v/ THESE FRANCISCO UNO SOARES DE ANDRADE. £ ^ s, y* QIE SUSTEM! EM NOVEMBRO DE 4870 DE DOUTOR EM MEDICINA TELA PRIMEIRO CIRURGIÃO HONORÁRIO DO CORPO DE SAÚDE DO EXERCITO [FM® Lg@aT0li!a® SE Francisco hino Soares de Andrade e Silm e de D. Maria Joanna Brasil de Andrade NATURAL DA PROVÍNCIA DA BAHIA. BAHIA TYPOGRAPHIA DE J. G. TOURINHQ mtim 1S70. FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DIRECTOR O JEVr."10 S*u\ Conselheiro J»r. *Woão Raptialatlos Anjos, 0 Ex.mo Snr. Conselheiro Dr. Viceote Ferreira de Magalhães. OS SBS. DOUTORKS l.'ANNO. MATESIASQUELECCIONAM . „ , „ ,,- f rhysica em geral, e particularmente em suas Cons. Vicente Ferreira de Magalhães . \ applicaçõrs á Medicina. Francisco Rodrigues da Silva. . . . .' Chimica e Mineralogia. Adriano Alves de Lima Gordilho . . . Anatomia descripliva. !í.» ANNO. Antônio de Cerqueira Pinto.....Chimica orgânica. Jeronymo Sodré Pereira . ... . Physiologia. Antônio Mariano do Uomfim.....llotanica e Zoologia. Adriano Alves de Lima Gordilho. . . . Repetição de Anatomia descripliva. 5.* ANNO. Cons. Elias José Pedroza . ..... Anatomia geral epalhologica. José de Góes Sequeira.......Pathologia geral. Jeronymo Sodré Pereira......Physiologia. 4.' ANNO. Cons. Manoel Ladisláo Aranha Dantas. . Pathologia externa. ................ Pathologia interna. ..„„„,.„.„ u,ii,!,IMM„i„í,m„,in S Partos, moléstias de mulheres pejadas e de meniws Conselheiro Malhias Moreira Sampaio 1 recemnascidos. ».» ANNO. ....... . . . •.....Continuação de Pathologia interna. ■ „a .„.„„!« *~ r.,„nne. 5 Anatomia lopographica, Medicina operatoria.e José Antônio de Freitas......j apparelhosV .........,......Matéria medica, e therapeutica. G.» ANNO, ................Pharmacia. Salustiano Ferreira Souto......Medicina legal. Domingos RodriguesSeixas.....Hygiene, e Historiada Medicina. ................Clinica externa do 3.* e 4.° anno. Antônio Januário de Faria......Clinica internados." e 6.' anno. Rozendo Aprigio Pereira Guimarães. .") lgnacio José da Cunha......./ Pedro Ribeiro de Araújo......) Secçao Accessoria. José lgnacio de Barros Pimentel. . .\ Virgílio Clymaco Damazio.....J José Affonso Paraizo de Moura, . . .\ Augusto Gonçalves Martins.....I Domingos Carlos da Silva......> Secçao Cirúrgica. Demetrio Cyriaco Tourinho Secçao Medica. Luiz "Alvares dos Santos......( ; ; ; ; ; A O Sr. Dr. Cincinnato Pinto da Silva. «íiMOTüit ida aiaaaçüJiaü O Sr. Dr. Thomaz d'Aquiuo Gaspar. A Faculdade naoapprova, nem reprova as opiniões emittldas nas theses que lhe são apresentadas. §/\%/%V\\\\\\\*Vl*%%V\\%\\tV\t\\\\\V\\\\\\\\\Y\\\\*\\V»*i\i\vvv». »\« I :-vOÍ; \\\\\-l*.lfe*,t/UVV\VXV.\A»il,mVs> t:^.í/t A MEO PAE A MINHA MÃE 0 ILLUSTRISSrio SENHOR COMMENDADOR Bx. 3lbilta &c$at &ox%t$. E A SUA EXCELLENTiSSIMA FAMÍLIA. Gratidão, respeito e amisaiíe A MEU MANO E A SUA EXCELLENTISSIMA FAMÍLIA. HMHMS EMM A MEUS TIOS E A SUAS EXCELLENTISSIMAS FAMÍLIAS. * jrn^ AJKMiwmim.Si rmrMi&L.fSB- A VSJZ PRIMOS A 1ÍI1IHAS FRIIÍlS. A BflEU PRIMO mamMmmMaR E A SUA EXCELLENTISSIMA FAMÍLIA. A EXCEULEMTISSIIJIA F AMOU A DO MEU FINADO AMIGO DR. JUSTINO JOSÉ ALVES JACUTINGA Respeito. A. I. #/•. Conslantino Teixeira Machado. Dr. Antônio de Souza Dantas. Dr. Fortunalo Augusto da Silva. Dr. Joaquim Bernardino Bahia Gualter. Pharmaceutico João Jacintho Sampaio. Amísade. A SAUDOSA MEMÓRIA DO MEU ROM F 0EMPRE CHORADO AMIGO 0 DOUTOR JUST10 JOSÉ ALVES JACUTINGA. Uma lagrima! AO REVERENTÍSSIMO SENHOR PADRE MESTRE TÍJRIBIO T. FUSA. â IIIB1S (BQILILMâ© 1 ISIPMKAILmBHft] lie. Sntyro de Oliveira Dias. Di>. VirgiSio Pires «le Carvalho Albuquerque. Dr. José Mariauo Dttrrôso. Dr. José Tlieodnsio de Souza Dantas. Dr. Archiiuimo «Tose Corrêa. Dr. C- era Ido Francisco da Cunlia. IMiarmaceutico Augusto