tmuf. e* r^\ '<&44&ír*tS _.^L_& ^~~yy^\——wmmm—^—— m I......»>—>—Iwwi—— AO EXCEL. E REV. SR. D. ROMUALDO ANTÔNIO DE SEIXAS, MET150POLITA\0 E PRIMAZ DO BRAZII.. AO PADRE SYMBOLISANDO O SÁBIO. «Yet gol.....: . . .■ ? »Thm let the wiser make the rest obey; »And............ . » Be crown'd as Monarchs, or a Gvd ador'd.y) Great Nature spoke; observant Man obey d. Pope, Essay on Man., Ep. 3. Senlior. J&Jão me engano , — todo o affecto, dignaçaõ e benevolência, que , da vossa elevação, naõ haveis cessado de entornar por sobre a minha ca- beça, desse mesmo nada que meos talentos valem traz a raiz : — naõ me engano; porque vós , Intelligencia de primeira ordem , em contra das mediocridades que annivelaõ tudo, medrosas de quanto disponta um pou- co acima da superfície commum, vós , entre nós , quando em tão repe- tidas vezes, baixando da vossa altura, haveis tomado um lugar nas assem- bleas dos mancebos, nunca haveis faltado com uma palavra prophetica de animação áquelles que mais hardidos se internavaõ pelo mundo das lettras; e entre estes, Snr. , eu naõ hei sido talvez o menos honrado de vós. — Esta divida da Juventude, esta divida que vos eu devia taõ particular- mente , ha muito, se desejos ardentes o podessem, vol-a pagara, em par- te, digo; porque quem pode pagar por inteiro essa palavra de coragem, que ás vezes, — bem como a columna mysteriosa que estradava pelo de- serto os pobres desterrados, o povo de Deos, até á terra da promissão, — guia, ella só, sancto signal de alliança, por toda uma escabrosa vida de estudos, até lá á gloria? Mas como eu naõ queria vir depor nos degráos do sitiai do Dispo uma obra de Publicano; e a minha carreira, toda áspera sempre de pedras de obstáculo, me haja roubado o tempo de colher, inspirado das scien- cias sagradas, umas paginas não profanas, como o ha feito graõ nume- ro de médicos, (*) até hoje a offerenda do pensamento, a oblação do co- ração ahi onde nascera se ficou encolhida no silencio. (*) Vid. Apoio üe pour les Médecins contre ceux qui les aceusent dedéférertrop á ..y Porem este meo papel é de um ramo da sciencia medica: e como a Me- dicina naõ pode ser toda a « sciencia inchada » do Apóstolo; e antes na tradição, na historia e na rasão, (como arte que hade andar sempre em- balsamada em muito amor , ou em muita caridade ) os homens a vi- rão nascendo no Sanctuario, logo após abençoada da Religião , e mais tarde cultivada pela ordem Saccrdotal desde o Pastor Calholico da al- dca até o Bispo e o Pontífice; eil-o aqui que vol-o offereço, tremendo, pois é lao misquinho, como o « dinheiro da viuva. » Não é uma jóia louça á onar a mitra do Magno Sacerdote; naõ é a flor poética, nascida onde Chateaubriand se inspirava, paFa doirar-vos de illusOes maviosas e sanctas os instantes do descançar; são umas folhas pálidas, mortas como as do Outono, que só podem servir para juncar-vos o caminho...... aceital-as-heis? O Auctor. Ia nnluie, cl ote,s d d'um Préface histori- quo: Par P. J Amorcux, Médccin de Montpellicr. 1816.. E na bolla obra do Sr. Baião Viikrt—«f/initiiVajir des Puosivns» a Advortencie do Edictor. AOS J1JSO* PARENTES AMIGOS, E EM PARTICULAR AO SR. DEZ.or ALBINO JOSÉ BARBOZA DOLIVEIRA. Fw? duo tres/ve de tot superestis amici. Ovro. Trist. Lib. 1. v. 11. Peffiieno Sii; »;* a. Pela Segunda Vez. De uma lembrança agradecida tanto mais viva que lhe não tem faücscido, em cada um dia, o alimento dos serviços novos; segundo tributo, pobre, que lhes trago do caminho por onde me seguem como uma estrella amiga; diminuto grão de incenso, que não será o ultimo, com que a religião do meo coração lhes perfumará a sanctidade dos sacri- fícios — O Aüctoiu AO SR. DR. MALAQUIAS ALVARES DOS SANTOS, LENTE SUBSTITUTO NA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. Quando ha pouco a Eschola , á que pertenceis tão dignamente, foi ameaçada na sua existência provincianna, vós, fasendo sem duyida um apreço infundado da minha penna, demandastes de mim em pro da Academia, cujas licções ainda eu bebia, a devoção do advogado escla- recido; e o estudante, que até então assistia mudo, pela sua posição , aos planos da centralisação, nesse ponto, dando de mão â tão bem enten- dido melindre d'altivez, ante o motivo honroso do pedido do Professor, escreveo, apoiado na historia e na rasão, que lhe fornecião motivos for- tíssimos tirados da natureza mesma da Instituição , um papel , que , ainda que de si mesmo sem valor, a benevolência e a urbanidade, so- mente , da defendida, fizerão honrado : assim que, estudante ainda , coube-me a gloria de hombrear (na acção apenas) com Berard de Mont- pellier, (*) combatendo por uma Eschola , por cujo illustre Director ,' mais tarde, ai! eu tive, tãobem à convite de outro Lente, eu só, a missão dolorosa de derramar sobre o túmulo catholico as flores da ora- ção,—funcção religiosa que desempenhei chorando, porque o extincto muito me distinguira na vida.— Esse conceito do Professor, em que se baseou toda a amisade que nos hoje liga, o estudante do 6.° anno vol-o vem agradecer aqui. Se um escripto sobre assumpto tão estéril e tão obscuro em um canti- nho da sciencia, que na Bahia, pobre de livros, não podia talvez ser these obrigatória para quem só dispunha de muito curtos dias , para tanto serve, eil-o. Bem distante vos achaes do banco de meos Juizes , posso offere* cer-vo-lo. O Auctor, (*) Vid. Doctrine medicale de Montpellier, pag. 9. THESE. eeeeae PORQUE RASAO A NATUREZA NÃO DEO AS ARTÉRIAS CEREBRAES O MESMO GRÁO DE ELASTICIDADE, QUE ÁS MAIS ? Caute oportet hoc critico sceculo progredi, quo vixquidquam est, quod hominum inge- nium non sollicitaverit. Haller. Elem. Physiol. corp. hum., tom. 2., hb. 6 ,'sect. 2. § 9, pag. 238. O conhecimento da historia das sciencias, as quaes todas tem atravessa- do successivas revoluções, sem exceptuar as positivas, que alias parecem as- sentar em bases menos frágeis, aconselha um certo-aeeptwmo, que fugindo <^<^ às hypothéses, ou opiniões menos seguras, não admitte nas sciencias, quando é mister explicar-mo-nos a respeito de certos phenomenos, qual- quer opinião sobre a sua causalidade senão hesitando, — como probabili- dade só, e provisória; — como certa, como suíficiente ou necessária, como enfim— a razão da natureza—, nunca; que fora temeridade. Registrado nos annaes scientificos não está sô e solitário o erro do grande Gaüileo, quando revelava aos de Florença admirados , que a Natureza tinha horror ao vasio até os 32 pés; muitas outras explicações antecipadas, muitas hypothé- ses que já gosáraõ as honras do dogma inconcusso, lá apparecem de conser- va. Se isso pelo geral é assim; como se esquecerá ninguém, —ao estudar os phenomenos mais obscuros da organisação humana, e sua cauza final, — dessa prudência scientifica, que já hojemdia é uma regra naphilosophia ex- perimental? Diz o veneravel Barthez (1): uDans chaquescience naturelle, on ne doitpoint se proposer de deviner Ia Nature.....» ; e antes: » Les phénoménes de Ia Nature nepeuveutnousÉÉBfteconnoitrelacausalitéouraction nécessaire des causesdont (\) Nouveaux Elémens dela science del'homme, tom. 1, Discours Préliminaire. lis sont les eficcts;maisseulemenjtnousmanifesteiToidredanslequel ilssesuc- cédent; nous dire quelles sont les regles que suilla producliondec.es eiTcctsr et non ce qui constitue Ia necessite de cctte produetion. » (•> Nâo me consentindo, logo, a experiência,—que legislou, como se jà vior os methodos philosophicos de estudar os phenomenos naturaes r — quucu nutra nenhuma esperança de cahir na rasaõ porque a Natureza orgauisou as artérias cerehraes talvez menos elásticas, que as demais do corpo humano; cumprira-me buscar unicamente ver se se descobre ou naõ algum motivo scientifico desse facto; e, no cazo afirmativo, havendo muitas soluções, quai parece mais rasoavel no estado actual da physiologia do homem; ou se as varias existentes, ou a única conhecida, são igualmente insustentáveis. Fora este, certo, o modo mais consciencioso de proceder, e o que empre- gara, se o espaço de tempo, que me limita o estudo aturado indispensável em ponto taõ pouco trilhado da sciencia, e sobre tudo a diíli eu Idade de obter obras raras na Bahia, não m'o obstassem. Escreverei, portanto, como se pôde ( salvo sempre a differença dos engenhos ) nas circunstancias ditas. Pelas reflexões preliminares, que acabo de fazer, se vé que eu devo, não mostrar «a rasaõ porque a Natureza não deo ás artérias cerebraes o mesmo gréo de elasticidade, que ás mais » ; sim indicar, se é possível, « que rasaõ se sup- põe, pela qual a Natureza nãodeo àquelles vasos elasticidade igual á dos ou- tros da mesma espécie. » Pego a venia, que devo, para interpetrar dést'arte o problema physiolo- gico, cujo sábio author reconhecerá, sem nenhuma duvida, que bem que o podia redigir conforme ao pensamento, que tinha em mente; eu, toda- via, sem as devidas reservas, que a methodologia impõe ao esciiptor scien- , tifico, não me podia dar á resolvel-o, escoímado de censura. E ora , posto que a interrogação scientifica a que devo de responder t só peça a rasão supposta de serem as artérias do cérebro elásticas em grào menor às outras, parecendo pôr fora de discussão o facto anatômico ; com tudo, pois esse facto naõ é dos mais triviaes , e elle é que haja de cimentar todo( o edifício desta these; pareceo-me uma necessidade lógica irrecusável, que se estree por exhibir os documentos da existência anatômica dessa ex- cepção da textura arterial. lnceto, logo, pela anatomia; e muito nas boas horas, que a sciencia dos tecidos e a da vida delles, como duas alliadas de sangue, não ha separal-as. Consultemos a Anatomia; ecomo as propriedades das artérias tem