THESE PUBLICAMENTE SUSTENTADA PARA ©BYE®. © @R© DE f DOUTOR EIH MEDICINA PELA FACULDADE DA BAHIA POR AUGUSTO JOSÉ DA SILVA REIS, NATURAL DE MIMS-GERAES 8 ftilv íecjítiiwo de ^oóé 3a íjtíca ,£ileíó e 3). Catfota Tofumicia cW (Pieió. Le succés... n'est pas ce qui importe; ce qui im- porte, c'cst l'effort: car c'est Ia ce qui dépeml ái 1'homme, ce qui l'eléve, ce qui le rend coutcnl de. lui meme. L'accomplissement du dcvoir, voilá ei le Véritable but de Ia vie ei le véritable bien. DlSCOURS—PAR THÈODORE JODFFROY PAG. 3«. [Nouveaux BJêlanges Philosophiques.) BAHIA: TYPOGRAPHIA POGGETTI DE TOURINHO & C/ Rua do Corpo Santo n.° 47 1865, FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DIRECTOR O MZjc.mo Snr. Conselheiro JOr. João Bautisia aos Anjos. 0 Ex.m0 Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães. a3i-í'j33 3>skd3>&22s?&&si.indi-p José de Uueiroz.....Pathologia interna. Akxanuiejost ucyuu u* Partos, moléstias de mulheres pejadas e de meninos. Mathias Moreira Sampaio.....\ rcceninascidos. 8.» ANNO. Alexandre José de Queiroz......Continuação de Pathologia interna. Joanuim Antônio d'Oliveira Dolclho . . Matéria medica e therapeulica. . joaquim aih »n u Anatomia lopographica, Medicina operatoria.e José Antônio de Frcilas.......\ apparclhos. C ANNO. Antônio Jos<^Ozorio........Pharmacia. Salusliano Tcrreira Souto......Medicina legal. Domingos Rodrigues Seixas.....Hygiene, e Historiada Medicina. Antônio Jové Alves.........Clinica externa do 3.* c *.° r Antônio Januário de Paria......Clinica internado 5.*e fi.* a mno. anuo. 3>Secçao Cirúrgica, PemeliiiiCviiacoTourinho.....( Luiz Alvares r. 1'inciniitito B*iitto tia Silra. O Sr. E>r. Thomaz «l'Aquino Gaspar. A PacuUa-Je nâoapprova, neui reprova as opiniões cuiillidas nas lheses que lhe s";o apresenta? o DISSERTAÇÃO. mm>M uwmiu, IIYPERTROPHIl DO BAÇO E SEIS RESILTADOS PARA AS DIVERSAS FIMÇÕES DA ECONOMIA. EM como o fumo espesso do tempo encobre as inscrip- ções antiquissimas dos monumentos; assim envolvem astheorias errôneas a parte dassciencias médicas rela- tiva ao baço: como um ou outro symbolo indeciso e qua- si extincto transparece no fumo, que as encobre, se mostrão algumas verdades atravez do véu de hypothesesdiversissimas. Assim como importa muito ao bistoriador interpretar os symbolos e dar-lhes o seu valor exacto, á fim de chegar ao conhecimento dos fac- tos, os quaes representão; assim compete-nos separar a hvpertrophia splenica da atmosphera de opiniões tão variadas e de hypotheses tão absurdas, de modo á apresentarmol-a despida das extravagantes phan- tasias, de que se acha cercada desde as eras mais remotas da splenolo- gia até os nossos dias. Para isso julgámos conveniente a divisão do ponto nas quatro partes seguintes: l.a—Considerações anatômicas ephysiologicas sobre o baço; 2."—Anatomia e physiologia palhologicas do órgão; referindo-se es- pecialmente á hvpertrophia propriamente dieta: 3.a—Leitcocytemia e 4."—Symptomatologia; comprenhendendo estas ultimas os seus resul- tados para o organismo. Conhecemos bem a importância do assumplo para julgarmos do grau de desempenho de nosso dever: a plena consciência que temos de havermos ficado muito aquém do circulo traçado pela Faculdade, obri- ga-nos desde já á invocar em nosso auxilio a indulgência dos Illustra- dos Mestres e as palavras de dois distinetos cirurgiões de Lyon (profe- ridas no anno passado) sobre os usos do baço: e Tudo é vago. O único fado bem conhecido se resume nas contrac- enes snlenicas. » A. I o 3 I. BAÇO, o órgão talvez o mais obscuro da economia em seus usos desde os seus rudimentos até o seu completo desenvolvimento physiologico, é bem reconhecível no adulto, onde devemos examinal-o como apresentando o máximo de organisação de que é susceptível. Com ôffeito: profunda- mente situado no hypocondrio esquerdo, é só elle que possue uma cor vermelha escura especial e essa forma elliptica, que lhe dá as apparen- cias de um crescente ou de um segmento de ellipsoide, cuja secção houvesse sido feita no sentido do grande eixo da figura. Appenso á grande tuberosidade do estômago por uma dobra frouxa doperiloneo,—oepiploongastro-splenico, e suspenso por assim dizer á face inferior do diaphragma por outra dobra da mesma sorosa,—o li- gamento phrenico-splenico, elle corresponde ás três penúltimas falsas costellas, de que o separa o diaphragma e alguma vez a extremidade es- querda do fígado. De mais, elle ainda se acha em relação com o rim, a cápsula supra-renal, o pilar esquerdo do diaphragma e a extremidade caudal do pancreas. A sua extremidade superior é mais espessa; a infe- rior dirige-se verticalmente e toca ordinariamente o angulo formado pelas porções transversa e descendente do cólon. Pela simples disposição anatômica, já se vê que o baço deve irresis- tivelmente acompanhar esses órgãos, em seus movimentos, á que se acha tão intimamente ligado. E uma prova manifesta é que o estômago repleto faz com que elle resvale sobre sua grande tuberosidade e occupe a parte postero-inferior d'esta víscera de modoá abandonar o lado esquerdo da mesma, com que se achava em contacto no estado de vacuidade. Como uma conseqüência d'esta mudança a extremidade in- ferior se transporta para diante, d'onde resulta perder elle os demais relações que affectava com aquelles órgãos. 