SOBRE A BLE1VORRIIAGIA VO HOMEM. SOBRE A BLENORRHAGIA NO HOMEM. Que foi apresentada a' Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e sustentada em 12 de Dezembro de 1840, por. 2ütnu0tcr Caníriíro ücrotra, DOUTOR EM MEDICINA PELA MESMA FACULDADE, NATURAL DA BAHIA. Mille modij morimur, mortales nascimur uno tina Tia est ?ilae, moricudi mille figura?. RIO DE JANEIRO, TYPOGRAPHIA DE LAEMMERT, Sua doi Ourires esquina da rua do Cano, 1840. FACULDADE DE MEDICINA DIRECTOR. 0 Sb. Db. MANOEL DE VALLADAO PIMENTEL Presidente. LENTES PROPRIETÁRIOS. Os Srs. Doutobes. 1.° Anno. F. F. ALLEMÃO........... Botânica Medica, eprincípios elementares,de Zoologia. F. de P. CÂNDIDO......... Physica Medica. 2.° Anno. J. V. TORRES HOMEM....... Chiinica Medica, e princípios elementares deMineralogia. J. M. NUNES GARCIA........ Anatomia geral e descriptiva. 3.° Anno. D. R. ros G. PEIXOTO. . . . . . . Physiologia. J. M. NUNES GARCIA....... Anatomia geral e descriptiva. 4.° Anno. i i rjnvunn ( Pharmacia, Matéria Medica, especialmente a Brasileira J. J. de CAK\ ALÜU.........) , ' . , ' i, l lherapeutica e Arte de lormular. J. J. da SILY A.'Examinador..... Pathologia interna. L. F. FERREIRA Supptente . . . .-. Pathologia externa. 5.° Asso. C. B. MONTEIRO Examinador. . . Operações, Anatomia topographica e apparelhos. F J XAVIER í Partos, Moléstias de mulheres pejadas e paridas, e de me- l ninos recém-nascidos. 6.° Anno. J. M. da C. JUBIM......... Medicina Legal. T. G. dos SANTOS Examinador. . . Hygiene e Historia de Medicina. M. de V. PIMENTEL........ Clinica interna, e Anatomia Pathologica respectiva. M. F. P. de CARVALHO...... Clinica externa, e Anatomia Pathologica respectiva. LENTES SUBSTITUTOS. A. T. dWQUINO Supptente.....^ _ , „ . \ F M\PTINS I çao das Sciencias accessorias. J. B. da ROSA Examinador.....i _ „, .. . . ™ ^,t-»tTT. „ J Secção Medica. L. de A. P. da CUNHA Examinador. i D. M. de A. AMERICANO.....\ _ L. »a C. FEIJÓ........... j SeCÇa° Cin^,Ca' SECRETARIO. Db. LUIZ CARLOS »a FONSECA. emittidas uas thcscs,.as quaes devem ser consideradas como próprias de seus autores. Á MEU RESPEITÁVEL PAI, Á MINHA ESTREMOSA MAE Em testemunho de respeito, amisade, e eterno reconhecimento. Méconnaitre les bienfaits qu'on a icçus annonce une insensibilité et une injustice suiprenantes. Holbícb, bob. usnr. % <í. ftxxúxa. AOS MEUS ESPECIAES AMIGOS, OS SENHORES DOUTORES lonatl) as Abbott, Lente de Anatomia da Faculdade de Medicina da Bahia. E fotcentc fexxtixa òt Jílajgalljítes, Lente de Physica Medica da mesma Faculdade. Pequeno testemunho de gratidão, e reconhecimento % C Stxxúxa, SOBRE A BLENORRHAGIA NO HOMEM. A palavra blenorrhagia servindo para designar todo o corrimento de muco, sem determinar a sede do mal, podia mui bem quadrar a toda a secreção morbifica das membranas mucosas; mas desde Swediaur se tem admittido para exprimir os corrimentos mais ou menos inflammatorios do canal da ure- tlira, glande, e prepucio no homem; vagina, e urethra na mulher. A mesma denominação se tem applicado a purgações diversas que se effectuão na cavi- dade nasal, nas orelhas, no ânus &ç. ; porém, em geral estas são conhecidas pelo nome de corrimentos com epithetos variados e appropriados, para mar- car sua sede, e origem. Em nosso trabalho abriremos mão de todas estas pur- gações, e d'aquellas que se operão na vagina, e urethra na mulher, no prepucio, e glande no homem, para só nos occuparmos [d'aquella que se effectua pela uretha. O conhecimento da blenorrhagia data de tempo immemorial. Hypocrates, Galeno, Celso, Rhases, Celio Aureliano, Mesüe d'ella tractarão em phrases bem evidentes. João Ardner a descreveo em 1370 debaixo da palavra arsure, e os estatutos das casas de devassidão em Londres, e em Àvinhão desde 13^7 até 1430, são factos históricos que exuberantemente comprovão o conheci- mento trivial d'esta affecção na Europa, antes do apparecimento da Syphilis. He bem evidente que a blenorrhagia de que falíamos não he a syphilitica, porque essa 'apenas foi conhecida quarenta annos depois do apparecimento do gallico, e pela primeira vez descripta por Musa Brassavula em 1551, em sua obra — de morbo gallico — ; por Fernel em 1555, e por Fallopio em 1560; entre tanto, Jacques de Bitencourt dá a entender que a blenorrhagia consecutiva a um coito impuro lhe era conhecida em 1527, embora fosse ella syphitica, o que parece provável a M. Gibert, ou então uma purgação*' não venerea, como he possivel colligir d'esta passagem de sua obra, referida por Astruc, n'estes termos: um moço, que ha um anno e meio, vertia pelo genital uma sanie purulenta, mal que