a sua rasão sufliciente na sua textura, de principio indaguemo-la. A textura das artérias fquetem sido objecto de muitos trabalhos, por que, com rasaõ, pela organisaçaõ arterial se esperava aprofundar o meca- nismo da circulação) é o resultado da superposição de suas túnicas, sobre cujo numero, depois de largo discutir, querendo uns, como Willis, su- bu-o á cinco , e outros diminuir â um, se assentou que nao passa de trez. (2) Ibi A externa, que também chamão cellulosa, nervosa (Albinus), fibrosa , cariilagincsa ( Vesalho ), tendinosa ( Heister), que Searpa considera como parle integrante dos vasos, continuando em certo modo com o tecido cellular ambiente, é toda de um tecido filamentoso, areolar, como estofa- do, que apresentou á Cruveilhier (3) todos os caracteres do tecido dartoí deo; donde este anatomista lhe deo o nome de túnica dartoidea. Apropria ou media, que é a que mais debates tem provocado, (musculosa* tendinosa), de fibras circulares entrecrusadas, de cor amarella, e elástica, que lhe ganhou o nome de túnica amarella, elástica; extensível longitu- dinal e transversalmente, mas taõ quebradiça que cede ás mais pequenas tracções, e á ligadura, ao contrario da externa, que só resiste ás constricções da ligadura, que parte a todas as outras mais ou menos completamente: isto é o que escreve o celebre Anatômico moderno, que citei; mais tarde teremos occasião de insistir sobre as particularidades desta membrana. A interna, espécie de visco inorgânico, no dizer de alguns, (membrana vasorum communis, endangium, nervosa, arachnoidea, commum,) a mais delgada de todas, continuada dos ventriculos do coração ás artérias todas, diz um Anatômico celebre; é uma pellicula transparente, muitíssimo tênue, muito distincta da camada subjacente, que se tira de ordinário com a pró- pria , e que o commum dos auctores attribuia â interna: — tem cor rosea leve, eofíerece os principaesdistinctivos das membranas sorosas. (4) Taes saõ os elementos anatômicos á que, se concorda hoje mais geralmen- te, devem as artérias a sua existência material; á elles é que havemos de in- terrogar sobre a rasão das forças intrínsecas, ou cauzas inherentes, na phra» se de Burdach, que esses vasos manifestaõ no seo exercicio. Mas osystema arterial, com ter em geral essa organisaçaõ aceita da maio- ria dos anatômicos, oíferece suas variedades, se assim se pode dizer, na estructura; por quanto— como já erade prever, e a observação não deixa duvidar, apesar de ser ainda pouco conhecida a terminação arterial, nas suas derradeiras ramificações—, antes mesmo de chegarem aquelle ponto de imperceptível e ineiricavel tenuidade, donde surge o systema capillar, já vão grandemente adelgaçadas aquellas túnicas, salvo que se lhes aug- menta proporcionalmente quanto á media a espessura à medida que esses canaesinhos diminuem em volume, como se exprime entre outros Be- rard e Beclard nas obras já citadas. Adelon (5) authorisa estes dous factos, da diminuição da membrana própria arterial dos troncos aos ramos, e da espessura destes e delia muito maior em proporção; e dahi, continua o physiologo, vem que estes vasos, quanto mais pequenos, tanto mais espes- sos e molles se mostraõ. Tal é a doctrina anatômica mais corrente. De feito as ãrteriolas resistem mais aos effeitos da ligadura, phenomen» (3) Traité d'anat. descript., 2.m* Edit— 1843. tom. 2. (4) Bedard — Elemensd'Anat Gener , 1827, e Cruveilhier, loccit» (5) Physiol. de Thomme, tom. 3, pag. 284, edic. de Paris, 1829. que tem naquella m oi lesa sua cauza, segundo aClifton—Wintringham, ci- tado pelo annotador da Anatomia Geral de Bichat. Outros divergem sobre aquelle ponto de anatomia; — deixemol-os. Por onde nesse admirável instrumento do espirito, — o cérebro—, con- tendem uns se alguma das túnicas das arterioías ahi tão delgadas, que por ora as não tem podido encher nenhuma injecção, aqual doencephalo naõ volla pelas veias (6), desapparece inteiramente (7) ; outros tem que falta a media, como vem na vasta e bella obra, eivada todavia dessa philosophia pantheista, que já vai sedusindo a Varões taõ grandes, de Burdach 8 ; e querem outros que somente a cellulosa se rarea em suas fibras sem se extin- jruir: —é opinião de Berard, (9) que dizdesenganadamente que é erro ne- gar a existência no encephalo das fibras elásticas da membrana própria, que alias parece que Ludwíg e Bichat seguirão até lá; e que a bainha cellulosa iallesce ahi quasi por inteiro, expressão que é quasi a mesma que emprega o Sr. A. Grisolle, na sua obra recentissima, de grande resgate, que se íaz re- commendavel pela alta imparcialidade systematica, e que resumindo fiel os principaes trabalhos da medicina pratica até hoje publicados, enche uma lacuna, que era muito sensível (10). Mas não ésó nas artérias pequenas do encephalo, e pela rasão commum de pequenas, que ha essa differença na textura das paredes; a variedade ana- tômica nota-se nas artérias desse órgão importante mesmo nas mais grossas. Bichat, na celebre obra com que creou a Anatomia geral, traz queé fora do duvida que, mesmo sobre a vertebral e carótida interna, a expessura é menor, (quanto á túnica elástica) em proporção, do que nos troncos de igual calibre situados nos interstícios musculares (11). É também o voto de seo illustre commentador, Blandin, (12) quando en- tende que a delgadeza abrange á todas as túnicas desses vasos cerebraes. (6) Vid. a pag. 103, tona. 3, do « Journal complémenlaire, du Dictionaíre des sciences medicalcs, art. » Structure du cervau et de ses annexes, » por G. Lauth. (7) Vid. Dictionaíre de Med. e Cirurg. pratiques, tom. 3, art. notável—Apople- \ie, — por Cruveilhier, pag. 202 e 215, onde resa, alludindo á esses canaes arteriaes . . . . « dont Ia memhrane celluleuse est tellement mince qu'elle aété niée, dont Ia meinhrane propre n'est pasla moitié; peut-être Ic tiers deson épaisseuraccoutumée»... (8; Ahi se diz expressamente, que as paredes das artérias encephalicas « consistem em a membrana vascular commum com um invólucro celluloso ». Traité de Physiol., «■onsidoréo commescienced'observafion, par C. F. Burdach «trad. de A. J. L. Jour- dan: tom. 7, pag. 193 —vid. Bichat, Anat. gen., tom. 2, pag. 45, onde se refere, re- futando, essa opinião. (0) Dict. dcMedic, ou Reportoire gen. desse, med.; tom 4,art. arterie. '10) TailéElementaire et pratique de Pathologie Interne, 2 vol., Paris, 1844. Vid. pn-. 6'il,tom. 1.—obra que hade substituir, nas leituras escholares, a do livro de M. M. Rochee Sanson, e com muito proveito da instrucçaõ patholoeica. (11) Pag. \õ, tom. 2, Paris, 1830. . (12, Pag. 52, tom. 2, na uota. As diversas camadas, que compõe as paredes das artérias, estão inherea*» i tes propriedades talvez differentes. Quer Cruveilhier, por exemplo, que a I contractilidade esteja ligada à túnica externa; o que parece difficil de ad- mittir, porque as veias não saõ contracteis; mas como me deva sempre acer- car do meo assumpto, por evitar obscuridades, estudemos essas túnicas por agora só em quanto à sua elasticidade. Posto que a interna e a cellulosa sejaõ mais ou menos elásticas, segundo a opinião mais acceila(l3;; apezar da divergência do precitado auetor de Anat. descriptiva, o elasterio extraordinário das artérias, quasi todo da membra- na media procede. Vejamos o que pensa á este respeito um conspicuophysiologista allemão, que acaba de dar á luz a uma obra importantíssima (14). Voltemos ao estudo da túnica media. Suas fibras amarellas pertencem á mesma cathegoria dos demais ligamentos e membranas elásticas, como o ligamento cervical d>s mamíferos, os intervertebraes, os amarellos da lariuge, as fibras amarellas da parte membranosa da trachea—arteria, edos bronchios, o ligamento elástico da asa das aves , os ligamentos elásticos das phalangcs ungue.es do gato, o ligamento também elástico por aquelle escriptor descoberto na porçaõ retractil e protactil do penis da Abestruz da America, e o ligamento, emfim, que serve de fechar a concha dos mollus- cos bivalvulos. E comj essa elasficida-h», assim em todos esses ligamentos precitados, como nessa túnica própria se conserva ainda mergulhada muito tempo no álcool, segundo o referido sábio o experimentou em uma porção da aorta de uma balela moça, aqual ainda apoz de muitos annos nesse li- quido se manifestava, cortada em fitinhas, tao elástica como o caoutchouc, (cachondé, ou cato), licito é pensar que esta propriedade, em virtude da qual volta sobre si depois de haver sido alongada, cessada a cauza disten siva, è toda physica. Entretanto não abrirei mão desta indagação, sem notar que também tem uma contractilidade, — tonicidade viva, na expressão de Tiedmann e Parry, — espécie de contractilidade particular, e caracterisada, nas ar- térias nuas, por um encolhimento lento e progressivo, que motiva, no instante do passamento, antes da extinção inteira do movimento circula- tório, o estreitar-se cbsses vasos um pouco mais do que o pôde fazer o sco só elasterio, quar. Io a vida se apagou de todo. Das experiências modernas com que Schwann conseguio explicar o im- portante phenomeno, muito conhecido, de suspender a água fria as hemorrhagias provenientes da secção das artérias, assim se deduz; fp****- ,/y^^ -----------------------------,_---------------------------------.----- (13) Beclard, obra cit. (14; Manual de Physiologie par J. Muller. Traduit de 1'allemand surIaquatrième edilion (1844; . avec des annotations , Par A. J L. Jourdan. 2v. , 1845. Vid., tom 2, pac. 2.:>. 