F V FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. íl APRESENTADA E SUSTENTADA NA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA NO AMO DE 1870 p®!a fioviivuxuo (yi^&c^vuawo gAdwmi/; NATURAL DÀ MESMA PROVÍNCIA. FILHO LEGITIMO D© PARA OBTER O GRÃO ©i DOUTOR EM MEDICINA. :íbí; BAHIA Typographia de J. G. Touriulio 18*0. FACULDADE DE MEDICINA DÀ BAHIA. DIRECTOR O JEae.mo Snr, Conselheira Dr. *Foão JBaptiatatfoa Anjog, W0©I-©U^I©T©!a 0 Ex.mo Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães. os sns. DOUTORES l.*ANNO. MATÉRIAS que leccionam Cons. Vicente Ferreira de Magalhães . ( P^pSpC,í(.a^ ^ Francisco Rodrigues da Silva.....Chimica e Minnalogia. Adriano Alves de Lima Gordilho . . . Anatomia descriptiva. ü.* ANISO. Antônio de Cerqueira Pinto.....Chimica orgânica. Jeronymo Sodré Pereira .... . Physiologia. Antoniti Mariano do Bomfim.....liolanica e Zoologia. Adriano Alves de Lima Gordilho. . . . Repetição de Anatomia descripliva. 5.* ANNO. Cons. Elias José Pcdroza......Anatomia gerai epalhologica. José de Góes Sequeira.......Pathologia geral. Jeronymo Sodré Pereira......Physiologia. 4.* ANNO. Cons. Manoel Ladislào Aranha Dantas. . Pathologia externa. ................Pathologia interna. Conselheiro Malhias Moreira Sampaio j P rcÇcVnuascido18 dC muIhercs PcJadas e de meninos 8.» ANNO. ..........•..:.. Continuação de Pathologia interna. José Antônio de Freitas.....; | A™ p™jyo°s?ographica' Medicina operatoria.e .........,......Matéria medica, e therapeutica. 6.* ANNO, ................ Pharmacia. Salustiano Ferreira Souto......Medicina legal. Domingos Rodrigues Seixas.....llygiene, e Historiada Medicina. ................Clinica externa do 3.'e 4.° anno, Antônio Januário de Faria......Clinica interna do 5.* c 6.* anno. Rozendo Aprigio Pereira Guimarães. .") Ignacio José da Cunha.......f Pedro Ribeiro de Araújo......> SccçãaAccessoria. José Ignacio de Barros Pimentel. . A Virgílio Clymaco Damazio . . . . J José Affonso Paraizo de Moura. . . .\ Augusto Gonçalves Martins...../ Domingos Carlos da Silva......> Secção Cirúrgica. Demelrio Cyriaco Tourinho.....*, Luiz Alvares dos Santos......( .............> Secção Medica. O Sr. Dr. Cinciuiiato Pinto da Silva. O Sr* Dr. Thomaz d'Aquino Gaspar. AFaculdaae aãoapprova, aemreproya as opiniões ewittidas nas theses que lüc são apresentadas A MEMÓRIA DE MEUS AVÓS José Joaquim Correia de Figuered© Mascarenhas. I>. Perpetua IJinbelina Clara do Paraíso. Manoel José Alvini. D. Francisca liiiisa de Nápoles Alvim. Uno Reginaldo Alvim* D. Carolina Ritta Mascar enhas Alvim. DE MEUS AMIGOS »#•. MJourenço Gomes de Araújo Sitva. M9r. Francisco Antônio de Araújo» Acadêmico Gasparino Moreira de Castro. M. Scranna 2lMta 2Umm. Á MINHAS IRMlS A' MEU QUERIDO FILHO ALFXUESO AO MEU PADRINHO E VERDADEIRO AMIGO 0 E\m. c Rvm. Sr. Arcebispo, Primaz da America D. MANOEL JOAQUIM DA SILVEIRA. À EXCELLENTISSIMA SENHORA D. RITTA J0A0UI1TA DO SOU JESUS DA SIUSIRA. AOS SENHORES 5\. A\>Ai\oet £?euita SôpiuGeita. 2Dt. íDewettto tMwuwef <)<* ífifoa. í\. ínGíúo &>peó De JbfweiDa. 3)t. Wtaticiòco t>oá Jantou deleita. 2\. loão t?e£fed Se Jltaueóeó, Sfeafcuiaceuttco Jtaivato wefíeô Se JlbíiicííA. 2)t. ^foteutino ípeffeó Se JKWteóeó 2)fc. JWtouío Se Jbfcaujo aaaótod, 2V. leão CuHiaco Se Jbtaujo 2)t. dveuxiauc &t\tÀta ocmtoò uxciò. t £D. o. c. O Jloutfict. SECÇÃO MEDICA. DISSERTAÇÃO. Qual é o melhor tratamento da phtisica pulmonar? Le prcmier pas|que 1'homme fait dans Ia vie, est auss le premier qui 1'approche du tombeau. Dès que ses yeux s'ouvrent à Ia lumière 1'arrôí de mort lui est pro- noncé et comme si c'était pour lui un crime de vivrc| il suíTIt qu'il vife pour mériter de mourir. (MASSILON.) I. I INFELIZ mé a condição do homem, desde o momento em * que no mundo apparece, ate a hora extrema, em que aborre- cido do espectaculo triste da vida, com o coração regelado de descrença, sente sahir do intimo do peito o suspiro derradeiro! Logo que, terminada a vida intra-uterina, elle se colloca na esphe- ra de sua individualidade, se vê em luta contra milhares de agentes de destruição, que sobre elle se dirigem para perturbar as suas func- ções. Infeliz refractario das leis do Creador e por isso condemnado a viver exposto a todos os males, elle encontra no mesmo ambiente que o ro- deia, no clima de um paiz estranho ao seu, para onde é muitas vezes le- vado em virtude das relações sociaes e no seio da própria sociedade em que vive, principios, que mais tarde serão o germen infallivel de muitas moléstias, alem de que já tendo recebido de seus pães heranças mórbi- das, está sujeito por outras circumstancias individuaes á toda sorte de affecções. _ 4 — Não ha um só instante, em que elle possa livremente transpor distan- cias e descortinar novos e bellos horisontes com o fim de gosar na vida um momento de completo praser, sem que por uma triste fatalidade te- nha de estorcer-se no leito da dôr, como um castigo de sua temeridade. E ainda assim espavorido e tendo diante de si todos os dias o quadro atterrador da morte, o homem levado por uma imaginação fértil de es- peranças e illusões não pode recuar em frente