T& THESE ^m. DE J; Jy \,J?*J* vi O^IUOO J» xCi Si e THESE PARA O DOUTORADO EM MEDICINA APRESENTADA A' FACULDADE DA BAHIA PARA SER AN.TE ELLA SUSTENTADA'EM NOVEMBRO DVtf72 POR NATUIAL DESTA PROVÍNCIA FILHO LEGITIMO DE JORGE LUIZ SCIIWLND ALVELLOS E DE D. BEMVI.NDA DA ROCHA Os nossos triumphos não os obtemos na praça ou no theatro, diante da multidão, que applaude; mâs lá, no recôndito de uma casa, no aposento silencioso, onde geme a creatura. Só Deus os contempla, só Elle os recom- pensa. , \\\ . - O mundo e aquelles mesmos a quem salva- ç. mos, nos pagam; más nem nos agradecem ás ^» vezes, c Foi a natureza » dizem elles. .-- oVM -YL-is os revezes, esses pezam sobre nós. ''/.-- (Cons. J. de Alencar — Diva.) BAHIA TYPOGRAPHIA DO « DIÁRIO • 187 2 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA DIRECTOR VICE-DIRECTOR O EXM. SR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES. LENTES PROPRIETÁRIOS. Os Srs. Doutores Io anno Matérias que leccionão „.,,»,.- \ Physica em geral, e particularmente em suas tons. Vicente Ferreira de Magalhães . . j aJpplicações á Medicina. Francisco Rodrigues da Silva.....Chimica ê Mineralogia. Barão de Itapoan........Anatomia descriptiva. S0 anno Antônio de Cerqueira Pinto.....Chimica orgânica. Jeronymo Sodré Pereira......Physiologia. Antônio Mariano do Bomfim.....Botânica e Zoologia. Barão de Itapoan........Repetição de Anatomia descriptiva. 3° anno Cons. Elias José Pedrosa......Anatomia geral e pathologica. José de Góes Siqueira.......Pathologia geral. Jeronymo Sodré Pereira......Continuação de Phisiologia. 4o anuo Cons. Manuel Ladislau Aranha Dantas . . Pathologia externa. Demetrio Cyriaco Tourinho.....Pathologia interna. r iu n.- ht • c • I Partos, moléstias de mulheres pejadas c de Cons. Mathias Moreira Sampaio . . . j men^nos reccinnascidos. l J õ° anno Demetrio Cyriaco Tourinho.....Continuação de Pathologia interna. Luiz Alvares dos Santos......Matéria medica e therapeutica. José Antônio de Freitas......j ^"^f ^^ Medicina °Peraloria íí" anno Rozendo Aprigio Pereira Guimarães . . . Pharmacia. Salustiano Ferreira Souto.....Medicina legal. Domingos Rodrigues Seixas.....Hygiene e Historia da Medicina. José Affonso Paraizo de Moura .... Clinica externa do 3.° e 4.° anno. Antônio Januário de Faria.....Clinica interna do 5.° e 6.° anno. OPPOSITORES Augusto Gonsalves Martins .... Domingos Carlos da Silva..... Antônio Pacifico Pereira......} Secção Cirúrgica Alexandre Affonso de Carvalho . Ignacio José da Cunha......, Pedro Ribeiro de Araújo......J José Ignacio de Barros Pimentel. . . A Secção Accessoria. Virgílio Climaco Damazio......( Ramiro Affonso Monteiro..... Egas Carlos Moniz Sodré......} Secção Medica. Ciaudemiro Augusto de Moraes Caldas . Manoel Joaquim Saraiva..... SECRETARIO O SR. DR. CINGINNATO PINTO DA SILVA. OFFICIAL DA SECRETARIA _______________O SR. DR. THOMAZ DE AQUINO GASPAR. A Faculdade não approva, nem reprora as opiniões eniillidas nas llieses que lhe são apresentadas. DISSERTAÇÃO PÚSTULA MALIGNA E SEU TRATAMENTO Quod potui feci. faciant meliora potentes. Deftnição e historia — Com os nomes de pústula maligna, fogo pérsico, botão maligno, pulga maligna é conhecida a moléstia de que vamos tratar; aííecção de natureza virulenta e septica, transmittida ao homem por certos animaes, caracterisada por uma inílammação gangrenosa dos tegumentos se estendendo raramente além do tecido cellular, e dando logar a graves phe- nomenos geraes. A cpocha a que se remonta o apparecimento da pústula maligna nos é desconhecida: assignalada por Celso, descripta por Guy Chauliac, jazeu esta moléstia nos domínios c'a .Medicina Veterinária até o fim do século XVIII, quando na França as províncias de Loraine, Bourgogne e Franche-Conté pasmaram aterrorisadas em presença de terríveis e devastadoras epizootias. Quem primeiro apresentou á Academia das Sciencias um trabalho sobre esta moléstia foi Morand, em 1766, mostrando as observações colhidas no Hotel dcs Invalides em dous magarefes. Mais tarde a Academia de Dijon, em 1780, desejando conhecer a moléstia, mais profundamente, que já fazia um avultado numero de victimas, propoz um prêmio á quem melhor obser- vasse, estudasse e escrevesse sobre a maleria; dous luetadores se apreseir i o taram então: Thomassin e Chambon, que laureados pelos seus trabalhos lançaram um pouco de luz sobre as causas, svmptomas e tratamento da pústula maligna. Entretanto, estas duas intelligencias tiveram em certos pon- tos idéas divergentes, e eis a Academia de novo chamando para a arena novos luctadores; surgem aluados Enaux. e Chaussier, avivam a luz crepuscular, então existente, e em seu livro mostram mais claramente a distincção entre a pústula maligna e a