CONCURSO PARA A CADEIRA DE PHYSIOLOGÍA SENSIBILIDADE REGUfiftENTE. THESE APRESENTADA E PUBLICAMENTE SUSTENTADA EM MAIO DE 186% «t a »a««&8&»s mm mm®t®mé> ®& &êmm PELO DOUTOR Senmtmo õoúyc |peretra, 0PP0SIT0R DA SECÇÍO MEDICA. Aujourd'hui Ia sensibilité recurrente esí arriveé á ce point de son developpement, que c'est un fait acquis pour toujours á Ia scien- ce, et que personne ne saurait plus Ia nier en se mettant dans les conditions convena- bles pour 1'observer. (Claude Bernard Leçons sur Ia Physiold- gie et Ia Pathologie du systeme nerveusè.y BAHIA TYPOGRAPHIA DE CAMILLO DE LELLIS MASSON & (& RUA DE SANTA BARBARA N. 2 1865 FACULDADE DE IlIhlCIW DA BAHIA. DIRECTOR 0 Ex.m0 Sr. Conselheiro Dr. João Baptista dos Anjos, VICE-DIRGCTOR. 0 EXM."" SR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES. LENTES PROPRIETÁRIOS. l.o ANNO. os sus. doutores: matérias que leccionam. „. , _, i.m.»,ii..".. jPhysica em geral, e particularmente cm suas Cons. Vicente Ferreira de Magalhães......J ^cações á Medicina. Francisco Rodrigues da Silva........Chimica e Mineralogia. Adriano Alves de Lima Gordilho.......Anatomia descriptiva. 2.» ANNO. Antônio Mariano do Bomfim........Botânica e Zoologia. Antônio de Cerquéira Pinto........Phimica orgânica. ..................Physiologia. Adriano Alyes de Lima Gordilho.......Repetição de Anatomia descriptiva. 3.<> ANNO. ..................Continuação de Physiologia. Elias José Pedrosa............Anatomia geral e pathologica. José de Góes Siqueira...........Pathologia geral. 4.» ANNO. Cons. Manoel Ladisláu Aranha Dantas.....Pathologia externa. Alexandre José de Queiroz.........Pathologia interna. MAthli< Mnrpirn «ínmnain 1 Parlos. moléstias de mulheres pejadas, e de Biainias Moreira bampaio.........j meninos recem-nascidos. 5.» ANNO. Alexandre José de Queiroz.........Continuação de Pathologia interna. t„„a 4 „i^„:, a„ i?,«;»„o 1 Anatomia topographica, medicina operalo- José Antônio de Freitas..........j ria> e apparelhos. Joaquim Autonio de Oliveira Rotelho......Matéria medica, e lherapeutica. 6.° ANNO. Domingos Rodrigues Seixas.........Hygiene, e historia de medicina. Salustiano Ferreira Souto.........Medicina legal. Antônio José Ozorio...........Pharmacia. Antônio José Alves. . . >........Clinica externa do 3 o e 4." anno. Antônio Januário de Faria.........Clinica interna do 5.° e 6.° anuo. OPPOSITORES. José Affouso Paraíso de Moura........ Augusto Gonçalves Martins......... Domingos Carlos da Silva.........} Secção Cirúrgica. Ignacio José da Cunha.......... Pedro Ribeiro de Araújo.......... Rosendo Aprigio Pereira Guimarães......} Secção Accessoria. José Ignacio de Barros Pimcntel....... Virgílio Climaco Damasio......... Demetrio Cyriaco Tourinho.........( Luiz Alvares dos Santos........../ Secção Medica. João Pedro da Cunha Valle.........I Jeronymo Sodré Pereira..........' SECRETARIO INTERINO. O Sr. Dr. Tlioiuaz de Aquiuo Gaspar OFFICIAL DA SECRETARIA. O Sr. Dr. José Thcotonlo Martins. A FncukUdc uí«u ui>i»rov«, nem repruva «• ldeli<9 enuaciada» ucstu Tucce. COKTCURREItfTES OS SENHORES DOUTORES DEIIETRIO CVRIAC O TOURINHO ECI2K ALVARES DOS SANTOS JOIO PEDRO DA €UMH1 VAIXE JÚNIOR. Á MEMÓRIA DE MEU AVO O CONSELHEIRO JOSÉ LINO COUTINHO, DIRECTOR E LENTE CATHEDRATICO DE PATHOLOGIA EXTERNA NA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA, ETC. Slgual de muita gratidão pelo nome honrado, que nos legara. Dos pontos, que nos foram enviados, escolhemos o de sensibilidade recurrente. Antes de desenvolvê-lo, julgamos necessário fazer algumas considerações, já sobre a anatomia, já so- bre a histologia dos órgãos da innervação. Dividimo-lo em quatro partes. Na primeira tractamos da anatomia descriptiva do systema nervoso; na segunda da sua histologia; na terceira, demos o resumo cia historia da sensibilida- de recurrente, e finalmente na ultima procuramos e- lucidar a questão, que nos foi apresentada. Só tem este trabalho o mérito da escolha, e coor- denação das idéias : a physiologia experimental, ain- da não conhecida, entre nós, he huma sciencia mui- to difficil, árida, e cujo estudo demanda aturada pa- ciência e dedicação; por ora, nenhum de nós está nas condições de citar as suas próprias observações; qualquer se limitará á reproduzir, e muito fará aquel- le que bem preencher semelhante incumbência. O Autiior. CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS SORRE O SYSTEIRA NERVOSO. O eixo cerebro-espinhal conslílue a porção central do systema nervoso, de que os nervos formam a parte peripherica. O cenlro nervoso cephalo-rachidiano hehuma haste molle, symetrica, muito mais grossa superiormente, que occupa a cavidade craniana, e o canal vertebral, e que lie o ponto de partida, ou segundo outros, de terminação dos nervos de to- dos os órgãos da economia. Os centros da innervação comprehendem—a medulla espinhal, cujo engrossa- mento (renílement) superior se chama bulho rachidiano; o cérebro e cerebêllo, que reunidos tomam o nome de encephalo, e o isthmo do encephalo, que he o pon- to de juncção do cérebro, cerebêllo, e medulla espinhal. O isthmo do encephalo he constituído pela profuberancia annular, pcduncu- los cerebraes, e cerebellosos, e pelos luberculos quadrigemios. 1 MENINGES. Os centros nervosos são envolvidos por trez membranas, que em geral, se de- nominam meninges, — começando de fora para dentro apresentam a disposição seguinte—1.° huma membrana fibroza muito resistente—he a dura-mater—2." huma sorosa—he a arachnode—3.o huma membrana em que se ramificam os va- zos, que se dirigem ao eixo cephalo-rachidiano—he a pia mater. Dura-siiatcr, ou menisigc exterior de Ssemiiiering—Esta membrana he dividida em dura-mater craniana, e rachidiana. Dura-mater craniana. — Envolve o cérebro, e o cerebêllo, apresenta no cé- rebro a fouce cerebral, lamina fibrósa, dirigida da apophise crita-galli ã lenda do cerebêllo; esta lamina apresenta duas faces, que estam em relação com as faces internas dos hemispherios cerebraes; hum bordo superior, que aloja o seio lon- 2 giludinal superior; hum inferior mais estreito, que abriga o seio longitudinal in- ferior. A tenda do cerebêllo he huma lamina horizontal, concava para diante, e que separa o cerebêllo dos lobos posteriores do cérebro. Dura-mater rachidiana. He hum tubo fibroso, que acompanha a me- dulla, e que he continuação da dura-mater craniana: temos de considerar-lhe duas superfícies; huma externa separada do canal rachidiano por tecido gorduroso, analago ao tutano dos ossos, adhere ao canal vertebral, por meio de ligamentos íibro-vas- culares; envia prolongamentos aos differeutes pares nérvozos, que sabem da medulla, os acompanha até os buracos de conjugação, donde emergindo, refleclc-se, e con- funde-se com o periosteo: a superfície interna se liga â folha paríetal da arachnoi- de, he liza, e offereee buracos para sahida dos nervos; além disto notam-se duas extremidades; huma superior muito unida ao buraco occipital, se continua com a dura-mater craniana; outra inferior, que se prolonga até os nervos, que formam a cauda de cavallo, abraçando-a, e terminando-se ahi em huma vasta ampôlla. Arachnoide-eraniana. Como todasoroza, a arachnoide he formada de duas folhas: huma parietal, que entapiza toda a face interna da dura-mater, com a qual se acha de tal sorte unida, que alguns anatomistas, pozeram cm duvi- da, sua existência: outra visceral, que está em relação com a pia-mater, de que lie separada por tecido cellular sorôzo, muito delicado, e onde ainda, se não en- controu gordura—: ha entre esta folha membranoza