dos males que elle tem em perspectiva; porque elle nasceu para ser feliz por meio do trabalho e como tal caminhar, progredir forão idéias, que com elle se gerarão e o amor da felicidade um sentimento, que Deus lhe implantou no coração. Em todas as quadras de sua pobre e misera existência, nos risos da infância, no ardores da mocidade, nos gelos da velhice, qualquer que seja o seu estado, ou condição, o homem é victima de moléstias mui ca- prichosas e traiçoeiras, diante das quaes a sciencia humana limitada em seus attributos, muitas vezes depois de esgotar todos os meios que pode dispensar, reconhecendo a improficuidade de seus esforços, se vê obrigada a crusar os braços sob o peso da mais dolorosa impressão e appellar para a própria força medicadora da natureza, sem que tenha podido quando não destruir a moléstia em sua essência, ao menos retardar o seu desenvolvimento. E o que é a moléstia em sua essência? Grande ha sido a luta n'este sentido e innumeras as dissidências, que se teem despertado entre os médicos philosophos para responder esta questão difficil: mas ainda que lhes tenha sido impossivel resolver este problema e bradar o sublime eureka, não podemos deixar de convir dian- te dos progressos da medicina moderna, a qual todos os dias se cobre de novos triumphos na investigação dos íactos, que si de um lado a pa- thogenia, ou o estudo da causa intima das moléstias não é bem conhe- cida, si a physiologia não nos disse ainda em que consiste a vida, para poder a pathologia concluir o que é a moléstia em Fealidade; de outro lado a symptomatologia, ou o estudo dos symptomasdas moléstias e a scien- cia do diagnostico está grandemente adiantada, de tal sorte que o medico practico, procurando interpretar suffieientemente a natureza e o exercício normal e physiologico das funcções, pode hoje melhor do que em outros tempos chegar ao conhecimento preciso das moléstias e estabelecer uma therapeutica mais racional para ellas com o fim de aliviar os soffrimentos da humanidade. — 5 ~- Si guérir est lebut ideal de Ia medicine, il ne lui est pas toujours donnc de 1'attcindrc, mais elle a bien et compléíement rempli sa mission, quand à dófaut de ce résultat, elle pallie, fait durer et soulage là, ou elle ne saurait mieux faire. Entre estas moléstias caprichosas, que perseguem a humanidade, a phtisica pulmonar occupa por certo um dos primeiros lugares. Espalhada por todos os paizes do globo, fasendo terríveis estragos em todas as capitães da Europa, em o norte da África, nas índias Orientaes e em todo o littoral do continente Americano, ella parece acompanhar passo a passo o progresso do mundo civilisado, fasendo todos os dias n'elle centenares de victimas. Muitas vezes, como é de observação, sob as falsas apparencias da saúde e sem que nada pareça haver de anormal para o indivíduo nos actos de sua organisação, essa terrível moléstia pode estar causando grandes es- tragos, até que em um infeliz momento ella se venha revelar por meio de uma hemoptysia grave, ou por um apparato desymptomas, que denotando que o organismo do indivíduo se acha sob a acção de um vicio diathesico, levando o medico a inquerir os órgãos peitoraes, elle é obrigado a ar- rancar a mascara que acobertava a hypoerisia d'ella e fixar-lhe o diag- nostico certo. Escolhendo este ponto para dissertar sobre elle, não é meu intento escrever uma monographia da pathologia e therapeutica da phtisica pul- monar, com o fim de ventilar o grande numero de questões, que existem relativas á esta moléstia. Humilde estudante, sem talento e observação própria, eu sou o menos competente para resolvel-as especialmente quando vejo sobre ellas os me- lhores observadores hesitarem divididos entre affirmações contradictorias, esperando, para darem sua opinião novos elementos de prova e de convicção. Fará melhor intelligencia do meu trabalho cumpre-me declarar, que para mim toda phtisica pulmonar não é dependente da presença de tu- berculos. Ha poucos annos, esta moléstia tem sido o objecto de importantes tra- balhos, que tendem a modificar as opiniões geralmente professadas e está hoje admittido, que não só os tuberculos, como também outros estados pathologicos do pulmão occasionados por trabalhos inílammatorios de — 6 — marcha chronica determinão a fusão do parenchyma, a formação de ca- vernas, e a phtisica pulmonar. Dividirei o meu trabalho em duas partes. Na primeira parte tratarei das causas da moléstia, e na segunda de sua therapeutica. II. La phtiíie pulmonaire se développaut d'uns manière lente et gradueé, rien n'est plu (lifficile que d'ápprécier rigoureseinenl Ia nature dcs causes sous Pinflupnce desquelles elle se développe, ei si les indications nom- breuses ei variées employées jusqu'alors pour lacombatlre n'ont donné que de rc- ' sultats fort douteux c'est à robsourité dn son étiologie qu'il faut attribucr leur im paissance. ( LAGARDE. ) O estudo da etiologia da phtisica pulmonar é digno de toda importância, não só para o que diz respeito ao tratamento curativo da moléstia, como para subtrahir de certas causas, sob a influencia das quaes a moléstia pôde mais