TÉZE FACULDADE DE MEDICINA DA BAÍA APREZENTADA Á FACULDADE DE MEDICINA DA BAÍA EM 31 DE OUTUBRO DE 1912 Para ser defendida por flr$«nio L Cavares da Silva Ex-auxiliar-academico do Serviço Medico-Legal no «Instituto Nina Rodrigues» Natural do Estado da Paraíba, Filho lejitimo do Dezembargador Manoel Maria Tavares da Silva (falecido) e D. Francisca de Araújo Tavares da Silva DISSERTAÇÃO * (Oa-d.eira, cLe clinica cimrjica.) Sobre a hidronefroze PROPOZIÇÕES Trez sobre cada uma das cadeiras do curso de ciências medico-cirurjicas GRANDE ESTAB. GRÁFICO G. ROBATTO 98—Rua das Grades de Ferro—98 1912 FACULDADE DE MEDICINA DA BAÍA Diretor—Dr. AUGUSTO CEZAR VIANNA Secretario—Dr. MENANDRO DOS REIS MEIRELLES Sub-Secretario—Dr. MATHEUS VAZ DE OLIVEIRA PROFESSORES ORDINÁRIOS OS DRS.: CADEIRAS: Manoel Augusto Pirajà da Silva . . Historia natural medica Pedro da Luz Carrascosa Fizica medica Francisco da Luz Carrascosa . . . Quimica medica Julio Sérgio Palma Anatomia microscópica José Carneiro de Campos » discritiva Pedro Luiz Celestino Fiziolojia Augusto Cezar Vianna Microbiolojia Antonio Victorio de Araújo Falcão. . Farmacolojia Guilherme Pereira Rebello Anatomia e histoloj'ia patolojicas Fortunato Augusto da Silva Júnior. . » medico cirurjica, operações e aparelhos Anisio Circundes de Carvalho. . . . Clinica medica Francisco Braulio Pereira j » » João Américo Garcez Fróes » » Antonio Pacheco Mendes » cirurjica Braz Hermenegildo do Amaral ... » » Carlos Freitas » » Clodoaldo de Andrade » oftalmolojica Eduardo Rodrigues de Moraes ... » oto-rino-laringolojica Alexandre E. de Castro Cerqueira . . » dermatolojica e sifiligrafica Gonçalo Muniz Sodré de Aragão. . . Patolojia geral José Eduardo Freire de Carvalho Filho Terapêutica Frederico de Castro Rebello .... Clinica pediátrica medica e hijiéne infantil Alfredo Ferreira de Magalhães . . . Clinica pediátrica cirúrgica e orto- pedia Luiz Anselmo da Fonseca Hijiéne Josino Correia Cotias Medicina legal e toxicolojia Climerio Cardoso de Oliveira. . . . Clinica obstétrica J osé Adeodato de Sotiza » ginecolojica Luiz Pinto de Carvalho » psiquiátrica e de moléstias ner- vozas Aurélio Rodrigues Vianna Patolojia medica Antonino Baptista dos Anjos .... » cirurjica PROFESSORES EXTRAORDINÁRIOS OS DRS.: CADEIRAS: Egas Muniz Barretto de Aragão . . Historia natural medica João Martins da Silva Fizica medica Adriano dos Reis Gordilho .... Anatomia microscópica José Affonso de Carvalho » discritiva Joaquim Climerio Dantas Bião . . . Fiziolojia Augusto do Couto Maia Microbiolojia Eduardo Diniz Gonçalves Anatomia medico cirurjica e operações e aparelhos Clementino da Rocha Fraga Júnior . . Clinica medica Caio Octavio Ferreira de Moura ... » cirurjica Albino Arthur da Silva Leitão. ... » dermatolojica e sifiligrafica Antonio do Prado Valladares . . . Patolojia geral Frederico de Castro Rebello Koch . . Terapêutica José de Aguiar Costa Pinto .... Hijiéne Oscar Freire de Carvalho Medicina legal e toxicolojia Menandro dos Reis Meirelles Filho . Clinica obstétrica Mario Carvalho da Silva Leal ... » psiquiátrica e de moléstias ner- vo zas Antonio do Amaral Ferrão Muniz . . Quimica analítica e industrial PROFESSORES EM DISPONIBILIDADE OS DRS.: Sebastião Cardoso I Deocleciano Ramos João Evangelista de Castro Cerqueira | José Rodrigues da Costa Doria A Faculdade não aprova nem reprova as opiniões emitidas nas tézes que lhe são apresentadas. PREERCIO . . . dou a lei tudo o que posso, quão feliz que sou por issol (Diogenes Sampaio.) Data dos primeiros anos da nossa vida académica, a dedica- ção com que nos damos ao estudo de cirurjia. O carinho e fidalgo acolhimento que nos dispensou o nosso mestre e notável cirurjião DR. ALFREDO COSTA, a quem infi- mamente agradecemos■ o muito que fez pela nossa educação nesta clinica, já permitindo-nos a frequência diaria á sua enfermaria do HOSPITAL PEDRO II no RECIFE, desde o nosso segundo ano, já fazendo-nos auxiliar de muitas de suas operações, aumentaram a nossapendencia e estimulo na pratica desta parte da MEDICINA. Obrigados a aprezentar uma téze, agora que pretendemos o grau de doutor, preferimos faze-la sobre um ponto filiado a esta especialidade. Lê-se em o nosso trabalho, de quaze nem um valor, um apa- nhado geral do que falam os uropatolojistas mais notáveis, sobre a HIDRONEFROZE, retenção renal das mais importantes, por isso que traz ao organismo gravíssimas perturbações. * * * Deixamos aqui firmada a nossa gratidão de sempre, ao caro mestre e amigo de coração DR. OS C/l/? FREIRE DE CARVA- LHO, jovem e ilustrado professor desta Faculdade e digno di- retor do INSTITUTO MEDICO-LEGAL «NINA RODRIGUES» * de onde fomos auxiliar-academico, mercê de sua expontania e hon- roza indicação. D155ERTRÇÕ0 CADEIRA DE CLINICA CIRURJICA SOBRE A HIDRONEFROZE X EIU de RAYER o nome—hidronefroze—para dezi- gnar uma afeção dos rins, de ha muito conhecida e caracterizada pela distenção dos cálices e bacinêtes renais, consequência da retenção da urina, á cuja decida se opõe a impermeabilidade completa ou incompleta do canal nefro-uretero-uretral. Em começo de estudos sobre esta moléstia propu- zeram-lhe o nome de uronefroze; hoje entretanto é ge- ralmente conhecida pela primeira denominação, aten- dendo-se á que, a urina estagnada nos rins, sofre pro- funda modificação na sua compozição quimica, de modo a lembrar perfeitamente a agua. No capitulo da etiolojia desta sindrome vemos as hidronefrozes divididas em dois grandes grupos: con- jenitas e adquiridas. Os desvios da constituição em- briolojica do sistema urinário ou o atrazo no seu dezen- volvimento (auzencia, obliteração, estenoze da uretra 3 ou ureterio, embocaduras anormaes deste) formam a variedade das hidronefrozes conjenitas; uni ou bilate rais, os seus efeitos serão precoces ou tardios, durante a vida intra-uterina ou, em época variavel apoz o na- cimento. A obstetrícia conhece uma especie de distocia, criada pelo primeiro cazo. A hidronefroze é para oProf. LAVAUX uma obstru- ção aseptica do ureterio, enquanto que a pionefroze que lhe é muita vez a consequência, corre por conta da obli- teração séptica daquele canal. Em contrario á esta opi- nião afirma o PROF. LE DENTU que nunca conseguiu com a ligadura brusca e total do ureterio de cães e coelhos, esta retenção hidrorenal; do que CONHEIM conclue que só a obstrução parcial, lenta e progressiva do ureterio é cauza da dilatação piélica e esta sua con- cluzão repouzava na seguinte prova experimental: ele ligou levemente o ureterio de cães e cobaias com um delgado fio fenicado e esta lijeira atrezia do ureterio, já pela pouca constrição do fio, já pela imflamação que determinou, conseguiu produzir hidronefrozes. De qualquer modo, é sabido que a hidronefroze começa pela gradual distenção do bacinête, ligada á obstrução incompleta do ureterio e á dificuldade ao encaminhamento da urina e só em cazo de retenção permanente ou tranzitoria deste liquido no rim, é que se instala a hidronefroze; isto vem á se excluir o dia- gnostico de hidronefrozes para as dilatações geraes ou parciaes da piélite calculoza simples, neste cazo á inci- zão do bacinête não verifica-se liquido nem um, a menos 4 que raramente se encontre pequena porção de exudato sero-sanguineo. Para explicar a orijem das hidronefrozes adquiridas encontramos cauzas múltiplas que conseguem a imper- meabilização completa ou incompleta, definitiva ou pas- sajeira do ureterio. O encravamento temporário ou demorado de um calculo no interior deste canal, é muita vez cauza de hidronefroze; em 22 cazos de observação de ROBERTS, 11 tinham esta orijem; em 18 exemplos de SlMON, 7 eram devidos á esta obstrução calculoza. Sabe-se que o calculo não aje no ureterio unica- mente impedindo a franca passagem da urina; a sua prezença neste conduto forrado de epitelio muito deli- cado, atúa como corpo extranho que é, determinando uma inflamação que pode chegar á ulceração, passível de cicatrizar com estreitamento de suas paredes. E só neste mecanismo se vê explicado o fato de se encontrar na bexiga um calculo e no ureterio um es- treitamento que foi orijem de hidronefroze. A’ semelhança da bexiga que lute com fortes con- trações para propelir a urina, atravéz de um obstáculo prostatico qualquer e vencendo ás primeiras tentativas a barreira do colo, livre-se de quaze todo o liquido que tem acumulado, porém que em seguida, sofrendo em sua rezistencia maior quantidade fique no seu interior (faze de dilatação) chegando pela pouca tonicidade de suas paredes a dislende-las (faze dedistenção), assim o baci- nête depois da obstrução do ureterio tende a se dilatar 5 sem sofrer distenção; desde que esta começe, embora tranzitoria, está constituída a hidronefroze. Em suma, é esta moléstia constituída por uma em- pôla e um liquido retido; quando a empôla só, existe, temos somente a dilatação péilica simples; a distenção do saco pelo liquido é caracter necessário, indispensá- vel da hidronefroze. A hidronefroze, não é só produzida por obliteração calculoza do ureterio; tudo capaz de impedir o escoa- mento da urina para a bexiga e deste rezervatorio para o exterior pela uretra, pode ocazionar esta retenção uri- noza do rim. E’ notável que os obstáculos situados para diante da bexiga, capazes de produzir hidronefrozes, entram em muito pequena cifra nos quadros de observações dos especialistas. Sinão, vejamos: Em 142 casos de hidronefrozes adquiridas, publica- das por MORRIS, 3 sómente tinham orijem na hipertro- fia da próstata e 3 eram atribuídos á estreitamentos da uretra. O prof. Le DENTU fala de um só cazo de hidrone- froze dupla, consecutiva á um infranquiavel