THESE DO 3r. liriato de fogueira fiafdas RIO DE .MNEJRO 1S7!> THESE DISSERTAÇÃO SECÇÃO CIRÚRGICA Cadeira de anatomia geral e pathologica PROPOSIÇÕES SECÇÃO MEDICA Febre amarella-Cadeira de pathologia interna SECÇÃO CIRÚRGICA Do melhor tratamento do hydrocele da túnica vaginal-Cadeira de clinica cirúrgica SECÇÃO ACCESSORIA Funcções das folhas-Cadeira de Botanica THESE APRESENTADA Á FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO Á 16 BK SETEMBRO BE 1899 E SUSTENTADA PERANTE A FACULDADE DE MED>élNA DA BAHIA a 29 de Dezembro do mesmo anno FEl/f 3c. liriato de âerqueiea Saídas FILHO LEGITIMO DO Barao de Diamantino e de D. Maria Antonia Ganiie de Certeira Natural de Cuiabá, Matto-Grosso ÃIÃio òe Janeiro» TYPOGRAPIIIA UNIVERSAL DE E. & H. LAEMMERT 71, Rua dos Inválidos, 71 1879 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA DIRECTOR 0 Exm. Sr. Conselheiro Dr. A>tonio Januario de Faria VICE-DIRECTOR O Illm. Sr. Dr. Francisco Rodrigues da Silva LENTES PROPRIETÁRIOS Primeiro anno Os Illms. Srs. Drs. Virgílio Climaco DamasioChimica mineral e mineralogia. Augusto Gnçalves MartinsAnatomia descriptiva. José Alves de MelloPhysica em geral, e particularmente em suas applicaçòes á medicina. Segundo anno Antonio de Cerqueira PintoChimica organica. Jeronymo Sodré Pereirai hysiologia. Pedro Ribeiro de AraújoBolanica e zoologia. Augusto Gonçalves MartinsRepetição de anatomia de criptiva. Terceiro anno Conselheiro Elias José PedrosaAnatomia geral e pathologica Egas Carlos Moniz Sodré de AragàoPathologia geral. Jeronymo Sodré PereiraContinuação de physiologia. Quarto anno Domingos Carlos da SilvaPathologia externa. Demetrio Cyriaco TourinhoPathologia interna. Barão de ItapoanPartos, moléstias de mu'heres peja- das e de meninos recem-nascidos. Quinto anno Demetrio Cyriaco TourinhoContinuação de pathologia interna. Luiz Alvares dos SantosMatéria medica e therapeutica. José Antonio de FreitasAnatomia topographica, medicina operatória e apparethos. Sexto anno Rozendo Aprigio Pereira GuimarãesPharmacia. Francisco Rodrigues da SilvaMedicina legal. Domingos Rodrigues SeixasHygiene. José Affonso Paraizo de MouraClinica externa, do 3o e 4* anno. Ramiro Affonso MonteiroClinica interna, do 5° e 6° anno. LENTES SURSTITETOS Romualdo Antonio de Seixas José Olympio de Azevedo Manoel Victorino Pereira Secção accessoria. Antonio Pacifico Pereira Alexandre Affonso de Carvalho José Pedro de Souza Braga . Secção cirúrgica. Claudemiro A. de Moraes Caídas Manoel Joaquim Saraiva José Luiz de Almeida Couto Secção medica. SECRETARIO O Sr. Dr. Cincinnato Pinto da Silva OEFICIAL DA SECRETARIA O Sr. Dr. Thomaz de Aquino Gaspar A Faculdade não approva nem reprova as opiniões emittidas nas lhescs que lhe são apresentadas. A MEU VENERANDO PAI O SR. BARÃO IDE DIAMANTINO Á MEMÓRIA DE MINHA MÃI D. Maria Antonia Gaudie de Cerqueira A MEMÓRIA DE MEU IRMÃO AMÉRICO BRASILIO DE CERQUEIRA CALDAS Á MEMÓRIA RE MINHA PRIMA E MADRASTA BABBBSBJl BB 9UK1XYIB9 Á MM IRMAAMÉLIA A íví x RJ Fí A í R M A MARIANNA AUGUSTA DE CERQUEIRA VIEIRA A MEU CUNHADO Bi. MBBB TOSÊ WffiA A MãTTS 1£A1TOS ANDRÉ PAULINO DE CERQUEIRA CALDAS JOÃO AUQUSTO DE CERQUEIRA CALDAS EVARISTO ADOLPHO DE CERQUEIRA CALDAS INDALECIO RANDOLPHO DE CERQUEIRA CALDAS A MEUS TIOS E PARTICULARMENTE Major Antonio Luiz Brandão D. Constança Gáudio Falcão D. Luiza Olympia Gáudio Serra Dr. Luiz Gáudio Ley AOS MEUS AMIGOS e particularmente os Srs. DR. LOURENÇO JOSÉ RIBEIRO DA CRUZ RANGEL DR. LEOPOLDO ALVARES DE AZEVEDO MACEDO DR. MARTINHO ALVARES DA SILVA A MEUS MESTRES Dr. João Vicente Torres-Homem Dr. Francisco Praxedes de Andrade Pertence A MEUS COLLEGAS AOS DOUTORANDOS DE 1880 AOS AMIGOS DE MEU PAI CONEGO JOSÉ JOAQUIM GRACIANO DE PINNA CAPITÃO JOSÉ JOAQUIM GRACIANO DE PINNA ANTONIO JOAQUIM DA ROCHA CAPITÃO JOSÉ LEITE PEREIRA GOMES COMMENDADOR HENRIQUE JOSÉ VIEIRA CAPITÃO THOMAZ PEREIRA JORGE COMMENDADOR EUSEBIO JOSÉ ANTUNES DR. CARLOS JOSÉ DE SOUZA NOBRE DR. AUGUSTO NOVIS DR. JOAQUIM MENDES MALIIEIROS CORONEL JOÃO DE SOUZA NEVES TENENTE-CORONEL ANTONIO MANOEL DA SILVA FONTES E BARÃO DE MELGAÇO PREFACIO Entre as questões de physiologia palhologica, nenhuma hamais importante do que a pyogenia. Àulores eminentes têm escriplo sobre a matéria; lheorias têm succedido a theorias, e actualmente ainda os autores parlilhão a opinião entre si. Escolhendo, assim, assumpto tão importante e tão debatido, condemnamo- noscom certeza a ficar abaixo de nossa tarefa; esta idéa, entretanto, não nos deteve, animou-nos, ao contrario, persuadidos, como estamos, que, qualquer que seja o valor de nosso trabalho, será sempre muito vantajoso para nós fi- carmos edificados em um i questão de uma importância tão considerável, e o meio mais seguro para islo era fazermos delia o objeclo de nossa these inau- gural. Não admittindo as idé isde Robin, nós diremos como Cornil e Ranvier: «não pertencemos a essa escola que se diz humildemente franceza, cujo verda- deiro chefe é Henle»; e ainda mais, achamos toda a reserva necessária no que diz respeito á origem das cellulas do pús para pòrmos cm guarda a theoria da proliferação cellular, que, sob a autoridade de Virchow, tem avassallado o mundo. Declarando-nos pela theoria de Cohnheim, ampliamos a emigração dos leucocylos aos vasos lymphalicos. Se tão grande parle não cabe á emigração dos globulos brancos no processo da suppuração, uma tal exageração, comludo, parece-nos tanto mais perdoável quanto Virchow confessa mesmo ler feito representar á proliferação um papel demais exclusivo-, será, quanlo muito, um erro por falta que vem substituir a um erro por excesso. 1 HISTORICO La question de Ia suppuration c'est tout sim- plement la plus grande question de la cirurgie, c'est celle en presence de laquelle le cirurgien se trouve incessament ramené. (Introducção do tratado pratico de Chassaignac sobre a suppuração.) Não ha moléstia mais commum do que a inflammação, e uma de suas consequências mais frequentes é a suppuração. Também desde Hippocrates, que considerava o pús como o resultado de uma alteração dos humores, favorecida por uma sorte de cocção, até os tempos modernos, a formação do pús foi largamente discutida pelos mé- dicos de todos os tempos ; e as opiniões que emillirão a respeito se re- sentirão da imperfeição da sciencia, na época em que escrevião, e das doutrinas então em voga. É inútil passar a enunciar as numerosas theorias que têm sido emittidas sobre a formação do pús : a maior parte, sendo fundadas sobre dados puramenle hypotheticos, não tem hoje senão interesse historico. Ha muitos annos cahirão em olvido a alteração dos humores de Hippocra- tes e Galeno, a decomposição do sangue extravasado que dissolve as partes solidas (Boerhaave e Van-Swiett), a putrefacção do serum (Pringle e B. Bell), a alteração da gordura pela cocção (Hoffman e Grashius). Pela theoria de Boerhaave, o pús era um composto de substancias heterogeneas, e Ver- duc, Heister, Platner adoplárão esta opinião. Quesnay presumio que a gor- dura e a lympha são para muito na composição do pús. Piorry acredita ser verdade que o pús é constituído primilivamente por serosidade e globulos sanguíneos. 4 Hunler formulou a sua doutrina nos seguintes termos : o pús é produ- zido por uma mudança, uma decomposição, ou uma separação, por que passa o sangue atravessando os vasos. Para o effecluamento desse phenomeno, é pre- ciso que um apparelho novo e muito particular de vasos seja formado, ou bem que uma nova disposição, ou um novo modo de acção se eífeclue naquelles que já existem. Darei a qualificação de glandular a este novo apparelho de glandulas ou a-esta nova disposição de vasos, e considerarei o pús como uma secreção. Esta opinião de Hunler gozou de grande favor durante muito tempo, e foi adoptada com pequenas modificações por um grande numero de physiologistas como Thomson, Home, Meckel, Bichat e Delpech. Para lodos estes autores o pús deve ser comparado a uma se- creção ; e para que esta secreção se produza é preciso que o orgão in- flammado experimente previas modificações. Comparai.do a parte suppurante a uma glandula, Home admitte que se fôrma logo a principio um novo ap- parelho, uma superfície vascular encarregada de secretar o pús. Esta superfície é a membrana que forra a cavidade de certos abcessos ; dahi o nome de membrana pyogenica que se lhe deu. Á hypothese da membrana pyogenica, elevada e defendida de novo com talento e convicção por Delpech, é possível de serias objecções. Se é verdade que a membrana pyogenica se encontra conslantemente nos abcessos chronicos, e em certo periodo das suppurações agudas, ella não existe no começo destas ultimas, e sobretudo quando o pús existe no es- tado de infiltração. Demais, esta theoria foi desde muito abandonada, graças à precisão muito maior das pesquisas anatomo-pathologicas. De Haên e outros consideravão o pús formado em lodo o systema arte- rial e exbalado nos logares onde apparece, ao contrario de alguns que o consideravão formado na região. Para os que admittião esta ultima opinião, uns dizião que era constituido pelos detritos dos orgãos em suppuração, outros que era o resultado de certos líquidos da. economia, especialmente da gordura e da lympha. Uma opinião antiga, que é ainda partilhada por Dupuytren, é que