Tíjese FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA THESE APRESENTADA a’ FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA . EM 31 DE OUTUBRO DE 1912 Para sei defendida pelo Doutorando nà2 (Jz/Ih/e c/e Qy/xeaec/e Pharmaceutico e Cirurgião Dentista pela mesma Faculdade ; ex-interno effectivo do Hospital Santa Isabel Nascido a 28 de Dezembro de 1 8 8 7 na Cidade de Alagoinhas (ESTADO DA BAHIA) Filio legitimo de Dr. José Oiynmio de Azevedo e D. laria Leopoldina Pinto fle Azevedo ATEM »33 QB.XBB. Q 6B.ÁO; DE §wf@t m nsMmmik DISSERTACÇé Cadeira de Therapeutica Summula da Opotherapia Supra-renal Tres sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medicas e cirúrgicas. BAHIA TYjp. e Encadernação Imprensa Nova 58, Ruas da Montanha e Alfandega, 58 1912 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Director —Dr. Augusto Cezar Vianna Vice-Direetor— Secretario — Dr. Menandro dos Reis Meirelles Sub-Secretario — Dr. Matheus Vaz de Oliveira PROFESSORES === BOTTTCilC.iBS MATÉRIAS QUE LECCIONAM Manoel Augusto Pirajá da Silva . . . Historia natural medica Pedro da Luz Carrascosa Physica medica, Chimica medica. Julio Sefgio Palma Anatomia microscópica. José Carneiro de Campos Anatomia descriptiva. Pedro Luiz Celestino. ....... Physiologia. Augusto Cezai Vianna Microbiologia. Antonio Victorio de Araújo Falcão . . Pharmacologia. Guilherme Pereira Rebello ..... Anatomia e Histologia Pathologicas Fortunato Augusto da Silva Júnior . , Anatomia medico-cirurgica com Operações e Apparelhos Anisio Circundes de Carvalho Clinica medica Francisco Braulio Pereira Clinica medica. João Américo Garcez Froes Clinica medica Antonio Pacheco Mendes ...... Clinica cirúrgica Braz Hermenegildo do Amaral .... Clinica cirúrgica Carlos de Freitas Clinica cirúrgica. Clodoaldo de Andrade Clinica ophtalrnologica. Eduardo Rodrigues de Moraes .... Clinica oto-rhino-laryngologica. Alexandre E. de Castro Cerqueira . , , Clinica dermatológica e syphiligra- phica. Gonçalo Muniz Sodrè de Aragão , . . Pathoiogia geral, José Eduardo Freire de Carvalho Filho . . Therapeutica. Frederico de Castro Rebello .... Clinica pediátrica medica e hvgiene infantil. Alfredo Ferreira Magalhães Clinica pediátrica cirúrgica e ortho- pedia. Luiz Anselmo da Fonseca Hygiene. Josino Correia Cotias. ....... Medicina legal. Climerio Cardoso de Oliveira Clinica obstétrica Jo*é Adeodato de Souza Qlimca gynecologica. Luiz Pinto de Carvalho Clinica psvchiatrica ie de moléstias nervosas. Aurélio Rodrigues Vianna ' Pathoiogia medica Antonino Baptista dos Anjos .... Pathoiogia cirúrgica. PROFESSORES EXTRAORD1N A RIOS Egas Moniz Barretto de Aragão . . . Historia natural medica. João Martins da Silva Physica medica. . . . . Chimica medica Adriano dos Reis Gordilho Anatomia mieroscopica José Affonso de Carvalho Anatomia descriptiva. Joaquim Climerio Dantas Bião. . . . Physiologia Augusto Couto Maia Microbiologia Francisco da Luz Carrascosa .... Pharmacologia . . . . Anatomia e Histologia pathologicas Eduardo Diniz Gonçalves...... Anatomia medico cirúrgica com operações e apparelhos Clemenlino da Rocha Fraga Júnior, . . Clinica medica Caio Octavio Ferreirra de Moura . . . Clinica cirúrgica . • • . Clinica ophtalrnologica Albino Arthur da Silva Leitão .... Clinica dermathologica e syphili- graphica Antonio do Prado Valladares Pathoiogia geral Frederico de Castro Rebello Ivock . . . Therapeutica José Aguiar Costa Pinto Hygiene Oscar Freire de Carvalho Medicina legal Menar.dro dos Reis Meirelles Filho . . Clinica obstétrica Mario Carvalho da Silva Leal Clinica psvchiatrica e de molés- tias nervosas Antonio Amaral Ferrão Moniz Chimica analytica e industrial PROFESSORES EM DISPONIBILIDADE Dr. João Evangelista de Castra Cerqueira Dr. Sebastião Cardoso Dr. Deocleciano Ramos Dr. José Rodrigues da Costa Dorea A Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas nas theses que lhes são apresentadas. Antes .do assumpto Sem outra preterição que a de um cumprimento à lei, resolvemos escrever esta Tliese como prova ultima de nosso stirocínio académico de seis longos annos, escolhendo por ponto de dissertacção a Opotherapia supra-renal. Pretendíamos juntar algumas observações pessoaes sobre o ensaio da medicação supra-renal em doentes por- tadores de insufficiencia supra-renal, mas afalta de casos d'esta natureza nas arias enfermarias do Hospital Santa Izabel, tolheu-nos desse desejo, limitando-nos apenas a um estudo perfunctorio e curto o que justifica o titulo que demos ao mesmo trabalho. Aos que nos lerem e mui especialmente aos Mestres que irão julgal-a, rogamos a benevola relevância de al- gumas faltas por ventura existentes, aliás desculpáveis a quem cslréa no campo da Sciencia, A therapeutica funccional é a therapeutica do futuro: não espera ella que o mal se faça, e mas saber prevenil-o. Da. Huchahd. 0 medico sem caridade será o mais pungente epigramma da civilisação moderna : a sua vida é a luta empenhada entre as misérias do homem e os thesouros da caridade: a cada grito de dôr deve responder uma voz de soccorro, a cada la- grima de desespero uma palavra de consolação, COSELHEIRO j- ARIA.. jffíssortasção SUMMULA DA Opotherapia supra-renal Opotherapia, oriúnda de dois vocábulos gregos, significando no nosso idioma therapentica dos suecos, palavra recentemente creada pelo professor Landouzy, é applicada a uma therapeutica tão antiga quanto a medicina. > Do seu hístorico deprehende-se que o seú uso tem acompanhado a evolução do-espirito humano. Hyppocrates no anno de 406 antes de Jesus-Christo já preconisava semelhante medicação. Dioscorides cfiAnazal, 75 annos precedentes a éra christâ, tra- tava as convulsões, a hydropisia e as moléstias dos rins por meio do fel de ouriço cacheiro, e o mal comicial ou epilepsia pelo Figado de burro. Civilisações remotas como: Persas, Egypcios, He- breus, Chinezes etc. utilisavam-se da medicação ani- mal em differentes moléstias. Na índia onde as crenças pela metempsychose davam lugar a que seus habitantes devotassem grande repugnância a carne animal, eram apezar disto de boa aceitação as prescripções deste genero. 