facilmente apparecer, os indivíduos á ella dispostos. A predisposição congênita, ou adquirida para a phtisica pulmonar é um facto, que não pôde ser negado em boa razão, ainda que não lhe conhe- çamos a essência. Quando ella é congênita, pôde ter muitas vezes sua razão de ser na idade avançada, ou precoce dos cônjuges, ou de um d'estes, na união entre indivíduos lymphatícos, especialmente si são consanguineos, débeis, en- fraquecidos por excessos, por moléstias anteriores e pelo estado de miséria. É tendo sempre attenção á essa predisposição, que se tem podido ex- plicar diante da sciencia, corno em virtude de um resfriamento, em conse- qüência de excessos de qualquer natureza, por uma mudança de lugar, de clima, de gênero de vida, indivíduos até então reputados sãos vêem a pa- decer da moléstia em questão, ao passo que outros nos quaes a predispo- sição não existia, são refractarios a todas estas causas. Pela observação de todos os dias se tem visto, que não ha uma só quadra da vida e nenhuma constituição, que esteja a abrigo da phtisica — 7 ~ pulmonar. Nas creanças, segundo Barthez e RiUiet, quasi todas as epochas favorecem igualmente a producção da moléstia, Nos adultos, parece ser a idade dos vinte a trinta annos a mais exposta ao seu apparecimento. Relativamente ás constituições se tem notado, que a phtisica pulmonar ataca não só os indivíduos de constituição fraca, nos quaes é mais com- mum, como também os que teem uma constituição forte. A herança pathologica, essa funesta disposição em virtude da qual os filhos recebem de seus pães no liquido prolífico uma vez derramado no reservatório uterino e por intermédio da nutrição, que lhe fornece o seio materno, a diathese, que existe, ou existio, em algum de seus ante- passados, isto é, não a moléstia em si, mas uma certa fraqueza de cons- tituição, que a pode occasionar, tem uma notável influencia sobre a pro- ducção da phtisica pulmonar, exceptuando-se porém os casos em que se vê falhar esta influencia, quando diante da disposição mórbida do indi- víduo se apresenta uma idiosincrasia. On héritedesmaux de ses parents, comme on hérite de leurs biens et ce funcste héritage se transmet d'une manière plus súre encove que Vautre* (Baillou.) La phtisie pulmonaire, disse um illustre professor, est une des maladies dontVhérôdité est le moins contestablc. Devay em poucas palavras nos^dá a conhecer quão grande é a in- fluencia da herança sobre o desenvolvimento d'esta moléstia, quando disse: L'on pcut affirmer sans craintedès aujourd'hui, que c est à Ia transmis- sion hêréditaire quest due en gr and partie Ia funeste propagalion de cette maladic- A morada no centro das grandes populações onde faltão boas condições de hygiene, em lugares acanhados, baixos, humidos, mal arejados, onde . não penetrão os raios do sol, assim como a má alimentação, o estado de miséria, os excessos venereos, o trabalho exagerado e continuo, o ona- nismo, as paixões tristes, prenheses succecsivas, o aleitamento prolongado, as vigílias, todas as circumstancias hygienicas viciosas emfim, que tendem a abater profundamente o indivíduo, a enfraquecer a força plástica do san- gue e favorecer portanto o desenvolvimento das producções mórbidas, assim como moléstias que tenhão deixado o organismo insufficiente para — S — resistir as influencias morbificas teem necessariamente uma grande parte no desenvolvimento da phtisica pulmonar. O resfriamento de uma parte da peripheria do corpo, os desarranjos de menstruação nas mulheres até então bem regradas, o desapparecimento momentâneo das hemorrhoidas, a cura de uma moléstia, que entretínha em certos órgãos uma fluxão congestiva, o desapparecimento brusco de diversas affecções, de suppurações habituaes mórbidas, ou artificiaes, po- dem ser também causas do appareeimento da moléstia. As congestões do pulmão, as pneumonias, bronchites, e pleuresias estão no mesmo caso. Qualquer d'estas causas porém, acredito eu, não poderá por si só de- terminar a phtisica pulmonar sem que haja alguma causa mais para isso. Assim em muitos indivíduos sujeitos á qualquer das causas debilitantes e de outro gênero agora referidas, não é raro vêr uns serem a ellas re- fractarios, outros tornarem-se simplesmente chloroticos, o que leva por certo a crer, que, para que as diversas circumstancias etiologicas deter- minem a phtisica pulmonar, é mister sem duvida, que haja uma disposição particular da economia dos indivíduos para esta moléstia. Eu me inclino a crer que, entre os individuos, que nao trasem em si a predisposição congênita ou adquirida, a inflammação do pulmão é im- potente para determinar a formação de cavernas; mas que n'aquelles indi- viduos predispostos á phtisica pulmonar a inflammação de qualquer parte do parenchyma do pulmão pode favorecer o desenvolvimento da moléstia, pois que ahi em que a acção vital é perturbada e destruida a harmonia funccional do organismo, as influencias diathesicas deveráõ obrar com maior energia e modificar o trabalho mórbido. Não é raro vêr a phtisica pulmonar succeder ás moléstias febris como ás febres intermittentes prolongadas, ás