e a pia-mater o liquido sub- arachnoidiano, que existe no estado normal, como demonstram os trabalhos de Magendie. A arachnoide envolve o cérebro, passa pela cizura media, reflecte-se, e entapiça por cima da dura-mater a base do craneo, cobre o chiasma dos nervos ópticos, etc. Arachnoide rachidiana. A sua folha parietal he muito adherente à dura-mater; a visceral está em contaeto com a pia-mater, á qual se une por innu- meros pontos. Entre as duas folhas da arachnoide ha hum espaço, chamado intra- arachnoidiano; entre a folha visceral, e a pia-mater ha outro espaço chamado sub-arachnoidiano, cheio, como já vimos, do liquido do mesmo nome, fl*ia-ii3ater craniana. Pode-se dividir esta membrana vascular em duas: huma externa em relação com a folha visceral da arachnoide, e que forra o cérebro exteriormente; outra interna, que seintromette pela substancia cerebral, mandando huma porção de vazos ao parenchima do cérebro: esta membrana fôr- ma, ajnntando-se à pia-mater exterior, aonivel da grande fendade Bichat a tela choroidiansL, e os plexus choiroides, que lhe ficam adiante* Pia-mater raehidiana. He huma verdadeira membrana fibroza, rniií- íso mais resistente do que a cerebral. Sua face externa he coberta por grande nu- 3 mero de vazos arteriaes e venósos, que a atravessam para se dirigir á substancia' ncrvoza; he eriçada de muitos ligamentos cellulozos, que a reúnem à folha visceral da arachnoide, A face interna he muito conchegada á medulla; apresenta dois pro- longamentos, hum, que, penetra no rego anterior da medulla, até a commissura branca anterior; outro posterior, que introduz-se pelo rego médio posterior até a commissura cinzenta; este he, extremamente, delgado. A extremidade inferior da pia-mater se termina por hum cordão, que desce acompanhado por huma veia, e se mistura aos nervos para formar a cauda de cavallo, depois do qne se insere na ponta do coccyx, de onde lhe veio o nome de ligamento coccygiano. Os antigos to- mando a terminação da pia-mater, por hum nervo, a chamavam nervo impar. A pia-mater parece acompanhar, lateralmente, os pares nervosos rachidianos, o então perde o aspecto de membrana vascular; para alguns he o nevrilema, ou membrana de protecção dos nervos. MEDULLA ESPINHAL. A por;ão, dos centros nervosos, encerrada no canal rachidiano, he chamada medulla espinhal. Os anatomistas não estão de accôrdo, sobre os limites superiores da medulla. Huns, como Boyer, Mekel, etc. collocam este limite ao nivel do buraco occipital; outros, à exemplo de Bichat, Chaussier, Cruvelhier, etc. fazem começar a medulla no rego, que separa o bulbo rachidiano da protuberancia annular. Para Jamain a medulla principia no ponto situado abaixo do cruzamento das pyramides, e este anatomista considera o bulbo, pertencendo ao encephalo, porque está, como o cé- rebro, e o cerebêllo no craneo; alem de que a sua struetura he muito differento da medulla, e dá, finalmente, nascimento á filêtes nervosos, chamados nervos cranianos, os quaes passam pelos buracos da baze do cérebro. A medulla oecupa as regiões cervical e thoracica do canal rachidiano; se termina, inferiormente, na altura da duodecima vertebra dorsal, ou o que he mais commum, na primeira, ou segunda lombar; esta disposição varia, segundo os indivíduos. O volume dame- dulla não he, sempre, o mesmo; este órgão offereee duas intumescencias (renfle- ments); huma cervical; outra lombar; a primeira começa na terceira vertebra do pescoço, e se termina na segunda dorsal; dá origem ao plexus brachial, de que lhe resulta o nome de intumescencia-brachial; a segunda, também, chamada cru- ral he muito menos considerável, nasce na décima vertebra dorsal, e acaba con- junetamente, com a medulla, formando hum cone, na qual se insere o HganMi* to coccygiano. 4 Superfície externa da mcdulBa. Manifesta na linha media doisrt- gos; hum anterior, outro posterior: o primeiro divide a medulla em duas porções, perfeitamente, iguaes; estende-se do cruzamento das pyramides â terminação da medulla; sua profundidade he quasi de hum terço da espessura do órgão; no lun- do do rego está a commissura branca, ou anterior: o segundo vai do bico do ca- lamus-scriptorius á parte terminal da medulla; alguns anatomistas divergem quan- to a profundidade deste sulco; para huns he menos fundo, do que o anterior, para outros, Cruvelhier, Longet ele, he muito mais; penetra até a commissura pos- terior, ou cinzenta. Structura tia mcdulia.—Quando se corta, transversalmente, a me- dulla, em diversos pontos, vê-se, que cila he composta, em toda sua extenção, de duas substancias; a central, ou substancia cinzenta; a cortical, ou substan- cia branca; parece, que esta ultima fôrma huma espécie de cylindro ôco, cheio pela massa cinzenta; disposição contraria a do cérebro, onde a camada exterior he constituída pela substancia cinzenta, oecupando a branca o centro da víscera. Esta contraposição nos centros da innervação tem chamado a attenção dos phy- siologistas, que dão de semelhante arranjo, interpelrações mais, ou menos ingenho- sas, porem, que não passam de pura hypothese. A camada delgada da substancia cinzenta peripherica, admittida por Monro, tem sido, justamente, regeitada por todos os anatomistas. Alguém assevera a existência de hum canal central, em ca- da metade lateral da medulla; se isto não he exacto para o adulto, ao menos hc verdade, durante os quatro primeiros mezes da vida intra-uterina. O canal cen- tral, e único, descripto por muitos authores não he admissível, attendendo-se a organisação mcdullar; entretanto Calmeil, cuja sciencia, em taes matei ias, üe in- concussa, relata « que vio a medulla espinhal de hum alienado, na distancia de perto de huma poUegada da protuberancia, apresentar trez canaes, hum médio e doislateraes, de tal maneira que o corte transversal reprezentava trez tubos da gros- sura de huma pequena penna de pato. » Desta observação anatomo-pathologica, po- deremos, racionalmente, concluir sobre a constituição normal da medulla 9 Esta alteração seria conseqüência, ouinfluerii, como causa determinante, nos desarranjas cerebraes e nervosos? Diante destas conjecturas nada afiançamos á tal respeito, e aguardamos, que o estudo e reflexão venham dizer a sua ultima palavra. BSulIio rachidiano.—A medulla espinal finda-se em sua porção supe- rior por huma inlumescencia (renflement) que se augmenta até o bordo da protube- rancia annular; he á esta parte, que se designa pelo'nome de bulbo rachidiano, de medulla allongada, ou oblonga, ou melhor ainda de cauda da medulla al- longada. O bulbo repouza na gotteira bazilar; para lraz/e lateralmente, he abra- 5 çado pelo cerebêllo : mostra quatro faces; huma anterior; outra posterior, e duas lateraes. ISTHMO DO ENCEPHALO. Protubcraneia annular, Ponte de VaroEe, côrn» da íueãuaSa aliongada, ou mesocenhalo.— Esta eminência está si- tuada adiante do bulbo rachidiano, atraz, e abaixo dos pedunculos cerebraes, e entre os dois hemispherios cerebellôzos. Se distinguem seis faces—a superior, e a inferior; duas lateraes—e huma anterior, e outra posterior. E0eduneui©s cerebraes.—Dos ângulos anteriores da protuberancia annular parlem duas grossas columnas brancas, cylindricas, approximadas, huma da outra, que mais tarde se achatam, afTastam-se, e dirigem-se para diante, para cima, e para fora; he a isto que se dá o nome de pedunculos cerebraes: como o bulbo rachidiano tem quatro faces; a inferior he livre; a superior, indistincta, e co- berta pelos luberculos quadrigemios; a interna, da qual sahe o nervo motor oc- cular cummum, e em ultimo logar a externa, que. he de pouca importância ana- tômica. Os pedunculos cerebraes perdem-se, anteriormente, na espessura das camadas ópticas. SFeduneulos cercheãlosos.