•X.vv;s - . ... ■F" AM ■UJ*i*V &X7&& o m x DISSERTAÇÃO Cadeira de Pathologia interna HYPOEMIA INTERTROPICAL *HÍ*Í** PROPOSIÇÕES o Secção Accessoria.— Cadeira de wtedicina legal. Signaes característicos da defloração recente e antiga. Secção Cirúrgica. — Cadeira de partos. Situação do feto. Secção Medica, — Cadeira de pathologia interna. Pneumonia fibrinosa APRESENTADA Á FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO EM 30 DE SETEMBRO E>E 1880 e perante ella sustentada em 27 de Dezembro do mesmo anno (8BS90 APPROnFABii €0H ®ISTIü€Çle) PSLO NATURAL DE MINAS-GERAES-S. JOÃO NEPOMUCÊtuT*4 FILHO LEGITIMO DE Luiz Manoel Duarte e D. Anna Luiza Duarte. ~SJS-2--»—-*- T*p. de J. D. de Oliveira —Rua do Ouvidor n. 141, 1880 Notre profession, pour être bien remplie, exige de 1'abnégation et du dévouement. Des déplaisirs, des fatigues vous attendent: qu'il pleuve, qu'il vente, qu'il grêlè, qu'il tonne, que Ia chaleur soit genante, que le froid soit rigoureux, on vous reclame, il faut marcher, quand même vous seriez au milieu de votre repas, de votre sommeil, d'une réunion d'agrément, n'importe, vous ne vous appartenez plus, vous ne vivez désormais que pour les autres. uelattre.— {Acconchements, Maladies de* Femmes.) à IMS PUS O Illm. Sr- Luiz Manoel Duarte E À Exma. Sra. D. Anna Luiza Duarte Meus Pais Esta these represeuta o fructo de longos annos de trabalhos meus e de ingentes sacrifícios vossos. Hoje que vosso filho é medico permitti-lhe vir depor a vossos pés o seu modesto tra- balho, aquelle que dá-lhe o direito de exercer o sagrado sa- cerdócio da medicina. Abençoai, pois, o vosso filho para que elle sô tenha glorias na carreira que ora enceta. Ao meu cunhado, protector e meu melhor amigo O Illm. Sr. re ÍImâiMi * mm I mu e d sua esposa, minha presada irmã a feina. j5ra. 8. flMfoa Duarte jtea Meus Irmãos Vós que me fizestes as vezes de Pais, e que tao grandemente concorrestes para a minha formatura, tendes incontestável direito á esta these, e vo-la dedicando sinto-me feliz de poder dar-vos uma prova da minha eterna gratidão. Àcceitai, pois, a pe- quena offerta que vos faz o vosso irmão agradecido Lacordaire. Amisade fraternal. AOS MEUS CUNHADOS E AMIGOS Amisade sincera. AO MEU TIO E PADRINHO 0 Illm. Sr, João Manoel de Figanière Duarte Amisade e Gratidão. AOS MEUS SOBRINHOS e especialmente ao meu sobrinho Amisade L\T ir AOS MEUS AMIGOS Ao meu iilustrado amigo 0 Illm. Sr. Dr, Joaquim Gonçalves Ramos E A SUA EXMA. FAMÍLIA Amisade, gratidão e reconhecimento. Ao meu excellente amigo 0 Illm. Sr. Dr Carlos Thomaz de Magalhães Gomes E A SUA EXMA. FAMÍLIA Amisade, alta estima e consideração. Ào meu intimo amigo, collega e companheiro de estudos 0 Illm, Sr. Dr. Fidelis de Azevedo Alves Caro Fidelis Esta ihese não pôde apertar mais os laços de amisade que nos unem a tantos a unos. feiiva, pois, ella, como lembrança da uoasa longa jornada scientifica e dos labores que passamos juntos. Ao Iilustrado Medico 0 Illm. Sr. Dr. Júlio Rodrigues de Moura Homenagem ao talento. Â08 IMS PaiKHHOS MB8Y8IÍ Reconhecimento. Aos meus Mestres da Academia E ESPECIALMENTE AO MEU IULUSTRE ]\£Í3SYJFtE 0 Illm. Sr. Dr. Antônio Caetano de Almeida Amisade, gratidão e reconhecimento. Aos meus amigos e collegas Os Illms. Srs. Drs. João Lopes de Figueiredo João Pedro da Veiga Ilidio Saiathiel Guarita José de Assis Fonseca Vianna. Aos meus amigos Os Illms. Srs. Drs. S. M. Oliveira Urculú Manoel Gonçalves Barroso. Aos meus bons amigos. Os Illms. Srs. Francisco Cesario de Figueiredo Cortes Francisco Furtado de Mendonça Orosimbo Corrêa Netto Domingos José Pereira da Silva Joaquim Alves. AOS MEUS EXAMIN&DORES DE THESE %' puatrada Jaetttdade th Pedicma da flerte Aos Doutorandos de 1879 Admiração pela brilhante attitude que assumirão. j£los Doutorandos de 1880 Felicidades e venturas. 1 lllílá PROraSíà HáTAL e especialmente ao logar de meu nascimento—S.João Nepomuceno Prosperidade. «rtacmi HYPOEMIA INTERTROPICAL Omnia, parve liber, timida circumspice mente Et satis a media sit tibi plebe legi. (Ovidio). N. 45 Celui qui metaujour ses pensées pour faire briller ses talents doit s'attend;e á Ia séveritè de ses cri- tiques ; mais celui qui n'ecrifc que pour satisfaire á un devoir dont il ne peut se djspenser, á une obli- gation qui lui est imposée, a sana doute de grands droits a 1'iudulgence de ses lecteurs et de ses juges. ( La Bbüyére.) (1,' Je desirequemesjugesvoient en raoi non rhsmme qui ecrit, mais celui qui est force d'ecrire. (MONTESQUIEU.) (2) Attribuem alguns autores á Dazille o mérito da iniciativa na descripçào da hypoemia (3); outros, porém, com mais rasão, baseados nas pesquizas de Hirsch, Fonsagrives e Le Roy de Mericourt (4), acreditào que foi o padre Labat quem primeiro observou a opilação nas Antilhas na ultima metade do sé- culo passado, isto é, na epocha em que começou o trafico de escravos importados das costas de Cabinda, Angola, Benguela e da parte oriental da África. (5) Como quer que seja, a opilação é uma moléstia nova, cujo conhecimento data da segunda metade do século passado. (1) Citado por vários autores. (2) Citado pelo dr. Silva Pinto. (3) Theses inauguraes dos drs. Silva Pinfc», Luiz Tavares, Pinto Netto. (4) Theses dos drs. Azpvedo Lima, Alfredo Luz, Lázaro eL. Costa. (õ) Sigaud—Maladies du BresiI-1814. — 12 — Em 1752, Chevalier publicou um trabalho sobre as moléstias de S. Domingos, onde menciona alguns factos de observação sobre a hypoemia. (l) Dado o primeiro impulso, a curiosidade scientifica dos médi- cos daquellas epochas voltou se para o novo prothêo mórbido. Foi assim que Pouppée Desportes (2), Bryan Edwards, (3) Da zille (4), Noverre (5), Saint Hilaire (6), Vnnesley (*)» Levascher (8), Hunter, Moreau de Jonnès, Héusinger (9),Mason (i0), Segond(H), Laure (12), Kerangal (13), Hamont e Fischer (14), Cragin e outros se occuparão com a opilação, ora encarando-a sob di- versos aspectos, ora dando-lhe nomes diversos. lasses trabalhos, porém, apesar do seu mérito não podem satisfazer aos médicos brazileiros, que possuem hoje melhores eanhecimentos sobre a hypoijmia. Entre nós quem primeiro chamou a attenção dos médicos do nosso paiz para a opilação foi o iilustrado conselheiro Jobim, de saudosa memória (15). Pm 1831, esse distincto pratico refere a Imperial Academia de Medicina diversas observações suas, em que descreve a opi- lação e a denomina — anemia intestinal. (I) These Inaugural do dr. Souza Magalhães—1S75. (2) Histoire des maladies de Saint Domingue-1770. (3) Histuire des Indes Occidentale3. Citado pelo Ur. Azevedo Lima. (,4) Maladies des nèg-es-1792. (5) Jornal Universal e Hebdomadário de Medicina—1833. (6) Voyage au Bresil-1828—Citado pelo Dr. Lázaro do O«uto. (7) Citad:i pelos Drs. Doelinger. e Lázaro ao Couto. (8) Guide medicale des Antilles- 1834. (9) Citado pelo Dr. Lázaro do Couto—These de 1878. (10) Gazeta Medica de Paris—1833—Citado por Dros. (11) Dela gastro-enterite-chronique chez les nègres—1833. (12) Maladies des (íuyanes—Paris, 1839. (13) Archives de Medicine Navale—18)7—Tom. 7". (14) Memoires de 1'Academie de Medicine de Paris—1833. (lõ) Revista Medica Fluminense— Novembro de 1811 - íâ- Em 1835, depois de novas observações e aturado estudo sobre a gênese da opilação, o iilustrado medico faz nova com- municaçào a I. Academia de Mediciai. e propõe a moléstia o nome de hypoemu intertopicil, pelo qual ainda hoje é ella co- nhecida na sciencia. O trabalho do Conselheiro Jobira é incontestavelmente de grande mérito, não só pela concisão com que descreveu a mo- léstia, mas ainda por haver dissipado as idéas errôneas que versaváo sobre ella, e também por haver despertado a attençáo dos médicos brazileiros para a hypoemia, que vexava a classe pobre do Rio de Janeiro. Entretanto, seja dito de passagem, esse trabalho não nos pode satisfazer hoje completamente, visto que, tendo a sciencia progredido, ella nos veio mostrar que a etiologia da hypoemia não pode mais ser aquella assignalada pelo Conselheiro Jobim. Depois delle começarão os médicos, tanto estrangeiros como nacionaes, a se entregarão estudo da opilação. Assim, Dors escreveu em Pariz uma memória sobre a ca- chexia africana, nome dado por alguns a hypoemia. (I) Em 1839, ainda por proposta do Conselheiro Jobim, levan- tou-se uma discussão na Imperial Academia de Medicina sobre o diagnostico differencial entre a opilação e a cachexia palu- dosa, e ao sábio e venerando mestre Barão de Petropolis coube ■ a gloria de procurar determinar os limites das duas entidades mórbidas. (2, Não obstante os conhecimentos que então já existião sobre a hypoemia, volta Imray em I8i3 a sustentar a opinião de alguns autores, que a considerão como originada pela ingestão de sub- stancias não alimentares (3). (1) Gazeta Medica de Pariz—183S-Theso do Dr. Lázaro. <2) Revista Medica Fluminense, 1810. (3) Gazeta Medica de Pariz-1813—These do Dr. A. Luz. — 14 — A confusão entre o symptoma e a causa da moléstia, já an- teriormente dissipada pelo Conselheiro Jobim. não foi evitada por Sigaud, que, apesar de conhecer o trabalho do iilustrado pratico, espósj as idéas de Imray, e vai além porque confunde a opilação com a cachexia palustre (1). Copland em 184-4, e depois delle Clark escreverão artigos sobre a opilação, segundo nos referem os Srs. Fonsagrives e Le Roy de Mericourt nos seus Archivos de Medicina Naval. E:n 1848, o professor A. Rendu, que entre nós passou 2 annos, escreveu um livro sobre o Brasil (2;, onde vem um artigo que tem por titulo, — Itemurques sur Ia m-dadie connue ai* Bi\sil sons li nom ,\h>n rle«jfc.4 íem feito da theoria do Conselheiro Jobim, aper k-a até com a exclusão do miasma palustre na gênese cia opáfoçao, conrfima esse modo de vèr quando con- sidera como influencias morbigenicas: « Io, osagentt meíoreo- logk-os proj" • ' v eumas quentes; 'Io, a natureza da alimen- tação, etc. > Entretanto como diz o Dr. Jobim: «o uso exoíusivo dos alimentos fecuientos, como a farinha de mandioca, milho, feijão nos parece um i das poderosas causas predisponentes do seu desenvolvimento ». Um pouco mais adiante continua elle do seguinte modo : «. . em o nosso clima, onde é necessário uma alimentação mais animalisada, não se pode impunemente fazer uso exclusivo dessas substancias vegetaes sem correr o risco de ficar hypoemico. Assim o suppòmos, lembrando-nos que os escravos, tanto das fazendas de baixo como de cima da serra, alimentando-se exclusivamente daquellas substancias, são muito sujeitas a esta moléstia. » (These do Dr. Tourinho.) Da mesma opinião são os Srs. Drs. Souza Costa e Felicio dos Santos. Assim, o primeiro esquecendo-se talvez do que dissera á pag. 13 da sua these, isto é, « de que hoje é fora de duvida que em rigor, tanto o regimen animal exclusivo, como o vegetal, podem entreter a vida do ho n.;m. e que a natureza, previdente, erigiu em lei geral que os alimentos de origem animal, conti- vessem também princípios hydro-carbonados, assim como os de origem vegetal tivessem matérias azotadas» .;iz, não obstante, á pig. 42 da referida these, o seguinte : « Os escravos das fazendas que, como vimos, se nutrem exclusivamente de feijão e farinha de milho, são os mais sujeitos a contrahir esta mortífera moléstia (opilação).» (I) '1) Dr Sou«a Costa - P-ese de Concurso, ' 45 4 — 26 — O Dr. Felicio dos Santos é da mesma opinião, e por isso diz lambem nn sua these que « uma prova da necessidade da ali- nier p - ;>nimal é a raridade da opilação nos campos, onde o ieite é geral: por isso também no sertão é ella pouco comnium. » Antes'de passar ao estudo da influencia que á alin (ação dá 8 íheoria do Dr. Jobim, opponhamos desde já á este trecho o seguinte do Dr. Henrique Vaz. « Les hypoemiques qui entrent dans ses hopitaux (Rio de Janeiro) ont contracté Ia maladie en dehors de celte ville, oú comme dans les autres centres populeux du Brésil, ont fait une plus grande consommalion de viande, que dans les contrées agricóles.» vl) A alimentação insuflficiente nao pôde por si produzir a opi- lação. Esta conclusão sem maior exame podemos tirar, atten- dendo a que a insufficiencia da alimentação produz a anemia de innaniçào, que pelos symptomas differe da hypoemia. De taclo, nesta os edemas constituem um dos primeiros symptomas, tanto que sempre se falia do edema palpebral do facies hypoemico, ao passo que na anemia por innaniçào as hydropisias são raras. 0 uso da alimentação vegetal lambem não pôde ser causa da opilação, como querem os Drs. Jobim, Souza Costa e Felicio. Na verdade, segundo as analyses de Payen e Boussingault, o milho e o feijão, que constituem a base da alimentação vegetal entre nós, contêm : o primeiro 15,50 de substancias azotadas e 67,55 de substancias amylaceas; o segundo contém "25,5 de prin- cípios azotados e 55,7 de principies amylaceos. Ora, nestas cir- cumstancias estes alimentos são de um grande poder nutritivo, e portanto o seu uso mo pôde produzir a hypoemia. Outros autores não condemnáo a alimentação vegetal, como fazem os dlslinctos médicos, defensores da theoria climaterica, e [i; .Journal de Tiierapeutique — n. 22— Paris, lb78. ~ 27 ~ até Dutroulau, verdadeira autoridade em assumpto-; que dizem respeito á pathologia e hygiene dos climas quentes, recommenda o seu uso em taes climas. Além destas razões contra a theoria que considera a alimen- tação insufliciente como produetora da hypoemia, nós temos uma série de factos que, ao nosso vêr, ajudào a destruil-a pela base. Assim, a sêcca que assolou ultimamente as províncias do Norte, e especialmente a do Ceará, reduzindo os nossos irmãos nortistas á extrema penúria, deveria ter dado em resultado nu- merosos casos de opilação, pois tal era a falta de alimentos, qie se morria á fome, e para evitar este mal outro mal maior se pôz em pratica. A terrível anthropophagia, protestando contra a nossa civi- lisaçâo para satisfazer á imperiosa necessidade da fome, começou a transferir os seus arraiaes do meio dos selvagens para assen- tai os entre os civilisados ! Entretanto vimos numerosos Cearenses anêmicos, cacheticos, mas não vimos opilados. Sa Historia da Campanha do Uruguay e do Paraguay, escripta com invejável e raro talento pelo iilustrado medico o Dr. Carlos Frederico, encontra-se um extenso quadro nosologico, onde (cousa admiravelj não figura um só caso de opilação ! Entretanto ninguém ignora as duras provações porque pas- sou o nosso exercito naquella heróica campanha. Na verdade, os nossos valentes soldados obrigados á mar- chas forçadas á noute, mettidos dias inteiros em charcos e paúes, fazendo uso de uma alimentação má pela quantidade e pela qua- lidade, c também das agòas do rio Paraguay que continháo detritos vegetaes e animaes em decomposição, pois que nellas se lança vão os cadáveres dos i'íini:i j >:u?., esf alimente convejiaMemeut, nous dirons même mieux '} i -luroup de campagnards en Europc. » (1) —n £;«-■■ • adiante o iilustrado medico, cujas palavras tran c eveh! -;, assim se exprime : « L'opinion, du reste peu ge- néralisée aujourdliui. qne les féculents alteres sont une des causes principales du devei ppement de Phypoemie, a été engen- drée par une observation três superficielle des faits et doit dis- paraitre de Ia science. S'il en était ainsi, comment expliquer ce fait que Ia maladie ravagecertaines zones bien limitées, certaines localités, etepargne tout à fait des regions situées à une distance d'un ou deux kilomètres, comme nous Favons observe ou l'on vit dans les mèmes conditions climatériques, suivant les mèmes habitudes, oú Pon exerce les mêmes professions, oú Pon suit Ia même alimentation et, ce qui est plus remarquable, oú Pon se fournit aux mêmes marches?» (Loco cit. pag. 846.) Outros autores negando á alimentação o papel de causa de terminante da hypoemia. consideráo a alimentação pouco ani- malisada como podendo predispor o organismo para contrahir a moléstia. Entre estes citaremos os Drs. Jobim, Demetrio Tourinho, Felicio dos Santos, llendu, Levacher, etc Do que até aqui temos exposto vê-se quão difFicil é encontrar a verdade no meio d'este labyrintho de opiniões diversas. Examinando, porém, com a máxima imparcialidade todas as questões apontadas, somos levados a crer que a alimentação insuffieiente pela quantidade e pela qualidade,* bem como os ali- mentos deteriorados não podem produzir a hypoemia, porque não podem se transformar em anckylostomos, única causa deter- minante d'esta moléstia. O mais que a má alimentação pôde fazer é predispor o organismo, preparal-o ou tornai o apto para deixar desenvolver nelle o anckylostomo, que ahi penetra pelos meios que mais adiante exporemos. (1) JoüíhíI üc TLerú>.