febres typhoides e especialmente ás febres eruptivas, e ás moléstias debilitantes em geral. A influencia das bebidas alcoólicas sobre o desenvolvimento e a mar- cha da phtisica não está ainda bem determinada. Os Drs. Peters, Jackson e Malske sustentarão, que raramente se obser- vava a phtisica pulmonar nos individuos que se entrega vão ao uso de- masiado das bebidas alcoólicas. Entre trinta e cinco d'elles o Dr. Jackson diz ter encontrado somente cinco tuberculosos. Tripur por sua vez pensa, que a phtisica pulmonar marcha lentamente nos individuos affeitos ás bebidas espirituosas. O contrario é dito por Rraus, Launay e outros. Kraus descreveo até uma forma particular de phtisica galopante nos individuos mencionados. O contagio da phtisica pulmonar não está demonstrado na sciencia. Ne- gado pelajnaioria dos médicos, esta idéa tem sido ao contrario susten- tada entre outros por Valsalva, Yan Switen, Morton, J. Frank. Hufeland, Michel Lévy,Bi'uchon, é professada na Hespanha e na Itália e tacitamente por todos os médicos. Morgagni não ousava abrir os cadáveres dos individuos reputados phti- sicos. III. La guérison de Ia plitisic n'est au dessas des forces de Ia nnturc mais 1'art ne posséde encore aticun moycri ccilain d'airiverá ce tml. ' (Laknnec.) Não pretendo tratar minuciosamente de todos os meios apontados para a cura da phtisica pulmonar, pois que para isso seria preciso escrevei' muito. Longe está de mim a idéa de encerrar nos acanhados limites de uma these de. doutoramento todos os pretendidos especificos e formulas pre- conisadas até o presente no tratamento d?esta moléstia. Limitar-me-hei a lembrar os meios mais empregados pelos practicos e que geralmente teem dado algum resultado, os quaes dividirei em dous grupos: meios propriamente medicamentosos, e meios hygienicos. La pldisie est une des maladies qui fait le mieux ressortir i' imperieuse necessite d'une étroite alliance de medicaments et de V hygiéne. Muitos e variados teem sido os medicamentos até hoje empregados na cura da phtisica pulmonar e a despeito de todos os esforços feitos n'este intento ainda a sciencia não se poude gloriar de ter descoberto um só d'ellcs que se possa considerar especifico. As preparações sulphurosas teem sido recommendadas por suas pro- priedades tônicas e excitantes, no intuito de combater o lymphatismo, de — 10 — obrar mesmo sobre o pulmão por uma accão local, como pretendem alguns e de garantir a pelle contra a impressionalidade ao frio. Darcet, de Lamure,Barety, Laforest, Simes, Rivière e outros teem dado a essas preparações grande consideração. O arsênico tem sido empregado com muita vantagem no tratamento d'esta moléstia. Descongestionando a mucosa bronchica, o parenchyma pulmonar e des- pertando a nutrição, Trousseau, Cersoy (de Langres) Isnard e outros dizem ter visto sobre a influencia d'este medicamento em muitos phtisicos a tosse tornar-se menos freqüente, a expectoração menos abundante c mais na- tural, a dispnéa, quando existia, substituir uma respiração fácil e o doen- te no fim de algum tempo chegar a melhoramentos extraordinários. O iodo tem sido recommendado como um agente capaz em muitos casos de despertar a nutrição dos individuos phtisicos, como um analep- tico e reconstituinte. Payne Cotton, medico do Hospital dos phtisicos em Brompton, expondo o resultado de experiências feitas com alguns preparados de phosphoro, como sejão os hypophosphitos de soda, de cal, concluio em 18Gi, que, o seu emprego produzia nos seus doentes algum melhoramento, sem que todavia exercessem acção alguma especifica, como pretendeo o medico americano Francis Churchill. Baud aconselhou o uso da phospholeina. Em apoio da opinião de Cotton apresentão-se os testemunhos do Dr. Quain, medico do mesmo Hospital em 1858, de Trousseau, Risdon, Lente, Benett, Vigia e outros. O Dr. Júlio Boyer diz ter empregado com proveito uma preparação com- posta de phosphato e carbonato de cal, bicarbonato de soda e lactato de ferro, a qual é administrada aos adultos na doze de duas colherinhas por dia em um meio copo de agoa assucarada, á que se ajunta uma colher de agoa distillada de louro-cerejo. Quando a phtisica pulmonar começa a desenvolver-se em um indiví- duo robusto e plethorico, que apresenta um pulso cheio, duro e freqüente e a faee muito corada, as sanguesugas, as ventosas escarificadas, ou mesmo ventosas seccas applicadas no peito ou nas extremidades inferio- res podem dar algum proveito. O Professor Cruveilhier assevera ter tirado sempre bons resultados d'esta practica nas condições acima determinadas. — 11 — Richardi Morton também aconselhou este meio com muita reserva. E assim que elle se exprime: Sanguisob tabem pnesentem et virium languorem parca potius manu ven- tilandus quam profuse cxtrahendus. Na phtisica pulmonar hereditária o tartaro stibiado dado ás colheres por espaço de um a trez mezes na doze rasoriana, nos casos em que a moléstia em principio é caracterisada pelo estado febril continuo, especial^ mente na passagem do primeiro ao segundo grau, quando o estado geral o permitlc, tem sido capaz de parar o trabalho mórbido, segundo