—São trez de cada lado, inferior, médio, e superior, que se unem por seu bordo interno, por intermédio da válvula de Vieusséns. Tubereulos cjuadrigcuiios.—Estas quatro pequenas eminências es- tão siluadas na linha media; duas anteriores, e duas posteriores; acham-se collo- cadas entre as camadas ópticas, e o terceiro ventriculo, que lhe ficam em frente, e o cerebêllo atraz. Jazem acima dos pedunculos cerebraes; adiante da protube- rancia annular, e abaixo da tela choroidiana, e da glândula pineal. CEREBÊLLO. Occupa a porção posterior, e inferior do craneo, tem por detraz a protuberan- cia annular, e o bulbo rachidiano, he separado dos lobos posteriores do cérebro pela tenda do cerebêllo. Enche todas as fossas occipitaes posteriores. O seu volu- me he mais considerável no homem, do que nos animaes; nos recém-nascidos, he proporcionalmente mais desenvolvido, do que nos adullos. A fôrma do cerebêllo foi comparada á huma copa, (de carta franceza de jogar) cuja chanfradura fica para traz. Seu maior diâmetro he o transverso: o cerebêllo he, perfeitamente, symetrico, G e tem dois lobos lateraes, unidos por um lobo médio. Apresenta duas faces, e hrJ- ma circumferencia. Structura. Cortando-se o cerebêllo, vê-se, quehe constituído por substan- cia cinzenta, e branca, A primeira existe na parte superficial do órgão, sendo cm quantidade muito maior do que a substancia branca, que se acha no centro do cerebêllo; em com- pensação da desproporção he muito mais densa, e resistente, do que a substancia cinzenta. Para alguns anatomistas, entre estas duas camadas, se observa huma es- pécie de orla amarellada, que pertence à huma lamina da mesma côr, muito mais resistente e rija do que a substancia cinzenta, e muito adherente à substancia bran- ca. Para estes, o cerebêllo, compõe-se de elementos nervosos, cinzentos , ama- rcllos, e brancos. QUARTO VENTRICULO. Entre o cerebêllo, a face posterior da protuberancia annular, e o bulbo rachidia- no, ha huma cavidade, á qual se deu o nome de quarto ventriculo, o qual he, co- mo todos os outros, entapizado por huma membrana sórosa, que reveste todas as suas partes constituintes, CÉREBRO, Este órgão está situado na cavidade craniana, de que oecupa toda capacidade, a excepção das fossas occipitacs inferiores. Sua fôrma he a de hum ovoide, com a grossa extremidade voltada para traz; he achatado lateral, e inferiormente. Seu pôzo he, segundo Parchappe, de 36 onças, pouco mais ou menos: representa 1/36 do pézo total do corpo. A' semelhança de todos os órgãos pode soffrer a degene- rescencia atrophica, o que, as vezes, suecede nos velhos. Devemos estudar, neste órgão, duas faces: huma superior convexa; outra inferior, ou baze do cérebro. Face superior. Apresenta, sob a linha media hum sulco profundo, — grande scizura media, que divide o cérebro em dois hemispherios: sua direcçao he antero-posterior, vertical, e recebe a fouce cerebral; em sua parte media se termina no corpo callôzo. Os hemispherios jazem ao lado da scizura media; em geral, são symetricos, mas não he raro, que haja desharmonia entre os dois: tem huma face interna, affastada da do outro pela fouce do cérebro; sua face externa, convexa, aloja-se na cavidade formada pelos ossos do craneo, a inferior faz parte da base do cérebro. Face inferior, ou base cerebral. Na linha media temos a notar, principiando, da frente:—!.0 a extremidade anterior da grande scizura; 2.° aparte / anterior do corpo callôzo; 3,° o chiasma dos nervos ópticos; 4.° o tuber cincrium, a haste, e o corpo pituitario; 5.o as eminências mamillares; 6.o o espaço perfura- do interpeduncular; 7.° a extremidade posterior do corpo callôso; 8.° a parte me- dia da grande fenda_ cerebral; 9.° a extremidade posterior da grande scizura media, Nas regiões lateraes, existem a scizura de Sylvius, a face inferior dos lobos cere- braes, e as partes lateraes da grande fenda do cérebro. A face inferior cerebral, he, naturalmente, dividida cm dois lobos por huma scizura profunda—scizura de Sylvius; a porção, que lhe fica adiante se designa lobo anterior; a que está atraz constitue o lobo posterior. Circmuvoluço~£S cerebraes. Chamam-se «circumvoluções», dobras espessas, juxta-postas, que cobrem a superfície do cérebro. Se descreve, para ca- da huma, a base, ou bordo adherente, o vértice, ou bordo livre; as superfícies comprehendidas no intervallo dos dois bordos são denominadas, por Foville « flancos das circumvoluções» Structura dos centros tia inncrvação, O apparâlho encephalo^ rachidiano, he organisado por porções symetricas, e em tudo, semelhantes. Ca^- da metade se compõe de fibras longitudinaes, que se podem seguir desde a extre- midade inferior da medulla, ate as circumvoluções cerebraes. Estas duas ametades são reunidas por fibras transversas, e annulares, em roda das quaes se agrupam massas de substancia cinzenta: em resumo, se pode dizer, que o eixo cerebro-espir nhal he formado por fibras longitudinaes, transversas, e annulares, e mais por substancia branca, e cinzenta. NERVOS. Dá-se o nome de nervos á cordões brancos, -que se dirigem das partes lateraes do eixo cerebro-espinhal, aos órgãos, Os nervos são symetricos no seu ponto de partida; esta symetria, porem, di^ minue, ao passo, que se affastam de sua origem, e desapparece, quando chegara aos órgãos da vida orgânica, ou vegetativa. Origem. Os nervos sahem todos do eixo cephaio-rachidiano: ao nascer, se apresentam, sob a fôrma de raízes, mais ou meaos numerosas, que parecem pro- vir da massa nervosa: *© ponto de emergência constitue a origem apparente; era contra-posição á isto, chama-se origem real, o logar do eixo — cephalo-rachi- diano, que dá nascimento á estes filêtes. Os nervos que passara pelos buracos cra?- niaaos, e que por essa razão se denominam nervos cranianos, manifestam muitas raridades no numero, volume, comprimento, e direcção de suas fibras, ou raizes; ftKfiffl-veg destes, acpielles gué atravessam os buracos vertebraes—nervos racM* 8 danos—mostram, em sua extremidade central a maior uniformidade; nascem por duas ordens de raizes; humas anteriores, presidindo ao movimento; outras pos- teriores incumbidas da sensibilidade. Estas duas cathegorias de feixes nervosos, convergem, huns para os outros, perfuram a dura-mater em logares distinetos; depois do que as duas raizes se confundem, afim de formar hum tronco nervoso. Afora estas duas espécies de nervos de sensibilidade geral, e de movimento, ha outros: huns são de sensibilidade especial, pertencem aos órgãos dos sentidos; são notáveis pela disposição de suas raizes, ramificadas na superfície da substancia cerebral; outros presidem a vida vegetativa, ou de nutrição, e consltituem o sys- tema ganflionario, ou do grande sympathico. Terminação. Os nervos terminam-se por huma distribuição, circumscri- pta e determinada: não podem se supprir, mutuamente, como os vasos: desde que hum filête nervoso he aniquilado, ha paralysia de todos os pontos, em que se ra- mifica: os nervos se dirigem a peite, onde findam-se nas papillas,—nervos da sensibilidade geral—; nos músculos, nos quaes se dividem era radiculas, exces- sivamente, delgadas, que parecem obrar, por seu contado, sobre as fibras mus-» culares; nos ossos, nas membranas mucôsas, sorosas, fibrosas, nas glândulas, nas paredes dos vasos etc. Os authores não estão accordes, â propósito da