estreita- mento uretral. Os traumatismos nas rejiões lombares ou delas afastados são frequentes cauzas ocazionaes da hidrone- froze. Na produção das hidronefrozes os traumatismos ajem de diferentes modos, variando em tempo a apa- rição dos sintomas desta retenção, o que levou a se cias- 6 sificar as hidronefrozes traumaticas em dois grupos: tardias e precoces. Tardias—quando o traumatismo desloca o rim que mais tarde será séde da lezão ou quando o ureterio é roto parcialmente com o choque, de onde rezulta um estreitamento traumático e como consequência uma hidronefroze. NATHARATH tem observações de 4 mezes apoz um traumatismo, CORLIES, 2 anos depois e PYE-SlMTH conta um cazo, em que verificou a hidroneftoze, oito anos, apoz uma queda de que fora vitima um seu doente. Precoces—quando sobrevêm quazi ao mesmo tempo que o acidente. Digamos de passajem que os traumas podem ori- jinar pseudo -hidronefrozes, derramamentos uro-hemati- cos que se dão atravéz de uma rutura do rim, cujos sinais clínicos se confundem com os da verdadeira hidrone- froze. O processo anatomo-patolojico é diverso: o tumor aparece imediatamente apoz o traumatismo, formando um grosso empastamento no flanco e muito sensivel á pressão. A’ incizão percebe-se uma cavidade cheia de um liquido uro-hemorrajico em quantidade variavel; a loja renal em muitos cazos, étoda invadida. O exame cuidadozo deste orgão revela uma solução de continuidade do bacinête ou de um cálice, sem o qual não se dariam estes derramens perirenaes. E’ sabido das experiencias de TUFFIER e da confir- mação de todos os observadores que as feridas do pa- 7 renquima renal não motivam este extravaza mento uro-hematico. Ao lado destas pseudo-hidronefrozes encontramos as verdadeiras hidronefrozes traumaticas precoces, para as quais se impõe precizo diagnostico diferencial. Alguns autores ainda hoje, contestam esta varie- dade de hidronefroze, acreditando que esta já existia, velha, latente e o traumatismo foi a pedra de toque para o seu diagnostico, evidenciando-lhe os sintomas; DUVAL e GREGOIRE são desta teoria de simples coincidência. Depois das observações de FERRON aprezentadas á Sociedade de Cirurjia de Paris, tudo nos leva a acreditar que o traumatismo por si só pode ocazionar a hidronefroze, por mecanismos diversos, que não repu- gna, aceita-los: um coagulo formado pela rutura de um pequeno capilar do rim, apoz o traumatismo, pode arrolhar completamente ou incompletamente o ureterio; o traumatismo determina um derramamento sanguíneo perirenal ou periureteral que não é logo absorvido e da sua organização posterior, pode sobrevir um tecido de néo-formação que constrinjindo o ureterio dê lugar á hidronefroze. Como o PROF. DELBET cremos que por qualquer destes meios é procedente a hidronefroze. A compressão do ureterio entra em grande escala na etiolojia da hidronefroze, as estatísticas de MORRIS mostram-nos esta cauza para 118 cazos e em quaze a sua totalidade, é o cancro do utero o ajente compressor. Os exutados peritoniticos, um quisto do ovário ou qualquer outro tumor das viceras abdominais, podem 8 levar o grau de sua compressão ureteral, á ponto de produzir uma hidronefroze. A gravidez é muita vez, cauza de hidronefroze; o utero grandemente aumentado de volume pode compro- mir o ureterio, principalmente o direito. CROUVELLIER notou em autopsias de mulheres que sucumbiam em adiantado grau de gestação, a dilatação piélica em ponto variavel de dezenvolvimento. Tem-se atribuído ás modificações de pozição do utero, principalmente apoz os partos, a compressão dos ureterios que motive hidronefrozes. As iatero-flexões, as retro-flexões e o prolapsus oeste orgão são as pozições mais comuns de vêr-se, na compressão ureteral. Uma variedade de hidronefroze muito interes- sante é a atribuída á mudança de pozição do ureterio a hidronefroze do lim movei, que mereceu acurado es- tudo de TERRIER e BAUDOUIN. Conhecemos de perto a dispozição anatómica da embocadura do ureterio no bacinête: o seu eixo lonjitu- dinal forma com o eixo do hilo do rim um angulo muito obtuzo, de quaze 100 °; nos cazos em que o rim sae de sua loja (nefroptozis) descrevendo em volta de seu hilo uma curva de concavidade interna, arrasta a mudança de pozição e relações do ureterio, que fica em cotuvelo ou torcido sobre si mesmo. A curvatura ureteral primitiva que rezulta desta mobilização do rim, não é fixa e para que esta seja obliterante se faz necessário a sua fixidez. 9 Ora, é uma bride celuloza cicatricial pue prende o ureterio nesta poziçâo viciada, fixando-o, de onde pode vir uma hidronefroze, ora, é uma inflamação que ao nivel da curvatura, dá lugar a um estreitamento e o obstáculo está constituído. Ha curvaturas ureterais temporadas que ulterior- mente tornam-se definitivas, de onde em clinica a obser- vação de hidronefrozes intermitentes, abertas, passarem á hidronefrozes definitivamente fechadas. Nos cazos de torsão ureteral não ha, sabemos, estreitamento das paredes do ureterio, dá-se unicamente a diminuição da luz deste canal; são muito convin- centes as observações, de Albarran, que conseguiu passar sondas em todo o percurso deste conduto, depois de voltado a sua pozição normal. O rim movei é uma afeção muito comum nos indivíduos de meia idade, raramente se vêm observa- ções desta natureza em crianças ou velhos. Hahn achou em 50 crianças de ambos os sexos, de dois a nove anos, uma só observação de rim movei, cujo portador tinha um pied-bot. LARRABÉE só uma vez viu um velho de setenta anos com um rim movei. Autores como FRITZ, BAZY, DUVAL e GREGOIRE, negam ao rim movei a ação patojenica da hidronefroze e quando ha concumitancia destas duas lezões, acredi- tam que a mobilidade do rim, é posterior e efeito da hidronefroze. As observações de MlCHON, PASTEAU e LEGUEU 10 neste sentido, são muito significativas; e demais basta a nefropexia de um rim movei onde começe a hidronefroze, para evitar o seu progresso. A hipertenção da bexiga é frequente e banal orijem de hidronefrose; é muitas vezes o cancro da próstata que se opõe á micção aumentando a pressão intra- vezical: as hidronefrozes daí derivadas, em geral se complicam de infeção se transformando em uma piélo- nefrite com dilatação. II hidronefroze, já o dissemos, pode ser geral ou parcial, esta ultima forma é rara; FENGER, LABADIE- LAGRAVE citam cazos nos quais a retenção urinoza se processou unicamente no segmento superior do rim, havendo só a distenção de um cálice que tinha o seu orificio obliterado; em geral esta dilatação corre por conta de um processo inflamatório qualquer, na aria dos cálices. A hidronefroze, geral é lateral ou bilateral; na primeira hipotéze é do lado esquerdo que ela aparece de preferencia. Os especialiatas aos quais isto dispertou interesse não sabem ainda a razão de ser desta particularidade da hidronefroze geral, o tumor é de ordinário muito mais considerável que na forma parcial; como exemplo da primeira forma de hidronefroze, BONET fala de um cazo em que este tumor atinjiu em um recemnacido o 13 volume da cabeça de um adulto, FRANK tem no seu quadro de observações uma, em que o tumor hidrone- frotico enchia de completo a cavidade abdominal. Em quaze a totalidade das hidronefrozes gerais a dilatação abranje os cálices, o bacinête e o ureterio em extenção variavel, mercê do ponto em que se assestou o obstáculo aodecerda urina. LECORCHÉ em repetidos exames sobre sacos hidro- nefroticos de épocas variadas, notou que o aspeto do tumor muda conforme o seu grau de evolução. No começo o rim parece mais volumozo e aprezenta na sua cizura um entumecimento, devido a dilatação inicial do bacinête, a superfície daquele orgam até então liza, torna-se irregular, mostrando pequenas saliências mamiliformes, esbranquiçadas correspondentes aos cul- de-sacs dos cálices dilatados. Na sua evolução essas saliências aumentam, pro- gride a sua coloração esbranquiçada que se vai alas- trando de modo a limitar pequenas ilhotas de tecido renal avermelhado, que ainda está intacto. Tardiamente essas saliências se confundem, sol- dam-se fazendo dezaparecer as manchas de tecido renal são, que agora foram por inteiro atinjidas; todo o tumor é esbranquiçado, a este tempo. Chegada a este grau, a hidronefroze é caracterizada por um tumor simples ou duplo situada de um ou de ambos os lados do raque, de relação e limites variaveis com as suas proporções. A sua forma varia com o grau de comprometi- mento do ureterio, quando este entra em parte de sua 14 extenção, na contextura da empola, o tumor tem o aspéto piriforme, aprezenta a forma de uma bexiga acha- tada quando o obstáculo assestado no orificio piélico do ureterio, põe-no á salvo da lezão. De ordinário, o tumor é palpavel entre a decima costela e a cristã iliaca, em exemplos vários a que se referem FRANK e RAYER o baço e o figado são forte- mente comprimidos e a respiração muito dificultada. E’ curioso que os capsulas supra-renais que caval- gam estes tumores não aprezentem na hidronefroze alterações notáveis. As paredes da empola chegada a adiantado grau de dezenvolvimento, são delgadas e semeadas de nu- merozos pontos transparentes. Quando o ureterio participa da distenção aprezen- ta-se de calibre muito aumentado, semelhando o intestino delgado. No começo a distenção passa-se unicamente no bacinête; os cálices estão intactos até que, aumentando a pressão intra-piélica o tecido renal é comprimido á ponto de dias apoz, aprezentar-se da espessura delgada, de casca para o tumor. SlMON, estudou os afastamentos e compressões sucessivas que o dezenvolvimento da hidronefroze im- prime as viceras abdominais. As relações