moleslia carbunculosa. Fundados nas idéas d'estes, caminharam os trabalhos, que de endiante se fizeram, até que, em 1861, Bourgeois, cirurgião deEtampes, veio der- ramar novas luzes, assignalando uma epocha de estimulo, e, então, surgem Maumoury e Salmon, Chartres, Raimberg, Davaine, e outros incançaveis e escrupulosos cm suas observações. ETIOLOQIA Irrefutável e inconcussa continua a theoria, que sustenta ser a pústula maligna uma affecção virulenta e septica, e, portanto, reconhecendo por causa um virus ou principio deletério, que, applicado ao homem, dá as mais das vezes, em resultado a principal manifestação da moléstia carbunculusa dos animaes. — Em que consiste, porém, esse virus? Suppoz-se, por muito tempo, senão impossível, pelo menos bastante dif- ficil deffinir o que fosse um virus; inda hoje sub judice lis est e o termo virus continua vago para exprimir o principio mórbido originador das mo- léstias contagiosas. Entretanto, vacillante como era, a idéa de virulência hoje parece querer ter alguma estabilidade. Os trabalhos modernos teem mostrado — que o contagio e a virulência estão sempre filiados á existência, no organismo, de um parasita vegetal ou animal; não duvidarei, portanto, aceitar a opinião de Davaine, que attribue a propriedade contagiosa ás bacteridias por elle encontradas; si ellas consti- tuem o mesmo virus, não ousarei investigar. Condições do desenvolvimento—Assim que a pústula maligna começou a occupar as attenções médicas, verificou-se, desde logo, oriunda dos ani- maes, nos quaes se desenvolve espontaneamente. É muito commum ver-se, depois de procellosos invernos succedidos de estios abrasadores, nos logares baixos e pantanosos, as pastagens se alie- o rarem, e ingeridas pelos herbívoros, desenvolverem n'elles moléstias pes- tilentas e gangrenosas; affirma, entretanto, Bourgeois— ver a moléstia des- envolver-se largamente durante os grandes calores. Entre os animaes sujeitos á este mal figuram, em primeiro logar, os ruminantes; vêm depois os pachydermas, os carnívoros, mesmo as aves gallinaeeas, c ainda alguns outros; citam Chaussier e Bourgeois indivíduos preparadores depelles de lebre tendo contraindo a pústula maligna, e Tho- massin, um que adquirira a moléstia por ter tirado a pelle de um lobo. As grandes fadigas dão, também, logar ao desenvolvimento do virus carbunculoso, sem que nenhuma manifestação externa denuncie a moléstia, que se acha no estado latente, só provada pelas tristes conseqüências da trans- missão áquclles, que tecm estado em contacto com o animal ou com os despojos d'elle. O desenvolvimento espontâneo da pústula maligna no homem, sustentado em 1802 por Bayle, em sua these, foi satisfatoriamente negado por Boyer; modernamente Gosselin, Vernois e Gallard, apoiadores da opinião de Bayle, em uma discussão na Academia de Paris, tiveram de fazer acto de con- tricção em presença da brilhante contestação de Broca, Cloquet, Raynal, Dupaul e Ricord. Transmissibilidadc — Tendo-se apresentado a moléstia nos animaes, acham-se carregados do principio morbigero os liquidos, quer normaes, quer pathologieos, e os sólidos; então basta o contacto dos tecidos ou dos liquidos em parte sãa, ou em alguma solução de continuidade, para que a moléstia se transmitia; ha, comtudo, quem pretenda negar isto; Rayer, fundado em ter visto um seu discípulo inocular-se impunemente com o humor da pústula, nega a transmissibilidade por inoculação; grande numero de ex- periências, porém, tem provado inteiramente o contrario, e mostrado a pro- priedade contagiosa, quo possuem os liquidos, que manam dos tumores carbunculosos, e sobretudo o sangue, e que — a pelle, os pellos e a lan transmittem e conservam por muito tempo o virus. A vista do precedente, devemos ver que a moléstia affecta de preferencia áquelles, que pela industria e profissão forem levados a estar em contacto com os animaes e com os despojos d'estcs; como sejam — os vaqueiros, ferradores, magarcfes, açougueiros, surradorcs, etc, e mais, que a pústula se desenvolve freqüente e quasi unicamente nas partes, que se acham des- cobertas, o portanto mais expostas ao principio virulcnto—mãos, ante- A braço, face e pescoço. Broca observou dous casos de pústula maligna na apophyse mastoidéa de dous carregadores de couros, que collocando-os, um no hombro direito outro no esquerdo, e assim successivamente, de ma- neira que as estremidades cruzando-se para traz, os bordos vinham-se apoiar sobre o pescoço. Muitos casos tem havido para os quaes, por não se ter podido sustentar o contagio directo, foi necessário admittir uma infecção miasmatica do ar atmospherico, como succede em muitas outras moléstias contagiosas, que, inhalado, occasionasse a