0 CONTAGIO SOB 0 PONTO 1 VISTA M PATHOLOGIA GEMI THE SE SEGUIDA de uma proposição sobre cada uma das sciencias ensinadas na FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO 1)14 to lIK AGOSTO lIK l§U E apresentada á mesma faculdade PARA SER DEFENDIDA POR Jr/a„A<,r, Formado em Aíedictna e Cirurgia pela Escola medico - cirúrgica do Porto Natural da Província d« Rio de Janeiro AFIM DE PODER EXERCER A SUA PROFISSÃO NO IMPÉRIO RIO DE JANEIRO TYPOGRAPHIA UNIVERSAL DE E. & 11. LAEMMERT 71, Hua dos Inválidos, 7! 1875 THESE 0 CONTAGIO SOB 0 PONTO DE VISTA Di PATHDLOGIA 6EBAL THESE SEGUIDA DE UMA PROPOSIÇÃO SOBRE CADA UMA DAS SCIENCIAS ENSINADAS NA FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO E apresentada á mesma FACULDADE *0 MIA 90 E>E AC.iO.VrO DE ISSA <=y/fácrnoe/ <-/ioá —Jair/farj'* PARA SER DEFENDIDA POR Portnado em Medicina e Cirurgia pola Escola medico - cirúrgica do Porto Natural da Provinda do Rio de Janeiro AFIM DE PODER EXERCER A SUA PROFISSÃO NO IMPÉRIO RIO DE JANEIRO TYPOGRAPHIA UNIVERSAL DE E. do dominio da pathologia especial as importantes questões sobre prophylaxia, lazaretos, quarentenas, legislação sanitaria, etc. Mas como a pathologia geral, 6 uma sciencia de generalisação, a scicncia dos primeiros princixnos da medicina, creio não serem fóra de proposito algumas pa - lavras sobre a historia do contagio, pois sendo cila o espelho do passado, a luz da verdade, podemos seguir o seu reflexo, o qual, ao mesmo tempo que nos aponta as syrtes, mostra-nos com o seu clarão a vereda que devemos trilhar e, com a sua lição conhecedores dos tropeços c perigos, seguiremos rumo diverso. A nossa dissertação divide-se pois naturalmentc cm ires partes que consi- deraremos pela ordem seguinte : 10,Io, liis oria do contagio; 20, sua natureza; 30, therapeutica das affccções contagiosas. Felizmente conhecemos de sobra o valor apoucado do nosso talento para desenvolver diguamente todas estas questões; mas forçoso era procurar um assumpto para thema c aventuramos-nos a escolher o que serve do cpigraphc ao nosso humilde trabalho, A vossa sabia apreciação, pois, o entregamos. Fizemos alguns esforços para preencher as lacunas da nossa fraca intelligcucia; se conseguimos ou não lograr o nosso intento, a vós, illustrados Frofessorcs da Faculdade de Medicina do Rio de Ja- neiro, a vós que conheceis por expericncia as difficnldados inherentes a este gonopo de trabalhos, a vós ó que cumpre dccidil-o. IPIEÒIIMIIBIIEÒA. PARTE BOSQUEJO HISTORICO Les auleurs qui se sont posé le problême de la contagion, sont loin d’être unanimes sur les lermes dont ils le composent, et par conséquent ne peuvent I’être non pias sur la solution qu’ils en donnent. (Anglada. Traité de la contagion.) Para fazermos uma idéa mais ou menos justa das variadas interpretações e controvérsias que teem havido sobre o assumpto alimente ao contagio, basta estendermos a vista pelos horizontes do passado c confrontarmos as opiniões diversissimas de que esta importante questão ha sido alvo. Conhecido desde os primeiros evos da humanidade c cortamentc este pheno" meno do contagio. A biblia, o prcciossimo monumento das primitivas idades, a cllc se refere numerosas vezes. No velho testamento cncontram-sc sabiamente exaradas algumas consi- derações c preceitos relativos á policia sanitaria, que fazem honra e constituem um titulo immorredouro da profundíssima intclligencia do sábio legislador israelita que os formulou. E verdade que os meios postos cm pratica para debellar e diminuir o campo dc acção das doenças contagiosas eram reputados ordens divinas para d’este modo as legiões israelitas se submetterem com fé e confiança céga áqucllc que os libertou da dura escravidão egypciaca. 6 A prophylaxia biblica tornava' se então respeitada pelas solemnidades e ritos complexos que a acompanhavam ; o sobrenatural era necessário á crença dãquelles povos e mui sabiamente andou Moysés cm se aproveitar da ma- gestade c apparatos religiosos para as suas prescripções serem executadas sem o minimo obstáculo. Se assim não fosse, é natural que se não sujeitassem ao rigor das leis sa- nitarias, porque, embrutecidos como estavam por um longo captiveiro, desconheciam completamentc os motivos em que so fundava o cohen, o pri- meiro ministro da medicina, para ordenar a sequestração, o isolamento, a purificação ea reintegração na tribu logo que estivessem restabelecidos. Embora naquella epocha, os conhecimentosgeracs sobre as moléstias con- tagiosas íossern mui diminutos, ainda assim não podemos deixar de admirar as sabias prescripções prophylaticas instituidas pelo libertador do povo hebreu com o fim de pôr um dique á peste c outras doenças que devastavam as hordas israelitas durante a peregrinação no deserto. Nas memoráveis obras do venerando Hippocrates, auctor da primeira boa synthese medica, o verdadeiro fundador da pathologia geral, o primeiro que