J . a, V- v> THESE DE JOÃO GUALBERTO FERREIRA SANTOS REIS. S»QOOí«*«X^^ u Secçao Cirúrgica. Demetrio Cyriaco Tourinho.....j Luiz Alvares dos Santos......( .............} Secçao Medica. O Sr. Dr. Cincinnato Pinto da Silva* S\^â£^^ ^^WiWtUUi&JiiHAtayy t I A SAUDOSA IUOIORL1 I í»"« tagriãna tle sautMwte sobre o vosso tMinutoI AOS MANES DE MEUS INNOCENTES IRMÃOS Saudades!! Z£&8ggs&msaER mim iiw,ijuMiwuHiigwyijaaa>i[arf Á JII3IIA CHARA E EXTRÉMOSA MÃE. Minha boa Mãe. Eis por fim chegado o momento solemne em que vou alcançar o prêmio de minhas locubrações; eis por fim completos os mcos e os vossos mais ardentes desejos, o laurel de Doutor em Medicina vae me cingir a fronte, a vós o devo, se vós não foreis, se os vossos sábios conselhos não calassem no mco espirito todas as diíficuldades que encontrei no continuo lidar de seis annos, por certo que teria naufragado por entre as encapelladas ondas que ellas me oíTereciam. Assim pois, minha querida Mãe, acolhei benigna o minado fi ucto de meos trabalhos, acolhei-o não como paga dos grandes sacrifícios que tendes dispensado ern meo favor, mas como exigua prova do quanto vos devo. Agora, para que o vosso filho possa ser feliz na santa cruzada, que começa, resta que vós o abençoeis. ■—TTKBw Á MEOS IRMOS OS SENHORES Pi'ofessoa' tünstavo Pettro íVjjtíívi Santos Reis. PHarmacentico Coneortlio JFerreira Santos Reis. Dr. MMenriqne Ferreira Santos Reis, Mgnaeio JFerreira Santos Reis. Mcos irmãos, os laços os mais sagrados de amor fraternal, a mutua amisade que sempre nos unio é a prova irrefragavel daegual educação que tivemos; ella que até agora nos tem servido de norma, continue a sel-o; acceitae esta these que de coração vos offereço, e com ella o protesto o mais solemne de minha eterna gratidão. Henrique, nós que, obreiros communs na grande officina, ligados pelo mesmo pensamento, aspirávamos os mesmos fins, olhemos para diante, lancemos um espesso véo as epochas que já lá vão, esqueçamos para sempre estas innumeras difficuldades que de passo em passo, de momento a momento pareciam querer fazer-nos recuar da brilhante carreira que trilháva- mos; e em cujo porto bonançoso por fim aportamos; adiante surge o sol do porvir radiante de esperanças, pétalas brilhantes de nossos corações ainda palpitando no ardor da juven- tude, unidos pois pelos indissolúveis laços fraternaes, unidos pela sciencia que acabamos de professai', e cujos louros vão ennobrecer a nossa fronte, sirva o oflerecimento que vos faço d'eslc meo trabalho de sello entre esta nossa dupla união. £3 fflfflSS P1E1IM& OlSS AS SENHORAS D. Maria da Conceição Santos Reis. D. Maria do Nascimento Santos Reis. Àcceitae, minhas irmans, esta pequena ofíerenda, como prova, do quanto vos estimo, ç do maior desejo que.tenho de que sejaes felizes e virtuosas. AO MEU ESPECIAL E INTIMO AMÍGO 0 Senhor TIBBRCIO TALEmBQ DE SOES T0ÍR1H0, A SUA CHARA CONSORTE Tiburoio, hoje, que a sciencia paga-me a honrosa divida de seis annos de sacrifícios, se lenho alguma gloria por certo que vós e vossa familia também d'ella compartilhaes, permitli pois que neste momento, offcrecendo-vos a rninha Ihesç, vos dê, a mais pequenina prova é verdade, mas ao mesmo tempo a mais ingênua confissão de minha eterna gratidão e profundo reconhecimento. ——«^—— D. MARIA LEOCADIA TOURIÜÍHO. D. MU EM M TOFRHDO. E AO MEU EST1MAVEL AMIGO O SEMIOU QâiSVÂBH VKDSSiníD M WD33 UOTMBID, Recebei com este meu offerecimento a prova a mais sincera, do quanto vos sou agra- decido, da elevada amisade que vos consagro e do profundo respeito que vos tributo. A MEL PADRIMO ® ©©yran MANOEL ANTUNES PIMENTEL JÚNIOR E A SU\ EXCELIENTISSIMA FAMÍLIA. Meu Padrinho. Foi por sem duvida um dos momentos mais felizes de minha vida, aquelle no qual tive a ventura de vos conhecer; desde então eonheci também as excel - lentes qualidades que alimentam o vosso caracter, já como cidadão prestimoso, já como magistrado honrado, honrando d'esta sorte a nobre classe na qual tão dignamente sois considerado. 31 minljas atxte, paterna e materna Gratidão e profundo respeito. A MEUS TIOS E TIAS MATERNAS Retribuição de amisade. A MEU TIO O SR. PROFESSOR ra©iffl whxhm wm sitos wmmsm E SUA EXCELIENTISSIMA FAMILIA Gratidão e reconhecimento. AO SR. THOMAZ DE AQUINO E ARAÚJO, A SUA DIGNA ESPOSA M A WO&A SWM* WMXmMM ^misade e consideração. AO SR. ANTÔNIO LOPES DA SILVA E A SUA EXCELLENTISSIMA FAMÍLIA. Reconhecimento, gratidão e amisade. A ILUSTRADA CONGREGAÇÃO DISTA FACULDADE Homenagem ao mérito,. ATODOSOSMEUSCOLLEGAS otuecictliiieute aoò òeiwoxeò Itouloteò Ernesto Eustaquio de Figueiredo Ernesto Melcliiades da Silva Pinto Antônio d'Araújo Bastos. Um adeus. SECCÃO CIRÚRGICA. o Vicies de conformação da bacia e suas indicações. Le point le plus essenciel en pratique est donc de bien distinguer le domainede l'art d'avec celui de Ia nature. Cest lá ce qui constitue le vrai tact de l'accoucher, qualité rare et precieuse, qui est en grand partie le frnit d'une lohgue habitude et qui eleve tant le praticien éclairé au dessus de l'aveugle routinier. Capuron. ^^^W^^ MULHER é um ente cheio de encantos e myslerios, sua SiêwisÊmW' v^a ® um torluos0 caminho cuja porção a mais recta ^^£W)^3l é a da maternidade. ê^^b^Aprenhez éa porção a maisdifficil de sua vida. O parto, quando {z|u terminação da prenhez, é a sensível balança, que em uma con- |C> cha contém a esperança, e na outra o quadro horrível dó terror e §) do*desanimo. A mulher quando concebe parece adquirir uma vida toda nova, a mulher, quando chega o momento de encarar o fructo de seos amores, quando pensa em prodigalizar-lhe as caricias maternas, parece ter cabido em um horrível cahos, donde de um lado aparece-lhe a espe- rança de sobreviver á tantos sacrifícios e trabalhos, e do outro o terror de ver para sempre apagar se a ultima gota de luz da alampada myste- rioza da vida. __ 4 — As bacias viciadas, constituindo'uma das questões mais importantes na pratica, constituem também para o medico parteiro uma desabrida guerra, de cujas encarniçadas batalhas umas vezes sahe-se victorioso, e outras recua vencido, tendo apenas o triste triumpho de admirar aquillo que a natureza formou aberrando de seo poder, e que não é dado ao homem remediar. Elias pois servem de um lado para que o medico par- teiro desenvolvendo sua intelligencia e perícia tenha em resultado glo- rias e triumphos, e de outix), ainda mostrando a mesma intelligencia e