DO §t, JP 'flÍHJI- BAHIA TYPOGRArHIA DO DIÁRIO 5—Largo do Theatro—5 1875 THESE APRESENTADA 1 jgnttiliiaiiE h fUtitinua h jf|aj)ta EM ABRIL DE 1875 PARA VERIFICAÇÃO DE TITULO PELO 31 x, JUI» a d 0 * 4 * s t> 0 BAHIA TTPOGRAPHIA. DO «DIÁRIO» 5 — Largo do Theatr* — S 18 7 5 FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA DIRECTOR O EXM. SR. CONSELHEIRO DR. ANTONIO JANUARIO DE FARIA VICE-DIRECTOR O EXM. SR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES LENTES PROPRIETÁRIOS. Os Srs. Doutores i° anno Matérias que leccionão ,, ,r . Physica em geral, e particularmente em suas Lons. Vicente Ferreira de Magalhaes . . ãppUcaçCie@s à Medicina. Francisco Rodrigues da Silva Chimica e Mineralogia. Barão de Itapoan Anatomia descriptiva. S“ anno Antonio de Cerquei ra Pinto Chimica organica. Jeronymo Sodré Pereira Physiologia. Antonio Mariano do Bomfim Botanica e Zoologia. Barão de Itapoan Repetição de Anatomia descriptiva. 3® anno Cons. Elias José Pedrosa Anatomia geral e pathologica. Egas Carlos Moniz Sudré de Aragão. . . Pathologia geral. Jeronymo Sodré Pereira Continuação de Phisiologia. 4° anno Dr. Domingos Carlos da Silva .... Pathologia externa. Demetrio Cyriaco Tourinho Pathologia interna. Partos, moléstias de mulheres pejadas c de meninos recemnascidos. 5° anno Demetrio Cyriaco Tourinho Continuação de Pathologia interna. Luiz Alvares dos Santos Matéria medica e therapeutica. T„, . , - rp •. Anatomia topographica, Medicina operaloria Jose Antonio de Freitas e apparelíos. «® anno llozendo Aprigio Pereira Guimarães . . . Pharmacia. Cons. Salustiano Ferreira Souto. . . . Medicina legal. Domingos Rodrigues Seixas Hygiene e Historia da Medicina. José Affonso Paraizo de Moura .... Clinica externa do 3.° e 4.° anno. Cons. Antonio januario de Faria . . . Clinica interna do 5.® e 6.° anno. Augusto Gonsalves Martins .... Antonio Pacifico Pereira Alexandre Afibnso de Carvalho . OPPOSITORES Secção Cirúrgica. ígnacio José da Cunha Pedro Ribeiro de Araújo José ígnacio de Barros Pimentel. Virgílio Ciimaco Damazio José Alves de Mello Secção Accessoria. José Pedro de Souza Braga Claudemiro Augusto de Moraes Caídas . Ramiro Affonso Monteiro Manoel Joaquim Saraiva 1 José Luiz de Almeida Couto Secção Medica. SECRETARIO O SR. DR. CINCINNATO PINTO DA SILVA. OKKICIAL DA SECRETARIA O SR. DR. TIIOMAZ DE AQU1NO GASPAR. A Faculdade não approra, nem reprova as opiniões emittidas nas lheses que lhe são apresentada» ALLA ILLUSTRE A C A D E M I A 1)A I! A II l A macstra di liotlrin.i t ili rirlé RICEVI QUESTA TESI DEL CANCRO DAL DR. SALVADOR R I Z Z 0 •DISSERTAÇÃO O Quibus cumque occulti cancri fiunt. HYPPOCRATIS APHO — VI ||> cancro é uma enfermidade conhecida desde o tempo de Hyppocratis. Obstinada e rebelde ás diversas medicações, é quasi sempre pertinaz em reapparecer, não obstante as operações cirúrgicas. Tem merecido sempre a mais assidua attenção dos médicos, e comquanto a histologia tenha que- rido examinal-o em sua mais intima organisação, é forçoso confessar que a medicina e a cirurgia esperão ainda ter esse conhecimento perfeito. DEFINIÇÃO O que é o cancro? A palavra cancro origina-se da lingua grega e significa — carangueijo — e da latina — câncer — onde tem a mesma significação. Diz-se que esta denominação proveio da semelhança notada entre o cancro e o animal da- quelle nome. Os antigos chamarão cancro principalmente a degeneração mais frequente do seio, onde o tumor fica circuncidando de veias e assemelha-se ao caran- 6 gueijo. Outros dizem que a palavra cancro significa um tumor que róe a parte affectada. Com o progresso da sciencia se tem conhecido que o cancro não pode ser definido; pelo que hoje os médicos satisfazem-se em des- crevel-o. ESPECIES DE CANCRO O cancro póde manifestar-se sob diversas formas e especies. Bayle (j) admittio nove especies; alguns