4 Ora, o augmento de volume resultante dos suecos provenientes da digestão, podendo em rigor produzir o mesmo phenomeno, julgamol-o, todavia, insuflieiente para determinar por si só similhante translação, cuja explicação mais racional deve ser especialmente baseada na dis- posição anatômica relaliva ás connexões do órgão em questão com os que rodeiâo-n-o. Cremos ainda ser esta mesma disposição anatômica, associada ás contracções bruscas do diaphragma, estômago, músculos respiradores, abdominaes d\ tão communs durante a vida, a que poderá servir de base para uma explicação salisfactoria das deslocações raras d'essa vís- cera, que serião por certo freqüentes si a natureza previdente não es- tabelecesse tão commummente adhesões anormaes entre ella e os órgãos visinhos. Convém estudarmol-o em si depois d'esta rápida descripção topo- grapbica. A superfície do baço pode apresentar um aspecto liso ou enrugado, on- de por vezes se notão sulcos ora profundos, ora simplesmente lineares, os quaes indicão quasi sempre a reunião incompleta das partes primi- tivamente separadas. Talvez seja devida a reuniões mais incompletas ainda a existência de vinte e mais baços no mesmo indivíduo, indicada por alguns authores; quando outros, pelo contrario, não fazem menção de similhante anomalia. (*) Ella se divide em face externa em contacto como diaphragmae face interna concava, apresentando uma saliência linear no sentido do grande eixo correspondendo a união dos l/8 ante" riorescomo '/, posterior: é o que se chama—hilo. Do encontro das faces resulta a circumferencia, dividida em bordo anterior delgado, que se amolda sobre o estômago, e posterior muito mais espesso na sua parte superior. As vezes a extremidade superior é recurvada sobre si mesma: a inferior é conica e achatada. Envolvido por todos os lados pelo peritoneo, que o prende aos Or- Cl Com quanto não-sejão communs os exemplos de baços supra-numerarios e não possamos dar opinião sobre a veracidade, ou inexaclidão de asserções de similhante ordem; todavia Ca- brol, Morgagni. Dominique de Marcnelis aiürmão ter visto 2; Cluseldcn e Fallopio, 3; Fanton, 4; Guy-Patinc outros, 5. 5 gãos contíguos, deixa de sel-o no lugar correspondente ao hilo, onde as suas folhas se separão para dar lugar á passagem dos vasos e nervos splenicos. Estes são:—a artéria, a mais volumosa das três que partem do tronco cceliaco: considerável para o volume daviscera, costêa o bor- do superior do pancreas, dirigindo-se da direita para a esquerda, e se termina, depois de muitas flexuosidades, em um certo numero déramos, os quaes penetrão uns pelos orifícios do hilo e os outros pela grande tuberosidade do estornado; constituindo os vasa breviora dos antigos, o 7 ^ que lhes derão tanta importância; por isso que, ligando entre si o es- tômago e o baço, devião elles representar um papel importantíssimo na hematemese e na hypocondria, por exemplo. Os que penetrão a víscera se convertem em outras tantas veias, que os acompanhão e se reduzem á um tronco muito mais volumoso que o da artéria: sem ser flexuoso, passa pela face posterior do pancreas e vae concorrer á for- mação do systema porta abdominal. Os nervos provem do plexo cce- liaco, emanado do plexo solar, e tornão-se notáveis pelo volume de seus filetes: os lymphaticos eommunicão-se com os gânglios splenicos e vão se lançar no canal thoracico. Comprimindo-se o baço entre os dedos, um ruído similhante ao do estanho, que se dobra, se manifesta: é uma conseqüência da fragilida- de de sua textura especial, a qual passamos á descrever. Façamos uma secção no sentido do seu grande eixo, parallela á uma de suas faces, e que passe pelo hilo: desde logo não será difficil notar-se que uma substancia inconsistente de um vermelho escuro (comparado ás fezes do vinho) se acha contida nas malhas de um tecido fibroso. Recorra- mos á anatomia microscópica para conhecer melhor estas duas subs- tancias. Afora a membrana peritoneal, que lubrifica-lhe a superfície, ha uma outra de natureza fibrosa que lhe é muito adherente por sua face externa e que o envolve reflectindo-se sobre os vasos, os quaes a- companha em suas ramificações ainda as mais tênues, tornando-se de mais em