perícia, não possa ter senão dissabor e desespero. Estudemos pois as bacias viciadas, um dos grandes obstáculos para a feliz terminação do parto, com todo o cuidado e applicação; e para que o possamos conseguir as vejamos primeiramente bem conformadas. DIÂMETROS NORMAES DA BACIA. A bacia geralmente considerada representa um cone achatado um pouco de diante para trás, com a base para cima um pouco para dianteT e o vértice para baixo e um pouco para trás. Nella lemos a estudar duas superfícies, uma, a externa se acha dividida em quatro regiões, e quasi nenhum interesse oííerece ao parteiro; outra, a interna, que deve especial- mente occupar a sua attenção, édividida em duas porções, uma supe- rior, ou grande bacia, outra inferior, ou pequena bacia, ou ainda ex- cavação pelviana. Destas, a superior ou grande bacia, cujo plano se dirige oblíqua- mente para baixo e para diante, variando porem com as diíTerentes posições da mulher, apresenta três diâmetros principaes: o primeiro, antero-posterror, ou sacro-pubiano com 11 a 11 1/2 cent., o segundo, com 13 1/2 cent. é o transverso, o terceiro com 12 cent. é o oblíquo; Velpeau adrnilte ainda um quarto que vae do promontorio á parte pos- terior da cavidade calyloide; este diâmetro, que segundo diz mais ju- diciosamente Burns é antes um intervallo, conta 10 a 10 1/2 cent.; a circumferencia deste estreito tem 35 a 43 cent. de desenvolvimento. A inferior ou pequena bacia, cuja direcção de plano varia, mas que — 5 — para nós que pensamos com Cazeaux, é oblíqua debaixo para cima e de detrás para diante, conta também três diâmetros; [o primeiro, antero- posterior com 11 cent., o segundo, transversal com \ 1 cent., o terceiro, oblíquo com H cent.; estes diâmetros que Iodos contem 11 cent. podem adquirir maiores dimensões durante o trabalho do parto. Entre o estreito superior e o inferior acha-se a excavação da bacia, é nella que a cabeça do feto executa os seos principaes movimentos; acho pois importante estudar também suas dimensões, a direcção de seo plano e de seo eixo. Suas dimensões comprehendem a altura, que éde4 cent. para dian. le, 9 V2 cent. para as partes lateraes, II cent. para trás, e 13 x\ cent. seguindo a curvadura do sacro; e a largura que, como os estreitos apresenta Ires diâmetros, um antero-posterior com 12 á 13 cent., o se- gundo transversal com 12 cent., o terceiro oblíquo com 12 cent. Para reconhecer-se exactamente a disposição geral da excavação é conveniente cortar este canal por uma serie de planos passando todos pelo ponto de intersecção dos planos dos estreitos superior e inferior, e por um outro ponto qualquer tomado na face interior do sacro; cada um destes planos determinará a abertura da excavação conforme a altura em que se achar. Determina precisamente a direcção do eixo uma perpendicular le- vantada ao centro geométrico de cada uma das secções já indicadas, e uma linha passada pelo seo pé, esta linha, que não pôde ser recta, será o eixo geral da bacia. Estudados como ficão os diâmetros normaes da bacia, passemos a examinal-os viciados. BACIAS ANGRMAES. As diversas formas das bacias viciadas parecem impedir seriamente ao estudo exacto, e tão importante, desta anomalia; este obstáculo po- rem é mais.apparente que real, e desapparece completamente quando — 6 — se tem em mira methodisar o seu estudo e se deve se criticar aos aucto- res do ultimo século por não terem rigorosamente apreciado esta causa de dystocia, tem-se o mesmo direito relativamente á alguns modernos, e sobre tudo á eschola Alleman, por terem multiplicado as difíiculdades com a multiplicação dos typos; com effeito se. em vez de grupar os casos análogos, se estuda separadamente cada uma bacia viciada, prolonga- se e diíficulta-se o estudo sem proveito algum real para a pratica. A freqüência das diíTerentes variedades de angustia pelviana não é a mesma, pode-se dizer em geral que o estreitamento antero-posterior do estreito superior é a regra, e as outras deformações a excepçao; é este pois o typo que mais accuradamente deve-se de estudar, quer pela freqüência, quer porque é aquelle cujas dimensões podemos apreciar com mais certeza. Sob o ponto de vista do diagnostico deve ser tomada em considera- ção a causa que produsio o estreitamento, mas como em resumo são as variedades de forma e os diversos gráos de estreitamento que indi- cão a escolha dos meios de intervenção, parece mais rasoavel faser disto, segundo Joulin, a base de uma classificação quasi methodica, quasi por que as espécies palhologicas não se prestão como as naturaes á uma classificação rigorosamente exacta. Segundo o que fica dito comprehende-se facilmente que concorda- mos com Joulin e dividimos as bacias viciadas em três grupos princi-^ pães, á saber. 1.° Bacias deformadas—Modificação das relações nos diâmetros. 2,° Bacias regularmente viciadas—Anomalias de capacidade. 3.° Bacias alteradas por um traumatismo ou por degenerações de tumores ósseos. BACIAS DEFORMADAS. MODIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES NOS DIÂMETROS. Joulin com P. Dubois admitte três typos principaes para esta classe; o estreitamento pode ser primeiro no diâmetro antero-posterior, (o mais freqüente) segundo nos diâmetros oblíquos, terceiro nos trans- versos. Esta divisão porem não se deve considerar rigorosa; em todos os casos, excepto para a bacia ovalar de Noegélé, as deformações são devidas ao amollecimento dos ossos, que neste estado estão sujeitos a acção dos músculos, ao pezo do corpo ou as pressões externas, e com- prehende-se facilmente que muitos pontos sejão atacados ao mesmo tempo e com variável intensidade; ella pois apenas serve para fazer conhecer a lesão predominante, e a physionomia das bacias deíor- madas. BACIAS VICIADAS NO DIAMET33 ANTERO-POSTERIOR. E' o sacro quem concorre especialmente para esta deformidade, é elle a sede da lezão; o seo achatamento sobre si mesmo, tornando a articulação sacro-vertebral mais saliente e prolongada para diante na área do estreito superior, dá em resultado a diminuição mais ou me- nos notável do diâmetro antero-posterior do estreito superior, dando semelhante resultado o promontorio artificial formado pela incurvação muito pronunciada da ultima vertebra dorsal. O movimento de basculo do sacro dirigindo seo vértice para trás, augmenla o diâmetro antero-posterior do estreito inferior, e diminue o do estreito superior; isto porem é