não admitlem senão cinco, e outros admittem tres. Nós adoptamos a opinião deste ultimo. As tres espe- cies de cancro são: Io o scirrho, 2o o encephaloide, 3o o colloide. Occu- par-nos-hemos particularmente do scirrho. SCIRRHO O scirrho é um só tecido que Scarpa e o maior numero dos autores inglezes considerão o verdadeiro cancro. ANATOMIA PATHOLOGICA O cancro é composto de uma trama cellulo-fibrosa, no meio da qual (como a cal entre as pedras de um muro) é depositada uma substancia solida, semi-transparente de cor branca azulada. jUma tal disposição dá ao tecido scirrhoso a apparencia do toucinho, pelo que muitos autores impres- sionados com essa semelhança, dão-lhe a denominação de tecido gorduroso. A quantidade e a disposição relativa do tecido e da matéria interposta, imprime ao scirrho modificações exteriores. Quando o cancro apparece limpido e regular chama-se areolar, nome que se devia applicar ao tecido colloide. Também o tecido cellulo-fibroso é formado algumas vezes de modo que as fibras irradião-se do centro para a peripheria, dando-lhe semelhança com o parenchima de um nabo. Ordinariamente no cancro confundem-se estas (!) Não o tive agora para consultar, mas creio que a minha memória não me é infiel. 7 fôrmas, porque em uma parte do tumor veem-se as fibras crescidas, e em outra predomina o aspecto gorduroso, sempre que as fibras do scirrho ultrapassão a área do tumor penetrando nas partes sãs. Algumas vezes o scirrho fica livre e move-se entre os tecidos sãos; outras vezes tem adherencias, e ainda pode apparecer segregado de algum chisto. Se se comprime entre os dedos um pedaço do cancro, escorre um liquido semelhante ao leite, ao qual Cruveilhier deu o nome de fluido ou sueco canceroso. A presença deste liquido semelhante ao leite não é con- stante, de modo que se não o deve julgar necessário para qualificar o cancro. O scirrho fôrma uma contextura extremamente apertada, de modo que o seu peso especifico é maior que outro qualquer producto morboso. Cremos que esta circumstancia deve ser invocada como meio de diagnos- tico, principalmente quando se tratar de tumores nos seios e nos testículos. Scarpa, Travers e Lobstein sustentarão que os tumores scirrhosos não recebem vasos. Esta opinião foi contestada por Lebert, Muller e Cruvei- lhier, os quaes affirmão que o schirro recebe vasos, posto que muito tenues ou delgados. Vidal de Casis attesta que viu a olhos nús alguns vasos em uma degeneração schirrosa do estomago. No schirro não ha estado limphatico nem se encontra nervos. A massa scirrhosa ostenta fôrma irregular, proeminente, duríssima, dureza que varia nas differentes partes do tumor. Como é natural, é mais dura nas partes onde abunda o tecido fibroso do que naquellas onde predomina a matéria gordurosa. Ordinariamente o cancro tem um volume medíocre; é raro encontrar algum da grossura do punho. Em seu desenvolvimento algumas vezes iden- tifica-se com o orgão, no meio do qual é produzido, e então, ora tornão-se grandes, ora pequenos. D'ahi ha distineção de cancro hypertrophico e cancro atrophico. Tem-se observado scirrhos nos seios das mulheres, que inherentes á glandula mamaria, com ella se identificão e a endurecem como pedra, se bem que conservem um pouco de elasticidade e reduzão os seios á metade de seu volume, Em tal caso os bicos dos seios encolhem-se para dentro constantemente. A descripção até aqui feita, diz respeito ao scirrho em seu periodo de formação. Quibus cumque occulti cancri fiunt. O cancro pode ter também um longo periodo de evolução, e esta pode durar tempo indeterminado. No maior numero de casos depois de um anno, e também depois de dous a tres mezes, o tecido torna-se menos transpa- 8 rente e começa a amollecer. A superfície tegumentosa mais próxima ao tumor adhere-se a elle, enrubece e finalmente abre chaga. Uma