Alves de Abreu. A MEOS ANTIGOS COMPANHEIROS DE ANNO. Saudade. JL totios os amifjos* AOS COLLEGAS DO RIO DE JANEIRO E COMPANHEIROS DE CAMPANHA. Gratas recordações. A 1LLUSLRADA FACULDADE DE 1IEDICIM DA BAHIA. Respeito. AO GYMNASIO BAHIANO. Eterna gratidão. DISSERTAÇÃO, Fractura do tibia e seo tratamento. i. RACTURA (palavra derivada de fractum—de frango) é na * expressão de Malgaigne a divisão brusca e violenta de um osso. Outros cirurgiões a definem — a solução de continuidade de uni osso. A solidez e consistência do tibia íasem crer que este osso não possa ser fracturado sem que o peronèo, osso mais frágil e delgado, o seja ao mesmo tempo; entretanto os factos de- monstram o contrario. Facilmente concebe-se que assim deve succeder attenden- íss do-se que o tibia supporta, quasi só, todo peso do corpo, que ejle, segundo a expressão de Boyer, recebe do femur e trans- mitte ao Astragalo, e que collocado na parte anterior da perna ti* coberto somente pela pelle, está muito mais exposto que o peronêo a' acção das causas immediatas capazes de fractural-o. O tibia pode fracturar-se ou em sua diaphise ou em suas extremidades. II. As fracturas da diaphise podem ser oblíquas ou transversas segundo a — .4 — causa, que as produz, e são acompanhadas de fracas deslocações; o que de alguma sorte concorre para obscurecer o diagnostico. A deslocação se faz segundo a espessura ou direcção. A deslocação segundo a espessura é pouco considerável e quase sempre ha saliência para diante do fragmento superior. Na deslocação segundo a direcção ha uma curvadura para traz produzida pelos músculos posteriores da perna, que são arrastados neste sentido. A verdadeira causa da deslocação, a que mantém o desvio dos fra- gmentos e por uma acção lenta e continua tende a augmental-a, é na opinião de Richet a contracção muscular. Esta asserção é todos os annos repetida na cadeira de Pathologia ex- terna d'esta Faculdade pelo Exm. Sr. Conselheiro Aranha Dantas. O só peso do membro, diz também este illustrado Professor, pode causar deslocações segundo a direcção e circumferencia. Os movimentos imprimidos ao membro, continua elle, no levantar o doente e leval-o para a cama; esta, quando é muito deprimida debaixo da fractura, e a má situação do membro também mudam algumas vezes a relação dos fragmentos e occasionam sua deslocação, III. As fracturas da extremidade superior do tibia são mais graves do que as da diaphise, ja por causa da obliqüidade, que soe ser mais freqüente n'ellas, ja e principalmente por causa da visinhança da articulação femoro- tibial, na qual ellas as mais das vezes penetram. Estas fracturas, em geral oblíquas, podem comprometter somente uma parte da espessura do osso, e cair na superfície articular, ou podem destacar toda a extremidade do osso. No primeiro caso haverá pequena deslocação, e esta segundo a espes- sura; no segundo se a articulação perono-tibial superior ficar no fragmento superior haverá deslocação segundo a espessura e segundo a direcção. Se porém a fractura começa do lado externo acima d'essa articulação po- derá haver um maior ou menor cavalgamento dos fragmentos. Quando o fragmento superior é levado para diante pelos músculos ro- tulianos, a menor flexão tendo á augmentar a deslocação, que diminúe ou desapparece pela extensão da perna. — 5 — Foi a este meio que Syme recorreo em um caso de fractura da parte superior communicando com a articulação. Nos casos em que a extensão não basta para nos mostrar a deslocação, aconselha Malgaigne que se colloque o membro em uma ligeira fle- xão sobre o duplo plano inclinado e que se reprima a saliência do fra- gmento. Cooper aconselha também o emprego do duplo plano inclinado quando a fractura, inda que