soube traçar com mão de mestre os caracteres esscnciaes da causa dos factos anthropologicos, encontram-se variadas referencias a este assumpto. Os seus primorosos livros demonstram de uma maneira evidente a summa importância que o pai da medicina classica ligava á prophylaxia das moléstias contagiosas, e as sabias e judiciosas considerações por ellc feitas sobre o contagio serviram de incentivo a estudos mais aturados c mclhormente dirigidos. Thucidides, fallando da celebre epidemia dc Athenas, nos pinta cm termos dramáticos o abandono dos miscros doentes. « A doença, diz elle, passava das pessoas atacadas ás que o não estavam, semelhante ao que se observa nos rebanhos: ritui ovium moriebantur. «Algumas almas corajosas e dedicadas puderam apenas diminuir o senti- mento de terror que a actividade do contagio lançava nos espiritos fracos. » Aristoteles estabelece em termos precisos a questão relativa ao contagio da peste, devendo-se notar que esta palavra é para ellc como para os antigos um termo genérico que designa uma doença epidcmica mortifera. 7 Por que é, diz elle, que os doentes transmittem a peste aos que delles se approximam ? A descoberta dos virus encarregou-se mais tarde de dar a resposta ao chefe da escholastica. Paliando da raiva dos caes que os torna furiosos, nota expressamente que ella exerce os seus funestos effeitos em todos os animaes por elles mordidoss exceptuando com tudo o homem. Nos seguintes versos de Yirgilio encontram-se nílo só a palavra contagio, como também os meios que se devem usar para a prophylaxia do morbo contagioso : « Continuo culpam, ferro compesce priusquam « Dira per incautum serpant contagia vulgus ; Silio Itálico, descrevendo a epidemia que destruio na Sicilia os exercitos romano e carthaginez, nota o temor que inspirava o contacto dos impestados ... « Pestíferos tetigisse thnentihus artus.r> É crença de alguns médicos que os antigos nílo tinham o minimo conheci- mento do contagio. Sobre este ponto uma distincçao é necessária. Jámais escapou á sagacidade delles o perigo resultante das relações com certa classe de doentes; mas isto nao passava de uma noçilo empírica da qual todavia a prophylaxia tirava partido. Elles nem sequer suspeitavam da existência dos virus, isto é, o processo posto em obra pela natureza para a transmissão mórbida; mas quanto ao facto do contagio, conheciam-no tanto que até se serviam,para o designar, da mesma palavra que ainda boje empregamos. Por outro lado Galeno nfto cessa de recoramendar que se evite o contacto dos pestíferos porque « a doença passa de ura corpo para outro seraelhan- temente ao que acontece com a sarna.» Os antigos conheciam bem a transmissibilidade de certas doenças; o queelles ignoravamera o mechanismo da transmissão. Mas cubramos com a lapida tumular as frias cinzas de éras tao remotas e abriremos-nos um pouco mais da actualidade. Fernel, o mais sabio dos médicos do seu tempo, elle que nos soube dar de doença uma noção clara e precisa, foi bastante infortunado na sua definição sobre o assumpto concernente ao contagio. 8 Preoccupou-se de tal maneira d ) sentido ethmologico da palavra, que fundiu num mesmo grupo as moléstias legitimamente contagiosas, as que sfto pro- venientes de um veneno ou peçonha e até o narcotismo provocado pelo opio e o entorpecimento passageiro promovido pelas descargas eléctricas da tre- rnelga, do bagre, etc. Contagiosi morbi, diz elle, sunt quiexterni cujusdam venení occursu et rontagione primum contracti sunt, ut stupor a torpidine pisce vel opio, hyprophobia, et qui scorpiorum hestiarumque venenatarum morsu, vel telorum venenatarum ictu fiunt, et qui tametsi ah externis causis primam originem non habuerunt, geniti tamen i ontagione aj/iciunt, ut lues venerea, etc. Esta latissima e desproporcionada definição nao póde resistir a uma critica severa, e o tacto ordinário do judicioso Fernel, que fazia d’elle um dos espiri- tos mais lúcidos e fecundos que hao brilhado na medicina, transviou-se aqiq extraordinariamente pela reunião e confusão de cousas mui diversas e quo naturalmente se repellom. Frascator, ligando aos virus a idéa do contagio, foi o primeiro que estabeleceu as bases de uma verdadeira doutrina, fazendo com que os germens contagio- sos occupassem decididamente o lugar que lhes compete na etiologia. Mas desconhecendo a influencia das causas epidemicas, dos eífluvios, dos miasmas e das emanações pútridas, e incluindo sempre o facto da infecção no facto do contagio, nao pôde eximir-se á critica penetrante dos seus adversários, e foi por elles facilmente batido. Dividindo em um grupo todas as moléstias que sdo sempre e exclusiva mente contagiosas e em um outro aquellas que nunca o sfto, estabeleceu assim uma errónea e infundada dichotomia, que por dilatado tempo tornou impossível o descobrimento da verdade em virtude da luta apaixonada travada a todo o transe pelos seus