contrahíra em um commercio impuro, veio pedir os meos conselhos. Consultando em balde diversos Médicos, e Cirurgiões, aconselharão uns os purgantes, e dieta módica, outros as injec- ções, e fomentações; mas, suspeitando eu a existência de uma ulcera no canal da urethra, por conservar o penis em erecção dolorosa, fiz suspender as injecções, e appliquei os medicamentos dessicativos, com o que se curou. Como quer que seja penso comoAslruc, que estes testemunhos dos anti- gos Médicos em pequeno numero , e únicos provão quando muito que esta espécie de gonorrhea virulenta, rara nessa épocha, tornou-se tão freqüente em 1545 a 1550, que os práticos desde então começarão a enumera-la entre os symptomas da syphilis. Diversas denominações tem tido a blenorrhagia: os antigos a chamarão gonorrhea, persuadidos de que a purgação era formada pelo liquor prolífico; outros deixando de parte a dòr, calor, e ardor, motivados pela pblegmasia urethral, e tendo em vista a causa determinante, chamarão gonorrhea ma- ligna, virulenta, venerea, para distingui-la da benigna proveniente de outra causa que não fosse o virus syphililico ; os modernos mais judiciosos, e mais exactos nas suas denominações , attendendo ao assento da moléstia, substituirão os antigos'nomes pelo de urethritis, e por isso de ora em diante indistinctamente a chamaremos urethritis, e blenorrhagia; emfim, o vulgo lhe dá o nome de esquentamento. Consistindo a blenorrhagia urethral na inflammação da membrana mucosa do canal da urethra, pode se apresentar com caracter agado, ou chronico, e causas mui diversas podem produzil-a: o abuso dos praseres venereos, a demora de cálculos na bexiga, as sondas, ou velinhas demoradas na ure- thra, presença de feses e vermes no intestino recto,. hemorrhoídas, equi- tação prolongada, a masturbação , aintroducção de cantharidas na economia, quer pela absorpção, quer pela ingestão no estômago, o trabalho sympto- matico da dentição, emfim tudo quanto pode mechanicamente irritar a urethra, e as partes que com ella estão ■em relação sympathica, ou directa; porém, as blenorrhagias d'esta espécie raramente apresentão um caracter muito agudo, são menos freqüentes do que pensarão os autores, e facil- mente se extinguem, quando tem desapparecido as causas que as produsem, ou as entrefcem. A copula carnal com pessoas atacadas de blenorrhagias venereas, e cancros díi mesma naturesa, o producto das secreções purulentas, e venereas appli- eado sobre a mucosa-urethrai podem também dar lugar á blenorrhagia, e d'isto tem- resultado uma longa controvérsia entreos autores, sobre a questão — 3 — que se segue: se o pus proveniente de uma ulcera venerea primitiva pôde, ou não produsir uma blenoiThagia? Depois de factos apontados por autores dignos de todo o critério, e fé, como Lagneau , Cullerier, Ratier, &c., claro fica que blenorrhagias ha que dão lugar a cancros venereos, do mesmo modo que estes podem dar lugar á blenorrhagias. Além d'estas causas, a blenorrhagia reconhece outras muitas, taes são a re- percussão d'erupções dartrosas, psoricas, affecções rheumaticas, gotta, scro- phulas , a temperatura humida, e. fria; porém de todas ellas a mais freqüente he sem duvida o virus venereo. Pelo que respeita ao rheumatismo, gotta, dartros &c. , que certos autores julgão capases de produsir a blenorrhagia , disem MM. Ratier, e Cullerier que não tiverão oceasião de verificar sua acção directa; pôr isso considerão-na como simples coincidência, e acerescentão ainda que a blenorrhagia pode apparecer nos gottosos, rheumaticòs, dartrosos &c. , por isso que taes moléstias não os garantem d'essa affecção, mas que a opinião dos práticos, que assim pensão, só se funda em asserções, e não se baseia em factos; que as blenorrhagias podem alternar com os paroximos da gotta, rheumatismo, dartros &ct, facto que não negão , mas que não tem sjdo por elles notado. Dizem mais estes mes- mos autores que os sujeitos atacados de rheumatismo, dartros &c., são mais predispostos a serem acommetlidos de blenorrhagias, que não os outros indiví- duos, mas que isto depende de uma disposição inflammatoria, cujo resultado se manifesta sobre a parte que tem sido excitada, como appareceria no cérebro, no estômago &c., se a causa determinante influenciasse sobre estes órgãos. Apesar da opinião de práticos tão esclarecidos, outros de não menos conceito como Swediaur, Baude, affirmão ter observado a blenorrhagia ter apparecido em sujeitos atacados de rheumatismo, e da gotta, e por isso impossível nos he, emittir juizo algum sobre factos tão contraditórios, sem uma nova e ulterior