p&^Ww*^& J'\ - THESE QUE SUSTENTA EM NOVEMBRO DE 1871 DE DOUTOR EM MEDICINA PSL FACULDADE DA BAHIA 7 (Q/ícznc-edccy @/aãa (Êfítnancz&f t««-ptMii«Uo Cuntalão 3o Cotpo 3e oauZe- 3o Cxxetcito íBtaiiulto ita ccuupauua 3o Sataauau, eoiúVcotaDo coiu a míDatfea 3a titeMua cauipaitua, etc. Ser medico éter por pátria o Universo, e por amigo a Humanidade. (Dr. Ludovico de Oliveira.) BAHIA TPOGRÀPHIA DE J. G. TOURINHO 1871. FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DIRECTOR wo©i-®oirii©t@r O Ex.mo Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães. OS SUS. DOUTOIUÍS l.*ANNO. MATEaiASQUOLBCCIONA.il . ^ • ^«i^,ih;.e í Physica em geral,eparticularmente ein suas Cons. Vicente Ferreira de Magalhães . ^ applieaçóes ã Medicina. Francisco Rodrigues da Silva.....Chimica e Mineralogia. Adriano Alves de Lima Gordilho . . . Anatomia descrlptiva. 2." ANNO. Antônio de Cerqueira Pinto.....Chimica orgânica. Jeronymo Sodré Pereira .... . Physiologia. Antônio Mariano do Bomíim.....Botânica e Zoologia. Adriano Alves de Lima Gordilho. . . . Repetição de Anatomia dcscnptiva, 5.» ANNO. Cons. Elias José Pcdroza......Anatomia geral epathologica. José de Góes Sequeira.......Palhologia geral. Jeronymo Sodré Pereira......Physiologia. 4.' ANNO. Cons. Manoel Ladislâo Aranha Dantas . Palhologia externa. Demelrio Cyriaco Tourinho.....Palhologia interna. ... • w .t,- ». ..„5..« Cnm«n!^ S Partos,moléstias de mulheres pejadas e de meninos Conselheiro Mathias Moreira Sampaio | rccCHinascidos. S." ANNO. Demelrio Cyriaco Tourinho . . . ; . Continuação de Pathologia interna. . , . . „ .,„„ s Anatomia lopograpbica, Medicina opcratoria.c José Antônio de Freitas.......{ apparelr.osT .........,......Matéria medica, e therapeulica. 6.' ANNO, Rozendo Aprigio Pereira Guimarães . . Pharmacia. Salustiano Ferreira souto......Medicina legal. Domingos Rodrigues Seixas.....Hygiene, e Historiada Medicina. JosèAlTonso de Moura........Clinica externa do 3.'e 4.» anno. Antônio Januário de Faria......Clinica interna do 5.* e 6.* anuo, ígnacio José da Cunha.......f _ Pedro Ribeiro de Araújo......> Secçao Accessoria. José ígnacio de Barros Pimentel. • .1 Virgílio Clymaco Damazio...../ Augusto' Gonçalves Martins.....f _ Domingos Carlos da Silva......> Secçao Cirúrgica. Antônio Pacifico Pereira......1 Luiz Alvares dos Santos......( Itamiro AfTonso Monteiro......> Secçao Medica. Egas Carlos Moniz Sodré de Aragão . ,\ Claudemiro Augusto de Moraes i.aldas ..- §8(B£&t8í?&2&2(S>, O Sr. Dr. Cincinianto Pinto ^/^^x/x/mmmmmm Kmmmmmmmmmmm A MEMÓRIA DE MEUS AVÓS A MEMÓRIA DE MEUS GOLLEGAS FALLEGIDOS NO PARAGUAY OS ACADÊMICOS João Sérgio Celestino Quintino Alves Marinho Eterna lembrança _____ A MEMÓRIA DE MEU AMIGO 0 FfüRlüCEJTISO iHSTIDES SÁBI1T0 FEREIRA DE CASTRO Saudade I A MEMÓRIA DE TODOS OS MEUS PARENTES E AMIGOS F. Amor filial. A MEU IRMÃO E FIEL AMIGO O SR. 3oft0 feòxo £exnavtie$ Meu Irmão! Eis chegado o momento de dar-te uma prova de quanto te sou devedor. A ti devo a posição que vou oceupar na sociedade, mediante os teus sacrifícios vou receber o diploma de Doutorem Medicina; acceita, pois meu bom Irmão, este pobre e mir- rado fructo de meus trabalhos escholasticos denominado tdese, como provada eterna gratidão, e do reconhecimento do teu irmão e amigo sincero Jftanctdco. A MEU IRMÃO E COMPADRE O Sr. Pedro Jeremias Fernandes Pedro. Dous laços nos unem, o de Irmão, e o de Compadre, elles provão quanto estimamos. A SENHORA D. MARIA AFRA. FERNANDES