THESE DE JOA0L1M MANOEL DALMEIDA VIEIRA. THESE QUE APRESENTOU Á FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA, PARA SER SUSTENTADA EM NOVEMBRO DE 1868 AHJI ME OHTER O CBAO DE DOUTOR EM MEDICINA: JOAQUIM MANOEL D ALMEIDA VIEIRA NATURAL DE SERGIPE, 3*ÃÂÂaO I «xyHma Ae 'VmXa n (soÂaki A.a AmcA CAVALHEIRO DA IMPERIAL ORDEM DA ROSA, EX-CIRURGIÃO DE COMMISSÃO DO CORPO DE SAUDE DO EXERCITO E DA ARMADA NACIONAL IMPERIAL. LAUREADO PELA MESMA FACULDADE NO ANNO DE 1863. Labor improbus omnia vincit. A. Paré. MAFIIA: TYP,-CONSERVADORA-LADEIRA DO XISMENDES X. 28 1868. FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DIRECTOR O ENM. SR. CONSELHEIRO DR. JOÃO BAPTISTA DOS ANJOS. V B ÍI-ll IKKCTO R 0 EXM. SNR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES. X-A-XCXV% OS SRS. DOUTORES l.° ANNO. MATÉRIAS QUE LECCIONAO Cons. Vicente Ferreira de Magalhães. Physica em geral,e particularmente em suas applicaçòes á Medicina. Francisco Rodrigues da SilvaChimica è Mineralogia. Adriano Alves de Lima Gordilho . . . Anatomia descriptiva. 2. ANNO. Antonio de Cerqueira Pinto . . . . . Chimica organica. Jeronimo Sodré PereiraPhysiologia. Antonio Mariano do BomfimBotanica e Zoologia. Adriano Alves de Lima Gordilho . . . Repetição de Anatomia descriptiva 3. ANNO. Cons. Elias José PedrozaAnatomia geral e pathologica. José de Góes SiqueiraPathologia geral. Jeronimo Sodré PereiraPhysiologia. 4. ANNO. Cons. Manoel Ladisláo Aranha Dantas. . Pathologia externa. Pathologia interna. Mathias Moreira Sampaio. Partos, moléstias de mulheres pejadas e de meninos recemnascidos. Continuação de Pathologia interna. Joaquim Antonio d'01iveira Botelho . . Matéria medica e therapeutica. 5.» ANNO. José Antonio de Freitas . . . Anatomia topographica, Medicina operató- ria, e apparelhos. 6.<> ANNO. Pharmacia. Salustiano Ferreira SoutoMedicina legal. Domingos Rodrigues SeixasHygiene, e Historia da Medicina. • Clinica externa do 3.° e 4.° anno. Antonio Januario de 1 ariaClinica interna do 5." e 6.° anno. Rozendo Aprigio Pereira Guimarães . Ignacio José da Cunha Pedro Ribeiro de Araújo José Ignacio de Barros Pimentel. . . Virgílio Climaco Damazio .... wnmwAA» Secção Accessoria. José Afíonso Paraizo de Moura. . . . Augusto Gonçalves Martins Domingos Carlos da Silva Secção Cirúrgica. Demetrio Cyriaco Tourinho . Luiz Alvares dos Santos . . Jclo Pedro da Cunha Valle . Secção Medica. SECRETARIO 0 SR. DR. CINCINNATO PINTO DA SILVA. OIFKIAI. DA SECRETARIA 0 SR. DR. THOMAZ D AQUINO GASPAR. A Facudade não ap prova nem reprova as opiniões emittidas nas theses, que lhe sâo apresentadas. QUEIMADURAS. . DISSERTAÇÃO. O En chirurgie comme en médecine la pluspart des questions restent à resoudre définitivement. On peut même soutenir que soit sous ]e- rapport de la nature, des causes, de la marche, soit sous le point de vue thérapeutique, il n'est pas une ma- ladie que ne laisse beaucoup à dé- sirer. Velpeau. NOÇÕES que iniciaram o estudo da queimadura e subsistiram até certa epocha, devem com razão ser ao esquecimento. 'à sua historia verdadeiramente scientiíica não data de muito. Começou provavelmente com Fabricio de Ililden, em cujos trabalhos já se entrevê o cunho da experimentação e da investigação racional. Depois, á par das conquistas da cirurgia, foi se aperfei- çoando, graças aos esforços de Callisen, Heister, Boyer e outros vultos eminentes, até que as observações de Thomson, e as lições doim- mortal Dupuytren deram-lhe jamplissimo desenvolvimento, eluci- dando d'est'arte suas questões capitaes. Rlrííiiições. À queimadura, uma das innumeras entidades mórbidas subor- dinadas á pathologia cirúrgica, figura no meio das lesões organieas traumaticas. E' um dos accidentes para o qual raras pessoas contaráõ 1 2 immunidades e celebrarão a dita de isenção; portanto bem poucas sào as que não o conhecem, ou definem por experiencia própria. Não obstante, citaremos as principaes definições propostas para este genero de sofTrimento, as quaes confundem-se pela maior parte. Boyer definia a queimadura: por uma lesão produzida pela acção dos corpos elevados em temperatura sobre uma parte qualquer do corpo vivo. Para Dupuytren, a queimadura, que elle denomina tãobem ustâo (1) e combustão é constantemente o eíTeito do calorico concen- trado sobre os tecidos vivos. Chelius de Heidelberg e mais modernamente Jamain definem as lesões da combustão pelos effeitos do calorico e os de algumas sub- stancias irritantes. Gerdy, porém, longe de fazer tal restricção tor- na extensiva á todos os cáusticos a propriedade comburente. Berard e Denonvilliers em seu recommendavel compendio cirúr- gico dão-nos uma definição, que, com quanto pouco se afaste da de Dupuytren, è notável. Para elles deve-se designar sob o nome de queimadura, as lesões que resultam da acção forte ou prolongada do calorico sobre os tecidos vivos. Finalmente, nos trabalhos modernos e interessantes de Follin deparámos com uma outra, que, sobresahindo as de mais por seus predicados, satisfaz bem ao espirito. Este habil cirurgião exprime a queimadura nos seguintes termos: é o todo de lesões produzidas pela acção energica e rapida, ou fraca porém continua, do calorico. Etiologia. à causa efficiente ou determinante de uma queimadura qual- quer, é sempre o calorico em tal grão de acção, que transponha os limites compativeis com a tolerância do corpo. Não é muito, porém, que se multiplique esta causa, que, por sua unicidade discrimina a quei- madura de todos os estados morbidos, por quanto os modos de ma- (1) Isto é, ustion e combustion. 3 nifestação do calórico são numerosos e diversos, e com elles varia o aspecto das lesões. Podemos, pois, em these dizer com Berard e De- nonvilliers: todo corpo ou substanciada qual se desprende calorico além de um certo gráo, produz uma queimadura. E' uma verdade ir- refragavel, pela qual não se deve hesitar em reconhecer como pheno- menos de combustão bem caracterisada, os effeitos de muitas substan- cias vesicantes e causticas, que depostas sobre os tecidos do corpo, ahi desafiam largas reacções chimicas. Os agentes e corpos comburentes obram quer pelo calorico, que irradiam de si, quer pela flamma que os circumda, quer por contacto directo; e as queimaduras resultantes variam em intensida- de e gravidade, segundo o estado delles, e conforme a capacidade de cada um para o calor. Calorico radiante.