do tumor variam com o seu volume e com a sua cauza produtora; na hidronefroze conse- cutiva ao rim movei o tumor se dezenvolve abaixo das costelas e mantém contacto quaze direto com a parede 15 abdominal anterior, a sua localização é mais abdominal que lombar, neste cazo. Ordinariamente a empola hidronefrotica aprezenta desde começo até o fim de sua evolução, uma larga superfície de contacto com a parede lombar e uma por- ção mais ou menos considerável do tumor se deita sobre a parede toracica posterior, sendo que a esquerda este aconchegamento ás costelas é mais intimo. O conhecimento perfeito das relações que mantém o tumor com as viceras e paredes abdominais, tem rela- tiva importância para as intervenções cirurjicas a que obrigam as hidronefrqzes. Um grande saco hidronefrotico recalca os orgams vizinhos e contrai relações diferentes a esquerda e a direita. Do lado esquerdo ele relaciona-se para cima e para dentro com o baço do qual o peritoneu o separa, para dentro está em relação quaze direta com a aorta e para fóratem contacto com o colon. O tumor do lado direito se acha em relação para cima, com figado e o diafragma; para traz, com a pa- rede posterior do abdómen da qual é separado pela camada gurduroza perirenal, muito delgada nestes cazos. Para diante o peritoneu adere intimamente a pare- de do tumor de modo a ser dificilmente destacável. Na porção inferior desta parede, mais proximo da sua face interna, se acha o angulo formado pelo colon acendente que termina e o colon transverso que começa; para dentro o tumor corresponde aos grossos vazos prevertebrais, 16 principalmente a veia cava a qual muitas vezes, se solda muito íntimamente de onde rezulta muitos inconvinientes nas intervenções cirurjicas de que nos ocuparemos, folhas adiante. Quando o tumor é esquerdo o angulo formado pelo colon transverso e decendente se acha quaze ao nivel da sua extremidade superior e mais proximo do seu bordo externo. Os vazos sanguíneos aprezentam particularidades muito notáveis em certas hidronefrozes. Quando a empola adquiriu dimensões considerá- veis diz GOSSET, os orgams do hilo ao envez de pene- trarem em um pediculo unico, intimamente unidos, se afastam uns dos outros, obrigando a que os cirurjiões pratiquem ligaduras varias a este nivel quando pretendam a nefrectomia, apanhando cada um dos vazos, espalhados que eles estejam. Albarran diz que houve um cazo em que fora obrigado a fazer trez ligaduras, é importante a observa- ção que fez este professor. Os ramos da artéria renal aprezentam na hidronefroze as suas paredes muito es- pessadas e consequente diminuição de calibre, a endar- terite, mais ou menos obliterante estende-se aos capi- lares intrarenais, de onde a pequena voscularização dos septos interiores da empola. Geralmente as relações que o tumor mantém com as viceras abdominais, são de simples continuidade, não é raro de vêr-se entretanto que entre estas e aquele se formem brides intersticiais de tecido cicatricial de não facil afastamento. 17 De detidos exames sobre as modificações que so- frem os vazos renais na hidronefroze, chegaram ALBAR- RAN e seus dicipulos a concluzão de que em muitos cazos aparecem ramos arteriais anormais que formam brides, imprimindo curvaturas ao ureterio, quando o pezo do liquido ou a mobilidade do rim obrigam o abaixamento deste orgam. Estas arteriolas têm muita vez, sob sua dependencia a irrigação de zonas do rim mais ou menos extensas e é perigo corta-las, desde que se saiba, graças as expe- riências de COHNHEIM, que as artérias do rim são terminais e não se anastomozam entre si. Alguém que por descuido ou ignorância desta par- ticularidade, secionar estas artérias que formam brides, corre o risco de produzir a mortifição de uma parte do rim; assim é, que em um cazo de HELFER1CH, a seção de um vazo que cruzava o ureterio, em angulo réto, ocazionou oito dias apoz, a necroze parcial do rim (pólo inferior) obrigando-o a fazer uma nefrectomia secundaria. Em frente que estivermos de cazos desta natureza, é de bom avizo evitarmos a seção dos vazos, livrando com habilidade o ureterio de suas curvaturas. Quando abre-se uma empola de hidronefroze percebe-se á primeira vista a sua conformação interior; conforme a idade da hidronefroze variam o seu aspéto, coloração e consistência. Quando a retenção renal é pouco dezenvolvida, a maior parte da empola é formada pelo bacinête que comunica com os cálices distensos, no fundo dos quais descobre-se as pirâmides achatadas. Com o progredir 18 do processo anatomo-patolojico a substancia renal se vai atrofiando e em obediência a lei da gravidade, o processo atrofico que está ligado a pressão forte da co- luna liquida, começa a manifestar-se no pólo inferior do rim para subir progressivamente. De comum, vê-se á abertura da hidronefroze, o pólo superior ao rim intacto. Daí se conclue que nem sempre todo o rim é atrofiado, ha cazos em que o parenquima renal é quaze intacto e conserva ainda sua atividade de secreção, contrastando com um dezenvolvimento considerável da empola. Em alguns cazos, entretanto, só a presença de res- quícios de substancia medular e glomerulos permite a afirmação da existência desta glândula que deza- pareceu. Mais interessante: no féto, só o normal dezenvolvi- mento dos vazos em disproporção com o pouco de subs- tancia renal que se pode distinguir no saco hidrone- frotico, convence da prezença do rim, anterior a apari- ção do tumor. O exame histolojico, escreve o PROF. LE DENTU, revela-nos detritos do rim, lezões de nefrite intersticial (cirroze periglomerular e peritubular); pasmem com a leitura desta observação de mestre, quantos acreditam que um grau avançado deescleroze, se opõe á dilatação desta vicera. A membrana que reveste a superfície interna da empola, mucoza dos cálices e bacinête tem o seu aspéto variavel com a idade e o grau de distenção dessas cavi- 19 dades;ela perde pouco á pouco a sua coloração normal tomando uma nuance esbranquiçada, nacarada, que a aproxima bem das serozas, sofre profunda esquemia e a sua vascularização dezaparece. E’ sem proveito que se procura nas paredes desse tumor elementos que entrem na constituição normal dos cálices e bacinête;a exemplo do que se dá coma camada mucoza, a folha musculoza perde seus caractéres fizio- lojicos sob a influencia da distenção a que é obrigada, as fibras musculares sofrem dejeneração gurduroza e tendem a dezaparecer. Muitas vezes o dezenvolvimento do saco hidrone- frotico se faz muito regular e a configuração interna do tumor é trilocular, dependente do bacinête e dos seus dois ramos principais de divizão. Todavia a forma de vasta empola percorrida de pequenas lojas antigos cálices, separados por septos delgados, resquícios das colunas de Bertin. A composição do liquido retido no bacinete e nos cálices varia com o grau de evolução da hidronefroze. RAYER, que se deu ao estudo da constituição quí- mica deste liquido de retenção, acredita que só a uréa em dados cazos, diagnostica a sua natureza renal e bazeado unicamente nesta particularidade ele, se adian- tava a dizer com segurança da orijem do tumor em questão. Sabe-se hoje entretanto que a uréa pode faltar completamente e o liquido fica reduzido a agua, cloru- reto de sodio e algumas células epiteliais. Quando oparenquima renal tem ainda intacta a sua 20 função secretoria e a obstrução do urétorio não é total, todos os autores são acordes em reconhecer que o liquido da hidronefroze é a urina normal ou pouco modificada na sua tára quimica. Desde que a obliteração uretral sela impermeável e o parenquima rena! comece a atrofiar-se, o liquido da empola entra a sofrer intimas modificações. Na hidronefroze muito antiga, o conteúdo do tumor adquire caractéres dos líquidos dos quistos de retenção: traços de sais alcalinos ou terrozos, albumina em per- centajem variavel, globulos sanguíneos, tal é a sua compozição. LECORCHÉ acredita que o liquido da hidronefroze passa por trez fazes, refletindo o estado do rim e mucozas das cavidades dilatadas; no começo ele em nada difere da urina, aumentada de um pouco de albumina, mais tarde torna-se gelatinozo e anegrado para finalmente em um terceiro periodo aprezentar uma consistência seme- lhante a da agua ou serum do sangue. Pesquizemos o mecanismo destas modificações, que sofre o liquido hidronefrotico. De começo o seu aspeto e consistência são os da urina e a sua riqueza em albumina vem, é de crêr-se, de uma nefrite parenquimatoza ligada ao aumento de pres- são do liquido. Fica deste modo alterada a secreção renal. E’ corriqueiro principio de fiziologia normal o conhecimento de que para uma normal eliminação de uma glandula, se faz precizo que os fenomenos diale- 21 ticos não sejam modificados e que a tensão arterial conserve-se normal. Muito o contrario disto se vê na hidronefroze: a formação da urina cessa de se proceder. No tumor como em outro qualquer orgam conti- nuam os fenomenos vitais exteriorizados por correntes osmoticas e endosmoticas, que se estabelecem entre o liquido retido e o sangue que corre nos capilares de suas paredes. Graças a ação destas correntes os elementos da urina dezaparecem progressivamente e a uréa pouco dializavel que é, fica quaze sempre de mistura ao liquido. Para a chegada de urina ao saco e o liquido muda de caracteres. E’ de crêr-se que sobre a influencia da distenção da empola sobrevem uma hipersecreção da mucoza e chega o tempo, em que a pressão a que é submetida a mem- brana, torna-a incompatível com os fenomenos vitais que ahi se passavam. A atrofia do saco motiva muitas vezes a rutura de vazos de suas paredes, de onde corre sangue que em- presta ao liquido gelatinozo da hidronefroze velha, uma coloração amarelo-anegrada. Paralelamente a atrofia da mucoza o liquido perde o seu aspéto mucilajinozo, fica menos denso, torna-se serozo, significando um novo estado anatomico da mem- brana, que de mucoza que era, adquire verdadeiros cara- ctéres de seroza. 