vez formada a ulcera, destroe pouco a pouco a massa degenerada, a qual se vae profun- dando, ganhando por ahi extensão, o que perde pela superfície. Cumpre notar que o amollecimento do scirrho nunca é completo e jamais se asse- melha ao encephaloide. Na verdade, quando o encephaloide perde a sua consistência, o amollecimento é quasi o mesmo e é egual em toda a ex- tensão do tumor; ao passo que o scirrho quando amollece na superfície, conserva sempre uma regular consistência na situação inferior. Parece que sua destruição opera-se por uma especie de desfolbamento, porquanto algumas linhas abaixo da parte molle, o scirrho conserva considerável du- reza. A ulcera que succede ao seu amollecimento apresenta uma superfície irregular de côr um pouco escura ou azulada, raramente avermelhada, com os bordos irregulares limpamente talhados e ordinariamente reen- trados. O fundo da ulcera algumas vezes é secco e muito duro. Ordina- riamente apresenta-se com um liquido sero-purulento, chamado icor. E’ raro que a superfície scirrhosa se torne séde de uma hemorrhagia grave. Os phenomenos locaes do scirrho podem variar segundo o orgão interessado. Porém em qualquer parte, onde se desenvolva o tumor e depois de um certo tempo de ulceração, os ganglios visinhos se engorgi- tão e alguns vasos limpbaticos entumecem, enrubuscem-se, offerecendo em seu trajecto os caracteres anotomicos que Chassaignac descreve na lym- phagioite tragitiva. Isto não quer dizer que os ganglios proximos não possão ser affectados quando o scirrho está em seu periodo de formação; mas sim que desenvolve-se a adenites quando o cancro chega ao estado de ulceração. No scirrho ulcerado dos seios temos observado o seu des- envolvimento na axilla tornando-se do tamanho de um ovo de pomba. SYMPTOMATOLOGIA Os phenomenos locaes objectivos do scirrho achão-se todos enumerados na parte anatómica phatologica, e nós não encontramos outros. Citaremos unicamente os phenomenos locaes subjectivos. Entre estes nota-se a dor lancinante e pungente que não é continua, mas com intervallos curtos. Não obstante a opinião de autoridades respeitáveis cremos que a dor raras vezes falta nos tumores scirrhosos; bem que não lancinante, mas oppressiva e comprimente. 9 PHENOMENOS GERAES No primeiro periodo do scirrho a constituição do individuo não parece alterada. Pouco a pouco, porém, debilita-se, e quando a ulceração tem durado algum tempo, o apetite diminue, as carnes empallidecem e adqui- rem uma côr terrea amarellada, chamada amarello de palha. Estes plieno- menos reunidos constituem cachexia cancerosa, que é patognostica quando é acompanhada do scirrho ulcerado. A alteração geral de ordinário au- gmenta-se gradativamente e de modo continuo; algumas vezes porém ha interrupções bastante longas, simulando o restabelecimento, isto é, sus- pensão da enfermidade. A morte pôde vir pelos symptomas locaes, ou pelos geraes; pelo menos, póde ser de quatro modos. Io. — Determinando uma grave inflammação nas partes que circundão o tumor. 2o. — Extinguindo o organismo pela intensidade das dores. 3o.—Pela abundancia da hemorrhagia e da suppuração. 4o.—Algumas vezes impedindo mecanicamente as funcções de orgãos importantes; por exemplo com a compressão do laringe e do pneumo gástrico. Nos casos ordinários a morte vem por phenomenos geraes, como sejão o marasmo e a septicemia. ALTERAÇÕES QUE SOFERE O SANGUE Quaes são ellas? Andral e Gavarrét admittem a diminuição dos globulos em todos os casos em que o scirrho é acompanhado de alteração da nutrição. Esta diminuição tem logar sobretudo quando o scirrho produz abundante he- morrhagia; a fibrina augmenta-se ligeiramente quando o scirrho fica em estado de amollecimento. Segundo pensão ambas estas autoridades é notá- vel a presença no sangue de globulos purulentos e de laminas elypticas com