-Apesar de preservados pelo instincto de con- servação, e o que mais é, advertidos pela dor, que annuncia-nos a imminencia de um mal, nem por isso escapámos sempre ao effeito nocivo do calorico irradiado de qualquer fóco de calorificação,e princi palmente do que nos é transmittido do sol por sua luz vivificante. Da exposição aos raios solares podem com etleito provir verda- deiras queimaduras, cujos symptomas diversificam de accordo com o modo de actuar d'elles. Assim, quando o calorico radiante obra lenta e moderadamenle, mas sem interrupção, a pelledo individuo altera-se em sua textura, a epiderme espessa-se, e a sensibilidade da parte enfraquece, atte- núa-se, ou mesmo embota-se; a sua coloração modifica-se, succeden- do-lhe um matiz mais ou menos escuro, e, se a irradiação é mais franca, desenham-se mais tarde nos pontos que soffreram a impressão, manchas ou antes placas marmoreadas, e algumas vezes fendas ou rachaduras da pelle, ás quaes seguem de perto a ruptura e dilacera- ção da epiderme, e não raramente ulcerações, que exigem um trata- mento sério. Em consequência do funccionar da causa e da marcha lenta e tardia, essas lesões foram qualificadas por Dupuytren como chronicas. Quando, ao envez d'isso, o calorico irradiado actúa energicamen- 4 te, ainda mesmo com rapidez, outra ordem de alterações, que por sua marcha contrapõe-se ás que referimos, póde manifestar-se, ora revestidas de benignidade, ora graves, oraemfimde prognostico fatal. Àqui será um erythema simples, alli uma erysipela bem pronun- ciada, aliás uma inflammação phlegmonósa da pelle, e algures também accidentes funestos, não tanto primitivos como consecutivos, e susceptiveis deterem por crise decisiva, a morte. Estado gazoso.-k combustão dos gazes indubitavelmente deter- mina accidentes mais graves que os do calorico radiante. Alguns quando inflammam-se, uma explosão denuncia o incêndio, e este é capaz de produzir queimaduras extensas, largas e profundas. Entre- tanto, não é sempre assim. A explosão sendo súbita e os gazes dota- dos de força de expansibilidade excessiva, a acção d'estes agentes é instantanea e o calorico perde-se logo; por tanto as lesões, que origi- nam-se são as mais das vezes mais extensas, do que profundas. Este genero de queimaduras é frequente entre os droguistas, chimicos etc. Estado liquido.-A acção dos liquidos é nas mesmas circum. stancias mais energica, que a dos gazes, o que deprehende-se evi- dentemente das propriedades que são peculiares á aquelles. Na ver- dade, nem outro juizo se póde formar sobre elles, attendendo-se á que por sua fluidez moldam-se perfeitamente á superfície do corpo, e julgando-os pela força de expansibilidade, que é menor e por conse- guinte maior capacidade para o calorico. Os liquidos quentes e inflammaveis determinam, na maioria dos casos, queimaduras intensas em largura e profundidade, e essas variam de uns para os outros, conforme a densidade respecliva e o gráo de temperatura, sendo comtudo sempre mais graves, as resultantes de alguns liquidos, que, por sua viscosidade, pódem contrahir adheren- cia com a pelle. Estado solido.-Se é verdade que os corpos n'esse estado pro- duzem, ás vezes, queimaduras vastas em todas as dimensões, não só por que a capacidade para o calorico é maior, mais ainda por que se applicam immediatamente aos tecidos: também o é: que em alguns 5 casos, quando a pessoa pôde desviar-se, ou suspender o contacto d'elles, as lesões são simples e o desarranjo occupa uma superfície mais ou menos limitada. Esta asserção, porém, não é unanime para a totalidade d'esses agentes, em cu ja ca thegoria estão incluídos alguns» que portam-se de um modo excepcional. Ha de faclo,substancias, que facilmente fundem-se, como por exemplo o phosphoro, e fundidas que sejam, dãoorigem á desordens iguaes ou semelhantes ás dos lí- quidos viscosos, e consequentemente, sérias e gravíssimas. Não é, fóra de proposito, contemplar aqui entre as causas de queimadura, após as que temos analysado, os raios desprendidos das descargas electricas das nuvens, visto como os exames feitos nos ca- dáveres de indivíduos victimas d'elles os comprovam cm face das le_ sòes deparadas, que muito se approximam da classe das que tenta- mos descrever. Estudando-se a etiologia das queimaduras, não se deve perder de vista, nem desprezar certas circumstancias, que influem sobre as alterações, que lhes são próprias, e pódem modifical-as consideravel- mente. Taes são em primeiro logar; a duração da applicação do cor- po comburente; em segundo: o estado da pelle-particularidade sem a qual não se poderia conceber asusceptibilidade, e, contrariamente, essas refractariedades ao calor, que alguns indivíduos apregoam e os- tentam; finalmente a presença dos vestidos, sobre tudo em relação as mulheres. Classificações. Foi certamente Fabricio de Flilden, que teve a gloria de altra- liira attenção dos cirurgiões para a divisão ou classificação das quei- maduras, preenchendo assim a lacuna até elle existente, e cumprin- do uma exigencia da rasão sobremodo util no estudo e na pratica. A classificação por elle proposta, á pesar de não ser hoje corrente, a- cha-se nos fastos da cirurgia, ao lado d'aquellas, ás quaes fornecendo os elementos fundamentaes, são d'el la reflexos. Para elle as queima- 6 duras são dispostas em tres gráos: o primeiro abrange as que se denunciam simplesmente pela rubefacçãoda pelle, e apparição de phlyctenas; o segundo aquellas em que ha de prompto vesicação, e demais contracção e espessamento da pelle; no terceirojinalmente, as phlyctenas formadas romper-se-hiam logo depois descobrindo a pelle denegrida e coberta de escharas, cuja queda é seguida de cha- gas suppurantes. Depois d'elle, Heister subordinou-as á quatro gráos. Os dous primeiros seriam representados pela maior ou menor intensidade da inflammaçâo cutanea. No terceiro incluia as queimadnras em que al pelle, o tecido adiposo e mesmo os musculos são reduzidos á crostas instantaneamente, e o quarto, por fim, comprehendia aquellas, em que todos os tecidos, inclusivamente os ossos, são destruidos pela acção violenta do colorico. Este mesmo numero de gráos era admittido por Callisen, Hevin e Bicha t. Boyer, lançando suas vistas para as alterações primitivas das queimaduras, desde a mais leve até a mais séria, que vem a ser: rubefacção, vesicação e escharificação, adopta os gráos reconhecidos por Fabricio e seus successores, modificando um ponco a classifica- ção d'estes, de harmonia com o desarranjo anatomo-pathologico, do seguinte modo: O primeiro gráo consiste em umainflammaçâo da pelle,que par- ticipa da natureza daerysipela; no segundo, ha manifestação de phly- ctenas substituidas, mais tarde, por uma ferida superficial como a que deixa um vesicatório, e, por ultimo, o terceiro, que é caracterisado pela desorganisação da parte queimada, e sua transformação em es- charas circumscriptas dias depois por um circulo inflammatorio, que revela claramente o esforço da natureza para desligal-as das partes vivas. Esta classificação, posto que não methodica como a de Dupuy- tren, que descreveremos em ultimo lugar, é racional, e faz-se re- commendavel pelos principios, em que basêa-se, e o nome de cirur- gião, que deu-lhe paternidade, ainda garante sua subsistência. Chelius de Heidelberg distribúe as desordens da combustão em 7 quatro gráos. O primeiro: vermelhidão pronunciada, sem tumefac- cão e accompanhada somente de dor ligeira; o segundo: rubefação, e reacção viva; o terceiro proeminência da epiderne formando phlyc- tenas cheias de serosidade citrina e transparente; e o quarto, emíim gangrena ora superficial, ora profunda. Samuel Cooper, despresando a divisão das queimaduras por gráos, classifica-as em tres especies distinctas. Á' primeira corres- ponde