terminação nervosa em nossos tecidos. Direceão, anastoanôzcs, e plexus. Os nervos em etalico tem huma direcção reclilinea, que contrasta com a sinuosidade das artérias; seguem o caminho mais curto. Quando os nervos tem sahido da cavidade cephalo-rachidiana, se commu- nicam entre si, em larga escala; e£ta communicação he o que se chama anastomo- %e; deste modo bum nê^vo da sensibilidade torna-se mixlo; á saber, sensitivo, e motor, depois de haver recebido ramos de um nervo do movimento. Se entre dois, ou maior numero de cordões nervosos, ha troca de ramusculos, dá-se a disposição anatômica, cenhecida por « plexus, » Gânglios. No trajecto dos nervos se encontram intumescencias, (renfle- ments) cinzentas, e que se chamam gânglios; estes fazem parte do systema da vi- da animal, e da vegetativa. Textura. Os cordões nervosos são plexus, formados pela reunião de mui- tos filêtes; os quaes são todos envolvidos por huma membrana fibrósa—nevrile* ma: na struetura dos nervos devemos considerar a substancia nervosa própria, e o nevrilema. SM visão. Os nervos se dividem em dois grupos: os da vida de relação, deno- minados encephalo-rachidianos; e os da vida nutritiva, ou systema do grande sym- pathico. Cs encephalo-rachidianos se subdividem em rachidianos, que emergem da medulla espinhal pelos buracos de conjugação das. vertebras; e era cranianos, í) que nascem do bulbo-rachidiano, de seus prolongamentos superiores, e que sabem pelos buracos da base do craneo. Nervos rachidianos. O seu numero he, exaclamente, igual ao dos bu- racos de conjugação das vertebras cervicaes, dorsaes, lombares, e sacras; desta arte, existem trinta e hum pares rachidianos, sendo oito cervicaes, dos quaes, o primeiro passa entre o occipital, e o atlas; doze dorsaes; cinco lombares, e seis pares sacros. Mêriros cranianos. Admittem-se, geralmente, com Willis, nove pares de nervos cranianos, enumerados, conforme a ordem de suas origens; proceden- do-se de diante para traz. Soemmering conta doze pares, classificação, muito ado- ptada, por grande quantidade de anatomistas celebres, 'vn.XX itV-Jv.__'y^^à^js CONSIDERAÇÕES IIISTOLOGICVS SORRE O APPARELHO DA INNERWAÇÃO. Nenhum systema da economia he de estudo histologico mais diíficil, do que o nervoso, nem só pela continuidade de seus elementos, como, também, pela sua natureza. Muita razão tem, o notável professor de anatomia pathologica, de Ber- lim, quando diz, que a homogeneidade do systema nervoso he apparente; tudo he embaraço, e a maioria das vezes incerteza. 'SUBSTANCIA CINZENTA- Mlyeloeytas. Dá-se este nome á elementos anatômicos, que se encontram, exclusivamente, na substancia cinzenta dos centros cephalo-rachidianos, e da re- tina, e ainda em certas producções mórbidas destes tecidos. Alguns histologistas designam as myelocytas, por gr anulações do cérebro, núcleos de cel lulas da substancia cinzenta; núcleos e cellulas próprias do tecido cerebral, e da rcti • na. Estes corpusculos, que pertencem a espécie cellular, ofTerecem duas varie- dades ordinárias—myelocytas de núcleo livre; e myelocytas-cellulas; as primei- ras mais abundantes, do que as outras são corpos granulôsos, sphericos, ouovoi- des; o ácido acetico os retrahc, e os colora em preto: as segundas apresentam a fôrma spherica, ou ligeiramente polyedrica; a substancia do corpo da cellula, he pallida e transparente, semeiada de granulações muito pequenas, e pouco numero- sas; o ácido acetico as dissolve completamente. Para Carlos Robin as myelocytas, nascem por gênese espontânea, no meio da substancia amorpha, e granulósa, que he no embryão o primeiro lincamento da massa nervosa. A funeção das myelocytas he, inteiramente, desconhecida. Cellulas nervosas. São elementos, que se encontram, como as myelo- cytas, na substancia cinzenta, e na retina: a sua fôrma varia; o seu tamanho he in- ?ignificante, de sorte que não correspondem à denominação, que tem: mostram- se, ora sphericas, ouovoides; outras vezes irregulares, e polyedricas, ou estrella- 11 das; seu diâmetro he variável; ordinariamente contem hum núcleo spherico, ou ovoide, e hum nucleolo amarellado, brilhante, que se torna raais vivo pela acção da glycerina. A substancia, que compõe as cellulas nervosas, he sempre granuloza, e algumas vezes apresenta focos de granulações gordurosas, Da peripheria das cellulas, par- tem prolongamentos; raramente, menos de dois, e nunca mais de cinco; por esta disposição tomam o nome de cellulas polares; as quaes se chamam bipolares, multipolares, e apolares, conforme o numero de expansões, que, em geral, são tênues, e acinzentadas. As cellulas nervosas são divididas em trez grupos, aos quaes o raciocínio e não a experiência, ou observação tem dado o nome de cellu- las nervosas motoras, cellulas-nérvosas sensitivas, e cellulas nervosas sympa- thicas; as primeiras são as mais volumosas, as outras tem o mesmo diâmetro, que he inferior ao das cellulas motoras. Tecido da substancia cinzenta. He o resultado da agglomeraçao dos elementos seguintes: 1.° matéria amorpha granulosa—2.o myelocytas—3.o cellulas nervosas—4.o eixos, que emanam das cellulas—5.o capillares. O estudo da textura da substancia cinzenta, he na actualidade, quasi impossível; e apenas podemos fazer huma, ou outra conjectura: nada ha de certo, ou de positivo. SUBSTANCIA BRANCA. As ramificações das cellulas nervosas, quando não se anastomozam, se dirigem para a substancia branca: na oceasião em que o eixo, livre na matéria amorpha da substancia cinzenta, a abandona, se reveste de huma bainha, formada por huma substancia própria, á que se chama substancia medullar, não obstante servir de envolucro, em logar de ser contida, como sua denominação indica; Schwann a ap- pellida de conteúdo, tubo medullar, substancia branca; Rosenthal e Purkiné, de bainha medullar, e Kcelliker de medulla nervosa. A substancia medullar he bran- ca, amorpha, homogênea, e viscosa. Kcelliker a compara com a therebentina; se aproxima das matérias oleosas, e refrange os raios luminosos: pelo que pare- ce, he de importância accessoria, posta em parallélo com os eixos, que são os elementos nervosos, por excellencia; entretanto, he muito provável, que a integri- dade da substancia medullar, seja necessária à funeção do eixo, que ella euv..' t Tubos nervosos dos centros. O eixo, e a substancia medullar for juntamente, hum verdadeiro elemento anatômico complexo, ao qual Robin, bort, e outros chamam tubo nervoso dos centros. O desenvolvimento de semelhante ele? 12 mento he muito pouco conhecido: somente, sabe-se, que oaxis he de existência anterior á bainha constituída pela substancia medullar. Tecido da substancia branca. A' discripção deste tecido os autho- res ajuntam, de ordinário, a dos nervos ópticos, acústicos, e olfactivos, que oíTe- recem huma analogia completa. Estas diíTerentes partes do organismo devem sua côr branca, à substancia medullar dos tubos, (pie as compõem, excluindo à quasi todos os outros elementos; a substancia branca contém I,° tubos nervosos dos cen- tros — 2.° matéria amorpha — 3.o capillares — 4.o corpos amyloides. Ja vimos a constituição dos tubo?; a matéria amorpha he mais, ou menos abundante, segundo o logar, em que se faz a observação; os capillares são análogos aos da substancia cinzenta. NERVOS PERIPHERICOS. I^nvolucro próprio. Todo o nervo hc forrado, exteriormente, por hu- ma membrana, no interior da qual se encontra a substancia medullar, he muito delgada, e ao mesmo tempo muito resistente, transparente, ligeiramente, granu- losa e bastante diíficil de distinguir-se. A', este envolucro chama Valentino, mem- brana «limitante »; Philippeaux e Vulpian appeilidam-na bainha membranosa. Tubos nervoso*. Os tubos nervosos da peripheria são elementos anatô- micos complexos, resultantes da reunião de trez elementos simples—i.