mais delgada. Também chamada túnica própria oualbuginea, transparente e resistente, emitte de sua face interna um sem numero dp septos (trabeculae) cylindricosou achatados, que crusando-se cm to- o tias as direcções imagináveis, vão ter á face externa da membrana en- voltora dos vasos. Assim acha-se o órgão dividido cm um sem nume- ro de cavidades irregulares communicantes entre si ordinariamente; mas (pie em alguns casos deixão de sêl-o, segundo Cruveilhier, de mo- do á separarem o todo em dous ou mais departamentos. A membrana, que alguns suppõem forrar essas cavidades, é imaginaria; pois não se a tem podido demonstrar pelos processos os mais delicados. Tanto a túnica própria como os septos e bainhas são formados de tecido con- junclivo de fibras longitudinaes, de fibras elásticas e de grande quan- tidade de fibras musculares lisas. Os ramos arteriaes, que penetrão o baço, são independentes uns dos outros, por isso mesmo que se irradião sem se anastomosarem até a sua circumferencia; destribuindo-se, todavia, os mais finos no bor- do posterior, e no opposto, os mais grossos. Acompanhados sempre pe- las veias, elles procedem diversamente ao attingirem 0,mm 2á 0,mm 5 de volume. As artérias dão grande numero de ramusculos e se ter- minão em tenuissimos ramos divergentes; justificando bem similhan- te disposição o nome de penicilli, que se lhes teem dado. Appensos aos ramusculos de um certo volume achão-se corpusculos arredondados, brancos, de estructura análoga ao folliculo de Peyer, considerados por Gerlach como a origem empolar dos vasos lympha- ticos. Vesicula fechada por todos os lados de i/A'Ái/t de millimetro, segundo Morei, o glomerulo de Malpighi é da mesma natureza das bai- nhas dos vasos, sem epilhelio que forre a sua cavidade, cheia de um liquido albuininoso, onde se vêem cellulas arredondadas grandes e pe- quenas, núcleos livres, glóbulos de sangue perfeitos ou modificados, contidos em cellulas ou inteiramente livres. Kolliker, Frey, Ernst, e outros descobrirão finíssimos vasos sangüíneos no interior d'essescor- pusculos, As veias, ao separem-se das artérias, dão uma infinidade de ra- musculos, que partem em angulo recto, imprimindo assim ás suas fa- ces internas o aspecto de uma lamina crivada. Alem d'esses orifícios, existem muitíssimos outros independentes dos vasos chamados slig- malos de Malpighi, cuja utilidade écommunicar o sangue dos vasos com as cavidades supra-mencionadas: são tão numerosos que Hlasek ousou considerar as cavidades—dilataçõcs das veias, Esse modo de encarar 9 a estructura splenica é por de mais philosophico para que nos occu- pemos d'elle em uma tão ligeira descripção da hislologia d'esse órgão. Que a artéria e a veia são envolvidas por bainhas, que se vão tor- nando de mais em mais delgadas á porporção que se ramificão, já o dis- semos: todavia, cumpre-nos notar que sendo a sua espessura relati- vamente maior nos pequenos do que nos grossos vasos, ella e abso- lutamente menor nas artérias do que nas veias correspondentes. Os nervos em numero de 3 ou 4 acompanhão a artéria anastomosando-se rara vez. Segundo Kõlliker, são compostos de muitos tubos delgados, de poucos largos e de grande quantidade de fibras de Remack; sendo bem visíveis até ospenicilli. Os lymphaticos também seguem as arté- rias e são tanto mais visíveis, quanto mais superficiaes são elles. A polpa é a substancia semiliquida de um vermelho variável desde o roseo acinzentado até o violete o mais intenso, contida nas cavidades formadas pelos septos: estes, porem, envião outros mais delicados para o interior de cada uma das cavidades: assim, os vasos ao tocarem os primeiros não só os penetrão, como destribuem-se nos segundos; de modo á conservarem, por suas subdivisões, a mesma ordem de destn- buição dos troncos principaes na víscera inteira. « On se fera une três bonne idée de cette disposition, si Von suppose que Ia porüon de subs- tanee rouge circonserite par les trabeeules d'm certain volume repre- sente en petit Ia rate toule entière. , 0 Si cada cavidade por tanto de uni certo volume pode ser considerada um baço em miniatura; septos microscópicos, arteriolas e seus corpusculos, venulas e capilares com os seus conteúdos, devem ser os seus elementosconst, u ivos. Assim e nuesubmettidaáanalyse, vemos serem os vasos os mais finos, os septos os mais d lados, as fibras as mais tênues, glóbulos de sangue, mo- Sos ounão, granula;ões, núcleos, <^ *^^ tes componentes. E foi essa massa informe que a na ureza escolheo ZultTp como em tantos outros pontos da orgamsaçao, um dos S ^,oZleZ^^ cuja revelação ainda não o poude con- seguir a sciencia hodierna! (*) Kõlliker Uist. num. p. 497. 