THESE ülanoel {tarara €ôjnnl)«ra. mmm^. ✓ THESE ü!?lülKr!íü!DÜ 18TOKKEÍMDA NA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA EM NOVEMBRO DE 1871 AFIM DE OBTER O GRÃO DE DOUTOR EM MEDICINA m \ ■--..... &©i Natural da mesma Província Jtwao fegítímo De %own\wc\oi> Xeteaa Sàmueeíta e £D. Jlbatgatuta Jllbotetta oéoxuwWon On peut exiger beaacoup, de celui qui devient antent pour acquêrir de Ia gloire, ou par na motif d'intèrêt, mais celui qui n'écrit que pour satisfaire à un devoir donl il ne peut se dispenser, à une obligation qui lui est imposée, a sans doute de grands droits à 1'indul- gence de ses lecteurs. (La Brujère.) um.: Typoaraiiliia de J. Cli Tourinlio 1871, FACILDADE DE MEDICINA DA BAHIA. DIKECTOR " wo©e-®oiris©t@ir O Ex.in0 Snr. Conselheiro Dr. Vicente Ferreira de Magalhães. os sns. doutores l.'ANNO. matérias que lbccíona.h Cons víppii te Ferreira de Magalhães, i Physica em geral, e particularmente em suas i.ons. Yicenu i eireirauenidodinaes . ^ applicaçõcs â Medicina. Francisco Rodrigues da Silva.....Chimica e Mincralogia. Adriauo M\c* de Lima Gordilbo . . . Anatomia descripliva. 2.» ANNO. Antônio de Corqueira Pinto.....Chimica orgânica. Jeronymo Sodré Pereira ....--. Physiologia. Antônio Mari.tno do Uonifim.....Botânica e Zoologia. Adriano Alves de Lima Gordilbo. . . . Repetição de Anatomia dcscriptiva, 3.* ANNO. Cons. Elias José Pedroza......Anatomia geral epalhologica. José de Góes Sequeira.......Pathologia geral. Jeronymo Sudie Pereira....., Physiologia. 4.' ANNO; Cons. Manoel Ladislào Aranha Dantas . Pathologia externa. Demetrio Cyriaco Tourinbo.....Pathologia interna. Conselheiror.uathias Moreira Sampaio j ParceeVnna°scidos!dC muIbcres pciadas e de meniI1°s ».• ANNO. Demetrio Cyriaco Tourinho ."..:. Continuação de Pathologia interna. José Antônio de Freitas.....s .j ^ppremo?0^3^03' MediciI,a operatoria. e Luiz Alvares dos Santos......Matéria medica, e therapeutica. 6.* ANNO. Rozendo Aprigio Pereira Guimarães . . Pharmacia. Salustiano Ferreira Souto......Medicina legal. Domingos Rodrigues Seixas.....llygiene, e Historiada Medicina. JosèAfTonso de Moura........Clinica externa do 3.* e 4.» anno. Antônio Januário de Faria......Clinica interna do 5.* e 6.* auno, ignacio José da Cunha.......I Pedro Ribeiro de Araújo......> Secçao Accessoria. José Ignacio de Sarros Pimentel. . .1 Virgílio Clymaco Damazio . . . . .) Augusto* Gonçalves Martins.....j Domingos Carlos da Silva......> Secçao Cirúrgica. Antônio Pacifico Pereira......I Itamiro AfTonso Monteiro......) Secçao Medica. ligas Carlos Moniz Sodré de Aragão . \ Cluudemiro Augusto de Moraes Caldasv O *»r. Dr. Cincinnato I*into ^ K^iõè^s^^sKsis^s^^XN: A SAUDOSA MEMÓRIA SE MEUS PAES E. ■IrrT-^tfMMy iké * A A SAUDOSA MEMÓRIA DE MEUS PARENTES %ãfr.....mimmwi A MEUS IRMÃOS, ffiMÃS, CUNHADOS E CUNHADA AICS9S PAXmiHS® S ^m^mimjimMmm^MMOtèz £ mm raros s raias A MEUS AMIGOS . 9l. ^WC*E1TÊLJSS COMajPiA.JDjR.E:S ÁS PESSOAS QUE ME ESTIMÃO A MEUS MESTRES i Um C0LLE5AS D0I7T0RAXTD0S Offereço-vos minha these. SECCÀO MEDICA TÜIERCOteSB 3P'St3LKOHAK DISSERTAÇÃO •TV Jb--J^J^ÀO grande quadro nosologico da pathologia medica, destaca-se, oc pando um lugar digno de attenção, a tuberculose pulmonar, ^ j Vv yr'jy, De facto, quer pela sua maior freqüência, quer pelo crescido i^^S^b numer0 de victimas sacrificadas a essa enfermidade cruel e quasi ^^5CV-?.J^ sempre invencível, ella tem sido objecto de aprofundados estudos (j/]< )v/ x<£.M&d da parte de distinctos practicos. parte de distinctos pract feCÍ;;''á^ Não nutrindo a inglória pretenção de escrevermos uma mono- Qtp^r^J craphia acerca desta moléstia, não só pela deficiência de estudos &$'{rFÍí$-. ^e n^crosc°pia» como ainda pelo tempo e limites acanhados de uma? h^ff lhese, exporemos com critério o que julgarmos digno de especial 4^38 menção, reflectindo e raciocinando sobre as opiniões em voga na f^flf sciencia. Conhecida desde a mais remota antigüidade, a tuberculose pulmonar me- receu séria attenção pelo velho de Cós, inscrevendo-a em grande numero d^ seus aphorismos. Arctée deixou sobre ella escriptos interessantes, ainda hoje S de valor subido para a sciencia. De facto comprehende-se facilmente que uma moléstia, que imprime na physionomia do indivíduo um typo tão característico e profundo, não seria desapercebida pelos eminentes vultos da medicina antiga. Privados, porém, do conhecimento (da organisação humana, sem as luzes L_ 4 - da anatomia pathologica e histologia, sciencias ainda não estudadas, pelo res- peito devido neste tempo aos mortos, elles se achavão impossibilitados de bem conhecel-a; confundindo-a até com muitas outras aífecções de sedes di- versas, e applicando o nome de phthisica á toda a moléstia que produzia a consumpção e o desperecimento do corpo. Era de mister devassar as profundezas da organisação por meio dos estudos necroscopicos, e creando-se a anatomia e histologia, chegar-se ao conheci- mento das lesões provocadas por essa moléstia e da verdadeira sede dellas. Na ampulhêta irrevogável do tempo e com o rápido volver dos séculos apparece o vulto de Baglivi, o qual, desprovido ainda de meios necessários para o diagnostico, firmado nos dados d'essa epocha, formulava o seu pensa- mento na seguinte phrase de opprobrio para a sciencia e de dor para o en- fermo. O quantum difjicile est curare morbus pulmonum, quanlum dijjici- lius eosdem cognoscere. Seguem-se os tempos; e essa sua suberba máxima lá jáz por terra. Infelizmente, porem, ainda encerra algum fundo