TJHESE Faculdade de Medicina e de Pharmacia da Bahia THESE! APRESENTADA Á Faculdade de Medicina da Bahia EM 31 DE OUTUBRO DE 1812 POR J&rlindo Frederico de Jfxeoêdo Cosia Natural do Estado de Alagoas (Pilar) FILIIO LEGITIMO DE AURELIANO FREDERICO DA COSTA E D. MARIA ROSA DE AZEVEDO COSTA (fallecida) AFIM DE OBTER O GRÁO DE Dissertação CADEIRA DE CLINICA PSYCIIIATRICA E BE MOLÉSTIAS NERVOSAS MOLÉSTIA DE PARKINSON Proposições Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias Medico-Cirurgicas Mahia ÍSÍ2 Faculdade de Medicina da Bahia Director-Dr. augusto cezar vianna Vice Director Secretario—Dr. MENANDRO DOS REIS MEIRELLES SUB-SECRETARIO—Dr. MATHEUS VAZ DE OLIVEIRA PROFESSORES ORDINÁRIOS OS SNRS. DRS. CADEIRAS Manoel Agusto Pirajá da Silva . Historia natural medica Pedro da Luz Carrascosa. . . Physica medica Chimica medica Julio Sérgio Palma .... Anatomia microscópica José Carneiro de Campos. . . Anatomia descriptiva Pedro Luiz Celestino . . . Physiologia Augusto Cesar Vianna . . . Miarobiologia Antonio Victorio de Araújo Falcão. Pharmacologia Guilherme Pereira Rebello . . Anatomia e Histologia pathologicas Fortunato Augusto da Silva Júnior Anatomia Medico-cirurgica com ope, rações e apparellios Anisio Circumdes de Carvalho . Clinica medica Francisco Braulio Pereira . « « João Américo Garcez Fróes . « « Antonio Pacheco Mendes ... « Cirúrgica Braz Hermenegildo do Amaral . « « Carlos de Freitas ....«< Olodoaldo de Andrade ... « Oplitaltnologiea Eduardo Rodrigues de Moraes . « Oto-rhino laringologica Alexandre E. de Castro Cerqueira « dermatológica e syphiligra- phica Gonçalo Muniz Sodrè de Aragão . Pathologia Geral José Eduardo F. de Carvalho Filho Therapeutica Frederico de Castro Rebello. . Clinica pediátrica medica e hygiene infantil Alfredo Eerreira de Magalhães . Clinica pediátrica cirúrgica e ortho- pedia Luiz Anselmo da Fonseca . . ETygiene Josino Correia Cotias . . Medicina legal e toxicçlogia Climerio Cardoso de Oliveira. . çlinica obstétrica José Adeodato de Souza. . . « gynecologica Luiz Pinto de Carvalho ... « psychiatrica e de moléstias nervosas Aurélio Rodrigues Vianna . . Pathologia medica Antonino Baptista dos Anjos. . * Cirúrgica PROFESSORES EXTRAORDINÁRIOS EFFECTIVOS Os Snrs. Drs. Cadeiras Egas Muniz Barretto de Aragão . Historia natural medica João Martins da Silva . « . Physica medica Chimica « Adriano dos Reis Gordilho . . Anatomia microscópica José Affonso de Carvalho . . Anatomia descriptiva Joaquim .Climerio Dantas Bião . Physiologia Augusto de Couto Maia . . . Microbiologia Francisco da Luz Carrascosa . Pharmacologia Anatomia e histologia pathologicas Eduardo Diniz Gonçalves . . Anatomia Medico-cirurgica com ope- rações e apparelhos Clementino da Rocha Fraga Júnior Clinica medica Caio Octavio Eerreira de Moura . « cirúrgica « ophtalmologica Albino Arthur da Silva Leitão . « dermatológica e syphiligra- phica Antonio do Prado Valladares . Pathologia geral Frederico de Castro Rebello Koch. Therapeutica José de.Aguiar Costa Pinto . . Hygiene Oscar Freire de Carvalho. . . Medicina legal e toxicologia Menandro dos Reis Meirelles Filho Cínica obstétrica Mario Carvalho da Silva Leal „ * psichiatrica e de moléstias nervosas Antonio do Amaral Ferrão Muniz Chimica analytica e industrial PROFESSORES EM DISPONIBILIDADE D.rs Sebastião Cardoso João Evangelista de Castro Cerqueira Deoeleciano Ramos José Rodrigues da Costa Dorea A Faculdade não approva nem reprova as opiniões emittidas nas theses que lhe são apresentadas ■li® e «o» í Designa-se sob o nome de paralysia agitante. ou moléstia de Parkinson, a um syndromo caracteri- sado, antes de tudo, por um tremor e uma rigidez muscular generalisada. O nome de paralysia agitante não é bem expres- sivo, porquanto a agitação, posto que seja um dos principaes symptomas, (pelo menos, quando nos acha- mos diante de um parkinsoniano é o que primeira - mente nos chama a attenção,) é inconstante. O nome de moléstia de Parkinson vem do seu des- cobridor, o Dr. Parkinson, medico inglez, que foi quem a estudou pela primeira vez, no anno de 1817, e publi- cou em Londres uma monographia, intitulada:ilEssay ou the shaking palsy,” na qual descrevia uma moléstia chronica, desconhecida até aquella epocha, caracteri- sada, sobretudo, pelo tremor, paralysia e a tendencia á propulsão, durante a marcha. 2 ARLINDO COSTA Alguns autores contestaram essa primazia ao me- dico inglez e alegaram, em pról de sua contestaqão, a scelotyrbe festinans de Sau vages e Sagar, que elles con- sideravam como synonimos da shalcing palsy, e que, a não ser a propensão quasi irresistivel que têm os doen- tes de correr para diante, nada mais possue de com- mum entre estas duas affieeções. Este symptoma, apezar de não ser pathognomonico da paralysia agitante, bem como os caracteres essen- ciaes que constituem esta entidade mórbida, não se achava descripto na Nosologia methoclica de Sauvciges, obra publicada em 1763 e em 1768, nem no Systema morborum symptomaticorum, publicada por Sagar, em 1771. Mais tarde, porém, todos foram accordes com Charcot e Vulpian, admittindo que a scelotyrbe festinans e a paralysia agitante tinham numerosos pontos de contacto, pelo que julgaram conveniente estabelecer a independencia destes dous estados morbidos, estudan- do-os em separado. Toulmouche apresentou á Academia de Medicina de Paris, em 1833, uma memória intitulada" Observation de quelques fontions involontaires, des appareils dê la lo- comotion et de la phonation,” com observações de coho- réa, de amollecimento' cerebral e algumas outras, incontestes de paralysia agitante. Affirmam alguns autores que o illustre medico de Rennes, bem como seus relatores, Louyer Villermey, Itard, Bouillaud, desconheciam até aqueila epocha o nome de Parkinson. Elliotsou, em algumas de suas obras, faz ligeiras ARLINDO COSTA 3 referencias á paralysia agitante, referencias estas, que consistiam em proposiqões de modificações e intrepre- tações pliysiologicas. A.G. Sée se deve uma explicação clara da moléstia de Parkinson. Em 1850, elle apresentou á Academia de Medicina uma memória sobre “Ga chorée et les maladies ner- veuses” na qual se referia á paralysia agitante, como sendo uma das affecções que poderiam ser confundidas com a dansa de S. Guido. Littré e Robin, na edição de seu diccionario, publi- cado no anno de 1858, mencionam a paralysia agitante. Marshall Hall, Canstatt, Graves, Basedow, Bla- sius, na Inglaterra, e Romberg na Allemanlia, neste tempo, citam as suas observações. Trousseau, nas lições clinicas por elle feitas no Hôtel-Dieu, no anno de 1859 assignala, em fazendo o historico da choréa, os symptomas principaes da mo- léstia de Parkinson. Abandonado por um certo espaço de tempo, o es- tudo da moléstia de Parkinson foi recomeçado na Allemanlia. A escassez e deficiência das observações, a imper- feição ou ausência das autopsias, e a falta de documen- tos resultantes das mesmas, concorreram para que, durante tão longo espaço de tempo, a paralysia agitan- te não recebesse a sancção da experiencia, e conse- quentemente, o logar merecido nos trabalhos clássicos. Charcot e Vulpifin, pouco tempo após sua aggre- gação á Salpêtriere, publicaram uma serie de observa- 4 ARLINDO COSTA qões pessoaes, na “Gazette Hebdomadaire” de 1861 e 1862, concernentes á paralysia agitante. Com estas observações e com meticuloso estudo, feito sobre os symptomas geraes e depois sobre cada symptoma em particular, Okarcot e Vulpian deram uma feição toda nova á descripção da moléstia de Parkinson. Agora ella achou seu logar nos tratados clássicos: Trousseau, na publicação da segunda edição de suas liqões clinicas, consagrou-lhe algumas paginas, dando- lhe desenvolvimentos consideráveis. Sua bibliogra- phia cresce rapidamente. Grisolle no seu tratado de patliologia descreve-a ao lado da paralysia essencial. W.R.Sanders redige o artigo Paralysia agitante,da Encyclopeãia de Reynolds. Não obstante esse impulso dado ao estudo da pa- ralysia agitante, havia ainda grandes difficuldades para se estabelecer o seu diagnostico differencial, tornando-o por isto incompleto e confundindo-se com uma affecqão polymorpha, a sclerose em placas disseminadas. / A autopsia de uma mulher do serviço de Cliarcot, veio revelar a differenqa existente entre estes dois estados morbidos. E’ pois a Charcot, que se deve tão importante descoberta. A distinção entre a sclerose em placas e a paraly- sia agitante, foi o assumpto apontado por Charcot a seu discipulo Ordenstein, para sua these inaugural, publicada no anno de 1867. Com a descoberta de Charcot, novos horisontes ARLINDO COSTA 5 se descortinaram, a paralysia agitante é então objecto de novos estudos. No “Mouvement meclical” de 1871 e na “ Gazette des hospitaux de 1868, Charcot, convocando os documen- tos dos auctores que o tinham precedido, e as nume- rosas observações que tinlia reunido na Salpêtriere, demonstrou o parallelo existente entre a paralysia agitante e a moléstia da qual elle acabava de desco- brir sua lesão especifica, comparando uma a outra, debaixo do ponto de vista da tripla relação dossym- ptomas, das causas e das lesões. Esta differenciaqão tornou-se ainda mais comple- ta, graqas á continuação de suas pesquizas e de seus alumnos Borneville e Guerard, publicando estes úl- timos no anno de 1869, um trabalho cujo titulo era “Des scleroses en plaques disseminces.” Era crenqa geral, antes da publicação da primeira ediqão das Liqões feitas na Salpêtriere, que o tremor era um symptoma do comeqo na moléstia de Parkin- son; sua ausência em duas mulheres, tres annos após o começo da aífecqão, foi assignalado por Charcot. Borneville publicou no “Progrès Medicai” de De- zembro de 1876, algumas notas colhidas nas liqões do Charcot, dentre as quaes resalta a communicação da observação de Mme. R. onde se encontravam bem adiantados todos os symptomas que caracterisam a paralysia agitante, com excepção do tremôr, que era quasi imperceptivel. Cita ainda a observação de Mme. G. que apresentou durante muitos annos todos os 6 ARLINDO COSTA symptomas da paralysia, não havendo por completo o tremor. Diante destes factos, Boucher escolheu para assumpto de sua these inaugural publicada em 1877, o titulo seguinte: “Maladie ãe ParJcinson et en par- ticulier del a forme fruste”. Este auctor mostra a necessidade que ha em re- conhecer a existência de uma forma, por elle classifi- da frusta, na qual o tremor é tão ligeiro que passa desapercebido, ou não apparece senão no fim de tres ou quatro annos, ou mesmo nunca. Charcot em uma de suas lições acha imprópria a denominação de paralysia agitante, e em um dos seus trechos assim se exprime; “II est en effet singulierde donner le nom de paralysie, a une affection dans laquelle, durant longtemps, la force muscnlaire est conservée.” Depois de apresentar estas e outras razões bem justificáveis, o grande sabio propõe que se substitua o nome de paralysia agitante, pelo de “moléstia de Parkinson”,prestando deste modo uma homenagem ao medico inglez, o primeiro que a estudou. ETIOLOGIA Muitas são as causas, que se tem incriminado como responsáveis pela origem da moléstia de Parkin- son e, como Boucher, nós as dividiremos em: causas predisponentes, que por sua vez se subdividem em indi- viduaes ou geraes, conforme ellas actuam sobre um ARLINDO COSTA 7 grande numero de pessoas ao mesmo tempo, ou sobre um certo numero de indivíduos em separado; e em causas determinantes. Charcot observou, que em muitos casos de para- lysia agitante, se é obrigado ao exame das influencias predisponentes, não podendo ser inv0cada a acção dos elementos etiologicos. / Causas predisponentes rnorltijicas geraes. A atmos- phera parece agir somente por sua temperatura e seu estado hygrometrico: ha quem tenha notado o appare- cimento da moléstia de Parkinson nos tempos húmidos e frios. As localidades, os climas e mesmo as estações, não têm uma acção evidente. Causas predisponentes individuaes. Frequente mente a moléstia de Parkinson acommette as pessoas longe- vas e não vae distante a epocha em que se a conside- rava como uma moléstia unicamente dos velhos. Observações, ulteriores vieram demonstrar que esta moléstia tanto pode affectar aos velhos como aos moços. Duchene (de Boulogne) observou dous casos de paralysia agitante, sendo um num indivíduo de 20 annos e o outro num joven de 16 annos. Fioupe publicou a observação de uma adolescente do serviço de Siredey, que apresentava, dos 15 para os 16 annos, os symptomas caracteristicos da paraly- sia agitante; e Huçhard cita uma observação da molés- tia de Parkinson que teve inicio com a idade de 3 annos. 