r Esta these está conforme aos Estatutos. Rio de Janeiro 1.° de Novembro de 1847. Dr. João José de Carvalho. nmcô. cryd/: /v^? 'jUJ&írwS >ue_^i£k> — se pcderá dizer, que cila lem tanto mais obstáculos a vencer, quan- to he maÍ9 elevada em sua própria excellencia. Daqui vem, que, não sendo sempre livre de trabalhos e riscos o acto da concepção, muito menos o he também em certos casos, o da parturição: quan- tas veses não tem sido arrebatadas á esta vida, ao grêmio de suas famílias, as mais ternas creaturas no momento mesmo, em que 9e jul- gava© mães, e esperaváo ter em seos braços o caro frueto de seo amor. uiaternal?!. Os deveres conjugaes tão estreitamente ligados aos da propa- gação da espécie, e que fazem em grande parte as delicias da Socie- dade, mantendo-lhe sua duração e bons costumes, são enlutado*, ás vezes, por acontecimentos tanto mais dolorosos e cruéis, quanto pareciáo menos esperados!,. Assim, si a Medicina alquando poda conjurar seos valiosos recursos, e favorável prestar-se ao cumpri- mento do mais importante volo da natureza; em outras occasiôet em balde se nxforçaria a mão do Operador para conseguir inerme láo feliz resultado: he necessário então, que o Medico* armaa- dose dos coaipetentes instrumentos procure com os maiores sa- ci ificios praticar o que só á elle, e á sua sciencia parece ter 9ido reservado. Então um profundo conhecimento anatômico das partes, em que os tiver de applicar ha de sobre medo ajudai o: elle deve ler mui!o em visla a cabeça do feto, e a cavidade pelviana, dirigin- do-se com toda a circunspecção nVste árduo exame.., Equando se tracta de salvar a Mãe e o filho, ou de sacrificar esle por amor d'aquella, o Medico, moralmente fallando. não deixa de assimilhar- se ao Supremo Creador. São graves as conseqüências, e graves de- vem ser todos os seos juisos! As convnlções, as hemoirhagias, o congestões, a prostração de forças e mil outros accidontes seri.io |á de sobra para o terem em completa hesitação. Mas como o suecesso acompanha, naturalmente, ao conhecimento e á razão das coizas, e a disposição premeditada para qualquer acçáo, a que nos propo. zemos, previne sobre os actuaes, e supervenientes accontecimentos ou obstáculos menos conhecidos e apreciados, o certo he, que a hu- manidade o reclama, e o Medico não a pode, e nem a deve aban. donar. Os Irmãos Machabeos em Cesaréa se lançarão ás flammas por amor da Religião. O Rei Cecropio obedecendo ao Oráculo se immolara pela a- dorada Alhenas. Mucio Scevola redusia á cinzas aquella mão, que menos certeira não livrara Roma do seo sitiador Porcena. {*, tanta dedicação e heroísmo, que nos revèlão as paginas da historia, nos não tocaráõ para no nosso foro medico, e sobre feitos por demais úteis, adqui- rirmos também algum nome, e respeitoJ?! Que este nosso trabalho tem grandes imperfeições, e defeitos, ninguém o duvidará . Contudo a magnitude, e importância da ma- — 7 — teria, em relação com a nossa pequena capacidade intellcctual, são motivos assaz poderosos para os explicar. Fizemos quanto nos foi possível, não para obter louvores, poréai tão somente obedecer ao preceito. $) Vitavi dcnique culpami JSon laudem merui. (3) Iloracio, arl.—poet. CONSIDERAÇÕES GERAES. A applicaçâo dos instrumentos cortantes no corpo da mulher tem algumas veses por fim salvar o menino, que não pode passar pelas vias naturaes, e d'esl'arte dar-lhe um caminho mais fácil. Estes instrumentos Irazem sempre a tristesa, e consternação ás .famílias, e muitas vezes põem termo á vida da infeliz parturiente. Convém pois , que só sejão empregados , quando houver impossibilidade absoluta de nasrer o menino pelo caminho, que a naturesa tem prescri- pio , e quando elle estiver vivo. Se não observar-mos estas duas condições, seremos, e com razão, considerados anles flag. I os da humanidade, do que ministros da naturesa, seremos antes hom ci- clas, do que prudentes parteiros. Assim, quando não houver uma impossibilidade physica da sahida ou exlraçáo do feto pela fieira natural, ou quando o feto estiver morto no ventre materno, nunca deveremos lançar mão de similhantes instrumentos, porque a arte possue outros meios mais favoráveis á parturiente Há circunstancias porem, em que^ não obstante a morte do feto, faz-se neceoarh a applicaçâo dos instrumentos; quando por exemplo houver impossi- bilidade no ehiprego da embryotomia, quando na ruptura do utero o feto cahir no abdomem, ou quando finalmente em numa concep- ção extra-uterina, nas trompas, ou nos ovarios, se tem desenvolvido. Nestes casos, felizmente raros, sempre se tende a salvar a mulher, cuja morte seria cerla; e que parteiro, em similhantes casos, se tornaria mero expectador da morte da infeliz? certo que se ahum lem havido, he mais por ignorância, do que por deshumanidade que deve de ser considerada a sua reprehensivcl condueta..... Reconhecer e determinar quaes as causas, que exigem a applica- çâo dos instrumentos cortantes sobre o corpo da mulher, è uma das cousas á que