2 Na China o seu povo utilisava-se das propriedades áphrodisiacas de testículos de animaes differentes. Os Hebreus aconselhavam o emprego do fel nas òphtalmias, e Tobias na sua Bíblia diz ter obtido a cura da cegueira de seu Pae, pela applicação local do fel de peixe. Os templos de Esculápio recommendavam aos leprosos o uso da carne da vibora. Musa introduz em Roma a ingestão da mesma carne contra as ulceras malignas. O naturalista e sabio romano Plinio empre- gava cerebro de camello ou de burro contra a epilepsia, cerebro de aves nas cephaléas. Sobretudo na edade media até fins do século XVI, a organotherapia teve grande voga. Ainda em 1624, Ducheson recommendava as dra- géas feitas com pulmão de rapoza, nas afifecções pul- monares; do sueco gástrico do porco como vermífugo, do fígado de vitella macerado n’agua com chicorea e rhuibarho, contra todos os syndromos hepáticos. Empírica e abusivamente permaneceu por muito tempo esta medicação, até que com a successão de verdadeiros desastres acontecidos de par com o pro- gredir das civilisações, estas indicações therapeuticas tornaram-se muito decadentes durante quasi um sécu- lo, não se empregando como medicação animal senão cantharidas, castoreo, etc.; quando no século XIX com as admiráveis descobertas physiologicas, com o inicio da medicina experimental, a organotherapia «recupera sua voga primitiva firmando-se sua éra ver- dadeiramente scientifica; e na epoca presente vão sendo bem acolhidas as suas múltiplas preparações 3 surgidas a cada dia, conforme é notorio, e ensaiadas vantajosamente na clinica, parecendo ser ella a medi- cina do futuro. Physiologicamente a opotherapia baseia-se na no- ção da secrecção interna. Claud Bernard no anno de 1867 estabeleceu o principio das secrecções internas: —secrecções que são lançadas no meio orgânico interior. Nas suas lieções de physiólogia em 186c), Brown Séquard afirma que todas as glandulas, independentes de canal excretor, derramam constantementé lio san- gue productos uteisao bom funccionamento orgânico; ou mesmo indispensáveis a vida. A utilidade das secrecções internas está provada pelas perturbações mórbidas graves, algumas vezes mortaes que succedem á sua suppressâo. Assim o mesmo Brown-Séquard, praticando expe- riências de decapsulação supra-renal em differentes animaes, chegou a conclusão de que a capsulectomia uni-lateral trazia ligeiras perturbações ao organismo animal, sendo ao contrario, seguida de morte a capsulectomia dupla. Provando também que os suecos fabricados pelas glândulas endocricicas, hoje denominados hormonos, têm acções electivas. «Estes productos solúveis es- peciaes, diz elle, penetram no sangue indo influenciar por intermédio deste liquido as outras cellulas ou ele- mentos anatómicos do organismo. Resultando que as diversas cellulas da economia são assim tornadas soli- darias umas com as outras por um mecanismo outro que o das acções do systema nervoso.» 4 A opotherapia, servindo-se dos productos fabrica- dos pelo organismo vivo, suppre as insufíiciencias glandulares, fornecendo artificialmente ao doente substancias que elle não fabrica mais. Quando prescripta nos estados morbidos conse'- quentes ás alterações glandulares, provocando uma maior actividade secretoria, ella é directa. Indirecta, quando n’um hyper-funccionamento se fizer exercer á acção moderadora ou depressiva do extracto de um outro orgão; sendo para isto necessá- rio conhecer-se a influencia de certas secreções umas sobre as outras. Rigorosamente a opotherapia representa um ramo particular da Chimiotherapia ; porque os seus produ- ctos de utilisação, não obstante provirem da vida cel- lular, uma vez elles não continuando vivos, são conse- guintemente simples corpos chimicos, Exemplifique- mos a adrenalina, corpo chi mico extrahido analyti- camente das glandulas supra-renaes, mas obtida também por synthese. \ # * * As glandulas supra-renaes são unicamente de se- creção interna e nesta sua secreção baseia-se a opo- therapia supra-renal, que vamos descrever rapidamen- te, como assumpto desta these. As capsulas supra-renaes ou glandulas supra-renaes d’Eustaçhe são dois orgãos que se acham apoiados sobre a extremidade superior dos rins, recobrindo-os a maneira de um barrete, sem entretanto terem dependencia directa entre si. 5 Cada glandula supra-renal tem em media 30 mil- limetros de altura sobre 25 de largura e 5 ou 6 de espessura. Ella peza de 6 a 7 gr. sendo a direita um pouco menos volumosa que a esquerda. A sua colora- ção è de um amarellò escuro. Consistência bastante molle igual á da paròtida, um pouco inferior a do thymus. Considera-se-lhe duas faces, dois bordos, uma base e um yertice, cuja fórma é de um cone de base inferior. Constituição interior: Seccionando-se uma glandula supra-renal, verifica-se a olho desarmado a presença de duas substancias: a substancia cortical, peripherica, dura, estriada, amarellada; e uma central, a substancia medullar molle pardacenta e de facil alterabilidade. Funcção supra-renal — Atè o armo de 1855 a physiologia das glandulas supra-renaes jazia completa- mente ignorada; estes orgãos eram encarados unica- mente pelos anatomistas que limitavam-se a descre- ver somente sua séde e sua forma. Foi Addison que descrevendo a moléstia bronzeada que tomou seu nome, provou ser ella ligada á lesões das capsulas supra renaes, servindo sua descoberta clinica de porta de entrada aos experimentadores. Logo no anno seguinte Brown-Séquard, demons- tra sua absoluta necessidade vital. Moore e Purinton, praticam a decapsulação total no gato observando, 68 horas, depois, a morte do animal, que ehes attri- buem á presença no coração de coagulações, que são o resultadõ da quéda da pressão arterial em conse- F 6 quencia da dupla capsulectomia. Ao contrario, coma capsulectomia simples nào notaram nenhum accidente. Strehl e Weiss fizeram ablação completa no gato no coelho e no cão de suas capsulas e obtiveram os accidentes clássicos: fraqueza muscular, baixa da temperatura e da pressão arterial morte em 4 ou 5 dias; a capsulectomia simples foi bem supportada. No coelho a morte sobre vem em 5 ou 6 dias, após dupla capsulectomia; no cão de 20 a 30 horas e no cobaia de 15 a 20 horas. Após a decapsulaçâo total, observa-se nos primei- ros dias apenas inappetencia; nas 24 ou 30 horas que precedem a morte, o animal torna-se immovel, com fraqueza e titubeação dos membros posteriores; a fra- queza e apaíhia augmentam; a temperatura baixa, a respiração torna-se lenta e profunda, os battimentos do coração lentos e irregulares, a morte sobrevém emfim sem convulsões. Innumeras experimentações outras tem sido feitas neste sentido e os seus resultados são accordes em estabelecer-se que só é mortal a decapsulaçâo quando praticada totalmente. Conservando-se uma pequena parte que seja das glandulas, será o sufficiente para entreter a funcção e o animal poderá não morrer. Na opinião de Langlois esta sobrevivência é unicamente devida á presença de substancia medullar. Ainda pela acção própria dos extractos glandula- res procurou-se demonstrar as funcções physiologi- cas das supra-renaes. Os primeiros ensaios datam das experiencias de Brown-Séquard, que para obstar os accidentes consecutivos a decapsulação supra-renal, fez ingerir glandulas frescas em estado de greffe e seu extracto a seus animaas capsulectomisados. Elle acre- dita obter-se itina sobrevivência apreciável. Apezar da confirmação de outros physiologistas, este facto não está definitivamente ádmittido. A toxidez dos extractos supra-renaes verificada por Foa e Pellacani, injectando o extracto aquoso por via endovenosa, foi confirmada pelas experiencias de Gluzzinski e Cybulski. Parece haver grandes differen- ças na toxidez, segundo o modo de preparação do extracto, e da edade e genero de vida do animal de experimentação. A toxidez do principio activo do extracto supra-renal, isto é, o adrenalina, soffre as mesmas alternativas, h. acção do extracto supra-renal, e particularmente da adrenalina, sobre a pressão san- guínea tem sido verificada fazendo-se injecções intra- venosas em dòses minimas. Assim uma dóse de ogr,ooooió de adrenalina injectada na veia de um cão por cada kilogr. do animal, produz uma elevação