raro, assim como é raro que haja exageração em sua curva havendo augmento da excavação com dimi- nuição dos diâmetros antero-posteriores de ambos os estreitos; o diâ- metro antero-posterior da excavação diminue porem também com a diminuição da curva do sacro, principalmente quando ella diminue, tanto que torna-se plana, ou mesmo forma uma curva posterior, A projecção do angulo sacro vertebral para diante ou para a es- querda produz a deformação do diâmetro oblíquo do lado que for o desvio e tanto mais grave quanto maior for elle. Quasi nunca a região pubiana recalcando para Iras as suas paredes concorre para este estreitamento, e c tão raro existir esta deformação ~ 8 ~- que Jacquemier nega a existência das bacias chamadas em 8 de conta por ella produzidas, entretanto que esta symphise soffre as mais das vezes um desvio em sua direcção: torna-se mais inclinada para baixo e para diante do que o é normalmente. A arcada do púbis no caso actual raras vezes é mais estreita; os ra- mos ascendentes do ischyon são em geral ao contrario mais afastados, e por conseguinte maior o diâmetro da arcada e do estreito inferior. Do que fica dito vemos que a angustia pelviana se leva de preferen- cia sobre o diâmetro antero-posterior do estreito superior, entretanto que ainda quando a cabeça o tenha atravessado podem haver obstáculos não menos terriveis a feliz terminação do parto, pois estes estreita- mentos quasi sempre são constituídos pelo rachitismo que não só amollece os ossos, mas ainda para o seo desenvolvimento, e se estas causas são sem muita importância para a parte abdominal da bacia, não o accontece egualmente para a excavação. No diâmetro antero-posterior o estreitamento de cinco centímetros é excepcional, raro o inferior a oito centímetros, commum o de nove pelo menos, neste caso ainda o parto espontâneo pode ter logar, sendo abso- lutamente impossível no primeiro e no segundo. BACIAS VICIADAS NOS DIÂMETROS OBLÍQUOS. Os diâmetros oblíquos se bem que sejão ao mesmo tempo viciados pela deformação antero-posterior, com tudo á sua viciação ali não constitue senão uma lesão secundaria, vindo formar o desvio do sacro a lesão fundamental; aqui porem, podendo egualmente haver desvio do sacro, a «lesão principal é constituída pela alteração dos diâmetros oblíquos. Segundo Joulin dividirei as bacias pertencentes a esta classe em duas cathegorias, -na primeira collocarei aquellas nas quaes ambos os diâme- tros oblíquos tem diminuído, na segunda aquellas cuja lesão é de um só lado. — 9 — Diminuição dos dous diâmetros oblíquos.—A causa ordinária d'esta defor- mação é a osteomalacia; n'ella as paredes antero lateraes são depri- midas do lado da cavidade pelviana, a symphise pubiana forma um an- gulo agudo para diante; este angulo pode-se muita vêz estreitar tanto a ponto de encontrarem-se as faces internas dos ramos horisontaes do púbis, resultando d'ahi a approximação maior ou menor dos ramos ascendentes do ischyon e descendentes do púbis e por isto a maior estreiteza ou falta quasi completa da arcada pubiana. Aqui o estreito inferior não augmenta como muitas vezes acconlece na angustia antero-posterior do estreito superior, aqui a alteração é quasi a mesma para ambos os estreitos pela approximação dos ischyons, e diminuição da arcada do púbis ficando a forma do estreito superior similhante a um coração de carta de jogar com a ponta dirigida para diante. Em cazos similhantes, quando o gráo de viciação não é muito pro- nunciado, o parto espontâneo ainda pode ter logar; as deformações extremas são raras, mas uma vez existindo, arrastão comsigo difficul- dades de tal sorte graves, que produzem ainda uma vez para o medico parteiro a desesperança e o desanimo. Raras vezes o rachilismo, da mesma maneira que as luxações congê- nitas do femur, influe para a existência desta deformação, ao existir esta segunda causa a viciação é do estreito superior ficando pelo contrario o inferior maior em conseqüência do movimento de basculo que leva para dentro as cristas illiacas, movimento que é determinado pela pressão da cabeça do femur sobre a bacia em um ponto mais elevado. Quando o parteiro por um tratamento anterior veio a conhecer que a osteomalacia preexiste a prenhez, deve tomar as medidas necessárias a previnir os riscos do parto de termo, mas nem sempre assim accontece, a deformação conforme dizem Noegélé e Stein muita vez se tem desen- volvido insidiosamente tomando proporções gravíssimas, mesmo em mulheres que já tem tido anteriormente muitos partos felizes; n'este caso Weld e Spingel approveitão-se da flexibilidade dos ossos e ter- minão o parto com successo; não nos afastamos in totum das idéas dos illustres práticos, mas sendo como são em cazos taes tão perigozas as fracturas provenientes dos esforços da exLracção, quem nos afiança dos felizes resultados que tão alto fallão em seu favor? quem nos diz que — 10 — ao envez de luctar coui um só inimigo não leremos dous e esses terríveis? Deformação sobre um so diâmetro.—As causas que produzem uma tal de- formidade são três; a primeira é o rachitismo, a segunda uma luxação congênita, ou lesões dos membros inferiores, a terceira uma causa cuja natureza é desconhecida; a esta pertence a bacia oblíqua avalar de Noegélé. Quando ha tal deformação o estreito superior é quasi um triângulo irregular, o semicirculo lateral é quasi recto, ou então fôrma uma curva cuja convexidade volta-se para a excavação, a symphise pnbiana em logar de occupar a linha media desvia-se para um dos lados e não corresponde ao angulo sacro-verlebral. Estas bacias apresentão uma indicação muito importante a preencher; como a angustia de ura das diâmetros oblíquos nem sempre altera a capacidade do outro, tornando se muita vez pelo contrario maior, e demais formando a circumfereneia da cabeça fetal um ovoide cuja ex- tremidade posterior é mais desenvolvida que a anterior, torna-se ne- cessário que uma vez diagnosticado este vicio de conformação, faça-se a extenção do feto de maneira que a região posterior da cabeça coin- cida com a parte da bacia, que apresenta maior extenção; Sacombe á quem devemos esta preciosa regra a exagera tanto que pretende ex- trahir o feto em todos os vicios de conformação qualquer que seja a sua gravidade. Estreitamento rachitico.