granulações na superfície de volume superior aos globulos de puz e de volume mais regular do que as placas de albumina. Estas mesmas placas se encontrão no liquido purulento reunido no meio da massa can- cerosa. O que pensar d’estes globulos purulentos depois que os trabalhos de Wirchou constatarão a presença de globulos brancos no sangue? Depois 10 que Bennet descreveu a leuchemia moléstia na qual os globulos brancos se encontrão em crescido numero? Quanto a nós Andral e Gavarrét pensavão serem globulos purulentos os globulos brancos do sangue, que no scirrho ulcerado se encontrão em grande numero em razão da adenite concomitante. Acceitando autoridade de Wirchou sustentamos que os globulos chamados purulentos por aquelles dous autores são os globulos brancos do sangue, que apresentão-se em grande numero em consequência da leuchemia lymphatica (Wirchou Pa- thologia cellular traducção de Magna pag, 145). São os globulos brancos tão semelhantes ao puz que facilmente confun- dem-se. (Wirchou logar citado.) Assim das mencionadas observações re- sulta que os globulos brancos do sangue chamados purulentos por Andral e Gavarrét são effeitos da leuchemia que complica-se com o cancro scirrhoso, mas não um phenomeno do proprio scirrho. Se o cancro não apresenta symptomas inílammatorios nos orgãos ou nos tecidos visinhos, pode chegar ao seu ultimo periodo sem febre. Quaes são as partes onde se desenvolve o scirrho ? Scarpa foi de parecer que o scirrho se desenvolve nas glandulas con- glomeradas externas; taes são os seios, parotides, as sub-maxillares, lacrimaes, e nos testículos, e nos orgãos revestidos de tegumento interno quaes são o estomago e o esophago. Esta proposição é exacla e exclusiva. Yidal affirma que viu o panchreas scirrhoso. Yelpeau viu scirrhos nas pleuras e nos pulmões, e outros autores o teem observado nas membranas do cerebro e do cerebello. Cruveilhier em sua generalição a respeito da séde primitiva de cancro declarou que se desenvolve nos orgãos onde predomina o tecido cellulo fibroso. Outros médicos admittem que o scirrho apparece nos orgãos glandula- res. Esta ultima opinião não se pode admittir sem restricções; porque é duvidoso que se o encontre nos rins e no fígado onde raramente é achado. Restão então as glandulas dos seios e as glandulas salinaes. DIAGNOSTICO 0 diagnostico do scirrho que não está ulcerado é obscuro. A dor lanci- nante que não é constante, o curso do tumor que ora é breve, ora sus- 11 pende-se, podendo acompanhar tumores de outra natureza, não são sym- ptomas pathognosticos de scirrho. Como signal presumplivo mas não defi- nitivo admitlimos a forma proeminente e a consistência dura ou rija do tumor. Neste estado de endurecimento o scirrho poder-se-hia confundir com os chistos scirrhosos e idatides, com os tumores tuberculosos, fibrinosos, fibrosos, osseos, e com os abcessos chronicos. Toda a duvida, porém, cessa quando a ulcera especial que succede ao amollecimento é acompanhada da cachexia cancerosa. RESULTADO DO SCIRRHO Do que temos exposto concluímos que o resultado do scirrho é a morte. NATUREZA DO CANCRO SCIRRHO Em todos os tempos os médicos se teem dividido em duas escolas tra- tando da natureza do cancro. Uns entendem que o cancro é um producto da alteração geral da eco- nomia, que se manifesta fmalmente pela diatese. Outros entendem que os tumores scirrhosos se desenvolvem em virtude de uma simples alteração local (escola phisiologica ou dos localizadores), e parece que esta opinião tem maior apoio na escola actual. Não reproduziremos todas as razões porque os generalizadores (operalto e diatesiste) tentarão convencer aos phisiologistas de que os tumores cancerosos são o producto de alteração geral na economia, nem as razões em que se fundão os localizadores para sustentarem que o cancro é apenas um producto