9) Pelo que fica descripto o baço é uma glândula e uma glândula vas- cular sangüínea; mas uma glândula sangüínea de uma textura espe- cial e característica. Ora, essa textura de accordo com a mobilidade é a condição anatô- mica das diversas alternativas de ampliação e diminuição de volume, tão variável de um instante á outro, nas diversas phases de suas fune- ções. E nem podia deixar de ser assim quando uma artéria tão volu- mosa lança o seu sangne nas malhas do parenchyma splenico, onde elle se estagna e d'onde elevado por uma veia mais calibrosa, é verda- de; masque encontra tantos embaraços na circulação do sangue dosys- tema porta-abdominal. Esta ultima circumstancia é sufficiente para dar a razão da côr especial do baço, cujo sangue se acha subtraindo á acção colorante do oxygenio. Mas até aqui presenceamos um phenomeno chymico resultante de uma disposição anatômica e tão somente um phenomeno chymico. Outros, porem, de ordem mais elevada se passão no interior do órgão, concernentes á composição do sangue. «La rate, diz Béclard, reçoil une grande quanlité de sang, et elle ne rend que du sang (elle n'a point de canal excréteur ); cest donc dans le sang lui même qu\\ faut chercher Vexplica tion de ses fone dons. » (*) E desde já digamol-o: o exame do sangue da veia splenica ao sana- do baço feito por Gray e Béclard, alem de outras modificações, indi- cou-lhes uma diminuição notável no numero dos glóbulos vermelhos do sangue (16 partes pela media) relativamente ao do systema veno- so geral. Segundo pensa o ultimo d'esles physiologistas, o trabalho destruidor de glóbulos sangüíneos é directamente proporcional ás boas condições hygienicas e physiologicas do indivíduo e consequentemen- te á riqueza do sangue em glóbulos vermelhos, cujas condições oppos- tas, a inanição por exemplo, podem reduzil-oa zero. O ter Moleschott verificado o augmento dos glóbulos vermelhos no systema circulatório das rãs, cujos baços houverão sido excisados por elle, comprova-o. Para estes physiologistas o baço, bem se vê, não passa de um foco de destruição de glóbulos. (', Phy. p. iw. 9 Schaffner, Gerlach, e Olto-Funcke, em vez de encararem o baço como destruidor de glóbulos, crêem pelo contrario que é n'elle que elles se formão. Führer vae alem e pretende serem as cellulas fusifor- mes de sua polpa as que se incumbem de se metamorphosear em gló- bulos vermelhos, dadas certas modificações intimas. Parece-nos que á essa theoria hemato-genesica cabe quando muito a gloria de associar ao nosso espirito a idea de formação de glóbulos no parenchyma splenico. Com effeito: Virchow, Bennett, Berne e Dolore etc. etc. crêem com muita razão na formação de glóbulos bran- cos n'esse órgão, approximando assim o uso d'esta glândula ao dos lymphaticos; tão colligadas são ellas em certas e determinadas affec- ções, como veremos depois' Por tanto destruição de glóbulos vermelhos e formação de glóbulos brancos no parenchyma lienal são factos reconhecidos hoje por grande numero de physiologistas e tanto mais dignos de fé quando se achão empenhadas n'esse modo de considerar as palavras authenticas dos professores de Berlim e de Paris, ás quaes se reúne a imponente opi- nião do sábio histologista de Wurtzburgo, já citado. Mas, são esses phenomenos physiologicos, ou dão-se pelo contrario em condições anormaes? Relativamente á hvpertrophia splenica, es- forçar nos hemos por estabelecer o limite possível entre as manifesta- ções mórbidas e as puramente physiologicas, quando tratarmos da pa- thologia do órgão. As outras modificações, que se dão no sangue da veia splenica, relativamente ao do systema venoso geral, consistem no augmento proporcional dos elementos que constituem normalmente o soro do sangue, alem das modificações pelas quaes vimol-o passar no interior do baço. Representando esta veia o papel de artéria comparativamen- te ao fígado, concebe-se a importância subida que deve ter nas func- ções e afTeeções hepaticas: não nos compete fazer considerações á respeito. Para Beau os seus usos se resumem nos seguintes: a—favorecer a assimilação dos materiaes absorvidos; b—fornecer um sangue mais assimilável á veia porta; c—encarregar-se por suas contracções de activar (quando ha mister) a circulação do sangue da veia porta e do figado. Berne e Dolore parecendo ter razão quando cmittcm esta IO opinião sobre o tríplice uso de Beau, n'estas palavras. « O que signifi- ca i\e um modo preciso esse papel de assimilador de materiaes absor- vidos?