2 — 6 — **■ se naõ possa determinar, como diz o mesmo sábio ãllemão, a que me venho reportando, se afora a elasticidade, que subsiste ainda no morto, o tecido amarello arterial possue aquella tonicidade peculiar só na vida, e que se dissipa completamente na morte; se essa contraceão insensível , desenvolvida na presença do frio, depende dvs suas fibras transversas ; ou se, em final, de elementos incógnitos presentemente, que fasem par- te da composição dcllas. O que, porem, se me antolha muito provável é que esta ultima proprie- dade contractil différe bastante da dos músculos; porquanto não só nun- ca jamais determina contracções súbitas, senaõ também que naõ se re- vela sensivelmente ante a electricidade, e sim a manifesta principalmente a influencia do frio, como succede no tecido contractil, capaz, na clas- sificarão daquelle escriptor, de se tornar em colla (o dartos, por exemplo). Assim o penso, bem que muita força me facão as reflexoens, sempre dig- nas do maior respeito, por de um homem profundo sempre, de Burdach, (15) o qual naõ se anima á regeitar inteiramente a coexistência nas ar- térias, de fibras musculares, por vários anatomistas em todos os tempos, e ainda hoje por Wedemeyer, admittidas. Eis aqui o que escreve Mulier no seo Manual de Physiologia, transcre- vendo ahi o mesmo artigo » Tecido elástico e contractil das artérias, » que já vinha muito antes na sua admirável Physiol. do Syst. nervoso. (16) E por quanto as propriedades physicas ( como as outras das artérias) estão subordinadas de tal geito á sua organisaçao, ás suas febras, como era rasao, que cm geral juntas vivem, ou juntas se desvanecem; quan- do essa textura já se vai pondo de attenuada, fora do alcance dos senti- dos, lá em scos extremos raminhos; ou quando mesmo em certos troncos : (15; Vid. o tom 6, pg. 349 — eis suas expressões: « Certo, estas fibras (da túni- ca media) ditterem das dos músculos sujeitos á vontade em serem mais chatas, elásticas, suecas, quebradiças, e segundo Berzelius, insoluveis no acido acetico, e facilmente solúveis nos ácidos mineraes, e em que a potassa não nas precipita da dissolução ; mas tudo o que se pode concluir disso éque as artérias não saõ músculos que reconheçuõ o império da vontade. Andaõ comprehendidas na cathcgoria dos ór- gãos constituídos pelo tecido elástico amarello, que se depara nos pontos em que a força muscular é favoneada da locomotilidade, por exemplo entre as apophyses es- pinhosas; masditíercm muito desta forma de membranas fibrosas; que nem são tão entremeiadas, mais facilmente se separão, e a disposição de suas camadas é mais re- gular. Por analogia devemos tel-as como libras motrizes accumuladas sobre a mem- brana vascular commum, do mesmo geito que as musculares do coração estaõ depos- tas sobre esta membrana, ou as dos outros órgãos ôccos na superfície da membrana mucosa. Os músculos chamados davida organi$a estão em cada órgão dispostos por modo parltcular, em rasaõ da natureza especial de cada um destes, por onde, mui- to natural é que cilas (febras ) nas artérias sejão muito outras do que saõ no coração, ou nos músculos obedientes á vontade. » 16 Vid. tssa obra, trad. em francez por Jourdan, no tom 1.° pag. 474. — 7 — calibrosos, ( que tudo isso succede nos da massa cerebral) a natureza lhes subtraio algumas fibras, à que de ordinário estaõ**ligadas ou todas pu algumas das suas propriedades; natural é concluir que estas, e portan- to a elasticidade, são já menos intensas. Conseqüência segura e infallivel naoéessa; porque, como judiciosamente reflecte um physiologista fran- cez, mil factos vão na economia, de qüe náo ha topar-se-lhe nma razaõ anatômica. Logo, se aquella deducção for sanccionada pelas revelações da experiên- cia e da observação, a existência do facto fica superior á duvida para a sciencia, e azada por isso á fundamentar theorias subsequentes. De feito; que a propriedade, principalmente, do elasterio, é somenos nas artérias do cérebro, mais de um auctor, raro sim, porem de supposiçaõ, o parece attèstar. Berard (17), que diz que a elasticidade reside essencialmente na túnica media, diz também que esta nos vazos arteriaes pequenos possue essa pro- priedade em gtáo menor. Burdach (18), que assignala a pouca espessura das paredes das arté- rias cerebraes, e só as reconhece, como já apontei, com as duas mem- branas, cuja reacçâo elástica ou pouca ou nenhuma é; quando em ou- tro lugar falia da opinião de Wedmeyer, q' tem lambem q' as fibras da túni- ca media saõ mais fracas nas artérias cerebraes, (19) concorda com elle no facto anatômico, e na insufficiencia da reacção desses vasos. Adelon diz que sao mais dilataveis (20), tendo já dito que a reação elástica desses vazos ia diminuindo á medida que se elles ião apouquen- tando em calibre. (21) Beclard (22) diz naõ só que a firmeza, e elasticidade das fibras respec- tivas vão diminuindo na razão directa do calibre arterial; senão também que a espessura da membrana elástica é pouco considerável nas artérias de certas vísceras, e mormente nas do cérebro. Richerand as compara com os conductos venosos, cuja elasticidade ain- da pouca lhes tem sido negada (23); — tão delgadas e pouco resisten- tes lhes acha as paredes, e tanto daõ de si, de fracas, quando vasias. (24) Não allego com mais 2 escriptores, que dão por certo o facto, e sem (17) Art. cit. (18) Untersuchungen, pag, 80, é o que Burdach allega no seo Tomo 6, pag 349 e 350. (19) Tom 7 , obr. cit. pag. 193. (20) Tom 3°. pag. 337. (21) Obr. cit. pag. 315. (22) Pag. 343. (23) E opinião de Bichat, anat gén, tomo 2.: masMagendie, Phys. tom 2.,diz o contrario, com a maioria. [2\) Nouveux Elemens de Phys. tom 2°;pag. 371, edict. de 1833,^ — 8 — o ventilarem, o explicjjao pelas leis da physica, porque não me esqueço que sempre os theoricos costumarão dar por certo aquillo em que se bazeaó. Sao estes os únicos escriptores, em qne por acazo pude encontrar, depois de laboriosas indagações, este facto anatômico excepcional consignado : — e ainda assim por entre muita duvida e muitas nuvens. Notável é o silencio de mais de uma Anatomia, abas minuciosa nos nromcnores mais obscuros da textura; e de vários livros em que as ques- tões nhvsioloeicas respectivas demandavaõ esta discussão anatômica, que as fundamentasse, obras antigas e recentes, -(que de consc.encioso quiz nrofundamente estudar a estructura arterial do encephalo); quer porque esse facto seiademui delicada intuição nas ultimas artérias desse órgão; quer porque nem todos os homens competentes o tem julgado digno de oc- cupar-lhcs muito a atlenção; ou porque, emfim, o não creao. hem o recusar, me parece prudente, com tudo, não se lhe dar inteira fe; que talvez mesmo do que deixei escripto acerca da contextura geral e particular dos conductos arteriaes, se podessem já deprehender no tocante as de que me oecupo, alguns elementos de duvida, que nem discuto, nem ' Asshn que, em mal, já dos alicerces a questão physiologica , que me incumbe tractar, vem rodeada de uma certa hesitação , que nao se deve perder de vista. ., Agora volvendo rapidamente os olhos ao terreno, que vem percorrido, vè-seque, seja pela rasaõ anatômica de naõ possuírem feveras elásticas; seja pelas terem del-adas, seja pelas terem de si mesmas, por excepção material, menos ivsUlentes; ou seja, ao cabo, por outro motivo, as artérias encepha- licas, assim as mais tênues, como as mais calibrosas, oííerecem um facto, mais ou menos observado ou sabido, que as separa, pela ausência de uma das propriedades mais geraes dos vasos d'essa ordem, dos demais canaes en- carregados da circulação arterial:— gosâõ, pois, pode-se crératécerto ponto, as artérias do cérebro, em menor grào, da elasticidade commum. Apoz o exame deste passo domeo escripto, com que talvez pouco me occupei aqui, segue-se o indagar da causa physiologica provável. Porem como nem a lógica, nem as noções adquiridas toleraõ desligar o estudo especial da elasticidade arterial, no cérebro, do estudo geral dessa propriedade no resto da economia, antes de se bem saber se physiolo^ «mente não tem dever entre si o phenomeno particular com a funcçafj ge- nérica; importa, primeiro que cheguemos á especialidade, conhecer que uti- lisa nas funcções da economia humana o elasterio observado nesses vasos, em geral; por quanto conhecido o phenomeno que se desdobra sempre que esta propriedade se desenvolve inteira, bem pode ser que se facilite mais a explicação da sua manifestação attenuada, visto como talvez não se encon- trem esses phenomenos só por um accidente de coincidência, talvez estejão vinculados inseparavelmente por laços de causalidade. E^ta se vendo que ha mais a obrigação preliminar de cavar em uma das ínii rõcs mais transcedentes da vida — a circulação —; donde trazendo sa- e^nnc — 9 bido o usa geral d'aquella propriedade, á essa luz divulguemos o porque da sua diminuição n'essa parte do organismo: mui succintamente o vamos fazer. Por entre dissidências numerosas, e igualmente sustentadas.com calor e talento, liemos de escolher os votos mais conhecidos, ou authorisados por fautores mais graves, os raciocínios menos contestados, a^uellas experiên- cias, emfim, cuja pureza nenhuma prevenção systematica viciou; por tanto buscarei naõ transpor-me além do phenomenal, do facto puro; por que de- pois as minhas convicçoens á respeito do ponto se apadrinhem , se quer,, Com todas as precauçoens lógicas; e, emfim, em vez dòsystema, da imagi- nação, da poesia, do colorido, fique a deducção, a realidade, o argumento, a demonstração. Que papel representa na circulação do sangue a elasticidade das artérias? Passa de dous séculos que o immortal Inglez, fecundando a pequena he- rança de scos antepassados (25), descobrio (ou aperfeiçou o descoberto J a circulação do sangue; e ainda as contendas fervem renhidas para se extre- marem os phenomenos, que maisgeraesou mais constantes, nas grossas ar- térias, como em theatro mais patente, se desenrolão! ainda não se harmo- nisárão as opiniões acerca da influencia destes vasos, e de que natureza ó ella ! ainda nao se accordou irrefragavelmente se elles são inertes, se obraõ, como canaes mortos, só por suas qualidades physicas, se por suas forças vi- taes, — do tecido,— se, em final, por todas reunidas, e inteiramente com- binadas: — mas não admira quando, ainda no fim do século 18, Roza (26) se oppunha às ideas de Harvey ; naõ admira quando, ainda n'es- te mesmo século 19, Keir (27) quer arrebatar à este Gênio a sua coroa de gloria , sustentando a opinião que vogava na infância da physiolo- gia, que o sangue naõ circula: — Notemol-o, e prosigamos. (25) Se nada havia que o orientasse nos livros hippocraticos [Da natureza do ho- mem, art 13; óo Rcgimen nas doenças, agudas, art. 31; dos logares no homem, art. 5; da Natureza do infante, art: 11; da Natureza dos ossos); nern em Platão (4.a parte do seo Timeo , art. coração, artérias, veias, sangue) apezar da opinião de Riolano; nem em Aristóteles [Depart anim. liv. 3 e4); nem em Praxagoras [Galen. de Dignos, puls. lib. 4, c. 2); nem em Erasistrato, em quem alias se encontraõ os primeiros vestígios, os fundamentos desta funeçaõ, [Galeno, de Hypp. etPlat. Decret., lib. 6o, c. 6.