local. Parece-nos que ambas as opiniões podem ser sustentadas, sendo porém que, comquanto o scirrho appareça localizado em seu desenvolvimento, produz alteração geral. Além da pathogenia e da mirographia que invocaremos em apoio da nossa proposição (noi ciappogiamo) aos factos. Julgamos primeiro que tudo que não nos temos enganado no diagnostico do tumor scirrhoso. Entendemos também que o numero do curados não corresponde ao numero dos operados, somente lembraremos que a sciencia tem registrado casos de cura; entre outros citamos o caso de uma mulher de nome Rosa Staffermo (de Mistretta la Sicilia), casada, sem filhos, com 20 annos de edade 12 que foi por um nosso distincto collega operada de um scirrho napiforme no seio esquerdo, tendo ella depois da operação gozado de perfeita saude desde então, isto ha 12 annos. Se os tumores scirrhosos fossem produzi- dos pela diatese, isto é, por uma alteração de vicio geral, seria possível a realização daquella cura? De mais se o scirrho fosse o producto de uma alteração geral é claro que as operações sanguinolentas e quasi sempre perigosas estarião abandonadas por espirito de humanidade e pelo proprio decoro da cirurgia. Quanto a nós o scirrho em seu periodo de dureza, que Hyppocrates chamou occulío é enfermidade só local Quibus cunque occidti cancri fmnt, quando o scirrho começa a amollecer-se, quando a ulceração é completa, então os vasos ulcerados absorvem a matéria scirrhosa que inquinão principalmente o sangue e transmittem as cellulas scirrhosas as partes remotas, distantes do mesmo tumor, os focos scirrhosos então multipli- cão-se e toda a economia fica affectada. PATOGENIA E MICROGRAPHIA DO SCIRRHO Aos tumores scirrhosos tem sido também applicada a theoria cellular. Posta da parte a idéa heteroplastica dos tumores cujos elementos não se encontrão na economia; hoje sustenta-se que os tumores scirrhosos são constituídos nas cellulas com núcleos e nucleolos. Lebért assim descreveu as cellulas scirrhosas. Sono le sellule scerrose egli dice rotonde ovali, o a contorni irregolari d’un diâmetro che uaria tra Omm o 155 e Omm o 259 contenenti nel loro interno molti piccoli granuli, e un nocciolo di Omm 00 750 0mm 0100 di diâmetro. Phisiologi de Paris 1845 vol: 2—in 8. Chegados a este ponto perguntamos o orgão no meio do qual se produz o scirrho é transformado, degenerado, destruído ou substituído por um novo tecido? Antes que a istologia houvesse applicado suas regras e suas theorias aos productos cancerosos em linguagem medica usava-se de palavra -—degeneração—, que mais claramente significava que pela producção do cancro o orgão, onde este se produz, perde seus caracteres normaes, e adquire os que são proprios do principio morbido. Quando surgirão as idéas da Omologia e da Eterologia, a palavra de- generação foi riscada do vocabulário medico. Estas idéas novas, porém, da Omologia e da Eterologia o que ficarão valendo depois das Eteromorfie, 13 Eterocranie e Eterometrie estabelecidas por Wirchou? Segundo a eschola actual do que demos uma idéa rapida o cancro scirrho é uma Eterometria, isto é, uma producção que por seus caracteres constitutivos aparta-se da forma tipica do orgão onde se origina (Wirchou Pathologie Cellulare). ETIOLOGIA Em primeiro logar declaramos, de accordo com todos os autores, que a causa dos tumores scirrhosos que preside a abnegação do logar (Etero- morfie), ou do tempo (Eterocranie), ou da quantidade (Eterometrie) é absolutamente ignorada. Fallareinos tão somente das circumstancias capazes de favorecer a acção dessa causa desconhecida, e que por isso se chamão causas indirectas. 1. Idade — Os tumores scirrhosos produzem-se em todas as idades. 2. Sexo — Ambos os sexos são sujeitos aos tumores scirrhosos.. .3.° Temperamento — Diz-se que os cancros apparecem com mais fre- quência nos temperamentos biliosos, e esta proposição não está justificada ainda pelos factos. 