de verdade, quanto a the- rapeutica da phthisica pulmonar. Com os progressos dos conhecimentos anatomo-pathologicos e histoloui- cos, secundados pela microscopia, conseguio-se finalmente hoje descortinar esse segredo impenetrável da naturesa, e íiliar-se a moléstia as suas verda- deiras causas. A stethoscopia, sublime invento de Laennec, veio por sua vez auxiliar-nos de uma maneira poderosa para o diagnostico da moléstia que nos occupa. Trataremos, pois, da tuberculose, sua natureza, causas, symptomas, sede, marcha, duração, terminação, prophylaxia, e afinal faremos algumas conside- rações sobre o seu tratamento. Etiologia Os authores teem dividido as causas da tuberculose em predisponentes e occasionaes. Sem negarmos a influencia que possão ter sobre esta moléstia essas con- dições pathogenicas mais ou menos accidentaes, diremos, comtudo, que não concordamos em lhes conceder uma influencia verdadeiramente directa na producção da moléstia. Analysemos primeiramente as causas ditas predisponentes, — 5 — A idade é uma das causas predisponentes que tem merecido"1 uma mais seria attenção. Segundo alguns authores, é de vinte a quarenta annos, que mais ataca esta moléstia, sendo, portanto, as crianças menos sujeitas que os adultos e mais que os velhos. Forçoso, porém, é confessar, que essas indaga- ções não assentão sobre bases sólidas de estatística, havendo apenas maior ou menor presuinpção em vista de factos allegados, posto que não muito concludentes. O sexo tem igualmente uma influencia muito notável no desenvolvimento da moléstia, sendo as mulheres proporcionalmente mais sujeitas que os ho- mens, cerca de cinco para trez; succumbindo á phthisica aguda. Uma constituição fraca e debilitada, uma conformação viciosa do thorax, a facilidade de contrahir affecções inflammatorias do pulmão, a pallidez reu- nida á uma vermelhidão viva e circumscripta das regiões malares, segundo um grande numero de authores, são signaes evidentes de uma tendência a tuberculisação, sendo para outros, symptomas de uma phthisica in- cipiente. A habitação em lugares Imundos e mal arejados, a alimentação insuffiei- ente e de má qualidade, os excessos de todo o gênero são causas ainda pre- disponentes da moléstia. Entre as causas deprimentes, que podem concorrer para a producção da moléstia, Laennec admittia a influencia das paixões tristes. A escrofula, a disposição congênita ou adquirida e a herança são ainda cotlocadas cm o numero das causas predisponentes, como tendo uma influen- cia directa, ou como causas productoras, ou porque para bem dizer, já sejão o prelúdio, posto que longínquo, da molest a em questão. Como quer que seja, sem negar absolutamente a influencia destas causas, comtudo podemos dizer que não se firmando em bases sólidas, apenas lhe con- cederemos um valor secundário. As causas occasionaes são entre outras as seguintes: a applicação súbita do frio sobre o corpo, as febres intermittentes graves, os grandes esforços da voz, o excesso de trabalho, fortes pancadas sobre o peito, as irritações do pulmão e da mucosa bronchica por corpos estranhos, etc, e, n'essa multi- dão de causas, emfim, é muita vez impossível de se aperceber, qual foi a que primeiro actuou sobre o indivíduo, fazendo a moléstia sua invasão no organismo. Quanto ao contagio, innumeras questões se tem suscitado, das quaes ain- da se não podo tirar conclusão satisfactoria. Ninguém ignora que Morgagni não so atrevia a fazer a autópsia de um tuberculoso. Laennec, anticonta- — 6 — gionista por excellencia, recommendava por prudência, toda a reserva com taes doentes. Hufeland. Morton e Frank, professavão idéias de contagio. Guéneau de Mussy a propósito de contagio assim se exprime: *je crois qríil faut regarder comme contagieuse toute maladie qui peut vire transmise oVun organisme malade á un organisme sain. Si vous voulez faire enlrer dans Ia defmilion Ia notion du mole intime suivant le quel s'accomp!il celle transmission et de Ia marche que suil Ia contagiou, vous entrez dans le domaine des subiililés stériles et des discussions interminables. Syiiiptoiuatolofiia. Os symptomas da tuberculose, mais do que a sua etiologia, são hoje bem conhecidos e estudados pelos palhologistas. Antes de Laennec, distinguia-se três períodos importantes na tuberculose: mais tarde reduzirão-nos á dous somente, correspondendo um ao estado de crueza dos tuberculos, e o outro ao de amollecimento e fusão dos mesmos. Andral não admittia nenhuma destas classificações, visto que os symptomas se succedem sem nenhuma linha de demarcação. Como quer que seja, po- rem, existem modificações, segundo a epocha em que se examina o indiví- duo, havendo assim predominância de tal ou tal symptoma sobre outros. Para mais fácil descripção dos symptomas acceitaremos a classificação de Louis e Laennec, admittindo dous períodos importantes n'esta moléstia; com- prehendendo o primeiro, a formação e a evolução dos tuberculos, e o segun- do, o amollecimento e a liquefacção ou fusão d'estes agentes mórbidos. En- tremos, portanto, na descripção, embora resumida e succinta, dos symptomas da moléstia que nos occupa. Sempre ou quasi sempre a moléstia faz a sua explosão no organismo de um modo lento, e insidioso; abre a scena uma pequena tosse secca e fali- ganle, mais freqüente a noite; um mal estar geral, emmagrecimento pouco pronunciado, algumas vezes suores nocturnos, são os primeiros symptomas concomitantes. Outras vezes, a moléstia, por assim dizer, até então latente