da pressão tres a quatro segundos após a injecção. Esta acção é súbita e passageira. Segundo Batelli uma dose de ogrooooooi25 de adrenalina não modifica a pressão, porém uma dóse dupla ogr.000000250 pro- duz uma elevação de 1 centímetro de Hg. durante 10 segundos ao máximo. Uma dóse quadrupla ogr.000000500 corresponde a um augmento de 1 cent. mais ou menos durante 10 a 20 segundos, ogr.000002 produz uma elevação apreciável de 2 a 4 centímetros que dura mais ou menos meio minuto. A partir de uma certa dóse, a elevação da pressão 7 é mais ou menos proporcional a mesma dóse, Como para a toxidez, varia muito de um para outro animal tuna mesma dóse. Os animaes novos são muito mais sensiveis que os animaes idosos. Em um cão novo de I kilogr. uma injecção de i milligr. produz um augmento de pressão perto de 35 centímetros de Hg. Praticando-se uma segunda injecção intravenosa no mesmo animal após io minu- tos da primeira, produz uma segunda elevação da pressão, por vezes menos considerável. E assim, sendo feitas successivamente outras injecções, o animal nar-se-á fatigado acabando por não mais reagir. Josserand praticando em um cão de 8 kilogr. uma serie de injecções de um quarto de milligr. com in- tervallos de io minutos chegou a confirmação deste resultado. Quanto a acçâo da adrenalina sobre a coração resta saber-se se esta mesma acçâo é directa sobre o mus- culo cardiaco ou se indirectamente, sobre os ganglios nervosos intracardiacos. A acçâo sobre o pneumogastrico sustentada por alguns auctores não é sufficiente para explicar, pois que a adrenalina age ainda sobre o coração isolado. Em experiencia feita sobre o coração isolado com circulação artificial de agua salgada addicionada de adrenalina, observou-se uma revivencia do mesmo orgão. Mathieu provou que a acçâo da adrenalina sobre o coração é devida á excitação dos centros bulbares 8 9 d’uma parte e também pela excitação momentânea do systema moderador intracardiaco. Depois de evidenciadas as perturbações consequen- tes a ablação ou destruição das glandulas supra-renaes, e também conhecidos os effeitos da acção de seus extractos sobre o organismo, os physiologistas pode- ram demonstrar não só a existência de sua secreção como do mesmo modo o papel desempenhado pelos mesmos orgãos na economia. Esta secreção, como as duas grandes funcções das supra-renaes acham-se hoje comprovadas. A fun- cçâo antitoxica attribuída ás mesmas glandulas, con- sistindo na neutralisação dos toxicos quer de proce- dência exógena ou endógena. E’ devida a esta proprie- dade das supra-renaes, que os productos toxicos que se formam no trabalho muscular e que provocam a fadiga, são destruidos ou neutralisados. Uma vez esta funcçâo diminuida ou abolida, estes toxicos vão accumulando-se no organismo e conseguintemente accentuando-se o estado de fadiga, dando em re- sultado a asthenia, como um dos symptomas essen- ciaes da insufficiencia supra-renal. Por idêntica acção, dos indivíduos attingidos de le- sões de suas capsulas supra-renaes, apresentam menor resistência ás intoxicações e as infecções. Ainda outra importante funcçâo desempenham as supra- renaes nò organismo, é a funcçâo angiotonica, que comprehende o papel que têm as mesmas glandulas na manutenção do mecanismo regulador da tensão arterial. Esta funcçâo descoberta por Oliver e Schoefer no F 10 anno de 1895 e por Cybulsky e Scymonowicz, mais ou menos na mesma epoca é garantida a sua acção pela presença da adrenalina. A acção antitoxica das glandulas supra-renaes se estende as toxinas microbianas ou toxicos outros introduzidos na economia. Experiências confirmativas têm sido feitas neste sentido. * * # Com os trabalhos de Addison começou a historia clinica da pathologia capsular. Aos annos seguintes após suas primeiras publicações, outros auctores vie- ram confirmar a existência de syndromos traduzindo lesões das capsulas supra-renaes. Estes syndromos observados clinicamente, são de- vidos uns á insufficiencia, outros a um hyperfunccio- namento supra-renal. Traduz-se a moléstia de Addison por uma suprã- renalite chronica geralmente de origem tuberculosa, manifestando-se uma asthenia extrema, tornando o individuo inapto ao menor esforço, mas sem paralysia propriamente dita; por uma pigmentação bronzeada da pelle ede certas mucosas; lábios, gengivas, lingua, face interna das bochechas; por crises de vomito e de diarrhéa, e pela frequência da morte súbita, como ter- minação da moléstia. Outros syndromos supra-renaes mais agudos cara- cterisados sobretudo por dores abdominaes e lombares anorexia, vomitos, diarrhéa profusa, abatimento e prostração com hypothermia, hypotensáo, tendencia ao collapso, ou ao contrario agitação com delirio e febre, 11 tem sido descriptos em particular por Leon Bernard, Sergent e Menetrier. A rapidez dos phenometios, que não duram, em geral, mais de 3 a 6 dias, e de outra parte, a termina- ção fatal que se dá quasi sempre pela morte súbita) constituem Os dois caracteres fundamentaes dos syn- dromos capsulares super-agudos*. Pode-se caracterisar clinicamenté a insufficiencia por uma serie de syndromos super-agudos, agudos, chronicos ou fructos, com sefiielhanças aos caracteres communs á insufficiencia supra-rènal experimental. As alterações das capsulas são muito variadas; as lesões tuberciílo-scrophulosas são as mais habituaes, em seguida vêm as lesões cancerosas, as inflammai ções suppuradas, a degeneração kystica, etc. As mo- léstias agudas susceptiveis de apresentarem a insuffi- ciencia supra-renal na sua evolução sâõ: diphteria) febres eruptivas, sobretudo variola e scarlatina, no sa- rampo o facto torna-se mais raro, febre typhoide de fôrma cardíaca, pneumonia, broncho-pneumonia, in- fecções pneumococcicas e pneumo-bacillares. Gom menos írequencia verifica-se a insufficiencia supra-renal na erysipela* tétano, certas anginas, etc* Ao lado dos syndromos de insufficiencia supra- renal, outros existem traduzindo uma hyperadrênalm, isto é uma hyperactividade supra-renal. Vaquez, Aubertin, Ambart, Clunet examinando as capsulas nos casos de hypertensâo ligados á exis- tência de uma nephrite ou nos arterio-scleroses, obser- varam repetidamente um augmento de volume e por vezes formações adenomatosas, e que deu logar a 12 que se estabelecesse uma relação causal entre os syn- dromos da hypertensâo e a hyperplasia supra-renal. Certos casos de edema agudo do pulmão, parecem ser ligados a uma hyperactividade supra-renal (Josué). Experimentalmente tem-se produzido o edema agudo do pulmão, após injecções de adrenalina, como também formação de placas atheromatosas da aorta do coelho. Verificou-se uma glycosuria adrenalinica devida a uma hyperfuncção supra-renal. Administração e dosologia, Indicações Quando a secrecção interna das capsulas supra- renaesé diminuída, resultam disto perturbações do seu hypofunccionamento; o syndromo typico desta hypo- actividade funccional é a insufíiciencia supra-renal. Faz-se mistér neste caso lançar-se mão da medicação supra-renal afim de corrigir a deficiência da secrecção dos mesmos orgâos. Nos casos de hyperfuncçâo, ao contrario* evitar-se-ão os productos opotherapicos supra-renaes, mórmente entre indivíduos brighticos, atheromatòsos, arterioscleroticos, etc, A medicação supra-renal administrada no começo por meio de enxertos de glandulas frescas extrahidas de animaes insuspeitos, tornou-se logo desusada; em seguida, instituiu-se o methodo das injecções subcu- tâneas dos extractos da glandula, que foi também pelos seus múltiplos inconvenientes abandonado. Howitz introduz o methodo da ingestão das glan- dulas frescas e de seus extractos salientando suas vantagens sobre os primeiros. 