/•/■■/ (\ H:U'A.i \ 64 ?: CADEIRA DE CLINICA PSYCHIATRICA DAS ALLUCINAÇOES, SUA IMPORTÂNCIA NO DIAGNOSTICO DA ALIENAÇÃO PROPOSIÇÕES Três sobre cada uma das cadeiras da Faculdade I apresentadas a Em 20 de Julho de 1886 E PERANTE ELLA SUSTENTADAS em 28 de Dezembro do mesmo anno POR üentique augusto de HeKo e Sentia Doutor em Medicina pela mesma Faculdade, ex-interno ("por concurso) de Clinica Psychiatrica, natural de Minas-Geraes FILHO LEGITIMO DE José Henriques de Mello E DE D, Cândida Beriiardina de Senna e Mello (fallecida) >o^oooo RIO DE JANEIRO Typographia, lithographia e encadernação a vapor Laemmert Óc C. 1886 2120 DIRECTOR.— Conselheiro Dr. Barão de Saboia. VICE-DIRECTOR.-Conselheuio Dr. Albino Kodrigues de Alvarenga. JeVrETARIO.-Dr. Carlos Ferreira de Souza Fernandes XENTES CATUBÜBATICOS Oslllms. Srs. Drs.: m„j;„„ J„a„ M.rti». Teixeira. .....^ 2 'e „,ine,,logi..' Anl.m,oCa«ano de Almeida......"hLiea orpnie. e biologiea. Ssn^ilSTvwH: : : : : : «^'w-i—»'■ S^M»*.: :::::: «KW ,-***■.. João Damasceno Peçanha da Silv......Pathologia medica. SS.VSÜ*^'^.": : : : : : S^^^ríEiKSí experimental, apparelhos e peq. cirurgia. Nuno de Andrade.........Hygiene e historia da medicina. José Maria Teixeira.........Pharmacologia e arte de formula . Agostinho José de Souza Lima......Medicina legal e toncologia. Conselheiro João Vicente Torres Homem (Exam).\ Clinica medica de adultos. Domingos de Almeida M. Costa......J Conselheiro Barão de Saboia......} Clinica cirúrgica de adultos. João da Gosta Lima e Castro...... . Hilário Soares de Gouvêa........Clinica ophtalmologica. Erico Marinho da Gama Coelho.....Clinica obstetrica e gynecologica. Cândido Barata Ribeiro (Examinador). . . . Clinica medica e cirúrgica de crianças. João Pizarro Gabizo (Examinador).....Clinica de moléstias cutâneas e syph.hlica*. João Carlos Teixeira Brandão (Examinador). . Clinica psychiatnca. LENTES SUBSTITUTOS SERVINDO ele ADJUNTOS Os Illms. Srs. Drs. ...........Anatomia topo;jraphica, medicina operaloria experimental, apparelhos e pequena ci- rurgia. Oscar Adolpho de Bulhões Ribeiro.....Anatomia descriptiva. José Benicio de Abreu......, . Matéria medicae therap.especialmente braz.a ADJUNTOS Os Illms. Srs. Drs.: ............. . Physica medica. ..............Chimica medica e mineralogia. Francisco Ribeiro de Mendonça.....Botânica medica e zoologia. .......... .... Hislologia theorica e pratica. Arlhur Fernandes Campos da Paz.....Chimica orgânica e biológica. João Paulo de Carvalho.......Physiologia theorica e experimental. Luiz Kibeiro de Souza Fontes.....Anatomia e physiologia palhologicas. . :............Pharmacologia e arte de formular. Henrique Ladislau de Souza Lopes. . . . Medicina legal e toxicologia. Benjamim Antônio da Rocha Faria .... Hygiene e historia da medicina. Francisco de Castro.........i Eduardo Augusto de Menezes......(ri:„:„„ „„j;„, j„ „j..i,„0 r, , . P r, > Clinica medica de adultos. Bernardo Alves Pereira........l Carlos Rodrigues de Vasconcellos.....) Ernesto de Freitas Crissiuma......\ Francisco de Paula Valladares......(.n;„;„„ ;. • „ j„ j i. Pedro Severiano de Magalhães.....# j-CIm.ca cirúrgica de adultos. Domingos de Góes e Vasconcellos.....' .............. . Clinica obstetrica e gynecologica, José Joaquim Pereira de Souza.....Clinica medica e cirúrgica de crianças. Luiz da Costa Chaves Faria.......Clinica de moléstias cutâneas e syphiliticas Joaquim Xavier Pereira da Cunha .... Clinica ophthalmologica. Domingos Jacy Monteiro Júnior.....Clinica psychiatrica. N.B.