PUBLICAMENTE SUSTENTADA PERANTE A FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. PARA OBTER O 5SÂ0 DE DOtJTOR EM MEDICINA. POR Natural da Província da Bahia. Filho legitimo do Commendador EM NOVEMBRO DE 1865. BAHIA. TYP. DO INTERESSE PUBLICO. Rua do Maciel de Baixo—n. 42 J. 1865. maurn de medicina da bahia. OIRECTOR. 0 Exm. Sr. Conselheiro Dr. João Baptísla dos Anjos. VICE-DIRECTOR. 0 Exm. Sr. Conselheiro Dr, Yicente Ferreira de Magalhães. LEXTES PROPRIETÁRIO». os sus. i>•■::ToryES I.° anno. matérias queleccio.não. , ,, ... )Phvsica em geral, e particularmente em Cons. Vicente Ferreira de Magalhães. . j g-uag app|icargcs a Medicina. Francisco Rodrigues i. Silva. . • . Chimica e Minéralogia. Adriano Ah:, de Liuiaüordilho. . . Anatomia dcscnpüva. 2.° ANNO. Antônio de Cerqueis Pinto. .... Chimica orgânica. .......Physiologia. Antônio Marlanno do Bomfim .... Botânica c Zoologia. Adriano Vives de Lima Gordilho. . . Repetirão de anatomia descnptiva. 3.° ANNO. Elias Jos.'. PeJroa.i.......Anatomia geral o pathologica. José de Coes Siqueira......J,ath?,?S'? 6craI- ........Physiologia. 4.° ANNO. fons. Manoel Ladislau Aranha Dantas. Pathologia externa. Alexandre José de Queiroz.....Pathologia interna. )Partos, moléstias de mulheres pejad.is e OS8TORl<:S. Rozando Aprigio Pereira (jLiinarães. .~í Ignacio José da Cunha......f Pedro Ribeiro de Araújo.....> Sccrão Aceessoriu. Jom' Ignacio de Barros Piuientel . . A Virgiíio Climaco Dainazio...../ José Aflbnso Paraizo de Moura . . . "\ Augusto Gonçalves Martins.....I Dcmin^os Carlos da Silva.....Secção Cirúrgica. Demetrio Cyriaco Tourinbo.....j I.uiz Alvares dos Santos..... Luiz Alvares dos Santos ..... Sc>(.r-0 M jj João Pedro da Cunha Valle. . . . L Jeronymo Sodré Pereira....., ) SECRETARIO. O Exm. Sr. Dr. íiiiHimto Pinto da Silva. OFFICIAL ÜA SECRETARIA. O Sr. Dr. Thomaz d 'Aquino Ciaspar. A Faculdade não approva, nem reprova as opiniões emittidas v:m> tbeses que lhe tão apresentadas. n ± V memória de meu Pai O COMMENDADOR JOSÉ DE LIMA NOBRE. Silencio.... nima lagrima de saudade, e uma oração por kasa alma. Aos manes de minha mana D. LUIZA BELENS DE LIMA NOBRE. Saudade fraternal. AS CIMAS DE MEOS FÍGADOS PADRKIIOS E AYO S. Eterna saudade. Aos restos mortaes de meo Tio. Fft AIVCISCO BEIíEWS MW* IjOIA* A' memória de meos respeitáveis mestres 0 Conselheiro Antônio Polycarpo Cabral. Dr. Antônio Militão de Bragança. ••• —................... Aos restos do Distineto Secretario. DR. PRIDEM10 JOSÉ' DE SOIZA BRITTO COTEGIPE. Reconhecimento eterno. "iiOnHHMBBBBB^^iv^^OBaaiIVMaKi .-:'dcm A7 minha Mãe A EXCELLENTISSIMA SRA. D. LUIZA PERPETUA BELEITS IIOBEE Abençoae o vosso filho que vos tem respeito, conside- ração e amizade filiaL A' minha Esposa A EXCELLENTISSIMA SRA. D. THEREZA PEREIRA BARROS NOBRE Senhora, o meu futuro é vosso, e acceitae esta minha These em signal de gratidão e amizade. A' MINHAS IRMÃS AS EXCELLENTISSIMAS StyAS, D. Maria Luiza de Lima Nobre D. Luiza Belens de Lima Nobre Amizade fraternal. A meo mano o Hlm. Sr. Dr. José de Li- ma Nobre e sua Exm.a Sra, Amizade. % =SS 6 SBÊ A' MEO SOGRO 0 1LLUSTRISSIM0 SENHOR Antônio de Oliveira Barros E A' MINHA SOGRA A EXCELLENTISSIMA SENHORA D. Maria José Pereira Barros Gomo prova de reconhecimento aceitae a minha Thesc pelos grandes favores e obséquios que vos devo, e hoje como vosso Filho fazei preces a Providencia para elle ser feliz na carreira em que hoje acaba de receber o