pústula; a explicação, se não verdadeira, ao menos admissível seria, si as observações, e experiências, de Davaine, Maret, Tho- massin e quejandos não tivessem mostrado, que certos insectos, e principal- mente a musca vomitoria, perseguidores constantes do gado. depois de sugarem os liquidos, que correm dos tumores carbunculosos, vão ao lon- ge disseminar o germen da morte. Os pellos e a pelle, mesmo depois de terem soffrido os diversos pro- cessos, que a industria emprega para aproprial-os aos usos da vida, podem conservar e transmittir o principio contagioso, ao ponto de Virchow sus- peitar da colla preparada dos coiros de animaes doentes. Os tecidos alimentícios gozaram, por algum tempo, o priviligio de inocui- dade, e não era sem fundamento a opinião deMorand, Thomassin e Duha- nel, que sustentava que os processos da arte culinária destruíam a viru- lência; factos. é verdade, existem de pessoas, que ingeriram impunemente carne de animaes, que communicaram a pústula maligna aos que d'elles tinham tratado; de outro lado, porém, apresentam-se Eneaux, Chaussier e o Dr. Turchetti, referindo factos diversos que demonstram—que a carne dos animaes carbunculosos pode originar, por sua ingestão, não a pústula maligna, mas graves moléstias de fôrma pútrida e gangrenosa, o que deve impedir o consumo das viandas de origem suspeita. Transmissível do animal ao homem, rara vez a pústula maligna se trans- mitte de homem á homem, e inoculada do homem ao animal, nunca pro- duz uma moléstia idêntica, mas uma entoxição geral, tendo em conseqüên- cia, quasi sempre, a morte. i-A g^ LT OI Jü * 0_> t£i> u< *.a> wCii wb —' SYMPTOMATOLOGIA O virus carbunculoso absorvido apresenta de fôrmas diversas os seus eífeitos na economia humana, dando logar ora á phenomenos geraes (febre carbunculosa), ora locaes, precedidos de geraes (carbúnculo maligno), e ora locaes succedidos de geraes (pústula maligna). Dos methodos de descripção dos phenomenos mórbidos, nos parece o de Eneaux e Chaussier, acceito por diversos autores, muito compatível com a marcha e evolução da moléstia, assim admittiremos quatro periodos; ainda ha quem admitta o período de incubação, que se estende do momento da applicação do vírus até a manifestação dos primeiros accidentes, com- prehendendo um espaço, que varia de uma hora á seis dias, e mesmo até quinze, como affirma Bidault; nenhum symptoma, porém, denuncia este período. Primeiro período—No ponto em que actuou o virus produz-se um pru- rido vivo acompanhado de picadas passageiras, e uma mancha pouco apre- ciável, semelhante á mordidella de uma pulga; depois é uma pápula rubro- escura e conica, em breve transformada em uma visicula de centro depri- mido, que, ou abre-se espontaneamente, ou o doente, não podendo resistir ao prurido progressivamente augmentado, despedaça; vê-se, então, cessar um pouco a coceira e correi* uma serosidade amarello-acinzentada. Dura geralmente este período de 24 á 48 horas. Segundo período—Rota a vesieula, tem a moléstia passado ao segundo período; vê-se, então, na espessura do derma desenvolver-se um pequeno núcleo duro, movei, com pouca saliência, designado pelo nome de tuber- culo lenlicular; a pelle, até então não tendo a coloração alterada, ao nivel da vesieula torna-se livida ou citrina, o prurido, que tinha cessado com a rotura da vesieula, reapparece, augmenta, exacerba-se e torna-se insuppor- tavel; vem a elle juntar-se a sensação de calor, a tensão e o engorgitamento da pelle. Agora é uma aureola avermelhada, que se desenha circumdando o ponto central, sendo a sede de phl//ctenas contendo um liquido averme- lhado ou amarellento e acre; á principio poucas e separadas, estas phlycte- o nas tornam-se. depois, muitas e reunidas, formando um circulo designado sob o nome de annel vesicular, que, ás vezes incompleto, occupa a semi- circumferencia da aureola. O tuberculo começa a tomar uma côr escura — o que indica o principio da mortificação da pelle; é n'este ponto que se ter- mina o segundo período, que dura commummente mais ou menos seis horas, mas, em alguns casos, percorre dias. Terceiro período—Linhas roseas seguindo a direcção dos vasos lympha- ticos desenham-se sobre o membro; as partes visinhas da pústula intumes- cem-se, de tal sorte, que o centro occupa um plano mais profundo, —ao que Pinei chamou pústula deprimida. Ao prurido incommodo e insupportavel succede a sensação de peso, a dôr gravativa e o entorpecimento da parte; a base em que assenta o núcleo é resistente, elástica, mas sem crepitação emphysematosa. A moléstia é progressivamente rápida; o núcleo tem assumido todos os caracteres de uma verdadeira eschara, variável em consistência e dimensões e de super- fície desigual; esta