os solidos vivos se dissolvem em piís, e que este formado tem a proprie- dade de dissolver as partes. Se esta theoria fosse verdadeira, nenhuma fe- rida estaria ao abrigo de uma fusão continua. Pringle affirmando que o pús é um sedimento da serosidade sanguínea, 5 Gendrin considerando-o como proveniente dos globulos sanguíneos, modifica- dos e extravasados, Kaltenbrunner dizendo que a lympha plastica lhe dá oii- gem, Zimmermann que elle sahe directamenle dos vasos, Vogel admillindo a livre formação dos globulos purulentos em um cyto-blasthema constituído pela exsudação do plasma sanguíneo, lançarão o germen profundo das mo- dernas theorias sobre a pyogenia. Lebert diz que o pús é essencialmenle formadn pela parte liquida do sangue. Entretanto, continua este autor, notamos que o pús encerra mais parles fi- brino-albuminosas do serum do sangue ; é preciso, por conseguinte, que os globulos do sangue, em geral, a sua parte solida se modifique também na formação do pús, a ponto de lhe fornecer uma certa proporção de seus ele- mentos constitutivos. Não é preciso dizer que estes elementos fornecidos pe- los globulos sanguíneos não podem atravessar os capillares senão no estado de perfeita solução; talvez uma parte minima de ferro se encontre assim no pús. E este liquido transsudado que constitue o pyo-blasthema de Lebert, no qual os globulos do pús se originão por uma transformação particular da proteína, e sobretudo das diversas variedades de fibrina. Desta tbeoria para a da escola micrograplúca franceza, não ha senão um passo; e como a tbeoria de Robin, seu principal defensor, que se lhe se- gue, é uma das dominantes ainda hoje, antes delia nos occuparmos, damos por terminada a enumeração das theorias antigas. Tres theorias disputão actualmente a primasia: a de Robin, a de Virchow e a de Cohnheim. Todas ellas suppoem que a parte liquida do pús é fornecida pelo plasma sanguineo. Para Robin, esla parte liquida do pús não provém do plasma san- guíneo senão mediatamente, isto é, depois de ter servido á nutrição dos ele- mentos anatómicos que fornecem os princípios do blaslhema. É neste blas- thema ou cyto-blasthema que, para aquelle micrographo, se precipilão, por geração espontânea, corpúsculos que se convertem em cellulas semelhantes aos leucocytos, cujos corpúsculos constituem os globulos purulentos. Virchow quer que haja proliferação das cellulas plasmalicas pela divisão e multiplicação dos núcleos ; que as cellulas novas sejão os globulos puru- lentos. Para Cohnheim os globulos do pús não são outra cousa senão os proprios leucocytos ou globulos brancos do sangue. Os leucocytos circulão lentamente 6 e proximos ás paredes dos vasos, emquanto que as hemalias marchão mais rapidamente, conservando-se no centro da columna liquida. Na exlase san- guínea determinada pela inílammação, os leucocytos, augmentando de quan- tidade, comprimidos contra as paredes vasculares, transsudão alravez dos stomalos ou poros, e espalhão-se nas partes circumvizinhas, constituindo a substancia denominada pús. Esta lheoria, mais mecanica do que physiologica, tem sido geralmente aceita e substituirá completamenle as outras duas. Expondo as tlieorius modernas, começamos pela do blasthema, que tem para defensores Charles Rob n e todos os sectários da escola micrographica franceza. THEORIA DO BLASTHEMA Les barrières artificielles qui ont longtemps séparé les travailleurs, comine les régions territoriales elles-mêmes, sont enfin tombées ; voulez-vous les relever? JACCOUD. CLINICA. DE LARIB01SIÈRE. Ella consiste em admillir que os leucocyíos do pús nascem espontaneamente no meio do liquido transsudado dos capillares. A hypothese da geração esponlanea no seio de um blaslhema, defendida por Charles Robin, e alguns outros micrographos, admille que debaixo da influ- encia da inflammação o plasma sanguíneo cxsuda entre os elementos anatómicos e constilue um blaslhema, que passado estado liquido ao estado solido, e no qual ha quasi sempre geração de elementos anatómicos da especíe dos leuco- cytos. Para Robin o pús nasce nas parles mais inflammadas, onde o blaslhema é mais abundante ; emquanto que nas parles periphericas, menos inflammadas, nasce dos orgãos embryoplaslicos. Uma observação muito simples parecia servir para apoiar esta opinião. Sabe-se que o serum transsudado dos vasos em seu contacto com os elemen- tos analomicos da região inflainmada experimenta rapidamente modificações, em virtude das quaes encerra uma grande quantidade de matéria fibrinosa ou plasmina concrescivel. Ora, o serum do pús não encerra habilualmente fibrina ; era, pois, permillido suppôr que toda a fibrina fosse dislrahida na formação dos leucocyíos, e que ella se tivesse precipitado sob a fôrma globular. Mas a ausência habitual da fibrina no serum do pús não prova que aquelie principio tenda a se precipitar debaixo da fôrma de globulos purulentos. Assim, Robin considera o phenomeno da suppuração consistindo essencial- inenle na geração gradual de elementos, da especie dos leucocyíos, entre os elementos do tecido inílammado, ás custas do blaslhema exsudado durante a 8 inflam mação. Os elementos anatómicos fundamenlaes do tecido inflammado se reabsorvem á proporção que dá-se o augmenlo dos leucocytos. Claude Bernard pretende que, misturando serum do sangue com um pouco de matéria assucarada, podia se provar pelo microscopio a geração espontânea de cellulas esbranquiçadas, que parecem ler analogia com os globulos brancos do sangue. Esta experiencia, que polia servir á form ição esponlanea de elementos analomicos, não parece ter-se reproduzido. Para demonstrar a geração esponlanea dos leucocytos em um blasthema, Onimus e Legros fizerão as seguintes experiencias: A serosidade de um vesicatório, depois de filtrada, foi encerrada em peque- nos saccos membranosos de diversas substancias organicas, e estes saccos forão collocados dentro de feridas praticadas em animaes. Depois de algumas horas o li- quido turvo contido nos saccos é examinado ao microscopio, e ahi encontrârão grande quantidade de leucocytos. Estas experiencias falhão, seg indo aquelles au- tores, se a íibrina do liquido do vesicatório tiver se coagulado, e demonslrão queblaslhemas colloca los cm condições favoráveis de temperatura e de endosmose são séde de uma geração esponlanea de leucocytos. Lorlel repelio e confirmou estas experiencias, mas interpretou-as diversa- mente. Para Lortet, os leucocytos encontrados vêm de fóra e penetrão atravez dos poros das membranas, graças a seus movimentos amiboides ; se se empre- gar uma membrana não endosmotica, não se observa leucocyto algum no liquido contido nos saccos. Collocou, além disso, nos saccos membranos liquidos evi- dentemenle incapazes de organização, laes como a agua assucarada, ou uma so- lução de gomma arabica, e encontrou igualmenle leucocytos como nos casos em que se linha servido da serosidade de vesicatório. Ranvier, por sua vez, lendo inlro luzido, debaixo da pelle de um certo nu- mero de animaes, fragmentos de medulla de sabugueiro, verificou que gló- bulos brancos ahi penetravão da peripheria para o centro. Vê-se, pois, que não ha experiencia alguma positiva que demonstre a geração esponlanea dos globulos do pús em um blasthema. Onimus fez de novo outras experiencias, repelidas desta vez não com sim- ples membranas, mas com pergaminho. Porém com que pergaminho ? não diz ; naturalmenle preparado de pelles curtidas tiradas a animaes. Ora, estas pelles têm poros sensíveis, que são a séde dos phenomenos de exhalação e absorpção culaneas. Á theoria do blasthema tende a desapparecer, os seus defensores são raros; 9 em geral, inclina-se ponco, depois das sabias experiencias de Pasteur, para acreditar-se na geração esponlanea de qualquer elemento orgânico no seio de um liquido. As experiencias de Legros e Onimus, feitas com o fim de sustentar esta ulti- ma theoria, tiverão eíleilo contrario áquelle que esperavão os seus autores; ellas provarão, pelo menos, a propriedade notável que têm os leucocylos de atravessar os mais estreitos orifícios. PROLIFERAÇÃO CELLULAR Lançando as bases de sua pathologia cellular, Virchow occupou-se longa- mente com o mecanismo da formação do pús. Para Virchow ha duas especies de suppuração : a que tem logar no tecido epilhelial e a que tem sua séde no tecido conjunclivo. Demonstrando a exis- tência deste ultimo tecido em todos os orgãos, por elle explica a formação do pús. Quando a formação do pús tem para séde o epithelio, não ha perda de substancia. Quando, por exemplo, a suppuração tem logar na pelle, os gló- bulos de pús se desenvolvem na rede de Malpighi, cujas cellulas novas se hy- pertrophião e se hyperplasião. É oque se observa na variola e nas vesículas de conteúdo purulento, que se succedem á applicação de um vesicatório. Á medida que os elementos proli- ferão, a camada cornea da epiderme se destaca, e é levantada sob a fórma de uma vesícula ou puslula. Estudando ao microscopio os elementos da superfície doente, póde-se seguir as modificações successivas das cellulas que, a principio, têm simples núcleos, mais tarde os núcleos se segmentão e tornão-se mais numerosos; as cellulas simples são substituídas por muitas cellulas, cujos núcleos se segmentão por sua vez. O mesmo