Mariquinha. Tu que tanto rne animastes nos meus trabalhos, acceita esta These como prova de quanto te estima o teu Irmão 8/tanciécc, F. A MINHA IRMà A SENHORA D. MARCIANA FERNANDES DE OLIVEIRA E A MEU CÜIRDO Estima. A MEUS COMPADRES E AFILHADOS Estima e amisade, AOS MEUS MESTRES OS ILLUSTRES SENHORES Cons. Vicente Ferreira de Magalhães Dr. Luiz Alvares dos Santos Cens. Manoel Ladisláo Aranha Danlas Dr. Adriano Alves de Lima Gordilho Cons. Mathias Moreira Sampaio Dr. Domingos Rodrigues Seixas Dr. Antônio Januário de Farias Dr. Demelrio Cyriaco Tourinho Dr. Domingos Carlos da Silva Muito respeito e consideração. AOS ILLUSTRISSIMOS SENHORES Fr. Joio do Carmo Dias Manoel Borges dos Reis Dr. José Pires de Carvalho e Albuquerque Ovidio dos Santos Lopes Cavalcante Pedro Celestino dos Santos E SUAS EXCELLENTISSIMAS FAMÍLIAS Exígua prova de consideração. F. A TODOS OS MEUS AMIGOS E a todos os meus companheiros do Paragoay em geral e ek particular os SElIKORESs joaaulm De Avalioò ioewd De Jlbetieicd Jlualot Jlaiitomo Jjoòc 'Xcieaa Tuutofc wucule ííJeuunDtiio Ltoi\tei> AVMtuió 'Jtoatmacetittco %ic\o &lodculo àa ativa j&atmaceutico Jluauoei tõiuutcio Qauiett 3)t. JtLattoel íleteita Oôptubma 2)t. looé 2)uatte Êíeweita Ituttot 3)t. Jfowtouto ÜfeDto Da ífifva Otétw 2)t. JlgtúttDíâ £?ifitito De JinpcDus 3)t. "jode CjouçalWd Do Üadao ií)ti lcô« fpêeotcHiio JlWttutó £Dt. loòé De Seive e Jbtaoiw 2)t. ÍXiinij De aouaa ulibíito 3)t. &3»o ífòotaed &itÕo 2)f %obè Jbataued Da ífifca íBaítoé £Dt. Cuto Da Hiívma 55aôtod Vaieffla £Dt. SutucGto íftmrDaDe 2)t. 'loòé íDiad De JladueiDa ífiteá 2)t. Caetano JvHitipiajto De «fatia* Caôtto íDt. luceucio .doloed De oouza 2)t. CYeiuenliuo íRibeito De Tfoooae* 2)t. JbuUmioC. ^ De Cawalbo e Jbuniaiietaue EA SIM EXCELLENTISSIMA FAMÍLIA Muita amisade e lembrança. Dr. Francisco dos Santos Pereira Dr. José Pedro de Souza Braga Dr. Paulino Pires da Costa Chastinet Consideração e amisade. A TODOS OS ESTUDANTFS DE MEDICINA ESPECIALMENTE OS C0LLEG1S DO SEXTO AMO Um adeos F. — •m~X*y*Si>tti€*r «■ i * — à. ILLTJSTE.2i.LA. COITG-F^GAÇ&O Eterno reconhecimento e profundo respeito. A TODOS OS MEUS PARENTES, E TODAS AS PESSOAS QUE ME ESTIMÃO Amisade e retribuição, ^fT^TN- SECÇAO CIRÚRGICA FRACTURA DO TÍBIA E SEO TRATAMENTO Preliminares* On peut e\igcr ltenucoup de ce luí, qui de- Tient aiiteur, pour acquerir de Ia gíoire, ou par un motif d'interèt, mais celui qui n'écrit, que pour satisfaire à un devoir dout il ne peut se dispensei", à une obligation que lui est im- posée, a sans doute de grands droits à 1'indul- gence de ses lecteurs. La Drujére, RACTURA, segundo Malgaigne, é a divisão brusca e violenta de um osso, segundo o Exm. Sr. Conselheiro Aranha Dantas, é uma divisão ou solução de continuidade de um ou demais ossos, ordinariamente produsida pela violência de alguma cau- za externa contundente, e algumas vezes pela contracção vio- lenta e súbita dos músculos. O tibia, osso longo, vertical e superficial, situado ao lado interno da perna, e articulado superiormente com o femur e o peronêo, e inferiormente com o astragalo e o peronêo, pode ser fracturado, ou em sua diaphése ou em suas extremi- dades. Antigamente dizia-se que o tibia não podia ser fracturado, sem que o peronêo o fosse também; mas hoje está provado o contrario. Varias são as formas que toma* a fractura,segundo o estado das partes visinhas e do osso, ás relações dos fragmentos, á direcção da solução de continuidade, e á acção da