eschara, pastosa á principio, torna-se até cornea e de 0m,001 attinge, ainda que raramente, o diâmetro de 0m,01. Cresce e se aprofunda a eschara, precedida do annel que se dilata, em torno d'este desenvolve-se uma zona erythematosa ecchymosada em sua área; o tumor, tendo extremamente crescido, infiltra-se de um liquido gelatinoso. Se a moléstia segue a marcha rápida e tende a uma terminação fatal, o doente succumbe neste período, que, então, é de pouca duração; em con- trarias circumstancias, entretanto, pode prolongar-se até o quarto dia e a cura ter logar; neste caso a gangrena limita-se, a eschara destaca-se e suc- cede uma inflammação franca e uma ferida segregando pus de bôa natureza, ou ainda pode a moléstia passar ao quarto período. Quarto período—Sem que os phenomenos locaes demorem a sua mar- cha, antes fazendo progresso assustador, e a gangrena se estendendo larga- mente, sobreveem os symptomas geraes, tão graves que a esperança parece desamparar o cirurgião. Uma febre resultante da entoxicação do organismo apodera-se do enfermo, apresentando, como diz o Sr. Grisolle, muita seme- lhança com as fôrmas adynamicas e ataxicas das febres typhoidèas as mais graves. O doente torna-se pallido, languido, fraco e prostrado; tem a pelle quente e sccca; accnsa cephalalgia, falta de appetite e sede viva; o pulso molle, e pequeno, dá por minuto 120 a 130 pulsações; a respiração é an- / ciosa, a lingua secca, o hálito fétido, as urinas raras e sedimentosas; sobre- veem cardialgias, vômitos, náuseas e diarrhéas. Em presença d'este cortejo, de symptomas o medico parece cruzar os braços, pois se a força medicatriz da natureza não fôr bastante enérgica para reagir contra o principio virulento e postergal-o, a medicina será um bem fraco auxiliar. Mui raramente sobrevem a reacção; quasi sempre os symptomas ainda mais se aggravam, o pulso cada vez mais se enfraquece, a respiração torna-se accelerada e suspirosa, apparecem suores frios, syn- copes, meteorismo, agitação, e delirante ou comatoso, o infeliz succumbe. Percorre, geralmente, este período o espaço de quatro a seis dias, e a du- ração da moléstia é de doze a quinze dias. Observemos, que nem sempre é tão regular a marcha periódica da pús- tula maligna; em não poucos casos, tão rápida é a marcha que os períodos se confundem por sua ephemeridade, e uma gangrena extensa, seguida de symptomas geraes assustadores, traz ao coitado a morte no curto espaço de dezoito a vinte e quatro horas; outras vezes não percorre mais que o segundo e o terceiro períodos, quando debellada pelas forças da natureza, ou por um tratamento conveniente e enérgico. A ferida, que succede á eliminação da eschara, segrega pus abundante- mente, secreção, que, quando intensa, pode extenuar o convalescente, e succedem sempre á ferida cicatrizes viciosas e adherencias disformes. Alguns autores teem admittido varias espécies de pústula maligna; mo- dernamente, porém, Davaine parece haver elucidado a questão, declarando á Academia de Pariz ser a moléstia parasitaria e única. Bourgeois, depois de attenciosa observação, concluio ser o edema ma- ligno das palpebras uma moléstia análoga á pústula maligna, e diz que, n'este caso, o virus é absorvido pela mucosa ocular. DIAGNOSTICO Moléstias ha que podem ser confundidas com a pústula maligna insi- piente; em conseqüência d'essa confusão, muita victima tem sido immolada pelo erro do diagnostico: os melhores successos de cura, sendo sempre colhidos quando o tratamento é logo empregado nos dous primeiros pe- ríodos, cumpre estar precavido contra qualquer affecção, que, por assim s dizer, mascarando a pústula maligna, vá deixar morrer em nossas mãos um infeliz, que poderíamos salvar. O microscópio é um poderoso auxiliar para subtrahir do espirito qualquer duvida, que nos possa fazer vacillar, e levar-nos ao diagnostico preciso e seguro, quando encontrarmos as bacteridias na serosidade da pústula: examinemos, entretanto, outros meios, que nos façam distinguil-a da picada de insectos, do furunculo, do antrax, da erysipela phlyctenoide e do car- búnculo. A pulga, o persevejo, o mosquito, a abelha, o maribondo, picando um indivíduo, determinam turgencia da parte, coloração uniforme, prurido um pouco incommodo e um botão, que, quando existe, é livido, nunca ha a aureola vesicular; ainda as abelhas, vespas, e maribondos determinam um tumor com vesieula, que, ao romper se, deixa ver um núcleo pardacento; ha prurido incommodo e, ás vezes, symptomas geraes; n'estes casos, si examinarmos attentamente, acharemos a farpa do animal na ferida, e a aureola vesicular não se formará. O forunculo é conico e vermelho, forma-se no tecido cellular com dores pulsativas, caminha de