phenomeno tem logar na superfície das membranas mucosas. Quando, diz Virchow, se compara entre si as cellulas purulentas, mucosas e epilheliaes, vè-se que existem muitos gràos de transição entre os corpúsculos de pús e as cellulas epitheliaes ordmarias. A.o lado de corpúsculos purulentos completos, possuindo muitos núcleos, se achão cellulas bastante volumosas, redondas, granuladas.de um só núcleo: são os corpúsculos mucosos; mais longe se encontra elementos ainda mais volumosos, de fórma lypica, tendo um só núcleo volumoso : são as cellulas epilheliaes. Mas as cellulas epitheliaes são 12 ou aplanadas, ou angulosas, ou cylindricas, emquanto que os corpúsculos mucosos ou purulentos são sempre arredondados e globulosos. Emquanto a suppuração se faz às custas do tecido epilhelial, não ha perda de substancia; esta tem logar sómente nos casos em que os corpúsculos conjunctivos da su- perfície do derma experimentão a mesma alteração. Na formação do pús ás custas do tecido conjunctivo, as cellulas deste te- cido augmentão de volume, os núcleos se dividem e proliferão muito durante um certo tempo. Esta primeira phase é seguida da divisão muito prompta dos elementos cellulares mesmos. Na peripheria do ponto irritado, onde existião a principio cellulas simples, vê-se mais tarde cellulas duplas, múltiplas, que acabão por formar umaneo- plasia homologa (tecido conjunctivo). Para o centro do ponto irritado, ao contrario, onde os elementos contêm numerosos núcleos, vê-se produzir-se logo porções de pequenas cellulas, con- servando a principio o arranjo e a disposição dos antigos corpúsculos do te- cido conjunctivo ; mais tarde se encontra fócos arredondados ou infiltrações difftisas, no meio dos quaes a substancia intercellular é pouco abundante e acaba por desapparecer á medida que a proliferação cellular augmenta. Sabe-se que, para Virchow, os elementos cellulares são o ponto de partida, quasi exclusivo, das manifestações mórbidas por que passão os tecidos, e, que, no que diz respeito á suppuração, só elles têm o poder de fornecer globulos purulentos. Até ultimamente a maioria dos mycrographos se inclinava para esta opinião exclusiva, quando uma theoria nova, que vamos examinar, a theoria de Cohnheim, veio referir a uma outra causa a presença dos leucocytos na re- gião inflammada. Expondo-a, faremos algumas considerações sobre a theoria da proliferação cellular. Cohnheim, autor da theoria da emigração dos leucocytos, nega formalmente a multiplicação dos elementos do tecido conjunctivo, e pensa que estes ele- mentos não são mais do que globulos brancos sahidos dos vasos. Senac, a quem se attribue a descoberta dos globulos do pús, linha-os con- siderado como semelhantes aos globulos brancos do sangue; Addison e Zim- merman emitlirão a mesma opinião. Mas comparar estas duas ordens de ele- mentos não é estabelecer a origem hemalica dos globulos purulentos É Wal- ler quem, primeiro, pretendeu que os globulos brancos e os globulos rubros 13 podem sair atravez das paredes dos vasos capillares. Waller fez as suas obser- vações sobre omesenlerio do sapo e a lingua da rã. Em um outro trabalho este autor estabeleceu a identidade dos corpúsculos de mucus e de pús, e dos gló- bulos brancos do sangue ; de sorte que Waller póde ser considerado como o promotor da theoria da emigração dos leucocytos, considerado como causa da suppuração. Cohnheim, comtudo, teve o mérito incontestável de ter desenvolvido esta hy- polhese com talento e convicção; donde o nome de theoria de Cohnheim, dado ao phenomeno dâ emigração dos leucocytos. As pesquisas deste autor tiverão uma grande repercussão, e isto se concebe facilmente, pois que ellas tendem a restituir aos vasos sanguíneos o que se altribuia quasi exclusivamente aos elementos cellulares. De facto, Cohnheim não addmitle, nem a theoria cellular, nem a geração espontânea. Para elle, os corpúsculos do pús são os globulos brancos do sangue que têm atravessado as paredes dos vasos, a favor de seus movimentos ami- boides. As asserções de Cohnheim são baseadas em duas series de experiencias, umas tendo porobjecto o tecido da cornea, e as outras o mesenterio, e como têm uma importância capital para nós, pois que forão instituídas sobretudo com ofim de explicar o phenomeno da suppuração, nós exporemos detalhada- mente. Cornea.-No centro desta membrana de uma rã, Cohnheim praticou uma cauterização com um lapis de azotado de prata, e observou que a opa- cidade da cornea marcha daperipheria p;>ra o centro; que, por conseguinte, o phenomeno começa na circumvizinhança dos vasos. Esta opacidade é produzida por um grande numero de globulos (de pús), que se achão infdtrados, entre os quaes se vê fixos e inalteráveis os corpúsculos nor- maes do tecido corneo. Para demonstrar a origem hematica daquelles globulos, Cohnheim injeclou nos sacos lymphaticos, ou melhor, nas veias dorsal e abdominal, ou ainda, em uma das aortas directamente um liquido tendo em suspensão azul de anilina precipitado datinclura alcoolica por um grande excesso de agua, Em uma rã assim preparada, praticou o mesmo traumatismo, e observou que muitos globulos infiltrados no tecido da cornea contêm em seu interior grâ- nulos de anilina; estes só se encontrão nos globulos brancos, nunca nestas circumstancias são observados livres no tecido da cornea, nem presas nos 14 corpúsculos fixos deste tecido. Cumpre notar que os grânulos de anilina não penetravão os globulos quando levados directamente sobre a cornea. Fazendo a contraprova, Cohnheim introduz a mesma matéria corante no fundo de saco conjunctival e a mantém por uma sutura. Ora, nestas condições, acornea, quer sã, quer imílammada, não encerra globulo algum purulento co- rado. Obtem um resultado negativo ainda, fazendo penetrar, por meio da seringa de Pravaz, este pós nacamara anterior atravez da sclerotica. Cohnheim couclue assim que as granulações coradas não penetrão a favor de uma imbilição pura e simples, mas que provêm directamente dos vasos por meio de seus globulos brancos extravasados. Além disso, observou aquelle micrographo, devisu, a emigração dos globulos brancos no mesenterio da rã. Mesenterio.-Cohnheim emprehendeu em seguida as suas pesquizas para o mesenterio. Abrindo o abdómen de uma rã curarisada, segura o mesenterio, o fixa em uma placa de cortiça furada no centro, e leva esta parte do mesen- terio em relação ao centro da placa ao microscopio, tendo o cuidado de entreter um estado de humidade sufficiente. Observando durante um tempo mais ou menos longo os vasos da membrana e as mudanças que experimentavão sob a influencia da inflammação provocada pelo contado do ar, Cohnheim vio, a prin- cipio, asarteriolas dilatadas e seu diâmetro augmentado do duplo; as venulas por sua vez tornarão-se mais volumosas. Ao mesmo tempo os vasos se alon- gão e se tornão flexuosos. A sua circulação é menes activa, sobretudo na peripheria do vaso, onde os globulos brancos, accumulando-se na zona inerte, se applicão contra as paredes vasculares, ás quaes adhercm, e ahi constituem uma camada uniforme, emquanto que o centro dos vasos, principalmente oc- cupado pelos globulos vermelhos, é séde de uma corrente rapida. Estes pheno- menos são mais pronunciados nas venulas do que nas arteriolas ; e é a estas perturbações circulatórias que se succede o notável phenomeno da emigração dos leucocytos. Os leucocytos do sangue envião, atravez das paredes contra as quaes estão applicados, um prolongamento que se intumece fóra do vaso, prolongamento que, augmentando pouco a pouco, se pedieulisa e acaba por se desprender do mesmo vaso; de sorte que, lentamente e como passando à fieira toda a substancia do globulo branco, atravessa a parede vascular e delia se separa. Operando em animaes nos quaes tinha previamente injectado ma- téria corante no systema circulatório, Cohnheim reconheceu que os globulos corados pela anilina passavão atravez da parede venosa. 