22 Percebe-se muitas vezes, no fundo dos sacos hidro- nefroticos, colesterina e corpos extranhos de diversas naturezas, graças aos quais frequentemente se orijinam as hidronefrozes. GUYON cita uma observação muito curioza de uma grande hidronefroze, onde foi encontrada pequena por- ção de liquido e muitos gazes que distendiam a empola, produtos de fermentação da urina estagnada. STRAUS e GERMONT fazem o estudo das lezões his- tolojicas das hidronefrozes em dois tempos: faze de ectazia e de atrofia. A primeira faze é limitada a dilatação dos condutos uriniferos, seguida do achatamento do seu epitelio de revestimento, do glomerulo e tubo coletor; esta dilatação começa pelos tubos contornados e a este nivel aprezenta o seu máximo de intensidade. A este tempo esses tubos ficam forrados de uma camada de células achatadas e são tão alargados em calibre, que o corte do rim doente deixa perceber uma serie de vaculos. As alterações dos tubos rétos são de idêntica natu- reza, mais tardias, menos assentuadas e de menor gene- ralização, entretanto; alguns conservam o seu revesti- mento interno epitelial, normal. Das observações microscópicas de AUFRECHT, POS- NER, STRAUS e Germont soube-se que tanto nos tubos contornados como nos rétos notam-se cilindros hialinos em numero maior ao terceiro e quarto dia da retenção renal, de quando começam a diminuir. Os glomerulos, são pouco modificados nos primei- 23 ros dias, malgrado a esquemia inicial com infiltração édematoza que aparece subitamente no rim. Com o progresso da lezão eles tornam-se anemia- dos, embricadss e STRAUS e GERMONT assinalaram a •prezença de pequenos núcleos corados, leucócitos pro- váveis, assestados ao longo das flexuozidades do feixe glomerular. Até então as lezões são exclusivamente epiteliais. Na faze de atrofia, que se instala quatro ou cinco semanas depois, o aspéto das lezões é inteiramente diverso: as capsulas de Bowmann extremamente dila- tadas não encerram mais que um glomerulo atrofiado, infiltrado de leucócitos. Os tubos contornados e rétos são também atrofia- dos, com calibre muito diminuido e de luz quaze de- zaparecida, seu epitelio é uniforme: um revestimento de células achatadas. Para o lado do tecido conjuntivo as lezões são mí- nimas, segundo a opinião de STRAUS e GERMONT, que em ligaduras asepticas do ureterio, só verificaram lijeiro aumento do tecido intersticial, sem hiperplazia nitida. ALBARRAN admite, ao contrario, a escleroze do te- cido conjuntivo, que para estes últimos observadores caracteriza a ligadura séptica (pionefroze). Carece de verificação mais perfeita, este ponto ainda muito em controvérsia. A retenção renal unilateral não limita as suas lezões ao orgam em que se assesta; suas perturbações reper- cutem em todo o organismo, orijinando de um lado em- 24 baraços funcionais, e de outro verdadeiras lezões somá- ticas em aparelhos vários. Daí conclue-se facilmente que a hidronefroze não pode ser considerada como uma lezão puramente local; ela deve ser encarada como uma verdadeira afeção geral e as grandes alterações que traz a vida dos doentes, ex- plicam a alta importância que lhe dão os uropato- lojistas. Falaremos sucessivamente do mecanismo dessas duas ordens de manifestações. Perturbações funcionais — De referencia a este as- sunto tiram-se os melhores ensinamentos dos trabalhos experimentais de Tuffier, Guyon e Albarran. Em experiencias sobre cobaias eles verificaram que a pressão na empola hidronefrotica se eleva rapida- mente á 73 milímetros de Hg., pondo em evidencia o valor da tensão intrarenal de um lado, sobre o funciona- mento do outro rim; este ultimo, depois de impassivel durante uma hora de experiencia, começa a excretar em abundancia durante a segunda hora, simulando uma ação compensadora. A partir da terceira hora, ha uma diminuição gra- dual da quantidade e qualidade da urina excretada, até que faz cessar a tensão intrarenal do outro lado. Tiveram o mesmo rezultado as experiencias de ISRAEL, ZUNTZ e Gotzl quando elevaram progressi- vamente a tensão ao nivel de um dos rins, com uma simples ligadura do ureterio; nestes cazos bastavam 34 milímetros de Hg., para produzir uma anuria tempo- rária. 25 A ação do rim doente sobre o são do outro lado, entra em linha de conta, para a explicação das hidrone- frozes intermitentes; o fim da crize doloroza desta reten- ção é annunciado por uma descarga poliurica consi- derável. TUFFIER e ALBARRAN verificaram que esta des- carga poliurica não é devida ao esgotamento da empola e demais tem-se observado uma poliuria enorme em rim muito pequeno. ISRAEL em um cazo antigo de hidronefroze operada, recolheu separadamente a urina que se escoava da fe- rida do rim nefrotomizado e a que emitida pelo ureterio vinha do rim oposto; enquanto que a primeira era pouco abundante, hematica, a outra porção era clara e em quantidade considerável. Este autor ainda afirma que a simples punção de um rim hidronefrozado que forneceu um liquido san- grento, foi em uma cuidadoza experiencia que fez, se- guida de franca poliuria clara. Guyon na anciedade de explicar estas perturba- ções funcionais lembrou-se do refilexo reno-renal. Os trabalhos de Cl. Bernard e BROW-SEQUARD haviam firmado que a exitação da inucoza do ureterio ou substancia renal, determina uma parada da secreção de ambos os rins. GUYON provou que se pode observar um reflexo reno-renal idêntico ao despertado pelos traumatismos do rim, na obstrução ureteral e por sua vez ISRAEL afir- mava que a drenaje das nefrotomias bastava para provocar a oligúria. 26 Nada ha de pozitivamente provado sobre as lezões do rim oposto ao tumor hidronefrotico; logo em começo de pesquizas sobre este ponto PERL, STRAUS, Ger- MONT e TUFFIER, descrevem a hipertrofia compensa- dora no rim oposto a lezão. Nos animais de experimentação sacrificados ás primeiras semanas apoz a ligadura do ureterio, foram constatadas lezões de citolize protoplasmica em forma de ilhotas e lezões nitidas de nefrite crónica com escleroze intertubular, se o exame histolojico era feito mais tar- diamente. CASTAIGNE e RATHERY publicaram vários cazos de jovens portadores de hidronefrozes, que foram objeto de suas observações durante muito tempo, nos quais se desenvolveu uma nefrite crónica no rim oposto a hidronefroze, que lhes trouxe a morte por uremia. Nestes exemplos não se via nos antecedentes das vitimas nem uma cauza que explicasse o nefrite intersti- cial; suas urinas examinadas antes da hidronefroze não eram albuminozas e tudo os inclinava á crença de que a nefrite crónica, pozitivamente verificada nas ne- cropsias, era decorrente daquele processo morbido. Para explicar o mecanismo dessas lezões, surjiram muitas hipotezes: assim ASCOL1, FlGARl e ANZILOTTI acreditavam que as lezões do rim vinham da grande quantidade de matérias toxicas que eliminava, desde que abolido o funcionamento do seu conjenere. Desprezamos á primeira analize esta supozição, sem valor que ela é. 27 Sabe-se que a nefrectomia não expõe o rim oposto as lezões que sobrevêm da hidronefroze unilateral. A teoria reflexa de Guyon e a nefrite simpatica in- vocada por Klipel e POUSSON são falhas de dados po- zitivos. A teoria toxica satisfaz o espirito de quem se dê ao estudo deste ponto; admitimos pois, que as altera- ções do rim oposto, são oriundas dos produtos de de- zintegração das células epiteliais do rim hidronefrozado, que postos em circulação no organismo, têm ação de- leteria sobre o rim ainda são. Este fato não é duvidozo desde que se tenha noti- cia da destruição do parenquima renal, que fica reduzido a uma delgada casca fibroza, nas obstruções ureterais. Fala em favor desta hypoteze, muito aceitavel, o exame do liquido hidronefrotico, permitindo a aprecia- ção de leucócitos que em ativada fagocitoze englobam detritos de células epiteliaes do rim. Ainda mais, o serum do sangue de animais, nos quais se tenha feito a ligadura do ureterio, goza de pro- priedades nefrotoxicas, muito assentuadas, já vistas por Castaigne e Rathery in vitro e in vivo com. inje- ções em animais de laboratorio. Do exposto é facil a concluzão de que a hidrone- froze é fóco de produção de toxinas, que ajem de pre- ferencia no rim oposto, constituindo'um perigo perma- nente para o doente, ameaçado de ter fechados os seus orgams de expurgação e deixando de ser uma lezão lo- cal reclama uma terapêutica energica. 