°); nem no grande Galeno, que sem a descobrir, marcou com seos escriptos ai.1 época da historia da funeçaõ (De ws. part. lib. Q, ei.; deus. pulsuum; deHipp et Plat. decret. lib. 1 e 6.); nem em o Bispo Nemesio; ja o podia algum tanto encaminhar Servet (de Trin. div 'etc. liv. 5, pag. 169. —1553) a quem se deve a 2.a época; Columbo(De re anat. Paris 1562,liv 7 decord.el art.); Aranzi [de human. fcetu opusc. Venet. 1595); Cesalpino. (Quoest peripat. Venetiis. 1593; etQuoestionum med., tibriduo), que fi- xou a 3." época com o descobrimento da grande circulação. (26) Giornale per servire alia storia raggionata delia medicina di questo secolo; tom. l.° pag. 148 (27) Observations on the harveian doctríne; pag. 151. — 10 — Entretanto, julgo, que sem grande violência se pode discriminar O ef- feilo- da elasticidade do das demais propriedades, com que as artérias participao na circulação sangüínea: — tentemol-o por lanto. Kallenbrunner (28\ com os physiologistas mais celebres, nao concede ás paredes arteriaes nenhuma parte activa no movimento sangüíneo : __alounia elasticidade, cem tudo lhe naõ contesta, que favoreça de ai- num modo o impulso communicado ao sangue pelo coração. Com admirável talento Bichat recusei; ás í.rlcrias qualquer papel activo nesta funeçao;— cí-mbateo essa possil ilidade, dbcido que se esses va- sos se contraissem sobre o fluido sancuineo, este, pcreffcito da contrac- ção , tendendo a \oltar para doi.de yartiia iav.lv. quanto a se dirigir as extremidades, devia de haver , de lerectm knn, válvulas nos tubos arteriaes, que se opposcsstm ao ieti et radar do s; i Li>e; sem attenc!crr observa Chassaignac (29), eue tmim syltma de corduetos onde o sen- tido do movimento do liuuic'o \tm ja cie teu. ii ; c< , a compressão, que sobre um liquido estagnado produziiia vm movimento duplo cm senti- do inverso, aqui accelera o movimento dado, c muito pequena retrogra- dação consente. ÕDr. Hodge, physiologista americano, insiste especialmente sobre uma força expansiva, que lhe achou, a qual porem, não se harmoniza por ora com as propriedades universalmente altribuidas ao tecido arterial. líarvcy era mais exclusivo,—[.ara elle a artéria era indifíérente, toda a cauza motriz vinha do coração. Já JViaiendic, que naõ rctc.i.Lece nas artérias senão a passibilidade da elasticidade, em virtude das experiências que fez, attribue-lhe, à ella só, por exareração insustentável, toda a acção, que se nota destes vasos sobre a massa sai.li inea. Sao estas as suas expressões: (30)« Para se fazer bem sentir a importância da elasticidade da artéria, (pulmonar) supponhamos por um instante, que sem perder nem ?.s dimensões, nem a forma ordinária, ella torna-se canal h.flexível: para logo o curso do sangue de todo em todo se mu- da; em vez de atravessar o pulmão continuamente, só atravessará as veias pulmonares no mesmo momento em que o impcllir o ventriculo; e ain- da se hade suppor que este enviará sempre tanto sangue que conser- ve a artéria tcda cheia, senão muitas vezes o ventriculo se ccntrairia antes de passar o sangue ao pulmaõ. Fm vez disto, vejamos o que suecede realmente: por alguns instantes cesse o ventriculo de transmittir sangue â artéria, nem por isso o curso sangüíneo se suspenderá; porque a arté- ria se estreita assim como a evacuação se effectua; e fura mister que (28) Rcchcrches expérimentales sur Ia circulation du sang, pour faire suit à celles de Dollmger. JournaldesProgrés, tom. 9. (29) De Ia circulation veineuse—1846—pag. 29 (30) Obr. cit. tom. 2.°, pa§. 305. —11 — tivesse tempo de esvasiar-se completamente, para que a torrente também de todo parasse: tal suspenção na vida se não dá. » O que eile aqui diz de um vaso especial é o que applica ás outras ar- térias, quando explica a influencia com que obrâo sobre o sangue. Uma experiência ha muito simples para demonstrar como influem sobre o sangue as paredes arteriaes: — desnuda-se uma grossa artéria de uin animal vivo, e entre duas ligaduras bem apertadas se lhe intercep- ta uma porção ; depois pratica-se uma aberturazinha entre estes dous pontos oblilerados por este modo. Ora, bem que o sangue ahi com- prehendido esteja subtraído ás forças do coração, vê-se, todavia, esca- par-se da artéria em jorro muito alto, e de prompto se esgota todo o vaso por eiíeito do encurtamento, que é visível, de suas paredes. A por- ção d'alem das ligaduras diminue no calibre, e deixa passar às veias a maior parte do sangue, que continha. Daqui conclue, como ophysiologista supracitado, Milne-Edward, em seo optimo compêndio de Zoologia, que é pela elasticidade arterial que o mo- vime üo impresso ao sangue, d-*-^\ se o abrem todo o sangue se esgota ; porque transtundido nas veia» sangue estranho, ou infundido outro liquido, estas substancias vão mostrar-se nas artérias — ; porque, emfinal, de tal modo eslaõ dispostas as válvulas, que o sangue pode passar dosventriculos as artérias, mas naõ refluir destas àquelles. Posto isto, é tal a disposição mecânica das partes, que o coração, como se sabe, dilatando-se e comprimindo-se, immediatamente impelle ondas sangüíneas ao svstema arterial, sem que se perca a acção impulsiva do órgão central: —ve-sè, de feito, a artéria nua de um animal, no instante da sys- tole ventricular, dilatar-se, e experimentar um? certa locomoção prove- niente da onda projectada: se se abre o vaso o sangue jorra á sofreadas [sac- cade), que coincidem com as contracções do ventriculo. O liquido sangüíneo arremessado pelo coração vai percorrer todo o seo circulo; mas a torrente naõ é por todas as artérias assim intermittente, co- mo o devia ser, se só a determinasse aquelle agente de acçaõ intermittente; nao, — a locomoção ou dilataçaõ arterial, ou o pulso, e o jorro saecudido da artéria aberta decresce na rasaõ directa da distancia em que ella está do coração; — nas arterioías desapparece. Essa torrente em vez de caminhar à intervallos, isochronos ás systoles, é remittente, isto é, —definido com o elegante Burdach, — dè marcha não interrompida, mas sem uniformidade, ecom alternativas de acceleração e retardação: — a prova está em que a mais pequena ferida feita nestes vasos, ainda que durante a diastole, basta pa- ra dar sangue; em que, se são cortados de travez, continuamente mana o liqui- do com mais força e á jorro mais longo ou menos durante a systole; e em que Haller e Spallanzani viraõ nas artérias transparentes que naõ contém nem accarretão porçaõ menor de sangue durante a diastole, que durante a systole. (33) De mais cita Adelon, (34J a quem devo algumas das ideas que vou aqui lembrando, esta experiência: — estabelece-se na carótida desnudada uma ligadura muito achegada uma á outra; se depois se faz uma puneção entre ellas duas, vê-se jorrar o sangue, que todavia estava, pela liga- dura inferior, descaptivado da força impulsiva do coração. Naõ saõ, logo, como o já sabíamos, tubos inertes, as artérias, esses con- duetores do sangue vivo, e que semelhão o coração nos pontos essenciaes, logo obrão; porém ellas possuem mais de uma propriedade; todas aqui, naõ ha duvidar-se, influirão complexamente no phenomeno____poderemos dis- tinguir a acção parcial de cada uma, e, neste caso, achar o que pertence á sua força elástica? Bem que se possa dizer, que as suas duas forças motrizes, já atraz aponta- das, estão fundidas em uma só, aproximadamente, opina um physioloeo ec- cletico, se pôde obter esta distineção. (33, Burdach, tom. fS\) Tom. 3.