-A Faculdade não approva nem reprova as opiniões emitlidas nas theses que Ihesãoapresentadag- 24 Á SAGRADA MEMÓRIA r>E linha Idolatrada lãi Aos manes de meus Irmãos Aos manes de meus Avós Aos manes de meus Collegas Aos manes de meus Amigos A' memória de meu inditoso primo e collega 'A&DX1TO DE SEmrA IBS1 A* memória de meu dedicado amigo A MEU PAI E SINCERO AMIGO O ILUYL SR* ! fazia morrer as pessoas.Esses assassinatos eram muitas vezes sonhos da imaginação. Esses três lobi-homens foram condemnados a serem queimados vivos (Brière de Boismont, pag. 202 e 203). Esses casos de lycantropia são muito freqüentes na melancolia, etc Um pedreiro cahio em profunda melancolia e, fugindo de casa, errava pelos campos uivando como os lobos. Allucinações relativas aos órgãos genitaes. —Poderíamos ter reunido essas allucinações ás da sensibilidade geral, que acabamos de estudar; porém, como muito bem pensa Motet, ellas devem ser es- tudadas á parte por fazerem parte de delirios nitidamente caracte- risados. Desde as impressões mais vagas até as sensações do coito completo, os órgãos genitaes podem ser a sede de uma irritação, que lembra os phenomenos de excitação physiologica. — 71 — Essas allucinações mais freqüentes no sexo feminino, são entre tanto observadas no sexo opposto: Observação XVIII Um melancólico, moço ainda, via todas as noites mulheres, que penetravam nos seus aposentos para abusarem d'elle. Uma luta enérgica travava-se então, e vencido pela fadiga, elle adormecia. Essas mulheres, aproveitando-se do seu somno, entregavam-se sobre elle a manobras impudicas, que o exhauriam e ani- quilavam-lhe as forças. Esse desgraçado suicidou-se. Na melancolia com idéas de perseguição, como acabamos de vêr, na hysteria, nos delirios de perseguição, principalmente na demo- nomania, o facto é freqüente. Os demonomaniacos contam suas relações com o diabo, que se lhes apresentava, ora sob a fôrma d'um cão, d'um cavallo, ora sob a fôrma d'nm homem negro, de relâmpago etc Reproduziremos a con- fissão d'uma doente (Maria de Sans), que foi condemnada á prisão per- petua por ter ido ao Sabbat. Observação XIX Essa doente era hysterica e confessou ter commettido o peccado da impudicicia com os diabos, com os homens e com os animaes. {Confessa est cum diabolis via solita impudiciticr, peccatum, et eu n hominibus et belluis commisisse). Fallando do Sabbat de G de Junho de 1K14 ella diz : Todos nós comrrungamos ao modo dos hu- guenotese o príncipe do sabbat fazia o papel de ministro. Fez-se a procissão e commttteu-te o crime de Sodoma; tre3 vezes eu commetti com o principe esse horrendo peccado. Confessou também que expeiimentava maior prazer, quando co- habitava com o diabo, do que quando o fazia com os homens etc. {Sodomice scelus perpetratum fuit ; ter cum principe hoc horrendum peccatum commisi. Etiam con- fessa est majori gáudio affectam fuisse quando cum diabolo modo insólito cohabitasset quàm quando humano vel alio stuprum fecisset). Depois distribuio assim para cada um dos dias da semana as oecupações do Sabbat: Nas segu idas e lerças— via solita coitus. Nas quintas, sodomice conventus. In illo die, dizia dia, omnes homines vel mulieres impudicitim peccatum exi a vas naturale admittunt, et inter se variis horridisque modis promiscent, mulier cum muliere, vir cum viro. Nos sabbados—belluarum conventus. In illo die, cum variia belluis, sicut canilus, felibus, porcis, equis, hircis, ponnatisque serpentibus, cohabi- tabamus. Nas quartas e sextas representavam-se no Sabbat os mysterios da Paixão e eram cantadas ahi ladainhas, que terminavam por estas palavras: Lucifer, mi- serere nobis, Beelzebul, miserere nobis. Maria de Sans ouvio o pregador Asmodeu a 30 de Maio de 1615. Elle fallou — 72 — aos exorcistas nos termos seguintes: Amici, hodie conventum sodomioe celebramus ; Lucifero opus est gratissimum etc. * Hoje não se observam tão freqüentemente d'esses casos; elles eram o resultado das influencias de crenças, epocha etc. As allucinações do sentido genital são hoje cuidadosamente dissimuladas pelos doentes, que têm conservado uma certa actividade de espirito. Quando os doentes as confessam, nota-se bem ainda todas as exa- gerações creadas por uma imaginação desregrada ; mas as relações carnaes com os animaes, a influencia de Satanaz, não têm mais a im- portância de outr'ora. Os exorcismos tornaram-se inúteis, as fogueiras estão extinctas e a mulher Minguet, diz Motet, que o baillio de Brecy fez condemnar á morte por ter-se unido ao diabo em pleno sabbat, aos olhos de seu marido, acabaria pacificamente os seus dias em um dos nossos estabelecimentos d'alienados. * Jules Garinet.