TSISf DE FRANCISCO DOS SfJTOS SILVA. THESE PLBLICAMENTE SUSTENTADA EM NOVEMBRO DE 1868 PARA OBTER O GRÁO ■>E BOLSOU EM IBIIHÍIVI PELA FACULDADE DA BAHIA POR FRANCISCO DOS SANTOS SILVA, Jilbo lerjithno bc francicco bo» Santo» Silva r D. Guilbcrmina Carolina ba Silva., Cavalheiro da Imperial Ordem da Rosa e Segundo Cirurgião de commissão do Corpo de Saude do Exercito, NATURAL D'£STA PROVÍNCIA. Le médecin, consideré comme organe de la Science, doit penser tout haut; le mystère, dont il s'entoure, fait toujours avec raison suspecter la pureté de ses in- tentions, quand il ne trahit pas manifestement la vena- lité de sa Science. < (Dr. Max. Simon, Deontologie medicate j BAHIA TYP0GRAPH1A DE CAMILLO DE LELLIS MASSON & C., Rua de Santa Barbara n. 2. 1868 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DIRECTOR 0 Ex.m0 Sr. Conselheiro Dr. João Baptista dos Airjos, VIOMíÍBEÍTOR 0 EXM.m° SR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES. LENTES PROPRIETÁRIOS. l.o ANNO. os srs. doutores: matérias QUE T.ECC10NAM. Cons. Vicente Ferreira de Magalhães . . . . Physica em geral, e particularmente em suas applicaçòes á Medicina. Francisco Rodrigues da SilvaChimica e Mineralogia. Adriano Alves de Lima GordilhoAnatomia descriptiva. « 2. ANNO. Antonio Mariano do BomfimBotanica e Zoologia. Antonio de Cerqucira PintoChimica organiea. Jeronymo Sodrè PereiraPhysiologia. Adriano Alves de Lima GordilhoRepetição de Anatomia descriptiva. 3. ANNO. Jeronymo Sodré PereiraContinuação de Physiologia. Cons. Elias José PedrosaAnatomia geral e palhologica. José de Goes SiqueiraPathologia geral. 4. ANNO. Cons. Manoel Ladisláu Aranha DantasPathologia externa. Pathologia interna. Mathias Moreira Sampaio...... Partos, moléstias de mulheres pejadas, e de meninos recem-nascidos. 5.® ANNO. Continuação de Pathologia interna. José Antonio de Freitas Joaquim Antonio de Oliveira BotelhoMatéria medica, e lherapeutica. 6.® ANNO. Domingos Rodrigues SeixasHygiene, e historia de medicina. Salustiano Ferreir* SoutoMedicina legal. Pharmacia. Anatomia tòpographica, medicina operató- ria, e apparelhos. Clinica externa do 3.° e 4.° anno. Antouio Januario de Pariaclinica interna do 3.° e 6.° anno. OPPOSITORES. José Affonso Paraíso de Moura Augusto Gonçalves Martins Domingos Carlos da Silva Secção Cirúrgica. Ignacio José da Cunha .... Pedro Ribeiro de Araújo. . . . Rosendo Aprigio Pereira Guimarães José Ignacio de Carros Pirnentel . Virgílio Climaco Damasio . . . Secção Accessoria. Demetrio Cyriaco Tourinho Luiz Alvares dos Santos . João Pedro da Cunha Valle Secção Medica. SECRETARIO O Si*. Dr. Cincinnato Pinto <la Silva OFFICIAL DA SECRETARIA O Sr. Dr. Thomaz <lc A quino Gaspar. A Faculdade não appruva, neu> reprova a» ideias enunciadas n'esta These. No tratamento da Iiydrocéle a injecção de linctura d iodo deve ser preferida a injecção vinosa? DISSERTAÇÃO. Si 1'observation a eté le premier fondement de la Scien- ce medicale, elle est encore-le principal instrument de ses progrès Gintrac. PRIMEIRA PARTE. I. Ha em cirurgia, como em medicina, problemas, cuja solução a pratica só se incumbe de apresentar-nos. Em taes casos são os factos, que, se multipli- cando em sua naturesa, e sempre idênticos em seu resultado, vêm illuminar a rasão e a escrupulosa consciência do cirurgião, incansável na pesquiza de tudo quanto pode ampliar seus conhecimentos. Para este não ha o empyris- mo crasso d'aquelles, que consideram a sciencia, que professam, como filha unica da experiencia embora enganadora e muita vez infundada : não. Fiel á seu entendimento aceita d'observação aquillo, que não repelle o racio- cínio. Indagador leva ajuisadamenle a analyse, aonde ella é poderoso auxiliar, aonde, derrocando obstáculos, abre caminho á verdade para deixal-a trans- parecer lúcida, como ella é. Admirável esforço, sublime dedicação! Descortinado assim o mysterio, é facil patentearem-se os principios em to- da sua realidade; homogéneos na ideia que exprimem, também é facil forma- rem, por assim dizer, o esquelêto da sciencia para mais tarde encarnarem-na com a creação das doutrinas. Eis o bello conjuncto da-theoria e pratica- forte, indestructivel e immenso pedestal, sobre que descansa a cura da mo- léstia. 2 0 ponto, sobre que versa a nossa dissertação, faz parte do tratamento da hydrocéle, e, por isso, é exclusivamente pratico : por tanto, recolhendo factos clinicos d'algumas notabilidades cirúrgicas é que poderemos, talvez, resolver -a questão-nova para nós é verdade, mas, esquadrinhada já para os Mes- tres. Proseguindo, porém, nesta senda escabrosa em que vamos; para evitar tropeços que, por ventura, se nos possam antolhar, julgamos conveniente dar uma succinta ideia do que seja a hydrocéle. Entre os diversos estados pathologicos hoje conhecidos a hydrocéle é, sem duvida alguma, um d'aquelles bem estudados, e sobre cuja definição todos os pathologistas são perfeitamente acordes; assim, para designarmol-o não é ne- cessário fazer uma completa enunciação de seus symptomas; duas palavras bastam, e a moléstia ficará definida. * n. O tumor das bolsas por accumulo de serosidade é o que se chama-hydro- céle; algumas vezes é também chamado-hydropisia das bolsas. Variavel em seu modo de ser, apresenta-se sob maneiras differentes, isto é, tem sua séde em mais d'um ponto. Quando a serosidade se limita á túnica vaginal, constitue a hydrocéle da túnica d'esse nome; quando se deposita numa cavidade accidcn- tal do cordão testicular, se diz hydrocéle enkistada do cordão espermatico; quando o derramamento sobe até ao peritoneo por uma communicação anor- mal, é a hydrocéle peritoneo-vaginal de Chassaignac, ou mais commumente, hydrocéle congénita, impropriamente assim chamada pela maioria dos auto- res. Existe ainda uma especie, a originada d'um kisto entre o testiculo e o epididymo, produsido pela ruptura d um tubo epididymar, que se dilata; nes- se caso praticada a puncção, o microscopio deixa ver zoospermas á fluctuar so- bre o liquido. Poderiamos considerar a infiltração do tecido cellular da parte, como ainda outra manifestação d'aquelle estado morbido, mas, pensando com a mór parte dos pathologistas, entendemos mais conveniente a natural deno- minação d'edema das bolsas, cujas causas são muita vez uma affecção geral. Ao tumor, porem, da túnica vaginal é que mais propriamente cabe o nome de hydrocéle; é, portanto, esta, a que mais relações tem com o nosso as- sumpto. Uma vez conhecida a moléstia pelo seu nome, sem nos importarmos com o 3 mais que não diz respeito ao ponto; supposto em fim praticada a extracção do liquido, vejamos de que modo sobre a serosa actuam as injecções, e os fins á que é destinada tão proveitosa applicação. III. Indicada por Celso, hoje a injecção representa papel tão importante na the- rapeutica cirúrgica da hydrocéle, á ponto de arrastar ao esquecimento todos os meios, de que para a cura da moléstia se serviam os cirurgiões d'antiguidade. A cauterisação, o sedenho, a incisão, a excisão, as escarificações, a canula de Monro, a sonda de gomma elastica de Larrey &c. tiveram outfora seu reina- do, mas, graças ao incessante progredir da sciencia baquearam ante o mérito e a efficacia d'outros meios : ahi estão os trabalhos de Lambert, Dupuytren, Vidal de Cassis e outros, que dão a prova mais cabal do que acabamos de diser. E com rasão; sem provocar suppuração alguma, sem detdlminar um estado inflammatorio intenso, certos liquidos em contacto com a serosa das bolsas cream-lhe uma pequena inflammação extensiva mais ou menos até ao testícu- lo, e muito sufficiente para dar em resultado a exsudação de lymplia-plastica, que mais tarde se espessando, vem effectuar a adherencia da face parietal da vaginal com a porção testicular : é esta inflammação adhesiva o ponto de mi- ra essencial ao cirurgião, que aspira a cura radical da hydrocéle. Já se vê, pois, que o fim principal, a que se propõe a injecção, é fazer que a serosa ex- perimente uma modificação tal, que seja capaz de destruir a cavidade anor- mal existente com a presença do liquida, e ainda fóra d'ella : feito isto, é cer- ta a não reproducção do derramamento. « Comme il riy a plus de cavité possilile autour du testicule, il riy a plus d' epanckement possible.» (Vidal de Cassis.) 4 SEGUNDA PARTE. I. Talvez pareça concludente que qualquer liquido com propriedades mais ou menos irritantes tenha indifferentemente as mesmas vantagens, quando usado no tratamento da hydropisia das bolsas pelo methodo d'injecção : vejamos se assim pode ser. Os liquidos ordinariamente empregados são a agoa fria, o proprio liquido do derrame, o álcool, a solução d'alúmen, a agua phagedenica preconisada por Lambert, o vinho quente, a tinctura d'iodo &c. Tomemos o iodo e o vinho, e deixemos o mais. Para a injecção vinosa é ordinariamente escolhido o vinho tincto, á que se dá a tempcratura*de 32! á 34 gráos do thermometro centígrado : Sedillot, um dos poucos que abraçam-no, fal-o subir á 40 gráos d'esse mesmo thermome-- tro. Esta substancia, cuja acção therapeutica é internamente a d'um excellen- te tonico, externamente goza de propriedades por demais estimulantes para membranas, como as serosas, susceptiveis d'inflammarem-se á menor excita- ção. É por isso que não são poucos os inconvenientes apontados pelos práti- cos, que em sua clinica tem-na experimentado. O contrario d'isto dá-se com a tinctura d'iodo. Medicamento heroico, o iodo tem sido por M. Ricord externamente empre- gado nos derramamentos como resolutivo de grande força : ao illustre Velpeau coube, porem, a gloria d'inicial-o como meio poderosíssimo em injecções nas hydrocéles. Que nos diga o hospital da Charidade de Paris a verdade d'essa asserção. Com effeito; a injecção iodada é muito menos dolorosa, muito menos irri- tante que a vinosa; a inflammação subsequente áquella é, como diz Velpeau, apenas no gráo desejado á dar logar a absorpção nos tecidos excitados, e por consequência mais facil em resolver-se : a cura é geralmente radical. Entretanto a injecção pelo vinho é sempre acompanhada de grandes do- res, muitas vezes cruciantes e capazes de desfallecer o animo ao paciente : to- cando os tecidos, mortifica-os, ou excita-lhes uma inflammação agudíssima, que quase sempre termina pela suppuração. Demais é sabido, e muito bem de- 5 monstra Vidal de Cassis que, sempre que a quantidade de liquido injectado é maior do que a capacidade da vaginal, vencendo a força d'elasticidade d'essa túnica, acaba por despedaçal-a, e á essa dilaceração segue-se naturalmente a infiltração do tecido cellular. Sabe-se ainda, e os livros d'operação o dizem