oblíqua, não penetra na articulação. N'estas fracturas pode. muitas vezes succeder que não haja deslocação dos fragmentos, ou seja essa deslocação muito pequena, sendo isto devi- do ao facto de corresponderem-se por largas superfícies os dous fra- gmentos. IV. As fracturas da extremidade inferior, ou fracturas do malleolo interno podem ser transversaes ou oblíquas, ora para dentro e ora para fora. A fractura oblíqua para dentro se reconhece pela inclinação do pé para fora, por uma ligeira saliência acima do malleolo interno, e pela crepi- tação, a qual se percebe facilmente imprimindo-se ao pé movimentos de rotação, flexão ou extensão. Na fractura oblíqua para fora os symptomas são crepitação, inclinação do pé para dentro e saliência anormal do malleolo externo. Estás fracturas reconhecem as mais das vezes por causa, uma contra- pancada, uma queda sobre os pés, por exemplo. Fácil é reconhecer se estas fracturas, quando não ha inflammação; per- cebe-se então a mais ligeira deslocação, a menor mobilidade dos fra- gmentos. V. Para conhecer uma fractura o cirurgião tem á sua disposição signaes, que lhe vão esclarecer o diagnostico. Estes signaes são olassificados em radornes e sensíveis. Os racionaes são: dor, augmentada pela pressão e pelos movimentos transmittidos á parte; entorpecimento, conseqüência da contusão, e que — 6 — varia em intensidade e extensão segundo a violência da causa, que pro- iluzio a fractura; impossibilidade ou diffículdade dos movimentos. Estes signaes sãó na opinião de muitos authores equivocos. Os signaes sensíveis são: um estalo, que o doente percebe no lugar da fractura e no momento, em que ella se dá. Este signal é na opinião de alguns authores duvidoso. Mobilidade dos fragmentos; crepitação; con^ fusão; ecchimose; encurtamento do membro; curvaduras anormaes, as quaes, segundo observou Hyppocrates, são muitas vezes exageração das curva- duras naturaes; afastamento dos fragmentos e desigualdades, que resultão de sua deslocação. No caso de que tratamos, para poder se apreciar estes signaes deve se collocar o doente em supinação em um plano muito igual, collocar a ba- cia de modo que as duas espinhas iliacas fiquem na mesma altura, e es- tender parallellamente os dous membros. A comparação das rótulas e dos malleolos mostrará o encurtamento, que houver. Pela vista somente po- de se apreciar as curvaduras anormaes. O toque auxiliará a este meio de exploração para mostrar as desigualdades e afastameuto dos fra- gmentos. A mobilidade destes é muito pequena, quando (como dá-se no caso vertente) o osso fracturado d sustentado por um osso são, que lhe é parallelo; quando os fragmentos se tocão por largas superfícies; e quan- do ha penetração. Nos casos, em que a mobilidade é grande, distingue-se facilmente a crepitação. Basta para isso imprimir com as mãos movimentos em sentido inver- so aos dous fragmentos, ou segurando em um dos fragmentos, mover somente o outro. Lisfranc empregava para descobrir a crepitação o stethoscopo, appli- cando-o ou no lugar da fractura ou em um ponto mais ou menos dis- tante d'ella. Ainda ha um auxiliar para o diagnostico da fractura do "corpo do ti- bia, é a direcção da crista do osso, a qual basta percorrer-se com o dedo para reconhecer-se a menor deslocação. Nos casos de pouca mobilidade e nenhuma crepitação (como suecede na perna, que tem dous ossos) ha um signal que o cirurgião não deve despresar e que muito contribue para confirmar o diagnostico, Este signal é a dor viva e intensa, que o doente experimenta no ponto fracturado e que é produzida pela irritação das partes molles. Alguns d'estes signaes por si só nada valem; mas o concurso de todos elles muito facilitará o diagnostico da fractura. VI. As