apreciação. Tem-se também considerado como causa da blenorrhagia o uso da cerveja em quantidade excessiva; porém disem os práticos acima citados (Cullerier, e Ratier), que estando em Allemanha onde se fazia excessivo uso da cerveja, não observarão blenorrhagia por semelhante causa, e se louvão na opinião de MM. Roche, e Begin que declarão o mesmo; por isso elles julgão que isso talvez de- penda de uma irritação da urethra devida a passagem da ourina, e provocada pelo uso d'essa bedida, aqual pôde determinar umaexhalação muito mais abun- dante da membrana mucosa d'esse canal. O mesmo que disem elles acerca da cerveja, applicão ao uso do cha e de outras bebidas diureticas, consideradas como capases de provocar uma blenorrhagia. Dissemos mais acima que o virus venereo era uma das causas mais frequen- — u — tes da blenorrhagia; porém, para que este virus dê lugar ao desenvolvimento da blenorrhagia , não he de mister a introducção do penis na vagina da mulher, e no ânus de individuos que, por se entregar ao torpe e infame vicio da pe- derastia, temn'esta parte cancros venereos, purgações, pústulas etc. ; basta so- mente o toque para se ella manifestar, e Swediaur leva mais avante seo modo de pensar, suppondo unicamente necessário servir-se qualquer sujeito para satisfazer suas necessidades de um vaso, onde tenha sido precedido por pessoa atacada de blenorrhagia e cancros venereos, com tanto que nas paredes d'esse vaso ffaja alguma quantidade de matéria purulenta misturada com muco. Então o roçamento da extremidade anterior do penis ao vaso, he sufficiente para dar origem á blenorrhagia, entretanto que individuos ha de condição tão feliz, que se expondo a todas as causas de infecção venerea, são refractarios a sua acção, e nunca contrahem affecção syphilitica, quer seja devido a sua particular cons - tituição , e idyosinchrasia, quer dependa da irritabilidade das partes, quer do habito, e modo de viver de taes individuos. Além de todas as causas , que deixamos mencionadas temos ainda as injec- ções irritantes na urethra, que determinão a blenorrhagia, como provão as experiências de Swediaur em si mesmo, e as de Cullerier em alguns de seos doentes. A urethritis, qualquer que seja sua natureza , se manifesta do segundo ao oitavo dia, depois da exposição á causa de infecção; poucas vezes apparece aos quinze dias, e menos ainda depois de um mez; entretanto, que com mais fre- qüência começa immediatamente após o coito. O primeiro phenomeno que annuncia seu desenvolvimento he um senti- mento de comichão , e constricção na extremidade do penis precedido de in - quietação geral, e acompanhado de peso no membro, que muitas vezes se propaga ao ânus, e de uma sensação agradável que desafia o appetite venereo; ligeiro ardor na emissão das ultimas gottas de ourina, e alguma dòr se faz sentir na fossa navicular pela pressão. Se nesta épocha se examina o orifício da urethra, já se acha algum tanto humido, e rubro; e expremendo o penis a baixo do freio, faz-se sahir pelo orifício uma gotta de liquido còr de leite, mais ou menos espesso. Do segundo ao terceiro dia augmenla-se mais a dôr da fossa navicular, que por mais tempo se conserva, e se torna urente durante a emissão das ouri- nas, e, depois de satisfeita esta necessidade, a glande augmenta de volume , torna-se rubra, e dolorosa nos movimentos que pela progressão lhe são com- municados; a.irritação chama maior afíluxo de liquido sobre aparte, e o pre- pucio se tumifica, sobre tudo ao lado do filete em rasão da contiguidade da fossa navicular; e pôde tornar-se a sede de.uma mais intensa inflammação, e haver phymosis , ou paraphymosis. 5 — A purgação pelo orifício da urethra he maior, e o liquido mais espesso, de sorte que agglutina os lábios do meato ourinario; as erecções se tornão mais freqüentes e dolorosas, mormente durante a noite, pelo calor do leito, Do sexto ao oitavo dia são mais intensos todos os phenomenos mórbidos: a purgação he em maior quantidade, mais espessa, e apresenta a côr amarella esverdinhada; a inflammação se propaga ao resto do canal, que apresenta-se tenso, duro, e doloroso à pressão : o meato ourinario conserva-se rubro, in- chado , e mais sensivel; emfim todos estes phenomenos continuão a progredir, e a tomar mais intensidade até aos vinte, vinte e cinco , e mesmo trinta dias em que elles tem chegado ao seo apogeo. D'ahi em diante vão decrescendo todos os symptomas inflammatorios, a purgação diminue , o pus de amarello torna-se branco, mais ligado, e ao depois mais delgado , por fim seroso, e debaixo da fôrma de gottas que se dessecam na superfície da