M z íT^V.*^* / \/\f\s\s \/ v v v v v -jv" ,/A/ s%*/^>s\r*s\s \/ o 8 < > DE Mim SHlfe^DlíLraD o o o o 8 c > o -n ui e ARMvfí MEDITA JAN ?. 8 IÍ5 "l ®Cí?0 s^. 1^ THESE APRESENTADA PARA SER SUSTENTADA El H'D13Jffl'jB2:D IDS IUI PERANTE A FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA POR ^féanaef tfmães <£%áfoa tf£a NATURAL D'ESTA PROVÍNCIA, INTERNO DO HOSPITAL DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA £ jifóo fegitimo ^ 2)t. JUtotiio &iuõe9 Cornei Da (JiU e2). 3gtie* JbuguAta De Jtbm«eA 2>aftto $&«> PARA OBTER O GRÁO DE DOUTOR EM MEDICINA La medecine remonte à Dieu par Ia sympàthíé qu'éveille en nous 1'aspect de Ia soulTrance,- maiá cuinme science de si haute origine, elle ne doit complélcment son oeuvre qu'á Ia condition dé deraander à Ia chaTité «on amour et son de- vouement. ( MiX. SlMONi DES DEV01RS ET DES DR0IT9 DES MÉDECINS.) TYPOGRAPIIIA POGGETTI DE TOIRINHO á C> Rua do Corpo Santo n.° 47 1^64 FACULDADE DE MEDICINA. DA BAHIA. DIRECTOR O Ejc.™ Snr. Conselheiro I9r. João Uaptista tio» Anjo». 0 Ex.rao Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães. 1 • ANNO. MATETIIAS QtE LICIONAM os sns. DouToiu-s ^ physica em geral, e particularmente em suas Cons. Vicente Ferreira de Magalhães . .] applicaçoos a Medicina. Francisco Rodrigues da Silva. . . . . Chimica e M«n«JlosJi. Adriano Alves de Lima Gordilho . . . Anatomia aestnpuva. !>.• ANNO. Antônio de Cerqueira Pinto.....íhySo^"^* ÍSSAi^SSino:: : : Í^XfSS^******* 3.* ANNO. Elias José Pcdroza,........ííffiíSíflSSl! palh°l°SlCa- José de Góes Siqueira.....• • physiologia. &.' ANNO. Cons. Manoel Ladislào Aranha Dantas. . ™™W* «Ç™a- Alexandre José de Queiroz .... • P?}^^ Mathias Moreira Sampaio......\ rCccmnascidos. 5.° ANNO. AiPTflnrtre José de Oueiroz. . . : . • Continuação de Pathologia interna. ÍSSSÊliSWÃS*.»»» • ■ SSSjiSTSStfSSSSrSSS*. operalor,»,. José Antônio de Freitas.......\ apparelhos 6/ ANNO. Antônio José Ozorio ........Pharmacia. tSSSiSSSXSL:::: ^S-«-«- iiaiSM{KS.r«u: : : : : : gKSSBKffWtfiüí Rozcndo Apvigio Pereira Guimarães. A SWiftíffiftÍAÍujo::::: : sccçãoAccessona. José Ignacio de Barros Pimcntel • • • ] Virgílio Cltmaco Damazio.....J José AfTonso Paralzo de Moura. . . .\ Augusto Gonçalves Martins.....L,,^ r,mr<.in Domingos Carlos da Silva. .... -jSecçao Cirúrgica. Antônio Alvares da Silva......\ DemetrioCyriacoTourmho.....( seccão Medica. Luiz Alvares dos Santos ....••) secçao meaicd. João Pedro da Cunha Valle.....\ jeronimo Sodré Pereira.......' OExm. Sr. lír.Cinciniiato Pinto da Silva. O Sr. Dr. Thomaz d»Aquino €íaspar. _____ " A Faculdade nãoapprova, nem reprova as opiniões emiltidas nas theses que lhe são apresentadas. ^MW1^*****^*^^"W""%^^ A NIMIA m (Je). üauex, cJvXtaudta De GJlvDeiiexec) (Jvculto Gnloa. Ficastcs só, e na flor da idade!! Os vossos mais bcllos dias emmurcheceram-se com o peso dos trabalhos. Descançai agora; coroai-mc com vossa benção; e eu serei feliz, c será para mim a coroa mais estimada. A MIS BONS IRMÃOS A EX."'* SENHORA D. Francisca Joanna de Menezes Daltro Silva. 0 SEMIOR Joaquim Simões Daltro Silva. Temos sido muito unidos c seremos sempre. L MX1TEAS TIAS AS EXCELLENTISSIitAS SENHORAS D. Marianna Daltro Castro. D. Silveria Maria da Silva. Consideração e respeito. á mm ™> (D siaa vnmsnra (kdi&e iítagalljãcs. Gratidão e respeito. Á ILUISTRADA CONGREGAÇÃO Homenagem ao mérito. Um adeus do collega MUMOEIA DE MEU SEMPRE CHORADO E LEMBRADO PAE O OR. ANTÔNIO SIMÕES GOMES DA SILVA. A SENTIDA MORTE DE MINHA AVÓ E MADRINHA MB. M7ranci»ea *Moanna Gualberto «te Menezes Oullvo. AOS MAXES DE MEUS ATOS i MEMÓRIA DS MEU TIO O Patlre Severo Cuim Atina. SECÇAO MEDICA. 1 PRIJtlEIRA PARTE. NTES de tratarmos do ponto dado pela Faculdade, convém dizermos algumas palavras sobre a defini- ção, historia e symptomatologia do diabetes. IDEFdíMvpft®. O diabetes assucarado é uma moléstia apyretica, caracterisada por uma excreção muito considerável de ourinas, contendo uma substan- cia sacharina cristalisavel, análoga ao assucar de fecula, acompanhada de appctite voraz, sede insaciável e emmagrecimento progressivo. Noticiar os factos mais importantes da historia do diabetes, mos- trar as difíerentes epochas d'essa historia com as modificações que entre cilas se teem dado, apresentar as opiniões mais verosimeis, acompanhar os mais importantes estudos que se teem feito desde o conhecimento da moléstia até nós, seria, de certo, fazer uma histo- i» 2 2 lia mais ou menos completa; mas nos desviaríamos muito do assumpto de nosso trabalho. Pelo que diremos somente algumas palavras, quo julgarmos mais necessárias para a elucidação das questões que tiver- mos de apresentar. A historia do diabetes não data da existência de Hippoerates, pelo menos em suas obras não encontra-se vestígio algum pelo qual se possa concluir do conhecimento d'esta moléstia; o mesmo se devo dizer a respeito do Aristóteles. É de Celso que principia, ainda que muito incompleta, a sua histo- ria; menciona elle alguns symptomas, que se podem referir á esta moléstia, d'entre outros chama a altenção dos observadores para a abundância da secreção urinaria; entretanto, si Celso e com elle Ga- lono foram pouco cxplicitos na historia do diabetes, Aretéu, porém, depois d'elles dá uma descripção mais precisa da moléstia, e oecupa- se muito de sua semeiologia; quanto aos authores que lhe suecederam pode-se