dá o primeiro signal de sua existência pela hemoptysis. É nma forma menos freqüente da tuberculisação, denominada phthisis ab hemoploe. Apparecern, depois da tosse tornada quintosa e mais diííicil sobretudo á noite, os escarros, que apresentao variantes segundo o grau de adiantamento - 7 — da affecção: assim de brancos e quasi salivares tornão-se opacos e esverdi- nhados, de forma numular, com estrias sanguinolentas e escuras. A dyspnéa excitada pelos quintos de tosse, augmenta o estado atílictivo do doente. Ca- sos ha, em que a dyspnéa é pouco freqüente, apparecendo quando o pulmão ja se acha em grau adiantado de desorgauisação. Ao mesmo tempo obser- va-se uma oppressão mais ou menos variável e dores concomitantes, tendo por sede, algumas vezes, a parte media e anterior do thorax, outras vezes, ontre as espaduas. São estas as nevralgias intercostaes, tão freqüentes nos phthisicos. A auscultação e percussão são de um auxilio considerável e precioso para a symptomatologia e diagnostico desta affecção em todos os seus estádios. Pela percussão observamos nas regiões super e sub-claviculares, sobre a mesma clavicula, e ainda nas regiões supra-escapular e super-espinhosa, um som baço, obscuro, diverso do som normal. Ha sempre uma exageração para mais ou para menos fora da normalidade. A auscultação revela-nos signaes ainda de maior importância. Quando a moléstia se acha em começo, nota-se apenas uma insignificante alteração do ruido respiratório, a expiração torna-se mais prolongada. Depois a respiração é rude, ou ha um enfraquecimento notável delia. No período mais adiantado da affecção, apparecem os ruídos, para bem dizer característicos e pathogno- monicos; taes como fervores de caracter variado, mucosos, bronchicos, so- noros ou crepitantes, a broncophonia, a pectoriloquia, fervores de grossas bolhas, cavernosos, de timbre metallico ou de pote rachado, som hydro-aeri- co, na phrase de Piacle, quando o doente tem a boca aberta. Apparecem ainda perturbações por parte das vias digestivas: isto é, diar- rhéa, que pode tornar-se colliquativa, e a anorexia; o emmagrecimento con- secutivo, suores nocturnos, descoramento da pelle, pallidez das mucosas, aphonia, fraqueza, indisposição geral formão afinal este medonho cortejo de symptomas, prenuncios da desorganisação, que se opera no pulmão. O segundo período é caracterisado pelo augmento do complexo d'estes symptomas, e ainda por modificações importantes. As nevralgias intercostaes, a oppressão e a dyspnéa tornão-se de mais em mais afílictivas, a hemoptisis menos abundante n'este período apparece, comtudo, muita vez no fim da affecção. Os signaes revelados pela auscultação e percussão, tornão-se mais salientes, e mais fáceis á percepção. Pela percussão, encontrase um som completamente obscuro debaixo — 8 — das claviculas: esta obscuridade torna-se mais extensa e occupa grande parte do pulmão. O ruido respiratório é rude; trachéal, na phrase de Valleix, no vértice dos pulmões, ouvindo-se perfeitamente os fervores crepitantes de grossas bo- lhas, humidos ou seccos. Casos ha, não muito freqüentes, em que pela per- cussão, dá-se um ruido denominado de pote rachado, percebendo-se na ins- piração o tinido ou som metallico. A immobilidade das costellas é uma circumstancia digna de observar se nesta affecção; mas, sobre tudo, o que melhor a caracterisa n'este segundo período, é a apparição e desenvolvimento da febre, revestindo e simulando muita vez os caracteres da febre intermittente quotidiana. É esta febre de- eesperadora que, vem accelerar a marcha da moléstia, dando uma nova im- pulsão á todos os symptomas, que augmentão na razão directa de sua in- tensidade. Sobrevém então perturbações sérias de digestão, a perda de appetite, vo« mitos algumas vezes, provocados pelos esforços de tosse, a sede excita-se, e apparece a diarrhéa, a qual tornando-se colliquativa faz morrer o doente em um lastimoso marasmo, conservando porém, intacto o melhor dom do espi- rito, a intelligencia. E assim termina esta moléstia terrível, uma das que mais affligem o gênero humano, escolhendo suas victimas nos grandes centros de população e nas grandes cidades, cujos habitantes ella dizima por mais de dous terços, segundo dados estatísticos recentes. Leia-se o obituario de nossa capital, e convencer-nos-hemos d'esta verdade. Eis, pois, esboçados, mais ou menos succintamente, os symptomas d'esta devastadora enfermidade. Diagnostico* Dos symptomas descriptos no capitulo antecedente, decorre o diagnostico da moléstia: não entraremos, portanto, narcpetiçãod'elles, que se tornaria fastidio- so; fazendo notar que pelos signaes physicos adquiridos pela inspecção do doente, pela percussão e auscultação, seria difficil confundir a tuberculose pulmonar com outra qualquer affecção de sede idêntica, servindo-nos ainda para o diagnostico a historia pregressa do indivíduo ou a de seus ante- passados . — o Mai*ctia, duração, terminação e prognostico. A tuberculose é uma moléstia, cuja marcha Ordinária é essencialmehle chrOriica, lenta e continua; havendo algumas vezes um período estacionario no seu progresso, parecendo afiectaf melhoras para o doente. Outras Vezes, a sua marcha é aguda, adquirindo rapidamente maior ou menor intensidade, constituindo o que os authores tem denominado phthisica galopantej annüit^ ciando uma terminação prompta e fatah Ha uma circumstancia, que tem grande influência sobfô â marcha d*es8ít affecção: é a apparição da febre hectica ou consumptiva; tanto