lauivl de Doutor em Medicina. A' MEO TIO E Ti AS O ILLUSTRISSIMO SENHOR COMMENDADOR jMAXOEIj BELÜ1S HJE t/IUA. E AS EXCELLENTIS.SIMAS SENHORAS D. Helena Auta Belens de Lima. D. Francisca Belens de Lima. Respeito e consideração. A minhas cunhadas e cunhado AS EXCELLENTISSIMAS SENHORAS D, MARIA JOSÉ5 PEREIRA BARROS. «=* 7 ' — HENRIQUETA PEREIRA BARROS. ELISA PEREIRA BARROS. e o illm:0 sr. JOSÉ PEREIRA BARROS. Sede felizes, é quanto vos deseja o vosso cunhado e amigo. As minhas primas AS EXCELLENTISSIMAS SR as. D. MARIA PEREIRA SOARES. D. THERESA DE JESUS SOARES. Amisade e sympathía, Aos meos especiaes amigos OS ILLMS. SRS. ERNESTO PEREIRA COELHO DA CUNHA. ANTÔNIO PEREIRA COELHO DA CUNHA. \URELIANO PEREIRA COELHO DA CUNHA. JOVINO PEREIRA COELHO DA CUNHA. JOAQUIM JOSÉ' DE FREITAS, E &UAS EXM AS. CONSORTES AO ILLM. EXM. SR. CORONEL Antônio Pedroso d'Alhuquerquo Eximia prova de muita lembrança e amizade. = 8 = AOS MEOS RESPEITÁVEIS MESTRES OS EXCELLENTISSIMOS SRS. Tons. Dr. Jonathas Afootí. Cons. Dr. Justiniano da silva «ornes AO MEO AMIGO 0 ILLM. SR. DR. Prudencio de Brito Cotegippe E SUA EXMA. SRA. Amizade. A illustrada Congregação da Faculdade de Me- dicina da Bahia e especialmente aos lllms. Srs. Drs: ANTÔNIO JANUÁRIO DE FARIA. FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA. CONS. MANOEL LADISLAO ARANHA DANTAS. JOSÉ ANTÔNIO DE. FREITAS. Gratidão. Aos mens collegas de anuo. Um adeos. mmm DADOS PELA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DISSERTAÇÃO. Qual o modo de obrar das preparações ferruginosas no tra- tamento da chlorose e Anemia? PROPOSIÇÕES. Cura radical das hérnias inguinaes, FEBRES. São os médicos responsáveis pelas faltas commettidas no exercício de sua proflssão? Existe disposição alguma da lei nossa que seja applicavel á este caso? Se pela affirmativa qual é ella? 3 SECÇÃO MEDICA. Qual o modo de obrar das preparações ferruginosas no tratamento da chlorose e anemia? Naturam morborum curationes ostendunt. DISSERTAÇÃO. Antes de respondermos ao quesito proposto pela illlis- trada Faculdade, seja-nos licito fazer algumas reflexões precisas, no sentido de saber, se a anemia e chlorose são moléstias idênticas, ou si—distinetas—exigem alguma va- riedade no tratamento que se costuma oppor-lhes. DIFINICÃO. NEMIA etymologicamente, exprime pri- vação de sangue ou ausência d'elle; em sentido vulgar porém, significa diminuição de um dos ele- mentos constituintes do sangue, isto é dos glóbulos, di minuição que pode subir á tão alto gráo, que produsa af- = 12 = íccçõcs ou moléstias mais graves e que requeirão um !ra- [amento especial. Diminuindo os glóbulos do sangue, aug- menta-se a parte serosa d'esse liquido, e enlão esta alte- rarão toma o nome de hydroemia. DIVISlO* Tem-se dividido a anemia em idiopalhica e sympto- matica, segundo constitue ella em sua essência a moléstia mesma, ou é o symptomâ de uma ou mais affecções, de que resulte esta alteração da massa sangüínea, alteração que consiste em uma diminuição dos glóbulos sangüíneos, o que, constitue segundo as experiências de Grisolle, Valleix e Andral, a anemia. ANATOMIA PATMOLOGICA* A autópsia cadaverica nos revela menor quantidade de sangue nos indivíduos anêmicos, do queaquella que é conveniente e necessária no estado normal de saúde, por- que o estado anêmico considerado idiopalhica ou sympto- malicamente já de per si constitue um estado mórbido em o qual o sangue se acha alterado em seus