dentro para fora, e pelo orifício do tumor sahe pus, quando se comprime: pôde, portanto, ser descriminado da pústula. O antrax, ainda que revista a fôrma hemispherica, a côr escura do cen- tro e as phlyctenas, é distineto da pústula pela dôr terebrante, pelo grande volume e pela sahida de pus por diversos orifícios. Na erysipela phlyctenoide, a grande extensão, a distribuição irregular das phlyctenas numa larga superfície, a ausência de núcleo e de eschara, são signaes sufficientes para espancar a duvida. Lancemos agora a nossa attenção sobre o carbúnculo maligno: —Procedente do mesmo virus, desenvolvendo-se debaixo das mesmas condicções que a pústula maligna, o carbúnculo, quando tem chegado ao seu completo desenvolvimento local, difficilmente pôde ser distineto d'aquella; somente pelos symptomas primitivos poderemos estabelecer o diagnostico differencial. O carbúnculo é sempre a expressão local de uma entoxicação geral e os symptomas de envenenamento ou precedem o tumor carbuncu- loso, ou surgem simultaneamente com elle, facto este, que não se observa na pústula maligna, onde a moléstia permanece local até o terceiro periodo. O tumor carbunculoso é duro, pequeno, pouco saliente e cingido por um circulo vermelho e luzidio, caminhando sempre de dentro para fora, o na pústula maligna dá-se tumefacção considerável, côr citrina ao nivel da vesieula, aureola vesiculosa, eschara deprimida, e marcha de fora para den- tro; descriminada, portanto, fica do carbúnculo maligno. PROGNOSTICO E TERMINAÇÃO Quando as forças da natureza são suíficientes para debellar um inimigo tão encarniçado como a pústula maligna, a moléstia se termina pela cura; raros são, porém, estes factos, e si a arte não intervém, a terminação é fatal. Muitas circumstancias influem no prognostico da moléstia e o tornam variável: no quarto período é quasi sempre fatal, nos outros três primeiros ha esperança de cura, especialmente se o atacado fôr sangüíneo, robusto, cheio de vida e a moléstia francamente phlegmonosa; mas, se o enfermo fôr lymphatico, opprimido por cansaço, privações e miséria, sem força reaccio- naria, terá de soífrer a devastação do mal, e, provavelmente, suecumbirá. No velho e na creança, aquelle alquebrado e esta débil, tão difficilmente apresenta-se a inflammação eliminadora, que a vida lhes periga, quando acommettidos da enfermidade. As mulheres, no estado de gestação, estão sujeitas a abortos e a abundantes hemorrhagias uterinas, resultantes do estado adynamico da moléstia. Quando a moléstia tem por sede o pescoço, muita vez a tumefacção do tecido cellular, comprimindo o larynge, tolhe a livre passagem do ar para o pulmão e dá logar á morte por asphixia. Diz Regnier: que observara um facto de pústula no braço, onde, ficando descobertos os nervos, depois da queda das escharas, o tetanos sobreveio.. Ainda influem fatalmente para o prognostico, os gráos thermometricos extremos da athmosphera. 3 IO rv*»'7,T2 ^-^""a A "3 " ü *™rT"t7» ANATOMIA PATHOLOG1CA Temos sobre a mesa de estudo o cadáver de um indivíduo, que succum- bio aos terríveis effeitos da pústula maligna: é livido, macilento, pelas na- rinas escorre-lhe sangue, tem o abdômen distendido e decompõe-se rapi- damente; n'elle vamos encontrar lesões diversas, umas occupando a sede do mal, outras diversos apparelhos do organismo. Na sede do mal, encontraremos uma eschara biconvexa, dura, secca e negra, formada por pelle mortificada e sangue extravasado na espessura do derma; esta eschara destacada, veremos o tecido cellular com as cellulas espessadas e de consistência fibrosa, engorgitado e infiltrado de um liquido gelatinoso; sendo cortado, tem o aspecto de uma talhada de limão. No apparelho digestivo, acharemos os intestinos cheios de gazes, e uma côr violacea revestindo toda a face interna do tubo; o estômago e o intes- tino delgado, infiltrados e mamillonados, apresentando manchas hemorrha- gicas, que muitas vezes se ulceram; no peritoneo não é raro encontrar-se um liquido turvo, e no mesenterio, no seu ponto de juncção com o intestino delgado, uma hemorrhagia entre suas lâminas; o baço apresenta a côr mais carregada, augmenta e amollece. Não sei o credito ou a importância que possam merecer os dous factos, um de Bonnet, vendo pontos gangrenosos no estômago, e o outro de Viricel, achando uma pústula no colon, pois nin- guém mais encontrou, além d'elles. No apparelho circulatório, veremos o pericardio contendo uma serosi- dade levemente avermelhada; o coração cheio dum sangue não coagulado, negro e fluido; os vasos superficiaes cheios d'esse mesmo sangue, que, tendo perdido grande parte de sua fibrina, facilmente se extravasa. No apparelho respiratório, acharemos as pleuras contendo