glande para cahir debaixo da fôrma de poeira, e cessar completamente, com mais ou menos prompti- dão , segundo a docilidade do doente em sujeitar-se ás prescripções do Medico , e ao regimen conveniente. Em geral, segundo os autores Europeos, a blenorrhagia dos trinta aos qua- renta dias termina, e elles suppõem que nos paizes quentes sua terminação será mais rápida; mas no Rio de Janeiro e na Bahia temos igualmente obser- vado que a blenorrhagia dura dous, e mais mezes, e mesmo um anno, depen- dendo isto talvez do pouco cuidado que tem as pessoas afiectadas em se sujeitar ao tractamento conveniente. A.marcha que acabamos de traçar pertence á blenorrhagia em seu estado de simplicidade. Algumas veses acontece que a purgação se estabelece sem o doente sentir o menor inconimodo, a menor dôr na urethra, sendo apenas despertada sua attenção pelas manchas que observa ém seus vestidos; outras veses porém, he tal o incremento que toma a urethritis, que além dos symptomas geraes, como febre, dôr de cabeça, rubor de face &c. , a dôr do canal da urethra he assás viva , se estende ao collo da bexiga, e ânus, e por sua intensidade o doente procura evitar a emissão das ourinas, que he precedida, ou succedida da expulsão de algumas gottas de sangue, e sahe em fio mui delicado, tortuoso ou bifurcado, em conseqüência da grande tumefacção da mucosa-urethral, que diminue o diâmetro d'este canal: as erecções são assás freqüentes, e doloro- sas, fazendo curvar o penis para baixo, em virtude de não poder a membrana mucosa, bastante inflammada, soflrer a distensão que experimenta o corpo cavernoso pelo aflluxo de sangue em suas cellulas, e podem-se tornar quasi continuas; o corrimento he assás espesso, misturado com strias sanguinolen- tas, e constitue isto o esquentamento de corda, ou vulgarmente de gancho. — 6 — iVeste estado todas as glândulas inguinaes se irritão, ha peso no ânus, e tes- ticulo, dores no cordão spermatico, verilhas, e lombos. Quando homens imprudentes, affectados de tão intensa blenorrhagia, se entregão ao coito, além dos inconvenientes do transporte da inflammação para um ou outro testiculo (orchitis venerea) experimentão no acto da expulsão do sperma uma dôr intolerável, comparada por muitos â sensação produsida por ferro em brasa; então, maior ou menor quantidade de sangue sahe de mistura com o liquor seminal, que operando violenta distensão no canal estrei- tado pela inflammação, rompe-o em alguns pontos. Os phenomenos mais importantes que na marcha da blenorrhagia se obser- vão, são : a dôr, a purgação, as erecções, e a excreção das ourinas: bem que os tenhamos descripto abreviadamente, todavia novamente os exporemos, fazendo sobresahir as diversas modificações que podem elles apresentar durante a exis- tência da blenorrhagia. A dôr não ofTerece igual intensidade em. todas as urethritis, ella está em relação com o maior ou menor grão de phlegmasia; he aguda no principio da moléstia, e depois mingôa, ou por effeito do tractamento em uso, ou espontaneamente ; mas o uso dos estimulantes ex- ternos, ou internos, a copula, erecções, a emissão das ourinas, augmentão-na consideravelmente. A sede que occupa he a fossa navicular, ponto por onde começa, e acaba. Á medida que a phlegmasia urethral medra em intensidade, e se estende ao longo do canal, amplifica-se a dôr pela extensão do mesmo canal até o collo da bexiga. Ha certas urethritis que apenas se annuncião por este único incornmodo, e he esta espécie a gonorrhea secca dos autores ; porém, sendo raro observar- se istd, he todavia mais fácil acontecer em uma inflammação com secreção, quando esta por qualquer causa tenha subitamente desapparecido. Então he a dôr o único phenomeno notável; todos os estimulos a augmentão, mas de- balde procura-se pela inspecção do órgão e exame do canal conhecer a causa d'isto, nenhum esclarecimento obtém o pratico. Este estado da urethra he, segundo MM. Cullerier e Ratier, de longa duração, e leva sobre o moral do infermo tão profunda impressão, que para se livrarem de tão incommodos soffrimentos, não se poupa a dores e padechuentos. A purgação na blenorrhagia desenvolve todos os caracteres das secreções das mucosas inflammadas. A principio liquida, sendo transparente, limpida, pouco abundante , reveste- se posteriormente das qualidades de verdadeiro pus; mas a sua côr e consis- tência varião successiva e alternadamente no mesmo doente, em rasão d» augmento e diminuição que offerece a moléstia. Branca, amareila, verde, — 7 — mais ou menos carregada de côr, misturada de strias sánguinolentas, ou san- gue mais intimamente