elementos, do modo que já mencionamos. Nos casos em que a anemia se desenvolve lentamente, a alteração que acima indicamos = 13 = é conslanle, não manifestando modificação alguma os ou- tros elementos, fibrina, albumina e os demais princípios sólidos do sangue, consistindo o caracter fundamental da anemia, segundo as experiências dos Srs. Andral e Ga- varret, na diminuição dos glóbulos que, de 127, media - normal, podem descer á GO, 50, 27, e até mesmo a 21; quando porém a anemia é conseqüência ou resultado de outras causas como perdas de sangue, por hemorrhagias, sangrias repetidas e abundantes, etc., então é commum coincidir com a diminuição dos glóbulos, uma diminuição egualmente considerável na quantidade da fibrina. Na ane- mia o soro augmenta na mesma proporção que os glóbu- los diminuem; com effeito elle pode subir de 790, media normal, á 915 segundo Grisolle. A observação tem dado a conhecer que, o sangue ti- rado do indivíduo vivo anêmico, apresenta um coalho den- so e espesso coberto de uma codêa extensa dando visos de existir uma moléstia francamente inflamatoria, particula- ridade esta tão digna de ser mencionada e apreciada, que alguns auclores serviam-se d'ella para asseverar que n'este caso havia ao contrario um estado plethorico; porém os Srs. Andral e Grisolle dão a rasão pela qual se dá tal phe- nomeno. A formação da codêa em apparencia tão insólita se explica naturalmente pela constituição mesma dos ele menlos do sangue. Na anemia ha diminuição dos glóbulos ficando a fibrina na mesma proporção como no estado normal, isto é, ha excesso de fibrina em relação á quanti- = 14 = dade de glóbulos; ora toda vez que der-se este excessr. que elle não se accumule rapidamente ver-se ha a fibrinr. reunir-se na superfície do coalho e a codêa apparecer. S YnPTOJHATOliOG IA. O quadro symptomatico que nos apresenta um indi- víduo anêmico é grande e extenso, impressionando-nos logo á primeira vista o habito externo. A pelle, membrana i-onjunctival, labial e lingual descoradas. Os doentes sen- tem dispynéa. fatigam-se ao menor exercício, e são acom- mettidos de palpitações. Notam-se nos vasos arteriaes ruidos de sopro de que mais adiante nos oecuparemos. Quando a anemia é mais adiantada, ou quando ha maior alteração de sangue, a còr da pelle não é somente descorada, apre- senta-se análoga á cera branca amarellecida pelo tempo. Esculando-se o coração, percebe-se que os seus ruidos são claros e acompanhados de um ruido de sopro que coincide com o primeiro tempo. O pulso é variável, ora pequeno e fraco, ora largo e vibrante. Percebe-se nos principaes va- sos outros ruidos próprios do estado anêmico, principal- mente nos vasos cruraes e carótidas, aonde o pratico por meio do stetoscopio percebe um som claro e brando. Uns assignalam como causa d'esses ruidos a alteração do san- gue dando em resultado a sua fluidez, e d'ahi a producção folies. — 15 = Outros dão como causa, o atrito que o sangue occa- =5 iona na passagem dos vasos no estado de estreitamento e ■:nnigamento da sua membiana interna, em razão da pe- quena onda sangüínea que por elles tem de atravessar, porém até hoje não está decidida a causa á que devem ser attribuidos os ruidos acima mencionados. Os órgãos respiratórios soffrem algum tanto no seu funccionalismo, fraca e difíicilmente exercem elles a func- (ão que lhes é destinada. Quando a anemia é em alto gráo, os symptomas aci- ma indicados são exagerados, e em