ásque determinam inflammação cutanea; á segunda, as que atacam as propriedades vitaes da pelle, desaggregam-na,e occasionam a suppuração dos tecidos subjacentes; e á terceira, finalmente, aquel- las que produzem immediatamente, ou, aliás mais tarde, a desor- ganisação de uma porção mais ou menos extensa da derme, seguin- do-se dahi uma, eschara fungosa de consistência variavel. Marjolin e Olivier enunciando seu juizo sobre a classificação de Dupuytren afiirmam que, não obstante o numero de gráos, não abraçam todos os generos de lesões provindas da acção concentrada do calorico. Entretanto, parece-nos cahirem em contradicção pal- pável, quando reduzem os effeitos da queimadura á duas ordens, ásaber: inflammação e desorganisação immediata. Entre todos, Gerdy é o que mais se oppõe á Dupuytren, coordenando as queimaduras em dous grupos,um,em relação á exten- são, que ellas podem tomar externamente, e outro, deduzido da profundesa. que podem alc ançar. Uma tal classificação é incapaz de preterir e ofluscar o mérito da magistral criação d o respeitável e sempre lembrado cirurgião do Hotel-Dieu. Dupuytrem, sem desprezar a natureza das alterações primiti- vas estuda-as minuciosamente, medindo-lhes a profundidade, á que pode leval-as a penetração do calorico, e sobre esses principios assenta sua classificação, que passamos a reproduzir com os seis gráos, que a constituem. Primeiro, inflammação erythematóza da pelle; segundo, a inflammação seguida de vesículas, ou phlyctenas; terceiro, mortifi- cação superficial da derme; quarto, escharificação da pelle e tecido 8 cellular subcutâneo; quinto, a mortificação dos tecidos compre- hendidos entre a superfície cutanea e a massa muscular inclusiva- mente, e o sexto, emfim, a carbonisação dos membros queimados. Ha nas queimaduras, como em todas as affecções traúmaticas, duas ordens de symptomas, uns locaes, que se ligam á anatomia mórbida da região lesada, e outros geraes, que denunciam a reper- cussão do mal á Ioda economia, provocando desarranjos mais ou me- nos sensiveis. Os primeiros descriminam cada um dos gráos de per- si, e em rasão d'isso encetaremos a symptomatologia por elles. PPIMEIRO GRA.'O. As queimaduras d'este gráo são occasionadas, ou pelo calorico irradiado já dos raios solares, já de outro fóco ardente, ou pela impressão de vapores quentes, ou ainda pela immersão de algum membro em agua, ou qualquer liquido, cuja temperatura não se ele- ve á cem gráos no thermometro de Fahrenheit. São caracterisadas pela rubefaeção da pelle, que, á maneira daerysipela,desapparece em quanto se comprime a parte, por tumefaeção resultante, sem duvi- da, do afiluxo de liquidos para a região, e dor urente pungitiva que accompanha o accidente até a plena resolução. Essas queimaduras curam-se com facilidade, e podem até ceder sem medicação alguma. Em geral os phenomenos morbidos cessam rapidamente esem complicação; algumas vezes porem retardam-se, e terminam-se com a exfoliação da epiderme. Ve-se, com effeito, esta murchar, destacar-se dos outros elementos constituintes da pelle*7 fender-se e cahir finalmente em pequenas escamas etc. SEGUNDO GRA.'o. Este gráo suppõe maior energia e actividade da causa. Provém, por exemplo, da chamma de gazes intlammaveis, da agua em ebulli- 9 ção etc. Os seus symptomas são: dor aguda, viva e mordicante, e erupção de vesículas denominadas phlyctenas, que se mostram ou subitamente ou momentos depois, e variaveis em largura e extensão con ém uma sorosidade mais ou menos clara. Uma vez formadas estas vesículas, o cirurgião póde abri-las, com todo o cuidado; toda- via, muitas vezes, dilacera-se, sem querer, a epiderme. Em ambos os casos as queimaduras não se portam de módo idêntico. No primeiro, abertas as phlyctenas com a conservação da epiderme, o liquido for- mado, e o que se reproduz achão um esgoto franco, escoam-se sem dif- ficuldade, e, quando pelos meios curativos, a secreção delles cessa, a epiderme primitiva calie exfoliando-se, e após sua queda, surge outra de nóva formação, notável em principio por sua coloração ru- bra. Tudo isso realiza-se do terceiro ao sexto dia. No segundo caso, porém, ha gravame do mal. Pelo arrancamento da epiderme a su- perfície do corpo papillar da derme lica desnudada e por tanto exposta ao ar athmospherico; por tal motivo as dores tornam-se penetrantes e agudíssimas, e para combattel-as, a primeira indicação á preencher é evitar o contacto do ar na parte queimada, ou por meio de cober- turas ou isolando-a por meio de agentes therapeuticos, de que trata- remos na secção competente. Além disso a irritação aqui é mais viva, e sendo assim, provoca constantemente a suppuração ora rapida, regular, ora lenta em sua marcha; depois d'este trabalho opera-se então a cicatrização. % TERCEIRO GRâ'O. As substancias gordurosas quentes, a labareda de agentes in- flammaveis, e o contacto immediato, mas pouco demorado, de corpos candentes são sufficientes para causarem as lesões d'este grão. Distingue-se nelleduas formas: uma húmida, na qual apre- sentam-se phlyctenas contendo uma sorosidade turva, sanguinolen- ta ou lactescente, e sobrepostas á placas molles e cinzentas, proveni- entes da transformação do corpo papillar da derme, que se deixam perceber, depois da ruptura das mesmas veziculas; e outra sêcca, 10 que manifesta-se pela sequidão da epiderme, a qual, confundindo- se com o corpo papillar, reduz-se á uma eschara ou antes á escharas brandas, flexíveis, amarelladas, e insensíveis quando tocadas de leve, mas dolorosas se são comprimidas, visto como as partes subja- centes vivas e inflammadas ressentem-se da pressão. Em ambas as formas, a dor não tem o mesmo typo. Quando as escharas são sêccas, a dor é á principio intensa, menos todavia que nos gráos antecedentes (e isto confirma a opinião de Àmbrosio Paré), depois vae declinando pouco á ponco até extinguir-se inteiramente; quando molles, porém, a dor cessa passados alguns momentos, para reapparecer no fim do sexto ou sétimo dia com o trabalho elimina- tório. Este tem por missão despegar as escharas e eliminal-as, e as- sim effectuando-se tem-se substituído a queimadura por uma chaga de extensão variavel, e dotada as vezes de suppuração abundan- tíssima. QUARTO GRA'o. Daqui por diante as queimaduras vão se agravando gradual- mente, e a gravidade d'ellas corresponde á quantidade de calorico que as produzio. Sob a pressão da causa, adôr,que desenvolve-se aos primeiros instantes, é agudíssima e atroz; entretanto, logo que os efleitos de elemento destruidor teem chegado á este gráo, ella desap- parece. E' que a pelle e o tecido cellular subcutâneo, paralysados pela mortificação, teem-se metamorphoseado em uma eschara, que differença-se de outra qualquer pelo seu cunho particular, senão especial, o que abalançamo-nos a sustentar confiados em muitos cirurgiões, entre os quaes acha-se Follin, cujas expressões repetimos vertidas em nossa linguagem: a eschara do quarto grào das queimadu- ras é caracteristica; sêcca, e dura ella resôa à percussão, é deprimida, escura ou amarellada. e completamente