— Histoire de Ia magie en France. PROPOSIÇÕES CADEIRA DE PHYSICA MEDICA Estudo especial sobre os thermometros clínicos Chamam-se thermometros os instrumentos empregados para se medir as temperaturas. II Conhecem-se thermometros para temperaturas geraes e para tem- peraturas locaes ; d'entre os primeiros são mais empregados os de columna fixa, e d'entre os segundos o de Peter. III Os thermometros são graduados por três escalas: centigrada, Reaumur e Fahrenheit. 10 1886 — A — 74 — CADEIRA DE CHIMICA MINERAL Estudo chimico do ozona.—Critica dos processos que servem para revelar a sua existência no ar atmospherico. Papel que esse agente representa nas epidemias As descargas electricas desenvolvem na atmosphera um cheiro particular devido á formação d'ozona, nome dado por Schoenbein ao oxygeneo electrisado. II Os papeis ozonoscopicos, expostos ao ar livre, apresentam muitas vezes a mudança de coloração, que indica a presença do ozona. III O ozona, actuando como oxydante á custa de parte do seu oxy- geneo, destróe, segundo Clemens, Schoenbein, Scouteteu, Richardson e outros, os miasmas, torna inodoras as matérias em putrefacção e concorre assim para a rápida declinação das moléstias devidas a essas causas. CADEIRA DE BOTÂNICA MEDICA E ZOOLOGIA Dos animaes inferiores, que constituem o reino neutro dos Protistas Ha entre os dous reinos, animal e vegetal, pontos de contacto taes que é difficil decidir em certos casos si o que vemos é um animal ou um vegetal. II Os baccillarios, as naviculas e os vibriões parecem ser algas isto é, vegetaes inferiores ; entretanto alguns autores os consideram animaes. — 75 — III As coralinas e os acetabulos, a principio considerados animaes, foram mais tarde reconhecidos como vegetaes. As esponjas e certas espécies de seres organizados de composição puramente céllular estabelecem entre os dons reinos uma união mais evidente ainda, o que torna difficil indicar nitidamente o ponto de separação dos animaes com os vegetaes. CADEIRA DE CHIMICA ORGÂNICA E BIOLÓGICA Quinina e seus derivados I A quinina é um alcalóide existente nas quinas, e cuja formula é C20H21Az2O2. II Pouco solúvel n'agua, mais solúvel no álcool, ether, no chloro- formio, nos óleos fixos e voláteis. A reacção caracteristica da quinina é a que consiste em ajuntar á uma mistura de sulfato de quinina e água chlorada um . excesso d'ammonea ;' o liquido tomará uma côr verde (Brandes). III Os derivados da quinina mais empregados são : o sulfato neutro, o bi-sulfato, chlorhydrafco, bromhydrato, valerianato, arseniato, tan- nato, phosphato, acetato, lactato, formiato e iodhydrato. CADEIRA DE ANATOMIA DESCRIPTIVA Órgão central da circulação I O coração, músculo oco, collocado no mediastino anterior entre os dous pulmões, repousa por sua face inferior sobre o centro phrenico do diaphragma, ao qual adhere intimamente seu envoltório fibroso, o pe- ricardio; o coração acha-se adiante da aorta, do esophago e do rachis e é- dividido em quatro cavidades, communicando no adulto duas a duas de cada lado, por meio de orifícios chamados auriculo-ventriculares. — 76 — II Póde-se dizer que ha dous corações unidos pelo septo interventri- cular, um direito, outro esquerdo; aquelle constituído pela auricula e ventriculo direito, recebe o sangue vindo da peripheria, transmitte-o por meio da artéria pulmonar aos pulmões, onde se opera a hematose; este, constituído pela auricula e ventriculo esquerdo, recebe por meio das veias pulmonares o sangue já oxygenado e o distribue por todo o organismo. III