28 XXX começo da hidronefroze é de ordinário insidioso e lenta a sua evolução; muitas vezes o tumor atinje um certo volume sem provocar a menor dôr. Embora a calculoze renal seja orijem muito co- mum da hidronefroze, escreve o PROF. LAVAUX, é notá- vel que as cólicas nefreticas apareçam raras, na historia clinica destes doentes. O aumento progressivo do tumor, provocando dores espalhadas na rejião dos lombos, sensações de pezo com desenvolvimento do abdómen, dores agudas, paroxisticas mais tarde, trazem o doente a prezença do medico. Algumas vezes, ao contrario, o tumor parece sobre- vir quaze subitamente, depois de uma dôr muito vio- lenta ao nivel da rejião lombar; diminue a quantidade de urina e aparece hematúria. A séde da hidronefroze é a de todo o tumor renal, 29 ocupa primeiramente o hipocondrio e pela ação do pezo dece ao flanco e a fossa iliaca; é de todos os tumores líquidos do rim o que adquire maiores proporções e de flutuação mais franca. Sabe-se entretanto que embora facilmente consta- tavel a flutuação não é uniformemente perceptivel em todos os pontos do tumor, isto porque as suas pa- redes, constituidas pelo bacinête, ureterio e muitas vezes pelo proprio tecido renal, se deixam distender de um modo muito irregular. Quando é volumoza a hidronefroze e a pressão do liquido é muito forte, claro é, que a flutuação é muito apagada si não dezaparecida. Não ha limites para o dezenvolvimento deste tu- mor, ha cazos em que a hidronefroze assume avantaja- das dimensões e NlCAISE fala de uma observação onde a empola unilateral atinjia em um adulto, para cima, ao tubérculo saliente da nona costela e para baixo tinha contacto com as duas espinhas iliacas antero-superiores, ficando em relação com o pubis; a fossa iliaca esquerda era conseguintemente invadida e o tumor proeminava entre a duodécima costela e a cristã iliaca. Quando a hidronefroze é dupla, estes sinais são percebidos de ambos os lados, variedade que só se en- contra nos fétos, graças a que a hidronefroze dupla muito assentuada é incompatível com a vida extra- uterina. Aliados a estes sintomas pode-se encontrar na hidronefroze todos os sinais de compressão que acom- 30 panham os tumores renais: dificuldade na respiração, constipação, perturbações dijestivas, édemas, etc. Das perturbações dijestivas salientamos os vomi- tos, que são sempre suspeitos, por isso que, si podem estar ligados a compressão do estomago, são muita vez a expressão sintomática caracteristica da uremia, quaze sempre fatal. E’ no diagnostico dos tumores renais em geral, que a palpação reprezenta papel importante sobre muitos pontos de vista; só palpando consegue-se distinguir as pequenas saliências da superfície do rim, para o que utilizar-se-á do processo bimanual e a conselho de ISRAEL fica o doente em decubitus lateral e o medico do lado oposto ao rim a examinar-se. A superfície liza do tumor hidronefrotico distingue-o da irregularidade bosselée, do cancro, do sarcoma e tu- berculoze renal. Não confundir-se-á a franca flutuação da hidrone- froze com o frémito dos pequenos quistos de hidatide; é sabido entretanto que certos tumores solidos, tais como o cancro e o sarcoma encefaloide do rim, podem apre- zentar em zonas diferentes uma especie de pseudo- flutuação. A punção exploradora fornece-nos dados para o diagnostico diferencial: assim o liquido de retenção de um quisto hidatico não supurado é limpido, pobre de albumina, contém acido sucinico e algumas vezes cabe- ças ou ganchos de equinococus e demais é desprovido de uréa, o que caracteriza especialmente o liquido hidronefrotico, segundo a opinião de muitos autores. 31 Todos nós sabemos do cuidado que deve andar na feitura desta punção rigorozamente aseptica, atenden- do-se a que não raras vezes, tem sobrevindo a esta operação peritonites mortais. Referindo-se á palpação no diagnostico da hidro- nefroze, diz CATHELIN: um sinal caracteristico quando ela existe, é a prezença de um sulco entre o rim e o ba- cinête distenso, perfeitamente comparado ao sulco de separação entre o testículo e o epididimo. A empola hidronefrotica aprezenta contacto muito evidente com a parede abdominal posterior, á percus- são é macissa em toda a sua extensão. De ordinário a direita ela recalca para baixo o grosso intestino, de modo que deste lado a sua ma- tidez se continúa para cima com a do figado; outro tanto não sucede em relação ao tumor do lado es- querdo que se dezenvolve para baixo da ansa do co- lon transverso, permitindo que superiormente se note uma faixa de sonoridade intestinal. Emfim o tumor crece de cima para baixo contra- riamente ao que soe acontecer aos quistos e tumores do ovário. O PROF. LEGUEU conta numerozos cazos de hidro_ nefrozes dolorozas onde as crizes eram intermitentes, nos intervallos das quais os doentes sentiam relativo bem estar. O acesso começou por uma dôr angustioza na rejião renal que se propagava ao ureterio, simulando uma cólica nefretica; percebia-se então escassez da 32 urina, por isso que só havia um rim a funcionar e sob a acçâo de um reflexo inibitório. A hematúria é sintoma pouco frequente; do meca- nismo porque ella se processa, já falamos linhas atraz. Alguns clínicos ligaram muita importância a este sinal, nos cazos raros em que ele foi visto e estabe- leceram a classe das hematonefrozes. Na uronefroze o valor funcional do rim é sempre diminuído e esta hipofunção pode servir no formular do diagnostico. A eliminação do azul de metileno, que foi pre- viamente injetado, é retardada e de escoamente lento e prolongado, porque esta substancia dissolvida na empola, azulecerá o liquido que dificilmente vai sendo eliminado. O ponto crioscopio dessas urinas é menos ele- vado que normalmente. O cateterismo ureteral firma muitas vezes o dia- gnostico de hidronefroze; não só por este meio conse- gue-se avaliar do grau de comprometimento funcio- nal do rim, como pode se precizar em muitos cazos, o ponto em que se assestou o obstáculo ao corrimento da urina. GEORGES LUYS escreve no seu livro — EXPLORA- TION DE L’APPAREIL UR1NAIRE, — uma longa observação doPROF. Tuffier, no hospital BEAUJON, em que só o ca- teterismo fez o diagnostico de uronefroze fechada, recla- mando imediata intervenção, feita que foi com rezul- tado proveitozo. Sobre ser uma operação delicada, que exije muita 33 pratica e habilidade, o cateterismo pode levar ao se- gmento superior do aparelho renal, infeções ureterais ou vezicais. A hidronefroze evolui sem febre, a aparição deste sintoma no curso desta retenção é geralmente denun- cia de que ela fora infetada; entretanto nos fortes acessss dolorozos. prodromos da descarga poliurica, percebe-se algumas vezes uma subida minima da co- luna termometrica. O RAIO X, limitando muitas vezes o saco, elu- cida o diagnostico, são precizamente nos exemplos de liquido hidronefrotico muito escuro, que este processo propedeudico se manifesta mais nitido. A marcha da hidronefroze é de ordinário lenta e progressiva e a sua duração é dificilmente sabida, porque o seu começo foje a observação direta dos clínicos. No cazo de tumor unilateral e de retenção inter- mitente a moléstia pode durar muitos anos. Nesta forma clinica sobrevem de tempos em tem- pos uma débâcle de urina e o tumor se esvazia com- pleta ou incompletamente, para adquirir depois as suas proporções primitivas. Algumas vezes, fato notável, acontece que o li- quido não se reproduz e a hidronefroze cura radical- mente: é que o obstáculo ureteral, um calculo quaze sempre, propelido pelo jato urinozo, caiu na bexiga dezobistruindo definitivamente o ureterio. Ha muitas observações de hidronefrozes de marcha 34 aguda, em que o tumor de alguns mezes atinje di- mensões consideráveis: tal é o cazo de JOHN TAYLOR. Não é raro que este tumor fique em estado la- tente, sem que se perceba a menor modificação da saúde e quando é unilateral, o rim são se hipertrofia com um funcionamento suplementar, restabelecendo a eliminação. São conhecidos exemplos de observação de hidro- nefroze, descobertos cazualinente em autopsias de in- divíduos mortos por acidentes e que nunca tiveram noticia de sua moléstia renal. A hidronefroze é uma moléstia grave, atentas a sua persistência, as alterações ulteriores que leva ao rim oposto e as serias intervenções que a sua terapêu- tica reclama. Entre as complicações mais comuns que aparecem no curso de uma hidronefroze são principais: as he- morrajias internas da empola, a sua rutura, a infeção, a peritonite e a uremia. Nas hemorrajias o sangue provem dos capilares inferiores do saco, na grande maioria dos cazos a sua superfície interna é semeiada de equimozes escuras. Sabemos de autores que não crêm na rutura do saco hidronefrotico sem que haja inflamação violenta de suas paredes, consequência da infeção da empola. MONTPROFIT, Carslow, SUTER e outros citam onze cazos em que a rutura teve lugar sem intervenção de nem um processo inflamatório e concluíram que no minino o peritoneu é lezado e a peritonite é conse- quência, no adulto a rezistencia. da capsula renal per- 35 mite a estagnação do liquido extravazado, formando uma perinofroze. A peritonite muitas vezes lembra a apendicite e o PROF. LEGUEU fala de um cazo em que o doente che- gou ao hospital com todos os sintomas de uma peri- tonite no qual a laparatomia revelou uma hidronefroze latente infetada,que foi ponto de partida dos sinais observados. O doente sarou. O papel toxico da hidronefroze sobre o rim oposto, traz a mais grave perturbação para o organismo, a uremia (melhor dize-lo urecemia, graças a nem uma es~ pecificidade desta toxemia.) Rathery viu o coma uremico em etape ultima na vida do hidronefrotico. A infeção da empola tem duas orijens: sanguí- nea e ureteral. No primeiro cazo os microorganismos chegam ao rim pela corrente circulatória e se tem responsabilizado o coli-bacilo em muito alta cifra. As funções sépticas ou o cateterismo feitos sem os escrúpulos da antesepsia, enchem a segunda via de infeção: as urinas são turvas, a curva térmica revela as crizes de hipertensão e a destruição renal é mais pronta, pela combinação das lezões de escleroze, as da infeção. O prognostico da hidronefroze é geralmente entris- tecedor. A destruição gradual de um ou de ambos os rins, as perturbações da compressão que ela motiva e de- 36 mais a supuração da empola que chega muitas vezes a septicemia, explicam a gravidade desta afeção. Esta severidade prognostica é felizmente, graças aos assombrozos recursos da cirurjia moderna em mãos de ALBARRAN, LEGUEU e outros, muito atenuada. Quando esta retenção renal está ligada a com- pressão ureteral de um tumor abdominal, uma inter- venção cirúrgica que o elimine cura-a rapidamente. Na compressão do utero cancerozo, o prognostico é mais grave, mercê do carater maligno deste neo- plasma. O prognostico varia ainda, segundo é a hidrone- froze adquirida ou conjenita, uni ou bilateral, aberta ou fechada. Sem esforço de raciocínio concebe-se facilmente a razão de ser destas variantes. Salientamos o perigo que corre a vida do portador de uma hidronefroze que tem a sua eliminação urinoza mantida pela providencial hipertrofia do rim oposto e é victima uma moléstia intercurrente, a nefrite, por exemplo. A hidronefroze bilateral fechada, já o dissemos, não permitte a vida extra-uterina. 