14 A glandula deve ser retirada do animal em excel- lentes condições. Em virtude de tratar-se de um orgão de propriedades antitoxioas, devem ser rejei- tadas todas as glandulas * procedentes de animaes suspeitos, como as bovinas que são frequentemente dontes; sendo o carneiro o animal preferido. A glan- dula do animal novo é muito maís efficaz de que a do animal adulto. A sua riqueza em principios activos varia com a edade e as condições de vida do animal. Watson em experiencias praticadas entre ratos domesticados e ratos selvagens, observou que a quantidade em principios activos das glandulas dos primeiros animaes. era inferior a dos segundos, expli- cando a razão d’este facto ser dependente da menor ou maior actividade muscular do animal. Uma alimen- tação racional se impõe ao animal destinado a soffrer a ablação de suas capsulas ; e uma vez praticada a capsulectomia, torna-se imprescindivel o emprego das mesmas glandulas ao fim desejado, immediata- mente depois da referida operação afim de evitar-se sua rapida putrefacção. Ainda outras condições são necessárias para que o bom exito da medicação seja garantido. Prescripta no começo do tratamento á dóse de 1 gr.50 á 2 gr. da glandula fresca no caldo ou no leite, regulando mais ou menos 2 á 3 milligr. de prin- cipio activo, ascendendo progressivamente até á dóse de 5 gr. ou mais quando necessário. Béclére diz ter dado até 15 gr. em 24 horas sem inconve- nientes. Ás preparações dos extractos deseccados existentes hoje, oííerecem as melhores garantias, e por isso tendem a substituir as glandulas frescas. Estes extra- ctos, obtidos por deseccação no vazio, são em Seguida reduzidos a pió, sendo administrados em ca- psulas nas dóses de 40 á 60 centigr. diariamente. Ainda estes extractos são confeccionados em tabletes correspondendo cada Uma a 20 centigr. da glandula fresca, podendo prescrever-se nas 24 horas de duas á oito, segundo os casos. Ainda estes extractos podem ser preparados tendo como vehiculos agua, o álcool, glycerina, etheretc., não sendo entretanto usadas estas preparações. As indicações therapeuticas doextracto supra-renal são baseadas na suaacçâo physiologica sobre os sym- ptomas observados em consequência á ablação ou a destruição pathologica das capsulas. Foi no anno de 1892 com os trabalhos de Charrin e Langlois, que começou a historia da therapeutica supra-renal ensaiada no tratamento da moléstia de Addison. Nos serviços de Germain See e de Bouchard foram praticadas injecções dos extixictos glycerinados de capsula de cão e de cavallo, por dóse de 2 á 12 c. c, do extracto ao decimo, em dois indivíduos addiso- nianos, a medicação foi inefíicaz e a morte surpre- hendeu-os rapidamente, devido, talvez, ao estado de cachexia em que os mesmos doentes se achavam. A these de Mahé, exara uma observação de dois casos felizes obtidos por Langlois. Este auctor obser- F. 15 16 Vou o estado de asthenia de seus dois doentes melhorar, injectando-lhes em dias alternados uma dòse do extracto representando 5 á 10 centigr. da glandula fresca. Depois d’esta epoca tem-se feito grande numeró de tentativas sobre o tratamento epotherapico. Cente- nares de observações têm sido publicadas dando uns effeitos nocivos ; outras de nenhum resultado; outras de uma melhora parcial, sendo raras as de cura com- pleta de moléstia de Addison. Béclère em tentativas feitas sobre o tratamento opotherapico obteve os resultados seguintes, um dos seus doentes baixou ao hospital já em estado cache- ctico bem adiantado, morrendo dias depois, n despeito do tratamento. Um segundo obteve pouca melhora com a medicação ; dois outros ao contrario, os resul- tados foram favoráveis, comtudo não se restabeleceram completamente. Por fim, dois últimos obtiveram me- lhoras taes que equivalem segundo o auctor, a uma cura absoluta. Em virtude de não nos ter sido dado momento como muito desejávamos de ensaiar esta medicação no hospital Santa Izabel em casos de insufficiencia supra- renal, por isso transcreveremos as duas ultimas obser- vações do Professor Béclére sobre moléstia de Addi- son, o que faremos resumidamente. Eil-as:—F. baixa ao hospital no dia 8 de Fevereiro. Doente ha 4 mezes. A moléstia começou por dòres lombares violentas, anorexia, vomitos. Ao primeiro exame, uma melanodermia muito accusada foi verifi- 17 cada. Coloração geral bronzeada da face; da mesma maneira a pelle do thorax, do abdómen e membros. Sobre a mucosa bucal ligeiras manchas pigmentares, Figado e baço bastante volumosos, não havendo asci- te. Pulmão e coração normaes. Pulso fraco, depressi- vel, muito lento, predominando hypotensâo arterial. O doente submettido no começo ao repouso completo e a uma medicação tónica, não obteve melhora. Dias depois iniciou-se o tratamento opotherapico. O doente ingere cada dia uma pi lula de extracto supra renal $ correspondente a io centigr. de substancia fresca. Decorridos 5 dias, nota-se que a tensão arterial se eleva. De 24 de Fevereiro a 21 de Abril melhoras sensíveis. A coloração bronzeada diminue e tende a desapparecer. O appetite volta. Não ha mais nem dòres gastricas, nem lombares. As forças têm sido recobradas em grande parte, O exame urologico revela uma pequena quantidade de assucar (2gr.óo por litro e 4gr.ió nas 24 horas). O tratamento é continuado até 25 de Maio. Nesta época o estado geral é excellente; a pelle é esclarecida, as forças inteiramente restabe- lecidas e da mesma fôrma o appetite. O assucar des- apparece. O doente deixa o hospital. X. entra no hospital no mez de Julho, A sua mo- léstia começada, ha 3 mezes, por violentas dôres lom- bares; ao mesmo tempo appareceram vertigens, nau- seas e uma diarrhéa incoercível. Alguns dias depois, fadiga geral e começo de pigmentação. Ao exame leito quando o doente baixou ao hospital notou-se os symptomas seguintes: pigmentação da face, do tho- rax e dos membros; nada na mucosa buccal; asthenia F. 18 caracterisáda; perturbações digestivas, vomitos ali- mentares, diarrhéa, anorexia. Figado augmentado; coração normal; o pulmão diminuta anormalidade. Os demais apparelhos normaes. O tratamento supra- renal é immediatamente empregado; o doente toma diariamente uma pilula de extracto correspondente a io centigr. de glandula fresca. No fim de 15 a 20 dias, uma ligeira melhora; o pulso torna-se mais forte; os vomitos cessaram; persistência da asthenia e da pi- gmentação. A dóse da medicação é então augmentada para 20 centigr. Em Setembro, isto é, 3 mezes depois do tratamento a melhora é muito notável, a pigmen- tação tem diminuído, as perturbações digestivas ces- saram; a asthenia igualmente desappareceu e o doente deixa o hospital no mez cie Outubro, restabelecido. Estes doentes nunca mais foram observados; não se podendo por isto fazer perfeito juizo á respeito do tratamento. Do que ficou exposto, conclue-se que.os resulta- dos da opotherapia supra-renal eram a principio muito controversos. Hoje, porém, graças ao melhor manejo de seus extractos e das suas caprichosas confecções, constitue excellente medicação no tratamento da insufficiencia supra-renal. Nos casos cie insufficiencia cie causa syphilitica o tratamento opotherapico será alliado ao cio especifico da syphilis ; sendo prudente não demo- rar-se muito com o ensaio cio mercúrio, pois é sabida a sua acçâo nociva sobre as capsulas supra-renaes, cuja funcção antitoxica é diminuída ou abolida. 