violência externa. Assim quando as partes molles que cereão e protegem o tibia, não tem — 4 — experimentado senão uma contuzão medíocre, a fractura é simples; no caso contrario a factura é complicada; si o osso é interessado em toda a sua espessura, a fractura é completa, quando o osso é interressado em parte, a fractura é incompleta. As relações dos fragmentos muito varião não só segundo a parte que- brada, como também segundo a espessura do osso, o seo comprimento, a sua direcção e sua circumferencia. Si a fractura é na diaphcse do tibia um dos fragmentos se introduz no espaço intrerosseo, ficando o outro saliente para o lado de fora e para diante, e este deslocamento é tanto mais sensível quanto mais próximo é a fractura da articulação do joelho: si é na extremidade superior é mui pouco sensivel o deslocamento, mas casos ha em que elle é muito considerável, segundo a espessura do osso: na extremidade inferior quasi sempre o deslocamento é mais pronuncia- do segundo a sua circumferencia. Quanto a direcção da solução de continuidade, pode ser obliqua transversa, longitudinal, comminutiva, etc. Si a solução de continuidade tem lugar no ponto em que actuou a vio- lência, a fractura é directa; si porém tem lugar em um ponto mais ou menos distante, a fractura é indirecta, ou por contra pancada. Do que temos dito vê-se que o tibia pode apresentar qualquer das formas de fractura; a qual sendo no corpo pode ser obliqua, comminu- tiva ou transversa, na extremidade superior pode ser horisontal, obliqua e também longitudinal, e na extremidade inferior pode ser comminutiva, transversa ou obliqua ora para dentro e ora para fora. Agora tratemos quaes as causas, os symptomas, o diagnostico, o pro- gnostico e por fim o tratamento. JEtiologia Muitas são as causas que podem produsir a fractura do tibia, todavia devidiremos como Yidal de Cassis, em duas ordens, causas predisponen- tes ou efficientes, e causas determinantes. Entre as causas predisponentes ou efficientes vemos, o comprimento do osso, a sua posição superficial as fimcções a que este osso está destinado, a idade do individuo, o seo sexo, certas afTecções geraes ou diathesicas, taes como o escorbuto, o ra- chitismo, a syphilis etc. e emfim certas affecções locaes do osso que alte- rem a textura do mesmo, como carie, tuberculos, etc. entre as causas de- terminantes temos as violências externas, como uma pancada, a passa- gem de uma roda de carro sobre a perna, e a contracção muscular. Syaiintomatolof{ia Os symptomas da fractura do tibia são mui variados, e constituem duas ordens de signaes, que vem a ser: signaes racionaes, e signaes sen- síveis. Os primeiros são: dôr, augmentada pela pressão e pelos movi- mentos transmittidos a parte; entorpecimento, conseqüência da contusão, o qual varia em intensidade e extensão, segundo a violência da causa que produsio a fractura; impossibilidade ou difíiculdade dos movimentos: este signal as vezes falta, visto como oceasiões ha em que os fragmentos se adaptão de maneira tal que, muita vez parece que o membro fracturado ainda goza de suas funeções. Os signaes sensiveis são: um estalo ouvido pelo doente no lugar da íractura, e no momento em que ella se dá; mobilidade dos fragmentos; crepitação, deformação da parte devida a inchação que se manisfesta umas vezes na oceasião mesma da fractura, outras vezes, horas ou dias depois, ecchimose, encurtamento do membro,afastamento dos fragmentos e des- igualdades que resultão de