37 ITT de abordarmos e estudo da terapêutica da didronefroze, convém que falemos das modifica- ções que sofre o orifício piélico e a dispozição do ureterio no saco hidronefrotico. O ponto de inserção deste conduto é variavel, rara- mente ela se faz no ponto mais declive da empola, quaze sempre nota-se a baixo de sua embocadura um se- mento mais ou menos considerável do tumor. Em busca do seu ponto de inserção o ureterio per- corre trajéto ao longo da face externa do tumor, a que ele adere por simples brides celulozas ou por um tecido cicatricial rezistente. Dá-se algumas vezes verdadeira fuzão do ureterio a parede da empola piélo-renal. Daí rezulta um esporão, dependente do levanta- mento da mucozo ao nivel de sua extremidade pié- 39 lica, de cuja ablação obtem-se muitas vezes a cura da moléstia. O ureterio tem a luz diminuída pelo espessamento de suas paredes ou por pregas cicatriciais internas, / viziveis principalmente ao nivel das curvaturas. A baixo do obstáculo ao corrimento da urina podem aparecer lezões ureterais e o cirurjião que tem conheci- mento disto deve explora-lo em todo o seu percurso, para fujir a pratica de uma-operação inútil em um ponto deste canal, que ainda em outras zonas é obli- terado. Lembramos o caso de VAN HOOK que depois de seccionar o ureterio além do obstáculo mais vizivel, anas- tomozou-o ao bacinête, constatando dias mais tarde uma nova retenção renal, motivada por um calculo en- cravado na porção vezical do ureterio, procedendo então a nefrectomia. E’ util o conhecimento das seguintes formas raras de hidronefrozes: parciais, sub-capsulares e de duplo saco, renal e ureteral. Na hidronefroze parcial a empola se dezenvolve as custas de uma só parte do rim, porque o obstáculo tem séde ao nivel da divizão do bracinête ou aber- tura de um cálice; cazo em que a intervenção se limita a parte afetada, com a seção parcial deste orgam. Na forma sub-capsular o liquido se accumula a baixo da capsula do rim e se encontra um orifício de comunicação entre o bacinête distenso e a empola peri- renal. 40 ALBARRAN experimentalmente em cães, conseguiu esta variedade de uronefroze. A especie de dupla empola é commum quando a obstrução se localiza no segmento inferior do ure- terio trazendo-lhe uma dilatação considerável. Este mestre cita uma observação de um jovem egypcio, em quem praticou a ablação do ureterio grande- mente distendido, apoz uma nefrectomia a que fora submetido. O primeiro volume do seu livro MEDICINE OPERA TOIRE DES VOIES urinaires traz a estampa de uma ureteridroze que conseguiu produzir em um cão. Como tentativa de cura da hidronefroze preten- deu-se a massajem: comprehende-se o quanto ha de pouco recomendável nesta terapêutica; não foram raras as ruturas e eram insuportáveis as dores que despertava. Contudo si um calcluo era o obstáculo ao curso da urina, acontecia muitas vezes que a malaxação demorada do tumor, deslocava-o e dezobistruindo o ureterio era de feliz rezultado para o doente. A punção figura em primeira linha na lista das in- tervenções cirurjicas da hidronefroze. Aconselhada por LECORCHÉ, deve ser praticada entre as ultimas falsas costelas e a parte anterior do un- décimo espaço intercostal; assim procedendo-se, a exem- plo de Thompson e Hellier, tem-se evitado lezar o in- testino e o peritoneu. 41 E’ curiozo que apoz a punção, aparece um abun- dante escoameuto da urina pelas vias naturais até então obstruídas. Este tratamento é simplesmente paliativo, findo algum tempo o tumor reaparece; aconselha-se nova punção e até mesmo uma terceira. Nem um outro tratamento menos perigozo tem a hidronefroze dupla; punciona-se o tumor mais volu- mozo repetidas vezes que forem precizas e assim segue-se prolongar a vida do doente, por muitos ános. BRODEUR conta-nos um cazo curado em um mi- nino de 13 anos em quem WOLFER fez trez punções, das quais as duas primeiras foram acompanhadas de injeções muito diluídas de iodo. O PROF. Dieulafoy curou uma hidronefroze com- plicada de supuração, praticando durante trez anos e espaçadamente, quarenta e tres punções. OPROF. Le Dentu condena esta terapêutica, acre- ditando-a ineficaz e nem sempre inofensiva, exemplifica o cazo mortal observado por ROSENBERGER e dois fatos de SlMON, onde o trocat levou a infeção ao tu- mor, que supurou dias apoz. Estamos em que na punção praticada com escrupu- loza antisepsia não ha temer a supuração e crêmos que é natural e lojico começar o tratamento da hidro- nefroze pela punção aspiradora simples, que tem a vantajem de muitas vezes fazer o diagnostico. Se ha reincidência no enchimento do tumor re- correr-se-á a uma outra intervenção. A operação neste cazo seria a nefrotomia seguida 42 de drenajem; ainda de referencia a hidronefroze dupla escreve o PROF. Le Dentu: a estirpação de um dos tumores é rigorosamenre contra-indicada, um trata- mento recomendável seria estabelecer uma fistula urinaria, em urna ou ambas as empolas. Não vemos vantajem nessa intervenção, onde o pequeno alivio que pode trazer ao doente, corre pare- lha com a esfacela possível que pode aparecer, ma- ximé quando já tem começado a dezorganização dos rins. Em tratando-se de hidronefroze unilateral que co- meça, este professor aconselha a estirpação do rim, ime- diata á certeza do diagnostico; para o tumor dezenvol- vido, a incizão extra ou intra-peritonial seguida de su- tura da parede e drenajem. Si se estabelece uma fistula permanente, proceda-se a estirpação ulterior do parenquima e detritos renais, desbridando o orificio fistulozo e drenajem da empola que se evita disecar. De primeira analize não concordamos com o sabio PROF Le Dentu de tão proclamada competência nestes assuntos, desde que não achamos procedente fazer-se a nefrectomia em uma faze inicial do tumor, quando não se sabe si ele é intermitente ou passível de um es- vaziamento espontanio. Será mais lojico, parece, tentar-se o cateterismo do ureterio afim de primeiramente precizar o diagnostico e dilatar o estreitamente si ha coarctação deste con- ducto; ha um calculo encravado no ureterio, que não pode ser arrastado ao bacinête, melhor é com a ne- 43 frotomia e cateterismo retrogrado, conduzi-lo a be- xiga. O processo de Simoti para o cateterismo ureteral é aplicavel unicamente a mulher: consiste na introdução do dedo indicador na bexiga e reconhecendo-se o orifício .ureteral, fazer a intromissão da sondã. A grande dilatação a que obriga a uretra e os deficientes rezultados que trouxe este método, fize- ram-no abandonado em pouco tempo. O processo de PAUWLICK discrito em 1886, é tam- bém aplicavel excluzivamente a mulher: a doente era colocada em pozição genu-peitoral e deprimida a pa- rede posterior da vajina percebia-se na face anterior deste conduto, pregas mucozas, ponto de reparo para este autor. I A este tempo ele introduzia na bexiga um cateter especial, cerce com a parede posterior da bexiga e de- primindo a parede vajinal depois de curvar lijeiramente a sonda conseguia penetrar o ureterio. Pouco uzado foi esse processo, evidentemente de difícil manejo e que exijia longa aprendizajem. Em 1896 este mesmo autor fazia diferentemente o cateterismo, armado de um endoscopio que lhe per- inetia ver e cateterizar os orifícios ureterais. Foi GRUNFELD (de Vienna) quem primeiro fez o cateterismo do ureterio com um citoscopio de vizão direta, por ele imajinado. Não nos daremos ao dispensável trabalho de dis- cernir os numerozos meios de cateterismo ureteral e fazemos lijeira expozição do emprego e técnica do 44 cistoscopio de' vizão dirèta de LUYS, método de vanta- jem sobre os muitos outros. O ponto de reparo mais preciozo neste processo, i vem do levantamento brusco da parede posterior da bexiga, desde que cesse a pressão que aí se exerce pro- pozitalmente com o tubo cistoscopio. Bastará a este tempo, quando os orifícios uretrais vêm ficar em contacto direto com a extremidade do tubo, inclina-lo para direita ou esquerda para se. ficar em face do ureterios. Si normalmente consegue-se com facilidade ver os orificios uretrais, quando se trata de uma cistite intensa em que as paredes vezicais estão sangrentas e .horrivel- mente dolorozas, o cirurgião é obrigado a uzar de pro- cessos especiais: tenta diminuir as dores, já com previas lavajens retais, já com irrigações na bexiga, de um composto de: Antiperina 1 á 2 gramas Laudano XII gotas Algumas vezes estas precauções não bastam e a bexiga muito senzivel se .contrai ao menor contacto, tor- nando o exame dificil si não impossível. A persistência das dôres leva o medico a, aplicar injeções de morfina, que conseguem acalmar o doente Quando a inflamação da mucoza vezical é muito pronunciada , e sangra, obscurecendo o campo v.izual, tem-se o recurso de aplicar pequenos tampões imbebi- dos em solução a 1 por 1.000 de adrenalina, com o 45 cuidado de comprimir precizamente o ponto que san- gra, sabido que a sua