uma serosi- dade semelhante a do pericardio; os pulmões congestos, especialmente na parte posterior, e, segundo Littré, pequenos abcessos n'esse orgam. A microscopia nos tem modernamente apresentado trabalhos que mere- cem attenção; Davaine e Raimbert, tendo examinado a serosidade da pus- 11 lula, tratando pela potassa cáustica ou pelo ácido sulphurico, observaram bacteridias nadando no liquido; Brauel e Ch. Robin encontraram no san- gue vibriões, que Raimbert suppoz bacteridias alteradas. Davaine, como já o dissemos, attribuio a essas bacteridias a propriedade contagiosa; um facto, citado por Garnier, no seu diccionario de sciencias médicas, vem apoiar essa opinião sobre a inoculação das bacteridias do homem: « Ce fait, diz elle, réalisé expérimentalement par M. Da- vaine, s'est confirme accidentelment le 18 janvier. « Un régisseur agricole dépeçait unmouton mort de sang de rate, lorsquil se fit une petite plaie d'un demi centi- mòt.re de profondeur entre le pouce et 1'index. «iMalgré un pansement três — intelligent, ce n'est qui six jours aprés que, sentant sans doute quelque malaise, il alia se faire cautériser. II n'y avait alors qu'une trace légére de Ia plaie avec un peu de gonflement périphérique; mais, dés le surlendemain, toute Ia main était gonflée et doulou- reuse, et, à son entrée á l'Hotel-Dieu de Lion, le 25, elle revêtait 1'aspect d'un vaste phlegmon. Malgré desincisions, des cautérisations, des points de feu sur letraject desveines, Ia mort arrivait subitement le 29. « Le microscope révéla des bactéridies en nombre con- sidérable dansjes préparations de Ia rate et dans le sang. Ma- Iheureusement, on ne put 1'inoculer au mouton pour en montrer Ia virulence (Lion Méd., n. 7).» 12 Q u *c*jn i *ci FAíiTS TRATAMENTO Meios prophylacticos — Conhecendo-se que a pústula maligna é uma mo- léstia contagiosa, deve-se evitar cuidadosamente a sua transmissão; desde que se suppozer que um animal haja succumbido de uma aífecção carbun- culosa, deve-se: —evitar que a carne seja dada ao consummo ,o contacto com o animal, ou com qualquer objecto, que n'elle estivesse, —enterrar o corpo em profundidade sufliciente para não constituir um foco donde os insectos possam disseminar os princípios seplicos, e incinerar tudo, que tenha per- tencido ao animal ou servido para o tratamento d'este. Os incumbidos do tratamento ou da inhumação do animal deverão untar as mãos e as partes descobertas com uma substancia gordurosa, para se isolarem dos princípios virulentos, e, logo depois de concluído seu trabalho, lavarem essas mesmas partes em água com sabão, vinagre, cinza, ácido phe- nico, chlorureto de sodium, afim de destruir qualquer principio deletério, que se lhes tenha adherido. Cuidados idênticos deve ter o medico, que estiver tratando um doente desta moléstia, ou que, por amor á sciencia, queira fazer a necropsia em um cadáver de indivíduo, que succumbir á tão terrível aífecção. Meios therapeuticos — Nos tempos idos, quando ainda o conhecimento da pústula maligna era obscuro, e a sciencia não tinha attingido á altura em que está hoje, muita pratica errônea era então .vulgarisada; aqui, um, levado pelo aspecto inflammatorio, que a moléstia revestia, empunhava a lanceta, abria a veia, e, extrahindo sangue, debilitava o enfermo, carente de forças, para luctar contra o principio mórbido; ali, outro escarificava e comprimia a pústula para dar sahida as matérias pestilentas, juntava poma- das excitantes, sempre sem um resultado animador; mais além, aquelf outro atacava corajosamente a pústula com o bisturi e extirpava-a: funesta con- seqüência, a moléstia reproduzia-se; nova extirpação, — perda considerável de sangue, reproducção ainda, e o doente tão cirurgicamente martyrisado succumbia. 15 Assim, de erro em erro, de observação em observação, de tentativa em tentativa, chegou-se a esta conclusão: — que a escarificação e a cauterisação juntas são que podem levar-nos aos melhores resultados de cura. Sendo em seu principio a moléstia toda local, é na sede do mal que deve ser o tratamento; todavia, Goupil não quiz limitar-se a extirpar e cauterisar o tumor, e concumittantemenle ao tratamento local prescreve o extracto de quina em alta dose. A cauterisação é conveniente, mesmo quando tenham se declarado os phenomenos geraes; mas na escolha do cauterio devemos procurar os que estejam nas seguintes condições: — tenham uma acção prompta e enérgica, — não se diluam ou se derramem sobre os tecidos, — determinem escharas seccas, densas e consistentes. Os que melhor preenchem estes fins são: o ferro em brasa e o sublimado corrosivo; os outros, como o nitrato de prata, o chlorureto de antimonio, os ácidos concentrados, por não preencherem