—A variabilidade em seos effeitos das alterações rachiticasé um facto incontestável, pois bem, ainda assim é muito raro que sob sua influencia verifique-se só por só a lesão de um dos diâme- tros oblíquos, o diametro-antero posterior quasi sempre se acha tam- bém compromettido. A deformação da parede anterior do coxal pôde estreitar a excavação em toda a sua altura, podendo se verificar um estreitamento também ou augmento da estreito inferior do mesmo lado. Estreitamento determinado por uma lesão do membro inferior.—O resultado da luxação congênita de um só femur é a deformação do osso illiacc* correspondente, que por um movimento de basculo leva para dentro a crista illiaca; o estreito inferior apresenta-se assimétrico em sentido* inverso ao estreito superior; a tuberosidade do ischyon do lado afíecladc* — II — é levada para fora, e o pilar da arcada pubiana mais afastado da linha media do que seo congenero. Deixaremos de parte mais minuciosi lades sobre os caracteres das bacias rachiticas, e produzidas por uma lesão dos membros inferiores, e entraremos no estudo de uma bacia lypo das alterações em um só diâmetro, isto é da bacia oblíqua ovalar de Xoegélé, não por que a sua apparição seja tão freqüente como quer o sábio professor de Hei- delberg, porém pela especialidade dos seos caracteres principaes, que são os seguintes: 1.° Ankilòse completa de uma das symphises sacro-illiacas ou fusão inteira do sacro e dos ossos coxáes. 2.° Parada de desenvolvimento; ou desenvolvimento imperfeito da metade do sacro, e estreitamento dos buracos sacros anteriores do lado correspondente a ankilòse. 3.° Menor largura do osso coxal e de sua chanfradura do mesmo lado. 4.° O sacro parece empurrado para o lado da ankilòse, sua face an- terior é dirigida para este ponto, ao mesmo tempo, a symphise pubiana, arrastada do lado cpposto não corresponde ao angulo sacro-verlebral, os dous púbis não são exactamente fronteiros, o que pertence ao lado deformado se acha collocado um pouco para trás. 5.° Do lado da ankilòse a parede lateral e uma parte da anterior do coxal são mais planas que no estado normal. 6.° A outra metade da bacia se acha ligeiramente deformada pela dis- posição, da symphise pubiana que passa alinha media; de sorte que se se dividisse duas bacias ovalares viciadas uma direita outra esquerda, as duas metades não ankilosadas, reunidas por sua porção sacra conser- varião entre os púbis um aflastamento de 8 á 10 cent. 7.° O diâmetro oblíquo do lado não ankilosado se acha mais ou menos estreito, ao passo que o outro conserva seo comprimento ou augmenta, a mesma disposição se observa na excavação. 8.° A distancia sacro cotyloidiana do lado ankilosado é mais curta que a do outro; nota-se a mesma disposição para.as distancias que se- parão as tuberosidades scialicas da espinha postero superior, e a apo- phise espinhosa da ultima vertebra lombar da espinha illiaca antero superior. — 12 — 9.°—A cavidade colyloide do lado achatado c mais dirigida para diante do que a outra. Todos estes caracteres que acabamos de ver dão a bacia oblíqua ova- lar um certo ar de familia tão dislincto que se é obrigado a formar d'ella uma classe especial, cujo interesse pratico é incontestável, mas cujo diagnostico é de summa difficuldade; alé aqui é somente a autóp- sia quem vem revelar ao practico uma tal deformação, da qual Noé- gélé em toda sua pratica apenas notou um caso em que havia uma pe- quena claudicação dos membros inferiores, e como não hade ser assim, se acaso as partes mollesda bacia, a feliz terminação do parto, se reúnem para conjunctamenle com a sua raridade absolutamante ocultai a? la- mentamos profundamente que apezar do adiantamento da sciencia, apezar do grande numero de observações ainda hoje não se possa fa- ser um diagnostico senão post-mortemj poderia entretanto dispor o par- teiro, se não fossem os obstáculos de que já falíamos, da mensura- ção externa; que ainda desta vez não lhe dá senão resultados nega- tivos. BACIAS VICIADAS NOS DIÂMETROS TRANSVERSOS. As bacias cujos diâmetros antero-posteriores excedem aos transver- sos são aquellas das quaes deveríamos agora tractar, ellas porém pe- la pouca necessidade que tem de uma operação séria no momento do parto não tem muita importância; Velpeau fallando deste gênero de viciação apenas diz, que no estreito superior o estreitamento do diâmetro transverso é o mais raro de todos e nunca por elle foi en- contrado. 13 — BACIAS REGULARMENTE VICIADAS. ANOMALIAS EM SUA CAPACIDADE. Bacia muito grande.—Parece a primeira vista que nenhuma circuns- tancia devia de ser mais favorável para a prompla e feliz terminação do pari;), de que uma bacia cujos diâmetros excedessem as raias da nor- malidade, mas infelizmente accontece o contrario, a mulher em laes eircuinstâncias está exposta á graves accidenles não só antes da pre- nhez mas ainda durante ella, o trabalho e as conseqüências do parto. Antes da prenhez o utero livre em uma cavidade muito espaçosa, não encontrando o necessário apoio nas paredes da bacia está expos- to a descolocamentos laes, como a queda, a retroversão e a ante-ver- são; circunstancias tanto mais dignas de temor, quanto são quasi ir- remediáveis. Durante a prenhez, o utero achando um grande espaço na excava- ção pelviana, abi fica e desenvolve-se até uma epocha muito mais adiantada do que o devia de ser, e comprimindo a bexiga e o reto traz em resultado grandes tenesmos muito incommodos por certo para a mulher, trazendo ainda mais, em conseqüência da difíiculdade da cir- culação dos membros inferiores varizes, infiltrações consideráveis, tu- mores hemorrhoidarios, e por fim o aborto, que tantas vezes é resul- tado desta viciação. Durante o parto, a mulher está sugeita á todos os accidentes de um Irabalho muito prompto. O utero pode, se a mulher fizer grandes es- forços ser impellido ate a vulva, pode mesmo sahir e o contorno do collo ceder e se dilacerar, quando a dilatação é completa pode suece ■ der que o feto impellido pelas conlracções uterinas chegue de súbito ao perinéo, e não achando-se este ainda completamente distendido, — 14 — dilacere-se, emfim o esvasiamento rápido do utero pode trazer-lhe jnercia completa, e d'ahi uma abundante hemorrhagia. Depois do parto, a bacia excessivamente larga permilte a decida do utero, e pela sua compressão sobre os órgãos visinhos, a existência de uma inflammação sempre terrível. Bacia muito pequena.