cuidadosamente deve o parteiro attender. Uma im- perforaçáo fortuita ou pathologica da vulva, da vagina, ou do colo do utero; e particularmente a excessiva estreitêsa da bacia, impos- 5 — 10 — sibilitâo a passagem do feto. Cada uma d'estas cauzas exi^e diíTe- renles indicações, afim de ajudar a natureza ora menos potente. iNo Io caso, deve-se abrir o caminho ao feto atravez dos órgãos genitaes da mulher; nada complica esta operação, tudo n'ella c simples: iNo 2o ou se há-de alargar a bacia, ou dar sahida ao feto por cotre as paredes abdominaes: diílicil e perigosa empreza!.... Más dado o cazo, alguém se ha lembrado de diminuir o volume do feto para facilitar a sua sahida: o que comtudo nos repugna, porque seria faser huma viclima e sacrificar um ente por cuja conservação se devem fazer os maiores exforços. Mão a adoptariamos, embora aconselhado por práticos recomendáveis da Inglaterra Já que falíamos na estreitêza da bacia e na impossibilidade da sahida do foto, não ommiltamos o que se sabe á respeito d'umi outra pratica seguida em Inglaterra, Alemanha etc queremos fal- tar do parlo provocado. Desde o século passado que alguns por- teiros, considerando a impossibilidade do parto nas mulheres, cujas bacias eráo viciadas, e atteodendo á certesa da viabilidade do feto, procurarão provocar o parto antes do tempo prescriplo pol a na» turesa: segundo nos refere Kelly, Macaulay foi o primeiro, que pozein pratica símelhante operação; uns dizem, que fora A, Petit. quem primeiro coocebôia similhanle idéa , outros porem attribuein-na a Puzos: há na historia grande escuridão e embaraço á este respeilo. Comtudo, pouco importa á sciencia, que fosse Deventer, Macaulay, ou Puzos o primeiro, que se lembrasse d'esta pratica; o que im- porta porem é dar lhe o que de valimento merecer. Barlow publi- cou uma memória, em que demonstrou, que o parto forçado de- via ser substituído pelas operações Cesariana e Sigualtiana. MM, D* Davis, Clough, Wigand, Bange, Blundell tem ao depois susten- tado a doctrina de Borlow; e entre os Erancezcs o pirto provoca- do há desde muito cahido em desuso, Em verdade, nada há de mais repugnante aos princípios dar- te, de mais incerto, e que ponha mais em risco a vida do me- nino e da mãe , do que similhanle pratica 1 Demais, como conhecer a época , em que se deve provocar o parto ? (.orno se poderá determinar no ventre materno, e com certeza, a relação entre o feto e a bacia ?. Hè um attentado contra as leis Divinas e humanas, diz Capuron t é uma pratica sobremodo arriscada. A quantos males se não exporia a infeliz mulher? determinar um parto antes do tempo, que a natureza tem julgado conveniente, è forçal-a, e expol-a á graves accidenles, c seria, alem de imprudência, cri. minoza arrogância no Medico. Não menos há sido lembrada a destruição do embrião, f o aborto provocado) e á favor desta cruel pratica há exemplos na antigüidade. Os Gregos uzavâo muito do -11 — aborto. Aetio, e Paulo dT.gina o aconselhavâo, quando o diâmetro, sacro-pubianno tinha menos de duas polegadas, e então o punhão em pralica do 3 ° ao f).° mez I Era outro sacrifício não menos cruel o submelter indivíduos, cuja conservação nos impõem os maiores disvellos, á tão variáveis presumpções E antes de tão mortiíicautc certeza, e dolorozo sacrifício, não he preferível esperar pelo (empo do trabalho? ; e um d'esses even- tos, que muitas vezes não prevemos , não se poderá manifestar? Será melhor acabar com a vida d'um ser da nossa espécie, do que fa»er a operação Cesariana ou Sigaullianal Responda um juizo im- parcial, e pratique-a um Medico sábio e experiente. A symphysiotomia sendo um meio, que pode augmentar os diâmetros da bacia , e a operação Cesariana sendo por extençãò este meio levado ao ultimo extremo, recorramos á elles, sim, mas deixemos que antes a naturesa desenvolva suas leis, c ma- nifeste os seos mistérios. DA SYMPHYSIOTOMIA , OU OPERAÇÃO 8IGAUL- TIANA. Sobre a origem e historia desta operação, ha em verdade grande duvida na sciencia. porém não teve ella seo incremento desde a mais alta antigüidade, como suppoem os modernos le- gados por essas tradições vulgares, de que falia Riolano (4), e Pare (.>), fazendo crer, que em diversos paizes se quebraváo os ossos púbis ás mulheres, desde seo nascimento , á fim de lhes facilitar a parturição Galeno diz — non tantum dilatari, sed et secari luto passunt, ut inlernis succurratur —Por este juizo parece ter sido este author o primeiro que projectou similhante operação, bem que fosse somnte apresentada 14 séculos depois por Pineau, e mesmo assim por muito tempo hesitando-se sobre suas conse- qüências, diz Lauvergett ninguém ousará praticai a sobre mulher viva, quando um estudante de medicina, Sigault, apresentou á tal respeito em i768 uma memória á Academia de Chirurgia de Pariz. Foi grande a opposiçáo feita ao novo Author, e den- tre outros de reconhecido mérito Blumenbach foi , quem inaÍ9 (%) Manual anatômico. (5) Livro 2i—cap. 13, pag. 696. — 12-i