sua saude, sua força, sua « flexibilidade, sua destreza, etc. > O methodo de gynastica pedagógica sueca deve-se á Per Henrik Ling fundador do actual «Instituto central e real de gymnastica de Stockholm. » Segundo Lefebure, o plano das lecções de gym- nastica nesta Universidade de educação physica é o seguinte: Io Os exercidos preparatórios. 2 o Os exercidos fundamentaes. 3 o Os exercidos derivativos. 40 Os exercidos respiratórios. Reposando em bases physiologicas, mostra Lefe- bure, em seu livro U Education Physique en Suêde o desenvolvimento deste plano de lecções, o adian- 30 tamentõ, o cultivo e as vantagens que d’elle aufere a mocidade d9aquelle paiz. Na gymnastica sueca, os movimentos funda- mentaes, nos exercícios das pernaè, de suspensão, de equilíbrio, dos músculos de diversas regiões, do salto, etc., são executados segundo certas regras e condições de que podemos ajuizar pela leitura de livros que tratam d’este assumpto. A 8)' innastica alleman feita quasi que exclusi- vamente com as barras e parellelas, tem graves defeitos que a tornam preterida por outros meios de desenvolvimento physico. O cansaço que traz em pouco tempo, a suspensão constante do corpo, forçando e fatigando mais uns musculos do que outros, o desenvolvimento mais activo de uma parte do (pie em geral de todo o organismo, finalmente a monotonia de movimentos, tudo isto concorre poderosamente para sua desap- provacâo, alem da grave falta de serem collocados os apparelhos em salas ou logares onde sempre a ventilação não é franca e abundante. Julga A. Mosso que a gymnastica alleman tende «tf localisar a fadiga em alguns grupos de musculos, «o que é um defeito grave.» A fadiga deve ser geral depois de um jogo ou exercício, trazendo em seguida um bem estar proprio dos que fazem o organismo lucrar pelos estímulos physicos. 31 « A gymnastica dev.e ser um complemento da edu- « cação physica » e não o mqio fundamental do desen- volvimento do organismo. Além dos exercicios suecos e allemães, que são os mais importantes, temos os apresentados com o plano de lecção por P. Racinç e os estudados por G. Demeny, que são, pouco mais ou menos, modificações d esses exercicios. O meio de desenvolvimento physico estudado e preparado por J. P. Muller, não é máo, pois os tres fins principaes a que se propõe o seu systema são favorecer: Io as funcções da pelle; 2o a acti- vidade dos pulmões; 3o a digestão. Consiste elle em um banho, fricções, banho de ar e em fazerem-se, por espaço de 15 minutos, certos movimentos com todo o corpo, ensinados em seu livro Mon Système, de sorte que o indivíduo adquira força, vigor e preencha bem os fins principaes do systema. Póde ser acceitavel pela facilidade dos exercicios em diminuto lapso de tempo e feitos em logares arejados, alem de cuidar de um orgãos mais importantes, como a pelle, e de aetivar os pulmões e procurar sustentar o bom funcciona- mento da digestão incluindo a defecação. Existem também apparelhos elásticos que servem para o desenvolvimento muscular e para o augmento da capacidade pulmonar; porem devem as crianças 32 começar com os de pouca resistência augmentando srradativamente até os de maior resistência. Pensamos que não são elles inconvenientes e que até satisfazem, uma vez colloeados em logares onde a renovação do ar se faça com facilidade, sendo os exercícios eífectuados pela manhan antes ou depois do banho e não após trabalhos physicos e intellectuaes. Entremos agora na parte relativa aos sports e y jogos. CYCLISMO — Exercício usado entre nós e como um meio de passeio. Em alguns logares existem velodromos, isto é, areas preparadas para as carreiras em bycicletas. E’ com eífeito um exhrcicio muito regular para os meninos, mas sob a condição essencial de ser praticado com toda moderação não se consentido passeios longos, evitando-se o mais possível os resfriamentos bruscos que podem ser fataes e esco- lhendo-se os guidons que não sejam muito baixos de modo a não occasinarem uma posição forçada e inconveniente à culumna vertebral. EQUITAÇÃO —Muito