15 Esta emigração dos globulos brancos offerecia o máximo de intensidade no fim de poucas horas. Á proporção que os globulos escapavão, a circulação trazia novos e o phenomeno continuava sem interrupção. Nos capillares o phenomeno só se observava quando a estase era completa, e neste caso era acompanhado da exlravasação de um certo numero de he- malias. A maior actividade da emigração terá logar no ponto que fôr particular- mente irritado, e a corrente emigratoria (no tecido conjunclivo) seguirá de pre- ferencia a direcção que lhe oílerecer menor resistência. Cohnheim fez as suas experiencias sobre a rã, mas pretende que os mesmos resultados se obtêm nos animaes de sangue quente. Uma das questões mais interessantes é evidenlemente a de se saber como os leucocylos atravessão as paredes vasculares. A parede das veias é complexa; compõe-se de Ires camadas: a interna, com sua membrana epithelial e sua ca- mada de tecido conjunclivo a cellulas aplanadas; a média, com seu tecido elás- tico e suas fibras musculares estriadas; e a externa, com o seu tecido conjunclivo ordinário. Cohnheim admilte que, entre as cellulas endotheliaes que revestem a superfície interna dos vasos, existem aberturas ou stomatos demonstrados pela impregnação do nitrato de prata. Quando os vasos estão dilatados, os stomatos se abrem e facihtão a passagem dos leucocylos. Os globulos sahem alravez destas aberturas da camada epithelial, e assimilando as outras túnicas á tecido conjunclivo, elle faz caminhar os leucocylos atravez dos canaes e dos espaços lacunares que suppõe existir neste tecido, franqueando assim os leucocytos, a favor de seus movimenos anniboides o resto da parede vascular. Observadores dislinctos têm adoptado a theoria de Cohnheim. Assim Vul- pian e Hayem, depois de numerosas pesquizas, pronunciarão-se a favor da diapedese dos leucocylos. Vulpian e Hayem repetirão as experiencias de Cohn- heim, e admiltirão como Cohnheim que os globulos dopús provêm do sangue, do qual são os leucocylos. Para aquelles autores a theoria de Cohnheim é a unica que tem em seu favor factos claros, precisos e bem verificados. Recklinghausen, que tcm-n'a igualmente como verdadeira, explica a sabida dos globulos brancos, admiltindo que as cellulas endotheliaes dos vasos deixão entre si pequenas lacunas, pelas quaes os leucocylos do sangue podem abrir passagem. Sabe-se, demais, que estes globulos são dotados de mo- vimentos amiboides, que lhes permittem mudar de fórma, alongar-se, afilar-se, e concebe-se que esta propriedade, bem demonstrada hoje, pôde singular- mente favorecer a progressão e a passagem destes elementos. Demais, se os 16 leucocytos gozão daquellas propriedades, quem já medio o limite de extensi- bilidade e marcou o grau de elasticidade a que podem atlingir ? Para explicar como, em alguns casos de suppuração, existe uma enorme quantidade de leucocytos, Cohnheim admitte que nos capillares já existem muito mais globulos brancos do que se pensa, e faz notar, além disso, que na maior parte das inflammações o baço e os ganglios lymphaticos se hyperplasião rapida- mente e podem, por conseguinte, fornecer grande quantidade de leucocytos. Shiff lambem admitte que os globulos do pús têm uma origem hematica, mas não pensa que estes globulos são formados no baço e nas glandulas lymphalicas ; Shiff considera estes globulos como uma transformação das cel- lulas endotheliaes dos vasos, visto como tudo o que irrita a membrana in- terna dos vasos dá logar a um augmento do numero dos corpúsculos bran- cos do sangue. Para Shiff, quando a suppuração começa a se fazer, observa- se uma diminuição dos globulos brancos do sangue, o que confirma a theoria de Cohnheim. Como toda idéa grandiosa, a theoria da emigração dos leucocytos não podia deixar de encontrar numerosos adversários. Nem todas as objecções produzi- das por estes são igualmenle fundadas. [Uma das objecções mais sérias que se tem feito a esta theoria é a de Koloman-Balogh, que nega os resultados obtidos por Waller e Cohnheim. Elle nunca pôde vêr um leucocyto insinuar- se alravez das paredes vasculares, e os globulos purulentos, que se observa na ciscumvizinhança dos vasos, são o produclo de uma proliferação dos cor- púsculos do tecido conjunctivo, e talvez também dos elementos cellulares. Pretende Koloman-Balogh que, se exi>lem alguns pertuitos nas paredes vas- culares, estas aberturas, visto sua pequenez, podem apenas dar passagem a fluidos. Mas, objectando assim, esqueceu aquelle autor uma das proprie- dades mais notáveis dos leucocytos, a faculdade que possuem de mudar de fôrma, de impellir prolongamentos, de afilar-se de alguma sorte e de atra- vessar deste modo os espaços mais estreitos. Sabe-se que Legros e Onimus, lendo encerrado serosidade de vesicatório em um pequeno saco de mem- brana introduzido no tecido conjunctivo subcutâneo de um animal, encontrá- rão, algumas horas depois, no meio do liquido, uma grande quantidade de leucocytos do pús, que ahi havião penetrado alravez da membrana, a favor de seus movimentos amiboides e dos poros muito delgados de que é provida esta membrana. Demais, os proprios globulos rubros podem atravessar as paredes inflammadas dos vasos; ora, estes globulos, ainda que menos 17 volumosos que os leucocytos, não offerecem ao mesmo grau os movimentos amiboides, que tão bem favorecem esta sahida. fcoloman-Balogh voltou depois á mesma objecção. Waller e Cohnheim illu- dirão-se; elle nunca pôde observar a diapede dos leucocytos; os globulos, que se encontra ao redor dos vasos, provêm de uma multiplicação das cellulas do tecido conjunctivo, e provavelmente também das cellulas que fazem parte das paredes vasculares.. Outros observadores ainda não têm aceito a theoria da emigração. Duval notou que, se algumas vezes, poucos minutos depois da distensão do mesenterio, vê-se elementos globulares para fóra dos vasos, é que pelo fado da irritação as cellulas vizinhas têm rapidamente augmentado de vo- lume. Stricker por sua vez, tendo feito pesquizas sobre a inflammação da cornea, chegou a este resultado: que; poucas horas depois de ter sido irri- tada pelo nitrato de prata, em uma época em que os globulos brancos ex- travasados não lêm podido chegar ao fóco inflammado, os corpúsculos da cornea, longe de ficarem immoveis, como pretende Cohnheim, soffrem uma serie de modificações. Perdem seus prolongamentos, o numero de seus núcleos e a quantidade de protoplasma augmeatão, experimentão, emíim, phenome- nos de fissiparidade. Recklinghausen, muito disposto a aceitar o phenomeno da emigração, não pôde admitlir entretanto que seja esta a unica origem dos leucocytos encon- trados no tec do inflammado.' A inflammação modifica singularmente a con- sistência das paredes dos pequenos vasos. Ha um facto averiguado, pois que foi provado pelos experimentadores mais contrários á theoria de Cohnheim, e é que as próprias hemalias podem atravessar as paredes inflammadas dos vasos. Esta sahida das hemalias nada tinha de estranhavel, se o fado se désse em consequência de um amollecimento inflammalorio, produzindo a ruptura das paredes vasculares; mas Stricker e Prussak demonslrârão que globulos vermelhos isolados podem-se insinuar atravez das paredes vascula- res, na espessura das quaes elles se apresenlão, a principio, como engasga- dos, depois sahidos pela metade e como estrangulados, e mais tarde.emfim livres no tecido circumvizinho. Algumas vezes pôde-se observar, depois da sahida da hematia, uma especie de casa na parede do vaso. Muitas vezes o globulo não se desprende inteiro e se fragmenta na sua passagem. Uma outra objecção contra a theoria de Cohnheim é a grande tendencia da 18 suppuração para erosão, ulceração, a destruição dos tecidos e a perfuração das membranas. Não ha suppuração sem inflammação, e a intensidade desta não explicará a ruplura, a destruição dos tecidos do fóco phlegmasico, produzindo assim as lacunas ? Strauss, Duval e Morei, baseando-se sobre próprias observações, rejeitarão as idéas de Cohnheim, e se declararão pela proliferação das cellulas plasmalicas. Ora, já sabemos que este ultimo autor, repelindo as suas experiencias, mais es- pecialmente no ponto de vista dos elementos plasmaticos, encontrou os corpús- culos da cornea, de um reflexo ligeiramenle brilhante e de fórma estrellada, collocados entre os corpusculos de pús, e conservando juslamenle a mesma dis- tribuição regular e sem differir consideravelmente da fórma que os mesmos corpusculos coslumão apresentar na cornea normal ou transparente; e concluio dahi que os globulos brancos do sangue, sahindo dos vasos da circumferencia da cornea, vão ter ao centro desta membrana, assim como, em idênticas circum- stancias, as cartilagens, tecidos não vasculares do organismo. Cornil acha ra- zoável o ecleclismo ; é assim que diz este autor : « admitliremos dous modos de formação dos globulos do pús : pela proliferação cellular, e em consequência da sabida dos globulos brancos do sangue fóra dos vasos; este ultimo modo não é ainda bem coníirmado, ainda que muitos factos de suppuração muito rapida, desta facilidade de suppuração sejão perfeitamenle explicados pela hypolhese de Cohnheim.» Emquanto isto se passa, um pathologista notável, cujo critério é bem conhe- cido do munda scientiíico, vem assentar a origem do pús de accordo com as idéas de Cohnheim. É Jaccoud, que, ná sua palhologia, põe em relevo esta unidade de origem dos leucocylos do pús. E o notável medico francez quem falia: «Ha bem pouco tempo ainda uma dupla origem era assignada a origem do pús, a saber, a proliferação das cellulas epilheliaes ou dos corpusculos conjunctivos, cellulas plasmalicas, das quaes erão approximadas, debaixo desta relação, os corpusculos osseos, os núcleos dos ca- piilares e do sarcolemma, etc.; de outra parle a exlravasação dos globulos brancos do sangue. Hoje esta dualidade de origem não é mais aceitavel; as pesquizas mais precisas, as de Huffman e de Cohnheim entre outras, têm esta- belecido que os corpusculos fixos do tecido conjunctivo não lomão parte alguma na formação das cellulas do pús, e que os vasos sanguíneos são para estas cel- lulas a unica origem scientiíicamenle demonstrada. 