contrariou a sua prctençâo, suppondo, que a separarão do p\i- bis era devida ao relaxamento das partes mollcs. Entretanto que llhoederer, achando possível a separação articular, julgava a cabeça do fvto muito molle para manter separados os ossos púbis. E nào obstante as allusões , e intrigas fulminadas conlra o jovem inventor, este não vacillon um só momento, continuando irtlrepi- s pez, se elles são rle termo e d'uma prewhez ordinária? Nenhum, diz o Sr. Capuron; assim, pois, não é pe|a impossibilidade na exlracção do feto pelos pés, que 50 faz indispensável a operação Cesariana. Quando uma baci i é mal conformada, os seos diâmetros são re- lativamente menores, que os da cabeça do feto: assim, quando o es- treito superior tiver menos de duas polegadas e meia , a naturesa pendo impotente para evpellir o feto, a mão e o forceps insuflicientes para extrahir, a operação Cesariana torna-se indispensável, sendo ella ainda preferível à embriotomia, quando a bacia liver menos de __03__. duas polegadas , pois que então o desmembramento do feto srna mais perigoso para á infeliz mãe. do que a operação Cesariana. Des- graçadamente outras circunstancias ainda tornào necessária, e indis- pensável esta operação; é assim, que muitas vezes as tentativas de versão, e a applicaçâo do foreeps occasionâo uma larga ruptura ulen • vaginal ; a bacia è mal conformada, o feto sem vido appresenta a face ; a vulva, a vagina, e todos os demais órgãos contidos na bacia, estando vermelhos, inílammados e endurecidos: o mesmo utero quasi a despregar se da vagiria, a mulher fraca e abatida e quasi a t xalar os últimos suspiros... . Em similhantes circunstancias, não será preferível a operação á uma morte certa? E' um momento de iocerlesa para o Medico, porem antes vêl-a morrer debaixo do ins- trumento Cesariano, do que no trabalho do parlo, e sem soccorro. Em caso idêntico praticou o Sr. Velpeau em 1833 esta operação em pre- sença dos MM. Mayjjrier, Monüu, Ilalma-Grand, e Bientou, porem leve a infelicidade de ver a infeliz succumbir algum tempo de- pois......antes isso A operação Cesariana ainda é bem indicada, todas as veses que uma exostose da bacia ou um tumor das partes molles, fazem um o- hslacolo invencível á naturesa, á mão, ou ao foreeps Porem quanlas excepções, felizmente nâo se appresentáo na pratica? Muitas veses, mulheres que tem sido sentenciadas a faca Cesariana, parem natural- mente: sim podemos avaliar mais ou menos com o pelumetro ou coui os dedos, as dimensões da bacia ; o mesmo não se dá infelizmente pelo que respeita as dimensões e solide* da cabeça do feto: eis a ra- yáo, porque a natureza muitas vezes parece zombar dos nossos cálcu- los Ora, si o menino tem a cabeça muito estreita e delgada, não po- derá passar por uma bacia estreita ; nada ha mais natural, pois que ha relação dos diâmetros da bacia aos da cabeça do feto Mas, infe- li/meute (repetimos) são rarissimos estes exemplos A infeliz mulher que no trabalho do seu parto lem succumbído, ou enlào durante os últimos mezes da prenhea (18) sem expellir o feio, deve necessária- mente ser operada, devendo-se então attender, que assim como o menino è quasi sempre o primeiro á perder a existência, lambem ac. rontece que por ve/.es depois da morte da mãe, elle conserva a vida; se é possível crer n'essas observações de meninos, que se tem conser- vado vivos depois de &2, 2|, c mesmo 48 horas além da morte ma- terna A Princesa de Schwarlzemberg, faliecida em Pariz em consequen- (18) Antes do sétimo mez o feto não se deve snppor viável, mas náo obstante isto, devcr-se-ha praticar a operação antes d'esse tempo, à fim de baplisal-o. K' este o costume em todos os paizes Calholicos. — 21 — cía de Unia queimadura, foi aberta no dia seguinte, c o feto ainda se achava vivo. Millol refere-nos o caso de uma mulher, cujo feto ainda gosavi de vida .'|S horas depois d'ella morta Si similhantf s successos são inve- rossímeis, náo accontece o mesmo á cerca de alguns outros, de que a historia é fiel d< posilario, e è assim, que Guillemean, Deleau e outros tem salvado á muitos meninos immcdialamente depois da morte das mães. M lluguier obteve o mesmo resultado em uma mulher phthisioa morta no hospital de S Luiz. Porem, náo obstante toda a prestesa, muitas veses nâo se chega a tirar do seio materno senão um cadáver: os exemplos referidos pelos Srs, .lollv. Lauverjat, e Rieche moslrão evidentemente o que hemos dito. Em verdade como continuar à viver o feto, quando já não existe communicaçâo circulatória directa enlre a placenla e o utero? Morta poisa mãe, o menho nio poderá gosir de vida, senão por alguns minutos: e então é bem inútil a operação Cesaiiana. Entrela íto a ley Romana (lex Regia1 ordenava aos Médicos a aberturi d ís mulheres, que morriio nos últimos mczes da pre- ohez, O Senado de Veneza decretou em 1708, e 17*21 punição aos Médicos, qne náo operassem com o mesmo cui lado, que durante a vida, a niilher supposta m >rta Em verdade esse cuidado deve ter todo o Medico, que procurar fizer a operação Cesariana 0,1 mulher morta, porque muitas vezes é uma morte apparente, e então a incu. ria a realisaria, nem è isso uma cousa sem exemplos Quantas mulh"- res, náo tem havido, que nos lugubres andr.