dizer que foram simples commentadores de suas idéas; assim se vê Alexandre de Tralles reproduzindo quasi exaclamcnte os seus escriptos e Aecio seguindo a sua lherapeutica. Foi Willis que em 1674 abriu uma nova epocha á historia do dia- betes, antes d'este se ignorava que a presença de assucar nas ourinas fosse um dos principaes caracteres da moléstia; reconhecendo elle o gosto assucarado d'esse liquido chamou a attenção dos chimicos para isso, e provocou suas analyses; todavia a existência do assucar não foi chimicamente confirmada em seu tempo. Em 1778 Cawley de- monstrou por suas experiências chimicas a existência de uma matéria assucarada nas ourinas diabéticas, que já linha sido presentida por Pool e Dobson em 1775, e depois confirmada por Frank em Í791. Alguns annos depois Nicolas e Gueudeville apreciaram rigorosamente a verdade d'esta observação, e traçaram uma historia tão completa da moléstia que é sempre admirada por seus suecessores. Não descançaram ahi os homens da sciencia; e é depois d'isso que 3 veem-se ainda mais empenhados nas luctas da intelligencia; se lhes disse que as ourinas continham assucar, mas não onde este se formava, nem como apparecia n'ellas; quizeram sabel-o, trabalharam incessan- te e affanosamente, e depois de tantas fadigas, depois de cahirem por terra thcorias suppostas incontrastaveis, pararam extaticos, batendo as palmas ao lidador da sciencia que alcançou os louros da victoria, annunciando o descobrimento da verdade. De certo, quanto se deve aos trabalhos do Snr. Bouchardat! Com que força quer elle sustentar suas idéas, modificações das do Snr. Rollo! Como ó surprehendcdora a theoria do Snr. Mialhe, parecendo ex- plicar tudo por meio de suas reacções chimiras! Tudo cede ao peso das convincentes experiências do Snr. Cláudio Bernard, e é este physiologista distincto que fecha o quadro histórico do diabetes com sua eloqüente e sempre respeitável palavra. Permitia-se-nos não desenvolver já estas theorias, nos reservando para~quando tratarmos da pathogenia da moléstia. 0 diabetes, apparecendo algumas vezes rapidamente no meio de uma saúde perfeita, disfarça-se quasi sempre em seu começo com symptomas de pouca intensidade e manifesta-se de um modo obscuro. Os doentes, depois de ter apresentado uma displicência geral, enfra- quecimento nas forças e varias perturbações nas funcções digestivas, como eruclações ácidas, bocca e garganta seccas, em razão da dimi- nuição da secreção da saliva, que ó branca e espessa, sentem uma mudança notável na secreção urinaria. De certo são bem importantes os symptomas colhidos do exame das ourinas; cilas são excretadas em 4 quantidade tão considerável, as vezes, que segundo Baumes e Fon- seca, certos doentes expellem até duzentas libras por dia; porém o seu termo médio é de dez a dezaseis libras. A abundância das ourinas varia com as cpochas da moléstia, con- forme Contour; assim, no principio, sendo pouco considerável, aug- menta progressivamente até a moléstia chegar ao seu maior gráo de intensidade. Ê n'esta occasião que o infeliz diabético parece fundir-se em ourinas. Continua a moléstia, c de então, ou tendendo a um êxito feliz, ou terminando pela morte, as ourinas diminuem sensivelmente; mas nem por isso se devo suppôr que estes phenomenos se observam constantemente; porquanto pode dar-se o diabetes sem que as ourinas soffram modificação alguma cm sua quantidade. Pareceria rasoavcl crer-se que a quantidade de ourinas expellidas estivesse em relação com a dos líquidos ingeridos, inas a opinião ge- ral, representada por Dupuytren, Thenard e Contour, é contraria a esle modo de pensar. Qualquer que seja a quantidade de ourinas excretadas, este liquido tem propriedades chimicas e physicas características; é transparente, menos corado do que no estado normal, sem cheiro, tem as vezes o cheiro aromalico semelhando ao da violeta. Depois de alguns dias de repouso em uma temperatura moderada, adquire um cheiro azedo, assemelhando-se ao do vinho, em vez de ser ammoniacal, como normalmente, é ácido pela presença do ácido car- bônico desenvolvido pela fermentação. Seu peso especifico é superior ao que ellas teem no estado normal, consideram-no em relação com a quantidade de assucar que conteem, entretanto as analyses de Contour provam que as ourinas excrelídas pela manhã, que são as que teem menos assucar, apresentam um peso especifico maior do que as das outras horas do dia. Graves vê no augmento de peso das ourinas a maneira de explicar 9 fome dcvoradoia dos diabéticos: analysando as ourinas de um seu 5 doente, fazendo-as evaporar e depois pesando o resíduo solido, poude concluir que elle perdia em vinte e quatro horas e somente pelos rins uma libra e um quarto de matéria animal. «Já se vê, diz elle, que é uma perda considerável e é natural que uma grande quantidade de alimentos seja necessária para compensal-a. Ê realmente o que se passa no diabetes; a actividade dos órgãos di- gestivos augmenta em proporção das perdas do organismo; se fosse de outro modo os doentes succumbiriam rapidamente aos progressos do emmagrecimento. Observareis, continua o eminente clinico, esta acti- vidade das funcções digestivas em certas moléstias que determinam um emmagrecimento considerável; vereis os doentes que se levantam de uma febre de longa duração comer e digerir com facilidade uma porção de alimentos