° do eixo ou axis—^." da substancia medullar—3.o do envolucro próprio. O primeiro, e o segundo conservam-se no nervo, tendo a mesma disposição, que nos centros da innervação. Os tubos nervosos podem se bifurcar. Fibras de ESemnk. O apparecimento e a gênese dos tubos nervosos pe- riphericos são tão pouco conhecidos, como os dos órgãos centraes; todavia a his- tologia estabelece, que, quando hum nervo se constitue, vê-se, desde os primeiros dias da vida intra-uterina, apparecer fibras achatadas, largas, regulares, parallélas, pállidas, acinzentadas, e cheias de granulações; alem disso manifestam-se, ás ve- zes, núcleos ellipticos, que, também, tem hum aspecto granuloso, mas não apre- sentando nucleolos. Estas fibras são conhecidas por fibras de Remak, fibras gan- glionadas, fibras cinzentas, ou gelatiniformes, fibras nervosas nucleadas. Corpusculos ganglionarãos. Alguns tubos nervosos periphericos deixam perceber em hum ponto de seu trajecto, huma intumescencia (renflemenl) particular, que recebeu a denominação de corpusculo ganglionario, Este corpus- culo não he huma simples dilatação do tubo nervoso, mas hum elemento complexo continuo aos elementos dos tubos nervosos. No corpusculo ganglionario tem-se á çstudar sua parede, e seu conteúdo solido, o qual nada differe de huma cellula né>- 13 Vasa bipolaí. A parede do corpusculo he homogênea, granulosa, striada, fibrósa, e semeiada de pequenos núcleos em sua espessura. Tubos nervosos motores. A physiologia, antes da anatomia, tinha distinguido estes elementos complexos; mas semelhante differença, ainda não foi justificada pela experiência; comtudo Cláudio Bernardo, demonstrou, que o cura- ra he hum veneno muito enérgico para os tubos nervosos motores, ao passo que, deixa intactos os sensitivos; mata aos primeiros, conservando a inteireza aos segun- dos; o illustre experimentador, querendo de taes resultados formular huma propo- sição, diz « o animal, envenenado pelo curara, sentirá a necessidade de respirar, quererá respirar, porem não poderá. » Tubos nervosos sensitivos. Para Carlos Robin, e Wagner, os tubos nervosos sensitivos, se distinguem dos outros, por apresentar, sempre, em hum ponto determinado de seu caminho, corpusculos ganglionarios. Não se conhecem, para estes elementos, agentes tóxicos especiacs; entretanto Cláudio Bernardo asse- vera, que são muito mais sujeitos àacção da strycknina do que os tubos motores; de modo que estabelecendo-se huma proposição se a poderia enunciar da maneira seguinte : «ha hum momento, no qual o animal envenenado pela strycknina, po- deria respirar, não sentindo, porem, esta nocessidade. » Tecido elos nervos. Esta trama he organisada—1,° por tubüs nervosos largos, oudelgados—2.° fibras de Remak—3 .o fibras laminosas. Todos estes elemen- tos existem accommodados em linhas parallélas, quasi perfeitas; no meio das bai- nhas se acha bastante porção de tecido laminoso com todos os seus caracteres; es- te tecido serve ao nervo de envoltório, á isto chamam os histologistas nevrilema, que das partes constituintes do nervo, he a única, que recebe capillares, os quaes se encarregam da nutrição de todos os outros elementos. Terminação dos nervos. A terminação dos nervos parece diversa, segundo os órgãos, em que se distribuem, Wirchow, em sua pathologia cellular, diz, « que Bilroth, descreveu sob a mucosa intestinal hum verdadeiro plexus ner- voso, cujas malhas são formadas pelas anastomoses das extremidades dos elemen- tos nervosos.» Os anatomistas modernos, se não contestam, ao menos admittem, como muito rara a terminação em anse, que aliás, era, geralmente, acceita por todos: aquella que parece mais usual, e freqüente he a seguinte; « o cordão ner- voso tornando-se, cada vez mais fino, acaba por se reduzir á hum só tubo: a subs- tancia medullar desapparece, de modo que o axis só he cercado do envolucro pró- prio, e do perinevra; estes elementos se adelgaçam, e desapparecem, inteiramente, deixando descoberta a extremidade do axis, o qual, em muitos casos, se bifurca, e termina ora em ponta aguda, ora em botão, como se observa nos músculos: além desta variedade, os elementos nervosos podem acabar em huma superficie cortada 6 14 em quadrado, e contígua à extremidade de hum outro elemento orgânico,—a ccl- lula epithelial cylindrica; assim parece terminar o nervo olfactivo: o axis podo, ainda, ficar envolvido pelo perinevra, reforçado por partes elementares novas; estes corpos, conforme a região da economia, em que são observados, tomam o nome de corpusculos de Paccini, e de corpusculos de Meissner. Corpusculos de Paccini. «Acham-se em diversos pontos do orga- nismo; sob a pélle dos dedos, no mesenterio etc.; suas dimensões variam, No centro está o eixo forrado pela perinevra, em roda do qual ha huma substancia amorpha, que origina a massa do corpusculo. » Corpusculos de llcissncr, ou corpusculos do tacto. «Es- tes órgãos são pequenos corpos microscópicos, ovoides, transparentes, ligeira- mente amarellados, formados de substancia compacta, transversalmente, striada, No interior o eixo, ou eixos, que são contidos na bainha, de que o corpusculo he hum prolongamento, descrevem sinuosidades, e terminara-se em botões. Os cor- pusculos de Meissnert até agora só foram vistos nas papillas da íingoa, e nas difle- rentes zonas da pelle.» HISTORIA DA SENSIBILIDADE RECURRENTE. O descobrimento da sensibilidade recurrente he hum fado da physiologia mo- derna. Os antigos nada sabiam à semelhante respeito; e quando muito attendendo ás differentes propriedades de sensibilidade e de movimento, dividiram os órgãos nervosos em sensitivos e motores. Pelo que relata Rupho de Epheso, Erisistrato já admittia duas espécies de ner- vos, huns sensitivos, nascendo das meninges; os outros motores, tendo por ori- gem o cérebro, e o cerebêllo. O illustre medico de Pergamo, o Hippocrates do Império Romano tinha applica^ do sua attenção à este assumpto. Classificava os nervos em trez grupos: alguns duros, que se incumbião do movimento; outros molles destinados às sensações; e finalmente nervos mixlos possuindo a dupla faculdade sensitiva j motora. Muitos anatomistas d'aquellas eras tinham adoptado a opinião de Galeno; e mais perto de nós, Boerhave, e outros, também, partilharam da mesma dou- trina. A historia das propriedades sensitivas e motoras dos nervos se achava neste estado, quando appareceram os bellos trabalhos de Carlos Bell, no principio do século actual. O distincto cirurgião inglez dissecava os nervos da face; percebeu, que os filètes do facial distribuiam-se, quasi todos, nos músculos, e que os do quinto pár perdiam-se na péüe: desta observação resultou humahypothese: o ce- lebre anatomista estabeleceu a seguinte questão: o nervo facial será motor? o trigemio será sensitivo? isto derivava das diversas terminações de semelhantes nervos; o primeiro findando-se, como vimos, nos músculos, e o segundo na péllei só havia, entretanto, conjectura, quando Shaw, que era raais experimentador, do que seu mestre e psrente, verificou nos animaes, pela vivisecção, a verdade da 1C supposição: ficou, pois, d'ahi em diante slatuido o fado, de que, mais tarde, devia resultar o conhecimento da sensibilidade recurrente, Carlos Bell inaugurou huma nova epocha na biologia, demonstrando a