que, toda vez que a extremidade da cânula do trocart, abandonando a cavi- dade do derrame, põe-se em relação com o tecido cellular, occasiona-lhe tam- bém a infiltração : ora, as consequências d'estes accidentes são geralmente graves, quando a injecção é excessivamento irritante; podem apparecer a sup- puração, a gangrena, e, até, a morte! Desgraçadamente são mais de um, os factos d'esta ordem já conhecidos na pratica em desabono da injecção vinosa. A injecção iodada, ao emvez, está muito longe de produzir isto que acaba- mos de ver, não só porque pequena quantidade de liquido é sempre bastante para dar o effeito desejado, como também porque, dada a hypothese de que por qualquer outra causa a infiltração appareça, a tinctura d'iodo é inoffensi- va para determinar uma inflammação purulenta ou gangrenosa. Si assim é, como repellirmos uma medicação segura, qual a injecção ioda- da na hydrocéle? Não estão ahi as estatísticas em seu favor? O distincto Velpeau aos impugnaderes de seu methodo conseguira sempre -responder com a lógica dos factos, apresentando-lhes em 1837 uma cifra de trinta e sete curas radicaes, cifra que mais tarde, em 1846, s'elevára á qua- trocentas. Não parou ahi : hoje, diz Trousseau no seu capitulo acerca do iodo, o cirurgião da Charidade conta centenas d'observações que estabelecem a efficacia do iodo nos casos de hydrocéle. Á authoridade do eminente cirurgião devemos ajuntar os nomes illustres de Berard, Jobert de Lamballe, Boinet, Borelli de Turim, Abeille e outros que não trepidaram em decidir-se pela injecção que na pratica lhes assegurava os mais bellos resultados. . H. É verdade que a injecção vinosa não deixa de ter seus adeptos, entre elles cirurgiões que muito avultam, como Dupuytren, Gerdy e Vidal de Cassis; mas, é certo também que essas mesmas summidades, depois de fazerem a apologia de seu methodo, confessam não desconhecer que semelhante injecção acar- reta muitas vezes accidentes, quase sempre, funestos. G Ouçamos o que diz o proprio Vidal, quando emitte sua opinião, alias cre- dora de nosso respeito, em favor do vinho. « Cependant il faut avouer que cette injection est évidemment plus douloureuse, et quil reste encore quel- ques cas, três rares á la verité, oú malgré tous les soins possibles, toutc T habilite possible de la part de Voperateur, il peut survenir des aeci~ dents, puisquon les a observes precisement dans la pratique des hommes qui jouissent de la réputation chirurgicale la mieux meritée; de sorte quau point de vue de Tinnocuité, de la benignité, je crois que les injec- tions iodées doivent étre mises en première ligne. » Accresce mais o seguinte: sendo a absorpção do iodo um facto incontro- verso na sciencia, nenhum perigo ha quando, por ventura, um pouco d'injec- ção deixa-se ficar dentro da cavidade: succederá o mesmo com a injecção vi- nosa? Accreditamos que não. O autor que a pouco citamos, descrevendo o modo de praticai-a, diz que é necessário, logo depois d'injectado o liquido, esvasial-o até á ultima gotta: ora, si não fossem prejudiciaes duas ou trcz gottas de vinho na túnica vaginal, de certo seria inútil tal recommendação. Em virtude d'isto, cremos não haver necessidade nenhuma d'esterilisar um meio precioso, na phrase de Trousseau, em beneficio d'outro, cuja efficacia é.na pratica muita vez posta em duvida. Velpeau nos annaes da cirurgia franceza e estrangeira d'Abril de 181-3 dis- se; « II me parait prouvé: « /.° Que la teinture d'iode provoque avec autant de certitude qu'au- cun autre liquide V inflammation adhésive des cavités doses; « 2.