um período mais adian- tado da moléstia a serozidade se desenvolve em todo o corpo e nas principaes cavidades serozas, isto porém se dá quando o sangue se acha desalbuminado juntamente com a menor quantidade de glóbulos. Em ambos os sexos os órgãos genilaes partecipam da atonia de todo organismo. Na mulher, por exemplo, os symptomas vão reflectir sobre o órgão gerador, assim os menstruos são pouco abun- dantes, difficeis, e mesmo suspensos, e substituídos quasi sempre pela leucorrhéa, em outras ao contrario em vez de diminuir, augmentam-se dando occasião a uma verdadeira mctrorrhagia. ETIOIiOGIA. As causas productoras da anemia são diversas, como = 16 = ■ por exemplo, uma alimentação má, morada cm lugares hu- midos, hemorrhagias, abuso das sangrias no tratamento de certas c determinadas moléstias que requeiram este meio therapeutico; muita vez apparcce a anemia depois do ap- parecimento dos menslruos; e por si só a prenhez pode dar em resultado um estado anêmico pela interrupção do funccionalismo regular do systema circulatório. Ella pode ser conseqüência de soffrimentos orgânicos, por exemplo, tuberculos pulmonares &c. A acção súbita do frio é uma das causas da produc- ção d'ella, e as febres intermitentes por sua vez não dei- xam de ser causa do seo apparccimento, e também um estado cachetico de syphilis e outras muitas causas que seria enfadonho enumerar. DIACÍMOSTICO BIFFEREMCIAIi Tratamos de ver se os symptomas que descrevemos na anemia s'encontram na chlorose, para nos assegurar que são uma e a mesma moléstia, sendo chlorose nome da- do especialmente ao soffrimento que accommette as mu- lheres. Serão anemia e chlorose duas moléstias distinetas ou não? A questão de identidade ou não dos dous estados mór- bidos (anemia e chlorose) tem suscitado ao espirito dos = 17 = mestres da sciencia, grandes e intermináveis questões, que não se acham ainda resolvidas. A sciencia ainda não pronunciou-se diffinitivamenle sobre ellas, porém segundo os auctores por nós consulta- dos e de acordo com elles, encontraremos na chlorose, palidez da pelle, descoramento das mucosas acima men- cionadas, ruidos de sopro nos differentes vasos arleriaes, ruido de sopro no coração no primeiro tempo, o pulso ora fraco e freqüente, ora forte e cheio, variedades estas dependentes do estado nervoso que, de concumitancia com o estado anêmico, sempre o acompanham: emfim notam-se n'esta, todos os symptomas descriptos naquella, depen- dentes do estado fluido do sangue que se acha alterado em scos elementos, constituindo um estado pathologico, ao qual se pode dar o nome de chloro-anemia, sendo uma e a mesma moléstia. Os que querem dar distincção as duas affecções, con- sideram a chlorose, um estado consecutivo á perturbações mensuaes, porém já se vê, que consistindo, chlorose e ane- mia na diminuição dos glóbulos, e por tanto achando-se o sangue não cm tanta quantidade para affluir para o órgão genital a preencher os menstruos regularmente, dar- se-hão perturbações n'esse órgão, cemo por exemplo, amenhorréas, dismenorrhéas, &c, que longe de serem a causa d'ella (chlorose) eram ao contrario conseqüência; e pois concluiremos que chlorose e anemia são moléstias idênticas. 