>eutíoue— u. 'U — Novetnbre 1378-Pans. - 31 — De modo que, para nos, esse n: nnaloide r-piesenía o papel de certas sementes (permitia-se nos a comparação) que, para germinarem, necessita o que a t. rra, onde ao lançadas, seja de antemão preparada. Eis o que nos parece mais , asovel e mesmo de accôrdo com Lallemand quando diz : « La verité entière ne fut jamais le par- tage des opinions exclusives » (\\ Passemos agora ao estudo das bebidas começando pela água. O Dr. Ubariot pensa que a acção da água é nulla, e o Dr. Leopoldo da Costa julga-a ainda pouco estudada. Todos os outros autores são accordes em altribuir á água um papel importante no desenvolvimento da hypoemia. Os factos parecem abonar este modo de vêr. As3im, o Dr. Langaard refere o facto da exterminação de uma família in- teira que fazia uso das águas de um brejo, situado perto da ha- bitação d'esses infelizes, que succumbiráo todos opilados. » (2) 0 Dr. Júlio de Moura, que tanto se tem dedicado ao estudo das moléstias próprias do nosso paiz, assim se exprime em uma carta dirigida ao grande Wucherer: «Uma causa sobre que tenho questionado e cujas respostas têm sido sem ore uniformes, é a circuinstância, para mim mui importante, de fazerem uso os doentes, não de agua.de fonte ou de nascente, mas de águas de pouca correnteza, empoçadas, atravessando sempre brejos ou valles cobertos de vegetação aquática. Creio que d'ahi depende toda a origem do mal e qu j os óvulos dos anckylostomos, assim como os de outros entozoarios, sejão levados ao seio da economia por esse vehiculo insalubre. » Pessoalmente nos referio o mesmo doutor que e^tá convicto de ser a água o vehiculo onductor desses hospedes importunos dos intestinos O Dr. Henripue Vaz, explicando o apparecimento da opila- U) Citado pelo Dr. Demetrio Tourinho. (2; Citado por vários autores. :-? __ « f.. e i* ví03 i«íU^íduos. ao passo que poi.pava outros sujeitos ú :ni .-. «vígí;.;.;.>,s clima lericas, aos mesmos hábitos ás mesmas • .-;, e ii .nesma alimentação assim se exprime : (cí-m íaits nous onl frappé si vivement que, pour nous, ils rg pe-uvent sVtpliquer que par Ia présence des petits nématoides dans les eaux dont faisaient usage les malades. Ici, par exemple, ou Pon retirait d'«m puits, d'un étang. d'une lagune ou d'une ri- vière peu couraute Peau à boire. presque tòus les membres d'une í >mil!e etaient en proie à Ia maladie; là à Ia distance d'un ou deux kiíor V.tres, une aulre famille, retirait Peau pour son usage dune source différente, ne comptait pas un seul malade. » E mais adiante continua o Dr. Henrique «Certes, il serait bien curieux d'étudier Pinfluence qu'ont exercée sur le developpe- ment et Ia disparation de Phypoemie dans les centres populeux des pays chauds certains ouvrages d'hydraulique. Au temps de Ia colonie, comme nous le supp >sons li maladie aurait elle èté freqüente au Rio de Janeiro? Pourquoi ne frappe-t-elle pas aujourdhui cette ville, qui a environ 400,000 habitants, a- lors que toute Ia zone montagneuse limitrophe ( Jacarépaguá, inhaúma, Penha, Belém, etc) qui n'est pas approvisionnée d'eaux conduits par des aqueduets, puisant dans des sources elevées fournit un si grand conligent d'hypoéiniques ? Pourquoi observe-t-on le même fait dans Ia ville de Nictheroy comparée á ouelquesuns de ses environs? Est-ce que les eaux puisées dans les montagnes, d'oú elles decoulent, sont exemptes du germe de Ia maladie, comme nous le croyons ? » 1 j Pelo que fica exposto se conclue que o Dr. Henrique Vaz também liga grande importância á acção da agôa, acreditando ser ella o vehiculo conductor do anckylostomo, e nós, que temos o prazer de conhecer pessoalmente aquelle distineto medico, podemos garantir que elle não aceitaria i:ma opinião qualquer ;', Js/urüai de Thert^.tutiqbe n. 23-Novembro de IS7í —Fsrlí, — 33 — sem a sancção dos faetos, sem a própria observação confirmada pela clinica. Acceitando pois a opinião dos Drs. Júlio de Moura e Hen- rique Vaz sobre a acção da agòa, podemos por intermédio deste liquido explicar o seguinte trecho do Dr. Mello Brandão: «Ha 16 annos que clinicamos neste lugar ( SanPAnna do Deserto ) e temos dados muito precisos para aílirmar que em idênticas condicções topographicas, telluricas e hygrometricas, ha fazendas importantes, como a do nosso illustre amigo e collega Visconde de Prados, em que nunca observamos um só caso de hypoemia e outras em. que esta abunda, havendo apenas entre ellas a differença das condições hygienicas rela- tivas a alimentação e a distribuição do trabalho ! » (l) E' pena que o Dr. Mello Brandão nada nos tenha dito acerca das agôas dssas fazendas, puis é muito provável que esse liquido seja a causa da freqüência da opilação, e não a alimen- tação e o trabalho que representarião aqui um papel secun- dário. O iilustrado medico de SanfAnna do Deserto deixou de parte o exame das agôas, porque para í\ S. « não está ainda provado que o anckylostomo seja causa e não elíeito da hypoe- mia», além de que parecia-lhe que a eliologia da opilação « uma vez dadas as condicções eliuiatericas podia-se resumir nestas palavras: alimentação insufFiciente». Para nós é fura de duvida que a agòa reclama para si uma parte activa no desenvolvimento da opilação. Contudo devemos lamentar que até o presente não se tenha descoberto os anckylostomos ou seus óvulos nas agôas suspeitas; apenas Wucherer, conservando alguns dias na terra molhada algumas fêmeas daquelles nematoides, que estavão cheias de óvulos, viu estes se desenvolverem até que as lavras se puzerão ;i) Revista Melica do Rio de Janeiro, n , 11—Novembro delS7G. 45 5 34 — em liberdade e espalharão por entre a terra que serviu á experiência. (1) Ora, como os anckylostomos pertencem á família dos sirongilides, cujas larvas em geral vivem nos brejos e paúes é fácil adrailtir por analogia que aquelles helminthos habitem esses mesmos logares. (2) Por analogia ainda podemos admittir tal fado se appli- carmos ao que diz Davaine, relativamente á^propagação das ascarides lo>nbricoilcs (3), as descobertas recentes de Graziadei e Bozzolo. (4) Quanto á influencia das bebidas alcoólicas, que alguns autores admiltem como causa da hypoemia, nós a consideramos de pouca importância. De facto, em Io lugar ellas figurão no quadro etiologico de quasi todas as moléstias, e depois no nosso paiz os estrangeiros são mais dados ao álcool sem que a moléstia seja mais commum nelles. E' verdade que o abuso do álcool acarretando a cachexia alcoólica pôde predispor o organismo para a hypoemia, mas a sua influencia está longe de ser a assignalada por Dutroulau. O Dr. Souza Costa observa mui judiciosamente que se o álcool devesse figurar na etiologia da opilação, o que não está provado, as crianças não deveriào ser ácommetlidas desta mo- léstia, no entanto ellas forneeern um grande contingente de hypoemicos. Somos de opinião que o uso moderado das bebidas al- coólicas, bem como o da infusão de chá, café e mate actuão de um modo favorável contra o apparecimento da hypoemia, como (1) Dr. Alfredo Luz—These inaugural. (2) Loco, citado. (3) On suppose, en eílet, que Irs myiiadcs d'oefs quo les inJividus atteints d'ascurilcs rendunt avcc leuis niatières fecales, peuvent resterdans les marés, dans les ruisseaux, dans les [»uit-, pemJent six et sept raois sans subir aucune alteration, et que lorsquMs sont iiitroduits par les boissons dans le tube digestif, 1'eclosion de nouvcaux individus peut se faire ». (Traité des Entozoaires). (4) Gaüutte des llopitaux—XoYembre, 1879. — 35 - alimentos de poupança que são, Com efleito, essas substancias augmenlando a receita pela diminuição da despeza orgânica deixão assim de preparar o organismo para o desenvolvimento da opilação. Mariot considera a ing-stão de frucios árido* como causa da opilação ; entretanto esses fructos, longe de predisporem o or- ganismo para essa moléstia, devem antes prevenil-a, já pela sua acção benéfica sobre o apparelho digestivo como sobre toda a economia em geral. Enire nós ha muitos indivíduos, cujas digestões não se faze n sem o auxilio de uma laranja sobre o jantar ; outros não dis- pensâo o aso do limão nas refeições, sem que por isso se tornem opilados. No dizer do Dr. Alves Pereira « os fructos ácidos são uma previsão da natureza, que, como mãi desvellada, procura sempre remediar os nossos males e acautelar-nos contra aquelles en~ commodos que o rigor das estações nos apresenta ». (I) Agentes tono«. Noverre, medico da Martinica, Dros, medico de S. Thomaz e Levacher na sua obra—Guid- des Anules consi- derâo como causa da hypoemia o envenenamento lento por meio de substancias argilosas, ingeridas pelos negros com o fim de se suicidarem. Sigaud admitte duas espécies de hypoemia, uma proveniente das febres intermittentes, outra da má alimentação tendo as causas assignaladas por Noverre, Dros e Levacher. (2) Os autores brazileiros, porém, discordão deste modo de vêr. Nio é possível admittir se que um suicida, tendo á sua mão tantos meios de extinguir com rapidez a vida que elle julga pesada, procure pôr termo á existeucia envenenando-se lenta- mente, augmentando por este modo a própria afílicção e prolon- (1J Theso Inaugural de 1871. [2J Du climat et dea maladies du Bresil—p-»g. -521—Sigaud 1844, — 36 - éia&do ospr;" iíos, í.í',1 vez de mitiga los por esse meio irracional ao Brazií o escravo procura na forca o lenitivodesn as dores physicas o" moraes; é ainda na forca que elle foge do capti- veiro ou d< s igores do próprio senhor. Uma vez atacados pela opilação, alguns doentes, livres ou escravos, pagão o fatal tributo da morte, mo pelos progressos da moléstia, mas pela monommia suicida quedelles se apodera, e ahi vemos mais uma vez conSrmada a nossa opinião, porque elles procurão um meio promplo e faeil, ordinariamente a forca. Estas razões destroem pela base a opinião de que a g»opiiu gia OU a allolriophagia seja causa da hypoemia. Aqui terminamos o arligo ingest i, o mais importante de todos. Mão nos demoraair. em miis largas considerações, porque, além de não estar isso nos limites das nossas fonas, não queremos prejudicar outros assumptos. CiítcüMiLS.v.—Ssta classe abrange o calor, o ar aimosp'.:erico, o silo, as ag)as, o; climas e as habitações. Calor.—Por vários motivos concorre o calor dos climas inter- tropicaes para o depauperamento do sangue e enfraquecimento ilo organismo. Assim, ninguém ignora que o calor augmenta as perspiracões cutânea e pulmonar, diminue as secrecções intes tinaes, excita as funcções genitaes, diminue o apetite, rarefaz o oxygeno do ar atmospherico e portanto concorre poderosamente para a anemia tão commum nos climas quentes. Assim preparado o terreno,, o desenvolvimento dos ancky lostomos se eífectua com facilidade. Ar atmosphrico. —O ar atmospherico viciado, seja pelo accumulo de indivíduos em um recinto estreito e mal arejado, seja por emanações deletérias, seja por excesso de humidade concorre também para o desenvolvimento da hyptemia. - 37 — Quanto á humidade, todos os autores vir. pado com a opilação, desde Dazille até hoje, :;;•,; reconhecer a sua perniciosa influencia. O Dr. Pinto Netto apresenta em sua These uma estatística do Dr. Reinhold, pela qual se vê que em 5 Otzmdas o numero deopilados era miior em duas situadas inferiormente e mais húmidas do que nas outras em m ;lhores condicções, e que quano mais chuvoso era o anuo, maior também era o numero de hypoemicos. (I) O iilustrado *r. Dr. Souza Costa pensa do mesmo modo quando diz «... se nestas condicções o ar se satura de humi- de multiplicando deste modo as funcções de exhalaçáo da pelle e da mucósa pulmonar, manifesta-se uma menor plasticidade do sangue, uma tendência á hydremia,constituindo por assim dizer uni estado de imminencia mórbida. » (2) m O Dr. Demetrio Tourinho desenvolve com minuciosidade a acção da humidade, e da sua excellente these vamos extractar alguns pontos mais importantes. « Nas zonas tropicaes, o medico investigador procura a razão de tão variadas e freqüentes moléstias, e descobre na humi- dade uma das causas pathogenicas mais funestas.» Em parte nenhuma do globo, diz Foissac, a humidade é tão grande como debaixo dos trópicos; reunida ao calor é o dissolvente mais aclivo e mais geral; é ella que preside a este movimento de composição e de decomposição de vida e de morte que anima toda a natureza. Os insecto» pululào, a agoa das chuvas arrasta milhões de mosquitos, que se putrefazem com rapidez. Os gizes deletériosque produzem as agôas dos pânta- nos, as plantas, os rios e as folhas em decomposição misturáo-se no ar que se respira e infectào a economia. » (2) Guzct? Módica do Rio de Jaucíro—1862. (1; Este mesmo facto é citadopeio Dr. D, Touriuli .■o da humi- dade. O Dr. Mariot filiando sobre a hu:ni lade diz que nos paizes occidentaes da África tropical a hypoemia nao é tão commum como no Brazil em latitudes correspondentes, apezar de ser naquehas regiões mais elevado o calor; porem, o estado hygro- metrico da atmosphera pela sua seccura habitual forma um verdadeiro contraste com as regiões brasileiras debaixo do ponto Je vista climático. (Loco cit) Finalmente o próprio Dr. Tourinho assevera que a humi- dade é uma das causas predisponcntes mais enérgicas do desen- volvimento da hypoemia. <• A nrailoj doentes, diz elle, ouvimos daíü'- a moléstia de uma constipaeào 'supp-^ssão de transpira- - 39 - ção) na occasino do trabalhe : ,■ 10 trabalho em lugares de brejo, em logares baixe ■ Em outro iogar desta :b^- ja fizemos vêr que pela esiatis- úca do Dr. Heinhold a opiiaeào se desenvolvia mais facilmente nos annos mais chuvosos e portanto mais humidos. A influencia da humidade, pois, na gênese da opilação parece incontestável. Mas, perguntamos nós, essa influencia vai até o ponto de determinar o apparecimento súbito da hypoemia em indivíduos que domarão ao relento, expostos ao sereno e a humidaile da noute, como alguns lactos citados pelos Drs. Pendo e M lio Brandão? Não temos dados positivos para negar a influencia da hu- midade nestes casos; mas a theoria que defendemos oppõe se abertamente a elles e portanto é mister que os expliquemos. O Dr. Penido refere o facto de um viajante, que foi subita- mente accommeitido de hypoemia por ter passado uma noite exposto ao sereno, e para o Dr. Penido o resfriamento parece ter sido a única causa da moléstia neste caso. Se tal admittissemos, a theoria verminosa teria forçosamente de cahir, victima do exame superficial dos factos. Em primeiro logar a observação do Dr. Penido não foi acompanhada de autópsia, e, portanto, a objecção perde todo o valor, e depois, mesmo que o diagnostico tivesse sido feito com toda a precisão, seria muito possível que o indivíduo de que falia o Dr. Penido fosse ji portador dos anchylostomos, e que estes, sem ter ainda dado siguaes de si, aproveitarão a occasiào opportuna para manisfestarem por simptomas mórbidos a sua presença nos intestinos. Tal é a resposta que dá o Dr. H. Vaz a estes factos. (I) E a não ser assim, perguntamos, como actuaria a humi- dade para produzir anchilostomos ¥ Que ella é favorável ao (1) Jourual de Therapeutique—Pari9,1878. ;ô desenvolva e des!va emaíoides não re>ta duviaa alguma, ejá aserrr-- '■?