—de fornecedor ao sangue porta de qualidades mais assimilan- ies? v não deixuo de ser retrógrados, quando se exprimem sobre os usos do baço n'estes termos: « Tudo è vago. O unico faclo bem conhe- cido se resume nas contracções splenicas. » (*) Alguns teem querido ver no baço uni « diverticulum» para conser- var o equilíbrio da circulação porta-abdominal (Haller); ou o tubo de segurança do apparelho chymico de Wolf: outros o considerão simples fornecedor de sangue ao estômago durante a digestão (Th. Bell), ou como o fornecedor dos princípios colorantes da bilis etc. etc. Essas lheorias peccão por serem exclusivas altribuindo ao baço usos prová- veis, mas cuja reunião fica muito aquém da solução dos grandes pro- blemas estabelecidos pela physiologia. Outras extravagantes e mesmo poéticas teem pretendido fazer d'elle o foco, d'onde emanão o riso, o somno, a melancolia, a voluptuosidade etc. etc, reputando-o alguém mesmo—como um órgão sem uso especial na economia: estas merecem ser citadas como complemento da historia physiologica rápida d'esse órgão, a qual julgámos necessária á comprehensão do ponto. Todavia, por mais phantasticos e imaginários que nospareção os antigos em suas crenças sobre as funeções do baço, não devemos-cen- sural-os; pois certamente essa censura não seria compensada pelos tra- balhos dos sábios modernos, os quaes pensão com os distinclos cirur- giões de Lyon—Berne e Dolore: « 77 semble quil est dans Vécono- mie quelquesorganes, dont Vocil investigateur du physiologiste ne pttisse avoir raison. La rate est de ceuxei »('**) e exclamão com o illustrado Cru- veilhier. «7:7 cependant chez les individus que présentaient um pareil état de choses, cesl-à-dire chez les quels cel organe atrophié Wexxstait plus qu'à Vélat de vestige aucune fonetion ne paraissail troublée, preuve bien evidente que Ia rate neremplit pas dans 1'économie des fonetions indispensables àlavie. En présence defails d'anatomie patho- (') lnfl. dela Phjs. Mod. sur Ia Med. piacl. p UM. i"i Obra cilada p. *J'J. t a logiqne si concluanls quest-il donc hesoin de faire des extirpalions de rate chez les animaux pour détcrminer les vsages de Ia rale?« {') II. MüÂT©5m 1 P>n3]SL©@]à IPÃ75=3@IU©®]©A3 DA >]yP2^7R©!P>]]A SPS,2!?5jSÂ. Ifyperlrophia, quer dizer—excesso de nutrição. Cumpre, porem, notar que a idéa do facto mórbido, baseada tão somente no valor da expressão é inexacta e quando muito terá a utilidade de associar o phenomeno mórbido á causa, que o produz. Com eífeito: resultando a hvpertrophia do predomínio do trabalho assimilador sobre o seu in- verso—a desassiinilação—,ella se liga mais á proporção que guardão entre si os dous actos da nutrição do queafuncção nutritiva em si mes- ma. E certamente, si a maior assimilação fosse sufficiente para que se a considerasse um excesso de nutrição; a desassimilação em excesso ou atrophia—devera com egual direito ser incluída na etymologia pois é a nutrição constituída por essa dupla corrente de sabida e en- trada de matertaes. Conseguintementepara chegarmos ao conhecimen- to do que seja ella convem-nos outras bases: seguirmol-a em sua evo- lução é o meio mais seguro. Já o dissemos: « essa textura de accordocom a mobilidade é a condi- ção anatômica das diversas alternativas de ampliação e diminuição de volume, tão variável de um instante á outro, nas diversasphases de suas funcçoesve devemos repetil-o; por que n'essas palavras se acha im- plícita a idea de congestão á que o baço é tão eminentemente sujeito: e não ha por certo condição mais favorável á producção de uma con- gestão do que seja outra congestão, que se tenha dado anteriormente; e não ha sem duvida causa mais determinante e paihogenica da lesão que nos occupa, do que similhantes congestões repetidas. « A consis- tência e a textura splenicas, dizem Monneret e Fleury, não experi- menlão as mais das vezes modificação alguma anormal: o tecido orga- C) Anal. path. t:«, :>.*■!*■ I? íiicu é muis cocado e impregnado de sangue; as veias dilatadas conteem sangue coalhado ou fluido. Parece qi e esta alteração indica o primei- ro grau da hypertrophia, representada tíessa epocha por uma simples hyperemia talvez, a qual não tem permiltido à nutrição do órgão tem- po sufficiente para que ella se modifique » (*) E nem com isso queremos dizer que a hypertrophia seja sempre o resultado de congestões sensíveis no parenchyma do órgão; por que muita vez ella resulta de congestões intimas dos tecidos: ainda assim o elemento sangue basta para explicar o começo do phenomeno mór- bido. Acontece, porem, hypertrophias se darem sem causa apreciá- vel: n'esses casos é que invocão os authores estímulos, cuja natureza ignorão para explicar por meiodVlles a evolução hypertrophica desco- nhecida em seu primeiro impulso. Mas prescindindo da causa como determinar-se o punclum saliensda. hypertrophia? Em quanto é mais ou menosdifficil ao anatomo-patholo- gista reconhecel-o na mpior parte dos órgãos, sendo lhe mesmo fácil determinal-o em alguns; torna-se lhe impossível marcal-o no ba- ço, que começa a hypertrophiar-se. De feito: como