19 « Os trabalhos de Flemming, que tem dado a esta proposição uma importante confirmação, porque, reconhecendo inteiramente de uma maneira geral a pos- sibilidade de uma proliferação dos corpúsculos conjunctivos fixos, este observa- dor foi obrigado a concluir de suas observações: Io, que nada demonstra na inflammação aguda'a existência das condições necessárias para esta prolifera- ção; 2o, que não ha razão alguma valiosa para admittir-se a participação destes corpúsculos na formação do pús. A solidez destes factos não me parece poder ser abalada pelas conclusões negativas de Feliz, Picot e Duval no que concerne á emigração dos globulos brancos do sangue. » A lheoria da proliferação cellular é defendida pelo talento de Virchow, que, acreditando que os corpúsculos do tecido conjunctivo erão verdadeirascellulas e notando que as suppurações profundas têm sempre logar neste tecido, con- cluio que erão os pontos occupados pelos corpúsculos aquelles onde lhe parecia nascer mais abundantemenle o pús, e que a suppuração era, por conseguinte, o resultado de uma proliferação cellular. Entretanto, Recklinghausen demonstrou que as pretendidas cellulas erão antes verdadeiras lacunas, que por um lado lerminavão em fundo de saco e pelo outro davão nascimento aos capillares lym- phaticos. Lanceraux diz que o tecido conjunctivo ordinário offerece grande analogia de textura com as membranas serosas ; formado de feixes íibrillares, é crivado, como tem mostrado as pesquizas de Ranvier, de lacunas tapetadas de cellulas chatas, semelhantes às cellulas endolheliaes; e nestas lacunas existem pequenas cellulas'arredondadas, semelhantes aos leucocylos. « Relativamente â origem dos capillares-lymphalicos, Recklinghausen (1) pre- tende que estes vasos communicão com lacunas especiaes do tecidoconjunctivo, correspondendo âs partes que, desde Virchow, são universal mente designadas pelo nome de corpúsculos do tecido conjunctivo. Mas Recklinghausen não consi- dera estes elementos como cellulas, mas como simples lacunas no tecido con- junctivo, lacunas ao redor das quaes não pôde encontrar uma membrana es- pecial, que elle designa pelo nome de canaliculos plasmaticos, e nas quaes colloca elementos cellulosos desprovidos de prolongamentos que elle denomina corpúsculos de tecido conjunctivo. » Em segundo logar, devemos (2) mencionar aqui as pesquizas admiráveis e muito importantes de V. Recklinghausen, que demonstrão pela primeira vez, e por factos irrecusáveis, a exaclidão de uma antiga hypothese de (1) 2« edição franceza da Histologia, de Kõlliker, pag. 777. (2) Pag seguinte da edicção citada. 20 Mascagni, pela qual as bolsas serosas communicão livremente com o sys- ihema dos vasos lymphaticos. V. Recklinghausen enriqueceu, pois, a sciencia com um facto de observação de uma alta importância. Também procurou tirar delle deducções physiologicas, admittindo que os líquidos que, para elle, as bolsas serosas contêm sempre em certa propor- ção, são conlinuamente absorvidos pelos lymphaticos. (Ora, como estes liqui- dos, para Ricklinghausen, contêm sempre cellulas analogas aos corpúsculos ymphalicos, as qines, pelos factos observados, podem igualmente passar nas vasos, ha, pois, ahi um novo ponto de origem para as cellulas incoloras do sangue.) Eis ahi porque Virchow, Duval, Morei, Strauss e outros notarão que antes da formação do pús havia proliferação nucleolar nos corpúsculos do tecido conjunctivo. Augmentando o numero dos leucocytos destes corpús- culos, a sua membrana envolvente principia a adelgaçar-se, e acaba rompen- do-se, e lançando seu conteúdo nos tecidos circumvizinhos. Dando-se o mesmo em muitos corpúsculos ao mesmo tempo, concebe-se que da reunião dos leucocytos possa resultar um abcesso. Além da suppuração profunda, isto é, devida â proliferação dos corpús- culos conjunctivos, Virchow admilte a suppuração superficial caracterisada pela proliferação das cellulas epilheliaes, situadas na rede de Malpighi. Ora, a rede de Malpighi é constituída por cellulas que se vão constante- mente transformando em laminas corneas que formão a camada superficial da epiderme. Os elementos da rede de Malpighi são nutridos por numero- síssimos vasos do derma, e é na espessura mesmo dessa rede que se effec- tua a suppuração superficial. É assim que Vulpian descreve os phenomenos anatomo-palhologicos observados na pustula variolica. No primeiro periodo, correspondente ao estado papuloso da erupção, ha congestão da camada papillar do derma e inchação do corpo mucoso de Malpighi; já neste momento ha extravasação de alguns leucocytos nas cama- das superficiaes do derma. Quando a papula se transforma em vesícula, na porção média da camada de Malpighi abrem-se vacuolo separados, incomple- tamente por um tecido bastante reticulado, e esses vacuolos apparecem pri- meiro ao nivel da parle mais saliente da papula ; elles são separados de camada cornea da epiderme e da camada superficial do derma, por algumas fileiras de cellulas pertencentes ainda á camada de Malpighi, e tendo soffrido notáveis modificações. A formação dos vacuolos é devida, de um lado, a um afastamento em todos os sentidos das cellulas epidermicis, pelo liquido 21 proveniente do corpo papillar; e de outro lado, á destruição de um certo numero de cellulis epidérmicas, destruição que crêa assim alvéolos inter- cellulares. Os alvéolos do vesico-pustula contêm um liquido transparente, no qual se acha um numero mais ou menos considerável de corpúsculos ; este liquido é formado de serum-sanguineo modificado pela sua passagem atravez dos tecidos que separão os vasos de um vacuolo. Quanto aos cor- púsculos, são, uns, cellulas epidérmicas mais ou menos alteradas, outros, leu- cócylos, cujo numero vai augmentando com a idade da erupção, emfim granulações e alguns corpúsculos moveis. Vulpian distingue deste modo as cellulas epidérmicas encontradas dos leucocylos do pús. Nem é difíicil co- nhecer a procedência destes leucocylos. No derma, nas papillas, sobretudo glandulas sebaceas, sudoríparas, etc., encontra-se uma rede compacta de ca- pillares sanguíneos, e cada um destes é acompanhado de dous capillares lym- phalicos. Ora, é muito facil de conceber-se que, com o liquido que sahe desses vasos para encher os vacuolos notados por Vulpian, saião também o leucocylos que abi apparecem. Demais, sabemos que não só os leucocylos, como também o proprio sangue, sabem atravez da pelle na hematridose, sem que a séde da hemorrhagia apresente modificação alguma apreciável em seu aspecto e em sua estructura. Em um caso ainda a rapidez da suppuração superficial não se conciliaria coma proliferação das cellulas epidérmicas, que é sempre lenta e demorada. É assim que as menores gollas de acido fluorhydrico, cahidas sobre a pelle, delerminão em breve comichão, ardor, e logo depois a formação de uma em- pola de pús rodeada por um circulo vermelho, e mui dolorosa, provocando uma reacção febril por maneira tal que a sua intensidade não está em rela- ção com a pequenez da affecção local. Aqui, diz o Dr. Martins Costa em sua memória sobre a genese do pús, o acido fluorhydrico exerceu uma acção local e outra geral. A acção local irri- tante, caustica, produzio uma congestão para a parte, exsudação de serum, passagem de leucocylos, e, portanto, formação do pús. A acção geral, deleteria, occasionada pela absorpção do acido pelos capillares ven js os e lymphalicos, trouxe como resultado a reacção febril. Vê-se, pois, que são os leucocylos do sangue os globulos de pús das suppu- rações superfíciaes, e não as cellulas epidérmicas encontradas; vê-se ainda que são os mesmos leucocylos os globulos do pús das suppurações profundas, e não os corpúsculos de tecido conjunctivo; elementos phisica e chimicamente diversos 22 dos primitivos, como são os corpúsculos de tecido conjunctivo, e os globulos do pús não podem ser devidos a uma melamorphose. Demais, as cellulas do tecido conjunctivo dão gelatinà pela cocção, eessa propriedade ninguém ainda encontrou no pús. Uma observação clinica do Dr. Martins Costa, verificada por nós em alguns casos de amputação da coxa, onde, ao lado de uma suppuração abundante, o membro'amputado longe de diminuir de volume conservava-se augmenlado em relação ao resto do corpo, vem ainda fortalecer a nossa opinião. Ora, se o pús fosse forneci lo pelo tecido conjunctivo, o côto, que suppura abundantemenle por algum tempo, devia necessariamente diminuir de volume; no entretanto isto não tinha logar. Pela theoria de Cohnheim o facto é perfeitamente expli- cável ; o membro, que é séde de uma grande suppuração, tomando á circulação geral os materiaes constituintes da substancia que expelle continuamente, soffre em relação á perda daquelles materiaes, tanto como todo o organismo. O augmento de volume é devido ao estado inflamrnatorio em que se acha o membro amputado, em consequência do qual o afluxo, que se dâ para a parle, activa a nutrição dos elementos ahi existentes, que soffrem uma hypertro- phia. Ainda uma observação de Delpech vem confirmar que o pús não é o re- sultado de uma proliferação dos corpúsculos do tecido conjunctivo, como quer Virchow. É assim que diz Delpech: « a observação tem demonstrado que o phlegmão propriamente dito não causa nenhuma perda de substancia; o tecido cellular ahi existe completo ; elle é apenas roto, despedaçado, e mais ou menos esgarçado; evacuando-se o pús, cada lamina cellulosa, deixando de ser com- primida, volta a occupar a situação ordinaria, e o espaço é cheio em pouco tempo.» Virchow não nega a emigração dos globulos brancos, concede mesmo uma grande parle aosleucocylosna suppuração ; concorda que muita interpre- tação errónea foi corrigida por esta descoberta, mas que o principio cellular recebeu delia uma nova confirmação. Charles Robin, porém, nega a diape- dese dos leucocytos, e allribuio ophenomeno a uma illusão oplica. Os leucocy- tos, diz este micrographo, não sahem dos vasos, conlrariamente ao que avanção Cohnheim e seus imitadores. Entre nós, segundo o Dr. Martins Costa, os Drs. Gama Lobo e Hilário de Gouvêa virão a passagem dos leucocytos. O Dr. Martins Costa, observando em companhia do Dr. Nuno de Andrade, julgou, apezar do pouco augmento do microscopio, ter observado o mesmo phenomeno. 