bem as condições propostas, teem sido regeitados. Bourgeois, entretanto, prefere a potassa cáustica, para cuja applicação tem seu methodo especial; eil-o — toma um cylindro de potassa cáustica, preparada pelo álcool, e passa sobre as vesiculas previamente rotas e sobre a eschara, que, sendo dura, é incisada. Os tecidos são destruídos pelo cau- terio; no fim de alguns instantes fica uma escavação em cujos bordos agglo- meram-se os resíduos; a irritação produzida pelo cauterio faz que haja na ferida muita serosidade, que se deve ter o cuidado de limpar; no fim de um ou dois minutos pratica uma nova cauterisação, e, para terminar, toca levemente a superfície cutânea na qual estão as visiculas. Quando receioso que a cauterisação não seja sufficiente, Bourgeois deixa no fundo da ferida um grânulo do cáustico do tamanho da cabeça de um alfinete. O ferro candcnte tem produzido resultados bastante satisfatórios, a pra- ticade Mauvezim, que excisava as partes duras da pústula e cauterisava, con- ta prodigiosos successos. Follin, apezar de dizer que o cauterio actual produz escharas pouco pro- fundas, causa dores vivas, exige muitas applicações e dá medo aos doentes, confessa que tem a vantagem de vitalisar os tecidos, e, em regiões muito vasculares, ser o seu emprego muito mais seguro que o dos cauterios po- tenciaes. O critério de que são merecedores os médicos da Beauce, em virtude de sua grande experiência, leva-nos a dar preferencia ao sublimado corrosivo. 14 Este cauterio preenche todas as condições exigidas: traz aos tecidos uma reacção favorável á cura, dá escharas duras e seccas, não se dilue, e sua ap- plicação se faz sem receio da absorpção do virus; todavia, diz Follin, quando estivermos tratando um doente no período da entoxicação, não será máo juntar á cauterisação pelo sublimado corrosivo a applicação do ferro em brasa na peripheria da pústula. A applicação do sublimado corrosivo não é sempre feita do mesmo modo: uns empregam-no em emplastro, outros preferem-no puro. Depois de in- cisada crucialmente a pústula, até tocar as partes subjacentes, e tirados os retalhos, leva-se á ferida uma ou duas grammas de sublimado e espera-se vinte e quatro horas, no fim das quaes, si odoente accusar vivas dores, — o que indica a chegada do cauterio ás partes sans, e si um circulo visiculoso, contendo um liquido sero-purulento, se tiver formado, —signal certo de rein- tegração das funcções normaes, podemos nos tranquillisar, pois os acciden- tes da moléstia vão declinar; mas, si, ao contrario, nada disso se passar, e a tumefacção edematosa se estender, não devemos esperar: — nova caute- risação. Quando por este tratamento conseguirmos estacionar a marcha devasta- dora do mal, veremos a infiltração ir desapparecendo, a eschara conter-se em seus limites e as partes mortificadas eliminarem-se cornos phenomenos communs da gangrena inflammatoria. Pôde succeder que a phlegmasia re- accionaria seja tão forte que tenhamos de fazer applicações emollientes; depois applicaremos pomadas excitantes, e o tratamento se terminará como o de uma ferida simples. Se, apezar do prompto e enérgico tratamento local, sobrevierem os phe- nomenos geraes, então recorreremos aos diaphoreticos, aos tônicos e aos excitantes: os vinhos de quina, genciana, theriága, etc, serão indicados, ao mesmo tempo faremos fricções aromaticas sobre todo o corpo; nos casos em que houver embaraço gástrico, é sempre preferível um catharto-emetico a um purgativo. Nelaton preconisa o tratamento da pústula maligna pelas folhas de no- gueira; não duvidamos da auctoridade do eminente cirurgião; mas diremos, como muitos teem dito: emquanto este meio curativo não estiver firmado sobre bases sólidas e estáveis, é grande temeridade tentar uma pratica que pôde ser compromettedora. SEGGÃO MEDICA CHOLERA-ASIATICA PROPOSIÇÕES I A cholera-asiatica tem o seu berço nas índias, onde reina endemicamente, e, d'ahi, tem-se propagado e apparecido sob a fôrma epidêmica em quasi todos os paizes do globo. II Nos logares onde tem se manifestado, é sempre importada, e não desen- volvida espontaneamente. III A causa especifica da cholera-asiatica, segundo se suppõe, é um parasita vegetal, da familia dos cogumelos, que se desenvolve sobre o arroz doente e se multiplica em condições próprias á sua reproducção. IV O contagio d'essa moléstia não se faz directamente; o germen do mal se acha nas dejecções dos doentes. V Os cadáveres dos cholericos conservam o calor por muito tempo; em alguns casos, a temperatura augmenta. VI As lesões anatomo-pathologicas mais importantes são: a grande elimina- 16 ção das cellulas epitheliaes e transsudação profusa de liquidos no interior dos intestinos, espessamento