4. Herança — Parece que a herança tem uma provável influencia no apparecimento do cancro. 5. Clima quente. 6.° Alimentação quente. 7.° Offcnsas physicas. 8.° Ha- bitação e profissão — Mas todas estas causas é muito duvidoso que possão influir no desenvolvimento do tumor scirrhoso. 9. Affecções moraes—Os autores são concordes em que as affccções moraes influem na formação do cancro, principalmente no estomago. 10. Contagio — Antigamente opinava-se que o cancro era contagioso. As experiencias feitas em cães por Dupuytren, Biétt e de Alibért tirarão todo o valor a essa opinião. Os factos de muitos homens terem coito com mulheres affectadas de cancro uterino sem se contagiarem corroborão aquella experiencia. METHODO CURATIVO PROPHILAXIS Existe uma prophilaxis para o tratamento do scirrho? Entendemos que não, porque contra as tres causas qccasionaes idade, herança e affecções 4 14 moraes, conhecidas como podendo exercer alguma influencia na producção do cancro, não encontramos meios seguros que os possão remover ou modificar. O tratamento do cancro scirrho compõe-se de meios geraes e locaes. Quaes são os medicamentos que não são preconisados successivamente contra o cancro ? A cicuta, o aconito, iodo, arsénico, ferro, cobre, mercúrio, quinino, etc., etc., são todos reconhecidos inefficazes. Actualmente taes medicamentos só são aconselhados para illudir a mente dos enfermos ou para curar algumas das consequências do scirrho, como sejão a pobreza dos globulos vermelhos com o ferro, ou a selicoemia com o quinino o arsénico. Não deixaremos de mencionar um novo producto clinico, cuja efíicacia foi propalada pela imprensa o—Condurango. O principal preco- nisador do Condurango é o Dr. Bliss, de New-York, referimo-nos ás pu- blicações do Medicai Times and Gazzette, onde se diz: II citato foglio non ha potuto citare neppure nn fatto che atlestar potesse la miraculosa virtu clie egli piacési di atlribuire al Condurango. (Vedi Gazzetta Clinica del VOspidale Civico di Palermo, mesi Ottobre e Novembre del 1871, pags. 511 e 512). Eu mesmo appliquei o Condurango a uma senhora na freguezia da Bemposía, D. Anna Jacintho Nunes Moreira Avança, a qual, havia um anno, soffria de cancro scirrho no seio esquerdo, e da administração do citado formaco não obtive resultado nenhum favoravel; de modo que tive de ex- tirpar o tumor scirrhoso com os Srs. Drs. José Joaquim Bodrigues e Gal- dino Alves do Banho. (Tide Jornal cio Commercio e Diário do Rio de Janeiro de 26 de abril de 1872.) MEIOS LOCAES Os meios locaes são empregados ou com o fim de resolver o tumor canceroso ou com o de prohibir ou obstar o desenvolvimento da díathese cancerosa, e extirpando muito cedo o producto morboso; e para isto são aconselhados: Io os antiphlogisticos, 2o a ligadura das artérias, 3o a com- pressão, 4o a cauterisação, 5o a electricidadc, G° a extirpação. Io — ANTIPIILOGISTICOS Comprehende-se que as emissões sanguíneas locaes não possão resolver 15 senão os engorgitamentos e as inflammações dos orgãos ou dos tecidos visinhos ao scirrho. Para os mesmos fins são empregadas as pomadas adstringentes e resolutivas. 2o LIG4DURA DAS ARTÉRIAS Pretendeu-se que para resolver o scirrho era bastante ligar as artérias por elle envoltas. Admittindo mesmo que o cancro esteja situado em logar onde possão ser ligadas taes artérias, é opinião do maior numero de au- tores que tal pratica é illusoria. 