8 ARLTNDO COSTA Como Charcot, pensamos que esta moléstia encon- tra seu logar natural no grupo das moléstias, do segundo periodo da vida, tanto assim é, que, dentre as muitas observações realisadas estas, de que acima nos referimos, são as únicas que demonstram a exis- tência da moléstia de Parkinson, affectando a primeira epocha da vida. O sexo parece não gozar de influencia manifesta no appareci mento da moléstia de Parkinson. Alguns auctores são da opinião que ella tem grande predileção pelo sexo feminino; isto se poderia explicar pela emotividade, de que em geral são dota- das as mulheres. Conforme uma estatística que comprehende a Inglaterra e o Paiz de Galles, e que se estende de 1855 a 1863, Sanders notou 205 casos de obitos, causados por paralysia agitante, sendo a media annual de 14 para os homens e de 8 para as mulheres. A influencia do meio social, os hábitos, a alimen- tação não têm importância no seu desenvolvimento. O temperamento nervoso aqui, como em todas affecções nervosas, gosa de uma importância capital conforme veremos adiante. Ao inverno de algumas moléstias, a paralysia agitante, tem sido observada em indivíduos robustos e que tem gozado de uma saude mais ou menos ' perfeita. Causas determinantes. Fazem partes deste grupo os traumatismos e as emoções vivas. O papel preponderante exercido pelas emoções no ARLINDO COSTA 9 apparecimento da moléstia de Parkinson, é incontes- tável. Assim é que grande numero das observações lidas por nós, algumas das quaes transcrevemos, conforme veremos adiante, e mesmo uma observação pessoal de que dispomos, nos mostram que a maioria dos casos de moléstia de Parkinson, tem como inicio as emoções. Charcot, no seu tratado clinico de moléstias nervo- sas, em se referindo á etiologia da paralysia agitante, nos diz “que entre as causas exteriores ao individuo, duas merecem ser invocadas legitimamente em um i grande numero de casos. Em primeiro logar a influ- encia das violentas agitações do systema nervoso: o terror, uma noticia desagradavel sabida de repente etc. Os exemplos em apoio affiuem, e os factos a ,que nos temos inferido, nos obrigam a não conservar o menor scepticismo sobre esta relação.” “Das mulheres da Salpêtriere, continua elle, ata- cadas de paralysia agitante, interrogada por nós, muitas viram sua moléstia tomar nascimento no meio das com moções politicas que agitaram nosso paiz.” Hillairet cita um caso de um pai que viu assassi- nar seu filho diante de si. e foi acommetido de tremor. Oppolzer publicou um caso concernente a um burguez de Vienna, aterrorisado pela explosão de uma bomba junto de si. Wan Swieten refere-se ao facto de um homem que foi despertado subitamente por um trovão assus- tador. Charcot cita ainda o facto da mulher de um soldado 10 ARLINDO COSTA que se poz a tremêr apoderada de uma violenta emo- ção, occasionada pelos acontecimentos de Dezembro de 1851. Kohts em suas observações feitas durante o bombardeio de Strasbourg, relata um certo numero de casos de moléstias nervosas, as quaes os proprios doentes attribuiam ao medo causado pela destruição da cidade. Eis em resumo algumas observações de Kohts que parecem relativas á moléstia de Parkinson: Obs. I.—Salomée Gourmier, idade 51 annos, tem sempre gosado de boa saude. Um obuz penetra em seu quarto e quebra alguns moveis; ella é tomada de um tremor geral, que persiste ainda em 1873. Obs. II.—Paul IValther, idade 56 annos, selleiro, nunca esteve seriamente doente. Tendo noticia de que havia incêndio na casa de seu patrão, foi immediata- mente apoderado de um tremor que o impossibilitou de caminhar. Obs. III.—Magdaleine Bittermann, idade 61 annos, tinha até 1870, gosado sempre de boa saude; conta que / sob a influencia do mêdo do bombardeio, começou a tremer a metade direita do corpo. Este tremor augmen- tava de intensidade, de dia para dia. Pelo exposto, vemos que é bem clara a relação etiologica existente entre as emoções e a moléstia de Parkinson; o tremor posto que não constitua um signal pathognomonico, é, entretanto, um dos mais frequentes e como se vê nas observações supracitadas e no capitulo especial que reservamos para outras ARLINDO COSTA 11 observações, elle, o tremor, segue immediatamente ou quasi immediatamente, a influencia da causa. Quanto ao mecanismo, em como ella determina, ninguém explicou ainda, nada ha de elucidado nem tam pouco escripto. De pleno accordo com a physiologia da innerva- ção e em os recentes estudos sobre a physiopathologia das glandulas endocrinicas e especialmente das para- thyroides, ousamos aventar a seguinte hypothese: A physiologia da innervaqão mostra-nos que o systema nervoso cerebro-espinhal é composto de um grande numero de centros nervosos, sendo uns infe- riores e outros superiores. Estes centros são, ordena- damente; subordinados uns aos outros e dispostos de modo que cada um conserve sua especialisação, sua individualidade automatica, muito embora, todos este- jam estreitamente, intimamente, e mutuamente liga- dos, recebeiido, porém cada um suas provocaqões e impressões particulares e determinadas, provindas de. determinados pontos do corpo, promovendo reacções que se correspondem, se manisfetam e se fazem sentir em pontos determinados. A physiologia das glandulas endocrinicas por sua vez mostra-nos que são seus productos de secreqão que, fazendo parte integrante do metabolismo orgâ- nico, além de outros importantes papeis que desempe- V, . nham, têm por íim neutralizar a acqão das toxinas ela- boradas pelo proprio organismo. O augmento, diminuição ou parada total destas secreções trarão como consequências, graves desor- 12 ARLINDO COSTA dens, que serão devidas ás modificacções das funcqões destas glandulas. O systema nervoso é o que melhor recebe as im- pressões deixadas pelos productos das glandulas endocrinicas. \ A inherencia deste systema com as glandulas de secreqão interna e particularmente as paratliyroides é tão pronunciada e evidente que nos parece ter fica- do isenta de contestaqões. Sectários que somos da theoria do endocrinismo e sua influencia em neuro-patliologia, principal mente na paralysia agitante, nós, apegados a esta theoria expomos a nossa hypothese. Figuremos, para melhor comprehensão, glandu- \ las de secreção externa, e sejam estas ás glandulas salivares. E’ facto conhecido que nas.emoqões isthenicas ou astlienicas, ha quasi sempre uma suspensão brusca do funccionamento destas glandulas (inhibição) ou ao contrario um excesso de saliva (sialorrhéaj per- sistindo qualquer destes estados por um tempo vari- ável. Desta hypersecreção ou hyposecreção salivar, nenhum mal resulta para o individuo, não só por se tratar de uma glandu la de secreção externa (1) como também por ser de estado transitório. (1) Alguns auctores dizem qup os productos das glandulas de secreção externa tomam também parte no cliimimismo orgânicot de sorte que se não as pode considerar como sendo somente da secreção externa. ARLTNDO COSTA 13 A nosso ver as glandulas endocrinicas, particu- larmente as parathyroides, cujo producto de secreqão é antitoxico por excellencia, também são victimas dessa perturbaqão, no seu íunccionamento, durante e após as emoções, e ao inverso das de secreqão externa, o seu hyper ou hypofunccionamento acarretariam des- ordens graves; de maneira que o excesso de seu pro- ducto de secreção, de antitoxica que era, passaria a ser toxico. Se houvesse um hypofunccionamento, as toxinas, livres no organismo, trariam do mesmo modo serias consequências. r Em summa, é do rompimento deste equilibrio que rege o metabolismo orgânico, rompimento este cau- sado pelo excesso de secreção das parathyroides ou pela falta desses productos para neutralisar as toxi- nas, que, a nosso pensar, a moléstia de Parkinson parece achar sua explicação, sendo ella o resultado de uma intoxicação de determinados centros nervosos, quer pelo excesso destes productos, quer pelas toxinas da livres. O Dr. Maillard diz que a moléstia de Parkinson é uma entidade mórbida devida a lesões arterio-selero- sas que perturbam o íunccionamento do apparelho equilibração estatica. Clinicamente, a moléstia de Parkinson é cons- tituida pela existência do syndromo Parkinson puro ou associado, seja a symptomas contingentes e vari- áveis, seja a outros verdadeiros syndromos, devido as mesmas causas pathogenicas em acqão sobre outros apparellios mais ou menos visinhos. 14 AliLINDO COSTA O tonus é o resultado de um reflexo permanente, cujo centro unicamente espinhal, está situado no eixo cinzento da medulla e nos núcleos bulbares que o continuam. As moditicações coordenadas do tonus em relaqão com um movimento, um acto ou uma funcção, são comrnandados pelos centros mesocephalicos (automa- tismo superior) e pelos centros corticaes (acções vo- luntárias). O centro mesocephalico da equilibração estatica está situado no pedunculo cerebral e existem razões que levam a suppôr que este pode ser o núcleo vermelho. De inteiro accordo com o Dr. Maillard, achamos que estas lesões arterio-sçlerosas sejam provocadas pelas toxinas não neutralisadas ou pelo excesso da secreção que também é toxico, ou, quando isto não aconteça, estes productos. toxicos, sejam levados até os centros de que falia o Dr. Maillard, intoxicando-os, e produzindo as perturbações por elle descriptas. Na ordem dos factores etiologicos da paralysia 4 agitante, se apresentam ainda os traumatismos, repu- tados por alguns auctores causa de summa impor- tância na producqão desta affecqão. Effectivamente, tem-se visto a moléstia de Par- kinson ter algumas vezes como origem os traumatis- <% mos e Charcot cita a observaqão seguinte: A mulher de um medico, cahindo de uma carrua- gem recebeu, em consequência dessa queda, uma con- tusão violenta na coxa esquerda. No tim de algum tempo, sobreveio no membro fe- AP,LINDO COSTA 15 rido uma dor viva, occupando o trajecto do nervo sciatico e pouco depois um tremôr se declara era toda a extensão deste membro: a principio passageiro, tor- na-se, permanente e estende-se einfim aos outros membros. Blocq, em se referindo ás nevroses traumaticas, cita a observaqão que segue de um doente de Charcot e.Glorieux, no qual a moléstia de Parkinson teve logar após um traumatismo. Observaqão. Sebastião D.... idade 49 annos, operário, nunca esteve doente e seus paes até então hoje octogenários quasi, são egualmente robustos. Em 17 de Outubro do anuo de 1876, acliando-se em cima de uma escarpa, deixava girar em seus bra- qos uma pesada peqa de páu. Em sua descida, a viga que levava em sua extre- midade uma travessa, com o movimento veio vio- lentamente de encontro ao seu dorso, fez-lhe perder o equilíbrio e arrastou-lhe a cabeqa para diante, em uma profundidade de 3 a 4 metros. Logo após a. queda Sebastião D.. .. crê ter per- dido o conhecimento durante pouco tempo. Lembra - se de que quando seus camaradas correram para soc- correl-o, querendo levantai-o, não pode elle se con- servar de pé: estava