FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA THESE APRESENTADA á faculdade de Medicina da Bahia EM 31 DE OUTUBRO DE 1911 f POR dc 'NA3 VíG Filho legitimo de Victalino Freire de Andrade ISTaturai do Estado do Piauhy Afim dç obter o Grão DE ;d © u ir © íg e Pf MEDicma DISSERTAÇÃO CADEIRA DE HYGIENE Do valor dos sanatórios na Tuberculose PROPOSIÇÕES Tres sobre cada uma das cadeiras do curso DE SCIENCIAS M.EDICAS E piRURGICAS BAHIA Lith. Typ. e Enc. Gonçalves, Teixeira & C. 3 — Praça Marechal Deodoro — 3 1911 Faculdade de Medicina da Bahia DIEBCTOE — I Jr. Fvuígusto Cezar Yianna VICE-DIEBCTOR- ... SBCEBTAEIO - Dr. Menandro dos Reis Meirelles SITl:!-SECEErJ1AEiO - 13r. JVLath.eus Yaa de Oliveira PROFESSORES ORDINÁRIOS DOUTORES MATÉRIAS QUE LECCIONAM Manuel Augusto Pirajá da Silva . . . Historia natural medica. Pedro da Luz Carrascosa Physica medica. José Olympio de Azevedo Chimica medica. Antcnio Pacifico Pereira Anatomia microscópica. .José Carneiro de Campos Anatomia descriptiva. Manuel José de Araújo Physiologia. Augusto Cezar Vianna Microbiologia. Antonio Vietorio de Araújo Falcão. . Pharmacologia. Guilherme Pereira Rebello Anatomia e Histologia pathologicas. Fortunato Augusto da Silva Júnior . Anatomia medico-cirurgica com ope- rações e apparelhos. Anisio Circundes de Carvalho .... Clinica medica. Francisco Braulio Pereira Clinica medica. João Américo Garcez Fróes Clinica medica. Antonio Pacheco Mendes Clinica cirúrgica. Braz Hermenegildo do Amaral . . . Clinica cirúrgica. Carlos Freitas Clinica cirúrgica. Francisco dos Santos Pereira .... Clinica ophtalmologica. Eduardo Rodrigues de Moraes. . . . Clinica oto-rhino-laryngologica. Alexandre Evangelista de Castro Cer- Clinica dermatológica e syphiligra- queira . . phica. Gonçalo Muuiz Sodré de Aragão. . . Pathologia geral. José Eduardo Freire de Carvalho Filho. Therapeutica. Frederico de Castro Rebello ... Clinica pediátrica medica e hygiene infantil. Alfredo Ferreira de Magalhães . . „ Clinica pediátrica cirúrgica e ortho- pedia. Luiz Anselmo da Fonseca ... Hygiene. Josino Correia Cotias Medicina legal Climerio Cardoso de Oliveira.... Clinica obstétrica. .Tosé Adeodato de Souza Clinica gynecologica. Luiz Pinto de Carvalho Clinica psychiatriea e de moléstias nervosas. Aurélio Rodrigues Vianna .... Pathologia medica. Antonino Baptista dos Anjos .... Pathologia cirúrgica. PROFESSORES EXTRAORDINÁRIOS Egas Moniz Barretto de Aragão. . . • Historia natural medica. João Martins da Silva Physica medica. Pedro Luiz Celestino Chimica medica. Adriano dos Reis Gordilho Anatomia microscópica. José Affonso de Carvalho . . . . » Anatomia descriptiva. Joaquim Climerio Dantas Bião . . . Physiologia. Augusto Couto Maia Microbiologia. Francisco da Luz Carrascosa Pharmacologia. Julio Sérgio Palma Anatomia e Histologia pathologicas. Eduardo Diniz Gonçalves Anatomia medico cirúrgica com ope- rações e apparelhos. Clementino da Rocha Fraga Júnior . . Clinica medica. Caio Octavio Ferreira de Moura. . . Clinica cirúrgica. Clodoaldo de Andrade Clinica ophtalmologica. Albino Arthur da Silva Leitão . . . . I Clinica dermathologica e syphiligra- | phica. Antonio do Prado Valladares , . . . Pathologia geral. Frederico de Castro Rebello Koch . . Therapeutica. José de Aguiar Costa Pinto ! Hygiene. Oscar Freire de Carvalho I Medicina legal. Menandro dos Reis Meirelles Filho . Clinica obstétrica. Mario Carvalho da Silva Leal . • • • j Clinica psychiatriea e de moléstias nervosas. Antonio Amaral Ferrão Moniz . . I Clinica analyticae industrial. PROFESSORES EIVE E3ISR01SnBILIE3AYI3IB Dr. João Evangelista de Castro Cerqueira Dr. Sebastião Cardoso. Dr. Deocleciano Ramos j Dr. José Rodrigues da Costa Doria. A Faculdade não approva nem reprova as opiniões exaradas nas theses pelos seus auctores. PREFACIO O homem moderno dispõe dos meios de supprimir, se quiteer, todas as doenças devidas aos germens pathogenos. Paste ur, Escrevendo este trabalho, não fizemos mais do que cumprir um dever. E como todas as moléstias que dizimam a humanidade, a tuberculose é sem duvida a mais perigosa, pois dois milhões de individuos são roubados annualmente do mundo civilisadó, não podiamos, nos parece, achar melhor assum- pto para escrevermos, do que sobre os sanató- rios na cura da tuberculose, porque se este tra- balho não tiver valor sob o ponto de vista scientifieo, pelo menos terá sob o ponto de vista medico-social. Assumpto este de tão grande importância, pois affeeta todas as classes; infelizmente no Brazil os individuos a quem compete estudai-o II mais de perto, vivem no mar da politicagem, esquecendo-se dos seus deveres sociaes. Nos Estados Unidos, o professor William Welch já annuncia que em 1920 não haverá mais tuberculose nos americanos. Sirvam de incentivo estas palavras para os nossos governos, para os médicos, especialmente para os directores de hygiene e finalmente para todas as classes. No Brazil andamos sempre as avessas; os governos querem povoar o solo com individuos extrangeiros, emquanto deixam os nossos patri- tricios morrerem de tuberculose e misérias. Admittimos a emigração expontânea, porem essa que nos custa rios de ouro, não podemos como nenlmm brazileiro, applaudir semelhante crime de lesa-patria. As colonias lioje fundadas com todos os preceitos hygienicos nos paizes civilisados, tem dado resultados invejáveis. Por que nós não imitamos, fazendo também co- lonias com os naturaes do Paiz, homens estes capazes de provarem ao mundo inteiro o valor do trabalho com a educação? Nessas colonias, a hygiene tem obrigação de evitar os maiores males da humanidade rejjre- sentados pela tuberculose, o alcoolismo, a sy- pliiles e a ignorância. Combáter-se o alcoolismo, a syphiles e a III ignorância, é combater indirectamente a tuber- culose: A tuberculose dos alcoolatas é quasi considerada incurável, tanto assim que os sana- tórios populares da Allemanha não acceitam doentes pertencentes a esta classe. A syphiles enfraquecendo o organismo, concorre para se tornar facil a contaminação tuberculosa; e final- mente a ignorância influe muito no contagio da tuberculose. A prophilaxia educativa da America do Norte tem demonstrado o seu grande valor, especial- mente em New-York, onde a mortandade cau- sada pela tuberculose tem diminuido conside- veimente nestes últimos annos. No Brazil, a mortalidade tuberculosa tende a crescer, pois não temos hygiene nem official, nem particular. Neste trabalho, procuramos evitar a tran- scripção de estatísticas, especialmente brazileiras pois sabemos mais ou menos o modo por qiu ellas são feitas,—geralmente mentirosas, onde não nos podemos basear, sob pena de estarmos pizando em falso. Para sabermos que a tubercu- culose grassa em grande escala em nosso Paiz, nãy precisamos de mais provas: basta lembrar- mos da quantidade de tuberculosos que vimos IV durante os quatros annos de frequência nas enfermarias do Hospital de Santa Isabel. O valor dos sanatórios na cura da tuberculose, tem sido provado cabalmente na Allemanha e na Suissa. Os outros meios therapeuticos em pregados são adjuvantes, como por exemplo: a tuberculinisação, o radio-menthol-iodo, o pro- cesso de Forlanini, que é baseado no repouso pulmonar do lado affectado e finalmente todos estes medicamentos _que têm sido empregados pelos clínicos, porem com pouco resultado, porque em sua grande maioria elles são somen- te symptomaticos. Encontram-se em muitos estados do Brazil logares para onde se dirigem tuberculosos, que são verdadeiras estações livres de cura, fal- tando-lhes porem, uma parte imprescindivel que é a boa direcção medica. Em todo caso, já temos visto tuberculosos que, tendo estaciona- do nestes logares, têm melhorado de um modo tal, a ponto de se julgarem inteiramente cu- rados. E’ triste ver-se nos Hospitaes indivíduos tuberculosos definharem no leito e os médicos a illudirem Injpocratic cimente lhes dando um V sem numero de medicamentos, até que o es- tômago começa por sua vez a soffrer, e então ha falta de appetite, o que é um mau signal- porque o tuberculoso que não come é impossi- sua cura. Ja houve quem dissesse que no tuberculoso o mal esta no pulmão, porem o medico deve ter o maior cuidado com ô esto- mago. \ A pliarmacia do tuberculoso, disse Dettvei- ller, está na cosinha. Nos sanatórios é muito raro darem-se medi camentos aos doentes, porque para se curar um tuberculoso basta repouso, ar e alimentação. Baseado nesta.triade therapeutica, foi que Bre- . hmer fundou seu primeiro estabelecimento, o qual tem servido de modelo a todos os sanató- rios do mundo civilisado. No decorrer do assumpto, procuraremos de- monstrar o valor dos sanatórios e seus incon- venientes. Estudaremos no primeiro capitulo o historicodo tratamento hygienico-dietetico, desde Hipocrates até Brehmer. Em seguida colloca- remos os nomes dos sanatórios mais importantes do mundo. No segundo capitulo, trataremos dos meios VI de contagio da tuberculose e indicaremos de um modo perfunctorio os meios de evital-o e o valor dos sanatórios contra a propagação da tuberculose. No terceiro, trataremos da construcção dos sanatórios; no quarto, da triade therapeutica representada pelo ar, repouso e alimentação; e finalmente, no quinto, mostraremos as van- tagens e inconvenientes dos sanatórios. Traçado como está este programma, faremos sem duvida todo o esforço para cumpril-o, de modo que esta these tenha algum valor pratico. Si alcançarmos, o desideratum desejado, fica- remos bastante satisfeitos, pois este assumpto interessa não só a nós como também a toda hu- manidade. O Auctor DISSERTAÇÃO CADEIRA DE HYGIENE Do valor dos sanatórios na Tuberculose H ÍSTO R I CO tuberculose, é a moléstia que mais tem disimado a humanidade, é talvez a mais peri- gosa que tem acompanhado a marcha dos povos, se transmittindo de geração em geração, sendo sempre combatida por todos aquelles que têm se interessado pelo bem estar da humanidade, porém sempre com resultados pouco satisfa- ctorios. Innumeros meios de tratamento têm surgido; porém ella zombando de tudo e de todos per- siste na sua missão devastadora. A tuberculose jà chegou a ser moda, pois em 1820 o bom tom exigia uma physionomia palida e fatigada e que se deixasse descuidadosamente á vista um es- carro maculado de sangue recentemente expe- ctorado. Era elegante definhar e morrer tisico. Dos tratamentos o que tem perdurado até hoje é o tratamento pelo regimen hygienico die- tético. 