insensível é circumscripta por dobras irradiadas dos tegumentos. Seguindo a marcha das alterações accrescentaremos, com Chris- tison, que esta eschara é contornada por uma zóna ou cinta verme- 11 lha de seis á quinze millimetros de largura, á qual se interpõe um espaço maisou menos extenso ed'um branco embacado. O estudo aturado deste cirurgião, e a descripção minuciosa que nos ofierece desta zona, á respeito da qual assaz insiste, levam-nos á crer que é realmente o unico elemento inequívoco, que estabelece a linha de demarcação entre as queimaduras do vivo e do morto. Se observarmos este grão de lesões na pratica, verificaremos que a dor cessando com a acção do calorico renasce no fim do terceiro ou quarto dia, e esta circumstancia é, como pensa Vidalde Cassis, o preludio da inflammação eliminatória, que vem expellir asescharas, e que não se faz esperar muito. Um circulo vermelho forma-se em torno dos pontos amortecidos; em seguida cava-se um sulco entre estes e as partes vivas, depois do que, manifestando-se a suppuração, as escharas destacão-se arrastando comsigo retalhos de tecido cellular mortificado. Em difinitiva teremos uma chaga suppurante, em cuja cicatrisação occorrem algumas singularidades não communs ás lesões da mesma especie,e que são privativas do processo cicatricial nas quei- maduras do quarto gráo, dando-lhes um aspecto particular em suas cicatrizes. Uma camada granulosa capaz de tornar-se bastante espes- sa e revestida opportunamente de epiderme suppre a falta da derme e passa á ser a membrana cicatricial. O tecido que a constitúe mere- ceo de Delpech o epitheto de inodular em consequência de sua or- ganisação. Ássemelha-se muito ao tecido fibroso e aos museulos dos bactracios; e é das propriedades, que lhe são inherentes,que procedem indubitavelmente deformidades, etc, etc. quinto gra'o. A destruição dos museulos, tendões, vasos e nervos resolvendo • se em escharas, ordinariamente sêccas, duras e sonoras, são em ulti- ma analyse os symptomas e o desarranjo anatomo-pathologico d'uma queimadura n'este gráo. São, pois, profundas as desordens e d'ahi sempre graves estas queimaduras, não só pelas complicações, que frequentemente sobrevém, e todas de máo presagio, senão também 12 porque, em virtude da perda de substancia,e particularmente da desor- ganisação da massa muscular,são inevitáveis as deformidades, que se se- guem ácicatrisação,cuja membrana fica adherenteás partes profundas, e em seguida o embaraço nos movimentos para o membro queimado. sexto gra'o. E' o ultimo gráo das queimaduras, de conformidade com a classificação de Dupuytren, e se traduz pelo desarranjo total de um membro, que instantaneamente ás vezes, torrefaz-se, carbonisa-se. Todos os tecidos e camadas são mortificadas d'uma vez, e conver- tem-se em uma massa anegrada edura, que exhala um cheiro-«sui generis,» e em certas occasiões, desagrega-se deprompto e momenta- neamente sem dôr. Tal, com effeito, se vê do exemplo citado por Begin e reproduzido por muitos cirurgiões. E' entre as queimaduras deste gráo, que geralmente classifica-se a combustão espontânea despida de todas as hypotheses absurdas e romanescas. Syiiiptonias geraes. E' facto incontroverso e estreme de duvidas, que após as im- pressões mesmo ligeiras, e affecções bem localisadas, ainda as mais circumscriptas, assomam logo na economia os visos d'uma commo- ção mais ou menos generalisada, ou sente-se de chofre os embates d'um contlicto, em que se empenha a organisação inteira. Em taes circumstancias deve-se presumir: ou que toda ella tem-se avassalado á oppressão despótica do mal, cujas impressões vão retumbar até nos seus mais longinquos recantos, en'este caso a communhão orgâni- ca, quer estabelecida por synergias, quer por laços de sympathia explica a apparição de symptomas geraes, ou que todo o organismo por um pacto mystico entre os seus elementos repelle os golpes do malefício, que o assalta, rebella-se contra elle e tende a rechaçal-o, disputando-lhe terreno palmo á palmo em luta porfiada, na qual a na- 13 tureza, muitas vezes, capitula, e rende-se vencida por insufficiencia d'armas, e sendo assim, os indícios da reacção serão também os sympto- mas geraes da moléstia. Todavia, estamos longe de querer expender um juizo definitivo e assertorio sobre a essencia d'estes. Contenta- mo-nos, pois, em applaudir as duas presumpçòes, que, nascidas de conjecturas bem fundadas, são applicaveis as queimaduras. Com effeito, quando a acção do fogo ou da causa comburente qualquer que seja, é vehemente e forte nota-se um conjuncto de phe~ nomenos, que, em razão da epocha de apparição, e de sua natureza, póde-se dividir em phases differentes. Em numero de quatro, como pensava Dupuytren, isto é, períodos, de irritação, de inilammaçào, de suppuração, e de perecimento, Follin e outros reduzem-nas á trez á saber: estado congestivo, reacção inílammatoria e período de sup- puração, o qual por sem duvida abrange o ultimo de Dupuytren. Se- ja como fôr, á estes períodos se acham adstrictas as mudanças, que se desdobram no itinerário d'uma queimadura extensa, quer dependam simplesmente delia, quer dos accidentes, que complicam-na. Passe- mos á aprecial-as. Primeiro período.-Este, de existência quasi epliemera,éassigna- lado em primeiro lugar peladôr que parece d'alguma sorte presidir a evolução dos mais symptomas geraes; assim, se ella fôr fraca, o doente pouco ou nada accusará; se ao contrario fôr aguda e penetrair te, todos os apparelhos e funcções mais ou menos ressentem-se do estado morbido local; tudo isso, porém, cede á medida que a dor vai declinando. Quando a queimadura é bem localisada, a dôr é seguida apenas de ligeiro movimento febril; quando, porém é extensa e larga ainda mesmo superficial, a dôr pungente e violenta prende-se á outros symptomas da reacção mais energica. Observa-se um apparelho febril intenso, a lingua é secca, e a sêde ardente com sentimento de calor interno, devido provavelmente á irritação gastro-intestinal. Sobrevém também prostração, delirio, inquietação, e não raramente symptomas de perburbação profunda da innervação como por exemplo: movi- mentos espasmódicos, contractura, convulsões etc. 14 Em certos casos, e em geral nas queimaduras, que, além deex- tensas, são profundas, em vez de excitação,manifesta-se a prostração, e tão exagerada, que simula verdadeira adynamia. Osindividuos ca- hem em abatimento e após elle desenham-se na phisionomia os tra- ços de estupor; o pulso é pequeno e accelerado, vem a pallidez; o corpo, a cada momento, orvalha-se de suor frio e copioso, a respira- ção torna-se lenta e difficultosa, e, por isso aanciedade é atroz; fi- nalmente a própria intelligencia perverte-se em seus actos. Cumpre notar antes de ir além, que, independente dos gráosdas lesões, cir- cumstancias outras, principalmente as causas individuaes, pódemdar a razão de sêrde todo esse desarranjo. Algumas vezes, ainda occorrem n'este periodo, vicissitudes bem singulares; uma excitação momentânea saltêa de repente ao estado de prostração como para alternar com a estupefacção. E' assim que da lethargia, em que acha-se engolfado o infeliz, elle desperta por ins- tantes soltando gritos terríveis, e gemidos angustiados. Este periodo não é isento de complicação. Segundo periodo.