paralysado dos braqos e das pernas, emquanto a intelligencia e as palavras eram normaes. Um chamado medico com urgência fel-o transpor- tar para o Hospital, onde ticou acamado durante al- guns dias. No dizer do doente, elle nunca teve febre 16 ARLINDO COSTA nem delírio; não houve escoamento da menor quanti- dade de sangue pelos ouvidos nem pelo nariz. Ausência de retenqão de urina e de matérias fe- caes; insomnia completa; dor no dorso, nos rins e na parte contundida. E’ alimentado e medicado como um paralytico. No nono dia elle ensaiou assentar-se em uma cadeira, depois de se manter de pé e de dar alguns passos, estando seguro. A melhora foi bastante rapi- da, pois que no decimo terceiro dia, após o accidente, elle abandonou o Hospital, apoiando-se sobre o braqo de sua mulher e de uma outra pessoa, conseguindo, embora de um modo penoso, chegar á sua habitação, Não foram senão dous mezes após o accidente que o doente conseguiu marchar só, sem outro amparo a não ser o seu bastão, servindo-se das mãos para levar os alimentos á bocca. A melhora foi logo se accentuando de dia para dia e a 4 de Fevereiro, o doente voltava a consultar-se na Policlínica. Desde sua entrada na sala das consultas, eu observei na expressão do rosto um certo grau de íixidez e desvario que me fez pensar immediatamente na mascara carac- teristica da moléstia de Parkinson. A attitude dos membros superiores era egualmente particular; os braços estavam em flexão no cotovello e as mãos largamente abertas estavam de algum modo apoiados sobre o peito. Os dedos estavam em extensão, afastados uns dos outros, e a phalange terminal em hyperextensão sobre a seguuda phalange. Não existia nenhuma especie de tremor. ARLINDO COSTA 17 Coisa importante, existia por todo o corpo e os quatro membros uma rijeza muito accentuada que se não conseguia vencer, a não ser com auxilio de gran- de esforço. Esta rijeza era completamente indepen- dente da vontade do doente, ella estorvava a liberdade ou melhor, a instantaneidade dos movimentos, sem que existisse verdadeira paralysia. Quando se pedia ao doente que elevasse o braço ou marchasse, elle o fazia perfeitamente e com uma facilidade, que admi- rava, quando se cuidava no esforço qne empregaria para dobrar passivamente o punho, curvar os dedos, dobrar o joelho, em uma palavra para mudar a attitu- de deste corpo, parecendo unido em seu todo. Esta grande rijeza coexiste com'uma exaggeraqão notável dos reflexos rotulianos e periosteos. Em varias tentativas, mas não constantemente, temos obtido o clonus do pé e o da rotula esquerdos. Fóra destes symptomas, nada mais de notável; não tem atrophia muscular, nem perturbações da sensibili- dade; appetitebom, nutrição egualmente. A bexiga e o rectum íunccionam normalmente. A attitude do tronco é normal; ora a marcha é' lenta, ora arrastada: a propulsão existe manifestamen- te, porque a mulher nos diz que ella teme as quedas, todas as vezes que o seu marido desce os menores degraus, tendo o cuidado de o seguir, quando elle precipita sua marcha. Subjectivamente o doente accusa uma sensação de incommodo; sente a necessidade de mudar de posição e este sentimento de mau estar não o deixa mesmo á 18 ARLINDO COSTA noite e o impede de dormir. Vinte vezes por noite elle sae de seu leito e volta. Ainda hoje é impossivel de só, sahir ou voltar para o leito e sem o auxilio de sua mulher. Accusa uma sensaqão de calor no dorso e nos rins, principalmente no logar quesoffreu a contusão. O seu estado moral tem sido egualmente mudado: o doente torna-se irritável não só por causa de sua incapacidade para o trabalho, como também por causa de sua insufiiciencia funcional. Até esta data o diagnostico achava*se suspenso: nós nos achavamos diante de uma nevroèe traumatica, tendo certas semelhanças com as hysterias traumati- cas no homem que Charcot tem tão magistralmente descripto. Antes de af firmar meu diagnostico de nervo- se de Parkinson, eu queria observar o tremor cara- cteristico, symptoma quasi pathognomonico e não deixando de existir senão raramente. i O doente tomou lõ papeis de uma gramma de sulfonal, afim de acalmar as agitaqões da noite e recu- perar o somno. Pedi ao paciente que voltasse no fim de um mez, o que fez, voltando a 4 de Marqo. As insomnias cederam ao sulfonal, o estado geral é bom; os reflexos são menos exaggerados; impossivel de obter o clonus do pé, porém a rijeza dos membros persiste, sobretudo para os movimentos passivos. Coisa capital, o tremor, que não existia ha um mez, é manifesto: em certos momentos existe nas mãos e nos pés, particularmente no pé direito. A duvida não é mais possivel: nós estamos em presença ARLINDO COSTA 19 de um caso de moléstia de Parkinson, de origem trau- matica. Como estas, muitas outras observações existem concernentes á causa traumatica da moléstia de Parkinson. Achamos que a influencia do traumatismo em si, no desenvolvimento dessa nevrose, não merece a „ importância que se tem dado e a nosso vêr é ainda a emoção que sobrepuja as demais causas. Ordinaria- mente, as emoções precedem ou succedem aos trauma- tismos; é assim que o individuo, antes de receber o traumatismo, já tem, embora rapidamente, tido sua emoção. Supponhamos que uma parede vae desabar por cima de um individuo, este, uma vez presintindo o desastre do qual vae ou pode ser victima, procura fugir e não obstante a fuga é finalmente attingido. Ora, ahi não se pode dizer que foi exclusivamente o traumatismo a causa da moléstia de Parkinson, uma vez que antes d’elle ser victima do traumatismo, teve a emoqão. Não é nosso intento negar a influencia que exerce o traumatismo no desenvolvimento da paralysia agi- tante, porém, por nosso turno, pensamos que essa influencia é toda indirecta. Foi assim que interpretamos a observaqão de Glorieux. Sebastião D...., presintindo que ia ser victima do traumatismo que inevitavelmente produzir- lhe-ia a viga, teve antes sua emoção. O traumatismo parece concorrer para a gravidade 20 ARLINDO COSTA da moléstia ou para que ella se desenvolva rapida- mente, em virtude do choque por elle produzido. Vibert crê que se tem exaggerado muito o papel de emoção, tendo notado que a gravidade da nevrose traumatica não está nullamente em relaqão com o gráu da emoqão. Strumpell comprehendendo sob o nome de nevro- ses traumaticas um conjuncto de phenomenos em relaqão etiologica com um trauma, porém sem relaqão com uma lesão organica do systema nervoso periphe- rico ou central, crê que a acqão mechanica não é o mais frequente para se ver a appariqão da nevrose; elle opina que o agente provocador destas perturbações seja a emoqão moral, a influencia psychica. Patricopoulo declara que ha varias especies de nevroses traumaticas: elle diz:“Il ríexiste pas une ne- vrose- traumatique mais cies nevroses traumatiques'\ . Sob a influencia de um. traumatismo, cada orga- nismo responde de uma maneira especial; emquanto a maior parte dos traumatisados fica indemne de toda a affecqão nervosa, a outra se vê atacada de uma ne- vrose, variando esta segundo os individuos. Charcot assignalou e incluiu no grupo das causas determinantes da paralysia agitante, a irritação de certos nervos periphericos em seguida a uma ferida ou uma contusão. Boucher cita uma observação de E. Demange, di- zendo reconhecer por causa a irritação traumatica de um nervo da peripheria. Observação. — Traumatismo do annular do lado AULINDO COSTA 21 direito, em Março de 1873 — Sippuração longa, soffri- mentos vivos. — Tremor da mão direita, observado no mez de Julho. Após um violento terror, o tremor se generalisa. Habi- tação húmida — Estado da doente em 1875. — Hlisabeth Fl...., idade 57 annos, jornaleira em CJiampigneuh.es, entra nos primeiros dias de Abril de 1875, no hospital St-Charles, e occupa o leito n. 2 da sala St-Franqoise (serviço do Professor V. Parisot.) Elisabeth Fl.. .., nunca esteve seriamente doente, tem sempre habitado o campo, seus ascendentes directos, seus ascendentes indirectos e seus collateraes, nada têm de pathologico. Durante oito annos, el] a habitou um alojamento húmido; nunca teve rlieumatismos; tem sido sempre bem regrada; seus quatro filhos go- zam perfeita saude; a menopausa chegou ha dous an- nos, sem lhe determinar nenhuma perturbação. Ha tres annos, no mez de Marqo, que uma espinho se cravou na extremidade do dedo annular da mão direita, determinando um phleugmão do qual soffreu muito e durante muito tempo. Foi no mez de Julho seguinte que pela primeira vez, a doente percebeu um tremor da mão direita, sobrevindo sem motivo; emquan- to ella estava em repouso, sua mão era agitada de sacudidelas convulsivas, não podendo moderar. Longo tempo, o tremôr ficou limitado á mão direi- ta; porém, em virtude de um violento mêdo, a perna e o pé direitos comeqarama tremer, as sacudidelas tor- naram-se cada vez mais intensas e não mais se inter- romperam. 22 ARLINDO COSTA A doente íicou assim vários mezes, com um tremor limitado aos membros do lado direito; durante todo este periodo, sentia dores lancinantes, assaz intensas, que ella comparou ás picadas de alfinetes e que loca- lisaram sobretudo nos membros affectados do tremor; a sensaqão de formigamento nas mesmas extremidades, foi a unica perturbaqão da sensibilidade. Pouco e pou- co o tremor se ia generalisando e invadiu, a principio, a mão esquerda, depois o pé esquerdo. Depois de dous mezes, o maxiilar inferior começou a tremer. O corpo da enferma era agitado inteiramente por um tremor bastante intenso, que predomina no mem- bro superior direito, e sobretudo no seu seg- mento; a mão direita é, com effeito, submissa, quasi sem interrupção, com movimentos alternativos dos quatro dedos internos ligados, para a palma da mão, e da mão sobre o punho. Estes movimentos em torno do eixo transversa], são alterados por uma oscillação ligeira, porém muito manifesta, da mão em torno do eixo antero posterior da articulaqão radio-carpiana. O pollegar está na extensão e abducção, si se o affasta desta posição elle a retoma rapidamente; os outros dedos são ligeira- mente adelgaqados. Os movimentos da mão lembram perfeitamente o do esmigalhar do pão. Quando se apresenta um copo cheio de agua á doente, ella o recebe com facilidade com uma ou outra mão; o tremôr pára immediatamente e ella o leva á sua bocca, sem derramar uma só gotta e sem hesitaqão; pode-es fazer esta experiencia quasi indefinidamente; ARLINDO COSTA 23 mas se se procurar fazer com que o copo fique immo- vei em sua mão, o tremor reapparece após alguns instantes; parece que a doente não pode dominar seus movimentos convulsivos senão durante um certo tempo. A estada de pé é muito facil; a occlusão dos olhos não dá a sensaqão da perda do equilibrio; ella tem a noqão do solo; nós temos procurado provocar os movimentos de lateropulsão e retropulsão assigna- lados nestes casos por Charcot, tendo podido verificar; a doente marcha regularmente, sem ter tendencia á correr para diante, porém ligeira mente inclinada para diante. A cabeqa é immovel, a face é impassivel, e se não fosse o brilho dos olhos da doente e a clareza de suas respostas, dever-se-hia duvidar da conservaqão de sua intelligencia. Não existe nystagmus nem perturbação dos senti- dos. O maxillar inferior é agitado por um pequeno movimento de elevação e abaixamento, o que dá á lín- gua uma especie de tremor communicado; porém pode-se assegurar facilmente que os musculos da lin- gua não são de modo nenhum interessados; nenhuma perturbação da palavra. A sensibilidade cutanea é inta- cta por todas as suas formas; a doente accusa apenas uma sensação de calor persistente, no cavado epigas- trico; sente muito calor e muitas vezes durante a noite ella rejeita a coberta. Elisabeth F1.. .. tem feito no hospital St-Charles, varias estadas prolongadas; os