sua deslocação. Os signaes raccionaes são na opinião de muitos authores entre os quaes está o Exm. Senr. Conselheiro Aranha Dantas equívocos; e entre os sensiveis duvidoso o estalo. I?iaf|ifiosfãeo Seria muito fácil diagnosticar uma fractura do tibia, pela exposição que fisemos do seo cortejo de symptomas, mas, nem sempre assim suecede, porque tanto os signaes raccionaes como os sensiveis, podem confundir- se não só com os symptomas de outras enfermidades, como também fal- tar, até mesmo a crepitação, único signal que se poderia talvez chamar infallivel, e tanto é isto exacto, que Lisfranc aconselha que se uze do sthethoscopio.applicando-o ou no logar da fractura,ouem um ponto mais ou menos distante delia: porém se nos apresentar um indivíduo com uma — 6 — dor viva e intensa correspondente á algumas das porções do tibia, dor essa que pela pressão seaugmente,e applicando nós o dedo sobre a crista do tibia não encontrarmos as suas desigualdades próprias, e se além disso encontrarmos, ou deformação da parte, ou crepitação, ou mobilidade anormal,signaes estes que Nelaton chama de pathognomonicos,ou um des- tes somente,podemos com segurança diser, ha fractura n'esta ou naquella parte do tibia, Prognostico O prognostico das fracturas do tibia varia segundo muitas circumstan- cias. Assim por exemplo, se a fractura for no corpo do osso, ou na dia- phese, sendo simples, e o indivíduo estiver em boas condições o pro- gnostico será favorável, porém se for comminutiva, composta e compli- cada de contusões, feridas, lesões arteriaes etc, se dará o contrario muitas vezes, por que ella pode trazer graves inconvenientes como a perda da parte, e até uiesmo da própria vida. Si a fractura for nas extremidades o mesmo acontecerá, maxime quando houver lesão da articulação. Tratamento Reconhecida a fractura do tibia, três indicações se apresentão ao ch rurgião. Primeira, reduzir a fractura si for possível não havendo contra indica- ção alguma, na occasião do accidente; segunda, mantel-a reduzida; ter- ceira, combater ou prevenir os accidentes locaes ou geraes. A primeira indicação tem por fim pôr os fragmentos em sua situação normal, sendo necessárias para isso três manobras, que são: extensão, contra-extensão e coaptação. A extensão é uma traçção que se exerce sobre o fragmento inferior para o pôr em suas relações normaes. A con- tra-extensão é um esforço exercido em sentido inverso sobre o outro fra- gmento para o empedir de ceder a força extensiva. A coaptação consiste em collocar os fragmentos em sua posição pri- mitiva. Antigamente para a execução destas manobras erão precisos appare^ — 7 — lhos, maquinas etc, mas hoje as mãos do Cirurgião são mais que suffi- cientes. No caso de que tratamos, a extensão deve ser feita sobre o pê por um ajudante, a contra-extensão sobre a coxa ou sobre o joelho por outro ajudante; e acoaptação será feita pelo cirurgião. Quanto a posição que se deve dar ao membro durante as manobras da redução, Pott aconselha que antes de fasermos astracções, colloquemos a perna em uma semi-tlexão com o fim de produzira relaxaçãodos mús- culos poderosos, que se oppõe de alguma sorte a reducção. Tratemos agora da segunda indicação, isto é, collocados os fragmentos em sua posição normal, ou reduzida a fractura, deve-se mantel-a redu- zida. Os meios de satisfazer a esta segunda indicação, são: a situação, o re- pouso e os apparelhos. Nas fracturas do tibia o doente deve estar deitado horisontalmente