fervorosos partidários, os quaes se viam também em sérios embaraços pelas obscuridades que pairavam sobre a doutrina do cantor da sypbilis. Lind, autor de memórias importantes sobre o assumpto de que presente- meute nos occupamos, restringiu muito as suas considerações respeito ao con- tagio ; embora, porém, fosse menos vago e prolixo que Frascator, abrangeu em um unico e mesmo facto o contagio e a infecção e qualifica de contagiosas certas doenças febris pelo simples motivo de serem o resultado da influencia 9 maléfica de emanações pútridas, que se desenvolviam a pequena distancia dos individuos atacados. Zimmermann, seguindo pensar idêntico a respeito de uma febre maligna que grassou por algum tempo em Oxford, diz que cila era proveniente da putrefac- ção de substancias vegetaes accumuladas em quantidade considerável perto de um notável estabelecimento publico da mesma cidade. Paré, discutindo-se calorosamente em certa occassião sobre o motivo provável da morte de vários indivíduos que tinham descido a um subter- râneo, opinou que n este local estava o fóco do contagio, causa exclusiva do fatal acontecimento. Assim attribuia ao contagio o que sem duvida alguma se referia á infecção ou ao envenenamento produzido pelos gazes eminentemente toxicos desenvolvidos no subterrâneo. No meado do século xvn, o parasitismo começou a encontrar proselytos. Athanasio Kircher e Rivino foram os primeiros que sustentaram a existên- cia de um grande numero de doenças, resultantes de germens vegetaes e ani- maes, visiveis ou invisiveis, que se desenvolvem no organismo com mais ou menos actividade. Linneu pelo seu lado exagerou de tal modo estas idóas que fazia depender afoutamente da presença de insectos imperceptiveis todas as doenças que gosarn do íóro do contagiosas. Hameau, em uma memória que publicou sobre uma epidemia de sarna que grassou em Landes, diz que « esta terrivel doença é devida a um virus par- ticular e que póde transmittir-se por contacto immediato »; mas declara em uma segunda memória que novos factos e experiencias silo necessárias para se formar uma idéa segura sobre o assumpto em questão. Mais tarde, nas suas reflexões sobre os virus rejuvenesce a theoria dos epizoarios e estabelece entre os virus e os insectos analogias e semelhanças, sem comtudo affirmar a sua identidade; porém, tomando como typo o acarus da sarna, põe de parte as suas reservas e considera os virus como sendo verda- deiros animaes parasitas. Muitos patliologistas conspicuos consideram como condição essencial do contagio a elaboração mórbida de um principio especifico, capaz de transmittir a mesma affecção a um outro individuo. A intervenção dos humores vivos na producção do modo contagioso não feriu somente os médicos que eram até certo ponto escravos das inspirações gallenicas; outros, 10 menos dispostos a exagerar o papel da degeneração humoral, não puderam deixar de reconhecer como evidente a alteração dos fluidos orgânicos. Assim Yarandal, professor eminente da faculdade de Montpellier, assignala como condição necessária do contagio uma effervescencia de humores que chamou putredo e que não era mais que uma modificação pathologica da constituição molecular dos liquidos da economia. Sarcone, descrevendo minuciosamente uma epidemia que devastou Nápoles, affirma que a maior parto das febres malignas são contagiosas, por serem acompanhadas do uma dissolução humoral e estabeleceu uma relação intima entre a presença do estado pútrido nas moléstias c a sua aptidão contagiosa. A viciação humoral influo poderosamonte na apparição do modo contagioso, mas não devemos exagerar esta opinião e abraçal-a cm absoluto, porque, embora as doutrinas do illustre medico italiano sejam verdadeiras sob mais do um aspecto, não são tão solidamente estabelecidas que mereçam a nossa ad- besão plena e inconcussa. O illustre patbologista, pois, dominado pelo galle- nismo e pela medicina do século xvm, seguiu as pisadas de Yarandal, Pringle- Macbride e outros. Parecer diverso manifesta Hufeland, o qual estabeleceu como um facto incontroverso que o contagio póde ter logar tanto nas doenças onde os humores hajam soffrido um grão elevado de degeneração pútrida como também n’aquellas em que se verifique uma modificação especifica no estado dos orgãos e produetos segregados. Este distincto patbologista admitte o principio conta- gioso como sendo uma matéria subtilissima que, insinuando-se no corpo vivo, póde abi provocar especio determinada de moléstia e considera os miasmas dos logares brejosos tão contagiosos como o principio variolico ou sypbilitico. Divide o contagio em vivo o morto, e incluo no primeiro caso a escarlatina, o sarampo, etc., em que a transmissão, conforme o seu parecer, se eífectua por um corpo vivo, e no segundo caso figura como agente a matéria exbalada dos corpos inanimados, taes como os miasmas das lagôas, e ar corrupto e