■:■ : Wneherer o dem entrarão; mas que por si só ei1;: p,>'v: produzir a hypoemia e o que não podemos acrediiar. O iilustrado lente de hygiene desta Faculdade diz. referin- do-se á humidade. .. « se nestas condições o ar se satura de humidade, multiplicando deste modo as funcções da exhalaçáo da pelle e da mucósa pulmanar, manifesta-se uma menor plas- ticidade do sangue, uma tendência á hydroemia, constituindo por assim dizer um estado de imminencia mórbida. Parece-nos, pois. que temos dito quanto basta relativamente ao papel eliologico da humidade. Sola.— Pouco influe o solo na producçáo da hypoemia. Entretanto a presença de matas virgens, impedindo a pe- netração dos raios solares, concorre para o abaixamento da temperatura do solo e conserva por muito tempo a humidade, principalmente em occasiões de chuva. E' por este modo que o solo influe como causa predisponente da hypoemia. Agòas.— 0 Brazil é um piiz em que a natureza espalhou com mão pródiga o mais va>to systema de irrigação. Assim, desde o Amazonas ao norte até o Prata ao sul, é este paiz cortado por numerosos rios que, o percorrendo em grande extensão, rivalisio com os primeiros do mundo. Além disso, a vasta exiensão do seu litoral, reunida a profusa quantidade de lagoas, lagos, brejos, pântanos, etc, concorrendo para o luxo de ve- getação que o embelleza e admira o estrangeiro não acos- tumado a proporções tão gigantescas, como diz Rendu, concorre também para a humidade do ar e das habitações, facilitando por esse modo o deseavolvimmto da opilação ; e, se é verdade, como acreditamos, que as aD'uas são os vehiculos dos anchi- lostomos, parecwios r.u:!uv^Uò expücavei a freqüência da opi- lação üü Brazu — 41 — Climas.— O clima dos paizes inter trópico es é uma poderosa causa predisponente de hypoemia. Vejamos, pois, o que dizem os authores a tal respeito. Saint-Vel no seu livro intitulado—Maladies des regions inter- tropicales—assim se exprime na pagina 20 : «Dans les regions intertropicales, Fanemie est le fond de Ia plupart des maladies. A elle seule, elle constituo un êtat pathologique extrèmement fréquent, souvent três grave et que affecte les differentes ages, et les races diverses, les races tropicales surtout. Elle s'òbserve avec toutes ses nuances et tous ses degrés. Elle est legère ei cadre avec les conditions ordinaires de Ia santé, ou bien elle est profond et comprend les plus graves désordres, et implique les plus grands péries. Entre ses deux états extremes se déroule Ia longue châine des états intermediaires.» No meio dessa immensa cadeia de estados intermediários figura a hypoemia inter tropical, nome que, como sabemos, foi dado pelo finado Conselheiro Jobim a opilação por causa da grande freqüência desta moléstia entre os trópicos. O Dr. Felicio dos Santos, esposando as mesmas idéas, diz que « se a opilação existe na Europa acha-se lá tão disfignrada como as nossas bananeiras nas estufas de Londres. » Rochaux, medico das Antilhas, assim se exprime, relativa- mente aó clima: «Nestes paizes o sangue soffre uma alteração que explica a pallidez de seus habitantes ; os líquidos também soffrem mudança na sua índole e composição; aquelle fluido torna-se mais pobre em fibrina, em matéria colorante: desta pobreza vem a lentidão e languidez em que cahem os habitantes destes climas, que, sendo por isso incapases de um trabalho regular e sustentado, nada fazem senão por intercadencia, e como da apathia á extrema actividade, da indolência ao frenesi só ha um passo, elles correm atraz de emoções fortes e é sem duvida esta necessidade o que os torna ambiciosos, emprehen- dedores e atrevidos; a moderação, a egualdade dos gostos, os prazeres simples lhes não agradão; em tudo precisão de pi- 45 6 — 42 atenta. Ora se 8 força reside mais na permanência e constância de acçüo de. que do ímpeto colérico que logo se relaxa, aquelle estado é uma verdadeira degeneração, uma fraqueza physica e moral, v ;l) Sigaud, no sen livro já citado, referindo-se a hypoemia diz na pag. 314 : «Elle est le cachet pathologique de Ia zone torride, três rependue depuís FEquateur jusqu'au tropique sud. » No seu livro sobre as molesíias do Brazil diz Rendu, tra- tando da etiologia da opilação: « Qnant aux causes sous Fen- fluence des quelles cette affection parait se developper, on peut, suivant, nous les attribuer à Ia nature du clímat du Brésil, aussi qu'à Phygiéne suivie par ses habitants et á laquelle les noirs sont soumis. Le clímat du Brésil, á partir de Rio jusqu'au íleuve des Amazones, est un climat três debilitant; les chaleurs y sont en general très-fortes, trés-humides, partout elles ôtent toute espèce de force et d'energie. » (2) O Dr. Henrique Cezar em relação ao mesmo assumpto, assim se exprime « Linfluence des climats comme cause pré- disposante de 1'hypoémie est bien manifeste, quoique sa distri- bution géographique ne soit pas encore bien connue. Cependant il faut ajouter que probablement cela tient plutôt à Ia fréquence plus grande du parasite dans les eaux des climats chauds que dans celles de regions tempérées. Nous avons vu des hypoémie qui ayant contracté Ia maladie dans Fun comme dans Fautre climat; mais elle est aussi freqüente dans les contrées chaudes que raie dans les tempérées. Sans vouloir parler en détail de sa fréquence dans le midi des Etats-l ais, dans les Antilles, Ia Guyarre, FEgypte, Ia Nubie et tous ics rivages du Nil, dans Ia cote orientale de PAfrique, et probablement, cotnme Fa fait observer M. le Dr. Júlio de Moura, dans le nord de Fltalie, nous (1) These cum) e no estômago. ( Vid Archives de Medicine Navale, tom. 8e—de 1868.) Quando mesmo não procedessem todas estas rasões, teríamos ainda assim dous factos isolados e excepcionaes para se opporem a numerosos e repetidos factos em contrario. Mais algumas considerações e teremos resolvido a 2a questão que estabelecemos. O pequeno e limitado numero de anchylostomos que tem sido encontrados em casos excepcionaes não pôde destruir a theoria verminosa da hypoemia, porque os defensores desta doutrina pothogenica nunca disserão que meia dúzia daquelles parasitas seja sulficiente para produzir a opilação e as necropsias Mi Est« enfosoario foi eneoriirnd.i por 'onuolé dentro de um foco puruieoto no ligada de viu.- criança. (Grisoie. PíUiolojie lUerne.) 59 - estão ahi demonstrando que sempre se íeui encontrado nos cadáveres dos opilados uma quantidade prodigiosa daqn< les vermes, ascendendo muitas vezes a milhares. A rasão deste facto é simples. Os anckylostomos mo são introduzidos de chofre em grande quantidade no organismo, porém lenta e gradualmente com o uso das agôas. No principio, portanto, o pequeno numero desses animaes que se têm hospedado nos intestinos é insuficiente para produzir as graves perturbações da hypoemia, e se o do- ente succumbe victima de uma moléstia intercurrente qualquer a autópsia vem revelar a presença dos vermes que nao forão suspeitados em vida porque erão poucos para despertar a at- tençáo do próprio doente. Si, porém, não se dá o concurso de outra moléstia extranha, então a quantidade de anchylostomos augmenta, jà por novos animaes que vêm do exterior, já pela reproduccâo daquelles que existião nos intestinos. Então é que a opilação se manifesta seguindo depois a sua evolução. A objecção mais seria que se levanta cantra a theoria ver* minósa é a seguinte : Para que os anckylostomos sejão causa da hypoemia seria necessário que elles fossem encontrados no prin- cipio desta affecçào, fallecendo o doente de outra moléstia in- tercurrente . Esta objecção já se acha implicitamente respondida nas considerações que acima fizemos, apesar disso porém adduzt- remos mais algumas rasões. Se na hypothese figurada não se encontrasse os anckylosmos, nem por isso a theoria verminosa teria de cahir, porque desde que apparcesse uma moléstia intercurrente, esta poderia per- turbar as condicções ordinárias do meio, necessárias a vida áoi anchylostomos, os quaes terião então de abandonar os intestinos e serem expulsos com as fezes podei ^endo passar desaper- cebidos. Ora, sendo possível esta hypothese, a objecção perde muito do seu valor. Além de qu» cumpre nolur, que uão precisando «- 60 — nós daqueile facto para sustentar e explicar a ílí" ria vr: minósa, aos adversários desta theoria que precisão delleé que compete averigu n\ Apresente nos o facto que depois responderemos. O Sr. Dr. Lázaro do Couto, um dos mais acenámos ad- versários da nossa theoria, diz na sua these que « não ha na ciência uma só causa que produza uma só moléstia, e nem uma só moléstia produzida por uma só causa, a não serem as molés- tias virulentas» c com este principio pretende provar que os termos anckylostomo e opdação se repellem debaixo do ponto de vista de causa e eíTeito. • Não é verdadeiro o principio invocado por aquelle iilus- trado medico, principalmente no que toca as moléstias para- sitárias. Assim, a sarna, a phtiriase, a chyluria, a hematuria e provavelmente a diarrhéa dos paizes quentes e a febre amarella só podem ser produzidas pelo acarus scabiei, pedkulus púbis, filaria Wuchereria, distomum hematobia, rh tbdüis slcrcoralis e final- raante os animaculos ultimamente observados pelo Sr. Dr. Freire no vomito dos doentes de febre amarella. Porque pois a opilação não pôde ser produzida pelos an- chylostomos? Em vista pois das considerações que até aqui temos expen- dido parece-nos que fica de pé o seguinte principio : Os anchy- lostomos duodenaes não têm sido encontrados nos cadáveres de indivíduos fallecidos de moléstias differentes da hypoemia a menos que esta não tenha existido como complicação. Passemos agora a 3* questão Se, de facío, a opilação é produzida por aquelles parasitas o tratamento deve ser de preferencia dirigido contra estes ver- mes em virtude do principio— sublala causa tollilur effectus. Tem se empregado a medicação vermifuga? Os seus re- sultados justificào o seu emprego ? A solução destas questões pede alguns desenvolvimentos, que não podemcs deixar de fazer. Qyarído Griesinger no Egypto descobriu os anckylostomos -61 - no cadáver de um indivíduo falleridn de chlorose egypdaca con- cebeu desde logo a idéa de combater esta moléstia pelos anti- helminticos, e como não pudesse continuar as suas observações por ter de deixar aquelle paiz aconselhou aos médicos daquella epocha o emprego dos calomelanos e outros vermifugos. Desde* então Bilharz, Von-Siebold, Pruner e outros come- çarão a lançar mão destes meios para debellar a hlorose o Egypto, tanto mais quanto observavão sempre nos cadáveres de indiví- duos fallecidos desta moléstia os vermes descobertos por Dubini. A medicação aconselhada por Griesinger tem sido seguida no Brasil por práticos notáveis, desde Wucherer até hoje. Das numerosas observações deste distincto medico ccw « luiu elle, que os doentes se restabeleciáo mais cedo com o uso dos ferruginosos associados aos anti-helminticos do que sem estes. Na Bahia ainda, os Drs. Januário Faria e Silva Lima não empregão os preparados de ferro nos seus doentes sem submel- te-los primeiro ao uso dos anti-helminticos. O iilustrado Sr. Dr. Júlio de Moura, a quem citamos sempre com prazer no nosso trabalho, observou em 1861 um opilado, no qual falharão completamente os tônicos, os ferruginosos, a bôa alimentação e todas as regras da hygiene, cedendo depois a moléstia ao uso do leito da gamelleira, que além de drástico é parasiticida. Quasi na mesma occasiáo observou aquelle distincto pratico outro opilado, que recolheu-se a Santa Casa para tratar-se da moléstia, que já havia feito grandes progressos. Apezar da melhor medicação, variada ao infinito, elle não conseguiu melhorar, e retirando se para Suruhy. logar panta- noso e insalubre, ahi faz uso do leito da figueira branca alter- nando com o ferro, e graças a este poderoso meio conseguiu restabelecer-se completamente. Factos análogos registra a sciencia em grande numero. Assim, o Dr. Alfredo Luz no seu folheto intitulado Investiga- ções helminihologicas apresenta 5 observações suas, nas q*aaes se \tí que 2 doentes .;& restabelecerão completamente pelo uso dos anti-hei a; >;;,o„ r*.n melhorou consideravelmente, e outros fal- ecerão p-or mudarem de medicação. íltia outro facto que prova evidentemente a efficacia da me- dicação vermifuga é uma observação que vem na These do Dr. Lázaro do Couto, e que aqui a resumiremos nas* seguintes palavras : Para a Casa de Saúde de S. Sebastião entrou um opi- lado, que durante i 1 dias foi sujeito pelo Sr. Dr. J. de Moura aos preparados de ferro sem que apresentasse resultados salis- factorios. No fim desse tempo o distincto pratico empregou a doliarina unida ao ferro, e 21 dias depois o doente obtinha alta. Note se que o Dr. Julio de Moura procedeu deste modo para demonstrar mais uma vez ainda a necessidade e vantagem da medicação vermifuga na cura da hypoemia. Hoje os próprios adversários da doutrina verminosa encetào o tratamento oa opilação pelos purgativos drásticos, que também são vermifuges, e confessào assim implicitamente a verdade da theoria que combatem. Assim pois, se a medicação vermifuga tem sido sempre empregada e com felizes resultados, mais uma vez se confirma o principio de que—nuturam morborum carationes oxtendunt—e se este principio é verdadeiro elle confirma a seguinte propo- sição : A hypoemia interlropical é utaa moléstia parasitaria, determinada pelo anckylostomo duodenal, proliferado em grande numero. Pelo menos é esta a nossa convicção. ^nríiuítvtitnmüm ihüífeaíc Les climata ont une intluence qui parait «vidente sur lelle ou telle es- pèce de parasites. (Saint-VeU. O anckylostomo duodenal foi descoberto em Milão por Dubini em Maio de 1838, quando elle procedia a autópsia de uma mu- lher fallecida de hepalisação pulmonar, complicada talvez de chlorose do Egypto. 0 mesmo observador continuou a verificar a presença dos anckylostomos em varias autópsias a que procedeu. No Egypto elle foi observado por Pruner, Von-Siebold, Grie- singer, Bilharz e outros. Em Mayotte por Grenet et Monestier; em Cayenna pelo Sr. Rion de Kerangal ; na Itália por Grasiadei, Bozzolo, Perron- cito, Morelli, Potain e outros; na Islândia por EschrichI, no Brasil por Wucherer, Julio de Moura, Silva Lima, Januário Faria, Demetrio Tourinho, Barão de Maceió, Henrique César, Alfredo Luz, Gonçalves Ramos e outros. Muitos outros obseavadores tem mencionado a existência dos anckylostomos e feito a sua descripçáo, mas se lançarmos os olhos sobre a sua gcogmphia medica veremos que se estes vermes não são exclusivos dos paizes quentes, a sua freqüência nelles é muito maior do que nas outras regiões do globo, — 64 — A influencia dos climas na producção desta ou daquella espécie de parasitas é um facto assignalado por todos os helmin- thologísías e confirmado pela observação. Assim ninguém ignora que as ascarides lombricoides e os Ov :ros vermiculares são muito communs nas Antilhas, ao passo que a toenia ahi é rara e afíecçâo hydalica desconhecida. Esta ultima moléstia é pelo contrario muito freqüente na Islândia não só no homem como entre os carneiros, e muito rara na índia e nos Estados Unidos, e desconhecida em outros paizes. A tenia solium se encontra na índia, no Egypto, na Abys- sinia, na Grécia, na Allemanha, em Portugal e na America do Sul. O botriocephalo é commum na Suissa, na Polônia e na Rússia ; as ascarides são raras em Pariz, mas são freqüentes em alguns cantões da Normandia e da Alsacia. (1) Assim também os anckylostomos que são communs no Brasil, no Egypto, na Itália do Norte e em outras regiões mais ou menos quentes, são raros nos climas temperados e desconhe- cidos nos paizes frios. 