4 Hypocrates ha dois mil annos antes de Christo, já aconselhava a sens doentes o regimen hygie- nico dietetico, baseado na bôa alimentação e nos exercicios moderados. A climatoterapia marítima, o repouso e a dieta lactea, aconselhava Areteo 250 annos antes de Christo. Celso, trinta annos antes de Christo, preconi- sava aos seu doentes o clima da Alexandria na estação má; no estio, o campo e no inverno, as viagens marítimas. Galeno foi o primeiro partidário das altitudes. E então mandava que seus doentes fossem res- pirar o ar secco de Thabies e do monte Augri. Satis editus et sici aeri. — Galeno dizia mais que uma das principaes causas da tisica era o ar confinado. E como dieta elle preferia o leite. Plinio, o antigo, ha 23 annos antesde Christo dava um grande valor á acção do clima na cura da tuberculose. Um grande medico arabe do sé- culo X, chamado Avincenne, louvava o clima marinho e montanhoso da ilha de Creta. Avin- cenne e os seus contemporâneos já acreditavam no contagio da tuberculose. Jacobus Silvus, em 1478, parece ter encon- trado os pontos de contacto entre a tuberculose e a escrophula. «Falldpio em 1500, dizia que para se con- 5 trahir a tuberculose bastava se passar de pés nús sobre os escarros espectorados por um tisico. Lazare Riviere em 1559, sustentava com con- vicção a transmissão da tuberculose pela colia- bitação e diminue em proveito do contagio a in. fiuencia da hereditariedade. Yan Helmont em 1577, mostrava-se innova- dor arrojado, recommendado o vinho na febre tuberculosa e a climatotherapia. Willes em 1622, ordenava que seus doentes fossem para o sul da França. Bagliere em 1667, deplorando a ineficacidade dos remedios, nos deixou uma longa descripção das cidades propicias aos tuberculosos, classifi- cando-as segundo o seu valor therapeutico. Sydenham em 1621, dava um grande valor á equitação, sendo deffendido nesta pratica por Wan Swieten, Pringel, e Stolh Boerhaave, em 1668, não obstante não falar do contagio, entretanto remove seus doejites do lugar onde são accommettidos pela moléstia -para outros céos. Wan Swieten, em 1700, teve a boa idéa de dizer aos seus convalescentes tuberculosos que se dedicassem a ligeiros trabalhos agricolas. Cresceutibus viribus oh omni cura liberi levio- ribus agriculturce laboribus faliant. Finalmente 6 elle dá um conselho bastante curioso, que é o seguinte: os doentes devem seguir as cavações do arado para respirarem o cheiro da terra frescamente removida. Segundo elle, o ar lm- mido que exala da terra depois da chuva seria muito bom. Dupré de Lisle em seu livro apparecido em 1767, escreve fallando do exercício do cavallo: «este exercício deve ser dirigido pela prudência do methodo». Ainda,—ajunta elle,— «a vida campestre é preferivel ao estádio da cidade, pelo tisico em razão do ar que respira, o qual é ordinariamente rnais são e mais corrente >. Willis da Inglaterra em 1675 ordenava a seus doentes que fossem para o Meio Diafrancez. Em 1759 já se procurava evitara tuberculose pela desinfecção e Philippe V ordenava a desin- fecção obrigatória. Jean Jacques Rousseau em sua obra «-Nou- velle Heloise» assignalava as vantagens dos hospitaes que eram banhados pelo ar livre e salubre das montanhas. Em 1782, devido aos conselhos do grande me- dico Napolitano Cotugnho, o rei fez publicar ura edito contendo penas muito severas e ordens não menos rigorosas com o fim de evitar o contagio. No anno de 1752 Raulin escrevia: «Les 7 fenêtres de la chambre des phtisiqes doivent rester ou vertes. Un voile serà milieu de la chambre entre la fenêtre et le malade et on 1’agitera, de temps en temps pour renouveler 1’air.» Portal, em 1800, aconselhava a seus doentes que fossem para o logar por elle indicado. Thomas Reid,, em 1785, affirmava que a tu- berculose não era incurável e a sua therapeu- tica estava baseada no regimem hygienico dieté- tico representado pelo leite e vegetaes. Bennet dizia que para se curar um tubercu- loso era necessário uma acção constante e con- tinua. Hufeland e Laennee, na cura da tuberculose, se baseavam na acção da climatotherapia, tendo Laennee experiencia própria. May, em 1701, dava um grande valor ao re- gimem alimentar, dizendo «estar nelle a saude do tisico. Schoenlein no começo do século XIX era um grande partidário do clima das altitudes. Ferrari d.e Pavia aconselháva aos tuberculo- sos ricos um conjuncto de tranquillidade moral e de distraeção: «Nada de cólera, nem de exci- tações»,—dizia elle. A escola de Salermo mandava dár aos tu- berculosos um complexo de leite, mel e sal: 8 lac, sal, mel junge, bibat contra consumptus abunde. Fusch aconselhava o leite humano tomado directamente: Ex mamis se fieri pote st sicyatur. No XYII século, Johannes Jonston procurava curar seus doentes por meio de uma alimenta- ção substancial. «Extenuationis per restaurantia depulsio- nem.» Convém no entanto notar que seu modo de tratar era mais theorico do que pratico, diante da difficuldade de alimentos por elle aconselha- dos. Em 1872, a theoria do contagio teve um vali- oso defensor que foi o notável anatomista Mor- gagni, o qual recusou sempre fazer a necropsia dos individuos fallecidos de tuberculose. Sendo a tuberculose a moléstia, talvez a mais perigosa, que tem deixado atravez dos séculos seus rastros nas catacumbas,—tem chamado so- bre si a attenção de todos os médicos que si in- teressam pelo bem estar geral. A maioria delles tem sustentado a theoria da curabilidade; porém, annualmente dois milhões de individuos são roubados do mundo eivilisado pela tuberculose. Desde que começámos a estudar este assum- pto, aceeitámos logo a doutrina da curabilidade, 9 e para provarmos esta doutrina não precisamos ir longe, bastando citar o facto de diversos ana- tomistas terem encontrado cicatrizes pulmona- res, indicando a passagem de um processo de tuberculose. Jà temos também apreciado a cura da tuber- culose em articulações, para a qual basta muitas vezes somente o repouso. Na historia do trata- mento da tuberculose notámos, que todos os médicos que têm apresentado metbodos para curar esta moléstia, não fizeram rnais do que girar em torno de um eixo representado pelo regimem hygienico dietetico. Nestes últimos annos tem-se procurado estu- dar a questão mais de perto; e assim, è que os professores Jaccoud e Grancher estudaram o tratamento hygienico em todos os seus detalhes e propagaram estes conhecimentos. Estavam então todos accordes no alto valor deste tratamento. Mas uma cousa faltava im- prescindivelmente: era uma boa direcção, pois, os doentes, muitas vezes melhorados do seu estado morbido, commettiam abusos e muitos delles pagavam com a vida esta falha, talvez filha da ignorância. Foi então que Herman Brehmer na Allema- nha em 1859, comprehendeu a necessidade de ter sempre junto dos doentes um medico 10 que os dirigisse, assim como a criança para se tornar um homem precisa de educação domes- tica. Luctando com as maiores difficuldades, como geralmente se tem dado com todos aquelles que têm tido ideias semelhantes, conseguiu final- mente fundar seu primeiro sanatorio perto de G-oerbersdorf. Si a ideia de Brehmer não è original, porque na Inglaterra Miss Nittingale, ja tinhaposto em pratica com os seus doentes, pelo menos è genial pelasua perseverança e amor às causas nobres e santas. Logo depois de Brehmer vem seu discipulo Dettveiler que seguindo as pegadas de seu mestre construiu em Falkenstein um sanatorio com o regimem instituido, e posto em pratica baseado no de Brehmer, porém ampliado, dando um grande valor ao repouso; e procurou tam- bembem evitar os resfriamentos com suas con- sequências nos tisicos, mantendo o equilibrio das funcções da pelle. Finalmente entendendo que nestas causas onde se trata do bem estar geral não deve haver monopolio, fez de Falkenstein uma especie de escola onde os médicos de todas as partes do globo que tivessem o desejo de ver de perto o funccionamento dum sanatorio lá seriam 11 acolhidos como assistentes e iniciado nos múl- tiplos deveres de um medico director de um estabelecimento desta ordem. Para demonstrarmos cabalmente que 11a cura da tuberculose é quasi imprescindivel a presença do medico,—é bastante o que disse o professor Jaccoud quando se referiu na sua obra «Curabi- litè et traitement de la phtisie pulmonaire» tra- tando da differença que existe entre Davos ou l’Engadine e os lugares de invernos rigorosos como Groerbersdorf: «em Groerbersdorf, em Aus- see e em Falkeinstein—disse—é o medico que age; em Davos, Samaden, em Saint Moritz, é o clima». O grande mérito de Brehmer e de Dettveiler não está só em saber comprehender a necessidade de uma direcção especialmente para os doentes recalcitrantes; porém também de systematisarem o regimem e demonstrarem a importância relativa das prescripções. Com a creação dos sanatórios, um grande passo á frente se deu na lucta empenhada contra a tubercu- lose; pois seelles não são as ultimas palavras no que dizem respeito ao trátamento da tubercu- lose, pelo menos o regimem hygienico dietetico é bastante racional. Mas nesta questão de sana- tórios um ponto faltava ter solucção; pois os sanatórios eram somente creados para as classes abastadas. 12 Sendo a tuberculose a moléstia da miséria, daquelles que habitam em casas antihygienicas, que respiram o ar confinado, que têm má ali- mentação; individuos de constituição fraca por causa do álcool, da syphiles ou mesmo de uma tuberculose hereditária; quaes diante de tudo isto, deviam ser mandados em primeiro logar para os sanatórios ? Nesta questão de sanatórios populares Det- tweiler brilhou devido á sua perseverança e auxi- lio de algumas pessoas de fortuna, pois em 1894, em Ruppertshain perto de Falkenstein cons- truiu o primeiro sanatorio destinado aos tuber- culosos indigentes; podendo serem internados neste sanatorio cem doentes. Na Suissa com- prehenderam logo as vantagens dos sanatórios populares, as sociedades operarias de seguros tomaram a si o encargo da manutenção destes sanatórios. Em 1897 ellas já dispunham dé um milhão e tresentos mil marcos, a fim de enviar os seus doentes para estes estabelecimentos. Mas não parou ahi a sua obra; pois em 1898 ellas já dispunham de quatro milhões de mar- cos para a creação de sanatórios de sua proprie- dade. Em 1897, foi construido em Oderberg o primeiro sanatorio com alojamentos para cento e vinte doentes. Na Allemanha a sociedade da Cruz Vermelha 13 se encarregou da construcção de trinta sanató- rios populares, dos quaes mais da metade estão funccionando. Na Inglaterra, se não existe ainda grande numero de sanatórios, é porque lá encontram-se hospitaes destinados exclusivamente a tubercu- losos com todos os preceitos da hygiene, onde os resultados são equivalentes aos dos sanató- rios systema Brehmer—Dettweiler. Destes hospitaes, occupam logares de desta- que o de Vintuor na ilha de Wight, e o de Brompton que tem compartimentos para tre- zentos doentes. A França, na questão de sanatórios tem mar- chado um pouco devagar, apezar da tuberculose fazer 150 mil victimas annuaes. Dos sanatórios francezes existem alguns que occupam logar de destaque; dentre estes nós temos o de Canigou nos Pyrineus Orientaes, que foi construido em 1890, contendo galerias de curas bastante confortáveis. Acha-se á 700 metros de altitude. Nos sana- tórios francezes o regimem é idêntico ao dos allemães, divergindo um pouco na quantidade de refeições. O dr. Sabourin que foi o constructor do sanatorio dos Pyrineus Orientaes, construiu 14 um outro em Durtol que é bastante procurado devido á amenidade de seu clima. Continuando, temos o sanatorio de Angicourt que tem 200 leitos para os pobres. Em Pau foi construido um sanatorio que é bastante procurado pela amenidade de seu clima; é o sanatorio Trespoye. Os doentes ata- cados de febres e hemoptyses são para alii enviados de preferencia. Este sanatorio só comporta 20 doentes. Ha ainda na França muitos outros, dos quaes podemos citar os seguintes: O sanatorio de Alger, de Avon, o de G-orbio, o de Hauteville e finalmente apresento em seguida a lista dos sanatórios para indigentes organisada por A. F. Plicque & Yerhaeren. SANAT O RIOS • NUMERO DE LEITOS 'Existentes Em prepa- < ração Alger-Birmandreis , 30 Angicourt (Oise) 170 » Bligny (Seine-et-Oise) 125 » Cimiez (Alpes Maritimes) 17 » » Feuillas prés Pessac (Glronde) 30 30 Forges-les-Bains (Seine-Oise) » 200 Hauteville (Ain) Sanatorinm Mangini 114 » Hyères (Var) Aliice Fagyiez. . . , 34 Hvères Mont-des-Oisane » 100 Lay Saint Christophe (Naney) 45 40 Lille (Nord) » 60 Nantes (Loire-Inferieurè) » 100 Orléans • I.oiret) 10 20 Ormesson (Seine et Oise) 180 » Rouen (Seine-Inferienvre) » 45 Saint Quentin (Pasde-Calais) » 20 Villipite (Seine-A-Oise) 190 » • Villiers-sur-Mame ... 