me- pbitico que produz as febres catarrbaes, etc., etc. Em harmonia com estas idóas o contagio vivo poderia ser produzido pelo proprio doente e o contagio morto pelo cadavcr do mesmo doente se pere- cesse ; por conseguinte não podemos de modo algum justificar a distineção por 11 elle estabelecida entre o principio contagioso fornecido por um corpo vivo o o que o é por um corpo morto. Josepli Adams, auctor de uma excellente obra intitulada Morbid poisons chimic and acute, capitulou de contagiosas só aquellas doenças que, transmit- tindo-se por contacto mediato ou immediato remontam de cadeia em cadeia até uma origem desconhecida. Consoante com este pensar, muitos syphilographos distinctos consideram a syphilis como a ultima e desastrosa consequência de um encadeamento con- tinuo de elaborações mórbidas, cujo elo primacial se esconde na obscuridade dos tempos passados. Mas não ha afíecções mais ou menos graves que, embora não gozem habitualmente do fóro de contagiosas, todavia o são accidental- mente desde o momento que se realizem certas condições especiaes? Como poderiamos nós negar a espontaneidade de algumas moléstias contagiosas, quando a hydrophobia nos apresenta uma prova evidente do contrario ? Naquart, cm um artigo inserto no Diccionario das Sciencias Medicas, limi- tando o contagio ao modo de transmissão directa ou indirecta, estabelece uma barreira profunda entre as doenças contagiosas e as que se communicam por via da imitação. Um progresso importante que elle tentou realizar, foi a distineção plena e cabal entre o facto do contagio e o facto da infecção; mas cahiu também em erro, porque, contestando ao ar atmospherico a propriedade de vehiculo dos agentes contagiosos, pretendia negar as observações mais vulgares, pois ó íóra de duvida que certas entidades mórbidas se transmittem por intermédio do ar ambiente. Por outro lado, não vôr no contagio senão a transmissão de uma doença por contacto mediato ou immediato, é o mesmo que occultar ou supprimir o elemento mais importante, o agente virulento, sem o qual não se póde comprchonder como se realiza o contacto. Se os par- tidários de Frascator exageravam o dominio do contagio, Naquart restringia-o excessivamente e negava casos que evidentemente lhe pertenciam. Cs primei- ros diziam e com razão que um virus era o agente exclusivo do contagio, mas não tinham uma idóa clara e precisa sobre o que se devia entender por virus. Naquart, pelo contrario, supprimindo esta palavra c tirando ao ar atmo- spherico o importante papel que representa na transmissão das moléstias, com- metteu um duplo peccado que se deve perdoar por causa dos grandes esforços que fez para traçar a differença entre o contagio e a infecção. 12 Rochoux, tomando como contagio a transmissão, por qualquer moio , do uma moléstia de uma pessoa para uma outra que se encontre no seu estado normal, reune no mesmo grupo não só os phenomenos morbidos por imitação, como também até certo ponto as doenças hereditárias. Emquanto a estas basta lembrarmos-nos ser um facto averiguado o não podér haver contacto entre o pai e o filho antes da sua concepção, para affirmarmos que é extre- mamente arbitraria uma tal collocação. Pelo que respeita ás doenças por imi- tação, não obstante as salientes analogias que as approximam, ainda assim differenças profundas separam estes dous factos pathologicos. Lassis considera o contagio como a transmissão de um virus por contacto, independentemente de qualquer outra condição etiologica. Ora, esta definição ó defeituosa, porque, ainda que o contacto seja um acto preliminar indispen- sável para a transmissão de um virus, todavia na manifestação dos phenome- nos morbidos consecutivos torna-se necessário o concurso de outras circum- stancias. D’esta maneira elle esqueceu-se da influencia considerável exercida pela constituição medica, pela predisposição individual, pela natureza das superfícies onde se verifica a introducção da substancia contagiosa, pela sua elaboração, etc. Segundo as idéas de Lassis, como havemos nós de explicar o resultado negativo de certas inoculações que, apezar de serem feitas com o máximo cuidado, desmentem a certeza de acção que elle attribue ao contacto dos virus ? Hardy e Behier, trilhando as pisadas de Rochoux, encaram o contagio como a transmissão d’uma doença d’um individuo já atacado para outro são, abstrahindo absolutamente quer da maneira como tal transmissão se executa, quer das condições que a tornam mais ou menos exequivel, quer da origem primaria da moléstia. Esta definição abrange as doenças contagiosas eas que são colhidas por via da imitação, e a therapeutica resente-se consideravelmente d’esta confusão, porque corre o grave risco de ser compromettida no seu resul- tado, pois deve racionalmente ser instituida consoante a diversidade etiologica dos dous grupos de moléstias. Mas num outro logar do seu tratado de