-Escapos á primeira crise os enfermos estão ameaçados de outros tormentos. Iguaes ou talvez maiores perigos se tornam emminentes na reacção inflammatoria, sob a pressão de novo periodo. Um estado phlegmasico, que por si só, ou por accidentes, que por ventura se lhe associem, póde comprometter a vida do padecente, invadindo-lhe a organisação. E' a inflammação eliminatória sobre tudo caracterisada por movimento febril variavel. Em muitos casos, porém, tudo faz suppôr que a generalidade dos apparelhos orgânicos loina parte na reacção, pois que quasi todos desviam-se de suas con- dições normaes. As dores recrudescem com violência, e com ellas coincidem alterações da innervacão; ha delirio, insomnia, convulsões, e, em certas occasiões, mesmo tétanos. A' esses phenomenos pódem unir-se aquelles que nascem da semelhança de estructura, e dos laços sympathicos, que vinculam a pelle aos orgãos internos, como sejam soluço, nauseas, vomitos, diarrhéa, e mais symptomas, que, para Samuel Cooper, são sempre precursores de morte, taes como an- 15 ciedade penósa, dyspnéa e oppressão extremas etc. Se, não obs- tante, o termo d'este período é favoravel em sua duração fixada approximativamente em duas semanas, dá-se a separação e quéda das escharas. Terceiro período.-E' esta a phase da suppuração. Como per- feitas chagas em que transformam-se, as queimaduras estão su- jeitas ou predispostas aos mesmos riscos, eventualidades e acci- dentes. E' possível, por tanto, conforme as condições, sobrevir nova gangrena aliás uma erysipela, ou o tétanos, e até a infecção purulenta. Se a suppuração opera-se em grande escala, succede de súbito o complemento da depressão determinada por este período, com todo o cortejo de symptomas e accidentes sob cujo influxo o organismo exhaure-se. As forças vão se esgotando até o marasmo, e d'ahi ao aní" quilamento, e á extincção da vida curta distancia medeia. O doente succumbe, ora victima dos padecimentos intercurrentes, ora por que os tecidos amortecidos, ficam impotentes para a confecção da ci- catriz. Não se diga, porém, que em tal estado, o termo infallivel é a morte, por quanto ainda é possível que uma reacção suprema da natureza alcance um triumpho, symbolisado por uma cura miraculosa. Anatomia patliologica. O estudo anatomo-pathologico das queimaduras dispensável quanto ás lesões locaesjácommemoradas na symptomatologia, éde uma vantagem inconcussa em relação ás desordens visceraes, que soem acompanhal-as ou já por contiguidade ou já em distancia por obe- diência ás leis de affinidade organica. De necessidade palpitante e utilidade real para elucidação de duvidas, e solução de embaraços in- sanos que nos hostilisam na pratica, este ponto desciencia, se bem que não tenha occupado todas as attenções, está um tanto esclarecido hoje, graças aos valiosos trabalhos de Long, Erichsen, Curling e Wilks 16 confeccionados após observações recolhidas de numerosas autopsias. Em resumo exhibiremos o que ha de mais importante, analysando uma queimadura em suas phases. No primeiro periodo, a morte surprehendendo o individuo, an- tes que se ostentem os phenomenos inflammatorios, é a consequência inevitável do choque, que soífre toda a economia por uma commo- ção geral, da qual, emmuitasoccasiões, não remanecem vestígios. Du- puytren ligava o incidente fatal n'estas emergencias ao excesso de dôr; entretanto, se se reflecte que esta não é cons*antemente into- lerável e a despeito d'isso, a pessoa succumbe, deve-se convir que em algumas circumstancias, um outro motivo justificará a morte. Cremos que se deva terem linha de conta as congestões internas naturalmente promovidas pela estagnação repentina do sangue nos vasos superficiaes do corpo e que tem-se encontrado em varias ne- cropsias. Entre outras, apontamos a congestão vascular docerebro, e a da protuberância, igualmente a dos orgãos thoracicos, e menos frequentemente a das vísceras abdominaes. De concomitância com essas congestões tem se achado por vezes o derramamento nos ven- trículos cerebraes, na arachnoide etc. Se a morte vem no segundo periodo, o desarranjo é mais fran- co e saliente, sendo mais, que em todos visivel e pronunciado no ap- parelho gastro-intestinal. Ordinariamente depara-se com largas con- gestões do cerebro, derramamento nos ventrículos, congestão phleg- monósa dos pulmões, e de preferencia vastas desordens nos intestinos, onde a mucosa mostra-se entumecida, túrgida, e, em summa, com todos os signaes de inflammação. Conforme as experiencias, é admis- sível que o duodeno seja o ponto mais lesado nos intestinos. De- balde, porém, se pretenderá sustentar que a ulceração de suas tú- nicas, é a causa das perturbações peculiares á este periodo, como fal- samente se tem suspeitado. Finalmente, quando o doente perece no ultimo periodo, desco- bre-se entre as lesões cadavéricas, como essenciaes, as intlammações víscera es. 17 Diagnostico. 0 diagnostico da queimadura tem por fim não só reconhecer sua existência, senão também marcar precisamente o gráo das alterações lavradas pela causa, que as produziu. Desde que se conhece a origem do accidente que se examina, póde-se immediatamente estabelecer o diagnostico, ou pelo menos affirmar-se, aliás negar-se logo a existência de queimadura. Basta, pois, o reconhecimento da etiologia para inferir-se o juizo da diagnose; e não assim, quando esta condição não é satisfeita. Lesões outras, tanto traumaticas, como as resultantes de uma perturbação espontânea nas funcções vitaes; por ex.: o erythema, e a erysipela po- dem simular as da queimadura, e diante d'ellas, se ignorarmos a natu- reza da causa, ou se intencionalmente não nos for revelada, nem a pers- picácia, nem a pericia preservam-nos já d'um engano, jád'um erro. Reconhecida a lesão, uma outra questão d * mais alcance venti- la-se: é a determinação do gráo da queimadura, problema de solu- ção difílcil mesmo para os trez primeiros gráos. E' a segunda parte da operação, em que maiores difficuldades enredam-nos, e em que quasi sempre a duvida e a incerteza, que se apoderam do espiri- to, só com a reflexão, calma, e depois decerto lapso de tempo, éque dissipam-se. E' assim que uma queimadura sendo produzida, eas phlyctenas retardando-se em sua erupção, a ausência d'ellas póde in- duzir-nos á suppor o primeiro gráo de combustão. E' do mesmo mo- do, que nas queimaduras pela polvora, sem o exame prévio das partes, que nos parecem amortecidas, o aspecto ennegrecido, que tomam os tecidos lesados póde comprometier-nos no diagnostico. Não é raro, também, confundir-se o segundo com o terceiro gráo pela coexistência de phlyctenas; todavia quando se tem em mente a diflerença do conteúdo d'ellas, que já assignalamos no logar compe- tente, é facil evitar-se o engano. Outro tanto não acontece do terceiro gráo por diante. 