c em supinação. É também indispensável o repouso completo do membro, porque sem esta precaução os fragmentos estarião em uma vacillação con- tinua, e deixarião de soldar-se, ou se tivessem seria em outra relação, e formar-se-hia uma falsa articulação. Os apparelhos empregados para manter a reducção são infinitos; os objectos que são necessários para a formação destes diversos apparelhos são: ataduras, talas, enchimentos ou cochins, laços e machinas de exten- são continua. As fracturas do corpo do tibia ou da diaphese pode conter-se da ma- neira seguinte,como muitas vezes observamos na campanha do Paraguay: deitado o doente no leito para elle destinado, collocava-se o membro fra- cturado em um plano horisontal feito com travesseiros, que deitavão-se acima do leito. Depois o cirurgião applicava uma atadura em circular e deitava três talas, uma externa, outra interna e outra anterior. A externa e interna se extendia desde o joelho até além da planta do pé, e a anterior desde a ro- tula até a parte inferior do tibia. Os espaços que ficavão entre as talas e os membro, erâo preenchidos por saquinhos cheios de algodão, ou de palha, ou por compressas, os quaes não só servião para prevenir a pressão dolorosa, que as talas pro- duzem nos pontos salientes, como também para prevenir alguma inflam- mação ou excoriação. — 8 — As talas erão apertadas por meio de três ou quatro laços de cadarso, ou por meio de correias, que não affrouxão com tanta facilidade. Nós também empregamos muitas vezes este apparelho. Alem do apparelho de que já tratamos, existe um numero extraordi- nário delles, porem nós apenas fallaremos dohyponarthecico,o de Velpeau e o de Scultet ou de tiras separadas, O apparelho hyponarthecico nome este que foi dado por Mayor: com- poem-se de uma taboinha de seis á nove pollegadas de largura, e duas ou três, mais comprida do que o tibia, guarneüida de um colchãosinho. O membro é sustentado no apparelho por meio de duas gravatas, uma na perna, a qual abraça o membro e a taboinha, e a outra no pé estando a parte media applicada sobre o calcanhar, e as pontas sobre o peito do pé suspende-se a taboinha por meio de uma corda amarrada no forro da casa ou no sob-ceo da cama do doente: levantado assim o membro, pode o doente movel-o, sem que estes movimentos de totalidade da perna desar- ranjem as relações dos fragmentos. A fractura tratada por este methodoo membro fica descoberto; e se a fractura é complicada, o cirurgião não tem necessidade de levantar o ap- parelho para fazer o curativo. O apparelho de Velpeau ou de Seutin modificado, que elle appli- cava da seguinte maneira: envolvia o membro de uma atadura secca, en- rolada, enchia os espaços com compressas, e depois applicava uma atadura de baixo para cima, molhada na mistura seguinte: cem partes de dextrina, sessenta de álcool camphorado e quarenta de agoa quente, feito isto ap- plicava mais quatro lâminas de papelão molhado, uma posterior desde a barriga da perna até ao calcanhar, outra no lado externo, a terceira no lado interno, e a quarta na planta do pé. Estas lâminas de papelão também erão untadas de gomma. Applicava uma nova atadura de maneira que cu- brisse todos os pontos das lâminas de papelão, e comprimisse regularmente todas as peças da atadura subjacente em toda a extensão. E terminava applicando sobre tudo o apparelho um enduto de solução dextrinada. Mesmo havendo ferida este apparelho é applicado, visto que no logar correspondente a