19 Com relação ao tratamento da insufficiencia supra- renal aguda sobrevinda no curso de differentes molés- tias infectuosas, em particular da febre typhoide, a Revista de Pathologia traz o seguinte artigo: «O Dr. Emilio Sergent, Medico do Hospital da Caridade, em Paris, tem estudado especialmente, ha mais de quinze annos, as manifestações clinicas da insufficiencia surrenal. Depois de descrever em 1899, com o Dr. L. Bernard, os accidentes agudos proce- dentes da destruição repentina das glandulas surre- naes, elle mostrou que as moléstias infecciosas e as intoxicações, em virtude das lesões por ella occasio- nadas nas ditas glandulas, originam a miudo insuffi- ciencia surrenal, procurando ao mesmo tempo descre- ver os symptomas capazes de permittir de a descobrir em meio dos symptomas provocados pela affecção causal. D’aquellas noções originou-se a idéa de combater esses accidentes com a opotherapia, isto é, mediante a administração de extractos de glandulas surrenaes de animaes. Os resultados foram excellentes, especialmente na febre escarlatina e na diphteria. O mesmo succede com a febre typhoide, como já teve o antor occasião de demonstrar em 1906 com Ribadeau-Dumas em uma meiuoria sobre o valor do phenomeno que elle descrevera com o nome de linha branca surrenal. Baseando-se em novas observações, insiste o autor na importância do papel da insufficiencia surrenal na febre typhoide. O abatimento habitual, a pequenez 20 do pulso em todo o estado typhoideo, são outros tantos signaes de insufficiencia surrenal. Estes signaes appa- recem mais fortes ainda nas tormas graves adynamicas ou cardíacas, alcançando o maximum em certos casos graves com forma de peritonite ou hemorragia interna e curando rapidamente com a opotherapia surrenal. Destes dados deduz o autor a necessidade de em- pregar systematicamente a adrenalina em todos os casos de febre typhoide, assim como os extractos totaes contra os incidentes intensos provenientes de insufficiencia surrenal aguda; estribando-se na sua pratica pessoal, elle afíirma que, com excepção das formas hypertoxicas e hemorrágicas que resistem des- graçadamente a todo e qualquer esforço, este methodo combinado com o tratamento de costume (balneação, etc.), proporciona resultados absoluta mente favo- ráveis. » Afóra a insufficiencia supra-renal, o extracto ca- psular tem sido indicado como medicação hemosta- tica, antiphlogistica, em ophtalmologia, oto-rhino- laryngologia dermatologia, emfim muitas outras appli- cações. E como sabemos que é principalmente ao seu principio activo, a adrenalina, que devemos este vasto emprego; por isto deixaremos o extracto total para occuparmo-nos das indicações da substancia activa, isoladamente. A adrenalina, di-oxy-phenil-éthanol methylamina, também conhecida por epinephrina, suprareiúna, alcaloide da faixa de Esmarch, por Lermoyez, repre- senta o principio activo da funcção angiotonica d: s 21 capsulas súpra-renaès, tendo por formula bruta C»H«Azo3. Isolada pelo chimico japonez Takamine no anno de 1901 nos Estados Unidos da America do Norte, tomou logo na therapeutica logar saliente, uma vez conhecidos os seus bons resultados prestados a medi- cina e a cirurgia. Corpo solido sob a forma de um pó crystallino, branco, excessivamente fino, cujo aspecto lembra o da fécula, de sabor levemente amargo, pouco solúvel n’agua (ogr;27 p. too á -j- 20o, segundo Bertrand) sen- do muito menos solúvel no álcool uthylico. Ella dis- solve-se bem nos ácidos e nos alcalis, com excepção da ammonea; é sob a fórma de chlorhydrato que ella é sempre utilisada. Em presença do ar a adrenalina oxyda-se rapi- damente. A obtenção da adrenalina extractiva se efifectúa ao abrigo do ar, seja sob uma camada de oleo, seja n’uma atmosphera de Co2 para evitar a acção do fermento muito oxydante contido na glandula (Carnot). O processo de Bertrand, consiste na extracção da base pelo acido oxalico em solução alcoolica, em distillar o álcool 110 vazio, defeccionando o liquido concentrado pelo acetato de chumbo e precipitando pela ammonea o liquido filtrado e novamente concen- trado. A adrenalina usual é obtida por synthese nos laboratorios chimicos; e os seus effeitos são per- feitamente idênticos ao da epinephrina natural extra- ctiva. F. 22 A actividade da adrenalina pode ser verificada pela reacção de Vulpian (coloração verde pelo perchlorêto de ferro) conforme a intensidade da coloração. O pro- cesso verdadeiro, para julgar-se o poder activo de uma suprarenina commercial, consiste na sua acçâo physiologica sobre a pressão sanguinea; na dóse de I a 2 centésimos de milligr. por kilogr. em injecçâo intravenosa praticada no cão, deve-se obter segundo pesquizas comparativas uma elevação de pressão su- perior a IO centímetros de mercúrio; este resultado ê commum as duas suprareninas, a natural extractiva e a synthetica. A affinidade da adrenalina pelo oxygenio limita ás fôrmas pharmacologicas sob as quaes ella pode ser empregada. Muito alteravel em solução n’agua pura e nos alcalis diluídos, ella é muito mais estável em liquido fracamente acido. Praticamente, se apresenta sobretudo a adrenalina em solução chlorhydrica, cuja acidez reduzida ao mí- nimo evita a acção irritante sobre certas mucosas sen- síveis. A sua formula pharmaceutica mais corrente é a seguinte: Chlorhydr. adrenalina I gr. Solução normal de sòro physiologico . iooo gr. Chloretona 5 g1'- A "chloretona addicionada garante a limpidez da solução. A solução adrenalinica sob a influencia do ar, envermelhece soffrendo ura começo de oxydaçâo, que não é prejudicial a actividaJe da mesma solução. 23 Entretanto, lima coloração mais pronunciada é signal de uma ox}adação mais iorte e de uma actividade que enfraqueceu proporcionalmente a intensidade da colo* ração. As soluções completamente oxydadas deixam um precipitado negro que se denominou oxyadrena- lina, sem que esteja bem elucidada sua verdadeira constituição. As prescripções da adrenalina sendo contra-indi- cadas nos estados hypertensivos, torna-se imprescin- dível ao pratico recorrer á esphygmoinanometria ao menos uma vez por dia, antes de lançar mão da me- dicação, afim de reconhecer-se o estado da tensão arterial. Tomada esta precaução, e o doente não manifes- tando signal algum de intolerância, a medicação po- derá ser empregada por muito tempo por series de io dias com intervallos de 2 a 3 dias. Os resultados da adrenalina na moléstia de Addi- son têm sido muito variados. Assim, em observações publicadas por Boinet, notam-se casos de insucceSsos, casos de melhoras consideráveis e por fim casos de cura em indivíduos portadores de lesões antigas. Este auctor pensa «que é prudente renunciar-se este medi- camento nos casos de moléstia de Addison avançada com tuberculose das duas capsulas supra-renaes». Anglada, que apresentou á la Société des Sciences mèdicales uma observação de melanodermia simples n’um tuberculoso, diz que «a medicação snpra-renal acha ahi uma indicação peremptória,, e dá excellentcs resultados para a cura da melanodermia». 