18 A proporção que as lesões vão-se aprofundando e furtando-se ás nossas vistas, é absolutamente impossível, nos primeiros dias, preci- sar-lhes o grão, maxime o quarto e quinto; e por mais judiciosas, que sejam as presumpções derivadas da composição chimica do corpo comburente, do seu estado physico, do tempo de applicaçâo, da es- tructura da parte queimada e outras condições de algum valor, o diagnostico será sempre hypothetico. Convém por conseguinte esperar a quéda das escharas para definir-se com exactidão qualquer d'esses gráos indicados. Prognostico. Antes de apreciarmos com individuação o prognostico dos diífe- rentes gráos da queimadura, consagremos um facto que diz-lhe res- peito sobre o qual a maioria dos práticos está de accôrdo, princi- palmente os que in tutum são partidários das doutrinas de Dupuytren e é: que nas queimaduras, não só as pêrdas de substancia, como as pêrdas nervosas pódem ameaçar um exito funesto, e acarretar a mor- te, o que importa dizer, que esta não deve ser sempre attribuida á um desarranjo local profundo e extenso. Longe de ser dogmatica esta asserção, é evidente em alguns exemplos, e tanto quanto incontesta- velmente as circumstancias ou condicções individuaes, que em ou- tras moléstias figurariam como causas predisponentes, entram nas queimaduras por seu turno não com esse mister, mais influindo de um modo decidido sobre suas terminações. As queimaduras dos dous primeiras gráos são em geral de pro- gnostico favoravel; comtudo quando occupam uma superfície exten- sa e teem sua séde em certas regiões muito susceptiveis á dôr pela delicadeza de estructura, ou quando, não extensas, aífectam pessoas dotadas de excessiva irritabilidade nervosa, o prognostico será sum- mamente duvidoso, e, oscillando entre os extremos, não admitte meio termo. No fim de vinte quatro horas, ou o indivíduo terá succumbi- 19 do, ou a natureza triumphará zombando do perigo. Passada a tor- menta, a resolução do mal consummar-se-ha, sem grande demora não deixando vestigios, e, sedeixál-os, não perduram. O terceiro gráo das queimaduras, se é livre de complicações, não se faz temer por sua terminação, como os dons primeiros, de que já tratamos. Tudo, porém, muda de figura nos outros gráos da escala progres- siva. O resultado á prever infunde receios, que multiplicam-se ou diminúem, com a maior ou menor pêrda de substancia, com o ca- rácter dos symptomas geraes, com a reacção inílammaíoria e a supu- ração, com os accidentes visceraes, e conforme também os obstáculos, que se oppõem á cicatrização, e as causas individuaes, que exercem uma tal ou qual influencia sobre o movimento critico do mal po- dendo óra attenuar ora sobre-carregar a gravidade das lesões; e deste numero são a idade, sexo, temperamento, constituição etc. etc. Como quer que seja, o perigo é sempre imminente em qualquer dos periodos, e o termo do accidente sempre funesto, senão pela morte que o decide, ao menos pelas deformidadessuccedaneas á cicatrização. Tratamento. Parmi 1'éffrayante multitude des maux, qui affigent 1'humanité il en est peu aux quels la chirurgie n'of- fre des secours. (Lombard.) Desde as éras mais remotas tem-se imaginado meios de debel- lar-se, ou pelo menos mitigar-se os effeitos cruciantes das quei- maduras. E' por isso que a therapeutica cirúrgica está inçada, e re- gurgita de medicações, que a occasiãoe a necessidade têm deparado para sanar este soffrimento acerboe afflictivo, coévocom os primeiros gemidos da humanidade. Não nos perderemos, porém, n'este cáhos 20 therapeutico, onde, ao lado das indicações racionaes, tumultuam as estólidas invenções do charlatanismo e ignorância, nem tão pouco pugnaremos por algumas medicações, aquilatando-as pelo mérito de quem as concebeu, e dos vultos scientificos, que as propalaram, por que, felizmente, as luzes da razão traçam as raias das prescripções de hoje. Rememoraremos, todavia, os preceitos médicos e cirúrgicos sug- geridos no correr do tempo, e que teem parecido judiciosos, dando o nosso beneplácito á âquelles, que, auctorisados pelo bom senso, teem sido mais sanccionados pela experiencia quotidiana. Eil-os: Emissões sanguíneas.-As sangrias geraes pódem ser uteisem sujeitos moços, vigorosos e de boa compleição, quando a reacçãoten- de a effectuar-se com muita franqueza, porquanto modéram e retar- dam o movimento congestionai, que concita o affluxo de sangue aos orgãos centraes. Geralmente são pouco empregadas; e, á despeito de I homson assegurar que se a fébre é intensa, offerecem resultados li- songeiros, somente se póde ordenal-as sem receio para indivíduos nas condições já figuradas, e quando os phenomenos secundários especialmente, as inílammações visceraes reclamarem-nas. Nas sangrias locaes ainda maior deve ser a reserva. Annuncia- das por Bozot, e utilisadas na pratica por Cloquet, estas emissões apro- veitáveis, porventura, para prevenir e extinguir uma inflammação vi- va, são irrevocavelmente contraindicadas, quando o gráo da quei- madura destina o organismo á uma perda infallivel. Refrigerantes.-E' um dos methodos mais antigos e mais acei- tos no tratamento como a rigorosa applicação do principio contraria contrariis curantur, e que, apesar d'isto, impugnamos para as quei- maduras vastas. E'o emprego do frio de muito promulgado com as felizes observações de Rhasés, e aconselhado por Avicenne. A agua fria é o refrigerante por excellencia, e póde-seapplical-apor irrigações con- tinuas postas em pratica desde Josse d'Amiens. por fomentações recommendadas por B. Bell, Earle Thomson etc., e finalmente em banhos muito preconisados por Magnin de Grammont, aos quaes Jobert e Sabatier mandam ajuntar outros líquidos taes, por exem- 21 pio: a essencia de therebentina, o álcool, o ether, o ammoniaco etc.; e Guerard, particularmente a agua vegeto-mineral,não só como refrigerante, mas ainda como adstringente. Esta mistura é impugnada com rasão por Duchenne, todas as vezes que apelle é largamente desnudada; cremo.; também por nos- sa parte que o seo abuso é prejudicial, e póde vir á ser fatal. Adstringentes.-O uso dos adstringentes descende também dese- cuJos transados. Celso e Paulo d'Egina proclamaram-no por meio de varias substancias diluidas em vinagre, e antes de David Cleighorn ler apregoado os bons proveitos da applicação do vinagre simples- mente,ja Theodorico cirurgião da idade media tinha se lembrado de ministral-o. E' uma medicação, de cuja eflicacia duvidamos, como das mais substancias adstringentes bem vistas entre o povo e que se* tem indicado na pratica, como sejam a tinta de escrever,a decocção de casca de ratanhia e de outras plantas, a solução de aloés, de sul- fato de cóbreetc. Entretanto não contestamos as vantagens obtidas com o acetato de chumbo e suas preparações. Emollientes.-Esta medicação opportunamente prescripta, póde ser profícua, ou já em forma de linimentos por meio dos oleos, como o azeite doce, o oleo de amêndoas doces, de linhaça etc, ou em banhos por decocção de plantas emollientes ou final mente em fórma de cataplasmas, muito convenientes para a separação das escharas. Calorico.