mais de notarão quanto ella vem preeipital-ü muitas vezes por outra qualquer entidade morbp da sem determinação thoracica* Vê-se pois que a duração da tuberculose pulmonar é muito Variável; se a moléstia affecta Um caracter agudo, pode terminar-se em um mez mais oii menos rapidamente; sendo ehroniea, ao contrario, o indivíduo viverá mais ou menos tempo, circumstancias todas inconstantes, e que dependem de umu multidão de causas. A terminação da moléstia tem lugar no maior numero de vezes pela morto, a qual tem lugar em virtude do marasmo a que chega o indivíduo, e da febr<* consumptiva que accelera o seu termo d'elle. Outras vezes, em conseqüência de accidentes inesperadamente sobrevindos, como uma forte hemoptisis, oii uma perforação pulmonar, dá-se a morte pela asphyxia, ou suffocação* de uma maneira súbita e rápida. Laertnec e Andral citão casos de cura d'esta moléstia, somente pela forca medicadôra da natureza; e, pois, nunca desampararemos no leito do sofíri • mento o pobre enfermo tuberculoso, visto que devemos confiar n'esse podei' sublime que, muita vez por si só pode debellar a moléstia. Podem*se formar cicatrizes, ou incrustações calcareas, terminando assim a moléstia já em estarei adiantado pela cura. Como se vê, portanto, do que acabamos de expor* o prognostico d'essa afftc^ ção é mortal na grande maioria dos casos, em vista das tendências, que a moléstia apresenta de seguir a sua marcha. Quando a febre tiver pouca inlcn- sidade* e os symptomas incipientes forem mui lentos* então a marcha da tu- berculose é chronica e denota longa duração. Casos ha, porém* em que apparecendo freqüentes hemoptisis, diarrhéa colliquativa, suores noüurnoj E» 2 *-t- 10 — profusos, e febre intensa, fazem rcceiar uma tcrn;inação próxima. Em todo o taso sempre é grave o prognostico d'essa enfermidade. AãiatoBitia IP a I hoBogicn • As lesões anatômicas da tuberculisação teem sido diversamente apreciadas pelos histologistas. O seu elemento primordial é o tuberculo. No estado actual da sciencia muitas são as opiniões, que existem acercado que se deva entender por tuberculo. Para uns a granulação é um produeto in- flammatorio commum, não especifico; o verdadeiro tuberculo é o amarello. Para outros é precisamente o contrario, tuberculo é a granulação, as massas amarellas são lobulos inflammados, e depois degenerados em matéria gordu- rosa por uma tendência idiosyncrasica. Nicmeyer diz que a lesão inicial produetora da granulação é a pneumonia caseiforme. Na opinião dos authores modernos, o tuberculo é um produeto mórbido, que pela simples vista apresenta-se em seu primeiro gráo, sob a forma de um tumor cinzento ou branco amarellado, meio transparente quasi diaphano, consistente* de tamanho variável, homogêneo, sem signaes de organisação. Eesse produeto assim considerado, constituo o tuberculo miliar de Laennec> ou granulação cinzenta de outros. O microscópio, que nos poderia fornecer dados salisfactorios sobre a natu- reza do tuberculo, não tem feito mais do que augmentar as nossas duvidas. As observações de Lebert, que vogavão na sciencia até ha bem pouco tempo* o segundo as quaes o tuberculo era composto de granulos moleculares, uma substancia hyalina interglobular, e corpusculos ou glóbulos próprios do tuber- culo, nãosãohoje geralmente admiltidas. Contrapondo as idéias d'este observador apresentao se outros pretendendo demonstrar que o ponto de partida das observações do mesmo era vicioso, visto que clle estudava o tuberculo em um período de alteração granulo-gordu- roso e de destruição, período em que todas as producções mórbidas se asse- melhão, quaesquer que sejão suas differenças iniciaes, e que os taes corpus- culos tuberculosos, que Lebert dizia ser o sígnal característico da matéria tuberculosa, não erão mais do que núcleos granulosos, que tinhão perdido a forma, ou fragmentos de cellulas epitholiacs do pulmão em transformação granulo-gordurosa. - II — E' facto de observação, que não ha elementos anatômicos específicos, para nenhuma das producçõcs mórbidas, e que não se produzem na economia ele- mentos histologicos, que não tenhão análogos nos tecidos. ParaYirchow o tuberculo é uma neoplasia, que no momento de seu primeiro desenvolvimento possuía a eslruelura cellular, e provinha, como as outras neoplasias, do tecido eonjunetivo. Esta producr-ão, que se approxima muito do pús, cujos pequenos nucieos e cellulas ella contém, distingue-se segundo este histologista, das formas de uma organisação superior, do cancro, cancroide, e sarcoma, porque estas ultimas neoplasias são grossas, volumosas, e possuem núcleos e nucleolos muito desen- volvidos. O tuberculo ó sempre uma producção pobre, uma neoplasia miserá- vel desde seu principio. Os tuberculos percorrem as phases de seu desenvolvimento, e no fim de- certo tempo, que não pode ser previamente marcado, começão a sua desorga- nisação pela parte central; amollecem-se depois, e são eliminados nos accessos de tosse pelas vias respiratórias, dando lugar á soluções de continuidade, e»- cavações mais ou menos extensas, que são substituídas por cicatrizes, quando por um esforço salutar da natureza não se opera no tuberculo a induração e as. transformações calcarea e cretácea. Relativamente a estruetura dos tuberculos, se tem observado que elles se caraclerisão por uma agglomeração em um ponto de um numero considerável de elementos anatômicos pequenos, de embryoplasticos, e de cytoblastcmos quasi sempre em eslado de núcleos. Estes elementos