24 A’ este respeito, Carrieu observa que n’um caso idêntico todo tratamento antituberculoso usual foi sem resultado. Na osteomalacia o ensaio desta medicação, gene- ralisou-se após as primeiras observações colhidas por Bossi no anno de 1907; e Leon Bérnard em uma pu- blicação na Presse Médicale de 20 de Novembro de 1909 cita casos de resultados satisfactorios. A adre- nalina na osteomalacia deve ser prescripta em dóses fracas, seja ijio0 a i[5° de milligr. por cada injecção. Tem-se registado alguns casos de insuccessos, attri- buidos tálvez a um excesso de medicação, ou uma instituição inopportuna do tratamento. Quanto a seu modo de acçâo tem sido muito discutido; Bossi admitte uma influencia opotherapica especifica; Gley opina que a adrenalina, como os extractos thyroidiano e testicular agem sobre o processo de recalcificação. Esta ultima hypothese achou confirmação nas expe- riências de Paul Carnot e Slávu estudando a repara- ção ossea nas fracturas experimentaes nos animaes submettidos a acção da adrenalina, verificaram que havia uma reacção medular e uma retenção de saes calcareos muito mais intensas. Mauro Greco ensaiando a adrenalina no rachitismo verificou uma melhora do estado geral, attenuação e desapparecimento das dores e das perturbações gastro- intestinaes, melhora considerável do estado de anemia. Stolzner confirmando diz ter observado em mais de 70 casos uma verdadeira melhora do estado geral com acceleração da dentição e diminuição da phos- 25 ! ! ! phaturia, transformação rapida das deformações d'ó esqueleto. Nos referidos casos à adrenalina foi administrada em injecções na dose de iiro de c. c. á i c. c. feitas diaiiaménte no tecido subcutâneo da solução ao millesimo. Nos casos de asthenia cardio-vascular accentuadà com estado de collapso no curso de infecções graves, a prescripção da adrenalina se impõe pela sua proprie- dade estimulante sobre o coração e os vasos. Admi- nistrando-se na dóse de X a XV gottas da solução ao millesimo por via digestiva, ou i[qde milligr. por via subcutânea. A adrenalina exerce uma acção vaso-constrictora poderosíssima. Assim, sob a influencia de algumas gottas de solução ao millesimo a mucosa se embran- quece tornando-se exangue, ao mesmo tempo produ- zindo um abaixamento da temperatura local, perrnit- tindo toda intervenção cirúrgica sem effusão. Esta vaso-constricção da adrenalina parece ter suã acção sobre os ganglios periphericos (Gottlieb). Outros auctores localisam-na no centro vaso-motor bulbo- medullar. Esta sua acção vaso-constrictora tem sido vanta- josamente apioveitada na maior parte das hemorrha- gias visceraes. Souques e Morei, applicaram esta substancia em casos de hemoptyses na dóse de 1/2 á 1 milligr. em injecções hypodermicas, obtendo prom- pto resultado. Bouchard e Lenoir dizem ter conseguido o mesmo resultado por instillacções intra-tracheaes de 1 c. c» F 26 d’uma solução a IJ5000, Vaquez fazendo penetrar directamente no pulmão VII a X gottas da solução ao millesimo obteve successos em casos de hemopty- ses aliás pertinazes. Este tratamento perigoso sobretudo nas hemopty- ses tuberculosas, não tem sido generalisado. Nos catarros simples das vias aerias, bronchite aguda ou chronica, laryngite aguda ou chronica, pneumonia croupal e intersticial chronica, Zuelzer obteve excellentes resultados com as pulverisações de adrenalina de 5 a 10 minutos de duração. A prepa- ração empregada consiste numa gramma de adrena- lina, dissolvida em 750 grammas de agua e 250 gram- mas de glycerina. Também se conseguem algumas melhoras do estado catarrhal no principio da tubercu- lose : as ralas desapparecem. No segundo e terceiro periodo nada se consegue. (Zuelzer, Berlin Klin. Wcoh.) Tem-se obtido íavoraveis resultados em grandes hematemeses independentes de um estado de hyper- tensâo arterial, pela administração de X gottas diari- amente de uma solução de chlorhydrato de adrenalina ao millesimo ; nos casos de hemorrhagias intestinaes quer simples quer dependentes da ulceração das placas de Peyer no curso da febre typhoide, obtem-se succes- sos, prescrevendo-se XX a XXX gottas diariamente da mesma solução. Ainda por via rectal poderá ser administrada esta medicação com bons resultados. Nas hemorrhagias do delivramento, por sua acção vaso constrictora,, escreveu Loubart, e sobretudo pela sua acção excita- 27 dora do musculo uterino, a adrenalina deve ser enca- rada a priori como medicação ideal capaz de sustar as hemorrhagias uterinas, mórmente as que sobrevém ao delivramento e que reconhecem por causa a inércia uterina. Este auctor justifica esta sua asserção, ba- seiando-se na acçâo excito-motora que tem a adrena- lina sobre as fibras lisas do utero, resultando con- tracções que são o agente poderosíssimo dahemostase. O emprego desta substancia tem se estendido aos casos de collapsos imminentes por herriorrhagias, justificando o resultado favoravel desta applicação pela dupla acção exercida pela adrenalina não só nã constricção dos pequenos vasos, diminuindo a capá- cidade vascular total do organismo, conseguintemente tendendo a restabelecer o equilíbrio entre os vasos e o seu conteúdo, como pela sua acção tónica sobre o orgão central da circulação, reforçando suas con- tracções. Meissl, diz ter obtido excellentes resultados em dois casos de collapso grave, consequentes a hemor- rhagias puerperaes com injecções intravenosas de sôro physiologico addicionado de adrenalina. Na opinião do referido auctor o effeito desta medicação é passa- geiro, porém ella poderá ser renovada, estimulando deste modo a actividade do coração e o centro vaso- motor, até que o organismo uma vez restabelecido entre novamente em acção. Ultimamente o Doutor Pierre Delbet drofessor da Faculdade de Medicina de Paris, acaba de verificar em experimentações praticadas em cobaias as altera- 28 ções que soffrem as capsulas supra-renaes em conse- quência a uma chloroformisação prolongada. Donde elle estabeleceu que certos accidentes post-chlorofor- micos estão ligados a uma diminuição ou mesmo a ausência da adrenalina na substancia medullar das capsulas, resultante da acção nociva do chloroformio dado em grande dóse. Dos resultados colhidos em observações de alguns doentes operados, o referido auctor diz com todo acerto, que o choque operatorio traduzindo-se princi- palmente por um estado de asthenia manifesta e fra- queza do pulso, constitue verdadeira insufficiencia supra-renal. Assim o Doutor'Delbet aconselha a prescripção da adrenalina a todos os operados para obstar os- mesmos accidentes_post-operatorios; sendo a admi- nistração feita