-ijos da morte tem revi- vido? Van Swietem, e Baudelocque cilâo trez observações fie mulheres julgadas mortas, nas qnaes se hia praticar a operação Osariana, quan- do (ornarão á si do lelhargo. em que de ha muito jaziáo. Peu come- çava a incisar, quando a mulher fez im movimento acompanhado de rangidos de dentes. Ticuchiuitli, Higaudeaux, e outros relerem idên- ticos exemplos. Convém pois, diz o Sr. Yelpeau, (\9) que o Medico c!i imado para ver uma mulher, que acaba de fallecer no trabalho do parto, exami- ne a bacia, o utero e feto , e procure extrahil-o pelas vias nalurae» , quando houver possibilidade. E n'este caso sendo indispensável a ope- ração Cesariana, prali me-a segundo as mesmas regras, e com o mes- mo cuidado como sobre a mulher viva Bem provada a urgente necessidade de submetler a infeliz mu- lher no trabalho do seo parto á e-ta tão dolorosa operação ; convém praticai a, não ao acaso, porém atlendendo a pprle do abdômen, em que e mauriceau —Oprocesso de Mauriceau consiste em incisar o ventre sobre a linha al\a, Deleury*, qneiendo oííuscar a gloria de Mauriceau, tem ditto, que este | rucesso è devido á Guemin, 011 Yaroquier ; outros o lem altnbuido a Platner, porem Mauriceau, diz o sr, Velpeau, è o »eo verda- deiro author, pois que de ha muilo elle ja se havia pronunciado nos seguintes lermos. — La plupart veulenf qu"on incise au côtè gauchn du ven- íre, mais l'ouverhire será mieux au melien entre les musclcs droits, cur'il n'ya en tel endroit que les U-gumens ei les muscles â couper (251. Lauverjal linha posto em pratica este processo [26] que tem tam* bem sido abraçado pelo sábio parteiro Baudelocque, e que tem sido geralmente seguido na França, Inglaterra, c Alemanha. Assim como o precedente, este processo tem utilidades e inconvenientes ; se pois è menos doloroso, se as artérias não são lesadas, se finalmente o utero e cortado parallelamente a suas principaes fibras, também tem os inconvenientes de expor a bexiga á algumas soluções de con- tinuidade, de dimeultar, e mesmo impossibilitar a sahida dos líqui- dos, quer antes, quer depois da operação, de prolongar a cicatrisa- çáo, e de conlrahindo-se o utero, aílastar os lábios da sua grande fe- rida, em lugar de os unir São estes os inconvenientes, que os antigos no seu processo da abertura lateral do abdomem quiserão prevenir, porem como ja o dioemos quer um, quer outro lem defeitos, os quaes o sr. Lauverjal no seguinte processo suppoem prevenir 3." ou processo na eauvrimvt. — Lauverjat, que havia sempre reconhecido grandes vantagens no processo dos antigos, ao depois re- conhecendo lambem os defeitos náo só do I, como do 2. dos proces- sos, (Mauriceau) e procurando evital-os, poz em pratica um outro ja (23) Peu. (2r) Como o utero appresenta quasi sempre um movimento de torção sobro o seo eixo inclinando-sc d*um ou outro lado, tem-se julgado, que cor- tando-sc sobre a linha alva, a incisào cahiria antes sobre o seo bordo esquerdo, do que no meio da região anterior, Velpeau pag. 41b\ E' este um dos» iucou- veuientes do processo de Mauriceau. f25) Velpeau—partos.—Tomo 2., pag. kGQ. \'Ãti) Lauverjal o poz em pratica em 1778 antes de Delcurye. — 27 — seguido por alguns pratico*. Este consiste em uma incisáo transveri sal de cinco polegadas, pouco mais ou menos, entre o músculo recto e a eolumuu vertebral, mais ou menos a baixo da 3. falsa costella, se- gando que o fundo do utero esta mais ou menos afastado. Esle pro- cesso, de que falláo muitos práticos, tinha sido poslo em pralica eni un a mulher pi>r Pipelel, e ao depois em uma outra por Sauson. IVcs- le processo, diz o seo aulhor, ha antes um afastamento, do que divisão das fibras do músculo transverso, evitão se as artérias epigastrica, minaes ; Ritgen, finalmente afim de evitar o peritmeo, propoz, que se fizesse uma ineisào semilunar desde a es* pinha iliaca antero superior até a espinha do púbis: processos estes, que somente lem sido seguidos na Alemanha (£9). REFLEXÕES. Tantos e tâo variados processos assaz mostrão, qujio difficil c gra- ve è a operação Cesariana, porem a oceasiáo exige um recurso ; (ocea* (27) Lugar em quo com facilidade se appresenlao as hérnias. (28) Velpeau—partos. —Tomo 2., pag. 400. Ubra cilada. (2í)| O Sr, Velpeau julgou conveniente, que a incisáo das paredes abdomi- naes fosse feita na parle mais saliente do utero. Assim antes da rwtura da bolça das a^uas, e quasi constantemente a direita. Depois da rulura c ordinariam«i»li« ua linha alva,—Velpeau t 2 pag. 4bü, partos. — 20 — sio prceceps) a infeliz mulher antnlha uma morte certa, e nenhum ou- lm meio ha; e embora Iodos os receios da mulher, de sua atribulada fan.ilia, e do Medico, a operação será a ultima indicação, e deverá ser praticada. Mas