que traria uma perturbação nas funcções digesti- vas no estado de saúde». O sabor das ourinas é doce, denunciando conter uma certa quanti- dade de substancia sacharina. A presença de assucar nas ourinas é o caracter principal da molés- tia, é elle que tem mais prendido a attenção dos observadores, é d'elle que partem as theorias mais importantes; entretanto cumpre notar que as vezes as ourinas apresentam-se sem sabor, ou tendo um sabor salgado, e nem por isso se deve concluir que ellas não conteem as- sucar, e sim que seu sabor é obscurecido pelo de outros saes que exis- tem conjunctarnente com elle. Muitos são os processos pelos quaes se pode reconhecer a presença de assucar nas ourinas. O de Trommer, que é geralmente aceito, consiste em ajuntar ao liquido um pouco de potassa cáustica e de bi- sulfato de cobre, se n'elle existir assucar, se observa a reducção do sal de cobre sob a forma de um precipitado amarello avermelhado. Ainda que a presença do assucar nas ourinas seja o symptoma mais importante do diabetes, comtudo por si só não basta para constituil-o, assim como a albumina não basta para constituir a moléstia de Bright. D 3 6 O Snr. Cláudio Bernard faz observar que em um grande numero de circumstancias o assucar se mostra nas ourinas de uma maneira pas- sageira. Estas glycosurias momentâneas pódem-se manifestar depois da in- gestão de certos alimentos, de certos medicamentos, como o ether, por exemplo; outras vezes succedem á impressões ou commoções moraes vivas. É ainda á perturbação do systema nervoso que se deve attribuir, segundo Trousseau, o assucar nas ourinas dos epilépticos e gotosos logo depois dos ataques. Estas glycosurias são manifestações tão rápidas como as pertur- bações que lhes dão logar; ha outras, porém, que, com quanto acci- dentaes, sendo a conseqüência de uma affecção mais profunda dos" centros nervosos, prolongam-se por mais tempo até que desappareça a alteração a que são subordinadas. Os exemplos seguintes citados por Trousseau confirmam este modo de pensar. Assim Goolden, Paggle e outros referem factos de glycosurias temporárias consecutivas á uma commoção do encephalo nos indivíduos que tinham recebido pancadas na cabeça. O Dr. Szolskaski (de Savigny-Sur-Baunc) cita a historia de um homem que tornou-se glycosurico depois de uma queda em que tinha fracturado o craneo, apresentando uma depressão no meio da sutura sagittal; no dia seguinte ao acontecimento os symptomas do diabetes se declararam e cessaram no fim de cinco semanas, tempo em que o doente se restabeleceu. Os Drs. Leudet e Bequerel lembram exemplos de glycosuria per- sistente, symptomatica de alterações graves do cérebro, e ultimamente Levrat de Perroton, em 1859, oceupou-se de um caso de glycosuria determinada por um tumor colloide existente no quarto ventriculo. Estas glycosurias accidentaes, symptomaticas, passageiras ou inter- mittentes, diz o Snr. Trousseau, não constituem a moléstia especial a que se deve reservar o nome de diabetes assucarado, e na qual o exa- 7 me cadaverico não revela lesão alguma apreciável verdadeiramente1 característica; assim como as albuminurias symptomaticas de moléstias- do coração, de febres graves, &c, não constituem esta moléstia espe- cial que nós chamamos moléstia de Brigh-t. Para completar o quadro nosologico do diabetes é necessário reu- nirmos aos symptomas já referidos outros phenomenos particulares' cujo valor só' o estudo do doente nos pôde fazer apreciar. Os doentes são atormentados por uma sede insaciável, soffrem o maior constrangimento quando se lhes prohibe tomar líquidos; os to- mam em grande quantidade, e muita vez não reparam na qualidade;' é assim que um diabético da clinica do Snr. Pidbux bebia quantidades consideráveis de aguardente, sem experimentar os effeitos da embria- guez; é este mesmo doente que, se lhe prohibindo o uso immoderado de líquidos, sentiu cm uma noite uma sede tão cruel, que tragou com avidez todo o liquido existente no vaso de matérias excrementicias. Acompanhando a sede intensa vem o appetite voraz; não ha de certo moléstia alguma em que se observe uma tal exageração do ap- petite, que torna-se uma verdadeira bolimia; ha certos doentes que, por mais que comam, parecem não saciar-se, e, segundo affirmam os Snrs. Bouchardat e Düpuytren, houve um doente que comia em um dia uma quantidade de alimentos, correspondente ao terço do peso de seu corpo. É de admirar como tão grande quantidade de alimentos é digerida, e como até um certo tempo, estas digestões se fazem sem difficuldade. Graves diz que conhecia um nobre de Dublin que, ha sete annos sof- fria de diabetes, entretanto seu appetite era admirável, suas digestões fáceis, seu vigor physieo extraordinário, tanto que administrava com grande actividade e intelligencia um prédio que possuía. A pelle soffre diversas alterações, ora é secca, escamosa, coberta; de erupções, outras vezes é insensível. A transpirarão é supprimida, e este sympto:ua que se tem conside-- 8 rado como constante falha muitas vezes ; ainda é Graves que nos falia de um doente que tinln abundante scereeão cutânea. Phenomenos bem variaths se notam da ^irlc do syslema nervoso : este é a sede de perturbações extravagantes, ora é uma perversão da motilidade ora da sensibilidade. O Snr. Trousseau traz o exemplo de uma mulher diabética que apresentava em todo lado direito dores, como caimbras taes que o contado dos vestidos lhe era insupportavel, se exasperando pelo toque, em quanto que uma pressão um pouco mais forte não produzia sensação dolorosa; com esta hyperestesia a força muscular e a motilidade tinham se conservado de ambos os lados. Completa o quadro triste dos symptomas do diabetes a phlhisica pulmonar; é esta moléstia que se incumbe as mais das vezes de levar ao túmulo o infeliz doente; as perturbações nervosas se pronunciam ainda mais, o moral se affccta, a hypocondria levada ao seu ultimo gráo, sonhos terríveis que assaltam uma imaginação já tão doente, a descrença desanimadora, o abatimento considerável, o desespero vem •dar cabo dVjuella organisação no mais completo marasmo. 