causas da fractura do tibia podem ser classificadas em predispo- nentes e efficientes. Entre as primeiras há algumas, ás quaes os authores dão o nome de .locaes, e outras, que elles consideram geraes. Assim temos a situação su- perficial do osso, e as funcções, em virtude das quaes elle supporta pezo, ou faz qualquer esforço. A estas causas ajuntam eHes a parahjsia, que traz comsigo a atrophia de todos os tecidos, um aneurisma, que obra estra- gando o osso. Entre as geraes collocam elles a idade do indivíduo, o sexo masculino, por isso que expõe-se mais ás cauzas determinantes; e certas diatheses- syphiliüca, cancerosa, etc, que augmentam a friabilidade dos ossos. Directa ou indirecta é a acção das cauzas efficientes na producção de uma fractura. As de acção directa são: uma pancada violenta; a queda de um corpo pesado .sobre o osso, ou a do indivíduo sobre um corpo duro e resistente; a passagem de uma roda de carro sobre a parte; um projectil, etc. A fractura indirecta, por contra-pancada, dá-se em um ponto mais ou menos distante do que soffreu o choque. É assim que uma queda sobre os pés produz uma fractura do tibia. O osso comprimido entre duas potências, uma d'ellas em cada uma de suas extremidades,-as quaes tendem a dar-lhe uma nova forma, não podendo dobrar-se quebra-se. É o que succede quando um indivíduo introduzindo o pé em um buraco fractura o tibia, que se vê entre duas forças (potên- cias), uma na articulação do joelho, outra na articulação tibio-tarsiana. Nas fracturas directas a contusão é maior do que nas indirectas, porque a causa, segundo um pathologista, antes de chegar ao osso, passa pelas partes molles e vai produzindo diversas ruturas. 8 — VII. Simples, compostas, comminutivas e complicadas podem ser as fra- cturas do tibia. No primeiro caso o osso é fracturado em um só ponto; no segundo a fractura dá-se em difTerentes lugares; havendo no terceiro sabida de fragmentos ou esquirolas; e no quarto, emfim, é ella acompanhada de moléstias ou accidentes, que multiplicam as indicações e mais cuidados reclamam do cirurgião. VIII. O prognostico das fracturas do tibia varia segundo muitas circumstan- cias. Assim vemos, por exemplo, que as fracturas compostas, as commi- nutivas e as complicadas de contusões, feridas, lesões arteriaes, etc, são mais graves do que as fracturas simples. As fracturas das extremidades são mais graves do que as da diaphise por causa da rigidez, que produzem nas articulações visinhas, rigidez, que algumas vezes se torna em *an- kilose. IX. Reduzir a fractura, manter a reducção e prevenir ou combater os acci- dentes são as três primeiras indicações, que se apresentam ao cirurgião. Depois de convenientemente deitado o doente em um leito o cirurgião encarregado do seu curativo examinará com cuidado o membro e porá em practica a primeira parte do curativo. Para esta manobra são necessários três tempos ou partes, que são: extensão, contra-extensão e co-aptação ou collocação dos fragmentos na sua posição natural. Não entraremos nas minuciosidades d'estas manobras; diremos somente que no caso em questão a extensão deve ser feita sobre o pé por um aju- dante, a contra-extensão sobre a coxa ou sobre o joelho por um outro, e o cirurgião encarregar-se-ha da eoa-ptação, quando não queira enear- regar-se de alguma das outras partes da manobra. — 9 — Collocado o osso em sua posição normal, isto é, feita a reducção da fractura, cumpre mantel-a. Para satisfazer a esta segunda parte do tratamento de uma fractura são necessários, segundo aconselham todos os cirurgiões, o repouso, a si- tuação do corpo e do membro fracturado, e os apparelhos, que o cirur- gião tem á sua disposição. É de necessidade nas fracturas do tibia que o