porque maneira deverá ella ser executada ? Já analysamos todos os processos; conhecemos todos os seos inconvenientes, e com- parando-os vimos, que alguns mais que outros olíereciáo resultados felizes, menos perigo, e talvez mais segurança para á mulher. Assim, pois, julgamos preferível o processo de Mauriceau, nâo «bstante Io- dos os accídentes d'uma tão grave operação, porque evitando-se gra- ve lumorrhagia, da se uma sahida mais fácil ao feto, faz se uma in- cisáo menos dolorosa: é esta a pratica de Lauverjat, Baudelocque, e doutros práticos da Prança, Inglaterra, e Alemanha. Os outros processos são mais difliceis, e d'entre elles alguns são inadmissíveis, posto que sejão assaz satisfactorios em,theoria: quantas difíicnldades nâo ha nos de Phvsick, e Baudelocque r Muito embo- ra digâo os seos aulhores, que elles previnem a lesão do peritoneo, dos gr mdes vasos, e a grande abertura do utero, com tudo gran» des e invencíveis são as diííiculdades, que os tornâo impraticáveis. Ot> antigos, e Lauverjat com os seos processos angmentaráo dimcnlda- des, quando suppunháa minorul-as. Pelo que feita a escolha do processo, em que tempo do parto deverá ser elle executado ? Será no começo, ou no meio do trabalho ? MVsta, como nas outras ope- Iações, ha sempre um (empo de necessidade, e outro de eleição, ou escolha. As?dm, na mulher viva, depois da ruptura do saco das águas, si alguma indicação mais urgente nâo apparecer, haverá lugar o pri« ineiro tempo, o de necessidade. l\a mulher morta é urgente a operação, porque muitas veses o feto ainda se acha vivo; e então uma practica contraria poderia votar no túmulo um indivíduo gozando de vida; e nem só é urgente na mu- lher morta, como lambem na viva, quando, depois da ruptura do saco das águas, nenhum outro meio possa soccorrer á infeliz partu- riente; é um tempo de necessidade, e qualquer delonga seria fatal â mãe, e ao filho. Como dissemos, há um outro tempo, e esle é o da escolha do pratico; e devendo-se escolher o tempo para praticar-se a operação, o mais favorável será antes da sahida das águas, comlanto que o trabalho esteja em sen vigor, as dores sejão continuas, o collo do utero bastante dilatado, c seu orifício aberto para dar sabida aos lochios. Praticando se a operação n'esta oceasiâo, diz Levret t a extensão que se dá ás incisões, tanto do ventre, como do utero, será muito menor depois di exlracçáo do menino. DeíTerir a operação para depo- — 30 — is da sahida das águas do amnios, diz um pratico^ é expor a mulher á inércia ulerina, â hemorrhagia, e á uma inorle certa. MANUAL OPERATOUIO. Sem que se nâo esteja assaz convencido da mà conformação da bacia, e da necessidade da operação Cesariana, não se deverá lan- çar máo do instrumento para praticai a. Seria muito degradante ao pratico operar uma mulher, cuja bacia náo apresentasse difliculdade alguma á Sahida do feto. Determinada porém a operação nâo se deverá introduzir a mulher n'agua, corno tem feito Ailken, e M San ois, afim de impedir a entrada do ar no peritoneo. ÍNada ha de mais irrisó- rio, e que menos mereça seria refutaçáo, do que similhante pratica, Como nas grandes operações, a mulher deve submetler-se à alguns preparativos: serão talvez convenientes as sangrias, os banhos, e os purgantes. Os instrumentos, e mais misteres (5o) para a operação, estarão promptos longe das vistas da mulher. Depois de tudo dis- posto devcr-se-ha evacuar a be.xig.i, afim de prevenir alguma lesão, principalmente si se houver de empregar o processo de Mauriceau. Alguns parteiros, como Plunchon, rompem a bolça das águas antes de incisar o utero, afim de esvasianda as membraius, prevenir o der- ramamento do liquido amniolico no peritoneo, e de evitar a hemor- rhagia, c inércia do utero. Ora, si estes accídentes sào temíveis, naõ menos o são os que provêm da ruptura da bolça das águas antes de incisar o utero: assim nada á, que tanto incommoJe ao operador, (e que mais ameace à desgraçada mulher, que vae ser entregue ao cutcllo Cesariano, do que as coaíraceóes violentas do utero. Demais estando o ovo inteiro, há mais facilidade na extração do menino ; e a lerida do abdômen e utero reduz-se à menores dimensões, li' pois preferível em lodo o caso conservar a bolça amniolica: era este o pen- sar do celebre Desormeaux e de muitos outros parleiros de igual nomea- da. A mulher deve ser operada no leito, em que se lem de conservar durante todo o curativo, guardar uma posição commoda sobre o dorso com a cabeça elevada, as pernas, e coxas um pouco dobradas, e sus- tentadas por ajudantes zelosos, e altenlos ao menor movimento de dor. Dous outros ajudantes sáo necessários para circunscreverem com as mãos o utero; e d'est'arte afastarem alguma outra víscera, que se (30J O apparelho consta de bisturis convexos, e abotoados , pinças, te- souras, agulhas de sutura, fios, tubos de pennas, tiras ajdutinnlivas, com. pressas, ataduras, esponjas, canulas de gomma elástica, seringas, água tepi da, vinho, etc. — 