° — 13 — Ainda aqui, para isto, me soccorrerei do illustre Professor de KoenigS-í bérg; e penso que é o elasterio quem predomina ali, e que, pela sua natu- reza, produz um effcito proporcionado á cauza que o sollicita, quando, di- latada e alongada a artéria pela onda, que lhe transmitte o coração, aquel- la forca a incurta e dilata sustentando o curso do sangue durante a diastole. Pode-se, pois, concluir queessa manifestação da cohesão, que tende á man- ter-se restabelecendo pela constricçâoa relação mutuadas partes do corp o, que foi perturbado por alguma potência distensiva, — a elasticidade —, nos vasos tem por efteito exercer uma pressão sobre o sangue, de modo que de- pois de haverem sido distendidos, voltem sobre si, e restituão assim á força impulsiva, que o sangue recebera do coração, tudo aquillo que as paredes, por sua distensão, lhe havia feito perder. A pathologia o provará mais tar- de em outro logar. Ora se pelo geral do svstema arterial essa propriedade tem o fim cjue se acaba de deduzir; nas artérias do cérebro, onde é mais fraca, pergunta-se, a qué fim o será, isto é, porque rasaõ ('plausível ante a sciencia) a natureza naõ dôo às artérias cerebraes o mesmo grão de elasticidade, que ás mais ? E a phrase do meo ponto. Sou, pois, chegado à posição de responder-lhe immediatamente—:-a resposta vai, pois, precipitar-se: bem se vê, todos os desenvolvimentos que . hei feito eraõ necessários. Para clareza e á imitação da maior parte das obras de physiologia, di- gamos a anatomia pararella da íuncção, que sequer explicar:—se a descripção for breve, decies repetita placebit. Das duas carótidas primitivas, e das duas subclavias vem os quatro troncos, que fornecem ao cérebro todas as artérias delle. Os dous pri- meiros anteriores, volumosos e curtos, são as carótidas internas; os ou- tros, posteriores, um tanto menos consideráveis, percorrem mais com- prido trajecto;—saõ as vertebraes. —Seja no seo caminho fora da caixa cranianna , seja no como se comportaõ em entrando, seja na destribui- ção já na massa encephalica, elles, por seos caracteres communs, saõ para muito notados. Fora do craneo, estão todos profundamente situados, lon- ge do exterior, protegidos ou por orgaos espessos, ou por um canal ósseo que os encerra.— Os primeiros, logo após a origem, internão-se entre a pha- rynge e a columna vertebral, onde encontrão, para atravessarem a base do craneo, uma estrada solida, que lhes offerecem os conductos carotidianos, e as goteiras do esphenoide completadas, e convertidas em canaes por lâ- minas espessas da dura-mater. Os segundos —, cujo trajecto é mais longo, tem mais segura protecçâo; porque engasgados, logo em sua origem, nos orifícios das apophyses transversas cervicaes; contem-nos o canal resultante destes orifícios reunidos até a parte superior do pescoço, d'onde sahindo, camadas musculares espessas os abrigão. — Este canal da artéria verte- bral com ser ligeiramente flexível, segundo os movimentos da região em que jaz, tem tão igualmente repartida a sua flexaõ, que esta naõ pode di- minuir-lhe as dimensões nem estreitar-lhe o à&ibre. Antes de chegados à 4 — U — cavidade cranianna, só pequeninos raminhos dão, ou desproporcionados ao avolumado destes troncos, o que também se observa quanto áos das ca- ro! idas internas. Quando já nos conductos das apophyses fornecem mui insignificantes ramusculos. Entrando no craneo, ou pouco antes, formão curvaduras, muitas cons- tantes, e todas mais ou menos numerosas, mais ou menos notáveis. A caró- tida interna, muda necessariamente de direcção muitas veses quando atra- vessa o canal carotidiano, e o seio cavernoso, afora que apresenta quasi sem- pre na parte superior do pescoço muitas flexuras; avertebral oííerece, en- tre a segunda e a primeira vertebra, depois entre esta e a occípital, duas cur- vaturas, sempre ahi; porque as determina a disposição de partes ósseas. (35) Chegadas ao cérebro, dividem-se, emfim, notando-se entre ellas uma dis- posição sensivelmente análoga adiante e atraz: — as carótidas, logo após de diviclirem-se, communicão*se por um ramo curto e volumoso collocado en- tre as cerebraes anteriores; as vertebraes relacionaõ-se ainda mais intima- mente reunindo-se em um só tronco, que immediatamente se divide também; ha demais para todas a anastomose commum entre os troncos an- teriores e os posteriores, por meio dos ramos communicantes posteriores. Notai, é Cruveilhier quem falia, o calibre considerável destes vasos; sua situação profunda antes da entrada no craneo; suas curvaduras mul- tiplicadas no instante em que penetraõ na cavidade encephalica; a au- sência de ramos collateraes notáveis, só com excepção da ophtalmica, ra- mo da carótida interna; as anastomoses destes vasos na base do craneo,— das vertebraes entre si , ou melhor, fusão destas artérias constituindo o tronco basilar , —das carótidas internas pela communicante anterior, que une as cerebraes anteriores,—das carótidas internas com as vertebraes pela communicante de Willis; e de todas estas anastomoses o hexagono arterial resultante, tendo por bordos anteriores as cerebraes anteriores, por bordos posteriores as cerebraes posteriores, e as communicantes de Willis por bordos lateraes,—polygono de cujos ângulos, como de um centro, partem as arté- rias para todo o encephalo, onde ora mergulhão-se pelas anfractuosidades ora de»!isao-se pelo bordo livre das circumvoluções; ora reflectem de uma em outra parede , largando por lá numerosos tenuissimos raminhos ; ora saem de uma anfractuosidade para surgirem na circumvolução visi- nha, e assim por diante, até que finalmente esgolaõ-se, morrem: assim sempre; e sempre, rara é a excepção, é no estado capillar que pene- traõ na substancia cerebral, e tão capillares que Weber lhes dá um diâme- tro, (menor que o dos glóbulos de sangue) de 1,0030 da linha, ordi- nariamente, e assegura que veses ha em que não passa de 1,0023; e se- cundo a Bauer, o volume destes vazos capillares é apenas igual à meta- de do de um daquelles glóbulos. Í35, Anatomie descriptive dejfevier Bichat, 1829, tom. 4, pag. 210 — ». — 15 — A' vista disto tudo o órgão central do systema nervoso ctfffere muito de todos os demais órgãos em suas relações com o systema sangüíneo, re- flecte com muita rasão um escriptor de physiologia. Ora esta tamanha difíerença allego-a; porque contem em si ao menos parte da rasão da menor elasticidade, de que trato; assim como esta par- ticularidade anatômica deve ter relação com a massa de sangue , (ex- traordinária pelos cálculos de Haller) que vai ao cérebro, e com a visi- nhanca, em que este está do coração. Sim, o sangue chega á esse órgão directamente, e por mui curto trajecto; se a elasticidade arterial fosse aqui no mesmo gráo que nas outras artérias, pare- ce que a velocidade da circulação central não seria modificada, como o devia ser, apesar das outras precauções anatômicas, que aNaturesaali talvez tomou, para esse fim; porque, já o demonstramos, como aelasticidade tem por effeito na circulação restituir ao sangue a força impulsiva, que elletrazdo coração, a qual se modificara pelas resistências de varia natureza que encontrou, se- guir-se-hia que o coração já tão visinho ao cérebro, lhe transmittiria as ondas sangüíneas impellidas com força, que bem que já então modifica- das em sua intensidade, seria perigosamente superior à que poderia sup- portar o encephalo — Logo apresentaremos a authoridade de physiologistas, que pensão assim. Por agora o methodo quer que indiquemos em primeiro logar outras. •Wedemeyer (36) diz, que as fibras da túnica media das artérias são pro- duzidas pelo embate do sangue, e que, portanto, seo uzo se cifra em re- sistir ao impulso do coração, por onde são mais fracas nas artérias do cérebro, onde a força impulsiva já vem quebrantada. Parece-me, pois, que na opinião d este auctor a menor elasticidade ar- terial é uma pura conseqüência orgânica, unicamente, da diíFerença entre a circulação no encephalo e a circulação no restante da economia. Esta hypothese é futil; mas não me demoro em refutal-a, apenas a menciono. Ouçamos a longa opinião do Professor de Roenigsberg. « A força, diz elle, com que o embate do coração obra sobre o san- gue nas artérias produz um abalo, não só nestes últimos vasos, senão tam- bém nos orgaos visinhos. Se, por exemplo, depõe-se o cotovelo sobre uma mesa, havendo um corpo longo na mão, vê-se que este experimenta uma elevação e um abaixamento isochronos aos batidos do pulso; o mesmo suecede à coixa quando sentados a curvamos uma sobre a outra. » Ora se encararmos o systema vascular como um apparelho mecânico de tubos entre si ligados uns com outros, em cujo circulo está o cora- ção encerrado como uma bomba aspirante e de compressão, parece-nos que esta bomba poderia consumar a circulação, desenvolvendo mesmo uma força menos considerável; e se reflectirmos também que independen- (36) Este Physiologista allemão também cuida que qssas fibras são musculares. — 16 — tcs do coração se descobrem outras forças, que determinão a funcção, evi- dente fica que seo poder não é indispensável. Entretanto, como repugna um desenvolvimento inútil de forca em funcção tão geral, já nunca mais poderemos acreditar .que este abalo seja sem importância, e sim deve- mos de pensar que influe sobre a vitalidade dos órgãos, — hypothese cuja verisimelhança Bichat tentou primeiro estabelecer. De feito, a agitação me- cânica, que resulta do alternar continuo dampliação e de compressão da caixa thoracica, pulmões e coração, bem como dos movimentos das pare- des abdominaes, do estômago, do canal intestinal e da bexiga urinaria, pa- rece influir de modo poderoso sobre a vitalidade dos órgãos; e desde en- tão nao se vê porque o impulso do sangue arterial não havia de contri- buir também para esta acção. » As flexuras das artérias parecem indicar que tal é effectivamente o pa- pel que representa; multiplicando os pontos de contacto das artérias, e es- fendendo-as mais ao longe sobre os lados, permittem-lhes abalar mais os orgaos visinhos; assim que deparamos com ellas, como o faz observar Bell, nas partes que gosão de mui pronunciada vitalidade, em ordem que ha mais, por exemplo, na cabeça do que nos membros inferiores. Assim tam- bém quando a placenta, as glândulas mamarias &., manifestão uma vida mais enérgica, suas artérias se fazem mais fortes e mais meandrosas do que d'antes. Mas de todos os órgãos é o cérebro aquelle em que se reconhece no mais alto gráo a influencia deste abalo, e se