precizal-o n'essa glândula, quando Berthet diz tel-a extirpado á um indivíduo, cuja saúde persistiu perfeita por 13 annos, sem uma modificação da diges- tão sequer? E quando Planke, Crugor, Ferguson etc. citão exemplos análogos? Como estabelecer-se similhante limite, si por outro lado se ha visto desenvolvimentos notáveis sem embaraço sensível das funeções? Longe de nós, todavia, o concluirmos com Erasistrato e Rufus de fac- los d'esta ordem para a inutilidade do baço no organismo; por que certamente ninguém dirá que um órgão era inútil; por isso que sobre- viveu sem incommodo o indivíduo, á quem o extirparão. Atrophiai si poderdes, um pulmão em um indivíduo robusto e vereis o seu congênere substiluil-o em suas funeções. A natureza tem-nosdado exemplos d'es- ta ordem, para que possamos duvidal-o um só instante. O não achar- se a glândula splenica nas mesmas condições de duplicidade, não ex- clue a possibilidade de existirem (corno defeito existem) órgãos capa- zes de substituil-o em seus usos; e por tanto não é forçada a analogia, r) M'-dic. pract. p. 30P. i:í Prescindindo, porem, da hypertrophia incipiente, ainda não se tor- na fácil reconhecel-a em um grau mais adiantado de sua evolução; pois essa difficuldadeainda é um corollario do que acabamos de dizer. Depen- dendo similhante conhecimento de condições inherentes ao indivíduo e á habilidade dopractico, devemos todavia considerar o augmento de volume real como o seu primeiro signal. Ora, o augmento de volume só pode ser devido ou—ao simples desenvolvimento dos elementos preexistentes ou—á producção de novos, (constituindo no i.° caso a hypertrophia pura e simples e no 2.° hyperplasia, ou hypertrophia nu- mérica de Virchow) ou ainda—á combinação de ambos. Assignalar na ordem de sua freqüência esses modos de desenvolvi- mento é impossível no estado actualda sciencia; por que provado que fosse o simples desenvolvimento dos elementos preexistentes, em um caso; a razão conceberia a reproducção d'elles possível: e vice-versa: reconhecida a hyperplasia d'este ou d'aquelle tecido, nenhuma razão haveria para que se negasse a possibilidade do simples crescimento dos mesmos, em outro caso; e tanto mais quando este ultimo é muito mais geral no elemento que se nutre. Até um certo ponto se pode suppór quaes d'esses modos se dêem de preferencia, attendendo-se aqueCh. Robin provou a producção de ele- mentos novos em um caso de hypertrophia das artérias parotidianas e em outro das veias ovarico-uterinas, e attendendo-se ainda a que o mesmo microscopista reconheceu a hyperplasia do tecido cellular e seus derivados, assim como o simples augmento de volume dos nervos ute- rinos; ser-nos-ha permittido pensar que o mesmo se possa dar com os tecidos idênticos, que entrão na textura do baço. Seja como fôr esse órgão de 4 e */« pollegadas de comprimento e de 2 e */t de espessura, segundo Assolant, pode aquirir dimensões enor- mes, á ponto de occupar a cavidade abdominal, cujas paredes podem ser distendidas, alem da compressão de que são susceptíveis as suas vísceras e as do thorax: Lamotte assevera tel-o sentido tocar a cavida- de axillar, Fabricio de Hilden a virilha e Lancereaux a symphyse pubiana. Não admira portanto que authores hajão citado exemplos de baços de 4-3 libras cm casos de hypertrophias excessivas e outros pelo contrario de 2 oitavas nas atrophias extremas, quando elle pesa no seu estado normal, segundo Cruveilhier, de 2á 8 onças. A. * 14 A pezar de tão grande tendência ao desenvolvimento, a sua forma conserva-se geralmente (tornando-se ordinariamente mais concava a sua face interna), salvas rarissimas excepções em que ella se approxi- ma á de um cone, de um quadrilátero etc. etc. Á persistência de for- ma dos bordos ligaCruveilhier uma importância, que não devemos des- prezar, toda vez que tratarmos do diagnostico das aífecções splenicas. Rarissimaé a vez em que a hypertrophia se apresenta sob essa for- ma ideal e abstracta; por que rara vez acometle uma forma patholo- gicaum órgão de um modo tão regular e para assim dizer geométrico. De feito: ora é um só tecido o que se desenvolve, em quanto os outros se conscrvão sem alteração ou se atrophiáo pela compressão, que sof- frem; ora é uma parte somente a lesada em alguns ou na totalidade de seus elementos, quando o restante do órgão não se modifica ou mes- mo diminue de volume: o tornar-se o baço desconhecivel em alguns casos raros n'essas condições é mais que natural; pois o desvio da for- ma é a conseqüência immediata da irregularidade do desenvolvimento. Sae da esphera de nosso dever o tratarmos d'essas hypertrophias par- ciaes ou de tecidos: alem de serem de pouca importância, podemos concebel-as variáveis ao infinito, E não nos deve surprehender a lueta