usado entre nós, consti- tuindo um bom meio de desenvolvimento orgânico. «A equitação, diz J. de Lerne, fortifica os mus- «culos adductores das coixas e a saude geral. E’ essoas que acompanham as crianças. A pratica nos ensina estas pequenas cousas e a observação nos faz prevenir-nos contra ellas. Que inconveniência ha em usar consolador, que parece prestar tanto serviço, principalmente em a epocha da lactação. Eis o ponto de que summariamente passamos a tratar, concluindo deste modo o nosso pequeno artigo. ♦Recorramos ao que vemos quotidianamente com relação a taes objectos. E’ um pequeno que chora e que se procura consolar com um destes bicos que estava collocado em cima de um movei qualquer, exposto ás poeiras atmosphericas e, portanto, a germens de infecção, que prendem-se e conservam-se com facilidade, visto a humidade que a saliva da criança deixa na borracha. Outro mais contente brinca com seu consolador e o deixa cahir no chão; alguém o apanha, mal sacode a grossa poeira e a entrega faz-se logo desejar pelo bébé, que o leva immediatamente á bocca. Uma outra, com a candidez que lhe é inherente, ensaia os seus primeiros passos, levando suspenso ao pescocinho um dos taes bicos que indo ao chão, de encontro aos moveis, á roupa de alguma pessoa, é levado á bocca, talvez conduzindo germens nocivos, dos mais perigosos Os casos trasladados do natural, onde vimos o mal e seus resultados, podem servir suílicientemente de apoio ás nossas conclusões. Si encararmos sob o ponto de vista bacteriológico, quantas moléstias podem victimal-as, 'sendo o único responsável o bico de borracha, por ser o vehiculo de tão innumeros germens? Si os bicos de mammadeiras são portadores de tantas infecções, quando não asseiados com rigor, como vamos vêr, quanto mais as chupetas que 57 geralmente nem sequer são lavadas... O Dr. II. Fauvel examinou trinta e uma mammadeiras, cujo formato tornava mais difficil a limpeza rigorosa e observou a presença de numerosas colonias de mierobios, contendo duas das mammadeiras puz e e sangue, provenientes de ulcerações existentes na bocca das crianças., Convém notar que as mamma- deiras tinham sido lavadas e estavam promptas a servir. As estomatites simples podem muito bem ser causadas pela irritação produzida por taes conso- ladores; o muguet (estomatite devida a um cogumelo), a tuberculose, que pode ser contrahida por todos os meios, a coqueluche que, como diz E. Weill, só tem por causa determinante o contagio, a diphteria, que ataca tanto nos climas frios, pode ter o conso- lador como vehiculo da infecção, da mesma forma que são responsáveis - as. vestes, os pannos, os moveis e outros objectos, a pequena lesão das commissuras labiaes, que se propagam por contagio, diíFerentes perturbações intestinaes, incluindo neste grupo os vermes do intestino, que podem racio- nalmente ser conduzidos pela chupeta que tenha cahido no solo contaminando-se de alguns ovos de helminthos, por tudo isto, pode realmente o bico de borracha possuir grande parte da responsa- bilidade. Concluindo, julgamos que é melhor pre- venir um mal do que tratal-o. Recife, 2 — 3—905. Depois do sexto mez de nascida a criança, vão se lhe despontando na rosea gingiva os primeiros dentinhos de leite e essa epocha é ingrata e mesmo perigosa quando se não a cerca, desde os primeiros dias, de todos os cuidados recommendados pela liygiene. 58 «d «dentição » encarada sob outro aspecto é uma «epocha de transição do organismo, tal como a «puberdade », a «»decreptude » eíe., diz o Dr. Octavio « de Freitas, em uma Memória apresentada á Socie- «dada de Medicina de Pernambuco, «tf sessão de « «15 de Julho de 190b.» Assim como na epocha da puberdade e da decre- ptude está o organismo do adulto sujeito ou apto á certas enfermidades, assim também na epocha da dentição certos factores morbigenos podem invadir o organismo infantil quando desamparados dos recursos e garantias da sciencia. Com o crescimento da*criança a sua alimentação, depois do primeiro anno vai se modificando gradu- almente