apertados uns contra os outros, amontoados e reunidos por uma matéria amorpha pouco abundante, c os elementos preexistentes do te- cido em que elles se tem desenvolvido, se atrophião, e tornão-se logo gra- nulosos no centro do pequeno tuberculo, que não tarda á soffrer a mesma sorte em seu lodo. A propósito, cumpre dizermos, que apezar dos trabalhos realisados com o* auxilio do microscópio, os resultados obtidos pelos observadores não podem e nem devem ser considerados como a ultima ratio ú& sciencia. De facto, na phrase de um patbologista, querer que o microscópio resolva; todas as duvidas é compromctter por certo este meio de investigação, que apezar de suas grandes conquistas, é, comtudo, um recém chegado na sciencia,, e por conseqüência capaz de aperfeiçoamentos ulteriores. Cada dia as observações se mulliplicão, e se refutão; este parece sersempra- — 12 — o destino commum de todas as sciencias na vereda do progresso, afim de con- seguir o pleno conhecimento da verdade. Os anatomo-pa.thologistas não estão de accordo, por tudo que acabamos de analysar, sobre a natureza e modo de formação dos tuberculos. Uns vêem no tuberculo a conseqüência de um trabalho inflammatorio, como Broussais e etc.; outros, uma secreção mórbida dos tecidos, que a maneira de corpo extranho os altera e modifica: outros ainda, um produeto accidental organisado, e tendo uma vida própria, formando-se sob a influencia de um vicio geral da organi- sação; estando todos de accordo, porém, em que a phthisica pulmonar tem por causa immediata uma nutrição imperfeita; vindo á ser os tuberculos a expres- são ou conseqüência d'esta perturbação nutritiva, a qual determina um estado de pobreza do sangue e um crescimento imperfeito dos tecidos. Benett admittia que a tuberculose pulmonar tinha seu principio em uma perturbação gástrica, a qual, determinando a dyscrasia do sangue, e exsuda- ções pulmonares, d'ellas tirava o tuberculo os seus elementos, sendo caracte- rizado por uma falta de aptidão para uma organisação superior e por sua ten- dência a degradação com destruição consecutiva do tecido. Os cadáveres apresentao geralmente uma magreza extrema; toda a gordura tem desapparecido. A pelle delgada e muito branca é muitas vezes coberta de es- camas epidérmicas; os pés freqüentemente são edemaciados. Na língua e no véo do paladar acha-se muitas vezes depósitos esbranquiçados como leite coalhado. Pelo exame dos pulmões vê-se, que as cavidades deixadas pelos tuberculos são ordinariamente atravessadas por prolongamentos fibrosos, que são forma- dos na maioria dos casos por tecido pulmonar, e outras vezes por vasos quasi sempre obliterados, os quaes antes de sua obliteração, por um trabalho de ul- ceração em suas paredes podem dar lugar durante a vida á hemorrhagias abun- dantes e perigosas. Quasi nunca estes prolongamentos são constituídos pelos bronchios, porque estes são as mais das vezes destruídos n'este ponto do que obliterados. Raramente as cavernas são vasias. Quasi sempre ellas contém nm liquido, que é branco amarellado e semelhante a pús, si as cavidades são recentes e os tuberculos amollecidos não tem ainda sido completamente evacuados. Si as \: lados são anfractuosas, acha-se um liquido escuro, esverdinhado, sanioso, .: pie exbala um cheiro infecto, comparável ao das macerações anatômicas: este cheiro pode ser gangrenoso, se a caverna é accidentalmente ameaçada de uiortificação. — \H — Examinando a mucosa das vias aéreas observa-se, que ella tem perdido or- dinariamente sua pallidez natural mis immediações das cavernas, é injectada, espessa, inflammada, ás vezes ulccrada, e que os bronchios ulcerados são mais ou monos alargados. Muitos vasos sangüíneos e especialmente ramos das artérias pulmonares se obliterão ordinariamente no tecido infiltrado e endurecido: emquanto isso se dá do lado das artérias pulmonares, (convém notar) os ramos das artérias bronchicas se dilatão e levão sangue arterial ao pulmão; as artérias intercos- taes envião igualmente ao pulmão prolongamentos vasculares de nova forma- ção, que atravessão as adherencias pleurilicas, de modo que o pulmão tuber- culoso vem a receber mais sangue arterial do que o pulmão são. Parte d'este sangue vem ter ás veias pulmonares, outra, ás veias bronchicas, uma outra ainda ás veias intercostaes atravez das adherencias da pleura. Continuando o exame da caixa thoracica, encontra-se ainda vestígios de pneumonias recentes, adherencias geraes ou parciaes da pleura, especialmente no vértice do pulmão e tuberculos na mesma pleura, ou em pseudo-membranas que se tinhão desenvolvido em cousequencia de pleuresias chronicas. Além de ulcerações do conducto aéreo á partir da epiglotle aos pulmões, lesão que não é positiva da tuberculose pulmonar, o coração direito nos casos recentes é hypertrophiado e dilatado, o que ao contrario succede nos casos chronicos, nos quaes o coração é pequeno e atrophiado. Segundo Bizot tem-se observado nos phthysicos, especialmente nas mulheres, a degenerescencia gordurosa do coração. Examinando a cavidade abdominal, nota-se o estômago dilatado com a mu- cosa amollecida e adelgaçada, freqüentemente ulcerações intestinaes, tubercu- los nos intestinos, desordens estas, que explicão sufficientemente a facilidade das diarrhéas colliquativas durante a vida e da febre hectica no segundo pe- ríodo da tuberculose, inflammação do parenchyma dos rins e algumas vezes a degenerescencia gordurosa do fígado, tuberculos no baço, rins e etc. As