doente esteja deitado ho- risontalmente e em supinação. É também de grande necessidade o repouso completo do membro, pois do contrario os fragmentos estarão em uma vacillação continua, e a consolidão d'elles não terá lugar, ou, se tiver, será em outra relação, que não a normal, isto é, formar-se-ha uma articulação Contra a natureza. Este repouso é de rigorosa necessidade nas fracturas da extremidade superior, por isso que estas geralmente penetram na articulação do joelho. Mas, diz Malgaigne, n'este caso deve-se temer a rigidez da articulação. Uma ligeira flexão é pois preferível quando os fragmentos não têm ten- dência á deslocação. Quanto a situação do membro, esta varia segundo as circumstancias, que acompanham a fractura. Os apparelhos, cujo fim é conservar a reducção, compõem-se de ata- duras, talas, cochins ou enchimentos, laços, machinas de extensão etc. etc; As fracturas do tibia são em geral fáceis de conter-se; O membro pôde ser collocado em um travesseiro formando um plano li- geiramente ascendente do joelho ao pé, ou em um plano horisontal feito com travesseiros, que elevam-se acima do leito. Empregaremos três talas, uma interna, uma externa, as quaes esten- der-se-hão desde o joelho até além da planta do pé, e uma anterior, que se estenderá desde a rotula até a parte inferior do tibia. Depois de applicadas as talas sobre o membro ou melhor sobre a ata- dura, de que está envolvido o membro, apertam-se por meio de três ou quatro laços de cadarso ou por meio de correias, que, mais fortes do que o cadarso, não afFrouxam com tanta facilidade. Trata-se depois de encher os espaços, que medeiam entre as talas e o membro, empregando-se para isso enchimentos ou saquinhos cheios de palha ou algodão, os quaes têm além d'isso a vantagem de impedir a pressão dolorosa, que as talas produzem nos pontos salientes; preve- a. 2 — 10 — nindo-sc lambem d'cste modo que se produsa alguma excoriação ou in- 11 a m inação. Os apparelhos empregados nas fracturas do tibia são os mesmos, njue so empregam nas fracturas dos dous ossjs da perna. O apparelho amovo-inamovivel foi empregado por Larrey, que collocava a perna na extensão; empregava a atadura de desoito pontas, talas roliças e cercava o membro de compressas embebidas em um liquido composto de albumina, álcool comphorado e sub-acetato de chumbo. Molhava elle n'este liquido todo o apparelho, que no fim de um curto tempo estava secco. Este apparelho tem o inconveniente de tornar-se pesado, complicado e não permittir ao doente os movimentos geraes, em quanto o membro está immobilisado. Esta mystura de Larrey foi substituída por Seutin pela colla do amido na consistência de um caldo grosso. Usava este cirurgião de tiras imbri- cadas formando três ou quatro camadas superpostas, de talas de papelão» rectas ou curvas, molhadas em agoa tepida e de enchimentos de algodão, linho ou estôpa. Depois de uma camada de ataduras ou tiras seccas, applicava elle uma segunda sobre a qual estendia uma camada de colla, enchia os espaços com linho ou algodão, depois collocava as talas de papelão e por cima d'estas uma segunda e terceira camadas de tiras amidonadas. Applicava ainda Seutin umas talas de papelão sêcco e duro, que elle chamava talas de precaução. Velpeau por sua vez substituio o amido pela dextrina e empregou a atadura enrolada. Á mistura usada por elle compõe-se de cem partes de dextrina, 60 de álcool camphorado e 40 de agoa quente. Para empregar-se esta mistura applica-se em primeiro lugar sobre o membro uma atadura sêcca, enrolada, enche-se depois os espaços com compressas e applica-se então debaixo para cima uma atadura dextrinada e termina-se applicando sobre o apparelho um enduto de solução de dex- trina. Mesmo