diversi- dade de acção dos nervos; dividindo-os em sensitivos e motores. Na medulla espinhal he, que melhor se pode verificar este phenomeno. As ex- periências de Carlos Bell, repetidas por Magendie, Müller, e Longet, mostram â toda evidencia, que nos nervos rachidianos, a raiz anterior he motora; e a poste- rior sensitiva: depois da reunião das duas raizes, ao sahir dos buracos de con- jugação, o nervo partecipa de propriedades de huma e outra ordem, constituindo assim, o que se chama hum nervo mixto. O physiologista insular tinha asseverado, que os nervos motores eram, com- pletamente, insensíveis, ao passo que os sensitivos, somente, gosavam da faculda- de de sentir; hoje, porém, sabe-se, que as duas classes de nervos são sensíveis, provindo todavia, a sensibilidade de ambos, da mesma origem, Esta demonstra- ção fora feita, e elucidada pelo grande Magendie. Em 1822 o notável professor do Collegio de França, experimentava, e verifica- va as asserções de Carlos Bell. Neste trabalho achou, humas vezes, as raizes ante- riores sensíveis; outras, apenas sensíveis, e em certas occasiões, absolutamente insensíveis; entretanto que, as raizes posteriores eram, constantemente, sen- síveis. Em 1839, Magendie, repelira estas experiências, por cujos resultados, sempre positivos, e constantes, concluiu, que as raizes anteriores, também, sentiam. Con- tinuando, neste caminho, viu, que o facial era sensível, e que esta propriedade lhe vinha do quinto pàr; experimentando; depois, na medulla, pôde reconhecer, que a sensibilidade da raiz anterior, era determinada pela raiz posterior, e que de mais, esta sensibilidade se transmittia, não pela medulla, e sim pela periph^ria, O descobrimento da sensibilidade recurrente fora disputado à Magendie, por Longet adual professor de physiologia na Faculdade de Medicina de Paris, o qual nesta epohca, seguia o curso do Collegio de França, cujos laboratórios freqüentava; decorridos tempos, Longet, repetia as experiências do immortal physiologista fran- cez, e nada mais reclamava; publicava, pelo contrario, huma memória, em que negou a existência da sensibilidade recurrente. Parava-se a questão nestes termos, quando appareceu Cláudio Bernardo, por ventura, o experimentador de mais talento da actualidade, e digno successor de seu mestre na cadeira que ora occupa, afiançando a realidade da sensibilidade recurrente. Cláudio Bernardo demonstrou, que o fado era verdadeiro, e que as variantes, e negativas dependiam só, e exclusivamente das circunstancias, e do processo expe- 17 rimental: estabeleceu condições indispensáveis, como Veremos, à obtenção positi- vado phenomeno. Hoje, à vista das observações, e das experiências concludentes do professor do Collegio de França, esta funcção da innervação, á que Magendie chamara sensibi- lidade recurrente, ou de retomo, não sofTre mais contestação, as provas são irre- cusáveis, e nenhum homem da sciencia ousará contradizô-las. Ers a historia resumida da sensibilidade recurrente^ SENSIBILIDADE RECURRENTE. Vimos, que dominados pelas idéias de Carlos Bell, os physiologistas do século, admitliam a acção exclusiva de sensibilidade e de movimento para as raizes pos- terior, e anterior de hum nervo mixto. Os trabalhos aceurados de Magendie puzeram áluz a inexadidão de semelhante modo de pensar, e actualmente, ninguém refuta a faculdade sensitiva, de ambas as raizes de hum par nervoso; esta sensibilidade, porem, deriva da mesma origem. Ao phenomeno physiologico, que dá em resultado, a propriedade sensitiva da raiz anterior, dera, M.igendie, o nome de sensibilidade recurrente, ou de retorno, Guardadas as conveniências, que adiante reproduziremos, indicadas poi Cláu- dio Bernardo', sempre devemos obíer huma experimentação positiva: quando a- brirmos o canal vertebral de hum animal, e picarmos, successivamente, qualquer das raizes, acha-las-hemos sensíveis, ainda mais, se cortarmos a raiz anterior, dei- xando intacta a posterior, confirmaremos., que a extremidade central da raiz muti- lada, he absolutamente insensível^ ficando, no em tanto, a porção pcripherica, cla- ramente, sensível, Por causa deste fado principiaram as indagações, para determinar-se, qual era o agente, qus conservava a propriedade sensitiva em hum nervo, que pelo corte se achava separado dos centros nervosos; praticou-se a secção da raiz posterior cor- respondente ár anterior, precedentemente operada, e reconheceu se, que por este meio se aniquilava, perfeitamente, a sensibilidade peripherica da raiz anterior; continuou-se a observação, cortando-se o nervo, de maneira que apresentasse qua* tro extremidades, duas centraes, e duas periphericas, e procurando-se saber, o que resultava desta dupla secção, chegou-se ao conhecimento de que, só a extre- midade central da raiz posterior, gosava da regalia de sentir; as outras, por mais,* que fossem excitadas, não despertavam signal algum de dòr. Em presença destas experiências, nenhuma duvida teve Cláudio Bernardo, de afiançar, que se a raiz anterior era sensível, esta propriedade provinha da raiz pos- 18 terior correspondente: mis o distincto observador faz as seguintes perguntas, ás quaes trata de responder: « Como selransmitte a sensibilidade nas duas raizes9 » «He pela medulla?» « He pela parte peripherica ? » a O ponto do juncção anatômica das duas raizes será seu ponto de reunião physio- logica, ou antes, a sensibilidade chegará a raiz anterior, percorrendo hum circui- to, passando das ultimas ramificações dos nervos sensitivo* aos íilètes U-rmmies dos nervos motores, e vindo por clies a medulla? » Á transmissão directa pela medulla espinhal he impossível, porque abi está pro- testando contra, a insensibilidade da extremidade central da raiz anterior. Até certo tempo julgou-se, que o ponto de reunião anatômica, seria, lambem, o da acção physiologica, isto he, que a faculdade sentientô se transmitlia da raiz posterior á anterior, no logar em que eilis S3 ajuntam para forra ir hum nervo mixto: suppôz-se, que filêtes posteriores recorrentes, se reflectiam, hum pouco- abaixo do gânglio, e vinham tornar sensível1 a raiz anterior. A experimentação tem manifestado a falsidade desta supposição. Cláudio Ber- nardo raciocina do seguinte modo-. «Se por ventura, esta hypothese fosse exacti, a soecâo-do nervo mixto, em certa distancia, depois da juncção das raizes rachi- díanas, respeitando os íilètes recurrenles, deveria deixar sua sensibilidade á raiz" anterior: ora não he isto o qüese observa: a secção Jo nervo mixto priva a raiz anterior de sua sensibilidade, o que não teria logar, se cila proviesse dos filêles recurrrentes, vindjs da raiz posterior, ao nível de seu ponto de reunião. A com- municação physiologica se faz muito mais longe, provavelmente na peiipheria. »■ Hum phenomeno muito importante, fora ainda apreciado pelo celebre professor:: viu, «que a sensibilidade propaga-se com intensidade decrescente da raiz poslerior ^anterior, e quando, por acaso, desapparece, he dá anterior para posterior. » A experiência, que vamos transcrever, não deixa dúvida sobre tal observação. Depois de abrir o canal vertebral de hum animal submette-se-o á acção do ether, ou melhor do chloroformio; e quando principiam os eííeitos da anesthesii, esla pro- nuncia-se pela forma, que se segue,—insensibilidade na raiz anterior, na pelle: na raiz posterior, e finalmente na medulla; sustando-se a chloroformisação, a sensibili- dade reapparece, mas em ordem inversa: encontra-se, primeiro, a medulla sensível, a raiz posterior, a pelle, e em ultimo logar a raiz anterior. Este fado he de immenso valor na historia geral da innervação; patenteia o meio unitivo de dois elementos, que se associam em suas funeções, e que estabo- lecem a unidade physiologica do pàr nervoso. 