pathologia interna, os dous abalisados clínicos reconhecem que a definição é incompleta, e pretendem remediar este inconveniente dizendo que a palavra virus deve ser reservada para designar o elemento morbido de natureza desconhecida, podendo todavia transmiti ir-se pela inoculação d’um liquido fornecido pela 13 economia infecta e que parece ser d’algmna maneira o producto d’nma ela- boração mórbida particular. Ora, a virtualidade dos virus mio depende exclusivamente da natureza liquida do seu vehiculo e, emquanto ao agente contagioso, nenhuma duvida póde haver sobre a existência da elaboração mórbida especifica que, em boa ordem cbronologica, antecede a sua formação. Para Quesnay o contagio nao é, alguma yez ao menos, senão a transmissão d’um movimento espontâneo d’um corpo a outro que é susceptível de tal movimento; o assim elle compara este plienomeno com o que se observa, quando collocamos um pedaço de carne fresca n’um logar infecto. Gintrac, n’um livro que tem por epigraplie—Pathologie interne et thérapie médicale— liga o attributo de contagiosas áquellas doenças que se reproduzem sob a influencia de fluidos de origem pathologica que denomina virus; reserva o nome de virus propriamente ditos aos agentes liquidos e apreciáveis da trans- missão morbigena, denomina geralmente miasmas os agentes invisiveis da propagação, e qualifica de immediato o contacto exercido pelo virus, sendo mediato o que é realizado pelo miasma. No primeiro quadro colloca a syphilis, a blenorrbagia, a sarna, diversos impetigos, o mormo, a pustula maligna, a variola, a raiva e a peste; de todas estas entidades mórbidas, a peste e a variola podem grassar epidcmicamento o as outras conservam o seu caracter esporádico. Anglada, no seu—Traité de la contagion—discorre magistralmente sobre todos os pontos attinentes a esta importantíssima questão. Elle define assim o contagio: a transmissão d’uma affecção mórbida do individuo doente para um ou muitos individuos sãos, por intermédio d’um principio material, que sendo o produeto duma elaboração morbid t especifica, provoca nos individuos sobre que se exerce, diima maneira immediata ou mediata, logo que estejam convenientemente predispostos, uma moléstia seme- lhante áquella de que provém. Esta definição, embora seja demasiado dilatada e com as proporções d’uma verdadeira descripção, é uma das que nos fornece uma idéa mais clara e perfeita sobre o assumpto que estudamos, sem com isto querermos dizer que as opiniões do eximio pathologista combinem com as nossas duma maneira completa. 14 As doenças parasitarias, reputadas contagiosas por muitos pathologistas distiuctos, são excluidas desta definição. Anglada critica acerbamente Langio, Zacuto, Kirclier, Lancisi e outros defensores do parasilismo. Aqucllas doenças que, por uma extensão forçada da palavra, se dizem contagiosas, são também postas de parte. Assim o riso, o soluço e certas affecções nervosas consideradas contagiosas por alguns, nunca o devem ser desde o momento que a expressão—contagio— nao seja tomada no sentido figurado. ' N’estes estados morhidos mXo lia contagio na accepeao scicntifica do termo, ha imitação. A este respeito expende Anglada razões mui valiosas, que teem pesado e calado em muitos espiritos. Todas as suas objecções teem por íim destruir as asserções de Jolly, autor de um celebre artigo a imitação considerada nas suas relações com a plii- losopbia, a moral e a medicina,—o qual reproduzindo o notável pensamento de Buffon—, la vue est le toucher des astres—admitte o contacto da vista,que Anglada não aceita e lança por terra após um exame vigoroso. O abalisado professor da faculdade de Montpellier argumenta com a etiologia, o modo de transmissão, a natureza intima, a prophilaxia, etc., que sao para as doenças contagiosas mui diversas do que devem ser para as doenças colhidas por imitação, a qual só transmitte a fórma espasmódica das moléstias, cuja communicação elle capitula de superficial, incompleta, schematica. Anglada advoga calorosamente a espontaneidade das doenças contngiosas e basôa-se em factos e autoridades que fazem desviar toda a sombra de duvida a semelhante respeito; encara e estuda os virus sob muitos pontos de vista diversos, taos como: os seus caracteres chimicos, a sua incubação, a sua actividade, a sua degeneração, etc., e repelle a synonymia por alguns vigoro- samente admittida entre miasma e virus. É ainda a este medico tão illnstrado que devemos mui primorosas conside- rações, não só á respeito das relações existentes entre o facto do contagio com o da infecção, mas também a respeito da predisposição de adquirir as doenças contagiosas, etc., etc. Segundo a definição de Angiada, o contagio é considerado como uma in- toxicação, mas essencialmente diversa do envenenamento, propriamente dito, por isso que o virus, além de promover mui profundas alterações na economia humana, tende