nos casos, em que a fractura é acompanhada de ferida, este apparelho é applicavel; por isso que abre-se no ponto correspondente á ferida uma janella, por onde se faz o curativo. Yelpeau aconselha que se conserve o apparelho até que a fractura se — II — consolide, ao passo que Seutin fende do 2. o ao 4.o dia o seu apparelho para examinar o membro. Também é aconselhado nas fracturas do tibia o appare lio hijpoiiarthe- cico, no qual se dispensão as talas lateraes e anteriores, e que compõe-se de uma tahoinha, ou tala posterior, umas duas pollegadas mais comprida do que o tibia, guarnecida de um colchãosinho. O membro é sustentado no apparelho por meio de duas gravatas, uma na perna, a qual abraça o membro e a tahoinha, e outra no pé, estando a parte media applicada sobre o calcanhar, e as pontas sobre o peito do pé, suspende-se a tala por meio de uma corda amarrada no forro da casa ou no sobceo da cama do doente: Disposto assim o membro, pode o doente movêl-ro, sem que estes mo- vimentos de totalidade da perna produsam mudança na relação dos fragmentos. Nas fracturas da extremidade superior Cooper aconselha o emprego de uma atadura enrolada acima da qual colloca-se um pedaço de papelão grosso, que se estende á toda parte posterior do joelho e volta de cada lado até os bordos da rotula. Este papelão tem sido antecedentemente embebido em agoa tepida e é contido por novas voltas da atadura. Pode se ajuntar á este meio contentivo, já muito efficaz, talas la- teraes. Segundo a opinião d'este cirurgião os condylos do femur obram sobre a fractura á maneira de uma tala superior. Nas fracturas simples da extremidade inferior o tratamento é muito simples. Não havendo deslocação basta conter a mobilidade do membro. Uma das difficuldades, com que tem de lutar o cirurgião n'estas fractu- ras, é a tendência do fragmento superior á levar-se para fora. Combate-se esta tendência collocando-se mais enchimentos entre a tala externa, o lado correspondente do pé e a parte inferior da perna. Resta-nos preencher a terceira indicação de uma fractura, isto é pre- venir os accidentes, e combatêl-os, quando se apresentarem. Para prevenir ou combater a inflammação, que soe acompanhar as fra- cturas, usa-se de tópicos sedativos, como: agoa fria, oxicrato, agoa com um pouco de clhorurêto de sódio, agoa vegeto-mineral, álcool camphorado misturado com agoa, etc. Aconselham ainda os authores, que, no caso de ser a fractura acompa- / — 12 — nhada do grande contusão, empregue-se de preferencia o apparelho de Scultet molhado num licor resolutivo, ou o apparelho hyponarthecico. Os outros accidentes ou complicações irão sendo combatidos, á proporção que se forem apresentando, pelos meios aconselhados pela sciencia. SECCÃO MEDICA. Prognostico. PROPOSIÇÕES. Prognostico é o juizo antecipado sobre o resultado de u:na moléstia. 2.a Segundo Hyppocrates a prognose encerra o passado, o presente e o futuro da moléstia. 3.a Descobrir nos symptomas presentes e passados os signaes do futuro é o dever do medico em presença de uma moléstia. 4. a Os signaes locaes, physicos e chymicos têm um grande valor para o prognostico. 5,a O prognostico de uma moléstia varia segundo as circumstancias, que a acompanhão ou complicão. "6.a O medico deve revestir-se de presença de espirito, sciencia e até astu- cia para proferir o seu juiso em presença do doente e de seus parentes. 7.a A prognose é a parte mais compromettedora da medicina clinica, — 14 — 8.» Seja qual for a natureza e sede de uma moléstia o medico deve con- sultar o estado das forças, da motilidade, sensibilidade, intelligencia e calorificação do doente. 9.a A marcha, duração e natureza da moléstia têm grande valor na for- mação do prognostico. 