31 — pos»a pôr entrVIle e as paredes abdominaes (31) Ao depois de ludd disposto, o ohirurgiáo faz a incisáo, (3a) começando de perto do embi** go (';">) atérdguma distancia do púbis; conditáo esta muito necessária* para que a bexiga náo seja oífndida, e porque n'esse ponto as pare- des abdominaes são muito espessas. As camadas dos diversos tecidos vão sendo suecessivamente divididas até chegar-se ao peritoneo, o qual è^ab; rio para dar passagem ao dedo indicador esquerdo, que s>erve de conduetor ao instrumento: a solução do peritoneo è augmen» lada por meio d'um bi-turí abotoado até tomar a extensão da abdo- minal. Depois da abertura do abdômen recommendase ao ajudante a compressão do fundo do utero, à fim de aproximal-o do angulo su- perior da ferida. Peito o que, pratica-se nelle com o bisluri abotoado uma incisáo parallela á abdominal, e mal se encontrâo as membranas, cortao-se com mnilo cuidado (para que nâo seja offendido o menino) somente em unia extensão sufliciente á introdução do indicador es- querdo, e ao bisluri abotoado, que vae continuar a cortar as paredes uterinas de dentro para fora em uma extensão sufliciente a passa- gem do feto (3/|) K' então que segundo o conselho de Planchon se deve ir rom- per a bolça das águas pela vagina, quer com os dedos, quer com o instrumento de Siebol, bastante usado na Alemanha, E'assim, que se prevenirá o derramamento das águas no peritoneo. Logo que esta parle da operarão tem-se concluído, procura se sem demora extrahir o feio; si elle se apresenta pelos pez ou nádegas, as contrac- ções uterinas bistá) muitas veses para o expellir. IN'o caso conlra- lio favorecesse a expulsão pela pressão lateral, ou com o index de cada mão, que se introduz debaixo dos ângulos da maxilla inferi- or. Immediatamcnte depois da sahida do feto, dever-se-há extrahir a placenta, nâo como qner Planchon, pela vagina, porém pela mesma abei tura ulerina. A primeira pratica, sendo inútil, expõem a mulher á accídentes (31) Hedeno, MM. Wallher e Kluge comprimem o utero applicaodo as rnáos sobre largas esponjas. O mesmo tem leito o Sr. Velpeau. (32 Para fazer-se a incisáo nao 6 necessário formar-se com a pelle uma prega, como quer o Sr. Levret. (33) Algumas veses ieva-se a incisáo alem do embigo, e sempre ao seu lado esquerdo, afim de cvilar a veia umbilical, e a anastomose que pode haver entre ella e a veia epigastrica: (3\) Levret aconselhava, que se penetrasse no abdômen e utero, afim de dividir esta víscera de baixo para cima, juntamente com os músculos. Em verdade similliadte conselho em nada honra ao seo uuthor, poise peri- goso, c como tal pouco recomendável na pratica. — 32 — graves, em quanto que a segunda é fácil, c cm nada pôde compro- metler o feliz evito da operação. Fxtrahido o feto ea placenta Iodas as membranas deveiáõ ser tiradas torcidas à maneira d'uma corda como no parto natural, para que náo fique no utero a menor porção; todos os coágulos sangüíneos, todos os líquidos derramados deverão lambem ser tirados, náo como quer Stein 3õ), Baudelocque (56), Tarbis (3;),Rousset (38), porém por meio de loções com água tepida. CURATIVO. Terminada a operação, a primeira cousa á fazer-se é obviar a hemorrhagia (39), é esta a primeira indicação em toda a operação, pois nada ha, que tanto ameaceao operado, e assuste o operador como uma perda sangüínea considerável. Deve-se laser n'esta operação a liga- dura, á medida que os vasos vão sendo divididos. Sièbold, e M. Bitgen tem prescripto a obliteração com fios, porém isloé um meio todo im- proficuo, e que acabaria irritando o utero. i\áo menos inútil é a cauterisaçáo, proposta por Deluerye, ou o espirito de vinho, e o balsamo de copaiba Todos estes hemoslatieos sâo imiteis, dolorosos, e prejudiciaes; o meio mais seguro do faser parar a hemorrhagia é excitar as paredes uterinas com os dedos, ou panos de agtia euvi- nagrada, e deslarte promover as contracçáos uterinas, A chirurgia inodeina tem banido todas estas substancias, dittas vulnerarias, que alguns parteiros aconselháo para esta e outras lesões ; em igual es- quecimento também tem cabido o conselho de Michaelis 3o) 'enden- te á cxtirpação do utero, e o de Blundell (/jí) quanto á incisáo das trcmpas de Fallopio Similhantes conselhos indicâo ignorância da anatomia e physiulogra, e do verdadeiio fim da crtaçâo, e nio->tráo alem disto o mais requintado charlatanismo, que em nada a< redita seos aulhorcs. (35 Stein queria, que se ttitrodusisse na cavidade uteriua uma porçío de esponja, que ali se deixava ficar, já para servir de ponto de apoio, e já paia absorver os humores e injeções. (36) Baudelocque inlrodusia uma mexa afim de ter o collo aberto, (37) Tarbis usava d'uma sonda. (38) Kousset duma tenta. Todos estes meios, longe de prevenir a oblifcr.i- rffo do orifício, o irritaria, tornando-se d'esta maneira prejudicial. O dedo basta pata abrir, c dar sahida ás matérias. (3Í)) No processo lateral, e no de Lauverjat muitas arteriolas podem ser