220 * • 1.115 615 15 Nos Estados Unidos da America do Norte temos: — Adirondack. Cottage-Sanitarium em Saranak dirigido pelo Dr. Trudeau. Este sanató- rio fica numa altitude de 500 metros e com- porta 100 doentes. O de Sharronc, o seu clima não é bom, porém segundo as estatísticas do seu director elle tem dado bons resultados. O de Citronelle, é organisado pelo systema de pavilhão isolado. O de Loomes perto de Li- berty; só acceita tuberculosos no primeiro pe- riodo. O sanatorio. Pasteur, que foi creado somente para receber médicos tuberculosos de qualquer nacionalidade. No Dominio do Ca- nadá se encontra sanatórios muito bellos. Na Noruega temos o de Tousaasen dirigido pelo Dr. Andoord; é notável pelo seu clima. Na Suissa temos o de Davos dirigido pelo Dr. Tur- ban, o dn Aroso dirigido pelo Dr. Evrart, o de Leysin dirigido pelo Dr. Burnier; o de Heili- gen-Schorendi que fica perto de Berne desti- nado aos pobres. Na Austria-Hungria temos o de Nevr-Schmechs dirigido pelo Dr. Szontagh, o de Alland perto de Yienna que é para os pobres. Elle tem logar para 300 doentes e foi creado devido aos esforços do Dr. Schroetter. Na Rússia, se encontra o de Finlande dirigido pelo Dr. Grabrilovitz. Na Dinamarca, entre mui- tos é digno de nota o de Vegleffords creado por 16 uma companhia de accionistas. Finalmente vem á Allemanha a qual neste historico de sanató- rio tem ao primeiro logar, pois de lá foi que partiu a genial idéa. Na Allemanha a quan- tidade de sanatórios é enorme, mão só para as classes abastadas como também para as classes pobres. Vamos citar somente os sanatórios mais im- i portantes, pois se torna quasi hoje impossivel mencionar todos; é verdade que nesta lista aqui apresentada tem alguns que já foram mencio- nados, porém me parece justo a sua repetição em bem do methodo. Então nós temos: O sanatorio de Brehmer, em Groesbersdorf dirigido pelo Dr. Achtermann. Sanatorio de Eoempler em Groesbersdorf. Sana- torio da Condessa Puckler em Goesbersdosf dirigido pelo Dr. Weickr. Noutros estabeleci- mentos de Brehmer, acha-se aberto um annexo onde são admittidos doentes pobres, pagando um prémio de pensão menor do que no grande estabelecimento, e o Dr. Weickr dirige um segundo pequeno estabelecimento onde são ad- mettidos os doentes pobres enviados pelas Cai- xas de Sòccorros d Allemanha, Sanatorio de Falkenstein em Taunus dirigido pelo dr. Hess. e tendo Plumenfeld como segundo medico. O Dr. Dettweiler dá também consulta neste esta- 17 belecimento. Sanatorio de Ruppertshrin para os pobres dirigido pelo Dr. Nahm. Sanatorio de Hohenhoihylam Rhein dirigido pelo Dr. Meis- sen. Sanatorio de Driver á Reiboldsgrnm. (Saxe) dipigido pelo Dr. Wolff. Sanatorio de Nordrach. Floret-Noire dirigido pelo Dr. Walther. Sanato- rio do Dr. Michaelis em Rehbnrg. Sanatorio do Dr. Kaatzer. Sanatorio da cidade de Breme diri- gido pelo Dr. Michaelis. Sanatorio do Dr. Jacu- *basch em Sain-Andreasberg. Harts. Encerrando a lista dos sanatórios mais importantes não só da Allemanha como também dos paizes mais civilisados é necessário que concluindo o nosso primeiro capitulo, concluamos que á Allemanha e a Snissa são os paizes que mais têm sabido comprehender as vantagens dos sanatórios, não só para os ricos como também para os pobres. E como ultima creação d'Allemanha, nós cita- mos as caixas de soccorros que são destinadas á sustentar as familias dos tuberculosos pobres, emquanto elles permanecerem nos sanatórios. O contagio na tuberculosç á mais remota epocha já suspeitavam que a tuberculose era moléstia contagiosa; Isocrates, medico grego que viveu no Y século antes de Christo, foi o primeiro que assim a denominou. Os meios pelos quaes se dá mais facilmente o contagio são: inhalação, a ingestão e a inoculação. A inhalação da-se da seguinte maneira: os escarros tuberculosos atirados ao solo ou aos compartimentos de caminhos de ferro, aos mo- veis de lioteis etc, são dessecados pelo calor e então se misturam com as poeiras para depois penetrarem no nosso organismo com o ar da respiração. Brouardel cita o seguinte facto: Num escriptorio de umtabellião d'uma grande cidade, um praticante soffria de tuberculose pulmonar; elle tinha o habito de molhar seu dedo de saliva para folhear os maços de papeis 20 e de escarrar numa vasilha cheia de areia secca que se achava peito de um fogão. O ar quente dessecava rapidamente os escarros e os bacillos misturados ás poeiras voavam na sala onde innumeros rapazes trahalhavam em commum. Durante um anuo deu-se entre os praticantes deste escriptorio seis casos de tisica aguda cuja terminação foi a morte. Experiências têm sido feita para provar a contaminação da tuberculose pelos escarros dessecados. Assim é que Tappeiner torna tisicos 11 cães encerrando 12 n‘um quarto onde elle tinha pul- verisado escarros tuberculosos. Nas escolas, quer nos cursos primários, se- cundários e até superiores, é muito fácil a con taminação pelos escarros dessecados devido a falta de hygiene. Temos visto aqui no Brazil, professores tuberculosos aos quaes os paes entregam seus filhos para desenvolver a intelli- gencia e a tuberculose. Vamos citar um facto que parece demonstrar a hygiene Brazileira no que diz respeito da tu- berculose: Ha pouco tempo fomos chamado para ver um doente, viuvo, homem de uma certa cultura. Depois de examinarmos cuidado- samente, fizemos o diagnostico de-tuberculose e com cavernas abertas, para as quaes chamamos 21 a attenção do nosso cliente com o fim de evitar a contaminação nos seus filhos. Prega- mos no deserto, pois em nossa própria vista apreciamos beijar os filhos que voltavam do coljegio; reprovamos o seu procedimento, e elle então nos disse que aquellas crianças tinham perdido o carinho materno como era que a me- dicina pretendia prohibiros carinhos paternos? Bem se vê d'ahi, que se fosse um individuo ignorante era em parte desculpável, porém se tratando de um homem de um certo cultivo, é intolerável num paiz que quer ser civilisado. Infelizmente as ligas anti-tuberculosas brasi- leiras quasi nada têm feito, em relação a edu- cação do povo para evitar a tuberculose. Dos governos nada podemos esperar em be- neficio dessas classes que vivem do trabalho, poisasluctas partidarias são as únicas que me- recem attenção das rodas governamentaes. E' verdade que alguns projectos tem surgido, não só para construcção de sanatórios como também com o fim de evitar o mal, porém infelismente tem sempre faltado o leite materno para sua execução. Nos Estados Unidos as ligas anti-tuberculo- sas de mãos dadas com os governos, procuram por todos os meios encerrar a tuberculose n’um 22 circo de ferro evitando a sua propagação e cu- rando os doentes. Nos paizes civilisados como por exemplo a Snissa, a Allemanha, não se escarra mais no sólo pois só por esse modo podémos evitar a inhala- ção de poeiras contaminadas. Mas, nós só poderemos imital-os depois que tivermos dado a educação ao povo, pois só assim é que elle saberá distinguir o bem do mal. Danton dizia,' que depois do pão, a educa- ção é a primeira necessidade do povo. Nas escolas, recebem crianças attingidas de Içsões tuberculosas que se tornam ponto de partida duma infecção, que se communica aos outros alumnos. Na Europa já se encontram actualmente esco- las sanatórios destinadas as crianças tuberculo- sas, creadas com duplo fim: educar as crianças e ao mesmo tempo evitar a propagação da tuber- culose curando-as. Nas grandes fabricas onde se da a reunião quotidiana de diversos indivíduos, respirando o mesmo ar, escarrando no solo, muitos desses escarros acompanhados de uma multidão de microbios pathogenos, que pene- trando (nos organismos enfraquecidos) pelas vias respiratórias vão lhes prodvzir dannos irreparáveis. Mas, o perigo não está somente nos escarros, 23 pois nas dejecções dos tuberculosos têm se en- contrado com frequência osbacillos responsáveis pela «peste branca» (como denomina Fraenkel). Landóuzi, afirma que muitas vezes é tão gran- dé a quantidade de bacillos nas dejecções que parece haver uma verdadeira espectoração in- testinal. A presença de bacillos nas matérias fecaes se encontra de preferencia nas crianças e nos alie- nados tuberculosos, porque esses doentes não sabem escarrar. E desde que estas dejecções sejam atiradas ao solo ficam no mesmo caso dos escarros, pois dá-se a dessecação pelo calor e os bacillos vão contaminar o ar qnedeve ser respirado. Nos hospitaes é muito fácil o contagio pela inhalação, porque muitas vezes, doentes com focos tuberculosos abertos, são collocados em en- fermarias communs, onde se acham individuos, enfraquecidos em verdadeiro estado de recepti- vidade. A hygiene das habitações tem um grande va- lor como meio de evitar a contaminação tuber- culosa. Infelizmente no Brazil não temos hygiene nas habitações, pois a falta de hygiene parte das casernas e vae terminar nos palacetes, os mais luxuosos; porque se nos aposentos dos 24 patrões encontra-se todo conforto moderno e liygienico o mesmo não acontece com os dos creados. A tuberculose, moléstia invasora como é, ataca os creados estes então servem de vehiculo, para suas conquistas nos aposentos luxuosos. As lojas representam um papel importante no contagio da tuberculose, pois estas habitações são as mais anti-hygienicas que conhecemos. N'ellas respira-se um ar confinado, logares estes onde não penetram os raios solares. E já houve quem dissesse: «Onde o sol não entra, entra a tubercu- lose. » Nas salas onde ha grandes reuniões como : nos theatros, bailes, igrejas onde o ar vae se confinando pouco a pouco muitas vezes tuber- culosos tossem e escarram atirando ao ar milhões de bacillos que ficam a espera de um momento propicio para darem o assalto. E quantas vezes o assalto não está tão pro- ximo? Pois é tão conunum depois dessas reuniões se contrahir um resfriamento e os ba- cillos que poderiam passar desapercebidamente encontrando essa porta de entrada invadem o organismo, que já perdeu o poder reacionário normal. «Para tornar os escarros inoffensivos e impedir que elles espalhem em sua circumvi- 25 sinhança os microbios que contêm basta impe- dir a dessecação. Para este fim temos de recebel-os em vasos e tratai-os de modo a destruir os bacillos.» i Kuopf. Geralmente os tuberculosos não se conven- cem que são atacados desta moléstia, principal- mente os aristocratas, pois estes nutrem a doce illusão de que a. tuberculose só ataca os pobres sendo como é a moléstia da miséria. E muitas vezes o medico é o mais culpado, porque sendo chamado para ver o doente faz o diagnostico de tuberculose, porem este diagnos- tico elle guarda para si e diz então a familia do doente que é uma bronchite e provavelmente ella cederá com a medicação receitada. E então o doente continua a viver no seio da familia sení seguir os preceitos hygienicos que a medicina aconselha para evitar o contagio, tornando-se um verdadeiro fóco de infecção para seus parentes e amigos. Mas, elle continuando a se enfraquecer dia a dia, o organismo finalmente não tendo mais forças para reagir é obrigado a deixar a vida. E então o medico que tem de dar o attestado de «causa mor tis» pode dizer que foi qualquer outra moléstia que matou o doente menos a 26 tuberculose afim de não contrariar a família deste. A primeira educação dos tuberculosos nos sanatórios escola consiste principalmente em obrigal-os ,a escarrar somente em escarradeiras, e para isso elles têm até escarradeiras de bolso. Nestes sanatórios, a primeira pergunta que o medico faz aos doentes que entram para se tratar é a seguinte: tendes uma escarradeira de , bolso? se o tuberculoso não tem escarradeira o medico lhe dá immediatamente duas, pois está provado que è pelos escarros dessecados que facilmente se propaga a moléstia. E assim sendo a inhalação tem o primeiro logar na contaminação tuberculosa. As principaes escarradeiras apresentadas pe- las competências medicas que *têm se interessa- do pelo assumpto são: a escarradeira de bolso de Dettweiler e a de Knopf. A escarradeira de Dettweiler é um frasco de vidro azul, de forma oval aberto nas duas ex- tremidades, sendo uma maior do que a outra. A extremidade superior ou maior serve para escarrar, sendo depois fechada hermeticamente por meio de uma tampa metallica, cuja elasti" cidade é fornecida por intermédio de uma rolha de caoutchou. Esta é escarradeira tem na sua parte interna 27 um funil metallico, de maneira á impedir que os liquidos das espectorações, venham empor- calhar a sua tampa. A extremidade menor ou inferior, serve para se \tampar o apparelho e é fechada por meio de um botão metallico. Em seguida a de Dettweiler vem a de Knopf que antigamente era de alluminium, porém hoje o seu auctor manda que se faça de nikel por ser mais difficil de corrupção. Esta escarradeira peza somente 60 grammas em quanto que a de Dettweiler peza 120. Depois destas ternos ainda de Predohl e a de Liebe. No Adirondach cottage sanitarium, as escar- radeiras são de cartão qué tem a vantagem de serem queimadas com seu conteúdo, logo depois de servidas, sendo destruidos pôr esse processo os germens que estavam nos es- carros. O professor Schrotter recommendou este pro- cesso nos sanatórios dos pobres que ficam nos arredores de Yienna, perto de Alland. Actualmeute, existem hygienistas que con- demnam as escarradeiras para collectividades, dizem elles que o melhor meio de evitar que os escarros venham para o sólo, consiste na educa- ção dos individuos em absterem-se de escarrar. 