diversos tratamentos aos quaes tem sesubmettido, não modificaram sensível- 24 ARLINDO COSTA mente o seu tremor; o bromurêto de camphora, que lhe tem sido dado durante um mez, não produziu effeito algum. “Nós temos pois sobre os olhos um caso de paraly- sia agitante; e em nossa doente, os symptomas são de tal maneira precisos, que se não pode ter nenhuma hesitação no diagnostico.” Nesta observação, parece-nos, ha um erro de inter- pretação da parte de Boucher, que diz reconhecer como causa unica'e verdadeira da moléstia de Parkin- son n’esta doente, o traumatismo por ella soffrido ou melhor as modificações locaes trazidas, seja pelo desenvolvimento da inflammação, seja pelas: causas que a provocaram Com effeito a doente foi victima de uma espinha cravada 11a extremidade do dêdo, e um panaricio; mas se de um lado existe o traumatismo, do outro temos |as emoções vivas e a habitação húmida, que também se suppõe uma das causas que dão nascimento á molés- tia de Parkinson e em vez de como pensa Boucher, nós julgamos, que fossem as emoções a causa da para- l.ysia agitante na pessoa de Elisabeth F1.. .. E’ claro que em tudo que fallei e para que isto se produza, deva se levar em conta e figurando em pri- meiro logar, a predominância do papel importantís- simo da predisposição. ARLINDO COSTA 25 SYMPTOMATOLOGIA Segundo o methodo clássico da descripção de Charcot, dividiremos a evolução da paralysia agitante em tres periodos, os quaes são: periodo de começo, periodo de estado e periodo de terminação. Periodo de começo. Este periodo nós subdividil-o- hemos em dous outros, visto como as observações nos mostram que a moléstia de Parkinson, ora tem seu inicio lento, ora súbito. Começo lento. Na maioria dos casos, o tremor é o symptcma que primeiro desperta a attenção dos doen- tes, sendo sempre súbito em sua apparicão. O tremor é uma desordem da inervaqão, encontra- do em vários estados morbidos; e se vezes ha que elle parece depender tão somente de lesões grosseiras da massa cerebral ou da medulla espinhal, outras, pelo contrario, manifestam-se independentemente de qual- quer lesão organica apreciável. Na paralysia agitante, onde não ha lesão especifi- ca, elle é phenomeno quasi pathognomonico ligado a outros symptomas, podendo manifestar-se tardiamente ou deixar de apparecer. O tremor da moléstia de Parkinson tem caracteres especiaes, que o fazem distinguir dos outrcs tremores, como havemos de ver quando tratarmos do diagnosti- co. Elle é eircumscripto e comeqa ordinariamente pe* las extremidades; as mãos, os dedos, particularmente o pollex, são affectados em primeiro logar, os pés po- dem-n’o ser também. Paulatinamente este tremor que 26 ARLINDO COSTA é transitório e idouco accentuado, vae progredindo em intensidade, persistência e extensão. Quanto a este desenvolvimento progressivo, se- guem-se certos preceitos: assim é que, se fôr a mão direita a primeira affectada, no fim de alguns mezes ou annos, será a vez do pé direito, a mão esquerda em seguida eOlogo após o pé esquerdo. A invasão cruzada é rara. Commummente o tremor limita-se durante muito tempo aos membros de um só lado do corpo—forma hemiplegica—ou ainda aos dous membros inferiores—forma paraplégica. (Cliarcot). Uma vez confirmada a moléstia, o tremôr, que invadiu diversos membros, é mais ou menos frequente durante a vigilia; e exasperado por movimentos voluntários e emoções moraes, acalma-se durante o repouso, e cessa por completo durante o somno. Algu- mas vezes elle só se apresenta por intermittencias, e, cousa interessante, é sobretudo durante o repouso que elle se manifesta para cessar, quando os membros são postos em movimento pela vontade. Quando se localisa na mão,ella toma uma attitude particular: as phalanges estão distendidas,umas sobre as outras, porém ha íiexão dos dedos sobre o meta- carpo. A mão e os dedos tremem, individualmente e este tremôr compõe-se de oscillaqões rythmicas, porém de pequena extensão !e duração curta. Este movimento coordenado do pollegar sobre a face externa do index, lembra os movimentos que' se em- pregam quando se quer fazer pilulas, enrolar cigarro ou, melhor, contar moedas. ARLINDO COSTA 27 Os movimentos do membro inferior têm ordinari- amente o mesmo rytkrno, que os do membro superior e lhes são synchronos, como se o individuo estivesse a pendulo, as vezes acontece que este synclironismo 'é roto e a medida batida no tempo improprio, o que é logo corrigido. Qualquer que seja o modo de progressão da agita- ção e o seu grau de intensidade, a cabeça é sempre indemne nos diíferentes estádios da moléstia. Voltare- mos a tratar deste facto, quando fizermos o estudo do diagnostico differencial da paralysia agitante. Começo súbito. Alais raro que o procedente, este modo|]de desenvolvimento da moléstia de Parkinson tem sido observado em seguida a uma emoção violen- ta, como se vê nas observações inseridas no capitulo da etiologia. O tremôr neste caso invade ora um úni- co membro, ora todos os membros, persistindo durante um indeterminado numero de dias, diminuindo gradu- almente ou mesmo desaparecendo de vez. Mais tarde, porém, após uma serie de melhoras e exacerbações alternativas, elle se estabelece definitivamente. Charcot refere-se sobre a mudança da escripta nos parkinsonianos. Da comparação feita entre as escriptas actuaes e as de uma data anterior á moléstia, pode-se tirar bons elementos para o diagnostico. Neste periodo da aífecção, com a’vista desarmada, a escripta parece regular, sendo sempre mais tenue do que quando o individuo se achava no estado de saude; mas, se munidos de lentes a examinarmos, nota- 28 ARLINDO COSTA remos em seus caracteres, partes mais largas e partes mais estreitas.O doente parece não mais ter a sensação da pressão que se imprime á penna para formar a parte cheia das lettras, sendo essas delgadas nos logares èm que deveriam ser mais accusadas. Período de estado. Um tremor, continuo quasi sem- pre, agita os membros; sua intensidade varia conforme os individuos, conforme os membros do doente, vari- ando ainda segundo a occasião. Assim é que os mem- bros e seus segmentos que foram invadidos em primeiro logar, são agitados com mais energia que os que sof- freram a invasão depois. As emoqões isthenicas ou asthenicas, o exercicio dos movimentos voluntários, exaggeram o tremor, que pode ainda ser exaggerado sem causa nenhuma apreciável que se possa imputar, persistindo por um tempo assaz longo. Neste periodo da affecqão si se observa as mãos dos doentes, a coordenação das oscillaçces das dife- rentes partes que as constituem é de tal maneira tão perfeita que se poderia acreditar na execuqão de um movimento voluntário. Os quatro dedos internos, uni- dos uns aos outros, mais ou menos dobrados em seu conjuncto, formam uma só peqa, que vem bater por sua múltipla extremidade, na face anterior do pollegar algumas vezes movei, ou na palma da mão (metade superior;. Nesta phrase da moléstia, as alteraqões da eseri- ptura são bem evidentes a olho nú. As pernas das lettras são muito irregulares e muito sinuosas; essas irregularidades e essas sinuosidades que não têm senão ARLINDO COSTA 29 uma amplitude limitadíssima não se encontram egual- mente em todas as ietras e mesmo em toda as partes de uma mesma letra. A cabeça e o pescoço do indivíduo, são respeita- dos; longe de ser agitados, os musculos da face são immoveis, o olhar tem uma firmeza notável e a physio- nomia, ás vezes, tem uma expressão permanente de tristeza, outras vezes de estupidez. O nystagmus que figura tão frequente na symptomatologia da sclerose em placas disseminadas, não existe 11a moléstia de Par- kinson. A língua é também affectada desse tremor e não é raro vel-a animada desse tremor mesmo encerra- da na cavidade bucal, crescendo a agitação si se a tira para fóra da bocca. Os lábios, ás vezes voltados, para dentro são applicados um contra o outro. Não ha pro- priamente embaraço da pailavra, porém o discurso é lento, interrompido, a palavra breve, parecendo que a pronuncia de cada palavra custa um esforço conside- rável da vontade. Quando a agitação do corpo é exces- siva, pode acontecer que a palavra seja tremula, entrecortada, semelhante a palavra de um indivíduo que íallasse montado em um cavallo posto a galope. Vezes ha em que os enfermos parecem fallar entre os pentes. J. Cisler, tendo submettido doze parkinsonianos da clinica do professor Thomayer, em Praga, ao exa- me laryngoscopico, notou em oito dentre elles, a existência de uma perturbação particular do funccio- namento das cordas vocaes. Nestes doentes, as cordas vocaes, cujo aspecto 30 ARLINDO COSTA exterior não ofíereciam desde então nada de patliolo- gico, se achavam em um estado intermediário entre a posição mediana e a abducção. Entretanto ellas con- servavam sua mobilidade e a extensibilidade galvanica do nervo recurrente era normal. Tratava-se, pois, não de uma paralysia, porém de uma simples rigidez das cordas vocaes, analoga aquella que os parkinsonianos apresentam nòs outros musculos do corpo. No que tange á influencia exercida pela rigidez das cordas vocaes sobre a emissão da voz, o autor tem notado, na maior parte de suas observações, uma inhibicão parcial da phonaqão. Esta accusa um re- tardamento sensível sobre a incitação nervosa que a solicitava. Porém, olliando-se em repouso, sua posição aty- pica, em semi-abducção, as cordas vocaes conservam, como elle o já disse sua morbilidade, sobretudo no que concerne á adducção. Da mesma maneira que a rigidez dos musculos, do tronco e dos membros, a rigidez muscular do larynge está sujeita ás remissões. Cisler opina que esta rigidez das cordas vocaes se deva encontrar frequentemente na moléstia de Par- kinson. Debaixo do ponto de vista da semeiologia e do diagnostico, a pesquiza deste signal não seria para esquecer. A sialorrhéa é um dos symptomas da moléstia de Parkinson, que tem sido menos frequentemeute des- cripto. Mencionado por Vulpian em 1886, Brissaud, Heiman, Eulemberg, Gilli, Compin e Raymond o tem muitas vezes classificado entre os symptomas da mo- ARLINDO COSTA 31 lestia, porém nunca tentaram penetrar em seu mecha- nismo patliogenico. Oppenlieim, em um trabalho apparecido em 1903, lembra a observação de seis parkinsonianos com sia- lorrhéa e occupa-se particularmente de esclarecer as causas deste plienomeno morbido. Para elle a sialorrhéa não depende de uma mani- festação meclianica; ella não é devida ao tremor eventualmente concomittante dos lábios, do mento, da lingua e dos musculos mastigadores que são affectados da rigidez e dif Acuidade motora. Oppenheim conclue, dizendo que a sialorrhéa representa uma hypersecreção salivar primitiva, um phenomeno de origem bulbar. Os musculos da respiração, não parecem participar da desordem convulsiva dos membros; alguns doentes se queixam de oppressão, quasi constante. A cabeça dos doentes é projectada para diante e inclinada, sua ílexão é variavel, algumas vezes é assaz considerável para que o mento, como em alguns dos casos observados por Parkinson, venha se applicar sobre o sternum. Charcot tem notado que em uma certa epocha da moléstia, os musculos do pescoço, dos membros, do tronco são atacados de uma rigidez a principio doloro- sa e intermittente; os musculos flexores são affectados primeiramente e em maior gráu. E’ a rijeza muscu- lar que impõe aos doentes sua attitude caracteristica: o eixo de seu dorso forma ordinariamente com os membros inferiores um angulo obtuso; seu pescoqo faz 32 ARLINDO COSTA com o eixo do dorso um angulo menor. Os braços es- tendidos ao longo do thorax se affastam delle muito francamente; os antebraços são dobrados sobre os braqos, quasi em angulo recto, de tal maneira que as mãos dobradas sobre os antebraços repousam sobre a cintura. Com o andar do