até que nutrição mais complexa e completa para a edade se faça mister. Em seguida, a roupinha, o brinquedo, o dormir e, em summa, tudo mais que constitue a sua exis- tência vai do mesmo modo passando por modificações sob a guia e solicita vigilância do amor maternal. Até aos sete annos, deve-se-lhe ensinar as lições de- couzas, não sendo conveniente mandal-a para escola antes dessa idade, pois que o seu cerebro ainda não tem o desenvolvimento indispensável ás funcções a que será obrigado, occasionando-lhe cançaço, e o seu corpinho carece de plena liberdade para exercer todos os seus movimentos, todos os 59 actos e expanções compatíveis com o seu viver em tão tenra idade. Quanto a instrucção primaria á se lhe ministrar em oecasião opportuna e apropriada, devemos tomar por norma os Estados Unidos da America do Norte, poderoso paiz, em que bem se eomprehende o valor do cultivo intellectual e o meio mais facil de se a diííundir, estimulando-se o gosto da criança por meio de lições fáceis e praticas que muito a inte- ressão fazendo do collegio um centro de attrativos. Com uma instrucção primaria racionalmente admi- nistrada e com o cultivo physico das crianças teremos concorrido para a felicidade e futuro engrandecimento de nossa patria. Os jardins de infancia como ideialisou Pestalozi, são preferidos pela sua comprovada utilidade á essas salas acanhadas, onde as criancinhas, sem o menor estimulo e só submettidas pacientemente ás palavras dos mestres, começão a cançar a intelligencia, que mal desponta, com tantas regras e theorias e exer- cícios que as fazem aprender com muito mais diíli- culdade, abatendo-lhes o physico e fatigando-lhes a intelligencia contra o diposto na hygiene e na Pedagogia hodierna. Desde os primeiros annos, á menor perturbação gastro-intestinal ou outra aífecção qualquer, convém consultar logo ao medico da familia, pois, sempre as facilidades acarretão-lhes serias consequências. 60 Ao progredir e educar-se a criança, cumpre, não esquecer os jogos e exercicios que lhes são uteis, nas condições antecedentemente expostas, os quaes constituem parte tão importante e necessária a vida humana. Gomprehendendo bem o valor e proficuidade do desenvolvimento physieo sobre o qual versa o nosso estudo, é que o illustre mestre Dr. Alfredo Magalhães, em todos os seus relatórios a cerca do «Instituto Normal da Bahia» tem mostrado as vantagens e os meios mais fácies de execução dos jogos e exercicios physicos para os alumnos de ambos os sexos d’aquelle estabelecimento de instrucção publica. Nos primeiros annos podem começar os exercicios por meio de. movimentos adequados, ou apparelhos apropriados, que serão modificados de accordo com o progresso que forem adquirindo. As crianças, principalmente 11a primeira infancia, devem dormir cêdo e não despertar alto dia, posto que, quando ainda muito tenras, lhes seja conveniente o deseanço por algum tempo durante o dia. Não devem, nem mesmo as crescidas, perder noites por ser isso muito prejudicial ao seu desenvol- vimento physieo. U111 costume que os paes precisam terminan- temente prohibir, é o medo (pie eommumente se faz aos meninos quando d’elles se deseja alguma 61 cousa. E’ recurso muito nocivo e incorre em grave falta quem o pratica. Os castigos, as punições devem ser infligidas de forma que os pequenos eomprehendão que com- metteram faltas e jamais que são victimas de vin- ganças, sempre prejudiciaes ao physieo e ao moral. O respeito, a confiança e a docilidade, são meios fruetiferos na educação infantil. Evite-se o mais possível que as crianças se entre- guem ao vicio do tabagismo ou do alcoolismo, de consequências muito nocivas a sua saúde e desen- volvimento physieo. O álcool em diminuta quantidade, nos vinhos de boa qualidade, é um estimulante que deve ser usado pelas crianças anémicas e rachiticas, juntamente com os indispensáveis exercícios; mas sendo em muita quantidade ataca o organismo e eompromette o desenvolvimento physieo. Infelizmente é commuin notar-se em crianças o physieo rachitico e o