a obser- vação de practicos notáveis. Mas o tartaro stibiado, convém dizel-o, tem suas contra-indicações, como sejão a existência de diarrhéa, suores, padecimentos do estômago e do coração. O seu emprego exige muitas cautellas, pois que pôde dar vômitos inco- erciveis e diarrhéas rebeldes. A ipecacuanha tem sido empregada pelo Sr. Richter, Weber e Reid. A digitalis tem sido empregada como um contra-estimulante e sedativo do coração, nos casos em que a moléstia se complica de palpitações e de hypertrophia desse órgão. Magenni, Fowler, Beddoe, Douglas, Fouquier, Bayle, Faure, Hirtz, For- get e outros contão resultados favoráveis obtidos por meio d'este medi- camento n'estas condições. O emprego dos revulsivos cutâneos, dos vesicatorios, cauterios, sede- nhos, moxas, da tintura de iodo, ainda que como geralmente se diz, só sirva para extenuar as forças do doente e precipitar a marcha da molés- tia, apressando a sua terminação, pode ter suas indicações em certas cir- cumstancias. As agoas mineraes sulphurosas e arsenicaes são muito recommendadas na Europa no tratamento da phtisica pulmonar dos lymphaticos e escro- íülosos, em banhos ou internamente, quando não ha febre. A observação tem feito vêr, que ojuso d'essas agoas estimula a activi- dade das funcções nutritivas, levanta as forças, augmenta a resistência do organismo dos doentes e lhes fornece de alguma sorte um meio de lutar contra a acção das causas morbificas, reparando-lhes a fraqueza e tirando á diathese um dos seus poderosos auxiliares, além de uma acção saiu-: lar, que tem sobre o estado catarrhal. — 12 — As agoas do mar frias, ou quentes teem sido muitas vezes aproveita- das, tanto externa como internamente nesta moléstia. Ha poucos annos, na França, o pharmaceutico M. Fecamp apresentou um projecto de recolher a agoa do mar, filtral-a e carregal-a de acido carbônico para tornar uma bebida agradável. Muita cousa se empregou ainda no tratamento d'esta moléstia, de que hoje não se lança mão ordinariamente, como sejão: o acido carbônico ensaiado por Home, Percival, Ingenhouz, Baumes, Moret, Beddoes e Watt; as atmospheras oxigenadas ensaiadas por Chaptal, Bergius, Four- croy, as atmospheras de azoto, de oxido de carbono, de ammoniaco por Turck, as atmospheras sulphydricas, o chloro por Ganal, Laennec, Cot- tereau, as atmospheras dos curraes pela abundância de acido carbônico e exhalações ammoniacaes, ensaiadas por Baumes, Read, Bergius, Barthez. Este ultimo meio só tem acceitação na crença popular. Se tem empregado ainda por inhalação o beijoim, o balsamo do Peru, a myrrha, o alcatrão, a terebentina, o creosoto, o balsamo de Tolú, o es- toraquea titulo demodificadores da secreção muco-purulenta dos bron- chios e das paredes das cavernas, quando ellas existem. IV. Para combater os symptomas da moléstia muitos são os meios a em- pregar. Para a tosse, quando ella é secca, ou espasmodica, os cyanicos, os pre- parados de ópio, e belladona são os meios de que ordinariamente se lan- ça mão. Quando ella se complica da expulsão de catarrhos, reccorre-se aos sul- phurosos, balsamicos, ao alcatrão. Para faser cessar a hemoptysia, quando ella sobrevem, empregão-se conforme o caso as emissões sangüíneas, as ventosas seccas, sinapismos nas extremidades superiores e inferiores, pediluvios, maniluvios, a rata- nhia, o gelo, o centeio, e como aconselhou Trousseau, a ipecacuanha em uma poção ás colheres, e nos casos em que a hemoptyse parece ligada á uma complicação do lado do coração, é indicado o emprego da digitalis. O fastio ou anorexia é geralmente combatido pelos amargos e espe- cialmente pela mudança de ar. — 13 — Quando apparece dyspepsia, a água de Yichy, a magnesia dão bons re- sultados. Si sobreveem vômitos, são ainda indicadas a agoa de Sellz, o gelo, a poção anti-emetica de Riviòre, os vesicatorios no epigastrio, a belladona só, ou associada ao subnitrato de bismutho e segundo aconselhou Trous- seau o acido chlorhydrico na dose de 3 á 4 gottas em um meio copo de agoa assucarada antes da comida, ou conforme o Dr. Tripier em 1864 um pouco de agoardente depois da refeição. A diarrhéa é commummente attacada pelos opiaceos administrados pela bocca, ou em clysteres, pelo subnitrato de bismutho, pelos adstrin- gentes vegetaes, pelos clysteres de vinho. Graves aconselhou o emprego do. nitrato de prata na dose de trez á quatro grãos por dia e a carne crua. Os inglezes empregão a agoa de cal, sob o nome de limewater. Quando a febre tem um caracter continuo no começo da moléstia, o tartaro stibiado pôde dar bons resultados. Si ella porem é remittente, ou inlermittente, reccorre-se as prepara- ções de quina, ao sulfato de quinina e aos preparados de arsênico. Ultimamente se tem introdusido o sulfato de quinina pelo methodo hy- podermico, quando o estado do estômago não permitte, que elle seja in- gerido pela bocca. Contra os suores muitos medicamentos teem sido empregados; entre os quaes apontâo-se o agarico branco, o tanino, o pó de Dower, o oxido de zinco, a ratanhia e até loções de vinagre sobre a pelle. O ópio, a morphina, a codeina, o bromureto de potássio, são