ella ahi se pronuncia ma*is do que em qualquer outra parte, é porque nenhum órgão ha na economia, que mais vivamente sinta a acção estimulante do sangue, do que este centro da vida animal. Percebemos com effeito no cérebro do homem dis- posições, que lhe permittem ser abalado pelos effcitos das pulsações do co- ração. Q» ramos arteriaes, que lá vão ter, antes que em ramusculos se re- partão, descrevem flexuras na sua base, e ahi formaõ um circulo, em que uma corrente sangüínea, dirigida de diante para traz, se encontra com outra dirigida de detraz para diante, de modo qwe à cada systole do co- ração se estendem estes vasos debaixo para cima, e alevantaõ o órgão en- cephalico que sobre òlles repousa, tanto mais que desprovidos da membrana, fxbrosa, devem não sò ceder com grande facilidade ao impulso do coração, senão também transmitiil-o facilmente à massa molle do cérebro. Assim que vê-se, quer sobre o cadáver, quando se injecta água ás sacudidelas nas carótidas; quer no vivo, quando as circumstancias permittem fazer-se esta observa- ção, o cérebro elevar-se á cada pulsar do coração, e logo após se abater. Taes movimentos cessão quando diminuem as forças, nas hemorrhagias se enfraquecem, na syncope se interrompem, augmentaõ com o affluir do sangue cm quantidade maior ao cérebro, e paraõ quando as artérias cere- braes se obliteraõ: em uma palavra, correspondem exactamente â impul- são do coração, e à sua propagação ao cérebro. » Mas de outro lado são também na razão directa da actividade das faculdades d alma; naõ se observaõ no estupor, que acompanha as commoções cerebraes, e ao passo que se elles restabelecem, acons- -17 — ciência renasce. Elles saõ mais fracos nos Mammiferos do que no ho- mem, e fallescem de todo nas Aves, Reptis, e Peixes. Nos Peixes, e U rodeies nao pode o coração exercer esta influiçaõ immediata sobre o cérebro, por estar interposto entre os dous órgãos o systema vascular das guelras. Nos outros Reptis, só um dos dous troncos em que aorta se divide é que fornece as artérias da cabeça e dos membros superiores, e assim mesmo por tal geito que, na sua maior parte a artéria cephalica não passa de um fra- co ramo ela sub-elavia, e de derradeiro ramo da cephalica a artéria cerebral. Nas Aves, não ha igualmente aorta ascendente, que a aorta immediata- mente se ramifica ....&. Nos Mammiferos somente é que a massa inteira do sangue se mette pela aorta ascendente, de onde resulta mais conside- rável afíluxo deste liquido para a cabeça. Mas este estado de coisas tem seo mais subido desenvolvimento no homem, onde, mais que em parte ne- nhuma, a base do coração e a saida do ventriculo aortico estão voltadas para o encephalo, e onde a carótida interna não é já um ramo subordi- nado da externa, sim que forma a continuação em linha recta do tronco, por modo que o sangue vai ao cérebro mais directamente, ecom toda a pujança que o anima. Verdade é que, pela lei geral da hydrostatica, o li- quido pesa uniformemente em todos os sentidos sobre suas paredes; po- rém em um movimento sacudido, elle abalroa também com mais força a parede, que lhe está em contra directamente. A artéria carótida interna encontra à principio perpendicularmete o ro- chedo, depois se dobra em seo canal ósseo, que por inteiro enche, e com cujo periosteo ha travado intima união: eis o porque muita vez acontece que a cabeça seja alevantada á cada uma pulsação, quando, por eífeito de doença, mais quantioso afflue o sangue para ella. Porém o que succede com insólita violência no estado anormal, deve de haver lugar também em menor gráo no estado ordinário; o sangue que encontra de tope a parede óssea deve nella produzir uma vibração que occasione um tremido ligeiro no cérebro ... . » (37) A opinião allemã, que romanceei quase toda, merece muito meditada— eu não o posso fazer. Ê de Adelon referindo-se ás artérias cerebraes (e note-se bem, saõ as úni- cas palavras deste Physiologo sobre a questão que ventil-o! ) : ce Estas artérias subindo do coração para o cérebro , fasem muitas curvida- des e flexuras, ao mesmo tempo que saõ um pouco mais dilataveis que as demais; particularidades que se julgarão próprias para attenuar os ef- (37) Physiol. cit. de Burdach, p^. 424 —7, dó tom. 6. Não se perca de vista que este tomo quase todo, ou quase tudo que ahi se trata sobre a funcção da circulação, C do sábio Professor de Berün, J. Muller, que collaborou com muitos outros esta obra, esse mesmo cujo moderno Manual de P/iysiologia citei já. 5 — 18 — feitos do embate do sangue sobre esse órgão, e para prevenir os da sta- gnaçao deste fluido nesta víscera » (38) Vj Richerand (39) i « — tão grande massa de sangue chegando ao cére- bro com toda a força que lhe imprimiu a acção do coração, inevilavcimen- te desarranjaria a estructura molle e delicada da primeira destas vísceras, se a .\atureza não tivesse multiplicado as precauções para afracar esta força impulsiva. » » .... A artéria (carótida interna) submergida no sangue do seio caver- hoso, em sua saída do canal carotidianno, é muito dilatavel; emfímos ramos em que se divide, chegada ella á base do craneo tem paredes mui delgadas, e tão fracas que, como as dos conductos venosos, se abatem quando es- tão vasias .... Não obstante, pois, a proximidade entre o coração e o cé- rebro, chega a massa sangüínea á este ultimo órgão por um movimento muito retardado. » A pathologia, que é um meio de investigação, que não cede nos estudos physiologicos à outro nenhum, e que, nas ideas do illustre Lordat (40) me- rece o primeiro lugar entre os outros pelo numero, certeza e importância dosseos resultados; o que já hoje é reconhecido por um certo numero de physiologistas (41); a pathologia digo, se a invocamos, parece esposar esta theoria. Ora invoquemos a pathologia. » Quando a elasticidade diminue, afflue o sangue em maior quantida- de, distende o vaso, corre mais lentamente, ou pára. A artéria mesen- lerica de que Haller havia tirado a bainha cellulosa, entumecia-se em for- ma de sacco aneurismatico, em que o sangue não fazia senão fluetuar, sem poder escoar-se. Estas dilatações , e estas stase tem lugar nas diversas for- mas da atonia, no escorbuto, nas inflamações chronicas, e ulceras fungosas nos pulmões em conseqüência de moléstias que forçarão á se ficar muito tempo de cama, após as inflamações, após as seccões dos nervos do nar vago. " As veias tem paredes mais fracas, mais capazes de ceder, e menos fa ceis de espedaçar; por isso nas varizes algumas veses as achamos trez á (38.1 Tom. 3.° pag. 337. (39; Tom. -2°, pg. 370— obr. cit. (40 Conseils sur Ia maniére d'étudier Ia Physiologie de 1'homme. 1813. ilhclr^nTfí^é-ét narI"l1rod"cí?0 <«asuaPhysiolog,a positiva; Soemmering; ia dasdoemas ™« T^V 6 Ha"er a,gUmaS Veses invocou os se™çoS da seien- — 19 — cinco veses mais volumosas do que no estado normal; pelo que o sangue corre por ellas mais lentamente do que nas artérias» (42) E' pouco mais ou menos a opinião de Grisolle (43) Soemmering encontrou cheias de sangue as artérias ossificadas. Outro pathologo faltando da ossificação das artérias diz, que por eífeito dessa mcruslaçao calcaria, a artéria enrijada cessa de concorrer, por sua rea- ção elástica, ao movimento do sangue; e, não se poderia crer, pergun- ta elle , que o lentor e irregularidade das funcções nos velhos vem em grande parte desse estado das suas artérias. » ? (44) E terminarei os meos documentos pathologicos pela allegação de uma opinião, bem explicita, ebem respeitável. E' do sábio Professor de Berlin, J. Muller. Elle exprime-se assim: » Weber faz notar que o coração tem alguma analogia com uma bomba de incêndio, e que delle sàe o sangue ã sacudidelas periódicas. Mas o fim dos dous instrumentos exige que o liquido corra de modo continuo, o que tem lugar porque em cada uma pressão de bomba, alem de que o liquido é empurrado para diante, ha também um corpo elástico tendido que continua à pesar-lhe sobre e aforçal-o á marchar, quando a bomba o nao comprime. O que a túnica elástica produz nas artérias, o deter- mina na maquina o ar de cima d'agoa do reservatório.—A ossificação das artérias as despoja da elasticidade própria, donde resulta a disposição para apoplexia e gangrena. » (45) Daqui se vê que este auctor attribue á ausência do elasterio arterial par- to fao menos) no retardamento da circulação. Paremos aqui por poucos instantes. Parece-me ter se quer buscado provar que o elasterio das artérias eon- tribuia para a continuidade ou' remittencia da circulação, e mais para contrabalançar o eííeito das resistências, que nessa funcção afracando o impulso do coração , retardarião o curso sangüíneo, por todo o syste- ma arterial em geral; e que, admittido o facto da diminuição dessa elasticidade na porção cerebral deste systema, talvez se seguia, logo, theoricamcnte, esse retardamento; a pathologia me forneceo, de seos an- naes, provas experimentaes, e opiniões graves, da existência material desse facto, donde julguei legitimo concluir que o elasterio arterial em gráo menor contribuía para retardar a torrente circulatória. Logo o resultado das minhas indagações sobre a rasão provável ( que a certa naõ me é dado conhecer) de terem as artérias cerebraes menor elasticidade que as mais ; o resultado, digo, a que mais me authorisa (42) Tom. 6.