° Que cette teinture expose moins que le vin a V inflammation pu- r dente; * 5.° Quelle favorise manifestement la résolution des engorgements simples qui compliquent les hydropisies; 4.° Quinfdtrée dans le tissu cellulaire, elle peut ne pas amener d'in- flammation gangreneuse. » Tanto isto é verdade, que actualmente são largas as applicações d'essa sub- stancia; ja não digo nas hydrocéles, mas nas hydarthroses, ascites, abscessos frios, &c., o que robustece ainda mais a opinião, que formamos á respeito d'esse poderoso remedio. Hoje, que a cirurgia alarga seus olhares para um horisonte menos anuviado; hoje que ella almeja um futuro para a humanidade mais risonho do que o pre- sente, ja buscando anniquilar-a dor,-que por ventura, na operação ainda possa torturar o doente, ja pretendendo poupar-sangue e tecidos-sempre 7 que é isto possível, nenhum cirurgião, que intenta curar a hydrocéle, entre o iodo e o vinho opta por este, uma vez que seus desejos podem ser coroados pelos bons resultados d'aquelle. O medico, pois, que para o enfermo sempre é sentinella avançada ante as portas da morte, tendo por dever sagrado reflectir nas prescripções que faz, deve também sopesar a observação por muito tempo estudada. ingenii humani partus est, secl temporis fdia; disse Baglivi. SECCÃO MEDICA. 0 HYGIENE MILITAR EM CAMPANHA. PROPOSIÇÕES. 1? A hygiene d'um exercito em campanha difficilmente se põe em pratica; quaesquerque sejam os cuidados de seus administradores, estão sempre aquem d'algumas causas de moléstia, variaveis e imprevistas em certas condições, V É necessário que a sua organisação militar aítinja ao maior grão de perfei- ção, para que essas causas possam ser convenientemente modificadas. 3.» A differença d'elementos, de*que se compõe um exercito, e o serviço pe- culiar á cada uma das-tres armas-influem relativa e diversamente sobre o seu estado sanitario. í.a Os acampamentos provisorios estão longe de pôr o soldado ao abrigo das intemperies das estações e vicissitudes athmosphericas. o.3 As mais das vezes na circumvisinhança de pantanos, determinam a entoxi- cação miasmatica. 9 6. a Acampar um exercito importa estudar as condições climatéricas do logar, . que mais podem predominar. 7. a As vestimentas militares devem estar em relação com as estações e o clima; não convém as que exercem grandes constricções. 8. a Os exercicios penosos, á que diariamente se submette o soldado, d'envolta com o pezo das armas e dos uniformes, são de grande alcance na producção de moléstias. 9. a A alimentação viciada e as agoas de má qualidade occasionam moléstias do apparelho digestivo. 10. a i O uso immoderado de bebidas alcoólicas, faz o soldado contrahir facilmen- te o habito de embriagar-se, e d'ahi as consequências d'esse vicio, o delirium tremens, a loucura &c. 11. a As paixões, o celibato e o mêdo podem por sua influencia moral trazer per- turbações serias. 12. a A disciplina, demasiado austera em campanha, compromette muitas vezes a saude do soldado. S 3 10 13/ Barbara, irracional c homicida é a pena corporal, ainda hoje admittida em alguns exercitos. 14/ O soldado novo, estranho aos rigores d'uma vida rude de campanha, soffre transições bruscas, e incompativeis com o seu estado de saude. 15.a A impressão moral produzida pelo desbaratamento d'um exercito é de pe- rigosa influencia para os feridos do combate. SECÇÃO CIRÚRGICA. ABCESSOS FRIOS. PROPOSIÇÕES. 