os agentes de que se faz uso para combatter a insommia, e até do chloroformio na dose de 5 a 10 gottas em uma poção mucilaginosa, ou uma solução de chloroformio na glycerina, conforme Debout. Muito se tem dito acerca do emprego dos ferruginosos para modificar o estado de chloro-anemia, que é peculiar aos phtisicos. É assim que de um lado vemos Trousseau, Pidoux, Blache, Millet, le- vantarem-se contra as preparações ferruginosas, accusando-as de apres- sar a tuberculisação em começo e precipitar o curso da moléstia, ao tem- po que as preparações marciaes teem sido aconselhadas por médicos não menos notáveis do que os primeiros, entre os quaes estão Putégnat (de Luneville) Lombard (de Liège) Yigla, Maillot, Cotton e Guilliam. Como quer que seja, o ferro pode ser muitas vezes indicado, não a ti- — 14 — tulo de especifico, mas como um meio útil no tratamento d'esta molés- tia, salvando sempre as contra-indicações, como sejão entre outras a febre e a hemoptysia. V. L!hygiène est aussl superieure â Ia medicine cura li ve, que d^s bjnnes lois le sont aux picilleures senlences judiciaires. (TlIEVENO.) A primeira indicação, que o practico deve ter em mira quanto aos in- dividuos de constituição fraca, de saúde suspeita e que são predispostos á phtisica pulmonar, é collocal-os em condições, que lhe faça esperar um melhoramento da constituição d'esses individuos, dotando o seu organismo de forças para vencer a disposição mórbida, si é possivel. Para melhor ordem tomemos o óvulo fecundado no seio de uma mãe, de constituição fraca, de saúde suspeita e predispostaá phtisica pulmonar. A hygiene da gestação deve ser tida em muita consideração. Assim as mulheres predispostas á phtisica pulmonar devem faser uso durante aprenhez de uma alimentação substancial e simples, devem con- servar seus vestidos frouxos, de modo que não exerção constricção alguma prejudicial sobre o abdômen, ou sobre as mamas, devem acautelar-se contra as variações rápidas de temperatura e collocar-se em condições de poder gosar de um exercício bem regular e de uma vida socegada. Nascido o menino, que eu supponho predisposto á phtisica pulmonar, já por ser filho de paesjphtisicos e em que a moléstia se tenha annunciado porsignaes evidentes, já enfraquecidos por outra qualquer moléstia, nos quaes o habito externo indique a predisposição, não deve ser amamentado por sua mãe e nem artificialmente, pelo contrario se lhe deve dar uma ama aceiada, sadia e forte, a qual por sua vez durante o aleitamento deve fazer uso de uma alimentação de boa natureza. A alimentação do menino depois de desmamado deve consistir no leite, caldos, sopas, carnes negras assadas, ovos, etc, tendo-se sempre o cuidado de evitar os alimentos grosseiros e de difficil digestão e o uso demasiado de substancias assucaradas, que facilmente pervertem o apetite. — 15 — A sua morada, se puder ser no campo, melhor será do que no centro das grandes populações, onde por circumstancias de fortuna pôde ser obrigado a permanecer em casas estreitas, mal árejadas e onde não penetrem raios do sol. Chegadoáidade de impara a escola, que é ordinariamente entre nós os cinco a seisannos, se deve preferir as escolas particulares aos grandes collegios de ensino, onde o menino é sujeito prematuramente a esforços intellec- tuaes exagerados, a estar por muito tempo sentado nos bancos de estudo, a adquirir hábitos detestáveis, a fazer uso muitas vezes de uma alimentação insufficiente e de má qualidade. Na ida^e adulta despertão-se novos cuidados, pois que na realidade é uma idade perigosa, não só para os rapazes, como para as meninas, pela facilidade com que podem estabelecer-se movimentos fluxonarios para o peito, principalmente nestas ultimas. Si ha uma anemia n'esta quadra, os preparados ferruginosos são in- dicados. Deve ser prohibida a morada em lugares onde o ar seja carregado de fumos, de poeira. A chuva, a humidade, os ventos frios ou muito quentes devem ser evi- tados. A sua alimentação deve ser fortificante e reparadora, constar de carnes negras e brancas, ostras e outros mariscos, leite, chá, ou café com res- tricção, chocolate, óleo de fígado de bacalháo ás colheres, logo antes ou depois da comida, só, ou em certos vehiculos que tenhão por fim neu- tralisar-lhe ò sabor nauseante, interrompendo este uso nas estações muito quentes. O leite aconselhado aos phtisicos desde Hyppocrates, em alguns casos elle deve ser contraindicado. Quanto a sua pretendida especificidade no tratamento d'esta moléstia^ Baumes assim se exprimio: «Eu tenho n'este alimento medicamentoso a maior confiança, mas não sou fanático por suas virtudes a ponto de querer, que seja elle considerado como a ancora de salvação dos phtisicos, como um especifico, que dispense outro qual- quer meio.» O óleo de fígado de bacalháo, de que ha trinta annos se tem feito muito uso no tratamento d'esta moléstia, e de que também se tem abusado deve ser expressamente contraindicado, quando a moléstia tem tomado un? ca- — 16 — racter agudo, pois que irestas circumstancias aggrava a moléstia, trazendo a pyrosis, a anorexia completa, exacerbando a diarrhéa