0 finado Conselheiro Jobim, explicando a presença de alguns anckylostomos fora das regiões intertropicaes, diz que uma certa diflerença de lattitude pôde por circumstancias topographícas influir pouco para a mudança do clima. Imitando pois o que diz Boudin na sua — Geogmphie medi- cale — diremos : Cada paiz tem uma flora zoológica assim como tem uma Hora botânica. Passando agora á descripção do anckylostomo duodenal vamos copiar o que dizem os autores, visto que nunca tivemos occasiáo de observar aquelle verme, apezar de o termos procu- rado fcom avidez. [1) Saiot-Vel — Maladies des regions nitertropicales. S1 • nymu. ieitylostomuui duodenale (Dubini, Dicsing, Ludy, Kuchpnmeis < anckylostoma duodenale ( Dubini, Sie- bold, PruiM ) Siron^yius duodenalis Dubint) fítrongylus qua- dridentatus (Sieboldj, Scterostoma duodenale 'Spencer-Cobbold) Dochmius duodenalis ( Dubini). Este verme pertence á classe dos Nematoides, do gênero Anckylostomum, família dos Sclerostomides ou Strongylides (segundo outros ). Os autores divergem quanto as dimensões do anckylostomo; mas tomando os números extremos dessas dimensões diremos que este animal tem 3 a 15 millimetros de extensão, sendo o macho menor do que a femêa, que sobre ser mau comprida é também mais larga, pois tem .; riecimos de millimetro de largura, ao passo que o macho só tem meio millimetro. O corpo é cylindrico e attenua-se para as extremidades, mais para anterior do que para a posterior, dando ao verme a fôrma de um arco de flecha dos nossos indígenas. A espessura do corpo do macho é de meio millimetro; a da femêa é dupla. A côr das femêas é ordinariamente branca ; os machos são transparentes, apresentando manchas brancas ou escuras. Le- vados ao microscópio vê-se que o corpo do verme na parte ante- rior é completamente transparente, tanto no macho como na femêa ; mas a partir da união do 6o anterior com os cinco sextos posteriores se nota um colorido vermelho escuro, estendendo-se quasi até a cauda, e estrias transversaes cada vez mais pronun- ciadas a partir também do extremo anterior. Deixando se as femêas demorar algum tempo n'agôa, estando ainda vivas, ellas se tornào tao transparentes que, permittem vêr-se quasi todas as curvaturas do canal ovarico. A extremidade anterior do verme ou cabeça é obliquamente truncada, continuando-se com o resto do corpo sem collo sen- sível. A boca é acetabuliforme, circular e virada para o dorso do animal: \v >o-se na ma; -1 íC iominal da boca 4 dentes, N.45 9 ■- 66 — gus convo?gf-.m uns para os outros em fôrma de gancho ; elles são cc,;ií'.cos, desiguaes e dispostos assymetricamente O z::vrynge é infundibuliíbrme c o esophago tem a fôrma de iikuí clave mais dilatada na parte posterior, fazendo talvez as vezes de estômago ; o intestino é conico no começo, com o ápice para diante e apresenta, como o esophago, um canal central estreito, circumdado por massas musculares. A 2a porção do intestino não tem massas musculares em torno do canal centrai, e estreitando se gradualmente vai ter- minar no ânus, situado a menos de 0m,00l da parte da cauda. A extremidade caudal do macho tem a fôrma de cartuxo aberto de um lado, sendo esta expansão formada por uma membrana sustentada por 10 saliências longas, digitiformes, pontudas, que se irradiáo em torno do penis terminal bifido. Segundo Wucherer o macho se serve deste, cartuxo mem- branoso para agarrar-se ao orifício sexual da femêa e copular com ella- Os canaes spermalicos são formados por 2 canaes reclos que se percebem aos lados do intestino e que vão terminar no órgão copulador. A extremidade caudal da femêa termina em ponta conica, não muito afilada. O canal ovariano percorre todo o corpo, des- crevendo em torno do intestino uma espiral mais ou menos re- gular ( Wucherer ) ou curvas variadas e irregulares ( A. Luz ). O diâmetro deste canal é de 3 a 1 centésimos de millimetro, mas elle apresenta duas expansões ou duas porções mais largas que podem ser consideradas como uteros, análogos aos das ascari- des lambricoide*. Depois de formar os 2 uteros, o canal ovariano, que talvez seja duplo também, fôrma a vagina que termina no orifício vuKar. A vulva fica um pouco para traz da união da metade anterior com a posterior. A extensão do canal ova rico é 3 ou 4 vezes maior do que o corpo do verme. Este canal pôde conter cerca de mil ovos, os quaes são se- melhantes na f&rma aos ovos de gallinha ; ás vezes, porém, - 67 apresentão-se cúbicos; -ias dimensões são de 5 cenlesis. os de millimetro de comprimento e 27 millesimos de millimetro de lar- gura : sua casca é única e transparente *contendo uma gemma granulosa, inteira em uns e dividida em outras : elles se achão dispostos a um de fundo no canal oviductor. O modo de reproduccão é viviparo. O numero de anckylostomos femêas é de 3 á 5 vezes supe- perior ao dos machos. Em grande numero de autópsias feitas em hypoemicos tem se encontrado milhares de anckylostomos agarrados a mucósa intestinal e ordinariamente vivos. Em outros casos tem se en- contrado mortos e esparsos no meio do moco ou das fezes. Tal é a descripção que resumimos do folheto do iilustrado Dr. Alfredo Luz, e que tem por titulo — Investigações helmintholo- gicas com applicação d Pathologia Brasileira. Ninguém ó original na exposição da Anati-mia pathrl<-.cipalmenie no duodeno e no jejuno, jue *e itúcmii'.^" ;. • .^iiosoario; fortemente agarrados a i ucosa, > ponto de si blaca! com o esc.ipello; as vezes se os encontra já v.< ■. . -.:e «nvoíia com as mucosidades e fezes intes!in:ies .podem. ';r.tão passar desapercebidos, se não forem procurados com a! vnção e^ívi. aquHÍlas substancias. Na cavidade intestin.' encontra-se ás vezes restos de sul- stancias inassimiíaveis quu os hypoemicos ingerirão ,urani a vida, e mais freqüentes vezes sangue negro. No gror(?o ines tino se notào manchas echymolicas; os gânglios mewjericos são engorgitados e o periloneo qi u- eaip; contém liquido. O íigado è pallido, ás vezes gorduroso, conservando or- dinariamente o seu volume normal; algumas vezes, entrei eu*, é atrophíado, mas nunca augmentado de volume, salvo o caso de complicação com, a cachexia paludósa ou de moléstia tre- pa-ica. V O baço e o pancreas participando da pallidez geral apre- sentáo-se algumas vezes alrophiados. Apparelho wiwino.— A uricosa da bassineta dos rins ás vezes é infiltrada, c a roda das pyramides se encontráo depósitos adiposos e descoramento da substancia cortical. O sangue dos opilados tem o aspecto do sangue chamado agoado. O Conselheiro Jobim (l), examinando 9 onças de sangue de um africano hypoemico e deixando-o em vo>\> uso 26 horas, notou uma côr amarello-esverdeada, an'es de ter coagulado completamente ; depois da coagjlaçào ' tomou uma côr en- negrecida, apresentando na sue j cie «v :>* : hflammatoria, consistente, cercada por ume. .' --:h ■";<■ r:.i-A)v.:i o r ij (U Sigaud—Maladies du tfréail. — 72 — d", o guie cr,'; :mo molle que se desmanchava ao simples toque. ü calor co iguior a serosi iade do sangue completamente e o ■»ch'j sulfurico apenas a metade. As 9 onças derão 6 e meia e- serosido le e 2 e ni.-ia de coagulo No entender do finado vionsemeiro Jobim esta experiência demonstrava pobresa de übrína e diminuição da albumina. O Dr Felicio dos Santos, examinando o sangue de diversos hypoemicos. notou muitos glóbulos hyalinos que lhe parecerão hematias pri-Roas de matéria corante, e que para o Dr. A. Luz não sao mais do que formas intermediárias entre os leucocythos e as hematias. Como quer que seja, as alterações do sangue na hypoemia (hypo gíobulia, diminuição da albumina e hydremia) bastão para explicar os diversos derramamentos, de onde se pôde con- cluir que a dyscrasia da opilação é uma dyscrasia hydro- pigenica. Em resumo, as alterações do sangue explicando as hydropa- sias, a hypo-globulia explicando o descoramento das mucósas, a presença dos anchylostomos explicando as echymoses e os extravasados intestinaes, a existência de substancias inassimi- íaveis explicando o amollecimento das paredes do estômago e dos intestinos o espirito comprehende facilmente o quadro symptom itologico, que a hypoemia intertropical desenrola aos olhos do obrervador. *—-fc-f»rt impfomftf afligi Morboa acutos qui Deum hubent auctorem, sicut chronici ipsos nos. (Sydknham) (1) O drama mórbido da Hypoemia intertropical se desenrola aos olhos do espectador sem prólogo, ou, em outros termos, a opilação não tem prodromo-, o que sóe acontecer em todas as moléstias que, como ella, tem uma marcha lenta, insidiosa e chronica. Alguns observadores, como o Dr. Lino Coutinho da Bahia e o Dr. Nogueira Penido de Minas, mencionão factos de invasão brusca da hypoemia depois de um resfriamento. Em outro logar do nosso trabalho já nos occupamos com estes factos que pomos em duvida, e nada mais acrescentaremos agora. Os primeiros symptomas se traduzem por uma perturbação nos hábitos e no carac. r do indivíduo, que se torna triste, taci- turno, indolente, rabujento e sorumbatico na expressão do Con- selheiro Jobim. O doente procura o isolamento e a solidão; sente enfraquecer se experimenta aversão para tudo que é mo- vimento e especialmente para o trabalho ; tem tendência para o somno e fadiga insólita. (I) Citado pelo Dr. Souza Magalhães — These de 1875. N. 45 10 - 74 — Depois de?fes primeiros symptomas a molesüa começa a ucentuar se mais claramente por outros de ordem physica. Assim, a pelle empallidece e nos indivíduos brancos toma uma côr amaretlo-verdoenga ou côr de terra. Nos indivíduos pretos a pelle torna-se pardacenta, embaçada, fula ou côr de café com pouco leite, e côr de cera velha ou exalviçada. O Dr. Moncorvo compara a côr da pelle com a de um indivíduo que tivesse feito loções com uma solução de argila em agôa. Na palma das mãos e na planta dos pés ella se apresenta extremamente branca, e as unhas completamente des- coradas. Além disto, a pelle é secca e furfuracea e ás vezes enrugada e adelgaçada. As mucósas participão da pallidez geral e ás vezes tomáo-se de uma alvura tal que não se observa em nenhuma outra mo- léstia (Dr. H. Vaz). As conjunctivas não mostrão a sua rede vascular e lornão-se branco-aperoladas; as scleroticas são branco-azuladas. A mucósa dos lábios, gengivas e a das paredes da bocca se apresenta manifestamente pallida ; a lingoa é branca, lisa, ordi- nariamente coberta de uma saburra com o aspecto de tapioca ou de farinha de mandioca, e no ultimo período da moléstia ella tem sido comparada a lingoa do sapo. (Dr. Henrique Vaz). Com estes signaes o hypoemico toma o aspecto de uma estatua de cora descorada. A pelle se resfria e os opilados procurando o aquecimento artificial são muitas vezes victimas de queimaduras. E' então que os opilados se tornão cada vez mais melancó- licos e mais indolentes; o seu olhar perde a expressão ; fati- gio-se ao menor exercício e procurão dormir a toda hora. A face toma um aspecto particular ; as palpebras se edema- ciáo e o edema pôde desapparecer para tornar a vir depois do som.io. - 75 - A palpebra inferior mais freqüentemente edemaciada apre- senta ás vezes uma orla livida na base. A pelle da face alterada em sua côr, as mucósas paiiidas, as palpebras edemaciadas, o olhar triste e sem expressou constituem a tace—npada—, que dá ao hypoemico um facies característico. Da face passa o edema para os membros inferiores, come- çando de ordinário pelos maleolos e vai se generalisando pouco à pouco até invadir todo o corpo. Derramamentos se fazem para as cavidades abdominal, pleuritica e do pericardio. Os symptomas, que representão papel mais importante na scena mórbida, sao inconstestavelmente fornecidos pelo appare- lho digestivo. O appetite no principio da moléstia diminue e pode haver mesmo anorexia completa ; mais tarde elle augmenta apresen" tando diversos gráos ( boulimia, kynorexia ),e muito commu- mente, se perverte (allotriophagia, geophagia, pica e malacia). Quando o misero doente chega ao gráo em que se declara a perversão do appetite, elle não escolhe substancias para satisfa- zer as exigências de tão singular nevrose. A terra, o barro, a argila, a cinza, o carvão, o pó de café, o sal de cosinha, a ma- deira podre, a cal das paredes, a lã, as cascas de arvores e de fructos, a grama e até os próprios excrementos, tudo lhe serve para satisfazer o depravado appetite, e a sciencia registra factos bem curiosos a este respeito. Assim équeoDr. Felicio cita o facto de um hypoemico que tinha grande predilecção pelo peixe corrupto e já abandonado pelos pescadores ; Mariot falia-nos de um outro que arrancava a lã de um carneiro para satisfazer o appetite; Wucherer refere o facto de um outro que devorou pedaços de lençóes e da coberta da cama, parte de sete camisas e até mesmo uma pústula variolica; o Conselheiro Jobim nos conta o caso de um outro, ao qual se tinha posto uma mas- cara de folha de Flandres; mas, que não podendo resistir, ao fatal desejo, arrancou a mascara e comeu uma porção de cacos de moringues, vindo a fallecer pouco depois; Cragin viu um 76 - preto vomitar n;1 ;- r,o rato que provavelmente engolira vivo ; o ?>. , ' ■;? observou uma mulher que não podia resistir n :é:d :;; ea terra borrifada pelas primeiras goltas de r-f;.::■-.■; ; o Dr. A. Luz refere o facto de um doente que excavou a parede do quarto em que dormia, afim de retirar delia porção de barro, que comia durante a noute. 0 que é mais singular é a tendência, apontada por Levacher e mencionada por todos os authorcs, de negarem os doentes á ps juntos a perversão do appetite, s ponto de serem sorprehen- didos em flagrante delicio de geophagia e insistirem de nunca ter comido terra. Entretanto devemos fazer duas excepções a esta regra. Uma dellas refere-se a um doente que confessou ao nosso distincto collega Fonseca Vianna não poder resistir á tentação de comer a terra humedecida pela chuva ; a outra refere-se a um doente da nossa observação e que foi visto por nós e pelo nosso iilustrado amigo o Dr. Gonçalves Ramos, na cidade do Mar de Hespanha. Com certo artifieio obtivemos do doente a confissão de que todos os dias elle comia um pequeno pedaço de terra. A geophagia è um symptoma constante da hypoemia e os meios que contra ella se tem empregado, taes como mascaras de folha de Flandres, substituição das substâncias appetecidas por outras inofensivas, são uns perigosos, outros inúteis. ■ Quando não se pode obter do doente a confissão da perversão do appetite, o que acontece na maioria dos casos, aconselha o Dr. Langgaard que se examine as fezes do opilado depois de se lhe ter administrado um purgativo de óleo de ricino. A sede de ordinário não sóflre alteração, em alguns casos, porém, ella se exagera e ha verdadeira polydipsia. Alguns phenomenos gástralgicos, constituídos por dores epigastricas e abdonnnaes succedendo ás vezes á ingestão de ali- mentos, occupam também um logar na scena mórbida. Com elies coincidem vômitos, constipação de ventre, pneumatose abdominal e diarrhéa. — 77 — Para o lado do opparetho ut tnioiono observão-se os seguintes symptomas: o pulso é accelerado, vivo, largo e depressivel, mais raramente dicroto ; o coração é sede de modificações im- portantes. Além das palpilações, que podem apparecer em con- seqüência do menor esforço ou de uma leve emoção, percebe-se o choque da ponta do coração entre a 5\ ' 3v costellas; algumas vezes a área precordial é augmentada em conseqüência do der- ramamento pericardico. A escuta revela um sopro brando, systolico e prolongado no Io. tempo da revolução cardia .; (syslole ventricular), tendo o seu máximo de intensidade no ponto de elecçáo do orificio aorlico' isto é, no segnndo espaço intercostal direito, junto ao bordo sternal, propagando-se dahi pelo trajecto da aorta ascendente. Comquanto o ruido de sopro e manifeste ordinariamente no Io. tempo, elle pôde por exe« pçào ser ouvi • no 2., como já foi observado pelo nosso distincto mestre o Sr. Dr. Forres-Homem em um menino de 12 annos, e em outro caso pelo Dr. Alves Tereira. Também por excepçâo o ponto de elecçào desse ruido pode ser o do orificio mitral. 