reciproca das forças nutritivas nas profundezas do baço determinando á custa de uns elementos o de- senvolvimento de outros, uma vez que o tecido cellular e seus deriva- dos são os que se incumbem pela maior parte da producção da hyper- trophia. Com effeito: alem de ser esse tecido primordial dotado de pro- priedades eminentemente vegetativas e reproduetoras, elle se acha sub- mettido á seguinte lei anatomo-pathologica:=o tecido cellular, em se hyperlrophiando, é susceptível de adquirir a organisação óssea, passando pelos graus intermédios de tecido fibroso e cartilagem=. Similhantes transformações (quando se dão) trazem um augmento de densidade, de peso, etc. aos tecidos splenicos; com quanto possa pro- duzir o mesmo effeito uma simples compressão. É a esta ultima que devemos attribu r especialmente o menoraccesso de sangue nas hyper- trophias adiantadas, resultando dahi o embaraço da circulação e a estagnação do sangue, o qual pode adquirir a consistência da fibtina 15 coalhada, cliegaudo-se á petrificar muitas vezes no seio da trama or- gânica. N'essas condições as injecções, as mais bem applicadas, não penetrão os vasos intraor-ganicos:—demonstrando assim a impermea- bilidade splenica. Ainda são muito communs nas hypertrophias d'esse órgão os focos apopleclicos e as adhesões, mais freqüentes com o diaphragma, resul- tantes das peritonites parciaes. Quanto ás transformações parciaes ou totaes das membranas envoltoras, ellas provem, no parecer de Cru- veilhier, da organisação de um exsudado, feito na superfície da mem- brana sorosa; sendo consecutivas as modificações da fibrosa e dos pro- longamentos que ella envia ao interior do baço. Monneret e Fleury pensão, todavia, seresta ultima a lesada na maioria dos casos de car- tilaginificação e ossificação. Grotanelli viu prolongamentos ósseos se destacarem da face interna da membrana para o seu interior e Schmidt chegou a observar grande parte d'elle ossificada: houve quem o tivesse visto de tal modo reduzido á substancia óssea, que apenas re- presentava a víscera o núcleo carnoso occulto no centro da massa phos- phato-calcarea. Modificações não menos importantes se dão na polpa splenica: uma alteração das mais communs é a que se liga a um certo estado da mem- brana cellular dos glóbulos vermelhos de modo á produzir a sua ag- glutinação. Esta alteração, á despeito das mais, bastaria para explicar a impermeabilidade do órgão, si a columna sangüínea, dotada de mai- or impulsão, não desaggregasse muitas vezes a massa resultante da cohesão reciproca d'esses mesmos corpusculos. Em compensação á desaggregação dos glóbulos, outras circumstan- cias concorrem poderosamente á producção da impermeabilidade splenica. A hemalosina—o principio colorante do sangue, se achando em combinação no interior dos glóbulos, pode em certas circumstan- cias se precipitar fora d'elles sob a forma de granulações amorphas de cor variável desde o amarello avermelhado até ó carmim o mais intenso. Tendendo sempre á crystallisar-se, não é raro perderem ellas o equivalente de ferro, queconteem normalmente e transformarem-se cm crystaes prismáticos oblíquos de bases rhomboidaes. Estes crysla- IO cs de hematoidina embora de diminutas dimensões, em virtude da es- tagnação do sangue nos tecidos, se agglomerão c constituem massas mais ou menos consideráveis e persistentes: para provai-o basta-nos dizer que as cicatrizes, resultantes das hemorrhagias ecrebraes, do des- prendimento das vesiculas de Graaf, são compostas quasi exclusiva- mente de um numero considerável d'elles. Ora sendo assim, como deixar de admittir a influencia de similhantes corpos no facto da im- permeabilidade? E não será em grande parte devida á sua presença a cór vermelha escura tão commum em certos baços hypertrophiados? Uma variedade interessante de hypertrophia é — a cerosa (por se assemelhar á cera) caracterisada por um numero extraordinário de vesiculas semi-transparentes, roseas ou cinzentas no interior do baço, as quaes são pouco adherentes umas ás outras; podendo attingir ca- da uma o volume de uma ervilha. É provavelmente á esta variedade que se ligão a forma lardacea e a que se apresenta sob o aspecto de granulas de sagú—descriptas por alguns authores. Alguns baços hypertrophiados deixão ver entre os seus elementos uma quantidade considerável de granulações pigmentares negras: devemos consideral-as como o puro e simples augmento do pigmento normal, como pretende Meckel, ou como uma producção nova, se- gundo Heschl? Serão o efTeito de extravasações, como crê Planer, ou o resultado da imbibição do epithelio pela hematosina decomposta, co- mo admitte Frerichs? Embora repute Graves, sustentáveis todas estas hypotheses e mais algumas de similhante ordem não devemos esque- cer-nos da opinião de Virchow, o qual faz derival-as specialmente das modificações da hematoidina. Á vista da tendência que apresenta a hematosina á tomar uma cor de mais cm mais intensa, quando passa por modificações intimas, pa- rece que ella deve ter uma parte importantíssima na produção da—cor bronseada ou splenica—special aos indivíduos atacados de affecçõesdo baço, em seus últimos períodos; disseminando essa substancia nos differentes systemas o resultado de suas decomposições ultimas—o ele- mento pigmentar. 