combinado, que a tornem avermelhada, he a purgação da blenorrhagia, mais ou menos espessa, liquida, ou cremosa. Algumas veses sahe pela urethra sangue puro; mas he isso phenomeno passageiro. O cheiro da secreção blenorrhagica he sui generis; torna-se fétido quando se aceumula, ou começa a decompôr-se. Sua abundância, em rasão directa da intensidade da inflammação decresce, quando esta diminue ; de sorte que quando a in- flammação vai terminar, apenas se reduz a algumas gottas que se seccão na superfície da glande, para cahir debaixo da forma de poeira. Em alguns sujeitos o pus blenorrhagico he tão acre que irrita as partes com que se acha em contacto, dando origem na pelle a inflammação erythe- matosa com calor, e comichão, e nas membranas mucosas a inflammação com secreção mucosa, ou purulenta: outras vezes porém he inerte; a julgar-se pela simples vista não se poderia determinar se suas propriedades serão estas, ou aquellas; mas se pôde afiançar que em um mesmo indivíduo pode mostrar- se n'estes dous diversos estados. A única condição apreciável, segundo MM. Cullerier e Ratier,- he a intensidade da inflammação; mas não he essa a causa única. Também não se pôde determinar uma época fixa, em que o corrimento deixa de ser contagioso, ainda que no estado chronico he menos possivel o contagio. Na reapparição da phlegmasia, o pus da blenorrhagia retoma qua- lidades irritantes. A excreção das ourinas nem sempre he transtornada, ou dimcil; nos esquentamentos primitivamente pouco inflammatorios, naquelles já antigos, mitigados por conveniente tractamento, quasi se faz como ao natural, ou com ligeira comichão na expulsão das ultimas gottas. Quando porém a inflammação da mucosa-urethral he assas activa, e o diâmetro do canal se estreita, então o jacto da ourina se faz por delicado fio, umas vezes bifur- cado , outras em spiral, ou gotta a gotta, e se a inflammação vai em pro- gresso pelo canal, e ataca o collo da bexiga e a próstata, pôde manifestar-se a retenção completa das ourinas, e seos perigosos resultados. As erecções são freqüentes, e dolorosas, e sua actividade he relativa ao gráo da phlegmasia, e da continência a que se sujeitão os individuos; mas, segundo Cullerier, e Ratier, não se observa nos infermos maior desejo de se entregarem aos praseres de Venus, e se alguns guiados pelo estúpido pre- juiso, se dão a esse exercício persuadidos que sua blenorrhagia se curará pelo coito, achão-se enganados, e bem caro pagão seu estulto arrojo com dores atroses que soffrem durante a expulsão do sperma, que determina uma dôr análoga áquella produsida por um liquido corrosivo, atravessando — 8 — o.canal; esta mesma dôr se soffre nas polluções. Na blenorrhagia chronica, somente a copula algum tanto augmenta a inflammação. Tendo-nos occupado dos phenomenos morbosos que acompanhão a ble- norrhagia, justo he que alguma cousa digamos sobre sua. sede,.ou sobre a fonte donde dimana a purgação. Iíufls práticos tem limitado sua sede á fossa navicular, outros a toda a extensão do canal, e diversas membranas, lacunas, glândulas, e até mesmo á próstata, ao collo da bexiga, e alguns mesmo ás vesiculas seminaes; mas para mostrarmos a veracidade do que avançamos, apoiemo-nos sobre o que disem os autores. Astruc diz, que podem haver quatro espécies de blenorrhagias dependentes de quatro partes differentes, que podem ser a sede: 1.° as vesiculas semi- naes; 2.° a próstata; 3.° as glândulas de Cowper, 4.° as cellulas ou lacunas mucosas da urethra. Mais adiante elle accrescenta que raro he encoVitrar-se gonorrheas limitadas a uma só das partes indicadas, porque se ellas assim começão, ao depois se estendem ás outras. Guilherme Rondelet aflirmava em \ 500 que a gonorrhea virulenta era devida á inflammação da próstata. Thomas Bertolin disia ter encontrado ulceras, e cicatrises nos sujeitos que tinhão morrido de gonorrhea. Marco Aurélio citado por Pedro Forestus, reconheceo inflammação, e abcessos na próstata. Segundo o mesmo autor, Virsungus tinha encontrado as próstatas ulcera- das, e derramando uma sanie purulenta, e acre. Emfim Littre (Mem. da Acad. Real das Scienc. Medic. em 1711) tira de suas indagações necroscopicas as seguintes conclusões: 1.° que entre os differentes reservatórios do liquor seminal, ou todos, ou muitos, ou alguns estão affectados; 2/ que os reser- vatórios soffredores são inchados, duros, rubros, e inflammados; 3.° que são cheios de um pus corrompido, branco, amarello, ou verde, mas sem ulce- ração, o que he raro; 4.° que estão suppurados, redusidos a abcessos, roidos e ulcerados em differentes pontos, e cheios de um humor de differentes cores, o que he mais ordinário; 5.