cerebro embotado, em virtude de taes vicios adqueridos pela ignorância, pela facilidade ou pela desidia dos paes e educadores. A normalidade na vida de um menino ou menina, inílue effieazmente no desenvolvimento physieo e contribue bastante para sua tríplice cultura. Os vastos programmas officiaes nos cursos secun- dários só podem sèr vencidos, sem detrimento da saúde, pelas crianças fortes, que podem peio seu 62 rigor, por sua força vital supportar melhor os estudos. Ao attingirem a epoeha da puberdade, isto é, da transição de crianças para adultos, cumpre aos paes ou mães, cercal-as de cuidados e instruil-as segundo os seus sexos, sobre as precauções que exigem as novas funeções que se dispertão em orgãos que chegaram a seu pleno desenvolvimento, afim de obstarem enfermidades que lhes damnifiquem o physico e, de futuro, lhes compromettão a~ saúde e que, uma vez contraidas, devem ser combatidas sem escrúpulos e sem eondecendencias. Eis pois o que devem seguir e observar os paes, com o fito, pricipalmente, de cultivarem o physico e promoverem a força organica de seus filhos. Quanto as crianças infelizes por não terem paes, por não conhecerem família, por serem indigentes e finalmente, por viverem sem o minino arrimo, cabe ao poder publico e ás instituições beneficentes e philantropicas o eollocal-as sob a sua egide e proporcionar-lhes, quanto possivel, a cultura e edu- cação de sorte a garantir-lhes o futuro, prestando assim um dos mais assignalados serviços á patria e á humanidade. PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medicas e cirúrgicas ANATOMIA DESCR1PTIVA I O systhema muscular da criança, é da mesma forma que o do adulto, embora menos resistente. II As cellulas e a forma de um cerebro infantil soffrem completa modificação passando para o estado adulto. 111 Da cultura physica de um cerebro infantil, de- pende muito, de futuro, a boa marcha do organismo. ANATOMIA MEDIGO-GIRURGICA I Muitas partes ósseas do esqqeleto infantil podem soifrer modificações pre ou post nascimento. II No primeiro caso, devido a falta de soldadura, na epocha opropiada, dos pontos de ossiílcação e, no segundo caso, devido as más posições que se eolloeão as eriancas. III A intervenção cirúrgica pode, em tempo, debelar certos vieios de conformação. 66 HISTOLOGIA 1 O organismo infantil é formado de cellulas que, assimilando e progredindo mais que no adulto, augmentam o todo pelo processo caryocinetico. II Estas cellulas precisam viver em boas condições, isto è, serem nutridas pelos meios physiologicos para que funccionem perfeitamente. * ÍII Os meios usados na puericultura physica con- correm para o estimulo e desenvolvimento cellular. BACTERIOLOGIA ' 1 As invasões microbianas dão-se sempre, em or- ganismos fracos e em condições não hygicincas. % II Portanto, fortaleçamos o organismo infantil e o ponhamos em boas condições hygienicas, para haver normalidade vital. 67 .III A cultura physica da infancia é um dos meios pre- ventivos, mais necessários, contra estas invasões micro-organicas. ANATOMIA E PHYSÍOLOGIA PATHOLOGICAS I A surmenage intellectual das crianças, devido ao excesso de trabalho, é» prejudicial ao seu desen- volvimento orgânico. II Com o continuar dos annos podem surgir mani- festações pathologicas, trasendo consequências muitas vezes lataes. III A diminuição de vitalidade cellular, quando a fadiga intervém, ou quando predisposições phymicas acompanhão o crescimento da criança, deve sèr combatida pela cultura physica. PH YSIOLOGIA I Da normalidade organica depende o bom íuncci- onamento dos differentes apparelhos da criança. 68 II Para que se dê este trabalho physiologico, é preciso que o sangue oxygenado e carregado de principios nutrientes, seja impelido â todos os pontos da economia animal. III A cultura physica da infançia estimula bem os diversos apparelhos, que serão melhor irrigados pelo sangue. THERAPEUTICA í As crianças fracas, anémicas ou rachiticas devem usar de tonieos orgânicos, de resconstituintes das fibras musculares, das cellulas nervosas, do sangue e dos ossos. II 9 A Thalassotherapia é um dos btms meios thera- peuticos para o desenvolvimento orgânico dos ra- chilicos. III I Os jogos e exercicios podem servir como excel- lenles meios therapeuticos para debelarem a anemia e outras causas pathologicas, devidas a falta de estimulo orgânico. 