° da Physiologia cit. de Burdach, pag. 322. (43) Obr. cit —pag. 415. tom» 2. (44) Bèpertoire Générale des sciences medicales, tom. 4, pag. 130 art. arterie de P.H. Berard. (45) Manuel cit. de Phys. — 20 — o estudo de poucos dias, é este: — nas artérias do cérebro a sua me- nor elasticidade é para contribuir para que a circulação cerebral seja menos accclerada: — facto physiologico que existe, e cujo fim é sem duvida poupar a delicadesa da massa encephalica. Esta probabilidade se corrobora também na pathologia; porque com el- la se explica como, mào grado às lesões do coração que lhe augmentao a força impulsiva, ainda assim o cérebro, na maior parte das vezes, não apresenta a sua circulação accelerada á esse ponto, que arruine a vida or- dinária do encephalo. Por exemplo, M. Rochou, (tom. 3, art. apoplex. cerebral, do Repert. das se. med.) combatendo a Le Gallois,Aumont,Parizet, Bricheteau,Ravier, Cor- visart e Lallemand, prova cabalmente que as apoplexias cerebraes coincidindo com certas hypertrophias do coração, anteriores, estão em uma proporção lao pequena, que a coexistência d'ellas se deve antes tomar por uma coincidência, sem nenhuma relação de causalidade; ora isto explica-se muito bem na hypothese de que a menor elasticidade não restitue ao forte impulso pri- mitivo o que perdera nas resistências de varia espécie, que fora antes en- contrando. Se estivesse mais de espaço poderia reforçar muito as minhas provas, multiplical-as, pol-as em alguns lugares, onde só me servi da autoridade, ou suppuz as coisas provadas; mas não se systematisa em ponto dificil, e naõ vulgar da sciencia,. assim tão de affogadilho, à caminhar em trevas sem guia nem luz, ou com pouca luz, e guia incerto. Aqui podia fazer ponto final no meo trabalho, que a minha obrigação eslava satisfeita, dentro dos limites que não me é dado recuar, e que aca- nhao tudo. Porém como no meo caminho daparo com as hypotheses de dous Phy- sicos, nao terminarei sem examinal-as; bem que com muita brevidade e la- conismo. Antes, porém, quero pôr aqui algumas explicações. Para mim, com ser vitalista, a vida nao é um tecido de puro ether, não; o vitalismo não des- conhece que o maravilhoso da vida se manifesta mesmo no seo lado o mais material, visto como o mecanismo em que se ella realisa, não lhe vem de fora, por ella mesmo é creado. Eu, como um medico que tem-se servido dos seos muitos conhecimentos physicos em proveito do reconhecimento das leis da vida, penso, como elle mesmo elegantementeseexprime,q' muitas vezes «cada phenomeno da vida se executa de algum modo, segundo a diagonal de um parallelogramo cujos dous lados sao representados pelas forças vitaes, e as potências inorgânicas» (46) Nem sou como aquelles homens que experimentão mais particular pra- zer em negar a evidencia e combater aquillo que o senso commum ad- (16) Pelletan — Traité Elementairc de Physiquc gén. et med. — Introduction — 21 — mitte, procurando dest'arte as alegrias que acompanhão a idéa de possuir conhecimentos superiores aos dos espíritos vulgares; e para quem, sobre is- so, a vida parece perder o seo brilho ideal, quando se reduz á um simples mecanismo uma parte de suas manifestações taõ essencial como a circulação do sangue: — nao, naõ lhes pertenço. Entendendo, na nobre phrase de M.r de Bonald (47), que o homem é uma intelligencia servida por órgãos, todavia não subtraio estes instru- mentos materiaes da existência orgânica ás leis geraes, que, reconheço, mais de uma vez os regulaõ. Nunca jamais tem sido esta a minha crenga physiologica; por onde analysando a circularão sangüínea, eu, em lugar de pensar coma um illustre escriptor (48) regeitando a applicagão da physica á esta funccao importante, e mal sabida em muita parte, me persuado que pertence aos sentidos pronunciar em ultima instância no tocante á quanto ao espago se refere, e que a explicarão que lhes parece merecer a preferen- cia é a mais simples, que achar-se possa, aquella que tem por si a analogia dos phenomenos conhecidos da natureza, aquella que fraterniza com as leis geraes da physica. Porquanto com ser maravilhosíssima a vida em sua essência, são com tudo os seos meios de realisagâo pouco complicados; qualquer que seja o ponto de diíFerença em que esteja da existência inor- gânica, nenhum abysrno as separa talvez. Verdade é que temos um olho do espirito, que vê mais longe que o da carne; mas seo único destino é de recuar os limites para lados quaes este não pode adiantar-se; e quando elle pretende apprehender phenomenos contraditórios com o testemunho deste ultimo, impresta á natureza mila- gresinhos, que tem por effeito tirar á vida a sua maravilhosa e sublime simplicidade, conduzindo á theorias de mysticismo — essa deplorável allian- ça entre o que fere nos sentidos e aquillo de que por elles não somos ad- vertidos. (49) E ora como no tocante á hypotheses admitto o que dellas pensão Og mesmos physicos mais acreditados (50), acceito quando, é mister,as da physi- ca para explicações de phenomenos vitaes, sempre sob as condicçoes lógicas indispensáveis; que assim o fiz neste mesmo papel, que está fundado em (47) Vid. sua obra sobre o divorcio — : obra que os physiologistas devem muito meditar. Este pensamento de Bonald é quasi traducção de palavras latinas de Stahl. (48) Vid. o art. de M. Lerminier sobre a circulação, noDicc. das se. med. em 61 vol., pag. 247 — (49) Burdach. (50J Dizia Euler « Mihi enimomnino persuasum est, nonnisi post plurima tentami- na quce hypothesibus ex cogitandisinstituantur, ad veritatem nobis pertingere licere, » Dissert. de magnete. 6 __-»__ mais de um prrincipio dessa sciencia, com aquella parcimônia, que aconse- lha um escriptor, que não é suspeito (oi). Ora posto isto,naõ curvo um facto do organismo às conseqüências de uma theoria de physica, que lhe applico para e\plicaí-o; portanto se esta theo- ria se opposer logo do principio á um facto vital eu a sacrificarei; ainda que me condemne a naõ lhe saber nenhuma explicação. Neste presnpposto direi duas palavras de exame sobre a opinião de Pelle- tan acerca da menor elasticklade das artérias cerebraes. Depois de ter considerado o coração e as artérias originadas da aorta como um todo de cavidades ecanaes, que se achaõ pelas suecessivas con- tracções do coração em estado de tensaõ eontinua e muito variável; e de a ter encarado como dependente de trez condicçoes, sendo a ultima uma força /'palavras delle) de reacção muito pronunciada nas artérias, e em virtude da qual se apertão e tendem á lançar de si o sangue, que elias contem; escreve elle: « Já vimos que a reacção elástica das artérias era uma das cau- zas da tensão arterial, mas tal reacção não ha por toda parle. As artérias do cérebro, conteudas em uma massa molle, mas incompressivel, e enchendo exactamente a cavidade do craneo, naõ tinhão necessidade deste meio de resistir à tensão; ellas a experimentão somente por intermédio das colum- nas líquidas, e a transmittem directamente á massa cerebral, que deste mo- do se acha constantemente apertada entre a tensão do sangue arterial, que obra de dentro para fora, e a resistência dos ossos do craneo; não ha, logo, porque nos espantemos se as variações da tensão arterial tem tão grande in- fluencia sobreas funeções cerebraes » (o2yNao tenho espaço (53)para analysar largamente, comopodesse, este passo; limitto-mc à lhe fazer poucas e brevís- simas objecções; porém cabaes para regeitar-se in Iimine, cuido, o pensa- mento desse auetor. Dando por certo o principio de physica em que esta sua solução se fun- da, pergunto: mas como resistem essas artérias à tensão quando, como nos muitos casos attestados pela anatomia pathologica, «ha perda considerável de substancia cerebral tal que o órgão enrugado, encolhido, cessa então inteira- mente de encher exactamente a boceta cranianna, » como se exprime M. Grisolle; (&\) entretanto que se vive, e a circulação cerebral se suppõe em parte continuada , sem que se verifiquem essas conseqüências, de qne el- « Casos existem em que o cérebro foi reduzido á espessura de uma sim- • 0l; j JIu,,er\diz> no Man: de Phys.: « — as applicações da mecânica, da sta- titt» c da hydrauhca á physica orgânica, são bem limitadas; por que o que inte- iessa mais aqui são as causas orgânicas do movimanto» pag. 57., do tom. 1. ^52) Obr. cit. , tom. 1. pag. 448. (53) Hoje c o dia 13 de Abril. (54) Obr. cit., tom. l.°, pag. G10. — 23 — pies membrana, sem que houvesse alteração das faculdades intellectuaes, ou ao menos proporcional à intensidade da lesão » (55): — pergunto, ainda: como se dará aqui aquella condição que o illustre Physico suppõe no encephalo remediando a falta (que elle dã por completa) do elasterio ar- terial ? , Certamente aqui a substancia cerebral não está apertada entre a tensão do sangue arterial, que obra de dentro para fora, ea resistência dos ossos do craneo ; visto como ha um espaço que separa aquillo que Pelletan sup- põe sempre em perfeito contacto. Assim que vê-se, que a sciencia das doenças, em que elle faz funda- mento, (como se deprehende das suas expressões que refiro), é contra elle; pois que ao menos a sua hypothese deixa insoluveis vários casos, que alias se explicão na idea, que sustento. Bem se vê;—como Pelletan subordina os factos do organismo ás suas theo- rias, ás conseqüências dellas, quando deveria ser pelo contrario, eu tenho obrigação de tomar a liberdade de discordar, sem ter necessidade de exa- minar os seos raciocínios sobre a circulação parcial do cérebro em ligação com a circulação geral. Outra opinião ha, que será a ultima de que me occuparei; — é a de Ar- nott. Vitalista como é, suas explicações physicas de phenomenos vitaes naò me podem inspirar muitos receios. Busquemos, pois, em boa fé, estudar o seo voto nesta matéria. Eis aqui a opinião deste escriptor como elle mesmo a formulou, nas muito poucas palavras que dispendeo com este objecto. « As the box oi the cranium encloses the brain so as to leave no vacant space, it is evi- d«nt, that when the heart injects blood with unusual violence, thestrainat first is chiefly borne by the cranium,and not by the coats of the blood-vessels. Hence the arteries of the brain are not nearly so strong as those of the other parts of the body. » (56) Toda a demonstração que fiz da idea, qne adopto, em suas provas e conclusão refuta este trecho; assim como as objecções postas á Pelletan. O illustre Medico inglez parte da supposição de que o sangne chega ás artérias cerebraes com o mesmo impulso, que o coração, insolitamente ou não, lhe transmitte; entretanto que isso não se deve conceder. Dispensado (alem de impossibilitado) de me occupar mais com uma theoria, qne antecipadamente ficou destruída, todavia uma única rasão lhe contraporei nova: Se esses vasos mais fracos (isto é menos elásticos e contracteis) encontraõ na incompressibilidade da massa encephalica, ou no facto de ella encher exactamente toda a cavidade cranianna, encontraõ, (55) Lallemand—Lettre 1." sur rEncóphale,p. 24, cit. por Ribes—anat. pathol , tom. 1. pag. 59. (56) Elements of Physics, or Natural Phylosopliy General and Medicai etc. By Néil Arnott. M. D. Fourth Edition, 1829, tom, 1, pg.