1. O tumor formado por uma collecção purulenta, e precedido d'intlammação de marcha chronica, chama-se abcesso frio. 2. a Destingue-se o abcesso frio do phlegmonoso ou quente, attendendo os symp- tomas pronunciados d'inflammação aguda, precursora d'este. 3. Os abcessos frios de preferencia se apresentam nas partes mais ricas de gan- glios lymphaticos, e por isso são chamados abcessos lymphaticos. < 4. a Formados muitas vezes na visinhança das articulações, é preciso não con- fundil-os com os abcessos das bolsas serosas. 5. a A principio tumor indolente, o abcesso frio mostra depois dôr, calor, còr vermelha e adelgaçamento da pelle. 6. a É temeridade provocar a resolução dos abcessos frios. 12 I. 3 Uma diathese escrophulosa é na pluralidade dos casos a sua etiolo gia. 8. a No tratamento dos abcessos convém logo destruir o vicio geral, que lhes dá origem. 9. a Ao mesmo tempo que se faz isto, cumpre ao cirurgião dar sahida ao puz. 10. a A puncção é o meio mais geralmente admittido. II. a Quando retardada traz alterações nas paredes do fóco e difílculta a cicatri- zação. 12. a Muitas vezes é necessário estimular a vitalidade dos tecidos desorganisados pela fusão purulenta. 13. a N'estes casos é de grande proveito a injecção com tinctura d'iodo, ou com a de mirrha. SECÇÃO ACCESSORIA. EXTRACTOS EM GERAL. PROPOSIÇÕES. 1. a Extracto é o producto obtido por meio da evaporação d'um sueco natural, ou d'uma solução de princípios vegetaes ou animaes com propriedades medi- camentosas. 2. a Os extractos chamam-se gommosos, mucilaginosos, gelatinosos, resino- sos &c. segundo os princípios que nelles predominam. 3. Segundo o vehiculo de que provêm, também se podem dividir em-aquo- sos-alcoolicos-e ethereos. 4. a Os preparados com suecos expressos, não fermentados, de fructos, cha- mam-se particularmente arrobes. 5. a Os líquidos empregados como vehiculo na preparação dos extractos são a agoa, o álcool, o ether, e poucas vezes o vinho e o vinagre. 14 6. Os extractos podem ser molles, seccos ou solidos. 7. a Os extractos alcoolicos são mais energicos que os aquosos seus correspon- dentes. 8. O extracto de sueco de plantas é mais activo, quando na sua preparação não é separada a chlorophylla. 9. a Duas operações constituem a preparação d'um extracto; a que tem por tim preparar o liquido que deve produzil-o, e.a concentração d'esse liquido pela evaporação. 10.a Os extractos attrahem facilmente a humidade do ar athmospherico. 11 .a Entre as preparações pharmaceuticas o extracto tem a grande vantagem de apresentar debaixo d'um pequeno volume os princípios activos das substâncias medicinaes. Os extractos devem ser guardados em vasos de vidro ou porcellana herme- ticamente fechados. HYPPOCRATIS APHORISMI. 1. Vitabrevis, ars longa, occasio pra?ceps, experientia fallax Judiciam difficile. (Sect. 1Aph. /.°) 2. Ubi sommus deliriam sedat, bonum. (Sect. 2 A Aph. 2.°) 5.° Mutationes anni temporum maximé pariunt morbos; et in ipsis temporibus mutationes magnae tum frigoris túm caloris, et caetera proratione eodem modo. {Sect. 3.' Aph. /.°) I In autumno morbi acutissimi, et maximé exitiales, ver autem saluberrimum, et minimé lethale. {Sect. 5.' Aph. 9 A) ò.° Non satietas, non fames, neque aliud quicquam bonum est, quod supra na- turae modum fuerit. (Seec. 2.a Aph. o.° Ad extremos morbos, extrema remedia exquisité óptima. fSect. 2A Aph. 6.°J éfyenzetâc/a a ia. $a/ua e &acaá/ac/ó (/■& d&edana SS c/e &ufa&e </e cffin/a. (§dfa tâede e<jfa aod cfia/ua /rf c/e tfafa&W t/e Q)r. ty'. (fâ. /i-eJ c/a t&atâ &a£ii & </e 22 c/ô c/e BAHIA-TYP. DE CAMILLO DE LELLIS MASSON & C.-1868.