ferida abre-se umajanella, por onde se faz o curativo. O apparelho de Scultet é composto de tiras separados de duas ou três pollegadas de largura e compridas, de sorte que possão rodear a cir- cumferencia do membro uma vez e meia, o numero dellas será tal, que occultando umas as outras possão cobrir toda a extensão do membro. — 9 — Este apparelho tem a vantagem sobre os demais, de comprimir a per- na com todos os fragmentos, com mais exactidão e uniformidade, e de poder ser renovado por parles, quando uma ou mais tiras estiverem sujas. Tem mais sobre o anterior a vantagem de ser mais leve. Nas fracturas da extremidade superior do tibia, Cooper aconselha o seguinte: manter o membro na extensão, o femur tem nesta posição de preencher ò effeito de uma tala applicada sobre a parte superior, man- tendo as superfícies articulares em uma cxacta posição. Depois por meio de uma atadura enrolada, se deve apertar as superfícies da fractura uma contra a outra; e applicar também uma tala de papelão afim de auxiliar esta pressão, e emfim recorrer aos movimentos passivos para prevenir a ankylose, Além do conselho de Cooper, podemos também empregar o'appare- lho inamovivel. Nas fracturas da extremidade inferior do tibia empregão-se os mesmos apparelhos que para as fracturas do corpo do tibia: havendo porem revi- ramento do pé, empregaremos o apparelho de Dupuytren, cujo fim é pôr o pé em sua posição natural. Entraremos agora na terceira e ultima indicação, isto é, prevenir osae- cidentes, e combate-los quando elles sobrevem. Para prevenira inflammação que costuma accompanhar as fracturas do tibia, empregaremos os anti-phlogisticos, a dieta e externamente tópicos sedativos, com água fria, a água vegeto-mineral, álcool camphorado de- luido em água, etc Si depois de consolidada a fractura do tibia, existir rigeza nas arti- culações empregaremos as fricções emollientes, relaxantes, os banhos e as irrigações, porem as vezes apezar de todos esses meios ella subsiste, e só com o andar do tempo ella se dissipa. Em geral a consolidação das fracturas do tibia se faz em quarenta dias, mas nem sempre podemos assim dizer, visto como existem muitas cauzas que podem retardar ou impedir a consolidação destas fracturas; estas causas são geraes ou locaes. As causas geraes são: a estação, a idade do individuo, a constituição, o escorbuto, a syphiles, o rachitismo, etc As locaes são: a falta de coaptação dos fragmentos, mobilidade dos mesmos, falta de nutrição, moléstias locaes como caries, necrose, etc, corpos estranhos, ruptura dos vasos quando a fractura é complicada, f. ^ — 10 — O tratamento da fractura complicada varia conforme a lesão que a acompanha. Ordinariamente as complicações que apparecem são: luxações, con- tracção spasmodica dos músculos que se oppõe a reducção, contuzão, fe- ridas, hemorrhagias, etc. Quando a fractura for complicada de luxação como acontece algumas vezes nas fracturas da extremidade inferior do tibia, e si for simples, re- dusiremos a luxação em primeiro lugar e depois a fractura, si porem for comminutiva o único meio é a amputação. Havendo contracção spasmodica dos músculos, recorremos as cataplas- mas emollientes, ou senão as preparações narcóticas e aos anti-phlogis- tieos, com o fim de abrandar os spasmos. Si existir contusão applicaremos algum apparelho molhado em um li- cor resolutivo, e apertaremos muito pouco o apparelho. Quando a fractura for acompanhada de alguma ferida, examinaremos si a