0 ruido de sopro pôde ser ouvido nas carótidas, ora simples, ora de dupla corrente, semelhando neste caso ao ruido de cor- rupio ou á bulha de piorra. Em alguns casos observa-se lam- bem o que osauthoreschamam—cautc tia» artérias—isloé. ruidos de timbres differentes, semelhando, ora a um síbilo-—sihilo mo- dulado, ora ao vibrar de uma corda de basso, ora ao zumbido de uma mosca, ora ao arrulo de uma pomba, á bulha de um birirn- báo etc. Todos estes ruidos cardio-va^culaies são ás vezes percebidos pelo próprio doente, principalmente no decubito lateral es- querdo. Um meio fácil de augraentar o ruido das carótidas é pro- duzir a compressão dessas artérias pelo eslhetoscopio, ou a tensão dos músculos do pescoço, fazendo o doente voltar a 78 «- rabeca n.ira o lado esquerdo, visto que nó Oireito o ruido é mais ir,;., i.s.e «e a compressão é produzida pelo dedo sente se o tremor felino ou fremissiment catairc dos francezes. As veias são diíficeis de descobrir e se apresentão em geral vasias e abatidas, com as sinuosidades apagadas ; nas mãos ellas são arroxadas ou pallidas. A estes symptomas se juntão svncopes, vertigens, lipo- thimias, zumbido nos ouvidos revelando todos a profunda dys- crasia em que se acha o sangue do opilado. As nevralgias são- bastante raras, entretanto mencionão-se algumas cardialgias (Conselheiro Jobim), gastralgias e cepha- lalgias (Mariot) Os sentidos se perturbào ; ha obnubilações da vista e mesmo hemeralopia. conforme nos communicou o Dr. A. Domingues de Sá, medico de Queluz \S. Paulo); os ouvidos são sede de zumbidos incommodos, o olfacto e o paladar experimenlào também as suas perturbações, devidas á pobresa do sangue. Para o lado do systema nervoso podem se observar ainda alguns outros symptomas, taes como, hypochondria, melan- cholia, convulsões, titubacão dos movimentos, dilataçáo e im- mobilidade das pupillas e monomania suicida, de que o Dr. Mello Brandão observou 12 casos. As secreções diminuem, principalmente a sudoripara, o que torna a pelle secca, escamosa e furfuracea. A urina diminue. apresenta se pallida, sedimentosa e ex- cepcionalmente albuminosa; nas mulheres a suppressão das regras é constante. E' então que as infiltraãões serósas, esboçadas no principio da moléstia, começão a invadir todo o organismo dando em resultado a ascite, o hydrothorax, ò hydropericardio, a hydro^ cephalia, o oedema pulmonar, a eedemacia dos membros, dando ao doente um aspecto horrível. O fígado e o baço se consev.io normaes e quando se apre- 79 — sentão augmentados de volume é isso devido á complicação do elemento palustre. Finalmente, nas ultimas phases da evolução hypoemica todos os symptomas se incrernentào. A falta de forças, a de- pressão morai, a anorexia completa, a geophagia mais impe - riosa, a sede intensa, as dores abdominaes rebeldes- a ulceraçáo da pelle, a stomatite pultacea, a febre consumpliva, a diarrhéa colliquativa e por vezes o coma encerráo o doente n*um leito de angustias, donde não sahirá mais senão para o túmulo. A morte vem pois correr o panno sobre o drama hy- poemico, aleviando por este modo os padecimentos do opi- lado. Marcha, Duração, Terminação A marcha da opilação é insidiosa e chronica, lenta e pro- longada, tendendo sempre a progredir. Sua duração oscilla entre limittes extremos. Se é combatida á tempo pôde durar de 1 a 2 mezes, se é abandonada a si mesma pôde prolongar-se e durar annos. Neste ultimo caso a morte é inevitável. A terminação pela morte é mais commum. Esta sobrevém ora em conseqüência da asphyxia produzida pelo derramamento intra-thoracico, ora pelo esgotamento das forças vitaes pro- duzida pela diarrhéa colliquativa, ora pelo coma produzido pela compressão exercida sobre a massa cerebral por derrame hydrocephalico, ora, finalmente, ella sobrevém pelas próprias mãos do doente que põe termo aos seus dias. p; Connaiíre une maladie 3;*, Ia pretniér de toutes les conditions pour ia guerir. (Hufeiani) 0 diagnostico da opilação, em geral, é fácil, sobretudo se ella se apresentar com o seu cortejo symptonntico claramente difinido. De todos os symptomas, porém, o mais importante é incontestavelmente a expulsão dos anckylostomos com as ma- térias fecaes, facto que jâ foi observado por Graziadei era Turim, por Bozzolo no Piemonte, e pelo Dr. Luz em Valença. Este symptoma pathognomoníco pode falhar em certos casos, sem que por isso se possa excluir a idé i de opilação, e nestas circums- tãncias á sagacidade do medico compete salvar a situação. A marcha da moléstia, as causas que lhe derão origem, a apreciação exacta dos symptomas e a rebeldia a todo o tratamen- to que não seja o anthelmintico permittem estabelecer com se- gurança o diagnostico e capitular a hypoemí 5 Vejamos entretanto os casos em que a dísüueçáo entre a hy- poemia e outras entidades mórbidas que a ulla sü assemelhão se apresente revestida de certa ditüculdade. N. 4õ. 11 — 82 — No nosso modo de ver figurão em Io. lugar as differentes dyscrasias e cachexias, e cumpre-nos portanto estabeleoer o diagnostico differencial entre a opilação e as diversas affeccões do quadro nosologico, comprehendidas nesta classe. Comecemos pelas anemias, que dividiremos em 3 espécies principaes ; a saber, anemia aguda, anemia chronica e anemia de inanição. A anemia aguda reconhece por causas as hemorrhagias de todas as espécies quer internas, quer externas; ella sobrevém repenlinamedte, é mais commum no sexo feminino, e entre seus symptomas predominào ; fraqueza extrema, sede intensa, pheno- menos nervosos graves, taes como nevralgias, paralysias, hype- resthesias, convulsões e syncopes, sobrevindo todos estes pheno- menos com rapidez. As hydropisias são raras e excepcionaes. Na opilação não se observa nada disto ; ella não tem as mesmas causas, sobrevém lentamente, as nevralgias são raras e as hydropisias não falhão nunca. Anemia chronica. Esta moléstia tem por causas as pequenas hemorrhagias repetidas, de que o medico pode inquerir. No quadro symptomatico se notão nevralgias freqüentes, ausência de diarrhéa, symptomas gastro-intestinaes pouco pro- nunciados e infiltrações tardias. A opilação comquanto seja devida também a pequenas he- morrhagias repetidas, são comtudo estas de outra naturesa; visto como são determinadas pela presença de um verme que não se encontra na anemia chronica. Demais os symptomas da opilação são differentes ; assim, a raridade das nevralgias, a presença da diarrhéa, a predominância na scena mórbida dos symptomas gastro-intestinaes e a precocidade das infiltrações contrastáo singularmente com os symptomas da anemia chronica. A nemia de inanição. Nesta moléstia a p:ca e a malacia se observão por excepeào, as dores abdominaes são raras, as diar- rhèas rarissimas, e as infiltrações serósas tardias, — 83 — Na opilação observa-se justamente o inverso. Em todas as anemias o tratamento pelo ferro, pelos tônicos e reconstiluintes é de grande vantagem, e em regra geral a cura não se faz esperar ; na opilação esse tratamento é insufficiente e não se pode contar com a cura, se outra medicação não for em- pregada. Este signal é de grande importância para o diagnostico. Chlorose. E-sta moléstia ,que parece ter sido descripta pela primeira vez por Varandé de Montpellier em 1600, é o apanágio quasi exclusivo da mulher na expressão de Trousseau, e os nomes de obslructio virginum (F. Plater) morbus virgin-tus, fcedi virginum coLres :Baillon, 1762), justiíicào tal modo de vôr. Entre as causas geradoras da chlorose figuram as affeccões • uterinas na enorme proporção de 80 por 100 ; ella accommette de preferencia aos habitantes das cidades, as mulheres ricas, de vida sedentária; reina em todos os climas e poupa commumente a raça preta. Entre os seus symptomas se observam cephalalgias e nevralgias freqüentes, paralysias e hysterismos; as infiltrações são raras e limitão-se aos maleolos e as palpebras ; a diarrhéa é rarissima. O facies da mulher chlorolica exprime languideze melancolia ; o prognostico é favorável e o tratamento ferruginoso de grande proveito. A opilação não tem as mesmas causas que a chlorose ; af- fecta igualmente ambos os sexos ; prefere os habitantes do campo, os indivíduos pobres e sujeitos á privações ; reina nos climas quentes e apresenta especial predileceão pela raça preta. No seu quadro syinptomatico se nota por excepção a cepha- Ialgia ; as nevralgias são raras: as iníiltraçáes sãofrequentes e in- vadem todo o corpo ; a diarrhéa é commum. O facies do opilado exprime imbecilidade e apatetamento ; o prognostico é mais grave e o tratamento pelo ferro impotente. -- S4 —■ Cachexia palustre, Esta moléstia accommete indifferente- mente os habitantes da cidade e do campo, succede a accessos intermiltentes e reina em lugares paludósos. Entre os seus symptomas figurão augmento considerável de volume do baço e do fígado ; a côr da pelle é amarello térrea ou côr de cera velha, as infiltrações são tardias, não se observão perversões do appetite, nem dores abdominaes, nem diarrhéa. O seu prognostico é fa- vorável, sua marcha muito morosa, mas a moléstia cede ao sul- phato de quinina que é o seu especifico. A opilação accommette de preferencia os habitantes do campo, nada tem de commum com os accessos inlermittentes. não apresenta engorgitamento do baço nem do figado, a côr da pelle é pallida, desmaiada, um pouco transparente ; as infiltra- ções são precoces; a depravação do appeiite, ns dores abdo- minaes e a diarrhéa são freqüentes. O seu prognostico é grave, sua marcha, coniquanto chronica, é menos morosa do que a da cachexia palustre (Dr. Tourinho), e o tratamento pelo sul- phato de quinina completamente inútil, salvo o caso de com- plicação com o elemento palustre. Quanto ás outras cachexias o diagnostico surge por si mesmo, uma vez obtida a noção de causalidade, isto é, do an- tecedente mórbido gerador. A 2a classe de moléstias que podem até certo ponto se con- tundir com a opilação são as afTecções chronicas do estômago e dos intestinos. Passemol as, pois, em revista. Dyspepsia essencial.— Ao iilustrado medico Dr. Moncorvo de Figueiredo coube a louvável tarefa de estabelecer melhor a difíerença entre esta moléstia e a hypoemia. Resumiremos o mais possível as suas judiciosas obser- vações. A dyspepsia affecta indivíduos de todas as idades, prefere os habitantes ks cidades, principalmente os de vida sedentária, — 85 — accommette de preferencia as mulheres, desenvolve se nosin- diviauos predispostos pela sua constituição, temperamento moléstias anteriores e falta de exercício. Entre os seus symptomas se observáo freqüentes nevralgias e sobre tudo cephalalgias, caracter promptamente irritavel. emmagrecimento; o sopro systolico se apparece, é já em um período muito avançado. A opilação é rara nos velhos e mais freqüente na infância e nos adultos, prefere os moradores da roça que tem uma vida activa, accommete igualmente ambos os sexos, e se desen- volve ás vezes em indivíduos robustos, de temperamento san- güíneo, sem antecedentes pathologicos e de vida essencialmente activa. Demais entre os symptomas da opilação não predominão as nevralgias que sãa muito raras, a cephalalgia só foi observada uma vez por Mariot: o caracter do opilado é apathico, abatido e não irritavel; o emmagrecimento é excepcional e o sopro systolico se manifesta com muito mais antecedência. Accresce ainda que os indivíduos dyspapticos, segundo menciona Beau no seu Trai té de Ia dyspepsia, se achão em idên- ticas condições as mulheres hystericas, relativamente as per- turbações do systema nervoso, e este facto não se dá na opi- lação, O catarrho chronico do es tom >go e dos intestinos offerece com a hypoemia algumas analogias, mas o diagnostico difTerencial é sempre possível. Assim, nesta moléstia a alteração do sangue falta quasi sempre, ou então é muito insignificante; não ha perversão de appetite; os symptomas locaes, taes como os vô- mitos, são muito mais pertinazes; a marcha da moléstia estaciona ás vezes e tende raramente para urna terminação fatal. Na opilação a alteração da sangue é rápida e manifesta; o descoramento da pelle e das mucósas revelão a profunda dys- crasia que invade o organismo de opilado; a depravaeão do appetitte em grão eíevado é um sympthoma quasi palhogno- monico; os symptomas locaes são menos pronunciados; a — 86 - marcha da moléstia vai progressivamente augmenlando até ter- minar na maioria dos casos por uma morte certa. Além disto o /Uow» do opilado as desordens da circulação, os diversos derra namentos serosos, o estado geral do doente e a resistência que a inoleslia oppõe a todo o tratamento que nada tenha de anthehni.Hico) são phenomenos que devem ser levados em linha de conta para capitular a opilação e excluir o ca- tarrho gasíro-intesliual chronico, que além de tudo isto nasce sob a iníluencia de outras causas incapazes de produzirem a hypoemia. üysenleria chronici.—Eis aqui uma moléstia que até certo ponto é diflieil distinguill-a da hypoemia, e para confirmar esta asserçáo vejamos as analogias que ligão as duas entidades mórbidas, para apreciarmos depois os elementos do diagnostico difTarencial. Quanto as causas, tanto a dysenteria como a opilação se desenvolvem nos climas quentes, sob a iníluencia dos desvios da hygiene alimentar, em conseqüência do uso de agôas estag- nadas, etc. Quanto aos symptomas a pelle torna-se secca, áspera e toma uma côr térrea, a fraqueza geral não permitte o exercício; manifesta-se a boulimia, a piei e a malacia, dores abdominaes, derramamentos serosos, infiltrações maleolares, ascite, vômitos com dores epigastricas, evacuações inuco-sanguinolentas, re- solução dos membros, abatimento moral, nevralgias raras, terminando tudo por unia morte lenta, como uma lâmpada que se estingue por falta de óleo (Dutroulau). Passemos agora a examinar as diíferenças. A dysenteria chronica succede ordinariamente á aguda, manifesta-se nos in- divíduos que abusào do álcool, e pôde também apparecer in- dependente da influencia das agôas Entre os seus symptomas noláo se — emmagrecimento fre- qüente e rápido, lingoa luzidia e fendilhada, evacuações con- _ 87 — tendo ás vezes pus e muito fétidas pelle como que collada sobre os ossos, tenesmo anal e vesical, eólicas provocando contracções on corpo e gemidos surdos, congesho hepatica, soluços e algumas vezes paralysias.