° que os conductos excretorios d'estes reserva- tórios são sempre inflammados, e muitas veses ulcerados na extremidade; que termina na urethra; 6.° emfim, que a face interna da urethra d'esde estes conductos excretores até a extremidade da glande, está coberta do mesmo humor dos reservatórios, que está rubra, e em estado de phlogose , e algu- mas vezes cheia de phlictenas, e ulceras. Cockburne, autor inglez, foi o pri- meiro que refutou a opinião dos práticos, que julgavão ser a phlegmasia um fluxo de liquor seminal, e provou que sua sede era nas lacunas, ou glândulas mucosas da urethra. Das opiniões precedentemente apontadas, vê-se quão differente sede tem — 9 — sido dada a blenorrhagia, e quanto o modo de pensar de muitos práticos tem sido afastado da verdade; mas, depois das observações dos práticos mo- dernos , póde-se avançar sem o temor de errar, que a sede primitiva da ble- norrhagia he a membrana mucosa da fosse navicular, e que sendo raro ella limitar-se a este ponto, se estende a todo o canal, e pôde mesmo affectar a próstata, o collo da bexiga, sem com tudo considerar-se estas ultimas lesões como dando causa a purgações; que em alguns casos entretanto ha exis- tência de ulceração; mas ellas não são tão freqüentes como pretendião os antigos autores. A marcha da blenorrhagia he, ora rápida, ora lenta; quando se manifesta em estado bastante agudo, depois de se conservar n'este estado até quinse ou vinte dias, dahi mitiga successivamente até aos trinta ou quarenta, em que ella termina-se por gradual resolução. Nem sempre a blenorrhagia ap- parece com esta intensidade; falta o periodo agudo, e a moléstia se limita a uma purgação abundante, sem dôr; he esta a blenorrhea dos antigos au- tores , que a differenção da blenorrhagia , fundando-se na intensidade dos symptomas , distincção segundo MM. Cullerier , e Ratier, inteiramente viciosa, porque tende a separar objectos que approximão a observação, e o raciocínio. De facto, a blenorrhagia pôde passar ao estado chronico, como ao estado agudo; em geral, a urethritis chronica pôde durar muitos meses, e mesmo annos, mas então he ligada a outras lesões da urethra, e mesmo da *ostata. Não he raro observar-se cessar a blenorrhagia, para depois reapparecer, seja isto devido a qualquer excitação, seja a nenhuma causa apreciável. O vulgo chama-a esquentamento de repetições; mas he mister saber que mui- tas vezes os infermos julgão repetição de uma blenorrhagia, o que he effeito de nova infecção; por isso devemos sempre estar prevenidos sobre suas decla- rações. Ainda que a blenorrhagia não seja directamente funesta, não he todavia in- nocente em seos resultados, porque'ella pôde dar lugar á desordens impor- tantes no canal da urethra, e mesmo produzir infecção sypiiilitica; bem que, segundo a opinião de MM. Cullerier e Ratier, seja menos freqüente a syphilis constitucional do que se pensa , e mesmo julgão que seja isso devido á exis- tência de ulcerações inteiramente desconhecidas ao doente. As blenorrhagias simples devidas a causas irritantes são moléstias locaes , e logo que ellas tenlião cessado, tudo se acaba; mas prolongando-se, dão lugar a estreitamentos, como determinão as syphiliticas ou desde a primeira vez, ou quaitdo continuão por mais veses. A distincção d'estas duas espécies de blenorrhagias he assás diflicil, e aquelle 3 — lO- que se occupasse a indagar os caracteres distinctivos de uma e de outra, além de faser um grande serviço á Medicina, e á humanidade, lançaria alguns raios luminosos sobre a historia das moléstias venereas. Os signaes que pelos autores são apresentados para distinguir a blenorrhagia estão bem longe de serem assás positivos para esclarecer a natureza da moléstia. Se a blenorrhagia se manifesta depois de uma prolongada incubação, póde-se suspeitar ser de natureza syphilitica; mas são numerosos os casos em que se ella desenvolve mesmo após a copula, ou poucos dias depois; pela fôrma aguda, ou lenta podem começar as urethritis venereas, ou não; a côr, a consis- tência , e cheiro da purgação nenhum dado nos ministrão para discriminarmos uma da outra; emfim, o exame da pessoa com que foi contrahida a moléstia, ainda mesmo pôde não ser de alguma utilidade para pronunciar o Medico seo definitivo juizo* e dirigir-se na escolha do tractamento adequado. Pôde muitas vezes a pessoa examinada julgar-se sãa, e dahi reputar-se a ble- norrhagia simples; quando, desmascarando-se os symptomas syphiliticos, se chega ao conhecimento de sua verdadeira natureza. He bastante espinhosa a tarefa