ação muito enerjica se manifesta, quando aplicada no ponto que dá sangue. Outras vezes embora tenhamos colocado a extremi- dade do tubo em um ponto que normalmente corres- ponde ao orifício ureteral, não se consegue descobri-lo; bom processo a empregar nestes cazos, é afastar a mu- coza vezical, premindo-a sobre o tubo, que destróe o seu enrugamento e permite ver o orifício. Ha cazos enfim, em que malograda toda a atenção, não descobre-se o canal ureteral, então recorre-se á aplicação sub-cutania de uma solução esterilizada e re- centemente preparada de: Serum fiziolojico 10 gramas Carmin de indigo 0,40 centigramas Por este meio as urinas são 15 minutos apoz, cora- das fortemente e percebe-se no momento da ejaculação, um ponto azul foncé que corresponde ao afloramento ureteral da urina. Quando o orifício ureteral esta bem descoberto, fixa-se o tubo cistoscopico com a mão esquerda e com a direita rigorozamente aseptica, passa-se a sonda. O catéter introduzido e guiado ao longo da parede inferior do tubo chega ao méato ureteral e segue natu- ralmente a luz deste canal. O conjunto dessas manobras é de uma facilidade extrema e de notável simplicidade. Um cuidado a observar-se procedendo-se o catéte- rismo, é escolher-se uma sonda réta e pouco flexível, as 46 sondas novas são boas; o uzo torna-as moles e im- prestáveis. Em cazo de não encontrarmos sondas de uma ri- jeza necessária, lançaremos mão de um artificio que con- siste tão simplesmente em deitar no seu interior um mandarim metálico, tendo-se a precaução de não levar a sua ponta até a extremidade da sonda, permitindo assim que em um centímetro a este nivel, a sonda seja mole, suficientemente rija contudo, para não dobrar sobre o orificio ureteral. Intrometida que seja a extremidade da sonda, o mandarim é dispensado enquanto ela progride doce- mente até o bacinête, si até aí carece leva-la, depois do que retira-se o cistoscopio. Luys fez construir sondas especiais para o seu aparelho, das quais as de uzo mais corrente corres- pondem aos ns. 7, 8 ou 9 da escala CHARRIÈRE e a sua extremidade ureteral tem dois orifícios laterais. A parte correspondente a este ponto é flexível e daí, a uma distancia de 13 centímetros a sonda é feita de um tecido rezistente, que lhe imprime uma rijeza suficiente, o resto do tubo é muito maleavel e se ter- mina por um pavilhão onde pode-se adaptar uma se- ringa ordinaria. Operando com estes preceitos, o catéterismo tor- na-se realmente facil e ao alcance dos cirurjiões que não especialistas em urolojia; assim Bar, parteiro da Maternidade de Saint’Antoine na primeira tenta- tiva, armado com este cistoscopio conseguiu fazer fa- cilmente o catéterismo. 47 PlERRE DELBET levava a sua admiração por esse processo de exploração urinaria, a dizer na SOCIE- DADE DE ClRURjlA: sou realmente obrigado a reajir contra a tentação infantil que tenho, de pôr uma sonda no ureterio, simplesmente pelo prazer de faze-lo tão simples- mente, como se introduzisse uma haste metalica em uma fistula cutania. O catéterismo não cura a hidronefroze e não é sem inconvenientes que se pretende isto; DURAND cita a morte de um seu doente onde a sonda mantida du- rante quatro mezes infetou a empola. E’ sabio processo de diagnostico e auxiliar das intervenções na hidronefroze. A nefropexia é a primeira operação conservadora, aplicada as hidronefrozes do rim movei. Si bem que o carater intermitente das hidrone- frozes não esteja sempre ligado a mobilidade do rim, não só porque rins fixos orijinam esta intermitência e rins moveis podem determinar uma prega do ureterio que torne definitivamente fechada uma hidronefroze, ha trez hipotezes onde a nefropexia é plenamente in- dicada, pelo processo de GUYON de preferencia. 1. a si não existe uma curvatura fixa do ureterio. 2. a si a hidronefroze é pouco dezenvolvida. 3. a si estamos convencidos de que a operação con- segue o esvaziamento completo da empola. Fóra desses cazos é dispensável e inútil a fixação do rim, porque a nçfropexia não aje sobre o obstá- culo productor da retenção; ter-se-á outra conduta dife- rente, segundo as circunstancias. 48 Quando a obstrução urinaria for motivada pelo esporão piélo-renal proceda-se a sua secção. Foi FREDELENBURG, em 1889, quem primeiro fez esta intervenção, recomendável quando o ureterio está soldado a empola em uma extensão mais ou menos considerável. A sua técnica é facil; quando se consegue desca- psular cuidadozamente o rim, inciza-se largamente o tumor para bem explorar sua cavidade e a este tempo faz-se o catéterismo retrogrado quando não-no tem-se feito com o cistoscopio. Inciza-se o tumor no ponto de soldadura do ure- terio a sua parede externa, prolongando a incizão até o orificio piélico, que toma a forma de um V, de baze voltada para este ponto. Com catgut fino sutura-se de cada lado da fe- rida em toda a sua extensão, as paredes do ureterio as do bacinête de modo que as duas mucozas se continuem. Esta sutura indiferentemente será em cadeia ou pontos separados. Quando a hidronefroze tem orijem em um es- treitamento ao nivel do orificio piélico do ureterio e a sua dilatação não foi possível ou insuficiente, proceda-se a uretero-piéloplastia. Em 1892 FlNGER fez em primeiro lugar esta ope- ração. Segundo o processo de ALBARRAN a sua técnica consiste: como em todas as operações conservadoras do rim é necessário começar por uma larga nefrotomia 49 que permita bem explorar o tumor e avaliar do rezul- tado operatorio. Depois de intrometida a sonda no ureterio e reco- nhecido o estreitamento ureteral se a incizo lonjitudi- nalmente em toda a sua extensão; a ferida é afastada em' sentido transverso e com catgut delgado começa-se a sutura do angulo superior ao inferior e depois late- ralmente. Quando não se confia no poder cicatrizante das paredes esclerozadas de um estreitamento ureteral, re- corre-se a anastomoze da parte mais declive do tumor a extremidade terminal do ureterio-, é facil a sua técnica e de bons rezultados. Inciza-se a empola piélo-renal em um ponto o mais declive, resecando em sua parede um fragmento trian- gular e com cuidado meticulozo, procede-se a sutura da extremidade superior do ureterio que foi seccionado em um ponto além do estreitamento, tendo-se cuidado de aplicar uma contra a outra as mucozas do bacinête e ureterio. Termina-se a operação praticando-se pontos de reforço não perfurantes. O PROF. Albarran tem um processo de anasto- moze lateral do ureterio, muito enjenhozamente imaji- nado e que permite a anastomoze do ureterio á parte mais declive do tumor, por sua face em contato com a empola. Em uma observação de rim unico, em ferradura de cavalo, onde uma ametade era atacada de hidrone- 50 froze, este processo permitiu-lhe um rezultado pas- mozo. Depois de ter constatado que a piéloplastia não daria rezultado satisfatório, Albarran viu a facili- dade de soldar o ureterio a parte mais declive do saco, o que fez imediatamente, obtendo cicatriz por primeira intenção e perfeito escoamento do bacinête. Falaremos enfim, entre as operações conservado- ras do rim, da resecção ortopédica. Esta intervenção consiste em seus traços gerais, na ablação da porção do saco hidronefrotico que fica em plano inferior a embocadura do ureterio, interessando o bacinête e as vezes o proprio tecido renal. Limite-se perfeitamente o ponto onde termina a alteração do parenquima do rim e estirpe-se o baixo- fundo do saco, com uma incizãoque chegue até o orifício piélico do ureterio. Começa se a sutura junto ao ureterio tentando-se a reconstrução do bacinête. Como operação complemento, deve-se proceder a nefropexia com dois ou tres pontos capsulares, tendo- se o cuidado de verificar que o ureterio se implante no ponto mais declive do tumor. Não nos esqueçamos de libertar cuidadozamente este canal de todas as suas curvaturas e verificar se uma sonda n. 12 corre livremente em sua luz, parti- cularidade esta sem a qual não se fará a resecção. Estas intervenções tem geral aceitação e conse- guem a cura da hidronefroze em muitos cazos. Quando o parenquima do rim está completa.nente 51 destruido é nem um o seu valor funcional, ou quando malgrado a conservação de uma pequena parte deste, se reconhece a impossibilidade de praticar uma opera- ção plastica conservadora e, fator indispensável, con- ta-se com o funcionamento suplementar do rim oposto pode-se recorrer com rezultado a nefrectomia. Animados de fazer uma nefrectomia, em exame prévio indispensável faremos uma exploração fiziolo- jica e anatonomica; a primeira com o cateterismo que revela o grau de funcionamento do orgão e anatómica, não limitada ao seu exame externo apoz a secção das partes moles; é necessário incizar o tumor para apreciar-se a espessura do parenquima, a dispozição dos septos e inserção do ureterio, explorando-se ainda com o cateterismo o calibre deste canal. Quando entretanto se consegue saber que a secre- ção do rim hidronefrotico é nula e que o oposto está fiziolojicamente normal, pode-se de começo praticar-se a nefrectomia. A asepsia que corre nesta operação para o tra- tamento da hidronefroze, torna-a a mais benigna das nefrectomias, principalmente quando a inutilidade do rim se processa pouco a pouco, permitindo o dezen- volvimento compensador do seu conjenere. Deste modo a oligúria post operatória falta e a rapidez dos témpos cirurjicos, neste cazo, faz menos perigoza a nefrectomia da hidronefroze. A via lombar e geralmente preferida para esta intervenção. As complicações da hidronefroze lembram indica- 52 ções especiais; a observação de JOHN TAYLOR, de que já falamos, é um belo exemplo em que a rutura do saco foi curada pela laparotomia de urjencia. As supurações do tumor reclamam os cuidados da pionefroze. No tocante a profilaxia desta retenção parece de alta importância os preceitos de modificação de há- bitos e alimentação, que atenuem a tára do litiazicos, orijem tão comum desta afeção. — Entre nós é muito rara a hidronefroze, o que contrasta com a frequência das diatezes que levam á calculoze renal. A menos um cazo da clinica civil do habil assis- tente de clinica cirurlica Dr. João GONÇALVES MAR- TINS, que aqui, seguimos de perto e que teve em algum tempo o diagnosiieo de sarcoma do rim, de nem um outro temos noticia. Esta doente livrou-se da operação num dia em que um movimento brusco a que foi obrigada, seguiu-se de enorme descarga poliurica, devida de certo, ao desloca- mento de um calculo que obliterava o ureterio. 