69 HYGIENE I Na infancia toda hygiene torna-se necessária, para que, de futuro, a sociedade seja composta de homens fortes. II Nos estabelecimentos de instrucção, os médicos que forem encarregados de sua fiscalisaçeão pela Hygiene Publica, devem cuidar do que diz respeito a saude physica, moral e intellectual das crianças.' III A cultura physica infantil, praticada segundo os meios hygienicos, é um preventivo contra o de- pauperamento do organismo, estimulando-o. MEDICINA LEGAL E TOXJCOLOGIA I O medico legista deve evitar os casamentos de cônjuges que tiverem certas lesões, visto trazerem quasi sempre como consequência uma prole em más condições de resistência vital. II Quando os cônjuges estão em perfeito estado 70 de saúde, tendo o organismo são, em todos os pontos de vista, a prole deve ser forte. III Os descendentes de paes que tiverem a orga- nisação doentia, devem ser tratados, desde tenra idade, por meios hygienicos precisos, de modo a evitar-se, de futuro, homens fracos e e por- tanto descendentes ainda em peores condições. PATIIOLOGIA CIRÚRGICA I As entorses podem ter por causa os movimentos mal executados durante os exercicios. II A queda pode, em certas condições, produzir uma fractura ou despedaçamento de fibrilas musculres. III As maçagens trazem bons resultados, quando bem praticadas por mãos hábeis, na myosite OPERAÇÕES E APPVRELHOS I As fracturas ósseas dão-se se ntpre nas crianças, devidas á quedas em certas posições. 71 II Devem ser bem redusidas, formando-se o calo com mais presteza em tenra idade. III Depois de retirado o apparelho, quando a fractura está bem consolidada, as maçagens são indicadas; podendo, tempo depois,-as crianças recommeçarem os jogos e exercicios moderados. CLINICA CIRÚRGICA (l.“ Cadeira) I As vegetações adenoidianas, que apparecem em muitas crianças, podem produzir moléstias graves. II O pharyge e fossas nasaes quando affectados de vegetações adenoidianas defficultam a respiração, uma das fontes de calor animal. III A cirurgia fornece meios para debelar na criança taes estados pathologicos. CLINICA CIRÚRGICA (2.u Cadeira) I A operação das vegetações adenoides é branda 72 e simples, em virtude do aperfeiçoamento das pinças e curetas. 11 Com este instrumental cirúrgico pode-se íazer a ablação completa dos adenomas no pharinge nasal, e deve ser praticada. 111 ê A cirurgia facilita em taes casos, depois da opera- ção, o augmento da capacidade respiratória do tliorax desenvolvendo, portanto, o physico da criança. PATHOLOGIA MEDICA 1 Moléstias ha que impedem o crescimento das crianças. 11 * O tabagismo, o alcoolismo e o onanismo con- correm para o depauperamento orgânico, dimi- nuindo a força vital. 111 Os exercidos e jogos effectuados segundo as preseripções hygienicas impedem a marcha de certas moléstias, que diíficultão o desenvolvimento physico das crianças. 73 CLINICA PROPEDÊUTICA 1 O dynamometro é um instrumento que serve para medir a força muscular. 11 Este instrumento é usado pelos, que cuidâo da cultura physica da infancia. 111 A Propedêutica nos fornece também outros meios, além deste, para que se possa calcular o cres- cimento e o peso physiologicos de uma criança. CLINICA MEDICA (1.* Cadeira) 1 O lymphatismo é um dos pontos da pathologia, em que vemos a ligação entre moléstias que afligem os pobres e as que atacão de preferencia os ricos. 11 As crianças pobres, cercadas pela miséria social, e as ricas, arrastadas pela miséria organica, trazem contingentes para o lymphatismo. 111 A therapia marítima é que se mostra poderosa 74 na cura de tal estado pathologico, concorrendo depois também os jogos e exercícios moderados. CLINICA MEDICA (2.a Cadeika) 1 As eonvulções infantis são symptomas que estão dependentes de uma excitabilidade do systhema nervoso. 