ferida é produsida pelo fragmento da fractura que atravessou a pelle, depois de haver dilacerado os demais tecidos, ou si é produzida pela mes- ma causa da fractura. No primeiro caso si a ferida é larga, é fácil a reducção, mas se a fe- rida é estreita e o fragmanto terminar-se em uma ponta aguda, dilata- remos a ferida,e depois reduziremos a fractura. Si mesmo assim a reduc- ção não se puder fazer, praticaremos a resecção dessa parte. Si a feri- da é produsida pela mesma causa da fractura, de maneira que o tibia fique reduzido á pedaços e numa grande extensão, e os tendões, mús- culos, etc, forem dilacerados, o único recurso para salvar a vida do doen- te que a arte ofFerece é a amputação immediata. Si porem a desordem é pequena, e reconhecermos a possibilidade de conservar o membro, a pri- meira cousa que devemos ter em vista é a reducção, e depois tratarmos como uma fractura simples. Apresentando-se hemorrhagias, artérias nas fracturas, ligaremos os va- sos que as fornecem. Temos concluído a nossa dissertação; a lei nos obrigou a escrevermos para o publico, pela primeira vez na nossa vida. Resta-nos pedir venia aos nossos mestres, nossos verdadeiros juizes e aos nossos leitores a devida indulgência para (com o escripto) aquelle que escreve para o publico pela primeira vez. SECÇAO yiZDZCJL. VANTAGEM DA ESCUTAÇÃO E PERCUSSÃO PAPA 0 DIAGNOSTICO. PROPOSIÇÕES. I.—A escutação é o meio de exploração que consiste, na applicação direta ou indirecta do ouvido sobre uma parte qualquer do corpo, com o fim de se perceber os ruídos que se dão no interior do organismo. II.—A escutação pouco conhecida dos tempos antigos, veio nos tempos modernos constituir o florão de gloria de Laennec. III.—A escutação ou é mediata, ou immediata, segundo que empregamos o ouvido só, ou armado de um instrumento denominado sthetoscopio. IV.—Empregada a principio exclusivamente para as aftecções thoraci- cas, foi depois generalisada a muitos outros estados pathologicos, auxi- liando assim o diagnostico destes. V.—Applicada mediata, ou immediata, tem regras pelas quaes o pratico deve-se guiar afim de obter um bom resultado. VI.—Pela escutação pode-se diagnosticar mathematicamente as diversas lesões do coração. VII.—Com o auxilio da escutação o pratico percebe no ventre da mu- lher os ruidos do coração do feto, único signal infallivel da prenhez. VIII.—Ao sthetoscopio e aos ruidos revelados por elle devem os prá- ticos a distincção perfeita da chlorose, dasaffecções cardíacas que a mes- ma simula. IX.—Como a escutação, a percussão pode ser mediata, ou immediata, segundo é feita com os dedos, ou interpondo um instrumento denomina- do plessimetro. - 12 — X.—A percussão deve toda sua importância clinica aos trabalhos de Avenbrugger. XI.—Pela percussão pode-se limitar a extensão de um derramamento pleuritico, como também avaliar a área occupada pelo coração hypertro- phiado. XII.—Sem a escutação e sem a percussão o diagnostico das affecções thoracicas seria difficilimo, e o pratico andaria sempre á braços com a incerteza. SECÇAO dB.TJB.3ICA. FERIDAS POR ARMAS DE FOGO. PROPOSIÇÕES. I.—Estas feridas são produsidas, por corpos postos cm movimento pela explosão da pólvora. II.—Estes corpos são: a bala de fuzil, a bala de artilharia, os estilhaços etc. os quaes não só produsem estas feridas,como também contusões, com- moções e até a morte. III.—Estas feridas apresentão quasi sempre duas aberturas, uma de en- trada, e outra de sahida. IV.