-O tratamento das queimaduras pelo calor nasceo por ventura da antiquidade; attribue-se á Aristoteles. Para Fernel é o melhor antidoto da combustão, e Ambrozio Paré assevera que o fogo modifica a temperatura das partes queimadas acalmando consi- deravelmente as dores. Wiseman sustenta estas doutrinas, ampliando- as; mas suas asserções cahiram por terra com as refutaçães de seus dignos opposicionistas Heister e Van-Swieten. Em nossos dias uma tal prescripção so será acolhida por aquelles, que não souberem des- viarse do argumento capcioso dos homeopathas e charlatães, extor- quido do principio similia similibus curantur. Tem-se aconselhado ainda outros procéssos curativos, que pas- 22 sainos á registrar pelos nomes dos práticos, que os prodigalisaram aos serviços cirúrgicos. Larrey preconisava a pomada de açafrão e unguento de estora- que, como a melhor therapeutica. Velpeau e Bretonneau experimentaram por vezes a compressão exercida á cima dos pontos queimados e foram bem succedidos. E' uma operação fácil, mas nem sempre exequível, e cuja utilidade negamos para os últimos grãos da queimadura. Lisfranc, em seu methodo de tratamento, prescrevia á titulo de ai iti phlogisticas, sedativas e cicatrizantes, as fomentações chloruradas. Velpeau ainda, por imitação á formula seguida por Baynton 110 curativo de ulceras nas extremidades., vulgarisou-como capaz de promover a cicatrização, o emprego das tiras agglutinativas de dyachilão gommado. Sem querermos continuar na enumeração dos meios que se tem apregoado, lembraremos como mais inportantes: a antiga me- dicação grega por meio do algodão cardado, cuja gloria de renovação coube á Anderson de Glascow, e o linimento oleo calcareo. Dito isto, vamos por uma sã apreciação dos diversos grãos da queimadura, e dos phenomenos geraes, seus satellites, dietar as regras, ã que se deve obedecer, as medidas ã tomar, e as ins- truccões ã seguir, durante o tratamento. Encarada a queimadura pelos periodos, as indicações de Du- puytrem são reductiveis ã três. No primeiro convém mais que tudo combatter a dor; no segundo velar pela intlammação, e no terceiro prevenir e sustar o estado adynamico. Logo depois do accidente con- vém que com todo o cuidado dispa-se o doente para não despedaçar- se a epiderme e desnudar-se a derme ou forçósamente arrancar-se as escharas dos grãos adiantados, incidentes que exacerbariam as dores, fornadas estas precauções começa-se ã medical-o. No primeiro grão são preferíveis os refrigerantes, e no caso de conlraindicação os emollientes, como o oleo de ameiidoas-doces, o azeite doce, glycerina ete. No segundo, depois de abertas as phlyctenas deve-se dar prefe- 23 rencia ao algodão cardado, aos oleosos e sobre tudo ao linimento oleo-calcareo. No terceiro as indicações a preencher são as mesmas. Quanto as complicações,serão debelladas segundo a natureza de cadauma. Sendo congestivas, os espolia ti vos são profícuos; sendo acom- panhadas de prostração oppor-se-ha os estimulantes; se porém forem revestidas de espasmos,ordena r-se-ha os antipasmodicos,guardando-se toda reserva para com o opio. O segundo periodo, quando a inflammação é viva, e a reacção febril tranca, reclama um tratamento antiphlogistico geral e local. No terceiro tratamento deve «ser ajudado da hygiene, e esta combinada com a medicação tónica, estimulante, e alimentação restaurante, do regimen analeptico. Para as queimaduras do quarto, e quinto gráos o tratamento em principio pode ser idêntico ao dos gráos, que lhes precedem, mas, uma vez chegados ao segundo periodo, a posição do cirurgião é mais melindróza. Em quanto persistir a reacção inflammataoria, é de sua incumbência moderal-a, e juntamente auxiliar a queda dosescharas. Para tal fim são proveitosas as cataplasmas emollientes e narcó- ticas ou em contraposição, como pretendem muitos, as loções exci- tantes. Desaggregado o involucro amortecido, observa-se-ha com toda vigilância a chaga supurante que se descobre, e que será medicada do mesmo modo que as suascongeneres. Cuidar-se-ha principalmente de evitar as deformidades e as irregularidades, verbigratia: adheren- (ias, occlusões de cavidades naturaes, retraeções, ankyloses etc etc. Enfim no sexto e ultimo gráo, bem reconhecidas as lesões, o tra- tamento essencial, é o cirúrgico. Portanto, se o estado geral do individuo permitte e favorece, põde-se logo praticar a operação, satisfazendo-se a praxe, e as forma * Iidades requisitadas pela medecina operatória. SECCAO MEDICA. ERYSIPELA CONSIDERADA EM GERAL. PROPOSIÇÕES. O I. A erysipela é uma affecção, que se denuncia pela vermelhidão mais ou menos extensa dos tegumentos, ligeira tumefaceão, calor acre e mordicante, dor ora surda, ora tensivae pruriginosa, febre etc. II. Caprichosa como muitas moléstias, a erysipela manifesta-se es- porádica ou epidemicamente, e em algumas localidades reina até como verdadeira endemia. III. De todas as hypotheses aventuradas sobre sua causa próxima parece-nos mais plausivel a de uma intoxicação por inoculação, ou introducção na economia de um agente mephytico incognto, de que a natureza procura desembaraçar-se. IV. O exame minucioso da marcha da erysipela repelle a classifica- ção, que a colloca entre as febres eruptivas. V. A febre prodromica que faz assemelhal-a à essas aflécçòes, é um falso laço de parentesco, porquanto na erysipela o estado febril pre- cursor, é ligado senão á uma lymphagite ao menos à uma adenite que dá-lhe paternidade. 26 VI. Consideral-a por tal motivo como uma lymphite, e definir assim sua essencia, é também um erro. VII. Seja qual for a classe, que lhe compita, o que é certo é que ella apresenta-se não só em consequência de causas determinantes e trau- maticas, como também espontaneamente, e n'este caso occupa fre- quentemente o rosto, a cabeça, e o escroto. VIII. Encarada superficial mente póde-se pois dividir a erysipela em medica e cirúrgica. IX. Para uma e outra é notável a influencia de causas predisponen- tes, quer inherentes à organisação, quer situadas fóra d'ella. X. O temperamento bilioso, os hábitos sedentários, os excitantes de qualquer genero, a herança, os climas quentes e húmidos e os lu- gares mal ventilados coadjuvam poderosamente a apparição d'esta moléstia. XI. Os factos tem provado que para as erysipelas mesmo trauma- ticas ha uma constituição medica particular e talvez especial. Se assim é, o traumatismo nunca deverá ser tomado como causa primor- dial da erysipela. XII. A idéa do contagio d'esta aífecção, é uma supposição insustentá- vel, nascida por ventura de occurrencias mal interpretadas. 