28 E para os doentes, elles admittem as escar- radeiras, de bolso, que já falíamos. Em parte, estes hygienistas têm razão, pois as escarradeiras são apparelhos excitantes, ao mesmo tempo repugnantes e nem sempre os escarros vêm parar dentro delias e sim no sólo de sua circumvizinhança. Alguns médicos já tiveram a idèa de appli- car em doentes hospitalisado mascaras com o fim de evitar o contagio pela inhalação; este processo deve ser bastante incommodo, em todo caso o seu inventor affirma que em pouco tem- po acostuma. Nos hospitaes, pode se tolerar essa mascara, porém na humanidade em geral, este carnaval sem fim seria bem prejudicial; basta aos povos a mascara da>hypocrisia. Finalmente afirmamos que todos os proces- sos têm suas vantagens, porém os resultados práticos até hoje obtidos, estão ainda muito longe dos que se deviam achar; e então julgamos que para evitar o contagio* da tuberculose é ne- cessário não deixarmos o nosso organismo ficar em estado de receptividade. Isto é, abolirmos os excessos, procurar evitar todas as causas que possam trazer o enfraque- cimento do nosso poder reacionário, convencido como estamos que o bacillo de Koch pode viver 29 no nosso organismo, sem nos causar nenhum damno; ou então o bacillo de Kocli é um sapro- phita como quer o professor Middendorp e os agentes responsáveis pelo contagio, (segundo elle) dão representados por productos cellulares necrosicos duma natureza especial, desconhe- cida. A ingestão é um dos meios pelo qual pode se dar o contagio da tuberculose. Muitas vezes são os utensilios de casa, os guardanapos doscreados de café, as mãos, que servem de vehiculo, outras vezes são os ali- mentos. As carnes podem já ser infectadas antes da morte do animal ou depois devido as exposições nos açougues. O leite tem uma grande importância no con- tagio, quer elle provenha de uma vacca tuber- culosa, ou porque tenha sido exposto ás impu- rezas do ar. Outras vezes basta o leite de uma vacca tu- berculosa para tornar impuro todo o leite ahi misturado, O leite estando impuro é necessário ferver para se tornar puro, porém com o resfriamento os germens que fluctuam no ar o invadem e ahi encontrando um meio de cultura favoravel se multiplicam. 30 O Dr. Êdon cita o seguinte facto: «Um meni- no de 5 annos, bem constituido em apparencia íilho de paes fortes, succumbe em algumas semanas de uma tuberculose dos pulmões com invasão nos ganglios intestinaes. Descobre-se que pouco tempo antes, uma vac- ca leiteira da qual o mesmo tinha bebido o leite durante algum tempo foi reconhecida tisica por um veterinário e abatida. Brouardel conta que num collegio de rapari- gas, 5 pensionistas de 14 á 17 annos, morreram tuberculosas no decorrer de 2 annos. Nenhuma delias apresentava a menor tura- hereditaria, e não existia nenhum caso de tu- berculose em suas íamilias. Não se sabia, a qual causa attribuir estes fal- lecimentos, quando o veterinário descobrio que a vacca pertencente ao collegio tinha uma das mamas tuberculosa. As hervas com que se preparam saladas mui- tas vezes são vehiculos de agentes perigosos; estes alimentos não vão geralmente ao fogo e os germens que nelles existem vindos do sólo d'onde foram colhidos ou das poeiras do ar, con- trahidas durante o tempo em qne tiveram expos- tas á venda, vão muito naturalmente habitar no nosso organismo quando ingeridos com os ditos alimentos. 31 As moscas tem sido muitas vezes o vehicnlo de germens para os nossos alimentos, porque dao-se casos desses insectos depois de terem pousado em escarros ou dejectos, virem sem a menor ceremonha pousar em nossos generos alimentícios. A contaminação tuberculosa pela ingestão de alimentos infeccionados ficou provada experi- mentalmenté em 1868 por Chauveau fazendo com que vitellos ingerissem substancias tuber- culosas. Villemin e Parrot em 1870 repetiram as experiencias de Chauveau; Villemin em coba- yas e Parrot em gatos e cabras. A tuberculose pode ser transmittida por qualquer alimento, depende somente d’elle estar, contaminado, e nosso organismo em estado de receptividade. As fructas, expostas á venda em vasos des- cobertos podem se contaminar muito facilmente. A jiroposito vem o caso citado por Samuel Bernlieim: Um sabio extangeiro trabalhando em seu laboratorio, desejando se refrescar mandou comprar umas uvas que se vendiam na porta de um hospital onde iam á consulta muitos tisicos. Elle teve a curiosidade de observar si as poei- ras que cobriam as uvas continham bacillo de 32 Koch, para isto preparou uma solução e ingetou em cobayas. A maior parte destes animaes, ino- culados tornou-se tuberculosa. Inoculação—A inoculação dá-se todas as ve- zes que os agentes responsáveis pela tubercu- lose encontram uma solução de continuidade. Ésta solução de continuidade pode surgir a cada passo, por exemplo: um medico vae fazer uma autopsia n’um tuberculoso, no decorrer do trabalho pode se ferir com o canivete e este ferimento serve de porta de entrada para os germens. No decorrer das operações pode-se dar o mes- mo facto. Nas crianças israelitas muitos factos se deram de inoculação directa, porque a circumsisão praticada segundo o rito, obriga o operador á sustar a hemorragia com a bocca. Como exemplo da inoculação devido as piea- duras anatómicas, nós temos o facto citado pelo Dr. Edon de um veterinário que sendo ferido autopsiando uma vacca tuberculosa, uma tu- berculose cutanea se desenvolveu 6 mezes mais tarde no nivel da cicatriz, e a morte sobreveio pela tuberculose pulmonar 2 annos e meio de- pois do ferimento. Outro facto citado pelo Dr. Edon é o de uma. rapariga bem robusta, que lim- pava a escarradeira de seu marido tisico; algum 33 tempo depois, ella apresentou uma limphangite dum dêdo e do membro superior com abcesso onde se encontrou o bacillo de Koch. Os insectos estão collocados na classe dos grandep inoculadores. Estes animaes por meio de suas armaduras buccaes podem transmittir diversas moléstias como: impaludismo, a peste bubonica, a febre amarella, a tuberculose etc. As mordeduras de individuos tuberculosos podem transmittir o mal; Verchere cita o caso de um individuo que sendo mordido por um tu- berculoso contraliiu um tumor tuberculoso. Sfll *aus e Granialeia demonstraram experimen- talmente a transmissão por via endovenosa. Corçstrucção e dos sanatórios sanatorio é um estabelecimento fechado, onde os tuberculosos são recebidos depois de um exame medico, para fazer uma cura metho- dica e prolongada, sob a direcção de um medico que dita todos os dias para cada um dos seus doentes os detalhes do tratamento. O sanatorio é ainda uma verdadeira escola de prophylaxia anti-tuberculosa. Pode-se denominar os sanatórios ou sob o ponto de vista do lugar onde são construidos ou sob o ponto de vista das pessoas que têm de ser tratadas. Sob o ponto de vista do lugar, nós temos sanatórios nas planicies, sanatórios nas montanhas e sanatórios maritimos; e sob o ponto de vista das pessoas que têm de ser tratadas, nós temos sanatórios para os ricos ou então 36 sanatórios qne se pagam e sanatórios para os indigentes. Para os sanatórios quer- sejam ins- tallados nas montanha, nas planicies on na beira-mar, a pureza do ar é lima condicção indispensável. Os sanatórios collocados nas pla- nicies nunca devem ser collocados em baixios, porque geralmente o ar é menos puro, chegando muitas vezes a tornar-se absolutamente vi- ciado; o que levou alguns auctores a chamarem: altitude relativa em opposição á altitude abso- luta, acima donivel do mar. O solo proferido para a construcção dos sa- natórios deve ser perfeitamente poroso, afim de evitar as estagnações das aguas que se tornam excellentes meios de cultura para os germens. Este solo deve ser em seguida calcareo, arenoso on, pelo menos, repousar sobre um fundo desta natureza. Devem existir diversas arvores, porque estas servirão não só como protectoras, tamisa- doras dos ventos, purificadoras por excellencia da atmospbera, como também para diminuirem os ardores do sol, offerecendo passeios salubres e agradaveis. Plicque aconselha qne as arvores que devem ser preferidas .são os pinheiros, os eucaliptus, porque transformam os terrenos insalubres em salubres. Diz elle que cada pé de eucaliptus 37 equivale a uma pequena bomba aspirante ti- rando do solo uma quantidade relativamente considerável d’agua que o banha, e entregando ao ar sob a forma de vapor aseptico perfumado. Os sanatórios devem ser collocados afasta- dos das aglomerações das cidades, para que os doentes não sejam incommodados pelas poeiras das estradas, as fumaças das fabricas, etc. Os lugares escolhidos de preferencia são os flancos das collinas ou das montanhas: colloca- se o sanatorio abaixo do ápice, para que este proteja-o contra os ventos, especialmente os ventos frios. Os sanatórios collocados nos lugares acima indicados ainda têm a vantagem do solo não ter humidade, porque as aguas não podem esta- gnar-se devido o declive do terreno. E’ necessá- rio que cada doente tenha o seu quarto, porém nem sempre isto é possivel, a não ser que se trate de sanatórios para os ricos, cujo preço muitas vezes é elevado por causa desta disposição Nos sanatórios populares, os dormitorios comportam vários leitos, muitas vezes tubérculo sos de varias idades, de formas clinicas diversas, febricitantes e apyreticos, impossibilitando de seguir cada um o seu regimem no que diz a res- peito a aeração nocturna. Actualmente todos os médicos reconhecem estes inconvenientes; e 38 então procuram collocar em cada quarto poucos leitos, e estes mesmos para doentes mais ou menos semelhantes. Os quartos devem ser bas- tantes espaçosos, ter boa aeração e muita luz. . Devem haver nos sanatórios quartos para isolamento de tuberculosos attingidos por com- plicações, como por exemplo grippe, febre typhica etc. As mobilias dos quartos destes estabeleci- mentos devem ser simples, e que só tenham peças uteis. Deve-se procurar evitar os objectos que possam reter as poeiras. Os tuberculosos internados nos sanatórios devem fazer refeições em grupos, para terem melbor appetite. As paredes dos quartos dos sanatórios devem ser bastantes grossas, para que os tuberculosos não sejam incommodados pelo tossir dos visi- nhos durante a noite. Nos paizes frios é necessário o aquecimento dos quartos e serão usados de preferencia os aquecedores de baixa pressão. O calor artificial empregado não deve ser superior a 15° centígra- dos, geralmente se emprega 13°. Cada quarto deve ter pelo menos 50 metros cúbicos, a não ser que se possa fazer uma ven- tilação continua por meio de orifícios apro- priados. A aeração se faz por meio de janellas, 39 aberturas, em contacto clirecto com o ar livre, e não em corredores. Quando se pode dosar o ar que entra pelas aberturas, nós temos o systema ideal de cura pelo ar no quarto. As aberturas pelas quaes se dá a aeração devem ser preparadas de maneira á evitar a penetração das chuvas. A antisepsia deve ser rigorosa nos sanatórios, porque se as- sim não for nós teremos, em vez duma casa de cura, um fóco de contaminação. Os doentes de- vem ter pelo menos um escarrador de bolso; é inteiramente prohibido se escarrar no solo. Plicque e Verhaerem escreveram tres syste- mas empregados nos sanatórios da cura pelo ar diúrno. Os tres systemas empregados são as ga- lerias communs, as curas isoladas em pleno ar e as galerias particulares. As galerias communs devem ser collocadas perto dos estabelecimen- tos, aos quaes devem estar ligados por meio de corredores cobertos; estas galerias são fechadas de todos os lados, á excepção do lado