tempo, as mãos, por causa da rigidez permanente de certos musculos, offerecem deformações que devem ser conhecidas, porquanto em varias occasiões têm tornado o diagnostico difficil. Ordinariamente o pollegar e o index são alongados e approximados um do outro, posição egual a que se toma quando se pega em uma penna para escrever; os dedos, ligeiraraente inclinados para a palma da mão, são,desviados em massa para o bordo cubital. Final- mente elles mostram em suas diversas articulações, uma serie de flexões e de extensões alternativas, de maneira a lembrar certos typos de deformações obser- vadas no rheumatismo chronico progressivo. Os mem- bros inferiores rigidos são ligeiramente curvados. Co- mo a dos membros superiores, sua extensão é bastante difficil. Os joelhos são approximados um do outro, os pés simulam a malformação designada sob o nome de pé torto, varus, esquino; os artelhos apresentam a dis- posição em garra. Devido a essas malformações a marcha é possivel, porém soffre modalidades; as articulações tibio-femoraes, parecem ankylosadas; os movimentos de progressão se passam quasi exclusiva- mente nas articulações superiores, a extensão do passo é diminuida, os doentes se transportam sobre a parte anterior dos pés e sobre os artelhos, os quaes uma ARLINDO COSTA 33 vez cessada a marcha, retomam sua posiqão primitiva. Os movimentos voluntários são retardados em sua effeituação e decorre-se entre a ordem da vontade e o acto, um tempo muito relativamente considerável; os menores esforços acarretam uma fadiga extrema. Dejerine diz que os parkinsonianos que têm per- dido quasi toda sua força muscular para o trabalho motor, a conservam longo tempo para o trabalho está- tico. Isto não é analogo ao que se passa na moléstia de Thomsen, porque os doentes podem relaxar o musculo. A fraqueza é maior para os musculos extensores, o que concorda com a attitude em flexão destes doentes. Segundo as pesquizas de Borneville, o enfraque- cimento dynamometrico é mais pronunciado no lado em que o tremor predomina. A marcha de uma pessoa atacada de paralysia agitante é caracteristica. Quando quer se levantar de sua cadeira a recúa, como se a extensão do campo fosse insufflciente: apoia suas mãos sobre o balaustre de sua cadeira, adianta a bacia, approxima as mãos aos lados da cadeira e após alguns esforqos, levan- ta-se subitamente. Estes movimentos são penosos e executados com lentidão. Uma vez de pé, suas mãos veem unir-se a cintura, a flexão do corpo e da cabeça é então mais pronunciada. Os doentes hesitam alguns segundos antes de se pôr. em marcha, que encetada toma, muito embora, 34 ARLINDO COSTA contra sua vontade, a feição de uma rapida marcha. Muitas vezes durante o seu trajecto", não raro acontece serem ameaqados, ou mesmo victimas, de desastra- das quedas. Não poder-se-ha admittir, pelo menos em todos os casos, que esta tendencia a correr para diante, esteja ligada exclusivamente á que o centro de gravidade se aclie deslocado pela inclinaqão da cabeça e do tronco; effectivamente, alguns doentes, a despeito da flexão manifesta de seu corpo para diante, tendem durante o curso de sua marcha, a recuar ou mesmo se voltar. Além disso, ha casos nos quaes se tem assignalado a propulsão e a retropulsão sem que a inclinaqão se tenha manifestado. A paralysia agitante não é uma moléstia deplo- rável porque priva o doente do uso de seus membros, reduzindo-o, cêdo ou tarde, a uma inércia quasi abso- luta; ella se torna uma affecqão cruel porque sua trajectoria é acompanhada de um grupo de sensaqõe s penosas, que vamos descrever: Constantemente fatigado, prostado, sobretudo após os paroxismos do tremor, é atormentado por um mau estar indefinível, que se cara.cterisa por uma necessidade constante de mudar de posição, sendo obrigado a levantar de momento em momento; esta necessidade exaspera-se a noite, muito principalmente quando o doente se acha deitado. O pezo de seus mem- bros parece augmentado e os seus musculos parecem que são rasgados. Charcot foi o primeiro que assignalou, nos par- kinsonianos, uma sensação habitual de calor excessivo, 35 ARLINDO COSTA que é mais acusada na região epigastrica e sobre o dorso; mais raramente, os membros e a face são a séde deste calôr subjectivo que augmenta em intensidade, após aos paroxismos de tremor. Esta sensação é ainda acompanhada de uma abundante secreção de suor, tornando-se mais intensa nos individuos que não suam e cujo tremor é pouco accentuado. Por mais intensas que sejam esta sensação de ca- lôr e a energia das contracções, a temperatura central fica sempre normal. O conhecimento de tão interes- sante phenomeno é devido ainda a Charcot, o qual se baseiou em numerosas observações tliermometricas. Apezar da reserva muscular da qual os doentes fazem as suas despezas, vê-se em alguns delles com- postos que são considerados como productos da com- bustão dos musculos, diminuir na urina ou não attin- gir seu maximun physiologico. As analyses feitas por P. Regnard nas urinas de dois doentes de Charcot nos dão o seguinte resultado: a media de 14 dosagens dá para a uréa 19 grammas, cifra hyponormal, e para o acido urico 1 gr. 25. Grunner e Vogel tem sempre encontrado uma di- minuição dos sulfatos nas urinas dos individuos ataca- dos de affecções dynamicas. Os reflexos são normaes ou melhor um pouco en- fraquecidos. Não ha perturbação da sensibilidade: ella é conser- vada em todas as suas formas, com todos os caracteres sob os quaes se apresenta no estado normal. A respiração e a circulação são normaes: ha algu- 36 ARLINDO COSTA mas perturbações para o lado do apparellio digestivo, dentre as quaes resalta uma constipação pertinaz. Para o lado da pelle, ás vezes nota-se a presença de echymoses expontâneas symetricas assignaiadas por Carriere, as quaes são verdadeira mente de origem myeiopathica. Ordinariamente, os symptomas que temos descri- ptos, persistem, augmentando em intensidade até o termo fatal, e podem se prolongar até 20, 25 e mesmo 30 annos. O periodo ultimo que dura geralmente de 3 a 5 annos é caracterisado por desordens da nutrição e perturbações psychicas. O doente calie n’um verda- deiro estado de cachexia. A intelligencia perfeita nos dous primeiros períodos é perturbada sensivelmente; ha perda completa da memória. As perturbações tro- phicas são evidentes e no marasmo, com anasarca, diarrhéa, incontinência de urina, prostação completa das forças, escharas que se manifestam em vários i pontos do corpo, o doente chega ao termo final de sua existência. Geralmente uma affecção intercurrente apparece antes do periodo supradito, pondo termo á vida do paciente. A marcha desta affecção não é sempre progres- siva; tem-se citado casos de melhora e mesmo de cura. (Eliotson, Brown Sequard e Duclienne.,) Pelo que acabamos de expôr, não existe no qua- dro clinico da moléstia de Parkinson um só symptoma ao qual possamos chamal-o de pathognomonico e como ARLINDO COSTA 37 Boucher, pensamos que o symptoma de primeira or- dem é o aspecto geral dos doentes. DIAGNOSTICO E PROGNOSTICO Do conjunto dos symptomas descriptos no capitulo precedente, deduz-se que o tremor e a rigidez muscu- lar são os dous principaes symptomas da moléstia, pelo que para melhor clareza e metliodo vamos, em- bora succintamente, descrever em separado, cada uma das afiecqões que com a moléstia de Parkinson offe- reqa alguma analogia. Paralysia geral progressiva. A paralysia geral pro- gressiva, quando não sobrevem no curso da alienação mental, pode ser confundida com a paralysia agitante. Effectivamente, no caso figurado, os individuos gozam no comeqo de toda sua intelligencia; ás vezes o tremor é precedido de um enfraquecimento dos membros que tomam a fôrma de invasão hemiplegica ou cruzada. Este enfraquecimento é de curta duraqão e uma verdadeira paralysia succede-llie logo, o que se não dá com a moléstia de Parkinson; mais ainda, a intelli- • gencia e os sentimentos sempre sãos nos vários perio- dos desta ultima affecção, excepto no ultimo, são logo perturbados nos primeiros tempos da paralysia geral progressiva. Frequentemente observa-se uma perda gradual, insensível, do movimento nos musculos interiores e involuntários, o diaphragma mesmo pode ser atacado, 38 -ARLINDO COSTA a língua balbucia, os sphincteres se relaxam, final- mente a paralysia geral progressiva existe raramente isolada, independente; ella é sempre ligada a varias perturbações intellectuaes, que acabam por trazer a demencia. Ora, nenhum destes symptomas são com- muns á moléstia de Parkinson: o tremor dos paraly- ticos geraes, é caracteristico. “Elle se compõe de saccudidelas mais ou menos approximadas, mais ou menos extensas, aífectando o musculo todo inteiro ou aos feixes isolados de fibras musculares; exagera-se sob a influencia do esforço voluntário, transforma-se, passando em dadas occasiões de um tremor imperfeito á convulsão”. (Fernet) Os paralyticos geraes não têm o fácies caracteris- tico dos parkinsonianos. Choréa chronicci. Em um de seus tratados de clinica, Trousseau chama a attenqão sobre a possivel confusão da choréa, sobrevindo nos velhos com a choréa senil, ou tremor senil que tem muita analogia com a paralysia agitante. Clavemeira fez em 1872, o diagnostico differencial entre a choréa clironica e a paralysia agitante. O estado de instabilidade continúa que se observa n’esta, durante a vigilia, a relação da » causa com o effeito que se tem assignalado entre as emoqões e seu começo, a violência da agitaqão que se tem notado algumas vezes na moléstia de Parkinson, são os dados de que dispomos para fazer o diagnostico. Nos choreicos, a agitação pode não deixar indemnes a cabeqa, o tronco e a face; mais ainda, a direcção geral de seus movimentos é estorvada desde a origem, por ARLINDO COSTA 39 sacudidas desordenadas, extensas e que se tem com- parado a descargas electricas. A escripta é um pode- roso elemento de diagnostico para estas duas affecções: na choréa, os doentes não podem ligar as lettras, que por sua lhes são desiguaes, mais elevadas, que, no estado de saude, caracteres estes que faltam 11a moléstia de Parkinson. A choréa é uma moléstia fre- quente nas primeiras idades, emquanto que a paralysia agitante, afóra os casos excepcionaes, ataca de prefe- rencia as pessoas idosas. O fácies da choréa em nada é analogo ao da paralysia agitante. Tremor senil. Em suas formas completas, esta affeoção está ligada ao estado de enfraquecimento ge- ral, e não se manifesta senão nos velhos ou nos indi- víduos victimas de velhice precoce. Seu comeqo é lento, sua marcha isenta de remissões e exacerbações é gradualmente crescente. Quanto ao seu modo de invasão, que é sempre symetrico manifesta-se primeiramente nos musculos do pescoqo, depois se extende successivamente, sendo menos frequente nos lábios, nas mãos, nos braços e nas pernas. Esta generalisação não se encontra na moléstia de Parkinson na qual a cabeça fica indemne de toda agitaqão, ou quando algumas vezes isto aconteça, as oscillaqões são communicadas pelo tronco e os braqos. A prova disso é que, se mantivermos fixos essas par- tes a agitação da extremidade cephalica é também suspensa, o que não se dá com o tremor senil. Nos ve- lhos ha uma sensaqão de frio e um balbucio continuo 40 AELINDO COSTA que não existem na moléstia de Parkinson. Final- - mente, no tremôr senil as oscillações não trazem a ideia- de certos movimentos coordenados. Tremores toxicos. A intoxicação, por certas subs- tancias, taes como o álcool, o chumbo, o mercúrio, o ab' sintho, haschish, o iodo, o opio etc, podem dar lugar á appariqão de tremores, que se poderiam confundir com o da moléstia de Parkinson. Delongar-nos-hemos um pouco sobre os tremores causados pela intoxica- ções alcoolica, mercurial e saturnina, que são os mais