tentativas de Addison, em Londres, e de Diltrich, recentemente na Al- lemanha, o primeiro crendo ter encontrado corpusculos tuberculosos no sangue, e o segundo querendo explicar a alteração do sangue pela passagem n'este li- quido de productos inflammatorios alterados e reabsorvidos, precisão de novos e sérios estudos. N'estes últimos annos se tem suscitado a questão da inoculabilidade do tu- berculo: sobre isto muito se tem discutido, e das observações referidas por Villemin c outros vê-se, que o tuberculo é inoculavel do homem á alguns ani- — H. mães; mas estes fados parecem ainda insuficientes para resolver todas asques- lões que se tem despertado relativas a Ínoculabilidade do tuberculo, inspirados pelo desejo de bem investigara verdade. Para concluir, tratemos da linrapculica da.tuberculose.. Tratamento. No tratamento da tuberculose pulmonar tem-se esgotado toda a lherapeur- tica, e sempre com resultados'dúbios ou pouco vantajosos. Seria realmente'impossível e inútil enumerar todos os medicamentos, que teem sido empregados contra tão terrível enfermidade*, desde o empirismo o mais intolerável até ás indicações as mais racionaes. De facto, cada dia se cria e ensaia-se novas formulas therapeulicas, embora mais tarde tenha se de desprezai as pela sua inefficaeia, No estado actual da sciencia não ha um tratamento especifico para a tuber- culose pulmonar. A's vezes, (e é o mais commum) todos os medicamentes lálhão, e é nos meies hygienicos, que o doente pode encontrar algum allivio, prolongando os cutlos dias de uma existência já tão precária. Hérard e Cornil em seu tratado sobre a phlhysica pulmonar diz que a pri- meira indicação, que se apresenta ao praclico, indicação fundamental, é op- pòr-se ao desenvolvimento e a extensão ou propagações das granulações, que, segundo elles, são a manifestação pulmonar inicial: e procedendo estas granu- lações de um estado geral preexistente, diathesico por assim dizer, deve-se, portanto, atacar a diathcse tuberculosa; remediar o mal geral de que a lesão pulmonar é a expressão localisada. Portanto, concluem elles, os meios capazes de modificarem o estado geral precursor do desenvolvimento das granulações são—hygienicos e medicamentosos, prestando maior confiança aos meios hy- gienicos do que aos meios médicos, embora estes últimos sejão poderosos coadjuvantes dos primeiros. Collocamo-nos inteiramente de seu lado, concedendo grande importância aos meios hygienicos: antes porém de continuarmos, passamos á enumerar os diversos medicamentos, que teem sido empregados contra esta moléstia. Entre o grande numero de preparados, que teem sido preconisados, contão^ se, as preparações de enxofre como tônicas e excitantes da pelle, e ainda com o fim de produzir uma acção local, como querem muitos, fundados nas expe- riências de Cl. Bernard, que lern demonstrado, que o enxofre levado ao orga- ~ 15 - nismo pelas vias digestivas é eliminado pela pelle e mucosa pulmonar debaixo da forma de hydrogeneo sulfurado. O arsênico tem sido empregado em alguns casos com muito feliz resultado, já sob a forma pilular com o arsenialo de soda, em solução no licor de Fowler, de Pearson, ou finalmente sob a forma de fumigações por meio de cigarros. Pondo de parle os receios, que até certo tempo se nutria contra o iodo, foi elle empregado com afan por um grande numero de authores, principalmente por aquelles que ligavão a tuberculose a dialhese escrofulosa. Este medica- mento foi prescriplo no estado de hydriodato de potassa, ou ainda por meio de inspirações do vapor de iodo puro, accrcscendo que, segundo o aftirmão al- gumas notabilidades médicas, entre outras Piorrv* no primeiro período da affecção era summamente proveitoso. Ultimamente o Dr. Jules Boyer diz ter administrado com suecesso no co- meço da moléstia uma preparação composta de phosphalo e carbonato de cal, bi-carbonalo de soda e lactato de ferro, a qual administra aos adultos na dose de duas colherinhas por dia, uma de manhã c outra no curso do dia, sendo este pó diluído em um meio copo d'agua assucarada, a qual se ajunta uma colher d'agua distillada do louro-eereja, suspendendo-se o uso desta formubi por um ou dous dias nos casos de conslipação para se prescrever o rhuibarbo. A propósito d'este tratamento diz um esetiptor o seguinte: o parallelo, que Boyer estabeleceu entre os tuberculos c os ossos não é fundado e deixa de ter sua razão de ser por esta única consideração, de que o tecido ósseo contém vasos sangüíneos, emquanto que os tuberculos não os teem. A existência de vasos em torno d'estes últimos pode bem explicar a possi- bilidade de produzir depósitos calcareos ao redor d"elles, ou das falsas mem- branas, que forrão as cavernas, mas nunca a induração cretácea dos tuber- culos principiando pelo centro. De facto, como obter esta modificação interna da matéria tuberculosa com ausência de vasos na massa mesmo d'esta producção? A natureza opera este trabalho sem duvida, mas em uma idade em que as condicções de vitalidade do organismo são profundamente modificadas, em que não são somente alguns productos como os tuberculos, que passão ao es- tado cretáceo, mas em que esta tendência á ossilicação parece invadir o organis- mo e se generalisar até as artérias, válvulas do coração, cartilagens e etc. 0 tratamento de Boyer repousa sobre idéias puramente hypolheticas. A propósito, porém, fazemos notar que a população do nosso recôncavo — U) — alimenta-se quasi exclusivamente do peixe, como sejão os pescadores, e