27 XIII. Em muitos indivíduos a erysipela constitue uma diathese bem caracterisada. XIV. Os symptomas que dão expressão a esse estado morbido sào de duas ordens: locaes e geraes. XV. A pelle da região affectada de erysipela torna-se lusidia, espes- sada, tumefeita e enrubecida por uma coloração, que diminue ou mesmo cede momentaneamente sob a pressão. XVI. Entre os phenomenos geraes nota-se, quasi sempre, o sentimen- to de máo estar, prostração, frios, cephalalgia, febre, anorexia, nau- seas, boca amarga, e constipação de ventre. Nas erysipelas intensas não é raro além d'estes sobrevirem vomitos, diarrhéa, sede ardente delirio e outros symptomas graves. XVII. O engurgitamento indolente, ou doloroso dos ganglios lymphati- cos com os mais indícios duma lymphagite, ou simplesmente adenite são phenomenos precursores. XVIII. Pela differença dos symptomas locaes e geraes, e segundo os mo- dos de terminação tem-se admittido numerosas variedades de erysi- pelas marcadas por diversos epithetos. Desfarte diz-se erysipela, e cze- matosa, phlyctenoide, pustulosa, phlegmonosa, edematosa, fixa, am- bulante, biliosa, metastatica etc. 28 XIX. Na pluralidade dos casos a erysipela decide-se pela resolução, é é esse o termo mais favoravel; entretanto póde terminar-se também pela suppuração, gangrena e ulceração. XX. O prognostico da erysipela é variavel com a natureza dos cara- cteres de que ella se reveste. XXL A medicina expectante é muitas vezes necessária e a mais ra- cional na erysipela, visto que os medicamentos longe de sanal-a vão interromper-lhe a marcha, e abortal-a. A expectação, porém, não importa o abandono do doente á discrição do male aos esforços so- mente da natureza. XXII. Em certas circumstancias, os vomitivos e purgativos produzem um effeito prodigioso na erysipela, o que tem dado lugar a muitos consideral-a como a manifestação d'um estado saburral. XXIII. E' judiciosa a opinião d'aquelles que aconselham purgar os doentes no fim do tratamento da erysipela, principalmente quando é extensa, afim de evitar esses abcessos subcutâneos, que não raramente succedem-lhe. XXIV. O resultado de algumas experiencias vantajosas impelle-nos a proclamar aefficacia da medicação do Dr. Mathey contra a erysipela. Esta medicação tem por baze o perchlorureto de ferro. SECÇÃO CIRÚRGICA. I1EMORRHAGIA PUERPERAL E SEI TRATAMENTO. PROPOSIÇÕES. o I. Chama-se hemorrhagia puerperal todo accidente hemorrhagico que pôde sobrevir na mulher não só durante a gravidez, como tam- bém no trabalho do parto, e ainda consecutivamente à este. II. Esta extravasação de sangue póde operar-se em qualquer orgào; to- davia o seu ponto de predilecção é o utero, e por tal sède merecerá o nome de metrorrhagia puerperal. III. As modificações que a prenhez exerce sobre toda economia, e mormente sobre o utero constituem uma predisposição decidida para as perdas sanguíneas, maxime as uterinas. IV. O estado plethorico, a menstruação abundante, o temperamento lymphatico accompanhado de excessiva irritabilidade nervosa, a exci- tação muito viva e prolongada, a fadiga, a respiração de ar impuro, os irritantes locaes, o abuso dos purgativos drásticos e outras muitas 30 circumstancias são consideradas também como causas predis ponentes. V. Entre as causas determinantes algumas ha, que actuam como occasionaes. VI. A inserção da placenta no segmento inferior do utero, ou no collo, as rupturas do cordão ou de algum de seus vasos, e a retracção do utero, quando este está bem dilatado, são causas determinantes es- peciaes. VII. Os phenomenos geraes mais constantes na hemorrhagia puerpe- ral são: a pallidez da pelle, o resfriamento das extremidades, a fra- queza e acceleração do pulso e a respiração frequente. VIII. As dores na triplice região lombo-inguino-sacra e o escorri- mento de sangue pela vagina, são entre todas as manifestações locaes as que juntas aos symptomas geraes pódem induzir-nos a um diag- nostico muito provável da metrorrbagia puerperal. IX. O tratamento d'esteaccidente deveser preservativo e curativo, e este será simplesmente local ou combinado com os meios geraes. 31 X. A prophilaxia da hemorrhagia puerperal faz parte integrante da hygiene da gravidez. XI. O repouso do corpo, a calma do espirito, a posição horisontal e a ingestão de bebidas temperantes, são sufficientes para sustar a hemorrhagia, quando a perda é pouco abundante. XII. Das predisposições individuaes reveladas ou não pela sympto- matologia derivam indicações especiaes para combater-se a metror- rhagia puerperal. XIII. Nos casos graves o tratamento mais seguro é o mais positivo. Con- siste no emprego dos topicos frios, e do laudanoem clysteres, da com- pressão do abdómen, da cravagem do centeio, da applicação da rolha e da ruptura das membranas, etc. SECCÃO ACCESSORIA. THEORIà DA RESPIRAÇÃO VEGETAL. PROPOSIÇÕES. I. A funcção da respiração é tão necessária aos vegetaes como aos anirnaes. II. Ha muita analogia entre a hematose animale as modificações, que experimenta a seiva em contacto com o ar para transformar-se em fluido nutriente. III. São também de tres categorias os phenomenos da respiração ve- getal, isto é, physicos, chimicos, e organo-vitaes. que referem-se es- pecialmente a nutrição. IV. Na respiração das plantas é necessária e indispensável a presen- ça da luz, e esta necessidade foi cabalmente demonstrada por Ingen- Houz. V. Todas as partes verdes da planta são aptas para o exercicio da respiração; as folhas, porém, são consideradas como os orgãosessenciaes d'esta funcção. VI. Expostos directamente a luz solar os vegetaes inspiram acido 34 carbonico e expiram oxigeneo. Este é resultante da decomposição d'aquelle. VIL O phenomeno passa-se de modo inverso á noite e ao influxo da luz diflusa. Assim é que em taes condições absorvem o oxigeneo e formam acido carbonico. VIII. A chlorophylla, principio immediato, que encerra oxigeneo, hy- drogeneo, azoto, carbono e ferro, edá a coloração verde as plantas é o agente essencial da decomposição do acido carbonico. IX. As partes das plantas não dotadas d'essa coloração taes como: as flores, e mesmo alguns vegeíaes entre os quaes contam-se os cogu- melos e certas parasitas em qualquer condição, que estejam, aspiram sempre o oxigeneo e desprendem acido carbonico. X. Segundo vários botânicos as trachéas não servem para a respi- rarão vegetal. Quanto á nós, a questão é ainda duvidosa. XI. A elevação de temperatura activa a respiração vegetal sem mo- dificar a quantidade relativa dos gazes. XII. A quaniidade de acido carbonico exhaladoé sempre menor que a de exigeneo absorvido, mas em compensação, as plantas desprendem constantemente uma pequena quantidade de azoto. XIII. Tem-se provado que as leguminosas e as solaneas absorvem um pouco de ammoniaco e de saes ammoniacaes. HIPPOCRATIS APHORISMI. I. Erysipelas foris quidem intró verti, non bonum: intús veró foras bouum. (Sect. 6.a Aph. 25.) II. Ab erysipelate putredo, aut suppuratio, malum. (Sect. 7? Aph. 30.) III. Ab ossis denudatione erysipelas, malum. (Sect. 7.a Aph. 19). IV. M ul ierem in utero gerentem a b acuto aliquo morbo corri pi, lethale. (Sect. 5.a Aph. 30.) V. Apleuritide peripneumonia, malum. (Sect. 7.aAph. 11.) IV. Si tluxui mulieri convulsio et animi deliquium superveniat, malum. (Sect. 5.a Aph. 56.) BAHIA-TYPOGRAPHIA-CONSERVADORA-LADEIRA DO XISMENDES N. 28. $\«jmdÃÀAa a (sxwjyyÚHáci efôxAún r. d'amtAaAx A« cMxAk- rnw 2.4 At SdmiXiXa A« ÂS68. <£§h. (sMYvànoVa Smta. êbfoà OjOh 8UáAu1oJ). $q)oXúa 2.0 Aa SdmdihA ÀSC?b. (q. Aa ê. (MaAUjY\b. $a)iolúa « At 2$ Ax A« AS68. tfeokUKÀja.