23 Formação <lo píis pelos lymphaticos.-Vimos que os corpús- culos de tecido conjunctivo erão lacunas onde se originavão os capillares lym- phaticos, equea proliferação nucleolar ahi observada por Virchow e depois por Morei, Duval e Slrauss, antes da formação do pús, não era outra cousa senão um accumulo de leucocytos, os quaes, adelgaçando a membrana envol- vente do corpúsculo, e rompendo-a, erão, emfim, lançados no tecido circum- vizinho. Esta faculdade concedida aos vasos lymphalicos na producção do pús será justificada pela analogia de slructura, não se distinguindo os capillares lympha- ticos dos sanguíneos, debaixo do ponto de vista anatomico, senão pelas dentea- ções mais ou menos longas que apresentão as paredes dos lymphaticos, o que lhes dão um fácies especial. Como os capillares sanguíneos, os capillares lymphaticos possuem orifícios se- melhantes em suas paredes. Vimos ainda que os vasos lymphaticos commu- nicão com as cavidades serosas. Com estes dados, comprehende-se mais facilmente certos factos clínicos É assim que diz Trousseau, na sua clinica: « Sabeis que esta tendcncia á suppuração nas mulheres em estado puerperal é um facto assás conhecido de todos os médicos. Uma pleurisia, uma arthrite, que em outras condições não serião senão affecções francamente inílammatorias, tornão-se immediata- mente suppurativas. A mesma disposição da economia se observa nas febres eruptivas, na variola, mas principalmente na escarlatina, nas phlegmasias das membranas serosas, aquellas que tapetão as grandes cavidades splanchnicas têm uma tendencia extraordinária a passar à suppuração. » Sabe-se que o es- tado puerperal é constituído por modificações importantes no organismo da mulher. Na chlolorose das mulheres gravidas o sangue altera-se em relação aos seus principaes elementos; assim as hematias diminuem e os leucocytos augmenlão; ha sempre uma leucocylose acompanhada da dilatação dos lymphaticos do utero. Um brilhante exemplo de collecção purulenta do peritoneo pelos lymphaticos, que communicão directamenle com essa serosa, é o do Dr Lorderau, exemplo transcripto em uma memória publicada pelo Dr. Martins Costa; porque, con- servando o peritoneo todo o seu polido natural, o apparecimento do pús nessa serosa não pôde ser explicado senão por um derramen de leucocytos pela aber- tura dos lymphaticos, que, para Recklinghausen, communicão livremente com o interior de todas as serosas. O facto de Lorderau éo seguinte : « Vimos um 24 exemplo notável no serviço do Dr. Gosselin, em um doente do qual Pozzi pu- blicou a observação. Consecutivamente a uma erysipela da cabeça, o doente teve, a principio, pequenos abcessos no couro cabelludo; dez ou quinze dias depois da desapparição do exanthema, apresentou-se uma grande collecção purulenta na parede abdominal, e tres semanas mais tarde uma enorme sobre o musculo trapesio. O doente succumbio aos progressos da cachexia. A collecção abdominal tinha desapparecido; pôde-se verificar que ella se tinha estendido até abaixo do periloneo, e, entretanto, esta membrana tinha conservado todo o seu polido. » Dissemos em outra parte que Recklinghausen admitte que os líquidos, que, segundo elle, as serosas contêm em certa proporção, são conlinuamente absorvidos pelos lymphaticos. Vem confirmar este dado impor- tante uma observação do Dr. Martins Costa. Refere-se a um doente de quei- madura, seguida de nevrose do peroneo. A amputação do femur, no logar de eleição, foi praticada; dousdias depois teve logar uma hemorrhagia, e falleceu mais tarde de pyohemia. Descrevendo o resultado da autopsia do cadaver pyohemico, diz aquelle cli- nico : « As articulações femur-tibiaes e humero-cubital direita estavão cheias de pús, emquanto as outras estavão complelamente seccas e lusidias. Communi- cando livremente com essas bolsas serosas os lymphaticos derão logar à col- lecção purulenta em uns casos, emquanto que em outros houve a resorpção dos leucocytos e líquidos das articulações.» Pelo mesmo mecanismo se deve explicar o derramen de pús das cavidades da pleura, do pericárdio e doperi- toneo, como vimos. Grisolle, descrevendo as alterações anatomo-pathologicas dos lymphaticos na angioleucite, refere que, em um grande numero de casos, pús existe nos vasos lymphaticos, sem que seja possível entretanto provar lesão alguma manifesta na porção correspondente destes orgãos. É o que se observa frequentemente nos lymphaticos do utero e da bacia das mulheres que saccumbem de febre puerperal. Fomos levados então a admittir que o pús tinha simplesmente peneirado nos vasos por absorpção; mas esta opi- nião, que parecia justificada em razão da presença quasi constante de um fóco purulento em um orgão vizinho, ou pelo menos por causa de uma infiltração purulenta do tecido cellular, não é entretanto provável quando se considera o volume considerável dos globulos do pús. Estes não poderião nunca ser absorvidos em natureza. Não podem penetrar nas vias circulatórias senão quando estas ultimas tem soffrido uma solução de 25 continuidade, a menos, entretanto (e é ocaso mais commum), que o pús não fosse secretado pela membrana interna dos vasos. Desconhecendo ainda em seu tempo os processos genesicos de suppuração que parlilhão os autores aclual- mente, Grisolle provou que, além de pratico, o illustre palhologista era também observador profundo. Os abcessos frios, que só apparecem nos indivíduos lymphalicos, debilitados, apresentão em seu fóco um pús que tem grande semelhança com a lympha. O corpúsculo <lo pús é ideníico ao leucocyto do sangue. Tendo os globulos brancos do sangue a eslructura dos globulos do pús, a ponto de ser impossível distinguir estas duas especies de elementos, possuindo a mesma constituição anatómica, a mesma fórma, as mesmas propriedades, a mesma grandeza e a mesma constituição chimica, estes elementos apresen- tão-se idênticos, não só quando comparados isolados, mas ainda quando reuni- dos em massa, de maneira a simular uma collecção purulenta. Virchow refere um facto desta ordem em sua pathologia cellular. É assim que diz este autor: « um dia antes da minha partida de Berlim para Wúrzbourg, abri o ventrículo direito de uma leucemica. O medico que a tinha tratado exclamou, admirado : -Ah! é um abcesso. » Tão notável era a quantidade de leucocylos. Antes de estudar as propriedades, mostremos a igualdade, se não identidade, dos corpúsculos do pús e dos leucocylos do sangue. É o que parece saltar e se impôr do parallelo que vamos estabelecer entre algumas das propriedades attribuidas a estas duas especies de elementos. Os leucocylos do sangue têm movimentos amiboides; os corpúsculos do pús apresentão igualmente movimentos amiboides; os leucocytos são esphericos, nucleolados e revestidos de uma membrana que se dissolve no acido acético; os corpúsculos do pús apresentão igual mente uma fórma espherica, são re- vestidos de uma membrana solúvel no acido acético, e também são nucleola- dos ; os leucocylos parecem homogéneos ou fmamenle granulados; os corpús- culos têm igualmente um aspecto granuloso; os leucocytos são viscosos; os corpúsculos do pús são glutinosos; os leucocytos na agua absorvem-na e aug- mentão de volume; os corpúsculos do pús na agua absorvem-na e augmentão de volume; a média do diâmetro do leucocyto é de onze micromilimetros, po- dendo variar; a média do diâmetro do corpúsculo do pús é de doze micromili- metros, podendo variar; os núcleos dos leucocylos só se patenleão claramente 26 pela acção do acido acético; os núcleos dos corpúsculos do pús só se paten- teão claramente pela acção do acido acético; os leucocytos têm um ou muitos núcleos, ordinariamente tres; os corpúsculos do pús têm um ou muitos nú- cleos, ordinariamente tres; os leucocytos soffrem alterações rapidas ; os cor- corpusculos do pús passão igualmente por alterações rapidas. Essas proposições empregadas pelos autores não mostrão claramente que não se trata de dous indivíduos, e que, por conseguinte, leucocyto do sangue e cor- púsculo do pús vêm a ser uma e a mesma cousa ? Apresenlão os corpús- culos do tecido conjunclivo e as cellulas epitheliaes os movimentos amiboides reconhecidos aos leucocytos e aos corpúsculos do pús? Manifestão os corpús- culos do tecido conjunclivo a facil dissolução no acido acético de suas membra- nas, propriedades reconhecidas aos leucocytos do sangue e aos corpúsculos do pús? Eisahi tantas peças do processo,cuja comdemnação nos parece cahir toda na theoria da proliferação cellular. Caracteres Physicos dopíis. Nos casos mais ordinários, o pús é um liquido homogeneo, de consistência cremosa, espesso, opaco, de cheiro enjoativo, de um sabor adocicado ou pouco salino; sua côr