19 Nos abstemos de citar as experiências de Magendie, e de preferencia as de Cláu- dio Bernardo sobre a sensibilidade de retorno: longo seria descrevê-las, não pas- saríamos de repetidor; tradamos, apenas, dos pontos capitães, e das deducções e corollarios physiologicos, que podemos inferir. O animal, que mais se presta á este gênero de vivisecção he o cão: ao cabo de muitas, e aturadas investigações, Cláudio Bernardo conclue, que os cães, durante o período da digestão, resistem mais às operações, do que em jejum; ainda que na ultima condição, percam menos sangue; achando difiicilimo determinar, com pre- cisão, as circunstancias, em que deve estar o organismo, diz, que será muito con- veniente submettè-lo áhuma alimentação bôa, e substancial, meio, por excellen- cia, reconslituente, e capaz, por tanto, de favorecer o maior desenvolvimento do vigor animal. Quando se houver de indagara sensibilidade reeurrente ou de retorno, são ne- cessárias, certas precauções, sem cujo coucurso, a experiência pôde ser negativa. Cláudio Bernardo estatue as seguintes regras, 4.' Escolher, para experiência, animaes vigorosos, bem nutridos, e de pouca idade. 2.° Se o animal não se tem esgotado, nem enfraquecido na operação, logo de- pois se acha a sensibilidade recurrente dás raizes anteriores; mas se houve perda, durante o processo, o que he o caso mais ordinário, pôde accontecer, que imme- diat.amente á experiência* as raizes anteriores sejam, completamente, insensíveis: então,, cozendo-se a ferida para cobrir a medulla, e esperando, que o animal re- adquira hum pouco de forças, vê-se apparecer a sensibilidade de retorno. 3.° O methodo operatorio regular consiste em abrir, somente, huma das meta- desllateraes da espinha dorsal, e pôr á descoberto de huma á duas raizes até o gân- glio: desta sorte a medulla não se resfria muito. 4.° Convém experimentar nas raizes anteriores mais volumosas. Ditos os quesitos, que se exigem, para o bom resultado da experiência, vejamos., agora, o meio, e os instrumentos uzados na operação. « O cão estando amarrado á huma meza, com hum cepo, collocado sob o ven- tre para levantar a columna vertebral na região lombar, raspa-se o pêllo; depois faz-se na pélle huma incizão encostada á crista das apophyses espinhosas, A parte media desta incisão corresponderá ao osso iliaco, e seu comprimento será de hum decimetro, pouco raais ou menos, conforme o tamanho do animal. A aponevrose, que cobre os músculos do dórso será dividida por huma segunda incisão, que pe- netrará até as lâminas das vertebras. Os músculos devem ser affastados o mais, que se puder, de forma que se descubram as lâminas das vertebras e suas opo- 20 physcs articulares. Com huma pequena serra, cuja extremidade he arredondada, C provida de dentes, pratica-se hum corte parallelo às apnphyses espinhosas, e o rnais perto, que fôr possível, de suas bases. Desta arte se dividirão huma, ou duas lâminas das vertebras, ao nível do osso coxa!, o que corresponde às duas ultimas vertebras lombares; tendo-se, com tudo, o cuidado de não aprofundar a serra além das lâminas vertebraes, para não ferira medulla. —Hum segundo corte de serra parallelo ao primeiro deve ser feito na altura, e para fora dos tuberculos apophi- s.arios. Neste ultimo tempo he preciso, não dirigir a acção do instrumento, muito para fora, ou verticalmente, com receio de cortar as raizes, no momento em que sabem dos buracos de conjugação, ou de ferir os seios venosos vertebraes. Feito isto, levanta-se, por hum movimento de « bascula» servindo-se de huma the- soura própria, a parte óssea, comprehendida, entro os dois cortes de serra, arran- cando-se-a por inteiro, ou fragmentos. Em quanto se executa o primeiro tempo da operação, se separam os músculos, por meio de ganchos apropriados, e se banha a ferida com huma esponja ensopada de água tepida. Se obrará, sempre, com a maior prudência para evitar de ferir a medulla, cora os instrumentos, o quo, ás vezes, suecede, em virtude dos movimentos do animal. Em certos casos o perios- teo fica intacto depois da extracção das lâminas das vertebras. Immediatamente, era baixo desta membrana librosa, se acha, ordinariamente, muita gordura, que cerca a medulla, e as raizes. Tira-se esta camada adiposa, por meio de pinças, tendo a cautella de não lesar os seios venosos rachidianos, que dariam huma hemprrhagia considerável, e difíicil de ser sustada. A medulla sendo descoberta, conserva-se protegida, completamente, pelos envolucros. Vêem-se as duas raizes de cada pár nervoso, caminhar muito obliquamente, epreadas por bainhas Gbrosas distinclas, emanando fja dura-mater vertebral. A abertura do canal pôde, em certas circunstancias, ser operada em dez minu- tos, e o processo foi, então, muito rápido: outras vezes, quando o animal se agi- ta, o trabalho prolonga-se além de meia hora. Em toda hypothese, porém, accon- ce, que logo em continente à abertura do canal medullar, o animal está exhaurir do, e como hibernado, ao ponto de picarem-se as raizes posteriores, eminente- mente, sensíveis, sem produzir-se dor de espécie alguma: nesta conjundura he urgente apressar a operação, ganhar este momento para separar as raizes anterio- res, ou posteriores, afim de serem examinadas mais tarde. Para isto emprega-se, de ordinário, hum gancho rombúdo. » Este he o processo empregado por Cláudio Bernardo. A sensibilidade recurrente não se limita só aos pares nervosos, he inherente á n^edulla, e talvez ao cérebro. 21 Vimos, que a medulla espinhal he composta de duas ametades symetricas, cada huma das quaes he formada por trez feixes de fibras; hum anterior, outro posterior, e o terceiro lateral: experimentando-se em hum animal, nas condições, que aci- ma estabelecemos, como essenciaes à obtenção positiva do phenomeno da sensi- bilidade recurrente, observaremos, que a medulla he sensível em qualquer logar; para isto basta pica-la com huma agulha de catarada, mas se cortarmos a raiz an- terior de hum nervo, acharemos, que em torno da inserção da extremidade cen- tral, cortada, ha huma zona insensível; esta zona he comprehendida entre o feixe anterior, e o lateral; a sensibilidade, aqui, he dependente da raiz posterior, da mesma maneira, que nos nervos. A sensibilidade de retorno será huma sympathia9 será hum acto reflexo da sen- sibilidade? o feixe medullar posterior será o agente das percepções sensitivas da medulla espinhal? Cada huma destas perguntas nos assalta o espirito; nada pode- mos aGançar, em quanto a anatomia, e histologia não nos mostrarem o caminho certo, e as propriedades das fibras nervosas- a causa determinante, primordial nos passa desapercebida; mas nem por isso, a sensibidade recurrente, deixa de ser hum fado, e huma verdade adquiridos na sciencia, Para a eschola de Augusto Comte, o problema está resolvido por si; para a doutrina alleraã muda de face:—indagar as causas, e aprecia-las no seu modo de obrar, eis, aléra da observação material, O que incumbe ao physiologista, e ao philosopho. 2 0P03IÇÔES. PHYSIOLOGIA. Juncção cio gi*aiMlc svuipalliico, 4a 0 nervo grande sympalhico1 tem sob sira dependência imraedfata asfuucções da vida vegetativa. ' 2.a Biehat considerava os glanglios do' systema sympathico, como centros de percepção, iguaes ao cérebro; semelhante opinião não se pôde achnilir. 