frequentes, si bem que a elles como aos demais de » origem toxica, a reunião da caracteristica symptoma- tica e sobretudo da caracteristica etiologica, especia- lisa perfeitamente este grupo de tremores. (a) Tremôr alcoolico— O tremôr alcoolico é sobre- tudo pronunciado pela manhã; elle não occupa senão os membros superiores e não é rythmado como o da paralysia agitante. (b) Tremôr 'mercurial. Este tremôr augmenta consideravelmente por occasião dos movimentos vo- luntários, que diminuem ao contrario o da moléstia de Parkinson. (c) Tremôr saturnino. A existência do tremôr saturnino negada por muitos auctores, pode affectar todas as formas, desde a tremulação muscular que torna insensivel á vista, até a da ataxia. Laíont opina que o verdadeiro tremôr saturnino é aquelle que é precedido de uma fraqueza progressiva nos membros thoraxicos, affectando em primeiro logar a mão, ás ve* ARLINDO COSTA 41 zes esse tremôr é unilateral elocalisa-se á direita, ge- neralisando-se depois. Muitos auctores consideram esse tremôr como sendo de origem alcoolica e esse facto tem sua expli- caqão visto como os indivíduos que trabalham com os preparados de chumbo costumam tomar álcool. Lafont objecta-os dizendo ter observado que o tremôr satur- nino augmentava mais intensamente durante a noite do que pela manha, o que não succede com o tremôr alcoolico que, como já vimos, é augmentado pela manhã. O tremôr saturnino differe ainda do da paraly- sia agitante por não ser coordenado. Amollecimento cerebral. A attitude emphatica destes doentes, a perturbaqão dos movimentos que se tornam de uma lentidão extrema,a immobilidade dos traços que tornam a physionomia hebetada, estúpida, o escoamen- to involuntário de saliva e o embaraqo da palavra, taes são os dados com que nos podemos confundir com os da moléstia de Parkinson. Charcot chama attenção para a integridade da intelligencia, que, nos parkin- sonianos, é conservada ordinariamente até o fim. Sclerose em placas disseminadas. E’ a sclerose em placas disseminadas, uma das affecqões que por muito tempo'se confundiram que maior analogia offerece com a moléstia de Parkinson, pelo que se faz mister que nos delonguemos no estudo dos symptomas communs a ambas, differenciando-os. O tremôr é um symptoma commum á sclerose em placas disseminadas e á paralysia agitante; é elle que fez confundir essas duas affecções até antes dos traba- 42 ARLINDO COSTA lhos de Charcot. Vejamos os caracteres especiaes delle á cada uma delias. Na sclerose em placas disseminadas o tremor é nullo durante o repouso, manifestando-se por occasião dos movimentos intencionaes, de uma certa extensão principalmente e tornando-se mais intenso á propor- ção que o fim a attingir é mais afastado. As oscillações são quasi nullas quando o doente faz pequenos traba- lhos (coser, enfiar a linha, etc) sem que os movimentos sejam muito alterados; a escripta no começo é perfei- tamente legivel, mas seu tremôr é irregular, as lettras não têm seu tamanho relativo sendo formadas de linhas quebradas, menores que na moléstia de Parkinson, e não sendo ligados entre si. Mas, se o doente quer fazer aqui um movimento extenso, ou se quer tomar uma attitude, que não pode ser mantida senão com o auxilio de uma tensão activa e, mais ou menos energica, dos musculos, segundo estas modificações do periodo estático, exijam a parti- cipação de uma porção ou de todas as porções do corpo invadidas peio tremôr, se vê este oscillar em uma ou em todas as suas partes. Si elle quer, por exemplo, levar á bocca um copo cheio d’agua, o tre- môr apparece na mão e no braço; pouco sensivel no momento da apprehensão exaggera-se á medida que se approxima dos lábios, a ponto de, no momento em que vae attingir o fim, os dentes serem chocados com violência, e a agua per projectada longe. Durante a marcha, suppomos sempre uma forma completa de sclerose em placas; a cabeça, o tronco, e ARLINDO COSTA 43 os membros são agitados; na posição assentada, as oscillaqões não mais persistem senão na cabeça e no tronco, cessando no decubitus horisontal. As mãos em tempo algum são animadas de pequenas oscillações que lhes fariam descrever, como na moléstia de Par- kinson, uma curva elliptica com grande eixo vertical; nunca, segundo se dâ n’esta affecqão, se vê os dedos moverem uns aos outros e simularem, por exemplo a acçâo de fazer pilulas.—Na sclerose em placas, o tre- mor é precedido mais frequentemente do que na molés- tia de Parkinson, pelo enfraquecimento das forças motoras, o qual pode ir até a uma paraplegia, come- çando pelos membros inferiores e ganha em seguida os superiores e a cabeça. As extremidades dos mem- bros superiores são ordinariamente a primeira séde da agitação na moléstia de Parkinson. Assim como o tremor dos membros, os movimentos da extremidade cephalica, têm caracteres especiaes mestas duas aifecções. Na moléstia de Parkinson, é de regra que os mús- culos da cabeqa e do pescoço fiquem indemnes de toda a agitaqão e mquanto o contrario se observa na sclerose em placas disseminadas. Os movimentos que animam a cabeça dos parkinsonianos, são communicados pelos membros e o tronco. O tremôr na moléstia de Par- kinson, produz-se sobretudo no estado do systema muscular, que corresponde a uma posição fixa, e é permanente na vigília; os movimentos que necessitam de grande amplitude, longe de o exagerarem, dimi- nuem frequentemente sua intensidade; nunca augmen- 44 ARLINDO COSTA tam com a proximidade do ponto a attingir; demais são pouco extensos, rápidos, regulares, e consistem em contracqões e relaxamentos alternativos dos mús- culos que estão em jogo, seja para executarem o deslo- camento de um membro ou a traslação de um corpo por inteiro, seja finalmente para conservarem nas partes sua attitude natural. Segundo Gubler, as contracqões musculares, em logar de se desenvolverem como nas condições normaes, gradualmente, sem agitaqões, o de uma maneira insensivel, fazem-se ao contrario, por saccudidas e como por uma corrente interrompida, com intervallos de repouso. Na sclerose em placas disseminadas não ha as- tasia muscular, porém producção de contraeções invo- luntárias, sem fim, que se approximam das gesticula- ções da choréa; esta analogia era tal que antes das pesquizas de Charcot, a sclerose em placas foi algu- mas vezes designada sob os nomes de choréa rythi- mica, de paralysia choréiforme. Algumas vezes observa-se no comeqo da scle- rose em placas, a diplopia, e commummente no peri- odo de estado, a amblyopia e nystagmus, que excep- cionalmente existem na moléstia de Parkinson. Nota- se mais um embaraço da palavra que se approxima do symptoma correspondente da paralysia geral progres- siva; ella é lenta, arrastada, momentos ha nos quaes é quasi inintellegivel, sua articulação hesitante, por vezes precedida de uma contração quasi convulsiva dos lábios. Certas consoantes taes como o l o p o g, são par- ARLINDO COSTA 45 ticularmente mal pronunciadas, modalidades estas que se não tem observado na paralysia agitante. A vertigem, em virtude de sua grande frequência, de sua apparição precoce, na sclerose em placas e de sua ausência na moléstia de Parkinson, é um importante elemento de diagnostico. Na sclerose em placas, os doentes conservam du- rante longo tempo sua physionomia ordinaria; depois de um certo tempo apresentam geralmente um aspecto de estupidez, sobrevindo ao mesmo tempo uma modi- ficação no estado mental; todas as faculdades intellec- tuaes e affectivas se enfraquecem, os doentes vivem como indifferentes a tudo que os cerca. Tem-se notado a alienação mental, surgir no meio deste periodo depressivo. Tremôr do bocio exopJttalmico—. O tremor do bocio exophtalmico é rápido e miudo, vibratório, pouco mais ou menos localisado nas extremidades, sobretudo nos dedos. Hysteria. Um tremôr hysterico pode simular muito bem o da moléstia de Parkinson; procurar-se-ão os sti- gmas e se observará a acção, tão eíficaz, dos agentes esthésiogenos e da suggestão. (Fleury.) Rheumatismo articular chronico. Esta affecqão, mor- mente quando é progressiva, apresenta caracteres de tal modo idênticos aos da moléstia de Parkinson, que podem dar logar a um erro de diagnostico. Estes caracteres são: a attitude geral, a retracqão dos musculos, os desvios da columna vertebral, e as deformações das mãos. Baseado em factos de ordem 46 ARLINDO COSTA clinica, Charcot faz, como vae abaixo escripto, o dia- gnostico differencial destas duas affecqões, de etiolo- gia bem differentes mas de caracteres parecidos. Os differentes phenomenos do rheumatismo arti- cular, agudo ou sub-agudo, verificam-se nas juntas, que são menos moveis. A tumefaqão apodera-se das partes molles para produzir as hydarthroses, das es- pessuras da synovial e do tecido sub-seroso; das par- tes duras para formar os osteoides. Estes symptomas não existem na moléstia de Parkinson.Concomittante á retracção espasmódica dos musculos, dores em forma de caimbras que existem na moléstia de Parkinson, surgem crepitações e anky- loses cellulosas, symptomas estes que até então não têm sido verificados na moléstia de Parkinson e que são proprios do rheumatismo nodoso. Nesta affecçâo é preciso procurar as causas que concorreram para as alterações das articulações que na moléstia de Par- kinson ficam illesas. O aspecto soldado dos parkinso- nianos não é susceptivel de confusão com o do rheu- matismo chronico generalisado. Prognostico—O prognostico da moléstia de Parkin- son é um dos mais graves, não só porque raros são os casos de cura assignalados, como também porque todos os symptomas que apparecem no decurso de sua mar- cha trazem um soffrimento atroz para o doente. Pathogenia e Anatomia pathologica Até então, não obstante os muitos estudos e pes- quizas que de ha muito se vêm fazendo, é ainda bem 47 ARLINDO COSTA grande o claro que nos apresenta a pathogenia e a anatomia pathologica da moléstia de Parkinson. Deixando de parte as theorias combatidas, con- tentar-nos-hemos em fazer uma resenha das que modernamente se acham em voga e que já tantos em- bates têm soffrido. Alguns pathologistas não tendo achado lesões caracteristicas, continuam a considerar este syndromo como uma nevrose. Aã instar Blocq e Gauthier, muitos auctores consideram esta affecqão como de origem peri- pherica muscular. Prankel a colloca no grupo dos syndromos produzidos por uma alteração do chimismo orgânico, taes como o myxedema e a moléstia de Ba- sedow. Até o presente, só um caso de associação do syn- dromo de Parkinson com o de Basedow, é conhedido, o qual foi publicado por Moebius. Os estudos de physiologia experimentai feitos por Vassal e Generali no cão, Erheim no rato, Doyen e Jouty nos passaros, Harvier no cnelho e no gato, de- monstram que a paratyroidectomia total praticada nos animaes, traz após si phenomenos tetânicos que acar- retam a morte. Os phenomenos agudos comeqam mais cedo no gato tres horas, no coelho dezeseis horas após a parathyroidectomia. Os animaes estremecem ao menor ruido; nota-se um tremor das extremidades anteriores e posteriores que se exaggera quando se eleva ou excita o animal ou ainda quando se bate na gaiola. Este tremor se estende 48 ARLINDO COSTA a toda musculatura do corpo; existe dispnéa intensa com forte inspiração; finalmente crises convulsivas repetidas vêm apressar a morte do animal. A destruição brutal ou lenta de um certo numero de parathyroides pode trazer perturbações da nutrição com evolução lenta e se terminar pela morte, sem que tenha havido antes, manifestações tetanicas. Lundborg foi o primeiro auctor que estabeleceu a relação da paralysia agitante com as glandulas para- thyroides e pelos resultados obtidos em suas pesquizas está inclinado a acreditar que esta affecção seria um syndromo chronico e progressivo do hypoparathyroi- dismo. As