A auricula de cada lado communica com o ventriculo respectivo por meio dos orifícios auriculo-ventriculares. Cada orifício é munido de uma válvula; chama-se tricuspide a válvula auriculo-ventricular direita, mitral a válvula auriculo-ventricular esquerda. CADEIRA DE HISTOLOGIA Dos corpusculos de tecido conjunctivo e sua emigração através da organisação de uns para outros tecidos I Os corpusculos de tecido conjunctivo a principio arredondados (tecido mucoso, grande parte de cartilagens) tornam-se depois estrel- lados (cellulas de cartilagem dos cephalopodos, certos peixes cartila- ginosos, enchondroma, etc), e podem mesmo reunir-se em feixes anastomosados. II Os corpusculos de tecido conjunctivo, sobretudo quando são arre- dondados, têm a propriedade de segregar membranas secundarias, e de transformar-se assim em vesiculas de paredes espessas (cellulas de cartilagem no tecido conjunctivo); essas vesiculas ou cellulas espessadas podem mesmo, como as cellulas vegetaes do tecido lenhoso, transformar- se em cellulas ramificadas. ni . Os corpusculos de tecido conjunctivo podem passar de um espaço estellar para um espaço vizinho sob a influencia da contractilidade do protoplasma (Kõlliker). — 77 — CADEIRA DE PATHOLOGÍA GERAL Epidemias I Chamam-se moléstias epidêmicas aquellas que, independente- mente das influencias habituaes, accommettem accidentalmente um paiz ou uma localidade e só voltam ou pelo menos só reapparecem ahi de um modo fortuito. II Moléstias endêmicas são as que, evidentemente ligadas a influen- cias locaes, reinam habitualmente em um paiz ou em uma localidade, reapparecendo ahi d'uma maneira periódica e irregular. III Em toda a epidemia distingue-se três períodos: o decrescimento, o de estado e o de declinação. CADEIRA DE PHYSIOLOGIA THEORICA E EXPERIMENTAL Da innervação cardiaca I Os nervos do coração provêm do pneumogastrico e dos ganglions cervicaes do grande sympathico ; seus filetes formam o plexus ou ganglion de Wrisberg situado abaixo da crossa da aorta. D'ahi partem ramos que acompanham os vasos e de que um certo numero se dirigem a três ganglions cardíacos, um, o de Remak, na embocadura da veia cava inferior; outro, o de Bidder, junto da válvula auriculo- ventricular esquerda ; o 3°, de Ludwig, na parede da auricula direita. — 78 — II O effeito mais directo da secção dos pneumogastricos no pescoço consiste em uma perturbação completa das relações, que unem no estado normal as pulsações cardiacas e os movimentos respiratórios. De um lado a respiração enfraquece, do outro as pulsações cardiacas se acceleram. Em geral, si o numero dos movimentos respiratórios di- minue de metade, o das pulsações cardiacas duplica (Claude Bernard). III Alguns physiologistas consideraram o systema ganglionar do grande sympathico como o verdadeiro foco da acção do coração. Prochaska já tinha sustentado essa opinião ; mas foram as recentes observações de Lallemand de Montpellier, que lhe deram mais peso. CADEIRA DE ANATOMIA E PHYSIOLOGIA PATHOLOGICAS Paludismo I As congestões hepatica e splenica são lesões freqüentes do paludismo. II Ha casos em que a necropsia não revela alteração alguma que possa explicar a morte do doente. III O exame do sangue demonstra a existência de leucocythos melanicos, granulações pigmentares e diminuição considerável das hematias. CADEIRA DE MATÉRIA MEDICA E THERAPEUTICA ESPECIALMENTE BRAZILEIRA Medicação revulsiva I Quando Halmemann emittio o principio therapeutico: Similia similibus curantur, provou a sua asserção apoiando-a nos factos tirados da pratica dos médicos mais esclarecidos. Evidentemente as phlegmasias locaes curam-se muitas vezes pela applicação directa dos irritantes que causam uma inflammação análoga, inflammação thera- peutica, que se substitue á irritação primitiva. (Trousseaux et Pidoux. — 79 — II As applicações da medicação substitutiva ou revulsiva tópica são innumeras. Podemos