3 SECÍUtfDA PARTE. MTODEMia M (BmiCTIMâ. Não pretendendo nos occupar de todas as theorias que se teem* creado até hoje, nos restringimos a tratar somente d'aquellas quer acompanhando os progressos da sciencia, ainda existem na arena das discussões. Ha mais de cincoenta annos que Rollo collocava a sede primitiva de* diabetes no estômago, e pensava que ahi se formava o assucar, que* absorvido era depois levado ás ourinas; Mac-Gregor depois provou ex- perimentalmente sua asserção e demonstrou que o assucar era formado* especialmente a custa dos alimentos vegetaes. Foi n'cste estado que Bouchardat achou a questão quando, toman- do-a a si, procurou descnvolvcl-a. Segundo elle o assucar encontrado nas ourinas dos diabéticos se forma no estômago á custa das substancias feculentas e assucarada^ que cm presença de um principio especial existente somente no sueco gástrico d'estes doentes, se transformam em glycose. Considera essa propriedade exclusiva das substancias feculentas, tanto que se prohi- birmos, diz elle, aos diabéticos a sua ingestão veremos desapparecer totalmente o assucar de suas ourinas. Não existindo, no estado normal, esse principio, que actuando so- bre a fecula a transforme em assucar, e sendo certo que só por essa transformação é ella absorvida, concluir-se-hia que seria considerada como extranha aos phenomenos nutritivos e d'ahi a sua inutilidade? como alimento. Ao contrario, não sendo previlegio dos diabéticos a transformação* D 10 das substancias feculentas em glycose, c sim um acto normal, como explicar que, sendo esta absorvida, só apparece nas ourinas d'estes? Bouchardat explica essa apparente anomalia pela maneira diíTercntc porque os feeulentos são digeridos pelo homem no estado de saúde e pelos diabéticos. No estado normal estas substancias são apenas ata- cadas no estômago, faz-se lentamente sua transformação em assucar nos intestinos pela aeção do sueco pancreatico, absorvido este produeto é levado ao fígado pela sua pequena circulação, atravessa-o, ahi soffre uma demora útil, c é depois derramado na grande circulação; no dia- bético da-se rapidamente no estômago, em conseqüência da diastasc que ahi existe, a transformação das substancias feculentas em glycose, esta iinmediatamente é levada para o sangue e não podendo ser des- truída pela abundância é eliminada pela secreção renal. Esta theoria não pôde ser aceita e á proporção que formos tratando das outras iremos dando a rasão d'isso. Poróra exporemos a do Snr. Mialhe que principia a contrarial-a; por sua vez também analysaremos esta e mostraremos seus defeitos e por tanto a rasão de não a admittirmos, aceitando a de Cláudio Ber- nard que nos parece a mais convincente. Mialhe, partindo do mesmo principio que Bouchardat, explica de outra maneira a sua theoria; admitte que as substancias feculentas e assucaradas sejam mudadas em glycose; mas em vez de achar só no sueco gástrico dos diabéticos o principio especial para essa transforma- ção» o encontra normalmente desde a saliva; por conseqüência, logo que os feeulentos cahem na boca e soffrem a aeção da saliva, principia a sua modificação. Assim tanto no diabético como no homem são dão-se os mesmos phenomenos á respeito da digestão das substancias amylaceas, e co- mo a secreção salivar é em maior abundância n'este do que n'aquelle, resultará que a transformação será mais fácil e mais completa no ho- mem^ uo estada de saúde, do que no diabético, que segregando pouca 11 saliva será esta insufíiciente para actuar sobre o amido ingerido ás ve- zes em grande quantidade. Sendo assim, como encontra-se assucar nas ourinas dos diabéticos, e não nas do homem no estado normal ? Mialhe crê que o assucar é destruído na economia pelos alcalis do sangue, funda-se n'este principio para explicar sua presença nas ouri- nas dos diabéticos; considerando o sangue d'estes como neutro ou ácido em quanto que o do homem no estado de saúde é alcalino. « Para elle em sua chegada ao liquido sangüíneo a glycose decompõe os carbonalos alcalinos, forma com as bases novos produetos, glyco- satos, e põe em liberdade o acído carbônico ; os glycosatos, saes muito pouco estáveis, se transformam rapidamente em ácidos glycico, ulmico e formico ou antes em glyciatos, ulmiatos e formiatos, os quaes se combinam com o oxiçeneo do sangue e soffrem uma verdadeira com- bustão dando nascimento a água e ácido carbônico. Eis ahi uma quan- tidade de ácido carbônico que provém de duas origens bem dislinetas: de uma parte da decomposição dos carbonalos alcalinos, e da outra da combustão dos saes derivados da glycose; uma parte d'este ácido car- bônico é expellida da economia, a outra fica para se combinar com os alcalis tornados livres pela combustão, e tornar a formar carbonatos, que, por sua vez, vão servir para decompor a nova quantidade de gly- cose que chegar á torrente circulatória: estabelece-se assim um circulo de reacções, que asseguram a completa oxidação da glycose e reno- vam a proporção dos carbonatos alcalinos necessários á economia. Portanto a destruição da glycose é um phenomeno de combustão; é pela intervenção dos alcalis do sangue que a glycose e seus congêneres se decompõem se oxidam queimam-se e tornam-se verdadeiros alimen- tos respiratórios ». Logo todas as vezes que houver falta de alcalis no sangue deixa de ter logar a destruição da glycose, e então esta é eliminada pelas secre ■ ções, d'onde o diabetes assucarado. 