—Ora, estes symptomas não se encontráo na opilaçio, que tem ainda a seu favor as desordens do apperelho circulatório muito mais manifestas e pronunciadas do que na dysenteria, onde nem se quer Dutroulau as menciona. O tratamento da dysenteria chronica consiste no emprego da ipecacuanha, dos tônicos e adstringentes, o ópio e os pur- gativos brandos. O tratamento da opilação reclama o emprego dos purga- livos drásticos, da doliarina associada ao ferro, etc. Hclminthiase. A taenia e as ascarides não determinão nunca uma alteração do sangue tão profunda como a que é produsida pelos anckylostomos, de modo que por este facto já se pode es- tobelecer o diagnostico. Os germens da taenia são introduzidos no organismo com a carne semi crua e observa-se nos indivíduos que abusão da ali- mentação animal; os germens dos anckylostomos são introdu- zidos com as agoas empoeadas e a opilação se observa nos indi- víduos que fazem uso da carne somente por excepçao. Na hypoemia a perversão do appettite é muito mais fre- qüente e p enunciado d > q ie nas outras helminthiases. A expulsção dos vermes por alguma das aberturas naturaes é lambem um signal aproveitável para o diagnostico. Finalmente, a confusio entre a hypoemia e as helminthiases não importaria grave inconveniente para o tratamento que em qualquer dos casos devia basear-se no emprego dos anth ilmin- ticos. A ulcera e o cancro do estômago e dos intestinos bem como a. gastralgia tem symptomas próprios que não permittem confun- dir-se com a opilação. — 88 — A terceira classe de affeccões do quadro nosologico que se podem confundir com a hypoemia consta de moléstias hydropi- genícas que não foram mencionadas nas duas outras classes, e que vêm a ser as seguintes: Moléstias cardíacas. Neste grupi comprehendemos apenas as lesões orgânicas do coração, ou melhor ainda as lesões vál- vula res. Suas causas são a endocardite aguda ou chronica, a endoar- therite atheromatosa, o rheumatismo, o abuso do álcool, a sy- philis etc. A opilação nao reconhece estas causas. Os facies cardíaco de Corvisart differe do facies hypoemico. Nos cardíacos a faceé vultuosa, porém, corada, os olhos sa- lientes, os lábios lividos, as narinas dilatadas em conseqüência da dyspnéa, as veias da fronte injectadas indicando a stase do sangue. O facies do opilado ja foi descripto e nada apresenta de semelhante. Os cardíacos tem ás uezes hemoptises, congestã) hepatica, ruidos de sopro áspero, podendo ser ouvidos em qualquer tempo da revolução do coração, (conforma a válvula ou orificio em que se assesta a lesão,) não ha malacia nem pica. Os opilados não tem hemoptises, nem congestões de fígado í os ruidos de sopro são menos ásperos e sempre syslolicos, a ma- lacia e a pica sao muito freqüentes. O modo porque se estabelecem as infiltrações serósas serve ainda para distinguir a hypoemia dasaffeccões cardíacas. Assim, ao passo que nestas lesões os oedemas começão sempre pela re- gião malleolar dos membros inferiores, para seguirem depois uma marcha ascendente, invadindo por este modo todo o orga- nismo, na opilação, o oedema palpebral antecede muito o malleo- lar, e os derramamentos não sao tio abundantes como nas mo- Ivjslks do coração. — 89 — Além'disto, a albuminuria que em regra geral acompanha estas affeccões falta ordinariamente na opilação. O estreitamento do orifício aortico é a lesão que mais fácil- mente se pode confundir com a hypoemia, porque apresenta um sopro brando no i° tempo, com o máximo de intensidade na base do músculo cardíaco. Ainda assim, porém, os signaes dif- ferenciaes que apesentamos permittem estabelcer o diagnostico. Accresce ainda que nas lesões cardíacas a percussão da região, precordíal revela augmento da obscuridade na área do coração em virtude de uma hypertrophia compensadora que ordinaria- mente se estabelece nestas moléstias; na opilação porém o aug- mento da obscuridade precordíal só se manifesta quando ha derramamento seroso no pericardio. Cremos que com taes dados ninguém poderá confundir a opilação com as lesões orgânicas do coração. Mal de Bright. A nephrite parenchymatósa, que é a forma commum do mal de Bright, offerece algumas analogias^com a opilação. Assim são symptomas communs a ambas as molés- tias a dyspepsia, os vômitos, a diarrhéa, o augmento da área precordíal, o oedema malleolar, palpebral, a ascite, e a anasarca; a marcha, a duração e o prognostico são também idênticos, tanto na nephrite parenchymatósa de forma chronica, que é a que nos referimos, corno na hypoemia. Os signaes differenciaes, porém, das duas moléstias são ainda mais numerosas, como passamos a expor. As causas do mal de Bright são o resfriamento, os excessos alcoólicos, eos exanthemas febris, designadamente a escarlatina A opilação não reconhece tal etiologia. No quadro symptomalogico da nephrite figurão a cephal- gia rebelde, o emmagrecimento, a retinite, e o catarrho bron ■ chico ; symptomas que não existem em regra geral na opilação. Se podesse ainda restar alguma duvida no espirito do me- dico o exame das ourinas viria dissipai a. N. 45 1* — 90 — A secreçào ourinana não só augmenta, mas ainda a ourina é espumosa ; os elementos que a compõem descem abaixo da cifra normal ; encontráo se nella epithelio e cylindros granulo- gordurosos, e cylindros hyalinos ou serosos que são o signal cer- to aa nephrite parenchymatósa chronica. Nada disto se observa na opilação. A existência da albumina na onrina é um signal diagnostico de grande valor, mas cumpre notar que na nephrite chronica a albumina pode desapparecer da ourina por muitos dias e mesmo no ultimo período da moléstia a sua ausência é freqüente. Pelo ophtalmoscopio percebe-se focos hemorrhagicos na retina explicando as perturbações da visão. Na hypoemia as perturbações visuaes se explicáo pela anemia da retina. (Dr. J. de Moura.) O tratamento da nephrite chronica consiste uo uso do leite e do chlorureto de sódio ; o da opilação no uso da doliarina e do ferro. li riberi. Admillimos 3 formas principaes nesta moléstia, e vém a ser a forma piralylica, a cedematovi e a mixta. Destas 3 formas a que se parece com a opilação é a oedema- tosa ; entretanto o diagnostico diífereneial é sempre possível, como passamos a expor. A causa determinante do b)rib';ri é desconhecida e o agente beri-berigeno é urna incógnita que ainda não foi resolvida. A causa determinante da opilação éo anckylostomo. O beri-b ri poupa as crianças não respeita constituições, e accommette indistinctarnente indivíduos pobres e opulentos. A opilação é commum na infância, não ataca os indivíduos de constituição forte, nem os opulentos. O beri-beri é precedido de um período prodomico ; a hypoe- mia não apresenta esse período. Entre os symptomas do beri-beri notão-se myodinias atrozes, especiahnenle nos gasíronemos, alterações da voz, dyspnéa — 91 — muito intensa, convertendo-se ás vezes em orthopnéa, ruido trí- plice no coração, sendo o 2* tempo reduplieado, ás vezes ruido de galope (Drs. Souza Lima, Mamoré e Pereira Rego;, manchas roxeadas pela pelle que é livida , e finalmente o («derna é duro e elástico e não conserva a impressão digital, caracteres estes que, na phrase de Richaud, servem para distinguir as infiltrações beribericas das de outras moléstias. Na opilação não se observa nada disto e nem tão pouco a afílictiva constricção thoracica, conhecida pelo nome de faxa beriberica e que tanto afflige os infelizes beribericos. Finalmente o tratamento do beri-beri é muito diverso do da hypoemia. Ao passo que aquella moléstia, comquanto muito grave, pode ser curada com as viagens e mudança de clima, a opilação reclama o emprego de anthelminticos para a expulsão dos parasytas que lhe derào origem, Escorbuto. Esta moléstia se distingue da hypoemia pela sua raridade nos climas intertropicaes, pelo prurido das gengivas que se tumefazem, ulceráo se e são sede de hemorrhagias, pelo máo hálito, por manchas echymoticas da pelle, arthralgias, abalo e queda dos dentes, phenomenos estes que não se encontráo na opilação. Leucocythemia. Esta affecção não se pode confundir com a hypoemia porque entre os seus symptomas figurão hemorrhagias, intúmescencia do baço, do fígado e dos gangtios lymphaticos que não so encontráo na opilação. Além disto ha na leucemia de Wirchow um symptoma im- portante para o diagnostico, fornecido pela analyse do sangue. Segundo a analyse de Moleschott, referida por Grisolle, os gló- bulos brancos do sangue ou leucocythos estão para os glóbulos vermelhos na proporção de I para 3i6, isto no estado normal e no homem-adulto ; na leucocythemia, porém, os glóbulos bran- cos augmentão consideravelmente, chegando a proporções de 1 para 2, para 3, ou para 4, e ás vezes rivalisão em numero com — .9.2 -r. as hematias. Na opilação não se dá este facto, além de que a analyse do sangue do opilado revela pobresa de fibrina,eno sangue do !e'ieocytheinico a fibrina se conserva no est ido nor- mal ou eníâo augmenta. (Grisolle—Traité de Palhologie Interne.) E' possível que existáo ainda algumas moléstias que se ap- proximem da opilação por alguns symptomas ; entretanto acre- ditamos que com os dados estabelecidos toda a confusão será dissipada. Prognostico O prognostico da opilação varia com a época da sua dura- ção. Assim, tratada logo no começo e talvez mesmo no meio da sua marcha a cura será o desenlace da moléstia. Quando, porém, ella já vai adiantada e as devastações dos anckylostomos se tradusem por perturbações graves e profundas de toda a economia a morte será o resultado final. O prognostico se aggrava se persistem a geophagia e a diar- rhéa colliquativa. Os vastos derrames nas cavidades serosas perturbando singularmente as funcções principaes da vida são também de muito máo prognostico. E' claro que se a opilação se complicar de cachexia palustre, hepatite, gastro-enlerite, pneumonia, tuberculose pulmonar ou lesão orgânica do coração o prognostico se aggravará. Nao se sabe ao certo se a prenhez influe ou não na marcha da hypoemia ; porém è fora de duvida que os filhos de mulheres que conceberão durante o curso desta moléstia, nascem rachiti- c -v '.éticos e disíd-rmes. conforme nos refere em sua these o Sj. • d. dos Sa:úos. — 93 Finalmente se a hypoemia tem de terminar pela cura obser- vão-se os seguintes symptomas; as infiltrações vão desappare- cendo, o appetitte renasce, as forças se reaninião, a pelle e as mucósas vão perdendo seu colorido pathologico para readiqui- rirem a eòr normal, os ruidos de sopro vão se apagando e as evacuações tornando-se regulares. Abandonada a si mesma a moléstia é inevitavelmente mortal. .ttafamiptfa Conser?er Ia santé et guerir les maladies : tel esl ie pr iblèmo que Ia medicine a posée, des son origine dont elle p >rsuit encore ia solution scientifique. (C. Bernard.) O medico que se propõe a tratar de um hypoemico deve ter em vista duas indicações principaes, a saber: 1\ expulsar do tubo gastrointestinal os anckylostomos duodenaes, causadores do conjuncto de desordens que constituem a hypoemia : 2', fazer observar todas as regras hygienicas, capazes de constituir um obstáculo serio a vida daquelles entozoarios. O tratamento da hypoemia se • divide, pois, em caratiro hygumco OU prophylazttco. Em divergência corn alguns aulhores que disserlaráo sobre a opilação (lj começareaio; esta parte do nosso trabalho pelo tratamento curativo. A r indicação é prenechida pelos purgalivos drásticos e p^los anthelminticos. Os purgalivos drásticos excitáo as secreções inlestinaes e os movimentos 'peristalticos dos intestinos, favorecendo por meio desta dupla acção, a sahida ou expulsão dos anckylostomos. (1J Drs, I.. Costa, Carlos Alves»Luiz Tavares, 3ilva Pitto, Tinto Ntrtto, etc, _ 96 — O emprego dos drásticos é tão necessário que os próprios adversários da theoria verminosa encetào o tratamento da hy- poemia por estes medicamentos. Póde-se, pois, lançar mão da mistura purgativa de Leroy, da jalapa, escamonéa, elaterio inglez, rhuibarbo, cayaponina, nhandyroba, tayuyá, imbé, aloes e outros medicamentos desta classe. Entretanto o elaterio e a cayaponina serão preferíveis porque combatem tambmi os derrames serosos, tão communs na opi- lação O nosso iilustrado mestre, o Sr. Dr. Torres-Homem em- prega o elaterio associado ao rhuibarbo, debaixo da seguinte formula -. Extracto de elaterio inglez 10 centigrammas. Extracto de rhuibarbo... 6 decigrammas. Para 6 pílulas. Tome 3 por dia, a cayaponina será dada em pílulas de Ogr.,01. O Sr. Dr. Langaard prefere iniciar o tratamento pelos ca- lomclanos, por causa da sua dupla acção como evacuante e parasiticida Debaixo deste ponto de vista elle manda preparar umas pílulas em cuja composição entrão, além dos calomelanos, a resina de jalapa, o extracto de rhuibarbo composto e o óleo essencial de laranja. Convém entretanto que o medico não abuse da medicação drástica, porque depauperando o organismo por um lado e provocando o appareeimento da diarrhéa pelo outro, a anemia torna-se cada vez mais acentuada e todas as probabilidades de cura desapparecem. Está claro que se a diarrhéa já existe figurando no quadro symptomatico da moléstia o emprego dos dasticos é contra- indicado. Anthkluinricos.— Sendo a opilação uma moléstia vermi- nosa, como acreditamos, a noção de causalidade impõe-noi o emprego destes medicamentos. - 97 — Foi Griesinger rto Egypto o primeiro que propoz o seu emprego, depois de ter descoberto, nos cadáveres de indivíduos fallecidos de chlorose egypciaci, o anckylostomo de Dubini. De então para cá vários medicamentos desta classe tem sido empregados por diversos médicos. Assim é que os calomelanos, lembrados por Griesinger, o musgo da Corsega, a herva de Santa Maria, a assafetida, a tintura etherea de feto macho, as cascas da raiz de romeira, o óleo essencial de lherebentina, a santonina e o semem-contra lém sido administrados contra a hypoemia. O nosso iilustrado mestre, o Sr. Barão de Maceió, aconselha a santonina associada as preparações tônicas de ferro e quina, mandando o doente tomar, como bebida ordinária, a infusão das cascas de raiz de romeira. A formula do iilustrado professor é a seguinte : Ita^otA^a0:: I «* <» cenUgrammas. Santonina pura.......... 5 centigrammas. Para uma pílula. Tome 3 por dia. O Sr. Dr. Langaard, receiando os inconvenientes que podem resultar do emprego da santonina, preconisa os preparados de ferro, associados ao extracto de absintho, que elle administra debaixo da fôrma pilular, mandando o doente tomar como bebida a infusão de sementes de Alexandria. Entretanto na nossa humilde opinião, todos estes medica- mentos devem ser substituídos por uma outra substancia que se comporta quasi como especifico da opilação. Queremos fallar do leite da gamelleira ou figueira brava (ficus doliarit. Martins) e do seu principio activo, a doiiarina. Remédio empyrico é verdade, mas nenhum outro como elle tem triumphado tantas vezes na lula empenhada contra a hypoemia. As propriedades drásticas e vermifugas do leite da gamei- N, 45 ia — 98 — leíra for£o assignaladas por Martius que classificou esta substan- cia no grupo dos antheíminticos (1). Tem variado, porém, o modo de empregal-a. Assim, o finado Dr. Li no Coutinho administrava aos seus doentes o sueco lactescente da gamelleira. O Dr. Demetrio Tourinho tem administrado o leite da fiws doliüria dissolvido na agôa, chegando a elevar a dose a 150 grammas por dia, em partes iguaes de agôa. A dose media, porém, é de 30 grammas de 3 em 3 dias, ou então de uma a dez colheres de sopa nas 24 horas O Sr. Dr. Julio de Moura emprega o misturado com o leite de vacca, attendendo ás propriedades nutritivas deste leite. Deste modo elle combate os anckylostomos e a anemia. Nós preferiremos empregar o principio activo da figueira brava—i doliarina—isolada pelo Sr. Peckolt e por elle unida ao ferro, debaixo da forma pulverulenla. Os pós de doliarina e ferro são administrados na dose de uma colher de chá pela manhã em jejum. As vantagens colhidas por todos os práticos que tem lan- çado mão deste medicamento dão-lhe a preferencia no trata- mento da hypoemia. Será elle um vermifugo, ou antes um anckylostomicida ? Acreditamos que sim, e isto pelas rasões seguintes. Aífirma Davaine que alguns antheíminticos possuem uma especial predilecção para esta ouaquella espécie de vermes. Ora, o leite da gamelleira é um drástico e portanto vermi- fugo, e o facto de conseguir-se com elle a expulsão dos anckylos- tomos prova a sua predilecção para esta espécie de vermes. Esta nossa opinião é reforçada pelo Sr. Dr. Demetrio Touri- nho que diz em sua these : « Acreditamos que não é apenas um drástico, porque se assim fosse qualquer outro medicamento (!) Cítsdo paios L'."í;. Axavech L'ma, Alfredo Luz e outro*. — 99 — desta classe aproveitaria de igual modo ; julgamos que além do principio drástico que possue eliamado doliarina, contém alguma propriedade especial na exilacção dos anckylostomos. » Assim, pois. acreditamos que o leite da gamelleira ou o seu principio activo possuem, além da acção drástica, uma acção especial contra os anckylostomos. Infelizmente, porém, nem sempre se pode lançar mão deste heróico recurso, porque nos casos em que ha diarrhéa, este symptoma contra-indica formalmente o seu emprego, e se á diarrhéa sobrevém durante a sua administração convém imme- diatamente suspendel-o. Há uma substancia análoga ao leito da gamelleira e que podesubstituil o perfeitamente, porque possue também proprie- dades drásticas e vermifugas. Queremos fallar do jaracatiá (carica dodecaphylla, Velloso). Emprega-se o sueco do frueto desta papayacca na dose de 2 colheres de sopa por dia. Em S. Paulo de Muriahé e em Matto-Grosso o emprego desta substancia tem dado excellentes resultados. O Dr. Vieira de Mattos empregou em um doente hypoemico, com feliz resultado, o pireto ou batatinha do campo (Ferraria calhartica, Martins). E' provavelque esta planta possa, pois, substituir o leite da gamelleira ou do jaracatiá, porque possue propriedades análo- gas. Tônicos e Recunstituintes.