por meio de injecções endovenosas em dóses minimas; sejam 4 decimas partes de 1 milligr. nas operações communs. De 6 decimas partes de I milligr. mais ou menos nas operações mais traumatizantes. Infelizmente sem resultados bem apparentes, tem sido a administração da adrenalina no rheumatismo e na gotta. As propriedades hemostaticas da adrenalina têm sido utilisadas contra certos tumores cancerosos directamente accessiveis; cancro da face, da larynge,. da lingua, do seio, do recto etc. Mahu emprega a adrenalina no tratamento palliativo do câncer, utili- sando-se das soluções ao millesimo por meio de toques „ feitos- em geral de dois em dois dias. A prescripção^ 29 desta substancia nos casos deste genero, ao mesmo tempo que obtém-se a hemostasia, o mau cheiro e o aspecto putrilaginoso caracteristicos do mesmo tumor, desapparecem melhorando também o estado geral dos doentes por algum tempo, a ponto de persuadirem-se de uma cura próxima. Em oto-rhino-laryngologia os primeiros ensaios foram feitos com o extracto capsular por Habner em 1901. Logo após a descoberta de Takamine, a adrenalina teve emprego pelos especialistas para com- bater as hemorrhagias das mucosas nazal, buccal, laryngéa e auricular;' e nas lesões inflammatorias, agudas ou chronicas dalarynge ou do ouvido, obtem- se uma acçâo descongestionante immediata pela appli- cação local de uma solução ao millesimo ou mesmo a i{300 ou i{5.ooo. Nos casos de hemorrhagias es- pontâneas; as epitaxis por ex.: são immediatamente sustadas pela penetração nas narinas de algumas gottas de uma solução adrenalinica a 1 [3.000. A associação da adrenalina aos anesthesicoslocaes, cocaína', stovaina ao tempo que reforça considera- velmente a acção anesthesica da substancia associada, permitte aos mesmos anesthesicos agirem sobre os tecidos inflammados, que sem a sua juncçâo seriam inactivos aos mesmos tecidos. Moure e Brindei sus- tentam que a cocaínisação da mucosa laryngéa ulcero- edematosa dos tuberculosos, tão difficil e por vezes impossível, torna-se facil com o auxilio da adrena- lisação. Em ophtalmologia empregam a adrenalina larga- mente e com os melhores resultados, ella veio substi- tuir com muito mais vantagem o extracto capsular que tinha sido utilisado por Bates e Dor. As observações de Grandclément salientam a adre- nalina como excellente medicação no tratamento do glaucoma agudo. Para obter-se bom resultado é neces- sário manter constantemente o olho debaixo da acção deste medicamento, praticando-se instillações de meia em meia hora de uma soluçãoadrenalinica a I p. 5.000 durante tres dias. Com este tratamento poder-se-á evitar a operação da iridectomia. Em applicações locaes contra as hemorrhoidas, as propriedades ischemiantes dos extractos supra-renaes e da adrenalina permittem obter-se rapidamente a descongestão das veias tumefeitas. Bouchard e Lenoir citam um caso de successo em um doente hemorrhoi- dario ao qual foi applicada a adrenalina em solução ao millésimo. Sobre a acção da adrenalina nos derramens a GazettaMedica Italiana traz a nota seguinte:. «Aacção da adrenalina sobre os derramens, preconisada em 1904 por Barr, experimentada de novo por Ewart, Rupfle, Murray e Pascussi, acaba de ser estudada por Marchetti sobre cinco pleuriticos, dois asciticos e um doente attingido de hydrocelle traumatica. Nos cinco- casos de pleuresia, a adrenalina foi injectada por Marchetti na cavidade pleural, na dóse de 1 a 3 c.c. de chlorhydrato de adrenalina a ijl.000 e teve quasi sempre uma rapida absorpção do derramen. Quando a serosidade derramada conserva-se no statu quo, ella chegaria a se e reabsorver mais ligeiro, e quando a rea- 30 31 bsorpçâo tinha inicio, o tratamento a activava energi- camente. » O professor Dr. João Américo Fróes, na sua clinica no hospital Santa Izabel, empregou em diversos casos de pleuresia com derramen a solução de adrenalina Clin ao millesimo em injecções intrapleuraes de 2 c. c. >, obtendo em alguns dos casos completa reabsorpção do liquido pleuritico, e n’outros conseguiu o retár- damento na reproducçãó do mesmo liquido. Marchetti, em um caso de hydrocelle traumatica, obteve uma reabsorpção rapida do liquido pelo empre- go da adrenalina em injecções feitas no sacco da hy- drocelle. Uma das vantagens da injecção de adrenalina sobre as outras é de provocar pouca dôr e menor reacção local. E depois é possivel por este meio ticando-se injecções no sacco completamente vazio, retardar ou mesmo evitar a reproducção do liquido. Utilisou-se experimentalmente injecções de adre- nalina nas intoxicações graves pela morphina, chlo- roformio, etc., e segundo as experiencias de Falta é Ivcovic a adrenalina é antagonista da strychnina: 3 a 4 gottas duma solução a 2 p. 100 de ãzotato de stry- chnina em instillaçâo sobre o mesmo orgão central da circulação tendo provocado a parada em diástole, o coração se reanima desde que se passa 3 a 4 gottas de solução de adrenalina ao millesimo. O Dr. Nemery se serve da adrenalina para reduzir as phimosis. Elle faz applicações em torno da orla mu- cosa edemaciada de um chumaço de algodão embe- bido n’uma solução de adrenalina a i[l.ooo e de 32 cocaína a I [40o durante quinze minutos; em seguida pratica a reducçâo. Emfim Mauclaire cita as injecções intravasculares da adrenalina entre os meios postos em pratica para excitação do orgão central da circulação parado accidentalmente e em estado de «morte apparente» proposições ANATOMIA DESCRIPTIVA I A carotida interna penetra no craneo pelo canal carotidiano. II Ella percorre a gotteira cavernosa até a apophyse clinoide anterior, onde se termina. III Na sua terminação ella dá os ramos seguintes: a ophtalmica, a cerebral anterior, a sylviana, a commu- nicante posterior e a choroidiana ou artéria de Vicq- dA’zir. ANATOMIA MEDICO-CIRURGICA I O osso maxillar inferior constitue com o sphenoi- de, a articulação spheno-maxillar. 36 II Elle executa movimentos em todo sentido,—ver- ticaes, lateraes e de propulsão para adeante. III E’ no abaixamento exagerado deste osso que se dão as luxações. PHYSIOLOGIA I Os phenomenos chiniicos da respiração encarados nas suas relações com a funcção pulmonar, consistem na apsorpçâo do oxygenio do ar e a exhalação do acido carbonico e de vapor d’agua. II Foi Lavoisier, quem primeiro estabeleceu a verda- deira theoria da respiração. iri Elle descobriu o papel do oxygenio e pro- vou que a respiração é uma combustão que resulta principalmente da combinação do oxygenio com o carbono. 37 HISTOLOGIA 1 Todas as glandulas apresentam duas phases na producção das substancias que ellas são encarregadas de fornecer. II A primeira consiste no accumulo dos productos no interior da cellula; é a secrecção cellular. III Sendo a segunda phase a da expulsão dos mesmos productos; é a excreção cellular. HISTORIA NATURAL MEDICA I O estramonio, datura stramonium, pertence a fa- milia das solanaceas. II Existe no Brazil. III O seu emprego é grande em medicina. 