12 Tal é a theoria de Mialhe bem intcrrcssante e engenhosa; porém que infelizmente cahe perante os factos experimenlaes e não é conve- nientemente explicada, em presença do estado actual dos conhecimen- tos médicos. Para que fosse verdadeira essa theoria seria preciso que Mialhe provasse que o sangue perde sua alealinídade nos diabéticos; o que iria de encontro as analyses de Bouchardat, que demonstram que o sangue dos diabéticos é tão alcalino como o de um indivíduo no estado de saúde. A vida é incompatível com a acidez ou neutralidade do san- gue. Demais, sendo a temperatura do organismo de (rintae sele gráos, não pode a glycose ser queimada cm presença dos alcalinos, porque segundo Poggiale, é necessário uma temperatura de noventa c cinco a cem gráos para que isso se dê; cm segundo logar Poggiale observa que injectando nos vasos simultaneamente glycose e um sal alcalino a quan- tidade de assucar nas ourinas era a mesma que quando se o injectava só. Por conseqüência é improcedente a theoria de Mialhe, c cremos que as razões expendidas bastam para proval-o: entretanto na conti- nuação d'esle trabalho, expondo a theoria de Cláudio Bernard, de que nos oecuparemos agora, talvez tenhamos occasião mais de uma vez de justificar essa nossa asserção. Firmados em uma lei physiologica, então universalmente aceita, que os princípios immediatos que se encontram na economia são tira- dos exclusivamenle dos vegetaes, acreditavam todos que o assucar, que ahi se acha, provinha somente da alimentação ; c, como julgavam que eram as substancias feculentas que, em presença dos suecos intes- tinaes, se transformavam em assucar, concluíam d'ahi que a quantida- de d'este variava com a naturesa da alimentação, á ponto de só se o encontrar n'aquelles animaes que, como os herbívoros, alimentavam- se d'estas substancias; por conseguinte os carnívoros não tinham o privilegio de conter assucar em sua economia. Era a idéa geralmente aloptada, quando Cláudio Bernard em 1847 13 principiando seus trabalhos sobre a funcção glycogenica do fígado, provou que não só se encontrava assucar em igual quantidade nas dif- ferentes espécies da serie animal, qualquer que fosse o gênero de ali- mentação ; como também que o assucar se formava naquelles animaes que, como os fetos, não gosando da vida exterior, nunca tinham to- mado alimentos. Como explicar, pois, esta igualdade na quantidade do assucar en - contrado nos diversos animaes, independente da qualidade e quanti- dade da alimentação, c até com a inteira ausência d'esta? E que, além da origem na alimentação, tem o assucar no organis- mo mesmo uma origem inteiramente distineta e independente da pri- meira, dirigida talvez por algum órgão ou apparelho encarregado de exercer esta funcção. Tal era o pensar do Snr. Cláudio Bernard: incansável, proseguindo em suas experiências, procurava assucar nos diversos tecidos, órgãos e apparelhos, observava suas funcções, até que, analysando o fígado, reconheceu que era o único órgão que se achava impregnado d'esta substancia, e como toda glândula é impregnada do produeto de sua secreção, o leslicido do esperma, o pancreas do sueco pancrealico etc. segue-se que o fígado, sendo impregnado de assucar, deve ter por pro- priedade além das mais, a secreção d'este. Continuando o celebre phy- siologista chegou a demonstar peremptoriamente esta propriedade es- pecial do fígado. Tendo nutrido muitos cães, por bastante tempo, ex- clusivamente de carne, analysou n'estes o sangue que é levado pela veia porta para o íigado, e não encontrou assucar, emquanto que, ana- lysando aquelle que pelas veias super-hepaticas sahe do órgão encon- trou-o carregado de assucar; observou o mesmo no sangue da veia ca- va inferior, coração direito de. notando que a quantidade de assucar ia diminuindo á proporção que ia-se affastando do fígado, d'ahi con- cluiu ser este o órgão formador do assucar. E por conseguinte bem valiosa esta experiência para demonstrar a 14 funcção glycogenica d*aquelle órgão, e considerai a independente da qualidade da alimentação. Está determinado, portanto, que ha duas origens para o assucar nos animaes: uma exterior, dependente de uma condição variável da alimentação, outra interior, que é subordinada a um uso do figado e de mais importância que a primeira. O assucar de origem exterior, que é, como já vimos, o resultado da transformação constante, desde a boca até os intestinos, das substancias feculentas e assucaradas em glycose, é absorvido e levado pelo systema da veia porta ao figado, onde é destruído, transformado, segundo