1* III. Liy©©ô7Tiffl.a= No estado normal deve o sangue a sua cor intensa e viva á hema- tosina, que se acha em combinação com os glóbulos vermelhos; sendo assáz numerosos deixão passar desapercebidos certos corpusculos bran- cos, os quaes existem pelo conlrario em porporção limitadíssima: Dou- ders, e Moleschott avalião a relação d'estes para aquelles em 1:357 ou :: V8: 1000. Mas nem per isso se julgue invariável esta relação; por quanto circumstancias taes como a edade, o sexo e ainda no mesmo indivíduo os períodos da digestão, a epocha menslrual, a prenhez, a alimentação, certos estados pathologicos, influem muito no seu aug- mento ou diminuição. Assim: segundo este ultimo author ella é na criança :: 1:226;—no homem adulto :: l:3i6;—na mulher, na mesma phase :: 1:389 e dunnte a menstruação :: 1:25-7: nos últimos mczes da prenhez ella ultrapassa os limites physiologicos, produzindo o mes- mo effeito uma alimentação rica cm princípios albuminosos; bem como as sangrias replidas. É claro, por tanto, que a media deve se achar nos indivíduos moços, fora ifessas condições speciaes. Em certos casos, porem, esse numero se eleva á ponto de eguala- remou mesmo excederem os glóbulos brancos aos vermelhos: é esse estado do sangue que constitue a leucocylose quando é passageiro e accidental, e no caso contrario—a leucocytemia—expressão proposta por Bennet e que deve ser preferida a de leukámie ou leucemia apre- sentada por Virchow, uma vez que significando esta sangue lactescen- te, deve ser especialmente empregada para designar o sangue chyloso ou lipcemia, cujo aspecto esbranqulçado resulta de uma quantidade im- rnensa de partículas gordurosas em suspensão no soro, o qual emulsi- onão. Aquella, pelo contrario, determinando o elemento que constitue o estado mórbido, em questão, se acha de accordo com o augmento das leucocvtcs no systema sauguineo. Não" obstante o augmento das leucocytes, o sangue conserva os seus caracteres physicos de coloração sensivelmente normaes; salva uma ou outra vez em que por sua quantidade enorme esse liquido se ap- A. 5 i* próxima cm cor a do chocolate; podendo mesmo ser alTectado dô uni verdadeiro albinismo naphrasedo eminente Virchow. Para tornarem-se visíveis as leucocytes convém recorrer á processos especiacs, quando exlrahido o sangue dos vasos, ou explorar de pre - ferencia certas partes no caso de uma autópsia. Assim: basta desfi- brinar-se o sangue c deixal-o em repouso em um vaso para que cilas se tornem patentes, formando uma camada lactcscente sobreposta á outra de glóbulos vermelhos: devem ainda ser o coração, a cava, o cé- rebro, o systema porta abdominal etc. (em uma palavra todos aquelles órgãos, cuja impulsão sangüínea se acha diminuída), os que prendão a nossa attenção,, quando houvermos de reconhecei -as nas profundezas da organisação. As vezes ellas se accumulão n'esscs lugares de modo tal, que simulão extensos focos purulentos, circumstancia esta que at- tenua sem duvida o engano de um medico, que exclamara *eis um abs- cessol >» ao assistir a aulopsia, que practicava Virchow no cadáver de um lcucocytemico; si é que se tratava realmente de similhante altera- ção, como o aflirma o professor de Berlim. A menor densidade das leucocytes, comparada com a dos glóbulos vermelhos, e a extraordinária viscosidade de que são dotadas explicão taes phenomenos. São ainda essas propriedades, que fazem com que os glóbulos vermelhos, seguindo a direcção do eixo dos vasos, venhão oecupar os brancos a camada peripherica da columna sangüínea em contacto sempre com as paredes vasculares; o que deu lugar á extra- vagante idéa de Weber, o qual considerava o capillar sangüíneo con- cenlrico á um lymphatico,—'análogos em sua disposição aos dous tubos do siphão de Bloch, cujo externo contivesse leucocytes e o interno glóbulos vermelhos. Si entrámos nestas considerações sobre a leucocytemia, é que ho- je está demonstrado haver uma ligação intima entre ella e a hypertro- phia splenica. Sonhada por Haller, e entrevista mui vagamente por outros, foi mericionada pela primeira vez por Virchow em 18i5 e por Bennet que disputou-lhe a primasia do descobrimento:' Parkcs portanto, Wals- hc, Ruller ec/tcüia 4*. SBa/itúfa, 2)iwctí>t.