38 CHI MICA MEDICA I O phosphoro metalloide pentatomico tem por sym- bolo Ph. II Elle entra na constituição de tres substancias or- gânicas mnito importantes: a lecithina, a nucleina e o acido phosphoglycerico. III Provavelmente uo estado de acido phosphorico Pho4H3. MATÉRIA MEDICA, PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR I Extractos são productos molles, duros ou seccos> obtido pela evaporação de líquidos (agua, álcool ou ether) carregados de princípios medicamentosos solú- veis contidos nas substancias vegetaes ou animaes. II Distinguem-se extractos aquosos, alcoohcos, ethe- reos, fluidos. 39 III A medicação supra-renal é administrada principal- mente sob a fôrma de extractos. BACTERIOLOGIA I O bacillo d’Eberth é um anacrobio facultativo. II Elle pode desenvolver se no vazio, ou em uma atmosphera de hydrogenio ou de acido carbonico, III Entretanto seu desenvolvimento é mais rápido e mais abundante ao contacto do ar. OPERAÇÕES E APPARELHOS I As suturas constituem o mais importante dos meios de reunião dos tecidos seccionados. II Em certas circumstancias ellas servem, não para F. 40 a reunião definitiva, mas simplesmente para a fixação das partes feridas. III Algumas vezes, ellas são empregadas exclusiva- mente para garantir a hemostase. ANATOMIA E PHYSIOLOGIÁ PATHOLOGICAS I Dá-se o nome de varizes ou phlebectasias, as dila- tações permanentes das veias. II Sua séde mais habitual é sobre as veias dos mem- bros inferiores. III * Elias tomam o nome de hemorrhoides, quando são observadas sobre as veias do recto, e o de varicocéle, quando attingem as veias do cordão spermatico. / 41 PATHOLOGIA MEDICA I As congestões do pulmão, como todas as conges- tões, dividem-se em duas classes principaes: activas e passivas. II Ellas são activas quando provocadas por um afflu- xo sanguineo. III São ditas passivas, quando ellas resultam de uma stase sanguinea. CLINICA OBSTÉTRICA I No diagnostico da gravidez, ha signaes de duvida e signaes de certeza. II A suppressão da menstruação nem sempre indica ter havido concepção. 42 III São signaes de certeza de gravidez: movimentos activos do féto, baloiço abdominal ou vaginal e os battimentos do coração fetal. CLINICA GYNECOLOGICA I A fecundação resulta do encontro das cellulas masculinas com as cellulas femininas. II Todo obstáculo a este encontro será uma causa da esterilidade. III Na mulher, um dos principaes obstáculos é a atre- sia do collo. / CLINICA OPHTALMOLOGICA I Os olhos podem ser attingidos de paralysia na sua musculatura exterior ou interior. 43 II A paralysia occular pode ser simples ou dupla, completa ou incompleta, III A ophtalmoplegia é a paralysia uni ou bilateral de todos os musculos do olho. THERAPEUTICA I A creosota, especie de oleo essencial extrahido do alcatrão delenha, isolada por Reichembach em 1832, foi proposta desde esta época para o tratamento da tisica pulmonar. II Ella é absorvida facilmente pelas vias digestivas; e igualmente pela pelle e tecido cellular. III Sua eliminação dá-se pelos pulmões e sobretudo pelos rins. 44 CLINICA CIRÚRGICA (2.a cadeira) I O osso fracturado se consolida por tecidos de neo- formação que receberam o nome de callo. II Este nome designando ao mesmo tempo os tecidos nos diversos períodos de sua evolução como também os tecidos completamente solidos e definitivamente constituidos. IÍI A formação do callo pode ser regular, callo normal; ella pode faltar, pseudàrthrose; ou ser defeituosa, callo disforme. O callo constituído pode enfim, sem apre- sentar disformidade particulares, determinar grandes, soffrimentes, é o callo doloroso. CLINICA CIRÚRGICA (i.a cadeira) I Os projectis de armas de fogo sobre o abdómen podem occasionar lesões muito graves dos orgãos internos sem que a pelle e as outras paredes do.ventre apresentem traçõs de traumatismo. 45 II Em semelhante caso, as lesões mais graves são as rupturas visceraes que se dão as mais das vezes sobre os intestinos, sobre a bexiga e sobre o fígado. III Estas rupturas trazem ordinariamenre a morte como consequência, seja por peritonite, seja por he- morrhagias internas abundantes, PATHOLOGIA CIRÚRGICA I As feridas produzidas por instrumentos cortantes são caracterisadas pela sua longitude maior que suas outras dimensões, e também em geral pela sua dire- cção rectilinea e pela nitidez e a regularidade de seus bordos II Entretanto a íerida pode ser curvelinea se ella attingiu uma parte convexa do corpo, ou em zig-zag em certas circumstancias; os bordos são algumas vezes dentados, ou mais ou menos contusos. III Em geral é facil reconhecer-se quando uma ferida foi feita por um instrumento cortante. 46 CLINICA PROPEDÊUTICA I Á auscultação é um meio de exploração de que dispõe a propedêutica. II EI la é mediata e immediata. III A primeira é a commumente usada. CLINICA MEDICA (2.a cadeira) I No doente suspeito de ankilostomiase é necessário fazer-se o exame das fezes. II Procedido este exame e encontrado ovos do anki- lostomo duodenal, não ha duvida da asserção do caso. III O thymol constitue a medicação especifica. 47 CLINICA MEDICA (i.a cadeira) I E’ a ascite o syndromo caracteristico da cyrrhose atrophica deLaennec. II Quando a ascite toma dimensões exageradas tra- zendo como consequência difficuldades respiratórias e perturbações outras ao organismo do doente, torna-se imprescindível ao clinico praticar a paracentése. III São dois os processos usuaes de paracentése o francez e o inglez. CLINICA SYPHILIGRAPHICA E DERMATO- LÓGICA I Na syphilis adquirida, a primeira reacção apparente do organismo contra o virus. é o cancro duro também chamado syphiloma primário. 48 II Na sua evolução clinica elle apresenta tres periodo: —o de começo, o de estado, e o de declinio. III Em cada um destes periodos é notável a variedade de seu aspecto, principalmente nos dois últimos. ) CLINICA PEDRIATICA I O rãchitismo é uma moléstia que se desenvolve durante o periodo do crescimento, em relação com as perturbações da nutrição. II Caracterisa-se por lesões do tecido osseo, resul- tando de sua continuação deformação do esqueleto. III A adrenalina tem sido ensaiada no tratamento do rachitismo com algum resultado. 49 HYGIENE I À depuração biologica é um dos grandes recursos de hygiene, tendentes a evitar aguas servidas no inte- rior das cidades. II Esta depuração tem por base, a uilisação das ba- ctérias como agentes de - transformação da matéria organica no sólo. III Este processo repouza sobre as descobertas de Schlcesing, sobre o pòdcr nitrificante de certas ba- cterias. MEDICINA LEGAL E TOXICOLOGIA I Toda autopsia medico-legal deve ser feita de um modo completo, isto é, todos os orgãos devem ser successivamente examinados e o estado de cada um mencionado no relatorio. II Esta regra se applica mesmo aos casos em que a 50 causa mortis é indicada com evidencia pela lesão de um orgão particular. III Poderá, comeffeito, surgir ulteriormente uma nova questão que não se saberia resolver se não se obser- vasse exactamente o estado dos differentes orgãos. CLINICA PSYCHIATRICA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS I A neurasthenia ataca de preferencia a edade adulta. II A cephalalgia e a depressão mental são seus sym- ptomas mais constantes. 111 A opotherápia tem sido preconisada no seu tra- tamento. Visto.—Secretaria da Faculdade de Medicina da Bahia, de Outubro de iq12. O SECRETARIO, pp. dos Ifeipelles.