11 Podem apresentar-se devidas a múltiplas causas taes como: a gastro-enterite, coqueluche, vermes intestinaes, febres, vejetações adenoides naso- pharyngianas e mesmo às historias que provocão os terrores nocturnos III As crianças acommettidas de eonvulções depois de um tratamento de urgência, devem ter uma vida regular, eser cercadas de distraeções, promoven- do-se-lhes passeios nos campos, e fazendo-se-lhes usar de bôa e escolhida alimentação. MATÉRIA MEDICA, PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR I A posologia infantil diífere bastante da que é empregada no adulto. 75 II Certos medicamentos são mais tolerados pelas crianças que pelos adultos e outros mais por estes do que por aquellas. III Os reconstituintes orgânicos concorrem bastante para o levantamento das forças vitaes, desenvol- vendo de alguma sorte o physico da criança. HISTORIA NATURAL MEDICA I Quanto mais alto observamos na escala zoologica, tanto mais achão-se anatomicamente modificados a estructura e o volume relactivo dos orgãos do systhema nervoso. II Nas crianças os dentes, na primeira infancia, são diíFerentes, em numero e tamanho, dos dentes dos adultos e n’estes dos de diversos animaes confor- me a mastigação. III O homem que 11a infancia houver passado pela tripliee cultura, physica, moral e intellectual, possuirá o seu organismo melhor conformado do que outro que não houvesse sido submettido aos preceitos beneficos da Puericultura. 76 CHIMICA MEDICA 1 As combustões chimicas, que se dão no orga- nismo, formão o calor animal. ‘ II i O oxygenio do ar, levado pelo sangue ao trama cellular orgânico, é que concorre para estas com- bustões. III I \ O estimulo orgânico por meio de jogos eexercicios, faz activar a respiração, facilitando assim a pene- tração de mais oxygenio no organismo de modo a augmentar as combustões, e queimando princípios nocivos a saúde infantil. OBSTETRÍCIA I Muitos vicios de conformação da bacia na mulher trazem consequências fataes para o feto. II A mulher, durante a gravidez, não deve usar de colletes; convindo-lhe evitar commoções para não prejudicar a vida do feto. 77 III O aborto pode ser motivado por innumeras causas. CLINICA OBSTÉTRICA GYNECOLOGICA I A «Puericultura intra-uterina)>, ensina, como seu nome o indica, os meios para a cultura da criança antes de nascer. II Os conselhos dados por ella devem ser prati- cados, em vista das vantagens que trazem para o feto e para a mulher. III O bom funccionamento do organismo materno inílue na vida fetal. CLINICA PEDRIATICA I A «Puericultura extra-uterina» mostra os recursos da sciencia no cultivo da criança. II Os conselhos estudados e apresentados por ella influem na vida infantil. 78 111 Muitas moléstias são tratadas e mesmo evitadas, estimulando-se o organismo e cultivando-se o phy- sico da criança. CLINICA OPHTALMOLOGICA 1 A ophtalinia blennorrhagica dos reeemnascidos é uma moléstia microbiana. 11 Os sérios perigos, a que estão sujeitas as crian- cinhas, são sanados pelo tratamento. 111 O tratamento seguro e immediato, como manda a pratica ophtalmologica, impede a perda da visão que é sempre a consequência d’quèlla affecção. CLINICA DERMATOLÓGICA E SYPH1L1GRAPH1CA I A syphilis é um factor importante e frequente de certas causas pathologicas infantis. II Quando a criança nasce com herança syphi- litica, paterna, materna ou mixta, convém sub- mettel-alogo a medicação apropriada. 79 111 O ar puro, a alimentação excellente e o estimulo physico concorrem para o tratamento das crianças taradas pela syphilis. CLINICA PSYCH1ATR1CA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS ] As crianças de temperamento nervoso devem ser cuidadas com attenção. 11 As sobre-cargas intellectuaes influem podero- samente nas crianças nervosas. •111 Os jogos e exercicios são empregados com vantagens incontestáveis em taes estados nervosos. Visto—Secretaria da Faculdade de Medicina da Bahia, em 25 de Outubro de 1906. O Secretario, (£)r. Dfflenandro dos j/jVis Ddleirefíes