Cláudio Ber- nard em uma substancia emulsiva especial. Já se vê, pois, que o as- sucar de origem exterior não augmenta de maneira alguma o que exis- te na economia. O assucar de origem interior, porém, que é segregado pelo figado, passa com o sangue de seus capillares para as veias super-hepaticas, cava inferior, onde se mistura com o sangue que vem das partes in- feriores do corpo, depois vae ao coração e dahi, por intermédio da circulação, se distribue no organismo. Agora que é isto sabido passe- mos ao mechanismo do diabetes. O assucar que existe no sangue em uma quantidade determinada, onde é decomposto incessantemente em água e ácido carbônico, pôde ultrapassar os limites da normalidade e apparecer em excesso, de sorte que ahi se accumulando passa, por intermédio da circulação, para as ourinas e d'ahi o diabetes assucarado. O accumulo de assucar nas ourinas pôde explicar-se de duas manei- ras: ou porque este produeto se forma em maior quantidade no figado, ou por falta de aeção dos agentes destruidores. Os dous casos são pos- síveis, crê Cláudio Bernard; mas nada prova que a destruição do assu- car seja demorada, em quanto que muitas circumstancias nos mostram que a produção pôde ser activada. Lehman, que muito se entregou á estes estudos, demonstrou que o 15 assucar não era eliminado pelas ourinas senão quando o sangue con- tinha em seu resíduo secco mais de trez por cento d'elle. Boecker, contra a opinião de Álvaro Reynoso que suppunha os pulmões a sede da destruição do assucar, e por isso considerava a gly- cosuria como conseqüência de uma lesão d'estes órgãos, provou quo os animaes, quando artificialmente diabéticos, absorviam maior quan- tidade de oxigeneo e exhalavam maior porção de ácido carbônico do que no estado normal; e por tanto que a destruição physiologica do assucar se fazia perfeitamente. Schiff para resolver esta importante questão recorreu ás suas delicadas experiências: tomou raãs artificial- mente diabéticas, ligou porções cada vez maiores do figado, e raciocN nou d'este modo: se o diabetes provém da falta de agentes destruido- res, a porção de figado que não foi ligada, produzindo uma certa quan- tidade de assucar, o derramará no sangue, onde elle se accumulará por falta de destruição; essas raãs deveráõ continuar diabéticas apezar da ligadura. Se ao contrario o diabetes for conseqüência da hypersmvção de as- sucar no fígado, diminuindo pela ligadura a extensão d'este órgão pro- ductor, haverá um momento em que o excesso de producção se achará tão enfraquecido, que os animaes deixarão de ser diabéticos, apesar da picada do quarto ventriculo. Feitas as experiências Schiff concluiu em favor da segunda opinião. Portanto está sabido que a hyper-secreção glycogenica do figado é que produz o diabetes. Desta maneira é bem fácil o mechauismo desta moléstia; toda vez que houver exagerarão da funcção sacharina á pon- to de apresentar-se assucar nas ourinas terá logar o diabetes. Agora que está determinado como se produz esta moleslia vejamos quaes as causas que dão logar á sua manifestação. D'entre ellas Cláudio Bernard tem em consideração a actividade da digestão e as perturbações do systema nervoso. M estado de saúde, a quantidade de assucar produzida no orgauis- 16 mo varia conforme a maior ou menor actividade dos phenomenos di- gestivos; é assim que pela manhã, antes de tomar-se qualquer alimen- tação, encontra-se no sangue a menor quantidade possível de assucar; logo que dá-se a comida, a circulação abdominal activa-se, assim como todos os actos digestivos, o figado recebe mais sangue, activa-se por sua vez e derrama na circulação maior quantidade de assucar. Appli- cando estes princípios ao diabético nota-se que as oscillações do assu- car em suas ourinas coincidem com as que se dão no homem no es- tado de saúde; com effeito, de manhã pôde acontecer que se não en- contre assucar e no caso de encontrar-se será menos do que nas ou- tras horas do dia, A actividade dos actos digestivos pôde, pois, concorrer activando por sua vez o figado para augmento do assucar nas ourinas dos dia- béticos. Quando, porém, por qualquer circumstancia, os actos digestivos di- minuem, como em uma moléstia febril, a varíola, pneumonia, ác, o contrario tem lugar. Os diabéticos podem deixar de ter suas ourinas carregadas de assucar em quanto perdura a moléstia; desapparece a moléstia intercurrente, melhora-se o estado de saúde do indivíduo, o assucar reapparece nas ourinas como d'antes. « Cest donc là une affection chroniqae singulière en ce qiCelle exi- ge pour se manifester une sorle d' integrilê fonctionelle qui est d'ordi- naire Vapanage de Ia santê d (Claude Bernard). Passemos agora a fallardas lesões do systema nervoso como influin- do no apparecimento do diabetes. É em suas experiências sobre o systema nervoso e sobre a produc- ção do diabetes artificial que destingue-se Cláudio Bernard de todos os outros que com elle se tem empenhado no estudo d'esta moléstia; é ahi que se basêa toda sua theoria, é onde se encontram as explica- ções mais plausíveis e as rasões mais convincentes da maneira de ser do diabetes, de sua naturesa emfim. 