pelo qual tem de se dar a aeração. Os doentes devem pas- sar o dia nestas galerias deitados em chaiseslon- gues, junto das quaes se colloca uma mesa para seu uso. Poderão permanecer nestas galerias das 8 horas da manhã ás 8 da noite e deverão guardar a distancia de dois metros de um para o outro. Este systema de galerias tem os seus* iriconve- 40 nientes, por exemplo: os doentes muitas vezes são obrigados para chegarem ás galerias, a faze- rem longos percursos com subidas e descidas de escadarias, sendo que este facto tem de se re- produzir quatro a seis vezes por dia. Quando essas galerias são para os dois sexos, têm mais o inconveniente dos doentes procurarem se exibir pelos enfeites, especialmente as mulheres. Apezar destes inconvenientes, as galerias com- muns de cura representam um meio mais pra- tico nos paizes frios ou expostos aos ventos. As curas em pleno ar constituem o processo idéal nas regiões onde é possivel a sua apptiea- ção. Elias não necessitam de installações espe- ciaes; basta os doentes estarem ao abrigo dos ventos, collocados ás sombras das arvores co- padalã, que tamisam os raios do sol. Os doentes febricitantes e enfraquecidos que não podem tolerar as galerias communs, são enviados de preferencia para as curas isoladas em pleno ar. Para os doentes não terem a sensação de isola- mento, podem se collocar vários individuos, po- rém guardando uma certa distancia de um para outro. As curas em pleno ar têm a vantagem de distrahir muito os doentes, pois a natureza é muito pródiga em seduções. As galerias particulares foram criadas so_ mente para sanatórios remunerados, pois cada 41 quarto é reservado a um doente; e muitas vezes essas galerias são feitas na própria residência do doente. Os sanatórios devem ter agua potável vinda duma fonte natural especial isenta de qualquer contaminação. O serviço de esgoto deve ser completo, de modo que as matérias do despejo possam soffrer a esterilisação e purificação. Depois de termos tratado de alguns processos empregados nos sanatórios na cura da tubercu- lose, ó necessário que tratemos de sua organi- sação e administração. O sanatorio é um estabelecimento que deve estar sempre sob a direcção de um medico ha bilitado; a sua presença é incontestavelmente imprescindivel, desde a construcção dos sana- tórios. As regras de prophylaxia devem ser observa- das com o maior rigor, para que os sanatórios se- jam dignos deste nome. O medico director de um sanatorio, além de ser um homem competente, deve ter bastante força moral, para que suaspre- scripções sejam cumpridas na risca. O Dr. Sabou- rin diz: o valor do medico é igual ao do sanatorio. O medico deve convencer aos doentes que, a sua cura depende somente de seguir o regimen; ha delles, porém, insuportáveis, para os quaes é ne. cessario que o medico tenha força moral. Para 42 demonstrar a importância da dirqcçao medica, o Prof. Brouardel cita o seguinte facto: « havia num grande sauatorio um medico que tinha um ca- rácter intratável (isto se vê algumas vezes mes- mo entre os médicos) e que se incompatibilisou com a administração (isto acontece também al- gumas vezes), porém seus doentes sahiam cura- dos; a administração collocou então um medico muito amavel e que dava muita liberdade aos doentes;—não se curaram mais. O medico director dum sanatorio, para impor a sua vontade e obter facilmente a obediência, énecessario muitas vezes saber inspirar con- fiança;—ser bom para adquirir sympatliia por parte dos doentes. O medico nas suas visitas quotidianas, não deve se limitar somente ao exame dos doentes, porém também cuidar dos serviços da desinfecção, da cosinha, da alimen- tação, e finalmente deve estar á par de todo o funccionamento do sanatorio. A residência do medico pode ser no proprio sanatorio ou então muito proximo delle, para em casos de necessi- dade ser fácil a sua presença. Os auxiliares do medico devem ser indivi- duos de confiança: instruidos, cumpridores dos seus deveres, para a boa ordem do estabeleci- mento. E’ impréscindivel o exame medico nos auxiliares:—os indivíduos jovens são recusados; 43 os de media idade são os preferidos, — sendo inútil dizermos que os enfraquecidos não se acceitam. A escolha desse pessoal compete ao medico director. Estando os quer das montanhas, quer das planicies ou marítimos, mais ou menos organisados, é necessário dizermos agora quaes os que devem ser preferidos pelos doentes. Os sanatórios das montanhas, das planicies e os marítimos têm as indicações e contra-indica- ções. A base principal da cura dos sanatórios em qualquer das tres classes acima mencionadas, é firmada no ar, no repouso e na alimentação. Mas além desta base que é primordial, nós temos adjuvantes representados pela maior ou menor densidade do ar, pela quantidade de ozona, pela falta de productos de combustão, pelo estado hygrometrico e por certas influen- cias de visinhança. Foi por causa de tudo isto que Verhaeren fez á seguinte formula: «em therapeutica pulmonar cada clima tem suas indicações bem deíenidas, fora das quaes elle se torna indiíferente ou mesmo perigoso». Baseado na classificação dos sanatórios por nós adoptada, vamos ennumerar as indicações e contra-indicaões para cada uma delias. Sanatórios das montanhas—Depois das pes- quisas deMiquel, ficou demonstrado que quanto 44 mais se eleva na atmosphera, o ar se torna mais puro, pois se encontram menos poeiras. Ba- seado neste principio, foi que nasceu a idéa de sanatórios das montanhas. Mas infelizmente as montanhas tem os seus inconvenientes, cujos principaes são a temperatura, o estado hygro- metrico, as chuvas, a neve, o vento frioe a rare- fação. Apezar destes inconvenientes os sanató- rios das montanhas são aconselhados aos pre- tuberculosos e aos tuberculosos de primeiro gráo,—individuos que ainda não têm nem le- sões abertas, nem complicações noutros orgãos. O professor Jacoud disse: «as estações de altitude convém aos tisicos de reação torpida ou indifferente, quando a moléstia fica sempre em estado chronico sem episodios agudos, quando os doentes não apresentam nenhuma lesão séria na laringe, no intestino ou nos rins, quando es- tão ainda afastados da phase de consumpção. O ar das montanhas tem a propriedade de excitar o appetite e facilitar a digestão, donde o clima das montanhas é hoje considerado como poderoso meio de renovação organica. Sendo a excitação o ponto dominante do clima das montanhas, é necessário dizer que nem to- dos os tuberculosos podem tolerar esta excita- ção; por exemplo,—os hemoptoicos, os conges- tivos, os febricitantes devido a lesões uleerosas 45 em evolução ou melhor, as lesões produzidas por tuberculoses agudas, devem fugir do clima das montanhas. Daremberg chamou o clima das montanhas clima sinapismo, põr causa das suas excitações. Estudadas como estão as indicações e contra- indicações dos sanatórios das montanhas, va- mos agora estudar as dos sanatórios das pla- nicies. Sanatórios das planícies.—O clima das pla- nicies tem uma acção muito atenuada, donde se deduz que a cura dos doentes se dá por um processo regular e methodico, e não como os sanatórios das montanhas que algumas vezes são miraculosos; porém não corre o perigo que se pode dar com o emprego intempestivo dos climas das altitudes. O clima das planicies é variavel com as re- giões onde estão situados: numas regiões o cli- ma é bastante húmido, noutras,—-é muito secco. Algumas vezes estas variações são devidas á direcção dos ventos, como em Roma; outras vezes, divido á visinhança de montes como por exemplo; Nápoles com os Appeninos. Podem-se eollocar no grupo dos sanatórios das planicies, os situados juntos dos desertos, sendo os rnais importantes deste genero os que ficam perto do Sahara. Os mais procurados são 46 Biskra, ao sul de Constantina, e Helouan no Egypto, perto do Cairo. O ar nestas regiões está isento de germens, por ficar longe das ag- glomerações, por suas extensões sem limites, por seu sol abrazador. Mas em compensação o ar depois de viajar por esse mar de areia, sobre este oceano abrazador se torna de uma seccura irritante. Com as ventanias o ar fica bastante carregado de areia, tornando-se prejudicial áres- piração. Alèm destes inconvenientes, os sana- tórios dos desertos ainda são contraúndicados não só pela falta de meios de transporte como também pela falta de distracções para os do- entes. Sanatórios marítimos.—O emprego da tlicilas- so therapia na cura da tuberculose foi iniciado na França ha meio século pelo Dr. Perrochaud, medico de Montreuil-Sur-Mer, que confiando aos cuidados da viuva Duhamel que residia numa aldeia perto de Berck, algumas crianças escrophulosas. Esta viuva tinha o cuidado de conduzir os seus pequenos pensionistas ao mar duas vezes por dia; os doentinhos, que não po- diam andar, eram carregados por ella. Logo que chegava á beira dagua, ella tirava o penso de seus doentinhos e lavava com agua as ulce- ras e os abcessos. Satisfeito com os resultados obtidos, o Dr. Perrochaud no anno seguinte 47 mandou transportar as crianças para Berck, que é beira mar. Neste tempo só existia em Berck uma -habitação, que era da viuva Marianna. Duhamel e Marianna se encarregaram das cri- anças; pouco tempo depois uma delias morreu, sendo substituida por tres religiosas de Calais. Devido os resultados continuarem sempre sa- tisfatórios, tres annos mais tarde o director da Assistência publica* achando a experiencia bastante concludente, poz a estudo um projecto de hospital, o qual foi inaugurado no anno se- guinte, contendo lugares para cem doentes. Mas verificou-se em pouco tempo que este hos" pitai era pequeno, tanto assim que em 1869 era inaugurado um grande hospital com 500 leitos. Dahi para cá tem augmentado progressiva- mente o tratamento dos tuberculosos em Berck contando actualmente com os mais importantes sanatórios do mundo- Berck tem diversas van- tagens sobre as outras praias, cujas principaes são a doçura de seu clima no inverno, por causa da visinhança do Gulf-Stream,—não haver pân- tanos, e não havendo pantanos não ha impalu- dismo,—as serrações serem raras e as geadas superficiaes. O clima maritimo tem chamacto á attenção de diversos clinicos, desde Rochard em 1886> 48 que considerou como perigoso, até Lales, que se constituiu em deftensor, demonstrando as suas vantagens. O clima maritimo tem alguma analogia com o clima das altitudes sobre os seus effeitos phy- siologicos: o ar activa e excita o appetite, esti- mula o systema nervoso; a pureza da athmos- phera favorece a respiração e activa a hemato- se. Donde alguns médicos chegaram a classifi- car o clima maritimo verdadeiro nos climas-sina- pismos de Daremberg. O clima maritimo tem as suas contra indicações, como o clima das alti- tudes; por exemplo, nos febricitantes, nos he- moptoicos, nos congestivos, nos nervosos, etc., porém elle não é contra-indicado, como os das altitudes, aos doentes de emphysema pulmonar, aos doentes de casos de cardiopathias e nem aos individuos de arterio-sclerose. Existem duas especies de clima maritimo que são: o verdadeiro e o clima maritimo atenu- ado. O primeiro sendo aquelle que .se encontra em pleno mar; e o segundo, aquelle das costas; tanto um como outro pode ser empregado com vantagem na cnra da tuberculose. O primeiro se encontra nos sanatórios fiuctuantes eo segundo, nos sanatórios á beira-mar. O emprego dos climas maritimos na cura da tuberculose vem dos tempos de Hypocrates, 49 que aconselhava a seus doentes os passeios nas praias o as viagens no mar. O clima maritimo é bastante variavel; tanto assim que em cada esta- ção, cada oceano tem seus caracteres especiaes. O clima maritimo verdadeiro não se encon- tra no littoral, potque o ar participa ainda dos caracteres climatéricos do continente. O clima maritimo atenuado pelo ar do littoral é de grande vantagem na cura da tuberculose; e para provar isto, basta citarmos a infinidade de cura nos sanatórios de Berck. Dujardin-Beaumetz acredita que o ar mari- timo só, pode ter uma acção favoravel sobre a tuberculose, sobretudo nos primeiros periodos