sempre a generalisar-se e multiplicar-se. Ora não ó este o resultado obtido com a applicação do qualquer substancia venefica, a qual uma vez introduzida no organismo determina os effeitos no- civos de que é capaz, sem se multiplicar. Para comprovar praticamente esta verdade, o illustrc medico coteja a evolução seguida no organismo humano por um veneno ou por alguma sub- stancia peçonhenta, producção physiologica de alguns animaes, com a evolução do agente ou substancia contagiosa da raiva. Emfim o sou tratado do contagio— é uma obra que merece ser lida com attenção. O oximio Trousseau, na sua clinica medicado Hotel-Dieu, adhere á definição do Anglada, a qual elle considera como uma das melhores. Expende idéas mui apreciáveis a respeito da distincção que se deve fazer entro contagio e infecção; admitte a espontaneidade das doenças contagiosas e apresenta importantes dados sobre o longo silencio dos virus, os quaes podem co nservar-se occultos dias, mezes e annos, esperando apenas, para manifesta- rem a sua presença, por condições favoráveis á sua evolução, tacs como ; as constituições medicas, as' predisposições individuaes, as emoções moraes vivas, idades, sexos, etc., etc. Chomel, no seu bem elaborado tratado de pathologia geral, diz que uma doença contagiosa é a que se transmitte, directa ou indirectamente, d’um individuo dqente a um ou mais individuos saõs; denomina virus o agente contagioso, mas confessa-se ignorante não só acerca da sua evolução no organismo, como também acerca da sua natureza particular. Esta definição tem um defeito que fere logo a nossa attenção; uma moléstia contagiosa é, diz elle, a que se transmitte, etc., etc. Ora, todos nós sabemos que não é a moléstia que se transmitte, mas sim o agente que lhe compete; assim um individuo atacado de variola não transmitte o sen delírio, suas dôres lom- bares, sua febre, como também não é a pessoa atacada de sarna que transmitte ou communica as suas vesiculas. Os agentes do contagio que, para as duas moléstias de que falíamos, são o virus variolico e o acarus, representam aqui um papel importante. Pondo do parte este pequeno reparo, não podemos deixar de dizer que elle 16 trata magistral mente do assumpto. Discorre desenvolvidamente sobre a naturez dos diversos veliiculos dos agentes contagiosos, indigitando, como sendo os mais importantes, o pús, o muco, o sangue, a scrosidade, etc., e é de opinião que algumas substancias, acostumadas mais commumuiente a servir do vcliiculo, podem também tornar-se contagi sas por effcito duma mudança na sua natureza intima. O illustre patliologista divide as doenças contagiosas em tres grupos, collocando no primeiro as virulentas ou necessariamente contagiosas, no segundo as contagiosas e no terceiro aquollas cujo contagio é mais ou menos duvidoso. D esta maneira, traçando uma tal classificação, andou mui avisadamente, porque foi incluir no grupo das de contagio duvidoso todas aquellas acerca das quacs está ainda pendente a discussão. Chomol distingue os virus em indígenas e exoticos; os primeiros são os que só poderiam desenvolver-se nas nossas regiões onde encontrariam as condições naturacs da sua formação e se renovariam sem excitação especifica; os outros, sujeitos áinfluencia dos seus paizes nataes, só poderiam cliegar ás nossas regiões por via da importação, onde manifestam o seu funesto império, a não ser que se conservem nestas inalterável c indefinidamente, até que circumstancias favoráveis e opportunas venham despertar a sua actividade. Gallard disserta mui eruditamente sobre esta matéria que constituc o tliema da nossa dissertação. N’um primoroso artigo, inserto no —Diccionario de Cirurgia c Medicina— arvora-se em defensor extrenuo da opinião do Bouillaud e de Naquart adoptada sobre a doutrina do contagio, e, como clies, o define o acto pelo qual uma moléstia determinada se communica d'um indivíduo, que d’ella está affectado a outro indivíduo são, por meio do contacto quer mediato, quer immediato. Para elle o contacto é condição impreterivel e indispensável na producção das moléstias contagiosas, no numero das quaes faz entrar com muita razão as doenças parasitarias que, segundo o seu pensar, devem constituir o typo deste grupo. Demonstra a necessidade de não se confundir o contagio com a infecção e termina o seu magnifico artigo apresentando algumas prescripções prophylaticas assaz prestimosas. Jaumes, no seu tratado de pathologia e tlierapeutica geraes, esforça-se por separar as doenças parasi- tarias das contagiosas. 