rarís- simo è o caso de tuberculose entre elles* Na clinica do Hospital da Caridade ainda não vimos um só caso de tubercU* los em gente d esta ordem. E, pois, quem sabe se os phosphatos* que existem no peixe, não íhes ser- virão de preservativo para tão terrível moléstia? Aos factos e estudos posteriores incumbe averiguar e demonstrar a verdade» Citamos também em apoio d'esse modo de tratamento, que se tem obser- vado que os indivíduos empregados rto fabrico de cal e ainda os moradoreâ eircumvisinhos das fabricas d'esse produeto são isemptos d'essa affecção, em vista da atmosphera sempre impregnada de partículas tênues de phosphatoá calcareos. É, portanto* um novo campo de exploração vasta e digna de sérios estudos* Algum proveito tem-se tirado do emprego dos hypophosphitos de soda e de cal. Para combatter as congestões visceraes e irtflammações, empregão-Se as emissões sangüíneas com reserva, o tartaro stibiado, os revulsivos cutâneos* a ipecacuanha e etc» Cada um destes meios tem suas indicações e contra indicações: assim absurdo seria e fora de propósito prescrever as emissões sangüíneas em qualquer phase da tuberculose indifferentemente; pois que, sendo este estado mórbido a prova mais clara de uma aberração das funeções de nutrição* em que o organismo tem perdido aquella energia de acção e o estimulo neces- sário para o exercício das funeções, se lance mão de um meio debilitante* que tenda ainda mais á abatter as forças do indivíduo ja por demais exhausto. Para que as emissões sangüíneas possão aproveitar, é de mister que se esteja certo de com ellas destruir o germen da moléstia* ou pelo menos fa- zel-o ficar estacionario; mas, a causa mórbida continuando á obrar com mais facilidade, a moléstia chegará ao seu termo fatal, favorecida pelo enfraqueci- mento que as emissões acarretão. Muitos meios médicos tem sido empregados, portanto, para o tratamento da tuberculose. O tartaro stibiado, o chloro em inhalações, os balsamicos, as preparações sulfurosas, a digitalis, os narcóticos, adstringentes, e tantos outros que seria fastidioso numerar, teem sido empregados contra a affecção que nos oecupa* sempre com resultados incertos e cuja efficacia ainda não se conseguio de* monstrar. — 17 Na Allemanha e na Suissa se faz uso de uma indicação, que consiste cm dar ao doente soro de leite de ovelhas na dose de 2 á 4 copos por dia, só ou de mistura com águas mineraes durante um a três mezes, acompa- nhando esta medicação de um regimen composto de vegetaes herbaceos, con- servas de fruetos e algumas carnes gordas. Na Europa são de grande emprego as águas mineraes sulphurosaS e arse- hicaes, porém de uma efficacia contestada. Para combatter os symptomas da moléstia muitos são os meios empregados e seria monótono reproduzil-os aqui. Para concluir este nosso trabalho, imposto pelo dever, trataremos ainda dos meios hygienicos, aos quaes ligamos uma grande importância n'esta moléstia. Os meios de qüe a hygiene lança mão no intuito de melhorar o estado do infeliz tuberculoso são muita vez heróicos e salutares. Ao medico hygienista, portanto, é que compete traçar os melhores meios para o tratamento do phthisico. Se chegar ao conhecimento de que a tu- berculose é hereditária, tratará de combatter a diathese, instituindo uma boa educação physica logo na infância, bem como o lymphatismo. Assim umu alimentação bôa e reparadora, o uso do óleo de fígado de bacalháo, a morada em lugar onde se possa gozar de socego e fazer exercicios salutares, são os meios os mais enérgicos de debellar a moléstia. As vezes hereditária ou congênita, outras vezes adquirida oü por enfraque- cimento da constituição individual, ou por moléstias de determinações tho- racicas, ella é tanto mais de receiar nas classes operárias menos favorecidas e sujeitas á toda a casta de privações e as intempéries das estações. Os médicos francezes e inglezes mandão os seus doentes para Menton, Can^ nes, Nice, Hyéres, Jersey, Guernesey, Wight, etc. Entre nós as mudanças para o centro da província ou beira mar tem dado satisfactoi ios resultados em muitos casos. Occupa um lugar digno de attenção a escolha da localidade relativamente ao clima. Assim um clima brando, temperado, e não muito callido é o que convirá melhor ao tuberculoso: também são recommendados os lugares de beira mar. Concluindo este nosso trabalho òssáz imperfeito, sentimos dizer que a tu- berculose pulmonar, que talvez seja a moléstia, que occupe um numero maior no quadro obituario das grandes cidades, ainda não tem um tratamento ver- dadeiramente efficaz. Ella tem zombado de todos os meios therapeuticos cm- 18 — pregados e até mesmo os hygienicos os mais racionalmente indicados: e sem que se possa instituir um tratamento especifico que obre directamente sobre a causa mórbida e sua acção destruidora, não acreditamos que haja um meio •seriamente capaz de combatter a moléstia. SECCÂO MEDICA o Vantagens tia auscultação e percussão para o diagnostico. PROPOSIÇÕES O I—A auscultação é um modo de exploração medica, cujo fim consiste em perceber os differentes ruidos que se dão no interior do organismo, e na sua apreciação. II—Ena e mediata ou immedíata segundo é praticada por meio de um cy- lindro acústico chamado stethoscopio, ou pela applícação directa do ouvido so- bre a parte a examinar. 