do Medico quando se elle acha em circums- tancias taes, porque do conhecimento da verdadeira naturesa da moléstia, fará elle as applicações convenientes, entretanto que desconhecendo-a , fará em uns tractamento desnecessário, em outros será o motor indireoto de soffrimentos ulteriores, que poderia evitar. Verdade he que, apesar das difficuldades do ponto em questão, he mais provável que a blenorrhagia aguda que se a^P|esenta pou- cos dias depois do coito, e cujos symptomas são pouco intensos, Seja benigna por natureza. A incerteza do diagnóstico da blenorrhagia torna equivoco seo prognóstico , somente debaixo da relação dos accidentes consecutivos, que podem desenvol- ver-se; porque relativamente á moléstia, quando simples pouca difficuldade offe- rece : a venerea não he mais nociva que outra qualquer, porque a orchitis, aophtalmia d'ellanão são só a partilha. Cada um d'estes phenomenos mórbidos tem, segundo Cullerier e Ratier, seo diagnóstico especial, e distincto da ble- norrhagia , que cessa em seu apparecimento, ou durante sua existência. O mesmo se pôde dizer a respeito das outras complicações, a saber: ulceras da glande, e prepucio, bubões , pústulas, phymosis&c. Entretanto, a blenorrhagia deve-nos causar alguma inquietação relativamente á excreção das ourinas, porque o calibre do canal sempre diminue de diâmetro quando tem sido mais vezes affectado de blenorrhagias, mormente quando es- tas são tractadas por injecções adstringentes, em época em que o canal he a sede de ingorgitamento antigo. * Accidentes diversos podem sobrevirna marcha da blenorrhagia, mas nem — 11 — todos tem,a mesma freqüência, e gravidade. Nos sujeitos cuja glande he co- berta pelo prepucio , que tem o orifício estreito, muitas veses apparece ou phy- mosis, ou paraphymosis, e todos os effeitos a elles inherentes; outras veses porém, a urethra he assento de pequenos phlegmões de pouca monta, mas que antes de se romperem por si mesmo, ou serem abertos pelo canivete, são assás dolorosos: sua sede he no tecido mucoso da urethra, porém mais frequente- temente aos lados do freio. Os vasos lymphaticos do penis irritão-se na blenor- rhagia, e esta irritação propaga-se aos gânglios inguinaes , que quasi sempre cdnservão-se ingorgitados; mas por excessos de qualquer naturesa, ou mesmo sem motivo algum toma a inflammação incremento, e constitue o bubão. Na descripção da marcha da blenorrhagia jà fiz notar que o collo da bexiga, e próstata se interessavão muitas veses, e davão lugar a importantes phenome- nos; assim como disse que apelle do escroto, coxas, e perineo tornava-se ery- thematosa, por via do contacto do muco puriforme, que sahia pelo orifício do penis, e por isso nada mais accrescentarei. A hematuria se effectua quando homens imprudentes affectados de blenor- rhagia aguda quebrão a corda, entregando-se ao coito, ou pondo o penis sobre uma meza , e dando-lhe fortes pancadas. De todos os accidentes da blenorrhagia, os mais terriveis são a ophtalmia, e a orchitis: porém somente os apontarei, notando de passagem que a ophtal- mia he sempre um phenomeno grave porque muitas veses termina pela ce- gueira, sem me fazer cargo de descrevel-os, pois que se tornaria assás extenso este trabalho. Diflicil he fazer a abertura de pessoas que tenhão morrido de blenorrhagia, porque esta moléstia por si mesma não poderia causar a morte. Diz M. Cullerier, que durante uma pratica de mais de vinte annos, e um estabelecimento dedicado a moléstias venereas, só teve occasião de abrir um homem com urethritis aguda , porém morto por um accidente sobrevindo du- rante sua existência, e notou o seguinte: a existência de um vivo rubor na fossa navicular, donde partião linhas rubras que se prolongavão pela porção media do canal, e se reunião a prolongamentos análogos partidos de outra placa rubra que occupava a porção membranosa. A membrana mucosa conser- vava sua consistência, e espessura normal; sua superfície estava coberta de muco puriforme, mas não havia ulcerações. Continua o mesmo pratico (M. Culle- rier) «a ausência de ulcerações n'este caso, e nas mulheres affectadas de ble- norrhagias durante a vida, faz ver que, si se encontra soluções de continuidade no canal da urethra , não são ellas a causa das purgações, porque esta existe effectivamente em muitas urethritis, sem que se descubra alguma ulceração. As observações necroscopicas de Morgagni, Stoll, Swediaur, Jehn Hunter, — 12 — Desault também provão que a blenorrhagia he effectivamente devida á inflam- mação da mucosa-urethral, que he mais pronunciada na porção anterior da glande; e que a opinião