17 Segundo elle, a sarna, cuja contagiosidade niugueui pôde pôr cm duvida, mio se propaga por contagio cm virtude do ser devida oxclusivamente á acção diim parasita. O contagio é uma transmissão qno se executa por meio d’um virus, o qual presuppõo sempre uma olaboraçao mórbida cspccilica; ora o parasita, Mo sendo produzido pelo organismo doente, mio é um virus c por conseguinte as doenças por ellc determinadas mio silo contagiosas. Como se vô, o facto característico de contagio é para Jaumcs a presença d’nm virus resultante (Turaa alteração dos líquidos da economia. N’este iutento cita como dotadas de maior susceptibilidade de serem contagiosas as doenças humoracs, emquanto que as moléstias denominadas por elle— sine matéria—nao se propagam por este meio, por isso que as principaes mo- dificações que as caracterizam se exercera sobre os actos sensitivos e motores. Delioux do Savignac, num livro que tom por titulo;—Principes do la doctrine et de la móthode en médccine—, define o contagio a communicaçao d’uma doença d’um indivíduo afíbotado a. um ou muitoâ indivíduos, que se tornam por sou turno susceptíveis do a propagar. Esta definição é boa e por cila sp vô quo as moléstias parasitarias ahi occupam o seu logar ; mas tem um pequeno defeito, porque até certo ponto adraitte o contagio moral. Todavia, o illustre professor de clinica medica da escola de medicina naval de Toulon, rectifica depois as suas idéas, quando diz que a virulência lhe parece ser o caracter mais geral do contagio. Esforça-se por estabelecer uma distineção saliente o profunda entre contagio e infecção, e emprega a palavra contaminação como termo geral que se póde applicar a estes dons factos pathologicos, A contaminação é para elle a expressão scientifica do facto geral em virtude do qual todos os produetos de alteração organica e os produetos vivos do parasitismo animal e vegetal introduzem na economia especiíicidades mórbidas, distinctas por seus cnractcres das doenças que re- montara a uma outra origem. x Os agentes susceptíveis de contaminar o organismo, diz elle, uns limitam a sua acçao a ataques individuacs o esgotam-se; outros atravessam os indi- víduos affectados, passam destes a outros, ou communicam a cada um dellca a faculdade de produzir uma causa nosngenica idêntica áquella que primeiro os affectou, » 18 Ha por conseguinte focos de contaminação que emittem princípios morbi- ticos, possuindo apenas o poder emissivo, e outros cujo poder fransmissivo se exerce por meio de particulas alteradas, dotadas da propriedade de transmittir de indivíduo a indivíduo o seu modo de alteração. Os parasitas animaes e vegetaes determinam doenças de causa transmissível. Querendo marcar de um modo rigoroso os legítimos términos que devem haver entre contagio e infec- ção, estabelece as duas fórmulas etiologicas seguintes : « Contagio contaminação por transmissão. « Infecção—contaminação por emissão. » Savignac faz primorosas e variadas considerações sobre o assumpto e ter- mina dizendo: « uma doença contagiosa ou transmissível apresento-se-nos como o resultado de uma contaminação operada por um principio especial existente no indivíduo affeetado, o qual principio reproduz constautemente um conjuncto de lesões e symptomas idênticos. O individuo contagionado adquire a doença em um fóco contagioso onde ella preexiste, elabora os mesmos elementos de propagação morbiíica e conserva-os em actividade ató que condições apropria- das venham favorecer a sua transmissão. O principio contagioso, ao invez do principio infeccioso, ó eommunicayel por um individuo que também se con- taminou por transmissão. » Btanski, em uma obra intitulada—Do contagio nas epidemias—, reconhece a existência do contagio apenas na transmissibilidade por contacto intimo on inoculação; d’este modo, consoante á opinião do abalisado clinico, moléstia contagiosa e moléstia inocvlavd silo expressões synonvmas. Boucbut, encarando o contagio como um modo particular de desenvolvi- mento e propagação de doenças, dcíine-o a propriedade que possuem algumas moléstias de se transmittir directa ou indirectamente de um individuo a outro. O contagio é para o mesmo autor uma propriedade natural ou accidental de diversos estados morbidos. Alguns ha que nunca perdem esta propriedade, emquantoque para outros é apenas uma qualidade transitória. Assim a variola e a syphilis são sempre e naturalmente contagiosas; a febre typboide, porém, não o sendo babitualmcute, pódc adquirir esta propriedade por qualquer cir- cumstancia accidental. Não só os parasitas e as substancias elaboradas por um corpo vivo exercem 19 um papel importante na producçào do modo contagioso, como também os corpos inanimados aln figuram de uma maneira saliente e notável. Em harmonia, pois, com estas idéas, Bouchut admitte o contagio vivo c o contagio morto. Os agentes contagiosos sito distribuídos pelo illustre medico em tres grupos: no primeiro silo filiados os que, sendo oriundos da espccie humana, lhe silo exclusivos ; no segundo estão incluídos os que são dependentes dos animaes o que não provocam alteração mórbida alguma era especies dif- tbrentes, e no terceiro grupo figurara os princípios contagiosos originários tanto do homem como dos animaes e que podem igualmente