17 Que o figado era o órgão secretor do assucar, Cláudio Bernard já o havia demonstrado; que os órgãos secretores estam debaixo da in- fluencia do systema nervoso, a physiologia já lii'o tinha dito: que a funcção do órgão devia ser modificada ou alterada, conforme as con- dições de modificação ou alteração, em que aquelle se achasse, elle o presumia; e de certo pouco depois demonstrou experimentalmente. Dando uma picada no pavimento do quarto ventriculo, entre a ori - gcm dos pneumogastricos, e dos nervos auditivos, o assucar espalhou- se no organismo em tão grande abundância que manifestou-se nas ourinas. A excitação produzida pela picada dos centros nervosos é transmittida ao figado pela medulla espinhal e pelos nervos do grande sympathico, a secreção do assucar se tem exagerado, e o sangue sa- turado d'esta substancia a tem levado atravéz do pulmão á circulação geral, d'onde sendo eliminada pelos rins se apresenta nas ourinas. Por opposição, cortando a medulla espinhal, acima da origem dos filetes do grande sympathico, que vão ter ao fígado, ou antes, cortando estes filetes, a secreção do assucar é interrompida. Bastam estas experiên- cias para demonstrar que uma lesão, em um certo ponto dos centros nervosos, é capaz de produzir o diabetes e que ha necessidade de uma continuidade de nervos para que leve ao figado a impressão ou alte- ração que se tem dado nos centros que presidem a sua funcção. Si Cláudio Bernard considera o systema nervoso como influindo na producção do diabetes, não lhe dá, entretanto, o papel que lhe com- pele na producção d'esta moléstia. Antes de desmonstral-o, cumpre notar que, depois da picada do quarto ventriculo, o systema capillar abdominal engorgita-se de san- gue, os vasos superficiaes do figado tornam-se mais apparentes, a cir- culação abdominal activa-se muito, coincidindo o diabetes com a dura - ção d'esta actividade anormal. Aqui ha a estabelecer duas questões bem importantes: será a super- secreção de assucar no figado a conseqüência d^ste affiluxo de sangue- 18 obrando mechanicamente, ou um efleito orgânico ou vital do ficado directamemte estimulado? tí n'esta occasião que Cláudio Bernard não dá a importância devida ao sN.stema nervoso, crê na primeira opinião e pronuncia-se d'esta ma- neira. « Quanto ao mechanismo próximo da hypersccreção do assucar que produz o diabétis, consiste em uma acceleração da circulação do fí- gado produzida pelo nervo sympathico. Esta acceleração da circulação multiplica o contado entre o soro do sangue e a matéria glycogenica ilisoluvel segregada pelo íigado. Do maior contado entre esta substancia susceptível de fermentar- se e o fermento, que a muda em assucar, resulta uma producção mais considerável d'esta ultima substancia, que solúvel é levada para a tor- rente circulatória. « Diz mais, quando trata da influencia do systema nervoso sobre a trasformação da substancia glycogenica: » Quando analysa-se seu modo de obrar (do systema nervoso) reconhece-se que seus efleitos são mechanicos e obra primitivamente sobre os órgãos motores da circulação capillar, que tem por effeilo ora diminuir ora augmentar o contado de duas substancias capazes por suas propriedades de reagir uma sobre outra; ellas dão assim origem a um phenomeno chimico que o system nervoso regula indiredamente, porem que não tem aeção directa e primitiva ». Srhiflfé da mesma opinião que Cláudio Bernard e até, segundo suas experiências, não é preciso recorrer ao systema nervoso para produzir augmento da secreção do assucar no figado, para isso basta engorgi tarl-o de sangue. E, porém, o Snr. Bernard mesmo que em suas experiências forne- ce-nos argamentos para provar a falsidade de sua maneira de pensar. Faz observar que toda vez que se corta o grande sympathico acti- va-se a circulação do órgão onde vão destribuir-se seus filetes, e o ór- gão enche-se de sangue. Ora, que o figado recebe o grandesympathi- 19 co, não ha que duvidar; portanto, logo que este nervo fosse cortado activar-se-hia a circulação do órgão, e este estaria nas condições pre- cisas para a hypersecreção do assucar; mas diz Cláudio Bernard, cor- tamos o grande sympathico no thorax e quando esperávamos o diabe- tes artificial, contra toda nossa espectativa, elle não se manifestou. Si, pois, cortando-se este nervo e, por conseqüência dando-se maior affluxo de sangue para o figado, o diabetes não se manifestou, segue- se que não poderá ser explicado por este phenomeno qualquer que se- ja o modo porque elle se produza. Portanto o systema nervoso não representa só este papel mechani- co sobre os capillares, como querem Bernard e Schiff, e cremos que obra directamente sobre a producção da matéria glycogenica que se- gregada em maior quantidade em virtude de um estimulo levado sobre o figado, e em contado com os fermentos do sangue, maior quantidade de assucar offerecerá á circulação geral; produzindo a falta de estimulo nervoso o contrario. Concluamos, pois, o systema nervoso representa o principal papel na producção do diabetes, a sua lesão só basta para explicar a maneira d'elle produzir-se, e como resultado da exciíação levada por seu inter- médio ao figado da-se um affluxo de sangue para este órgão. Si fizermos applicação d'estes factos physiologicos á pathologia da moléstia nos serviráõ elles para explicar os casos d'estes diabetes sym • ptomaticos de diversas perturbações dos centros nervosos, de que nos oecupamos, quando tratamos da symptomatologia da moléstia. No caso, porém, d'este diabetes rebelde, diabetes clinico, que foge á investigação do escalpello do anatomista, nos é permittido concluir pelo que temos ditos com o Snr. Trousseau, que depende de uma pertur- bação dos centros nervosos echoando sobre as funcções digestivas e sobre a funcção hepatica. 