—Para que qualquer corpo possa atravessar um canal é preciso que este corpo guarde uma justa proporção entre as suas e as dimensões do canal; assim pois toda a vez que esta lei não for respeitada em relação a bacia e ao feto, toda a vez que honver ou um estreitamento da bacia, ou um volume anormal do feto o parto es- pontâneo não é mais possivel, e então sendo uma das duas hypothe- ses, isto é o estreitamento da bacia ou o volume anormal do feto, levada ao extremo, o parteiro, uma de duas ou engrandece a bacia ou dimi- nue o voTume do feto, e ambas estas soluções são da mais alta im- portância ao mesmo tempo que do maior receio, pelas grandes des- vantagens quer para a parturiente quer para o feto: as bacias muito pequenas são pois o obstáculo o mais perigoso na pratica da arle. BACIAS ALTERADAS POR UM TRAUMATISMO OU POR DEGENERAÇÕES DE TUMORES ÓSSEOS. Diversas são as causas destas lezões examinaremos mui resumida- mente as principaes. Callos diformes.—Differentes exemplos ha na sciencia de consolida- ções viciosas dos ossos da bacia dando em resultado uma causa de dys- tocia. Papavoine observou sobre o coxal direito três fracturas, uma no terço posterior do osso, outra no ramo horisontal do púbis, e a tercei- ra emfim no ramo ascendente do ischyon perto da tuberosidade; a consolidação viciosa destas fracturas tinha determinado uma angustia pelviana tão considerável que reclamava uma qualquer intervenção á qual a mulher sucumbio. f^owland Gibson praclicou a embryptomia por uma deformação do — 15 — sacro viciosamente consolidado em conseqüência de um accidente pro- duzido por uma carruagem. Entre nós ha exemplos de mulheres que isemptas de rachilismo ou asleomalacia, apresentão como única cau- sa de dystocia as fracturas da bacia viciosamente consolidadas. Muito difficil é esta lezão quando se tracta do seo diagnostico ella só pode ser supposta quando o medico tem pleno conhecimento dos an- tecedentes da mulher, faltando os quaes, só lhe é revelada pelos acci- dentes que sobrevem ao trabalho do parto, Luxação das ultimas verlebras lombares.—Rillian apresenta três obser- vações de luxações das vertebras lombares; na primeira, a quinta ver- tebra deslocada se achava por sua base em relação com a face ante- rior da primeira peça do sacro e formava com ella um angulo recto; a arcada do estreito superior se achava reduzida de diante para trás a 72 millimetros, no segundo, coma mesma observação, o diâmetro an- tero-posterior media 54 millimelros; o terceiro foi publicado sem apa- nhamentos. A mulher em todos os três casos soffreo a operação ccezaria. N'estes casos o aspecto geral da mulher disperta o diagnostico, a curva de compensação da columna vertebral em sentido opposto, a de- pressão e o afundamento característico da região lombar e finalmente o toque vaginal o complelão. Exostosis e tumores ósseos da bacia.—A raridade dos tumores ósseos da bacia faz Noegélé, ao contrario de Velpeau em uma analysede cazos pu- blicados, negar a existência das exostosis, e pensar que as mais das vezes trata-se de uma projecção do sacro para diante; pode ser ver- dadeira a opinião do celebre professor, mas, apezar dos seos ardentes desejos em contestar as affirmaçõesde Velpeau, não tem provado que sejão inexactas as opiniões de tantos outros laes como: Cloquet, Bar- bant, Sandifort, e Fried que pensão com Velpeau. Noegélé se conten- ta em negar e a negação de um facto sem provas não é um argumen- to bastante para lhe tirar o seo valor real. As exostosis não são os únicos tumores que se podem desenvolver nos ossos da bacia, e que por conseqüência podem difficultar o parlo; Velpeau conta dous factos de Burns e Lassus em que espécies de apophises styloides proeminavão na excavação; admitte-se ainda que tumores pelvianos de diversas naturezas possão tornar-se cartilagino- -Í6 — sos, osteiformes, e se soldando á parede da bacia constituão um obs- táculo a expulsão do feto. Sob ponto de vista pratico, a determinação rigorosa da natureza dos tumores ósseos da parede pelviana apenas tem uma importância se- cundaria, por que em geral não se tem conhecimento delles senão du- rante o acto do parto, occasião esta em que já não se pode preferir o parto prematuro a uma operação grave para a mulher e mortal para o menino. Osteosarcomas.—Apezar de serem excepcionaes os factos de dystocia provenientes das degenerações cancerosas dos ossos pelvianos, com tu- do ellas não são absolutamente raras, e quando existem, são acompa- nhadas de dores tão violentas que dispertão sempre a attenção do pra- tico, lhe.permittindo desta sorte tomar todas as medidas que julgar precisas antes da epocha do parto. E' o caso em que terminando-se a moléstia sempre pela morte, e tractando-se pura e exclusivamente do interesse do menino, a operação ccezaria é sempre justificada. DIAGNOSTICO DOS VÍCIOS DE CONFORMAÇÃO DA BACIA. São de duas ordens os signaes pelos quaes se pode vir ao conheci- mento da axistencia de um vicio de conformação, á primeira pertencem aquelles que podem ser adquiridos pela historia da vida passada da mu- lher, pelo seo exame geral, por sna constituição, por seo talhe, e por sua força phisica; á segunda .pertencem aquelles que dependem do exa- me interno e externo da bacia. Na primeira ordem estão os signaes chamados racionaes, na segunda os chamadas sensíveis. Signaes racionaes.—A historia dos primeiros annos da vida da mulher c aqui de summa importância, ella nos pôde fazer suppor não só a boa ou má conformação de bacia, mas ainda a natureza da aflecção geral que produzio a deformação. Na maioria dos casos pode-se suppor durante a prenhez um vicio de conformação, quando elle tem por causa o rachilismo, a osteomalacia, — 17 — ou luxações congênitas; as deformações das outras partes do esqueleto dispertão a attenção do pratico, e é raro que uma exploração rigorosa não permitta descubrir o vestigio da* deformidade; assim a natureza rachilica da deformação será quasi certa quando a moléstia que a cau- sou tiver se desenvolvido nos dez primeiros annos, esta certeza será completa, sabendo-se, que segundo a lei dos orlhopedistas formulada por Guerin, as deformações procederão debaixo para cima, e que forão viciados successivamente os tibias, os femures e por ultimo a columna vertebral, Se ao contrario porém passarão-se sern accidentes os dez primeiros annos, e principalmente se a mulher tiver tido já partos fe- lizes, só depois d'esta epocha apresentando-se todos os phenomenos de um amollecimento agudo é á osteomalacia