111—A auscultação quer mediata; quer immedíata, tem certos meios para ser praticada, que não devem ser esquecidos pelo practico. IV—Casos ha em que se deve empregar um meio de preferencia á outro: preferindo o meio immediato ao mediato ou vice-versa. V-—O diagnostico das affecções cardíacas e pulmonares, seria muito incom- pleto sem o auxilio deste meio de exploração. VI—A chlorose simulando muitas affecções do coração não seria bem diag- nosticada sem o emprego d'este meio. VII—Da mesma sorte os batimentos do coração do feto não se distingui- rião do coração materno sem o auxilio do stethoscopio. VIII—A percussão é um modo de exploração medica, por meio do qual se percebe os differentes graus de sonoridade da região, que se examina. IX—Semelhantemente a auscultação ella exige o emprego de certas regras, sem as quaes o resultado obtido poderia ser duvidoso. X—Ella é mediata ou immedíata conforme é praticada com os propricss dedos ou por meio de um instrumento chamado plessimetro. — 20 - XI—Ampliando a sua esphera de acção, a percussão é de um grande auxi- lio para o diagnostico das affecções da cavidade abdominal. XII—Só depois dos trabalhos de Laennec e Awenbrugger foi que mais se aperfeiçoou e tornou-se mais extensivo estes methodos de exploração. X11I—Sem estes dous meios médicos de exploração o diagnostico das dir versas moléstias intrathoracicas seria impossível; maxime ainda o diagnostico díffereneial. SECCÀO CIRÚRGICA Queinsatluras PROPOSIÇÕES i—Queimadura é um complexo de lesões determinadas pela acção enér- gica e muitas vezes rápida, e outras fraca, lenta e continua dojcalorico sobre a trama dos tecidos vivos. II—A acção de certas substancias e agentes chimicos sobre os tecidos é equivalente á dos corpos comburentes, segundo o parecer de notáveis cirur- giões. III—Em todo o caso, todo o agente capaz; de emittir o calorico é o que pro- duz a queimadura. IV—As queimaduras affeclão seis differentes gráos segundo os symptomas e elementos interessados. V—A natureza dos corpos comburentes, a intensidade e a duração de sua acção são as causas determinantes dos gráos da queimadura. VI—O raio determina sobre o corpo vivo queimaduras em differentes gráos: ordinariamente até o 4.° Vil—As queimaduras podem apresentar os três differentes aspectos de suas lesões primarias: inflammação, vesicação e escarificação. VIU—Não se deve prescindir do conhecimento do corpo comburente quando se trata de estabelecer o diagnostico do gráo da queimadura. IX—No prognostico das queimaduras deve-se attender a idade, a consti- tuição do indivíduo, a natureza do agente comburente, a região, a extensão e as funeções da parte lesada. __ 22 X—Uma queimadura, ainda do primeiro gráo, sendo extensa e tendo por sede uma região que proteja vísceras importantes, pôde ter conseqüências des- favoráveis. XI—Muita vez o télanos complica a queimadura segundo as partes lesa- das e as variações hy^ro-thermometricas da athmosphera. XII:—Três são as principaes indicações no tratamento das queimaduras: combatter a dôr, o estado inflammatorio e cuidar do estado geral. Xlll—Os calmantes, os oleosos, os antiphlogisticos e os tônicos unidos a boa hygiene são a principal base do tratamento das queimaduras. XÍV—No intuito de obslar deformidades e inutilisação de algum membro ou órgão, deve-se prestar grande consideração ás cicatrizes. SECCÃO ACCESSORIÀ o Vinhos mcttici nacs, PROPOSIÇÕES I—Vinhos medicinaes são aquelles que contem em dissolução uma ou mais substancias medicamentosas. II—Na preparação dos vinhos medicinaes devem ser escolhidos de prefe- rencia os vinhos puros e generosos. III—Dentre elles os mais empregados para a confecção dos medicinaes são os vinhos brancos, tintos e generosos. IV—A natureza das substancias que se tem-de dissolver é o que nos deve de- terminar a escolha de um vinho de preferencia a outro. V—Os generosos devem ser preferidos para o preparado cujas substancias encerrem princípios alteraveis. VI—Os princípios tônicos e adstringentes devem ser dissolvidos nos vinhos tintos. VII—Da diversidade das proporções respectivas dos princípios constitutivos dos vinhos, resulta a variedade delles. VIII—Os vinhos tintos contém tartaro e matéria corante. ]X—Além destes princípios muitos outros se encontrão nos preparados me- dicinaes em que entrão os vinhos. X—As substancias que entrão na preparação dos vinhos medicinaes, devem ser seccas de preferencia XI—Casos ha, porém, em que se empregão as substancias frescas, afim de não perderem os princípios medicamentosos pela dessecação. XII—Em these geral, os vinhos medicinaes mais empregados são os de quina, quinio, genciana, colchico, ferro, etc. HIPPOCRATIS APHORMI I. Tabes maxime fit cetatibus ab anno octavo décimo usque ad quintum tri- gcsimum. (Sect. 5. Aph. 9.°) II. Frigida velut nix, glacies, pectori, inimica, tusses movent, sanguinis eru- ptiones ac calarmos inducunt. (Sect. 5. Aph. 24.) III. Qui sanguinem spumosum expuunt, his ex pulmone lalis; rejectio fit. (Sect. 3. Aph. 13.) IV. Apuris sputo, tabes, et fluxus, malum. Postquam vero sputum retinetur, moriuntur. (Sect. 7. Aph. 16.) V. A sanguinis sputo, puris sputum, et fíuxio. Postquam autem sputum in- hibetur, moriuntur. (Sect. 7. Aph. 78) VI. Autumnus tabidis malus. (Sect. 7. Aph. 10.) Bahia—Typ. de J. G. Tourinho—1871. E. ^emetéúta a Wemm^So ^evüola. gga/út e &acu&ade de ^edt- cena sé de //e/em&o de *é/s. @J*. ^ad/tav. Sdáí con^ime od Sd/aS«foj. &ac«fdade de ^éèedtcma da gga/ta sé de ôv/emvio de /êyt. *J)#. &/audernúo fêa/c/ad. ■*/)#. cs. tSDamaxco. ££*. ód. j^ ^/éai/tnd. Jm/téàna-de. &«&„ e &aC«/dade de OfredSctna *a Je tfaátúo de ,é?,. J*. ^f&aaa//taed Vice-Qiiecloi. ) <