da moléstia. Elle não conhece excitante mais poderoso da nutrição e em particular das fun- cções digestivas, do que o clima maritimo. Actualmente já se emprega o clima maritimo verdadeiro, collocando os doentes em sanatórios fluctuantes. Alimentação, ar ç repouso M ;Instando construídos e organisados os sanató- rios é necessário estudarmos o regímen nelles adoptados. . O regímen adoptado nos sanatórios é o hy- gienico dietetico, baseado na tríplice indicação, de repouso, ar e alimentação; procuraremos es- tudal-o por partes, começando pela alimentação e terminando pelo repouso e ar. A alimentação occupa um logar de grande importância na cura da tuberculose, porque quem se nutre, tem elementos para combater com vantagens os processos consumptivos. Nestes últimos annos alguns médicos com- prehendendo mal o effeito da alimentação dos tuberculosos, pois pensavam que na quantida- de de alimentos ingeridos era que estava o valor da cura pela alimentação; prescreveram a su- per-alimentação. Actualmentente está demons- trado que não é 11a super-alimentação cpie está 52 a cura da tuberculose, e sim na super-assimila- ção. A super-alimentação é prejudicial aos tu- berculosos, porque em pouco tempo do seu em- prego, os doentes apresentam signaes de hyper- clilorydria; sobretudo nos jovens tuberculosos, e mais tarde phenomenos de liypochlorydria», de atonia e dilatação gastrica. Noutros doentes o phenomeno da-se de outra maneira; o estomago resiste e então o intestino cede em primeiro lo- gar; observa-se diarrheas periódicas, coincidindo muitas vezes—com crises de hyperchlorydria. O figado em pouco tempo se- torna congesto, devido a sobrecarga alimentar, pois a superali- mentação se torna para elle n’uma verdadeira superintoxicação segundo a expressão de Lan- duzy. Malibran disse: On ongraisse avec ce qu,on digére et non avec ce qu’on rnange. Muitos individuose até médicos julgam que basta os alimentos entrarem no nosso tubo di gestivo para produzir seus effeitos nutritivos; é porque não se lembram que a passagem dos ali- mentos no tubo digestivo e sua assimilação pelo organismo, são dois phenomenos ábsoluta- mente distinctos. O medico dos sanatórios deve sempre estar em dia com o funccionamento digestivo dos seus doentes, sendo muitas vezes obrigados á 53 recorrer as analyses do sueco gástrico e das matérias fecaes; porque nem sempre o interro- gatório do doente, a palpação e a percursão dos orgãos—dão dados suffi cientes. O estomago diz Daremberg, è a praça forte do tuberculoso, e o alimento é o seu meio de defeza. Os pratos de alimentos devem ser bastante variados para estimular o appetite dos doentes, Nos sanatórios é prohibido se tossir durante as refeições; e o doente que por accaso tiver um accesso de tosse nameza—é obrigado a se retirar immediatamente. E' inconveniente collo- car-se nos sanatórios todos os doentes n’uma meza commum, o melhor será agrupal-os em pequenas mezas e estes agrupamentos compos- tos de doentes em estado mais ou menos seme- lhantes. Os alimentos, os mais importantes- que são indispensáveis ao nosso desenvolvi- mento, pertence a duas cathegorias: das subs- tancias graxas ou hydrocarbonadas, o das sub- stancias albuminoides ou azotadas. Para completar a nossa alimentação faltam somente a agua e os saes, que nos são fornecidas pelos liquidos e legumes O regimen alimentar mixto é baseado na reunião destes quatro principios. Os albuminoi- des são os alimentos indispensáveis a nossa 54 alimentação; a quantidade de albuminoides varia para cada alimento, porém as substancias que encerram mais são; o leite, os ovos e espe- cialmente a carne. A carne tem uma grande importância no regimen do tuberculoso, é pres- cripta em formas differentes, porém todas ellas não têm o mesmo valor nutritivo; esta substan- cia deve ser pouco cosida, porque é necessário, para sua albumina ser atacada pelo sueco gás- trico, que seja mais fresca, mais natural e mais viva, isto é, que não esteja muito coagulada; o mesmo se dá com a albumina do ovo. Além das preparações communs da carne tem se em- pregado nos tuberculosos os extraetos de carne do commercio, os quaes não devem ser empre- gados senão como aromáticos pois contem mui- tos saes de potássio que irritam os orgãos di- gestivos. O pó de carne que apezar de não ter o mesmo valor nutritivo da carne, porque a sua albumina soffre o plienomeno da coagulação, em todo caso é melhor do que o extracto. As preparações mais communs que se faz da carne são: o sueco e a polpa. A polpa é das prepara- ções de carne a melhor para os tuberculosos, porque se digere muito facilmente, pois não tem nem tendões, nem nervos e nem aponevro- ses, que são indigestos. As substancias liydro- carbonadas são reprezentadas pelas gorduras e 55 feculentos. Estas substancias formam as reser- vas do nosso organismo. Os feculentos são extrahidos do reino vege- tal, pelos legumes seccos ou frescos e pelos cereaes. Os legumes frescos são pouco nutritivos, porem têm a vantagem de variar o regímen; os seccos são mais ricos do que a carne de subs- tancia azotada porem são de difficeis digestão. Os cereaes são pobres em matérias albuminoides e ricas em hydrocarbonadas. Os alimentos que contem mnita albumina encerram pouco hydro- carbureto e vice-versa, logo, para o regimen alimentar se tornar completo é necessário a reunião dos hydrocarburetos aos albuminodes. Mas, existem alguifs alimentos em cpie a natu- reza procurou reunir em dose mais ou menos sufficientes os princípios nutritivos; e estes alimentos assim privilegiados receberam o nome de alimentos completos. Os principaes são: o leite e os ovos. O leite contem substancias albuminoides, substancias graxas, saes, uma substancia assucarada, um fermento, agua e accido carbonico; não obstante a maioria dos estomagos acceitarem muito' bem o leite, nós encontramos doentes*que não podem se nutrir com este alimento, porque este produz fermentações. Ha doentes que não toleram o leite cxm, outros o leite cosido. Os leites mais 56 conlmumente empregados são: o de vacca, o de cabra e o de jumenta. Os ovos encerram subs- tancias albuminoides, uma matéria corante, saes lecithina; a gemma do ovo é a parte rnais nutritiva. Devido a diversidade de preparações e o seu grande valor nutritivo, elles constituem um dos melhores alimentos. Tendo tratado dos alimentos e dos albuminoides, nos falta somente tratar dos saes e bebidas. Os médicos devem dar uma grande importância á quantidade de saes na alimentação dos tuberculosos; são obrigados á fazer analyses frequentes das fezes e das urinas, para saberem os saes que se fixam no organismo em relação com os que são ingeridos. Teissier disse: A phosphaturia era signal precoce da pretuberculose. Os principaes saes que devem fazer parte da alimentação são: chlorureto de soclio, saes de cálcio, de ferro e de silicia, e alguns destes em combinação com o phosphoro. O chlorureto de sodio entra geralmente como condimento na maioria dos alimentos, donde não ha necessidade de se augmentar a dose deste sal 11a alimentarão dos tuberculosos, porque deste augmento poderá resultar a hypercliloru- ração, que é um perigo para elles como disse Daremberg. Os saes de cálcios são de uma 57 grande utilidade no tratamento dos tuberculo- / sos, pois muitas vezes a cura delles consiste no enkistamento do foco como tem sido verificado em diversas autopsias e neste enkistamento os saes de cálcio representam um papel bastante saliente. As per das de saes de cálcio que soffre o nosso organismo são compensadas pelos ali- mentos vegetaes. O ferro, o silicio se encontram em diversos alimentos, particularmente nos leguminosos. O phosphoro encontrado na ali- mentação ordinaria é insufficiente para reparar as perdas que soffre o nosso organismo, donde somos obrigados a dar aos nossos doentes ovos, (que por causa da lecitliina e da nucleina elles são ricos em phosphoro) etc. ou então medica- mentos phosphatados. Bebidas.—A agua é a bebida de escolha para os tuberculosos, o vinho pode ser nsaclo somen te nas horas de refeições e qne não exceda de meio litro por dia; a cerveja pode substituir o vinho. Mas as bebidas muito alcoólicas como por exem- plo o cognac, a aguardente e os licores não devem ser usadas especialmente pelos dyspepticos. O álcool pode ser empregado como medicamento, porem como alimento, o seu emprego ó condem- navel. Sabourin no sanatorio de Canigou em França, notou muitas vezes o desapparecimento 58 de certas dyspepsias impertinases somente com a proscripção de bebidas alcoólicas; e aconselhou aos seus doentes que abolissem o vinho de suas refeições. As refeições dos tuberculosos variam de paiz á paiz (como entre a Allemanha e a França) de individuo á individuo, finalmente é necessário o medico conhecer o doente e o seu poder digestivo, para poder dosar o regimen alimentar. Mas, em todo caso e de um modo geral, pode-se calcular a quantidade de refeições que devem usar os tuberculosos por dia. As opiniões divergem sobre a quantidade de refeições diarias: Uns querem um pequeno nu- mero, outros porem preferem muitas vezes por dia os alimentos em pequena quantidade. Nós pensamos com os últimos, pois a digestão neste caso é muito mais fácil e a assimilação é mais perfeita. Como exemplo da alimentação das diversas refeições mostraremos como são destri- buidas no sanatorio de Falkenstain. De 7 as 8 horas da manhã primeiro almoço com manteiga e leite em abundancia, pão e biscoutos. Quan- do o appetite está satisfeito bebe-se lentamente em pequenos goles um copo de leite de um quarto ou um terço de litro. As dez horass segundo almoço: pão, manteiga, algumas carnes frias, ovos e 1 á 2 copos de leite. A uma hora, refeição completa, sopa, carnes quentes e frias, 59 legumes, saladas, compotas, entre tudo 5 á 6 pratos onde a gordura seja tomada em abun- dancia. Finalmente 1 á 2 copos de vinho. As d horas, um á dois copos de leite, pão manteiga, carne cheia e biscoitos. As 7 horas, sopa, carnes quentes e frias sueco de legumes, compota, salada, manteiga e um copo de vinho ou de cer- veja. As 9 horas um copo de leite com 3 á d colheradas de café. O regimen do sanatório de Falkenstain é seguido* na maioria dos sanatórios Aliemães, com resultados muito satisfatórios. Mas, na França esse regimen não pode ser geral- mente tolerado, pois os Francezes comem muito menos do que os AJlemães. Em todo caso isto não quer dizer que os Francezes não devem comer muitas vezes em pequena quantidade. Os médicos dos sanatórios devem saber dosar a quantidade e a qualidade das substancias ali- mentares, do mesmo modo que dosamos os medicamentos para ter diversos fins. O grande Huchard disse: n’um medicamento ha muitos medicamentos. Tendo tratado de um modo rápido e resumido do valor da alimentação na cura da tuberculose, vamos tratar agora de um assumpto não menos importante que é o repouso. O repouso na cura da tuberculose é imprescindivel, elle pode ser moral e phy- sico. O repouso moral é o mais difficil de 60 se obter, porque a maioria dos tuberculosos não têm forças para se dominarem. Basta a moléstia para lhes roubar o socego espiritual e agora junte-se mais, os seus negocios o interesse pela familia, a politica, a inacção, os exforços intellectuaes, ò theatro e finalmente uma infinidade de causas capazes de produzir um sem numero de emoções prejudiciaes. Os doentes coilocados nos sanatórios no fim de algum tempo se aborrecem, á não ser, que elles sintam logo grandes melhoras. As dristrações nos sanatórios não podem ser muitos variadas, até os jogos são dosados uns e proscriptos outros, por trazerem grandes inconvenientes. As faculdades mentaes, têm uma grande influencia sobre o estaclo geral, os exforços intellectuaes, consomem as substancias organicas e destroem as cellulas nervosas mais rapidamente e mais com- pletamente do que o trabalho muscular. Os doentes não devem ficar num meio triste, porque o aborrecimento não quer dizer repouso e para suportarem a cura pelo repouso, os médicos aconselham algumas occupações como a pintura, dezenho, a