é de um branco amarellado ou tirando um pouco sobre o esverdeado; sua densidade varia de 1020 a 1040 (Robin). Todos estes caracteres são aquelles que pertencem ao chamado pús louvável, de bôa natureza, àquelle que é consequência de inflammações francas. O pús de má natureza, ao contrario, é seroso, mal ligado, encerra muitas vezes grumos ou apresenta um odor fétido. O pús produzido na vizinhança de certas cavidades, como a boca, o recto, a vagina, tem um cheiro repulsivo. Este fétido é devido á endosmose gazosa que tem logar da cavidade natural para a do fóco purulento. Abandonado a si mesmo em um vaso longo e estreito, o pús se separa em duas camadas distinctas: uma superior, transparente, é o serum do pús; a outra inferior, opaca, é composta de pequenos elementos, os leucocytos, aos quaes se junlão algumas vezes alguns elementos cellulares accessorios. Esta experiencia muito simples mostra a composição do pús, e prova que este liquido não deve sua opacidade senão á presença dos elementos solidos conservados emsuspenção no serum. Em 1000 partes de pús ha, em geral, para Robin, de 710 a 874 de serum para 290 a 170 de leucocytos húmidos; na média 750 de serum, 250 de leucocytos. Estas proporções relativas de serum e de elementos podem variar em limites 27 muito grandes. O pús é constituído por estas duas parles, serum e elementos anatómicos. Serum. E' um liquido claro, ligeiramente amarellado, homogeneo. Põde-se obte-lo como na experiencia acima, ou ainda pela filtração. Contém albu- mina, matérias extractivas, sáes, e mesmo gordura. Elementos anatómicos. São estes elementos que dão ao pús a côr, a consistência e a maior parte das propriedades que pussue este liquido. Os mais es- senciaes são os leucocytos, lambem denominados globulos de pús, corpúsculos de pús. Estes pe [uenos elementos são constituídos por uma massa de protoplasma e núcleos, e não possuem membrana cellular distincla. Examinados no estado fresco, ainda suspensos no serum, apresentão-se sob a fórma de pequenos corpos esphericos, ou de contornos um pouco irregulares, de aspecto granuloso e offere- cendo movimentos amiboides. Foi nos globulos do pús que Dujardin notou pri- meiro os movimentos amiboides, designa los por elle de movimentos sarcodicos. O pús de bôa natureza encerra quasi exclusivamente leucocytos e um numero relativamente fraco de granulações moleculares. O contrario tem logar no pús de má natureza, onde se encontrão muitas granulações moleculares e poucos leucocytos. Caracteres chimicos. O pús é ordinariamente alcalino, devido á presença de carbonatos e de phosphatos básicos. Algumas vezes, entretanto, é neutro, e mesmo em circumslancias raras acido. Em certos casos a sua acidez é devida a um acido orgânico que existe sempre no pús no estado de combinação, for- mando um sal neutro, mas que póde ser produzido em maior quantidade do que ordinariamente, e de que uma parte fica então no estado livre. Este acido foi assignalado pela primeira vez em 1834 por Derole, pelo nome de acido pyico. É o mesmo acido que, mais tarde, foi chamado, por Boedker, acido chlorrhodinico. O serum encerra um corpo que foi descoberto por Gueterbock, a pyina, substancia que se approxima da caseina por suas propriedades, e que é preci- pitada pelo acido acético. Encontra-se, além disso, no serum do pús, albu- mina e muito frequentemenle mucina, matérias graxas (cholesterina, slea- rina), etc. Alguns autores conteslão a existência da pyina e a considerão como sendo 28 um resultado da alteração de substancias organicas naturaes, alteração produzida pelos processos de extracção. Quando se ajunta ao pús um pouco de agua, os globulos se intumecem ; de oito a nove micromilimetros de diâmetro altingem onze a doze micromilimelros, e póde-se então reconhecer ahi a presença de dous a quatro núcleos, tendo de dous a quatro micromilimetros de diâmetro. Estes núcleos não têm ordinariamente nucleolos; entretanto observa-se ahi um ponto brilhante. Pelo acido acético o protoplasma empallidece, parece se dissolver, e os núcleos, que resistem á acção do reactivo, tornão-se mais evidentes. É então facil re- conhecer em muitos delles indicios de uma divisão mais ou menos adiantada que, ora apenas indicada, é outras vezes prestes de se effectuar. Quando examinados, os leucocytos do pús mostrão-se idênticos aos do san- gue, e apresentão, como vimos, movimentos amiboides. Os leucocytos do pús, quando demorados um ou muitos dias na cavidade de um abcesso, mesmo não aberto, e com mais forte razão se já tiverem sido evacuados ha muitas horas, tornão-se mais granulosos e sua vitalidade diminue. Alguns leucocytos parecem desprovidos de núcleos; são os globulos pyoides de Lebert. Além dos leucocytos, encontra-se ainda no pús um certo numero de elementos ac- cessorios, taes como: numerosas granulações acinzentadas de 0mm,001; gra- nulações gordurosas livres; alguns globulos vermelhos do sangue ; algumas vezes crystaes de margarina ou de stearina, e ainda crystaes de cholesterina; mais raramente vibriões, leptolhrix, pequenas massas fibrinosas, destroços do tecido que suppurou. Uma matéria corante dá ao pús phlegmoso sua còr esverdeada. Para Robin esta substancia é idêntica â da bile, porque ella of- ferece todas as suas propriedades; pús esverdeado quando está isolada, ella encerra ferro, lixa-se sobre as matérias azotadas e noladamente aos leucocy- tos, que ella cora energicamente. Póde-se separa-la por meio de certos dis- solventes, e notadamente pelo álcool e pelo ether. Quando é abundante, essa substancia dá ao pús uma côr azulada ou esverdeada bastante intensa, que fez dar a este liquido o nome de pús azul. Certos autores, considerando-a erradamente como uma matéria corante própria do pús, lhe derão o nome de pyo-cyanina. Para Robin a composição média do pús normal ou de bôa natureza é a seguinte : 29 Leucocytos húmidos 250 na média Serum 750 Composição dos leucocytos húmidos sobre 1000 partes Principios de l classe 1 iAgua • 790.00 [Sáes solúveis e insolúveis cerca de 43.50 traço Sáes ácidos de origem organica não dosidos [Cholesterina 3.50 Serolina (pyolina de Glenard) 3.45 Principios de 2a| classe í /Gordura vermelha unida a ( um pouco de phospha- I to de cal 6.00Í Lecithina (gordura phos- I phorada) 7.201 Oleina, margarina, ste- , * arina não dosadas/ [Gordura pelo menos. 19.55 Principios de 3a( classe < \Substancia organica semi-solida, formando a massa de cada cellula, cerca de 140.0 JAlbumina traços Composição de serum sobre 1000 partes lAgua 947.86 a 870.55 Chlorureto de sodium 3.11 a 4.66 'Phosphato de soda traços a 2.22 Phosphato de magnesia, de cal e ammo- niaco magnesiano 0.50 a 2.22 Sulphatose carbonatos de soda e de potassa. 1.87 a 3.11 Sáes de* ferro e siliça... 0.16 a 0.96 Principios de lal classe | ,Sáes do acido do pús ou pyatos traços a 1.00 iLeucina e principios analogos, chamados extractivos, não determinados 15.00 a 20.00 Serolina 1.00 a 8.30 Cholesterina 3.50 a 10.00 ICorpos graxos e sabões 10.00 a 19.00 Gordura *phosphorada cristalina ou le- | cylina 6.00 a 10.00 Principios de 2al classe í Princípios J de 3a; classe j Albumina e pyina 41.00 a 48.00 30 Todas estas substancias são encontradas no sangue; no plasma sanguíneo os princípios da composição do serum do pús, nos globulos brancos os prin- cípios da composição dos leucocytos húmidos do pús. «Apezar da analogia de fôrma dos globulos purulentos e dos leucocytos do sangue, diz Huertaux, o pús é um liquido especial, e a similitude das fôrmas cellulares não deve fazer concluir na identidade de natureza e de proprie- dades. « Este liquido não é assimilável a uma emulsão de leucocytos. Não so- mente Chauveau pôde injectar impunemente uma certa quantidade de sangue sem provocar inflammação, mas injectou igualmente sem successo leucocytos exlrahidos dos gangiios lymphalicos sãos, e, no entanto, no ponto de vista microscopico, estes leucocytos não differem dos globulos do pús.» Ora, sa- be-se hoje que o pús não tem acção dissolvente sohre os tecidos, e que o amollecimento das partes que circumscrevem o fôco purulento é considerado como o effeito de uma desorganização mollecular produzida pela inflamma- ção. Não se sabe que numerosos fócos purulentos têm sido reabsorvidos, sem que dahi tenha resultado mal algum aos doentes? Não se sabe, além disso, que o pús é extremamente alteravel, e que a fermentação pútrida apparece logo que este liquido encontra condições favoráveis, como a presença do ar e da humidade por um tempo mais ou menos longo, como o que sôe acon- tecer na experimentação ? É também esta, a nosso vêr, a razão por que os autores não estão de accordo sobre as propriedades deleterias do serum e dos globulos do pús; acreditando uns que o principio delelerio reside no serum, e que os glo- bulos são completamente innocios ; outros, que o serum do pús não exerce nenhuma acção toxica sobre a economia, emquanto não tem soffrido a fer- mentação pútrida, e que, ao contrario, os elementos solidos do pús, glo- bulos e grânulos, filtrados e injectados nas veias, occasionão immediata- mente os symptomas caracteristicos da infecção purulenta. Mas, as experiencias de Collin infirmàrão formalmente esta opinião, e mos- trão que o fluido mesmo é virulento ao mesmo titulo que os grânulos e outros elementos figurados dos humores. Assim, parece que os primeiros experimentadores empregârão serum, e os outros leucocytos do pús em es- lado de putefracção, e que a virulência do pús está tanto no serum como nos elementos solidos. Tratamento.