5 = 18 = Depois d'estas breves considerações que achamos con- venientes, passaremos ao seo tratamento. TRATAMEITO. A Faculdade nos pergunta qual o modo de obrar das preparações ferruginosas no tratamento da chlorose e anemia? Diversos são os modos de obrar d'estas preparações no tratamento dos dous estados mórbidos que são cons- tituídos, como já dissemos, por uma diminuição dos gló- bulos sangüíneos: por tanto, que medicação empregaremos nós para reconstituir o sangue, fazendo-o voltar ás suas condições normaes? Daremos medicamentos que enriqueçam a massa san- güínea tornando um sangue alterado em um próprio a economia, para assim rehabililar o seo perfeito funeciona- lismo. Esses medicamentos sãoaquelles que entram na me- dicação tônica analeptica em cujo numero está o ferro que como diz o Sr. Mialhe, obra não só como medicamento, mas lambem como alimento. Esta medicação dá aos tecidos uma tal ou qual toni- cidade, reconstitue as funeções assimiladoras, e imprime ao organismo resistência vital, e assim levanta as forças do indivíduo que se acha enfraquecido pela alteração do sangue, e perturbação do systema nervoso. Como obrará o ferro na chlorose e na anemia? 19 = Uns auctores consideram que o ferro introduzido no estômago é absorvido, e que passa para a massa sangüí- nea, sendo precipitado ahi no estado d'oxido, dando-lhe os elementos reparadores. Outros pensam que elle tem uma acção tônica daado ao estômago uma certa energia, para poder funecionar re- gularmente, tornando as funcçues digestivas e nervosas ap- tas ao seo perfeito funccionalismo; porém julgamos mais racional a ultima maneira de ver de obrar do ferro, pois é claro que, achando-se o sangue enfraquecido ou por assim dizer diminuído de sua força vital, todo o organismo e todas as vísceras soffrem; ora já se vê que as funeções di- gestivas, não tendo bastante força para aproveitar todos os elementos que lhe possam servir de nutrição e assim for- tificar o sangue, certo que não podendo ministrar um ali- mento da ordem do ferro á esse liquido, não conseguire- mos jamais um resultado feliz. Tendo de oecupar-nos de uma d'estas affecções, trata- remos primeiro de conhecer a sua causa, e inteirados d'ella, não nos devemos oecupar muito cí)m o effeito, todas as nossas vistas devem convergir para a causa, e com- batel-a. No principio do tratamento, aconselharemos prepara- ções solúveis para julgarmos do gráo de susceptibilidade ou aptidão do estômago á supportar a acção do medi- camento. Com o emprego das preparações ferruginosas os doen: == 20 = tes sentem uma sensação de pezo no estômago, devido á grande susceptibihdade da mucosa gástrica. E' um estado que deve contraindicar a continuação do emprego d'ellas: devemos porém sustar absolutamente o emprego d'cssas preparações, ou proseguir com ellas, apezar d'esle estado da mucosa gástrica até a completa cura? Somos de opinião, que devemos proseguir no uso das preparações ferruginosas, ajuntando-lhes entretanto algum medicamento capaz de destruir ou corrigir essa suscepti- bihdade do estômago, como por exemplo, a agoa de louro cerejas se a preparação for solúvel como por exemplo o lactaío ou o tanrato de ferro, medicação que tem o nome de spnsmodica, no intuito de corrigir essa susceptibilidade do estômago dando em resultado o vomito que cada vez mais enfraquece o organismo. No principio do tratamento, devemos aconselhar pre- parações solúveis; no caso porém em que o estômago pos- sa receber impunemente taes preparações, daremos pre- parados insoluveis, associando-os á algum antispasmodico com o fim de preYinir não só o estado da mucosa gástrica, como alguma irritação. De concumitancia com esses