musica, porem de modo que não se fatiguem. O repouso physico não deve ser abso- luto, porque se assim fosse difficultaria o pheno- meno da hematose, traria a congestão pulmonar e finalmente causaria prejuizos em logar de 61 beneficio. O repouso deve ser dosado da mesma maneira como qualquer outro processo thera- peutico empregado 11a cura da tuberculose. Ha médicos partidários dos exercícios, os quaes se bazeiam no seguinte: que havendo augmento na actividade circulatória, as trocas sãomais perfei- tas e então ha augmento de apetite e de assimi- lação. E’ verdade que isto se dá no indivíduo perfeito porem nos tuberculosos tem se visto casos de hemoptyses depois de exercícios. Bre- hmer cita o seguinte caso. Um medico tuberculoso parte em carruagem para a localidade visinha e volta a pé rapidamente, por causa do máo tempo que fazia. Em sua vinda tem uma forte hemoptyse e morre em cinco dias. Admittimos o exercício bastante moderado, feito sob as vistas do medico, para não se dar casos de abusos. Os exercícios respiratórios são muito re- commendados, os quaes sendo bem executados têm uma acção salutar sobre o organismo. Estes exercícios têm por fim, augmentar o campo da hematose, tornar mais facii a expectoração, dissolvendo as mucosidades accumuladas nas vias respiratórias; desenvolvem os músculos da respiração e finalmente diminuir em a dyspnéa. Os exercícios devem ser progressivos e feitos de modo que os doentes não se fatiguem. Os passei- os estão incluídos nos exercícios, os doentes 62 começarão por pequenas viagens num terreno plano e depois em terrenos com pequenas ele- vações. A febre é o thermometro dos passeios, porque desde que ella apparece nos apyreticos ou que augmente nos febricitantes, é necessário que se diminua os exercicios. Os exercicios respiratórios, quando existe somente um pulmão affectado devem ser feitos unicamente ao lado do pulmão bom e do outro lado se immobio- liza por meio de um pneumothorax artificial, como faz Forlamini. A tuberculose das articu- lações é muito fácil relativamente, a sua cura; porque se for um caso de foco fechado basta o repouso para a cura do doente e se for um fóco ja comtaminado, faz-se a expurgação do fóco e depois o repouso. O melhor tratamento para as febres dos tuberculosos é o repouso, porem é necessário que se combine com a cura pelo ar. Esta combinação se encontra facilmente, graças as installações especiaes de pavilhões e galerias nos sanatórios. Ccurá pelo ar—Celso, Galeno, Aréteu, Avi- cenne e muitos outros, ja preconisavam o em- prego do ar na cura da tuberculose. Mas, a cura pelo ar só se tornou methodo depois dos traba- lhos da enfermeira Ingleza Missi Nittingale, de Bennet de Menton, de Brehmer e de Dettweiler O ar comfinado foi reputado como perigoso 63 desde o tempo de Galeno; elle encerra productos toxicos, é muito pobre em oxygenio e rico em gaz carbonico. Browno-Séquard e d’Arsonval fizeram em 1888 uma experiencia para provar quanto era prejudicial o ar viciado. Collocando animaes em compartimentos fechados e fazendo respirar o ar que passava de um compartimento á outro elles viram que os animaes sucumbiram no fim de pouco tempo. Os methodos sanatoria- nos estão baseados na cura pelo ar prolongado dia e noite. Bennet dizia; a aeração deve ser constante e continua. A melhor posição para os doentes se habi- tuarem com a cura pelo ar, consiste em se conservarem deitados. Dettweiler affirma que se o medico não tomar certas precauções nas exposições da cura pelo ar o doente soffrerá uma excitação seguida de uma embriaguez e de uma pressão prejudicial a sua cura. Collocando-se o doente na posição deitada esta facilitará a circulação sanguinea e evitará o cançaço do corpo. Mas, ha doentes que logo quando chegam nos sanatórios não podem ser levado as galerias de cura, sendo necessário primeiro se esperar alguns dias para se dar a adaptação e durante este tempo elles devem ficar nos quartos com as janellas abertas para irem se acostumando. O ar é indispensável á 64 vida e á saude. 0 ar das salas dos hospitaes são muito inconveniente aos tuberculosos, pois se- gundo as experiencias de Straus e Wurtz elle encerra 20700 bactérias por metro cubico. Mas é verdade que a maioria destas bactérias são inoffensivas, pelo menos para os pulmões sãos. O valor therapeutico do ar depende de varias circumstancias como por exemplo sua composição chimica, sua pureza, suas proprie- dades physicas e suas propriedades methereo- logicas. O ar que deve se respirar para satisfa- zer as nossas necessidades organicas deve ter uma quantidade determinada de oxygenio; pois o phenomeno da hematose consiste na fixação do oxygeneo do ar, pelo saugue e na eliminação de acido carbonico. O ar das salas de grandes reuniões vae se tornando viciado pouco a pouco por causa do acido carbonico exalado em troca do exygenio fixado. O ar das grandes cidades é respirado diversas vezes; donde resulta uma intoxicação lenta, compromettendo a nossa vida. Por cansa deste facto foi que aconselha- mos quando tratamos da construcção dos sana- tórios, que se collocasse longe das aglomerações para se obter os effeitos therapeuticos deseja- dos. O vento, a humidade é necessário se evitar quando se expõe os doentes a cura pelo ar. A cura nocturna pelo ar nos dormitorios deve ser 65 regular e progressiva, para se evitar os resfria- mentos. A cura pelo ar pode se fazer em todas as estações e em todos os climas; porem, em sana- tórios, porque estes estão providos de galerias especiaes feitas com o fim de tornar o trata- mento constante e invariável. O ar puro esteri- liza o pulmão pela sua passagem continua nos alvéolos pulmonares. Finalmente o ar deve ser prescripto e regulado pelo medico no trata- mento da tuberculose. Vantagens e inconvenientes dos sanatórios tratamento hygienico-dietetico na cura da tuberculose em casos especiaes, sobre a direcção dum medico, vem desde 1854, pois foi quando Brehmer constituiu o seu primeiro sanatorio. No começo Brehmer teve de luctar com um partido que se manifestou contra suas ideias; este partido era constituido por doentes e mé- dicos que viam nos sanatórios uma infinidade de inconvenientes. Mas a ideia continuou a progredir, tanto assim que vinte annos mais tarte era construido em Taunos um segundo sanatorio. Devido as curas que em pouco tempo foram surgindo, outros sanatórios foram apparecendo, não só na Allemanha, como nos paizes que procuram o bem estar de seus filhos. O sanatorio não tem somente o fim de curar o tuberculoso, porem também educal-os de 68 modo que evitem contaminar os outros indi- viduos. Derenberg disse: O sanatorio é a escola mu- tua do tuberculoso. Por causa deste papel educador elles têm adquerido uma grande força; pois entrando um doente no sanatorio e encontrando outros já submissos e educados mesmo que sejam recal- citrantes é obrigado a seguir as prescripções dadas pelos médicos, nem que seja por espirito de imitação. Nos sanatórios se compenetra os doentes que sua moléstia é curável e desde que acredite nas palavras do medico, procura seguir religio- samente todas ás ordens por elle prescriptas. Desta submissão, resulta pelo menos a cura relativa. Os primeiros sanatórios construidos foram destinados aos tuberculosos ricos; porem em pouco tempo se comprehendeu que as casas de soccorros auxiliadas pelos governos podiam construir sanatórios para os indigentes com todos os requesitos liygienicos. Entenderam os anti-sanatoristas, que estas casas traziam grande prejuizo ás localidades visinhas, porem hoje está demonstrado cabal- mente, que em logar de prejuizos, ellas têm um effeito salutar, porque os individuos que 69 moram perto, vão assimillando pouco a pouco as precauções hygienicas usadas nestes estabe- lecimentos. O Dr. Nahur mostrou não obstante ter pas- sado em Goerbersdorf vinte cinco mil tubercu-' losos durante quarenta annos e a população ter duplicado; a tuberculose tinha diminuido nos habitantes. «Nos arredores de Falkenstain de 1856 á 1875, data da abertura dos sanatórios a morta- lidade de tuberculosos era de 19 %; de 1876 á 1895 ella cahiu a 10 %». Deante de factos como estes acima citados, não ha argumentos que se contraponham. Um outro supposto perigo que os antvv natoristas quizeram ver, foi o contagio reciproco nos sana- tórios, porem esta critica é injusta pois indiví- duos que têm estado como empregados nestes estabelecimentos durante vários annos nunca accusaram lesões tuberculosas. O sanatorio até hoje, é o melhor meio cura- tivo e racional que possuimos contra a tubercu- lose. E’ verdade que se gasta muito dinheiro em sua construcção e sustentação, porem contra uma moléstia como a tuberculose não deve ha- ver economia, principalmente no Brazil onde os governos atiram aos quatro ventos, com as 70 menores futilidades politiqueiras o dinheiro do paiz. Os tuberculosos nos sanatórios aprendem a tossir e a evitar que as partículas de sua saliva venham contaminar os objectos que rodeiam. Dos inconvenientes um que tem uma certa importância, é a reunião de muitos tuberculosos num mesmo quarto de dormir, porem nos sana- tórios para os ricos não se encontra estes agru- pamentos, e nos sanatórios para os indigentes procura-se collocar no mesmo aposento do- entes mais ou menos semelhantes não só no estado da moléstia, como na idade. A cura dos tuberculosos nos sanatorois de- pende não só do doente como também da organisação destes estabelecimentos. A disciplina vale tudo no tratamento, e a confiança que o doente deposita no medico director, traz-lhe o bem estar geral. A presença quotidiana do medico no sana- tório, é imprescindível para a boa marcha do estabelecimento. O clima por si só é incapaz de curar um doente indócil que vive contra as regras da hy- giene. O tuberculoso em sua casa por mais cuidados que dispense á família, algumas vezes até preju- 71 diciaes, nunca elle poderá ter um repouso necessário a sua cura. 0 tuberculoso deve viver somente para sua cura; deixando seus negocios, afastando-se de todas as preoccupações de espirito. Os individuos tuberculosos logo que entram nos sanatórios, ficam muitas vezes abatidos, porem este abatimento é passageiro pois elles vêm os outros doentes animados com boas espe- ranças de cura. Os anti-sanatoristas quando falam em sana- tórios para indigentes dizem: que estes indivi- duos sahinclo como curados dos sanatórios, pouco tempo depois voltam porque reapparece a moléstia; bem se vê dahi que se elles conti- nuassem a viver com todos os preceitos hygie- nicos, aconselhados nos sanatórios, muito diffi- cil seria a reproducção do mal. Mas de quem a culpa? Os sanatórios absolu- tamente não têm a minima culpa, pois elles ditam as suas regras as quaes o doente tem de seguir; porém muitas vezes é o estado de po- breza destes individuos, não tendo habitações hygienicas, são obrigados a voltar para o fóco donde tinha sahido e é muito provável, que lhes volte a moléstia, pois os sanatórios não têm propriedades vacinantes. Mas em todo caso, se os governos se interes- 72 sassem pelo bem estar desses infelizes, con- struiriam colonias agricolas para recebel-os quando sahissem dos sanatórios. Os tuberculosos, nem sempre sahem curados em absoluto porque desde que elles sintam me- lhora, procuram logo sahir, allegando mil mo- tivos; muitas vezes voltam para suas antigas habitações, muitas delias sem luz, com ar con- finado; pouco tempo depois volta-lhes a molés- tia com caracter assustador. As caixas de segurança da Allemanha dão uma pensão ás familias dos tuberculosos inter- nados em seus sanatórios, evitando assim que elles se retirem antes de tempo. O repouso usado nos sanatórios foi con- demnado pelos anti-sanatoristas dizendo elles que o repouso trazia congestão pulmonar; é verdade que o repouso absoluto, traz a conges- tão pulmonar; porem o usado nos sanatórios não traz, porque é dosado e alem disto os doentes fazem exereicios. A superalimentação foi condemnada pelos anti-sanatoristas e tinham toda a razão, porem actualmente ninguém prescreve a superalimen- tação e sim a