dizer que a maior parte das moléstias agudas e chronicas da pelle, emquanto são affecções locaes, são do domínio d'essa grande medicação; o mesmo podemos dizer das moléstias das membranas mucosas. III O tratamento da erysipela traumática pela pommada de nitrato de prata ; o do eczema agudo pelos banhos de vapor, pelo sublimado ou pelas loções com água phagedemica; o uso dos emplastos mer- curiaes sobre o rosto dos variolosos ; as loções, as pommadasalcalinas, sulfurosas, mercuriaes na maior parte das moléstias herpeticas; o emprego de loções muito quentes, das duchas de vapor em uma tem- peratura muito elevada, em muitas affecções chronicas do derma são outras tantas applicações da medicação substitutiva ou re- vulsiva. CADEIRA DE PATHOLOGÍA INTERNA Beriheri I O beriberi tem sido observado em quasi todas as províncias do Brazil; é, porém, nas províncias do norte do Império que elle parece reinar endemicamente. II O beriberi pôde apresentar-se sob qualquer das três fôrmas admittidas pelos nossos práticos : paralytica, edematosa e mixta. III A remoção dos individuos atacados de beriberi tem dado resul- tados excellentes. — 80 — CADEIRA DE PATHOLOGÍA CIRÚRGICA Diagnostico differencial dos tumores da mamma I O diagnostico differencial dos tumores da mamma deve responder a duas questões : Ia, determinar a malignidade ou a benignidade do tumor ; 2a, isso feito, é útil precisar a que variedade de tumores elle pertence. II Esse diagnostico não será estabelecido sem o conhecimento dos seguintes dados: Io, idade do doente ; 2o, duração da evolução do tumor ; 3o, relações do tumor com as partes vizinhas ; 4o, consistência do tumor; 5o, estado da pelle do mamelão; 6o, ganglions lym- phaticos ; 7o, dores ; 8o, ulcerações; 9o, estado geral. III Sempre que um tumor do seio levar 20, 30 annos a se desen- volver, poderemos, qualquer que seja o seu volume, estar quasi certos de que elle não é canceroso ; todavia, não devemos esquecer que o squirrho pôde, nas mulheres velhas, affectar por muitos annos modos completamente inoffensivos. CADEIRA DE OBSTETRÍCIA Delivramento I Chama-se delivramento á expulsão natural ou á extracção das secundinas ou annexos do feto para fora dos órgãos maternos. II As secundinas ou annexos do feto comprehendem a placenta, o cordão umbilical e as membranas do ovo. III Dous tempos se observam no mecanismo da expulsão das secun- dinas : seu descollamento e sua expulsão definitiva. — 81 — CADEIRA DE PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR Das tincturas e alcoolaturas : suas applicações em medicina I Tincturas alcoólicas ou alcooleos são preparações que obtêm-se tratando pelo álcool diversas substancias medicamentosas. Estas ulti- mas são seccas e tratadas, quer por solução simples (tintura de iodo, álcool camphorado, etc),quer por maceração por tempo indeterminado (tinctura de quina, de ópio (Paulier). II Alcoolaturas são tincturas alcoólicas obtidas ou feitas com plantas frescas (alcoolaturas d'aconito, de cicuta, belladona, digitalis, estra- monio, meimendro, alface brava, arnica, etc). III Tanto as tincturas como as alcoolaturas são muito empregadas em medicina, quer externa quer internamente. Não é indifferente empregar-se nas mesmas doses as tincturas e as alcoolaturas. CADEIRA DE ANATOMIA CIRÚRGICA, MEDICINA OPERA- TORIAE APPARELHOS Da lithotricia de Bigelow I O methodo de Bigelow, por elle descripto sob o nome de lithola- paxia ou lithotricia rápida com evacuação tem por fim praticar a eva- cuação d'um calculo em uma só sessão de duas horas no máximo. -n 1886-A — 82 II Na litholapaxia, após a trituração do calculo, faz-se a sua extracção por meio de um apparelho aspirador, composto de tubos rectos e curvos, que se introduz na bexiga, e que estão ligados por meio d'um tubo de caoutchouc munido de uma bomba especial, que consiste em uma pera de caoutchouc, montada em um cylindro de