que o. devemos altribuir. Depois d'estas observações deve o parteiro procede? ao exame do in- divíduo; a columna vertebral e os membros inferiores devem particular- mente fixar a sua attenção; lembrar-se-ha que os desvios rachiticos da columna vertebral trazem quasi sempre a má conformação da bacia, que os outros deixão a bacia em estado normal, que o rachitismo pode ri- gorosamente incurvar os membros inferiores sem alterar a bacia, mas que as mais das vezes estas duas partes do esqueleto são atacadas ao mesmo tempo, ou que ainda mesmo ficando intacta a forma da cavi- dade pelviana depois da cura da moléstia é raro que a deformação da bacia não venha a será conseqüência da desigualdade do comprimento dos membros inferiores, quando ella é muito notável e existe desde a infância; não tendo logar tal deformação se bem que incurvados os membros inferiores conser vão com tudo entre si o mesmo compri- mento. Se tem procurado estabelecer uma certa relação entre os sentidos das curvaduras do rachis ou dos membros inferiores e a espécie de vicio de conformação da bacia; assim, segundo M. Holl, a inflexão la- teral da columna lombar coincideria muita vez com um estreitamento maior do lado da bacia correspondente á aquelle para o qual pendem as vertebras lombares, e, segundo o mesmo auclor, a curvadura dos fe- mures determina o estreitamento transversal da bacia e seu allonga- mento antero-posterior, quando estes ossos estão curvados para diante, resultando de sua curvadura para fora, maior largura transversal, e se um se curva para fora e outro para diante o estreitamento corresponde á este ultimo. R. 3 — 18 — Ultimamente Guerin, estabelecido que o rachilismo procede de baixo para cima e que a reducção em dimensão dos ossos segue a mesma progressão, quiz provar: Io que adimensão dê um osso rachitico sendo conhecida, a dimensão das outras parles do esqueleto pode ser appro- ximadamente determinada; 2.° que a reducção dos três diâmetros da bacia, nas mulheres rachilicas, segue a reducção das dimensões de suas partes componentes, e que o gráo d'esta reducção é intermediário ao gráo de reducção do femur e do humerus; estes resultados aliás de tanta importância ainda não tem a sancção pratica que merecem, e que, não duvidaremos, terão mais tarde com os quotidianos progressos da sciencia. Emdifiniliva vemos que estes signaes racionaes não dão em resultado senão probabilidades, o que pouco influe para a solução exacta e ri- gorosa das questões de diagnostico relativas as indicações; nenhum juizo exacto pode fazer o parteiro senão depois do exame das fôrmas externas e dimensões internas da bacia, o que só virá a ter por meio dos signaes sensíveis. Signaes sensíveis.—Diversos são os instrumentos inventados pelos quaes se adquirem os signaes chamados sensíveis, são elles os pelvi- metros, e pelvimetria a operação pela qual se os adquire: esta pôde ser interna ou externa. Para a pelvimetria externa ou quando se trata de uma virgem ser- vem-se os parleiros do compasso de expessura de Baudelocque; este instrumento porém está bem longe do gráo de certeza que lhe attribue o seu auctor, pois além de ser completamente mudo a respeito dos di- versos desvios da columna lombar, o desconto da extensão achada é calculado pouco mais ou menos, e pôde variar a correspondência da apophyse espinhosa da ultima vertebra lombar sobre a qual se colloca um dos ramos do compasso relativamente ao plano do estreito superior. Para a pelvimetria interna despresão os allemães, inglezes, e fran- cezes, os diversos instrumentos inventados e servem-se da mão; real- mente este pelvimetro natural faz-nos (conhecendo bem o parteiro a medida do seo dedo) verificar todo e qualquer tumor existente no in- terior da bacia, a maior ou menor mobilidade do coccyx, a rectidão ou inflexão da excavação neste ou n'aquelle sentido, a maior ou menor proeminencia das espinhas schiaticas, a altura da symphise do púbis etc. — 19 — Alem d'este, deixando de parte ointro-pelvimelro de M.me Boivinque além de não dar resultados seguros é repugnante e até ridículo, o de Coutouly do qual ninguém faz mais uso, temos o de Van-Huevel que muito empregado na AUeinanha e em outros paizes dá resultados muito precisos, tendo ainda o inconveniente de não denunciar os tumores; este porém ajudado da mão eonslilue.para Cazeaux o meio mais seguro de que dispõe a pelvimetria. INFLUENCIA DOS VÍCIOS DE CONFORMAÇÃO DA BACIA SOBRE A PRENHEZ E 0 PARTO- Nenhuma duvida pôde haver que os vícios de conformação da bacia tem sobre a prenhez e o parto uma influencia, que não sendo absoluta, se applica com tudo a maioria dos casos; a bacia muito larga, a bacia muito estreita, ambas ellas influem de uma maneira incontestável; no geral porém a excepção de algumas modificações, que mais dizem res- peito a obliqüidade extraordinária dos planos d'ella do que ao estreita- mento de sua cavidade, as bacias muito estreitas raras vezes perturbão a marcha da prenhez, lendo porém contraria influencia sobre o parto. E se o gráo de estreitamento é um ponto importante a conhecer não é por isso o único sobre o qual o homem da arte se deve fundar para fazer as suas determinações; a posição do feto, o volume da cabeça, a flexibilidade dos ossos do craneo, a energia das conlracções uterinas, o maior ou menor relaxamento das symphises pelvianassão outras tantas circunstancias, que não se deve desprezar. Infelizmente lendo meios quasi seguros de apreciar o gráo de estrei- tamento, não dispomos de nenhum capaz de apreciar o volume e re- dtietibilidade da cabeça tio feto, a mobilidade e aífastamento possível das symphises pelvianas, e até que ponto chegarão Os esforços uteri- nos; desta nossa ignorância resullào incerlesas e hesitações muitas ve- zes falaes para a parluriente e para o menino, incertesas e hesitações nas quaes não crêem aquelles que não tem aprofundado o estudo da — 20 — arte, mas que bem comprehendem os praclicos instruídos e experi- mentados, que por sem duvida devem ler tido freqüentes occasiões de dar uma decisão, e emittir o seu juizo em uma questão que pode cus- tar a vida a dous individuos, aos qutfes cumpre o rigoroso dever de fazer todos os esforços para salvar. INDICAÇÕES QUE APRESENTÃO OS VÍCIOS DE CONFORMAÇÃO DA BACIA- Fazendo abslracção da therapeulica dos vícios de conformação da bacia, porque entra ella na cirurgia do systema ósseo, e dos meios propriamente gymnasiicosemechanicosque são quasi sem efficacia para mudar a forma viciosa das bacias, tractaremos tão somente das indica- ções tocologicas. Com Cazeaux e Dubois dividiremos em três calhegorias as bacias viciadas, e encararemos as indicações debaixo dos três pontos de vis- ta correspondentes. 