10.a Nas moléstias locaes, em que a lesão constitue a moléstia, o prognos- tico está em relação com a extensão e intensidade da lesão. ll.a O caracter epidêmico das moléstias dá gravidade extrema ao prog- nostico. 12.» O tratamento pode também fornecer dados úteis para o prognostico ¥^ SECÇAO CIRÚRGICA. Queimaduras» PROPOSIÇÕES, Queimadura é uma lesão dos tecidos determinada pela acção muito concentrada do calorico, ou pelo contacto de certos agentes chimicos igualmente capazes de alterar-lhes as propriedades ou destruir-lhes a organisação. (*) 2.a Todo corpo, que desprender calorico em um certo grau: pode produzir queimadura. 3.a Irradiação de calorico, acção da chamma e contacto directo são os três modos de acção dos corpos comburentes. 4.a Dor, rubor, tumefacção e reacção febril são os symptomas de uma queimadura. 5.a Muitos pathologistas consideram a queimadura como uma inflamma- ção de causa externa. 6.a Os corpos comburentes são classificados em sólidos, líquidos e ga- zosos. (*; Eota definição é do Exm. Sr. Conselheiro Aranha Dantas. — 16 — 7.» As queimaduras produsidas pelos sólidos têm pouca extensão e são em geral muito expessas. 8.a Os líquidos em geral produzem queimaduras muito extensas, mas pouco expessas. 9.a Dupuytren admitte seis gráos na queimadura segundo os elementos orgânicos affectados. lO.a A causa da queimadura (sempre externa) muito concorre para dis- tinguil-a das outras inflammações. ll.a A extensão da superfície queimada e a região, em que a queimadura tem lugar, são de grande pezo para o prognostico. 12.a Algumas vezes a queimadura obra como meio curativo, fasendo as ve- zes de um vesicatorio. ,*^ 0 jP SECÇAO ACCESSORIA. Respiração nos vegetaes. PROPOSIÇÕES. l.a Todas as partes verdes das plantas expostas á luz solar absorvem áci- do carbônico e exhalam uma quantidade igual de oxigênio, resultante da decomposição d'aquelle. 2.a É á funcção, em virtude da qual se faz esta troca, que se dá o nome de respiração nos vegetaes. 3.a A luz é condicçâo indispensável á esta funcção dos vegetaes. 4,a O carbono das plantas provém do ar atmospherico e do ácido carbô- nico fornecido pelo terreno decomposto. 5.a O carbono do ar atmospherico penetra nas' folhas pelos stomatos. G.a As raizes aborvem o proveniente do terreno, o qual penetrou no so- lo dissolvido na agoa pluvial. 7.a A theoria de que o ar penetra nos vegetaes pelas tracheas não é hoje admittida por muitos authores. a. 3 — 18 — 8.» Além das partes verdes ha nos vegetaes outros órgãos como corolla, órgãos sexuaes. etc. pelos quaes tem lugar a respiração. 9.a Os phenomenos da respiração nestes últimos órgãos são inteiramen- te análogos aos da respiração nos órgãos verdes. lO.a Segundo as observações de Theodoro Saussure os órgãos sexuaes das plantas são de todos os órgãos os que absorvem maior quantidade de oxigeneo. H.a Os fructos verdes, c particularmente os que são providos de stomatos têm o mesmo modo de respiração, que têm as folhas. 12.a Segundo Hales, as folhas são para os vegetaes o que são os pulmões para os animaes. HYPPOCRATIS APHORIS3ÍL I. Acutorum morborum nòn omnino certa? sunt proedictiones, ne que salutis, ne que mortis. Sect. 2.a Aph. 19. II. In morbis acutis extremarum partium frigus, malum. Sect. 7.a Aph. d.o III. Somnus, vigilia, utraque modum excedentia, malum denuntiant. Sect. 2.a Aph. 3.o IV. Ubi somnus delirium sedat, bonum. Sect. 2* Aph. 2.o V. Cibi, potus, venus, omnia moderata sint. Sect. 2.a Aph. 6.o VI. Duobus doloribus simul obortis, non in eodem loco, vehementior obscurat alterum. Sect. 2.a Aph. 2.o BAHIA.—Typograpliia de J. G. Tourinho—1870. Me*neSá'c/a a 'iêomm^ão g/oevàola. £Sa/át e §facu/c/ac/e c/e ^ee/cetna em sf e/e cniwío e/e sàfcr. iEU ^ad/ia*. $