meios, uma boa alimentação, vinho generoso, e tudo mais quanto possa coadjuvar e restituir por assim dizer a vida á todo organismo que se acha enfraquecido pela fluidez do sangue alterado em um de seos elementos. Em resumo diremos que, consideramos idênticas as moléstias chlorose e anemia, pois ao percorrer os olhos = 91 = nos symptomas fornecidos por uma e outra, nenhum en- contramos que seja peculiar á uma só, e por tanto distinc- tivo d'ellas. A' alteração constante e caracter especial e essencial á ambas, consiste segundo Grisolle, Valleix e as experiên- cias de Andral e Gavarrett na diminuição dos glóbulos; mas normalidade regular dos outros elementos até do ferro, principio constituinte do sangue. Que o sangue, que falta á esses indivíduos, é recupe- rado pelo ferro que tem dupla acção no organismo, tô- nica e reconstituinte. Devem-se ministrar as preparações sós ou na comida? Aconselharemos na occasião da comida, pois quando se dá aos doentes em jejum, sentem como que um pezo no estômago, até vômitos, circumstancias estas que longe de darem os princípios e os elementos próprios e convenien- tes á nutrição, pelo contrario debilitam-no mais. Achamos conveniente lembrar que quasi sempre, ha constipação de ventre, e que convém muito desembaraçar os intestinos por meio de laxativos brandos, e se com es- tes meios não tirar-mos bom resultado, recorreremos ao alôes, que tem dupla acção ou modo de obrar, como la- xativo e emenagôgo. Sendo chamados para tratar de uma d'essas affecções, trataremos de conhecer sua causa, e conhecida, não nos devemos occupar muito com o effeito. Todas as nossas vistas devem convergir para a causa primordial e cifrar-se 6 = 22 = cm combatera, indicando a medkação tônica e analeptica. Eis as considerações, que por amor da nossa pequena intelligencia e deficiência de conhecimentos scientiíicos que só se adquirem peía pratica, podemos apresentar em resposta ao ponto que nos foi dada pela illustrada Facul- dade, á qual pedimos desculpa das faltas commettidas neste nosso imperfeito trabalho. SECÇÃO ACCESSORIA. São os médicos responsáveis pelas faltas commettidas no exercício de sua profissão? Existe disposição alguma da lei nossa que seja applicavel a este caso? Se pela affirmativa qual é ella? ■ I ■■.....» Mil ■■ I I »*><» PROPOSIÇÕES. I. A questão de responsabilidade medica e de grande importância em certos casos de Medicina legal. II. O medico não é responsável pelas faltas que comroet- ter no exercício regular e conseiencioso de sua profissão. III. Para que o medico seja responsável, é mister provar- se a sua falta, com conhecimento pleno e intenção do mal. = 2't = IV. O nosso código no art. 200, pune o medico que for- necer drogas ou meios para se provocar o aborto. V. Considerar se, entretanto o medico absolutamente isem- pto de responsabilidade, é um absurdo. VI. Responsabilisar-se o medico é fazer-se um mal á hu- manidade e condemnar muitas vezes os progressos da sciencia. VII. O código francez diz:—O medico, que por ignorân- cia ou negligencia commetter faltas no exercício de sua profissão, se está isempto de responsabilidade criminal, deve ser sujeito á satisfação civil. VIII. Todavia o medico tem uma responsabilidade conscien- ciosa perante Deos. IX. O medico deve ter sómento em mira, a salvação do doente e o desinteresse. X. O medico será responsável pela vida do doente quan- do, v. g. na occasião de uma operação, por negligencia ou deleixo resultar a morte. XI. O medico legista, que por má fé negar um envenena- mento, ou, affirmal-o não existindo, não só deve ser res- ponsabilisado como punido. XII. Somente uma junta medica, é o único tribunal apto para a punição do medico. 