razões que o levaram a tirar esta conclusão, foram as seguintes. Dedicando-se ao estudo da myo- clonia, achou em uma familia de suecos rústicos, 18 casos de myoclonia e cinco casos de paralysia agi- tante. D’ahi lhe surgiu a ideia de uma relação exis- tente entre os dous syndromos que tem ainda de com- mum a sua evolução sempre progressiva, interessando ambos ao apparelho neuro-muscular, terminando-se pela cachexia. Na myoclonia se observa muitas vezes uma rigidez e uma attitude do corpo analoga a attitude do syndro- mo de Parkinson. A seu vêr a myoclonia tem ainda relações com a tetania, fazendo lembrar o aspecto dos animaes thyroparathyroidectomisados. A attitude da mão na paralysia agitante, por sua semelhança com a que se nota na tetania, vem ainda em apoio da opinião Lundborg, do mesmo medo que os resultados favoráveis obtidos por Berkley com a ARLINDO COSTA 49 applicação da opotherarpia parathyroidiana no syn- dromo de Parkinson, e sobre o qual nos delongaremos quando estudarmos o tratamento. Castelvi assignalou a existência de lesões do corpo thyroide e é de opinião que estesyndromo seja a con- sequência de uma autointoxicaqão de origem thy- roidiana. Alquier em suas investigações anatomo-patholo- gicas, achou nas parathyroides grande numero de ve- sículas gordurosas e substancia colloide baseando-se nisto para admittir que se trata de uma glandula em estado pathologico intermediário ao liyper e ao hypo- funcciona mento. Gustave Roussy contesta a opinião de Alquier, dizendo que os factos sobre os quaes elle se baseia são insufficientes para julgar do estado pathologico de uma glandula de secreção interna em geral, e sobre- tudo das parathyroides. Bem que de nenhum valôr nossa opinião, no en- tretanto estamos de accordo com Lundborg, si bem que um argumento serio surgisse desfavorável a sua tlieoria, e foi o seguinte: na paralysia agitante as reaccões electricas são geralmente diminuidas en- quanto 11a insufíicienciaparathyroidiana aguda (tetania) ellas são exaggeradas. Dubief diz ter encontrado lesões protuberanciaes ou peri-ependymares, um endurecimento senil dos centros nervosos com atrophia e sobrecarga das cédulas pigmentares, uma pigmentação anormal das cellulas dos cornos anteriores da medulla. 50 ARLINDO COSTA Ballet em 1898 achou as mesmas alterações medul- lares, e mais ainda uma fragilidade particular dos prolongamentos protoplasmicos das cellulas dos cornos posteriores e dos anteriores da medulla. Gowers attribue a rijeza dos parkinsonianos a uma alteração funccional dos prolongamentos protoplasmicos das cellulas nervosas. Blocq e Gauthier têm assignalado lesões mus- culares. Sanna Salaris diz que a fibra muscular é em geral um pouco atrophiada. A estriação transversal apparece mais ou menos claramente e não em toda a fitóra, porém as lesões são parciaes e mal definidas. A estriaqão longitudinal apresenta vacuolos em forma de losango; as fibras longitudinaes são embaraçadas e se dirigem em todos os sentidos. O tecido perifascicular nada offerece de particular. Os núcleos de sarcolema são normaes em numero, séde e dimensões. Os vasos sanguíneos visinlios dos tendões encon- tram um augmento dos núcleos, a túnica media tem um aspecto hyalino. Alguns raros feixes nervosos visiveis não mostram nenhuma alteraqão do c.ylindro-eixo. TRATAMENTO A moléstia de Parkinson é, debaixo do ponto de vista therapeutico, uma destas afíeeqões pertencentes ao grupo das para que até então têm sido baldados todos os esforços. ARLINDO COSTA 51 0 opio, a morphina, a strichinina o arsénico, debaixo da forma de injecções sub cutâneas, a electri- cidade, a hydrotherapia, os banhos sulfurosos, o bromurêto de camphora, o iodurêto de potassium, a hyosciomina e tantos outros medicamentos, têm sido ensaiados, sem comtudo dar nenhum resultado. Algumas vezes nota-se uma melhora, embora pas- sageira, com a applicação de alguns delles; assim por exemplo a hyosciamina 11a dose de meia milligrammo e o bromurêto de potassium, têm sido indicados contra a agitação. Medicamentos ha que em vez de produ- zirem effeito, vão exaggerar o estado de agitação; são elles, o nitrado de prata, a strichinina, o opio, segundo Charcot Tem se aconselhado ainda submetter os doentes a um choque vibratório, collocando-os em uma cadeira trepidante. Berkley, baseado 11a theoria de Lundborg e nos ensaios de physiologia experimental, feitos por Vassal e Gerali, Erheim, Doyn e Jouty, já por nós allures referido, administrou glandulas, experimentadas phy- siologicamente, em onze casos de paralysia agitante em vários graus. Em alguns casos obteve melhoras e todos os doentes notaram haver um augmento de coragem, bem estar e energia mental, durante a administração do medicamento. Maragna e Mossaglia publicaram a observação de dous parkinsonianos, que foram tratados com suc- 52 ARLINDO COSTA cesso, porém logo que suspendeu o tratamento, o tremôr reappareceu. Berkley diz que a mór parte dos preparados, existentes no mercado, são inactivos; elles variam tanto em seu valôr tlierapeutico que não deveriam ser usados, sem serem previamente ensaiados. Como as preparaqões se alteram rapidamente, é de bôa praxe conserval-as no gelo até serem usadas. A dose inicial do preparado em pó é de 1120 do grão (1 decigrammo =1,5-132 grão), 2 ou 3 vezes por dia, de preferencia em capsulas, sendo que as doses maiores produzem fra- quezas, constipaqão e excitaqão nervosa. Os effeitos salutares do medicamento nos casos tentados, só foram observados após o uso de 50 a 75 capsulas. Dos onze doentes, nove melhoraram, sendo que as melhoras mais accentuadas foram nos casos mais recentes. Um doente, julgando-se curado teve alta de tra- tamento: outro contou que os tremores apparecidos . mais recentemente se tinham applacado, emquanto os antigos se mostraram com menos intensidade. Froment e Pillon recentemente propozeram e incluíram na therapeutica da moléstia de Parkinson o methodo da resducaqão muscular. Alquier diz que viu os bons effeitos da massagem se manterem vários mezes e até um anno e meio. Finalmente mais recen- temente ainda Grasset se contenta em citar textual- mente e sem nenhum commentario, algumas linhas do capitulo consagrado por Lagrange ao tratamento da ARLINDO COSTA 53 moléstia de Parkinson pelos movimentos methodicos e a mechanotherapia. Quanto á, technica empregada, ella se resume nos dados seguintes: movimentos passivos communicados pelas machiuas, exactamemte rythmadas, do system a Zander, movimentos activos variados e repetidos dez ou quinze vezes em cada applicaqão, movimentos ry- thmados interessando os diíferentes grupos muscu- lares, com um peso de resistência consideravelmente inferior á força dos musculos considerados. Meige recommenda e diz que esse tratamento para ser completo, é preciso lutar contra a inércia do parkinsoniano por um processo gymmastico muito exactamente regrado; massagem, movimentos passivos exercidos activos executados com lentidão, attenção e meticuloso cuidado. OBSERVAÇÕES ( Observação pessoal) R. M., idade 68 annos, viuva profissão domestica, interrogada diz-nos o seguinte: Antecedentes hereditários e coilateraes. — Não tem paes, que morreram ha muitos annos, nada podendo informar. Teve 9 irmãos, dos quaes oito mulheres e * um homem. Dos irmãos restam apenas dois, que apezar de serem mais velhos, gosam de bôa saude. Antecedentes pessones. Na infancia nem na puber- dade teve moléstias dignas de nota. Menstruada aos 13 annos, sempre foi bem regrada até a epocha da 54 ARLINDO COSTA menopausa. Aos 16 annos casou-se, sendo gravida seis vezes, quatro a termo e dois abortos, um no ter- ceiro mez e outro no quarto. Os filhos são bastante nervosos. Ha dez annos passados foi accommetida de um forte accesso de asthma, o qual sobrevinha men- salmente, desapparecendo logo que se manifestaram os primeiros symptomas da paralysia agitante. Perguntamos como e quando se tinha iniciado sua moléstia, e a doente nos contou o que abaixo vae escripto: Em Setembro de 1905, dormia á noite, quando foi despertada por um rumôr extranho que ouvira, para os lados da sala de jantar; attribuira esse rumôr á pre- sença de gatunos, apoderando-se immediatamente de grande pavôr. Horas depois, passado o medo, observou que o seu braço direito tremia, tendo fortes tonturas e vontade de vomitar. Passada essa crise, adormeceu e em despertando no dia seguinte permaneceu por algum tempo no leito, sentindo a sensação de enfado, que durou todo o dia. O tremôr com as suas alternativas, fazia pro- gressos; hoje elle é franco. Decorrido um anno calcu- lada mente, o tremôr que desde o inicio da moléstia se havia localisado no braço direito como acima dizemos, extendia-se pouco e pouco â perna e coxa do mesmo lado, tomando deste modo á forma heiniplegica. Desta maneira a doente levou dous annos, de nada quei- xando-se a não ser do tremôr, com o qual, dizia ella, já se achava acostumada e que se não fôra a fraqueza que sentia do mesmo lado, podia se considerar bôa. ARLINDO COSTA 55 Sua marcha e attitude era typica dos parkinsonia- nos. Quando caminhava, seus passos eram miúdos e pareciam medidos; si tentava correr, depois de em- pregar um esforqo ingente, o mais que conseguia era obter um numero maior de seus passos, não podendo ultrapassar a medida. O lado affectado pela hemiplegia parecia enrijado, na attitude de marcha a perna não dobrava, e a arti- culação do joelho parecia ankylosada. A enferma sentia ainda dormência do lado doente. Cosia perfeitamente apezar do tremor e conta ella que, nocomeqo enfiava até a linha na agulha. Tivemos occasiãc de observal-a costurando e notámos o seguin- te: na occasião de enfiar a agulha para dar o ponto, o tremôr cessava por completo; dado o ponto, o tremôr reapparece mais forte do que antes, parecendo se ter accumulado durante o curto espaço de tempo em que não appareceu. Actualmente a enferma excessivamente emotiva em se fallando de uma pessôa de sua familia que tinha morrido, ou quando tem qualquer cólera, ás vezes por factos sem importância tão sem importância que em qualquer de nós poderiam passar despercebidos, a doente se irrita, seu tremôr augmenta e já não é mais o lado liemiplegico que se agita, todo o seu corpo vibra, e cousa notável, a parte da face do lado doente (lado direitoj fica ischemiado, em quanto o lado são (lado esquerdo) se torna ruborisado, conges- tionado. Quanto ao tremôr, que nos accessos de cólera se extende ao lado são, attribuimos a propagação ou ao 56 ARL1NDO COSTA augmento de intensidade do tremôr, que se repercute até ao lado são, sendo sempre mais accentuado do lado doente. A asthma, a que no comeqo nos referiu a doente, cujos accessos#voltavam todos os mezes, desappareceu por completo. A attitude da doente neste tempo, chamava a atten- ção de quem quer que a visse. Os traqos de seu rosto eram immoveis, o ar trágico, caracteritico dos parkin- sonianos, como muito bem o comparou Charcot; o aspecto inteiriçado da doente, contrastava com o tremôr. De pé, nota-se uma cypliose muito accusada da parte superior do rachis, o qual e em seu conjuncto é desviado á direita; estes desvios conincidem com os da antepulsão e lateropulsão á direita. Os braços são ligados ao tronco, os antebraços e as mãos em semi- flexão applicados á cintura. Nesta posiqão, quando o tremôr augmenta, a doente tenta impedil-o com a mão esquerda. O tremôr da mão consiste n’.um movimento coordenado do pollegar sobre a face externa do index, lembrando o movimento coordenado que se emprega quando se quer fazer uma pilula ou enrolar um cigarro. Este tremôr cessa completa mente durante o soiuno e persiste menos intenso, é bem verdade, durante o repouso. Estando-se num lado opposto ao para o qual ella está voltada, e si se a cliama, ella se volta, a cabeça faz