—A abertura de entrada reconhece-se porque os seos bordos são deprimidos, e a de sahida os bordos são salientes. V.—As feridas apresentando duas aberturas, não se segue que a bala tenha sahido, assim como uma só abertura não indica que a bala tenha fi- cado na parte lesada. VI.—O caracter destinctivo destas feridas é serem contuzas, sendo a contusão maior na entrada do que na sahida. VII.—Si a parte que a bala de fuzil entrou é musculosa, e só apresenta uma só abertura, neste caso o cirurgião tem de examinar se existe corpo estranho, e reconhecido extrahil-o com o saca-bala. VIII.—Si porém o cirurgião não puder extrahir pela abertura, recorre a uma contra abertura. IX.—A bala de fuzil também pode varar os músculos de uma região, fracturar o osso dessa mesma região ou encravar-se neste mesmo osso. — 14 — X.—A bala de artilharia e os estilhaços podem com a impulsão que trazem, levar um membro, e produsir uma ferida por arrancamento. XI.—O prognostico das feridas por armas de fogo deve ser de grande reserva para o cirurgião, porque as mais simples em apparencia podem tornar-se gravíssimas. XII.—No tratamento destas feridas, são applicados ácido phenico, gly- cerina, agoa fria etc. SECÇAO AOCESSORIá- VINHOS MEDICINAES. PROPOSIÇÕES. I.—Vinho medicinal é todo aquelle que tem em dissolução um ou mais princípios medicamentosos. II.—os vinhos tem como astincturas alcoólicas a vantagem de apre- sentar soluções sempre promplas. III.—Os vinhos são classificados, em tintos, brancos e doces. IV.—O vinho tinto contem água, álcool, glycerina, ácidos tartrico, oenanthico, tartrato ácido de potassa, tartrato de cal, matéria extractiva, tanino, uma matéria corante amarella, matéria corante azul, matéria vegeto- animal, um óleo particular, uma substancia albuminoide, emfim chloru- reto de sodium e sulfato de potassa. V.__O vinho branco tem a mesma composição que o tinto differindo apenas na proporção de tanino e matéria corante. VI.__O vinho doce contem pouco tartaro, muito álcool e assucar. YH.__O meio mais aconselhado na preparação dos vinhos medicinaes é a maceraçâo. YUI#__Qs dons agentes de dissolução dos vinhos são: o álcool e a água. IX.__O álcool dissolve as matérias oleosas e resinosas. X.—A ama dá-lhes a propriedade de dissolver as matérias salinas, gom- mosas e extractivas. — 16 — XI.—Deve-se evitar o emprego de vinhos falsificados, como prejudi- ciaes ao uzo therapeutico. XII.—A chimica por meio de seos reagentes, é quem nos diz, quaes as matérias que fazem o objecto de sua falsificação. ^£^T^£9 H7FF0CB.A.TIS ASHCSRISUn. Vita brevis, aris longa, occasio proeceps, experiência fallax, judicium diíficile. (Sect. /.a Apk. í.o). II. Vulneri convulsio supervenicus lccthale. (Sect. J.a Jy;//. 5.o). III. Ubi fames, non oportet laborare. (Sect. 5.a Aph.oô.o). IV. Famem vini potio solvit. (Sect. 2.» iáj)/i. 56'.«V- V. Sanguine multo effuso, convulsio anl singultus superveníens malum. (Sect. 5.» Aph. 3.°). VI. Quae medicamenta non sanant, ea ferrum sanat. Quce ferrum ion sanat, ea ignis sanat. Qua3 vero ignis non sanat, ea insanabilia existimare oportet. (Sect. S.a Aph. 6.o). Bahia-fyp. de J. G. Tourinho-1871. F. ^oemetátía â lêommúêião £&>evtàelet. £êa4t'a e Sracatí/ade de ^/fàedt- cina *C de sdaoófo de /é7J. S/)?. 0i'nct'nna/o 0ri'n/o. Sà/á con^jlme oj Sdta/ufoj. ê/aca/t/ade de -Medídna da £8a/ta 2/ dé &/400C0 de sêyí. £&*. ^Souia. &*. ^emeãto. Jm/itéma-Je. &a4ta e Sbcuá/ade de ^tpedtcina sp de ^/cfemúo de /<£//. J*.