dividiuts. l'*0) Michaelis propojsm, afim de cvilar a fecundação ulterior, e a granda- reacção, a exlirpaçao do utero. (VI) Blundell com os mesmos iotentos que Michaelis, propõem a ia- cisão das trotunas de Fallopio. — 33 — Depois de se haver limpado o utero e abdômen dos coágulos san- güíneos, resta fazer a união da solução de continuidade, para o que muitos práticos, principalmente os da Alemanha, e da França, em- pregâo, ou a sutnra de pontos passados, ou a enlorlilhada ; porque, dizem elles, é o meio mais seguro de prevenir as hérnias {U). Houve práticos, que julgarão tâo necessária a sulura, que chegarão a dizer, que se deviáo por os fios antes de se abrir o utero, para que a reu- nião se íisesse mais cedo. Fnlre tanto um operador celebre, cujo no» me muito honra á sua pátria, o Sr, Depuytren. julgou desnecessária a sutnra, visto que irrita infallivelmenle as partes, o que é perigoso ; e antes preferio as liras aglutinativas; era também este o pensar de De- luerye. Porém considerando-se a direcçâo das fibras musculares do ab- dômen, as grandes contracçóes, e a tendência que lem os intestinos a subirem atravez da abertura, e mais que tudo os movimentos que a mulher pode involuntariamente executar com todo o corpo, não se poderá negar a utilidade e mesmo a necessidade das suluras, bem que se possão empregar as liras aglutinativas, as ataduras, e d*r uma posição favorável para ajudar a aeção das sutoras ; em todos os casos porem é necessário deixar o angulo inferior da solução de continui- dade livre, para dar pasngrm a mecha, e as matérias, que por ella devem de sahir. Depois de se haver assim reunido a fericta, cobre^se com ataduras untadis de cerôto simples, afim de diminuir a irrita- ção, e a que também podem oceasionar os fios, as compressas, e ata- duras, que são de um uzo necessário o'esta operação. Convém, que todos os músculos estejáo relaxados, para que a ferida se conserve reunida ; é esta pois uma das condições, que qualquer operador de- verá ler em vista. Feita a operação, o syslema nervoso acha se bas- tante agitado, os lochios podem, não sahindo pela vagina; acumular- se no abdômen, symptomas inflammatorios também podem apparecer; e o moral, que tem intrínseca relação com o phvsico (/|2) deve in« tctlüvelmente de estar muito abalado. l\ovos cuidados tem pois o ope- rador de prodigalisar â infeliz mulher , poções antispasmodicas opi- acias, bebidas diluentes, emissões sanguiueas geraes e locaes , so- ctgo de corpo e de espirito: eis tudo quanto em similhantes cir. cunslancias pertence ao Chirurgiáo aconselhar ou prescrever. Ten do nós concluído o que diz respeito á operação Cesariana, resta (V1) Zang, e Antenrieth. • [42j Crepúsculo—art. phrenologia. 0 Crepúsculo ô uma das emprezas litterarias que mais honrao a mocidade acadêmica: é um periódico que mais pode íufaluar a nossa pátria. 9 — 34 — hos ainda fazer um parallelo entre ella e a symphysiotomia, afim de conhecermos, qual tem maior applicaçâo, e é menos perigosa ; é mais üm trabalho, que tomamos sobie nossos débeis hombros. PARALEEkO ENTRE AvS OPERAÇÕES SYGAULTIANA, E CESARIANA. Tanto em ama como em outra operação há perigos para a mSe, è para o filho; assim a primeira, que é mais fácil, menos dolorosa, e menos funesta para á mulher, é mais diflicil e perigosa para o feto , auecedendo o inverso com a segunda. A operação Cesariana, empre- gada á tempo, e segundo os preceitos , que temos já indicado, dá a creança uma sahida mais fácil, e muito mais commoda, do que o lugar, que a previdente naturesa tem estabelecido para sua passa- gem. Estes movimentos, eslas Iracçóes, contusões, e violências do trabalho, que soíTre o menino atravessando a b&cia , produsem-lhe muito mais ineomtnodo e perigo à vida, do que uma larga e metho- dica abertura do abdômen e utere\ Porem por seo turno quanlo não soifre a infeliz iráe, que á ella se tem sujeitado? Si ao filho ha fácil sahida, e nenhum incommodo, á mãe pelo contrario cabe em partilha solFrer todos estes accídentes mortaes, que enumeramos; hemorrhagias, supressão dos lochios, inílaminaçáo, suppnraçáo, grangrenas, que quasi sempre sào seguidos da morte! Er o numero das máes^ que lem sido victimas d'tsta operação, Iriplicadameote maior, que o das que à ella tem sobrevivido: aindo uma vez invoca» mos em apoio desta assercáo a statislica do Sr. Velprau, e d'outros práticos de igual renome. Porém volvendo a gora as nossas vistas sobre a outra operação, (Symphysiotomia) o que è, que observare* mos? Fazendo-se abstracçáo do feto, è ella uma operação simples para a mãe, pois que uma pequena incisáo dos tegumentos, a lesão de algumas arteriolas fáceis de ligar-se, a secçáo duma car« tilagem pouco sensível c vitatisada, e pouco essencial á vida, náo estão em relação e comparação com as grandes lesões abdominaes, peritonéaes e uterinas, onde as grandes hemorrhagias, os espantoso» accídentes nervosos, e muitos outros de igual consideração, tornâo esta operação, além de grave, algumas