3." Hum,fado notável, e nestes últimos annos descoberto, he a mfluencia do grande sympalhico sobre a temperatura do corpo;- parece, que incumbe-se de mo^ dificar a calorificação. PATHOLOGIA GERAL. Causa» cspeclfieas. 4.a He muito bem feita aclasificação^das causas, que eofloca as especificas, em hum grupo separado; das outras. 2." O caracter das-causas especificas he sempre produzir huma mesma altera- ção pathologica, sejam4 quaes forem as circunstancias, que presidam a seu desen- volvimento. 3." Disto resulta, que seus effeitos, não se podem confundir cohr os de outra causa morbifica de qualquer natureza. HYGIENIE. Influencia cladvllisnefio sobre ai» moléstias nervosas. 4.a He errada a- opinião, que põe à conta da civilisação raüitas das moléstias nervosas, que conhecemos. 2.a Entendemos, pelo contrario, que só se podem-corrigir cerlasdisposições da economia, pelos meios, que a civilisação nos offereee. 3.a Longe de influir naproducção dos desarranjos da innervação, os meios ci- vilisadores, são o único recurso therapeulico, de que dispomos para debellar laes affecções. 24 PATHOLOGIA INTERNA. Éliagnostico differencial tias féhrcs. I .a 0 diagnostico das febres, outr'ora, chamadas essenciaes, he muito diflicrl. 2.' Não será prudente o medico, que, à excepção de casos extraordinários, fi- zer o diagnostico de huma febre continua, antes do terceiro, ou quarto dia. 3." Apesar, porém, das dificuldades, com queluctamos, podemos diagnosticar, com acerto, qualquer pirexia. CLINICA INTERNA. Qual deve ser o tractamcnto tia moléstia de rtildisson? i.a A pelle bronzeada, oú negricia accidental, he'conhecida, ha muito pouco tempo. 2.8 A anatomia pathologica, nos casos observados pelo distiticto medico do lios - pitai de Guy, sempre revelara, em tal moléstia, alterações mais ou menos profun- das das cápsulas supra-renaes. 3." Nenhum tradamenlo racional, existe para semelhante aííecção; o que po- demos fazer, he combater os symptomas; a terminação he sempre fatal. rVTAf ERIA MEDICA E THEftAPEUTICfr. Acção pliysiologica e tlicrapeutica «Io iotle e seus pre- parados. l.a O iodo he hum medicamento de acções variadas. 2.' A acção local dos iodados he excitante; e até irritante; he hum excellehte subslituilivo. 3.a Razão assiste à Trousseau e Pidoux, quando agrupam os iodados á medica- ção allerante. ttCÇ&O €ilf Itltâ* ANATOMIA DESCRIPTIVA^ Qual a neurologia da lingoa? 4.* Nenhum órgão, proporcionalmente, á seu volume, recebe mais nervos do que a lingoa. 2.* EUa recebe o grande nervo hypoglosso, o glosso-pharingêu, o lingual, filêtes numerosos do laryngêu superior, ramusculos do grande sympalhico, etc. 3.* A existência de hum plexus lingoal, formado pelo nervo grande hypoglos- so, e pelo lingual, não pôde ser contestada. ANATOMIA GERAL E PATHOLOGICA. Descri nono do tubereulo, sua infiltração grannlosa. e metamorphose caseosa. 1.' Os tuberculos são neoplasmas, mórbidos, heteromorphos, de côr branca escura, não vasculares, e capazes de se transformarem, 2.a Com o maior numero de anatomo-pathologistas, admittimos, para o tuber- eulo, quatro estados distinetos—4.° granulações cinzentas semitransparentes—2/ granulações amarellas—3.o infiltração tuberculosa—4.o estado cretáceo. 3/ A metamorphose caseosa do tubereulo, he hum dos phenomenos, não ex- plicados da anatomia pathologica: para nós a inflammação he a causa mais enér- gica da transformação. PATHOLOGIA EXTERNA. Gangrena espontânea e por embolia. 4.' A arterite he huma das causas determinantes da gangrena espontânea. 2.' A embolia he huma moléstia, modernamente, conhecida 3.» Além da gangrena, a thombrose secundaria pôde determinar a morte quasi instantânea do indivíduo, conforme fôr o tamanho do coalho, e o vaso que per- correr. 9 26 CLINICA EXTERNA. Cílaucoma e seu traetamento. 0 glaucoma he huma moléstia do olho, que traz o enfraquecimento da vista, de- orm ação da pupilla com diminuição dos movimentos da íris, e côr esverdinhada no fundo do órgão. 2/ Para Wenzel e Weller a sede primitiva do mal he na retina e no nervo opti- to: para a maioria dos authores, semelhante padecimento provém do corpo vitreo; boje, snppõe-se, que seja devido à choroidile 3.a O traetamento do glaucoma he sempre infrudifero; entretanto quando hou- ver atrophia concomitante do cristailino, com integridade da retina e do nervo óp- tico, talvez, a operação da catarada aproveite. OPERAÇÕES. E^fracçâo «Ia cataraeta, «|«ial o melhor processo? 4 .a Grande he o numero de methodos existentes para a operação da catarada. 2.a Em geral, podem ser classificadas em dois grupos: o de extracção do cris- tailino, e o de abaixamento. 3.a Não ha processo exclusivo nesta operação; segundo a natureza da catarada o cirurgião será forçado á usar da extracção, ou do abaixamento, PARTOS, Febre puerperal, e seu traetamento. 4.* Para nós, a moléstia puerperal he da natureza das febres typhicas; he hum verdadeiro typho das recem-paridas. 2.a As idéias de Beau, Depaul, Auber, e muitos outros não nos parecem exadas. 3.» O sulfato de quinina, associado à.outros medicamentos pôde curar o typho puerperal. Influencia da luz sofore as m«8estias. 4/ A parte, que se attribue á luz na etiologia das moléstias, depende muitas .vezes do calor, que a acompanha. 2.» A acção pathogenica da luz revela-se, e exemplifica-se nas moléstias dos olhos. 3.a A privação prolongada da luz, não só concorre para a manifestação de cer- tos estados mórbida-.-, como modifica, consideravelmente, a medicação, que se lhes oppõe, CHIMICA MINERAL. Ozona. 4.a Aquella variedade de oxigênio, àque se tem chamado ozona, parece va- riar de natureza, segundo o processo empregado para o ob'er. 2.a O reactivo amylo-iodurado não he o meio mais seguro de reconhecer a pre- sença do ozona. 3,a A existência de ozonides e niUzonidcs, fono corpos^ d stinctos, sendo aliás, possível, não esta suíficieutemente provada, CHIMICA ORGÂNICA. Indicar os meios «le reconhecer as falsificações do sul- fato «le c|uinina. l.a O sufalo de quinina do commercio contém, muitas vezes, substancias ex- tranhas, sem que se o deva considerar sophisticado. 2.a As reacções do chloro, ammoniaco, e cyanurêto amarello de potássio, so- bre o sulfado de quinina-suspeito—não bastam para demonstrar a sua pureza. 3.a Os processos de Henry, e de Liebig simplificado, são os mais seguros para manifestar a fraude, quando associado ao sulfato de quinina, existe o sulfato de chinchonina, PHARMACIA. WSnhos mcdieinaes. 4-a Os vinhos medicmaes diíTerem, apenas, das tinturas alcoólicas, pela men^r quantidade de substancia medicamentosa. 28 2.a A natureza da substancia medicamentosa he, que deve determinar a espé- cie de vinho à empregar para a preparação desses produclos pharmaceulicos. 3.a O processo damaceração he por mais de huma razão, o que se deve pre- ferir nara obtenção desses productos. MEDICINA LEGAL. Determinar a significação medica e jurídica da pala- vra recém-nascido. 1 .a A palavra recém-nascido não tem huma significação medica, ou jurídica, bem definida. 2.a Alguns consideram a creança recém-nascida, ate a quedado cordão um- bellical. 3.a Este modo de ver, não he isempto de objecções. BOTÂNICA. Theoria da respiração vegetal. 4 .a As folhas, e, em geral, as partes verdes, que se desenvolvem na athmos- phera, são órgãos, essencialmente, destinados á respiração vegetal. 2.a A respiração vegetal inverte a ordem de seus productos, segundo que se faz sob a influencia da luz, ou fora d'ella. 3.» Os vegetaes são os mais poderosos depuradores da athmosphera. Bahia—Typ. de Camillo de Lellis Masson k C—1865.