1. Bacias que não apresentão em seo maior diâmetro menos de nove centímetros e meio. 2. Bacias que não apresentão mais de nove centímetros e meio nem menos de seis e meio. 3. Bacias que offerecem em suas menores dimensões menos de seis centimetros e meio. No primeiro caso é claro que o menino se pode apresentar, ou pelo vértice, ou j>ula extremidade pelviana, ou pela face, ou ainda pelo tronco. Quando o menino se apresenta pelo vértice, o parlo espontâneo po- dendo realisar-se, o procedimento mais prudente é confiar nos esfor- ços da natureza, e esperar até que as conlracções uterinas exercidas por muito tempo infructiferamente, as membranas já rolas, o cor- rimento das agoas do amnios, sem progresso algum da cabeça do feto nos imponhão o direito de intervir com a applicação do forceps. — 21 — O emprego do forceps porem, a não haver alguma retenção da cabe- ça por muito tempo na excavação por uma coarctação do estreito pe- rineal, ou falta de energia do utero já cansado, deve ser feita depois da espera de sete ou oito horas da rotúra das membranas ou com- pleta dilalação do collo. É evidente que qualquer accidente que sobrevenha e influa grave- mente sobre a mulher ou o menino, auctoriza o uso do forceps. Quando o menino se apresenta pela extremidade pelviana, e" tendo já sahido a maior parte do tronco, a cabeça encontrar difficuldade para sahir, procurar-se-ha terminar o trahalho empregando algumas tracções moderadas e bem dirigidas segundo os eixos da bacia; e se isto não basta se deve recorrer ao forceps. Quando o menino se apresenta pela face, P. Dubois manda conver- tei a em posição do vértice se as difficuldades provenientes d'esta po- sição se acompanharem das que resultão do estreitamento; e se ainda depois desta manobra os esforços do utero forem impotentes a appli- cação do forceps deve ser indicada. Quando o menino se apresenta pelo tronco, converta-se a posição da espadoa em posição do craneo, antes ou pouco depois da rutura das membranas, deixando-se o resto por conta do utero; mas depois do corrimenlo do liquido amniotico é preferível a versão podalica á cephalica pelas difficuldades que a retracção do utero accarreta sobre esta. A versão podalica é ainda preferível a outra no caso de morte do feto, pois deixa de ser então perigosa a-este, e é mais commoda para a parturiente. Na segunda cathegoria as indicações ainda são relativas. A embryotomia é indicada para afastar os inconvenientes da demo- ra, quando o feto tiver deixado de viver antes ou durante o traba- lho, e forem baldadas as conlracções uterinas, e ainda, quando depois da rulura das membranas e do corrimento da totalidade ou de grande parte das agoas, os esforços do utero forem impotentes, e se julgar compromettida a vida do feto e este inviável por qualquer mo- tivo, no caso de não ter sido conhecido o vicio senão depois de adian- tado o trabalho: mas se conhecermos a viciação no principio e antes da rulura das membranas nada fazendo suspeitar ainda que a vida do feto se acha compromeltida, neste caso, dizem Cazeaux e P. Dubois, ou a bacia não tem ern seo menor diâmetro mais de nove _ 22 — centímetros e meio nem menos de oito, ou não tem mais de oito nem menos de seis e meio: no primeiro caso, depois de termos nos assegura- do da impotência das conlracções uterinas, applicaremos o forceps, se o craneo se apresentarem posição favorável. Se nada obtivermos, deve- mos retiral-o e esperar as contracções uterinas por uma ou duas horas: se estas forem sem resultado de novo introduziremos o instrumento, e se ainda desta vez o resultado for o mesmo recorreremos ao meio extremo á embryotomia. No segundo caso faremos as mesmas indi- cações, e por fim praticaremos a symphisiotomia, ou a mutilação do feto. Na ultima cathegoria sendo absolutamente impossível a expulsão material do feto pelas vias ordinárias, estando este ainda vivo, deve- mos lançar mão ou da operação ccezaria ou da mutilação. Si tivermos a certesa de que o feto já não vive, ou a probabilidade de que morre logo que nasça, attenta alonga duração do trabalho, então nos devemos determinar segundo o gráo do estreitamento da bacia. Quando ella offe- recer no seo menor diâmetro cinco centímetros pelo menos, e houver possibilidade de, por meio de uma reducção do feto pela craneotomia, terminar o trabalho, sem ser preciso que a parturienle corra grande perigo, a mutilação deve ser empregada. Offerecendo porem a bacia menos de cinco centímetros, não se deve pensar em outro recurso, que não seja a operação ccezaria; é tão perigosa, como esta a extra- cção da base do craneo depois da perfuração da abobada, e da eva- cuação de sua cavidade por causa das contusões e dos esforços a que dá logar. Ainda um outro caso se apresenta. Offerecendo uma bacia ao mais seis e meio centímetros, e dando-se uma apresentação da extremidade pelviana, a cabeça pode ficar retida a cima do estreito superior, de- pois de ter sahido o tronco: em tal caso, se a bacia não tiver menos de cinco centímetros será indicada a craneotomia, e a applicação do for- ceps cephalotribo; se tiver menos, depois de ter diminuído o volume das partes, e tentado em vão todos os meios possíveis de extracção, o melhor partido a tomar é separar do tronco a cabeça do feto e deixar á naturesa a sua expulsão, visto como qualquer que seja o perigo re- sultante disto será sempre menor que o da operação ccezariana. Aqui concluímos o nosso trabalho. Não offegamos de cansados nem — 23 — impallidecemos de susto. Está muito incompleto e muito imperfeito, mas vós o deveis saber, um trabalho destes sobrepuja as forças do que apenas soletra balbuciando as primeiras linhas do grande livro da nossa complicada e extensissima sciencia. Esla obra que é uma justa exigência dos estatutos desta faculdade para conferir o seo gráo de honra aos seos filhos, eu a faço no am- biente das difficuldades da situação de um estudante que é sempre des- vantajosa quando sem pratica de escrever vai mostrar ao publico o fructo de suas lueubrações. E oxalá, dignos Mestres, que olhando nes- te escriplo os trêmulos passos do homem novel, que palpa o caminho da sciencia vós encontreis ao menos a vontade de aprender e o grande desejo de imitar-vos. SECCÃO ACCESSORIA. Vinhos Medicinaes. PROPOSIÇÕES. I.