dos práticos antigos , que julgavão o corrimento sem- pre dependente de uma ulceração, he infundada, porque, para se effectuar a secreção mucosa e purulenta, não he mister d'esse estado pathologico; todavia a existência das ulcerações em algumas urethritis está fora de duvidai e M. Giber, no seo Manual de moléstias venereas, aponta um facto de M. Gendrin tiradto do tomo 23 do Jornal de Medicina. Não me occuparei das lesões que no canal da urethra se enconlrão depois de blenorrhagias reiteradas, porque n'esse caso o canal se estreita mais ou menos, e então essas lesões só são descriptas nos artigos que dizem respeito ás coarctações da urethra. TRATAMENTO* Qualquer que seja a causa que tenha dado lugar á blenorrhagia, fácil he Conhecer sua natureza inflammatoria, e, guiado por essa idéia, deve o Medico escolher os meios apropriados a sua natureza. Verdade he que uma outra idéia poderia por momentos occupar a attenção do pratico; quero fallar da suppressão do corrimento blenorrhagico, desde seo apparecimento: esta tentativa pareceria racional, si sempre fosse seguida de resultados felises, e si posteriormente não apparecessem phenomenos algumas vezes graves, que fasem com que este tractamento seja rejeitado no principio . da blenorrhagia. Em lugar competente d'elles tractaremos. Reflexionando pois sobre a natureza da moléstia, o tractamento mais con- veniente he aquelle cujos effeitos estão de accordo com a theoria dá doutrina physiologica, e sobre cuja applicação então he consentanea a opinião dos práticos: he o antiphlogistico ; mas convém diser que não he o único que com successo possa ser empregado contra esta affecção. Quando se tem de combater uma blenorrhagia aguda e intensa, e acompa- nhada de phenomenos geraes, dores fortes pelo canal, em sujeitos vigorosos; uma ou duas sangrias geraes, e a applicação de sanguisugas ao perineo, e ás verilhas, são certamente meios indispensáveis de que deve lançar mão todo o pratico prudente, para evitar o desenvolvimento de uiteriores accidentes. Tem recommendado alguns práticos o pôr-se sanguisugas ao longo do canal da urethra; mas esta pratica, além de ser menos proveitosa do que a por nós acima recommendada, tem o inconveniente de determinar infiltrações san- — 13 — guineas, e ecchymosis no tecido frouxo d'esta parte que pôde muitas veses ser a sede da gangrena. Os meios-banhos, ou banhos inteiros mornos, demorados por meia, ou uma hora, são também assás convenientes, porque além de diminuírem a irritação, facilitão a emissão da ourina. Não he desproveitoso no intervallo dos banhos servir-se de fomentações mor- nas emollientes, ou narcóticas, e cobrir o penis com cataplasmas simplesmente emollientes, ou laudanisados, e lava-lo repetidas veses com água morna, cosi- mento de malvas, infusão de sementes de linho, &c. He igualmente útil dar alguns clysteres , não só para vencer a constipação do ventre, phenomeno commum na blenorrhagia, senão também por intro- duzir na economia uma porção de líquidos; mas quando são as blenorrhagias assás dolorosas, bom he addicionar algumas gottas de laudano, e alguns grãos de camphora. Internamente, poderá o doente usar de cosimento dd gramma, parietaria, al- theia, cevada; ajuntando-sc-lhe alguns grãos de nitro, o soro de leite, a solução de gomma, a infusão de sementes de linho, a emulsão de amêndoas, a orchata, as limonadas; mas todas essas bebidas devem ser tomadas em quantidade, porque diminuem a irritação, e, diluindo as ourinas, as tornão menos irritantes. Si as erecções nocturnas são assás freqüentes, e mui dolorosas, he de utili- dade empregar-se alguma emulsão opiada com camphora. Nem sempre he necessário empregar-se na blenorrhagia tão activo tracta- mento, quando esta moléstia se apresenta com symptomas pouco intensos; não he de mister faser as sangrias geraes, bastão somente as emissões sanguineas locaes, que muitas veses.podem ser dispensadas, para somente usar das bebi- das emollientes, e diureticas , das fomentações, dos banhos, &c. Querem alguns práticos, que desde o começo da blenorrhagia seja ellatrac- tada pelas injecções adstringentes, para supprimir logo a purgação; mas outros rejeitão este methodo, temendo os resultados da suppressão da blenorrhagia; entretanto que Swediaur, apesar de ser do numero d'aquelles que receião os effeitos da suppressão do corrimento, lamenta que a pratica das injecções não tenha sido submetlida á saneção de uma experiência suífíciente. O.mesmo pratico, apontando como mui familiares aos Médicos Inglezes as diversas injecções de sublimado, sulphato de cobre, água de cal, sal de chumbo,