e a febre. O Dr. Benson attribuio com muita razão ao uso prolongado d'este meio uma certa tendência a um estado de congestão e mesmo inflammatorio do pulmão, Para substituir o óleo de fígado de bacalháo e de outros peixes se tem lembrado outras substancias gordurosas. A glycerina tem sido preconisada na Inglaterra. A cerveja e o vinho velho de Bordeaux são as melhoresbebidas de que deve-se fazer uso. A mudança de lugar para um outro, onde o ar se possa reputar puro, doce, secco, de temperatura uniforme, e em certos casos as viagens marí- timas podem dar bons resultados. Aqui entre nós, na província da Bahia, onde não ha estudos, que digão respeito ás diversasjocalidades, os doentes são mandados geralmente para o sertão, muitas vezes quando só o incommodo da viagem é capaz de apressar o termo da moléstia. Quanto a escolha de profissão, esse ó um ponto que exige muita consi- deração, pois que, na phrase de um illustre escriptor, encerra em si uma questão de felicidade e até as vezes uma questão de vida. Ao medico intelligente portanto é quem compete decidir sobre a esco- lha da profisssão, que deve abraçar um indivíduo predisposto á phtisica. Geralmente fallando, as profissões sedentárias, aquellas que expõem o indivíduo a poeiras, ou a vapores irritantes, aquellas que obrigão os in- dividuos a estar constantemente expostos ás mudanças de temperatura, de clima, aquellas que exigem um esforço constante de voz devem ser evitadas. Uma questão existe sem estar ainda decidida relativamente á phtisica pulmonar, que muito tem que vêr com os interesses da sociedade; é a questão do celibato, ou casamento. Sem querer entrar n'ella, eu penso, que si se trata do homem pre- disposto á phtisica pulmonar, é melhor, que elle abrace o casamento, do que seja celibatario, pois que n'aquelle estado elle encontrará, na phrase de um illustre professor, a satisfação legitima e inoffensiva de seus ape- tites physicos, quando elle os sabe regular pela moderação. Si se trata de mulher porem, tudo muda de figura. Ella é justa, que se conserve celibataria, porque pôde melhor supporr — 17 — lar este estado em virtude de sua educação sem correr os riscos do ho- mem, além de outras rasões pelos incommodos, que lhe acarretâo a ges- tação, a parturiçâo e o aleitamento. VI. Do que acabo de diser, concluo, que o melhor modo de tratamento da phtisica pulmonar deve consistir em attacar a moléstia desde suas pri- meiras manifestações e em seus períodos estacionarios e combater ener- gicamente a diathese pelos meios* adequados. Eu confio muito nos meios, que acabo de mencionar e creio, que si na maioria dos casos elles teem falhado, é porque teem sido applicados fora de tempo, quando a moléstia já se acha adiantada e caminhandt) para sua terminação. Geralmente os phtisicos alimentados por uma esperança vã não se im- portão de consultar os médicos nas primeiras manifestações da molés- tia e só a isso se resolvem nos últimos instantes da vida, quando a natu- reza extenuada e exhausta de forças, a medicina de nada lhes pôde valer. Ainda mais nem todos podem sujeitar-se a um tratamento conveniente, porque este exige muito dispendio, o que não está ao alcance da popu- lação, principalmente da classe pobre, na qual esta moléstia é mais iComraura. Tenho concluído o meu trabalho. 3 SECÇÃO MEDICA. Vantagens da auuullaçâo e percussão para o diagnostico. PROPOSIÇÕES. L—x\ auscultação é um dos meios de exploração medica, que tem por fim faser perceber os ruidos, que se passão no interior do organismo vivo e aprecial-os debaixo do ponto de vista do diagnostico. IL—A auscultação pode ser immediata, ou mediata, segundo que se practica, applicando-se a orelha directamente sobre a parte do corpo, que se quer auscultar, ou indireciamente por meio de um instrumento cha- mado—stethoscopio. III.—Cada um d'esses dous modos de proceder á auscultação tem suas vantagens um sobre o outro, segundo a parte do corpo que tem de ser auscultada e certas circumstancias outras. IV.—A auscultação tem suas regras, das quaes não se deverá prescin- dir em caso algum, para dar resultados satisfactorios. Y.—A auscultação presta um grande auxilio ao medico no diagnostico de todas as moléstias thoracicas. YI.—Tratando-se de conhecer uma prenhez, no tempo em que já se podem perceber os batimentos do feto, a auscultação é um meio seguro de que se deve lançar mão para fixar o diagnostico. YII.—A percussão é um dos meios de exploração medica, por meio do — 20 — qual se procura observar os diversos gráos de sonoridade de uma parte qualquer do corpo, e aprecial-os sob o ponto de vista do diagnostico. VIII.—A percussão pode ser mediata, ou immediata, segundo é feita com o auxilio de um instrumento chamado plessimetro, os só pelos pró- prios dedos. ÍX.—Som o concurso d'estes dous meios importantes de exploração o diagnostico das moléstias thoracicas seria quasi sempre imperfeito. X.—Para que a percussão auxilie o diagnostico, é mister que seja feita com os preceitos da sciencia. XI.