vidro. III O methodo de Bigelow (1878) com a modificação introduzida por Guyon, é o que ha de mais recente na operação da lithotricia. CADEIRA DE MEDICINA LEGAL E TOXICOLOGIA Cremação dos cadáveres sob o ponto de vista medico-legal I A adopção da cremação dos cadáveres faria correr a sociedade os mais graves perigos. II A cremação dos cadáveres torna impossível a demonstração d'um crime e a punição do culpado, assim como tira todos os meios de justi- ficação a um innocente injustamente accusado. Queimar os cadáveres é queimar, é destruir a prova dos crimes e a provada innocencia. III Reservamos a cremação para as grandes epidemias, os casos de força maior, por exemplo, a cremação dos mortos nos campos de batalha ; fora d'esses casos excepcionaes, repellimos formalmente a cremação sob o ponto de vista medico-legal. — 83 — CADEIRA DE HYGIENE E HISTORIA DA MEDICINA üa prophylaxia geral das moléstias transmissíveis I As innoculações preventivas representam papel importante na prophylaxia das moléstias transmissíveis. II As quarentenas são medidas quasi sempre efficazes contra a im- portação de muitas moléstias transmissíveis. III E' de máxima importância a destruição completa dos germens mórbidos contidos nas excreções de doentes affectados de moléstias transmissíveis por contagio. PRIMEIRA CADEIRA DE CLINICA MEDICA Das condições pathogenicas do delirio nas affecçõ3s orjanicas do coração I O delirio nas affecções orgânicas do coração está ligado a alte- rações que se dão no sangue que nutre o encephalo. II Essas alterações do sangue dando logar ao delirio nas affecções orgânicas do coração são qualitativas e quantitativas. III O excesso de gaz carbônico no sangue e a anemia cerebral são as duas condições pathogenicas do delirio nas lesões oro vai vu- Jares graves. — 84 — PRIMEIRA CADEIRA DE CLINICA CIRÚRGICA E.tudo comparativo dos differentes methodos de tratamento dos estrei- tamentos orgânicos da urethra I São quatro os príncipaes methodos operatorios para o trata- mento dos estreitamentos orgânicos da urethra, a saber: cauteri- sação, dilatação, urethrotomia interna e urethrotomia externa. II Nenhum methodo de tratamento pôde convir a todas as varie- dades de estreitamentos. III A dilatação e a urethrotomia são os methodos operatorios que melhores resultados têm dado no tratamento dos estreitamentos or- gânicos da urethra. CADEIRA DE CLINICA PSYCHIATRICA Da periencephalite diffusa ; suas fôrmas chimicas I Entre os caracteres clínicos da paralysia geral são de grande importância a hesitação da palavra, a desigualdade pupillar, as perturbações sensitivas e motoras, o tremor da lingua e dos lá- bios, etc, etc. II As perturbações da intelligencia na paralysia geral apresentam um fundo de demência, que se caracterisa pelo enfraquecimento das faculdades intellectuaes, e que não pôde ser dispensada ao lado das circumstancias, que contribuem para o diagnostico. — 85 — III As fôrmas clinicas da períencephalíte diffusa são : Io, fôrma paralytica ou paralysia geral sem alienação ; 2o, fôrma espinhal ou ascendente ; 3o, fôrma congestiva; 4o, fôrma melancólica; 5o, fôrma expansiva ; 6o, fôrma convulsiva ou epiléptica (Bali.) HIPPOCRATIS APHORISMI I Yita brevis, ars longa, occasio proeceps, experientia fallax, judicium difficile. fSectio I. Aph. i). II Deliria, quse cum risu fiunt, tutiora. At quse studio adhibito, periculosiora. (Sectio VI. Aph. 53). III Ubi deliriura somnus sedaverit, bonum. (Sectio It. Aph. 2). IV Metus et tristitia si diü perseverint, melancholise istud indi- cium est. (Sectio VI. Aph. 23). V Quibus pars aliqua corporis dolet neque fèrè dolorem sentiunt, iis mens cegrotat. (Sectio II, Aph. 6). VI Quae, pauco tempore ferocia fiunt deliria, immania fiunt. (Sectio I. Aph. 25). Esta these está conforme aos estatutos. Rio, 26 de Julho de 1886. Dr. Brandão. Dr. Crissiuma. Dr. Francisco de Castro. ny '/A • . %■ "> ■j*!t?>"''