20 d Si Ia nature de cette 'perturbation nous échappe, elle se traduit du moins par des symptomes varies: troubles gastriques, troubles de Ia sensibililé, de Ia motilité, des facultes intellectuellesf accklents du côtê des appareils des sens, des organes de Ia gèncration ». ^1 TERCEIRA PARTE. TOfiMlMa'© M 'B3,T(G'DSTOILa. Não ha therapeutica mais rica e variada do que a do diabetes Con- tra esta moléstia se tem empregado grande numero de medicamentos. Á proporção que se cria uma theoria, surge a seu lado um tratamen- to diíferente: d'ahi resulta o emprego dos mais extravagantes medica- mentos, de medicações inteiramente oppostas. Cada qual quer, ou por espirito systematico, ou por fados mal observados, fazer valer o tra- tamento, que teve idéia empregar; desorte que da multiplicidade de opiniões, ás vezes bem imponentes, resulta a comfusão em vez do es- clarecimento, as trevas em vez da luz, a duvida, a incerteza, em vez da verdade e evidencia. Na actualidadc, porém, ou porque os estudos sobre a moléstia sejam mais sinceros, ou porque as opiniões vão se tornando mais concordes, á medida que se enriquecem de conhecimentos verdadeiros, o certo é que todos os espíritos tendem a uniformisar-se, e esta quantidade con- siderável de medicamentos até então empregada vae sendo deixada por um tratamento mais simples. Entretanto, antes de faltarmos do tratamento presentemente acon- selhado, cumpre-nos dar uma noticia ainda que rápida, de alguns me- ios therapeuticos que empregados, em outro tempo, com o fim de cu- rar radicalmente a moléstia, podem servir hoje para combater alguns symptomas que, a complicando, augmentam os soffrimentos do doente. Podemos dividir estes meios therapeuticos em internos e externos. L> i 22 D'entre os internos uns aconselham os antispasmodicos como muito úteis. Richter e Dzondi aconselham a camphora, e Frank a assafetida. Outros dão muito valor aos narcóticos, e com particularidade ao ópio, que adquiriu grande reputação, e ainda hoje o consideram muito effi- caz; na verdade o ópio diminue a sede insaciável e o appetite voraz dos diabéticos, e por conseqüência a secreção urinaria; porém tem o incoveniente de diminuir o appetite quando se íaz uso d'elle por muito tempo, conseqüência má n'esta moléstia, em que as perdas são abundantes. A grande pallidez dos diabéticos, a íraquesa de suas forças fazendo suppôrum sangue pobre de princípios vivificantes levaram alguns mé- dicos a fazer uso dos ferruginosos. Vem, por sua vez, também entre os meios therapeuticos do diabe- tes, os purgativos e vomitivos. Já se vê que não é possível conside- rarem-se hoje estes medicamentos, como influindo na cura da molés- tia, apezar de os aconselharem com esse fim homens muito notáveis como Richter e Berndt. É innegavel, porém, que em certas circunstancias é necessário usar-se d'elles; é assim que, quaudo se tiver de livrar o estômago do doente de uma grande quantidade de alimentos que, não podendo ser digerida, muito os incommoda, convém empregar um vomitivo, do mesmo modo que para vencer-se a constipação que acompanha fre- qüentemente o principio da moléstia se lança mão dos purgativos. Desde muito tempo se tem preconisado o uso dos sudoríficos com o fim de excitar a pelle, porque acreditava-se que o diabetes tinha por causa a suppressão chronica da secreção cutânea, e por isso procura- va-se restabelecer tal funcção. HufelanJ dá muita importância a este modo de considerar o diabetes e Bouchardat e Mialhe, seguindo suas idéas, consideram os sudoríficos como parte essencial de sua medicarão. É reservado um lugar bem distindo aos alcalinos. Desde Willis que 23 cllcs são aconselhados. Hufeland os recommenda e nos diz ter obt|d ia 34 8.' Quando, porém, pela deseccação ellas perderem suas propriedades, devem-se empregar verdes. 9.a Na preparação dos vinhos medicinaes se deve ter cm muita consi- deração a qualidade do vinho empregado. 10. São dous os processos mais geralmente seguidos na preparação dos medicinaes: a maeeração e as tinturas alcoólicas. H. A maeeração é o processo melhor e o mais empregado. 12. Pode-se usar das tinturas alcoólicas quando as substancias a dissol- ver são igualmente solúveis no álcool diluído e no vinho. HIPPOCRATIS APHORISMI. I. Vita brevis, ars longa, occasio praeceps, experientia fallax, judicium difiicile. (Sect. 1.» Aph. l.°) II. Ad extremos morbos, extrema remedia exquisite, optima. [Sect. l.a Aph. 6.°) III. Ubi somnus delirium sedat, bonum. (Sect. 2.° Aph. 3.°) IV. Duobus doloribus simul obortis, non in eodem loco vehementior obscurat alterum. [Sect. 2.a Aph. 46.; V. Vulneri convulsio superveniens, lethale. (Sect. 5." Aph. 2.°) VI. Mulieri, menstruis deficientibus, e naribus sanguinem fluere, bonum. [Sect. 8.a Aph. 7.<>) BAHIA—Typ. Poggetli de Tourinho, & C.«—1801. gLemetác/a a fíomM^ão M-cvàoia. éfla/ch c C/acu/dade c/c ^/Óedccma *7 de S/càméio de iê(í4. £/?. Waà/iat, tfecietaüo iittctiuo. év/a //c.ic rttâ conÁtme oá Sataáttoí. Ma/íta // de Caâe/io de /éfá. <£/>?. .,&oj è//uetM. &,. %un4a Tatâ Junto*. ££>#. j/ ódivaieà da ó/ttva. JmAfmn-éf. £6aái'a e êPacuá/ade de ^Sedtána sp de Ctt/a&o de té64. Ê)r. gfia/itàfa, íDiteclot. 1 f