—Expulsos os anckylostomos do tubo gastro-intestinal, compete ao medico reparar as desordens que elles deixarão impressas no organismo do doente, levan- tar lhe as forças alquebradas pela luta travada contra aquelles entozoarios, e combater a anemia consecutiva ás espoliações san guineas. O ferro é o medicamento por excellencia empregado para este fim. lua - dele restitue ao sangue a parte cruorica e os glóbulos que aquede liquido leu» perdido, e obra também como tônico e exci- tante directodo estômago. (Trouneau). Alguns práticos ernpregào em primeiro logar as prepara- ções insoluveis para passarem depois ás solúveis; outros proce- dem do modo inverso. Pensamos com o professor Trousseau que as preparações insoluveis devem ser de preferencia empregadas internamente, e elle aconselha mesrao que se comece o tratamento da chlorose pelas preparações ferruginosas pouco solúveis. Por analogia, pois, empregaremos de preferencia estas pre- parações. Resta, porém, ainda saber qual d'entre os preparados ferru- ginosos insoluveis deve ser preferido. O Sr. Quevénne demonstrou, por mei > de experiências feitas em animaes, que o ferro reduzido pelo hydrogeno introduz maior quantidade de metal, no estado de dissolução, no sueco gástrico, do que todas as outras preparações terruginosas mais usadas, tanto solúveis como insoluveis. (1) Os factos confirmarão as experiências de Quevénne, qne, administrando o ferro reduzido pelo hydrogeno em doses pe- quenas á um certo numero de chloroticas, obteve os effeitos therapeuticos ordinários dos ferruginosos. (Loc. cit.) Estas razões nos levào a preferir o ferro de Quevénne que empregaremos na dose media de 20 a 30 centigrammas por dia. Isto, porem, não quer dizer que os outros ferruginosos sejão banidos do tratamento da hypoemia, porque muitas vezes não se consegue com um preparado de ferro os effeitos que outro preparado nos dará com facilidade. . Além de que ha casos especiaes que reclamào o emprego de um ferruginoso de preferencia a outra. (I) Troassesu o Pidoux—Traité de Therapeutique. - 101 — Assim, se a anorexia persiste reeorreremos ao lartato e> ferro que estimula o appettite ; se ha intolerância dos órgãos • digestivos para os ferruginosos recorrei > nos ao tartralo ferrico- polassico que é facilmente tolerável. O professor Rabuteau faz a apologia do proto ciiiorurelo de ferro como o mais absorvivel; mo s m .1 pois desarrazoado en- saial-o também na cura da hypoemia.* As pílulas de Valtet, as de Bland e as de Blancard podem lambem ser administradas, visto que todas contem ferro. Suando o ferro illude a espectativa do m idico, negando-se a dar os resultados que elle espera, aconselha Pélreqnia a sua associação ao manganez. Neste caso aconselharemos as preparações ferro-manhani- que devem também ser administradas em pequenas doses Nos logares em que houver agoas mineraes ferruginosas o doente deverá fazer usodellasde preferencia a qualquer outra. Tônicos amakgop.— Os medicamentos desta classe augmentào a seccreção do sueco gástrico, facilitào as digestões e desenvol- vem o appettite, portanto o seu emprego na hypoemia é bas- tante-racional. Entre estes medicamentos são mais empregadas a quina, a genciana, a simaruba. a quassia e a agôa ingleza. O nosso mestre de clinica interna emprega a form ila se- guinte : Sub-carbonato de ferro ) a||à 4 grammas Extracto molle de quina j Sulfato de quinina 2 grammas. Para 36 pílulas. Tome 6 por dia. (1) (\) Vimol-o também empregar a poça > seguinte: Infusão do quina 200, gr. 0. Tintura de genciana2, gr. 0-Xarope de cascaa de laranjas! amargas30, gr. 0. Para tomar2 cultores de sopa 1 > 2 em 2 toras. (Via Obs. n* 1). — 102 — Alem de íooj> esíes meios aconselhão ainda os authores o emprego aos ursenícaes e da hydrotherapia, No doente 'pie faz o objecto da nossa primeira observação o Sr. Dr. Barbosa Romeo associou o arsênico aos tônicos amargos c do ferro debaixo da seguinte formula : Sub-carbonato de ferro ) - , „-..,„.„.. Extracto molle de quina j a,ld l Srdulind Ácido arsenioso 5 centigrammas Para 36 pílulas. Tome 3 por dia. Eis, pois, o tratamento que convém oppor-se á hypoemia. Cumpre, porém, não esquecer que certos symptomas par- ticulares reclamào o emprego de meios especiaes. Assim, contra a geophagia deve-se empregar o mais lem- brado pelo Sr. Dr. Langgaard, que consiste em pôr á disposição do doente um pouco de carbonato de magnesia, paia substituir as substancias inassimilaveis que deleitào o appettite depravado do opilado. As mascaras de folha de Flandres devem ser banidas. Quando as hydropisias resistem ao emprego dos drásticos deve-se combatei as com as diureticos, taes como o acetato de potassa, o nitro, acainca, a grama, a parietaria, a scilla, adigi- talis e o espargo. Temos visto o Sr. Dr. Torres-Homem colher bons resultados, contra as hydropesias provenientes de lesões cardíacas, coma maceraçào de digitalis que elle emprega pelo espaço de 24 horas. Ora, a opilação é também uma moléstia hydropigenica, portanto a maceraçào de digitalis deve ser de grande proveito. A diarrhéa deve ser combatida pelos adstringentes, pela ipecacuanha só ou associado ao ópio, pelo subnitrato de bis- mulho, pelo nitrato de prata, e pelos clysteres de sulphato de cobre. A dyspepsia se tem resistido aos meios empregados, e sobre- tudo se ha desenvolvimento de gazes no interior do tubo gastro- ■ss^" i@f? intestinal, deverão estes &ymptomaa ser combatidos pelo carvão de Belloc, a pepesina, a magnesia alva etc. Passemos agora ao estudo do Tratamento hygienico Se a observância de uma bôa hygiene é necessária no estado hygienico, quando todas as funcções se executão segundo o seu rylhmo normal.claro está que no estado pathologico sobre- sae muito a importância das regras hygienicas, que se tomào de imprescindivel necessidade. Entretanto não somos do numero daquelles que exagerando a importância do papel da hygiene citáo em apoio das suas opi- niões as palavras de Thèvenot que servirão de epigraphe á these de concurso do Sr. Dr. Souza Costa. L'hygiene, diz Thèvenot. est aussi superieure á Ia medicine curative, que les bonnes lois le sont aux meilleures sentences judiciaires. Sem querer de leve contestar a veracidade desta proposição lembramos entretanto que a primeira indicação que se apre- senta em uma moléstia é remover a causa que a produziu. Se a opilação fosse produzida pelos desvios da hygi me, ne- nhuma duvida que o tratamento hygienico deveria ter a prefe- rencia, mas, ainda mesmo assim, nem sempre a proposição de Thèvenot tem inteira applícação. Assim, admitíamos por momentos com alguns authores que uma das causas poderosas para o desenvolvimento da hypoemia é a md alimentação. Deveríamos neste caso começar o tratamento do opilado, que já hospeda grande numero de anckylostomos, por uma alimentação rica e variada. Mas o que conseguiríamos com isto ? Fornecer materiaes novos ao sangue, afim de que não se esgote a fonte onde os — 104 — tu■■!' /lostomos vão beber os elementos de vida; favoreceríamos porianto a reproducçáo daquelles vermes, com grave prejuiso do doente. Por isso Hypocrates, o velho pai da medicina, disse mui acertadamente em um dos seus aphorismos: impara corpora quó magis nalrivens, eo migis Icelis. (Aph. 2o—sect. 10"). Eis as razões pelas quaes preferimos, na exposição do trata- mento, começar pelo curativo Na pratica, porem, entendemos que um e outro devem raarchar de par: ò tratamento hygienico será um valioso auxiliar do curativo. A prophylaxia da hypoemia comprehende ura certo numero de regras hygienicas que se referem á alimentação, á habitação aos sentidos. Alimentação.—Os alimentos devem ser tirados do reino ani- mal ; a carne de vacca mal assada os ovos e o leite deverão cons- tituir a base da alimentação do hypoemico. Serão proscriptos os alimentos feculentos por serem menos azotados e de mais dif- ficil digestão. O uso dos condimentos, como as pimentas, a mostarda etc. são de utilidade, bem como o vinho, o cate, o chá, o mate e a congonha. A agoa deve ser a mais pura possível, notando-se que se ella provier de poços, brejos etc, não deverá ser ingerida senão depois de filtrada. Habitação.—A habitação deverá ser secca, espaçosa, arejada, convenientemente ventilada. Evitar-se-ha o accumulo de indi- víduos em um mesmo aposento. Vesti !js.—0á hypoemicos devem andar sempre conveniente- mente agasaihados, afim de evitarem as variações bruscas da $ésvp'. ratara. iíevtím também andar calçados, evitar as intempéries, as — 105 — humidades e os excessos de todo o gênero. O exercício leve e as distracções fechâo a serie de regras hygienicas que vimos de apontar. Eis terminado o nosso trabalho, Apresentamol-o aos nossos mestres como o fructo de nossas vigílias. Reconhecemos-lhe as imperfeições, sem que as possamos remediar; mas força éconfessar que, quem ensaia seus passos em uma carreira scientifica tão diflScil como a medicina, não pode ser o author de um trabalho que não se ressinta de imper- feições . Restão ainda muitos pontos a elucidar, muitas questões a resolver, tarefa superior as nossas forças, mas que será sem du- vida desempenhada por quem dispuzer do cabedal scientífico que nos falta, e se interessar pelo estudo da hypoemia, uma das affeccões mais importantes dos climas intertropicaes. Ao terminar pedimos licença para reclamar a indulgência de nossos mestres citando o seguinte trecho: Da veniam scriptis, quorum non gloria nobis Causa sed utilitas oificiumque fuit. N. Ifj ------- -«wotfjgaoi 14 — 107 - Observação n. 1 No dia 27 de Março de 1879 entrou para o Hospital da Mise ricordia, onde foi occupar um dos leitos da Enfermaria de Medi- cina á cargo do Sr. Dr. Barbosa Roméo, o preto livre de nome Luciano Francisco de Souza, brasileiro, residente em Jacarehy, de 50 annos de idade, viuvo, lavrador e de constituição fraca. Anamnese,—O doente faz datar a sua moléstia de 6 mezes, porém, os symptomas se aggravaráo nos últimos 2 mezes, obri- gando o a recolher-se ao Hospital. Refere que ha 9 annos soffreu de um rheumatismo que foi combatido, e tem tido por vezes accessos de febres intermittentes, os quaes tem cedido a medica- mentos cujos nomes ignora. Reside ha muito tempo em logar pantanoso e de longa data abusa do álcool; nutre-se quasi exclusivamente de feijão e farinha e rarissimas vezes de carne. Diz que a sua moléstia começou por fraqueza geral, pros- tração, diííiculdade nos movimentos, inércia, cansaço ao menor exercício, inaptidão para o trabalho e dores hepaticas. Sentiu ultimamente o ventre a crescer com dores desperta- das pela compressão que se irradia vão para o lado direito, e fraqueza cada vez mais pronunciada, Vendo aggravar-se o seu estado deliberou entrar para o Hospital, indo para a enfermaria do Sr. Dr. Torres-Homem. Estado actua^.—A face acha-se oedemaciada ou upada, a mucósa oculo-palpebral, a labial e das gengivas bastante desco- radas, os lábios gretados, as sclerotícas com reflexos azulados, a lingoa larga e sulcada horisontalmente pela compressão dos — 108 — dentes, a pelle de côr fulla, difiiculdade na respiração, ascite e re hma perí-malleolar. A escuta revelou fraqueza do murmúrio veicular no apce do pulmão direito, o fígado atrophíado e recalcado para a parte superior pelo liquido ascitico, o baço augmentado de volume, ruido de sopro brando e systolico, ouri- nas pallidas e sem albumina, secretadas na quantidade de 2 litros por dia, locomoção difficil. DiAGNosTiro.—Hypoemia inlertropical cora ulcerações intes- linaes. Prognostico.—Grave. Thatamento.—Examinando a papeleta encontramos a se- guinte medicação administrada pelo Dr. Romêo. Pia 27. Poção tônica—af. As colheres. Dia 28. Infusão de senne tartarisada 180, gr. 0—Tintura de jalapa composta 8sr-,0. Para tomar uma só vez. Did 29. Sub-carbonato de ferro, Extracto molle de quina, auà, |gr-,0 Ácido arsênico 0sr-,o5. F. S. A. 36 pílulas, Tome 3 por dia. Dia 3o. Continue e addicione agôa ingleza. Ks!a medicação prolongou-se até o dia 2, epocha da passa- gem do doente para a enfermaria do Sr. Dr. Torres-Homem. D.a 2. Infusão de quina 200sr-,0.— Tintura de genciana 2 r-,0.—Xarope de cascas de laranjas amargas 308r-,0. Tome 2 colheres de sopa de 2 em 2 horas. Dia à. Continua a mesma medicação. Dia 4. Continua ainda alternando com agôa ingleza / iis 5 e 6. A mesma medicação do dia 4. Dia 7. Pílulas de proto iodureto de ferro de Blancard n.° 24. T.rnie 2 por dia. Continua a mesma medicação até o dia II. — 109 ~ Dia 12. Sobrevém a diarriiéa, suspende-se o ferro o admi- nistra-se : Soluções gommósa 300s>- ,0—Sub-nitrato de bismdho 8gr-,0 Xarope diacodio 30gr.,o, Aos cálices. Dia 13. Continua a diarrhéa. A mesma poção de 12, subs- tituindo o sal de bismulho por 2 grammas de tanino. Dias u, 15 e 16. Continua a poeao do dia 13, Dia 17. Volte á medicação dos dias 2 e 7. Dia 19. Agôa distillidi l20?r-,0. Solução normal de perchlo- rureto de ferro, l8r-,0. As colheres de 2 em 2 horas. Paracenthese. Dia 23. Limonada sulphurica 300sr-,0 Sulphato de ferro l8r-,0. Aos cálices de 2 em 2 horas. Dietas—Leite, marmelada vinhoe carne. ô doente fallece á noute. Autópsia (1) Cavidade thoracica.—O coração estava augmenlado de vo- lume, e ventriculo direito gorduroso, as válvulas atheroma- tosas, aorta dilatada e encrustada, pulmões nedemaciados, focos congestivos na base do pulmão esquerdo e granulações tuber- culosas no apce do direito. Cavidade abdominal.—O fígado achava-se atrophíado, (havia cyrrhose hepatica), rins descorados e oedemaciados, atrophiados e degenerados em gordura, baço anêmico e atrophíado, nume- rosos anckylostomos desodenaes no ileou e no jejuno, ulceraçóes intestinaes e ascarides lombricoides dinominadas nos intestinos. (1) Esta autópsia foi feita pelo meu iulclligento collega Fonseca Vianna, na pre- sença dos internos da clinica medica. — 110 - Observação n, 2 No dia 22 de Junho de 1880 entrou para o Hospital da Mise- ricórdia, indo para a enfermaria á cargo do Sr. Dr. Romêo, o indivíduo de nome Heitor Fernandes do Espirito Santo, brasi- leiro, branco, solteiro, de 31 annos de idade, agricultor, e mo- rador no Curato de Santa Cruz. No dia 23 foi transferido para a enfermaria de clinica me- dica, onde occupou o leito n.° 16. O doente, porem, já havia tomado os medicamentos seguin- tes prescriptos pelo Dr. Romêo: Extracto de elaterio 5 centigrammas. Extracto de rhuibarbo 3 decigrammas. Misture e divida em 3 pílulas. Tome I de 2 em 2 horas. Decocção de grama e cevada 1,000 grammas. Nitrato de potassa 4 » Cremor solúvel de tartaro 8 » Xarope de pontas de espargos 60 » F. S. A. Tome 1 calix de hora em hora. EXAME NO DIA 23 Amnunese—Referiu-nos o doente que ha 2 annos soflre de obstrucçáo (expressão própria), tendo procurado combatèl-a com chá de herva tostão e gervào, sem que tivesse conseguido resultado algum, resolvendo por isto recolher-se ao Hospital. Referiu-nos mais que a sua moléstia começou por desanimo ao — iu _ trabalho, preguiça invencível, não achando meio de sahir dessa apathia, embora tivessa vontade de trabalhar. Com os primeiros choviscos, dizia o doente, que sentia uma imperiosa necessidade de comer a terra molhada pela chuva, priecipal- mente se se desprendião vapores, cujo cheiro apreciava em ex- tremo desafiando-lhe o appettite. Suas moléstias anteriores forão febres interraiüentes e crysalidas, que repetirão umas e outras por muitas vezes. Estido actual.— O doente é muito cachetico e depauperado; tem uma côr de cera velha; as seleroticas sao côr de pérola ; mucósas bastante descoradas; e infiltrações no tecido celullar ; oedema das palpebras mais pronunciado de manhã (segundo diz o doente,) as palpebras são orladas por um circulo roxo e final- mente ha elephatiases dos Árabes A escuta do coração forneceu um som anormal, seme- lhando ao ruido musical ou de raspa na ponta do órgão, no- tando-se na base uma bulha de pressão, percebendo-se além disto que a segunda bulha era mais intensa e prolongada do que a primeira; a arêa cardíaca achava-se augmentada. Havia dyspnéa, constipação de ventre, e dores que se irradiavão para os hypochondries. Hypertrophia do fígado e atrophia do baço completava os symptomas ofTerecidos pelo exame do doente, addicionan- do-lhes uma temperatura 39,5 e urinas pouco albuminosas. Diagnostico.