transmittir-se de uma para outra especie. Elle faz considerações mui extensas e variadas, tanto sobre os virus, como sobre o contagio e infecção ; mas o que ha de mais notável nas suas doutrinas é o considerar como contagiosas um grupo impor- tantíssimo de doenças do systema nervoso denominadas nevroses. Segundo elle, estas doenças propagam-se por meio de um principio geral de etiologia, diffe- rente do principio das impressões physicas, moraes, efHuvicas, virulentas ou miasma ti cas. Bouchut, ao coutiario de muitos patliologistas que consideram estas molés- tias como podendo transmittir-se por imitação, sustenta que ellas se commu- nicam por intermédio de um principio morbigeno de natureza desconhecida, mas qlic se pôde considerar como uma emanação nevrosica. Infecto contagio~nevrosico é a denominação conferida a este pbenomouo, que tom servido de tbema a discussões fervidas e apaixonadas. Para Bouchut ha contagio propriamente dito quando a transmissão mórbida se opera por ino- culação, por contacto directo , por intermédio de objectos contaminados ou pela influencia de parasitas vegetaes ou animaes; pelo contrario, quando a transmissão do principio contagioso se verifica indircctamentc pela atmospbera viciada por miasmas, emanações nevrosicas e outras particulas morbigenas, nestes casos o contagio approxima-se singularmente da infecção, e tem o nome de infecto-contagio. s;Eoxj;tor imitaçflo, iodos os efteitos patbologicos deumlegitimo contagio, parece, pois, desconhecer a natureza intima dos dous factos. No caso de moléstias verdadeiramente contagiosas, ha um agente material que transmitte a moléstia revestida de todas as circumstancias, que lhe silo intiraaraente peculiares e inherentes; a transmissão aqui é, pois, afteçtiva, radical, profunda. Outro tanto não succede com os factos pathologicos o])tidos por mera imitação, onde sc não transmitte completa c radicalmente a moléstia, mas só um schema, nm esboço symptomatico. Ora, todas estas disposições prendem estreitamento com as propriedades do systcma nervoso, que, mais ou menos impressionavel, se modifica por vezes no seu funccionalismo normal; e ó assim que os factos morhidos colhidos por imitação se apresentam em numero restricto,porque só dependem dhiquellas aberrações que não são também cm abastada quantidade, consideradas rela- tivamente ao numero muito respeitável de moléstias rigorosa c verdadeira- mente contagiosas. Fácil ó, pois, de conjecturar que silo as nevroses as entidades mórbidas que mais facilmente podem ser imitadas, mas na certeza de que mio se transmitte a moléstia no seu fundo e essencla, mas só a sua fórma espasmódica ou con- vulsiva. I É (Testa maneira que um indivíduo póde ter bydropbobia, sem possuir a moléstia essencial mente contagiosa, a raiva: assim como também um outro póde ser atacado de convulsões choreiformes, sem todavia possuir toda a substancia da clioreia ou da bysteria; queremos dizer, sem ter incorporada 64 profundamente no seu organismo alg-u ma (Testas entidades mórbidas, chronicas, profundas e com todo o seu formidando apparato symptomatico. Mas dir-sc-ha que, com a reiteração (Testes exemplos, (Testes factos imita- tivos, póde introduzir-se na economia humana um habito capaz do influir sobre o systema nervoso, de tal maneira que, despertando alguma predispo- sição occulta, vá provocar as manifestações da nevrosc ; mas excrcer-so-lia aqui a imitação como causa directa e determinante ? A imitação é n’estes casos unicamente uma força ou causa occasional, e nílo uma causa determinante e immediata, como é o virus ou o parasita, logo que se reunam as condições indispensáveis para que estes exerçam a sua maléfica influencia. De certo que náo. Assim, sob este aspecto que se nos afigura verdadeiro, a imitação poderá figurar dignamente a par das multíplices condições etiologicas, capazes de des- pertar o desenvolvimento das nevroses, mts nunca a par dos agentes conta- giosos, propriamente ditos; desta maneira, mantendo-se a coherencia em toda a sua latitude, não ligaremos á imitação n’este sentido mais subida importância do que ligamos á menstruação, á menopause, á amenorrlióa, a certas pro- fissões, aos abusos de toda a ordem, etc. Sóraente em condições espccialissimas, e que nem sempre podem ser devi- damente apreciadas, é que todas estas diversas causas são capazes, como também a imitaçáo, do fazer despertar estas moléstias nevrosicas que con- stituem um mal tremendo que pesa táo rija mente sobre um avultadissirao numero de infelizes. Emquanto á therapeutica, que deve ser racional mente instituída para com- bater as moléstias propriamente contagiosas e as que sRo obtidas á custa da imitação, nao podemos deixar de assignar algumas difterenças do summa importância, e que ao mesmo tempo patenteiam a distancia que separa os dons grupos de factos morbidos. Em frente mesmo do que traçamos anteriormente ácerca