7 SECÇÃO MEDICA. :FEBBK PROPOSIÇÕES, I. Febre é um estado pathologico caracterisado por aug- mento de calor do corpo, acceleração do pulso, sentimento geral d'incommodo (malaise) e perturbações nervosas e digestivas. II. Para esses phenomenos constituírem febre, é mister que elles se achem reunidos. IH. As febres são essenciaes e symptomaticas. = 28 = IV. Aquellas, cuja pathogenia não nos é conhecida, cha- mam-se essenciaes. V. As que apresentam um estado mórbido, cuja causa nos é conhecida, sao as symptomaticas. VI. Ha tantas causas que podem occasionar as febres, quantas são ellas. VIL As febres eruptivas muita vez são favoráveis á certos padecimentos orgânicos. VIII. A alteração do sangue é uma das causas da febre. = 29 n= IX. Dividem-se as febres, segundo o seu typo. X. Para cada typo de febre ha um tratamento especial. XI. Diversas são as febres que entre si se podem confundir. XII. Para se tratar este estado mórbido, é essencial conhc cer se sua causa. 8 SECÇÃO CIRÚRGICA. CURA RADICAL DAS HÉRNIAS INGUINAES. PROPOSIÇÕES, I. A cura radical das hérnias inguinaes, é uma operação de necessidade. II. 0 estado do individuo, as complicações e todas as circumstancias que podem fazer perigar a vida do doente são condições que devem ser muito attendidas no caso em questão. III. Apezar d'essas considerações, não é para desprezar a vontade irresistível dq doente de ser operado. = 32 = IV. O tratamento varia com a epocha e sede d'ellas. V. A compressão moderada, collocado o doente em re- pouso, quer immediata quer mediata (que não aconselha- mos) no principio das hérnias é muito aproveitável, prin- cipalmente nos creanças. VI. O processo de Gerdy tem, além da reproducção seos inconvenientes. VII. O processo de Wurtzer não tem com effeito os grandes inconvenientes que se notam nos outros. VIII. Preferimos este aos outros pela sua simples execução, e pouco tempo que exige a operação. = 33 — IX. Além da compressão mei>.■; ida e repetida no começo d'ellas, são recommendados com proveito, certas gommas rezinas adstringentes, como o leite da mangabeira, o en- tre-casco da cajazeira e aroeira. X. Estes medicamentos tópicos, são aproveitáveis não só para as crianças como no '"aici numero das hérnias dos adultos. XI. O nosso professor o Illm. Sr. Dr. Freitas apresenta um processo que também tem o inconveniexle da reprodução. XII. Sendo o fim da cura, impedir a passagem pelo anel inguinal da porção do intestino (o que coir Jtuc a hérnia), no estado actual da sciencia, declaramos que o meios ali hoje applicados são palliativos e inefíicazes. wttftMH» -- 9 HYPOCRATIS APHORISMI. Vita brevis, ars longa, occasio proeceps, experientia fallax, judicium difíicile. Sect. l.a aph. l.° Ad extremos morbos, extrema remedia exquisite op- tima. Sect. L*aph. 6.° Qui morbo sommus laborem facit, lethale; si vero som- mus juvet, non est lethale. Sect. 2.a aph. i.° Ubi sommus delirium sedat, bonum. Sect. 2.a aph. 2.a Ubi fames non opportet laborare. Sect. 2.a aph. 16.° Mulieri, menstruis deficientibus, é naribus sanguinem fluere. bonum. Sect. 5.a aph. 33.' tjhcet//a?/ c/j ..^ (Ccc//r//at c/a ^/a/ca J»é c/c .je/cs/'/'s'e e/c /^(J. //'. í/a..//^/êna/a. L/y. c? .%'