do sangue e hyperemia venosa dos rins. VII A moléstia pôde se apresentar debaixo de três fôrmas:—a fôrma beni- gna ou diarrheica, a fôrma erethica ou cholerina, e a fôrma asphyxica. VIII Os symptomas mais importantes são:—as dejecções, a seccura da pelle, os vômitos e a côr cyanotica. IX As dejecções são, a principio, as matérias excrementicias; depois, tor- nam-se sem côr e são constituídas pelo serum do sangue e mais liquidos do organismo derramados no intestino. X A freqüência e a abundância das dejecções rizi-formes explicam a mór parte dos diversos symptomas da cholera-asiatica. XI As medidas de policia sanitária devem ser bastante enérgicas, quando se tratar de prevenir a invasão de uma epidemia cholerica; as quarentenas devem ser muito rigorosas, e, quando, apezar d'isso, a epidemia se mani- festar, a hygiene não poupará os recursos para limital-a a uma pequena área; a desinfecção dos depósitos de matérias fecaes é principalmente a mais prompta medida, que se deve tomar. XII O tratamento é todo symptomatico; os principaes cuidados consistem em parar o catarrho intestinal, e suster a transsudação abundante do serum nos intestinos; reparar a perda aquosa soffrida pelo sangue e prevenir a paralysia do coração. «ROÇÃOC^P^A: FRACTURAS DO RADIUS E SEU TRATAMENTO PROPOSIÇÕES I As fracturas do radius são do corpo ou das extremidades. II As fracturas da extremidade inferior são as mais freqüentes. III As fracturas do corpo são raros, e ainda mais raras as da extremidade superior. IV As causas d'essas fracturas são quasi sempre quedas, pancadas, proje- ctis, etc V A contracção muscular mui raramente pôde ser causa. VI Nas fracturas do corpo a deslocação dos fragmentos é, geralmente, pouco considerável. VII Casos ha, em que os fragmentos podem se deslocar para dentro, fazendo desapparecer o espaço interosseo e dando logar a um encurtamento. VIII As fracturas da extremidade inferior, segundo Malgaigne, dão-se nos pontos onde o tecido compacto é substituído pelo tecido esponjoso. IX As luxações do punho muito se confundem com as fracturas da extre- midade inferior do radius. X Estas fracturas podem ser transversaes ou oblíquas, e são, as mais das vezes, complicadas. XI As fracturas do radius podem trazer deformidade ao ante-braço e diffi- culdade dos movimentos. XII Diversos apparelhos existem para o tratamento d'estas fracturas; o cirur- gião escolherá na occasião o que fôr mais conveniente. SECÇÃO ACCESSORIA OZONA, SUA NATUREZA E PROPRIEDADES PROPOSIÇÕES I Dá-se o nome de ozona ao corpo resultante da electrisação do oxygenio. n Os chimicos, fundados em algumas propriedades deste corpo, deram-lhe os nomes de — oxygenio allotropico, oxygenio electrisado, e ozona. III O ozona apresenta propriedades oxydantes, que o oxygenio não tem. IV Os ioduretos alcalinos são decompostos e as matérias corantes desco- radas pelo ozona. V Em contacto com o bioxydo de manganezio, agitado em água de cal ou de baryta, o ozona perde suas propriedades. VI A passagem de muitas faíscas electricas em uma campana contendo oxy- genio fal-o passar ao estado de ozona. VII A electrisação do oxygenio do ar pelos raios explica a grande quantidade de ozona na atmosphera nas epochas de tempestade, 20 VIII Todas as vezes que o oxygenio se desprende á frio, ou se acha por algum tempo em presença do phosphoro adquire as propriedades de ozona. IX Quando se decompõe a água por uma pilha, cujos electrodos são de pla- tina, uma parte do oxygenio, que se desprende, se acha electrisada. X A coloração azul do papel ozonoscopico é devida a decomposição do iodu- reto de potássio pelo ozona e á libertação do iodo que vai actuar sobre o amidon. XI A coincidência de condições de salubridade com a presença de ozona na atmosphera não é theoria sustentável inteiramente. XII O processo de preparação faz variar as propriedades do ozona, o que levou a admittir-se o ozona negativo (—) e o ozona positivo (-J-) ou anti- ozona; esta hypothese, porém, não é acceita por todos os chimicos. HYPPOCRATIS APHORISMI i Vita brevis, ars longa, occasio praeceps, experiência fallax, judicium difficüle. (Sect. Ia, Aph. Io) II Ad extremos morbos, extrema remedia, exquisitè optima. (Sect. Ia, Aph. 6o) III Qua3 medicamenta non sanant, ea ferrum sanat. Quae ferrum non sanat, ea ignis sanat. Quae vero ignis non sanat, ea insanabilia existimare oportet. (Sect. 8a, Aph. 6o) IV Si magnis et pravis existentibus vulneribus, tumores non appareant, ingens malum. (Sect. 5a, Aph. 66°) V Lassitudines sponte obortce morbos denunciant. (Sect. 2a, Aph. 5o) VI Cibi, potus, Venus, omnia moderata sint. (Sect. 2\ Aph. 6o) 6 ?0?ne//caa a cotnMttj&íão ievcjoia. t^waáca e (^actttaaae dé t^vÔeeucena eJu de iA&ao