* 567, — 24 — digo, um correctivo saudável, que lhes substitúe, nos cfleitos, a elasti- cidade ou fortidão (segundo o auctor)#das outras partes do corpo; nao se seguiria que esse ultimo estado de fraqueza e ausência de elasterio, ea- racterisado nas ossificações das artérias,, não deveria, no cérebro, dar nunca esse resultado fatal, attestado pelas observações recentes da anatomia pa- thologica, que alleguei com }. Muller e outros ? Mais claramente; não se se- guiria que nenhuma força impulsiva do coração deveria romper esses va- sos, demorar ou inteiramente suspender essa circulação, produsir a falta ele nutrição do encephalo ? E naõ seria isto dar-se o absurdo de eme o estado pathologico podia ser condição normal, nos vasos do cérebro ? Estas duas hypotheses, por tanto, me parecem incorrer nas censuras, de Burdach (57) , quando dizia: « Os mesmos physicos, que alias não po- dem ser aceusados de muito amigos de hypothesesr muito grande queda tem, no concernente â phenomenos da vida, para hypotheses physicas bal- das de todo fundamento. Antes de nos podermos abalançar á estabelecer parallelos, que são hojemdia falhos de toda verisimemança, muito estudo carece que hajamos feito, e com igual tento, assim das forças orgânicas co- mo das inorgânicas, e que dellas mnito cabedal possuamos. » Aqui faço fim á este escripto que hade ir, forçosamente, muito inça- do de deífeitos; visto como apesar da difíiculdade do sugeito, e de uma certa novidade, que o rodeia , elle não passou pela incubação da re- flexão; a fora que o praso da Lei me impossibilitou caminhar longe, e de vagar, donde trouxesse coisa, que fecundasse um pouco semelhante matéria, que já de si mesma é esterihssima como talvez outra nenhuma de physiologia. Accresce que a opinião, que mantenho, andava ahi escondida em algumas linhas da sciencia, sem nada que fallasse em seo favor, que lhe desse foros; fui eu, que achando-a plausível, lhe exibi alguns títu- los , lhe forneci alguns documentos, e alguns raciocínios lhe ministrei: meo e só meo é esse methodo de demonstrar, esse systema de defen- der , e essa maneira de objectar às outras ideas, mais on menos rivaes,. que lembrei por ultimo; — que a mim me suecedeo, e em muito mais difíiceis circusmtancias, aquillo que J. Pearson fez por orgulho talvez. (58/ De mais disso, observe-se que a physiologia allemã, que é, não ha ne- gal-o , muito mais profunda e rica do que a franceza, segundo é pensa- mento geral, mesmo em França, referido por um illustre contemporâ- neo conhecedor de ambas (59); a physiologia allemã, em mais de uma (57) Vid. tom. 6; p. 157. (58) « I have neither servilely hnitated, nor fastidiously rejected the labours of my pedecessors; whilo. I have endeavoured to avail myself of their assistence, 1 have also assumed the liberty of thinking for myself. (59) Vid. Jourdan, no prólogo que a juntou á versão, que deo, do Manual de- Phvs. de Muller. — 25 — obra vasta, que consultei, nenhuma consideração, nenhum desenvolvi- mento lhe dá; talvez porque questões ha nas sciencias a respeito das quaes o pensamento de Pope (60) é de profunda sabedoria; ou pelo que diz um sábio physiologista allemão. (61) Se a minha ambição nas sciencias naõ se limitasse modestamente á que- rer ter a opinião, que o estudo tornou mais segura; se quizesse antes re- presentar de Carneades, á sustentar indifferente o pró e o contra, ou á tro- car o paradoxal pelo mais provável, a minha tarefa teria sido mais fácil, e curta. Atrevo-me, pois, á fundar na tal on qual originalidade, à que fui for- çado, as muitas esperanças de absolvição, que nutro, ao expor este es- cripto aos olhos do publico. (60J The scienceof the Human Natureis like ali other sciences, reduced to afew clear points. There are notmany certain truthsin this world. It is therefore in the Anatomy ofthe Mindas in that ofthe Body; more good will accrue to mankind by attending tothe large , open, and psrceptible parts , than by studyng too much such finer nervs and vessels, the conformations and uses of icill for ever escape our ob- servations. Essay on Man, tom. 1. The Design. (61) Plusnous nous familiarisons avecles phenomenesdelavie, plus nous acquerons 1' intime conviction que notre savoir à cet égard se compose uniquement de lam- beaux détachés. Et combien ne nous arrive-t-il passouvent d'être obligésd'avouer qu il y a beaucoup de choses que nous ignorons?» Traité Complete de Physiol. de l'homme, par—Fred.Tiedmann—Traduit de 1'allemand par Jourdan 18311 Tom. 1- 7 LIVROS. OVE DEVIA. rO\SlLT\B. Caleb Parry — An exper. inquiry into the nature ofthe arter. pulse. Lon- dres. 1816. Phènoménes Physiques de Ia vie, par M. Magendie. 4 vol. in 8. Maiteucci. Leçons sur les phènoménes physiques et chimiques des corps vi. rants, professées á Pise, en 1844, par M. C. Maiteucci. Edition française publiée sous les yeux de Vauteur, avec des additions considérables, par M. Le- blanc Paris, 1845, 1 vol. grand in— 18. Ehrmann ( C. II. ) Recherches sur Ia structure, les fonctions et les altera- tions organiques des artéres. Strasbourg, 1822, in — 4. , pag. 41. Suneten ( Ger. van. ) Diss. de arterim fabrica et efficaciá in corpore huma- no. Leyde, 1725, in — 4. Ludwig (Chr. Gottl. ) , resp. Greg. Chr. Ilahn. Diss. de tunicis arteriarumm Leipzig , 1739, in— 4. —Recus. in Haller, colb. disp. anat. , t. 2, pag. 1. Ilebenslrcit ( J. Em. ) Progr. de vaginis vdsorum. Leipzig, 1740, in__■ 4. — Recus. in Haller, colb. disp. anat. , t. 2, pag. 27. De Lasône. Recherches sur Ia structure des artéres. Mém. de VAcad. des se. de Paris, pour 1756, pag. 107 — 133. Mouro (Alex.) 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Sur les mouvemens du cerveau et de Ia dure-mère. l.cr Mémoi- í"e sur le mouvement des. parties contenues dans le crâne, considérées. dans leur élat naturel—2e Mém sur le mouvemens contre nature de ce viscère, et sur les organes qui font le príncipe de son action. Dans Mém. de mathem. et de phys. prcscnt's â VAcad. roy. des se. 1760, t. 3, pag. 277 et 344. Taube (Dan. J.)Prces Haller. De sanguinis ad cerebrum tendentis xhdole. Gottingue, 1777,. tn —4.° Goclicke (Andr. Ottom. ) Epist. an ad fir. Ruysch. de cursu arteriarum per Piam matrcm cerebrum involventem, de tertia cerebri meninge &c. Acc. Ruysch responsio, A ms. 1679, in 4. Monro (A lex.) A treatise of the nerves, an account of the reciprocai motions of the heart., &c. Edimb., 1726, in 8.° Trad. em latim, por G. Coopmctns. Tran- der 1754; 1762, in 8.° fídl — An Essay on the forces by Which cireulates the blood. Joeger. Tractatus de arteriarum pulsu. Diss. de irrilabilitate arteriarum. — Reinarz. De venarum et arteriarum vi irritabili— Ycrschnir. Compression des artéres et causes de Ia circulation dans les vaisseaux, pav le docteur H\ L. Brehn de Jéna Allg. med. annalen, etc. 1829. S. 1297 , et Journ. des prog. , t. 2, 1830, p. 231. Suppression spontanée de Vhémorrh. dans les cas de section et de plaie des ar- téres, par le d. Nathan Smith. Journ. de prog. , t. 9, p. 118. Circulation avant et aprés Ia naissance. Journ. de Leroux , Corv. etBoyer, t. 39, 1817, p. 67. On lhe pulse of animais Lond. med. and surg., jour. t. 2. , 1829. Connexion de Ia vie avec Ia circulation Journ. de Leroux, Corvisart et ■Boyn t. 1, an 9. p. 269. Fonctions des artéres dans Ia circulation, Journ. de Leroux , Corv. et Boyer , t. 38, p. 291, 1817. Mdtiiématiques appliq. á Ia circulation. Journ. de Leroux, Corv. etBoyer t. 39, p. 93, 1817. ISote sur les phènoménes mécaniq. de Ia circulation dusang. Journ. de Leroux, Corv. et Boyer, t. 9, p. 205, an 13. De parenchymate et vasorum capillorum systemate. 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POBQUE RAZAÕ — QIJAL A RAZAÕPORQUE Farie — Zaire^ Manual —/Manuel mais essas outras — mais essa outra ou outras transparente. — transparente, Fora — Fora circulação central — circulação cerebral stase — stases éamaissimples, q'achar-se | e a mais simples, que achar-se possa, aquella—possa, é aquella prrincipio — principio Grisolle; (54) — Grisolle (54) ; se suppõe em parte — se suppõe, ao menos, em parte circusmtancias — circumstancias NA BIBLIOGRAPUIA. CONSULTAB — CONSUjtTAR. N. B. Além destes, outros erros devem deter escapado, principalmente na Bibliogra- fia, ultimo trabalhoq' nosfoi possível rever. A escacez do tempo em que tivemos de fazer estescripto não permittio que o acabássemos mais correcto—quaesquer que sejão, nes- te sentido, os seos defeitos, esperamos que indulgente e benigno nol-o relevará o leitor. \