veses mortal. Comtudo nâo é o mesmo para o filho que, depois de haver completado no carcera materno o tempo pnescripto pelo Creador, lem de entrar em com« munhâo com os seos similhantes, e d'elle receber água baptismal. Para com elle são maiores os trabalhos; estas iracçóes, e contu» — 35 — soes, de que temos fallado, lhe são inherentes, e tanto mais quanto a infeliz mãe é mais mal couformadi. Lemos na historia casos de mulheres, que, náo obslanle a symphysiotomia, não podendo dar sabida ao seu filho, sujeitárão-se á outra operação. (Cezariana.) Embora pois todas as diíficuldades, relativas ao feto, que ha na symphysiotomia, contudo ella deverá ser preferida à Cesariana, quan- do per si só possa dar livre passagem ao feto. Temos einfim terminado esse nosso trabalho! Eis o fructodas nos- sas locubraçóes; eis o nosso primogênito fora dos seus penates entre- gue, qual filho ausente dos lares paternos, á maldição dó mundo; eis em fim este nosso escripto entregue á sensatos leitores, e á zoilos niordazes. lluns lhe darão guarida eterna, outros o anathematizaráô, e cobrirão de baldóes; nâo faltará quem diga, que é ura plagialo (4-3) que não sabemos escrever os nomes dos authores, que citamos, e que em fim ha erros gratnmalicaes*, são estas as armas, de que se ser- vem os fracos inimigos, quando procuraõ combater argumentos con- trários, saóarmas ridículas e ignóbeis!...Vemos,que para um qualquer se tornar celebre, naõ é necessário queimar algum templo, similhan- te ao de Esepho, basta somente acobertado com a cap.i do anonvmo delrahir de pessoas de mérito pela imprensa. Si tivermos a mesma sorte que outros que pela vez primeira escrevem, entaõ resignar-nos- hemos, e um silencio despresador será a nossa resposta Einfim será bom, ou mào o nosso escripto, nada importa, e então responderemos, com o nosso collega o Sr Dr.Carigé Baratina [L\\ ], nos seguintes termos =Para aquelles cuja língua mordaz nada perdoa, nada lemos á dizer- lhes, senaó que escrevaó melhor para utilidade nossa e da nossa pa- pátria. Acabei: vós, meos sensatos juizes e mestres, perdoai ao novo escriptor , e perdoai aos seos erros, filhos d'uma acanhada intel- igência Terminaremos com as palavras de S, Yicenle de Paula:__ minha sorte está em vossas mãos: dizei uma palavra, e eu vivirei; dizei uma palavra, e eu morrerei. Ao depormos a penna, deveremos agradecer ao nosso sábio mestre o llf. Sr. Dr. Joaó Antunes d'Azevedo Chaves a cordial bon« dade, com que prazenleiro acceilou a presidência da nossa thésai FIM. (43j Veja-se o Commercio números 192, c 193. (to) These do meo muito talentoso collega o Sr. Dr. Carigé Baratina. PROPOSIÇÕES ISobre differentes ramos da Sciencia Medica. BOTÂNICA.— Nâo são somente as raiscs dos vegetaes os órgãos da absorção; mas sim as folhas, e as demais partes verdes, PHYSICA.— Quanto maior for a extençáo da superfície de um corpo, tanto será também maior a quantidade de calorico raiouanle, que delle se escapa. CíIIMICA.— A combinarão, entre dous ou mais corpos, está na rasáo de sua maior afiinidade. ANATOMIA.— As artérias são compostas de trez túnicas. PI1YS10LOGIA.— Todos os actos, que constituem a digestão, nâo podem somente ser explicados pela physica e chimica. PATHOLOGIA INTERNA.— Nas infiammações agudas o trac lamento, que a:ais comvêm è o antiphlogistico. PATHOLOGIA EXTERNA — O prognostico das queimaduras do 1.° e 2.° gênero segundo o Sr. Depuylren é sempre feliz. MATÉRIA MEDICA.— A acçâo curativa do mercúrio nâo é in- fallivcl na syphüis. PARTOS — Sendo possível, devemos preferir a Syuvphys:otomia á operação Cesariana. OPERAÇÒES.— Preferimos na operação Cesariana o processo d« Mauriceau. MEDICINA LEGAL,— Náo è licito provocar o aborto, HYGIENE.— O uso continuado das pimentas é muito ptejudict- ai à saúde. CLINICA INTERNA — O estudo da anatomia pathologicaé ãe grande importância na arte de diagnosticar. CLINICA EXTERNA.— Quando o cancro tem tocado o seu ultimo período, e se tem estabelecido a diathese, o prognostico é sempre fatal. •£#•$#- HYPPOCRATIS APHOR1SM1. ------ tm» aào «ir» —----_ 1.° Non satietas. non fames, neque aliud quicquam bonum est, quod supra naturae modum fuerit, Aph., 4«° ^ect« 2. 2.° In cetatibus autem talia eveniuot. Parvis quidem et recens nalis pueris aphtce vomitus, tusses, vigília?, pavores, umbilici imllamina- tiones, auiium humedilales. Aph. "25. Sect. 3.» <^, 3.« Sanguine multo eííuso, convulsio, aut singullus supervenieas, maiutu. Aph. 3.° Sect. 5.' 4.0 A tabe detento alvi profluvium superveniens , lelhale. Aph. 14. Sect. 5.* 5.° Mulierem in utero gerenlem ab acuto aliquo morbo corripi, lethale. Aph. 3o. Sect. 5." 6.» Mulieri, menslruis deficienlibus, é naribus sanguinem íluere, bonum. Aph, 33#-Sect. 5.a Remetlida ao Sr. Drc Antunes. Bahia 19 de Novembro de 1845. Almeida. Esta thése está conforme aos Estatutos. Bahia 2o de Novembro de 1845. Dr. João Antunes d Azevedo Chaves. Imprima-se. Bahia 20 de Novembro de 1845. Almeida. Typ. de Epifanio Pedroza. 18Í5.