—A auscultação e a percussão dando luzes ao medico para chegar ao diagnostico difficíl de todas as moléstias da caixa thoracica, tem ainda debaixo do ponto de vista da therapeutica vantagens incontestáveis,* pois que muitas vezes decide da opportunidade ou não do emprego de certos meios incumbidos de debeílar a moléstia. XIL — Laennee não foi o descobridor da auscultação. SECÇÃO CIRÚRGICA. —«-W3XE55— Queimaduras. PROPOSIÇÕES. í.—A accumulacão enérgica e rápida, ou fraca, mas continua do caloricá sobre o corpo vivo determina accidentes, que se tem chamado queima- duras. íí.—Iguaes accidentes podem ser produzidos pelo contacto das sub- stancias denominadas cáusticas sobre os tecidos. IÍL—A accumulacão do calorico sobre os tecidos pôde exercer-se cio distancia, ou em contacto; d'abi duas variedades de queimaduras, quei- maduras por irradiação e queimaduras por contacto. IV.—A queimadura é uma lesão physica, que praticipa da natureza da inflammação, da ferida e da gangrena. V.—De conformidade com a classificação de Duputren se pode distin^ guir seis graus de queimaduras, attendendo-se aos symptomas e aos ele- mentos orgânicos lesados* VI.—Certas circumstancias ha que favorecem, ou ao contrario modc- rão o effeito do calorico, como sejão a delicadesa, ou rudesa da pelle, a qualidade dos vestidos etc. VIL—Ha certas profissões que estão mais expostas do que outras j soffrer este gênero de lesão. — 22 — VIII.—O raio produz queimaduras em gráos diversos sobre os tecidos. IX.—É de grande importância o conhecimento da natureza do corpo cornburente no diagnostico do grau da queimadura, especialmente nos primeiros grãos, X.—Muito influem para o prognostico das queimaduras a idade, a cons- tituição do indivíduo, a natureza da causa que as produzio, a sede e ex- tensão da lesão e as funcções do órgão oífendido, qualquer que seja o gráo d'ellas. XI.—Ha, como bem designou Dupuytren, quatro epochas differentes, nas quaes, quando as queimaduras são extensas, a vida do indivíduo é necessariamente ameaçada: período de irritação, período de inflammação período de suppuração, período de esgotamento. XII.—O tetanos talvez em virtude de uma predisposição particular dos1 individuos para esta moléstia é uma complicação das queimaduras e espe- cialmente das queimaduras das extremidades. XIII.—No tratamento das queimaduras ha três indicações a preencher: l.o debellar a dôr, 2.o'tratar a inflammação, 3.o combater o estado de prostração de forças em que esteja o indivíduo. XIV.—Os refrigerantes, os adstringentes, os oleosos, os antiphlogisticos com reserva, os tônicos e um bom regime hygienico são os meios em- pregados para o tratamento das queimaduras á excepção da queimadura do sexto gráo, que reclama os soccorros da cirurgia. SECÇÃO ACCESSORIA. A ghjcerina considerada como vehiculo pliarmacculico. PROPOSIÇÕES. I.—A glycerina, principio doce dos óleos, é um liquido, de consistência de xarope, sem cheiro, sem cor, de sabor assucarado. II. —A boa glycerina não tem acção sobre a tintura de gyrasol e o xa- rope de violetas. III.—A glycerina é incristallisavel, solúvel n'agoa, no álcool e insoluvel no ether. IV.—A glycerina dissolve a maior parte dos corpos que a agoa, o álcool e o ether dissolvem. Y —A glycerina dissolve as gommas, o assucar, as matérias corantes, os suecos vegetaes, o álcool, as tinturas, os extractos, os sabões, a creo- sota, a clara de ovo, etc. VI.—A glycerina dissolve um grande numero desaes e oxides térreos. VIL—A glycerina dissolve o bromo, os ioduretos de enxofre, de potás- sio, de zinco, de ferro. VIII.—A glycerina dissolve os chloruretos alcalinos, os chloruretos de zinco, de ferro, os sulphuretos alcalinos, o cyanureto de mercúrio, o eme- tico, tanino, o phosphoro, _ 24__ IX.—A glycerina serve de excipiente a um grande numero de prepa- rados pharmaceuticos, prestando-se ás fôrmas medicamentosas. X.—A glycerina pôde servir de excepiente aos linimentos, collyrios, co- lutorios, gargarejos, clysteres, injecções e cataplasmas. XI.—Alem dos usos pharmaceuticos a glycerina é muito empregada em medicina em diversas affecções cutâneas e internamente. XII.—Em cirurgia o seu emprego é extenso no curativo das amputações nas feridas de máo caracter, nas erysipelas, nas queimaduras, HYPPOCRATIS APHORISMI. N ita brevis, ars longa, occasio praeceps, experiência fallax, judicium difficile. [Sect. 1* Aph. /.°) II. Qui sanguinem spumosum exspuunt, his ex pulmone talis rejreth fit. (Sect. 5.a Aph. 13.) III. Frigida velut nix, glacies, pectori inimica, tusses movent, sanguinis eruptiones ac catarrhos inducunt. (Sect. ,5.a Aph. 2'i.) IV. Autumnus tabidis malus. [Sect. 5.a Aph. 10. V. Tabes maxime fitu'tatibus ab anno octavo décimo usque ad quintum triííesimum. (Sect. 5.a Aph. 9.o) VI. Yulneri convulsio superveniens, lethale. [Sect. J.» Aph. L2. BAHIA.—Tvpograpliia de J. G. Tourioho—1870. 4 Me*neM'e/a a' %cM»ijj$ão Meutàcia. /fêaÃta e ê/acu/ü/ac/e c/e is/6ec/t'cma cm a.J- c/e ót/aojfo c/e /éfc. Í2V. cÇaJÁa4'. Sd/a con/eimc oJ Sd/a/a/oJ. Z/acuíc/u/s c/e ^-/ccc/trena a'a gêarfia 2Í c/e St/yc/áfo c/e seja-, !£/)?. is/óeuta. ê£*. W. % ê/)amaj,/o. ^n/nèma-de. £da4t'a e ^acu/ó/aa/e c/e ^Seo/ccena s>j efe //efrmtfro c/e /-é/0. &><. £8a/itüfa í3)ii««to«. íl