um movimento de rotaqão quasi inper- ceptivel, o qual movimento é substituído pelo corpo, ARLINDO COSTA 57 que se volta cora a cabeça, que íica ira movei nesse trajecto. Os seus olhos têm a expressão de angustia. Os signaes de retropulsão e lateropulsão são bem ma- nifestos. Sua escripta é tremida. A palavra é interrompida e esta interrupção dura um tempo muito curto: é, como se tem comparado a palavra de uma pessôa que fallasse montada em um cavallo á trote. Outro facto, para o qual se voltou a nossa atten- ção, foi o modo pelo qual a doente bebia a agua ou outro liquido: no momento em que ia pegar no copo, o treraôr cessava, assim como quando ia levando á bocca. Tomava grandes gólos de espaço a espaço e não era raro vel-a engasgar, sobrevindo em consequência disso uma tosse, tão natural nesses casos. Parecia haver já uma invasão da rigidez nas cordas vocaes. A doente tinha um pytialismo bastante acentuado: cuspia tres e mais vezes por minuto. O estado dos differentes apparelhos, circulatório, respiratório e genito-urinario é satisfactorio, nada havendo digno de menção. Para o lado do apparelho nervoso observamos o seguinte: os reflexos tendinosos, são exaggerados e esse exaggero é mais accusado do lado doente. Não tem o signal de Babinsky. O signal de Argil-Robertson não existe. As cousas iam deste modo, quando em 17 de Se- tembro de 1910, a doente jantava com sua familia, sentindo n’essa occasião um esmorecimento tão grande 58 ARLINDO COSTA do lado direito, que mal pediu soccorro, cahira da cadeira na qual estava sentada. O tremôr era intenso e appareceu pela primeira vez na mão esquerda* Soccorrida por pessoas da farailia, foi levada para seu leito, onde permanece até hoje. Seu appetite, que era bom, tornou-se mau. Caliiu em profundo estado de fraqueza e magreza. Tonicos e reconstituintes llie forem administrados pelo medico assistente, conseguindo no fim de algum tempo melhorar. O seu estado de rigidez era fraco e as escharas glúteas appareceram. Sentia dores ne* vralgicas intensas para o lado da articularão coxo- femoral do lado direito, sobre o qual cahira. Com a applicação de balsamo nerval e chlohydrato de mor- phina esta dôr tem desapparecido. Actualmente immobilisada em seu leito resiste ainda aos movimentos passivos, porém capaz somente de movimentos activos reduzidos. O tremôr é bastante fraco. A necessidade continua de que sente a doente, em mudar de posição e uma sensação iuiterrupta de calor, sensação essa que se exaspera ao meie dia e pela madrugada, é de que actu- almente se queixa a doente, As pernas estão em flexão, sendo impossivel pol-as em extensão, Uma caimbra apparece de tempos em tempos, augmentando o soffrimento da doente. Tem um ligeiro edema, no dorso dos pés, apezar do estado de inte- gridade em que parece se achar o seu rim, segundo nos demonstrou ligeiro exame qualitativo que fizemos em sua urina. ARLINDO COSTA 59 Apezar dessa sensaqão de calôr de que se queixa a doente, principalmente na região dorsal, sua tempe- ratura ó normal. A doente procura se descobrir, mesmo nos tempos hibernosos. Em Novembro do anno passado appareceu um eczema localisando-se nas re- giões dorsal, epigastrica e dorsal do pé, desappa- recendo no fim de tres mezes em seguida á applicação de algumas pomadas. Hoje a doente apezar de ter voltado o bom appetite, do qual dispunha outr’ora, acha-se em estado de atrophia geral muito accentuada, principalmente nas pernas e coxas. Não existe perturbaqão pschica de especie alguma. Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medico-cirurgicas ARLINDO COSTA 63 ANATOMIA DESCR1PTIVA I. O celebelo está situado para traz e por baixo dos hemispherios cerebraes. II. Elle é muito menos volumoso que os hemis- pherios. III. E’ formado por tres partes: uma mediana chamada verrnis e duas lateraes chamadas lobos do celebelo. ANATOMIA MEDICO-CIRURGICA I. A ca retida primitiva se liga no nivel do meio da cartilagem thyroide na altura da quinta vertebra cervical. II. Ella está situada profundamente. III. O ponto de reparo é o bordo anterior do musculo sterno-cleido-mastoideo. HISTOLOGIA I. A estructura das parathyroides é igual a de uma glandula'de secreção interna. II. CompÕem-se de um parenchyma epithelial ou glandular, sem conductos execretores, um stroma conjunctivo e vasos sanguíneos lymphaticos do typo capillar. III. A parede endothelial destes vasos entra em contacto intimo com os elementos epitheliaes. BACTERIOLOGIA I. O bacillo de Eberth vive perfeita mente na agua e no leite. II. Pode conservar sua vitalidade durante varias semanas nas poeiras e nas roupas. ITI. Elle resiste muito ao frio. ARLtNDQ COSTA 64 ANATOMIA E PHYSIOLOG1A PATHOLOGICAS I. As atrophias musculares, anomalias de nutri- ção, são effeito de um acto physiologico ou a conse- quência de um estado pathologico. II. Elias podem ser congénitas e adquiridas. III. Os orgãos que inais geralmente soffrem esta anomalia são os que não possuem uma activa cir- culação. PHY SIOLOGí A I. A principal funcqão do cerebello é regular os movimentos voluntários ordenados pelo cerebro. II. Um passaro privado desse centro é absoluta- mente incapaz de regular a marcha ou o voo. III. Comporta-se como se estivesse embriagado. THER A PEUTIO A I. A strychinina é extrahida do Strychmos nux vomica. II. Ella não é transformada e se localisa na sub- stancia cinzenta bulbo medullar. III. A eliminação se faz pela saliva e pela urina. MEDICINA LEGAL E TOXICOLOGIA I. O conhecimento das desordens do systema nervoso é de summa importância em medicina legal. II. A gravidez, a menstruação, o parto e a me- nopausa, podem ser a causa destas perturbações. III. Neste caso faz-se mister toda a attenção dos juizes. ELYGIENE 1. A porosidade do solo é a causa da presença, ARI.IN DO COSTA 65 tios terrenos, de gaz, de agua, de microorganis- raos etc. II. ELla depende da disposição de seus elemen- tos, e não de sua natureza. III. Em geral as rochas massissas não são po- rosas. PATHOLOGIA CIRÚRGICA I. A vaginalite é a inflam maqão da serosa tes- ticular, II. Ella pode ser, conforme sua marcha, aguda ou chronica. III. Segundo sua origem ella é secundaria ou primitiva. OPERAÇÕES E APPARELHOS I. Atmocausis ê uma operação que consiste em tratar certas lesões da mucosa uterina por meio do vapor d’agua superaquecida. II. Zestocausis é uma variante; consiste em intro- duzir no utero uma sonda com dupla correnteza, não perfurada, de modo que a agua quente que a atravessa sobre a mucosa por interraedio das paredes metala- gelicas superquecidas. III. Este apparelho chama-se Zestocauterio. CLINICA CIRÚRGICA (1.- Cadeira) I. O epithelioma da face apresenta typos clínicos e anatómicos variaveis. II. E’ frequente nos velhos e se designa sob os nomes de crasse senil acré sebaceo concreto e keratomas senis. 66 A EiLINDO COSTA 111. O tratamento consiste na ablaqão cirúrgica . CLINICA CIRÚRGICA (2.- Cadeira) I. Hyspopadias é uma abertura anormal e con- génita, occupandc parede inferior da uretha. II. 0 hypospadias é o resultado de uma parada ou de uma perturbação de desenvolvimento. III. Sua pathogenia se reune pois em noqões applicadas de embriogenia. PATHOLOGIA MEDICA I. A albuminúria é a passagem nas urinas de uma ou varias albuminas do sangue. II. Ella não é uma moléstia, porém um syin- ptoma, dependendo de causa variadas. III. Tem se encontrado a albumina nas pessoas sãs: é a albuminúria physiologica. CLINICA PROPEDÊUTICA I. Chama-se signal de Westplial a aboliqão do reflexo rotuliano. II. E’ um dos signaes mais precoces e mais constantes do tabes. III. E’ causado por uma lesão occupando a re- gião da fita externa do pavimento dorso-lombar da medulla. CLINICA MEDICA (1.- Cadeira) I. Chama-se lithiase renal a formaqão de cálculos no rim. II. E’ geralmente seguida de imigração dos cál- culos no uretere. III. Uma das principaes causas da lithiase é a diathese gottosa. ARLTNDO COSTA 67 CLINICA MEDICA (2r Cadeira) I. O beriberi é uma polynevrite, sobrevindo exclusivamente nos paizes tropicaes. II. Ella se apresenta sob tres formas: parai,ytica, liydropica e mixta. III. E’ acompanhada de phenomenos cardiacos ou dyspneicos por vezes mortaes, edemas dos mem- bros inferiores etc. HISTORIA NATURAL MEDICA I. Os caules, como as raizes, podem modificar-se de modo a tomar formas muito diíferentes dos normaes. II. As formas principaes dos caules modificados são; rhyzomas, tubérculos e bulbos. III. Certas plantas como os tinhorões, o espargo... têm os caules implantados e occultos sob o solo. MATÉRIA MEDICA, PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR I. A hyosciamina ou atropidina é um alcaloide que se encontra em varias Solanaceas. II. E’ crystalisavel e soluvelpna agua, no álcool e no ether. III. E’ prescrita em grânulos ou injecqões hypo- dermicas. CHIMICA MEDICA I. As ptomainas são alcaloides dotados das mesmas propriedades que os alcaloides vegetaes. II. Umas são quasi inoffensiveis, outras estão collocadas no grupo dos toxicos os raais violentos. III. Não ha systema orgânico no qual as pto- 68 ARLTNDO COSTA mainas venenosas não façam sentir seus effeitos. OBSTETRÍCIA I. Menorrhagia é o exaggero mais ou menos accentuado do íluxo menstrua) normal. II. Muitas vezes ella constitue um symptoma commum a um grande numero de moléstias de ordem local ou geral. III. A historia destas menorrhagias faz parte do estudo da moléstia causal. CLINICA OBSTÉTRICA E GYNÉCOLOGICA I. A causa quasi exclusiva das hemorrhagias dos tres últimos mezes e o descollamento da placenta. II. Ella pode estar inserida de uma maneira mal ou viciosa. III. Esta causa tem sido bem demonstrada. CLINICA PEDRIATRICA I. A paralysia infantil sobrevem ordinariamente durante a convalescença de uma moléstia infecciosa. II. Ella se apresenta por vezes sob uma forma epidemica. III. Estas razões tendem fazer consideral-a como uma moléstia infecciosa cuja localisaqão na medulla seria favorecida por uma predisposição here- ditária nevropatliica. CLINICA OPIITALMOLOGICA I. O chalazion é um pequeno tumôr que se des- envolve na espessura da palpebra. II. E)le adhere a cartilagem tarsa, mas não tem nenhuma connexão com a pelle da região. ARLINDO COSTA 69 III. A extirpação com o bisturi é o unico trata- mento efficaz. CLINICA DERMATOLÓGICA E SYPHILI- GRAPHICA I. A syphilis cerebral é ordinariamente uma complicação do periodo terciário. II. De ordinário ella sobre vem alguns annos após o cancro, III. Ella é algumas vezes muito tardia ou muito precoce, manifestando-se nos primeiros mezes que seguem a infecção. CLINICA PSYCHIATR1CA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS I. A myotonia congénita é caracterisada por uma rijeza espasmódica dos musculos, apparecendo no começo dos movimentos voluntários. II. A hereditariedade é a sua principal causa. III. Ella não compromette a existência. Secretaria cta faculdade de Jtfe- dicirja da P>ahia, em 5 de Jfovem- bro de 1912. O SECRETARIO, Dr. Menandro dos Reis Mcirelles ERRATA Pags. Linha Onde se lê: Leia-se: 6 6 del a forme de la forme 11 7 e em os recentes e com os recentes 13 20 toxinas da livres toxinas livres 21 18 uma espinlio uma espinlia 22 30 pode-es fazer pode-se fazer 28 27 Nesta phrase Nesta phase 29 24 entre os pentes entre os dentes 39 5 sua lhes são sua vez são. 40 9 pela intoxicações pelas intoxicações 45 20 o da moléstia c tremor da moléstia 48 1 existe dispnéa existe dyspnéa 48 27 A attitnde A attitude 52 25 resducação reeducação 58 10 era fraco era franco 63 2 O celebelo O cerebello 63 7 lobos do celebello lobos do cerebello 65 5 rochas massissas rochas massiças 65 20 agua quente que a agua quente a * 65 29 crasse senil acré crase senil nené 66 4 occupando parede occupando a parede 66 4 da uretha da urethra 68 14 maneira mal maneira normal autores auctores