3° — COMPRESSÃO Admittindo que se trate de tumor scirrhoso em Iogar onde se possa fazer a compressão, este meio local não poderia ser util senão nos engor- gitamentos, nos casos de liypertrophia simples ou em tumores fibrinosos ou lácteos. A compressão posta em pratica por Young nos scirrhos dos seios, con- demnada por Cario Bell e pelos cirurgiões do hospital de Middlesex, mas empregada também pelo Sr. Recamiér, deu sempre resultados negativos. Baseados nas observações de Yidal de Cassis, que pelas suas próprias ex- periências declara a compressão nociva, nós a repellimos. A compressão pode reduzir o volume do tumor, mas não pode produzir a cura do scirrho. (Vidal de Cassis, Pat. externa, tomo 3o, pag. 802.) 4o — CAUTERISAÇÃO Quer se opere sobre os productos scirrhosos com o cáustico actual ou com o potencial, o resultado será sempre o mesmo. Chegar-se-ha com o ferro em braza a destruir as proeminências de um scirrho ulcerado e a obter um aspecto melhor e menos repugnante; mas nunca se deve esperar a cura do scirrho. Os pós de Frei Cossimo, de Dupuytrem, de Vienna; a pasta de Landolfi, de Canquoin e outros cáusticos que abundão nos formu- lários terapêuticos e de matéria medica podem tão somente servir para destruir as excrescencias dos scirrhos ulcerados e para melhorar-lhes o aspecto. Consta-nos que com a pasta de Canquoin chegou-se a obter a diminuição da extensão e da area de um scirrho ulcerado, a obter que o fundo da úl* 16 coração scirrhosa se mostrasse com boa granulação e de bom aspecto; mas emfim appareceu uma granulação circumscripta em parte do tumor, que pouco a pouco invadiu toda a area da ulceração, de índole neoplastica ma- ligna, correspondendo á natureza de tumor preexistente. Melhores eíTeitos não produzirão as íléchés de Maisonneuve e as injecções epidérmicas de Thiersçh; basta ler Chassaignac para ficarmos convencidos de que Maisonneuve enganou-se nas suas observações. De facto, as curas citadas por Maisonneuve como obtidas por meio das fléchas que penetravão no thorax, lhe forão arguidas como não existentes. (Chassaignac, Opera- tions cirurgicales, tomo Io, pag. 96.) Quanto ás injecções epidérmicas de Thiersçh são talvez profícuas para produzirem a cura dos cancros epiteliali, antigamente chamados epifeliomi; mas não produzem a cura dos tumores scirrhosos. 5o — ELECTRICIDADE O que dizer da electricidade? O que esperar deste imponderável na cura do scirrho ? Yidal de Cassis escreve que empregou-a duas vezes sem successo, mas deseja que se repitão as experiencias. Para nós é incerto e duvidoso que a electricidade produza a cura dos tumores scirrhosos, bem que moderna- mente a França esteja empregando a electrolyse ou apparelhos electricos com vantagem em muitos casos que reclamão a exiirpação. 6o — EXTIRPAÇÃO Convém ou não a extirpação dos tumores scirrhosos? Deve ser tentado em todos os estados em que se pode encontrar o scirrho ? Em frente de uma enfermidade que abandonada a si mesma resulta irremissivelmente, e que altera profundamente a constituição aggravando com dores agudas os soíTrimentos do infeliz paciente, a extirpação do tumor deve ser empregada sempre que se tratar do scirrho. Com ella se ha obtido não poucos casos de completa cura. Scarpa extirpou seis vezes um tumor scirrhoso. Entretanto não ousamos sustentar que os curativos estão em relação directa com as extirpações. Dizemos, porém, que a extirpação tem produzido resultados sufficientes para que seja considerada um beneficio para a humanidade. 17 Os tumores scirrhosos são extirpados algumas vezes para remover um perigo imminente proveniente do effeito mechanico do scirrho que por exemplo comprimisse a laringe, a atrachea, o pneuma-gaslrico, outras vezes tendo-se em mira a cura. Algumas vezes a extirpação do tumor scirrhoso tem por fim acalmar as dores que o acompanlião. Vida! de Gassis operou uma mulher octage- naria que viveu dous annos sem mais soffrer; mas que veio a soffrer do mesmo tumor, e analogo ao primeiro reproduzido na cabeça (Vidal Pat. Ext. Tomo 1 pag. 495). Admittindo a extirpação como unico e singular remedio para a cura dos tumores scirrhosos nós não sustentamos que ella deve ser empregada