superassimilação ou melhor a supernutrição. A má influencia psychica que alguns médi- cos têm apresentado como inconvenientes dos sanatórios é mais apparente do que real. 73 0 Dr. Paul Beaulavon interrogando os tuber- culosos francezes em sanatórios estrangeiros a resposta tanto em Groerbersdorf como Lysin foi a seguinte: ou ne s’amuse pas ici, mais ont y guerit. E alem desta resposta temos ainda factos que nos indicam que a influência psychica não é tão má, por exemplo: tuberculosos que tinham sahido de sanatórios como curados, sendo ata- cados novamente pelo mal voltam immedia- mente para se restabelecerem. Os sanatórios em particular podem ter defei- tos de ordem physica por exemplo: impureza do ar, a inclemência da temperatura e final- mente por todas as condicções climatéricas que têm uma acção deplorável aos tuberculosos. Quando tratamos dos sanatórios das monta- nhas, das planicies e marítimos, fizemos ver que elles tinham suas indicações e contra indi- cações conforme o caso. Os individuos que se submettem as regras in- dicadas nos sanatórios, já têm uma grande van- tagem sobre os outros doentes, pois não vivem illudidos, sabem do estado de sua moléstia e da sua gravidade e os meios que devem empregar para não contaminar os seus parentes e amigos, e finalmente se convencem que devem tolerar 74 o tratamento longo e monotono para ficarem curados. Os médicos nos sanatórios vivem em con- tacto permanente com sens doentes; pois a cada instante é util à sua presença para qne as suas prescripções sejam seguidas sem perturbações. O sanatorio é util aos tuberculosos em qual- quer das formas e em qualquer dos periodos em que estejam. PR0P05IÇÕ6S PROPOSIÇÕES ■V. Historia Nalural Medica I— Os insectos sugadores e os picadores representam um papel importante no contagio da tuberculose. II— Os seus representantes principaes são: as moscas, os mosquitos, os piolhos, as pulgas, etc. III— Esses pequenos animaes pousando nas aguas esta- gnadas, nos detrictos, no sangue dos individuos ataca- dos de tuberculose, recebem os germens e vão contami- nar os individuos, seja de um modo directo lhes produ- zindo picadas, seja de um modo indirecto, pousando sobre os alimentos que têm de ser ingeridos. Chimica Medica I— O iodo é um metalloidc da primeira familia, solido e de brilho metallico. II— Elle tem sido empregado com grandes vantagens, no tratamento da tuberculose, III— E’ graça á sua presença no oleo de figado de ba- calhau, que este ultimo medicamento deve o seu princi- pal valor therapeutico, Anatomia De^crjptiva I—Os pulmões occupam a maior parte da caixa thora- cica e se acham separados um do outro pelos orgãos con- tidos no mediastino. 78 II— A sua constituição anatómica, nos apresenta uma grande quantidade de segmentos pequenos, chamados lobulos pulmonares, um grande numero de canaes ramifi- cados, chamados bronchiolos pulmonares e um tecido conjunctivo que une os canaes aos lobulos. III— Os índividuos de crescimentos muito rápido ficam geralmente com o thorax estreitado e os pulmões pouco desenvolvidos. Histologia I— As subdivisões que soffrem os lobos pulmonares, tomam o nome de lobulos. II— Os lobulos periphericos são mais regulares do que os lobulos centraes, pois estes se tornam irregulares di- vido a pressão que exercem uns sobre os outros. III— Os lobulos pulmonares variam de volume, não só divido a idade de cada individuo, como também divido a sua situação; assim, no primeiro caso, são elles pequenos nas creanças, maiores nos adultos e nos velhos, donde chegam a tomar grandes dimensões; no segundo caso, os lobulos periphericos são maiores do que os centraes. Phy^iolo^ia I— A respiração no homem é um phenomeno physio- logico que se compõe de duas partes: uma physiochimica e a outra mechanica. II— A parte physiochimica se dá somente ao nivel, do pulmão, e consiste na transformação do sangue venoso em sangue arterial e a parte mechanica se acha repre- sentada pelos mais elementos respiratórios. III— Quando um dos pulmões não pode funccionar, per causa de um processo tuberculoso, por uma congestão, etc., o outro é obrigado a trabalhar supplementarmente. 79 Matéria Medica, e Arte de I— Das formas pbarmaceuticas em que entra o iodo, a tinctura é a que mais commumente se prescreve. II— A tinctura de iodo é empregada externamente como revulsivo nas "adenites de natureza tuberculosa. III— Internamente, è a tinctura de iodo empregada as gottas. Bacteriologia I— 0 bacillo de Kock pode existir normalmente no or- ganismo animal, como um saprophyta banal. II— Torna-se virulento, todas as vezes que, encontran- do o organismo em estado de menor resistência, nelle pe- netra e adquire a propriedade de se desenvolver e se multiplicar. III— Portanto, a qualidade pathogena do bacillo de Kock, como em geral a de todos os microbios, só se pode manifestar, quando em presença deste tubo de cultura, que é o organismo animal. /Inatomia e Patholo^icas I— De todos os orgãos da economia animal, é o pulmão que apresenta maior predilecção para as lesões tubercu- losas. II— Geralmente as lesões tuberculosas começam pelo vertice do pulmão. III— O tubérculo pulmonar é um elemento de defesa de que o organismo se utilisa contra a invasão do bacillo de Koch. I—A tuberculose pulmonar é uma moléstia bacillar Medica 80 que ataca de preferencia os indivíduos que vivem em más condições hygienicas. II— Os seus principaes symptomas são: a tosse, a febre e a hemopthyse. III— Quasi sempre a tuberculose febril é de prognostico muito grave. Pathologia Cirúrgica I— A infecção cirúrgica é uma verdadeira lucta tra- vada entre organismo envadido e osmicrobios que nelle penetram accidentalmente. II— Nessa lucta, o organismo reage por meio da in. flammação. III— Quatro são os signaes cardinaes da inflammação: dôr, vermelhidão, calor e tumefação. Operações e Apparelhos I— Nos abcessos de origem tuberculosa a evacuação do pus por intermédio do bisturi, em lugar de apressar a a cura, prolonga por mais tempo, pois, a infecção de mono-microbiana que era torna-se, geralmente polymicro- biana. II— Nesse caso, a operação aconselhada modernamente, é a puncção do pús, seguida de injecções modificadoras. III— A immobilisação é de grande valor para o trata- mento da coxalgia. Aqatomia Medica-Cirur£ica I—O mediastino é limitado: posteriormente pela co- luna vertebral, anteriormonte pela porção do espaço cel- lulo-adiposo circumscripto pelos seios costo-medioastino anteriores em baixo, pelo diaphragma e em cima por um plano passando pelos vertices pleuraes. 81 II— Sob o ponto de vista medico-cirurgico, foi con- vencionalmente dividido em mediastino anterior e pos- terior. III— As feridas do mediastino são de grande gravidade por causa dos orgãos importantes que nelle existem. Therapeutica I — O iodureto de potássio se absorve muito rapida- mente pela mucosa degestiva. II - Para alguns autores elle nenhuma transformação soffre no organismo, emquanto que para outros, elle se decompõe libertando o iodo que se combina comas ma- térias albuminoides. % III—O certo é que sua eliminação é muito rapida e se faz geralmente no estado de iodureto de sodio. Hy^iene I As habitações fechadas, sem luz e sem ar puro, têm uma grande influencia na propagação da tuberculose. II— A’ noite os dormitorios devem ficar com as janellas abertas, para se dar a substituição do ar continuamente; o ar húmido da noite nunca fez mal a ninguém. III— Nas cidades civilisadas, não se pode construir uma habitação, sem que a planta tenha sido approvada- pelo medico hygienista. Medicina Legal e Toxicologia I Sò deviria haver casamento entre os cônjuges, de- pois de serem estes previamente submettidos ao exame medico-legal. II—Por lei devia ser prohibido o casamento entre tu- berculosos. 82 III—Do casamento de tuberculosos, resulta um mal não só para. elles; como também para toda a socie- dade. Clinica Propedêutica I— Os meios physicos para o exame do apparelho res- piratório, são: a inspecção, a palpação, a percursão e a escuta. II— A escuta pode ser feita por intermédio do esthes- tocopio, ou directamente, applicando-se o ouvido á parte a examinar. III— A albumino-reação é de grande valor propedêu- tico, para o diagnostico da tuberculose pulmonar. Clinica Ophtalmolo^ica I— A conjunctivite é a inflammação da conjunctiva. II— Ella pode ser de natureza tuberculosa ou blenor- rhagica. III— Quando reconhece por causa o gonoccoco de Naisser, o tratamento a empregar, é a solução diluida de nitrato de prata, em instillações. Clinica Dermatológica e syphiligraphica I— A syphilis, é, como a tuberculose, uma moléstia so- cial, especifica, contagiosa e hereditária. II— Ambas podem se desenvolver concomitantemente no mesmo individuo. ~ III— Os filhos de paes srphiliticos adquirem quasi sempre a tuberculose. Clinica Pediátrica I—A meningite tuberculosa ataca de preferencia ás creanças de 2 a 7 annos. 83 II— As creanças predispostas a meningite tuberculosa, são ordinariamente de constituição fraca e debil. III— Para o seu diagnostico, recorre-se a puncção lom- bal seguida do exame microscopico do liquido cephalo- rachidiano. Clinica Cirúrgica (2 a cadeira) I— A coxalgia é a inflammação tuberculosa da anca. II— Ella pode se apresentar bruscamente nas crean- ças, em plena saude, depois de um traumatismo ou de uma moléstia infecciosa, III— Os primeiros symptomas são: as dores, a claudi- cação; e os symnpftornas tardios, isto é, os que se apresen- tam depois da formação do pús, são: a ankilose, o encur- tamento dos membros. Clinica Cirúrgica (I a cadeira) I— Devido aos progressos da antisepsia, os cirurgiões entenderam fazer, em .casos *de tuberculose pulmonar, a extirpacção do foco, praticando a pneumectomia. II— Os cirurgiões creiem .que as intervenções só po- diam ser realisadas, nos casos de tuberculose localisadas; porém, nestes casos, o tratamento hygienico dietetico dá bons resultados. III— Nestes últimos tempos a creação de um pneumo- thorax artificial ou methodo de Forlamini, tem dado bons resultados em casos de tuberculose unilateral. Clinica Medica (2 a cadeira) I A tosse é um dos symptomas constante na tuber- culose pulmonar. II—A tosse pode ser util ou prejudicial aos tuberculo- sos; é util, quando procura fazer a eliminação das mucosi- 84 dades dos bronchios, e prejudicial, quando é secca, impe- dindo o repouso do doente, provocando muitas vezes vomitos e hemoptyses. III—O melhor tratamento para a tosse secca, é a me- dicação calmante e anti-pasmodica. Clinica Medica (I a cadeira] I —A diarrhéa que se observa em muitos tuberculosos, pode ser com ou sem localisação da tuberculose sobre o intestino. II - A superalimentação muitas vezes é a causa da diarrhéa; porém, geralmente esta diarrhéa não apre- senta cólicas e dôres, quando se faz a pressão sobre o abdómen. III—O melhor tratamento para a diarrhéa dos tuber- é o liygienico-dietetico. Clinica obstétrica e gynecolo^ica I— 0 utero e os ovários, estão expostos á infecção tu- berculosa, por causa de suas communicaçõss, com o ex- terior. II— A cirurgia moderna tem aconselhado á ablação do orgão affectado, porém, nem sempre a cura é radical; pois, muitas vezes a moléstia se reproduz com grande violências. III~A tuberculose dos ovários independente da gra- vidade pessoal, pode trazer a esterilidade, se affecta os dois ovários. Clinlca Psychiatrica e de Moléstias nervosas I—A epilepsia essencial é uma nevrose que se apre- 85 senta sob duas formas: uma convulsiva (grande mal) outra não convulsiva (pequeno mal). II— O accesso de epilepsia, é produzido por uma exci- tação anormal do bôlbo rachidiano. III— As placas de meningite chronica tuberculosa são muitas vezes a origem de epilepsia parcial. Obstetrícia I— A placenta não representa absolutamente um filtro completo. II— Na tuberculose pode haver a heredo-predisposição ou heredo-contagio. III—0 heredo-contagio se dá pela passagem, attravez da placenta dos germens responsáveis pela tuberculose. Visto. Secretaria da Facilidade de Medicina da Bahia, 31 de Outubro de 1911. 0 Secretario, Dr. Menandro dos Reis Meirelles