-Se as diversas sciencias que o medico estuda não são senão 31 graus da escala que constitue todo o seu alvo, a lherapeutica, esta, em- relação á suppuração originada, como consideramos, pela passagem dos leu- cocytos do sangue e da lympha atravez dos orifícios existentes nas paredes dos respectivos vasos, deve ter por fim, para servirmo-nos de uma compa- ração mecanica, apertar o freio ao systema vascular, difficultando deste modo a passagem dos leucocytos e impossibilitando, portanto, a formação do pús. Tratando da acção do tannino sobre o organismo, diz Rabuteau: posto em contacto com o sangue, com o pús, o tannino fôrma, com as matérias pro- teicas destes líquidos, combinações insolúveis, pára assim as hemorrhagias e diminue a formação do pús. Também deve-se considera-lo como um ad- stringente dos mais efficazes. O tannino merece tanta confiança como descongestionante do pulmão para Woillez, diz ainda que, prescrevendo-o em pilulas de quinze centi- grammas em numero de tres ou quatro por dia, tem visto desapparecer os estertores húmidos que acompanhão algumas vezes os tubérculos crús. O tan- nino tem propriedade para fazer desapparecer, porém, mais lentamente, os estertores que se produzem nas excavações pulmonares. O tannino, sõ ou as- sociado á quinina, é empregado utilmente contra os suores profusos dos phthi- sicos. Aquella influencia do tannino não se limita á circulação pulmonar, mas a todo systema circulatório. « É assim que, diz o nosso sabio mestre Dr. Per- tence, administrando-se a um indivíduo hemophilico, dous ou tres dias antes de uma operação cirúrgica, substancias adstringentes, taes como o acido tannico ou o acido gallico, a hemorrhagia que se teme não apparecerâ, ou, se apparecer, será com certeza muito menor do que se não se tivesse tomado essa prevenção. » Sobre a applicação do tannino na pleurisia purulenta, vem o seguinte em um artigo publicado nos Annaes Brazilienses de Medicina de Julho de 1873. « A medicação exclusiva pelo tannino (é de Dubré, de Pau, a citação), em onze casos muito graves de pleurisia purulenta, com evacuação espon- tânea do pús, deu oito successos completos em um tempo relativamente curto, um successo ainda incompleto, depois de um longo tratamento, e dous casos de morte. «Empregado igualmente sõ em um caso de pleuresia tuberculosa e em quatro casos de derramamentos pleurilicos simples, o tannino, se não tem produ- zido a cura, tem pelo menos impedido a reproducção em todos os casos e em um periodo, variando entre doze dias e cinco semanas. » 32 Sabe-se que a quina é empregada na suppuração, e que ella diminue o nu- mero dos leucocylos do sangue. Também para Rabuteau figura entre os usos therapeulicos do quinino a pyobemia. Eis como se exprime este autor : « Acreditou-se reconhecer que o quinino tinha a propriedade de diminuir o numero de globulos brancos, e approximou-se immedialamente este dado dos effeilos vantajosos outr'ora colhidos do emprego do sulphato de quinina na febre puerperal, na infecção purulenta, por diversos clínicos, taes como Pie- dagnel, Beau, Leconte (D'Eu), Leudet, Cabanellas, Follin. Bem que outros clínicos (Delpech, Trousseau, Depaul) não tenhão sido tão felizes, dever-se-ha recorrer a este medicamento em affecções tão graves. Demais, trata-se também de uma questão de opportunidade. « Quando o mal está constituído, que. o sangue é cheio de leucocylos, seria loucura pretender que o sulphato fosse completamente inaclivo, porque então não pôde curar; mas este agente, dado no começo dos symptomas, em dóses fraccionadas e prolongadas, segundo um methodo que Cabanellas chamou me- thodo de saturação, já prestou serviços manifestos, notadamenle na febre puerperal. Nada é prescripto tão frequenlemente como a quina, quer só, quer associada a medicamentos especiaes na debilidade funccional, ligada a di- versas causas: leucorrhéa, feridas suppurantes, etc. Aclua então como os outros amargos, porém de uma maneira mais efficaz. » Também a quina deve ser empregada com o fim de restabelecer o equilíbrio orgânico, de forta- lecer as paredes vasculares, fazendo com que resistão melhora acçãodos adstrin- gentes. É ainda um ponto de vista que confirma a theoria, a therapeutica. É ao menos a theoria que nos parece poder reunir maior suffragio e fazer es- quecer todas as outras. PROPOSIÇÕES Febre amarella i A febre amarella é uma pyrexia monoparoxistica, caracterisada pela elevação rapida da temperatura e ao mesmo tempo pelo aniquilamento do pulso e pelos phenomenos geraes que trazem a dyscracia sanguinea. II As fôrmas da febre amarella são constituidas pela predominância dos symp- lomas gástricos, ataxicos, adyn imicos, congestivos, algidos e typhoideos. III A fôrma soporosa'é a mais grave de todas as modalidades desta pyrexia. IV O soluço, o vomito preto, o tremor da lingua, são symptomas graves. V A anuria, que data de 24 a 36 horas, devida á falta de secreção urinaria, é signal extramamente enfadonho; indica quasi sempre que o doente morre. VI A febre remittente biliosa pôde apresentar symptomas idênticos aos da febre amarella. 34 VII Os vomitos escuros da febre remiltente biliosa não são devidos ao sangue, mas à chlolepyrrhina. VIII As ourinas pelos reactivos chimicos revelão bile e não albumina, como na febre amarella. IX Não se observa a anuria naquella pyrexia. X Os symplomas alaxo-adynamicos são prematuros na febre biliosa. XI Ha nesta pyrexia remittencia, exacerbação e roproducção dos accessos. XII Moléstia palustre, a febre remiltente biliosa apresenta quasi sempre bype- rhemia do fígado e do baço, e dôr aguda nestes orgãos. CLINICA CIRÚRGICA Do melhor tratamento do hydrocele da túnica vaginal I 0 tratamento palliativo medico do hydrocele vaginal pôde ser considerado nas crianças como radical. II Entre os meios palliativos merecem a preferencia as embrocações de tin- tura de iodo. III À puncção simples é o primeiro tempo cia cura radical dos hydroceles. IV A acupunctura do escroto não merece mais valor que o emprego do tro- cater. V A incisão, excisão, as tentas, a cauterização, o sedenho, operações denomi- nadas violentas, são reservadas hoje para os casos em que o espessamento da túnica vaginal e certas moléstias se oppoem ao methodo das injecções irri- tantes. VI A tintura de iodo tem para effeito, senão constante, pelo menos bastante frequente, curar o hydrocele sem obliterar a membrana vaginal. 36 VII A injecção iodada é ainda em nossos dias o tratamento mais empregado pelos cirurgiões. VIII A injecção alcoolisada é inferior á injecção iodada. IX O methodo de tratamento de hydrocele da túnica vaginal pela tintura de iodo é sujeito á reincidência. X A obliteração da túnica vaginal é quasi sempre acompanhada de anemia testicular e da ausência dos espermatozóides. XI O methodo de tratamento de hydrocele pela puncção, seguida da injecção de uma solução de sulphato de cobre, é o que tem offerecido maior successo para a cura radical dos tumores da vagina. XII Nos casos de engorgitamento chronico, do testículo, ou do epididymo, e de uma pequena modificação da vaginal, deve-se empregar de preferencia a tintura de iodo. XIII Os bons effeitos do tratamento phenicado de Lister, no curativo das grandes soluções de continuidade, levão-nos a aconselhar esse methodo para o curativo das feridas resultantes da incisão, decorlicação da vaginal. CADEIRA DE BOTANICA Fnncções das folhas I X A folha é um dos quatro typos fundamentaes a que se referem todas as partes das plantas superiores. II As folhas são destinadas á vegetação e nutrição das plantas. III O limbo com o seu parencbyma é a parte mais util â planta, bem como aos animaes. IV As folhas são os pulmões das plantas. V A respiração representa nas plantas essencialmente o mesmo papel que nos animaes. VI A maxima importância da folha consiste em sua funcção chlorophyllica. VII A funcção chlorophyllica tem para séde orgãos cellulares. 38 VIII As folhas exercem uma acção depuradora sobre o ar viciado. IX As folhas não comporlão-se da mesma maneira na presença ou na ausência da luz solar. X As bracleas são folhas modificadas. XI As sepalas são bracteas que se modificàrão. XII A corolla é constituída pela reunião de sepalas modificadas. HIPPOCRATIS APHORISMI I Vila brevis, ars longa, occasio praeceps, experientia fallax, judicium difficile. (Sect. I, Aph. 1.) II Morborum acutorum non in totum certae sunt praenunciationes neque sa- lutis neque mortis. (Sect. II, Aph. 19.) III Ex vehementibus ardoribus convultio, aul nervorum distendio, maio est. (Sect. VII, Aph. 13.) IV Ad extremos morbos, extrema remedia exquisite óptima. (Sect. I, Aph. 6.) V Ubi somnus delirium sedat, bonum. (Sect. II, Aph. 2.) VI Famen vini potio solvit. (Sect. II, Aph. 21.) 40 Esta these está conforme os estatutos.-Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 18 de Setembro de 1879. Dr. Motta Maia. Dr. Caetano de Almeida. Dr. Kossuth Vinelli. Rio de Janeiro, 1879. - Typ. Universal de E. & II. Laemmert, Rua dos Inválidos, 71