53 PR0P02IÇÕE5 Trez sobre cada uma das cadeiras do curso de ciências medico-cirurjicas PI2QPOZIÇÕES Quimica medica I A urina é o produto de excreção mais rico em matérias toxicas. II Normalmente a sua quantidade é de 1.500 gramas nas 24 horas. III Agua em porcentajem de 96 % e substancias ex- trativas em proporções difinidas; tal é a sua compozição quimica. Historia natural medica 9 I E’ do azoto mineral (acido nítrico ou amoníaco) que se elaboram as matérias proteicas das células vejetais. 57 II Este gaz é muitas vezes fornecido as plantas, por bactérias com que vivem em simbioze. III Estas bactérias alimentam-se de hidratos de car- bono, que lhes fornecem estes vejetais. Anatomia discritiva I Os rins são glandulas de secreção externa, nor- malmente em numero de dois, lembrando a forma de duas favas de feijão, que se olham pela borda côn- cava. II São simetricamente colocados aos lados do raque, ocupando o espaço que medeia a undécima vertebra dorsal e a terceira lombar. III Ha cazos de rim tmico, de um só lado; ou am- bos soldados, formando o rim em ferradura de cavalo. Histolojia I Os ureterios são constituídos por trez folhas su- perpostas nesta ordem: uma externa formada de fibras elasticas, feixes conjutivos e células conetivas. 58 II Uma túnica media musculoza, de dois planos de fibras; um interno lonjitudinal e outro externo cir- cular. III Uma camada interna mucoza, aderente intima- mente a esta ultima. Fiziolojia I As glandulas são orgams de eficaz valor na de- feza organica aos ajentes patojenos. I I Algumas ajeni eliminando certos venenos ou to- xinas microbianas que lhes chegam pelo sangue. III Outros, pela própria ação mecanica de suas se- creções, impedem a penetração dos ajentes infetuozos, ou põem em atividade o seu poder antitoxico e bacte- ricida. Bactereolojia I O b. Anthracis é o responsável pela carbunculoze. II E’ curiozo que sendo aerobio típico este microbio 59 produza a sua ação patojena no organismo, roubando o oxijenio de combinação com o sangue. III Só a grande instabilidade da oxi-hemoglobina ex- plica de algum modo este fato. Matéria medica, Farmacolojía e Arte de formular I O método de injeções é a melhor forma farmacêu- tica, graças a que ele atira diretamente na corrente circulatorià a substancia medicamentoza. II E demais permite ao clinico a certeza da quan- tidade de medicamento que aproveitou o doente. III A pozolojia do medicamento empregado em in- jeções é muito menor do que a empregada por outro qualquer processo. Patolojía medica I O ueriberi é uma polinevrite de orijem ainda não conhecida. 60 II A forma cardio-pulmonar do beriberi e a de pro- gnostico mais sombrio. I I I Sabe-se da grande vantajem do ar marinho na cura desta moléstia. Anatomia e Fiziolojia patológicas I Quanto mais elevado em escala histolojica um te- cido, menos sujeito as néoplazias. I I Mais maligno é o tumor mais rico em tecido em- brionário, I I I E’ geralmente por via limfatica que se faz a ge- neralização dos néoplasmas. Patolojia cirurjica I O frio e o calor tem alta influencia sobre a vida do homem são, ou doente. II As baixas temperaturas, sobre atenuarem as tro- 61 cas nutritivas, produzirem notável diminuição do poder fagocitario dos leucócitos, podem orijinar a gangrena a frigore. III O calor produz duas gravíssimas moléstias: a in- solação e o ictus colorifico. Terapêutica I O valor terapêutico do ar dos campos, ligado ao ozona, é simples preconceito que deve dezaparecer. II A quantidade de ozona que existe no ar desses lugares (onde se encontra em maior cifra) é infinite- zimal. III São precizos 700.000 volumes de ar, para que se tenha um só de ozona. Operações e aparelhos I Nas reseções em geral, o processo sub-periostico é o melhor. II Poupado que seja o periostio, é facil a repro- dução do osso. 62 III Só o seu comprometimento obriga ao cirurjião reseca-lo com o osso. Anatomia medico-cirurjica I A capsula interna é uma formação optico-estriada. I I A artéria lenticulo-estriada, ramo da Silviana corta o seu segmento anterior. I I I Tem-se responsabilizado esta artéria como fonte das hemorrajias internas cerebrais. Hijiéne I O ar livre, só em condições especiais transmite moléstias. II A sequidão, a luz, o movimento, o calor e a ele- tricidade tendem a diminuir a virulência dos micró- bios do ar. III Das poeiras de ar213 são mortas e no terço de 63 poeiras vivas, estão incluídos os microorganismos sa- profitas. De onde se conclue o pouco valor patojeno do ar. Medicina Legal e Toxicolojia 1 Morte aparente é o estado especial em que se acha o indivíduo, no qual as suas funções organicas se processam tão lenta e apagadamente que simulam a morte. 1 I Relativamente a utilidade do seu diagnostico a morte real tem sinais: certos, prováveis e duvidozos. I 1 1 No diagnostico da morte real, como sinal de alta monta e indubitável valor pratico, aparece a prova de ICARD. Obstetricia I Parto é a expulsão do féto em condições de viabilidade. II O fenomeno da expulsão fetal até sexto mez da gestação — chama-se abortamento. 64 111 O parto no fim do nono mez, toma o nome es- pecial de — parto á termo. Clinica propedêutica I Para o diagnostico das moléstias funcionais do coração dividiu-se o precordio em trez rejiões: da baze, media e do vertice ou apexiana. II As lezões orico-valvulares da aorta ou artéria pulmonar, tem focos estetoscopicos especiais ao nivel da baze do coração. III As lezões das valvulas e orifícios inter-auriculo- ventriculares são audíveis no vertice do coração. Clinica cirurjica (1.a cadeira) I O hemotorax é o derramamento de sangue no saco pleural. II E frequentemente sobrevem aos ferimentos pene- trantes do pulmão. I I I O repouzo absoluto consegue por si só a reabsor- ção deste derramen. 65 Só a sua infeção ulterior ou a ameaça de asfi- xia do pulmão por sua grande quantidade, obrigam o toracentéze imediata. Clinica cirurjica (2.a cadeira) I A estirpação total do rim, tem o nome de nefrec- tomia. 1 I Só a completa imprestabilidade deste orgam e em cazo de bom funcionamento do rim oposto, leva o ci- rurjião a praticar esta operação. III A via transperiotonial tem inconvenientes, nesta intervenção. Clinica medica (2.a cadeira) I Toda a vez que se encontre de mistura á urina, sangue, vindo de qualquer ponto do aparelho uriná- rio, ha hematúria. I I A côr avermelhada da urina não nos obriga ao diagnostico de hematúria; sabe-se que substancias como o ruibarbo, a santonina e o piramidon são capazes de imprimir a este liquido uma côr avermelhada. 66 111 Os dois processos mais seguros para a pesquiza da hematúria são: o exame microscopico e a espec- troscopia. Clinica medica (1.a cadeira) I 1: E’ complicação, talvez a mais grave, das moléstias funcionais ou organicas dos rins, a uremia. II Está pozitivamente provado que não ha especi- ficidade deste ou daquelle principio da urina, para a orijem dessa intoxicação. III Frequentemente ela aparece como termo final, no quadro morbido da hidronefroze. Clinica dermatolojica e sifiligrafica I A blenorrajia corre parelha com a sifilis em relação aos males que traz a humanidade. I I Ela acarreta em muito mais alta cifra a esterili- dade, do que a infeção luética. III Não é o coito o seu unico processo de con- tajio. 67 Clinica pediátrica I O raquitismo é moléstia muito commum das crianças. II Depende de uma descalssificação do organismo. ' III A agua é fator de grande relevância na etiolo- jia desta moléstia, que no adulto tomou o nome de osteoporoze Clinica oftalmolojica I O glaucoma ê uma pertubação trofica do globo do olho, caracterizada principalmente no aumento da tensão intra-ocular. II Este aumento de tensão, pode vir expontania- mente ou é consequência de uma afeção anterior. I I I Daí a divisão dos glaucomas em: primitivos ou secundários. Clinica obstétrica e jinecolojica I O toque em ginecolojia e obstetrícia, é a palpa- ção intravajinal do utero. 68 II 0 toque geralmente praticado com os indicadores direito ou esquerdo, é de relevante valor na semeio- lojia das moléstias genitais. III Ha cazos em que se faz necessário o toque com o indicador e o rnedio correspondente e mesmo com toda a mão. Clinica psiquiátrica e de moléstias nervozas I A hemicrania, migraine ou enchaquêca, é a nevrite da zona-sensitiva do trijemio. II A periodicidade dos acessos desta moléstia, a sua hereditariedade e transmissibilidade, de par com o es- tado de obnubilação mental em que apoz os ataques deixa os doentes e a terapêutica á que cede, em tudo semelhante a da epilepsia, levaram a que moderna- mente os neuropatolojistas considerem essa moléstia como uma forma larvada do mal comicial. III Seu tratamento é dificílimo. 69 (jíôlOy. <34 c ic/a ua c/d <j/dcii/c/dcle c/e c/cl Slla/Ua, Si c/e (Du/u/xto. </e 19/2. O Secretario, <Ád- (2-Ác/d <2y/$etle//e£.