—Entende-se por vinhos medicinaes todos aquelles que contém em dissolução um ou muitos princípios medicamentosos. II.-—A acção dissolvenle do vinho depende da maior ou menor quantidade de espirito que elle encerra ern si. III.—Os vinhos apresentão, como as tinturas alcoólicas, soluções sempre promptas. IV.—Os vinhos mais freqüentemente empregados em medicina são os vermelhos, os brancos, e os de licores. V.—Estes vinhos apresentão a mesma composição relativamente as substancias que n elles entrão, variando apenas na quantidade de algumas d'ellas. VI.—O cheiro particular do vinho é devido a um elher descoberto por Deleschamps; é elle o elher cenantico. VII.—Este elher se produz durante a fermentação e se continua a desenvolver a medida que o vinho envelhece; por isso que o ácido cenantico, que o constitue, existe sempre no vinho e reage pouco a pouco sobre o álcool que elle contém. VIII.—Sempre que se houver de lançar mão de um vinho deve ser lida em muita consideração a sua força alcoomelrica. r, *k — 2G — IX.—A falsificação dos vinhos os torna sempre impróprios para os uzos da medicina. X.—São os meios chimicos apropriados que nos fazem conhecer da falsificação de um vinho. XI.—Dispõe-se .para a preparação dos vinhos medicinaes de dous meios; a maceração e as tinturas alcoólicas. XII.—A naturesa das substancias sobre as quaes deve obrar o vinho, indica a espeeie da qual se deve servir o medico. XIII.—Quando se traia de substancias ricas em princípios mui alle- raveis, deve-se usar de preferencia do vinho de licor. SECCiO CIRÚRGICA. Feridas por armas de fogo. PROPOSIÇÕES. I.—As feridas por armas de fogo são lesões produzidas pela pólvora conflagrada, e pelos projectis que ella arremessa. II.—Alem dos caracteres communs á estas feridas, tem ellas outros que offerecem numerosas dífferenças, e que dependem da forma, do volume, e da velocidade dos corpos que as produzem. III.—A forma e a direcção das feridas por armas de fogo varião na razão da impulsão e direcção dos projectis. IV.—Se o projectil é pouco volumoso pode atravessar diversos ór- gãos e sahir por um ponto muito differenle produzindo então uma ferida com duas aberturas sendo menor e mais regular a de entrada. y.—\ superfície destas feridas são irregulares, e nem sempre se acompanhão de hemorrhaga immediata, devido isto á retracção das túnicas interna e media dos vasos offendidos. VI.—A contuzão é o caracter essencial das feridas por armas de fogo. VIL—De todos os phenomenos o que se observa mais geralmente em um ferido por arma de fogo, é a commocão. VIII.—Alem do slupor local que se nota nos individuos que rece- — 28 — bem um ferimento por arma de fogo, ha o stupor geral produsido pe- lo choque violento do projeclil. IX.—As feridas por armas de fogo, mais que qualquer outra lesão traumática, são acompanhadas de accidentes, que reclamão os mais sérios cuidados da parte do cirurgião. X.—A inílammação e a suppuração profunda, a infecção purulenta e a podridão de hospital, a gangrena, o tetanos, o delírio nervoso, eas hemorrhagias consecutivas são phenomenos que se podem observar até nos casos os mais simples. XI.—A gravidade do ferimento no geral está na rasão direcla do ór- gão offendido. XII.—Sempre que o projeclil estiver situado superficialmente, e que não possa ser extraindo pela abertura de entrada, por estar affaslado d'ella, as contra-aberturas devem ser indicadas. XIII.—A amputação de um membro é indicada toda vez que houver fraclura comminuliva dos ossos, e dilaceração ou arrancamenlo dos te- cidos molles. SECÇAO MEDICA. Dialhese. PROPOSIÇÕES. I.—Dialhese é uma aflecção mórbida, constitucional, por conseqüência chronica, persistente, podendo ficar mais ou menos tempo latente, cu- jas manifestações, allingindo a sensibilidade, a motihdade ou a plasti- cidade, e se desenvolvendo todas sob a influencia de uma mesma cau- sa, são incapazes de resolver a aflecção primitiva (Castan). II.—As díatheses são affecções que possuem qualidades particulares. III.—Pode-se, segundo a opinião de Castan, considerar a dialhese co- mo um temperamento mórbido. IV.—O numero das díatheses é limitado e circunscripto para uns e illimitado para outros. V.—Ha certas moléstias nervosas, taes como a hysteria, ea epilepsia, que não podem deixar de faser parte do quadro horrível das dialheses. VI.—As manifestações dialhesicas por mais variadas que sejão, tem todas uma origem idêntica, a mesma causa as produz, sua natureza é a mesma. VIL—A diathase, bem contraria a disposição, ou a tendência, é uma moléstia confirmada com caracteres bem dislinclos. Y1IL— As diatheses, -sendo ligadas umas ás outras por um fundo — 30 — commum, e sendo manifestadas exteriormente por simples modifica- ções, podem algumas se transformar umas em outras; por exemplo, um escrofuloso pode produzir um tuberculoso etc. IX.—Se pode affirmar no geral, e quasi que absolutamente que a dia- lhese é uma affecção grave. X.—Duas díatheses se podem combinarem um mesmo indivíduo, dan- do logar a modificações taes que difficullem o conhecimento da natu- reza real do mal. XI.—De todas as moléstias chronicas é a dialhese a mais obslinada. XII.—As indicações para as díatheses varião segundo a espécie par- ticular que se tem de combater, entretanto porem a therapeutica dis- põe de meios geraes applicaveis a qualquer dialhese. ^T? IIYPPOCRATIS APHORIS31I. T. Mulíeri in utero gerenti, tenesmus superveniens, aborlire faeit. (Sect. 7.a Aph. 21.) II. Mulíeri in utero gerens sectá venà abortit, et magis, si major fue- rit fcelus. (Sect. 5.a Aph. 31.) III. Fuelus, mares quidem in dextris, feminae vero in sinistris magis. [Sect. 5. Aph. 48.) IV. Quajcumque in utero gerentes á febribus corripiuntur, et vehemen- ter attenuanlur, absque manifesta occasione, difficulter ei periculosé paiiunt, aut abortienles periclitantur. (Sect. 5.a Aph. 55.) V. Si fluxui muliebre convulsio et animi deliquium superveniat, malum {Sect. 5.a Aph. 56.) VI. Si mulíeri in utero gerenti purgationes prodeant, fcetum sanuin esse impossibile. (Sect. 5.a Aph, 60.) BAHIA.—Typographia de J. G. Touriolio—1870. fécemeMcc/a d <&ommú5ao SsoevidOia. &çjania e u/acuu/ac/e e/e *sf&ec/icina em é c/e &/aodfo e/e lêjc £/)#. (êincinnaCo c/info. Odfá con/ítme oó Sófafufoj. &facu