em qualquer estado em que possa ser encontrado o producto scirrhoso: e defronte a maxima de Celso: meglio em rimedio incerto que nessuno ri- medio: Melius anceps quam nullum adebire remedium. A sciencia tem estabelecido regras que autorisão a extirpação dos tumores scirrhosos. Emfim o medico deve ter presente a maxima em virtude da qual ó aconselhada a extirpação de um membro enfermo, quando ha a fundada esperança de poder salvar todo o corpo. Finalmente não deve existir nenhum caracteristico que constitua uma contra indicação. Imagina-se por exemplo, um scirrho no seio de uma mulher que offereça os caracte- res do tumor que Velpeau chama athrophico, a mulher na idade critica, com adenites sufficientemente desenvolvida na axilla correspondente, extrema magresa, a côr cutanea amarella de palha, com ou sem febre, mas com o utero em estado incerto, estaríamos autorisados a proceder neste caso a extirpação do tumor? Parece-nos que em taes circumstancias a medicação dever-se-ia limitar a modificar as dores com sedativos internos e locaes. A extirpação neste estado revelaria muita audacia resultante da ignorância audatia vero ignorantiam artis significat (Hyppocratis). Finisco o Signori questo piccolo articolo con raccomandare che la mano del chirurgo non si debbe limitare ad estirpare il tumore, ma debbe portare il suo tagliente anche sulle parte vicine, per quella ragione che le fibre dello scirro si propagano e s’i mettomo né tessuti che circondano il tumore. PROPOSIÇÕES Ó I Physica. — A corrente electrica applicada sobre musculos vivos produz contracções. II Chimica. — Quando dous corpos se combinão, forma-se um producto, cujas propriedades são differentes corpos que se combinarão. III Botanica.—Algumas plantas contém venenos fortes, importante na M. Legal. IV Anatomia descriptiva. — A trachea é um tubo cylindrico cuja extre- midade superior por meio de substancia fibrosa é unida com a cartilagem cricoide, e cuja extremidade inferior bifurcando-se dá origem a dous canaes pequenos chamados bronchios. V Phtsiologia. — O sueco gástrico auxilia a chimificação. VI Anatomia pathologica. — Os tubérculos são encontrados mais frequen- temente nos pulmões. VII Pathologia geral.—A quantidade e a qualidade dos alimentos con- correm para a boa e a má digestão. 20 VIII Patuologia externa. — A crepitação e a instabilidade de dous fra- gmentos osseos é indicio infallivel de fractura. IX Pathologia interna. — Os miasmas paludosos produzem as febres palustres. X Partos. — Apresentando-se o braço em posição cephalo-illiaca ordina- riamente é necessário cpie se proceda ao rivolgimento. XI Medicina operatória. — A ligadura da artéria é o meio mais certo para curar a aneurisma. XII Medicina legal. — As feridas na aorta toraxica são incuráveis. XIII Matéria medica. —O ether-sulphurico é em Italia empregado nas ope- rações, e é considerado como o mais adequado para o operado e para o operador do que o cbloroformio. XIV Hygiene. — O ar secco e quente torna mais activas as funcções da pelle. XV Pharmacia. — O sulphato de quinino dissolve-se facilmente no álcool com um pouco de acido sulphurico. XVI Clinica externa.—Nas fracturas os aparelhos feitos com silicato de potassa são os melhores para obter-se a immobilidade dos fragmentos osseos nas fracturas. XVII Clinica interna.—O quinino cura as febres intermittentes miasmaticas, IIYPOCRATIS APHORISMOS I Ubi fames laborandum non est. II • Ubi cibus preter naturam plus ingestus ést, hú morbum facit ostendit autem sanatis. III Eorumque universim, et velociter nutriunt, \reloces quoque fiunt es- cretiones. IV Famem thoracis (id est vinipotio solvit). V Estive quartane magna ex parte breves: autunnales longe, et maxime que hymem attingunt. //^ee>te//dz d 't&iMdoàcz. e (//dda d/fede ed/d od 0d/iz/u/od. //ja/zcct e (çfôacti/c/cide de