— Hypoemia intertropicàl e pericardite. Prognostico.— Grave. O Sr. Dr. Torres-Homem confiou o doente aos cuidados do meu collega Fonseca Vianna, que medicou o doente do seguinte modo : Dia 23. - Doliarina 10 centigrammas. Extracto de gen" ciana q. s. Para IO pílulas. Tome 3 por dia. Uso externo. Um visicatorío entre as espadôas. J 1.2 -. Dia jgrf.— Temp. 3SX. U. int. Vinho do Porto 120,er0— Tintura de canella 60,0. Extracto de quina, Tintura de digitales anã 1sr>0. Xarope de cascas de laranjas amargas 30,0. Aos cá- lices de * em 2 horas. Dia 25.— A mesma medicação do dia 23, continuando a poção do dia 24. Uso ext. Tintura de iodo em embrocações na região car- díaca. Dia 26.— Um vesicatorio na região cardíaca. Autópsia Derramamentos em todas as cavidades, pleuras com exsu- dato parietal, algum tanto adherentes na base, coração hyper- trophiado e gorduroso; pericardio adherente formando pe- quenas saliências iguaes como uma lingoa de vacca; fígado a igmentado de volume e baço diminuído; rins com degene- rescencia amvloide; estômago dilatado e cheio de gazes; a mucósa estomacal amollecida; o duodeno apresentava uma ulceração de 10 milímetros quadrados; o jejuno continha mi- lhares de anckylostomos, uns destacados e mortos de mistura com as fezes, outros fixos ainda na mucósa, sendo difficil des- tacal-os. A mucósa do jejuno estava amollecida e se destacava com facilidade com o cabo do escalpello. Esta autópsia toi praticada pelos meus collegas Fonseca " Vianna e Nolasco. — 113 - Observação n. 3 No dia 1" de Maio de 1879 entrou para o Hospital da Mise- ricórdia, indo occupar o laito n. 25 da enfermaria de medicina á cargo do Illmo*. Sr, Dr. Torres-Homem, o indivíduo de nome Luiz Camillo Coelho, pury, livre, brasileiro, agricultor, natural de Cataguases (Minas-Geraes) tendo 19 ânnos de idade. Anamnese.— O doente faz datar a sua molesta de 2 annos, começando ella por desanimo, fraquesa e indolência. Pouco depois sobreveio-lhe uma vontade de comer fructos ácidos, e confessou também que apóz uma chuva sentia um grato prazer em aspirar as emanações da terra hurnida, e algumas vezes arrancava terrões das paredes para satisfazer o seu appetite. Habitava uma humida choupana, bebia água de má qualidade, com sabor ferruginoso e nutria-se quasi exclusivamente de feculentos (feijões, favas, farinha de milho, mandioca, fructos e raras vezes carne.) Estado actual.— Face edemaciada ou upada, infiltrações nos membros abdominaes; referindo o doente que ás vezes estas infiltrações desappareciáo para reapparecer nos braços e vice ^ersa, e que a das palpebras era mais accenluada de manhã do que á tarde. A pelle é de uma côr amarello-palho, as sclerotícas são também levemente amarelladas e as conjuntivas injectadas. Accusa accessos intermitentes, tosse com expeetoração abun- dante, dores thoracicas tanto na parte aut rior como na < ■,>;. •- rior, diíficuldade em deiur-se do lado esquerdo, e escarros sangüíneos A auscuhúrfto revelou palpitações, ruido de sopro S. 45 " 15 - 114- na base do coração, e de corrupio nas jugulares, sensível até ao taclo, som amphorico e ruido metallico no pulmão direito, mais pronunciado da clavicula até a terceira costella. Figado aug- mentado de volume, baço normal, urinas muito coloridas mas sem albumina, e emittidas gotta á gotta, ascite, sphinter anal inflammado e relaxado, diarrhéa abundante e antiga. Na portaria do Hospital receitarão para o doente um purgante de Le-Roy que elle tomou no dia Io. Diagnostico. — Hypoemia intertropical e tuberculose pul- monar. Prognostico. — Grave .* Dia 2.—Temp. 38,2. Receitou-se —Vinho de quina 420gram. Para tomar as colheres, Dia 3.— Temp. 38,9 de manhã: 38, í á tarde ; pulso 120. U. int. Ácido arsenioso, 0,sr-0,5. Extracto de genciana 2,»r-0. Para 30 pílulas. Tome 3 por dia e continua o vinho de quina, Dia 5.— Temp. 37.0 de manhã : 38,5 de tarde. Os derrames invadirão o thorax que se apresenta edemeciado e ha dyspnéa. Continua o mesmo estado até o dia 15 em que o doente fal- leceu a meia noite. Autópsia Habito extemê.—O cadáver appresenta-se edemaciado, ha mamillos hemorroidarios pendentes e ligeiro estado gangrenoso do escroto. Cavidade thoracica.— Pulmão direito cavernoso, principal- mente no apce onde se nota uma caverna do tamanho de um pequRTio ovo; núcleos de peneumonia caseosa em todo o pa- - 115 - renchyraa pulraonar, pequena caverna do tamanho de uma avelã na base do lobulo superior; infiltração melanica mais notatavel na face anterior desse lobulo, espessamento conside- rável da folha visceral da pleura, adherindo em alguns pontos com o parietal; núcleos hemopleicos e hepatisação do pulmão esquerdo; dílatação e augmento de volume do coração, de cujas paredes erào flaccidas; liquido hydropico nas pleuras, no pe- ricardio o no peritoneo. Cavidade abdominal.—Fígado e baço augmentados de volume, achando-se o Io amarellado, endurecido, e com os caracteres de scirrhose no Io período; manches ecchymoticas na túnica mus- culosa do estômago, ulceraçóes da mucósa intestinal, destacando- se esta facilmente com o cabo do escalpello, alguns aucky- lostomos duodenaes no jejuno e ascarides lombricoides. Esta autópsia foi praticada pelo meu collega Fonseca Vianna. ooG^>* f^opo^oe^ SECÇÃO DE SGIENGIÀS AGGESSORIAS Cadeira de Medicina Legal JlijttHrB rai;acteriBticos da defltmuãfl m^nte t antiga i Enlende-so per defloração ou de flora meu Io a perda ilus signaes característicos da virgindade por meia da copula (Dr. Souza Lima). u Os siguaes do düflorameulo >ão fornecidos polo exame direeto dos órgãos sexuaes, são portanto signaes locaes. in Os que caraclerisão o defloramento recente >ão constituídos ; I.° pelas le.ões traumáticas da vulva, taes como echymoses, losões, despedaçameutos, rupturas, etc. ; 2.° pela inflam inação vulvar mais on menos violenta, com cornmeulo purulenlo de mu«ai- puiulento. IV E»Ire as lesões traumáticas da vulva merecem especial menção u ruptura da hymeu com os seus retalhos ainda sangrentos, e as limões ou deformações d i fureula. v As mauchas de sangue e as de sperma encontradas na camisa da paciente devem ser examinadas cuidadosamente ao microscópio, porqi;e são de grande valor no diagnostico do defloramento. vi Entretanto todos estes signaes podem existir sem que tenha lido logar a defloração por meio da copula. VII O defloramento pôde ler sido praticado sem que exista nenhum destes siguaes. — 120 — viu No rigor da palavra não ha pois signaes característicos de defloração recenle, o o medico-legista consciencioso deve ser mui- tíssimo prudente cm allestar a existência de um defloramento. IX O exame medico-legal do defloramento nunca deverá ser feito durante a época menslrual. x O exame do supposto author do defloramento torna-se em alguns casos do absoluta necessidade. XI E' mais fácil provar a ausência do defloramento do que a sua existência. xu Se a defloração é antiga e a copula não tem sido repelida é muilas vozes impos»ivel descobrir-lhe os traços. XIII Se houve rupturas ou deípedaçamcnlos ascicalrizcs resultantes de«la«í le-ões podem allestar a defloração antiga. xiv Se a copula, porém, tem sido repelida a molleza e flaccidez dos grandes lábios, uffastados em baixo e approximados cm cima, a deformação infundibiliforme da vagina e a deformação da furcula podem lambem allestar a defloração antiga. xv A ruptura da hymeu, a presença das caraneulas myi liformes e o corrimenlo catarrhal rão siguaes da defloração auliga. XVI O medico-legista nunca deve precisar a época determinada da defloração antiga. xvn O questionário do medieo-legista á uma moça que se diz deílo- rada, pó.ia om certos casos do du\ida trazer muita luz para aques- u do defloramento receüle ou at iigo. SECÇÃO DE SCÍÈNGtÂS CIRÚRGICAS Cadeira de Partos ^ittuuíto da fétü I O feto acha-se ordinariamente situado na cavidade uterina, com a cabeça voltada para baixo e levemente dobrada, apoiando-se o mento na parle autero superior do peito. A extremidade pelviaua está em relação com o fundo do ulero; as pernas dobradas sobre as coxas, e estas applicadas a face anterior do abdômen ; os joelhos ?ão affiistados, os calcanhares approximados e applicados ás nádegas; os braços aos lados do thorax e os ante-braços dobrados e cruzados na parle anterior do sternum, como para alojar o mento entre as mãos. u A situação do feto varia com as ditíerentes apresentações e posições. m Na posição occipilo-illiaca-esquerda-anlerior o feto tem a ca- beça voltada para baixo, sobre o orifício do utero, o pelvis em relação com o fundo do ulero, o dorso para diante e para a esquerda, o lado direito para a direita o para diante e o esquerdo para a esquerda e para traz. IV Na posição occipito-illiaca-direira-posterior a cabeça olha ainda para o orifício ulerino o a extremidade pclviana para o fundo do utero, porém o dorso acha-se voltado pa-a traz e para a direita, o lado esquerdo para diante o um pouco para a esquerda. — 122 — v Reccnhece-se a primeira posição pela bossa parietal direita que corresponde ao centro do estreito superior; e a segunda pela bossa parietal esquerda que correspondo ao mesmo centro. VI Na posição mcnto-illiaca-direita-poslerior a face se apresenta cm relação com o orifício ulerino, a bochecha direita corresponde ao centro do estreito superior. VII Na posição mento-illiaca-esquerda-anterior o lado esquerdo da fa~c corresponde ao centro do estreito superior. viu As outras partes do feio nestas duas ultimas posições guardão com o utero as mesmas relações que nas duas primeiras posições do occiput. ix Na posição sacro-illiaca-esquerda-anterior a extremidade pel- viana acha-se voltada para o orifício ulerino e a cephalica para o fundo do ulero, o dorso para diante e para a esquerda, o plano anterior do feto pira traz e para a direita, o diâmetro bis-illiaco do feto na direcção do diâmetro oblíquo direito da bacia e o antero- poslerior na direcção do diâmetro oblíquo esquerdo da bacia da mulher. x Na posição sacro-illiaca-direita-posterior a cabeça c o pelvis a^hão-so situados do mesmo modo, porém, o plano anterior do feio ilha para a esquerda c para diante, o posterior para direita e para traz, o lado direito para diante e um pouco para a direita, o es- querdo em fenlido inverso. XI Ilücouhecc-so a primeira destas duas ullimas posições pela nádega esquerda que se apresenta no centro do estreito superior, e a 2." {.ela nádega direita no centro do mesmo estreito. — 123 — XII Na posição cephalo-illiaca-esquerda da espadóa direita (apre- sentação do tronco) a cabeça do feto se acha na fossa illiaca esquerda, a extremidade pelviana na fossa illiaca direita, o dorso do feto é vol- tado para diante, o plano storual para traz, e o grande eixo quasi na direcção do diâmetro transverso. XIII Reconhece-se esta posição pela apresentação da espadôa direita uo centro do estreito superior quando o trabalho do parto tem durado um certo lempo e a dílatação do collo do utero é completa. SECÇÃO DE SGIENG1AS MÉDICAS Cadeira de Pathologia interna jjpiteumottta lilmnosa i Pneumonia fibrinosa, aguda, franca é uma affecção de fundo phlegmasico que se caracterisa pelo desenvolvimento de exsudalo fibrinoso nos alveolos pulmonares. (Dr. Peçanha da Silva.) u As causas da pnenmonia são o traumatismo oiedialo ou imnie- dialo do pulmão, a inhalação de vapores ou gazes irritantes, a pre- disposição do indivíduo, o resfriamento, o alcoolismo, as febres eruptivas etc. m A anatomia pathologica desta affecção eomprehende h períodos denominados—o 1.° de fluxão e exsudaçãü ; o ã.° de coagulação do exsudalo; o 3.° de liquefacção e eliminação ; o 4.° de transfor- mação puruleula. IV Os dois últimos períodos se excluem reciprocamente, porque o 3.° restabelece a integridade do tecido pulmonar e produz a cura, ao passo que o A." determina a suppuração do pulmão e a morle. v Os symptomas da pneumonia abrangem 3 períodos que são : 1." período de ascensão ; â.° p. de estado ; 3.° p. de terminação. vi Cada um destes períodos corresponde na mesma ordem dos da auatomiü pathologica desta affecção. !i:£ — VII Entre os symptomas do 1.° período ha dousque são palhogno- monicos. os escarros côr de ferrugem (Jaccoud) e os eslerlores crepilanles, finos, sêceose de bolhas iguaes (Grisolle). vm Apontada que apparece no 1.° período ordinariamente diminue ou cessa no 2.° IX No 2.° período a ourina apresenta caracteres especiaes, taes como, diminuição da sua quantidade, diminuição dos chloruretos, augmento de densidade, da uréa e do ácido urico. O symptoma principal do 3.° período e que indica uma termi- nação favorável é a queda da febre de l°,5 em 12 horas. XI Com a queda da febre coincidem 3 phenomenos importantes, a saber: 1." o exudato começa a se liqüefazer ; 2.° o doeole cessa de emmagrecer; 3.° a ourina readquire os seus caracteres phy- siologicos, XII O prognostico da pneumonia depende de circumstancias va- riadas. XIII Se a pneumonia tem de terminar pela morte, a febre não apre- senta remissão no 3.° período, ou se a apresenta, a temperatura volta no fim de algumas horas a occupar o nível primitivo ou a excede-lo. XIV O tratamento da pneumonia é puramente symptomatico. „ 126 — xv Na pneumonia as emissões sauguineas constituem o peior rne- thodo de tratamento; deveiii pois ser proscriptas, salvo em casos muito especiaes (Dr. Torres-Homem). XVI Se a pneumonia se complica com o embaraço gástrico, com o elemento bilíoso ou com um e outro ao mesmo tempo deve se re- correr a ipecacuanha, aos calomelanos, ou á associação destes me- dicamentos. xvu Os antimoniaes são de grande proveito no tratamento da pneu- monia. é& ^ tâ Égpporjalte Hplotònti Mulieri in utero gerenli tenesmus snperveniens aboitire facit Sect. V. Aph : 27. II Mulieri uterum gerenli vena secta abortionem facit, idque po- lissimum si felus grandior fuerit. Sect.V. áph:3l. III Si mulieri praegnanli erysipelas in utero fiat, lethale. Sect. V, Aph: 43. IV Mulieri, menslruis deficientibus sanguís ex naribus profluens, bonum est. Sect. V. Aph: 33. Mulieri ulero gereuti si mammoe repente gracilescant, abor- tionis periculum est. Sect. V. Aph :. 37. VI Si mulieri in utero gerenti purgationes prodeunt felum sanum esso impossibile. Sect. V. Aph: 60. EREATA (*) PA.GS. LINHS. 41 13 41 20 41 22 4Í 23 43 5 44 19 58 30 78 28 82 10 RR 12 90 33 92 10 95 ia 95 17 Qfi 16 99 3 99 30 100 31 101 10 101 10 ioq 5 103 5 104 13 109 Ifí 109 23 109 24 110 20 111 7 111 10 111 17 111 21 111 21 113 19 lia 21 iifí 3 115 6 119 11 119 14 190 18 194 20 onde lê-se Séries isfigurada Rochaux hypoemie bleuées sem pothogenica infiltraãões repentinamedte distinguill-a gastronemeos duração curativo prenechida dia, a cayaponina exilaoção pspollações outra Suando ferro-mangani do ferro hygienico sentidos e ventriculo desodenaes dinominadas Amnunese crysalidas seíeroticas pressão hypochondries completava reapparecer amarello-palho notatavel de cujas de muco purulento fureula caraneulas dos da lêa-se perils desfigurada Rochoux hypoemics eíevées sem que pathogenica infiltrações repentinamente distingui-la gastro-cnerncos existência curativo a preenchida dia. A cayaponina extincção Pspoliações outro Quando ferro-manganicas ao ferro hygido vestidos o ventriculo duodenaes disseminadas Anamnese erysipolas sclerotícas percussão hypochondries completavão reapparecerem amarello-palha notável cujas ou muco puruTc-nti furcula carunculaa aos da '*) Esta errata comprehende apenas os erros mais sensíveis ; os outros ficão ao cuidado e benevolência do leitor inteligente. A ./*■' ^: .# ^^ d>v ■ , ;,vd-' XK';fy» ■■'■■' •tól ? -íi^sf»-*